projeto midias alternativas na america latina.pdf

23
MÍDIA ALTERNATIVA E ESPAÇO PÚBLICO NO BRASIL, ARGENTINA, COLOMBIA E EQUADOR Dennis de Oliveira (Escola de Comunicações e Artes – USP) Projeto de pesquisa apresentado para o CNPq – Ciências Sociais Aplicadas

Upload: truongnguyet

Post on 08-Jan-2017

226 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

MÍDIA ALTERNATIVA E ESPAÇO PÚBLICO NO BRASIL, ARGENTINA, COLOMBIA E

EQUADOR

Dennis de Oliveira (Escola de Comunicações e Artes – USP)

Projeto de pesquisa apresentado para o CNPq –

Ciências Sociais Aplicadas

Page 2: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

1

Resumo: Este projeto pretende fazer um estudo de do potencial de experiências de mídias alternativas em países da América Latina – Brasil, Argentina, Colômbia e Equador. Para a promoção da diversidade cultural. Para isso, faremos uma análise das matérias veiculadas em periódicos do Brasil, Argentina e Colômbia para verificar as fontes utilizadas na construção das matérias da área de cultura, as modalidades de expressão cultural mais citadas e de que forma as reflexões sobre estas se aproximam dentro de uma perspectiva de construção de um diálogo intercultural nos moldes apontados pelo relatório da diversidade cultural da Unesco. Palavras-chave: mídia alternativa – jornalismo e cultura – jornalismo na América Latina

Page 3: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

2

1. Introdução

Este projeto pretende analisar a cobertura cultural em periódicos impressos

alternativos em países da América Latina. Escolhemos o continente latino-americano

tendo em vista que esta região busca um espaço diferenciado no cenário global. Vários

países passam por processos de refundação dos seus sistemas sócio-políticos; há um

rearranjo no cenário geopolítico internacional e, depois de um período de vigência do

discurso único neoliberal, cresce a busca por alternativas sociais.

Nesta discussão de busca de alternativas sociais, cresce o debate sobre o

papel da mídia e de política de comunicações, tentando-se construir um sentido de

“público” para o campo da comunicação que se coloque de forma eqüidistante de uma

perspecitva estatizante ou privatizante. Este debate ganha corpo na conjuntura

brasileira logo após a realização da I Conferência Nacional de Comunicação no final de

2009, com a proposta do governo venezuelano de construir uma emissora de televisão

regional – a Telesur – e com as políticas de intervenção governamental no espaço

midiático controlado por grupos tradicionais como no Equador, Bolívia e Venezuela.

A América Latina é produto de processos de violência. Violência perpetrada

pela colonização, pelo histórico de governos despóticos, pelo tratamento aos

movimentos sociais, pela desigualdade social, pelo lugar subalterno na economia

mundial e pelas violências étnicas.Anibal Quijano afirma que “a produção histórica da

América Latina começa com a destruição de todo um mundo histórico, provavelmente

a maior destruição sociocultural e demográfica da história que chegou ao nosso

conhecimento” (2005: p. 16). Quijano refere-se a destruição das civilizações dos povos

originários da América, porém agregamos a isso a destruição também das civilizações

africanas com o advento da transplantação forçada e da escravização dos povos

daquele continente.

O processo de violência que constitui o que conhecemos hoje como América

Latina ocorreu em quatro processos: a-) desintegração dos padrões de poder e de

civilização de experiências avançadas da humanidade; b-) genocídio físico destas

populações; c-) eliminação deliberada dos mais importantes líderes destas

experiências; d-) estabelecimento de processos de repressão material e continuada

dos sobreviventes de forma a impedir a constituição de subjetividades alternativas.

(Quijano, 2005)

Diante disso, os conflitos étnicos se transformaram no motor principal da

dialética poder/resistência nestas sociedades e a arena política passa a ser

contaminada pelas dinâmicas de negociação e conflito das demandas sócio-culturais.

Esta dinâmica recrudesce mais nos momentos recentes quando emerge categorias

novas para a dimensão política não associadas diretamente às categorias clássicas do

contrato social liberal. Segundo Martin Hopenhayn,

“a cidadania se enfrenta cada vez mais com a questão da afirmação da

diferença e promoção da diversidade. Campos de auto-afirmação cultural que

antes eram de competência exclusiva das negociações privadas e auto-

Page 4: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

3

referências dos sujeitos coletivos, hoje passam a ser da competência da

sociedade civil, da conversação dirigida para fora e do devir político e devir

público das reivindicações associadas.” (2002: p. 7)

Esta mudança do terreno da cidadania ocorre em um momento de nova

reconfiguração do capitalismo em escala global, na qual há uma nítida redução do espaço do

trabalho como locus de expressão pública das classes subalternizadas. O novo modelo de

produção e consumo capitalista prescinde do trabalho – dados apresentados pelo pensador

Manuel Castells apontam que entre 1970 e 1992 a economia japonesa cresceu 173% e o

emprego apenas 25%, situação semelhante a alguns países da América Latina em que não há

uma correspondência direta entre o crescimento econômico e o aumento de oportunidades de

trabalho.

Para Quijano, a experiência histórica da América Latina produz um novo padrão de

poder baseado na eleição da categoria raça e etnia como mecanismos legitimadores das

assimetrias sociais. O impacto ideológico do racismo como ideologia estruturante do poder

reside no fato dela naturalizar as relações sociais assimétricas (“a idéia de que os dominados

são o que são não como vítimas de um conflito de poder mas sim enquanto inferiores em sua

natureza material e, por isto, em sua capacidade de produção histórico-cultural” (p. 17))

colocando como práticas de exercício do poder mecanismos de destruição das subjetividades

constituídas dentro dos marcos destas experiências culturais.

