proposta de procedimento para utilização conjunta de um simulador

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PROPOSTA DE PROCEDIMENTO PARA UTILIZAÇÃO CONJUNTA DE UM SIMULADOR COMPUTACIONAL E UM JOGO NA ÁREA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO Heitor Bezerra Coelho Machado (UNESP ) [email protected] Renato de Campos (UNESP ) [email protected] O Lean Board Game é um jogo acadêmico que visa, através de uma competição entre duas ou mais equipes, transmitir de maneira interativa e prática, conhecimentos e conceitos de engenharia de produção e de produção enxuta. O jogo simula uma inndústria de maneira bastante fiel, com muitas variáveis que estão presentes no cotidiano de grande parte das organizações. O interessante do jogo é sua flexibilidade em propor diferentes problemáticas. Este artigo teve como objetivo desenvolver um procedimento em que se possa usar o um simulador computacional como ferramenta de apoio na tomada de decisões do jogo. Para validar o modelo desenvolvido, ele foi testado, com o desenvolvimento de hipóteses a partir de um contexto e objetivo propostos, e a simulação destas hipóteses no software, e com os resultados obtidos calculados os indicadores do jogo em uma rodada. Com base nos resultados do teste realizado, o procedimento demonstrou que a simulação como ferramenta para a tomada de decisões do jogo pode representar uma alternativa visando contribuir para alcançar o objetivo proposto pelo Lean Board Game, ou seja, o ensino e aprendizagem de temas relacionados a gestão da produção. Para a validação do método, novos testes devem ser realizados e ele deve ser posto em prática em algumas rodadas reais do jogo Lean Board Game. Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Simulação, Jogos, Lean Production, Gestao da Produção. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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PROPOSTA DE PROCEDIMENTO PARA

UTILIZAÇÃO CONJUNTA DE UM

SIMULADOR COMPUTACIONAL E UM

JOGO NA ÁREA DE GESTÃO DA

PRODUÇÃO

Heitor Bezerra Coelho Machado (UNESP )

[email protected]

Renato de Campos (UNESP )

[email protected]

O Lean Board Game é um jogo acadêmico que visa, através de uma

competição entre duas ou mais equipes, transmitir de maneira

interativa e prática, conhecimentos e conceitos de engenharia de

produção e de produção enxuta. O jogo simula uma inndústria de

maneira bastante fiel, com muitas variáveis que estão presentes no

cotidiano de grande parte das organizações. O interessante do jogo é

sua flexibilidade em propor diferentes problemáticas. Este artigo teve

como objetivo desenvolver um procedimento em que se possa usar o

um simulador computacional como ferramenta de apoio na tomada de

decisões do jogo. Para validar o modelo desenvolvido, ele foi testado,

com o desenvolvimento de hipóteses a partir de um contexto e objetivo

propostos, e a simulação destas hipóteses no software, e com os

resultados obtidos calculados os indicadores do jogo em uma rodada.

Com base nos resultados do teste realizado, o procedimento

demonstrou que a simulação como ferramenta para a tomada de

decisões do jogo pode representar uma alternativa visando contribuir

para alcançar o objetivo proposto pelo Lean Board Game, ou seja, o

ensino e aprendizagem de temas relacionados a gestão da produção.

Para a validação do método, novos testes devem ser realizados e ele

deve ser posto em prática em algumas rodadas reais do jogo Lean

Board Game.

Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Simulação, Jogos, Lean

Production, Gestao da Produção.

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1. Introdução

O Planejamento e Controle Da Produção (PCP) são algumas das funções que mais impactam

na eficácia global da organização. O PCP encarrega-se de produzir na quantidade certa, no

momento correto e em um nível de qualidade adequado (SLACK et al., 2009).

