projeto de prad para ravinas

68
[1] Introdução A degradação do ambiente se dá desde o inicio da atividade antrópica no planeta e se intensificou de maneira abrupta com o início da Revolução Industrial na Inglaterra, no século XVIII. O capitalismo, com seu incentivo ao consumismo exagerado a partir do século XX pioraram ainda mais o uso de recursos naturais, de maneira desordenada, e, consequentemente a degradação ao meio ambiente. Para GAVARD (2009), a intensidade das transformações ocorridas na sociedade derivadas do advento do capitalismo industrial, foi acompanhada por um intenso processo de depredação de recursos naturais, criando uma dinâmica de desenvolvimento em que a perseguição do lucro vinha associada à absorção pelas sociedades e o meio ambiente dos efeitos negativos do processo. O avanço da agricultura e da pecuária é o maior responsável pelo grande índice de desmatamento e em consequência na degradação edáfica e intensificação de erosão, causando assoreamento de rios e empobrecimento do solo. O presente projeto visa a recuperação de uma área degradada em declive, tomada por processos erosivos com início de voçoroca em uma propriedade no Bairro Jordão, no Município de Guarapuava/PR, propiciando maior segurança do local e sua regeneração ambiental.

Upload: joelmir-mazon

Post on 03-Jul-2015

1.487 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Projeto de PRAD para Ravinas

[1]

Introdução

A degradação do ambiente se dá desde o inicio da atividade antrópica

no planeta e se intensificou de maneira abrupta com o início da Revolução

Industrial na Inglaterra, no século XVIII. O capitalismo, com seu incentivo ao

consumismo exagerado a partir do século XX pioraram ainda mais o uso de

recursos naturais, de maneira desordenada, e, consequentemente a

degradação ao meio ambiente. Para GAVARD (2009), a intensidade das

transformações ocorridas na sociedade derivadas do advento do capitalismo

industrial, foi acompanhada por um intenso processo de depredação de

recursos naturais, criando uma dinâmica de desenvolvimento em que a

perseguição do lucro vinha associada à absorção pelas sociedades e o meio

ambiente dos efeitos negativos do processo. O avanço da agricultura e da

pecuária é o maior responsável pelo grande índice de desmatamento e em

consequência na degradação edáfica e intensificação de erosão, causando

assoreamento de rios e empobrecimento do solo.

O presente projeto visa a recuperação de uma área degradada em

declive, tomada por processos erosivos com início de voçoroca em uma

propriedade no Bairro Jordão, no Município de Guarapuava/PR, propiciando

maior segurança do local e sua regeneração ambiental.

Page 2: Projeto de PRAD para Ravinas

[2]

Revisão Bibliográfica

Aspectos geológicos

O Município de Guarapuava localiza-se na região centro-sul do Estado

do Paraná, no terceiro planalto paranaense ou planalto de Guarapuava

(MAACK, 2002).

A composição geológica de um determinado local tem íntima relação

com as formas de apropriação e utilização desses recursos, nesse sentido,

torna-se fundamental tratar dos aspectos estratigráficos e petrográficos do

Município de Guarapuava, que se encontra inserido na Bacia Sedimentar do

Paraná. Esta se localiza no centro-leste da América do Sul cobrindo uma área

de aproximadamente 1.600.000 km², sendo que 1.000.000 km² integram o

território brasileiro, e o restante ocupa os territórios da Argentina, Uruguai e

Paraguai (PETRI & FÚLFARO, 1983).

Quanto aos aspectos litoestratigráficos o Município de Guarapuava,

situa-se sobre as rochas ígneas da Formação Serra Geral e, estritamente em

sua área leste, na Formação Botucatu, ambas do Grupo São Bento, formadas

durante a era mesozóica. Tal vulcanismo (fissural) gerou essencialmente

diferentes tipos de rochas ígneas, no qual, as rochas de natureza básica

(basaltos e andesitos toleíticos) predominam em aproximadamente 97,5% do

volume total, enquanto as rochas de natureza ácidas (riolitos e riodacitos

principalmente) correspondem a 2,5% do volume (MELFI, et al. 1988; NARDY,

et al.2002).

Diante disso, Nardy (1995) após estudar detalhadamente a Região

Central da Bacia do Paraná, identificou e classificou as rochas em quatro

unidades litoestratigráficas, quais sejam: Unidade Básica Inferior, Unidade

Básica Superior, Tipo Chapecó e Tipo Palmas. No Município de Guarapuava,

foi possível observar a ocorrência de três das quatro unidades propostas por

Nardy (1995). A área urbana do município é composta, quase que

exclusivamente, por riodacitos do Tipo Chapecó, sobrepostos aos basaltos da

Unidade JKSGB1 ou Unidade Básica Inferior. Estes ocorrem em uma faixa ao

longo da margem direita do Rio Cascavel e a sudeste formando a Escarpa do

Page 3: Projeto de PRAD para Ravinas

[3]

Rio Jordão, além de predominarem fora do perímetro urbano de Guarapuava. A

Unidade JKSGB2 ou Unidade básica superior ocorre na região que

compreende o Distrito da Palmeirinha, e apresenta como característica

principal o fraturamento cerrado (MINEROPAR, 1992; NARDY, 1995).

Os solos são provenientes de rochas basálticas com os seguintes tipos:

Latossolo Bruno, Terra Bruna estruturada, solos hidromórficos, Cabissolos e

Litólicos. Esses dois últimos são os mais frágeis por serem solos rasos e

ocuparem posição em vertentes de fortes declives, geralmente acima de 20%.

Page 4: Projeto de PRAD para Ravinas

[4]

Clima

Guarapuava é representada por Köeppen como Clima Subtropical

Úmido Mesotérmico (Cfb) (Figura 1), (IAPAR, 1978), com verões frescos

(temperatura média inferior a 22°C), invernos com ocorrências de geadas

severas e frequentes (temperatura média superior a 3°C e inferior a 18°C), não

apresentando estação seca.

O clima da região, segundo MONTEIRO (1963) e MENDONÇA (1997)

caracteriza-se pelas influências acarretadas pelos sistemas atmosféricos

intertropicais (massa tropical atlântica, massa tropical continental e massa

equatorial continental) e polares (massa polar atlântica), havendo, contudo,

participação moderada dos sistemas intertropicais e participação mais efetiva

do sistema extratropical. Essa dinâmica confere à região um clima com

característica subtropical.

Figura 1 - Carta Climática do Paraná (IAPAR)

Page 5: Projeto de PRAD para Ravinas

[5]

Índices pluviométricos

A precipitação média é de aproximadamente 1960 mm (Figura

2) .Contudo, há anos com pluviosidade superior a 2100 mm, ou até mais, como

foi o caso extremo no ano de 1983, com 3168,4 mm. A chuva se distribui ao

longo do ano com todos os meses apresentando precipitação pluviométrica

média entre 140 a 200 mm, à exceção do mês de agosto com média de 96,7

mm (ver figura 1). Pode ocorrer, porém, meses com alta pluviosidade como

julho de 1983 (471,8 mm), maio de 1992 (512,8 mm), abril de 1998 (518 mm)

(IAPAR, 1998). Assim, são comuns os eventos torrenciais (aguaceiros),

que causam sérios prejuízos. Outra característica climática são as

temperaturas negativas, com média superior a 10 geadas por ano. (IAPAR,

1994). Em relação às chuvas intensas, pode-se destacar alguns eventos

significativos ocorridos em Guarapuava, entre 1976 e 1998: setembro de 1983

(110,8 mm), julho de 1983 (140,3 mm), maio de 1992 (165,2 mm) e abril de

1998 (206 mm em 12 horas).(IAPAR, 1998).

A ocorrência de chuvas torrenciais ocasiona graves problemas,

principalmente a degradação dos solos que é agravada quando as atividades

agrícolas são feitas em solos mais frágeis, de maior erodibilidade e com baixa

aptidão agrícola. Acrescenta-se ainda, manejo dos solos e o uso de técnicas

inadequadas como agravante para a sustentabilidade ambiental (anexo 1).

