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Ano VI - n o 28 - Outubro - 2012 Jornal do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina Projetos que regulamentam Greve ameaam luta dos servidores pœblicos Unificaªo dos Federais quebrou posiªo do governo Dilma, de reajuste zero. Na Justia Eleitoral de Santa Catarina, movimento fez histria PÆgina 2 AVALIA˙ˆO Em resposta ao reajuste zero, Ato Unificado de servidores pœblicos federais fechou uma das pistas da avenida Beira-mar Norte, em Florianpolis Foto: Mriam Santini de Abreu Foto: Mriam Santini de Abreu Demissªo, congelamento salarial e terceirizaªo Aps a Eleiªo, funcionalismo pœblico precisa barrar, alØm da lei antigreve, trŒs outros projetos que derrubam direitos PÆgina 8

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Ano VI - n o 28 - Outubro - 2012

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina

Projetos que regulamentam Greveameaçam luta dos servidores públicos

Unificação dos Federais

quebrou posição do

governo Dilma,

de reajuste zero.

Na Justiça Eleitoral

de Santa Catarina,

movimento fez história

Página 2

AVALIAÇÃO

Em resposta ao reajuste zero, Ato Unificado de servidores públicos federais fechou uma das pistas da avenida Beira-mar Norte, em Florianópolis

Foto: Míriam Santini de Abreu

Foto: Míriam Santini de Abreu

Demissão,congelamento salariale terceirizaçãoApós a Eleição, funcionalismo públicoprecisa barrar, além da lei antigreve,três outros projetosque derrubam direitos

Página 8

2 OGRITO - no 28 - Outubro - 2012 Impresso em papel reciclato

O jornal OGrito é o informativodo Sindicato dos Trabalhadores do

Judiciário Federal de SantaCatarina

Rua dos Ilhéus, 118, sobreloja,sala 3, edifício Jorge Daux - Cen-tro - CEP 88010-560 – Florianópo-lis (SC)Fone/Fax: (48) 3222-4668Site: www.sintrajusc.org.brE-mail: [email protected]

COORDENADORES GERAISPaulo Roberto Koinski-JFEdson Ricardo Régis-JESérgio Murilo de Souza-JT

COORDENAÇÃO EXECUTIVACoord. de Finanças e Patrimônio:Ricardo Koneski-JTManoel Prazeres-JFCoord. de Cultura, PromoçãoSocial e Esporte:Edmilson Silva da Rosa-JFCoord. de Comunicação eImprensa:Luciana Cechinel Bez Batti-JFCoord. Jurídico:Clovis Miguel Massignani-JTCoord. de Formação Sindical:Daniel Ferreira-JTCoord. para Assuntos deAposentadoria e Pensão:Vilson Medeiros-JFCoord. para Assuntos de Saúdedo Servidor:Claudia Bettoni-JT

COORDENADORES REGIONAISRegião Norte:Luiz Roberto Silveira-JFRegião Planalto:Marco Antonio Madruga-JTRegião Oeste:Geraldo Tirelli-JTRegião Sul:(LICENCIADO) Luiz HenriqueMartins-JFRegião do Vale do Itajaí:Pedro Antonio de Oliveira-JF

Textos, Diagramação e Edição:Míriam Santini de Abreu (MTb 8077/RS)Projeto Gráfico: Letra EditorialLogomarca do Sintrajusc: PauloLaitanoTiragem: 2.500 exemplares

Os artigos assinados são de res-ponsabilidade dos autores.

Filiado à:

Servidores fortalecidos na luta unificadaEDITORIAL

Gratificação Judiciária

A ação rescisória ajuizadapela União em relação àGrat.Jud. foi incluída na próxi-ma sessão de julgamentos da 2ªSeção do TRF, que ocorrerá nodia 11 (quinta-feira), às13h30min. Farão parte do julga-mento os Desembargadores Fe-derais Carlos Eduardo T. FloresLenz (Relator), Maria Lúcia LuzLeiria, Fernando Quadros da Sil-va, Luís Alberto d'Azevedo Aur-valle, Cândido Alfredo Silva LealJunior, João Pedro Gebran Netoe Luiz Carlos de Castro Lugon(Presidente). A inclusão do pro-cesso em pauta ainda em 2012possibilitará, em caso de vitória,a liberação dos precatórios jáinscritos e seu pagamento no pri-meiro semestre de 2013.

