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2

PROGRAMA TEIXEIRA DE FREITAS

– ESTUDANTES 1º/2016 –

1. SUPERVISORA

Ingrid Stein Vieira

Assessora de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Tel: (+55 61) 3217-4046

2. COORDENADORA

Rogéria Ventura de Carvalho Paes Ribeiro

Assessoria de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Tel: (+55 61) 3217- 4056

3. ESTUDANTE

Tahia Tamara Chacón Rojo

Período: 14/03/2016 a 13/05/2016

3

Brasília, 20 de maio de 2016

Tahia Tamara Chacón Rojo

Universidade Central do Chile

Santiago – Chile

“PRINCIPAIS REFORMAS DOS SISTEMAS DE PREVIDÊNCIA

SOCIAL: ANÁLISE DE DIREITO COMPRADO CHILE-BRASIL”

4

ÍNDICE

ABREVIATURAS............................................................................................................5

INTRODUÇÃO.............................................................................................................6

CAPÍTULO I: SEGURANÇA SOCIAL CHILENA, O DANTES E APÓS A

REFORMA DE 1981

- BREVE RESEÑA DA EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL EM

CHILE....................................................................................................8

- SISTEMA DE PENSÕES DANTES DA REFORMA DE 1981: UM

SISTEMA DE PARTILHA....................................................................9

- SISTEMA DE PENSÕES APÓS A REFORMA DE 1981: SISTEMA

DE CAPITALIZAÇÃO INDIVIDUAL...............................................13

CAPÍTULO II: SEGURANÇA SOCIAL BRASILEIRA, O DANTES E APÓS AS

REFORMAS PREVISIONAIS

- BREVE RESEÑA DA EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL EM

BRASIL..............................................................................................17

- PERÍODO DE REFORMAS.................................................................19

- REFORMA PREVISIONAL DE 1998 (EC 20)......................................21

- REFORMA PREVISIONAL DE 2003 (EC 41)....................................21

- ATUAL SISTEMA PREVISIONAL EM BRASIL................................23

CAPITULO III: JURISPRUDÊNCIA APLICADA.....................................................26

CONCLUSÕES FINAIS............................................................................................29

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................31

5

ABREVIATURAS

AFP: Administradoras de Fundos de Pensões

CAPREDENA: Caixa de Previdência da Defesa Nacional

CGPC: Conselho de Gestão dá Previdência Complementar

CNSP: Conselho Nacional de Seguros Privados

CONAPREV: Conselho Nacional de Dirigentes de Regimes Próprios de Previsão

Social.

DIPRECA: Direção de Previdência Carabineiros de Chile

EAPC: Entidades Abertas de Previdência Complementar

E C : Emenda constitucional

F.F.A.A: Forças Armadas

FINSOCIAL: Fundo de Investimento Social

IAPAS: Instituto de Aposentadoria, Pensões e Assistência Social

INP: Instituto de Normalização Previdenciário

INPS: Instituto Nacional da Previdência Social

Inss: Instituto Nacional do Seguro Social

IPS: Instituto de Previsão Social

PIS: Programa Integração Social

RGPS: Regime Geral de Previsão Social

RPPS: Regímen previdenciário dos servidores públicos da União, Estados e

Municípios

SPC: Secretária de Previdência Complementar

SUSEP: Superintendência de Seguros Privados

6

INTRODUÇÃO

O presente trabalho realiza uma análise de direito comparado sobre as principais

reformas dos sistemas de previdência social imperantes no Chile e no Brasil, sendo este

o objeto principal de estudo.

A análise comparativa é abordada desde uma perspectiva jurídica e social.

Considero necessário pesquisar o tema em questão, pois inevitavelmente envolve-nos.

Tomarei como ponto de partida e para um melhor entendimento, as distintas

concepções de segurança social que a meu julgamento são merecedoras de destacar.

‘‘O direito à segurança social, também chamada seguro social ou previsão

social, se refere principalmente a um campo de bem-estar social relacionado com a

proteção social ou cobertura das necessidades socialmente reconhecidas, como saúde,

velhice ou incapacidades’’1

‘‘Parte da ciência politica que, mediante adequadas instituições técnicas de

ajuda, previsão e assistência têm por fim defender, propulsar a paz e a prosperidade

geral da sociedade através do bem-estar individual’’2

‘‘Segurança social é o conjunto de normas, instruções, princípios e disposições

que têm por finalidade garantir o direito humano, a saúde, a assistência medica, a

proteção dos meios de subsistência, e os serviços sociais necessários para o bem-estar

individual e coletivo’’3

A análise focasse-se principalmente em descrever os processos reformistas do

sistema de segurança social chileno e brasileiro, destacando a influência e relevância

destes na configuração do estado de bem-estar da cada país.

Mencionar também, o papel que desempenham as diversas instituições públicas

e privadas que intervieram e intervêm no funcionamento, administração e fiscalização

dos sistemas de segurança social aludidos, com o fim de contextualizar a investigação. .

1 GRZETICH LONG, Antonio. Direito da Previdência Social I (conceito e evolução histórica

da segurança social). 2ª edição. Montevideo: Fundação de Cultura Universitária. 2005. p. 30 2 PÉREZ LEÑERO, José. Fundamentos da Previdência Social. Madrir: Aguilar. 1956, p. 35.

3 BÁEZ MARTÍNEZ, Roberto. Lições de Previdência Social. Mexico: Pac. 1994. p. 2.

7

De acordo a estas premisas o esquema do trabalho estrutura-se em três

capítulos, a cada um com sua respectiva introdução, desenvolvimento do tema e

conclusão.

O primeiro capítulo trabalha em extenso o sistema de previdência social chileno,

arraigando sua informação em aspectos gerais, resenhas históricas e evolução do

sistema, inclui comentários e críticas. O foco primordial do apartado relaciona-se com a

reforma previdenciária do ano 1981, estabelecendo um antes e um após ela. Se

expuserem as razões políticas, jurídicas e sociais que motivaram a transformação do

sistema.

Obras chilenas e internacionais resultaram de grande utilidade e contribua nesta

parte da investigação.

