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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARABA
INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Andrea Sundfeld Penido
O processo de urbanizao da Sub-bacia Hidrogrfica do
Ribeiro Vermelho So Jos dos Campos, SP.
So Jos dos Campos, SP 2005
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Andrea Sundfeld Penido
O processo de urbanizao da Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho So Jos dos Campos, SP.
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps Graduao em Planejamento Urbano e Regional, da Universidade do Vale do Paraba como complementao dos crditos necessrios para obteno do ttulo de Mestre em Planejamento Urbano e Regional
Orientador: Prof. Dr. Mrio Valrio Filho
So Jos dos Campos, SP 2005
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Dedicatria
Dedico este trabalho aos pesquisadores da rea de Planejamento Urbano e Regional e aos Professores e Mestres, co-autores de minha histria acadmica.
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Agradeo
Ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do
Vale do Paraba o apoio durante a elaborao deste trabalho.
Prof Rieko Sakabi Koishi diretora da EEFI Prof. Arlindo Caetano Filho,
pelo incentivo continuidade de minha formao acadmica.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Mario Valrio Filho, cuja competncia e qualificao
jamais ofuscaram seu carter humanitrio. Durante nossa convivncia foi possvel
reconhecer que seu bom-humor e sua alegria fazem parte de sua maneira de conduzir seus
orientandos por um caminho menos rduo. Obrigada por sua generosidade, por ter
respeitado o meu tempo. Seus ensinamentos ficaro impressos
em minha mente e em meu corao.
Aos Professores do Programa de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, da
Universidade do Vale do Paraba, Maria de Lourdes, Sandra, Ademir Morelli, Flvio Malta,
Pedro Moreira e Z Oswaldo, que contriburam para a execuo deste trabalho, afinal,
juntos quebramos paradigmas, revolucionamos nossa maneira de ver o mundo, formamos
uma rede, e graas a vocs, demos mais um salto em nossa evoluo.
E o melhor: somos amigos!
Aos meus pais, Luiz (in memorian) e Coraly, a pessoa que sou hoje; os valores que
aprendi a cultivar com eles; o olhar para a vida e reconhecer que somos agentes de nossa
histria; e que somos responsveis pela construo do mundo em que vivemos.
A minha famlia, Rubinho, Juliana e Vincius, pelo apoio, compreenso,
solidariedade, incentivo, enfim, pelo amor que vocs me dedicaram neste perodo, quando
minha presena era quase uma miragem para vocs.
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Agradeo o amor incondicional de meus irmos Dborah, Guilherme, Sofia,
Hermes, Frederico e Made (a stima) sempre solidrios, e que a cada encontro uma nova
carga de energia. Como ningum de ferro, s sextas-feiras, uma pausa para relaxar... E a
preocupao, incentivo e carinho de meus cunhados Sheila, Telma e Renato, tambm dos
sobrinhos, que me acompanham bem de perto.
Cortez, a voc meus agradecimentos sero eternos! Obrigada por sua amizade,
ateno e carinho. Obrigada por estar sempre ao meu lado durante esta jornada.
Reencontr- lo foi um presente do Universo.
Agradeo o apoio logstico de nossa amiga Vanessa, sua casa sempre esteve a nossa
espera com muitas delcias. Super obrigada, Miga; aos amigos Edmundo, Z Luiz,
Vincius, que juntos formvamos um time imbatvel: nossos trabalhos e provas no deixam
dvida disso; Rosngela, rica e ao Guilherme que muito me auxiliaram na elaborao
do material cartogrfico digital; Maria Ins, Mila e ao Domiciano, por sua amizade e
dedicao; aos demais colegas do Mestrado pelo companheirismo e amizade.
Aos meus amigos, Sidnia e Muniz, pelo apoio e incentivo durante a elaborao
deste trabalho e por terem contribudo realizando a reviso deste, tambm ao Trcio e
Dulce Rita, amigos para todas as horas.
s funcionrias da Prefeitura Municipal de So Jos dos Campos, Secretaria de
Planejamento e Meio Ambiente, Snia Bologna, Snia Taucci e Cora, que se desdobraram
para atender minhas solicitaes, viabilizando parte da pesquisa bibliogrfica, bem como
fornecendo preciosos esclarecimentos.
Agradeo a Deus pelo dom da vida, e peo-Lhe sabedoria a fim de que saiba aplicar
os conhecimentos adquiridos neste Curso em favor da humanidade.
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[...] o homem, por sua natureza, procura sempre o seu prprio bem e que, quando
faz o mal, na realidade no o faz porque se trate do mal, mas porque da espera
extrair um bem. Dizer que o mal involuntrio significa que o homem se
engana ao esperar um bem dele e que, na realidade, est cometendo
um erro de clculo e, portanto, se enganando. Ou seja,
em ltima anlise, vtima de ignorncia.
Scrates
(REALE, G.; ANTISERI, D. Histria da Filosofia. So Paulo: Paulus, 1990, p.90).
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Resumo
O presente trabalho apresenta uma anlise do processo de urbanizao da sub -bacia
hidrogrfica do Ribeiro Vermelho, no municpio de So Jos dos Campos SP, atravs
dos mecanismos de planejamento e gesto desse processo, no perodo de 1962 a 2004. O
procedimento de investigao consistiu em: 1) elaborar a base cartogrfica digital; 2)
interpretar fotografias areas para gerar os mapas de uso e cobertura vegetal natural das terras; 3)
realizar o levantamento da legislao incidente sobre a rea de estudo, visando comparar o uso e
ocupao das terras ao processo de urbanizao, no perodo preestabelecido; 4) gerar o mapa de
enquadramento da rea legislao de proteo dos recursos hdricos; e 5) realizar pesquisas
de campo para atualizar as informaes e aprofundar a compreenso dos problemas
verificados no decorrer da pesquisa. A multitemporalidade desse estudo revelou que a
produo do espao urbano esteve sujeita a diversos fatores endgenos e exgenos,
responsveis pela alterao dos planos iniciais da urbanizao da rea de estudo;
demonstrou tambm a inobservncia de alguns aspectos da legislao frente ao uso e
ocupao de suas terras. Atravs deste estudo verificou-se que para se atingir o ideal das
"Cidades Sustentveis" os gestores urbanos e a sociedade devero refletir sobre o desejo de
mudanas do atual modelo para outro em que predomine o equilbrio ambiental e a justia
social.
Palavras-chave: Urbanizao; desenvolvimento sustentvel; planejame nto e gesto urbanos.
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Abstract
The present work has shown an analyse of the urbanization process of Ribeiro Vermelho
hydrographic sub-basin in the city of So Jos dos Campos - SP, through mechanism of planning
and management of this process, in the period between 1962 and 2004. The inquiry procedure
consisted of: 1) to elaborate the digital cartographic base; 2) to interpret aerial photographs to
generate the land use and cover maps; 3) to carry through the survey of the incident legislation on
the study area, being aimed at to compare the use and occupation of lands with the urbanization
process, in the present period; 4) to generate the area map framing it to the hydric resources
protection legislation; and 5) to carry through field research to update the information and to deepen
the understanding of the problems verified in timeframe of the research. The multi-temporality of
this study disclosed that the production of the urban space was subjects the diverse endogenous and
exogenous factors, responsible for the alteration of the study area urbanization initial plans; it also
demonstrated to the non-observance of some aspects of the legislation front to the using and
occupation of its lands. Through this study it was verified that to reach the ideal of the "Sustainable
Cities" the urban managers and the society will have to reflect on the current model changing desire
to another one where predominates the ambient balance and social justice.
Key-Words: Urbanization; sustainable development; management and urban planning.
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Sumrio
1. Introduo ................................................................................................................. 1
1.1. Objetivo Geral ........................................................................................... 4
1.2. Objetivos especficos ................................................................................ 4
2. Consideraes tericas ............................................................................................. 5
2.1. Desenvolvimento sustentvel: a evoluo de um conceito ........................ 5
2.2. A produo do espao e os mecanismos legais de regulao: Plano
Diretor e Zoneamento ..............................................................................
11
2.3. A gesto de recursos hdricos ..................................................................... 15
2.4. Evoluo da Legislao Ambiental relativa manuteno da qualidade e
conservao dos recursos naturais em bacias hidrogrficas ....................
17
2.5. Os reflexos da ocupao urbana em bacias hidrogrficas .......................... 31
2.6. Mercado Imobilirio: atuao na produo do espao urbano ................... 33
2.7. Recursos tecnolgicos aplicados ao planejamento ................................... 37
3. Evoluo histrica do processo de urbanizao regional e seus reflexos no
municpio de So Jos dos Campos ........................................................................
39
4. Materia l e Mtodos ................................................................................................... 50
4.1. Material ...................................................................................................... 50
4.2. Mtodos ...................................................................................................... 51
4.2.1. Definio da rea de estudo ..................................................... 53
4.2.2. Levantamento de dados ............................................................ 53
4.2.2.1. Reviso bibliogrfica ............................................ 53
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4.2.2.2. Material cartogrfico, delimitao da rea e
gerao de base cartogrfica digital .....................
53
4.2.2.3. Produtos de Sensoriamento Remoto e a
interpretao de fotografias areas .......................
54
4.2.2.4. Legislao pertinente ........................................... 56
4.2.3. Trabalho de campo ..................................................................... 56
4.2.4. Anlise integrada dos dados ....................................................... 56
4.2.5. Estruturao do documento de avaliao proposto pelo estudo... 56
5. Estudo de caso ........................................................................................................... 57
5.1. Caracterizao da Bacia do Rio Paraba do Sul, uma das mais
importantes do Brasil ...............................................................................
57
5.2. Caracterizao do trecho Paulista da Bacia do Rio Paraba do Sul .......... 61
5.3. Localizao e caracterizao do Municpio .............................................. 62
5.4. Localizao e caracterizao da Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro
Vermelho ..................................................................................................
63
5.5. Processo de urbanizao da Sub-bacia do Ribeiro Vermelho ................. 64
5.5.1. Evoluo dos Planos Diretores, Zoneamento e Legislao
Ambiental para o perodo analisado ..........................................