O advogado Pedro Maurí-cio Pita Machado, que atua di-retamente nestes processos,teve deferido o pedido de sus-tentação oral. Na semana pas-

sado o escritório iniciou tambéma entrega dos memoriais aos in-tegrantes da 2ª Seção. Segun-do o assessor jurídico do SIN-TRAJUSC, o Parecer do Minis-tério Público foi contrário aosservidores, e será preciso maisum grande esforço de conven-cimento para que a rescisóriaseja rejeitada. "Tecnicamente,porém, temos plena confiança deque a ação não deve prosperar.O caso é típico de aplicação daSúmula 343 do STF, que impedea rescisória quando a matériaera controvertida nos Tribunais,na época em que proferido oacórdão". Assim, explica o ad-vogado, mesmo que a jurispru-dência tenha se firmado poste-riormente em sentido contrárioe não se tratando de interpreta-ção constitucional, como é ocaso, a decisão não pode ser res-cindida.Fonte: Pita Machado Advoga-dos

Nós, do Judiciário Federalem Santa Catarina, temos moti-vos de sobra para nos sentirmosorgulhosos, pois protagonizamosvários atos, paralisações, um diade greve e, logo em seguida, amais forte greve na história daJustiça Eleitoral no nosso esta-do, além de uma das melhoresna Justiça Federal, e as duas ho-ras de paralisação por dia na Jus-tiça do Trabalho. Foram inúme-ras assembleias e reuniões seto-rias que deram para o movimen-to muita força e combatividade.

Neste ano podemos dizerque nosso estado foi o quarto aentrar em greve e que realiza-mos manifestações, atos, passe-atas juntamente com os colegasdo MPU e demais servidores pú-blicos federais em greve contraa política de reajuste zero do go-verno Dilma (PT). Essa greve doconjunto dos SPFs, puxada numprimeiro momento pelos profes-sores universitários reunidos noANDES (sindicato nacional dacategoria) unificou as mobiliza-ções e permitiu denunciar para oconjunto da sociedade a politica

de congelamento salarial do go-verno Dilma. A nossa luta não fi-cou isolada na conjuntura nacio-nal. Ganhamos espaço na mídiae obrigamos Dilma a ter que fa-zer, mesmo a contragosto, algu-ma proposta.

É verdade que a luta peloPCS significava um reajuste mai-or, mas para isso teríamos que teruma greve nacional bem maior ecom disposição para durar bemmais tempo. Também é fato quea cúpula do Judiciário teve umapostura no mínimo tímida, quasesubmissa aos ditames do Execu-tivo, além de em muitos casos as-sumir uma postura repressora e"patronal" contra o movimento dosservidores do Judiciário, como foio caso das liminares dadas por mi-nistros do STJ que acabavam, naprática, com o direito de greve aoimpor limites draconianos ao nú-mero de grevistas, deixando a ca-tegoria à merce da política de con-gelamento do governo Dilma.

O presidente do STF, AyresBrito, impôs um projeto rebaixa-do, partindo da premissa de acei-tar os 15,8%, porém, fruto da pres-

são de nossa luta, mantendo oespírito do PCS4, que é o de be-nificiar os que têm os menoresvencimentos e em início de car-reira e garantindo a paridadepara os aposentados, o que éuma luta histórica nossa. Na prá-tica os menores salários terãoíndices maiores em relação aosseus vencimentos, podendo che-gar à casa dos trinta por centono final destes dois anos e pou-co de aplicação.

É uma vitória parcial, masmesmo assim é uma importantevitória contra a política de "rea-juste zero" de Dilma. Só quenossa luta não terminou, temosque garantir que seja aprovadoo regime de urgência urgentíssi-ma para o PL 4363/12 para queele seja aprovado ainda esse ano,e não permitir que o governo omodifique. Portanto temos queestar atentos, além de, junto comos demais servidores públicosfederais, lutar ano que vem pelarevisão anual de salários. Porfim, vale lembrar: o Sindicato sefortalece com a luta de cada ume de cada uma. Filie-se!

