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Programas Nacionais do PNRH PRODUTO 03: Avaliação de Programas Nacionais Versão final – Síntese, Comentários e Recomendações. PRODOC 704BRA2041 ANA/UNESCO Nome do Consultor: Francisco José Lobato da Costa Brasília, 23 de dezembro de 2005

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Programas Nacionais do PNRH

PRODUTO 03: Avaliação de Programas Nacionais Versão final – Síntese, Comentários e Recomendações.

PRODOC 704BRA2041 ANA/UNESCO

Nome do Consultor:

Francisco José Lobato da Costa

Brasília, 23 de dezembro de 2005

República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Ministério do Meio Ambiente – MMA Marina Silva Ministra Agência Nacional de Águas - ANA Diretoria Colegiada José Machado – Diretor-Presidente Benedito Braga Oscar de Morais Cordeiro Netto Bruno Pagnoccheschi Dalvino Troccoli Franca Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos João Gilberto Lotufo Conejo Superintendência de Usos Múltiplos Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho Superintendência de Conservação de Água e Solo Antônio Félix Domingues Superintendência de Outorga e Cobrança Francisco Lopes Viana Superintendência de Fiscalização Gisela Damm Forattini Superintendência de Apoio a Comitês Rodrigo Flecha Ferreira Alves Superintendência de Informações Hidrológicas Valdemar Santos Guimarães Superintendência de Tecnologia e Capacitação José Edil Benedito Superintendência de Administração e Finanças Luis André Muniz Superintendência de Programas e Projetos Paulo Lopes Varella Neto

©© Agência Nacional de Águas – ANA Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L e M CEP 70610-200, Brasília / DF PABX: 2109-5400 Endereço eletrônico: http://www.ana.gov.br Equipe editorial: Supervisão editorial: Elaboração dos originais: Revisão dos originais: Editoração eletrônica dos originais: Projeto gráfico, editoração e arte-final: Capa e ilustração: Diagramação: Todos os direitos reservados É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte. CIP-Brasil (Catalogação-na-publicação)

ANA - CDOC

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SUMÁRIO

Introdução: Contexto e Organização do Documento Parte 1 – Insumos para o Capítulo IV:- Diretrizes e Metas do PNRH 1.1. Conceitos e Políticas Regentes das Ações previstas no Plano Nacional de Recursos Hídricos 1.2. Escalas e Perspectivas provenientes da Inserção Espacial do PNRH, de Cenários Prospectivos e da Natureza (tipologia) dos Problemas de Recursos Hídricos no Brasil 1.3. Contextualização Intersetorial da Gestão de Recursos Hídricos 1.4. Diretrizes para o PNRH, advindas de Outras Abordagens Temáticas. Parte 2 – Insumos para o Capítulo V:- Linhas Programáticas, Escopo Básico e Indicadores para Monitoramento e Avaliação de Programas e Subprogramas do PNRH 2.1. Definição Tentativa do PNRH 2.2. Análise de Proposta Preliminar para a Estrutura de Programas do PNRH 2.3. Matriz de Sistematização de Diretrizes e Identificação de Possíveis Linhas Programáticas do PNRH 2.4. Diretrizes Gerais e Estratégia Robusta para o PNRH, advindas de Incertezas Críticas, da Multiplicidade de Atores Relevantes e de Invariâncias. 2.5. Consolidação de Macro-diretrizes, Estrutura Proposta e Fluxograma Lógico de Abordagens Temáticas e Ênfases Temporais dos Programas e Subprogramas do PNRH. 2.6. Detalhamento Preliminar de Objetivos, Justificativas, Escopo e Indicadores para Monitoramento e Avaliação de Programas e Subprogramas do PNRH. 2.7. Síntese, Comentários Finais e Recomendações para os Próximos Passos na elaboração do PNRH.

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Introdução: Contexto e Organização do Documento O presente documento insere-se no contexto dos esforços empreendidos pela Agência Nacional de Águas (ANA), no sentido de apoiar e complementar os trabalhos de elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), coordenados pela Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Para tanto, a ANA contou com a colaboração de outros quatro consultores, que desenvolveram documentos adicionais com focos: (a) nos cadernos regionais, elaborados pela SRH, que contém diagnósticos e informações sobre as macro-bacias nacionais; (b) em projeções futuras, para cada região, que permitem antecipar demandas e conflitos relacionados às disponibilidades hídricas; (c) em aspectos concernentes a cenários prospectivos de desenvolvimento – nacional e regional – que afetam os recursos hídricos; e, (d) sobre a metodologia de monitoramento e avaliação da implementação do PNRH. Especificamente no que concerne a este documento, as atenções são dirigidas, primeiramente, para a definição de diretrizes que devem nortear a estruturação do PNRH, cujos programas são abordados, na seqüência, de forma preliminar, em termos de linhas programáticas, escopo e conteúdo básico. A descrição das diferentes perspectivas de análise que devem gerar diretrizes para o PNRH consta da Parte 1 do documento, atendendo uma abordagem abrangente que envolve: (i) os conceitos e políticas regentes das ações que devem compor os programas do Plano Nacional; (ii) perspectivas de diferentes escalas espaciais de inserção do PNRH, do traçado de cenários prospectivos e da natureza (ou tipologia) dos problemas de recursos hídricos no Brasil; (iii) a contextualização e as articulações intersetoriais da gestão dos recursos hídricos; e, (iv) diretrizes provenientes de perspectivas e abordagens complementares, a exemplo de outras políticas públicas e de ações e projetos previstos no Plano Plurianual de Investimentos, vigente para o período 2004 - 2007. A Parte 2 inicia com uma definição tentativa do PNRH, seguida por uma primeira proposta formulada em 1998 para a sua estruturação, resgatada para fins de referência ao presente trabalho. Na seqüência, levando-se em consideração os notáveis esforços das consultas públicas (setoriais, regionais e temáticas) coordenadas pela SRH/MMA, um extenso leque de diretrizes e de demandas por ações é sistematizado em formato matricial, com vistas a facilitar a identificação de possíveis linhas programáticas que devem servir como insumo para a definição dos programas e subprogramas que irão compor o PNRH. Complementarmente, com suporte nos cenários prospectivos e nas hipóteses de desenvolvimento macroeconômico do país1, são mencionadas as incertezas críticas, a multiplicidade de atores relevantes e as invariâncias que cercam a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos, dando origem ao esboço do que foi denominado de “uma estratégia robusta”, orientada por diretrizes gerais que passam, então, a pautar as linhas prioritárias de atenção do PNRH. Assim, com olhos simultâneos na matriz de diretrizes e de demandas por ações e na pauta de prioridades apontadas pela “estratégia robusta”, são consolidadas

1 Cenários prospectivos elaborados por consultores da SRH e as hipóteses de desenvolvimento macroeconômico pelo consultor da ANA, Paulo Haddad.

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macro-diretrizes e proposta a estrutura lógica de componentes, programas e subprogramas do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Na seqüência, de modo ainda preliminar, são elaboradas fichas-resumo para cada subprograma, apresentando seus objetivos, justificativas, escopo básico, executor e intervenientes, abrangência, benefícios potenciais e possíveis indicadores de monitoramento e avaliação, como insumos a serem considerados por ocasião do detalhamento executivo do Plano. Por fim, após uma breve síntese dos trabalhos realizados, constam do documento alguns comentários e recomendações finais com vistas aos próximos passos previstos na elaboração do PNRH.

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Parte 1 – Insumos para o Capítulo IV:- Diretrizes e Metas do PNRH 1.1. Conceitos e Políticas Regentes das Ações previstas no Plano Nacional de Recursos Hídricos O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) deve ser abordado como um dos instrumentos de gestão, previstos pela Lei Nacional nº 9.433/97, o que demanda, de pronto, que sua estruturação contemple os seguintes predicados, referidos na legislação:

• perspectiva de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos;

• conteúdo mínimo de (incisos do Art. 7º, Lei Nacional nº 9.433/97): I. diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos; II. análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de

atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III. balanço de disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;

IV. metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

V. medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para atendimento das metas previstas;

... VIII. prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos; IX. diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso de recursos hídricos; X. propostas para a criação de áreas sujeitas a restrições de uso, com

vistas à proteção dos recursos hídricos;

• os planos de recursos hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por estados e para o país (sublinhou-se).

Por conseguinte, sendo um dos instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, os conceitos e diretrizes a serem observados devem guardar coerência com aqueles que orientaram a própria concepção institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH). Nessa perspectiva, cabe resgatar alguns dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, com ênfase particular para “a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação dos Poderes Públicos, dos usuários e das comunidades” (inciso VI, Art. 1º da Lei Nacional nº 9.433/97). Na estruturação do PNRH, portanto, cumpre tratar com cautela a antecipação do Plano em relação ao Sistema Institucional, afinal, conselhos e comitês deveriam ser os centros dinâmicos de decisão do SINGRH e, por conseqüência, do PNRH, o que requer a articulação de atitudes simultâneas bottom-up e top-down. A perspectiva bottom-up, em alguma medida, tem sido contemplada mediante as consultas regionais, que devem balizar a consolidação dos diagnósticos das

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macro-bacias nacionais. Mais do que isso, no entanto, as abordagens bottom-up devem ter o sentido de dar apoio a dinâmicas pré-existentes (lifting forces), respeitando diferenças e criando competências e recursos locais, de modo a motivar a sociedade e buscar respaldo político. Por outro lado, as entidades da União envolvidas na elaboração do PNRH –nomeadamente SRH e ANA – não devem fugir às responsabilidades de definir desígnios e objetivos (água para diversos usos e para todos) e metas para o país, em abordagens top-down que explicitem conceitos e princípios orientadores, com vistas à sua consensualização. Em adição, devem atuar de modo pró-ativo na resolução e/ou superação de diferenças e conflitos – entre estados e entre bacias. Em ambas estas abordagens, são atitudes a evitar:

• a adoção dos instrumentos e sistemas de gestão como dogmas, objetivos centrais ou fins em si mesmo:- os sistemas e instrumentos visam a resolver problemas e esses devem constituir-se nos orientadores e indicadores finais sobre a proficiência das ações;

• a descredibilização e o confronto com o Estado Democrático de Direito, contrapondo os novos institutos do sistema de gestão aos governos estabelecidos:- os comitês não são ONG’s que devam ser aparelhadas para fins de crítica às instituições, mas espaços para uma gestão compartilhada entre o Estado e a sociedade;

• por outro lado, não cabe aprisionar o sistema de gestão no contexto de modelos tecnocráticos:- os comitês e agências de bacia constituem-se em espaços institucionais abertos à participação e à dinâmica social, não se limitando a meros apêndices do Aparelho de Estado, que possam (ou devam) ser submetidos por controles, métodos e práticas tradicionais da administração pública, sabidamente impróprios ao trato dos problemas complexos que se quer enfrentar;

• a uniformização de modelos e alternativas, traçando o Brasil como Estado Unitário:- o respeito ao federalismo e autonomia local – mediada frente a interesses de terceiros e da Nação como um todo –, deve ser estabelecido como diretriz de trabalho, assim como “o avanço gradativo em áreas determinadas, que possam consolidar experiências e aprendizados passíveis de replicação e aprimoramento, devem constituir-se em caminhos legítimos a serem reconhecidos e respaldados”2;

• a duplicidade e as disputas de atribuições e competências entre entidades e esferas de Governo:- cumpre integrar ações sobre o território comum das bacias hidrográficas, sem distinção dos domínios dos corpos d’água, segundo uma divisão de funções que otimize capacidades institucionais existentes, orientada pela natureza dos problemas a enfrentar.

Em outras palavras, o Sistema Institucional conformará o Plano e não o Plano delimitará as possibilidades do Sistema (sublinhou-se), sem prejuízo de que o próprio SINGRH seja submetido às adequações que sua implementação prática venha a indicar, dentro de um processo essencialmente dinâmico.

2 Carta de Aracajú – XIV Simpósio da Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH.

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Essas observações ressaltam fundamentos inerentes à Política e ao próprio Sistema Nacional de Recursos Hídricos, com destaques para: (i) o princípio da subsidiariedade, segundo o qual as decisões que possam ser tomadas pelas instâncias mais próximas às comunidades, e que não afetam terceiros, não devem subir aos níveis superiores de decisão; e, (ii) o fortalecimento do conceito de federalismo, superando entraves derivados da falta de coordenação entre os diferentes domínios dos corpos hídricos e proporcionando políticas de efetiva descentralização. Com efeito, uma solução precária para os desafios inerentes a políticas de efetiva descentralização refere-se a concessões no sentido da desconcentração de processos decisórios, quando decisões são regionalizadas sem que a autoridade e as responsabilidades deixem, em última instância, de remanescer em departamentos do poder central, configurando meros processos administrativos que podem incrementar as responsabilidades em âmbito regional, não oferecendo, contudo, espaço para a consolidação de real autonomia institucional. De fato, o conceito de descentralização implica num processo mais avançado, mediante o qual são transferidas decisões a institutos independentes do núcleo central, ainda que sob condicionalidades, destinando-se poder e, em contrapartida, encargos e responsabilidades a autoridades locais que lhes são periféricas. Por óbvio que a desconcentração não pode ser vista como um conflito nem como alternativa à descentralização, notadamente quando estão em questão objetivos de elevar a capacidade social de investimento voltada à melhoria ambiental, para a qual é essencial o desenvolvimento e a mobilização de potencialidades locais endógenas, caso exemplar da gestão das águas e dos desafios encerrados na implementação da cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos, como elemento de construção da sustentabilidade. Estas reflexões parecem conferir elementos para a resolução de problemas relativos à dominialidade dos corpos d’água, assim como oferecem indicativos para definições sobre o nível apropriado à gestão das águas no país, dentre as alternativas de privilegiar macro-bacias, bacias regionais ou sub-bacias. “Como a maior parte dos problemas ambientais tem uma natureza local, a gestão descentralizada tem duas vantagens principais:- (a) reduz os custos de informação – residentes de uma jurisdição conhecem melhor seus interesses; e, (b) permite que instrumentos de qualidade ambiental e de política variem de acordo com as regiões e as prioridades e limites orçamentários”3. Retira-se, do exposto, uma diretriz de grande relevância no traçado do escopo e abrangência do PNRH:- potencializar capacidades locais endógenas, descentralizando efetivamente e não apenas desconcentrando. Um outro vetor de atenção na estruturação do PNRH refere-se ao caráter dinâmico do processo de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, marco diretivo do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), este identificado como instrumento de planejamento, sendo importante lembrar que os processos de planejamento, por sua natureza, são tentativos e iterativos.

3 Banco Mundial, Brasil: Gestão dos Problemas da Poluição – Vol. I: Relatório de Política (1998).

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A resposta adequada para tais desafios conceituais pode ser conferida pela aplicação de princípios de administração estratégica ao processo de implementação do PNRH, fator que, na dimensão temporal, caracteriza-se pela continuidade e pela permanência, significando que o processo não admite descontinuidades nem limites pré-estabelecidos de duração, inclusive em decorrência de um dos principais objetivos que deve estar contemplado no PNRH:- a construção e consolidação simultânea do próprio Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em suma, observados os conceitos de planejamento e de administração estratégica, o PNRH deve ser entendido como um processo com os seguintes predicados:- multidisciplinar, dinâmico, flexível, participativo e permanente. Por fim, a estruturação do PNRH deve contemplar preocupações advindas do conceito de sustentabilidade (Figura 1), o que significa destinar atenções não somente para a definição de eventuais intervenções físicas estruturais, mas também, para a consistência dos arranjos institucionais (consolidação do próprio SINGRH e de acordos e parcerias com estados, municípios e atores sociais relevantes) que devem propiciar a sua efetiva implementação, além das bases econômicas e financeiras (em especial, fontes de receitas) que serão indispensáveis à sua viabilidade executiva.

Figura 1 – Os Vetores da Sustentabilidade

1.2. Escalas e Perspectivas provenientes da Inserção Espacial do PNRH, de Cenários Prospectivos e da Natureza (tipologia) de Problemas de Recursos Hídricos no Brasil. O segundo conjunto de variáveis, que deve ser analisado para fins de identificação de diretrizes regentes do PNRH, refere-se às escalas e perspectivas de sua inserção espacial, da evolução de cenários prospectivos e da natureza ou tipologia de problemas a enfrentar. Partindo do contexto global na direção de dimensões menores, que tendem ao operacional, sete perspectivas devem ser examinadas, a saber:

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Demandas provenientes da inserção global

Nesta escala devem ser reconhecidas vantagens comparativas e demandas exógenas (do mercado global) que afetam os recursos hídricos no Brasil, como, por exemplo, exportações de produtos da agricultura irrigada (fruticultura e outros), que funcionam como incentivos a determinados setores usuários, reunindo potencial de influenciar cenários futuros, nas diferentes regiões e/ou macro-bacias. Não se trata de empreender a estudos exaustivos sobre a economia global, mas de considerar seletivamente vetores que influem sobre os setores usuários, alterando as demandas sobre os recursos hídricos. Assim, não somente a produção de grãos e alimentos, mas também a temática da matriz energética deve ser considerada sob uma perspectiva global. Da mesma forma, padrões ambientais que venham a ser requeridos pelas tecnologias de produção industrial, devem influir no traçado de cenários de expansão das demandas setoriais pela água como insumo produtivo.

Inserção macro-regional do Brasil

Para esta escala, as bacias transfronteiriças constituem o tema mais relevante, uma vez que os predicados da gestão de recursos hídricos em determinado país podem afetar substancialmente as disponibilidades de outro(s). É o caso da bacia Amazônica, que reúne disponibilidades de 131.950 m3/s em território nacional e de 86.320 m3/s nos países de montante (Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia). Para a bacia do rio da Prata, a situação se inverte, dada a territorialidade brasileira de contribuintes importantes, como as bacias do Paraná e do Alto Paraguai. Demais disso, diagnósticos mais detalhados, previstos pela metodologia do PNRH, só poderão refletir efetivas relações de causalidades, se forem consideradas variáveis situadas em territórios de países vizinhos, seja em razão dos cursos d’água definirem divisas internacionais ou por contribuições de montante para jusante.

Contexto Nacional e perspectivas de desenvolvimento do país.

As questões pertinentes à escala nacional foram retiradas do trabalho do consultor Paulo Haddad, responsável pela análise do contexto macro-econômico que condiciona os cenários futuros que afetarão a gestão dos recursos hídricos no Brasil. A abordagem proposta pelo consultor encontra-se pautada por cinco questionamentos, iniciando pela identificação do modelo de inserção internacional competitiva, como alternativa adotada para a promoção do desenvolvimento do país. A segunda questão, que orienta as avaliações sobre o contexto macro-econômico, refere-se às expectativas de um novo ciclo de expansão de médio e longo prazo, com manutenção de taxas de crescimento da ordem de 4 a 5% a.a. Para tanto, o consultor identifica, como terceiro tema de sua pauta, que a possibilidade dessa expansão deve ser marcada por novos paradigmas para o

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desenvolvimento, conformados pela busca de sustentabilidade, por arranjos institucionais participativos e pela endogenia de fatores. A quarta perspectiva que pauta as análises do consultor aponta que o novo ciclo de desenvolvimento que deve resultar na acentuação de disparidades regionais, reforçando o perfil de concentração relativa nas regiões sudeste e sul do país, que passariam a experimentar taxas mais expressivas de crescimento. Por fim, a quinta linha de análise refere-se ao chamado “capitalismo natural”, no qual o elemento de dinâmica da economia não seria conferido por setores dominantes, mas sim, pela maior produtividade na exploração dos recursos naturais e mitigação dos correspondentes impactos ambientais. Nessa perspectiva, além de reforço e modernização da estrutura de regulação pública, o Estado brasileiro deveria incorporar instrumentos econômicos de gestão, de modo a responder adequadamente a um novo modelo de desenvolvimento, caracterizado pelo meio ambiente como elemento “pivotante” e não como mero insumo da produção.

Macro-bacias ou regiões hidrográficas brasileiras

Essa é a escala contemplada pelos estudos e diagnósticos que respaldaram os cadernos regionais, elaborados pela SRH, com o aporte de consultores especializados. De fato, as consultas regionais oferecem um amplo arsenal de diretrizes, como também, de demandas para programas e projetos voltados ao enfrentamento das principais questões identificadas. Contudo, é importante lembrar que grande parte dos problemas de recursos hídricos nem sempre se conformam geograficamente nos limites de bacias hidrográficas, caracterizando temas de cunho local ou amplitudes regionais mais abrangentes. Com efeito, o traçado das 22 (vinte e duas) Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHs), tal como definidas pelo estado de São Paulo, não caracteriza bacias hidrográficas perfeitas, abrindo espaço para a agregação de bacias e/ou sub-bacias contíguas, trechos de bacias (a montante, intermediários ou de jusante), em razão da incorporação de aspectos institucionais, de desenvolvimento regional e de outros, casos notáveis dos comitês do Alto, Médio e Baixo Tietê, o primeiro composto de sub-comitês, para que seja possível uma abordagem a altura da complexidade encerrada pela região metropolitana de São Paulo. De fato, os próprios diagnósticos apresentados pelos consultores da SRH revelam o imperativo de maior desagregação espacial (seguramente, até bacias de segunda e, por vezes, de terceira ordem), para que alguns dos problemas ganhem sua real dimensão e foco, escapando das armadilhas de parâmetros médios de disponibilidades e demandas, indicadores de poluição e outras evidências que se diluem na abstração de grandes espaços geográficos.

Cenários Prospectivos de desenvolvimento

Também apoiada por consultores especializados, essa perspectiva de análise permite identificar tendências internas e traçar cenários de desenvolvimento,

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apontando, inclusive, quais são os principais fatores e as variáveis “portadoras de futuro”. Com efeito, operando com cerca de 21 variáveis-chaves é possível antecipar situações potenciais nas quais a dinâmica dos problemas de recursos hídricos é conferida por variáveis sob ou fora dos controles estabelecidos pelo sistema de gestão. Quando sob controle, as diretrizes devem pautar programas de natureza pró-ativa; em caso contrário, os programas devem assumir um viés preventivo ou de atenuação de impactos sócio-ambientais indesejados. Evidentemente que o traçado de cenários prospectivos deve guardar coerência com as hipóteses que estruturaram as análises do contexto macro-econômico, efetuadas pelo consultor Paulo Haddad, assim como, terão como base de referência os diagnósticos que respaldaram as consultas regionais, empreendidas sob a coordenação da SRH, de modo a assegurar mútua consistência e coerência na identificação de diretrizes regentes do PNRH.

Possíveis unidades de intervenção e planejamento, caracterizadas pela natureza ou tipologia de problemas de recursos hídricos.

Tendo em vista a finalidade de estruturação de programas do PNRH, essa perspectiva de análise apresenta particular importância. O traçado de possíveis unidades de intervenção deve pautar-se pelo reconhecimento de regiões homogêneas, biomas e/ou de uma tipologia de problemas, caracterizando certa uniformidade na abordagem requerida, tanto para a identificação de diretrizes e políticas gerais, quanto para a definição das intervenções propriamente ditas, que sejam de interesse do PNRH. Pode-se afirmar que o Documento Base de Referência do PNRH, produzido pela SRH, com apoio da ANA, prevê essa dimensão como sendo as Áreas ou Situações Especiais de Planejamento (AEPs ou SEPs). Sob essa perspectiva, a ênfase não estará na delimitação da macro-bacia, mas na abordagem exigida pelo problema em questão, seja pela homogeneidade regional, que pode extrapolar fronteiras institucionais e/ou hidrográficas (entre estados e entre bacias), seja pela dinâmica ambiental ou de desenvolvimento regional. No Brasil, uma possível tipologia de problemas parece compreender:

⇒ recursos hídricos na região Amazônica;

⇒ recursos hídricos na bacia do Alto Paraguai e planície do Pantanal;

⇒ demandas e disponibilidades hídricas nos Cerrados;

⇒ a problemática de escassez de recursos hídricos no semi-árido brasileiro;

⇒ problemas de recursos hídricos na zona da mata e litoral nordestino;

⇒ recursos hídricos em aglomerados urbanos e regiões metropolitanas;

⇒ gestão da zona costeira no sul e sudeste brasileiro;

⇒ demandas e gestão de recursos hídricos para atividades agropecuárias intensivas; e,

⇒ gerenciamento de mananciais subterrâneos.

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Contudo, o reconhecimento do que as consultas regionais têm denominado de “principais problemas”, embora seja indispensável, ainda não é suficiente. De fato, para que se proceda a uma análise objetiva sobre cada possível unidade de intervenção e para a identificação de diretrizes regentes de programas e projetos, é preciso que os enfoques sobre a tipologia de problemas considerem, não somente os aspectos físicos, em si, mas também variáveis de cunho setorial e, principalmente, institucional. Afinal, não há divisão de territórios entre os níveis de governo (ou seja, o território não é da União, dos estados ou dos municípios), mas sim uma repartição constitucional de funções (sublinhou-se). Em outras palavras, problemas que afetam rios de domínio federal que cruzam áreas urbanas exigem, obrigatoriamente, intervenções voltadas ao uso e ocupação do solo, inseridas na esfera das competências municipais. Certamente é esperado que boa parte das conclusões recolhidas durante as consultas regionais, que foram respaldadas por diagnósticos e projeções de cenários elaborados por consultores especializados, apresente grandes convergências com as abordagens sintéticas que serão exercitadas na seqüência. Todavia, com a intenção explícita de evitar mergulhos em diagnósticos exaustivos, na escala das macro-bacias nacionais, o que se pretende neste documento é reservar um espaço adicional para organizar a “percepção”4 sobre os problemas e questões concernentes aos recursos hídricos no Brasil, procurando compreender sua natureza e principais elementos de dinâmica, enquanto essenciais à orientação de ações destinadas ao seu enfrentamento. Assim sendo, a abordagem dos quadros de problemas e questões que segue será efetuada mediante assertivas – e não por investigações ou diagnósticos. Trata-se de um procedimento metodológico que segue diretamente às conclusões, respaldando-as, somente quanto necessário, em evidências seletivamente indicadas. Privilegia-se, dessa forma, o conceito de problem-sheds5, considerado mais adequado ao traçado de estratégias de intervenção. Os quadros seguintes apresentam, então, um resumo sobre a tipologia de problemas que caracteriza cada corte regional mencionado.

RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnaa RReeggiiããoo AAmmaazzôônniiccaa A Amazônia é a região brasileira de maior abundância em recursos hídricos, reunindo cerca de 74% das disponibilidades nacionais, que somam algo como 48.314 m3/hab.ano. Essas disponibilidades decorrem tanto da população rarefeita e da precipitação média regional de 2.240 mm, quanto das dimensões da bacia do rio Amazonas e de seus principais afluentes, não somente em território nacional (com disponibilidades de 131.950 m3/s), como também nos países de montante (Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia, responsáveis por aportes de outros 86.320 m3/s).

É reconhecida a elevada importância ambiental da região amazônica, dotada de enorme biodiversidade. As ameaças (reais ou imaginárias) à integridade da Amazônia apresentam repercussão internacional, notadamente em razão da exuberância, vastidão e, ao mesmo tempo, da fragilidade da floresta, assentada, em toda a sua extensão territorial, em planície sedimentar dotada de camada orgânica delgada e superficial,

4 “Percepção” reconhecida como forma legítima de conhecimento, tal como formulado por Edgar Morin, em O Método, Vol. IV. 5 Grigg, N. S., Water Resources Management – Principles, Regulations and Cases, McGran-Hill, N.Y. (1996).

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dependente da manutenção da cobertura vegetal, para sua autoreprodução e para a estabilidade dos solos.

Há, hoje, elevados riscos ambientais envolvendo a velocidade e a amplitude do desmatamento da Amazônia, com repercussões potenciais associadas a hipóteses de alterações climáticas do planeta, assim como, significativos interesses relacionados à conservação e à exploração de sua reserva de biodiversidade, ainda pouco conhecida.

No que concerne à utilização dos recursos hídricos, a região amazônica se caracteriza pelas baixas densidades populacionais e pela ausência de concentrações urbanas de grande porte, à exceção de Manaus (1,5 milhão de habitantes, em 2004, algo como 50% da população do estado do Amazonas) e da Região Metropolitana de Belém. Não existem, portanto, maiores limitações relacionadas ao abastecimento doméstico, a não ser aquelas associadas à disponibilidade de água de boa qualidade nas cercanias das aglomerações urbanas.

Como conseqüência, a importância dos recursos hídricos está basicamente relacionada à característica de navegabilidade, com os maiores cursos d’água constituindo-se como os principais corredores de transporte e comunicação da região. Deve-se, também, mencionar a pesca, não somente como meio de subsistência, como também, para fins de abastecimento de mercados locais e das demais regiões do País.

Em face das vazões elevadas e da ocorrência de transições de planaltos para planícies, é expressivo o potencial de aproveitamento hidrelétrico da região. Com efeito, grande parte do potencial hidrelétrico do Brasil encontra-se na Amazônia (cerca de 40%), sendo, todavia, apenas de 1% a sua contribuição, quando se considera a capacidade de geração efetivamente instalada, o que torna relevante o debate sobre o aproveitamento desse potencial remanesceste, particularmente em decorrência da temática de preservação ambiental da região.

Os problemas de contaminação hídrica são pontuais e localizados, em cidades (esgotos domésticos em Belém e Manaus, particularmente graves pela contaminação dos igarapés) e em empreendimentos de extração mineral (deposição de sólidos e de mercúrio em garimpos) e florestal (desmatamentos, com conseqüente erosão e perda das camadas férteis superficiais do solo).

Cabe registrar que no trecho brasileiro da bacia, a jusante, já se acusam traços de algumas das atividades desenvolvidas nos países de montante, onde se originam, por exemplo, problemas com mercúrio utilizado nos garimpos, além de agro-químicos conservativos amplamente aplicados nas plantações de coca. Há, também, preocupações de natureza sanitária. Vale lembrar que o cólera reintroduziu-se no país, na década de 90, por meio da presença do vibrião na Amazônia peruana.

Deve-se mencionar, ainda, com destaque no contexto regional, os problemas relacionados aos vetores de doenças tropicais que dependem da água em pelo menos uma de suas fases de desenvolvimento (malária, entre outras).

RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnaa BBaacciiaa ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii ee nnoo PPaannttaannaall A bacia do Alto Paraguai, que drena a chamada “planície pantaneira”, abriga a maior wetland do Planeta, o que lhe confere elevada importância ambiental, notadamente pela singularidade dos ecossistemas que abriga e das interações indissociáveis destes com a dinâmica regional dos recursos hídricos, caracterizada pelo represamento e grande tempo de retenção das águas, redução nos fluxos de jusante e elevada importância da sazonalidade (dimensão das cheias e duração dos períodos de estiagem), numa região onde são relativas as disponibilidades hídricas derivadas de precipitação média anual de 1.398 mm.

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É de se ressaltar a grande fragilidade desse ecossistema, bastante dependente de alterações nos fluxos e na qualidade das águas afluentes à planície pantaneira. Essa planície reúne elevados potenciais paisagístico e turístico, com destaque para a biodiversidade singular e expressiva. Há quem considere que sejam essas as principais funções que devam ser destinadas aos recursos hídricos regionais.

No que tange às demais formas de utilização de suas águas, a bacia do Alto Paraguai se caracteriza pela baixa densidade populacional (cerca de 5 hab/km2), com destaque de poucos centros urbanos de médio porte (Corumbá, Cuiabá e Aquidauana), sem que se anotem problemas de monta com disponibilidades para o abastecimento doméstico.

Por outro lado, esses centros urbanos têm dinâmicas articuladas a partir de amplo predomínio de atividades primárias extensivas, principalmente a cultura de grãos e a pecuária de corte, decorrendo de tais atividades demandas adicionais para a irrigação e para a dessedentação de rebanhos (cerca de 30 milhões de cabeças, somente no Mato Grosso do Sul).

Nesse quadro, os principais problemas de recursos hídricos na bacia do Alto Paraguai estão relacionados: (i) à expansão de novas fronteiras agrícolas no planalto central brasileiro (ver Cerrados), onde se formam as nascentes do Alto Paraguai – rio Taquari, principalmente –, resultando em problemas de run-off rural com carreamento de sólidos e de agroquímicos conservativos; (ii) à poluição associada aos centros urbanos (esgotos domésticos, principalmente); (iii) à remoção de vegetação ciliar e pisoteamento das margens, para acesso do gado aos rios e córregos; (iv) a focos de contaminação por atividades dispersas de garimpo (sólidos suspensos e mercúrio); e, (v) a alterações na dinâmica quali-quantitativa das águas sobre os ecossistemas pantaneiros.

Mais recentemente, cabe ressaltar a previsão da instalação de grandes projetos de infra-estrutura regional, com elevados impactos potenciais sobre o Pantanal, dentre os quais se deve mencionar: pólo siderúrgico nas vizinhanças de Corumbá, para aproveitamento do gás natural boliviano; obras para viabilizar a Hidrovia do Alto Paraguai, para fins de transporte dos produtos siderúrgicos e de grãos para exportação, com interferências de difícil previsão nos níveis de água no Pantanal; e, iniciativas para a construção de diques de proteção e canais de drenagem em áreas destinadas à ampliação da pecuária extensiva e do plantio de grãos.

RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnooss CCeerrrraaddooss ddoo BBrraassiill CCeennttrraall A região do bioma denominado “Cerrados” se refere a uma extensa superfície que ocupa grande parte do planalto central do território brasileiro, espraiando-se sobre os estados de Tocantins, Goiás, sul do Pará, nordeste do Mato Grosso, Minas Gerais, norte de São Paulo e oeste da Bahia, caracterizada por uma precipitação média da ordem de 1.660 mm anuais, sujeita a variações sazonais importantes (períodos pronunciados de chuvas intensas e estiagens severas com 4 a 5 meses de duração), o que causa situações sazonais de baixa relativa na disponibilidade de recursos hídricos .

A área possui grandes extensões de relevo plano, facilitando a expansão de novas fronteiras agrícolas, em especial de culturas extensivas dotadas de elevado grau de mecanização (grãos, em geral, em especial soja e milho), apoiadas na larga utilização das reservas hídricas regionais, com vistas à elevação da produtividade e da eficiência agrícola, por vezes aplicando práticas de irrigação também em pastagens, destinadas às atividades pecuárias complementares.

Por ocasião das estiagens sazonais, essa sobre-exploração dos recursos hídricos tem resultado em conflitos de uso com o abastecimento público de água, ocorrendo tanto em importantes pólos urbanos, como no próprio Distrito Federal e nas cidades de Goiânia, Anápolis e Palmas, como em cidades de menor porte. Por outro lado, à ocasião das

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chuvas intensas, surgem problemas de assoreamento e contaminação por agro-químicos, agravados pela retirada sistemática da vegetação ciliar.

Em adição, a ausência de tratamento dos efluentes urbanos implica em problemas de poluição, notadamente quando as cidades se localizam em divisores de águas e nascentes, com menores disponibilidades para captação e volumes para diluição (caso reconhecido do Distrito Federal, bacia do rio Descoberto). Como essa região situa-se a montante dos principais rios brasileiros, os problemas mencionados “poderão potencialmente impactar quase todo País” (Tucci, 2001).

O desenvolvimento dessa nova fronteira agrícola, por seu turno, demanda vias alternativas para transporte maciço da produção regional, com destaque para as possibilidades a serem abertas pela hidrovia Araguaia-Tocantins, contemplando os produtores com acesso privilegiado ao norte do país (Pará), tendo em vista os mercados norte-americano e europeu.

Enquanto o rio Tocantins já se encontra alterado por sucessivos aproveitamentos hidrelétricos, o Araguaia reúne importante acervo ambiental, merecendo cuidadosa avaliação dos impactos potenciais sobre o meio ambiente, decorrentes de seu eventual aproveitamento para geração hidrelétrica ou como hidrovia.

AA PPrroobblleemmááttiiccaa ddee EEssccaasssseezz ddee RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnoo SSeemmii--ÁÁrriiddoo BBrraassiilleeiirroo

O semi-árido brasileiro estende-se pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Caracteriza-se pela escassez de recursos hídricos, com precipitação anual média na casa dos 900 mm, chegando próxima a 400 mm, no interior da Paraíba, com elevada variabilidade na distribuição espacial e temporal de chuvas na região (sazonalidade interanual), acompanhada de limitações nas possibilidades de extração de águas subterrâneas, devido tanto à formação cristalino, quanto à salobridade dos solos.

Essas características climatológicas e hidrológicas, associadas à conformação do relevo regional (que propicia escoamentos para a vertente atlântica), dão origem a uma rede hidrográfica na qual são recorrentes cursos com nascentes intermitentes, em geral situadas no planalto do sertão semi-árido e nos trechos médios que começam a estabilizar suas vazões após vencer o agreste, até assumir corpo e volume já próximos de seu deságüe no litoral, ora ao leste (da Bahia ao Rio Grande do Norte), ora ao norte brasileiro (do Rio Grande do Norte ao Ceará).

As condições climáticas implicam na dificuldade de disponibilizar água a partir do simples armazenamento em açudes e reservatórios, não obstante seu expressivo número regional, dada a significativa evaporação potencial, que supera os 2.000 mm anuais.

Esse panorama regional é cindido pelo curso principal do rio São Francisco, com nascentes e alguns tributários de porte em Minas Gerais, aliados à grande extensão territorial de sua bacia de contribuição (638.000 km2), proporcionando-lhe perenidade e vazão suficientes para transpassar o semi-árido, possibilitando aproveitamentos múltiplos - irrigação e geração de energia, principalmente -, mesmo com as enormes perdas devidas à evaporação, pela amplitude dos espelhos d'água dos reservatórios de usinas geradoras. Em seu trecho inferior, o rio São Francisco conta com vazões regularizadas da ordem de 1.850 m3/s.

