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Projeto WWEF-Nexus: Fechando o ciclo da água-resíduo-energia e alimento, 2018-2020. Resíduos Sólidos Domiciliares: Alternativas para o Rural na Política Nacional de Resíduos Sólidos Goiânia, 2019 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. “ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!” Antoine Lavoisier INTRODUÇÃO Animais, folhas, alimentos e todo tipo de material orgânico se decompõem naturalmente com a ação de milhões de microrganismos decompositores, como bactérias, fungos, vermes e outros, que transformam esses materiais em nutrientes disponíveis para outras formas de vida. Com a industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, a sociedade moderna rompeu o equilíbrio da natureza: enquanto cada vez mais recursos naturais são extraídos para as atividades industriais, são geradas toneladas de lixo todos os dias como resíduos das atividades humanas, contaminando o meio ambiente e proliferando doenças. Verifica-se que as regiões rurais, ao longo dos anos, seguiram invisíveis nas iniciativas e serviços públicos em saneamento básico no Brasil durante anos, incluindo os serviços de manejo de resíduos sólidos de coleta de lixo, considerados pelas administrações locais, muitas vezes “inviável” nesses locais. Devido a isso, os próprios moradores determinam a destinação final dos resíduos gerados. Esta cartilha tem como objetivo auxiliar nas atividades do projeto WWEF-Nexus na divulgação e explicação de boas práticas no manejo dos resíduos sólidos domiciliares (RDS), abordando alternativas para regiões rurais, dentro das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010 e seus dispositivos. 1 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. O QUE SÃO RESÍDUOS? Chamamos de resíduo sólido domiciliar qualquer material gerado pelas atividades domésticas que em condições ambientes estão na forma sólida ou pastosa, tais como: a preparação de alimentos; higiene pessoal; limpeza e manutenção da casa, quintal e jardins; entre outras. Muitos materiais que consumimos no nosso dia a dia podem durar até milhares de anos para se decompor na natureza. 1 Papel Metal Alumínio Plástico Vidro Borracha De 03 a 06 meses Mais de 100 anos Mais de 200 anos Mais de 400 anos Mais de 1.000 anos Tempo indeterminado Você sabia? Estima-se que em Goiás são gerados 268,40 toneladas de RDS diariamente nas regiões rurais (GOIÁS,2017). 2 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS Cada produto que conhecemos apresenta um ciclo de vida próprio que consiste nos processos para sua existência, desde a obtenção de matérias-primas e insumos na natureza, o processo produtivo, do consumo até a disposição final. O “lixo” é formado por incontáveis tipos de resíduos com características físicas e químicas diferentes, por isso não existe destinação ambientalmente adequada universal para o lixo. Ou seja, o papel é reciclado com água, já o vidro precisa do fogo, enquanto o papel carbono não pode ser reciclado. Por isso existem diversos tipos de tratamento de acordo com o tipo de cada resíduo (MMA, 2019). Nesse ciclo de vida, a redução dos resíduos e seus impactos no ambiente podem ser reduzidos em suas diversas etapas. Na etapa da extração dos recursos naturais, por exemplo, pode-se escolher alternativas renováveis de baixo impacto; na etapa da industrialização é possível promover processos que consomem menos água e energia e desenvolver produtos biodegradáveis. As possibilidades são diversas. A PNRS institui que a responsabilidade pelo manejo dos resíduos domiciliares é de competência dos municípios. 3 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. PRINCÍPIO DOS 3 R’S O princípio dos 3R’s é apontado como um caminho para otimizar o ciclo de vida dos produtos, minimizando a extração de recursos naturais e a geração de resíduos a partir da adoção de padrões de consumo consciente. REDUZIR Consumir menos produtos industrializados de supermercados, embalagens, canudinhos, papel, e evitar e abolir sacolinhas! Preferir produtos com menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade. REUTILIZAR Usar novamente as embalagens, por exemplo: os potes plásticos de sorvetes servem para guardar alimentos ou outros materiais; os potes de vidro para embalagens de alimentos podem ser reutilizados para a mesma finalidade. RECICLAR Envolve a transformação dos materiais, fabricando um novo produto a partir de um material usado, por exemplo: produzir papel reciclando papéis usados. 