O segundo capítulo, está destinado à análise do sistema de segurança social

brasileiro - ao igual que na primeira parte do trabalho- se estudam os antecedentes

históricos que intervieram na construção do sistema. Este segundo capítulo tem a

finalidade de exibir os períodos de reformas que marcaram a formação atual da estrutura

social de Brasil. Entre as reformas institucionais do sistema, figuram como relevantes as

dos anos 90 e 2000. Finalmente aborda-se a situação vigente do sistema previdenciário.

Nesta parte da investigação estudaram-se destacados autores estrangeiros, com

base em suas publicações permitiram-me refletir e ilustrar a realidade Brasileira em

torno do tema exposto.

Finalmente no capítulo III, exporei jurisprudência aplicada a casos relacionados

com o direito à segurança social, incorporando desta maneira interpretação

jurisprudencial ao trabalho investigativo.

8

CAPÍTULO I: PREVIDÊNCIA SOCIAL CHILENA, ANTES E APÓS A

REFORMA DE 1981

BREVE RESENHA DA EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL EM CHILE

A previdência social Chilena começa a desenvolver-se em meados dos anos

vinte. No ano de 1924 aprovam-se as denominadas as leis sociais cuja vigência se

estende até os anos sessenta. As leis sociais foram o pontapé inicial da grande

maquinaria que hoje se configura como um sistema de previdência social, antes os

trabalhadores chilenos não estavam regidos por nenhum tipo de legislação social que os

protegesse. Estas leis foram significativas para a época, entre elas encontramos a Lei de

Indenizações sobre Acidentes do Trabalho, leis de Descanso Dominical e de Salas

Berços.

O Chile recolhe o pensamento ideológico do alemão OttoVon Bismarck

(também chamado o pai dos seguros sociais) segmentando aos trabalhadores em razão

de sua profissão para lhes brindar segurança social segundo corresponda.

A constituição chilena de 1925 eleva ao nível constitucional o direito à

previdência social.

‘‘Em definitiva, à medida que evoluía a previsão social no mundo e o

movimento operário Chileno adquiria força, peso social e político, chegou-se a conceber

um sistema de segurança social em Chile, considerado bastante avançado na America

Latina’’4

‘‘Já ao termo dos anos sessenta, o sistema chileno contava com 35 caixas de

previdência e 150 regimes previdenciários diferentes. O regulamento aplicável estava

dispersa em mais de 600 corpos legais. Em 1968, o então presidente Eduardo Frei

Montalva resumiu a natureza caótica do sistema de aposentadoria chileno’’5: … Há

4 Cfr. MÁRQUEZ LIZANA, Isabel. Impacto da reforma previdenciária de 1981 nos benefícios

dos filiados. Tese para optar ao grau de Magíster em Ciências Sociais Com menção em

Sociologia da Modernização. Santiago do Chile. 2004. p. 21. 5 JACOBO RODRÍGUEZ, L. Artigo: O sistema chileno de previdência aos 18 anos: Seu estado

atual e seus desafios futuros. N.W. Washington D.C. 1998. (Disponível em:

http://www.elcato.org/el-sistema-chileno-de-pensiones-los-18-anos-su-estado-actual-y-sus-

desafios-futuros [Consultado 05/05/2016])

9

dois mil leis sobre previdência em Chile. Pensem vocês o que isso significa.

Dois mil leis previdenciárias, mais os regulamentos, mais os acordos delas

caixas, isto é, uma monstruosidade que vai a aumento.

O palco desorganizado e confuso que existia no Chile em matéria

previdenciária estava sendo fortemente questionadas, por tal razão nos primeiros

anos do regime militar, (1973-1975) as reformas ao sistema de partilha ocorrem,

a segurança social começa a se estruturar lentamente. Introduzem-se

modificações tendentes a racionalizar, reorganizar e unificar os regimes

previdenciários existentes, entre elas temos: subsídios de desemprego,

atribuições por morte e pensões assistenciais. Tornando desta maneira um

sistema mais anatômico, metódico e organizado. Estruturando-se e avançando até

o que é hoje.

SISTEMA DE PENSÕES ANTES A REFORMA DE 1981: UM

SISTEMA DE PARTILHA

A partir de 1924 o Chile conta com um sistema de previdência social de

caráter público, convertendo-se no primeiro país Latinoamericano a adotar um

sistema público de partilha, o qual teve vigência até o ano 1981.

Os sistemas de partilha são aqueles nos quais os trabalhadores ativos financiam

mediante impostos ou contribuições específicas, os benefícios previdenciários dos

trabalhadores que se encontram em etapa passiva (trabalhadores aposentados). São

sistemas tradicionalmente administrados pelo Estado, destinados a cobrir contingencias

relativas saúde, velhice, incapacidade e morte mediante subsídios estatais.

Em consequência ‘‘Em um sistema de partilha, o governo grava as

atividades dos trabalhadores ativos para pagar as pensões dos trabalhadores

aposentados. Nestes esquemas, os benefícios da aposentadoria são uma função da

taxa de crescimento da base impositiva, que a sua vez depende da taxa de

10

crescimento da força trabalhista e da taxa de crescimento dos salários reais por

trabalhador (isto é, dos aumentos na produtividade trabalhista) ’’6

Nos sistemas de partilha - a diferença dos sistemas de capitalização individual- o

trabalhador não podia eleger onde cotar, a quantia de suas cotações e os benefícios

previdenciários dependiam do setor profissional no que trabalhasse. Contudo, não

existia um vínculo direto entre o contribuído pelo trabalhador durante a vida ativa e o

recebido à hora do retiro, já que o obtido ao aposentar-se dependia claramente das

cotações efetuadas pelos trabalhadores que se achavam em etapa ativa e não pelo

efetivamente trabalhado.

‘‘Como resultado do anterior, o sistema de previdência mostrava fortes sintomas

de ineficiências. O pagamento de pensões a inícios dos anos 70 registrava um déficit

importante, já que se financiava em um 60% com cotações do trabalhador e do

empregador e em um 40% com contribuição estatal’’7

‘‘No princípio dos anos 80 (ainda com um sistema de partilha em crise), as

opções eram aumentar contribuição ou as cotações, (as inclusive chegavam a mais de

50% da remuneração imponível do trabalhador). Assim mesmo, a previdência social no

Chile e seu sistema de partilha representavam mais da metade da despesa da nação, e

tinha evidência que este seguiria crescendo exponencialmente’’8

Em razão do exposto o sistema de partilha imperante, adoecia de deficiências no

âmbito administrativo e no de equidade social. Neste contexto, no ano 1981 com o

Decreto Lei N° 3.500, nasceu o sistema de capitalização individual. Portanto proíbe-se

aos trabalhadores que iniciam sua vida trabalhadora a partir de 1 de janeiro do ano 1983,

ingressar ao antigo sistema de partilha. Enquanto para os trabalhadores no antigo

sistema de partilha foi-lhes facultativo permanecer no ou afiliar-se ao sistema de

capitalização individual.

‘‘No entanto, para incentivar o translado ao novo sistema de capitalização

individual, o estado reconheceu os direitos adquiridos pelos trabalhadores no sistema

6 JACOBO RODRÍGUEZ, Artigo: O sistema chileno de previdência aos 18 anos: Seu estado

atual e seus desafios futuros, op. cit. 7 GAETE, M. & MATTHEI, E. A privatização da previdência social no Chile. Santiago do

Chile. 1988. p. 43 8 Cfr. PIÑERA, José. O Cascabel ao Gato. A Batalha pela Reforma Previdenciária. Santiago do

Chile: Editorial Ziguezague. 1991. p. 37.

11

antigo de pensões, isto é, quem decidiram transladar-se ao novo sistema de previdência

foram-lhes reconhecidos contribua-os efetuados no sistema antigo, mediante os

denominados ‘Bons de Reconhecimento’, instrumentos de cargo fiscal, representativos

da pensão que se teria adquirido de não ocorrer o translado ao novo sistema’’9

Excluem-se as Forças Armadas do novo sistema de capitalização individual, pois

aquelas são regidas por sistemas de pensões específicos, CAPREDENA no caso das

F.F.A.A. e DIPRECA no caso de Carabineiros de Chile.

A afiliação ao sistema de capitalização individual resulta obrigatória só para os

novos entrantes a força de trabalho em qualidade de empregados e voluntário para os

trabalhadores independentes, optativo para os filiados do antigo sistema, tudo isto a

contar de um de janeiro de 1983.

Para os efeitos de regular a transição ao novo sistema previdenciário o Decreto

Lei nº 3.502 de 18 de Novembro de 1980, cria o INP, organismo constituído pela fusão

das antigas caixas de previsão social, agrupadas em uma entidade autônoma. O INP é

um organismo autônomo, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, de duração

indefinida, que participa ativa e integralmente no sistema de previdência social chileno,

se relaciona com o Governo Chileno através do Ministério do Trabalho e previdência

Social.

O INP em sua condição de continuador legal das Caixas de Previsão que

conformavam o antigo regime de partilha é responsável de administrar as pensões do

antigo sistema.

O Estado Chileno deveu responder pelo déficit econômico que necessariamente

se produziram com motivo da reforma do novo regime previdenciário. Como podemos

imaginar muitos trabalhadores se transladaram do antigo sistema de partilha ao sistema

de capitalização individual, deixando de cotar e por tanto de contribuir benefícios

previdenciários em favor dos trabalhadores aposentados, que decidiram permanecer no

sistema de partilha. Ante esta realidade nasce o INP.

9 Cfr. UTHOFF, Andras. A reforma do sistema previdenciário no Chile: desafios pendentes.

Santiago do Chile: Impresso em Nações Unidas. 2001. p.10.

12

Atualmente o estado Chileno faz-se cargo de pagar as pensões do antigo sistema

de partilha o qual não pode autofinanciar-se, obrigando ao estado assumir dito déficit

previdenciário, que no período 1981 - 1995 atingiram a um 5.5 % do PIB Chileno.

‘‘No ano 1980, cria-se o IPS (antigamente chamado INP) a partir do artigo 53 da

Lei N° 20.255, é um serviço público, descentralizado, com personalidade jurídica e

patrimônio próprio, encarregado de administrar (anteriormente labor do INP) as pensões

e benefícios previdenciários daqueles trabalhadores e aposentados que permaneceram

no sistema de partilha. O IPS desenvolve suas funções sob a supervisão do Presidente

da República, através do Ministério do Trabalho, por intermédio da Subsecretaria de

Previdência Social’’10

‘‘Esta entidade também está a cargo da administração do novo Sistema de

previdência Solidária que compreende a outorga dos benefícios de aposentadoria básica

solidária de velhice, aposentadoria básica solidária de invalidez, contribuição

previdenciária solidária de velhice e contribuição previdenciária solidária de

invalidez’’11

‘‘A decisão de substituir o antigo sistema público de benefícios definidos,

financiados mediante a partilha, e administrado pelo Estado meio de contribuições

definidas, financiado mediante a capitalização individual, e de administração privada,

procurava:

A) Melhorar as pensões contributivas, mediante os rendimentos obtidos do

investimento destas nos mercados de capitais;

B) Reduzir o efeito de futuras mudanças demográficas, desenhando o cálculo

hipotético dos benefícios previdenciários, a partir da capitalização das contribuições

rendidas e da expectativa de vida ao aposentar-se;

C) Promover maior eficiência na administração do sistema, mediante um

gerenciamento privado focada em um mercado competitivo, bem como também

10 VID. IPS, MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL NO CHILE. (Disponível em: http://www.ips.gob.cl/ips-53910/ique-es

[Consultado 01/05/2016])

11 VID. SUPERINTENDENCIA DE PREVIDÊNCIA NO CHILE. (Disponível em: https://www.spensiones.cl/portal/orientacion/580/w3-

propertyvalue-6070.html [Consultado 30/03/2016])

13

promover a liberdade de eleição para os trabalhadores, quem podem eleger a entidade

que administrasse suas cotações;

D) Homologar aos trabalhadores e promover sua mobilidade trabalhista,

definindo seus direitos a partir de suas cotações individuais ao sistema’’12

SISTEMA DE PENSÕES APÓS A REFORMA DE 1981: SISTEMA DE

CAPITALIZACIÓN INDIVIDUAL

‘‘A Constituição Política da república de Chile, do ano 1980, vigente à data,

estabelece o direito de todas as pessoas à Segurança Social, a cujo fim o Estado deverá

garantir o acesso de todos os habitantes a prestações básicas uniformes, a cargo de

instituições públicas ou privadas’’13

A reforma ao sistema de previdência social chileno de 1981 viu-se impulsionada

principalmente pelo envelhecimento da população, este fenômeno demográfico obriga

aos trabalhadores ativos contribuir contribuições a cada vez mais altas para assim

financiar uma crescente população aposentada. O sistema de partilha começou a

fracassar, devendo ser reformado e adequar-se à contemporaneidade.

‘‘Este e outros problemas obrigaram o Estado a propor a reforma do sistema e ao

próprio questionamento da viabilidade do mesmo, até o ponto que em 1981, em pleno

governo Militar, atendendo às propostas neoliberais da denominada Escola de Chicago,

procede-se a uma drástica reforma do sistema de segurança social que perde o caráter de

público e é substituído por um sistema de capitalização individual’’14

A raiz do refinanciamento e demais problemas vinculados com o sistema de

partilha, o dia 4 de novembro de 1980, o governo Chileno aprovou a lei que estabeleceu

um novo sistema privado de previdência, promulgando no mesmo ano o D.L. 3.500,

corpo legal que dá origem a uma reforma previdenciária que substitui completamente o

sistema público de previdência de partilha por um sistema privado de capitalização

12

Cfr. UTHOFF, Ibid. 13

Vid. CONSTITUCION POLITICA DE LA REPUBLICA CHILENA. Art. 19 N º 18 14

Vid. GOBIERNO DE ESPANHA, MINISTERIO DE EMPLEO Y PREVIDENCIA

SOCIAL. Prestaciones da Previdencia Social no Chile. (Disponível em:

http://www.empleo.gob.es/es/mundo/consejerias/chile/pensiones/contenidos/SSArg.htm

[Consultado 05/05/2016])

14

individual administrado e dirigido por entidades privadas chamadas AFP, atribuindo-lhe

um papel subsidiário ao estado, o que só atua como regulador do mesmo e como garante

financeiro de última instância. O sistema de capitalização individual foi posto em

marcha em 1 de maio de 1981.

Simultaneamente reforma-se o sistema de saúde com a criação de ISAPRES.

Em razão do exposto muitos países Latinoamericanos principalmente, decidiram

mudar seus sistemas de partilha a um de capitalização individual, ou bem adotaram

sistemas mistos de segurança social como é o caso de Brasil, por exemplo.

‘‘Em anos recentes, outros sete países Latinoamericanos- Peru (1993),

Colômbia (1994), Argentina (1994), Uruguai (1996), Bolívia (1997), México

(1997), e El Salvador (1998)- também têm privatizado seus sistemas

previdenciários, seguindo mais ou menos o modelo chileno’’15

Um agente relevante na matéria são as AFP, sociedades anônimas cujo objeto

exclusivo é administrar os Fundos de previdência de seus assegurados e outorgar as

prestações e benefícios que estabelece a lei. Como contraprestação ao serviço conferido,

o filiado deve pagar uma determinada comissão pelo giro mencionado.

O funcionamento do sistema de capitalização individual aperfeiçoa-se quando o

trabalhador ativo se afilia a uma AFP de sua eleição, contrato que dá origem a uma

conta de capitalização individual, a qual garante proteção ante as contingencias de

aposentadoria, incapacidade, morte.

As contribuições previdenciárias são obrigatórias para todos os trabalhadores

ativos dependentes, estas são depositadas em sua conta de capitalização individual a que

é administrada pela AFP de sua eleição, os fundos se investem, gerando rendimentos do

capital que se acrescentam à conta de capitalização individual. O monte das

aposentadorias determina-se em base ao saldo contábil da conta de o filiado, a que a sua

vez depende de todos os salários imponíveis no passado.

Em Chile a idade legal para aposentar-se por velhice no caso dos homens é aos

65 anos e nas mulheres aos 60 anos.

A conta de capitalização nutre-se de dois tipos de recursos:

15

JACOBO RODRÍGUEZ, Artigo: O sistema chileno de previdência aos 18 anos: Seu estado

atual e seus desafios futuros, op. cit.

15

1) Cotações obrigatórias (contribuições) dos trabalhadores ativos, que supõem

um 10% de seu salário mensal e cujo custo é exclusivamente assumido por eles, algo

que não ocorre em nenhum outro país da OCDE Nese sentido, existe também a cotação

mínima obrigatória em matéria de saúde, a que ascende ao 7% do salário mensal do

trabalhador ativo, tendente a financiar os benefícios e prestações de saúde.

2) Rendimentos gerados em virtude do investimento dos fundos acumulados ou

cotações

As pensões que contemplam o sistema de capitalização individual Chileno são:

pensões de velhice, pensão de velhice antecipada, pensão de invalidez, pensão de

sobrevivência.

A evolução do sistema de capitalização individual não esteve isenta de conflitos,

no ano 2006 se realizou um estudo que arrojo resultados preocupantes, a análise

mostrou que existia uma parte importante da população que não teria poupanças

suficientes para o financiamento de sua velhice. Isto se devia principalmente à baixa

densidade de cotações, como consequência do trabalho independente e a informalidade

no mercado trabalhista, pelo que existiam longos períodos em que não se registravam

cotações.

‘‘No ano 2008, a Presidenta Michelle Bachelet promulgou a principal reforma

ao sistema de pensões desde o ano 1980. Esta nova Reforma mantém ao sistema de AFP

como eixo do sistema previdenciário, mas introduz uma série de medidas tendentes a

melhorar a cobertura do pilar de prevenção da pobreza, aumentar a densidade de

cotações, melhorar a igualdade de gênero no sistema de pensões, incrementar a

intensidade competitiva da indústria de AFP e flexibilizar o regime de investimento que

as regula’’16

Dita reforma cria um ‘pilar solidário’ destinado a compensar a baixa quantia das

pensões através de um duplo mecanismo: uma pensão básica solidária, e a denominada

contribuição previdenciária solidária.

16

SUPERINTENDENCIA DE PREVIDÊNCIA. O sistema chileno de previdência. Tomo 1º. 7ª

ed. Chile: Editora Solange Berstein Jáuregui, Superintendenta de Previdência, 2010, p. 5.

16

‘‘O sistema de pensões instaurado em Chile a partir de 1981, regido pelo

Decreto Lei 3500 fundou-se, segundo seus gestores, sobre quatro grandes pilares: a

capitalização individual, a administração privada dos fundos previdenciários, a

liberdade de eleição e a solidariedade na base’’17

Em conclusão e segundo infere-se, a previdência social no Chile tem estado

marcada principalmente pela reforma do ano 1981, a qual muda drasticamente o

panorama jurídico e social deste direito, configurando um novo sistema previdenciário

regente até hoje.

17

MÁRQUEZ LIZANA, Impacto da reforma previdenciária de 1981 nos benefícios dos

filiados. op. cit., p. 23.

17

CAPÍTULO II: PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA, ANTES E APÓS AS

REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS

BREVE RESENHA DA EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

‘‘O desenvolvimento da Previdência Social brasileira, assim como em boa parte

do globo, teve início privativo, voluntário, mediante a formação dos primeiros planos

mutualistas’’18

‘‘O atual sistema de pensões de Brasil é a plasmação da evolução institucional

de uma série de organismos surgidos a começo do século XX, cujo propósito era

oferecer proteção aos trabalhadores em frente à velhice’’19

‘‘No ano 1923 a previdência social Brasileira adquire respaldo legal com a

aprovação da denominada lei ’’Elói Chaves’’, a qual consagra a existência de caixas de

aposentações e pensões, sobre a base da categoria profissional e de âmbito empresarial

(esquema corporativo). As contingências cobertas por dito corpo legal foram: invalidez,

doença, acidente de trabalho e maternidade’’20

Cabe destacar que o sistema previdenciário brasileiro adotou o esquema de

partilha. (Explicado no capítulo precedente).

Neste sentido na década dos 30, o sistema de previdência social continuou

articulando-se e estruturando suas bases, sempre baixo um esquema corporativo.

A força do movimento associativo que assegura direitos previdenciários é tal que

em pouco mais de uma década se multiplicam por dez o número de assegurados (MPS,

2004).

18 IBRAHIM ZAMBITTE, Fábio. Curso de Direito Previdenciário. 12 ed. Niterói: Impetus,

2008. p. 44. 19

Cfr. BERTRANOU, Fabio & GRAFE, Fernando. Relatório: A reforma do sistema

previdenciário no Brasil: aspectos fiscais e institucionais. 2007. p. 2. 20

Cfr. BERTRANOU & GRAFE, Ibid.

18

‘‘As caixas de aposentações e pensões existentes começam a ser substituídas

pelos institutos de aposentações e pensões, que acolhem a trabalhadores urbanos,

começando a ter um caráter mais setorial (institutos de aposentações e pensões

bancários, ferroviários, trabalhadores industriais, etc.)’’21

‘‘Os filiados a estes institutos correspondem a categorias profissionais definidas

de acordo com o setor econômico da empresa onde desempenham seu trabalho’’22

No final da década dos 50, os institutos previdenciários em razão da quantidade

de filiados, contavam com uma magnitude significativa de recursos disponíveis para o

investimento, tanto assim, que destinam uma parte deles ao financiamento da

construção da nova capital Brasília.

‘‘No entanto, este sistema exibia alguns problemas relacionados com a cobertura

e a equidade distributiva. Os diferentes regimes da cada instituto previdenciário

possuíam divergências na estrutura de contribuições e benefícios. Os trabalhadores

rurais e autônomos não faziam parte da população protegida e existia um problema de

cobertura para aqueles trabalhadores que não podiam adscrever dentro das categorias

profissionais estabelecidas’’23

‘‘No ano de 1960 aprovou-se a Lei Orgânica da previdência Social, com a

pretensão de uniformizar as diferentes normas e regimes, mantendo o gerenciamento

independente da cada instituto. A unificação do gerenciamento materializa-se no ano

1960 aprovou-se a Lei Orgânica da Previsão Social, com a pretensão de uniformizar as

diferentes normas e regimes, mantendo o gerenciamento independente da cada instituto.

A unificação do gerenciamento materializa-se no ano 1966’’24

Com a constituição Brasileira do ano 1988, elevam-se ao nível constitucional as

políticas previdenciárias transformando em um conceito mais amplo e integral,

constituindo-se como o direito à previdência social.

21

BERTRANOU & GRAFE, Ibid. 22

GIAMBIAGI, F. & DUARTE DE ALÊM, Ana Cláudia. Texto para Discussão, nº 57. A

Despesa Previdenciária no Brasil: Evolução, Diagnóstico e Perspectivas. IPEA. 1991. p.22. 23

BERTRANOU & GRAFE, Ibid. 24

BERTRANOU & GRAFE, Ibid.

19

‘‘Esta nova institucionalidade articula-se em torno de três tipos de proteção

social: (i) Regime de aposentações e pensões, (ii) Sistema de saúde; e (iii) Sistema de

assistência social. A cada um deles com institucionalidade específica’’25

Em 1991 a lei Nº 8.212 (Lei Orgânica da Segurança Social) seguindo os critérios

de unificação, consolidação e universalização da cobertura refletidos na Constituição de

1988, cria o INSS, organismo responsável da arrecadação de cotações. Anteriormente

correspondia-lhe ao INPS e ao IAPAS.

Aquele avanço institucional, ‘‘Constituiu uma meta importante na melhora dos

perfis de proteção, especialmente com a incorporação plena dos trabalhadores rurais ao

sistema previdenciário. No entanto, a controvérsia foi um forte aumento das

necessidades de financiamento do sistema de segurança social’’26

No final da década dos 90 em virtude do crescente déficit financeiro gerado

pelas prestações e benefícios previdenciários, propõe-se uma iniciativa parlamentar que

procura reformar o sistema de previdência social.

Na posteridade, o sistema de previdência social brasileiro tem ido modificando a

configuração de suas bases, em atenção às necessidades, contingencias e mudanças

sociais, econômicos e culturais da nação.

PERÍODO DE REFORMAS

O impacto produzido pela ampliação da cobertura previdenciária incidiu sobre o

orçamento estatal, gerando um déficit financeiro, o qual se viu acrescentado pelo débil

desenvolvimento econômico da época, produzindo tensões em relação ao incremento do

salário mínimo e ao valor das aposentadorias.

25

BERTRANOU& GRAFE, Informe: A reforma do sistema de previdência no Brasil: aspectos

fiscais e institucionais, op. cit., p.3. 26

BERTRANOU& GRAFE, Informe: A reforma do sistema de previdência no Brasil: aspectos

fiscais e institucionais, op. cit., p.6.

20

Mudanças demográficas deterioraram a eficiência do sistema de partilha

brasileira, em vista de que a população de trabalhadores ativos começou a envelhecer.

Pese a esta realidade, não se modifico o esquema existente. O problema viu-se agravado

devido à retirada precoce -por parte dos trabalhadores ativos- da atividade trabalhista.

Ante os contratempos presentes, ‘‘A questão a respeito da necessidade de uma

reforma em profundidade da Segurança Social de Brasil, e mais especificamente do

regime geral dos trabalhadores do setor privado (RGPS), foi fazendo-se a cada vez mais

evidente’’27

Propuseram-se duas posturas reformistas, ‘‘A primeira pretendia promover uma

reforma estrutural, de características muito similares às reformas implementada no

Chile e em outros países Latinoamericanos (Bolívia, Peru, Uruguai, Argentina)

consistente em um novo modelo previdenciário de capitalização individual, com

gerenciamento privado dos fundos. O segundo ponto de vista propunha drásticas

reformas paramétricas ao sistema de partilha, com o objetivo de conseguir um maior

equilíbrio financeiro entre as contribuições efetuadas em idade ativa e os benefícios

esperados. Isto é, pretendia-se outorgar uma maior ênfase aos aspectos de

sustentabilidade da garantia e menos aos de redistribuição e de assistência social, sem

modificar os aspectos essenciais do sistema de partilha’’28

‘‘Finalmente o estado inclinou-se pela modificação gradual de determinados

parâmetros do sistema de partilha, propendendo ao fortalecimento do gerenciamento

administrativo do INSS e impulsionando e regulando o pilar de poupança voluntário

para os trabalhadores do setor privado’’29

27

BERTRANOU& GRAFE, Informe: La reforma del sistema de pensiones en Brasil: aspectos

fiscales e institucionales, op. cit., p.7. 28

GIAMBIAGI, F. & DE MELO, Luiz. Social Security reform in Brazil: achievements and

remaining challenges. Economics Department Working Papers Nº. 534, OCDE. 2006. 29

Cfr. BERTRANOU & GRAFE, Ibid.

21

REFORMA PREVISIONAL DE 1998 (EC 20)

A reforma previdenciária do ano 1998 aprovada pela EC Nº 20, focou-se

basicamente no RGPS.

Aquela modificação em matéria de previdência social teve cabida no segundo

governo do presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

‘‘As principais medidas aprovadas nesta EC foram as seguintes:

- Para os servidores públicos que se incorporem à função pública após a aprovação da

emenda constitucional em questão, lhes impõe uma aposentadoria obrigatória aos 70

anos para ambos os sexos; a idade mínima de aposentadoria de 60 anos para os homens

e 55 para as mulheres, sempre que o tempo de contribuição seja de 35 anos para os

homens e 30 para as mulheres.

Transitoriamente, para aqueles servidores públicos já integrados na administração

pública ao momento da aprovação da EC, a idade mínima se estabeleceu de 53 anos

para os homens e 48 anos para as mulheres.

- Extinção das aposentações especiais, exceto nos casos de profissões de especial risco à

saúde.

- Estabelecimento de uma quantia limite para o pagamento de benefícios

previdenciários do RGPS, ficando decretada a soma de R$ 1.200,00. Em todo caso, o

valor da pensão de aposentadoria não pode ser superior ao valor do salário percebido

como ativo.

- Gerenciamento em quatro pontos da previdência social: Governo, empregadores,

empregados e aposentados’’30

REFORMA PREVISIONAL DE 2003 (EC 41)

A reforma previdenciária do ano 2003 aprovada pela EC Nº 41 focou-se

basicamente no RPPS.

30

Crf. BERTRANOU& GRAFE, Relatório: A reforma do sistema de previdência no Brasil:

aspectos fiscais e institucionais, op. cit., p.7, 8.

22

Aquela modificação em matéria de previdência social ocorreu no primeiro

governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

A situação previdenciária dos servidores públicos federais, estaduais e

municipais, discrepava consideravelmente em comparação à situação previdenciária que

enfrentavam os trabalhadores ativos do setor privado.

Esta e outras diferenças previdenciárias justificaram a reforma do RPPS. Os

critérios de equidade social encontravam-se dispare e a organização do sistema de

previdência social (especificamente dos regímenes previdenciários), apresentava

carências.

‘‘As reformas previdenciárias empreendidas pelo primeiro Governo do ex-

presidente Lula orientaram-se basicamente a: (i) garantir a sustentabilidade em longo

prazo do RPPS; e (ii) iniciar um processo de convergência dos regimes de previdência

brasileiros, eliminando as divergências existentes principalmente em matéria de acesso

à aposentação, condições de e quantia das prestações’’31

‘‘Com o fim de conseguir estes dois grandes objetivos, reforçar a

sustentabilidade financeira e homogeneizar os regimes, o primeiro Governo de Lula

propôs uma reforma constitucional conhecida como Emenda Constitucional nº 41, cujos

rasgos principais depois de sua aprovação no ano 2003 pelo Congresso Nacional de

Brasil, são os seguintes:

- Harmonização das regras de contribuição de ativos, ficando fixada nos 11% sobre as

remunerações mensais, para todos os servidores públicos pertencentes às entidades

sujeitas ao RPPS

- Antecipar a idade mínima para receber pensão de aposentação integral. No caso dos

homens 60 anos e das mulheres 55 anos para as mulheres

- Elevar a quantia limite para o pagamento de benefícios previdenciários do RGPS a R$

2.400, com compromisso de manutenção do valor.

31

Cfr. BERTRANOU& GRAFE, Relatório: A reforma do sistema de previdência no Brasil:

aspectos fiscais e institucionais, op. cit., p.10.

23

- Unificar os órgãos gestores do RPPS em entes federados’’32

ATUAL SISTEMA PREVISIONAL EM BRASIL

A Constituição Federal de Brasil de 1988 regula em seus artigos 6º, 194º, 195º,

201º, 202º, 203º, 204º o sistema de previdência social da nação.

‘‘Ou sistema de previdência brasileiro pode ser divido em dois subsistemas:

Previdência social e privada.

De um lado, a previdência social, dirigida pelo Estado e financiada pelos

trabalhadores, empresários e pelo governo. As contribuições para este sistema são

obrigatórias e incidentes sobre os salários e sobre o faturamento das empresas.

A previdência privada é um sistema complementar ao da previdência social e

tem caráter voluntario. Ele pode se constituir através de pessoas naturais ou de

sociedades abertas ou fechadas, suas receitas advém diretamente das contribuições

voluntárias dos participantes no primeiro caso, e dos trabalhadores e das empresas no

segundo.

Então, o subsistema de Previdência e Assistência Social no Brasil difere dos seus

congéneres privados por se caracterizar por um sistema de repartição, isto é, a totalidade

da receita se destina ás despesas correntes, sem que ha haja a formação de um

patrimônio que garanta a manutenção intertemporal sustentada do fluxo de despesas.

Uma segunda diferença importante é seu caráter obrigatório’’33

‘‘É importante mencionar que o sistema de previdência social brasileiro,

considera obrigatória a afiliação e cobertura dos trabalhadores independentes e

autônomos. Segundo a lei Nº 9876 em novembro de 1999, o trabalhador autônomo,

como contribuinte tem direito às seguintes prestações: aposentação e pensão por

invalidez e morte, salário de maternidade, auxílio por reclusão e auxílio por doença.

32

GIAMBIAGI, F., Et A o. Texto para Discussão, nº 1050. Diagnóstico dá Previdência Social

não Brasil: Ou que foi feito e ou que falta reformar?. IPEA. 2004. 33

CAMARGO, José. O sistema de previdência no Brasil.1991.p.2.

24

Nesta categoria os trabalhadores cotam 20% sobre o total de seus rendimentos a partir

do salário mínimo, até a quantia limite estabelecida em RGPS’’34

‘‘Em o caso dos trabalhadores autônomos contratados, as contribuições são

feitas por as empresas e os trabalhadores. Temos também a situação do trabalhador por

conta própria, o que pode opcionalmente contribuir para a previdência social com uma

alíquota que depende do rendimento obtido e declarado’’35

‘‘Pela nova legislação de 2001 que regulamentou o disposto na Constituição

Federal de 1988 – a Lei Complementar n 109/01 revogou a Lei n 6.435/77 e definiu as

regras gerais sobre previdência complementar no Brasil e a Lei Complementar n

108/01 dispôs sobre a relação entre as patrocinadoras de empresas públicas, sociedades

de economia mista e o ente federado, e seus respectivos fundos de pensão –, o regime de

previdência privada tem caráter complementar e está organizado de forma autônoma em

relação ao regime geral da previdência social, sendo baseado na constituição de reservas

que garantam o benefício oferecido por entidades de previdência complementar, que

podem ser entidades abertas ou fechadas’’36

Quanto às funções de regulação e supervisão do sistema de previdência social, estas se

encontram sob responsabilidade do Ministério de Previdência Social do Brasil.

A regulação e fiscalização das entidades administradoras dos regimes públicos

estão a cargo de SPPS. Para isso se apoia no CONAPREV.

A administração do RGPS está a cargo do INSS, instituição pública dependente

do MPS que tem como responsabilidade a concessão e pagamento dos benefícios dos

assegurados ao RGPS, e também da Assistência Social.

As funções de órgão regulador das EAPC são exercidas pelo Ministério da

Fazenda, por intermédio do CNSP e de órgão fiscalizador das entidades abertas

desempenhado pela SUSEP, enquanto as funções do órgão regulador das entidades

fechadas de previdência complementar são exercidas pelo Ministério da Previdência

34

Fonte: MPS (2005). Guia do Autônomo (Contribuinte Individual). Secretária de Previdência

Social. Brasília. Junho. 35

CAMARGO, O sistema de previdência no Brasil, op. cit., p.1. 36

PENA PINHEIRO, Ricardo. Riscos demográficos e atuariais nos planos de benefício definido

e de contribuição definida num fundo de pensão. Brasil. Belo Horizonte, MG.

UFMG/FACE/CEDEPLAR. 2005. p. 15

25

Social, por intermédio do CGPC e de órgão fiscalizadores das entidades fechadas

levados a efeito pela SPC.

‘‘Sem dúvida, a previsão social atual de Brasil, configurou-se gradual e

controladamente, tornando-se um instrumento finque de incorporação de segmentos

específicos da população às políticas sociais do Estado. Este processo legitimou o que

mais tarde se denominaria como ordem de cidadania regulada’’37

‘‘Acabando por delimitar quais direitos deveriam integrar o “pacote de

cidadania” concedido à população e quem deveriam ter acesso privilegiado a ele’’38

37

Crf. SANTOS, W. G. Cidadania e Justiça. A Política Social na Ordem Brasileira. Rio de

Janeiro, Ed. Campus. 1979. p. 67. 38

Crf. VIANNA, M.L.T.W. A Americanização (perversa) dá Previdência Social no Brasil. Rio

de Janeiro. Revan. UCAM/IUPERJ. 1998, p. 18.

26

CAPITULO III: JURISPRUDENCIA APLICADA

Continuação confrontar duas sentenças jurisdicionais emitidas pelos máximos

órgãos judiciais de Chile (Corte Suprema) e Brasil (Supremo Tribunal Federal).

Pronunciamo-los expedidos tratam o direito à segurança social.

Veremos como a cada instituição concebe o sistema de previdência social.

Corte Suprema de Chile

Corte Suprema de Justiça

Quarto de Casaçeão Trabalhista

M. P. Jorge Mauricio Burgos Ruíz

Decisão de 17 de agosto de 2011

Radicação Nº 36403

Resumo

A sentença de 15 de outubro de 2008, rad. N° 30519 raciocinou a Corte nos seguintes

termos: Assim as coisas, verificado o risco por invalidez, a administradora do regime

financia o direito previdenciário com o acumulado pelo filiado na conta individual,

integra os recursos básicos para velar pelo cumprimento do pagamento da prestação.

Pois sua obrigação legal é consolidar o conceito de Segurança Social Integral,

entendida como o ‘conjunto de instituições, normas e procedimentos, de que dispõem a

pessoa e a comunidade para gozar de uma qualidade de vida, mediante o cumprimento

progressivo dos planos e programas que o Estado e a sociedade desenvolvam para

proporcionar a cobertura integral das contingencias, especialmente as que

menoscabam a saúde e a capacidade econômica, dos habitantes do território nacional,

com o fim de conseguir o bem-estar individual e a integração da comunidade

(preâmbulo Lei 100 de 1993), refulge que se trata de um verdadeiro seguro

previdenciário próprio da segurança social e não de natureza comercial.

Assim o deixou sentado esta Corporação em sentença de 21 de novembro de 2007,

radicação 31214, quando raciocinou Adicionalmente é de destacar que a Constituição

Política de 1991 em seu artigo 48 fala à segurança social como um serviço público de

caráter obrigatório e um direito irrenunciável.

27

Supremo Tribunal Federal do Brasil

I

Recurso Extraordinário nº 626.489

Relator o Ministro Roberto Barroso

Julgamento em 16-10-2013

Plenário

DJE de 23-9-2014,

Repercussão geral

Resumo

O direito à previdência social constitui direito fundamental e uma vez implementado os

pressupostos de sua aquisição, não deve ser afetado pelo decurso do tempo. Como

consequência, inexiste prazo decadencial para a concessão inicial do benefício

previdenciário. É legítima, todavia, a instituição de prazo decadencial de dez anos para a

revisão de benefício já concedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica,

no interesse em evitar a eternização dos litígios e na busca de equilíbrio financeiro e

atuarial para o sistema previdenciário. O prazo decadencial de dez anos, instituído pela

MP 1.523, de 28-6-1997, tem como termo inicial o dia 1º-8-1997, por força de

disposição nela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios

concedidos anteriormente, sem que isso importe em retroatividade vedada pela

Constituição. Inexiste direito adquirido a regime jurídico não sujeito a decadência.

II

Recurso Extraordinário nº 92.511

RTJ 99/1267

AI 145.522-AgR

Relator o Ministro Sepúlveda Pertence

Julgamento em 15-12-1998

Primeira Turma

28

DJ de 26-3-1999

Resumo

É firme a jurisprudência do STF, o aposentado tem direito adquirido ao quantum de

seus proventos calculado com base na legislação vigente ao tempo da aposentadoria,

mas não aos critérios legais com base em que esse quantum foi estabelecido, pois não

há direito adquirido a regime jurídico.

Ambas as decisões refletem a vital importância que reveste para os estados o

direito à segurança social. Sendo tanto para Chile como para Brasil, um direito humano

e irrenunciável, reconhecido e protegido constitucionalmente, estruturado em base a

múltiplos corpos legais dirigidos atingir o bem-estar integral.

29

CONCLUSÕES FINAIS

Os sistemas de pensões no mundo têm estado sujeitos a profundas análises e

mudanças desde seus inícios. Desde princípios do século passado os sistemas de

segurança social tem cumprido um importante papel na sociedade provendo benefícios

de velhice, invalidez e morte à população.

O estudo dá evolução histórica dá Previdência Social suscita muitas arestas a

explorar, por tal razão me interesse em a investigação do tema apresentado, o qual se

estampa com um despegue jurídico digna de exame.

O objetivo principal da investigação era analisar as principais reformas

previdenciárias aquecidas nas últimas décadas, as quais transformaram os sistemas de

segurança social do Chile e do Brasil, impactando aos trabalhadores em etapa ativa e

passiva.

É trabalho em questão reviste um grão importância, tomando em conta que

para uma compreensão exata dos termos atuais e para uma reflexão contínua em busca

de excelência legislativa, doutrinária, jurisprudencial e administrativa, a previdência

social é um elemento do passado e o será também do futuro.

A partir do estudo dos sistemas de previdência social e suas respectivas

reformas, procedi a efetuar uma observação crítica e apreciativa do tema em comento.

Para isso era necessário introduzir diversos tópicos tendentes a esclarecer e ilustrar a

tese proposta. A evolução histórica da segurança social, antecedentes políticos

econômicos e demográficos da época, triunfos e falhanços do sistema, políticas de

estado propondo reformas previdenciárias, foram só algumas das matérias que

complementam a investigação do tema principal.

Os diferentes discursos recolhidos durante o estudo dão conta da necessidade de

reformar os sistemas de previdência social em vista das múltiplas realidades sociais e

culturais presentes nos países assinalados. As políticas públicas encarregaram-se -nos

últimos anos- de em satisfazer as necessidades previdenciárias da população,

30

procurando melhorar a qualidade de vida dos usuários, através de proposta e soluções

legislativas, que revestem a forma de reformas em matéria de previdência.

Garantir condições básicas de vida e de subsistência para vos participantes do

sistema previdenciário, são consigna básicas e centrais do direito humano à seguridade

social. Nesse sentido Chile e o Brasil tentam mediante câmbios e transformações

previdenciárias aperfeiçoar o esquema social vigente.

31

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