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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade do
Atendimento no Crdito Habitao
por
Ana Carolina Loureno Vieira
Trabalho de Projecto apresentado como requisito
para obteno do grau de
Mestre em Estatstica e Gesto da Informao
pelo
Instituto Superior de Estatstica e Gesto de Informao
da
Universidade Nova de Lisboa
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 I
Agradecimentos
Agradeo a todos os que me incentivaram a desenvolver este projecto, a pacincia,
colaborao e compreenso durante esta longa jornada, que culminou nesta tese de
mestrado.
Agradeo tambm a todos os entrevistados, cuja disponibilidade se mostrou preciosa para
um melhor entendimento do processo de aquisio de crdito habitao.
Ao meu Orientador, Professor Doutor Pedro Simes Coelho, por ter acompanhado e
colaborado no desenvolvimento deste projecto, o meu muito obrigada.
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 II
A melhor maneira de ser feliz
contribuir para a felicidade dos outros!
Confcio
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 III
Resumo
A banca, face grande competitividade entre instituies que se reflecte na semelhana na
oferta dos produtos, procura diferenciar-se e encontrar novos meios de criao de valor no
servio ao cliente. O crdito habitao, sendo um dos produtos que mais refora a ligao
do cliente ao banco, exige elevada qualidade no atendimento, de forma a garantir uma
relao duradoura do cliente com a instituio. Apesar do crescente desenvolvimento das
novas tecnologias, as agncias continuam a ser o canal mais directo de relacionamento com
os clientes, em particular na aquisio deste produto. Estudar os determinantes que
influenciam a relao de servio entre o colaborador da agncia e o cliente, de forma a poder
melhor-la, uma mais-valia para a empresa e constituiu a principal motivao para o
desenvolvimento deste trabalho de projecto.
Este estudo centrou-se na pesquisa conceptual acerca da qualidade nos servios e na
investigao relativa dos vrios modelos de satisfao do cliente, ao nvel do sector bancrio
e ao nvel dos servios em geral. Analisaram-se, neste contexto, as diferentes metodologias
para identificao das dimenses da qualidade de servio e as duas principais ferramentas de
avaliao, quer na ptica do cliente (inquritos de satisfao), quer na ptica interna da
empresa (estudos cliente mistrio).
Numa fase posterior desenvolveu-se um sistema de reconhecimento dos colaboradores pelo
atendimento prestado no crdito habitao. Para a elaborao deste novo instrumento
procuraram-se conhecer as dimenses de qualidade mais relevantes no atendimento,
considerando propostas cientficas, conhecimento de um colaborador bancrio e opinies de
clientes que adquiriram um crdito habitao. Estas dimenses foram integradas no
inqurito de satisfao e no guio cliente mistrio desenvolvidos, que constituram as duas
mtricas de base ao novo instrumento de reconhecimento dos colaboradores - Indicador
Qualidade do Atendimento no Crdito Habitao (IQACH). Este indicador permite
classificar e distinguir o desempenho das vrias agncias bancrias no atendimento do
crdito habitao e tem um duplo carcter: estratgico, por se constituir como um dos
principais instrumentos de promoo da qualidade, e operacional, por se apresentar como
instrumento para avaliar e premiar os colaboradores de cada uma das agncias.
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 IV
Abstract
The banking, due to the great competitiveness among institutions that reflected in the
similarity in the products offer, tries to differentiate themselves and find new ways for
creating value in the service to the customer. The mortgage loan, being one of the products
that more reinforces the connection of the customer to the bank, it demands high quality in
the service, in way to guarantee a durable relationship between the customer and the
institution. Despite the increasing development of the new technologies, the agencies
continue to be the more direct relationship channel with the customers, particularly in the
acquisition of this product. Studying the determinants that influence the relationship
between the collaborator of the agency and the customer, so you can improve it, is an asset
for the company and was the main motivation for developing this project work.
This study focused on the conceptual understanding of the quality of services and on the
research of various models of customer satisfaction, in the banking sector level and in terms
of services in general. It was analyzed in this context, the different approaches to identifying
the dimensions of service quality and the two main assessment tools, one in aspects of the
customer (satisfaction surveys), and the other in internal aspects of the company (mystery-
shopping studies).
In a subsequent phase it was developed a system for employees recognition for their effort
in the service provided to the mortgage loan. To prepare this new instrument it was needed
to know the dimensions of service quality more relevant to service care, considering
scientific proposals, the knowledge of one collaborator and the customers opinions that
purchased a mortgage loan. These dimensions are integrated into the customer satisfaction
survey and in the mystery-shopping script that was developed, which were the two base
metrics to the new instrument for the employees recognition - Quality Indicator for
Mortgage Loans Service (IQACH). This indicator allows to sort and distinguish the
performance of several banks in mortgage loans service and has a dual character: strategic,
as it constitutes one of the main instruments for promoting quality, and operational, for
being presented as a tool for evaluating and rewarding employees of each agency.
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 V
ndice
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................... VII
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................... VIII
LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................................................... X
CAPTULO 1 INTRODUO ...................................................................................................................... 1
1.1 ENQUADRAMENTO .................................................................................................................................. 1
1.2 OBJECTIVOS ............................................................................................................................................ 3
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................................... 3
CAPTULO 2 QUALIDADE DE SERVIO E SATISFAO DO C LIENTE ........................................ 5
2.1 SERVIO ................................................................................................................................................. 5
2.2 QUALIDADE DE SERVIO ......................................................................................................................... 9
2.3 SATISFAO DOS CLIENTES................................................................................................................... 11
2.4 LEALDADE E RETENO DOS CLIENTES ................................................................................................. 13
2.5 NDICES DE SATISFAO DO CLIENTE ................................................................................................... 15
2.5.1 SCSI Swedish Customer Satisfaction Index ............................................................................. 16
2.5.2 ACSI American Customer Satisfaction Index .......................................................................... 16
2.5.3 ECSI European Customer Satisfaction Index .......................................................................... 19
2.6 MODELOS DE QUALIDADE DE SERVIO E SATISFAO DO CLIENTE ..................................................... 22
2.6.1 Modelos Gerais .......................................................................................................................... 23
2.6.2 Modelos Especficos para a Banca ............................................................................................. 53
2.7 METODOLOGIAS DE IDENTIFICAO DAS DIMENSES DA QUALIDADE DE SERVIO ............................... 79
2.7.1. Pesquisa Exploratria ................................................................................................................ 79
2.7.2. Reduo da lista de dimenses ................................................................................................... 87
2.8 DIMENSES DE QUALIDADE DE SERVIO GERAIS ................................................................................. 90
2.8.1. Pesquisa Bibliogrfica ............................................................................................................... 90
2.8.2. Resumo das Dimenses de Qualidade de Servio Gerais ........................................................... 95
2.9 METODOLOGIAS DE AVALIAO DA QUALIDADE DE SERVIO ............................................................... 96
2.9.1 Inquritos de Satisfao dos Clientes ......................................................................................... 96
2.9.2 Estudos Cliente Mistrio .......................................................................................................... 102
2.10 PRMIOS DE RECONHECIMENTO DOS COLABORADORES NO TEMA QUALIDADE DE SERVIO ........... 109
CAPTULO 3 QUALIDADE DE SERVIO NA BANCA ........ .............................................................. 113
3.1 SERVIO BANCRIO............................................................................................................................ 113
3.2 DIMENSES DA QUALIDADE DE SERVIO NA BANCA .......................................................................... 115
3.2.1 Pesquisa Bibliogrfica ............................................................................................................. 115
3.2.2 Resumo das Dimenses de Qualidade de Servio na Banca .................................................... 127
3.3 QUALIDADE DO ATENDIMENTO DO CRDITO HABITAO NO MERCADO PORTUGUS ........................ 130
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 VI
CAPTULO 4 PROPOSTA DE SISTEMA DE RECONHECIMENTO DA QUALIDADE DO
ATENDIMENTO NO CRDITO HABITAO .................. ..................................................................... 136
4.1 INTRODUO/METODOLOGIA ............................................................................................................. 136
4.2 INQURITO DE SATISFAO DO CLIENTE ............................................................................................ 138
4.2.1 Reviso bibliogrfica ................................................................................................................ 139
4.2.2 Entrevistas semi-estruturadas a Clientes ................................................................................. 143
4.2.3 Entrevista semi-estruturada a Colaborador ............................................................................. 145
4.2.4 Questionrio ............................................................................................................................. 147
4.2.5 Metodologia de recolha de dados ............................................................................................. 156
4.2.6 Modelo proposto ....................................................................................................................... 157
4.3 GUIO CLIENTE M ISTRIO .................................................................................................................. 162
4.3.1 Pesquisa bibliogrfica .............................................................................................................. 162
