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Projeto: Dia do Vestibulando Imagem disponível em: http://vestibulandoem-crise.blogspot.com.br/ Acesso em abr. 2014. Introdução Este projeto tem como objetivo promover uma reflexão sobre o vestibular para os jovens, para quem essa é uma realidade próxima. Por isso, ele é especialmente voltado para alunos do Ensino Médio. O vestibular é aqui considerado qualquer exame de seleção para ingresso em uma universidade vestibulares convencionais, ENEM ou outros. Preparar emocionalmente os alunos para essa fase da vida escolar é fundamental, sendo o Dia do Vestibulando um bom momento para colocar o assunto em pauta. O projeto que aqui se apresenta tem como ponto de partida crônicas do escritor Fabricio Carpinejar, além de outros recursos, como músicas e imagens. A escolha por este autor ocorreu devido a seu olhar atento para questões que envolvem a contemporaneidade, sua refinada capacidade de associação de temas aparentemente banais, sua linguagem, ao mesmo tempo altamente poética e simples, atraente para o público em jogo. Considera-se importante, aqui, seguir diversas propostas de trabalho, ampliando, pouco a pouco, a reflexão sobre o vestibular. Para isso, o projeto foi dividido em três partes principais. São elas: 1 Provocações iniciais, 2 Interpretação e sistematização (atividades), 3 Atividade avaliativa. Essas propostas de trabalho, porém, podem ser adaptadas, selecionadas, expandidas, de acordo com os interesses e necessidades do professor e de sua turma.

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Projeto: Dia do Vestibulando

Imagem disponível em: http://vestibulandoem-crise.blogspot.com.br/ Acesso em abr. 2014.

Introdução

Este projeto tem como objetivo promover uma reflexão sobre o vestibular para os jovens, para

quem essa é uma realidade próxima. Por isso, ele é especialmente voltado para alunos do Ensino

Médio. O vestibular é aqui considerado qualquer exame de seleção para ingresso em uma

universidade – vestibulares convencionais, ENEM ou outros.

Preparar emocionalmente os alunos para essa fase da vida escolar é fundamental, sendo o Dia

do Vestibulando um bom momento para colocar o assunto em pauta.

O projeto que aqui se apresenta tem como ponto de partida crônicas do escritor Fabricio

Carpinejar, além de outros recursos, como músicas e imagens. A escolha por este autor ocorreu

devido a seu olhar atento para questões que envolvem a contemporaneidade, sua refinada

capacidade de associação de temas aparentemente banais, sua linguagem, ao mesmo tempo

altamente poética e simples, atraente para o público em jogo.

Considera-se importante, aqui, seguir diversas propostas de trabalho, ampliando, pouco a pouco,

a reflexão sobre o vestibular. Para isso, o projeto foi dividido em três partes principais. São elas: 1

– Provocações iniciais, 2 – Interpretação e sistematização (atividades), 3 – Atividade avaliativa.

Essas propostas de trabalho, porém, podem ser adaptadas, selecionadas, expandidas, de acordo

com os interesses e necessidades do professor e de sua turma.

1- Provocações iniciais

Antes de aprofundar no tema ―Vestibular‖ de maneira mais direta, sugere-se trabalhar em sala de

aula esta primeira crônica de Fabricio Carpinejar, ambientada em Mormaço, onde os espaços

públicos de lazer seriam mais disputados pelas crianças que o vestibular e outros concursos

públicos por jovens e adultos brasileiros.

TEXTO 1

O VESTIBULAR DA INFÂNCIA

Fotos de Ricardo Chaves

Uma praça é coisa simples. Básica. A maioria dos prédios residenciais tem cantos de recreação. Não há nada de

sofisticação e de luxo. É paisagem previsível como corredor de ônibus, como postes de luz, como pintassilgo no

muro. Por mais humildes que sejam, escolas possuem um coração verde de grama e uma caixa de areia para

risadas e acrobacias dos estudantes. Praça é espaço corriqueiro e óbvio, menos para municípios como Mormaço, a

250 quilômetros de Porto Alegre, terra abafada no alto da Serra do Botucaraí, reduto de pessoas gentis e atentas,

que não dispensa a farta comida na mesa, um bom e autêntico feijão feito na banha de porco.