Ainda no âmbito do PCP, as decisões sobre o arranjo físico ou layout do chão de fábrica são

extremamente relevantes. Decidir aonde alocar as máquinas, equipamentos e pessoas é um

processo que deve ser profundamente planejado, pois está diretamente relacionado com a

capacidade e a produtividade das operações, é uma decisão que envolve uma grande

quantidade de capital e qualquer mudança futura apresentará uma grande dificuldade

(MOREIRA, 2000).

Para o ensino e aprendizado da Gestão da Produção pode se fazer uso de jogos que permitam

visualizar a prática da teoria, mostrando uma grande ajuda na retenção do conhecimento. Um

destes jogos é o Lean Board Game, que propõe o planejamento de uma unidade produtiva e,

através de uma competição entre equipes, utilizar conceitos aprendidos nas aulas (GRUPO

ENGENHO, 2016).

No Lean Board Game, é necessário desenvolver o layout da produção e o fluxo produtivo.

Tanto em um jogo acadêmico quanto em uma indústria real, o uso softwares de simulação,

como o Promodel, é extremamente benéfico, pois com este tipo de ferramenta é possível

prever o comportamento de um cenário complexo.

O objetivo deste trabalho é propor um procedimento que torne possível utilizar o jogo Lean

Board e o software de simulação Promodel de maneira simultânea, sendo o software uma

ferramenta de apoio na tomada de decisões do jogo, visando buscar as melhores soluções no

layout e no fluxo produtivo para a empresa no cenário proposto.

A utilização das duas ferramentas em conjunto pode promover uma sinergia no processo de

aprendizado sobre conceitos de engenharia de produção.

Assim, após a revisão da literatura, são apresentadas a incorporação de algumas etapas

incluindo a utilização da simulação no procedimento do jogo, e algumas ilustrações de como

seriam estas etapas dentro de um procedimento de uso do Lean Board Game.

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2. Revisão da literatura

2.1 Planejamento e Controle da Produção – PCP

O Planejamento e controle da produção, segundo Lustosa et al. (2008), é uma necessidade

para a sobrevivência de uma empresa nos dias de hoje. Com o avanço tecnológico e o

aumento da concorrência global, a produção se tornou uma importante vantagem competitiva

e um importante papel no planejamento estratégico da empresa. Para Fernandes et al. (2010),

o planejamento e controle da produção são um conjunto de decisões que tem como objetivo

definir o que, quanto, quando, quem aonde e como produzir, comprar e entregar.

O processo de planejamento da produção é afetado pela inércia de decisão, ou seja, o espaço

de tempo entre o planejar e o executar. Isto porque neste intervalo podem ocorrer imprevistos,

especialmente se o planejamento for de longo prazo (CORRÊA et al., 2008; VOLLMANN et

al., 2008).

Segundo Lustosa et al. (2008), a principal propriedade do estoque no PCP é conferir

independência entre os processos produtivos, já que cada um tem o seu próprio ritmo. Dentre

as vantagens que o estoque pode conferir estão: pronto-atendimento, ganho de escala,

proteção, antecipação e especulação. Porém estas vantagens não são gratuitas, pois os

estoques representam custos.

2.2 Arranjo Físico

O arranjo físico ou layout de uma unidade pode ser definido com a distribuição dos recursos

produtivos no chão de fábrica, tais como máquinas, equipamentos, pessoas e instalações

(SILVA et al., 2012).

Segundo Slack et al. (2009), existem quatro tipos básicos de arranjo físico: i) Arranjo físico

posicional ou arranjo físico de posição fixa ; ii) Arranjo físico por processo ; iii) Arranjo

físico por produto, arranjo em fluxo ou arranjo por produto ; iv) Arranjo celular. Geralmente

as empresas empregam um arranjo misto.

Existem muitos fatores que influenciam a escolha do tipo de arranjo físico, mas as duas

variáveis que possuem mais influência na hora da decisão são o volume e a variedade. Um

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volume baixo e variedade alta se adaptam melhor a um arranjo físico posicional ou talvez por

processo. Por outro lado um volume alto com variedade baixa se adapta melhor a um arranjo

físico por produto (SLACK et al. 2009). A Figura 1 a seguir demonstra a relação do volume e

da variedade com o tipo de arranjo físico ideal.

