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MÍDIA ALTERNATIVA E ESPAÇO PÚBLICO NO BRASIL, ARGENTINA, COLOMBIA E
EQUADOR
Dennis de Oliveira (Escola de Comunicações e Artes – USP)
Projeto de pesquisa apresentado para o CNPq –
Ciências Sociais Aplicadas
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Resumo: Este projeto pretende fazer um estudo de do potencial de experiências de mídias alternativas em países da América Latina – Brasil, Argentina, Colômbia e Equador. Para a promoção da diversidade cultural. Para isso, faremos uma análise das matérias veiculadas em periódicos do Brasil, Argentina e Colômbia para verificar as fontes utilizadas na construção das matérias da área de cultura, as modalidades de expressão cultural mais citadas e de que forma as reflexões sobre estas se aproximam dentro de uma perspectiva de construção de um diálogo intercultural nos moldes apontados pelo relatório da diversidade cultural da Unesco. Palavras-chave: mídia alternativa – jornalismo e cultura – jornalismo na América Latina
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1. Introdução
Este projeto pretende analisar a cobertura cultural em periódicos impressos
alternativos em países da América Latina. Escolhemos o continente latino-americano
tendo em vista que esta região busca um espaço diferenciado no cenário global. Vários
países passam por processos de refundação dos seus sistemas sócio-políticos; há um
rearranjo no cenário geopolítico internacional e, depois de um período de vigência do
discurso único neoliberal, cresce a busca por alternativas sociais.
Nesta discussão de busca de alternativas sociais, cresce o debate sobre o
papel da mídia e de política de comunicações, tentando-se construir um sentido de
“público” para o campo da comunicação que se coloque de forma eqüidistante de uma
perspecitva estatizante ou privatizante. Este debate ganha corpo na conjuntura
brasileira logo após a realização da I Conferência Nacional de Comunicação no final de
2009, com a proposta do governo venezuelano de construir uma emissora de televisão
regional – a Telesur – e com as políticas de intervenção governamental no espaço
midiático controlado por grupos tradicionais como no Equador, Bolívia e Venezuela.
A América Latina é produto de processos de violência. Violência perpetrada
pela colonização, pelo histórico de governos despóticos, pelo tratamento aos
movimentos sociais, pela desigualdade social, pelo lugar subalterno na economia
mundial e pelas violências étnicas.Anibal Quijano afirma que “a produção histórica da
América Latina começa com a destruição de todo um mundo histórico, provavelmente
a maior destruição sociocultural e demográfica da história que chegou ao nosso
conhecimento” (2005: p. 16). Quijano refere-se a destruição das civilizações dos povos
originários da América, porém agregamos a isso a destruição também das civilizações
africanas com o advento da transplantação forçada e da escravização dos povos
daquele continente.
O processo de violência que constitui o que conhecemos hoje como América
Latina ocorreu em quatro processos: a-) desintegração dos padrões de poder e de
civilização de experiências avançadas da humanidade; b-) genocídio físico destas
populações; c-) eliminação deliberada dos mais importantes líderes destas
experiências; d-) estabelecimento de processos de repressão material e continuada
dos sobreviventes de forma a impedir a constituição de subjetividades alternativas.
(Quijano, 2005)
Diante disso, os conflitos étnicos se transformaram no motor principal da
dialética poder/resistência nestas sociedades e a arena política passa a ser
contaminada pelas dinâmicas de negociação e conflito das demandas sócio-culturais.
Esta dinâmica recrudesce mais nos momentos recentes quando emerge categorias
novas para a dimensão política não associadas diretamente às categorias clássicas do
contrato social liberal. Segundo Martin Hopenhayn,
“a cidadania se enfrenta cada vez mais com a questão da afirmação da
diferença e promoção da diversidade. Campos de auto-afirmação cultural que
antes eram de competência exclusiva das negociações privadas e auto-
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referências dos sujeitos coletivos, hoje passam a ser da competência da
sociedade civil, da conversação dirigida para fora e do devir político e devir
público das reivindicações associadas.” (2002: p. 7)
Esta mudança do terreno da cidadania ocorre em um momento de nova
reconfiguração do capitalismo em escala global, na qual há uma nítida redução do espaço do
trabalho como locus de expressão pública das classes subalternizadas. O novo modelo de
produção e consumo capitalista prescinde do trabalho – dados apresentados pelo pensador
Manuel Castells apontam que entre 1970 e 1992 a economia japonesa cresceu 173% e o
emprego apenas 25%, situação semelhante a alguns países da América Latina em que não há
uma correspondência direta entre o crescimento econômico e o aumento de oportunidades de
trabalho.