Apesar de organizada e impecável, das lixeiras verdes e amarelas de coleta seletiva na frente das casas, a cidade

conta apenas com dois pontos para brincar: uma pracinha de cimento (Dona Luiza) e um parquinho ao lado do

Centro Esportivo. Muito pouco para 596 meninos e meninas.

Existem sete balanços (descartei o que seria o oitavo, absolutamente torto), duas gangorras e um escorregador para

atender todo o público infantil, que representa 23,11% da população total. A concorrência é acirrada. Uma média de

62,45 crianças disputando um balanço. É maior do que o índice de 45,32 candidatos por vaga do último vestibular de

Medicina da UFRGS. A marca humilha igualmente a seleção da USP, a maior universidade do país, que teve 49,25

concorrentes por vaga. Termina sendo mais fácil passar no curso mais cobiçado do país do que arrumar um balanço

em Mormaço.

A infância no lugar é um simulado, um teste de filas e tentativas, de desistências e desculpas, de frases paternais

esperançosas: ―amanhã talvez‖, ―hoje está lotado‖, ―quem sabe outro dia‖. Os filhos arcam com dificuldades para ser

pássaro e treinar pequenos voos. Sentar no balanço é um prêmio da paciência, longas esperas por valiosos minutos

de leveza e sonhado vaivém.

O banal – tudo estaria resolvido na combinação de tábuas coloridas, arcos e correntes – torna-se milagroso. O

aprovado na corrida por um embalo não pinta o rosto muito menos estende faixa na janela, mas expressa sua alegria

pela ansiedade dos gestos. Nem senta direito, logo vai para trás, toma impulso e joga o corpo ao alto para acolher o

zumbido do vento nas franjas.

O cenário poderia ser mais tranquilo. Mas a escassez atingiu a rede de ensino. Os dois balanços da Escola Estadual

Joaquim Gonçalves Ledo, a principal de Mormaço, foram retirados. Restam somente as traves amarelas e

enferrujadas para lembrar as glórias do recreio. De acordo com a diretora Rosilene Nicolotti Perticelli, não há

expectativa de reposição. Na escola infantil Sonho de Criança, os balanços estão em conserto para tristeza dos 60

alunos dos turnos da manhã e tarde.

– Há os brinquedos de chuva, em casa, e os brinquedos do sol, na rua – diferencia Duane Follner, 10 anos.

Para os pequenos, a situação piora. Falta balanço com proteção no município. Bebês não terão a lembrança das

mãos dos pais empurrando suas costas. A gangorra dobra a carência. São 125,5 crianças por um assento. Daí

ultrapassa seleções históricas de concurso público, como a do Instituto Rio Branco. É mais vantajoso ser diplomata e

superar 82 concorrentes por uma poltrona no Itamaraty.

— Pego a bicicleta e atravesso a cidade para ir à gangorra. Chegando lá, fico com pena de quem é menor

e deixo passar na frente – comenta Duane.

O escorregador é o algodão doce, o chantilly, o brigadeiro da diversão. Um único aparelho para 502 moradores

mirins em idade de usá-lo. Lucas da Silva Klein, nove anos, foi conhecer o escorregador fora do território natal, num

passeio pelo Parque das Tuias, em Fontoura Xavier.

— Até me esqueço que isso existe para não ficar esperando – diz.

Mormaço já sabe o que deseja de presente de aniversário daqui a um mês, em 20 de março.