Não obstante esse cenário, de adversidade climática e hidrológica somada a solos de baixa fertilidade, persiste elevado contingente de população dispersa na região, no meio rural ou em pequenos núcleos (cerca de 30% dos quase 48 milhões de nordestinos), com amplo predomínio dos extratos inferiores de renda.

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Cabe notar que esse contingente rural situa-se bem acima da média nacional, hoje com taxa de urbanização de 84%, e muito mais acima dos números da região Sudeste, na qual a população rural não chega aos 10%.

Quando não rural, a população localiza-se em pequenos núcleos do interior, sem que se verifique, em qualquer dos estados nordestinos, uma malha urbana organizada6, em tipologia e hierarquia funcional capazes de ordenar espacialmente as demandas por serviços públicos essenciais (saúde, educação e moradia, com destaque para saneamento básico, na essencialidade limitado ao abastecimento de água potável).

Sem embargo de alternativas de baixo custo para fornecimento de água potável, cumpre reconhecer os limites decorrentes da incipiência das atividades produtivas do semi-árido (problemas de emprego e renda), restringindo a população rural à mera sobrevivência, quando possibilitada por meios alternativos como sistemas de poços de pequeno porte, barragens subterrâneas e cisternas para captação das águas de chuva.

O quadro incipiente do desenvolvimento regional resulta na manutenção de um verdadeiro "exército rural de reserva", em equilíbrio instável, sustentado por políticas compensatórias7, com elevado potencial de migração para as demais áreas no país (São Paulo, em um passado recente, e metrópoles regionais, atualmente), cuja permanência implica em elevados custos sociais, seja para a população em si, sujeitas à miséria absoluta e castigada pelas adversidades regionais, seja em termos de gastos governamentais em programas recorrentes de cunho assistencialista (carros-pipa, cestas básicas e frentes de emergência).

O que se deduz, portanto, é que a problemática dos recursos hídricos no semi-árido brasileiro congrega ambas as frentes: no gerenciamento da oferta (estoques e transporte de água) e na gestão da demanda (ordenamento espacial e eficiência na utilização de um recurso escasso), podendo a disponibilidade de água, embora necessária, não ser suficiente para imprimir dinâmica à economia regional, persistindo uma questão subjacente de ordem social.

PPrroobblleemmaass ddee RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnoo LLiittoorraall ee ZZoonnaa ddaa MMaattaa ddoo NNoorrddeessttee BBrraassiilleeiirroo A primeira conseqüência do quadro descrito para o semi-árido consiste na migração da população, em percurso direto da área rural para as grandes regiões metropolitanas do Nordeste e para outras de suas conurbações de maior porte (Fortaleza, Recife e Salvador, além de Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju), onde são notáveis os problemas ambientais urbanos, sempre associados à concentração de pobreza em favelas e ocupações irregulares, notadamente em áreas de risco, tais como alagados, encostas, várzeas e margens de rios e córregos.

Com efeito, a grande maioria da população da Região Nordeste ocupa uma estreita faixa não superior a 100 km do litoral. Na Grande Recife, por exemplo, parte ponderável da população, próxima aos 3,5 milhões de habitantes, reside em mais de 600 favelas, onde a renda familiar média não supera dois salários mínimos.

Nessas áreas, localizadas nos trechos perenizados a jusante dos principais cursos d'água, com precipitações médias de 1.120 mm, as disponibilidades hídricas são comprometidas, via de regra, pela conjugação de poluição urbana originada por esgotos domésticos, disposição de resíduos sólidos e descargas industriais não tratadas, sobre a

6 Esta assertiva é atestada pela comparação de qualquer dos estados nordestinos frente à Santa Catarina, p. ex., que conta com a rede urbana mais bem distribuída do país (número e população de pequenas, médias e grandes cidades). 7 Em muitas cidades e pequenos núcleos urbanos a aposentadoria se constitui na principal fonte de renda regional.

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qual se sobrepõem cheias periódicas, amplificadas pela impermeabilização cresente do solo urbano. Em acréscimo, a contaminação dos mananciais superficiais é seguida da sobre-exploração de aqüíferos, caso no qual, novamente, Recife constitui destacado exemplo negativo.

Dado o potencial turístico do litoral nordestino, como alternativa importante para o desenvolvimento da região, passam a ser economicamente relevantes os problemas associados à ausência de infra-estrutura sanitária, muitas vezes resultando em comprometimento da balneabilidade de praias e, quando menos, na perda de potencial paisagístico (deságüe de línguas negras e problemas de odor, dentre outros).

Com pequenas variações, esse quadro é reproduzido também nos núcleos urbanos de médio porte que se desenvolvem no Agreste e no Sertão (Campina Grande/PB, Caruaru/PE, Feira de Santana/BA, Petrolina /PE e Juazeiro/BA), originado focos localizados de poluição urbano-industrial, alguns dos quais, por estarem localizados a montante dos cursos d’água de vertente atlântica, repercutem negativamente sobre as disponibilidades hídricas das grandes concentrações litorâneas (caso de Feira de Santana que apresenta despejos sobre o reservatório de Pedra do Cavalo, manancial da Grande Salvador).

RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss eemm AAgglloommeerraaddooss UUrrbbaannooss ee RReeggiiõõeess MMeettrrooppoolliittaannaass As regiões Sul e Sudeste contam com boas disponibilidades de água, razoavelmente bem distribuídas ao longo do ano, com ocorrência esporádica de eventos críticos de expressão econômica (enchentes e estiagens). A precipitação média anual é da ordem de 1.350 mm.

Igualmente, a hidrografia natural não apresenta maiores obstáculos às atividades humanas, distribuindo-se entre uma faixa mais estreita, com vertente atlântica, e outra, com maior extensão territorial, afluente à bacia do rio da Prata.

Não obstante tais predicados do meio ambiente natural, são agudos os problemas de recursos hídricos relacionados, principalmente, à poluição urbano-industrial e às enchentes em cidades de grande e médio porte, problemas, inequivocamente decorrentes das características dos processos de urbanização no Brasil.

Com efeito, a malha urbana do país recebeu, em um lapso de 60 anos, algo como 110 milhões de novos moradores, partindo de uma taxa de urbanização da ordem de 35% na década de 40, para os atuais 84% na média nacional, próximos a 90% quando consideradas apenas as regiões Sul e Sudeste.

Em seu conjunto, aí incluídas as nordestinas, as regiões metropolitanas8 representam 51%, ou 68 dos 133,6 milhões dos habitantes das cidades brasileiras, concentrados em apenas 156.187 km2 do território nacional (1,8% dos 8,5 milhões de km2), cabendo destacar que somente a mancha, praticamente contínua, da Grande São Paulo, partindo da Baixada Santista rumo à conurbação campineira (ou seja, as três regiões metropolitanas formalmente instituídas naquele estado), concentram 64,80% do Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo, ou 27% do PIB do País, em uma área pouco superior a 13.000 km2.

Números igualmente impressionantes são obtidos mesmo quando se amplia o horizonte de análise para o eixo urbano-econômico que une as duas metrópoles nacionais – Rio de

8 São 23 (vinte e três) as regiões metropolitanas definidas em lei estadual, incluindo áreas de expansão: Porto Alegre (RS); Florianópolis, Vale do Itajaí e Norte - Nordeste Catarinense (SC); Curitiba, Londrina e Maringá (PR); São Paulo, Campinas e Baixada Santista (SP); Rio de Janeiro (RJ); Vitória (ES); Belo Horizonte e Vale do Aço (MG); Goiânia (GO); Brasília (DF); Maceió (AL); Salvador (BA); Recife (PE); Natal (RN); Fortaleza (CE); São Luiz (MA); e, Belém (PA).

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Janeiro e São Paulo -, margeando o rio Paraíba do Sul, e ainda assim, caso se considere os movimentos mais recentes de descentralização de segmentos industriais importantes (parque automotivo, principalmente), articulando àquele eixo as regiões metropolitanas de Curitiba (ao sul) e de Belo Horizonte (a noroeste).

Embora a taxa anual de crescimento urbano do país tenha decaído, dos 4,4% observados na década 70-80, para os atuais 2,43%, indicando alguma atenuação de fluxos migratórios rural – urbano e importante queda na taxa de fecundidade, o fato é que a concentração nas áreas metropolitanas e nas maiores aglomerações urbanas do país tende a se acentuar. No período 1991/96 as cidades com 100 a 499 mil habitantes passaram a abrigar 11,3% da população total contra 10,7% em 1991; as cidades com 50 a 99 mil hab passaram de 5,4 a 9,1%, muitas dessas localizadas no entorno de áreas metropolitanas. Já as cidades com mais de 500 mil hab passaram de 35,2 para 35,7%.

Verifica-se essa tendência mesmo nos estados com rede urbana bem distribuída: Santa Catarina, por exemplo, onde a concentração é crescente em Joinville, ou no Paraná, com a Região Metropolitana de Curitiba reunindo 56% do PIB industrial e mais de um terço da população do estado.

Em termos intra-regionais, o crescimento se dá, marcadamente, nas periferias e em enclaves (favelas e cortiços) ocupados pelos extratos inferiores de renda, em que as taxas de crescimento chegam a superar a marca de 15% ao ano (!), em contraponto à relativa estabilidade dos núcleos centrais (Tucci et al., 2001).

O resultado das elevadas concentração e velocidade que marcaram e persistem neste processo (ainda que atenuadas), reproduz, em grande medida, o quadro de comprometimento do meio ambiente urbano, descrito quando da análise dos problemas predominantes na Zona da Mata e Litoral nordestinos. Afinal, as metrópoles que lá se desenvolveram compõem, reconhecidamente, com tintas sociais mais severas, o retrato próprio das metrópoles brasileiras.

Esse quadro, vale repetir, caracteriza-se pela sobreposição de problemas na mesma porção de território, em milhares de fontes poluidoras pontuais e dispersas, como resultado da disposição de esgotos domésticos, resíduos sólidos e efluentes industriais não tratados, mais gravemente em encostas, fundos de vale, alagados, várzeas e beiras de rios e córregos, geralmente ocupados de modo irregular por favelas e loteamentos desconformes, configurando nichos onde se conjugam pobreza urbana, ausência de serviços de infra-estrutura básica, degradação ambiental e comprometimento de mananciais de abastecimento e lazer.

Ainda que as cidades do sul e sudeste detenham maior capacidade institucional, renda per capita e potencial de arrecadação e investimento9, convivem com importantes problemas de saneamento ambiental urbano, notadamente com desafios que concernem à disponibilidade de recursos hídricos.

Em acréscimo à poluição hídrica, agravaram-se, também, os problemas recorrentes de cheias que, virtualmente, paralisam cidades como São Paulo, e resultam em custos que se repercutem amplamente sobre toda sociedade, pela obstrução do tráfego, perdas patrimoniais e interrupção das atividades em geral.

Em uma abordagem genérica, destacam-se os seguintes fatores como os de maior expressão na delimitação do quadro de problemas de recursos hídricos nessas

9 A renda per capita média nas cidades do interior paulista é substancialmente superior do que a observada nas metrópoles do Nordeste; o orçamento da cidade de São Paulo é o terceiro do país, superando muitos dos principais estados.

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metrópoles: (i) os baixos níveis de tratamento dos esgotos domésticos10, mesmo em cidades que lograram superar os 90% na coleta de águas servidas (interior paulista, principalmente), o que implica em lançamentos in natura concentrados; (ii) a disposição inadequada de resíduos sólidos, em lixões a céu aberto, quando não a ausência ou insuficiência de coleta em áreas de difícil acesso natural ou sem vias de circulação, particularmente em favelas e ocupações irregulares; (iii) a impermeabilização crescente do solo urbano, com redução nos tempos de concentração e interferência nas condições naturais de drenagem, amplificando os efeitos de cheias a jusante, muitas vezes sem alternativas viáveis - técnica e/ou financeiramente - para intervenções em macro-drenagem; (iv) o comprometimento de mananciais próximos, com escassez de disponibilidade hídrica em qualidade adequada; e, (v) a mútua interdependência entre todos estes e outros fatores, devido a condições operacionais decorrentes dos próprios padrões inadequados de urbanização e de uso e ocupação do solo, acarretando problemas para a prestação de diferentes serviços de interesse público, como, p. ex., a obstrução da rede de drenagem pelo lixo não coletado, ligações de esgotos em galerias de águas pluviais (e vice-versa), inacessibilidade para O&M de redes e serviços, dentre as interferências mais comuns.

Em adição, sabe-se que a carga potencial proveniente de run-off urbano é igualmente relevante para fins de controle da poluição hídrica, não obstante ser pouco conhecida no presente e ainda ausente ad pauta prioritária das cidades brasileiras, lacuna que não deverá perdurar por muito tempo11.

A identificação genérica dos fatores acima, todavia, não torna trivial o desenho das soluções reclamadas para o saneamento ambiental urbano. A múltipla e complexa combinação destes fatores, frente a outras variáveis de natureza geomorfológica, peculiares a cada espaço geográfico, bem como, a questões institucionais, sócio-culturais e econômicas, exige esforços analíticos e metodológicos importantes para o enfrentamento desses problemas, dentre os quais a poluição hídrica e a preservação de mananciais (qualidade versus escassez) ocupam lugares centrais.

Para problemas dessa ordem, os esforços metodológicos acima referidos não poderão se limitar ao “o que fazer?”, mas também - e muitas vezes, principalmente -, deverão conferir destaque ao “como fazer?”.

PPrroobblleemmaass ddee RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss nnaa ZZoonnaa CCoosstteeiirraa ddoo SSuull ee ddoo SSuuddeessttee Excluídas as regiões metropolitanas de Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), Joinville (SC), Porto Alegre (RS) e, em parte, também Florianópolis (SC), todas lindeiras ao mar e com enquadramentos típicos das demais metrópoles do País, os problemas da zona costeira do Sul e do Sudeste reproduzem as deficiências de infra-estrutura sanitária já citadas e recorrentes na malha urbana do país, todavia, com peculiaridades importantes.

Uma peculiaridade notável é constituída pela reduzida população residente e elevado fluxo sazonal12, o que implica em alternância de ociosidade e sobrecarga, além de problemas para seu financiamento, quer no aporte de capital ou para fins de operação e manutenção.

10 Estima-se que algo como 90% das descargas de DBO nas grandes cidades sejam de origem doméstica, contra apenas 10% industrial. Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estes percentuais são respectivamente de 93 e 7%. 11 Estima-se que, em São Paulo, o aporte de nutrientes pela via difusa aproxime-se de um terço da carga total, superando a 40% na bacia do reservatório do Guarapiranga, manancial de abastecimento. 12 Fator de multiplicação de até 20 vezes sobre a população residente.

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Em adição, são reconhecidamente menores as capacidades institucionais de municípios balneários, frágeis no exercício de controles efetivos sobre o uso e ocupação do solo e submetidos a fortes pressões imobiliárias, com danos sobre o ordenamento territorial e a proteção de mananciais, áreas de várzeas, de inundação natural, sujeitas à erosão marinha ou que mereçam cuidados especiais e de preservação permanente (mangues, restingas e similares).

Por conseqüência, predominam padrões predatórios de urbanização, inclusive no que tange à verticalização injustificada com perda de potencial paisagístico, muitas vezes ao arrepio da lei, sem que , nesses casos, as emergências associadas às carências sociais possam servir como justificativa.

As repercussões são conhecidas: perda de potencial turístico, desvalorização patrimonial e danos freqüentes associados a cheias urbanas e insuficiências no atendimento a serviços de abastecimento de água (colapso freqüente nas temporadas), coleta e tratamento dos esgotos domésticos (línguas negras e odor nas praias), coleta e disposição de resíduos sólidos, dentre outros.

DDeemmaannddaass ee GGeessttããoo ddee RReeccuurrssooss HHííddrriiccooss ppaarraa AAttiivviiddaaddeess AAggrrooppeeccuuáárriiaass IInntteennssiivvaass

Graças às características hidrometeorológicas favoráveis, com precipitação média de 1.350 mm, bem distribuída ao longo do ano, somadas à ocorrência de solos de boa fertilidade, os estados do Sul e Sudeste – nessa última região mais propriamente, São Paulo –, contam com uma agricultura dinâmica, moderna e diversificada:- grãos, em geral (soja, milho e trigo), café, cana-de-açúcar, algodão e fruticultura)13, resultado de um longo processo associado ao próprio histórico da ocupação do território nacional, facilidades de transporte e aos ciclos econômicos que marcaram o desenvolvimento do país.

Já no início do século passado (década de 30), a expansão das fronteiras agrícolas, capitaneada pelo vetor dominante da cafeicultura, propiciava a ocupação do sudoeste paulista, norte e noroeste paranaense, em um processo planejado e muito veloz, que marcou a fundação da própria rede urbana de apoio àquela cultura de exportação14.

Nas décadas seguintes (50 e 60), movimento similar, porém mais atenuado, ocorria a partir da colonização promovida pelos gaúchos, a oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, espraiando-se até Mato Grosso do Sul. Já nos anos 70, amplia-se o movimento até atingir as novas fronteiras agrícolas que chegam hoje aos cerrados e fustigam a região amazônica (Mato Grosso, Rondônia e Tocantins).

É o esgotamento das fronteiras de expansão agrícola do Sul e Sudeste o fator determinante dos problemas de recursos hídricos hoje observados na zona rural dessas regiões. É certo que existem conflitos importantes localizados na bacia do rio Uruguai, no Rio Grande do Sul, em razão dos volumes expressivos necessários ao cultivo de arroz por inundação, demandando, inclusive, barragens para regularização de vazões15. Contudo, a irrigação extensiva não constitui o maior problema observado16. Predominam os impactos de plantios até a beira dos cursos d’água, com remoção quase completa da cobertura vegetal, inclusive da mata de preservação ciliar, com vistas a explorar todo o potencial disponível nos terrenos, o que significa elevada mecanização e aragem dos

13 Somente o Paraná responde por cerca de um quarto da produção nacional de grãos, que se aproxima de 110 milhões de toneladas/ano. 14 Fundação de Londrina em 1935, hoje com cerca de 550 mil habitantes. 15 O Rio Grande do Sul tem cerca de 1,0 milhão de ha irrigados, a maior parte com arroz por inundação. 16 O Paraná conta com apenas 47 mil ha irrigados, o país tem 2,9 milhões, sendo 16,1 milhões a área potencial conhecida.

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solos, uso intensivo de agro-químicos (pesticidas e fertilizantes), colheitas sazonais sucessivas e desconsideração pelos impactos ambientais decorrentes de tais procedimentos.

Esse panorama geral, posto sobre uma estrutura fundiária na qual ainda é expressiva a presença de pequenas e médias propriedades (comparativamente ao Mato Grosso do Sul, por exemplo)17, é complementado pela estreita vinculação das culturas primárias com a agroindústria alimentar (portanto, de comando urbano) - partindo dos derivados de soja até os produtos de origem animal – o que resulta na presença de enclaves especializados em seu processamento, em torno dos quais gravitam pequenos e médios produtores, com problemas sérios de lançamentos concentrados de despejos animais, caso reconhecido das criações de suínos no oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná.

Dentre as repercussões mais graves relacionadas a esse conjunto de atividades, anotam-se: (i) a perda das camadas superficiais dos solos18, em ciclo vicioso de menor fertilidade e uso mais intensivo de nutrientes; (ii) o assoreamento decorrente nos cursos d’água, com elevação da turbidez devida a sólidos suspensos; (iii) contaminação por agro-químicos, inclusive conservativos; (iv) poluição das águas por dejetos de animais in natura; (v) elevação generalizada dos custos relacionados ao aproveitamento dos recursos hídricos, para abastecimento doméstico ou insumo industrial, inclusive para a própria agroindústria alimentar.

Esse quadro de problemas passa a ser parcialmente modificado a partir da década de 80, mediante a difusão de práticas de plantio direto e manejo integrado de solos e águas, em largas áreas de cultivo, especialmente no Paraná, após sucessivos programas de cooperação multilateral19, que propiciaram reduções importantes nos indicadores de carreamento de sólidos aos corpos d’água.

Todavia, sem embargo de tais iniciativas, cumpre reconhecer que persistem problemas generalizados de comprometimento das disponibilidades hídricas em razão das atividades agropecuárias desenvolvidas no meio rural das regiões Sul e Sudeste, com largas margens para melhoria de desempenho em termos ambientais.

Além dessas, ainda no que tange aos impactos gerados por atividades primárias, deve-se anotar problemas de contaminação hídrica concernentes à exploração de carvão mineral na região de Criciúma, Santa Catarina e, recorrentemente, a extração de areia nas periferias das cidades de médio e grande porte.

GGeerreenncciiaammeennttoo ddee MMaannaanncciiaaiiss SSuubbtteerrrrâânneeooss As águas subterrâneas até muito recentemente foram pouco reconhecidas como integrantes da disponibilidade hídrica para os diversos usos. O vertiginoso ritmo de degradação das águas superficiais – a exigir cada vez mais altos investimentos para utilização – e a velocidade do crescimento da demanda determinaram, contudo, que pesquisadores, entidades governamentais e não-governamentais, nacionais e internacionais, começassem a priorizar estudos em torno dos reservatórios subterrâneos, tendo no horizonte seu uso racional e sustentável.

17 Não obstante as culturas extensivas de grãos induzirem à concentração fundiária. 18 Perdas médias de 15 t/ha/ano (Bragagnolo, N. e Pan, W – in Interfaces da Gestão de Recursos Hídricos – Munhoz, H. R. - Organizador). 19 Pro-Noroeste (década de 70); PMISA - Programa de Manejo Integrado de Solos e Água (83-89); Pró-rural (82-86); Paraná Rural (89-97) e Paraná 12 Meses (iniciado em 97), além do Programa da Rede da Biodiversidade, aprovado pelo GEF (Global Environment Facility), a ser iniciado em 2002.

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No Brasil, país de dimensões continentais, a disponibilidade de águas subterrâneas e a sua utilização encontram diferentes contornos. As regiões Sul e Sudeste, que podem ser definidas como Brasil Úmido, têm potencial hídrico superficial e subterrâneo ainda abundante; mas enfrentam enormes problemas com a qualidade da água. O Nordeste e Centro-Oeste circunscrevem o Brasil Seco, onde talvez seja ainda mais estratégica a implementação de estudos e pesquisas sobre esse tipo de manancial. Justificada pela abundância das águas superficiais e pela ocupação populacional pulverizada, a exploração da água subterrânea na Região Amazônica remonta à segunda metade da década de 90. Embora várias perfurações tenham apresentado resultados favoráveis, esse recurso é pouco adotado.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 51% do suprimento de água potável do Brasil são advindos do recurso hídrico subterrâneo. Diante dos múltiplos usos, e da importância estratégica das águas subterrâneas, é de se destacar o significativo alcance social da utilização de poços para atender com água potável de qualidade comunidades pobres ou distantes das redes de abastecimento público. Nesse contexto, inclusive, estão comprovadas a minimização dos casos de doenças de veiculação hídrica e a drástica redução nos indicadores de mortalidade infantil.

Na porção Centro-Sul do Brasil localiza-se a maior reserva de água doce do planeta. O Aqüífero Guarani, aliás, extrapola as fronteiras nacionais para alcançar parte do território do Paraguai, Uruguai e Argentina. A denominação “Aqüífero Guarani” é utilizada para identificar uma formação sedimentar constituída basicamente de arenitos eólicos que ocorrem subjacentes aos basaltos da Serra Geral. Estas unidades geológicas estão embutidas na Bacia Sedimentar do Paraná, com dimensões que ultrapassam uma área de 1.500.000 km2. Os basaltos apresentam espessuras de até 1.000 metros e os arenitos – o aqüífero em si –, em média de 200 metros. Ainda a propósito da Bacia Sedimentar do Paraná, há que se frisar que o volume de água nela armazenado corresponde a aproximadamente 50% de todas as águas subterrâneas do Brasil.

Com elevada capacidade de armazenamento e alta permeabilidade, o arenito possibilita a extração de água potável, via poços tubulares profundos, com vazões de até 500 m3/h. Vazões desta ordem permitem o abastecimento de cidades de médio porte, entre 50.000 a 500.000 habitantes, desde que implantadas baterias de poços em pontos estratégicos. Por outro lado, em diversos locais onde a cota planialtimétrica é inferior a 350 metros, como às margens do Rio Paraná, a água pode ser captada sem a necessidade de bombeamento. Além destas vantagens, existe a característica de geotermalismo, com temperaturas da água atingindo 68ºC; nestes casos, o manancial pode ser usado para recreação, secagem de grãos em silos agrupados, dentre outras finalidades.

Dada a magnitude espacial desse aqüífero, ainda pouco se sabe das suas áreas de recarga e descarga, ou da qualidade da água em toda sua extensão. Daí a necessidade de um programa de estudos, coordenado entre os países onde ele ocorre, e a partir desses estudos, estabelecer uma forma de gestão compartilhada definindo mecanismos de proteção e volumes para a exploração sustentável. Esta é uma expectativa dos governos e organismos de pesquisas quanto ao denominado Projeto Guarani, no qual está envolvido o BIRD/GEF. Esses argumentos também valem para salientar que é muito importante a participação de instituições de pesquisa e ensino superior, desses países, neste projeto. Afinal, por meio delas, com elaboração de teses de mestrado e doutorado, será possível acelerar com base acadêmica o aprofundamento dos conhecimentos sobre a potencialidade hídrica desse extraordinário reservatório, forma única de garantir a continuidade das ações trans-fronteiriças após a implementação do projeto apoiado pelo Fundo Mundial do Meio Ambiente e pelo Banco Mundial. Fonte: Lobato da Costa, F. J., Estratégicas para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos no Brasil: Áreas de Cooperação com o Banco Mundial – Box 2.4, BIRD, 2003.

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As diretrizes correspondentes aos quadros de problemas, resumidos nos boxes, estão diretamente dispostas na Matriz de Sistematização e Identificação de Linhas Programáticas, apresentada no item 2.3, Parte 2 do presente documento. No entanto, é importante destacar que o traçado dessas possíveis unidades de intervenção ainda não esgota outras perspectivas de “recorte” espacial, notadamente quando entram em questão as bases territoriais que devem ser efetivamente aplicadas para compor arranjos institucionais e implementar os respectivos instrumentos de gestão integrada dos recursos hídricos. Com efeito, em convergência com tal entendimento, chama a atenção o trabalho Base Territorial para a Gestão dos Recursos Hídricos: uma Proposta Metodológica, desenvolvido pela ANA, onde são ponderados múltiplos fatores –hidrológicos, ambientais, socioeconômicos e político-institucionais –, para delimitar unidades geográficas e explicitar possíveis prioridades para a gradativa e continuada implantação do SINGRH, em convergência com os “recortes” espaciais adotados pelos estados, sob a ótica de que não se justifica a adoção de alternativas institucionais uniformes, para todo o território nacional, ou seja:- antes de promover a instalação generalizada de comitês de bacia, a gestão deve ser pautada, em diversos casos, pela simples elaboração de cadastros de usuários e concessão de outorgas de direito de uso da água. Assim, a metodologia proposta pela ANA, de modo bastante flexível, permite que os “recortes” espaciais sejam ajustados à diferentes ponderações dos fatores que interferem na definição de unidades territoriais de gestão, o que naturalmente repercute, de modo complementar, nas ênfases adotadas para a implementação dos instrumentos de gerenciamento dos recursos hídricos.

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Fonte: Base Territorial para a Gestão de Recursos Hídricos: uma Proposta Metodológica, ANA, nov. 2005.

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A figura apresentada contém a sistematização de tipologias, tal como proposta pelo documento da ANA, com os modelos institucionais de complexidade crescente, segundo a gravidade e prioridade dos problemas, e os respectivos instrumentos de gestão a serem aplicados. Ao fim e ao cabo, quando tais avanços forem consubstanciados, o traçado resultante constituirá o “Mapa Geográfico Nacional da GIRH no Brasil”, por vezes com a sobreposição entre unidades espaciais (menores) com ênfase em problemas locais e outras (mais abrangentes, até o limite das 12 macro-bacias nacionais) nas quais devem ser convergidas e coordenadas políticas públicas que afetam os recursos hídricos. Contudo, como os fatores e pesos relativos que resultam nos referidos “recortes” espaciais ainda não foram debatidos e convergidos com os estados e principais atores (e setores) afetos à elaboração do PNRH, considera-se que, por ora, a definição de diretrizes deva ser mantida na escala das unidades de intervenção, tais como delimitadas pelos boxes já apresentados, sem prejuízo de incorporar estudos ao Plano, que propiciem avanços adicionais à metodologia desenvolvida pela ANA.

Limites de atuação e do escopo do PNRH

Por fim, a escala limite que deve ser abordada no contexto da estruturação do PNRH não deverá ser conferida espacialmente, mas sim, pela divisão de encargos a ser observada frente aos Planos Estaduais e aos Planos de Bacias Hidrográficas. Com efeito, para que sejam respeitados os fundamentos e conceitos já dispostos neste documento, notadamente os princípios do federalismo e da subsidiariedade, cabe permanente vigilância para que não ocorram mútuas sobreposições e duplicidades entre o PNRH, planos estaduais e de bacias hidrográficas, caso contrário, o risco será o de confirmar tendências atávicas da sociedade brasileira de delegar as responsabilidades pela resolução de todas as mazelas ao Orçamento Geral da União (OGU): - o PNRH resolverá todos os problemas. Estas “fronteiras de trabalho”, que apresentam evidentes áreas de sombreamento, tendem a ser distintas para diferentes setores e regiões, sofrendo a influência, de um lado, das capacidades institucionais instaladas nos estados e, de outro, das próprias possibilidades e limites da União em oferecer respostas consistentes e continuadas. A Parte 2 do presente documento, que trata de uma definição tentativa do PNRH, apresenta maiores detalhes sobre como abordar metodologicamente questões dessa ordem, cotejando natureza e abrangência dos problemas e capacidades institucionais que serão exigias. Por ora, a síntese da diretriz que deve ser adotada indica uma natureza essencialmente estratégica para o PNRH e operacional para os planos de bacias hidrográficas. 1.3. Contextualização Intersetorial da Gestão de Recursos Hídricos Reafirmados princípios e conceitos e verificadas as inserções espaciais do PNRH, o passo seguinte deve tratar das interfaces setoriais da gestão dos recursos

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hídricos. Para tanto, o esquema apresentado na seqüência procura sistematizar o complexo conjunto dessas articulações. Do esquema depreende-se que as questões ambientais são suscitadas quando se pensa nas relações de apropriação dos recursos naturais (água tornada recurso hídrico), empreendidas por determinada sociedade sobre o seu respectivo espaço geográfico. Essas relações de apropriação, relacionadas a esforços para a promoção do desenvolvimento regional, geram impactos sobre o território (tensão da sustentabilidade), conformando variáveis supervenientes à gestão dos recursos hídricos, na medida em que os problemas de disponibilidade quantitativa e qualitativa das águas estarão referidos à demandas da produção e do consumo regional e/ou a aspectos de conservação ou preservação do meio ambiente.

Por outro lado, essas relações de apropriação são operadas por diferentes setores (saneamento, indústria, irrigação, geração de energia, navegação, lazer e outros), caracterizando outras variáveis, dessa vez, intervenientes na gestão dos recursos hídricos, algumas das quais associadas à prestação de serviços à população. Para além de aspectos relacionados à necessária coordenação regulatória (eficiência da prestação de serviços e na utilização das disponibilidades hídricas), estas articulações apresentam mútuas sobreposições e interdependências, uma vez que a gestão de recursos hídricos deve perseguir, ainda que sob o formato de diretrizes que a conformam, a compatibilidade possível com a natureza plena dos problemas (sublinhou-se), em cada bacia hidrográfica, até o limite de abrigar a complexidade de ações integradas público-privadas de desenvolvimento regional, tornadas peculiares pelas emergências das questões relativas ao recurso água, exigindo, por essa razão, instrumentos e sistemáticas de gestão também peculiares a cada região-problema.

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Na perspectiva das variáveis intervenientes (dos usos múltiplos), é importante destacar que algo como 95% (noventa e cinco por cento) dos investimentos que afetam os recursos hídricos são empreendidos pelos setores usuários, restando apenas 5% (cinco por cento) a cargo das entidades diretamente responsáveis pela gestão das águas, nomeadamente Ministério do Meio Ambiente e vinculadas, SRH e ANA. Portanto, boa parte das diretrizes que deverão nortear os programas e projetos do PNRH terá origem nas interfaces setoriais identificadas. 1.4. Diretrizes para o PNRH, advindas de Outras Abordagens Temáticas. Por fim, em adição às diretrizes advindas de princípios e conceitos, da inserção espacial e do contexto intersetorial da gestão de recursos hídricos, resta incorporar outras perspectivas e abordagens temáticas, nomeadamente:

(i) as relações do PNRH com as políticas públicas de saúde, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia e educação;

(ii) as diretrizes que propiciem maior inserção dos municípios na gestão dos recursos hídricos, particularmente em razão dos impactos sobre as águas derivados do uso e ocupação do solo;

(iii) os condicionantes já estabelecidos pelo Plano Plurianual de Investimentos (PPA), do período 2004 a 2007;

(iv) as diretrizes emanadas dos 27 “encontros públicos” sobre o PNRH e das oficinas realizadas com representantes da sociedade civil e sobre “aspectos sócio-culturais relacionados à água”; e,

(v) as contribuições das oficinas entre MMA e IBAMA e sobre “água de chuva”. A propósito, vale lembrar que a perspectiva de análise da inserção macro-regional deve incorporar as diretrizes colhidas na oficina sobre bacias transfronteiriças, assim como, os resultados da oficina com setores usuários devem ser considerados no âmbito das diretrizes traçadas a partir da contextualização intersetorial da gestão dos recursos hídricos. Considerado todo esse amplo conjunto, é interessante observar que as diretrizes devem apresentar grande variação, em termos de suas escalas espaciais, ênfase setorial, requisitos institucionais e demandas executivas, o que permite explicitar, como orientação metodológica, que o PNRH não deve ser refém da escala única das macro-bacias nacionais que orientaram seus diagnósticos de base (sublinhou-se). Com efeito, parece adequado manter certa flexibilidade tática na implementação do PNRH, reservando esforços à identificação de quais os vetores que podem conferir as dinâmicas político-institucional e operacional, necessárias ao Plano, seja sob o enfoque setorial (das variáveis supervenientes e intervenientes) ou espacial. Em outras palavras, deve-se admitir que setores possam impulsionar a temática dos recursos hídricos ou que problemas regionalmente localizados se apresentem como núcleos de sustentação para a gestão de bacias hidrográficas. Assim, o PNRH deve ter flexibilidade suficiente para abrigar diferentes escalas e abordagens de intervenção.

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O resultado dessa atitude tática poderá ser expresso por um “mapa geográfico de interesse para o PNRH”, lembrando que alguns de seus vetores de dinâmica podem se apresentar como setores de intervenção e não como escalas espaciais, ainda que, sempre, a bacia hidrográfica seja adotada como um espaço geográfico natural de convergência e coordenação de políticas, entre desenvolvimento regional, questões de meio ambiente, gerenciamento de recursos hídricos e setores usuários, dada a síntese que a água oferece na aferição física de resultados.

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Parte 2 – Insumos para o Capítulo V:- Linhas Programáticas, Escopo Básico e Indicadores de Monitoramento e Avaliação dos Programas e Subprogramas do PNRH 2.1. Definição Tentativa do PNRH Sob os conceitos e princípios dispostos na Parte 1 deste documento, em termos metodológicos a estruturação do PNRH assemelha-se à construção de um tronco de pirâmide, progressivamente edificado em suas bases inferior, intermediárias e superior.

Para tanto, dois passos metodológicos parecem necessários:

i. primeiramente, a identificação e a espacialização da matriz de relações inter-institucionais, necessária à implementação do PNRH, construindo-a progressivamente, segundo a ocorrência local (base inferior), regional, estadual, nas macro-bacias hidrográficas ou em âmbito nacional (base superior) das articulações institucionais a considerar, de modo que subsistam, para interesse do PNRH, aquelas troncais e de importância estratégica, sem as quais as articulações dos níveis inferiores ou intermediários não ocorreriam ou seriam dificultadas (sublinhou-se);

ii. em segundo lugar, o cruzamento dessas articulações institucionais com o conjunto real de problemas (Matriz Aplicada), tais como identificados pelos diagnósticos no contexto dos estudos do próprio PNRH, igualmente ordenados segundo a pertinência do nível hierárquico mais próximo capaz de equacioná-los, o que pressupõe algum cotejamento entre a natureza dos problemas e o maior ou menor grau de delegação para a gestão das águas (descentralização calibrada), segundo a capacidade institucional instalada em cada região ou estado e de acordo com as próprias condições da União de responder à demandas.

A aplicação da metodologia proposta implicará em respostas às seguintes questões:

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Quais os problemas regionais relevantes e sua hierarquia segundo a abrangência ou área de influência crescente?

Quais as articulações institucionais mais simples (considerando, de um lado, a capacidade institucional instalada e, de outro, os limites operacionais da União) que permitem equacionar os problemas identificados e ordenados crescentemente segundo sua abrangência / área de influência?

Para cada região, estado ou bacia, qual a melhor divisão de trabalho entre Planos Estaduais, Planos de Bacia Hidrográfica (eventualmente definidos no âmbito de sub-bacias e consistidos regionalmente) e o PNRH?

