projeto educativo pastoral para a escola católica...

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Confederação Interamericana de Educação Católica – CIEC 1 a edição São Paulo, 2018 Projeto Educativo Pastoral para a Escola Católica América da D4-Escola-catolica-America_001a104.indd 1 14/04/2018 11:47:42

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Confederação Interamericana de Educação Católica – CIEC

1a ediçãoSão Paulo, 2018

Projeto Educativo Pastoral para a

Escola Católica Américada

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Diretora editorial Ceciliany Alves

Gerente editorialIsabel Lopes Coelho

EditoraRosa Visconti Kono

Editores assistentesDaniel de Febba SantosDébora Andrade

Coordenadora de produção editorialLetícia Mendes de Souza

Preparação e revisãoLíder – Elvira Rocha

Editoras de arteSheila Moraes RibeiroSimone Oliveira Vieira

Projeto grá� co e diagramaçãoAlberto Vonach Corrêa

Coordenadora de iconogra� aElaine Cristina Bueno

Pesquisadores iconográ� cosErika NascimentoRenato G. Moscolini

Diretor de operações e produção grá� caReginaldo Soares Damasceno

Secretário-geralOscar A. Pérez Sayago

Diretor de formaçãoDiego Díaz

CONSELHO DA CIECRegião Andina Irmã Antonieta García Carrizoles

Região do Caribe Trina Carmona

Região da América Central Irmã Neila Young

Região Norte Thomas Burnford

Região Sul Irmão Paulo Fossatti

© CONFEDERACIÓN INTERAMERICANA DE EDUCACIÓN CATÓLICA – CIECCalle 78 No. 12 - 16 O� cina 101BOGOTÁ - COLÔMBIA - AMÉRICA DO SULISBN: 958-33-0083-7www.ciec.edu.coEdição 2015

Copyright da edição brasileira © Editora FTD, 2018Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A.Matriz: Rua Rui Barbosa, 156Bela Vista – São Paulo – SPCEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000Caixa Postal 65149CEP da Caixa Postal 01390-970Internet: www.ftd.com.brE-mail: [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Ensino religioso escolar : Educação 371.07

Projeto educativo pastoral para a Escola Católica da América / Confederação Interamericana de Educação Católica - CIEC. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2018.

ISBN 978-85-96-01464-9

1. Educação - Finalidades e objetivos 2. Ensino religioso 3. Escolas católicas 4. Evangelização 5. Igreja Católica - Educação 6. Professores - Formação I. Confederação Interamericana de Educação Católica - CIEC.

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Apresentação 6

Nosso projeto

Quem somos? 8

O que propomos? 9

Qual nossa visão de futuro? 10

Como somos organizados? 10

O que fazemos como confederação? 13

Projeto Educativo Pastoral para a Escola Católica da América

1 De onde partimos? 15 1.1 Aparecida

1.2 Ide e ensinai

1.3 Metas para 2021

1.4 Discursos do papa Francisco para a Escola Católica

1.4.1 Discurso aos participantes da Plenária da Congregação

para a Educação Católica – 13 de fevereiro de 2014

1.4.2 Discurso aos membros da União Católica Italiana

de Professores – 14 de março de 2015

1.4.3 Discurso no Encontro com o Mundo da Escola e da

Universidade na Pontifícia Universidade Católica do

Equador – terça-feira, 7 de julho de 2015

1.4.4 Mensagem do papa Francisco no Encontro Mundial

de Educação Católica em Roma – 21 de novembro de

2015

Sumário

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2 A Escola Católica da Américae seus desa� os 43

2.1 Desa� os para a Escola Católica da América

2.1.1 O desa� o da identidade

2.1.2 O diálogo com as pedagogias contemporâneas

2.1.3 Educar a inteligência espiritual: criticidade frente

às novas tecnologias

2.1.4 Educar na sociedade do conhecimento

2.1.5 Humanismo e ciência na educação

2.1.6 Educar para a cidadania e a vida política

2.1.7 O desa� o da articulação

2.1.8 O desa� o da qualidade

2.1.9 O desa� o de sermos signi� cativos

3 Evangelizar educando a partir do currículo 61 3.1 Evangelização e ciências sociais

3.1.1 A história

3.1.2 A geogra� a

3.1.3 Evangelização e o pensamento � losó� co

3.2 Evangelização e ciências experimentais, físicas e exatas

3.3 Evangelização e conhecimento matemático

3.4 Evangelização e língua espanhola e portuguesa – literatura

3.5 Evangelização e idiomas estrangeiros

3.6 Evangelização e formação artística

3.7 Evangelização e educação física – atividades lúdicas

3.8 Evangelização e ciências naturais – ecologia e meio ambiente

3.9 Evangelização e educação religiosa escolar

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4 A Pastoral Educacional na Escola Católica 87

4.1 Objetivo da Pastoral Educacional na Escola Católica

4.2 Programas da Pastoral Educacional

4.2.1 Programa 1: Espiritualidade e mística (EM)

4.2.2 Programa 2: Pastoral Infantil e Juvenil (PIJ)

4.2.3 Programa 3: Pastoral Vocacional (PV)

4.2.4 Programa 4: Pastoral para Professores (PM)

4.2.5 Programa 5: Pastoral Familiar (PF)

4.2.6 Programa 6: Pastoral Catequética (PC)

4.2.7 Programa 7: Pastoral para Graduados (PE)

4.2.8 Programa 8: Pastoral para Pessoal Administrativo

e de Serviços (PAS)

4.2.9 Programa 9: Pastoral Social (PS)

4.2.10 Programa 10: Educação Religiosa Escolar (ERE)

4.2.11 Programa 11: Evangelização do currículo – Teologia

da educação (EC)

4.2.12 Programa 12: Divulgação & Autofi nanciamento (D&A)

4.3 Passos para elaborar um projeto de Pastoral Educacional

Anexos 95

Bibliografi a 103

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ApresentaçãoAo completar 70 anos, a CIEC apresenta a renovação de seu projeto educativo pastoral, que pretende delinear uma escola aberta ao mundo, atenta a uma pedagogia criativa e às pos-sibilidades humanas do futuro, solidária a todos os lugares onde se educam crianças, adolescentes e jovens, na comuni-dade eclesial e na comunidade das nações.

Este é o momento de fazer as mudanças necessárias para entrarmos em sintonia com as exigências atuais. Continuar apegados ao passado, ao que já foi feito, às estruturas, às tra-dições, por veneráveis que sejam ou pareçam, é negar a ação construtiva e permanentemente renovadora do espírito de DEUS, que faz “novas todas as coisas”. Hoje, mais do que nun-ca, devemos apostar em um processo de mudanças de caráter evangelizador na escola. Mudanças que são necessárias, ur-gentes e irrecusáveis.

Acreditamos que a tarefa da Escola Católica da América, neste momento de nossa história, é ajudar a iluminar uma geração que vive num mundo interconectado e interdepen-dente, respondendo às crescentes exigências de justiça e soli-dariedade entre homens e povos.

Pretendemos fazer apontamentos que ajudem a estruturar um modelo de Pastoral Educacional que seja capaz de servir o vinho sempre novo do Evangelho de barris novos, para poder chegar ao coração e à mente das crianças e jovens. Isso exigirá um itinerário que envolva em um mesmo processo o educador

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e o educando. “Ambos devem educar e evangelizar mutua-mente, intercambiando experiências religiosas, ouvindo um ao outro, reconhecendo no outro a presença de Jesus e do es-pírito, dando-se conta das limitações recíprocas e conscienti-zando-se sobre a mútua missão de estar a serviço do mundo” 1.

Não podemos, então, continuar perdendo tempo com uma retórica de boas intenções: é hora de nos tornarmos a pon-ta da lança de uma transformação verdadeira. O século XXI deveria marcar o nascimento de uma Escola Cristã “dedicada fundamentalmente a construir a mesa da fraternidade, com pão e vinho para todos” 2.

Esses são os motivos que nos impelem à realização deste projeto educativo pastoral que hoje colocamos em suas mãos com alegria e esperança.

Este projeto educativo pastoral é uma janela aberta para os desafios da educação católica do continente; sobretudo, é uma imensa porta aberta ao desafio de nosso próprio com-promisso cristão em favor de uma sociedade com rosto de ir-mão, cheiro de justiça e sabor de reino.

Irmã Alba Arreaga Rivas, HDLCSECRETÁRIA-GERAL DA CIEC (2014 - 2017)

1 Leonardo Boff.

2 Pablo Neruda.

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Nosso projetoQuem somos?

A Confederação Interamericana de Educação Católica – CIEC –, criada no Primeiro Congresso de Educação Católica (1945), é uma instituição de direito civil, sem fins lucrativos, a servi-ço da Educação Católica da América. É integrada atualmente pelas federações educacionais dos 23 países-membros, agru-pados administrativamente em cinco regiões: Norte, Caribe, América Central, Andina e Sul.

A CIEC mantém relações permanentes com organismos internacionais da área educacional e educativo-pastoral: Sa-grada Congregação para a Educação Católica, CELAM, CLAR, Unesco, OEA e Unicef, entre outros.

A Oficina Internacional de Educação Católica – OIEC –, sediada em Bruxelas, designou a CIEC como seu Secretaria-do Regional para a América, e, por isso, o Secretário-geral da CIEC é membro permanente do Conselho da OIEC.

Como organização eclesial, a CIEC é uma das associações de fiéis contempladas com o Título V do Direito Canônico (cân. 298 a 311), que, de acordo com os cân. 304, 309 e 319, têm auto-nomia organizacional, funcional e administrativa, e exercem sua tarefa em união e comunhão com a Igreja, assumindo-a como um autêntico ministério evangelizador, com as impli-cações que isso acarreta.

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O que propomos?

O objetivo fundamental da CIEC é trabalhar pelo incremen-to da educação em todo o continente, difundir e promover os princípios e valores que dizem respeito à organização e à orientação da educação católica na América e fomentar a co-munhão e a solidariedade entre seus membros, sempre em uma perspectiva evangelizadora.

A CIEC faz suas as inquietações educacionais de todos os povos americanos e prioriza, em sua prática diária, a atenção aos problemas de forte significado para o ser humano atual: a qualidade educacional, a equidade, a inclusão, a atenção a meninos e meninas em situação de trabalho, a formação de pais e mães, a capacitação permanente do docente, a parti-cipação familiar e comunitária na educação, a renovação da planificação e da avaliação, a busca de modelos alternativos de escolarização etc.

Para esse fim, compromete-se com os processos de mu-dança social; fomenta a promoção de comunidades educati-vo pastorais que almejam o espírito de liberdade e caridade; promove a defesa da vida em todas as suas manifestações, a qualidade integral da educação, a liberdade da educação, o acesso de todos à educação, com atenção especial aos pobres e excluídos, o financiamento da educação privada, assim como a busca por soluções para os problemas educacionais emer-gentes em nossas sociedades.

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Qual nossa visão de futuro?

A CIEC é uma instituição integrada por pessoas apaixonadas pelo Evangelho e pela educação que, unidas em torno de um projeto educativo pastoral, enfrentam criativa e dinamicamen-te os desafios de mudança, a evangelização da cultura, o respei-to à diversidade, a interculturalidade, a inclusão e a atenção à família. Desse modo, será possível converter cada federação e cada centro educacional, em um espaço gerador de uma visão nova da pessoa, da sociedade, da Igreja, da educação e da cultura.

Como somos organizados?

As estruturas fundamentais da CIEC são a Assembleia Geral, o Conselho e a Secretaria-Geral.

A sede da Secretaria-Geral está localizada na cidade de Bogotá (Colômbia).

Cada região – Norte, Caribe, América Central, Andina e Sul – é coordenada e estimulada por um Conselheiro Regional, que é, ao mesmo tempo, membro do Conselho da CIEC.

Em cada país-membro há apenas uma Federação ou Asso-ciação, que assume a representação da educação católica na-cional, de acordo com seus próprios estatutos. Atualmente, essas federações são as seguintes:

REGIÃO NORTE

Canadá CCSTA (The Canadian Catholic School Trustee’s Association)

Estados Unidos NCEA (National Catholic Educational Association)

México CNEP (Confederación Nacional de Escuelas Particulares A.C.)

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REGIÃO CARIBENHA

Curaçao Antilhas Holandesas RKCS (RK Centraal Schoolbestuur)

Haiti CEEC (Commission Épiscopale pour l’Éducation Catholique)

Porto Rico SIEC (Secretariado Interdiocesano de Educación Católica)

República Dominicana UNEC (Unión Nacional de Escuelas Católicas)

Venezuela AVEC (Asociación Venezolana de Educación Católica)

REGIÃO AMÉRICA CENTRAL

Costa Rica ANADEC (Asociación Nacional de Educación Católica)

El Salvador FEDEC (Federación de Entidades de Educación Católica)

Guatemala ANACC (Asociación Nacional de Colegios Católicos)

Honduras FENCECH (Federación Nacional de Centros Educativos Católicos

de Honduras)

Nicarágua FENEC (Federación Nicaragüense de Educación Católica)

Panamá FECAP (Federación de Colegios Católicos de Panamá)

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REGIÃO ANDINA

Bolívia ABEC (Asociación Boliviana de Educación Católica)

Colômbia CONACED (Confederación Nacional Católica de Educación)

Equador CONFEDEC (Confederación Ecuatoriana

de Establecimientos de Educación Católica)

Peru CCEC (Consorcio de Centros Educativos Católicos)

REGIÃO SUL

Argentina CONSUDEC (Consejo Superior de Educación Católica)

Brasil Anec (Associação Nacional de Educação Católica do Brasil)

Chile CONFIDE (Confederación de Institutos de Educación)

Paraguai ASIEC (Asociación de Instituciones Educativas Católicas)

Uruguai AUDEC (Asociación Uruguaya de Educación Católica)

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O que fazemos como confederação?

• Procuramos implementar as diretrizes educacionais da Igreja.

• Estimulamos e apoiamos o trabalho educativo das federações nacionais dos países-membros.

• Mantemos redes de comunicação e intercâmbio entre federações e fomentamos a solidariedade real entre os países-membros.

• Organizamos periodicamente, em âmbito regional e continental, eventos abertos, como fóruns, congressos etc., sobre temas educacionais significativos e da atualidade.

• Promovemos a formação permanente dos membros de nossos centros por meio de atividades próprias e de convênios com outras instituições educacionais da América e da Europa.

• Participamos de fóruns internacionais em que se discutem e se fixam políticas educacionais para os países da América.

• Estimulamos projetos de educação que seguem as ideias prioritárias da CIEC.

• Mantemos laços dinâmicos de interdependência e solidariedade com as diversas instituições relacionadas aos programas e orientações educacionais.

• Participamos das atividades e eventos organizados pela Oficina Internacional de Educação Católica – OIEC –, da qual somos membros de direito e temos presença ativa permanente no Conselho.

• Publicamos a revista Educación Hoy, em que se reúnem experiências e investigações sobre temas educacionais da atualidade.

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1De onde partimos?

1.1 AparecidaEm um documento tão importante para a Igreja da América Latina e do Caribe, como Aparecida, não poderia faltar a Educação como um dos temas centrais da vida da Igreja. As reflexões e sugestões de nossos bispos com base nesse do-cumento se concentram em duas partes. A primeira, e mais abrangente, corresponde aos números 328-346, sob o título “A educação católica”, e se encontra no capítulo 6 do docu-mento: “O caminho de formação dos discípulos missionários”. A segunda, números 481-483, tem o título “A educação como bem público” e está no capítulo 10: “Nossos povos e a cultura”. No entanto, em vários outros trechos do documento, é possí-vel notar visões, juízos e sugestões a respeito da educação que complementam de forma significativa o destacado nas partes acima indicadas.

Nossos bispos chamam a atenção para as intensas mudan-ças que ocorrem no continente latino-americano e no Caribe, afetando a vida de seus habitantes e, particularmente, a edu-cação oferecida em nossos países:

Os povos da América Latina e do Caribe vivem hoje uma realidade marcada por grandes mudanças que afetam profundamente suas vidas. Como discípulos de Jesus

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16 | Projeto educativo pastoral para a Escola Católica da América

Cristo, sentimo-nos desafiados a discernir os “sinais dos tempos”, à luz do Espírito Santo, para nos colocar a serviço do Reino, anunciado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e “para que a tenham em plenitude (Jo 10,10)” (33).

Essa nova escala mundial do fenômeno humano traz consequências em todos os campos de atividade da vida social, impactando a cultura, a economia, a política, as ciências, a educação, o esporte, as artes e também, na-turalmente, a religião. Interessa-nos, como pastores da Igreja, saber como esse fenômeno afeta a vida de nos-sos povos e o sentido religioso e ético de nossos irmãos que buscam infatigavelmente o rosto de Deus, e que, no entanto, devem fazê-lo agora desafiados por novas lin-guagens do domínio técnico, que nem sempre revelam, mas que também ocultam o sentido divino da vida hu-mana redimida em Cristo (35).

Esse fenômeno talvez explique um dos fatos mais desconcertantes e originais que vivemos no presente. Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no pas-sado. Isso afeta, inclusive, esse núcleo mais profundo de cada cultura, constituído pela experiência religiosa, que se torna agora igualmente difícil de ser transmi-tido através da educação e da beleza das expressões culturais, alcançando inclusive a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade intergeracio-nal, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé (39).

Atualmente a educação, assim como outros âmbitos da so-ciedade, atrai a atenção das autoridades civis, que defendem mudanças e reformas significativas, visando promover con-sequências importantes na escola:

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De onde partimos? | 17

Depois de uma época de enfraquecimento dos Estados devido à aplicação de ajustes estruturais na economia, por recomendação de organismos financeiros interna-cionais, vê-se atualmente com bons olhos um esforço dos Estados em definir e aplicar políticas públicas nos campos da saúde, educação, seguridade alimentar, pre-vidência social, acesso à terra e à moradia, promoção eficaz da economia para a criação de empregos e leis que favorecem as organizações solidárias (76).

