projeto e otimização de um gerador síncrono - ufsc

Upload: alexandre-poltronieri

Post on 04-Nov-2015

49 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

PROJETO E OTIMIZAÇÃO DE UM GERADOR SÍNCRONO - UFSC.pdfTese de Mestrado na USFC

TRANSCRIPT

  • i

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO TECNOLGICO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM

    ENGENHARIA ELTRICA

    Elissa Soares de Carvalho

    PROJETO E OTIMIZAO DE UM GERADOR SNCRONO DE

    POLOS LISOS

    Dissertao submetida

    Universidade Federal de Santa

    Catarina

    como parte dos requisitos para a

    obteno do grau de Mestre em

    Engenharia Eltrica.

    Florianpolis

    2011

  • iii

    PROJETO E OTIMIZAO DE UM GERADOR SNCRONO DE

    POLOS LISOS

    Elissa Soares de Carvalho

    Esta Dissertao foi julgada adequada para obteno do Ttulo de Mestre

    em Engenharia Eltrica, rea de Concentrao em Eletromagnetismo e

    Dispositivos Eletromagnticos,

    e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia

    Eltrica da Universidade Federal de Santa Catarina.

    ______________________________________

    Patrick Kuo Peng, Dr

    Orientador

    ______________________________________

    Prof. Roberto de Souza Salgado, Ph.D.

    Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    Banca Examinadora:

    ______________________________________

    Patrick Kuo Peng, Dr

    Presidente

    ______________________________________

    Frdric Wurtz, Dr.

    ______________________________________

    Nelson Sadowski, Dr.

    ______________________________________

    Fredemar Rncos, Dr.

    ______________________________________

    Walter Pereira Carpes Junior, Dr.

  • v

    Ao Alex,

    Meu melhor amigo, companheiro de leitura, colega de trabalho e

    marido.

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    Aos orientadores, Prof. Patrick Kuo Peng e Prof. Frederic Wurtz, pela

    pacincia, assistncia, e colaborao.

    Celly Melo, Wilson e Marcelo, pela simpatia, ajuda eficiente e

    disposio.

    WEG, que concedeu os dados de entrada do gerador, disponibilizou o

    clculo industrial para validao do trabalho e forneceu muitas das

    figuras utilizadas nesta dissertao.

    ISSS por disponibilizar o software modeFRONTIER, da Esteco. Ao

    Rodrigo Ferraz, por oferecer e facilitar o acesso ISSS.

    Ao Alex, pela confiana, senso de humor e incentivo.

    Ao Marcos, pela ajuda com as figuras.

    Aos Srs. Carlos Grillo e Mrio Lima pelo incentivo e ajuda sem os quais

    no teria finalizado esta fase.

    Aos meus colegas de trabalho Aline, Toniel, Nilton, Paulo, Ogawa,

    Marli e Nadiny: pelas crticas, discusses e inmeras manifestaes de

    apoio.

    Aos professores do GRUCAD.

    Aos meus pais e irmos: Larcio, Coralice, Elisa e Alexandre.

  • ix

    Resumo da Dissertao apresentada UFSC como parte dos requisitos

    necessrios

    para a obteno do grau de Mestre em Engenharia Eltrica.

    PROJETO E OTIMIZAO DE UM GERADOR SNCRONO DE

    POLOS LISOS

    Elissa Soares de Carvalho

    Junho/2011

    Orientador: Patrick Kuo Peng, Dr.

    Co-Orientador: Frederic Wurtz, Dr.

    rea de Concentrao: Eletromagnetismo e Dispositivos

    Eletromagnticos.

    Palavras-chave: gerador sncrono, razo de curto-circuito, otimizao,

    algoritmo gentico,indstria sucroalcoleira.

    Nmero de Pginas: 71

    Resumo - apresentado, nesta dissertao, o projeto de um

    gerador sncrono de polos lisos, quatro polos, de 17,5 MVA, seguido de

    sua otimizao por algoritmo gentico com o objetivo de alcanar a

    mxima razo de curto-circuito (RCC) sem modificar as dimenses

    externas de uma mquina WEG padro, com o mnimo de

    comprometimento das demais caractersticas. A escolha do RCC como

    funo objetivo motivada por uma presente necessidade de um

    segmento especfico do mercado de energia brasileiro que tem crescido

    significativamente na ltima dcada: a gerao e venda de energia

    eltrica proveniente da indstria sucroalcoleira. A razo de curto-

    circuito (RCC) define a capacidade de recuperao rpida de um gerador

    diante de flutuaes da rede o que a torna uma caracterstica altamente

    desejvel para um gerador operando nestas condies. Por outro lado,

    altos valores de RCC significam o aumento das perdas Joule no rotor, o

    que leva a um aumento de seu volume e consequentemente ao aumento

    dos custos de fabricao da mquina. O equilbrio entre preservar as

    principais dimenses e alcanar o requisito tcnico desejado o objetivo

    deste trabalho.

  • xi

    Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master in Electrical Engineering.

    DESIGN AND OPTIMIZATION OF A ROUND ROTOR

    SYNCHRONOUS GENERATOR

    Elissa Soares de Carvalho

    June/2011

    Advisor: Patrick Kuo Peng, Dr.

    Co-advisor: Frederic Wurtz, Dr.

    Area of Concentration: Electromagnetism and Electromagnetic Devices.

    Keywords: synchronous generator, short-circuit ratio, optimization,

    genetic algorithm, sugarcane industry

    Number of Pages: 71

    ABSTRACT: This dissertation presents the design of a 17.5MVA four

    poles round rotor synchronous generator, following by a genetic

    algorithm optimization in order to meet the maximum short circuit ratio

    (SCR) maintaining the main external dimensions of a standard WEG

    machine, without compromising the other performance requirements.

    The choice of SCR as an objective function is motivated by a present

    need of a specific segment of Brazilian energy market that has been

    growth significantly for the last decade: generation and selling of

    electric energy from sugarcane industry. SCR defines the generator

    capacity of fast recovering facing grid fluctuations, becoming highly

    desirable if the generator is connected to the grid. In counterpart larger

    SCR also means larger air gap, which implies in an increase of Joule

    losses of rotor, leading to an increase of rotor volume and to higher

    costs. The balance between preserving cost through keeping the

    generator main dimensions and achieving technical requirements is the

    purpose of this work.

  • xiii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1 Gerador Sncrono Acionado por Turbina .................... 2 Figura 2 Rotor de Quatro Polos e Polos Lisos ........................... 4 Figura 3 RCC em Relao Potncia Mxima e Reatncia do Sistema ......................................................................................... 8 Figura 4 Gerador Sncrono com Sistema de Ventilao atravs de Trocador de Calor Ar-gua ..................................................... 9 Figura 5 Estator Bobinado de uma Mquina de Induo Trifsica ...................................................................................... 10 Figura 6 Chapa do Rotor do Gerador Sncrono de Polos Lisos11 Figura 7 Segmento de Chapa do Estator.................................. 16 Figura 8 Representao da Ranhura do Estator ....................... 17 Figura 9 Bobina Isolada do Estator com Separadores e Cunha 19 Figura 10 Fluxograma do Clculo do Gerador ........................ 22 Figura 11 Representao do Efeito de Disperso .................... 25 Figura 12 Curva Caracterstica do Gerador em Vazio ............. 27 Figura 13 Circuito Equivalente do Gerador em Regime ......... 30 Figura 14 Excitao de uma Mquina Sncrona de Polos Lisos .................................................................................................... 32 Figura 15 Diagrama Vetorial de Tenso .................................. 35 Figura 16 Diagrama Vetorial de Tenso simplificado ............. 36 Figura 17 Diagrama Vetorial de Corrente ............................... 37 Figura 18 Diagrama Vetorial de Corrente com os Eixos Identificados ............................................................................... 38 Figura 19 Relao de Dimenses da Ranhura do Estator ........ 40 Figura 20 Estrutura do problema de otimizao no modeFRONTIER ........................................................................ 56

  • xv

    LISTA DE VARIVEIS

    Densidade Linear de Corrente [A/cm] Abaulamento da Bobina do Estator Aps sair da Ranhura [mm]

    Seo de uma Bobina do Enrolamento de Estator [mm] Seo de uma Bobina do Enrolamento de Rotor [mm] Induo na Coroa do Estator [T] Induo na Coroa do Rotor [T] Induo em 2/3 do Dente do Estator [T] Induo na Base do Dente do Estator [T] Induo no Topo do Dente do Estator [T] Induo no Meio do Dente do Estator [T] Induo no Dente da Ranhura do Circuito de Amortecimento [T]

    Largura de uma Ranhura [mm] Acrscimo na Largura da Ranhura Devido Esteca[mm] Largura da Ranhura com Esteca do Estator [mm] Largura de um Condutor [mm] Largura de um Condutor do Enrolamento do Rotor [mm] Largura Do Pescoo da Ranhura [mm] Largura Efetiva da Ranhura do Estator [mm] Largura Preliminar da Ranhura do Estator [mm] Largura Efetiva da Ranhura do Rotor [mm] Induo Mdia no Entreferro [T] Induo Mxima no Entreferro [T] Alt. Mdia de uma Cabea de Bob.do Rotor [mm]

    Elevao de Temperatura [K] Espessura do Dente da Ranhura Estator

    em 2/3 Altura [mm]

    Largura do Dente da Ranhura do Enrolamento Amortecedor [mm]

    Dimetro Externo do Rotor [mm] Dimetro Externo do Estator [mm] Dimetro Interno do Rotor [mm] Dimetro Interno do Estator [mm] Dimenso de uma Bobina do Estator [m]

  • xvii

    Dimenso de uma Espira da Bobina do Rotor [m]

    Dimetro no Meio da Ranhura do Estator [mm] Espessura do Dente da Ranhura Estator Base [mm] Espessura do Dente da Ranhura Estator Esteca [mm] Dimetro do Centro da Ranhura Amortecedora [mm] Espessura do Dente da Ranhura Estator Meio [mm] Espessura do Dente da Ranhura Rotor Meio [mm] Dimetro da Ranhura do Enrolamento Amortecedor [mm]

    Passo do enrolamento da Bobina da Armadura + 1 Espessura do Dente da Ranhura Estator Topo [mm]

    Espessura do Dente da Ranhura Rotor Topo [mm] Fora Eletromotriz [V] Distncia entre Bobinas [mm] Distncia entre Bobinas do Enrolamento do Rotor [mm] Espessura da Isolao da bobina [mm] Espessura da Isolao dos Condutores [mm] Espessura da Isolao dos Condutores do Enrolamento do Rotor [mm]

    Espessura da Isolao da Ranhura do Rotor [mm] Espessura da Bobinado Estator [mm] Frequncia [Hz] Folga Mnima na Altura da Ranhura do Estator [mm]

    Folga Mnima na Altura da Ranhura do Roto [mm] Folga na Altura da Ranhura Estator [mm] Folga Mnima na Altura da Ranhura Estator [mm]

    Folga na Altura da Ranhura do Rotor [mm] Folga Mnima na Altura da Ranhura do Rotor [mm]