4.3.2 Guio ........................................................................................................................................ 164
4.3.3 Metodologia de recolha de dados ............................................................................................. 170
4.4 PROPOSTA DE PRMIO QUALIDADE DO ATENDIMENTO DO CRDITO HABITAO ........................... 171
CAPTULO 5 CONCLUSES E TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 174
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 177
ANEXOS ......................................................................................................................................................... 183
ANEXO A GUIO DAS ENTREVISTAS EXPLORATRIAS INDIVIDUAIS AOS COLABORADORES ..................... 183
ANEXO B RESUMO DA ENTREVISTA A COLABORADOR DO BANCO X ........................................................ 185
ANEXO C GUIO DAS ENTREVISTAS EXPLORATRIAS INDIVIDUAIS AOS CLIENTES .................................. 188
ANEXO D RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 1 ................................................................................... 191
ANEXO E RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 2 .................................................................................... 195
ANEXO F RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 3 .................................................................................... 199
ANEXO G RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 4 ................................................................................... 201
ANEXO H RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 5 ................................................................................... 204
ANEXO I RESUMO DA ENTREVISTA AO CLIENTE 6 ..................................................................................... 207
ANEXO J MATRIZ DE ANLISE DE CONTEDO DAS ENTREVISTAS A CLIENTES ........................................... 210
ANEXO K MATRIZ DE ANLISE DE CONTEDO DAS ENTREVISTAS A CLIENTES .......................................... 214
ANEXO L INQURITO DE SATISFAO ATENDIMENTO DO PROCESSO DE CRDITO HABITAO .......... 215
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 VII
Lista de Tabelas
TABELA 1 DESCRIO DAS VARIVEIS UTILIZADAS NO MODELO DE MEDIO DAS VARIVEIS LATENTES (DE
ROSA, 2001) .............................................................................................................................................. 66
TABELA 2 DIMENSES DA QUALIDADE DE SERVIO GERAIS: QUADRO COMPARATIVO ...................................... 95
TABELA 3 EXEMPLO DE GUIO CLIENTE M ISTRIO NOS SERVIOS (LEEDS, 1992) ........................................ 104
TABELA 4 EXEMPLO DE GUIO CLIENTE M ISTRIO NOS SERVIOS BANCRIOS (JONES, 2004) ...................... 105
TABELA 5 DIMENSES DA QUALIDADE DE SERVIO NA BANCA: QUADRO COMPARATIVO .............................. 128
TABELA 6 DIMENSES DA QUALIDADE DE SERVIO PROPOSTAS ..................................................................... 140
TABELA 7 RESUMO DAS DIMENSES DE QUALIDADE DE SERVIO OBTIDAS ATRAVS DAS FONTES DE
INFORMAO ........................................................................................................................................... 150
TABELA 8 DIMENSES RESULTANTES DA CONJUGAO DAS TRS FONTES DE INFORMAO ......................... 150
TABELA 9 DIMENSES DE QUALIDADE DE SERVIO AVALIADAS NO QUESTIONRIO ....................................... 153
TABELA 10 INDICADORES ASSOCIADOS S VARIVEIS LATENTES DO MODELO ............................................... 158
TABELA 11 GUIO PROPOSTO PARA O ESTUDO CLIENTE M ISTRIO ................................................................ 166
TABELA 12 CONCILIAO DAS DIMENSES DO GUIO CLIENTE MISTRIO E QUESTIONRIO DE SATISFAO . 169
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 VIII
Lista de Figuras
FIGURA 1 TIPOS DE LEALDADE (DICK & BASU, 1994) ..................................................................................... 13
FIGURA 2 MODELO SCSI ORIGINAL (M. D. JOHNSON ET AL., 2001) ................................................................. 16
FIGURA 3 MODELO ACSI (FORNELL, JOHNSON, ANDERSON, CHA, & BRYANT, 1996) ..................................... 17
FIGURA 4 MODELO ECSI (COELHO & V ILARES, 2005B) .................................................................................. 19
FIGURA 5 MODELO DE DESCONFIRMAO DAS EXPECTATIVAS (OLIVER, 1980) ............................................... 23
FIGURA 6 MODELO DE QUALIDADE ATRACTIVA E OBRIGATRIA DE KANO (MATZLER ET AL., 1996) ............. 25
FIGURA 7 MODELO DE QUALIDADE TCNICA E FUNCIONAL (GRONROOS, 1984) ............................................... 26
FIGURA 8 MODELO DOS GAPS (PARASURAMAN ET AL., 1985) ........................................................................... 28
FIGURA 9 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO ALARGADO (ZEITHAML , BERRY, & PARASURAMAN, 1988) ... 31
FIGURA 10 MODELO DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SERVIO (GHOBADIAN , SPELLER, & JONES, 1994;
HAYWOOD-FARMER, 1988) ....................................................................................................................... 33
FIGURA 11 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO SINTETIZADO (BROGOWICZ ET AL., 1990) ............................ 35
FIGURA 12 MODELO DE SATISFAO EXPANDIDO BASEADO EM ATRIBUTOS E INCLUINDO RELAES DE
CAUSALIDADE (OLIVER, 1993) .................................................................................................................. 37
FIGURA 13 CADEIA SERVIO LUCRO (HESKETT ET AL., 1994, 2008) .............................................................. 38
FIGURA 14 MODELO RETURN ON QUALITY (RUST ET AL., 1995) ........................................................................ 39
FIGURA 15 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO E SATISFAO (SPRENG ET AL., 1996) ................................ 40
FIGURA 16 MODELO DE SATISFAO SEGUNDO VAVRA (1997) ....................................................................... 41
FIGURA 17 FUNO DA SATISFAO (ANDERSON & SULLIVAN , 1993) ............................................................ 44
FIGURA 18 MODELO SATISFAO-QUALIDADE DE SERVIO (PHILIP & HAZLETT, 1997) ................................. 45
FIGURA 19 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO E VALOR APERCEBIDO (SWEENEY ET AL., 1997) ................. 46
FIGURA 20 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO, VALOR DO CLIENTE E SATISFAO (OH, 1999) ................. 47
FIGURA 21 MODELO DE ANTECEDENTES DA QUALIDADE DE SERVIO E MODELO MEDIADOR DA SATISFAO
DO CLIENTE (DABHOLKAR ET AL., 2000) ................................................................................................... 48
FIGURA 22 MODELO DE QUALIDADE DE SERVIO INTERNA (FROST & KUMAR, 2000) ...................................... 49
FIGURA 23 MODELO CONCEPTUAL DE LIGAO ENTRE SATISFAO, LEALDADE E DESEMPENHO (EDVARDSSON
ET AL., 2000) ............................................................................................................................................. 50
FIGURA 24 CADEIA DE EXCELNCIA (VAN DER WIELE ET AL., 2005) ............................................................... 51
FIGURA 25 TRINMIO C-SQ-P (ROTH & JACKSON, 1995) ................................................................................ 54
FIGURA 26 MODELO CAUSAL SOBRE O IMPACTO DE CAPACIDADES OPERACIONAIS GENRICAS NA QUALIDADE
DE SERVIO E NO DESEMPENHO (ROTH & JACKSON, 1995) ........................................................................ 55
FIGURA 27 MODELO QUALIDADE DE SERVIO DEA (A. C. SOTERIOU & STAVRINIDES, 1997) ........................ 56
FIGURA 28 DIMENSES DE DESEMPENHO DAS AGNCIAS BANCRIAS (ATHANASSOPOULOS, 1997) ................. 58
FIGURA 29 MODELO DE EFICINCIA OPERACIONAL DE UM BALCO (A. SOTERIOU & ZENIOS, 1999) ............... 60
FIGURA 30 MODELO DE EFICINCIA DA QUALIDADE UTILIZANDO MTRICAS OPERACIONAIS E APERCEBIDAS (A.
SOTERIOU & ZENIOS, 1999) ....................................................................................................................... 61
FIGURA 31 MODELO DE EFICINCIA DA RENTABILIDADE (A. SOTERIOU & ZENIOS, 1999) ............................... 62
FIGURA 32 CONJUNTO DE MODELOS DE AFERIO DOS COMPONENTES DA CADEIA SERVIO-LUCRO (A.
SOTERIOU & ZENIOS, 1999) ....................................................................................................................... 63
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 IX
FIGURA 33 MODELO DE SATISFAO DOS CLIENTES CONSIDERANDO AS ATITUDES FACE AOS COLABORADORES
E BANCA AUTOMTICA (MOUTINHO & SMITH , 2000) ............................................................................. 64
FIGURA 34 MODELO AO NVEL DO CLIENTE (DE ROSA, 2001) .......................................................................... 66
FIGURA 35 MODELO AO NVEL AGREGADO (DE ROSA, 2001) ........................................................................... 68
FIGURA 36 CADEIA SERVIO-LUCRO (KAMAKURA ET AL ., 2002) .................................................................... 69
FIGURA 37 CADEIA SERVIO-LUCRO - MODELO ESTRATGICO (KAMAKURA ET AL ., 2002) ............................. 71
FIGURA 38 TCNICA DEA (DATA ENVELOPMENT ANALYSIS) (KAMAKURA ET AL ., 2002) .................................. 72
FIGURA 39 MODELO BASEADO EM TI (ZHU ET AL., 2002) ................................................................................ 73
FIGURA 40 MODELO DE LEALDADE DO CLIENTE (BEERLI ET AL., 2004) ........................................................... 74
FIGURA 41 MODELO ESTRUTURAL DA CADEIA SERVIO-LUCRO (GELADE & YOUNG, 2005) ............................ 75
FIGURA 42 CADEIA DE SATISFAO DO CLIENTE (TANTAKASEM & LEE, 2007) ............................................... 76
FIGURA 43 MODELO QUALIDADE DE SERVIO NO SECTOR BANCRIO (TANTAKASEM & LEE, 2007) ................ 77
FIGURA 44 FASES DAS ENTREVISTAS EXPLORATRIAS INDIVIDUAIS (NAUMANN & GIEL, 1995) ...................... 82
FIGURA 45 ETAPAS NA CONSTRUO DE UM QUESTIONRIO (KESSLER, 1996) ................................................ 97
FIGURA 46 O QUESTIONRIO COMO FERRAMENTA BILATERAL (NAUMANN & GIEL, 1995) .............................. 98
FIGURA 47 EMPRSTIMOS BANCRIOS DAS FAMLIAS (BDP, 2009B) ............................................................. 130
FIGURA 48 MODELO MULTIEQUACIONAL DE SATISFAO E LEALDADE DO CLIENTE COM O ATENDIMENTO NO
CRDITO HABITAO ............................................................................................................................ 158
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 X
Lista de abreviaturas
DEA Data Envelopment Analysis
ROQ Return on Quality
CATI Computer Administered Telephone Interviewing
SEM Structural Equation Modelling
LISREL Linear Structural Relations
PLS Partial Least Squares
BdP Banco de Portugal
TAE Taxa Anual Efectiva
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\ Captulo 1 Introduo
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 1
CAPTULO 1 Introduo
1.1 Enquadramento
O mbito do presente projecto avaliar e promover a qualidade de servio e a satisfao dos
clientes no sector da banca. Este projecto visa, desse ponto de vista, dar resposta a uma
necessidade especfica do sector no que respeita avaliao da qualidade do servio
prestada pelos colaboradores dos balces, em particular no atendimento do crdito
habitao. Assim, com este trabalho pretende-se, por um lado, tornar a satisfao do cliente
um tema central da gesto das organizaes bancrias e, por outro lado, desenvolver um
instrumento til de recompensa do mrito e desempenho dos colaboradores no atendimento
do crdito habitao.