4 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS NA ORIGEM A destinação adequada dos resíduos sólidos domésticos começa com separação correta logo após seu uso, ou seja, no momento em que o resíduo é gerado na residência. Em casa podemos identificar os resíduos em quatro tipos principais, de acordo com a destinação adequada dada a cada um deles: O que não vai para o reciclável? “Rejeitos” Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, fotografias, filtro de cigarros, papéis sujos, papéis sanitários. Cabos de panela e tomadas. Clipes, grampos, esponjas de aço, canos, espelhos, cristais, cerâmicas, porcelana. 5 Orgânicos Restos de alimentos, cascas, folhas e podas. Recicláveis Papel, papelão, embalagens tetrapak, metal, plásticos, vidros. Rejeitos Resíduos do banheiro, papel higiênico e não recicláveis. Logística Reversa Embalagens de agrotóxicos e fertilizantes, pilhas, baterias, lâmpadas, pneus, óleos lubrificantes, produtos eletrônicos. Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. RECICLAGEM É transformar materiais já usados em novos produtos que podem ser comercializados. Exemplo: papéis velhos retornam às indústrias e são transformados em novas folhas. Os materiais recicláveis representam 31,9% dos resíduos coletados no Brasil (IPEA, 2010). Para que esses materiais possam ser reciclados eles precisam ser separados em sua origem e destinados para a coleta seletiva, pontos de entrega voluntários ou cooperativas, conforme é estabelecido em cada município (BRASIL, 2010). 6 METAL - Latas de bebidas e alimentos - Ferragens, esquadrias - Fios elétricos - Arames e chaves - Panelas e bandejas - Descartáveis de alumínio - Objetos de metal em geral (alumínio; cobre; aço) Não pode ser reciclado: esponjas e palhas de aço, latas de aerosóis, latas de produtos tóxicos (tintas, inseticidas, pesticidas, etc), clipes e grampos. VIDRO - Garrafas - Frascos e potes (alimentos, remédios, perfumes, etc) - Recipientes (copos, jarras, etc) - Fragmentos e cacos dos itens já citados. Não pode ser reciclado: Lâmpadas, espelhos, ampolas de medicamentos, vidros temperados, louças, vidros refratários, cerâmicas, porcelanas, lentes dos óculos, cristais, tubo de televisão e válvulas. PLÁSTICO - Embalagens em geral - Garrafas PET (refrigerantes) - Canos e tubos de PVC - Sacos e sacolas - Brinquedos quebrados - Copos descartáveis - Utensílios domésticos - Isopor Não pode ser reciclado: adesivos, placas de raio X, acrílico, espuma, embalagens plásticas metalizadas (salgadinhos e bolachas), embalagens plásticas misturadas com papel, papel filme e similares, cabos de panela. PAPEL - Papel e papelão - Jornais e revistas - Impressos em geral - Caixas de papelão - Cartolinas - Envelopes e sacos de papel - Cadernos e rascunhos - Aparas Não pode ser reciclado: etiquetas e fitas adesivas, fotografias, papéis sanitários usados, bitucas de cigarro, papéis metalizados (de bolachas e salgadinhos), papéis plastificados, papéis encerados ou impermeáveis (fax, carbono, etc), papel vegetal. Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. REUTILIZAÇÃO DAS EMBALAGENS DE VIDRO Antes de destinar as embalagens de vidro para a reciclagem, elas podem ser reutilizadas para diversas finalidades, aumentando assim o ciclo de vida do produto. Dependendo do uso que será dado ao vidro é necessário que ele passe por processo de limpeza, higienização, sanitização e/ou esterilização. 7 Você sabia? O vidro representa em média 9% dos resíduos recicláveis coletados no estado, o que significa que são coletadas cerca de 392,09 toneladas de vidro por dia em Goiás (GOIÁS,2017). Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. Lembre: potes e garrafas podem ser reutilizados! Como? Reutilizados para conservar alimentos da produção da agricultura familiar, tais como: geleias, doces, manteigas, etc. Nesse caso é necessário que o vidro passe pelo procedimento de esterilização, para garantir segurança ao alimento! (KOPF, 2008) 1. Lavar bem os potes com água e detergente neutro; 2. Coloque um pano ou grade de madeira no fundo de uma panela e arrume os vidros deitados em cima do pano; 3. Encha a panela com água até 2cm acima dos vidros e ferva-os com a panela tampada por 15 minutos; e 4. Depois os vidros já podem ser usados nos procedimentos de armazenamento dos produtos. Importante! As tampas das embalagens não podem ser reutilizadas na produção de alimentos, pois perdem a sua capacidade de vedação para o bom armazenamento do produto e segurança do alimento, mas podem ser destinadas para a reciclagem. 