3Impresso em papel reciclato OGRITO - no 28 - Outubro - 2012

2012 marcou o sextomovimento grevistadesde 2009, quando oPL 6613/09, o PCS, foienviado ao CongressoNacional.Ao todo, em nívelnacional, foram umagreve no final de 2009,duas em 2010, duas em2011 e uma em 2012.

REVISÃOSALARIAL

Pressão para aprovar reajuste até dezembroFoto: Míriam Santini de Abreu

"Os Servidores do SEDES integrantes da SEINFO avaliaram aparticipação na Greve de forma positiva. Embora não tenhamos al-cançado nosso objetivo, que era a aprovação integral do PCS, tive-mos a oportunidade de expressar nossa insatisfação com a desvalo-rização dos servidores públicos do Judiciário. Consideramos aindaque a adesão dos demais servidores da JT foi pequena e inconcebí-vel, devido à legitimidade de nossas reinvidicações frente à defasa-gem salarial que sofremos. Esperamos que futuramente possamosconstruir um movimento mais coeso, pois, pelo cenário que se vis-lumbra, vamos precisar de uma organização muito maior para fazerfrente à política salarial que está sendo imposta por nossos dirigen-tes. Agradecemos a oportunidade de poder expressar nossos senti-mentos quanto à Greve."

Avaliação de Greve

O PL 4363/12, que trata doreajuste salarial dos servidores doJudiciário Federal, está aguardan-do Parecer na Comissão de Tra-balho, de Administração e Servi-ço Público (CTASP) e tem comorelator o deputado Roberto Poli-carpo (PT-DF). O deputado Lin-coln Portela (PR-MG) requereuurgência urgentíssima para que oprojeto seja aprovado direto nosplenários da Câmara e do Sena-do, sem precisar passar pelas trêscomissões previstas no Regimen-to Interno. A assessoria já está co-lhendo as assinaturas dos líderespartidários.

Pela tramitação normal, oprojeto passaria pela CTASP, Co-missão de Finanças e Tributaçãoe Comissão de Constituição e Jus-tiça, com votação terminativa nastrês comissões, sem precisar ir aoplenário.

Segundo avaliação das lide-ranças sindicais, se o andamentoseguir esse rito, dificilmente asmatérias serão votadas ainda nes-te ano. "Matematicamente não épossível aprovar (os projetos) emtodas as comissões até o final doano. Por isso, o ideal é trabalharpara garantir a urgência urgen-tíssima para que até o dia 22 dedezembro, quando o CongressoNacional deve encerrar seu fun-cionamento, eles já tenham sidoaprovados nos plenários das duascasas", explica o assessor parla-mentar da Fenajufe, Antônio Au-gusto Queiróz (Toninho do Diap).

O projeto foi o resultadoda greve dos servidores, queem Santa Catarina durou 19dias. O movimento no Judiciá-rio Federal se somou ao decerca de 30 categorias do Exe-cutivo. A Confederação dosTrabalhadores no Serviço Pú-blico Federal (CONDSEF) cal-cula que o movimento chegoua mobilizar cerca de 350 miltrabalhadores durante o augeda paralisação.

Mesmo com pautas especí-ficas além do reajuste, como areestruturação de planos de ca-reira, as categorias conseguiramse organizar para dar visibilidadeao movimento e barrar a políticade reajuste zero do governo.

Greve na Justiça Eleitoral

Em Santa Catarina, a Justi-ça Eleitoral fez uma greve histó-rica. Para o servidor do TRE An-dré Mello Barotto, o movimentoiniciou com dificuldades em fun-ção da desgastante greve de 2010,e a avaliação era a de que seriadifícil mobilizar a categoria. Mas,para ele, o envolvimento cresceugraças às conversas com os ser-vidores, consultas prévias sobre osencaminhamentos da greve, pan-fletagem nos setores de trabalhoe a criação de listas e de gruposna internet. Esses fatores foramfundamentais para a adesão dasZonas Eleitorais no dia do "Apa-gão" na JE, em 28 de agosto. "Agreve é um exercício de cidada-nia, e, quando ele foi violado, rea-gimos contra isso", destaca.

Para Barotto, apesar de aproposta que o Judiciário apresen-tou não ter contemplado a cate-goria da forma como era espera-do, um ponto positivo da tabela dereajuste é o fato de valorizar quemestá entrando na carreira. Daquipara a frente, avalia o servidor, épreciso fortalecer a união das trêsjustiças e também com os magis-trados no que forem reivindica-ções comuns.

Fortalecer a união

Para o servidor João Vicen-te Renner, da 1º Vara Federal deJoinville, a greve nas Varas daJustiça Federal foi se construindocom conversas e crescendo gra-ças à adesão do Ministério Públi-co e Polícia Federal, que partici-param de atos conjuntos na cida-de. Ele avalia que, ainda assim,falta uma articulação maior domovimento sindical, tanto entreuma categoria e outra quanto dosservidores da Capital e os dosdemais municípios. Para João, énecessário também que o Sindi-cato estreite a comunicação comos servidores, especialmente comos que trabalham fora de Floria-nópolis, deixando claras as ques-tões que envolvem a defesa doservidor do Judiciário e fortalecen-do, assim, o sentimento da uniãoda categoria. "É preciso sempre

lembrar que, como servidores púl-blicos, passam todos os dias, pornossas mesas de trabalho, proces-sos que envolvem a vida das pes-soas", destaca.

Na Justiça do Trabalho, quefez paralisação diária de duas ho-ras na Greve, houve adesão deservidores que entraram no maisrecente concurso público e de se-tores estratégicos como o de in-fomática (veja depoimento abai-xo).

Seminário em novembro

O Fórum dos Federais emSC fez uma avaliação da campa-nha salarial, destacando que é pre-ciso manter a unidade conquista-da nas greves porque há projetosno Congresso Nacional (veja napágina 8) que atacam o direito degreve, a estabilidade do servidorpúblico e congelam salários.

O Fórum decidou fazer um

Seis anosde luta

seminário em novembro, com aparticipação dos servidores, paradebater a regulamentação da leide greve com representantes dascentrais sindicais, da Câmara Fe-deral e de sindicalistas.

4 OGRITO - no 28 - Outubro - 2012 Impresso em papel reciclato

2012: Santa Catarina e

BLUMENAU

BALNEÁRIOCAMBORIÚ

CONCÓRDIA

PORTOUNIÃO

FLORIANÓPOLIS

Fotos: Míriam Santini de Abreue servidores do

Judiciário Federal em SC

5Impresso em papel reciclato OGRITO - no 28 - Outubro - 2012

m Greve pelo reajuste salarial

CAÇADOR

joaçaba

LAGES

RIO DO SUL

SÃOLOURENÇODO OESTE

JARAGUÁDO SUL

tangará

6 OGRITO - no 28 - Outubro - 2012 Impresso em papel reciclato

REGULAMENTAÇÃO

Governo não dá reajuste anual e amarra lutaFoto: Míriam Santini de Abreu

SPFs, entre eles os do Judiciário, fizeram Ato em Chapecó por reposição salarial

Fruto das fortes Grevesde servidores públicos fede-rais, o Governo Dilma, com aa juda do PSDB, pre tendeaprovar projeto que restringetanto o direito de greve que,na prática, acaba com ele einterfere na livre organizaçãosindical. De quebra transfor-ma o Ministério Público emmero auxiliar da AdvocaciaGeral da União (AGU), ferin-do de morte a sua autonomia.

O governo Dilma, com asua "oposição de direita", quervotar a toque de caixa o pro-jeto, de autoria do senadorAloys io Nunes Fer re i ra(PSDB-SP), para deixar o ca-minho livre para novos proje-tos de ataque ao funcionalis-mo e de precarização dos ser-viços públicos como um todo(veja na página 8).

Fim da estabilidade e con-gelamento salarial, entre ou-tros ataques, estão sendo pre-parados pelo governo, semque haja discussão prévia so-bre a reposição salarial anu-al.

O objetivo é dar ao pro-jeto caráter de urgência paraaprová-lo sem resistência esem debates com a socieda-de.