Para Quijano, a experiência histórica da América Latina produz um novo padrão de
poder baseado na eleição da categoria raça e etnia como mecanismos legitimadores das
assimetrias sociais. O impacto ideológico do racismo como ideologia estruturante do poder
reside no fato dela naturalizar as relações sociais assimétricas (“a idéia de que os dominados
são o que são não como vítimas de um conflito de poder mas sim enquanto inferiores em sua
natureza material e, por isto, em sua capacidade de produção histórico-cultural” (p. 17))
colocando como práticas de exercício do poder mecanismos de destruição das subjetividades
constituídas dentro dos marcos destas experiências culturais.
Assim, a dinâmica poder/resistência, originalmente colocada dentro da perspectiva
etno-cultural como mecanismo de intensificação da exploração do trabalho (seja ele no
modelo escravagista ou no assalariamento capitalista), emerge como um conflito que coloca
para os Estados nacionais latino-americanos o desafio de constituição de contratos sociais que
abarquem as múltiplas possibilidades de afirmação das diferenças.
A temática da integração da América Latina volta aos debates públicos. Em parte,
essa motivação ocorre em função da busca de um mundo globalizado multipolar, tendo em
vista a percepção das insuficiências de uma mundialização controlada por uma única
superpotência. Entretanto, o que mais força este retorno da temática da integração latino-
americana é a emergência do conflito das diferenças culturais – chamadas por alguns de
multiculturalismo e por outros de interculturalismo. Entendemos que essa emergência pode
ser explicada pelos seguintes motivos:
a-) Os fluxos migratórios intensificaram, particularmente em direção à Europa e
Estados Unidos. Estima-se que chega a 11 milhões o número de imigrantes ilegais nos
Estados Unidos, segundo estudos divulgados em 12 de março de 2009 pelo Centro
Hispano Pew, sendo que 57% são mexicanos. Outro relatório, divulgado pela
Federação pela Reforma da Imigração Americana (Fair) mostra que entre 2000 e 2002,
a imigração líquida (descontado o número de norte-americanos que emigraram) foi de
1,4 milhão de pessoas por ano – se essa tendência perdurar, o número de imigrantes
que hoje representa quase 8% da população dos EUA chegará a 14% em 2010.
b-) O contato forçado com a diversidade põe em cheque a possibilidade das esferas
públicas clássicas existentes nestes países de conviver com a diversidade, a medida
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que sujeitos formados em tradições civilizatórias distintas reivindicam espaços iguais
(portanto, públicos) para expressar suas diferenças.
c-) A circulação mais intensa de informações por meio das redes telemáticas aproxima
universos culturais distintos no espaço virtual e criam no sujeito uma idéia mais caótica
de universo.
d-) A dificuldade da cultura hegemônica centrada no sujeito renascentista,
eurocêntrico e racional em resolver os grandes dilemas contemporâneos da
humanidade, como o problema ambiental, a concentração brutal de riquezas, a
miserabilidade, entre outros.
Estes cenários acontecem dentro de uma situação de grande concentração das
indústrias de bens simbólicos. Atualmente, seis grandes grupos oligopolistas controlam a
produção e o fluxo de bens simbólicos em todo o mundo, todos eles situados nos EUA e
Europa. Dentro dessa concentração de produção simbólica, órgãos multilaterais como a
Unesco aprovam declaração de que a diversidade é um direito fundamental, na esteira da
transfiguração dos direitos humanos em DESCs (Direitos Econômicos, Sociais e Culturais).
Assim, um cenário de percepção maior da diversidade, normatizada em uma declaração
multilateral, ocorre dentro de uma situação de concentração brutal de capital e de produção
de bens simbólicos.
Sendo assim, se há uma tentativa de reconstrução da estrutura formal de poder em
alguns países da América Latina e mesmo uma recolocação da região no espaço geopolítico
internacional, qual é a perspectiva de construção de uma esfera pública cultural em que a
diversidade cultural expressa pela multiplicidade étnica presente no cenário latino-americano
possa efetivamente expressar-se culturalmente?
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2 – Hipótese
A nossa hipótese central é que as experiências midiáticas que estejam fora da esfera
da rede hegemônica da indústria cultural globalizada e que estejam alinhados com a
perspectiva de construção de uma nova esfera pública na América Latina reúnem potenciais
para a promoção da diversidade cultural nos moldes propostos pela convenção da diversidade
cultural da Unesco. Isto porque o entrave à promoção da diversidade cultural reside nos
seguintes aspectos estruturais:
a-) Na América Latina, diversidade cultural passa pelo emponderamento de grupos sociais
historicamente excluídos pelas várias formas de colonização e subordinação das nações do
continente, como povos originários (indígenas) e afrodescendentes bem como suas expressões
simbólicas;
b-) A promoção da diversidade implica em uma autonomia perante aos interesses dos grandes
conglomerados globais de produção da cultura, o que só pode ser realizado por mídias
alternativas;
c-) Por outro lado, o fato das experiências de mídia alternativa terem um componente de
enfrentamento político-ideológico pode levar a uma perspectiva de instrumentalização
político-ideológica da expressão artístico-cultural, isto é, determinadas ações artísticas e
culturais serem valorizadas ou desvalorizadas em função de uma avaliação ideológica da
mesma – desta forma, tem-se uma troca da componente de validação da esfera mercantil,
típica da indústria cultural, para a da esfera ideológica, típico de uma idéia de “arte engajada”.