Figura 1 – Volume e variedade X tipo de arranjo

físico

Fonte: Slack et al., (2009)

2.3 Lean manufacturing

Segundo Liker et al. (2006), o lean manufacturing, ou produção enxuta, prega uma filosofia

enxuta, sendo seus objetivos o foco no cliente, melhoria contínua e qualidade, tendo como

método a melhoria contínua e a forte integração dos processos.

O lean busca a melhoria contínua do sistema produtivo, identificando e reduzindo os

desperdícios, baseando-se em 5 princípios (SATOLO et al., 2006; WOMACK; JONES,

2004):

Definição de valor, a partir da perspectiva do cliente final.

Definir as características do produto a partir das necessidades do cliente.

Tornar o fluxo dos processos, desde o início até a entrega ao cliente final, contínuo e

harmônico, eliminando os desperdícios que não agregam valor.

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Somente produzir o que, quanto e quando for necessário, reduzindo os estoques em

processo em processo e de produtos finalizados.

Buscar sempre a perfeição, implantando a melhoria continua sempre.

Dallas et al. (2006) relata que com a implantação da produção enxuta os estoques são

reduzidos ao seus mínimos, evidenciando desperdícios que antes eram camuflados pelo

estoque excedente. Desta maneira pode-se evidenciar a situação real da empresa, permitindo a

eliminação de desperdícios e a melhoria continua, resultando em lead times menores e uma

maior flexibilidade.

2.4 Simulação e modelagem

A simulação é uma ferramenta que permite a análise do comportamento e do desempenho de

um sistema real a partir da sua modelagem, através de modelos matemáticos ou

computacionais. Simulação pode ser descrito como “tentativa de replicar ou imitar formas do

comportamento de um sistema, real ou sendo projetado, através da construção de um modelo

matemático desenvolvido em um computador” (VIEIRA, 2006).

Chwif et al. (2010) também consideram a simulação uma poderosa ferramenta, isto devido ao

fato de que com a simulação, é possível observar, com fidelidade, os comportamentos

dinâmicos e aleatórios de sistemas reais, que possuem um alto nível de complexidade.

Segundo Harrel et al. (2000), os custos da implementação de um sistema de simulação devem

ser considerados, já que são necessários hardwares, softwares e mão de obra especializada. Da

mesma maneira o beneficio recorrente da simulação também deve ser considerado.

Comparando a implantação de dois projetos, um com simulação e outro sem, inicialmente o

custo com simulação será maior. Porém este custo a mais pode ser explicado com a economia

que ele ira gerar. A Figura 2 demonstra esta relação.

Figura 2 - Comparativo de custos com e sem simulação

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Fonte: Harrell et al. (2000)

2.5 Promodel

Dentre os softwares simulação e modelagem, o Promodel é um dos que mais tem ganhado

destaque. Desenvolvido pela Promodel Corporation, o programa ganha destaque por sua

grande quantidade de ferramentas, capacidade de simular diferentes ambientes e fácil

utilização. Pode-se inserir variáveis aleatórias e utilizar distribuições probabilísticas nas

simulações. Após a modelagem da linha e da simulação o programa tem a opção de gerar

relatórios com diversas informações, como por exemplo, a utilização dos recursos produtivos,

que servem como base para o cálculo da eficiência da linha produtiva. Por ser um programa

intuitivo e de fácil utilização não é necessário um treinamento extenso e seu aprendizado pode

ser feito de maneira simples e rápida (BELGE CONSULTORIA, 2016).

2.6 Lean Board Game

O Lean Board Game é um jogo de tabuleiro desenvolvido pelo GRUPO ENGENHO (2016)

que propõe a criação de um sistema produtivo do zero, e através da competição de duas

equipes colocar conhecimentos de engenharia de produção e mais especificamente de

manufatura lean. Dentre as atividades do jogo estão: Projeto do layout incluindo corredores,

áreas de circulação, áreas suporte e áreas de estoque; definição dos turnos e jornadas;

aquisição de máquinas e equipamentos; contratação de mão-de-obra; aquisição de recursos

auxiliares; definição e aquisição de embalagens; sincronização das áreas produtivas e

distribuição de atividades e processos.

3. Desenvolvimento

3.1 Contextualização do jogo

Lean Board Game é um jogo acadêmico que visa, através de uma competição entre duas ou

mais equipes, transmitir de maneira interativa e prática, conhecimentos e conceitos de

engenharia de produção e de produção enxuta.

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O jogo simula uma indústria de maneira bastante fiel, com muitas variáveis que estão

presentes no cotidiano de grande parte das organizações. O interessante do jogo é sua

flexibilidade em propor diferentes problemáticas.

Antes do jogo começar, o contexto em que a empresa fictícia se encontra deve ser

desenvolvido pelo moderador do jogo. Este contexto deve conter informações do mercado,

dos fornecedores e dos processos internos. Neste a suposta empresa pode apresentar um ou

mais desafios que devem ser o objetivo final do jogo, como por exemplo: baixa eficiência;

baixa produtividade; custos elevados; receita baixa; e layout ineficiente entre outros.

Segundo o GRUPO ENGENHO (2016), os processos que devem ser planejados pelos

jogadores são:

Definição do layout incluindo corredores, áreas de circulação, áreas de estoque e áreas

de suporte;

Definição de turnos e jornadas de trabalho;

Aquisição de máquinas e equipamentos;

Contratação de mão-de-obra;

Aquisição de recursos auxiliares;

Definição e aquisição de embalagens;

Sincronização de áreas produtivas;

Distribuição de atividades e processos.

Alguns dados são fornecidos pelo jogo, entre eles:

Mix de produtos: engrenagem e eixo

Custo da matéria prima: R$15,00 por peça produzida

Custo da mão-de-obra: R$2850,00 por mês e R$26,00 por hora extra

Custos fixos da instalação industrial: R$20000,00

Taxa de financiamento: 100% em 10 anos

Informações sobre as máquinas e equipamentos: descritos na tabela a seguir (Tabela 1)

O jogo define as informações sobre as máquinas (Tabela 1), como também são definidos os

tempos para as operações durante a produção.

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Durante cada rodada são calculados os resultados e obtidos alguns indicadores relativos a

lucratividade, eficiência, produtividade, lead time, custos de mão-de-obra, custos gerais e

depreciação. Ao fim de 5 rodadas vence a equipe que apresentar o melhor desempenho global.

Para este acompanhamento o jogo fornece uma tabela que deve ser preenchida a cada rodada

(ver Tabela 2).

Tabela 1 - Portfólio de máquinas

TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3

Máquina 1A 1B 1C 2A 2C 3C 4B 5B

Custo

R$

30.000

R$

200.000

R$

350.000

R$

400.000

R$

750.000

R$

750.000

R$

50.000

R$

400.000

EN

GR

EN

AG

EM

Tempo de Ciclo Médio

(seg) 325 116,2 49 82 56 59 180 80

Custo Ferramental

(peça)

R$

1,10

R$

1,30

R$

2,40

R$

1,50

R$

2,70

R$

1,50

R$

0,00

R$

1,00

Custo de Manutenção

(dia)

R$

100,00

R$

120,00

R$

72,00

R$

140

R$

80,00

R$

40,00

R$

100,00

R$

200,00

Peças por ciclo

42

Vida Útil (ano) 4 10 10 10 10 10 10 10

Prazo de entrega (meses) 1 1 1 1 1 1 10 10

Automação Não sim sim sim sim sim não não

EIX

O

Tempo de Ciclo Médio

(seg) 480 171,4 71,4 60 41 38 180 80

Custo Ferramental

(peça)

R$

1,50 R$ 1,80 R$ 3,60 R$ 1,10 R$ 1,90 R$ 0,90

R$

0,00 R$ 1,00

Custo de Manutenção

(dia)

R$

100,00

R$

120,00

R$

72,00

R$

140

R$

80,00

R$

40,00

R$

100,00

R$

200,00

Peças por ciclo

33

Vida Útil (ano) 4 10 10 10 10 10 10 10

Prazo de entrega (meses) 1 1 1 1 1 1 10 10

Automação não sim sim sim sim sim não não

Fonte: Adaptado do Lean Board Game

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O jogo possui um tabuleiro principal, como demonstrado na Figura 3, aonde se pode

visualizar a empresa como um todo e acompanhar o andamento do jogo durante as rodadas.

Neste tabuleiro são representados os fornecedores, o layout da empresa (onde ficam as

máquinas, equipamentos, pessoas, estoque, estoques de supermercado etc.), alguns

indicadores, uma tabela com o acompanhamento dos rounds, algumas cartas “surpresa”

(representam algumas variáveis aleatórias que simulam as incertezas do dia a dia em uma

indústria) e mais algumas informações a respeito da empresa.

Figura 3 – Tabuleiro do

jogo Fo

nte: Lean Board Game

3.2 Procedimento para o Jogo

Visando tornar esta etapa mais intuitiva e lógica foi desenvolvido um método com alguns

passos para tomar estas decisões de forma sequencial:

Round 0 (Início do jogo)

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O moderador deve fornecer alguns dados para as equipes. Estes dados foram desenvolvidos

pelo moderador ou por sua equipe para oferecer desafios durante o jogo, colocando em prática

alguns conceitos de engenharia de produção. Estes dados são:

Descrição do mercado: a situação atual do mercado em que a empresa se encontra e

suas características. Por exemplo, se há alguma recessão ou se o mercado apresenta

sazonalidade

Descrição da empresa: as características e o status atual da empresa. Por exemplo, a

condição financeira e o espaço físico.

Descrição dos fornecedores: informações a respeito de seus fornecedores, como

tamanho do lote mínimo, prazo de entrega e custo de transporte.

Mix de produtos: embora os produtos já serem pré-estabelecidos (engrenagem e eixo),

outras informações devem ser disponibilizadas, como processo de fabricação e previsão

de demanda

Com os dados distribuídos deve-se ser apresentada a problemática do jogo, ou seja, o desafio

a ser resolvido pelas equipes, sendo que todo o planejamento deve ser realizado baseado nesta

problemática.

Round 1

1° passo: Identificar as limitações da empresa a partir das informações disponibilizadas

(capital disponível, demanda, espaço físico, etc.).

2° passo: Verificar quais destas limitações afetarão o objetivo principal.

3° passo: Aquisição das máquinas. A partir do capital disponível, analisar quais máquinas

melhor atendem o desafio proposto.

4° passo: Projeto do layout. Deve ser definido o local de cada máquina, o local dos

corredores, áreas de circulação, de suporte e de estoque.

5° passo: Aquisição de máquinas. Deve ser analisado quais equipamentos serão úteis nos

processos da indústria.

6° passo: Aquisição de embalagens.

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7° passo: Definição dos turnos e jornadas. Baseado na problemática e na capacidade produtiva

deve-se definir os turnos e as jornadas de trabalho

8° passo: Contratação de mão-de-obra. A partir da proposta, do layout e dos turnos, a mão-de-

obra deve ser contratada.

9° passo: Sincronização da produção. Com quase todo o planejamento já realizado, a

produção deve ser sincronizada.

10° passo: Distribuição de atividades e processos. Todos os recursos devem ser alocados ao

seu processo referente.

Cada um desses passos deve ser tomado com o foco na problemática principal proposta, de

maneira a alinhar o objetivo em cada decisão. A cada etapa deve ser verificado se a decisão

não entrou em conflito com as decisões anteriores, se há alguma possível melhora e se todas

estão alinhadas com a problemática. O fluxograma a seguir (Figura 4) demonstra o método.

Figura 4 - Fluxograma do jogo

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Nos turnos seguintes poderão ser apresentadas mudanças no cenário proposto. Também

poderá ser analisado os resultados obtidos no turno anterior. Se for necessário realizar

modificações pode-se seguir os mesmos passos, com a diferença que, além de mais

informações, o planejamento não começará do zero.

3.3 Aplicação do Promodel no procedimento do jogo Lean Board Game

O Promodel é um software de simulação de eventos discretos, que é usado para planejar,

projetar e melhorar processos de manufatura, logística e serviços. Com ele se pode modelar

ambientes com muitas variáveis e com lógicas complexas e através da simulação prever

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virtualmente seu comportamento na vida real. A utilização do Promodel nos processos tem e

demonstrado uma forte ferramenta na redução de custos, aumento de capacidade e redução do

lead-time.

Visto que o Lean Board Game tem como intuito imitar de maneira fiel uma empresa

manufatureira, e mais especificamente seus processos produtivos, o software Promodel pode

ser utilizado como apoio a tomada de decisões no jogo, especialmente nos quesitos máquinas

e layout.

Ao adicionar o software como ferramenta de apoio para tomada de decisões do jogo, o passo a

passo para o planejamento das rodadas irá mudar. Os passos 3, 4 e 5, aquisição de máquinas,

projeto do layout, e aquisição de equipamentos, respectivamente, se tornarão no

desenvolvimento de hipóteses de aquisição de máquinas, do projeto de layout e da aquisição

de equipamentos. Depois destas etapas serão adicionados 4 novos passos (sendo as 3

subsequentes realizadas pelo software Promodel), são eles:

Modelagem das hipóteses. As hipóteses de aquisição de máquinas e do projeto de

layout são modeladas no software.

Simulação das hipóteses.

Analise dos resultados. A partir dos relatórios gerados pelo software, as melhores

hipóteses são escolhidas.

Aplicação da hipótese. A melhor hipótese é aplicada.

Atualizando o fluxograma do procedimento sem as simulações (Figura 4), obtém-se o novo

procedimento a seguir (Figura 5). Assim demonstrado aonde e de que maneira o Promodel

pode ser introduzido no processo do jogo Lean Board Game.

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Figura 5 - Fluxograma do jogo

atualizado

3.4 Exemplo Ilustrativo

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Para verificar a validade do procedimento foi realizado um teste em que é proposto o contexto

em que uma empresa fictícia é possível o projeto da empresa com o desenvolvimento de 3

hipóteses baseando-se nos três tipos básicos de arranjo físico (funcional, celular e por

produto). A Figura 6 exemplifica a simulação da hipótese de projeto com o layout, e a Figura

7 mostra o relatório com dados de desempenho do sistema produtivo.

Figura 6 – Simulação da hipótese com layout

Funcional

Fonte: Software Promodel

Figura 7 - Produtividade da hipótese com layout Funcional

Fonte: Software Output Viewer - Promodel.

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Ao se obter os dados do desempenho da produção com determinada hipótese, os cálculos da

tabela de controle do jogo pode ser montada (ver exemplo na Tabela 2 para o arranjo por

produto).

Tabela 2 – Tabela de controle da hipótese de layout por produto

TABELA DE CONTROLE - hipótese 3

REFERÊNCIAS ROUND 1

LEAD TIME

(tempo de processo+tempo de espera) em horas

VENDAS

CAPACIDADE DE PRODUÇÃO POR DIA

QUANTIDADE ENTREGUE POR DIA (ENGRENAGEM) 409

QUANTIDADE ENTREGUE POR DIA (EIXO) 504

DIAS ÚTEIS 22

PREÇO DA ENGRENAGEM (R$) 18

PREÇO DO EIXO(R$) 31

FATURAMENTO

505692 [(qtd engr X preço)+(qtd eixo X preço)] X dias

CUSTO E

DESPESAS

QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS 4

TURNOS 1

HORAS EXTRAS POR DIA 0

MÃO-DE-OBRA

11400 (operadores X turnos X R$2850)+(Horas extras X R$26)

MATÉRIA PRIMA

301290 qtd de unidades X R$15

ESTOQUE EM PROCESSO-WIP

CUSTO FERRAMENTAL POR PEÇA (ENGRENAGEM) 6,6

CUSTO FERRAMENTAL POR PEÇA (EIXO) 6,4

FERRAMENTAL

130350 (qtd engre X custo fer.)+(qtd eixo X custo fer.)

MANUTENÇÃO POR DIA 384

MANUTENÇÃO

8448 Custo por dia X número de dias

NÚMERO DE EMPILHADEIRAS 0

EMPILHADEIRAS

0 Qtd de empilhadeiras X R$5000

QUANTIDADE REJEITADA POR DIA

REJEIÇÃO

0 Qtd rejeitada X R$15

INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS

20000 fixo em R$20000

FINANCIAMENTO DE EQUIPAMENTO

0 100% em dez anos

CUSTO + DESPESA 471488

CUSTO POR PEÇA

23,47346 (Custo+despesa)/Numero de peças

RESULTADOS LUCRO ($) 34204

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FINANCEIROS Faturamento - custos e despesas

LUCRO (%)

1,702878 (lucro/faturamento) X 100

Visando comparar os principais indicadores resultantes de cada hipótese, obtem-se a Tabela 3.

Se analisarmos a tabela, é identificado que a hipótese que apresenta um menor custo total é a

2°, com arranjo físico celular, porém a hipótese que apresenta a maior produtividade,

faturamento e lucro é a terceira, com arranjo físico por produto.

Tabela 3 - Comparação entre as hipóteses

COMPARAÇÃO DE RESULTADOS

Indicadores HIPÓTESE 1

HIPÓTESE 2

HIPÓTESE 3

Tipo de arranjo

Layout Funcional

Layout Celular

Layout por Produto

Quantidade de

engrenagens 9000 9000 9000

Quantidade de

eixos 9000 9000 11088

Faturamento

R$

440.902,00

R$

440.902,00

R$

505.692,00

Custos +

Despesas

R$

442.314,00

R$

438.148,40

R$

471.488,00

Custo por

unidade

R$

24,58

R$

24,35

R$

23,47

Lucro

-R$

1.412,00

R$

2.753,60

R$

34.204,00

Lucro

percentual -0,07% 0,15% 1,70%

4. Considerações Finais

O Lean Board Game é uma ferramenta de ensino que visa pôr em prática conhecimentos

teóricos adquiridos em salas de aula. Ele funciona como um jogo que reproduz uma unidade

produtiva de uma indústria. Por reproduzir uma linha de produção, o software Promodel pode

ser usado como uma ferramenta de apoio para a tomada de decisões deste jogo.

O estudo realizado teve como objetivo desenvolver um procedimento em que se possa usar o

um simulador (Promodel, FlexSim, Arena ou outro simulador) como ferramenta de apoio na

tomada de decisões do jogo. Para validar o modelo desenvolvido, ele foi testado, com o

Page 18: proposta de procedimento para utilização conjunta de um simulador

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

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desenvolvimento de hipóteses a partir de um contexto e objetivo propostos, e a simulação

destas hipóteses no software, e com os resultados obtidos calculados os indicadores do jogo

em uma rodada.

Com base nos resultados do teste realizado, o procedimento demonstrou que a simulação

como ferramenta para a tomada de decisões do jogo pode representar uma alternativa visando

contribuir para alcançar o objetivo proposto pelo Lean Board Game, ou seja, o ensino e

aprendizagem de temas relacionados a gestão da produção. Para a validação do método, novos

testes devem ser realizados e ele deve ser posto em prática em algumas rodadas reais do jogo

Lean Board Game.

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