8 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. RESÍDUOS ORGÂNICOS Esses resíduos são gerados principalmente na cozinha durante a preparação dos alimentos ou após as refeições, e na manutenção de quintais e jardins. Eles podem ser reaproveitados na COMPOSTAGEM, em processos que transformam os RESÍDUOS em adubos, biofertilizantes que podem ser utilizados hortas, jardins e na agricultura. 9 Você sabia? Os resíduos orgânicos representam mais da metade, 51,4% do total dos resíduos gerados no Brasil! E ainda que o Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de resíduos orgânicos todos os anos, sendo que apenas 1% desses resíduos é reaproveitado atualmente (BRASIL, 2011). Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. COMPOSTAGEM DOMÉSTICA Compostagem é o processo de decomposição da matéria orgânica (restos de alimentos, frutas, verduras, cascas, folhas, podas, entre outros) que acontece naturalmente pela ação de micro-organismos sob condições aeróbias (com a presença de oxigênio), resultando em um composto orgânico rico para o solo, utilizado como adubo em hortas, pomares e produção agrícola. Em condições naturais que favorecem e aceleram a degradação dos resíduos de forma segura (evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos), favorecendo a diversidade e ação dos organismos (bactérias, fungos, minhocas, etc) que trabalham na decomposição dos materiais na natureza. O que pode ser compostado: • Restos de legumes, verduras, frutas, alimentos; • Filtro de café, cascas de ovos e saquinhos de chá; • Galhos, folhas, cascas, podas de arvore; • Palha seca, grama, restos de jardinagem. O que não pode ser compostado: • Vernizes, restos de tinta, óleos, produtos químicos, restos de produto de limpeza, óleos combustíveis, gasolina, removedores de tinta, etc.; • Tocos de cigarro, madeira, carvão, churrasco; • Fezes de animais domésticos, papel higiênico, fraldas; • Carnes, peixes, gorduras, queijos e laticínios; • Vidros, metais, plásticos; • Couros, borrachas, tecidos. 10 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. COMO FAZER UMA COMPOSTEIRA A primeira coisa a se observar é o local onde a composteira será instalada. O ideal é que ela fique protegida do sol e da chuva em local arejado, em baixo de uma arvore, por exemplo, evitando pontos baixos do terreno onde empossa a água da chuva. A compostagem é um processo natural, pode ser replicada de várias formas, segundo as condições e materiais disponíveis em cada local. Alguns dos modelos de composteiras mais comuns são: em leiras (a), minhocários (b), cercados (c), composteiras de chão (d), composteiras domésticas (e), pilhas (f). 11 Fonte: PNCC, 2018; INEA, 2013. (a) (c) (e) (f) (d) (b) Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. O importante é entender o processo para fazer de acordo com as condições locais. Então vamos lá? Deposite os resíduos orgânicos na composteira sempre cobrindo-os com folhas secas, palha, serragem e terra (material seco). É indicado que para cada 1 parte de resíduo orgânico seja colocada 3 partes de material seco. Em alguns dias a temperatura começa a subir, indicando que a decomposição está ocorrendo corretamente. Molhe e revolva bem o composto sempre que necessário (a frequência vai depender de cada tipo de composteira) para manter a umidade e a presença de oxigênio. Fungos, tatuzinhos, besouros, piolhos-de-cobra, minhocas e trilhões de bactérias estarão trabalhando para você, decompondo o material. Você vai reconhecer que o material está pronto quando: • Apresentar cor marrom café e cheiro agradável de terra; • Estiver homogêneo, e não der para distinguir os restos e; • Não esquentar mais, mesmo após o revolvimento. 12 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. A função das composteiras é proporcionar boas condições para a ação dos microrganismos responsáveis pela decomposição dos resíduos. Para isso é preciso estar atento a alguns fatores principais: TEMPERATURA Varia durante todo o processo de compostagem. A temperatura ótima para o processo de compostagem deve ser na faixa de 40 a 50ºC, temperaturas inferiores ou superiores retardam a atividade dos microorganismos. UMIDADE É importante para que os microorganismos possam decompor a matéria orgânica. Para testar a umidade, aperta-se uma porção do composto com a mão: • Se escoar a agua em fio, a umidade esta excessiva. É necessário adicionar mais materiais secos como folhas, serragem e palha. • Se a mão permanecer seca, falta umidade. É necessário regar o composto com moderação. AERAÇÃO Na compostagem, os microorganismos precisam da presença do oxigênio para decompor a matéria orgânica. Se não houver oxigênio, a decomposição sera mais lenta, produzindo odores desagradáveis. Para garantir a entrada de oxigênio é importante revolver o material disposto de duas a três vezes por semana (com exceção da composteira em leiras, que o oxigênio entra de forma passiva). 