Figura 2 - Aspecto Termo-Pluviométrico Em Guarapuava (1976-98)

Page 6: Projeto de PRAD para Ravinas

[6]

Impactos ambientais pelo avanço da agricultura

Segundo THOMAZ (2000), em área de agricultura mecanizada constata-

se em muitos casos o uso excessivo de máquinas, evidenciado pela presença

de solo pulverizado (baixa presença de agregados ou torrões). Outro aspecto

diz respeito à compactação em subsuperfície (15 a 20 cm). Essa compactação

foi identificada pela observação de raízes (raízes pivotantes) de ervas daninhas

que se apresentavam tortas, indicando esforço para romper a camada

adensada. Em pastagem, também foi evidenciado tal processo, causado pelo

pisoteio do gado, contudo em profundidade menor (cerca de 5 cm). Essa

alteração física do solo diminui a porosidade e, por conseguinte, diminui a

infiltração, reduzindo a capacidade de armazenamento de água do solo. Por

outro lado, aumenta o escoamento superficial, desencadeando processos

erosivos. Ainda em relação ao processo erosivo, tanto laminar como em sulco,

ele é incrementado pela prática de queimadas (coivara). Principalmente, em

agricultura de subsistência, que pratica a rotação de terras e utiliza-se do fogo

para o preparo do solo (anexo 2). Com as queimadas, o solo fica exposto, pois

a cobertura vegetal é consumida pelo fogo. No entanto algumas plantas

possuem morfologia que as protege contra o fogo, notadamente as que formam

touceiras como o rabo-de-burro (Andropogon sp), capim barba-de-bode

(Aristida pallens), caraguatá (Erydium spp), capim caninha (Adropogon

lateralis) e outras. Dessa forma, a área degradada com intenso processo

erosivo laminar e em sulco, bem como com prática de queimada, possui solo

com baixa capacidade de armazenamento d’água, tornando-se comum o

aparecimento de plantas com características xerofíticas, que passam a

predominar nessas áreas, a exemplo das plantas indicadas acima.

Essa forma de uso do solo abre caminho aos processos erosivos com a

perda do horizonte superficial, por conseguinte, há perda gradativa de suporte

de biomassa (rarefação de plantas) ocasionada pelo empobrecimento do solo e

da baixa capacidade de retenção hídrica.

O processo, explicitado acima, foi evidenciado primeiramente por

técnicos da Embrapa (Centro Nacional de Pesquisa de Floresta - Curitiba), que

verificaram em uma área da bacia do rio Lajeado (município de Guarapuava)

Page 7: Projeto de PRAD para Ravinas

[7]

em que alguns solos já haviam perdido aproximadamente 20 cm do horizonte

superficial (tabela 1).

O relevo, de modo geral, encontra-se bastante dissecado pela

drenagem, grosso modo, a tendência nesse caso é o predomínio do

escorrimento superficial d’água, as expensas de uma menor infiltração. A alta

pluviosidade, média de 1960 mm ano, confere à região de Guarapuava, um

excedente hídrico com potencial para causar erosão, que é agravado pelas

características morfopedológicas (relevo-solo) e pelas práticas de manejo

inadequadas às características do meio físico.

De maneira geral, o relevo nessa área apresenta uma sequência típica,

topos ligeiramente aplanados (baixa declividade e solo relativamente profundo),

segmento de vertentes retilíneas (alta declividade e solo incipiente), por fim,

uma ruptura de declive em forma de patamar (declividade média e solo

profundo com horizonte Bt). O não entendimento da dinâmica dessas formas

de relevo é que causa forte degradação dos solos.

Dessa forma, ao se utilizar os topos planos com pastagem e agricultura,

por exemplo, ocorre mudança hidrológica na vertente com tendência ao

escoamento superficial concentrado para as partes mais baixas do relevo,

passando pelas vertentes retilíneas e pelos patamares.

Portanto, se as águas não forem controladas nos topos e a vegetação

das vertentes retilíneas não for preservada, tem-se uma degradação também

dos patamares, por erosão laminar, em sulco e por soterramento, perdendo-se

significativas áreas principalmente com Terra Bruna Estruturada. Esse

processo também ocorre nos setores de vertentes côncavas, quando há

No referido esquema, percebem-se as inter-relações entre o meio

natural e a sociedade. Em relação ao meio natural, consideram-se suas

características genéticas, suas potencialidades e fragilidade, acerca da

sociedade considera-se sua relação econômica, cultural, tecnológica etc. Isso

vai se refletir na estrutura agrária, e, por conseguinte, resulta numa maior ou

menor degradação das terras agrícolas de acordo com os elementos

envolvidos. A compreensão dessa imbricada relação sociedade e natureza

Page 8: Projeto de PRAD para Ravinas

[8]

permite o entendimento do processo de degradação que ocorre em algumas

áreas da referida bacia.

Hidrografia

A  hidrografia  do   Paraná   pode   ser   classificada   em   cinco  

bacias hidrográficas (DO ESPIRITO SANTO, 2008) :

Bacia do Rio Paraná, cujos afluentes mais importantes são os rios Piquii e Ivaí

Bacia do  Rio Paranapanema,  drenada pelos   rios  Pirapó,  Tibagi, das Cinzas e Itararé;

Bacia do Rio Iguaçu, que tem como principais afluentes o rio Chopim, no sul do estado, e o rio Negro, no limite com o Estado de Santa Catarina.

Bacia do Rio Ribeira do Iguape, cujas águas seguem para o rio Ribeira do Iguape;

Bacia Atlântica ou do Litoral  Paranaense,  cujas águas seguem direto  para o Oceano Atlântico.

Guarapuava faz parte de três bacias hidrográficas do Rio Paraná, a do

Rio Piquiri, a do Rio Iguaçu, e a do Rio Ivaí. Os principais rios da cidade são o

Rio Jordão, e os rios Cascavelzinho, Girassol, Coutinho, Banana, Pinhão,

Cavernoso e São João (Nascente principal do Ivaí, junto com o Rio dos Patos).

Vegetação

Page 9: Projeto de PRAD para Ravinas

[9]

A cidade de Guarapuava está situada na faixa de Floresta Ombrofila Mista Montana e Submontana. Floresta com Araucária (HUECK, 1953), Pinheiral (RIZZINI et al., 1988) e Floresta Ombrófila Mista (VELOSO et al., 1991) são algumas denominações utilizadas na literatura para se referir às formações florestais caracterizadas pela presença de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze – Araucariaceae, espécie arbórea também conhecida como pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro.

Com copas corimbiformes e folhagem verde-escuro, essa espécie encontra-se na floresta geralmente representada por indivíduos emergentes, os quais imprimem um aspecto fitofisionômico próprio e muito característico à Floresta Ombrófila Mista (FOM). Abaixo dos indivíduos emergentes podem ainda ser observados outros três estratos, o arbóreo superior, o arbóreo inferior e o arbustivo-herbáceo (KLEIN, 1979).

A FOM compreende as formações florestais típicas dos planaltos da região Sul do Brasil, com disjunções na região Sudeste e em países vizinhos (Argentina e Paraguai). Encontra-se predominantemente entre 800 e 1200 m s.n.m., podendo eventualmente ocorrer acima desses limites (RODERJAN et al., 2002). As áreas ocupadas pela floresta apresentam valores de precipitação média situados entre 1500 e 1750 mm anuais e temperatura variável, sendo que no verão as médias estão entre 20º e 21º C e no inverno entre 10º e 11º C (KLEIN, 1960). De acordo com IBGE (1992), a FOM pode ser subdividida e classificada em formação Aluvial, Submontana, Montana e Altomontana, em função da latitude e altitude de ocorrência da vegetação.

Na última década do século XX, as áreas ocupadas pela FOM no sul do Brasil foram bastante reduzidas. A exploração madeireira de Araucaria angustifolia e de espécies consorciadas a ela, como por exemplo, a imbuia (Ocotea porosa (Nees) L. Barr.), e a expansão de áreas agrícolas representam alguns dos fatores responsáveis pela expressiva redução da área ocupada por esse tipo vegetacional (BACKES, 1983).

Fauna

Page 10: Projeto de PRAD para Ravinas

[10]

O Paraná tem fauna muito rica e diversificada com muitas espécies de animais. Bons exemplos dessa espécies são a raposa-dos-pampas, a jaguatirica, o guaxinim, o lobo-guará, e a ave símbolo do Estado, a gralha-azul, que enriquecem a paisagem da região (SEMA-PR).

Raposa-dos-Pampas (Pseudalopex gymnocercus)

A raposa-dos-pampas é um animal típico da fauna paranaense e, atualmente, se encontra na lista vermelha de animais ameaçados de extinção do Estado. Seu peso varia de 4 a 6kg, e mede cerca de 90 cm, incluindo sua cauda, que é longa e peluda. A alimentação desse onívoro é baseada em carne, pequenos animais e roedores.