64
5.5.2. O contexto da urbanizao do empreendimento imobilirio
URBANOVA e Planos Diretores ..............................................
85
5.5.2.1. Projeto urbanstico URBANOVA: 1 Plano Diretor .... 86
5.5.2.2. Projeto urbanstico URBANOVA: 2 Plano Diretor.... 91
5.5.2.3. Novos empreendimentos na regio do bairro
Urbanova ....................................................................
93
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5.5.3. Aspectos fsico e territorial da Sub-bacia Hidrogrfica do
Ribeiro Vermelho ....................................................................
94
6. Resultados e Discusso ............................................................................................. 96
6.1. Aspectos fsicos da transformao da paisagem ........................................ 96
6.1.1. Descrio dos padres de interpretao de fotografias areas .... 97
6.1.2. Anlise da Base de Dados com o suporte do SPRING ............... 98
6.1.3. Condies de solo e relevo: intervenes na sub-bacia .............. 111
6.2. Aspectos legais, de planejamento e gesto e o processo de ocupao da
Sub- bacia Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho .......................................
115
6.2.1. Legislao ambiental e as transformaes da paisagem ............. 116
6.2.1.1. Mecanismos legais vigentes em 1962 ......................... 118
6.2.1.2. Mecanismos legais vigentes em 1977 .......................... 119
6.2.1.3. Mecanismos legais vigentes em 1988 .......................... 119
6.2.1.4. Mecanismos legais vigentes em 2000 .......................... 121
6.2.1.5. Mecanismos legais implementados entre os anos de
2000 e 2004 ................................................................
122
6.2.2. Planos Diretores e Leis de Zoneamento ...................................... 125
6.2.3. A urbanizao da Sub-bacia do Ribeiro Vermelho ................... 130
7. Consideraes Finais ................................................................................................. 136
Referncias Bibliogrficas ............................................................................................ 143
Anexo A. Relao de Leis Ambientais Municipais ...................................................... 152
Anexo B. Croqui do loteamento Cidade Urbanova (URBANOVA: UM PROJETO
URBANO, S.D.) ...........................................................................................................
153
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Anexo C. Croqui dos padres de habitao para a Cidade Urbanova (URBANOVA:
UM PROJETO URBANO, S.D.) ..................................................................................
154
Anexo D. Croqui dos ncleos urbanos destinados s reas de centro e sub-centro da
Cidade Urbanova (URBANOVA: UM PROJETO URBANO, S.D.) ...........................
155
Anexo E. Quadro: Urbanova, uma cidade planejada Resumo geral (URBANOVA:
UM PROJETO URBANO, S.D.) ..................................................................................
156
Anexo F. Principais episdios polticos e econmicos no perodo de 1973 a 1989 ... 157
Anexo G: Panfleto de divulgao do empreendimento imobilirio Reserva do
Paratehy .........................................................................................................................
158
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Lista de Figuras
Figura 2.1: Arranjo Institucional para a Gesto de Bacias Hidrogrficas ............... 28
Figura 4.1: Diagrama do encaminhamento da pesquisa .......................................... 52
Figura 4.2. Fotografia area: imagem impressa utilizada na fotointerpretao ...... 55
Figura 4.3. Reproduo do mosaico fotogrfico do ano 2000, com o limite da bacia
hidrogrfica do Ribeiro Vermelho ...................................................... 55
Figura 5.1: Localizao da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul ................. 58
Figura 5.2: A Macrodrenagem da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul ........ 59
Figura 5.3: Mapa da rede principal de drenagem da Regio do Vale do Paraba
Paulista .................................................................................................. 61
Figura 5.4: Mapa de localizao da sub-bacia hidrogrfica do Ribeiro Vermelho
................................................................................................................ 63
Figura 6.1: Mapa de uso e cobertura vegetal natural das terras - Sub-bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho (1962) ....................................... 99
Figura 6.2: Mapa de uso e cobertura vegetal natural das terras - Sub-bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho (1977) ..................................... 100
Figura 6.3: Mapa de uso e cobertura vegetal natural das terras - Sub-bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho (1988) ..................................... 101
Figura 6.4: Mapa de uso e cobertura vegetal natural das terras - Sub-bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho (2000) ..................................... 102
Figura 6.5: Mapa de enquadramento da rea legislao de proteo dos recursos
hdricos ............................................................................................. 103
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Figura 6.6: Loteamento Urbanova (29/10/2004), fase no consolidada ................ 109
Figura 6.7: Reservatrio de gua para abastecimento pblico (29/10/2004) ........ 110
Figura 6.8: Vista parcial da primeira represa do Ribeiro Vermelho e, ao fundo, v-
se a obra de terraplanagem de loteamento de alto padro (29/10/2004)
..............................................................................................................111
Figura 6.9: Situao do arruamento do loteamento Urbanova em declividade (vista
do topo base, na primeira foto, e da base ao topo, na segunda foto,
29/10/2004) ..........................................................................................112
Figura 6.10: Obra de canalizao parcial do Ribeiro Vermelho (29/10/2004) .....113
Figura 6.11: Acesso margem esquerda do Ribeiro Vermelho (29/10/2004) .....113
Figura 6.12: Represamento das guas do Ribeiro Vermelho por obra viria de
transposio de margens (13/11/2004) ..............................................114
Figura 6.13: Reflorestamento s margens do Ribeiro Vermelho (29/10/2004) ...115
Figura 6.14: Recuperao de vegetao ciliar no entorno da represa prxima ao
loteamento Reserva do Parathey ...................................................... 124
Figura 6.15: Situao do arruamento do loteamento Reserva do Parathey em
declividade (vista da base ao topo, na primeira foto, e do topo base,
na segunda foto, 13/11/2004) ............................................................129
Figura 6.16: Avenida aberta em rea coberta por mata, nota-se ao fundo o
loteamento Urbanova (fase no consolidada) destituda de arborizao
pblica (13/11/2004) .........................................................................130
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Figura 6.17: Vista das lagoas da Estao de Tratamento de Esgoto, esquerda
(13/11/2004), e vista da Estao de Captao de gua para
Abastecimento Pblico, direita (29/11/2004) .................................133
Lista de Tabelas
Tabela 2.1: Resumo da evoluo da legislao referente aos recursos hdricos ................. 30
Tabela 5.1: Dados gerais da Bacia do Rio Paraba do Sul .................................................. 60
Tabela 5.2: Valor bruto da produo industrial e crescimento demogrfico ...................... 67
Tabela 5.3: Evoluo da populao e da sua participao relativa no Vale do Paraba e no
Estado de So Paulo: Municpio de So Jos dos Campos (1940 2000) ........73
Tabela 5.4: Formao do Produto Interno Bruto PIB de So Jos dos Campos por Setor de
1985 ................................................................................................................... 74
Tabela 5.5: Distribuio de renda da populao em 1973 .................................................. 88
Tabela 5.6: Distribuio de reas na Cidade Urbanova ...................................................... 89
Tabela 5.7: Aspectos fsicos da paisagem da Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro
Vermelho............................................................................................................ 95
Tabela 6.1: Mudana de uso das terras conforme classes de uso definidas ...................... 104
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Lista de Abreviaturas e Smbolos
APRM: rea de Proteo e Recuperao dos Mananciais
CDR: Conselho de Desenvolvimento Regional
CEEIVAP: Comit Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrogrfica do Rio
Paraba do Sul
CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CMMAD: Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CODIVAP: Conselho de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraba
CONSEMA: Conselho Estadual de Meio Ambiente
CPEU: Centro de Pesquisas e Estudos Urbansticos
CRFB: Constituio da Repblica Federativa do Brasil
CRH: Conselho Estadual de Recursos Hdricos
CTA: Centro Tcnico Aeroespacial
CTPI: Cooperativa de Servios, Pesquisas Tecnolgicas e Industriais
DPRN: Departamento Nacional de Proteo aos Recursos Naturais
ETA: Estao de Tratamento de gua
ETE: Estao de Tratamento de Esgoto
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ITA: Instituto Tcnico Aeroespacial
MIT: Instituto de Tecnologia de Massachussets
PDDI: Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado
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RFFSA: Estrada de Ferro Central do Brasil
SAAN - Setor de reas de Abastecimento Norte
SABESP: Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo
SIG: Sistemas de Informao Geogrfica
SIGRH: Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hdricos
UGRHI: Unidades de Gerenciamento de Recursos Hdricos
UNESP: Universidade Estadual Paulista
UNIVAP: Universidade do Vale do Paraba
ZDCA: Zona de Uso de Domnio de Cursos Dgua
ZEU: Zona de Expanso Urbana
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1
1. Introduo
A Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
realizada no Rio de Janeiro, em 1992, aprovou um documento denominado Agenda 21, que
estabeleceu um pacto pela mudana do padro de desenvolvimento global. Os
compromissos assumidos pelas naes expressam o desejo de mudanas do atual modelo de
civilizao para outro em que predomine o equilbrio ambiental e a justia social. Nesse
novo modelo, o desenvolvimento e a conservao do meio ambiente deveriam tornar
compatveis duas aspiraes da humanidade ao final do Sculo XX: o direito ao
desenvolvimento, sobretudo para os pases que permanecem em patamares insatisfatrios
de renda e de riqueza; e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudvel pelas futuras
geraes (BRASIL, 2000).
Nesse sentido, o governo brasileiro demonstrou a inteno de implementar esses
preceitos, quando em 2000, o Ministrio do Meio Ambiente apresentou as diretrizes para a
construo da Agenda 21 Brasileira, visando preservao e melhoria da qualidade
ambiental. So temas centrais dessa Agenda: Agricultura Sustentvel, Cidades
Sustentveis, Infra-estrutura e Integrao Regional, Gesto dos Recursos Naturais, Reduo
das Desigualdades Sociais e Cincia e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentvel.