13 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. 14 RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C/N) Esses dois elementos são essenciais para a atividade microbiana responsável pela decomposição dos resíduos. Os resíduos orgânicos domiciliares são ricos em nitrogênio, enquanto o carbono é encontrado em grande concentração em folhas secas, serragem e palha. Para o balanceamento adequado de C/N é indicado que para cada parte de resíduo orgânico (nitrogênio) seja misturada 3 partes de folhas secas, serragem e palha (carbono), favorece o desempenho da degradação biológica. TAMANHO DOS RESÍDUOS Materiais grandes demoram mais para serem decompostos. Para facilitar a decomposição é indicado que os resíduos tenham de 3 a 4 cm, aumentando a superfície de contato com os microrganismos. Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. 15 PROBLEMA PROVÁVEL CAUSA SOLUÇÃO Processo lento Cheiro de podre ou presença de larvas Muita matéria seca (folhas, palha, serragem) Materiais muito grandes Falta de oxigênio Umidade excessiva ou compactação Muita umidade Cheiro de ammonia Aparecimento de animais, pragas e moscas Baixa temperatura Alta temperatura Resíduos orgânicos descobertos Presença de restos de carne, gorduras ou laticínios Pilha muito pequena Falta de umidade Falta de resíduos orgânicos Falta de arejamento Pilha muito grande Adicionar material verde e restos de comida, molhar com moderação e revirar o composto. Cortar os materiais em pedaços pequenos e revirar a pilha Revirar o composto e fazer uma cama com galhos e palha no fundo Revirar a pilha e adicionar material seco Adicionar material seco e revirar o composto Cobrir bem o composto com materiais secos Retirar esses materiais e revirar o composto Aumentar o tamanho da pilha adicionando materiais secos e verdes Adicionar água com moderação Adicionar material verde e restos de comida Revirar o composto Dividir a pilha e revirar o composto Quadro - Resumo sobre compostagem, problema e solução. Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. LOGÍSTICA REVERSA A logística reversa está prevista na Política Nacional dos Resíduos Sólidos orientando a responsabilidade do setor empresarial pelo manejo dos resíduos decorrentes de sua produção. A Lei nº 12.305/2010, determina que são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotóxicos II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Assim, os consumidores desses produtos devem procurar a respectiva empresa responsável pela produção daquele produto e a Prefeitura Municipal, para saber quais as iniciativas de logística reversa para destinação adequada dos resíduos em seu município. No ano de 2013, por exemplo, foram entregues ao Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) cerca de 4.500 toneladas de embalagens de agrotóxicos no estado de Goiás (GOIÁS, 2017). Em 2017 o Inpev recebeu 44.512 toneladas de embalagens vazias, que representa 94% do total das embalagens primárias comercializadas, sendo que 91% das embalagens foram enviadas para reciclagem e 9% para incineração (INPEV, 2018). 16 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. REJEITOS Você sabia? Cerca de 58% dos domicílios rurais queimam lixos devido a carência de serviços de coleta de resíduos, um dos riscos à saúde dos habitantes é a liberação de dioxinas, substância química com potencial cancerígeno, na qual é decorrente da queima de materiais plásticos (IPEA, 2010). O que fazer então? A deficiência dos serviços públicos de coleta dos resíduos em regiões rurais faz com que os próprios moradores determinem a destinação final dos resíduos gerados. Uma alternativa frequentemente praticada nesses casos é o transporte desses resíduos pelos moradores até um ponto de entrega junto à prefeitura, de onde os resíduos são encaminhados pelo programa municipal de coleta até a destinação final adequada. Existe ainda um longo caminho pela frente para construir bons hábitos e alternativas adequadas com a realidade vivida no rural. Por isso é importante seguir fortalecendo as iniciativas que vem sendo desenvolvidas e pensar novas possibilidades para a responsabilidade com os resíduos na promoção da saúde, do saneamento ambiental e a preservação do meio ambiente. 17 Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta da Fonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponível em: www.wwef-nexus.org. 18 Execução: Agradecimentos:

