proposta de vigilância e controle da coccidioidomicose · fator de risco ambiental de caçar e...

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1 MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA CORDENAÇÃO GERAL DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS UNIDADE DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS DE TRANSMISSÃO RESPIRATÓRIAS E IMUNOPREVENÍVEIS Proposta de Vigilância e Controle da Coccidioidomicose BRASÍLIA, DF

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MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA CORDENAÇÃO GERAL DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

UNIDADE DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS DE TRANSMISSÃO RESPIRATÓRIAS E IMUNOPREVENÍVEIS

Proposta de Vigilância e Controle

da

Coccidioidomicose

BRASÍLIA, DF

 

 

MAIO – 2011

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 3

2. ASPECTOS ECO EPIDEMIOLÓGICOS............................................... 3

3. OBJETIVO GERAL................................................................................. 10

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................... 10

5. DEFINIÇÃO DE CASO............................................................................ 11

6. NOTIFICAÇÃO......................................................................................... 11

7. PRIMEIRAS MEDIDAS A SEREM TOMADAS..................................... 12

8. ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO.............................................................. 13

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 16

10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 17

 

 

Sistema de Vigilância Epidemiológica da Coccidioidomicose 

1. Introdução

A Coccidioidomicose, também conhecida como Febre do Vale de São

Joaquim é uma micose sistêmica causada por um fungo dimórfico, o Coccidioides

immitis, que quando inalado, acomete o homem e outros animais (gado bovino,

ovino, caprino, entre outros).

É endêmica em várias áreas das Américas, caracteristicamente restrita às

regiões desertas ou semi-áridas. A maior prevalência de infecção ocorre no

sudoeste dos Estados Unidos da América e Nordeste do México, mas focos

endêmicos também ocorrem na América Central e América do Sul.

Afeta qualquer idade, raça ou gênero (ocorrendo mais em homens), e

apresenta maior incidência no verão. Nas áreas endêmicas, é doença importante

entre arqueólogos, recrutas militares e trabalhadores, cuja natureza da atividade

pode acarretar o contato com o agente etiológico.

Após a infecção, 60% dos indivíduos apresentam infecção primária

inaparente. Os demais, geralmente uma infecção moderada ou levemente grave. É

uma micose predominantemente pulmonar, podendo também, comprometer pele,

laringe, ossos, articulação e meninges, entre outros.

2. Aspectos eco-epidemiológicos

A coccidioidomicose ocorre em áreas restritas do continente americano, entre

40°N 120°W no norte da Califórnia e 40°S 65°W no sul da Argentina.

A definição de área endêmica de coccidioidomicose baseia-se na identificação

de casos humanos e de animais e na demonstração de reatividade a testes

cutâneos com coccidioidina. Grande variedade de animais domésticos e silvestres

é suscetível, mas o cão é o melhor marcador epidemiológico desta micose. No

Brasil, infecção natural por C. immitis já foi diagnosticada em cães e tatus (D.

novemcinctus).

 

 

Figura 1

A maioria das regiões endêmicas caracteriza-se por baixo índice

pluviométrico (125 a 500 mm/ano), verões quentes (temperaturas médias de 26 a

32°C) e invernos amenos. As chuvas, além de escassas, distribuem-se por curto

período de tempo, e a estação seca é prolongada. Nos meses mais quentes do

ano, a temperatura do solo, da superfície até 1 cm de profundidade, pode

ultrapassar 60°C, o que é letal para C. immitis. O fungo, entretanto, sobrevive em

 

 

camadas mais profundas e, ao chegar a estação chuvosa, germina e repovoa as

camadas mais superficiais do solo. Após o período de chuvas, quando o solo se

torna seco, os artroconídios são dispersos no ar pelo vento ou por atividade

antrópica. O grande poder de dispersão aérea dos conídios permite-lhes alcançar

centenas de quilômetros à distância.

Exposição a poeira de sítios contaminados é fator crítico determinante do

risco de infecção. A maioria dos casos ocorre nos períodos mais secos, quando é

máxima a desarticulação e dispersão aérea dos artroconídios.

