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  • 8/17/2019 Projeto Cleverson Zapelini - Apos Seminarios

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

    PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

    Análise das Relações Ecológicas entre Pescadorese Peixes no Banco dos Abrolhos (Bahia – Brasil):

    o papel das Áreas Marinhas Protegidas

    Orientador/e-mail: Alexandre Schiavetti / [email protected]

    Nome do Candidato/e-mail: Cleverson Zapelini dos Santos / [email protected]

    Nível/Ano de ingresso: Doutorado / 2014

    Ilhéus 13/11/2014

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    RESUMO

    Área Marinha Protegida (AMP) é uma estratégia atualmente utilizada para a conservaçãodo ambiente marinho. Vários estudos tem demonstrado que o Conhecimento EcológicoLocal (CEL) pode contribuir significativamente para a aquisição de informações em regiões

    onde há ausência de dados. Neste trabalho o CEL será utilizado para verificar se estáocorrendo uma mudança na linha de base ( shifting baseline ) dos recursos pescados noBanco dos Abrolhos. O CEL será avaliado para os municípios de Porto Seguro, Prado,Alcobaça e Caravelas. Pescadores dos municípios mais distantes do centro do Banco dosAbrolhos podem considerar que sua atividade está pior do que a exercida por pescadoresnos municípios mais próximos ao ponto central (Caravelas). Isso porque Caravelas podeestar se beneficiando do efeito de spillover , ou seja, o deslocamento de biomassa de dentroda AMP para áreas do entorno, onde a pesca é permitida. Desta maneira, espera-se que pescadores deste município tenham maior disponibilidade de recursos. Uma rede deinteração pescador-pescado será construída para cada localidade amostrada com o objetivode avaliar a estrutura da rede. Se a AMP dos Abrolhos está sendo efetiva, a rede deinteração pescador-pescado deve ser mais complexa no município mais próximo ao centrodo Banco, pois deve haver mais recursos (maior riqueza de peixes) disponíveis. Além disso,será determinada a diversidade funcional da assembleia de peixes capturados nosmunicípios. O entorno do PNM dos Abrolhos deve conter maior riqueza de espécies e, comisso, pode haver maior diversidade de grupos funcionais do que municípios mais distantes.

    INTRODUÇÃO

    Áreas Marinhas Protegidas de proteção restrita podem acumular biomassa dentro deseus limites e ajudar a manter ou melhorar a produção pesqueira em seu entorno (efeito

    spillover ) (ALCALA; RUSS, 1990). Estudos teóricos e empíricos tem demonstrado que oefeito spillover pode se propagar por até 100 km (KINLANet al. , 2005; PALUMBI, 2004).Desta maneira, dependendo das condições de habitat, práticas de pesca e morfologia dosrecifes, este processo pode trazer melhora da pesca em regiões adjacentes à AMPs restritas(MCCLANAHAN; MANGI, 2000; ALCALAet al., 2005; FORCADAet al., 2009), alémde aumento na riqueza de espécies em seu interior (CLAUDETet al ., 2008; LESTERetal ., 2009). Neste aumento de riqueza podem estar contidas espécies de interesse da pesca.

    O Conhecimento Ecológico Local (CEL) é reconhecido como um instrumento paramedir as mudanças de linha de base ambientais ao longo do tempo em regiões com carênciade dados (GERHARDINGERet al. , 2009). Pauly (1995) chama a atenção para uma

    possível situação a qual ele designou como “ shifting baseline syndrome”. Basicamente, asíndrome surge porque cada geração de cientistas da pesca (ou pescador) aceita como linhade base o tamanho do estoque e composição de espécies que ocorre para o começo de suacarreira e utiliza essa informação para avaliar mudanças. Assim, com o tempo, uma gradualmodificação da linha de base se estabelece e tem-se inapropriados pontos de referência paraavaliar as modificações ambientais (p.ex.: SAENZ-ARROYOet al. , 2005). Papworthet al.(2009) sugerem que duas condições são essenciais para identificar mudanças na linha de base: (1) mudanças biológicas devem estar presentes no sistema; e, (2) qualquer mudança percebida deve ser consistente com os dados biológicos.