Quais as articulações troncais e estratégicas que, vencidas as bases inferior e intermediárias, compõem a base superior do tronco de pirâmide, área de concentração do PNRH?

Como o PNRH deve estabelecer os meios (instrumentos, recursos e articulações institucionais) necessários à sua efetividade, considerando a divisão de encargos explicitada pela Matriz Institucional, espacializada e aplicada aos problemas reais?

Isto posto, uma definição tentativa do PNRH pode ser assim formulada: o conjunto estratégico de ações e relações inter-institucionais, instrumentos de

política, informações e ferramentas de apoio à decisão, ações de comunicação

social, fontes de financiamento e, também, intervenções físicas seletivas

(sublinhou-se) que, ao serem implementadas pela União, possibilitam e

potencializam o equacionamento regional ou local de problemas relativos aos

recursos hídricos e, simultaneamente, estruturam uma ótica nacional

indispensável ao seu efetivo gerenciamento, respeitadas as diretrizes de

descentralização e o princípio da subsidiariedade, enquanto predicados inerentes

ao SINGRH que se quer edificar.

2.2. Análise de Proposta Preliminar para a Estruturação de Programas do PNRH Sob a definição acima e com o encargo de propor uma estruturação de programas para o PNRH, é interessante notar que a concepção básica e o ordenamento que constam do Documento de Referência do PNRH (Cap. 7., pgs 362 a 365, Tabelas 7.2 a 7.4), em grande medida, assemelham-se à proposta datada de agosto de 1998, desenvolvida por um grupo de consultores que tinha como tarefa acompanhar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos, à época contratado junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV)20.

20 Nomeadamente, Benedito Eduardo Barbosa Pereira, Carlos Eduardo Morelli Tucci, Flávio Terra Barth, José Leomax dos Santos e Vicente P. Vieira.

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Essa semelhança (ou resgate) certamente revela a boa consistência da abordagem proposta em 1998, pautada muito mais pelo reconhecimento de temáticas relevantes para o gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil, do que por enfoques tradicionais diretamente derivados dos diagnósticos das macro-bacias nacionais. Com efeito, partindo de uma identificação (ou “percepção”) preliminar de problemas e constatando as prioridades recorrentes nas macro-bacias nacionais, o Documento de Referência do PNRH (Tab. 7.1, pg 358) verifica que “os principais aspectos que aparecem em quase todas as regiões hidrográficas estão associados aos seguintes temas”: − abastecimento de água: problemas associados à garantia de disponibilidade

hídrica, à população não atendida com água potável e à poluição de mananciais;

− efluentes urbanos: deterioração da qualidade da água causada pelos efluentes domésticos e industriais lançados nos corpos hídricos das bacias onde estão localizados os grandes centros urbanos;

− drenagem urbana e disposição de resíduos sólidos: além das deficiências no tratamento de efluentes, destacam-se a drenagem urbana inapropriada e a disposição e tratamento inadequados dos resíduos sólidos;

− inundações ribeirinhas e urbanas: inundações resultantes do uso e ocupação inadequados de áreas ribeirinhas e devido ao aumento da taxa de urbanização das cidades;

− conflitos entre usuários da água: identificam-se como principais conflitos aqueles entre os seguintes usos: controle de inundações e geração de energia hidrelétrica; irrigação e abastecimento público; irrigação e geração de energia hidrelétrica; geração de energia hidrelétrica e navegação; abastecimento público e lançamentos de efluentes; geração de energia hidrelétrica e pesca; turismo e lazer e lançamentos; e, entre o propósito de preservação ambiental e os usos consuntivos excessivos e usos que causem diminuição da qualidade da água;

− doenças de veiculação hídrica: principalmente causadas pela falta de acesso à água potável e pelo tratamento inadequado ou ausente dos efluentes, vinculados aos grandes centros urbanos;

− turismo e lazer: os aspectos de recreação e turismo são de importância socioeconômica no País e mantêm estreita relação com os recursos hídricos, nas regiões costeiras, lagos e reservatórios. Esse uso está relacionado à qualidade da água, à balneabilidade e à harmonia paisagística;

− impactos derivados do uso e ocupação inadequados do solo: associados ao desmatamento, queimadas, poluição, contaminação e erosão nas áreas agrícolas, e urbanização desordenada;

− instrumentos legais: constata-se que diversos estados da federação ainda estão em processo inicial de implementação e regulamentação de suas legislações;

− Sistema e Instrumentos de gestão: Observa-se um processo ainda incipiente da instituição dos comitês e das agências de bacia, além da elaboração dos

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planos de recursos hídricos e implementação de enquadramento, outorga, cobrança, fiscalização e sistema de informação;

− monitoramento e previsão hidrológica: limitações da rede de monitoramento quantitativo que necessita modernização e ampliação, em alguns casos, foco em bacias rurais e urbanas, além da melhoria do monitoramento de sedimentos e da qualidade da água. Observa-se ainda a falta de sistemas de previsão e alerta antecipado das condições hidroclimáticas;

− capacitação e educação ambiental: falta de investimentos em capacitação e educação ambiental, com foco voltado aos recursos hídricos.

O Documento do PNRH acrescenta, ainda, “a necessidade de promover ações voltadas ao uso racional e integrado dos recursos hídricos pelos setores de irrigação, navegação interior, geração hidrelétrica, dentre outros, de maneira a se promover o desenvolvimento sustentável no âmbito das bacias hidrográficas.” Sob tais observações, a estruturação do PNRH é, então, organizada a partir da abrangência de Programas Nacionais e Regionais. Os Programas Nacionais são de médio e longo prazos, tendo caráter permanente e sendo voltados a assuntos estratégicos referentes à Gestão Nacional e ao Gerenciamento Integrado dos recursos hídricos (respectivamente, Tabelas 7.2 e 7.3, transcritas a partir do Documento de Referência do PNRH). O Componente de Gestão Nacional é constituído por “um grupo de programas que tem como temática a Política e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, concentrando atenções em aspectos institucionais, legais e técnicos”. O Componente de Gerenciamento Integrado é formado por “programas que tratam do gerenciamento dos usos múltiplos e dos principais impactos ambientais e socioeconômicos identificados nas macro-bacias nacionais”.

Tabela 7.2. - Programas de Gestão Nacional

Subprogramas Componentes dos Subprogramas Descrição

1. Ordenamento Institucional e Base Legal

1.1 - Apoio ao SINGREH 1.2 - Adequação e complementação do marco legal e institucional 1.3 - Implementação do Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos em bacias hidrográficas (Comitês, Agências e Consórcios Intermunicipais)

Composição da governança associada à gestão dos recursos hídricos. Trata da complementação e harmonização dos aspectos legais e institucionais que permitirão desenvolver o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos segundo a legislação existente, adequada às especificidades regionais, e da sua implementação em bacias hidrográficas.

2. Articulação Intersetorial e Interinstitucional

2.1 – Avaliação da interface entre os planos setoriais e os recursos hídricos 2.2 - Compatibilização entre os planos setoriais e desses com a Política Nacional de Recursos Hídricos

Estabelecimento da vinculação entre planos e ações intersetoriais em recursos hídricos, visando a racionalidade e integração de ações e a institucionalização de processos e mecanismos permanentes de articulação interinstitucional.

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2.3 - Mecanismos de integração intersetorial e interinstitucional.

3. Planejamento e Gerenciamento dos Recursos Hídricos

3.1 - Elaboração de Planos de Recursos Hídricos 3.2- Desenvolvimento de Sistemas de enquadramento, outorga, cobrança e fiscalização. 3.3 - Desenvolvimento de sistemas tecnológicos de apoio ao desenvolvimento dos planos e do sistema de outorga, cobrança e fiscalização.

Desenvolvimento dos instrumentos previstos na legislação de recursos hídricos. O primeiro trata dos Planos de Recursos Hídricos, no âmbito estadual e de bacias hidrográficas, articulados com o Plano Nacional. O segundo envolve o estabelecimento de rotina para gestão dos recursos hídricos, requerendo, ambos, os elementos tecnológicos necessários para seu desenvolvimento.

4. Sistema Nacional de Informações e Monitoramento

4.1 - Rede de coleta de informações hidrológicas 4.2 - Processamento, armazenamento e difusão das informações. 4.3 - Sistema de informações sobre os recursos hídricos das bacias hidrográficas.

Coleta, processamento e disponibilização das informações climáticas, hidrológicas, piezométricas, sedimentométricas e de qualidade da água. Sistematização e modernização da rede de monitoramento. Adicionalmente, é necessário obter e disponibilizar informações que afetem a disponibilidade e a demanda hídrica.

5. Desenvolvimento Científico, Tecnológico e Capacitação

5.1 – Capacitação 5.2 - Desenvolvimento Científico e Tecnológico 5.3 - Educação Ambiental

Fortalecimento e criação de bases para a pesquisa e formação de pessoal, voltados a problemas de recursos hídricos. Formação de profissionais de nível técnico e superior, para o gerenciamento dos recursos hídricos. Criação de programas que permitam desenvolver uma base mínima de capacitação que atenda aos estados e às Agências de Bacia em sua fase inicial de implementação ou de estruturação institucional na área de recursos hídricos.

Tabela 7.3 - Programas de Gerenciamento Integrado

Subprograma Componentes Descrição

1. Despoluição da água, mediante o tratamento

de efluentes.

1.1 – Urbana 1.2 - Industrial 1.3 - Mineração 1.4 - Agropecuária 1.5 - Fontes difusas

• Avaliação do impacto da poluição produzida por fontes urbanas domésticas, industriais, de mineração e não pontuais como a agropecuária e escoamento pluvial urbano; • Desenvolvimento de subprogramas para minimizar a carga resultante das fontes de poluição citadas; • Implementação de sistemática de monitoramento e fiscalização

2. Conservação e uso racional da água, mediante usos eficientes.

2.1. Urbano 2.2. Industrial 2.3. Agropecuária 2.4. Reuso da Água

• Avaliação da eficiência do uso da água nos setores usuários; • Desenvolvimento e implementação de tecnologia para o uso eficiente,

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racionalização e reuso da água nos vários setores; • Realização de campanhas voltadas ao uso eficiente e racional da água.

3. Controle do Impacto do Uso do solo sobre os recursos hídricos

3.1 Proteção de mananciais 3.2 Planejamento da ocupação urbana 3.3 Mineração e erosão de solo 3.4 Uso agrícola e conservação do solo 3.5 Recuperação de áreas degradadas

• Avaliação do impacto da alteração do uso e ocupação do solo sobre os sistemas hídricos. • Desenvolvimento de planejamento e conservação do uso e ocupação do solo rural e urbano.

4.Redução dos efeitos dos eventos hidrológicos críticos

4.1. Controle de inundações 4.2. Mitigação dos efeitos das secas e racionamento

• Mapeamento das áreas de risco de inundações e secas freqüentes; envolvendo: (a) gerenciamento das inundações ribeirinhas por meio de medidas não-estruturais e definição de legislação de segurança para as barragens;(b) controle das inundações devido à urbanização. • Planejamento de medidas estruturais e não estruturais mitigadoras e preventivas, referentes ao controle das inundações e das secas.

5. Uso múltiplo, integrado e sustentável dos recursos hídricos.

5.1. Gestão Sustentável da Oferta de Água Bruta 5.2. Fomento ao Uso Múltiplo e Integrado dos Recursos Hídricos

• Desenvolvimento e implementação de diretrizes, critérios e procedimentos para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda hídrica em base sustentada; • Desenvolvimento de usos múltiplos, considerando o meio ambiente no planejamento.

Por seu turno, os Programas Regionais (Tabela 7.4) são voltados aos biomas nacionais ou outras áreas de especial interesse (ou Situações Especiais de Planejamento), que necessitam de ações integradas em recursos hídricos associados ao desenvolvimento regional e à preservação dos ecossistemas.

Tabela 7.4 - Programas Regionais

Título Descrição

Caatinga

• Desenvolvimento e implementação de modelos de seleção, implantação, operação e manutenção da infra-estrutura de suprimento de recursos hídricos (superficiais e subterrâneas) com garantia de oferta de água e sustentabilidade operacional no semi-árido brasileiro.

Cerrado

• Desenvolvimento e implementação de modelos de desenvolvimento sustentável do Cerrado com base no aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos. A expansão da fronteira agrícola e a prática extensiva de monoculturas são temas correlatos à questão.

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Pantanal

• Desenvolvimento e implementação de políticas de preservação dos recursos hídricos que considerem as vocações econômicas regionais. As práticas agropecuárias, do ecoturismo e o transporte hidroviário, por exemplo, são questões de importância para esse bioma.

Amazônia

• Desenvolvimento e implementação de política de valorização dos recursos hídricos no contexto ambiental da Amazônia. O desenvolvimento hidroenergético, hidroviário, a pesca comercial e o extrativismo ambientalmente sustentados e o ecoturismo, são exemplos de temas em discussão, relevantes para a região.

Mata Atlântica • Desenvolvimento e implementação de modelos de

gestão para a proteção dos ecossistemas aquáticos desse bioma.

Sistema Costeiro • Desenvolvimento e implementação de modelos

de integração do gerenciamento costeiro com a proteção de recursos hídricos nos sistemas estuarinos e costeiros

Outras Áreas Especiais • Desenvolvimento e implementação de ações de acordo com as prioridades definidas.

Por certo que esta estrutura de programas, proposta ao PNRH, não deve ser vista como definitiva, sendo passível de ajustes e adequações, tanto em função de diretrizes e demandas que foram recolhidas durante as consultas regionais, quanto pelos condicionantes já estabelecidos a partir do Plano Plurianual de Investimentos (PPA), do período 2004 a 2007. Com efeito, dada a dimensão orçamentária e a importância de ações previstas pelos setores com interfaces relevantes junto aos recursos hídricos, cabe considerar um formato que potencialize a integração e a mútua convergência entre políticas e diretrizes do PNRH, que poderia (e deveria, na busca de uma estratégia do tipo ganha-ganha) incorporar programas e projetos previstos no PPA, sob a execução de outros ministérios. Observações e um levantamento detalhado nessa perspectiva constam do documento Proposta de Programas e Ações para o PNRH (ANA, maio/2005), cujo conteúdo, certamente, orientou o já mencionado Documento de Referência do PNRH. O documento produzido pela ANA mapeia os programas e ações previstas no PPA, revelando o quanto são substantivas, em termos de impactos sobre os recursos hídricos, as intervenções externas ao MMA, SRH e ANA, explicitando que haveria ganhos significativos caso se obtivesse, muito modestamente, sob o patrocínio do PNRH, apenas a desejada coordenação e sinergia intersetorial. Para tanto, o documento propõe, como enfoques estratégicos do PNRH, o uso múltiplo, integrado e sustentável dos recursos hídricos, formulando alternativas para que se obtenha maiores articulações intersetoriais e interinstitucionais, dentre as quais merecem destaque:

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a revisão dos programas e projetos inseridos no PPA e com impactos sobre os recursos hídricos, com vistas à incorporação de diretrizes determinadas pelo PNRH, sob o respaldo da aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

a previsão de Avaliação Ambiental Estratégica dos Recursos Hídricos, como instrumento requerido para a implementação de programas e projetos com impactos sobre as águas, com vistas a consolidar uma agenda socioeconômica e ambiental que oriente o planejamento governamental; e,

a incorporação transversal de critérios técnicos e ambientais de sustentabilidade hídrica, na implementação de programas e projetos previstos no PPA e, inclusive, na definição de condicionantes para acesso a linhas de crédito (nacionais e internacionais);

Demais disso, o documento propõe o uso intensivo de instrumentos econômicos (incentivos fiscais e tributários, além da própria cobrança pelo uso da água), como forma de induzir, de modo descentralizado, avanços na gestão dos recursos hídricos. De fato, no limite o PNRH poderia prescindir de qualquer aporte adicional de recursos, caso concretizasse, de forma articulada, a implementação de todos os programas e projetos de seu interesse, já previstos no PPA, gerando sinergias e convergências com diretrizes e políticas regentes da gestão dos recursos hídricos. Todavia, essa possibilidade não é trivial e requer esforços substanciais de articulação intersetorial e interinstitucional. Segundo o documento elaborado pela ANA, são 16 ministérios (com destaques para o próprio MMA, Integração Nacional, Cidades, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e Agricultura), além da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, responsáveis por 166 programas e 967 ações de interesse para os recursos hídricos. Os aportes totais chegam a R$ 41 bilhões, sendo R$ 34,2 bilhões destinados a intervenções sobre usos e impactos ambientais em recursos hídricos (correspondentes ao Componente de Gerenciamento Integrado) e R$ 6,8 bilhões voltados a temas institucionais, de gestão e das políticas de recursos hídricos (correspondentes ao Componente de Gestão Nacional). Por outro lado, o PPA não deve circunscrever ou restringir a concepção do PNRH, o que seria equivalente a definir o Plano segundo a aleatoriedade das iniciativas que foram manifestadas para fins de elaboração do PPA. Por certo que não houve coordenação explícita e consciente nesse processo. Cabe, então, um trabalho de verificação de lacunas e consistência com as diretrizes traçadas segundo as diversas perspectivas referidas no presente documento. Ademais, tendo em vista a divisão de trabalho com planos estaduais e de bacias, cujos limites serão variáveis e flexíveis, deve-se proceder a ajustes de escopo segundo os procedimentos metodológicos já indicados, pautados pela identificação e espacialização da matriz interinstitucional do PNRH e por seu cruzamento as capacidades institucionais instaladas (locais e da União) e com a natureza dos problemas, em cada unidade de intervenção. 2.3. Matriz de Sistematização de Diretrizes e Identificação de Possíveis Linhas Programáticas do PNRH

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Algumas indicações sobre o estabelecimento de diretrizes podem ser extraídas do documento Limite de Abrangência do Escopo do PNRH (SRH, Consultora Fátima Chagas, julho/2005), transcritas no Box que segue: “...as diretrizes, metas e programas do PNRH decorrerão de duas vertentes de análise, que se inter-relacionam, quais sejam, as Vertentes Nacional e Regional.”

“A Vertente Nacional destina suas atenções para as questões e temas estratégicos, voltando-se para efetivar a gestão integrada dos recursos hídricos, decorrentes das seguintes linhas de abordagem”:

uma linha vertical que incorpora a análise das variáveis resultantes da interação de âmbito regional para todo o País, conforme as escalas do país, das 12 macro-bacias, das 58 unidades de planejamento (ou bacias de 2ª ordem) e das áreas ou situações especiais de planejamento (AEPs ou SEPs), na qual serão destacados os temas e questões regionais de importância nacional.

“Ressalta-se que tais temas e questões regionais estarão organizados de forma a explicitar a problemática da água e a sua inter-relação com o processo de ocupação regional e a conseqüente pressão sobre os biomas e ecossistemas”.

“Daí resultarão diretrizes gerais, metas e programas voltados para: a instrução de ações de âmbito do governo federal, visando à articulação dos órgãos e entidades da União com aqueles das Unidades da Federação, tendo em vista a gestão compartilhada e cooperada das águas de interesse comum; a articulação entre as entidades colegiadas do SINGREH; a articulação e complementaridade entre o Plano Nacional, os Planos Estaduais e os Planos de bacia, tendo em vista a divisão de encargos e responsabilidades”.

“uma linha horizontal que agrega a análise de temas e questões de pertinência nacional, voltados para o estabelecimento de diretrizes gerais, metas e programas relacionados: à inserção global e macro-regional do Brasil, próprias às articulações com outros países; à Política Nacional de Recursos Hídricos no Quadro Administrativo Brasileiro; à articulação da política de recursos hídricos com outras políticas públicas tais como a de desenvolvimento regional, meio ambiente, saúde, ciência e tecnologia, segurança alimentar e nutricional, uso e ocupação do solo e suas interfaces com o planejamento municipal, especialmente no que tange à questão da drenagem urbana e das inundações; à articulação com setores intervenientes, notadamente quando usuários das águas como os setores de energia, saneamento, mineração, irrigação, indústria e outros”;

“uma linha transversal de análise que forneça elementos voltados para a incorporação efetiva dos municípios ao processo de gestão das águas, em vista da necessidade de articular o planejamento municipal (Planos Diretores, ordenamento do uso e ocupação do solo, zoneamento ambiental) com o planejamento de recursos hídricos”.

“Por seu turno, a Vertente Regional trata de temas e questões de caráter estritamente regionais ou locais, sendo objeto das análises concernentes as 12 macro-bacias hidrográficas brasileiras, que podem demandar avaliações mais específicas sobre as 58 unidades de planejamento que as integram”.

“Essa Visão Regional conterá o estabelecimento de diretrizes e prioridades regionais, assim como a inserção macro-regional da região estudada, em vista das possíveis articulações com regiões vizinhas. Nessa vertente de análise, os temas e questões contemplados servirão de subsídio para o desenvolvimento futuro de Planos de Recursos Hídricos de Bacias hidrográficas e de Planos Estaduais de Recursos Hídricos”.

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Não obstante pequenas diferenças de ordenamento, é importante notar que predominam convergências significativas entre a abordagem transcrita no Box e as perspectivas propostas pelo presente documento. Para melhor explicitar tais convergências, será exercitada uma sistematização das diretrizes e princípios que deverão orientar a estruturação do PNRH, mediante os passos metodológicos descritos a seguir, que resultam na Matriz apresentada na seqüência:-

Tendo em vista o Objetivo Geral do PNRH, assim formulado pela SRH nos documentos disponíveis,

“estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas, voltadas para a melhoria da oferta de água, em qualidade e quantidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social”,

as seguintes perspectivas de análise devem ser aplicadas:

Perspectivas de

Análise

Conceitos e Políticas Regentes das Ações

do PNRH.

Inserção Espacial e Cenários Prospectivos de Desenvolvimento

Natureza dos Problemas de

Recursos Hídricos.

Contexto Intersetorial da Gestão de

Recursos Hídricos

Outras Abordagens Temáticas

permitindo um exercício de

brain-storming de diretrizes, recomendações

e princípios metodológicos...

... que serão preliminarmente agrupadas

segundo temas de interesse do Plano

e traduzidas em possíveis Linhas

Programáticas,

...que constituem a base para a consolidação dos programas que devem estruturar o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),...

...detalhados, na seqüência, em termos de objetivos, justificativas, escopo básico, executores, abrangência e benefícios potenciais a serem atingidos.

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Matriz de Sistematização de Diretrizes e Identificação de Possíveis Linhas Programáticas do PNRH

Perspectivas de Análise

Diretrizes, Recomendações e Princípios Metodológicos (brain-storming)

Possíveis Linhas Programáticas do PNRH

1. Conceitos e Políticas Regentes das Ações do PNRH

• horizontes de médio e longo prazos; • coerência face aos fundamentos da Política Nacional de Recursos

Hídricos e ao SINGRH (o Sistema conformará o Plano e não o Plano delimitará o Sistema);

• respeito ao federalismo, ao princípio da subsidiariedade e à diversidade regional;

• interação e divisão de encargos com planos estaduais e planos de bacias hidrográficas;

• ações de efetiva descentralização e apoio às dinâmicas e capacidades locais endógenas;

• ações integradas entre diferentes domínios de corpos hídricos, com divisão de funções que otimize capacidades institucionais existentes, segundo a natureza dos problemas a enfrentar;

• predicados de abordagem multidisciplinar e de estruturação dinâmica e flexível;

• horizonte de permanência temporal (o Plano é um processo e não um episódio);

• abertura à participação de todos os segmentos com inserção e interesses junto à gestão dos recursos hídricos;

• consolidação e interação junto ao SINGRH (o Plano não deve constituir vetor paralelo);

• atenção aos eixos da sustentabilidade: concepção abrangente, eqüidade e consistência dos arranjos institucionais e aspectos econômicos (custos e benefícios) envolvidos.

Apoio à organização de Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRHs) Organização e apoio ao SINGRH Estruturação de linhas de crédito voltadas aos recursos hídricos e estabelecimento de requisitos e condicionantes

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2. Inserção Espacial do PNRH

2.1 – Global • promover a incorporação de objetivos e metas estabelecidas pelas convenções e agendas internacionais do meio ambiente e da gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH);

• face à inserção do país no mercado internacional, o PNRH deve considerar vantagens comparativas e fatores exógenos que apresentem reflexos sobre as demandas por recursos hídricos no país;

• identificar vetores que afetam a gestão dos recursos hídricos, advindos do modelo econômico de inserção internacional competitiva;

• reforçar os elos da gestão de recursos hídricos com os novos paradigmas de desenvolvimento, a saber:- busca da sustentabilidade, arranjos institucionais participativos e endogenia de fatores;

• considerar a maior produtividade na exploração dos recursos naturais como elemento “pivotante” da dinâmica de crescimento econômico;

• reconhecer a necessidade de incorporar instrumentos econômicos para a gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente.

Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção no contexto global macro-econômico Organização e apoio ao SIGRH Apoio à organização de SEGRHs Capacitação e Desenvolvimento Tecnológico Aplicação de instrumentos econômicos na gestão de recursos hídricos.

2.2 – Macro-regional • promover a consolidação e observância de convenções e tratados internacionais com vistas à gestão de rios trans-fronteiriços e de aqüíferos estratégicos;

• promover ações conjuntas para fins de gestão dos recursos hídricos compartilhados, incentivando a troca de experiências e informações e a aplicação convergente de sistemas de apoio à decisão;

• identificar interesses geopolíticos do Brasil, frente às suas fronteiras e aos países vizinhos, no que concerne à gestão de bacias hidrográficas no contexto sul-americano;

• considerar os Programas da Amazônia, Aqüífero Guarani e da bacia do rio da Prata, instituídos por acordos internacionais vigentes.

Desenvolvimento de Sistemas de Informação e de Apoio à Decisão em Recursos Hídricos, incorporando variáveis afetas a territórios de bacias hidrográficas compartilhadas com países vizinhos. Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção do Brasil no contexto macro-regional.

2.3 - Nacional • identificar os setores que terão inserção competitiva no contexto macro-econômico internacional (agro-negócio, p. ex.), com reflexos sobre as demandas por recursos hídricos, inclusive no que concerne ao seu rebatimento espacial (nas regiões brasileiras);

Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção do Brasil no contexto macro-regional.

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• identificar alternativas de mitigação das disparidades regionais, a partir de ações de fortalecimento institucional concernentes à gestão de recursos hídricos;

• empreender a intervenções estruturais seletivas que concorram para o desenvolvimento e mitigação de disparidades regionais, notadamente no semi-árido e no eixo de desenvolvimento que se expande no sentido do cento-oeste ao norte, abrangendo parcelas das bacias do Alto Paraguai e do Araguaia-Tocantins;

• consolidar perímetros de irrigação e pólos de desenvolvimento regional no semi-árido.

Implementação de instrumentos de gestão (outorga e sistemas de informação) em estados do semi-árido e no eixo centro-oeste / norte Apoio à organização de SEGRHs Desenvolvimento de programas regionais no semi-árido e em eixos de desenvolvimento

2.4 – Macro-bacias ou Regiões Hidrográficas

Sistematização das consultas regionais

- Região Hidrográfica do Paraná

Grupo Planejamento e Gerenciamento: • promover a articulação entre as políticas públicas • incentivar a elaboração de planos setoriais • criar mecanismos que condicionem acesso a recursos públicos

vinculados a implantação de sistemas estaduais de recursos hídricos • promover a articulação das unidades da federação para a gestão dos

recursos hídricos • apoiar a elaboração dos planos estaduais e de bacias • criar e apoiar programas permanentes de comunicação sobre recursos

hídricos • apoiar a criação e o aperfeiçoamento dos órgãos gestores • criar e manter os sistemas de informação de recursos hídricos • incentivar programas de usos racional da água • apoiar a criação de associações de usuários de recursos hídricos • promover a divulgação de fontes de financiamento em recursos

hídricos • fortalecer o tema recursos hídricos nas agendas políticas • viabilizar fontes de financiamento,vinculadas ao sistema de

gerenciamento de recursos hídricos

Demanda por Programas: Base de dados Gerenciamento de recursos hídricos Uso racional de recursos hídricos Articulação e fortalecimento político e institucional Comunicação Capacitação em recursos hídricos Desenvolvimento tecnológico

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Grupo SINGRH e Políticas Setoriais: • Maior integração dos sistemas de informação • Incentivar o processo de implementação dos instrumentos • Ampliar o controle e a fiscalização dos instrumentos • Buscar a integração nos procedimentos (implementação dos

instrumentos) • Tornar eficiente a divulgação e comunicação com a sociedade • Capacitar os entes dos sistemas • Garantir a aplicação dos recursos da cobrança na bacia de origem • Ampliar a rede de monitoramento integrada • Implementar instrumentos de planejamento e gestão ambiental • Integrar o SINGREH e o SISNAMA • Desenvolver instrumentos para integrar as políticas setoriais Grupo de Usos Múltiplos: • Propor aos comitês e órgãos públicos a revisão do enquadramento dos

corpos d’água • Incentiva e apoiar sistemas de coleta e tratamento de efluentes • Planos de bacias contemplem diretrizes para a rede de monitoramento • Combate ao desperdício, conservação e reuso de água. • Considerar critérios de eficiência de usos nos processos de outorga • Articulação das políticas setoriais • Incentivar a integração entre as políticas setoriais • Definição dos usos prioritários nas bacias • Regulamentar a questão de usos da água de lastro • Propor mecanismos de financiamento • Institucionalizar as fontes de recursos • Descontigenciar os recursos relativos aos 0,75%

Demanda por Programas: Recuperação e proteção de mananciais para abastecimento público Proteção e revitalização de nascentes e vegetação ciliar Incentivo a recuperação biomas Conservação água e solo Demanda por Programas: Programas estaduais de micro-bacias hidrográficas Reflorestamento de matas ciliares Incentivar pesquisa sobre a possibilidade de aproveitamento de sedimentos retirados Recuperação da vegetação no entorno de reservatórios Identificação de áreas que contribuem fortemente para assoreamento Manejo e conservação do solo.

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• Aplicação dos recursos do CTHIDRO em inovação tecnológica • Promover ações e desenvolver tecnologias para o reuso da água • Articulação com o SISNAMA para agilização do licenciamento

ambiental

- Região Hidrográfica do Paraguai

Diretrizes Gerais • conhecimento e cadastramento dos projetos desenvolvidos; • resgate dos programas já existentes na bacia com ênfase no

Programa Pantanal; • referência ao programa de áreas prioritárias para conservação da

biodiversidade do MMA e ecossistemas aquáticos prioritários – GEF; • implementar as orientações do GEF-Pantanal; • levantamento das aspirações das comunidades locais com relação

as atividades a serem desenvolvidas na região; • fortalecimento das políticas para manutenção das práticas culturais,

tradicionais e ambientais; • implementação de uma política articulada visando a sustentabilidade

sócio-econômico das comunidades tradicionais; • continuidade do programa da Diretoria de Agro-extrativismo do MMA

e da inclusão das comunidades tradicionais na faixa de fronteira; • desenvolver ações que permitam valorizar as atividades, saberes e

fazeres tradicionais, bem como potencializar o fazer rudimentar com a disponibilização de tecnologia compatível com o seu contexto sociocultural;

• implementação de políticas específicas para o Pantanal, de modo a assegurar o fortalecimento das atividades tradicionais e a garantia de sustentabilidade;

• adequação das atividades existentes à vocação da BAP; • combate a prostituição infantil, turismo sexual e turismo predatório.

Demanda por Programas: Programa de sustentabilidade das comunidades ribeirinhas, tradicionais e assentados da Reforma Agrária; Conservação dos serviços ecológicos promovidos pela BAP; Implantação de unidades de conservação em locais de mananciais destinados ao abastecimento atual e futuro; Identificação de áreas prioritárias para conservação da água na BAP; Consolidação de unidades de conservação; Ampliação das áreas protegidas na BAP para conservação da qualidade e quantidade da água; Desenvolvimento de estudos hidrogeológicos de mananciais de abastecimento para usos futuros;

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Planejamento e Gestão • o zoneamento deve ser dinâmico e multi-escalar, nas dimensões

espacial e político-administrativa; • elaboração de estudos (PBH, PERH e outros) para definir as

verdadeiras vocações da Bacia; • participação e mobilização social para criação dos comitês de bacia; • fortalecimento da educação ambiental formal, não formal (ONG's) e

informal; • investimento em capacitação e estrutura para o fortalecimento

institucional do órgão gestor; • implantação de outorga pelo uso da água; • expansão da rede hidrometereológica, monitoramento do fluxo

hídrico e da qualidade das águas superficiais; • aprofundamento de ações que promovam a gestão integrada da

BAP, adaptando os instrumentos atuais para encontrar mecanismos de gestão para a compensação econômica e social;

• fomento ao desenvolvimento de atividades tendo como premissa a manutenção da diversidade;

• apoio ao desenvolvimento dos planos estaduais de recursos hídricos e do Plano ambiental estratégico da BAP;

Gestão Trans-fronteiriça: • compatibilização das leis ambientais e de recursos hídricos com

vistas a gestão da bacia, com ênfase no aspecto transfronteiriço; • fortalecer ações que levem a resgatar os benefícios decorrentes do

status do patrimônio natural da humanidade, da reserva da biosfera e dos sítios RAMSAR;

• criação de instância pública (Comitê) que promova a integração entre os estados e países vizinhos.

• implementação de ações voltadas às questões transfronteiriças; • criação de Conselho Interestadual da BAP e acordo de cooperação

internacional com Bolívia e Paraguai.

Demanda por Programas: Monitoramento quali-quantitativo de águas superficiais e subterrâneas; Financiamento para a implantação da Política de Recursos Hídricos da BAP; Educação Ambiental voltada a recursos hídricos; Programa para a definição da relação floresta-água; Fortalecimento institucional;

Demanda por Programas: Incentivo à criação de RPPN's, implantação de corredores de biodiversidade e criação de unidades de conservação transfronteiriças;

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• otimização dos acordos na gestão transfronteiriça; • articulação cultural dos povos transfronteiriços; • criação de mecanismo para facilitação de trânsito fronteiriço entre os

habitantes da fronteira; • criação de legislações diferenciadas para os países da BAP, e de

acordos internacionais e marco legal comum. Setores Usuários • água disponível para o consumo humano em quantidade e qualidade

suficiente para atendimento de demandas presentes e futuras; • fomentar o uso de alternativas para tratamento de água e esgoto; • 80% de coleta e tratamento adequado de efluentes nos Municípios

da BAP; • 100% de abastecimento doméstico com água tratada; • coleta, transporte e tratamento e disposição adequados dos resíduos

sólidos urbanos; • definição de parâmetros reguladores dos potenciais e capacidades

hidroenergéticas dos corpos hídricos; • fomento de boas práticas para a irrigação; • contínuo controle e fiscalização do tráfego aquaviário; • aprimoramento contínuo das leis e normas relativas à navegação

para garantir a conservação ambiental da BAP; • incentivo e ampliação das câmaras setoriais das cadeias produtivas; • estudos técnico-científicos realizados para a implantação das

atividades potencialmente poluidoras; • 100% de tratamento adequado de efluentes industriais. • intensificação da eficiência no controle e fiscalização do lançamento

de efluentes. • unificação e harmonização das legislações, do controle e da

fiscalização, e do fomento à piscicultura.

Demanda por Programas: Programas de investimentos federais, estaduais e municipais em saneamento ambiental (água, esgoto, lixo e drenagem); Criação de programa de combate ao desperdício e perdas. Programas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos. Programas regionais de educação ambiental para o turismo; Monitoramento dos recursos pesqueiros da BAP, incentivo à aqüicultura e implementação do centro de monitoramento de recursos pesqueiros; Criação de fundos para implementação e financiamento de ações de recuperação e capacitação para recuperação de áreas degradadas; Criação de patrulhas mecanizadas em nível de microbacias, para o atendimento prioritário das necessidades da mesma. Redução do aporte de sedimentos carreados para os corpos hídricos, recuperação da mata ciliar de rios e nascentes e redução do percentual de pastagens degradadas. Programa de agricultura familiar; Recuperação e conservação de estradas vicinais

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e carreadores, Recuperação de áreas degradadas; Criação de um fundo estadual para turismo e capacitação técnica; "PRODUTOR DE ÁGUAS" e definição da divisão hidrográfica da BAP.