Publicado no jornal Zero Hora Série semanal BELEZA INTERIOR Porto Alegre, Edição N° 16616. Disponível em:

http://carpinejar.blogspot.com.br/2011/02/o-vestibular-da-infancia.html - Acesso em abr. 2014.

Após a leitura do texto, seguem algumas perguntas, que deverão orientar a primeira discussão

com a turma sobre o vestibular. As questões abaixo podem ser discutidas nesse primeiro

momento, apenas oralmente. Contudo, se o professor preferir, pode recomendar aos alunos que,

primeiro, redijam as respostas por escrito, e, sem seguida, dê início ao debate oral.

QUESTÃO 01

Percebe-se que, no texto acima, o vestibular é comparado a situações de pouca oferta e muita

demanda.

INDIQUE dois trechos do texto que explicitem essa comparação.

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QUESTÃO 02

É possível dizer que o enunciador (na figura de Carpinejar), ao propor uma comparação entre a

competitividade do vestibular e oferta de espaços públicos de lazer para a criança em Mormaço,

além de fazer uso de uma estratégia retórica, promove uma crítica, tanto ao ―vestibular da

infância‖ quanto ao vestibular como concurso de ingresso nas universidades brasileiras? Por

quê?

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QUESTÃO 03

INDIQUE outras situações na vida dos brasileiros (cotidiana ou não) que podem ser, segundo seu

ponto de vista, análogas à competitividade do vestibular e ao ―vestibular da infância‖ em

Mormaço.

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QUESTÃO 04

RELEIA o fragmento: ―A infância no lugar é um simulado, um teste de filas e tentativas, de

desistências e desculpas, de frases paternais esperançosas: ‗amanhã talvez‘, ‗hoje está lotado‘,

‗quem sabe outro dia‘. Os filhos arcam com dificuldades para ser pássaro e treinar pequenos

voos. Sentar no balanço é um prêmio da paciência, longas esperas por valiosos minutos de

leveza e sonhado vaivém.‖

Este trecho pode ser aplicado à situação do vestibular vivenciada por muitos estudantes

brasileiros? Por quê?

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QUESTÃO 05

Em especial, quais são os estudantes mais atingidos pela competitividade dos vestibulares nas

universidades públicas brasileiras? Considere as classes sociais e os cursos escolhidos para

compor sua resposta.

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QUESTÃO 06

É possível estender a crítica do texto, explicitamente voltada para os concursos públicos

brasileiros e espaços comuns de lazer em Mormaço, para a realidade da educação e da

desigualdade social que o país enfrenta? Por quê?

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QUESTÃO 07

Apesar de ser um texto que denuncia aspectos problemáticos da realidade, ele apresenta

momentos de alta densidade poética. TRANSCREVA trechos em que isso acontece.

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QUESTÃO 08

REFLITA sobre todas as questões acima discutidas e responda: Por que o texto de Carpinejar

pode ser considerado uma crônica?

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QUESTÃO 09

INDIQUE quais são as características de uma crônica.

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QUESTÃO 10

CITE outros importantes cronistas brasileiros.

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QUESTÃO 11

PESQUISE, em jornais ou revistas, crônicas, traga-os para a aula e SOCIALIZE com os colegas.

2 - Interpretação e sistematização

A leitura do TEXTO 2, bem como as atividades referentes a ele, podem ser indicadas aos alunos

como dever de casa.

Ressalte, porém, com os alunos a importância de uma leitura atenta dos textos e de responder as

questões com rigor, pois esta atividade será o ponto de partida para a atividade posterior.

TEXTO 2

O Vestibular

Superar uma dor de amor é o equivalente a estudar para o vestibular.

Tranca-se no quarto, são recusados convites para sair e se divertir, a

história pessoal é revisada, sublinhada e decorada à exaustão. Não

mais o esporte, não mais as festas, não mais os bares. Os únicos

amigos preservados são os travesseiros. Fala-se pouco, come-se

devagar, experimenta-se um emagrecimento involuntário que dá mais

certo do que uma dieta consciente. Aquela sonhada perda de sete

quilos realmente acontece, na hora e no jeito errados. Não festejamos,

não percebemos, não alardeamos a forma física, a tristeza encabula o

corpo. Somos um par de olheiras e uma boca confusa. As reticências

do período tanto podem ser suspiros como gemidos.

