projetos republicanos e a questÃo da educaÇÃo … · ora, essa passagem do governo dos homens...

21
1 PROJETOS REPUBLICANOS E A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Prof. Carlos Roberto Jamil Cury – PUCMG Uma nação, como a nossa, da noite para o dia, tornada República 1 , ainda que proclamada provisoriamente 2 , -- supõe-se – deve efetivar o significado de República. O termo latino res publica, donde procede República em português, é a conjunção, no vernáculo, de coisa (res) com pública (publica). De pronto, coisa pública se opõe à res privata, ou seja, coisa privada. A coisa privada, primeiramente, se remete à família ou então, na Modernidade, ao mercado e, aí, à possessividade do indivíduo. A polis diferenciava-se da família pelo fato de somente conhecer “iguais”, ao passo que a família era o centro da mais severa desigualdade. Ser livre significava ao mesmo tempo não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro e também não comandar. Não significava domínio, como também não significava submissão. (Arendt, 1991, p. 41) O mercado, por seu lado, lugar de encontro sistemático entre vendedores e compradores no âmbito do sistema moderno de economia, sistema contratual de mercado, supõe a existência dos direitos civis entre os quais avultam o da liberdade e o da propriedade. 1 Cf. A confirmação definitiva do regime republicano como forma de governo se deu com o resultado do plebiscito de 21 de abril de 1993 para se fazer jus ao art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República de 1988. Ao invés de 7 de setembro do mesmo ano, uma emenda constitucional o transferiu para a data de Tiradentes. O mesmo plebiscito confirmou o sistema presidencialista sob a forma republicana. 2 Cf. Decreto n. 01/1889 do Governo Provisório.

Upload: vanhanh

Post on 10-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

PROJETOS REPUBLICANOS E A QUESTÃO DA

EDUCAÇÃO NACIONAL

Prof. Carlos Roberto Jamil Cury – PUCMG

Uma nação, como a nossa, da noite para o dia, tornada República1, ainda que proclamada provisoriamente2, -- supõe-se – deve efetivar o significado de República.

O termo latino res publica, donde procede República em português, é a conjunção, no vernáculo, de coisa (res) com pública (publica). De pronto, coisa pública se opõe à res privata, ou seja, coisa privada. A coisa privada, primeiramente, se remete à família ou então, na Modernidade, ao mercado e, aí, à possessividade do indivíduo.

A polis diferenciava-se da família pelo fato de somente

conhecer “iguais”, ao passo que a família era o centro da mais severa desigualdade. Ser livre significava ao mesmo tempo não estar sujeito às necessidades da vida nem ao comando de outro e também não comandar. Não significava domínio, como também não significava submissão. (Arendt, 1991, p. 41)

O mercado, por seu lado, lugar de encontro sistemático

entre vendedores e compradores no âmbito do sistema moderno de economia, sistema contratual de mercado, supõe a existência dos direitos civis entre os quais avultam o da liberdade e o da propriedade.

1 Cf. A confirmação definitiva do regime republicano como forma de governo se deu com o resultado do plebiscito de 21 de abril de 1993 para se fazer jus ao art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República de 1988. Ao invés de 7 de setembro do mesmo ano, uma emenda constitucional o transferiu para a data de Tiradentes. O mesmo plebiscito confirmou o sistema presidencialista sob a forma republicana. 2 Cf. Decreto n. 01/1889 do Governo Provisório.

2

As liberdades civis, protótipo das liberdades negativas, são liberdades individuais, isto é, inerentes ao indivíduo singular: com efeito, são historicamente o produto das lutas pela defesa do indivíduo, considerado pessoa moral (e, portanto, tendo um valor em si mesmo) ou como sujeito de relações econômicas, contra a intromissão de entes coletivos como a Igreja e o Estado; filosoficamente, são uma manifestação de concepções individualistas da sociedade, ou seja, de teorias para as quais a sociedade é uma soma de indivíduos... (Bobbio, 1996, p. 57)

A coisa pública, então, pela definição negativa, não é a família e nem o mercado, embora ambos cumpram certas funções sociais como o ser o lócus da geração e da circulação respectivamente. Por sua vez, Hobbes dirá, no De Cive, que “fora do Estado, tem-se o domínio das paixões, a guerra, o medo”. (De Cive, X, 1)

Isso quer dizer que, pelo menos no tocante à vida de

relação, às condições de existência da liberdade externa, o Estado tem um valor intrínseco absoluto... não é um expediente, um remédio, cujo valor dependa do valor da finalidade, mas é um ente moral . ... O indivíduo não é livre (no que se refere à liberdade externa) se não ingressa no reino do direito; mas o reino do direito perfeito é aquele no qual o direito privado-natural é submetido ao direito público-positivo... (Bobbio, 1986, p.92-93)3

E o ato diferencial pelo qual o Estado, detentor do direito

público, se afirma como racional é a lei enquanto norma geral e abstrata capaz de coagir e mesmo reprimir.

Mas o que é, então afirmativamente, República?