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3 – Marcos teóricos – conceituando cultura popular e mídia alternativa
García Canclini (1988) afirma que é necessário reconceituar as culturas populares no
contexto chamado da globalização. Ele critica as conceituações folcloristas e ideológicas de
culturas populares presentes principalmente nos anos 60 do século passado, principalmente
aquelas vinculadas a um projeto de resistência a um “imperialismo cultural”. O autor argentino
defende a necessidade de se trabalhar com a conceituação da teoria social de reprodução, em
que a cultura é vista como um espaço de reprodução das condições sociais de produção e
distribuição dos bens materiais e simbólicos, afastando dos reducionismos políticos e
antropológicos.
Já Martin Barbero (1984) produz o texto “Desafios para a pesquisa em comunicação na
América Latina” em que defende o afastamento do que ele chama de um certo “funcionalismo
de esquerda” que partiria do pressuposto de que a função única dos meios de comunicação
seria disseminar uma ideologia dominante. No caso da teoria da dependência cultural, a
tradição das pesquisas em comunicação na América Latina nos anos 80 era a de buscar
elementos que comprovariam que a função dos meios de comunicação de massa era
estabelecer uma forma de imperialismo cultural, valorizando formatações estrangeiras em
detrimento de experiências nacionais e populares.
Para García Canclini (1988), o momento atual que ele chama de transnacionalização da
cultura pode ser definido como um processo de rearticulação da cultura hegemônica que não
está, necessariamente, vinculada a um projeto cultural-político de um país mas sim de uma
nova reconfiguração do modo de produção capitalista. Quando García Canclini estabelece esta
definição teórico-conceitual, o que fica claro é que o modo de produção capitalista estabelece
novas estratégias de exercício da hegemonia, entendida esta como capacidade de construção
de consensos sociais, o que, por sua vez, força novas formatações do que se chama de cultura
popular (como produto da desigualdade da produção e acesso aos bens matérias e simbólicos,
portanto da estrutura da produção sócio-cultural) e das possibilidades de construção das
culturas alternativas.
Esta discussão de García Canclini é a base teórica para a construção do conceito de
mediações presente na obra de Barbero (1997) e de culturas híbridas, do próprio Garcia
Canclini (2006). Há, assim, um deslocamento do eixo teórico-metodológico dos pólos até então
vistos como antitéticos de emissor e receptor das mensagens para a categoria da mediação em
que se pressupõe uma dimensão negocial de construção de sentidos na qual as dimensões
sócio-culturais atuam.
Um elemento destacado por García Canclini que justifica, para ele, a necessidade desta
revisão conceitual é o fato da maioria dos países da América Latina terem passado, no final dos
anos 80 do século passado, por uma democratização das suas estruturas institucionais de
poder. Com isso, necessariamente, há uma reconstrução de espaços públicos nos quais as
expressões das culturas populares começam a ter certa visibilidade. As nações que começam a
vivenciar experiências de democratização neste período são muito diferentes das que
vivenciaram experiências semelhantes nos anos 60. Daí que, como condição objetiva, as
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culturas populares aparecem como elemento fundamental na reconstrução das sociedades
civis do continente.
Com base nestas conceituações, alguns produtos das indústrias culturais latino-
americanas começam a ser discutidas sob uma outra ótica. Um dos produtos mais destacados
disto é a telenovela.
A chamada corrente da pesquisa de recepção que parte do pressuposto deste espaço
negocial de sentidos entre emissor e receptor percebe a novela não apenas como um produto
construído para disseminar a ideologia dominante mas principalmente para construir um
consenso a partir de demandas estabelecidas pela perspectiva construída pelas culturas
populares, como por exemplo, as demandas de segmentos populares recém-migrados para
centros urbanos, a reconstrução de elementos míticos da religiosidade popular e até mesmo a
construção de um sentido de que a telenovela é um produto de informação comportamental
necessário para a vivência moderna nos grandes centros. (García Canclini, 2006). Os estudos
de Lopes (2008) relativos a telenovela como produto resultante de singularidades culturais
latino-americanas. Mello et all (2008) e Mello (2009) sobre a constituição de uma
singularidade no pensamento comunicacional latino-americano aprofundam esta questão e
apontam para perspectivas novas para a pesquisa em comunicação midiática no continente.
Destaque-se para a constituição da Cátedra Unesco para o Desenvolvimento Regional , sediada
na Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, que tem propiciado o
aprofundamento das questões referentes a comunicação no continente.