Grandes irrupções do solo determinadas por tempestades de areia e

terremotos têm sido associadas a surtos epidêmicos da micose, inclusive com

aparecimento de casos à distância, em áreas não endêmicas.

Exposição ocupacional a C. immitis está definida para indivíduos que

trabalham em íntimo contato com o solo. Lavradores, militares, trabalhadores na

construção de estradas e de transporte terrestre, arqueólogos, antropólogos,

paleontólogos e zoologistas são considerados profissionais com maior risco de

exposição ao fungo. Algumas epidemias já foram relatadas entre arqueólogos,

paleontólogos e estudantes trabalhando em escavações de sítios arqueológicos.

Apesar do risco aumentado associado a ocupações relacionadas ao trato

do solo, muitos casos são identificados em pessoas que não referem exposição

ocupacional, em virtude da fácil aerossolização e dispersão dos artroconídios. A

micose não é transmitida entre humanos nem entre humanos e animais.

Vários acidentes de laboratório, alguns fatais, têm sido registrados.

Conídios de C. immitis são facilmente dispersos no ar a partir de placas contendo

meio de cultura com colônias do fungo (Pike 1979).

Até o final da década de 70, o Brasil era considerado área indene para essa

doença. Os primeiros casos foram relatados em 1978 e 1979, mas somente em

1998 o Brasil foi incluído no mapa da distribuição geográfica da coccidioidomicose,

após o relato dos primeiros surtos da forma pulmonar aguda que ocorreram no

Piauí e Ceará.

 

 

                                       

Desde então, o número de casos tem crescido constantemente. A micose

já foi diagnosticada em mais de 26 municípios de 4 estados brasileiros: Piauí,

Ceará, Maranhão e Bahia. Além disso, a micose também já foi diagnosticada em

cães e tatus (Dasypus novemcinctus) e C. immitis foi isolado de amostras de solo

coletadas de buracos de tatus no estado do Piauí. Chama a atenção para a

Coccidioidomicose no Brasil o risco que representa a atividade de caçar e

desentocar tatus de seu habitat. Várias microepidemias e muitos casos isolados já

foram identificados resultantes dessa atividade.

O grande número de casos diagnosticados no Piauí se deve ao trabalho de

colaboração entre equipes multidisciplinares do Piauí e Rio de Janeiro, envolvendo

várias especialidades médicas e equipes de apoio para a obtenção do diagnóstico

laboratorial. É muito provável que a micose seja subdiagnosticada e que sua

distribuição geográfica se estenda a outros estados nordestinos.

Figura   2   ‐ Distribuição geográfica da Coccidioidomicose na América do Sul 

 

 

No Brasil, as micoses sistêmicas não são doenças de notificação e os

dados disponíveis referem-se aos casos publicados e estudos. O conhecimento de

áreas endêmicas, dados de prevalência, incidência e morbidade destas micoses

baseia-se em relatos de casos clínicos e de inquéritos intradérmicos.

Os dados obtidos pelo Sistema de Internações Hospitalares do Sistema

Único de Saúde-SIH-SUS demonstram, no caso da coccidioidomicose, uma

inconsistência muito grande pois, levantamento de internações no período de 2000

a 2007, revelou cerca de 400 casos anuais(Figura 5 ), enquanto que na realidade,

no período de 1975 a 2007foram cerca de 100 os casos registrados nos estados

doPiauí e Maranhão, e até o momento não ultrapassam 200 casos, no país(Figura

6).

Fig. 3‐ Buracos(habitat) de tatu onde foi isolado 

Fig. 4‐ Captura de tatu (Dasypus novemcinctus) 

 

 

0

5

10

15

20

25

1978 1991 1995 1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Ano de diagnóstico

N. d

e ca

sos

PI MA PI + MA

Outra inconsistência verificada nos dados obtidos do SIH-SUS, refere-se à

distribuição geográfica que revela o maior número de casos nas regiões sudeste e

sul,conforme mostra a figura 7, enquanto que até o momento, os estudos

desenvolvidos no Piauí,revelaram que todos os casos registrados da doença

ocorreram apenas em 4 estados brasileiros, a saber, BA, CE, PI e MA .