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Projeto WWEF-Nexus: Fechandoo ciclo da água-resíduo-energia e

alimento, 2018-2020.

Resíduos Sólidos Domiciliares:Alternativas para o Rural na Política

Nacional de Resíduos Sólidos

Goiânia, 2019

Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

“ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!” Antoine Lavoisier

INTRODUÇÃO

Animais, folhas, alimentos e todo tipo de material orgânico se decompõem naturalmente com a ação de milhões de microrganismos decompositores, como bactérias, fungos, vermes e outros, que transformam esses materiais em nutrientes disponíveis para outras formas de vida.Com a industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, a sociedade moderna rompeu o equilíbrio da natureza: enquanto cada vez mais recursos naturais são extraídos para as atividades industriais, são geradas toneladas de lixo todos os dias como resíduos das atividades humanas, contaminando o meio ambiente e proliferando doenças.Verifica-se que as regiões rurais, ao longo dos anos, seguiram invisíveis nas iniciativas e serviços públicos em saneamento básico no Brasil durante anos, incluindo os serviços de manejo de resíduos sólidos de coleta de lixo, considerados pelas administrações locais, muitas vezes “inviável” nesses locais. Devido a isso, os próprios moradores determinam a destinação final dos resíduos gerados.Esta cartilha tem como objetivo auxiliar nas atividades do projeto WWEF-Nexus na divulgação e explicação de boas práticas no manejo dos resíduos sólidos domiciliares (RDS), abordando alternativas para regiões rurais, dentro das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010 e seus dispositivos.

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Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

O QUE SÃO RESÍDUOS?

Chamamos de resíduo sólido domiciliar qualquer material gerado pelas atividades domésticas que em condições ambientes estão na forma sólida ou pastosa, tais como: a preparação de alimentos; higiene pessoal; limpeza e manutenção da casa, quintal e jardins; entre outras.

Muitos materiais que consumimos no nosso dia a dia podem durar até milhares de anos para se decompor na natureza.

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Papel

Metal

Alumínio

Plástico

Vidro

Borracha

De 03 a 06 meses

Mais de 100 anos

Mais de 200 anos

Mais de 400 anos

Mais de 1.000 anos

Tempo indeterminado

Você sabia?Estima-se que em Goiássão gerados 268,40toneladas de RDSdiariamente nasregiões rurais (GOIÁS,2017).

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Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Cada produto que conhecemos apresenta um ciclo de vida próprio que consiste nos processos para sua existência, desde a obtenção de matérias-primas e insumos na natureza, o processo produtivo, do consumo até a disposição final.

O “lixo” é formado por incontáveis tipos de resíduos com características físicas e químicas diferentes, por isso não existe destinação ambientalmente adequada universal para o lixo. Ou seja, o papel é reciclado com

água, já o vidro precisa do fogo, enquanto o papel carbono não pode ser reciclado. Por isso existem

diversos tipos de tratamento de acordo com o tipo de cada resíduo (MMA, 2019).

Nesse ciclo de vida, a redução dos resíduos e seus impactos no ambiente podem ser reduzidos em suas diversas etapas. Na etapa da extração dos recursos naturais, por exemplo, pode-se escolher alternativas renováveis de baixo impacto; na etapa da industrialização é possível promover processos que consomem menos água e energia e desenvolver produtos biodegradáveis.

As possibilidades são diversas. A PNRS institui que a responsabilidade pelo manejo dos resíduos domiciliares é de competência dos municípios.

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Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

PRINCÍPIO DOS 3 R’S

O princípio dos 3R’s é apontado como um caminho para otimizar o ciclo de vida dos produtos, minimizando a extração de recursos naturais e a geração de resíduos a partir da adoção de padrões de consumo consciente.

REDUZIR

Consumir menos produtos industrializados de supermercados, embalagens, canudinhos, papel, e evitar e abolir sacolinhas!

Preferir produtos com menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade.

REUTILIZAR

Usar novamente as embalagens, por exemplo: os potes plásticos de sorvetes servem para guardar alimentos ou outros

materiais; os potes de vidro para embalagens de alimentos podem ser reutilizados para a mesma finalidade.

RECICLAR

Envolve a transformação dos materiais, fabricando um novo produto a partir de um material usado, por exemplo: produzir

papel reciclando papéis usados.

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Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS NA ORIGEM

A destinação adequada dos resíduos sólidos domésticos começa com separação correta logo após seu uso, ou seja, no momento em que o resíduo é gerado na residência. Em casa podemos identificar os resíduos em quatro tipos principais, de acordo com a destinação adequada dada a cada um deles:

O que não vai para o reciclável? “Rejeitos”

Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, fotografias, filtro de cigarros, papéis sujos, papéis sanitários.

