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CIEPH - CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
SILVANA DA SILVA MARGHETI
PROPOSTA DE TRATAMENTO DE HARMONIZAÇÃO ENERGÉTICA
DE UM PACIENTE COM TRANSTORNO DO PÂNICO SOB A VISÃO DA
ACUPUNTURA: ESTUDO DE CASO
CRICIÚMA, 2008
2
SILVANA DA SILVA MARGHETI
PROPOSTA DE TRATAMENTO DE HARMONIZAÇÃO ENERGÉTICA
DE UM PACIENTE COM TRANSTORNO DO PÂNICO SOB A VISÃO DA
ACUPUNTURA: ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização Profissional em Acupuntura, do
Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do
Homem- CIEPH, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Acupuntura.
Orientadora: Prof. Esp. Stella Maris Ricardo de
Souza
CRICIÚMA, MARÇO DE 2008.
3
DEDICATÓRIA
A meus pais Agenor e Maria,
em forma de gratidão,
apoio e incentivo.
4
AGRADECIMENTOS
Agradecer ...
é admitir que o homem jamais será auto suficiente,
é de forma singela reconhecer que ninguém cresce sozinho.
Agradeço,
A Deus,
pela vida, inteligência e força.
Aos pais,
pelo incentivo e educação.
Ao Leandro,
pelo apoio e compreensão.
A Denise F. Casagrande,
por compartilhar suas bibliografias.
A RB,
pela disposição em aceitar fazer parte desta pesquisa.
Ao CIEPH,
por ter cedido o ambulatório para a aplicação das sessões de acupuntura.
A professora Stella,
pela atenção e orientação dedicadas a elaboração desta pesquisa.
5
MENSAGEM
"єυ αρrєŋđί...
...qυє đєνємσѕ ѕємρrє тєr ραlανrαѕ đσcєѕ є gєŋтίѕ
ρσίѕ αмαŋђã тαlνєz тєŋђαмσѕ qυє єŋgσlί-lαѕ;
єυ αρrєŋđί...
...qυє υм ѕσrrίѕσ é α мαŋєίrα мαίѕ вαrαтα đє мєlђσrαr ѕυα αραrêŋcία; ·.
єυ αρrєŋđί...
...qυє ŋãσ ρσѕѕσ єѕcσlђєr cσмσ мє ѕίŋтσ,
мαѕ ρσѕѕσ єѕcσlђєr σ qυє ƒαzєr α rєѕρєίтσ;
єυ αρrєŋđί...
...qυє тσđσѕ qυєrєм νίνєr ŋσ тσρσ đα мσŋтαŋђα,
мαѕ тσđα ƒєlίcίđαđє є crєѕcίмєŋтσ σcσrrє qυαŋđσ νσcê єѕтα єѕcαlαŋđσ-α; ·.
єυ αρrєŋđί...
...qυє ѕó ѕє đєνє đαr cσŋѕєlђσ єм đυαѕ σcαѕίõєѕ:
qυαŋđσ é ρєđίđσ συ qυαŋđσ é cαѕσ đє νίđα συ мσrтє; ·.
єυ αρrєŋđί...
...qυє qυαŋтσ мєŋσѕ тємρσ тєŋђσ, мαίѕ cσίѕαѕ cσŋѕίgσ ƒαzєr."
(wίllίαм ѕђαѕκєѕρєαrє)
6
SILVANA DA SILVA MARGHETI
PROPOSTA DE TRATAMENTO DE HARMONIZAÇÃO ENERGÉTICA
DE UM PACIENTE COM TRANSTORNO DO PÂNICO SOB A VISÃO DA
ACUPUNTURA: ESTUDO DE CASO
BANCA EXAMINADORA
....................................................................
Prof(a). Stella Maris Ricardo de Souza
Orientadora
...................................................................
Prof(a). Analyce Claudino dos Santos
...................................................................
Prof. Marcelo Fabián Oliva
7
RESUMO
O transtorno de pânico é um conjunto de alterações fisiológicas, comportamentais e emocionais.
As crises de pânico se caracterizam pela presença de reações súbitas intensas do sistema nervoso
simpático que desencadeiam sintomas como boca seca, taquicardia, palpitações, tontura,
vertigem, náusea, formigamento e medo de morrer. Embora a causa, ainda desconhecida,
acredita-se que há uma conjunção de fatores biológicos, genéticos e ambientais. Ele não é uma
reação inespecífica a estímulos externos angustiantes, mas deve ter sua base biológica específica,
porém, ainda não desvendada pela ciência. A prevalência é de 1 a 3 % da população em geral. A
incidência é três vezes maior no sexo feminino do que no masculino. Dentre os tratamentos na
medicina ocidental estão os mais indicados, o tratamento psiquiátrico, geralmente acompanhado
pelo farmacológico (medicamento) e também a psicoterapia, esta tem relevância a terapia
cognitiva comportamental (TCC) neste caso de TP. Sendo que o mais indicado é a conjunção
destes dois tratamentos. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma técnica milenar que
trabalha de forma integrada corpo, mente e emoções. Seu tratamento com acupuntura se dá por
meio de agulhas que ao inseridas em determinados “acupontos”, reorganizando a energia
corporal. Para se elaborar o diagnóstico, utiliza-se dos conceitos e teorias da MTC: yin/yang, os
cinco elementos/movimentos, os zang-fu, os meridianos; além de se utilizar também de uma
precisa avaliação da língua e do pulso. As emoções são as manifestações de nossos sentimentos,
o movimento harmônico ou patológico do que estamos sentindo. Sendo que elas estão
relacionadas aos conceitos básicos e primordiais da MTC. Para correlacionar teoria e prática fez-
se um estudo de caso para comprovar de forma direta os efeitos da harmonização energética por
meio da acupuntura a um paciente com Transtorno de Pânico, o qual obteve significativo
resultado.
Palavras-chave: Transtorno de Pânico, Ansiedade, Acupuntura, Medicina Tradicional Chinesa.
8
ABSTRACT
The panic disorder is a set of physiological, behavioral, and emotional changes. Panic attacks are
marked by intense sudden reactions of the sympathetic nervous system this way triggering
symptoms such as dry mouth, tachycardia, heart palpitations, dizziness, vertigo, nausea, limbs
numbness and death fear. Although the cause of panic disorder is still unknown, it is believed
there is a conjunction of biological, genetic, and environmental factors. It is not an unspecific
reaction to anguishing external stimulus, but is may have a specific biological basis, which has
not been unraveled by science yet. The prevalence is 1 to 3% of the whole population. The
incidence is three time higher in females than it is in males. Amongst western medical treatments
are the most renowned, such as psychiatric treatment, which is often accompanied by
pharmacological treatments (medications), and psychotherapy, where Behavioral Cognitive
Therapy (TCC – Terapia Conitiva Comportamental) is relevant. However, the combination of
both treatments is most suitable for patients in this situation. The Chinese Traditional Medicine
(MTC – Medicina Tradicional Chinesa) is a millennial technique that works the body, mind and
emotions in an integrated way. Its acupunctural treatment happens by means of needles that,
when inserted into determined “acupoints”, reorganize body energy. In order to create a
diagnosis, Chinese Traditional Medicine theories and concepts such as yin/yang, five
elements/movements, zang-fu, meridians, and a precise evaluation of the tongue and pulsation
are utilized. Emotions are manifestations of our feelings, the harmonious and pathological
motion of what we are feeling. Moreover these emotions are related to basic and primary
concepts of the Chinese Traditional Medicine. In order to associate theory and practice, a
research of case was done to establish directly the effects of panic disorder treatment through
acupuncture, which obtained significant result.
Key Words: Panic disorder, Anxiety, Acupuncture, Chinese Traditional Medicine.
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LISTA DE ABREVIATURAS
AP - Ataque de Pânico
CIEPH - Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem
DIS - Diagnóstic Interview Schedule
GABA - Ácido Gama Aminobutírico
MTC – Medicina Tradicional Chinesa
SUS – Sistema Único de Saúde
TCC – Terapia Cognitiva Comportamental
TP – Transtorno de Pânico
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................15
2.1 Transtorno do Pânico na Visão Ocidental ..............................................................................15
2.1.2 Etiologia...............................................................................................................................19
2.1.3 Bases Biológicas do Transtorno de Pânico..........................................................................20
2.1.4 Epidemiologia......................................................................................................................22
2.1.5 Tratamentos Ocidentais para Transtorno de Pânico.............................................................23
2.2 Medicina Tradicional Chinesa.................................................................................................25
2.2.1 Aspectos Emocionais............................................................................................................27
2.2.1.1 Classificação das Emoções................................................................................................28
2.2.2.2 As Cinco Emoções e os Cinco Órgãos (Zang) .................................................................29
2.2.2.3 As Cinco Emoções e os Cinco Movimentos.....................................................................31
2.2.2.4 As Emoções e Yin/Yang...................................................................................................32
2.2.2.5 Emoções e Matérias..........................................................................................................32
2.2.2.6 Capacidades Mentais e Emoções ......................................................................................33
2.2.2.7 Importância Clínica da Desarmonia Emocional................................................................33
2.2.2.8 Tratamento da Desarmonia Emocional ............................................................................34
2.2.6 Mecanismo de Ação da Acupuntura ....................................................................................35
2.2.7 O Transtorno de Pânico na Visão Oriental...........................................................................36
2.2.8 Tratamento de Harmonização Energética no Transtorno de Pânico segundo a
Acupuntura................................................................................................................................... 37
3 METODOLOGIA....................................................................................................................39
3.1 Características da Pesquisa......................................................................................................39
11
3.2 População e Amostra...............................................................................................................39
3.3 Instrumentos...........................................................................................................................40
3.4 Procedimentos da Coleta de Dados........................................................................................40
3.5 Evoluções do Tratamento........................................................................................................41
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..............................................................................44
CONCLUSÃO.............................................................................................................................52
REFERÊNCIAS..........................................................................................................................54
ANEXOS......................................................................................................................................59
12
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objetivo principal propor um tratamento de harmonização
energética por meio da acupuntura a uma paciente com transtorno de pânico, que
preferencialmente esteve em tratamento medicamentoso e psicoterapia: estudo de caso.
O transtorno de pânico (TP) é uma doença crônica e esta associada a uma importante
morbidade e prejuízo na qualidade de vida do paciente.
O primeiro ataque pode surgir dias, semanas ou meses após uma situação
desencadeadora, estresse profissional, morte de ente querido ou outras de natureza quaisquer.
(CAETANO, 1987)
De acordo com o Instituto de Saúde Mental do EUA, entre 2 e 4% da população
mundial sofre com o transtorno do pânico. Sendo que o sexo feminino tem predominância de 2:1
em relação ao masculino. (BALLONE, 2003) Na maioria das vezes os primeiros ataques são
vivenciados no final da adolescência e início da vida adulta.
As crises de pânico são vivenciadas pelos indivíduos como algo apavorante,
extremamente desagradável, chegando a ter dificuldades de relatar o pavor que as crises lhes
ocasionam.
Geralmente o que ocorre é que o indivíduo está tranqüilo, bem, realizando sua
atividade habitual e de repente começa a sentir terrível medo ou extrema ansiedade.
Posteriormente dor, desconforto ou aperto no peito, falta de ar, nó na garganta, falta de ar,
sensação de afogamento ou sufocação, tonturas, tem a sensação de desequilíbrio, formigamento,
onda de calor ou frio extremo, transpiração, sudorese nas mãos e outras partes do corpo,
tremores, boca seca, náuseas, diarréia, palidez, fadiga, sensação de que o ambiente em que se
13
encontra é desconhecido, ou está distante. Esse compêndio de sintomas impossibilita o indivíduo
de continuar seus afazeres, pois os sintomas físicos lhes trazem uma sensação de morte iminente.
Mediante este quadro clínico, esta pesquisa tem como problemática, é possível desenvolver uma
proposta de tratamento, por meio de uma harmonização energética com acupuntura a uma
paciente com Transtorno do Pânico?
Nesse sentido, as pessoas que possuíam uma vida normal a partir da ocorrência do
primeiro ataque, sua rotina de vida pessoal, afetiva e profissional ficam comprometidas
(BERNIK E RANGE, 2001), pois começam a evitar e não mais freqüentar os lugares que
tenham vivenciado os ataques, comprometendo assim as atividades pessoais e profissionais.