- Região Hidrográfica do Parnaíba

Planejamento e Gestão: • plano de monitoramento da qualidade da água dos aqüíferos; • Implementação de outorga de uso dos recursos hídricos subterrâneos; • Integração da gestão das águas subterrâneas com os planos diretores

municipais, principalmente no controle da disposição final de resíduos sólidos;

• Integração das políticas de recursos hídricos entre os estados do Piauí, Ceará e Maranhão;

• Descentralização da gestão (representações do sistema de gestão em municípios do interior da região);

• Fortalecimento dos órgãos fiscalizadores; • Monitoramento dos desmatamentos; • Contratação de pessoal capacitado; • Capacitação dos recursos humanos e criação de quadro funcional

permanente; • Consolidação do arranjo jurídico – institucional; • Criação de comitê de bacia como estratégia de articulação e integração

da gestão de recursos hídricos; • Estabelecimento de marcos regulatórios para a implementação da

gestão compartilhada de bacias; • Melhoria, ampliação e manutenção da rede de monitoramento; • Definição de prioridades para parâmetros de qualidade da água; • Fortalecimento de associações dos usuários (capacitação e

organização);

Demanda por Programas: Fortalecimento das instituições gestoras e divulgação da política de recursos hídricos e do modelo de gestão; Desenvolvimento institucional; Integração das ações institucionais e capacitação dos recursos humanos; Programa de formação das comissões gestoras dos açudes; Comunicação e divulgação sobre gestão participativa da política nacional de recursos hídricos; Integração da rede de monitoramento dos Estados e da União; Integração entre gestão ambiental e dos recursos hídricos; Monitoramento de Aqüíferos; Monitoramento das matas ciliares; Programas de educação ambiental (PRONEA, CEA-PI), incluindo a educação ambiental nos assentamentos; Educação ambiental permanente e conscientização sobre o uso da água no ensino fundamental (1ª a 8ª série); Educação ambiental específica às populações ribeirinhas;

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• Financiamento dos planos através de programas/ fundos nacionais de recursos hídricos;

• Definição de critérios para integração do licenciamento ambiental e a outorga de direito de uso da água;

• Estabelecimento de mecanismos legais para a integração entre o licenciamento ambiental e a outorga;

Setores Usuários: • Compatibilização da política de recursos hídricos com as políticas dos

diversos setores usuários; • Integração dos diversos setores usuários de água na bacia

hidrográfica; • Fortalecimento dos sistemas de informação dos órgãos

regulamentadores, considerando as unidades de bens e serviços; • Execução dos projetos setoriais existentes e operacionalização das

Parcerias Público-Privadas; • Integração do SISNAMA e das unidades produtivas de bens e serviços; • Regulamentação compatível com a do setor elétrico; • Zoneamento econômico ecológico; • Avanço do setor produtivo no conhecimento da regulação; • Fortalecimento da participação do setor produtivo nas decisões do

Sistema Nacional de Recursos Hídricos. • Trabalho de conscientização dos órgãos reguladores sobre a

importância das atividades de bens e serviços e de sua sustentabilidade na região.

Demanda por Programas: Programa de regularização fundiária; Exploração e preservação de margens ao longo da hidrovia do rio Parnaíba; Programas de avanço tecnológico na produção de bens e serviços com a política de recursos hídricos; Parcerias Público-Privadas; Controle e monitoramento sedimentológico.

- Região Hidrográfica do Tocantins – Araguaia

Planejamento e Gestão: • implementação e fortalecimento do Sistema de Gestão dos Recursos

Hídricos; • delegação de responsabilidades para gestão de conflitos emergenciais; • ampla divulgação do PNRH para participação e controle social; • popularização do PNRH de acordo com o PRONEA;

Demanda por Programas: Ampliação e manutenção da base de coleta de dados em recursos hídricos; Concentração das ações de monitoramento na ANA e garantia de recursos financeiros; Implementação e consolidação do Sistema de informações de recursos hídricos;

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• promover parcerias entre os governos Federal, Estadual, Municipal e usuários para a captação de recursos para a Educação Ambiental;

• garantir ações de Educação Ambiental no âmbito de comitês; • ZEE interestadual no âmbito da bacia do Tocantins-Araguaia; • interação dos Sistemas de Planejamento territorial de recursos

hídricos; • garantir os ativos ambientais no âmbito da bacia; • realizar Inventário de nascentes para ações de conservação e

recuperação; • fortalecimento e ampliação da sociedade civil em espaços sociais; • implantar o Termo de Pleno Consentimento para grandes

empreendedores; • fortalecimento das organizações sociais; • integração dos grupos de pesquisas; • editais para levantamento de dados primários (CT-HIDRO); Intervenções Estruturais: • implementação de uma nova Política de saneamento; • integração do PNRH com as demais políticas setoriais; • preservação dos recursos hídricos; • democratizar fundos; • definir e disciplinar o uso de mananciais para o abastecimento público.

Estruturação do Cadastro de usuários da R.H Tocantins-Araguaia; Gestão compartilhada de recursos hídricos subterrâneos; Capacitação técnica e operacional das instituições de recursos hídricos; Centro de referência da R.H Tocantins-Araguaia; Educação Ambiental com ênfase em recursos hídricos; Comunicação e divulgação para gestão dos recursos hídricos; Capacitação de professores e profissionais para o exercício da Educação Ambiental; Criação de UCs em áreas prioritárias para a bacia; Capacitação da sociedade civil organizada; Criação de comitês de bacia hidrográfica; Implantar o Termo de Pleno consentimento para grandes empreendedores; Aumento de efetivo e mais concursos públicos; Capacitação docente e de técnicos; Fomentar pesquisa de manancial subterrâneo; Definição e monitoramento de indicadores; Disponibilizar a destinação de recursos via Internet. Demanda por Programas: Implantação e melhoria de sistemas de abastecimento; Aproveitamento energético da Região Hidrográfica; Navegação Integrada com sistema modal;

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Manutenção da Hidrovia Tocantins Araguaia; Desassoreamento da Bacia do Araguaia; Desenvolvimento Sustentável da Aqüicultura e Pesca com Inclusão Social; Uso eficiente de recursos hídricos na mineração; Subvenção do óleo diesel para a pesca artesanal; Recadastramento da pesca artesanal; Parques Aqüícolas; Ampliação do PROECOTUR aos municípios da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia; Integração do PROECOTUR aos programas estaduais de turismo; Incentivo à produção na agricultura familiar do manejo de fauna e flora das espécies nativas da RH Tocantins-Araguaia; Uso eficiente da água para irrigação; Implementar ações de recuperação de passivos ambientais; Recuperação e conservação das matas ciliares; Manejo e conservação do solo; Recuperação e conservação de mananciais; Gerenciamento de mananciais de abastecimento; Conservação de nascentes e áreas de recarga; Sistema de tratamento de efluentes com remoção de fósforo em reservatórios e lagos; Ampliar o sistema de abastecimento e tratamento de efluentes; Elaboração e integração de Planos Diretores dos municípios da bacia.

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- Região Hidrográfica da Amazônia

Planejamento e Gestão: • fomento à implantação da gestão de recursos hídricos nos estados da

RH Amazônica e à implementação dos instrumentos, nos estados, de gestão conforme previsto na Lei 9433/97;

• criação e regulamentação de legislação e instrumentos; • Iiplantação de um Sistema de Informações em Recursos Hídricos de

caráter regional; • criação de um sistema de informações sobre recursos hídricos na RH

Amazônica de forma livre e aberta à comunidade, com dados e informações amplas, sistematizadas e consistentes.

• monitoramento da qualidade das águas na RH Amazônica (superficial e subterrânea);

• implantação e operação de rede de monitoramento da qualidade da água.

Intervenções Estruturais: • atividades de mitigação de impactos com ênfase em atividades de

desenvolvimento sustentável; • otimização dos atuais programas existentes e tornar os programas

mais exeqüíveis através de uma previsão orçamentária específica independente de emendas parlamentares.

Demanda por Programas: Programa de formação de recursos humanos na gestão dos recursos hídricos e incorporação do pessoal treinado ao sistema de gestão dos estados da RH Amazônica; Programa de articulação setorial visando o uso racional e múltiplo dos recursos naturais, onde as bacias hidrográficas podem ser utilizadas como fator aglutinador de interesses, e que sistematize ações (tanto em escala urbana e rural, quanto regional). Demanda por Programas: Operacionalização de programas de saneamento já existentes; Estudo para formas alternativas e racionais de aproveitamento do potencial hidrelétrico da região; Programa de infra-estrutura hidroviária e do programa de balizamentos, de dragagem e de batimetrias; Construção de eclusas, melhoria dos terminais portuários, modificação de estruturas de grandes embarcações.

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- Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Ocidental

Planejamento e Gestão: • regulamentação das áreas de exploração mineral em rios, lagos e

sistemas costeiros; • regulamentação da explotação de águas subterrâneas para consumo

como água mineral; • agilização da regulamentação das leis sobre recursos naturais

existentes, estruturando e viabilizando verbas junto aos órgãos responsáveis pela manutenção e desenvolvimento sustentável envolvendo o 2o e 3o setores;

• elaborar inventário florestal e manejo sustentável; • busca por recursos internacionais por parte do governo brasileiro. Preservação e recuperação de matas ciliares; • fortalecimento de produtores locais; • criação de consórcios municipais e grupos sociais - associação plano

diretor e Agenda 21; • presença do poder público, descentralização do poder de fiscalização,

integração das informações (processo sócio-lingüístico); • aumento e melhoria das condições de trabalho; • restrição de uso na zona costeira; • políticas de gestão participativa; • articulação com o GERCO; • articulação das políticas de recursos hídricos e de gerenciamento

costeiro; • usos sustentável dos recursos; • articulação entre planos de bacia e planejamento de uso e ocupação

do solo; • fortalecimento dos sistemas de meio ambiente e recursos hídricos; • fortalecimento do 3º setor; • elaboração de legislação que discipline o reúso da água; • incentivo às práticas sustentáveis de aproveitamento turístico; • observância às áreas de proteção de mananciais e à proteção das

Demandas por Programas: Zoneamento hidrogeológico e estudos geofísicos; Regulamentação e implantação dos sistemas estaduais de recursos hídricos; Capacitação para implantação dos instrumentos da Política de Recursos Hídricos, priorizando o enquadramento, outorga e sistema de informação; Capacitação ambiental (formal e informal); Capacitação e fomento institucional e corporativo de gestão ambiental para empresas de médio e grande porte; Capacitação em gestão ambiental voltada a empresas de médio e grande porte que gerem impactos nos recursos hídricos; Capacitação continuada; Fortalecimento da base legal, institucional e operacional. Descentralização, fortalecimento e capacitação dos sistemas estaduais e municipais de meio ambiente e recursos hídricos; Capacitação em meio ambiente e recursos hídricos voltados ao 3º setor; Plano de ordenamento territorial e zoneamento costeiro; Fundo que permita um maior investimento em recursos hídricos (programas e projetos); Educação ambiental (formal e informal) para conservação dos recursos hídricos, de monitoramento da qualidade da água e de implantação de fontes alternativas de energia; Monitoramento da qualidade da água; Incentivos fiscais para controle de poluição e

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áreas de manguezais. • organização e fortalecimento da capacitação; • inventário de potencialidades; Intervenções Estruturais: • universalização de abastecimento e implantação de rede de esgotos; • parceria e interação entre concessionárias de abastecimento estaduais

e municipais, visando a elaboração de projetos conjuntos, em detrimento de ações isoladas;

• priorização do reflorestamento de matas ciliares; • controle do processo de desertificação; • ações locais, induzidas pelos governos estaduais e federal; • qualidade de água (questão econômica); • controle do desperdício.

reúsos da água; Capacitação em atividades de atendimento ao turismo; Centro de vocação tecnológica. Demandas por Programas: Programas de saneamento acompanhados de projetos sociais; Programas de saneamento do Projeto Alvorada; Combate à desertificação e de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP); Implantação e manutenção de áreas protegidas; Reflorestamento com espécies nativas, de importância fitoterápicas; Recuperação, revitalização e monitoramento da área estuarina; Fortalecimento da cadeia agro-extrativista, manejo alternativo (agro-ecológico), com integração pasto-agricultura; Linhas de financiamento, organização de cooperativas, apoio técnico, tecnologias apropriadas para pequenos agricultores e pecuaristas. Programa de reúso dos recursos hídricos; Implantação de sistema de controle de perdas físicas dos sistemas de abastecimento; Utilização das águas das chuvas; Desenvolvimento de energia eólica, fotovoltaica, biomassa e de hidrogênio.

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- Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental

Planejamento e Gestão: • aparelhamento e criação de quadro funcional permanente nos órgãos

gestores e formuladores de políticas; • tornar os comitês de bacias instrumentos de implementação do PNRH; • viabilização do funcionamento dos entes e instâncias do SINGREH; • consolidação do arranjo jurídico institucional da gestão das águas do

País; • realização de cadastros de usuários; • realização de estudos sobre custos e tarifas; • enquadramento dos corpos hídricos temporários e da qualidade da

água dos açudes; • desenvolvimento de uma metodologia específica para enquadramento

de cursos de água intermitentes; • convênios para a cooperação técnica e financeira para a recuperação e

implementação de redes; • disponibilização de base única de dados; • normatização das leis federais em relação as UC´s e APP´s quanto aos

impostos e incentivos fiscais para recuperação dos passivos ambientais;

• articulação das políticas de meio ambiente e de recursos hídricos; • atualização de zoneamento de áreas: uso do solo/ Ucs/ ao longo dos

RH; • fortalecimento institucional dos OEMA´s e municípios e fomentar a

implementação das comissões tripartite-pacto federativo; • promover a integração do poder público e sociedade civil para

implementação da política de educação ambiental; • estabelecimento de compensação financeira para proteção,

recuperação e conservação de rios, nascentes e estuários; • resgate da memória viva das comunidades nas bacias hidrográficas. • melhoria da articulação entre o licenciamento ambiental e a outorga do

órgão gestor;

Demanda por Programas: Divulgação da política de recursos hídricos e dos modelos de gestão para o fortalecimento das instituições gestoras; Capacitação de membros das instâncias de gestão de recursos hídricos; Programa de incentivos à formação de CBH´s; Programa de aparelhamento dos comitês e associações de usuários; Programa de implantação da cobrança pelo uso da água; Programa integrado para monitoramento, melhoria, estruturação, ampliação e manutenção das redes de monitoramento; Rede de marcos geodésicos de curta distância para georeferenciamento; Campanhas publicitárias para debate sobre uso adequado dos recursos hídricos, bem como ações coordenadas para o fomento e divulgação dos projetos de educação ambiental; Implementação das redes de educação ambiental; Reversão de recursos, das medidas compensatórias, em ações de educação ambiental; Implementação de educação ambiental não formal (popular) e utilização da arte educadores na educação ambiental; Implementação de educação contextualizada nos recursos hídricos e meio ambiente, com reorientação curricular com foco nas crianças; Capacitação social de agentes em ação de recuperação e proteção de nascentes de rios e estuários;

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• ampliação e atualização de estudos hidrogeológicos e das bacias hidrográficas.

• implantação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos; • estabelecimento de parâmetros físico-químicos para os diversos usos

da água; • implantação da cobrança pelo uso da água; • normatização de parâmetros de qualidade para os diversos usos da

água. Intervenções Estruturais: • consideração de experiências na implantação dos programas; • incentivo à captação de recursos para aplicação em programas; • estabelecimento de critérios técnicos para programas de interligação

de bacias; • incentivo de ações e atividades de convivência com as secas; • incentivo do uso de recursos hídricos alternativos; • incentivo da busca de novas tecnologias para auxílio no aumento da

oferta hídrica; • realização de estudos de avaliação dos aqüíferos. • implementação da Política Nacional de Saneamento; • incentivo à universalização do abastecimento público e à ampliação da

coleta, disposição final e tratamento de esgotos e resíduos sólidos. • zoneamento e definição das áreas liberadas para aqüicultura; • desburocratização do ordenamento da atividade de aqüicultura; • elaboração de políticas de incentivo ao uso e reúso eficiente da água.

Educação ambiental e agroecologia nas áreas de abrangência das bacias; Incentivo às rádios locais para fomento de Educação Ambiental e de programas integrados às ações do Ministério Público; Educação ambiental direcionado à preservação e recuperação de matas ciliares e nascentes. Demanda por Programas: Implantação e manutenção de áreas protegidas; Fiscalização da construção das obras e do consumo outorgado; Programa de redução de perdas de água; Ações integradas para recuperação e preservação de matas ciliares e nascentes; Identificação de resquícios de espécies nativas para matas ciliares em nascentes, rios e estuários e implantação de viveiros de produção de mudas florestais nativas em cada município; Renaturalização de rios urbanos e sua integração às áreas rurais; Intercâmbio para o desenvolvimento sustentável de sub-bacias entre entidades de pesquisa e usuários; Preservação, conservação e recuperação de nascentes e áreas estuarinas e que margeiam os corpos d'água; Monitoramento e avaliação, com intervenções pontuais (piloto) e disseminadas na região semi-árida para convivência com as secas; Programa Água Doce com recuperação de poços e recuperação de adutoras;

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Programa hidroambiental – Prodam; Recuperação de barragens subterrâneas já construídas; Desenvolvimento hidroagrícola, pesca e piscicultura; Modernização do sistema de saneamento e de incentivo ao reuso da água; Programa de aumento da eficiência de sistemas de irrigação.

- Bacia Hidrográfica do São Francisco

Diretrizes de Gestão: • integração e modelo de arranjo institucional para as demais políticas

públicas e para os entes federados (Municípios) na Política Nacional de Recursos Hídricos;

• definição dos caminhos para a integração com as políticas ambiental e de saneamento;

• elaboração de modelos para a integração dos planejamentos intersetoriais e planos territoriais;

• incentivo à elaboração e integração dos planejamentos intersetoriais; • estabelecimento de regras, diretrizes e restrições para todos os setores

usuários; • promoção de estudos integrados dos mananciais hídricos superficiais e

subterrâneos; • promoção da articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão

da zona costeira e áreas adjacentes, promovendo a integração de procedimentos;

• discussão e proposição de solução para a fase de transição entre a criação dos CBH´s e a implantação da cobrança pelo uso da água;

• revisão do arcabouço legal que define a aplicação dos recursos oriundos do pagamento do setor elétrico, criando critérios de proporcionalidade da aplicação dos recursos;

• revisão e avaliação das atribuições e composição dos entes colegiados do SINGREH;

• estudos e análises da viabilidade dos instrumentos do PNRH

Demanda por Programas: Programa de incentivo à apropriação dos conceitos inerentes a gestão para os membros das instâncias do SINGREH; Regularização de uso das terras públicas da União, mediante projetos de uso sustentável, com prioridade para as comunidades ribeirinhas; Programa de incentivo às ações de educação ambiental, definidas no PAE e no PBHSF. Capacitação dos Municípios e Companhias Estaduais de Saneamento para viabilizar projetos e obras; Pesquisa para o aproveitamento e redução do consumo de água, vinculando financiamentos para a divulgação a todos os envolvidos; Definição das vazões ecológicas e regimes de vazões nas calhas dos rios.

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influenciarem os modelos de desenvolvimento; • criação da Agência da Bacia Hidrográfica do São Francisco • discutir e propor o arcabouço institucional e legal da Agência do São

Francisco, considerando a experiência em curso e as particularidades da Bacia;

• definição do melhor modelo de agência e definir os caminhos para a criação das mesmas tendo em vista o sistema descentralizado e participativo;

• promoção da articulação entre os diferentes colegiados que integram a bacia hidrográfica do São Francisco;

• estruturação de modelos institucionais e legais para a constituição de pactos de gestão de recursos hídricos;

• capacitação das lideranças políticas; • articulação dos cadastros, regularização e revisão das outorgas na

bacia; • definição de critérios da vazão de entrega e vazão de referência; • levantamento, consolidação e análise integradora do arcabouço legal

nacional. Ações Estruturais: • estabelecimento de pontos estratégicos de intervenção na Bacia; • definição de Indicadores claros de revitalização das bacias; • desenvolvimento de mecanismos para estimular os produtores

agrícolas na utilização de técnicas de ”produção mais limpa”; • indicação da importância da reorganização fundiária como um dos

instrumentos da reforma agrária agro-ambiental; • definição de recursos financeiros plurianuais para a execução do

PDRHSF e do Programa de Revitalização, compatíveis com as proposições priorizadas no Plano da Bacia;

• cumprimento das prerrogativas contidas no Plano da Bacia em relação a transposição de bacias;

• articulação dos diferentes programas e linhas de financiamento

Demanda por Programas: Readequação do Programa de Revitalização da Bacia com o SINGREH; Programa de Revitallização de Bacias de Rios de Domínio da União em capítulos de recuperação hidro-ambiental nos Planos de Bacia; Criação e implementação do Fundo de Revitalização da Bacia do São Francisco com definição institucional da forma de gestão; Programa permanente de preservação e conservação das nascentes; Desenvolvimento integrado para a convivência para o semi-árido brasileiro.

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existentes; • criação de condições para a implementação do PRHBF conforme

previsto na Lei 9.433/97; • conclusão das obras de infra-estrutura hídrica em andamento na bacia,

antes do início de novas obras.

- Região Hidrográfica do Atlântico Leste

Planejamento e Gestão: • priorização de culturas e métodos de irrigação que utilizam menos

água; • Inclusão de educação ambiental no curriculum escolar; • criação de educação ambiental nos órgãos públicos; • fortalecimento da política de meio ambiente; • implantação de zoneamento ecônomico-ecólogico; • compatibilização entre políticas ambientais e de recursos hídricos; • política de criação e implementação de Unidades de Conservação; • Incentivo a criação de corredores ecológicos; • dotar e capacitar órgão gestor para fiscalização. Intervenções Estruturais: • universalização do saneamento; • elaboração de política nacional de saneamento; • incentivo a pesquisa de novas tecnologias que envolvam saneamento

ambiental; • ampliação da disponibilidade de água na bacia.

Demanda por Programas: Linhas de financiamento para implantação de novas tecnologias; Capacitação de usuários; Capacitação de professores; Implantação e manutenção de Sistema de Informações de Recursos Hídricos; Implementação de políticas e instrumentos de recursos hídricos nos Estados; Desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para a gestão de RH – CTHIDRO; Fortalecimento do Sistema Nacional de gerenciamento de recursos hídricos; Mapeamento hidrogeológico. Educação Ambiental; Demanda por Programas: Programa de despoluição de Bacias (PRODES); PROSAB; Programa de integração de obras hidráulicas; Redução de desperdício; Perfuração, recuperação e manutenção de poços; Reuso de águas servidas; Conservação de água e solo; Proteção de áreas de nascentes e de recarga de aqüíferos.

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- Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste

Planejamento e Gestão: • integração da gestão das águas subterrâneas à Política Nacional dos

Recursos Hídricos; • incentivo aos estudos hidrogeológicos objetivando diagnosticar o

potencial hídrico e o grau de vulnerabilidade dos aqüíferos; • criação de regras para exploração de aqüíferos; • cadastramento de poços, demarcação de áreas de recarga,

monitoramento da qualidade e da quantidade da água; • estabelecimento e monitoramento de indicadores sócio-ambientais, de

qualidade, de quantidade e de dados demográficos (população fixa e flutuante) e de saúde;

• implantação de uma metodologia para atualização e disponibilização do sistema de informações, tornando-o dinâmico e acessível para todos os atores;

• integração das redes hidrometeorológicas e de qualidade, visando o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas;

• incentivo e promoção da pesquisa básica e do desenvolvimento tecnológico em recursos hídricos;

• garantia da preservação, proteção e conservação dos ecossistemas; • estabelecimento de mecanismos de outorgas e cobrança pelo uso das

águas transpostas de forma negociada entre comitês, órgãos gestores e usuários;

• incentivo aos comitês para buscarem integração através de oficinas de trabalho e da consolidação de convênios;

• estabelecimento de critérios para a definição de vazão ecológica; • estabelecimento de estratégias para compatibilização de ofertas e

demandas hídricas para regiões metropolitanas em diferentes cenários de desenvolvimento;

• sugestão de critérios para o “uso insignificante”; • forte integração entre os planos de bacias de rios tributários e o plano

geral da bacia hidrográfica. • articulação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos com os

Demanda por Programas: Desenvolvimento de sistemas de suporte à decisão para os comitês; Programa de comunicação social cobrindo os diversos aspectos da gestão de recursos hídricos; Educação ambiental em recursos hídricos em todos os níveis; Capacitação dos diversos integrantes dos Sistemas para participar da gestão da água; Desenvolvimento institucional, gerencial e valorização dos agentes envolvidos no processo participativo; Programa de avaliação de oferta e demanda hídrica nas regiões metropolitanas; Programa Nacional de Fortalecimento dos órgãos gestores e dos comitês de bacias hidrográficas.

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Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e com os comitês de bacias, e criação de oficinas de integração nas bacias estratégicas;

• articulação dos comitês de bacias de rios de domínio da União com os respectivos comitês de bacias de rios tributários;

• criação de Câmara Técnica de compatibilização de legislação no Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

• estabelecimento de mecanismos de apoio operacional e financeiro aos órgãos gestores, comitês e agências de bacias hidrográficas;

• incentivo à criação e/ou operacionalização dos Fundos Estaduais de Recursos Hídricos;

• criação de mecanismos que garantam a aplicação da compensação financeira do setor elétrico na gestão de recursos hídricos;

• articulação do apoio das Comissões de Meio Ambiente das Assembléias Legislativas Estaduais e do Congresso Nacional;

• integração e fortalecimento dos órgãos de fiscalização; • aprofundamento do conhecimento quanto à legislação, ao campo

institucional e aos instrumentos técnicos e financeiros das políticas identificando potencialidades para uma ação integrada;

• estabelecimento e alimentação de um sistema de informação, considerando em sua arquitetura a compatibilização com as demais políticas setoriais, tanto em termos de dados como de área de abrangência.

Intervenções Estruturais: • Incentivos fiscais e/ou subsídios para projetos de saneamento

ambiental; • Incentivo e formulação de legislações específicas de proteção e

recuperação de mananciais para abastecimento público; • construção de pautas comuns e realização de reuniões conjuntas entre

vários conselhos setoriais; • implementação da avaliação ambiental estratégica para políticas

públicas, destacando a inter-relação da política de RH com as demais políticas setoriais;

Demanda por Programas: Proteção e recuperação das áreas de recarga; Infra-estrutura de Saneamento ambiental em planos de bacia; Resgatar e ampliar a abrangência do PRODES; Programa Nacional de Conservação e Uso Racional da Água; Programa de uso racional da água na irrigação; Incentivo a novas tecnologias para tratamento de

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• estabelecimento de canais de comunicação entre os vários setores e criação de uma rede de comunicação;

• criação de grupos de estudos setoriais.

esgoto; Parcerias e incentivo financeiro a produtores rurais para proteção ambiental; Conservação e recuperação de ecossistemas e áreas degradadas; Incentivo financeiro e tecnológico para a produção agro-ecológica.

- Região Hidrográfica do Atlântico Sul

Planejamento e Gestão: • orientar a concessão de outorgas das atividades mineradoras em leitos

de cursos de água fundamentadas em avaliações hidrodinâmicas e do transporte de sedimentos;

• orientar os planos de bacia a desenvolverem os estudos hidrodinâmicos, visando o zoneamento de áreas mineráveis;

• criar mecanismos para que os setores responsáveis assumam os passivos ambientais das respectivas atividades (internalização dos custos ambientais);

• estruturar os órgãos de outorga de direito de uso da água, licenciamento ambiental e fiscalização, para que sejam atendidas as condicionantes do licenciamento e de recuperação dos passivos ambientais;

• uniformizar a legislação federal e estadual no sentido de não isentar o setor agropecuário do pagamento pelo uso da água, de modo a estimular a consolidação do sistema de gestão (isenção no Paraná);

• estabelecer prazos e indicadores para avaliar os avanços na implantação dos sistemas, contando com o acompanhamento da SNRH;

• adequar e fortalecer financeiramente as redes de monitoramento quali-quantitativas para atender as demandas dos Sistemas de Recursos Hídricos e Ambiental;

• os planos diretores das localidades turísticas devem prever limitações, de acordo com a capacidade hídrica das bacias hidrográficas na qual estão inseridas e/ou considerar as diretrizes dos planos de bacia e zoneamento ecológico-econômico existentes;

Demanda por Programas: Educação ambiental nas áreas de influência do empreendimento; Incentivo ao uso de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo); Fortalecimento dos órgãos gestores; Fortalecimento dos agentes que operam as redes de monitoramento, que contemple a qualificação dos mesmos e a certificação de laboratórios; Fortalecimento dos órgãos de gestão; Incentivo da implementação, revisão e atualização dos planos diretores com vista a cumprir das diretrizes propostas em tais planos. Criar legislação específica sobre padrões de qualidade para águas subterrâneas; Propaganda institucional obrigatória, em horário nobre, em todas as emissoras de rádio e TV e mídia impressa; Capacitação continuada; Educação ambiental mostrando a relação entre energia e recursos hídricos.

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• criação e implantação dos comitês Federais (Bacia do Mampituba, do rio Jaguarão/Lagoa Mirim, outros);

• empreender a pesquisas e monitoramento; • empreender à divulgação do PNRH; • implementar ações de fiscalização; • formar multiplicadores: corpo docente, mídia, comitês; • tornar a educação ambiental um instrumento de gestão de recursos

hídricos; • divulgação de trabalhos técnico-científicos, disponibilizando os dados

coletados, gerados e utilizados ao longo da pesquisa, em meio digital; • divulgação das informações em uma linguagem acessível a todos; • capacitação de gestores e tomadores de decisão para a

operacionalização do SINGREH; • contratar mediante editais públicos, para a prestação de serviços de

educação e de comunicação; • divulgar programas em rádios e TVs comunitárias, além de rádios e

TVs públicas. • integrar o GERCO com políticas de recursos hídricos e planos de

bacias; • unificar as políticas de recursos hídricos, meio ambiente e uso do solo; • integrar planos de bacias com planos diretores municipais; • respeitar a capacidade de suporte do ambiente (incentivar a

interiorização); • vincular a concessão de reservas de disponibilidade hídrica para

barragens hidroelétricas de médio e grande porte à realização prévia de consultas aos respectivos comitês ou, na ausência destes, aos conselhos de Recursos Hídricos.

Intervenções Estruturais: • ampliar os índices de cobertura dos sistemas de esgotos sanitários; • recuperar as áreas degradadas por depósitos de resíduos sólidos e

Demanda por Programas: Reuso da água pelo aproveitamento dos efluentes de ETEs; Reuso da água das chuvas e das águas de

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adequação dos lixões; • ampliar as áreas permeáveis nas cidades; • priorizar a redução, o reuso e a reciclagem de resíduos; • universalizar a coleta seletiva de lixo; • estimular os municípios à discussão e implementação de políticas de

saneamento ambiental; • viabilizar recursos financeiros para o tratamento de esgotos; • criar mecanismos que induzam investimentos do setor de mineração

em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mitigadoras dos impactos gerados pela atividade;

• incentivar a implantação de sistemas fechados (reuso, reciclagem) de utilização dos recursos hídricos;

• fomentar a aplicação de tecnologias para mitigar e limitar a poluição difusa, bem como erosão e compactação do solo;

• promover a redução do consumo de água para irrigação em áreas de conflito;

• incentivar a utilização de herbicidas, pesticidas e nutrientes biodegradáveis;

• incentivar a diversificação da agricultura irrigada; • incentivar a implantação de obras de acumulação, quando for

ambientalmente viável; • identificação e cadastramento dos principais aqüíferos; • identificar as principais áreas de recarga e estabelecer critérios de uso

para estas áreas; • identificação dos agentes possivelmente poluidores (perfuradores de

poços + usuários); • controle da perfuração de poços; • criação de mecanismos para incentivar o cadastramento de poços

clandestinos (profundos, ponteiros e poços rasos), visando a aplicação dos instrumentos de gestão de RH;

• incentivo a pesquisas de tecnologias de geração de energia renováveis (biomassa, resíduos industriais,);

drenagem urbana; Educação ambiental específico para o setor de saneamento, incentivando a redução do consumo e a reutilizaçãoI Incentivo ao aumento de áreas permeáveis nas cidades; Ampliação da medição do consumo de água (índice de hidrômetros); Programa de utilização de equipamentos que reduzem o consumo de água nas edificações e indústrias; Incentivo ao uso do biogás; Pesquisas sobre tecnologias alternativas para o saneamento ambiental; Incentivo a introdução do habite-se sanitário, nos planos diretores dos municípios; Controle de Perdas (PMSS); Prevenção à erosão, compactação do solo e poluição difusa; Racionalização do uso da água para irrigação, com base em ensino, pesquisa e extensão; Mecanismos que reforcem a troca de experiências no campo da extensão rural, irrigação e agro-químicos; Desenvolvimento de tecnologias sustentáveis; Incentivo a tecnificação da lavoura irrigada, apontando para a sustentabilidade; Pesquisa e desenvolvimento de regulamentação de tecnologias para recuperar a falta de informações sobre poços não cadastrados e evitar futuras perfurações clandestinas; Programa de otimização do uso da energia; Incentivo ao uso de energia renovável;

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• destacar a necessidade do meio rural utilizar fontes energéticas menos poluentes;

• incentivo às atividades integradas na área rural com geração própria de energia;

• incentivo a redução do consumo de energia; • incentivo a utilização de fontes de energia renováveis.

Repotenciação das usinas existentes e redução de perdas nas linhas de transmissão.

- Região Hidrográfica do Uruguai

Diretrizes Gerais: • formação do Comitê Uruguai como prioridade; • promoção da política de financiamento do sistema; • criação de um poítica de Saneamento Ambiental; • incentivo de pesquisa de fontes alternativas menos impactantes,

regulamentando (legislação) seus resultados; • financiamento de fontes alternativas; • Avaliação Ambiental Estratégica (Integrada), relacionando as políticas

de energia, meio ambiente e recursos hídricos; • estabelecimento da política de uso de água subterrânea; • reformulação da legislação quanto a dominialidade; • estímulo ao conhecimento geral sobre as águas subterrâneas e

promoção da proteção do aqüífero Serra Geral; • integração das políticas estaduais com a nacional; • elaboração e financiamento do ZEE, como estratégia para gestão das

águas, e de capacitação de gestores públicos; • integração e implementação dos programas existentes; • gerir uma política, que aponte o caminho da sustentabilidade,

específica para irrigação e acumulação da água para RHU; • proposição da integração das políticas federal e estaduais sobre Mata

Atlântica, na RHU.

Demanda por Programas: Programa estratégico de curto prazo para a formação de Comitês (federais); Programa de articulação de ações intra e extra sistema; Incentivo à coleta, tratamento e destino final de esgotos sanitários e resíduos sólidos, com tecnologias econômicas e ecológicas sustentáveis e com melhores critérios para liberação de recursos; Programa específico para suinocultura, avicultura e pecuária, na RHU, visando a controle ambiental, minimizando a carga poluidora gerada.

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2.5 – Cenários Prospectivos

• convergir hipóteses de trabalho com a abordagem do contexto macro-econômico, de modo a buscar mútuas convergências;

• identificar as tendências dominantes nos cenários prospectivos, incorporando uma avaliação dinâmica aos diagnósticos elaborados para as 12 regiões hidrográficas;

• identificar as variáveis-chaves, portadoras de futuro, para fins de orientação dos programas do PNRH;

• para variáveis sob o controle da gestão dos recursos hídricos, os programas devem assumir um viés pró-ativo, de modo a determinar caminhos e soluções;

• para variáveis que extrapolam a capacidade de intervenção da gestão de recursos hídricos, os programas do PNRH devem assumir um viés preventivo e de atenuação de problemas, conseqüências e cenários indesejados;

• recomendações que constam do Cap. 5, do Volume 3 do PNRH, referente aos cenários prospectivos.

Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção no contexto macro-econômico e eixos de desenvolvimento que afetam bacias e regiões específicas. Programas a identificar, com possibilidades de convergência de seu ordenamento com a tipologia de problemas, identificação de eixos de expansão econômica e outros enfoques espaciais que afetam as macro-bacias ou regiões hidrográficas.

2.6 – Unidades de Intervenção segundo características homogêneas, natureza e tipologia de problemas.

• unidades de intervenção caracterizadas como situações especiais de planejamento (SEPs);

• diretrizes específicas para eventos críticos de cheias (urbanas e regionais) e secas (semi-árido) e para áreas sujeitas à desertificação.

Amazônia • ausência de condições objetivas para aplicação dos instrumentos tradicionais (planos de recursos hídricos; enquadramento; outorga e cobrança);

• frente à dispersão da população e grande extensão territorial, são evidentes as dificuldades na instalação e funcionamento de comitês e agências de bacia hidrográfica;

• superveniência das questões de preservação ambiental, que condicionam e atrelam quaisquer dos eventuais problemas de recursos hídricos;

• delimitação das ações de gestão, em especial, ao campo da fiscalização de atividades impactantes;

Programa Regional de Gestão dos Recursos Hídricos na Amazônia.

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• prevalecem demandas para estruturação de entidades gestoras do meio ambiente;

• ênfase particular à manutenção da legislação ambiental e Código Florestal, com freqüência fustigado por interesses da exploração madeireira;

• demandas importantes previstas na articulação entre os usos da navegação e geração de hidroeletricidade;

• possível agenda básica:- rede hidrometeorológica, para conhecimento das disponibilidades; instrumentos para prevenção de cheias; apoio à consórcios com finalidades específicas (serviços relacionados a recursos hídricos e proteção ambiental); e, projetos para problemas localizados de saneamento (por exemplo, poluição de igarapés).

Alto Paraguai e Pantanal

• aplicação potencial dos instrumentos de gestão previstos na legislação, em bacias e sub-bacias determinadas (trecho superior do rio Cuiabá, rios Miranda e Taquari);

• aferição de interferências e impactos destas bacias e sub-bacias sobre o conjunto, afetando potencialmente os ecossistemas pantaneiros;

• os sistemas de gestão devem ser constituídos sob a perspectiva local (comitês de bacias e sub-bacias para problemas específicos), obrigatoriamente articuladas, em seu conjunto, a partir de uma perspectiva de preservação e/ou conservação ambiental;

• verificar a pertinência de uma agência regional de meio ambiente e desenvolvimento, estruturada a partir dos diversos programas atualmente em curso na área (PNMA, GEF Pantanal e Programa BID-Pantanal).

Programa Regional de Gestão dos Recursos Hídricos do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai, a partir da articulação dos diversos programas e projetos em andamento.

Cerrados • conflitos sazonais de usos múltiplos indicam prioridade para instrumentos de controle da utilização das águas (cadastro de usuários, outorga de usos e planos de bacia), com instalação de entidades estaduais gestoras, em Goiás, Tocantins e Distrito Federal;

• além da gestão de demandas (cadastro e outorga), a presença de irrigação extensiva exige a difusão de tecnologias para maior eficiência no uso da água, além de mecanismos descentralizados, como a cobrança pelo uso da água;

Programa Regional de Intervenções Focadas em Problemas de Recursos Hídricos nos Cerrados.

