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PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E IGNIÇÃO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE CICLO OTTO. Jair Mendes Neto Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto. Rio de Janeiro Setembro de 2016

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Page 1: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E IGNIÇÃO DE

UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE CICLO OTTO.

Jair Mendes Neto

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro Mecânico.

Orientador: Fernando Augusto de Noronha

Castro Pinto.

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

Page 2: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E IGNIÇÃO DE

UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE CICLO OTTO

Jair Mendes Neto

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Fernando A. N. Castro Pinto, Dr.Ing.

________________________________________________

Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida, DSc.

________________________________________________

Prof. Flávio de Marco Filho, DSc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2016

Page 3: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

Mendes Neto, Jair

Projeto de Conversão dos Sistemas de Injeção e Ignição de um Motor de Combustão Interna de Ciclo Otto / Jair Mendes Neto. - Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2016.

XI, 59 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto Projeto de Graduação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, DEM, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 51. 1. Ciclo Otto. 2. Motor de Combustão Interna. 3. Sistema de Alimentação. 4. Sistema de Ignição. I. Castro Pinto, Fernando Augusto de Noronha. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Projeto de Conversão dos Sistemas de Alimentação e Ignição de um Motor de Combustão Interna de Ciclo Otto.

Page 4: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

AGRADECIMENTOS

A todos os professores do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRJ e aos

demais professores do ensino médio, técnico e primário, que contribuíram para minha

formação profissional e pessoal. Agradecimento especial ao Prof. Fernando Castro

Pinto, pelo tempo dedicado à orientação deste projeto e também durante minha

participação na Equipe Ícarus, experiência ao qual considero muito importante na minha

vida acadêmica e profissional.

Aos técnicos do Laboratório de Tecnologia Mecânica da UFRJ, Fernando e

Paulo, que sempre estiveram dispostos a auxiliar na fabricação de peças necessárias

para a execução do projeto.

A todos os integrantes da Equipe Ícarus que permitiram e auxiliaram o

desenvolvimento deste projeto, contribuindo com a infraestrutura do laboratório e os

custos de algumas peças que foram aplicadas. Aos antigos membros da equipe, aos

quais tive o prazer de dividir momentos de aprendizagem, seja de conhecimento técnico

ou relação interpessoal, nas diversas horas aplicadas no projeto e construção do

protótipo durante minha participação na equipe.

Aos amigos de faculdade, que tornaram mais fácil toda a jornada de aulas, pelo

auxílio nas vésperas das provas e pelo bate-papo no corredor.

Aos demais amigos, que compreenderam cada momento de ausência e se

mantiveram presentes nos momentos possíveis.

À minha família, em especial a minha mãe Iraneide, que sempre me apoiou e

incentivou em todos os momentos.

À minha namorada, Sara, por toda paciência e pelas boas palavras de incentivo e

confiança nos momentos de dificuldade.

Page 5: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

Resumo do projeto final apresentado à DEM/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E IGNIÇÃO

DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE CICLO OTTO.

Jair Mendes Neto

Setembro de 2016

Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Departamento: Engenharia Mecânica

Este projeto tem como objetivo a conversão dos sistemas de alimentação e ignição de

um motor de combustão interna, modelo Honda CB500 ano de fabricação 2001,

utilizado no protótipo de competição da Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE. O

sistema de alimentação por carburador foi substituído pelo sistema de injeção eletrônica,

enquanto o sistema de ignição por disparo eletrônico foi substituído pelo sistema de

ignição mapeada. O objetivo das modificações foi permitir maior controle e precisão no

funcionamento desses sistemas, proporcionando maior desempenho e menor consumo

de combustível do protótipo nas provas que compõem a competição Formula SAE

Brasil. Tem-se em vista também a utilização deste projeto por entusiastas que desejam

realizar a conversão dos sistemas de alimentação e ignição em veículos comerciais, seja

com o objetivo de melhoria de desempenho, economia de combustível ou redução de

emissão de gases poluentes. Todos os componentes necessários e suas respectivas

funções foram detalhados, assim como a parametrização dos sistemas de alimentação e

ignição, através da entrada dos dados na central eletrônica. Por fim, uma estimativa de

custo foi realizada através de pesquisa de mercado.

Palavras-chave: Ciclo Otto, Motor de Combustão Interna, Sistema de Alimentação,

Sistema de Ignição.

Page 6: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

Abstract of the graduation project presented to DEM/UFRJ as partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

CONVERSION PROJECT OF FUEL AND IGNITION SYSTEMS OF AN OTTO

CYCLE INTERNAL COMBUSTION ENGINE

Jair Mendes Neto

September, 2016

Advisor: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Department: Mechanical Engineering

This Project aims the conversion of the fuel and ignition systems of an internal

combustion engine, type Honda CB 500 manufactured in 2001, applied at Ícarus UFRJ

Formula SAE Team’s competition prototype. The original carburetor was replaced for

an electronic fuel injection system, while the ignition system was converted from the

electronic activated to the programmed ignition system. These conversions looks to

permit a better control and precision on the systems functioning, rising the prototype’s

performance and reducing the fuel consumption during the endurance on Formula SAE

Brazil competition. This project also aims to be a reference to automotive enthusiasts

that would like to perform the conversion in their vehicles, to improve the performance,

to reduce the fuel consumption or reduce the gases emissions. All components

necessary as their functions were detailed and the parameters imputed on the control

unit. Furthermore, a cost estimate was done through price survey.

Keywords: Otto Cycle, Internal Combustion Engine, Fuel System, Ignition System.

Page 7: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

ÍNDICE

Pág.

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 Desenvolvimento dos Motores de Combustão Interna por

Centelha 1

1.2 Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE 2

1.3 Motivação 3

1.4 Objetivo 3

2. REVISÃO TEÓRICA 4

2.1 Motores Ciclo Otto 4

2.1.1 Ciclo Otto de Quatro Tempos 4

2.2 Ciclo Padrão a Ar Otto 5

2.2.1 Detonação, Octanagem e Relação de Compressão 7

2.3 Sistema de Alimentação 8

2.3.1 Sistema de Alimentação por Carburador 8

2.3.2 Sistema de Alimentação por Injeção Eletrônica 12

2.4 Mistura Ar-Combustível 14

2.5 Sistema de Ignição 16

2.5.1 Sistema de Ignição por Disparo Eletrônico 17

2.5.2 Sistema de Ignição Mapeada 18

3. CONVERSÃO DO SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO 21

3.1 Seleção de Componentes 24

3.1.1 Módulo de injeção 26

3.1.2- Sensores de Temperatura e Pressão do Ar no Coletor de

Admissão 27

3.1.3- Válvula Injetora 28

3.1.4- Corpo de Borboleta 29

3.1.5- Sensor de Posição do Corpo de Borboleta 31

3.1.6- Sensor de Temperatura da Água 31

3.1.7- Bomba de Combustível 31

3.1.8- Regulador de Pressão do Combustível 32

3.1.9- Sensor Sonda Lambda 33

3.2 Investimento para conversão do sistema de alimentação. 34

4. CONVERSÃO DO SISTEMA DE IGNIÇÃO 35

4.1- Seleção dos Componentes 35

4.1.1- Módulo de Ignição 36

4.1.2- Bobina de Ignição 36

4.1.3- Vela de Ignição 37

4.2- Investimento para conversão do sistema de ignição. 37

5. CALIBRAÇÃO DO SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO 38

5.1- Configuração do Controlador FuelTech 39

5.2- Ajuste do Mapa de Injeção 41

5.3- Correção da Injeção por Temperatura do Motor 43

Page 8: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

5.4- Correção da Injeção por Temperatura do Ar da Admissão 44

5.5- Correção da Injeção por MAP 45

5.6- Correção da Injeção por Tensão da Bateria 45

6. CALIBRAÇÃO DO SISTEMA DE IGNIÇÃO 47

6.1- Configuração da Ignição no Controlador FuelTech 47

6.2- Ajuste Rápido de Ignição 48

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 50

Referências Bibliográficas 51

Lista de Anexos 54

ANEXO I 55

ANEXO II 57

Page 9: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

Índice de Figuras:

Figura 1 Motor apresentado por Otto na Feira Internacional de Paris. Pág. 2

Figura 2.1 Ciclo Otto a 4 Tempos. Pág. 5

Figura 2.2 Diagramas P-v e T-s. Pág. 6

Figura 2.3 Carburador utilizado nos VW Fuscas produzidos no ano de

1970.

Pág. 9

Figura 2.4 Diagrama de um carburador de corpo simples. Pág. 10

Figura 2.5 Sistema de marcha lenta. Pág. 10

Figura 2.6 Sistema de marcha acelerada. Pág. 11

Figura 2.7 Esquema ilustrativo dos componentes do sistema de injeção

eletrônica.

Pág. 14

Figura 2.8 Sistema de ignição convencional. Pág. 16

Figura 2.9 Sistema de ignição eletrônica – CDI. Pág. 18

Figura 2.10 Circuito inversor do sistema de ignição eletrônica CDI. Pág. 18

Figura 2.11 Sistema de ignição eletrônica mapeada. Pág. 19

Figura 2.12 Sistema de ignição mapeada com centelha perdida. Pág. 20

Figura 3.1 Esquema típico de injeção monoponto. Pág. 22

Figura 3.2 Esquema típico de injeção multiponto. Pág. 23

Figura 3.3 Esquema típico de injeção direta. Pág.23

Figura 3.4 Exemplo de tubo distribuidor para motor de 4 clindros. Pág. 24

Figura 3.5 Controlador RacePRO 1Fi. Pág. 27

Figura 3.6 Sensor de temperatura do ar. Pág. 28

Figura 3.7 Válvula injetora. Pág. 29

Figura 3.8 Corpo de borboleta. Pág. 30

Figura 3.9 Sensor de temperatura de água. Pág. 31

Figura 3.10 Bomba de combustível. Pág. 32

Figura 3.11 Regulador de pressão LP 47375/255R. Pág. 32

Figura 3.12 Medidor FuelTech WB-O2. Pág. 33

Figura 3.13 Sonda Lambda Bosch LSU 4.2. Pág. 33

Figura 4.1 Bobina BOSCH F000ZS0105. Pág. 36

Figura 4.2 Vela de ignição NGK CR8EH-9. Pág. 37

Page 10: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

Figura 5.1 Relação potência x lambda. Pág. 42

Figura 5.2 Valores de injeção para maior geração de potência. Pág. 43

Figura 5.3 Valores registrados pela sonda lambda. Pág. 43

Figura 5.4 Correção da injeção por temperatura do motor. Pág. 44

Figura 5.5 Correção da injeção por temperatura do ar de admissão. Pág. 45

Figura 6.1 Diagrama de blocos para configuração da ignição no

RacePRO 1 Fi.

Pág. 47

Figura 6.2 Avanço de ignição original Honda CB500. Pág. 48

Figura 6.3 Ajuste Rápido de Ignição. Pág. 49

Anexos

Figura II.1 Configuração da Injeção. Pág. 58

Figura II.2 Ajuste dos Mapas de Injeção. Pág. 59

Figura II.3 Ajuste dos Mapas de Ignição. Pág. 59

Figura II.4 Partida do Motor.

Pág. 59

Page 11: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

xi

Índice de Tabelas:

Tabela 3.1 Comparativo dos controladores de injeção e ignição. Pág. 25

Tabela 3.2 Análise de investimento para conversão do sistema de

alimentação.

Pág. 34

Tabela 4.1 Análise de investimento para conversão do sistema de

ignição.

Pág. 37

Anexos

Tabela I.1 Parâmetros Utilizados Pág. 56

Page 12: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

1

Capítulo 1

Introdução

Desde o invento dos motores de combustão interna até os dias atuais, pouco foi

modificado no seu funcionamento em relação aos seus ciclos termodinâmicos. A

evolução dos motores se deu em grande parte pela aplicação de novos materiais e o

desenvolvimento de seus periféricos, como os sistemas de alimentação, ignição e

arrefecimento. Dessa forma, esse projeto visa aperfeiçoar os sistemas de alimentação e

ignição de um motor modelo Honda CB 500, ano de fabricação 2001, utilizado no

protótipo de competição da Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE, buscando um melhor

desempenho do mesmo.