Cabos de panela e tomadas. Clipes, grampos, esponjas de aço, canos, espelhos, cristais, cerâmicas, porcelana.

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Orgânicos Restos de alimentos, cascas, folhase podas.

Recicláveis Papel, papelão, embalagenstetrapak, metal, plásticos, vidros.

Rejeitos Resíduos do banheiro, papelhigiênico e não recicláveis.

LogísticaReversa

Embalagens de agrotóxicos efertilizantes, pilhas, baterias,lâmpadas, pneus, óleoslubrificantes, produtos eletrônicos.

Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

RECICLAGEM

É transformar materiais já usados em novos produtos que podem ser comercializados. Exemplo: papéis velhos retornam às indústrias e são transformados em novas folhas. Os materiais recicláveis representam 31,9% dos resíduos coletados no Brasil (IPEA, 2010).

Para que esses materiais possam ser reciclados eles precisam ser separados em sua origem e destinados para a coleta seletiva, pontos de entrega voluntários ou cooperativas, conforme é estabelecido em cada município (BRASIL, 2010).

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METAL- Latas de bebidas e alimentos- Ferragens, esquadrias- Fios elétricos- Arames e chaves- Panelas e bandejas- Descartáveis de alumínio- Objetos de metal em geral(alumínio; cobre; aço)

Não pode ser reciclado: esponjas e palhas de aço,latas de aerosóis, latas de produtos tóxicos(tintas, inseticidas, pesticidas, etc), clipes egrampos.

VIDRO- Garrafas- Frascos e potes(alimentos, remédios,perfumes, etc)- Recipientes (copos, jarras,etc)- Fragmentos e cacos dositens já citados.

Não pode ser reciclado: Lâmpadas, espelhos,ampolas de medicamentos, vidros temperados,louças, vidros refratários, cerâmicas, porcelanas,lentes dos óculos, cristais, tubo de televisão eválvulas.

PLÁSTICO- Embalagens em geral- Garrafas PET (refrigerantes)- Canos e tubos de PVC- Sacos e sacolas- Brinquedos quebrados- Copos descartáveis- Utensílios domésticos- Isopor

Não pode ser reciclado: adesivos, placas de raio X,acrílico, espuma, embalagens plásticasmetalizadas (salgadinhos e bolachas), embalagensplásticas misturadas com papel, papel filmee similares, cabos de panela.

PAPEL- Papel e papelão- Jornais e revistas- Impressos em geral- Caixas de papelão- Cartolinas- Envelopes e sacos de papel- Cadernos e rascunhos- Aparas

Não pode ser reciclado: etiquetas e fitas adesivas,fotografias, papéis sanitários usados, bitucas de cigarro,papéis metalizados (de bolachas e salgadinhos), papéisplastificados, papéis encerados ou impermeáveis(fax, carbono, etc), papel vegetal.

Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

REUTILIZAÇÃO DAS EMBALAGENS DE VIDRO

Antes de destinar as embalagens de vidro para a reciclagem, elas podem ser reutilizadas para diversas finalidades, aumentando assim o ciclo de vida do produto. Dependendo do uso que será dado ao vidro é necessário que ele passe por processo de limpeza, higienização, sanitização e/ou esterilização.

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Você sabia?

O vidro representa emmédia 9% dos resíduosrecicláveis coletados noestado, o que significa

que são coletadas cercade 392,09 toneladas de

vidro por diaem Goiás (GOIÁS,2017).

Sara Duarte Sacho; Luiza C. Campos; Joachim Werner Zang; Wilson Mozena; Warde Antonieta daFonseca Zang. WWEF-Nexus, IFG-Goiânia/UFG e University College London, junho 2019. Disponívelem: www.wwef-nexus.org.

Lembre: potes e garrafas podem ser reutilizados!

Como? Reutilizados para conservar alimentos da produção da agricultura familiar, tais como: geleias, doces, manteigas, etc.

Nesse caso é necessário que o vidro passe pelo procedimento de esterilização, para garantir segurança ao

alimento! (KOPF, 2008)

1. Lavar bem os potes com água e detergente neutro;

2. Coloque um pano ou grade de madeira no fundo de uma panela e arrume os vidros deitados em cima do pano;

3. Encha a panela com água até 2cm acima dos vidros e ferva-os com a panela tampada por 15 minutos; e

4. Depois os vidros já podem ser usados nos procedimentos de armazenamento dos produtos.

Importante!

