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Entre a via para se instaurar uma sociedade socialista e o personalismo de Mounier Programas do PSD Visões. O PSD assume-se hoje como um partido não "determinista" que conduz a sua ação política em favor de um modelo de socieda- de". Mas, em 1974, queria a "construção de uma sociedade socialista" FERNANDO MADAÍL No livro do GENEPSD escreve-se que o partido "não é determinista nem pretende conduzir a respeti- va atuação política em favor de um modelo de sociedade". na ver- são em vigor do programa, na re- dação de 1992, em que se assumia o "legado político" de Carneiro e se registava o conceito "reformis- mo" (sem nenhum destaque no original), se sublinhava esta pers- petiva: "A interpretação do PSD da social- democracia moderna não assenta numa ideologia determi- nista, que vise atingir pretensos es- tágios finais predeterminados em que acabaria a evolução das socie- dades humanas." E, no entanto, os quase mil con- gressistas de 1974, "políticos em- penhados na construção de uma sociedade socialista", propunham "um projeto de transformação global da nossa sociedade", escla- recendo que o partido apenas vi- saria "a conquista do poder por via eleitoral e demais regras do pro- cesso democrático, afim de ins- taurar progressivamente uma so- ciedade socialista em liberdade no nosso país". Aliás, logo a abrir o preâmbulo desse primeiro progra- ma tudo era claro: "O Programa do Partido Popular Democrático não pode ser nem um simples conjun- to de medidas concretas articula- das entre si de modo a esboçar uma política de governo, nem tão- -pouco um agregado de expres- sões utópicas ou de carácter de- magógico. Deverá antes traduzir claramente e sem ambiguidade as linhas fundamentais de um proje- to de transformação global da nos- sa sociedade (...)." No livro base do projeto atual es- creve-se que o PSD é "um partido que nasceu com uma raiz genui- namente portuguesa, baseada nu- ma filosofia social-cristã, no perso- nalismo de Mounier e nos valores da liberdade e da democracia oci- dental". No programa de 1992 lia- -se que "a cultura ea identidade política do PSD foi assim constituí- da na base de correntes que têm, na Europa, as suas raízes espiri- tuais no cristianismo e no huma- nismo, no pensamento democrá- tico e liberal, e sucessivamente en- riquecidas pelas experiências dos movimentos cívicos e sociais dos trabalhadores, pela luta dos povos

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Page 1: Programas PSD Entre a via instaurar uma...ma tudo era claro: "O Programa do Partido Popular Democrático não pode ser nem um simples conjun-to de medidas concretas articula-das entre

Entre a via parase instaurar umasociedade socialistae o personalismode Mounier

Programas do PSD

Visões. O PSD assume-se hoje como um partido não "determinista"

que conduz a sua ação política em favor de um modelo de socieda-de". Mas, em 1974, queria a "construção de uma sociedade socialista"

FERNANDO MADAÍL

No livro do GENEPSD escreve-se

que o partido "não é deterministanem pretende conduzir a respeti-va atuação política em favor de ummodelo de sociedade". Já na ver-são em vigor do programa, na re-dação de 1992, em que se assumiao "legado político" de Sá Carneiroe se registava o conceito "reformis-mo" (sem nenhum destaque nooriginal), se sublinhava esta pers-petiva: "A interpretação do PSD dasocial- democracia moderna nãoassenta numa ideologia determi-nista, que vise atingir pretensos es-

tágios finais predeterminados emque acabaria a evolução das socie-dades humanas."

E, no entanto, os quase mil con-

gressistas de 1974, "políticos em-penhados na construção de umasociedade socialista", propunham"um projeto de transformaçãoglobal da nossa sociedade", escla-recendo que o partido apenas vi-saria "a conquista do poder por viaeleitoral e demais regras do pro-cesso democrático, afim de ins-taurar progressivamente uma so-ciedade socialista em liberdade nonosso país". Aliás, logo a abrir o

preâmbulo desse primeiro progra-ma tudo era claro: "O Programa doPartido Popular Democrático nãopode ser nem um simples conjun-to de medidas concretas articula-das entre si de modo a esboçaruma política de governo, nem tão--pouco um agregado de expres-sões utópicas ou de carácter de-magógico. Deverá antes traduzir

claramente e sem ambiguidade as

linhas fundamentais de um proje-to de transformação global da nos-sa sociedade (...)."