1.1- Desenvolvimento dos Motores de Combustão Interna por Centelha

Os motores de combustão interna surgiram no século XIX, trazendo maior

versatilidade que os motores de combustão externa utilizados até então, como a

máquina a vapor. Suas principais vantagens em relação aos motores de combustão

externa são a relação entre volume e potência, caracterizada pela maior geração de

potência com um motor de menor tamanho, e a maior facilidade de adaptação a outras

máquinas.

O primeiro motor de combustão interna foi construído por Jean Etienne Lenoir

(1852), a partir dos estudos desenvolvidos por W. Cecil (1821), cujo princípio de

funcionamento se baseava na queima da mistura de ar e hidrogênio. A partir do motor

de Lenoir, Otto e Langen construíram um motor que comprimia uma mistura de ar e gás

de iluminação, com a ignição provocada por centelha elétrica. Após estudos e

aprimoramento, Otto finalmente apresentou seu motor, figura 1, na Feira Internacional

de Paris, em 1878.

Page 13: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

2

Figura 1: Motor apresentado por Otto na Feira Internacional de Paris.

Fonte [9].

O experimento apresentado por Otto na Feira Internacional baseava-se nos

seguintes passos:

1° Passo: Movimentar manualmente o pistão para comprimir a mistura de ar e

combustível;

2° Passo: Acionar uma centelha elétrica.

Após a centelha elétrica, observou-se uma explosão seguida de rápidas rotações

do volante do motor. Dessa forma, pôde-se concluir que o funcionamento do motor

baseava-se em um ciclo de 4 tempos: admissão, compressão, combustão e exaustão.

1.2- Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE

A Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE é uma equipe de competição, formada

por alunos de diversos cursos de graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

que tem por objetivo elaborar o projeto e a construção de um protótipo veicular do tipo

fórmula para participação em competição universitária. A motivação para a competição

é propiciar a difusão, aplicação e desenvolvimento de técnicas e conhecimentos de

engenharia entre os estudantes e futuros profissionais da engenharia.

A competição é organizada pela SAE BRASIL, membro da SAE International

(Society of Automotive Engineering), onde as equipes são avaliadas tanto pelo projeto,

com apresentação de custos, design e ergonomia, assim como pelo desempenho do

veículo, com provas que testam a capacidade de aceleração, contorno de curvas e

regularidade do protótipo.

Page 14: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

3

Os juízes que compõem a banca de avaliadores da competição são, em geral,

engenheiros do setor da engenharia da mobilidade, o que proporciona aos estudantes

também uma boa oportunidade de contato com profissionais do ramo em que

futuramente estarão se candidatando a vagas de trabalho.

1.3- Motivação

A principal motivação desse projeto foi, através de modificações nos sistemas

periféricos do motor, possibilitar ajustes que proporcionem melhores resultados de

desempenho e economia de combustível para o protótipo nas diferentes provas que

compõem a Competição Universitária Formula SAE BRASIL.

A segunda motivação é que este projeto sirva como um guia para entusiastas que

desejem modificar os sistemas de alimentação e ignição de seu carro ou motocicleta.

Nesse caso, será proporcionada maior facilidade de, em veículos antigos, atender as

normas de emissão de poluentes exigidas pelos Departamentos de Trânsito, além, claro,

de elevar o desempenho que normalmente é o objetivo deste tipo de conversão.

1.4- Objetivo

Este projeto tem como objetivo a conversão dos sistemas de alimentação e

ignição do motor modelo Honda CB 500, utilizado no protótipo de competição da

Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE. O sistema de alimentação foi convertido de

carburador para injeção eletrônica, enquanto o sistema de ignição foi convertido de

ignição com disparo eletrônico para ignição eletrônica mapeada.

Page 15: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

4

Capítulo 2

Revisão Teórica

2.1- Motores Ciclo Otto

Os motores de ciclo Otto possuem ignição provocada por centelha e

normalmente utilizam como combustível a gasolina, o álcool, o gás natural ou o gás

liquefeito do petróleo. Apesar de receber o nome do alemão Nikolaus August Otto

(1832-1891), o ciclo teórico que previa o funcionamento de motores de combustão

interna de 4 tempos com êmbolos foi idealizado por Beau de Rochás, porém o mesmo

nunca obteve sucesso na aplicação de suas teorias, fato que foi alcançado por Otto.

O ciclo Otto consiste, então, de um ciclo padrão a ar, que inicialmente foi

apresentado tendo seu funcionamento baseado em ciclo de quatro tempos, porém esses

motores também podem funcionar com ciclo de dois tempos. O ciclo de quatro tempos é

o mais usual, aplicado na maioria dos automóveis e máquinas, enquanto o de dois

tempos se aplica em algumas motocicletas, cortadores de grama e motosserras.

Adicionalmente, podem-se dividir os motores de ciclo Otto de acordo com a

forma de alimentação, classificando-os em injeção indireta ou injeção direta. Os

motores de injeção indireta realizam a mistura ar-combustível fora da câmara de

combustão, no carburador, em motores carburados, ou no duto de alimentação, em

motores com injeção eletrônica. Os motores com injeção direta têm o combustível

injetado diretamente na câmara de combustão, através de um sistema de alta pressão.

2.1.1- Ciclo Otto de Quatro Tempos

O motor ciclo de Otto de quatro tempos apresenta funcionamento mais suave e

menor emissão de poluentes que o ciclo de dois tempos, uma vez que estes possuem

elevada queima de óleo lubrificante que é misturado ao combustível. Os quatro tempos

são:

Admissão – Nesse momento a válvula de admissão se abre e o pistão se desloca

do ponto morto superior para o ponto morto inferior, aspirando a mistura de ar e

combustível.

Compressão – A válvula de admissão se fecha e o pistão se desloca do ponto

morto inferior para o ponto morto superior, comprimindo a mistura aspirada na etapa

anterior.

Page 16: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

5

Combustão ou expansão – Ambas as válvulas permanecem fechadas, a mistura

ar-combustível está comprimida e com temperatura elevada, porém insuficiente para a

autoignição. Uma centelha elétrica é disparada através do eletrodo da vela de ignição,

que inflama a mistura e a expansão rápida da mistura desloca o pistão do ponto morto

superior para o ponto morto inferior. É o único momento em que o trabalho é positivo,

ou seja, é quando o motor realiza trabalho.

Exaustão ou escape – A válvula de exaustão é aberta e o pistão se desloca do

ponto morto inferior para o ponto morto superior, expulsando os gases resultantes da

combustão.

A figura 2.1 indica as etapas de funcionamento do ciclo Otto de um motor 4

tempos, apresentadas anteriormente.

Figura 2.1: Ciclo Otto a 4 Tempos.

Fonte [10]

2.2- Ciclo Padrão a Ar Otto

O ciclo padrão a ar Otto é, segundo BORGNAKKE e SONNTAG (2010), um

ciclo ideal que se aproxima do motor de combustão interna de ignição por centelha. No

ciclo padrão os 4 tempos de funcionamento do motor são idealizados por

transformações termodinâmicas, explicados através de diagramas P-v (Pressão x

volume) e T-s (Temperatura x entropia), figura 2.2.

Page 17: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

6

Figura 2.2: Diagramas P-v e T-s.

Fonte [11]

No ciclo padrão, o processo de compressão da mistura é idealizado como uma

compressão isoentrópica do ar (processo 1-2). O tempo de combustão é idealizado por

um processo de transferência de calor a volume constante, ou seja, considera-se que o

pistão permanece em repouso no ponto morto superior (processo 2-3). O processo 3-4

representa uma expansão isentrópica, enquanto o último processo 4-1, uma rejeição de

calor do ar a volume constante, idealizando o tempo de descarga como se esse fosse

realizado com o pistão em repouso no ponto morto inferior.

Ainda segundo BORGNAKKE e SONNTAG (2010), admitindo que o calor

específico do ar seja constante, pode-se definir o rendimento do ciclo termodinâmico de

Otto pelas equações [1], [2], [3] e [5]:

𝜂𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 =𝑄𝐻−𝑄𝐿

𝑄𝐻= 1 −

𝑄𝐿

𝑄𝐻= 1 −

𝑚𝐶𝑣(𝑇4−𝑇1)

𝑚𝐶𝑣(𝑇3−𝑇2)= 1 −

𝑇1

𝑇2

(𝑇4𝑇1

−1)

(𝑇3𝑇2

−1) [1]

Lembra-se também que:

𝑇2

𝑇1= (

𝑉1

𝑉2)

𝑘−1

= (𝑉4

𝑉3)

𝑘−1

=𝑇3

𝑇4 [2]

Logo,

𝑇3

𝑇2=

𝑇4

𝑇1 [3]

e

Page 18: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

7

𝜂𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 = 1 −𝑇1

𝑇2= 1 − (𝑟𝑣)1−𝑘 = 1 −

1

(𝑟𝑣)𝑘−1 [4]

Onde:

𝑟𝑣 = 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 =𝑉1

𝑉2=

𝑉4

𝑉3 [5]

De acordo com as equações, é possível concluir que quanto maior a relação de

compressão maior é o rendimento térmico do ciclo de Otto. Para um motor real o

rendimento também é função da relação de compressão, no entanto esta última é

limitada pelo fenômeno da detonação, definido adiante.

2.2.1- Detonação, Octanagem e Relação de Compressão

A detonação, ou autoignição, consiste na ignição espontânea do combustível no

interior da câmara de combustão. Esse fenômeno é causado pela alta temperatura da

mistura no momento da compressão, gerando uma queima rápida e provocando ondas

de choque contra uma segunda frente de chama oriunda da centelha da vela de ignição.

Essas ondas de choque são comumente denominadas “batidas”.

Conclui-se, desse modo, que a máxima relação de compressão utilizada é aquela

em que o combustível não apresenta autoignição. A capacidade de um combustível não

apresentar autoignição é medida de acordo com sua octanagem.

Segundo CARVALHO (2011), em motores de combustão interna de ignição por

centelha, o número de octanagem depende fortemente do tipo de hidrocarboneto

presente no combustível utilizado. Dessa forma, quanto maior a octanagem de um

combustível, mais resistente à autoignição este combustível será. A gasolina comum

comercializada no Brasil, tipo C, tem octanagem 87 enquanto o etanol apresenta valor

de octanagem igual a 110, permitindo relações de compressão maiores.

Os valores usuais de relação de compressão variam de acordo com o

combustível utilizado, ficando em torno de 10:1 para motores a gasolina até 12:1 em

motores movidos a etanol. Como a grande maioria dos veículos comercializados no

Brasil são projetados para funcionar com etanol ou gasolina, escolhe-se uma relação de

compressão intermediária em que ambos os combustíveis possam ser utilizados, seja

somente gasolina, somente etanol ou uma mistura de qualquer proporção de ambos os

combustíveis.

Page 19: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

8

Em motores bicombustíveis, a relação de compressão é um valor intermediário

entre os valores das relações de compressão da gasolina e do etanol. A adoção desse

tipo de motor se fez necessária a fim de se obter maior flexibilidade no abastecimento

da frota de veículos durante entressafras da cana-de-açúcar, matéria-prima para o etanol

brasileiro, ou em períodos de preço elevado dos combustíveis de origem fóssil, como

ocorreu nos anos 70 durante a chamada Crise do Petróleo.

No entanto, apesar da vantagem da flexibilidade na hora da escolha do

combustível, a adoção de uma relação de compressão intermediária faz com que os

motores sejam menos eficientes. Isso acontece porque, para cada combustível utilizado,

o motor deve buscar um avanço de ignição que evite a detonação e consequentes ondas

de choque no interior da câmara, o que pode ser altamente prejudicial à durabilidade do

motor.

2.3.- Sistema de Alimentação

O motor de combustão interna possui sistemas periféricos, como os sistemas de

alimentação, ignição e arrefecimento, que auxiliam seu funcionamento. Esses sistemas,

ao longo dos anos, sofreram modificações que possibilitaram o aumento de eficiência,

permitiram o monitoramento do motor durante seu funcionamento e a capacidade de

adaptação a diferentes condições de trabalho.

O sistema de alimentação dos motores é responsável por enviar o combustível

até a câmara de combustão. Os sistemas de alimentação nos motores se dividem em

alimentação por carburador ou alimentação por injeção eletrônica, apresentados a

seguir.

2.3.1- Sistema de Alimentação por Carburador

O sistema de alimentação por carburador teve em seu início um funcionamento

puramente mecânico, o qual foi recebendo atualizações com a implementação de

componentes eletrônicos até ser totalmente substituído pelo sistema de injeção

eletrônica, presente na quase totalidade dos veículos comercializados atualmente. No

entanto, o sistema de alimentação por carburador ainda é utilizado em motocicletas e

alguns veículos de competição, com alto desempenho.

Page 20: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

9

Figura 2.3: Carburador utilizado nos VW Fuscas produzidos no ano de 1970.

Fonte [12]

O carburador, figura 2.3, componente principal do sistema de alimentação por

carburador, tem a função de realizar a mistura do ar e do combustível, controlando a

dosagem de combustível que é enviada ao motor, de acordo com seu nível de carga. A

mistura do ar e do combustível é realizada no tubo de Venturi, onde o ar admitido é

acelerado e arrasta o combustível contido em uma cuba. Uma borboleta de aceleração

controla a quantidade de ar e combustível que é admitida no motor, aumentando ou

diminuindo sua rotação e potência.

A variação da seção transversal em um tubo é responsável pelas características

de escoamento em seu interior. No tubo de Venturi utilizado nos carburadores, a

diminuição da área de seção transversal em sua porção intermediária tem como objetivo

acelerar a velocidade de escoamento e diminuir a pressão, provocando maior arraste do

combustível. Em seguida a área de seção transversal é novamente ampliada, buscando

diminuir a velocidade de escoamento e regenerar a pressão. Essa regeneração é

importante, pois afeta diretamente a massa de ar aspirado pelo motor, uma vez que a

maior pressão eleva a densidade do ar. A densidade do ar e a massa de ar admitido estão

relacionadas pela equação de eficiência volumétrica, equação [6], definida por

HEYWOOD (1988) como a razão entre a massa de ar admitida (mar), a rotação do

motor (N) e o volume deslocado pelo pistão (Vd).

𝜂𝑣 = 2· 𝑚𝑎𝑟

𝜌𝑎·𝑉𝑑·𝑁 [6]

Page 21: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

10

A figura 2.4 apresenta o diagrama de um carburador de corpo simples, indicando

seus principais componentes.

Figura 2.4: Diagrama de um carburador de corpo simples.

Fonte [13]

Os carburadores mais simples são, em geral, divididos em dois sistemas básicos:

o sistema de marcha lenta e o sistema de marcha acelerada. No sistema de marcha lenta,

figura 2.5, a borboleta de aceleração permanece quase totalmente fechada, permitindo

apenas a passagem de ar para funcionamento do motor na menor rotação possível.

Figura 2.5: Sistema de marcha lenta.

Fonte [14]

Page 22: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

11

Nesse caso, em carburadores de fluxo descendente, o combustível é injetado

abaixo da borboleta de aceleração em pequenas quantidades devido à baixa depressão

causada pelo ar, que não possui alta velocidade. A pequena quantidade de ar arrastado

implica em uma mistura pobre em combustível. A quantidade de combustível injetado é

regulada, além da depressão causada no tubo de Venturi, pelo orifício do parafuso de

regulagem, denominado gicleur.

O sistema de marcha acelerada, figura 2.6, atua quando a borboleta de

aceleração é acionada, buscando maior potência no motor. Nesse momento, devido à

geometria do tubo de Venturi, o ar admitido é acelerado e consequentemente a pressão

no escoamento é reduzida.

Figura 2.6: Sistema de marcha acelerada.

Fonte [15].

Nesse sistema, em carburadores de fluxo descendente, o combustível é injetado

acima da borboleta de aceleração. A forte depressão do escoamento de ar provoca maior

arrastamento de combustível, tornando a mistura mais rica e elevando a rotação do

motor. Assim, como no sistema de marcha lenta, há também um parafuso de regulagem

para o sistema de marcha acelerada. Os dimensionamentos adequados do tubo de

Venturi e do parafuso de regulagem são de fundamental importância para o controle da

mistura ar-combustível.

Page 23: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

12

2.3.2- Sistema de Alimentação por Injeção Eletrônica

O sistema de alimentação por injeção eletrônica foi desenvolvido para substituir

o sistema por carburador por apresentar melhor controle da dosagem de ar e

combustível, alcançando maior economia de combustível e principalmente menores

índices de emissão de poluentes.

A produção de veículos dotados de injeção eletrônica de combustível, no Brasil,

se intensificou no início dos anos 90 devido às normas de emissão de poluentes que se

tornaram mais rigorosas naquela época. Nesse período, passou-se também a adotar

catalisador no sistema de escapamento.

Para o melhor controle do motor, o sistema de alimentação por injeção eletrônica

utiliza uma série de sensores e atuadores, controlados por uma central eletrônica que

processa a informação oriunda dos sensores e comanda os atuadores de forma a obter a

melhor mistura ar-combustível.

O principal parâmetro analisado para o controle da mistura ar-combustível é a

quantidade de oxigênio nos gases de descarga. Esse parâmetro é detectado pelo sensor

de oxigênio, também chamado de sonda-lambda. O nome sonda-lambda é originado

pelo fato da resposta do sensor ser o fator lambda, razão entre as relações de massa

ar/combustível real e estequiométrica. A formação da mistura será mais bem explicada

na próxima seção.

Além do sensor de oxigênio, os sensores e atuadores, assim como suas

respectivas funções, utilizados pelo sistema de injeção eletrônica são:

ECU (Engine Control Unit) – É o principal componente do sistema de injeção

eletrônica. Consiste em um circuito eletrônico programável, com

microprocessador, que recebe os inputs através dos sensores a ele conectados e

envia comandos aos atuadores, de forma a manter o funcionamento do motor da

maneira previamente programada, para cada faixa de carga e rotação, através do

controle do tempo de abertura do bico injetor;

Sensores de temperatura e pressão do ar no coletor de admissão - Têm a

função de medir a temperatura e a pressão absoluta do ar admitido (MAP –

Manifold Absolute Pressure). A partir desses dados, a ECU é capaz de calcular a

massa de ar admitida e consequentemente a quantidade de combustível que deve

ser injetada.

Válvula injetora – Também conhecida como bico injetor, é uma válvula do tipo

solenoide que recebe um sinal digital do tipo PWM (Pulse-Width Modulation) –

Page 24: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

13

Modulação por Largura de Pulso – para comandar sua abertura e fechamento.

Quanto maior a largura do pulso do sinal PWM mais tempo o injetor permanece

aberto e, portanto, mais combustível é injetado.

Corpo de borboleta – Localizado no coletor de admissão, tem a função de

direcionar e controlar a entrada de ar no motor, sendo comandado diretamente

pelo usuário através do pedal do acelerador, no caso de carros. Quanto maior for

sua abertura, maior será a carga requerida do motor.

Sensor de posição do corpo de borboleta – Localizado no corpo de borboletas,

é um sensor resistivo do tipo potenciômetro, que mede o quanto a borboleta de

aceleração foi aberta.

Sensor de temperatura da água – Localizado no sistema de arrefecimento,

logo após a saída do motor, tem a função de verificar a temperatura da água de

resfriamento, indicando o momento de acionamento da ventoinha do radiador.

Atuador de marcha lenta – Também localizado no corpo de borboleta, tem a

função de controlar a entrada de ar através de um servo-motor, mantendo o fluxo

de ar necessário para o regime de marcha lenta, ou seja, quando a borboleta de

aceleração está completamente fechada.

Bomba de combustível – Comandada pela ECU, é uma bomba geralmente do

tipo diafragma, que tem a função de pressurizar a linha de combustível.

Filtro de combustível – Faz a filtragem do combustível para evitar que

impurezas cheguem às válvulas injetoras;

Regulador de pressão do combustível – Tem a função de manter a pressão de

trabalho ideal para o funcionamento dos injetores na linha de combustível. Caso

a pressão da linha se eleve acima do valor de trabalho, o regulador se abre e o

combustível é enviado de volta ao tanque.

A figura 2.7 apresenta um esquema do sistema de injeção eletrônica com os

componentes descritos anteriormente.

Page 25: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

14

Figura 2.7: Esquema ilustrativo dos componentes do sistema de injeção eletrônica.

Fonte [16]

2.4- Mistura Ar-Combustível

A motivação para uso do sistema de injeção eletrônica é a capacidade do

mesmo, através dos seus sensores e atuadores, manter o funcionamento do motor de

forma eficiente, ou seja, controlar a mistura ar-combustível que chega a câmara de

combustão para qualquer faixa de carga e rotação. A mistura ar-combustível pode ser

classificada de três formas distintas: mistura pobre em combustível, mistura

estequiométrica e mistura rica em combustível.

A classificação da mistura se dá de acordo com a razão ar-combustível (AC),

que é a razão entre as massas de ar e de combustível contidas na mistura. Para melhor

entendimento deve-se considerar inicialmente a mistura estequiométrica.

A mistura estequiométrica é aquela que possui, na reação química, a quantidade

de ar teórico exata para que ocorra combustão completa da mistura no interior do motor.

Page 26: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

15

Entende-se por combustão completa aquela em que o produto da reação seja formado

apenas por dióxido de carbono, água e nitrogênio.

Será considerado como exemplo, de acordo com SANTOS (2009), a combustão

completa de um mol do iso-octano, componente principal da gasolina, combustível

utilizado no projeto. Será considerada também a composição do ar atmosférico como

21% de O2 e 79% de N2. Dessa forma, de acordo com equação [7], tem-se:

𝐶8𝐻18 + 12,5 ∗ (𝑂2 + 3,76𝑁2) → 8𝐶𝑂2 + 9𝐻2𝑂 + 47𝑁2 [7]

Dado que as massas molares do O2, N2 e C e H são, respectivamente, iguais a 32,

28, 12 e 1 kg/kmol, temos:

Massa de ar = 12,5 × (32 + 3,76 × 28) = 1716Kg

Kmolde ar [8]

Massa de combustível = 8 × 12 + 18 × 1 = 114Kg

Kmolde combustível [9]

Assim, empregando os valores obtidos em [8] e [9], tem-se que a razão ar

combustível para a mistura estequiométrica é dada por [10]:

AC = 1716

114= 15

kg de ar

kg de comb. [10]

Conclui-se, dessa forma, que para ocorrer a combustão completa de um

quilograma de combustível são necessários 15 kg de ar.

A partir do conceito de mistura estequiométrica podem ser definidas as outras

duas classificações de mistura citadas: Mistura rica em combustível é aquela em que

existe uma quantidade de ar atmosférico menor que 15 kg para cada quilograma de

combustível, enquanto mistura pobre em combustível é aquela com mais de 15 kg de ar

atmosférico para cada quilograma de combustível.

O fator lambda, equação [11], resposta do sensor de oxigênio instalado no

escapamento para avaliar os gases de descarga, consiste na comparação entre a razão ar-

combustível real (ACr) e a razão ar-combustível estequiométrica (ACe).

𝜆 = 𝐴𝐶𝑟

𝐴𝐶𝑒 [11]

Dessa forma, define-se que:

𝜆 = 1 – Mistura estequiométrica;

Page 27: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

16

𝜆 < 1 – Mistura rica em combustível;

𝜆 > 1 – Mistura pobre em combustível.

2.5- Sistema de Ignição

O sistema de ignição, em conjunto com o sistema de injeção, a fim de controlar

o funcionamento do motor, tem a função de emitir a centelha que inflama a mistura ar-

combustível.

Figura 2.8: Sistema de ignição convencional.

Fonte [17].

O sistema de ignição convencional, figura 2.8, entrou em desuso nos anos 80,

quando a indústria automotiva passou a buscar maior precisão e eficiência desse

sistema. No entanto, conhecer o sistema convencional auxiliará o entendimento da

ignição eletrônica, sistema utilizado nos veículos em produção atualmente. Os

componentes do sistema de ignição convencional são:

Bateria – fonte de energia para o sistema;

Bobina de ignição – Alimentada pela bateria, transforma a baixa tensão em alta

tensão capaz de emitir a centelha através da vela de ignição;

Distribuidor de ignição – Distribui o sinal elétrico emitido pela bobina de

ignição para os diferentes cilindros do motor;

Cabos de vela – Condutores do sinal elétrico;

Page 28: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

17

Platinado – Atua como uma espécie de chave, ligando e desligando o sinal da

bobina de ignição. É comandado por came, cuja quantidade de arestas é igual ao

número de cilindros no motor;

Condensador – Trabalha em conjunto com o platinado. Tem a função de

armazenar a corrente de auto-indução gerada no platinado, prolongando sua

vida útil.

Velas de ignição – Eletrodos instalados nas câmaras de combustão do motor,

que recebem o sinal de alta tensão da bobina de ignição, através do distribuidor

e cabos de velas, e produzem a centelha elétrica inflamando a mistura ar-

combustível.

A precisão do momento da centelha, denominado avanço de ignição, é de

fundamental importância para o rendimento e confiabilidade do motor, uma vez que a

ignição demasiadamente adiantada ou atrasada pode provocar avarias no motor.

O aumento da exigência por motores mais eficientes e com menor emissão de

poluentes fez com que os sistemas de ignição convencional fossem substituídos pelos

sistemas de ignição eletrônica, que permitem maior controle e ajuste do avanço de

ignição, se adaptando aos diversos regimes de funcionamento dos motores, em baixa ou

alta carga e rotação.

Os sistemas de ignição eletrônica podem ser de dois tipos, ignição por disparo

eletrônico ou ignição mapeada. As particularidades de cada sistema serão explicadas

abaixo.

2.5.1- Sistema de Ignição por Disparo Eletrônico

Nos sistemas de ignição eletrônica, um circuito eletrônico passa a substituir o

platinado e o condensador na função de controlar o momento da ignição. Um exemplo

de sistema de ignição por disparo eletrônico é o CDI (Ignição por Descarga Capacitiva),

do inglês Capacitive Discharge Ignition, figura 2.9, onde um inversor recebe o sinal da

bateria e através de transistores de potência elevam a sua tensão de 12V em uma tensão

contínua da faixa de 200 a 600V, dependendo do circuito e da aplicação, para ser

armazenada em um capacitor. Um sensor, geralmente de efeito Hall, identifica o

momento que a centelha deve ser ativada.

O sinal do sensor Hall é tratado por um condicionador, que está ligado ao

comutador, cuja função é controlar o momento da descarga do capacitor. A partir desse

Page 29: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

18

momento, o sistema de ignição eletrônica funciona semelhante à ignição convencional,

com cabos de vela, distribuidor e vela de ignição.

Figura 2.9: Sistema de ignição eletrônica – CDI.

Fonte [18]

A figura 2.10 apresenta o circuito inversor utilizado no sistema de ignição por

descarga capacitiva.

Figura 2.10: Circuito inversor do sistema de ignição eletrônica CDI.

Fonte [19].

2.5.2- Sistema de Ignição Mapeada

No sistema de ignição mapeada é utilizado um controlador que atua através de

sensores para calcular o momento que deve ser realizada a ignição. O dispositivo

eletrônico de disparo é substituído por um sensor de rotação, que identifica a posição do

virabrequim e a velocidade do motor e informa a central eletrônica. O momento da

centelha não é determinado pelo sensor de rotação, mas pelo módulo de ignição que,

Page 30: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

19

através dos sensores, calcula o avanço de ignição necessário antes de enviar o sinal de

ignição até as velas.

O sistema de ignição mapeada, figura 2.11, consiste basicamente de um módulo

de controle e processamento, sensores e um circuito de potência para acionamento da

bobina de ignição. Os sensores utilizados para avaliar as condições de funcionamento

do motor e calcular o avanço são: sensor de temperatura do ar admitido, sensor de

temperatura do motor, sonda lambda e sensor de detonação.

Figura 2.11: Sistema de ignição eletrônica mapeada.

Fonte [20].

Diferente do sistema de ignição com disparo eletrônico, que determinava o

avanço de ignição apenas de acordo com a rotação do motor, o sistema de ignição

eletrônica mapeada armazena possui um mapa principal em função da rotação, porém

possui também a capacidade de realizar correções desse mapa principal através das

informações passadas por cada sensor citado, que monitoram as reais condições de

operação do motor e determinam o valor final do avanço de ignição.

Em sequência, o módulo de controle envia o sinal de ignição ao circuito de

potência, que aciona a bobina de ignição. Por fim, as velas de ignição, emitem a

centelha. Nesse sistema não há distribuidor, em geral há uma bobina para cada cilindro

ou para cada dois cilindros.

No caso em que uma bobina é utilizada para dois cilindros, a centelha será

emitida em ambos os cilindros, o que estiver no tempo de compressão terá a mistura ar-

combustível inflamada, enquanto o outro, no tempo de descarga, não será influenciado

Page 31: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

20

pela centelha. Esse tipo de sistema é denominado centelha perdida ou Wasted Spark,

figura 2.12.

Figura 2.12: Sistema de ignição mapeada com centelha perdida.

Fonte [21].

Page 32: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

21

Capítulo 3

Conversão do Sistema de Alimentação

Para realizar a conversão do sistema de alimentação, inicialmente deve se

considerar o funcionamento da injeção eletrônica para a seleção dos componentes. A

injeção eletrônica atua através de uma linha pressurizada de combustível, onde uma ou

mais eletroválvulas, também chamadas de injetores, conectadas a essa linha

pressurizada, fazem a pulverização do combustível na entrada do motor, próximo à

válvula de admissão.

Para manter a linha de combustível pressurizada utiliza-se uma bomba elétrica.

A pressão de funcionamento é controlada através de um regulador de pressão. O

regulador de pressão recebe a vazão de combustível proveniente da bomba e através de

uma mola calibrada faz o controle da pressão, permitindo o retorno de combustível ao

tanque quando a pressão de combustível vence a pressão exercida pela mola.

O controle da pressão na linha de combustível é de fundamental importância

para a injeção de combustível, uma vez que a quantidade de combustível injetada é

controlada através do tempo em que a eletroválvula permanecerá aberta durante cada

ciclo. A quantidade de combustível injetada será então diretamente proporcional à

pressão na linha de combustível e ao tempo em que o injetor permanecerá aberto. Uma

pressão mais baixa que a especificada acarretará em pouco combustível injetado,

enquanto uma pressão excessiva causará excesso de combustível injetado.

A duração da abertura do injetor, assim como o momento da abertura, é

controlada através de uma central eletrônica. Essa central faz uso dos sensores

explicados na seção 2.3.2 para o controle da duração da abertura do injetor.

Os sensores e atuadores utilizados foram selecionados de acordo com as faixas

de operação necessárias. Além dos componentes citados na seção 3.1, deve-se levar em

consideração que uma conversão deste tipo apresenta suas particularidades de acordo

com o motor em que será aplicada.

A quantidade de cilindros, assim como a disposição geométrica, em linha ou em

“V”, é um dos principais fatores para a definição do sistema de injeção eletrônica. Em

motores com mais de um cilindro pode ser utilizado um coletor de admissão para alojar

os injetores e direcionar o ar, que passa através de uma única borboleta, para cada

Page 33: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

22

cilindro do motor. Pode-se ainda adotar um único injetor, chamado de injeção

monoponto, ou um injetor para cada cilindro, chamado de injeção multiponto.

A figura 3.1 apresenta a configuração típica de uma injeção monoponto para um

motor de 4 cilindros. Nesse caso, um injetor pulveriza o combustível antes da borboleta

de aceleração e a mistura do ar e combustível é canalizada para os diferentes cilindros

do motor, através do coletor de admissão.

1 – Entrada de combustível

2 – Entrada de ar

3 – Borboleta de aceleração

4 – Coletor de admissão

5 – Injetor

6 – Motor

Figura 3.1: Esquema típico de injeção monoponto.

Fonte [22].

Na injeção multiponto, conforme figura 3.2, apenas o ar passa pela borboleta de

aceleração e há um injetor para cada cilindro, dispostos próximo à entrada do motor. Há

ainda a injeção direta, onde o injetor pulveriza o combustível diretamente na câmara de

combustão, conforme figura 3.3. Este último tipo não será tratado, pois o cabeçote do

motor precisa ser projetado para esse tipo de injeção, tornando-se inviável a conversão

de um motor com carburador para injeção direta.

Page 34: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

23

1 – Entrada de combustível

2 – Entrada de ar

3 – Borboleta de aceleração

4 – Coletor de admissão

5 – Injetor

6 – Motor

Figura 3.2: Esquema típico de injeção multiponto.

Fonte [23].

1 – Entrada de combustível

2 – Entrada de ar

3 – Borboleta de aceleração

4 – Coletor de admissão

5 – Injetor

6 – Motor

Figura 3.3: Esquema típico de injeção direta.

Fonte [24].

Nos motores com injeção monoponto, a passagem do combustível pelo coletor

de admissão provoca condensação do combustível devido à baixa temperatura nas

paredes do coletor. A injeção na entrada do motor, no caso da injeção multiponto,

elimina a condensação do combustível e proporciona melhor mistura com o ar,

Page 35: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

24

consequentemente gerando uma queima mais eficiente, com maior geração de potência,

e menor emissão de gases.

Os primeiros veículos dotados de injeção eletrônica, no Brasil, em sua maioria

possuíam sistemas monoponto, por serem mais baratos que o sistema multiponto. No

entanto, devido a maior eficiência dos sistemas multiponto, os sistemas monoponto se

tornaram obsoleto e hoje não são mais oferecidos em veículos comerciais.

Nos motores de injeção multiponto, se faz necessário ainda que a linha de

combustível pressurizada seja comum aos injetores, a fim de garantir que todos os

injetores trabalharão sob mesma pressão, produzindo uma injeção uniforme em todos os

cilindros. À esse componente responsável pela chegada do combustível pressurizado

aos injetores, dá-se o nome de tubo distribuidor ou flauta de combustível. A figura 3.4

apresenta um modelo de tubo distribuidor para um motor de quatro cilindros, com o

regulador de pressão em sua extremidade.

Figura 3.4: Exemplo de tubo distribuidor para motor de 4 cilindros.

Fonte [25].

Na conversão do sistema de alimentação por carburador para a injeção

eletrônica, o coletor de admissão e o tubo distribuidor são os componentes que

necessitam de maior atenção por parte do realizador do projeto, uma vez que nem

sempre é possível encontrar um modelo pronto que seja satisfatório para o motor em

questão.

Na concepção do protótipo da Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE, o coletor

de admissão e o tubo distribuidor foram projetados e fabricados por membros da equipe.

Page 36: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

25

3.1- Seleção de Componentes

Definido o tipo de injeção eletrônica, multiponto ou monoponto, a ser utilizado,

o coletor de admissão e tubo distribuidor, inicia-se a seleção dos demais componentes.

O principal deles é a ECU, uma vez que este exerce influência nos demais

componentes a serem utilizados, como sensores e atuadores. Foi realizado um

comparativo entre os principais modelos de ECU disponíveis no mercado brasileiro,

conforme tabela 3.1. Todos os dados foram retirados dos manuais de instalação de cada

ECU avaliada.

Tabela 3.1: Comparativo dos controladores de injeção e ignição.

Os parâmetros analisados no comparativo entre os controladores disponíveis no

mercado brasileiro apontam bastante similaridade entre os modelos. As correções para

injeção e ignição são quase as mesmas em todos os três modelos analisados, o que faz

com que tenham praticamente a mesma eficiência no gerenciamento do motor. Os

modelos InjePro e Pandoo apresentam intervalo para ajuste de 200 rpm, o que os torna

ligeiramente mais precisos que a Fueltech, com intervalo de ajuste a cada 500 rpm.

Dentre os três analisados, observa-se que a Fueltech FT250 é única que não

possui correção da injeção por lambda, um recurso bastante útil principalmente em

motores que serão utilizados em veículos urbanos.

O terceiro fator a ser destacado neste comparativo é a saída de ignição. O

controlador Fueltech possui apenas uma saída configurável, para ser utilizada com

Comparativo Fueltech FT250 Injepro EFI-PRO V2 Pandoo Fuel Inject

Preço R$1320,50 R$2000,00 R$1750,00

Módulo de ignição adicional (4 canais) R$650,00 (SparkPro 4) R$570,00 (Injepro ISD 4) R$530,00 (PowerSpark 4)

Garantia 3 anos 5 anos 1 ano

Atualização de software gratuita Sim Sim Sim

Rotação máxima 16.000 RPM 20.000 RPM 16.000 RPM

Edição dos Mapas Computador de bordo ou PC Computador de bordo ou PC Computador de bordo ou PC

Quantidade de mapas 5 5 5

Intervalo de rotação para ajuste 500 RPM 200 RPM 200 RPM

Cilindros disponíveis 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10 e 12 1 até 12 1, 4, 6 e 8

Correções da injeçãoRotação, TPS, MAP, Temp. do

Motor, Temp. do Ar, Tensão da

Bateria

MAP, TPS, Temp. do Ar,

Temp. do Motor, Sonda

Lambda, Tensão da Bateria

Rotação, MAP, TPS, Temp.

do Ar, Temp. do Motor, Sonda

Lambda, Tensão da Bateria

Saídas de ignição

1 (necessita de módulo auxiliar

para controle através de roda

fônica)

8 6

Correções da igniçãoTPS, MAP, Temp. do Ar, Temp.

do Motor

TPS, MAP, Temp. do Ar,

Temp. do Motor

TPS, MAP, Temp. do Ar,

Temp. do Motor

Leitura de rotação por distribuidor ou

roda fônicaSim Sim Sim

Controle eletrônico do ventilador por

temperatura 1 estágio 2 estágios 1 estágio

Sensor MAP Integrado Integrado Integrado

Leitura e Correção por sonda lambda Apenas leitura Sim Sim

Controle do motor de passo Sim Sim Sim

Datalogger Sim Sim Sim

Page 37: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

26

distribuidor de ignição. Para a utilização sem distribuidor é necessário um módulo

adicional, o SparkPro. Os demais controladores, Pandoo e Injepro, podem acionar de

forma direta 6 ou 8 bobinas, respectivamente, desde que as mesmas possuam driver de

ignição integrado. Para bobinas sem driver de ignição também se faz necessário a

utilização de um módulo de ignição.

Foram incluídos no comparativo os preços dos módulos de ignição indicados

para cada controlador. Todos os módulos indicados possuem 4 canais de saída, o que

permite a utilização de modo sequencial em motores de até 4 cilindros, com uma bobina

por cilindro, ou no modo Wasted Spark em motores de até 8 cilindros, com uma bobina

para cada 2 cilindros.

O último ponto importante a se destacar é a assistência técnica e garantia. Todos

os fabricantes disponibilizam através dos sites um canal de assistência técnica remota e

opção de atualização do software gratuitamente. O prazo de garantia de cinco anos é um

diferencial positivo para a Injepro, enquanto a Pandoo oferece apenas um ano e a

Fueltech dá a seus clientes três anos de garantia. Além disso, a Fueltech é a marca que

apresenta em seu site grande rede de oficinas credenciadas para instalação e manutenção

do produto, que não foi visto nos demais fabricantes.

A escolha do controlador deve ser feita de acordo com a aplicação a que se

destina e os resultados esperados. Para utilização em um motor com distribuidor de

ignição e onde a opção de correção por lambda não seja considerada necessária, a

Fueltech pode ser uma boa opção devido seu menor preço.

Entre os modelos Pandoo e Injepro, a similaridade das funções e dos preços

garantem à Injepro certa vantagem devido à garantia de cinco anos.

Na execução deste projeto foi utilizado o modelo Fueltech RacePro 1 Fi, uma

vez que a Equipe Ícarus já possuía tanto o controlador quanto o módulo de ignição

SparkPro. A funcionalidade deste controlador é semelhante à do modelo FT250, no

entanto por se tratar de um produto antigo deixou de ser oferecido pela Fueltech.

Os sensores e atuadores que compõem todo o projeto, após o devido

dimensionamento, foram selecionados a partir de produtos aplicados em veículos

comerciais, pela facilidade de reposição e diminuição de custos pela grande oferta dos

mesmos. Deve-se atentar também que estes devem ser compatíveis com o controlador

de injeção eletrônica utilizado.

Page 38: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

27

3.1.1- Módulo de injeção

O controlador da injeção eletrônica utilizado para este projeto foi o FuelTech

RacePRo 1Fi, figura 3.5. Este módulo de injeção é totalmente programável e não

necessita de um computador para sua configuração, todos os ajustes são feitos

diretamente no módulo e podem ser em tempo real, durante o funcionamento do motor.

O mesmo módulo funciona também como computador de bordo, exibindo as

leituras da maioria dos sensores presentes no sistema, assim como os valores máximos

alcançados durante o funcionamento do motor.

Possibilita a configuração de três distintos mapas, que podem até mesmo ser de

motores diferentes.

Figura 3.5: Controlador RacePRO 1Fi.

Fonte [26]

3.1.2- Sensores de Temperatura e Pressão do Ar no Coletor de Admissão

Instalado no coletor de admissão, o sensor de temperatura do ar tem a função de

monitorar a temperatura do ar admitido, possibilitando à ECU realizar as correções nos

mapas de injeção e ignição, necessárias para o melhor funcionamento do motor.

Ele deve ser capaz de medir toda a faixa de temperaturas de ar de admissão

possível. A ECU utilizada neste projeto pode realizar correções de acordo com a

temperatura do ar na faixa de -20 até 180ºC.

Foi utilizado foi o sensor padrão Delphi/NTK (3,3kΏ a 20ºC), figura 3.6, que é

automaticamente detectado pelo controlador FuelTech e atende a faixa de trabalho

desejada. Sensor selecionado: Marca Iguaçu – Código 202.0901.

Page 39: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

28

Figura 3.6: Sensor de temperatura do ar.

Fonte [27].

O sensor que mede a pressão do ar no coletor de admissão (MAP) é integrado ao

controlador FuelTech. Tem capacidade de medir pressões de -1bar (vácuo) até 6 bar, o

que possibilita também a medição de motores com turbocompressor.

3.1.3- Válvula Injetora

Para a seleção da válvula injetora, deve ser dimensionada a vazão necessária de

combustível que atenda a demanda de projeto. Devem ser consideradas a potência, o

consumo específico do motor por rotação (BSFC), o combustível utilizado, a quantidade

de injetores e o aproveitamento do bico injetor, de acordo com a equação [12]:

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 𝐵𝑆𝐹𝐶 𝑥 𝐶𝑜𝑚𝑏.

𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑗𝑒𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑥 𝐴𝑝𝑟𝑜𝑣.= 𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑗𝑒𝑡𝑜𝑟 (𝑙𝑏/ℎ𝑟) [12]

Onde:

Potência = potência máxima desejada, 60cv;

Consumo específico por rotação (BSFC) = 0,5 para motores aspirados e 0,6 para turbos;

Combustível = 1 para gasolina, 1,4 para etanol e 2,1 para metanol;

Número de injetores = 2;

Aproveitamento do bico injetor = recomenda-se utilizar o padrão de 80% da capacidade

dos injetores.

Assim, considerando que o motor aspirado utiliza gasolina como combustível,

conclui-se que os injetores a serem utilizados devem possuir vazão de 18,75 lb/hr, ou

196,88 cc/min. Dessa forma, foi selecionado o injetor da Magneti Marelli modelo IWP

Page 40: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

29

041, figura 3.7, aplicado no veículo VW Gol 1.0, que apresenta vazão de 220 cc/min e é

facilmente encontrado no mercado.

Figura 3.7: Válvula injetora.

Fonte [28].

3.1.4- Corpo de Borboleta

O Corpo de Borboletas é o componente responsável por controlar a indução de

ar nos motores de Ciclo Otto. Em sua maioria são atuados diretamente pelo usuário

através de um cabo conectado ao pedal do acelerador, no caso de carros, ou no punho do

guidão, em motocicletas. Nos veículos mais modernos o cabo de acelerador tem sido

substituído por um sistema eletrônico onde um sensor é instalado no pedal do acelerador

e um atuador faz a abertura ou fechamento da borboleta de acordo com o sinal

registrado pelo sensor do pedal, esse sistema recebe o nome de drive-by-wire.

O dimensionamento do corpo de borboleta é importante uma vez que um modelo

superdimensionado implica na carga plena do motor sem sua total abertura, causando

maior sensibilidade ao acelerador, enquanto um modelo subdimensionado pode se

tornar uma restrição para a passagem de ar, impedindo o máximo enchimento da câmara

de combustão.

Para o correto dimensionamento do corpo de borboletas a ser aplicado, faz-se

necessária a medição do fluxo e perda de carga do ar escoando através de todo o sistema

de entrada de ar. De acordo com Heywood (1988), o filtro de ar, corpo de borboleta,

coletor de admissão e válvula de admissão restringem a quantidade de ar que um motor

de um dado deslocamento pode aspirar. O parâmetro utilizado para medir o quanto de ar

é efetivamente aspirado pelo motor é a eficiência volumétrica.

Page 41: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

30

Por simplificação, recomenda-se a utilização de um corpo de borboletas aplicado

em um motor de deslocamento volumétrico próximo ao motor em que se faz a

conversão do sistema, a fim de minimizar os efeitos acima citados. A rotação de

trabalho no motor também deve ser levada em consideração uma vez que quanto maior

a rotação maior a demanda de ar necessária.

Devido a maior facilidade de acesso e menor custo, foi aplicado no projeto o

corpo de borboleta utilizado no veículo Fiat Palio Fire 1.0, figura 3.8. Apesar de o

motor utilizado neste projeto apresentar deslocamento volumétrico de 500 cm³, deve-se

ressaltar que este trabalha com rotação máxima de 9000rpm, enquanto o motor Fiat é

limitado em 6500rpm, o que minimiza o efeito de superdimensionamento do corpo de

borboleta.

Valores típicos de máxima eficiência volumétrica para motores naturalmente

aspirados estão na faixa de 80 a 90 por cento (HEYWOOD, 1988). Considerando uma

eficiência volumétrica de 80%, um motor de 1000cm³, trabalhando a 6000rpm apresenta

vazão de ar igual a 6m³/min, enquanto um motor de 500cm³ a 9000rpm apresenta vazão

de 4,5m³/min, uma diferença de 25% na vazão de ar.

Modelo selecionado: Marca Magneti Marelli – Código STD34SXFE4.

Figura 3.8: Corpo de borboleta.

Fonte [29].

Page 42: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

31

3.1.5- Sensor de Posição do Corpo de Borboleta

Sensor resistivo que é integrado ao corpo de borboleta. Sua calibração deve ser

realizada no controlador, na posição fechada e na posição de máxima abertura. Os

demais pontos intermediários são automaticamente interpolados pelo controlador.

3.1.6- Sensor de Temperatura da Água

Tem a função de monitorar a temperatura da água de resfriamento do motor. A

ECU pode utilizar a temperatura da água para realizar correções nos mapas de injeção e

ignição, assim como também acionar o eletro ventilador do sistema de arrefecimento do

motor.

Este sensor deve ser instalado na saída de água de resfriamento, próximo ao

cabeçote do motor. A ECU aplicada neste projeto pode fazer correções nos mapas de

acordo com a temperatura da água na faixa de -20 a 180ºC.

Foi utilizado o sensor padrão Delphi/NTK (3,3kΏ a 20ºC), figura 3.9, que é

automaticamente detectado pelo controlador FuelTech e atende a faixa de trabalho

desejada. Sensor selecionado: Marca Iguaçu – Código 201.0802.

Figura 3.9: Sensor de temperatura de água.

Fonte [30].

3.1.7- Bomba de Combustível

A bomba elétrica de combustível, em conjunto com o regulador de pressão, deve

atuar mantendo a pressão de combustível constante nas válvulas injetoras. A pressão

ideal de combustível para motores com injeção indireta, na entrada do cabeçote, é na

faixa de 2,5 a 4bar. A pressão especificada para este projeto foi de 3bar.

Page 43: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

32

A bomba foi instalada externamente ao tanque de combustível, facilitando

adaptação e manutenção. O modelo selecionado, figura 3.10, atende à faixa de trabalho

desejada e é aplicada no veículo GM Kadett EFI.

Bomba selecionada: Marca Delphi – Código BCD00101.

Figura 3.10: Bomba de combustível.

Fonte [31].

3.1.8- Regulador de Pressão do Combustível

A pressão de funcionamento escolhida para o projeto foi de 3 bar. Dessa forma,

foi selecionado um regulador de pressão ajustável, na faixa de 2 a 4,5 bar, figura 3.11. A

pressão é regulada comprimindo a mola através do parafuso de ajuste na parte superior

da válvula. Um manômetro foi instalado na linha de combustível para indicar a pressão

de trabalho.

Regulador selecionado: Marca LP – Código 47375/255R.

Figura 3.11: Regulador de pressão LP 47375/255R.

Fonte [32].

Page 44: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

33

3.1.9- Sensor Sonda Lambda

Para leitura do fator lambda foi utilizado o medidor FuelTech WB-O2 Meter,

figura 3.12, que é capaz de medir o valor lambda da faixa de 0,65𝜆 a 4,00𝜆. O sensor

lambda instalado, figura 3,13, deve ser compatível com o medidor WB-O2, e nesse caso

foi utilizado o modelo aplicado nos veículos VW e Audi 1.8T.

Figura 3.12: Medidor FuelTech WB-O2.

Fonte [33].

Deve-se lembrar que a instalação do sensor na tubulação de exaustão do motor

deve obedecer as posições recomendadas no manual do medidor, que englobam uma

faixa de 10 a 90º da linha axial do sensor com a horizontal, ou seja, sempre com a ponta

apontando para baixo.

Sensor selecionado: Sensor Lambda Wide Band Bosch LSU 4.2 – Código VW

021-906-262-B.

Figura 3.13: Sonda Lambda Bosch LSU 4.2.

Fonte [34].

Page 45: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

34

3.2- Investimento para Conversão do Sistema de Alimentação.

Adicionalmente, foi realizado um levantamento de custos dos componentes

principais para estimar o investimento feito na conversão do sistema de alimentação,

apresentados na Tabela 3.2. O coletor de admissão e tubo distribuidor não foram

cotados pois variam de acordo com o motor em que serão aplicados.

Tabela 3.2: Análise de investimento para conversão do sistema de alimentação.

Os valores apontados na Tabela 3.2 foram obtidos através de pesquisa de preços

de produtos novos de acordo com as características e modelos selecionados no projeto.

Apenas o módulo de injeção foi cotado pelo modelo FuelTech FT250, uma vez que o

utilizado no projeto, FuelTech RacePRO 1Fi, é uma versão antiga já descontinuada pelo

fabricante.

Componente Valor unitário Quantidade Sub-total

FuelTech FT250* R$ 1,320.50 1 R$ 1,320.50

Sensor de temperatura do ar R$ 44.79 1 R$ 44.79

Sensor de temperatura da agua R$ 27.00 1 R$ 27.00

Sonda lambda R$ 1,199.00 1 R$ 1,199.00

Injetores R$ 60.00 2 R$ 120.00

Corpo de borboleta R$ 650.00 1 R$ 650.00

Bomba de combustível Delphi R$ 179.00 1 R$ 179.00

Regulador de pressão R$ 110.00 1 R$ 110.00

total R$ 3,650.29

Page 46: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

35

Capítulo 4

Conversão do Sistema de Ignição

A conversão do sistema de ignição por disparo eletrônico em um sistema de

ignição mapeada proporciona maior controle do momento em que a centelha é disparada

pela vela de ignição.

No sistema de ignição por disparo eletrônico, um sensor identifica a posição do

motor e emite o sinal para a bobina de ignição, iniciando o comando da centelha. Nesse

sistema, geralmente apenas a rotação do motor pode ser utilizada como parâmetro para

o avanço ou atraso do ponto de ignição.

O sistema de ignição mapeada utiliza uma série de sensores, como temperatura

do ar, temperatura do motor, pressão no coletor de admissão e posição da borboleta de

aceleração, além da rotação do motor, para determinar a real condição de

funcionamento do motor.

Com isso, é possível que o ponto de ignição seja ajustado de forma mais

eficiente que no sistema por disparo eletrônico, proporcionando vantagens em relação a

consumo de combustível e emissão de poluentes.

A ignição mapeada consiste em um mapa base de Ignição versus Rotação, que

pode sofrer correções, avanço ou retardo, de acordo com a informação de cada sensor

descrito acima.

Contudo, o motor Honda CB500, ao qual foi utilizado para a realização do

projeto, não possui sensor de detonação que pudesse ser utilizado como orientação nos

ajustes mais avançados.

Dessa forma, os benefícios da utilização do sistema de ignição eletrônica

mapeada, nesse trabalho, ficaram limitados à maior precisão do ponto de ignição e

diminuição do ruído eletromagnético para os demais componentes eletrônicos do

veículo.

4.1- Seleção dos Componentes

Todas as ECUs avaliadas na conversão do sistema de alimentação são também

capazes de controlar um sistema de ignição mapeada, com a mesma quantidade e

parâmetros de correções do ponto de ignição.

Page 47: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

36

Por isso, foi utilizado neste projeto o mesmo controlador utilizado no sistema de

alimentação, o Fueltech RacePRO 1Fi.

Como esse controlador não possibilita o controle de ignição em um sistema com

roda fônica sem o auxílio de um módulo de ignição auxiliar, foi aplicado o módulo de

Ignição FuelTech SparkPRO para o acionamento das bobinas.

Uma vez que a utilização de um módulo de ignição se fez necessária, foi

possível a utilização de bobinas sem driver de ignição integrados, que em geral são mais

baratas que bobinas com driver de ignição integrados.

4.1.1- Módulo de Ignição

Como o controle da ignição é realizado através da RacePro 1Fi, foi apenas

selecionado o módulo de potência para acionamento das bobinas. Por ser compatível

com o controlador, foi utilizado o módulo Fueltech SparkPRO 4, capaz de controlar 4

bobinas, podendo ser utilizado em motores de 8 cilindros, no caso da utilização de

bobina dupla, ou 4 cilindros, com uma bobina para cada cilindro.

4.1.2- Bobina de Ignição

Para a ignição mapeada sem distribuidor foi utilizada uma bobina por cilindro,

modelo BOSCH F000ZS0105, aplicada no VW Gol Mi. Essa bobina se caracteriza por

ser um modelo sem ignição interna, sendo acionada pelo módulo de ignição SparkPRO.

Figura 4.1: Bobina BOSCH F000ZS0105.

Fonte [35].

Page 48: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

37

4.1.3- Vela de Ignição

Foi utilizada a vela de ignição original do motor, recomendada pelo fabricante,

Marca NGK modelo CR8EH-9.

Figura 4.2: Vela de ignição NGK CR8EH-9.

Fonte [36].

4.2- Investimento para Conversão do Sistema de Ignição.

Assim como no sistema de alimentação, foi realizada uma pesquisa de preços

para o investimento necessário na conversão do sistema de ignição.

A vela de ignição não foi cotada uma vez que a mesma vela é utilizada para o

sistema de ignição mapeada, sendo considerados apenas os componentes adicionados. A

Tabela 4.1 apresenta os valores médios para cada produto pesquisado.

Tabela 4.1: Análise de investimento para conversão do sistema de ignição.

Componente Valor unitário Quantidade Sub-total

SparkPRO 4 R$ 650.00 1 R$ 650.00

Bobina de ignição R$ 110.00 2 R$ 220.00

Jogo de cabos de vela R$ 120.00 1 R$ 120.00

total R$ 990.00

Page 49: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

38

Capítulo 5

Calibração do Sistema de Alimentação

Finalizada a seleção dos componentes e montagem do chicote elétrico que liga

todo o sistema de injeção e ignição, foi iniciada a configuração do módulo de injeção

eletrônica com a entrada dos dados característicos do motor, como número de cilindros,

volume deslocado, rotação máxima, etc. Esses dados permitem ao módulo de injeção

criar um mapa base que possibilite o funcionamento do motor, de forma ainda precária,

para posterior ajuste pelo usuário.

O sistema de alimentação pode ser calibrado por distintas formas: através

somente do TPS (Throttle Position Sensor - Sensor de Posição da Borboleta), somente

do MAP (Manifold Absolute Pressure - Pressão Absoluta no Coletor de admissão) ou de

uma combinação do TPS e do MAP.

Após a partida do motor, através do mapa base gerado pela central eletrônica,

iniciou-se o processo de ajuste do mapa principal de injeção. Para maior simplicidade

foi escolhido o ajuste por TPS, onde deve ser programado um valor de pulso de injeção

para cada valor de TPS, variando de 0 a 100% em intervalos de 10%. Para valores

intermediários de TPS entre cada ponto o controlador realiza a interpolação do pulso de

injeção. TPS em 0% significa borboleta totalmente fechada, regime de marcha lenta,

enquanto TPS em 100% significa borboleta totalmente aberta, carga plena no motor.

Com a utilização do mapa base de Injeção x TPS é possível ainda programar um ajuste

de aceleração rápida, que se encarrega de aumentar a quantidade de combustível

injetado durante variações rápidas no acelerador.

Algumas limitações devem ser impostas tanto para mistura rica quanto para

mistura pobre. Uma mistura excessivamente rica provoca carbonização da câmara de

combustão, com depósitos de carbono alojados principalmente nas válvulas, pistão e

próximo ao eletrodo da vela de ignição. Esses depósitos se tornam pontos quentes, que

podem causar a ignição do combustível em momento indesejado, conhecido como pré-

ignição.

Já uma mistura pobre em excesso pode provocar alta temperatura na câmara de

combustão. Esse fato ocorre, pois o combustível injetado no estado líquido precisa, para

ser queimado, sofre vaporização. Essa mudança de fase do combustível é responsável

por absorver parte do calor gerado na combustão. Dessa forma, uma mistura pobre, que

Page 50: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

39

tem menos combustível para mudar de fase, apresentará uma temperatura maior. A alta

temperatura na câmara de combustão também facilita a ocorrência de detonação.

Ambos os fenômenos da detonação e da pré-ignição apresentam sintomas

semelhantes, diferenciando-se apenas na origem da causa. Enquanto a detonação está

relacionada com a octanagem do combustível e as pressões e temperaturas na câmara, a

pré-ignição está relacionada com pontos quentes no interior da câmara de combustão.

Nos motores mais modernos, um sensor de vibração é instalado no bloco para

identificação dessa vibração anormal causada pela detonação ou pela pré-ignição,

enviando sinal para a central eletrônica que pode atuar no avanço de ignição para

minimizar esse acontecimento.

Todos os dados inseridos na calibração dos sistemas de alimentação e ignição

para uma mistura rica em combustível encontram-se registrados no Anexo I.

5.1- Configuração do Controlador FuelTech

O ajuste da injeção eletrônica no controlador FuelTech RacePRO-1Fi é realizado

através do computador de bordo que possui teclas direcionais para navegação no menu e

um display de duas linhas, onde são exibidas as informações.

Um fluxograma com a ordem dos dados a serem inseridos no controlador pode

ser encontrado no Anexo II. A seguir, será detalhado cada ajuste realizado assim como a

justificativa para tal. Recomenda-se que, para melhor aproveitamento, a leitura seja

acompanhada do fluxograma mencionado.

A entrada de dados se inicia pela definição da rotação máxima do motor,

limitada em 9000 RPM, assim como no projeto original com carburador.

Em seguida, seleciona-se o tipo de motor, aspirado ou turbo, e qual o parâmetro

utilizado para calibração da injeção:

Aspirado por TPS – Nesse caso o mapa principal de injeção é configurado

através dos valores de TPS, desde 0% (marcha lenta) até 100% (aceleração

total).

Aspirado por TPS/MAP – Nessa configuração o mapa principal também é

configurado através do TPS, porém com correção de acordo com os valores de

MAP.

Aspirado por MAP – Neste modo o mapa principal de injeção é configurado

através do MAP. Esse parâmetro representa melhor a carga no motor, sendo

mais preciso que o TPS.

Page 51: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

40

Turbo por MAP – Devido à pressão positiva gerada pelo turbo compressor, o

mapa principal de injeção é configurado através dos valores de MAP, variando

de -0,9 bar (0,1 bar absoluto) até a pressão máxima configurada.

Apesar do parâmetro de MAP indicar melhor a carga no motor, em condições de

MAP instável este tipo de configuração pode apresentar falhas no funcionamento. Por

isso, nos ajustes de injeção por MAP, é possível realizar o ajuste de marcha lenta por

TPS, onde o controlador assume valor de marcha lenta quando TPS igual à zero,

desconsiderando as leituras de MAP.

Conforme explicado anteriormente, em um corpo de borboleta

superdimensionado, pequenas variações do TPS acarretam em grandes variações do

MAP, fazendo assim um mapa de injeção muito sensível a pequenas acelerações. Visto

que o corpo de borboletas utilizado apresenta superdimensionamento, e o motor em

questão não é dotado de turbocompressor, a escolha da configuração “Aspirado por

TPS” possibilita o ajuste mais adequado.

Em sequência, deve ser definido o tipo de injeção rápida, que também pode ser

por TPS ou MAP. A injeção rápida significa o incremento da quantidade de

combustível quando o controlador detecta variação rápida do TPS ou do MAP,

dependendo do setup escolhido. Esse recurso é de fundamental importância quando se

deseja elevar rapidamente a rotação do motor. Nesse caso, foi escolhida a injeção rápida

por TPS porque apresenta resposta mais rápida, uma vez que o MAP somente é alterado

após a variação do TPS.

Quando há utilização de mais de uma bancada de injetores, é ainda possível

definir as bancadas como simultâneas ou independentes. No primeiro caso, ambas as

bancadas terão os injetores pulsando juntos, enquanto, no segundo, cada bancada tem

seu ajuste próprio, podendo uma bancada ser acionada apenas sob uma condição

anteriormente prevista, como uma rotação mínima ou determinado valor de MAP, por

exemplo.

O próximo passo é a definição do número de cilindros. Um detalhe que deve ser

ressaltado é que apesar de o motor aplicado no projeto possuir apenas dois cilindros,

tendo uma bobina para cada, para o correto funcionamento do sistema com ignição

eletrônica Wasted Spark, foi necessário configurar a RacePRO como se o motor tivesse

quatro cilindros.

Page 52: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

41

Há ainda, na configuração da injeção, a opção do Modo de Injeção, que é a

forma em que o controlador realizará o acionamento dos injetores. O Modo de Injeção é

dividido em Normal, Alternado, Wasted Spark, e Sincronizado.

No modo Normal, os pulsos de injeção serão acionados juntos com os pulsos de

ignição, enquanto no modo Alternado um pulso de injeção é realizado a cada dois

pulsos de ignição. A opção Wasted Spark é utilizada quando a ignição é também

configurada para o modo Wasted Spark. Caso os módulos de ignição FirePRO ou

Fire4S sejam conectados ao chicote elétrico, estes são identificados pela RacePRO e o

Modo de Injeção é automaticamente travado em Wasted Spark. O módulo de ignição

utilizado no projeto é o FirePRO, portanto o Modo de Injeção foi automaticamente

configurado como Wasted Spark.

Por último, na Configuração da Injeção, deve ser indicado o Deadtime dos

injetores. Deadtime significa o tempo de atraso para abertura do bico injetor devido sua

inércia de funcionamento. De acordo com o Manual RacePRO 1Fi, os injetores

possuem, em sua maioria, Deadtime igual a 0,60ms. Caso na configuração do Mapa de

Injeção seja apontado um período de injeção menor que o configurado para o Deadtime,

a RacePRO identificará como nula a abertura do injetor.

5.2- Ajuste do Mapa de Injeção

Conforme explicitado, anteriormente, foi selecionado o mapa base Injeção

versus TPS para configuração do Mapa de Injeção principal. Nessa configuração são

inseridos os valores de injeção, em milissegundos, para cada valor de TPS de 0 até

100%, variando a cada 10%. Esses valores correspondem ao tempo de abertura do bico

injetor, de acordo com o sinal PWM (Modulação por Largura de Pulso) enviado pelo

controlador.

Na calibração do Mapa de Injeção, a abertura da borboleta foi fixada para cada

ponto na escala de 0 a 100%. A resposta da sonda lambda para cada abertura foi

analisada a fim de verificar se o valor de lambda desejado era alcançado. Utilizou-se o

processo de malha aberta, com as respostas da sonda lambda apenas para leitura e ajuste

por intermédio do usuário, pois a central eletrônica utilizada não possui a opção de

correção da injeção por lambda.

A proposta do projeto considera o maior desempenho do motor, ou seja, o motor

deve trabalhar no regime de máxima geração de potência. Dessa forma, de acordo com

Page 53: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

42

SANTOS (2009), a maior potência é gerada quando o valor de lambda está próximo de

0,86. Essa informação também pode ser obervada conforme a figura 5.1.

Figura 5.1: Relação potência x lambda.

Fonte [37]

Assim, o Mapa de Injeção principal, para o motor Honda CB 500, na

configuração de maior potência, teve os valores de injeção registrados buscando como

resposta um lambda aproximado de 0,86.

Com o motor em funcionamento e TPS estático em cada ponto da faixa de 0 a

100%, o Mapa Principal de injeção teve seus valores ajustados de acordo com a leitura

da sonda lambda, sempre buscando um valor próximo a 0,86. O resultado desse ajuste

está explicitado na figura 5.2, que apresenta o Tempo de injeção versus TPS calibrados.

Adicionalmente, foram registrados também os valores de lambda de acordo com

a rotação do motor, a cada 1000rpm, desde a marcha lenta até o limite de velocidade do

motor, a 9000rpm. Para isso o motor foi acelerado até cada valor de rotação descrito na

figura 5.3 e registrada a leitura do sensor de oxigênio

Page 54: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

43

Figura 5.2: Valores de injeção para maior geração de potência.

Figura 5.3: Valores registrados pela sonda lambda.

Outros ajustem podem ser realizados para melhoria do sistema. Esses ajustes são

correções realizadas no Mapa de Injeção principal com relação a outros fatores como

temperatura do motor, temperatura do ar de admissão, MAP e tensão da bateria. Cada

um desses ajustes e suas respectivas funções serão explicadas em seguida.

5.3- Correção da Injeção por Temperatura do Motor

A Correção da Injeção por Temperatura do Motor é de fundamental importância

nos motores movidos a etanol, mas também tem sua contribuição nos motores a

gasolina. Os motores a gasolina são projetados para ter sua temperatura de

funcionamento por volta de 90ºC, temperatura essa que é medida na saída de água

Page 55: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

44

próximo ao cabeçote. No entanto, logo após a partida do motor a temperatura da água

apresenta valores muito abaixo daquele para qual o motor foi projetado para funcionar.

Como a combustão da mistura ar-combustível apresenta eficiência diferente de acordo

com a temperatura na câmara de combustão, a correção da injeção de acordo com a

temperatura do motor pode ser realizada nesse estágio inicial.

A correção da injeção de acordo com a temperatura do motor é um incremento

no tempo de abertura do injetor. Na ECU Fueltech, esse incremento se dá em um valor

percentual relativo àquele previamente aplicado no Mapa Principal.

A figura 5.4 apresenta os valores configurados para o motor Honda CB500. O

incremento utilizado nas temperaturas abaixo de 70ºC tem como objetivo manter o

motor estável durante a fase fria, uma vez que foi observado durante o ajuste que a

mistura pobre em combustível provocava funcionamento irregular nessa condição.

Já em temperaturas acima de 90ºC, o enriquecimento da mistura teve como

objetivo diminuir a temperatura na câmara de combustão, transferindo calor para a

mudança de fase do combustível em excesso, conforme anteriormente explicado. Não

foram observados efeitos práticos desse ajuste durante os testes do motor.

Figura 5.4: Correção da injeção por temperatura do motor.

5.4- Correção da Injeção por Temperatura do Ar da Admissão

O ajuste de acordo com a temperatura do ar de admissão está diretamente

relacionado com o cálculo que a central eletrônica faz para a massa de ar admitida,

através dos sensores de temperatura do ar e pressão absoluta, o sensor MAP. Quanto

Page 56: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

45

menor a temperatura do ar admitido, maior será sua massa específica e

consequentemente maior a massa de ar que chega a câmara de combustão. Assim, uma

maior massa de ar possibilita a injeção de mais combustível, cuja quantidade deve ser

corrigida através dessa ferramenta. A figura 5.5 apresenta os valores utilizados no

Motor Honda CB500.

Figura 5.5: Correção da injeção por temperatura do ar de admissão.

5.5- Correção da Injeção por MAP

Essa correção somente é possível quando o Mapa de Injeção Principal é

configurado através do TPS. Os dados do MAP podem, nesse caso, proporcionar melhor

avaliação da carga no motor, principalmente em momentos de aceleração e

desaceleração.

A correção por MAP também pode ser útil quando um motor ajustado em uma

cidade ao nível do mar passa a funcionar em outro local de grande altitude ou vice-

versa. A diferença na pressão atmosférica influencia na massa de ar admitida, uma vez

que o ar mais rarefeito possui menor massa específica. Esse tipo de correção não foi

programado para este projeto.

5.6- Correção da Injeção por Tensão da Bateria

Essa correção é aplicada em casos onde a tensão da bateria varia

demasiadamente durante o funcionamento do motor. A bateria com menor carga implica

em deficiência na abertura do injetor, diminuindo sua vazão. A fim de compensar essa

Page 57: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

46

deficiência, aumenta-se o tempo de abertura do injetor para manter o mesmo volume de

combustível programado.

Este tipo de correção não foi programado para este projeto uma vez que não se

observou grandes variações da tensão da bateria durante o funcionamento do motor.

Page 58: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

47

Capítulo 6

Calibração do Sistema de Ignição

O motor utilizado no projeto não possui um sensor de detonação para ser

utilizado como resposta a calibração do sistema de ignição. Por esse motivo, o sistema

de descarga capacitiva com disparo eletrônico (CDI) foi substituído pelo sistema com

ignição mapeada, porém os valores de avanço de ignição originais foram mantidos,

gerando maior simplicidade no ajuste do motor e maior confiabilidade.

No manual do motor Honda CB500 encontra-se como referência o avanço de

ignição fixo em 14º antes do ponto morto superior (APMS) para rotação até 2000rpm,

onde se inicia o avanço até 34º APMS, que deve terminar em 3500rpm, mantendo-se

constante após essa rotação.

6.1- Configuração da Ignição no Controlador FuelTech

A programação do mapa de ignição através do computador de bordo FuelTech

RacePRO 1Fi é realizado através do menu Ajuste dos Mapas de Ignição, onde é

encontrada a opção “Mapa de Ignição por Rotação”. A figura 6.1, retirada do manual

RacePRO 1 Fi, ilustra o diagrama de blocos para configuração da ignição.

Figura 6.1: Diagrama de blocos para configuração da ignição no RacePRO 1 Fi.

Fonte [38].

Page 59: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

48

O “Mapa de Ignição por Rotação” permite a inserção dos valores de avanço de

ignição em relação à velocidade do motor, partindo de 500rpm até o limite de rotação

configurado, no caso deste projeto 9000rpm, em intervalos de 500rpm. Para melhor

ilustração, os valores inseridos para avanço de ignição foram traçados no gráfico da

figura 6.2.

Figura 6.2: Avanço de ignição original Honda CB500.

A figura 6.1 permite ainda observar que existem outras configurações para a

ignição além da ferramenta “Mapa de Ignição por Rotação”. Essas funcionalidades são

similares ao caso do Mapa de Injeção, em que algumas correções são realizadas no

mapa principal conforme explicado anteriormente, porém, neste caso, as correções são

aplicadas no Mapa de Ignição por Rotação.

6.2- Ajuste Rápido de Ignição

É utilizado para corrigir de uma só vez todo o Mapa de Ignição por Rotação,

avançando ou atrasando este em todos os pontos pelo determinado número de graus

aplicado, conforme demonstrado na figura 6.3.

Page 60: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

49

Figura 6.3: Ajuste Rápido de Ignição.

Fonte [39].

Todos os demais ajustes são correções realizadas em função de algum outro

parâmetro que não a velocidade do motor. O objetivo principal destes ajustes é prevenir

a ocorrência de detonação ou pré-ignição do combustível de acordo com as variações

das condições de funcionamento do motor, como MAP ou TPS, temperatura do motor

ou temperatura do ar de admissão.

Conforme anteriormente explicado, devido à ausência de um sensor de

detonação, essas correções não foram aplicadas uma vez que não seria possível medir

sua verdadeira eficácia contra os fenômenos de detonação e pré-ignição.

Page 61: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

50

Capítulo 7

Conclusões e Sugestões

O objetivo do projeto, de ser utilizado como guia para a conversão dos sistemas

de alimentação e ignição pela Equipe Ícarus UFRJ de Formula SAE, foi alcançado.

Todos os ajustes necessários foram detalhados nos Capítulos 3, 4, 5 e 6, com suas

devidas justificativas.

O levantamento de custos apresentados nas seções 3.2 e 4.2 indicam um

investimento de R$4.640,29. Apesar de o valor parecer ser inicialmente alto, deve-se

levar em consideração os ganhos e os objetivos de uma conversão deste tipo. A

utilização da injeção eletrônica proporciona melhor controle do funcionamento do

motor em qualquer faixa de funcionamento e condições externas, como temperatura e

pressão do ar.

A aplicação para a qual se destina o motor utilizado no protótipo é uma

competição, onde a potência deve ser privilegiada, porém sem deixar de lado o consumo

de combustível, que também faz parte das avaliações durante a competição.

Para a aplicação em um veículo urbano, a possibilidade de programação de

distintos mapas permite ainda que seja configurado um ajuste visando somente à

economia de combustível, para o dia a dia, e outro para a maior potência, no caso de

utilização do veículo em track-days.

Não foi possível a realização de testes para a validação da conversão, como a

medição de gases poluentes como CO, CO2 e NOx. Essa medição fica como

recomendação para trabalhos futuros, e pode ainda ser realizada fazendo-se o ajuste de

injeção para diferentes objetivos, como a geração de potência, com uma mistura rica em

combustível, e para economia de combustível, em uma mistura pobre.

Por fim, com a configuração de injeção objetivando a maior geração de potência,

podem ser realizados testes em um dinamômetro para verificar a potência real entregue

pelo motor após a conversão dos sistemas de alimentação e ignição. Esses resultados

podem ser comparados com os obtidos utilizando os sistemas originais do motor.

Page 62: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

51

Referências Bibliográficas:

[1] BORGNAKKE, C., SONNTAG, R. E., 2010, Fundamentos da

Termodinâmica. Série VAN WYLEN. Tradução da 7. ed. Americana. São Paulo,

Edgard Blücher Ltda.

[2] CARVALHO, M. A. S.,2011, Avaliação de um Motor de Combustão

Interna Ciclo Otto Utilizando Diferentes Tipos de Combustíveis. Tese de Mestrado em

Engenharia Industrial, ESCOLA POLITÉCNICA/UFBA, Salvador, BA, Brasil.

[3] HEYWOOD, J. B., 1988, Internal Combustion Engine Fundamentals. 1. ed.

New York, McGraw-Hill.

[4] Manual de Instalação e Operação RACEPRO – 1Fi Injeção e Ignição

Eletrônica Programável para Motor Aspirado ou Turbo, 2013. Versão 3.0. Porto Alegre,

FUELTECH LTDA EPP.

[5] Manual de Instalação e Operação Pandoo Fuel Inject – Versão 0.27.

PANDOO PERFORMANCE PARTS.

[6] Manual de Utilização Injepro EFI-PROV2. Cascavel, INJEPRO

AUTOMOTIVE TECNOLOGY.

[7] Manual de Serviço da motocicleta CB500. Moto Honda da Amazônia Ltda.

[8] SANTOS, Antonio Moreira dos. Preparação da Mistura Ar-Combustível.

Disponível em: ˂ https://pt.scribd.com/doc/13183026/Estequiometria-Preparacao-Da-

Mistura-Ar-Combustivel>. Acesso em 20 de Julho de 2016.

[9] Disponível em: ˂http://www.museudantu.org.br/teconologica2.htm> Acesso

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[10] Disponível em:

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[11] Disponível em: ˂http://www.unet.edu.ve/~fenomeno/F_DE_T-151.htm>

Acesso em: 05 de julho de 2016.

[12] Disponível em: ˂https://pt.wikipedia.org/wiki/Carburado> Acesso em: 05

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[14] Disponível em:

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[15] Disponível em:

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[16] Disponível em: ˂http://www.culturamix.com/transporte/carros/beneficios-

da-injecao-eletronica> Acesso em: 08 de julho de 2016.

[17] Disponível em:

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[18] Disponível em: ˂http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/artigos/51-

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[19] Disponível em: ˂http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/artigos/51-

automotivos/655-ignicao-por-descarga-capacitiva-art075.html> Acesso em: 22 de julho

de 2016.

[20] Disponível em: ˂http://www.hmautotron.eng.br/artigos/EvolIgnicao.pdf>

Acesso em: 22 de julho de 2016.

[21] Disponível em: ˂http://www.hmautotron.eng.br/artigos/EvolIgnicao.pdf>

Acesso em: 22 de julho de 2016.

[22] Disponível em: <http://www.vitrinesdocomercio.com/araujo-servicos-

automotivos-injecao-eletronica.html> Acesso em 14 de setembro de 2016.

[23] Disponível em: <http://www.vitrinesdocomercio.com/araujo-servicos-

automotivos-injecao-eletronica.html> Acesso em 14 de setembro de 2016.

[24] Disponível em: <http://www.vitrinesdocomercio.com/araujo-servicos-

automotivos-injecao-eletronica.html> Acesso em 14 de setembro de 2016.

[25] Disponível em: < http://www.ferromotor.com.br/2012/10/injecao-

eletronica-regulador-de-pressao.html> Acesso em 14 de setembro de 2016

[26] Manual de Instalação e Operação RACEPRO – 1Fi (2013), versão 3.0, p.01

[27] Disponível em: ˂http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-706040498-

iguacu-sensores-de-temperatura-do-ar-_JM˃ Acesso em: 26 de julho de 2016.

Page 64: PROJETO DE CONVERSÃO DOS SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO E

53

[28] Disponível em: ˂http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-722349773-

bico-injetor-marelli-gol-parati-polo-10-16v-gas-iwp041-_JM˃ Acesso em: 26 de julho

de 2016.

[29] Disponível em: ˂http://dualbombas.com.br/loja/corpo-borboleta-palio-fire-

flex-34fxfe6-pi-107.html> Acesso em: 26 de julho de 2016.

[30] Disponível em: ˂http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-709663549-

sensor-de-temperatura-aguaar-alfakadettmonzaomegauno-_JM> Acesso em: 26 de julho

de 2016.

[31] Disponível em: ˂http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-685897028-

bomba-combustivel-flex-externa-gm-monza-kadett-s-10-efi-_JM> Acesso em: 26 de

julho de 2016.

[32] Disponível em: ˂https://www.canaldapeca.com.br/p/1667921/regulador-

de-pressao-lp-lp-47375255-unitario> Acesso em: 27 de julho de 2016.

[33] Manual de Instalação e Especificações Técnicas WB-O2 (2013), versão

1.6, p.01.

[34] Manual de Instalação e Especificações Técnicas WB-O2 (2013), versão

1.6, p.06.

[35] Disponível em: ˂http://www.flatout.com.br/project-cars-252-a-primeira-

etapa-da-restauracao-um-teste-nas-pistas-e-a-quebra-do-motor-do-meu-gol-cli/> Acesso

em: 27 de julho de 2016.

[36] Disponível em: ˂http://www.motomoura.com.br/Produto-PECAS-P-

MOTOS-VelaCachimbo-Vela-B5HS-Mobilete-NGK-versao-11298-11324.aspx>

Acesso em: 27 de julho de 2016.

[37] Disponível em:

˂http://www.buckeyetriumphs.org/technical/Carbs/AFMonitor/AFMonitor.htm˃

Acesso em: 28 de julho de 2016.

[38] Manual de Instalação e Operação RACEPRO – 1Fi (2013), versão 3.0,

p.58.

[39] Manual de Instalação e Operação RACEPRO – 1Fi (2013), versão 3.0,

p.59.

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54

Lista de Anexos:

Anexo I:

Dados de Entrada Utilizados na Calibração dos Sistemas

Anexo II:

Processos de Parametrização

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Anexo I

Dados de Entrada Utilizados na Calibração

dos Sistemas

Tabela I.1: Parâmetros Utilizados.

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Anexo I

Nesse anexo são apresentados os parâmetros inseridos na calibração dos

sistemas de alimentação e ignição para uma mistura rica em combustível.

Tabela I.1: Parâmetros Utilizados.

TPS lenta 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Injeção 1.44 2 2.5 2.9 3.2 3.4 3.6 3.7 3.8 3.9 4

0%

-20ºC 0ºC 20ºC 40ºC 60ºC 70ºC 80ºC 90ºC 100ºC 130ºC

20 15 10 10 5 0 0 0 5 10

-20ºC 0ºC 20ºC 40ºC 60ºC 70ºC 80ºC 90ºC 100ºC 130ºC 180ºC

10 6 3 -5 -10 0 0 0 0 0 0

Rotação 500 rpm 1000 rpm 1500 rpm 2000 rpm 2500 rpm 3000 rpm 3500 rpm 4000 rpm 4500 rpm

Ponto (º) 14 14 14 14.75 18 29 33 33 33

Rotação 5000 rpm 5500 rpm 6000 rpm 6500 rpm 7000 rpm 7500 rpm 8000 rpm 8500 rpm 9000 rpm

Ponto (º) 33 33 33 33 33 33 33 33 33

Desligar abaixo de: 81 ºCAcionar acima de: 87 ºC

Injeção rápida

Mapa de Injeção (correção %) por Temperatura do motor (ºC)

Pulso máximo (ms) Rot. Máxima para rápida (rpm) Enriq. Rápida Motor Frio (%)

Ponto de Ignição Injeção Frio Injeção Quente Temperatura Quente

4 6000

Limitador de Rotação

120

Ajuste Principal

Corte na desaceleração

Corte para TPS=0 Além de 4000 rpm Atraso do Corte para TPS=0: 1.5 s

Tipo de corte

( )Desativado ( X )Ignição

( )Injeção ( )Injeção e ignição

Rotação do limitador (rpm)

9000

Ajustes complementares

Acionamento do eletroventilador

Aspirado por TPS - Mapa Principal - Injeção (ms) por posição da borboleta (TPS)

Ajuste rápido

Mapa de Injeção (correção %) por Temperatura do Ar (ºC)

Mapa de ignição

Ponto de Ignição (ºAPMS) por Rotação (rpm)

Partida do Motor

14 2.5 ms 2 60ºC

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Anexo II

Processos de Parametrização

Figura II.1: Configuração da Injeção.

Figura II.2: Ajuste dos Mapas de Injeção.

Figura II.3: Ajuste dos Mapas de Ignição.

Figura II.4: Partida do Motor.

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58

Anexo II

Nesse anexo encontram-se as figuras ilustrativas dos processos de

parametrização dos sistemas de injeção e ignição do controlador RacePro 1Fi,

explicados nos Capítulos 5 e 6.

Figura II.1: Configuração da Injeção.

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Figura II.2: Ajuste dos Mapas de Injeção.

FiguraII.3: Ajuste dos Mapas de Ignição.

Figura II.4: Partida do Motor.