Levando em consideração o sofrimento destas pessoas com TP, considera-se
importante buscar um tratamento com menor duração e maior eficácia. Assim sendo, estas
pessoas poderão sofrer menos, viver mais tranqüilas. Saírem de suas casas para fazer compras,
viajar, estudar, trabalhar, isto é, viver seu dia-a-dia como uma pessoa qualquer, sem empecilhos.
Além de estarem tratando diretamente o transtorno com a acupuntura, estará consequentemente
reorganizando a energia corporal, reequilibrando-a. Bem como, proporcionando a elas um
melhor convívio familiar, profissional e social.
Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) estão relacionados firmemente os aspectos
mentais, emocionais e doenças físicas. Tanto o diagnóstico como o tratamento leva em conta a
pessoa de forma integral.
Para o Mann (1962) a contribuição mais importante da acupuntura no campo da
saúde é que, muitas moléstias ou sintomas refratários aos tratamentos estabelecidos pela
medicina ortodoxa, podem ser curados ou aliviados através deste método. Aqui se inclui as dez
sessões de acupuntura, que foram realizadas com a paciente, a qual esteve em tratamento
medicamentoso e psicoterapia por vários anos, antes do início das sessões de acupuntura.
14
Os objetivos específicos nortearam o decorrer das sessões, por meio de um estudo
minucioso conseguiu-se investigar estes objetivos que são: o sintoma mais freqüente na paciente;
averiguação das modificações positivas e negativas no estilo de vida, bem como, verificar os
benefícios da acupuntura em uma paciente com TP.
A pesquisa está estruturada com referencial teórico amplo, iniciando com a visão
ocidental do TP, sua etiologia, as bases biológicas, epidemiologia e os tratamentos ocidentais
para o TP. Na segunda seção está, Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e os aspectos
emocionais, englobando assim a classificação das emoções que está subdivida: as cinco emoções
e os cinco órgãos (zang), cinco emoções e cinco movimentos, as emoções e matérias,
capacidades mentais e emocionais, importância clínica da desarmonia emocional e por fim o
tratamento de desarmonia emocional.
A seguir, trabalha-se sobre o mecanismo de aça da Acupuntura. Para finalização do
referencial teórico pesquisou-se sobre o transtorno de pânico na visão oriental e o tratamento do
mesmo pela acupuntura.
Na sessão três, decorre a metodologia, contendo as características da pesquisa,
população e amostra, instrumentos e os procedimentos da coleta de dados.
Finaliza-se esta pesquisa com a conclusão, as referências e os anexos.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Transtorno do Pânico na visão Ocidental
O termo pânico advém da Grécia Antiga e a origem do nome é decorrente do deus
grego Pã, - deus da natureza. O qual possuía uma mistura de forma humana e forma de bode.
Quando Pã sentia-se incomodado emitia um grito horripilante que aterrorizava as pessoas,
chegando muitas vezes a morrerem de pânico. O povo de Atenas construiu um santuário a Pã,
perto do lugar aberto que era o mercado público principal de Atenas. Algumas pessoas tinham
medo (phobos) de freqüentar aquele lugar público (Ágora), daí deriva o termo agorafobia, que
designa uma das reações que acompanha o pânico. (BAHIA, 2006).
Da Costa, em 1871, descreveu uma série de sintomas que eram semelhantes às
pessoas que sentiam medo, tais como, palpitações, turvação da visão, vertigem e ataques de
diarréia, o que posteriormente Freud postula como sintomas característicos de uma crise de
pânico. Vejamos ainda como relata uma jovem sobre seu ataque de pânico: “Eu sinto falta de ar,
não é sempre, às vezes ela me pega de forma que eu penso que vou sufocar. Isso toma conta de
mim de imediato. Primeiro é como se tivesse alguma coisa pressionando meus olhos, minha
cabeça fica pesada, há um terrível zumbido, eu me sinto tão tonta que quase caio. Então sinto
alguma coisa esmagando meu peito de forma que eu não posso respirar... minha garganta se
fecha como se fosse estrangular... há um martelar na cabeça suficiente pra estourá-la... eu sempre
penso que vou morrer. Em geral eu sou corajosa e vou sozinha a todos os lugares, ao sótão, por
16
toda a montanha, porem no dia que sou acometida por essas crises eu não me atrevo a ir a
nenhum lugar”. (CAETANO, 1987, pág. 18-19)
A principal manifestação do transtorno de pânico é o ataque de pânico, que se
caracteriza pela presença da ansiedade com início súbito, e múltiplos sintomas físicos, com
duração limitada, em média de dez minutos (AMB, 2001). Complementa ainda Dalgalarrondo
(2000) que o transtorno de pânico (TP) são crises intensas de ansiedade, nas quais o sistema
nervoso autônomo produz diversos sintomas, tais como: taquicardia, palpitações, dispnéia,
tremores, náuseas, sudorese, formigamentos em membros e/ou lábios. E quase que
invariavelmente há também o medo de morrer, perder o controle, ou ficar “louco” (DSM IV,
1994).
O TP segundo Roybyrne (2005) é um dos mais custosos e incapacitantes transtornos
presentes na lista das desordens de ansiedade, nos cuidados preliminares e freqüentemente é
confundido com uma doença física, tornando-se custoso e por diversas vezes faz uso
desnecessariamente dos recursos da saúde pública.
Geralmente o desencadeamento do transtorno do pânico ocorre após um fato psíquico
relevante, que causa um transtorno psíquico qualquer, que atinge o “Calcanhar de Aquiles” do
indivíduo doente, como por exemplo, perda de um ente querido, perda de um emprego,
rompimento amoroso, uma decepção, um acidente de carro (BATELLO, 2000). Portanto, em
uma situação ameaçadora, o indivíduo toma uma cadeia de interpretações errôneas do que está
acontecendo interior e exteriormente, causando-lhe conseqüentemente um medo intenso e muitas
vezes irracional, que atormentam sua existência, impedem de realizar seus afazeres.
Há também muitas histórias de pessoas que tiveram ataques de pânicos e que
possuíam uma vida normal até a ocorrência do primeiro ataque. Depois disso, sua rotina de vida
pessoal, afetiva e profissional ficaram comprometidas (BERNIK E RANGE, 2001), pois
17
começaram a evitar e não mais freqüentar os lugares que tinham vivenciado os ataques,
comprometendo assim as atividades pessoais e profissionais.
O TP só foi reconhecido como uma entidade a parte dos outros estados de ansiedade
em 1980. Sendo que os critérios estabelecidos pelo manual de diagnóstico e estatística (DSM –
III), da Associação Americana de Psiquiatria eram:
A. Pelo menos três ataques de pânico em um período de três semanas e em
circunstancias de ausência de esforço físico marcante ou de perigo de vida. Os ataques não são
precipitados somente por exposição a um estímulo fóbico circunscrito.
B. Os ataques de pânico manifestam-se por episódios de apreensão ou medo e pelo
menos quatro dos seguintes sintomas aparecem durante cada ataque: 1- dispnéia; 2-
palpitações; 3-dor ou desconforto precordial; 4- sensação de afogamento ou sufoco; 5- tontura,
vertigem ou instabilidade; 6- desrealização; 7- parestesias; 8- ondas de calor ou frio; 9-
sudorese; 10-desmaio; 11- tremor ou sacudidas; 12- medo de morrer, enlouquecer ou fazer algo
incontrolado durante o ataque.
C. Não é devido a um esforço físico ou outro transtorno mental, como depressão,
somatização ou esquizofrenia.
D. A desordem de pânico não esta associada à agorafobia.
Já no DSM-IV, os critérios para o ataque de pânico, estão descritos, enquanto um
período discreto repentino (geralmente 5-30 minutos) do medo ou do desconforto intenso
acompanhado ao menos por quatro sintomas dos grupos 1 a 4 dos sintomas generalizados do
transtorno de ansiedade. Os transtornos de pânico é a presença dos ataques inesperados
recorrente do pânico seguido ao menos por um mês do medo persistente sobre ter um outro
ataque do pânico, uma preocupação sobre as implicações ou as conseqüências possíveis dos
ataques do pânico, ou a mudança comportamental significativa relacionada aos ataques.
(KUMAR, 2003) O paciente com TP quando apresenta ataques freqüentes e graves de pânico,
18
associados ao desenvolvimento da ansiedade antecipatória, ou seja, o medo de ter um novo
ataque (CID-10, 1993) pode passar a evitar situações associadas com os ataques, levando a um
comportamento fóbico e evitativo. O TP pode ou não ser acompanhado de agorafobia.
(DALGALARRONDO, 2000)
A agorafobia caracteriza-se do medo que o indivíduo experimenta quando está
presente em locais ou situações das quais pareça difícil sair ou então correr a fim de encontrar
auxílio. (KATON, 1991) Sendo assim, estes pacientes ficam restritos a freqüentar lugares
públicos, viagens, elevadores, multidões, e muitas vezes, torna-se imprescindível a presença de
uma outra pessoa para acompanhá-lo ao sair de casa. (VILAFUERTE, BURMEISTER, 2003)
A crise de pânico caracterizada pela presença de todos os sintomas já mencionados
(tremores, boca seca, tontura...) é o estado mais agudo de uma condição de ansiedade, ou seja, é
o máximo que a ansiedade pode levar uma pessoa. (KELLER, 1997). Sabe-se que a ansiedade
faz parte da vida de todo ser humano normal, como fator de auto-preservação vital. Se um prédio
está em volto em chamas, se a pessoa vivencia uma queda de um avião, um acidente de carro, é
normal que ela entre em pânico, pois se sente ameaçada mediante as conseqüências desses
episódios. (KELLER, 1997). Por isso é normal a presença do pânico e da ansiedade. Entretanto
se o pânico surge sem nenhuma razão aparente, tem-se então um quadro de ansiedade
patológica; e se as crises forem recorrentes, com desenvolvimento de medo de ter novas crises,
preocupações sobre possíveis implicações da crise (perder o controle, ter um ataque cardíaco ou
enlouquecer), além de sofrimento subjetivo significativo se trata de um transtorno de pânico
(CID-10, 2003). As crises de pânico são de início abrupto (chegam a um pico em 5 a 10
minutos) e de curta duração (raramente dura mais do que meia à uma hora).
(DALGALARRONDO, 2000)
19
Keller (1997) nos coloca que algumas pessoas têm crises de pânico isoladas e que
não se repetem, portanto, não se tratando de Transtorno do Pânico, pois nesse caso as crises se
repetem e se tornam sistemáticas.
Há dois tipos característicos de ataques de pânico (AP), com distintas relações entre o
inicio do ataque e a presença ou ausência de ativadores situacionais. Por isso o contexto no qual
ocorre o AP é determinante no diagnóstico diferencial. os ataques de pânico podem ser: ataques
de pânico inesperados, isto é, acontecem inesperadamente, (sem motivos aparentes, não
evocados) e ataques de pânico ligados a situações (evocados), ou seja, são desencadeados após
uma situação , exposição ou antecipação a um evocador. (DSM- IV)
O conhecimento sobre os ataques de pânico, apesar de ser limitado, tem sua base, em
dados, cuja fidedignidade é questionável (VALENÇA et al, 2001). No entanto sabe-se que esses
indivíduos que apresentam Transtorno de Pânico e Transtorno de Ansiedade sofrem um severo
comprometimento na sua qualidade de vida, inclusive a redução de contatos sociais e familiares,
bem como na sua auto-realização. (CRAMER, et al. 2005).
2.1.2 Etiologia
A etiologia do TP é provavelmente multifatorial, incluindo fatores genéticos,
biológicos, cognitivo-comportamentais e psicossociais que contribuem significativamente para o
surgimento de sintomas de ansiedade, presentes muitas vezes desde a infância, com
manifestações variáveis durante o ciclo de vida. (SESA, 2005; MANFRO et al, 2002).
Mesmo que ainda esteja desconhecida a causa exata do TP, sabe-se que existe a
influência da hereditariedade, os fatores ambientais, históricos e sócio-culturais bem como a
aprendizagem dos membros da família que não apresentam ligação genética entre si (SMYTH,
2004; AUSTIN, 2005; MANFRO, 2002; ZWANZGER e RUPPRECHT, 2005).