3 Nosso Código Civil, em seu art. 40, dispõe que As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Eventuais diferenças de cada qual se dão no interior de cada qual e a partir desses conceitos.

3

Público, que etimologicamente deriva de populus4, sendo oposto ao privado. Público tem um sentido próprio que é o que pertence a todos de modo coletivo (ao populus) e também o que é comum. Nesse último caso, é o que pertence a todos de modo distributivo, isto é a todos considerados como pessoas singulares, como indivíduos. Desse modo, a coisa pública é pública porque não pertence como propriedade a ninguém em particular e sim a todos e é comum porque cada qual pode participar de seus benefícios.

Voltando ao início, tem-se que público se opõe ao privado (como singular ou como familiar) e comum se opõe ao particular (entidade grupal de ordem privada). Mas o público é, também, o que é pertinente ao Estado como guardião de interesses maiores e gerais que pairem sobre as dimensões privadas e os interesses particulares...

De novo devemos recorrer a mais uma volta à definição negativa: o que o público não é. Ele não é os arcana imperii. Ou seja, ele não é o lugar dos segredos, próprios dos desejos de tiranos (déspotas) ou ditadores em tudo contrários à razão e à liberdade. Falando da Política em Aristóteles, assevera Chauí (2002):

No entanto, o poder político não se confunde com o

doméstico: o poder marital e o paterno são permanentes e pressupõem alguma desigualdade, o dos cidadãos é transitório e todos são iguais; o poder despótico é privado e definido apenas pela vontade pessoal e pelos interesses do senhor, o político é público, definido por leis e exercido entre os iguais (o despotismo ou a tirania é o governo de um só, que trata as coisas públicas como coisas privadas). Governa para atender aos seus próprios interesses... (pg. 466)

Desse modo, decorre, positivamente, o sentido de

publicado, exposto, notório e capaz de ser visto. Socorrendo-nos do mesmo Bobbio, em outra obra, pode-se concordar com ele:

4 O populus, entre os Romanos, era uma entidade coletiva cuja vontade comum se articulava com o poder dado aos senadores. Veja-se o acrônimo SPQR ou Senatus populusque Romanus e que era um nome oficial de Roma.

4

Para o homem que saiu da menoridade, o poder não

tem, não deve mais ter, segredos. Para o homem que chegou à maioridade possa fazer uso público da razão é necessário que ele tenha um conhecimento pleno das questões de Estado. Para que ele possa ter conhecimento pleno das questões de Estado, é necessário que o poder aja em público. Cai por terra uma das razões do segredo de Estado: a ignorância do vulgo... (Bobbio, 2000, p. 406)

Portanto, à dinâmica que caracteriza o poder como tendo uma tendência à ocultação – um mecanismo de servidão -- deve-se opor o combate à ignorância, pois à concepção que reserva ao povo a incapacidade de entender os interesses do poder se associa a dos arcana imperii justificados como sendo a forma passiva de conduzir os destinos de uma comunidade e de não atender aos reclamos da liberdade.

Assim, bem no eixo do Iluminismo, a República é, antes de tudo, uma forma de poder na qual se dá o governo das leis ao invés do governo dos homens5.Não se trata de um governo em que a lex está sub rege – tal é o caso da encarnação tirânica e despótica -- bem ao contrário, trata-se de um governo em que o rex está sub lege em que a razão postula a felicidade de todos os habitantes da cidade.

Ora, essa passagem do governo dos homens para o governo das leis, implicou a inversão da potestas ex parte principis para a potestas ex parte populi e com isso a dessacralização do poder e a laicização do direito. E a sociedade moderna irá, lentamente e não sem resistências, fazer uso dessa potestas ex parte populi para, por meio de representantes, ser a fonte da elaboração e constituição das leis.

O combate à ignorância e a assunção dessa potestas supõem um público ativo, consciente, bem informado e esclarecido de seus direitos e deveres, capaz de cobrá-los e não

5 Segundo Aristóteles, em Política, 1286 a ele se pergunta: É mais conveniente sermos governados pelo melhor homem ou pelas melhores leis? A lei - responde ele mesmo – não tem paixões que necessariamente se encontram em cada alma humana.

5

uma multidão amorfa e passiva. O público é, nesse caso, a superação da multidão como um ajuntamento de muitos indivíduos em favor de sua capacidade de participação nos destinos de sua comunidade.

Logo, a essência do poder inerente à coisa pública consiste tanto no repúdio aos arcana imperii e ao governo dos homens, fontes de lutas entre os habitantes pela disputa de bens privados, quanto na constituição do Estado de Direito para cuja consecução há de haver um público que repudia a ignorância e clama por educação.