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• em adição, cabem estudos para traçado das unidades de planejamento e gestão, contemplando focos de problemas (nascentes e divisores de águas, com núcleos urbanos) e, simultaneamente, bacias de grande extensão, dadas as características das atividades agrícolas e os demais usos, de geração de energia e navegação.

Semi-árido • gerenciamento das disponibilidades: (i) infra-estrutura de armazenamento corretamente construída (mitigar efeitos da evapo-transpiração e otimizar regularização); (ii) infra-estrutura de transporte definida segundo eixos com localização compatível com o desenvolvimento de atividades econômicas e estratégias de consolidação e adensamento da rede urbana; (iii) desenvolvimento de alternativas de baixo custo para sistemas localizados; (iv) informações hidrometeorológicas e sistemas de suporte à decisão para gerenciamento das disponibilidades (curvas cota-volume), operados por instituições auto-sustentadas capazes de garantir sua aplicação junto aos usuários e comunidades;

• gerenciamento da demanda: (i) redução de perdas e desperdícios - operação e manutenção de sistemas; (ii) uso de instrumentos econômicos (negociações relacionadas a alocação das disponibilidades entre setores usuários); (iii) ordenamento espacial da demanda (indução positiva à migração intra-regional e consolidação de redes urbanas);

• adequação dos instrumentos de gestão às peculiaridades regionais: (i) os planos estarão centrados na construção e operação da infra-estrutura hídrica; (ii) o enquadramento qualitativo permanece distante da ordem do dia; (iii) a outorga deve ser flexibilizada para a curta duração e sujeita a regimes de racionamento; (iv) a cobrança deve ser efetuada na forma de tarifa pelos serviços de fornecimento de água bruta e como mecanismo de compensação às decisões de alocação de água para usos com maior valor agregado; (v) os sistemas de informações são essenciais aos processos de tomada de decisões;

• pelo lado dos sistemas institucionais: (i) a unidade de gestão é o sistema de açudes e adutoras; (ii) os comitês terão dinâmica social centrada nos usuários-consumidores, apoiados pela operadora (agência) de água bruta; (iii) cabe estabelecer uma lógica particular para empreendimentos econômicos, irrigação principalmente (iv) deve-

Programa Regional de Gestão de Recursos Hídricos e Convivência com o Semi-árido, pautado pela conclusão de obras, perímetros de irrigação e consolidação de pólos regionais.

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se incentivar e, eventualmente, subsidiar, a adequação do perfil de atividades ao meio físico regional; e, (v) é reservado papel fundamental para as estruturas estaduais no processo de consolidação de sistemas de gerenciamento de recursos hídricos.

Zona da Mata e Litoral Nordestino

• modelos institucionais distintos dos empregados no Agreste e Sertão, aproximando-se do desenho geral da Lei nº 9.433/97, com unidades de planejamento e gestão menores, em razão das dimensões de bacias com vertente atlântica e perenização de rios em seu cursos baixos;

• pela elevada concentração da população lindeira ao mar, os problemas estão vinculados ao comprometimento de mananciais, exigindo abordagens integradas (esgotos, efluentes industriais, lixo, drenagem e infra-estrutura urbana), com ênfase em áreas de concentração de pobreza (favelas, cortiços e ocupações desconformes);

• a definição de prioridades, face à magnitude dos investimentos envolvidos, deve observar três vetores de preocupações: (i) impactos ambientais urbanos, mensurados pela melhoria nos padrões de qualidade hídrica; (ii) dimensão (relações custo/benefício) e distribuição social dos benefícios econômicos associados a tais melhorias; e, (iii) factibilidade da implementação, em termos gerenciais e político-administrativos;

• as ações devem cumprir duplo objetivo, de combate à pobreza e de melhoria ambiental urbana, o que é possível na medida em que ambos os problemas encontram-se sobrepostos no território (várzeas, fundos de vale e beira de rios e córregos);

• dada a complexidade dos problemas e, por conseqüência, dos programas e projetos, parece recomendável pensar em intervenções articuladas para perspectivas de médio e longo prazo;

• metas institucionais devem objetivar a consolidação de sistemas institucionais de maior abrangência territorial, correspondentes à agregação de micro ou sub-bacias contíguas.

Programa Regional de Saneamento Ambiental da Zona da Mata e do Litoral Nordestino, articulado às ações do Prodetur e ao GERCO (PNMA).

Aglomerações Urbanas e Regiões Metropolitanas

• os instrumentos de gestão e o modelo institucional propugnados pela Lei n º 9.433/97 são perfeitamente aplicáveis;

• os desafios estão na conjugação de abordagens com base em problem-sheds (sub-bacias com externalidades ambientais

Programa de Gestão de Recursos Hídricos em Aglomerados Urbanos e Regiões Metropolitanas.

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concentradas) e na coordenação de políticas no âmbito das bacias hidrográficas como um todo, em reconhecimento às interferências e impactos de montante para jusante;

• a abordagem dos problemas tanto poderá advir de movimentos top-down, quanto bottom-up, a serem definidos segundo conveniências de ordem tática (identificação de “janelas de oportunidade”);

• dada a recorrência de problemas comuns (tratamento de esgotos e drenagem urbana), linhas de atuação setorial podem ser importantes para fazer frente e ordenar a elevada demanda de investimentos;

• aplicam-se as diretrizes sobre o imperativo de implementação de programas de ação integrada (esgotos domésticos, efluentes industriais, lixo, drenagem e infra-estrutura urbana, inclusive habitação e reassentamentos), notadamente em áreas de proteção a mananciais;

• são aplicáveis os critérios de priorização de investimentos, tendo como base: (i) impactos ambientais urbanos, mensurados pela melhoria da qualidade hídrica; (ii) dimensão (relações custo/benefício) e distribuição social dos benefícios econômicos associados a tais melhorias; e, (iii) factibilidade de sua implementação, em termos gerenciais e político-administrativos;

• para esses programas, deve ser conferida ênfase particular à práticas de gerenciamento de sua implementação (como fazer?), por vezes mais complexa do que a sua concepção (o que fazer?);

• nessas áreas, a cobrança pelo uso da água ganha espaço para ser implementada como instrumento econômico para a captura de externalidades (benefícios) que escapam dos mecanismos tradicionais de recuperação de custo (tarifas, essencialmente);

• pela superveniência do desenvolvimento urbano e regional, os sistemas de recursos hídricos devem ser articulados a outros, com instrumentos especializados no trato de problemas de uso do solo;

• essa articulação envolve: (i) diretrizes regionais (planos metropolitanos de desenvolvimento integrado); (ii) planos de bacia e/ou sub-bacias hidrográficas; e, (iii) a planos locais (micro-bacias e/ou agregação destas) para ordenamento do uso do solo e recuperação de qualidade ambiental urbana.

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Zona Costeira do Sul e Sudeste

• a ocupação sazonal dessas áreas apontam para a conveniência de serem constituídos comitês e conselhos para disciplinamento e fiscalização do uso e ocupação do solo, para fins de preservação do potencial turístico e ambiental e para observância de parâmetros urbanísticos, em termos de adensamento e verticalização;

• instrumentos na modalidade do zoneamento ecológico-econômico também devem ser acionados, mesmo que extrapolem limites temáticos de planos de bacia, de modo a contemplar as perspectivas ambiental, turística e de manutenção de atividades econômicas de subsistências das populações residentes;

• as zonas de especial interesse ambiental (mangues, restingas e afins), devem ser objeto de planos específicos de manejo ou instituídas como áreas de preservação permanente;

• nas cidades e balneários se configuram oportunidades para operações interligadas, com a finalidade de recuperação da balneabilidade de praias e revitalização turística, o que requer: (i) arranjos institucionais adequados (acordos entre operadores de sistemas urbanos, agentes imobiliários e do ramo hoteleiro e setor público); e, (ii) estudos de benefícios e custos econômicos envolvidos, capazes de explicitar a viabilidade de project finances;

• por fim, essas áreas poderão ser igualmente contempladas no escopo de programas setoriais, para equacionamento de problemas setoriais recorrentes.

Programa de Saneamento Ambiental da Zona Costeira do Sul e Sudeste, articulado ao Prodetur e ao GERCO (PNMA).

Atividades Intensivas da Agropecuária.

• ações com prioridade na difusão de práticas de manejo e conservação de solos e água:- o plantio em curvas de nível, barreiras de contenção de erosão, plantio direto, remanejamento de estradas rurais, recomposição de matas ciliares, redução da aplicação de agro-químicos, desenvolvimento e difusão de controles biológicos, além do monitoramento de indicadores da poluição por run-off rural, segundo tipologia adequada de solos, declividades e índices de precipitação;

• as ações poderão visar à consolidação de “corredores de biodiversidade”, mediante a união, pela via de matas ciliares, de áreas de conservação e florestas nativas;

• ações dessa natureza devem estar inseridas em planos de bacia, de modo a possibilitar sua viabilidade mediante subsídios provenientes de

Programa Nacional de Conservação de Solos e Água (manejo de micro-bacias) Programa de Manejo e Disposição de Dejetos Animais.

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maiores preços unitários pagos pelos segmentos industrial e de concessionários de serviços de saneamento e energia; à conta da cobrança pelo uso da água;

• igual mecanismo de subsídios, no contexto de planos de bacia, pode operar em favor de produtores rurais que se localizam em torno de enclaves agroindustriais, notadamente na indústria alimentícia, caso notável da criação de suínos.

Aqüíferos Estratégicos • diretrizes com base em estudos e propostas sobre o Aqüífero Guarani e projetos similares em outros mananciais subterrâneos de importância regional e nacional.

Programa de Gestão de Aqüíferos Estratégicos.

2.7 – Interação com Planos Estaduais e de Bacias Hidrográficas

• identificar, em cada região - estado, a matriz de relações interinstitucionais requeridas pelo PNRH;

• identificar capacidades institucionais instaladas, em cada região – estado, cruzando-as com os problemas de recursos hídricos, para fins de fortalecimento institucional e promoção de ações efetivas de descentralização;

• de modo flexível e variável para cada região - estado, promover e formalizar acordos estabelecendo a divisão de encargos entre o PNRH, planos estaduais e de bacias hidrográficas.

Apoio à organização de SEGRHs; Apoio à elaboração de planos estaduais de recursos hídricos; Apoio metodológico à elaboração de planos de bacias hidrográficas estaduais.

3. Contexto Intersetorial da Gestão dos Recursos Hídricos

3.1 – Desenvolvimento Regional

• identificar diretrizes do contexto macro-econômico que condicionam os cenários de demandas sobre os recursos hídricos, para o conjunto do país, para os eixos nacionais de desenvolvimento e para regiões específicas;

• identificar os vetores que conferem a dinâmica dos problemas regionais que afetam os recursos hídricos (qual a natureza plena dos problemas de recursos hídricos)?

• definir políticas de desenvolvimento regional compatíveis com os objetivos de conservação e melhoria das disponibilidades hídricas.

Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção no contexto macro-econômico e eixos de desenvolvimento que afetam bacias e regiões específicas. Estudos sobre áreas de conflitos, existentes ou potenciais, decorrentes de usos múltiplos e do traçado de alternativas para alocação das disponibilidades hídricas.

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3.2 – Meio Ambiente • reconhecer a dimensão essencial da água como elemento indispensável para a manutenção de ecossistemas;

• promover a articulação entre o SISNAMA e o SINGRH; • integrar, em termos de informações e critérios, os processos decisórios

do licenciamento ambiental e da concessão de outorgas de direito de uso da água;

• incorporar a perspectiva territorial (da bacia hidrográfica) aos processos de licenciamento ambiental;

• implantar seletivamente, em bacias que detenham os predicados de capacidade institucional e base de informações, o instrumento da outorga para o lançamento de efluentes;

• incorporar o reconhecimento de biomas e outras unidades de interesse ambiental no planejamento e gestão dos recursos hídricos;

• incentivar sinergias entre os setores do meio ambiente e dos recursos hídricos para maior eficiência e eficácia das ações de fiscalização.

Programa de Implementação e Aprimoramento da Sistemática de Outorga de Direito de Uso da Água integrado ao processo de Licenciamento Ambiental. Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas de Apoio à Decisão na Gestão de Recursos Hídricos. Programa de Articulação com os Estados e com Entidades do Meio Ambiente, para fins de Controle e Fiscalização do Uso dos Recursos Hídricos.

3.3 – Recursos Hídricos

• empreender à organização e instalação progressiva do SINGRH, segundo prioridades regionais e escalas compatíveis com os recursos técnicos, humanos e financeiros disponíveis na União e em cada bacia hidrográfica – região;

• foco no desenvolvimento institucional e técnico do SINGRH, dos SEGRHs e de seus atores (setor público, usuários e sociedade civil);

• definir uma clara estratégia institucional, notadamente de interlocução do SINGRH com os estados (SEGRHs), como também, com os principais setores usuários que possam conferir dinâmica à gestão dos recursos hídricos;

• apoiar a organização de SEGRHs e o fortalecimento dos órgãos estaduais de recursos hídricos, construindo capacidades com vistas à descentralização de funções e competências, sempre que possível;

• resgatar os instrumentos dos Convênios de Cooperação (com estados) e de Integração (por bacias);

• priorizar a instalação dos instrumentos de gestão, notadamente de cadastros de usos e usuários, informações sobre disponibilidades

Organização e Apoio ao SINGRH Apoio à organização de SEGRHs Capacitação e Treinamento em Recursos Hídricos Apoio à organização de SEGRHs, voltados aos órgãos estaduais gestores Programa Nacional de Cadastramento de Usos e Usuários de Recursos Hídricos Programa de Expansão, Operação e Manutenção da Rede Hidrográfica e do Sistema Nacional de Informações em Recursos Hídricos.

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hídricas e dos procedimentos de outorga de uso da água; • apoiar a elaboração de planos de bacia hidrográfica, em cujo contexto

devem ser revistos o enquadramento dos corpos hídricos; • promover a interação e a convergência possível entre a legislação dos

recursos hídricos e a modernização administrativa do Aparelho de Estado no Brasil;

• empreender à complementação, preenchimento de lacunas e à eliminação de inconsistências no arcabouço legal da gestão dos recursos hídricos;

• estruturar uma matriz para o financiamento sustentado do setor de recursos hídricos, com base num leque de fontes de receitas (aportes orçamentários da União, estados e municípios, excedentes tarifários de setores usuários, operações de crédito internos e externos) e no papel complementar da cobrança pelo uso da água;

• promover as articulações inter-setoriais e interinstitucionais requeridas para a coordenação e sinergia entre os programas e projetos que afetam os recursos hídricos, previstos no PPA 2004-2007;

• apoiar a implementação de programas locais de capacitação e treinamento em recursos hídricos;

• articular-se com o Ministério de Ciência e Tecnologia com vistas à definição de prioridades e promoção de desenvolvimento tecnológico em recursos hídricos;

• empreender a ações continuadas de comunicação social em recursos hídricos.

Apoio à elaboração de planos estaduais de recursos hídricos Apoio metodológico à elaboração de planos de bacias hidrográficas estaduais Estudos, complementações e convergências da base legal da gestão dos recursos hídricos no Brasil (na União e nos estados) Estudos sobre fontes de receita para financiamento de ações em recursos hídricos Aplicação de instrumentos econômicos de gestão aos recursos hídricos Estruturação de linhas de crédito voltadas aos recursos hídricos e estabelecimento dos respectivos requisitos e condicionantes Desenvolvimento Tecnológico em Recursos Hídricos Programa Nacional de Comunicação Social em Recursos Hídricos.

3.4 – Setores Usuários: • avaliar impactos setoriais na gestão dos recursos hídricos; • compatibilizar e integrar programas setoriais com impactos sobre os

recursos hídricos; • articular ações de recursos hídricos aos programas previstos no PPA

do período 2004 a 2007.

Estudos para avaliação de impactos setoriais na gestão de recursos hídricos Ações para compatibilidade e integração de programas setoriais e incorporação de diretrizes de interesse para a gestão de recursos hídricos

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- Saneamento

• as diretrizes devem abranger o espectro dos serviços de saneamento, ou seja: água, esgotos, drenagem e resíduos sólidos (ou limpeza pública);

• nesse espectro, as abordagens devem estar restritas às interfaces e áreas de sobreposição, de modo a evitar duplicidades e a transferência de responsabilidades;

• as interfaces podem ser assim estabelecidas: (a) captação, reservação e adução de água bruta; (b) tratamento e disposição final de efluentes; (c) macro e meso infra-estrutura de drenagem; e, (d) disposição final de resíduos sólidos;

• sendo de seu interesse direto, o segmento de recursos hídricos deve atuar como fonte complementar para o financiamento de ações de saneamento, notadamente no campo das interfaces mencionadas, subsidiando a instalação de infra-estrutura básica e deixando custos de operação e manutenção a cargo dos concessionários de serviços;

• deve-se buscar convergência entre as bases legais do setor saneamento e da gestão de recursos hídricos, mutuamente intervenientes;

• a atuação coordenada e integrada entre os setores deve ser promovida, especialmente, por intermédio dos instrumentos de gestão: planos de bacias, metas de enquadramento, critérios de outorga e de cobrança pelo uso da água;

• na perspectiva da bacia, o segmento de recursos hídricos deve apoiar a implementação de programas integrados de saneamento ambiental urbano, articulados com sistemas regionais de gestão ambiental e de recursos hídricos;

• ainda na perspectiva dos planos de bacias, os setores devem convergir seus critérios de priorização de obras e intervenções;

• buscar, também, sinergias entre programas previstos pelo Ministério das Cidades e ações no campo dos recursos hídricos;

• apoiar a implementação de programas de proteção a mananciais de abastecimento;

• promover ações e linhas de financiamento para programas de elevação da eficiência e controle de perdas em sistemas de abastecimento de

Programas de Despoluição de Bacias (resgate do PRODES), com base em subsídios a sistemas de tratamento de esgotos sanitários. Estudos para a convergência de critérios e coordenação regulatória entre a gestão de recursos hídricos e de serviços de saneamento Programas Integrados de Saneamento Ambiental Urbano

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- Agropecuária e Irrigação

água; • implementar programas de reuso de águas servidas, notadamente em

regiões de escassez; • apoiar tecnicamente e promover incentivos fiscais para reuso da água,

captação de água da chuva e outras alternativas dessa ordem; • definir prioridades regionais para tratamento de esgotos sanitários; • adotar metas progressivas de melhoria da qualidade de corpos

hídricos, em termos do enquadramento desejado, notadamente daqueles que drenam conurbações urbanas e regiões metropolitanas;

• priorizar políticas de aferição de resultados no tratamento de esgotos, resgatando e ampliando a linha de atuação do PRODES;

• apoiar estudos e pesquisas sobre tecnologias alternativas de tratamento de esgotos;

• incorporar a implantação de aterros sanitários e demais alternativas para a disposição final de resíduos sólidos, como intervenções a serem financiadas no contexto de planos de bacia;

• promover a articulação entre políticas de uso e ocupação do solo com a gestão de recursos hídricos, para fins de soluções não-estruturais voltadas ao controle de cheias;

• incorporar obras de macro e meso-drenagem como intervenções a serem financiadas no contexto de planos de bacia.

• as interfaces e diretrizes de interesse para o PNRH devem abranger: a

agricultura, perímetros e práticas de irrigação; água para a agropecuária; e, aqüicultura;

• para todos os casos, o PNRH deve promover estudos e estruturar linhas de financiamento para a adequação de cultivos às especificidades das condições regionais de disponibilidades hídricas, proporcionando, inclusive, a substituição de culturas intensivas no uso da água, nas regiões de reconhecida escassez;

• incorporar critérios de elegibilidade nos planos de bacia, que privilegiem boas práticas de uso e conservação de solos e água;

• promover ações e linhas de financiamento para programas de

Desenvolvimento de tecnologias e critérios para o reuso de águas servidas Programas de Despoluição de Bacias (resgate do PRODES), com base em subsídios a sistemas de tratamento de esgotos sanitários. Desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão para hierarquização de intervenções estruturais em recursos hídricos. Estudos de viabilidade para adequação regional de cultivos Programa nacional de conservação de solos e água (manejo de micro-bacias) Apoio à modernização de perímetros e de

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- Geração de Energia

modernização e elevação da eficiência em sistemas de irrigação; • promover a descentralização da gestão de perímetros de irrigação, de

órgãos federais para a responsabilidade dos estados; • definir diretrizes e priorizar bacias e regiões para fins de

desenvolvimento de cultivos irrigados; • apoiar a implementação de sistemas de apoio à decisão voltados à

gestão de usos múltiplos em áreas de conflitos entre agricultura irrigada, aqüicultura, uso animal e demais setores usuários de recursos hídricos;

• apoiar o desenvolvimento de tecnologias e práticas de reuso da água para irrigação, sob a garantia de segurança alimentar;

• articular-se com o Ministério de Ciência e Tecnologia para desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre poluição difusa e transporte de sedimentos no meio rural;

• buscar convergências entre a política nacional de recursos hídricos e a proposta de legislação, em tramitação no Congresso, sobre a política nacional de irrigação;

• promover o cadastramento de empreendimentos de aqüicultura; • estabelecer critérios e normas para a gestão ambiental e concessão de

outorgas de direitos de uso da água voltadas à aqüicultura; • contemplar, no contexto de planos de bacia, o financiamento de

intervenções estruturais e não-estruturais (planejamento e gestão) para o manejo e disposição final de dejetos de origem animal, notadamente no caso da suinocultura;

• ampliar e reforçar os mecanismos de controle sobre áreas de expansão do cultivo de grãos e da pecuária extensiva, sempre que tais atividades apresentem impactos relevantes sobre os recursos hídricos;

• incorporar avaliações ambientais estratégicas do aproveitamento de

recursos hídricos, como instrumentos para o planejamento integrado de empreendimentos hidrelétricos conjugados aos demais usos múltiplos da água;

• observar as interfaces com outros setores usuários de recursos hídricos, em decorrência do predomínio da geração de hidroelétrica na

tecnologias de irrigação Estudos para zoneamento nacional de áreas prioritárias para projetos de irrigação Desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão, voltados à gestão de conflitos e usos múltiplos de recursos hídricos. Desenvolvimento de tecnologias e critérios para o reuso de águas servidas Estudos sobre poluição difusa e transporte de sedimentos no meio rural Programa Nacional de Cadastramento de Usos e Usuários de Recursos Hídricos Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre eixos de expansão de atividades agropecuárias que afetam bacias e regiões específicas.

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- Indústria

matriz energética brasileira; • considerar os longos prazos de maturação (desenvolvimento,

aprovação – ambiental, inclusive – e implantação) de empreendimentos hidrelétricos;

• definir diretrizes e regras operacionais de contorno, nas bacias com usinas hidrelétricas e elevado potencial energético, para otimizar os despachos de energia emitidos pelo Operador Nacional do Sistema Interligado (ONS), sob a perspectiva de usos múltiplos da água;

• convergir posições entre as diretrizes advindas de planos de bacias e de inventários de restrições operativas de usinas hidrelétricas, de modo a evitar discrepâncias e conflitos operacionais;

• zelar pela incorporação de tais diretrizes ao processo de concessão de outorgas de direito de uso da água;

• desenvolver estudos e metodologias que considerem a viabilidade conjunta de barramentos para a geração e energia e demais usos múltiplos (navegação, abastecimento, controle de cheias e outros), como forma de aferir todos os benefícios e impactos envolvidos;

• inserir, no contexto dos planos de bacias, as contingências e situações de emergência, decorrentes de eventos críticos que possam alterar as condições normais de operação de reservatórios destinados à geração de energia;

• considerar problemas decorrentes de áreas inundadas por reservatórios, em particular, aqueles que afetam áreas indígenas na Amazônia, que possui elevado potencial de exploração hidro-energética, e os impactos em ecossistemas que podem ser afetados por mudanças no regime de vazões naturais;

• adotar a disponibilidade hídrica (em quantidade e qualidade) como fator

de decisão locacional de empreendimentos industriais de médio e grande porte;

• considerar os mútuos impactos entre a instalação de empreendimentos industriais e os processos de urbanização, devidos à atratividade de populações exercida pela oferta de emprego e renda;

• ampliar e consolidar informações, dados e indicadores sobre o uso de

Desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão na gestão de usos múltiplos das disponibilidades hídricas Estudos de viabilidade de eclusas em barragens construídas para a geração hidrelétrica Estudos para zoneamento de bacias prioritárias para fins de geração hidrelétrica e de critérios múltiplos para a restrição de aproveitamentos. Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre eixos de expansão de atividades industriais que afetam bacias e regiões específicas.

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- Navegação

água na produção industrial, para os diferentes segmentos e padrões tecnológicos de produção;

• apoiar o desenvolvimento de programas voltados à elevação da eficiência no uso de recursos hídricos como insumo de processos industriais;

• estruturar linhas de crédito e promover incentivos fiscais para o financiamento de sistemas de pré-tratamento de efluentes industriais e para práticas de reuso de águas servidas;

• desenvolver mecanismos de certificação ambiental, como forma de promover maior racionalidade no aproveitamento industrial das disponibilidades hídricas;

• elaborar estudos sobre impactos econômicos e capacidades de pagamento pelo uso da água no setor industrial;

• estabelecer diretrizes para atuação conjunta dos instrumentos da outorga de direitos de uso de recursos hídricos e das licenças de lavra destinadas à indústria de extração de águas minerais, promovendo, inclusive, articulações junto ao Conselho de Administração do Domínio Econômico (CADE), para fins de restrições à formação de monopólios e cartéis nesse segmento industrial;

• apoiar a consolidação do marco regulatório das políticas ambiental e dos recursos hídricos, como forma de orientar os aportes financeiros e padrões tecnológicos que serão requeridos ao setor industrial, na implantação de novos empreendimentos.

• incorporar as perspectivas de planejamento de médio e longo prazo no

traçado de vias de navegação; • considerar a viabilidade de implantação de eclusas em barragens

destinadas à geração hidroelétrica; • considerar as escalas de grandes comboios de transportes e de

transporte na escala intra-regional; • pautar o PNRH pela perspectiva de usos múltiplos e ênfase em ações

de revitalização dos corpos hídricos, consolidando atitudes que devem propiciar melhores condições para a navegação fluvial;

• elaborar estudos voltados à definição de parâmetros e indicadores para

Estudos sobre indicadores de uso da água como insumo da produção industrial Capacitação e Desenvolvimento Tecnológico do uso da água como insumo industrial Estruturação de linhas de crédito e seus respectivos requisitos e condicionantes, para pré-tratamento de efluentes industriais, melhoria de eficiência na utilização de recursos hídricos e reuso de águas servidas. Estudos sobre impactos econômicos e capacidades de pagamento pelo uso da água no setor industrial Estudos estratégicos sobre a concessão de outorgas em mananciais de águas minerais Estudos de viabilidade de eclusas em barragens construídas para a geração hidrelétrica Apoio à elaboração de planos estaduais de recursos hídricos Apoio metodológico à elaboração de planos de bacias estaduais.

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- Lazer, Recreação e Outros Usos.

a navegação fluvial, em cursos d’água prioritários, para fins do estabelecimento de regras operacionais que assegurem potencial de navegação e usos múltiplos da água.

• elaborar estudos de casos que permitam a definição de parâmetros de

custos e benefícios associados ao uso de recursos hídricos para lazer e recreação;

• as atividades de lazer e recreação, vinculadas aos recursos hídricos, devem abranger diretrizes voltadas aos seguintes espaços: litoral brasileiro, ecoturismo e pesca, lagos e reservatórios interiores.

• outras diretrizes a complementar.

Apoio à metodologia de planos de bacias estaduais.

4. Outras Abordagens Temáticas

4.1 – Outras Políticas Públicas

- Saúde - Segurança Alimentar e Nutricional

• identificar e priorizar áreas nas quais os recursos hídricos constituem vetores de disseminação de enfermidades que afetam populações e comunidades;

• articular ações de saúde pública à infra-estrutura de saneamento e qualidade dos corpos hídricos;

• convergir prioridades na alocação de recursos orçamentários dos Ministérios da Saúde, das Cidades e do Meio Ambiente;

• definir indicadores de saúde pública para a aferição do desempenho da gestão dos recursos hídricos.

• definir critérios ligados à segurança alimentar e nutricional para fins de

viabilidade do reuso de águas servidas na irrigação de cultivos.

Desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão, com base em critérios múltiplos, incluindo indicadores de saúde pública, para hierarquizar ações em recursos hídricos e saneamento. Desenvolvimento de tecnologias e critérios para o reuso de águas servidas

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- Ciência e Tecnologia - Educação

• articular critérios de alocação do CT-Hidro às diretrizes e objetivos de interesse do PNRH e do SINGRH;

• manter mútuo acesso às informações e promover a troca de conhecimentos e aprendizados entre o CT-Hidro e o SINGRH.

• inserir programas de educação ambiental focada em recursos hídricos

como disciplina curricular; • articular programas e ações conjuntas entre a gestão de recursos

hídricos e práticas educacionais; • empreender ações de comunicação social voltada à gestão de recursos

hídricos.

Capacitação e treinamento voltados à gestão de recursos hídricos Apoio metodológico a programas de educação ambiental e sanitária com foco em recursos hídricos Programa nacional de comunicação social em recursos hídricos

4.2 – Inserção Municipal

• promover mecanismos que incentivem maior inserção dos municípios junto aos Sistemas Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos;

• definir os papéis a serem exercidos pelos municípios: (a) como usuários (obras de drenagem, disposição de resíduos sólidos, concedente de serviços de saneamento, definidores de políticas de uso e ocupação do solo); e, (b) de regulação e licenciamento ambiental, por delegação dos estados;

• articular os planos diretores municipais com diretrizes de sustentabilidade hídrica provenientes de planos estaduais e planos das bacias hidrográficas onde estejam inseridos;

• integrar as políticas de uso e ocupação do solo e gestão de recursos hídricos.

Capacitação e treinamento em gestão de recursos hídricos, voltada aos municípios. Estudos sobre critérios de outorga para intervenções municipais em drenagem urbana Programas integrados de saneamento ambiental urbano Estudos estratégicos em Recursos Hídricos, sobre inserção regional de bacias e convergência de políticas de uso do solo e gestão das águas.

4.3 – Plano PLuirianual de Investimentos (PPA)

• revisão dos programas do PPA, com impactos em recursos hídricos, com vistas à incorporação de diretrizes do PNRH, aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

• inserir a Avaliação Ambiental Estratégica como instrumento para a implementação de programas com impactos nos recursos hídricos, com vistas a consolidar uma agenda socioeconômica ambiental que oriente o planejamento governamental;

• a incorporação transversal de critérios técnicos e ambientais de sustentabilidade hídrica, em programas previstos no PPA e, inclusive,

Estudos para avaliação de impactos setoriais na gestão de recursos hídricos Ações para compatibilidade e integração de programas setoriais e incorporação de diretrizes de interesse para a gestão de recursos hídricos

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na definição de condicionantes para acesso a linhas de crédito (nacionais e internacionais);

• uso intensivo de instrumentos econômicos (incentivos fiscais e tributários, além da própria cobrança pelo uso da água), como forma de induzir, de modo descentralizado, avanços na gestão dos recursos hídricos.

Aplicação de instrumentos econômicos à gestão de recursos hídricos

4.4 – Encontros Públicos do PNRH e Oficinas com sociedade civil e sobre aspectos sócio-culturais relativos às águas

• pesquisa e sistematização a cargo da SRH A propor, pela SRH.

4.5 – Oficinas MMA – IBAMA e sobre “água de chuva”

• pesquisa e sistematização a cargo da SRH

Estudos sobre tecnologias e critérios para aproveitamento de água de chuva, na oferta de recursos hídricos. A propor, pela SRH.

82

2.4. Diretrizes Gerais e Estratégia Robusta para o PNRH, advindas de Incertezas Críticas, da Multiplicidade de Atores Relevantes e de Invariâncias. Complementarmente à consideração do amplo conjunto de diretrizes e demandas por programas, sistematizadas na Matriz apresentada no item anterior, será fundamental para uma concepção consistente do PNRH dedicar especial atenção às variáveis derivadas dos cenários prospectivos e das hipóteses traçadas para o desenvolvimento macroeconômico do país, as quais, seguramente, apresentarão repercussões importantes sobre a gestão dos recursos hídricos no Brasil, nem sempre sendo de fácil percepção por parte de atores locais, que manifestaram suas preocupações nas inúmeras consultas coordenadas pela SRH. Sob tal entendimento, cabe o registro dos seguintes aspectos que constam do Volume III do PNRH, sobre os cenários prospectivos, sintetizados com grande precisão nos relatórios dos consultores Antônio Carlos Holtz e Belmiro Valverde Jobim Castor. A metodologia adotada na cenarização destaca a identificação de incertezas críticas, da multiplicidade de atores relevantes e de invariâncias que persistem em quaisquer dos cenários que venham a ser considerados para a elaboração do PNRH. Como incertezas críticas, que condicionam os cenários em questão, merecem destaque:

o ritmo do crescimento econômico internacional; a dinâmica econômica nacional (modelo e ritmo); o comportamento das principais atividades econômicas do país (forma,

ritmo, padrão tecnológico e áreas de expansão de fronteiras agrícolas, da irrigação, pecuária, indústria, aqüicultura e transporte);

a matriz energética, em especial a construção de novas usinas hidrelétricas (quantidade, localização e padrões ambientais e tecnológicos);

a política de saneamento ambiental (ritmo e forma da atendimento ao passivo ambiental e às demandas sociais, contidas e novas);

a institucionalização da gestão integrada de recursos hídricos (a efetividade da implantação do SINGRH, a elaboração e implementação de planos de bacias, a integração com as demais políticas públicas e a consistência da participação social no processo); e,

as inversões em proteção e conservação de recursos hídricos (volume de investimentos, localização e prioridades).

Frente a essas incertezas, devem ser consideradas as atitudes próprias à multiplicidade de atores relevantes, dentre os quais foram listados: - as grandes potências

internacionais; - empresários de indústrias

impactantes sobre os recursos hídricos;

- concecionários saneamento; - empresas mineradoras; - formuladores de políticas públicas - agências reguladoras e executivas;

83

- empresários industriais de grande consumo de água;

- empresários da agroindústria; - empresários da agricultura irrigada; - empresários da agricultura

moderna convencional; - empresários do turismo; - usuários e empresários da

navegação; - empresas de produção de energia

hidrelétrica;

- instituições de fiscalização e controle;

- Ministério Público; - governos estaduais; - governos municipais; - ONGs ambientalistas; - movimentos populares e religiosos; - países limítrofes ao Brasil; e, - instituições nacionais e multilaterais

de cooperação e financiamento.

O cruzamento do conjunto de incertezas críticas com os comportamentos e reações potenciais da multiplicidade de atores relevantes permite vislumbrar a extrema complexidade que a gestão dos recursos hídricos encerra, caso se pretenda um administração pautada por relacionamentos próximos e diretos:- o Estado não detém tal capacidade de administração e gerenciamento21. Com efeito, na verdade o que se pode pretender delimitar é apenas o traçado do “ambiente” institucional no qual as múltiplas interações terão seus reflexos, ou seja, os contornos do modelo institucional do SINGRH. Não obstante tal complexidade, alguns elementos podem ser destacados, proporcionando a definição do que foi denominada de uma estratégia robusta para implementação do PNRH, associada à própria consolidação do modelo institucional do SINGRH, considerado como um dos principais produtos (ou resultados) intermediários que darão viabilidade aos objetivos estratégicos e resultados substantivos do Plano. Dentre esses elementos, encontram-se as três perspectivas de cenários, otimista (águas azuis), intermediário (águas amarelas) e pessimista (águas penosas), que foram assim sintetizados:

Águas Azuis O mundo cresce de maneira contínua e nele o Brasil adota modelo de desenvolvimento que reduz a pobreza e as desigualdades sociais, com bom índice de crescimento econômico e políticas sociais consistentes e integradas. As atividades econômicas se expandem em todo o país, bem como a infra-estrutura urbana, com fortes, porém declinantes impactos sobre os recursos hídricos, graças a uma gestão operativa, significativos investimentos de proteção dos recursos hídricos e a adoção de novas tecnologias. O país encontra uma forma mais eficaz no uso das águas, incluindo o uso múltiplo.

21 Numa perspectiva efetivamente democrática e descentralizadora, talvez nem devesse ter.

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Águas Amarelas O mundo e o Brasil são regidos por forte dinamismo excludente, com expansão das atividades econômicas no País, fortes impactos sobre os recursos hídricos e aumento da desigualdade social. Crescem fortemente as usinas hidrelétricas e medianamente a rede de saneamento. A degradação dos recursos hídricos é notória, com uma gestão liberal, planos inoperantes, participação social formal e pouca regulamentação e fiscalização no uso das águas. Assim, os conflitos crescem e a degradação compromete a qualidade dos recursos hídricos. O uso múltiplo das águas é parcialmente resolvido nas áreas de exportação.

Águas Penosas O Brasil não aproveita as poucas oportunidades de um mundo instável e fragmentado, e tem pequeno crescimento das atividades econômicas e da infra-estrutura urbana, com manutenção dos índices de pobreza e desigualdade social. Os investimentos em proteção de recursos hídricos são pequenos, seletivos e corretivos, sob uma gestão burocrática. Os conflitos e problemas em torno dos recursos hídricos crescem, particularmente nas regiões hidrológicas já deficientes e localidades problemáticas. Não há expansão significativa da hidroeletricidade. A contaminação das águas subterrâneas, em algumas regiões hidrológicas, se agrava.