    Redes ecológicas são ferramentas úteis para avaliar as interações que sofreminfluência antrópica (FONTAINEet al. , 2011). No contexto da pesca, a interação

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    antagonista pescador-pescado pode indicar como a atividade pesqueira influencia a cadeiatrófica marinha, afetando a gestão dos recursos (BASCOMPTE, 2009). Particularmente para os recursos pesqueiros, o papel do homem como predador tem sido pouco avaliada(mas ver SOUZA; FREITAS, 2010). Desta maneira, a interação pescador-pescado temrelevante papel para obtenção de informações sobre quais são as interações existentes e

    qual sua força de ligação.A biodiversidade, geralmente, é quantificada por índices que medem a riqueza deespécies. No entanto, Diaz e Cabido (2001) demonstram teoricamente que riqueza deespécies só pode ser uma adequada substituta para diversidade funcional se há um aumentolinear no espaço de nicho coberto pelo aumento da riqueza. Muitos autores argumentamque diversidade funcional é que determina o funcionamento dos ecossistemas (p.ex.,CHAPINet al. , 2000; NAEEM, 2002). Há diversos índices propostos para se quantificar adiversidade funcional (MOUCHETet al. , 2010). Botta-Dukat (2005) aconselha a utilizaçãoda entropia quadrática de Rao(Q) (RAO, 1982). Embora um índice perfeito de diversidadefuncional não exista (RICOTTA, 2005),Q cumpre com todos os critérios ( sensu MASONet al. , 2003) para um índice de diversidade funcional (BOTTA-DUKAT, 2005).

    OBJETIVO GERAL

    Avaliar se há diferença espacial no Conhecimento Ecológico Local dos pescadores,nas redes de interação pescador-pescado e na diversidade funcional da assembleia de peixescapturados em quatro municípios pertencentes à região do Banco dos Abrolhos (Bahia) comrelação a proximidade com as Áreas Marinhas Protegidas existentes.

    Objetivos específicos

    1. Obter informações sobre as mudanças de linha de base ( shifting baseline ) dosrecursos pesqueiros através do Conhecimento Ecológico Local (CEL);

    2. Calcular o Valor de Uso e o Índice de Saliência das espécies atualmente capturadas pelos pescadores;Hipótese: Valor de Uso e Índice de Saliência das espécies capturadas no municípiode Caravelas será menor;

    3. Calcular o Índice de Prioridade para Conservação das espécies de peixes atualmentecapturadas;Hipótese: índice será menor para o município de Caravelas;

    4. Comparar as informações dos pescadores considerando as diferenças etárias dentroe entre os municípios;Hipótese (a): pescadores mais maduros determinarão que a pesca está pior do queos mais jovens;Hipótese (b): pescadores do município de Caravelas determinarão que a pesca estáem melhores condições do que pescadores dos demais municípios;

    5. Identificar e avaliar as redes de interações existentes entre pescador e pescado nos

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    quatro municípios;Hipótese: rede de interação pescador-pescado será mais complexa para o municípiode Caravelas;

    6. Calcular a conectância, o aninhamento e a modularidade das redes de interações;

    Hipótese (a): conectância será maior para a rede de interação do município deCaravelas;Hipótese (b): aninhamento será menor para a rede de interação do município deCaravelas;Hipótese (c): modularidade será menor para a rede de interação do município deCaravelas;

    7. Determinar o índice de diversidade funcional da assembleia de peixes capturadosnos quatro municípios;Hipótese: índice será maior para a assembleia de peixes capturados no município deCaravelas;

    8. Identificar se há um gradiente no conhecimento ecológico, nas redes de interações ena diversidade funcional entre o centro (Caravelas) e o norte (Porto Seguro) doBanco dos Abrolhos;Hipótese: haverá um gradiente determinado pelos índices do ConhecimentoEcológico Local (crescente), Redes de Interação (complexidade decrescente) e deDiversidade Funcional (diversidade decrescente) do centro (Caravelas) para o norte(Porto Seguro).

    METODOLOGIA

    1 – Devido às contínuas mudanças nos sistemas ecológicos, há necessidade de obtermosinformações adicionais básicas para direcionar ações de conservação e manejo dos recursosnaturais. O Conhecimento Ecológico Local (CEL) é uma fonte de informação que o métodocientífico tem incorporado com o propósito de aprofundar o conhecimento sobre questõesainda pouco claras para a ciência (COUZIN, 2007).