...para o bom democrata, o reino da virtude (que para Montesquieu constituía o princípio da democracia contraposto ao medo, princípio do despotismo) é a própria democracia, que, entendendo a virtude como amor pela coisa pública, dela não pode privar-se e ao mesmo tempo a promove, a alimenta e reforça. Um dos trechos mais exemplares a esse respeito é o que se encontra no capítulo sobre a melhor forma de governo das Considerações sobre o governo representativo de John Stuart Mill, na passagem em que ele divide os cidadão em ativos e passivos e esclarece que, em geral, os governantes preferem os segundos (pois é mais fácil dominar súditos dóceis ou indiferentes), mas a democracia necessita dos primeiros. Se devessem prevalecer os cidadão passivos, ele conclui, os governantes acabariam prazeirosamente por transformar seus súditos num bando de ovelhas dedicadas tão-somente a pastar o capim uma ao lado da outra (e a não reclamar, acrescento eu, nem mesmo quando o capim é escasso). Isto o leva a propor a extensão do sufrágio às classes populares, com base no argumento de que um dos remédios contra a tirania das maiorias encontra-se exatamente na promoção da participação eleitoral não só das classes acomodadas (que constituem sempre uma minoria e tendem a assegurar os próprios interesses exclusivos), mas também das classes populares. (Bobbio, 1986, p. 31-32)

6

Como dirá um contemporâneo da proclamação da República, ao assinalar o papel da ciência mediado pela educação nas mudanças sociais:

Um povo é tanto mais livre, quanto é mais culto.

(Freire, 1894, p. 169) Assim, a res publica contém a democracia na qual e da

qual se espera a existência de cidadãos (todos) livres e ativos na ágora, cidadãos que superam a condição de súditos subordinados (servos), de meros indivíduos disputantes de bens privados no mercado e de membros de um órgão familiar.

Participar consciente e igualmente dos destinos de sua comunidade política, eis o sentido maior da ação livre, autônoma, inclusiva e igualitária dos cidadãos.

Contudo, ao apontarmos a democracia como conatural à república, impõe-se como conseqüência mais uma reflexão:

...a busca pela igualdade passa pela busca dos

mecanismos capazes de efetivá-la. ...quando pensamos em sociedades como a nossa, na qual o ponto de partida para a efetivação da igualdade política é uma profunda desigualdade social e econômica. ... Se olharmos para o Brasil de hoje, veremos que ainda enfrentamos o desafio de construção de uma república baseada na liberdade, na igualdade de condições e na estabilidade do ordenamento jurídico. (Bignotto, 2004, p. 29)

Teriam os projetos republicanos nacionais atentado para (e atendido) essas dimensões essenciais das quais a educação escolar e a educação para a cidadania são constitutivas?

2. Não foram os poucos os projetos republicanos mesmo antes da proclamação da República. 6 6 Dois Manifestos são os mais célebres: O Manifesto Republicano, publicado no dia 3 de dezembro de 1870 no jornal A República, no Rio de Janeiro e o Manifesto do Partido Liberal de 29 de dezembro de

7

Tais projetos se opunham, desde o Império, ao poder moderador do Imperador expresso nos artigos 98 e 101 da Constituição Imperial de 25 de março de 1824, ao princípio dinástico hereditário da Casa Imperial e à vitaliciedade do Senado.

De outro lado, esses projetos se batiam vigorosamente pela instauração do federalismo em nosso país como forma de se opor à centralização institucional do regime imperial que cerceava as deliberações provinciais e seqüestrava os orçamentos das Províncias.

Como conseqüência, -- propugnavam tais projetos – havia uma contradição entre o interesse monárquico e o interesse nacional e para cuja superação o regime republicano seria indispensável tanto para a reconfiguração do poder e do regime quanto para garantir a unidade nacional pela autonomia dos (futuros) Estados.

E, por fim, tais reclamos se associavam à peculiaridade de um país monárquico na América quando todos os países vizinhos já eram republicanos.

Além do projeto liberal e do projeto republicano, há que assinalar tanto o projeto positivista e as vertentes regionais desses 3 projetos. 7

O projeto do Manifesto Republicano de 1870 diz não reconhecer outra soberania que não a advinda do povo, aponta para distinções arbitrárias e odiosas criando privilégios inaceitáveis como os de religião, de raça, de soberania e de posição...

O liberalismo, por sua natureza política e por sua origem histórica, repudia e condena quaisquer privilégios advindos histórica ou ontologicamente antes do nascimento de quem quer que seja. Aceitando as diferenças e mesmo as desigualdades a partir do mérito conquistado pelo esforço individual de cada qual, o liberalismo será o regime das liberdades civis.

1870 e publicado no jornal A Reforma, no Rio de Janeiro, em 15 de janeiro de 1871. Mas já em 1869, o Centro Liberal lança um Manifesto postulando grandes reformas. Aqui se expressa o papel significativo da imprensa durante o Império e a veiculação de idéias mudancistas. 7 Para uma análise renovada desses projetos, cf. Alonso, 2002. Para o acesso a esses documentos, cf. Pessoa, 1973.

8

Desse modo, tal Manifesto é congruente com o que assinala Bobbio (1996) a esse respeito:

Na teoria política, as duas formas de liberdade podem

ser distinguidas também com base no diferente sujeito histórico que é portador de uma e de outra. Quando tomamos em consideração a liberdade negativa, o sujeito histórico a que nos referimos é geralmente o indivíduo singular; já quando o objeto de nosso discurso é a liberdade positiva, o sujeito histórico ao qual ela é habitualmente referida é um ente coletivo. As liberdades civis, protótipo das liberdades negativas, são as liberdades individuais, isto é, inerentes ao indivíduo singular: com efeito, são historicamente o produto das lutas pela defesa do indivíduo, considerado ou como pessoa moral (e, portanto, tendo um valor em si mesmo) ou como sujeito de relações econômicas, contra a intromissão de entes coletivos como a Igreja e o Estado... (pg. 57)

Para ele também a autonomia das províncias... é um

princípio cardeal e solene que deverá se efetivar na figura de Estados próprios.

A instauração de um regime federativo era um dos pontos mais convergentes nos projetos republicanos. 8 À centralização imperial do poder político e da arrecadação de impostos postulava-se um regime em que os poderes de governo são repartidos entre instâncias governamentais por meio de campos de competências legalmente definidas e com arrecadação de impostos.

Mais adiante, esse Manifesto criticará a ausência da

liberdade de ensino suprimida pela inspeção arbitrária do governo e pelo monopólio oficial...

8 Federação provém do latim: foederatio que, por sua vez, resulta do latim foedus. Foedus-eris8 significa contrato, aliança, união, ato de unir-se por aliança. No regime federal, só há um Estado Soberano com unidades federadas sub-nacionais (Estados). Essas gozam de autonomia cuja relatividade se dá dentro dos limites jurisdicionais atribuídos e especificados. Daí que tais essas subunidades não são nem nações independentes e nem unidades somente administrativas. A dificuldade reside na ponderação dos pólos de poder.

9

Também o Manifesto do Centro Liberal de 1869, ainda sem fazer a defesa da República, exigia reformas como meio de conjurar a revolução tais como a descentralização federada e o ensino livre. A revolução _ segundo esse documento _, baldados os esforços por reformas, seria o caminho inevitável para a República.

Alongando-se a crise do Império e avançando nos anos subseqüentes a 1870, aprofundava-se o anseio pela Abolição e também pela República. Vários outros Manifestos e Cartas Políticas se multiplicam por meio de Clubes Republicanos e líderes importantes.

Outro ponto assinalado por Silva Jardim, um republicano radical, em janeiro de 1889, afirma, em carta política ao país, a necessidade da separação da Igreja e do Estado, a plena liberdade de ensino e o derramamento do ensino primário... Também em maio do mesmo ano, Quintino Bocaiúva, prócer do Partido Republicano Brasileiro, lança outro Manifesto no qual a educação comparece como via de um sistema social mais igualitário. Nele se assinala a necessidade do voto universal, das múltiplas liberdades e, em especial, a liberdade no ensino... E com o fito de emancipar o proletariado...acorrentado pela ignorância como a daquele que, vítima das desigualdades sociais e políticas, ... cumpre difundir o ensino, sob os auspícios da mais absoluta liberdade tanto científica quanto administrativa.

As correntes positivistas, 9 por sua vez, tendo penetrado com profundidade no Exército e na Marinha, tinham a Laicidade, a Abolição e a República como seus grandes denominadores comuns. A proposta de Constituição apresentada à Constituinte pelo Apostolado, tendo como redatores principais, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, defende a liberdade espiritual com a ditadura republicana e, no campo da educação, a supressão do ensino oficial, salvo o primário.

3. Percebe-se, pois, nesses Manifestos e nesses projetos,

face à educação, tanto a presença do federalismo como forma de

9 Sobre os projetos positivistas, cf. Carvalho, 1990.

10

regime político embora com diferentes ênfases e a do positivismo e suas tendências.

Do liberalismo, a primeira ênfase se refere, sobretudo, à liberdade. De um lado a liberdade que teriam os Estados quanto à administração de suas redes na continuidade do que já estava previsto no Ato Adicional de 1834, considerados os novos poderes atribuídos a esses novos entes federados. De outro lado, a liberdade é a liberdade de ensino contra o monopólio oficial e a inspeção arbitrária. Com efeito, durante o Império, prevalecera o monopólio de autorização de funcionamento das escolas, mas não o monopólio da oferta. O monopólio de autorização se liga à necessária certificação para efeito do valor dos certificados e diplomas. 10 Provavelmente a crítica se refira às exigências prévias (inspeção) para efeito da equiparação pela qual os estabelecimentos particulares de ensino obtivessem, por meio de um ato administrativo, a oficialização de seus certificados ou diplomas.

Assim, o Decreto n. 630 de 17 de setembro de 1854, ao autorizar o Governo para reformar o ensino primário e secundário no Município da Corte diz, em seus §§ 2º e 4º, respectivamente:

Qualquer pessoa, que se propuzer a abrir ou dirigir

huma Escola ou Collegio, ou a leccionar nestes Estabelecimentos, deverá requerer licença ao Inspector Geral, justificando aptidão, idade maior de vinte hum annos e moralidade.

Todas as escolas e Collegios particulares ficarão sujeitos à inspecção, e seus directores às penas de suspensão e multa, nos casos e pelo modo que o Governo determinar.

Por sua vez, o Decreto n. 7247 de 19 de abril de 1879,

embora com outras formas de dizê-lo, impunha condicionalidades

10 Na técnica jurídica, a certificação significa um documento registrado cujo teor seja atestado por quem tenha fé pública. Trata-se, pois, de documento fiável, emanado de autoridade pública com competência legal para tal. Assim a liberdade de ensino não conflita com o ensino oficial porque aquela supõe a liberdade na oferta e esta a autorização de funcionamento e a validação de certificados e diplomas.

11

rigorosas para a abertura de escolas particulares e o exercício da docência. 11

Mas a liberdade de ensino foi também exigida tanto para liberar os docentes do juramento de obediência ao monarca e aos termos da Carta Imperial quanto da obrigatoriedade do ensino religioso ou da teodicéia.

O Decreto n. 630 de 1854 previa, no § 6º. , tanto o ensino da doutrina cristã quanto a leitura explicada dos evangelhos e notícia da história sagrada.

Também o Decreto n. 7247 de 1879 estabelecia, no seu art. 4º, tanto para o ensino nas escolas primárias de primeiro grau quanto para as de segundo grau a disciplina de instrução religiosa, embora sua oferta, a fim de satisfazer os acatólicos (dispensados de sua obrigatoriedade), devesse ser dada em dias determinados da semana e sempre antes ou depois das horas destinadas ao ensino das outras disciplinas. Essa mesma instrução religiosa constava do currículo das Escolas Normais do Estado conforme o art. 9o. Já o art. 25 previa o juramento conforme a religião de cada um...

É provável que o anseio pela laicidade, pela qual o Estado iguala todos os credos e cultos, pelo respeito a todos, na medida em que não cultua e nem privilegia nenhum, deixando os cultos e o ensino dos mesmos a cargo das instituições civis próprias, se entrelaçasse com o registro de possíveis arbitrariedades cometidas por inspetores no processo de autorização ou de conferência das condicionalidades. 12

Já o derramamento do ensino primário postulado por Silva Jardim e o proletariado... vítima das desigualdades sociais e políticas sob os auspícios da mais absoluta liberdade tanto científica quanto administrativa pode ser entendida como a liberação de vertentes dogmáticas, como a liberdade para a oferta de educação escolar por particulares como também administrativamente pelos (futuros) Estados. Mas pode haver, aqui, o entendimento, da introdução do conceito de igualdade. Nesse caso, assumida a igualdade perante a lei enquanto exclusão 11 Para uma visão contextual do período, cf. Saviani, 2006. 12 A crítica se volta não para a inpecção em si, mas para o adjetivação arbitrária. Com isso se preserva o caráter oficial ou oficializado atribuído ao ensino escolar.

12

de qualquer forma de discriminação, estaria se exigindo o gozo de alguns direitos fundamentais a serem enumerados dos quais a educação escolar faria parte. Trata-se, na formulação manifestária dessas correntes republicanas de uma igualdade de oportunidades pela qual todos os membros da sociedade poderiam vir a participar, a partir de condições iguais, da conquista do que venha a ser significativo para eles como cidadãos. Ora, isso implicaria na passagem de um Estado tutor das liberdades civis, de um Estado não – intervencionista para um Estado que, por medidas positivas e até intervencionistas, remova os obstáculos para uma maior igualdade e assuma uma função promocional. 13

Já o positivismo convergia com as teses do federalismo, mesmo defendendo dentro dele uma ditadura republicana14, à luz da teoria dos estados de Augusto Comte.

Ao bater-se pela disseminação da ciência como forma de elevar a população de “estados mais atrasados para os mais elevados”, ao defender que o saber é a fonte original do poder, o Positivismo teria na Educação em geral e na escolar em particular um de seus campos mais importantes de atuação. Tal é, então, a defesa do ensino livre, do caráter leigo do ensino ministrado nas escolas15 e da importância da família (especificamente da mãe como educadora) na educação inicial.16 Para tanto, líderes positivistas buscaram influenciar vários aspectos do ordenamento jurídico nacional seja em Decretos ordenadores da vida nacional na Republica nascente, seja na Constituinte e nas Leis. 17

No que se refere ao ensino como tal, o positivismo foi ardoroso defensor de uma educação inicial (que os positivistas denominavam de primeira e segunda infâncias) dada na família

13 Sobre essas dimensões, cf. Bobbio, 2007. 14 Ao tempo de A. Comte e dentro de sua perspectiva, o termo ditadura não tinha a dimensão liberticida que hoje nos acomete. Para ele, situações excepcionais exigiam medidas excepcionais. Nesse sentido uma ditadura seria um regime transitório em que uma autoridade revestida de um caráter esclarecido concentraria poderes ditando regras e normas para efeito de uma saída racional da situação inicial desvantajosa ou atrasada para se chegar a uma forma social própria do Estado Racional da Ordem e Progresso... Mas é uma ditadura republicana. Logo não é monárquica (em certo sentido, teológica), não é parlamentar ( em certo sentido, dispersa e confusa). Ela resulta da ação direta de consultas plebiscitárias e de uma câmara financeira para gerir orçamentos. 15 Na visão positivista, o ensino livre não é a mesma coisa que a liberdade de ensino. Essa é suposta para se dar a oferta, mas aquele é desoficializado do Estado na abertura, na oferta e na validação dos certificados e diplomas. 16 Cf. Cury, 2006 17 Cf. Cury, 2001.