20
Outros estudos ainda relatam que há uma associação entre o transtorno de ansiedade
e o transtorno de separação na infância com o surgimento do TP (MANFRO et al, 2002).
Sholomskas et al (apud KINRYS e WYGANT, 2005) sugerem uma predisposição no período
pós-parto para o desenvolvimento do TP, já que 11-29% das mulheres relatam o início do
transtorno neste período.
Pacientes com vínculo de parentesco de primeiro grau com pessoas que possuem
transtorno de pânico, apresentam risco significativo em relação à população geral. Para o TP o
risco aproximado é de 10 a 20 vezes mais na primeira linhagem, para 2% da população em geral
(VILLAFURTE e BURMEISTER, 2003).
Estudos indicam a interferência negativa hormonal feminina no curso do TP
(KINRYS e WYGANT, 2005). Stein et al (apud KINRYS e WYNGANT, 2005), sugerem uma
associação entre o desenvolvimento do Transtorno de Pânico em mulheres adultas com o abuso
sexual na infância.
Normalmente as pessoas que sofrem de transtorno de pânico possuem uma série de
aspectos e comportamentos comum (BERNICK e RANGE, 2001): pessoas extremamente
produtivas profissionalmente; assumem excessivamente responsabilidades e afazeres
excessivamente; são pessoas extremamente exigentes consigo mesmas e não sabem lidar com
seus erros ou imprevistos; perfeccionistas com necessidade aprovação de todos; tendência a se
preocupar em demasia com os problemas do dia a dia; são muito criativas; possuem auto-
expectativas extremamente altas e possuem fortes regras; não conseguem discernir seus
sentimentos e apresentam grande tendência á não perceber suas verdadeiras necessidades físicas.
(BALLONE, 2003)
2.1.3 Bases Biológicas do Transtorno de Pânico
21
O pânico não é uma reação inespecífica a estímulos externos angustiantes, mas
provavelmente tem sua base biológica especifica, mesmo que possa ser ativado por diferentes
caminhos desencadeantes e circuitos neuroquímicos (HOLLANDER, 2004).
A ansiedade cogita procedimentos de adaptação, entre eles o de fuga e de ameaça. A
compreensão atual da natureza biológica da ansiedade foi em parte estimulada por uma
elucidação das ações das drogas que reduzem os sintomas dos transtornos de ansiedades
(EBERT, 2002).
Mediante a compreensão acima, as observações podem ser divididas em três grandes
áreas: o complexo receptor do ácido gama aminobutírico (GABA); o núcleo do lócus coeruleus
noradrenérgico e o sistema serotonérgico, inclusive os núcleos de rafe e as suas projeções
(EBERT, 2002).
GABA é o mais importante neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central
(SNC). A ele se dá a relevância na patologia do transtorno do pânico (ZWANZGER e
RUPPRECHT, 2004).
Estudos, ainda prematuros, especulam um déficit na transmissão e coordenação de
informações sensoriais, resultam em atividade aumentada da amígdala com conseqüente
ativação neuroendócrina, comportamental e autonômica (MEZZASALMA, 2004).
Consta ainda em literaturas a importância do fator genético no desenvolvimento do
transtorno de pânico em crianças com transtorno de ansiedade. Estes estudos fazem associação
com pais com transtorno de ansiedade elevado e crianças que adquiriram este transtorno, e
posteriormente, tiveram crises de pânico (MANASSIS, 2002).
Com relação às pesquisas realizadas dentro do contexto familiar, estas apresentam a
probabilidade de um mesmo transtorno ter seqüência por gerações, inclusive o de pânico. Apesar
da complexidade dos genes já é possível identificar uma relação genética no transtorno de pânico
(VILLAFURTE e BURMEISTER, 2003). Além disso, os autores complementam que, há
22
estudos que sugerem 44% à hereditariedade para transtorno de pânico; 39% para agorafobia e
aproximadamente 30% para transtorno de ansiedade e fobia específica.
Dalgalarrondo (2000) coloca que o pensamento, o humor, o comportamento, as
reações físicas e o ambiente estão intimamente ligados uns aos outros. Por isso sempre que se
experimenta um estado de humor, há um pensamento relacionado a ele que auxilia a defini-lo
(GREEGNBERGER e PADESKY, 1999). Sendo ainda que diferentes pensamentos ou
interpretações de um mesmo evento podem desencadear diferentes estados de humor em uma
mesma situação.
No entanto, verifica-se que algumas pessoas são mais propensas a certos
pensamentos e estados de humor do que outras, assim sendo essas diferenças podem ser de
ordem biológica ou geneticamente herdada. Entretanto sabemos que as experiências
provenientes do meio também podem moldar fortemente as crenças e estados de humor que
colorem nossas vidas (GREENBERGER e PADESK, 1999).
2.1.4 Epidemiologia
A prevalência do transtorno de pânico é de 1 a 3% da população em geral. E por ser
uma doença crônica, interfere constantemente na vida do paciente. Pesquisas indicam que 4,5%
dos pacientes psiquiátricos, que se apresentam ao departamento de emergência dos hospitais, 17
a 25% destes estão presentes critérios do TP (HAM; WATERS e OLIVER, 2005).
Indivíduos com TP geralmente recebem tratamento nas emergências ou consultórios clínicos por
causa da presença acentuada dos sintomas físicos (BLANCO et al, 2004; ROYBYRNE, et al,
2002).
O TP comumente emerge no final da adolescência ou início da vida adulta, momento
em que definições e escolhas se processam, e que por ocasião da doença podem ser afetadas.
Acomete duas a três vezes mais no sexo feminino do que no masculino. (KESSLER et al., 1994)
23
Em estudos realizados nos Estados Unidos, entre os anos de 1992-2002, tendo como base os
critérios do DSM-III e usando o Diagnóstic Interview Schedule (DIS), obteve-se um índice de
prevalência de 0,7%ao mês no sexo feminino em contra partida com 0,3% encontrado no sexo
masculino; as mulheres apresentam ainda um índice maior de transtorno de pânico entre os 25-
44 anos de idade. (HOLLANDER e SIMEON, 2004; ZWANZGER e RUPPRECHT, 2004;
OLIVEIRA, 2005; KUMAR e BROWNE, 2004).
O risco de se ter um AP (ataque de pânico) isolado é de 7,2%. Entretanto, a taxa de
depressão como comorbidade é de 20% e o índice de tentativas da prática de suicídio são de 7%
com TP (RABATIN e KELTZ, 2001).
O TP ocorre com freqüência em indivíduos com agorafobia 26% e com maior índice
ainda com fobia social 33% (HAM; WATERS e OLIVER, 2005).
2.1.5 Tratamentos Ocidentais para Transtorno de Pânico
É grande o percentual de pessoas com TP que acreditam que as crises de pânico
podem ser passageiras e circunstanciais, não buscando ou não recebendo o apoio dos familiares
na busca de um tratamento especializado. Esse retardo na procura de tratamento especializado
compromete o quadro, no qual há o aumento na freqüência das crises/ataques, bem como o
aumento das limitações na vida da pessoa. Além disso, pelo fato de não saberem qual
profissional devem procurar e também por não entenderem as reações físicas que estão sentindo,
estes pacientes procuram os pronto-socorros, onde nem sempre há um profissional de saúde que
sabe apresentar um diagnóstico preciso. (BALLONE, 2003)
O TP é altamente tratável, tanto que 85% dos pacientes que usam a medicação e
fazem psicoterapia melhoram. Os AP reduzem consideravelmente, com o início do tratamento
24
medicamentoso para controle inicial dos sintomas e em seguida, o início da psicoterapia.
(HOLLANDER e SIMEON, 2004).
Greenberger e Padesky (1999) relatam que nossos pensamentos e comportamentos
encontram-se relacionados. Não percebemos as cognições que direcionam nosso
comportamento, pois nossas ações tornam-se rotinas.
Entretanto, quando se trata de modificar ou aprender um comportamento, os pensamentos podem
determinar como essa mudança ocorrerá.
Os pensamentos automáticos são tipos de pensamentos que influenciam o
comportamento, são, portanto, palavras ou imagens que surgem em nossa mente ao longo do dia
enquanto realizamos as mais diferentes atividades.
Além dos pensamentos, estão presentes de forma profunda as crenças que
influenciam tanto os pensamentos como os padrões de comportamento. (GREENBERGER e
PADESKY, 1999).
Pesquisas apontam à terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a farmacologia em
intervenção combinada como um tratamento eficaz no TP. É percebida uma melhora gradual e
crescente nesta combinação (AMA, 2005; RABATIN, 2001). O tratamento combinado oferece
na parte farmacológica um alivio quase que imediato nos taques de pânico e a TCC ensina um
repertório eficaz de enfrentamento à ansiedade e ao pânico (SAVOIA, 2000).
À medida que os ataques de pânico se sucedem o paciente desenvolve hipocondria,
fobias, associadas direta e indiretamente com as circunstâncias nas quais teve o ataque,
ansiedade antecipatória, agorafobia, auto-depreciação, depressão, alcoolismo e desmoralização.
Mediante este quadro o paciente deve ser paulatinamente encorajado (depois de bloqueados os
ataques farmacologicamente) a enfrentar os lugares ou situações onde foi acometido pelo ataque
e desta forma ir ganhando autoconfiança ao enfrentar suas adversidades. Por isso a importância
do apoio psicoterápico, que visa à manutenção da adesão à terapêutica e a orientação quanto ao
25
desenvolvimento e combate as complicações associadas, as técnicas cognitivo-comportamentais
parecem ser mais eficazes neste sentido, aumentando inclusive a resposta ao tratamento
medicamentoso (BALLONE, 2003).
2.2 Medicina Tradicional Chinesa
Em tempos remotos da antiguidade, nossos ancestrais criaram uma medicina
primitiva, pois necessitavam de algo para aliviar ou eliminar certas doenças. Durante suas lutas e
buscas por alimentação na natureza, descobriram que muitas plantas e certos alimentos possuíam
propriedade curativa. Ao aquecerem-se ao redor do fogo, descobriram que o modo de
aquecimento localizado com pedras quentes ou terra envolta em casca ou pele de animais
contribuía para aliviar ou eliminar certos sintomas/doenças. Com o passar do tempo e com a
prática, eles aperfeiçoaram este método e deram inicio a terapia de compressas quente
medicamentosa e moxabustão. (ENQIN, 1980).
Já o surgimento do tratamento com bian shi (agulhas de pedra) e agulhas de osso,
surgiu com o trabalho/utilização de lascas de pedras que eram transformadas em ferramentas de
produção, nisto, por acaso perceberam que a dor numa parte do corpo era aliviada quando uma
outra parte era picada (ENQIN, 1980).
Os conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) foram trazidos para o
ocidente pelo diplomata francês Soulié de Morant. Foi ele quem introduziu a prática da
acupuntura em diversos países da França partir de 1930. No entanto, só a partir de 1970, quando
da visita do presidente dos Estados Unidos à China, é que ouve a liberação e a estimulação para
que os profissionais da saúde do ocidente interessassem-se pela acupuntura e que então se abriu
espaço para seu desenvolvimento junto à medicina ocidental. (REICHMANN, 2002)
26
A MTC caracteriza-se em observar o organismo como um todo, e através dos sinais e
sintomas analisados de forma global realizar diagnose e o tratamento. (BARBOSA, 2000) O
conceito básico da medicina chinesa é o qi traduzido como a “energia vital”.
Existe uma interdependência entre o homem e a natureza (ambiente natural, clima,
condições geográficas); a relação patologia - fisiologia - correlação homem e o meio. Ainda para
se realizar o diagnóstico chinês é importante que se faça uma anamnese através de um
interrogatório. Segundo Maciocia (1996) e Auteroche & Navailh (1992), no sentido geral, a
anamnese é uma conversa entre o terapeuta e o paciente para descobrir como aconteceu a
patologia, as condições de vida do paciente, o meio ambiente e o ambiente familiar. O objetivo
da anamnese é, finalmente, localizar a causa da patologia de maneira que o paciente e o
terapeuta possam trabalhar juntos e tentar eliminá-la ou minimizá-la.