Assim, a dinâmica poder/resistência, originalmente colocada dentro da perspectiva

etno-cultural como mecanismo de intensificação da exploração do trabalho (seja ele no

modelo escravagista ou no assalariamento capitalista), emerge como um conflito que coloca

para os Estados nacionais latino-americanos o desafio de constituição de contratos sociais que

abarquem as múltiplas possibilidades de afirmação das diferenças.

A temática da integração da América Latina volta aos debates públicos. Em parte,

essa motivação ocorre em função da busca de um mundo globalizado multipolar, tendo em

vista a percepção das insuficiências de uma mundialização controlada por uma única

superpotência. Entretanto, o que mais força este retorno da temática da integração latino-

americana é a emergência do conflito das diferenças culturais – chamadas por alguns de

multiculturalismo e por outros de interculturalismo. Entendemos que essa emergência pode

ser explicada pelos seguintes motivos:

a-) Os fluxos migratórios intensificaram, particularmente em direção à Europa e

Estados Unidos. Estima-se que chega a 11 milhões o número de imigrantes ilegais nos

Estados Unidos, segundo estudos divulgados em 12 de março de 2009 pelo Centro

Hispano Pew, sendo que 57% são mexicanos. Outro relatório, divulgado pela

Federação pela Reforma da Imigração Americana (Fair) mostra que entre 2000 e 2002,

a imigração líquida (descontado o número de norte-americanos que emigraram) foi de

1,4 milhão de pessoas por ano – se essa tendência perdurar, o número de imigrantes

que hoje representa quase 8% da população dos EUA chegará a 14% em 2010.

b-) O contato forçado com a diversidade põe em cheque a possibilidade das esferas

públicas clássicas existentes nestes países de conviver com a diversidade, a medida

Page 5: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

4

que sujeitos formados em tradições civilizatórias distintas reivindicam espaços iguais

(portanto, públicos) para expressar suas diferenças.

c-) A circulação mais intensa de informações por meio das redes telemáticas aproxima

universos culturais distintos no espaço virtual e criam no sujeito uma idéia mais caótica

de universo.

d-) A dificuldade da cultura hegemônica centrada no sujeito renascentista,

eurocêntrico e racional em resolver os grandes dilemas contemporâneos da

humanidade, como o problema ambiental, a concentração brutal de riquezas, a

miserabilidade, entre outros.

Estes cenários acontecem dentro de uma situação de grande concentração das

indústrias de bens simbólicos. Atualmente, seis grandes grupos oligopolistas controlam a

produção e o fluxo de bens simbólicos em todo o mundo, todos eles situados nos EUA e

Europa. Dentro dessa concentração de produção simbólica, órgãos multilaterais como a

Unesco aprovam declaração de que a diversidade é um direito fundamental, na esteira da

transfiguração dos direitos humanos em DESCs (Direitos Econômicos, Sociais e Culturais).

Assim, um cenário de percepção maior da diversidade, normatizada em uma declaração

multilateral, ocorre dentro de uma situação de concentração brutal de capital e de produção

de bens simbólicos.

Sendo assim, se há uma tentativa de reconstrução da estrutura formal de poder em

alguns países da América Latina e mesmo uma recolocação da região no espaço geopolítico

internacional, qual é a perspectiva de construção de uma esfera pública cultural em que a

diversidade cultural expressa pela multiplicidade étnica presente no cenário latino-americano

possa efetivamente expressar-se culturalmente?

Page 6: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

5

2 – Hipótese

A nossa hipótese central é que as experiências midiáticas que estejam fora da esfera

da rede hegemônica da indústria cultural globalizada e que estejam alinhados com a

perspectiva de construção de uma nova esfera pública na América Latina reúnem potenciais

para a promoção da diversidade cultural nos moldes propostos pela convenção da diversidade

cultural da Unesco. Isto porque o entrave à promoção da diversidade cultural reside nos

seguintes aspectos estruturais:

a-) Na América Latina, diversidade cultural passa pelo emponderamento de grupos sociais

historicamente excluídos pelas várias formas de colonização e subordinação das nações do

continente, como povos originários (indígenas) e afrodescendentes bem como suas expressões

simbólicas;

b-) A promoção da diversidade implica em uma autonomia perante aos interesses dos grandes

conglomerados globais de produção da cultura, o que só pode ser realizado por mídias

alternativas;

c-) Por outro lado, o fato das experiências de mídia alternativa terem um componente de

enfrentamento político-ideológico pode levar a uma perspectiva de instrumentalização

político-ideológica da expressão artístico-cultural, isto é, determinadas ações artísticas e

culturais serem valorizadas ou desvalorizadas em função de uma avaliação ideológica da

mesma – desta forma, tem-se uma troca da componente de validação da esfera mercantil,

típica da indústria cultural, para a da esfera ideológica, típico de uma idéia de “arte engajada”.

Page 7: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

6

3 – Marcos teóricos – conceituando cultura popular e mídia alternativa

García Canclini (1988) afirma que é necessário reconceituar as culturas populares no

contexto chamado da globalização. Ele critica as conceituações folcloristas e ideológicas de

culturas populares presentes principalmente nos anos 60 do século passado, principalmente

aquelas vinculadas a um projeto de resistência a um “imperialismo cultural”. O autor argentino

defende a necessidade de se trabalhar com a conceituação da teoria social de reprodução, em

que a cultura é vista como um espaço de reprodução das condições sociais de produção e

distribuição dos bens materiais e simbólicos, afastando dos reducionismos políticos e

antropológicos.