O encaminhamento que se pretende nesta pesquisa vem ao encontro do que
proposto nesse documento por abordar a questo da urbanizao, estabelecendo relaes
com alguns dos temas centrais da Agenda 21 Brasileira, particularmente: Cidades
Sustentve is, por apresentar propostas que introduzem a dimenso ambiental nas polticas
urbanas no pas; Gesto dos Recursos Hdricos, por contemplar a dinmica do processo de
urbanizao em unidades hidrogrficas; e Cincia e Tecnologia para o Desenvolvimento
Sustentvel, por incorporar o uso de novas tecnologias, como o sensoriamento remoto e o
Sistema de Informao Geogrfica SIG, que constituem ferramentas teis para o
acompanhamento das transformaes ocorridas na rea de estudo.
Sob esse ponto de vista, quando se discute o ideal de cidade sustentvel
importante enfocar a questo do processo de urbanizao, pois conforme aponta Ribeiro
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2
(1997), a forma como se processa a urbanizao torna-se um problema definido pelo
crescimento excessivo da populao das grandes cidades.
No estado de So Paulo existem diversas cidades que podem representar essa
problemtica, dentre elas, So Jos dos Campos, que, em meados do Sculo XX, passou
pelo surto desenvolvimentista, o que acarretou sua exploso demogrfica e crescime nto
urbano num curto espao de tempo. Nas dcadas de 1950, 1960 e 1970, tornou-se uma das
cidades brasileiras mais promissoras quanto ao desenvolvimento industrial e cientfico-
tecnolgico (URBANOVA: UM PROJETO URBANO, s.d.), o que atraiu maiores
investimentos para o Municpio e Vale do Paraba.
Em conseqncia disso houve um processo intensivo de migrao para o Municpio
em funo do aquecimento da economia. No entanto, a cidade no dispunha de infra-
estrutura urbana adequada para receber esse contingente populacional. Para compor esse
cenrio, o processo de planejamento urbano era, ainda, incipiente ao final da dcada de 50 e
incio da dcada de 60.
Nessa poca, a cidade vinha recebendo investimentos de capital estrangeiro para a
implantao de indstria s multinacionais e para a ampliao dos setores de comrcio e
servios. Ao longo desses anos, So Jos dos Campos continuou a atrair investimentos nos
setores industrial, tecnolgico, de comrcio e servios. Portanto esse perodo foi decisivo
para o desenvolvimento urbano da cidade, o que justifica a escolha do tema da pesquisa: o
processo de urbanizao ocorrido entre os anos de 1962 a 2004, em uma rea localizada na
regio oeste do Municpio.
A aquisio da rea em questo se deu em 1973, quando um grupo de empresas
japonesas adquiriu uma gleba, com cerca de 12 804 471,00m2, para implantar um projeto
urbanstico de grande porte: o Projeto Cidade Urbanova. Esse empreendimento
imobilirio foi planejado a partir de uma concepo moderna de urbanismo, desenvolvida
pela empresa de projetos Jorge Wilheim Arquitetos Associados Ltda., consorciada com
outras empresas responsveis pelo desenvolvimento de projetos especficos nas reas de
infra-estrutura de saneamento, sistema virio e energia, mercado e viabilidade econmica,
paisagismo e ecologia.
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3
Mesmo sendo objeto de um planejamento abrangente, o processo de urbanizao
acarreta sensveis alteraes no ambiente; portanto, escolher uma sub -bacia hidrogrfica
para acompanhar seu processo de urbanizao pode reve lar de que forma vem ocorrendo a
apropriao dessa modalidade espacial e como vem atuando o Estado para regulamentar,
planejar e gerir os recursos naturais nela presentes.
Serviro para balizar este estudo, a fim de se verificar como ocorreu o processo de
urbanizao da Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho, as Leis de Zoneamento, os
Planos Diretores e a Legislao Ambiental, vigentes ao longo desses anos. Observando-se
sua efetividade na produo do espao urbano.
Outro fator que concorreu para a definio dessa sub-bacia como objeto de estudo
foi o Relatrio Tcnico realizado pela Cooperativa de Servios, Pesquisas Tecnolgicas e
Industriais - CTPI (2000), visando elaborar os Planos de Bacia das Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hdricos - UGRHIs 1 (Paraba do Sul) e 2 (Serra da
Mantiqueira). Nesse documento, os tcnicos hierarquizaram as bacias hidrogrficas
afluentes do Paraba do Sul que integrariam o Plano de Gesto para o perodo de 2000-
2003. Os critrios adotados pela CTPI (2000), que prio rizava o atendimento s bacias
hidrogrficas, seriam: uso da gua para abastecimento pblico, taxa de urbanizao,
existncia de conflito no uso da gua pelo nmero de usos mltiplos da bacia.
O Plano de Gesto de Bacias Hidrogrficas, dessa Unidade de Gerenciamento,
considerou a Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho, do Bairro Urbanova,
prioritria, em funo da demanda do abastecimento superar a sua capacidade de
fornecimento para o loteamento Urbanova.
No decorrer desta pesquisa, esse status de bacia prioritria foi modificado. Ainda
assim, o aprofundamento dos estudos do processo de urbanizao que vem ocorrendo nessa
rea torna-se necessrio para que se verifique de que forma se deu a implantao dos planos
do empreendimento Cidade Urbanova, em suas diferentes fases; e ainda de que forma as
alteraes decorrentes desse processo influenciaram na qualidade ambiental dessa sub-
bacia.
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1.1 Objetivo geral
Analisar os mecanismos de planejamento e gesto do processo de urbanizao da sub-
bacia do Ribeiro Vermelho, municpio de So Jos dos Campos SP, no perodo de 1962
a 2004.
1.2 Objetivos especficos
1. analisar a evoluo dos Planos Diretores do Municpio, Planos Diretores do
empreendimento Urbanova e Leis de Zoneamento frente s polticas pblicas de
desenvolvimento urbano;
2. analisar a concordncia entre a legislao que orienta o uso e ocupao das terras e
o processo de urbanizao na sub-bacia;
3. analisar a evoluo da legislao ambiental no que diz respeito conservao e
preservao dos recursos hdricos;
4. identificar, cronologicamente, as alteraes no uso e cobertura vegetal das terras, a
partir da interpretao e anlise de produtos de sensoriamento remoto e de
documentos temticos disponveis;
5. fornecer subsdios para o planejamento urbano e regional no sentido de orientar o
uso e ocupao das terras em bacias hidrogrficas e a gesto de seus recursos
hdricos.
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2. Consideraes tericas
Tratando-se de uma pesquisa que pretende apresentar dados do processo de urbanizao
que vem ocorrendo na sub-bacia hidrogrfica do Ribeiro Vermelho, regio oeste de So
Jos dos Campos, fundamental que sejam discutidos alguns conceitos, como por exemplo,
Desenvolvimento Sustentvel, termo que tem sido incorporado linguagem comum, sem
que se conhea ao certo sua abrangncia e aplicao.
H que se definir tambm os mecanismos legais de regulao do uso e ocupao do
solo no Municpio, bem como a legislao ambiental vigente no decurso dessa anlise. Para
tanto, discutir-se- tambm o conceito de bacias hidrogrficas. Outro fator de fundamental
importncia o Mercado Imobilirio que, no contexto da produo da cidade, pode
influenciar e definir as caractersticas do espao urbano.
Cabe, ainda, fazer uma explanao a respeito dos recursos tecnolgicos aplicados ao
Planejamento, recursos esses que contribuem para um maior refinamento e preciso das
informaes obtidas, e melhor sistematizao dos dados coletados.
2.1 Desenvolvimento sustentvel: a evoluo de um conceito
Hoje consenso que as alteraes mais significativas no meio ambiente se devem
ao advento da industrializao, em funo da explorao dos recursos naturais e
energticos, cuja demanda cresceu, vertiginosamente, nos ltimos sculos. O crescimento
demogrfico e a gerao de resduos tambm concorrem para a formao do cenrio atual.
Reconhece-se a questo ambiental como um problema que no diz respeito apenas aos
movimentos ecolgicos. Ocupa posio central no mundo contemporneo.
No Brasil, foi sensvel a acelerao do ritmo da indus trializao a partir de 1960,
...a urbanizao brasileira se tornou praticamente generalizada a partir do terceiro tero do
sculo XX... (SANTOS,1994, p.9), promovendo a concentrao de contingentes
populacionais em reas urbanas. As cidades passaram a atrair populaes que,
anteriormente, encontravam-se na zona rural. As transformaes dos processos de produo
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e reproduo da fora de trabalho alteraram a dinmica scio -espacial, tanto quanto o
crescimento desordenado das cidades transformou a paisagem natural.
Em decorrncia dos problemas ambientais que vinham ocorrendo em todo o mundo
como os episdios crticos de inverso trmica em Donora, Pensilvnia em 1948, e em
Londres em 1952, quando 2 mil pessoas morreram; o caso de envenenamento por mercrio
da baa de Minamata, Japo, que se estendeu da dcada de 20 at 60; nos Estados Unidos a
primavera silenciosa e os efeitos do DDT sobre a fauna, alertados pela biloga Rachel
Carson (HOGAN, 2000); na dcada de 60 diversas publicaes passaram a se ocupar dos
assuntos relacionados s questes ambientais.
Assim, ganhou importante espao no plano internacional o conflito entre
desenvolvimento e meio ambiente, quando questionados os limites dos recursos naturais
frente ao crescimento populacional; misria de alguns povos; aos padres de
desenvolvimento econmico; e s tecnologias capazes de redefinir, substituir ou ampliar as
reservas de recursos.
Um dos exemplos o da Conferncia de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, na qual
o Brasil esteve representado. Nela iniciou-se a discusso sobre uma nova ordem de
desenvolvimento que conciliasse o desenvolvimento econmico preservao dos recursos
naturais. Dilema de difcil conciliao. Este fato desencadeou uma srie de medidas
visando a regulamentar as questes que envolviam o meio ambiente. Hogan e Vieira (1992)
afirmam que a emergncia da problemtica ambiental como fenmeno politicamente
significativo ocorreu no incio dos anos 1970, no contexto dos preparativos para a
Conferncia de Estocolmo.