Outra forma de diagnosticar o paciente é através do pulso, pois este fornece
informações sobre o estado dos sistemas internos, além de refletir o complexo geral do qi e do
sangue (xue). A observação da língua também consiste em uma forma de diagnóstico porque
proporciona sinais de desarmonia do paciente. Segundo Maciocia (1996) e Auteroche & Navailh
(1992), a observação da língua está baseada em quatro itens principais: cor, forma, saburra e
umidade da língua.
O diagnóstico inclui principalmente as técnicas de diagnose que são a indagação, a
inspeção, a ausculta, a olfação, tomada de pulso e palpação. Está relacionada com a origem da
desarmonia do corpo. Se o yin e o yang não podem manter um equilíbrio e uma interação
relativos, separam-se um do outro, extinguindo a vida que deles depende (JUNYING e
ZHIHONG, 1996).
A acupuntura está baseada em quatro teorias da MTC: a teoria yin e yang, a teoria
zang - fu, a teoria dos cinco elementos ou movimentos e a teoria dos meridianos. O
27
funcionamento dessas teorias é fundamental também para auriculoterapia. (REICHMANN,
2002).
2.2.1 Aspectos Emocionais
O comportamento de uma pessoa é resultado de sua interação com o meio, que pode
ser tanto harmonioso, quanto conflituoso, angustiante. Para tal, há três fatores interligados que
são influentes no comportamento: saúde física, fluxo equilibrado das emoções e o
desenvolvimento esperado, adequado das faculdades intelectuais. (ROSS, 1994).
A palavra emoção, refere-se ao dinamismo, movimento harmônico, suave dos
sentimentos, sendo essa manifestada por meio da raiva, ciúme, mágoa. (ROSS, 1994).
Contudo, as emoções nem sempre são patológicas, pois o indivíduo necessita de seus
sentimentos, emoções positivas e negativas. No entanto, quando há uma desarmonia, um excesso
nessas emoções, há também um comprometimento “patológico” do seu comportamento. Sendo
ainda, que há variáveis que são influentes também nas emoções, tais como o fator genético, a
pressão ambiental, a idade, bem como a fase de desenvolvimento. (ROSS, 1994)
Portanto, as emoções são relacionadas com a desarmonia zang-fu quando estas
ocasionam uma obstrução do fluxo de qi, ou então provocando uma irregularidade na sua
circulação. Consequentemente isso fará com que haja uma deficiência ou um excesso de energia
(qi) no zang-fu. E por outro lado, haverá uma interferência dos distúrbios do zang-fu, podendo
resultar em distúrbios emocionais, formando assim, um círculo vicioso: desarmonia de zang-fu
(órgãos e vísceras) -> <-desarmonia emocional e vice-versa. (ROSS, 1994).
Como cita Ross (1994), por exemplo, um desequilíbrio do fígado (gan) pode
aumentar a irritabilidade, raiva e a depressão, as quais agravam ainda mais desequilíbrio do
fígado (gan). Esta desarmonia de zang-fu e desequilíbrio emocional afetarão no comportamento,
28
podendo também modificar o meio ambiente em que o indivíduo está inserido. Este quadro
tende a agravar, pois aumenta a desarmonia interna do mesmo. Ou seja, um indivíduo com uma
raiva interna intensa, devido uma ascensão do fogo do fígado poderá manifestá-la por meio de
palavras árduas, violência verbal e até física (comportamento). Do contrário, se não for
manifestada essa raiva poderá agravar o fogo do fígado. Tornando assim um círculo vicioso, se
não for trabalhado. (ROSS, 1994).
2.2.2 Classificações das emoções
Vejamos as tabelas abaixo segundo ROSS (1994; 184-185).
Fonte: ROSS (1994 p. 184-185)
Existem diversos graus das emoções, e elas estão em permanente oscilação, sendo
assim, fica inacessível, imprecisa a nomeação e relação das emoções a determinados órgãos e
vísceras, bem como sua associação entre ambos. Ou seja, para alguns autores, como menciona
Ross (1994) a preocupação lesa o pulmão (fei) para outros ela prejudica o baço/pâncreas (pi);
alguns autores atribuem a tristeza (you) à deficiência do coração (xin), e a ausência da alegria a
deficiência do espírito (shen), indicando que a tristeza prejudica o coração, e ainda outros
autores colocam que a tristeza, juntamente com a mágoa e aflição lesa o pulmão. (ROSS, 1994)
As Cinco Emoções (Qi Qing)
Palavra
Chinesa
Significado
em português
Zang associado
Xi Alegria Coração
Nu Raiva Fígado
Si Meditação Baço/Pâncreas
You Tristeza Pulmão
Kong Medo Rins
Os Sete Sentimentos (Qi Qing) (ROSS, 1994)
Palavra Chinesa Significado em Português
Xi Alegria, felicidade, prazer.
Nu Raiva, irritabilidade.
Si Meditação.
You Ansiedade, tristeza.
Kong Medo, ansiedade extrema.
Jing Pavor, medo intenso repentino.
Bei Mágoa aflição.
29
Portanto, os sete sentimentos ou as cinco emoções não têm como mensurá-los de
forma precisa, pois altera no próprio indivíduo, mediante sua intensidade e sua gama de nuances,
pelos quais perpassam (emoções e sentimentos). (ROSS, 1994)
2.2.3 As Cinco Emoções e os Cinco Órgãos (zang)
Medo e os rins (shen): o rim é a raiz da vida, pois armazena a essência (jing) que é
formada parcialmente pela energia ancestral, estabelecida na concepção. (MACIOCIA, 1996)
Está ligado a autopreservação, à vontade ou desejo de viver. Conforme o grau de estímulo pode
provocar desde sensações de medo, pavor, terror, até o comprometimento do controle de
evacuação e miccção. O indivíduo com medo pode perder a mobilidade, paralisar-se, enfrentar
ou fugir do perigo. Sendo que cada uma dessas possibilidades, está associada a determinado
outro órgão ou víscera, e surge em circunstâncias, por exemplo, a paralisia está associada à
fraqueza da vesícula biliar (dan) que é a paralisia da indecisão. Já a luta, o enfrentar, pode estar
relacionado com as emoções medo e raiva, dos rins com o fígado (gan). (ROSS, 1994)
O estresse do cotidiano pode ocasionar em um indivíduo que já possui um medo
extremo, repentino, mas que é temporário (possui conotação de sobrevivência do dia a dia) um
estado de ansiedade temeroso, crônico. Podendo estar interligado com sentimentos de pânico e
com a desarmonia dos rins (shen) e do baço/pâncreas (pi) e ainda com a ansiedade que emerge
da desarmonia dos rins (shen) e do pulmão (fei). (ROSS, 1994)
A emoção medo ou pavor pode manifestar-se de maneiras específicas ou
aglomeradas em um indivíduo, tais como, medo de estar só, medo do escuro, lugares fechados,
de não ser amado, dentre outros. Se essas emoções de medo e pavor forem intensas, o qi dos rins
(shen qi) pode ficar comprometido, ocasionando a perda do controle de micção e evacuação, por
30
determinado tempo, pois são os Rins que governam os orifícios inferiores, uretra e ânus. (ROSS,
1994; MACIOCIA, 1996)
Raiva e fígado (gan): a emoção raiva está intimamente ligada ao fígado (gan),
manifestando-se por meio de uma explosão violenta de emoção. O som que acompanha a
explosão é o grito, e o indivíduo com raiva manifesta-se por meio do movimento de arrancar,
arrastar. A face muda para vermelha brilhante e há a presença de tremores nos músculos, que
podem ser por medo (rins) ou por fúria. (ROSS, 1994)
O comprometimento da circulação do fluxo de qi do fígado, ou a depressão do qi do
fígado, pode vir associado à frustração, depressão, episódios de raiva, isto quando há muita
frustração e ressentimento de ações e emoções guardadas. Já o nervosismo, a irritabilidade e a
raiva moderados estão ligados à deficiência yin de fígado (gan yin) e hiperatividade de yang de
fígado (gan yang), pois estas desarmonias de fígado podem surgir em decorrência das emoções
acima citadas. Em relação à fúria violenta, está associada ao fogo crescente do fígado. (ROSS,
1994).
Alegria e coração (xin): a alegria, manifestação de felicidade está ligada ao coração,
pois é um sentimento de leveza, paz, harmonia, que surge na maioria das vezes após um período
de tensão, estresse, frustração e no qual o indivíduo fora bem sucedido. Para a MTC, a alegria
pode estar relacionada com o riso, a excitação. Ela é filha da raiva (segundo o movimento mãe-
filho dos cinco elementos) e há diversas formas que o indivíduo possa exteriorizá-la. Entretanto,
a alegria em excesso também é prejudicial, pois ela dispersa o qi do coração (xin qi), e faz com
que o espírito (shen) fique desorientado. (ROSS, 1994)
A palidez, apatia, a falta de ânimo de viver podem ser sinais de que o espírito (shen)
esteja enfraquecido. Nesse caso, o indivíduo não demonstra, nem se sente alegre, com ânimo,
entusiasmo para viver. (ROSS, 1994)
31
Os dois órgãos (zang) diretamente mais envolvidos com o equilíbrio das emoções,
bem como, com os respectivos distúrbios são o fígado (gan) e o coração (xin). Sendo que uma
das funções do fígado é de manter um fluxo harmônico de qi, bem como fluxo suave e uniforme
das emoções. Porém, quando isto não ocorre e há uma obstrução, uma irregularidade dessa
energia, as emoções se manifestam de forma intensa, indesejável, inapropriadas. Em relação ao
espírito (shen), quando este está obstruído,no caso, fluxo do qi, do coração, faz com que o
indivíduo manifeste sua emoção de forma extrema, por meio de depressão e de mania. (ROSS,
1994)
Meditação e baço/pâncreas (pi): a emoção relacionada ao baço/pâncreas é si em
chinês, que quer dizer melancolia, meditação, cogitação. Tudo que é em excesso, preocupação,
estudo, pensamentos obsessivos prejudicam o baço/pâncreas, causando um comprometimento na
transformação e transporte de alimentos, digestão. (ROSS, 1994)
Mágoa e pulmão (fei): o sentimento de mágoa está associado ao pulmão (fei), dor da
perda. Angústia, tristeza (relacionada à falta de alegria, associada à deficiência de espírito -
shen), melancolia e solidão também podem estar relacionadas ao pulmão. (ROSS, 1994)
2.2.4 Cinco Emoções e Cinco Movimentos
Há uma inter-relação entre os movimentos, órgãos e as emoções. No ciclo de geração
(sheng), por exemplo, uma emoção pode agravar a outra, pela relação mãe-filho, medo pode
gerar raiva. Já no ciclo de dominância (ko), uma emoção restringe a outra, tal como o medo
controla a alegria e essa controla a mágoa. Ainda, dentro de cada movimento, o excesso de uma
emoção pode prejudicar o órgão correspondente, ou em caso inverso também. Ou seja, a
desarmonia do órgão pode ocasionar o surgimento de uma emoção, como por exemplo, a raiva
32
em excesso prejudica o fígado, bem como uma desarmonia de fígado pode ocasionar a raiva.
(ROSS, 1994).
2.2.5 As Emoções e Yin/Yang
A não manifestação, ou repreensão da emoção pode ser caracterizada pelo fator yin,
já o excesso de uma emoção é um fator yang. Porém há emoções que possuem mais
características yin ou yang do que outras. A raiva, por exemplo, é mais ativa, yang que a
meditação, a alegria mais yang que a mágoa. Entretanto, sabe-se que as emoções possuem
aspectos yin e yang, os quais podem transforma-se um no outro. Sendo assim a raiva pode virar
depressão, como o medo com aspectos yin pode manifestar-se de forma passiva, paralisia ou de
forma yang, por meio dos movimentos de fuga ou luta. (ROSS, 1994)
Esse mesmo movimento, de yin e yang que se atribui ao biótipo, as pessoas, se atribui
as emoções, tais como uma pessoa com deficiência de yin, tende a ser mais irritada, inquieta, já a
deficiente em yang tende a ser mais introvertida, sujeita a depressão. Portanto, as emoções estão
relacionadas diretamente com as desarmonias. (ROSS, 1994).
2.2.6 Emoções e Matérias
Em relação às emoções podem ser divididas em dois grupos: o grupo de deficiência
de yang, no qual o qi, o espírito (shen) a essência ou energia ancestral (jing) estão deficientes e
no grupo de deficiência de yin, neste estão inclusos o sangue (xue), o distúrbio de espírito (shen)
e o jin ye deficientes. No primeiro grupo, é comum a introversão, a depressão, falta de alegria. Já
no segundo grupo, deficiência de yin pode estar relacionada à extroversão, ansiedade, enfim,
uma resposta emocional excessiva.
33
Aspectos como a estagnação, a mucosidade e o vento interno fazem relação com a
obstrução, interrupção e irregularidade, na circulação de qi e de sangue (xue) podendo
consequentemente provocar desarmonias emocionais, tanto do tipo yin quanto yang. (ROSS,
1994)
2.2.7 Capacidades Mentais e Emoções
A mente e a emoção estão intimamente interligadas. O coração desempenha função
de governador, que comanda com perspicácia clara, o pulmão é o ministro, ou seja, o
encarregado da ordem, a função de general, cabe ao fígado, que se supera por meio de plano
estratégico, enquanto a vesícula biliar é o oficial, encarregada de decidir, julgar. Ao baço cabe
repor as idéias e imaginações e aos rins, que armazenam a força de vontade, cabe a esperteza e
habilidade perante as coisas. (ROSS, 1994)
Em relação aos órgãos, o pensamento, por exemplo, pode estar ligado aos rins, em
relação à habilidade mental e esperteza; ligado ao baço/pâncreas quando se refere ao pensamento
claro e armazenamento de idéias; ao fígado quando se trata de promulgar idéias de modo
equilibrado e com o coração quando se relaciona com a consciência clara e ordenada. (ROSS,
1994)
2.2.8 Importância Clínica da Desarmonia Emocional
A raiva, irritação, frustração e depressão, podem contribuir para a desarmonia do
fígado, bem como estas mesmas emoções, juntamente com a hipersensibilidade e a tendência de
reagir excessivamente ao estímulo ambiental, são características de quando ocorre um
desequilíbrio no fígado. (ROSS, 1994)
34
A ansiedade, irritação mental, tristeza e mágoa são fatores que precipitam a
desarmonia do coração. Os dois primeiros podem levar ao distúrbio da consciência (shen) e a
tristeza, depressão e mágoa podem provocar a estagnação de sangue e de qi, às vezes ainda com
a presença de fogo e de mucosidade. A irritação mental, quando relacionada ao coração,
manifesta-se pelas sensações de ansiedade e pânico. Já com relação ao fígado, as emoções
associadas à raiva, concomitante com a irritação. A depressão originária do fígado está
relacionada mais à frustração e a originária do coração, por meio da tristeza e melancolia. A
deficiência de consciência (shen) pode se manifestar-se por meio da apatia falta de alegria de
viver e também pelo comportamento introvertido e depressivo, já os sintomas presentes em uma
consciência agitada, inquietação, ansiedade, pavor e irritabilidade, e em casos extremos um
comportamento violento e a própria insanidade. (ROSS, 1994)
O fígado e o coração são os dois zang (órgãos) que desempenham papel fundamental
no surgimento de uma doença, distúrbio, e são ao mais afetados pela estagnação de qi, associada
à mágoa. (ROSS, 1994)
2.2.9 Tratamento de Desarmonia Emocional
O diagnóstico, tratamento e instrução ao paciente, nos casos que estão presentes as
desarmonias emocionais são realizados mediante os princípios gerais, a escolha de pontos e
também a metodologia da manipulação dos pontos de acupuntura dependerão da situação
específica do paciente.
No entanto, Ross (1994, p.192) pontua que as desarmonias emocionais podem ser
divididas em duas categorias:
a) Casos gerais: nesta categoria está inserida a maioria dos pacientes, pois nestes casos,
o distúrbio emocional é um componente importante do padrão de desarmonia com ou sem
35
sintoma presente, pois o estresse emocional e mental está presente em praticamente todos os
casos.
b) Casos de doença mental grave: nesta categoria os pacientes sofrem de extremo
desequilíbrio mental e emocional, no qual não são capazes de uma vida norma, um
relacionamento harmonioso, normal, por isso muitas vezes ficam internados em hospitais
psiquiátricos e são raros os casos que fazem tratamento ambulatorial.
Nos dois casos a acupuntura tem eficiência, no entanto nesta segunda categoria,
doença mental grave, os resultados tendem a ser mais lentos e sujeitos à recaídas freqüentes.
(ROSS, 1994)
Em relação à doença mental grave, o princípio de tratamento é dispersar a
hiperatividade de yang, o fogo crescente, a agitação de vento interno e mucosidade, bem como
harmonizar o qi, acalmar a mente e clarear o cérebro. Visto que estes distúrbios citados tendem a
obstruir os canais da cabeça, inclusive, são os mais indicados para serem trabalhados na
acupuntura. Pontos relacionados aos rins, coração, pericárdio e fígado, e que se localizam nas
extremidades (membros superiores e inferiores), do cotovelo e do joelho para baixo. Podem ser
utilizados com métodos de tonificação, dispersão e harmonização, ainda em alguns casos com
aplicação de moxa, ou estimulador elétrico. (ROSS, 1994)
2.3 Mecanismo de Ação da Acupuntura
“Te qi” significa a energia (qi), energia essa que atingimos no ponto. Pode ser
reconhecido por uma sensação de um leve choque, formigamento, parestesia, adormecimento,
calor ou queimação, esta sensação pode ser sentida ao longo do canal diferente para cada ponto e
para cada pessoa, por exemplo: rosto (sensação de dor, inchaço ou peso); membros, dorso e
ventre (sensação de choque suave).
36
A eficácia e o efeito da acupuntura são muito maiores quando encontramos o te qi.
Ele também pode estar ausente, quando houver um vazio de qi e de xue (pessoas muito
debilitadas), em crianças e idosos são mais suaves.
Existem formas de manipulação que auxiliam a chegada do te qi.
a) Em primeiro lugar a localização exata do ponto, faz com que cheguemos fácil e
rapidamente ao te qi;
b) Manipulação “vai e vem”, no qual se aprofunda e se eleva a superfície da pele, a
agulha;
c) Movimento de rotação: sentido horário para tonificar e anti-horário para
sedar/dispersar;
d) Manipulações auxiliares, no qual se faz tremer a agulha, por meio de petelecos;
raspar o cabo da agulha segurando a ponta; massagear o ponto ou canal antes da inserção das
agulhas, em tonificação ou sedação.
Quando a doença ataca o corpo, ela pode passar de um órgão para o outro através dos
canais de energia. Uma doença de origem exógena é dito que reside primeiramente nos poros da
pele, nos quais a doença entra nos canais de energia de conexão, depois para canais de energia
de conexão maiores, para os canais de energia principais e finalmente atinge os órgãos internos
(YAMAMURA, 1996). Cada um desses estágios manifesta-se com características de aumento de
gravidade.
2.3.1 O Transtorno de Pânico na Visão Oriental
O medo é a base deste transtorno, incluindo a ansiedade, preocupação e padrões de
obsessão. Nesse caso então, os órgãos envolvidos, segundo a MTC, são os rins, coração e o
baço/pâncreas. Os ataques de pânico têm maior probabilidade de ocorrer em locais de cansaço e
estresse e por sentimento geral de insegurança. (ROSS, 2003).
37
2.3.2 Tratamento do Transtorno de Pânico na Acupuntura
Nos últimos 100 anos, com o amplo uso da medicina ocidental na China, surgiu uma
nova situação na qual a MTC e a medicina ocidental estão se desenvolvendo lado a lado. Muitos
estudiosos chegaram à conclusão de que a medicina chinesa e a medicina ocidental têm suas
próprias vantagens. Têm sido realizados esforços para combinar estas duas escolas e promover
uma série de idéias sobre como assimilar as duas escolas na teoria e na prática. Tem tomado
corpo gradualmente uma nova tendência ou escola combinando a medicina chinesa e a ocidental
(ENQIN, 1990).
A consolidação dos resultados da acupuntura na pesquisa biológica para sua
evidenciação como opção terapêutica é de grande importância, não vindo como ameaça, mas
reforçando sua validade. No entanto, as mudanças bioquímicas que vem produzindo consolidam
a acupuntura como Ciência. (CARNEIRO, 2001)
É contra-indicado o uso da acupuntura durante a gestação, sobre dermatites ou áreas
de tumores e em portadores de marca-passo (BANNERMAN, 1980; STANDARD, 1990).
Também é contra-indicada a instituição do tratamento com acupuntura antes de elaborado
diagnóstico, correndo-se o risco de mascarar ou alterar os sinais clínicos (ALTMAN, 1992).
Segundo Ross (1994) a MTC considera três grupos principais de fatores de doenças
que são: fatores externos que surgem do ambiente, internos que surgem dentro do corpo e nem
internos e nem externos (mistos) na qual participam fatores internos e externos.
Para Hopwood et al (2001) e Maciocia (1996), os oito princípios: yin/yang, calor/frio,
excesso/deficiência, interno/externo compreendem uma forma lógica de diagnóstico que
permitiu aos chineses antigos codificarem suas observações sobre o paciente.
38
O TP é um conjunto de sintomas originado por mais de uma causa. Segundo a MTC,
tem como objetivo em primeiro lugar, acalmar o medo, a ansiedade, o pânico e a preocupação e
em segundo lugar tonificar a deficiência de base. (ROSS, 2003)
Os melhores resultados são obtidos R1, nos pés com massagem ou moxa. Outras
vezes ainda com o uso de pontos na cabeça VG18, VG20, VG24, VG26, VC 24, B2, B7, B9, VB
13, VB 20 ou Yintang. O VC 14 é um ponto utilizado para acalmar o medo, e Ross (2003)
coloca que deve ser usado suavemente e com moxa no inicio, se o paciente sentir frio. Pode-se
combinar este ponto com R ou com BP 4 e CS6.
Muitas vezes o método utilizado é de tonificação no VC4 ou R3, acalmando o medo,
por meio da tonificação dos rins. De maneira geral, pontos de transporte dorsal têm efeito
calmante menos imediato e o melhor uso deles é tonificar a deficiência de base, após a redução
da ansiedade aguda. (ROSS, 2003)
Pode-se usar da combinação de BP4 e CS6, especialmente para a palpitação, se for o
caso de ser sintoma principal, juntamente com P7 e R6, se estiver presente sintomas de hiper-
ventilação ou asma. (ROSS, 2003)
39
3 METODOLOGIA
3.1 Características da Pesquisa
A presente pesquisa está delineada como um estudo de caso, envolvendo assim, a
pesquisa exploratória e a bibliográfica. Segundo Gil (2002, p. 58), “o estudo de caso é
caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que
permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os
outros delineamentos considerados”.
As referências que compõem a parte ocidental, na maioria, foram obtidas por meio do
banco de dados informatizados, tais como Scielo, Pubmed, Medline e Lilacs, artigos, textos e
pesquisas em inglês que foram traduzidos para a língua portuguesa. Já em relação à Medicina
Oriental, também se fez pesquisas via internet, no entanto a maior parte das bibliografias foram
de livros, cujos autores são destaques, dentre eles Maciocia, Yamamura, Ross.
3.2 População e Amostra
A pesquisa foi realizada no ambulatório de acupuntura do CIEPH – Criciúma, com
uma mulher, com 31 anos, paciente com transtorno do pânico, que esteve em tratamento
medicamentoso e psicoterápico por mais de dois anos.
Em relação a paciente que participou desta pesquisa, não houve critério específico
para sua escolha. No entanto, foi à primeira pessoa que soube deste trabalho. A paciente reside
próximo ao ambulatório de acupuntura do CIEPH de Criciúma, critério que facilitou sua
deslocação para as sessões, pois o local utilizado para as sessões de acupuntura foi o
ambulatório.
40
3.3 Instrumentos
Inicialmente foi realizado o termo de consentimento informado e um questionário
elaborado pela estagiária, além do formulário de avaliação proposto pelo ambulatório do CIEPH,
abordando os sintomas e funcionamento corporal e emocional da paciente.
Durante as sessões, a estagiária fez uso da sala do ambulatório do CIEPH, Criciúma.
Bem como, utilizou luvas, jaleco, papel lençol, maca, algodão, álcool 70%, bandeja e as agulhas
descartáveis Dongbang de 25/30 e 15/20, tamanhos diferenciados para melhor aplicação, tendo
em vista que a paciente fez cirurgia do tendão de Aquiles, localização proximal dos pontos do
Rim e que no decorrer das sessões ficou mais sensível, e a utilização da agulha menor facilitou a
aplicação.
Alguns dias que a temperatura ambiente estava muito baixa fez-se uso de um
aquecedor.
3.4 Procedimentos de Coleta de Dados
Primeiramente fez-se todo um estudo bibliográfico para depois fazer as aplicações
das sessões de acupuntura.
No primeiro dia foi estabelecido entre a paciente e a estagiária do curso de
Especialização em Acupuntura pelo CIEPH, os dias, horários e a quantidade de sessões que
seriam realizadas, bem como o termo de consentimento informado , um questionário que foi
elaborado pela estagiária, além da avaliação da acupuntura.
41
Em relação ao termo de consentimento informado (em anexo) o objetivo era o
comprometimento da paciente para a realização das dez sessões de acupuntura, bem como
garantir o anonimato da participante e dos dados coletados durante esta pesquisa.
O questionário que foi desenvolvido pela psicóloga e estagiária de acupuntura (em
anexo) objetivava coletar informações importantes sobre a história de vida da paciente, dados
enfocados a partir do TP e que serão discutidos e correlacionados com a teoria na análise e
discussão, próxima seção desta pesquisa.
A avaliação (em anexo) da acupuntura, que foi empregada é a mesma que o
ambulatório do CIEPH faz uso.
3.5 Evolução do Tratamento
Foram realizadas dez sessões de acupuntura no período de 04/07/07 a 17/08/07, com
horários e dias alternados, devido alguns empecilhos, tais como a paciente teve que viajar, ficou
menstruada, tempo chuvoso e com relâmpagos, dentre outros. No entanto, os dias realizados
foram segunda, quarta e sexta-feira às 10h30min, ou então às 13h30min da tarde.
Após ter feito a avaliação de acupuntura, mediante os sintomas apresentados e
constatado transtorno do pânico na paciente, por meio da estagiária e sua orientadora de estágio
e desta pesquisa, foi feita a escolha dos pontos de acupuntura, terapêutica essa que foi utilizada
do início ao fim das sessões.
1ª sessão: 04/07/07 - Foram utilizados os seguintes acupuntos: F3, VB43, VB34, VB
20, VB21, BP6, R3, R6, R7, C7, CS6, Yintang, E40, E36, B15, B13, B42, B20, B23, B52. Nesta
primeira sessão foi explicada para a paciente a utilização de cada acuponto.
2ª sessão: 06/07/07 – Nesta segunda sessão foi mantida a terapêutica acima, ou seja,
os mesmos acupuntos. A paciente relatou que após essas duas sessões ela sentiu-se bem melhor,
42
mais tranqüila, “sensação de paz”. Não teve ataque de pânico, porém não freqüentou lugares que
geralmente desencadeiam.
3ª sessão: 11/07/07 – Novamente foi mantida a combinação de pontos aplicada na
primeira sessão. A paciente relatou que se sentiu mais calma, menos ansiosa, principalmente em
realizar as atividades de casa, nos seus afazeres, e em seu lazer, como por exemplo, assistir
filmes (era impaciente). Após a sessão a paciente mencionou que sente a língua anestesiada e os
braços adormecidos
4ª sessão: 16/0707 – Foram utilizados os mesmos acupuntos citados na primeira
sessão. Segundo a paciente, esta se sente menos tensa e mais relaxada desde que começou a
fazer as sessões de acupuntura, até sua própria massagista percebeu a diferença em sua
musculatura que está mais solta. O sono da paciente também melhorou significativamente.
5ª sessão: 20/07/07 – Os acupontos foram mantidos e segundo a paciente esta bem
tranqüila em comparação as atitudes que detinha antes das sessões.
6ª sessão: 25/07/08 – A terapêutica permaneceu a mesma das sessões anteriores.
Após a última sessão até a data desta, a paciente não teve mais suor frio, como anteriormente. A
mesma foi até uma igreja, mas não houve manifestações de sintomas de ataque de pânico, além
do mais se sentiu bem menos angustiada, lugar este que antes desencadeava ataques.
7ª sessão: 27/07/07 – Manteve-se a mesma terapêutica, ou seja, os mesmos
acupontos, com exceção de VB21. A paciente reforçou o que havia relatado em sessões
anteriores sobre a sensação de leveza e a musculatura menos rígida.
8ª sessão: 13/08/07 – A paciente esteve viajando, por esse motivo não foram
realizadas sessões neste período. Durante a viagem, segundo a paciente, ela pode perceber que
sua ansiedade diminuiu consideravelmente. Além disso, ela sente um gosto adocicado, uma
sensação de anestesia ao virar de decúbito ventral para dorsal. A paciente sentiu a energia
percorrer no canal de CS, bem como na estimulação do ponto yintang. Nesta sessão os pontos
43
utilizados foram: F3, VB 34, VB20, BP6, R3, R6, R7, C7, CS6, E40, E36, B15, 13, B42, B20,
B23, B52.
9ª sessão: 15/08/07 - Os acupontos aplicados na última sessão foram mantidos. A
paciente reforçou os benefícios já mencionados em sessões anteriores com as sessões de
acupuntura. Relatou a paciente que pretende continuar o tratamento após o término desta
pesquisa.
10ª sessão: 17/08/07 - Foi mantida a mesma terapêutica utilizada nas duas sessões
anteriores. Segundo relato da paciente a sensação de tranqüilidade foi progredindo no decorrer
das sessões. Ela complementou que ao fazer sessões seguidas em uma mesma semana, seu
corpo fica muito sensível e ela sente mais a aplicação das agulhas.
A partir destas sessões, percebe-se claramente os benefícios da acupuntura, ou seja, a
harmonização energética proporcionada por meio desta terapêutica. Além dos benefícios que
essa harmonização traz ao paciente com transtorno do pânico, cuja desarmonização energética é
bem acentuada.
44
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Fazendo uma síntese do questionário abordado com a paciente, temos dados
relevantes, tais como: a mãe de paciente (RB) teve o primeiro ataque do pânico quando estava
grávida da mesma. Logo após o parto, a mãe de RB teve depressão profunda, permanecia maior
parte do tempo em casa, num quarto escuro. Faleceu há seis meses.
O primeiro AP de RB adveio em uma igreja, quando tinha 12 anos, no entanto só
começou o tratamento com 16 anos quando foi diagnosticado como TP. A partir daí, fez uso de
medicação, dentre elas, Anafranil até dias antes de começar as sessões de acupuntura. A partir
deste momento, não freqüentou mais igrejas. Porém com o decorrer das sessões, especialmente
entre a quinta e a sexta sessão de acupuntura a paciente foi até uma igreja e relatou não ter
sentido nada de diferente, isto é, conseguiu após longo tempo ir a um lugar que antes não
freqüentava, com receio de ocorrer um AP.
A paciente consegue desempenhar tranquilamente tarefas como abrir a porta, atender
ao telefone, fazer compras no mercado, ir ao shopping, fazer passeios. Ela faz uso de elevador,
avião, sai de carro para diversos lugares. Às vezes utiliza-se de som alto quando percebe que está
pra iniciar um AP, por exemplo, quando o trânsito pára de repente e por tempo maior.
A paciente referiu que não consegue ir sozinha a lugares muito amplos, abertos, ou
seja, andar tranquilamente na rua percorrendo uma distância maior que três quadras. Embora
este ambiente ao ar livre, esteja ou não com pessoas circulando. Relata-a, que se a distância for
maior, fica mais difícil de correr, fugir. Inclui-se o medo de lugares muito tumultuados, em uma
boate, clube, teatro, que ao freqüentar-los a paciente procura ficar próxima à porta de saída ou
então faz uso de uma companhia.
45
Sendo assim, RB apresenta agorafobia, é o medo que o indivíduo experimenta
quando está presente em locais ou situações das quais pareça difícil sair ou então correr a fim de
encontrar auxílio.
RB relatou que não toma medicação regularmente, quando se sente bem, deixa de
fazer uso da medicação por um tempo, quando volta a sentir os sintomas, retorna o uso. A
mesma fez psicoterapia, por um período, no entanto não teve mais condições de pagar, passando
então a utilizar o serviço de psicologia do Sistema Único de Saúde (SUS), mas afirma ela que
não está mais freqüentando também, pois a profissional falta muito e as consultas são
desmarcadas e re-agendadas, causando rompimento do processo psicoterapêutico.
Sendo assim, ao dar início ao tratamento com acupuntura a paciente não estava sobre efeito
medicamentoso e nem com acompanhamento psicoterápico.
Os AP de RB têm duração em média de 8 minutos e a freqüência deles é relativo,
depende dos lugares que a mesma percorre.
No momento do ataque, os sintomas que se manifestam: sensação de uma descarga
elétrica, medo de morrer, suor nas mãos, taquicardia.
O TP causou na vida de RB, uma drástica alternância de seus objetivos,
planejamentos, pois ela começou cursar fisioterapia, que era seu sonho, e posteriormente
administração, mas não pode concluir, pois não conseguia apresentar trabalhos, expressar-se
verbalmente frente a mais de duas pessoas, inclusive a apresentação da monografia requisito
para conclusão dos cursos. Entretanto, posteriormente RB começou a cursar novamente
administração, mas por uma outra universidade, em que não necessite a apresentação expositiva
da monografia e dessa vez segundo ela, só falta à colação, o diploma.
Para concluir os dados obtidos por meio do questionário realizado, RB esperava
verificar a eficiência da acupuntura frente ao TP, para depois desta pesquisa dar continuidade ao
tratamento, pois seu contato com a acupuntura se deu por volta dos 16 anos, não recorda
46
especificamente quantas sessões fez e nem se teve resultado, mas argumentou que não foi por
causa do TP. RB relata que no decorrer das sessões os efeitos eram cada vez mais eficaz,
notáveis também.
Na avaliação da acupuntura (em anexo) os dados mais importantes que foram
detectados e que contribuíram significativamente para uma reafirmação do TP, bem como para
se fechar o diagnóstico na MTC e estabelecer a terapêutica que seria utilizada com RB, serão
relatados a seguir. No entanto não se repetirá os que coincidirem no questionário e que já foram
comentados e discutidos anteriormente.
A queixa principal da paciente é o TP, a ansiedade intensa e o medo de morrer que
são de extrema intensidade, na crise. Aos 16 anos ela fez uma cirurgia do Tendão de Aquiles,
posteriormente fez mais duas, com a finalidade de alongar o tendão.
Há dois meses RB está fumando, cerca de quatro cigarros por dia. Ela está se alimentando em
excesso e tem preferência por salgado. Sente muita sede e prefere líquidos em temperatura
ambiente. No entanto tem constipação e as fezes suas fezes são com muco. Apresenta
incontinência urinária e a urina é de coloração turva e espumante. Quanto à transpiração, tem
suor frio nas mãos, no AP, há maior intensidade, porém isto foi se extinguindo com o decorrer
das sessões de acupuntura.
Após ter começado a fumar percebeu que sua respiração está ofegante. A mesma
apresenta afonia gradual perante exposição verbal a outras pessoas (fobia), mas considera-se
muito falante com as pessoas conhecidas.
RB apresentava dificuldade para dormir, e ao acordar sentia-se cansada, mas após o tratamento,
relatou que teve está conseguindo dormir mais rápido e já não acorda com o cansaço que sentia.
Com relação ao lado emocional a paciente relatou estar bem debilitada, pois
apresenta irritabilidade facilmente, preocupação, tristeza, muito angustiada, ansiosa, e também
muito medo, inclusive de morrer, sente-se insegura, sozinha. Ela vive com seu pai apenas e
47
passa a maior parte do tempo sozinha. Desde pequena a única pessoa que sente segura é na
presença de seu pai, pois sua mãe, nunca saia com ela e sempre foi problemática. RB vive
angustiada, ansiosa, pois se preocupa o que fará quando seu pai morrer. Entretanto esse quadro
de emoções emergentes foi trabalhado e reorganizado após o tratamento com acupuntura e
obteve melhoras significativas. A paciente ficou mais confiante, menos angustiada, mais
relaxada também.
Quanto à parte física, ela relatou sentir algumas vezes algia frontal, e mais intensa
algia cervical, tensão muscular as quais foram resolvidas no decorrer das sessões. Inclusive
sobre esta última foi comentada anteriormente.
RB apresentava câimbras nos membros inferiores e frio nos pés. Sua face era pálida,
porém nas extremidades era escura. A língua era trêmula, com muitas rachaduras, e com
petéquias. Já o pulso era profundo, forte e rápido.
Tendo em vista estes dados obtidos com a avaliação, constatou - se, segundo a MTC,
que o diagnóstico de RB seria: deficiência de yin e yang de rim, deficiência de xue do coração,
estagnação de qi do fígado, calor no estômago e intestino, síndrome bi por calor, além da
presença interna de vento e mucosidade.
Partindo do diagnóstico acima, fora feito esta seleção de pontos, terapêutica que será
descrita abaixo, ponto por ponto, respectivamente com suas indicações. Para tal são utilizados F
para fígado, VB para vesícula biliar, BP para baço pâncreas, R para rim, C para coração, CS para
circulação sexualidade, E para estômago e B para bexiga.
Yintang sedando - elimina o vento, acalma shen mente. Indicado nos casos de
ansiedade, distúrbios do sono e estados de confusão mental. (FOCKS, 2005)
C7 sedando – fortalece e nutre o sangue do coração, alivia e elimina o fogo do
coração e o calor, dispersa as obstruções do meridiano e torna-o fluente, acalma shen mente.
48
Indicado para distúrbios psíquicos e psicossomáticos: estados de agitação, ansiedade (sobretudo
nos casos de tensão psíquica e corporal, distúrbios do sono). (FOCKS, 2005)
CS6 sedando – acalma o coração, alivia o fogo e o calor, harmoniza o estômago e
torna o qi contracorrente mais profundo (estanca os vômitos), regula a circulação de qi no tórax
e o fluxo de qi do fígado, acalma shen mente. (FOCKS, 2005)
E40 sedando - transforma a umidade e a mucosidade, harmoniza o estômago e o
baço, clareia e acalma o shen mente. Indicado para doenças desencadeadoras pela “perturbação
do shen-mente” provocada pela mucosidade. A essa categoria pertencem os distúrbios psíquicos,
as perturbações, as sensações de vertigem e de peso na cabeça, as cefaléias, as doenças psíquicas
e psiquiátricas (mania e depressão, bem como os estados de ansiedade, agitação e fobias).
(FOCKS, 2005)
F3 sedando – regula o fígado e estimula o fluxo harmônico do sei qi (é um ponto
muito importante para este fim, por isso ele é indicado nos casos de estagnação de qi em todo
corpo), remove a estagnação de sangue, alivia o calor do fígado, conduz o fogo do fígado para
baixo, refresca o calor do sangue, modera o yang do fígado, apazigua o vento do fígado, tem
ação espasmolítica e alivia as dores, elimina a umidade e calor do aquecer inferior, acalma shen-
mente. (FOCKS, 2005)
VB20 sedando – elimina o vento interno e externo, apazigua o crescente yang de
fígado, refresca e elimina o fogo do fígado e o calor, harmoniza o qi do sangue, sobretudo na
cabeça. Relaxa músculos e tendões, dispersa as obstruções do meridiano e dos canais da rede e
torna-os fluentes, clareia a mente e liberta os sentindo (abrindo-os), estimula a capacidade
auditiva e a acuidade visual. Fortalece a medula e nutre o cérebro, quando tonificado. (FOCKS,
2005)
49
VB21 sedando – dispersa as obstruções dos meridianos e dos canais da rede e torna-
os fluentes, relaxa os tendões e os ligamentos, alivia a dor, elimina calor, torna o qi, mais
profundo. (FOCKS, 2005)
VB34 sedando – regula o fígado e estimula o fluxo harmônico de qi, regula a
vesícula biliar, apazigua yang e o vento do fígado, refresca o calor, elimina a umidade-calor,
dissipa o vento externo patogênico, o vento-mucosidade e o frio, dispersa as obstruções dos
meridianos e torna-os fluentes, relaxa os tendões e protege as articulações do joelho. (FOCKS,
2005)
VB43 sedando - ponto ying (fonte) do canal da vesícula, indicado para zumbido,
surdez, dor de cabeça, sonolência, irritação da garganta, enchimento do peito e região do
hipocôndrio, abscesso mamário, amenorréia, gosto ruim na boca.
B15 sedando – regula e nutre o coração, regula ao aquecedor superior, elimina o
calor, regula o fluxo sanguíneo e de qi, acalma shen-mente , estimula o cérebro. Indicados para
palpitações, sensação de opressão, dentre outras. (FOCKS, 2005)
BP6 tonificando – fortalece o baço e estimula as funções de transporte e de
transformação, transforma a umidade e dissipa-a, nutri o sangue e o yin, estimula o fluxo
sanguíneo e de qi e remove a estagnação de qi e de sangue, fortalece o rim e regula o útero e a
menstruação, elimina calor do sangue, regula o fluxo de qi do fígado, acalma Shen-mente
(sobretudo nos casos de síndromes de carência de sangue e de yin). Segundo König/Wancura é
um ponto básico para tratamento de doenças psicossomáticas associado ao C7. (FOCKS, 2005)
R3 tonificando – tonifica o rim, nutre o yin, tonifica o yang, estabiliza o qi do rim,
protege o jing essencial, os ossos e a medula, refresca o fogo perverso, o calor perverso e o calor.
(FOCKS, 2005)
R6 tonificando – nutre o yin (do rim), estimula o fluxo sanguíneo e de qi e torna os
meridianos fluentes, refresca o calor e o fogo, nutre os fluidos corpóreos e umedece a secura,
50
protege shen mente. Indicado nos distúrbios de sono, estados de agitação, ansiedade, euforia
motivados pela carência de yin. (FOCKS, 2005)
R7 tonificando – fortalece o rim, nutre o yin, fortalece e estabiliza o yang do corpo,
regula os poros soporíficos e a secreção de suor, umedece e elimina a secura, elimina a umidade
e a umidade-calor, sobretudo do aquecedor inferior, protege a bexiga. Indicado geralmente para
edema, sobretudo nas pernas, incontinência urinária. (FOCKS, 2005)
E36 tonificando – fortalece o baço e o estômago, torna o qi contracorrente do
estomago mais profundo, harmoniza o intestino e dispersa os acúmulos, dissipa os fatores
externos patogênicos com o frio, elimina umidade, descongestiona e regula a circulação
sanguínea e de qi dos meridianos e dos canais de rede, fortalece a resistência do corpo (o zheng-
qi vertical). (FOCKS, 2005)
B13 tonificando – regula o qi do pulmão e do aquecedor superior, estimula as
funções de distribuição e de difusão do pulmão, dissipa os fatores externos patogênicos, alivia o
calor perverso (nutre o yin), acalma a tosse. (FOCKS, 2005)
B20 tonificando – fortalece o baço e estimula suas funções de transporte e de
transformação, elimina a umidade e mucosidade, fortalece o estômago, nutre o sangue. Indicado
também para anemia, esgotamento físico e psíquico, insônia, tonturas, palpitações nos casos de
carência de sangue e de qi. (FOCKS, 2005)
B23 tonificando – fortalece e protege o rim, fortalece o qi original (yuan-qi) e o jing
essencial, regula o aquecedor inferior e a via das águas, dissipa a umidade, fortalece a
capacidade auditiva e a acuidade visual, protege os ossos e a medula, estimula o shen mente,
fortalece a região lombar. (FOCKS, 2005)
B42 tonificando – ponto alma do pulmão, porto da alma corpórea. Elimina calor,
regula o qi do pulmão, indicado para alterações emocionais, dor, preocupação, tristeza.
51
B52 tonificando – ponto chamado “sala da boa vontade”, tonifica o rim, fortalece as
costas e reforça a força de vontade. Indicado também para pessoas com depressão, desorientadas
e sem vontade.
Esta terapêutica acima, foi mantida do início ao fim das dez sessões. Os resultados
mais observáveis foi que RB percebeu-se mais tranqüila, sensação de paz, leveza. O gosto
amargo que possuía na boca, foi se transformando em algo diferenciado, adocicado. Não mais
apresentava suor frio nas mãos, está menos ansiosa, menos angustiada e menos tensa também.
Até sua massagista percebeu uma maior flexibilidade, soltura e relaxamento de sua musculatura.
RB irá continuar a fazer sessões de acupuntura de 15 em 15 dias, por recomendação da
estagiária, bem como porque ela mesma ficou satisfeita com os resultados obtidos por meio das
sessões de acupuntura realizada durante esta pesquisa.
Conforme questionário (em anexo) realizado nove meses após a aplicação das
sessões de acupuntura, pode-se perceber que os efeitos positivos proporcionados pela
harmonização energética perduram até os dias atuais. No entanto ainda há a manifestação dos
AP, nesta paciente, embora com menos intensidade e freqüência. Assim sendo, é perceptível que
não houve um tratamento específico em TP, mas sim uma harmonização energética, de modo
geral.
Segundo a paciente o sintoma mais freqüente que perdura é a ansiedade. Ressalta-se
ainda que a mesma não fez mais sessões de acupuntura e portanto não cumpriu o que lhe foi
recomendado, que era de continuar a fazer sessões de 15 em 15 dias.
52
CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve por objetivo geral propor um tratamento de harmonização
energética com acupuntura a uma paciente com TP, ou seja, fazer um estudo de caso, dos
benefícios deste tratamento para esta paciente.
No decorrer da mesma perceberam-se as implicações positivas que a acupuntura traz
a pessoas com TP, já que estas, na maioria, possuem grandes limitações em seus afazeres, na sua
vida pessoal, familiar e social. Portanto, a pesquisa foi satisfatória, além de sentir-se
emocionalmente mais forte, menos ansiosa, angustiada e mais segura de si, por meio desse
tratamento a paciente voltou a freqüentar lugares que não ia mais desde o primeiro AP. Bernik e
Range (2001) ressaltam que são atitudes específicas de pacientes com TP.
Quanto aos objetivos específicos, conseguiu-se investigar e comprovar que o sintoma
mais freqüente que aparece no TP, no caso desta paciente que foi estudo de caso e da literatura
(AMB, 2001) é a ansiedade extrema, seguida do medo de morrer.
Pôde-se também, como já comentado anteriormente, averiguar as modificações
positivas no estilo de vida desta paciente, no decorrer das sessões de acupuntura, sendo que não
houve modificações negativas no estilo de vida desta paciente. Do contrário, só obteve
resultados benéficos, positivos, já mencionados. Estes compunham o terceiro objetivo específico
desta pesquisa e que foi alcançado.
É importante salientar que a acupuntura visa trabalhar o indivíduo como um todo,
reorganizando a energia, equilibrando assim a dimensão corporal, mental e emocional. Além
disso, é um método que não tem contra indicação e tem como diferencial tratar a causa dos
sintomas, no qual é o próprio organismo que se auto-equilibra, por meio dos estímulos nervosos
que a inserção da agulha ocasiona. Para a MTC, a estimulação na pele em pontos específicos
com a agulha deve produzir uma sensação específica (“Dequi” ou “Qi”), que corresponde à
53
ativação de canais energéticos específicos para reequilibrar à harmonia energética do corpo,
fornecendo meios do organismo se “auto-tratar”, sem o uso de medicamentos (QUIMELLI,
2005, p. 22).
No oriente, inclusive na China, este método terapêutico é milenar, e é muito utilizado
para tratar a prevenção do desequilíbrio energético, bem como tratar as mais diversificadas
afecções. Ou seja, a acupuntura vem há milênios desempenhando papel primordial no tratamento
da saúde chinesa. (CHONGHUO, 1993).