A maior preocupação dos bispos, diante dessas reformas, é a orientação e o conceito de educação subjacentes nas ações empreendidas por meio das políticas públicas das autorida-des civis, que fazem pensar numa verdadeira emergência educativa:

A América Latina e o Caribe vivem uma particular e delicada emergência educacional. Na verdade, as novas formas educacionais de nosso continente, impulsio-nadas para se adaptar às novas exigências que se vão criando com a mudança global, aparecem centradas prioritariamente na aquisição de conhecimentos e ha-bilidades e denotam claro reducionismo antropológico, visto que concebem a educação preponderantemente em função da produção, da competitividade e do mer-cado. Por outro lado, com frequência, elas propiciam a inclusão de fatores contrários à vida, à família e a uma sadia sexualidade. Dessa forma, não manifestam os melhores valores dos jovens nem seu espírito religioso; menos ainda lhes ensinam os caminhos para superar a violência e se aproximar da felicidade, nem os ajudam a levar uma vida sóbria e adquirir aquelas atitudes, vir-tudes e costumes que tornariam estável o lar que ve-nham a estabelecer, e que os converteriam em constru-tores solidários da paz e do futuro da sociedade (328).

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18 | Projeto educativo pastoral para a Escola Católica da América

Diante das dificuldades que se observam no continente a respeito de como proceder com a educação, Aparecida assina-la que esta deve ser integral, isto é, que todos os fatores que incidem no ser humano sejam levados em conta, sem esque-cer a dimensão ética e transcendente:

Diante dessa situação, fortalecendo a estreita colabo-ração com os pais de família e pensando em uma edu-cação de qualidade à que têm direito, sem distinção, todos os alunos e alunas de nossos povos, é necessário insistir no autêntico fim de toda escola. É chamada a se transformar, antes de mais nada, em lugar privi-legiado de formação e promoção integral, mediante a assimilação sistemática e crítica da cultura, fato que consegue por meio de um encontro vivo e vital com o patrimônio cultural. Isso supõe que tal encontro se realize na escola em forma de elaboração, ou seja, confrontando e inserindo os valores perenes no con-texto atual. Na realidade, a cultura, para ser educati-va, deve inserir-se nos problemas do tempo no qual se desenvolve a vida do jovem. Dessa maneira, as dife-rentes disciplinas precisam apresentar não só um sa-ber por adquirir, mas valores por assimilar e verdades por descobrir.

Constitui responsabilidade estrita da escola, enquanto instituição educativa, destacar a dimensão ética e reli-giosa da cultura, precisamente com o objetivo de ativar o dinamismo espiritual do sujeito e ajudá-lo a alcançar a liberdade ética que pressupõe e aperfeiçoa a psicológi-ca. Mas não se dá liberdade ética, a não ser na confron-tação com os valores absolutos dos quais dependem o sentido e o valor da vida do ser humano. Inclusive no âmbito da educação, manifesta-se a tendência a as-sumir a realidade como parâmetro dos valores, cor-rendo dessa forma o perigo de responder a aspirações

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De onde partimos? | 19

secundárias e superficiais, e perder de vista as exigên-cias mais profundas do mundo contemporâneo (E.C. 30). A educação humaniza e personaliza o ser humano quando consegue que este desenvolva plenamente seu pensamento e sua liberdade, fazendo-o frutificar em hábitos de compreensão e em iniciativas de comunhão com a totalidade da ordem real. Dessa maneira, o ser humano humaniza seu mundo, produz cultura, trans-forma a sociedade e constrói a história (329-330).

Anteriormente nos referimos à educação católica, mas, como pastores, não podemos ignorar a missão do Esta-do no campo educacional, velando de modo particular pela educação das crianças e jovens. Tais centros edu-cacionais não deveriam ignorar que a abertura à trans-cendência é uma dimensão da vida humana, e por isso a formação integral das pessoas reivindica a inclusão de conteúdos religiosos.

A Igreja crê que “as crianças e os adolescentes têm o di-reito de ser estimulados a apreciar com reta consciência os valores morais, prestando a esses valores sua ade-são pessoal, e também de ser estimulados a conhecer e amar mais a Deus. A Igreja roga, pois, encarecidamente a todos os que governam os povos, ou que estão à fren-te da educação, a procurarem que a juventude nunca se veja privada desse sagrado direito (481-482).

Os bispos não apenas delinearam algumas característi-cas da educação na América Latina e no Caribe ou indicaram alguns critérios de apreciação para avaliá-la, como também se aventuraram a fazer algumas propostas e sugestões para ajudar a educação católica a assumir um papel ativo na for-mação das pessoas, especialmente como discípulos missio-nários de Jesus Cristo. Detiveram-se especialmente nos co-légios católicos:

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A escola católica é chamada a uma profunda renovação. Devemos resgatar a identidade católica de nossos cen-tros educacionais por meio de um impulso missionário corajoso e audaz, de modo que chegue a ser uma opção profética plasmada em uma pastoral da educação parti-cipativa. Tais projetos devem promover a formação in-tegral da pessoa, tendo seu fundamento em Cristo, com identidade eclesial e cultural, e com excelência acadê-mica. Além disso, há de gerar solidariedade e caridade para com os mais pobres. O acompanhamento dos pro-cessos educacionais, a participação dos pais de família neles e a formação de docentes são tarefas prioritárias da pastoral da educação (337).

Ao mesmo tempo, recomenda-se que a comunidade educativa (diretores, mestres, pessoal administrativo, alunos, pais de família etc.), enquanto autêntica comu-nidade eclesial e centro de evangelização, assuma seu papel de formadora de discípulos e missionários em to-dos os seus estratos. A partir daí, em comunhão com a comunidade cristã que é sua matriz, promova um ser-viço pastoral no setor em que se insere, especialmen-te aos jovens, da família, da catequese e da promoção humana dos mais pobres. Esses objetivos são essenciais nos processos de admissão de alunos, em suas famílias e na contratação dos docentes (338).

1.2 Ide e ensinaiO Departamento de Cultura e Educação do CELAM, por sua vez, por meio da Área de Educação Geral e de Mídia, estabe-leceu o objetivo de promover nas escolas católicas processos autênticos de discipulado missionário, a fim de fortalecer a identidade e a missão da escola, nesta mudança de época, à luz de Aparecida.

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Esse material se soma aos valiosos documentos sobre edu-cação que a Igreja produziu nos últimos tempos e que foram explicitamente trabalhados como fonte e referência. Ao mes-mo tempo, pretende acompanhar as transformações que ocor-reram nos sistemas educacionais do continente e do mundo.

Tem como interlocutores todos aqueles que trabalham no campo educacional (formal e informal), especialmente as co-munidades educacionais católicas. E também homens e mu-lheres de fé que trabalham em outras escolas e que querem compartilhar com todos a riqueza da educação iluminada pe-los princípios evangelizadores.

O documento reúne a experiência e a vivência da escola, a voz silenciosa de tantos educadores, estudantes e pais que se comprometem diariamente com uma formação autêntica de discípulos missionários, a riqueza teórica das reflexões e o magistério da Igreja.

O documento é composto de três partes:

1. Contextualização da Escola Católica na mudança de época.

2. Educação e Escola Católica.

3. A missão continental de Aparecida nos atores da Escola Católica.

Não podemos ignorar o valor quantitativo e qualitativo da educação e das escolas católicas em todos os países do conti-nente, que atendem a todos os níveis educacionais e aos di-versos setores sociais, especialmente os mais desfavorecidos, promovendo a educação como instrumento de humanização, socialização e evangelização. Um número significativo de educadores sacerdotes, religiosos e leigos põe à disposição seu profissionalismo e sua vocação às crianças, aos adoles-centes e adultos e compartilha suas responsabilidades com os pais e a sociedade.

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A Escola Católica, como discípula missionária, deve se co-locar num estado de missão permanente. O documento final de Aparecida – cuja leitura e estudo são essenciais – assinala:

Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente, que de nós exigirá aprofundar e en-riquecer todas as razões e motivações que permitam converter cada cristão em discípulo missionário. Neces-sitamos desenvolver a dimensão missionária da vida de Cristo. A Igreja necessita de forte impulso que a impeça de se instalar na comodidade, no cansaço e na indiferen-ça, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se transfor-me num poderoso centro de irradiação da vida em Cris-to. Esperamos em novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; es-peramos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança (Documento de Aparecida, 362).

Convidamos todas as nossas federações e escolas católicas da América a continuar refletindo sobre esse documento va-lioso e a buscar caminhos autênticos de evangelização para as crianças e os jovens de nossos povos.

1.3 Metas para 2021O projeto “Metas Educacionais para 2021: a educação que que-remos para a geração dos Bicentenários” é uma das iniciati-vas de maior envergadura e significado realizada nos últimos anos pela comunidade ibero-americana de nações. O êxito de seus objetivos contribuirá de forma decisiva para o desenvol-vimento dos povos e o bem-estar dos cidadãos.

Sua finalidade é extremamente ambiciosa: melhorar a qualidade e a equidade na educação para fazer frente à po-breza e à desigualdade e, assim, favorecer a inclusão social.

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Trata-se, definitivamente, de abordar com decisão alguns de-safios ainda não resolvidos, como o analfabetismo, o abando-no escolar precoce, o trabalho infantil, o baixo rendimento dos alunos e a baixa qualidade da oferta educacional pública. E se pretende fazê-lo enfrentando, ao mesmo tempo, as deman-das exigentes da sociedade da informação e do conhecimento: a incorporação da tecnologia da informação e da comunicação no ensino e aprendizagem, a aposta pela inovação e a cria-tividade, o desenvolvimento da investigação e do progresso científico. Sua aprovação pela XX Conferência de Ministros de Educação e, depois, pela XX Cúpula Ibero-Americana, ba-seia-se na convicção de que é necessário caminhar depressa e com coragem para estar nos primeiros vagões do trem da história do século XXI. A data de 2021 como referência para o cumprimento dessa tarefa não é casual. Ela coincide com o final do processo de celebração dos bicentenários de indepen-dência que tanto significado tem para a América Ibérica.

De 2015 a 2021: uma etapa como encerramento e para tomar impulso

As análises posteriores à divulgação dos programas Metas do Milênio e Educação para Todos (EPT) ressaltaram as inte-rações entre as diferentes metas, a importância de abordar novos desafios de apoio, continuidade, qualidade e equidade na educação, e a necessidade de adequar suas formulações ao contexto de cada país.

Daí decorre a importância de se manter o esforço e incor-porar novos objetivos na perspectiva de 2021. O cumprimen-to da EPT com critérios de qualidade exige que se leve em con-ta as condições econômicas e sociais da população, sobretudo dos setores mais desprotegidos, e que não se esqueça da es-treita dependência entre o contexto sociocultural das famí-lias e os progressos educacionais de seus filhos.

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É muito difícil aprender com fome, com falta de higiene, com graves problemas de saúde, ou vivendo em um lar mi-serável. Para não mencionar que, além disso, muitas vezes, é necessário cuidar dos irmãos pequenos ou colaborar no sus-tento familiar. É muito difícil aprender quando a língua dos professores não é a língua materna dos alunos, ou quando os materiais escolares não correspondem ao próprio idioma. É muito difícil aprender quando não há livros em casa, e os pais não sabem ler nem escrever. Um número pequeno de países da região alcançou, ou está a ponto de alcançar, os quatro ob-jetivos mais quantificáveis da Educação para Todos. A maioria dos países se encontra em uma posição intermediária no que diz respeito à consecução desses objetivos.

A região em seu conjunto está prestes a alcançar o ensino primário universal (EPU), mas precisa melhorar a qualidade desse serviço e acabar com as grandes disparidades existen-tes entre as diversas regiões e entre grupos socioeconômicos e étnicos.

Apesar das melhorias no ensino pré-escolar e de todo o amparo que tem recebido, as crianças mais desfavorecidas geralmente não costumam se beneficiar dos programas de atenção e educação da primeira infância (AEPI). Por outro lado, a alfabetização de adultos segue representando em al-guns países um fator de grave preocupação no que diz respei-to à consecução da EPT. Fonte: Unesco (2008).

Conseguiremos alcançar a meta da Educação para Todos? Essa é a razão pela qual os Objetivos do Milênio e a EPT devem se apresentar de forma integrada e sistêmica, analisando as relações entre uns e outros e considerando as raízes dos pro-blemas, para orientar as estratégias de ação preferenciais.

Por isso, a Unesco e os diferentes organismos internacio-nais que atuam na consecução dessas metas ampliaram e de-finiram ao longo desses anos os objetivos necessários para

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garantir o direito de todos à educação. A Comissão Econômi-ca para a América Latina e Caribe (CEPAL) e a Unesco (2005), em documento recente sobre o financiamento e a gestão da educação, precisamente na América Latina e no Caribe, des-tacaram que para alcançar as metas estabelecidas é preciso modernizar a gestão da educação, profissionalizar e dar pro-tagonismo aos educadores, outorgar um papel mais relevante à comunidade educacional local e uma ação mais estratégica à administração central.

Mas é preciso também incorporar a tecnologia da infor-mação e da comunicação no processo de ensino-aprendiza-gem, orientar o currículo para a aquisição das competências básicas, formar cidadãos ativos e responsáveis, assegurar a conexão da educação com os desejos dos jovens e conseguir sua participação ativa na própria formação.

Todas essas tarefas são necessárias e impulsionadas pe-las mudanças sociais e tecnológicas que vive a sociedade, mas também pelas novas exigências do sistema escolar. A agenda educacional da região, como se apontará a seguir, fará frente a duas agendas inevitáveis: os desafios pendentes do século XX e os novos desafios do século XXI. Por isso, faz todo sen-tido a convocação para adequar a EPT e seu desenvolvimento à situação de cada país, tendo em conta o ponto de partida de cada um deles, a força de suas instituições, suas possibilida-des futuras e a cooperação requerida.

Nesse contexto, é preciso situar as “Metas Educacionais para 2021: a educação que queremos para a geração dos Bicentená-rios”. Trata-se, por um lado, de redobrar o esforço para alcançar os objetivos da Educação para Todos; e, por outro, pretende-se defini-los e completá-los em função dos desenvolvimentos e exigências dos últimos anos. Adequá-los aos ritmos de cresci-mento de cada país, de maneira que todos se sintam abrangidos por eles e mantenham a tensão ao longo da década.

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Grande parte dos compromissos internacionais supõe que a educação é um eixo-chave do desenvolvimento. O direito à educação foi reconhecido ao longo do tempo nos principais tra-tados, pactos e acordos mundiais e regionais com os quais os países se comprometem e os ratificam constitucionalmente.

As onze metas gerais enumeradas no documento final são:

1. Reforçar e ampliar a participação da sociedade na ação educadora.

2. Conseguir a igualdade educacional e superar toda forma de discriminação na educação.

3. Aumentar a oferta de educação inicial e potencializar seu caráter educativo.

4. Universalizar a educação primária e a secundária básica, e ampliar o acesso à educação superior.

5. Melhorar a qualidade da educação e do currículo escolar.

6. Favorecer a conexão entre a educação e o emprego por meio da educação técnico-profissional.

7. Oferecer a todas as pessoas oportunidades de educação ao longo de toda a vida.

8. Fortalecer a profissão de professor.

9. Ampliar o espaço ibero-americano do conhecimento e fortalecer a investigação científica.

10. Investir mais e investir melhor.

11. Avaliar o funcionamento dos sistemas educacionais e do projeto “Metas educacionais para 2021”.

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1.4 Discursos do papa Francisco para a Escola Católica

1.4.1 Discurso aos participantes da Plenária da Congregação para a Educação Católica – 13 de fevereiro de 2014

Senhores Cardeais, venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, amados irmãos e irmãs

Dirijo especiais boas-vindas aos Cardeais e Bispos recen-temente nomeados Membros desta Congregação, e agra-deço ao Cardeal Prefeito as palavras com as quais intro-duziu este encontro.

Os temas que fazem parte da vossa ordem do dia são exi-gentes, como a atualização da Constituição Apostólica Sapientia christiana, a consolidação da identidade das Universidades católicas e a preparação das celebrações que serão recordadas em 2015, ou seja, o cinquentená-rio da Declaração conciliar Gravissimum educationis e o vigésimo quinto aniversário da Constituição Apostólica Ex corde Ecclesiae. A educação católica é um dos desafios mais importantes da Igreja, hoje comprometida na pro-moção da nova evangelização num contexto histórico e cultural em transformação constante. Nesta perspectiva, gostaria de chamar a vossa atenção para três aspectos.

O primeiro diz respeito ao valor do diálogo na educação. Recentemente, desenvolvestes o tema da educação para o diálogo intercultural na escola católica, com a publicação de um documento específico. Com efeito, as escolas e as Universidades católicas são frequentadas por numerosos estudantes não cristãos, ou até não crentes. Os institu-tos de educação católicos oferecem a todos uma proposta educacional que visa o desenvolvimento integral da pes-soa e que corresponde ao direito de todos, de aceder ao

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saber e ao conhecimento. Mas são igualmente chamadas a oferecer a todos – no pleno respeito pela liberdade de cada um e dos métodos próprios do ambiente escolar – a proposta cristã, ou seja, Jesus Cristo como sentido da vida, do cosmos e da história.

Jesus começou a anunciar a boa nova na “Galileia das na-ções”, encruzilhada de populações diferentes por raça, cultura e religião. Sob alguns pontos de vista, este con-texto parece-se com o mundo contemporâneo. As pro-fundas transformações que levaram à propagação cada vez mais vasta de sociedades multiculturais exigem de quantos trabalham nos campos escolar e universitário, o compromisso em itinerários educativos de confronto e de diálogo, com uma fidelidade intrépida e inovadora, que saiba levar a identidade católica ao encontro das diversas “almas” da sociedade multicultural. Penso com apreço na contribuição oferecida pelos Institutos religiosos e pelas demais instituições eclesiais com a fundação e a gestão de escolas católicas em contextos de acentuado pluralismo cultural e religioso.

O segundo aspecto refere-se à preparação qualificada dos formadores. Não se pode improvisar. Devemos ser sérios! No encontro que tive com os Superiores-Gerais salientei que hoje a educação é dirigida a uma geração em fase de mudança e que, portanto, cada educador – e a Igreja inteira, como Mãe educadora – é chamado a “mu-dar”, no sentido de saber se comunicar com os jovens que estão à sua frente.

Gostaria de me limitar a evocar os lineamentos da figu-ra do educador e da sua tarefa específica. Educar é um gesto de amor, é dar vida. E o amor é exigente, requer que utilizemos os melhores recursos, que despertemos a paixão e que nos coloquemos a caminho com paciên-cia, juntamente com os jovens. Nas escolas católicas,

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o educador deve ser antes de tudo muito competente, qualificado e, ao mesmo tempo, rico de humanidade, ca-paz de permanecer no meio dos jovens com um estilo pedagógico, para promover o seu crescimento humano e espiritual. Os jovens têm necessidade de qualidade do ensino e igualmente de valores, não apenas enunciados, mas testemunhados. A coerência é um fator indispensá-vel na educação dos jovens. Coerência! Não se consegue fazer crescer, não se pode educar, sem coerência: coe-rência e testemunho.

