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Promotoria de Justiça de Itapirapuã
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE
ITAPIRAPUÃ-GO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE
GOIÁS, por intermédio deste Promotor de Justiça, com fulcro nos artigos 37,
caput e § 4º, 127 e 129, inciso III, da Constituição da República, na Lei n.º
8.429/92, no art. 25, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da Lei n.º 8.625/93 (Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público), na Lei n.º 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública) e no Código de Processo Civil, ajuíza a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
CUMULADO COM PEDIDO DE OBRIGAÇÃO
DE NÃO FAZER
em desfavor de:
CONCEIÇÃO SOARES GABRIEL, brasileira,
casada, tesoureira da Câmara Municipal de
Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
Cidade de Itapirapuã/Goiás. Fone: (62) 3374-1236 1/54
Promotoria de Justiça de Itapirapuã
Itapirapuã, filha de Odilio Soares da Costa e Cézar
Adelina da Costa, inscrita no CPF sob o nº
724330866-04 , portadora do RG nº MG-7.618.830,
residente e domiciliada à Av. Brasília, Qd.10,Lt.07,
Setor São Domingos, neste município;
ELIZÂNGELA JUSTINA DE CAMPOS,
brasileira, amasiada, diretora de arquivo da Câmara
Municipal de Itapirapuã, filha de Augusto Adão de
Campos e Maria Aparecida de Campos, RG
desconhecido, CPF desconhecido, residente e
domiciliada à Avenida Tancredo Neves, nº 32, Setor
Centro, neste município;
JANIELE C. MARTINS, brasileira, solteira,
nascida aos 23.06.1987, RG 5272784-SSPTC-GO 2ª
via, CFP 024.680.831-48, residente e domiciliada na
Rua 23, Qd. B-1, Lt. 03, Centro, Itapirapuã-GO;
JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA,
brasileiro,casado, servidor público municipal, filho
de José de Souza Moreira e Luiza Ana do
Nascimento, inscrito no CPF sob o nº 5175439,
portador do RG nº 834720, 2ª via, residente e
domiciliado à Rua 23, Qd.10, Lt.17, nº 02, Setor
Centro, neste município; Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
Cidade de Itapirapuã/Goiás. Fone: (62) 3374-1236 2/54
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ODAIR F. DO NASCIMENTO brasileiro, nascido
em 08.11.1963, Registro Geral nº 2343837 SSP/GO,
inscrito no CPF sob o nº 292.181.791-87, filho de
Libânio Benedito do Nascimento e de Andreza
Ferreira Nascimento, residente na Rua Cora
Coralina, Qd. 04, Lt. 21, Centro, município de
Itapirapuã/GO; e
VILMAR CARDOSO DA SILVA, brasileiro,
casado, presidente da Câmara Municipal de
Itapirapuã, filho de José Cardoso da Silva e Josina
Francisca da Silva, portador do RG nº 1403575
SSPGO, inscrito no CPF sob o nº 359.995.511-53,
residente e domiciliado na Avenida Mato Grosso,
Qd. 09, Lt. 05, Setor São Domingos, neste
município;
pelos fundamentos de fato e dereito doravante
expostos.
DOS FATOS
O Ministério Público de Goiás, por intermédio do
seu órgão de execução situado no município de Itapirapuã, instaurou Inquérito
Civil Público com a finalidade de averiguar a notícia de que servidores da
Câmara Municipal do citado município, que não estavam em gozo regular de Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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férias, teriam trabalhado em regime de rodízio durante todo o recesso
parlamentar ocorrido em julho de 2010 e, ainda assim, abaixo da jornada de
trabalho a qual se subordinam, o que implica em grave transgressão aos
postulados da legalidade, da eficiência e da continuidade do serviço público.
Iniciada a investigação, restou apurado que o
Estatuto dos Servidores Públicos de Itapirapuã, Lei 293/90, mais precisamente
em seus artigos 170, 172 e 241, impõe a jornada de trabalho dos servidores da
Câmara Municipal como sendo de 40 horas semanais.
A Sra. Kaleia Ribeiro Mendonça, Secretária Auxiliar
desta promotoria, esteve por diversas vezes na Câmara Municipal de
Itapirapuã, no mês de julho do ano de 2010, na tentativa de entregar os ofícios
260/2010; 268/2010 e 297/2010, destinados ao Presidente da Casa,
deparando-se com as seguintes situações:
1) (Certidão nº 1) Na data de 12 de julho de
2010, por volta das 10h05min, a secretária certificou que encontrou na
Câmara Municipal somente uma funcionária chamada Elisângela que a teria
informado que a Câmara estaria em recesso naquele mês e que alguns
funcionários se encontravam de férias. A secretária ficou ciente que naquela
semana quem estaria trabalhando era a Sra. Elizângela, mas na semana
posterior àquela a funcionária de nome Conceição que ficaria responsável pela
Casa, uma vez que ela mesma (Elisângela), Conceição e Luzia estariam
trabalhando de forma alternada. A secretária inclusive perguntou se no período
vespertino a Câmara não abriria as portas, tendo resposta que apenas até as Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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16h;
2) (Certidão nº 2) Na mesma data a Sra. Kaleia
dirigiu-se novamente ao prédio da Câmara, por volta das 16:20min, quando na
ocasião o prédio se encontrava de portas fechadas. A Sra. Kaleia naquele
momento encontrou com a Sra. Sandra Vieira, funcionária da prefeitura
municipal que, lhe informou que a Câmara estaria fechada porque todos os
funcionários da casa estariam de férias;
3) (Certidão nº 03) Na data de 13 de julho do ano
de 2010, às 15h55min, a secretária se dirigiu até o prédio da Câmara quando
teria encontrado somente a funcionária Elizângela na recepção. A funcionária
que estava vendo TV, disse que estava aguardando até as 16h para fechar a
casa, afirmando que ninguém teria comparecido ao local;
4) (Certidão nº 04) No dia 15 de julho de 2010,
às 10h05min, novamente a Sra. Kaleia se dirigiu ao mesmo local, sendo que
na ocasião encontrou as portas da Câmara Municipal de Itapirapuã fechadas.
Certificou, ainda, que ao se dirigir até a prefeitura foi informada pelo
funcionário João Paulo Carneiro Mendonça que a Câmara estaria funcionando
das 08h às 09h, no período matutino e das 13h ás 16h no vespertino em razão
do recesso;
5) (Certidão nº 05) Na data de 15 de julho do ano
de 2010, ás 13h55min, a Sra. Kaleia dirigiu-se até a Câmara e encontrou
novamente só a funcionária Elisângela Campos no local.Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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6) (Certidão nº 06) Por fim, a secretária Kaleia,
na data de 28 de julho de 2010, às 16h40min, se deslocou até o Prédio da
Câmara Municipal de Itapirapuã, encontrando a porta principal que dá acesso
à recepção aberta e as demais portas das outras salas da dependência fechadas.
Questionado, naquele momento, um funcionário da prefeitura que estaria
próximo a porta principal se ele havia visto algum funcionário da Câmara,
respondeu que a funcionária chamada Conceição estava trabalhando naquele
dia mas que ia embora todos os dias as 16h.
Todas as mencionadas certidões foram devidamente
anexadas ao inquérito e comprovam que a denúncia relacionada ao rodízio
irregular de servidores da Câmara Municipal de Itapirapuã estava correta.
Houve redução do expediente administrativo naquela casa sem qualquer
previsão legal, ou ato formal que o autorizasse, e, ainda, rodízio de servidores
que proporcionaram dias a mais de folga aos funcionários que inclusive já
haviam gozado as suas férias, justificado tal ato pela existência do recesso
parlamentar federal que nada tem haver com o funcionamento da Câmara
daquele município.
A instrução do inquérito colacionou aos autos
documentos que comprovam a prática de condutas ímprobas, bem como
atribuem a responsabilidade do ato irregular e ilegal aos servidores que
participaram do rodízio e ao Presidente da Câmara Municipal de Itapirapuã,
que por sua vez, autorizou verbalmente que o fato ocorresse.
A exemplo do que foi dito, houve comprovação da Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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prática irregular mediante requisição feita ao Presidente da Câmara.
Inicialmente este parquet solicitou que se apresentasse o horário de
expediente do órgão, a relação de servidores que tiveram férias
regulamentares deferidas para gozo no mês de julho do ano de 2010, a jornada
de trabalho de cada servidor e as respectivas folhas de frequência, desde
janeiro de 2009, bem como relação da escala de férias dos servidores da
Câmara, nos anos de 2009 e 2010.
Encaminhadas as respostas por parte da casa
legislativa municipal, via ofício 05/2010, restou confirmada a jornada de
trabalho de 40 horas dos servidores da Câmara, bem como que os servidores
Luzia Ferreira Gomes Machado, Odair Ferreira do Nascimento e Quiara
Leandro Nogueira Silva se encontravam de férias no mês de julho do ano de
2010, pelo período de 01/07/10 a 30/07/10.
A Câmara Municipal de Itapirapuã também
encaminhou o registro Diário de frequência de seus servidores relativos aos
anos de 2009 e 2010. As primeiras cópias encaminhadas não continham os
registros referentes ao meses de julho e agosto de 2010, razão pela qual esta
promotoria requisitou especificamente esses documentos, por meio do ofício
nº 383/2010-ICP17/10.
O encaminhamento dos citados documentos foi feito
e nota-se que a folha de frequência dos servidores da Câmara se encontram
assinadas, de forma falaciosa, no mês de julho, demonstrando que apesar da
realização de rodízio, os servidores que participaram teriam assinado as Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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respectivas folhas de frequência como se tivessem trabalhado normalmente.
Os servidores que participaram do rodízio são os
seguintes: Conceição S. Gabriel; Janiele C. Martins; João de N. Moreira, além
da Sra. Elizângela incorreram em ato ímprobo, uma vez que sem qualquer
documento formal que autorizasse a redução do expediente administrativo
realizaram rodízio. Lembrando que a redução do expediente administrativo
não foi acompanhada da devida redução remuneratória proporcional aos
períodos trabalhados.
Ademais, o Presidente da Câmara autorizou de forma
leviana a redução do horário de expediente, não se preocupando sequer em
formalizar a autorização verbal dada aos servidores da casa, seus
subordinados.
A investigação relativa aos fatos denunciados
prosseguiu, sendo, em seguida, requisitadas cópias de todos os atos de
nomeação/exoneração editados pelo Presidente da Câmara Municipal de
janeiro de 2009 até setembro de 2010. O presidente da Câmara, por meio do
ofício 393/2010-ICP nº 17/2010 encaminhou a documentação, que por sua vez
passou a integrar os autos do Inquérito Civil Público nº 17/2010.
As portarias de nomeação e exoneração anexadas,
demonstram que no ano de 2010, na data de 01 de março, a Sra. Elisângela
Justina de Campos, foi nomeada para ocupar o cargo em comissão de Diretora
de Arquivo. Na mesma data, a Sra. Janiele Cristina Martins também foi Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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nomeada para ocupar o mesmo cargo, enquanto a Sra. Zanielly Monnara Rosa
teria sido nomeada para ocupar o cargo em comissão de Secretária do
Presidente junto à Câmara Municipal.
Cumpre ressaltar que a Sra. Elizângela jamais
exerceu funções pertinentes ao cargo de diretora de arquivo. Em realidade,
Elisângela trabalhava com serviços de limpeza, o que caracteriza mais uma
irregularidade existente no âmbito da Câmara Municipal de Itapirapuã. O
desvio de finalidade pertinente ao cargo é confirmado no próprio Termo de
Declaração ofertado por parte da requerida, que posteriormente será transcrito
em partes, considerando o que de fato for relevante para a presente ação.
Com relação à constatação de atos de nomeações no
ano de 2010, especificamente no mês de março, que é consideravelmente
próximo ao mês de julho, infere-se que a Câmara Municipal não passava por
dificuldades financeiras, de modo a justificar a prática do rodízio de
servidores, mesmo porque não houve em qualquer momento redução dos
valores percebidos à título de remuneração.
Por fim, e como última providência, o titular desta
promotoria, entendeu por bem notificar, a fim de que fossem prestadas
declarações sobre o caso, as seguintes pessoas: Sandra Vieira; João Paulo
Carneiro Mendonça; Elizângela Justina Campos;Conceição S. Gabriel, João
do Nascimento Moreira e Vilmar Cardoso da Silva.
Do primeiro termo colhido, a Sra. Sandra Vieira, Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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afirmou que ocupava cargo em comissão no Município de Itapirapuã, e que
estaria lotada a época na Secretaria Municipal de Educação, que se localizava
no mesmo prédio onde também funcionava a Câmara Municipal. Segundo
alegações da declarante, na data de 12 de julho do ano de 2010, a mesma teria
encontrado com a secretária desta promotoria Kaleia, ocasião que teria
afirmado que todos os funcionários da Casa estariam de férias. Vejamos trecho
do termo de Declaração que confirma a existência do rodízio de servidores
realizado em julho do ano de 2010 no âmbito da Câmara Municipal:
“(…) que a declarante confirma ser verdadeiro o teor da certidão de
fl.08, lembrando-se que realmente no dia 12/07/10, encontrou-se
com a servidora ministerial Kaleia Ribeiro no prédio onde trabalha,
ocasião em que disse que a Câmara estaria fechada porque os
funcionários da Casa estavam de férias; que perguntado à
declarante se houve algum dia do mês de julho em que a Câmara
Municipal esteve totalmente fechada , por ela foi dito que não e
esclareceu que, pelo que se recorda, em cada semana ficava um
funcionário ; que dos funcionários que se recorda terem trabalhado
em rodízio no mês julho, a declarante pode mencionar as pessoas
de Conceição, com quem inclusive pegava carona, Elizângela, e
Janiele, não tendo visto nas dependências da Câmara o servidor
João do Nascimento; que acredita que Quiara, Odair e Luzia
estavam de férias no mês de julho;que, no mês de julho, a Câmara
era fechada por volta das 16 horas; que a declarante não
observou nenhum cartaz afixado na porta da Câmara informando
sobre alguma alteração no horário de funcionamento do órgão; que
sobre o servidor Odair Ferreira do Nascimento, a declarante
informa que só o vê no dia das sessões legislativas, que
acontecem à noite, não encontrando referido servidor nas
dependências da Câmara durante o dia; que, nas vezes em que
ele lá compareceu, as sessões legislativas ocorreram de 20h até
no máximo 21h30min; que não sabe dizer por quanto tempo o
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servidor Odair é o responsável por acompanhar as sessões
legislativas(...)”
Com relação ao segundo termo colhido, o Sr. João
Paulo Mendonça Carneiro, afirmou que ocupa cargo em comissão no
município de Itapirapuã, auxiliando o prefeito Erivaldo, tendo jornada diária
de 08 horas, confirmando inclusive ser verdadeiro o teor da certidão exarada
por parte da servidora do ministério público Kaleia. O declarante também
confirmou que houve rodízio de servidores na Câmara Municipal no período
de julho do ano de 2010, vejamos os principais trechos do termo:
“(...) esclarecendo que , durante o recesso parlamentar , ocorrido
no mês de julho , não viu os servidores da Câmara trabalhando,
mas apenas uma copeira, de nome Quiara , a qual, geralmente,
auxiliava nas reuniões que aconteciam no plenário da Câmara; que
geralmente essas reuniões eram marcadas pela Equipe da
Secretaria de Saúde e da Ação Social; que no mês de junho o
declarante se recorda que a servidora Elisângela lhe contou que
estava trabalhando apenas no período da tarde, porque havia
trocado com Quiara , que trabalhava pela manhã; que em relação
ao servidor Odair Ferreira do Nascimento, o declarante tem
conhecimento que ele participa das sessões legislativas que
acontecem no período noturno, entre as 20h e às 21h; que o
declarante acredita que por mês acontecem cerca de 05 sessões
ordinárias (…) que o declarante se recorda de ter visto o servidor
Odair , por algumas vezes na sala do servidor João, também
conhecido como João Ripa, pelo período da manhã; que Odair, no
entanto, não ficou muito tempo por lá; que, nessas vezes que viu
Odair na Câmara , ele estava preparando juntamente com João os
projetos de lei para apreciação dos parlamentares; que não se
recorda de ter visto Odair nas dependências da Câmara no período
da tarde, que o declarante já viu o Senhor Odair trabalhando
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durante o dia no Cartório de Registro de Imóveis deste município ;
que o declarante se recorda que viu afixado na porta da Câmara o
cartaz com os dizeres “estamos em recesso”, sem mencionar nada
sobre horários de funcionamento(...)”
Da mesma forma a Sra. Elizângela, ao ser ouvida e
questionada por parte deste parquet, confirmou a irregularidade perpetrada.
Segue transcrição do termo:
“(...) que a declarante trabalhou por mais de um ano na Câmara
Municipal , na área de limpeza , não sabendo declinar ao certo o
período exato; que a declarante chegou a trabalhar na Câmara até
o mês de julho do ano de 2010, depois disso foi exonerada, que
não sabia dizer o nome do cargo que ocupava na Câmara, mas
somente prestava serviços no setor de limpeza; que nunca
desempenhou nenhuma atribuição como diretora de arquivo; que a
declarante se recorda que, no mês de julho de 2010, chegou a
trabalhar durante uma semana no sistema de rodízio, do qual
participaram também as servidoras Conceição e Janiele; que o
servidor João não esteve na Câmara no mês de julho de 2010; que
os servidores Odair, Luzia e Quiara tiraram férias nesse período;
que durante o rodízio o expediente ocorria pela manhã de 8h às
10h e pela tarde de 13h às 16h; que, findo o mês de julho , no
início de agosto a declarante foi interpelada pela servidora
Conceição, a qual falando em nome do Presidente da Câmara,
comunicou que a declarante estava exonerada a partir daquela
data; que antes o Presidente da Câmara havia dito que não tinha
mais como manter a declarante por questões financeiras; que a
declarante esclarece que desde quando entrou na Câmara fazia o
revezamento com a servidora Quiara, sendo que esta trabalhava
pela manhã e a declarante pela tarde; que esse revezamento era
de conhecimento do Presidente da Câmara; que a declarante
confirma a certidão de fl. 09, lembrando-se que realmente foi
procurada pela servidora ministerial Kaleia, durante o mês de julho
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de 2010, ocasião em que a declarante estava assistindo TV na
recepção e aguardando às 16h para ir embora; que a declarante se
recorda que em julho de 2009, também fizeram rodízio entre os
servidores; que a declarante sabe que o servidor Odair Ferreira do
Nascimento participa das sessões legislativas que acontecem no
período noturno, que de vez em quando, geralmente uma vez por
semana, Odair comparece na Câmara no período da tarde, mas
não fica muito tempo e logo vai embora; que pelo que sabe os
demais servidores trabalham regularmente no período da tarde;
que a declarante esclarece que fora o período de recesso de julho,
os servidores da Câmara que trabalhavam no período integral
João, Luzia, Conceição e Janiele , sendo que a declarante e
Quiara revezavam meio período e Odair raras as vezes era visto
na Câmara durante o dia; que a declarante não sabe por que Odair
não dava expediente na Câmara durante o dia, mas sabe dizer que
ficava mais no Cartório de Registro de Imóveis no período diurno
(...)”
A Senhora Conceição Soares Gabriel, também foi
ouvida, e esclareceu que a cerca de três anos ocupa o cargo de tesoureira na
Câmara Municipal, afirmando, ainda, que teria trabalhado no sistema de
rodízio no mês de julho , do qual teriam participado também as servidoras
Elisângela e Janiele, senão vejamos;
“(...) que a declarante se recorda que, no mês de julho de 2010,
chegou a trabalhar no sistema de rodízio , do qual participaram
também as servidoras Elisângela, e Janiele que o rodízio começou
por Janiele a qual trabalhou por dez dias, seguido da servidora
Elizângela, terminando com a declarante …, que durante o rodízio
o expediente ocorria pela manhã de 8h às 10h e pela tarde de 13h
às 16h; que o servidor João não esteve na Câmara no mês de
julho de 2010, mas se precisasse dele ele seria acionado; que não
se recorda se João foi acionado no último recesso; que os
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servidores Odair , Luzia e Quiara tiraram férias nesse período , que
esse rodízio era do conhecimento e autorizado pelo atual
presidente da Câmara , Vimar Cardoso da Silva,(...) que durante o
dia o , o servidor Odair não dá expediente na Câmara, pois
também trabalha no Cartório de Registro de móveis; que durante o
dia Odair só vai até a Câmara quando precisam dele para
questões urgentes,ficando pouco tempo nas dependências da
Casa Legislativa; que depois de algumas exonerações , na data de
hoje a declarante pode dizer que são servidores da Câmara a
própria declarante, Luzia, Quiara, Janiele, Odair e João; que
desses apenas Odair e João são servidores efetivos; que a
declarante não sabe dizer o motivo pelo qual Odair não cumpre
expediente integral no período diurno, esclarecendo que desde
quando entrou na Câmara isso já acontecia; que a declarante
afirma que não havia nenhum cartaz afixado na porta da Câmara
informando sobre o recesso ou alteração do horário de expediente,
sendo que as pessoas que lá compareciam eram informadas
verbalmente sobre o recesso (…) que sobre as funções
desempenhadas pelos servidores da Câmara, a declarante
esclarece que João fica por conta da emissão de portarias, análise
dos projetos legislativos, expedição dos ofícios, Odair pelo registro
das atas na sessões , Quiara pela limpeza, Luzia pelo Controle
Interno e Janiele como secretária do Presidente da Câmara,
embora ocupe o cargo de diretora de arquivo (...)”
Já o Senhor JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA,
que segundo as declarações anteriores sequer apareceu na Câmara Municipal
durante todo o mês de julho, afirmou em clara contradição ao que havia sido
declarado, que compareceu durante o início do mês de julho, por cinco ou oito
dias no período da manhã, sendo que no restante do mês ficava em casa
aguardando ser chamado. As demais alegações foram confirmadas , muito
embora o declarante tenha afirmado que o horário do rodizio ocorria entre as
08h e as 11h na parte da manhã e das 13h às 17h no horário da tarde. De toda Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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sorte, o Sr. João do Nascimento, assim como todos os demais declarantes,
esclareceu que ele e o Sr. Odair eram os únicos servidores efetivos da casa,
sendo que o último só comparece a Câmara quando necessário, e quando não
há nenhuma pendência ele vai embora, uma vez que trabalha no Cartório de
Registro de Imóveis da cidade.
Por fim, foi colhido termo de declaração do Sr.
Vilmar Cardoso da Silva, então presidente da Câmara Municipal de
Itapirapuã. O presidente confirmou a prática do rodízio de servidores durante
o período de recesso parlamentar ocorrido no mês de julho do ano de 2010.
Segue transcrição do termo, onde o próprio presidente afirma ter ciência de
todos os fatos irregulares denunciados no Ministério Público. Vejamos:
“(...)que o declarante confirma que realmente no último recesso
parlamentar ocorrido no mês de julho de 2010, houve um rodízio
entre os servidores da Câmara que não estavam de férias, a saber,
Elisângela, Conceição e Janiele ; que o servidor João, no entanto
ficava em casa à disposição da Câmara , e comparecia sempre
que chamado; (…), que no recesso de julho de 2010 não havia
nenhum ato na porta da Câmara informando sobre o recesso ou o
novo horário de expediente; que o declarante confirma que as
servidoras Quiara e Elisângela, responsáveis pela limpeza,
revezavam entre si; sendo que Quiara ficava pela manhã e
Elisângela a tarde, que o declarante afirma que em julho de 2009,
o expediente ocorreu normalmente, com expediente integral sem
rodízio de servidores; que desde o início de sua gestão como
Presidente da Câmara , o único rodízio entre os servidores ocorreu
em julho de 2010; que o declarante esclarece que em julho de
2009 foi interpelado pelos servidores da Câmara sobre a
possibilidade de conceder expediente em rodízio , ocasião em que
o declarante disse que iria viajar e o expediente era pra ser
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cumprido integralmente durante o recesso parlamentar, não sendo
de seu conhecimento se houve rodízio; que o declarante esclarece
que exonerou as servidoras Zenielly e Elisângela,porque, alertado
pelo contador da Câmara, constatou que não haveria dinheiro em
caixa suficiente para pagá-las até o final do ano sem violar o limite
legal; que o declarante esclarece que referidas servidoras foram
exoneradas por duas vezes, sendo que na primeira vez foram as
próprias servidoras que solicitaram para que as exonerasse para
tentar arrumar um emprego melhor; que passados mais ou menos
um mês aludidas servidoras pediram ao declarante que as
nomeasse novamente, o que foi feito, que por conta da
insuficiência de caixa, as referidas servidoras foram novamente
exoneradas; que com relação a Elisângela depois da última
exoneração no dia 15/04/2010, ela continuou trabalhando na
Câmara na condição de prestadora de serviço, mediante contrato;
que sobre as atribuições dos servidores, o declarante esclarece
que João fica por conta da emissão de portarias , análise de
projetos legislativos, expedição de ofícios, Odair pelo registro das
atas nas sessões, Quiara pela limpeza, Luzia pelo controle interno
e Janiele como sua secretária e,por falta de recursos da Câmara ,
também desempenha a direção do arquivo ;que, em geral, são
quatro ou cinco sessões ordinárias na Câmara, que ocorrem no
período da noite de 20h às 21h, que no mês de agosto as sessões
são realizadas no Distrito de Jacilândia, que com relação ao
servidor Odair o declarante esclarece que, durante o período
diurno, Odair só comparece à Câmara quando necessário, ou seja,
quando as tarefas apertam para João Rippa; que Odair, durante o
dia, trabalha no Cartório de Registro de Imóveis; que o declarante
esclarece que o servidores João e Odair sã efetivos mais
originários do poder executivo, cedidos há mais de 20 anos para a
Câmara Municipal com ônus para esta, que que ambos, por conta
disso, tem salários maiores que os demais servidores da Câmara;
que no início de sua gestão, em janeiro de 2009 o declarante
conversou com Odair sobre sua jornada de trabalho, ocasião em
que este lhe disse que sempre trabalhou no Cartório de Registro
de Imóveis durante o dia, mas que estaria a disposição da Câmara
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, atendendo sempre que fosse chamado em alguma emergência;
que nessa ocasião Odair disse ao declarante que não haveria
prejuízo ao serviço público porque sempre trabalhou dessa forma,
motivo pelo qual o declarante acabou concordando com Odair,
dizendo-lhe que não tinha interesse em prejudicá-lo; que por conta
da difícil situação financeira da Câmara o declarante chegou a
procurar sua assessoria jurídica para devolver João e Odair à
Prefeitura , mas foi orientado no sentido diverso em razão da
“estabilidade” de ambos os servidores; que perguntado ao
declarante por qual motivo nomeou servidor para cargo
comissionado , em tempos de dificuldade financeira da Câmara ,
enquanto Odair ficava trabalhando durante o dia no Cartório de
Imóveis, o declarante respondeu que assim procedeu porque Odair
auxiliava nas sessões legislativas noturnas; que os demais
servidores à exceção de Quiara e Odair cumprem o expediente
integral (...)”
Conclui-se, portanto, que houve de forma
incontestável o rodízio de servidores durante o recesso parlamentar, no mês de
julho do ano de 2010, além de outras irregularidades que foram confirmadas
durante a instrução do inquérito civil. A ocorrência de desvio de função,
descumprimento de carga horária e cumulação irregular de cargos, são
exemplos de práticas ilegais que também foram confirmadas no decurso da
investigação.
Ademais, o próprio presidente da casa legislativa
arguiu que a mesma passa por problemas financeiros e que teria sido avisado,
naquele ano, por parte do contador da Câmara acerca da insuficiência de caixa
para pagamento de todos os seus servidores. Ora Excelência, quanta
contradição!! Primeiramente, se a Câmara passava por problemas financeiros,
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a redução da jornada de trabalho deveria obrigatoriamente vir acompanhada
da redução de despesas, ou seja a redução proporcional das remunerações de
acordo com o período trabalhado por cada servidor. Em segundo lugar, como
acreditar que uma casa que almeja reduzir despesas possa manter em seu
quadro servidores cedidos do executivo, com ônus para a própria Câmara que
sequer comparecem no local de trabalho?
Nessas situações o procedimento previsto na
Constituição Federal, de acordo com o seu artigo 169, diz que: caso o ente
federado desrespeite o limite de gastos com pessoal, deve ser reduzido o
número de cargos comissionados e funções de confiança, se esta medida não
der certo poderão ser exonerados servidores estáveis. Vejamos o inteiro teor
do artigo 169 da Lei Fundamental:
“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder
os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de
remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades
da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender
às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela
decorrentes;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes
orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades
de economia mista.
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida
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neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão
imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
que não observarem os referidos limites.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências:
I - redução de pelo menos vinte por cento das despesas com
cargos em comissão e funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não
forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação
da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou
unidade administrativa objeto da redução de pessoal.
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior
fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração
por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores
será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou
função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de
quatro anos.
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem
obedecidas na efetivação do disposto no § 4º”.
De fato não justifica a ocorrência da redução do
expediente administrativo relacionado no âmbito da Câmara Municipal de
Itapirapuã, a não ser o amor ao ócio.
Assim procedendo, VILMAR CARDOSO DA
SILVA incorreu na prática da odiosa improbidade administrativa, na medida
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em que a finalidade nítida da autorização de redução do horários de
expediente, sem qualquer expedição ato formal que o autorizasse, representa
burla aos princípios da Administração Pública, de extração constitucional,
além de viabilizar o enriquecimento sem causa e lesar o erário.
O descaso dos requeridos com os princípios da
legalidade, da eficiência, da continuidade dos serviços públicos, da
moralidade, impessoalidade e da economicidade configura ato de improbidade
administrativa, razão pela qual o parquet ajuíza a presente ação civil pública
com esteio na Lei n.º 8.429/92, com o fito de restaurar a força normativa dos
preceptivos constitucionais desconsiderados pelos ímprobos, ressarcir o erário
dos danos materiais causados e, ao final, punir os responsáveis nas sanções
catalogadas na Lei de Improbidade Administrativa.
DAS IRREGULARIDADES COMETIDAS POR CADA REQUERIDO
Dos termos de declaração colhidos nota-se que todos
os ouvidos confirmaram a ocorrência do rodízio de servidores praticado no
mês de julho do ano de 2010 . Ocorre que, as irregularidades não param por
aí, além da redução ilegal e imoral do expediente administrativo, restou
constatado o desvio de função, e o descumprimento do expediente, inclusive
com cumulação irregular de cargo por parte de determinados requeridos.
Em razão disto as condutas serão individualizadas
para facilitação deste nobre magistrado na aplicação das sanções concebidas
pela lei 8.429/92. Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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CONCEIÇÃO SOARES GABRIEL – participação
no rodízio realizado pelos servidores que não estavam em gozo de férias no
mês de julho do ano de 2010; assinou folha de frequência como se tivesse
trabalhado todos os dias em expediente integral; não teve sua remuneração
reduzida de forma proporcional ao tempo de expediente cumprido;
ELIZÂNGELA JUSTINA DE CAMPOS -
participação no rodízio realizado pelos servidores que não estavam em gozo
de férias no mês de julho do ano de 2010; servidora trabalhava com serviço
de limpeza muito embora tenha tomado posse para o cargo de diretora de
arquivo;
JANIELE C. MARTINS - participação no rodízio
realizado pelos servidores que não estavam em gozo de férias no mês de julho
do ano de 2010; assinou folha de frequência como se tivesse trabalhado todos
os dias em expediente integral; não teve sua remuneração reduzida de forma
proporcional ao tempo de expediente cumprido;
JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA –
compareceu, durante todo o mês de julho, apenas em determinados dias, que
não somam sequer uma semana. As raras vezes em que compareceu à Câmara,
no mês de julho do ano de 2010, realizava serviços rápidos e voltava para
casa; assinou folha de frequência como se tivesse trabalhado todos os dias em
expediente integral; não teve sua remuneração reduzida de forma proporcional
ao tempo de expediente cumprido;
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ODAIR F. DO NASCIMENTO – nunca cumpriu
expediente diurno, comparecendo à Câmara apenas quando chamado, em
situações excepcionais. Possui outro cargo no Cartório de Registro de
Imóveis do município de Itapirapuã. Não teve sua remuneração reduzida de
forma proporcional ao tempo de expediente cumprido;
VILMAR CARDOSO DA SILVA – autorizou a
realização de rodízio dos servidores, reduzindo o horário do expediente
administrativo sem qualquer ato formal que autorizasse; não ordenou a
redução proporcional das remunerações dos servidores que trabalharam em
horário reduzido; estava ciente do descumprimento da carga horária com
relação aos servidores João Rippa e Odair e nada fez para alterar a situação;
nomeou a Sra. Elisângela como diretora de Arquivo enquanto a mesma
sempre trabalhou com serviços de limpeza, não ordenou que fosse afixado na
porta da casa qualquer aviso ao público acerca do novo horário de expediente.
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
A Ação Civil Pública, ex vi do disposto no artigo 1º
da Lei nº. 7.347/85, como fator de mobilização social, é a via processual
adequada para impedir a ocorrência ou reprimir danos ao patrimônio público,
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico, protegendo, assim, os interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos da sociedade, sendo que, diante de sua Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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magnitude e excelência, mereceu assento constitucional, como se extrai do
artigo 129, inciso III da Constituição da República Federativa brasileira.
Não se presta a ação civil pública, à luz dos
ensinamentos do insigne JOÃO BATISTA DE ALMEIDA, a amparar direitos
individuais subjetivos, cujos titulares deverão valer-se das vias ordinárias para
pleito de ressarcimento de dano sofrido ou para sustação de ato que possa
afetar seu direito. Tutelados são apenas os interesses dimensionados
coletivamente, transcendentes do indivíduo e os direitos individuais
homogêneos socialmente relevantes, como se pretende demonstrar no caso em
tela (ALMEIDA, João Batista de. Aspectos Controvertidos da Ação Civil
Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001).
Não restam dúvidas de que o patrimônio público é
um interesse de dimensão difusa, o que autoriza sua tutela processual por
intermédio da ação civil pública. Nesse diapasão, caracterizando a tutela do
patrimônio público, inclusive na dimensão da moralidade administrativa,
como um interesse metaindividual de natureza difusa, e, ainda, considerando
que o Ministério Público é parte legítima para aforar ação de improbidade
com a finalidade de punir os agentes ímprobos que violam os princípios da
Administração Pública, é a farta jurisprudência do colendo Superior Tribunal
de Justiça, in verbis:
EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA CONTRA CHEFE DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. UTILIZAÇÃO DE FRASES DE
CAMPANHA ELEITORAL NO EXERCÍCIO DO MANDATO.
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ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. VIOLAÇÃO DO ART. 267, IV, DO CPC, REPELIDA.
OFENSA AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 11 DA LEI 8.429/92. LESÃO AO
ERÁRIO PÚBLICO. PRESCINDIBILIDADE. INFRINGÊNCIA DO
ART. 12 DA LEI 8.429/92 NÃO CONFIGURADA. SANÇÕES
ADEQUADAMENTE APLICADAS. PRESERVAÇÃO DO
POSICIONAMENTO DO JULGADO DE SEGUNDO GRAU.
1. Cuidam os autos de ação civil pública por improbidade
administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado de São
Paulo em face de José Cláudio Grando, à época Prefeito Municipal
de Dracena/SP, objetivando, em síntese, a sua condenação nas
sanções previstas na Lei nº 8.429/92 por suposta utilização
irregular das frases "Dracena Todos por Todos Rumo ao Ano 2000"
e "Dracena Rumo ao Ano 2000" em fachadas de órgão públicos
municipais, veículos e placas de inauguração, uniformes dos
alunos das escolas e creches públicas, jornais da região, carnês de
pagamento de tributos e publicações especiais. Sobreveio
sentença julgando parcialmente procedente o pedido para
suspender os direitos políticos do réu pelo período de três anos,
proibi-lo de contratar, receber benefício, incentivos fiscais ou
creditícios, diretos ou indiretos, junto ao poder público, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica, pelo mesmo prazo, bem como
para condená-lo a pagar o equivalente a dez vezes sua atual
remuneração, a título de multa civil e a ressarcir ao Município os
gastos comprovadamente efetuados com recursos públicos na
inserção da expressão e símbolo de sua campanha eleitoral em
bens e atos da administração, a serem liquidados no momento
oportuno, bem como a arcar com as custas e eventuais despesas
processuais, extinguindo o processo nos termos do art. 269, inciso
I, do CPC. O réu interpôs apelação a fim de que fosse julgado
improcedente o pedido do apelado com a inversão dos ônus
processuais aduzindo, preliminarmente, a incompetência absoluta
do Juízo monocrático por considerar que o TJSP seria o
competente para julgar o feito e carência de ação por considerar
que, em sede de ação civil pública, é descabido o pedido de
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eventual reparação por danos ao erário em virtude de ato de
improbidade administrativa. No mérito, aduziu ausência de prova
do dano, cerceamento de defesa e que a sentença não apreciou a
contestação. O Tribunal, por maioria, rejeitou as preliminares e
negou provimento ao recurso. Insistindo pela via especial,
fundamentado nas alíneas "a" e "c", aponta o réu violação dos
artigos 267, IV, do CPC, e 11, caput e inciso I, e 12, ambos da Lei
nº 8.429/92. Requer seja decretada a extinção do processo sem
julgamento do mérito em virtude de carência de ação ou seja
reconhecida a improcedência do pedido formulado na exordial.
Contra-razões apresentadas. Recurso extraordinário interposto
concomitantemente, tendo sido contra-arrazoado. Juízo positivo de
admissibilidade apenas ao recurso especial no que concerne à
alínea "c" do permissivo constitucional. Houve interposição de
agravo de instrumento em relação à alínea "a". O Ministério
Público Federal ofereceu parecer opinando pelo improvimento do
recurso especial.
2. A ação civil pública protege interesses não só de ordem patrimonial como, também, de ordem moral e cívica. O seu objetivo não é apenas restabelecer a legalidade, mas também punir ou reprimir a imoralidade administrativa a par de ver observados os princípios gerais da administração. Essa ação
constitui, portanto, meio adequado para resguardar o patrimônio
público, buscando o ressarcimento do dano provocado ao erário,
tendo o Ministério Público legitimidade para propô-la. Precedentes.
Ofensa ao art. 267, IV, do CPC, que se repele.
3. A violação de princípio é o mais grave atentado cometido contra
a Administração Pública porque é a completa e subversiva maneira
frontal de ofender as bases orgânicas do complexo administrativo.
A inobservância dos princípios acarreta responsabilidade, pois o
art. 11 da Lei 8.429/92 censura “condutas que não implicam
necessariamente locupletamento de caráter financeiro ou material”
(Wallace Paiva Martins Júnior, “Probidade Administrativa”, Ed.
Saraiva, 2ª ed., 2002).
4. O que deve inspirar o administrador público é a vontade de fazer
justiça para os cidadãos, sendo eficiente para com a própria
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administração. O cumprimento dos princípios administrativos, além
de se constituir um dever do administrador, apresenta-se como um
direito subjetivo de cada cidadão. Não satisfaz mais às aspirações
da Nação a atuação do Estado de modo compatível apenas com a
mera ordem legal, exige-se muito mais: necessário se torna que a
gestão da coisa pública obedeça a determinados princípios que
conduzam à valorização da dignidade humana, ao respeito à
cidadania e à construção de uma sociedade justa e solidária.
5. A elevação da dignidade do princípio da moralidade
administrativa ao patamar constitucional, embora desnecessária,
porque no fundo o Estado possui uma só personalidade, que é a
moral, consubstancia uma conquista da Nação que,
incessantemente, por todos os seus segmentos, estava a exigir
uma providência mais eficaz contra a prática de atos dos agentes
públicos violadores desse preceito maior.
6. A tutela específica do art. 11 da Lei 8.429/92 é dirigida às bases axiológicas e éticas da Administração, realçando o aspecto da proteção de valores imateriais integrantes de seu acervo com a censura do dano moral. Para a caracterização dessa espécie de improbidade dispensa-se o prejuízo material na medida em que censurado é o prejuízo moral. A corroborar
esse entendimento, o teor do inciso III do art. 12 da lei em
comento, que dispõe sobre as penas aplicáveis, sendo muito claro
ao consignar, “na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
dano, se houver...” (sem grifo no original). O objetivo maior é a
proteção dos valores éticos e morais da estrutura administrativa
brasileira, independentemente da ocorrência de efetiva lesão ao
erário no seu aspecto material.
7. A infringência do art. 12 da Lei 8.429/92 não se perfaz. As
sanções aplicadas não foram desproporcionais, estando
adequadas a um critério de razoabilidade e condizentes com os
patamares estipulados para o tipo de ato acoimado de ímprobo.
8. Recurso especial conhecido, porém, desprovido. (REsp
695.718/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 16.08.2005, DJ 12.09.2005 p. 234).
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Corrobora a tese ministerial a festejada doutrina dos
Promotores de Justiça do Rio de Janeiro Emerson Garcia e Rogério Pacheco,
senão vejamos:
“Partindo de tais premissas, é possível compreender que a Lei nº
7.347/85 busca disciplinar, antes de tudo, uma nova técnica de
tutela dos interesses coletivos e difusos, trazendo, só para citar
dois exemplos, uma nova mentalidade sobre a legitimação para a
causa (art. 5º) e a extensão da coisa julgada (art. 16), institutos
que, remodelados, se prestam ao resguardo dos “novos direitos”.
Não se prende, assim, propriamente, ao disciplinamento do
procedimento, que é o ordinário, e não de filia, de igual forma, ao
sistema romano da tipicidade de ações. Entra pelos olhos, desta
forma, que a incidência, ou não, das regras previstas na Lei da
Ação Civil Pública, de sua técnica de tutela, independentemente do
nome que se queira dar à ação e ao rito que se deseje imprimir, vai
depender, fundamentalmente, ou não, de um interesse coletivo ou
difuso, objeto do referido diploma legal. Se considerarmos que a
Lei nº 8.429/92 compõe, ao lado de outros instrumentos
constitucionais e infraconstitucionais, o amplo sistema de tutela do
patrimônio público, interesse difuso, a possibilidade de manejo da
ação civil pública na seara da improbidade, quer pelo Ministério
Público, quer pelos demais co-legitimados, torna-se clara.
Claríssima, de lege lata, em razão da regra contida no art. 129, III
e § 1º, da Constituição Federal, o que, a nosso juízo, torna até
desimportante a discussão sob o enfoque puramente pragmático.
Equivocada, assim data vênia, a assertiva do descabimento da
ação civil pública com vistas ao ressarcimento dos danos
causados ao erário e à aplicação das sanções do art. 12 da Lei nº
8.429/92 em razão do suposto rito especial adotado pela Lei nº
7.347/85. Equivocada, rogata vênia, não só porque o rito da ação
civil pública não é especial, como também, mesmo que especial
fosse, ou venha a ser, porque a questão do procedimento, para
fins de incidência da Lei, de sua técnica protetiva, como visto, é de
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nenhuma importância” (Improbidade Administrativa. Rio de Janeiro:
Lumem Júris, 2006, pág. 620-621).
É certo que a Constituição Federal de 1988 conferiu
ao Parquet o status de guardião da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sendo que, no afã de
instrumentalizar o ombudsman com mecanismos idôneos para a consecução
de suas finalidades institucionais, estabeleceu expressamente dentre suas
funções a de promover o inquérito civil e a ação civil pública (artigo 129, III).
A Constituição da República de 1988 confia ao
Ministério Público, em seu artigo 129, a atribuição de zelar pela preservação
do patrimônio público e social por intermédio da Ação Civil Pública, que é o
instrumento processual idôneo para a defesa da probidade administrativa e
para a punição do agente ímprobo, senão vejamos o enunciado normativo
estampado na Lei Fundamental da República:
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos”.
Em consonância com essa orientação, a Lei Orgânica
do Ministério Público – Lei federal n.º 8.625/93 – assim estatui:
“Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e
Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao
Ministério Público:
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IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da
lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros
interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e
homogêneos;
b) para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de
Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de
entidades privadas de que participem.”
Em termos mais específicos, o artigo 17 da Lei n.º
8.429/92 confere ao Ministério Público legitimidade para propor ação de
improbidade administrativa nos seguintes termos:
“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro
de trinta dias da efetivação da medida cautelar”.
Dirimindo-se, portanto, quaisquer controvérsias
sobre tal legitimidade, especialmente, quanto ao manejo da presente ação de
improbidade administrativa para punir o agente ímprobo, em atenção ao
mandamento constitucional do artigo 37, § 4º, a jurisprudência do egrégio
Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de reconhecer legitimidade
ao Ministério Público para a promoção da ação civil pública com o escopo de
tutelar o patrimônio público:
EMENTA: “Ação Civil Pública. Atos de Improbidade Administrativa.
Defesa do Patrimônio Público. Legitimação ativa do Ministério
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Público. Constituição federal, arts. 127 e 129, III. Lei 7.347/85 (arts.
1º, IV, 3º, II e 13). Lei 8.429/92 (art. 17). Lei 8.625/93 (arts. 25 e
26).
1. Dano ao erário municipal
afeta o interesse coletivo, legitimando o Ministério Público para
promover o inquérito civil e a ação civil pública objetivando a
defesa do patrimônio público. A Constituição Federal (art. 129, III)
ampliou a legitimação ativa do Ministério Público para propor Ação
Civil Pública na defesa dos interesses coletivos.
2. Precedentes
jurisprudenciais.
3. Recurso não provido”.
(Resp. n.º 154.128/SC, 1ª Turma, relator Ministro LUIZ PEREIRA).
EMENTA: “Processual Civil. Ação Civil Pública. Defesa do
Patrimônio Público. Ministério Público. Legitimidade Ativa.
Inteligência do art. 129, III, da CF/88 c/c o art. 1º, da Lei n.º
7.347/85. Precedente. Recurso especial não conhecido.
I – O campo de atuação do MP foi ampliado pela Constituição de
1988, cabendo ao Parquet a promoção do inquérito civil e da ação
civil pública para proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, sem a
limitação imposta pelo art. 1º da Lei 7.347/85 (Resp. n.º 31.547-
9/SP).II – Recurso especial não conhecido” (Resp n.º 67.148/SP,
relator Ministro Adhemar Maciel).
A remansosa jurisprudência da Corte Superior
Federal culminou com a edição da Súmula 329, assim redigida: “O Ministério
Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público”.
No mesmo sentido é a jurisprudência do Tribunal de
Justiça goiano:
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"Ação Civil Pública. Atos de improbidade administrativa. Defesa do
patrimônio público. Legitimidade do Ministério Público. O Ministério
Público tem legitimidade para propor ação civil pública que objetiva
a proteção do erário municipal. 2. Sentença ultra e extra petita.
Não há se falar em sentença ultra ou extra petita quando ela é
proferida nos estritos limites do petitum. 3. Nomeação de menor
impúbere para o exercício de cargo comissionado. Caracteriza-se
ato de improbidade administrativa a nomeação de filho menor de
18 anos para a função pública, uma vez que ofende os princípios
da administração. Apelo conhecido e improvido. Decisão unânime"
(TJGO, 2ª CC, AP nº 54530-7/188, rel. Des. Fenelon Teodoro Reis,
j. em 21/11/00, DJ de 06/12/00, p. 6).
Patente, portanto, que o Ministério Público é parte
legítima para aforar ação civil pública em defesa do patrimônio público e da
moralidade administrativa, além de ter legitimidade ativa para a promoção de
ação de improbidade tendente a punir o agente ímprobo responsável por
violações aos princípios estruturais do regime jurídico administrativo, pela
lesão ao erário público e enriquecimento às custas dos cofres públicos.
DA LEGITIMIDADE PASSIVA
Urge destacar que a legitimidade passiva, no bojo da
Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, abrange
precipuamente os agentes públicos que pratiquem atos de improbidade. Tais
agentes são assim considerados ainda que exerçam transitoriamente ou sem
remuneração a sua função, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo ou emprego,
na forma do artigo 2º da Lei n.º 8.429/92.
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No sistema introduzido pela Lei 8.429/92 os atos de
improbidade administrativa só podem ser praticados por agentes públicos,
com ou sem auxílio de terceiros, assim dispondo o artigo 2º da referida lei,
verbis:
“Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”
O particular, do mesmo modo, pode ser sujeito ativo
do ato de improbidade administrativa, desde que dele se beneficie de qualquer
forma direta ou indireta.
Nesse sentido é a dicção cristalina do artigo 3ª da lei
8.429/92, verbis:
“Art. 3º. As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma direta ou indireta.”
O requerido VILMAR CARDOSO DA SILVA
exerce o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Itapirapuã, agente
político, o qual desempenha, como presidente da Câmara Municipal, função
Política prevista na Constituição Federal. Nessa linha, se subsume
perfeitamente a definição trazida pelo artigo 2º da Lei de Improbidade, sendo
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sujeito ativo de ato de improbidade administrativa, na medida em que praticou
atos agressivos aos princípios da Administração Pública, atentando contra a
própria administração direta, além de lesar o erário e viabilizar o
enriquecimento ilícito de terceiros.
Como a ré Elisângela exerceu, na época dos fatos,
cargo público, ainda que atualmente não guarde mais nenhum vínculo com a
administração pública, também possui, segundo a definição do art.2º da lei
8.429/92, legitimidade passiva para figurar como requerida na presente ação.
DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, §
4º, dispõe:
“Art. 37. A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao
seguinte:
§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
Com o escopo de conferir densidade normativa ao
indigitado preceito constitucional, foi editada a Lei n.º 8.429/92, que dispõe
sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos, nos casos de improbidade no
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exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública
direta, indireta ou fundacional.
O referido diploma normativo contempla,
basicamente, três categorias de atos de improbidade administrativa, a saber:
em seu artigo 9º, os atos de improbidade administrativa que importam
enriquecimento ilícito do agente ou de terceiros; em seu artigo 10, os atos de
improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário; e no artigo 11, os
atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública.
No caso concreto, denota-se a ocorrência das três
dimensões da improbidade administrativa, na medida em que houve o
enriquecimento ilícito dos servidores que participaram do rodízio e ainda,
assim, receberam seus vencimentos na íntegra sem a necessidade de
observarem a jornada normal de trabalho (art. 9º, caput, da Lei n.º 8.429/92), o
que, inexoravelmente causou grave prejuízo ao erário, incorrendo o Presidente
da Câmara Municipal de Itapirapuã, assim como os servidores que
cometeram as demais irregularidades, nos atos descritos no artigo 10, incisos
VII e XII e artigo 9°, caput, respectivamente, além de restarem agredidos os
princípios basilares do regime jurídico administrativo, violando os deveres de
honestidade, imparcialidade e lealdade (artigo 11, inciso I, da Lei n.º
8.429/92).
Especialmente no que se refere aos atos que atentam
contra os princípios que norteiam a Administração Pública, cumpre Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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transcrever algumas normas aplicáveis ao julgamento deste caso:
“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
diverso daquele previsto, na regra de competência”;
Entrementes, convém frisar que a improbidade
administrativa consistente em atos que atentam contra os princípios que regem
a Administração Pública não pressupõe dano ao erário e tampouco o
enriquecimento ilícito do agente ímprobo. Basta, para caracterizar a conduta
ilegal, a sua subsunção à norma do artigo 11 da Lei n. 8.429/92, isto é, que se
demonstre a ocorrência de lesão aos princípios da Administração Pública.
É exato rememorar-se, ainda, que o princípio da
moralidade administrativa constitui mandamento de cunho hierárquico
constitucional, distinguindo-se, em essência, da legalidade. Não se confunde,
da mesma forma, com a lesão ao erário, consoante deixa claro o artigo 21,
inciso II, da Lei n. 8.429/92, que afirma que “a aplicação das sanções
previstas nesta lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público”.
Sem embargo de no presente caso restar
efetivamente comprovada a lesão ao erário e o enriquecimento ilícito,
insta salientar que a ocorrência da improbidade não prescinde de dano
material concreto ao erário, porque vulnerar um princípio é a mais grave Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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agressão dentro do sistema, e a imoralidade administrativa atenta contra os
valores imateriais da Administração Pública.
Ademais, para a configuração do ato de improbidade
administrativa nos moldes do artigo 11 da Lei n.° 8.429/92, não há
necessidade de indicar o dolo enquanto finalidade específica, o que se admite
apenas para fins de argumentação. De qualquer forma, no caso concreto, há
farta argumentação e provas de que os requeridos agiram com má-fé, uma vez
que trabalharam em sistema de rodízio no mês de julho e ainda assim
assinaram as respectivas folhas de frequência como se tivessem trabalhado em
horário integral e contínua durante o período denunciado. O próprio
presidente da Câmara, também requerido, Vilmar Cardoso da Silva, concedeu
benefício administrativo aos servidores da casa sem a observância das
formalidades legais sobre o tema.
Nesse diapasão, considerado prescindível a
demonstração de dolo ou culpa e a ocorrência de lesão patrimonial ao erário, é
a remansosa jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça:
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO A PRINCÍPIOS
ADMINISTRATIVOS. AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO.
1. Mostra-se ausente o prequestionamento no tocante à suposta
contrariedade aos arts. 84 da Lei nº 10.628/02; 2º, 81, 128, 131 e
230 todos do CPC e 1º da Lei nº 9.637/98. Incidência das Súmulas
282 e 356 do STF.
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2. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429/92 não exige dolo ou culpa na conduta do agente, nem prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade. Caso reste demonstrada a lesão, e somente neste caso, o inciso III, do art. 12 da Lei n.º 8.429/92 autoriza seja o agente público condenado a ressarcir o erário.3. Se não houver lesão, ou se esta não restar demonstrada, o
agente poderá ser condenado às demais sanções previstas no
dispositivo como a perda da função pública, a suspensão dos
direitos políticos, a impossibilidade de contratar com a
administração pública por determinado período de tempo, dentre
outras.
4. In casu, face à inexistência de lesividade ao erário público, é
incabível a incidência da pena de multa, bem como de
ressarcimento aos cofres públicos, sob pena de enriquecimento
ilícito da municipalidade.
5. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp
717375/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25.04.2006, DJ 08.05.2006 p. 182).
EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO A PRINCÍPIOS
ADMINISTRATIVOS. ELEMENTO SUBJETIVO. COMPROVAÇÃO.
DESNECESSIDADE.
1. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429/92 não exige dolo ou culpa na conduta do agente, nem prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade.
2. Recurso especial improvido. (REsp 826.678/GO, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 05.10.2006, DJ
23.10.2006 p. 290).
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O egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
comunga do mesmo entendimento, senão vejamos:
EMENTA: Duplo grau de jurisdição. Apelação Cível. Improbidade
Administrativa configurada em relação ao apelante. Art. 11, Lei
8.429/92. Quadro Paralelo de Funcionários municipais. Ato
intencionalmente comissivo e omissivo. Violação dos princípios
constitucionais da legalidade, moralidade e impessoalidade.
Afronta à supremacia do interesse coletivo. Ingerência necessária
do Poder Judiciário.
1 – Manifesto se apresenta o ato de improbidade administrativa
perpetrado pelo apelante, diante do desrespeito dos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade e moralidade,
vetores da atividade estatal, porquanto permitiu que terceiros
percebessem vencimentos em lugar de servidores municipais.
2 – As provas carreadas aos autos são contundentes no sentido
de que houve ato comissivo intencional do apelante em promover
formação de quadro paralelo de pessoal, ainda que não se
considere configurado o dolo, houve manifesta culpa na omissão
de empreender corrigenda das irregularidades.
3 – O recorrente indevidamente corroborou prevalência de interesses particulares em detrimento da supremacia do interesse da coletividade.4 – Imprescindível a ingerência do judiciário para afastar ato
contrário à lisura que deve nortear a conduta do administrador
público.
5 – Mantêm-se a sentença que condenou apenas o apelante,
sancionando-o somente com a suspensão de seus direitos
políticos pelo período de 3 anos (art. 12, parágrafo único, Lei
8.429/92) e julgou improcedente o pedido de condenação dos
outros réus, contra os quais não restou provada a prática de
improbidade administrativa. Remessa obrigatória e apelação
conhecidas e improvidas” (TJGO, recurso 9948-0/195, relatora
Desembargadora Juraci Costa).
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EMENTA: Apelação cível. Ação Civil Pública. Improbidade
Administrativa. Violação dos princípios da legalidade, moralidade e
impessoalidade. Licitações conduzidas. Comprovação.
Penalidades previstas no artigo 12 da Lei n.° 8.429/92. Cabimento.
I – O administrador público deve, na prática dos atos administrativos, pautar-se pelos princípios que regem a administração pública.II – A exigência de probidade administrativa na condução do bem público envolve, além da legalidade formal restrita da atuação administrativa, a observância de princípios éticos de legalidade, de boa-fé, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública, sob pena de o administrador incorrer em improbidade administrativa.III – O princípio da impessoalidade obsta que critérios subjetivos
ou anti-isonômicos influam na condução dos procedimentos
licitatórios necessários à contratação de empresas com finalidade
de executar obras e serviços para o órgão público.
IV – Constatada a prática de atos de improbidade administrativa,
por meio de farta documentação, prova testemunhal e quebra de
sigilo bancário, impõe-se a condenação dos envolvidos, com
fundamento na Lei n.° 8.429/92.
V – Sentença parcialmente confirmada. Decisão unânime. (TJGO,
2ª Câmara Cível, Recurso 60351-9/188, Desembargadora Marília
Jungmann Santana).
Os atos de improbidade administrativa praticados
pelos requeridos são evidentes.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro leciona que “o
princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser
considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se
espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os
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melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar
a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os
melhores resultados na prestação do serviço público” (Direito Administrativo.
15ª edição. São Paulo: Atlas, 2003, p. 83).
Portanto, o presidente da Câmara Municipal ao
autorizar redução do horário do expediente na casa legislativa, reduzindo-o
apenas para meio período, ora no período matutino, ora no vespertino,
estabeleceu o funcionamento parcial da administração, e por essa razão não
agiu com a intenção de obter os melhores resultados possíveis, pelo contrário,
sua intenção foi claramente a de lesar o erário e viabilizar o enriquecimento
ilícito dos servidores, ferindo os princípios da eficiência, motivação e
economicidade, incorrendo em improbidade administrativa, consoante
previsão do artigo 11 da Lei n.º 8.429/93.
"Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:
Vide artigo doutrinário civil.
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
diverso daquele previsto na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
Tecidas estas considerações de cunho propedêutico,
insta salientar que todo ato administrativo, de qualquer autoridade ou Poder, Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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para ser legítimo e operante, há de ser praticado em conformidade com a
norma legal pertinente (princípio da legalidade), com a norma da instituição
(princípio da moralidade), observada a destinação pública própria (princípio
da finalidade) e com a divulgação oficial necessária (princípio da
publicidade).
Ocorre que, neste caso, sequer restou formalizado o
ato administrativo que deveria em tese assumir a responsabilidade de
autorização de funcionamento em expediente reduzido no âmbito da Câmara
Municipal. A concessão de benefício administrativo não é discricionariedade
do agente público. Pelo contrário, ele é vinculado não só as regras e aos
princípios constitucionais voltados à administração pública , como, e
sobretudo, ao texto legal ou regulamentar que estabeleça regras para
concessão do benefício sub oculis.
O fato da irresponsabilidade na concessão do
benefício administrativo, considerando fundamentalmente que sequer houve
decreto que autorizasse a redução do expediente administrativo prova a
intenção dolosa do administrador quando autorizou que o rodízio de
servidores ocorresse, bem como quando permitiu que dois de seus servidores
efetivos não cumprissem a carga horária determinada pelo Estatuto dos
Servidores Públicos de Itapirapuã. O presidente da Câmara sabia inclusive da
cumulação de cargos, realizada de forma irregular por parte do servidor Odair,
como também do desvio de função em que se encontrava a servidora
Elisângela. A má-fé é explícita. Existe a conivência do administrador público
na negligência de seus servidores, no descumprimento do que é estabelecido Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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em lei, e no consequente enriquecimento ilícito daqueles que não fizeram jus à
remuneração integral percebida naquele mês.
Marcelo Figueiredo, na sua obra, Probidade
Administrativa, Editora Malheiros, 2a edição, 1997, comenta o conteúdo
jurídico do princípio da legalidade na administração pública, com as seguintes
colocações.
“O princípio da legalidade é, sem dúvida, um dos pilares do Estado
Democrático de Direito. Ao lado dele convive o princípio da
supremacia do interesse público ou princípio da finalidade pública.
De fato, a administração pública, ao cumprir seus deveres
constitucionais e legais, busca incessantemente o interesse
público, verdadeira síntese dos poderes a ela atribuídos pelo
sistema jurídico positivo, desequilibrando forçosamente a relação
administração-administrado... A administração atua, age, como
instrumento de realização ao ideário constitucional, norma jurídica
superior do sistema jurídico brasileiro. Assim, o agente público
deve atender aos interesses públicos, ao bem-estar da
comunidade. Sob o rótulo “desvio de poder”, “desvio de finalidade”,
“ausência de motivos”, revelam-se todas as formas de condutas
contrárias ao Direito, prejudiciais ao administrado e violadoras, às
vezes, da própria Constituição. Há, em síntese, comportamento
ilegal ou ilegítimo. Aliás, o STJ deixou assentado que “o desvio de
poder pode ser aferido pela ilegalidade explícita (frontal ofensa ao
texto da lei) ou por censurável comportamento do agente, valendo-
se de competência própria para atingir finalidade alheia àquela
abonada pelo interesse público, em seu maior grau de
compreensão e amplitude. Análise da motivação do ato
administrativo, revelando um mau uso da competência e finalidade
despojada de superior interesse público, defluindo o vício
constitutivo, o ato aflige a moralidade administrativa, merecendo
inafastável desfazimento”. (Resp 21.156-0-SP, reg. 92.0009144-0,
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rel. Min. Milton Luiz Pereira, j. 19.9.94). A norma em foco autoriza a
pesquisa do ato administrativo a fim de revelar se o mesmo está
íntegro ou, ao contrário, apenas aparentemente atende à lei, se os
motivos e seu objeto têm relação com o interesse público, se
houve algum uso ou abuso do administrador, se a finalidade foi
atendida de acordo com o sistema jurídico; e assim por diante”(p.
61/62).
A conduta perpetrada pelos requeridos ofendem,
também, o princípio da moralidade administrativa, posto que agindo desta
maneira, promulgam o protecionismo e o apadrinhamento, práticas
abomináveis na Administração Pública, em detrimento da impessoalidade, e
da igualdade de oportunidades entre os administrados.
Saliente-se que não se confunde moralidade com
probidade, visto que a moralidade tem acepção genérica face a boa-fé,
lealdade e honestidade que todos os poderes e funções do Estado devem
impor às suas atuações. Por outro tanto, a probidade está vinculada ao
comportamento do administrador, referindo-se a uma moralidade qualificada,
sob o aspecto pessoal-funcional.
Nesta ordem de ideias, a improbidade administrativa
é uma improbidade qualificada, no momento em que o funcionário, no
exercício de suas funções, aproveita dos poderes e facilidades decorrentes de
seu cargo, em proveito próprio ou alheio.
Assim, o funcionário deve exercer suas funções com
lisura, exação, retidão, sempre visando o interesse público e geral, nunca o
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individual (próprio ou alheio), o qual acarretará como no caso em pauta
desvio de poder, quer dizer, do fim a que se destina o exercício da função
pública, qual seja, o bem comum.
Por fim, não devemos esquecer, mais uma vez, o
ensinamento da Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro que faz
considerações que guardam estreita relação com as ilicitudes aqui
impugnadas.
"Não é preciso penetrar na intenção do agente, porque do próprio objeto resulta a imoralidade. Isto ocorre quando o
conteúdo de determinado ato contrariar o senso comum de honestidade, retidão, equilíbrio, justiça, respeito à dignidade
do ser humano, à boa fé, ao trabalho, à ética das instituições. A moralidade exige proporcionalidade entre os meios e os fins
a atingir, entre os sacrifícios impostos à coletividade e os benefícios por ela auferidos; entre as vantagens usufruidas
pelas autoridades públicas e os encargos impostos à maioria dos cidadãos”.
Novamente recorremos à lição do eminente mestre
HELY LOPES MEIRELLES, in Direito Administrativo Brasileiro, que assim
prescreve:
“A moralidade administrativa constitui, hoje em dia,
pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (CF. art. 37, caput). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador
de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta
tiradas da disciplina interior da Administração”. Desenvolvendo sua doutrina, explica o mesmo autor que o
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agente administrativo, como ser humano dotado de
capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá
desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto,
o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. Por
considerações de Direito e de Moral, o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei
ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos: “non omne
quod licet honestum est”. A moral comum, remata Hauriou, é imposta ao homem para sua conduta externa; a moral
administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a
finalidade de sua ação: o bem comum”.
Portanto, a conclusão inarredável é a de que os atos
minuciosamente descritos nesta vestibular são mais um triste capítulo da
nefasta praga da improbidade administrativa que corrói o Estado brasileiro,
merecendo do Poder Judiciário uma imediata resposta, no sentido de que seja
restabelecida a ordem jurídica, em obséquio à força normativa da Constituição
Federal, o que homenageará o Estado Democrático de Direito e a República.
Definitivamente a população de Itapirapuã foi mal
atendida, o interesse coletivo foi suprido em nome de interesse individuais e
prerrogativas que o serviço público, de forma legal, não permitiria que
ocorressem. Os próprios servidores, requeridos nesta ação, sabiam da
ilegalidade que cometiam e por essa razão assinaram as folhas de frequência
daquele mês como se tivessem trabalhado, cumprindo ao pé da letra o
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expediente de 8 (oito horas) a qual estavam legalmente submetidos.
DAS SANÇÕES APLICÁVEIS AOS REQUERIDOS
Assim, os atos de improbidade administrativa
praticados pelos Requeridos e que importaram em enriquecimento ilícito estão
sujeitos às seguintes cominações (artigo 9º combinado com o artigo 12, inciso
I, ambos da Lei nº 8.429/92):
a) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
ao patrimônio;
b) ressarcimento integral do dano, quando houver;
c) perda da função pública;
d) suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos;
e) pagamento de multa civil de até três vezes o valor
do acréscimo patrimonial;
f) proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de dez anos.
Em relação ao prejuízo ao erário, as sanções
aplicáveis são (artigo 10 combinado com o artigo 12, inciso II, ambos da Lei
nº 8.429/92):
a) ressarcimento integral do dano, se houver;
b) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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ao patrimônio, se concorrer esta circunstância;
c) perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de cinco a oito anos;
d) pagamento de multa civil de até duas vezes o
valor do dano;
e) proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditício, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de cinco anos.
Finalmente, a prática dos atos de improbidade
praticados pelos requeridos, que atentaram contra a moralidade e demais
princípios da administração, acarretam como sanção (artigo 11 combinado
com o artigo 12, inciso III, ambos da Lei nº 8.429/92):
a) ressarcimento integral do dano;
b) perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de três a cinco anos;
c) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor
da remuneração percebida pelo agente;
d) proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefício ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de três anos.
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Forçoso reconhecer, que nos lamentáveis fatos
narrados, reprovável ao extremo foi o comportamento de todos os requeridos.
Restando individualizada a conduta dos mesmos deverá o juiz, aplicar as
sanções descritas utilizando-se do princípio da proporcionalidade referente as
condutas ímprobas de cada agente.
DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DA TUTELA
DA OBRIGAÇÃO DE NÃO REALIZAR RODÍZIO DE SERVIDORES
NA CÂMARA DURANTE O PERÍODO DE RECESSO
PARLAMENTAR
Não é cabível que apenas no ano de 2010, foi
realizado o rodízio de servidores na Câmara Municipal de Itapirapuã, uma vez
que os termos de declaração afirmam que a prática era comum no âmbito da
casa legislativa. Por isso, requer seja imposta a obrigação de não realização de
rodízio de servidores naquela casa nos próximos períodos de recesso
parlamentar.
Como se afere da documentação anexa, a ocorrência
da redução do expediente administrativo de forma irregular é incontestável.
Não obstante a este fato, e como medida preventiva, faz-se necessária
antecipação de tutela no que pertine ao pedido relacionado no parágrafo
acima.
A manutenção da situação esboçada ofende
princípios explícitos na carta magna, assim como representa a prática dos atos Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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de improbidade administrativo amplamente descritos no tópico: Do Direito. A
situação invoca além de enriquecimento ilícito por parte dos servidores que de
forma irregular gozaram do benefício, sem qualquer alteração em suas
remunerações, prejuízo ao erário municipal, o que jamais pode ser tolerado.
Desta feita, fundamental à preservação da ordem
jurídica, bem como dos valores inerentes à Administração Pública, além da
defesa do patrimônio público e social, é a concessão da antecipação de tutela.
Dispõe o artigo 273, incisos I e II do Código de
Processo Civil:
"Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total
ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;
ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)"
Por sua vez, o parágrafo 2º, do mesmo dispositivo
dispõe assim:"§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver
perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)"
A confluência dos referidos dispositivos indicam Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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quais os requisitos necessários à antecipação de tutela do pedido principal a)
prova inequívoca do alegado; b) fundado receio de dano irreparável ou abuso
de direito de defesa do réu, como manifesto propósito protelatório e c)
reversibilidade do provimento antecipado.
Ora, ante o acervo probatório colacionado a esta
inicial , vê-se que há prova inequívoca da prática de redução do horário de
expediente administrativo no âmbito da Câmara Municipal de Itapirapuã
durante todo o período de recesso parlamentar.
Também não se pode olvidar que se mantida tal
prática este ano, a situação irregular, imoral e ilegal, permanecerá e ganhará
ares de legalidade. Por todos os motivos já expostos nesta peça vestibular a
prática ilegal não pode prosperar. A má prestação do serviço público implica
em prejuízo para toda a sociedade, prejuízo este irreparável.
Ademais a concessão do pedido relativo a obrigação
de não realizar o rodízio de servidores não implica em provimento antecipado
de tutela irreversível.
Assim necessária se faz ordem judicial que implique
na ordem de proibição da prática de rodízio de servidores no município de
Itapirapuã. Cumpre ressaltar que a antecipação parcial da tutela no que tange
a este pedido poderá ser a qualquer momento revertido, retornando a situação
ao status quo ante -ainda que manifestamente irregular.
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DOS PEDIDOS
Tecidas estas singelas considerações, conclui-se
claramente que os requeridos agiram de forma dolosa com discrepância dos
vetores constitucionais e legais que orientam a Administração Pública,
afrontando o regime jurídico administrativo, causando lesão ao erário público.
Estas condutas deliberadas, livres e consciente, impõe sua sujeição às sanções
previstas na Lei n.º 8.429/92, razão pela qual o MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DE GOIÁS apresenta os seguintes pedidos e requerimentos:
a) sejam os réus NOTIFICADOS, nos termos do §
7º1 do artigo 17, na redação que lhe foi outorgada pela referida Medida
Provisória nº. 2.180-34, de 24.08.2001, combinado com os artigos 221, inciso
I, e 222 primeira parte, do diploma adjetivo civil, PELO CORREIO COM
AVISO DE RECEBIMENTO, para, querendo fazer suas alegações
preliminares antes do juízo de prelibação a ser exercitado por Vossa
Excelência para admissibilidade da presente ação;
b) A citação por oficial de justiça do representante
legal do Município de Itapirapuã, encontradiço na sede da Prefeitura do
Município, sito à Praça Marechal Rondon, nº 47, Setor Central,CEP: 76290-
1§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3 o do art. 6 o da Lei n o 4.717, de 29 de junho de 1965 . (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996 )
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000, no município de Itapirapuã, para os fins do disposto no § 3º2 e 3 , do art.
17, da Lei n. 8.429/92, com a redação que lhe emprestou a Lei n. 9.366/96, ou
seja, para que opte ou não pela abstenção de contestação do pedido, ou atue ao
lado do autor, neste caso em face do interesse público envolvido;
c) a antecipação parcial da tutela consistente na
determinação judicial de proibição da realização de rodízio de servidores
no âmbito da Câmara Municipal durante os próximos períodos de
recesso parlamentar;
d) ao final, conforme o grau de irregularidade que
reste reconhecido por esse juízo após a instrução do feito, sejam impostas aos
requeridos as sanções previstas no artigo 12 da Lei n.º 8.429/92 – o
ressarcimento integral do dano, a perda da função pública que esteja
exercendo à época do proferimento da sentença, a suspensão de seus direitos
políticos, a proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, e pagamento de multa civil, nos seguintes
termos:
2 “Art. 17. (...) § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965 (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)”3 Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965 (Lei da Ação Popular): “Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. § 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo. § 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma. § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
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e) sejam imposta aos réus as sanções previstas no
artigo 12, inciso I, da Lei n.º 8.429/92, caso venha a ser comprovada, ao longo
da instrução do feito, atos de improbidade administrativa tipificados no artigo
9º da Lei de Improbidade;
f) caso não reste comprovado o enriquecimento
ilícito por parte do Presidente da Câmara , que sejam impostas aos demais
requeridos as sanções previstas no artigo 12, inciso II, da Lei n.º 8.429/92,
diante do claro enriquecimento ilícito por parte dos servidores;
g) o ressarcimento integral dos danos a ser apurado
em fase de liquidação de sentença;
h) sejam impostas aos requeridos as sanções
previstas no artigo 12, inciso III, da Lei n.º 8.429/92, diante da evidente
violação aos princípios básicos da Administração Pública, conforme previsto
especificamente no artigo 11, da Lei n.º 8.429/92 ;
i) a condenação dos requeridos ao pagamento de
custas processuais e demais verbas de sucumbência;
h) no caso de serem julgados procedentes os pedidos
aqui formulados, sejam oficiados o Tribunal Superior Eleitoral no caso de
suspensão dos direitos políticos, o Banco Central do Brasil – para que este
comunique às instituições financeiras oficiais a proibição de contratar com o
poder público e receber incentivos e benefícios fiscais ou creditícios – e, para Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,
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o mesmo fim, seja determinada a inclusão do nome dos requeridos no
Cadastro de Créditos Não Quitados de Órgãos e Entidades Federais – CADIN;
Este Órgão Ministerial protesta pela produção de
outras provas juridicamente admitidas – em especial o depoimento pessoal
dos réus, a oitiva de testemunhas, a realização de perícia e a posterior juntada
de documentos – e dá à presente causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) para fins de alçada.
Termos em que,
pede deferimento.
Itapirapuã, 03 de outubro de 2012.
RÔMULO CORRÊA DE PAULA
Promotor de Justiça em Substituição por Designação
Portaria PGJ 3.525/2011
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