Número de casos de coccidioidomicose no Piauí e Maranhão,segundo ano de diagnóstico. Período1978 ‐2007

Fonte:Eulalio,KD,2008 Tese Doutorado 

Figura   6  ‐ Distribuição dos casos de coccidioidomicose. 1978 a 2007. 

Figura   5   ‐ Internações e óbitos por coccidioidomicose‐2000‐2007. 

 

 

Com base nos estudos acerca da doença, observou-se um nítido aumento

da incidência nos últimos 15 anos; além disso, não se conhece a associação com

Aids ou outra condição de imunossupressão. Predominam casos associados com

fator de risco ambiental de caçar e desentocar tatus, inclusive com o adoecimento

de cães farejadores, conforme mostram as figuras 9 e 10 .

Figura 7  ‐Distribuição de casos de coccidioidomicose, segundo a região. 

Figura  8   ‐ Distribuição dos casos de coccidioidomicose, até 2007. 

 

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O diagnóstico clínico e laboratorial é muito precário, acarretando com isso,

um sub-diagnóstico, ou diagnóstico tardio, médicos desconhecem a doença. A taxa

de letalidade observada foi bastante elevada(cerca de 10%). Acredita-se que a

área compatível com a existência do C.immitis(C.posadasii) no solo do Brasil seja

maior do que hoje comprovada (BA, CE, PI e MA).

A Coccidioidomicose apresenta-se como uma doença fúngica emergente no

semi-árido do nordeste do Brasil, daí a importância de se implantar um sistema de

vigilância da doença

3. Objetivo geral: Desenvolver um sistema de vigilância da coccidioidomicose para determinar a magnitude da infecção no país. 4. Objetivos específicos:

Estimar a prevalência, caracterizar formas clínicas e distribuição geográfica da coccidioidomicose,

Estimar índices de mortalidade da coccidioidomicose;

Diagnosticar precocemente e tratar oportuna e adequadamente os casos;

Detectar e controlar surtos mediante a adoção de medidas de prevenção e controle;

Figuras 9  e 10   ‐ Lesão em focinho e doença sistêmica em cães farejadores em toca de tatus. 

 

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Apoiar e promover o desenvolvimento técnico-científico na área, disponibilizando para rede de serviços de saúde, novos instrumentos diagnósticos, terapêuticos e de controle da doença.

5.Definição de caso:

Caso suspeito

Paciente que apresente manifestações de estado gripal até o quadro de uma grave infecção respiratória inespecífica, com febre alta, dor torácica, tosse com expectoração, acompanhada de sintomas gerais ou manifestações alérgicas, destacando-se o eritema nodoso, procedente de área rural e que tenha desentocado tatu nos últimos 15 dias;

Ou

Paciente procedente de área rural, que apresente sintomas respiratórios inespecíficos há mais de 60 dias, emagrecimento, presença ou não de abscessos subcutâneos, que tenha história de prática de caçar tatu.

Caso confirmado

Critério clínico laboratorial: paciente com quadro clínico compatível com a doença, associado à comprovação laboratorial (isolamento ou histopatologia).

Critério clínico epidemiológico: todo caso suspeito que apresente sinais clínicos da doença, procedente de região de ocorrência da doença, ou com história de ter participado de caça ao tatu, e quando não se confirme outra doença.

Caso descartado

Caso suspeito, com diagnóstico laboratorial negativo, desde que se comprove adequação na coleta e transporte das amostras.

Caso suspeito, com diagnóstico confirmado de outra doença.

6. Notificação

As micoses sistêmicas não são doenças de notificação. A

Coccidioidomicose, por tratar-se de agravo inusitado, deve ser notificado à

Vigilância Epidemiológica do Estado e investigado o foco de infecção.

 

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Por se apresentarem como importante problema de saúde pública,

relacionado aos custos sociais e econômicos derivados não só da doença em

atividade, que ocorre em indivíduos na sua fase mais produtiva da vida, como pelo

alto potencial incapacitante e a quantidade de mortes prematuras que acarretam

quando sem intervenção terapêutica oportuna, propõe-se que sejam incluídas entre

as doenças de notificação compulsória. Deverá ser elaborada uma ficha de

investigação de caso e estes devem ser notificados à SES.