Só obrigações

Passada a Eleição, o Con-gresso tem em foco um alvoprioritário: o direito de grevedos servidores públicos. A Co-missão de Constituição, Justi-ça e Cidadania (CCJ) deverávotar ainda em outubro a re-gulamentação do tema, con-forme a assessoria do senadorAloysio Nunes Ferreira, autordo projeto.

Os disparos vêm de todosos lados. Na Câmara, o depu-tado Jorginho Mello (PSDB/SC) apresentou, no final de se-tembro, requerimento solici-tando a realização de audiên-cia pública, no âmbito da Co-missão de Constituição, Justi-ça e de Cidadania (CCJC),

para discutir o PL 4497/2001,de autoria da deputada RitaCamata (PMDB/ES), que dis-põe sobre o mesmo assunto.Mello é o relator da matériana CCJ.

Quem pode e quem nãopode

A regulamentação virounotícia na mídia, que diaria-mente traz novos fatos, a mai-oria na lógica de que é preci-so conter os "abusos".

Miriam Belchior, ministrado Planejamento, Orçamentoe Gestão (MPOG), em recen-te entrevista a uma revista decirculação nacional, afirmouque "a ideia é regular em quecondições se dão as negocia-ções no setor público e comoé possível que o direito de gre-ve se estabeleça sem prejudi-car a sociedade. As puniçõesocorrerão quando as regrasnão forem cumpridas".

Para isso, emendou, a pri-meira discussão é "estabele-cer quem pode e quem nãopode fazer greve". Enquantoo Congresso não regulamentaa matéria, o que é exigido pelaConstituição Federal há qua-

se 24 anos, o STF enquadra agreve no setor público nos li-mites da Lei 7.783/1989, quedisciplina a greve no setor pri-vado.

Incompetência paranegociar

A ministra-chefe da CasaCivil, Gleisi Hoffmann, tam-bém concedeu entrevista aoprograma "Bom dia, ministro",distribuído pela EBC a rádiosde todo o país, af irmando:

SAIBA MAIS

Judiciário e MPU na listaO artigo 17 elenca um ex-

tenso rol de atividades conside-radas essenciais (abaixo), esta-belecendo percentuais míni-mos de 50%, 60% e 80% deservidores que deverão perma-necer trabalhando durante agreve. Porém, usa a expressão"..em especial...", deixando o rolaberto para ser acrescido atépor decisões judiciais casuísti-cas.I - a assistência médico-hospita-lar e ambulatorial;II - os serviços de distribuiçãode medicamentos de uso con-tinuado pelo Serviço Único deSaúde;III - os serviços vinculados ao

pagamento de benefícios previ-denciários;IV - o tratamento e o abasteci-mento de água;V - a captação e o tratamento deesgoto e lixo;VI - a vigilância sanitária;VII - a produção e a distribuiçãode energia elétrica, gás e com-bustíveis;VIII - a guarda de substâncias ra-dioativas e equipamentos e ma-teriais nucleares;IX - as atividades de necropsia,liberação de cadáver, exame decorpo de delito e de funerária;X - a segurança pública;XI - a defesa civil;XII - o serviço de controle de trá-

fego aéreo;XIII - o transporte coletivo;XIV - as telecomunicações;XV - os serviços judiciários edo Ministério Público;XVI - a defensoria pública;XVII - a defesa judicial da União,dos Estados, do Distrito Fede-ral e dos Municípios e das suasrespectivasautarquias e fundações;XVIII - a atividade de arrecada-ção e fiscalização de tributos econtribuições sociais;XIX - o serviço diplomático;XX - os serviços vinculados aoprocesso legislativo; eXXI - o processamento de dadosligados a serviços essenciais.

"não podemos ter abusos", ecompletou: as paral isaçõesnão podem "ferir o direito docidadão de ter acesso aos ser-viços públicos".

A Confederação Nacio-nal do Serviço Público Fede-ral (Condsef) respondeu nahora, afirmando que, se hou-ve abuso, foi do governo, in-competente para negociar. Aentidade contabilizou, só em2012, mais de 200 reuniõescom representantes do gover-no para fazer as negociações.

