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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA – CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA - DFQ
PROJETO DE EXTENSÃO
ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO: integrando uma
disciplina na prestação de serviço especializado.
RELATÓRIO FINAL
ILHA SOLTEIRA - SP
FEVEREIRO - 2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA – CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA - DFQ
PROJETO DE EXTENSÃO
ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO: integrando uma
disciplina na prestação de serviço especializado.
RELATÓRIO FINAL
Coordenadora: Prof.ª Drª Maria
Angela de Moraes Cordeiro.
Bolsista PROEX: Everton Santos
Soares.
ILHA SOLTEIRA - SP
FEVEREIRO - 2016
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INTRODUÇÃO
A preocupação com a qualidade da água surgiu nos primórdios da civilização,
nesse período a qualidade da água, era definida por aspectos estéticos (cor, sabor, cheiro),
água “pura” era aquela limpa, de bom sabor e sem odor. Essa avaliação sensorial durou
por séculos, até o reconhecimento que apenas esse aspecto não era necessário para julgar
a qualidade da água (Pádua et; al, 2009). Somente no século XIX, com epidemias de febre
tifoide e mortes por cólera, é que estabeleceu correlação entre a água consumida e a
transmissão de doenças (TAVARES E GRANDINI, 1999).
Hoje, sabe-se que a qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da
ação antrópica. A percolação, o escoamento superficial e infiltração no solo, modifica
suas características, incorporando impurezas do solo em sua composição. As atividades
antropogênicas, originária principalmente de cargas pontuais doméstica e industriais e de
cargas difusas de origem urbana e rural, também determina as substancias presente na
água (SPERLING, 2005; MODESTO et al, 2013).
A água é fundamental para a qualidade de vida dos seres humanos, no qual faz
uso principalmente para ingestão direta, preparo de alimentos, higiene pessoal e de
utensílios, desse modo a água usada para abastecimento doméstico deveria apresentar
características toxicológicas adequadas, livres de microrganismos patogênicos e
substâncias nocivas à saúde (Zancul, 2006).
A falta de conhecimento de uma população, associada as condições inadequadas
de saneamento, principalmente nas áreas rurais e nos subúrbios das grandes cidades,
aumenta os casos de doenças hídricas, atingindo principalmente crianças e jovens,
interferindo em seu desenvolvimento. É sabido que doenças parasitárias diminuem o
rendimento escolar, a produtividade no trabalho e ocasiona gastos com assistência médica
(Joventino, 2010).
A fragilidade do sistema público de saneamento, como a ausência de redes
coletoras de esgoto e pela qualidade da água fornecida à população, principalmente nas
áreas rurais, faz do Brasil um dos países com maiores índices de mortalidade infantil do
continente (DANIEL, 2001). Segundo Briscoe (1987), intervenções em abastecimento de
água e coleta de esgoto têm efeitos de longo prazo, podendo aumentar sete vezes a
expectativa de vida e prevenir mortes de forma quatro vezes mais eficientes.
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Nas áreas rurais enfrentam problemas de ordem sanitária, como por exemplo, a
falta de coleta, tratamento e destinação inadequada dos resíduos sólidos e líquidos,
precariedade no armazenamento e fornecimento de água para o consumo
(VALENCIANO, 2001).
Diante dessas informações, e tendo conhecimento dos casos de contaminação da
água em assentamentos no noroeste do Estado de São Paulo, o “Projeto Água Para
Consumo Humano: integrando uma disciplina na prestação de serviço especializado”,
visa analisar a qualidade da água consumida pelos moradores do Assentamento Estrela
da Ilha, no município de Ilha Solteira – SP.
OBJETIVO
O objetivo central deste projeto foi conscientizar os moradores da área rural a
importância da qualidade da água consumida, e por meio das análises físico-químico e
microbiológicas desmitificar que a água obtida através de poços são mais puras que a
água que passa por tratamento químico, como de áreas urbanas.
MATERIAIS E MÉTODOS
As análises de água foram realizadas no Laboratório de Química da Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira, seguindo a metodológica proposta por Standard Methods for
the Examination of Water and Wastewater.
Os parâmetros analisados foram: cor, turbidez, ferro, nitrato, nitrito, pH,
temperatura, dureza, cloretos, alcalinidade, coliformes termotolerantes e totais. Esses
parâmetros são descritos a seguir por Sperling:
Cor: responsável pela coloração da água, de origem natural não representa risco
direto a saúde, porem de origem industrial pode apresentar toxidade.
Turbidez: representa o grau de interferência com a presença da luz através da
água, é devida à presença de sólidos suspensos, de origem orgânica ou inorgânica.
Esteticamente indesejável.
Ferro: confere sabor e odor, coloração e turbidez na água.
Nitrato e nitrito: ciclo do nitrogênio, tem origem de despejos domésticos,
fertilizantes, excremento de animais. O nitrogênio na forma de nitrato está
correlacionado com doenças como a metahemoglobinemia.
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pH: representa a concentração de íons hidrogênio, de origem natural e
antropogênica. Não tem importância em termos de saúde pública.
Temperatura: origem natural e antropogênica, quando elevada aumenta a taxa de
reações físicas e químicas e biológicas, maior taxa de transferência de gases, o
que pode ocasionar mau cheiro.
Dureza: concentração de cátions multimetálicos, causando sabor desagradável,
podendo ter efeito laxativo, além de causar incrustações em tubulações.
Cloretos: é advindo da dissolução de sais, em altas concentrações causa sabor
salgado à água, indicador de águas residuárias.
Alcalinidade: quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os íons de
hidrogênio. Não tem significado sanitário para a água, em alta concentração altera
o sabor da água.
Coliformes termotolerantes ou Escherichia coli: são um grupo de bactérias
indicadoras de organismos originários predominantemente do trato intestinal
humano e outros animais. Resistentes à elevada temperatura.
Coliformes Totais: coliformes “ambientais”, constitui-se em um grupo de
bactérias que tem sido isoladas de amostras de água e solos poluídos e não
poluídos, bem como fezes de seres humanos e outros animais de sangue quente.
Para as análises de Coliformes foram coletados em frascos esterilizados 100 ml
de água. No laboratório utilizou-se o kit de substrato enzimático da Colilert® (Idexx) a
presença do patógeno é confirmada pela alteração da cor da amostra.
Os parâmetros: cor, turbidez, ferro, nitrato e nitrito foram mensurados com o uso
do fotômetro da marca MERCK modelo SQ 118; o pH das amostras foi medido por meio
de tiras reativas; fazendo uso de técnicas volumétricas analisamos a dureza, cloretos e
alcalinidade, para tais análises são coletados 1000 ml de água em frascos de polietileno.
Em todas as visitas ao assentamento foi aplicado um questionário solicitando
informações sobre profundidade do poço, a distância do poço em relação à fossa, número
de pessoas que ingerem a água; idade dos moradores, e a opinião delas a respeito da
análise e da qualidade da água.
RECONHECIMENTO DO LOCAL
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Com a desapropriação promovida pelo INCRA da Fazenda São José da Barra,
localizada em Ilha Solteira – SP, foi criado o Assentamento Estrela (Figura 1), ocupando
uma área de 2.964,33ha, distribuído em 14 ha para famílias e lotes de 3,5 ha, destinado a
pessoas solteiras ou viúvas (DORNFELD, et al., 2013).
De acordo com Fialho (2014), os assentados usam a terra para atividades
agrícolas, de pecuária e autoconsumo ou não desempenham atividades agrícolas, mas no
setor urbano.
O abastecimento de água ocorre por meio de poços, inclusive poço comunitário,
70% das propriedades possui sistema de fossas sépticas para o tratamento de esgoto
doméstico, enquanto que os outros 30% constituem-se apenas de fossas negras
(DORNFELD et al, 2013).
Figura 1: A esquerda: localização do assentamento. A direita: divisão dos 206 lotes.
Fonte: FIALHO (2014).
PRIMEIRA VISITA
Na primeira visita no assentamento foram visitados oito lotes (Figura 2), os
discentes da disciplina de Química Analítica, presente no curso de Agronomia. Os alunos
foram instruídos de como proceder em uma coleta, e os mesmos ficaram responsáveis em
coletar, entrevistar o morador, analisar a amostra e dar a devolutiva ao responsável pelo
lote.