Jaguatirica (Leopardus pardalis)

A jaguatirica mede entre 95cm a 1,45 m e é típica da fauna paranaense. Seu peso pode variar de 7kg a 15kg e se alimenta de pequenos roedores, além de macacos, pacas, tatus, ouriços, carcaças, ovos e aves.

Lobo-guará ( Chrysocyon brachyurus)

O lobo-guará é um animal com pelo laranja-avermelhado, pode medir até 1,60m e pesar até 30kg. Sua alimentação é baseada em outros animais como répteis, anfíbios, aves, além de alguns frutos. Tem ótima audição e costuma sair para procurar alimento no fim da tarde ou início da manhã.

Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)

A gralha-azul é a ave símbolo do Paraná, mede cerca de 40cm e pesa entre 180 e 260 gramas. Alimenta-se basicamente de pequenos insetos, anfíbios, frutos e sementes. A ave é conhecida como plantadora de pinhão, pois costuma enterrar a semente para comer em épocas de escassez de alimento. Muitas vezes acaba esquecendo onde deixou e, consequentemente o pinhão germina e dá vida a uma nova araucária.

Legislação Ambiental

Page 11: Projeto de PRAD para Ravinas

[11]

A supressão de vegetação é regulamentada pelo novo Código Florestal

constituído pela Lei nº. 4771, de 15/09/65, e alterações posteriores, como a Lei

nº. 7.803 de 18/07/89 e a Lei nº. 7.875/89, e também, o Decreto nº. 6.600, de

21/11/08, que regulamenta a Lei Nº 11.428, de 22/12/06, que dispõe sobre o

corte e a supressão de vegetação da Mata Atlântica.

Da mesma forma, complementando a Legislação supracitada, o

CONAMA, através das Resoluções nº 369, de 28/03/06, nº 392, de 25/06/07 e

nº 388, de 23/02/07, dispõe sobre os casos excepcionais de utilidade pública,

de interesse social ou de baixo impacto ambiental, que possibilitam a

intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente

(APP), bem como a definição e a convalidação das Resoluções que

caracterizam a vegetação primária e estágios sucessionais da vegetação

secundária retratados em inicial, médio e avançado de regeneração da Mata

Atlântica em vários Estados da Federação, para fins do disposto no art. 4o § 1º

da Lei nº 11.428, de 22/12/06.

As Áreas de Preservação Permanente (APP) são consideradas bens de

interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou

não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos,

a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas, com destaque para a singularidade e o valor estratégico destas

áreas de preservação permanente.

Os pedidos de autorização para supressão de vegetação (ASV) devem

ser apresentados ao IBAMA, sendo os requisitos básicos para a instrução

desse pedido a apresentação de laudo florestal (levantamento ou cadastro

fitofisionômico) sobre a área objeto do pedido e sua localização em base

cartográfica oficial, incluindo-se, portanto, a faixa de domínio, áreas de uso e

do canteiro de obras (jazidas, caixas de empréstimo de solo etc.) e a

proximidade ou inserção em áreas constituintes do

Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, com destaque

para as APP. Da mesma forma, a Lei nº. 9.985/2000, que institui o Sistema

Page 12: Projeto de PRAD para Ravinas

[12]

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, em seu artigo 36, § 3º,

regula que o empreendimento a ser licenciado, afetando uma

Unidade de Conservação ou sua zona de amortecimento, exige como

condição prévia, para tanto, a autorização do órgão responsável por sua

administração, e a Unidade afetada deverá ser uma das beneficiárias da

Compensação Ambiental prevista na Legislação Ambiental.

Área de Preservação Permanente - APP é aquela definida pelo artigo 1º

do Código Florestal - Lei nº. 4.771/65, com as alterações da Medida Provisória

nº. 2166/67, de 24/08/2001, como "área protegida nos termos dos artigos 2° e

3° dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de

preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o

bem-estar das populações humanas".

A supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP

somente deve ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse

social (construção rodoviária), devidamente caracterizado e motivado em

procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e

locacional ao empreendimento proposto, como determinado no artigo 4º do

Código Florestal, com as alterações introduzidas através da Medida Provisória

nº. 2166/67.

O mesmo Código, em seu artigo 1º, parágrafo 2º, estabelece como de

utilidade pública: as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; as

obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de

transporte, saneamento e energia; e demais obras, planos, atividades ou

projetos previstos em Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente -

CONAMA.

Estabelece ainda como de interesse social, as atividades

imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, as atividades

de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou

posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não

Page 13: Projeto de PRAD para Ravinas

[13]

prejudiquem a função ambiental da área; e as demais obras, planos,

atividades ou projetos definidos em Resolução do CONAMA.

Os órgãos ambientais podem autorizar a supressão eventual e de baixo

impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em Área de

Preservação Permanente, conforme § 3º do artigo 4º do Código Florestal.

Devem ser observados também: a Resolução CONAMA nº 12, de

04/5/1994, que aprova o Glossário de Termos Técnicos elaborado pela

Câmara Técnica Temporária para Assuntos da Mata Atlântica; as Resoluções

CONAMA que definem vegetação primária e secundária nos estágios inicial,

médio e avançado de regeneração da mata atlântica, a fim de orientar os

procedimentos para licenciamento de atividades florestais nos estados

(Resoluções CONAMA nos 31/1994, 34/1994 etc); a Resolução CONAMA nº

3, de 18/4/1996, a qual estabelece que a vegetação remanescente de mata

atlântica expressa no parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 750, de

10/2/1993, abrange a totalidade da vegetação primária e secundária em

estágio inicial, médio e avançado de regeneração; a Resolução CONAMA nº

303, de 20/3/2002, que dispõe sobre parâmetros, defnições e limites de Áreas

de Preservação Permanete; e a Resolução CONAMA nº 317, de 04/12/2002,

que regulamenta a Resolução nº 278, de 24/5/2001, que dispõe sobre o corte

e exploração de espécies ameaçadas de extinção da flora da mata atlântica.

O Decreto nº. 227/67 (Código de Minas), que regulamenta as atividades

de extração mineral de acordo com as Classes de minerais I a IX, entre as

quais se inserem as jazidas de solo e cascalhos, etc, conjugados com as

Resoluções CONAMA nº. 009/90 e 010/90 estabelecem a necessidade de

reabilitação ambiental das áreas afetadas pela exploração mineral, exigindo a

reconstituição vegetativa nos moldes da vegetação original.

Recuperação de Áreas Degradadas

Page 14: Projeto de PRAD para Ravinas

[14]

Área degradada é uma denominação recente para as práticas utilizadas

em recursos naturais. São consideradas áreas degradadas, extensões naturais

que perderam a capacidade de recuperação natural após sofrerem distúrbios.

A degradação é um processo induzido pelo homem ou por acidente natural que

diminui a atual e futura capacidade produtiva do ecossistema. De acordo com

BELENSIEFER (1998) áreas degradadas são aquelas que perderam sua

capacidade de produção, sendo difícil retornar a um uso econômico. O termo

degradar conforme FERREIRA (1986), pode ser interpretado como: estragar

deteriorar, desgastar, atenuar ou diminuir gradualmente.

Na literatura sobre manejo dos recursos naturais degradados costuma-

se observar o uso de vários termos como recuperação, reabilitação,

restauração, regeneração, revegetação, recomposição, entre outros (Figura 3),

cujos métodos estendem-se ao manejo e conservação de solos degradados,

áreas afetadas por mineração, florestas, pastagens, áreas abandonadas,

recursos hídricos e outros (LIMA, 1994).

Figura 3 - Várias formas de manejos dos recursos naturais degradados.

Recuperação

Page 15: Projeto de PRAD para Ravinas

[15]

A legislação federal brasileira menciona que o objetivo da recuperação é

o “retorno do sítio do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com

um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma

estabilidade do meio-ambiente” (Decreto Federal 97.632/89). Esse decreto vai

de encontro ao estabelecido pelo IBAMA, que indica que a recuperação

significa que o sítio degradado será retornado a uma forma e utilização de

acordo com o plano pré-estabelecido para o uso do solo. Implica que uma

condição estável será obtida em conformidade com os valores ambientais,

estáticos e sociais da circunvizinhança. Significa também, que o sítio

degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio

dinâmico, desenvolvendo um novo solo e uma nova paisagem. Procura

sintetizar a definição do processo quando utilizado em Unidades de

Conservação, GRIFFITH (1986), definiu recuperação como a reparação dos

recursos ao ponto que seja suficiente para restabelecer a composição e a

frequência das espécies encontradas originalmente no local.