    O CEL será avaliado em 4 pontos de desembarque pesqueiro da costa da Bahia:Porto Seguro, Prado, Alcobaça e Caravelas. A escolha das cidades se deve ao fato da pescaser uma atividade econômica relevante para os municípios e localizarem-se na região doBanco dos Abrolhos. Os quatro municípios localizam-se na parte centro-norte do Banco,sendo o município de Porto Seguro o limite norte, conforme Figura 1.

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    vigiada (Recife Timbebas), e outra parte mais distante da costa, mais vigiada (Arquipélagodos Abrolhos e Recife Parcel dos Abrolhos) (FRANCINI-FILHO; MOURA, 2008). Aliteratura aponta vários exemplos da ocorrência de spillover de biomassa de regiões de proteção restrita para regiões menos protegidas e/ou abertas à pesca (p.e., ALCALAet al. ,2005; RUSSet al. , 2004). Desta maneira, os pescadores no entorno do PNM dos Abrolhos

    podem estar se beneficiando do fenômeno, de maneira que quanto mais próxima umacidade estiver do mesmo, espera-se que os pescadores relatem que a pesca está emmelhores condições quando comparada aos municípios mais distantes do PNM. Assim, podemos comparar os resultados de áreas gradativamente mais distantes da AMP.

    A região de estudo sofre influência da Corrente do Brasil que flui em direção sul(CASTRO; MIRANDA, 1998). Castroet al . (2013) mostram que as correntes na plataforma interna e média são influenciadas principalmente pela direção dos ventos,enquanto que na parte exterior da plataforma a Corrente do Brasil predomina. No entanto, Nonakaet al . (2000) demonstram que a produção larval de espécies de peixes associados aambientes recifais apresentam oscilações espaço-temporais em toda a região do Banco dosAbrolhos. Além disso, Paiva e Fonteles-Filho (1995, 1997) demonstraram que a captura dediversas espécies de peixes recifais pela frota de barcos linheiros é abrangente por toda aregião do Banco dos Abrolhos. Desta maneira, a produção pesqueira na região podeapresentar estas oscilações sazonais, porém, no entorno do PNM dos Abrolhos a produçãode biomassa deve ser maior (pelo motivo acima explicitado), que é o que se pretende medir.

    Há dois potenciais fatores de confusão que podem influenciar nos resultados: o primeiro é a presença do Parque Municipal Marinho do Recife de Fora criado em 1997 nomunicípio de Porto Seguro. Porém, este Parque tem uma infraestrutura precária e seu Planode Manejo ainda está em elaboração (PRATES, 2003; BENDERet al. , 2013). Chaveset al. (2010) observaram que este Parque possuiu menor abundância de peixes predadores eherbívoros quando comparado com outros recifes. Os autores concluíram que o Parque tem pouco efeito para a efetiva proteção dos recursos, somado ao fato da falta de execução dasregras e à crescente pressão de pesca dentro de seus limites, como consequência, esteParque poderia ser considerado “parque de papel”. O segundo fator é a existência daReserva Extrativista (RESEX) Marinha de Corumbau, localizada entre os municípios dePorto Seguro e Prado. Esta RESEX possui uma zona de exclusão de pesca (RecifeItacolomis) dentro de seus limites. Esta zona de exclusão abrange cerca de 20 % da zonarecifal da RESEX. Francini-Filho e Moura (2008) constataram que esta área de exclusão foiestabelecidaa priori em local de baixa qualidade de habitat devido a baixa cobertura decoral e octocorais. Houve evidência de aumento na biomassa para algumas espécies de peixe e spillover para regiões limitadas à borda desta área de exclusão. Além disso, aRESEX Marinha de Cassurubá, localizada no município de Caravelas, pode ter seus efeitosmascarados pela influência do PNM dos Abrolhos.

    O CEL será verificado através de entrevistas com pescadores, onde será utilizadoum questionário semi-estruturado adaptado de estudos similares (LAVIDESet al., 2010; ROCHETet al. , 2008; SÁENZ-ARROYOet al., 2005).