Como contribuição adicional aos cenários prospectivos (Vol. III do PNRH), devem ser também consideradas as hipóteses de desenvolvimento macroeconômico traçadas pelo consultor Paulo Haddad, que se baseiam em cinco premissas, iniciando pelo aprofundamento do modelo de integração internacional competitiva, como alternativa adotada para a promoção do desenvolvimento do país. Como conseqüência, as empresas terão que basear suas estratégias no progresso e na inovação, pautando-se pela ampliação do conhecimento e pela disposição de competir, com vistas a melhorar os ambientes nacional, regional e local. Essa premissa deve afetar todos os agentes produtivos direta ou indiretamente envolvidos em questões relacionadas aos recursos hídricos. A segunda premissa, que orienta as avaliações sobre o contexto macro-econômico, refere-se às expectativas de um novo ciclo de expansão de médio e longo prazo, com manutenção de taxas de crescimento da ordem de 4 a 5% a.a. Para tanto, o consultor identifica, como terceiro tema de sua pauta, que a possibilidade dessa expansão deve ser marcada por novos paradigmas para o desenvolvimento, conformados pela busca de sustentabilidade, por arranjos institucionais participativos e pela endogenia de fatores. Nessa perspectiva, a atitude dos gestores de recursos hídricos deve privilegiar e oferecer condições para o aprimoramento de tal competitividade, deixando de pautar-se pela mera imposição de gargalos e restrições, ou seja, pelos limites e precariedades dos tradicionais mecanismos de comando e controle.

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De fato, a manutenção de limitações ao aparato de gestão dos recursos hídricos levaria a um cenário de deterioração por várias razões, dentre as quais a falta de um sistema de planejamento que permita a inserção do desenvolvimento sustentável como prioridade de Governo. Sob esse aspecto, os caminhos trilhados parecem promissores, uma vez que a concepção do SINGRH e a própria metodologia de elaboração do PNRH revelam elementos inovadores e um forte viés participativo. De fato, espera-se que o PNRH constitua uma contribuição efetiva para consolidar novos rumos, com diretrizes e metas baseadas numa concepção adequada de desenvolvimento, associado a um crescente processo de inclusão social e sustentabilidade ambiental. Contudo, na retomada de um ciclo prolongado de expansão, o consultor Paulo Haddad alerta para a sua quarta premissa, que identifica a tendência inicial de acentuação das disparidades regionais, reforçando o perfil de concentração relativa nas regiões sudeste e sul do país, as quais, por deterem melhores condições competitivas (base tecnológica, infra-estrutura e grau de escolaridade e capacitação da mão de obra local), passariam a experimentar taxas mais expressivas de crescimento. Por fim, a quinta premissa do consultor aponta para as possibilidades do chamado “capitalismo natural”, no qual o elemento de dinâmica da economia não seria conferido por setores dominantes, mas sim, pela maior produtividade na exploração dos recursos naturais e mitigação dos correspondentes impactos ambientais. Nessa perspectiva, além de reforço e modernização da estrutura de regulação pública, o Estado brasileiro deveria incorporar instrumentos econômicos de gestão, de modo a responder adequadamente a um novo modelo de desenvolvimento, caracterizado pelo meio ambiente como elemento “pivotante” e não como mero insumo da produção. Para o caso específico do Brasil, pode-se esperar um novo ciclo de expansão, orientado para o “capitalismo natural”, na medida em que o país possui uma base ampla e diversificada de recursos naturais, renováveis (água ainda abundante) e não renováveis, que pode lhe dar vantagens comparativas internacionais para um crescimento acelerado e sustentado. Postos tais elementos, é importante lembrar que o setor de recursos hídricos não detém competências ou instrumentos para uma atuação substantiva sobre todas as variáveis que condicionam os cenários prospectivos e o contexto do desenvolvimento macroeconômico. Assim, como orientação geral, quando as variáveis são afetas à gestão das águas deve-se pensar em atitudes pró-ativas; caso contrário, cabe assumir um viés preventivo ou de atenuação de impactos sócio-ambientais indesejados. Com efeito, no mínimo pode-se evitar determinadas conseqüências, previstas em cenários tendenciais ou indesejados, atuando para que a gestão dos recursos hídricos não seja licenciosa ou meramente burocrática. De fato, sob qualquer condição compete ao setor tratar da gestão e garantir o adequado uso múltiplo das águas, o que permite identificar, assim, uma das linhas de atuação prioritária do PNRH que deve contemplar os temas da gestão e do planejamento integrado dos recursos hídricos.

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Em adição, uma análise detida dos cenários prospectivos, da contextualização do desenvolvimento macroeconômico e, mesmo ainda, da ampla matriz de diretrizes e demandas por programas (item anterior), permite constatar determinados fatores que foram denominados de invariâncias, na medida em que estão sempre presentes e apresentam repercussões fundamentais sobre os recursos hídricos. São elas:

Invariâncias • a política de saneamento ambiental;

• a implementação de sistemas de agropecuária sustentável;

• a evolução da matriz energética nacional;

• a política aplicada às águas subterrâneas; e,

• a definição de linhas de financiamento do sistema.

Com efeito, sabe-se que dentre os principais problemas que afetam os recursos hídricos do país encontram-se: a poluição originada por esgotos domésticos não tratados (política de saneamento ambiental); o crescimento da demanda potencial de cultivos irrigados (sistemas de produção agropecuária); a implantação de empreendimentos para a geração de hidroeletricidade (matriz energética); a conservação de aqüíferos estratégicos (política para as águas subterrâneas); e, a estruturação de fontes de financiamento para ações em recursos hídricos. Com isso, encontram-se dispostos os elementos necessários à definição da chamada estratégia robusta para implementação do PNRH, constituída pela aplicação das seguintes diretrizes gerais e princípios norteadores:

• assumpção de uma atitude pró-ativa e não apenas contemplativa, com vistas à “construção do futuro”, que deve se refletir no comportamento das instituições responsáveis pela implementação do PNRH;

• para essa “construção do futuro” há necessidade da estratégia definir como serão subsidiadas as decisões ao longo do tempo, pautadas pelas perspectivas dos diversos cenários, em particular, sobre como serão contornadas incertezas críticas, de modo a conduzir o setor dos recursos hídricos o mais próximo possível do cenário desejável;

• essa estratégia robusta deve considerar que o Plano terá o seu foco principal em diretrizes estratégicas de abrangência nacional, com ênfases nos temas da gestão e do planejamento integrado dos recursos hídricos;

• a perspectiva da gestão refere-se, essencialmente, à consolidação do SINGRH, com suas características de um sistema descentralizado e participativo, capaz de mobilizar e assegurar uma inserção orgânica dos diversos atores sociais afetos às questões de recursos hídricos;

• essa inserção orgânica deve ter por objetivo a construção de uma agenda positiva, com vistas a assegurar padrões elevados das disponibilidades hídricas, para a atual e futuras gerações;

• para tanto, é necessário que os gestores de recursos hídricos venham a conhecer a lógica regente da atuação dos setores usuários, assegurando

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que as vertentes que visam obter soluções mais econômicas em seus processos de produção e de oferta de serviços, tomem o cuidado de computar todos custos envolvidos, incluindo investimentos em soluções integradas e os aspectos sócio-ambientais envolvidos;

• portanto, torna-se indispensável uma efetiva articulação entre política de recursos hídricos e as dos setores usuários, notadamente para que programas e projetos setoriais incorporem transversalmente diretrizes e preocupações ambientais e para com as disponibilidades hídricas;

• para que essa incorporação seja efetiva (orgânica), o compito dos aspectos mencionados deve se dar já na fase de planejamento do uso dos recursos hídricos e não como medida posterior, voltada apenas à mitigação de impactos;

• como contrapartida, a estratégia de implementação do PNRH e da própria política de recursos hídricos deve reconhecer esforços empreendidos pelos setores usuários na incorporação de todos os custos envolvidos em seus processos – inclusive, ambientais, de integração de usos múltiplos e de conservação dos recursos hídricos –, passando a apoiar iniciativas e avanços, como forma de incentivar a sua continuidade e permanência e de superar a tradicional atitude de mera imposição de restrições e penalidades;

• em termos técnicos e conceituais, trata-se de superar (sem suprimir) os mecanismos tradicionais de comando e controle, incorporando, de modo coordenado e complementar, formas de construção de consensos sociais, instrumentos descentralizados de incentivo econômico e alternativas que promovam a adesão dos usuários a objetivos ambientais e de conservação dos recursos hídricos;

• nessa perspectiva, é da responsabilidade do setor de recursos hídricos desenvolver instrumentos e mecanismos consistentes e duradouros, que orientem os estudos sobre critérios de preservação e aproveitamento múltiplo das águas, para fins de elaboração de programas e projetos setoriais e das respectivas análises de pedidos de reserva de disponibilidade hídrica e da posterior concessão de outorga de direitos de uso da água, de acordo com os processos legais vigentes;

• merecem citação, nesse caso, a aplicação potencial de instrumentos como os planos integrados de recursos hídricos e as avaliações ambientais estratégica, que podem oferecer importantes subsídios aos processos de concessão de outorgas de direitos de uso da água e de licenciamento ambiental de empreendimentos;

• numa perspectiva mais ampla, essa articulação intersetorial deve também atingir o campo das políticas macroeconômicas, que sofrem, no médio e no longo prazo, com custos derivados da deterioração ambiental e das disponibilidades hídricas, mesmo que restrições de orçamento possam resultar em pequenas economias no fluxo de caixa de curto prazo;

• como forma atrativa de justificar, junto à área macroeconômica, bons investimentos em recursos hídricos, novamente se destacam os temas da

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gestão e do planejamento, notadamente quando entram em questão ações regulatórias substantivas;

• outro vetor importante para a implementação do PNRH refere-se à ações de comunicação social, centradas na disseminação, junto aos setores usuários, da percepção sobre o valor e importância da água para o desenvolvimento econômico e social do país, a ser promovido de modo ambientalmente sustentado, o que poderia conferir ganhos ponderáveis de aceitabilidade do SINGRH, dos instrumentos e das ações de gestão dos recursos hídricos, conformando um ambiente de parceria e não de confrontação;

• com efeito, não é do interesse, nem sequer da concepção conceitual do SINGRH, pautar-se por uma atitude de mero constrangimento disciplinar dos setores usuários, o que resultaria em custos políticos e financeiros muito elevados para resultados efetivos, sempre sujeitos a despesas crescentes, assimetrias de informações, conflitos legais e à uma diversidades de situações praticamente ingovernáveis;

• ao mesmo tempo, a gestão cotidiana das normas e regulamentos excessivos esbarraria em reconhecidas dificuldades operacionais dos órgãos gestores (carência de recursos técnicos, logísticos e de pessoal especializado, níveis salariais insatisfatórios e baixa motivação profissional, dentre outras);

• assim, é altamente recomendável o apoio de um documento voltado à estratégia de implementação do PNRH, elaborado para atender as etapas seguintes a sua formulação, como também, a organização de um sistema de gerenciamento orientado para aferir objetivos finalísticos e resultados (ou produtos) intermediários que lhes conferem viabilidade, mediante os adequados indicadores de monitoramento e avaliação;

• por fim, também é recomendável estabelecer e detalhar como será o processo de constante atualização do PNRH, mediante o qual serão empreendidas adequações, pautadas pelas experiências, aprendizados, novas realidades econômicas, evolução de indicadores do Plano e/ou novas diretrizes político-institucionais, observadas durante o período de sua implementação, segundo a periodicidade a ser oportunamente estabelecida (sistema rolling plan).

São estas, portanto, as diretrizes gerais e os princípios norteadores de uma estratégia robusta para o Plano Nacional de Recursos Hídricos. 2.5. Consolidação de Macro-diretrizes, Estrutura Proposta e Fluxograma Lógico de Abordagens Temáticas e Ênfases Temporais dos Programas e Subprogramas do PNRH Com todos os elementos dispostos e com olhos simultâneos na matriz de diretrizes e de demandas por programas e nos princípios norteadores e prioridades apontadas pela estratégia robusta, podem ser consolidadas as macro-diretrizes e proposta a correspondente estrutura lógica de componentes, programas e subprogramas do Plano Nacional de Recursos Hídricos.

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Macro-diretrizes do PNRH O primeiro conjunto de macro-diretrizes volta suas atenções para algumas das variáveis críticas relacionadas com a inserção do país nos contextos global e latino-americano, para fins de identificação e acompanhamento de demandas sobre produtos que utilizam água como insumo de produção, considerando, também, interesses geopolíticos na gestão de rios e bacias trans-fronteiriças e o cumprimento de acordos, convenções e tratados internacionais celebrados pelo Brasil.

Em acréscimo à consideração dessas variáveis exógenas, cumpre identificar o comportamento de vetores endógenos de desenvolvimento, notadamente no que concerne à localização espacial de vetores de expansão econômica.

Por fim, na perspectiva de uma visão integrada e integradora da gestão de recursos hídricos, cabe ponderar os aspectos hidrológicos, ambientais, socioeconômicos e político-institucionais que concorrem para a definição de unidades de planejamento, de gestão e de intervenção em recursos hídricos, sempre articulados às dimensões mais amplas – global, macro-regional e nacional – já mencionadas.

Essas perspectivas podem ser expressas pelas seguintes macro-diretrizes:

avaliar a inserção do País no mercado internacional, considerando as vantagens comparativas e os fatores exógenos que apresentem reflexos sobre a utilização dos recursos hídricos;

promover a gestão conjunta, com outros países, de rios trans-fronteiriços, fronteiriços e de aqüíferos estratégicos;

identificar interesses geopolíticos do Brasil, frente às suas fronteiras e aos países vizinhos, no que concerne à gestão de bacias hidrográficas no contexto sul-americano;

promover o cumprimento da agenda internacional brasileira, considerando a incorporação dos objetivos e das metas estabelecidas pelas convenções e agendas internacionais que apresentem sinergia com a gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH);

definir critérios para o traçado de unidades territoriais de planejamento, de gestão e de intervenção em recursos hídricos, bem como, de orientação para a instalação de comitês e agências de bacia, acompanhados dos adequados instrumentos de gestão, tal como previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos.

Considerando que o SINGRH, em cujo contexto devem estar organicamente inseridos os SEGRHs, não se encontra implementado em sua plenitude, a próxima perspectiva de abordagem do PNRH deve ser o próprio ordenamento institucional da gestão integrada dos recursos hídricos no Brasil (GIRH), que deve tratar do modelo institucional adotado, dos instrumentos de gestão previstos e de ações de capacitação e de comunicação social que confiram suporte a todos os atores envolvidos e ao funcionamento do Sistema e de suas ferramentas de atuação.

As macro-diretrizes dessa linha de abordagem podem ser assim formuladas, quanto aos principais aspectos institucional e legais envolvidos:

aperfeiçoar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, qualificando e aprimorando a atuação dos entes do SINGRH, bem como, efetivando a articulação entre as entidades que o integram;

definir estratégias institucionais, notadamente de interlocução entre as entidades colegiadas do SINGREH, conferindo maior dinâmica à gestão dos recursos hídricos;

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apoiar a organização dos Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRHs), construindo e consolidando capacidades, por meio da adoção de políticas consistentes e robustas de capacitação e fixação de quadros nas entidades, com vistas à descentralização de funções e competências, sempre que possível;

consolidar o marco legal e institucional existente, promovendo: a mútua adequação do SINGRH e o ordenamento administrativo do Aparelho de Estado brasileiro; a adequação do modelo preconizado na Lei 9.433/97 frente à diversidade sócio-ambiental do país e as necessidades de regulamentação da legislação de recursos hídricos;

identificar fontes de receita para financiamento de ações voltadas para a gestão integrada dos recursos hídricos, com vistas à sustentabilidade econômico-financeira do sistema e das ações propostas.

Quanto aos aspectos instrumentais, as macro-diretrizes serão:

identificar os usos e usuários das águas superficiais e subterrâneas, de forma a conhecer as demandas e consumos de água, o perfil do usuário, tecnologias utilizadas, dentre outras características;

melhorar e consolidar o conhecimento sobre o comportamento hidrológico, hidrogeológico e da qualidade das águas, como forma de aprimorar as bases técnicas e apoiar a tomada de decisões na gestão das águas;

organizar, sistematizar e disseminar as informações hidrológicas, hidrogeológicas e de qualidade das águas, contribuindo para a realização de estudos e projetos e para a construção do conhecimento, qualificando o diálogo entre aqueles que atuam na temática da gestão das águas;

implementar, desenvolver e modernizar o sistema de outorga dos direitos de uso de recursos hídricos, de forma articulada entre os órgãos gestores e com a participação dos usuários das águas, utilizando metodologias voltadas para a definição de critérios que levem em conta as especificidades regionais, tendo como base as diretrizes de planos de recursos hídricos;

integrar o instrumento da outorga com os processos autorizativos do SISNAMA, notadamente o licenciamento ambiental;

apresentar proposições para ações de integração entre os órgãos gestores de recursos hídricos, visando a outorga em rios fronteiriços e trans-fronteiriços, em zonas costeiras, assim como, a articulação com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no que tange às águas minerais;

promover as ações de fiscalização segundo uma abordagem sistêmica, planejada por bacia hidrográfica, com observância das inter-relações entre os usuários, de maneira a garantir os usos múltiplos na bacia, privilegiando o caráter educativo e preventivo do processo de fiscalização;

estimular a fiscalização integrada, visando a maior eficiência e otimização dos meios e instrumentos, bem como a harmonização de condutas e procedimentos, de modo a proporcionar tratamento justo aos usuários de recursos hídricos, com a constatação e aplicação de penalidades de forma harmônica pela União e as unidades da federação;

implementar os instrumentos de planejamento da Política Nacional de Recursos Hídricos, considerando as necessárias articulações e a divisão de encargos entre o Plano Nacional, os Planos Estaduais e planos de bacias hidrográfica;

estabelecer e aperfeiçoar o sistema de cobrança pelo uso dos recursos hídricos, adequando às peculiaridades regionais e de forma negociada entre comitês, órgãos gestores e usuários, destinando a aplicação dos recursos na bacia de origem;

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reconhecer a cobrança pelo uso dos recursos hídricos como um fator de estímulo à inovação tecnológica e à adoção de práticas de uso racional dos recursos hídricos;

estabelecer mecanismos de compensação financeira para proteção, recuperação e conservação de rios, nascentes e estuários;

sistematizar os dados gerados pelos órgãos e entidades integrantes do SINGRH, garantindo o acesso a essas informações para a sociedade em geral, uma vez que tal acesso constitui fator fundamental para a tomada de decisões seguras e responsáveis por parte das comunidades, dos usuários e do poder público;

desenvolver ferramentas e metodologias para auxílio àqueles que atuam na área de recursos hídricos, no equacionamento e na solução de problemas relacionados ao processo de gestão integrada e descentralizada desses recursos.

Em acréscimo, algumas linhas de atuação transversal devem ser estruturadas em apoio aos avanços da gestão integrada dos recursos hídricos no Brasil, conformando as seguintes macro-diretrizes:

desenvolver estudos e pesquisas voltados para ampliar a base atual do conhecimento, no campo dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais, sob a ótica da qualidade e da quantidade;

produzir conhecimento e estimular a inovação tecnológica, com vistas a proporcionar a gestão das demandas e o aumento da oferta de água, contribuindo, ainda, para assegurar os usos múltiplos e a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade e quantidade adequados aos diversos usos;

ampliar, mediante estudos e pesquisas, o entendimento das relações entre a dinâmica das disponibilidades hídricas e o comportamento climático;

disponibilizar, em favor de populações tradicionais, alternativas de oferta de água compatíveis com o seu contexto sociocultural e buscar tecnologias apropriadas para a inserção socioeconômica de pequenos e médios produtores, sempre sob a perspectiva da sustentabilidade;

promover a formação de profissionais para a atuarem em gestão integrada de recursos hídricos, atualizar os decisores públicos do processo de gestão em seus diversos níveis de atuação, como também, qualificar membros da sociedade, neles incluindo grupos tradicionais e representantes das comunidades indígenas, para participar de forma efetiva dos colegiados do SINGRH;

criar bases para ampliar e democratizar as discussões sobre a temática da água, estimulando o permanente diálogo entre diferentes saberes – científico-tecnológico, filosófico e biorreginal ou tradicional –, um vez que a construção do conhecimento caracteriza um processo que envolve multiplicidade de atores e componentes;

promover o empoderamento da sociedade na elaboração e na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, fortalecendo os canais de comunicação existentes e a criação de novos, assim cmo o aperfeiçoamento dos meios de interlocução social.

A linha seguinte de abordagem do PNRH tratará de suas articulações intersetoriais, inter e intra-institucionais, reconhecidamente essenciais para a efetividade da GIRH, na medida em que parcela substantiva dos investimentos que afetam a gestão das águas é efetuada pelos setores usuários, como inequivocamente demonstrado pela análise do PPA, período 2004 a 2007.

Este componente deve, então, contemplar tanto uma perspectiva geral, na busca de coordenação e convergência de ações, como focos mais específicos, em temas que

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apresentam sombreamento de competências, com marcado interesse para a gestão dos recursos hídricos.

As macro-diretrizes correspondentes a essa perspectiva podem ser assim expressas:

fortalecer a dimensão sustentável do desenvolvimento a partir da gestão da água ou de sua valorização como elemento estruturante para a implementação de políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social;

subsidiar linhas temáticas e diretivas que possam orientar o PPA referente ao próximo período, de 2008-2011;

subsidiar a definição de estratégias de articulação do SINGRH com os setores usuários e com as instituições públicas que formulam e implementam as políticas de desenvolvimento nacional e regional, como também, no ambiente interno ao MMA;

identificar os vetores que conferem a dinâmica dos problemas regionais que afetam os recursos hídricos - a natureza plena dos problemas de recursos hídricos;

definir uma clara estratégia institucional, notadamente de interlocução do SINGRH com os estados (SEGRHs), bem como, com os principais setores usuários e com as instituições públicas que formulam e implementam as políticas de desenvolvimento nacional e regional, visando garantir a implementação da Política de Recursos Hídricos como instrumento transversal às demais políticas de desenvolvimento;

estabelecer uma agenda pró-ativa entre os responsáveis pela condução das políticas públicas, visando sistematizar ações para o estabelecimento concreto das relações entre a política de recursos hídricos e políticas públicas correlatas.

Por seu turno, a articulação intersetorial da GIRH resulta nas seguintes macro-diretrizes, pautadas pelo uso múltiplo e integrado das águas:

promover a gestão em áreas sujeitas a eventos hidrológicos críticos, considerando, no caso de secas, as possibilidades de convivência com o semi-árido e a otimização da capacidade de suporte do ambiente, acrescida da valorização do importante arsenal da cultura local, consolidado por comunidades tradicionais, com destaques para as questões de gênero, de geração e de etnias;

para o caso de cheias urbanas, a ênfase deve pautar-se em medidas de gestão e controle que considerarem a dinâmica imposta pela totalidade da bacia hidrográfica, conferindo prioridade às medidas não-estruturais – permeabilidade, uso e ocupação do solo, proteção de áreas lindeiras aos cursos d’água, controle de inundações ribeirinhas, proteção de canais e dos mecanismos naturais de escoamento, dentre outras alternativas;

enfatizar a participação das populações como condição essencial para o sucesso das ações voltadas à prevenção e a defesa de eventos hidrológicos críticos, como também, a articulação da gestão de recursos hídricos com o zoneamento do uso e ocupação do solo;

a gestão da oferta, a ampliação, racionalização e o reuso da água deverão considerar as especificidades sócio-ambientais, bem como, levar em conta a inovação e a modernização de processos tecnológicos e a utilização de práticas operacionais sustentáveis;

a gestão da demanda deverá considerar a otimização e a racionalização do uso da água, diminuindo o consumo e a geração de efluentes, as necessidades de modificações e adequação dos padrões de consumo e variáveis do uso e ocupação do solo;

a gestão de conflitos pelo uso da água deverá, fundamentalmente, passar pelas instituições e ferramentas oferecidas pela Política de Recursos Hídricos, pelo

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estabelecimento de mecanismos de incentivos, pelo planejamento articulado entre os setores, assim como, pela disseminação de experiências bem-sucedidas nesse campo;

as proposições no campo do saneamento devem ter foco nas interfaces desse setor com a área de recursos hídricos, considerando, adicionalmente, a necessidade de promover mecanismos que incentivem maior inserção dos municípios junto aos Sistemas Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos, tendo em vista seu papel como usuários e como eventuais responsáveis pelo licenciamento ambiental de empreendimentos, sempre que receberem a delegação para tanto;

a área de recursos hídricos deve atuar como fonte complementar para o financiamento de ações de saneamento, notadamente no campo das interfaces mencionadas, considerando a perspectiva da bacia hidrográfica;

a atuação coordenada e integrada entre o setor de saneamento e área de recursos hídricos deve ser promovida, especialmente, por intermédio dos instrumentos de gestão: planos de bacias, metas de enquadramento, critérios de outorga e de cobrança pelo uso da água, sem prejuízo da aplicação de outros mecanismos.

devem ser observadas as sinergias entre programas previstos pelo Ministério das Cidades e ações no campo dos recursos hídricos, notadamente para fins de atenuação do enorme passivo ambiental representado pelos esgotos domésticos não tratados;

as ações integradas de conservação de solos e água serão consideradas no âmbito do manejo de micro-bacias no meio rural, sob duas vertentes: (i) projetos demonstrativos em áreas selecionadas, agregando conhecimento sobre práticas bem sucedidas, de caráter preventivo ou orientadas para a recuperação de áreas já degradadas e, (ii) pela difusão de projetos e experiências que já vêm sendo implementadas por diversos segmentos sociais, com potencial de transformação em políticas públicas;

a integração das políticas setoriais, garantindo quantidade e a qualidade das águas para os diversos usos requeridos, constitui a principal orientação desse programa, tendo como base o fornecimento de energia hidrelétrica, como núcleo da matriz energética predominante no país;

considerando que as hidrelétricas continuarão a ser implantadas em quaisquer dos cenários prospectivos, deverão ser estabelecidas condições operacionais para os reservatórios, de modo a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos e assegurar uma composição que se traduza nos maiores benefícios e menores perdas para o conjunto da sociedade brasileira.

Por fim, essa vertente não pode se esquivar do traçado de macro-diretrizes com forte sobreposição com aspectos setoriais que apresentam elevados impactos sobre os recursos hídricos:

como a política de saneamento ambiental se destaca nos cenários como uma das mais importantes invariâncias, superada apenas pelas atividades produtivas rurais (irrigação, principalmente), as estratégias voltadas à despoluição de bacias passam, necessariamente, pelo tratamento de esgotos sanitários, uma vez que a degradação da qualidade das águas resulta desse enorme passivo ambiental que deve ser enfrentado pelo país;

sob tal orientação, cabe o resgate e o aprimoramento da linha de atuação do Programa de Despoluição de Bacias Hidrográfica (PRODES), no qual é priorizada a aferição e o pagamento pelos resultados efetivos alcançados no tratamento de esgotos domésticos;

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para encerrar, a principal invariância apontada nos cenários traçados pelo PNRH indica que deve-se buscar a otimização do uso da água pela agricultura irrigada, mediante a adoção de tecnologias mais eficientes, sob o entendimento de que as elevadas demandas do setor agrícola constituem o principal vetor de conflitos potenciais por usos múltiplos da água no país.

Finalmente, a última vertente de abordagem contempla uma perspectiva espacial, definindo unidades geográficas de intervenção que requerem ações e atividades ajustadas à natureza e tipologia de problemas regionais que se mostram bastante característicos, exigindo, por essa razão, que as linhas de atuação dos programas e subprogramas já propostos, venham a sofrer uma especialização determinada por realidades específicas.

Em acréscimo, cumpre reconhecer que as áreas geográficas selecionadas reúnem forte apelo simbólico concernente às temáticas ambiental e dos recursos hídricos.

Dessa forma, as macro-diretrizes que orientam a estruturação dos programas regionais do PNRH foram assim formuladas:

os programas deverão ser oportunamente detalhados em termos do ordenamento das ações e atividades necessárias à cada unidade de intervenção, contemplando: (a) modelos institucionais de gestão apropriados à natureza dos problemas a enfrentar; (b) ênfases e prioridades na implantação de instrumentos de gestão de recursos hídricos, próprios à cada região; e, (c) intervenções físicas estruturais de cunho regional, destinadas à recuperação das disponibilidades hídricas, em quantidade e qualidade, e à sua conservação e aproveitamento de forma ambientalmente correta;

as unidades geográficas prioritárias para fins de estruturação de programas regionais são: (i) aqüíferos estratégicos; (ii) zonas costeiras; (iii) Amazônia; (iv) pantanal; e, (v) semi-árido brasileiro.

Resulta das macro-diretrizes apresentadas a seguinte estrutura geral para os programas e subprogramas do Plano Nacional de Recursos Hídricos:

Estrutura Proposta ao PNRH

Componente de Desenvolvimento da GIRH no Brasil

I. Programa de Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

I.1 - Estudos Estratégicos sobre Contexto Macro-econômico Global e Inserção Geopolítica da GIRH no Contexto Sul-americano.

I.2 - Estudos Estratégicos sobre Cenários Nacionais de Desenvolvimento e Impactos Regionais que afetam a Gestão de Recursos Hídricos

I.3 – Implementação Prática de Acordos Internacionais em Bacias Trans-fronteiriças e Desenvolvimento de Instrumentos de Gestão e de Apoio à Decisão, compartilhados com países vizinhos.

I.4 – Estudos para a Definição de Unidades Territoriais para a instalação de Modelos Institucionais e respectivos Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos.

II. Programa de Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil

II.1 - Organização e Apoio ao SINGRH

II.2 – Apoio à Organização de SEGRHs

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II.3 - Adequação, Complementação e Convergência do Marco Legal e Institucional

II.4 – Sustentabilidade Econômico-Financeira da Gestão de Recursos Hídricos

III. Programa de Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos

III.1 – Cadastro Nacional de Usos e Usuários

III.2 - Rede Hidrológica Quali-Quantitativa Nacional

III.3 - Processamento, Armazenamento, Interpretação e Difusão de Informação Hidrológica

III.4 – Metodologia e Sistemas de Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos.

III.5 – Programa Nacional de Fiscalização do Uso de Recursos Hídricos.

III.6 – Planos de Recursos Hídricos e Enquadramento de Corpos Hídricos em Classes de Uso.

III.7 – Aplicação de Instrumentos Econômicos à Gestão de Recursos Hídricos.

III.8 – Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos.

III.9 – Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas de Suporte à Decisão.

IV. Desenvolvimento Tecnológico, Capacitação e Comunicação Social em Recursos Hídricos.

IV.1 – Desenvolvimento e Consolidação de Conhecimento e de Avanços Tecnológicos em Gestão de Recursos Hídricos.

IV.2 – Capacitação e Educação Ambiental com Foco em Recursos Hídricos

IV.3 – Comunicação Social em Recursos Hídricos.

Componente da Articulação Intersetorial e Interinstitucional da GIRH

V. Programa de Articulação Intersetorial e Interinstitucional da Gestão de Recursos Hídricos

V.1 – Programa de Avaliação de Impactos Setoriais na Gestão de Recursos Hídricos.

V.2 – Programa de Compatibilização e Integração de Projetos Setoriais e Incorporação de Diretrizes de Interesse para a GIRH.

VI. Programa de Aproveitamento Múltiplo e Controle Integrado de Recursos Hídricos

VI.1 – Gestão em Áreas Sujeitas a Eventos Hidrológicos Críticos.

VI.2 – Programa de Gestão de Oferta, Ampliação, Racionalização e Resuo das Disponibilidades Hídricas

VI.3 – Programa de Gestão de Demandas, Resolução de Conflitos, Uso Múltiplo e Integrado de Recursos Hídricos.

VI.4 – Programas Integrados de Saneamento e Gestão Ambiental de Recursos Hídricos no Meio Urbano.

VI.5 – Programas Integrados de Conservação de Solos e Água – Manejo de Micro-bacias no Meio Rural.

VI.6 – Estudos sobre Critérios e Objetivos Múltiplos voltados à Definição de Restrições Operativas em Reservatórios de Geração Hidrelétrica.

VII. Programas Setoriais voltados aos Recursos Hídricos

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VII.1 – Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES)

VII.2 – Programa de Otimização do Uso da Água em Cultivos Irrigados.

Componente de Programas Regionais de Recursos Hídricos

VIII. Programa de Gerenciamento de Aqüíferos Estratégicos

IX. Programa de Gestão de Recursos Hídricos Integrados ao Gerenciamento Costeiro

X. Programa de Gestão Ambiental de Recursos Hídricos na Região Amazônica

XI. Programa de Conservação das Águas no Pantanal

XII. Programa de Gestão Sustentada de Recursos Hídricos e Convivência com o Semi-árido Brasileiro

Componente de Gerenciamento da Implementação do PNRH

XIII. Programa de Gerenciamento Executivo e de Monitoramento e Avaliação da Implementação do PNRH

A lógica regente da estruturação proposta ao Plano encontra-se sintetizada no Fluxograma que segue, nas perspectivas:

(a) temporal = esboço de um cronograma genérico de implementação; (b) funcional = objetivos gerais dos programas previstos; (c) do grau de ênfase = explicitando a intensidade conferida aos programas em cada período de execução; e, (d) da natureza das ações e atividades = predomínio de programas institucionais estruturantes, na perspectiva do SINGRH e de seus instrumentos, e de obras de infra-estrutura física estrutural.

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Fluxograma da Lógica Regente da Estrutura do Plano Nacional de Recursos Hídricos Dimensão Temporal

Programas do PNRH Funções e objetivos predominantes ao longo do tempo

Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

Identificar variáveis críticas e estratégicas, transversais ao Plano. Atualizar periodicamente os estudos, acompanhando alterações de

fatores estratégicos.

Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil

Instalar as bases institucionais e legais do SINGRH e dos SEGRHs

Conferir sustentabilidade aos Sistemas Nacional e Estaduais. Incorporar ajustes e inovações.

Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos

Implementar os instrumentos que conferem efetividade à GIRH. Ação continuada de ajustes, aprimoramento e inovação.

Desenvolvimento Tecnológico, Capacitação e Comunicação Social em Recursos Hídricos.

Apoio transversal continuado à implementação dos programas e interação dos atores sociais junto ao PNRH.

Articulação Intersetorial, Inter e Intra-institucional da Gestão de Recursos Hídricos.

Identificar e interferir de modo pró-ativo em investimentos de setores usuários. Manter a articulação intersetorial, inter e intra-institucional.

Aproveitamento Múltiplo e Integrado de Recursos Hídricos

Gerir eventos críticos e conflitos por usos múltiplos, mantendo a coordenação e integração de ações institucionais e estruturais.

Programas Setoriais voltados aos Recursos Hídricos

Promover ações estruturais com ênfases em temas setoriais prioritários, na perspectiva dos recursos hídricos.

Programas Regionais em Recursos Hídricos.

Promover ações integradas em regiões que exigem abordagens especializadas.

Dimensões Temáticas

e

Grau de Ênfase na Execução

Gerenciamento, Monitoramento e Avaliação da Execução do PNRH

Apoiar a execução, monitorar e avaliar os avanços obtidos nos produtos intermediários e nos resultados substantivos do Plano, subsidiando adequações periódicas (rolling plan).

Predomínio de ações

institucionais estruturantes.

Predomínio de ações

físicas estruturais.

Ações Gerenciais

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2.6. Detalhamento Preliminar de Objetivos, Justificativas, Escopo e Indicadores para Monitoramento e Avaliação de Programas e Subprogramas do PNRH. Definida a estrutura geral do Plano Nacional de Recursos Hídricos, as fichas que seguem detalham, ainda em caráter preliminar, os objetivos, justificativas, escopo básico, abrangência e benefícios esperados, executores e intervenientes e os possíveis indicadores de monitoramento e avaliação dos subprogramas propostos.

Componente de Desenvolvimento da GIRH no Brasil

Programa I: Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

Subprograma I.1: Estudos Estratégicos sobre o Contexto Macroeconômico Global e Inserção Geopolítica da GIRH no Contexto Sul-americano e Caribenho.

Objetivos: Identificar e acompanhar a evolução de variáveis críticas e estratégicas, transversais ao PNRH, relativas ao contexto macroeconômico global e à inserção geopolítica do Brasil na América do Sul e em relações políticas com o Caribe.

Justificativas: A gestão dos recursos hídricos sofre influências do mercado global, que afeta demandas e, por conseqüência, a dinâmica de expansão de setores produtivos do país, a exemplo de produtos da agricultura irrigada, de padrões produtivos da indústria e, mesmo, das necessidades de expansão da matriz energética nacional. Demais disso, deve-se manter atenção para variáveis e interesses advindos da inserção geopolítica do Brasil na América do Sul e das relações políticas com países desse continente e do Caribe.

Escopo Básico: Refere-se a estudos especializados que devem orientar questões e variáveis estratégicas globais, como demandas por produtos de exportação que afetam o aproveitamento de recursos hídricos no Brasil. Nessa perspectiva de análise, destacam-se a produção de alimentos (expansão da agricultura irrigada e de rebanhos animais) e a matriz energética, onde preços internacionais do petróleo podem induzir à adoção de biocombustíveis, com ampliação de cultivos e impactos sobre as disponibilidades hídricas. Em adição, devem ser considerados os interesses nacionais frente à sua inserção geopolítica no contexto sul-americano e, ainda, insumos que constam do documento Estratégia Comum para Gestão da Água entre os Países da América Latina e Caribe.