A única missão que resta é estudar, não para seguir uma profissão.

Estudar para seguir a própria vida. Estudar para se manter de pé ou

definitivamente cair. Na dor do amor, o desejo é chegar ao fundo de si,

mas o fundo de si está na pessoa que deixou de nos amar. E nunca se

chega ao fim. O fim não está mais com a gente. Foi junto com quem

traiu a fidelidade que acreditávamos.

A dor do amor oferece igual preparação de uma prova difícil. Uma prova

que não importa a doação, o resultado é conhecido. O que se queria já

se perdeu. Um vestibular que significará esforço e não celebração. Um

vestibular onde se é desclassificado antes da inscrição.

Foto do escritor Fabrício Carpinejar. Disponível em

http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/2008_10_01_archi

ve.html - Acesso em abr. 2014.

Não cumprimos a rotina, mal e forçosamente ficamos de pé. Os pijamas e abrigos pedem na Justiça a guarda da pele. É um luto

sem enterro. Um luto sem cadáver. Um luto sem missa de sétimo dia. Um luto sem familiares se aproximando e tentando consolar.

Um luto sem pêsames e garantia social. Um luto obrigado a trabalhar no dia seguinte. Um luto que não se explica. Um luto que

não merece nem um anúncio de jornal para avisar que acabou. Um luto em que o sofredor poderá se encontrar com seu

sofrimento em carne e osso na próxima esquina.

Acorda-se com a sensação de pesadelo, dorme-se com a sensação de pesadelo. Fase de transição, em que se confia

sinceramente que nada será melhor do que antes. Quem tinha humor fica cínico. Chora-se no princípio com força, depois o choro

é um hábito, perde a concentração e vira um resmungo intermitente. Não se faz outra coisa senão a de remoer o tempo, de repisar

fotografias, vídeos, cartas. Reler e revisar o que foi esquecido no Ensino Fundamental e Médio. São meses de exílio, de sacrifício,

a mostrar que se é capaz de sofrer a sério por alguém e abdicar do que se mais gostava.

A fossa do amor não é uma encenação. Ao passar por ela, termina a confiança irrestrita, a esperança ingênua. As pessoas que

sofreram esse descompasso são reconhecíveis de longe. Não se alegrarão de todo. Uma saudade vai retirar a velocidade dos

ouvidos. Não se abrirão de novo como uma vitória-régia. Têm uma sutileza que as diferenciam dos demais, o tolhimento do

abandono. E poderão no futuro amar melhor porque não mais estarão sozinhas. Estarão sempre conversando e consultando sua

dor.

CARPINEJAR, Fabricio. Disponível em http://www.libertas.com.br/site/index.php?central=conteudo&id=1811 - Acesso em abr. 2014.

QUESTÃO 01

Mais uma vez, Carpinejar compara o vestibular a uma situação decisiva na vida de um sujeito.

Que situação decisiva é essa? E como ela pode ser caracterizada?

CITE trechos do texto que comprovem sua resposta.

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QUESTÃO 02

Carpinejar, nesse texto, associa o vestibular a um ponto decisivo na vida de um sujeito, porque

pode ser considerado um rito de passagem, um momento a partir do qual (e a partir do modo

como é encarado) a vida poderia ser dividida em um antes e um depois.

INDIQUE e EXPLIQUE trechos, no texto, que comprovam isso.

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QUESTÃO 03

Utilizando suas palavras, EXPLIQUE como será esse ―depois‖ do luto para Carpinejar.