    O questionário será formado por quatro partes:Parte 1 – Dados referentes ao entrevistado: informações como nome, idade, gênero,

    tempo total de atividade (pesca) e se a pesca é sua principal atividade;Parte 2 – Caracterização da pesca: informações como utilização ou não de

    embarcação, tipo de embarcação, tipo de aviamento mais frequentemente utilizado e

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    critério usado pelo pescador para a escolha de um determinado tipo de pescado emdetrimento de outro;

    Parte 3 – Conhecimento sobre a atividade pesqueira: avaliar como o pescador vê: (i)as condições atuais dos pesqueiros quando comparada às condições do início de suaatividade; (ii) se a pesca esgotou os pesqueiros, se sim, para qual(is) espécie(s); (iii) se há

    algum pescado que era capturado e hoje não é mais; (iv) se há algum pescado capturadohoje e que não era no início da sua atividade; (v) se a quantidade de pescadores aumentouno decorrer dos anos; (vi) se a quantidade de aviamentos utilizados na pesca aumentou;(vii) se o tempo que fica no mar pescando aumentou; (viii) quantidade relativa de algumasespécies normalmente pescadas na região (no passado e agora). Para evitar erros naidentificação serão utilizadas fotografias das espécies de peixes que constam noquestionário; (ix) maior badejo ( Mycteroperca bonaci ) capturado e em qual ano; e, (x)maior quantidade de badejos capturados e em qual ano.

    Parte 4 – Interação pescador-pescado: identificar com quais pescados cada pescadorinterage (pesca) e com qual(is) aviamento(s), e quais são os pescados mais relevantes paracada pescador.

    2 – De acordo com as informações fornecidas pelos pescadores, será possível calcular oÍndice de Valor de Uso (VU) das espécies atualmente citadas e capturadas nos quatromunicípios. Este índice pode ser usado para identificar as espécies mais importantesatualmente capturadas. Para o cálculo do VU para cada espécie, será seguido Phillipset al. (1994) com a adaptação sugerida por Rossatoet al. (1999). O cálculo de VU é dado por:

    VU = (ΣU / n) * 10 onde: VU: índice do valor de uso da espécie; U: número de citações por espécie; e, n:número de entrevistados.

    Também será calculado o Índice de Saliência de Smith (Smith S) com o intuito deverificar o grau de importância de cada espécie para as comunidades pesqueiras estudadas.O Índice de Saliência leva em conta a frequência de citação de uma espécie e a quantidadede vezes que ela foi citada em determinada ordem de citação (SMITH, 1993). Aquelasespécies com maior valor de Saliência representarão as espécies mais citadas. A possívelrelação entre VU e a Saliência de Smith será testada pela correlação de Pearson (r).

    3 - Com o objetivo de avaliar a vulnerabilidade regional das espécies de peixes capturados,será utilizado um sistema de classificação proposto por Manderet al. (1997). O Índice dePrioridade para Conservação (IPC) foi utilizado em estudos etnobotânicos (CREPALDI;PEIXOTO, 2010; DZEREFOS; WITKOWSKI, 2001). Aqui, este índice será adaptado parao contexto local da pesca artesanal. O IPC fornecerá uma classificação para as espécies prioritárias para a conservação, baseando-se nos critérios de: (i) presença em ListaVermelha de Espécies Ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente; (ii) valor de uso local;(iii) biomassa relativa total; e, (iv) risco de captura, conforme Tabela 1.

    Tabela 1 – Critérios e pontuação que determinam o Índice de Prioridade para aConservação das espécies de peixe atualmente capturadas na região do Banco dosAbrolhos, Bahia, Brasil.

    Índice de Prioridade para Conservação (IPC)

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    Critério Pontuação

    1 - Presença em Lista Vermelha MMA - (LV) Criticamente em Perigo / Em Perigo Vulnerável Quase ameaçada Não ameaçada

    10741

    2 – Valor de Uso - (VU) Alto (citado por mais de 20 % dos pescadores) Médio (11 - 20 %) Moderadamente baixo (5 – 10 %) Baixo (< 5 %)

    10741

    3 – Biomassa relativa Total - (BT) Alto (> 10 %) Médio (6 – 10 %)

    Baixo (3 – 5 %) Não registrado / muito baixo (0 – 2 %)

    10741

    4 – Risco de Captura - (RC) Alto (≥ 5 aviamentos de pesca) Médio (3 – 4) Moderadamente baixo (2) Baixo (1)

    10741

    Espécies que são capturadas e que estão presentes na Lista Vermelha (LV) deEspécies Ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2004; MMA, 2005) devemter uma pontuação mais elevada, considerando sua atual situação. Utilizou-se o status doMMA ao invés do status da IUCN, pois, com frequência, o status de ameaça em nívelglobal, não se reflete para a escala regional (RODRÍGUEZet al. , 2000). Desta maneira,valorizam-se as avaliações regionais dando maior credibilidade para esta escala, que é, defato, onde medidas de conservação são tomadas e tem impacto (RODRÍGUEZet al. , 2000).O Valor de Uso (VU) será determinado pelo item (2) citado acima e será considerado quequanto mais citações uma espécie recebe, mais pressão de pesca ela está sofrendo,consequentemente, seu valor para conservação deve ser maior. A Biomassa relativa total(BT) considera que espécies desembarcadas com biomassa total superior a 10 % podem/poderão sofrer de sobrepesca. Nóbrega e Lessa (2007) verificaram que entre os anosde 1998 e 2000, espécies demersais como olho-de-boi (Seriola dumerili ) e badejo( Mycteroperca bonaci ), foram as espécies mais representativas em peso, com 12,9 % e 11,6%, respectivamente, para o desembarque pesqueiro artesanal na região Nordeste. No ano de2004, Mycteroperca bonaci foi classificada como espécie sobre-explotada ou ameaçada desobre-explotação no Anexo II da Instrução Normativa (IN) Nº 5 (MMA, 2004). A espéciecioba ( Lutjanus analis ), por sua vez, teve uma participação em peso mais modesta (5 %),no entanto, foi classificada como ameaçada de extinção na mesma IN (MMA, 2004). Noano seguinte, foi realocada para o Anexo II, conforme IN Nº 52 (MMA, 2005). Portanto, adefinição do valor de 10 % da biomassa total desembarcada para uma espécie,considerando a natureza multiespécies da pesca artesanal, pode ser considerada

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    conservativa e como uma margem de segurança com relação à sobrepesca. O Risco deCaptura (RC) está relacionado ao potencial de captura que uma espécie está sujeita pordiferentes aviamentos de pesca. Uma espécie que é alvo de apenas um aviamento é menosvulnerável que outra espécie que pode ser capturada por 2 ou mais aviamentos.

    Desta maneira, define-se:

    Valor Biológico (VB) = [(BT + LV ) x 10] / 2, e,Risco-Uso (RU) = [(RC + VU) x 10] / 2Assim, tanto Valor Biológico (VB) quanto Risco-Uso (RU) terão valores máximos

    de 100. Então,Índice de Prioridade para Conservação (IPC) = (VB + RU) / 2

    A classificação do IPC (modificado de CREPALDI; PEIXOTO, 2010) possui trêscategorias: Categoria 1 (espécies com pontuação≥ 85) requerem prioridade de conservação e nãodevem ser capturadas até que um regime de manejo seja instituído; Categoria 2 (espécies com pontuação entre 61 e 84) podem ser capturadas moderadamente; Categoria 3 (espécies com classificação≤ 60) estão em situação adequada de captura,tendo-se em vista a biomassa de captura, presença ou não em Lista Vermelha, risco decaptura e importância local.

    Considerando que o município de Caravelas está mais próximo ao PNM dosAbrolhos, espera-se que o VU das espécies neste local seja menor do que nos demaismunicípios, isso porque a utilização das espécies é mais diluída, tendo-se em vista a possível maior riqueza de espécies presentes para os pescadores deste município. O valordo Índice de Saliência deve ser menor em Caravelas, uma vez que deve haver maiordisponibilidade de recursos aos pescadores. Justifica-se aí a utilização do teste decorrelação de Pearson (r). Da mesma forma, o valor de IPC das espécies em Caravelas deveser inferior.

    Como forma de comparar os resultados dos índices para cada município, serãoselecionadas as dez espécies com maior valor para cada índice (VU, Saliência e IPC) paracada município e será utilizada a técnica de Análise dos Componentes Principais (PCA)com o objetivo de determinar algum padrão nos dados, como similaridades ou diferençasentre os municípios.

    4 – As entrevistas serão realizadas pelo método de amostragem aleatória estratificada comos pescadores dos municípios participantes do projeto. Os pescadores serão divididos deacordo com a faixa etária: jovens (de 18 a 30 anos de idade); meia-idade (de 31 a 54 anos) emaduro (acima de 55 anos) (SÁENZ-ARROYOet al., 2005). Além da classificação porclasse etária, também será considerado o tempo de experiência do pescador. Desta maneira,cada pescador será enquadrado em uma das três categorias de experiência: iniciantes (< 16anos de prática), intermediário (16 – 30 anos de prática) e experiente (> 30 anos de prática)(BENDERet al. , 2014). Posteriormente, os dados das classes etárias e do tempo de práticaserão comparados com o propósito de se avaliar possíveis diferenças entre gerações /experiência com relação à exploração dos recursos, considerando seus anos com aatividade. Os resultados obtidos dos pescadores de cada município também serãocomparados para se avaliar as potenciais diferenças entre os municípios. A análiseestatística a ser utilizada será ANOVA, onde a variável independente será 'idade',

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    'experiência' ou 'localidade' e a variável dependente será 'maior badejo capturado' ou 'maiornúmero de badejos capturados'. Se os pressupostos deste teste forem violados, seráutilizado teste equivalente não-paramétrico.

    5 – Para identificar e avaliar as interações entre pescador e pescado nos 4 municípios, será

    construída uma matriz binária, onde os pescadores constituirão as linhas e as espécies de peixes serão as colunas e a interação será determinada pelo valor de cada célula, podendoassumir valor de 1 (presença) ou 0 (ausência). A partir desta matriz serão desenhadosgrafos bipartidos, utilizando o programa Pajek versão 4.01 (MRVAR; BATAGELJ, 2014).Os vértices dos grafos (pescador e pescado) podem ser generalistas (possuem muitasinterações) ou especialistas (poucas interações) de acordo com Bascompteet al. (2006).

    6 – Para avaliar o quanto os vértices estão ligados entre si, será calculado a conectância (C),ou seja, a proporção das interações possíveis que de fato são observadas, dada por:

    C = 2L / [S * (S – 1)]onde, L é o número total de interações observadas e S é o número de interações possíveis.

    Outros padrões estruturais relevantes para redes de interação são aninhamento emodularidade. Aninhamento é formado por um grupo de nós (pescador/pescado)especialistas que interagem apenas com um subconjunto dos nós que os generalistasinteragem (BASCOMPTEet al. , 2003). Esse padrão tende a ser encontrado em redesantagonistas hospedeiro-parasita (VÁZQUEZet al. , 2005). Modularidade é caracterizada por grupos coesivos de nós altamente conectados que interagem mais entre si do que comoutros nós na rede (MARQUITTIet al. , 2014) e geralmente é encontrada em redesantagônicas que tendem a ser não-aninhadas (LEWINSOHNet al., 2006; BELLAYet al. ,2011).

    O grau de aninhamento da rede será calculado utilizando a métrica de aninhamento baseada na sobreposição e diminuição de preenchimento (NODF) (ALMEIDA-NETOetal. , 2008). Para testar a significância do NODF, serão geradas matrizes aleatórias a partirda matriz original, na qual a probabilidade das interações entre pescadores e pescados é proporcional ao número total de interações (BASCOMPTEet al. , 2003; GUIMARÃES JR;GUIMARÃES, 2006). O valor de significância (P) será a proporção de matrizes aleatóriasque terão valor de NODF igual ou superior ao valor obtido pela matriz original. O cálculode aninhamento para a matriz, bem como as simulações das matrizes serão feitas no programa Aninhado 3.0 (GUIMARÃES JR; GUIMARÃES, 2006). A modularidade seráavaliada utilizando o algoritmo de anelamento (GUIMERÁ; AMARAL, 2005) otimizada pela métrica de Barber (2007) implementado no programa Modular (MARQUITTIet al. ,2014).

    7 – A coleta de informações referente às espécies de peixes atualmente desembarcadas nosquatro municípios será feita em locais comumente utilizados para o desembarque e/oucomercialização dos mesmos. Para cada município, um local será acompanhado. Será feitauma amostragem dos desembarques para cada dia que houver acompanhamento. Ou seja,uma embarcação que chegar ao local para desembarcar terá sua captura identificada e pesada. Desta maneira, tem-se uma amostra de todos os desembarques efetuados naqueledia. Mais de uma embarcação pode ser amostrada por dia. Para cada espécie de peixe, serão

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    medidos os parâmetros de pelo menos 10 indivíduos (adultos), de maneira que seja possívelobter uma variabilidade de cada parâmetro (CIANCIARUSOet al. , 2009).

    Conforme Fonseca e Ganade (2001), a construção de grupos funcionais envolve 5 passos:(i) Definição de grupo funcional : grupos funcionais podem ser entendidos como espécies

    que exibem respostas similares a condições ambientais, ou, tem efeitos similares sobre os processos do ecossistema (BLONDEL, 2003). Aqui, o objetivo é definir grupos de espéciesque agem de maneira semelhante no sistema (DUMAYet al. , 2004);(ii) Critério de inclusão de espécies : existem muitas classes de assembleias no ambienteonde o estudo será desenvolvido, porém, aqui, será incluído apenas os peixes;(iii) Seleção das funções de interesse : a definição dos grupos funcionais das espécies de peixes, será baseada em três parâmetros morfológicos que tem influência sobre seu modode vida: dieta (p.ex., carnívoro ou herbívoro), habitat (p.ex., pelágico ou bentônico) emétodo de aquisição de alimento;(iv) Seleção dos parâmetros : os parâmetros escolhidos devem refletir as funções deinteresse e, ao mesmo tempo, serem de fácil medição sobre um número relevante deindivíduos em um curto período de tempo. Conforme Dumayet al. (2004), muitas dascaracterísticas funcionais podem ser relevantes para várias funções de interesse, masalgumas outras podem estar associadas à dieta, habitat e ao método de aquisição dealimentos. Desta maneira, sete parâmetros funcionais foram selecionados, conforme Tabela2 e Figura 2:

    Tabela 2 – Parâmetros morfológicos e sua relevância para a consideração funcional PARÂMETRO

    MORFOLÓGICOINTERESSE FUNCIONAL

    Biomassa (B) Tamanho do corpo está relacionado com a quantidadede alimento ingerido pelo indivíduo e ao seu impactosobre a teia alimentar (GREENWOODet al. , 1996).Biomassa será medida para cada indivíduo com uma balança de precisão.

    Razão do comprimento padrão (Cp) para altura docorpo (Ac, Cp / Ac)

    Está relacionado com a habilidade hidrodinâmica daespécie (SIBBING; NAGELKERKE, 2001).

    Razão entre comprimento(cP) e altura (aP) da barbatana peitoral (cP / aP)

    Fortemente correlacionado com a habilidade natatóriaem Labrideos e, mais geralmente, relacionado com acapacidade de manobra em baixa velocidade eeficiência de locomoção (BELLWOODet al. , 2002).

    Razão entre comprimento(cC) e altura (aC) da barbatana caudal (cC / aC)

    Decresce quando a habilidade natatória do peixediminui (SIBBING; NAGELKERKE, 2001). Peixes bentônicos tendem a ter uma alta razão, enquanto peixes pelágicos (de alta velocidade) tendem a ter uma baixa razão.

    Diâmetro do olho (D) Relacionado à detecção de alimento e acuidade visualda espécie. (DUMAYet al. , 2004; MOUILLOTet al. ,

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    2007)

    Abertura oral (Ao) Relacionado ao tamanho máximo da presa e influenciao impacto do peixe sobre a teia alimentar (SIBBING; NAGELKERKE, 2001).

    Comprimento do intestino(Ci) Fortemente relacionado à dieta do peixe (ELLIOTT;BELLWOOD, 2003; KRAMER; BRYANT, 1995). Arazão de Ci para Cp está entre 0,7 e 1,0 em peixescarnívoros e > 1,0 em peixes herbívoros (KRAMER;BRYANT, 1995).

    Figura 2 – Parâmetros morfológicos que serão medidos. Cp, comprimento padrão; Ac,altura do corpo; cP, comprimento da barbatana peitoral; aP, altura da barbatana peitoral(razão cP / aP); cC, comprimento da barbatana caudal; aC, altura da barbatana caudal

    (razão cC / aC); D, diâmetro do olho; e, Ao, abertura oral. Adaptado de DUMAYet al. (2004).

    Quando se utiliza parâmetros morfológicos contínuos, é comum considerar o valormédio para a espécie. Embora estes parâmetros possam ter considerável variação dentro daespécie, a utilização de valores médios para classificar espécies por parâmetros funcionais justifica-se pelo fato de que as diferenças entre espécies são maiores do que dentro daespécie (KRAFT; ACKERLY, 2009), e esse resultado é consistente tanto no espaço quantono tempo (GARNIERet al. , 2001).(v) Construção da classificação : será utilizado o índice de diversidade funcional baseadona Entropia Quadrática de Rao (RAO, 1982) que incorpora tanto a abundância relativa dasespécies e a medida das diferenças funcionais entre duas espécies aleatoriamenteselecionadas (BOTTA-DUKÁT, 2005).

