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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL Apresentado ao Conselho de Ensino e Pesquisa da PUC Minas para implantação no 1º. semestre de 2003 APROVADO AD REFERENDUM DO CONSELHO DE ENSINO E PESQUISA PELA RESOLUÇÃO 14/2002 DE 27 DE SETEMBRO DE 2002 Belo Horizonte Setembro de 2002

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Apresentado ao Conselho de Ensino e

Pesquisa da PUC Minas para implantação no

1º. semestre de 2003

APROVADO AD REFERENDUM DO CONSELHO DE ENSINO E PESQUISA PELA

RESOLUÇÃO 14/2002 DE 27 DE SETEMBRO DE 2002

Belo Horizonte

Setembro de 2002

ATUAL

Direção da Escola de Serviço Social

Profª. Maria Raquel Lino de Freitas

Comissão responsável pela elaboração do Projeto Profª. Consuelo Quiroga Profª. Maria Nadir Sales do Amaral Militão Profª. Yara Maria Frizzera Santos

Colegiado Didático Pedagógico

Profª. Maria Raquel Lino de Freitas Profª. Heloísa Maria Mello Manso Profª. Regina Coeli de Oliveira Profª. Maria Mascarenhas de Andrade Cristiano Costa de Carvalho – Diretório Acadêmico Pe. Agnaldo Leal

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1. Breve histórico do Curso ............................................................................. 3

1.2. Justificativas do projeto de formação profissional ...................................... 5 1.2.1. Novas configurações da clientela do Serviço Social ....................... 5 1.2.2. A LDB e a proposta de formação profissional da ABEPSS ............ 9 1.2.3. O projeto político pedagógico da PUC Minas ................................ 11 1.2.4. A relação ensino-aprendizagem na contemporaneidade ................. 13 1.2.5. Considerações sobre o atual currículo ............................................. 15 1.3. O projeto ético-político do trabalho profissional ......................................... 19 2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA FORMAÇAO PROFISSIONAL ................... 21 3. PERFIL DO PROFISSIONAL: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS.............. 23 4. CARACTERÍSTICAS DO CURSO ..................................................................... 24 5. MATRIZ CURRICULAR .................................................................................... 26 6. EMENTÁRIO ....................................................................................................... 28 7. POLÍTICAS E PROGRAMAS ESPECIAIS ........................................................ 38

7.1. Disciplinas com configurações especiais ..................................................... 38

7.2. Flexibilização curricular .............................................................................. 39 8. NÚCLEOS TEMÁTICOS DE PESQUISA E EXTENSÃO ................................ 43 9. EQUIVALÊNCIAS DE DISCIPLINAS ............................................................... 45 10. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO ................................. 48 11. RECURSOS HUMANOS, CONDIÇÕES FISICAS E MATERIAIS .................. 50 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 53 13. ANEXOS

1. INTRODUÇÃO

A proposta de um projeto político-pedagógico para o curso de graduação em

Serviço Social, da Escola de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais – PUC Minas, é produto de uma trajetória de reflexão que foi desencadeada por

uma avaliação do atual processo de formação acadêmica. A avaliação inicialmente

realizada contou com a assessoria da professora Marilda Villela Iamamoto, em outubro de

1997, cujas contribuições foram decisivas, tanto para o reconhecimento do processo

anteriormente vivido, como para apontar diretrizes para a construção desta nova proposta.

Num segundo momento, uma comissão constituída pelas Professoras Consuelo

Quiroga, Maria Nadir de Sales do Amaral Militão e Yara Maria Frizzera Santos foi

encarregada de elaborar uma versão preliminar do currículo que foi submetida à apreciação

da comunidade acadêmica. Tendo por base um texto inicial, foram realizadas reuniões com

os professores da Escola e sua direção acadêmico-administrativa, com representantes de

alunos das duas unidades - Coração Eucarístico e Contagem -, com os coordenadores dos

diferentes cursos que aportam com disciplinas ao currículo e com dirigentes do Conselho

Regional de Serviço Social – 6ª. Região. Os assistentes sociais foram também ouvidos nas

Oficinas de Serviço Social que se realizaram em maio de 2000, quando foram debatidas as

demandas colocadas à profissão na atualidade e, conseqüentemente, à formação de seus

agentes.

O percurso por essas instâncias permitiu modificar, ampliar e ajustar a proposta

inicialmente feita, amadurecendo o processo de sua construção final.

1.1. Breve histórico do curso

Expressando a preocupação de formar profissionais qualificados para articular

respostas a problemas sociais mais além das possibilidades voluntaristas da ação social

filantrópica e assistencialista, foi criada, em 1946, em Belo Horizonte, a Escola de Serviço

Social.

Primeira escola do estado de Minas Gerais, reuniu iniciativas de pessoas vinculadas

à ação católica, com o apoio institucional da Legião Brasileira de Assistência – LBA. Sua

implantação e manutenção foram viabilizadas pelo Instituto de Estudos e Ação Social,

organização destinada à captação e administração de recursos. Naqueles anos, a capital

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mineira crescia e, com ela, o número de escolas de nível superior, sob a orientação da

Igreja Católica. Em Belo Horizonte, começava-se a pensar na criação de uma Universidade

Católica e, dentre outras, a Escola de Serviço Social veio garantir, junto ao Ministério da

Educação, a sua viabilização, oficializada através do decreto 45.046, publicado em 12 de

dezembro de 1958.

Em fevereiro de 1996 o Curso de Serviço Social se expande e passa a funcionar

também no turno da manhã, no Centro Universitário de Contagem, procurando responder

à demanda de profissionais da região. Assim é que, desde a sua primeira turma, com 19

alunos matriculadas, até os dias de hoje, quando anualmente são recebidos 240 alunos nas

2 unidades, o aumento do número de ingressos à Escola é significativo.

Por outro lado, o percentual de formandos, mesmo considerando a agudização da

situação social econômica de amplos setores de nossa sociedade, registra taxas médias de

79,8% de alunos que concluíram o curso nos últimos 5 anos e de 87% nos dois últimos

anos, em Belo Horizonte. Ao se avaliarem em conjunto, Belo Horizonte e Contagem,

registra-se uma taxa de conclusão de curso da ordem de 74%, com relação ao número de

alunos que ingressam, evidenciando um alto coeficiente de permanência e finalização do

curso em ambas as unidades.

Se, para constituir o primeiro grupo de professores de Serviço Social foi necessário

trazer recém graduadas pela Escola de Serviço Social de São Paulo, hoje nossa escola

conta com um corpo docente da área do Serviço Social com alta qualificação acadêmica,

cuja maioria conta com mestrado e doutorado – 76,2% -, índice de formação pós-graduada

que ultrapassa as exigências postas para o ensino e a pesquisa na Universidade.

O quadro abaixo, com dados relativos à titulação do corpo docente com contratação

permanente, neste ano de 2002, demonstra o significativo esforço e investimento no

sentido da ampliação da formação acadêmica dos professores.

Qualificação acadêmica do corpo docente – ESS/ PUC Minas –2002

Titulação F %

Doutorado 5 23,8

Mestrado 11 52,4

Especialização 5 23,8

Total 21 100

5

No momento, 1 professor com especialização encontra-se em fase final do mestrado

e 1 de doutorado. Estes novos titulados, somados aos já existentes, permitem ancorar uma

sólida formação em termos da graduação, assim como possibilitam pensar a perspectiva

de implantação de programas de pesquisa como base de apoio para níveis mais

aprofundados da formação profissional, ou seja, a pós-graduação, hoje, intensamente

demandada pela categoria profissional.

1.2. Justificativas do projeto de formação profissional

A preocupação com a construção de um projeto político-pedagógico norteador de

definições relativas à formação profissional tem sido uma constante na história da Escola

de Serviço Social da PUC Minas, com maior ou menor grau de formulação e explicitação

de seus princípios e métodos. A concepção de formação profissional assumida pela Escola

em sua trajetória teve diferentes ênfases e tem sido permanentemente revista, movida por

influências internas e externas que vão colocando novos elementos para sua compreensão

e construção.

O reconhecimento de que a elaboração de um projeto político-pedagógico constitui

um processo que deve fazer parte do cotidiano da Escola, resultado de um movimento

contínuo e coletivo de compreensão da formação profissional, implica uma permanente

vigilância com relação ao seu desenvolvimento. O momento atual constitui-se um desses

momentos quando, de modo especial, vemo-nos desafiados por novas questões e

demandas.

1.2.1. Novas configurações da clientela do Serviço Social

O contexto do qual emergem as demandas do mercado de trabalho de assistentes

sociais, hoje, resulta da própria conjuntura nacional e internacional, que vive um intenso

processo de modificação do modo como se configuram as relações de uma sociedade que

se globaliza. Esta nova realidade compõe um conjunto de exigências para o Serviço

Social, seja em sua possibilidade de atuação através do Estado, em instituições da

iniciativa privada e ONG’s e, em conseqüência, imprime a necessidade de revisão dos

cursos de formação de seus profissionais.

Hoje, o assistente social trabalha com uma realidade de pobreza no Brasil (e não

somente aqui, mas em nível mundial), que adquire uma performance conformada por uma

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série de componentes que lhe dão um caráter próprio. Estudos recentes no interior do

Serviço Social, dentre eles Fausto Neto (1998), explicitam essa condição de pobreza no

Brasil, mostram sua configuração mais atual e os desafios trazidos à profissão.

Um primeiro componente é a sua extensão, expressa por um contingente

significativo da população brasileira que vem engrossando os tradicionais setores

pauperizados, objeto de atenção dos serviços sociais de um modo geral e do assistente

social em particular. São pessoas cuja pauperização é sub-produto do modelo econômico-

social que vivemos no Brasil nos últimos anos, levando a uma deteriorização das condições

de acesso ao trabalho e aos bens e serviços proporcionados pela sociedade. Um mundo de

não-trabalhadores, de desempregados e sub-empregados entre os trabalhadores de baixo

nível de qualificação, anteriormente assalariados ou com formas de ingresso mais estáveis

na esfera do trabalho, acrescidos de setores da classe média que, mesmo tendo incorporado

um nível de escolarização superior ao de gerações anteriores, não estão sendo poupados e

vivem um processo de vitimização que os colocam nas filas da assistência social pública.

Junto ao processo de extensão da pobreza, percebe-se um outro fenômeno que a

envolve, a sua intensificação, a qual atinge setores sociais que, já empobrecidos, tornam-

se ainda mais pobres. A significativa gradação da pobreza em direção a patamares de

miséria extrema provoca um processo de degeneração tão profundo que atinge até a

possibilidade de “ser humano”. Miséria que, além de perdas materiais e de direitos, tem

levado a uma perda de identidade, de auto-estima, de credibilidade e, por último, a uma

falta de perspectiva de futuro.

Alguns problemas tornam-se mais complexos, seja pela incorporação de novas

variáveis, pelo enlaçamento que têm entre si ou por sua cronificação, hoje intensamente

percebidos em suas vinculações com dimensões de natureza mais estrutural. Essa

complexificação é dada também pela perda da esperança de “solução”, um

desencantamento agravador de problemas que, sendo reais, tornam-os ainda mais pesados

e difíceis de serem abordados.

À ideologização e à proliferação de ideologias individualistas, somam-se as

metamorfoses sofridas pela família que, reduzindo-a em termos de tamanho e

disponibilidade, levam ao atrofiamento e ao desmantelamento da rede de auxílio mútuo e

de solidariedade familiar e vicinal que, em outros tempos, ofereciam suporte e um certo

tipo de respostas às demandas de proteção social no cotidiano de vida de alguns segmentos

populacionais.

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O movimento real de ampliação da pobreza e da demanda dos serviços sociais

torna-se cada vez mais visível pelo maior grau de esclarecimento da população e,

conseqüentemente, pelo aumento do grau de politização de alguns segmentos sociais. Uma

maior consciência de direitos de cidadania e do papel do Estado faz com que aflore, de

modo mais nítido e freqüente, uma série de problemas sociais. É verdade que, ao se

difundir e generalizar a noção de direitos sociais, a sua negação reiterada tem se

constituído em vivências marcadas pela frustração e sentimentos de minoridade social. No

entanto, a criação e a ação dos conselhos de direitos da criança e do adolescente, da

mulher, do idoso, dos conselhos comunitários dos bairros, dos diversos fóruns sociais

como de idosos, de creches, de abrigos, etc. constituem uma rede capilar e expressão uma

relativa e crescente “consciência cidadã”.

Uma publicização ampliada das questões sociais, mais além da sua veiculação

através da mídia, vem se dando, tendo por base a existência de mecanismos e instrumentos

que fazem com que sejam desvelados problemas que antes ficavam encobertos. Tais

instrumentos são de duas ordens: estudos e pesquisas acadêmicas sistemáticas, que geram

conhecimentos dentro dos parâmetros da ciência, e diferentes abordagens da questão

social, expressas pelos conselhos de direitos, entidades da sociedade civil e instâncias do

Estado, especialmente nas gestões democrático-populares que trabalham no sentido de dar

maior visibilidade a problemáticas que não contavam com canais para emergir e para se

assumirem como direito social.

Todos estes fatores e demandas vêm ampliando e tornando mais complexas as

exigências de respostas postas ao Estado que, num movimento contraditório, torna-se

cada vez mais incipiente, numa perspectiva concreta de garantir direitos universais. Isto

significa que o horizonte dos direitos sociais universalizados, que fragilmente chegaram a

se efetivar em nosso país, encontra maiores dificuldades de se realizar.

Ainda que essa perspectiva não tenha se perdido enquanto norte em algumas

instâncias do Estado brasileiro, no entanto, a demanda de acesso aos serviços assistenciais

é crescente e o seu alcance continua sendo desigual, assim a seleção do “mais pobre entre

os pobres”, num reconhecimento da gradação progressiva da pobreza, segue presente no

cotidiano de trabalho na maioria das áreas de intervenção do assistente social.

Esse crescimento da demanda e o aumento de sua complexidade exigem do Estado

e das entidades da sociedade civil a efetiva atualização e ampliação das instâncias de

atendimento, o que não vem ocorrendo nas proporções requeridas. A perspectiva dos

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direitos sociais universalizados vem se tornando, cada vez mais, apenas um horizonte de

referência para a constatação dos limites da ação no social.

O que uma visão de realidade, mesmo que espontânea, evidencia, é que são muitos

os segmentos sociais que se encontram em situação de vulnerabilidade social e que,

alijados das possibilidades de inserir-se nos esquemas de proteção social, vivenciam um

processo de deteriorização de suas condições de vida, o que poderia ter sido evitado dentro

de uma perspectiva política de busca da igualdade social.

O atendimento assistencial mais extensivo, garantido nos artigos 203 e 204 da

Constituição Brasileira de 1988, devendo ser assumido pelas diferentes instâncias do

Estado, fica reduzido, fundamentalmente, aos setores de miséria cujas possibilidades de

inserção social, por vias integrativas instituídas, a exemplo das diferentes formas de

trabalho, praticamente não existem. Nesta perspectiva, predomina o emergencial e, o que

foi considerado em outros momentos como emergencial para fazer frente a uma possível

situação, em princípio pontual, vai se tornando um atendimento permanente e reiterativo.

A política pública de assistência social, materializada na Lei Orgânica da

Assistência social (LOAS) de nº. 8742/93 considera, ainda, o Estado um responsável

privilegiado por sua definição e implantação, enquanto conjunto de ações diversificadas

para responder à problemática social, com uma visão global e universalizante, mesmo

havendo um processo crescente de deslocamento para a esfera do privado. A ação

interventiva direta do Estado, no entanto, está cada dia mais compactada, movendo-se no

âmbito das ações emergenciais básicas de alguns programas pontuais de ação continuada.

O grande espectro de respostas às questões sociais dá-se numa relação de parcerias

com a iniciativa privada, pelo chamado 3º setor mas, em especial, através das ONGs. Suas

ações, no entanto, embora contribuam para a realização de uma gama significativa de

programas sociais de caráter público, o que em determinados momentos vêm

representando uma poderosa força, chegando, por vezes, a “desqualificar” o Estado como

inoperante, convivem com dificuldades de garantir o caráter universalizante de sua

atuação, seja pelos limites de seus objetivos, muitas vezes impregnados de motivações

religiosas, com freqüência catequéticas, clientelísticas e/ou mercadológicas, seja pela

intermitência da operacionalização de programas de ação continuada.

A crise vivida pelas ONGs, em particular, relaciona-se também com a atrofia de

suas fontes de financiamento. Contando tradicionalmente com recursos vindos dos países

ricos do hemisfério norte, as ONGs brasileiras vivenciam as conseqüências de um processo

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de revisão do direcionamento dos investimentos de suas fontes. A chamada nova ordem

(ou desordem) mundial tem levado aqueles países a se depararem com questões candentes,

tais como a crise do Leste Europeu, a fome e a AIDS na África, a extrema pobreza em

países da Ásia e da América Latina, consideradas mais graves, com menores possibilidades

de soluções com recursos internos, e que, sobretudo, mostram-se ameaçadoras para a

Europa e os EUA pela influência no aumento dos fluxos migratórios.

Acrescentem-se, a esta dinâmica internacional, as mudanças de compreensão

política de amplos segmentos das igrejas cristãs, fundamentalmente, a perda de força da ala

progressista da Igreja Católica que, até os anos oitenta, sinalizava com a exigência de

busca de uma solução política para os grandes problemas sociais brasileiros.

O Estado tem passado por um processo de redefinições tanto em sua estrutura

quanto nos programas propostos, tentando, assim, modificar conteúdos e formas de

intervenção. A setorialização social de sua estrutura, no entanto, continua sendo de fato

recortada por uma lógica não unificada, levando à pulverização e superposição de

abordagens – criança e adolescente, idoso, portador de deficiência, etc. Tal fragmentação

representa um empecilho para uma abordagem da questão social, tendo por base as

vulnerabilidades e a vigilância de direitos no âmbito de uma política de articulação das

ações entre si.

1.2.2. A LDB e a proposta de formação profissional da ABEPSS

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, de nº 9 395/96, representa uma

segunda e importante razão para que se repense o projeto político-pedagógico do curso.

Em sua formulação, a LDB entende que a questão curricular não se restringe à

modificação de normas; ao contrário, privilegia uma série de preocupações. Entre elas e

sinteticamente, pode-se falar de descentralização de responsabilidades partilhadas,

sinalização do direito à diferença e flexibilização tanto na atribuição de competências

quanto de estruturação e organização dos currículos propiciando outras dinâmicas de

desenvolvimento dos mesmos, assim como uma certa ênfase dada a uma postura avaliativa

dos processos de formação vividos (Militão e Costa,1999).

A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social - ABESS, hoje

ABEPSS – recolhendo, tanto as recomendações relativas à estruturação curricular contidas

na LDB, quanto as avaliações realizadas pelas diferentes escolas de Serviço Social em todo

o país, desde 1994, e referenciadas ao currículo implantado a partir de 1982 -, elaborou

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uma nova proposta de formação profissional a ser implementada pelo conjunto das

unidades de ensino, constituindo-se uma demanda adicional a ser incorporada pela Escola

de Serviço Social da PUC Minas no repensar de seu projeto político-pedagógico.

A proposta ora disponibilizada pela ABEPSS situa o Serviço Social como uma

profissão interventiva no âmbito da questão social - eixo de sua existência - que se

materializa nas relações sociais sendo “mediatizada por um conjunto de processos sócio-

históricos e teórico-metodológicos constitutivos de seu processo de trabalho”

(ABESS/CEDEPSS,1996:4). Aponta o agravamento da questão social como

desdobramento das dinâmicas de reestruturação produtiva no Brasil impregnadas de

referências neoliberais e, desta forma, elemento gerador de uma inflexão nas exigências

postas à profissão do Serviço Social, em sua atuação nas esferas do público e do privado.

Os documentos produzidos pela ABEPSS norteiam a proposta de formação

profissional sobre a necessidade de uma incorporação cada vez maior das dimensões

investigativa e interventiva, “como princípios formativos e condição central da formação

profissional”. Recomendam também um “rigoroso trato teórico, histórico e metodológico

da realidade social e do Serviço Social que possibilite a compreensão dos problemas e

desafios com os quais se defronta no universo da produção e reprodução da vida social”

(ABESS/CEDEPSS,1996:4). A preocupação com a “adoção de uma teoria social crítica

que possibilite a apreensão da totalidade social” inserida num contexto pluralista inerente à

natureza do debate acadêmico e profissional continua presente na concepção de ensino,

pesquisa e extensão. A proposta aponta, ainda, para a necessidade de se flexibilizar a

organização dos currículos plenos, a superação de conteúdos fragmentados na organização

curricular, o caráter interdisciplinar nas diferentes dimensões do projeto de formação, a

necessidade de garantia de “padrões de desempenho e qualidade idênticos para os cursos

diurnos e noturnos”, garantindo, por fim, uma “indissociabilidade entre estágio e

supervisão acadêmica e profissional” (ABESS/CEDEPSS,1996:5).

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1.2.3. O projeto político-pedagógico da PUC Minas

Uma quarta demanda a ser levada em conta no processo de repensar a formação

profissional diz respeito à própria PUC, que vem explicitando cada vez mais o seu ideário

relativo à ampliando das condições de sintonia de propostas de formação profissional com

um projeto maior de Universidade Católica, ou seja, atendendo aos requisitos da instituição

universitária e aos princípios católicos.

Partindo da reflexão sobre sua natureza e sua trajetória, reafirma-se como

instituição social preocupada com a formação humanística, de modo a contribuir para a percepção crítica dos planos social, político, econômico e cultural do mundo contemporâneo; a leitura do mundo moderno e de suas principais especificidades à luz de princípios éticos de forma a propiciar que o exercício profissional, a utilização da técnica e a pesquisa de novas tecnologias se dêem comprometidos com a consciência social e o respeito ao ser humano (PUC Minas,1998:8).

Entre os pressupostos que subsidiam sua ação, destaca o papel da relação aluno-

professor na qual ao primeiro cabe a construção/reconstrução do conhecimento, para que lhe seja possível reconstruir-se na prática profissional; ao segundo, compete a tarefa de orientar a evolução educativa do aluno, a partir da pesquisa e do conhecimento crítico e criativo (PUC Minas, 1998:8).

Expressa a necessidade da existência da figura do professor-pesquisador que possa,

a partir de um processo de formação que lhe possibilite a inserção nesses âmbitos, ser

instigador da construção de um conhecimento que não fique reduzido a uma “atividade

episódica e eventual, mas fundamental e permanente, articulada com o ensino de

graduação e de pós-graduação” (PUC Minas,1998:8), evitando, no entanto, a reiteração de

“experiências tradicionais, que resultaram num indesejável acantonamento da pós-

graduação e de seus produtos mais diretos” (PUC Minas,1998:8).

O documento destaca ainda a pluralidade como uma referência balizadora para sua

busca de inserção nas diferentes áreas do conhecimento, indo ao encontro de seu espaço na

comunidade científica, tanto em escala nacional quanto internacional. Reconhece a

necessidade de garantir uma adequada infra-estrutura que, somada à contínua capacitação

docente, viabilize uma qualificada produção acadêmica e científica. Aponta, por fim,

“como imprescindível um programa contínuo e sistemático de avaliação, cuja função

pedagógica é desenvolver o conhecimento sobre a qualidade das atividades de docência,

pesquisa e extensão” (PUC Minas,1998:9).

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Em sua vivência como Universidade Católica, a PUC Minas assume como norte

diretrizes centradas na busca, em todos os espaços de sua prática acadêmica, “tanto da

introjeção de valores ético-cristãos, quanto da formação da cidadania, qualificadora do

exercício da própria condição humana”. Norteia-se ainda “pelas demandas advindas do

momento atual, que sofistica e tecnifica o setor produtivo e faz novas exigências à força

laboral” assim como pela preocupação de “envolvimento de toda a comunidade acadêmica,

através um trabalho coletivo e de gestão democrática, na implantação do modelo de

Universidade que se quer construir” (PUC Minas, 1998:9).

Mais recentemente, em abril de 2002, a Pró-Reitoria de Graduação apresenta à

comunidade acadêmica um documento elaborado por uma comissão nomeada pela Portaria

do Magnífico Sr. Reitor de número R/049/01. Intitulado “A Graduação da PUCMinas:

reflexões para o estabelecimento de nova política acadêmico-administrativa”, o documento

divide-se em duas partes: a primeira é constituída por um diagnóstico dos cursos ofertados

pela Universidade, respaldado em relatórios e reuniões com as coordenações dos cursos e

analisado à luz das Diretrizes Curriculares do MEC/Sesu; a segunda parte, de caráter

propositivo, tem por objetivo “definir nortes, em termos de organização e funcionamento

das atividades curriculares, para os cursos da Universidade” (p. 3).

Organizado em torno das dimensões definidas pelo MEC/Sesu, ou seja, a)

articulação teoria e prática; b) articulação ensino/pesquisa/extensão; c) flexibilização

curricular e d) formação humanística, o documento sintetiza as expectativas, anseios e

dificuldades dos diversos cursos, concluindo com um conjunto de sugestões configurando-

se como uma proposta para a efetiva operacionalização dos princípios focalizados no

diagnóstico.

Destacamos as propostas mais fundamentais e que servem de orientação para o

presente projeto:

a) articulação entre teoria e prática – seria necessário pensar na distinção entre práticas

investigativas, práticas de estágio e pesquisa acadêmica. As duas primeiras deveriam

ser previstas na organização pedagógica de cada curso e asseguradas pela

Instituição;

b) articulação ensino/pesquisa/extensão – entendemos que uma das ações que mereceriam

ser estudadas com a finalidade de promover a articulação proposta seria a

estruturação de núcleos de estudos e pesquisas por cursos ou área de conhecimento.

13

Os núcleos poderiam se organizar por temas de grande interesse dos cursos ou das

áreas de conhecimento, interdisciplinares inclusive;

c) flexibilização curricular – uma vez que se consideram tais núcleos como espaço

institucional que privilegia a articulação ensino/pesquisa/extensão, sua criação,

implementação e permanência estariam intimamente relacionadas à flexibilização

curricular. Um exemplo dessa condição seria a transformação em créditos das

atividades desenvolvidas pelos alunos – com acompanhamento dos professores – nos

núcleos;

d) formação humanística – entendemos que, antes de ser objetivo específico de toda e

qualquer instituição de ensino religiosa, deve estar pressuposta nos próprios projetos

pedagógicos dos cursos e, conseqüentemente, em suas ações diárias, a começar da

relação professor/aluno, construída no interior das práticas de que são atores (p. 22-

24).

1.2.4. A relação ensino-aprendizagem na contemporaneidade

O processo de aprendizagem vem se modificando em decorrência das profundas

modificações pelas quais passa a sociedade contemporânea. Muitos desafios são colocados

no contexto da globalização mundial sob a hegemonia do grande capital financeiro, da

aliança entre o capital bancário e o capital industrial, onde se testemunha a revolução

técnico-científica de base microeletrônica, instaurando novos padrões de produzir e de

gerir o trabalho.

Na América Latina, a defesa da centralidade da noção de conhecimento está

presente nos rumos que a educação vem tomando, através das propostas registradas nos

muitos documentos e recomendações dos organismos internacionais (BID, BIRD, CEPAL,

UNESCO), mas também em projetos de lei, documentos e discursos oficiais dos países

concordantes com tais orientações. (Miranda, 1997: 44)

Em especial o documento da CEPAL/UNESCO: “Educación y Conocimiento: eje

de la transformación productiva com equidad”, de 1992, propõe que um sistema

educacional orientado para o próximo século deve incorporar:

a) “uma definição de ciência (conhecimento) como atividade humana que explica os

diferentes campos da realidade, buscando produzir mudanças neles. Supõe uma atitude

ativa e não contemplativa (enfoque de Pesquisa e Desenvolvimento), uma vez que seu

fim fundamental é operar sobre a realidade para transformá-la. (p. 6, grifos do original)

14

b) uma definição de aprendizagem como resultado da construção ativa do sujeito do

objeto de aprendizagem. Supõe um aprendiz ativo, que desenvolve idéias próprias

acerca de como funciona o mundo, que devem ser postas a prova permanente.

Supõe também que o professor e o aluno explorem e aprendam juntos. (Citado em

Miranda, 1997: 44).

Neste contexto perde sentido e eficácia a centralização do processo de ensino no

professor, conforme uma pedagogia tradicional. O ensino nesta concepção é realizado

através de aulas expositivas teóricas, que restringem acentuadamente a participação do

aluno. O professor recria e reinterpreta o conhecimento para então, repassá-lo ao aluno. Na

predominância deste método, o aluno não é estimulado a exercer sua capacidade de

compreensão, estruturação dos problemas, nem a buscar, sozinho, soluções.

A ação do professor na relação ensino-aprendizagem pressupõe mais do que o

domínio dos conhecimentos específicos em torno dos quais deverá agir. O trabalho do

professor – segundo o Relatório da Unesco, presidida por Jacques Delors, não consiste simplesmente em transmitir informações ou conhecimentos, mas em apresentá-los sob forma de problemas a resolver, situando-os num contexto e colocando-os em perspectiva de modo que o aluno possa estabelecer a ligação entre a sua solução e outras interrogações mais abrangentes (...). Além disso, a necessidade de o ensino contribuir para a formação da capacidade de discernimento e do sentido das responsabilidades individuais impõe-se cada vez mais nas sociedades modernas, se se pretende que os alunos sejam, mais tarde, capazes de prever e adaptar-se às mudanças, continuando a aprender ao longo de toda a vida (Delors, 1999, p. 157 - citado em Lobo Neto, 2002, 8)

Diante desta concepção da relação ensino-aprendizagem, como avaliar a

competência do professor e a aprendizagem do aluno? Alguns critérios podem ser

estabelecidos com a intenção de, avaliando o ensino, poder se avaliar o professor:

é necessário que a administração da escola e seus professores definam clara e

publicamente, no início de cada período letivo, quais os objetivos e metas que desejam

alcançar em cada disciplina, em cada série, em cada grau e em cada curso.

definidos os objetivos e metas, torna-se necessário enunciar que competências

precisam ter os professores para que tenham condições de, através de seu trabalho,

contribuírem com eficiência e eficácia para o alcance dos objetivos e metas de cada

disciplina, turma, série, curso e grau.

15

estabelecidos os padrões em termos de objetivos e metas a serem alcançados, e

definidos as competências que os professores devem possuir, é preciso que se

estabeleçam formas de verificação do grau em que padrões definidos foram ou estão

sendo alcançados (semanalmente, mensalmente, bimestralmente ou anualmente).

(Falcão Filho; 1995: 76)

1.2.5. Considerações sobre o atual currículo

Por fim, na elaboração deste projeto, foram considerados aspectos originários da

própria vivência do atual currículo em desenvolvimento na Escola de Serviço Social,

explicitados em reflexões realizadas em seu interior e, de modo particular, o

reconhecimento da visão do conjunto de professores e alunos envolvidos na dinâmica atual

de sua construção.

Mais uma vez, a reflexão contida no Relatório de Consultoria elaborado pela

professora Marilda Villela Iamamoto constituiu um ponto de referência significativo. Nele

são apontados como questões fundamentais identificadas no curso: a) a falta de condições

para implementar uma sistemática de acompanhamento curricular; b) o incipiente incentivo

à pesquisa e à produção científica; c) o número excessivo de alunos em salas de aula, com

um perfil que, muitas vezes, exigiria uma adequação das atividades pedagógicas; d)

dificuldades para a geração de condições de debates acadêmicos sistemáticos sobre temas

de importância para a formação profissional.

As conclusões da professora Iamamoto guardam perfeita sintonia com as

observações arroladas no correr do processo avaliativo, bem como no cotidiano da Escola.

Tais observações estão pontuadas a seguir, fazendo-se acompanhar das propostas contidas

no presente projeto:

a) A opção de abordagem do trabalho do assistente social a partir do enfoque das políticas

sociais setoriais - saúde e saúde mental, educação, criança e adolescente, trabalho,

idoso, previdência social, assistência social e família -, presente no currículo vigente,

ainda que tenha representado um avanço sobre opções anteriores, traz uma série de

limites à compreensão da questão social como um todo. Isto porque esta se configura

como algo mais amplo e complexo, não podendo ser contemplada pela abordagem das

políticas sociais vistas setorialmente, considerando que estas são uma resposta a

dimensões pontuais da questão social, no conjunto das respostas dadas pela sociedade.

16

A abordagem atualmente realizada, a partir das políticas setoriais, pode fragmentar a

compreensão, diminuindo a visibilidade da interação entre os distintos setores e

reduzindo a possibilidade de reconhecimento de outras configurações da questão social

que não estão presentes nas políticas sociais, incluindo as problemáticas emergentes.

Além do mais, o reconhecimento da pertinência e eficácia das políticas sociais pode

ficar comprometido sem um conhecimento amplo e aprofundado da questão social.

É necessário, pois, que seja garantida, no novo currículo, a abordagem da questão

social como princípio universalizador da compreensão da realidade de intervenção do

assistente social, reconhecendo algumas de suas manifestações através das políticas

sociais. A ABEPSS, em sua atual proposta de formação profissional, chama a atenção

para este aspecto, propondo que a questão social constitua o objeto central a ser

trabalhado nos processos de formação profissional.

b) O currículo atual está alicerçado numa abordagem setorizada do eixo de compreensão

unificada da história, da teoria e metodologia do Serviço Social, o que tem contribuído

para o repasse de uma visão dicotômica de teoria e prática e, muitas vezes,

descontextualizada de sua dimensão histórica.

A nova proposta avança no sentido de propiciar uma reflexão integrada dos

fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do Serviço Social em disciplinas

assim concebidas.

c) As demandas mais imediatas do mercado, reforçadas por um imaginário

correspondente, tendem a uma maior visibilidade do caráter operativo da ação

profissional o que tem uma ressonância no interior da formação proposta pela escola.

As dificuldades de materializar as dimensões de teoria e prática, expressas em

conteúdos curriculares que contemplem as questões da prática profissional em sua

dimensão do “fazer”, emolduradas por subsídios analíticos para a leitura, interpretação

e “compreensão densa” da realidade social, constituem um ponto em constante

necessidade de ser repensado. Propõe-se uma maior preocupação com a

interdisciplinaridade e com a interação teoria e prática, expressas em ênfases dadas a

diferentes disciplinas da matriz curricular e em atividades acadêmicas como

Seminários e Atividades Complementares de Graduação, assim como num

acompanhamento sistemático do processo de implantação do projeto.

17

d) A incorporação de conhecimentos e habilidades necessários ao domínio e à prática da

pesquisa social tem sido efetivada, atualmente, com algumas fragilidades.

A exigência da formação em pesquisa como condição de consolidação da atuação do

profissional do Serviço Social está expressa, na proposta apresentada, em disciplinas

encadeadas numa relação seqüencial – do professor com grupos de alunos em Oficinas

de Pesquisa – que culmina na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. O

desenvolvimento de uma postura investigativa, no entanto, exige muito mais que uma

abordagem em disciplinas pontuais. Isto significará fazer emergir núcleos de pesquisa

e extensão, priorizados de acordo com áreas de concentração definidas. Espera-se

contribuir para um acúmulo de conhecimento significativo para a formação e o

exercício profissionais, garantindo uma articulação entre estes núcleos e as diferentes

disciplinas teóricas, os estágios acadêmicos, as oficinas de pesquisa e o Trabalho de

Conclusão de Curso.

e) As possíveis definições do projeto pedagógico em curso foram perdendo, no decorrer

do tempo, sua condição de atualização devido à falta de condições efetivas para um

acompanhamento curricular que pudesse contribuir para sua sistemática atualização e

viabilização.

A avaliação e o acompanhamento da implantação e as condições de sua viabilização

são hoje parte integrantes da concepção deste novo projeto, assegurando a

concretização e geração de uma mudança substantiva na qualidade da formação

profissional oferecida.

f) Observa-se, no cotidiano do trabalho docente, uma disposição de busca de sintonia com

as exigências da formação profissional por parte de um significativo número de

docentes vindos de outras unidades da PUC. No entanto, algumas interferências ainda

têm dificultado estas vivências. São variáveis vinculadas, dentre outras: à formação do

docente, muitas vezes com menor correspondência às necessidades requeridas pelo

curso; à autonomia das unidades de origem na designação de professores, ocorrendo

algumas inadequações do perfil do docente e sua opção didática para trabalhar

determinados conteúdos; e especialmente às restritas possibilidades de reflexão

permanente do corpo docente sobre aspectos importantes para a formação profissional,

em função da pouca disponibilidade de tempo. Algumas dessas dificuldades

mencionadas são comuns aos professores da própria escola, tendo ainda um peso

significativo a designação intermitente de professores para as diferentes disciplinas a

18

cada semestre, não podendo contemplar, de modo permanente, a qualificação e

acúmulo de conhecimento especifico do professor com relação ao conteúdo da temática

a ser abordada, por maior que seja o esforço atual para que isto seja evitado.

Acrescentem-se, ainda, as dificuldades relacionadas às condições concretas do trabalho

pedagógico e acadêmico, que atingem tanto os professores de outras unidades como do

próprio Serviço Social, a saber: dominância de professores aulistas, significativa

presença de contratados por tempo determinado sem perspectiva de continuidade;

excessivo número de alunos por sala de aula, dificultando a utilização de

procedimentos didáticos mais envolventes e relacionais, assim como inviabilizando

respostas que contemplem necessidades de atenção mais individualizadas.

Estas necessidades de sintonia básica para efetivação de um trabalho academicamente

produtivo encontram ressonância nas coordenações acadêmicas, que têm atuado de

forma atenta e propositiva. Por outro lado, a proposta de um novo projeto político

pedagógico prevê a ampliação do envolvimento dos docentes pela viabilização de

um banco de horas de trabalho. Os Seminários semestrais abertos à comunidade

acadêmica e profissional também irão constituir um espaço adicional de ampliação

dessa sintonia necessária para o desenvolvimento do projeto de formação profissional.

g) A organização curricular, hoje com as disciplinas distribuídas em 9 (nove) períodos

teve, entre os seus pressupostos, a idéia de potencializar o amadurecimento profissional

do aluno, em princípio com maior tempo disponível para o desenvolvimento do curso.

No entanto, dadas as características dominantes do estudante que ingressam no curso,

torna-se imperativa a necessidade de ampliar as horas de trabalho para viabilizar o

curso em menor duração.

A proposta para que o curso seja concluído num prazo mínimo de 8 (oito) sementes,

mesmo reconhecendo os limites de disponibilização de tempo que pode gerar,

incorpora uma tendência atual e mantém a possibilidade do aluno ampliar o tempo de

realização de seu curso e/ou complementar sua formação através de programas de

educação continuada em níveis de pós-graduação, fortemente demandados hoje.

19

1.3 O projeto ético-político do trabalho profissional

Inicialmente é importante assinalar que um projeto profissional envolve uma série

de componentes distintos: uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua

função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos, normas,

práticas, etc.

Portanto, todo projeto profissional é construído por um sujeito coletivo – a

respectiva categoria profissional, que inclui não apenas os profissionais de campo, mas por

todos os sujeitos profissionais que dão efetividade à profissão. É sobretudo através da sua

organização que uma categoria elabora o seu projeto profissional; organização que

compreende os profissionais em atividade, as instituições que os formam, os

pesquisadores, docentes e estudantes da área, seus organismos corporativos e sindicais, etc.

Pensando o Serviço Social brasileiro, hoje, este se expressa e projeta através da

organização da sua categoria que compreende o sistema CFESS/CRESS, ABEPSS,

ENESSO1, os sindicatos e demais associações dos assistentes sociais.

O debate acerca do projeto ético-político do Serviço Social é muito recente,

localizando-se nos anos 90. Entretanto no esforço de sua contextualização toma-se: ... como ponto de partida o processo de redemocratização da sociedade brasileira que teve início no final da década de 70 e apogeu nos anos 80, culminando com a constituição de 88 – batizada Constituição Cidadã. Se compreendemos que a evolução histórica de uma profissão tem como base as determinações societárias mais amplas, podemos perceber que as mudanças pelas quais passou e passa o Serviço Social inscrevem-se num quadro temporal mais amplo, qual seja, o das alterações da ordem capitalista e das respostas políticas das classes sociais e do Estado a estas modificações. É precisamente neste contexto que dá-se o início da chamada Renovação Profissional, que toma fôlego nos anos 80 e amadurece nos anos 90. Os anos 80 ‘ marcam a travessia para a maioridade profissional e intelectual dos Assistentes Sociais.’ É neste período que a temática da ética adquire centralidade para o serviço social(Álvares,2001: 9).

Segundo Netto, os elementos éticos de um projeto profissional ... envolvem as escolhas teóricas, ideológicas e políticas das categorias e dos profissionais – por isto mesmo, a contemporânea designação dos projetos profissionais como projetos ético-políticos revela toda a sua razão de ser: uma indicação ética só adquire efetividade histórico-concreta quando se combina com uma direção político-profissional (1999: 98-99).

E a designação do político extrapola largamente o partidário, pois em todo projeto

coletivo há, necessariamente, uma dimensão política, envolvendo relações de poder.

1 CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CRESS – Conselho Regional de Serviço Social ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social ENESSO - Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social

20

O Código de Ética indica um rumo ético-político para o exercício profissional.

Afirma, como valor ético central, o compromisso com a liberdade. Implica, portanto, no

compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais.

Fundado nestas escolhas, tal projeto compromete-se com a defesa intransigente dos direitos

humanos e a recusa do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o

pluralismo – tanto na sociedade como no exercício profissional. A defesa intransigente dos

direitos humanos traz, como contrapartida, a recusa de todas as formas de autoritarismo.

Requer com isso uma condução democrática do trabalho do Serviço Social, reforçando a

democracia na vida social.

A condução de um trabalho profissional que possibilite a participação do usuário,

no entendimento de seus direitos e deveres, choca-se com o culto do individualismo e a

linguagem do mercado, imperante no discurso societário vigente. O projeto posiciona-se

em favor da eqüidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso aos

bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais; a dimensão política do projeto

está, portanto, claramente definida. Para Iamamoto: ... o assistente social é tido como o profissional da participação...Pode impulsionar formas democráticas na gestão de políticas e programas, socializar informações, alargar os canais que dão voz e poder decisório à sociedade civil, permitindo ampliar sua possibilidade de ingerência na coisa pública (1999:78).

Do ponto de vista profissional, esse rumo ético-político requer um profissional

informado, crítico, competente. Exige romper tanto com o teoricismo estéril, quanto com o

pragmatismo, equívocos históricos da profissão. Ao inverso, uma competência crítica, é

capaz de decifrar a gênese dos processos sociais, suas desigualdades e as estratégias de

ação para enfrentá-los. Portanto, busca-se uma formação acadêmica qualificada, alicerçada

em concepções teórico-metodológicas críticas e sólidas; preocupação com a formação

permanente e o estímulo a uma constante postura investigativa.

Este projeto ético-político profissional, embora hegemônico na categoria dos

assistentes sociais, é também um processo em construção, que somente se potenciará se a

mesma se articular com os segmentos de outras categorias profissionais que assumem

projetos similares e, especialmente, com os movimentos sociais que lutam por uma

sociedade efetivamente democrática.

21

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O projeto político pedagógico proposto para a Escola de Serviço Social, alicerça-se

na compreensão da dinâmica das relações sociais presentes na sociedade como um todo, na

Universidade e no mercado de trabalho dos assistentes sociais em particular. Objetiva

propiciar uma formação acadêmica centrada nos fundamentos da profissão empenhada

com os processos sociais e a realização contínua e ampliada da democracia e cidadania no

Brasil

O projeto incorpora as definições propostas pela ABEPSS, enquanto expressivas de

um processo de construção coletiva do conjunto das unidades de ensino no Brasil. Estas

apontam para a necessidade de formação de bacharéis em Serviço Social, profissionais

qualificados com capacitação teórico-metodológica e técnico-operativa comprometida com

padrões ético-políticos para o reconhecimento do significado social da profissão

materializando as possibilidades de ação contidas na realidade. Para o enfrentamento da

questão social nos dias de hoje, expresso em diferentes manifestações e demandas, coloca

para o Serviço Social a necessidade de formulação de respostas que contribuam para a

proposição, elaboração e implementação de políticas e programas sociais.

O conjunto de princípios da formação profissional propostas por esta entidade

nacional sinaliza para:

a) “a flexibilidade e dinamicidade dos currículos plenos, expressa na organização de

disciplinas e outros componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários

temáticos, estágio, atividades complementares;

b) o rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social e do Serviço

Social, que possibilite a compreensão dos problemas sociais e desafios com os quais o

profissional se defronta no universo da produção e reprodução da vida social;

c) a adoção de uma teoria social crítica que possibilite a apreensão da totalidade social

em sua dimensões de universalidade, particularidade e singularidade;

d) o estabelecimento das dimensões investigativa e interpretativa como princípios

formativos e condição central da formação profissional e da relação teoria e

realidade;

e) a presença da interdisciplinaridade no projeto de formação profissional;

22

f) a indissociabilidade das dimensões de ensino pesquisa e extensão;

g) o exercício do pluralismo como elemento próprio da vida acadêmica e profissional,

impondo-se o necessário debate sobre as várias tendências teóricas que compõem a

produção das ciências humanas e sociais;

h) a necessária indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional na

atividade de estágio.” (ABPESS,1998)

23

3. PERFIL DO PROFISSIONAL: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS

Respaldado nas diretrizes da ABEPSS, o perfil profissional que o curso tem o

propósito de formar está referido a um assistente social que:

a) “atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para

seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de

organizações da sociedade civil e movimentos sociais;

b) dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em sua área

de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das

relações sociais e de mercado;

c) comprometido com valores norteadores do Código de Ética do Assistente Social.”

(ABEPSS,1998)

A formação requerida, constituindo-se requisito básico para o exercício da

profissão, deve viabilizar competências e habilidades visando a:

d) “apreensão crítica dos processos sociais numa perspectiva de totalidade;

b) análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as

particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país;

c) compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-

histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ações

contidas na realidade;

d) identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular respostas

profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas

articulações entre o público e o privado” (ABEPSS,1998).

O detalhamento das competências e atribuições privativas do Assistente Social que

o presente projeto incorpora estão dispostas na Lei 8.662, de 7 de junho de 1993, artigos 4º

e 5º, cujo documento encontra-se em anexo.

24

4. CARACTERÍSTICAS DO CURSO

4.1. Duração do curso: mínimo: 08 semestres.

4.2. Campi e turnos:

Campus Coração Eucarístico: Turno noite;

Núcleo Universitário Contagem: Turno manhã.

4.3. Fundamentos Teórico-Metodológicos

Os fundamentos teórico-metodológicos que norteiam a formação do profissional de

Serviço Social sustentam-se no tripé dos conhecimentos constituídos pelos seguintes

eixos:

4.3.1. Fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que compreende um

conjunto de pressupostos teórico-metodológicos e ético-políticos para conhecer o ser

social enquanto processo histórico, fornecendo os componentes fundamentais para a

compreensão do desenvolvimento da sociedade moderna;

Disciplinas:

Filosofia I e II

Sociologia I e II

Teoria Política

Economia Política

Antropologia I e II

Psicologia

Cultura Religiosa I e II

4.3.2. Fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira, que

remete à sua compreensão, resguardando as características históricas particulares que

presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades

regionais e locais. Compreende, ainda, a análise do significado do Serviço Social, no

interior das relações entre as classes e destas com o Estado, abrangendo as dinâmicas

institucionais nas esferas estatal e privada;

25

Disciplinas:

Formação Sócio-Histórica do Brasil

Política Social

Políticas Sociais: Previdência Social; Assistência Social; Saúde; Saúde Mental;

Família; Velhice; Educação; Criança e Adolescente

Movimentos Sociais/Processos Educativos/Cidadania.

Direito e Legislação Social

Trabalho e Sociabilidade

Relações de Gênero, Étnicas e Serviço Social

4.3.4. Fundamentos do trabalho profissional, que compreende todos os elementos

constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória

histórica, teórica, metodológica e técnica, bem como os componentes instrumentais e

éticos que envolvem o exercício profissional em suas dimensões de conhecimento e

ação. Tais elementos encontram-se articulados por meio da análise dos fundamentos

do Serviço Social e dos processos de trabalho em que se insere, desdobrando-se em

conteúdos necessários para capacitar os profissionais ao exercício de suas funções,

resguardando as suas competências específicas.

Disciplinas:

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do S. Social I,II, III e IV

Oficina de Textos em Serviço Social

Ética e Serviço Social I e II

Subjetividade e Serviço Social

Estratégias e Técnicas em Serviço Social I, II, e III

Gestão Social I e II

Introdução ao Diagnóstico Socioespacial

Estatística computacional aplicada ao Serviço Social

Pesquisa em Serviço Social

Oficinas de Pesquisa I e II

Estágio Supervisionado I, II e III

Trabalho de Conclusão de Curso

Disciplinas especiais:

Tópicos Especiais I e II

Seminários I a VIII

26

5. MATRIZ CURRICULAR

PERÍODO DISCIPLINA CH PRÉ-REQUISITO

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social I

60

Cultura Religiosa I 60 Tópicos Especiais I 30

Formação Sócio-Histórica do Brasil 60 Sociologia I 60

Antropologia I 30 Oficina de Textos em Serviço Social 60

Seminários I 30 Total 390

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social II

60

Direito e Legislação Social 60 Psicologia 60

Teoria Política 60 Sociologia II 60 Sociologia I

Filosofia I 60

Seminários II 30 Total 390

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social III

60

Antropologia II 60 Antropologia I Política Social 60

Filosofia II 60 Política Social – Previdência Social 30

Introdução ao Diagnóstico Socioespacial

30

Movimentos Sociais/Processos Educativos/Cidadania

60

Seminários III 30 Total 390

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social IV

60

Ética e Serviço Social I 60 Gestão Social I 60

Estratégias e Técnicas em Serviço Social I

60

Política Social II – Saúde 60 Estágio Supervisionado I 60

Seminários IV 30 Total 390

27

Estratégias e Técnicas em Serviço Social II

60

Pesquisa em Serviço Social 60 Política Social III – Assistência Social 60

Gestão Social II 60 Política Social IV – Saúde Mental 30

Estágio Supervisionado II 240

Seminários V 30 Total 540

Estratégias e Técnicas em Serviço Social III

60

Oficina de Pesquisa em Serviço Social I 60 Pesquisa em Serviço Social

Política Social V – Criança e Adolescente

30

Política Social VI – Família 60 Estatística Computacional

Aplicada ao Serviço Social. 60

Estágio Supervisionado III 240

Seminários VI 30 Total 540

Oficina de Pesquisa em Serviço Social II 60 Oficina de Pesquisa em S. Social I

Política Social VII – Educação 30 Economia Política 60

Trabalho e Sociabilidade 60 Ética e Serviço Social II 30 Ética e Ser viço

Social I Relações de Gênero, Étnicas

e Serviço Social 60

Seminários VII 30 Total 330

Orientação Trabalho de Conclusão de Curso

60 Oficina de Pesquisa em S. Social II

Política Social VIII – Velhice 30 Cultura Religiosa II 30

Subjetividade e Serviço Social 60 Tópicos Especiais II 60

Seminários VIII 30 Total 270

(*) Disciplinas ministradas em grupos

SUB-TOTAL: 2 820 hs Estágio de Campo:

540 hs (120 hs das disciplinas de Estágio Supervisionado I, II e III + 420 hs de estágio de campo)

Atividades Complementares de Graduação (ACG) – 120 hs

TOTAL: 3 360 hs.

28

6. EMENTÁRIO

1º. período:

ANTROPOLOGIA I

O campo de estudos da Antropologia Social e Cultural. A importância dos sistemas

simbólicos (imaginários e rituais) nos processos de significação cultural e construção das

identidades sociais. A contribuição da Antropologia na reflexão do mundo contemporâneo

da globalização e da pós-modernidade.

CULTURA RELIGIOSA I

O fenômeno religioso como experiência específica e os limites e possibilidades da

experiência de Deus; categorias fundamentais de interpretação e de linguagem do

fenômeno religioso. A Bíblia como livro de formação cultural do ocidente; sua formação

histórica, cultural e literária. Critérios de interpretação, temas e perspectivas de estudo da

Bíblia e a experiência mística e de abertura que o livro sagrado propicia. O cristianismo e

os desafios do diálogo ecumênico e inter-religioso. As heranças judaicas do cristianismo; a

pessoa, a vida e o projeto de Jesus Cristo; uma síntese de 2000 anos na história do

cristianismo e dos seus fundamentos teológicos principais. O ecumenismo e do diálogo

interreligioso e os desafios dessas realidades para o cristianismo atual, no contexto de um

mundo globalizado.

FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL

Análise do processo histórico brasileiro, em suas dimensões sócio-econômicas, políticas e

culturais, no período republicano. Compreensão do Brasil contemporâneo, a partir das

permanências e rupturas ocorridas ao longo da trajetória da República brasileira.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL I

A universidade e a formação do sujeito acadêmico. O Serviço Social no interior da

Universidade brasileira, como espaço de formação profissional. O projeto político

pedagógico e sua expressão na formação do profissional de Serviço Social; a Escola de

Serviço Social da PUC Minas. Compreensão histórica do processo de institucionalização

da profissão. Demandas postas à profissão, hoje, enfocando a realidade de trabalho do

Serviço Social em Minas Gerais e na Grande BH. A organização da categoria profissional.

29

OFICINA DE TEXTOS EM SERVIÇO SOCIAL

Linguagem, língua e sociedade: as variações lingüísticas. Noções de discurso e enunciação.

Oralidade e escrita: gêneros textuais e usos da fala e da escrita. Leitura e produção de

textos: as práticas de letramento. Práticas acadêmicas de leitura e produção de textos:

produção de resumo e resenha. Noções de normas de apresentação de trabalhos científicos.

SOCIOLOGIA I

O legado dos clássicos Marx, Durkheim e Weber para a análise das sociedades modernas.

Novas abordagens sociológicas para a compreensão das sociedades contemporâneas: o

processo de construção de uma ordem social; processos de mudança social; formas de

estratificação e processos de exclusão e de inclusão social; o processo de globalização.

2º. período:

DIREITO E LEGISLAÇÃO SOCIAL

As instituições de Direito no Brasil. Direitos e garantias fundamentais da cidadania. A

organização do Estado e dos poderes. A Constituição Federal. A legislação social: CLT,

LOAS, ECA, SUS, etc. Relações jurídicas no marco da integração supranacional

(MERCOSUL e ALCA). A legislação profissional.

FILOSOFIA I

A filosofia como busca do fundamento e do sentido. O nascimento da filosofia ocidental e

principais correntes. Ciência e filosofia: relação complexa e unidade intrínseca. A

sacralização do conhecimento científico. O advento da modernidade: racionalidade

instrumental e desencantamento do mundo; a sociedade de consumo – prisão na imanência

do mundo. A crise da modernidade: o entardecer do século e a fragmentação do homem

contemporâneo.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL II

Compreensão histórica do SS, ao longo do processo que o institucionaliza como profissão

– das origens à emergência das concepções teórico-metodológicas que constituíram as

formulações do SS de Caso, SS de Grupo e SS de Comunidade. Matrizes do pensamento

social influentes nesse momento e seus principais expoentes, fundamentalmente, a doutrina

social da Igreja e o positivismo, suas variantes e seus desdobramentos na prática

profissional, da atualidade.

30

PSICOLOGIA

A construção da Psicologia como ciência do sujeito e da subjetividade. Psicologia social,

uma disciplina do entre-campos do saber. Vertentes da psicologia social contemporânea e a

construção da subjetividade.

SOCIOLOGIA II

Novos paradigmas das Ciências Sociais na contemporaneidade: sociologia compreensiva,

teoria fenomenológica, teoria sistêmica e teoria crítica. Tematização de processos sociais

contemporâneos: as bases racionais dos processos de ação e relação social, processos de

individualização e individuação nas sociedades complexas, processos de metropolização –

novas configurações dos espaços público e privado.

TEORIA POLÍTICA

A liberdade e a igualdade no contexto da tradição política moderna – republicanismo,

liberalismo e socialismo – à luz da teoria clássica: N.Maquiavel, T.Hobbes, J.Locke,

J.J.Rosseau, A. deTocqueville e Marx.

3º. período:

ANTROPOLOGIA II

A contribuição da Antropologia no estudo das sociedades complexas urbanas. Ênfase nas

interpretações e reflexões da antropologia sobre a sociedade brasileira. As contribuições

teórico-metodológicas da Antropologia para o campo do Serviço Social.

FILOSOFIA II

Principais concepções do ser humano ao longo da história, com ênfase nas correntes

filosóficas contemporâneas: neopositivismo, fenomenologia, estruturalismo, marxismo e

hermenêutica. O ser humano como ser de relações – práxis, trabalho e cultura; mora e

história.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL III

O pensamento fenomenológico e sua apropriação pelo Serviço Social. O momento

histórico de sua consolidação, seus principais expoentes e influências teóricas e

metodológicas nos dias de hoje. A emergência do pensamento sistêmico no Serviço Social,

incorporação teórica e sua expressão na ação profissional.

31

INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO SOCIOESPACIAL

Conceituação básica. Objeto de estudo: espaço geográfico e política social. Elementos

estruturais do diagnóstico socioespacial na perspectiva empírico/formal: dado, informação,

banco de dados, sistema de informação, indicadores socioespaciais, variáveis e categorias

analíticas básicas. Estrutura básica do documento síntese do diagnóstico socioespacial.

MOVIMENTOS SOCIAIS/PROCESSOS EDUCATIVOS/CIDADANIA

As relações entre movimentos sociais e processos educativos no contexto da América

Latina e no Brasil. Resgate dos processos de construção de cidadania, democratização da

sociedade civil e os novos formatos organizacionais. Distinção entre comportamento

coletivo e Movimentos Sociais; as diversas interpretações sobre Movimentos Sociais, os

agentes e tipos de movimento e mudança social: lógica da ação coletiva e a formação do

ator coletivo.

POLÍTICA SOCIAL

A questão social e as políticas sociais. O público e o privado: as políticas sociais e a

constituição da esfera pública. Os diferentes tipos de estados: estado liberal, welfare state e

estado neoliberal. A crise do Welfare State. Análise comparada das teorias de política

social. Formulação e gestão de políticas sociais e a constituição /destinação do fundo

público.

POLÍTICA SOCIAL I - PREVIDÊNCIA SOCIAL

A reforma da Previdência Social: principais questionamentos; abordagem dos aspectos:

estruturação, operacionalização, benefícios, legislação, financiamento, gerenciamento e

controle social. A relação previdência pública e privada. Atuais tendências previdenciárias.

Serviço Social na Previdência Social: papel e atribuições.

4º. período:

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Desenvolvimento de atividades teórico-práticas de aproximação e preparação dos alunos

para conhecimento da realidade profissional. Desenvolvimento de habilidades com relação

à análise institucional, à compreensão das formas de organização das políticas setoriais

ante as expressões quotidianas da questão social, bem como às formas de organização e

gerência do processo de trabalho dos assistentes sociais em , no mínimo, três áreas de

atuação. Serão realizados seminários e observação em campos de estágios.

32

ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS EM SERVIÇO SOCIAL I

O significado dos instrumentais em Serviço Social na busca de formas de conhecer e atuar

no cotidiano do Serviço Social. Desenvolvimento de habilidades com relação a técnicas de

abordagem, registro e documentação; elaboração de pareceres e laudos; estudos sócio-

econômicos e culturais. A entrevista, seus diferentes tipos e usos específicos. Relação

profissional-usuário dos serviços sociais.

ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL I

Fundamentos éticos: ética e moral, ética e política, o sujeito ético. As diversas apropriações

da ética pelo serviço social e suas versões conservadora e emancipadora.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL IV

Críticas à matriz do positivismo e da fenomenologia no interior da profissão, incorporando

a contribuição da tradição marxista. O processo de reconceituação e suas repercussões

políticas, teóricas e metodológicas na configuração da profissão e de sua prática. As

repercussões nos dias de hoje. Pluralismo e crise de paradigmas. O pensamento social

contemporâneo expresso na teorização e práticas profissionais.

GESTÃO SOCIAL I

A especificidade da gestão social como um processo descentralizado e participativo,

destacando os procedimentos inerentes à sua implementação e instrumentalização.

Capacitação para uma gestão social participativa, voltada à otimização dos recursos

disponíveis, buscando respostas aos problemas sociais; profissionalização dos gestores que

atuam nas organizações não-governamentais, organizações governamentais e fundações

empresariais.

POLÍTICA SOCIAL II - SAÚDE

O Estado brasileiro e as políticas de saúde. A discussão da reforma sanitária; Sistema

Único de Saúde: modelo de atenção, legislação, financiamento, gerenciamento e controle

social. A consolidação do Sistema Único de Saúde: impasses e perspectivas, gestão e

operacionalização. Papel e atribuições do profissional de Serviço Social na política de

saúde: processos de planejamento, gerenciamento de serviços e programas,

operacionalização em nível institucional e no atendimento direto ao usuário, processo de

avaliação de programas.

33

5º. período:

ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

Realização de atividades teórico-práticas de estágio supervisionado em estabelecimentos

públicos ou privados prestadores de serviços sociais. Desenvolvimento de habilidades com

relação à caracterização da população usuária; estudo de demandas; elaboração de projetos

de intervenção; condução de registros técnicos; formas de intervenção junto à população;

formulação de estratégias de ação e definição de instrumentais de trabalho.

ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS EM SERVIÇO SOCIAL II

Diferentes tipos de grupos e suas relações com o contexto micro e macro social.

Coordenação de grupos: observação, intervenção, avaliação e registro frente às dinâmicas

interna e externa. A educação popular e o trabalho comunitário.

GESTÃO SOCIAL II

As teorias da administração tradicional e as novas políticas de recursos humanos. A ação

do Serviço Social na gestão das organizações públicas e privadas. Os novos desafios que se

colocam para a profissão: a participação em equipes interprofissionais e em programas de

qualidade. Funções técnicas do assistente social enquanto administrador de serviços:

coordenação, direção, assessoria, supervisão e avaliação de projetos sociais; o papel do

Serviço Social e as formas de administração participativa: origens, fundamentação teórica

e mecanismos de operacionalização.

PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL

Questões presentes na produção da ciência, seus alcances e limites. Fundamentos da

produção do conhecimento e sua apropriação pelo SS. A pesquisa em SS no interior das

Ciências Sociais – características e desenvolvimento de áreas temáticas.

POLÍTICA SOCIAL III - ASSISTÊNCIA SOCIAL

O Estado brasileiro e a assistência social. A compreensão da assistência e o paradigma do

direito. A política de assistência social: legislação, financiamento, gestão e controle social.

Papel e atribuições do assistente social na Política de Assistência Social.

34

POLÍTICA SOCIAL IV - SAÚDE MENTAL

Evolução das práticas relativas à saúde mental no Brasil e no mundo. Configuração das

políticas de saúde mental no Brasil até os dias atuais. Papel do assistente social nos atuais

programas de atuação aos portadores de transtornos mentais.

6º. período:

ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

Realização de atividades teórico-práticas de estágio supervisionado em estabelecimentos

públicos ou privados prestadores de serviços sociais. Desenvolvimento de habilidades com

relação à reconstrução de objetos de intervenção, à avaliação dos produtos do trabalho, à

condução de atividades investigativas e a formas de intervenção junto à população.

Avaliação de serviços e de projetos; impacto da atuação profissional junto à população,

elaboração de planos de intervenção e sistematização da prática profissional, através da

construção de relatórios analíticos da experiência vivenciada nos três estágios

supervisionados.

ESTATÍSTICA COMPUTACIONAL APLICADA AO SERVIÇO SOCIAL

PARTE TEÓRICA:

Obtenção de dados. Técnicas de amostragem. Descrição e exploração de dados

categorizados. Distribuição de freqüências de dados quantitativos. Medidas descritivas.

Modelos de probabilidade: Binomial e Normal. Análise de dados categorizados.

PRÁTICA:

Uso de calculadoras e de Programas Computacionais Estatísticos.

ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS EM SERVIÇO SOCIAL III

A emergência do movimento institucionalista. Correntes de análise institucional em suas

diversas abordagens. A análise institucional como recurso técnico instrumental para o

trabalho dos assistentes sociais. Principais conceitos e desenvolvimento de habilidades.

OFICINA DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL I

Construções teórico-metodológicas que informam o ato de pesquisar. Elementos para

formulação de um projeto de pesquisa: escolha do tema e etapas metodológicas.

Elaboração do projeto de pesquisa a ser executado pela disciplina de Oficina de Pesquisa

em Serviço Social II

35

POLÍTICA SOCIAL V - CRIANÇA E ADOLESCENTE

História social da infância e da adolescência no Brasil. O Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA: o novo paradigma da criança e do adolescente no Brasil.

Reordenamento institucional preconizado pelo ECA. O Serviço Social e a implementação

dos dispositivos do ECA. O monitoramento e avaliação de programas e projetos sociais

com enfoque na criança e no adolescente.

POLÍTICA SOCIAL VI - FAMÍLIA

A família através dos tempos, enfocando questões que perpassam sua evolução, como

gênero, poder e hierarquia, e sua relação com a sociedade. Abordagens atuais e a

operacionalidade do trabalho com famílias pelo assistente social. Recuperação da história

da atuação do Serviço Social com a família. Principais conceitos para a identificação e

análise dos fatores estruturais, interacionais e situacionais da família. As diferentes

abordagens: o levantamento de hipóteses e a intervenção terapêutica com o grupo familiar,

grupos de familiares e famílias multiassistidas. A política pública e a família.

7º. período:

ECONOMIA POLÍTICA

Ciências Econômicas: conceitos básicos, breve retrospectiva histórica; visão global das

Ciências Econômicas.

Principais abordagens: Economia Política Clássica; Economia Política Marxista;

Microeconomia; Macroeconomia.

A evolução da economia brasileira: O desenvolvimento com base no modelo de

substituição de importações; O regime autoritário e o projeto nacional desenvolvimentista;

O processo de redemocratização e a crise econômico-financeira do Brasil contemporâneo.

Tópicos especiais: a problemática demográfica no Brasil contemporâneo; industrialização

e urbanização; concentração de renda e desigualdade social; a questão do emprego;

aspectos econômicos e sociais.

ÉTICA E SERVIÇO SOCIAL II

Ética e ética profissional como uma das mediações entre o saber teórico-metodológico e a

prática profissional. O debate do projeto ético-político profissional e o atual Código de

Ética do Serviço Social. Dilemas ético-morais no cotidiano do exercício profissional.

36

OFICINA DE PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL II

Operacionalização do projeto de pesquisa: aproximação ao objeto de estudo, levantamento,

análise dos dados e interpretação dos resultados.

RELAÇÕES DE GÊNERO, ÉTNICAS E SERVIÇO SOCIAL

O caráter estrutural das relações de gênero e suas interconexões com as relações étnicas e

de classe. O debate contemporâneo sobre relações de gênero e étnicas. Desigualdades

sociais e políticas afirmativas. Identidade e subjetividade. Feminismos, patriarcalismo e o

profissional de Serviço Social.

TRABALHO E SOCIABILIDADE

A esfera da produção e reprodução social: o trabalho na sociedade capitalista. Processo de

trabalho. Trabalho produtivo e improdutivo. A polêmica em torno da crise da sociedade do

trabalho. Transformações contemporâneas no processo de acumulação e regulação social e

suas derivações na organização e gestão do trabalho. O setor de serviços na atualidade.

POLÍTICA SOCIAL VII - EDUCAÇÃO

O assistente social como elaborador e prestador de serviços no âmbito da LDB, em suas

propostas para a educação infantil, de jovens e adultos, indígenas e portadores de

necessidades especiais e relacionadas ao público contemplado pela Lei Orgânica da

Assistência Social (LOAS), no desenvolvimento das seguintes ações: práticas coletivas de

cunho educativo, na estrutura e funcionamento do espaço escolar, diagnóstico das

questões sociais, em especial, as relativas às formulações das políticas educacionais no

âmbito municipal, estadual ou federal da educação; assessoria às atividades sociais

específicas, que envolvam as famílias e a instituição escolar.

8º. período:

CULTURA RELIGIOSA II

Fundamentação da práxis cristã com referência no ensino social da Igreja. A categoria

pessoa em diálogo com as categorias antropológicas contemporâneas. Temas atuais à luz

do ensino social da Igreja: a família e a dimensão afetivo-sexual; o mundo do trabalho e a

situação da propriedade; ordem social e política; cidadania, o compromisso com o cuidado

e a defesa da vida e as perspectivas de construção de uma nova ordem mundial centrada no

amor e na paz.

37

ORIENTAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Elaboração do trabalho de conclusão de curso tendo por base o processo vivido nos

estágios, disciplinas de pesquisa e núcleos temáticos. Defesa do trabalho monográfico nas

Bancas.

SUBJETIVIDADE E SERVIÇO SOCIAL

Distintas concepções sobre a produção da subjetividade e dos sujeitos. As contribuições

teóricas da psicanálise e sua função crítica. As psicologias existenciais nas suas tradições

fenomenológica e pragmática, a sociologia clínica e a psicossociologia. Análise das noções

de sujeito e subjetividade presentes nessas disciplinas, bem como o lugar que atribuem ao

psíquico na análise dos processos sociais e suas implicações na prática profissional. A

dissociação da necessidade em relação à demanda do sujeito na prática do Serviço Social.

POLÍTICA SOCIAL VIII - VELHICE

A trajetória histórica da gerontologia social no Brasil. Recomendações para uma política

social da velhice. A Política Nacional do Idoso – lei 8842 de 04 de janeiro de 1994, sua

regulamentação e seus desdobramentos. Envelhecimento populacional no contexto

brasileiro. Aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e familiares do

envelhecimento. Políticas e programas de atenção ao idoso. A ação do profissional de

Serviço Social nos âmbitos da política, da gestão e do atendimento.

38

7. POLÍTICAS E PROGRAMAS ESPECIAIS

7.1. Disciplinas com configuração especial

Algumas disciplinas, dados seus objetivos e características específicos, implicam

configurações diferenciadas em relação às de cunho estritamente teórico, daí o

detalhamento a seguir:

A) Oficinas de Pesquisa I e II

O efetivo exercício da prática investigativa no curso exige que as disciplina de

Oficina de Pesquisa I e II tenham um funcionamento diferenciado, procedendo-se à divisão

da turma em grupos de até 12 (doze) alunos que, subdivididos em equipes de até 4

(quatro) alunos, deverão elaborar e desenvolver, sob a orientação de 1 (um) professor, um

projeto de pesquisa científica, cujo relatório poderá vir a subsidiar o Trabalho de

Conclusão de Curso - TCC.

B) Trabalho de Conclusão de Curso - TCC

Nos dois períodos finais do curso, o aluno deverá produzir um Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC), que versará preferencialmente sobre temas oriundos da

análise dos resultados da pesquisa realizada nas disciplinas de Oficina de Pesquisa I e II,

dos dados coletados no Estágio Supervisionado ou nos Núcleos Temáticos de Pesquisa e

Extensão.

Para estas disciplinas, a turma deverá ser divida em grupos de no máximo 12 (doze)

alunos orientados por um professor. Ao final do 8º período, os grupos deverão apresentar

seu TCC a uma banca examinadora, da qual farão parte o professor orientador e dois outros

professores e/ou profissionais com notório conhecimento e experiência na temática tratada.

C) Estágio Supervisionado II e III

O documento apresentado em anexo, Política de Estágio Supervisionado, explicita

as normas gerais desta disciplina.

39

7. 2. Flexibilização curricular

A implantação do princípio da flexibilização curricular no âmbito do curso encontra

respaldo tanto nas Diretrizes Curriculares do MEC/Sesu como no Documento “A

Graduação da PUC Minas” (abril, 2002), que tem por objetivo elaborar propostas de

aplicação das referidas Diretrizes à política de graduação da Universidade.

Assim é que este documento transcreve um trecho das Diretrizes que sintetiza e

recomenda que as IES devem: incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de exercício profissional e de produção do conhecimento, permitindo variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um mesmo programa.

Mais adiante o documento ressalta que a flexibilização proposta pelas Diretrizes

aponta para mecanismos de articulação entre teoria e prática, uma vez que sugere que as

IES encorajem: o aproveitamento dos conhecimentos, habilidades e competências adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que se referirem para a área de formação considerada.

No âmbito deste projeto, a flexibilização curricular é entendida como um conjunto

de atividades que têm como objetivo incluir espaços acadêmicos que favoreçam a

articulação da teoria com a prática profissional, da pesquisa com a intervenção social, ao

mesmo tempo em que propicia a discussão de temáticas e demandas emergentes, não

integrantes da estrutura curricular strito sensu.

A flexibilização curricular visa, assim, a estimular o aluno a construir seu próprio

percurso acadêmico, através da escolha de atividades que estejam em consonância com

seus interesses e projeto profissional, sem contudo comprometer o núcleo básico de sua

formação.

Três princípios justificam a introdução de dispositivos de flexibilização curricular

neste projeto:

o reconhecimento de que o aluno, sujeito de sua formação, é capaz de construir sua

trajetória acadêmica de acordo com seus interesses e disponibilidades;

a necessidade de uma constante adequação do currículo às aceleradas mudanças das

demandas sociais e dos avanços do conhecimento sobre a vida em sociedade e as

manifestações da questão social, objeto de atuação do Serviço Social;

40

a necessidade de oferecer ao aluno a oportunidade de escolha de alternativas para sua

formação, dentro dos limites das competências disponibilizadas na Escola e nos meios

acadêmico e profissional mais amplos.

O presente projeto propõe que a flexibilização curricular se operacionalize em três

modalidades:

A) Seminários

As disciplinas denominadas Seminários, com carga horária de 30 horas/aula

semestrais, ofertadas do 1º ao 8º períodos do curso, têm os seguintes objetivos:

possibilitar maior dinamicidade ao curso, com a introdução de temas emergentes não

incluídos na organização curricular;

criar canais de diálogo com a comunidade externa, entendida como constituída por

estudantes de outros cursos, assistentes sociais, profissionais de áreas afins,

representantes de organizações de prestação de serviço sociais, representantes de

movimentos sociais;

facilitar a viabilização financeira para a flexibilização curricular.

A carga horária dos Seminários, diferentemente das demais disciplinas, não se

distribui ao longo do semestre letivo, mas concentra-se no período de uma semana de cada

semestre, sem comprometimento da efetivação da organização curricular. Esta formatação

permite a realização sistemática de eventos de natureza acadêmica e cultural, tais como:

palestras, mini-cursos, comunicações, conferências, oficinas, atividades artísticas como

cinema, teatro, exposições, entre outras.

Para sua realização, o curso contará com a participação de profissionais e docentes

internos e externos ao curso e à PUC Minas, selecionados a partir de suas competências e

experiências em assuntos que possam suscitar questões que arejem as discussões

acadêmicas e ampliem a formação do futuro profissional.

No correr de cada semestre, a coordenação do curso deverá promover uma ampla

discussão com professores e alunos com a finalidade de definir a temática dominante para

os seminários do semestre subseqüente. A partir daí, deverá elaborar uma programação

que será apresentada para a comunidade interna e para a Administração central da

Universidade, incluindo a previsão das despesas correspondentes.

41

Para a viabilização desta proposta2, faz-se necessário que a receita relativa à

matrícula e às mensalidades destas disciplinas sejam geridas pelo curso, que a destinará ao

pagamento de passagens, hospedagem e pró-labore de professores e profissionais, e às

demais despesas relativas à organização, divulgação e execução dos eventos.

Dada a natureza especial destas disciplinas, não cabem formas de avaliação

convencionais, tais como provas ou atividades similares. Prevê-se que, para a aprovação, o

aluno preencha o requisito de presença em pelo menos 75% das atividades promovidas em

cada semestre. Isto não impede, entretanto, que, a critério de cada professor, possam ser

exigidos do aluno relatórios, comentários, resenhas, exposições orais, etc.

B) Atividades Complementares de Graduação - ACG

Ainda com o objetivo de flexibilizar o currículo e possibilitar que o aluno seja

sujeito de sua própria formação profissional, propõe-se a incorporação, no seu histórico

escolar, de atividades extra-curriculares realizadas no correr da realização do curso,

através do mecanismo acadêmico denominado Atividades Complementares de Graduação -

ACG.

Entende-se por ACG a participação comprovada em eventos científicos e

profissionais, como congressos, encontros e seminários, em grupos de pesquisa e em

programas sociais e de extensão não curriculares.

As atividades serão incorporadas ao histórico escolar desde que efetivadas após o

ingresso do aluno no curso, mediante autorização prévia do professor responsável, e

comprovadas por meio de certificados e/ou relatórios. Com a finalidade de socializar as

experiências dos alunos, estas atividades poderão ser apresentadas na forma de painéis ou

comunicações, uma das atividades dos Seminários.

Para a integralização curricular, o aluno deverá comprovar no mínimo 120 horas de

ACG, para o que o projeto propõe uma tabela de conversão de horas do tempo (real ou

estimado) das AGC, recomendando-se que o aluno participe de pelo menos duas das

categorias de atividades previstas.

2 A receita dos Seminários corresponderá ao custo de 15hs/aula. As demais 15 horas, não pagas, correspondem às atividades desenvolvidas por professores com contratos de regime.

42

Tipo de Atividade Máximo de horas integralizadas

Formas de Avaliação

Participação em projetos de pesquisa e extensão não curriculares

60 horas Relatório com a aprovação do orientador responsável pelo projeto.

Participação em eventos científicos e profissionais

60 horas Certificado de participação.

Participação em estágio extra-curriculares

60 horas Relatório com a aprovação do orientador responsável pelo projeto.

Participação em projetos dos Núcleos Temáticos

90 horas Relatório com a aprovação do orientador responsável pelo projeto.

C) Tópicos Especiais

As disciplinas de Tópicos Especiais I e II, ofertadas no 1º e 8º períodos do curso,

têm como característica a ausência de uma prévia definição de seu conteúdo, podendo

assim variar de acordo com as oportunidades e os interesses de professores e alunos, assim

como com a emergência de questões de interesse profissional e acadêmico.

A rotatividade de conteúdos deverá contemplar temáticas diversas e emergentes; a

título de sugestão, arrola-se as seguintes:

Terceiro setor e programas assistenciais

Questões ambientais e inserção do Serviço Social

Questão urbana e desigualdade social

Questões jurídicas e Serviço Social

Violência e cidadania

Sociedade excludente/inclusiva

Políticas culturais e suas interfaces com as políticas sociais

Direitos humanos e Serviço Social

Diversidade sócio-cultural e suas expressões na literatura, música, cinema e pintura

Mediação social e Serviço Social.

43

8. NÚCLEOS TEMÁTICOS DE PESQUISA E EXTENSÃO

A definição moderna de Universidade tem como um de seus pilares a integração da

pesquisa, da extensão e do ensino. Princípio consagrado na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira é reforçado pelas Diretrizes Curriculares para o Cursos de Graduação

propostas pelo MEC/Sesu e retomado no documento “A Graduação da PUC Minas”, de

abril de 2002: A leitura das Diretrizes aponta claramente para a necessidade de se reconhecerem e se estabelecerem condições que viabilizem as atividades de pesquisa e extensão como dimensões intrínsecas ao ofício do ensinar/aprender (p.7).

Em sintonia com tais documentos, o projeto político pedagógico do curso de

Serviço Social propõe a criação de Núcleos temáticos como instâncias acadêmicas que

congregam professores, profissionais e alunos de diferentes áreas do conhecimento em

torno de temas ou problemas para a realização de projetos de pesquisa e extensão. A

escolha das áreas temáticas levará em conta projetos já em andamento na Escola e na

Universidade, assim como novos projetos sobre assuntos pertinentes ao curso.

Constituídos a partir de interesses e competências disponibilizadas no curso, os

Núcleos deverão ampliar-se com a agregação de grupos de pesquisa e de extensão da

Universidade ou de outras instituições de ensino superior, de entidades profissionais e de

assistência e dos campos de estágio.

O compromisso com a qualidade da formação do profissional de Serviço Social faz

com que o ensino esteja no centro das preocupações dos Núcleos, que assim deverão

promover um diálogo contínuo com a graduação, especialmente tendo em vista o

enriquecimento dos conteúdos das disciplinas e a oferta de oportunidades para que o aluno

amplie suas experiências acadêmicas.

Caberá também aos Núcleos a proposição de uma política de capacitação

continuada, englobando desde a realização de cursos de curta duração, seminários,

oficinas, conferências até programas de pós-graduação strito e lato sensu, dirigidos a

estudantes, assistentes sociais e profissionais de áreas afins.

Desta forma, as contribuições dos Núcleos temáticos para o Curso podem ser

agrupadas em três itens:

44

Criação de um espaço para que alunos matriculados nos distintos períodos do curso,

professores de áreas diversificadas do saber e profissionais sociais, particularmente

supervisores de estágio, tenham oportunidade de uma fecunda interação. Em

decorrência desta interação acadêmica, espera-se que os Núcleos possibilitem a troca

de informações e experiências, a alimentação recíproca das atividades práticas e

reflexões teóricas, a realização de estudos comparativos e a atualização permanente de

suas equipes;

realização de estudos interdisciplinares em torno de uma temática particular de

interesse de docentes, discentes e profissionais, facilitando a superação dos limites

disciplinares e a dicotomia teoria x prática;

incremento de publicações acadêmicas em revistas especializadas, como resultados de

pesquisas, discussões realizadas em seminários e outros eventos, criando assim as

condições para a implementação de programas de pós graduação strito sensu.

Do ponto de vista organizacional, propõe-se que os Núcleos adotem o princípio da

democracia participativa, de tal forma que o conjunto de professores, profissionais e alunos

participantes eleja, a cada ano, um coordenador, que deverá trabalhar no sentido de

congregar e catalisar o esforço coletivo e, ao final de cada semestre, apresentar à direção

do curso a programação de atividades para o semestre subseqüente.

45

9. EQUIVALÊNCIAS DE DISCIPLINAS - CURRÍCULOS - 1604 e 1605

CURRÍCULO 1604 CH CURRÍCULO 1605 CH Administração em Serviço Social 60 Gestão Social II 60 Análise Institucional em Serviço Social

60 Estratégias e Técnicas em Serviço Social III

60

Antropologia I 60 Antropologia I 30 Antropologia II 60 Antropologia II 60 Cotidiano e Serviço Social 60 Sem equivalência ........... Cultura Religiosa I 60 Cultura Religiosa I 60 Cultura Religiosa II 30 Cultura Religiosa II 30 Desenvolvimento de Comunidade 60 Movimentos Sociais / Processos

Educativos e Cidadania 60

Direito e Legislação Social 60 Direito e Legislação Social 60 Economia 60 Economia Política 60 ....................................... 60 Estágio Supervisionado I 60 T Estágio Supervisionado I 180 Estágio Supervisionado II 30 T

+210 P = 240

Estágio Supervisionado II 180 Estágio Supervisionado III 30 T +210 P = 240

Estatística 30 Estatística computacional aplicada ao Serviço Social

60

Ética Profissional em Serviço Social I 60 Ética e Serviço Social I 60 Ética Profissional em Serviço Social II

60 Ética e Serviço Social II 30

Formação Soc., Econ. Pol. do Brasil I 60 Sem equivalência .......... Formação Soc., Econ.Pol. do Brasil II 60 Formação Sócio-Hist. do Brasil 60 História do Serviço Social I

60 Fundamentos Hist. Teóricos e Me-todológicos do Serviço Social II

60

............................................................ ........ Introdução ao Diagnóstico Socioespacial

30

Instrumental de Atuação Serviço Social I

60

Estratégias e Técnicas em Serviço Social I

60

Instrumental de Atuação S. Social II 60 Estratégias e Técnica em Serviço Social II

60

Filosofia I 60 Filosofia I 60 Filosofia II 60 Filosofia II 60 Introdução ao Serviço Social 60 Fundamentos Hist., Teóricos Me-

todológicos do Serviço Social I 60

46

CURRÍCULO 1604 CH CURRÍCULO 1605 CH Teoria do Serviço Social I 60 Fundamentos Hist. Teóricos Me-

todológicos do Serviço Social IV 60

Teoria do Serviço Social II 60 Fundamentos III ........... Teoria do Serviço Social III 60 Sem equivalência ........... Teoria do Serviço Social IV 60 Subjetividade e Serviço Social 60 Metodologia do Serviço Social I Metodologia do Serviço Social II

60 60

Política Social II – Saúde Política Social IV – Saúde Mental

60 30

Metodologia do Serviço Social III

60

Política Social V – Criança e Adolescente

30

Metodologia do Serviço Social V 60 Política Social VII - Educação 30 Metodologia do Serviço Social VII 60 Política Social VI – Família 60 Metodologia do Serviço Social IV 60 Política Social VIII - Velhice 30 Metodologia do Serviço Social VI 60 Trabalho e Sociabilidade 60 Metodologia do Serviço Social VIII 60 Política Social III – Assistência

Social 60

...................................................... ..... Política Social I – Previdência Social

30

Orientação Trabalho Conclusão de Curso

60 Orientação Trabalho Conclusão de Curso

60

Pesquisa em Serviço Social 60 Pesquisa em Serviço Social 60 Oficina Pesquisa em Serviço Social I 60 Oficina de Pesq. em Serviço

Social I 60

Oficina Pesquisa em Serviço Social II

60 Oficina de Pesq. em Serviço Social II

60

Planejamento Social 60 Gestão Social I 60 Política Social 60 Política Social 60 Psicologia I 60 Sem equivalência Psicologia II 60 Psicologia 60 Recepção e Produção Textos Acadêmicos (Português Instrumental)

60 Oficina de Textos 60

Sociologia I 60 Sociologia I 60 Sociologia II 60 Sociologia II 60 História do Serviço Social II 60 Fundamentos Hist. Teóricos Me-

todológicos do Serviço Social III 60

Teoria Política 60 Teoria Política 60 .............................................................

........ Relações de Gênero, Étnicas e Serviço Social

60

............................................................ ........ Seminários I 30

............................................................ ........ Seminários II 30

........................................................... ......... Seminários III 30

.......................................................... ......... Seminários IV 30

......................................................... ......... Seminários V 30

......................................................... ......... Seminários VI 30

47

CURRÍCULO 1604 CH CURRÍCULO 1605 CH ........................................................ ........ Seminários VII 30 .......................................................... ........ Seminários VIII 30 ........................................................... ........ Tópicos Especiais I 30 ........................................................... ........ Tópicos Especiais I I 30 ...............................................................

........ Atividades Complementares de Graduação - ACG

120

TOTAL 3090 TOTAL 3 360

T – aulas teóricas

P – aulas práticas

48

10. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

O processo de implementação das diretrizes curriculares expressas no presente

Projeto exigirá um monitoramento permanente para sua viabilização oferecendo-lhe

sustentabilidade acadêmica e administrativa. Este processo deverá pautar-se na

compreensão de algumas premissas básicas:

horizontalidade/verticalidade expressa na necessária sintonia na relação

intradepartamental (integração de disciplinas e atividades de cada período e dos

períodos entre si); interdepartamental (entre departamentos que assumem disciplinas

afins); intra e interinstitucional (integração entre órgãos e instituições internas e

externas ao Curso de Serviço Social) ;

unidade de conjunto garantindo, a partir de uma visão de totalidade dos conteúdos, o

significado das particularidades das distintas disciplinas e atividades propostas;

complementariedade gradativa que possibilitará a incorporação sistemática e

progressiva de conhecimentos mais complexos necessários à formação profissional;

visão histórico-crítica sintonizada com a realidade social em permanente movimento,

matéria prima a ser trabalhada no cotidiano do fazer profissional;

construção de conhecimento/ação profissional estabelecendo-se uma interconexão

permanente e dinâmica entre saber/agir, dimensões indissociáveis na formação

profissional. (Battini, 2000).

Uma sensibilização dos diferentes segmentos, que compõem a unidade de ensino –

corpo administrativo, discente, docente e profissionais, - constitui elemento central para o

envolvimento com a proposta e sua responsabilidade coletiva de implementação buscando

formas concretas de acompanhamento e avaliação sistemáticas.

Para garantir que sejam alcançados os objetivos definidos, torna-se necessária a

criação de mecanismos sistemáticos de acompanhamento e avaliação da implantação deste

projeto. Caberá à Coordenação do curso articular, juntamente com o conjunto dos

professores e alunos, um programa sistemático de acompanhamento e avaliação da

implantação do projeto pedagógico, de forma a garantir:

que as atividades desenvolvidas favoreçam à construção do perfil de um profissional

competente e ético;

49

que a execução das disciplinas se dê em consonância com os princípios orientadores

deste projeto;

que sejam garantidas as condições institucionais, materiais e humanas para a efetiva

implantação deste projeto .

Sugere-se que semestralmente sejam realizadas reuniões, debates e consultas junto

aos agentes envolvidos no curso, para se avaliar, entre outros, os seguintes itens:

execução da organização curricular especialmente no que se refere ao conteúdo das

disciplinas, metodologia de ensino e avaliação de alunos;

adequação dos docentes às disciplinas;

participação e interesse dos alunos em atividades acadêmicas extra-curriculares:

projetos de pesquisa e extensão; eventos científicos, profissionais e outros;

condições infraestruturais de realização do curso;

acervo e acesso à biblioteca da PUC Minas e a outras bibliotecas disponibilizadas

através de recursos computacionais.

50

11. RECURSOS HUMANOS, CONDIÇÕES FÍSICAS E MATERIAIS

Três tipos de recursos constituem requisitos básicos para a qualidade do ensino

superior: corpo docente qualificado e comprometido, infraestrutura física adequada e

recursos didáticos pedagógicos atualizados, incluindo livros, periódicos e outros recursos

informacionais. Os quadros a seguir definem os recursos necessários à implantação do

projeto:

o quadro nº 1 discrimina os recursos materiais, físicos e humanos necessários para

implantação do novo currículo, de acordo com o cronograma de sua implantação. Tais

recursos referem-se aos que devem ser acrescentados aos já disponíveis, visando à

melhoria das condições atuais e à implantação de atividades inovadoras previstas no

projeto: Núcleos Temáticos de Pesquisa e Extensão - NTPE; Atividades de

Complementação da Graduação – ACG e Seminários;

o quadro nº 2 apresenta uma previsão de titulação do corpo docente atual.

No que se refere a recursos didáticos, constata-se a necessidade de uma ampliação e

atualização do acervo bibliográfico, incluindo recursos audiovisuais, para subsidiar as

atividades pedagógicas e científicas do curso.

51

Quadro 1

Cronograma de implantação/ recursos necessários

Unidades acadêmicas Belo Horizonte e Contagem

RECURSOS FISICOS/ FINALIDADE

RECURSOS MATERIAIS/ FINALIDADE

RECURSOS HUMANOS/ FINALIDADE

1ºsem/2003 2 salas pequenas implantação dos NTPE -

1 - C e 1 - BH.

2 salas pequenas atendimento de alunos

para as disciplinas de Oficina de Pesquisa em Serviço Social, Estágio Supervisionado e Trabalho de Conclusão de Curso - 1 - C e 1 - BH.

2 computadores implantação dos

NTPE - 1 - C e 1 - BH.

36 horas /semanais para 4 professores

implantação dos NTPE 18 - C e 18 - BH.

12 horas / semanais para 2 professores

estruturação e funcionamento das ACG e Seminários

-6 - C e 6 - BH.

18 horas/ semanais para professores

acompanhamento e avaliação do currículo - 9 - C e 9 - BH.

concessão de jetons

para professores aulistas

reuniões bimestrais para avaliação e acompanhamento do currículo.

2ºsem/2003 4 bolsas de monitoria implantação dos NTPE

- 2 – C; 2 – BH 1ºsem/2004 disponibilização de 1

auditório de porte médio projeção de filmes,

realização de palestras e atividades acadêmicas dos Seminários - BH

2 computadores ampliação dos NTPE -1-C; 1 - BH.

acesso aos laboratórios de informática para as disciplinas de Introdução do Diagnóstico Social e Estatística computacional aplicada ao Serviço Social - C e BH.

36 horas /semanais para 4 professores

ampliação dos NTPE - 18 – C e 18 – BH.

52

RECURSOS FISICOS/ FINALIDADE

RECURSOS MATERIAIS/ FINALIDADE

RECURSOS HUMANOS/ FINALIDADE

2ºsem/2004 2 salas pequenas ampliação dos NTPE - 1 - C e 1 - BH.

4 bolsas de monitoria ampliação dos NTPE -2 - C e 2 - BH.

1ºsem/2005 2ºsem/2005 4 bolsas de monitoria

ampliação dos NTPE - 2 - C e 2 - BH.

1ºsem/2006 2ºsem/2006

Legenda:

C – Núcleo Universitário de Contagem BH – Campus de Belo Horizonte

Quadro 2 Previsão de qualificação acadêmica do corpo docente

Titulação Situação atual Previsão: até 2º sem/2006 Doutorado 05 23,8% 08 38,9% Mestrado 11 52,4% 10 47,7% Especialista 05 23,8% 03 14,3% Total 21 100,0% 21 100,0%

Obs.: a previsão da titulação de professores tem como referência o corpo docente atual,

dado que as novas incorporações deverão ser efetivadas de acordo com o cronograma de

implantação, levando em conta as competências do corpo docente interno e dando-se

preferência a professores titulados.

53

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEPSS. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. Rio de Janeiro, novembro de 1996. (mimeo)

________. Relatório da Oficina Nacional para Implementação das Diretrizes

Curriculares. Brasília, junho de 2000. (mimeo) ABESS/CEDEPSS. Proposta básica para o Projeto de Formação Profissional. XXIX

Convenção da ABESS. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 50. p. 149-166, abr. 1996.

ÁLVARES, Andréa Gontijo et al. Contextualização do projeto Ético-Político da Profissão

de Serviço Social. In: Projeto Ética em Movimento. Belo Horizonte: CRESS – 6ª Região, 2001. (mimeo). 13 p.

BATTINI, Odária. Equipes didáticas por períodos: estratégia de formação profissional.

Temporalis – diretrizes curriculares: polêmicas e perspectivas. Brasília: ABEPSS, jul/dez 2000, v.1, n.2.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. COORDENAÇÃO DAS

COMISSÕES DE ESPECIALISTAS DE ENSINO SUPERIOR. COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL. Diretrizes curriculares: curso: Serviço Social. Brasília, DF, 1999.

FALCÃO FILHO, José Leão. A avaliação dos avaliadores. Revista Ensaio. v. 3, n.6, p. 73-

78. Rio de Janeiro: CESGRANRIO, jan./mar./1995. FAUSTO NETO, Ana Maria Q. et al. Modernidade e exclusão social: as mudanças no

perfil das clientelas do Serviço Social. Rio de Janeiro: UFRJ e Belo Horizonte: PUCMG,1998. (Relatório de pesquisa).

IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e

formação profissional. 2ed. São Paulo: Cortez, 1999, p. 75-81. LOBO NETO, Francisco José da Silveira. Ser professor: necessidade de formação

profissional específica. In: Formação/Ministério da Saúde. v. 2, n.4, 2002: Ministério da Saúde, 2002.

MILITÃO, M. N. S. A. e COSTA, M. C. M. G. L. Flexibilização Curricular. Escola de

Serviço Social. Belo Horizonte: PUC-MG, 1999. (mimeo) MIRANDA, Marília Gouvea. Novo Paradigma de Conhecimento e Políticas Educacionais

na América Latina. In: Cadernos de Pesquisa, n. 100. São Paulo, Cortez; Fundação Carlos Chagas, 1997.

54

NETTO, José Paulo. A construção do projeto ético-político do Serviço Social frente à crise contemporânea. In: Capacitação em serviço social e política social. Módulo 1: Crise Contemporânea, Questão Social e Serviço Social – Brasília: CEAD, 1999. p. 92-110.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS. Proposta Curricular do

Curso de Serviço Social. Faculdade de Serviço Social. Campinas, junho de 2000. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. IAMAMOTO. M. V.

Relatório de Consultoria. Escola de Serviço Social. Belo Horizonte: PUC-MG, janeiro de 1998. (mimeo)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO. Currículo do Curso de

Serviço Social. Faculdade de Serviço Social. São Paulo: PUC-SP, julho de 1996. (mimeo)

PUCMINAS. Projeto político-pedagógico. Belo Horizonte, Pontifícia Universidade

Católica de MG, maio de 1998. Texto base para discussão interna. SILVA, T. T. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo

Horizonte: Autêntica, 1999. TEMPORALIS 1. Reforma do Ensino Superior e Serviço Social. Ano 1, n.1, jan. a junho.

Brasília: ABEPSS, Valci, 2000. 182 p. TEMPORALIS 2. Diretrizes curriculares: polêmicas e perspectivas. Ano 1, n. 2 – jul. a

dez. Brasília: ABEPSS, Valci, 2000. 219 p. TEMPORALIS 3. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2, ,

n. 3 – jan. a jul. Brasília: ABEPSS, Grafline, 2001. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GÓIAS. Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço

Social – Nova Proposta Curricular. Goiânia: UCG/SER, 1999. (mimeo) UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Política de Prática Acadêmica: uma

proposta da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG. In: IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 1998. p. 251-302.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Escola de Serviço Social. Currículo do

Curso de Graduação em Serviço Social. Niterói: EdUFF,2000. VEIGA, I. P. A Projeto Político-Pedagógico da Escola: uma construção coletiva. 6 ed.

Campinas: Papirus, 1998.

13. ANEXOS

13.1 Política de Estágio

13.2 Parecer do Conselho de Ensino e Pesquisa

13.3 Parecer da Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional

13.4 Resolução Nº. 14/2002 de 27 de setembro de 2002

13.5 Lei nº 8.662/93. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social

13.6 Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais

13.7 Diretrizes Curriculares do Curso de Serviço Social

13.8 Atas dos outros departamentos