    Folga na Largura da Ranhura do Estator [mm] Folga Mnima na Largura da Ranhura do Estator [mm] Folga na Largura da Ranhura do Rotor [mm] Folga Mnima na Largura da Ranhura do Rotor [mm] Fator de Potncia Massa da Coroa da Chapa do Estator [kg]

  • xix

    Massa da Coroa do Estator [kg] Massa do Dente da Chapa do Estator [kg] Massa no Dente do Estator [kg] Altura da Coroa do Estator [mm] Altura da Coroa do Rotor [mm] Altura da Esteca Seguradora da Ranhura do Estator [mm]

    Altura do Isolante da Base da Ranhura [mm] Altura do Isolante da Base da Ranhura do Rotor [mm] Altura do Isolante de Preenchimento [mm] Altura de um condutor [mm] Altura de um Condutor do Enrolamento do Rotor [mm] Altura do Pescoo da Ranhura Estator [mm] Altura do Pescoo da Ranhura Rotor [mm] Altura Efetiva da Ranhura do Estator [mm] Altura Preliminar da Ranhura do Estator [mm] Altura Efetiva da Ranhura do Rotor [mm] Altura Separao entre Bobinas [mm] Altura Separao entre Bobinas do Enrolamento do Rotor [mm]

    Altura Total da Ranhura do Estator [mm] Altura Total da Ranhura do Rotor [mm] Altura da Cabea de Bobina do Estator [mm] Altura da Cabea de Bobina do Rotor [mm] Campo no Entreferro em Vazio [A/mm] Corrente por Fase [A] Corrente em Vazio do Rotor [A] Corrente do Rotor da Nominal [A] Densidade de Corrente do Estator [A/mm] Densidade de Corrente do Rotor [A/mm] Coeficiente de Carter da Ranhura do Estator Fator de Distribuio Fator de empilhamento de pacote Fator de Enrolamento Fator de Forma do Campo de Excitao Inverso do Fator de Forma do Campo de Excitao Fator de Correo de Perda no Ferro na Coroa Devido ao Processo

    Fator de Correo de Perda no ferro no Dente Devido ao Processo

  • xxi

    Fator de Reduo do Pacote Fator de Saturao Fator de Passo do Estator Comprimento do Pacote sem Canais de Ventilao Estator [mm]

    Largura da Cabea de Bobina do Estator [mm] Comprimento do Pacote sem Canais de Ventilao Rotor [mm]

    Largura de uma Bobina do Rotor [mm] Largura da Bobina do Rotor Mais Externa [mm] Largura da Bobina do Rotor Mais Interna [mm] Largura da Bobina do Rotor Mdia [mm] Largura do Anel Amortecedor [mm] Comprimento da Cabea por Passo de Ranhura do Estator [mm]

    Comprimento Ideal do Pacote de Chapas [mm] Espessura do canal de Ventilao [mm] Comprimento da Parte Reta da Bobina [mm] Comprimento da Parte Reta da Bobina do Rotor [mm] Comprimento do Pacote com Canais de Ventilao Estator [mm]

    Comprimento do Pacote com Canais de Ventilao Rotor [mm]

    Nmero de Fases Reao da Armadura [Ae] Fora Magnetomotriz [Ae] Fora Magnetomotriz em Vazio [Ae] Fora Magnetomotriz na Linha do Entreferro [Ae] Rotao [rpm] Nmero de Ranhuras do Estator Nmero de Ranhuras do Campo (Rotor) Quantidade de Bobinas em um Polo Nmero de Ranhuras de Amortecimento (rotor) Nmero de Caminhos Paralelos Nmero de Caminhos Paralelos No de Condutores Paralelos na Altura da Ranhura Nmero de Condutores Paralelos na Altura da Ranhura

    do Rotor

    Nmero de Condutores Paralelos na Largura da Ranhura

  • xxiii

    Nmero de Condutores Paralelos na Largura da Ranhura do Rotor

    Nmero de Canais de Ventilao Estator Nmero de Canais de Ventilao Rotor Nmero de Pares de Polos Potncia Aparente [kVA] Nmero de Ranhuras por Polo por Fase Perdas no Ferro na Coroa do Estator [W] Perdas no Ferro no Dente do Estator [W] Perdas no Ferro totais [W] Perdas Joule Estator [W] Perdas Joule no Rotor [W] Perda Magntica 1 T 50 Hz [W/kg] Perdas Suplementares [W] Resistncia do Enrolamento de Estator [] Resistncia Quente do Enrolamento do Estator [] Resistncia do Enrolamento do Rotor [] Resistncia Quente do Enrolamento do Rotor [] Relao de Curto-circuito Raio Externo do Final da Bobina do Estator [mm] Temperatura Ambiente Inicial [C] Temperatura Ambiente Final [C] Tenso Nominal de Linha [V] Tenso Nominal de Fase [V] Nmero de Espiras por Fase em Srie do Estator Nmero de Espiras Totais do Rotor Reatncia de Magnetizao Saturada [] Reatncia de Magnetizao em pu Saturada [pu] Reatncia do Eixo Direto Saturada [] Reatncia do eixo Direto em pu Saturada [pu] Reatncia Externa em pu [pu] Nmero de Espiras do Enrolamento da Armadura Nmero de Espiras do Enrolamento do Rotor Nmero de Ranhura do Rotor por Polo Impedncia Base [] ngulo de Inclinao da Bobina do Estator [Graus] Expoente para Perdas no Ferro Entreferro geomtrico [mm] Razo entre rea Ranhurada do Rotor e sua Expanso Polar

  • xxv

    Densidade da Chapa Estator [g/cm] Passo de Bobina [mm] Passo de Polo [mm] Passo da Ranhura Amortecedora [mm] Passo de Ranhura do Rotor [mm] Passo Mdio da Ranhura do Estator [mm] ngulo de Carga [Graus] Velocidade Angular [rad/s]

  • xxvii

    1. INTRODUO ................................................................... 1

    1.1. OBJETIVO ............................................................................ 1 1.2. MOTIVAO ........................................................................ 1 1.3. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................ 2

    1.3.1. Plantas de Cogerao Sucroalcoleiras .................... 3 1.3.2. Geradores Sncronos ............................................... 3 1.3.3. Relao de Curto-circuito (RCC) e Impactos no Projeto do Gerador .............................................................. 4 1.3.4. Efeito da Relao de Curto-Circuito no Desempenho do Gerador ..................................................... 6

    2. TOPOLOGIA DO GERADOR ............................................... 9

    2.1. VOLUME ATIVO E FATOR ESSON ............................................ 11 2.2. DIMENSIONAMENTO DOS DIMETROS INTERNO E EXTERNO DO

    ROTOR E ESTATOR ................................................................................ 14 2.3. MATERIAIS MAGNTICOS PARA AS CHAPAS .............................. 14 2.4. FABRICAO DAS CHAPAS ..................................................... 15 2.5. RANHURAS DO ESTATOR, DO CAMPO E DE AMORTECIMENTO ...... 16 2.6. ENROLAMENTO DO ESTATOR E ISOLAO ................................ 19 2.7. ENROLAMENTO DO ROTOR E ISOLAO ................................... 20

    3. PROJETO DO GERADOR EM REGIME PERMANENTE ....... 21

    3.1. CLCULO CLSSICO ............................................................. 21 3.1.1. Fator de Enrolamento ........................................... 23 3.1.2. Fator de Carter ..................................................... 24 3.1.3. Fator de Saturao ............................................... 27 3.1.4. Resistncias, Reatncias e RCC ............................. 28 3.1.5. Reao da Armadura ............................................ 30 3.1.6. Fora Magnetomotriz e Corrente de Campo em Vazio ..31 3.1.7. Diagramas Vetoriais e Corrente de Campo Nominal .33 3.1.8. Diagrama Vetorial de Corrente e Corrente de Campo Nominal ................................................................. 36 3.1.9. Indues ............................................................... 38 3.1.10. Equacionamento das Perdas Eltricas e Magnticas ........................................................................ 42

    3.2. VALIDAO DA METODOLOGIA PROPOSTA .............................. 43

  • 4. OTIMIZAO DO PROJETO DO GERADOR SNCRONO, APLICAO E RESULTADOS ..................................................................... 49

    4.1. PROJETO E OTIMIZAO DE MQUINAS ELTRICAS .................... 49 4.1.1. Formulao do Problema ..................................... 49 4.1.2. Resoluo .............................................................. 51

    4.2. OTIMIZAO DO TURBO GERADOR QUATRO POLOS .................. 51 4.2.1. Utilizao do Conceito de Mquina Imaginria. .. 52 4.2.2. Otimizao do Gerador Real Utilizando Algoritmo Gentico ............................................................................. 54

    4.3. COMPARAES E RESULTADOS .............................................. 56 4.3.1. Situao 1 - Mquina Imaginria e Resultados: ... 56 4.3.2. Situao 2 Gerador Otimizado com Algoritmo Gentico e Resultados: ....................................................... 58

    5. CONCLUSO ................................................................... 61

    ANEXO A - CLCULO DA TOPOLOGIA ........................................... 63

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................... 69

  • 1

    1. INTRODUO

    1.1. Objetivo

    O objetivo deste trabalho modelar um gerador sncrono padro

    de quatro polos com rotor cilndrico e otimiz-lo para que seja obtida a

    mxima relao de curto-circuito sem alterar as dimenses externas da

    mquina, comprimento do pacote de chapas e altura de ponta de eixo,

    mantendo suas perdas dentro de limites estabelecidos de operao, com

    a mnima alterao em seu volume ativo.

    Inicialmente desenvolvido um modelo em regime de um

    gerador sncrono de polos lisos, e desenvolvido um clculo analtico

    utilizando-se equaes clssicas dos livros de mquinas eltricas [1],

    [2], [3] e [4]. Para validao, o clculo ento comparado com o clculo

    comercial utilizado pela WEG Mquinas: VPSYN, validado, ao longo

    dos dez anos que tem sido utilizado, por ensaios de geradores reais.

    A otimizao por algoritmos genticos ento empregada em

    conjunto com uma anlise metodologia, em que um pr-

    processamento para estabelecer as restries e dimensionando o

    problema promove uma utilizao consciente do software de otimizao

    com a finalidade de conduzir melhor configurao da mquina de

    forma rpida e eficaz.

    1.2. Motivao

    Nos ltimos dez anos, a abertura do mercado de energia eltrica

    para pequenos produtores incentivou a indstria de cana de acar a

    investir na cogerao como segmento de negcio e torn-lo to

    importante quanto produo de lcool e acar. A regulamentao do

    mercado ainda deixa em aberto algumas das caractersticas necessrias

    para os geradores se conectarem com confiabilidade rede. Para uma

    destas caractersticas, a relao de curto-circuito, tem-se observado o

    mercado assumindo algumas vezes uma atitude conservadora,

    solicitando valores muito mais altos do que outros mercados mundiais e

    outras vezes no se manifestando diretamente. O que existe para outros

    mercados em que h a exigncia desta caracterstica uma tendncia

  • 2

    para valores iguais ou maiores a 0,5, questionados nos ltimos anos

    como conservadores.