Num momento marcado pelo aumento da concorrncia entre bancos e onde a diferenciao
atravs da oferta muito tnue, a qualidade tem vindo a torna-se um factor determinante na
deciso de escolha (Meidan, 1996), sendo fundamental para o negcio entender como este
factor estratgico influncia a satisfao e a fidelizao do cliente.
As caractersticas intrnsecas de um processo de crdito habitao, entre as quais o vnculo
emocional estabelecido, a durabilidade do contrato e a altura de vida em que o cliente
adquire o emprstimo, tornam-no nico em termos econmicos e de rentabilidade para o
banco. por isso muito relevante a forma de atendimento deste produto, com vista a captar
o cliente e a possibilitar que se estabelea o negcio no banco.
A administrao dos bancos deve ter em linha de conta que a satisfao com o atendimento
em qualquer produto tem impacto directo e indirecto na lealdade e na reteno dos clientes
e, como tal, deve procurar encontrar estratgias de optimizao destes conceitos.
Sendo o cliente o mais importante activo de uma empresa (Reichheld & Sasser, 1990)
existem muitos estudos sobre os determinantes na sua satisfao (Anderson & Sullivan,
1993; Bernhardt, Donthu, & Kennett, 2000; Oliver, 1980), sobre a construo da lealdade
(Garbarino & Johnson, 1999; Morgan & Hunt, 1999; Oliver, 1999) e sobre a forma como
estes dois conceitos se relacionam (Hallowell, 1996; Oliver, 1999).
A relao entre estes conceitos representada numa cadeia servio-lucro, referida por
diversos autores (Heskett, Jones, Loveman, Sasser, & Schlesinger, 1994; Kamakura, Mittal,
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 2
de Rosa, & Mazzon, 2002), os quais estabelecem a relao entre a satisfao e a
produtividade dos colaboradores e entre a satisfao, reteno e rentabilidade dos clientes.
Outros autores abordam esta relao no atravs de uma cadeia servio-lucro mas
estabelecendo uma relao entre a gesto de recursos humanos, a satisfao dos clientes e os
resultados da empresa (Oakland & Oakland, 1998).
No sector da banca esta relao abordada por outros autores (Gelade & Young, 2005; A.
Soteriou & Zenios, 1999) existindo ainda inmeros estudos sobre qualidade de servio (Roth
& Jackson, 1995; A. C. Soteriou & Stavrinides, 1997), satisfao (Athanassopoulos, 1997;
De Rosa, 2001; Levesque & McDougall, 1996) e lealdade (Beerli, Martn, & Quintana,
2004; Moutinho & Smith, 2000), que pretendem entender qual o impacto destas variveis no
retorno para o negcio financeiro.
A avaliao da qualidade de servio e da satisfao dos clientes pode ser feita, por exemplo,
atravs da utilizao de inquritos (Davies, Baron, Gear, & Read, 1999; Roberts &
Campbell, 2007) ou atravs dos estudos cliente mistrio (Erstad, 1998; Morrison, Colman,
& Preston, 1997; Van der Wiele, Hesselink, & Van Iwaarden, 2005; Wilson, 1998a, 1998b,
2001) que sero as duas metodologias discutidas no presente trabalho e que se pretendem
integrar na proposta de incentivo aos colaboradores para o bom atendimento do crdito
habitao.
Por fim, as estratgias de incentivo a colaboradores, quer atravs de prmios financeiros ou
no financeiros, so abordadas numa ptica de orientao da empresa para o cliente final
(London & Higgot, 1997; Tuzovi & Bruhn, 2005).
Ao criar uma forma de motivao para a qualidade do atendimento do crdito habitao
perspectiva-se que este estudo leve a um maior empenho dos colaboradores na prestao de
um melhor nvel de servio aos seus clientes. Assim, acredita-se que, ao nvel dos balces
haja uma reestruturao do processo de atendimento e uma reorientao de toda a equipa
para o cliente e para os aspectos de qualidade do servio. Tornar-se- igualmente possvel
com este modelo integrar a satisfao do cliente no processo de avaliao do mrito e
desempenho dos colaboradores, criando um sistema de avaliao dos colaboradores mais
justo e direccionado para os objectivos da organizao.
Em termos mais gerais, este trabalho permitir s instituies financeiras melhorar o servio
que prestam aos seus clientes e, em consequncia dos seus maiores nveis de satisfao,
melhorar o retorno financeiro para a empresa.
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\ Captulo 1 Introduo
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 3
1.2 Objectivos
O objectivo central deste trabalho consiste no desenvolvimento de um novo indicador de
qualidade do atendimento do crdito habitao, que possibilite a avaliao e a
hierarquizao dos balces, bem como o estabelecimento de benchmarks.
Como objectivos especficos, pretende-se:
- Conhecer quais os instrumentos existentes de avaliao da qualidade de servio no
sector da banca e como se podem aplicar na avaliao do atendimento do crdito
habitao;
- Desenvolver instrumentos de medida da qualidade que permitam avaliar o desempenho
no atendimento do crdito habitao e conhecer a importncia dos vrios atributos do
atendimento na satisfao e na lealdade do cliente;
- Apontar quais os pontos fortes e fracos de cada um dos instrumentos de avaliao da
qualidade do atendimento do crdito habitao;
- Sugerir como podem ser integrados os instrumentos de avaliao da qualidade do
servio para o desenvolvimento de um indicador sobre o atendimento prestado no
crdito habitao, com base no qual ser projectado um prmio de reconhecimento dos
colaboradores.
1.3 Estrutura do Trabalho
O trabalho est estruturado da forma descrita seguidamente.
Aps o captulo inicial, que inclui a introduo, objectivos e questes de investigao, so
inseridos dois captulos destinados fundamentao terica.
A fundamentao terica est organizada em dois captulos essenciais para o entendimento
da proposta de sistema de reconhecimento da qualidade do atendimento no crdito
habitao. O captulo 2 aborda as noes gerais de servio, qualidade, satisfao, lealdade e
reteno dos clientes e apresenta alguns modelos que relacionam estas variveis ao nvel dos
servios em geral e ao nvel da banca. Desenvolvem-se ainda neste captulo os ndices de
satisfao do cliente, as metodologias para identificao das dimenses da qualidade e os
instrumentos de avaliao da qualidade do servio prestado, como os inquritos de
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
do Atendimento no Crdito Habitao
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 4
satisfao do cliente e os estudos cliente mistrio. Para terminar analisam-se algumas
estratgias de reconhecimento dos colaboradores, focadas no tema qualidade de servio. O
captulo 3 desenvolve as dimenses da qualidade do servio crticas no sector bancrio e
avalia a qualidade actual do atendimento do crdito habitao no mercado portugus.
O captulo 4 consiste na proposta do estudo e apresenta os pressupostos metodolgicos, a
estratgia de recolha de dados, os resultados obtidos e as limitaes dos mtodos utilizados.
Neste captulo tambm proposto um modelo terico de satisfao e lealdade dos clientes,
que relaciona as variveis tratadas em dois submodelos: o modelo de medida e o modelo
estrutural, ambos a nvel do cliente. A integrao da informao anterior utilizada no
desenvolvimento de um sistema de reconhecimento da qualidade do atendimento bancrio.
No captulo 5 apresentam-se as concluses e as recomendaes para a continuidade dos
estudos nesta rea.
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 5
CAPTULO 2 Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
2.1 Servio
Um servio pode ser entendido como um produto que requer um grande envolvimento do
consumidor no processo de consumo. normalmente imaterial e pode ser caracterizado
como uma actividade onde a produo e o consumo ocorrem ao mesmo tempo, ou seja,
nas interaces vendedor-consumidor que se estabelece o servio para o cliente (Gronroos,
1984).
As caractersticas principais dos servios so: Intangibilidade, Inseparabilidade,
Perecibilidade e Variabilidade.
Intangibilidade
Um servio na sua essncia um desempenho e, como tal, algo intangvel - no pode ser
visto, tocado ou experimentado antes de ser prestado e a sua aquisio no confere posse
mas apenas consumo/uso (Vilar, 2004).
