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Vivenciar a democracia e protagonizar mudanças Projeto Eleições Gerais no Brasil ENSINO FUNDAMENTAL I ENSINO FUNDAMENTAL II ENSINO MÉDIO

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Vivenciar a democracia

e protagonizar mudanças

Projeto

Eleições Gerais no

Brasil

ENSINO FUNDAMENTAL I

ENSINO FUNDAMENTAL II

ENSINO MÉDIO

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Introdução

O projeto que apresentamos a seguir tem a intenção de incentivar a comunidade escolar a utilizar-se do processo eleitoral que ocorrerá no Brasil, no mês de outubro, como mote para a discussão de ideias e projetos elaborados pelos próprios alunos.

Dessa forma, propomos que este trabalho tenha como característica a atuação protagonista das crianças e dos jovens, na vontade de que, ao vivenciar tais práticas, eles possam constituir-se como cidadãos autônomos e capazes de, num futuro próximo, atuar em suas comunidades como agentes multiplicadores da vida democrática.

Uma trajetória da história eleitoral brasileira

Neste ano de 2014, os eleitores brasileiros voltarão às urnas para eleger (ou reeleger) o presidente da República, os senadores, os deputados federais, os governadores e os deputados estaduais. Segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são mais de 140 milhões de eleitores aptos a exercer o direito (que no Brasil também é um dever para todos os alfabetizados entre 18 e 70 anos) de votar.

Porém, enquanto alguns consideram este o ato máximo da democracia, o momento em que o povo, no exercício supremo de sua vontade, escolhe os representantes que exercerão o poder político em seu nome, outros, em especial os mais jovens, mostram-se cada vez menos interessados pelas questões políticas.

Em 2010, o portal IG publicou uma reportagem que afirmava:

[...] o número de pessoas aptas a votar em 2010 cresceu 7,8% em relação às últimas eleições presidenciais, em 2006. Apesar disso, a quantidade de jovens entre 16 e 18 anos – para os quais o voto é facultativo – que deve ir às urnas em 3 de outubro será 6,8% menos do que há quatro anos. [...]

MEINICKE, Taís; MOTTA, José Severino. Adolescentes não votam por preguiça, desinteresse e falta de tempo. Disponível em: <http://jovem.ig.com.br/oscuecas/noticia/2010/07/23/adolescentes+nao+votam+por+preguica

+desinteresse+e+falta+de+tempo+9545345.html>. Acesso em: 22 jul. 2014.

Projeto – Eleições Gerais no BrasilVivenciar a democracia e protagonizar mudanças

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Ao longo da reportagem, foram entrevistados trinta jovens que decidiram não votar. Lendo o que afirmaram, fica evidente que a maioria deles não considera o voto um ato importante e, mais do que isso, muitos acham ser algo inútil, que não representa mudanças importantes para a própria vida ou para a vida do país.

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Eleitor adolescente vota em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

Segundo dados oficiais do TSE, mais de 22 milhões de eleitores não compareceram às urnas nas eleições municipais de 2012 e os votos brancos e nulos para o cargo de vereador chegaram a mais de 10 milhões.

Essa distância do brasileiro em relação às eleições poderia ser atribuída à ausência de processos eleitorais, em vários momentos de nossa trajetória histórica, quando vivemos sob regimes políticos autoritários. Entretanto, ao contrário do que se imagina,

No Brasil, desde a Independência os legisladores reconhecem as eleições como uma peça fundamental da organização política. A primeira Constituição, promulgada em 1824, já previa eleições regulares para as duas Casas de representação nacional (Senado e Câmara de Deputados) e estabelecia as normas que definiam o direito do voto. Práticas que se repetiram em todas as Constituições seguintes – com exceção da Carta de 1937, que inaugurou o único regime político no país que suspendeu completamente as eleições.

NICOLAU, Jairo Marconi. Eleições no Brasil: do Império aos dias atuais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012. p. 8-9.

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Eleições sempre ocorreram ao longo da história do país. Assim, não se pode atribuir à ausência delas, o desinteresse de grande parte da população pelas eleições. Porém, há um fator importante nesse quadro que não pode ser desconsiderado: as formas como as eleições se realizaram na trajetória histórica brasileira.

Por um lado, se é fato que eleições existiram, por outro, também o é que essas eleições não eram representações claras da diversidade da população e, em muitos momentos, não foram exercidas em plena liberdade e com garantias constitucionais. E esse aspecto é fundamental.

No período colonial, a participação na escolha dos representantes para os Conselhos Municipais era restrita aos chamados “homens bons”, isto é, os nobres de linhagem, os senhores de engenho, os membros da alta burocracia militar e os grandes comerciantes. Os grupos de homens livres que não se enquadravam nesses requisitos não podiam participar do processo eleitoral, assim como os escravos, os indígenas e as mulheres.

Após a Independência, no período imperial (1822-1889), a participação no processo eleitoral foi determinada de forma censitária, só podiam votar e serem eleitos homens com determinado nível de renda. Excluíam-se os livres e pobres, assim como mulheres e escravos.

Apesar da mudança de regime político em 1889, com a Proclamação da República, esse quadro não se alterou substancialmente:

Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos maiores de 21 anos que tivessem se alistado conforme determinação legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que, apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude, principalmente, da proibição do voto do analfabeto e das mulheres.

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Eleições no Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2013.p. 43-44.

Além disso, a baixa densidade eleitoral era ainda submetida ao controle do voto por meio de pressões de todo tipo exercidas pelo chamado “coronel” local. Em vários lugares, o voto era aberto, não secreto, o que facilitava aos chefes políticos locais usar o poder para impor seus interesses.

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Na Era Vargas (1930-1945), ocorreram avanços e retrocessos no processo eleitoral. Após a Revolução Constitucionalista de 1932, que eclodiu em São Paulo, ocorreu a primeira eleição brasileira em que as mulheres conquistaram o direito de participar. Elas puderam votar e serem votadas na escolha da Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição de 1934. Mas essa Carta Magna teve vida curta, já que, em 1937, Getúlio Vargas instituiu a ditadura do Estado Novo e impôs uma Constituição outorgada, que vigorou até 1945. Esse foi o único período em que não ocorreu nenhuma eleição no país.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o apoio do Brasil aos aliados que lutaram contra as ditaduras nazifascistas, a exigência pela democratização do país foi intensa, o que levou à queda do Estado Novo e à instituição, pela primeira vez em nossa história, de uma República liberal baseada na instituição de uma democracia representativa. Nesse momento, o povo brasileiro conquistou o direito de votar e eleger seus representantes nos poderes Executivo e Legislativo. Os partidos políticos e seus programas estavam abertos ao debate público, os sindicatos e associações não governamentais puderam funcionar com relativa autonomia, a imprensa podia noticiar e debater os temas políticos e a participação dos cidadãos ocorria de forma livre. Segundo o pesquisador Rogério Schmitt:

Foi o fim do Estado Novo, em 1945, que possibilitou o surgimento dos primeiros partidos de caráter nacional, atuando sob condições de sufrágio universal, na história política brasileira. A democratização que se iniciava marcou a retomada de eleições periódicas e ininterruptas para o Congresso Nacional, que se sucedem até hoje. [...]