13

devido ao papel atribuído à mulher na formação moral e estética 18da personalidade das crianças. Nesse ponto, havia uma convergência técnica com a posição católica que também sempre defendeu a alternativa de a educação inicial poder se dar no âmbito familiar.

Para o Positivismo, ao lado dessa educação dada no lar, a presença do Estado na educação primária poderia se dar desde que no horizonte estivesse o ideal de uma sociedade em que todas as famílias pudessem dar a educação inicial no lar. Nessa situação provisória e transitória, o ensino primário, ainda que oficial e escolar, deveria ser laico, livre e gratuito. O currículo deveria se ater aos conhecimentos primários do ler, escrever, contar próprios de uma instrução ao passo que educação seria dada no lar.

A defesa do ensino livre se apóia não só quanto a um receio da “partidarização” do Estado como também uma recusa ao caráter obrigatório do ensino. Mas o ensino primário teria que ser gratuito e laico. Para essa corrente, a obrigatoriedade agride a organização familiar.

Já o ensino posterior ao dado na família, na idade da adolescência, competiria aos intelectuais dotados do poder espiritual da ciência. Dado em escolas livres, ele abrangeria o ensino técnico-científico-moral que, baseado nas matemáticas e nas leis científicas, iria desde a astronomia, passando pela física, química, biologia até à sociologia e à moral. Esse ensino se oporia, assim, ao caráter livresco e metafísico do ensino superior predominante até então.

Outro ponto que os positivistas defendiam era a visão preconceituosa quanto ao analfabeto. Eram favoráveis a uma visão diferenciada de letramento e não concordavam com a interdição do voto dos analfabetos.

É certo que o positivismo teve influência nos primórdios da República seja diretamente, seja em parceria com outras correntes da época.

Pode-se, pois, dizer que o liberalismo e o positivismo aderiram ao federalismo, e de certa forma convergiram com aspectos importantes do republicanismo, embora limitados seja

14

pelo liberalismo dominante à época, seja pelas tendências que desconfiavam da representação parlamentar. E, no caso da educação escolar, embora com ênfases e até aspectos diferentes, atribuíam grande importância a ela, seja por meio do ensino oficial (republicanos liberais), seja por meio de um ensino livre (garantido pela liberdade positiva do poder espiritual dos cientistas).

4. Embora nem todos os pontos fossem consensuais em

toda a extensão de sua formulação legal, houve iniciativas, já proclamada a República, que obtiveram razoável inserção no ordenamento jurídico do país.

De pronto, vê-se a implantação do federalismo político19 e, no seu interior, a mantença do federalismo educacional até mesmo como continuidade da descentralização havida em 1834 por meio do Ato Adicional.

A conseqüência maior dessa forma política na educação escolar é dupla: a primeira é a distribuição de competências e atribuições no âmbito do ensino. Ainda que com oscilações históricas, temos uma dupla rede: a do ensino superior, hegemonicamente conduzida pela União20 e a da educação básica, conduzida pelos Estados e Municípios. A segunda nasce de uma reclamação bastante apontada na área educacional: a inexistência de um sistema nacional de educação. A primeira conseqüência criou uma cultura autonomista por parte dos Estados, ainda que sempre sequiosos de apoios técnicos e financeiros por parte da União. A segunda conseqüência faz oscilar, também historicamente, o peso da relação União versus outros entes federativos pela temática da centralização versus descentralização.

Outro ponto de convergência geral entre esses projetos é o caso do Decreto n. 119-A de 07/01/1890 que separa a Igreja do Estado. Trata-se da assunção da laicidade. 21 Por ela, todos são

19 Cf. Título I dessa Constituição, ou seja, Da Organização Federal, especialmente o art. 5º e 68. 20 Cf. art. 34, inciso 30 da Constituição articulado com o art. 35, §s 2º, 3º e 4º. . 21 Há que se distinguir a laicidade como característica de um Estado respeitador e distanciado de todos os credos e cultos de secularização como característica de uma sociedade que vai se autonomizando, em práticas, usos e costumes, da teologia e da moral. Aqu0i há uma distinção entre o homo e o fidelis.

15

iguais independentemente das diferenças de religião. A igualdade do gozo das liberdades civis desbanca privilégios, pois a manutenção desses pode se projetar como novo campo de desigualdades as quais, por sua vez, devem ser evitadas.

Esse Decreto deixava implícito o fim do ensino religioso nas escolas e explicitava o fim (progressivo) do pagamento de professores que, no Império, estavam ligados ao ensino religioso oficial.

Da mesma maneira se tem o Aviso n. 17/04/1890 do Ministério do Interior que elimina dos currículos do Instituto Nacional o ensino religioso, a teodicéia e a moral especificamente religiosa.