Esta caracterstica imaterial leva alguns autores a atribuir aos elementos fsicos associados
ao servio (p. ex.: a aparncia dos funcionrios, o local onde o servio produzido, o
equipamento utilizado) uma importncia acrescida na sua avaliao global (Bitner, 1992;
Kotler & Keller, 2006; Levitt, 1983). Da mesma forma, tambm os bancos procuram
encontrar formas tangveis para o prprio servio, tais como os cartes de dbito/crdito,
utilizados como representaes fsicas das operaes de transmisso de dinheiro, e o acesso
ao produto crdito (Kotler & Keller, 2006).
Devido imaterialidade do servio, a maior percepo de risco associado sua aquisio
tem geralmente como consequncias (Vilar, 2004):
1) Uma maior confiana no passa-palavra (word-of-mouth) do que em outras formas de
promoo (p. ex.: publicidade);
2) A avaliao de qualidade a partir do preo, do pessoal e das pistas fsicas disponveis;
3) Uma grande fidelidade quando existe satisfao;
4) O enfoque na relao entre prestador e consumidor e no no servio em si.
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Inseparabilidade
A inseparabilidade significa que todo servio tem um momento em que sua produo e
consumo so simultneos e, por outro lado, que no pode ser separado da pessoa que o
presta e da maneira como este apercebido - seu profissionalismo, sua aparncia, etc (ex.:
professor que d aulas e aluno que adquire conhecimentos). Essas pessoas constituem a
primeira impresso que os clientes tm da organizao.
Esta caracterstica importante para o marketing por vrias razes:
1) O prestador do servio fabrica o servio, diante do cliente e, como tal, ser julgado por
tudo que fizer (ou deixar de fazer);
2) O cliente participa na produo do servio. Assim, este tambm precisa ser educado
sobre o servio e precisa, minimamente, aprender sobre ele;
3) No h uma segunda hiptese para o fornecedor do servio. O servio tem de ser
adequado no momento em que o cliente necessita e, assim, se algum errar, pode no ter
uma segunda hiptese. Muitos servios, se no prestados adequadamente da primeira
vez, podem causar danos irreparveis, como no exemplo mais bvio dos servios
mdicos.
Perecibilidade
A perecibilidade significa que os servios no podem ser armazenados para venda ou
utilizao posterior. Assim, os servios so temporais e fornecidos num tempo e local
preciso. Um exemplo prtico o servio de venda de bilhetes de avio. O custo de uma
viagem de um avio com 100 lugares o mesmo se os bilhetes forem vendidos a 1 ou a 100
passageiros, ou seja, o custo da viagem torna-se irrecupervel por parte da empresa. Numa
empresa de servios haver alturas em que a procura grande e outras alturas em que a
procura pequena mas o custo para a empresa ser sempre o mesmo, pelo que haver que
vender pelo menos um mnimo ptimo que equilibre o seu nvel operacional. Um problema
comum nas empresas de servios que estas podem no conseguir atender os clientes,
devido ao excesso de procura, mas tambm podem no conseguir suportar elevados custos
operacionais, por no terem clientes suficientes.
Variabilidade
A variabilidade de um servio refere-se dificuldade de padronizao dos servios, uma vez
que este depende de pessoas (cliente e fornecedor), isto , no h um servio igual de pessoa
para pessoa. Esta caracterstica pode ser encarada de um ponto de vista positivo ou de um
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 7
ponto de vista negativo. Por um lado, a variabilidade permite a personalizao do
atendimento, consoante as expectativas do cliente. Por exemplo, um mdico pode adaptar o
seu servio ao tipo de cliente que est a atender e um actor ao tipo de pblico que assiste
pea. Por outro lado, esta variabilidade torna difcil a padronizao de um servio ptimo ao
cliente, colocando-se a questo de como atender sempre bem o cliente para que este se sinta
sempre satisfeito.
Para alm destas caractersticas os servios so impossveis de patentear e so muito
dependentes do factor humano.
A aplicao de marketing no sector dos servios assenta em 8 Ps (Collier, 1991):
Produto, Lugar e Tempo, Processo, Produtividade e Qualidade, Pessoas, Promoo e
Educao, Evidncias Fsicas e Preo.
1. Produto (Product)
Ao servio base deve associar-se o maior nmero de servios suplementares para o
transformar num produto alargado. Esses servios devem ser desenhados de acordo com as
necessidades dos consumidores. Ou seja, necessrio ter em ateno todos os servios que
podem contribuir para a criao de uma mais-valia para os consumidores.
2. Lugar e Tempo (Place)
Substitui a varivel distribuio no marketing dos produtos. Refere-se ao momento e lugar
em que os servios so entregues, tal como os canais fsicos ou electrnicos (ou ambos),
dependendo do tipo de servio. A velocidade e a convenincia do momento e lugar esto a
tornar-se, para os consumidores, um dos determinantes mais importantes na estratgia de
entrega dos servios.
3. Processo (Process design)
Significa o mtodo e sequncia de aces em que funciona o sistema de operaes dos
servios. Por um lado, processos mal delineados iro incomodar os consumidores, por outro
lado, um bom desenho dos processos ir ajudar os colaboradores front-office a desempenhar
bem as suas funes, o que ir resultar numa maior produtividade e na diminuio de falhas
nos servios.
4. Produtividade e Qualidade (Productivity)
A produtividade diz respeito forma como os inputs so transformados em outputs
valorizados pelos consumidores.
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 8
A qualidade refere-se ao grau em que um servio satisfaz os consumidores no que diz
respeito s suas necessidades, desejos e expectativas, sendo essencial para a diferenciao e
lealdade dos clientes.
Contudo, importante haver um equilbrio entre produtividade e qualidade. Uma maior
produtividade importante para controlar os gastos da empresa mas os nveis de servio ao
cliente no devero ser reduzidos pois podero vir a afectar quer os clientes quer os
funcionrios da empresa. Por outro lado, a melhoria da qualidade deve ser balanceada com
os custos e incrementos nas receitas da empresa, de forma a no colocar em risco a sua
rentabilidade.
5. Pessoas (Participant)
Muitos servios dependem, directa ou indirectamente, da interaco pessoal entre clientes e
colaboradores. A natureza destas interaces influencia fortemente a percepo dos clientes
relativamente qualidade dos servios. As empresas de servios com sucesso fazem um
esforo significativo no recrutamento, treino e motivao dos seus colaboradores,
especialmente em cargos front-office.
6. Promoo e Educao (Promotion)
Este componente desempenha trs papis fundamentais: fornecimento de informao
necessria e conselhos, persuaso dos clientes alvo quanto aos benefcios de um servio e
encorajamento dos clientes para adoptarem determinadas aces em momentos especficos.
No marketing de servios a comunicao , essencialmente educacional, em especial no
segmento dos novos consumidores. A comunicao pode ser veiculada atravs de
vendedores (fora de vendas) ou atravs dos media (internet, tv, rdio, imprensa,
brochuras).
7. Evidncias Fsicas (Physical Evidence)
O aspecto dos edifcios, veculos da empresa, aspecto interior dos locais de prestao dos
servios, equipamento, quadro de pessoal, materiais impressos e outros aspectos visveis
fornecem alguma tangibilidade aos servios. importante cuidar este aspecto pois tem um
grande impacto na percepo de qualidade dos clientes. Em servios com poucos elementos
tangveis como, por exemplo, os seguros, a publicidade recorre muitas vezes a smbolos
representativos como um guarda-chuva que simboliza proteco.
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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8. Preo (Price)
Esta componente tem a ver com os custos que os clientes incorrem na obteno dos
benefcios do servio. Estes custos so muito mais complexos do que os estipulados para os
produtos. Os gestores no se limitam s tarefas tradicionais de estabelecimento do preo,
fixao de margens e definio de condies de crdito, mas procuram minimizar outros
custos que os clientes podem incorrer ao adquirir um servio como tempo, esforo fsico e
mental e experincias sensoriais negativas.
2.2 Qualidade de servio
Segundo Garvin (1984) existem vrias noes do termo qualidade: abordagem
transcendental, abordagem baseada no produto, abordagem baseada no utilizador,
abordagem baseada na manufactura e abordagem baseada no valor.
A abordagem transcendental considera que a qualidade uma caracterstica inata ao
produto; a abordagem baseada no produto considera a qualidade como uma varivel precisa
e mensurvel, resultante de um conjunto de atributos; na abordagem baseada no utilizador o
foco passa a ser a necessidade do cliente, procurando-se conciliar as especificaes do
produto com as especificaes do consumidor; na abordagem baseada na manufactura a
qualidade definida como conforme as especificaes, mesmo que essas especificaes no
correspondam as necessidades do cliente; a abordagem baseada no valor relaciona a
qualidade e a percepo de preo do produto por parte do cliente.
A maioria das definies de qualidade recai sobre a abordagem baseada no utilizador do
produto/servio que tende a englobar todas as outras abordagens atendendo a que, se uma
empresa se preocupa com as especificaes do produto, com os atributos da qualidade e com
o valor oferecido, est automaticamente a preocupar-se com as necessidades do cliente.
Assim, a qualidade de um servio est dependente essencialmente de dois factores: o servio
expectvel e o servio apercebido. Trata-se de uma avaliao subjectiva da diferena entre
expectativas iniciais e percepo final do desempenho do servio.
A experincia passada sobre um servio influencia as expectativas futuras do cliente, o
servio apercebido resulta do balano entre essas expectativas e a avaliao que o cliente faz
do servio que lhe fornecido. Para a criao de expectativas concorrem as actividades de
marketing como, por exemplo, a publicidade ou o preo, e os factores externos como o
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passa-palavra, necessidades individuais e experincia prvia com o servio (Gronroos,
1984).