7Impresso em papel reciclato OGRITO - no 28 - Outubro - 2012

Foto: Míriam Santini de Abreu

Projeto já foi batizado de futura lei antigreve

Atos Unificados em todo o país, como em Florianópolis, derrubaram a política de reajuste zero do governo federal

O PLS 710/2011 é tão res-tritivo que já foi apelidado de leiantigreve, e traz obrigações ape-nas para o servidor público. O pro-jeto será votado em decisão ter-minativa pela CCJ e tem comorelator o senador Pedro Taques(PDT-MT). Dentre outras exigên-cias, determina o seguinte:

.a manutenção de, no míni-mo, 50% dos funcionários traba-lhando durante a greve. Esse per-centual sobe para 60% e 80%,respectivamente, no caso de pa-ralisação em serviços essenciaisà população.

.limita a remuneração dosgrevistas a até 30% do que rece-beriam se estivessem trabalhan-do.

.prevê que após a assem-bleia o Sindicato notifique o po-der público, sendo que este terá30 dias para se manifestar sobreas reivindicações:

Art. 5º As deliberaçõesaprovadas em assembleia geral,com indicativo de greve, serãonotificadas ao Poder Públicopara que se manifeste, noprazo de trinta dias, acolhen-do as reivindicações, apre-sentando proposta conciliató-ria ou fundamentando a im-possibilidade de seu atendi-mento.

O artigo 10º prevê, em seusincisos, várias obrigações para ossindicatos antes de deflagrar agreve:

I - demonstração da reali-zação de tentativa infrutífera denegociação coletiva e da ado-ção dos métodos alternativosde solução de conflitos de quetrata esta Lei, obedecidas asbalizas constitucionais e legaisde regência e o disposto nestaLei;

II - comunicação à au-toridade superior do órgão,entidade ou Poder respectivo;

III - apresentação de pla-no de continuidade dos servi-ços públicos ou atividades es-tatais, consoante definiçãocontida nos arts. 18 e 19desta Lei, inclusive no que con-cerne ao número mínimo de ser-vidores que permanecerão emseus postos de trabalho;

IV - informação à popula-ção sobre a paralisação e as rei-

vindicações apresentadas aoPoder Público;

V - apresentação de alter-nativas de atendimento ao pú-blico.

O parágrafo único do artigo27º determina que o Ministério Pú-blico tome providências "de ofí-cio" quando houver "indícios" daprática de delito. Este artigo colo-ca o MPU ao lado da AdvocaciaGeral da União numa clara afrontaao direito de greve:

Parágrafo único. Deve-rá o Ministério Público, deofício, requisitar a aberturado competente inquérito e ofe-recer denúncia quando hou-ver indício da prática de de-lito.

O artigo 28º prevê que asações envolvendo greve serãoprioritárias. Neste artigo o gover-no assume que o combate às gre-ves está acima de outras priori-dades nacionais. Aqui vale recor-dar a celeridade e sintonia comque o Ministro do STJ Ari Par-gendler atendeu os pleitos da AGUdurante a greve de 2012.

Art. 28. As ações judici-ais envolvendo greve de ser-vidores públicos serão con-sideradas prioritárias peloPoder Judiciário, ressalvadosos julgamentos de habeascorpus e de mandados desegurança.

Governo legisla de um lado e se omite em outro

Há mais de duas décadasarrastando-se no Congresso, aregulamentação está na ordem dodia depois de uma greve históricado funcionalismo público, que reu-niu mais de 30 categorias do Exe-cutivo, o Judiciário e o MPU.

Na avaliação de sindicalis-tas, a greve conjunta resgatou aunidade dos servidores federaise foi decisiva para romper a polí-tica de congelamento salarial.

Vale lembrar que o Con-gresso Nacional, em 2010, apro-vou a resolução 151 da OIT, queprevê a negociação coletiva nosetor público, cabendo à presi-denta Dilma enviar ao Congres-so Projeto de Lei regulamentan-do o processo de negociação anu-al dos servidores públicos. Ouseja, todo ano, antes de fecharos orçamentos, os governos iri-am negociar a realização de con-cursos públicos, a melhoria dascondições de trabalho dos seusservidores e reajuste salarial par-tindo da reposição da inflação.

Porém o governo optoupelo silêncio legislativo e quandose sentiu acuado pela greve unifi-cada de 2012, numa clara tentati-va de atropelar o movimento rei-vindicatório que naquele momen-to unia várias carreiras de servi-dores, a presidenta editou o De-

creto 7.777, que cortou salário epermitiu a substituição dos servi-dores grevistas por servidoresestaduais e municipais. Tambémameaçou demitir, impôs multas àsentidades e negociou de formaparalela, no caso dos professores,com duas diferentes entidadespara dividir a categoria.

E o reajuste anual?

Apesar de colocar em pau-ta a regulamentação do direito degreve, o governo Dilma não falaem outra exigência constitucio-nal, a data-base dos servidorespúblicos, regulamentada pela Lei10.331/2001.

A lei indica a data-base em1º de janeiro, mas é necessárialei anual para definir o índice dereajuste. Desde a aprovação daLei 10.331, o governo concedeuapenas dois reajustes, de 3,5%em 2002 e 1% em 2003.

Tramita no STF um proces-so para o pagamento das revi-sões devidas aos trabalhadores.O relator é o ministro MarcoAurélio Melo, que já votou a fa-vor do pagamento da diferençaaos servidores, mas o processoestá com a ministra Carmen Lú-cia Rocha, que pediu vista dosautos.

PERIGO À VISTATrês projetos deletamdireitos

A luta unificada dos servidores públicosfederais, como ocorreu nas greves de 2012,será ainda mais necessária para barrar, alémdo projeto de lei antigreve, outros três proje-tos que ameaçam o funcionalismo público fe-deral. Saiba mais sobre eles:

Projeto de Lei Complementar nº248/98

Esse projeto, de autoria do Executivo, dis-ciplina a perda de cargo público por insuficiên-cia de desempenho do servidor público estável.O projeto escancara a possibilidade de avalia-ção por critérios subjetivos por parte das chefi-as. O deputado federal Raul Lima (PP-RR),da base do governo Dilma, enviou, em 28 desetembro de 2011, requerimento ao presidenteda Câmara dos Deputados, Marco Maia, soli-citando a inclusão do PLP 248/98 na Ordem doDia da Casa. Desde outubro de 2007 o projetonão sofria movimentações na Câmara.

O PLP, de autoria do Executivo, criadodurante o governo de FHC, é de Lei Comple-mentar, portanto de difícil tramitação, o quejustifica a demora na aprovação, mas não po-demos subestimar a capacidade legislativa doatual governo. Ele regulamenta o item daEmenda Constitucional nº 19, que pôs fim àestabilidade plena do servidor público.

O projeto já havia sido aprovado na Câ-mara, mas retornou à Casa porque foi modifi-cado no Senado. Todas as emendas dos sena-dores, que ampliavam as categorias conside-radas típicas de Estado, porém, foram rejeita-das pelos deputados.

O projeto, que atinge todos servidores ati-vos novos e antigos e permite a demissão doservidor público por desempenho insuficiente,está pronto para votação em plenário. O textoaprovado prevê avaliação anual do servidor e ademissão de quem tiver o desempenho consi-derado insuficiente por dois anos consecutivosou por três vezes em intervalos de cinco anos.A avaliação seria feita por uma comissão.

Os servidores serão avaliados nos que-sitos produtividade, cumprimento de normasde conduta, assiduidade e pontualidade. A ava-liação anual ficará a cargo de uma comissãocomposta por quatro servidores. Após a pri-meira avaliação negativa, o servidor será sub-metido a um processo de capacitação. Caso ofuncionário seja reprovado em uma segundaavaliação consecutiva, ou em três de cincoavaliações, será aberto processo administrati-vo para demiti-lo. O projeto não entra em de-talhes sobre como será essa avaliação e quaiscritérios serão utilizados.

PLP 549/09 (congelamento salarial)

A tentativa de congelar os vencimentosdos servidores públicos começou em 2007,quando o governo Lula enviou à Câmara dosDeputados o PLP 01/2007, um Projeto de Leiassinado pelos ministros Paulo Bernardo eGuido Mantega. A única diferença em rela-ção ao PLP 549 está no percentual - de 1,5%ao invés de 2,5% - pois até a exposição demotivos é idêntica nos dois projetos.

O PLP 01/2007 enfsrenta dificuldades naCâmara dos Deputados, onde aguarda delibe-ração, razão pela qual o governo resolveuapresentar o PLS 611 no Senado, com o mes-mo teor, mas invertendo a ordem de aprecia-ção, primeiro no Senado depois na Câmara,tática que está funcionando até agora.

O PLP 611 é assinado pelos senadoresRomero Jucá (PMDB/RR), Ideli Salvatti (PT/SC) - a agora ministra de Relações Institucio-nais -, Roseana Sarney (PMDB/MA) e Val-dir Raupp (PMDB/RO), e foi aprovado porunanimidade no Senado, no final da legislatu-ra anterior, na noite da última seção, em 16de dezembro de 2009, passando a tramitar naCâmara com o número PLP 549. O projeto jápassou por duas comissões e agora está naúltima comissão, a Comissão de Constituiçãoe Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara,e de lá irá a Plenário.

Jogo pesado

A possibilidade de aprovação do projetoé grande, pois, pelo histórico apresentado e asdeclarações de ministros e lideranças que com-põem o núcleo central do governo, o PLP 549é prioritário e o governo Dilma deverá jogarpesado na sua aprovação.

Na exposição de motivos, o PLP 549 citao seguinte: "... reforçará a percepção positi-va que se tem do Brasil no Exterior, ao facili-tar a gestão das finanças públicas ao longodos próximos dez anos", o que mostra ser o

projeto uma ferramenta importante para o in-teresse do sistema financeiro internacional.

PL 4330/04

O Projeto de Lei 4330/04, do deputadoSandro Mabel (PMDB-GO), regulamenta aterceirização em quase todos os setores daeconomia brasileira e está para ser analisadoem caráter terminativo na Comissão de Cons-tituição e Justiça (CCJ). Se passar pela co-missão, vai direto para análise do Senado.

Esse projeto tem como alvo os direitostrabalhistas garantidos na CLT. Atualmente hána Câmara dos Deputados 26 projetos que tra-tam do tema. Foi, portanto, criada uma comis-são especial que propôs um substitutivo aoprojeto de Sandro Mabel. O PL está para seranalisado em caráter terminativo na Comis-são de Constituição e Justiça e de Cidadania(CCJC). Se passar pela comissão, vai diretopara análise do Senado.

A terceirização hoje está presente emtodo o Judiciário e atinge várias áreas, maspredominam as de servente, vigilante e tam-bém as relacionadas à tecnologia e informa-ção. A prática é alimentada pela insuficiênciade vagas nos concursos públicos, a extinçãode vagas nos cargos de auxiliares e pela im-precisa definição de atividade-meio e ativida-de-fim no serviço público.

O artigo 12 do projeto diz que, nos contra-tos de prestação de serviços a terceiros em quea contratante for a Administração Pública, aresponsabilidade pelos encargos trabalhistas éregulada pelo artigo 71 da Lei nº 8.666, de 21de junho de 1993 (Lei de Licitações). Na justi-ficativa, o deputado diz que "isso significa quea Administração Pública é solidariamente res-ponsável quanto aos encargos previdenciários,mas não quanto às dívidas trabalhistas".

Para a Associação Nacional dos Ma-gistrados da Justiça do Trabalho, o projetopropõe um tipo de terceirização indiscrimi-nada. "Sob o pretexto de regulamentar aquestão da terceirização, o projeto escanca-ra o mundo do trabalho para este fenômeno.É uma reforma trabalhista camuflada. Hoje,a tercerização tem um controle feito a partirda súmula 331 do TST, que garante a terce-rização na atividade-meio, mas não na ativi-dade-fim", avaliou o presidente da entidade,Renato Henry Sant'Anna, em entrevista àrevista Consultor Jurídico: "Com este pro-jeto, acaba simplesmente o conceito de ativi-dade-meio e atividade-fim". Agência Câma-ra e Diap

Fonte: morgueFile