A versão constitucional das liberdades civis está posta no art. 72 da Constituição Republicana de 1891. Nesse mesmo artigo, registra-se a laicidade do Estado ante as religiões (§ 3º e § 7o), ante o reconhecimento do casamento civil (§ 4º) e dos cemitérios seculares (§ 5º). Já o ensino foi assim escrito no § 6º dessa Constituição:

Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos

públicos. Também o art. 11, § 2º dessa Constituição impede a União

e os Estados de estabelecer, subvencionar, ou embaraçar o exercício de cultos religiosos.

Iniciativa surpreendente do governo provisório do Mal.

Deodoro é a da criação, por meio do Decreto n. 346 de 19/03/1890, da Secretaria de Estado da Instrução Pública, Correios e Telégrafos22 sendo Benjamin Constant seu primeiro titular. Benjamin Constant empreende a Reforma da Instrução Pública Primária e Secundária do Distrito Federal. Modelar para o país, seu plano curricular seria o critério para qualquer tipo de equiparação face aos seus similares estaduais ou livres.

Sendo a lei uma derivação da sociedade moderna laica, ela será um produto da soberania popular sendo essa o legislador e como um empreendimento do homo enquanto humanus legislator. 22 Hoje essa Secretaria seria chamada de Ministério.

16

A lógica subjacente a esse Ministério de caráter nacional é o de re-ligar país pelos novos laços morais de uma ética laica, pela comunicação entre as pessoas pelos Correios e pelo entrelaçamento espacial pelo que havia de mais avançado à época em matéria de comunicações: os telégrafos.

Embora de vida curta, a Diretoria Geral da Instrução Pública continua existindo no Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores, como sinal da existência do ensino oficial e do Estado como titular de autorização de funcionamento de escolas equiparadas e de garantidor de diplomas com validade nacional.

Benjamin Constant formaliza a criação do Pedagogium que deveria ser um centro propulsor de reformas educacionais as quais poderiam servir de modelo para a federação como um todo. Este estabelecimento de ensino seria um instrumento de estreitamento de relações dentro da federação e com os países estrangeiros a fim de permutarem documentos e irem atrás dos melhoramentos e invenções. Publicaria uma revista, deveria atualizar a biblioteca e estar em dia com os progressos do ensino.

Esse Ministro promove a criação de um Conselho de Instrução Superior e aprova o Regulamento das Instituições de Ensino Superior dependentes do Ministério da Instrução Pública.

E essas Instituições bem como o Colégio Pedro II (à época ainda chamado de Ginásio Nacional) serão as instituições de referência para os processos de equiparação seja dos congêneres estaduais, seja dos estabelecimentos privados de ensino.

5. Os avanços no princípio da laicidade, da permanência

do caráter oficial do ensino sob o pressuposto do monopólio da autorização de funcionamento e de validação formal de seus certificados e diplomas, indicam a presença de um Estado que visa garantir e proteger as liberdades civis e em desencorajar as ações tendentes a desrespeitá-las. Estamos no âmbito de um Estado liberal clássico. Esse respeito pelas liberdades civis pode ser medido pela presença neutra ou omissa do Estado em relação a fins sociais. 23

23 Cf. Carvalho, 2002.

17

Excetuada a função protetora e/ou repressiva do Estado, a convivência social e a diminuição das desigualdades são estimuladas a partir de fins individuais. Num quadro socialmente precário, essa via não teria grandes conseqüências até porque se algo pudesse ter saído do pensamento positivista (que não se tornou hegemônico) ou de certo radicalismo republicano, eles pouco se efetivaram nesse período em relação ao que hoje denominamos de direitos sociais.

A própria gratuidade do ensino primário como direito da cidadania, então, presente no ordenamento jurídico nacional do Império, não comparece na primeira Constituição Republicana e muito menos a obrigatoriedade dessa etapa inicial do ensino.

Norma explícita de caráter nacional na educação escolar na Constituição, só a laicidade do ensino.

Tal realidade pouco determinante para a redução das discriminações e das desigualdades de um país que saía da escravatura, apesar dos avanços assinalados, resultou em uma ilusão liberal com um quadro pouco animador em matéria de acesso da população à educação escolar. 24

Deixada à autonomia dos Estados, a gratuidade e a obrigatoriedade poderiam vir a ter lugar e a partir de sua maior ou menor presença aí, poder-se-ia perguntar da existência de um projeto nacional de educação como expressão de um federalismo centrífugo.

O federalismo centrífugo se remete ao fortalecimento

do poder do Estado-membro sobre o da União em que, na relação concentração – difusão do poder prevalecem relações de larga autonomia dos Estados-membros. Pode-se assinalar como tal a Velha República especialmente entre 1898 – 1930. (Cury, 2006, pg. 115)

Esse federalismo, cujos benefícios se deram para

oligarquias regionais, só seria contrabalançado pelos processos de urbanização, seus pressupostos e suas conseqüências acompanhadas da industrialização. A crise do final dos anos Vinte e a saída pela “Revolução de Trinta” determinarão o fim desse 24 Cf. Reis Filho, 1995.

18

liberalismo clássico, excludente e com um Estado cioso de sua neutralidade ante a “questão social” e pouco disposto a intervir nas questões mais amplas sob a responsabilidade dos Estados.

Nesse sentido, nem a educação escolar efetivamente existente, nem os iniciais projetos republicanos que de algum modo apontavam a educação como caminho de mobilidade social ou de redução das desigualdades foram construtores de um sentido real de coesão nacional.

6. Terá esse período sido um momento histórico

correspondido à noção de res publica? Houve, com toda a certeza, a mudança de um regime

político em que se destronou a monarquia logo após a formalização do sistema contratual de mercado com a Abolição.

Conseqüente a essas mudanças, a República comparece com a universalização das liberdades civis as quais confirmam o sistema contratual de mercado e rechaçam as discriminações.

Efeito dessas liberdades é a laicidade em vários campos, é a chamada ao voto universal, limitada pela proibição do voto do analfabeto e pelo caráter consuetudinário da interdição do voto feminino. E é efeito também a liberdade da oferta de ensino por entidades particulares como concessão do poder de Estado. Mas não resta dúvida que há uma maior distinção formal entre o público e o privado posta em lei inclusive na abordagem do valor dos certificados e diplomas.

Contudo, a ânsia em liberar as oligarquias economicamente hegemônicas do poder central conduziram à efetivação de uma República liberal clássica sob o sistema federativo e sob o sistema contratual de mercado. Esses foram os móveis da construção de uma nação em que houve a secundarização de aspectos mais amplos dos projetos nacionais como o da educação.

Tal esquecimento consentido não possibilitou o derramamento do ensino primário como queria Silva Jardim nem tirou do proletariado as correntes da ignorância, essa herdeira das desigualdades sociais e políticas tão criticadas por Quintino Bocaiúva e com isso comprometeu a incorporação do

19

proletariado na sociedade moderna na expressão de Teixeira Mendes, líder do Apostolado Positivista.

Esses comprometimentos limitarão a noção de República como continente de uma democracia na qual cidadãos livres e iguais pudessem ter acesso a bens que lhes possibilitariam participar consciente e ativamente dos destinos da comunidade republicana que se iniciava.

Isso não significou, contudo, o fim de horizontes republicanos mais largos e nem o fim embates e lutas em prol da derrubada de discriminações e da redução das desigualdades sociais entre as quais o acesso universal a uma educação de qualidade.

Pode-se dizer que, antevista pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, a fundação de uma educação pública e republicana terá, no ordenamento jurídico, um caminho de idas e vindas e um ponto alto na Constituição da República de 1988 no seu capítulo de educação.

Como sempre, cabe a cada geração de educadores encontrar os melhores caminhos para efetivar a educação escolar: direito civil, direito político e direito social. Bibliografia Alonso, Ângela. Idéias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo : Paz e Terra, 2002. Arendt, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro : Forense, 1991 Bignotto, Newton. Problemas Atuais da Teoria Republicana. In: Cardoso, Sérgio (org). Retorno ao Republicanismo. Belo Horizonte : UFMG, 2004 Bobbio, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1986. ______________ Igualdade e Liberdade. Rio de Janeiro : Ediouro, 1996.

20

______________ Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos. Rio de Janeiro : Campus, 2000 _____________ Da Estrutura à Função: novos estudos de teoria do direito. Barueri – SP : Manole, 2007 Chauí, Marilena. Dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo : Cia das Letras, 2002. Bobbio, Norberto e Bovero, Michegangelo. Sociedade e Estado na Filosofia Política Moderna. São Paulo : Brasiliense, 1986. Cardoso, Sérgio (org). Retorno ao Republicanismo. Belo Horizonte : UFMG, 2004. Carvalho, José Murilo de. A formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo : Companhia das Letras, 1990. ___________________________ Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2002. Cury, Carlos Roberto Jamil. Cidadania Republicana e Educação. Rio de Janeiro : DP&A, 2001 _______________________ Federalismo Político e Educacional. In: Ferreira, Naura Syria Carapeto (org). Políticas Públicas e Gestão da Educação. Brasília : Líber Livro, 2006. ________________________ Educação Escolar e educação no lar: espaços de uma polêmica. Educação e Sociedade. N. 96, vol. 27 – Campinas, 2006. Freire, Felisbelo. História Constitucional da República dos Estados Unidos do Brasil, II vol. Rio de Janeiro : Typographia Moreira Marimino, Chagas e Co. 1894.

21

Pessoa, Reynaldo Xavier Carneiro. A idéia republicana no Brasil, através dos documentos. São Paulo : Alfa-Ômega, 1973. Reis Filho, Casemiro dos. A educação e a ilusão liberal: origens da escola pública paulista. Campinas : Associados, 1995. Saviani, Dermeval. O legado Educacional do “ breve século XIX” brasileiro. IN: Saviani, Dermeval et alii. O Legado Educacional do século XIX. Campinas : Autores Associados, 2006.