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QUESTÃO 04

Não só Carpinejar, como muitas pessoas, consideram o momento do vestibular como um rito de

passagem para uma vida adulta. Na sua opinião, por que o vestibular ganha tanta importância na

vida de um sujeito?

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QUESTÃO 05

Para o autor, assim como o vestibular, o luto (experiência dolorosa diante da perda de um ente

amado) também exige um trabalho, um esforço que transformará toda a vida do sujeito enlutado.

O pensador francês Roland Barthes também localiza, em um luto doloroso (vivenciado, no seu

caso, por conta da morte de sua mãe), o ―meio da vida‖ de alguém, ou seja, o ponto em que a

vida se divide em duas partes: o antes e o depois, reconfigurando toda a relação do sujeito com o

mundo.

LEIA um trecho do texto de Barthes:

―Enfim, um acontecimento vindo do Destino pode sobrevir para marcar, cortar, incisar, articular, mesmo que dolorosamente,

dramaticamente, esse atolamento progressivo, determinar a revirada da paisagem por demais familiar, que chamei de ‗meio do

caminho da vida‘: é, infelizmente, o ativo da dor. Por exemplo: Rancé, cavalheiro dândi, provocador, mundano, volta de viagem e

encontra sua amada decapitada por um acidente: ele se retira e funda a Trapa (1906) (...). Um luto cruel e como que único pode

constituir esse ‗cume do particular‘; marcar a dobra decisiva: o luto será o melhor de minha vida, o que a divide irremediavelmente

em duas partes, antes/depois. (...)

E, por outro lado, preciso sair deste atoleiro tenebroso a que me levam o desgaste dos trabalhos repetidos e do luto -> este

atoleiro, este afundamento imóvel em areias movediças ( = que não se movem!), esta morte lenta no mesmo lugar, esta fatalidade

que faria com que não se pudesse ‗entrar vivo na morte‘ e que pode ser assim diagnosticado: generalização e abatimento dos

‗desinvestimentos‘, impotência de reinvestir. (...)

Portanto, mudar, isto é, dar um conteúdo à ‗sacudida‘ do meio da vida – isto é, em certo sentido, um programa de vida (de vita

nova)‖.

BARTHES, Roland. A preparação do romance, vol.1. São Paulo, Martins Fontes, 2005. p. 7-9.

EXPLIQUE como as partes em negrito do seguinte trecho de Roland Barthes podem se aproximar

do texto de Carpinejar ―O vestibular da fossa‖. UTILIZE exemplos do texto de Carpinejar que

comprovem sua resposta.

―E, por outro lado, preciso sair deste atoleiro tenebroso a que me levam o desgaste dos

trabalhos repetidos e do luto -> este atoleiro, este afundamento imóvel em areias movediças (=

que não se movem!), esta morte lenta no mesmo lugar, esta fatalidade que faria com que não se

pudesse ‗entrar vivo na morte‘ e que pode ser assim diagnosticado: generalização e abatimento

dos ‗desinvestimentos‘, impotência de reinvestir. (...)‖

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QUESTÃO 06

O texto de Roland Barthes, porém, valoriza a experiência dolorosa de um luto, porque dela pode

advir uma Vida Nova, em que o sujeito retoma as rédeas da vida. Pode sacudi-la, recriar seu

modo de estar no mundo, fazer escolhas decisivas, reprogramando, refundando, enfim, a própria

vida, de acordo com o desejo de cada um.

EXPLIQUE como isso pode ser aplicado ao vestibular.

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QUESTÃO 07

Sabemos que o luto, para ser atravessado, necessariamente deve ser uma experiência dolorosa,

em que se aprende a fazer alguma coisa não só com a ausência do outro (que perdemos), mas

com a ausência, a falta, que funda e constitui todo ser humano.

No caso do vestibular, você considera que, como passagem para a vida adulta (quando todas as

escolhas são decisivas e solitárias, por exemplo, em relação à profissão escolhida), também

deve, necessariamente, ser uma experiência dolorosa? Por quê?

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QUESTÃO 08

Você concorda que ―Um luto cruel e como que único [ou a experiência de enfrentar o vestibular]

pode (...) marcar a dobra decisiva: o luto [ou o vestibular] será o melhor de minha vida, o que a

divide irremediavelmente em duas partes, antes/depois‖? Por quê?

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Caricatura do escritor Fabricio Carpinejar. Imagem disponível em

http://carpinejar.blogspot.com.br/2012/10/altar-vazio-jornais-de-ontem.html, com acesso em abr. 2014.

Há várias canções que também tocam o tema do vestibular. Em uma canção famosa, na década

de 80, por exemplo, o vestibular é tratado como uma etapa de vida, (super) valorizada apenas

dentro do regime de vida pequeno-burguês. A letra comporta, assim, também uma crítica social.

Abaixo, um trecho dessa canção.

TEXTO 3

Química

Legião Urbana

Estou trancado em casa e não posso sair Papai já disse, tenho que passar

Nem música eu não posso mais ouvir E assim não posso nem me concentrar

(...) Não posso nem tentar me divertir O tempo inteiro eu tenho que estudar

(...) Chegou a nova leva de aprendizes Chegou a vez do nosso ritual

E se você quiser entrar na tribo Aqui no nosso Belsen tropical

Ter carro do ano, TV a cores, pagar imposto, ter pistolão Ter filho na escola, férias na Europa, conta bancária, comprar feijão Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão

Você tem que passar no vestibular Você tem que passar no vestibular Você tem que passar no vestibular Você tem que passar no vestibular

Letra disponível em: http://letras.mus.br/legiao-urbana/46974/ - Acesso em abr. 2014.

QUESTÃO 09

No trecho ―Chegou a vez do nosso ritual/ E se você quiser entrar na tribo‖, a que tribo a letra da

canção se refere? E a que ritual?

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QUESTÃO 10

Segundo a letra da canção acima, após a passagem pelo ritual mencionado, além de entrar para

a referida tribo, o que acontece?

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QUESTÃO 11

Por que é possível dizer que, na letra de música acima, há uma crítica aos hábitos e valores da

classe média brasileira? Comprove sua resposta com elementos extraídos da música.

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Após responder as questões propostas sobre os textos, proponha um debate aos alunos. Para

isso, disponha as carteiras em círculo, a fim de facilitar a conversa, a troca, o diálogo. Você pode

também convidar professores de outras disciplinas para partilhar esse momento. Valorize esse

debate, uma vez que será uma oportunidade de os alunos refletirem sobre sua posição diante do

período que atravessam em suas vidas e sobre como lidarão com isso agora ou em um futuro

próximo.

Ao final do debate, sugere-se a distribuição do texto abaixo e a leitura, em voz alta, com a turma.

O texto abaixo, além de dar dicas preciosas para o jovem vestibulando, ajudará a descontrair o

fim da aula.

TEXTO 4

Os 10 mandamentos do vestibulando

I – Não escolherás uma profissão pensando apenas no mercado de trabalho e no retorno financeiro.

O candidato tem de buscar sempre saber o porquê de estar realizando o vestibular e, também, o motivo de estar escolhendo uma

determinada carreira. O autoconhecimento é condição fundamental para uma decisão adequada. É preciso escolher algo de que

se vá gostar.

II- Honrarás teus pais sendo feliz com tua escolha profissional.

O vestibulando deve dialogar com os pais para que eles compreendam e respeitem suas decisões. Uma recomendação é que não

haja promessas de ambos os lados (por exemplo, o compromisso de ganhar um carro com a aprovação no concurso é um fator de

ansiedade).

III- Amarás o próximo como a ti mesmo, mas, no dia do vestibular, competirás com ele.

Ninguém precisa rejeitar os amigos nem adotar um comportamento agressivo, mas é necessário ser competitivo no momento da

prova para buscar o melhor desempenho possível.

IV- Respeitarás teus hábitos de alimentação, sono, diversão e descanso.

A disciplina de estudos é importante, mas deve haver espaço para o lazer. O tempo de sono, por exemplo, deve ser preservado. O

lazer diminui a possibilidade do estresse. Na alimentação, frutas, líquidos e alimentos leves são recomendados. Remédios contra

a ansiedade e estimulantes não devem ser tomados por conta própria.

V- Buscarás o apoio incondicional dos teus familiares.

Um ambiente tranquilo é o mais recomendável para o estudo. Todo o grupo familiar deve colaborar com o vestibulando, mas sem

cobrar dele o tempo de estudo, por exemplo, para não aumentar a ansiedade.

VI- Não estudarás toda a matéria nos últimos dias antes da prova.

O conhecimento exigido no vestibular é construído ao longo do Ensino Médio. O melhor momento para aprender é a explicação

em aula, para a qual o aluno deve prestar o máximo de atenção. A prova do vestibular é o término de um processo.

VII- Vestibular é vida. Vida não é vestibular. Respeitarás teu ritmo de estudo e teus limites.

A ideia é descobrir o tempo ideal de estudo, em lugar de estudar horas a fio ou sacrificar o sono sem conseguir se concentrar.

Uma sugestão é revisar a matéria fazendo resumos dos conteúdos e resolvendo provas de vestibulares passados. É importante

também contextualizar as informações de cada matéria, procurando correspondência com as outras disciplinas.

VIII- Conhecerás antecipadamente o local da prova e não esquecerás os documentos no dia.

É importante visitar o local de prova para saber como é o trajeto e para conhecer os horários dos meios de transporte disponíveis

(ônibus, lotação, táxi, etc.). No dia da prova, evite correrias deslocando-se com antecedência para a prova.

IX- Não farás das provas teste de rapidez e ocuparás todo o tempo disponível.

O recomendável é ler atentamente os enunciados das questões, para interpretá-las corretamente. Outra dica é garantir o máximo

de acertos com as questões consideradas mais fáceis, enfrentando depois as mais complicadas.

X- Nunca desistirás da tua identidade profissional.

Persistirás na busca da faculdade que desejas, mesmo se fores reprovado. Se a convicção pela escolha profissional é firmada no

autoconhecimento, o vestibulando deve perseguir sempre seu objetivo, sem esmorecer com eventuais reprovações.

Disponível em http://vestibular.blogs.unipar.br/2011/10/18/os-10-mandamentos-do-vestibulando/ - Acesso em abr. 2014.

3 – Atividade avaliativa

Após todas as reflexões promovidas e a partir dos textos lidos, os alunos deverão produzir uma

crônica, cujo tema principal seja o vestibular. Ao longo da crônica, o vestibular deverá, porém, ser

comparado a outra(s) situação(ões) na vida de um sujeito, assim como Carpinejar o aproximou do

luto e da pouca oferta de espaços de lazer para crianças na cidade de Mormaço. O aluno deve

ficar livre para escolher a situação que será, para ele, análoga ao vestibular. Pode, por exemplo,

tanto ser uma situação difícil, dura – como o luto - como uma situação divertida, engraçada, leve.

RELEMBRE com os alunos as características do gênero crônica, mas deixe-os livres para optar

entre a crônica poética, reflexiva ou de teor mais narrativo.

(30 linhas)

Matriz de correção da Produção de Texto

EIXOS COGNITIVOS COMPETÊNCIA VALOR NOTA

Adequação ao tema, ao

gênero e ao comando.

Compreender a proposta de redação. Adequar às características do gênero

crônica.

Coerência e coesão.

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a

encadeamento lógico das ideias e fatos.

Adequação à norma culta.

Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Originalidade.

Elaborar um texto com elementos capazes de capturar a atenção do leitor.

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