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Charge produzida durante a República Velha que satiriza o chamado “voto de cabresto”.

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Comício pelas Reformas de Base, Rio de Janeiro, 13 de março de 1964. Apoio a João Goulart.

Marcha da Família com Deus pela Liberdade, São Paulo, 19 de março de 1964. Contra João Goulart.

A Terceira República (1945-64) foi a primeira experiência com a democracia representativa na história política brasileira, expressa através da Constituição de 1946. Nesse período houve seis eleições para o Congresso Nacional e quatro eleições presidenciais, além dos pleitos nas esferas regional (governadores e deputados estaduais) e local (prefeitos e vereadores).

SCHMITT, Rogério. Partidos políticos no Brasil: 1945-2000. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 7.

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Entretanto, o regime democrático durou pouco tempo. Em 1964, um golpe de Estado protagonizado pelas Forças Armadas brasileiras, com apoio de segmentos civis, instituiu um novo regime autoritário, a ditadura militar (1964-1985). Governando por meio de decretos, os presidentes militares eram eleitos indiretamente. Instituiu-se nesse período o bipartidarismo, com um partido do governo e uma oposição consentida. Muitos políticos e lideranças deixaram o país para viver no exílio e outros tantos foram presos, torturados e mortos, principalmente após a imposição do Ato Institucional nº 5, de 1968, que aumentou os mecanismos de repressão do regime ditatorial. Foi o último golpe na democracia liberal instituída em 1945.

O voto, nesse contexto, perdeu o sentido de participação popular e acabou por se tornar mais um instrumento de exercício do poder por parte dos militares:

Durante o Regime Militar foram realizadas, para todos os cargos, eleições diretas e indiretas, conforme as hipóteses legais. A existência de eleições durante esse período – especialmente para o Congresso Nacional – tinha uma dupla função: legitimar as decisões do governo, já que, pelo menos formalmente, existia oposição; e servir como uma espécie de laboratório eleitoral, no qual a população podia exercer – controladamente – o direito de votar.

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Eleições no Brasil: uma história de 500 anos.

Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2013. p. 63.

Após 20 anos de ditadura militar, eclodiu no país um dos maiores movimentos políticos de participação popular de nossa história. Em 1984, nas grandes cidades brasileiras, ondas de manifestações com milhares de pessoas exigiam a aprovação no Congresso da Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que permitia eleições diretas para presidente da República, a chamada “Diretas Já”.

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Manifestação no dia 25 de janeiro de 1984, na Praça da Sé, em São Paulo.

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Dessa forma, o povo brasileiro exigia o retorno da democracia e o direito de decidir sobre seus destinos políticos. As manifestações tomaram proporções gigantescas e a ditadura sentiu a pressão popular. Mesmo assim, a emenda não foi aprovada e a eleição do primeiro presidente civil após a ditadura militar foi feita no Colégio Eleitoral, de forma indireta.

Nesse instante, ficava clara a opção por um processo de redemocratização acordado entre os grupos do regime autoritário e dos que defendiam a democracia. Essa transição, de fato, trouxe uma situação ambígua, conforme afirma o historiador Boris Fausto:

A transição brasileira teve a vantagem de não provocar grandes abalos sociais. Mas teve também a desvantagem de não colocar em questão problemas que iam muito além da garantia dos direitos políticos à população. Seria inadequado dizer que esses problemas nasceram com o regime autoritário. A desigualdade de oportunidades, a ausência de instituições do Estado confiáveis e abertas aos cidadãos, a corrupção, o clientelismo são males arraigados no Brasil. Certamente esses males não seriam curados da noite para o dia, mas poderiam começar a ser enfrentados no momento crucial da transição.

O fato de que tenha havido um aparente acordo geral pela democracia, por parte de quase todos os atores políticos, facilitou a continuidade de práticas contrárias a uma verdadeira democracia. Desse modo, o fim do autoritarismo levou o país mais a uma ‘situação democrática’ do que a um regime democrático consolidado. A consolidação foi uma das tarefas centrais do governo e da sociedade nos anos posteriores a 1988.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial, 2001. p. 290.

O retorno das eleições presidenciais se deu em 1989. Os eleitores brasileiros passaram a eleger todos os representantes políticos da nação, nos poderes Legislativo e Executivo, do vereador ao presidente da República. Entretanto, aparentemente, o sentimento de boa parte das pessoas é de que isso não significa muito, pois do entusiasmo do retorno das eleições gerais em 1989 pouco restou nos tempos atuais.

Desde então, ocorreram seis eleições gerais no país. Apesar do aumento sistemático do número de eleitores, ao contrário do que se esperava, o clima do contexto eleitoral foi ficando cada vez menos intenso, com menor participação efetiva da população, além do momento da urna. Entretanto, em meio a esse cenário, na eleição de 2010, um novo fenômeno se mostrou significativo: a internet e, mais especificamente, as redes sociais.

Nas ferramentas digitais, o debate eleitoral foi muito mais acalorado do que nas propagandas dos candidatos na televisão e no rádio, nos debates ao vivo ou mesmo nas ruas.

Nesse ambiente virtual, as pessoas se sentiram muito mais à vontade para se posi-cionar e para opinar, extrapolando, inclusive, em alguns momentos, o confronto de ideias e visões políticas.

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Fato é que o fortalecimento das ferramentas digitais como meio de comunicação instantâneo e pessoal forçam os candidatos a buscar interagir com os eleitores por esse meio. E, evidente, quanto mais jovem for o eleitor, mais próximo estará do uso dessas ferramentas como meio de participação no processo eleitoral.

Por essa razão, estudiosos acreditam que o uso das redes sociais tenderão a aproximar novamente os eleitores do debate político e, especificamente, do projeto eleitoral. Essa tendência já movimenta os partidos e candidatos. Segundo reportagem do Portal R7:

A oito meses das eleições para presidente, partidos e pré-candidatos correm contra o tempo para ampliar sua atuação nas redes sociais, de olho em uma legião de eleitores cada vez mais influenciada pelo que vê e lê na internet.

Oficialmente, a campanha eleitoral na rede só começa no dia 6 de julho, mas legendas e candidatos já buscam criar laços com o eleitor que possam render frutos nas urnas, cientes do potencial das mídias como plataforma de discussão [...].

Presidenciáveis ‘acordam’ para poder das redes sociais. Disponível em: <http://noticias.r7.com/eleicoes-2014/presidenciaveis-acordam-para-poder-das-redes-sociais-07022014>. Acesso em: 22 jul. 2014.

Embora as redes sociais sejam um espaço que permite essa participação inicial, a discussão política não pode ficar restrita a esse meio, é necessário que o debate seja ampliado e trazido para o espaço público, o local genuíno do exercício da atividade política.

Assim, a escola pode ser o lugar que torna essa vivência possível. Onde o debate a que os jovens estão acostumados nas redes sociais seja construído num ambiente público, com respeito às diferenças, num contexto aberto, franco, democrático e que garanta as condições para sua atuação como protagonista.