As tampas das embalagens não podem ser reutilizadas na produção de alimentos, pois perdem a sua capacidade de

vedação para o bom armazenamento do produto e segurança do alimento, mas podem ser destinadas para a reciclagem.

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RESÍDUOS ORGÂNICOS

Esses resíduos são gerados principalmente na cozinha durante a preparação dos alimentos ou após as refeições, e na manutenção de quintais e jardins. Eles podem ser reaproveitados na COMPOSTAGEM, em processos que transformam os RESÍDUOS em adubos, biofertilizantes que podem ser utilizados hortas, jardins e na agricultura.

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Você sabia?

Os resíduos orgânicos representam mais da metade, 51,4% do total dos resíduos gerados no Brasil! E ainda queo Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de resíduos

orgânicos todos os anos, sendo que apenas 1% dessesresíduos é reaproveitado atualmente (BRASIL, 2011).

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COMPOSTAGEM DOMÉSTICA

Compostagem é o processo de decomposição da matéria orgânica (restos de alimentos, frutas, verduras, cascas, folhas, podas, entre outros) que acontece naturalmente pela ação de micro-organismos sob condições aeróbias

(com a presença de oxigênio), resultando em um composto orgânico rico para o solo, utilizado como adubo em hortas,

pomares e produção agrícola.

Em condições naturais que favorecem e aceleram a degradação dos resíduos de forma segura (evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos), favorecendo a diversidade e ação dos organismos (bactérias, fungos, minhocas, etc) que trabalham na decomposição dos materiais na natureza.

O que pode ser compostado:

• Restos de legumes, verduras, frutas, alimentos;• Filtro de café, cascas de ovos e saquinhos de chá;• Galhos, folhas, cascas, podas de arvore;• Palha seca, grama, restos de jardinagem.

O que não pode ser compostado:

• Vernizes, restos de tinta, óleos, produtos químicos, restos de produto de limpeza, óleos combustíveis, gasolina, removedores de tinta, etc.;• Tocos de cigarro, madeira, carvão, churrasco;• Fezes de animais domésticos, papel higiênico, fraldas;• Carnes, peixes, gorduras, queijos e laticínios;• Vidros, metais, plásticos;• Couros, borrachas, tecidos.

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COMO FAZER UMA COMPOSTEIRA

A primeira coisa a se observar é o local onde a composteira será instalada. O ideal é que ela fique protegida do sol e da chuva em local arejado, em baixo de uma arvore, por exemplo, evitando pontos baixos do terreno onde empossa a água da chuva.

A compostagem é um processo natural, pode ser replicada de várias formas, segundo as condições e materiais disponíveis em cada local. Alguns dos modelos de composteiras mais comuns são: em leiras (a), minhocários (b), cercados (c), composteiras de chão (d), composteiras domésticas (e), pilhas (f).

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Fonte: PNCC, 2018; INEA, 2013.

(a)

(c)

(e) (f)

(d)

(b)

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O importante é entender o processo para fazer de acordo com as condições locais. Então vamos lá?

Deposite os resíduos orgânicos na composteira sempre cobrindo-os com folhas secas, palha, serragem e terra (material seco). É indicado que para cada 1 parte de resíduo orgânico seja colocada 3 partes de material seco.

Em alguns dias a temperatura começa a subir, indicando que a decomposição está ocorrendo corretamente. Molhe e revolva bem o composto sempre que necessário (a frequência vai depender de cada tipo de composteira) para manter a umidade e a presença de oxigênio.

Fungos, tatuzinhos, besouros, piolhos-de-cobra, minhocas e trilhões de bactérias estarão trabalhando para você, decompondo o material.

Você vai reconhecer que o material está pronto quando:

• Apresentar cor marrom café e cheiro agradável de terra;• Estiver homogêneo, e não der para distinguir os restos e;• Não esquentar mais, mesmo após o revolvimento.

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A função das composteiras é proporcionar boas condições para a ação dos microrganismos responsáveis pela decomposição dos resíduos. Para isso é preciso estar atento a alguns fatores principais:

TEMPERATURA

Varia durante todo o processo de compostagem. A temperatura ótima para o processo de compostagem deve ser na faixa de 40 a 50ºC, temperaturas inferiores ou superiores retardam a atividade dos microorganismos.

UMIDADE

É importante para que os microorganismos possam decompor a matéria orgânica. Para testar a umidade, aperta-se uma porção do composto com a mão:

• Se escoar a agua em fio, a umidade esta excessiva. É necessário adicionar mais materiais secos como folhas, serragem e palha.