    1.3. Reviso Bibliogrfica

    O processo de cogerao, adotado na indstria sucroalcooleira,

    utiliza o bagao de cana, resduo no processo de produo de acar e

    lcool, como combustvel das turbinas a vapor para acionar os geradores

    sncronos que produzem energia eltrica. A Figura 1 mostra um gerador

    montado na planta.

    Figura 1 Gerador Sncrono Acionado por Turbina

    Usar conjuntos de turbinas e geradores sncronos para fornecer

    eletricidade planta uma forma eficiente de utilizar a energia que est

    disponvel em forma de vapor. Ao vender o excedente desta energia para

    as concessionrias, o setor percebeu a oportunidade: alm de aumentar a

    eficincia do sistema e reduzir custos de produo, a venda do excedente

    de energia para as concessionrias tornou-se um terceiro negcio.

    A bioeletricidade, como chamada a eletricidade gerada a partir

    da biomassa, produzida por pequenos produtores beneficiou-se da

    regulamentao do setor de energia pelo congresso brasileiro em 2004,

    quando foram removidos muitos dos obstculos que diminuam o

    interesse destes pequenos produtores a entrar no mercado de energia [5].

    Nesta nova configurao, em que as unidades geradoras deixam

    de ser isoladas para se conectarem ao sistema, novas solicitaes quanto

  • 3

    s caractersticas dos geradores assumem maior importncia na

    especificao. Entre elas, uma das mais impactantes no

    dimensionamento do gerador a relao de curto-circuito.

    1.3.1. Plantas de Cogerao Sucroalcoleiras

    Em anos recentes, a produo de energia eltrica tem se mostrado

    uma opo lucrativa de negcio para os produtores de lcool e acar

    que se utilizam da cogerao. Do ponto de vista da concessionria,

    considerando que a maior parte das usinas de lcool e acar se localiza

    no sudeste, o maior centro de consumo de energia do Brasil, e que o

    perodo de safra coincide com a diminuio do nvel dos reservatrios

    das hidreltricas devido ao perodo de secas, a cogerao pode se tornar

    uma alternativa de fornecimento que se traduz em maior flexibilidade do

    sistema [6].

    1.3.2. Geradores Sncronos

    Os conjuntos turbina-gerador so dimensionados para fornecerem

    energia eltrica tanto para a operao interna da usina como para a

    venda de energia eltrica para a concessionria. Desta forma, os

    geradores deste conjunto possuem caractersticas diferentes daqueles

    que operam isoladamente, fornecendo energia apenas para consumo

    interno.

    Uma destas solicitaes a maior relao de curto-circuito

    (RCC), e mesmo que o aumento deste parmetro signifique o aumento

    do volume do gerador [1], esperado que nesta nova configurao o

    custo no aumente significativamente e no seja comprometido o

    rendimento da mquina. No Pargrafo 1.3.3, ser avaliado como estas

    caractersticas se opem.

    Os geradores sncronos para esta aplicao possuem dois ou

    quatro polos, e so normalmente classificados conforme o tipo dos polos

    localizados em seus rotores: lisos ou salientes. Este trabalho ser focado

    no desenvolvimento do clculo analtico e otimizao de um gerador

    sncrono de quatro polos, com rotor de polos lisos e potncia aparente de

    17,5 MVA. No entanto, os procedimentos de modelagem e de

    otimizao so extensveis para potncias maiores, de at 62,5 MVA. A

  • 4

    Figura 2 mostra o aspecto do rotor da mquina tratada nesta dissertao,

    nela possvel verificar os aspectos gerais do rotor, como sua chapa, o

    eixo, o enrolamento de campo ou , o circuito de amortecimento e a

    excitatriz principal.

    Figura 2 Rotor de Quatro Polos e Polos Lisos

    1.3.3. Relao de Curto-circuito (RCC) e Impactos no Projeto do Gerador

    A relao de curto-circuito, RCC, definida como a razo entre a

    corrente de excitao necessria para manter a tenso nominal nos

    terminais do gerador operando em vazio e a corrente de excitao necessria para se alcanar a corrente nominal da mquina

    quando seus terminais estiverem curtocircuitados ( [3]:

    Este parmetro tambm pode ser definido, conforme [3], como a

    razo inversa da reatncia saturada do eixo direto em p.u.:

  • 5

    Caractersticas de desempenho, como o RCC, alm de

    rendimentos e reatncias, tm seus valores mximos ou mnimos

    regulamentados por normas tcnicas, que so documentos publicados

    que estabelecem especificaes e procedimentos destinados a assegurar

    a confiabilidade dos materiais, produtos, mtodos ou servios que

    pessoas utilizam diariamente [7]. Seguindo estes padres, que podem ser

    nacionais ou internacionais, e em geral so acordados por contrato entre

    as partes antes do fornecimento do servio ou produto, as indstrias

    asseguram aos clientes e consumidores uniformidade no entendimento

    das caractersticas desejadas.

    A IEC (Iternational Electrotechnical Commission) uma

    instituio internacional, responsvel pela publicao de uma das

    normas tcnicas mais utilizadas para mquinas eltricas girantes: a IEC

    60034-1, e tambm pela IEC60034-3, especfica na regulamentao das

    caractersticas dos geradores sncronos acionados por turbinas, ou

    turbogeradores, como so comumente referenciados. Nesta ltima

    norma, sugerido um valor mnimo de 0,4 para o RCC, embora em

    alguns mercados de energia, valores mais conservadores iguais ou

    maiores que 0,5 sejam recomendados. No caso especfico da

    regulamentao brasileira, no existe definio clara sobre este valor, o

    parmetro em geral definido por norma ou conforme acordo entre

    cliente e o fabricante do gerador. Alguns clientes solicitam, por

    exemplo, para mquinas que operaro em paralelo com a rede, valores

    maiores do que 0,65, em uma clara referncia aos valores praticados na

    dcada de 60, antes do surgimento dos reguladores digitais.

    Isto possui impacto direto no dimensionamento do gerador

    sncrono e em seu custo. Um maior valor de RCC implica basicamente

    em entreferros ou em valores de saturao maiores. No primeiro caso, a

    mudana resultar no aumento no volume ativo do rotor da mquina e

    no segundo no comprometimento de seu rendimento.

    Ao se considerar o aumento do entreferro, por exemplo,

    necessria uma maior quantidade de Ampre-espiras para manter o

    mesmo fluxo do campo magntico, resultando em corrente de excitao

    maior e consequentemente maiores perdas no enrolamento de campo.

    Ento, para se garantir a elevao de temperatura dentro da classe de

    isolao do gerador, preciso que se aumente o volume do material

    ativo da mquina: mais rea de cobre para diminuir as densidades de

  • 6

    corrente, maior volume do rotor para se dissipar as perdas. Tal

    combinao fatalmente aumenta os custos do gerador.

    De forma similar, com o incremento da saturao, aumentam-se

    as perdas magnticas que, se no forem compensadas pelo aumento do

    volume ativo, impactar sobre a temperatura e sobre o rendimento da

    mquina: Um aumento do RCC de 0,4 para 0,5 tende a reduzir a

    eficincia de 0,02% a 0,04%, enquanto se aumenta o volume da

    mquina de 5 a 10% [1].

    1.3.4. Efeito da Relao de Curto-Circuito no Desempenho do Gerador

    Com custo e rendimento comprometidos, necessrio identificar

    o benefcio que altos valores da relao de curto-circuito (RCC) traz

    para o gerador ou para o sistema ao qual ele est conectado. O efeito

    principal de um alto RCC o aumento da estabilidade esttica do

    gerador.

    Definimos estabilidade esttica como a propriedade do gerador

    permanecer sincronizado com a rede diante de lentas variaes da

    potncia mecnica entregue pela turbina ao gerador ou da potncia

    eltrica ativa entregue ao barramento, se desconsiderarmos as perdas

    [1].

    Podemos mostrar este efeito atravs da Equao de torque

    eletromagntico, considerando-se o gerador com rotor de polos lisos

    operando isoladamente [1]:

    Onde:

    : Fora Eletromotriz Gerada : Tenso da Armadura por Fase : ngulo de Carga (ngulo entre e )

    Observa-se em (3) que, para um mesmo torque eltrico e dada corrente de campo representada pela fora magnetomotriz gerada , ao se diminuir a tenso nos terminais , um maior valor da relao de curto-circuito permitiria um menor incremento do ngulo de carga . Isto significa, em outras palavras, garantir o fornecimento de torques

  • 7

    com amplo limite de estabilidade para grandes valores de potncia de

    turbina [8].

    Mas existem certas restries s vantagens representadas por

    geradores com altos valores de RCC, a Equao 3 representa o torque de

    um gerador isolado e portanto apenas sua reatncia considerada. Para a

    situao em que o gerador trabalha conectado com a rede, a reatncia da

    linha de transmisso mais a reatncia do transformador elevador,

    representadas por , deve ser adicionada reatncia do eixo direto e a tenso de sada do gerador, substituda pela tenso da rede. Deste

    modo a equao de torque se modifica para o gerador conectado a uma

    rede infinita conforme [1]:

    Onde:

    : ngulo de Carga (ngulo entre e )

    Ou seja, a contribuio positiva da elevao da relao de curto-

    circuito para a estabilidade diminuda pelo efeito da reatncia da linha

    qual o gerador est conectado. Assim, quanto maior a reatncia de

    linha, menor a influncia da relao de curto-circuito. O grfico da

    Figura 3 [8] ilustra bem este efeito, ele mostra o limite para estabilidade

    esttica como uma funo da reatncia externa , com o gerador operando na faixa de fator de potncia 0,95 subexcitado com 0,85 p.u.

    de potncia ativa.

  • 8

    Figura 3 RCC em Relao Potncia Mxima e Reatncia do Sistema

    Existe a tendncia diminuio da relao de curto-circuito para

    os geradores sncronos acionados por turbinas a vapor. No mercado dos

    Estados Unidos, por exemplo, ela vem variando de 0,8 a 0,9, 70 anos

    atrs, 0,58 a 0,65 em 1960 e 0,4 a 0,5 nos dias de hoje [8]. Isto se deve

    principalmente evoluo dos reguladores de tenso. Modernos e mais

    rpidos, eles compensam a limitada estabilidade esttica com a resposta

    mais rpida s variaes lentas do sistema [8]. Utilizando-se menores

    relaes de curto-circuito no projeto de geradores, obtm-se menores

    volumes, perdas e custos.

    0,80

    0,81

    0,82

    0,83

    0,84

    0,85

    0,86

    0,87

    0,88

    0,89

    0,90

    0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35

    Mxim

    a P

    ot

    nci

    a (

    p.u

    .)

    Reatncia do Sistema Xe (p.u.)