Porém, esse processo é complexo. Paralelamente à capacidade das mídias
hegemônicas de construir o consenso, os conflitos de sentidos permanecem e são expressos
com mais intensidade à medida que os espaços de livre expressão são construídos e também
que os sistemas democráticos não conseguem atender as demandas sociais, gerando o que
Muniz Sodré chama de “hegemonia precária” (Sodré e Paiva:2004). Aliado a isto a
consolidação das novas tecnologias de informação e comunicação possibilitam o surgimento
de experiências midiáticas alternativas, deslocando o debate de esfera pública para uma
dimensão midiática.
Para John Downing (2002 ), o que ele chama de mídias radicais é, entre outras coisas,
uma forma de expressão da cultura contra-hegemônica. Muniz Sodré chama de minorias
aqueles que não têm e reivindicam voz no espaço público (Sodré e Paiva:2004). Diante disto,
temos que a maior visibilidade das culturas populares vislumbrada por García Canclini com a
democratização das sociedades latino-americanas gera uma situação favorável para a
disseminação de mídias alternativas na América Latina.
Quando observa-se as particularidades da constituição do sistema capitalista na
América Latina, em particular no Brasil, nota-se que ele foi construído a partir de um processo
de colonização (que implica, necessariamente, em uma imposição de uma lógica societária-
cultural), pela superexploração da mão de obra (escravização de indígenas na América
Hispânica e de africanos no Brasil e no Caribe) – que implica em negação da condição humana
para estes povos e na transplantação forçada de uma organização social gestada em contextos
distintos daqui. O choque de culturas nesta experiência histórica de colonização gerou tanto
mecanismos de genocídio como também de tolerância opressiva, conforme afirma Darcy
Ribeiro: tolerar a existência do outro para poder reinar sobre seus corpos e almas.
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Normalmente quando se aborda o problema da globalização, sempre se ressalta o
desenvolvimento extraordinário das tecnologias de informação e comunicação – as chamadas
TICs – que, como novidade, combinaram a transmissão de informações ponto a ponto da
telefonia com a ponto-massa dos meios massivos. Diante disto, forma-se o que Manuel
Castells chama de “sociedade em rede” que pode ser caracterizada da seguinte forma:
"Esta configuração topológica, a rede, agora pode materializar-se em todo tipo
de processos e organizações mediante tecnologias de informação de recente
disposição. Sem elas, seria demasiado embaraçoso por em prática a lógica de
interconexão. Não obstante, esta é necessária para estruturar o não estruturado
enquanto se preserva sua flexibilidade, já que o não estruturado é a força impulsora
da inovação na atividade humana". (CASTELLS, 1999: p. 88)
Castells em outro texto, ainda afirma que os movimentos sociais apropriam-se da rede
internet em função primeiramente, de uma crise das organizações tradicionalmente
estruturadas, em segundo em função dos movimentos sociais desenvolverem-se, na
atualidade, em torno de códigos culturais de valores; e terceiro, que o poder funciona em
redes globais o que coloca como demanda para os movimentos sociais a resistência local ao
global e isto é possível com a interação via a rede. (CASTELLS in: MORAES, 2003: pp. 277-78).
De León et all (2001), apropriando-se do conceito de Castells propõe um elenco de
características para o que ele denomina de “redes sociais”, isto é, a organização dos
movimentos sociais via a topologia da rede:
Redes sociais
Atributos Características
Flexibilidade Tecidas por atores que as constituem Construção - desconstrução permanentes
Horizontalidade Descentralizadas, sem hierarquia
Interconexão Fluxos multidirecionais de informação
Articulação Possibilitam ações coletivas
Multiplicação Potencializam forças isoladas e dispersas
Intercâmbio Fundamentam-se em valores compartilhados
Um outro aspecto a ser considerado é que as novas tecnologias possibilitaram,
também, a formação de um “mundo conectado” na expressão do pensador cubano Enrique
Manet, em que grandes corporações da produção cultural controlam os fluxos de informação e
de transmissão de bens simbólicos. Em um contexto em que a diversidade cultural se
transforma em direito humano por conta de convenções das Nações Unidas e que esta
diversidade torna-se perceptível a olho nu com a intensificação dos fluxos migratórios por
conta das características do atual estágio de produção conforme tratou-se no item 2.1, a
estrutura de produção de bens simbólicos se concentra em níveis alarmantes.
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Atualmente, seis grandes corporações – AOL-Time-Warner, Vivendi-Universal, Viacom,
Bertelsman, News Corp, Disney – controlam o mercado cultural em nível global dominando a
produção e distribuição de bens simbólicos (jornalismo, indústria fonográfica, cinematográfica,
editorial, entretenimento, internet, entre outros) de forma direta ou por meio de subsidiárias
nos países ou ainda fazendo acordos e joint-ventures com empresas locais. Em termos de
mercado cultural, a diversidade passa por este filtro.