No livro base do projeto atual es-

creve-se que o PSD é "um partidoque nasceu com uma raiz genui-namente portuguesa, baseada nu-ma filosofia social-cristã, no perso-nalismo de Mounier e nos valoresda liberdade e da democracia oci-dental". No programa de 1992 lia--se que "a cultura e a identidadepolítica do PSD foi assim constituí-da na base de correntes que têm,na Europa, as suas raízes espiri-tuais no cristianismo e no huma-nismo, no pensamento democrá-tico e liberal, e sucessivamente en-riquecidas pelas experiências dosmovimentos cívicos e sociais dos

trabalhadores, pela luta dos povos

Page 2: Programas PSD Entre a via instaurar uma...ma tudo era claro: "O Programa do Partido Popular Democrático não pode ser nem um simples conjun-to de medidas concretas articula-das entre

contra todas as formas de opressãoe pelo próprio exercício do poderpolítico em diversas circunstânciase momentos históricos".

Em nenhum dos textos o parti-do se assume como socialista- termo que, no documento de1974, é muito mais frequente do

que social-democracia. " [A cria-ção do partido] obedeceu ao reco-nhecimento da necessidade deoferecer aos portugueses a possi-bilidade de tornarem efetiva e

atuante uma vontade política diri-gida pelos valores do socialismo(...). Aplicando estes princípios àsociedade portuguesa, o PartidoPopular Democrático afirma o pri-mado do direito de todos os portu-

gueses a desenvolverem livremen-te a sua personalidade" - mas nãohá qualquer referência explícita,quejásurgeem 1992 ("umpartidopersonalista, para o qual o início eo fim da política reside na pessoahumana") , a Emmanuel Mounier.

O filósofo francês era, em 1974,a referência do CDS, cujo progra-ma, como sustentou Richard A. H.Robinson, "afirmava 'o humanis-mo personalista', o credo deEmmanuel Mounier, como a filo-sofia básica que informava as ati-vidades do partido" ("Do CDS aoCDS-PP: o Partido do Centro De-mocrático Social e o seu papel napolítica portuguesa", in revistaAnálise Social, vol. XXXI (4. °j) .

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O I Congresso, reunido emLisboa em novembro de 1974,aprovou o primeiro programado (então) PPD. Na foto doisdos seus fundadores, FranciscoPinto Balsemão e Francisco SáCarneiro

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Aliás, nos debates da Assem-bleia Constituinte, logo a 1 7 de ju-lho, Amaro da Costa seria o pri-meiro deputado a invocar o filóso-fo que escreveu O Personalismo,seguido, seis dias depois, por Basí-lio Horta. Durante esse período dedebates parlamentares, o nome deMounier é citado mais três vezes,pelos sociais-democratas PedroRoseta e José Augusto Seabra-mas este, curiosamente, estreou--se como o primeiro deputado acitar também Karl Marx. Afinal, noI Congresso da JSD, além das ima-

gens de Bernstein e de AntónioSérgio, estavam penduradas nopavilhão fotos de Mounier e deMarx.

O texto dos fundadores era, deresto, muito explícito em relação às

fontes inspiradoras. "Liberdade,igualdade e solidariedade são os

grandes ideais do socialismo e rea-lizam-se na democracia. Não háverdadeira democracia sem socia-lismo, nem socialismo autênticosem democracia. Estes ideais são aherança de uma complexa tradi-ção cultural historicamente ali-mentada pelos contributos do hu-manismo, do cristianismo e da fi-losofia ocidental, das lutas dasclasses trabalhadoras, da análisedas formas de contradição e opres-são da sociedade capitalista e docombate feroz contra o fascismo,os imperialismos e os totalitaris-mos. O Partido Popular Democrá-tico pretende reunir todos os que

aceitam os ideais do socialismo e

procuram realizá-los pela constru-ção da democracia, independen-temente da sua crença religiosa ouformação filosófica. A sua unidadebaseia-se em ideais e objetivos po-líticos comuns e consolida-se naprática quotidiana da luta pela de-mocracia e pelo socialismo."

E, acerca do abominar as tesesde Marx, convém voltar ao progra-ma original, antes do "reformis-mo" e do "gradualismo" inscritosem 1992. " [O PPD] não é um parti-do com orientação dogmática, pa-ra além do necessário e perma-nente compromisso de todos os

seus aderentes nos valores funda-mentais do socialismo democráti-co e humanista. Pretende aprovei-tar, pois, as contribuições de qual-quer corrente de pensamentopolítico válido, incluindo as análi-ses económicas e sociológicas domarxismo, sem se deixar enfeudara nenhuma delas." E, nos debatesda Constituinte, José Augusto Sea-bra declarava: "Para nós, que nãosomos marxistas, embora do mar-xismo não recusemos o contribu-to crítico acerca da alienação capi-talista, que com outros funda-mentos também combatemos."

Sem qualquer autocrítica nosnovos textos, o PSD assume a suaprática política, rejeitando "mode-

los programáticos que sobrevalo-rizem o Estado e a sua intervençãocomo meio de transformação so-cial, como defendem as conce-

ções socialistas" (programa de1992), "o coletivismo marxista, o

estatismo, o individualismo libe-ral, o igualitarismo e o transperso-nalismo" (como se regista na obrada recente Comissão de Revisão),enquanto assume que, "sendo so-

cial-democrata, valoriza o libera-lismo político e a livre iniciativa ca-racterizadora de uma economiaaberta ao mercado" (no texto de1992), "avia reformista, por con-traposição aos planos revolucio-nários de engenharia social" (no li-vro de 2012) - como se nunca ti-vesse proposto qualquer outra via.

E, contudo, em 1974, todas aslinhas orientadoras entronca-vam numa ideia de economiaplanificada (ver caixas). Quantoao programa, não apenas se

apontava uma "via para atingir o

socialismo democrático em Por-

tugal" e se desenhava "um proje-to socialista de cunho democrá-tico e personalista", criticando o"domínio do homem sobre o ho-mem" e contestando "uma acu-mulação de capital sem prece-dentes", como se detalhavam " [os

objetivos fundamentais] de umapolítica socialista". As contradi-ções ideológicas são tão acentua-das que parece estarmos a ler os

projetos de dois partidos nos an-típodas um do outro.

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Ideologiaao longodos tempos> A base ideológica do PSDmudou em mais de 30 anos dedemocracia. Da defesa daextinção das bases da NATOno primeiro programa, datadode 1974, e que propunhatambém mais nacionalizaçõese a reforma agrária, o partidoevoluiu em 1992 para umideário muito diferente. Aindaassim crítico de um mercadoapenas assente no lucroeconómico e defensor de umEstado promotor dodesenvolvimento. Nestaaltura, o PSD considerava queos "excessos do EstadoProvidência conduziram emmuitos casos ao atrofiamentoda sociedade civil". O atuallíder do PSD deu-lhe novaroupagem ao falar de libertara sociedade do peso doEstado.

Mercado nemsempre foialvo de elogios

economia "O mercado constitui omeio mais eficiente e capaz de, si-

multaneamente, evitar o desper-dício de recursos individuais e co-letivos e assegurar o crescimentoeconómico" - é uma ideia que seassocia ao PSD e é registada noprograma de 1992. "Um sistemaeconómico [assente] no lucro in-dividual revelou-se incapaz de,por si só e sem intervenção do Es-

tado, assegurar o pleno empregoe planear a satisfação das necessi-dades coletivas", lia-se, porém, no

programa de 1974. 0 PSD "valori-za o liberalismo político e a livreiniciativa caracterizadora de umaeconomia aberta de mercado"(1992). Sem intervenção do Esta-do, "as necessidades cuja satisfa-

ção é menos lucrativa tendem a fi-car por satisfazer. É o caso das ne-cessidades fundamentais daeducação, da saúde, da segurançae da cultura" (1974).

Estado erapromotor dodesenvolvimento

riqueza O PSD "rejeita modelosprogramáticos que sobrevalori-zem o Estado e a sua intervençãocomo meio de transformação so-cial, como defendem as conce-ções socialistas" (1992). "O Estadodeve ser considerado o promotordo progresso da economia e assu-mir a responsabilidade de garan-tir o desenvolvimento económi-co-social, a livre realização da per-sonalidade e a igualdade efetivaentre os cidadãos" (1974). "O PSDassume como linha primordial de

orientação política a necessidadede promover uma ampla liberta-ção da vida económica, social ecultural de peias estatizantes etecnocráticas" (1992). "Os investi-mentos não podem visar unica-mente a criação de riqueza, massobretudo a criação de postos detrabalho, obedecendo às diretri-zes do Plano" - a planificação daeconomia (1974).

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Extinguirasbases da NATOem Portugal

defesa "A garantia eficaz dos inte-resses do País está intrinsecamen-te ligada ao esforço de defesa na-cional", regista o programa de1992, defendendo, como pareceter sido sempre a prática do parti-do, a "nossa integração plena nasestruturas coletivas de defesa eu-ropeia e atlântica". Mas, em 1974,"num momento histórico em queos principais recursos do País de-vem ser devotados ao favoreci-mento da justiça social e do de-senvolvimento" o PPD " [admitia]a adesão à OTAN [era comum usara sigla em português] apenas en-quanto não estiver institucionali-zado um novo sistema internacio-nal e multinacional de segurança.Entretanto, a contribuição portu-guesa financeira e humana devediminuir progressivamente, assimcomo devem ser progressivamen-te extintas as bases estrangeirasem Portugal".

Nacionalizaçõese reformaagrária

radical Em vez de "rejeitar o esta-tismo", como sucedia em 1992, o

primeiro programa assumia "o

alargamento do âmbito do sectorpúblico". "Nesse sentido, o Estado

(...) intervirá diretamente no pro-cesso de produção e distribuição",em diversas situações. O primeirocaso, que hoje ninguém no PSDdefenderá, era "quando, devido às

exigências da técnica e da dimen-são do mercado, interno e exter-no, deva existir uma única entida-de produtora (monopólio natu-ral); neste caso, ela será ounacionalizada e convertida emempresa pública ou, pelo menos,o Estado deverá participar no ca-pital de forma a deter o real poderde decisão" - ainda não se falavade golden shares. Mais estranhoainda são as referências à Refor-ma Agrária, contra os "grandeslatifundiários" e pela defesa de

cooperativas.

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Saúdecomo um sectornacionalizado

sns "Como medida prioritária e

de base impõe-se a criação de umserviço público que permita e fo-mente a progressiva mas rápidasocialização dos cuidados médi-cos em Portugal", em que conti-nuaria a existir a "medicina livre- que se deseja manter apenas atítulo supletivo, em moldes a re-gular, e nunca em competiçãocom o Serviço Nacional de Saúde",

que "será financiado na sua tota-lidade pelo Orçamento Geral doEstado". O programa de 1974 nãosó defendia a transformação dasaúde "num sector altamente na-cionalizado", como até preconiza-va "a criação de uma empresa pú-blica (...) para produção de medi-camentos básicos". Já em 1992,numa posição genérica, conside-rava-se que "devem ser introduzi-das formas de devolução de pode-res administrativos para entida-des privadas".

Oposição à rádioe à televisãoprivadas

incoerências Olhando para o pro-grama que esteve em vigor até1992, parece que os líderes maiscarismáticos, Sá Carneiro e Cava-co Silva, governaram contra o seu

partido. Apenas dois exemplos. O

primeiro: "O Estado deverá, me-diante intervenções adequadas,assegurar que a distribuição decrédito por parte dabanca obede-

ça às linhas de política económicaprevistas no plano e não aos inte-resses dos grupos em que aquelase integra." O segundo: "Em maté-ria de rádio e televisão, porém, en-tende o [PPD] ser de evitar tanto o

monopólio do Estado como a li-berdade de criação de empresascapitalistas. Entende, por isso, o

partido que apenas empresas dedireito público e sem fins lucrati-vos e controladas por organismosdemocraticamente designadospelos utentes deverão ser autori-zados a emitir."

Um impostoanual sobrea riqueza

cogestão "O partido advoga umaprofunda transformação da em-presa", que "só se alcançará desde

que os trabalhadores passem a

participar concretamente, desde

já, na gestão das empresas e nocapital criado", numa cogestão,"com vista à aproximação do idealda autogestão, próprio da realiza-ção integral do socialismo", e emque se verifique uma "atribuiçãoaos trabalhadores de parte dos lu-cros, assegurando-lhes umaefeti-va participação no capitalismo". E

o primeiro programa do PSD ain-da sugeria medidas fiscais comoas hoje subscritas por comunistase bloquistas, desde a inclusão das"mais-valias e todos os demaisacréscimos ao património líquidopessoal" no imposto único até à

criação "de um imposto anual so-bre a riqueza, incluindo a não pro-dutiva, quando exceda determina-do montante".

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Empresaspúblicascontrolam energia

edp Os críticos de esquerda do Go-verno podiam citar o programa de1974 perante a venda da EDP."Atendendo-se à importância es-

tratégica no sistema económico--social, o sector da energia - deci-sivo para o êxito da política indus-trial - deverá ser fortementeintegrado, vertical e horizontal-mente, em grandes empresas na-cionalizadas ou com forte predo-mínio do Estado. Assim, o subsec-tor dos petróleos deverá serreorganizado numa holdingna-cional, abrangendo várias empre-sas e garantindo preços a nível eu-ropeu para os combustíveis in-dustriais. O subsector da ele-tricidade deverá também serigualmente reorganizado numaempresa única, responsável pelaprodução, transporte e distribui-ção da energia elétrica em todo o

País e capaz de promover a eletri-ficação de todo o território."

Mudam-se ostempos, mudam--se as ideias

despesa "Os excessos do EstadoProvidência conduziram em mui-tos casos ao atrofiamento da so-ciedade civil", concluía o progra-ma de 1992. Mas era bem distintoda posição anterior do partido. "A

adoção do programa social-de-mocrata que o [PPD] propõe im-plica um aumento substancial de

despesa pública, como resultadoda necessidade de assegurar umapolítica de justa remuneração dostrabalhadores da administraçãopública, de aumentar e melhorara quantidade e a qualidade dosbens e serviços destinados à satis-

fação das necessidades coletivas,de incrementar os investimentossociais, de alargar e aperfeiçoar os

programas de segurança e assis-tência social, de aumentar a par-ticipação direta do sector públiconas atividades de produção e de

distribuição." Duas teses contras-tadas.