    RCC 0.5 RCC 0.4

  • 9

    2. TOPOLOGIA DO GERADOR

    O gerador sncrono composto de um estator denominado

    armadura, um rotor alimentado por corrente contnua, um sistema de

    excitao formado por uma excitatriz trifsica com roda de diodos ou

    por um sistema de anis e escovas e uma carcaa com o sistema de

    ventilao, conforme mostrado em corte na Figura 4.

    Figura 4 Gerador Sncrono com Sistema de Ventilao atravs de

    Trocador de Calor Ar-gua

    O estator chamado de armadura porque fornece sustentao

    mecnica aos enrolamentos trifsicos distribudos em ranhuras

    retangulares ao longo de seu permetro interno. A Figura 5 ilustra um

    estator bobinado de uma mquina trifsica, fabricada pela WEG. Nesta

    Figura, observam-se os pacotes de chapas separados por canais de

    ventilao axiais (A), os tirantes cuja funo dar sustentao ao pacote

  • 10

    de chapas (B), o enrolamento distribudo internamente nas ranhuras (C),

    a cabea de bobina do estator (D) e os suportes que lhe do sustentao

    mecnica (E).

    Figura 5 Estator Bobinado de uma Mquina de Induo Trifsica

    O rotor do gerador de polos lisos, com sua chapa mostrada na

    Figura 6, mostra suas duas ranhuras: as ranhuras do circuito de

    amortecimento, distribudas uniformemente no permetro externo do

    rotor e as ranhuras do enrolamento do campo que ocupam, no caso deste

    projeto especfico, 2/3 do passo polar.

    Neste trabalho considerado apenas o gerador em regime

    permanente, e para simplificar sua anlise e sua otimizao, o projeto

    dos circuitos de excitao e de amortecimento ser mantido conforme

    projeto original. O rotor, por sua vez, ter liberdade de variar no

    dimetro para que seja possvel o controle das perdas joule do

    enrolamento de campo.

    Neste trabalho considerado apenas o gerador em regime

    permanente, e para simplificar sua anlise e sua otimizao, o projeto

    dos circuitos de excitao e de amortecimento ser mantido conforme

    projeto original. O rotor, por sua vez, ter liberdade de variar no

  • 11

    dimetro para que seja possvel o controle das perdas joule do

    enrolamento de campo.

    Figura 6 Chapa do Rotor do Gerador Sncrono de Polos Lisos

    Os itens que pertencem ao escopo mecnico so tratados

    indiretamente como restries ao projeto eletromagntico. O sistema de

    refrigerao, por exemplo, impe o limite s perdas mximas da

    mquina, e consequentemente estabelece a temperatura de operao do

    gerador. A frequncia crtica define o comprimento do pacote do rotor e,

    portanto da mquina, enquanto que a velocidade perifrica determina o

    material escolhido das chapas.

    Os pargrafos a seguir mostram alguns dos aspectos construtivos

    mais relevantes no projeto de um gerador sncrono quatro polos,

    desenvolvidos atravs da considerao de critrios tericos e alguns

    empricos, resultados da experincia de manufatura, testes e utilizao

    desse tipo especfico de mquina eltrica.

    2.1. Volume Ativo e Fator Esson

    Para se determinar as principais dimenses de um gerador, seja

    para fins de projeto ou com o objetivo de otimiz-lo, necessrio

    estabelecer previamente a relao entre o volume ativo e as perdas do

    gerador para uma condio nominal de operao. O fator Esson, ou

    coeficiente C como conhecido, utilizado para mquinas eltricas em

    geral (corrente contnua, induo e sncronas), e fornece uma base firme

    de comparao em relao a mquinas existentes e fabricadas; seja entre

  • 12

    mquinas de um mesmo fornecedor ou entre mquinas de diferentes

    fornecedores.

    Uma forma clara de expressar este fator faz-lo em funo da

    capacidade magntica e eltrica da mquina. A capacidade magntica

    definida em termos da mxima induo ( ) e a capacidade eltrica pela densidade linear de corrente ( ) [1]. A partir destas duas informaes obtem-se a relao entre a mxima potncia eletromagntica e seu

    volume ativo para a condio de operao nominal.

    possvel expressar esta idia partindo-se da definio da

    potncia eletromagntica do gerador sncrono [1]:

    Onde:

    : Espiras por polo por fase : Corrente nominal do estator : Fator de enrolamento : Fluxo por polo definido como:

    Com:

    : Induo mdia no entreferro Comprimento do ferro ideal

    e o passo polar definido como:

    Com:

    : Nmero de pares de plo : Dimetro interno do estator

    Definindo a densidade linear como:

  • 13

    E substituindo-se as equaes (6) e (8) em (5) se obtem:

    Com

    : Rotao Nominal do Rotor

    O Volume Ativo definido como:

    E o fator Esson por:

    Esta abordagem vincula os limites magnticos e eltricos da

    mquina ao seu volume ativo, para cada valor de potncia. Embora cada

    fabricante utilize valores de sua prpria experincia em projetos,

    parmetros orientativos da induo e da densidade linear de corrente, em

    funo da ventilao, so encontrados com facilidade em vrias

    publicaes, conforme os valores de densidades para geradores de polos

    lisos mostrados na Tabela 1 [5]:

    Tabela 1- Valores de Densidades Tpicos em Geradores de Polos

    Lisos para Sistema de Ventilao Indireta por Ar

    Descrio Ab. Valor Unidade

    Densidade Linear de Corrente As 30 - 120 kA/m

    Densidade de Corrente do

    Estator

    j1 3 - 7 A/mm

    Densidade de Corrente do Rotor j2 3 - 7 A/mm

  • 14

    Para a componente fundamental da induo no entreferro em

    geradores de polos lisos, , o valor mximo se encontra entre 0,75 a 1,05 [T] [9]. Convm ressaltar que no a induo no entreferro que

    estabelece o limite de induo na chapa, mas o contrrio. Os limites de

    induo mostrados na Tabela 1 so conseqncias das indues na

    chapa que, por sua vez, dependem de seus dimetros, da qualidade do

    ao utilizado, do nmero e dimenses de suas ranhuras. Todos definindo

    de forma indireta a saturao do circuito magntico.

    2.2. Dimensionamento dos Dimetros Interno e Externo do Rotor e Estator

    O projeto do gerador inicia-se com o estabelecimento de seus

    dimetros principais, ou seja, dimetros externos e internos do estator e

    rotor, definidos por restries ditadas pela padronizao, por processos

    de fabricao ou limitaes. O conjunto destes fatores restringe

    fisicamente o volume ativo mximo que uma mquina pode atingir para

    cada altura de ponta de eixo.

    O dimetro externo da chapa do estator, limitado pela carcaa,

    padronizado conforme processos estabelecidos por cada fabricante

    enquanto que o dimetro interno da chapa do rotor limitado pelo eixo.

    As dimenses restantes, como o dimetro interno do estator e o externo

    do rotor, so definidas a partir deste ponto inicial.

    possvel sintetizar que a escolha destes dimetros, para

    determinada condio nominal, uma funo de suas perdas mximas e

    do melhor aproveitamento das caractersticas magnticas das chapas

    dentro de um volume permitido, que por sua vez estabelecido

    conforme a capacidade expressa pelo fator Esson, determinado pelo

    carregamento eltrico e o magntico.

    2.3. Materiais Magnticos para as Chapas

    As chapas do rotor e estator esto sujeitas a diferentes tipos de

    solicitaes: para o estator deve ser considerado preferencialmente seu

    desempenho magntico, enquanto que, para o rotor, suas caractersticas

    mecnicas so mais exigidas. Por este motivo, so utilizados materiais

  • 15

    de qualidades diferentes com caractersticas especficas para cada

    funo, e sua escolha deve ser equilibrada entre o menor custo e o

    melhor desempenho do gerador.

    O campo alternado que atua no estator produz perdas magnticas

    por histerese e de Foucault que exigem a utilizao de chapas isoladas

    de pequena espessura e de ao silcio de gros no orientados.

    No rotor, onde o campo contnuo na operao em regime, suas

    chapas so pouco suscetveis s perdas por histerese. Deste modo no

    necessria a utilizao de chapas de alta qualidade magntica, como as

    de ao silcio utilizadas no estator, por exemplo. Por outro lado, sendo

    parte de uma pea que gira de 1500 a 3600 rotaes por minuto, e

    considerando-se que medida que se aumentam os dimetros dos

    geradores e, portanto, de seus rotores, maiores so as foras atuantes, as

    solicitaes mecnicas tornam-se o critrio fundamental para o projeto

    da chapa do rotor.

    Cada uma das situaes acima mostra que a escolha do tipo de

    material deve considerar as condies de operao de seus

    componentes: rotor e estator. Cada escolha existir um gasto associado:

    maiores rendimentos podem ser alcanados melhorando-se a qualidade

    da chapa do estator, mas o custo tambm aumenta. Do mesmo modo,

    no se pode aumentar indefinidamente o dimetro do rotor: chapas aptas

    a suportar maiores tenses mecnicas no se comportam

    magneticamente bem, possuem menor permeabilidade e contribuem

    mais significativamente para a saturao.

    2.4. Fabricao das Chapas

    Escolhidos os dimetros e os materiais das chapas, deve-se

    considerar como produzi-las, o processo varia dependendo de cada

    fabricante. Em geral, no entanto, quando se lida com produo em srie

    e com o objetivo de minimizar custos, comum que se utilize

    ferramentas de estampagem.

    As chapas podem ser estampadas em uma pea nica ou em

    segmentos. Dimetros maiores que um metro requerem que segmentos

    sejam utilizados, o que influencia indiretamente o tipo do material

    utilizado do rotor.

    Normalmente, para mquinas pequenas, em que a chapa do

    estator uma pea nica, uma mesma qualidade de material pode ser

    utilizada para o rotor e estator. Estampando-se ao mesmo tempo ambas

  • 16

    as chapas, na mesma bobina de ao, evita-se o desperdcio de material.

    Pode-se argumentar que o uso de uma chapa com qualidade superior,

    normalmente utilizada nos estatores, geraria custos maiores. Contudo,

    deve-se ponderar que o se estampar o dimetro interno e externo do

    estator, o miolo da chapa de ao silcio do estator estampada acaba

    sendo descartado. Neste caso, o custo geral diminudo pelo

    aproveitamento das sobras.

    Para mquinas maiores, referindo-se s mquinas em que as

    chapas dos estatores so segmentadas, como no caso deste trabalho, no

    existe o problema de desperdcio. As chapas segmentadas do estator

    podem ser arranjadas e estampadas de forma a aproveitar muito melhor

    a rea da bobina de ao. A Figura 7 mostra um destes segmentos de

    chapa do estator estampado. Os segmentos do estator so mltiplos do

    nmero de fases, assim variam de 6 a 42 unidades [1] dependendo dos

    dimetros envolvidos. Neste trabalho, por exemplo, so utilizados seis

    segmentos.

    A chapa do rotor, por sua vez, estampada ou cortada a laser,

    tomando-se o cuidado, conforme discutido no Pargrafo 2.3, de se

    escolher um material apto a suportar as tenses mecnicas que surgem

    devido velocidade perifrica de seu rotor.

    Figura 7 Segmento de Chapa do Estator

    2.5. Ranhuras do Estator, do Campo e de Amortecimento

    A ranhura do estator de um gerador de mdia tenso retangular

    e aberta. Sua quantidade depende de questes construtivas relacionadas

  • 17

    ao nmero de segmentos e tambm das restries de projeto devido ao

    nmero de polos e de fases. Suas dimenses definem a quantidade de

    cobre da mquina, o que influencia a potncia ativa do gerador.

    A Figura 8 mostra a ranhura tpica de um gerador de quatro

    polos, com duas camadas. Cada camada uma bobina formada por

    espiras, e cada espira composta por fios individualmente isolados

    dispostos em paralelo em sua largura, , e na altura, . As bobinas so isoladas com espessura definida conforme a tenso nominal

    do gerador, , e so separadas entre si por um isolante de fibra de vidro, . E, para fechar a ranhura, h uma esteca que pode ser tanto de material magntico como no-magntico.

    Figura 8 Representao da Ranhura do Estator

    Existem algumas questes relacionadas quantidade ideal de

    ranhuras do estator. Para o caso de ventilao indireta, um nmero

    maior de ranhuras permite uma maior troca de calor entre o cobre e a

    chapa, o que assegura uma menor temperatura ao enrolamento. Por

    outro lado, quanto maior o nmero de ranhuras, maior o nmero de

    bobinas que dever ser produzido e maior o custo do processo de

    fabricao.

    Para geradores sncronos de polos lisos ainda h as ranhuras do

    enrolamento de campo e do circuito de amortecimento localizadas no

    rotor. A quantidade de ranhuras de amortecimento no deve coincidir

    com o nmero de ranhuras do estator, evitando interao direta entre

  • 18

    elas, e desta forma, prevenindo o aparecimento de rudo magntico.

    Considerando-se esta restrio, escolhido o nmero de ranhuras do

    enrolamento de campo do rotor, respeitando-se a razo escolhida entre

    sua rea ranhurada e sua expanso polar, . Para ilustrar melhor a escolha do nmero ranhuras do estator e

    rotor, define-se a varivel como o nmero de ranhuras por polo por fase:

    Onde,

    Nmero de ranhuras : Pares de polo : Nmero de fases

    Para baixos nmeros de polos o nmero q um inteiro e maior do que 3, o que significa que o gerador no produzir

    alto contedo harmnico. Valores tpicos para geradores quatro polos

    so valores de q maiores do que 4.

    No caso deste trabalho, o gerador padro possui 72 ranhuras com

    . Para sua otimizao, os valores de ranhuras testadas sero 72, 84,96, 108 para valores de q de 6,7,8 e 9. A escolha do nmero mnimo

    de ranhuras estar condicionada ao mximo valor de largura da ranhura,

    enquanto o mximo valor de ranhuras ao mnimo valor do dente.

    O nmero de ranhuras do circuito de amortecimento do rotor,

    conforme exposto nos pargrafos anteriores, no deve coincidir com

    nmero de ranhuras do estator. Como um critrio, pode ser utilizado o

    nmero de ranhuras equivalente a , sendo q o nmero de ranhuras por polos e por fase utilizadas no estator e definida na

    Equao 12.

    Por exemplo, um gerador de 4 polos e com 72 ranhuras no estator

    possui , portanto o nmero de ranhuras do circuito de amortecimento poder ser 48 , 60 , 84 ou 96 ranhuras. No caso da mquina discutida nesta dissertao, so 60 ranhuras.

    Obtido o nmero de ranhuras do circuito de amortecimento, o

    nmero de ranhuras para o enrolamento de campo deve respeitar a razo

    que varia de 0,6 a 0,8 entre a rea ranhurada e a expanso polar do

  • 19

    gerador, conforme [3]. Neste trabalho, em que considerado ,

    tem-se que o nmero de ranhuras para o circuito de excitao de 40

    ranhuras.

    2.6. Enrolamento do Estator e Isolao

    As ranhuras do estator abrigam o enrolamento principal do

    gerador sncrono. Este enrolamento composto de bobinas ligadas de tal

    forma a constituir um enrolamento trifsico. A Figura 9 ilustra o aspecto

    real do enrolamento, com bobinas isoladas, localizadas nas ranhuras do

    estator.

    Figura 9 Bobina Isolada do Estator com Separadores e Cunha

    A isolao principal das bobinas do enrolamento do estator

    definida pela tenso da mquina: quanto maior a tenso, maior sua

    espessura. Alm disto, acima da tenso de fase 3800 V, deve ser

    acrescentada uma camada de fita semi-condutiva ao redor da bobina

    com o objetivo de prevenir danos isolao por descargas parciais.

    O aspecto real das isolaes da bobina e dos fios, mostrados na Figura 8, podem ser vistos em detalhes na Figura 9. Neste trabalho, a

    espessura da isolao considerada fixa com seu valor de acordo com

    critrios de projeto para a tenso nominal da mquina.

  • 20

    As bobinas so dispostas nas ranhuras em passos de enrolamento

    que cobrem o mximo de um passo polar, ou seja, com 72 ranhuras e 4

    polos, o passo de enrolamento mximo ou passo pleno 18. Em termos

    prticos, isto significa que a primeira metade da bobina colocada na

    primeira ranhura e sua segunda metade na dcima nona ranhura.

    O passo pleno traz alguns incmodos relativos aos diversos

    harmnicos que o enrolamento produz, deformando a forma de onda do

    gerador e provocando perdas [3]. Para elimin-los, o passo do

    enrolamento encurtado variando de 2/3 a 5/6 do passo pleno, sendo

    que cada encurtamento diminui harmnicas especficas [3].

    Considerando-se que quanto menor o passo, maior ser a

    saturao, e, portanto, maior ser a mquina, esta escolha outro

    aspecto a ser analisado ao se projetar o gerador. Em geral, para

    geradores de quatro polos, o passo considerado , na grande maioria das

    vezes, 5/6, valor, o qual ser considerado nesta dissertao.

    2.7. Enrolamento do Rotor e Isolao

    O enrolamento de campo, localizado no rotor da mquina

    estudada neste trabalho, composto de quatro conjuntos de bobinas

    concntricas, sendo cada conjunto de bobinas distribudo na metade das

    ranhuras ao redor de uma das quatro reas de expanso polar (rea sem

    ranhuras). Cada bobina formada, no caso deste trabalho, por uma

    mesma quantidade de espiras, sendo cada espira composta de fios

    isolados de seo retangular por onde passa corrente contnua. A

    principal vantagem do enrolamento distribudo em um rotor de polos

    lisos a qualidade da onda da fora eletromotriz produzida, prxima a

    uma onda senoidal. Esta questo ser analisada com mais detalhe no

    pargrafo 3.1.6.

  • 21

    3. PROJETO DO GERADOR EM REGIME PERMANENTE

    O projeto de um gerador sncrono deve considerar fatores

    tcnicos e fatores econmicos. Por fatores tcnicos entendem-se as

    caractersticas eletromagnticas e mecnicas que caracterizam cada

    mquina e a faz atender s expectativas de operao acordados com o

    cliente e que no mnimo atendam s normas relacionadas. Um bom

    projeto deve apresentar equilbrio entre o volume de material ativo

    usado, desempenho e satisfazer demais parmetros, o que torna o projeto

    um exerccio de equilbrio entre o aspecto econmico e o tcnico.

    O gerador sncrono estudado neste trabalho um gerador trifsico

    padro WEG, com estator e rotor com chapas laminadas, carcaa 900,

    quatro polos, rotor liso, de 17,5 MVA, 13,8 kV e 60 Hz. Ser

    desenvolvido um clculo de sntese utilizando equaes clssicas para

    construir o modelo do gerador em regime, e a seguir ele ser otimizado

    utilizando algoritmos genticos. Apenas seu projeto eletromagntico

    ser considerado, mas com o objetivo de torn-lo um projeto factvel,

    sem entrar profundamente nas questes mecnicas, algumas das

    caractersticas do gerador, como dimetro interno do rotor e o tamanho

    do pacote de chapas, sero consideradas como restries.

    3.1. Clculo Clssico

    Uma mquina eltrica operando em regime pode ser bem

    representada utilizando-se as equaes clssicas encontradas na

    literatura [1], [2], [3] e [4]. A aproximao adequada para o clculo da

    reatncia sncrona do eixo direto de um gerador de polos lisos em

    regime permanente. Para a elaborao do modelo de geradores em

    regime transitrio ou de polos salientes, ao contrrio, o ideal a

    utilizao da anlise por elementos finitos ou, como soluo

    intermediria e de resposta mais rpida, a utilizao de um modelo de

    relutncias.

    O mtodo de clculo pode ser de sntese ou analtico. O mtodo

    de sntese calcula, a partir dos dados de desempenho que se deseja obter

    do gerador, sua topologia, enquanto que no mtodo analtico, os dados

    de desempenho do gerador podem ser determinados a partir de sua

    topologia. Neste trabalho ser utilizado o clculo analtico para, desta

    forma, cumprir o objetivo final de otimizar o gerador a partir da

  • 22

    topologia de uma mquina existente e no projetar uma mquina

    inteiramente nova.

    A estrutura do clculo analtico mostrada na Figura 10.

    Figura 10 Fluxograma do Clculo do Gerador

    Dados de Entrada:

    Dados Construtivos e Valores

    Nominais de Operao

    Clculos Perifricos:

    Cabea de Bobina, Passo Polar,

    Dimenses da Ranhura, Fatores

    de Enrolamento

    Reao de

    Armadura

    f.m.m. Equivalente

    Corrente de

    Campo em Vazio

    Campo H

    Indues

    Reatncia e

    RCC

    Corrente de

    Campo Nomina

    Resistncias

    Perdas no

    Ferro

    Perdas Joule no

    Estator e no Rotor

  • 23

    A partir dos dados construtivos, tais como dimetros, espiras e

    dimenso do entreferro, e dos dados de desempenho, como corrente de

    armadura e fator de potncia, calculam-se as perdas joule e no ferro,

    reatncias e indues.

    O fluxograma da Figura 10 mostra a sequncia de clculo

    desenvolvida para este trabalho. Conforme mostrado, uma estrutura

    simples com o objetivo conciso de fornecer o valor da reatncia do eixo

    direto e a relao de curto-circuito, a partir da topologia do gerador e de

    seus valores nominais de operao.

    Logicamente, a topologia do gerador considera as caractersticas

    que restringem eltrica e termicamente seu funcionamento. Tais

    parmetros so calculados paralelamente e estabelecem os limites de

    alteraes do projeto da mquina. Os principais parmetros de avaliao

    da possibilidade tcnica do projeto so principalmente as indues e as

    perdas Joule no estator e rotor.

    Os pargrafos 3.1.1 a 3.1.10 desenvolvem os principais tpicos

    do fluxograma, sendo complementados com as equaes do anexo A. A

    eficcia do clculo ser testada ao final deste captulo, quando ser

    validada a partir de um software de clculo industrial de mquinas

    eltricas.