Abrangência e Benefícios Esperados: Identificação e acompanhamento de variáveis que encerram incertezas críticas e podem afetar as demandas por recursos hídricos no Brasil.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação de resultados devem ser efetuados mediante relatórios de andamento.

Programa I: Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

Subprograma I.2: Estudos Estratégicos sobre Cenários Nacionais de Desenvolvimento e Impactos Regionais que afetam a Gestão de Recursos Hídricos.

Objetivos: Identificar e acompanhar a evolução de variáveis críticas e estratégicas, transversais ao PNRH, relativas aos cenários nacionais de desenvolvimento e aos vetores que apresentam impactos regionais que afetam a gestão dos recursos.

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Justificativas: A dinâmica do desenvolvimento regional constitui fator superveniente à gestão de recursos hídricos, resultando em impactos sobre as demandas pelo uso da água por parte de diversos segmentos produtivos, com reconhecidos desdobramentos em termos regionais. Assim, de modo complementar a fatores dos mercados global e latino-americano, devem ser investigadas variáveis endógenas e incertezas críticas relativas ao crescimento econômico do país.

Escopo Básico: Contempla estudos especializados sobre contexto nacional de desenvolvimento, tendo como um dos principais produtos indicações sobre zoneamento e usos preferenciais das disponibilidades hídricas (geração hidrelétrica, irrigação e outros), em função de vetores de desenvolvimento regional e dos aspectos ambientais envolvidos. As bases desses estudos devem ser o documento sobre cenários prospectivos, desenvolvidos no âmbito do PNRH, os estudos sobre o contexto macroeconômico do país, desenvolvido pela ANA, além do Projeto Brasil em 3 Tempos, estudo de planejamento estratégico de longo prazo para o país, desenvolvido pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – NAE.

Abrangência e Benefícios Esperados: Identificação e acompanhamento de variáveis endógenas e incertezas críticas que interferem na dinâmica econômica do país e que podem afetar as demandas por recursos hídricos no Brasil.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação de resultados devem ser efetuados mediante relatórios de andamento.

Programa I: Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

Subprograma I.3: Implementação Prática de Acordos Internacionais em Bacias Trans-fronteiriças e Desenvolvimento de Instrumentos de Gestão e de Apoio à Decisão, compartilhados com países vizinhos.

Objetivos:.Conferir substância e dar conseqüência a acordos e tratados internacionais, além de reunir dados e informações sobre variáveis que afetam os recursos hídricos do Brasil e que estão localizadas em territórios de países vizinhos.

Justificativas: O país deve honrar compromissos e dar conseqüência à agenda internacional que trata de questões do meio ambiente e dos recursos hídricos, além de buscar a consolidação de dados e informações que conduzam à melhor compressão sobre relações de causas e efeitos que afetam águas de rios trans-fronteiriços e fronteiriços. Demais disso, a própria integração com países vizinhos e do contexto sul-americano e caribenho passa pela construção conjunta de sistemas de informação e de apoio à decisão em recursos hídricos.

Escopo Básico:. Visa a implementação prática de intenções e objetivos que constam de acordos internacionais, com particular interesse na incorporação e compartilhamento de informações hidrológicas e sobre qualidade da água, que se encontram afetadas por variáveis localizadas em territórios de países vizinhos, consideradas essenciais para a gestão de bacias de rios trans-fronteiriços e fronteiriços. O subprograma deve apoiar o desenvolvimento de iniciativas já institucionalizadas, como o projeto do Aqüífero Guarani, o Programa da bacia do Prata e da Bacia Amazônica, objetos de acordos internacionais. Igualmente, devem ser incorporadas metas e agendas de convenções internacionais, como a Agenda 21, as Metas de Desenvolvimento do Milênio, a Convenção das Nações

100

Unidas de Combate à Desertificação – CCD, a Convenção sobre a Diversidade Biológica – CDB, a Convenção Quadro das Nações unidas sobre Mudança do Clima CQNUMC, entre outras.

Abrangência e Benefícios Esperados:.Todos os acordos e tratados relativos ao meio ambiente e aos recursos hídricos, que contam com a chancela do Brasil, devem ser considerados. Já no que concerne aos sistemas de informação e de apoio à decisão, merecem destaque as bacias trans-fronteiriças, de modo que a consistência técnica das relações de causa e efeito sejam asseguradas.

Executores e Intervenientes: para a Agenda Internacional, o comando deve ser do MMA e SRH; para os sistemas de informação e apoio à decisão a execução estará a cargo da ANA, com MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação:. Os indicadores de monitoramento e avaliação devem considerar os produtos esperados dos projetos internacionais institucionalizados, além de verificar a implantação de sistemas compartilhados de informação.

Programa I: Estudos Estratégicos sobre Recursos Hídricos

Subprograma I.4: Estudos para a Definição de Unidades Territoriais e para a instalação de Modelos Institucionais e respectivos Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos.

Objetivos: Identificar as principais variáveis e aspectos – hidrológicos, ambientais, socioeconômicos e político-institucionais – que devem ser considerados na definição dos recortes que definem as unidades de planejamento, de gestão e de intervenção em recursos hídricos.

Justificativas: As dimensões continentais do Brasil e a escala das macro-bacias hidrográficas, além da complexidade e diversidade de problemas e situações que envolvem os recursos hídricos, recomendam alguma flexibilidade e criatividade no traçado das unidades territoriais que servirão ao planejamento, à gestão e às intervenções em recursos hídricos, conformando o que pode ser denominado de um “Mapa Geográfico Nacional da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil”.

Escopo Básico: Refere-se ao aprofundamento dos estudos empreendidos pela ANA, que consideram variáveis hidrológicas, ambientais, socioeconômicas e político-institucionais para o traçado de unidades territoriais de gestão dos recursos hídricos, o que deve propiciar convergências e acordos com os estados sobre as prioridades e a delimitação de tais unidades. O estabelecimento de unidades de planejamento, de gestão e de intervenção em recursos hídricos, no âmbito do processo de implementação do PNRH, contribuirá para subsidiar a consolidação do SINGRH no país, notadamente quanto à instituição de comitês e de agências de bacias, acompanhadas da implementação dos adequados instrumentos de gestão. Com efeito, cabe considerar o traçado das unidades territoriais a partir das macro-bacias de primeira ordem, na direção de bacias de menor abrangência espacial (top-down), ou da agregação de unidades menores no sentido da macro-bacia (bottom-up), tendo em vista as especificidades de cada região-problema, sempre mantidas as diretrizes de consistência e coordenação de políticas, a serem mantidas nas diferentes escalas. Por óbvio que a definição das unidades, além de necessidade de aprovação no CNRH, pressupõe processos de debate no âmbito de cada região a ser estudada, envolvendo atores sociais estratégicos, notadamente os estados, responsáveis pela instalação dos SEGRHs.

101

Nesse sentido, para a convergência e coordenação entre o SINGRH e os SEGRHs, o subprograma contemplará, dentre outros, conceitos como o de comitês de integração, tendo como resultado final a conformação do que se pode denominar de um “Mapa Geográfico Nacional da Gestão de Recursos Hídricos no Brasil”.

Abrangência e Benefícios Esperados: Em todo o território nacional o subprograma deve proporcionar a convergência de critérios, o traçado das unidades territoriais e o estabelecimento consensual de prioridades, entre o SINGRH e os SEGRHs, além de maior adequação entre a natureza dos problemas e variáveis envolvidas e a escala espacial recomendada.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação devem ser empreendidos por relatórios de andamento, além de considerar o percentual do território brasileiro, já coberto por acordos com os estados sobre unidades de gestão de recursos hídricos.

Programa II: Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil.

Subprograma II.1: Organização e Apoio ao SINGRH.

Objetivos: Empreender à consolidação das bases institucionais e legais do SINGRH, conferindo consistência, sustentação e autonomia ao seu funcionamento e avançando na instalação e/ou aprimoramento de suas instâncias decisórias e operacionais:- CNRH, câmaras técnicas, comitês, agências de bacia e órgãos públicos responsáveis pelas políticas (MMA e SRH) e pela regulação de uso e encargos executivos (ANA e IBAMA).

Justificativas: O PNRH tem a implantação e a consolidação do SINGRH como um de seus principais produtos intermediários, indispensável à viabilização de resultados finalísticos (ou substantivos) para a gestão dos recursos hídricos no Brasil.

Escopo Básico: Refere-se à atuação do CNRH, de suas câmaras técnicas, de comitês federais e agências de água, além dos órgãos federais intervenientes, nomeadamente SRH, ANA e, também, IBAMA, para os quais deve ser traçada uma adequada divisão de encargos e formas de mútua articulação e cooperação. Limites de atuação dos conselhos e comitês de bacia devem ser explicitados, bem como as regras de convivência entre os comitês de bacia dos rios principais e de seus tributários. Propostas de acordos e pactos, estabelecidos de modo flexível e variável para cada caso, definindo as formas de interação do Plano Nacional, com os planos estaduais e os planos de bacia, poderão ser desenvolvidas. Além disso, a implementação desse subprograma permitirá promover debates sobre a temática da representação e da representatividade nas agendas dos colegiados, bem como qualificar e aprimorar as deliberações e a coordenação entre essas instâncias decisórias.

Abrangência e Benefícios Esperados: O SINGRH tem abrangência em todo o território nacional, por conseguinte, a consolidação do Sistema deve resultar em benefícios substantivos, notadamente em termos de consistência e legitimidade nas decisões que afetam substantivamente as disponibilidades hídricas do país.

Executores e Intervenientes: ANA como executor operacional, MMA e SRH como intervenientes e definidores de políticas e encaminhamentos institucionais, notadamente da interlocução com os estados.

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Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem ressaltar: (i) para os conselhos e comitês, a qualidade das deliberações, representatividade social, freqüência e consistência de quoruns; (ii) para as agências de bacia, os próprios indicadores de desempenho previstos nos Contratos de Gestão; e, (iii) para os órgãos públicos (ANA, SRH e IBAMA), os indicadores de desempenho junto ao SINGRH, previstos em estudos institucionais estratégicos.

Programa II: Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil.

Subprograma II.2: Apoio à Organização de SEGRHs.

Objetivos: Apoiar os estados na organização de seus Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em termos conceituais, metodológicos e, quando possível, operacionais, zelando pela coordenação e consistência junto às políticas e bases legais, técnicas e institucionais do SINGRH.

Justificativas: Em respeito ao federalismo e ao princípio da subsidiariedade e tendo em vista as dimensões continentais do Brasil, o SINGRH deve considerar a instalação de SEGRHs como um desdobramento capilar e descentralizado, inserido-os no contexto do próprio Sistema Nacional, respeitadas as devidas adequações frente às especificidades regionais. Portanto, cabe à União apoiar iniciativas dos estados no sentido da institucionalização da GIRH em seus territórios.

Escopo Básico: A principal linha de atuação será o fortalecimento de órgãos estaduais gestores e, por intermédio deles, a estruturação das demais instâncias que compõem os SEGRHs, como conselhos estaduais, comitês e agências de bacia. As intervenções deverão ser efetuadas mediante convênios de cooperação, cujos planos de trabalho devem detalhar objetivos, recursos, condicionantes, eventuais competências e atribuições a serem descentralizadas, resultados previstos, metas e indicadores de monitoramento e avaliação, sendo tais convênios pautados pela convergência sobre as unidades territoriais de gestão (subprograma I.4) e pela divisão de encargos com possíveis comitês de integração.

Abrangência e Benefícios Esperados: Todos os estados da federação devem ser contemplados, todavia, com maior prioridade para aqueles que enfrentam reconhecidos problemas com disponibilidades hídricas, sem deter as devidas capacidades institucionais que propiciem avanços na resolução de seus problemas. Como benefícios, cabe o entendimento de que o fortalecimento dos SEGRHs apresentará repercussões positivas sobre todo o SINGRH, seja em decorrência da relação e intercambio direto entre os estados, seja pelo apoio e intermediação de experiências, promovida pela União.

Executores e Intervenientes: ANA como executor operacional, MMA e SRH como intervenientes e definidores de políticas e encaminhamentos institucionais, notadamente da interlocução com os estados.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação estarão consubstanciados nos planos de trabalho de convênios de cooperação, visando a metas e resultados específicos aos campos institucional, legal e instrumental da gestão dos recursos hídricos.

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Programa II: Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil.

Subprograma II.3: Adequação, Complementação e Convergência do Marco Legal e Institucional

Objetivos: Promover os ajustes que tenham sido identificados como necessários na base legal que rege a GIRH no Brasil, como também, complementar lacunas e buscar a convergência com e entre as legislações estaduais, sem prejuízo da manutenção da diversidade e de especificidades decorrentes de características regionais diferenciadas.

Justificativas: Sob o entendimento de que a gestão integrada dos recursos hídricos constitui um processo dinâmico, cabe reservar recursos e esforços para adequações, complementações e movimentos de convergência da legislação vigente, inclusive daquela desenvolvida pelos estados.

Escopo Básico: Devem ser contempladas duas linhas de trabalho, na esfera da legislação federal e no âmbito dos estados, sempre buscando convergência de marcos legais. Temas inicialmente inseridos no PL 1616 e a figura dos comitês de integração, dentre outros, devem ser contemplados pelo subprograma. Ademais devem ser identificadas necessidades de ajustes e do preenchimento de lacunas, além de contemplar aspectos qualitativos que se referem ao desempenho do modelo institucional proposto ao SINGRH. De modo complementar e sob uma perspectiva de articulação intersetorial, o subprograma não deve esquivar-se de efetuar recomendações para que a legislação de outros setores – notadamente, meio ambiente, desenvolvimento urbano e saneamento – passe a incorporar aspectos de interesse da gestão de recursos hídricos.

Abrangência e Benefícios Esperados: A regulamentação de aspectos e dispositivos legais ainda pouco claros, além de eventuais ajustes que promovam o aprimoramento do SINGRH, são benefícios desejados por todos. Demais disso, devem ser computados ganhos advindos da convergência e mútua compatibilização entre diplomas legais e critérios aplicados à gestão das águas, na esfera federal e dos estados.

Executores e Intervenientes: SRH como executor, contando com o apoio técnico da ANA e com as orientações políticas do MMA.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação:. A avaliação será pautada pela identificação de ajustes e lacunas a serem preenchidas, além de contemplar aspectos qualitativos que se referem ao desempenho do modelo institucional proposto ao SINGRH.

Programa II: Desenvolvimento Institucional da GIRH no Brasil.

Subprograma II.4: Sustentabilidade Econômico-Financeira da Gestão de Recursos Hídricos.

Objetivos: Identificar e quantificar fontes potenciais de receitas, para investimentos em ações de cunho institucional e de infra-estrutura física, incluindo o estabelecimentos de linhas de créditos e respectivos condicionantes, além da mensuração de inversões setoriais em favor dos recursos hídricos.

Justificativas: Além da ausência de dados que explicitem a quantificação sobre investimentos setoriais que afetam os recursos hídricos, há necessidade de ampliar e coordenar fontes de financiamento ao setor, estruturando de modo adequado condicionantes para linhas de crédito.

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Escopo Básico:. Refere-se a: (i) identificação de fontes de receita e financiamento para ações em recursos hídricos; e, (ii) estruturação de linhas de crédito, com particular atenção para condicionantes que venham a induzir atitudes, práticas e intervenções do interesse da GIRH. A identificação de fontes de receita inclui não somente aporte dos orçamentos da União estados e municípios, como também, inversões setoriais que afetam os recursos hídricos e que devem ser mensuradas e qualificadas, para fins de coordenação e convergência de políticas publicas relacionadas à água. No contexto da estruturação de nhás de crédito merece atenção a possibilidade de criação do Fundo Nacional de Recursos Hídricos, como forma de otimizar e segregar –evitando contingenciamentos – aportes oriundos da cobrança pelo uso da água, de forma a garantir seu retorno às bacias de origem. Cabe também, a proposição de mecanismos que assegurem que a maior parte dos recursos originados da compensação financeira e de royalties recolhidos pelo setor elétrico sejam investidos em recursos hídricos.

Abrangência e Benefícios Esperados: Os principais benefícios serão a elevação dos investimentos em recursos hídricos, a coordenação intersetorial de inversões no setor e o estabelecimento de condicionantes coerentes com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos. A abrangência alcança o SINGRH e os SEGRHs.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação:. Os indicadores de monitoramento e de avaliação devem referir-se à cobertura progressiva de demandas por investimentos em recursos hídricos e à elevação gradativa da autonomia do setor.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.1: Cadastro Nacional de Usos e Usuários.

Objetivos: Promover amplo cadastramento de usos e usuários de recursos hídricos no país, apoiado e de forma coordenada com os órgãos estaduais, mediante a sistemática já adotada pela ANA na bacia do rio Paraíba do Sul e em curso na do rio São Francisco.

Justificativas: O conhecimento, a quantificação e o registro cadastral das demandas por recursos hídricos constituem elementos fundamentais para ações efetivas de gestão, inclusive no que concerne à identificação de bacias e situações prioritárias por conflitos potenciais.

Escopo Básico: Ampliação, consolidação e consistência de todos os cadastros sobre usos e usuários de recursos hídricos (federal e estaduais) e campanhas de regularização, na linha dos trabalhos realizados no Paraíba do Sul e bacia do São Francisco, em cooperação com os órgãos gestores estaduais. O subprograma deve manter forte articulação com ações de comunicação social, além de estimular formas de auto-declaração periódica de uso das águas.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência será nacional, contudo, pautada pela eleição de bacias prioritárias, conformando um trabalho continuado e progressivo. Os benefícios estão vinculados com melhores condições para a tomada de decisões de gestão das disponibilidades hídricas, originadas a partir de um conhecimento mais detalhado das demandas.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

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Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Monitoramento e avaliação com base no número de usuários cadastrados, para os diversos setores de uso, nas diversas regiões.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.2: Rede Hidrológica Quali-Quantitativa Nacional

Objetivos: Consolidar uma adequada rede hidrológica, para a coleta de dados qualitativos e quantitativos sobre as disponibilidades hídricas do país, nas diversas bacias e regiões.

Justificativas: Em adição à identificação das demandas, a gestão dos recursos hídricos precisa conhecer as disponibilidades hídricas das diversas bacias e regiões, o que só pode ser alcançado mediante a coleta e a sistematização de séries históricas de dados pluviométricos, fluviométricos e de qualidade da água.

Escopo Básico: Trata da expansão, modernização, adequação, operação e manutenção da rede nacional de dados hidrológicos e de qualidade da água, operada sob responsabilidades compartilhadas entre a União e estados, mediante convênios específicos. Em bacias selecionadas, o monitoramento deve incorporar dados sobre sedimentos e desenvolver referências que permitam a incorporação de parâmetros para indicadores biológicos. De modo similar, o subprograma deve abrigar uma rede específica para mananciais subterrâneos. Em adição, o subprograma deve explorar possibilidades de integração e troca de dados coletados por outros setores, notadamente, órgãos de meio ambiente, saneamento, energia e irrigação, pela via de agentes públicos ou privados (concessionários de serviços e agentes produtores), tratando de estabelecer protocolos de procedimentos que assegurem patamares adequados de qualidade e consistência de informações. Como linha de trabalho complementar, o subprograma deve desenvolver referências e protocolos para metodologias de coletas, amostragem e análises, com acreditação de laboratórios e controles de qualidade dos procedimentos.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência também será nacional, pautada pelo estabelecimento de uma estratégia de implantação que ressalte áreas prioritárias, densidades de estações e tipologia de dados e informações a serem coletadas. Os benefícios estão vinculados com melhores condições para a tomada de decisões de gestão, uma vez que se conhecerão, com maior consistência, as disponibilidades hídricas, em quantidade e qualidade, nas diversas bacias e regiões do país.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com forte articulação com os órgãos de meio ambiente, na esfera da União (IBAMA) e dos estados.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação dos avanços do subprograma devem ter como base o número de postos instalados, consistência e freqüência dos dados coletados.

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Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.3: Processamento, Armazenamento, Interpretação e Difusão de Informação Hidrológica.

Objetivos: O subprograma busca assegurar que os dados coletados pela rede hidrológica nacional sejam efetivamente processados e interpretados, subsidiando decisões de gestão dos recursos hídricos, além de devidamente armazenados e difundidos entre todos os segmentos interessados.

Justificativas: Não basta garantir uma boa rede hidrológica nacional, é necessário, sobretudo, que as informações sejam processadas e interpretadas para fins de tomada de decisão, chegando até os agentes que planejam e interferem sobre o uso dos recursos hídricos.

Escopo Básico: Refere-se ao processamento, análise e interpretação, armazenamento e difusão das informações hidrológicas, hidrogeológicas, de qualidade das águas, biológicas e de sedimentos, gerando mapas georreferenciados e outras formas de leitura e expressão dos dados e informações sistematizadas. O subprograma deve contemplar informes por região geográfica, por estado e de âmbito nacional, guardando coerência com o traçado das unidades de gestão acordadas com os estados (subprograma I.4), além de estabelecer normas sobre os formatos nos quais as informações serão transferidas e difundidas.

Abrangência e Benefícios Esperados: As práticas de processamento, análise e difusão devem ser incentivadas em todo o país, naturalmente, guardando compatibilidade com as prioridades que devem orientar a própria consolidação da rede hidrológica nacional. Os benefícios estão, igualmente, relacionados às melhores condições para a tomada de decisões de gestão, uma vez que os dados hidrológicos serão objeto de análise e interpretação.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, novamente contando com forte articulação com os órgãos de meio ambiente, na esfera da União (IBAMA) e dos estados.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e de avaliação terão como base os relatórios informativos e mapas emitidos.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.4: Metodologias e Sistemas de Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos.

Objetivos: No que concerne à União, o subprograma deve avançar e consolidar a metodologia e o sistema de outorga de direitos de uso da água, sob a responsabilidade direta da ANA. Quanto aos estados, o subprograma deve apoiar esforços similares, assegurando consistência de critérios e metodologias e subsidiando a consolidação da sistemática de outorga em todo o território nacional. Atingido gradativamente esse estágio, em bacias prioritárias e nas diversas unidades da federação, seria possível empreender à delegação de competências de outorga de corpos hídricos de domínio federal aos estados, sempre que tal medida fosse tecnicamente suportada e adequada sob aspectos estratégicos para o país.

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Justificativas: Com suporte em dados de demandas e informações sobre disponibilidades hídricas (subprogramas anteriores), será possível consolidar, em todo o país, uma sistemática consistente de outorga de direitos de uso da água, com vistas ao estabelecimento de condições objetivas de gestão de conflitos, prevenção de eventos críticos, conservação e aproveitamento racional das disponibilidades hídricas.

Escopo Básico: Estabelecimento de um conjunto de regras de uso da água e de procedimentos de outorga, de forma articulada entre os órgãos gestores e com usuários de recursos hídricos, que possibilitem a regularização dos usos existentes e o fornecimento sustentável de água para os diversos fins, em um determinado horizonte de tempo, tendo como base as diretrizes emanadas de planos de recursos hídricos. Como resultado, o controle e a fiscalização dos usos da água dos diversos órgãos gestores poderão ser integrados às ações de outorga. Nesse subprograma serão definidas metodologias específicas de estímulo à regularização de usos da água por setores estratégicos, de forma articulada com os próprios usuários, frente as seus planos setoriais de desenvolvimento. O subprograma contempla, ainda, a integração entre SISNAMA e SINGREH, pela via do desenvolvimento de sistemas de outorgas, convergindo critérios e integrando processos com o licenciamento ambiental, com ênfase no apoio executivo aos estados, mediante convênios de cooperação. Abriga estudos metodológicos sobre critérios de outorga, contemplando variáveis como vazão de referência, avaliação de riscos de atendimento às demandas, pesquisa para definição de vazões ecológicas e definição de usos insignificantes, entre outros. Serão contempladas metodologias visando a outorga para explotação de águas subterrâneas, após convergência com os órgãos estaduais outorgantes, assegurado o apoio federal para questões metodológicas. No âmbito desse subprograma serão definidos procedimentos de articulação entre as entidades outorgantes de recursos hídricos e o DNPM, em continuidade ao processo em andamento no CNRH. Outra linha de investigação metodológica refere-se a outorgas coletivas, por cadeia produtiva, por município ou por micro-bacias, induzindo a constituição de consórcios e associações de usuários. Em adição, tendo os insumos dos subprogramas de cadastro (III.1) e dados sobre disponibilidades (III.2 e III.3), o subprograma deve visar a ampliação do número de usuários com outorgas regularizadas, o que implica na articulação com ações de comunicação social em recursos hídricos.

Abrangência e Benefícios Esperados: O instrumento da outorga constitui um dos principais mecanismos que proporcionam a gestão de conflitos, a previsão de eventos críticos, a conservação e o aproveitamento racional das disponibilidades hídricas. A abrangência alcança todo o território nacional, naturalmente, observando a escala de prioridades que também devem reger a rede hidrológica nacional e o cadastramento de usos e usuários.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, contando com forte articulação com os órgãos estaduais de recursos hídricos.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação devem considerar o crescimento gradativo do número de outorgas concedidas e o percentual da vazão disponível outorgada.

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Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.5: Programa Nacional de Fiscalização do Uso de Recursos Hídricos.

Objetivos: Como ação complementar inerente à concessão de direitos de uso de recursos hídricos, o subprograma visa a organização de ações e sistemáticas de fiscalização, pautadas pelas perspectivas preventiva e de orientação aos usuários de recursos hídricos.

Justificativas: A concessão de direitos de uso pressupõe a fiscalização dos condicionantes que foram estabelecidos para tanto, notadamente quando a utilização fora dos parâmetros estabelecidos pode apresentar repercussões sobre terceiros e para o conjunto da sociedade.

Escopo Básico: As ações desse subprograma devem imprimir um caráter preventivo e orientativo às atividades de fiscalização, sendo definidas a partir de critérios de hierarquização de empreendimentos e pontos estratégicos de monitoramento que orientem uma atuação seletiva. Assim, a fiscalização pontual deve ficar restrita a casos de denúncias ou conflitos locais evidentes. Não obstante esse caráter predominante, não devem ser estabelecidos impedimentos ou condicionantes à aplicação de multas e penalidades. O subprograma contempla a coordenação de atividades com os órgãos de meio ambiente, inclusive e particularmente no âmbito dos estados, para que se obtenha as necessárias sinergias de esforços e capilaridade. Os mencionados convênios de cooperação com os estados devem ser o principal instrumento de atuação, o que demanda a identificação de linhas de apoio aos estados, via capacitação de pessoal e logística.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência observa as bacias e regiões prioritárias, sujeitas a conflitos e eventos críticos. Os benefícios serão derivados da melhor e mais adequada utilização dos recursos hídricos, pautada pelos condicionantes estabelecidos pelas outorgas concedidas.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, contando com forte articulação com os órgãos de meio ambiente, nomeadamente o IBAMA na esfera da União, e com órgãos de meio ambiente e gestores de recursos hídricos nos estados, incluindo segmentos das polícias militares – guardas florestais e similares.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem visar, essencialmente, às melhorias quantitativas e qualitativas das disponibilidades hídricas, derivadas de maior e mais presente regulação de uso.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.6: Planos de Recursos Hídricos e Enquadramento de Corpos Hídricos em Classes de Uso

Objetivos: Elaborar planos de recursos hídricos em bacias de rios de domínio federal e apoiar metodologicamente os estados em bacias de rios de seus domínios, incorporando o enquadramento como metas a serem atingidas.

Justificativas: O planejamento do uso de recursos hídricos, consubstanciado em planos de bacias hidrográficas, constitui instrumento importante que subsidia a concessão de outorgas, metas de enquadramento e, por conseqüência, a própria gestão de conflitos e

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a conservação e o aproveitamento das disponibilidades hídricas, notadamente em bacias com elevado grau de utilização da água.

Escopo Básico: No âmbito federal, o subprograma deve financiar a elaboração de planos de recursos hídricos em bacias de rios de domínio da União. Na esfera dos estados, deve-se evitar que a União seja responsabilizada pelo custeio de planos em rios estaduais, limitando as ações ao apoio metodológico para sua elaboração, considerando o enquadramento como metas a atingir e o objetivo mínimo de alocação das disponibilidades hídricas. Já no que concerne aos planos estaduais de recursos hídricos, o financiamento por parte da União deve manter-se seletivo, para regiões e estados com menor capacidade institucional instalada. Como referência metodológica, deve-se evitar foco excessivo em diagnósticos, sem resolução executiva das intervenções previstas, o que implica em preocupações detidas com as linhas de financiamento que darão viabilidade aos planos.

Abrangência e Benefícios Esperados: Novamente a abrangência deve ser nacional, todavia, observando as bacias e regiões prioritárias, sujeitas a conflitos e eventos críticos. Os benefícios serão derivados da melhor e mais adequada utilização dos recursos hídricos, pautada pelas diretrizes estabelecidas pelos planos e pelas metas de enquadramento dos corpos hídricos.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, contando com forte articulação com os comitês e agências de bacia, ou seja, com as instâncias e entidades que compõem o SINGRH e os SEGRHs.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento deve considerar o percentual do território nacional coberto por bacias com planos desenvolvidos. A avaliação deve considerar a importância e a qualidade técnica dos planos elaborados.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.7: Aplicação de Instrumentos Econômicos à Gestão de Recursos Hídricos

Objetivos: Além do foco na implementação da Cobrança em bacias prioritárias, o subprograma deve empreender a estudos sobre outras alternativas de instrumentos econômicos de gestão, de modo a ampliar o arsenal de mecanismos de gestão descentralizada de recursos hídricos.

Justificativas: A gestão de recursos hídricos, quando restrita aos mecanismos tradicionais de Comando e Controle, apresenta reconhecidas limitações, sempre dependendo das questionáveis eficiência e eficácia das estruturas públicas de fiscalização. Assim, devem ser incorporados instrumentos descentralizados de gestão econômica, que induzam os usuários a comportamento ambientais mais adequados e à utilização racional das disponibilidades hídricas.

Escopo Básico: Em termos operacionais, deve-se visar à implementação de sistemas de cobrança pelo uso da água, em bacias selecionadas, incluindo a realização dos estudos para tanto:- avaliações de impactos econômicos, estudos sobre disposição a pagar e mensuração de demandas por investimento. Como linha adicional, devem ser investigadas e estruturadas alternativas de aplicação de instrumentos econômicos à gestão de recursos hídricos, tais como incentivos fiscais e outros, com destaque para mecanismos de compensação financeira a municípios em áreas de mananciais e da articulação com os condicionantes de linhas de créditos.

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Abrangência e Benefícios Esperados: A implantação da cobrança não se justifica como alternativa geral para o país, devendo ser focada em bacias que apresentem elevada densidade de atividades e de usuários da água, notadamente em setores que reúnam maior capacidade de pagamento. Os benefícios serão advindos tanto da mudança potencial de comportamento dos usuários, racionalizando usos e reduzindo emissões, quanto dos fundos recolhidos para investimentos previstos nos planos de bacia.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, contando com forte articulação com a câmara técnica de cobrança e com o próprio CNRH, além dos comitês e respectivas agências com potencial de implantação do instrumento e dos órgãos gestores estaduais e instâncias colegiadas dos SEGRHs envolvidos.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: A avaliação deve considerar o potencial de receita viabilizado mediante a cobrança, o percentual de demandas por investimentos cobertos por essa fonte de receita e o número de usuários e de municípios atingidos pela aplicação de instrumentos econômicos de gestão.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.8: Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos

Objetivos: Consolidar o Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos, complementando dados e lacunas e, principalmente, assegurando a interlocução com sistemas similares instalados nos estados e/ou em bacias determinadas.

Justificativas: As decisões de gestão em recursos hídricos requerem o adequado suporte de dados e informações, sistematizados e disponíveis a todos os atores e segmentos interessados.

Escopo Básico: Três linhas de trabalho devem ser contempladas: a própria instalação do Sistema Nacional; o apoio aos estados, por intermédio de convênios de cooperação, para desenvolvimento de seus sistemas; e, a mútua integração entre o Sistema Nacional, os sistemas estaduais e os sistemas desenvolvidos no âmbito das bacias hidrográficas. Como perspectiva de futuro, o subprograma deverá visar formas de integração e descentralização de informações às agências de bacia. A propósito de seu conteúdo, o Sistema de Informações terá como insumos:- o cadastro de usuários, dados da rede hidrológica, hidrogeológica e de qualidade da água, devidamente sistematizados e interpretados, e dados sobre as outorgas concedidas, além de informações sobre bacias hidrográficas, dos meios físico, biótico e socioeconômico (geomorfologia, geologia, atividades de produção e consumo, uso e ocupação do solo, biomas e dados ambientais, infra-estrutura instalada, fontes de poluição pontuais e difusas, entre outras). Deverá conter, ainda, informações sobre províncias hidrogeológicas, tais como base geológica, identificação de aqüíferos e suas características, atividades de produção e consumo, uso e ocupação do solo, fontes de fontes de poluição pontuais e difusas, além de risco de vulnerabilidade e susceptibilidade à contaminação.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência engloba todo o território nacional e os benefícios estão relacionados à qualidade e consistência dos processos decisórios de gestão dos recursos hídricos, além da interação com sistemas locais de informação (estaduais e de bacias hidrográficas).

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Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, contando com forte articulação com os órgãos estaduais gestores.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento deve acompanhar o avanço da área geográfica das bacias com sistemas de informação consolidados e a avaliação deve incorporar aspectos qualitativos sobre os dados e informações disponíveis.

Programa III:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma III.9: Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas de Suporte à Decisão

Objetivos: Desenvolver sistemas especializados para apoio à decisões de gestão em recursos hídricos, em geral, envolvendo modelos multicriteriais que incluam simulação hidrológica e de qualidade da água e suas correlações com o uso e ocupação do solo.

Justificativas: Bacias hidrográficas que envolvam quadros e situações complexas em suas relações de causas e efeitos merecem o suporte de sistemas de apoio à decisão, de modo a traçar cenários e estudar alternativas, inclusive para alocação das disponibilidades hídricas ou para identificação de repercussões e impactos ambientais.

Escopo Básico: Refere-se aos estudos e ao desenvolvimento de sistemas de suporte à decisão, bem como, à sua difusão e apoio à adoção pelos estados. Trata-se de um subprograma fundamental para a resolução de situações de conflitos em usos múltiplos, com estreita articulação com o Sistema de Informações (III.8). Igualmente ao anterior, como perspectiva de futuro, o subprograma deve visar a descentralização dos sistemas de apoio à decisão para as agências de bacia hidrográfica.

Abrangência e Benefícios Esperados: Os sistemas devem ser desenvolvidos somente para bacias que apresentam quadros e situações complexas, que demandem a simulação de cenários e alternativas de intervenção.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento deve considerar o número de sistemas desenvolvidos e instalados. A avaliação deve anotar o número de decisões tomadas (número de conflitos com equacionamento proposto).

Programa IV:. Desenvolvimento Tecnológico, Capacitação e Comunicação Social em Recursos Hídricos. Subprograma IV.1: Desenvolvimento e Consolidação de Conhecimentos e de Avanços Tecnológicos em Gestão de Recursos Hídricos.

Objetivos: Promover o desenvolvimento científico e tecnológico da gestão de recursos hídricos, consolidando e conferindo aplicabilidade e difusão aos conhecimentos auferidos.

Justificativas: O subprograma encontra justificativa na possibilidade de conferir melhor desempenho à gestão de recursos hídricos, mediante a maior proficiência de seus instrumentos e de sua base científica e tecnológica.

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Escopo Básico: Subprograma com forte articulação com o CT-Hidro, de modo a incorporar e apoiar o desenvolvimento tecnológico à gestão dos recursos hídricos, abrindo linha de difusão e apoio aos estados, pela via dos convênios de cooperação. O subprograma inclui, portanto, linhas adicionais à investigações do CT-Hidro, com forte viés de aplicabilidade prática, junto ao SINGREH. Esse subprograma deverá contribuir para o preenchimento das lacunas de conhecimento detectadas sobre as disponibilidades, usos e impactos nos recursos hídricos do País, particularmente em relação às águas subterrâneas, assim como suas relações com as águas superficiais. Além disso, registra-se a necessidade de suprir as deficiências de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação na utilização da água pelas diversas atividades econômicas. Deverão se empreendidas pesquisas sobre o uso de técnicas de captação de água de chuva visando o desenvolvimento de metodologias de avaliação da eficiência dessas técnicas para auxiliar na escolha mais adequada para aplicação em uma região. Outra linha importante de investigação, a ser destacada, refere-se às relações entre recursos hídricos e comportamento climático.

Abrangência e Benefícios Esperados: Abrangência nacional, em todas as áreas de conhecimento que apresentem interferência e interface com a gestão dos recursos hídricos, com vistas a benefícios advindo do melhor desempenho do setor.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como Intervenientes, com forte articulação com o Ministério de Ciência e Tecnologia, notadamente com as ações do CT-Hidro.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação serão pela via relatórios de técnicos de andamento.

Programa IV:. Desenvolvimento Tecnológico, Capacitação e Comunicação Social em Recursos Hídricos. Subprograma IV.2: Capacitação e Educação Ambiental com Foco em Recursos Hídricos.

Objetivos: Desenvolver ações de capacitação, voltadas a agentes multiplicadores que possam, pela via de programas descentralizados e capilares de educação ambiental focados em recursos hídricos, difundir conceitos e práticas, além de apoiar transversalmente a própria implementação dos demais programas do PNRH.

Justificativas: Os conceitos da GIRH devem ser difundidos em todo o território nacional, o que demanda a capacitação de agentes multiplicadores e o apoio à ações capilares que tais agentes venham a empreender no país, inclusive como linha auxiliar de implementação do PNRH.