Reabilitação

Segundo MAJER (1989) a reabilitação é o retorno da área degradada a

um estado biológico apropriado. Esse retorno pode não significar o uso

produtivo da área a longo prazo, como a implantação de uma atividade que

renderá lucro, ou atividades menos tangíveis em termos monetários, visando,

por exemplo, a recreação ou a valorização estético-ecológica. Exemplos de

reabilitação para fins recreativos é a raia olímpica da Cidade Universitária da

USP, instalada em uma antiga área de extração de areia em planície aluvionar

do Rio Pinheiros; construção do parque esportivo Cidade de Toronto, instalado

em área de antiga extração de areia; Centro Educacional e Recreativo do

Butantã, instalado em área de antiga pedreira e o lago do parque Ibirapuera,

instalado em antiga cava de extração de areia, todos esses exemplos foram

realizados na cidade de São Paulo-SP.

Restauração

Page 16: Projeto de PRAD para Ravinas

[16]

O termo restauração refere-se à obrigatoriedade do retorno ao estado

original da área, antes da degradação. Esse termo é o mais impróprio a ser

utilizado para os processos que normalmente são executados. Por retorno ao

estado original entende-se que todos os aspectos relacionados com topografia,

vegetação, fauna, solo, hidrologia, etc., apresentem as mesmas características

de antes da degradação. Logo, trata-se de um objetivo praticamente inatingível,

ou seja, fazer a restauração de um ecossistema, para consequentemente

recuperar sua função, é técnica e economicamente questionável, embora

alguns profissionais que atuam na área ambiental tenham equivocadamente

essa meta, torna-se necessária uma nova conscientização dos mesmos sobre

a inviabilidade deste processo.

Erosão

Page 17: Projeto de PRAD para Ravinas

[17]

O termo erosão vem do Latim (erodere) que significa corroer. É um termo usado na Ciência da Terra para estudar o processo de degradação do solo pela ação antrópica, da água, do vento e do gelo.

Na natureza os elementos estão intrinsecamente ligados e, se um deles for afetado todos os demais serão, ocorrendo então o desequilíbrio do meio físico. No solo o desequilíbrio quase sempre é apresentado em forma de erosão, processo traduzido em desagregação, transporte e deposição de seus constituintes (SILVA, 2007).

A erosão é o arrastamento de partículas constituintes do solo, pela ação

da água em movimento, resultantes da precipitação pluviométrica, ou pela ação

dos ventos e das ondas (RIO GRANDE DO SUL, 1985).

Isto quer dizer que um solo fértil, em que a erosão atua

acentuadamente, em breve se tornará pobre, apresentando baixa produção

agrícola – florestal.

Os dois agentes principais da erosão são as chuvas (erosão hídrica) e o

vento (erosão eólica). No Brasil, a água é que causa os maiores prejuízos

(FERREIRA, 1981). O processo tende a se acelerar, à medida que mais terras

são desmatadas para a exploração da madeira e/ou para a produção agrícola,

uma vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e,

consequentemente, as chuvas incidem diretamente sobre a superfície do

terreno (GUERRA, 1999).

Segundo CAPECHE et al (2008) ,a erosão pode ser classificada em

geológica e antrópica:

Erosão geológica: refere-se àquela oriunda da atividade geológica

(água, vento e gelo) sobre a superfície terrestre, correspondendo a um

processo natural, sem a interferência do homem.

Erosão antrópica: refere-se àquela oriunda da interferência do homem

sobre o ambiente, intensificando a ação da água da chuva e/ou vento

sobre o solo.

As principais causas são:

Page 18: Projeto de PRAD para Ravinas

[18]

Desmatamentos;

Queimadas;

Preparo inadequado do solo ;

Cultivos intensivos (esgotantes); e

Ausência de planejamento de uso e de práticas conservacionistas.

CAPECHE Et al (2008) ainda descreve os tipos de erosão como:

Erosão hídrica - corresponde à ação da água sobre a superfície do

solo, promovendo três processos fundamentais: desagregação,

transporte e deposição das partículas do solo.

Desagregação das partículas do solo - a desagregação ocorre devido

ao impacto das gotas de chuva sobre a superfície do solo sem cobertura

vegetal (viva ou morta), provocando o selamento superficial dos

primeiros centímetros do solo, a redução da infiltração da água e o

escorrimento superficial.

Transporte das partículas – o transporte das partículas ocorre devido

ao escoamento superficial da água que não infiltrou no solo.

Dependendo da intensidade de escorrimento o arraste do solo pode

ocorrer superficialmente no terreno (erosão laminar), em canais pouco a

medianamente profundos, abertos pela força da enxurrada (erosão em

sulcos), ou através de grandes sulcos, os quais concentram grande

quantidade de água (erosão em voçorocas).

Deposição das partículas – a deposição das partículas é o processo

final da erosão e consiste no armazenamento do solo erodido em rios,

lagos, represas, açudes, terraços.

Page 19: Projeto de PRAD para Ravinas

[19]

Erosão eólica - consiste na ação do vento causando a desagregação

de rochas, bem como dos agregados do solo, e, ainda, no transporte e

deposição do material desagregado.

Consequências da Erosão

Perda da capacidade produtiva dos solos agrícolas (maiores gastos

com fertilizantes, agrotóxicos, crédito rural, etc.);

Esgotamento dos mananciais de água;

Assoreamento de rios, açudes, represas, etc.;

Desmoronamentos;

Descapitalização dos agricultores; e

Êxodo rural (entre outras).

Voçorocas

Segundo Coelho Netto (1998) apud Oliveira et al (1999, p.60),“A erosão

por ravinas e voçorocas é causada por vários mecanismos que atuam em

Page 20: Projeto de PRAD para Ravinas

[20]

diferentes escalas temporais e espaciais. Todos derivam de rotas tomadas

pelos fluxos de água, que podem ocorrer na superfície ou subsuperfície o

flowline, que em português significa fluxo linear, que é o estágio no qual há

uma maior concentração do runoff escoando em canais, provocando forte

atrito entre as partículas e o fundo dos pequenos canais, dando origem aos

embriões da ravina.”

As voçorocas são características erosivas relativamente permanentes

nas encostas, possuindo paredes laterais íngremes e em geral, fundo chato,

ocorrendo fluxo de água no seu interior durante os eventos chuvosos. Elas as

vezes se tornam tão profundas que atingem o lençol freático. Quando chega

neste estágio torna-se difícil de serem controladas. As erosões lineares são

fortemente condicionadas pela litologia e linhas de fraturas e falhas, sendo na

sua porção inferior conectada a uma drenagem. (Figura 4)

Principais problemas gerados a partir dos impactos da erosão:

Aumento de sedimentos nos corpos d’água;

Assoreamento nos rios;

Aumento do fluxo d’água.

Page 21: Projeto de PRAD para Ravinas

[21]

Figura 4 - Modelo conceitual para a evolução de voçoroca.

I – Voçoroca conectada à rede hidrográfica;

II – Voçoroca desconectada da rede hidrográfica;

III – Aponta para degrau formado no momento de integração. Modificado de

outros autores por Oliveira apud Guerra, et al (1999, p. 82).

Page 22: Projeto de PRAD para Ravinas

[22]

Quadro 1 - Classificação da erosão segundo os modelos de escoamento e os

mecanismos de erosão, com vista na caracterização da produção de

sedimentos.

Page 23: Projeto de PRAD para Ravinas

[23]

PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA ERODIDA COM VOÇOROCA EM ESTÁGIO INICIAL NO BAIRRO VALE DO JORDÃO- GUARAPUAVA/PR

Localização

O município de Guarapuava localiza-se à Latitude Sul: 25º 23' 26''.

Longitude Oriental: 51º 27' 15'' Oeste - W. Greenwich na Região Sul do Brasil,

centro-oeste do Paraná, com 1120 m de altitude, terceiro planalto chamado

Planalto de Guarapuava. Faz limite ao norte com Campina do Simão, ao Sul

com o município de Pinhão, a leste com Prudentópolis e Inácio Martins e a

Oeste com os municípios de Candói, Cantagalo e Goioxim.

Figura 5 - Localização de Guarapuava e da área a ser implantado o PRAD

Page 24: Projeto de PRAD para Ravinas

[24]

Local de implantação do PRAD

O local para a implementação deste PRAD localiza-se em um terreno de

cerca de 1 ha, na zona 22J, nas coordenadas UTM 453396,063 E e

7188268,000 N, na Rua Novo Ateneu, no Bairro Vale do Jordão, próximo à

Faculdade Guarapuava, em Guarapuava PR. (Figura 5 e 6). A microbacia da

região é a do Rio das Pedras, tributária da Bacia do Rio Jordão.

Figura 6 - Área de Implantação do PRAD.

Foto: Google ® Earth

Page 25: Projeto de PRAD para Ravinas

[25]

Características atuais da área

A área é declivosa (Figura 7) e seu topo está situado próximo à Rua

Novo Ateneu, que leva ao Campus da Faculdade Guarapuava. A via asfáltica

possui sistema de captação de águas pluviais, minorando o impacto das

chuvas no aumento do processo erosivo deste barranco.

Figura 7 - Declive da área. Foto: Google Earth®

A cabeceira do barranco possui uma faixa de vegetação rasteira (Figura

8), que ajuda no processo de infiltração no solo, diminuindo um pouco o

escoamento superficial da água da chuva. Mas devido à declividade e da alta

demanda pluviométrica da região, a erosão superficial é inevitável, resultando

no transporte de sedimentos morro a baixo.

Page 26: Projeto de PRAD para Ravinas

[26]

Figura 8 - Vegetação na cabeceira do barranco. Foto: Arquivo pessoal.

Devido à ação antrópica e a retirada da vegetação superficial, já são

notadas sulcos (Figura 9) e o inicio de formação de ravinas/voçorocas.

Figura 9 – Sulcos. Foto: Arquivo pessoal.

Page 27: Projeto de PRAD para Ravinas

[27]

Impactos ambientais decorrentes do voçorocamento

Grandes impactos ambientais podem ser ocasionados pelo

voçorocamento de uma área, dentre os quais destaca BACELLAR (2006):

Eliminação de terras férteis;

Destruição de estradas e outras obras de engenharia;

Proporciona situação de risco ao homem;

Assoreamento de rios e reservatórios;

Recobrimento de solos férteis nas planícies de inundação;

Destruição de habitats;

Rebaixamento do lençol freático no entorno, com secagem de

nascentes, deterioração de pastagens e culturas agrícolas e redução da

produção de cisternas;

Dificulta o acesso a determinadas áreas.

É inevitável que as voçorocas venham a causar grandes danos, não só

ambientais e econômicos, mas também sociais, como no caso de se

desenvolverem em centros urbanos. Mas existem medidas capazes de mitigar

o problema, dentre as quais o turismo que é possível de se realizar para a

visitação de voçorocas, já que em alguns casos apresentam uma estética bem

interessante para um certo tipo de público, como os geólogos, geógrafos,

geomorfólogos, observadores da natureza, dentre outros.

Page 28: Projeto de PRAD para Ravinas

[28]

Plano de recuperação da área degradada

Existem várias práticas possíveis para a recuperação da área. Este

plano visa à implantação de algumas medidas para a contenção da erosão no

local com a utilização de poucos recursos financeiros.

Como a área não se encontra em processo avançado de voçorocamento

(Figura 10) , serão necessárias apenas medidas contenção da atividade pluvial

e a implantação de cobertura do solo por vegetação.

Figura 10 - Croqui da situação atual da área.

Page 29: Projeto de PRAD para Ravinas

[29]

Etapas

Segundo a EMBRAPA (2006), existem medidas diferentes de

recuperação de cada área em particular, dependendo da gravidade da situação

e do grau de degradação. Dependendo da declividade do terreno, são

necessárias obras de engenharia, com as construção de terrões, curvas de

nível, barreiras físicas, canais de captação de água da chuva, etc.

Não é o caso da área aqui descrita. Mesmo com a declividade

acentuada, não serão necessárias grandes modificações físicas por meios de

engenharia no local.

Determinação da Declividade da Área

A determinação da declividade da área é o primeiro passo para a

construção dos terraços, que juntamente com a informação da textura do solo,

são utilizadas para calcular o espaçamento que os terraços ficarão

distanciados uns dos outros, EMBRAPA (2006). Neste caso estudado, a priori

não serão implantadas barreiras físicas no declive.

Em caso de posterior necessidade, as barreiras físicas serão colocadas,

e para a determinação da declividade, poderão ser utilizados equipamentos

desde os mais modernos, como o nível óptico ou o teodolito, que requerem

técnicos qualificados para sua operação, ou, equipamentos alternativos que

também são precisos o suficiente para este trabalho com a vantagem de ter

construção e uso simples.

Page 30: Projeto de PRAD para Ravinas

[30]

Etapa 1: Reconhecimento da área

Antes de se começar qualquer projeto de recuperação, deve-se,

obviamente, realizar um estudo ‘in loco’ do local por responsáveis técnicos,

analisando o nível de degradação e as características do sítio.

Etapa 2: Isolamento da área e prevenção contra pragas

Para EMBRAPA (2006), o isolamento da área do pastoreio de animais

com cerca de arame, e a construção de aceiros, contra queimadas, são as

primeiras atividades a serem realizadas para que se possa proteger a

cobertura vegetal existente e a que futuramente será implantada através da

revegetação Nesse mesmo sentido deve se iniciar os trabalhos de controle de

formigas cortadeiras que são grandes inimigas no estabelecimento das mudas

de árvores que serão plantadas na área. Haja vista que próximo à área existe

uma chácara onde existe criação de bovinos, caprinos e ovinos, os quais

passam por transposição de pasto durante o ano e podem prejudicar o

andamento do projeto.

Etapa 3: Análise de solo

A coleta das amostras é uma etapa muito importante, pois é aí que se

tem a representação das reais condições do terreno. Essas informações serão

úteis na determinação da necessidade de aplicação de nutrientes na forma de

fertilizantes, para as espécies florestais a serem implantadas, e também, no

dimensionamento de práticas de controle da erosão, EMBRAPA (2006),

Para tanto, o produtor deve dividir a área em glebas homogêneas, como

por exemplo, dividir a encosta ou morro em parte superior, médio e inferior, ou

outra condição que diferencie a área, e retirar as amostras com uso de trados

de amostragem de solo ou enxadão nas profundidades de 0 a 20 cm. Devem

ser amostradas 20 a 40 amostras simples para cada amostra composta se a

área tiver até 2 ha, e 15 a 20 amostras simples para cada amostra composta,

para áreas de até 10 ha. Depois de coletadas as amostras simples, deve-se

misturá-las em um recipiente para formar as compostas, tendo-se o cuidado de

utilizar a mesma medida em todas as amostras simples. Para se obter uma

Page 31: Projeto de PRAD para Ravinas

[31]

amostragem homogênea da área é recomendado coletar as amostras no

caminhamento em zigue-zague. As análises serão retiradas da seguinte forma:

1. A área deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se, com um

trado, de 15 a 20 pontos diferentes (Figura 11), que deverão ser

colocadas juntas em um balde limpo. Na falta de trado poderá ser usado

um tubo ou uma pá.

2. Todas as amostras individuais de uma mesma área uniforme deverão

ser muito bem misturadas dentro do balde, retirando-se uma amostra

final de aproximadamente 200 g.

3. As amostras devem ser retiradas da camada superficial do solo, até a

profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície dos

locais escolhidos, removendo as folhas e outros detritos.

4. Não retirar amostras de locais próximos à residência, galpões, estradas,

formigueiros, depósito de adubo, etc. Não retirar amostra quando o

terreno estiver encharcado.

Figura 11 - Método de percurso para coleta de amostras de solos

Page 32: Projeto de PRAD para Ravinas

[32]

Tabela 1 - Recomendação de nutrientes para algumas leguminosas florestais para o estado do Rio de Janeiro.

Etapa 4: Reconstituição da cobertura vegetal

Bertoni & Lombardi Neto (1990), afirmam que a cobertura vegetal é a

defesa natural do solo contra erosão. A vegetação protege o solo do impacto

da chuva, favorece a dispersão da água e a evaporação antes que atinja o

solo. As raízes formam canais na terra permitindo uma melhor infiltração da

água, melhoram o solo agregando matéria orgânica quando se decompõe.

Assim aumentam a capacidade de retenção de água no solo e reduzem a

velocidade da enxurrada.

Com a etapa de revegetação, espera-se que a intervenção de controle

da erosão possa vir a atuar de forma mais permanente na redução do

escoamento superficial e estabilização do solo, ocorrendo a adição de matéria

orgânica na área, através da deposição de folhas e galhos senescentes,

favorecendo a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do

substrato, e possibilitando que espécies de árvores mais exigentes em sombra,

fertilidade do solo, umidade, etc., de outros locais, colonizem o local, caso

exista fontes de propágulos e agentes dispersores (Campello, 1998), e com

isso, o retorno da fauna e flora local, e a melhoria da paisagem.

A vegetação herbácea implanta-se rapidamente e protege

essencialmente o solo contra a erosão superficial (ravinamentos, dissecação,

alteração de superfície), tendo a função de ligar as camadas superficiais do

solo, numa espessura variável de 5 a 25 cm, através das raízes das gramas e

leguminosas, e participando muito na formação do húmus.

• A vegetação arbustiva liga as camadas de solos numa espessura de 0,50 a

1,00 m, e às vezes mais, tendo a função de promover a evaporação das águas

Page 33: Projeto de PRAD para Ravinas

[33]

em excesso no terreno, o que pode ser importante; mas a superfície do solo

fica geralmente menos revestida.

• A vegetação arbórea, pela importância das raízes, permite a coesão das

camadas de solos em profundidade e, também, a eliminação de grandes

quantidades de água subterrânea, sendo algumas árvores capazes de

evaporar dezenas de litros de água por dia.

Neste caso, serão promovidas 3 etapas para a revegetação da área:

Com linhas de capim Vetiver, entrelinhas gramíneas, a introdução de

espécies pioneiras nas entrelinhas com gramíneas, funcionando como

pontos de fertilidade.

Primeiramente serão implantadas barreiras de capim Vetiver. Uma

barreira vegetal para quebrar a força do escoamento superficial. Entre essas

linhas serão despejadas cargas de terra vegetal, onde serão semeadas

espécies de gramíneas, ajudando na quebra da força do impacto das gotas da

chuva no solo, diminuindo a desagregação do mesmo. Por final, mas não

menos importante, serão implantadas “Ilhas de fertilidade” em alguns pontos da

área, com espécies arbóreas pioneiras, que com o tempo liberarão suas

sementes no local, levando ao adensamento do mesmo.

Page 34: Projeto de PRAD para Ravinas

[34]

ETAPA 4.1. Barreira vegetal com capim Vetiver

Segundo o IPR (2007), a barreira vegetal de capim vetiver (Vetiveria

zizanioides Nash) induz à formação de terraço natural, impedindo a

degradação do solo, ao mesmo tempo em que reduz a intensidade do fluxo

descendente das águas das chuvas, colaborando com a eficácia do sistema de

drenagem. Da mesma forma, agregam-se às vantagens identificadas acima,

outras a seguir descritas:

• Na formação de uma barreira densa e permanente para a contenção de

enxurradas, prevenindo ravinamentos e voçorocamento na faixa de domínio

rodoviária;

• Como solução ambiental natural, em contrapartida de solução em estruturas

artificiais, na estabilização de solos em maciços naturais e compactados;

• Na proteção de dispositivos de drenagem, evitando o seu colapso por

erosões laterais, aumentando sua vida útil e reduzindo serviços de manutenção

e conservação operacional;

• Na recuperação de áreas degradadas, por sua capacidade de crescimento

rápido, perenidade, sobrevivência a secas, queimadas, inundações e formação

de um ambiente prévio favorável à revegetação entre barreiras com gramíneas,

leguminosas, espécies arbustivas e arbóreas;

• Na formação de cerca viva não invasora, não hospedeira de pragas e

doenças, de baixo custo, fácil implantação e reduzida manutenção;

• Na propagação por multiplicação por mudas, sem sementes.

As barreiras de capim vetiver são estruturas vegetativas, primeiramente

de aplicação em estabilização geotécnica e recuperação ambiental e

secundariamente como soluções de paisagismo e fins estéticos.

O Capim Vetiver é uma gramínea perene ocorrente nos mais variados

climas, com destaque para o tropical e subtropical, possui porte médio com

Page 35: Projeto de PRAD para Ravinas

[35]

altura de até 1,50 m e crescimento ereto, sendo resistente a pragas, doenças,

déficit hídrico, geada e fogo (queimadas), aos alagamentos e ao pastoreio.

Forma-se por touceiras e reproduz somente por mudas; entretanto

apresenta um sistema de raízes densas, de alta resistência, agregante,

formando um grampeamento natural estabilizante do solo de encostas e

taludes.

As touceiras plantadas vão fechando os vazios entre elas, pois uma

planta cresce em direção à outra (biotactismo positivo), formando a barreira

vegetal viva, ao contrário da maioria dos capins.

Adapta-se a qualquer tipo de solo e clima, sendo tolerante a índices

pluviométricos de 300 mm a 3.000 mm ao ano e períodos de extremo déficit

hídrico, bem como às temperaturas entre 9º C e 50º C, aos solos ácidos, à

salinidade, toxicidade e baixos índices de nutrientes do solo.

A barreira Vetiver (Figura 12) apresenta uma característica proeminente

na formação de uma cerca viva fechada e forte, com capacidade de retenção

de lâmina d’água em suas hastes de até 1,5m de altura e as touceiras providas

de raízes múltiplas, que penetram no solo até 5m de profundidade, criando um

solo natural estruturado através de uma malha de elevada resistência (raízes

com resistência às trações equivalentes a 1/6 da resistência do aço doce).

Page 36: Projeto de PRAD para Ravinas

[36]

Figura 12 - Barreira de Vetiver . Imagem: EMATER-MG

É comum o uso de gramíneas exóticas para recuperação de áreas

degradadas, porém algumas espécies como Capim-elefante e a Brachiara spp.

possuem alto grau de antibiose, dificultando a sucessão ecológica e a

restauração da vegetação nativa. Dado o fato de sementes de gramíneas de

espécies nativas serem escassas no mercado, recomenda-se o uso de

algumas espécies exóticas de ciclo anual, tais como Avena spp. e Azevém

( Loliummultiflorum Lam.) para plantio no inverno e as gramíneas Teosinto

( Euchlaena mexicana Schrad. ) e o Sorgo ( Shorgum bicolori ) para plantio no

verão. Além destas as gramíneas Secale cereale e Setaria spp. também são

recomendadas.

Serão plantadas 4 linhas transversais de cerca de 150m, paralelas 20 m

umas das outras no sítio proposto neste projeto, conforme o croqui (Figura 13)

Page 37: Projeto de PRAD para Ravinas

[37]

Figura 13- Quatro linhas de capim vetiver com cerca de 150m e espaçamento de cerca de 20 metros entra cada um

Etapa 4.2. Alocação de terra vegetal nas entrelinhas e plantio de

gramíneas.

Page 38: Projeto de PRAD para Ravinas

[38]

As gramíneas são importantes, por possuírem sistema radicular fino que

se aprofunda no solo para retirada de nutrientes e pela sua capacidade de

crescer rapidamente e densamente, produzindo em torno de 500 a 2000 hastes

por metro quadrado. São predominantes e formam cobertura vegetal no solo

que protege contra os impactos da chuva, evitando o desagregamento das

partículas do solo e evitando a erosão, ABREU (2007).

Após a análise do solo, sabendo da porcentagem necessária de

correção de acidez e fertilidade do solo, será deposta uma camada de terra

vegetal já adubada e com sementes de gramíneas para fixação do solo entre

as barreiras de capim vetiver. A espécie escolhida para este projeto, devido à

boa adaptação à região é a de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, mas outras

espécies de gramíneas, também podem ser introduzidas conforme lista

apresentada a seguir.

A de Brachiaria decumbens cv. Basilisk é um capim vigoroso e

agressivo, cujo florescimento pode se extender por toda a estação chuvosa.

Pode alcançar 1 m de altura. Seu crescimento é entouceirado; entretanto, as

plantas produzem grande número de colmos semi-decumbente com nós

radicantes dos quais brotam novas touceiras, resultanto em cobrimento da

superfície do solo.

Principais atributos agronômicos: essa planta é pouco atacada por

formigas cortadeiras de folhas, no entanto, é muito suscetível às ‘cigarrinha-

das-pastagens’ (quando em regiões onde a estação seca é curta ou

inexistente). Tolera fogo e sombreamento. Esta espécie é a que melhor suporta

períodos de deficiências hídricas do solo, mas não tolera solos mal drenados.

Adapta-se bem às regiões tropicais com temperaturas elevadas e com

precipitação superiores a 1.000 mm anuais, mesmo onde os solos são ácidos e

de baixa fertilidade.

Seu vigor, agressividade e rusticidade, entretanto, restringem a escolha

de leguminosas para cultivo consorciado; sabe-se, no entanto, que quando

bem manejada, pode ser cultivada com estilosantes Mineirão (Stylosanthes

Page 39: Projeto de PRAD para Ravinas

[39]

guianensis var. vulgaris cv. Mineirão), calopogônio (Calopogonium

mucunoides) e  estilosantes Campo Grande (Stylosanthes capitata + S.

macrocephala) e em áreas bem drenadas, amendoim-forrageiro (Arachis

pintoi).

Outras espécies de gramíneas que podem ser usadas para enriquecer o

solo são:

Grama Bermuda (Cynodon dactylon [L.] Pers);

Grama Forquilha (Paspalum notatum Fluegg, var. latiflorum);

Grama Pensacola (Paspalum notatum Fluegg, var. saurae Parodi, cv

Pensacola);

Grama Missioneira (Axonupus compressus [Swartz] Beauv. var.

jesuiticus Araújo);

Grama de Jardim (Stenotaphrum secundatum [Walther] Kuntz);

Capim Chorão (Eragrostis curvula [Schrad] Nees);

Capim Quiquio (Pennisetum clandestinum Hochst);

Capim Pangola (Digitaria decumbens Stent.);

Capim barba-de-bode (Aristida jubata [Arech] Herter);

Capim de Rhodes (Chloris gayana Kunth);

Grama Cinzenta (Paspalum nicorae Parodi);

As gramíneas serão plantadas apenas nas áreas de solo erodido (Figura

14). O restante da área que já possui vegetação será enriquecido com

espécies arbóreas.

Page 40: Projeto de PRAD para Ravinas

[40]

Figura 14 - Deposição de terra vegetal e plantação de gramíneas sobre o solo erodido.

Etapa 4.3. Introdução de espécies arbóreo-arbustivas pioneiras.

Em meio a essas entrelinhas, serão introduzidas cerca de 85 mudas de

espécies arbóreas pioneiras já bem desenvolvidas, (Figura 15). Estas covas

deverão ter dimensionamento de 70x70 de largura e 50 cm de profundidade. A

Page 41: Projeto de PRAD para Ravinas

[41]

adubação deverá garantir o desenvolvimento total da planta, garantindo sua

autossuficiência. A receita de adubação sugerida para áreas degradadas como

essa é de:

1 lata de 18 litros de esterco curtido;

500 gramas de fosfato natural;

500 gramas de calcário;

300 gramas de cinzas vegetais;

500 gramas de NPK.

Nestas condições de nutrição, as plantas terão um ótimo

desenvolvimento e chegarão a autossuficiência mesmo em solo com alto grau

de degradação.

Em áreas sob recuperação é recomendado que se utilize uma mistura

de espécies capaz de incorporar certo nível de diversidade e haja maximização

no uso dos recursos disponíveis e posteriormente, possibilite a evolução

natural da floresta para um sistema mais avançado de sucessão e mais

próximo da estabilidade. Na seleção das espécies devem ser priorizadas

aquelas com funções ecológicas específicas, mas com elevada tolerância a

fatores adversos presentes nestas áreas, como elevada temperatura, baixa

umidade, elevada incidência de radiação, competição com invasoras, baixa

disponibilidade de nutrientes, etc.

Segundo RODRIGUES e GANDOLFI (1998) o levantamento da

vegetação regional é fase de extrema importância em programas de

recuperação de áreas degradadas, pois a partir das informações sobre os

tipos de vegetação florestal características da região, as suas espécies

definidoras, a sua estrutura fitossociológica e a classificação sucessional

dessas espécies é que se podem definir as estratégias de recuperação para

cada situação identificada. A escolha adequada, das espécies a serem usadas

na restauração, praticamente já garante o sucesso do projeto, pois teremos

mudas se desenvolvendo adequadamente, com baixa mortalidade pós-plantio,

o que se traduz em redução de custos do projeto. Para esses autores, a

quantidade de espécies a serem usadas em programas de RAD deve depender

Page 42: Projeto de PRAD para Ravinas

[42]

do grau de isolamento dessa área, pois como foi observado por CAMPELLO

(1998) em áreas sob recuperação em Porto Trombetas – PA, o número

reduzido de espécies do projeto não inibiu o processo sucessional na área,

dado a pressão da floresta nativa sobre área. Contrariamente, em áreas onde a

fragmentação é grande, deve-se priorizar a seleção de um número maior de

espécies, pois a dispersão e entrada de novos propágulos a área será

dificultado.

Figura 15 - Croqui da área com as mudas de nativas pioneiras já plantadas

Algumas espécies pioneiras da FOMM ( Floresta Ombrófila Mista

Montana) indicadas para recuperação de áreas degradadas e que serão

usadas no projeto:

Bracatinga (Mimosa scabrella);

Page 43: Projeto de PRAD para Ravinas

[43]

Fumeiro-bravo (Solanum granduloso leprosum);

Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius)

Cuvatã (Cupania vernalis);

Cedro-rosa (Cedrela fissilis);

Vacum (Allophylus edulis)

Vassourão-preto (Vernonanthura discolor);

Vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia);

Canela-guaicá (Ocotea puberula)

Ingá (Inga vera)

A introdução dessas espécies em meio a estes taludes funcionará como

uma ilha de fertilidade, espalhando sementes, atraindo a fauna e adensando o

local.

Cronograma

2010 2011 2012/(...)

Page 44: Projeto de PRAD para Ravinas

[44]

D J F M A M J J A S O N D J

Aprovação do

projeto/ visita

“in loco”

X

Isolamento da

área

X X

Combate às

formigas

X X

Determinação

do declive

X X

Amostras de

solo

X

Resultado

amostra do

solo

X

Criação dos

aceiros e

demais tratos

ao local

X

Plantio linhas

de capim

vertiver

X X

Deposição de

terra vegetal

X X

Plantio das

gramíneas

X X

Plantio de

mudas de

árvores

pioneiras

X X X

Regeneração

florestal

X X X X X X X

Monitoramento

Page 45: Projeto de PRAD para Ravinas

[45]

Segundo CHAER (2001), a melhoria contínua da qualidade do solo ou

substrato de áreas degradadas sob processo de recuperação é fator essencial

para promover a manutenção do crescimento vegetal, restabelecimento dos

mecanismos de sucessão ecológica e aumento da biodiversidade. Desse

modo, o monitoramento da qualidade do solo/substrato assume grande

importância nos programas de recuperação de áreas degradadas, tendo em

vista a necessidade de verificação da eficiência das intervenções propostas em

propiciar a melhoria das funções produtivas e ambientais do solo. A avaliação

da qualidade do solo é feita pela seleção e análise de um conjunto de

indicadores os quais podem incluir características físicas, químicas ou

biológicas do solo. A escolha de um método adequado para a análise de dados

resultantes da análise dos indicadores é fundamental para identificar mudanças

qualitativas no solo resultantes dos processos de intervenção. De modo geral,

sugere-se o uso de métodos integrativos que permitem a análise conjunta dos

indicadores e maior facilidade na interpretação dos resultados. As duas

principais estratégias usadas são a (i) análise dos dados por meio de

ordenações multivariadas ou (ii) por meio de modelos para determinação de

índices de qualidade do solo. A seguir são apresentados aspectos relevantes

acerca desses métodos e exemplos de como eles podem ser empregados em

estudos envolvendo a recuperação de áreas degradadas.