7. Primeiras medidas a serem adotadas

Assistência médica ao paciente: A maioria dos casos pode ser tratada

ambulatorialmente. Os casos graves devem ser hospitalizados, preferencialmente

nas unidades de referência.

Qualidade da assistência: verificar se os casos estão sendo atendidos em

unidade de saúde com capacidade de prestar atendimento adequado e oportuno.

Na maioria das vezes, os pacientes internados necessitam de cuidados

permanentes e contínuos, demandando internação em unidades de saúde de maior

complexidade. Neste caso, avaliar o encaminhamento e/ou transferência para

hospital de referência definido pela SES.

Confirmação diagnóstica: a equipe de assistência deve fazer

encaminhamento das amostras a serem analisadas, para o laboratório,

acompanhadas de solicitação médica, e ficha epidemiológica devidamente

preenchida, com informações sobre os dados clínicos, e a suspeita diagnóstica,

para orientar o laboratório no processo de investigação e identificação do agente. O

LACEN é o laboratório de referência para o diagnóstico e confirmação da

doença/infecção. No caso de exames de maior complexidade, o LACEN deverá

encaminhar as amostras para o Laboratório de Referência Regional ou mesmo

para o Laboratório de Referência Nacional. O fluxo de encaminhamento de

amostras deverá estar acordado entre o Hospital de Referência, a Vigilância da

SES e a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública/SVS/MS.

Proteção da população: após suspeição do caso, deve-se proceder o

esclarecimento à população, mediante visitas domiciliares, palestras na

 

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comunidade, a fim de repassar informações acerca da doença, gravidade e

medidas de prevenção.

Investigação :

Deve-se proceder a investigação epidemiológica frente à notificação de um

ou mais casos do mesmo agravo, para que se obtenham informações quanto à

caracterização clínica do caso (incluindo a análise dos exames laboratoriais),

quanto às possíveis fontes de infecção e para a avaliação das medidas de controle

cabíveis em cada situação. O instrumento de coleta de dados - a ficha de

investigação epidemiológica- FIE, a ser elaborada pela vigilância epidemiológica,

deverá conter os elementos essenciais a serem coletados em uma investigação de

rotina. Todos os campos desta ficha deverão ser criteriosamente preenchidos,

mesmo quando a informação for negativa. Outros itens e observações podem ser

incluídos, conforme as necessidades e peculiaridades de cada situação.

8. Roteiro de Investigação

Identificação do paciente:

Na ficha de investigação epidemiológica específica para este fim, deve conter

campos que permitam coletar os dados das principais características clínicas e

epidemiológicas da doença, bem como dados secundários de início de tratamento,

medicação utilizada e acompanhamento.

Coleta de dados clínicos e epidemiológicos:

Para confirmar a suspeita diagnóstica: deve-se consultar o prontuário e entrevistar

o médico assistente, para completar as informações clínicas sobre o paciente.

Verificar se preenche a definição de caso.

Verificar coleta e resultados de exames encaminhados ao laboratório.

Verificar a evolução do(s) paciente(s).

 

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O encaminhamento de material para diagnóstico laboratorial é fundamental

para auxiliar o resultado da investigação. O material deverá ser acompanhado de

ficha contendo todas as informações sobre o caso.

Em caso de óbito, tentar realização de necropsia logo após o óbito,

coletando amostras de fluidos e tecidos, para tentativa de isolamento e/ou

identificação do agente.

Os hospitais, os profissionais de saúde da região e a comunidade deverão

ser alertados da ocorrência da doença, a fim de que possam estar atentos

para o diagnóstico precoce e tratamento oportuno de outros casos.

Para identificação e determinação da extensão da área de transmissão: deve-se

verificar se o local de residência, trabalho ou lazer corresponde às áreas de

provável fonte de infecção. Observar a ocorrência de animais domésticos ou

silvestres na área.

Na vigência de um maior número de casos, deverá ser feita uma

investigação epidemiológica, a fim de se tentar chegar aos mecanismos prováveis

de transmissão e a extensão da área de transmissão. Uma entrevista nos

domicílios acometidos, e com moradores deverá ser feita, com perguntas objetivas

que devem caracterizar a evolução da doença na área, assim como a situação

socioeconômica, sua história, transformações sofridas no tempo e no espaço,

relações de trabalho, e possível relação desses dados com a doença em questão.

Em situações de surto, caso se faça necessário aprofundar na questão da

determinação epidemiológica da doença, poder-se-á partir para um inquérito

intradérmico.

Coleta e remessa de material para exames:

Logo após a suspeita clínica de Coccidioidomicose, coletar material para

exames específicos micológico e quando for o caso, histopatológico. Em situações

de surto, a coleta deverá ser viabilizada, orientada ou mesmo realizada por

profissionais da vigilância e/ou dos Laboratórios de Saúde Pública ou ainda de

Serviços Universitários parceiros.

 

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Encerramento de casos: o caso é considerado encerrado a partir da análise das

Fichas de Investigação Epidemiológica, onde se deve ter em mente a definição de

qual foi o critério utilizado para o diagnóstico, considerando as seguintes

alternativas:

• Confirmado por critério clínico-laboratorial: paciente com quadro clínico

compatível com a doença, associado à comprovação laboratorial (isolamento

ou histopatologia).

• Confirmado por critério clínico-epidemiológico: verificar se existe vínculo

epidemiológico entre o caso suspeito e outros casos confirmados.

• Óbitos: serão considerados confirmados os óbitos de pacientes que

apresentaram manifestações clínicas compatíveis com a coccidioidomicose,

e onde há comprovação laboratorial da presença do fungo.

• Descartado: caso notificado, cujos resultados dos exames laboratoriais,

adequadamente coletados e transportados, foram negativos, ou tiveram

como diagnóstico outra doença.

Análise de dados e relatório final: a análise dos dados obtidos pela vigilância tem

como objetivo proporcionar conhecimentos atualizados sobre as características

epidemiológicas, no que diz respeito à distribuição de sua incidência, por áreas

geográficas e grupos etários, formas clínicas e taxas de mortalidade.

Em situações de surto, os dados referentes ao paciente deverem estar

organizados em tabelas, gráficos, estimativas de incidência, letalidade, etc.

Informações a respeito da data dos primeiros sintomas, freqüência e

distribuição dos principais sinais e sintomas, área geográfica, ocupação, evolução

do caso, serão úteis nas análises que permitirão definir o perfil epidemiológico dos

indivíduos acometidos e expostos, bem como o local ou locais de ocorrência da

doença para que se possa desenvolver as ações de controle.

Os relatórios finais elaborados a partir da análise dos dados são essenciais

para acompanhar a tendência da doença, bem como para se instituir e recomendar

as medidas de controle pertinentes.

 

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Instrumentos disponíveis para controle

Ações de educação em saúde – a maioria destas ações exige participação de

populações expostas, sendo fundamental o repasse das informações acerca da

doença, risco de aquisição,etc, as quais devem ser divulgadas, mediante técnicas

pedagógicas disponíveis e meios de comunicação, esclarecendo a importância da

doença e medidas de prevenção.

Estratégias de prevenção – propor medidas de prevenção e controle pertinentes,

de acordo com os resultados obtidos das análises. A Vigilância Epidemiológica

deverá atuar junto aos profissionais de saúde, promovendo capacitação freqüente

e alertar para o diagnóstico diferencial com outras doenças.

9. Considerações finais

A presente proposta de Protocolo do Sistema de Vigilância Epidemiológica

da Coccidioidomicose consiste no documento preliminar de orientação às

atividades de vigilância epidemiológica para a implantação da Vigilância e Controle

da doença.

Diversas etapas serão desenvolvidas no processo de organização da

vigilância, tais como elaboração de protocolo clínico, elaboração de um plano

estratégico para estruturar todo o programa, desde a organização da rede de

assistência, até a disponibilização de medicamentos, elaboração de ficha de

investigação, desenvolvimento do sistema de informações, entre outras.

Com a estruturação e implantação da Vigilância e Controle da

Coccidioidomicose, pretende-se estabelecer mais esta micose sistêmica na agenda

do SUS, definindo para os gestores, em nível federal, estadual e municipal, as

responsabilidades quanto à assistência aos portadores deste agravo.

 

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11. Referências Bibliográficas:

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