É uma das metas desse projeto fazer com que a impressão, constituída historicamente no Brasil, de que o voto é a única expressão (protocolar) da democracia seja substituída por uma noção de que o voto é, na verdade, uma (e apenas uma) das etapas da construção da democracia, que deve ser resultante da participação efetiva de todos os cidadãos no cotidiano das ações políticas que o cercam no âmbito local, regional e nacional.

O protagonismo juvenil e a cidadania

Diante do cenário que descrevemos acima, consideramos importante pensar estraté-gias de ação que se dediquem a valorizar a participação de crianças e jovens, desde cedo, nas práticas cotidianas da democracia, e acreditamos que este projeto seja uma ferra-menta inicial de inclusão deles no debate político, ancorado nos valores da diversidade e do convívio com o contraditório que as diferentes visões de mundo permitem existir.

Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a cidadania é um fenômeno essencialmente histórico, definido na luta dos povos por direitos:

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Tornou-se costume desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos. [...] Direitos civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Eles se desdobram na garantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de não ser preso a não ser pela autoridade competente e de acordo com as leis, de não ser condenado sem processo legal regular. [...]

É possível haver direitos civis sem direitos políticos. Estes se referem à participação do cidadão no governo da sociedade. Seu exercício é limitado a parcela da população e consiste na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar, de ser votado. [...] Os direitos políticos têm como instituição principal os partidos e um parlamento livre e representativo. São eles que conferem legitimidade à organização política da sociedade. Sua essência é a ideia de autogoverno.

Finalmente, há os direitos sociais. [...] Eles incluem o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. [...] Em tese eles podem existir sem os direitos civis e certamente sem os direitos políticos. Mas, na ausência de direitos civis e políticos, seu conteúdo e alcance tendem a ser arbitrários. [...] A ideia central em que se baseiam é a da justiça social.

CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 9-10.

Ora, o voto é uma expressão dos direitos políticos que, por sua vez, são parte dos direitos que toda pessoa deve ter para possuir o completo estatuto de cidadão. Dessa forma, é importante oportunizar aos alunos vivências que permitam compreender que o exercício da cidadania vai muito além do voto, que a democracia passa também pela garantia dos direitos civis, políticos e sociais.

Para tanto, não podemos criar estratégias que tornem os estudantes agentes passivos do projeto. Eles devem vivenciá-lo como agentes ativos desde a concepção até o produto final que se pretende pôr em prática, pois só assim ele se torna significativo no sentido de arraigar conceitos e ações no cotidiano. Evidente que os professores são fundamentais como guias e mediadores desse processo educativo, já que ser protagonista envolve não apenas direitos, mas também grandes responsabilidades, para as quais crianças e jovens devem ser preparados. Assim, é importante que se reconheça que:

O aluno aprende quando se torna sujeito de sua aprendizagem. E, para se tornar sujeito de sua aprendizagem, ele precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto da escola, projeto esse inserido no projeto de vida do próprio aluno. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da educação e da aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico.

FRANCO, Francisco Carlos. A participação do jovem no contexto escolar: processos educativos e decisórios. Revista Horizontes, Universidade São Francisco, v. 28, n. 2, jul./dez. 2010, p. 91.

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A valorização do protagonismo juvenil acontece no dia a dia escolar, na relação entre professor e aluno na sala de aula. Apenas num ambiente democrático é possível vivenciar a democracia. Em espaços autoritários e opressores, defender a democracia é contraditório e, portanto, tornará muito mais difícil e conflituosa a construção orgânica dos conceitos que estamos propondo.

Sabemos, entretanto, que as mudanças de cultura são lentas e graduais, com avanços e retrocessos. A proposta do trabalho com um projeto pode ser um primeiro passo no sentido da construção dessa vivência democrática no espaço escolar. Assim:

[...] o trabalho com projetos didáticos sinaliza como uma forma de incentivar a participação do jovem no processo educacional, uma vez que [...] essa perspectiva favorece o processo educacional por:

• Rompercomoesquematradicionaldocurrículoescolar;

• Propiciaraparticipaçãodosalunosesuperaromodelotradicional;

• Incentivaraconstruçãodoconhecimentoporintermédiodainvestigação;

• Articular ações entre o trabalho individual e o coletivo e valorizar atitudes ecomportamentos sociais etc.

FRANCO, Francisco Carlos. A participação do jovem no contexto escolar: processos educativos e decisórios. Revista Horizontes, Universidade São Francisco, v. 28, n. 2, jul./dez. 2010, p. 91.

A proposta de um projeto que envolva a temática das eleições e da democracia pode ser um passo importante para a construção de uma escola que dê espaço ao protagonismo de crianças e adolescentes.

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Adolescentes reunidos em uma sala de um colégio. Grêmio estudantil.

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O Grêmio Estudantil como instrumento de protagonismo juvenil

Entre as ações mais perenes de protagonismo juvenil que qualquer escola pode desenvolver e que se associa ao escopo deste projeto está o Grêmio Estudantil.

O Grêmio é um órgão que serve como ferramenta de vivência política e democrática dentro do espaço escolar. Ao criá-lo, organizá-lo, montar um estatuto, realizar um processo de elaboração de chapas que concorram em eleições livres, ao promover um debate sobre as questões da escola e sua comunidade, os alunos aprendem, na prática, como se constituem as ações políticas e de convivência com as diferenças.

Não se trata apenas de ganhar ou perder eleições para o Grêmio Estudantil, mas de vivenciar um processo que envolve propor ideias, disputar e administrar uma instituição (para aqueles que forem candidatos), além de escolher sobre posições contrárias, acompanhar a administração e cobrar a realização dos projetos propostos na campanha (para aqueles que não forem candidatos).

A experiência de propor ideias é decisiva para o amadurecimento das práticas democráticas que concorrem para a formação da cidadania dos estudantes.

Por fim, é importante lembrar, conforme faz a jornalista da ONG Sou da Paz, Roberta Battistella, que:

O Grêmio Estudantil é a associação representativa dos estudantes. Sua existência é garantida por lei, mas sua fundação não deve corresponder ao cumprimento exclusivo de uma obrigação legal. Ao contrário, o Grêmio deve existir como um princípio e conteúdo pedagógico, compondo o currículo escolar, sendo uma experiência política teórica e prática de exercício de cidadania, formação de cultura cívica e estabelecimento de uma rede de capital social na escola.

BATTISTELLA, Roberta Navas. Grêmio estudantil: participar para prevenir a violência. Mundo Jovem: um jornal de ideias. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Disponível em:

<http://www.mundojovem.com.br/gremio-estudantil/gremio-estudantil-participar-para-prevenir-a-violencia>. Acesso em: 22 jul. 2014.

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No boxe Para saber mais, indicamos endereços eletrônicos com informações para criar um Grêmio Estudantil atuante. Incentive os alunos, mostrando a eles a importância da existência do Grêmio na escola.

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Crianças protestam por um Brasil melhor em frente ao Congresso Nacional. 23/6/2013. Brasília/DF.

O trabalho em grupo é uma das marcas principais da organização de um Grêmio Estudantil. Nele, os estudantes precisam trocar ideias e se organizar coletivamente para colocá-las em prática.

O projeto

As ideias a seguir estão apresentadas por segmentos de ensino – Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio –, procurando aproximar as propostas das condições médias estabelecidas para cada um dos níveis de ensino, respeitando a faixa etária, vivências e aprendizagens.

Para saber mais(acesso em: 22 jul. 2014)

Para auxiliar os professores na tarefa de sensibilizar os alunos, indicamos alguns materiais que podem ser úteis para a compreensão do trabalho.

<http://picasaweb.google.com/sandygsoares/VOCSABIAELEIES>

História em quadrinhos com as personagens da Turma da Mônica que apre-senta conteúdo didático sobre o funcionamento das eleições.

<http://imagem.camara.gov.br/internet/midias/Plen/swf/revistaAnimada/projeto_eleitoral_mirim/revista.swf>

Projeto da Câmara dos Deputados, realizado em 2010, que criou a “eleição mirim”. Pode ser adaptado para uso em qualquer momento, pois debate temas como democracia, candidatura, tipos de votação, projetos de leis, entre outros.

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<http://www.plenarinho.gov.br/>

Página do Congresso Nacional voltada para o público infantojuvenil. Apresenta a discussão de temas políticos e sociais para as diversas faixas etárias da escola básica.

<http://www2.camara.leg.br/responsabilidade-social/edulegislativa/educa-cao-legislativa-1/educacao-para-a-democracia-1/missao-pedagogica>

Página de acesso ao projeto da Câmara dos Deputados para professores da escola pública. Trata-se de um curso, feito parte presencialmente e parte a distância, voltado para a capacitação dos docentes, visando a aplicação de projetos voltados para a democracia e a cidadania em suas escolas.

Para criação e/ou aperfeiçoamento do Grêmio Estudantil, consulte:

<http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/quer-aprender-a-fundar-um-gre-mio-nao-perca-tempo-e-comece-ja-2>

Página do site da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo que indica o passo a passo para criar um Grêmio na escola, destacando os aspectos burocráticos.

<http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=2050>

Página do site da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro que indica modelos de estatuto e formas de organização de um Grêmio Estudantil.

<http://www.mundojovem.com.br/gremio-estudantil>

Página do jornal Mundo Jovem, da PUC-RS, que indica os caminhos burocráticos para a criação de um Grêmio. Além disso, aponta a importância na formação política e de cidadania dos estudantes.

<http://www.ubes.org.br/>

Site da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas que apresenta várias informações sobre os direitos e deveres dos estudantes brasileiros, além de apresentar os caminhos para a criação do Grêmio Estudantil, mostrando a importância da existência dessa entidade nas escolas brasileiras.

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Objetivos deste projeto:

• Propor ações que permitam a participação efetiva dos alunos na construção dos projetos escolares.

• Integrar as diversas disciplinas escolares numa ação que vislumbre o protagonismo dos alunos na execução de atividades.

• Introduzir a temática das eleições no contexto mais amplo da luta política pela democracia e pelos direitos civis, políticos e sociais.

• Aprimorar os conhecimentos sobre o funcionamento das instituições políticas e sua relação com a vida social e cotidiana.

• Estimular a participação efetiva dos alunos na vida política de sua comunidade, de sua cidade e de seu país.

Considerações finais

A ideia geral apontada até aqui é a de que as eleições, apesar de terem ocorrido sistematicamente na história brasileira, são condição essencial, porém insuficientes, para a construção da cidadania e da democracia. Vimos que há uma sensação geral de desinteresse pelos processos eleitorais recentes e que, ao que parece, o fenômeno tende a se repetir nas eleições de 2014.

O alento, com todos os prós e contras, ocorre com o aumento dos debates políticos por meio da internet e, mais especificamente, das redes sociais. Com a presença maciça dos jovens nessas ferramentas digitais, é óbvio que o ambiente escolar será “contaminado” pelos debates que se desenvolverão por ali.

Diante disso, consideramos que um projeto em torno das eleições gerais de outubro de 2014 é uma boa oportunidade para que a escola vivencie ações de protagonismo juvenil, possibilitando, inclusive, a criação ou revitalização do Grêmio Estudantil como forma de ajudar na construção de um espaço escolar mais democrático e inclusivo.

Com essa perspectiva é que propomos os projetos para os diferentes níveis de ensino, com a intenção de que eles sejam um convite para a reflexão interna da escola no sentido de oportunizar maior participação ativa dos alunos na concepção, elaboração, execução, acompanhamento e conclusão de planos de ação que valorizem os direitos de cidadania e de participação democrática.

Bom trabalho!

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Referências

BATTISTELLA, Roberta Navas. Grêmio estudantil: participar para prevenir a violência. Mundo Jovem: um jornal de ideias. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/gremio-estudantil/gremio-estudantil-participar-para-prevenir-a-violencia>. Acesso em: 22 jul. 2014.

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Eleições no Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2013.

CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial, 2001.

FRANCO, Francisco Carlos. A participação do jovem no contexto escolar: processos educati-vos e decisórios. Revista Horizontes, Universidade São Francisco, v. 28, n. 2, jul./dez. 2010, p. 89-96.

MEINICKE, Taís; MOTTA, José Severino. Adolescentes não votam por preguiça, desinteresse e falta de tempo. Disponível em: <http://jovem.ig.com.br/oscuecas/noticia/2010/07/23/ado-lescentes+nao+votam+por+preguica+desinteresse+e+falta+de+tempo+9545345.html>. Acesso em: 22 jul. 2014.

NICOLAU, Jairo Marconi. Eleições no Brasil: do Império aos dias atuais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012.

PRESIDENCIÁVEIS ‘acordam’ para poder das redes sociais. Disponível em: <http://noticias.r7.com/eleicoes-2014/presidenciaveis-acordam-para-poder-das-redes-sociais-07022014>. Acesso em: 22 jul. 2014.

SCHMITT, Rogério. Partidos políticos no Brasil: 1945-2000. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

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Disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa,

Matemática, Arte, Educação Física, Música

Título: Vivenciar a democracia e protagonizar mudanças

1. Tema

A vez e a voz dos pequenos. A participação cidadã num projeto de democracia.

2. Objetivos

• Construir os conceitos de democracia e cidadania.

• Compreender a importância da participação cidadã em um projeto de democracia.

• Valorizar os movimentos sociais e as organizações civis que lutam pelos direitos à terra, moradia, educação, saúde e salários dignos.

• Perceber a inter-relação existente entre os vários momentos do projeto.

• Comparar um fato a outro; perceber similaridades e diferenças.

• Entender como se faz uma pesquisa de opinião.

• Conhecer por nome os principais candidatos que disputam as eleições e suas propostas.

• Levantar propostas, argumentar ideias, discutir opiniões.

• Conviver com a diversidade, respeitar pensamentos divergentes.

3. Conteúdos

• Noções de democracia e cidadania.

• Organizações sociais não governamentais.

• Os três últimos presidentes.

• A importância do voto.

• Como é feita uma pesquisa de opinião.

• Debates, pesquisas, jogos coletivos.

• Registros em textos, desenhos, colagens, construções de painéis.

• Linguagem musical.

4. Tempo estimado

Dois meses, sendo o primeiro mês dedicado às etapas 1, 2 e 3 do projeto e o segundo mês dedicado às etapas 4 e 5.

ENSINO FUNDAMENTAL I – 1º ao 5º ano

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5. Materiais necessários

• Cartolina.

• Tintaguache,pincéis,gizdecera,pincelatômico.

• Computador.

• Acessoàinternet.

• Recortesderevistas.

• Urnadepapelão.

• Fichasparaocaçaaotesouro.

• MúsicaHistória de um pedregulho.

• FilmeVida de Inseto.

• DocumentárioBabaçu é vida.

6. Planejamento das etapas1

1ª ETAPA

Noções de democracia e cidadania

A intenção educativa desta etapa é fazer com que o aluno compreenda a importância da participação cidadã num projeto de democracia. Nossa sugestão é apresentar aos alunos o filme Vida de Inseto. [Direção: John Lasseter e Andrew Stanton. EUA: 1998 (95 min)] para mediar a compreensão dessa ideia.

O filme mostra as formigas exploradas pelos gafanhotos, que todos os anos exigem uma enorme quantia de comida. Se as formigas não cumprirem essa exigência, os gafanhotos atacam o formigueiro. Mas, certo ano, Flik, uma formiga cansada de ser oprimida, sai em busca de outros insetos dispostos a ajudar o formigueiro a combater os gafanhotos.

Visto o filme, vamos explorá-lo. Comece pela organização política das formigas. Existia política no mundo dos insetos? Como funcionava? Para que compreendam a organização política narrada no filme, construa com eles um organograma. Temos aqui uma monarquia? “Monarquia é...”. As primeiras ideias sobre monarquia devem ser construídas com base em hipóteses sugeridas pelos alunos. Para ampliar o conhecimento, proponha uma pesquisa, que pode ser feita em casa ou no laboratório de informática. No retorno da pesquisa, organize-os em pequenos grupos para que revisitem suas hipóteses e reescrevam o conceito coletivamente.

1 Sempre que as estratégias sugerirem atividades de leitura ou escrita, os(as) professores(as) dos primeiros anos do EF1 devem atuar como escribas e leitores para os pequenos. As atividades de escrita individuais devem ser convertidas em produções coletivas.

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E o Brasil, como se organiza politicamente? O Brasil é uma República, o presidente não é um rei, não governa sozinho e é eleito pelo povo. Temos uma democracia. “Democracia é...”, repete-se o mesmo processo: levantamento de hipóteses, ampliação do conhecimento pela pesquisa, revisitação das hipóteses, elaboração do conceito. Prossiga com uma nova problematização: Havia democracia no formigueiro? Por quê? Nessa discussão, começam a ser desenhadas as primeiras noções de cidadania.

Continuemos a explorar o filme. As formigas viviam um grande problema, qual era? Que consequências esse problema trazia para o formigueiro? Como foi possível resolvê-lo? Esta parte do filme deve ser assistida novamente, se necessário. A solução veio quando os cidadãos do formigueiro somaram forças, superaram diferenças. Esse é um exemplo de cidadania. Vamos à construção do conceito seguindo as etapas anteriormente mencionadas: “Cidadania é...”. Logo após o levantamento de hipóteses, retorne à análise: Se o filme contasse a história dos brasileiros, de que problemas trataria? As respostas a essa pergunta permitirão um diagnóstico sobre o que os alunos conhecem a respeito da realidade sociopolítica brasileira. O registro das hipóteses é de grande importância para a construção do conhecimento.

Para ampliação da ideia de cidadania, sugerimos o trabalho com a canção História de um pedregulho, do Padre Zezinho. (In: Qualquer coisa de novo. São Paulo: Paulinas, 1999.)

Para conclusão dessa etapa, propomos um jogo de palavras2 que começa mais ou menos assim: “Se a democracia fosse uma casa, a cidadania seria o...”; “Se a democracia fosse um carro, a cidadania seria o...”; “Se a democracia fosse um sanduíche, a cidadania seria o...”.

Como síntese de aprendizagem, entregue uma tela em branco, tinta guache e pincéis e deixe-os construir “A Democracia”.

2ª ETAPA

O planejamento

A intenção educativa dessa etapa é tornar o aluno autor de sua aprendizagem, fazendo-o tomar parte na elaboração do planejamento.

De posse dos conceitos de democracia e cidadania, é possível elaborar com os alunos um projeto aproveitando a temática das Eleições Gerais 2014. Para isso, o professor deve apresentar o tema e perguntar o que gostariam de conhecer a respeito dele. Deve-se registrar as propostas numa lista. Depois, com os alunos, elencar prioridades. Lembramos que temas importantes devem ser indicados

2 Para os primeiros anos do EF1, o jogo deve ser um registro coletivo, devendo permanecer exposto na sala de aula.

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pelo professor e colocados na lista, caso os alunos não o relacionem. Sugerimos incluir: o Brasil que não se vê (movimento das quebradeiras de coco); os três últimos presidentes do Brasil; os candidatos à presidência e suas propostas; as pesquisas de opinião; uma eleição na escola.

Uma vez elencados os temas de estudo, passa-se para o segundo momento (como vamos estudar isso). Ouça atentamente as propostas dos alunos e registre-as. Em seguida, escolha as propostas mais viáveis, considerando tempo e espaço. Como na escolha da temática, aqui também o professor deve complementar as sugestões de estudo. É sobre isso que se embasa nossa proposta a seguir, elas são etapas sugestivas para um roteiro de estudo. Usamos como base os temas anteriormente elencados.

3ª ETAPA

Roteiros de estudo

O Brasil que não se vê e os três últimos presidentes

Com a terceira etapa iniciam-se os roteiros de estudo. A intenção educativa deste momento é aproximar o aluno de uma realidade pouco divulgada pela mídia.

1. Convide os alunos a viajar pelo interior do Maranhão, onde conhecerão o movimento das mulheres quebradeiras de coco babaçu. O documentário Babaçu é vida conta em poucos minutos como elas passaram do trabalho individual para uma cooperação que culminou no prêmio de melhor gestão 2007/2008 pela Caixa Econômica Federal. O documentário está disponível em: <http://m.youtube.com/watch?v=x0XO8NfOSuI>. Acesso em: 22 jul. 2014.

Existe uma similaridade entre o documentário e a canção História de um pedre-gulho. Em ambos, as personagens se sentem fortes depois de juntar forças, unir ideias, somar esforços. As mulheres quebradeiras de coco, a maioria sem escola-ridade, descobriram uma forma de melhorar o lugar onde viviam. Como sozinhas não conseguiriam, foram em busca de parcerias. Algumas empresas somaram esforços com elas, como a Caixa, o Sebrae, etc.

2. Discuta essas e outras questões com os alunos. Depois, pergunte: Vocês acham que votar é importante? Por quê?

3. Estenda uma tira de papel pardo no chão e escreva “Votar é importante porque...”. Peça aos alunos que complementem a ideia escrevendo sua resposta no papel. Depois de pronto, deixe-o em exposição.

4. Oriente uma pesquisa sobre as principais ações dos três últimos presidentes do Brasil. No retorno da pesquisa, construa um quadro com o nome do presidente, a foto e os fatos marcantes de seu governo. A seguir, colocamos um breve resumo como apoio para o professor.

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Presidente Fatos marcantes de seu governo

Fernando Henrique Cardoso (FHC) –Partido PSDB

Criou o plano real; estabilizou a inflação; privatizou grandes empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, empresas de telefonia, etc.; mudou a lei de diretrizes e bases da educação. Foi um governo reconhecido pela comunidade internacional.

Luiz Ignácio Lula da Silva (Lula) – Partido PT

Deu continuidade ao plano de FHC na economia; diminuiu o risco Brasil; trouxe novos investimentos para o país; tornou o Brasil reconhecido e respeitado pela comunidade internacional; na educação, ampliou a obrigatoriedade do ingresso da criança na escola para 6 anos; instituiu as cotas de vagas universitárias para jovens de descendência afro, índia e estudantes de escolas públicas; investiu em projetos sociais, como luz para todos, bolsa família, entre outros.

Dilma Rousseff (Dilma) – Partido PT

Primeira mulher a assumir o cargo de presidenta do Brasil. Deu continuidade ao governo do presidente Lula, mantendo os projetos sociais; sustentou a economia, fazendo o país transitar com baixo risco pela crise internacional. Em 2011, o Brasil passou a ser considerado a 6ª economia mundial, superando pela primeira vez a Grã-Bretanha. Em 2013, a despeito do cenário desfavorável vivido por boa parte das economias do globo, o PIB cresceu 2,3%, surpreendendo os economistas. Apesar do cenário positivo, Dilma sofreu uma forte oposição popular gerada por movimentos criados na internet.

5. Desenhe o contorno do mapa do Brasil. Coloque-o no centro da sala. Com apoio de recortes de revistas, peça aos alunos que ilustrem o mapa com situações que o futuro presidente do Brasil não pode deixar de ver.

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4ª ETAPA

Os candidatos, suas propostas políticas e as pesquisas de opinião

A intenção educativa desta etapa é permitir que os alunos conheçam os principais candidatos e se aproximem minimamente do modo como funciona uma pesquisa de opinião.

Nesta etapa, o conhecimento será mediado pelo jogo. Vamos ao Caça ao tesouro:

1. Numa área livre da escola, esconda as pistas do tesouro. Ao final do jogo, cada grupo deverá estar de posse do nome do candidato, do seu partido político e de uma pequena resenha sobre seu perfil.

Ideias para as pistas do caça ao tesouro:

a) Vá até a lixeira à esquerda do pátio. Dê dois passos e descubra o partido de seu candidato.

(Exemplo: Partido Socialista Democrático Brasileiro – PSDB).

b) Corra até o jardim, olhe abaixo da roseira.

(Exemplo: O candidato pelo seu partido nasceu em Minas Gerais).

c) Volte ao banco que está à direita do pátio.

(Exemplo: O candidato à presidência pelo PSDB é...)

d) Vá até a cantina e descubra.

Assim, crie pistas e respostas para o jogo.

2. Ao final do Caça ao tesouro, peça que juntem o nome do partido com o nome do candidato e a resenha sobre seu perfil. Entregue para cada grupo uma cartolina para que os alunos construam um cartaz sobre o candidato.

3. Encaminhe uma pesquisa. Cada grupo deverá trazer para a escola algumas ideias sobre as propostas de governo de seu candidato e também sua posição no ranking da última pesquisa de opinião3.

4. Na devolução da pesquisa, cada grupo apresenta seu candidato com nome, foto, partido e um resumo da proposta política. Analise com eles os prós e os contras de cada um e também os dados da pesquisa de opinião.

5. Para que entendam como este tipo de pesquisa é feita, faça com eles uma pesquisa de intenção de votos.

3 Para os primeiros anos do EF1, peça aos pais ou responsáveis que ajudem na coleta de informações. Para que o tra-balho ocorra satisfatoriamente, oriente-os a serem o leitor e o escriba dos filhos. As crianças deverão saber falar sobre seu candidato, assim como os alunos dos anos subsequentes.

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6. Com os dados da pesquisa, construa um gráfico. Ao final, pergunte: Que candidato ganharia as eleições se sua sala de aula fosse o Brasil? Comente que sua turma representa uma amostra das crianças do país. As pesquisas de opinião são feitas assim, considerando uma amostra da população. Compare o resultado da pesquisa feita pela turma com resultados da pesquisa do Datafolha, por exemplo.

5ª ETAPA

Uma eleição na escola

1. Promova um júri simulado: escolha um aluno de cada grupo para atuar como candidato. Os candidatos devem trazer para o debate do júri sua proposta eleitoral e convencer a turma de que, se eleitos, farão o melhor governo. O professor deve fazer o papel de mediador, organizando o tempo de fala e réplica dos candidatos. Deixe o debate sem conclusão. Quando o tempo estiver se encerrando, peça aos candidatos que se despeçam dos eleitores.

2. Com sucata, construa uma urna eletrônica (modelo disponível em: http://www.pragentemiuda.org/2010/09/urna-eletronica-com-sucata.html. Acesso em: 22 jul. 2014).

3. Com a urna pronta, simule uma eleição para eleger um dos candidatos do júri simulado.

7. Produto final

1. Monte uma carta-painel para que os alunos expressem suas necessidades aos candidatos das eleições de 2014. O mural pode começar assim:

Senhores candidatos,

Somos alunos da escola ... e queremos, por meio deste painel, lhes mostrar como esperamos que seja o país onde vivemos.

O painel deve ser ilustrado como se fosse um quadro de regras; use fotografias, reportagens, símbolos.

2. Ao final, faça uma exposição dos trabalhos desenvolvidos nas etapas do projeto. Envie um release e convide a imprensa local.

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8. Avaliação

Avaliar é olhar para o vivido para realçar os pontos fortes, aprender com o que deu certo, corrigir erros. É uma etapa importante do processo de aprendizagem que oferece oportunidade de sistematizar o conhecimento, olhar de novo para a mesma realidade e reeditá-la. Ao professor, é o momento de estabelecer a relação entre os objetivos propostos e o conhecimento assimilado pelos alunos. É o tempo de olhar para cada aluno individualmente e conhecer o modo como apreende o conhecimento e, com base nesse panorama, propor novos trabalhos.

Nossa sugestão para o momento de avaliação:

1. Avaliação coletiva

Produção de um texto sobre a participação cidadã na construção da democracia. Para os primeiros anos do EF1, trabalhe com um texto coletivo.

2. Autoavaliação

Entregue uma folha em branco, peça que a dobrem em quatro partes. No quadrado da primeira dobra, devem escrever o que aprenderam no projeto. No segundo quadrado, as dificuldades vividas. No terceiro quadrado, devem escrever uma conclusão a respeito do tema. No quarto quadrado, devem dizer como foi sua participação no processo.

3. Junte os textos, desenhos e a folha de autoavaliação, encaderne e peça que ilustrem a capa, que deve conter o título “Democracia”. Deixe este material num canto de leitura para ser manuseado pelos alunos sempre que quiserem.

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Disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e Arte.

Título: Vivenciar a democracia e protagonizar mudanças

1. Tema

Semanas de debate: confrontar ideias e conviver com as diferenças.

2. Objetivos

• Compreender a importância do debate e da argumentação em torno de questões relevantes para a sociedade.

• Articular os conhecimentos das diversas disciplinas num plano de ação coletivo para a elaboração de um debate em torno das questões mais importantes para a juventude.

• Participar da troca de ideias e visões diferentes sobre os assuntos, mostrando que é possível a convivência respeitosa entre aqueles que pensam de forma diferente.

• Envolver-se no debate sobre os problemas da juventude, como educação, família, lazer, trabalho infantil, ingresso no mercado de trabalho, entre outros temas.

• Elaborar propostas de intervenção com base na análise dos problemas que a juventude brasileira enfrenta atualmente.

• Criar um canal de diálogo entre as propostas elaboradas e as autoridades responsáveis, inclusive da escola, enviando o material elaborado para os órgãos competentes.

3. Conteúdos

• Conhecimento do contexto social e político do país, especialmente no que diz respeito à vida da juventude brasileira.

• Pesquisa sobre os temas que a escola se propor a discutir. Alguns exemplos: educação, família, lazer, trabalho infantil, ingresso no mercado de trabalho.

• Organização de ideias para um debate em torno das temáticas envolvidas, com participação coletiva e troca de ideias.

• Apresentação de candidaturas baseadas nos problemas encontrados. Produção de material de campanha e elaboração de estratégia para que seu projeto seja escolhido.

ENSINO FUNDAMENTAL II – 6º ao 9º ano

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• Preparação para a participação de um debate: organizar ideias; ouvir o outro; argumentar com respeito, contra ou a favor da posição do outro debatedor; ana-lisar posições diferentes; reconhecer erros e acertos; conviver com respeito às diferenças.

4. Tempo estimado

Dois meses, sendo o primeiro dedicado às etapas 1, 2 e 3 do projeto, ou seja, a sensibilização, a constituição e formulação das propostas de ação. No segundo mês, promover a execução das etapas 4 e 5, ou seja, o debate em torno das formulações feitas, bem como a elaboração final do Plano de Ação.

5. Materiais necessários

• Livros, jornais, revistas e pesquisas em sites referentes a temas que sejam importantes para a juventude brasileira atualmente.

• Equipamentos como máquinas fotográficas, computadores e impressoras para que se possam elaborar as propostas para debate em torno dos temas.

• Material escolar típico para elaboração de cartazes, anúncios e as mais diversas formas de divulgação de ideias.

6. Planejamento das etapas

1ª ETAPA

Os professores devem sensibilizar os alunos para a temática das eleições, mostrando às turmas a importância delas para o funcionamento da democracia. Utilizem-se das informações apresentadas neste projeto. Lembrem-se, entretanto, de que as eleições não são apenas para os cargos majoritários (presidente da República e governador de Estado), mas também para os cargos de representação (deputados federal e estadual e senador), tão importantes quanto os majoritários.

Lembre os alunos da importância dos projetos oferecidos aos eleitores por aqueles que pretendem exercer o poder. Ao tomar uma posição de voto, temos de conhecer as diversas propostas e optar por aquelas com as quais mais nos identificamos.

O projeto que será posto em prática, portanto, será para se pensar propostas. Independentemente da simpatia por uma ou outra pessoa, as propostas que elas defendem são, em geral, mais importantes do que apenas seu carisma pessoal. Talvez esse projeto permita esse aprendizado.

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2ª ETAPA

Um professor será o tutor de uma turma. Cada ano do Ensino Fundamental II deve ter seu tema em torno da juventude escolhido. Os temas gerais devem resultar em cinco a seis temas específicos. As turmas serão divididas em grupos para pesquisar e elaborar ideias e propostas sobre os temas, com vistas a se preparar para defender sua visão sobre o tema com os colegas de outras classes do mesmo ano.

Assim, por exemplo, cada classe do 6º ano terá cinco grupos, tutorados por um professor, que desenvolverá uma proposta de ação sobre temas em torno dos problemas enfrentados no país sobre a juventude.

Propostas de temas gerais:

6º ano: Benefícios para a saúde e lazer de crianças e jovens

7º ano: O trabalho infantil no Brasil

8º ano: A melhoria da formação educacional dos jovens

9º ano: Educação e mercado de trabalho: pensar alternativas

3ª ETAPA

Partimos para a elaboração das propostas. Com o auxílio dos professores tutores, os grupos de cada classe desenvolverão seus temas e suas ideias. É importante que todos participem, que os alunos se envolvam pesquisando, escrevendo, contribuindo com ideias e pensando em soluções para os problemas da juventude.

O professor deve acompanhar a elaboração das propostas e as ideias apresentadas, procurando auxiliar no sentido de manter a coerência e a viabilidade das ideias.

4ª ETAPA

Façamos agora o debate em torno dos temas. Escolha uma semana de trabalho quando cada ano do Ensino Fundamental vai debater suas ideias com os colegas de outras turmas, procurando desenvolver um projeto comum, que incorpore as principais ideias de cada grupo.

5ª ETAPA

Elaboração do plano final para os temas em torno da juventude brasileira, com a contribuição de todos os alunos, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Procurar apresentar esse trabalho coletivo como um Plano de Gestão para a área, discutindo com os alunos o quanto um trabalho deste envolve a participação das pessoas de forma decisiva.

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7. Produto final

O produto final será exatamente o Plano de Gestão, que pode ser, inclusive, encaminhado aos órgãos competentes do município ou da subprefeitura. Este plano deve ser disponibilizado para todos da comunidade escolar, como fruto de um trabalho coletivo, de participação de todos os alunos.

Em algum espaço da escola, é importante construir um painel que, sinteticamente, apresente as ideias desenvolvidas pelos alunos no resultado final do Plano de Ação que eles elaboraram.

8. Avaliação

A avaliação deve levar em conta o comprometimento e o empenho na participação das atividades. Além disso, é importante que os professores considerem a qualidade dos trabalhos e a viabilidade das ideias propostas. Assim, é importante avaliar como os planos de ação foram desenvolvidos, de que forma os alunos procuraram discutir os problemas da juventude e como este Plano de Gestão poderia, ou não, ter impactos positivos para a sociedade.

Quanto mais os alunos se envolverem com ações coletivas em benefício da sociedade em que estão inseridos, melhor será sua participação cidadã, mais envolvimento com os problemas do município, do estado e do país eles procurarão ter e, dessa forma, os objetivos de uma educação voltada para a cidadania, pensada com base no protagonismo juvenil, terá se realizado.

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Disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Sociologia, Filosofia, Arte.

Título: Vivenciar a democracia e protagonizar mudanças

1. Tema

Como atua o Poder Legislativo? Vamos fazer uma simulação no ambiente escolar.

2. Objetivos

• Compreender as funções do Poder Legislativo para valorizar seu papel no contexto da democracia representativa.

• Articular os conhecimentos das diversas disciplinas num plano de ação coletivo para a criação de um parlamento escolar.

• Construir propostas articuladas de intervenção na vida social e política da localidade em que vivem, envolvendo a sociedade civil e poder público.

• Envolver-se com os problemas da comunidade da qual fazem parte e propor ações que ajudem no sentido de melhorar e facilitar a vida das pessoas.

• Elaborar as propostas aprovadas para que possam ser encaminhadas à Câmara dos Vereadores ou para a Prefeitura do município como sugestões de ação.

• Criar instrumentos de acompanhamento das propostas encaminhadas, cobrando das autoridades responsáveis respostas sobre os problemas da comunidade onde vivem.

3. Conteúdos

• Conhecimento da história e a formação contemporânea do Parlamento brasileiro nos níveis municipal, estadual e federal.

• Pesquisa sobre o funcionamento do Parlamento, como ele se estrutura, como são apresentados os projetos, quem pode submeter projetos ao Parlamento.

• Pesquisa sobre os problemas vivenciados pela comunidade local e que podem ser objeto de ação da Prefeitura e da Câmara dos Vereadores.

• Apresentação de candidaturas baseadas nos problemas encontrados. Produção de material de campanha e elaboração de estratégia para que seu projeto seja escolhido.

• Trabalho coletivo, com a escolha de um tema, elaboração da proposta, em que todos tenham condições de opinar e participar de forma igual.

ENSINO MÉDIO – 1º ao 3º ano

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4. Tempo estimado

Dois meses, sendo o primeiro mês dedicado às etapas 1, 2 e 3 do projeto e o segundo mês dedicado às etapas 4 e 5. Dessa forma, é possível desenvolver o trabalho sem atropelos e organizar a escola para o melhor resultado possível.

5. Materiais necessários

• Livros, jornais, revistas e pesquisas em sites referentes a temas como eleições e funcionamento do Parlamento.

• Equipamentos como máquinas fotográficas, computadores e impressoras para que se possam elaborar as propostas de intervenção.

• Transporte para a possível visita à Câmara dos Vereadores da cidade.

• Impressão de cédulas para que sejam realizadas as votações dos representantes no parlamento escolar e do plebiscito.

6. Planejamento das etapas

1ª ETAPA

A primeira etapa deve ser de sensibilização dos alunos para a temática das eleições gerais. Mostre a eles que em momentos como esse, mas não somente neles, é importante a participação da população na formulação das propostas e na forma como os temas mais importantes do país serão discutidos. Converse com a turma sobre a importância da participação deles para a construção de um país melhor para todos.

Depois de discutida a importância das eleições, apresente aos alunos a proposta de trabalho em torno dos temas relevantes para a juventude brasileira.

2ª ETAPA

Podem ser agendadas visitas à casa legislativa da cidade, a Câmara dos Vereado-res, mostrando aos alunos o papel exercido por eles na aprovação do orçamento, da distribuição de recursos para as diferentes localidades, na apresentação de projetos de lei e fiscalização do Poder Executivo.

Caso não seja possível a visita, os professores podem sugerir aos alunos uma consulta ao site da Câmara dos Vereadores da cidade onde vivem.

Além disso, nessa etapa, é interessante propor um estudo sobre a importância do Poder Legislativo, para que os alunos conheçam o significado decisivo dessa instituição da democracia. A visita ao site, a busca por informações de como trabalha um vereador, um deputado estadual ou um deputado federal é de fundamental importância para que o projeto seja um sucesso. Na medida em

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que os alunos vivem a experiência de uma casa legislativa na escola têm de ter clareza do papel exercido por esse poder.

3ª ETAPA

Parte-se para a pesquisa e a elaboração de propostas. Cada classe deverá ser dividida em grupos de 5 ou 6 alunos, que procurarão um problema ou situação que aflige a comunidade. Cada grupo defende para a turma seu projeto de intervenção, com fotos, textos, entrevistas, o que os alunos mais julgarem interessante. Feito esse trabalho, com a ajuda dos professores, eles escolhem o melhor projeto a ser apresentado no parlamento escolar. É muito importante, nessa etapa, que os professores conscientizem os alunos. Não se trata de “ganhar” ou “perder”, mas de escolher aquele projeto que seja mais interessante para a comunidade e para o local onde vivem. Deve-se levar em conta, também, a viabilidade desse projeto.

4ª ETAPA

Escolhidos os projetos de cada classe, reúne-se o parlamento escolar, com os representantes que devem ser previamente eleitos. Escolha um dia no calendário escolar para convidar todos a participar, dentro das possibilidades da escola. Os projetos serão defendidos na reunião do parlamento. Os parlamentares podem escolher até três projetos como os mais viáveis e interessantes, ajudar a desenvolvê-los e a melhorá-los para, em seguida, serem levados ao plebiscito escolar. Todos os alunos da escola votarão e escolherão, por fim, o melhor projeto de intervenção na comunidade escolar.

É importante que os projetos escolhidos para a etapa do plebiscito possam ser apresentados e defendidos pelos elaboradores junto aos demais alunos eleitores, buscando demonstrar a viabilidade e a importância de suas ideias, para que o plebiscito seja realizado com os estudantes bem informados a respeito dos pro-jetos.

5ª ETAPA

Apresentação do projeto eleito à Câmara dos Vereadores, à subprefeitura ou à Prefeitura do município, com um abaixo-assinado de toda a comunidade escolar, caso seja possível.

7. Produto final

O produto final, do ponto de vista físico, é o projeto encaminhado ao órgão competente para executá-lo. No entanto, consideramos que o mais importante terá sido o encaminhamento democrático do processo, a participação efetiva dos estudantes em todas as etapas do trabalho.

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Além do mais, a escolha do projeto a ser encaminhado ao poder público não significa que os outros projetos não possam ser desenvolvidos e pensados também como alternativas importantes para o desenvolvimento da comunidade ou do município em que vivem.

8. Avaliação

A avaliação deve levar em conta o comprometimento e o empenho na participação das atividades. Além disso, é importante que os professores considerem a qualidade dos trabalhos, independentemente da vitória destes ou não. Assim, é interessante avaliar como os projetos foram desenvolvidos, de que forma os alunos procuraram discutir os problemas da comunidade e como estes poderiam, ou não, ter impactos positivos para a sociedade.

Quanto mais os alunos se envolverem com ações coletivas em benefício da comunidade ou da sociedade em que estão inseridos, melhor será sua participação cidadã, mais envolvimento com os problemas do município, do estado e do país ele procurará ter e, dessa forma, os objetivos de uma educação voltada para a cidadania, pensada com base no protagonismo juvenil, terá se realizado.