Escopo Básico: As ações da União estarão focadas em programas de capacitação, contemplando a perspectiva de formar agentes multiplicadores, para diferentes públicos-alvo, dentre os quais merecem destaque os membros do CNRH, câmaras técnicas, comitês de bacias federais e das respectivas agências, além de técnicos da SRH, ANA e IBAMA (inclusive escritórios regionais), para que a Política Nacional de Recursos Hídricos seja difundida no país. No que concerne à educação ambiental, o desenvolvimento será restrito a temáticas e metodologias de interesse da GIRH, mantendo a execução descentralizada aos estados e comitês de bacias, considerando as diretrizes básicas da Agenda 21, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e da Carta da Terra. Para a inserção do tema em currículos escolares, destacando a importância da formação

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de novos perfis profissionais, com visão interdisciplinar teórica e prática, deverão ser estabelecidas articulações com o MEC. O subprograma deve contemplar, também, a difusão de boas práticas e aprendizados, propiciando a troca de experiências, inclusive, intercâmbio com outros países. Cabe também lembrar o papel transversal do subprograma, como base de apoio à implementação dos demais programas do PNRH, via capacitação de executores.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência será nacional e os benefícoos esperados devem resultar da ampla difusão e maior aceitabilidade dos conceitos que embasam a GIRH.

Executores e Intervenientes: MMA e SRH como executores, tendo suporte técnico e temático da ANA, sempre com forte articulação com as instâncias do SINGRH e dos SEHRHs.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento deve acompanhar as iniciativas de capacitação e a avaliação deve considerar o número de agentes multiplicadores capacitados, testes de avaliação qualitativa do aprendizado e públicos-alvo potenciais, a serem atingidos.

Programa IV: Desenvolvimento Tecnológico, Capacitação e Comunicação Social em Recursos Hídricos. Subprograma IV.3: Comunicação Social em Recursos Hídricos.

Objetivos: Ampla difusão de conceitos, iniciativas e demais informações relativas à GIRH, para o conjunto da sociedade brasileira e/ou em regiões e bacias específicas.

Justificativas: A comunicação social pode conferir sustentação, aderência e legitimidade às ações, planos e programas de recursos hídricos, incorporando comunidades e atores relevantes aos processos da GIRH que demandam interação com a sociedade brasileira.

Escopo Básico: Refere-se a iniciativas de difusão ampla de informações sobre a gestão de recursos hídricos, seja para finalidades genéricas, seja para apoio a programas específicos ou situações de eventos críticos. O subprograma deve buscar os diversos veículos de divulgação, sem esquecer da articulação com redes de ONGs com atuação na temática ambiental. Em articulação ao subprograma anterior, a disseminação da informação e do conhecimento, via formação de Redes, será importante linha de ação nesse subprograma, como veículo de compartilhamento de experiências e informações. Em adição, ações específicas devem ser destinadas a incentivar a participação dos municípios junto ao SINGREH.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência deve alcançar toda a sociedade brasileira, seja de modo geral ou voltada a regiões ou segmentos específicos. Os benefícios esperados serão advindo da difusão, maior compreensão e, por conseqüência, da ampliação da adesão dos atores sociais aos conceitos e princípios da GIRH.

Executores e Intervenientes: MMA e SRH, tendo a ANA como suporte técnico e temático.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento será pautado pelo acompanhamento de cada iniciativa específica e a avaliação deve levar em conta a população potencialmente atingida pelas ações de comunicação social.

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Componente da Articulação Intersetorial, Inter e Intra-institucional da GIRH

Programa V:. Programa de Articulação Intersetorial, Inter e Intra-institucional da Gestão de Recursos Hídricos Subprograma V.1: Avaliação de Impactos Setoriais na Gestão de Recursos Hídricos

Objetivos: Identificar e avaliar os impactos gerados a partir de investimentos, intervenções e, mesmo, de ações institucionais empreendidas por setores usuários sobre a GIRH.

Justificativas: Sabe-se que cerca de 95% das inversões que afetam os recursos hídricos são empreendidas por setores usuários, restando apenas algo como 5% sob a administração direta do MMA e órgãos vinculados, com responsabilidade institucional sobre a gestão das águas (SRH e ANA), o que justifica a avaliação de impactos setoriais sobre a GIRH.

Escopo Básico: Refere-se à identificação de programas, projetos e dos investimentos de setores que afetam a gestão das águas, em termos de seus propósitos e impactos potenciais, para fins de coordenação, eliminação de duplicidades, convergência de objetivos e incorporação de diretrizes de interesse da GIRH. Dois planos de trabalho devem ser contemplados, na esfera federal e nas ações estaduais, notadamente para o setor do saneamento básico. O subprograma apresenta um vetor de atuação que deve incentivar os diversos setores usuários ao planejamento de suas políticas e possíveis intervenções, de modo a explicitar eventuais impactos, incongruências ou, de modo positivo, as sinergias potenciais com os demais setores, em particular, com os recursos hídricos.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência envolve todos os ministérios, secretarias e agências federais com interfaces e investimentos que afetam os recursos hídricos, bem como, deve alcançar, na medida do possível, as inversões, planos e programas conduzidos pelos estados e, mais seletivamente, também os municípios. Os benefícios serão advindos da supressão de duplicidades e mútuas inconsistências, como também, do ganho de sinergia e complementaridade entre setores.

Executores e Intervenientes: MMA e SRH como executores, ANA como interveniente.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação devem ser efetuados com base no número de programas identificados, dos aportes previstos, das ações de mútua sinergia e de resultados comuns obtidos, possivelmente, no formato de relatórios de avaliação.

Programa V:. Programa de Articulação Intersetorial, Inter e Intra-institucional da Gestão de Recursos Hídricos Subprograma V.2: Compatibilização e Integração de Projetos Setoriais e Incorporação de Diretrizes de Interesse para a GIRH.

Objetivos: Assumir uma atitude pró-ativa, no sentido de adequar e/ou complementar programas e projetos setoriais, com vistas ao seu mútuo ajuste e compatibilidade frente à diretrizes transversais traçadas pelo setor de recursos hídricos.

Justificativas: A ampla diversidade de intervenções setoriais que afetam os recursos hídricos pode resultar na duplicidade de iniciativas, em disfunções e incongruências e na incompatibilidade entre políticas públicas, com a conseqüente dispersão de esforços e recursos. Essa falta de sintonia pode ser contornada mediante um subprograma que

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assuma uma atitude pró-ativa em favor da incorporação de diretrizes transversais concernentes à GIRH, ajustando, integrando e gerando compatibilidade entre ações setoriais relacionadas às disponibilidades hídricas.

Escopo Básico: Esse subprograma extrapola o limite de meros estudos de identificação, interferindo de modo pró-ativo em programas e projetos setoriais e de desenvolvimento nacional e regional, que apresentem mútua incompatibilidade com metas e objetivos da GIRH, implicando em alterações de escopo, de abordagens ou complementos nas intervenções previstas. Está inserido nesse subprograma o estabelecimento de ações concretas voltadas para a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, a articulação com o uso e ocupação do solo, com as políticas de saúde, segurança alimentar e nutricional, entre outras. Acrescente-se, ainda, a importância de uma articulação endógena (intra-institucional) e da convergência necessária das instituições do MMA, buscando a prática da transversalidade institucional. Como diretriz geral do subprograma, encontra-se a indução ao processo de planejamento dos setores usuários, de modo que sejam explicitadas as políticas e a previsão de intervenções, propiciando a checagem de interferência, eventuais incongruências ou, de modo, positivo, as sinergias potenciais entre setores, particularmente no que concerne aos recursos hídricos.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência envolve todos os ministérios, secretarias e agências federais com interfaces e investimentos que afetam os recursos hídricos, todos sujeitos à possíveis demandas, conduzidas pelo MMA, para ajustes de escopo e compatibilização com as diretrizes e conceitos da Política Nacional de Recursos Hídricos. Em casos mais específicos, poderão de empreendidas demandas também para a esfera dos estados e, seletivamente, também para os municípios. Naturalmente que os benefícios serão advindos da supressão de duplicidades e mútuas inconsistências, como também, do ganho de sinergia e complementaridade entre investimentos setoriais.

Executores e Intervenientes: MMA e SRH como executores, ANA como interveniente.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Igualmente ao anterior, o monitoramento e a avaliação devem considerar o número de programas identificados, aportes financeiros viabilizados e resultados finais obtidos.

Programa VI:. Programa de Aproveitamento Múltiplo e Controle Integrado de Recursos Hídricos Subprograma VI.1: Gestão em Áreas Sujeitas a Eventos Hidrológicos Críticos.

Objetivos: Mapear áreas críticas, sujeitas a eventos hidrológicos extremos (secas e inundações), e organizar ações integradas e intervenções de natureza multidisciplinar que venham a possibilitar a mitigação e a gestão apropriada de tais eventos, reduzindo os seus impactos ambientais e socioeconômicos.

Justificativas: Um dos objetivos centrais e de maior relevância da GIRH refere-se à mitigação de impactos decorrentes de eventos hidrológicos críticos, tanto mediante a sua previsão antecipada, quanto por intermédio de medidas estruturais e de gestão de suas conseqüências sobre o meio ambiente e sobre as populações afetadas.

Escopo Básico: Esta linha de atuação requer forte articulação intersetorial, seja pela alocação de água em situações de escassez, seja pelas intervenções e políticas

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multisetoriais requeridas para controle de cheias (uso do solo, p.ex.). Com vistas a evitar duplicidades de esforços, o subprograma deve articular-se a iniciativas existentes, como, por exemplo o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação – PAN-Brasil, o Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER, o programa Água Doce, o Programa Nacional de Águas Subterrâneas, subprogramas Projetos Aqüífero do Semi-Árido e Parnaíba Subterrâneo e similares. Para além de intervenções estruturais, o subprograma deve contemplar aspectos e apropriar-se de insumos relacionados ao sistema de informações e a ferramentas de suporte à decisão, que devem instruir:

(i) a estruturação de sistemas de alerta e planos de contingência, no caso da ocorrência de secas e de inundações; e, (ii) métodos para o manejo de águas de chuva nos meios urbano e rural.

No âmbito desse subprograma deverá ser avaliado o estabelecimento do instrumento da outorga, como mecanismo de controle externo a cidade, para induzir os municípios ao desenvolvimento de ações voltadas para o planejamento de uso e ocupação dentro do seu território de competência. Outra linha de trabalho refere-se à estruturação financeira de seguros, sociais e para setores produtivos, como forma de assegurar a instalação e/ou manutenção de atividades em regiões sujeitas à seca ou inundações.

Abrangência e Benefícios Esperados: No que concerne à eventos de escassez, sem dúvidas o principal foco de atenção será o semi-árido brasileiro, sem prejuízo do mapeamento de outras regiões e/ou bacias que apresentem episódios com periodicidade recorrente. Pode-se incluir nessa perspectiva, casos como os das regiões metropolitanas de São Paulo e de Recife, além de outras situações similares. Para inundações, também devem ser consideradas as regiões metropolitanas com episódios de maior recorrência de cheias. Os benefícios serão decorrentes da redução e da administração apropriada dos eventos críticos, rompendo com surpresas e com a falta de instrumentos de previsão e atenuação de impactos.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento e a avaliação devem contemplar a redução do número de pessoas e atividades atingidas por eventos hidrológicos críticos.

Programa VI:. Programa de Aproveitamento Múltiplo e Controle Integrado de Recursos Hídricos Subprograma VI.2: Gestão da Oferta, Ampliação, Racionalização e Resuo das Disponibilidades Hídricas

Objetivos: Ampliar as disponibilidades hídricas, seja mediante obras estruturais que propiciem o armazenamento e o controle de vazões, seja por medidas de racionalização de uso e de tecnologias de reuso de águas servidas, como também, pela captação de águas de chuva, ou, ainda, por intermédio da adoção de mecanismos institucionais e econômicos que induzam à mudanças de comportamento por parte dos usuários de recursos hídricos.

Justificativas: Cabe ao PNRH incorporar e dar conseqüência aos diversos mecanismos e alternativas postas à GIRH, iniciando pela gestão da oferta de água.

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Escopo Básico: Contempla um amplo leque de ações, relativas a: - desenvolvimento e difusão de tecnologias de produção de maior eficiência no uso da água, para indústria e sistemas de irrigação; - critérios e tecnologias para reuso da água; - revitalização de bacias, incluindo a recuperação de matas ciliares e a proteção de áreas de recarga de aqüíferos; - indução de recarga natural e recarga artificial de aqüíferos; - sistemas de armazenamento e distribuição de águas subterrâneas; - otimização de regras operacionais da infra-estrutura hidráulica; - obras de infra-estrutura para regularização de vazões e ampliação da oferta de água bruta; - soluções alternativas de baixo custo, como barragens subterrâneas no semi-árido, pequenos sistemas com energia fotovoltaica acoplada a dessalinizadores; e, - tecnologias para captação, armazenamento e uso de água de chuva, dentre outras soluções.

Abrangência e Benefícios Esperados: Embora o subprograma tenha abrangência nacional, deverá conferir ênfases distintas, devidamente adequadas às características dos problemas de gestão da oferta hídrica, em cada bacia ou região do país. Os benefícios serão decorrentes da ampliação da oferta de água, como resultado do leque de ações referidas no escopo básico do subprograma.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com articulação com órgãos setoriais, a depender da natureza das ações previstas.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem ser específicos para as diferentes atividades previstas pelo sub programa, no entanto, sempre se remetendo à população, direta ou indiretamente beneficiada.

Programa VI:. Programa de Aproveitamento Múltiplo e Controle Integrado de Recursos Hídricos Subprograma VI.3: Gestão de Demandas, Resolução de Conflitos, Uso Múltiplo e Integrado de Recursos Hídricos.

Objetivos: Atuar de modo pró-ativo sobre a gestão de demandas por recursos hídricos, de modo a mitigar conflitos potenciais, proporcionando o uso múltiplo e integrado das águas, sempre tendo em vista a ampliação de benefícios sociais e a redução de impactos sobre o meio ambiente.

Justificativas: De modo complementar à perspectiva do subprograma anterior, também cabe ao PNRH incorporar e dar conseqüência a mecanismos baseados na gestão de demandas, com vistas à resolução de conflitos e incentivo ao uso múltiplo e integrado das águas.

Escopo Básico: Refere-se a intervenção sobre situações específicas que exigem a interferência do Estado para a resolução de conflitos, particularmente quando são requeridas obras estruturais que propiciem o uso múltiplo e integrado dos recursos hídricos. Deve contemplar, também, a gestão e o manejo de resíduos que afetam os recursos hídricos e possam causar mútuos impactos entre atividades produtivas, por exemplo, mediante a instituição de bolsas para a reutilização de rejeitos de produção.

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No limite, a resolução de conflitos pode resultar em adequação da base econômica, por exemplo, na relocação de empreendimentos da suinocultura de alta densidade regional, ou na substituição de culturas irrigadas, quando forem evidentes as discrepâncias com a capacidade de suporte do território. A gestão de demandas deve contemplar, também, ações não estruturais, como mecanismos tarifários (escalonamento por faixas de consumo), dentre os quais deve ser incluída a própria cobrança pelo uso da água.

Abrangência e Benefícios Esperados: De modo similar ao subprograma anterior, a abrangência é nacional, contudo, ajustada às características das demandas e conflitos em cada região e bacia hidrográfica. Os benefícios estão relacionados à redução potencial de demandas e à resolução de conflitos entre setores usuários, muitos deles mediante o apropriado equacionamento de usos múltiplos.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com articulação com órgãos setoriais, a depender da natureza das ações previstas.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: O monitoramento será efetuado pela execução de obras previstas ou implementação de ações determinadas, com a avaliação referindo-se à população beneficiada, em cada situação de conflito.

Programa VI:. Programa de Aproveitamento Múltiplo e Controle Integrado de Recursos Hídricos Subprograma VI.4: Intervenções Integradas de Saneamento e Gestão Ambiental de Recursos Hídricos no Meio Urbano.

Objetivos: Apoiar – em termos metodológicos, da complexa logística de implementação e do próprio financiamento – a execução de programas que contemplem ações institucionais e intervenções físicas integradas, que visem à recuperação e sustentabilidade da qualidade ambiental do meio urbano, a ser aferida através da melhoria dos padrões de potabilidade dos corpos hídricos nele inseridos, incorporando perspectivas de inclusão social e combate à pobreza, dentre as metas a serem atingidas.

Justificativas: As características de grande velocidade e alta concentração do processo de urbanização do país resultaram em um enorme passivo ambiental nas cidades brasileiras, notadamente em nichos ocupados por famílias dos extratos inferiores de renda, em geral ocupantes de fundos de vale, áreas de risco ou de mananciais de abastecimento público, merecendo, em razão da sua importância para o conjunto do país, esforços detidos para a mitigação de suas conseqüências ambientais, de saúde pública e de inserção social dessas populações.

Escopo Básico: Trata-se de empreender a ações integradas que contemplam um amplo leque de intervenções estruturais (tratamento de esgotos sanitários, drenagem, disposição de resíduos sólidos, (re)urbanização de ocupações desconformes, reassentamento de populações, proteção de mananciais e outras). Contemplam, também, ações institucionais para a instalação de sistemas de gestão de recursos hídricos, em bacias urbanas. No que concerne à instalação de sistemas de gestão, devem ser consideradas formas de articulação entre a gestão de recursos hídricos e de planejamento urbano e regional, quando entram em questão dispositivos do Estatuto das Cidades e parâmetros estabelecidos em planos diretores municipais. Para além dos conhecidos instrumentos de gestão das águas, as intervenções devem considerar a propriedade da aplicação de outros mecanismos, como limites de

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impermeabilização de terrenos, solo criado e troca de potencial construtivo. O subprograma deve ser estruturado, obrigatoriamente, mediante parcerias com estados e municípios, contando com financiamento complementar por parte da União, esgotadas as fontes locais de recursos. O principal papel da União será o apoio metodológico requerido pela complexidade de ações integradas no meio urbano.

Abrangência e Benefícios Esperados: As prioridades são conferidas às bacias que drenam aglomerados urbanos e regiões metropolitanas com reconhecidos problemas de saneamento ambiental urbano, com cheias recorrentes, demandas para a proteção de mananciais de abastecimentos, ocupações irregulares e desordenadas de fundos de vale, dentre outras desconformidades. Os benefícios devem contemplar, com maior intensidade, famílias dos extratos inferiores de renda, que costumam ocupar áreas ambientalmente degradadas ou de risco, sem a infra-estrutura urbana e sanitária adequada, além do conjunto das populações metropolitanas e de aglomerações urbanas, na medida em que serão asseguradas disponibilidades hídricas em condições adequadas de qualidade e quantidade.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com forte articulação com o Ministério das Cidades.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem contemplar aspectos físicos (quantitativos de obras), sociais, parâmetros da qualidade ambiental de corpos hídricos e de eficiência da execução financeira.

Programa VI:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma VI.5: Ações Integradas de Conservação de Solos e Água – Manejo de Micro-bacias no Meio Rural.

Objetivos: Implementar programas integrados no meio rural que propiciem o ajustamento entre os padrões produtivos de atividades da agropecuária à conservação dos recursos naturais, em especial dos solos e das águas – e para a recuperação de matas ciliares, inclusive –, concorrendo complementarmente para o incentivo ao associativismo e à consolidação de arranjos institucionais que assegurem a adoção e sustentação de tecnologias de produção ambientalmente adequadas.

Justificativas: O uso e o manejo inadequado dos solos no meio rural, para fins de cultivos e/ou disposição de dejetos animais, apresenta reconhecidas repercussões sobre os recursos hídricos, decorrentes do arraste de cargas pelo escoamento superficial, que acaba por levar sedimentos e, por conseqüência, agro-químicos e dejetos em geral, aos rios, córregos, lagos e reservatórios. A alteração desse quadro requer programas integrados que tenham, dentre os seus objetivos, a conscientização dos produtores rurais e a sua organização em termos associativos, para fins de incentivo e difusão de praticas de produção rural ambientalmente adequadas.

Escopo Básico: As ações serão pautadas pelas experiências bem sucedidas de programas para o manejo de micro-bacias, já desenvolvidos em diversas gerações sucessivas, nos estados do PR, SC, RS e SP. Esses subprogramas contemplam a recuperação da capacidade produtiva dos agroecossistemas com utilização de técnicas sustentáveis de uso e ocupação do solo. Incluem o controle da erosão, o retraçado de estradas rurais, recomposição de matas ciliares, plantio direto e em curvas de nível, revisão de procedimentos para aplicação de agro-químicos, o manejo e aplicação adequada de dejetos animais, a implantação de corredores de biodiversidade, além de estimular a instituição de associações de

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produtores rurais por micro-bacias. Inclui, ainda, o fomento a agronegócios sustentáveis, incorporando arranjos e sistemas produtivos locais para dinamizar a base econômica local (modelo de produção compartilhada, dinamizando fluxos produtivos e financeiros). Sob tais objetivos, as ações de manejo para a conservação de solos e da água podem, no limite, resultar na substituição de cultivos, na relocação de rebanhos em bacias com densidade acima da capacidade de suporte, ou na modernização tecnológica, como a instalação de biodigestores no processamento de dejetos. As ações desses subprogramas contemplam, ainda, a sensibilização dos produtores e consumidores de água sobre a importância da gestão integrada de bacias hidrográficas e o envolvimento efetivo das comunidades, incorporando as perspectivas de gênero e de geração no processo.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência será nacional, com o estabelecimento de prioridades para as regiões (e bacias) pressionadas pela expansão de fronteiras agrícolas, ou para aquelas com alta densidade de rebanhos animais ou de cultivos que reúnam potencial de impacto sobre os corpos d’água. Os benefícios são múltiplos, derivados da conservação de solos, redução de assoreamento, recuperação de matas ciliares, implantação de corredores de biodiversidade, tudo contribuindo para a melhoria da qualidade dos corpos hídricos, sendo importante considerar, também, a base institucional estabelecida a partir do associativismo resultante no meio rural, do qual devem derivar comitês de bacia com grande consistência e representatividade.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com articulações junto ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento e com órgãos estaduais de meio ambiente, recursos hídricos e agricultura

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento se referem à extensão de áreas e bacias abrangidas pelas intervenções. A avaliação deve ser pautada por indicadores ambientais, notadamente de qualidade das águas, com redução de sólidos e nutrientes carreados.

Programa VI:. Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão de Recursos Hídricos. Subprograma VI.6: Estudos sobre Critérios e Objetivos Múltiplos voltados à Definição de Restrições Operativas em Reservatórios de Geração Hidrelétrica.

Objetivos: Elaborar estudos, identificando variáveis intervenientes e mensurando os benefícios e custos econômicos e sociais envolvidos na definição e incorporação de restrições operativas a reservatórios construídos para a geração de hidroeletricidade.

Justificativas: A operação de reservatórios, inicialmente construídos para fins de geração hidrelétrica, vem sendo gradativamente submetida a pressões para o atendimento de usos múltiplos, partindo do controle de cheias, passando por demandas de água para irrigação e abastecimento público, até chegar às atividades de navegação e ao próprio uso turístico em empreendimentos imobiliários nas margens de represas. Dadas as múltiplas variáveis (hidrológicas, ambientais e sociais) e os diversos interesses econômico-financeiros envolvidos, notadamente, a gradativa redução potencial da energia inicialmente prevista em algumas dessas usinas, justificam-se estudos para a mensuração dessas variáveis e interesses envolvidos, com vistas ao estabelecimento de critérios para a incorporação, ou não, de novas restrições operativas a reservatórios de geração hidrelétrica.

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Escopo Básico: Refere-se à definição de critérios para que sejam atingidos objetivos de usos múltiplos, na operação de reservatórios construídos para a geração hidrelétrica, o que pode resultar em redução da energia assegurada, alterando os despachos, emitidos pelo ONS. Esses critérios contemplam variáveis que afetam o controle de cheias (tempos de recorrência e outros) e, até mesmo, o uso do solo nas margens de represas, indicando a necessidade de avaliação econômica e social das restrições operativas (benefícios e perdas dos interesses envolvidos), que gradativamente vêm sendo imputadas ao setor elétrico.

Abrangência e Benefícios Esperados: Os reservatórios submetidos às maiores pressões para usos múltiplos devem ser priorizados, em todas as bacias hidrográficas de primeira ordem e em seus afluentes. Os benefícios serão advindos de decisões compartilhadas entre diferentes perspectivas de uso e mediante a apropriada composição de custos e benefícios econômicos derivados de tais decisões.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, em articulação com a ANEEL e, especialmente, com o ONS, encarregado dos despachos para a geração de energia por reservatórios de usinas hidrelétricas.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem ser consubstanciados no formato de relatórios de andamento, apontando o número de reservatórios com avaliações multi-objetivos consolidadas.

Programa VII: Programas Setoriais voltados aos Recursos Hídricos

Subprograma VII.1: Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (PRODES)

Objetivos: Resgatar a experiência do PRODES, que visava a subsidiar, com aportes condicionados de capital, a implantação de sistemas de tratamento de esgotos sanitários, em bacias hidrográficas nas quais já houvessem comitês instalados e que assumissem compromissos para implementação da cobrança pelo uso da água.

Justificativas: Os esgotos domésticos não tratados, seguramente, constituem a principal fonte de poluição das águas no Brasil. Por outro lado, sabe-se que, mesmo em países desenvolvidos, a implantação de sistemas de tratamento somente foi possível mediante fortes subsídios destinados à estações de tratamento de esgotos. Assim, dado os resultados iniciais e as características inovadoras dessa iniciativa, cabe ao PNRH retomar a linha de atuação desenvolvida pelo PRODES.

Escopo Básico: O PRODES foi concebido como mecanismo para viabilizar aportes financeiros à construção de ETEs, tendo suas contribuições de capital duplamente condicionadas por:

(i) resultados efetivos na redução de cargas lançadas aos corpos hídricos; e, (ii) compromissos de implementação da cobrança pelo uso da água nas bacias onde

se localizam os empreendimentos contemplados pelo Programa. A retomada do PRODES implica no reconhecimento de que os esgotos domésticos não tratados constituem a principal fonte de poluição hídrica do país, merecendo as atenção e prioridades do Governo Federal.

Abrangência e Benefícios Esperados: As bacias prioritárias serão aquelas de maior densidade urbana e, por conseguinte, com maior carga de esgotos domésticos, já dotadas de algum patamar de infra-estrutura para a coleta de águas servidas, portanto, em condições de instalação e operação satisfatória de estações de tratamento.

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Os benefícios estão relacionados à melhoria qualitativa dos corpos hídricos, com todas as repercussões sobre a salubridade ambiental urbana e ao aproveitamento potencial de áreas, até então degradadas pela falta de tratamento de esgotos domésticos, lançados diretamente em rios e córregos. Em adição, o subprograma proporciona avanços e incentivos à institucionalização do SINGRH, de SEGRHs e de seus respectivos instrumentos de gesto, inclusive, de metas para a implementação da cobrança pelo uso da água.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com fortes articulações junto ao Ministério das Cidades.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação do PRODES se referem aos níveis e parâmetros de eficiência dos sistemas de tratamento.

Programa VII: Programas Setoriais voltados aos Recursos Hídricos

Subprograma VII.2: Programa de Otimização do Uso da Água em Cultivos Irrigados.

Objetivos: Proporcionar melhor rendimento na utilização da água em perímetros irrigados, de modo a reduzir demandas e mitigar conflitos potenciais, abrindo perspectivas para usos múltiplos e integrados nas bacias a serem contempladas pelo subprograma.

Justificativas: Seguramente, dentre todos os setores usuários, agricultura irrigada é responsável pela maior demanda quantitativa de água. Por outro lado, no traçado de cenários prospectivos de desenvolvimento, os principais conflitos potenciais estão relacionados à expansão das demandas desse setor, o que justifica esforços detidos para otimizar o rendimento do uso da água, por unidade de área plantada.

Escopo Básico: O subprograma deve contemplar a modernização de práticas de irrigação, com vistas à redução de demandas por área irrigada, além de promover a eventual substituição de cultivos em situações de desconformidade entre demandas e disponibilidades hídricas regionais. Para que tais objetivos sejam atingidos, o subprograma deve desenvolver regras operacionais de referência para perímetros de irrigação e incorporar sistemas de apoio à decisão. Naturalmente que essa iniciativa deve ser articulada com programas e projetos em curso no âmbito dos Ministérios da Integração Nacional e da Agricultura e do Abastecimento. A estruturação de linhas de crédito específicas (subprograma II.4), voltadas aos produtores rurais, para condicionantes que venham a induzir atitudes, práticas e intervenções do interesse da GIRH, deve ser considerada como fator complementar de grande importância para o sucesso do subprograma.

Abrangência e Benefícios Esperados: As bacias com atividade intensiva em agricultura irrigada serão as prioritárias, em especial aquelas de regiões sujeitas à escassez de recursos hídricos, caso notável do semi-árido brasileiro. Os benefícios serão decorrentes da redução de demandas hídricas por unidade de área, propiciando a expansão de cultivos e/ou usos múltiplos, hoje restringidos em função de limitações na oferta de água.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com articulações junto ao

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e avaliação devem considerar a dimensão das áreas cultivadas e a redução de demandas hídricas unitárias.

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Componente de Programas Regionais de Recursos Hídricos

Programa VIII: Gerenciamento de Aqüíferos Estratégicos

Programa IX: Gestão de Recursos Hídricos Integrados ao Gerenciamento Costeiro

Programa X: Gestão Ambiental de Recursos Hídricos na Região Amazônica

Programa XI: Conservação das Águas no Pantanal

Programa XII: Gestão Sustentada de Recursos Hídricos e Convivência com o Semi-árido Brasileiro

Objetivos: Implementar programas integrados, pautados pela especialização das ações e atividades previstas segundo as características e especificidades de cada uma das seguintes áreas, bacias ou regiões:- de aqüíferos estratégicos, da zona costeira, da Amazônia, do Pantanal e do Semi-árido brasileiro.

Justificativas: Os aqüíferos estratégicos, com destaque para o Guarani, a zona costeira do litoral brasileiro e as regiões amazônica, do pantanal e do semi-árido brasileiro, pelas características e especificidades que possuem, exigem intervenções especializadas, ainda que sejam seguidas as mesmas linhas temáticas dos programas e subprogramas previstos no PNRH. Demais disso, essas áreas, bacias ou regiões possuem forte apelo simbólico junto à sociedade brasileira, o que reforça a justificativa para que recebam uma abordagem diferenciada.

Escopo Básico: Essa vertente de abordagem contempla uma perspectiva espacial, definindo unidades geográficas de intervenção que requerem programas ajustados à natureza e tipologia de problemas específicos. Os programas propostos deverão ser oportunamente detalhados em termos do ordenamento das ações e atividades necessárias à cada unidade de intervenção, contemplando:

(a) modelos institucionais de gestão apropriados à natureza dos problemas a enfrentar;

(b) ênfases e prioridades na implantação de instrumentos de gestão de recursos hídricos; e,

(c) intervenções físicas estruturais de cunho regional, destinadas à recuperação das disponibilidades hídricas, em quantidade e qualidade, e à sua conservação e aproveitamento de forma ambientalmente correta.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência estará delimitada pelas regiões mencionadas, que caracterizam situações especiais de planejamento (SEPs). Os benefícios alcançarão a escala regional, sendo derivados de ações e de intervenções especializadas, conformes com a tipologia de problemas e com as especificidades de cada região – situação especial de planejamento.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes, com as devidas articulações com ministérios e órgãos setoriais envolvidos, como também e especialmente, com as instâncias regionais do SINGRH, dos SEGRHs e dos governos de estado, em cada bacia ou área sujeita às intervenções.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Os indicadores de monitoramento e de avaliação devem corresponder à especialização das ações intersetoriais integradas que devem ser definidas em cada programa, equivalendo a toda a tipologia de indicadores preliminarmente referidos nas fichas-resumo dos programas e subprogramas

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apresentados.

Componente de Gerenciamento da Implementação do PNRH

XIII. Programa de Gerenciamento Executivo e de Monitoramento e Avaliação da Implementação do PNRH Objetivos: Apoiar executivamente, monitorar e avaliar o processo dinâmico de implementação do PNRH, mediante os instrumentos e indicadores adequados, de modo a identificar as correções de rumo e os ajustes que se mostrem necessários.

Justificativas: A abrangência do escopo e a complexidade da implementação do PNRH exigem o suporte de um gerenciamento profissionalizado, dotado dos devidos instrumentos de controle e acompanhamento, mais ainda, quando se parte do entendimento de que o PNRH constitui um processo permanente e flexível, sujeito a ajustes e correções de rumo, a serem determinadas pelos apropriados indicadores de monitoramento e avaliação.

Escopo Básico: Apoio gerencial à execução do PNRH e de seus componentes, programas e subprogramas, em termos conceituais, técnicos, operacionais e logísticos, sempre mediante o devido acompanhamento de indicadores de monitoramento e avaliação, proporcionando adequações e ajustes periódicos (rolling plan), de modo a manter as características do Plano como um processo flexível, permanente, integrado e multidisciplinar.

Abrangência e Benefícios Esperados: A abrangência se refere ao conjunto integral do PNRH, com vistas a benefícios de melhor execução e facilidades nos ajustes e correções de rumo que venham a ser identificadas.

Executores e Intervenientes: ANA como executor, MMA e SRH como intervenientes.

Indicadores de Monitoramento e Avaliação: Todos aqueles indicados preliminarmente mencionados nas diversas fichas dos subprogramas.

2.7. Síntese, Comentários Finais e Recomendações para os Próximos Passos na elaboração do PNRH. Em síntese, o presente documento teve por objetivo oferecer subsídios à elaboração dos Capítulos IV – Diretrizes e Metas e V – Programas do PNRH. Para tanto, foi organizado em duas partes, sendo que a primeira deteve suas atenções na descrição das diferentes perspectivas de análise que devem gerar diretrizes para o PNRH, atendendo uma abordagem abrangente que envolveu:

(i) os conceitos e políticas regentes das ações que devem compor os programas do Plano Nacional; (ii) perspectivas de diferentes escalas espaciais de inserção do PNRH e do traçado de cenários prospectivos para o desenvolvimento do país; (iii) a natureza (ou tipologia) dos problemas de recursos hídricos no Brasil; (iV) a contextualização e as articulações intersetoriais da gestão dos recursos hídricos; e, (v) diretrizes provenientes de perspectivas e abordagens complementares, a exemplo de outras políticas públicas e de ações e projetos previstos no PPA do período 2004 - 2007.

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A segunda parte foi iniciada com uma definição tentativa do PNRH, seguida por subsídios à sua estruturação, quando foram considerados os notáveis esforços das consultas públicas (setoriais, regionais e temáticas) coordenadas pela SRH, gerando um extenso leque de diretrizes e de demandas por ações, sistematizado em formato matricial, com vistas a facilitar a identificação de possíveis linhas programáticas do Plano. Complementarmente, com suporte nos cenários prospectivos e nas hipóteses de desenvolvimento macroeconômico do país, foram abordadas as incertezas críticas, a multiplicidade de atores relevantes e as invariâncias que cercam a elaboração do Plano, conformando o que se denominou de “estratégia robusta”, para a sua implementação. Na seqüência, com olhos simultâneos na matriz de diretrizes e demandas por ações e nas prioridades apontadas pela “estratégia robusta”, foram consolidadas as macro-diretrizes e proposta a estrutura lógica que articula os componentes, programas e subprogramas do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Por fim, foram elaboradas, ainda em primeira aproximação, as fichas-resumo dos programas e subprogramas do PNRH, com os objetivos, justificativas, escopo básico, abrangência, benefícios potenciais, executor e intervenientes e possíveis indicadores de monitoramento e avaliação, como insumos a serem considerados por ocasião do detalhamento executivo do Plano. Para encerrar, então, este documento, resta dispor comentários e recomendações finais, sendo a mais importante delas voltada à reserva de um período adequado para o detalhamento técnico dos subprogramas, devidamente apoiado por consultores especializados, de modo a conferir operacionalidade executiva ao Plano, não somente quanto ao conteúdo e à mútua consistência entre ações e atividades propostas, mas também no que concerne à sua viabilidade frente aos recursos requeridos (técnicos, institucionais e orçamentários), sem esquecer da necessária interação e divisão de encargos com planos estaduais e de bacias hidrográficas, sempre de modo ajustado às diferentes naturezas de problemas e capacidades institucionais instaladas – nas bacias, nos estados e na própria União.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

De modo sintético, as principais referências bibliográficas podem ser assim agrupadas:

- Relatórios Técnicos dos Consultores Hiroaki Makibara, Antônio Carlos Hotz, Belmiro Valverde Jobim Castor e Paulo Roberto Haddad, elaborados em mútua cooperação com o presente trabalho, sob a coordenação da Superintendência de Planejamento da ANA;

- Documentos do Plano Nacional de Recursos Hídricos elaborados pela Secretaria de Recursos Hídricos e por seus consultores especializados, compostos por cadernos regionais, cenários prospectivos de desenvolvimento, arquivos eletrônicos com as sínteses de consultas temáticas, regionais e de encontros públicos sobre o PNRH, disponibilizados em site específico;

- Estudos e documentos técnicos elaborados pela ANA;

- Referências da versão anterior do Plano, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV, 1998), e documentos técnicos da equipe de consultores encarregados de seu acompanhamento e avaliação; e,

- outras referências bibliográficas, mencionadas em notas de pé de página, ao longo do presente documento.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE