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Promotoria de Justiça de Itapirapuã EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ITAPIRAPUÃ-GO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio deste Promotor de Justiça, com fulcro nos artigos 37, caput e § 4º, 127 e 129, inciso III, da Constituição da República, na Lei n.º 8.429/92, no art. 25, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da Lei n.º 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), na Lei n.º 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e no Código de Processo Civil, ajuíza a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CUMULADO COM PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER em desfavor de: CONCEIÇÃO SOARES GABRIEL, brasileira, casada, tesoureira da Câmara Municipal de Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro, Cidade de Itapirapuã/Goiás. Fone: (62) 3374-1236 1/54

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Promotoria de Justiça de Itapirapuã

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE

ITAPIRAPUÃ-GO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE

GOIÁS, por intermédio deste Promotor de Justiça, com fulcro nos artigos 37,

caput e § 4º, 127 e 129, inciso III, da Constituição da República, na Lei n.º

8.429/92, no art. 25, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da Lei n.º 8.625/93 (Lei

Orgânica Nacional do Ministério Público), na Lei n.º 7.347/85 (Lei da Ação

Civil Pública) e no Código de Processo Civil, ajuíza a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

CUMULADO COM PEDIDO DE OBRIGAÇÃO

DE NÃO FAZER

em desfavor de:

CONCEIÇÃO SOARES GABRIEL, brasileira,

casada, tesoureira da Câmara Municipal de

Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

Cidade de Itapirapuã/Goiás. Fone: (62) 3374-1236 1/54

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Promotoria de Justiça de Itapirapuã

Itapirapuã, filha de Odilio Soares da Costa e Cézar

Adelina da Costa, inscrita no CPF sob o nº

724330866-04 , portadora do RG nº MG-7.618.830,

residente e domiciliada à Av. Brasília, Qd.10,Lt.07,

Setor São Domingos, neste município;

ELIZÂNGELA JUSTINA DE CAMPOS,

brasileira, amasiada, diretora de arquivo da Câmara

Municipal de Itapirapuã, filha de Augusto Adão de

Campos e Maria Aparecida de Campos, RG

desconhecido, CPF desconhecido, residente e

domiciliada à Avenida Tancredo Neves, nº 32, Setor

Centro, neste município;

JANIELE C. MARTINS, brasileira, solteira,

nascida aos 23.06.1987, RG 5272784-SSPTC-GO 2ª

via, CFP 024.680.831-48, residente e domiciliada na

Rua 23, Qd. B-1, Lt. 03, Centro, Itapirapuã-GO;

JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA,

brasileiro,casado, servidor público municipal, filho

de José de Souza Moreira e Luiza Ana do

Nascimento, inscrito no CPF sob o nº 5175439,

portador do RG nº 834720, 2ª via, residente e

domiciliado à Rua 23, Qd.10, Lt.17, nº 02, Setor

Centro, neste município; Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

Cidade de Itapirapuã/Goiás. Fone: (62) 3374-1236 2/54

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Promotoria de Justiça de Itapirapuã

ODAIR F. DO NASCIMENTO brasileiro, nascido

em 08.11.1963, Registro Geral nº 2343837 SSP/GO,

inscrito no CPF sob o nº 292.181.791-87, filho de

Libânio Benedito do Nascimento e de Andreza

Ferreira Nascimento, residente na Rua Cora

Coralina, Qd. 04, Lt. 21, Centro, município de

Itapirapuã/GO; e

VILMAR CARDOSO DA SILVA, brasileiro,

casado, presidente da Câmara Municipal de

Itapirapuã, filho de José Cardoso da Silva e Josina

Francisca da Silva, portador do RG nº 1403575

SSPGO, inscrito no CPF sob o nº 359.995.511-53,

residente e domiciliado na Avenida Mato Grosso,

Qd. 09, Lt. 05, Setor São Domingos, neste

município;

pelos fundamentos de fato e dereito doravante

expostos.

DOS FATOS

O Ministério Público de Goiás, por intermédio do

seu órgão de execução situado no município de Itapirapuã, instaurou Inquérito

Civil Público com a finalidade de averiguar a notícia de que servidores da

Câmara Municipal do citado município, que não estavam em gozo regular de Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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férias, teriam trabalhado em regime de rodízio durante todo o recesso

parlamentar ocorrido em julho de 2010 e, ainda assim, abaixo da jornada de

trabalho a qual se subordinam, o que implica em grave transgressão aos

postulados da legalidade, da eficiência e da continuidade do serviço público.

Iniciada a investigação, restou apurado que o

Estatuto dos Servidores Públicos de Itapirapuã, Lei 293/90, mais precisamente

em seus artigos 170, 172 e 241, impõe a jornada de trabalho dos servidores da

Câmara Municipal como sendo de 40 horas semanais.

A Sra. Kaleia Ribeiro Mendonça, Secretária Auxiliar

desta promotoria, esteve por diversas vezes na Câmara Municipal de

Itapirapuã, no mês de julho do ano de 2010, na tentativa de entregar os ofícios

260/2010; 268/2010 e 297/2010, destinados ao Presidente da Casa,

deparando-se com as seguintes situações:

1) (Certidão nº 1) Na data de 12 de julho de

2010, por volta das 10h05min, a secretária certificou que encontrou na

Câmara Municipal somente uma funcionária chamada Elisângela que a teria

informado que a Câmara estaria em recesso naquele mês e que alguns

funcionários se encontravam de férias. A secretária ficou ciente que naquela

semana quem estaria trabalhando era a Sra. Elizângela, mas na semana

posterior àquela a funcionária de nome Conceição que ficaria responsável pela

Casa, uma vez que ela mesma (Elisângela), Conceição e Luzia estariam

trabalhando de forma alternada. A secretária inclusive perguntou se no período

vespertino a Câmara não abriria as portas, tendo resposta que apenas até as Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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16h;

2) (Certidão nº 2) Na mesma data a Sra. Kaleia

dirigiu-se novamente ao prédio da Câmara, por volta das 16:20min, quando na

ocasião o prédio se encontrava de portas fechadas. A Sra. Kaleia naquele

momento encontrou com a Sra. Sandra Vieira, funcionária da prefeitura

municipal que, lhe informou que a Câmara estaria fechada porque todos os

funcionários da casa estariam de férias;

3) (Certidão nº 03) Na data de 13 de julho do ano

de 2010, às 15h55min, a secretária se dirigiu até o prédio da Câmara quando

teria encontrado somente a funcionária Elizângela na recepção. A funcionária

que estava vendo TV, disse que estava aguardando até as 16h para fechar a

casa, afirmando que ninguém teria comparecido ao local;

4) (Certidão nº 04) No dia 15 de julho de 2010,

às 10h05min, novamente a Sra. Kaleia se dirigiu ao mesmo local, sendo que

na ocasião encontrou as portas da Câmara Municipal de Itapirapuã fechadas.

Certificou, ainda, que ao se dirigir até a prefeitura foi informada pelo

funcionário João Paulo Carneiro Mendonça que a Câmara estaria funcionando

das 08h às 09h, no período matutino e das 13h ás 16h no vespertino em razão

do recesso;

5) (Certidão nº 05) Na data de 15 de julho do ano

de 2010, ás 13h55min, a Sra. Kaleia dirigiu-se até a Câmara e encontrou

novamente só a funcionária Elisângela Campos no local.Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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6) (Certidão nº 06) Por fim, a secretária Kaleia,

na data de 28 de julho de 2010, às 16h40min, se deslocou até o Prédio da

Câmara Municipal de Itapirapuã, encontrando a porta principal que dá acesso

à recepção aberta e as demais portas das outras salas da dependência fechadas.

Questionado, naquele momento, um funcionário da prefeitura que estaria

próximo a porta principal se ele havia visto algum funcionário da Câmara,

respondeu que a funcionária chamada Conceição estava trabalhando naquele

dia mas que ia embora todos os dias as 16h.

Todas as mencionadas certidões foram devidamente

anexadas ao inquérito e comprovam que a denúncia relacionada ao rodízio

irregular de servidores da Câmara Municipal de Itapirapuã estava correta.

Houve redução do expediente administrativo naquela casa sem qualquer

previsão legal, ou ato formal que o autorizasse, e, ainda, rodízio de servidores

que proporcionaram dias a mais de folga aos funcionários que inclusive já

haviam gozado as suas férias, justificado tal ato pela existência do recesso

parlamentar federal que nada tem haver com o funcionamento da Câmara

daquele município.

A instrução do inquérito colacionou aos autos

documentos que comprovam a prática de condutas ímprobas, bem como

atribuem a responsabilidade do ato irregular e ilegal aos servidores que

participaram do rodízio e ao Presidente da Câmara Municipal de Itapirapuã,

que por sua vez, autorizou verbalmente que o fato ocorresse.

A exemplo do que foi dito, houve comprovação da Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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prática irregular mediante requisição feita ao Presidente da Câmara.

Inicialmente este parquet solicitou que se apresentasse o horário de

expediente do órgão, a relação de servidores que tiveram férias

regulamentares deferidas para gozo no mês de julho do ano de 2010, a jornada

de trabalho de cada servidor e as respectivas folhas de frequência, desde

janeiro de 2009, bem como relação da escala de férias dos servidores da

Câmara, nos anos de 2009 e 2010.

Encaminhadas as respostas por parte da casa

legislativa municipal, via ofício 05/2010, restou confirmada a jornada de

trabalho de 40 horas dos servidores da Câmara, bem como que os servidores

Luzia Ferreira Gomes Machado, Odair Ferreira do Nascimento e Quiara

Leandro Nogueira Silva se encontravam de férias no mês de julho do ano de

2010, pelo período de 01/07/10 a 30/07/10.

A Câmara Municipal de Itapirapuã também

encaminhou o registro Diário de frequência de seus servidores relativos aos

anos de 2009 e 2010. As primeiras cópias encaminhadas não continham os

registros referentes ao meses de julho e agosto de 2010, razão pela qual esta

promotoria requisitou especificamente esses documentos, por meio do ofício

nº 383/2010-ICP17/10.

O encaminhamento dos citados documentos foi feito

e nota-se que a folha de frequência dos servidores da Câmara se encontram

assinadas, de forma falaciosa, no mês de julho, demonstrando que apesar da

realização de rodízio, os servidores que participaram teriam assinado as Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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respectivas folhas de frequência como se tivessem trabalhado normalmente.

Os servidores que participaram do rodízio são os

seguintes: Conceição S. Gabriel; Janiele C. Martins; João de N. Moreira, além

da Sra. Elizângela incorreram em ato ímprobo, uma vez que sem qualquer

documento formal que autorizasse a redução do expediente administrativo

realizaram rodízio. Lembrando que a redução do expediente administrativo

não foi acompanhada da devida redução remuneratória proporcional aos

períodos trabalhados.

Ademais, o Presidente da Câmara autorizou de forma

leviana a redução do horário de expediente, não se preocupando sequer em

formalizar a autorização verbal dada aos servidores da casa, seus

subordinados.

A investigação relativa aos fatos denunciados

prosseguiu, sendo, em seguida, requisitadas cópias de todos os atos de

nomeação/exoneração editados pelo Presidente da Câmara Municipal de

janeiro de 2009 até setembro de 2010. O presidente da Câmara, por meio do

ofício 393/2010-ICP nº 17/2010 encaminhou a documentação, que por sua vez

passou a integrar os autos do Inquérito Civil Público nº 17/2010.

As portarias de nomeação e exoneração anexadas,

demonstram que no ano de 2010, na data de 01 de março, a Sra. Elisângela

Justina de Campos, foi nomeada para ocupar o cargo em comissão de Diretora

de Arquivo. Na mesma data, a Sra. Janiele Cristina Martins também foi Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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nomeada para ocupar o mesmo cargo, enquanto a Sra. Zanielly Monnara Rosa

teria sido nomeada para ocupar o cargo em comissão de Secretária do

Presidente junto à Câmara Municipal.

Cumpre ressaltar que a Sra. Elizângela jamais

exerceu funções pertinentes ao cargo de diretora de arquivo. Em realidade,

Elisângela trabalhava com serviços de limpeza, o que caracteriza mais uma

irregularidade existente no âmbito da Câmara Municipal de Itapirapuã. O

desvio de finalidade pertinente ao cargo é confirmado no próprio Termo de

Declaração ofertado por parte da requerida, que posteriormente será transcrito

em partes, considerando o que de fato for relevante para a presente ação.

Com relação à constatação de atos de nomeações no

ano de 2010, especificamente no mês de março, que é consideravelmente

próximo ao mês de julho, infere-se que a Câmara Municipal não passava por

dificuldades financeiras, de modo a justificar a prática do rodízio de

servidores, mesmo porque não houve em qualquer momento redução dos

valores percebidos à título de remuneração.

Por fim, e como última providência, o titular desta

promotoria, entendeu por bem notificar, a fim de que fossem prestadas

declarações sobre o caso, as seguintes pessoas: Sandra Vieira; João Paulo

Carneiro Mendonça; Elizângela Justina Campos;Conceição S. Gabriel, João

do Nascimento Moreira e Vilmar Cardoso da Silva.

Do primeiro termo colhido, a Sra. Sandra Vieira, Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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afirmou que ocupava cargo em comissão no Município de Itapirapuã, e que

estaria lotada a época na Secretaria Municipal de Educação, que se localizava

no mesmo prédio onde também funcionava a Câmara Municipal. Segundo

alegações da declarante, na data de 12 de julho do ano de 2010, a mesma teria

encontrado com a secretária desta promotoria Kaleia, ocasião que teria

afirmado que todos os funcionários da Casa estariam de férias. Vejamos trecho

do termo de Declaração que confirma a existência do rodízio de servidores

realizado em julho do ano de 2010 no âmbito da Câmara Municipal:

“(…) que a declarante confirma ser verdadeiro o teor da certidão de

fl.08, lembrando-se que realmente no dia 12/07/10, encontrou-se

com a servidora ministerial Kaleia Ribeiro no prédio onde trabalha,

ocasião em que disse que a Câmara estaria fechada porque os

funcionários da Casa estavam de férias; que perguntado à

declarante se houve algum dia do mês de julho em que a Câmara

Municipal esteve totalmente fechada , por ela foi dito que não e

esclareceu que, pelo que se recorda, em cada semana ficava um

funcionário ; que dos funcionários que se recorda terem trabalhado

em rodízio no mês julho, a declarante pode mencionar as pessoas

de Conceição, com quem inclusive pegava carona, Elizângela, e

Janiele, não tendo visto nas dependências da Câmara o servidor

João do Nascimento; que acredita que Quiara, Odair e Luzia

estavam de férias no mês de julho;que, no mês de julho, a Câmara

era fechada por volta das 16 horas; que a declarante não

observou nenhum cartaz afixado na porta da Câmara informando

sobre alguma alteração no horário de funcionamento do órgão; que

sobre o servidor Odair Ferreira do Nascimento, a declarante

informa que só o vê no dia das sessões legislativas, que

acontecem à noite, não encontrando referido servidor nas

dependências da Câmara durante o dia; que, nas vezes em que

ele lá compareceu, as sessões legislativas ocorreram de 20h até

no máximo 21h30min; que não sabe dizer por quanto tempo o

Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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servidor Odair é o responsável por acompanhar as sessões

legislativas(...)”

Com relação ao segundo termo colhido, o Sr. João

Paulo Mendonça Carneiro, afirmou que ocupa cargo em comissão no

município de Itapirapuã, auxiliando o prefeito Erivaldo, tendo jornada diária

de 08 horas, confirmando inclusive ser verdadeiro o teor da certidão exarada

por parte da servidora do ministério público Kaleia. O declarante também

confirmou que houve rodízio de servidores na Câmara Municipal no período

de julho do ano de 2010, vejamos os principais trechos do termo:

“(...) esclarecendo que , durante o recesso parlamentar , ocorrido

no mês de julho , não viu os servidores da Câmara trabalhando,

mas apenas uma copeira, de nome Quiara , a qual, geralmente,

auxiliava nas reuniões que aconteciam no plenário da Câmara; que

geralmente essas reuniões eram marcadas pela Equipe da

Secretaria de Saúde e da Ação Social; que no mês de junho o

declarante se recorda que a servidora Elisângela lhe contou que

estava trabalhando apenas no período da tarde, porque havia

trocado com Quiara , que trabalhava pela manhã; que em relação

ao servidor Odair Ferreira do Nascimento, o declarante tem

conhecimento que ele participa das sessões legislativas que

acontecem no período noturno, entre as 20h e às 21h; que o

declarante acredita que por mês acontecem cerca de 05 sessões

ordinárias (…) que o declarante se recorda de ter visto o servidor

Odair , por algumas vezes na sala do servidor João, também

conhecido como João Ripa, pelo período da manhã; que Odair, no

entanto, não ficou muito tempo por lá; que, nessas vezes que viu

Odair na Câmara , ele estava preparando juntamente com João os

projetos de lei para apreciação dos parlamentares; que não se

recorda de ter visto Odair nas dependências da Câmara no período

da tarde, que o declarante já viu o Senhor Odair trabalhando

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durante o dia no Cartório de Registro de Imóveis deste município ;

que o declarante se recorda que viu afixado na porta da Câmara o

cartaz com os dizeres “estamos em recesso”, sem mencionar nada

sobre horários de funcionamento(...)”

Da mesma forma a Sra. Elizângela, ao ser ouvida e

questionada por parte deste parquet, confirmou a irregularidade perpetrada.

Segue transcrição do termo:

“(...) que a declarante trabalhou por mais de um ano na Câmara

Municipal , na área de limpeza , não sabendo declinar ao certo o

período exato; que a declarante chegou a trabalhar na Câmara até

o mês de julho do ano de 2010, depois disso foi exonerada, que

não sabia dizer o nome do cargo que ocupava na Câmara, mas

somente prestava serviços no setor de limpeza; que nunca

desempenhou nenhuma atribuição como diretora de arquivo; que a

declarante se recorda que, no mês de julho de 2010, chegou a

trabalhar durante uma semana no sistema de rodízio, do qual

participaram também as servidoras Conceição e Janiele; que o

servidor João não esteve na Câmara no mês de julho de 2010; que

os servidores Odair, Luzia e Quiara tiraram férias nesse período;

que durante o rodízio o expediente ocorria pela manhã de 8h às

10h e pela tarde de 13h às 16h; que, findo o mês de julho , no

início de agosto a declarante foi interpelada pela servidora

Conceição, a qual falando em nome do Presidente da Câmara,

comunicou que a declarante estava exonerada a partir daquela

data; que antes o Presidente da Câmara havia dito que não tinha

mais como manter a declarante por questões financeiras; que a

declarante esclarece que desde quando entrou na Câmara fazia o

revezamento com a servidora Quiara, sendo que esta trabalhava

pela manhã e a declarante pela tarde; que esse revezamento era

de conhecimento do Presidente da Câmara; que a declarante

confirma a certidão de fl. 09, lembrando-se que realmente foi

procurada pela servidora ministerial Kaleia, durante o mês de julho

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de 2010, ocasião em que a declarante estava assistindo TV na

recepção e aguardando às 16h para ir embora; que a declarante se

recorda que em julho de 2009, também fizeram rodízio entre os

servidores; que a declarante sabe que o servidor Odair Ferreira do

Nascimento participa das sessões legislativas que acontecem no

período noturno, que de vez em quando, geralmente uma vez por

semana, Odair comparece na Câmara no período da tarde, mas

não fica muito tempo e logo vai embora; que pelo que sabe os

demais servidores trabalham regularmente no período da tarde;

que a declarante esclarece que fora o período de recesso de julho,

os servidores da Câmara que trabalhavam no período integral

João, Luzia, Conceição e Janiele , sendo que a declarante e

Quiara revezavam meio período e Odair raras as vezes era visto

na Câmara durante o dia; que a declarante não sabe por que Odair

não dava expediente na Câmara durante o dia, mas sabe dizer que

ficava mais no Cartório de Registro de Imóveis no período diurno

(...)”

A Senhora Conceição Soares Gabriel, também foi

ouvida, e esclareceu que a cerca de três anos ocupa o cargo de tesoureira na

Câmara Municipal, afirmando, ainda, que teria trabalhado no sistema de

rodízio no mês de julho , do qual teriam participado também as servidoras

Elisângela e Janiele, senão vejamos;

“(...) que a declarante se recorda que, no mês de julho de 2010,

chegou a trabalhar no sistema de rodízio , do qual participaram

também as servidoras Elisângela, e Janiele que o rodízio começou

por Janiele a qual trabalhou por dez dias, seguido da servidora

Elizângela, terminando com a declarante …, que durante o rodízio

o expediente ocorria pela manhã de 8h às 10h e pela tarde de 13h

às 16h; que o servidor João não esteve na Câmara no mês de

julho de 2010, mas se precisasse dele ele seria acionado; que não

se recorda se João foi acionado no último recesso; que os

Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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servidores Odair , Luzia e Quiara tiraram férias nesse período , que

esse rodízio era do conhecimento e autorizado pelo atual

presidente da Câmara , Vimar Cardoso da Silva,(...) que durante o

dia o , o servidor Odair não dá expediente na Câmara, pois

também trabalha no Cartório de Registro de móveis; que durante o

dia Odair só vai até a Câmara quando precisam dele para

questões urgentes,ficando pouco tempo nas dependências da

Casa Legislativa; que depois de algumas exonerações , na data de

hoje a declarante pode dizer que são servidores da Câmara a

própria declarante, Luzia, Quiara, Janiele, Odair e João; que

desses apenas Odair e João são servidores efetivos; que a

declarante não sabe dizer o motivo pelo qual Odair não cumpre

expediente integral no período diurno, esclarecendo que desde

quando entrou na Câmara isso já acontecia; que a declarante

afirma que não havia nenhum cartaz afixado na porta da Câmara

informando sobre o recesso ou alteração do horário de expediente,

sendo que as pessoas que lá compareciam eram informadas

verbalmente sobre o recesso (…) que sobre as funções

desempenhadas pelos servidores da Câmara, a declarante

esclarece que João fica por conta da emissão de portarias, análise

dos projetos legislativos, expedição dos ofícios, Odair pelo registro

das atas na sessões , Quiara pela limpeza, Luzia pelo Controle

Interno e Janiele como secretária do Presidente da Câmara,

embora ocupe o cargo de diretora de arquivo (...)”

Já o Senhor JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA,

que segundo as declarações anteriores sequer apareceu na Câmara Municipal

durante todo o mês de julho, afirmou em clara contradição ao que havia sido

declarado, que compareceu durante o início do mês de julho, por cinco ou oito

dias no período da manhã, sendo que no restante do mês ficava em casa

aguardando ser chamado. As demais alegações foram confirmadas , muito

embora o declarante tenha afirmado que o horário do rodizio ocorria entre as

08h e as 11h na parte da manhã e das 13h às 17h no horário da tarde. De toda Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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sorte, o Sr. João do Nascimento, assim como todos os demais declarantes,

esclareceu que ele e o Sr. Odair eram os únicos servidores efetivos da casa,

sendo que o último só comparece a Câmara quando necessário, e quando não

há nenhuma pendência ele vai embora, uma vez que trabalha no Cartório de

Registro de Imóveis da cidade.

Por fim, foi colhido termo de declaração do Sr.

Vilmar Cardoso da Silva, então presidente da Câmara Municipal de

Itapirapuã. O presidente confirmou a prática do rodízio de servidores durante

o período de recesso parlamentar ocorrido no mês de julho do ano de 2010.

Segue transcrição do termo, onde o próprio presidente afirma ter ciência de

todos os fatos irregulares denunciados no Ministério Público. Vejamos:

“(...)que o declarante confirma que realmente no último recesso

parlamentar ocorrido no mês de julho de 2010, houve um rodízio

entre os servidores da Câmara que não estavam de férias, a saber,

Elisângela, Conceição e Janiele ; que o servidor João, no entanto

ficava em casa à disposição da Câmara , e comparecia sempre

que chamado; (…), que no recesso de julho de 2010 não havia

nenhum ato na porta da Câmara informando sobre o recesso ou o

novo horário de expediente; que o declarante confirma que as

servidoras Quiara e Elisângela, responsáveis pela limpeza,

revezavam entre si; sendo que Quiara ficava pela manhã e

Elisângela a tarde, que o declarante afirma que em julho de 2009,

o expediente ocorreu normalmente, com expediente integral sem

rodízio de servidores; que desde o início de sua gestão como

Presidente da Câmara , o único rodízio entre os servidores ocorreu

em julho de 2010; que o declarante esclarece que em julho de

2009 foi interpelado pelos servidores da Câmara sobre a

possibilidade de conceder expediente em rodízio , ocasião em que

o declarante disse que iria viajar e o expediente era pra ser

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cumprido integralmente durante o recesso parlamentar, não sendo

de seu conhecimento se houve rodízio; que o declarante esclarece

que exonerou as servidoras Zenielly e Elisângela,porque, alertado

pelo contador da Câmara, constatou que não haveria dinheiro em

caixa suficiente para pagá-las até o final do ano sem violar o limite

legal; que o declarante esclarece que referidas servidoras foram

exoneradas por duas vezes, sendo que na primeira vez foram as

próprias servidoras que solicitaram para que as exonerasse para

tentar arrumar um emprego melhor; que passados mais ou menos

um mês aludidas servidoras pediram ao declarante que as

nomeasse novamente, o que foi feito, que por conta da

insuficiência de caixa, as referidas servidoras foram novamente

exoneradas; que com relação a Elisângela depois da última

exoneração no dia 15/04/2010, ela continuou trabalhando na

Câmara na condição de prestadora de serviço, mediante contrato;

que sobre as atribuições dos servidores, o declarante esclarece

que João fica por conta da emissão de portarias , análise de

projetos legislativos, expedição de ofícios, Odair pelo registro das

atas nas sessões, Quiara pela limpeza, Luzia pelo controle interno

e Janiele como sua secretária e,por falta de recursos da Câmara ,

também desempenha a direção do arquivo ;que, em geral, são

quatro ou cinco sessões ordinárias na Câmara, que ocorrem no

período da noite de 20h às 21h, que no mês de agosto as sessões

são realizadas no Distrito de Jacilândia, que com relação ao

servidor Odair o declarante esclarece que, durante o período

diurno, Odair só comparece à Câmara quando necessário, ou seja,

quando as tarefas apertam para João Rippa; que Odair, durante o

dia, trabalha no Cartório de Registro de Imóveis; que o declarante

esclarece que o servidores João e Odair sã efetivos mais

originários do poder executivo, cedidos há mais de 20 anos para a

Câmara Municipal com ônus para esta, que que ambos, por conta

disso, tem salários maiores que os demais servidores da Câmara;

que no início de sua gestão, em janeiro de 2009 o declarante

conversou com Odair sobre sua jornada de trabalho, ocasião em

que este lhe disse que sempre trabalhou no Cartório de Registro

de Imóveis durante o dia, mas que estaria a disposição da Câmara

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, atendendo sempre que fosse chamado em alguma emergência;

que nessa ocasião Odair disse ao declarante que não haveria

prejuízo ao serviço público porque sempre trabalhou dessa forma,

motivo pelo qual o declarante acabou concordando com Odair,

dizendo-lhe que não tinha interesse em prejudicá-lo; que por conta

da difícil situação financeira da Câmara o declarante chegou a

procurar sua assessoria jurídica para devolver João e Odair à

Prefeitura , mas foi orientado no sentido diverso em razão da

“estabilidade” de ambos os servidores; que perguntado ao

declarante por qual motivo nomeou servidor para cargo

comissionado , em tempos de dificuldade financeira da Câmara ,

enquanto Odair ficava trabalhando durante o dia no Cartório de

Imóveis, o declarante respondeu que assim procedeu porque Odair

auxiliava nas sessões legislativas noturnas; que os demais

servidores à exceção de Quiara e Odair cumprem o expediente

integral (...)”

Conclui-se, portanto, que houve de forma

incontestável o rodízio de servidores durante o recesso parlamentar, no mês de

julho do ano de 2010, além de outras irregularidades que foram confirmadas

durante a instrução do inquérito civil. A ocorrência de desvio de função,

descumprimento de carga horária e cumulação irregular de cargos, são

exemplos de práticas ilegais que também foram confirmadas no decurso da

investigação.

Ademais, o próprio presidente da casa legislativa

arguiu que a mesma passa por problemas financeiros e que teria sido avisado,

naquele ano, por parte do contador da Câmara acerca da insuficiência de caixa

para pagamento de todos os seus servidores. Ora Excelência, quanta

contradição!! Primeiramente, se a Câmara passava por problemas financeiros,

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a redução da jornada de trabalho deveria obrigatoriamente vir acompanhada

da redução de despesas, ou seja a redução proporcional das remunerações de

acordo com o período trabalhado por cada servidor. Em segundo lugar, como

acreditar que uma casa que almeja reduzir despesas possa manter em seu

quadro servidores cedidos do executivo, com ônus para a própria Câmara que

sequer comparecem no local de trabalho?

Nessas situações o procedimento previsto na

Constituição Federal, de acordo com o seu artigo 169, diz que: caso o ente

federado desrespeite o limite de gastos com pessoal, deve ser reduzido o

número de cargos comissionados e funções de confiança, se esta medida não

der certo poderão ser exonerados servidores estáveis. Vejamos o inteiro teor

do artigo 169 da Lei Fundamental:

“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder

os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de

remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou

alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou

contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades

da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas

e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender

às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela

decorrentes;

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes

orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades

de economia mista.

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida

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neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão

imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais

ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios

que não observarem os referidos limites.

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base

neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida

no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

adotarão as seguintes providências:

I - redução de pelo menos vinte por cento das despesas com

cargos em comissão e funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não

forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação

da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável

poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada

um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou

unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior

fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração

por ano de serviço.

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores

será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou

função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de

quatro anos.

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem

obedecidas na efetivação do disposto no § 4º”.

De fato não justifica a ocorrência da redução do

expediente administrativo relacionado no âmbito da Câmara Municipal de

Itapirapuã, a não ser o amor ao ócio.

Assim procedendo, VILMAR CARDOSO DA

SILVA incorreu na prática da odiosa improbidade administrativa, na medida

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em que a finalidade nítida da autorização de redução do horários de

expediente, sem qualquer expedição ato formal que o autorizasse, representa

burla aos princípios da Administração Pública, de extração constitucional,

além de viabilizar o enriquecimento sem causa e lesar o erário.

O descaso dos requeridos com os princípios da

legalidade, da eficiência, da continuidade dos serviços públicos, da

moralidade, impessoalidade e da economicidade configura ato de improbidade

administrativa, razão pela qual o parquet ajuíza a presente ação civil pública

com esteio na Lei n.º 8.429/92, com o fito de restaurar a força normativa dos

preceptivos constitucionais desconsiderados pelos ímprobos, ressarcir o erário

dos danos materiais causados e, ao final, punir os responsáveis nas sanções

catalogadas na Lei de Improbidade Administrativa.

DAS IRREGULARIDADES COMETIDAS POR CADA REQUERIDO

Dos termos de declaração colhidos nota-se que todos

os ouvidos confirmaram a ocorrência do rodízio de servidores praticado no

mês de julho do ano de 2010 . Ocorre que, as irregularidades não param por

aí, além da redução ilegal e imoral do expediente administrativo, restou

constatado o desvio de função, e o descumprimento do expediente, inclusive

com cumulação irregular de cargo por parte de determinados requeridos.

Em razão disto as condutas serão individualizadas

para facilitação deste nobre magistrado na aplicação das sanções concebidas

pela lei 8.429/92. Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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CONCEIÇÃO SOARES GABRIEL – participação

no rodízio realizado pelos servidores que não estavam em gozo de férias no

mês de julho do ano de 2010; assinou folha de frequência como se tivesse

trabalhado todos os dias em expediente integral; não teve sua remuneração

reduzida de forma proporcional ao tempo de expediente cumprido;

ELIZÂNGELA JUSTINA DE CAMPOS -

participação no rodízio realizado pelos servidores que não estavam em gozo

de férias no mês de julho do ano de 2010; servidora trabalhava com serviço

de limpeza muito embora tenha tomado posse para o cargo de diretora de

arquivo;

JANIELE C. MARTINS - participação no rodízio

realizado pelos servidores que não estavam em gozo de férias no mês de julho

do ano de 2010; assinou folha de frequência como se tivesse trabalhado todos

os dias em expediente integral; não teve sua remuneração reduzida de forma

proporcional ao tempo de expediente cumprido;

JOÃO DE NASCIMENTO MOREIRA –

compareceu, durante todo o mês de julho, apenas em determinados dias, que

não somam sequer uma semana. As raras vezes em que compareceu à Câmara,

no mês de julho do ano de 2010, realizava serviços rápidos e voltava para

casa; assinou folha de frequência como se tivesse trabalhado todos os dias em

expediente integral; não teve sua remuneração reduzida de forma proporcional

ao tempo de expediente cumprido;

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ODAIR F. DO NASCIMENTO – nunca cumpriu

expediente diurno, comparecendo à Câmara apenas quando chamado, em

situações excepcionais. Possui outro cargo no Cartório de Registro de

Imóveis do município de Itapirapuã. Não teve sua remuneração reduzida de

forma proporcional ao tempo de expediente cumprido;

VILMAR CARDOSO DA SILVA – autorizou a

realização de rodízio dos servidores, reduzindo o horário do expediente

administrativo sem qualquer ato formal que autorizasse; não ordenou a

redução proporcional das remunerações dos servidores que trabalharam em

horário reduzido; estava ciente do descumprimento da carga horária com

relação aos servidores João Rippa e Odair e nada fez para alterar a situação;

nomeou a Sra. Elisângela como diretora de Arquivo enquanto a mesma

sempre trabalhou com serviços de limpeza, não ordenou que fosse afixado na

porta da casa qualquer aviso ao público acerca do novo horário de expediente.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A Ação Civil Pública, ex vi do disposto no artigo 1º

da Lei nº. 7.347/85, como fator de mobilização social, é a via processual

adequada para impedir a ocorrência ou reprimir danos ao patrimônio público,

meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico, protegendo, assim, os interesses difusos,

coletivos e individuais homogêneos da sociedade, sendo que, diante de sua Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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magnitude e excelência, mereceu assento constitucional, como se extrai do

artigo 129, inciso III da Constituição da República Federativa brasileira.

Não se presta a ação civil pública, à luz dos

ensinamentos do insigne JOÃO BATISTA DE ALMEIDA, a amparar direitos

individuais subjetivos, cujos titulares deverão valer-se das vias ordinárias para

pleito de ressarcimento de dano sofrido ou para sustação de ato que possa

afetar seu direito. Tutelados são apenas os interesses dimensionados

coletivamente, transcendentes do indivíduo e os direitos individuais

homogêneos socialmente relevantes, como se pretende demonstrar no caso em

tela (ALMEIDA, João Batista de. Aspectos Controvertidos da Ação Civil

Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001).

Não restam dúvidas de que o patrimônio público é

um interesse de dimensão difusa, o que autoriza sua tutela processual por

intermédio da ação civil pública. Nesse diapasão, caracterizando a tutela do

patrimônio público, inclusive na dimensão da moralidade administrativa,

como um interesse metaindividual de natureza difusa, e, ainda, considerando

que o Ministério Público é parte legítima para aforar ação de improbidade

com a finalidade de punir os agentes ímprobos que violam os princípios da

Administração Pública, é a farta jurisprudência do colendo Superior Tribunal

de Justiça, in verbis:

EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA CONTRA CHEFE DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. UTILIZAÇÃO DE FRASES DE

CAMPANHA ELEITORAL NO EXERCÍCIO DO MANDATO.

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ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO

PÚBLICO. VIOLAÇÃO DO ART. 267, IV, DO CPC, REPELIDA.

OFENSA AOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS.

INTERPRETAÇÃO DO ART. 11 DA LEI 8.429/92. LESÃO AO

ERÁRIO PÚBLICO. PRESCINDIBILIDADE. INFRINGÊNCIA DO

ART. 12 DA LEI 8.429/92 NÃO CONFIGURADA. SANÇÕES

ADEQUADAMENTE APLICADAS. PRESERVAÇÃO DO

POSICIONAMENTO DO JULGADO DE SEGUNDO GRAU.

1. Cuidam os autos de ação civil pública por improbidade

administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado de São

Paulo em face de José Cláudio Grando, à época Prefeito Municipal

de Dracena/SP, objetivando, em síntese, a sua condenação nas

sanções previstas na Lei nº 8.429/92 por suposta utilização

irregular das frases "Dracena Todos por Todos Rumo ao Ano 2000"

e "Dracena Rumo ao Ano 2000" em fachadas de órgão públicos

municipais, veículos e placas de inauguração, uniformes dos

alunos das escolas e creches públicas, jornais da região, carnês de

pagamento de tributos e publicações especiais. Sobreveio

sentença julgando parcialmente procedente o pedido para

suspender os direitos políticos do réu pelo período de três anos,

proibi-lo de contratar, receber benefício, incentivos fiscais ou

creditícios, diretos ou indiretos, junto ao poder público, ainda que

por intermédio de pessoa jurídica, pelo mesmo prazo, bem como

para condená-lo a pagar o equivalente a dez vezes sua atual

remuneração, a título de multa civil e a ressarcir ao Município os

gastos comprovadamente efetuados com recursos públicos na

inserção da expressão e símbolo de sua campanha eleitoral em

bens e atos da administração, a serem liquidados no momento

oportuno, bem como a arcar com as custas e eventuais despesas

processuais, extinguindo o processo nos termos do art. 269, inciso

I, do CPC. O réu interpôs apelação a fim de que fosse julgado

improcedente o pedido do apelado com a inversão dos ônus

processuais aduzindo, preliminarmente, a incompetência absoluta

do Juízo monocrático por considerar que o TJSP seria o

competente para julgar o feito e carência de ação por considerar

que, em sede de ação civil pública, é descabido o pedido de

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eventual reparação por danos ao erário em virtude de ato de

improbidade administrativa. No mérito, aduziu ausência de prova

do dano, cerceamento de defesa e que a sentença não apreciou a

contestação. O Tribunal, por maioria, rejeitou as preliminares e

negou provimento ao recurso. Insistindo pela via especial,

fundamentado nas alíneas "a" e "c", aponta o réu violação dos

artigos 267, IV, do CPC, e 11, caput e inciso I, e 12, ambos da Lei

nº 8.429/92. Requer seja decretada a extinção do processo sem

julgamento do mérito em virtude de carência de ação ou seja

reconhecida a improcedência do pedido formulado na exordial.

Contra-razões apresentadas. Recurso extraordinário interposto

concomitantemente, tendo sido contra-arrazoado. Juízo positivo de

admissibilidade apenas ao recurso especial no que concerne à

alínea "c" do permissivo constitucional. Houve interposição de

agravo de instrumento em relação à alínea "a". O Ministério

Público Federal ofereceu parecer opinando pelo improvimento do

recurso especial.

2. A ação civil pública protege interesses não só de ordem patrimonial como, também, de ordem moral e cívica. O seu objetivo não é apenas restabelecer a legalidade, mas também punir ou reprimir a imoralidade administrativa a par de ver observados os princípios gerais da administração. Essa ação

constitui, portanto, meio adequado para resguardar o patrimônio

público, buscando o ressarcimento do dano provocado ao erário,

tendo o Ministério Público legitimidade para propô-la. Precedentes.

Ofensa ao art. 267, IV, do CPC, que se repele.

3. A violação de princípio é o mais grave atentado cometido contra

a Administração Pública porque é a completa e subversiva maneira

frontal de ofender as bases orgânicas do complexo administrativo.

A inobservância dos princípios acarreta responsabilidade, pois o

art. 11 da Lei 8.429/92 censura “condutas que não implicam

necessariamente locupletamento de caráter financeiro ou material”

(Wallace Paiva Martins Júnior, “Probidade Administrativa”, Ed.

Saraiva, 2ª ed., 2002).

4. O que deve inspirar o administrador público é a vontade de fazer

justiça para os cidadãos, sendo eficiente para com a própria

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administração. O cumprimento dos princípios administrativos, além

de se constituir um dever do administrador, apresenta-se como um

direito subjetivo de cada cidadão. Não satisfaz mais às aspirações

da Nação a atuação do Estado de modo compatível apenas com a

mera ordem legal, exige-se muito mais: necessário se torna que a

gestão da coisa pública obedeça a determinados princípios que

conduzam à valorização da dignidade humana, ao respeito à

cidadania e à construção de uma sociedade justa e solidária.

5. A elevação da dignidade do princípio da moralidade

administrativa ao patamar constitucional, embora desnecessária,

porque no fundo o Estado possui uma só personalidade, que é a

moral, consubstancia uma conquista da Nação que,

incessantemente, por todos os seus segmentos, estava a exigir

uma providência mais eficaz contra a prática de atos dos agentes

públicos violadores desse preceito maior.

6. A tutela específica do art. 11 da Lei 8.429/92 é dirigida às bases axiológicas e éticas da Administração, realçando o aspecto da proteção de valores imateriais integrantes de seu acervo com a censura do dano moral. Para a caracterização dessa espécie de improbidade dispensa-se o prejuízo material na medida em que censurado é o prejuízo moral. A corroborar

esse entendimento, o teor do inciso III do art. 12 da lei em

comento, que dispõe sobre as penas aplicáveis, sendo muito claro

ao consignar, “na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do

dano, se houver...” (sem grifo no original). O objetivo maior é a

proteção dos valores éticos e morais da estrutura administrativa

brasileira, independentemente da ocorrência de efetiva lesão ao

erário no seu aspecto material.

7. A infringência do art. 12 da Lei 8.429/92 não se perfaz. As

sanções aplicadas não foram desproporcionais, estando

adequadas a um critério de razoabilidade e condizentes com os

patamares estipulados para o tipo de ato acoimado de ímprobo.

8. Recurso especial conhecido, porém, desprovido. (REsp

695.718/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,

julgado em 16.08.2005, DJ 12.09.2005 p. 234).

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Corrobora a tese ministerial a festejada doutrina dos

Promotores de Justiça do Rio de Janeiro Emerson Garcia e Rogério Pacheco,

senão vejamos:

“Partindo de tais premissas, é possível compreender que a Lei nº

7.347/85 busca disciplinar, antes de tudo, uma nova técnica de

tutela dos interesses coletivos e difusos, trazendo, só para citar

dois exemplos, uma nova mentalidade sobre a legitimação para a

causa (art. 5º) e a extensão da coisa julgada (art. 16), institutos

que, remodelados, se prestam ao resguardo dos “novos direitos”.

Não se prende, assim, propriamente, ao disciplinamento do

procedimento, que é o ordinário, e não de filia, de igual forma, ao

sistema romano da tipicidade de ações. Entra pelos olhos, desta

forma, que a incidência, ou não, das regras previstas na Lei da

Ação Civil Pública, de sua técnica de tutela, independentemente do

nome que se queira dar à ação e ao rito que se deseje imprimir, vai

depender, fundamentalmente, ou não, de um interesse coletivo ou

difuso, objeto do referido diploma legal. Se considerarmos que a

Lei nº 8.429/92 compõe, ao lado de outros instrumentos

constitucionais e infraconstitucionais, o amplo sistema de tutela do

patrimônio público, interesse difuso, a possibilidade de manejo da

ação civil pública na seara da improbidade, quer pelo Ministério

Público, quer pelos demais co-legitimados, torna-se clara.

Claríssima, de lege lata, em razão da regra contida no art. 129, III

e § 1º, da Constituição Federal, o que, a nosso juízo, torna até

desimportante a discussão sob o enfoque puramente pragmático.

Equivocada, assim data vênia, a assertiva do descabimento da

ação civil pública com vistas ao ressarcimento dos danos

causados ao erário e à aplicação das sanções do art. 12 da Lei nº

8.429/92 em razão do suposto rito especial adotado pela Lei nº

7.347/85. Equivocada, rogata vênia, não só porque o rito da ação

civil pública não é especial, como também, mesmo que especial

fosse, ou venha a ser, porque a questão do procedimento, para

fins de incidência da Lei, de sua técnica protetiva, como visto, é de

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nenhuma importância” (Improbidade Administrativa. Rio de Janeiro:

Lumem Júris, 2006, pág. 620-621).

É certo que a Constituição Federal de 1988 conferiu

ao Parquet o status de guardião da ordem jurídica, do regime democrático e

dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sendo que, no afã de

instrumentalizar o ombudsman com mecanismos idôneos para a consecução

de suas finalidades institucionais, estabeleceu expressamente dentre suas

funções a de promover o inquérito civil e a ação civil pública (artigo 129, III).

A Constituição da República de 1988 confia ao

Ministério Público, em seu artigo 129, a atribuição de zelar pela preservação

do patrimônio público e social por intermédio da Ação Civil Pública, que é o

instrumento processual idôneo para a defesa da probidade administrativa e

para a punição do agente ímprobo, senão vejamos o enunciado normativo

estampado na Lei Fundamental da República:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a

proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de

outros interesses difusos e coletivos”.

Em consonância com essa orientação, a Lei Orgânica

do Ministério Público – Lei federal n.º 8.625/93 – assim estatui:

“Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e

Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao

Ministério Público:

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IV – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da

lei:

a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao

meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor

artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros

interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e

homogêneos;

b) para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao

patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de

Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de

entidades privadas de que participem.”

Em termos mais específicos, o artigo 17 da Lei n.º

8.429/92 confere ao Ministério Público legitimidade para propor ação de

improbidade administrativa nos seguintes termos:

“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta

pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro

de trinta dias da efetivação da medida cautelar”.

Dirimindo-se, portanto, quaisquer controvérsias

sobre tal legitimidade, especialmente, quanto ao manejo da presente ação de

improbidade administrativa para punir o agente ímprobo, em atenção ao

mandamento constitucional do artigo 37, § 4º, a jurisprudência do egrégio

Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de reconhecer legitimidade

ao Ministério Público para a promoção da ação civil pública com o escopo de

tutelar o patrimônio público:

EMENTA: “Ação Civil Pública. Atos de Improbidade Administrativa.

Defesa do Patrimônio Público. Legitimação ativa do Ministério

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Público. Constituição federal, arts. 127 e 129, III. Lei 7.347/85 (arts.

1º, IV, 3º, II e 13). Lei 8.429/92 (art. 17). Lei 8.625/93 (arts. 25 e

26).

1. Dano ao erário municipal

afeta o interesse coletivo, legitimando o Ministério Público para

promover o inquérito civil e a ação civil pública objetivando a

defesa do patrimônio público. A Constituição Federal (art. 129, III)

ampliou a legitimação ativa do Ministério Público para propor Ação

Civil Pública na defesa dos interesses coletivos.

2. Precedentes

jurisprudenciais.

3. Recurso não provido”.

(Resp. n.º 154.128/SC, 1ª Turma, relator Ministro LUIZ PEREIRA).

EMENTA: “Processual Civil. Ação Civil Pública. Defesa do

Patrimônio Público. Ministério Público. Legitimidade Ativa.

Inteligência do art. 129, III, da CF/88 c/c o art. 1º, da Lei n.º

7.347/85. Precedente. Recurso especial não conhecido.

I – O campo de atuação do MP foi ampliado pela Constituição de

1988, cabendo ao Parquet a promoção do inquérito civil e da ação

civil pública para proteção do patrimônio público e social, do meio

ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, sem a

limitação imposta pelo art. 1º da Lei 7.347/85 (Resp. n.º 31.547-

9/SP).II – Recurso especial não conhecido” (Resp n.º 67.148/SP,

relator Ministro Adhemar Maciel).

A remansosa jurisprudência da Corte Superior

Federal culminou com a edição da Súmula 329, assim redigida: “O Ministério

Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do

patrimônio público”.

No mesmo sentido é a jurisprudência do Tribunal de

Justiça goiano:

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"Ação Civil Pública. Atos de improbidade administrativa. Defesa do

patrimônio público. Legitimidade do Ministério Público. O Ministério

Público tem legitimidade para propor ação civil pública que objetiva

a proteção do erário municipal. 2. Sentença ultra e extra petita.

Não há se falar em sentença ultra ou extra petita quando ela é

proferida nos estritos limites do petitum. 3. Nomeação de menor

impúbere para o exercício de cargo comissionado. Caracteriza-se

ato de improbidade administrativa a nomeação de filho menor de

18 anos para a função pública, uma vez que ofende os princípios

da administração. Apelo conhecido e improvido. Decisão unânime"

(TJGO, 2ª CC, AP nº 54530-7/188, rel. Des. Fenelon Teodoro Reis,

j. em 21/11/00, DJ de 06/12/00, p. 6).

Patente, portanto, que o Ministério Público é parte

legítima para aforar ação civil pública em defesa do patrimônio público e da

moralidade administrativa, além de ter legitimidade ativa para a promoção de

ação de improbidade tendente a punir o agente ímprobo responsável por

violações aos princípios estruturais do regime jurídico administrativo, pela

lesão ao erário público e enriquecimento às custas dos cofres públicos.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Urge destacar que a legitimidade passiva, no bojo da

Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, abrange

precipuamente os agentes públicos que pratiquem atos de improbidade. Tais

agentes são assim considerados ainda que exerçam transitoriamente ou sem

remuneração a sua função, por eleição, nomeação, designação, contratação ou

qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo ou emprego,

na forma do artigo 2º da Lei n.º 8.429/92.

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No sistema introduzido pela Lei 8.429/92 os atos de

improbidade administrativa só podem ser praticados por agentes públicos,

com ou sem auxílio de terceiros, assim dispondo o artigo 2º da referida lei,

verbis:

“Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo

aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem

remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou

qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,

emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”

O particular, do mesmo modo, pode ser sujeito ativo

do ato de improbidade administrativa, desde que dele se beneficie de qualquer

forma direta ou indireta.

Nesse sentido é a dicção cristalina do artigo 3ª da lei

8.429/92, verbis:

“Art. 3º. As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,

àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra

para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob

qualquer forma direta ou indireta.”

O requerido VILMAR CARDOSO DA SILVA

exerce o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Itapirapuã, agente

político, o qual desempenha, como presidente da Câmara Municipal, função

Política prevista na Constituição Federal. Nessa linha, se subsume

perfeitamente a definição trazida pelo artigo 2º da Lei de Improbidade, sendo

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sujeito ativo de ato de improbidade administrativa, na medida em que praticou

atos agressivos aos princípios da Administração Pública, atentando contra a

própria administração direta, além de lesar o erário e viabilizar o

enriquecimento ilícito de terceiros.

Como a ré Elisângela exerceu, na época dos fatos,

cargo público, ainda que atualmente não guarde mais nenhum vínculo com a

administração pública, também possui, segundo a definição do art.2º da lei

8.429/92, legitimidade passiva para figurar como requerida na presente ação.

DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, §

4º, dispõe:

“Art. 37. A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de

qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e, também, ao

seguinte:

§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a

suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a

indisponibilidade e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação

prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Com o escopo de conferir densidade normativa ao

indigitado preceito constitucional, foi editada a Lei n.º 8.429/92, que dispõe

sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos, nos casos de improbidade no

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exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública

direta, indireta ou fundacional.

O referido diploma normativo contempla,

basicamente, três categorias de atos de improbidade administrativa, a saber:

em seu artigo 9º, os atos de improbidade administrativa que importam

enriquecimento ilícito do agente ou de terceiros; em seu artigo 10, os atos de

improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário; e no artigo 11, os

atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da

administração pública.

No caso concreto, denota-se a ocorrência das três

dimensões da improbidade administrativa, na medida em que houve o

enriquecimento ilícito dos servidores que participaram do rodízio e ainda,

assim, receberam seus vencimentos na íntegra sem a necessidade de

observarem a jornada normal de trabalho (art. 9º, caput, da Lei n.º 8.429/92), o

que, inexoravelmente causou grave prejuízo ao erário, incorrendo o Presidente

da Câmara Municipal de Itapirapuã, assim como os servidores que

cometeram as demais irregularidades, nos atos descritos no artigo 10, incisos

VII e XII e artigo 9°, caput, respectivamente, além de restarem agredidos os

princípios basilares do regime jurídico administrativo, violando os deveres de

honestidade, imparcialidade e lealdade (artigo 11, inciso I, da Lei n.º

8.429/92).

Especialmente no que se refere aos atos que atentam

contra os princípios que norteiam a Administração Pública, cumpre Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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transcrever algumas normas aplicáveis ao julgamento deste caso:

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto, na regra de competência”;

Entrementes, convém frisar que a improbidade

administrativa consistente em atos que atentam contra os princípios que regem

a Administração Pública não pressupõe dano ao erário e tampouco o

enriquecimento ilícito do agente ímprobo. Basta, para caracterizar a conduta

ilegal, a sua subsunção à norma do artigo 11 da Lei n. 8.429/92, isto é, que se

demonstre a ocorrência de lesão aos princípios da Administração Pública.

É exato rememorar-se, ainda, que o princípio da

moralidade administrativa constitui mandamento de cunho hierárquico

constitucional, distinguindo-se, em essência, da legalidade. Não se confunde,

da mesma forma, com a lesão ao erário, consoante deixa claro o artigo 21,

inciso II, da Lei n. 8.429/92, que afirma que “a aplicação das sanções

previstas nesta lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio

público”.

Sem embargo de no presente caso restar

efetivamente comprovada a lesão ao erário e o enriquecimento ilícito,

insta salientar que a ocorrência da improbidade não prescinde de dano

material concreto ao erário, porque vulnerar um princípio é a mais grave Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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agressão dentro do sistema, e a imoralidade administrativa atenta contra os

valores imateriais da Administração Pública.

Ademais, para a configuração do ato de improbidade

administrativa nos moldes do artigo 11 da Lei n.° 8.429/92, não há

necessidade de indicar o dolo enquanto finalidade específica, o que se admite

apenas para fins de argumentação. De qualquer forma, no caso concreto, há

farta argumentação e provas de que os requeridos agiram com má-fé, uma vez

que trabalharam em sistema de rodízio no mês de julho e ainda assim

assinaram as respectivas folhas de frequência como se tivessem trabalhado em

horário integral e contínua durante o período denunciado. O próprio

presidente da Câmara, também requerido, Vilmar Cardoso da Silva, concedeu

benefício administrativo aos servidores da casa sem a observância das

formalidades legais sobre o tema.

Nesse diapasão, considerado prescindível a

demonstração de dolo ou culpa e a ocorrência de lesão patrimonial ao erário, é

a remansosa jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça:

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO

ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO A PRINCÍPIOS

ADMINISTRATIVOS. AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO.

1. Mostra-se ausente o prequestionamento no tocante à suposta

contrariedade aos arts. 84 da Lei nº 10.628/02; 2º, 81, 128, 131 e

230 todos do CPC e 1º da Lei nº 9.637/98. Incidência das Súmulas

282 e 356 do STF.

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2. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429/92 não exige dolo ou culpa na conduta do agente, nem prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade. Caso reste demonstrada a lesão, e somente neste caso, o inciso III, do art. 12 da Lei n.º 8.429/92 autoriza seja o agente público condenado a ressarcir o erário.3. Se não houver lesão, ou se esta não restar demonstrada, o

agente poderá ser condenado às demais sanções previstas no

dispositivo como a perda da função pública, a suspensão dos

direitos políticos, a impossibilidade de contratar com a

administração pública por determinado período de tempo, dentre

outras.

4. In casu, face à inexistência de lesividade ao erário público, é

incabível a incidência da pena de multa, bem como de

ressarcimento aos cofres públicos, sob pena de enriquecimento

ilícito da municipalidade.

5. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp

717375/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,

julgado em 25.04.2006, DJ 08.05.2006 p. 182).

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LESÃO A PRINCÍPIOS

ADMINISTRATIVOS. ELEMENTO SUBJETIVO. COMPROVAÇÃO.

DESNECESSIDADE.

1. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei nº 8.429/92 não exige dolo ou culpa na conduta do agente, nem prova da lesão ao erário público. Basta a simples ilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade.

2. Recurso especial improvido. (REsp 826.678/GO, Rel. Ministro

CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 05.10.2006, DJ

23.10.2006 p. 290).

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O egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

comunga do mesmo entendimento, senão vejamos:

EMENTA: Duplo grau de jurisdição. Apelação Cível. Improbidade

Administrativa configurada em relação ao apelante. Art. 11, Lei

8.429/92. Quadro Paralelo de Funcionários municipais. Ato

intencionalmente comissivo e omissivo. Violação dos princípios

constitucionais da legalidade, moralidade e impessoalidade.

Afronta à supremacia do interesse coletivo. Ingerência necessária

do Poder Judiciário.

1 – Manifesto se apresenta o ato de improbidade administrativa

perpetrado pelo apelante, diante do desrespeito dos princípios

constitucionais da legalidade, impessoalidade e moralidade,

vetores da atividade estatal, porquanto permitiu que terceiros

percebessem vencimentos em lugar de servidores municipais.

2 – As provas carreadas aos autos são contundentes no sentido

de que houve ato comissivo intencional do apelante em promover

formação de quadro paralelo de pessoal, ainda que não se

considere configurado o dolo, houve manifesta culpa na omissão

de empreender corrigenda das irregularidades.

3 – O recorrente indevidamente corroborou prevalência de interesses particulares em detrimento da supremacia do interesse da coletividade.4 – Imprescindível a ingerência do judiciário para afastar ato

contrário à lisura que deve nortear a conduta do administrador

público.

5 – Mantêm-se a sentença que condenou apenas o apelante,

sancionando-o somente com a suspensão de seus direitos

políticos pelo período de 3 anos (art. 12, parágrafo único, Lei

8.429/92) e julgou improcedente o pedido de condenação dos

outros réus, contra os quais não restou provada a prática de

improbidade administrativa. Remessa obrigatória e apelação

conhecidas e improvidas” (TJGO, recurso 9948-0/195, relatora

Desembargadora Juraci Costa).

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EMENTA: Apelação cível. Ação Civil Pública. Improbidade

Administrativa. Violação dos princípios da legalidade, moralidade e

impessoalidade. Licitações conduzidas. Comprovação.

Penalidades previstas no artigo 12 da Lei n.° 8.429/92. Cabimento.

I – O administrador público deve, na prática dos atos administrativos, pautar-se pelos princípios que regem a administração pública.II – A exigência de probidade administrativa na condução do bem público envolve, além da legalidade formal restrita da atuação administrativa, a observância de princípios éticos de legalidade, de boa-fé, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração Pública, sob pena de o administrador incorrer em improbidade administrativa.III – O princípio da impessoalidade obsta que critérios subjetivos

ou anti-isonômicos influam na condução dos procedimentos

licitatórios necessários à contratação de empresas com finalidade

de executar obras e serviços para o órgão público.

IV – Constatada a prática de atos de improbidade administrativa,

por meio de farta documentação, prova testemunhal e quebra de

sigilo bancário, impõe-se a condenação dos envolvidos, com

fundamento na Lei n.° 8.429/92.

V – Sentença parcialmente confirmada. Decisão unânime. (TJGO,

2ª Câmara Cível, Recurso 60351-9/188, Desembargadora Marília

Jungmann Santana).

Os atos de improbidade administrativa praticados

pelos requeridos são evidentes.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro leciona que “o

princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser

considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se

espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os

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melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar

a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os

melhores resultados na prestação do serviço público” (Direito Administrativo.

15ª edição. São Paulo: Atlas, 2003, p. 83).

Portanto, o presidente da Câmara Municipal ao

autorizar redução do horário do expediente na casa legislativa, reduzindo-o

apenas para meio período, ora no período matutino, ora no vespertino,

estabeleceu o funcionamento parcial da administração, e por essa razão não

agiu com a intenção de obter os melhores resultados possíveis, pelo contrário,

sua intenção foi claramente a de lesar o erário e viabilizar o enriquecimento

ilícito dos servidores, ferindo os princípios da eficiência, motivação e

economicidade, incorrendo em improbidade administrativa, consoante

previsão do artigo 11 da Lei n.º 8.429/93.

"Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:

Vide artigo doutrinário civil.

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

Tecidas estas considerações de cunho propedêutico,

insta salientar que todo ato administrativo, de qualquer autoridade ou Poder, Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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para ser legítimo e operante, há de ser praticado em conformidade com a

norma legal pertinente (princípio da legalidade), com a norma da instituição

(princípio da moralidade), observada a destinação pública própria (princípio

da finalidade) e com a divulgação oficial necessária (princípio da

publicidade).

Ocorre que, neste caso, sequer restou formalizado o

ato administrativo que deveria em tese assumir a responsabilidade de

autorização de funcionamento em expediente reduzido no âmbito da Câmara

Municipal. A concessão de benefício administrativo não é discricionariedade

do agente público. Pelo contrário, ele é vinculado não só as regras e aos

princípios constitucionais voltados à administração pública , como, e

sobretudo, ao texto legal ou regulamentar que estabeleça regras para

concessão do benefício sub oculis.

O fato da irresponsabilidade na concessão do

benefício administrativo, considerando fundamentalmente que sequer houve

decreto que autorizasse a redução do expediente administrativo prova a

intenção dolosa do administrador quando autorizou que o rodízio de

servidores ocorresse, bem como quando permitiu que dois de seus servidores

efetivos não cumprissem a carga horária determinada pelo Estatuto dos

Servidores Públicos de Itapirapuã. O presidente da Câmara sabia inclusive da

cumulação de cargos, realizada de forma irregular por parte do servidor Odair,

como também do desvio de função em que se encontrava a servidora

Elisângela. A má-fé é explícita. Existe a conivência do administrador público

na negligência de seus servidores, no descumprimento do que é estabelecido Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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em lei, e no consequente enriquecimento ilícito daqueles que não fizeram jus à

remuneração integral percebida naquele mês.

Marcelo Figueiredo, na sua obra, Probidade

Administrativa, Editora Malheiros, 2a edição, 1997, comenta o conteúdo

jurídico do princípio da legalidade na administração pública, com as seguintes

colocações.

“O princípio da legalidade é, sem dúvida, um dos pilares do Estado

Democrático de Direito. Ao lado dele convive o princípio da

supremacia do interesse público ou princípio da finalidade pública.

De fato, a administração pública, ao cumprir seus deveres

constitucionais e legais, busca incessantemente o interesse

público, verdadeira síntese dos poderes a ela atribuídos pelo

sistema jurídico positivo, desequilibrando forçosamente a relação

administração-administrado... A administração atua, age, como

instrumento de realização ao ideário constitucional, norma jurídica

superior do sistema jurídico brasileiro. Assim, o agente público

deve atender aos interesses públicos, ao bem-estar da

comunidade. Sob o rótulo “desvio de poder”, “desvio de finalidade”,

“ausência de motivos”, revelam-se todas as formas de condutas

contrárias ao Direito, prejudiciais ao administrado e violadoras, às

vezes, da própria Constituição. Há, em síntese, comportamento

ilegal ou ilegítimo. Aliás, o STJ deixou assentado que “o desvio de

poder pode ser aferido pela ilegalidade explícita (frontal ofensa ao

texto da lei) ou por censurável comportamento do agente, valendo-

se de competência própria para atingir finalidade alheia àquela

abonada pelo interesse público, em seu maior grau de

compreensão e amplitude. Análise da motivação do ato

administrativo, revelando um mau uso da competência e finalidade

despojada de superior interesse público, defluindo o vício

constitutivo, o ato aflige a moralidade administrativa, merecendo

inafastável desfazimento”. (Resp 21.156-0-SP, reg. 92.0009144-0,

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rel. Min. Milton Luiz Pereira, j. 19.9.94). A norma em foco autoriza a

pesquisa do ato administrativo a fim de revelar se o mesmo está

íntegro ou, ao contrário, apenas aparentemente atende à lei, se os

motivos e seu objeto têm relação com o interesse público, se

houve algum uso ou abuso do administrador, se a finalidade foi

atendida de acordo com o sistema jurídico; e assim por diante”(p.

61/62).

A conduta perpetrada pelos requeridos ofendem,

também, o princípio da moralidade administrativa, posto que agindo desta

maneira, promulgam o protecionismo e o apadrinhamento, práticas

abomináveis na Administração Pública, em detrimento da impessoalidade, e

da igualdade de oportunidades entre os administrados.

Saliente-se que não se confunde moralidade com

probidade, visto que a moralidade tem acepção genérica face a boa-fé,

lealdade e honestidade que todos os poderes e funções do Estado devem

impor às suas atuações. Por outro tanto, a probidade está vinculada ao

comportamento do administrador, referindo-se a uma moralidade qualificada,

sob o aspecto pessoal-funcional.

Nesta ordem de ideias, a improbidade administrativa

é uma improbidade qualificada, no momento em que o funcionário, no

exercício de suas funções, aproveita dos poderes e facilidades decorrentes de

seu cargo, em proveito próprio ou alheio.

Assim, o funcionário deve exercer suas funções com

lisura, exação, retidão, sempre visando o interesse público e geral, nunca o

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individual (próprio ou alheio), o qual acarretará como no caso em pauta

desvio de poder, quer dizer, do fim a que se destina o exercício da função

pública, qual seja, o bem comum.

Por fim, não devemos esquecer, mais uma vez, o

ensinamento da Professora Maria Sylvia Zanella di Pietro que faz

considerações que guardam estreita relação com as ilicitudes aqui

impugnadas.

"Não é preciso penetrar na intenção do agente, porque do próprio objeto resulta a imoralidade. Isto ocorre quando o

conteúdo de determinado ato contrariar o senso comum de honestidade, retidão, equilíbrio, justiça, respeito à dignidade

do ser humano, à boa fé, ao trabalho, à ética das instituições. A moralidade exige proporcionalidade entre os meios e os fins

a atingir, entre os sacrifícios impostos à coletividade e os benefícios por ela auferidos; entre as vantagens usufruidas

pelas autoridades públicas e os encargos impostos à maioria dos cidadãos”.

Novamente recorremos à lição do eminente mestre

HELY LOPES MEIRELLES, in Direito Administrativo Brasileiro, que assim

prescreve:

“A moralidade administrativa constitui, hoje em dia,

pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (CF. art. 37, caput). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador

de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta

tiradas da disciplina interior da Administração”. Desenvolvendo sua doutrina, explica o mesmo autor que o

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agente administrativo, como ser humano dotado de

capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá

desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto,

o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto. Por

considerações de Direito e de Moral, o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei

ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos: “non omne

quod licet honestum est”. A moral comum, remata Hauriou, é imposta ao homem para sua conduta externa; a moral

administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a

finalidade de sua ação: o bem comum”.

Portanto, a conclusão inarredável é a de que os atos

minuciosamente descritos nesta vestibular são mais um triste capítulo da

nefasta praga da improbidade administrativa que corrói o Estado brasileiro,

merecendo do Poder Judiciário uma imediata resposta, no sentido de que seja

restabelecida a ordem jurídica, em obséquio à força normativa da Constituição

Federal, o que homenageará o Estado Democrático de Direito e a República.

Definitivamente a população de Itapirapuã foi mal

atendida, o interesse coletivo foi suprido em nome de interesse individuais e

prerrogativas que o serviço público, de forma legal, não permitiria que

ocorressem. Os próprios servidores, requeridos nesta ação, sabiam da

ilegalidade que cometiam e por essa razão assinaram as folhas de frequência

daquele mês como se tivessem trabalhado, cumprindo ao pé da letra o

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expediente de 8 (oito horas) a qual estavam legalmente submetidos.

DAS SANÇÕES APLICÁVEIS AOS REQUERIDOS

Assim, os atos de improbidade administrativa

praticados pelos Requeridos e que importaram em enriquecimento ilícito estão

sujeitos às seguintes cominações (artigo 9º combinado com o artigo 12, inciso

I, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente

ao patrimônio;

b) ressarcimento integral do dano, quando houver;

c) perda da função pública;

d) suspensão dos direitos políticos de oito a dez

anos;

e) pagamento de multa civil de até três vezes o valor

do acréscimo patrimonial;

f) proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,

ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,

pelo prazo de dez anos.

Em relação ao prejuízo ao erário, as sanções

aplicáveis são (artigo 10 combinado com o artigo 12, inciso II, ambos da Lei

nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano, se houver;

b) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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ao patrimônio, se concorrer esta circunstância;

c) perda da função pública, suspensão dos direitos

políticos de cinco a oito anos;

d) pagamento de multa civil de até duas vezes o

valor do dano;

e) proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditício, direta ou indiretamente,

ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,

pelo prazo de cinco anos.

Finalmente, a prática dos atos de improbidade

praticados pelos requeridos, que atentaram contra a moralidade e demais

princípios da administração, acarretam como sanção (artigo 11 combinado

com o artigo 12, inciso III, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano;

b) perda da função pública, suspensão dos direitos

políticos de três a cinco anos;

c) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor

da remuneração percebida pelo agente;

d) proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefício ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,

ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,

pelo prazo de três anos.

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Forçoso reconhecer, que nos lamentáveis fatos

narrados, reprovável ao extremo foi o comportamento de todos os requeridos.

Restando individualizada a conduta dos mesmos deverá o juiz, aplicar as

sanções descritas utilizando-se do princípio da proporcionalidade referente as

condutas ímprobas de cada agente.

DA ANTECIPAÇÃO PARCIAL DA TUTELA

DA OBRIGAÇÃO DE NÃO REALIZAR RODÍZIO DE SERVIDORES

NA CÂMARA DURANTE O PERÍODO DE RECESSO

PARLAMENTAR

Não é cabível que apenas no ano de 2010, foi

realizado o rodízio de servidores na Câmara Municipal de Itapirapuã, uma vez

que os termos de declaração afirmam que a prática era comum no âmbito da

casa legislativa. Por isso, requer seja imposta a obrigação de não realização de

rodízio de servidores naquela casa nos próximos períodos de recesso

parlamentar.

Como se afere da documentação anexa, a ocorrência

da redução do expediente administrativo de forma irregular é incontestável.

Não obstante a este fato, e como medida preventiva, faz-se necessária

antecipação de tutela no que pertine ao pedido relacionado no parágrafo

acima.

A manutenção da situação esboçada ofende

princípios explícitos na carta magna, assim como representa a prática dos atos Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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de improbidade administrativo amplamente descritos no tópico: Do Direito. A

situação invoca além de enriquecimento ilícito por parte dos servidores que de

forma irregular gozaram do benefício, sem qualquer alteração em suas

remunerações, prejuízo ao erário municipal, o que jamais pode ser tolerado.

Desta feita, fundamental à preservação da ordem

jurídica, bem como dos valores inerentes à Administração Pública, além da

defesa do patrimônio público e social, é a concessão da antecipação de tutela.

Dispõe o artigo 273, incisos I e II do Código de

Processo Civil:

"Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total

ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,

desde que, existindo prova inequívoca, se convença da

verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952,

de 13.12.1994)

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto

propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de

13.12.1994)"

Por sua vez, o parágrafo 2º, do mesmo dispositivo

dispõe assim:"§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver

perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela

Lei nº 8.952, de 13.12.1994)"

A confluência dos referidos dispositivos indicam Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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quais os requisitos necessários à antecipação de tutela do pedido principal a)

prova inequívoca do alegado; b) fundado receio de dano irreparável ou abuso

de direito de defesa do réu, como manifesto propósito protelatório e c)

reversibilidade do provimento antecipado.

Ora, ante o acervo probatório colacionado a esta

inicial , vê-se que há prova inequívoca da prática de redução do horário de

expediente administrativo no âmbito da Câmara Municipal de Itapirapuã

durante todo o período de recesso parlamentar.

Também não se pode olvidar que se mantida tal

prática este ano, a situação irregular, imoral e ilegal, permanecerá e ganhará

ares de legalidade. Por todos os motivos já expostos nesta peça vestibular a

prática ilegal não pode prosperar. A má prestação do serviço público implica

em prejuízo para toda a sociedade, prejuízo este irreparável.

Ademais a concessão do pedido relativo a obrigação

de não realizar o rodízio de servidores não implica em provimento antecipado

de tutela irreversível.

Assim necessária se faz ordem judicial que implique

na ordem de proibição da prática de rodízio de servidores no município de

Itapirapuã. Cumpre ressaltar que a antecipação parcial da tutela no que tange

a este pedido poderá ser a qualquer momento revertido, retornando a situação

ao status quo ante -ainda que manifestamente irregular.

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DOS PEDIDOS

Tecidas estas singelas considerações, conclui-se

claramente que os requeridos agiram de forma dolosa com discrepância dos

vetores constitucionais e legais que orientam a Administração Pública,

afrontando o regime jurídico administrativo, causando lesão ao erário público.

Estas condutas deliberadas, livres e consciente, impõe sua sujeição às sanções

previstas na Lei n.º 8.429/92, razão pela qual o MINISTÉRIO PÚBLICO

DO ESTADO DE GOIÁS apresenta os seguintes pedidos e requerimentos:

a) sejam os réus NOTIFICADOS, nos termos do §

7º1 do artigo 17, na redação que lhe foi outorgada pela referida Medida

Provisória nº. 2.180-34, de 24.08.2001, combinado com os artigos 221, inciso

I, e 222 primeira parte, do diploma adjetivo civil, PELO CORREIO COM

AVISO DE RECEBIMENTO, para, querendo fazer suas alegações

preliminares antes do juízo de prelibação a ser exercitado por Vossa

Excelência para admissibilidade da presente ação;

b) A citação por oficial de justiça do representante

legal do Município de Itapirapuã, encontradiço na sede da Prefeitura do

Município, sito à Praça Marechal Rondon, nº 47, Setor Central,CEP: 76290-

1§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3 o do art. 6 o da Lei n o 4.717, de 29 de junho de 1965 . (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996 )

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000, no município de Itapirapuã, para os fins do disposto no § 3º2 e 3 , do art.

17, da Lei n. 8.429/92, com a redação que lhe emprestou a Lei n. 9.366/96, ou

seja, para que opte ou não pela abstenção de contestação do pedido, ou atue ao

lado do autor, neste caso em face do interesse público envolvido;

c) a antecipação parcial da tutela consistente na

determinação judicial de proibição da realização de rodízio de servidores

no âmbito da Câmara Municipal durante os próximos períodos de

recesso parlamentar;

d) ao final, conforme o grau de irregularidade que

reste reconhecido por esse juízo após a instrução do feito, sejam impostas aos

requeridos as sanções previstas no artigo 12 da Lei n.º 8.429/92 – o

ressarcimento integral do dano, a perda da função pública que esteja

exercendo à época do proferimento da sentença, a suspensão de seus direitos

políticos, a proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, direta ou indiretamente, e pagamento de multa civil, nos seguintes

termos:

2 “Art. 17. (...) § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965 (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)”3 Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965 (Lei da Ação Popular): “Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. § 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo. § 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma. § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

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e) sejam imposta aos réus as sanções previstas no

artigo 12, inciso I, da Lei n.º 8.429/92, caso venha a ser comprovada, ao longo

da instrução do feito, atos de improbidade administrativa tipificados no artigo

9º da Lei de Improbidade;

f) caso não reste comprovado o enriquecimento

ilícito por parte do Presidente da Câmara , que sejam impostas aos demais

requeridos as sanções previstas no artigo 12, inciso II, da Lei n.º 8.429/92,

diante do claro enriquecimento ilícito por parte dos servidores;

g) o ressarcimento integral dos danos a ser apurado

em fase de liquidação de sentença;

h) sejam impostas aos requeridos as sanções

previstas no artigo 12, inciso III, da Lei n.º 8.429/92, diante da evidente

violação aos princípios básicos da Administração Pública, conforme previsto

especificamente no artigo 11, da Lei n.º 8.429/92 ;

i) a condenação dos requeridos ao pagamento de

custas processuais e demais verbas de sucumbência;

h) no caso de serem julgados procedentes os pedidos

aqui formulados, sejam oficiados o Tribunal Superior Eleitoral no caso de

suspensão dos direitos políticos, o Banco Central do Brasil – para que este

comunique às instituições financeiras oficiais a proibição de contratar com o

poder público e receber incentivos e benefícios fiscais ou creditícios – e, para Endereço: Rua 20, quadra 78, lote 08/11, Ed. do Fórum, Centro,

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o mesmo fim, seja determinada a inclusão do nome dos requeridos no

Cadastro de Créditos Não Quitados de Órgãos e Entidades Federais – CADIN;

Este Órgão Ministerial protesta pela produção de

outras provas juridicamente admitidas – em especial o depoimento pessoal

dos réus, a oitiva de testemunhas, a realização de perícia e a posterior juntada

de documentos – e dá à presente causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil

reais) para fins de alçada.

Termos em que,

pede deferimento.

Itapirapuã, 03 de outubro de 2012.

RÔMULO CORRÊA DE PAULA

Promotor de Justiça em Substituição por Designação

Portaria PGJ 3.525/2011

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