• Se a mão permanecer seca, falta umidade. É necessário regar o composto com moderação.

AERAÇÃO

Na compostagem, os microorganismos precisam da presença do oxigênio para decompor a matéria orgânica. Se não houver oxigênio, a decomposição sera mais lenta, produzindo odores desagradáveis. Para garantir a entrada de oxigênio é importante revolver o material disposto de duas a três vezes por semana (com exceção da composteira em leiras, que o oxigênio entra de forma passiva).

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RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C/N)

Esses dois elementos são essenciais para a atividade microbiana responsável pela decomposição dos resíduos. Os resíduos orgânicos domiciliares são ricos em nitrogênio, enquanto o carbono é encontrado em grande concentração em folhas secas, serragem e palha.Para o balanceamento adequado de C/N é indicado que para cada parte de resíduo orgânico (nitrogênio) seja misturada 3 partes de folhas secas, serragem e palha (carbono), favorece o desempenho da degradação biológica.

TAMANHO DOS RESÍDUOS

Materiais grandes demoram mais para serem decompostos. Para facilitar a decomposição é indicado que os resíduos tenham de 3 a 4 cm, aumentando a superfície de contato com os microrganismos.

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PROBLEMA PROVÁVEL CAUSA SOLUÇÃO

Processolento

Cheiro depodre ou

presença delarvas

Muita matéria seca(folhas, palha,

serragem)

Materiais muitograndes

Falta de oxigênio

Umidade excessivaou compactação

Muita umidadeCheiro deammonia

Aparecimentode animais,

pragas emoscas

Baixatemperatura

Altatemperatura

Resíduos orgânicosdescobertos

Presença de restosde carne, gorduras

ou laticínios

Pilha muitopequena

Falta de umidade

Falta de resíduosorgânicos

Falta de arejamento

Pilha muito grande

Adicionar materialverde e restos de comida,molhar com moderação

e revirar o composto.

Cortar os materiais empedaços pequenos e

revirar a pilhaRevirar o composto e fazer

uma cama com galhos epalha no fundo

Revirar a pilha e adicionarmaterial seco

Adicionar material secoe revirar o composto

Cobrir bem o compostocom materiais secos

Retirar esses materiais erevirar o composto

Aumentar o tamanho dapilha adicionando materiais

secos e verdes

Adicionar água commoderação

Adicionar material verdee restos de comida

Revirar o composto

Dividir a pilha e reviraro composto

Quadro - Resumo sobre compostagem, problema e solução.

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LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa está prevista na Política Nacional dos Resíduos Sólidos orientando a responsabilidade do setor empresarial pelo manejo dos resíduos decorrentes de sua produção. A Lei nº 12.305/2010, determina que são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I - agrotóxicos

II - pilhas e baterias;

III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Assim, os consumidores desses produtos devem procurar a respectiva empresa responsável pela produção daquele produto e a Prefeitura Municipal, para saber quais as iniciativas de logística reversa para destinação adequada dos resíduos em seu município.

No ano de 2013, por exemplo, foram entregues ao Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) cerca de 4.500 toneladas de embalagens de agrotóxicos no estado de Goiás (GOIÁS, 2017). Em 2017 o Inpev recebeu 44.512 toneladas de embalagens vazias, que representa 94% do total das embalagens primárias comercializadas, sendo que 91% das embalagens foram enviadas para reciclagem e 9% para incineração (INPEV, 2018).

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REJEITOS

Você sabia?Cerca de 58% dos domicílios rurais queimam lixos devido a carência de serviços de coleta de resíduos, um dos riscos à saúde dos habitantes é a liberação de dioxinas, substância

química com potencial cancerígeno, na qual é decorrente da queima de materiais plásticos (IPEA, 2010).

O que fazer então?

A deficiência dos serviços públicos de coleta dos resíduos em regiões rurais faz com que os próprios moradores determinem a destinação final dos resíduos gerados. Uma alternativa frequentemente praticada nesses casos é o transporte desses resíduos pelos moradores até um ponto de entrega junto à prefeitura, de onde os resíduos são encaminhados pelo programa municipal de coleta até a destinação final adequada.

Existe ainda um longo caminho pela frente para construir bons hábitos e alternativas adequadas com a realidade vivida no rural. Por isso é importante seguir fortalecendo as iniciativas que vem sendo desenvolvidas e pensar novas possibilidades para a responsabilidade com os resíduos na promoção da saúde, do saneamento ambiental e a preservação do meio ambiente.

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Execução:Agradecimentos: