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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Rogério Wolff Karasek DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO. ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE ITAPERUÇU/PR CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Rogério Wolff Karasek

DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO. ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE

ITAPERUÇU/PR

CURITIBA

2011

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DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO. ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE

ITAPERUÇU/PR

CURITIBA

2011

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Rogério Wolff Karasek

DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO. ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE

ITAPERUÇU/PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada

ao curso de Engenharia Ambiental da

Faculdade de Ciências Exatas e de Tecnologia

da Universidade Tuiuti do Paraná, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Helder Godoy

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

Rogério Wolff Karasek

DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO. ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE

ITAPERUÇU/PR

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Engenheiro

Ambiental do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 01 de julho de 2.011.

______________________________________________________

Engenharia Ambiental

Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________________________

Orientador: Prof. Msc. Helder de Godoy

UTP – Departamento Acadêmico de Engenharia Ambiental

______________________________________________________

Profa. Msc Fernanda Paes de Barros

UTP – Departamento Acadêmico de Engenharia Ambiental

______________________________________________________

Profa. Msc Marisa Isabel Weber

UTP – Departamento Acadêmico de Engenharia Ambiental

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa, Sarah Ortiz, que com seu apoio e amor

foi sempre a minha maior incentivadora na busca de minha realização, mesmo tendo,

para isso, que deixar de lado seus próprios sonhos e aspirações.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, Profa. Msc Carolina Fagundes Caron (in memorian), por sua

paciência, sua dedicação e sua amizade. Sua partida tão prematura faz com que sua

falta tenha sido sentida durante toda a realização deste trabalho, e ainda depois.

A meu orientador, Prof. Msc Helder de Godoy, pelo grande auxílio e pela

tranquilidade que me passou para que eu seguisse adiante.

Ao Prof. Helio Botto, por seu auxílio para a execução da parte técnica deste trabalho.

A meus pais, pelo apoio e pelo estudo, que sempre fizeram essencial em minha vida, e

tão importante foi para a conclusão deste curso.

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RESUMO

O trabalho visa ao dimensionamento de uma Estação de Tratamento de Esgotos

complementar à que se encontra em construção na cidade de Itaperuçu/PR, a qual não

terá capacidade de atendimento à totalidade da população do município. Para tanto, foi

realizado o levantamento dos dados populacionais do município, assim como das

etapas e processos para o tratamento de esgotos domésticos e seus respectivos aspectos

construtivos.

PALAVRAS-CHAVE: Dimensionamento – Estação de Tratamento – Esgotos

Domésticos

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 11

1.1 JUSTIFICATIVA 12

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 14

1.3 OBJETIVOS 14

1.3.1 Objetivo geral 14

1.3.2 Objetivos específicos 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16

2.1 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA 16

2.2 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS 18

2.3 SANEAMENTO E SAÚDE 21

2.3.1 A situação do saneamento no Brasil, no Paraná e em Itaperuçu 22

2.3.2 Saúde no Brasil 24

2.4 ORIGEM DO ESGOTO 24

2.4.1 Esgoto doméstico 25

2.4.1.1 Características das excretas 25

2.4.1.2 Características da qualidade do esgoto 26

2.4.2 Vazão de Infiltração 28

2.4.3 Esgoto industrial 29

2.5 TRATAMENTO DE ESGOTOS 29

2.5.1 Níveis de tratamento 30

2.5.2 Métodos de tratamento 33

2.5.3 Sistemas de tratamento – Nível secundário 34

2.5.3.1 Lagoas de estabilização 34

2.5.3.2 Lodos ativados 36

2.5.3.3 Sistemas anaeróbios 37

2.5.3.4 Disposição no solo 38

2.6 FILTROS BIOLÓGICOS 39

2.6.1 Componentes de um filtro biológico 41

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2.6.2 Tipos de filtro biológico 47

2.7 O MUNICÍPIO DE ITAPERUÇU 52

3 MATERIAIS E MÉTODOS 56

4 RESULTADOS 61

4.1 CÁLCULO DA VAZÃO AFLUENTE MÉDIA DE ESGOTO 61

4.2 CÁLCULO DAS VAZÕES MÁXIMA E MÍNIMA 63

4.3 DIMENSIONAMENTO DAS GRADES 64

4.4 DIMENSIONAMENTO DO MEDIDOR DE VAZÃO 66

4.5 DIMENSIONAMENTO DO DESARENADOR 68

4.6 DIMENSIONAMENTO DOS DECANTADORES 70

4.7 CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA 71

4.8 CÁLCULO DA CARGA ORGÂNICA VOLUMÉTRICA 72

4.9 DIMENSIONAMENTO DO FILTRO BIOLÓGICO 73

4.10 PRODUÇÃO DE LODO 74

5 CONCLUSÃO 75

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – NÍVEIS DE TRATAMENTO DOS ESGOTOS 32

TABELA 2 – OPERAÇÕES, PROCESSOS E SISTEMAS DE TRATAMENTO

FREQUENTEMENTE UTILIZADOS PARA REMOÇÃO DE POLUENTES 34

TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DOS FILTROS BIOLÓGICOS CONFORME O

TIPO 51

TABELA 4 - PROPRIEDADES DOS MEIO SUPORTE EMPREGADOS EM

FILTROS BIOLÓGICOS 52

TABELA 5 – ESTABELECIMENTOS E GERAÇÃO DE EMPREGOS EM

ITAPERUÇU, CONFORME O TIPO DE INDÚSTRIA 54

TABELA 6 – CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DOS PRINCIPAIS SISTEMAS DE

TRATAMENTO DE ESGOTO 61

TABELA 7 – VAZÕES MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMA 64

TABELA 8 – RELAÇÃO ENTRE A VAZÃO E A LARGURA NOMINAL DA

CALHA PARSHALL 67

TABELA 9 – VAZÃO E ALTURA DO EFLUENTE NA CALHA PARSHALL 67

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ESQUEMA DE UM FILTRO BIOLÓGICO 40

FIGURA 2 – PARTES COMPONENTES DE UM FILTRO BIOLÓGICO 42

FIGURA 3 – DISTRIBUIDOR ROTATIVO – ETE PEIXINHOS – RECIFE/PE 43

FIGURA 4 – BRAÇO DISTRIBUIDOR DO AFLUENTE 44

FIGURA 5 – MEIO SUPORTE PLÁSTICO 45

FIGURA 6 – MEIO SUPORTE POLIPROPILENO 45

FIGURA 7 – MODELOS DE BLOCOS DE DRENAGEM 46

FIGURA 8 – EXEMPLO DE FILTRO BIOLÓGICO – DETALHE DA ENTRADA

DE AR 47

FIGURA 9 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE UM FILTRO BIOLÓGICO DE

BAIXA CARGA 48

FIGURA 10 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE UM FILTRO BIOLÓGICO DE

ALTA CARGA 49

FIGURA 11 – LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAPERUÇU 53

FIGURA 12 – BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO RIBEIRA 57

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com os dados fornecidos pelo SNIS - Sistema Nacional de

Informação de Saneamento - apenas 43,2% da população brasileira possui acesso à

coleta de esgoto e, do total coletado, segundo o Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia do Paraná, somente 34,6% são tratados.

Embora o Estado do Paraná apresente índices superiores à média nacional, a

coleta de esgoto no estado atende apenas 48,6% da população. Deste valor, apenas

54,7% é tratado, ou seja, pouco mais da metade. (MINISTÉRIO DAS CIDADES,

2011)

Estes índices demonstram o não cumprimento dos principais fundamentos da

lei No 11445/07, a qual rege em seu Art. 2º que os serviços públicos de saneamento

básico deverão ser prestados com base na integralidade das atividades e componentes

de cada um dos serviços de saneamento básico, entre os quais o esgotamento sanitário.

A importância da coleta e do tratamento de esgoto pode ser exemplificada com

informações da Secretaria de Saúde de Estado do Paraná (SESA, 2011) e do estudo

realizado pelo Instituto Trata Brasil com colaboração da Fundação Getulio Vargas:

“Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro” segundo os quais

haveria uma redução de gastos na ordem de R$ 309 milhões caso o acesso ao

saneamento básico fosse universal, e 60 das 91 mortes ocorridas no Paraná por

doenças gastrointestinais infecciosas em 2009 poderiam ter sido evitadas.

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Na cidade de Itaperuçu, está em fase de construção a ETE Buquerinho, e está

prevista para o mês de junho/2001 a licitação para a construção da rede coletora. Após

a construção da rede, serão coletados e tratados 35% do esgoto produzido no

município. (SANEPAR, 2011) Este índice é bastante baixo, principalmente quando

analisado em relação a uma estrutura que ainda vem sendo construída.

Assim, pode-se observar a importância da realização deste trabalho, o qual

deverá verificar a possibilidade da utilização de um filtro biológico para o tratamento

complementar de esgotos do município, realizando também seu dimensionamento,

levando em consideração a capacidade de atendimento da estação de tratamento

atualmente em construção na cidade, visando ao tratamento da integralidade do esgoto

gerado na cidade.

1.1 JUSTIFICATIVA

As consequências negativas da ausência de saneamento básico para a saúde da

população, entre as quais podem ser citados os maiores gastos com atendimento

hospitalar e a menor produtividade, devido a ausências, dos trabalhadores que não têm

acesso ao saneamento; o atendimento ao estabelecido pela legislação quanto à

universalização do acesso aos serviços de saneamento e aos critérios para o

lançamento de efluentes; e a disseminação de informações de um sistema de

tratamento de efluentes que, apesar de se apresentar como uma alternativa de grande

potencial de aplicação no Brasil, com diversas vantagens em relação a outros sistemas,

ainda é pouco utilizado, justificam a realização deste trabalho.

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Sabe-se que 80% das doenças e 65% das internações hospitalares estão

relacionadas à falta de saneamento básico. Os gastos despendidos para o tratamento

dessas doenças, que podem ser evitadas caso haja o fornecimento de serviços de

saneamento básico à população afetada, são possivelmente superiores ao

dimensionamento e implantação de uma estação de tratamento doméstico, a qual

poderia atender a população por completo ou complementar a que hoje vem sendo

desenvolvida. (AMBIENTE BRASIL, 2011)

Atualmente, parte do esgoto gerado pela população da cidade de Itaperuçu é

lançada diretamente nas águas do Rio Ribeira ou nas galerias de águas pluviais

(DATASUS, 2011). Este é um problema ambiental que compromete a qualidade das

águas de forma física, química e biológica. Não é realizada, ainda, a coleta e o

tratamento do esgoto gerado, e após a construção da rede coletora e da ETE

Buquerinho, pela Sanepar, a quantidade de esgoto não tratado ainda corresponderá

65% do atualmente produzido.

Embora o sistema de filtros biológicos para o tratamento de efluentes seja

bastante antigo, sendo usado na Inglaterra desde o século XIV, no Brasil sua utilização

não é muito difundida. O processo empregado nesse sistema é bastante simples, e o

mesmo tem uma eficiência capaz de produzir efluentes em conformidade com o

exigido pela legislação vigente no Brasil, ou seja, trata-se de uma alternativa que deve

ser levada em consideração em um país com elevado déficit no atendimento aos

serviços de saneamento básico a sua população.

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1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O município de Itaperuçu/PR não conta, atualmente, com um sistema de

tratamento de seus efluentes domésticos, e a estação em construção não terá

capacidade para o atendimento integral da população.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

O trabalho tem por objetivo geral dimensionar uma Estação de Tratamento de

Esgoto, com a utilização de um filtro biológico, para o município de Itaperuçu, no

Paraná. Pretende-se contemplar a população não atendida pela ETE em construção,

estimando-se um alcance de projeto de 20 anos.

1.3.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral desta pesquisa, os seguintes objetivos específicos

foram estabelecidos:

Realizar o levantamento populacional, econômico e social da cidade de

Itaperuçu, PR;

Realizar o levantamento bibliográfico referente aos atuais sistemas de

tratamento de efluentes domésticos mais empregados;

Realizar o levantamento de dados referentes à classe do Rio Ribeira;

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Dimensionar o sistema de tratamento de efluentes domésticos complementar à

ETE Buquerinho, para a cidade de Itaperuçu, com utilização de um filtro

biológico.

Definir os processos e as unidades mais adequadas ao tratamento de efluentes

domésticos, focando no estudo de caso de Itaperuçu, PR;

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

Indispensável à existência de vida na Terra, a água é um dos recursos mais

preciosos da humanidade, sendo um bem utilizado para grande parte das atividades

ligadas aos seres humanos. Entre os principais usos relacionados à água pode-se citar o

abastecimento doméstico, abastecimento industrial, irrigação, dessedentação de

animais, aquicultura, preservação da flora e da fauna, geração de energia elétrica, e

diluição de despejos, entre outros. (FUNASA, 1991)

É notório, ao longo da história, que as grandes cidades tenham se

desenvolvido às margens de rios. Exemplos disso não faltam, podendo-se citar

Londres (Rio Tâmisa), Paris (Rio Sena), Nova Iorque (Rio Hudson), São Paulo (bacia

do Rio Tietê) e Curitiba (bacias dos Rios Iguaçu e Barigui).

Segundo Telles e Costa (2007), a maior parcela do volume de água encontrada

no planeta Terra, representando 97,5%, é de água salgada, encontrada nos mares e

oceanos. Já, os 2,5% restantes são de água doce, sendo que desta água doce 68,9%

encontra-se nas calotas polares e geleiras; 29,9% são águas subterrâneas; 0,9% em

outros reservatórios; e apenas 0,3% encontram-se nos rios e lagos.

Assim, com base nestes dados, pode-se colocar a grande preocupação na

preservação quali-quantitativa deste bem. Segundo Chernicharo et al (2001), cerca de

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1,7 bilhões de pessoas já sofrem com a escassez de água, sendo este um valor que

possui tendências ao crescimento.

Segundo Guedes (2009, citado por Depoli, 2011), a água não se trata de um

bem finito, pelo menos não em sua quantidade. Calcula-se que sejam 1,4 bilhões de

km³ que se mantêm praticamente inalterados há milhões de anos, e o que muda em

relação a estes recursos hídricos são, principalmente, a qualidade e a possibilidade de

que sejam potáveis ou tratáveis.

Embora o Brasil apresente, segundo Borsoi e Torres (1997), aproximadamente

15% da água doce do planeta, este é um país que, conforme Campos et al (1991) pode

vir a apresentar problemas com a falta de água em qualidade, ou seja, pode vir a

apresentar falta de água potável.

Deve-se atentar que 70% do volume de recursos hídricos do país está

localizado na região norte e o maior consumo ocorre nas regiões sul e sudeste, que,

juntas, possuem apenas 12% do total disponível. (BORSOI E TORRES, 1997) Este

fato, somado à falta de instrução da população e à falta de saneamento das cidades,

compromete a qualidade da água e acelera, assim, a degradação dos corpos hídricos.

A preservação dos recursos hídricos é, portanto, de grande importância a fim

de se evitar a contaminação da pequena quantidade de água cuja extração é mais

facilmente disponível.

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2.2 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS

A definição dos parâmetros e critérios para o lançamento de efluentes, visando

à minimização dos impactos ambientais desta atividade, é estabelecida por leis e

resoluções. Os principais aspectos legais a serem atendidos, relacionados ao

lançamento de efluentes, são os expostos a seguir.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu Art. 23, que “é

competência comum da União, dos Estados, do Distrito federal e dos municípios

proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer uma de suas formas, e

promover as condições habitacionais e de saneamento básico, entre outras”.

A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938 de 31 de agosto de

1981) tem por objetivo “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental

propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-

econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida

humana”, atendidos, entre outros princípios, o da racionalização do uso do solo, do

subsolo, da água e do ar.

Em seu artigo 4º, é estabelecido que a Lei visa “à compatibilização do

desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente

e do equilíbrio ecológico; ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade

ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais, e à

preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional

e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico

propício à vida”.

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São estabelecidas, por esta lei, a constituição do Sistema Nacional do Meio

Ambiente – SISNAMA - e a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA.

A Lei 9433/97, da Política Nacional dos Recursos Hídricos, em seu Art. 1º

fundamenta que a água é um bem de domínio público, e um recurso natural limitado e

dotado de valor econômico. Seu Art. 2º define que, entre os objetivos da Lei, está

“assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em

padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.

O Art. 12 da Lei 9433/97 estabelece que o lançamento em corpo de água de

esgotos e demais resíduos, líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua

diluição, transporte ou disposição final, está sujeito à outorga pelo Poder Público.

A Lei nº 11445/07, estabelece Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico,

visando ao “conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais, bem como

o abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbano e manejo de

resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas”.

Esta legislação estabelece que a prestação e a gestão dos serviços de

saneamento básico podem ser exercidas diretamente pelo município, por meio de

departamentos, autarquias e empresas municipais, ou então indiretamente através de

concessão, permissão, terceirização.

De maneira mais específica para o tema deste trabalho, o CONAMA, em sua

Resolução 357 de 17 de março de 2005, trata, em seu Capítulo IV, das condições e

padrões de lançamento de efluentes. É estabelecido, no Art. 24, que “os efluentes de

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qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos

corpos de agua, apos o devido tratamento e desde que obedeçam as condições, padrões

e exigências dispostos nesta resolução e em outras normas aplicáveis”.

No parágrafo 1º do Art. 32 da referida resolução, é estabelecido que, exceto

para rios de classe especial, nos quais é vedado o lançamento de quaisquer efluentes,

ainda que tratados, o lançamento nas demais classes deverá, além de atender às

condições e padrões de lançamento de efluentes e não ocasionar a ultrapassagem das

condições e padrões de qualidade de água, estabelecidos para as demais classes, nas

condições da vazão de referência.

De acordo com o § 4º do Art. 34 da resolução 357/05, “são condições para

lançamento de efluentes:

I. pH entre 5 e 9;

II. temperatura inferior a 40º C, sendo que a variação da temperatura do corpo

receptor não deverá exceder 3º C na zona de mistura;

III. materiais sedimentáveis: ate 1 ml/l em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o

lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente

nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;

IV. regime de lançamento com vazão máxima de ate 1,5 vezes a vazão media do

período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela

autoridade competente;

V. óleos e graxas: óleos minerais ate 20mg/L e óleos vegetais e gorduras animais:

ate 50mg/L; e

VI. ausência de materiais flutuantes.”

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Já o § 5º do Art. 34 trata dos parâmetros orgânicos e inorgânicos de

lançamento de efluentes.

No âmbito estadual, a Lei 12726 de 26 de novembro de 1999 trata, em seu Art.

13, da necessidade de outorga, pelo poder Público, independentemente da natureza,

pública ou privada, dos usuários, dos direitos de uso dos recursos hídricos, entre os

quais o lançamento, em corpo de água, de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, tratados ou não, com finalidade de sua diluição, transporte ou disposição

final.

Ainda na esfera estadual, a resolução nº 021/09 da Secretaria Estadual do

Meio Ambiente, além de dispor sobre o licenciamento ambiental referente às Estações

de Tratamento de Esgoto, estabelece, em seu Art. 11º, as condições e padrões para o

lançamento de efluentes das ETEs. Os padrões aí estabelecidos são:

DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) : até 90 mg/L;

DQO (Demanda Química de Oxigênio): até 225 mg/L;

Óleos e graxas;

Óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/l;

Óleos minerais: até 20mg/L.

2.3 SANEAMENTO E SAÚDE

Os dejetos humanos podem ser veículos de germes patogênicos de várias

doenças, entre as quais a febre tifoide e paratifoide, diarreias infecciosas, amebíase,

ancilostomíase, esquistossomose, teníase, ascaridíase e outras, o que torna

indispensável afastar as possibilidades de seu contato com o homem, as águas de

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abastecimento, vetores e alimentos. Devido à falta de medidas práticas de saneamento

e de educação sanitária, grande parte da população tende a lançar os dejetos

diretamente sobre o solo ou em corpos d’água, criando situações favoráveis à

transmissão de doenças. (FUNASA, 1991)

A destinação adequada dos efluentes domésticos tem importância sanitária,

com objetivo de evitar a poluição do solo e dos mananciais de abastecimento de água,

evitar o contato de vetores com as fezes, propiciar a promoção de novos hábitos de

higiene à população, além de promover o conforto e atender ao senso estético, tendo,

também, importância econômica, pois a ocorrência de doenças, principalmente

infecciosas e parasitárias, ocasionadas pela falta de condições adequadas de destino

dos dejetos, pode levar o homem a inatividade ou reduzir sua potencialidade para o

trabalho.

Portanto, a destinação correta dos esgotos visa ao aumento da vida média do

homem, pela redução da mortalidade em consequência da redução dos casos de

doenças, à diminuição de despesas com o tratamento de doenças evitáveis, redução no

custo do tratamento das águas de abastecimento, ao controle da poluição nas praias e

dos locais de recreação com objetivo de promover o turismo, e à preservação da fauna

aquática, em especial os criadouros de peixes. (FUNASA, 1991)

2.3.1 A situação do saneamento no Brasil, no Paraná e em Itaperuçu

Em 1960, os países americanos firmaram uma Carta-Documento de

compromisso estabelecendo metas no campo do saneamento básico, entre elas o

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atendimento a 70% da população urbana e 50% da população rural com serviços de

água e esgotos. (AZEVEDO NETTO, 1973)

Conforme dados divulgados pela ABES-PR (2011), cerca de onze bilhões de

litros de esgoto bruto são lançados diariamente nos rios, córregos, praias e lagos

urbanos no Brasil. A coleta de esgoto atende a pouco mais da metade da população

brasileira, e como resultado, aproximadamente 60 milhões de brasileiros não são

atendidos por essa coleta. Do total coletado, quase 75% são despejados in natura,

contribuindo para a poluição dos corpos de água.

Os serviços de saneamento, atualmente, não alcançam os índices estabelecidos

na Carta-Documento firmada na década de 60, e mais distante ainda está da

universalização do saneamento estabelecida pela lei 11.445/07.

No Paraná, embora os índices apresentados sejam melhores que a média

nacional, também há um elevado déficit no atendimento à população quanto aos

serviços de saneamento. Somente 48,6% da população do estado tem acesso a coleta

de esgoto, e do que é coletado, apenas 54,7% é tratado, ou seja, apenas 26,6% do

esgoto gerado no estado passa por tratamento antes de sua disposição final

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2011)

O município de Itaperuçu não possui, ainda, uma rede de coleta de esgoto,

nem uma estação de tratamento de efluentes. De acordo com informações da

SANEPAR (2011), a ETE Buquerinho, em construção no local, e a rede coletora, cuja

licitação para a realização de obras será iniciada em junho/2011, atenderão a 35% da

população.

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2.3.2 Saúde no Brasil

De acordo com indicadores do Ministério da Saúde (2011), no ano de 2009

ocorreram 928.615 internações causadas por doenças infecciosas e parasitárias. Deste

total, conforme estudo do Instituto TRATA BRASIL (2011) em parceria com a

Fundação Getulio Vargas, referindo-se a dados extraídos do DATASUS (2011), 462

mil internações foram devidas a infecções gastrointestinais. No mesmo ano, houve

aproximadamente 4.500 mortes decorrentes de diarreia e gastroenterite. No ano de

2007 foram 1.639 mortes, no Brasil, de menores de 5 anos por doença diarreica.

O custo médio por internação no Brasil, segundo o DATASUS (2011), com

base em dados do ano de 2009, é de R$ 771,25, valor que, aplicado ao total de

internações por infecções gastrointestinais, resulta em um gasto de mais R$ 356

milhões. Ainda conforme o estudo do Instituto Trata Brasil, foi gasto, no mesmo ano,

o valor de R$ 547 milhões, pelas empresas, com remunerações relativas a horas não

trabalhadas de funcionários que tiveram que se ausentar por doenças gastrointestinais.

A soma desses valores representa 34,5% de todo o investimento em esgotamento

sanitário no Brasil no ano de 2008. (TRATA BRASIL, 2011)

2.4 ORIGEM DO ESGOTO

Os esgotos coletados em uma cidade e encaminhados à estação de tratamento se

originam, basicamente, de esgotos domésticos, águas de infiltração e despejos

industriais. No Brasil, as águas pluviais são separadas com a adoção do sistema

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separador de esgotamento sanitário, seguindo por linhas de drenagem independentes e

que não contribuem à ETE. (VON SPERLING, 1996)

2.4.1 Esgoto doméstico

É aquele que provem principalmente de residências, estabelecimentos

comerciais, instituições ou quaisquer edificações que dispõem de instalações de

banheiros, lavanderias e cozinhas. É composto essencialmente de água de banho,

excretas, papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem

(FUNASA, 1991)

A vazão doméstica é função do consumo de água. (VON SPERLING, 1996)

Desta forma, uma maior ou menor demanda de água terá como resultado, de forma

proporcional, um maior ou menor volume de esgoto.

2.4.1.1 Características das excretas

As fezes humanas se compõem de restos alimentares ou dos próprios

alimentos não transformados pela digestão, integrando-se as albuminas, as gorduras,

os carboidratos e as proteínas, estando presentes, também, os sais e uma infinidade de

microrganismos. Na urina são eliminadas algumas substâncias, como a uréia,

resultantes das transformações químicas (metabolismo) de compostos nitrogenados

(proteínas). Tanto as fezes como a urina contêm grande quantidade de água, além de

matéria orgânica e inorgânica. No que se refere à matéria orgânica, esta compõe cerca

de 20% das fezes e 2,5% da urina.

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Os microrganismos eliminados nas fezes são de diversos tipos, com destaque

para os coliformes (Escherichia coli, Aerobacter aerogenes e Aerobacter cloacae),

que podem atingir a quantidade de um bilhão por grama de fezes. (FUNASA, 1991)

2.4.1.2 Características da qualidade do esgoto

O esgoto apresenta as seguintes características físicas, químicas e biológicas:

Características físicas

Matéria sólida: Compõem aproximadamente 0,1% dos esgotos domésticos e

acarretam os problemas de poluição das águas, trazendo a necessidade do

tratamento dos esgotos. (FUNASA,1991)

Temperatura: É, em geral, pouco superior à temperatura das águas de

abastecimento. A velocidade da decomposição do esgoto é proporcional ao

aumento da temperatura. (FUNASA,1991)

Odor: Causado pelos gases formados no processo de decomposição do esgoto.

O odor do esgoto fresco é razoavelmente suportável, porém do esgoto velho ou

séptico torna-se insuportável em virtude da presença de gás sulfídrico.

(FUNASA,1991)

Cor e turbidez: Indicam o estado de decomposição do esgoto. A tonalidade

acinzentada acompanhada de alguma turbidez é típica do esgoto fresco, e a cor

preta é típica do esgoto velho. (FUNASA,1991)

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Variação de vazão: depende dos costumes dos habitantes e é calculada em

função do consume médio diário de água de um indivíduo. Estima-se que 80%

da água consumida é lançada como esgoto na rede coletora. (FUNASA,1991)

Características químicas

Matéria orgânica: origem de 70% dos sólidos no esgoto, sendo geralmente uma

combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio, e algumas vezes com

nitrogênio. Esta matéria orgânica é constituída por compostos de proteínas (40 a

60%), compostos de carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos (10%), havendo

ainda a presença de ureia, sulfactantes, fenóis e outros. (FUNASA, 1991) Para a

determinação da matéria orgânica, podem ser adotados métodos diretos, com a

medição do carbono orgânico, ou indiretos, com a medição do consumo de

oxigênio. Como métodos indiretos, podem-se citar a Demanda Bioquímica de

Oxigênio, a Demanda Química de Oxigênio e a Demanda Última de Oxigênio;

e como método direto cita-se o Carbono Orgânico Total. (FUNASA,1991)

Matéria inorgânica: formada principalmente pela presença de areia e

substâncias minerais dissolvidas. (FUNASA, 1991)

Nitrogênio total: inclui, nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato. Trata-se

de um nutriente indispensável ao desenvolvimento dos microrganismos no

tratamento biológico. (FUNASA,1991)

pH: Indica as características ácidas ou básicas do esgoto. Os processos de

oxidação biológiga tendem a reduzir o pH, deixando o esgoto mais ácido.

(FUNASA,1991)

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Características biológicas

Microrganismos de águas residuais: Bactérias, fungos, protozoários, vírus e

algas. Os mais importantes são as bactérias, responsáveis pela decomposição e

estabilização da matéria orgânica tanto na natureza como nas estações de

tratamento. (Funasa) Também os fungos são de grande importância na

decomposição da matéria orgânica, e podem crescer em condições de baixo pH.

(VON SPERLING, 1996)

Indicadores de poluição: Costuma-se adotar os organismos do grupo coliforme

como indicadores, típicos do intestino do homem e de outros animais de sangue

quente (mamíferos). São de simples determinação, razão pela qual são adotadas

como referência para indicar e medir a grandeza da poluição. A realização de

análises para determinar a presença de patogênicos no esgoto é trabalhosa e

cara, razão pela qual, se determina a presença de coliformes e, por segurança,

age-se como se os demais patogênicos também estivessem presentes.

(FUNASA, 1991)

2.4.2 Vazão de infiltração

Devido a defeitos em tubos, conexões, juntas e em paredes de poços de visita,

podem ocorrer infiltrações no sistema de esgotamento. Diversos fatores interferem na

quantidade de água infiltrada, como o tipo de solo, extensão da rede coletora, área

servida, profundidade do lençol freático, topografia e densidade populacional. Caso

não haja dados locais específicos disponíveis, pode-se expressar a taxa de infiltração

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em termos de vazão por extensão da rede coletora, sendo usualmente utilizados valores

médios entre 0,3 e 0,5 l/s.km. (VON SPERLING, 1996)

2.4.3 Esgoto Industrial

O esgoto proveniente de indústrias e que contribui à estação de tratamento

depende do tipo de indústria, seu porte, processos empregados, grau de reciclagem,

existência de pré-tratamento, etc. É importante a avaliação adequada das vazões

industriais que contribuem à rede pública, visto que os despejos podem exercer grande

influência no projeto e na operação da ETE. (VON SPERLING, 1996)

2.5 TRATAMENTO DE ESGOTOS

A disposição de esgotos brutos no solo ou em corpos receptores naturais,

como lagoas, rios, oceanos, é uma alternativa que foi, e ainda é, empregada de forma

muito intensa. Dependendo da carga orgânica lançada, os esgotos provocam a total

degradação do ambiente (solo, água e ar) ou, em outros casos, o meio demonstra ter

condições de receber e de decompor os contaminantes até alcançar um nível que não

cause problemas ou alterações acentuadas que prejudiquem o ecossistema local e

circunvizinho.

Este fato demonstra que a natureza tem condições de promover o tratamento

dos esgotos, desde que não ocorra sobrecarga e que haja boas condições ambientais

que permitam a evolução, reprodução e crescimento de organismos que decompõem a

matéria orgânica.

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Uma estação de tratamento de esgotos é, em essência, um sistema que explora

esses mesmos organismos que proliferam no solo e na água, procurando, no entanto,

otimizar os processos e minimizar custos para que se consiga a maior eficiência

possível, respeitando-se as restrições que se impõem pela proteção do corpo receptor e

pela limitação dos recursos disponíveis. (COSTA, 1999)

Em estações de tratamento procura-se, geralmente, reduzir o tempo de

detenção hidráulica (tempo médio que o esgoto fica retido no sistema) e aumentar a

eficiência das reações bioquímicas, de maneira que se atinja determinado nível de

redução de carga orgânica, em tempo e espaço muito inferiores em relação ao que se

espera que ocorra no ambiente natural. (COSTA, 1999)

Atualmente já se tem uma idéia generalizada de que ambos os processos

biológicos, aeróbio e anaeróbio, podem ser aplicados para o tratamento de esgotos

sanitários, cada qual apresentando uma série de aspectos positivos e, naturalmente,

outra série de aspectos negativos. Assim sendo, em cada caso, devem-se ponderar

ambas as possibilidades para que se chegue realmente à solução mais apropriada para

uma determinada cidade, levando-se em conta as suas características próprias, para

que seja escolhida a solução que corresponda a uma eficiência e a custos compatíveis

com as circunstâncias que prevalecem no local. (COSTA, 1999)

O tratamento de efluentes, para garantir um grau de depuração compatível

com as condições de lançamento estabelecidas pela legislação, pode incluir diferentes

níveis e métodos.

2.5.1Níveis de tratamento

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Conforme Von Sperling (1996), os níveis de tratamento são comumente

classificados em:

Preliminar

Primário

Secundário

Terciário

O tratamento preliminar se destina à remoção de sólidos grosseiros, detritos

minerais, material flutuante, óleos e graxas. O tratamento primário visa à remoção de

sólidos sedimentáveis suspensos e de parte da matéria orgânica. Esses dois níveis têm,

como forma de remoção de poluentes, mecanismos físicos, enquanto no tratamento

secundário, cujo objetivo principal é a remoção de matéria orgânica e de nutrientes,

predominam os mecanismos biológicos.

O tratamento terciário raramente é utilizado no Brasil, e tem como objetivo a

retirada de poluentes específicos, como compostos tóxicos ou não biodegradáveis; ou

complementar a retirada de poluentes cuja remoção, no tratamento secundário, tenha

sido insuficiente.

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Tabela 1 – NÍVEIS DO TRATAMENTO DOS ESGOTOS

Nível Remoção

Preliminar sólidos em suspensão grosseiros (areia e materiais de maiores dimensões)

Primário sólidos sedimentáveis suspensos

DBO em suspensão (matéria orgânica dos sólidos em suspensão

sedimentáveis)

Secundário DBO em suspensão (matéria orgânica suspensa fina, não removida em

tratamento primário)

DBO solúvel (matéria orgânica em forma de sólidos dissolvidos)

Terciário Nutrientes

Patogênicos

Compostos biodegradáveis

Metais pesados

Sólidos inorgânicos dissolvidos

Sólidos suspensos remanescentes

Fonte: Von Sperling, 1996

Na tabela 1 são citados os níveis de tratamento e o tipo de remoção a que se

destinam, sendo que a remoção de nutrientes e patogênicos, que na tabela 1 é

considerada como parte do tratamento terciário, pode ser considerada, dependendo da

concepção de tratamento local, como integrante do tratamento secundário.

Ainda de acordo com Von Sperling, o tratamento primário tem eficiência de

60% a 70% na remoção de sólidos sedimentáveis, e de 30% a 40% na remoção de

DBO e de coliformes.

O tratamento secundário, dependendo do sistema a ser utilizado, alcança uma

eficiência entre 60% e 99% na remoção da DBO e de coliformes, e de 10% a 50% na

remoção de nutrientes, podendo atingir eficiência ainda superior caso haja alguma

etapa de remoção específica para coliformes e nutrientes.

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2.5.2 Métodos de tratamento

Os métodos de tratamento podem se dividir em operações e processos

unitários, e a integração destes são os componentes dos sistemas de tratamento,

podendo ocorrer simultaneamente em uma mesma unidade de tratamento. (VON

SPERLING, 1996)

As definições das operações e processos podem ser adotadas, conforme

Metcalf & Eddy (1991 citado por Von Sperling, 1996), da seguinte forma:

Operações físicas unitárias: método de tratamento em que há a

predominância de forças físicas, como gradeamento, mistura, floculação,

sedimentação, flotação e filtração.

Processos químicos unitários: Neste método os contaminantes são

remocidos ou convertidos pela adição de produtos químicos ou devido a

reações químicas.

Processos biológicos unitários: A remoção dos contaminantes ocorre, neste

método, pela atividade biológica.

Os processos, operações e sistemas de tratamento são definidos em função do

poluente que se quer remover. As operações e processos frequentemente utilizados são

os relacionados na tabela 2 com os poluentes a serem removidos.

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TABELA 2 – OPERAÇÕES, PROCESSOS E SISTEMAS DE TRATAMENTO

FREQUENTEMENTE UTILIZADOS PARA REMOÇÃO DE POLUENTES

Poluente Operação, processo ou sistema de tratamento

Sólidos suspensos

Gradeamento

Remoção de areia

Sedimentação

Disposição no solo

Matéria orgânica

biodegradável

Lagoas de estabilização

Lodos ativados

Filtro Biológico

Tratamento anaeróbio

Disposição no solo

Patogênicos

Lagoas de maturação

Disposição no solo

Desinfecção com produtos químicos

Desinfecção com radiação ultravioleta

Nitrogênio

Nitrificação e desnitrificação biológica

Disposição no solo

Processos físico-químicos

Fósforo Remoção biológica

Processos físico-químicos

Fonte: Von Sperling (1996)

2.5.3 Sistemas de Tratamento – Nível secundário

Serão descritos a seguir, resumidamente, conforme Von Sperling (1996), os

principais sistemas de tratamento em nível secundário utilizados no Brasil, exceto o

sistema de filtros biológicos, que, por se tratar do sistema com o qual se relaciona este

trabalho, será descrito com maior detalhe, separadamente.

2.5.3.1 Lagoas de Estabilização

Lagoa Facultativa: A DBO solúvel e finamente particulada é estabilizada

aerobiamente por bactérias dispersas em meio líquido, enquanto a DBO

suspensa tende a sedimentar, sendo estabilizada anaerobiamente por bactérias

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no fundo da lagoa. O oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias é fornecido

pelas algas, através da fotossíntese.

Lagoa anaeróbia – lagoa facultativa: A DBO é estabilizada em torno de 50% na

lagoa anaeróbia, que é mais profunda e com menor volume. A DBO

remanescente é removida na lagoa facultativa. Este sistema ocupa uma área

menor à de uma lagoa facultativa única.

Lagoa aerada facultativa: Seu mecanismo de remoção de DBO é similar ao de

uma lagoa facultativa, porém, o oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos,

e não através de fotossíntese. Como a lagoa é facultativa, grande parte dos

sólidos do esgoto e da biomassa sedimenta, sendo decomposta anaerobiamente

no fundo.

Lagoa aerada de mistura completa – lagoa de decantação: A energia introduzida

por unidade de volume da lagoa é elevada, fazendo com que os sólidos,

principalmente a biomassa, permaneçam dispersos no meio líquido, ou em

mistura completa. Disso decorre uma maior concentração de bactérias no meio

líquido, o que aumenta a eficiência na remoção da DBO, permitindo que o

sistema tenha um menor volume em relação ao de uma lagoa aerada facultativa.

Os teores de sólido do efluente são, porém, elevados, e estes necessitam ser

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removidos antes do lançamento no corpo receptor. A lagoa de decantação, à

jusante do sistema, proporciona as condições para essa remoção.

2.5.3.2 Lodos Ativados

Convencional: A concentração de biomassa no reator é elevada em virtude da

recirculação dos sólidos sedimentados no fundo do decantador secundário. A

permanência da biomassa no sistema é maior que a do líquido, garantindo

grande eficiência na remoção de DBO. O lodo deve ser removido em

quantidade equivalente ao que é produzido, e esse lodo removido necessita uma

estabilização na etapa do tratamento de lodo. Aeradores mecânicos ou ar difuso

fornecem oxigênio. Os sólidos sedimentáveis devem ser removidos em uma

etapa anterior, devendo haver uma unidade de decantação primária para esse

fim.

Aeração prolongada: Similar ao convencional, porém, os tanques de aeração são

maiores, e a biomassa permanece por mais tempo no sistema. Assim, há uma

menor DBO disponível lpara as bactérias, fazendo com que estas usem a

matéria orgânica do próprio material celular para sua manutenção. Como

resultado, o lodo excedente retirado já sai estabilizado. À diferença do

convencional, não se costuma incluir unidades de decantação primária.

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Fluxo intermitente: O sistema é operado de forma intermitente. Desta forma, no

mesmo tanque, em fases diferentes, ocorrem as etapas de reação, quando os

aeradores estão ligados, e de sedimentação, quando os aeradores estão

desligados, momento em que se retira o efluente (sobrenadante). Quando os

aeradores são religados os sólidos sedimentados voltam à massa líquida,

dispensando o uso de elevatórias de recirculação.

2.5.3.3 Sistemas anaeróbios

Reator anaeróbio de manta de lodo: A estabilização da DBO é feita

anaerobiamente por bactérias dispersas no reator. O fluxo do líquido é

ascendente. A parte superior do reator é dividida em zonas de sedimentação e

de coleta de gás, sendo que aquela permite a saída do efluente clarificado e o

retorno dos sólidos ao sistema, aumentando sua concentração no reator. Há

formação de gases, incluindo o metano. A quantidade de lodo produzida é

baixa, sendo que este já sai estabilizado, e o sistema dispensa decantação

primária.

Filtro anaeróbio: A DBO é estabilizada anaerobiamente por bactérias aderidas a

um meio suporte, normalmente pedras, no reator. O tanque trabalha submerso, e

o fluxo é ascendente. É requerida decantação primária, sendo normalmente

usadas fossas sépticas. Há baixa produção de lodo, que já sai estabilizado.

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2.5.3.4 Disposição no solo

Infiltração lenta: O esgoto é aplicado no solo, fornecendo água e nutrientes para

o crescimento das plantas. Parte do líquido evapora, parte percola no solo, e a

maior parte é absorvida pelas plantas. As taxas de aplicação no terreno são

baixas, e os métodos empregados são o da aspersão, do alagamento da crista e

vala.

Infiltração rápida: O esgoto é disposto em bacias rasas. O líquido passa pelo

fundo poroso, e percola pelo solo. Há uma menor perda de líquido por

evaporação devido às maiores taxas de aplicação, que é intermitente,

proporcionando um tempo de descanso para o solo. Os tipos mais comuns são:

percolação para a água subterrânea, recuperação por drenagem subsuperficial e

recuperação por poços freáticos.

Infiltração subsuperficial: O esgoto, após decantação primária, é aplicado

abaixo do nível do solo. Os locais de infiltração são preenchidos com um meio

poroso, onde ocorre o tratamento. Valas de infiltração e sumidouros são os tipos

mais comuns.

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Escoamento superficial: O esgoto é distribuído na parte superior de terrenos

com certa declividade, escoando através dos mesmos até serem coletados por

valas na parte inferior. A aplicação é feita de forma intermitente. Os tipos mais

usados são aspersores de alta pressão, aspersores de baixa pressão e tubulações

ou canais de distribuição com aberturas intervaladas.

2.6 FILTROS BIOLÓGICOS

Os filtros biológicos são sistemas de tratamento de esgotos que podem

encontrar uma grande aplicabilidade no Brasil, dada a sua simplicidade e baixo custo

operacional. Entretanto, são poucas as unidades encontradas em território nacional.

O primeiro filtro biológico entrou em operação na Inglaterra, no final do

século XIV, sendo originado da evolução dos então chamados filtros de contato, que

eram tanques preenchidos com pedras e alimentados com esgoto pela superfície até

completar o volume do tanque, e após um período de contato entre esgoto e pedras,

normalmente de 6 horas, o tanque era drenado e o leito de pedras deixado em repouso

por um período, também de 6 horas, antes de o ciclo ser repetido. (CHERNICHARO

ET AL, 2001)

Um filtro biológico, esquematizado na FIGURA 1, consiste de um tanque

preenchido com pedras, madeira ou material plástico, sobre o qual os esgotos são

aplicados sob a forma de gotas ou jatos, frequentemente através de distribuidores

rotativos movidos pela própria carga hidráulica dos esgotos. O esgoto percola, então,

para os drenos localizados no fundo do tanque. Esta percolação permite o crescimento

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bacteriano na superfície da pedra ou do material de enchimento, na forma de uma

película fixa, chamada biofilme. Ao passar pelo biofilme, há o contato entre os

microrganismos e o material orgânico. Nos espaços vazios entre as pedras há a

circulação de ar, fornecendo oxigênio para a respiração dos microrganismos.

(CHERNICHARO ET AL, 2001)

FIGURA 1 – ESQUEMA DE UM FILTRO BIOLÓGICO

Fonte: Kawano, 2008

O nome de filtro biológico dado a esse sistema não é, em realidade, adequado

à forma de funcionamento do mesmo. A denominação filtro é incorretamente

empregada, pois o processo não envolve qualquer fenômeno de peneiramento ou

filtração, e sim uma oxidação biológica, mas o termo tal como é usado é consagrado.

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O meio suporte é normalmente composto de pedras, cujo diâmetro permite um grande

espaço de vazios, não permitindo peneiramento, e assim sua função é fornecer suporte

para a formação da película microbiana. Também são denominados filtros de

percolação, ou, no original em inglês, "trickling filter". (VON SPERLING, 1996)

Diferentemente dos processos de lagoas de estabilização e de lodos ativados,

em que a biomassa cresce dispersa em um tanque ou lagoa, no processo de filtros

biológicos a biomassa cresce aderida a um meio suporte. (VON SPERLING, 1996)

Na medida em que a biomassa cresce na superfície das pedras, o espaço vazio

tende a diminuir, e assim a velocidade de escoamento do líquido nos poros aumenta.

Ao atingir certa velocidade, esta causa uma tensão de cisalhamento que desaloja parte

do material aderido, o que funciona como uma forma natural de controle da população

microbiana no meio. O lodo desalojado deve ser removido nos decantadores

secundários para diminuição dos sólidos em suspensão do efluente final.

2.6.1 Componentes de um filtro biológico

De acordo com Kawano e Torres (2008), o reator biológico convencional

empregado para filtração biológica é constituído dos seguintes componentes, ilustrados

na FIGURA 2:

A – Tubulação do afluente

B – Sistema de drenagem

C – Parede do tanque

D – Meio suporte

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E – Distribuidor rotativo

F – Braço do distribuidor rotativo

FIGURA 2 – PARTES COMPONENTES DE UM FILTRO BIOLÓGICO

Fonte: Kawano, 2008

Mecanismo de distribuição do esgoto: A distribuição do afluente é realizada por

meio de aspersores fixos ou móveis. Os distribuidores fixos são constituídos de

sistemas de canalizações com bocais aspersores alimentados intermitentemente

por uma câmara de dosagem. Estes dispositivos, similares aos tanques fluxíveis,

não garantem uma distribuição uniforme e promovem a presença de regiões do

meio suporte sem alimentação de esgotos. Os distribuidores móveis, ilustrados

na FIGURA 3, podem ser dotados com movimentos de translação ou de

rotação. Os braços distribuidores, conforme se vê na FIGURA 4, são ligados a

uma coluna central que gira sobre uma base ligada à tubulação afluente.

(KAWANO E TORRES, 2008)

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FIGURA 3 - DISTRIBUIDOR ROTATIVO – ETE PEIXINHOS, RECIFE/PE

Fonte: Kawano, 2008

Modernamente esta alimentação é contínua, podendo, no entanto, ser efetuada

por meio de caixas dosadoras de funcionamento intermitente. Uma série de bocais nos

braços efetua a distribuição uniforme do esgoto a tratar. Estes bocais estão localizados

sempre de um mesmo lado dos braços, de modo a permitir o movimento dos braços

rotativos pelo próprio líquido. (KAWANO E TORRES, 2008)

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FIGURA 4 – BRAÇO DISTRIBUIDOR DO AFLUENTE

Fonte: Kawano, 2008

Meio suporte: O meio suporte, antigamente denominado meio drenante ou meio

filtrante, é constituído de uma massa de sólidos, convenientemente depositada

no tanque, com a finalidade de agregar a biomassa, em condições favoráveis ao

desenvolvimento das reações bioquímicas que caracterizam o processo,

permitindo ampla ventilação. O material a ser utilizado como meio filtrante

depende principalmente da disponibilidade local de material adequado e de seu

custo de transporte. Tradicionalmente são usados pedregulhos, cascalhos,

escórias de fornos de fundição e outros materiais inertes (ABES, 2011).

Recentemente o plástico tem sido utilizado como meio filtrante, com bons

resultados (figuras 5 e 6). A grande vantagem do meio plástico é possuir um

coeficiente de vazios e, portanto, uma superfície específica mais ou menos igual

à das pedras. Também se trata de um material muito mais leve, o que facilita o

transporte e o arranjo nas unidades filtrantes. Por esta característica de leveza,

os plásticos têm sido usados em torres de filtração, que atingem até 12 metros

de altura, em geral com recirculação do efluente, com boa eficiência. No

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45

entanto, aspectos econômicos têm restringido sua maior utilização. (KAWANO

E TORRES, 2008)

FIGURA 5 – MEIO SUPORTE PLÁSTICO

Fonte: Kawano, 2008

FIGURA 6 – MEIO SUPORTE POLIPROPILENO

Fonte: Kawano, 2008

Sistema de drenagem do efluente: A distribuição uniforme na superfície e

através do meio filtrante depende principalmente de um eficiente sistema de

drenagem, situado no fundo da camada filtrante. O sistema de drenagem

consiste de blocos ou calhas pré-moldadas de concreto, barro vidrado, cimento

amianto ou plástico, dispostos em toda a extensão do fundo do filtro, com

condições de escoamento para receber continuamente o esgoto aplicado na

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unidade e conduzi-lo ao canal efluente no fundo. Os blocos (figura 7) ou telhas

drenantes possuem orifícios cuja área total não deverá ser inferior a 20 % da

área da superfície horizontal de cada peça (JORDÃO, 1971).

FIGURA 7 – MODELOS DE BLOCOS DE DRENAGEM

Fonte: ABES, 2011

Ventilação: Por se tratar de um sistema aeróbio, a ventilação é importante para

manter as condições de aeração necessárias ao processo. A ventilação pode ser

natural, em que o ar poderá circular para cima ou para baixo, dependendo da

densidade do ar interior, que por sua vez depende da temperatura ambiente

(ABES, 2011). A ventilação artificial, forçada, é pouco empregada devido aos

custos envolvidos na cobertura do leito filtrante, e dos custos dos próprios

sistemas de ventilação, que requerem aproximadamente 0,3 m³ de ar por m³ de

meio filtrante (JORDÃO, 1971).

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47

FIGURA 8 – EXEMPLO DE FILTRO BIOLÓGICO – DETALHE DA ENTRADA DE AR

Fonte: Kawano, 2008

2.6.2 Tipos de filtro biológico

Geralmente, os filtros biológicos são classificados em função da carga

hidráulica ou da carga orgânica a que são submetidos. (VON SPERLING, 1996) A

classificação empregada é:

Filtros biológicos de baixa carga: Nesse sistema, esquematizado na figura 9, a

quantidade de DBO aplicada por unidade de volume é de até 0,4 kgDBO/m³,

resultando em uma pequena disponibilidade de alimentos para os

microrganismos, havendo então a estabilização parcial do lodo (autoconsumo

da matéria orgânica celular), e uma maior eficiência do sistema na remoção da

DBO e de nitrificação. A menor carga de DBO aplicada por unidade de volume

do tanque está associada a maiores requisitos de área, comparado ao sistema de

alta carga. A eficiência desse sistema é comparável à do sistema de lodos

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ativados, com a vantagem de, por sua menor mecanização, ser mais simples de

operar, embora menos flexível, e de apresentarem um consumo de energia

inferior. Um dos principais problemas desse sistema é a proliferação de moscas.

(CHERNICHARO ET AL, 2001; VON SPERLING,1996)

FIGURA 9 – DESENHO ESQUEMÁTICO DE UM FILTRO BIOLÓGICO DE BAIXA CARGA

Fonte: Von Sperling, 1996

Filtros biológicos de carga intermediária: São projetados com taxas de aplicação

mais elevadas que as dos filtros de baixa carga, e mais baixas que os de alta

carga. Embora a vazão de alimentação contínua seja a mais comumente

empregada, também pode ser praticada a alimentação intermitente.

Normalmente é prevista a recirculação do efluente tratado no sistema, com o

objetivo de controlar a espessura do biofilme e de melhorar a eficiência. O

efluente produzido é parcialmente nitrificado, e pode ocorrer proliferação de

moscas. (CHERNICHARO ET AL, 2001)

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Filtros biológicos de alta carga: Conceitualmente, os filtros biológicos de alta carga são

similares aos de baixa carga (ver FIGURA 10), entretanto, por receberem uma maior carga de

DBO por unidade de volume de leito, requerem uma área menor. Ocorre uma ligeira redução

na eficiência da remoção de matéria orgânica, e o lodo no filtro não é estabilizado devido à

maior disponibilidade de alimentos aos microrganismos. Nesses filtros, ocorre recirculação

do efluente, objetivando manter a vazão aproximadamente uniforme durante todo o dia (a

menor vazão no período da noite poderia fazer com que os braços distribuidores não rodem,

e o leito poderia secar), equilibrar a carga afluente, e possibilitar um novo contato da matéria

orgânica efluente a fim de garantir uma maior eficiência. A recirculação nos filtros biológicos

é do efluente, diferentemente do sistema de lodos ativados, em que a recirculação é do lodo

sedimentado. A remoção da DBO nesse processo é inferior, devido à elevada taxa de

aplicação. Não há desenvolvimento de moscas, e a nitrificação é parcial com as taxas de

aplicação mais baixas. (CHERNICHARO, 2001; VON SPERLING, 1996)

FIGURA 10 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE UM FILTRO BIOLÓGICO DE ALTA CARGA

Fonte: Von Sperling, 1996

Filtros biológicos de carga super alta: Geralmente preenchidos com meios

granulares sintéticos, mais leves e com maior área de superfície específica, e

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possuem profundidades entre 03 e 12 metros, o que é possível devido à baixa

densidade do material de enchimento. (CHERNICHARO ET AL, 2001)

Filtros biológicos grosseiros: São um tipo de filtro de alta carga usado para pré-

tratamento de esgotos, à montante do tratamento secundário. A alimentação é

contínua e o material de enchimento é sintético. Conforme Metcalf & Eddy

(1991), seu uso mais comum é para despejos com concentrações de DBO mais

altas, superiores a 1,6 kg/m³.d. Uma vantagem desse sistema é a baixa energia

requerida para a remoção da DBO de efluentes com altas cargas, em

comparação ao sistema de lodos ativados aerados. Devido ao desenvolvimento

dos reatores UASB, esse sistema perdeu muito de sua aplicação.

(CHERNICHARO ET AL, 2001)

Filtros biológicos de dois estágios: Como forma de melhorar a eficiência dos

filtros biológicos, ou de se tratar esgotos com maior concentração de matéria

orgânica, pode-se utilizar dois filtros em série, com várias configurações

possíveis e diferentes formas de recirculação do efluente. Normalmente, há um

clarificardor intermediário para a remoção dos sólidos gerados no primeiro

filtro. Esse sistema é utilizado, também, em casos em que é requerida a

nitrificação: o primeiro estágio do filtro e o clarificador intermediário reduzem

a DBO, e a nitrificação ocorre no segundo estágio. (CHERNICHARO, 2001)

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Na tabela 3 são resumidas as principais características dos diferentes tipos de

filtros biológicos.

TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DOS FILTROS BIOLÓGICOS CONFORME O TIPO

Condições operacionais Baixa

carga

Carga

intermediária

Alta

carga

Carga

super alta Grosseiro

Meio suporte Pedra Pedra Pedra Pedra Pedra/plástico

Taxa de aplicação

(m/m².dia) 1, 0 a 4,0 3,5 a 10,0

10,0 a

40,0

12,0 a

70,0 45,0 a 185,0

Carga orgânica

volumétrica

(kgDBO/m³.dia)

0,1 a 0,4 0,2 a 0,5 0,5 a 1,0 0,5 a 1,6 Até 8

Recirculação Mínima Eventual Sempre Sempre Sempre

Moscas Muitas Variável Variável Poucas Poucas

Arraste de Biofilme Intermitente Variável Contínuo Contínuo Contínuo

Profundidade (m) 1,8 a 2,5 1,8 a 2,5 0,9 a 3,0 3,0 a 12,0 0,9 a 6,0

Remoção de DBO (%) 80 a 85 50 a 70 65 a 80 65 a 85 40 a 65

Nitrificação Intensa Parcial Parcial Limitada Ausente

Fonte: Prosab, 2001

As propriedades físicas de alguns materiais empregados como meio suporte

em filtros biológicos, e suas aplicações quanto a remoção da DBO, nitrificação, ou a

combinação de ambos são listadas na tabela 4.

TABELA 4 – PROPRIEDADES DOS MEIOS SUPORTE EMPREGADOS EM FILTROS

BIOLÓGICOS

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Material Tamanho

(cm)

Densidade

aproximada

(kg/m³)

Superfície

específica

aproximada

(m²/m³)

Esdpaços

vazios

(%)

Aplicação

Pedra pequena 2,5 a 7,5 1250 a 1450 60 50 N

Pedra grande 10 a 13 800 a 1000 45 60 C, CN, N

Plástico –

convencional

61 x 61 x

122 30 a 80 90 >95 C, CN, N

Plástico - grande

superficie

específica

61 x 61 x

122 65 a 95 140 >94 N

Plástico - formatos

aleatórios -

convencional

Diversos 30 a 60 98 80 C, CN, N

Plástico - formatos

aleatórios - grande

superfície

específica

Diversos 50 a 80 150 70 N

Fonte: Metcalf & Eddy

2.7 O MUNICÍPIO DE ITAPERUÇU

Localizada a 25° 13' 12" S de latitude, e longitude 49° 20' 52" O, a cidade de

Itaperuçu integra a Região Metropolitana de Curitiba, distando aproximadamente 38

km da capital. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPERUÇU, 2011) A população

do município, conforme censo realizado em 2010, é de 23.899 habitantes e sua área

total é de 312, 38 km². (IBGE, 2011)

FIGURA 11 – LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAPERUÇU/PR

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Fonte: Prefeitura Municipal de Itaperuçu, 2011

De acordo com dados extraídos do DataSUS (2011) a taxa de crescimento

anual estimada para o município de Itaperuçu é menor, sendo de 1,2%. Da população

do município, conforme dados da Prefeitura Municipal de Itaperuçu, referentes ao ano

de 2001, 84% residia em área urbana, proporção que se manteve de acordo com o

censo realizado pelo IBGE em 2010.

Segundo informado pela Prefeitura Municipal de Itaperuçu (2011), no que se

refere ao tipo de instalações sanitárias, apenas 3,73% do esgoto são lançados na rede

geral de esgoto ou pluvial. No entanto, em planilha obtida junto ao SNIS, que trata dos

indicadores municipais relativos aos serviços de saneamento básico, não há

informação de rede coletora de esgoto para o município, e consequentemente, não há

tratamento do esgoto gerado.

Tal ausência de rede coletora de esgoto leva ao entendimento de que os 3,73%

informados pela Prefeitura Municipal de Itaperuçu como coletados são lançados na

rede pluvial, com o consequente lançamento desse esgoto diretamente no corpo

receptor. Ainda conforme dados da Prefeitura Municipal de Itaperuçu, 78,86% das

instalações sanitárias do município são fossas sépticas ou rudimentares, e 13,95% da

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população não possui nenhum tipo de instalação sanitária. Os 3,46% restantes são

lançados em outros tipos de escoadouros.

De acordo com dados divulgados pelo IPARDES em maio em 2011, o total de

unidades industriais atendidas pela Sanepar, no ano de 2010, foi de 32 unidades. A

quantidade de estabelecimentos industriais e de empregos gerados por essas indústrias

também são informadas pelo IPARDES, conforme mostrado na tabela 5:

TABELA 5 – ESTABELECIMENTOS E GERAÇÃO DE EMPREGOS EM ITAPERUÇU,

POR TIPO DE INDUSTRIA

Atividade Estabelecimentos Empregos

Indústria de produtos minerais não metálicos 4 206

Indústria metalúrgica 7 33

Indústria mecânica 3 12

Indústria de materiais elétricos e de comunicação 1 8

Indústria da madeira e do mobiliário 57 201

Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 2 5

Indústria química,farmac.,veterin.,perf.,sabões,velas e

mat.plást. 1 1

Indústria têxtil, do vestuário e artefatos de tecidos 1 3

Indústria de produtos alimentícios, de bebida e álcool

etílico 5 17

Fonte: IPARDES, 2011, modificada.

No entanto, tendo em vista a ausência de dados específicos referentes à

geração de efluentes dessas indústrias, bem como dados relativos às quantidades

produzidas pelas mesmas, o que possibilitaria estimar sua faixa de vazão, o presente

trabalho se aterá apenas à vazão doméstica estimada do município.

Também conforme dados verificados em planilha divulgada pelo SNIS, o

município de Itaperuçu não conta, atualmente, com rede coletora de esgoto e, por

consequência, não existe tratamento para os efluentes gerados na cidade.

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55

O IDH do município, conforme o PNUD/Atlas de Desenvolvimento Humano

do ano de 2000, o índice de desenvolvimento humano – IDH - do município é 0,675.

O IDH referente à educação é de 0,753, o referente à renda é de 0,590, e o que se

refere à longevidade é 0,683. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPERUÇU, 2011)

Da população com idade entre 7 e 14 anos, 99,99% frequentam a escola

fundamental. Este índice cai para 45,96% quando se verifica a população entre 15 e 17

anos que frequenta a escola de nível médio; e apenas 0,51% da população com idade

entre 18 e 22 anos frequenta cursos superiores. (PREFEITURA MUNICIPAL DE

ITAPERUÇU, 2011)

A renda per capita do município é de R$ 133,47, bastante abaixo da renda

nacional, de R$ 297,23/habitante, e do Estado do Paraná, cuja renda per capita é de R$

321,39. Essas rendas são referentes ao ano de 2000, e informadas pela Prefeitura

Municipal de Itaperuçu (2011). O crescimento bruto da renda per capita do município

no período compreendido entre os anos de 1991 e 2000 (32,27%), porém, foi superior

ao da renda brasileira, cujo crescimento no mesmo período foi de 29,06%.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Com base na população informada pelo IBGE para o município, referente ao

censo de 2010, pode-se, utilizando-se o método da projeção geométrica (VON

SPERLING, 1996), estimar a população do município para o ano de 2031, tempo de

alcance da ETE de que se trata o presente trabalho, conforme abaixo:

(3.1)

Onde:

Pt = População final

P0 = População inicial

Ks = coeficiente de crescimento populacional

t = tempo final (ano)

t0 = tempo inicial (ano)

Assim, a população estimada para o município de Itaperuçu, no ano de 2031, é

de 30.748 habitantes.

Encontra-se em fase de construção, pela Sanepar, a ETE Buquerinho, que,

segundo divulgado pela empresa, terá capacidade para tratamento do esgoto gerado

por 26.000 habitantes..

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57

Diante disso, a estação de tratamento de esgoto dimensionada neste trabalho

visará ao atendimento de uma população de 4.748 habitantes do município de

Itaperuçu, referente à população estimada do município para o ano de 2031 (30.748

habitantes), deduzindo-se a capacidade de tratamento da ETE Buquerinho (26.000

habitantes).

Conforme a Portaria Surehma nº 013/91, o rio Ribeira, assim como todos os

demais cursos d’agua da bacia do rio Ribeira, de domínio do Estado do Paraná, está

enquadrado como “Classe 2”, exceção feita aos cursos d’água utilizados para

abastecimento público e seus afluentes, desde suas nascentes até a seção de captação

para abastecimento público, quando a área desta bacia de captação for menor ou igual

a 50 (cinquenta) quilômetros quadrados, como o Rio Sete Barras, Rio Turvo e seus

afluentes, Rio São João, Córrego dos Veados, Córrego Poço Grande, Rio João Surrá e

seus afluentes, enquadrados como “Classe 1”.

FIGURA 12 – BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO RIBEIRA

Fonte: Mauri Castro, 2011

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O lançamento de efluentes em corpos d’agua, no Estado do Paraná, deverá

atender aos padrões estabelecidos na Resolução SEMA nº 021/09, que estabelece

como valores máximos:

DBO: até 90 mg/l;

DQO: até 224 mg/l;

Óleos e graxas:

o Óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/l;

o Óleos minerais: até 20 mg/l

O sistema de filtros biológicos, em que pese o grande potencial e as vantagens

que apresenta, tem sido pouco empregado no Brasil, possivelmente devido à pouca

difusão dessa tecnologia no país. A opção desse sistema para a realização deste

trabalho se dá, portanto, com a finalidade de se disseminar o nível de conhecimento a

respeito desse sistema, que em virtude de sua simplicidade e de seu baixo custo

operacional, podem encontrar uma grande aplicabilidade no Brasil, país que apresenta

um elevado déficit nos serviços de saneamento básico, principalmente no que tange à

coleta e ao tratamento do esgoto.

Grande parte da literatura encontrada a respeito do sistema de filtros biológicos

é relacionada à sua utilização para o pós-tratamento de efluentes já tratados em

sistemas anaeróbios, os quais usualmente não são capazes de produzir efluentes com

padrões ambientais adequados para lançamento em corpo receptor.

Para a escolha do sistema a ser empregado em uma ETE, vários fatores devem

ser considerados, sendo de vital importância ter princípios de sustentabilidade como

base para a escolha da tecnologia a ser utilizada, observando aspectos sociais,

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econômicos e ecológicos. A capacidade de depuração do corpo receptor e o uso que se

faz da água nos locais à jusante do ponto de lançamento são critérios que devem ser

observados.

Também deve ser considerada a característica dos esgotos, a área disponível

para implantação da estação de tratamento, os custos para a implantação, o consumo

de energia do sistema, topografia da região, volume de esgoto a tratar, grau de

qualificação da equipe que vai operar o sistema, clima e temperatura da região e locais

para disposição final do lodo gerado.

De maneira geral, não há interesse em se determinar os diversos compostos

constituintes do efluente a ser tratado, dado a complexidade das análises que seriam

necessárias e a pouca utilidade prática dos resultados obtidos no projeto e na operação

do sistema, sendo mais conveniente a utilização de parâmetros indiretos para avaliar o

potencial poluidor dos despejos. Desta forma, como alternativa à realização de análises

laboratoriais, é usualmente utilizada a verificação da DBO do efluente.

(CHERNICHARO ET AL, 2001)

A DBO não se trata de um poluente, mas sim de um parâmetro indireto, que

caracteriza a quantidade de oxigênio necessária para a oxidação da matéria orgânica

contida no esgoto. (VON SPERLING, 1996)

Com relação aos níveis preliminar e primário do tratamento, a escolha das

unidades dependerá das características do efluente a ser tratado e dos objetivos que se

pretende atingir com esse tratamento.

O sistema de filtração biológica tem, conforme acima citado, um grande

potencial de aplicação no Brasil, e se mostra vantajoso em comparação a outros

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sistemas de tratamento de efluentes. Conforme Von Sperling (1996), a eficiência desse

sistema na remoção da DBO é superior a 80%, chegando a 93% nos filtros de baixa

carga, eficiência inferior apenas à do sistema de lodos ativados. Estes dois sistemas

têm a mesma eficiência na remoção de coliformes, ficando, ambos, abaixo da do

sistema de lagoas, a qual tem uma menor eficiência quando comparada a remoção da

DBO.

Quanto aos custos de implantação e de operação, o sistema de filtros biológicos

é menos oneroso que o de lodos ativados e, embora mais caro que os demais sistemas,

esses, por apresentarem o risco de gerarem efluentes com padrões fora dos requisitos

legais, em geral demandam a construção de um sistema para o pós-tratamento dos

efluentes, elevando, com isso, os custos do tratamento. (VON SPERLING, 1996)

A área necessária para a construção de um filtro biológico é superior à de um

sistema de lodos ativados, porém corresponde a um décimo da necessária para a

implantação de um sistema de lagoas. Em contrapartida, a energia demandada pelo

sistema de lodos ativados é bastante superior à demandada pelo sistema de filtração

biológica. (VON SPERLING, 1996)

A operação de um sistema de filtros biológicos é mais simples que a de uma

lagoa. Como maior inconveniente do sistema de filtro biológico está a geração de lodo

que deverá ser tratado posteriormente, similar à quantidade gerada pelo sistema de

lodos ativados. (VON SPERLING, 1996)

O sistema de disposição do efluente no solo, embora apresente vantagens

quanto a eficiência, custos e quantidade de lodo a tratar, tem uma menor simplicidade

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para sua operação, e a elevadíssima área demandada para sua implantação torna

inviável a sua utilização.

TABELA 6 – CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DOS PRINCIPAIS SISTEMAS DE

TRATAMENTO DE ESGOTOS

Sistema de

tratamento

Eficiência na remoção (%) Requisitos Custos de

implantação

(US$/hab)

Tempo de

detenção

hidráulica

total (dias)

Qtde. de

lodo a ser

tratado

(m³/hab.ano) DBO N P Coliformes

Área (m²/hab)

Potência (W/hab)

Lagoa facultativa 70-

85

30-

50

20-

60 60-99 2-5

0

(aprox) 10-30 15-30 -

Lagoa anaeróbia -

lagoa facult.

70-

90

30-

50

20-

60 60-99,9 1,5-3,5

0

(aprox) 10-25 12-24 -

Lagoa aerada

facultativa

70-

90

30-

50

20-

60 60-96 0,25-0,5 1-1,7 10-25 5-10 -

Lagoa aer. Mist.

Completa - lagoa

decant.

70-

90

30-

50

20-

60 60-99 0,2-0,5 1-1,7 10-25 4-7 -

Lodos ativados

convencional

85-

93

30-

40

30-

45 60-90 0,2-0,3 1,5-2,8 60-120 0,4-0,6 1,1-1,5

Lodos ativados era.

Prolongada

93-98

15-30

10-20

65-90 0,25-0,35

2,5-4 40-80 0,8-1,2 0,7-1,2

Lodos ativados

fluxo intermitente

85-

95

30-

40

30-

45 65-90 0,2-0,3 1,5-4 50-80 0,4-1,2 0,7-1,5

Reator anaeróbio

manta de lodo

60-80

10-25

10-20

65-90 0,05-0,1 0

(aprox) 20-40 0,3-0,5 0,07-0,1

Fossa séptica -

filtro anaeróbio

70-

90

10-

25

30-

45 65-90 0,2-0,4

0

(aprox) 30-80 1-2 0,07-0,1

Biodiscos 85-93

30-40

30-45

65-90 0,15-0,25

0,7-1,6 70-120 0,2-0,3 0,7-1

Filtro biológico

baixa carga

85-

93

30-

40

30-

45 65-90 0,5-0,7 0,2-0,6 50-90 NA 0,4-0,6

Filtro biológico alta

carga

80-90

30-40

30-45

65-90 0,3-0,45 0,5-1 40-70 NA 1,1-1,5

Fonte: Von Sperling, 1996

O sistema dimensionado no presente trabalho se trata de um filtro biológico de

alta carga que, embora apresente eficiência menor, em comparação aos filtros de baixa

carga, demandam uma menor área, não apresentam problemas com proliferação de

moscas e têm um custo menor de implantação.

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4 RESULTADOS

O resultado apresentado no presente trabalho se trata do dimensionamento das

unidades a serem utilizadas no sistema de tratamento, sendo elas: gradeamento,

desarenador, medidor de vazão, decantador primário, filtro biológico e decantador

secundário (ver FIGURA 10, pág 49)

4.1 CÁLCULO DA VAZÃO AFLUENTE MÉDIA DE ESGOTO

Para o cálculo da vazão média do esgoto a ser tratado, deverá ser considerada a

população a atender, o consumo de água per capita e o coeficiente de retorno, que é a

fração de água fornecida que adentra a rede coletora na forma de esgoto (VON

SPERLING, 1996)

A população estimada para Itaperuçu no ano de 2031 é de 30.748 habitantes.

Tendo em vista que o sistema em construção no município atenderá a 26.000

habitantes, o dimensionamento do sistema de filtros biológicos deste trabalho é para o

atendimento a uma população de 4.748 habitantes.

De acordo com Von Sperling (1996), para pequenas localidades, ou seja, com

população ente 10 e 50 mil habitantes, o consumo per capita de água (QPC) situa-se na

faixa de 110 a 180 litros diários. Para este estudo será adotado um QPC médio de 150

l/hab.dia.

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Deste total, parte adentrará a rede coletora de esgoto, em uma quantidade entre

60% e 100% do total consumido. Usualmente, adota-se o coeficiente de retorno de

80%. (VON SPERLING, 1996)

Assim, o volume de esgoto a tratar será de 569,76 m³/dia.

(4.1)

4.2 CÁLCULO DAS VAZÕES MÁXIMA E MÍNIMA

Para que seja possível o dimensionamento do sistema de gradeamento, do

desarenador e do medidor de vazão, é necessário se conhecer as vazões máxima e

mínima de efluente que passará pelo sistema.

Segundo Von Sperling (1996), para se determinar a vazão mínima (Qmin),

pode-se adotar que a relação entre a vazão mínima e a vazão média é de 0,5. Assim, a

vazão mínima do efluente será de 284,88 m³/d (Qmin = 0,5 x 569,76).

Para o cálculo da vazão máxima, adotando-se a fórmula de Harmon (VON

Sperling, 1996), tem-se, sendo P a população:

(4.2)

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64

Assim, para uma população de 4.748 habitantes, a relação entre Qmax e Qmed

será:

Aplicando-se a razão obtida, tem-se que a vazão máxima de esgoto gerado será

de 679,17 m³/d (Qmax = 1,192 x 569,76).

Na tabela 7 são informadas as vazões mínima, média e máxima nas unidades

m³/d e l/s.

TABELA 7 – VAZÕES MÍNIMA, MÉDIA E MÁXIMA

Vazão m³/d l/s

Mínima 284,88 3,30

Média 569,76 6,59

Máxima 679,17 7,86

4.3 DIMENSIONAMENTO DAS GRADES

Utilizadas para a remoção de sólidos grosseiros, a fim de evitar problemas às

unidades posteriores do sistema de tratamento e aos possíveis dispositivos de

transporte dos esgotos, as grades podem se grossas, médias ou finas, dependendo do

espaçamento entre as barras.

Conforme o manual Tratamento de Esgoto ST 614 da Universidade de

Campinas, elaborado pelo Prof. Dr. Ariovaldo José da Silva, grades de barras paralelas

de limpeza manual têm espessura mínima de 10 mm, e seu comprimento não pode

ultrapassar 3 metros. Para este trabalho será adotada a espessura de 10 mm e

espaçamento de 4 cm (grade grosseira). (CESET, 2011)

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Com base no volume de efluente a tratar, considerando a vazão máxima de

efluente, e arbitrando-se uma velocidade de passagem do esgoto de 0,6 m/s, pode-se

calcular a área útil necessária ao sistema de gradeamento, conforme abaixo:

(4.3)

Onde: Q= vazão do efluente

V = velocidade

Au = Área útil

Assim:

Calculada a área útil, e definidos o espaçamento e a espessura das barras do

sistema, calcula-se a área da seção transversal do canal, por meio da fórmula abaixo,

obtida no manual Tratamento Preliminar de Esgotos – Gradeamento e Caixa de Areia

(USP, 2011):

(4.4)

Onde: S = área da seção transversal do canal

Au = área útil

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A = espaçamento entre as barras

T = espessura das barras

Assim:

Tendo sido definida a altura de 10 cm para cada barra, resulta que a base da

seção deverá ser de, pelo menos, 16,4 cm. Assim, com o espaçamento definido de 4

cm, serão utilizadas três barras, na espessura de 1 cm (ou 10 mm), ficando a base da

seção igual a 19 cm.

4.4 DIMENSIONAMENTO DO MEDIDOR DE VAZÃO

Para manter uma velocidade de escoamento constante, uma vez que pode haver

variação de vazão do afluente ao sistema, será utilizado um medidor de vazão.

Usualmente esta unidade é constituída por uma calha de dimensões padronizadas,

como a calha Parshall, a qual será utilizada neste trabalho (VON SPERLING, 1996),

precedida de um rebaixo (Z), calculado conforme segue:

A escolha da largura nominal da calha Parshall é realizada de acordo com a

vazão do afluente, seguindo a tabela 8 (USP, 2011):

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TABELA 8 – RELAÇÃO ENTRE A VAZÃO E A LARGURA NOMINAL DA

CALHA PARSHALL

Largura nominal N K Capacidade (l/s)

Mín. Máx.

3" 1,547 0,176 0,85 53,8

6" 1,58 0,381 1,52 110,4

9" 1,53 0,535 2,55 251,9

1' 1,522 0,69 3,11 455,6

1 1/2' 1,538 1,054 4,25 696,2

2' 1,55 1,426 11,89 936,7

Para a vazão máxima de 7,86 l/s calculada, a largura nominal da calha Parshall

a ser usada é a de 3”, que corresponde a 7,6 cm.

O calculo da altura (H) da calha Parshall é realizado através da fórmula abaixo:

(4.5)

Assim, o cálculo da altura máxima e mínima de efluente deverá ser efetuado

considerando:

Desta forma, H será, para as vazões mínima e máxima, a descrita na tabela 9.

TABELA 9 – VAZÃO E ALTURA DO EFLUENTE NA CALHA

PARSHALL

Vazão (l/s)

H (m)

Mínima 3,3 0,076

Máxima 7,86 0,134

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O rebaixo à entrada da calha é calculado a seguir, de acordo com fórmula do

manual Tratamento Preliminar de Esgotos (USP, 2011):

(4.6)

Assim:

Logo, Z = 0,034 m

4.5 DIMENSIONAMENTO DO DESARENADOR

De acordo com o manual Tratamento Preliminar de Esgotos – Gradeamento e

Caixa de Areia, da USP (2011), o dimensionamento do desarenador se faz com o

objetivo de remover areia através de sedimentação, sem que haja remoção conjunta de

sólidos orgânicos. As características da areia a ser removida são:

Diâmetro efetivo: 0,2 a 0,4 mm

Massa específica: 2.650 kg/m³

Velocidade de sedimentação: 2 cm/s

A remoção da areia, segundo Von Sperling (1996), é realizada a fim de evitar

abrasão nos equipamentos e tubulações do sistema; eliminar ou reduzir a possibilidade

de obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões, etc.; e facilitar o transporte

líquido.

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A velocidade do efluente no canal deverá ser de 0,3 m/s, a fim de evitar

depósito de matéria orgânica na caixa, o que pode ocorrer caso a velocidade de

passagem do efluente seja muito baixa (até 0,15 m/s), ou o arraste de material

sedimentado, caso a velocidade seja superior a 0,4 m/s. (USP, 2011)

A área da seção transversal do desarenador é calculada considerando-se a vazão

máxima de efluente a tratar (m³/s) e a velocidade de escoamento (m/s). Assim:

A largura do desarenador é calculada, de acordo com o manual Tratamento

Preliminar de Esgotos – Gradeamento e Caixa de Areia (USP, 2011), através da

fórmula:

(4.7)

Assim, a largura B do desarenador será:

Tendo-se a largura (L) do desarenador pode-se, utilizando-se a taxa de

escoamento superficial de 600 m³/m².d, calcular o comprimento do desarenador. Vale

salientar que a taxa de escoamento superficial (q) recomendada é de 600 m³/m².d a

1.300 m³/m².d (USP, 2011).

(4.8)

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4.6 DIMENSIONAMENTO DOS DECANTADORES

De acordo com Chernicharo et al (2001), os decantadores devem ser projetados

com uma taxa de escoamento superficial (q) entre 20 e 30 m³/m².d. Para o presente

trabalho será adotada a taxa de escoamento superficial de 24m³/m².d, tanto para o

decantador primário como para o secundário, assim, ambos deverão ter as mesmas

dimensões.

A área do decantador será, portanto, de 23,74 m², conforme calculado abaixo:

(4.9)

Será adotado um decantador circular, assim, o diâmetro desta unidade será de

= 5,5 m

O tempo de detenção hidráulica, ou seja, o período que o efluente leva para

passar pelo decantador, deve ser igual ou superior a uma hora, sendo que o TDH

normalmente utilizado é de 2 horas, sedimentando praticamente todos os sólidos

sedimentáveis. Elevados TDHs podem levar a anaerobiose, e à geração de gases e

maus odores. (ESAC, 2011)

Adotando-se o tempo de detenção de 2 horas, pode-se calcular o colume do

decantador:

(4.10)

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Assim, para a altura do decantador deverá ser de 2 metros:

4.7 CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA

Para o presente trabalho, o parâmetro a ser considerado para a verificação da

eficiência do filtro biológico dimensionado quanto ao atendimento da Resolução

SEMA 021/09 será empregada a DBO. Considerando que, de acordo com Von

Sperling (1996), a concentração típica de DBO para esgotos domésticos brutos é de

350 mg/l, a fim de atender o estabelecido na citada Resolução, de lançamento de

esgotos no corpo receptor com uma DBO de até 90 mg/l, deverá ter uma eficiência (E)

mínima de 74,3%.

(4.11)

Vale ressaltar que a eficiência mínima necessária ora calculada considerou a

concentração de DBO típica para municípios do porte de Itaperuçu/PR, não levando

em conta a remoção da DBO realizada pelas unidades de nível preliminar e primário

que, segundo Von Sperling (1996), têm eficiência de 35% a 40%.

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4.8 CÁLCULO DA CARGA ORGÂNICA VOLUMÉTRICA

Conforme Chernicharo et al (2001), a taxa de aplicação de carga orgânica

recomendada para o projeto de filtros biológicos de alta carga deve ser entre 0,5 e 1,0

kgDBO/m³.d. É possível, porém, utilizar o modelo desenvolvido pelo National

Research Council – NRC, para a determinação da carga orgânica a ser aplicada.

(4.12)

Onde: E: eficiência de remoção da DBO

Cv: carga orgânica volumétrica

F: fator de recirculação

Considerando-se que se sabe a eficiência necessária, e considerando-se um fator

de recirculação igual a 1, que se refere à recirculação de todo o efluente, tem-se que a

carga orgânica aplicada deverá ser de 0,61 kgDBO/m³.d.

= 0,61

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4.9 DIMENSIONAMENTO DO FILTRO BIOLÓGICO

Sabendo qual a vazão média de esgoto a tratar (Q), a concentração da DBO do

esgoto (conc) e a carga orgânica volumétrica, pode-se calcular o volume de meio

suporte necessário, através da equação abaixo:

(4.13)

A profundidade do meio suporte, em metros, recomendada para filtros

biológicos de alta carga, tratando-se de leito de pedra, é de 2 a 3 metros. Será adotada,

no presente trabalho, a profundidade de 2 metros. Assim, a área a ser utilizada pelo

filtro biológico será de 163,46 m²,

O diâmetro do filtro, portanto, será de 14,43 metros.

= m

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4.10 PRODUÇÃO DE LODO

Segundo Chernicharo et al, a produção esperada de lodo no filtro biológico

pode ser estimada conforme segue:

(4.14)

A DBO removida é, portanto, 148,14 kgDBOremov/d. A quantidade de lodo

produzida, considerando uma produção de 0,8 kg kg SS/kg DBO removida

(CHERNICHARO ET AL, 2001), será de 118,5 kg.

O volume de lodo a ser produzido será de 11,62 m³/dia.

(4.15)

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5 CONCLUSÃO

O dimensionamento realizado mostra que o sistema de filtro biológico é uma

alternativa que pode ser considerada para o tratamento de efluentes do município de

Itaperuçu, como complemento à ETE Buquerinho.

Embora não tenha sido considerada a remoção da DBO das unidades à jusante

do filtro, o que reduziria a eficiência necessária para a remoção da DBO no mesmo, e

por consequência o volume e a área necessária para a construção do filtro, não se

verificou a necessidade de grandes terrenos para a construção do filtro dimensionado.

Tendo em vista que o dimensionamento do sistema foi efetuado a fim de

cumprir o disposto na SEMA 021/99 quanto aos parâmetros de lançamento de

efluentes, e que a eficiência necessária para que o sistema alcance para tal finalidade é

inferior à eficiência média do sistema de filtros biológicos apresentada em literatura,

fica demonstrado que o sistema de filtros biológicos é adequado para o atendimento à

população do município.

Como inconveniente para o sistema constatou-se a alta geração diária de lodo.

Assim, fica como sugestão para futuros trabalhos a apresentação de alternativas para o

tratamento e a disposição final do lodo gerado pelo sistema.

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