É importante resgatar a polêmica de como enfrentar a diversidade cultural
estabelecida logo após a queda dos regimes do Leste Europeu entre Francis Fukuyama e
Samuel Huttington. Fukuyama, em obra conhecida, concebida no Departamento de Estado do
governo Reagan, proclamou o “fim da história” com a vitória do capitalismo na Guerra Fria – o
fim do combate geopolítico e ideológico significava o fim da era de conflitos e, portanto, da
história enquanto processo de confrontações, caminhando para uma dimensão de
gerenciamento de estruturas já estabelecidas e inquestionáveis.
Mesmo no campo conservador, houve contestações. Entre elas, a de Samuel
Huttington. Em 1993, Huttington publicou o texto The Clash of Civilizations? (O Choque das
civilizações). Para Huttington, a derrota do bloco soviético significava tão somente o fim dos
antagonismos no campo ideológico capitalismo/comunismo, mas emergia um outro tipo de
conflito porque:
“a fonte fundamental dos conflitos não é primordialmente ideológica ou
primordialmente econômica. As grandes divisões entre as espécies humanas e a fonte
dominante dos conflitos serão culturais (...) O choque das civilizações dominará a
política global” (HUTTINGTON, 1993: p. 22)
Para Huttington, civilizações são grandes agrupamentos humanos construídos a partir
de algumas referências escolhidas por ele para classificá-las. No fim, o que Huttington
estabelece como grande conflito é entre Ocidente e o resto. Por Ocidente, Huttington
enumera a experiência societária constituída nos valores clássicos do liberalismo:
“individualismo, liberalismo, constitucionalismo, direitos humanos, igualdade, liberdade, as
regras da lei, democracia e mercados livres” e o resto constitue de todos os agrupamentos
sociais que resistem a implementação plena destes valores. Em outras palavras, Huttington
constrói um tipo de “fundamentalismo ocidental” em que se baseia um novo processo
civilizatório, para o qual ele não descarta a possibilidade de conflitos bélicos.
Fukuyama, em 1995, lança outra obra em que revisita estas preocupações de
Huttington quanto ao “perigo da diversidade cultural” para mostrar que justamente a
economia de mercado pode ser o terreno em que estas diferenças podem ser mediadas.
Conforme afirma Perry Anderson (1997),
“Fukuyama argumenta que é precisamente o triunfo universal do capitalismo
democrático-liberal, enquanto matriz institucional, que vem em socorro das diferenças
culturais que constituem as fontes residuais das significativas variações hoje existentes
entre as sociedades”. (p. 29)
Mais adiante, temos que:
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“Uma vez que a guerra parece improvável entre os países industriais
avançados que compartilham princípios democráticos comuns, o campo do conflito
internacional deslocou-se para a competição econômica. É aqui que a cultura,
entendida como hábitos éticos herdados, específicos de uma nação, mais do que de
uma região ou de qualquer outra unidade mais ampla, torna-se crítica. Porque é a
cultura de uma sociedade que estabelece os padrões de sua organização industrial e o
nível de confiança manifestado em suas transações econômicas – que ele chama de seu
“capital social”, e é isso, por sua vez, que determina a sua eficiência e capacidade
competitiva.” (ANDERSON, 1997: p.29)
Esta transfiguração da diversidade cultural para a esfera de mercado é fruto da
colonização da esfera política pela esfera econômica, dentro do que Otávio Ianni chama de
“metamorfose silenciosa de cidadão em consumidor, esfera pública em mercado e ideologia
em mercadoria”, processo operado pelo que o sociólogo brasileiro chama de ação do príncipe
eletrônico, a mídia.
Esta é a resolução no plano conservador da contradição existente entre a emergência
da diversidade e a concentração do poder global – a capacidade das estruturas hegemônicas
em se flexibilizar o suficiente para incorporar estas diferenças e ressemantizá-las a ponto das
mesmas servirem como potenciais para a ampliação do próprio poder das culturas
hegemônicas.
Destaque-se que esta operação hegemônica é conduzida, principalmente, pelas
indústrias midiáticas à medida que operam esta transfiguração da esfera política para a
econômica, conforme afirma Ianni. No plano mais amplo, as grandes corporações
transnacionais constroem estratégias para potencializar as diferenças a seu favor, observando
dentro das manifestações culturais possibilidades de construção de produtos lucrativos. Esta
reconstrução implica, necessariamente, em uma ressemantização da diversidade de forma a
potencializá-la como produto globalmente vendável.
“Pode acontecer que formas de música como o calipso, a salsa, o reggae, o Raí,
o jujú ou a highlife sejam internacionalizados por m processo de reetnização ou
hibridismo. O sabor local está lá, nas as estruturas musicais básicas, estérica e de
ambiente refletem o repertório internacional. Esse segmento de mercado tem sido
chamado de ‘world music’ ou às vezes, de música ethno, ethno-pop, ethno-rock ou
world-beat.” (SMIERS, 2006: p. 48)
De qualquer forma, apesar do esforço da ideologia hegemônica em resolver esta
contradição desta forma, é evidente que os danos sociais crescentes por este modelo de
produção não são evitáveis. Mais: as estruturas políticas clássicas do contrato social liberal
mostram-se impotentes para apresentar soluções, gerando uma crise sem precedentes neste
modelo. Em alguns momentos, o discurso hegemônico resvala-se para uma postura
extremamente autoritária, até mesmo “anti-iluminista”, questionando até mesmo as
estruturas democráticas. Um caso ilustrador disto foi o apoio explícito ao golpe de Estado na
Venezuela em ... por parte dos grandes meios de comunicação venezuelanos e com um certo
apoio discreto – até mesmo permeado por um certo mal-estar – pela indústria midiática
brasileira. As transformações em algumas sociedades latino-americanas operadas por
mecanismos típicos da democracia ocidental como eleições, referendos, Constituintes, entre
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outros, retira o discurso da defesa da liberdade dos “liberais”, restando aos mais radicais
destes a condenação com base em preconceitos e racismos declarados.
A ação reativa a este processo ocorre por dois fluxos. Primeiro, no sentido dado por
Castells no uso da rede pelos movimentos sociais, na afirmação da diferença dos códigos
culturais próprios e, segundo, buscando reposicionar esta diferença em um lugar não mediado
pela economia de mercado e sim pela construção de uma esfera pública que contemple a
diversidade, que podemos tratar como não apenas como um resgate da utopia, mas a sua
própria reconstrução em outras bases.
A nova cidadania latino-americana se articula com a dimensão do interculturalismo, da
formação de novos sujeitos coletivos, da unidade como região e diversidade como
particularidade da mesma. Assim, demandas de grupos sociais não necessariamente
vinculadas a reivindicações de classes sociais no sentido clássico, também são expressões de
busca da cidadania e reconstrução de um novo pacto social.
O campo do discurso midiático alternativo vai se formar tanto a partir da abertura de
espaços para a expressão destas vozes de grupos subalternizados, questionando políticas de
caráter universal que não levam em conta particularidades destes grupos (dimensão local),
como também pela crítica ao lugar subalternizado que a região ocupa no cenário global,
buscando um novo ordenamento internacional (dimensão global).
O discurso alternativo tem tanto um caráter comunitarista, localista como também
expressa uma postura de ideologia contra-hegemônica. O alternativo move-se entre rebeldia,
negociação e ruptura de acordo com situações específicas e também a natureza do veículo de
comunicação alternativo.
Além do aspecto do conteúdo, consideramos também que o processo de produção da
mídia alternativa tem características próprias e, para tanto, utilizaremos as conceituações de
Chris Atton (2001) sobre mídia alternativa em que ele considera que o caráter alternativo está
na forma de produção e distribuição, pois estas indicam também formas de relacionamento
profissional e de relação com o público fora de uma concepção mercantil e que busca, na
práxis, a formação de uma esfera pública alternativa principalmente na concepção de novos
sujeitos.
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5 – Objetivos gerais e específicos
5.1 – Objetivo geral
Contribuir para a construção de uma teoria e uma metodologia de análise das mídias
alternativas no cenário latino-americano, a partir da consideração da necessidade de
reconstrução do projeto da esfera pública, tendo em vista a crise do seu modelo tradicional
construído na experiência do liberalismo e as particularidades da formação das nações do
continente. Esta teoria e metodologia se fundamentam tanto na percepção das insuficiências
dos modelos liberais em incluir a maioria da população destes países no sistema de bem estar
social, o que contribui para que os projetos democráticos sejam vistos como meras
formalidades institucionais, como também nas experiências de novas sociabilidades
construídas pelas agendas alternativas que as mídias alternativas propõem para a discussão
pública. Tendo como pano de fundo o materialismo dialético e histórico, o objetivo deste
projeto é verificar os limites e possibilidades destas experiências no atual contexto sócio-
histórico da América Latina.
5.2 – Objetivos específicos
5.2.1 – Contribuir para a constituição de um observatório das mídias alternativas no
continente latino-americano, socializando dados por meios eletrônicos, potencializando o
alcance destas experiências.
5.2.2 – Contribuir para a produção de um banco de dados com informações a respeito
das mídias alternativas analisadas para estudos posteriores.
5.2.3 – Contribuir para que se estabeleça um fluxo permanente de contato entre
operadores destas mídias no âmbito do continente latino-americano.
