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FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ – CE Curso de Direito Disciplina de Projeto de Pesquisa I Prof. Pedro Jorge Geraldo Freire de Carvalho Junior A Privatização dos Presídios seria a solução para os problemas enfrentados pelo Sistema Carcerário e Prisional Brasileiro?

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Page 1: PROJETO GERALDO

FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ – CE

Curso de Direito

Disciplina de Projeto de Pesquisa I

Prof. Pedro Jorge

 

  

Geraldo Freire de Carvalho Junior

 

 

 

A Privatização dos Presídios seria a solução para os problemas enfrentados

pelo Sistema Carcerário e Prisional Brasileiro?

 

 

 

 

 

 

  

Juazeiro do Norte – CE

2011

Page 2: PROJETO GERALDO

 Geraldo Freire de Carvalho Junior

 

 

A Privatização dos Presídios é a solução para os problemas do enfrentados

pelo Sistema Carcerário e Prisional Brasileiro?

 

 

Projeto de Pesquisa apresentado a Coordenação do

Curso de Direito da Faculdade Paraíso de Ceará – FAP

como pré-requisito para aprovação da disciplina de

Projeto de Pesquisa.

                  Orientador: Pedro Jorge

 

Juazeiro do Norte – CE

2011

Page 3: PROJETO GERALDO

SUMÁRIO

 

 

1.    INTRODUÇÃO..................................................................................04

2.    OBJETIVOS......................................................................................06

2.1  OBJETIO GERAL.......................................................................06

2.2  OBJETIVO ESPECÍFICO...........................................................06

3.    JUSTIFICATIVA................................................................................07

4.    REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................08

5.    METODOLOGIA...............................................................................13

6.    CRONOGRAMA DE ATIVIDADES...................................................14

7.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................15

 

 

 

 

 

 

 

Page 4: PROJETO GERALDO

1.    INTRODUÇÃO:

 

Hodiernamente, o sistema penitenciário brasileiro vem passando por uma

realidade bastante desagradável. A precariedade física das prisões, a superlotação,

as doenças sendo transmitida entre os detentos, rebeliões realizadas

constantemente, a falta de higiene, o descrédito do apenado diante da sociedade, a

falta de oportunidade e capacidade para um novo emprego, enfim, mostram a

realidade vivenciada pelos presidiários.

A Lei de Execução Penal (lei 7.210 / 84), logo em seu artigo 1º diz que a

execução penal possui por objetivo proporcionar uma harmônica integração social

do condenado e o seu art. 11 demonstra um rol taxativo de assistências, tais como;

material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.

Porem, a realidade é totalmente distinta da prevista em lei, pois tais

assistências asseguradas na Lei de Execução Penal e também na própria

Constituição da República Federal vigente, não são minimamente cumpridas pelo

Estado, ferindo os direitos fundamentais dos presos.

Essa dura realidade que os encarcerados brasileiros estão vivendo, reflete

diretamente na sociedade e faz com que as pessoas, sem distinção de qualquer

espécie ou classe social, sofram as conseqüências negativas dessa situação, pois

os criminosos não são ressocializados e voltam as ruas tão ou até mais perigosos

do que quando praticaram o delito pela primeira vez.

 Assim, cresce a cada dia uma dicotomia jurídica e social sobre a privatização

dos presídios nacionais como a solução de tais problemas.

Aqueles que são a favor da privatização buscam sua fundamentação no

direito comparado, principalmente o Norte Americano e o Francês, pois são países

de elevado nível social e econômico e aderiram a esta forma de tentar garantir os

direitos dos presos e conseqüentemente, cumprir a função de maior interesse da

condenação, que é a ressocialização.

Page 5: PROJETO GERALDO

Conseqüentemente, a parte contraria a privatização, afirma que a condenação

e o cumprimento do que diz expressamente a Lei de Execução, a Constituição da

República e alguns doutrinadores do Direito Administrativo e do Penal, é função

pública indelegável do Estado, não podendo ser transferida aos particulares, pois se

assim o fosse, o Estado não estaria cumprindo uma de suas atribuições sociais

(função jurisdicional) e o mundo do crime poderia virar uma “industria” totalmente

legalizada.

 Assim, o sistema penitenciário viraria uma grande empresa que busca

somente o lucro e não o bem do condenado, pois quanto mais presos nas prisões,

mais lucros teriam os seus proprietários e a ressocialização ficaria desprivilegiada

nessa situação.

No Brasil, uma possível implantação da privatização dos presídios sofre três

obstáculos: Jurídicos, éticos e políticos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 6: PROJETO GERALDO

  OBJETIVOS:

 

OBJETIVO GERAL:

Identificar a aplicabilidade e a eficácia da privatização dos presídios nacionais

diante da terrível e degradante situação vivenciada pela população carcerária

nacional proporcionada por um sistema ineficaz estatal, usando como

parâmetro o direito e leis de outros países onde a privatização já existe.

 

 

OBJETIVO ESPECÍFICO:

Identificar a aplicabilidade da Lei de Execução Penal diante da privatização;

Realizar uma abordagem histórica das prisões nacionais e de outros países;

Apresentar as teorias aplicadas á pena e a ressocialização no Brasil;

Atuação Estatal diante do sistema prisional nacional atual;

A possibilidade da delegação de poderes estatais para a propriedade privada;

Obstáculos jurídicos que podem impedir a implementação da privatização no

Brasil.

 

 

 

 

 

Page 7: PROJETO GERALDO

JUSTIFICATIVA:

 

A escolha desse tema foi motivada por ser bastante polêmico e atual. Esta

pesquisa é de fundamental relevância, pois, o modelo prisional usado atualmente

pelo Estado está completamente falido, devendo-se buscar novas alternativas e uma

delas, que surge no cenário nacional, é a privatização do sistema prisional.

A privatização surge como uma possibilidade de melhoria do sistema prisional

vigente.

O Governo não garante os direitos e deveres estabelecidos na Constituição

Federal e nas Leis Infraconstitucionais aos condenados. O Estado vem encontrando

muita dificuldade em gerir e administrar os seus presídios.

  Pesquisa realizada no ano de 2003 pelo Departamento Penitenciário Nacional

mostrou que o índice de reincidência é de 82% nas prisões brasileiras.

Com a atual situação de degradação do sistema vigente, a possível realização

de uma mudança deste sistema em que o Estado é o controlador de todas as

funções por um sistema baseado na propriedade privada vem sendo bastante

discutido. Assim, a privatização vem ganhando muitos adeptos para que seja

instalada no Brasil.

Existe atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, desde meados de

2003, um projeto de lei nº 2. 825, com a finalidade de alterar alguns dispositivos da

Lei de Execução Penal (7.210/84), ao qual permitirá a terceirização dos serviços

praticados nas unidades prisionais, permitindo, assim, o particular prestar serviços

de gestão, tais como, o serviço de limpeza, saúde e comida.

Destarte, para a maioria da doutrina, a legislação pátria e aspectos políticos e

éticos não possibilitam tal mudança, surgindo como principal obstáculo para essa

prática, afirmando que o Estado é o único que possui o poder de policia e a atividade

jurisdicional. Para tanto, seria fundamental uma mudança legislativa e política.

 

Page 8: PROJETO GERALDO

REFERENCIAL TEÓRICO

 

         O sistema prisional pátrio é regulado pelo Código de Processo Penal, pelo

Código Penal e pela Lei de Execução Penal. Conforme tais institutos, o Estado

possui com exclusividade o jus puniendi, pois é dotado de soberania, sendo este

poder indelegável e intransferível. Para a maioria da doutrina nacional, o direito de

punir é poder intimo e in abstrato do Estado.

O Estado realiza o seu poder de punir quando utiliza a persecução e a

execução penal como forma de impor a lei contra aquele que cometeu algum crime.

A execução penal surge com o propósito de realizar a pretensão punitiva do Estado,

ao qual impõe uma sanção penal ao autor de um fato típico, antijurídico e culpável.  

Conforme entendimento do art. 1º da LEP, a execução penal possui como

objetivo realizar de maneira correta os pronunciamentos existentes na decisão

criminal proferida pelo juiz de execução (condenação criminal) e a conseqüente

ressocialização do condenado. É através da pena que o estado busca concretizar os

mandamentos da execução penal.

A pena é o principal meio de coação praticado pelo Estado, sendo através

dela que este tenta organizar uma sociedade sem crimes ou delitos, buscando-se a

paz social. Para muitos estudiosos, a pena surgiu junto com o Direito Penal, em

detrimento das constantes necessidades de sanções penais em todas as épocas e

culturas.

            A pena é uma espécie do gênero sanção e possui um conceito bastante

subjetivo, pois cada código contém suas próprias generalidades e objetivos. Para

Fernando Capez, conhecido doutrinador na área penal e processual penal brasileiro,

a pena:

 

“ é a sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, ao culpado pela

prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de uma

bem jurídico, cujas finalidades são aplicar a retribuição punitiva ao

Page 9: PROJETO GERALDO

delinqüente, promover a sua readaptação social e prevenir a novas

transgressões pela intimidação dirigida à sociedade” (pag. 14).

 

 Assim, possui como finalidade, de acordo com o art. 59 do CPB, (teoria

mista, eclética, intermediária ou conciliatória) punir o criminoso que praticou a

conduta delitiva e prevenir novas condutas impostas pela intimidação e a

reeducação (ressocialização).

 

“Art.59 CPB, caput: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à

conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e

conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima,

estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e

prevenção do crime”:

 

 O código penal, em seu art. 32, estabelece as espécies de penas utilizadas

no direito brasileiro, a saber, privativas de liberdade, restritivas de direitos e as de

multa. A pena privativa de liberdade restringe a liberdade do condenado em um

estabelecimento prisional por um determinado período. É por meio deste

estabelecimento prisional que o Estado busca garantir a reincorporação do autor do

delito ao seio social, readaptando-lhe de forma segura e assegurando-lhe todos os

seus direitos e deveres expressos nas leis infraconstitucionais e na constituição

federal.

Acontece que a realidade é totalmente contraria ao que preceitua a nossa

legislação, pois os direitos e deveres dos presos não são cumpridos pelo Estado,

haja vista que este não oferece as mínimas condições necessárias para a realização

de uma possível ressocialização.

A ineficácia, as mazelas e o descaso do Estado estão presentes no sistema

carcerário brasileiro. Vários foram os fatores que contribuíram pra que o sistema

atual se encontre nessa precariedade, tais como, o abandono e a falta de

investimentos estatais.

Page 10: PROJETO GERALDO

Os cárceres estão superlotados, as rebeliões são rotineiras, não existe infra-

estrutura adequada, a ociosidade marca o dia-a-dia do condenado, essa é a

realidade vivenciada atualmente.

Várias outras formar de gerir e organizar o sistema carcerário vêem sendo

debatidas, sendo que a de maior repercussão é sobre a privatização como meio de

solucionar tais tormentos. Contudo, essa possível inovação vem sofrendo

demasiadas críticas e aceitações.

Os fatores que ensejam a opinião positiva a respeito da privatização baseiam-

se na crise atual vivenciada pelo sistema carcerário e no direito estrangeiro, onde

países já utilizam tal modalidade (Estados Unidos e França). Bernardo Del Rossi,

citado por Geisa de Assis Rodrigues, conceitua privatização como:

 

“ a gestão plena por parte de empresas privadas, que desenvolvem seu

trabalho a título lucrativo, em centros ou estabelecimentos tutelares ou

penitenciários, gestão que pode chegar a incluir a construção do centro ou

habilitação do já existente”.

 

Em entrevista concedida a revista dataveni@, Fernando Capez se mostrou

totalmente a favor da privatização:

“É melhor que esse lixo que existe hoje. Nós temos depósitos humanos,

escolas de crime, fábrica de rebeliões. O estado não tem recursos para gerir,

para construir os presídios. A privatização deve ser enfrentada não do ponto

de vista ideológico ou jurídico, se sou a favor ou contra. Tem que ser

enfrentada como uma necessidade absolutamente insuperável. Ou

privatizamos os presídios; aumentamos o número de presídios; melhoramos

as condições de vida e da readaptação social do preso sem necessidade do

investimento do Estado, ou vamos continuar assistindo essas cenas que

envergonham nossa nação perante o mundo. Portanto, a privatização não é a

questão de escolha, mas uma necessidade indiscutível, é um fato”.

 

Page 11: PROJETO GERALDO

Algumas propostas de implantação da privatização do sistema carcerário já

foram concretizadas, tais como, uma proposta feita pela União, uma pelo Estado de

São Paulo e a outra é a tramitação na Câmara dos Deputados do projeto de lei nº

2.825.

O modelo federal possui por finalidade a criação de um sistema penitenciário

federal, ou seja, as prisões de segurança máxima ficariam a responsabilidade da

União. Utilizar-se-á um modelo de gestão mista, que envolve a administração

pública e a entidade privada. Os servidores continuam estatais e a entidade privada

iria construir os presídios de acordo com o estabelecido pela administração publica e

em contrapartida poderia explorar o trabalho remunerado dos detentos. Os contratos

teriam duração de no Maximo 10 anos.

A respeito do modelo paulista, este é basicamente igual ao da União, a única

diferença é que os funcionários seriam da empresa privada.

O projeto de lei nº 2.825 estabelece a terceirização das unidades prisionais,

alterando a LEP em alguns pontos. Pretende-se que o particular realize os serviços

de gestão, tais como o fornecimento de comidas, a segurança interna e a prestação

de assistência médica. 

As criticas a tais projetos ocorrem na questão da indelegabilidade do jus

puniendi Estatal. A jurisdição e a execução penal, como serviços públicos, não são

passíveis de delegação, pois fere o sistema constitucional.

Outro ponto negativo citado pelos contrários a privatização seria a exploração

do trabalho do detento pela empresa que iria gerir o presídio.

Maria Juliana Morais de Araujo, colaboradora com João Marcelo de Araujo

Junior, professor e coordenador do Curso de Mestrado em Direito da Cidade, da

Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, Afirma que:

 

“ Sendo a atividade executiva penal uma função pública, não poderia jamais

ser objeto de contrato com particulares através de procedimentos de licitação

e muito menos de privatização, pois como entendia De Marico: A jurisdição,

Page 12: PROJETO GERALDO

em suma, é o poder exclusivo de um órgão público de apurar a violação ou o

perigo de violação de um direito público ou privado, para declaração de

vontade da lei e aplicação coativa das conseqüências cominadas para a

infração ou das medidas destinadas a preveni-las”.

 

            Assim, como se percebe, a dicotomia a respeito do tema é bastante árdua,

não de obtendo uma opinião concreta e majoritária.

                       

 

 

 

 

 

 

 

Page 13: PROJETO GERALDO

METODOLOGIA:

  

Este trabalho de pesquisa vai ser baseado no modelo bibliográfico, utilizando-

se de livros jurídicos, revistas jurídicas e da internet. Para Antonio Carlos Gil, a

pesquisa bibliográfica:

“desenvolve-se ao longo de uma série de etapas. Seu número, assim

como seu encadeamento, depende de muitos fatores, tais como a

natureza do problema, o nível de conhecimento que o pesquisador

dispõe sobre o assunto, o grau de precisão que se pretende conferir à

pesquisa etc.”

Quanto ao método de abordagem, será utilizado o dialético, em que se

buscará a conclusão a partir de comparações de teses, doutrinas, jurisprudências e

no direito comparado.

Para o método de procedimento, utilizar-se-á o exploratório e o descritivo-

comparativo, utilizando-se, de fatos já acontecidos no passado para se comparar e

adequar ao presente. Esse método de pesquisa possui como característica

primordial possibilitar uma maior proximidade com o tema abordado e o seu

respectivo problema a ser estudado  

 

 

 

 

 

 

 

Page 14: PROJETO GERALDO

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

 

 

  Período (2011)

Atividades Jul Ago Set Out Nov Dez 

Revisão de

Literatura

X X        

Coleta de Dados (Fichamentos)

X X X X    

Análise dos Dados Coletados

    X X    

Interpretação dos Dados

    X X    

Encontro com o Orientador

  X X X X  X

Relatório Parcial do TCC I

    X X X  

Confecção Textual do TCC I

      X X  

Depósito do TCC I         X  

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 15: PROJETO GERALDO

REFERÊNCIAS

 

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica. 6. ed. revista. DP&A. Rio

de Janeiro. 2004.

ALVINO, Augusto de Sá; SHECAIRA Sergio Salomão. Criminologia e os

problemas da atualidade. Atlas. São Paulo. 2008.

PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da Pesquisa Jurídica. 11. ed. São Paulo.

Millennium. 2008.

JÚNIOR, João Marcelo de Araujo. Privatização das prisões. Revista dos

Tribunais. São Paulo. 1995.

CAPEZ, Fernando. Execução Penal Simplificado. ed. 14. Saraiva. São Paulo.

2011.

CAPEZ, Fernando. Entrevista concedida a revista DATAVENI@, ano VI, nº 55,

março de 2002. Disponível em HTTP://[email protected]. Acesso em 15/05/2011.

BARRAL, Welber Oliveira. Metodologia da pesquisa Juridica. Florianopolis.

Fundação Boiteux, 2003.

GIL, Antonio Carlos, 1946 – Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. Atlas S.

A. São Paulo. 2007.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 20 ed. Atlas. São Paulo.

2007.