Por isso, o próprio educador tem necessidade de uma for-mação permanente. Portanto, é preciso investir a fim de que professores e dirigentes possam manter alto o seu profissionalismo e também a sua fé e a força das suas mo-tivações espirituais. E, ainda nesta formação permanente, tomo a liberdade de sugerir a necessidade de retiros e de Exercícios espirituais para os educadores. É preciso pro-mover cursos sobre esta temática, mas também é neces-sário fazer cursos de Exercícios espirituais e retiros para rezar, pois a coerência é um esforço, mas principalmente uma dádiva e uma graça. E devemos pedi-la!

O último aspecto refere-se às instituições de estudo, ou seja, às escolas e Universidades católicas e eclesiásticas. O cinquentenário da Declaração conciliar, o vigésimo quinto aniversário da Ex corde Ecclesiae e a atualização da Sapientia christiana impelem-nos a meditar seriamente sobre as numerosas instituições de formação espalha-das pelo mundo inteiro e sobre a sua responsabilidade de manifestar uma presença viva do Evangelho nos campos da educação, da ciência e da cultura. É necessário que as instituições acadêmicas católicas não se isolem do mun-do, mas saibam entrar intrepidamente no areópago das culturas contemporâneas e estabelecer um diálogo, cons-cientes do dom que podem oferecer a todos.

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Caríssimos, o terreno da educação é um grande canteiro aberto, no qual a Igreja está sempre presente mediante as suas instituições e os seus programas. Hoje é necessário in-centivar ulteriormente este compromisso a todos os níveis, renovando a tarefa de todos os protagonistas envolvidos, na perspectiva da nova evangelização. Neste horizonte, agradeço-vos todo o trabalho que levais a cabo e ao mesmo tempo invoco, por intercessão da Virgem Maria, a assis-tência constante do Espírito Santo sobre vós e as vossas ini-ciativas. Peço-vos, por favor, que rezeis por mim e pelo meu ministério, enquanto vos abençoo de coração. Obrigado!

1.4.2 Discurso aos membros da União Católica Italiana de Professores – 14 de março de 2015

Prezados colegas!

Permiti-me chamar-vos assim, porque também eu fui professor, como vós, e conservo uma bonita recordação dos dias passados nas salas de aula com os estudantes. Saúdo-vos cordialmente e agradeço ao Presidente as suas palavras de cortesia.

Ensinar é um trabalho muito bonito. É uma lástima que os professores sejam mal pagos. Porque não se trata ape-nas do tempo que dedicam à escola; além disso, devem preparar-se, devem pensar em cada um dos seus alunos: como se pode ajudá-los a ir em frente? É uma injustiça. Penso no meu país, que eu conheço: coitados, para rece-ber um salário mais ou menos suficiente, devem fazer dois turnos! Mas como acaba um professor, depois de dois turnos de trabalho? Trata-se de um trabalho mal pago, mas muito bonito, porque permite ver crescer cada dia as pessoas confiadas aos nossos cuidados. É um pouco como ser pais, pelo menos espiritualmente. Mas é também uma grande responsabilidade!

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Ensinar é um compromisso sério, que somente uma personalidade madura e equilibrada pode assumir. Um compromisso deste tipo pode incutir temor, mas é ne-cessário recordar que um professor nunca está sozinho: compartilha sempre o seu próprio trabalho com os de-mais colegas e com toda a comunidade educacional à qual pertence.

A vossa Associação completou 70 anos de vida: é uma bo-nita idade! É justo festejar, mas também se pode começar a fazer o balanço de uma vida. Quando vós nascestes, em 1944, a Itália ainda estava em guerra. Desde então per-correu-se um longo caminho! Também a escola percorreu uma longa vereda. E a escola italiana progrediu inclusive graças à contribuição da vossa Associação, que foi fun-dada pelo professor Gesualdo Nosengo, um professor de religião que sentiu a necessidade de reunir os professo-res das escolas secundárias de então, que se reconheciam na fé católica e que, com esta inspiração, trabalhavam no mundo da escola.

Durante estes anos, vós contribuístes para fazer crescer o país, contribuístes para reformar a escola, contribuístes principalmente para educar gerações inteiras de jovens.

Em 70 anos, a Itália transformou-se, a escola mudou, mas há sempre professores dispostos a comprometer-se na sua profissão com aquele entusiasmo e aquela disponibi-lidade que a fé no Senhor nos confere.

Como Jesus nos ensinou, a Lei inteira e os Profetas resu-mem-se em dois mandamentos: ama o Senhor teu Deus, e ama o teu próximo (cf. Mt 22,34-40). Podemos perguntar--nos: quem é o próximo para o professor? O “próximo” são os estudantes! É com eles que transcorre os seus dias. São eles que esperam a sua guia, orientações, respostas – e, antes ainda, boas perguntas!

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Entre as tarefas do UCIIM não deve faltar aquela de ilu-minar e motivar uma ideia reta de escola, por vezes ofuscada por debates e posições redutivas. Sem dúvida, a escola é feita de uma educação válida e qualificada, mas também de relacionamentos humanos que, da nos-sa parte, são relações de acolhimento e de benevolência, que devemos reservar a todos indistintamente. Aliás, o dever de um bom professor – sobretudo de um professor cristão – consiste em amar com maior intensidade os seus alunos mais difíceis, mais frágeis, mais desfavorecidos. Jesus diria: se amais apenas aqueles que estudam, que são bem-educados, que mérito tendes? E alguns deles fazem perder a paciência, mas são precisamente aqueles que nós devemos amar em maior medida! Qualquer professor está bem com estes estudantes. Peço-vos que ameis mais os alunos “difíceis”, aqueles que não querem estudar, aqueles que se encontram em condições de dificuldade, os portadores de deficiência e os estrangeiros, que hoje constituem um grande desafio para a escola.

Se hoje uma Associação profissional de professores cris-tãos quer testemunhar a inspiração que lhe é própria, está chamada a comprometer-se nas periferias da escola, que não podem ser abandonadas à marginalização, à ignorân-cia, à criminalidade. Numa sociedade que tem dificuldade de encontrar pontos de referência, é necessário que os jo-vens encontrem na escola uma referência positiva. E ela só pode sê-lo ou tornar-se tal, se no interior houver pro-fessores capazes de dar um sentido à escola, ao estudo e à cultura, sem reduzir tudo unicamente à transmissão de conhe cimentos técnicos, mas apostando na construção de uma relação educativa com cada um dos estudantes, que deve sentir-se acolhido e amado por aquilo que é, com to-dos os seus limites e as suas potencialidades. Neste sentido, a vossa tarefa é mais necessária do que nunca. E vós deveis ensinar tanto os conteúdos de uma determinada matéria,

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como os valores e os hábitos de vida. São estes os três pon-tos que vós deveis transmitir. Para aprender os conteúdos é suficiente o computador, mas para entender como se ama, compreender quais são os valores e os hábitos que criam harmonia na sociedade, é necessário um bom professor.

A comunidade cristã dispõe de numerosos exemplos de grandes educadores, que se dedicaram a preencher as la-cunas da formação escolar ou, por sua vez, a fundar esco-las. Pensemos, entre outros, em são João Bosco, cujo bicen-tenário de nascimento se celebra precisamente este ano. Aos seus sacerdotes, ele aconselhava: educai com amor! A primeira atitude de um educador é o amor. É nestas figuras que também vós, professores cristãos, podeis inspirar-vos para animar a partir de dentro uma escola que, prescin-dindo da sua gestão estatal ou não estatal, tem necessida-de de educadores que sejam credíveis e de testemunhas de uma humanidade madura e completa. Testemunho! E isto não se compra, nem se vende: oferece-se.

Como Associação, permaneceis por natureza abertos ao futuro, porque há sempre novas gerações de jovens às quais transmitir o patrimônio de conhecimentos e de valo-res. No plano profissional, é importante atualizar as pró-prias competências didáticas, inclusive à luz das novas tecnologias, mas o ensino não consiste unicamente num trabalho: o ensino é um relacionamento em que cada pro-fessor deve sentir-se inteiramente comprometido como pessoa, para dar sentido à tarefa educacional em relação aos seus alunos. A vossa presença aqui hoje constitui a pro-va de que tendes as motivações das quais a escola precisa.

Encorajo-vos a renovar a vossa paixão pelo homem – não se pode ensinar sem paixão! – no seu processo de forma-ção, e a ser testemunhas de vida e de esperança. Nunca, nunca fecheis as portas; ao contrário, escancarai-as to-das, a fim de que os estudantes tenham esperança!

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Peço-vos também, por favor, que oreis por mim, enquan-to convido todos vós a rezar a Nossa Senhora, para lhe pedir a Bênção.

1.4.3 Discurso no Encontro com o Mundo da Escola e da Universidade na Pontifícia Universidade Católica do Equador – terça-feira, 7 de julho de 2015

Amados Irmãos no Episcopado, Senhor Reitor, Distintas Autoridades, Queridos professores e alunos, Amigos e amigas!

Sinto grande alegria por estar convosco, nesta tarde, na Pontifícia Universidade do Equador, que, desde há quase 70 anos, cumpre e atualiza a fecunda missão educativa da Igreja ao serviço dos homens e mulheres da nação. Agradeço as amáveis palavras com que me receberam e transmitiram as preocupações e as esperanças que vos surgem ao enfrentar o desafio, pessoal e social, da edu-cação. Contudo, vejo que há umas nuvens escuras lá no horizonte, espero que não venha uma tempestade, mas que seja só uma leve garoa.

No Evangelho, acabamos de ouvir como Jesus, o Mestre, ensinava a multidão e o pequeno grupo dos discípulos, adaptando-Se à sua capacidade de compreensão. Fazia-o com parábolas, como a do semeador (Lc 8,4-15). O Senhor sempre foi “plástico” no modo de ensinar, de forma que todos pudessem entender. Jesus não procura “doutorar”; pelo contrário, quer chegar ao coração do homem, à sua inteligência, à sua vida e para que esta dê fruto.

A parábola do semeador fala-nos de cultivar. Mostra-nos os tipos de terra, os tipos de semente, os tipos de fruto e a relação que se gera entre eles. E, já desde o Gênesis, Deus sussurra ao homem este convite: cultivar e cuidar.

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Não se limita a conceder-lhe a vida; dá-lhe a terra, a cria-ção. Não só lhe dá uma companheira e infinitas possibili-dades; mas faz-lhe também um convite, dá-lhe uma mis-são. Convida-o a participar na sua obra criadora, dizendo: cultiva! Dou-te as sementes, dou-te a terra, a água, o sol; dou-te as tuas mãos e as dos teus irmãos. Aqui o tens; também é teu. É um presente, é um dom, é uma oferta. Não é algo de adquirido, não é algo comprado; mas ante-cede-nos e ficará depois de nós.

É um presente dado por Deus para, juntamente com Ele, podermos fazê-lo nosso. Deus não quer uma criação para Si, para Se ver a Si mesmo. Muito pelo contrário! A criação é um dom para ser partilhado. É o espaço que Deus nos dá, para construir conosco, para construir um nós. O mundo, a história, o tempo é o lugar onde vamos construindo esse nós com Deus, o nós com os outros, o nós com a terra. A nossa vida encerra sempre este convite, um convite mais ou menos consciente que sempre permanece.

Mas notemos uma peculiaridade. Na narração do Gênesis, ao lado da palavra cultivar, aparece imediatamente outra: cuidar. Uma explica-se a partir da outra. Andam de mãos dadas. Não cultiva quem não cuida, e não cuida quem não cultiva.

Somos convidados não só a participar na obra criadora cul-tivando-a, fazendo-a crescer, desenvolvendo-a, mas tam-bém a cuidá-la, protegê-la, guardá-la. Hoje, este convite impõe-se-nos forçosamente. Já não como uma mera reco-mendação, mas como uma necessidade devido ao “mal que provocamos [à terra] por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. (…) Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados que há hoje em dia no mundo, conta-se a nossa terra oprimida e devastada” (Laudato si’, 2).

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Existe uma relação entre a nossa vida e a da nossa mãe terra; entre a nossa existência e o dom que Deus nos deu. “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e so-cial” (LS 48). Ora, tal como dizemos que “se degradam”, assim também podemos dizer que “se apoiam e podem transfigurar”. É uma relação que encerra uma possibili-dade tanto de abertura, transformação e vida, como de destruição e morte.

Uma coisa é clara! Não podemos continuar a desinteres-sar-nos da nossa realidade, dos nossos irmãos, da nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer ao nosso redor, como se determinadas situações não exis-tissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade.

Não nos é lícito – mais ainda – não é humano entrar no jogo da cultura do descarte.

Não cessa de ecoar, com força, esta pergunta de Deus a Caim: “Onde está o teu irmão?” Eu me interrogo se a nos-sa resposta continuará a ser: “Sou, porventura, guarda de meu irmão?” (Gn 4,9).

Eu vivo em Roma. No inverno, faz frio. Pode acontecer que, bem pertinho do Vaticano, apareça um idoso, pela manhã, que morreu por causa do frio. Não é notícia em nenhum dos jornais, em nenhuma das crônicas. Um po-bre morre por causa do frio e da fome e isso não é notícia, mas se as bolsas das principais capitais do mundo caem dois ou três pontos arma-se um grande escândalo mun-dial. Eu me pergunto: onde está o teu irmão? E peço-vos que vos façais outra vez, cada um, essa pergunta, e que o façais à universidade: A ti, Universidade Católica, onde está o teu irmão?

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Neste contexto universitário, seria bom interrogarmo--nos sobre a nossa educação a respeito desta terra que clama ao céu.

Os nossos centros educativos são uma sementeira, uma possibilidade, terra fértil para cuidar, estimular e prote-ger. Terra fértil, sedenta de vida.

Convosco, educadores, eu me interrogo: Velais pelos vos-sos alunos, ajudando-os a desenvolver um espírito crítico, um espírito livre, capaz de cuidar do mundo atual? Um espírito que seja capaz de procurar novas respostas para os múltiplos desafios que a sociedade coloca hoje à huma-nidade? Sois capazes de os estimular para não se desinte-ressarem da realidade que os rodeia, não se desinteressa-rem daquilo que está acontecendo ao redor? Sois capazes de os estimular nisso? Para tal, é preciso tirar-lhes da sala de aula, a sua mente tem que sair da sala de aula, seu co-ração tem que sair da sala de aula. Como entra, nos cur-rículos universitários ou nas diferentes áreas do trabalho educativo, a vida que nos rodeia com as suas perguntas, suas interpelações, suas controvérsias? Como geramos e acompanhamos o debate construtivo que nasce do diálo-go em prol de um mundo mais humano? O diálogo, esta palavra-ponte, esta palavra que cria pontes.

E há uma reflexão que nos envolve a todos, famílias, cen-tros educativos, professores: Como ajudamos os nossos jovens a não olhar um grau universitário como sinônimo de maior posição, sinônimo de mais dinheiro ou maior prestígio social? Não são sinônimos. Ajudamos a ver esta preparação como sinal de maior responsabilidade peran-te os problemas de hoje, perante o cuidado do mais pobre, perante o cuidado do meio ambiente?

E vós, queridos jovens que estais aqui, presente e futuro do Equador, sois os que tendes que fazer bagunça. Convosco, que sois semente de transformação desta sociedade,

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gostaria de me interrogar: Sabeis que este tempo de es-tudo não é só um direito, mas também um privilégio que tendes? Quantos amigos, conhecidos ou desconhecidos, queriam ter um lugar nesta casa, mas, por várias circuns-tâncias, não conseguiram? Em que medida o nosso estudo nos ajuda e nos leva a ser solidários com eles. Fazei a vós mesmos essas perguntas, queridos jovens.

As comunidades educativas têm um papel fundamental, um papel essencial na construção da cidadania e da cul-tura. Cuidado, não basta realizar análises, descrições da realidade; é necessário gerar as áreas, espaços de verda-deira pesquisa, debates que gerem alternativas para as problemáticas especialmente de hoje. Como é necessário ir ao concreto!

Perante a globalização do paradigma tecnocrático que ten-de a “crer que toda a aquisição de poder seja simplesmente progresso, aumento de segurança, de utilidade, de bem-es-tar, de força vital, de plenitude de valores, como se a re-alidade, o bem e a verdade desabrochassem espontanea-mente do próprio poder da tecnologia e da economia” (LS 105), hoje a vós, a mim, a todos, é-nos pedido, com ur-gência, que nos animemos a pensar, a debater sobre a nossa situação atual. Digo urgência de que nos animemos a pen-sar sobre qual cultura, sobre o tipo de cultura que quere-mos ou pretendemos não só para nós, mas também para os nossos filhos e nossos netos. Esta terra, recebemo-la como herança, como um dom, como um presente. Far-nos-á bem interrogarmo-nos: Como queremos deixá-la? Qual é a orientação, o sentido que queremos dar à existência? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que lutamos e trabalhamos? (LS 160). Para que estudamos?

As iniciativas individuais são sempre boas e fundamen-tais, mas é-nos pedido para dar um passo mais: animar--nos a olhar a realidade organicamente e não de forma

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fragmentária; a fazer perguntas que nos envolvam a to-dos, uma vez que “tudo está interligado” (LS 138). Não exis-te direito à exclusão.

Como Universidade, como centros educativos, como pro-fessores e estudantes, a vida desafia-nos a responder a estas duas perguntas: Para que precisa de nós esta terra? Onde está o teu irmão?

Que o Espírito Santo nos inspire e acompanhe, pois foi Ele que nos convocou, convidou, deu a oportunidade e, por sua vez, a responsabilidade de dar o melhor de nós mesmos. Oferece-nos a força e a luz de que precisamos. É o mesmo Espírito que, no primeiro dia da criação, paira-va sobre as águas com a vontade de transformar, de dar vida. É o mesmo Espírito que deu aos discípulos a força do Pentecostes. É o mesmo Espírito que não nos abandona, fazendo-Se um conosco para encontrarmos caminhos de vida nova. Seja Ele o nosso companheiro e nosso mestre de viagem! Muito obrigado.

1.4.4 Mensagem do papa Francisco no Encontro Mundial de Educação Católica em Roma – 21 de novembro de 2015

O papa Francisco recebeu mais de sete mil participantes do Congresso Mundial “Educar hoje e amanhã. Uma paixão que se renova”, promovido pela Congregação para a Educação Católica, que se encerrou com esse encontro na Sala Paulo VI do Vaticano.

Respondendo de improviso a algumas perguntas, o Santo Padre enfatizou que os professores se encontram entre os trabalhadores mais mal pagos, mas desempenham um papel extraordinário na promoção da humanidade. O pontífice ad-vertiu também sobre os riscos de uma educação seletiva, que distancia os ricos dos pobres, e convidou os presentes a apos-tar numa educação inclusiva.

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“Não se pode falar de educação católica sem falar de hu-manidade – disse o papa –, porque a identidade católica é precisamente Deus que se fez homem”. “Educar cristãmen-te é levar por diante os jovens, as crianças nos valores hu-manos em todas as realidades, e uma destas realidades é a transcendência”, acrescentou.

Hoje, prosseguiu Francisco, há a tendência a um “neopo-sitivismo, ou seja, a educar para as coisas imanentes, para o valor das coisas imanentes, e isto tanto nos países de tra-dição cristã como nos países” de outras tradições. “Falta a transcendência”, lamentou.

Para o Santo Padre, “a maior crise da educação, na pers-pectiva cristã, é este fechamento à transcendência. Somos fechados à transcendência”. “É preciso preparar os corações para que o Senhor se manifeste, mas na totalidade; ou seja, na totalidade da humanidade que tem também esta dimen-são de transcendência. Educar humanamente mas com ho-rizontes abertos. Nenhum tipo de fechamento beneficia a educação”, enfatizou.

“Não se pode falar de educação católica sem falar de humanidade” Francisco.

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A seguir, o pontífice assinalou que “a educação tornou-se também demasiado seletiva e elitista” e advertiu que parece que têm direito à educação só os povos e as pessoas que pos-suem certo nível econômico. “É uma realidade que nos leva a uma seletividade humana, e que em vez de aproximar os povos, afasta-os; afasta também os ricos dos pobres; afasta uma cultura da outra... Mas isto acontece também em pe-queno: o pacto educativo entre a família e a escola interrom-peu-se! Deve-se recomeçar”, afirmou.

Entre “os trabalhadores mais mal pagos encontram-se os educadores” – assegurou o papa – e isso “significa simples-mente que o Estado não tem interesse. Se tivesse, a situação não seria assim”. Por isso, indicou, “aqui devemos intervir, procurar novos caminhos”. “Hoje é necessária uma ‘educa-ção de emergência’, é preciso apostar na ‘educação informal’, porque a educação formal se empobreceu por causa da he-rança do positivismo. Concebe apenas um tecnicismo inte-lectualista e a linguagem da mente. E por isso empobreceu--se. É preciso interromper este esquema”, insistiu.

A verdadeira escola, explicou Francisco, “deve ensinar conceitos, hábitos e valores; e quando uma escola não é capaz de fazer isto, esta escola é seletiva e exclusiva e para poucos”.

O Santo Padre reiterou que o primeiro desafio é deixar os “lugares onde há muitos educadores” para ir “às perife-rias”, porque lá os jovens têm “a experiência da sobrevivên-cia”, “têm uma humanidade ferida”, e é a partir dessas fe-ridas que começa o trabalho do educador. “Não se trata de ir lá fazer beneficência, ensinar a ler, dar de comer..., não! Isto é necessário, mas é provisório. É o primeiro passo. O desafio – e eu encorajo-vos – é ir lá para os fazer crescer em humanidade, em inteligência, em valores, em hábitos, para que possam ir em frente e levar aos outros experiências que não conhecem”.

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Por último, o pontífice indicou que “a maior falência que um educador pode sofrer é educar ‘dentro dos muros’. Edu-car dentro dos muros: muros de uma cultura seletiva, muros de uma cultura de segurança, muros de uma camada social abastada e que não vai além”.

O Congresso “Educar Hoje e Amanhã. Uma paixão que se renova” foi realizado na localidade de Castel Gandolfo; duran-te três dias, educadores de diferentes partes do mundo refle-tiram à luz de dois documentos conciliadores: a declaração Gravissimum educationis e a constituição apostólica Ex corde Ecclesiae. Ambos os textos orientaram os participantes na busca por soluções para a problemática educativa e reforça-ram o compromisso da Igreja nesse âmbito.

...“a maior falência que um educador pode sofrer é educar ‘dentro dos muros’...” Francisco.

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As origens da Escola Católica na América datam de 1533, no México. Não sabemos exatamente quando elas aparecem em todo o continente.

No entanto, sabemos hoje que a Escola Católica abrange to-dos os níveis educacionais formais, grupos etários e também atinge a educação formal e informal. Historicamente, foram criadas escolas primárias, colégios privados com ciclos bási-cos e secundários, com escolas populares anexas; em alguns países, elas estavam presentes no setor estatal e, com menos frequência, estabeleceram instituições de ensino superior. Da mesma forma, observa-se que a maior parte dos projetos educacionais foram direcionados para a educação formal dos ciclos primário e secundário. A oferta de educação não for-mal ou de projetos educacionais diferentes da escola aparece timidamente nos últimos anos.

A evolução das instituições tem sido variada. Em mui-tos casos, as ações se conservam fiéis às populações e aos níveis em que surgiram; mas também é possível observar que as instituições que nasceram populares foram trans-formadas em propostas para a classe média, que obedeciam tanto à transformação dos contextos geográficos em que se

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apresentavam quanto à melhoria da situação econômica das populações onde se localizavam ou, mesmo, à presença dos filhos dos graduados que alteraram seu status quo.

Como um panorama da oferta educacional católica, pode-ríamos dizer que a maior parte das ações está concentrada nas escolas formais com níveis básicos e secundários, vol-tadas para as populações de classe média. Isso não significa que outras populações não sejam atendidas, com projetos variados, como formação de educadores, educação étnica (indígenas e afro-americanos), educação para o trabalho, educação não formal, ensino superior etc. E também há as que atendem aos altos estratos econômicos da sociedade. Em geral, as federações de Escolas Católicas na América Latina buscam diversificar seus trabalhos para responder às rea-lidades nacionais e contam com ações em todos os níveis e classes do espectro.

É conveniente perguntar, então, o que é o católico da mis-são, ou melhor, o que torna uma proposta educativa católica. Nesta seção, queremos retornar explicitamente ao ilustre Carlos Gómez, com uma definição evangelizadora do que é a Escola Católica: “uma espiritualidade que nos convida a co-nhecer Deus e encontrá-Lo nos estudantes e colegas e que anuncia Jesus Cristo, fundamentalmente pela manifestação do rosto misericordioso de Deus; um relacionamento peda-gógico respeitoso e criativo que propicia o crescimento das pessoas na liberdade; uma opção baseada na construção da comunidade e na preocupação com os pobres; uma propos-ta educacional contextualizada nas realidades econômicas, sociais e políticas; e com as mediações educacionais que le-vam em conta as capacidades e o potencial de cada pessoa e o compromisso de construir uma sociedade justa, equitativa e pacífica”.

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2.1 Desafios para a Escola Católica da América

Diante do exposto anteriormente, é urgente refletir e tomar decisões sobre como estaremos presentes nesses novos con-textos e realidades. Ousamos sugerir alguns desafios.

2.1.1 O desafio da identidade

Retiramos o primeiro desafio do documento Educar hoje e amanhã. Uma paixão que se renova, da Congregação para a Educação Católica.

É urgente redefinir a identidade da Escola Católica para o século XXI. Para isso, a redescoberta dos documentos da Con-gregação para a Educação Católica3, com a experiência acumu-lada ao longo do tempo no ensino católico, pode ser uma contri-buição significativa, quer seja nas escolas diocesanas, quer nas congregações religiosas. Essa experiência baseia-se em três pilares: a tradição do Evangelho, a autoridade e a liberdade.

O educador de nosso tempo vê sua missão renovada, cujo principal objetivo é oferecer às crianças e aos jovens uma educação integral e acompanhamento na descoberta de sua liberdade pessoal, um presente de Deus.

3 Documentos: A Escola Católica (1977); O leigo católico testemunha da fé na escola (1982); Orientações educacionais sobre o amor humano. Pau-tas de educação sexual (1983); Dimensão religiosa da educação na Escola Católica (1988); A Escola Católica nos umbrais do terceiro milênio (1997); Pessoas consagradas e sua missão na escola. Reflexões e orientações (2002); Educar junto na Escola Católica. Missão compartilhada de pessoas consagradas e fiéis leigos (2007); Educar para o diálogo intercultural na Escola Católica. Viver junto para uma civilização do amor (2013). Além dis-so, foram enviadas algumas Cartas circulares: Para as Famílias religiosas e para as Sociedades de vida apostólica com responsabilidade em Escolas Católicas (N. 483/96/13, de 15 de outubro de 1996); Para as Conferências Episcopais sobre a educação sexual nas Escolas Católicas (N. 484/96, de 2 de maio de 1997); Para as Conferências Episcopais sobre o ensino da religião na escola (N. 520/2009, de 5 de maio de 2009).

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O fato de os alunos de muitas escolas católicas pertence-rem a diversas culturas exige que nossas instituições tenham a preocupação de se comunicar para além do círculo dos cren-tes, não só com palavras, mas com a força da coerência de vida dos educadores. Professores, líderes, pessoal administrativo, toda a comunidade profissional e educacional é convocada a oferecer, com humildade e proximidade, uma proposta amá-vel de fé. O modelo é o de Jesus com os discípulos de Emaús: partir da experiência de vida dos jovens, mas também da dos colegas, para se colocar à disposição do serviço incondicional. De fato, uma das características que distinguirá a Escola Ca-tólica do futuro, assim como foi no passado, será a de manter a educação a serviço e à doação gratuita de si mesmo.

O educador de nosso tempo vê sua missão renovada, cujo principal objetivo é oferecer às crianças e aos jovens uma educação integral e acompanhamento na descoberta de sua liberdade pessoal, um presente de Deus.

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2.1.2 O diálogo com as pedagogias contemporâneas

As últimas décadas foram pródigas em desenvolvimentos educacionais. Os avanços da psicologia cognitiva, das ciências computacionais, das tecnologias da comunicação, da neuro-ciência, da genética, da reflexão filosófica e das perspectivas críticas dos sistemas sociais, entre outros, têm impactado como nunca a educação e, consequentemente, a pedagogia e a didática. Novos paradigmas educacionais têm surgido e, sem dúvida, inspiram, consciente ou inconscientemente, explícita ou implicitamente, os processos educacionais que adotamos, bem como as políticas educacionais propostas pelos gover-nos, e a formação que se aplica nas escolas.

A pedagogia libertadora tem sido talvez o paradigma que mais suscitou experiências educacionais na Escola Católica e que permitiu reflexões, posições e diálogos interessantes, especialmente quando os processos educacionais, em sua maioria, eram conduzidos no estilo tradicional. As turbulen-tas décadas de 1960 e 1970 permitiram a criação de projetos educacionais alternativos e de posicionamentos pedagógicos críticos, que ainda continuam mostrando sua força em expe-riências inovadoras de educação popular. No entanto, o leque hoje é maior e a situação é propícia ao diálogo fértil entre uma tradição educacional tradicional e as tendências teóricas que permeiam os projetos educacionais atuais. O paradigma histó-rico-cultural, a perspectiva cognitiva, a pedagogia crítica em suas diferentes vertentes, as inteligências múltiplas, o cons-trutivismo, entre outros, frequentemente fazem parte do vo-cabulário e da inspiração de projetos educacionais católicos.

Esse diálogo, tão urgente como necessário, passa por uma posição sempre crítica que explora a potencialidade dos pa-radigmas com as condições reais em que se concebem as propostas. Se o nosso objetivo é tornar a educação acessível,

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promover os valores da solidariedade, justiça e dignidade, edu-car pessoas e formar cidadãos, lutar pela igualdade e por opor-tunidades para todos, então esses diálogos com pedagogias contemporâneas são condição sem a qual não se pode renovar as nossas propostas e conceber projetos contextualizados que respondam aos mais profundos anseios dos estudantes, crian-ças, jovens ou adultos, como das sociedades e grupos humanos onde levamos nossa proposta. A oferta educacional católica não só deve ser consistente teoricamente e coerente meto-dologicamente, como explícita em seus meios e em seus fins. A educação integral que tanto propagam nossos projetos deve ser transparente em seus objetivos, clara em suas definições, em seus fundamentos epistemológicos, em suas metodologias e coerente nas mediações pedagógicas.

2.1.3 Educar a inteligência espiritual: criticidade frente às novas tecnologias

É impossível negar a importância, as possibilidades, o poten-cial educacional das novas tecnologias e como seria impensá-vel viver sem elas no presente. É simplesmente maravilhoso. Sua utilização nos permite ter todas as informações dispo-níveis, navegar pelos oceanos incomensuráveis do conheci-mento, acessar milhões de documentos, conhecer em tempo real o que é descoberto, os tópicos sobre os quais os cientis-tas estão trabalhando, o estado da arte de qualquer tema em que possamos pensar; permite que estejamos conectados a pessoas com as quais podemos discutir e trocar ideias e ex-periências; em suma, possibilidades infinitas. Certamente tudo isso também tem seus perigos. Também sabemos quan-tos problemas a comunicação indiscriminada provocou com pessoas que, no anonimato da rede, escondem e corrompem, destroem, atraem, roubam e usam. Certamente, trabalha-mos sobre isso e estamos alertas.

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Embora seja verdade que as novas tecnologias têm todo o potencial para impactar a educação e melhorar os proces-sos de aprendizagem, o impacto real de tudo isso ainda é du-vidoso. Mais informações não significam maior ou melhor conhecimento. Em parte, a diferença de habilidades para a utilização desses meios entre as gerações mais jovens e as de seus professores, ou a pouca compreensão ou criatividade destes ao propor processos de ensino-aprendizagem, relati-vizam sua eficácia. É claro que a educação recebeu impac-tos muito fortes: a memorização de dados ou a repetição de lições mudaram profundamente o papel do professor, que já não é única fonte de informação. Embora não seja regra geral, tampouco aparece com força consistente o professor que seja capaz de criar as condições para encontrar o senti-do, formar o critério e, em meio a uma infinidade de conhe-cimentos, propiciar a apreensão de valores fundamentais que permitam capitalizar as novas tecnologias com sucesso. Acredito que estamos diante da urgência inadiável de for-mar para a reflexão e para o aprofundamento: esses dois va-lores são essenciais para fazer a transição dos dados para a informação e da informação para o conhecimento, isto é, do muito conhecer para a sabedoria. Em suma, para a formação de critério, capacidade de análise, possibilidade do pensa-mento crítico, dúvida metódica, de aproveitar o tempo para aceitar as informações, digeri-las em contemplação e refle-xão e usá-las para entender o mundo e suas relações e ser capaz de se comunicar com os outros por meio de um pensa-mento próprio, estabelecido e argumentado. Educar para a paciência, educar para a reflexão, educar devagar, cozinhar em fogo brando; como Joan Domenech Francesch (2009) con-vida no “Elogio da Educação Lenta”.

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Adolfo Nicolás, Superior Geral da Sociedade de Jesus, ao apresentar os desafios do ensino superior jesuíta, falava so-bre a “globalização da superficialidade” e dizia:

Precisamos entender com mais profundidade e inte-ligência esse mundo interior novo e complexo criado pela globalização para que possamos responder de forma adequada e decisiva, como educadores, para nos contrapor aos efeitos prejudiciais dessa superficiali-dade. Um mundo de superficialidade globalizada do pensamento significa um reino sem oposição ao fun-damentalismo, fanatismo, à ideologia e todas aquelas fugas do pensamento que causam sofrimento a tantas pessoas... as pessoas perdem a capacidade de lidar com a realidade, o que significa um processo de desumani-zação que pode ser gradual e silencioso, mas muito real. As pessoas perdem sua forma de pensar, sua cultura, seus pontos de referência.

Acredito que estamos diante da urgência inadiável de formar para a reflexão e para o aprofundamento...

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2.1.4 Educar na sociedade do conhecimento

Já no século XX se vislumbrava o que seria a realidade no início do século XXI. Os vertiginosos avanços da ciência causaram mudanças não apenas nas estruturas de poder, mas, funda-mentalmente, nos meios de produção e nas relações pes soais, familiares, sociais e trabalhistas. A terceira onda da qual Toffler falava há algumas décadas foi precisamente a irrupção de uma mudança profunda. Se a agricultura representou a pri-meira onda de mudança, e a indústria, a segunda, a sociedade de hoje se baseia no conhecimento. Desde o fim dos anos 1960, o conceito tinha sido cunhado por Drucker e outros teóricos, mas, com a irrupção e a massificação da tecnologia da informa-ção e a enorme produção de conhecimento, o mundo de hoje se baseia no poder do conhecimento. Os povos latino-americanos lutaram no passado pela posse da terra – um problema ainda não resolvido – e pela urgência do capital para a industriali-zação de nossos países. Esses problemas estão longe de ser re-solvidos e expõem óticas muito diferentes que têm a ver com a chamada sociedade do conhecimento, em que a incorporação de ciência e tecnologia a todos os processos acaba por determi-nar a produtividade, a geração de riqueza e a possibilidade de equidade ou desigualdade das sociedades.

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A sociedade da informação e o próprio conceito de socie-dade do conhecimento e das economias baseadas no conheci-mento foram questionados a partir de diferentes perspectivas ideológicas ou teóricas. Eles foram identificados com o modelo de desenvolvimento neoliberal e sua profundidade conceitual é realmente questionada. Não obstante, além do tema ideoló-gico, muito importante, deve-se ter em mente que, assim como é impossível ignorar a realidade da globalização, não é possível ignorar o fato de que a capacidade de produzir conhecimen-to e incorporá-lo às atividades cotidianas é uma realidade do mundo presente que condiciona toda a atividade humana, es-pecialmente econômica e política. O problema é tão sério, que apenas começou o debate para se entender o papel do Estado e da política nas sociedades do conhecimento, que implicam ou-tro tipo de organização social, geram outros tipos de pobreza e questionam conceitos imutáveis nos tempos do estado-nação, como soberania, democracia, partidos políticos, parlamentos, representação e participação. Aqui valeria a pergunta: o que significa educar numa sociedade do conhecimento? Qual a for-mação necessária para a sociedade do conhecimento? Como elaborar novamente os conceitos da formação de valores nesse novo contexto?

Juan Carlos Tedesco declara em seu livro Educar na socie-dade do conhecimento que “as formas emergentes de organi-zação social se baseiam no uso intensivo do conhecimento e das variáveis culturais, tanto nas atividades produtivas como na participação social. Nesse contexto, as instâncias por meio das quais o conhecimento e os valores culturais são produzi-dos e distribuídos – instituições educacionais, educadores, in-telectuais em geral – ocuparão um lugar central nos conflitos e estratégias de intervenção social e política”. Essa questão, portanto, está condicionando a própria viabilidade da esco-la como tal e, assim, todos os seus processos organizacionais, currículos, interações educacionais, treinamento permanente

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de professores, avaliação, a axiologia que o inspira; em síntese, exigem-se projetos educacionais reais e explícitos, e não aque-les ideais tão bonitos quanto inatingíveis que não indicam ho-rizontes relevantes.

2.1.5 Humanismo e ciência na educação

Na Escola Católica não se pode renunciar à promoção do diálo-go entre a ciência e o humanismo. Pode-se pensar que a escola é o lugar para esse diálogo. Sem dúvida, é, porque esse diálogo deve ser feito explicitamente nela, além de que devem existir espaços de debate onde a ciência questiona a ética e a dimen-são espiritual das pessoas e, ao mesmo tempo, problematiza e questiona o conhecimento científico. Isso não impede que, na educação básica e secundária, existam articulações e aborda-gens holísticas que favoreçam a apreciação do conhecimento humanista e o tipo de conhecimento que o sustenta, bem como a beleza, lógica e método característicos da ciência. Bertrand Russell expressa isso magnificamente: “Existe apenas uma maneira de progredir, na educação como em outros assuntos humanos, e é a seguinte: Ciência exercida pelo amor. Sem ciên-cia, o amor é impotente; sem amor, a ciência é destrutiva”.

A educação integral que tanto preconizam nossos projetos educacionais não pode se esquecer dos valores próprios e ne-cessários para o desenvolvimento das aptidões científicas: a observação, a análise, o procedimento, a força do argumento; tudo isso combinado com os valores que sustentam o huma-nismo: o respeito, a contemplação, a beleza, o valor da vida, a diferença, a transcendência.

2.1.6 Educar para a cidadania e a vida política

Com frequência tem sido refletida a questão da dimensão política da educação. Nos conturbados mas enriquecedores anos 1960 e 1970 foram apresentadas várias propostas sobre

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o assunto. A escola e a universidade foram consideradas fun-damentais na construção da nova sociedade. A educação e a escola não são as únicas responsáveis pela transformação dos sistemas sociais ou pela consolidação de modelos políticos, embora muitos acreditem nisso; tampouco a educação, como produto do sistema social, tem apenas uma função conserva-dora. A educação é um fator de mudança e progresso, motor de transformações e de apoio ao processo de desenvolvimen-to integral. Dessa forma, a escola é um espaço privilegiado para a formação de valores, o fortalecimento da experiência ética, que sustenta a ação social e a práxis política, e a repro-dução em escala do projeto de sociedade alcançado por meio do diálogo pluralista de grupos, partidos e instituições.

A natureza confessional da escola não pode ser consi-derada um fator impeditivo ao pluralismo, que de fato deve se fortalecer. Ser leal à identidade que a nomeia lhe permi-te assumir uma perspectiva crítica para julgar a realidade, apresentar sua proposta ética e implementá-la com a ajuda de todos, sempre pensando que a diversidade de pessoas deve reproduzir-se diariamente no processo educacional. Na ver-dade, nossa escola não pode ser apresentada como “neutra”, porque a neutralidade nas questões sociais e políticas é sim-plesmente impossível. Além disso, a natureza confessional se baseia na liberdade religiosa, assunto que não pode ser igno-rado hoje, visto que a humanidade passou por uma sangrenta fase de intolerância religiosa que produziu, contrariamente à própria essência das religiões, conflitos, guerras, crimes e todo tipo de humilhação para a dignidade humana.

Uma das grandes realizações da humanidade é precisa-mente o sistema democrático. Muitos séculos de provações, que vão desde sociedades tribais e escravistas, passando por absolutismos imperiais e monárquicos, ditaduras de todos os matizes, até regimes de partidos únicos, nos permitem pensar que o modelo político mais civilizado é a democracia.

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Imperfeito e aprimorável, com lacunas e questionamentos, é, sem dúvida, a melhor maneira que a humanidade encontrou para preservar a liberdade, buscar a justiça e gerir a vida so-cial. Talvez, como disse Churchill, “a democracia é a pior for-ma de governo, exceto todas as outras formas que têm sido testadas de tempos em tempos”.

Embora seja verdade que o advento da democracia na América Latina, após os regimes militares nefastos do sécu-lo passado, não representou o desenvolvimento desejado e a necessidade de equidade, não se pode negar o seu potencial, mas comprometer-se com seu fortalecimento. Aprendemos lições dolorosas sobre isso, e esse é também um questiona-mento sério de nossos processos educacionais. A participação e o controle político – naturais na democracia – foram evita-dos em nossa formação e ação, pois nos contentamos com o voto eletivo, mas não nos preocupamos com o acompanha-mento e a prestação de contas daqueles eleitos. A fragilidade das organizações sociais e a formação precária de cidadãos conscientes de suas responsabilidades políticas contribuíram para o crescimento da corrupção, que parece incontrolável; a existência de cidadãos indiferentes aos problemas políticos, o surgimento de “messias” ditatoriais e o retorno ao fatídico caudilhismo de um passado não muito distante são problemas que levam à destruição das instituições e ao enfraquecimen-to da democracia. Os caudilhos proliferam novamente em al-guns de nossos países, bem como o advento do que S. Fabrinni (2009) chamou de “o surgimento do príncipe democrático”.

2.1.7 O desafio da articulação

A articulação se dá fundamentalmente pela possibilidade de se pensar a práxis educacional católica com referências claras, com metodologias de análise que permitam avaliar as propostas, com processos consistentes que permitam a

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conceituação e ofertas bem-intencionadas. Por outro lado, surge a tarefa necessária e inadiável da formação de profes-sores com projetos sólidos, processuais, metódicos e proati-vos que permitam a geração do próprio pensamento num diá-logo contínuo e crítico com as novas pedagogias. Em outras palavras, hoje temos um aparato institucional que deveria nos tornar novamente uma organização que pensa, reflete, propõe e cria modelos educacionais consistentes com a reali-dade e seus desafios.

Hoje temos um aparato institucional

que deveria nos tornar novamente uma organização

que pensa, reflete, propõe e cria

modelos educacionais consistentes

com a realidade e seus desafios.

Acreditamos na necessidade de propor uma agenda co-mum para a ação educacional na América Latina que envolva ideias e projetos compartilhados, redes de reflexão robustas, programas conjuntos, acordos curriculares etc.; isso é um convite, mas também uma estratégia para se ter um sistema educacional forte que possa impactar o continente.

Não podemos viver mais das glórias passadas. Pensamos que o futuro da educação católica na América Latina será dado pela nossa capacidade de alimentar as práticas educa-cionais com novos conhecimentos e propor novos projetos para o desenvolvimento de nosso continente.

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2.1.8 O desafio da qualidade

Para a Escola Católica, está claro que uma educação de quali-dade deve possuir indicadores que nos aproximem de alguns dos componentes básicos de qualidade necessários hoje na América: uma educação que proporcione habilidades comu-nicativas, entendidas como o uso adequado de línguas fun-damentais (língua materna e outro idioma) e meios tecnoló-gicos; formação que permita aos cidadãos a consolidação da sociedade democrática e sua institucionalidade, a ética civil e o respeito aos direitos humanos; domínio da matemática e de seus processos; e a base de pensamentos das ciências na-turais, para a compreensão do mundo e o respeito pelo hábi-tat. Para isso, deve-se acrescentar, como parte do processo, o treinamento para o trabalho.

Um mundo que se move rapidamente para a globalização também começa a buscar a construção de padrões comparati-vos que permitam medir a qualidade ou, pelo menos, alguns de seus aspectos. Sem cair na armadilha de tornar esses indica-dores absolutos, tampouco descartá-los. Por mais que não con-cordemos em muitos casos, eles não deixarão de ser aplicados ou avaliados. Os exames do Programa Internacional de Ava-liação de Alunos (Pisa) foram elaborados com base nas fórmu-las de padronização das políticas educacionais da OCDE. En-tretanto, o número de países que adotaram os indicadores está crescendo gradualmente e o exame começa a se tornar um fator de medição de qualidade para os processos educacionais básicos em Matemática, Ciências e Linguagem, três elementos considerados fundamentais para o sucesso no ensino superior e, além disso, para que nossos processos educacionais formem uma sociedade e uma economia baseados no conhecimento.

É óbvio que o papel da educação não tem como objetivo final os alunos obterem bons resultados nesses exames. Desde a Grécia Antiga e passando por toda a história do

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ensino, o objetivo fundamental da educação é formar pes-soas e bons cidadãos. A educação católica sempre defendeu o conceito de integralidade dos processos educacionais, de modo que os resultados em algumas áreas do conhecimen-to são apenas um componente de um processo que é muito mais complexo. De fato, aqui devemos analisar o papel da educação na construção da civilização, bem como a sua ca-pacidade de gerar homens e mulheres críticos diante de um consumismo sem limite, imposto pelo modelo econômico; diante das tecnologias de comunicação e mídia; diante dos valores humanos essenciais como a solidariedade e a com-paixão; diante do fortalecimento da democracia e da parti-cipação política.

Portanto, o convite não é para tornar absoluto, tampouco ignorar que a qualidade educacional ocorre por meio da aqui-sição de competências em Ciências, Matemática e Linguagem. Pode valer a pena trabalhar também na busca de indicadores que nos permitam avaliar que a educação que chamamos de “integral” é de qualidade reconhecida e, portanto, formal-mente avaliada. Também nos restaria perguntar como ava-liamos a qualidade dos processos pastorais em nossa propos-ta educacional, que não se trata de testes padronizados, mas de um exame crítico com referências claras da ação, reflexão e impacto dos processos.

2.1.9 O desafio de sermos significativos

Por isso, para sermos significativos hoje, o papa Francisco convida a Escola Católica a:

• Cultivar laços pessoais e sociais, revalorizando a amizade e a solidariedade. A Escola Católica ainda é o lugar onde as pessoas podem ser reconhecidas, acolhidas e promovidas.

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• Sermos audazes e criativos. As novas realidades exigem novas respostas. Mas, primeiro, exigem um espírito aberto que tenha um discernimento construtivo, que não se apegue a certezas rançosas e encoraje a vislumbrar outras formas de expressar valores, que não recuse os desafios do tempo presente.

• A alegria, a gratidão, a festividade. Está na autenticidade de nossa perspectiva nos descobrir, grandes ou pequenos, reconhecer os dons de Deus, celebrar a vida, sair da cadeia do dever e descobrir a alegria de ser as sementes de uma nova criação. Para tornar nossas escolas um local de trabalho e estudo, mas também um local de celebração, reunião e gratidão.

• E, finalmente, o convite à adoração e gratidão. Na existência vertiginosa de cada dia, é possível esquecer essa sede de comunicação que vive profundamente dentro de nós. A Escola Católica pode apresentar, orientar e ajudar a sustentar o encontro com o Vivente, ensinando a apreciar sua presença, a rastrear suas trilhas, a aceitar o seu esconderijo.

Assim, vislumbramos momentos para a criatividade e a esperança, momentos em que a força e a consistência de nos-sa proposta educacional deve contribuir para um novo ho-mem e mulher em uma nova sociedade. É o momento de ser significativo, compartilhando possibilidades e oportunidades e tendendo a realizar na América projetos educacionais co-muns que nos permitam impactar melhor nossos povos.

Nós os convidamos a fazer algumas perguntas em meio à reflexão deste documento, pensando nos horizontes, anteci-pando-nos ao futuro, conscientes da realidade, recompondo

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as utopias, sonhando com outras pessoas comprometidas co-nosco na missão educacional:

• Que sonhos queremos construir?

• Que horizontes queremos alcançar?

• Que caminhos queremos percorrer?

• Que riscos estamos dispostos a assumir?

Assim, vislumbramos momentos para a criatividade e a esperança.

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Para o desenvolvimento deste capítulo, foi fundamental o trabalho do padre Mario Peresson, SDB, por meio de dois tex-tos fundamentais: Evangelizar educando a partir das áreas do currículo e À escuta do mestre.

Em um centro educacional inspirado no Evangelho, o currículo e o plano de estudos, como mediações educativo--pastorais, cumprem um papel fundamental na realização de sua missão evangelizadora. Por isso, propomo-nos ressaltar aqueles aspectos por meio dos quais cada área pode dar um aporte significativo à missão de evangelizar educando.

Mais do que indicar atividades específicas, mostrando como fazer, queremos assinalar os enfoques epistemológicos, ou seja, as formas próprias como se concebe cada área do co-nhecimento, e daí derivar algumas colocações que facilitem e promovam o encontro e o diálogo fecundo entre as diferentes ciências e o propósito educativo evangelizador.

Mas antes de abordar as áreas, é preciso reconhecer os pontos de fixação e a relação entre a missão evangelizadora, a ação educativa e o desenvolvimento do currículo.

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São eles:

• O enfoque antropológico: a partir de uma compreensão integral da pessoa como ser corpóreo-espiritual: mente (capacidade de raciocinar, pensar, criar e imaginar), coração (sentimentos), mãos (possibilidade de atuar e transformar) e uma visão humanista (valorização do ser humano como fim e nunca como meio ou instrumento).

• O enfoque teológico: que olha, compreende e transforma toda a realidade do projeto de Deus: o Reino de Deus, colocando em evidência a dimensão transcendente do ser humano à luz da palavra de Deus, que é Jesus Cristo. A fé não substitui a autenticidade humana, mas a compreende com uma nova luz, em sentido e profundidade, com o mesmo olhar de Deus.

• A visão ecológica: entendendo a ecologia, não de maneira setorial, mas com uma visão holística, como um novo paradigma pelo qual tudo está relacionado com tudo, tudo está interdependente dentro de uma simbiose cósmica até chegar à visão mística de toda a criação, contemplando a Deus em tudo e tudo em Deus.

• O enfoque ético: fazendo referência aos valores que dão sentido ao ser humano, aos princípios e ideais que inspiram, guiam e orientam as pessoas e as coletividades e que se convertem nos ideais e razões de seu existir.

• A dimensão utópica: os sonhos, as esperanças, as aspirações e as lutas que anseiam e buscam construir uma humanidade em comunhão; justiça e paz se encontram com a boa nova do Reino de Deus,

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a promessa da Ressurreição e “o que nós esperamos, conforme a promessa dele, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13).

• A consciência e a responsabilidade cidadã (dimensão sociopolítica): a cidadania ativa e o compromisso político na busca do bem comum chegam a ser e devem converter-se na expressão social do mandamento do amor eficaz, vivido como solidariedade afetiva e efetiva, com o objetivo de estabelecer a justiça e a paz no mundo.

3.1 Evangelização e ciências sociaisDentro das ciências sociais incluímos a história, a geografia e o pensamento filosófico. Pode não ser correto analisá-los se-paradamente nesses novos contextos de integração, por isso peço desculpas por essa fragmentação.

3.1.1 A história

O estudo da história em nossos colégios deve cumprir a fun-ção de educar no sentido histórico-crítico, mediante a análise e a compreensão da experiência humana no decorrer do tem-po. A vida das pessoas e dos povos está em constante movi-mento e desenvolvimento desde um passado, que se encontra condensado no presente, do qual fazemos parte e somos co-protagonistas e corresponsáveis, e está projetada para o fu-turo, que se apresenta como desafio e como tarefa.

O mais fundamental e significativo no conhecimento his-tórico não é a elaboração exata de uma cronologia dos fatos e a delimitação das épocas e períodos históricos, nem o es-tudo dos personagens destacados por suas façanhas, mas a análise crítica do processo histórico e dos acontecimentos,

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reconstruindo seus cenários, estabelecendo as contradições presentes neles, os atuantes que os protagonizam ou sofrem, os antecedentes e as causas que os geram, os efeitos e as con-sequências que derivam, as tendências que estão emergindo, as alternativas possíveis e urgentes e as tarefas que se devem empreender a partir da perspectiva da justiça e do bem co-mum dos povos, priorizando os que são postergados e postos à margem.

Os fatos nunca podem ser vistos e analisados isolada e pontualmente, mas dentro do contexto histórico e como parte de um todo social. Sob as dinâmicas da continuidade e da mudança qualitativa se move o rio da história. O passado está presente permanentemente e vivo em nós, e ao mesmo tempo estamos sempre buscando novas saídas e alternativas para os problemas emergentes e uma mudança para horizon-tes mais humanos.

Desse ponto de vista, um colégio evangelizador busca a partir da história:

• Um lugar de encontro entre a história e a religião, pois ambas buscam explicitar o sentido do acontecer humano e dar uma resposta a perguntas tão transcendentais sobre a etiologia (a origem) e a teleologia (o fim último), sobre o princípio e fundamento, o vértice da vida do ser humano em sua condição de ser histórico e, portanto, incompleto, em crescimento, contingente e peregrino.

• Suscitar e fazer crescer a consciência de sujeitos históricos, livres, capazes de optar, de decidir, de construir a história pessoal e coletiva. Mesmo estando condicionados pelas circunstâncias, não somos determinados pela história; temos uma responsabilidade diante dela; é também o resultado

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de nossas decisões pessoais e coletivas. Com nossas atuações, estamos escrevendo um capítulo dela.

• Tomar consciência de nossa responsabilidade histórica no contexto local, nacional e global, como cidadãos que somos de nossa cidade, de nossa nação e do mundo globalizado.

• Mas, ao estudar a história dessa maneira, o cristão deve compreender que, ao viver em plenitude a cidadania e o compromisso social e político, está respondendo ao chamado e mandato de Deus criador.

• Como uma concretização do estudo da história, deve resultar a elaboração do próprio projeto pessoal de vida por parte de cada estudante. Nele se condensa a história como passado que se faz presente no hoje, e ao mesmo tempo como desafio e projeção de realização pessoal.

A história é a mestra da vida, nela penetram nossas raízes, e é fonte de nossa identidade. Diz-se, com razão, que quem se esquece da história e não aprende com ela está condenado a repeti-la. A história nos ensina as melhores lições da vida e para a vida. Aprendamos.

3.1.2 A geografia

A vida do ser humano transcorre entre duas coordenadas: a espacial e a temporal. O espaço não é um simples acidente contextual, mas o hábitat, o meio vital da existência; nesse sentido, a geografia se conjuga com a ecologia. Assim como se diz que um povo não tem uma história, mas que é sua his-tória, temos que dizer que um povo é sua geografia, faz parte de seu ser.

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Por essa razão, o ensino da geografia não pode ficar na simples enunciação e descrição de dados geográficos. É preci-so haver uma visão integral da geografia. Todos esses campos precisam ser analisados levando em conta os grupos huma-nos e a sociedade em seu conjunto, que vivem e convivem nes-se espaço, e as condições concretas de existência. Precisamos fazer do estudo da geografia uma verdadeira antropogeo-grafia, cujo centro e eixo articulador seja a vida das pessoas, dos povos e da humanidade em seu conjunto.

Por isso, o mais importante no estudo da geografia atual não é saber onde estão situados Iraque, Colômbia, Brasil, Peru ou Israel, ou qual país passa mais fome, mas ver o que está em jogo ali, quem está intervindo e por que, que contradição ocorre, quais são os atores do conflito, que consequências pode trazer, que alternativas são possíveis e que posição de-vemos assumir, sempre sob o critério de tomar o partido dos mais fracos.

Nesse contexto, a Escola Católica busca a partir da geografia:

• Reconhecer o caráter sagrado da criação como fruto da ação criadora de Deus, como revela a Sagrada Escritura. Daí nasce o dever sagrado de respeitá-la, amá-la e transformá-la para o bem de todos. O ser humano recebeu de Deus a missão de ser cocriador do mundo e ecólogo da criação, com a responsabilidade de fazer do planeta uma terra habitável para toda a humanidade.

• Deve nos orientar a criar um mundo que seja o lar comum de toda a humanidade, por meio de múltiplos contatos sociais e misturas culturais, potencializados pelo progresso das comunicações e o diálogo intercultural.

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• Diante do risco evidente da padronização da vida e do horror do pensamento único, com a perda dos valores espirituais e morais, substituídos pelo consumo de má qualidade, a globalização nos coloca diante do desafio e da oportunidade de conhecer, valorizar e salvaguardar as identidades culturais dos povos, como uma das maiores riquezas da humanidade.

• A construção de uma globalização alternativa, que parte da convicção de que outro mundo é possível, deve ser vista como a grande oportunidade para explorar outra humanidade e criar novos paradigmas do existir e do coexistir humanos. Será possível transformar a interdependência de fato em uma solidariedade necessária e desejada, e mudar as estruturas mentais e cordiais, de modo que se transforme a globalização existente em benefício de uns poucos, em outra globalização, a favor das imensas maiorias empobrecidas do mundo.

• Tudo nos leva a concluir que diante de uma globalização do fatalismo e da exclusão, a globalização da esperança e da solidariedade se mostra como um imperativo ético, profundamente evangélico.

• Diante da globalização de fora e de cima surge a urgência de construir uma globalização de baixo e de dentro, que parta do potencial histórico dos povos, de suas raízes culturais e de suas necessidades e aspirações mais profundas.

• A geografia, por sua natureza, e pelos múltiplos fatores que a compõem, é um claro convite à comunhão entre as regiões, nações e continentes, e à participação e cooperação de todos os povos e nações com o objetivo de construir um futuro comum.

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3.1.3 Evangelização e pensamento filosófico

De maneira especial, a filosofia pode e deve cumprir um papel determinante no processo de humanização, personalização, socialização e culturalização de nossos estudantes. De fato:

A filosofia tem como propósito despertar o espírito crítico e favorecer a atitude pensante, ordenar e sistematizar ideias, buscar o porquê, o para quê e a razão última das coisas.

Cada pessoa, pela experiência de vida e da relação prática que tem com a realidade, pelo processo de conhecimento que as caracteriza, vai construindo sua própria visão do mundo e do ser humano, sua cosmovisão e antropologia, que, cons-ciente ou inconscientemente, iluminam e orientam a tota-lidade de sua vida e de sua atuação. Cada pessoa é um filóso-fo, pois ao longo de sua vida vai construindo uma concepção própria da vida, do ser humano e da sociedade. Daí decorre o grande papel e desafio da filosofia em ajudar a fazer explíci-ta e crítica essa cosmovisão e antropologia.

Para alcançar esse propósito, o estudo da filosofia na Escola Católica deve colocar em contato as diferentes cor-rentes, ideologias e cosmovisões que se foram construin-do ao longo da história. Ao fazê-lo, deve ajudar a formar a consciên cia crítica para descobrir e apreciar nela os valores mais significativos na busca que a humanidade fez de seu próprio ser, de sua origem, de sua vocação e de seu destino. Ao fazê-lo, deve ajudar a descobrir a originalidade da cos-movisão cristã e a força de transformação do Evangelho no mundo e na história. Nessa busca de sentido, o Evangelho formula uma visão cristã da pessoa e da humanidade em seu conjunto, e de sua história, que em nossos povos já está enrai zada na própria cultura.

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3.2 Evangelização e ciências experimentais, físicas e exatas

A mentalidade comum e corrente considera ainda hoje as ciên cias naturais, físicas e exatas superiores às demais for-mas de saber. É uma sequela do positivismo filosófico do sé-culo XIX, que só aprecia e considera válido o experimentável e comprovável empiricamente. Também, pelo pragmatismo do início do século passado, valorizam-se as ciências sobretudo por sua utilidade ao aplicá-las em técnicas e tecnologias cada vez mais eficientes. Valoriza-se a eficácia e a eficiência parti-cularmente por sua capacidade de produzir mais e melhor e, em consequência, de ganhar e acumular mais na economia de mercado. Desvaloriza-se o saber humanista, que inclui outras formas de conhecimento, como a experiência e a sabedoria, e outras formas mais profundas como o saber filosófico ou teológico. Também a mentalidade técnico-científica, com sua tendência materialista, inclina-se a desvalorizar, por consi-derá-las inúteis ou superadas, a metafísica, a contemplação, a sabedoria e a experiência sagrada no conhecimento huma-no. Entretanto, a partir de uma visão integral da pessoa e do mundo, o estudo das ciências experimentais deve transcen-der essa mentalidade positivista, pragmática e materialista.

Como consequência, a observação aguda e penetrante dos fenômenos da natureza e de toda a criação suscita uma reação emotiva de espanto e de admiração que desemboca no sagra-do: o admirável, o belo, o grandioso, o fascinante. O homem, tentado a partir da modernidade e considerando-se o fim e a medida de todas as coisas, ao se encontrar diante do universo, de uma magnitude incomensurável e insuspeitada e, diante do abismo ilimitado existente entre o micro e o macrocósmi-co, só tem duas alternativas: ou atribuir essa ordem e har-monia incomensuráveis e microscópicas à ação criadora e à sabedoria de um ser absoluto, infinitamente sábio e poderoso,

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ou atribuí-las ao acaso; mas atribuí-las à casualidade significa simplesmente renunciar a compreendê-las.

Em meio à admiração e ao êxtase contemplativo diante da realidade do cosmos, surge a necessidade de compreendê--lo e descobrir nosso lugar nele. Nascem assim as constan-tes e fundamentais perguntas do ser humano: Como surgiu o mundo que nos circunda e do qual somos parte? De onde vem o que existe? O universo terá um fim? Qual é a origem e o des-tino do ser humano? Existe uma realidade depois da morte? Qual é o sentido da vida humana? Qual pode ser a realização da pessoa humana e da humanidade em seu conjunto? Com que critérios podemos definir que um ato é bom ou mau, justo ou injusto, humano ou desumano?

As ciências positivas investigam como é e como funciona o mundo. Mas não respondem a essas perguntas. A ética, a filosofia, a teologia são as ciências que têm a responsabili-dade e a tarefa de dar respostas às perguntas sobre o sen-tido último da existência e do mundo, que nunca poderão ser resolvidas pelas ciências positivas. Estas respondem à questão do como, mas não poderão responder às questões sobre o fundamento e o sentido do que existe. Deve-se, en-tão, formular explicitamente a relação entre ciências expe-rimentais e ciências humanas. Não se pode aplicar o qualifi-cativo de científico e unicamente válido apenas às ciências experimentais, descartando as proposições da filosofia, da teologia e da ética pelo simples fato de que são metafísicas, sendo estas indispensáveis para se encontrar e dar sentido e profundidade à vida.

A evangelização dessas ciências na Escola Católica tem a missão de ajudar a encontrar o significado último dos fatos na-turais, começando por seu próprio ser. Por meio das ciências experimentais podemos descrever uma realidade e explicar como é formada, mas ao mesmo tempo também questionar sobre a razão última, o porquê fundamental do existir, do ser.

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Nesse ser, estamos incluídos cada um de nós e, portanto, a res-posta a essa pergunta me interessa existencialmente.

Nessas ciências, sobressai a educação técnica e tecnológi-ca de nossos estudantes, orientada para o trabalho e a trans-formação do mundo. Essa formação deve estar impregnada por um forte espírito evangelizador e humanizador:

1. Em primeiro lugar, deve afirmar a superioridade da pessoa sobre o mundo material e os instrumentos de trabalho. Deve ser sempre o fim do desenvolvimento, e não um meio ou um complemento, ou instrumento na produção, nem um simples “recurso humano”.

2. Ter uma responsabilidade ética, pela capacidade de domínio que chegou a adquirir sobre a natureza. Nessa medida, o ser humano deve se questionar a respeito do propósito de todas as suas invenções: A que estão destinadas? Todas as invenções e inovações devem estar orientadas ao bem da humanidade e não a sua destruição, nem podem objetivar a exploração dos fracos e dos pobres. Ao contrário, devem respeitar a vida humana, desde sua origem, e a natureza, esse imenso ser vivo do qual fazemos parte e temos a responsabilidade de defender, cuidar e desenvolver. Deve-se mostrar a finalidade humanista da investigação científica, da tecnologia e do trabalho técnico, e não simplesmente sua função comercial ou política, tendo presentes e evidenciando as responsabilidades éticas e sociais de qualquer descoberta ou invenção.

3. Inclui necessariamente uma formação social e cidadã sobre os direitos dos trabalhadores e

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seus deveres, desenvolvendo a responsabilidade do trabalho diante de Deus e da sociedade e o espírito de solidariedade e justiça social que deve caracterizar o trabalho no plano de Deus.

3.3 Evangelização e conhecimento matemático

A matemática foi descoberta e criada pela humanidade ao longo do tempo, através da sua prática, na busca de soluções de problemas do cotidiano e para inventar e aperfeiçoar fer-ramentas tecnológicas que marcaram o desenvolvimento da humanidade, no atendimento das necessidades sempre cres-centes. Pode-se dizer com certeza que o progresso da huma-nidade ocorreu numa relação dialética com o pensamento matemático. Muitos problemas que surgiram com o conheci-mento do mundo e sua transformação foram colocados e re-solvidos por meio da matemática. Ela é, portanto, instrumen-to indispensável na vocação do ser humano como cocriador do mundo no longo caminho da humanização.

A matemática, ao considerar e buscar solução para proble-mas vitais, estabelecendo a relação entre o teórico e o prático, entre o concreto e o abstrato, desenvolve na pessoa a capa-ci dade de raciocínio, o espírito de observação e investigação e permite ver a lógica que deve ter toda a abordagem científica. Assim procedendo, eleva uma das faculdades que Deus nos deu, fazendo parte de seu ser: a razão e a capacidade criativa. Além disso, a disciplina intelectual que se adquire com a matemática ajuda a pessoa a ser ordenada e metódica ao longo da vida.

Embora pareça uma ciência abstrata e neutra, a mate-mática pode ajudar a encontrar Deus de maneira peculiar, além de tudo o que se diz sobre as ciências experimentais.

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Pode fazê-lo ao constatar com espanto a maravilhosa or-denação do cosmos governado por leis exatas e a estrutura rigorosa e admiravelmente precisa do Universo, que em sua lógica atinge o limiar do questionamento religioso que atesta a infinita sabedoria do Criador.

A matemática pode e deve desempenhar um papel a servi-ço das necessidades sociais: na organização da macro e micro-economia, em termos de solidariedade, na análise e solução de problemas sociais como habitação, emprego, saúde, educação e, por isso mesmo, na realização do plano de Deus: a constru-ção de um mundo fraternal. Portanto, a matemática não é ape-nas uma ciência exata, mas também uma ciência social.

3.4 Evangelização e língua espanhola e portuguesa – literatura

A palavra oral e escrita é uma distinção essencial do ser hu-mano, é um sinal e expressão de humanização; quando sur-ge a linguagem, surge o ser humano como tal, e vice-versa. É também um sinal do conhecimento que está adquirindo do mundo. A linguagem, desde sua criação, tem sido uma ex-pressão de conhecimento e pensamento, e um meio de co-municação de ideias, sentimentos e afetos e de comunhão entre os seres humanos. A palavra oral e escrita, e o próprio idioma, são o principal meio de comunicação: por meio deles, podemos transmitir aos outros as riquezas do nosso espírito e também ouvir, compreender o outro pelo diálogo; apren-der com os outros e compartilhar nossos conhecimentos. A linguagem nos personaliza, nos humaniza e nos socializa.

A linguagem em geral e a língua que cada povo criou são o universo simbólico mais rico e complexo pelo qual se expressa socialmente a experiência adquirida pela realidade, como foi

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interpretada e construída, a visão do mundo como um sistema de representações mentais e imaginárias coletivas. A língua é a principal riqueza e expressão cultural de um povo, a ponto de constituir o primeiro componente de sua identidade.

Quando dominamos nosso próprio idioma, temos uma grande possibilidade de influenciar os outros: pensemos em jornalistas, escritores, políticos, literatos, evangelizadores... Ao mesmo tempo, podemos compreender a tragédia do anal-fabetismo, daqueles que não tiveram acesso à cultura letra-da, sendo privados de uma das maiores mediações humanas. Também daqueles que pelo autoritarismo latente ou patente nas relações sociais foram condenados ao silêncio, sendo in-capazes de dizer suas próprias palavras e de serem ouvidos, restando apenas ouvir, concordar e repetir a palavra do outro. Por sua vez, surge a importância da alfabetização, que não se limita a saber ler e escrever funcionalmente, como também adquirir um instrumento de sensibilização e a capacidade de dizer a própria palavra, romper o silêncio e também se opor, de ler o próprio mundo e escrever a própria história.

A comunicação e o diálogo se baseiam em atitudes e va-lores humanos e cristãos: a escuta, o respeito, a verdade, o carinho.

A palavra, além disso, tem um profundo sentido religioso e um valor incomparável do ponto de vista do cristianismo: Deus entrou numa relação e estabeleceu uma ligação com a humanidade, e sua palavra foi sentida até os confins da criação.

Por meio da literatura, também evangelizamos, porque por meio da expressão artística, homens e mulheres expres-sam o mistério dos seres humanos: o drama e a tragédia de suas vidas, seus anseios e frustrações, suas utopias e fracas-sos, suas paixões e insatisfações, o sentido ou o absurdo de sua existência. No mundo literário, por meio de todas as suas formas, o ser humano é sempre o protagonista e o centro.

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Portanto, é importante, no estudo da literatura, saber como selecionar obras ou peças, escolhendo aquelas que têm um profundo sentido humano, de modo que uma vez lidas e estudadas por crianças e jovens possam ser analisadas e aprofundadas em seu conteúdo e forma, e comparadas com sua própria experiência pessoal e coletiva.

Certamente, é importante entender bem a obra literária, a trama interna, a sua expressão criativa, mas é muito mais importante compreender, com a devida análise, a tese que se expressa por meio de suas páginas, valores ou antivalores que estão em jogo e são transmitidos para torná-los objeto de análise e debate.

Para o nosso objetivo evangelizador, a forma literária tem um grande valor; porém, o mais importante é o conteúdo e a mensagem de fundo que a obra transmite e entrega. Dessa forma, a literatura faz uma contribuição convergente sobre os mesmos problemas humanos que tratam a história, a filo-sofia, a religião, as expressões artísticas.

3.5 Evangelização e idiomas estrangeiros

Enfatizei anteriormente que cada língua é o código simbólico mais rico de um povo; sua estrutura e suas expressões literá-rias refletem muito o seu modo de ser: as línguas românicas, por exemplo, refletem certas qualidades da alma hispano- - americana. A língua saxã define muito as qualidades dos po-vos nórdicos; as línguas eslavas definem um ponto de encon-tro entre o oriente e o ocidente; as línguas orientais, expressas em caracteres, são um enigma para a alma ocidental; a lingua-gem semita nos aproxima da compreensão mais profunda do pensamento bíblico. Cada língua contém os mistérios da alma de um povo.

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Da mesma forma, o conhecimento de outras línguas abre imensas possibilidades para a compreensão de outras cultu-ras e civilizações; é como uma porta para um mundo desco-nhecido e a chave para poder penetrar e entender seu espírito.

Em um mundo cada vez mais globalizado, o aprendizado de idiomas estrangeiros estimula a abertura a novas cultu-ras e povos e cria a possibilidade de se estabelecer uma ampla rede de comunicações e intercâmbios, superando as barreiras sociais e culturais, gerando novos espaços de solidariedade. É um fator indispensável para o diálogo intercultural, par-tindo-se obviamente de sua própria identidade cultural e do conhecimento e apreciação de sua própria língua.

Essa visão dos idiomas e da comunicação serve para es-tabelecer as bases de uma verdadeira fraternidade entre os povos. Pode-se compreender, então, que todos os seres huma-nos são chamados a fazer parte de uma única humanidade, e que todos podemos nos entender se falarmos a linguagem da solidariedade e comunhão, que é a essência do Evangelho.

3.6 Evangelização e formação artística

Para entender e valorizar a arte e suas várias expressões em sua relação com a educação e a evangelização, devemos par-tir do significado e do papel do símbolo, tanto antropológico como especificamente religioso.

A palavra símbolo vem do grego symbolon que significa ‘juntar, colocar juntos, encaixar’. No sentido mais original, referia-se ao fato de colocar ou juntar as peças de um obje-to dividido em duas ou mais partes, que serviam de sinal de identificação e reconhecimento ao serem juntados ou encai-xados. Cada peça do documento rasgado ou do objeto dividido

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em várias partes era um comprovante ou sinal de reconheci-mento. Confrontando e juntando as duas ou mais peças, che-gava-se ao documento inteiro. Cada uma das partes só tinha valor e significado quando encaixadas a outras.

Mas a palavra símbolo adquiriu um significado muito mais amplo e profundo antropologicamente. Já não se trata mais de pedaços do mesmo objeto que são encaixados, mas um si-nal visível, tangível, que evoca e torna presente outra reali-dade invisível ou uma experiência de origem. O símbolo vem a ser, então, uma representação que faz aparecer um sentido secreto; é a manifestação de um mistério; é um sinal sensível que permite entrar em contato com outra realidade que não está ao alcance dos sentidos.

O símbolo é caracterizado por sua relação. Está repleto de significado, que tende a se manifestar no outro que pode per-cebê-lo e acolhê-lo. É, portanto, a única forma de expressar as realidades mais profundas da existência humana, de comuni-car socialmente, acessar e entrar em comunhão com elas. Ao mesmo tempo que expressa o mistério, não o esgota, manten-do uma reserva de significado, um hiato entre a realidade do mistério e o modo de expressá-lo.

A arte é a expressão mais elevada e sublime do ser huma-no e, como tal, deve ser plenamente entendida em cada uma das etapas históricas de seu desenvolvimento e em cada uma de suas manifestações.

O ser humano, ao se relacionar com o mundo ao seu re-dor, a natureza física e a realidade social, é confrontado com um conjunto de questões que o incitam a encontrar uma res-posta. Ao ser questionado, despertam nele a sensibilidade, a emoção, a afetividade, a intuição e a imaginação, estimulando ainda mais a inteligência e a razão, sentimentos e aspirações que indicam não só a ação do mundo externo em relação a ele, mas também a reação a essa realidade.

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Em contato com a realidade, a arte é criada como a expressão mais simbólica da reação anímica que produz na consciência.

A tarefa artística pode ser entendida, então, como uma atividade dialética, em que a tese é o mundo objetivo que problematiza o artista, a antítese é a consciência, os senti-mentos, a imaginação e o poder transformados da mente hu-mana, e a síntese é a obra de arte como tal, que manifesta e expressa a consciência da pessoa na criação artística, sendo esta um símbolo daquela.

Do ponto de vista da Escola Católica, a arte e a expressão artística devem ser entendidas como:

• Uma experiência que reflita e desperte dentro de nós as origens dos sentimentos e utopias; uma vivência desin-teressada de prazer e admiração; uma experiência de alegria e esperança ou de dor e afogamento; é um grito de denúncia e a alegria antecipada dos sonhos realizados.

• Uma revelação das aspirações e tensões do ser humano, das suas inquietações, das suas quimeras.

• Um alimento que ajuda a viver e chega a ser o soro vital que reaviva os sentidos, quando a esperança parece desaparecer no horizonte.

• Um compromisso com o povo e suas lutas. Fazer arte é uma das formas de participar da marcha da história, de compartilhar os sentimentos das pessoas.

• Um sacramento ou suporte material no qual se baseia esse algo a mais que torna os objetos veículos de transcendência.

• Uma questionadora inquietante, que muitas vezes incomoda, mas é inevitável. Incentiva o diálogo; faz perguntas e pede respostas; é uma convocação para começar.

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3.7 Evangelização e educação física – atividades lúdicas

Dentro da educação física/atividades lúdicas, temos a ginás-tica, o atletismo, a recreação, os esportes e o lazer, que abran-gem as dimensões psicossomática, social, cultural e religiosa das pessoas.

Antropologicamente, partimos da afirmação de que a vida é coextensiva à corporeidade e, vice-versa, a corporeidade é coextensiva à vida, a tal ponto que não podemos dizer que te-mos um corpo, mas que somos nosso corpo.

Portanto, a corporeidade do nosso ser é uma referência básica para entender qualquer uma das dimensões da pes-soa: econômica, política, social, ética, religiosa e, obviamen-te, educacional. Não é possível afirmar os valores espirituais do ser humano sem encarná-los em valores corporais. Em suma, nenhum ideal pode ser concebido como tal, nem pode ser cumprido, se não estiver ligado à corporeidade dos seres no mundo.

Tudo isso também é válido no campo pedagógico. Toda educação que queira responder às características biofísicas e também espirituais do ser humano tem que ser realmen-te uma educação corporizada, e deve educar para uma cor-poreidade libertária e solidária; uma educação que contribui para liberar os corpos da condição mercantil e de exclusão a que têm sido submetidos, corpos sofridos e renegados, para que cheguem a ser corpos felizes e solidários. A corporeidade também se converte em um novo paradigma para a educação.

Em nossa Escola Católica, essas áreas evangelizam quando:

• A educação física e as atividades lúdicas fortalecem o corpo, promovem a saúde, criam hábitos de higiene que garantem uma vida saudável.

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• Favorecem o desenvolvimento da personalidade:

fortalecem o caráter, aumentam a vontade de superar,

a busca da melhoria e da dedicação, promovem a

iniciativa, fazem parte da perseverança nos propósitos

e despertam o entusiasmo pelo valor.

• Induzem à vida comunitária e participativa, facilitando

o estabelecimento e apropriação de relações válidas

de amizade e solidariedade, que, entre outras coisas,

satisfazem a tendência de associação das crianças e dos

jovens e também entre estes e os educadores.

• São também terapêuticas, pois constituem um elemento

de equilíbrio na vida da pessoa, particularmente o

jovem, especialmente quando ele deve passar muitas

horas por dia trabalhando ou estudando.

• Expõem a exigência, o dever de valorizar e respeitar

a própria corporeidade, bem como a dos outros, e

promovem tudo o que favoreça a saúde e o equilíbrio

psicossomático, que, por sua vez, contribuirá para o

desenvolvimento moral, social e espiritual da pessoa e

da comunidade.

3.8 Evangelização e ciências naturais – ecologia e meio ambiente

Soma-se à crise social global, aprofundada e generalizada pela globalização do modelo hiperliberal da economia, que torna o mercado absoluto, a profunda crise ambiental que o nosso planeta sofre e que o ameaça de tal forma que nos deixa sobressaltados e em pânico pelas consequências que, no curto prazo, podem colocar em perigo a sobrevivência humana.

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A Terra, entendida como um imenso ser vivo, está sofren-do e gravemente ferida e, com ela, toda a humanidade está ameaçada de forma mortal.

Parece que o ser humano deixou sua missão de anjo guar-dião da criação para assumir o papel de anjo exterminador.

O papa Francisco enumera os problemas ou capítulos que compõem essa crise na encíclica Laudato si’, recordando o que está acontecendo em nossa casa: a poluição e as mudan-ças climáticas, a questão da água, a perda de biodiversidade, a deterioração da qualidade de vida humana e a degradação social, a desigualdade planetária, a fraqueza das reações e a diversidade de opiniões.

A grande interrogação a respeito do futuro do planeta azul e da humanidade colocou a ecologia no centro das preocupa-ções de cada vez mais cidadãos da nossa casa comum, a Ter-ra. Passamos a sentir a urgência em nós mesmos e a elaborar uma mentalidade ecológica.

No centro da economia, da política, da vida social, da edu-cação, da própria teologia, o papa Francisco nos convida a co-locar a ecologia como um novo paradigma, uma compreensão global da vida e do mundo, que exige conversão e transmuta-ção radical de cada um dos campos da vida humana, de nossa mente, do coração, das nossas atitudes e práticas.

A ecologia está se tornando a chave interpretativa da rea-lidade como um todo. Ela nos convida a apostar em outro esti-lo de vida e a redescobrir que tudo está relacionado com tudo.

Com propriedade, queremos dar o nome de ecologia inte-gral a essa revolução e reconversão global, mas desde a en-cíclica Laudato si’, também a chamamos de “espiritualidade ecológica”.

Trata-se de dar na Escola Católica um novo sentido às nos-sas relações com os outros e com a natureza. A espiritualidade

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ecológica propõe criar uma nova aliança entre o ser humano e a natureza, de modo que nosso futuro como espécie não seja ameaçado e o perigo de extinção da vida na Terra desapareça; uma nova aliança que estabeleça um sentimento de solida-riedade com as gerações futuras e que consiga criar relações sociais dignas. Trata-se de estabelecer vínculos de ternura, cuidado, imensa fraternidade e solidariedade com aquilo que antes considerávamos estar abaixo de nós, sujeito ao nosso domínio e exploração e nossa disposição de manipulação, e de propormos para tanto trabalhar em comunhão com a nature-za, e não contra ela.

Mas podemos, como educadores, proclamar e viver a espiritualidade ecológica a partir das ciências naturais e biológicas?

Primeiramente, uma reconversão nos é imposta; todos te-mos a necessidade de uma revolução cultural, uma mudança substancial na forma como experimentamos a realidade e as relações humanas e com a natureza, uma transformação na forma de interpretar a vida, viver e conviver juntos.

Em segundo lugar, impõe-se a transição do antropocen-trismo ao biocentrismo, isto é, passar de uma visão dos seres humanos como donos e dominadores da natureza para um ser como os demais, que deve viver em harmonia e comunhão com o resto da natureza.

Em terceiro lugar, o caminho para a fraternidade cósmi-ca está marcado pela superação da racionalidade instrumen-tal, como o único critério da ação humana e a integração do pathos (sentimento) e do eros (comunhão afetiva e amorosa) também nas relações com a natureza.

Essa espiritualidade ecológica também faz parte de uma visão cristã da vida, ou, se desejarmos expressar de outra forma, constitui também um problema religioso, que tem a ver com o modo como Deus se relaciona com o conjunto dos

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seres por ele criados, e a maneira como nos relacionamos com Deus por meio de toda criação.

Cabe a nós, como educadores cristãos, portadores da es-piritualidade ecológica, elaborar, viver e divulgar uma nova experiência de Deus. A presença de Deus no mundo, tão ri-camente diversificada, manifesta-se em cada expressão da criação, torna-se mística, na capacidade de ver a realidade mais profunda, descobrir e encontrar Deus em tudo.

3.9 Evangelização e educação religiosa escolar

A educação religiosa desempenha um papel insubstituível no conjunto do processo de formação integral oferecido pela es-cola. E contribui para a própria missão da Igreja católica de “evangelizar educando”.

Tendo em mente a compreensão integral da evangeliza-ção, fica totalmente claro que na escola, especialmente se for uma de natureza confessional católica, a missão evangeliza-dora não se reduz, nem se esgota, de fato que a educação reli-giosa escolar é garantida. Oferecida como área específica do currículo acadêmico, exigido em alguns países em todo cen-tro educacional formal ou escolarizado desde os primeiros anos, passando pela educação primária, a secundária básica e a média vocacional. Tampouco se cumpre perfeitamente a missão evangelizadora da escola, pois, além disso, celebra-ções litúrgicas são realizadas regularmente, a preparação para os sacramentos da iniciação cristã é facilitada, alguma convivência formativa é realizada ou grupos apostólicos são organizados, o que certamente é muito positivo, mas parcial e insuficiente.

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A Escola Católica evangeliza por meio de seu projeto edu-cacional inspirado numa visão cristã da pessoa, da sociedade e da criação, e mediante uma série de intervenções voltadas para a promoção integral da pessoa – de toda pessoa e de to-das as pessoas (personalização); suscitando um processo de libertação pessoal e coletiva de todas as formas de alienação (libertação); formando “novas pessoas”, críticas, criativas e coerentes, com espírito fraterno e compromisso social, capa-zes de encontrar alternativas à sociedade piramidal e exclu-dente, como a nossa (socialização); e ajudando a desenvolver de forma criativa a própria cultura, como fonte, expressão e garantia de identidade (culturalização).

Retomarei alguns dos objetivos da Educação Religiosa Es-colar, dentro da concepção interdisciplinar do conhecimento, com vistas à formação integral das pessoas e coletividades.

1. A Educação Religiosa Escolar está convocada a desem-penhar um papel significativo na tarefa de reinventar a Escola Católica como espaço privilegiado para a construção do conhecimento.

Reinventar, recriar a Escola Católica hoje, nesse contexto, significa superar os limites e condicionamentos que se apre-sentam atualmente, para se converter num fator de mudança da sociedade e de formação das pessoas capazes de se com-prometer com sua realização, ao mesmo tempo que se trans-forma num espaço privilegiado de construção de conheci-mento significativo para esse fim.

O conhecimento na Escola Católica não pode se limitar à simples transmissão de saberes já adquiridos; deve se cons-truir na interação dialética da criança e do jovem com sua rea-lidade e no diálogo e na reciprocidade com seus semelhantes. Somente a partir do diálogo e intercâmbio constante, a criança e o jovem poderão recriar o conhecimento, numa síntese que os leva a ser sujeitos criativos e ativos na sociedade e na história.

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2. A religião em geral, e mais especificamente o Cristia-nismo, é um fator determinante para a compreensão do nosso patrimônio histórico-cultural.

A religião tem sido ao longo da história, como é na atuali-dade, um elemento integral do tecido humano coletivo e um fato cultural inquestionável. O patrimônio histórico-cultu-ral dos povos está alicerçado em cosmovisões religiosas que se manifestam nos sistemas de representações simbólicas e imaginários coletivos, no conjunto dos valores presentes na criação artística, nas formas de organização social, nas ma-nifestações e tradições populares, no calendário e nas festas etc.; portanto, o fator religioso é chave para a compreensão e interpretação das culturas.

3. A religião, mais especificamente o Cristianismo, é convocada a fazer uma contribuição insubstituível na formação de valores das crianças e da juventude.

Para que se possa falar de uma educação autêntica da pes-soa, deve-se incluir, como uma das suas finalidades, a for-mação sobre o fundamento e horizonte dos valores éticos e morais. Consequentemente, a educação integral deve iniciar crianças e jovens no trabalho ético. Não existe uma educação neutra nesse campo e, portanto, precisamos estar conscien-tes dos valores que temos e quais queremos transmitir às ge-rações futuras.

4. Convoca-se a educação religiosa a contribuir para a inserção crítica, participativa e criativa dos jovens na sociedade.

A educação religiosa, dentro da formação integral do aluno, deve contribuir para a sua inserção crítica e ativa na socieda-de. Deve ajudar a criança e o jovem a se abrir ao compromisso social, a partir da perspectiva do Evangelho, como respos-ta aos problemas do mundo de hoje. Isso ajuda a assumir os

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valores do humanismo cristão, para fortalecer seu compro-misso social pela justiça e paz, em solidariedade, especialmen-te, às pessoas mais desfavorecidas e excluídas da sociedade.

A educação religiosa escolar ajuda a despertar, cultivar e desenvolver a dimensão religiosa da pessoa humana, como estar aberto à transcendência e assumir uma atitude madura em relação à opção religiosa.

Em cada ser humano, há uma busca do sentido de sua pró-pria existência e das motivações para viver. Essa pesquisa e questões não podem ser encaminhadas ao âmbito privado. A educação que acompanha a criança, o adolescente e o jovem ao longo do processo evolutivo deve apoiá-los nessa busca e for-necer os elementos para que possam encontrar uma resposta.

É por isso que a Educação Religiosa Escolar, ao lado de ou-tros assuntos que se relacionam diretamente com a orien-tação da vida, apresenta a dimensão religiosa da pessoa, sua abertura e a relação com Deus, como resposta à exigência do ser humano aberto à transcendência e em busca do significa-do último de sua existência, com todas as implicações éticas que isso comporta.

Para terminar, quero compartilhar que não sou eu quem deve fazer julgamento de valor, e muito menos questionar “a catolicidade” de nossas ações. No entanto, como Bertrand Russell disse: “Em todas as atividades, é saudável, de vez em quando, colocar um ponto de interrogação sobre as coisas que durante muito tempo foram dadas como certas”; entre ou-tras coisas, porque sempre foi muito característico da Escola Católica revisar continuamente suas práticas, reescrevê-las, refazê-las e repensá-las. O que fazemos e oferecemos é ge-nuinamente evangelizador na Escola Católica?

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A atividade pastoral é, acima de tudo, no ambiente escolar, o esforço integral a serviço da promoção humana e cristã de crianças e jovens, de seus pais, de professores e de funcioná-rios administrativos e de serviços.

A pastoral educacional é sempre uma ação planejada, isto é, que parte da análise da consciência participativa da situa-ção atual, em contraposição aos desafios do Reino de Deus, para buscar respostas racionais por meio de várias ações que promovam a humanização e a dignificação de todas as pes-soas que integram a instituição.

4.1 Objetivo da Pastoral Educacional na Escola Católica

Promover o encontro pessoal e comunitário com o projeto de Jesus, para a construção do Reino de Deus na escola, por meio da valorização crítica das culturas, do diálogo “fé-razão”, do impulso a uma educação baseada no Evangelho e da formação de líderes comprometidos com a transformação da sociedade.

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4.2 Programas da Pastoral Educacional

Para atingir os objetivos da Pastoral Educacional, propõe-se operacionalizar os seguintes programas:

4.2.1 Programa 1: Espiritualidade e mística (EM)

Objetivo: Encorajar e acompanhar na comunidade edu-cacional os processos de reflexão, formação e experi-ência da Dimensão Espiritual para que seja uma fonte inspiradora de todo o nosso ser e atividade pastoral.

Atividades:

• Encontros de oração: ninhos-grupos.

• Capela e espaços de misticismo.

• Encontros de Espiritualidade.

• Cátedra da congregação.

• Reflexão e oração pela manhã.

• Celebrações litúrgicas.

4.2.2 Programa 2: Pastoral Infantil e Juvenil (PIJ)

Objetivo: Acompanhar crianças e jovens de manei-ra integral, orgânica e permanente por meio de ferra-mentas de crescimento e amadurecimento, buscan-do iluminar suas diversas realidades com os valores evangelizadores.

Atividades:

• Pesquisa sobre a realidade infantil e juvenil da escola.

• Movimentos e grupos infantis.

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• Movimentos e grupos juvenis.

• Escolas de Formação de Líderes.

• Infância Missionária.

• Convivência e acampamentos.

• Missões.

4.2.3 Programa 3: Pastoral Vocacional (PV)

Objetivo: Incentivar e acompanhar as preocupações profissionais dos jovens por meio do desenvolvimen-to de estratégias pastorais e de planejamentos orga-nizados pela comunidade religiosa ou igreja paroquial.

Atividades:

• Novena vocacional.

• Promoção vocacional – Ser feliz como opção de vida.

• Acompanhamento vocacional.

4.2.4 Programa 4: Pastoral para Professores (PM)

Objetivo: Oferecer uma formação humana, cristã e pastoral, que facilite o crescimento interno e o com-promisso dos professores como agentes da pastoral em cada uma das áreas acadêmicas.

Atividades:

• Formação humana e cristã: jornadas pedagógicas.

• Reflexão Semanal.

• Retiros espirituais.

• Acompanhamento das reuniões da área.

• Liderança de docentes nas atividades pastorais.

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4.2.5 Programa 5: Pastoral Familiar (PF)

Objetivo: Proporcionar aos pais uma formação hu-mana, cristã e pastoral, com o objetivo de aprimorar sua experiência com os valores próprios da pastoral familiar.

Atividades:

• Estudos sobre a realidade das famílias da instituição.

• Escola de pais – Jornadas de formação

• Compartilhamento de experiências familiares: aprender com nossas experiências.

• Jornadas de oração e encontros de integração.

• Liderança e acompanhamento de pais nas atividades pastorais.

4.2.6 Programa 6: Pastoral Catequética (PC)

Objetivo: Aprofundar a experiência da fé cristã por meio da celebração dos sacramentos da nossa Igreja.

Atividades:

• Catequese de iniciação cristã.

• Catequese de Primeira Comunhão.

• Catequese de Crisma.

• Catequese para adultos.

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4.2.7 Programa 7: Pastoral para Graduados (PE)

Objetivo: Vincular os líderes graduados à ação pas-

toral da escola, de tal forma que possam prestar ser-

viço na formação de jovens líderes e no acompanha-

mento nos centros de projeção social.

Atividades:

• Encontros de graduados.

• Formação e acompanhamento pastoral.

• Liderança na Pastoral Social.

• Seminários com os pais.

• Compartilhamento de experiências.

4.2.8 Programa 8: Pastoral para Pessoal Administrativo e de Serviços (PAS)

Objetivo: Acompanhar o pessoal administrativo e de

serviço dos centros educacionais em seus processos

de formação humana e cristã, suscitando assim a vi-

vência dos valores característicos do estilo pastoral.

Atividades:

• Oração semanal e reflexão.

• Retiros espirituais.

• Jornadas de integração familiar.

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4.2.9 Programa 9: Pastoral Social (PS)

Objetivo: Favorecer os processos de reflexão-ação na comunidade educacional para promover assistên-cia social, promoção humana e transformação social. Sistematizar as diversas experiências de sensibiliza-ção e compromisso com os mais necessitados, am-pliando o raio da projeção social do colégio a partir de uma visão eclesial e profundamente cristã.

Atividades:

• Centros de projeção social.

• Campanhas de solidariedade.

• Missões.

• Serviço Social.

• Delegados de Justiça e Paz.

4.2.10 Programa 10: Educação Religiosa Escolar (ERE)

Objetivo: Elaborar as diretrizes curriculares da Educação Religiosa Escolar da instituição educacio-nal a partir dos parâmetros da Igreja, do carisma congregacional e do contexto escolar.

Atividades:

• Organização do Currículo de Educação Religiosa Escolar.

• Formação de docentes: Novos contextos.

• Carisma congregacional.

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4.2.11 Programa 11: Evangelização do currículo – Teologia da educação (EC)

Objetivo: Promover a proposta antropológica, co-municativa e comunitária do Evangelho na acade-mia mediante a transformação da natureza (ciên-cias naturais), do homem (ciências humanas) e da sociedade (ciências sociais) para a construção de um ser humano novo, alegre, crítico, tolerante, justo, solidário, serviçal e transcendente da nova sociedade.

Atividades:

• Currículo interdisciplinar.

• Formação teológica e pastoral das áreas.

• Articulação da proposta de pastoral a partir das áreas acadêmicas.

4.2.12 Programa 12: Divulgação & Autofinanciamento (D&A)

Objetivo: Gerar estratégias criativas de divulgação e autofinanciamento que incentivem na comunida-de educacional a participação e o compromisso com a pastoral.

Atividades:

• Informativo e jornal pastoral.

• Redes sociais: pastoral dos meios.

• Imagem & criatividade.

• Loja pastoral.

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4.3 Passos para elaborar um projeto de Pastoral Educacional

1. Identificação

1.1 Escola

1.2 Nome do projeto

1.3 Equipe de trabalho

1.4 Tipo de projeto

1.5 Diagnóstico da realidade (Identificação dos principais problemas da instituição)

1.6 Problema abordado (Unificação dos principais problemas em um)

2. Marco conceitual (Missão e visão da instituição - espiritualidade cristã e congregacional)

3. Descrição do planejamento

3.1 Justificativa (Por que vamos realizar o projeto?)

3.2 Antecedentes (O que foi feito até o momento?)

3.3 Objetivos (Para que vamos realizar o projeto?) Levar em conta: O quê? Para quê? Como? Quando? Onde?

3.3.1 Objetivo geral

3.3.2 Objetivos específicos

3.4 Programas (Operacionalização dos projetos)

4. Metodologia (Como vou realizar o projeto?)

4.1 Fases

5. Cobertura e recursos

6. Impacto e avaliação do planejamento

6.1 Realizações alcançadas

6.2 Avaliação

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A Escola Católica e as novas pedagogias contemporâneas

Resumo do artigo

Este artigo apresenta o desafio da Escola Católica ao dialogar com as novas pedagogias contemporâneas, com a intenção de reavivar a esperança e convidá-los a continuar com suas investigações, porém, especialmente, a arriscar nosso capital histórico para servir à causa de Deus pela educação, com criatividade, decisão e oportunidade.

Artigo

Os povos da América vivem hoje uma realidade marcada por gran-des mudanças que afetam profundamente suas vidas. A novidade dessas mudanças, ao contrário do ocorrido em outras épocas, é que têm um alcance global que, com diferenças e matizes, afetam o mun-do inteiro.

São tantas mudanças que, frequentemente, não as assimilamos, nem sempre as entendemos e nem vislumbramos sequer suas conse-quências. Tudo se sucede tão rapidamente que a reflexão sobre a his-tória não segue a velocidade do mundo, o que cria, então, um estado de incerteza e falta de sentido difícil de conceituar ou de compreender. A educação católica segue o ritmo da história? O que significa educar na sociedade do conhecimento? Qual é o tipo de Escola Católica que responde às necessidades do homem e da mulher do presente? Qual é o papel do professor?

Anexos

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Como destaca Pedro Chico, a educação cristã passou por três es-tágios fundamentais ao longo da história: suplantação, concorrência e presença. No seu início, a escola cristã suplantou o estado e ofe-receu educação devido à incapacidade do Estado de assim o fazer. Quando começou a universalização da escola, tanto primária como secundária, a educação cristã viveu processos de acomodação e com-petiu com o Estado na oferta. O século XXI vislumbra os tempos da presença no mundo educativo.

Essa nova presença projeta para a Escola Cristã Católica tempos de criatividade e de esperança; tempos nos quais a força, a coerência e a consistência da nossa proposta, à maneira do novo século, inje-tarão ar fresco e sentido à infância e à juventude. É o momento para sermos significativos em novos cenários, com novos desafios para as novas gerações.

Precisamente, as últimas décadas têm sido pródigas em desen-volvimentos educacionais. Afirma Carlos Gómez que “os avanços da psicologia cognitiva, das ciências computacionais, das tecnologias da comunicação, da neurociência, da genética, da reflexão filosófica, e das perspectivas críticas dos sistemas sociais, entre outros, têm im-pactado como nunca a educação e, consequentemente, as pedagogias e as didáticas. Novos paradigmas educativos têm surgido e, sem dú-vida, inspiram, consciente ou inconscientemente, explícita ou impli-citamente, os processos educacionais que adotamos, bem como as políticas educacionais propostas pelos governos, e a formação que se aplica nas escolas de educação” (Revista Educación Hoy).

As turbulentas décadas de 1960 e 1970 permitiram a criação de projetos educacionais alternativos e de posicionamentos pedagógi-cos críticos, que ainda continuam mostrando sua força em expe-riências inovadoras de educação popular. No entanto, o leque hoje é maior e a situação é propícia ao diálogo fértil entre uma tradi-ção educacional tradicional e as tendências teóricas que permeiam os projetos educacionais atuais. O paradigma histórico-cultural, a perspectiva cognitiva, a pedagogia crítica em suas diferentes ver-tentes, as inteligências múltiplas, o construtivismo, entre outros, frequentemente fazem parte do vocabulário e da inspiração de pro-jetos educacionais católicos.

Esse diálogo, tão urgente como necessário, passa por uma po-sição sempre crítica que explora a potencialidade dos paradigmas

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com as condições reais em que se concebem as propostas. Se o nosso objetivo é tornar a educação acessível, promover os valores da solidariedade, justiça e dignidade, educar pessoas e formar ci-dadãos, lutar pela igualdade e por oportunidades para todos, então esses diálogos com pedagogias contemporâneas são condição sem a qual não se pode renovar as nossas propostas e conceber proje-tos contextualizados que respondam aos mais profundos anseios dos estudantes, crianças, jovens ou adultos, como das sociedades e grupos humanos onde levamos nossa proposta. A oferta educa-cional católica não só deve ser consistente teoricamente e coerente metodologicamente, como explícita em seus meios e em seus fins. A educação integral que tanto propagam nossos projetos deve ser transparente em seus objetivos, clara em suas definições, em seus fundamentos epistemológicos, em suas metodologias e coerente nas mediações pedagógicas.

É impossível negar a importância, as possibilidades, o potencial educacional das novas tecnologias e como seria impensável viver sem elas no presente. É simplesmente maravilhoso. No entanto, es-tamos diante da urgência inadiável de formar para a reflexão e para o aprofundamento: esses dois valores são essenciais para fazer a tran-sição dos dados para a informação e da informação para o conheci-mento, isto é, do muito conhecer para a sabedoria.

Por esse motivo, volto a insistir que a educação integral que tanto preconizam nossos projetos educacionais não pode se esquecer dos valores próprios e necessários para o desenvolvimento das aptidões científicas: a observação, a análise, o procedimento, a força do argu-mento; tudo isso combinado com os valores que sustentam o huma-nismo: o respeito, a contemplação, a beleza, o valor da vida, a diferen-ça, a transcendência.

A natureza confessional da Escola Católica não pode ser consi-derada um fator impeditivo, que de fato deve se fortalecer. Ser leal à identidade que a nomeia lhe permite assumir uma perspectiva crítica para julgar a realidade, apresentar sua proposta ética e implementá--la com a participação de todos, sempre pensando que a diversidade de pessoas tem que se reproduzir diariamente no processo educacio-nal. Na verdade, nossa escola não pode ser apresentada como “neu-tra”, porque a neutralidade em questões sociais, políticas ou culturais é simplesmente impossível.

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É certo que retomei não só um, mas vários desafios da Escola Cató lica, sempre é necessário retomar o que é próprio da Escola Cató-lica “uma espiritualidade que nos convida a conhecer Deus e a en-contrá-Lo nos estudantes e colegas, e que anuncia Jesus Cristo fun-damentalmente pela manifestação do rosto misericordioso de Deus; um relacionamento pedagógico respeitoso e criativo e que propicia o crescimento das pessoas na liberdade; uma opção baseada na cons-trução da comunidade e na preocupação com os pobres; uma propos-ta educacional contextualizada nas realidades econômicas, sociais e políticas; e com mediações educacionais que levam em conta as ca-pacidades e o potencial de cada pessoa e o compromisso com a cons-trução de uma sociedade justa, equitativa e pacífica” (Ilustre Carlos Gómez, Revista Educación Hoy).

Por isso, hoje mais do que nunca, é importante trabalhar em con-junto. A articulação se dá fundamentalmente pela possibilidade de se pensar a práxis educacional católica com referências claras, com metodologias de análise que permitam avaliar as propostas, com pro-cessos consistentes que permitam a conceituação e ofertas bem-in-tencionadas. Por outro lado, surge a tarefa necessária e inadiável de formação dos professores com projetos sólidos, processuais, metódi-cos e proativos que permitam a geração de pensamento próprio num diálogo contínuo e crítico com as novas pedagogias. Em outras pala-vras, hoje temos um aparato institucional que deveria nos tornar no-vamente uma organização que pensa, reflete, propõe e cria modelos educacionais consistentes com a realidade e seus desafios.

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A avaliação na Escola Católica

Introdução

Para a Escola Católica é importante que se forme para a vida e que contribua para formar bons seres humanos e, por que não, bons cris-tãos. Para tanto, é importante que o professor desempenhe bem seu papel. Por isso se insiste, constantemente, que se avalie tanto seu ser como seu fazer, pois reconhecemos que mais que instruir, deve-se testemunhar aquilo que se transmite.

A preocupação pela excelência do desempenho educativo e evan-gelizador do professor é constante na Escola Católica. Por isso é im-portante que os estudantes gostem da escola, permaneçam nela e aprendam. Com base nisso, espera-se que os professores se adaptem aos estudantes, para “ao conhecê-los discernir a melhor maneira de proceder com cada um” (MD33, 1). Esse mesmo princípio educativo que mencionava anos atrás Juan Bautista De La Salle é retomado por P. Ausubel (1980) e outros muitos autores ao falarem de aprendizagem significativa: “se tivesse que reduzir toda a psicologia educativa a um só princípio, enumeraria este: o fator mais importante que influencia na aprendizagem é o que o estudante já sabe. Descubra isso e ensine a partir daí”. Daqui surge um dos princípios da educação católica: uma educação centrada no conhecimento do estudante.

Abordagem ao conceito de avaliação

Nas últimas décadas, surgiram, nos países da América Latina, novos significados sobre o conceito de avaliação. No início da história da Escola Católica era comum falar de correção, de exame, de mudança de nível, do grau de ajuste a normas ou critérios.

Em épocas mais recentes, a avaliação foi usada como objeto de controle; dedicou-se mais ao produto e aos resultados do que aos processos. Ela foi compreendida como medida e quantificação; po-larizou-se excessivamente o estudante e seu rendimento mais que qualquer outro fator do processo de ensino-aprendizagem, e a ava-liação foi usada para comparar e classificar.

Em muitos momentos, a avaliação educacional é entendida como fonte de melhoria. Posso afirmar que sem avaliação não há

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como progredir, e que só avaliando continuamente conseguiremos melhorar pro gressivamente.

A avaliação na Escola Católica

Para a Escola Católica é importante refletir uma vez mais sobre nossa própria prática. Deve-se recuperar, estruturar e projetar de forma que se comece mais da prática, do que realmente acontece e se dá com o estudante e a escola, e que tal reflexão, com tudo aquilo que ela acarreta, torne-se processual e sistemática. Ou seja, progressiva-mente e com critério, e não de forma pontual, isolada e desorganizada.

Tudo isso nos leva a reconhecer que a avaliação na Escola Católica deva ser contínua. Devemos nos basear nas possibilidades que ela nos oferece para dispormos permanentemente de informações sobre o caminho que o estudante está seguindo no processo de aprendiza-gem e em sua formação como pessoa. Desse modo, é possível regular os ritmos e estilos de ensino com os de aprendizagem, e acompanhá--los convenientemente para reforçar os elementos positivos e corri-gir os negativos, mediante as ações necessárias.

Ao compreendermos assim a avaliação na Escola Católica, nos é indicada a inclinação ao diálogo coletivo, do qual resulta todo o pro-cesso avaliativo. Esse diálogo afeta toda a comunidade educacional e a sociedade em que se insere. Todos devem colaborar, comparando a prática com os critérios, com os valores e capacidades acordados por todos os implicados no projeto educativo, e colaborar para melhorar os aspectos detectados como deficientes ou ausentes.

Não devemos seguir avaliando de forma fragmentada e pontual. A avaliação não é algo unidirecional. Atualmente, são muitos os autores que falam de avaliação como uma realidade colaborativa, já que todos devem participar de todo o processo de avaliação: colhendo dados, ana-lisando-os, tomando decisões e criando posteriormente as melhorias.

Se todos os membros da Escola Católica são agentes e destinatá-rios da avaliação (professores, estudantes, pais, pessoal administrati-vo), todos devem agir sobre ela. Se a comunidade educativa foi quem construiu e concordou com um projeto educativo que tem como pon-to central o ser e o fazer do ato educativo, todos devem compartilhar valores e metas. É responsabilidade de todos fazer o acompanha-mento do caminho percorrido, das dificuldades encontradas, previs-tas ou não, e dos ajustes a serem realizados.

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Ao analisar nossa realidade atual, à luz do anteriormente descri-to, pode-se detectar que nos sobra um longo caminho por percorrer. Em nossa escola, só avaliamos o estudante, muito pouco o profes-sor e, menos ainda, a influência da atuação dos pais ou em qual grau o pessoal administrativo ou de serviços facilita o cumprimento dos fins de nossa escola.

Características da avaliação na Escola Católica

O Ilustre Juan Antonio Ojeda e María Purificación Gamarra con-cordam que a avaliação deve ter as seguintes características:

1. Global. A avaliação tem uma dimensão holística, deve considerar todos os aspectos do funcionamento da escola, todos os fatores que afetam o processo de ensino-aprendizagem. É importante avaliar a escola e não só aspectos pontuais.

2. Contínua. A avaliação precisa se integrar ao processo do curso para poder agir como sua orientadora e reguladora permanente.

3. Sistemática. A avaliação deve se ajustar a um plano – deve ser algo ordenado e relacionado, visando atingir mais objetivos.

4. Contextualizada. Deve levar em conta cada um como é, seus an-tecedentes e experiências, seu nível de desenvolvimento físico e mental, sua motivação e expectativas.

5. Diagnóstica. Identificar deficiências e dificuldades, assim como êxitos e fracassos, analisando suas causas.

6. Reguladora. A coleta e a análise da informação ganham sentido se reverterem o processo educacional, regulando-o, ou seja, in-troduzindo variações para melhorar o êxito dos objetivos.

7. Criteriosa. Que a valoração tenha como referência, mais que a comparação ou a classificação, critérios previamente estabeleci-dos por todos e trazidos do PEI (Projeto Educativo Institucional) e do Plano da Pastoral Educativa.

8. Colaborativa. Que todos se sintam agentes e colaborem; dessa forma se sentirão responsáveis e participarão igualmente da pro-posta de melhoria.

9. Útil e orientadora. A avaliação tem um caráter funcional, ou seja, deve ser útil e orientar os envolvidos e interessados.

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A mudança e a melhoria da qualidade da Escola Católica são obje-tivos alcançáveis se forem implementados processos de gestão e de organização a partir de um olhar pastoral. Uma das ferramentas que possibilitam essa melhoria é a avaliação.

A avaliação facilita o acesso à informação necessária sobre o es-tado da escola, potencializando os mecanismos de discussão, refle-xão e participação de todos os envolvidos.

A avaliação nos serve para analisar a execução do projeto educati-vo da Escola Católica. É uma ferramenta idônea para constatar o grau de compromisso com a tarefa evangelizadora da escola, o que nos di-ferencia, o que nos identifica e, sobretudo, o que nos faz diferentes.

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