Já Martin Barbero (1984) produz o texto “Desafios para a pesquisa em comunicação na

América Latina” em que defende o afastamento do que ele chama de um certo “funcionalismo

de esquerda” que partiria do pressuposto de que a função única dos meios de comunicação

seria disseminar uma ideologia dominante. No caso da teoria da dependência cultural, a

tradição das pesquisas em comunicação na América Latina nos anos 80 era a de buscar

elementos que comprovariam que a função dos meios de comunicação de massa era

estabelecer uma forma de imperialismo cultural, valorizando formatações estrangeiras em

detrimento de experiências nacionais e populares.

Para García Canclini (1988), o momento atual que ele chama de transnacionalização da

cultura pode ser definido como um processo de rearticulação da cultura hegemônica que não

está, necessariamente, vinculada a um projeto cultural-político de um país mas sim de uma

nova reconfiguração do modo de produção capitalista. Quando García Canclini estabelece esta

definição teórico-conceitual, o que fica claro é que o modo de produção capitalista estabelece

novas estratégias de exercício da hegemonia, entendida esta como capacidade de construção

de consensos sociais, o que, por sua vez, força novas formatações do que se chama de cultura

popular (como produto da desigualdade da produção e acesso aos bens matérias e simbólicos,

portanto da estrutura da produção sócio-cultural) e das possibilidades de construção das

culturas alternativas.

Esta discussão de García Canclini é a base teórica para a construção do conceito de

mediações presente na obra de Barbero (1997) e de culturas híbridas, do próprio Garcia

Canclini (2006). Há, assim, um deslocamento do eixo teórico-metodológico dos pólos até então

vistos como antitéticos de emissor e receptor das mensagens para a categoria da mediação em

que se pressupõe uma dimensão negocial de construção de sentidos na qual as dimensões

sócio-culturais atuam.

Um elemento destacado por García Canclini que justifica, para ele, a necessidade desta

revisão conceitual é o fato da maioria dos países da América Latina terem passado, no final dos

anos 80 do século passado, por uma democratização das suas estruturas institucionais de

poder. Com isso, necessariamente, há uma reconstrução de espaços públicos nos quais as

expressões das culturas populares começam a ter certa visibilidade. As nações que começam a

vivenciar experiências de democratização neste período são muito diferentes das que

vivenciaram experiências semelhantes nos anos 60. Daí que, como condição objetiva, as

Page 8: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

7

culturas populares aparecem como elemento fundamental na reconstrução das sociedades

civis do continente.

Com base nestas conceituações, alguns produtos das indústrias culturais latino-

americanas começam a ser discutidas sob uma outra ótica. Um dos produtos mais destacados

disto é a telenovela.

A chamada corrente da pesquisa de recepção que parte do pressuposto deste espaço

negocial de sentidos entre emissor e receptor percebe a novela não apenas como um produto

construído para disseminar a ideologia dominante mas principalmente para construir um

consenso a partir de demandas estabelecidas pela perspectiva construída pelas culturas

populares, como por exemplo, as demandas de segmentos populares recém-migrados para

centros urbanos, a reconstrução de elementos míticos da religiosidade popular e até mesmo a

construção de um sentido de que a telenovela é um produto de informação comportamental

necessário para a vivência moderna nos grandes centros. (García Canclini, 2006). Os estudos

de Lopes (2008) relativos a telenovela como produto resultante de singularidades culturais

latino-americanas. Mello et all (2008) e Mello (2009) sobre a constituição de uma

singularidade no pensamento comunicacional latino-americano aprofundam esta questão e

apontam para perspectivas novas para a pesquisa em comunicação midiática no continente.

Destaque-se para a constituição da Cátedra Unesco para o Desenvolvimento Regional , sediada

na Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, que tem propiciado o

aprofundamento das questões referentes a comunicação no continente.

Porém, esse processo é complexo. Paralelamente à capacidade das mídias

hegemônicas de construir o consenso, os conflitos de sentidos permanecem e são expressos

com mais intensidade à medida que os espaços de livre expressão são construídos e também

que os sistemas democráticos não conseguem atender as demandas sociais, gerando o que

Muniz Sodré chama de “hegemonia precária” (Sodré e Paiva:2004). Aliado a isto a

consolidação das novas tecnologias de informação e comunicação possibilitam o surgimento

de experiências midiáticas alternativas, deslocando o debate de esfera pública para uma

dimensão midiática.

Para John Downing (2002 ), o que ele chama de mídias radicais é, entre outras coisas,

uma forma de expressão da cultura contra-hegemônica. Muniz Sodré chama de minorias

aqueles que não têm e reivindicam voz no espaço público (Sodré e Paiva:2004). Diante disto,

temos que a maior visibilidade das culturas populares vislumbrada por García Canclini com a

democratização das sociedades latino-americanas gera uma situação favorável para a

disseminação de mídias alternativas na América Latina.

Quando observa-se as particularidades da constituição do sistema capitalista na

América Latina, em particular no Brasil, nota-se que ele foi construído a partir de um processo

de colonização (que implica, necessariamente, em uma imposição de uma lógica societária-

cultural), pela superexploração da mão de obra (escravização de indígenas na América

Hispânica e de africanos no Brasil e no Caribe) – que implica em negação da condição humana

para estes povos e na transplantação forçada de uma organização social gestada em contextos

distintos daqui. O choque de culturas nesta experiência histórica de colonização gerou tanto

mecanismos de genocídio como também de tolerância opressiva, conforme afirma Darcy

Ribeiro: tolerar a existência do outro para poder reinar sobre seus corpos e almas.

Page 9: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

8

Normalmente quando se aborda o problema da globalização, sempre se ressalta o

desenvolvimento extraordinário das tecnologias de informação e comunicação – as chamadas

TICs – que, como novidade, combinaram a transmissão de informações ponto a ponto da

telefonia com a ponto-massa dos meios massivos. Diante disto, forma-se o que Manuel

Castells chama de “sociedade em rede” que pode ser caracterizada da seguinte forma:

"Esta configuração topológica, a rede, agora pode materializar-se em todo tipo

de processos e organizações mediante tecnologias de informação de recente

disposição. Sem elas, seria demasiado embaraçoso por em prática a lógica de

interconexão. Não obstante, esta é necessária para estruturar o não estruturado

enquanto se preserva sua flexibilidade, já que o não estruturado é a força impulsora

da inovação na atividade humana". (CASTELLS, 1999: p. 88)

Castells em outro texto, ainda afirma que os movimentos sociais apropriam-se da rede

internet em função primeiramente, de uma crise das organizações tradicionalmente

estruturadas, em segundo em função dos movimentos sociais desenvolverem-se, na

atualidade, em torno de códigos culturais de valores; e terceiro, que o poder funciona em

redes globais o que coloca como demanda para os movimentos sociais a resistência local ao

global e isto é possível com a interação via a rede. (CASTELLS in: MORAES, 2003: pp. 277-78).

De León et all (2001), apropriando-se do conceito de Castells propõe um elenco de

características para o que ele denomina de “redes sociais”, isto é, a organização dos

movimentos sociais via a topologia da rede:

Redes sociais

Atributos Características

Flexibilidade Tecidas por atores que as constituem Construção - desconstrução permanentes

Horizontalidade Descentralizadas, sem hierarquia

Interconexão Fluxos multidirecionais de informação

Articulação Possibilitam ações coletivas

Multiplicação Potencializam forças isoladas e dispersas

Intercâmbio Fundamentam-se em valores compartilhados

Um outro aspecto a ser considerado é que as novas tecnologias possibilitaram,

também, a formação de um “mundo conectado” na expressão do pensador cubano Enrique

Manet, em que grandes corporações da produção cultural controlam os fluxos de informação e

de transmissão de bens simbólicos. Em um contexto em que a diversidade cultural se

transforma em direito humano por conta de convenções das Nações Unidas e que esta

diversidade torna-se perceptível a olho nu com a intensificação dos fluxos migratórios por

conta das características do atual estágio de produção conforme tratou-se no item 2.1, a

estrutura de produção de bens simbólicos se concentra em níveis alarmantes.

Page 10: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

9

Atualmente, seis grandes corporações – AOL-Time-Warner, Vivendi-Universal, Viacom,

Bertelsman, News Corp, Disney – controlam o mercado cultural em nível global dominando a

produção e distribuição de bens simbólicos (jornalismo, indústria fonográfica, cinematográfica,

editorial, entretenimento, internet, entre outros) de forma direta ou por meio de subsidiárias

nos países ou ainda fazendo acordos e joint-ventures com empresas locais. Em termos de

mercado cultural, a diversidade passa por este filtro.

É importante resgatar a polêmica de como enfrentar a diversidade cultural

estabelecida logo após a queda dos regimes do Leste Europeu entre Francis Fukuyama e

Samuel Huttington. Fukuyama, em obra conhecida, concebida no Departamento de Estado do

governo Reagan, proclamou o “fim da história” com a vitória do capitalismo na Guerra Fria – o

fim do combate geopolítico e ideológico significava o fim da era de conflitos e, portanto, da

história enquanto processo de confrontações, caminhando para uma dimensão de

gerenciamento de estruturas já estabelecidas e inquestionáveis.

Mesmo no campo conservador, houve contestações. Entre elas, a de Samuel

Huttington. Em 1993, Huttington publicou o texto The Clash of Civilizations? (O Choque das

civilizações). Para Huttington, a derrota do bloco soviético significava tão somente o fim dos

antagonismos no campo ideológico capitalismo/comunismo, mas emergia um outro tipo de

conflito porque:

“a fonte fundamental dos conflitos não é primordialmente ideológica ou

primordialmente econômica. As grandes divisões entre as espécies humanas e a fonte

dominante dos conflitos serão culturais (...) O choque das civilizações dominará a

política global” (HUTTINGTON, 1993: p. 22)

Para Huttington, civilizações são grandes agrupamentos humanos construídos a partir

de algumas referências escolhidas por ele para classificá-las. No fim, o que Huttington

estabelece como grande conflito é entre Ocidente e o resto. Por Ocidente, Huttington

enumera a experiência societária constituída nos valores clássicos do liberalismo:

“individualismo, liberalismo, constitucionalismo, direitos humanos, igualdade, liberdade, as

regras da lei, democracia e mercados livres” e o resto constitue de todos os agrupamentos

sociais que resistem a implementação plena destes valores. Em outras palavras, Huttington

constrói um tipo de “fundamentalismo ocidental” em que se baseia um novo processo

civilizatório, para o qual ele não descarta a possibilidade de conflitos bélicos.

Fukuyama, em 1995, lança outra obra em que revisita estas preocupações de

Huttington quanto ao “perigo da diversidade cultural” para mostrar que justamente a

economia de mercado pode ser o terreno em que estas diferenças podem ser mediadas.

Conforme afirma Perry Anderson (1997),

“Fukuyama argumenta que é precisamente o triunfo universal do capitalismo

democrático-liberal, enquanto matriz institucional, que vem em socorro das diferenças

culturais que constituem as fontes residuais das significativas variações hoje existentes

entre as sociedades”. (p. 29)

Mais adiante, temos que:

Page 11: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

10

“Uma vez que a guerra parece improvável entre os países industriais

avançados que compartilham princípios democráticos comuns, o campo do conflito

internacional deslocou-se para a competição econômica. É aqui que a cultura,

entendida como hábitos éticos herdados, específicos de uma nação, mais do que de

uma região ou de qualquer outra unidade mais ampla, torna-se crítica. Porque é a

cultura de uma sociedade que estabelece os padrões de sua organização industrial e o

nível de confiança manifestado em suas transações econômicas – que ele chama de seu

“capital social”, e é isso, por sua vez, que determina a sua eficiência e capacidade

competitiva.” (ANDERSON, 1997: p.29)

Esta transfiguração da diversidade cultural para a esfera de mercado é fruto da

colonização da esfera política pela esfera econômica, dentro do que Otávio Ianni chama de

“metamorfose silenciosa de cidadão em consumidor, esfera pública em mercado e ideologia

em mercadoria”, processo operado pelo que o sociólogo brasileiro chama de ação do príncipe

eletrônico, a mídia.

Esta é a resolução no plano conservador da contradição existente entre a emergência

da diversidade e a concentração do poder global – a capacidade das estruturas hegemônicas

em se flexibilizar o suficiente para incorporar estas diferenças e ressemantizá-las a ponto das

mesmas servirem como potenciais para a ampliação do próprio poder das culturas

hegemônicas.

Destaque-se que esta operação hegemônica é conduzida, principalmente, pelas

indústrias midiáticas à medida que operam esta transfiguração da esfera política para a

econômica, conforme afirma Ianni. No plano mais amplo, as grandes corporações

transnacionais constroem estratégias para potencializar as diferenças a seu favor, observando

dentro das manifestações culturais possibilidades de construção de produtos lucrativos. Esta

reconstrução implica, necessariamente, em uma ressemantização da diversidade de forma a

potencializá-la como produto globalmente vendável.

“Pode acontecer que formas de música como o calipso, a salsa, o reggae, o Raí,

o jujú ou a highlife sejam internacionalizados por m processo de reetnização ou

hibridismo. O sabor local está lá, nas as estruturas musicais básicas, estérica e de

ambiente refletem o repertório internacional. Esse segmento de mercado tem sido

chamado de ‘world music’ ou às vezes, de música ethno, ethno-pop, ethno-rock ou

world-beat.” (SMIERS, 2006: p. 48)

De qualquer forma, apesar do esforço da ideologia hegemônica em resolver esta

contradição desta forma, é evidente que os danos sociais crescentes por este modelo de

produção não são evitáveis. Mais: as estruturas políticas clássicas do contrato social liberal

mostram-se impotentes para apresentar soluções, gerando uma crise sem precedentes neste

modelo. Em alguns momentos, o discurso hegemônico resvala-se para uma postura

extremamente autoritária, até mesmo “anti-iluminista”, questionando até mesmo as

estruturas democráticas. Um caso ilustrador disto foi o apoio explícito ao golpe de Estado na

Venezuela em ... por parte dos grandes meios de comunicação venezuelanos e com um certo

apoio discreto – até mesmo permeado por um certo mal-estar – pela indústria midiática

brasileira. As transformações em algumas sociedades latino-americanas operadas por

mecanismos típicos da democracia ocidental como eleições, referendos, Constituintes, entre

Page 12: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

11

outros, retira o discurso da defesa da liberdade dos “liberais”, restando aos mais radicais

destes a condenação com base em preconceitos e racismos declarados.

A ação reativa a este processo ocorre por dois fluxos. Primeiro, no sentido dado por

Castells no uso da rede pelos movimentos sociais, na afirmação da diferença dos códigos

culturais próprios e, segundo, buscando reposicionar esta diferença em um lugar não mediado

pela economia de mercado e sim pela construção de uma esfera pública que contemple a

diversidade, que podemos tratar como não apenas como um resgate da utopia, mas a sua

própria reconstrução em outras bases.

A nova cidadania latino-americana se articula com a dimensão do interculturalismo, da

formação de novos sujeitos coletivos, da unidade como região e diversidade como

particularidade da mesma. Assim, demandas de grupos sociais não necessariamente

vinculadas a reivindicações de classes sociais no sentido clássico, também são expressões de

busca da cidadania e reconstrução de um novo pacto social.

O campo do discurso midiático alternativo vai se formar tanto a partir da abertura de

espaços para a expressão destas vozes de grupos subalternizados, questionando políticas de

caráter universal que não levam em conta particularidades destes grupos (dimensão local),

como também pela crítica ao lugar subalternizado que a região ocupa no cenário global,

buscando um novo ordenamento internacional (dimensão global).

O discurso alternativo tem tanto um caráter comunitarista, localista como também

expressa uma postura de ideologia contra-hegemônica. O alternativo move-se entre rebeldia,

negociação e ruptura de acordo com situações específicas e também a natureza do veículo de

comunicação alternativo.

Além do aspecto do conteúdo, consideramos também que o processo de produção da

mídia alternativa tem características próprias e, para tanto, utilizaremos as conceituações de

Chris Atton (2001) sobre mídia alternativa em que ele considera que o caráter alternativo está

na forma de produção e distribuição, pois estas indicam também formas de relacionamento

profissional e de relação com o público fora de uma concepção mercantil e que busca, na

práxis, a formação de uma esfera pública alternativa principalmente na concepção de novos

sujeitos.

Page 13: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

12

5 – Objetivos gerais e específicos

5.1 – Objetivo geral

Contribuir para a construção de uma teoria e uma metodologia de análise das mídias

alternativas no cenário latino-americano, a partir da consideração da necessidade de

reconstrução do projeto da esfera pública, tendo em vista a crise do seu modelo tradicional

construído na experiência do liberalismo e as particularidades da formação das nações do

continente. Esta teoria e metodologia se fundamentam tanto na percepção das insuficiências

dos modelos liberais em incluir a maioria da população destes países no sistema de bem estar

social, o que contribui para que os projetos democráticos sejam vistos como meras

formalidades institucionais, como também nas experiências de novas sociabilidades

construídas pelas agendas alternativas que as mídias alternativas propõem para a discussão

pública. Tendo como pano de fundo o materialismo dialético e histórico, o objetivo deste

projeto é verificar os limites e possibilidades destas experiências no atual contexto sócio-

histórico da América Latina.

5.2 – Objetivos específicos

5.2.1 – Contribuir para a constituição de um observatório das mídias alternativas no

continente latino-americano, socializando dados por meios eletrônicos, potencializando o

alcance destas experiências.

5.2.2 – Contribuir para a produção de um banco de dados com informações a respeito

das mídias alternativas analisadas para estudos posteriores.

5.2.3 – Contribuir para que se estabeleça um fluxo permanente de contato entre

operadores destas mídias no âmbito do continente latino-americano.

Page 14: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

13

6 – Metodologia e procedimentos metodológicos

A metodologia a ser empregada neste projeto segue os princípios do materialismo

dialético, conforme definido por Marx, na Contribuição á crítica da economia política:

O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações e, por

isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como

resultado, e não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida, e,

portanto, também, o ponto de partida da intuição e da representação. No primeiro

caso, a representação plena é volatilizada numa determinação abstrata; no segundo

caso, as determinações abstratas conduzem à reprodução do concreto pela via do

pensamento.” (MARX, 1987: p. 201 )

O que chamamos de “discurso midiático alternativo” está vinculado primeiramente a

idéia de que existe uma diversidade de experiências midiáticas que não se conformam com a

ação hegemônica de colonização da esfera pública pela esfera da economia de mercado e que,

portanto, busca a construção de novos sujeitos. Esta busca de construção de novos sujeitos

tem um ponto de encontro com as reivindicações dos grupos subalternizados, colocados à

margem do modelo neoliberal.

No caso particular da diversidade cultural, entendemos que as mídias alternativas tem

um potencial para a publicização de novos atores no cenário cultural.

Diante da grande profusão de experiências de mídia alternativa e tendo em vista a

facilidade de armazenamento, selecionaremos para fins de documentação e análise deste

projeto os seguintes periódicos: Brasil de Fato (Brasil), Cambio (Colômbia), America Latina in

Movimento (Equador), Página 12 (Argentina) no período de seis meses.

A escolha destes veículos deve-se a sua consolidação junto aos seus respectivos

públicos e também por estarem sediados em nações latino-americanas que passam por

processos internos de discussão a respeito das estratégias geopolíticas de integração

continental.

Será feito uma análise utilizando a quantificação de Unidades Informativas (UIs)

referentes a área de cultura em relação ao total de espaço do periódico, além do que uma

análise dos “filtros” de construção das notícias nos moldes utilizados por Noam Chomsky e

Edward Hermann. Os pensadores norte-americanos defendem a idéia de que as notícias são

reconstruções dos fatos em função da atuação dos chamados “filtros”, os quais eles listam:

porte e propriedade dos meios de comunicação de massa, fontes, propaganda, baterias de

reação (“flak”) e filtro ideológico (chamado por Hermann e Chomsky de “anticomunismo”).

Para efeitos desta análise utilizaremos o filtro das fontes (a natureza das fontes

utilizadas nas matérias sobre cultura) e o filtro ideológico (no caso, a caracterização ideológica

dos eventos culturais ou mesmo a utilização eventual do mesmo na crítica cultural). Os dois

filtros escolhidos serão para colocar em questão a hipótese levantada sobre as potencialidades

de novos emponderamentos de sujeitos culturais e, ao mesmo tempo, se há critérios de

validação meramente político-ideológicos na escolha dos mesmos.

Page 15: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

14

Também serão levados em conta nesta análise a hierarquização das matérias com base

em espaço dado e destaques nas edições, perfil dos articulistas mais presentes nos veículos.

Além do monitoramento – que terá o objetivo de avaliar o caráter alternativo dos

conteúdos veiculados , serão observados os dados institucionais das publicações e também

serão feitas entrevistas com os editores e/ou responsáveis por estes veículos alternativos para

avaliar o caráter alterativo da práxis jornalística. Assim, os tópicos que serão abordados nas

entrevistas com os responsáveis pelos veículos abordará:

Histórico da publicação

Objetivos da publicação

Sistema de produção e distribuição

Vínculo com movimentos sociais e outros lugares

Perspectivas de construção de redes e lugares de discussão pública

com referências alternativas.

Neste sentido, a metodologia proposta se fundamenta nos princípios do método

materialista dialético ao considerar que tais experiências são produtos de contradições

histórico-sociais e, neste sentido, expressam não somente a vontade dos seus proponentes

mas também elementos da própria ideologia hegemônica, a medida que tanto os proponentes

como o próprio contexto onde tais experiências estão inseridas são mediados por estas

estruturas ideológicas. Em outras palavras, as experiências alternativas midiáticas tanto

refletem como confrontam as ideologias hegemônicas e é justamente este processo de

confrontação/negociação que este estudo pretende captar. Daí as estratégias metodológicas

de avaliação do conteúdo e também as entrevistas com os seus proponentes serem

fundamentais para fornecerem os elementos para tanto.

7. Resultados esperados

Espera-se com esta pesquisa, primeiramente, dar início à formação de um

observatório latino-americano de mídias alternativas – um projeto que será desenvolvido

junto com outros grupos de pesquisa da Escola de Comunicações e Artes da USP – e que

servirá para a realização de outras pesquisas. Além disso, pretende-se socializar os resultados

desta pesquisa junto aos órgãos de mídia alternativa pesquisados e outros, visando contribuir

para o fortalecimento deste tipo de experiência e também estabelecer pontes de contato com

estes veículos.

Este estudo também pretende consolidar uma linha de pesquisa no âmbito da Escola

de Comunicações e Artes da USP, bem como no campo das ciências da comunicação de modo

mais geral, que trate das mídias alternativas como elementos de construção de esferas

públicas alternativas. Esta discussão é de fundamental importância, a medida que cresce, nos

meios acadêmicos, o papel do jornalismo na construção da esfera pública. Pretende-se, ainda,

Page 16: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

15

que esta discussão contamine a dimensão do ensino, uma vez que um dos pesquisadores

deste projeto é professor do curso de graduação em Jornalismo na ECA/USP, onde ministra

disciplinas voltadas à reflexão e à prática de jornalismo comunitário, popular e alternativo.

Page 17: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

16

8. Cronograma do projeto

Etapas do projeto

Meses

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Leitura e estudo

da bibliografia

selecionada

Levantamento dos

dados do material

que comporá o

“corpus” da

pesquisa

Monitoramento

das publicações a

serem analisadas

Elaboração dos

instrumentais

metodológicos de

análise do

material

Primeira aplicação

dos instrumentais

no material

Discussão dos

resultados

preliminares

Re-elaboração dos

instrumentais

Produção do

relatório parcial

Alimentação do

site com os

resultados parciais

Aplicação dos

instrumentais no

material impresso

Contato com os

responsáveis pelas

publicações

Elaboração dos

instrumentais de

Page 18: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

17

pesquisa a serem

aplicados junto

aos responsáveis

pelas públicações

Entrevistas com os

responsáveis das

publicações do

Brasil

Entrevistas com os

responsáveis das

publicações da

Argentina

Entrevistas com os

responsáveis das

publicações do

Equador

Entrevistas com os

responsáveis das

publicações da

Colômbia

Transcrição do

material das

entrevistas

Discussão e

análise do

material coletado

Confrontação dos

dados (dados

institucionais das

publicações,

análise do

material impresso

e entrevistas com

os responsáveis)

Interpretação dos

dados

Produção do

relatório final

Page 19: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

18

Orçamento Detalhado

ITENS DE CUSTEIO

1. Assinatura de periódicos alternativos Assinatura anual Unidades Valor total R$

a. Brasil de Fato (BRA) Assinatura anual

100,00 1

100,00

b. Le Monde Diplomatique (BRA) Assinatura anual

98,00 1 98,00

c. Revista Fórum (BRA) Assinatura anual

85,00 1 85,00

d. pagina 12 (ARG) Assinatura anual

110,00 1

110,00

e. Cambio ( CO) Assinatura anual

100,00 1

100,00

f. América Latina in Movimento (EQUADOR)

Assinatura anual

60,00 1 60,00

OBS: Todos os valores referente à assinatura foram cotados em sites das respectivas revistas ou periódicos

2. DVD-r gravável 1,13 50 56,60

3. Papel pacote com 1.000 folhas 13,00 4 52,00

4. Canetas Esferogáficas 1,10 12 13,20

5. Marca Texto 0,85 12 10,30

6. Cartuchos de Tinta 5

a.Colorido 53.66 5 268,30

b. Preto e branco 25,90 5

129,50

OBS: os valores foram coletados no site www.kalunga.com.br

Total 1.082,90

ITENS DE CAPITAL

2. Gravador Digital 237,92 1

237,92

http://www.bondfaro.com.br/gravador-portatil.html

Total 2.095,92

SERVIÇOS DE TERCEIROS

1. Serviços de digitação 700,00

700,00

2. Serviços de edição e diagramação 800,00

800,00

3. Serviçoes de produção de CD-ROM 1.450,00

1.450,00

Total 8.128,82

Page 20: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

19

- Identificação de outros participantes da equipe:

Pesquisadores seniores:

Prof. Dr. Dennis Oliveira (ECA/USP)

Prof. Dr. Luciano Maluly (ECA)

Pesquisadores de Iniciação Científica

João Roque da silva Junior (FFLCH)

Maíra Carvalho de Moraes (FFLCH)

Renato Adriano Rosa (EACH)

Apoio Técnico

Carolina Pavanello

Carlos Augusto Tavares Junior

Valéria silva Freitas

Débora Freitas

- Identificação de outros centros de pesquisa

O presente projeto será desenvolvido em parceria com o Alterjor (Grupo de Pesquisa

de Jornalismo Popular e Alternativo), coordenado pelo prof. Luciano Maluly.

- Infra-estrutura e apoio técnico do projeto

O CELACC- Núcleo de Estudos Latino Americanos sobre Cultura e Comunicação, núcleo

interdepartamental da ECA- Escola de Comunicações e artes da Universidade de São

Paulo- disponibilizará sua estrutura composta de salas para reuniões, secretaria,

acesso à intenet, telefone e apoio bibliográfico para a realização da pesquisa. Por estar

sediado na Escola de Comunicações e Artes da USP, o projeto contará também com a

Page 21: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

20

estrutura da instituição, como a biblioteca e acesso a bases de dados para pesquisa. O

CELACC disponibilizará espaço na sua home-page, hospedada no portal da ECA/USP,

para socialização dos resultados da pesquisa.

- Estimativa de recursos financeiros de outras fontes

O projeto será encaminhado para outras agências de fomento, entre elas a FAPESP,

para o financiamento dos recursos humanos para a pesquisa

Page 22: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

21

Bibliografia

ANDERSON, Perry. “A civilização e seus significados” In: Revista Praga, n. 2,

junho/1997. S. Paulo: Editora Boitempo, 1997

ATTON, Chris. Alternative media. London: Sage, 2001

BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007

CASTELLS, Manuel. Sociedade em rede. S. Paulo: Paz e Terra, 1999

CANCLINI, Néstor García Culturas híbridas, S. Paulo: Edusp, 2006

CHAUI, Marilena. Simulacro e poder: uma análise da mídia. S. Paulo: Perseu

Abramo, 2006

CHOMSKY, Noam. Novas e velhas ordens mundiais.

DOWNING, John. Midia radical, S. Paulo: Senac, 2002

FERREIRA, Luiz. “A diáspora africana na América Latina e no Caribe” in Diálogo

interamericano, 2002

FERREIRA, M. N. . Cultura e Comunicação: perspectiva de desenvolvimento

para a America Latina. 1. ed. São Paulo: CELACC-ECA-USP, 2007. 125 p.

FERREIRA, M. N. . Alternativa metodológicas para a produção científica. 1ª.

ed. São Paulo: CELACC/ECA/USP, 2006. v. 1. 134 p.

FERREIRA, M. N. . Identidade Cultural e Cidadania: o potencial das cidades

históricas para o turismo.. São Paulo: CELACC/ECA/USP, 2005. 262 p.

FERREIRA, M. N. (Org.) . Mercosul: A Realidade do Sonho. São Paulo: Arte &

Ciência, 2001. 162 p.

FERREIRA, M. N. . Cultura, Comunicação e Movimentos Sociais. 1. ed. São Paulo:

CELACC-ECA/ USP, 1999. v. 1. 266 p.

GARCIA CANCLINI, Nestor. “Culturas transnacionales y culturas populares” in:

GARCIA CANCLINI, N.; RONCAGLIOLO, N. Culturas transnacionales y culturas

populares. Lima: IPAL, 1988

GEERTZ, Clifford

GILROY, Paul. O Atlântico negro – Modernidade e dupla consciência. Rio de

Janeiro: Editora 34/;UCAM, 2002

HOPENHAYN, Martin. “A cidadania vulnerabilizada na América Latina” in:

Revista Brasileira de Estudos da População, v. 19, n.2 – jul/dez 2002

IANNI, Otávio. “O príncipe eletrônico” in: Enigmas da modernidade mundo. Rio

de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997

LEON, Irene. Por un milenio plural y diverso. Quito: Alai, 2001

LOPES, M. I. V. . Televisiones y narraciones: las identidades culturales en tiempos de

globalización. Comunicar (Huelva), v. XV, p. 35-41, 2008.

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. S. Paulo: Martins

Fontes, 2003 (3ª. Edição)

Page 23: Projeto Midias Alternativas na America Latina.pdf

22

MORAES, Dênis. Planeta Mídia. Campo Grande: Letra Livre, 1995

MORAES, Dênis. Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003

PATEMAN, Carole; MILLS, Charles. Contract & Domination. Cambridge; Polity

Press, 2007

QUIJANO, Anibal. “Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina” in;

Revista do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, v. 19, n. 55, 2005

SMIERS, John. Artes sob pressão. São Paulo: Pensarte, 2006

CANCLINI, Néstor García. Cultura Transnacional y Culturas populares. Bases teórico-

metodológicas para la investigación, p.19-76. In: _________ e RONCAGLIOLO, Rafael.

Cultura transnacional y culturas populares. Lima: IPAL, 1988.

MARTIN-BARBERO, Jesus. Desafios a pesquisa em comunicação na America Latina. In:

Boletim Intercom N°49-50, Ano 7,São Paulo, jul/ago/set/out, 1984.

MARTIN-BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e

hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,1997.

MARQUES DE MELO, José . Pensamiento Comunicacional Latinoamericano: Entre el

Saber y el Poder. Salamanca: Comunicación Social - Ediciones y Publicaciones, 2009.

MARQUES DE MELO, José (Org.) ; GOBBI, Maria Cristina (Org.) ; HEBERLÊ, Antonio Luiz

Oliveira (Org.) . A Diáspora Comunicacional que se fez escola Latino-Americana. São

Bernardo do Campo: Editora UMESP, 2008.

PAIVA, Raquel e SODRÉ, Muniz. Cidade dos Artistas: cartografia da televisão e d afama

no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ : MAUAD, c2004