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6 – Metodologia e procedimentos metodológicos
A metodologia a ser empregada neste projeto segue os princípios do materialismo
dialético, conforme definido por Marx, na Contribuição á crítica da economia política:
O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações e, por
isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como
resultado, e não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida, e,
portanto, também, o ponto de partida da intuição e da representação. No primeiro
caso, a representação plena é volatilizada numa determinação abstrata; no segundo
caso, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto pela via do
pensamento.” (MARX, 1987: p. 201 )
O que chamamos de “discurso midiático alternativo” está vinculado primeiramente a
idéia de que existe uma diversidade de experiências midiáticas que não se conformam com a
ação hegemônica de colonização da esfera pública pela esfera da economia de mercado e que,
portanto, busca a construção de novos sujeitos. Esta busca de construção de novos sujeitos
tem um ponto de encontro com as reivindicações dos grupos subalternizados, colocados à
margem do modelo neoliberal.
No caso particular da diversidade cultural, entendemos que as mídias alternativas tem
um potencial para a publicização de novos atores no cenário cultural.
Diante da grande profusão de experiências de mídia alternativa e tendo em vista a
facilidade de armazenamento, selecionaremos para fins de documentação e análise deste
projeto os seguintes periódicos: Brasil de Fato (Brasil), Cambio (Colômbia), America Latina in
Movimento (Equador), Página 12 (Argentina) no período de seis meses.
A escolha destes veículos deve-se a sua consolidação junto aos seus respectivos
públicos e também por estarem sediados em nações latino-americanas que passam por
processos internos de discussão a respeito das estratégias geopolíticas de integração
continental.
Será feito uma análise utilizando a quantificação de Unidades Informativas (UIs)
referentes a área de cultura em relação ao total de espaço do periódico, além do que uma
análise dos “filtros” de construção das notícias nos moldes utilizados por Noam Chomsky e
Edward Hermann. Os pensadores norte-americanos defendem a idéia de que as notícias são
reconstruções dos fatos em função da atuação dos chamados “filtros”, os quais eles listam:
porte e propriedade dos meios de comunicação de massa, fontes, propaganda, baterias de
reação (“flak”) e filtro ideológico (chamado por Hermann e Chomsky de “anticomunismo”).
Para efeitos desta análise utilizaremos o filtro das fontes (a natureza das fontes
utilizadas nas matérias sobre cultura) e o filtro ideológico (no caso, a caracterização ideológica
dos eventos culturais ou mesmo a utilização eventual do mesmo na crítica cultural). Os dois
filtros escolhidos serão para colocar em questão a hipótese levantada sobre as potencialidades
de novos emponderamentos de sujeitos culturais e, ao mesmo tempo, se há critérios de
validação meramente político-ideológicos na escolha dos mesmos.
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Também serão levados em conta nesta análise a hierarquização das matérias com base
em espaço dado e destaques nas edições, perfil dos articulistas mais presentes nos veículos.
Além do monitoramento – que terá o objetivo de avaliar o caráter alternativo dos
conteúdos veiculados , serão observados os dados institucionais das publicações e também
serão feitas entrevistas com os editores e/ou responsáveis por estes veículos alternativos para
avaliar o caráter alterativo da práxis jornalística. Assim, os tópicos que serão abordados nas
entrevistas com os responsáveis pelos veículos abordará:
Histórico da publicação
Objetivos da publicação
Sistema de produção e distribuição
Vínculo com movimentos sociais e outros lugares
Perspectivas de construção de redes e lugares de discussão pública
com referências alternativas.
Neste sentido, a metodologia proposta se fundamenta nos princípios do método
materialista dialético ao considerar que tais experiências são produtos de contradições
histórico-sociais e, neste sentido, expressam não somente a vontade dos seus proponentes
mas também elementos da própria ideologia hegemônica, a medida que tanto os proponentes
como o próprio contexto onde tais experiências estão inseridas são mediados por estas
estruturas ideológicas. Em outras palavras, as experiências alternativas midiáticas tanto
refletem como confrontam as ideologias hegemônicas e é justamente este processo de
confrontação/negociação que este estudo pretende captar. Daí as estratégias metodológicas
de avaliação do conteúdo e também as entrevistas com os seus proponentes serem
fundamentais para fornecerem os elementos para tanto.
7. Resultados esperados
Espera-se com esta pesquisa, primeiramente, dar início à formação de um
observatório latino-americano de mídias alternativas – um projeto que será desenvolvido
junto com outros grupos de pesquisa da Escola de Comunicações e Artes da USP – e que
servirá para a realização de outras pesquisas. Além disso, pretende-se socializar os resultados
desta pesquisa junto aos órgãos de mídia alternativa pesquisados e outros, visando contribuir
para o fortalecimento deste tipo de experiência e também estabelecer pontes de contato com
estes veículos.