O modelo SERVQUAL (Parasuraman, Berry, & Zeithaml, 1988) tem sido incontornvel na
investigao sobre qualidade de servio, baseando-se em 5 dimenses determinantes:
Fiabilidade, Aspectos Tangveis, Resposta, Garantia e Empatia. Segundo estes autores, a
qualidade de servio apurada atravs da diferena entre uma qualidade normativa (como os
servios deveriam ser) e a qualidade apercebida (como os servios so). Neste caso, a
qualidade apercebida um julgamento global do consumidor sobre a excelncia do servio.
Cronin e Taylor (1992) apresentaram uma posio diferente da escala SERVQUAL que
designaram por SERVPERF. Esta escala abolia a medio das expectativas dos clientes,
focando-se somente na percepo da qualidade de servio avaliada atravs de medidas de
performance.
A qualidade de servio segundo Gronroos (1984) resulta da combinao de duas dimenses:
tcnica e funcional. A dimenso tcnica traduz-se por aquilo que o consumidor recebe como
resultado da sua interaco com o prestador do servio e pode ser avaliada pelo consumidor
de uma maneira objectiva; a dimenso funcional reflecte a forma como a qualidade tcnica
transferida para o consumidor e a maneira de a avaliar mais subjectiva. O modelo
SERVQUAL referido anteriormente, bem como a maior parte dos estudos de qualidade de
servio, baseia-se mais na qualidade funcional do que na qualidade tcnica (Ladhari, 2008;
Palmer, Meek, & Parkinson, 2006). Resumindo, ao consumidor importa no s o que recebe
como resultado do processo de produo, mas tambm o processo em si. A qualidade
tcnica responde a questes tais como o que o consumidor quer (know-how da empresa) e
a qualidade funcional (contacto pessoal) a questes tais como como o consumidor quer.
Os inquritos de satisfao baseiam-se na qualidade de servio apercebida pelos clientes e,
como tal, permitem sobretudo aferir a qualidade funcional. J os estudos cliente mistrio
avaliam, quer a qualidade tcnica atravs, por exemplo, da medio do tempo na fila de
espera, quer a qualidade funcional atravs da medio da percepo sobre o servio por
parte do auditor mistrio (Palmer et al., 2006).
A qualidade um processo cclico e progressivo que nunca se completa e assenta em trs
princpios (Fernandes, 2000): Ser diferente para melhor, Melhor relao qualidade /preo e
Melhoria contnua.
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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De forma a superar permanentemente as expectativas dos clientes a empresa deve inovar no
s em termos dos produtos que oferece mas tambm na maneira de o oferecer (servio).
Assim, em qualquer sector de actividade a criatividade um ponto-chave para o sucesso, ou
seja, a empresa deve satisfazer as necessidades do cliente mas deve tambm imprimir
caractersticas prprias que a distinga dos concorrentes. Contudo, no basta ser diferente,
preciso tambm ter a melhor relao qualidade/preo da concorrncia do ponto de vista do
cliente e melhorar continuamente os processos para conseguir produzir com um menor
custo.
2.3 Satisfao dos clientes
A qualidade do servio um dos principais caminhos para atingir a satisfao e a lealdade
do cliente, da a importncia que lhe atribuda por diversos autores. Contudo, muitas vezes
os conceitos de qualidade de servio e satisfao so confundidos, pelo que vale a pena
distingui-los.
A qualidade de servio um conceito pr-atitudinal, um antecedente da satisfao que
entendida como uma atitude. A qualidade de um produto ou servio pode ser vista como
conforme as especificaes e a sua percepo uma avaliao global resultante da
comparao entre as expectativas e a percepo de desempenho (Berry, Parasuraman, &
Zeithaml, 1988; Parasuraman, Zeithaml, & Berry, 1994). Segundo Taylor e Baker (1994), ao
contrrio da percepo de qualidade, a satisfao do cliente formada a partir da
experincia, ou seja, do ps-consumo.
A satisfao formada necessariamente a partir da experincia com o fornecedor ou com o
servio, pelo que envolve aspectos mais cognitivos e afectivos, ao contrrio da qualidade
percepcionada (Spreng & Mackoy, 1996).
A satisfao definida na literatura segundo duas perspectivas (Boulding, Kalra, Staelin, &
Zeithaml, 1993; M. D. Johnson, Gustafsson, Andreassen, Lervik, & Cha, 2001):
transaccional e cumulativa. Quando vista como um conceito cumulativo, trata-se de uma
avaliao baseada na experincia global de consumo de um produto/servio em determinado
perodo de tempo (Mittal, Ross, & Baldasare, 1998). Esta perspectiva baseia-se na
experincia de consumo ao longo do tempo pelo que se torna um indicador mais concreto do
desempenho passado, presente e futuro de uma empresa (Fornell, 1992). Por outro lado, a
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satisfao pode ser entendida como resultante de uma transaco especfica, do julgamento
de determinada compra numa determinada ocasio (Oliver, 1980).
O conceito satisfao a base da teoria mais tradicional nesta rea, a teoria da
Desconfirmao (Oliver, 1980), que relaciona as expectativas e a perfomance. De acordo
com este paradigma, o consumidor forma as suas expectativas antes do consumo, avalia o
desempenho do produto/servio e compara o desempenho apercebido com as suas
expectativas anteriores. Sendo as expectativas encaradas como padres de referncia no
julgamento do cliente conclui-se que, se o desempenho for superior ao esperado, haver uma
desconfirmao positiva, se for inferior ao esperado haver uma desconfirmao negativa.
O conceito da qualidade de servio surge muito prximo ao da satisfao quando se aborda
esta diferena entre expectativas e percepo de desempenho no modelo SERVQUAL.
A primeira linha do paradigma de desconfirmao deriva dos estudos de
satisfao/insatisfao dos clientes e a segunda linha do modelo SERVQUAL deriva do
ramo dos estudos de qualidade de servio. Estes dois modelos diferem essencialmente no
tipo de medidas avaliadas: enquanto o modelo SERVQUAL uma medida de avaliao a
longo prazo, a teoria de desconfirmao mais uma medida especfica ps-transaco. Na
seco 2.6.1 sero desenvolvidos estes dois modelos gerais de qualidade de servio e
satisfao do cliente.
Na generalidade da bibliografia sobre comportamento do consumidor, a satisfao
tradicionalmente encarada como antecedente da lealdade sendo, no caso dos servios,
considerada como sua determinante privilegiada (de Chernatony, Harris, & Christodoulides,
2001; Fornell, 1992; Lewis, 1993). A satisfao dirigida normalmente ao servio/produto e
aos seus atributos tornando-se por isso uma medida dinmica; a lealdade, por outro lado,
uma medida mais esttica e dirigida empresa no seu conjunto (P. S. Coelho & M. J.
Vilares, 2005).
Tendo em conta que neste trabalho se pretende estudar a relao entre qualidade do
atendimento, satisfao, lealdade e reteno dos clientes do sector bancrio no mbito
especfico do crdito habitao, usar-se- o termo satisfao sempre na perspectiva de
satisfao acumulada. Uma vantagem do conceito de satisfao cumulativa a sua maior
capacidade de previso do desempenho econmico, devido ao facto dos clientes tomarem as
suas decises de compra com base no conjunto das suas experincias e no apenas numa
nica transaco (M. D. Johnson et al., 2001).
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2.4 Lealdade e reteno dos clientes
Outros dois conceitos fundamentais e que tambm importa distinguir so a lealdade do
cliente e a reteno empresa.
A lealdade claramente influenciada pela satisfao do cliente e pode ser entendida como a
predisposio do cliente para comprar de novo determinado produto/servio, marca ou
grupo de marcas, apesar das influncias externas e dos esforos de marketing existentes para
alterar este comportamento (Oliver, 1999). A reteno representa o comportamento efectivo
de compra e pode ser influenciada no s pela lealdade mas tambm por outros factores,
como a proximidade do local de aquisio, o preo e a existncia de um nico fornecedor
(P.S. Coelho & M.J. Vilares, 2005).
Para Dick e Basu (1994) existem quatro tipos de lealdade: sustentvel, espria, latente e
nula.
Figura 1 Tipos de Lealdade (Dick & Basu, 1994)
A lealdade sustentvel ocorre apenas quando o consumidor efectua uma srie de compras
repetidas da mesma marca e tem uma atitude favorvel quela marca. Quando o
comportamento de compras repetidas acompanhado de uma atitude negativa ocorre o que
designam por lealdade espria, por exemplo, em situaes de monoplio e/ou quando o
consumidor se apercebe de que os custos de mudana de fornecedor iro ser elevados. A
lealdade latente ocorre quando o consumidor tem uma forte admirao por determinada
marca mas no dispe de recursos, financeiros ou outros, para se tornar um comprador
habitual. Por fim, a lealdade nula corresponde situao em que o consumidor, para alm de
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no comprar, tem uma atitude negativa face marca, o que poder resultar num passa-
palavra negativo a outros clientes.
Por outro lado, Oliver (1999) refere que a lealdade pode assumir quatro fases: lealdade
cognitiva, lealdade afectiva, lealdade conotativa e lealdade comportamental. A lealdade
cognitiva resulta, como o prprio nome indica, da cognio, ou seja, do conhecimento de
informaes disponveis para o consumidor. Esta informao pode levar a que o consumidor
prefira a marca mas no corresponde a uma lealdade verdadeira marca porque, a qualquer
momento, essa preferncia pode ser igualada ou ultrapassada por outro concorrente. Trata-se
de uma avaliao da relao comercial, considerando informaes como, por exemplo, o
preo e o valor recebido do produto. A lealdade afectiva criada numa segunda fase, aliando
componente cognitiva o afecto. Resulta assim da satisfao acumulada que se estabelece
em relao a um produto/marca e est directamente ligada emoo e s interaces
humanas que se estabelecem. A lealdade conotativa vista como a inteno de recompra,
indo para alm do afecto, e tendo tambm em conta caractersticas motivadoras de compra.
Por ltimo, a lealdade comportamental a concretizao da inteno anterior atravs da
aco de recompra, pelo que muitas vezes confundida com reteno, proposta por outros
autores (M. Johnson & Gustafsson, 2006).
Resumindo, a lealdade cognitiva foca-se nos aspectos da marca, a lealdade afectiva nos
aspectos emocionais, a lealdade conotativa na inteno de recompra e a lealdade
comportamental na recompra.
De acordo com Reichheld e Sasser (1990) um aumento de 5% na lealdade dos clientes pode
levar a um aumento da rentabilidade de uma empresa de 25% a 85%. Mas importa saber
como que a reteno de clientes beneficia de forma to espectacular a economia? De
acordo com Siebel (Siebel, 2001):
1) A taxa a que uma organizao retm os clientes afecta significativamente o que gasta
para conquistar novos clientes. Como conquistar um novo cliente pode custar entre cinco
a doze vezes mais que conservar um cliente existente, manter um cliente pode trazer
grandes benefcios pois evita custos adicionais de aquisio;
2) Em muitas indstrias os clientes leais tendem a aumentar o seu volume de compras ao
longo do tempo, pelo que clientes leais equivalem a um aumento do valor da carteira
seja, por exemplo, pela dimenso de encomenda, seja pela aquisio de outros produtos;
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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3) Os clientes antigos custam normalmente menos a servir pois conhecem melhor as
polticas e processos da organizao, pelo que consomem menos recursos da empresa no
processo de contacto, por exemplo, adaptam-se aos perodos de menor frequncia de
contactos ou recorrem aos servios automticos;
4) Os clientes leais so a melhor fonte de boas referncias de uma empresa. Nada melhor
para publicitar um produto ou um servio do que ter clientes a propagande-lo;
5) Existe menor sensibilidade ao preo por parte dos clientes leais. Estes clientes preferem
relacionamentos estveis e duradouros e tendem a migrar para produtos ou servios de
margem mais elevada, pela valorizao que fazem dos benefcios adicionais. Isto
particularmente verdade na indstria financeira, em que muitas vezes os clientes
prescindem de melhores taxas oferecidas pelos concorrentes em funo do
relacionamento j estabelecido.
Face a estas concluses tem sido dada especial importncia lealdade como determinante
crtico nas estratgias das empresas. Ter clientes leais um dos objectivos mais desejados
pelas organizaes.
2.5 ndices de Satisfao do Cliente
A existncia de ndices de satisfao do cliente tem-se revelado bastante til na medida em
que permitem, juntamente com outros indicadores econmicos, prever resultados futuros da
empresa e fornecer capacidade de diagnstico sobre medidas a tomar para alcanar os
objectivos a que se propem. De facto, estes ndices contribuem para se ter uma imagem
mais precisa dos resultados o que, consequentemente, leva a melhores decises em termos
de polticas econmicas e melhoria dos resultados. Como referiu Anderson e Fornell
(1999) as medidas de produtividade no podem ser correctamente estimadas sem se ter em
conta a qualidade. A ideia subjacente utilidade deste tipo de ndices de que os clientes
satisfeitos constituem um activo econmico da empresa e, como tal, geram receitas futuras.
Alguns resultados dos ndices em pases como a Sucia e os Estados Unidos da Amrica
confirmam estas hipteses. No caso da Sucia, prova-se que o aumento anual de um ponto
percentual no ndice ao longo de cinco anos conduz, em mdia, a um aumento de 6,5% no
retorno do investimento. No caso dos Estados Unidos sugere-se uma relao positiva entre
os resultados do ndice de satisfao dos clientes de determinada empresa e a rentabilidade
da mesma. De facto, Fornell (2000) constata que existe uma forte correlao entre o ndice
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de satisfao dos clientes americanos e a cotao mdia das empresas industriais includas
no Dow Jones.
2.5.1 SCSI Swedish Cust
A Sucia foi a pioneira em 1989 a apresentar um ndice de satisfao do cliente denominado
SCSI Swedish Customer Satisfaction Index
(1992). Este modelo tem como principal objectivo avaliar
servios atravs de antecedentes de satisfao: desempenho apercebido pelo cliente com o
produto ou servio e as expectativas do cliente. Como consequentes do modelo surgem as
reclamaes e a lealdade
grandes indstrias suecas
modelo sueco.
Figura
2.5.2 ACSI American Customer Satisfaction Index
Nos Estados Unidos a satisfao do cliente medida atravs do modelo ACSI
Customer Satisfaction Index
Michigan, pela ASQ (Sociedade Americana para o Controle de Qualidade) e pela empresa
CFI Group e apresentado por
americano foi baseado no mod
factores: qualidade apercebida, expectativas e valor apercebido. Como consequentes ps
satisfao o modelo prev as reclamaes e a lealdade.
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de satisfao dos clientes americanos e a cotao mdia das empresas industriais includas
Swedish Customer Satisfaction Index
A Sucia foi a pioneira em 1989 a apresentar um ndice de satisfao do cliente denominado
Swedish Customer Satisfaction Index, tendo como principal dinamizador
. Este modelo tem como principal objectivo avaliar a qualidade dos produtos ou
servios atravs de antecedentes de satisfao: desempenho apercebido pelo cliente com o
expectativas do cliente. Como consequentes do modelo surgem as
do cliente. Este modelo foi aplicado em 130 empresas de 32
grandes indstrias suecas (M. D. Johnson et al., 2001). Na Figura
Figura 2 Modelo SCSI original (M. D. Johnson et al., 2001)
American Customer Satisfaction Index
Nos Estados Unidos a satisfao do cliente medida atravs do modelo ACSI
Customer Satisfaction Index, desenvolvido em 1994 em conjunto pela Universidade de
Michigan, pela ASQ (Sociedade Americana para o Controle de Qualidade) e pela empresa
CFI Group e apresentado por Fornell, Johnson, Anderson, Cha, e Bryant (
americano foi baseado no modelo sueco e mede a satisfao do cliente em funo de trs
factores: qualidade apercebida, expectativas e valor apercebido. Como consequentes ps
satisfao o modelo prev as reclamaes e a lealdade.
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de satisfao dos clientes americanos e a cotao mdia das empresas industriais includas
A Sucia foi a pioneira em 1989 a apresentar um ndice de satisfao do cliente denominado
, tendo como principal dinamizador Fornell
a qualidade dos produtos ou
servios atravs de antecedentes de satisfao: desempenho apercebido pelo cliente com o
expectativas do cliente. Como consequentes do modelo surgem as
i aplicado em 130 empresas de 32
Figura 2 esquematiza-se o
Nos Estados Unidos a satisfao do cliente medida atravs do modelo ACSI American
, desenvolvido em 1994 em conjunto pela Universidade de
Michigan, pela ASQ (Sociedade Americana para o Controle de Qualidade) e pela empresa
e Bryant (1996). O modelo
elo sueco e mede a satisfao do cliente em funo de trs
factores: qualidade apercebida, expectativas e valor apercebido. Como consequentes ps-
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Na Figura 3 apresenta-se o modelo ACSI:
Figura 3 Modelo ACSI (Fornell, Johnson, Anderson, Cha, & Bryant, 1996)
A Qualidade Apercebida corresponde
um impacto directo na satisfao. Esta componente pode ser decomposta em duas variveis:
modo como os produtos/servios satisfazem as necessidades e fiabilidade (frequncia de
uma experincia negativa). De uma maneira
maior a satisfao do cliente.
O Valor Apercebido consiste no nvel de qualidade apercebido pelo cliente relativamente ao
preo pago. Ao incorporar esta componente no modelo est a considerar
preo nos resultados o que melhora o poder comparativo dos resultados entre empresas.
medida que o Valor Apercebido aumenta espera
aumente.
O diferencial entre Qualidade Apercebida e Valor Apercebido permite conclui
medida que o impacto do valor aumenta relativamente ao impacto da qualidade, o preo
torna-se cada vez mais determinante na satisfao.
A terceira componente o nvel de qualidade que os clientes esperam receber
Expectativas. Enquanto o Valor
nas experincias mais recentes com o produto/servio da empresa, as Expectativas baseiam
se em todas as experincias prvias existentes. Tal como os outros dois componentes as
Expectativas afectam positivamente a satisfao do cliente. Adicionalmente, esta
componente tem tambm um impacto positivo quer na Qualidade quer no Valor apercebidos
pelos clientes.
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se o modelo ACSI:
Modelo ACSI (Fornell, Johnson, Anderson, Cha, & Bryant, 1996)
A Qualidade Apercebida corresponde performance baseada na experincia recente e tem
um impacto directo na satisfao. Esta componente pode ser decomposta em duas variveis:
modo como os produtos/servios satisfazem as necessidades e fiabilidade (frequncia de
uma experincia negativa). De uma maneira geral, quanto maior a qualidade apercebida
maior a satisfao do cliente.