Tambm no Brasil, comeam a se estruturar mecanismos institucionais e legais
voltados s questes ambientais. Em So Paulo foi criada a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB), em 24 de julho de 1968, pelo Decreto N 50.079
(COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO AMBIENTAL, 2004)
antecedendo a iniciativa federal que, em 1973, criava a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (Sema) (ANDRADE; TACHIZAWA ; CARVALHO, 2000, p.5).
A partir da criao da Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema) ficou
institucionalizada a autoridade em nvel federal para a preservao ambiental. A partir de
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ento, mecanismos de normatizao e controle, polticas pblicas, auditorias ambientais
entre outros vm sendo implementados, entretanto esses mecanismos podem, ainda, no ter
atingido a eficincia necessria preservao da qualidade ambiental.
Desenvolvimento sustentvel: consideraes sobre o uso do termo
No incio da dcada de 70, surgiu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento
sustentvel, com o nome de ecodesenvolvimento, atribudo a Ignacy Sachs, da Escola de
Altos em Cincias Sociais de Paris. O termo surgiu num momento em que havia partidrios
de duas vises opostas sobre as relaes entre crescimento econmico e meio ambiente: Os
tecno-cntricos radicais e os eco-cntricos radicais (ROMEIRO, 1999).
Os primeiros, tecno-cntricos, defendiam que os limites ambientais para o
crescimento econmico eram relativos frente capacidade inventiva da humanidade, e que
a fora do crescimento econmico seria capaz de eliminar, por si s, as disparidades
sociais, para qual o custo ambiental seria to inevitvel quanto irrelevante diante dos
benefcios obtidos. Para os eco-cntricos radicais, o meio ambiente apresentava limites
absolutos ao crescimento econmico, e que a humanidade estaria prxima da catstrofe
pelo esgotamento dos recursos naturais e aumento da poluio (ROMEIRO, 1999).
O conceito de ecodesenvolvimento emerge nesse contexto como uma posio
conciliadora, onde se reconhece que o progresso tcnico efetivamente relativiza os
limites ambientais, mas no os elimina e que o crescimento econmico condio
necessria, mas no suficiente para a eliminao da pobreza e disparidades sociais
(ROMEIRO, 1999, p.3).
Sob a influncia da Conferncia de Estocolmo, na qual se discutiu uma nova
abordagem com maior interdependncia entre ambiente e desenvolvimento, surgia ento
um novo paradigma, o do desenvolvimento sustentvel. Conceito que emergia num cenrio
de grande expanso econmica, de uma sociedade cada vez mais industrializada e, por
conseqncia, com problemas de ordem ambiental expressivos.
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Na dcada de 80, a Organizao das Naes Unidas publicou um relatrio intitulado
Nosso Futuro Comum, tambm conhecido como Relatrio de Brundtland. Esse relatrio
definiu o conceito de desenvolvimento sustentvel (PELLEGRINI FILHO, 2000; VIOLA;
LEIS, 1992, p. 78):
O desenvolvimento sustentvel aquele que atende s necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem a suas prprias
necessidades. Ele contm dois conceitos-chave: 1 o conceito de necessidades,
sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a
mxima prioridade; 2 a noo das limitaes que o estgio da tecnologia e da
organizao social impe ao meio ambiente, impedindo-o de atender s necessidades
presentes e futuras (...).
... a busca do desenvolvimento sustentvel requer:
um sistema poltico que assegure a efetiva participao dos
cidados no processo decisrio;
um sistema econmico capaz de gerar excedentes e Know-how
tcnico em bases confiveis e constantes;
um sistema social que possa resolver as tenses causadas por um
desenvolvimento no equilibrado;
um sistema de produo que respeite a obrigao de preservar a
base ecolgica do desenvolvimento;
um sistema tecnolgico que busque constantemente novas solues;
um sistema internacional que estimule padres sustentveis de
comrcio e financiamento;
um sistema administrativo flexvel e capaz de autocorrigir-se.
(BRUNDTLAND, 1988).
No relatrio intitulado Nosso Futuro Comum, elaborado em 1987 pela Comisso
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comisso Brundtland), foi destacada a
importncia da proteo do ambiente na realizao do desenvolvimento sustentvel. Essa
preocupao exerceu um grande impacto sobre as atividades empresariais.
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Em conseqncia disso, a partir de meados da dcada de 1980, a maioria dos pases
criou leis ambientais, regulando as atividades econmicas e seus impactos no solo, na gua
e no ar. A maior mudana de posicionamento das empresas, em relao questo
ambiental, ocorreu a partir da promulgao da chamada Carta de Roterd, em 1991 que
definiu os Princpios de Desenvolvimento Sustentvel (AMBIENTE GLOBAL, 2003).
Apesar dos muitos esforos empreendidos e mesmo aps a definio do conceito de
desenvolvimento sustentvel,
...existe uma disputa terico-poltica em relao aos diferentes pesos das variveis
em jogo e s caractersticas dos mecanismos alocativos e implementativos, assim
como das responsabilidades dos atores que poderiam levar ao desenvolvimento
sustentvel. O consenso se situa assim muito mais nos fins ou objetivos do que nos
meios ou procedimentos.(VIOLA ; LEIS, 1992, p.78).
Portanto, ainda no h consenso sobre o significado do termo e as diferentes
interpretaes variam segundo a disciplina, o paradigma ou a ideologia que pretende defini-
lo. Seu uso tem sido freqente, nas mais diferentes reas, conquanto parece no haver
clareza em como alcan-lo.
Segundo Salinas Chaves e Middleton (1998), existem quatro dimenses de
desenvolvimento sustentvel: scio-econmica, institucional e poltica, produtivo-
tecnolgica e ecolgica.
Para a Organizao das Naes Unidas,
... A nova conscincia ambiental, surgida no bojo das transformaes culturais que
ocorreram nas dcadas de 60 e 70, ganhou dimenso e situou o meio ambiente como
um dos princpios fundamentais do homem moderno. Na nova cultura, a fumaa
passou a ser vista como anomalia e no mais como uma vantagem.[...] O marketing
ecolgico passou a ser o cdigo-chave, a palavra mgica e, mais do que isso,
compromisso e obrigao das empresas que se pretendem modernas e competitivas
(ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000, p.7).
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Para Costa (2000), a noo de desenvolvimento urbano sustentvel traz consigo
conflitos tericos de difcil, porm no de impossvel conciliao. Agregar conceitos de
diferentes reas do conhecimento, como estudos ambientais e estudos urbanos, pode gerar
conflitos, mas em ltima anlise, a confluncia dessas duas vertentes poderia levar
proposta de desenvolvimento sustentvel.
Em tempos de economia globalizada, o que se tem uma inter-relao dos
fenmenos de causa e efeito. Quando ocorre um problema num sistema produtivo, os
reflexos, na maioria das vezes, tem repercusses mundiais.
A crescente interdependncia econmica mundial corre paralela em relao de
interdependncia ambiental planetria. As cadeias biolgicas formadas por solo, ar,
gua e seres vivos invariavelmente so mundiais (FRANCO 2001, p.42).
Segundo Franco (2001), o mercado percebeu que atendendo s exigncias legais
normativas ou comunitrias poderia atuar fortemente em favor da competitividade de uns
em oposio inviabilidade de outros. Da o que vem ocorrendo a associao do termo
desenvolvimento sustentvel ao marketing de empresas e empreendimentos, respondendo
s presses do mercado globalizado.
Foram, ento, institudos mecanismos, como as Normas ISO e o "selo verde", para
implementar uma poltica desenvolvimentista que levasse em conta o crescimento da
economia, a partir de processos produtivos mais eficientes em relao produo de
resduos; utilizao de recursos naturais; distribuio eqitativa de renda; incluso
social.
Percebe-se, ento, que o conceito de desenvolvimento sustentvel passa,
necessariamente, pela busca de melhoria na qualidade de vida, visando a implementar a
sustentabilidade econmica, poltica, social, tecnolgica e ambiental. Contudo, nos moldes
em que vem ocorrendo o desenvolvimento da sociedade, conciliar interesses to
antagnicos ser um enorme desafio humanidade.
Com vistas compreenso do conceito, e mais, pela urgncia de se adotar medidas
de desacelerao da degradao ambiental, o Planejamento Urbano e Regional, conforme
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aponta Franco (2001), passaria a ter uma conotao de Planejamento Ambiental. As aes
no mais estariam fundamentadas na viso economicista ou estratgico-militar, mas
incluiria a viso ecossistmica nas instncias dos ecossistemas urbanos, dos
agroecossistemas e dos ecossistemas naturais.
Para compor esse cenrio de planificao seria necessrio discutir a produo do
espao, segundo os mecanismos legais de regulao vigentes.
2.2 A produo do espao e os mecanismos legais de regulao: Plano
Diretor e Zoneamento
Procura-se aqui compreender os efeitos provocados pela produo do espao
urbano, em particular na Regio do Vale do Paraba, e mais especificamente, no municpio
de So Jos dos Campos. Para tanto, devero ser consideradas as esferas econmica,
poltica e ideolgica; das quais todo processo de urbanizao sofre influncia e influencia
por conseqncia. Como aponta Milton Santos, ao discutir a produo social do espao.
Considerar o espao como uma instncia da sociedade, ao mesmo ttulo que a
instncia econmica e a instncia cultural-ideolgica. Isto significa que, como
instncia, ele contm e contido pelas demais instncias, assim como cada uma delas
o contm e por ele contido. A economia est contida no espao, assim como o espao
est na economia. O mesmo se d com o poltico-institucional e com o cultural-
ideolgico. Isso quer dizer que a essncia do espao social. (SANTOS, 1985, p.1).
A medida em que o panorama scio-econmico, no pas e no mundo, se transforma,
com as mudanas na diviso social do trabalho, no modo de produo, entre outros fatores,
as cidades vo se definindo como a instncia da sociedade, refletindo os vrios momentos
histricos.
O processo histrico da urbanizao de So Jos dos Campos reflete essa evoluo,
bem como outras cidades da regio. Em funo da localizao, do clima, da aptido
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agrcola, a cidade j desempenhou diferentes funes, passando pelas fases agropecuarista,
sanatorial e, mais recentemente, tecnolgica e industrial.
Para compreender as mudanas estruturais no municpio, realizou-se um
levantamento bibliogrfico dos mecanismos poltico-administrativos, Planos Diretores e
Leis de Zoneamento, focando a rea de interesse dessa pesquisa, que a Sub-bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho.
Ao entender que os Planos Diretores devem se constituir em instrumentos que
levem em conta o carter poltico do planejamento, assegurando o compromisso das
lideranas locais e do Poder Pblico com a sua execuo, sobretudo quando ocorre a
participao da sociedade, o exerccio de planejamento tende a encaminhar de maneira
mais conciliatria os conflitos, presentes e futuros.
O plano diretor constitui a esfera maior do sistema de planejamento no mbito
municipal. Ele deve conter alm de objetivos, prioridades e diretrizes definies de
polticas, indicao dos meios necessrios a sua implementao e mecanismos a serem
acionados para assegurar a participao da sociedade no efetivo controle de sua
execuo (MONTEIRO, 1990, p.14).
O Plano Diretor deve se aplicar realidade, estimulando o processo de
desenvolvimento e ordenando a expanso urbana, sem privilegiar uma minoria elitista, em
detrimento de uma populao que se encontra na marginalidade da cidade legal. Esse
mecanismo de estmulo ao desenvolvimento, urbano e rural, deve contemplar as dimenses
do desenvolvimento poltico, social, econmico, espacial, administrativo, financeiro e
ambiental.
Ainda a respeito dos mecanismos poltico-administrativos e legais, Chuster (2000)
discute que a intensificao do processo de industrializao foi responsvel por impactos
no ambiente urbano, novos loteamentos surgiram em locais distantes do ncleo central,
acirrando a competio pelo espao entre os diversos atores do processo de urbanizao.
Na tentativa de controlar e ordenar essa ocupao, foram elaboradas leis que dispunham
sobre parcelamento e uso e ocupao do solo: a Lei de Zoneamento.
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Entende-se por zoneamento a legislao urbanstica que varia no espao urbano. Em
sua forma mais completa, toda a rea urbana e de expanso urbana dividida em
zonas, sendo que, para cada uma, a lei define: o coeficiente mximo de
aproveitamento dos terrenos (relao entre a rea total construda e a rea do
terreno); a taxa mxima de ocupao dos terrenos (relao entre a rea ocupada por
edificaes e a rea do terreno); e, finalmente, os usos (atividades que vo ser
desenvolvidas no terreno ou na edificao) permitidos e proibidos na zona[...]
(VILLAA, 1995, p.45).
Desde que comearam a viver em conjunto nas cidades, os homens procuraram
avizinhar tipos semelhantes de uso da terra e construes, criando-se assim, as zonas
residenciais, comerciais e industriais de vrias espcies. Portanto, o zoneamento a
sistematizao e a legalizao desse processo natural.
O Plano Diretor e o Zoneamento so dois componentes fundamentais do
planejamento e devem ser considerados numa rea maior de abrangncia, alm dos limites
do municpio. conveniente que se planeje o uso e ocupao das terras, definindo-se o
Zoneamento, que se discutam os projetos de desenvolvimento para toda a regio,
aplicando-os efetivamente.
Um fato relevante, que tem promovido a elaborao de Planos Diretores de
Desenvolvimento Integrado pelos municpios, o desenvolvimento de Polticas Pblicas
nas esferas Estadual e Federal, que atrelam a liberao de verbas para os municpios
apresentao de seus Planos Diretores. Bologna (2000) discute esse mecanismo.
Em 1957 o Governador do Estado de So Paulo Jnio Quadros, atravs do Decreto
28.399, passa a vincular as dotaes oramentrias para os Municpios, considerados
estncias hidrominerais, a existncia de um Plano Diretor. [...] Imediatamente aps o
golpe militar, sob o governo do General Castelo Branco, o Estado inicia a gesto de
uma poltica nacional voltada para a questo urbana, com a criao do Banco
Nacional da Habitao e do Servio Federal de Habitao e Urbanismo (SERFHAU).
[...] O SERFHAU atuava como rgo financiador de Planos de Desenvolvimento
Local Integrado, que passa a ser expresso utilizada para caracterizar tanto a
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integrao dos planos locais aos demais, como entre os aspectos fsico, social,
econmico e institucional. Somente, com a apresentao desses Planos, as Prefeituras
capacitavam-se aos financiamentos governamentais para a construo de conjuntos
habitacionais e obras de saneamento. [...] No Estado de So Paulo, esta ingerncia
reforada com a aprovao, em 1967, da Lei Orgnica dos Municpios, que
condicionou o emprstimo, ou auxlio financeiro do Estado, existncia de Plano
Diretor, regularmente aprovado nos Municpios (Lei Estadual 9842 de 19/3/1967),
ampliando a regra que vigorava, desde 1957, restrita s instncias hidrominerais...
(BOLOGNA,2000, p.99).
Nesse perodo, o sistema centralizador e autoritrio do governo adotava essa
postura controladora, at mesmo os padres dos Planos seguiam a linha tecnocrtica, sem
que houvesse a participao da sociedade nas tomadas de deciso.
A partir de 1988, com a promulgao da Constituio Federal, em 1988, o Plano
Diretor passa a ser o instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e de expanso da
cidade, sendo obrigatrio para cidades com mais de 20 000 habitantes. Na Constituio do
Estado de So Paulo (1989), Art. 181, esta obrigatoriedade foi ampliada para todos os
Municpios.
A partir do texto constitucional promovida a aplicao dos novos instrumentos de
ordenao territorial e urbana. O vnculo estabelecido pela Constituio de certa
forma estimulou um processo de renovao conceitual e metodolgica na produo de
Planos Diretores municipais a partir de 1988. A partir da, vrios Municpios
introduziram estratgias e instrumentos inovadores como solo criado, transferncia do
potencial construtivo dos terrenos, operaes urbanas e interligadas, reas de
proteo ambiental. Alm desses novos instrumentos, houve uma grande preocupao
com o prprio processo de elaborao, procurando ampliar a participao da
sociedade civil no planejamento e na gesto da cidade.
Este novo modelo contrape-se ao modelo central-desenvolvimentista, caracterizando
uma nova postura de gesto das cidades, baseada no trinmio participao,
desenvolvimento sustentvel, qualidade de vida e do ambiente... (BOLOGNA, 2000,
p.163)
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Nota-se que aps a Ditadura Militar e com a promulgao da Constituio Brasileira
de 1988, o Planejamento ganha autonomia, poder de articulao e de negociao com a
sociedade, a produo das cidades passou a ter uma nova dimenso.
Para agregar-se a esses conceitos de planejamento e gesto, local e regional, sero
introduzidas as diretrizes de planejamento e gesto de bacias hidrogrficas.
2.3 A gesto de recursos hdricos
Os fenmenos naturais que modificam a paisagem, em bacias hidrogrficas, podem
ser estudados, ao longo do tempo, com certa previsibilidade quanto s transformaes que
ocasionam. Quando consideramos as interferncias antrpicas, seus efeitos podem ser
completamente diferenciados, em funo da forma de uso e ocupao dessas reas.
Considerando a possib ilidade de implementar uma poltica de gesto dos recursos
hdricos, Ross e Del Prette (1998) apontam para a gesto de bacias hidrogrficas, at
mesmo como uma viso mais abrangente, a de planejamento e gesto ambiental, tendo
como unidades de planejamento as bacias hidrogrficas.
A anlise das bacias de drenagem, seja de forma isolada ou integrando um conjunto
que constitui uma regio morfolgica diferenciada, de grande interesse para a
geomorfologia. As paisagens modeladas pela eroso fluvial compem-se de bacias de
drenagem, que so unidades de anlise adequadas quando se trata de subdividir uma
rea. A evoluo de uma paisagem equivale soma total da evoluo de cada uma
das bacias individuais de que a paisagem se compe. A possibilidade de reconhecer
reas com morfologia semelhante sugere que, em cada uma delas, as bacias de
drenagem tm formas similares entre si, mas tambm que as bacias esto evoluindo
de forma semelhante. Assim, analisando as modificaes de cada uma delas ao longo
do tempo conseguir-se- uma maior compreenso da paisagem. (DOORNKAMP;
KING, 1971, p.1).
Nesse contexto, a gesto de recursos hdricos pode ser entendida como um processo
interinstitucional e multidisciplinar de planejamento e administrao que objetiva a
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proteo, conservao, recuperao e uso mltiplo e racional dos recursos hdricos (ASSIS,
2002).
No Brasil, esta uma questo relativamente nova para os setores envolvidos e
interessados na preservao ou recuperao de nossos aqferos superficiais e subterrneos.
Os mecanismos dessa gesto ainda so incgnitos queles a quem realmente importa o
processo: a populao; essa que, cada vez mais, pede por iniciativas que revertam a
situao atual de degradao ambiental (MARCHI, 2002).
Embora esforos venham sendo empreendidos a fim de tornar a regio do Vale do
Paraba integrada entre si, com outras regies do estado de So Paulo e a outros estados da
federao, especialmente Minas Gerais e Rio de Janeiro, no que se refere ao gerenciamento
da Bacia do Rio Paraba do Sul, este trabalho de pesquisa possibilitou uma reflexo acerca
da evoluo das polticas voltadas aos recursos hdricos, que teve como primeira iniciativa
governamental interestadual para a gesto da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul a
criao do Comit Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba
do Sul (CEEIVAP), no final da dcada de 1970 (BRASIL, 1995). Essa iniciativa resultou
em alguns avanos, como a criao do Conselho de Desenvolvimento Integrado do Vale do
Paraba CODIVAP, que resultou na fixao de diretrizes para atualizao e
complementao de dados, que pudessem subsidiar a programao sistemtica de um
planejamento para o desenvolvimento integrado na regio.
Em 1989, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente-SP apresentou um plano de
gerenciamento intitulado Recuperao da Qualidade Ambiental da Bacia do Rio Paraba
do Sul: Subsdios para o Disciplinamento do Uso e Ocupao do Solo na Bacia
Hidrogrfica, num programa interestadual que envolveria rgos estadua is do meio
ambiente dos trs estados: So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os usos racionais dos
recursos naturais da Bacia foram considerados relevantes, contudo este programa deu
prioridade gua, o que mostrou uma limitao, uma vez que a alterao da qualidade dos
recursos hdricos reflexo imediato do uso e ocupao do solo, ou seja, da apropriao dos
demais bens naturais nela existentes.
Em funo da necessidade de se preservar a qualidade e a quantidade da gua, tanto
para o abastecimento pblico, quanto agropecuria e demais usos, este plano de aes
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integradas subdividiu a regio do Vale Paulista em bacias hidrogrficas, cujas condies de
ocupao (na poca) eram propcias para serem protegidas, a fim de garantir a qualidade da
gua para o abastecimento da Regio. O processo de consolidao das sub-bacias se
concretizaria assim que as prefeituras municipais as institucionalizassem como reas de
Proteo Ambiental, tendo como balizamento os Estudos Plano Regional do Macro Eixo
Paulista e Macrozoneamento da Bacia do Paraba do Sul (1982) que forneceram as
diretrizes bsicas para o uso e ocupao do solo, visando o desenvolvimento econmico e
ambiental da regio (BRASIL, 1995).
Como a Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul integra uma das regies mais
industrializadas do pas, com grande concentrao populacional, h muitas situaes
complexas de interao entre a sociedade e os recursos hdricos locais, levando
necessidade do exerccio de formas de organizao como comits, sub-comits, consrcios,
que so importantes componentes na gesto de bacias hidrogrficas, podendo contribuir
muito para a preservao do recurso natural, atendendo aos anseios das populaes locais.
O Comit da Bacia Hidrogrfica do rio Paraba do Sul foi um dos p rimeiros a serem criados
no Brasil.
2.4 Evoluo da Legislao Ambiental relativa manuteno da qualidade
e conservao dos recursos naturais em bacias hidrogrficas
Considerando a produo do espao pela sociedade como um processo dinmico, no
qual esto envolvidos fatores sociais, econmicos, polticos, ideolgicos e ambientais,
estudar os aspectos legais que regulam o uso e ocupao das terras permite demonstrar
como os mecanismos normativos orientam o processo administrativo, uma vez que as aes
da Administrao Pblica so pautadas na Lei, seja ela federal, estadual ou municipal.
Cabe ressaltar que da competncia da Unio definir as normas gerais da
Legislao Ambiental, atravs da Constituio da Repblica Federativa do Brasil CRFB
(1988), e estas no podem ser contrariadas por nenhum outro ente da federao ( 1 do
Art. 24 da CRFB/88). Os Estados tm a competncia de suplementar a legislao federal,
no sentido de complementao, podendo ainda, produzir legislao especfica quando
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houver omisso por parte da Unio. Os Municpios no podero contrariar as legislaes
federal e estadual, apenas complement-las no caso de interesse local (JUNGSTEDT,
2002).
Neste estudo considerou-se, para fins de anlise, as legislaes estabelecidas pelo
Poder Pblico Federal e Estadual, por ser a legislao municipal um mecanismo que, na
maioria dos casos, acata ou complementa as legislaes supracitadas. Em relao
legislao referente aos aspectos ambientais de So Jos dos Campos, tem-se que esta teve
incio na dcada de 70, quando, a partir de ento, foram criadas leis e decretos especficos
sobre determinados setores e assuntos, fazendo com que esta fosse relativamente esparsa.
As referidas Leis Ambientais Municipais foram relacionadas em anexo, vide Anexo A.
Para esta pesquisa, foi importante o estudo da evoluo da legislao ambiental a
partir de 1962, quando vigorava o Cdigo de guas promulgado em 1934, legislao
referente aos recursos hdricos, que regulamentava o uso das guas. De acordo com esse
Cdigo, as guas eram classificadas em: guas pblicas, guas comuns e guas particulares.
Nesse documento, de 1934, LIVRO I - guas em geral e sua propriedade, TITULO
I - guas, lveo e Margens, so apresentados alguns Captulos e Artigos significativos
para se compreender a classificao acima mencionada.
CAPTULO I - guas Pblicas:
Art. 1 As guas pblicas podem ser de uso comum ou dominicais1.
CAPTULO II - guas comuns:
Art. 7 So comuns as correntes no navegveis ou flutuveis e de que essas no se
faam.
CAPTULO III - guas particulares:
Art. 8 So particulares as nascentes e todas as guas situadas em terrenos que
tambm o sejam, quando as mesmas no estiverem classificadas entre as guas comuns
de todos, as guas pblicas ou as guas comuns.
CAPTULO IV - lveo e margens:
Art. 9 lveo a superfcie que as guas cobrem sem transbordar para o solo natural e
ordinariamente enxuto.
1 Constituem-se patrimnios da Unio, dos Estados ou dos Municpios.
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Art. 10 O lveo ser pblico de uso comum do dominical, conforme a propriedade
das respectivas guas; e ser particular no caso das guas comuns ou das guas
particulares.
Quanto ao aproveitamento das guas o Cdigo assegurava, em seus Artigos 34 e 35,
o uso gratuito de qualquer corrente de gua ou nascente, para as primeiras necessidades da
vida. O Cdigo de guas (1934) previa sanes aos que polussem os corpos dgua
(Artigos 109 a 112), entretanto os critrios no estavam bem estabelecidos, portanto os
problemas de poluio hdrica eram tratados com pouco rigor.
Em 1940, o Cdigo Penal instituiu a penalizao criminal por poluio de recursos
hdricos.
Em 15 de setembro de 1965, em pleno surto desenvolvimentista, o Governo Federal
instituiu o Cdigo Florestal (Lei N 4 771), introduzindo novos ordenamentos referentes ao
meio ambiente, prevendo, ainda, sanes mais rgidas atravs de dispositivos reguladores e
punitivos sobre poluio hdrica e supresso de vegetao arbrea (KOZMA, 1994).
No captulo sero apresentadas partes dos Artigos consideradas relevantes que
auxiliam na identificao da situao da Sub-bacia Hidrogrfica do Ribeiro Vermelho em
relao legislao federal2 que vigorou de 1965 at 1998.
Art. 1. As florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de vegetao,
reconhecidas de utilidade s terras que revestem, so bens de interesse comum a todos
os habitantes do Pas, exercendo -se os direitos de propriedade, com as limitaes que
a legislao em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
Pargrafo nico. As aes ou omisses contrrias s disposies deste Cdigo na
utilizao e explorao das florestas so consideradas uso nocivo da propriedade (art.
302, XI b, do Cdigo de Processo Civil).
Art. 2. Consideram-se de preservao permanente, pelo s efeito desta Lei, as
florestas e demais formas de vegetao natural situadas:
2 Alterada pela Lei Federal n 7803, de 18 de julho de 1989 que, revoga as Leis ns 6.535, de 15 de junho de
1978, 7.511, de 7 de julho de 1986.
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20
a. Ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'gua, em faixa marginal cuja
largura mnima seja:
1) de 5 (cinco) metros para os cursos d'gua de menos de 10 (dez) metros de largura;
[...]
b. Ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais;
c. Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'gua", qualquer
que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinqenta) metros de
largura; [...]
Pargrafo nico. No caso de reas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
permetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regies metropolitanas e
aglomeraes urbanas, em todo o territrio abrangido, observar-se- o disposto nos
respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios e limites a
que se refere este artigo."
Art. 3. Consideram-se, ainda, de preservao permanente, quando assim declaradas
por ato do Poder Pblico, as florestas e demais formas de vegetao natural
destinadas: a atenuar a eroso das terras; [...] a assegurar condies de bem-estar
pblico.
1. A supresso total ou parcial de florestas de preservao permanente s ser
admitida com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando for necessria
execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse
social. [...]
Em 1979, o Governo Federal sancionou a Lei sobre o Parcelamento e Uso do Solo
Urbano, Lei Federal3 N 6766, e esta poderia ter suas normas complementadas pelos
Estados, Distrito Federal e Municpios, para adequar o previsto nesta Lei s peculiaridades
regionais e locais. De acordo com essa Lei, foram estabelecidos os critrios para o
parcelamento do solo urbano, mediante loteamento ou desmembramento, quando estes
fossem aprovados pelo plano diretor ou aprovados por lei municipal. Os loteamentos
deveriam seguir os ndices urbansticos e possuir infra-estrutura bsica, tais como:
equipamentos urbanos de escoamento das guas pluviais, iluminao pblica, redes de
3 J alterada pela Lei N 9.875, de 29 de Janeiro de 1999, que dispe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e d outras providncias.
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esgoto sanitrio, abastecimento de gua potvel, de ener gia eltrica pblica e domiciliar e
vias de circulao.
Essa Lei Federal previa, ainda, restries ao parcelamento em reas com condies
especficas que perturbassem o bem-estar ou oferecesse risco populao. Quanto aos
requisitos urbansticos, da Lei N 6766/79, destacam-se: a proporcionalidade entre a
implantao dos equipamentos urbanos e a densidade de ocupao prevista pelo plano
diretor ou lei municipal, rea mnima de 125m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados); e
a obrigatoriedade de reserva de faixa non aedificandi de 15m (quinze metros) ao longo
das guas correntes e dormentes e das faixas de domnio pblico das rodovias, ferrovias e
dutos.
Em 1981, no plano federal, a Lei N 6938/81, regulamentada pelo Decreto N
88351/83, instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente e criou o Sistema Nacional de
Meio Ambiente. Com essas medidas o Governo Federal institucionalizou e orientou as
aes de planejamento e gesto, ao formular as diretrizes que devem ser seguidas pelos
Governos Estadual e Municipal, bem como pela sociedade civil.
Na mesma dcada, o Cdigo Florestal teve sua primeira alterao atravs da Lei
7511/86, e a faixa de preservao permanente passou de 5 (cinco) para 30 (trinta) metros
nas margens dos cursos dgua com menos de 10 metros de largura. Em 1989, o Cdigo
Florestal passou por mais uma reformulao (Lei N 7803/89), que alterou, principalmente,
a sua redao.
Em 1988, foi promulgada a Constituio Federal, que reservou um de seus
Captulos ao Meio Ambiente (Ttulo VIII Da Ordem Social, Captulo VI Do Meio
Ambiente). O Estado de So Paulo promulgou sua Constituio em 5 de outubro de 1989,
seguindo os mesmos princpios da Unio, dedicando o Captulo IV ao Meio Ambiente,
Recursos Naturais e Saneamento.
Na Seo do Meio Ambiente, da Constituio Estadual, no Art. 192 est previsto
que a execuo de obras, atividades, processos produtivos e empreendimentos e a
explorao de recursos naturais de qualquer espcie, quer pelo setor pblico, quer pelo
privado, sero admitidas se houver resguardo do meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
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No Art. 193 da Constituio Estadual (CE) foi prevista a criao de um sistema de
administrao da qualidade ambiental, proteo, controle e desenvolvimento do meio
ambiente e uso adequado dos recursos naturais, este sistema deve organizar, coordenar e
integrar as aes de rgos e entidades da administrao pblica direta e indireta,
assegurando a participao da coletividade, com diversas finalidades, dentre elas: a
proposio de uma poltica estadual de proteo ao meio ambiente; a adoo de medidas
para manter e promover o equilbrio ecolgico e a qualidade ambiental; a promoo e
manuteno do inventrio e o mapeamento da cobertura vegetal nativa visando adoo de
medidas especiais de proteo, bem como promover o reflorestamento, em especial, s
margens de rios e lagos, visando a sua perenidade; dentre outros.
As reas de proteo permanente so descritas pelo Art. 197 (CE), dentre as quais se
incluem as nascentes, os mananciais e matas ciliares.
Na Seo II, dos Recursos Hdricos, em seu Art. 205, o Estado instituiu o Sistema
Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hdricos, no qual se congregam rgos
estaduais, municipais e a sociedade civil, e assegurando meios financeiros e institucionais
para o uso, a preservao, o planejamento e a gesto dos recursos hdricos. Nessa Seo,
nota-se a antecipao de alguns princpios4 norteadores da Poltica Nacional de Recursos
Hdricos, que se regulamentaria, em nvel nacional, quase uma dcada mais tarde, atravs
da Lei 9433/97.
Para a proteo e conservao das guas, o Estado incentiva, atravs do Art. 210
(CE), a adoo, pelos Municpios, de medidas como implantao, conservao e
recuperao de matas ciliares, que preservem a qualidade das guas utilizveis para o
abastecimento.
Dando continuidade ao processo de Poltica voltada ao Meio Ambiente, o governo
do Estado de So Paulo, em 1991 promulgou a Lei N 7663, que estabelecia as normas de
4 Sero apresentados alguns princpios da Constituio Estadual (1989) presentes na Lei Federal 9433/97: utilizao racional das guas superficiais e subterrneas e sua prioridade para abastecimento s populaes; o aproveitamento mltiplo dos recursos hdricos...; a proteo das guas contra aes que possam comprometer o seu uso atual e futuro; a gesto descentralizada, participativa e integrada em relao aos demais recursos naturais e s peculiaridades da respectiva bacia hidrogrfica.
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orientao da Poltica Estadual de Recursos Hdricos bem como ao Sistema Integrado de
Gerenciamento dos Recursos Hdricos, tendo como objetivos e princpios:
Art. 2 - A Poltica Estadual de Recursos Hdricos tem por objetivo assegurar que a
gua, recurso natural essencial vida, ao desenvolvimento econmico e ao bem-estar
social, possa ser controlada e utilizada, em padres de qualidade satisfatrios, por
seus usurios atuais e pelas geraes futuras, em todo territrio do Estado de So
Paulo.
Art. 3 - A Poltica Estadual de Recursos Hdricos atender aos seguintes princpios:
I - gerenciamento descentralizado, participativo e integrado, sem dissociao dos
aspectos quantitativos e qualitativos e das fases meterica, superficial e subterrnea do
ciclo hidrolgico;
II - adoo da bacia hidrogrfica como unidade fsico-territorial de planejamento e
gerenciamento;
III - reconhecimento do recurso hdrico como um bem pblico, de valor econmico,
cuja utilizao deve ser cobrada, observados os aspectos de quantidade, qualidade e as
peculiaridades das bacias hidrogrficas;
IV - rateio do custo das obras de aproveitamento mltiplo de interesse comum ou
coletivo, entre os beneficiados;
V - combate e preveno das causas e dos efeitos adversos da poluio, das
inundaes, das estiagens, da eroso do solo e do assoreamento dos corpos d'gua;
VI - [...]
VII - compatibilizao do gerenciamento dos recursos hdricos com o desenvolvimento
regional e com a proteo do meio ambiente.
Na Seo II das diretrizes da Poltica, no Art. 4, o Estado assegura meios
financeiros e institucionais, por intermdio do Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hdricos SIRGH, para atendimento do disposto nos artigos 205 a 213 (CE),
especialmente para a utilizao racional dos recursos hdricos; para a proteo das guas
contra aes que possam comprometer o seu uso, atual e futuro; para a preveno da eroso
do solo nas reas urbanas e rurais, a fim de proteger os corpos dgua da poluio fsica e
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do assoreamento; dentre outros. So previstas, nos Artigos 6 e 7, aes integradas e a
realizao de programas conjuntos com os municpios, mediante convnios de mtua
cooperao, assistncia tcnica e econmico- financeira, com vistas:
I instituio de reas de proteo e conservao das guas utilizveis para
abastecimento das populaes;
II - implantao, conservao e recuperao das reas de proteo permanente e
obrigatria;
III - ao zoneamento das reas inundveis, com restries a usos incompatveis nas
reas sujeitas a inundaes freqentes e manuteno da capacidade de infiltrao do
solo;
IV - implantao de sistemas de alerta e defesa civil para garantir a segurana e a
sade pblicas, quando de eventos hidrolgicos indesejveis;
V - racionalizao do uso das guas destinadas ao abastecimento urbano, industrial
e irrigao;
VI - ao combate e preveno das inundaes e da eroso;
VII - ao tratamento de guas residurias, em especial dos esgotos urbanos.
A Constituio Estadual (1989) trata em seu Captulo II dos Instrumentos da
Poltica Estadual dos Recursos Hdricos que se constituem em mecanismos de gesto como
a Outorga de Direitos de Uso dos Recursos Hdricos, as Infraes e Penalidades, a
Cobrana pelo Uso dos Recursos Hdricos, o Rateio de Custos das Obras. No caso deste
ltimo item, o Art. 15 define que :
As obras de uso mltiplo, ou de interesse comum ou coletivo, dos recursos hdricos,
tero seus custos rateados, direta ou indiretamente, segundo critrio e normas a serem
estabelecidas em regulamento, atendidos os seguintes procedimentos:
I - a concesso ou autorizao de obras de regularizao de vazo, com potencial de
aproveitamento mltiplo, dever ser precedida de negociao sobre o rateio de custos
entre os beneficiados...
II - a construo de obras de interesse comum ou coletivo depender de estud os de
viabilidade tcnica, econmica, social e ambiental, com previso de formas de retorno
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dos investimentos pblicos ou justificativa circunstanciada da destinao de recursos a
fundo perdido;
Pargrafo nico - O rateio de custos das obras de que trata este artigo ser efetuado
segundo critrio social e pessoal, e graduado de acordo com a capacidade econmica
do contribuinte, facultado aos rgos e entidades competentes identificar, respeitados
os direitos individuais, a origem de seu patrimnio e de seus rendimentos, de modo a
que sua participao no rateio no implique a disposio de seus bens.
Essa legislao instituiu o Plano Estadual de Recursos Hdricos e sua Poltica
Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hdricos, atravs do Sistema Integrado de
Gerenciamento de Recursos Hdricos SIGRH, que visa executar a Poltica Estadual de
Recursos Hdricos, formular e aplicar o Plano de Recursos Hdricos congregando rgos
estaduais, municipais e a sociedade civil.
Na Seo II, em seu Art. 22 apresenta-se a criao dos rgos colegiados,
consultivos e deliberativos, como o Conselho Estadual de Recursos Hdricos CRH, de
nvel central, os Comits de Bacias Hidrogrficas CBH com atuao em unidades
hidrogrficas estabelecidas pelo Plano Estadual de Recursos Hdricos, como o CBH-PS da
Bacia do Rio Paraba do Sul.
H ainda o Fundo Estadual de Recursos Hdricos FEHIDRO, criado para dar
suporte financeiro Poltica Estadual dos Recursos Hdricos e aes referentes gesto
desses recursos.
Nesse mesmo ano, 1991, o Governo Estadual instituiu o Decreto N 33135, que
dispunha sobre as atividades relativas ao controle e proteo dos mananciais, que passaram
a ser desempenhadas pela Secretaria do Meio Ambiente.
Na esfera federal, em 1997, aps cinco anos de discusso no Congresso Nacional e
amparada por um amplo debate em nvel nacional, com a participao dos diversos
segmentos tcnicos, polticos e sociais, em 8 de janeiro desse ano, foi promulgada a Lei
Federal no 9.433 que instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e criou o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.
Os princpios bsicos da Lei 9433/97 so: a adoo da Bacia Hidrogrfica como
unidade de planejamento - o gerenciamento de uma bacia no diz respeito apenas ao
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recurso hdrico, mas tambm rea em seu entorno e a todos os problemas ambientais que
podem degradar o recurso hdrico; o uso mltiplo da gua - todos os setores de usurios
tero igual acesso aos recursos hdricos, acabando com a predominncia que o setor eltrico
tinha sobre a gesto dos mesmos; entende que a gua um bem finito e vulnervel e que
possui valor econmico - o que deve induzir a uma utilizao mais racional e instituio
da cobrana pelo uso da gua; prev a gesto descentralizada e participativa -
participao de todos os usurios da sociedade civil organizada, das empresas, das
Organizaes No Governamentais e outros organismos que possam influenciar na tomada
de decises sobre os planos de melhoria das bacias hidrogrficas.