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A coleta foi realizada no dia 03/03/2015, com os discentes do segundo semestre
de 2014, a devolutiva foi no dia 30/03/2015.
Figura 2: imagem de satélite dos lotes visitados no dia 03/03/2015
SEGUNDA VISITA
A segunda visita no assentamento com a primeira turma do semestre de 2015
ocorreu no dia 03/08/2015, composto por dez grupos de discentes na disciplina de
Química Analítica. A devolutiva foi realizada no dia 24/09/2015.
*imagem satélite
Figura 3: *legenda
TERCEIRA VISITA
A terceira visita aconteceu no dia 17/01/2016, com os discentes do segundo
semestre de 2015, a devolutiva aos moradores está prevista para acontecer no dia
22/02/2016.
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Figura 4: imagem de satélite dos lotes visitados no dia 17/01/2013
RESULTADOS E DISCUSSÕES
PRIMEIRA VISITA
Análises microbiológicas:
Figura 5: resultado das análises microbiológicas
Como é possível observar na (Figura 5), em todos os lotes visitados a água não
estava própria para o consumo. O Ministério da Saúde, por meio da Portaria n°2.914, de
12 de dezembro de 2011, determina que a água para o consumo humano deva estar livre
de bactérias do grupo coliformes, sendo que essas bactérias são indicadoras de
contaminação da água.
Resultados semelhantes foram evidenciados por Amaral et al (2003), em
provenientes de reservatórios, fontes e bebedouros na área rural, 90% da água analisada
deram positivos para contaminação após dias de chuva e na estiagem o percentual caiu
para 83,3%. Para o autor a depreciação da água está ligada a falta de tratamento da água
e pela ausência de limpeza nos reservatórios.
Análises físico-químicas:
Tabela 1: resultado da análise d’água nos lotes visitados.
Amostra Cor
(uH)
Turbidez
(UT)
Sólidos
insolúveis
Nitrato
(mg/L)
Nitrito
(mg/L)
Fe
(mg/L)
Alcalinidade
(mg/L)
Dureza
(mg/L)
1 2,31 - 13,0 12,9 0,344 0,13 10 58,0
Legenda:
Azul: sem bactérias;
Laranja: Coliforme totais;
Vermelho: Coliforme totais e Escherichia coli.
9
2 2,31 - 0,0 9,30 0,590 0,05 4,2 12,0
3 1,51 - 0,0 18,8 0,082 0,22 8,51 8,0
4 2,10 - 0,0 14,6 0,076 0,04 6,72 15,0
5 5,8 - 17,0 15,4 0,074 0,08 - 2,2
6 0,71 - 0,0 18,6 0,122 0,01 4,62 11,3
7 2,2 - 13,0 9,20 0,46 0,035 21,84 13,0
8 4,46 35,5 0,0 20,15 0,03 0,02 27,38 98,8
Legenda: uH (Unidade de Hazen mg Pt-Co/L); UT (unidade de turbidez).
A Tabela 1, nos mostra que em todas as amostragens o nitrato foi elevado, a
Portaria n° 2.914/11, recomenda um valor máximo permitido – VMP de 10 mg/L, como
relatado anteriormente a presença de nitrato é decorrente à compostos nitrogenados como
fertilizantes, despejos domésticos e fezes de animais.
De acordo com Baird (2002), uma fonte comum de contaminação do aquífero por
nitrato é o uso de sistemas de saneamento in situ, do tipo fossas e valas negras. Para o
autor águas subterrâneas apresentam geralmente teores de nitrato em um intervalo 0,1 a
10 mg/L, no entanto em águas poluídas esse teores podem chegar a 1000 mg/L.
O parâmetro turbidez embora que elevado, uma vez que o valor máximo permitido
pela Portaria n° 2.914/1 seja de 5 UT, este valor não apresenta risco para a saúde para
quem a consome, porém valores altos confere um aspecto opaco na água, tornando
esteticamente indesejada.
SEGUNDA VISITA
Análises microbiológicas:
*mapa
Figura 6: *legenda
Análises físico-químicas:
Tabela 2: resultado da segunda visita no assentamento.
Amostra Cor
(uH)
Turbidez
(UT)
Nitrato
(mg/L)
Nitrito
(mg/L)
Fe
(mg/L)
Alcalinidade
(mg/L)
Dureza
(mg/L)
1 0,0 - 21,6 0,027 0,05 132 74
10
2 1,2 - 11,9 0,075 0,01 100,6 70,3
3 0,0 - 21,6 0,028 0,0 144 65
5 0,0 - 9,1 0,032 0,0 51 31
6 0,0 - 10,9 0,0 0,0 45 26
7 1,4 7 19,5 0,0 0,03 33 13
8 10,9 50 17,7 0,081 0,14 57,6 10
9 1,0 1 27,5 0,0 0,0 78 65
Legenda: uH (Unidade de Hazen mg Pt-Co/L); UT (unidade de turbidez).
Assim como a primeira coleta, esses lotes também apresentam as mesmas características,
como presença de microrganismos patogênicos e nitrato alto. A alcalinidade e dureza das
águas analisadas variam de mole à média dureza. De acordo com Sperling (2005), a
alcalinidade é resultado da dissolução das rochas em contato com a água, assim como a
dureza que tem sua origem pela dissolução das rochas calcarias.
Na devolutiva contou com a participação de uma agente de saúde do município,
que atendendo um pedido, gentilmente se dispôs a comparecer no assentamento para
explicar aos moradores as possíveis doenças que à falta da qualidade da água poderia
ocasionar.
Uma das amostras era proveniente do poço furado pelo INCRA – Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária. A água desse poço abastece uma caixa
d’água tipo taça que é utilizada por vários moradores dentro do assentamento. Diante dos
resultados positivo para bactérias patogênicas, nitrato alto, voltamos ao local para repetir
a análise, confirmado o resultado da primeira, realizamos uma denúncia ao INCRA para
que o mesmo tome possíveis providencias.
TERCEIRA VISITA
Análises microbiológicas:
11
Figura 7: resultado das análises microbiológicas da terceira visita.
Como foi observado em outras visitas no assentamento, o índice de contaminação
é expressivo, de nove lotes, apenas três amostras no momento da coleta estaria poderia
ser utilizada para o consumo.
Análises físico-químicas:
Tabela 3: resultado da terceira visita no assentamento.
Amostra Cor Turbidez Ferro Nitrato Nitrito
1 0,9 7,0 0,01 10,5 0,024
2 0,5 5,0 0,01 *** 0,042
3 0,7 6,0 0,01 13,3 0,022
4 1,2 7,0 0,01 20,3 0,041
5 0,0 10,0 0,04 19,3 0,014
7 6,5 44,0 0,00 22,0 0,055
8 0,6 3,0 0,04 21,2 0,157
9 2,8 13,0 0,02 15,8 0,070
10 0,3 4,0 0,02 26,0 0,066
Legenda:
Azul: sem bactérias;
Laranja: Coliforme totais;
Vermelho: Coliforme totais e Escherichia coli.
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Figura 8: Amostras para análise físico-química. Presença nos frascos de material argiloso
em suspensão.
A terceira visita no assentamento foi realizada logo após um período chuvoso, tal
material presente nos frascos pode ser em decorrência da percolação da água, arrastando
esses materiais para o poço, o que justifica a turbidez e cor elevada. A profundidade do
poço e a ausência de uma vedação ao redor, torna propicio para o arraste de partículas
para dentro do mesmo.
ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PROJETO
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
No decorrer desses dez meses do projeto, realizamos uma parceria com o
Assentamento Cachoeira localizado no município de Itapura – SP, no município
contamos com a colaboração de duas moradoras que intermediava nosso contato com os
outros moradores, uma das moradoras a Jaqueline Barcelos discente no curso técnico em
Meio Ambiente oferecido pelo Centro Paula Souza de Ilha Solteira, pela demanda das
análises ela se dispôs a aplicar os questionários aos moradores nos lotes que visitamos.
A outra moradora a Sandra Regina pertencia a Associação presente dentro do
assentamento, a influência dela no local foi de grande valia em explicar aos outros
moradores o nosso trabalho.
Nesse período realizamos 34 análises de água provenientes de poços cacimbas,
semi-artesiano e de torneira. Esse projeto dentro desse assentamento foi uma prestação
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de serviço, cobramos um valor simbólico de cada análise de forma a pagar os reagentes
utilizados, valores repassados para a Fundação de Ensino, Pesquisa e Extensão de Ilha
Solteira – FEPISA.
No entanto mediante ao questionário era explicado que os dados das análises
seriam utilizado para a pesquisa, sendo utilizado em congresso realizado na faculdade.
Figura 9: reunião com os moradores do Assentamento Cachoeira – Itapura – SP.
Com a divulgação dessa prestação de serviço, surgiram outras análises fora do
assentamento, de produtores particulares, empresas da região, pessoas físicas, jurídicas e
centro de ensino. No início do projeto estávamos com um saldo negativo na FEPISA em
um valor de 1.144,01 reais, total utilizado para comprar o reagente Colilert® (Idexx), com
as análises comerciais terminamos com um saldo positivo de 585,19 reais.
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Atualmente trabalhamos com duas tabelas de preço, sendo que para pessoa
jurídica o valor da análise cobrado é de R$ 350,00 e R$170,00 para pessoa física. Em
anexo consta o modelo do laudo criado para as análises.
APOIO PEDAGOGICO
Administrada pela Profª Dr Maria Angela Moraes Cordeiro, com o apoio de dois
professores Adauto Ferreira Siqueira e Daniela Cintra de Araújo Queiroz, foi realizada
no dia 11/06/2015 uma aula no laboratório do Núcleo de Apoio ao Ensino de Ciências e
Matemática - NAECIM, com duração de três horas e meia, aos discentes do curso de
Meio Ambiente do Centro Paula Souza de Ilha Solteira.
De acordo com o professor Adauto os alunos do curso não tinham contato com
laboratório de química, desse modo, realizamos atividades que despertasse o interesse
dos mesmos, com reações de mudança de cor mediante a um indicador de ácido e base,
até que os alunos pudesse distinguir a mudança de cor para realizar as análises da água,
tema proposto para o dia.
Professora Maria Angela Bolsista Proex: Everton Soares
Figura 10:
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados das análises, evidenciamos que existe um descaso com essa
parcela da população em todo território nacional, já que casos parecidos foram relatados
por Colvara, J.G; Lima, A.S; Silva, W.P (2009) e Amaral et al (2003).
A falta de um serviço especializado em tratamento de água, de tratamento do
esgoto, e coleta de resíduos na área rural, contribui para essa população estar mais exposta
a organismos patogênicos, desse modo, gerando gastos com internações hospitalares.
Na devolutiva dos laudos os moradores são informados sobre a qualidade da água
e sanado as dúvidas deles sobre os parâmetros analisados. Junto com o laudo, é entregue
uma proposta simples de um clorador, desenvolvido pela EMBRAPA, com ele o próprio
morador pode tratar sua água, antes do consumo.
Em função dos resultados apresentados nas três visitas, tona-se válido a
manutenção deste projeto na área rural, pois contribui para o conhecimento de ambas as
partes, de um lado são apresentado aos alunos matriculados na disciplina de Química
Analítica, a realidade do meio rural do nosso país, e do outro os moradores tem
conhecimento da qualidade da água consumida e o papel da universidade na sociedade.
17
REFERÊNCIAS
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propriedades rurais. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 37, n.4, 2003. Disponível
em: <http://www.sober.org.br/palestra/6/885.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.
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Disponível em:<
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>.
Acesso em: 15 fev 2016.
BRISCOE, J. Abastecimento de água y servivios de saneamento: su funcion em la
revoluticion de la supervivência infantil. Boletin de la Oficina sanitária pan-
americana, 103:325-330. Disponivel em:
http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/17947> Acesso em: 16 fev 2016.
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subterrânea em poços artesianos no sul do Rio Grande do Sul. Brazilian Journal of
food technology, ed. especial, n.2, p.11-14, jan.2009.
DANIEL, L.A. Processos de desinfecção e desinfetantes alternativos na produção
de água potável. RIMA, ABES, Projeto PROSAB, 2001.
DORNFELD, C. B. et al. Saneamento básico em dois projetos de assentamento rural
no oeste paulista - Brasil. Vii Congresso da APDEA, V Congresso da SPER, I Encontro
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<http://www.researchgate.net/publication/269409506_SANEAMENTO_BSICO_EM_
DOIS_PROJETOS_DE_ASSENTAMENTO_RURAL_NO_OESTE_PAULISTA_-
BRASIL>. Acesso em: 12 fev. 2016.
FIALHO, G. O. A conquista e as estratégias de resistência dos assentados da reforma
agrária no projeto Estrela da Ilha em Ilha Solteira/SP. Campo - Território: Revista de
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<http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/22810/14386>. Acesso
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18
JOVENTINO, E.S; et al. Comportamento da diarreia infantil antes e após consumo
de água pluvial em município do semi-árido brasileiro. Texto Contexto Enferm. 2010;
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MODESTO, R.P. Qualidade das águas subterrâneas do estado de São Paulo 2010 – 2012
(recurso eletrônico). CETESB, 2013. Disponível em:< http://cetesb.sp.gov.br/wp-
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PÁDUA, V.L. et,; al. Remoção de microrganismos emergentes e microcontaminantes
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SPERLING, M.V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3ºEd.
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TAVARES, D.M; GRANDINI, A.A. Prevalência e aspectos epidemiológicos de
enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo. Revista Soc
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VALENCIANO, R.C. Processo de luta pela terra e seus desdobramentos no
município de Teodoro Sampaio. Revista pegada, v.2, n.1, 2001. Disponível em: <
http://revista.fct.unesp.br/index.php/pegada/article/view/778>. Acesso em: 16 fev
2016.
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ANEXO
RELATÓRIO DE ANÁLISES N° 2016/00 DADOS REFERENTES AO CLIENTE
Cliente Solicitante Cliente Tel:
Email Endereço
DADOS REFERENTES À AMOSTRA
Código da Amostra: 0 Tipo de Amostra: Água
Identificação do Ponto: Torneira
Coletor: Everton Soares
Data da Coleta: 01/01/2016 Hora: 00:00 Data da Análise: 01/01/2016 Hora: 00:00
RESULTADOS ANALÍTICOS
Portaria 2.914 – Tabela 1 – Microbiologia
Parâmetro VMP Resultado
Escherichia Coli ou Coliformes termotolerentes: Ausente Ausente
Coliformes Totais: Ausente Ausente
Portaria 2.914 – Tabela 2 – Físico-Química
Parâmetro Unidade VMP Resultado
Temperatura da água (°C) NC 0,0
pH --- 6 – 9,5 0,0
Cor Aparente mg Pt-Co/L 15 0,0
Turbidez UT 5 0,0
Dureza mg/L CaCO3 500 0,0
Alcalinidade mg/L CaCO3 NC 0,0 Fluoreto mg/L 1,5 0,0
Amônia (como NH3) mg/L 1,5 0,0
Ferro mg/L 0,3 0,0
Cloreto Mg/L 250 0,0
Nitrato mg/L 10 0,0
Nitrito mg/L 1 0,0
Sólidos totais mg/L NC 0,0 Legenda: VMP - Valor Máximo Permitido; NC - Não Consta; UT - Unidade de Turbidez; Uh - Unidade de Hazen mg Pt-
Co/L.
CONCLUSÃO DO RELATÓRIO
Os resultados dos parâmetros estão/não de acordo com os limites da Portaria n°2.914, de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde.
INFORMAÇÕES GERAIS
Os resultados deste Relatório de Análise se restringem à amostra analisada.
Todas as informações do cliente, referente a este trabalho estão protegidas.
As metodologias analíticas para a determinação dos parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos estão de acordo com a Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater.
RESULTADO CONFERIDO E LIBERADO POR:
Prof. Dra. Maria Angela de Moraes Cordeiro CRQ04108994 Químico Responsável
21
Depois de 24 horas na estufa, coloração amarelo forte é indicativo de coliformes totais,
Esc, coli é confirmada pela presença de fluorescência sob lâmpada de ultra -violeta
λ=365nm.