    A entropia quadrática de Rao é definida como

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    onde dij é a distância entre ai-ésima e j-ésima espécies (dij = dji e dii = 0), pi e pj são aabundância relativa da espéciei e j, respectivamente, eQ expressa a diferença média entredois indivíduos aleatoriamente selecionados com substituição. Comdij = 1 para todoi ≠ j edii = 0, Q se reduz ao índice de diversidade de Simpson. O valor dedij pode ser calculado por qualquer função de distância considerando um ou mais parâmetros (BOTTA-DUKÁT,2005). Botta-Dukát (2005) sugere a utilização da distância Euclidiana dividida pelo númerode parâmetros:

    onde,n = número de parâmetros considerados; Xik = valor do parâmetrok na espéciei eX jk = valor do parâmetrok na espécie j.

    Desta maneira, a diferença média do parâmetro atribui uma importância relativamenor para as maiores diferenças do que a distância euclidiana normalmente faria. Atravésda divisão pelo número de parâmetros considerados,Q não é afetado diretamente pelonúmero de parâmetros (BOTTA-DUKÁT, 2005). Antes do cálculo das distâncias, osvalores serão padronizados pelo desvio-padrão, isso é necessário a fim de que todos os parâmetros tenham o mesmo peso, já que os parâmetros são medidos em diferentesunidades (BOTTA-DUKÁT, 2005; WEIHER, 2011). Um dendrograma será construído paraa visualização das diferenças entre as espécies, baseado nos resultados das distânciaseuclidianas.

    Uma vantagem adicional da utilização deste índice é que se a abundância relativa écalculada do número de indivíduos, ele tem um significado mais claro; isto é, ele é adissimilaridade funcional média entre dois indivíduos aleatoriamente selecionados. Noentanto, este índice pode ser calculado mesmo se a abundância for mensurada por outrométodo (p.ex., biomassa capturada) e não do número de indivíduos. Neste caso,Q é amedida de diversidade funcional sem uma interpretação direta, como no caso anterior(BOTTA-DUKÁT, 2005).

    A caracterização e número de grupos funcionais será baseada nos resultados obtidos

    e nas referências bibliográficas pertinentes para as espécies de peixes encontrados na regiãode estudo (LESSA; NÓBREGA, 2000; ROCHA; COSTA, 1999), além do site FishBase(FROESE; PAULY, 2014).

    8 - A integração dos dados sobre os três índices do conhecimento ecológico local, as trêscaracterísticas das redes de integração e o índice de diversidade funcional permitiráidentificar se há um gradiente do Centro do Banco para o Norte. Essa análise será realizadaatravés de uma análise dos componentes principais (LUDWIG & REYNOLDS, 1988).

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    A pesquisa seguirá as normas da Resolução Nº 466, de 12 de dezembro de 2012

    (MS/CNS, 2013) no que se refere à inclusão, direta ou indireta, de seres humanos em pesquisas científicas. Deste modo, a fase de campo da pesquisa só começará após aaprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de

    Santa Cruz (UESC).Este projeto já possui permissão do Sistema de Autorização e Informação emBiodiversidade (SISBIO) para realização da pesquisa no município de Caravelas, onde seencontra a Reserva Extrativista Marinha de Cassurubá, sob o número 43528.

    IMPACTOS DO ESTUDO PARA A CONSERVAÇÃO

    Os resultados deste estudo podem fornecer informações adicionais para estudos e propostas para criação e/ou ampliação de Unidades de Conservação na região do Banco dosAbrolhos, com propósitos de conservação da biodiversidade ou ordenamento pesqueiro, taiscomo as áreas Zm018 (Porto Seguro), Zm097 (Alcobaça) e Zm098 (Porto Seguro)classificadas como de importância e prioridade extremamente altas de acordo com oRelatório “ Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefíciosda Biodiversidade Brasileira” (MMA, 2007).

    DEVOLUTIVAS

    Inicialmente, estão previstas palestras públicas nos quatro municípios onde o projetoserá desenvolvido, sendo uma em cada local. No entanto, podem ocorrer modificaçõesnesta proposta, levando-se em consideração as necessidades e propostas dos usuárioslocais.

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