O Valor Apercebido consiste no nvel de qualidade apercebido pelo cliente relativamente ao
preo pago. Ao incorporar esta componente no modelo est a considerar
eo nos resultados o que melhora o poder comparativo dos resultados entre empresas.
medida que o Valor Apercebido aumenta espera-se que a satisfao dos clientes tambm
O diferencial entre Qualidade Apercebida e Valor Apercebido permite conclui
medida que o impacto do valor aumenta relativamente ao impacto da qualidade, o preo
se cada vez mais determinante na satisfao.
A terceira componente o nvel de qualidade que os clientes esperam receber
Expectativas. Enquanto o Valor e a Qualidade Apercebida so determinantes que se baseiam
nas experincias mais recentes com o produto/servio da empresa, as Expectativas baseiam
se em todas as experincias prvias existentes. Tal como os outros dois componentes as
ositivamente a satisfao do cliente. Adicionalmente, esta
componente tem tambm um impacto positivo quer na Qualidade quer no Valor apercebidos
e Satisfao do Cliente
17
Modelo ACSI (Fornell, Johnson, Anderson, Cha, & Bryant, 1996)
baseada na experincia recente e tem
um impacto directo na satisfao. Esta componente pode ser decomposta em duas variveis:
modo como os produtos/servios satisfazem as necessidades e fiabilidade (frequncia de
geral, quanto maior a qualidade apercebida
O Valor Apercebido consiste no nvel de qualidade apercebido pelo cliente relativamente ao
preo pago. Ao incorporar esta componente no modelo est a considerar-se a informao
eo nos resultados o que melhora o poder comparativo dos resultados entre empresas.
se que a satisfao dos clientes tambm
O diferencial entre Qualidade Apercebida e Valor Apercebido permite concluir que,
medida que o impacto do valor aumenta relativamente ao impacto da qualidade, o preo
A terceira componente o nvel de qualidade que os clientes esperam receber
e a Qualidade Apercebida so determinantes que se baseiam
nas experincias mais recentes com o produto/servio da empresa, as Expectativas baseiam-
se em todas as experincias prvias existentes. Tal como os outros dois componentes as
ositivamente a satisfao do cliente. Adicionalmente, esta
componente tem tambm um impacto positivo quer na Qualidade quer no Valor apercebidos
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
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As Expectativas so medidas pedindo aos clientes que se recordem do nvel de qualidade
que esperavam obter com o produto/servio, as suas expectativas quanto fiabilidade e as
suas expectativas globais face empresa.
A Qualidade Apercebida medida pelos clientes usando trs indicadores: qualidade
apercebida global, adaptao ao uso apercebida e fiabilidade apercebida.
O Valor Apercebido medido atravs de duas questes: avaliao da qualidade apercebida
em relao ao preo pago e avaliao do preo pago face qualidade apercebida.
A Satisfao dos clientes (ACSI) assim operacionalizada atravs de trs indicadores:
satisfao global com o produto/servio, satisfao comparada com as expectativas e
satisfao comparada com o produto/servio ideal. Estas medidas so as mesmas que so
utilizadas no modelo SCSI.
No modelo so tambm medidas as reclamaes dos clientes (nmero de reclamaes quer
formais ou informais) e includas duas medidas da lealdade do cliente (inteno de
permanecer como cliente/probabilidade de recompra e sensibilidade ao preo).
O projecto ACSI apresenta trs grandes objectivos (P. S. Coelho & M. J. Vilares, 2005):
Medida Fornecer uma medida da qualidade dos produtos e servios disponibilizados no
mercado americano, com base na avaliao feita pelos destinatrios destes produtos e
servios;
Contribuio Contribuir para a construo de um quadro conceptual que permita
compreender como a qualidade dos produtos e servios se relaciona com indicadores
econmicos;
Previso Possibilitar a previso da variabilidade econmica futura atravs da medida dos
activos intangveis e da relao entre estes activos e a rentabilidade das organizaes.
O ACSI torna-se um ndice comparativo ao longo dos anos entre empresas e permite
determinar quais as foras e fraquezas dentro da prpria empresa e entre os principais
concorrentes. Desta forma serve como um indicador relevante para os gestores das empresas
tomarem as suas decises, tal como os outros indicadores disponveis no balano das
empresas (produtividade e ndice de preos).
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2.5.3 ECSI European Customer Satisfaction Index
O modelo ECSI teve o seu incio em 1999 partindo
modelos Sueco e Americano. Os factores que antecedem a satisfao
imagem, expectativas, qualidade dos produtos e servios e valor apercebido; os factores
consequentes so o tratamento das reclamaes e a
objectivos semelhantes aos do projecto ACSI:
- Apoiar a competitividade e o desenvolvimento econmico europeus;
- Construir uma plataforma para o estabelecimento de comparaes ao nvel das empresas,
dos sectores de actividade e mesmo ao nvel dos pases;
- Prever resultados financeiros futuros, servindo como que um indicador avanado em
relao rentabilidade;
- Integrar a satisfao do cliente como objectivo central na gesto das empresas e
organizaes, facultando
- Fornecer s empresas um quadro de comunicao entre os seus clientes, os seus
empregados e os seus accionistas.
Figura
As principais diferenas entre o modelo ECSI e o modelo ACSI
- O modelo ACSI no integra a varivel imagem ao contrrio do modelo ECSI;
Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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European Customer Satisfaction Index
O modelo ECSI teve o seu incio em 1999 partindo da metodologia e experincia dos
modelos Sueco e Americano. Os factores que antecedem a satisfao
imagem, expectativas, qualidade dos produtos e servios e valor apercebido; os factores
consequentes so o tratamento das reclamaes e a lealdade do cliente. O projecto ECSI tem
objectivos semelhantes aos do projecto ACSI:
Apoiar a competitividade e o desenvolvimento econmico europeus;
Construir uma plataforma para o estabelecimento de comparaes ao nvel das empresas,
ividade e mesmo ao nvel dos pases;
Prever resultados financeiros futuros, servindo como que um indicador avanado em
Integrar a satisfao do cliente como objectivo central na gesto das empresas e
organizaes, facultando-lhes instrumentos de actuao neste domnio;
Fornecer s empresas um quadro de comunicao entre os seus clientes, os seus
empregados e os seus accionistas.
Figura 4 Modelo ECSI (Coelho & Vilares, 2005b)
As principais diferenas entre o modelo ECSI e o modelo ACSI so:
O modelo ACSI no integra a varivel imagem ao contrrio do modelo ECSI;
e Satisfao do Cliente
19
da metodologia e experincia dos
modelos Sueco e Americano. Os factores que antecedem a satisfao neste modelo so:
imagem, expectativas, qualidade dos produtos e servios e valor apercebido; os factores
O projecto ECSI tem
Apoiar a competitividade e o desenvolvimento econmico europeus;
Construir uma plataforma para o estabelecimento de comparaes ao nvel das empresas,
Prever resultados financeiros futuros, servindo como que um indicador avanado em
Integrar a satisfao do cliente como objectivo central na gesto das empresas e
nstrumentos de actuao neste domnio;
Fornecer s empresas um quadro de comunicao entre os seus clientes, os seus
O modelo ACSI no integra a varivel imagem ao contrrio do modelo ECSI;
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- Os indicadores de qualidade apercebida no modelo ECSI procuram avaliar diferentes
dimenses da qualidade, enquanto os indicadores adoptados no modelo ACSI so mais
globais e prximos dos indicadores das expectativas;
- Os indicadores das reclamaes no modelo ECSI procuram conhecer como os clientes
avaliam o tratamento dado ltima reclamao apresentada. Para os clientes que no
reclamaram, a avaliao reporta-se percepo como uma tal reclamao seria resolvida
no caso de ser apresentada. No modelo ACSI era apenas registado o nmero de vezes
que o cliente tinha reclamado;
- No caso da lealdade, o modelo ECSI utiliza trs indicadores: os dois adoptados pelo
ACSI e o indicador de probabilidade de recomendao.
A varivel latente Imagem pretende integrar quaisquer associaes que o cliente faa
marca/empresa (inovao, confiana, estabilidade, preocupao com os clientes,
contribuio para a sociedade). O modelo pressupe que esta varivel tem um impacto
directo na satisfao e lealdade e ainda um efeito indirecto atravs das expectativas.
As Expectativas incluem informao que os clientes detm sobre a fiabilidade dos
produtos/servios oferecidos pela empresa bem como a ideia que tm sobre a capacidade da
empresa oferecer produtos/servios capazes de satisfazer as suas necessidades. Segundo o
modelo, esta varivel ter um impacto directo na satisfao dos clientes e um impacto
indirecto atravs da qualidade e do valor apercebidos.
O antecedente Qualidade Apercebida integra vrias componentes como sejam, a qualidade
dos produtos/servios, o servio de aconselhamento, a acessibilidade, a fiabilidade, a
diversidade, a clareza e transparncia da informao e a dificuldade de avaliao da
qualidade. O modelo pressupe que esta varivel tem quer um efeito directo quer um efeito
indirecto, atravs do valor apercebido, na satisfao do cliente.
O Valor Apercebido, tal como nos restantes modelos referidos, inclui a noo de preo no
modelo acrescentando-lhe poder comparativo entre empresas, indstrias e at pases. O
modelo pressupe que esta varivel tem um impacto directo na construo da satisfao do
cliente.
Como consequentes da Satisfao surgem a Lealdade e as Reclamaes. A Lealdade o
objectivo final da medio da satisfao dos clientes, uma vez que d uma previso em
relao rentabilidade da empresa.