Foram estabelecidos alguns instrumentos para uma melhor gesto do uso da gua: o
Plano Nacional de Recursos Hdricos programa de atualizao e consolidao dos
chamados Planos Diretores de Recursos Hdricos, elaborados por bacias (ou conjunto de
bacias) hidrogrficas; a Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hdricos - instrumento
pelo qual o usurio recebe uma autorizao ou uma concesso para fazer uso da gua; a
Cobrana pelo uso da gua instrumento que dever servir para criar as condies de
equilbrio entre as foras de oferta e demanda, promovendo a harmonia entre os usurios
competidores; o enquadramento dos corpos dgua em classes de uso - importante para se
estabelecer um sistema de vigilncia sobre os nveis de qualidade e disponibilidade de gua
dos mananciais; e o Sistema Nacional de Informaes sobre Recursos Hdricos -
encarregado de coletar, organizar, criticar e difundir a base de dados relativa aos recursos
hdricos, podendo promover desta forma informao a todos os usurios da bacia,
auxiliando na tomada de decises.
Para desempenhar o processo de gesto compartilhada dos recursos hdricos foram
institudos o Conselho Nacional de Recursos Hdricos - com poder de deciso sobre as
grandes questes do setor; o Conselho Estadual de Recursos Hdricos, com poder de
deciso em sua esfera de competncia, ou seja, quando a bacia hidrogrfica for de sua
dominialidade; os Comits de Bacia Hidrogrfica, rgos colegiados com atribuies
normativas, deliberativas e consultivas a serem exercidas na sua rea de atuao, compostos
pelos usurios, pelas prefeituras, por representantes dos governos federal e estadual e pela
sociedade civil organizada, denominando-se parlamento das guas da bacia; as Agncias de
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gua - brao tcnico dos comits, e as Organizaes civis de recursos hdricos - entidades
atuantes no setor de planejamento e gesto do uso da gua (BRASIL, 2003).
A Poltica Nacional de Recursos Hdricos, em vigor, incorpora princpios, normas e
padres de gesto das guas universalmente aceitos e praticados em muitos pases e adota
prticas democrticas e descentralizadas de gesto das guas, envolvendo mltiplos usos e
diferentes formas de compartilhamento. Tais procedimentos podem operar uma enorme
mudana no apenas na gesto hdrica, como tambm na prpria gesto ambiental como
um todo. A Figura 2.1 apresenta o Arranjo Institucional para a Gesto de Bacias
Hidrogrficas.
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Figura 2.1: Arranjo Institucional para a Gesto de Bacias Hidrogrficas
Fonte: adaptado de Brasil, 2003.
CRH Governo do Estado
rgo ou Entidade Estadual
Comit de Bacia(RDE)
CBH-PS
Agncia de gua
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos
mbito Conselho Governo Poder outorgante
Secretaria Executiva
Parlamento
CNRH MMA ANA Comit de Bacia(RDU)
CEIVAP
Agncia de gua
SRH
Fed.
Est.
Mun.
Comits de Bacia Cmaras Tcnicas
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Uma das medidas que demonstra a repercusso da nova legislao para os recursos
hdricos no mbito estadual, foi a Resoluo Conjunta SMA/SAAN, de 7 de abril de 1997,
que dispe sobre o licenciamento ambiental dos projetos conservacionistas constantes do
Programa Estadual de Microbacias Hidrogrficas.
Seguindo os princpios e diretrizes da Lei Federal 9433/97, o Governo do Estado de
So Paulo promulgou a Lei N 9866, em 28 de novembro de 1997, que dispe sobre
diretrizes e normas para a proteo e recuperao das bacias hidrogrficas dos mananciais
de interesse regional do Estado.
O Novo Cdigo Florestal, Lei Federal N 9605/98, trata das sanes penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, bem como
estabelece as diretrizes e parmetros para o uso dos recursos naturais. Em se tratando de
legislao ambiental, esta se constitui como o arcabouo legal do qual derivam as demais
legislaes, nas esferas nacional, estadual e municipal.
Para melhor visualizao da evoluo da legislao pertinente ao uso e ocupao de
bacias hidrogrficas, mais especificamente, que interferem na dinmica dos recursos
hdricos, esto sendo apresentadas, na Tabela 2.1, as legislaes levantadas para essa
pesquisa.
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Tabela 2.1: Resumo da evoluo da legislao referente aos recursos hdricos.
Perodo/Ano Mecanismo legal Dispe sobre:
1934 - 1965
Cdigo de guas os recursos hdricos. Esse Cdigo regulamentava o uso das guas.
1940
Cdigo Penal a instituio de penalizao criminal por poluio de recursos hdricos.
1965 Cdigo Florestal - Lei
N 4 771
novos ordenamentos referentes ao meio ambiente; previa sanes mais rgidas para os casos de poluio hdrica e supresso de vegetao arbrea.
1979 Lei Federal N 6766
o parcelamento e uso do solo urbano. Nessa Lei foram estabelecidos os critrios para o parcelamento do solo urbano, mediante loteamento ou desmembramento. Lotes com rea mnima de 125m2 e a obrigatoriedade de reserva de faixa non aedificandi de 15m (quinze metros) ao longo das guas correntes e dormentes e das faixas de domnio pblico das rodovias, ferrovias e dutos.
1981 Lei Federal N 6938
a instituio da Poltica Nacional de Meio Ambiente e criao do Sistema Nacional de Meio Ambiente; o Governo institucionaliza e orienta as aes de planejamento e gesto ambiental, em nvel nacional, estadual e municipal.
1988 Constituio Federal
o direito que todos tm ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. Dedica um de seus Captulos ao Meio Ambiente.
1989
Constituio Estadual
a execuo de obras, atividades, processos produtivos e empreendimentos e a exp lorao de recursos naturais de qualquer espcie, quer pelo setor pblico, quer pelo privado, sendo admitidos se houver resguardo do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dedica o Captulo IV ao Meio Ambiente, Recursos Naturais e Saneamento.
1991 Lei Estadual - N 7663
as normas de orientao da Poltica Estadual de Recursos Hdricos e cria o Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hdricos.
1991
Decreto Estadual - N 33135
as atividades relativas ao controle e proteo dos mananciais, que passaram a ser desempenhadas pela Secretaria do Meio Ambiente.
1997
Lei Federal - N 9433 a instituio da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e criao do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.
1997
Lei Estadual - N 9866 as diretrizes e normas para a proteo e recuperao das bacias hidrogrficas dos mananciais de interesse regional do Estado.
1998 Novo Cdigo Florestal
Lei Federal N 9605
as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, bem como estabelece as diretrizes e parmetros para o uso dos recursos naturais.
2000 Deliberao do
Consema
a recomendao Secretaria Estadual do Meio Ambiente que, nos licenciamentos de novos loteamentos, atente para a necessidade de preservao, ao longo das margens dos rios e demais cursos d'gua, de faixa de trinta (30) metros de largura, em reas urbanas que ainda apresentem caractersticas rurais .
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2.5 Os reflexos da ocupao urbana em bacias hidrogrficas
A palavra ambiente indica o lugar, o stio, o recinto, o espao que envolve os seres
vivos. Quando elevado categoria de bem jurdico essencial vida, sade e cidade do
homem, passa a incorporar uma srie de elementos naturais, artificiais e culturais, que
deles derivam o meio ambiente natural, cultural e artificial. Sendo que o meio ambiente
natural se constitui dos recursos naturais existentes; o meio ambiente cultural formado
pelo patrimnio artstico, histrico, turstico, paisagstico, arqueolgico, espeleolgico; j o
ambiente artificial pode ser entendido como ambiente construdo: o conjunto de
edificaes e os equipamentos pblicos (ruas, praas, reas verdes etc.) (MILAR, 1994).
Segundo Sausen (1988, p.2), um dos agentes causadores de impactos sobre o meio
ambiente a ocupao humana da bacia de drenagem, alterando a forma do canal do rio,
em decorrncia da impermeabilizao do solo, determinando o aumento do escoamento
superficial e de sedimentos para o canal do rio, e ainda pela perda da cobertura vegetal ou
manejo de culturas, acarretando a acelerao do processo erosivo das margens, dando
origem ao processo de assoreamento do corpo d'gua.
Assim sendo, os impactos podem ser entendidos como agentes ou mecanismos
causadores de alterao no meio fsico, social ou outros podendo determinar efeitos
positivos ou negativos. A quantificao e a qualificao do que se denomina impacto, pode
ser entendido de forma subjetiva, portanto de difcil definio, uma vez que o ambiente tem
sua explorao multifuncional, o que caracteriza a importncia de se estruturar equipes de
planejamento multidisciplinar para avaliar os problemas ambientais.
Por ter-se adotado uma sub-bacia hidrogrfica, como ambiente/rea de estudo, faz-
se necessrio compreender a constituio fsica dessa modalidade de paisagem.
O conceito de bacia hidrogrfica (BH) tem sido cada vez mais expandido como
unidade de gesto da paisagem na rea de planejamento ambiental. Na perspectiva de
um estudo hidrolgico, o conceito de BH envolve explicitamente o conjunto de terras
drenadas por um corpo d'gua principal e seus afluentes e representa a unidade mais
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apropriada para o estudo qualitativo e quantitativo do recurso gua e dos fluxos de
sedimentos e nutrientes. [...] Do ponto de vista do planejador direcionado
conservao dos recursos naturais, o conceito tem sido ampliado, com uma
abrangncia alm dos aspectos hidrolgicos, envolvendo o conhecimento da estrutura
biofsica da BH, bem como das mudanas nos padres de uso da terra e suas
implicaes ambientais (PIRES, SANTOS & DEL PRETTE 2002, p.17).
O fato de se adotar a bacia hidrogrfica como unidade de controle relativamente
simples de se entender: as guas tendem a correr para as drenagens, e dessas para os riachos
e ribeires, desaguando nos rios maiores e lagos; qualquer atividade desenvolvida nessa
rea pode influir na qualidade e na preservao das guas superficiais e subterrneas
(MARCHI, 2002).
Para discutir a produo do espao, sabendo-se que a dinmica do processo de
urbanizao interfere diretamente no equilbrio do sistema, c