    3.1.1. Fator de Enrolamento

    O fator de enrolamento definido como o produto entre o fator de distribuio, , e o fator de passo .

    O fator de distribuio a relao entre a soma vetorial das f.e.m. de um enrolamento distribudo e a f.e.m. de um enrolamento

    concentrado equivalente, utilizando o mesmo nmero de espiras [3].

    Fisicamente este fator permite avaliar a utilizao do enrolamento.

    Para enrolamentos factveis, o fator de distribuio pode ser

    definido como:

  • 24

    Com

    : Nmero de Ranhuras do Estator

    O fator de passo definido como:

    Onde,

    : Passo do Enrolamento Definido em Nmero de Ranhuras do Estator

    Do mesmo modo como o fator de distribuio, o fator de passo

    tambm indica o aproveitamento do enrolamento. Complementando o

    que foi discutido no pargrafo 2.6, o enrolamento do estator pode ocupar

    o mximo de um passo pleno, definido conforme Equao 16. Contudo,

    isto implicaria no aparecimento de harmnicos indesejados,

    responsveis por rudos magnticos e deformaes na forma de onda.

    O passo de um enrolamento depende do nmero de ranhuras e do

    nmero de polos. O passo pleno, em nmero de ranhuras, definido

    como:

    Conforme j introduzido no item 2.6, o passo do gerador

    discutido neste trabalho 5/6 do passo pleno.

    3.1.2. Fator de Carter

    A dimenso do entreferro do gerador sncrono tem grande

    influncia no clculo dos campos. O entreferro real que deve ser

    considerado geralmente maior do que o entreferro fsico devido

    disperso na cabea do dente da ranhura do estator, causada pela sua abertura.

    O valor real do entreferro deve ser considerado no projeto da

    mquina, para que, resultados prximos aos reais sejam alcanados no

    clculo das indues. F. W. Carter forneceu uma soluo terica que

  • 25

    utilizada desde o princpio do sculo 20 at hoje. Fazendo uma hiptese

    de uma ranhura de profundidade infinita e uma abertura de ranhura igual

    sua largura, conforme Figura 11, chegou-se a:

    com,

    Passo de Ranhura

    E,

    Onde:

    : Entreferro Fsico : Largura da Abertura da Ranhura

    Ou na verso simplificada, que ser utilizada neste trabalho [4]:

    Figura 11 Representao do Efeito de Disperso

  • 26

    Utilizando-se a correo do entreferro mostrada, chegamos a

    valores confirmados na prtica, ratificando a utilizao da Equao 18

    como uma aproximao razovel do efeito da variao de permencia no

    entreferro no clculo das indues.

    Neste trabalho ser considerado apenas o clculo das indues no

    eixo direto, e uma vez que a superfcie dos rotores neste eixo possui

    apenas as ranhuras do enrolamento do circuito de amortecimento e estas

    so praticamente fechadas, ser desprezado o fator de Carter das

    ranhuras do rotor.

    Um efeito semelhante ao fator de Carter e sua influncia no

    entreferro encontrado na considerao do pacote do rotor e do estator

    em relao aos canais de ventilao que dividem seu pacote de chapa em

    subpacotes.

    Neste caso, a interferncia dos canais radiais, assim como o efeito

    da abertura das ranhuras, altera a permencia ao longo do comprimento

    da mquina, causando uma variao na induo que deve ser

    considerada no clculo das reatncias [2]:

    Onde:

    : Comprimento total do pacote do rotor (incluindo os canais de ventilao)

    : Comprimento total do pacote do estator (incluindo os canais de ventilao)

    : Nmero de canais de ventilao : Comprimento dos canais de ventilao

    Com:

    O efeito perceptvel, mostrado na Equao 20, que o

    comprimento do pacote se comporta como se fosse menor do que o

    comprimento real.

  • 27

    3.1.3. Fator de Saturao

    Com a suposio de um gerador operando em vazio, em

    frequncia e tenso nominais, a curva de saturao do gerador WEG,

    mostrada na Figura 12, mostra a relao entre o fluxo (proporcional ao

    valor da tenso) e a fora magnetomotriz da mquina (proporcional

    corrente de excitao).

    Observa-se que, para pequenos valores do fluxo, a fora

    magnetomotriz varia linearmente. Isto se deve ao fato de a mquina

    estar pouco saturada nesta situao e a fora magnetomotriz do

    entreferro possuir maior significncia.

    Figura 12 Curva Caracterstica do Gerador em Vazio

    medida que o fluxo aumenta, maiores so as perdas no ferro

    em funo de sua relutncia e maior a parte do campo consumida na

    parte ativa do gerador em relao ao entreferro. Devido a este

    comportamento, conclui-se que a saturao depende da geometria e da

    qualidade das chapas do estator e rotor.

    O fator de saturao, ou coeficiente de saturao, utilizado para

    se avaliar o grau de saturao de uma mquina eltrica, sendo expresso

    pela relao entre a fora magnetomotriz no entreferro em vazio ( ) e a fora magnetomotriz total em vazio ( ) conforme:

  • 28

    Pelas equaes, possvel calcul-lo como a soma da fora

    magnetomotriz equivalente para cada parte do circuito magntico

    (entreferro, dentes, coroas e sapata polar), pela fora magnetomotriz

    calculada no entreferro.

    Nesta dissertao, este valor ser considerado fixo, e ser

    assumido o valor do fator de saturao da mquina original. Esta

    suposio vlida devido ao escopo deste trabalho, em que pequenas

    variaes na configurao do gerador so implementadas dentro de um

    comprimento de pacote de chapas e dimetro externo fixos. Os erros

    decorrentes desta suposio sero tratados na discusso dos resultados.

    3.1.4. Resistncias, Reatncias e RCC

    A queda na tenso gerada nos enrolamentos de um gerador

    sncrono um efeito de trs fatores inerentes:

    Resistncia;

    Reatncia de disperso;

    Reatncia de magnetizao.

    A queda de tenso causada pela resistncia proporcional

    corrente, e no caso dos geradores de mdio porte, como o caso do

    gerador que est sendo discutido neste trabalho, pode ser desprezada

    sem alterar o resultado do projeto da mquina. No entanto, enquanto a

    queda de tenso causada pela resistncia pode ser ignorada, a resistncia

    no deve ser, pois suas contribuies com as perdas joule no estator, que

    definem a temperatura da mquina, so significantes e precisam ser

    levadas em considerao.

    A corrente passando pelo enrolamento da armadura estabelece

    um fluxo ao redor das ranhuras e ao redor dos condutores na cabea de

    bobina, ele chamado de fluxo de disperso por no contribuir com o

    fluxo principal da mquina. A reatncia associada a este fluxo,

    conhecida como reatncia de disperso , responsvel pela queda de tenso gerada pelos enrolamentos da mquina.

    O clculo desta reatncia bastante complexo devido parte de

    disperso na cabea de bobina. Mas considerando que seus valores no

    variaro muito dentro das consideraes deste trabalho, ser usado o

  • 29

    mesmo valor de reatncia de disperso do gerador original: 0,15 pu.

    Deve-se ressaltar que a prpria literatura sugere valores usuais para esta

    reatncia entre 10% a 20% do valor da impedncia base da mquina

    [10], como uma forma de simplificao do clculo.

    O terceiro fator a ser considerado a reatncia de magnetizao,

    tambm conhecida como reatncia de reao de armadura:

    Onde:

    : Nmero de Fases : Freqncia em [Hz] : Permeabilidade no Vcuo : Dimetro Externo do Rotor [m] : Comprimento Ideal do Pacote de Chapas do Estator [m]

    : Espiras por Fase por Caminhos Paralelos : Fator de Enrolamento : Fator de Carter : Entreferro [m] : Fator de Saturao

    Existem duas reatncias de magnetizao: a reatncia de

    magnetizao no eixo em quadratura q e a reatncia no eixo direto d, as

    quais, para geradores com rotores de polos lisos possuem praticamente o

    mesmo valor. Este trabalho se concentrar na reatncia do eixo direto,

    devido sua relao com o tema central da otimizao: a razo de curto

    circuito.

    A reatncia de magnetizao tambm conhecida como reatncia

    de reao de armadura , uma vez que a queda de tenso definida por ela se origina da tenso induzida no enrolamento do estator devido

    corrente fluindo em seus enrolamentos. Tal reao produz um efeito

    deformante, magnetizante ou desmagnetizante do campo principal [3],

    dependendo do tipo da carga. Esta questo ser tratada no pargrafo

    3.1.5.

    As reatncias e a resistncia esto ilustradas no circuito

    equivalente do gerador em regime permanente conforme Figura 13.

  • 30

    Figura 13 Circuito Equivalente do Gerador em Regime

    A reatncia do eixo direto, ou reatncia sncrona, definida como

    a soma entre reatncia de armadura e a reatncia de disperso. E para o

    inverso de seu valor na condio saturada conforme Equao 1, tem-se a

    relao de curto-circuito (RCC).

    3.1.5. Reao da Armadura

    A corrente induzida no enrolamento estatrico produz uma fora magnetomotriz, cuja fundamental, chamada fora magnetomotriz

    de reao de armadura , gira sincronizado com o campo do rotor. Seu valor, conforme Equao 24, calculado usando o mdulo da

    fundamental da f.m.m. equacionada para um enrolamento trifsico [3]:

    Esta fora magnetomotriz de reao de armadura afeta a fora

    magnetomotriz produzida pelo campo principal , podendo aument-la, diminu-la ou distorc-la dependendo da natureza da carga

    alimentada pelo gerador.

    O ngulo entre a corrente do estator e a fora eletromotriz (f.e.m.) induzida no enrolamento do estator , designado pela letra grega , mostrado abaixo para o caso de geradores nas condies limite:

    Carga alimentada puramente resistiva: ;

    Carga alimentada puramente indutiva:

    ;

  • 31

    Carga alimentada puramente capacitiva:

    .

    Enquanto cargas resistivas distorcem o campo do rotor, cargas

    puramente indutivas produzem uma reao de armadura de natureza

    desmagnetizante, ou seja, tende a diminuir a fora magnetomotriz do

    campo do rotor. Para compensar este efeito necessrio aumentar a

    corrente do campo do rotor.

    Cargas puramente capacitivas, ao contrrio, possuem efeito

    magnetizante que tendem a aumentar a intensidade da fora

    magnetomotriz, sendo necessrio compens-la com a diminuio da

    corrente de campo.

    Os casos limites so didticos, mas em uma situao real a carga

    uma composio dos tipos acima, o mais comum uma combinao

    de cargas resistivas e indutivas:

    .

    3.1.6. Fora Magnetomotriz e Corrente de Campo em Vazio

    O enrolamento do campo de um gerador de polos lisos est

    distribudo em ranhuras no rotor que ocupam, no caso do gerador desta

    dissertao, 2/3 de sua circunferncia, com o 1/3 restante constituindo a

    expanso polar do gerador: . A razo entre a rea sem ranhuras e o passo polar inteiro definido pela letra grega .

    Como o enrolamento distribudo, o formato da onda resultante

    tem a forma de degraus devido s ranhuras, com uma base no topo

    devido expanso polar. Ignorando a influncia das ranhuras, pode-se

    assumir que a f.m.m. est distribuda ao longo da periferia do rotor de

    polos lisos conforme uma funo de onda trapezoidal.

    Desenvolvendo a curva trapezoidal da f.m.m., conforme Figura

    14, em uma srie de Fourier obtida a Equao:

    Com a amplitude da harmnica de ordem -sima sendo:

  • 32

    Resolvendo a integrao, tem-se:

    Com representando a fora magnetomotriz do enrolamento de campo produzido por um polo conforme:

    Onde

    : Corrente de campo; : Nmero de espiras por polo

    Figura 14 Excitao de uma Mquina Sncrona de Polos Lisos

    Para a harmnica fundamental ( = ), obtida a expresso:

    Onde a constante definida como fator de forma do campo de excitao conforme:

  • 33

    Considerando-se o caso do gerador de polos lisos, com o

    entreferro uniforme e o circuito magntico no saturado, e, portanto, os

    fluxos proporcionais s foras magnetomotrizes que os criam, procura-

    se uma fora magnetomotriz de campo equivalente, , que gere o mesmo fluxo que a onda fundamental de reao de armadura, , [3] conforme:

    Com,

    Para se calcular a corrente de campo , equivalente corrente de armadura I, substitui-se a Equao 24 na Equao 32:

    Onde:

    A corrente de campo obtida , a corrente de campo necessria para se alcanar a corrente nominal na caracterstica de curto circuito, ou

    seja, :

    A partir da corrente , obtem-se, pela Equao 1, a corrente de campo na condio a vazio:

    3.1.7. Diagramas Vetoriais e Corrente de Campo Nominal

    Obtida a corrente de campo em vazio, calcula-se a corrente de

    campo na condio nominal analisando o comportamento do gerador

    pela representao de seus diagramas vetoriais de tenso e corrente. Para

    o caso do gerador de polos lisos, caso estudado neste trabalho, o

    diagrama de tenses traado a partir do circuito equivalente mostrado

    na Figura 13.

  • 34

    Sua representao vetorial das f.m.m. iniciada traando-se o

    vetor de tenso nos terminais do gerador em V/fase, e ento a corrente de armadura , atrasada por um ngulo , conforme Figura 14.

    Supondo-se que a mquina se encontra em um estado no

    saturado, os fluxos produzidos pelas foras magnetomotrizes individuais

    so diretamente proporcionais a estas f.m.m.; sendo admissvel

    considerar os campos e as f.m.m. separadamente. Assim o princpio de

    superposio aplicado aos campos e, portanto s foras eletromotrizes

    induzidas e s quedas de tenso [11].

    As quedas de tenso e so adicionadas vetorialmente tenso , conforme mostrado pela Figura 15, resultando na fora eletromotriz induzida representada pelo vetor (o termo tenso no entreferro frequentemente associado a esta fora eletromotriz). Esta

    f.e.m. induzida pelo fluxo resultante produzido pela fora magnetomotriz resultante , adiantado de em 90.

    Em seguida, ainda conforme Figura 14, traado o vetor da fora

    magnetomotriz do campo principal do gerador, , somando-se a fora magnetomotriz f.m.m. resultante, , com a fora magnetomotriz de reao de armadura . O vetor est adiantado em 90 em relao fora eletromotriz induzida do campo .

    A fora magnetomotriz de reao de armadura definida como resultante de uma fora eletromotriz induzida que diminui a f.e.m. do campo vetorialmente. A f.e.m. pode ser expressa como sendo o produto da corrente de armadura e a reatncia de magnetizao,

    que tambm referida como reatncia de reao de armadura.

    O diagrama vetorial de tenso completo do gerador sncrono de

    polos lisos ento mostrado conforme Figura 15:

  • 35

    Figura 15 Diagrama Vetorial de Tenso

    O vetor 0E, pelo diagrama da Figura 16, representa a grandeza da

    fora eletromotriz induzida devido corrente de campo ou fora

    magnetomotriz do campo. Representando o diagrama em uma equao

    tem-se:

    A queda de tenso provocada pela resistncia de armadura pode,

    conforme discutido no pargrafo 3.1.4, ser desprezada, tornando

    possvel reescrever a Equao 37 como a Equao 38 e redesenhar o

    diagrama de tenso conforme Figura 16, para na sequencia, chegar-se ao

    diagrama de corrente.

  • 36

    Figura 16 Diagrama Vetorial de Tenso simplificado

    3.1.8. Diagrama Vetorial de Corrente e Corrente de Campo Nominal

    Com o diagrama vetorial de tenso simplificado, mostrado na

    Figura 15, possvel chegar ao diagrama vetorial de corrente. A

    vantagem do diagrama vetorial de corrente chegar corrente de campo

    nominal.

    Dividindo-se o diagrama vetorial de tenso simplificado por , e o redesenhando como o diagrama de corrente mostrado na Figura 17,

    obtida a corrente de armadura de curto-circuito sustentada em vazio:

    E a corrente de armadura em p.u. no ponto nominal de

    operao:

  • 37

    Para uma mquina no saturada, pode-se considerar a

    proporcionalidade:

    Assim, possvel obter a corrente de excitao utilizando o

    grfico mostrado na Figura 17 em valores em p.u..

    Figura 17 Diagrama Vetorial de Corrente

    O ngulo uma condio solicitada de projeto e em p.u. , ou seja, a relao de curto-circuito determinada pela topologia da mquina conforme captulos anteriores.

    A corrente de campo pode ser avaliada graficamente atravs da

    Figura 17. Dimensionalmente, o vetor proporcional corrente de campo nominal para o caso da mquina no saturada [11]. Para a

    condio saturada, adicionado o fator de saturao , e a corrente de campo nominal pode ser descrita como:

    O diagrama de corrente completo, com os eixos devidamente

    identificados, mostrado na Figura 18, com as correntes ativas e

  • 38

    reativas em p.u.. As correntes para demais condies de carga, alm da

    condio nominal, podem ser encontradas atravs do ngulo de carga , sendo, desta forma, possvel determinar se a mquina encontra-se sub ou

    sobre-excitada. Trata-se apenas de uma melhoria do grfico da Figura

    17, sem acrescentar mais informaes, somente com o objetivo de

    esclarecer o comportamento do gerador.

    Figura 18 Diagrama Vetorial de Corrente com os Eixos Identificados

    3.1.9. Indues

    As indues em um gerador sncrono so fatores que limitam seu

    projeto e, conforme exposto no Captulo 2 desta dissertao, definem

    sua capacidade magntica. Valores mximos de indues no ferro so

    amplamente encontrados na literatura, e comparados com os valores

    calculados analiticamente, so suficientes para a definio magntica da

    mquina calculada em regime. No caso da anlise em regime transitrio,

    as equaes clssicas fornecem informaes deficientes e, em geral, o

    clculo por elementos finitos necessrio. Nas situaes quando a

    rapidez relevante, outros modelos, como o de relutncia [12], podem

    ser empregados como uma soluo rpida e de efeito intermedirio.

    As indues no gerador sncrono tratado neste trabalho so

    calculadas a partir do campo existente no entreferro para pontos

  • 39

    localizados ao longo do caminho magntico da mquina passando pelo

    rotor e estator. So eles: dentes da ranhura do estator (base, meio e

    topo), coroa do estator, entreferro, polo e coroa do rotor.

    Em primeiro lugar calculado o campo no entreferro utilizando-

    se a corrente de campo em vazio. O campo no entreferro depende do

    numero de bobinas no rotor, do entreferro e da corrente de campo. Pode-

    se express-lo atravs da Equao 43, onde se observa a utilizao do

    fator de Carter com o entreferro, para efetuar sua correo devido ao

    efeito de abertura das ranhuras.

    Onde:

    : Corrente de campo em vazio : Nmero de bobinas em um polo do rotor Z2 : Nmero de espiras do rotor

    Com o campo, calcula-se a induo no entreferro e ento as

    indues nos dentes e nas coroas (estator e rotor) atravs das relaes

    geomtricas das partes em relao ao entreferro. A Figura 19 ilustra as

    dimenses principais das ranhuras e dos dentes do estator, que so

    utilizadas nos clculos de indues.

  • 40

    Figura 19 Relao de Dimenses da Ranhura do Estator

    Considerando,

    : Passo de ranhura do estator; : Passo do polo : Passo da ranhura de amortecimento : Espessura na base do dente ranhura do estator : Espessura no meio do dente da ranhura do estator : Espessura no topo do dente da ranhura do estator : Espessura em 2/3 da altura do dente da ranhura : Dimetro da ranhura de amortecimento do rotor : Fator de empilhamento de pacote : Comprimento ideal - pacote de chapas, considerando a

    disperso resultante do efeito dos canais de ventilao.

    : Comprimento do pacote de chapas de ao silcio e,

    : Fator de reduo devido disperso dos canais de ventilao

  • 41

    A partir da Figura 19, obtem-se as principais indues para o

    gerador:

    Induo mxima no entreferro:

    Induo mdia no entreferro:

    Induo na base do dente do estator:

    Induo no meio do dente do estator:

    Induo no topo do dente do estator:

    Induo em 2/3 do dente do estator:

    Induo na coroa do estator eixo direto:

    Induo no dente da ranhura de amortecimento no eixo direto:

  • 42

    Induo na coroa do rotor:

    3.1.10. Equacionamento das Perdas Eltricas e Magnticas

    Existem trs tipos de perdas a ser consideradas no clculo do

    gerador tratado neste trabalho: perdas mecnicas, perdas no cobre e

    perdas no ferro.

    As perdas mecnicas devem-se s perdas por atrito nos mancais e

    perdas devido ventilao. Na proposta deste trabalho no so

    consideradas alteraes ou otimizaes relacionadas a estes dois

    parmetros, sendo considerados invariveis. As perdas no cobre e no

    ferro sero consideradas, pois impactam diretamente na otimizao

    relacionada relao de curto-circuito, proposta nesta dissertao.

    As perdas nos enrolamentos do estator e do rotor devido

    passagem de corrente so denominadas perdas Joule. Elas permitem

    avaliar e prever a temperatura dos enrolamentos para determinada

    condio de ventilao.

    So calculadas atravs das Equaes 54 e 55, respectivamente

    para o estator e rotor.

    Sendo,

    : Resistncia na temperatura de operao nominal do enrolamento de uma das fases da armadura. : Corrente de fase do enrolamento do estator .

    Com,

    : Resistncia do enrolamento do rotor : Corrente de campo nominal

  • 43

    As perdas no ferro dividem-se principalmente em perdas por

    histerese e perdas por corrente de Foucault e localizando-se

    significativamente no estator devido ao de campos variveis. Pode-

    se aprofundar sobre a natureza destas perdas e sua teoria na bibliografia

    indicada nesta dissertao. Neste trabalho, sero utilizadas as frmulas

    prticas conforme [3].

    As perdas totais no ferro so divididas em perdas na coroa e

    perdas no dente do estator devido ao volume e indues diferenciados

    nas duas partes.

    As perdas no ferro da coroa do estator so dadas por:

    Com,

    : Fator de correo prtico da induo na coroa : Expoente com valor 1,2 : Freqncia de operao : Peso da coroa do estator

    As perdas do no ferro dente podem ser determinadas a partir de:

    Com,

    : Fator de correo prtico da induo no dente : Peso do dente do estator

    Assim, as perdas no ferro totais so:

    3.2. Validao da Metodologia Proposta

  • 44

    Para validar a metodologia proposta, o mesmo gerador foi

    projetado utilizando o software comercial VPSYN [13].

    VPSYN um software comercial desenvolvido pela

    Universidade de Leibniz para o clculo de mquinas sncronas de polos

    lisos em regime, sendo utilizado por diversas empresas fabricantes de

    mquinas eltricas ao redor do mundo. No Brasil, este programa

    empregado h mais de dez anos pela WEG Mquinas, que vem

    validando os resultados de projeto de geradores sncronos atravs de

    ensaios ao longo deste tempo.

    As equaes apresentadas neste captulo e no anexo A foram

    implementadas em uma planilha Excel, onde foram considerados os

    mesmos dados de um projeto de um gerador WEG padro, para que,

    desta forma, seja possvel comparar os resultados do clculo

    desenvolvido neste trabalho com a sada do programa VPSYN. Estes

    valores so listados na Tabela 2 e os dados construtivos nas Tabelas 3 e

    4.

    A Tabela 2 mostra os dados de entrada do gerador WEG

    padro, uma mquina sncrona tpica acionada por turbina de vapor, para

    aplicao em cogerao na indstria de cana de acar, com altura da

    ponta de eixo de 900 mm e ventilao utilizando trocadores de calor ar-

    gua. Tabela 2 Dados do Gerador Sncrono

    Descrio Ab. Valor Unidade

    Potncia Aparente P 17,5 MVA

    Carcaa Altura da Ponta de Eixo 900 mm

    Nmero de Polos 2P 4

    Tenso de Linha U 13,8 kV

    Fator de Potncia FP 0,8

    Frequncia f 60 Hz

    Rotao n 1800 rpm

    Velocidade Angular 377 rad/s

    Nmero de Fases m 3

    Corrente por Fase I 732,1 A

    Elevao de Temperatura DT 80 C

    As Tabelas 3 e 4 mostram os dados construtivos da mquina.

    Estes so os valores utilizados como entrada para as equaes do clculo

    analtico do gerador, desenvolvidas neste Captulo 3 e no Anexo A.

  • 45

    Tabela 3 Dados dos Enrolamentos do Gerador

    Enrolamento do Estator

    Descrio Ab. Valor Unidade

    Nmero de Caminhos do Paralelos Ncp1 2

    Passo do Enrolamento ds1 16

    Nmero de Espiras por Ranhura Z1 6

    Condutores Paralelos na Largura Ncph1 2

    Condutores Paralelos na Altura Ncpl1 2

    Altura de um Condutor hn1 3,35 mm

    Largura de um Condutor bn11 7,1 mm

    Separao de Bobinas hseb1 8 mm

    Altura do Isolante de Preenchimento hip1 1,2 mm

    Altura do Isolante do Fundo de

    Ranhura

    hib1 1 mm

    Espessura da Isolao do Condutor eic1 0,44 mm

    Espessura da Isolao da Bobina eib1 3,17 mm

    Distncia das Bobinas eeb1 8 mm

    Comprimento da Parte Reta Lm1 55 mm

    Enrolamento do Rotor

    Nmero de Caminhos Paralelos Ncp2 1

    Nmero de Espiras por Ranhuras Z2 30

    Condutores Paralelos na Altura Ncph2 1

    Condutores Paralelos na Largura Ncpl2 2

    Altura de um Condutor hn2 2,8 mm

    Largura de um Condutor bn2 10 mm

    Isolante de Fechamento da Ranhura hseb2 13 mm

    Altura da Isolao na Base da

    Ranhura

    hib2 1 mm

    Espessura da Isolao do Condutor eic2 0,385 mm

    Espessura da Isolao da Ranhura eir2 0,72 mm

    Distncia entre Bobinas eeb2 12 mm

    Comprimento da Parte Reta da

    Bobina Lm2 75 mm

  • 46

    Tabela 4 Dados das Chapas do Gerador Sncrono

    Descrio Ab. Valor Unidade

    Dimetro Externo do Estator De1 1610 mm

    Dimetro Interno do Estator Di1 1000 mm

    Entreferro 21 mm

    Dimetro Externo do Rotor De2 958 mm

    Nmero de Ranhuras do Estator N1 72

    N de Ranhuras do Circuito de Campo

    N2 40

    N de Ran. do Circ. de Amortecimento

    N3 60

    Pacote de Chapas do Estator com

    Canais Ltp1 1130 mm

    Pacote de Chapas do Rotor com

    Canais Ltp2 1130 mm

    Largura dos Canais de Ventilao Lcv 10 mm

    N de Canais de Ventilao do Estator

    Ncv1 18

    N de Canais de Ventilao do Rotor

    Ncv2 18

    Os resultados da comparao entre o clculo industrial VPSYN

    [13] e o clculo desenvolvido neste trabalho, com os dados de entrada

    conforme Tabelas 2, 3 e 4 alm das condies e equacionamentos

    discutidos nos pargrafo dos Captulos 2, 3 e no Anexo A, so

    mostrados na Tabela 5.

  • 47

    Tabela 5 Comparao entre a Sada de Dados do Clculo Analtico Desenvolvido e a Sada do Clculo Industrial VPSYN [13]

    As diferenas significativas entre os dois clculos: o

    desenvolvido neste trabalho e o clculo industrial de Mquinas

    Sncronas VPSYN [13], esto em sua maioria nos parmetros do rotor. Abaixo o resumo das principais diferenas encontradas conforme Tabela

    5:

    Correntes de campo: -4%,;

    Perdas Joule no circuito de campo do rotor:-7.8%;

    Resistncia a quente do circuito de campo do rotor: 4.5%;

    DESCRIO DO

    PARMETROUNIDADE

    SIMULAO -

    CLCULO

    DESENVOLVIDO

    GERADOR

    ORIGINAL -

    VPSYN

    DIFERENA

    [%]

    DIA ESTATOR [mm] 1000 1000

    DIA ROTOR [mm] 958 958

    ENTREFERRO [mm] 21 21

    FIO ALTURA [mm] 3,35 3,35

    FIO LARGURA [mm] 7,1 7,1

    FIOS PARALELOS

    NA ALTURA2 2

    NMERO DE

    ESPIRAS6 6

    NMERO DE

    RANHURAS72 72

    INDUO NO

    DENTE[T] 2,01 2,07 -2,9%

    INDUO NA

    COROA[T] 1,36 1,42 -4,2%

    RCC 0,47 0,48 -2,1%

    REATNCIA DE

    DISPERSO*[pu] 0,15 0,15 0,0%

    REATNCIA DE

    MAGNETIZAO[pu] 1,98 1,93 2,6%

    PERDAS JOULE NO

    ESTATOR[kW] 73675 71860 2,5%

    PERDAS JOULE NO

    ROTOR [kW][kW] 85356 92570 -7,8%

    RESISTNCIA

    QUENTE DO [Ohm] 0,046 0,044 4,5%

    RESISTNCIA

    QUENTE DO ROTOR[Ohm] 0,933 0,932 0,1%

    CORRENTE DE

    CAMPO EM VAZIO[A] 97 107,8 -10,0%

    CORRENTE DE

    CAMPO[A] 302 315 -4,1%

    COMPARAO:

    DADOS CLCULO x VPSYN

    TO

    PO

    LO

    GIA

    DO

    GE

    RA

    DO

    R

    * Valor assumido conforme seo 3.1.4.

    CO

    MP

    AR

    A

    O

    DA

    DO

    S D

    E S

    AD

    A

  • 48

    Induo na coroa do estator,- 4.2%.

    As diferenas devem-se principalmente a algumas das

    consideraes assumidas:

    O valor da reatncia de disperso foi adotado fixo conforme gerador original: 0,16 p.u.. A bibliografia [1], utilizada nesta

    dissertao, sugere esta simplificao, e pelos resultados

    apresentados, com variaes menores do que 10%, mostrou-se

    uma aproximao satisfatria.

    Fator de saturao considerado fixo e igual ao do gerador original: 0,095. Igualmente como no caso anterior, os

    resultados que dependiam deste parmetro, como a corrente

    de campo e reatncia do eixo direto saturada, mostraram-se

    prximos dos valores reais.

    Consideradas as observaes acima, pode-se afirmar que o

    clculo desenvolvido ao longo dos pargrafos anteriores vlido e pode

    ser utilizado na segunda parte deste trabalho, que trata da otimizao do

    gerador.

  • 49

    4. OTIMIZAO DO PROJETO DO GERADOR SNCRONO, APLICAO E RESULTADOS

    Eventualmente surge a necessidade do mercado por um gerador

    que atenda a especificaes tcnicas particulares, seja para atender a

    uma nova aplicao ou para acatar uma nova regulamentao. O

    emprego de metodologias e ferramentas de otimizao servem, neste

    caso, s duas partes: ao cliente, que compra por uma mnima alterao

    no preo, e ao fornecedor, cuja funo minimizar o impacto no

    processo existente, mas fornecendo o produto dentro da expectativa do

    mercado. Colocada a necessidade do mercado, cabe parte tcnica

    projetar o novo produto.

    importante a distino de dois passos fundamentais ao se

    projetar um dispositivo eletromagntico otimizado [14]: a formulao

    do problema e sua resoluo.

    A formulao do problema concentra a parte crtica do projeto

    porque neste ponto o projetista deve fazer a seleo das funes que

    sero otimizadas, do conjunto das restries e dos limites que, mal

    escolhidos, podem comprometer a obteno de ao menos uma soluo

    do problema e caso consiga encontr-la, de aumentar o tempo de

    processamento, o que se traduz em custos extras de projeto.

    A resoluo do problema j definida pode ento ser

    implementada utilizando-se ferramentas de otimizao determinsticas

    ou estocsticas. As ltimas so as mais utilizadas na soluo de

    problemas envolvendo dispositivos eletromagnticos, conforme ser

    explicado no item 4.1.2.

    4.1. Projeto e Otimizao de Mquinas Eltricas

    4.1.1. Formulao do Problema

    A primeira etapa ao se formular o projeto otimizado de uma

    mquina eltrica definir o problema e ento escolher a forma como

    sero calculadas as funes objetivo, os limites e as restries. Pode-se

    escolher o equacionamento clssico ou mtodos numricos tal como o

    mtodo de elementos finitos. Como uma terceira alternativa, podem ser

    utilizados modelos intermedirios como o modelo de relutncias,

  • 50

    comum para mquinas eltricas em que se pretendem tempos

    computacionais menores [12].

    O equacionamento clssico pode ser usado com poucas restries

    par