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 21
O modelo ECSI desenvolvido com base num questionrio anual e produz resultados que
permitem a comparao entre indstrias e entre pases.
semelhana dos outros dois modelos apresentados, o modelo ECSI composto por dois
sub-modelos: o modelo estrutural e o modelo de medida. O modelo estrutural define a
relao entre as variveis latentes (no directamente observveis) e o modelo de medida
engloba as relaes entre as variveis latentes e os indicadores observveis (variveis de
medida) a que correspondem as perguntas do questionrio.
Estes modelos apresentados tm de cumprir determinadas propriedades de forma a satisfazer
os objectivos j enunciados anteriormente (Anderson & Fornell, 2000): 1) preciso, 2)
validade, 3) fiabilidade, 4) poder de previso, 5) abrangncia, 6) simplicidade, 7)
diagnstico e 8) comparabilidade.
O poder de previso sobre futuros desempenhos das empresas e das economias leva a que
estes indicadores sejam considerados como estimadores da rentabilidade.
A capacidade de diagnstico, conseguida atravs do uso de um modelo economtrico
estrutural, permite no s estimar os ndices de satisfao do cliente mas tambm
diagnosticar as razes dos valores obtidos e as consequncias sobre a lealdade e sobre as
reclamaes dos clientes.
A possibilidade de agregao resulta das abordagens utilizadas serem sistematizadas entre
empresas, indstrias ou pases. Assim os ndices calculados ao nvel de empresa podem ser
agregados de forma a calcular os ndices do sector de actividade cuja posterior agregao d
origem aos ndices nacionais.
A principal condicionante da maioria dos modelos de satisfao do cliente o facto de
partirem do princpio que a satisfao o grande determinante na lealdade dos clientes. De
facto esta varivel tem muito peso na lealdade, contudo existem outras variveis que
concorrem para a sua variao como, por exemplo, as barreiras a mudanas. Como j foi
referido anteriormente a satisfao do cliente uma forte condicionante no sucesso de uma
empresa mas no uma condio suficiente.
Por outro lado, necessrio ter em considerao que o impacto da satisfao nos resultados
das empresas est dependente se a matria em causa um produto ou um servio. Esta
temtica foi abordada por Edvardsson et al. (2000) que conclui que a satisfao tem um
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Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009 22
efeito mais facilmente observvel quando se fala em servios do que quando se fala em
produtos. O autor salienta que, no caso dos servios, o processo de produo envolve no s
a empresa como tambm os seus empregados e os prprios clientes e decorre num momento
e local escolhido pelo prprio cliente. J o produto geralmente produzido numa fase
anterior venda, pelo que as polticas de reduo de preo podem pesar na lealdade dos
clientes. Com base nestas diferenas entre servio e produto, conclui-se que a lealdade
preferencialmente conquistada no caso dos servios e comprada no caso dos produtos.
Desta forma, a lealdade associada a um produto no normalmente to rentvel como a
lealdade associada a um servio.
2.6 Modelos de Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
Durante as ltimas dcadas a qualidade do servio transformou-se numa rea importante
para gestores e investigadores devido ao seu forte impacto no negcio, na reduo de custos,
na satisfao e na lealdade dos clientes. Desta forma, tem vindo a ser desenvolvida uma
forte pesquisa sobre a definio da qualidade de servio, sua medida, forma de recolha de
dados e modelao, sendo o ponto de partida do trabalho de muitos investigadores.
Para ganhar vantagens competitivas uma organizao deve usar a tecnologia com vista a
recolher a informao sobre as necessidades do mercado e a trocar essa informao com
outras organizaes com o propsito de melhorar a qualidade do servio. Os investigadores
e gestores procuram conhecer quais os componentes da qualidade de servio mais
determinantes na sua organizao, tendo como objectivo bvio a satisfao do cliente e o
aumento da rentabilidade. Neste contexto, os modelos ganham especial relevncia pois
servem no s para ajudar a entender quais os factores associados qualidade de servio,
como tambm fornecem uma direco para a sua melhoria.
Os modelos procuram mostrar quais as relaes existentes entre as variveis mais
importantes e descrever de modo simplificado as situaes reais. Adicionalmente, ajudam a
entender as relaes que antecedem ou procedem a formao da satisfao. Contudo,
segundo Vavra (1997) muitos poucos so os autores que apresentam um modelo de
satisfao no pela ausncia de ideias e motivaes para o fazer mas porque existe uma certa
relutncia em apresentar um modelo para ser mais tarde refutado ou substitudo por outro.
De seguida, apresentam-se alguns modelos de qualidade de servio e satisfao do cliente
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Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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propostos quer numa vertente geral, quer numa vertente mais especfica e direccionada para
a banca.
2.6.1 Modelos Gerais
2.6.1.1 Modelo de Desconfirmao das expectativas (Oliver, 1980)
A grande maioria dos estudos referentes aos antecedentes da satisfao est relacionada com
o paradigma da desconfirmao (Oliver, 1980), o qual sustenta que satisfao - ou
insatisfao - o resultado de uma comparao entre as expectativas iniciais existentes antes
da compra e os seus resultados. De acordo com Oliver (1980), os consumidores criam
expectativas em relao ao desempenho de um determinado produto ou servio antes da
compra. Essas expectativas so depois comparadas com o desempenho real assim que o
consumidor compra e/ou usa o produto ou servio. Dessa forma, as expectativas de um
indivduo podem ser confirmadas quando um produto tem o desempenho esperado; podem
ser desconfirmadas negativamente quando um produto tem um desempenho inferior ao
esperado; e podem ser desconfirmadas positivamente quando um produto apresenta um
desempenho superior ao esperado (Churchill & Surprenant, 1982; Evrard, 1993).
Figura 5 Modelo de desconfirmao das expectativas (Oliver, 1980)
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Proposta de Sistema de Reconhecimento da Qualidade
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De acordo com a Figura 5 o autor considerou um conjunto de equaes:
= = , = , = = , ,
Desta forma, Oliver (1980) estabelece que as expectativas contribuem para a formao das
atitudes e influenciam a satisfao que, por sua vez, tambm funo da percepo de
desconfirmao alcanada. Da mesma maneira, uma atitude ps-compra (t2) pode ser vista
como funo de uma atitude anterior e da satisfao/insatisfao respectiva. A inteno de
compra funo da atitude do consumidor e a inteno de recompra funo da inteno
anterior, da satisfao e da atitude.
2.6.1.2 Modelo Kano (1984) Qualidade Atractiva e Obrigatria (citado por Matzler,
Hinterhuber, Bailom, & Sauerwein (1996))
O modelo Kano desenvolvido por Noriaki Kano em 1984, aqui citado por Matzler et al.
(1996), leva em considerao a relao no linear entre desempenho e satisfao. Este
modelo distingue trs tipos de atributos que influenciam a satisfao dos clientes.
Atributos obrigatrios/bsicos So aqueles atributos que se no estiverem presentes ou
se o desempenho for inferior, os clientes iro ficar bastante insatisfeitos. Por outro lado, se
estiverem presentes ou o desempenho for superior, no trazem satisfao adicional. Desta
forma, os clientes vem estes atributos como pr-requisitos. Por exemplo, um cliente no se
sentir particularmente satisfeito se um restaurante estiver limpo, porm poder ficar
bastante insatisfeito se tal no acontecer.
Atributos unidimensionais/desempenho So os atributos em que a satisfao
proporcional ao nvel de desempenho, isto , quanto maior o nvel de desempenho maior
ser a satisfao e vice-versa. Por exemplo, a variedade da oferta num supermercado pode
ser considerada um atributo unidimensional, ou seja, quanto maior a variedade mais o
-
Mestrado Estatstica e Gesto de Informao | 2008/2009
cliente fica satisfeito. Se a variedade for inferior da concorrncia o cliente tender a ficar
insatisfeito. Estes atributos so normalmente exigid
Atributos atractivos/excitantes
seja, se tiverem um desempenho superior conduzem a uma satisfao tambm superior.
Contudo, estes atributos no trazem insatisfao
cliente ficar bastante satisfeito se lhe for oferecida uma pequena lembrana numa loja, mas
no ficar insatisfeito se tal no acontecer.
pelo cliente.
Figura 6 Modelo de Qualidade Atractiva e Obrigatria
Para alm destes trs grupos de
e reversos. Os atributos neutros no levam a satisfao n
reversos trazem maior satisfao se estiverem ausentes.
Matzler et al. (1996) sugerem que os trs atributos principais podem ser identificados
perguntando ao cliente qual a sua satisfao, quando os atributos tm um desempe
superior (questo positiva) ou um desempenho inferior (questo negativa). Dependendo das
respostas a estas questes o atributo considerado bsico, unidimensional ou atractivo.
2.6.1.3 Modelo de qualidade tcnica e funcional
Uma empresa que tenha com
percepo de qualidade que os seus clientes tm e de que forma a qualid
influenciada. A gesto da
corresponda ao servio esperado
Captulo 2 - Qualidade de Servio e Satisfao do Cliente
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cliente fica satisfeito. Se a variedade for inferior da concorrncia o cliente tender a ficar
insatisfeito. Estes atributos so normalmente exigidos explicitamente pelos clientes.
Atributos atractivos/excitantes So os atributos chave para a satisfao do cliente, ou
seja, se tiverem um desempenho superior conduzem a uma satisfao tambm superior.
Contudo, estes atributos no trazem insatisfao se no forem atingidos. Por exemplo, o
cliente ficar bastante satisfeito se lhe for oferecida uma pequena lembrana numa loja, mas
no ficar insatisfeito se tal no acontecer. Estes atributos no so explcitos nem esperados
Modelo de Qualidade Atractiva e Obrigatria de Kano (Matzler et al.
grupos de atri