Já no ocidente, aproximadamente cerca de 20% da população européia submeteu-se
ao tratamento com acupuntura, porém não só visando à prevenção, mas sim a terapêutica, ação
sobre os desequilíbrios já existentes. (QUIMELLI, 2005).
Conclui-se, mediante as diversas pesquisas e os inúmeros resultados obtidos, a
relevância deste tratamento, inclusive para as pessoas que estão sofrendo de algum desequilíbrio
físico, mental ou emocional, que se submetam aos benefícios que a acupuntura proporciona,
sendo pelo método preventivo ou “curativo”.
54
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59
ANEXOS
60
QUESTIONÁRIO INICIAL
Data: ......./......../..........
Nome: .....................
1) Há quanto tempo você descobriu que tem Transtorno de Pânico?
................................................................................................................................................
2) Faz algum tipo de tratamento? Qual e a quanto tempo?
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
......................................................................................................................................
3) Quais os sintomas que se manifestam no início e decorrer das crises? Em qual
intensidade?
...........................................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
4) Em que situações aparecem às crises? Qual a freqüência e duração delas, em média?
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
......................................................................................................................................
5) Já fez algum tratamento com acupuntura? Se fez, quando, para que e qual foi o
resultado?
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
6) Quais atividades você consegue desempenhar tranquilamente?
( ) Dirigir ( ) sair de casa sozinha ( ) ir ao mercado sozinha ( ) atender(falar) ao
telefone ( ) abrir a porta de casa ( ) falar em público ( ) ir a teatro, cinema,
igreja ( )andar sozinha a noite ( ) fazer uso de elevador
7) Que atividades você desempenha diariamente? Estuda, trabalha...?
...........................................................................................................................................................
...........................................................................................................................................................
8) O que você espera do tratamento com acupuntura?
...........................................................................................................................................................
..........................................................................................................................................................
9) Informações extras:
...........................................................................................................................................................
61
AVALIAÇÃO DE ACUPUNTURA:
Data: _____/_____/_____.
IDENTIFICAÇÃO:
Nome: _________________________________________________________________________.
Sexo: __________. Data de nascimento: ___________________. Idade: ________________.
Estado civil: ______________________________. Filhos: ________________________.
Profissão: ____________________________. Telefone: __________________________________.
Endereço:
______________________________________________________________________________________
CEP: _____________. Cidade: _________________________. Estado: __________.
Queixa principal:
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_________Histórico da doença:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
______Cirurgias feitas:
__________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
__.
Histórico familiar:
________________________________________________________________________________
Fumo: _________________. Etilismo: ___________________. Atv. Física: __________________.
DIAGNÓSTICO MTC:
__________________________________________________________________________
INVESTIGAÇÃO: Nutrição:
( ) Normal
( ) Polifagia (Calor E)
( ) Inapetência (Def BP, Calor E, Ret. Alimento E)
( ) Anorexia (Vazio de Qi BP e E)
( )Eructações (Exc BP)
Preferência: ( ) Salgado ( ) Doce ( ) Amargo ( ) Picante ( ) Azedo
Sabor específico na boca: __________________________________________________________.
Tipos de alimentos ingeridos: _______________________________________________________
Hidratação:
( ) Normal
( ) Sem sede (Sind Frio/umid)
( ) Muita sede (polipsia – calor)
( ) Pouca sede (Def de Yang Qi, Frio E)
Tipo de líquidos ingeridos: _________________________________________________________.
Temperatura: ( ) Frio ( ) Gelado ( ) Temp. Ambiente ( ) Morno
62
Eliminações: Intestinal:
( ) Normal
( ) Constipação (Exc IG, E, BP, R, Def IG)
( ) Diarréia alívio (Def yang R)
( ) Diarréia alimentos não ingeridos (Def Qi BP)
( ) Fezes fétidas (Exc yin R)
( ) Melena (invasão de calor IG)
( ) Fezes com muco (Inv de umid, Frio IG)
( ) Fezes seca (Calor int, Def yin IG)
( ) Fezes fina como água (Umid, Frio BP e E)
( ) Hemorróidas (Def BP)
( ) Borborigmo (Exc IG, Frio BP e E)
Menstruação:
( ) Fluxo normal (oligomenorréia)
( ) Metrorragia (Estag Xue, Calor no Xue, Def Qi
BP, Hiper yang F)
( ) Amenorréia (Def Qi, Def Xue, Def xue do F)
( ) Disminorréia (Estag do xue, Calor no Xue)
( ) Ciclo irregular (Estag do QI F)
( ) TPM
( ) Menopausa
Urinária
( ) Normal
( ) Turva (Def R e Bx)
( ) Poliúria (Def yang R, Umid Calor Bx)
( ) Oligúria (Sind calor)
( ) Espumante (Calor Bx)
( ) Incontinência (Def Qi R, Afund Qi BP)
( ) Enurese (nictúria) (Não consome Qi R, Sist Bx)
( ) Hematúria
Transpiração:
( ) Sudorese intensa (Calor)
( ) Não sua (Frio patog, Def xue , yang Qi)
( ) Sudorese fria (Def yang Qi)
( ) Sudorese noturna (Def yin Qi-calor int)
( ) Sudorese nas extremidades (Déb R)
( ) Sudorese cabeça (Def yin Qi-Calor E)
Oxigenação:
( ) Normal
( ) Dispnéia (Def Qi P)
( ) Ofegante (Flema, umid P)
( ) Suspiro (Estase QI F)
( ) Resp. Fraca, curta (Def Qi P)
( ) Resp. entrecortado (Estase exopat P)
Complementos Fonação:
( ) Rouquidão, afonia gradual (Def yin P e R)
( ) Afonia súbita (Estase de exopat P, Obst QI P)
( ) Fala alto (Sind Exc/calor)
( ) Fala baixo (Sind Def/frio)
( ) Fala muito (Def yin C)
( ) Fala pouco (Def frio ou lesão int)
Sono e repouso:
( ) Dorme bem
( ) Dorme pouco
( ) Insônia (calor C/ Def yin C)
( ) Letargia-sonolência (Def yang C e R)
Humor:
( ) Irritabilidade/Agressão (F)
( ) Preocupação/reflexivo (E)
( ) Tristeza/Angústia (P)
( ) Ansiedade/Alegria (C)
( ) Medo (R)
Sexualidade: _________________________________________________________________________________
Lazer: _______________________________________________________________________________________
Exame Físico:
Cabeça:
( ) Algia frontal (retenção alimentos E) ( ) Algia orbital (Def xue F)
63
( ) Algia temporal (Hipt yang F, Calor umid F e VB) ( ) Algia occipital (Dist. da Bx, ID e VB)
Tronco Dorsal-Coluna:
( ) Algia cervical
( ) Algia Torácica
( ) Algia lombar
( ) Algia sacral
( ) Algia coxígea
Ventral-Torácica:
( ) Algia torácica ant (Alt patológicas C e P)
( ) Opressão torácica (Frio e Umid)
( ) Abdominal
( ) Epigástrio (Disf E)
( ) Hipocôndrio/tipo pontada (Estase Qi F)
( ) Gastrite/queimação/azia (Calor/Fg)
Membros inferiores:
( ) Edema (yin-yang)
( ) Dormência (Def Qi ou Xue)
( ) Câimbras (Def xue F)
( ) Mialgias
( ) Artralgias
( ) Dores migratórias (Disf VB)
( ) Dores Joelhos (Defr yin Qi R)
( ) Hiperemia e edema (Sind Bi: calor/umid/vento)
( ) Varizes (Def BP)
( ) Frio (vazio Yang)
( ) Calor (vazio Yin)
( ) Hipodinamia (Frio pat)
( ) Astenia (Def Qi BP, Xue,Def yin Bx,,Def R)
( ) Tendinite (Estag Qi F)
( ) Tensão muscular (Def Xue F)
Órgãos dos sentidos:
Visão:
( ) Fraca (Estag Qi F, Def yin de Bx e R)
( ) Turva (Def xue F)
( ) Olhos vermelhos (Fg F)
( ) Olhos ressecados (Def R)
Audição:
( ) Fraca (Def yin R e Bx, Def Qi R)
( ) Surdez (Def yang Qi, Def xue C, Def yin Bx e R)
( ) Zumbido (Def yin Bx e R, Def Qi R, vento)
( ) Otodinia – dor (calor patog, Umid F e VB)
( ) Surdez súbita (Fg no F)
Tato: ( ) Fraco (Def Qi C)
Paladar: ( ) Fraco (Def Qi BP) ( ) Anosmia (Debil Int)
Olfato: ( ) Fraco (Def Qi P, Frio VB)
Compleição:
( ) Face opaca (Def Qi)
( ) Pálida (Def Qi E e Xue, Def Qi C, frio)
( ) Amarelada (Def E e BP)
( ) Face avermelhada (Ascen Fogo F e C)
( ) Face esverdeada ou azulada (F)
( ) Face escura (R)
( ) Face seca (Def Qi)
( ) Pele úmida (Def yin Qi)
Língua:
( ) Pálida e seca (Def xue)
( ) Pálida úmida (Def yang Qi)
( ) Vermelha (Calor, Def yin Qi)
( ) Vermelha com áreas avermelhadas (Estag Xue)
( ) Ulcerada e vermelha (Ascen Fogo C)
( ) Com rachaduras (Consumo Jin ye/Calor int)
( ) Com saburra (Umid)
( ) Com saburra amarela (Calor int)
( ) Sem saburra (Insuf Qi E)
( ) Denteada (Umid, Def Qi BP)
( ) Púrpura ou violácea (Estase Xue)
( ) Grande (Tendência ao Calor)
( ) Curta (Tendência Frio)
64
Pulso:
Freq: ( ) Rápida ( ) Lenta
Ritmo: ( ) Regular ( ) Irregular
Força: ( ) Forte ( ) Fraco
Largura: ( ) Fina ( ) Larga
Consistência: ( ) Duro ( ) Mole
Amplitude: ( ) Ampla ( ) Baixa
Comprimento: ( ) Longo ( )
Curto
65
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Prezado Paciente:
Eu Silvana da Silva Margheti estou me dirigindo a você como estagiária do Curso
de Especialização em Acupuntura pelo Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem
– CIEPH, Criciúma – SC, solicitando-lhe a colaboração e gentileza de participar desta
pesquisa que corresponde a minha monografia, requisito para a obtenção do certificado de
Especialista em Acupuntura, sob orientação da Professora Supervisora Stella Maris Ricardo
de Souza.
Mediante o projeto da monografia, pretendo descrever e comprovar a eficácia da
acupuntura no tratamento do transtorno de pânico, tendo como objetivo geral: Propor um
tratamento de harmonização energética com Acupuntura a uma paciente com Transtorno de
Pânico, que esteve em tratamento medicamentoso e psicoterapia: estudo de caso.
Os dados serão coletados através de questionário, avaliação e informações durante
as aplicações no decorrer das dez sessões de acupuntura. Assegura-se o anonimato do
participante, bem como todos os dados coletados durante esta pesquisa.
Eu,................................................................................................................................,
portador do CPF.......................................e RG......................................., Residente à
Rua........................................................................, nº........Bairro:…………...........................,
Cidade:.........................Fone:( ).............................,concordo em participar desta pesquisa.
Criciúma,..........de ............................... de 2007
_______________________________
Assinatura
66
Questionário Pós-sessões
Data: ____/_____/_____
Nome:___________________________________________________________________
Realizado com a paciente, nove meses após a aplicação das 10 sessões de Acupuntura.
1- Como você está se sentindo após o término das sessões de Acupuntura?
2- Você sentiu alguma diferença antes e após as sessões? Quais?
3- Você teve Ataques de Pânico durante estes nove meses, após as sessões?
Com a mesma freqüência e intensidade que antes?
4- Que sintomas ainda persistem após as 10 sessões de Acupuntura?
5- Você fez alguma sessão de acupuntura ou outro tratamento durante
estes nove meses?
6- Você considera importante fazer tratamento com Acupuntura? Por quê?
7- O que você gostaria de tratar, que não foi resolvido com as sessões
realizadas anteriormente?