Este estudo também pretende consolidar uma linha de pesquisa no âmbito da Escola
de Comunicações e Artes da USP, bem como no campo das ciências da comunicação de modo
mais geral, que trate das mídias alternativas como elementos de construção de esferas
públicas alternativas. Esta discussão é de fundamental importância, a medida que cresce, nos
meios acadêmicos, o papel do jornalismo na construção da esfera pública. Pretende-se, ainda,
15
que esta discussão contamine a dimensão do ensino, uma vez que um dos pesquisadores
deste projeto é professor do curso de graduação em Jornalismo na ECA/USP, onde ministra
disciplinas voltadas à reflexão e à prática de jornalismo comunitário, popular e alternativo.
16
8. Cronograma do projeto
Etapas do projeto
Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Leitura e estudo
da bibliografia
selecionada
Levantamento dos
dados do material
que comporá o
“corpus” da
pesquisa
Monitoramento
das publicações a
serem analisadas
Elaboração dos
instrumentais
metodológicos de
análise do
material
Primeira aplicação
dos instrumentais
no material
Discussão dos
resultados
preliminares
Re-elaboração dos
instrumentais
Produção do
relatório parcial
Alimentação do
site com os
resultados parciais
Aplicação dos
instrumentais no
material impresso
Contato com os
responsáveis pelas
publicações
Elaboração dos
instrumentais de
17
pesquisa a serem
aplicados junto
aos responsáveis
pelas públicações
Entrevistas com os
responsáveis das
publicações do
Brasil
Entrevistas com os
responsáveis das
publicações da
Argentina
Entrevistas com os
responsáveis das
publicações do
Equador
Entrevistas com os
responsáveis das
publicações da
Colômbia
Transcrição do
material das
entrevistas
Discussão e
análise do
material coletado
Confrontação dos
dados (dados
institucionais das
publicações,
análise do
material impresso
e entrevistas com
os responsáveis)
Interpretação dos
dados
Produção do
relatório final
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Orçamento Detalhado
ITENS DE CUSTEIO
1. Assinatura de periódicos alternativos Assinatura anual Unidades Valor total R$
a. Brasil de Fato (BRA) Assinatura anual
100,00 1
100,00
b. Le Monde Diplomatique (BRA) Assinatura anual
98,00 1 98,00
c. Revista Fórum (BRA) Assinatura anual
85,00 1 85,00
d. pagina 12 (ARG) Assinatura anual
110,00 1
110,00
e. Cambio ( CO) Assinatura anual
100,00 1
100,00
f. América Latina in Movimento (EQUADOR)
Assinatura anual
60,00 1 60,00
OBS: Todos os valores referente à assinatura foram cotados em sites das respectivas revistas ou periódicos
2. DVD-r gravável 1,13 50 56,60
3. Papel pacote com 1.000 folhas 13,00 4 52,00
4. Canetas Esferogáficas 1,10 12 13,20
5. Marca Texto 0,85 12 10,30
6. Cartuchos de Tinta 5
a.Colorido 53.66 5 268,30
b. Preto e branco 25,90 5
129,50
OBS: os valores foram coletados no site www.kalunga.com.br
Total 1.082,90
ITENS DE CAPITAL
2. Gravador Digital 237,92 1
237,92
http://www.bondfaro.com.br/gravador-portatil.html
Total 2.095,92
SERVIÇOS DE TERCEIROS
1. Serviços de digitação 700,00
700,00
2. Serviços de edição e diagramação 800,00
800,00
3. Serviçoes de produção de CD-ROM 1.450,00
1.450,00
Total 8.128,82
19
- Identificação de outros participantes da equipe:
Pesquisadores seniores:
Prof. Dr. Dennis Oliveira (ECA/USP)
Prof. Dr. Luciano Maluly (ECA)
Pesquisadores de Iniciação Científica
João Roque da silva Junior (FFLCH)
Maíra Carvalho de Moraes (FFLCH)
Renato Adriano Rosa (EACH)
Apoio Técnico
Carolina Pavanello
Carlos Augusto Tavares Junior
Valéria silva Freitas
Débora Freitas
- Identificação de outros centros de pesquisa
O presente projeto será desenvolvido em parceria com o Alterjor (Grupo de Pesquisa
de Jornalismo Popular e Alternativo), coordenado pelo prof. Luciano Maluly.
- Infra-estrutura e apoio técnico do projeto
O CELACC- Núcleo de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação, núcleo
interdepartamental da ECA- Escola de Comunicações e artes da Universidade de São
Paulo- disponibilizará sua estrutura composta de salas para reuniões, secretaria,
acesso à intenet, telefone e apoio bibliográfico para a realização da pesquisa. Por estar
sediado na Escola de Comunicações e Artes da USP, o projeto contará também com a
20
estrutura da instituição, como a biblioteca e acesso a bases de dados para pesquisa. O
CELACC disponibilizará espaço na sua home-page, hospedada no portal da ECA/USP,
para socialização dos resultados da pesquisa.
- Estimativa de recursos financeiros de outras fontes
O projeto será encaminhado para outras agências de fomento, entre elas a FAPESP,
para o financiamento dos recursos humanos para a pesquisa
21
Bibliografia
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