Conclusões

Page 46: Projeto de PRAD para Ravinas

[46]

É possível realizar uma recuperação de uma área erodida como esta

sem despender de grandes custos. A utilização de barreiras vegetais se

mostrou eficiente em outros estudos e a área de atividade proposta neste

projeto dispensou o uso de obras de engenharias para conter a ação do clima

no agravamento do processo de erosão. Além da utilização das gramíneas, o

projeto também visou a incorporação de espécies arbóreas nativas, que com o

tempo levam a regeneração natural da mata levando consigo a recuperação

físico, química e biológica do solo, resultando numa ótima forma de

recuperação ambiental.

Referências Bibliográficas

Page 47: Projeto de PRAD para Ravinas

[47]

ABREU, ANALUCE DE ARAÚJO. Voçorocas - Medidas de Prevenção e

Contenção em Áreas Rurais. Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

- CETEC, 2007.

BACELLAR, L. A. P. Processos de Formação de Voçorocas e Medidas

Preventivas e Corretivas. Viçosa, 2006. 30 slides.

BACKES, A. Dinâmica do pinheiro-brasileiro. Iheringia, série Botânica, Porto Alegre, n.30, p.49-84, 1983.

BERTONI, José; LOMBARDI NETO, Francisco. Conservação do solo. São

Paulo: Ícone,1990.

CAMPELLO, E. F. C. Sucessão vegetal na recuperação de áreas degradadas.

In: DIAS, L. E.; MELLO, J. W. V. de (Ed.). Recuperação de áreas

degradadas. Viçosa: UFV, 1998. p. 183-194.

CAPECHE , CLÁUDIO LUCAS. Degradação Do Solo E Da Água: Impactos Da

Erosão E Estratégias De Controle, CURSO DE RECUPERAÇÃODE ÁREAS

DEGRADADAS. Centro de Treinamento da Petrobras , Rio de Janeiro- R

J . 2 0 0 8.

CARDOSO, RAFAEL SAID BHERING. Voçorocas: Processos De Formação,

Prevenção E Medidas Corretivas. Viçosa, 2006. 30 slides.

CHAER, G.M. Modelo para determinação de índice de qualidade do solo

baseado em indicadores físicos, químicos e microbiológicos. Viçosa- UFV,

2001, 89p.

FERREIRA, P. H. de M.; Princípios de manejo e conservação do solo. 2. ed. São Paulo: Nobel,1981.

GAVARD, François M. P. Meio ambiente, capitalismo e desenvolvimento sustentável: a arquitetura de um matrimônio duvidoso. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Vol. 6 - n. 3 janeiro-julho/2009

GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S. da; BOTELHO, R. G. M.; Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. 340 p.

Page 48: Projeto de PRAD para Ravinas

[48]

HUECK, K. Problemas e importância prática da fitossociologia no Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 1953. (Contribuição para a pesquisa fitossociológica paulista, 1).

IAPAR. 1978. Cartas climáticas do Estado do Paraná. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, Brasil, 38pp.

IBGE. 1992. Manual técnico da vegetação brasileira . Rio de Janeiro.

KLEIN, R. M. Ecologia da flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, Itajaí, n.31, p.11-164, 1979.

Klein, R.M. 1960. O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro. Sellowia 12:

17-44.

LIMA, M. A. Avaliação da qualidade ambiental de uma microbacia

nomunicípio de Rio Claro, SP. 1994. 264f. Tese (Doutorado em Geociências)

–Institutode Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista,

Rio Claro.LORENZI, H. Árvores brasileiras. Nova Odessa: Plantarum. 1992.

352 p.

MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. 3.ed. Curitiba: Imprensa

Oficial, 2002.

MACHADO, R. L.; COUTO, B. C. do; SILVA, A. H. da; RIBEIRO, P. T.;

OLIVEIRA, J. A., RESENDE, A. S. de; CAMPELLO, E. F. C.; FRANCO, A. A.

Perda de solo em erosão por voçorocas com diferentes níveis de controle no

município de Pinheiral-RJ. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO

SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 27.; REUNIÃO BRASILEIRA DE

MICORRIZAS, 11.; SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICROBILOGIA DO SOLO,

9.; REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO, 6., 2006, Bonito. Anais...

Bonito-MS: SBCS/SMB/Embrapa Agropecuária Oeste, 2006. CD ROM.

MELFI, A. J. ; PICCIRILLO, E. M. ; NARDY, A. J. R. Geological and magmatic aspects of the Parana Basin: an introduction. In: PICCIRILLO E. M. & MELFI, A. J. (Eds.). The Mesozoic Flood Volcanism of the Parana Basin: petrogenetic and geophysical aspects. São Paulo: USP, 1988. p. 1-14.

MENDONÇA, F. A. A contribuição do zoneamento climático na elaboração de diagnóstico ambiental de bacias hidrográficas: o exemplo da Bacia do Rio Tibagi/PR. Boletim Climatológico (Faculdade de Ciências Tecnologia, UNESP), Presidente Prudente, São Paulo, 1997.

Page 49: Projeto de PRAD para Ravinas

[49]

MINEROPAR, Minerais do Paraná. Perfil da indústria de agregados. Curitiba: MINEROPAR, 1999. Cd rom.

MONTEIRO, C. A. F. O clima da região Sul. Região Sul. Tomo I. Biblioteca Brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1963.

NARDY, et.al. Geologia e Estratigrafia da Formação Serra Geral. Geociências. V.21. nº1/2. São Paulo: UNESP, 2002

OLIVEIRA, M. A. T. de. Processos erosivos e preservação de áreas de

risco de erosão por voçorocas. In: GUERRA, A. J. T., SILVA, A. S. &

BOTELHO, R. G. M (org.). Erosão e Conservação dos Solos: conceitos, temas

e aplicações. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999. p. 57-94.

PETRI, S. & FÚLFARO, V.J. Geologia do Brasil. São Paulo: T.A. Queiroz e USP, 1983.

RESENDE, A. S. de; FRANCO, A. A.; MACEDO, M. O.; CAMPELLO, E. F. C.

Leguminosas associadas a microrganismos como estratégia de recuperação de

áreas degradadas. In: MANSUR, R. J.; NOGUEIRA, C.; ARAÚJO, E. de L.;

WILLADINO, L. G.; CAVALCANTE, U. M. T. (Org.). Estresses ambientais:

danos e benefícios em plantas. Recife: MXM Gráfica e Editora, 2005. p. 475-

489.

RIO GRANDE DO SUL.; Secretaria da Agricultura. Manual de conservação do solo e água: uso adequado e preservação dos recursos naturais renováveis. 3. ed. atualizada. Porto Alegre, 1985. 287 p.

RIZZINI, C. T.; COIMBRA FILHO, A. F.; HOUAISS, A. Ecossistemas brasileiros. Rio de Janeiro, Editora Index, 1988.

RODERJAN, C. V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S.; HATSCHBACK, G. As unidades fitogeográficas do Estado do Paraná. Ciência e Ambiente, Santa Maria, v. 24, p. 75-92, jan./jun, 2002.

RODRIGUES, R. GANDOLF, S. Restauração de florestas tropicais:

subsídios para uma definição metodológica e indicadores de avaliação e

monitoramento. In: Recuperação de Áreas Degradadas. DIAS, L.E.,

MELLO, J.W.V. (Ed.). Viçosa: UFV – Departamento de Solos; Sociedade

Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas, p: 203-215, 1998

Page 50: Projeto de PRAD para Ravinas

[50]

SEMA, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Link: http://www.sema.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=139. Consultado em 02/11/2010.

SILVA, ALEX JOSÉ DE PÁDUA. Análise da Voçoroca na Cabeceira do

Córrego Grota, no Município de Joviânia – GO. Goiânia-GO, 2007.

SIQUEIRA, J.; FRANCO, A. A. Biotecnologia do solo - fundamentos e

perspectivas. ciências agrárias nos trópicos brasileiros. Brasília, DF: MEC-

ESAL-FAEPE-ABEAS, 1988. 235 p.

THOMAZ , Edivaldo Lopes. Geomorfologia Ambiental e Agricultura Familiar na Bacia do Rio Iratim - Guarapuava – PR, R. RA’EGA, Curitiba, n. 4, p. 37-48. 2000. Editora da UFPR.

VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, I. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991.

Page 51: Projeto de PRAD para Ravinas

[51]

Anexos

Parte superior da área

Outra vista superior da área

Page 52: Projeto de PRAD para Ravinas

[52]

Condição do solo erodido

Parte da área com vegetação

Page 53: Projeto de PRAD para Ravinas

[53]

Surgimento de sulcos e início de ravinamento

Vista lateral da área