projeto de intervenção do segundo ciclo

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SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM ACADÊMICOS: CAETANO TEIXEIRA, DEBORA CAROLINE, DÉBORAH ROOSEVELT, MARIANA MARQUES, PRISCILA CRESPO, SYLVIA HERRERA E THIAGO NUNES ATENÇÃO À MULHER NO CICLO GRAVÍDICO

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Page 1: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL

FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ENFERMAGEM

ACADÊMICOS: CAETANO TEIXEIRA, DEBORA CAROLINE, DÉBORAH

ROOSEVELT, MARIANA MARQUES, PRISCILA CRESPO, SYLVIA HERRERA E

THIAGO NUNES

ATENÇÃO À MULHER NO CICLO GRAVÍDICO

BRASÍLIA – DF

2012

Page 2: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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ACADÊMICOS: CAETANO TEIXEIRA, DEBORA CAROLINE, DÉBORAH

ROOSEVELT, MARIANA MARQUES, PRISCILA CRESPO, SYLVIA HERRERA,

THIAGO NUNES

ATENÇÃO À MULHER NO CICLO GRAVÍDICO

Projeto de Intervenção realizado no Centro de Saúde do Recanto

das Emas nº 02 (CSRE 02), Brasília-DF, com o objetivo de discutir

junto à mulher, as principais modificações biopsicossociais

relacionadas à gestação.

ORIENTADORA: ARLETE RODRIGUES CHAGAS DA COSTA

BRASÍLIA-DF

2012

Page 3: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3

2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................................4

3 METODOLOGIA....................................................................................................................5

4 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................................6

4.1 Adaptações Gravídicas..........................................................................................................6

4.2 Condutas nas Queixas mais Frequentes................................................................................9

4.3 Sinais de Alerta na Gestação...............................................................................................13

5 CONCLUSÃO.......................................................................................................................14

6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................15

Page 4: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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1 INTRODUÇÃO

A gestação e um processo único na vida da mulher. Traz à ela um ramo de

modificações físicas, psicológicas e familiares que exigem da mulher uma nova visão dos

acontecimentos e mudança de postura para enfrentar mais essa fase da vida. As modificações

fisiológicas marcam significativamente o corpo da mulher, preparando-a para acolher, nutrir e trazer

a vida a um novo ser. As mudanças psicoemocionais acarretadas com a gestação se referem a

aceitação da sua própria imagem, à adaptação a novas rotinas familiares e à descobertas que

acompanham a evolução gestacional.

O pontapé inicial para estas mudanças é dado pela descoberta da gravidez, que

independentemente do planejamento dessa gestação, coloca em duvida o desejo da mulher por essa

gravidez. Quando se iniciam os movimentos fetais e as primeiras modificações físicas na mulher, e

ela os sente pela primeira vez, ocorre a resolução da ambivalência do “querer” e “não querer” a

gravidez. Por outro lado, além de fatores hormonais, o impacto da gestação causa uma grande

sensibilidade na mulher, e é nesse período que a mulher procurar saber mais sobre sua gestação,

pois o parto encontra-se distante e ela se sente segura para obter todas as informações que

necessita.

O final da gestação é marcado pelo incômodo que as modificações físicas trazem à mulher,

pelo desejo de ter seu filho nos braços e pelo medo da hora do nascimento. Nesse período a mulher

procura resolver tudo que precisa para poder dedicar sua atenção ao novo e iminente membro da

família. A maternagem, antes presente em todo período gestacional, se torna mais evidente e de

acordo com Barreto e Oliveira (2010):

Vale ressaltar que a maternidade pressupõe não somente a capacidade de parir filhos, mas a possibilidade de desenvolver a paciência, de oferecer dedicação a outro, de desdobrar o tempo, de constatar que o outro é diferente, de aprender a esperar, de suscitar idéias, de tolerar a contrariedade e de aprender diariamente a amar.

Baseado na atenção humanizada que pressupõe uma total abrangência no atendimento à

gestante, este projeto foi desenvolvido buscando suprir necessidades encontradas no atendimento de

pré-natal do CSRE 02, onde foi verificado uma falha na abordagem dos períodos gestacionais e suas

principais alterações físicas e psicoemocionais – abordando também alterações na dinâmica familiar

-. Compreendendo a necessidade de apoio à mulher durante essas modificações características da

gestação, abordaremos os trimestres gestacionais, a fim de promover uma atenção integral à saúde

da mulher.

Page 5: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

4

2 JUSTIFICATIVA

Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para saúde materna e neonatal e, para sua humanização e qualificação, faz-se necessário:construir um novo olhar sobre o processo saúde/doença, que compreenda a pessoa em sua totalidade corpo/mente e considere o ambiente social, econômico, cultural e físico no qual vive; estabelecer novas bases para o relacionamento dos diversos sujeitos envolvidos na produção de saúde – profissionais de saúde, usuários(as) e gestores; e a construção de uma cultura de respeito aos direitos humanos, entre os quais estão incluídos os direitos sexuais e os direitos reprodutivos, com a valorização dos aspectos subjetivos envolvidos na atenção (BRASIL, 2006).

Pensando na importância da assistência pré-natal de qualidade e nos índices de

morbimortalidade materna e perinatal que resolvemos elaborar nosso Projeto de Intervenção

voltado para a gestante. Na busca de proporcionar o bem-estar da gestante falaremos sobre as

alterações fisiológicas, psicológicas e anatômicas ocorridas na vida da mulher que tem a

oportunidade de vivenciar esse momento único que é a gestação.

Cabe ao profissional de saúde realizar consultas de pré-natal de qualidade, observar os

resultados de exame e suas interpretações de acordo com cada trimestre da gravidez. O exame

físico também é um aliado do profissional e da mulher, pois quando feito com eficácia servirá

como parâmetro para avaliar o estado de saúde da mãe e do bebê.Existem patologias

específicas da gestação que podem ser evitadas, bem como suas complicações, através da boa

conduta do profissional.

Sabendo de todas as alterações que acometem a gestante, resolvemos elaborar este

projeto na busca de ajuda-las a passar por esse período com saúde e tranquilidade,

aproveitando com alegria cada minuto da gestação e realizando aconselhamento, sugestões e

dicas de como reduzir as queixas mais frequentes da gestação.

Ressaltamos que cabe a nós, profissionais da saúde, implementar ações de promoção e

prevenção da saúde, porém é necessário também a participação social. Por isso, também

temos o objetivo de empoderar a gestante, dando-lhe autonomia na busca de seus direitos,

ajudando a melhorar a assistência e promovendo qualidade de vida para a mulher.

Page 6: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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3 METODOLOGIA

O Projeto de Intervenção será desenvolvido no Centro de Saúde nº 02 do Recanto das

Emas, visando explanar de forma clara, objetiva e descontraída os principais aspectos

referentes ao ciclo gravídico para um grupo de gestantes.

A execução do projeto será dividida por trimestre gestacional. A apresentação teatral

será dividida em três atos, ao final de cada um haverá uma conversa e troca de experiências

entre as gestantes e o grupo de estudantes visando explanar os temas propostos, a saber :

Modificações anatomofisiológicas da gestação, queixas gravídicas e respectivas condutas,

identificação dos sinais de alerta fisiopatológicos do período gestacional.

O segundo momento será caracterizado por um espaço aberto para que as gestantes

tirem suas dúvidas a respeito da temática desenvolvida, utilizando-se das metodologias ativas,

valorizando os conhecimentos prévios do grupo alvo. (TEORIZAR SOBRE

METODOLOGIA ATIVA) Para finalizar, será oferecido às gestantes um lanche em forma de

agradecimento pela participação no projeto.

CRONOGRAMA

HORÁRIO ATIVIDADE/DIA

14:00 – 14:15 Apresentação do Projeto 13/06/12

14:15 – 15:00 Peça + explanação

15:00 – 15:30 Encerramento (avaliação da projeto)

15:30 – 16:00 Lanche e sorteio

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Adaptações Gravídicas

A gestação é uma fase de suma importância para a vida de muitas mulheres que,

muitas das vezes, não fazem idéia de todas as modificações anatomofisiológicas advindas da

gravidez.

A gestação modifica o organismo materno e nele interfere ao alterar a bioquímica e a anatomia de todos os seus aparelhos e sistemas, podendo agravar entidades mórbidas preexistentes ou produzir sintomas que, embora fisiológicos, são por vezes molestos. Essas alterações, quase em sua totalidade, decorrem da reação orgânica à presença do concepto e seus tecidos (aloenxerto), da sobrecarga hormonal experimentada pela gestante ou da ação mecânica exercida pelo útero grávido (NETTO, 2004).

Segundo Montenegro (2006), as adaptações gravídicas do primeiro trimestre

acometem principalmente:

1. POSTURA E DEAMBULAÇÃO: pela mudança do eixo gravitacional da mulher, a

fim de contrapor o peso exercido pelos seios;

2. METABOLISMO: ocorre acréscimo no peso da gestante em 4 kg por deposição de

gordura, a medida que a prenhez avança, a utilização periférica de glicose diminui pela

ação dos hormônios da placenta como: hPL, estrogênios, progesterona, cortisol, dentre

outros hormônios contra insulinares;

3. SISTEMA CARDIOVASCULAR: há aumento da frequência cardíaca materna a partir

de 4 semanas, com hipervolemia sanguínea a partir de 6 semanas, causando o aumento

do débito cardíaco em cerca de 30-50%; a pressão arterial (PA) sofre uma queda em

torno da 10ª semana em decorrência da diminuição da resistência periférica vascular

ocasionada pelo aumento do débito cardíaco;

4. SISTEMA SANGUÍNEO: na gravidez, a necessidade de ferro fica aumentada, pela

demanda de abastecimento do organismo materno e fetal; o nível mínimo de

hemoglobina normal é de 10 g/dl; os leucócitos estão elevados (8-12 mil/mm³ na

gestação); há um quadro de plaquetopenia, entretanto o fibrinogênio aumenta, bem

como os fatores pró-coagulantes VII, X, VIII, fator Von Willebrande e protrombina;

5. SISTEMA URINÁRIO: A taxa de filtração glomerular eleva-se 30-50%, com

proteinúria de até 300 mg/24horas; ocorre uma dilatação dos ureteres com um fluxo de

urina retardado e redução da capacidade renal de concentrar urina, reduzindo a

Page 8: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

7

atividade antibacteriana, decorrente da excreção de quantidades menores de potássio e

maiores de glicose e aminoácidos, proporcionando meio apropriado para atividade

bacteriana; ocorre um aumento do pH urinário (DUARTE, 2008);

6. SISTEMA RESPIRATÓRIO: ocorre hiperemia e edema na mucosa das vias aéreas

superiores; a progesterona tem uma ação no centro respiratório, causando

hiperventilação desnecessária, uma vez que o centro fica menos sensível aos níveis de

oxigênio;

7. SISTEMA DIGESTIVO: os níveis elevados de estrogênios no sangue podem

ocasionar aparecimento de náuseas e vômitos no inicio desse trimestre; há redução da

secreção gástrica de ácidos, diminuindo a incidência de ulcera péptica e a cura das

preexistentes; os níveis hormonais ocasionam atonia da musculatura, sendo que a

combinação do relaxamento do esfíncter gastroesofagiano com o aumento da pressão

intra-abdominal, pode ocasionar a pirose;

8. PELE: ocorre aumento da pigmentação da linha Alba do abdômen e aparecimento de

cloasma;

9. VULVA E VAGINA: ocorre tumefação, com amolecimento e coloração arroxeada.

10. ÚTERO: com 12 semanas o útero passa a ser perceptível no abdômen; o miométrio

sofre hipertrofia, e o endométrio realiza formação da decídua para o processo de

implantação; o colo, devido ao crescimento uterino, eleva-se e se orienta na vagina,

posteriormente, em direção do côncavo sacro, o orifício cervical é obstruído por

secreção mucosa espessa, chamada tampão mucoso.

Muitas das modificações ocorridas no segundo trimestre, são apenas a

continuação das anteriores, Netto (2004), caracteriza as adaptações

anatomofisiológicas no segundo trimestre de gravidez da seguinte maneira:

1. METABOLISMO: o hPL atua na formação de energia por catabolização de gordura

para a mãe, a fim de poupar glicose e aminoácidos ao feto;

2. SISTEMA CARDIOVASCULAR: o débito cardíaco alcança seu ápice no meio da

gravidez, ocasionando aumento da frequência cardíaca e volume sistólico, entretanto,

a PA sofre seu máximo de queda, por volta de 10 mmHg no volume sistólico e 15

mmHg no diastólico; a compressão do útero, sobre a veia cava, dificulta o retorno

venoso;

Page 9: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

8

3. SISTEMA SANGUÍNEO: A hemodiluição se acentua no segundo trimestre com

queda da serie vermelha sanguínea, tendo a aldosterona um papel importante nesse

processo;

4. SISTEMA URINÁRIO: continua a aumentar a filtração glomerular; a bexiga altera

sua posição para sentido anterior, em direção à cavidade abdominal;

5. SISTEMA RESPIRATÓRIO: o tórax aumenta seu diâmetro em cerca de 7 cm,

entretanto o diafragma se eleva 4 cm com a acomodação do útero em crescimento,

diminuindo a complacência da parede torácica e aumentando o trabalho respiratório;

6. SISTEMA DIGESTIVO: pode ocorrer sangramento da gengiva, decorrente da

embebição gestacional feita pelos hormônios da gravidez sobre o tecido conjuntivo;

7. ÚTERO: entre 18 e 20 semanas de gravidez, se apresenta globoso, passando a ser

ovóide após isso; ganha a cavidade abdominal por volta das 12 semanas, chegando à

cicatriz umbilical em torno de 20 semanas; surgem contrações de Braxtom-Hilks,

esporádicas e arrítmicas de maior intensidade; as trompas e ovários se deslocam em

direção a cavidade abdominal pelo crescimento uterino;

8. VULVA E VAGINA: os lactobacilos atuam sobre o glicogênio da parede vaginal,

produzindo acido lático que diminui seu pH;

9. MAMAS: a progesterona, os estrogênios e a prolactina provocam a expansão dos

alvéolos a partir da árvore ductal, ocorre hiperpigmentação da aréola e aparecimento

da aréola secundária bem como aparecimento dos tubérculos de Montgomery.

No terceiro trimestre temos as modificações finais do ciclo gravídico, processos

importantes para a finalização da gravidez. Alguns sistemas não são descritos, pois suas

modificações não são inéditas. Montenegro (2006) as caracteriza:

1. METABOLISMO: a deposição de gordura alcança seu máximo com 30 semanas de

gravidez, a liberação de energia aumenta aproximadamente 400 Kcal acima da taxa

metabólica basal; há aumento de 40 a 50% na resistência à insulina; há um aumento da

ação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, causando reabsorção de água e

compensando o aumento da filtração glomerular;

2. SISTEMA CARDIOVASCULAR: a hipervolemia alcança seu pico no inicio desse

trimestre; as taxas de hemoglobina começam a voltar a seu valor normal em decorrência

do incremento do volume globular, entretanto o volume plasmático se estabiliza na 34ª

semana, diminuindo a hemodiluição (esse processo é importante para homeostase pós-

Page 10: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

9

parto); nesse trimestre a postura interfere acentuadamente no débito cardíaco, pela

compressão ou descompressão da veia cava pelo útero gravídico, por isso recomenda-se o

decúbito lateral esquerdo (BRASIL, 2001);

3. PELE: pela sua distensão, aparecem estrias no abdômen e seios, inicialmente

avermelhadas e posteriormente brancas;

4. ÚTERO: acentua-se nos últimos meses a cilindrificação da matriz uterina;

4.2 Condutas nas Queixas mais Frequentes

São muitas as queixas citadas durante as consultas de pré-natal, queixas comuns que

podem ser fisiológicas ou patológicas e cabe aos profissionais, identificar riscos e orientar

adequadamente, a fim de amenizar possíveis complicações. No momento da orientação é

importante que o profissional evite o uso de palavreado tecnicista, adequando sua linguagem

ao nível de instrução da paciente, para que essa entenda perfeitamente o que está sendo

abordado. Também é de extrema importância que o profissional forneça um ambiente

amigável, de privacidade, para que a paciente sinta-se a vontade para conversar a respeito do

que está acontecendo, expondo suas dúvidas, receios, ansiedades e queixas.

Segundo o Ministério da Saúde (2006), é possível observar ao longo da gestação,

ansiedades e comportamentos típicos gerais, de acordo com o período gestacional. Estas

alterações estão listadas abaixo juntamente com as condutas que são adequadas a cada

situação:

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Observações mais comuns Condutas

1º Trimestre

Ambivalência (querer ou não a gravidez?)

Medo de abortar

Oscilações de humor constantes

Irritabilidade e apreensão

2º Trimestre

Introspecção e passividade

Alteração do desempenho/interesse sexual, repercussões no relacionamento conjugal

Grande impacto emocional relacionado a alteração maior da estrutura corporal

Percepção dos movimentos fetais - concretização emocional da gravidez

3º Trimestre

Ansiedade e medo relacionado ao parto/aumento de queixas físicas

Promover ambiente de conforto e privacidade

Promover escuta ativa

Compreender a mulher em sua totalidade

Fornecer orientações claras e pontuais

Evitar excesso de tecnicismo

Orientar quanto às mudanças fisiológicas e sinais de alerta

Explicar procedimentos e condutas

Estimular a participação do acompanhante

Promover a maternagem

Estimular a co-participação e o empoderamento da mulher no cuidado

Além destas observações mais comuns, temos que lidar também com muitas queixas

que são resultantes das alterações que acontecem no organismo da mulher durante a gravidez.

As alterações fisiológicas da gravidez produzem manifestações sobre o organismo da mulher que, muitas vezes, são percebidas como “doenças”. Cabe ao profissional de saúde a correta interpretação e a devida orientação à mulher, sem a banalização de suas queixas (BRASIL, 2006).

Segundo o Ministério da Saúde (2006), a maioria dos sintomas e sinais diminui e/ou

desaparece com orientações alimentares, posturais e, na maioria das vezes, sem o uso de

medicamentos, que devem ser evitados ao máximo. As principais queixas e condutas

pertinentes pontuadas são:

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1. NÁUSEAS, VÔMITOS E TONTURAS: Deve-se explicar os fatores fisiológicos

envolvidos na produção desses sinais e sintomas de uma maneira adequada; orientar a

respeito da importância de uma alimentação leve e fracionada, evitando-se a ingesta de

alimentos que agridam o trato gastrointestinal (refrigerantes, alimentos com gosto e

odor fortes, ácidos...) e que contenham alto teor de gordura; orientar a preferência da

não ingesta de líquidos durante as refeições e, a ingesta de alimentos secos e sólidos

(biscoito água e sal) logo ao acordar. E, se os vômitos persistirem, orientar para que a

paciente busque um atendimento médico-hospitalar;

2. PIROSE: Explicar os processos fisiológicos envolvidos no refluxo e no relaxamento

do esfíncter esofágico, de uma maneira clara, usando uma linguagem adequada ao

nível de formação da paciente; orientar a respeito da importância da alimentação

fracionada evitando-se frituras, álcool, fumo e alimentos que irritem a mucosa gástrica

(café, chá preto, doces, alimentos gordurosos, picantes);

3. SIALORRÉIA: Explicar que é um sintoma comum, orientá-la para deglutir a saliva e

ingerir líquidos em abundância (10 copos com água de 200 ml/cada por dia);

4. FRAQUEZAS E DESMAIOS: podem estar associadas à hipotensão ou hipoglicemia;

devemos orientar a gestante para que não faça mudanças bruscas de posição, que

repouse em Decúbito Lateral Esquerdo (DLE) respirando pausadamente e

profundamente para amenizar a sensação de fraqueza e desmaio; indicar a alimentação

fracionada afim de que haja sempre uma disponibilidade de glicose sérica;

5. DOR ABDOMINAL, CÓLICAS, FLATULÊNCIA E OBSTIPAÇÃO INTESTINAL:

caso ocorram cólicas e dor abdominal deve-se, primeiramente, certificar-se de que não

são contrações uterinas; se houver flatulência e/ou constipação/obstipação intestinal

deve-se orientar a mulher a respeito dos fatores fisiológicos envolvidos indicando

exercícios físicos leves (caminhadas), maior ingesta de líquidos e de alimentos ricos

em fibras; se necessário, solicitar exame parasitológico de fezes;

6. HEMORRÓIDAS: Indicar uma alimentação rica em fibras, a fim de evitar obstipação

intestinal (se necessário, prescrever supositórios de glicerina), orientar a respeito da

higienização perianal com água e sabão neutro, banhos a vapor e compressas mornas,

e, se houver dor ou sangramento anal persistente, deve-se agendar consulta médica

para a paciente;

7. CORRIMENTO VAGINAL: Primeiramente, deve-se investigar Doenças Sexualmente

Transmissíveis (DST) ou outras ocorrências ginecológicas, se descartadas estas

Page 13: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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hipóteses, deve-se orientar a respeito do aumento do fluxo vaginal fisiológico comum

na gestação;

8. QUEIXAS URINÁRIAS: Se a queixa for relacionada à polaciúria, deve-se explicar a

respeito da questão fisiológica envolvida neste processo (crescimento do útero,

compressão da bexiga, relaxamento da musculatura lisa). Se a paciente referir dor e/ou

ardência durante as micções, deve-se solicitar Exame de Amostra de Sedimentos

(EAS) e explicar a respeito dos riscos aos quais o feto fica exposto quando a mãe está

com uma Infecção no Trato Urinário (ITU);

9. FALTA DE AR E DIFICULDADE PARA RESPIRAR: Descartar alguma

fisiopatologia que possa estar causando estes sintomas, explicar a respeito dos

processos fisiológicos envolvidos, recomendar repouso em DLE, promover uma

escuta ativa e estimular a gestante a conversar sobre angústias e apreensões. Se

necessário, agendar consulta médica;

10. DOR NAS MAMAS: Examinar as mamas e descartar alterações, recomendar o uso de

um sutiã com boa sustentação e explicar o porquê disso, orientar a respeito do preparo

das mamas para a amamentação;

11. DOR LOMBAR (DORES NAS COSTAS): Orientar a respeito dos processos

fisiológicos envolvidos (desvio no centro de gravidade, aumento do peso e do volume

abdominal, relaxamento dos ligamentos pélvicos ou até encaixamento da

apresentação!); recomendar o uso de sapatos baixos e confortáveis, aplicação de

compressas quentes, correção da postura e, se necessário, prescrever analgésico por

tempo limitado (paracetamol);

12. CEFALÉIA: Afastar hipertensão arterial e pré-eclâmpsia (se a Idade Gestacional for

maior do que 24 semanas), promover um ambiente adequado e uma escuta ativa para

que a gestante converse sobre seus medos/temores, apreensões... Prescrever analgésico

(paracetamol) por tempo limitado e, se o sintoma persistir, referir à consulta médica;

13. SANGRAMENTO NAS GENGIVAS: Explicar os processos fisiológicos envolvidos,

recomendar o uso de escova de dentes pequena e com cerdas macias, orientar a

respeito da prática de massagens nas gengivas e agendar atendimento odontológico, se

necessário;

14. VARIZES: Indicar o uso da meia calça para gestantes, recomendar que a mesma não

permaneça muito tempo em pé ou sentada, orientar a respeito da importância de

repousos várias vezes ao dia (20min cada), com as pernas elevadas;

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15. CÂIMBRAS: Recomendar consumo de alimentos ricos em potássio (bananas, nozes,

farelo de flocos, de trigo, gérmen de trigo, damascos, figos, passas, frutas secas...),

cálcio (leite, iogurte, queijos...) e vitamina B1 (centeio, cevada, cacau, farelo de arroz,

amendoim...); orientar a respeito da massagem local e aplicação de calor;

16. CLOASMA GRAVÍDICO: Explicar os processos fisiológicos envolvidos, recomendar

a não exposição da pele sem proteção solar diretamente ao sol, orientar o uso de

protetor solar tópico com fator de proteção alto;

17. ESTRIAS: Explicar os processos fisiológicos envolvidos e recomendar aumento na

ingesta hídrica (promover a hidratação) e massagens locais com soluções oleosas (ex.:

óleo mineral) sob a pele a fim de preveni-las.

4.3 Sinais de Alerta na Gestação

A mulher no ciclo gravídico deve realizar consultas de pré-natal regularmente. Desta

forma terá acompanhamento para verificar as condições de saúde/doença, além de receber

orientações e esclarecer dúvidas durante toda a gestação, podendo assim, prevenir

complicações que possam afetar mãe e feto como doença hipertensiva, diabetes gestacional,

hiperemese gravídica, infecção urinária, doenças sexualmente transmissíveis e outras.

Os sinais de alerta na gestação podem ser observados pelo profissional de saúde ou

pela própria gestante, que reconhecerá alterações em seu organismo, fazendo com que procure

o serviço de saúde rapidamente. As alterações são diversas e cada uma requer atenção, pois

podem levar a doenças características da gestação e até a mortalidade materna fetal se não

houver tratamento adequado.

A gestante deve procurar a unidade de saúde se apresentar sinais de alerta como:

Edema nos membros superiores, inferiores e face;

Disúria;

Cefaléia intensa ou visão turva;

Febre que não cede;

Ganho ponderal acima ou abaixo do esperado;

Vômitos muito freqüentes;

Não sentir o bebê mexer por mais de 8 horas;

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Cólicas muito fortes e freqüentes;

Sangramento vaginal ou corrimento escuro;

Pressão Arterial acima de 140x90 mmHg;

Perdas transvaginais;

Contrações fortes, dolorosas e freqüentes.

Estar atento às diversas alterações durante a gestação permite intervir no momento

adequado para garantir o desenvolvimento fetal assim como o bem estar materno, garantindo

uma gravidez tranquila e bem assistida pelo serviço de saúde.

5 CONCLUSÃO

Page 16: Projeto de Intervenção do Segundo Ciclo

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6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Saúde do Recife. Atenção Humanizada à mulher no Ciclo Gravídico

Puerperal. Pauta de Obstetrícia. Editora: Universidade de Pernambuco, Recife 2008.

RECIFE. Secretaria de Saúde. Diretoria Geral de Atenção à Saúde. Gerência de Atenção à Saúde da

Mulher. Comitê Municipal de Estudos sobre Mortalidade Materna do Recife. Atenção humanizada

à mulher no ciclo gravídico puerperal: pauta de obstetrícia / Secretaria de Saúde. – Recife, 2008.

BARRETO, A. P . V.; OLIVEIRA, Z. M. O ser mãe: expectativas de primigestas. Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia. Rev.Saúde.Com, 2010. Disponível em:

<www.uesb.br/revista/rsc/v6n1a02.pdf>. Acesso em: 06 jun 2012.

NETTO, H. C. Obstetrícia básica. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.

MONTENEGRO, Rezende. Obstetrícia Fundamental. 10ª edição. Editora Guanabara

Koogan, Rio de Janeiro, 2006.

DUARTE, G. et AL. Infecção urinária na gravidez. Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto. 03 mar. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da

Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério

da saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Manual Técnico Pré-Natal e

Puerpério. Atenção Qualificada e Humanizada. Brasília: Editora MS, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Conversando com a gestante – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 42 p.– (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Cadernos n. 8) Disponível em: <http://www.fiocruz.br/redeblh/media/conversando_gestante[1].pdf>. Acesso em: 4 jun 2012.