programa primeira infÂncia melhor (pim)

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CONHECENDO O PIM Conhecendo o Programa Primeira Infância Melhor - PIM Contribuição para Políticas Públicas na área do Desenvolvimento Infantil Porto Alegre 2007 Secretaria da Saúde Secretaria da Educação Secretaria da Cultura Secretaria da Justiça e Desenvolvimento Social Estado do Rio Grande do Sul 1

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CONHECENDO O PIM

Conhecendo o Programa Primeira Infância Melhor

- PIMContribuição para Políticas Públicas na

área do Desenvolvimento Infantil

Porto Alegre2007

Secretaria da Saúde Secretaria da Educação Secretaria da Cultura

Secretaria da Justiça e Desenvolvimento Social Estado do Rio Grande do Sul

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CONHECENDO O PIM

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

1ª edição, 2007 © 2003, Secretaria Estadual da SaúdeCopyright©2007 by Governo do Estado do Rio Grande do SulÉ permitida a reprodução parcial desta publicação desde que citada a fonteTiragem: 500

Governo do Estado do Rio Grande do Sul:Yeda Crusius

Secretarias Estaduais Integrantes do Programa:Secretaria Estadual da Saúde – Coordenação – Osmar Gasparini TerraSecretaria Estadual da Educação – Mariza AbreuSecretaria Estadual da Cultura – Mônica LealSecretaria Estadual da Justiça e Desenvolvimento Social – Fernando Schüller

Agência de Cooperação Técnica:UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a CulturaEsta Publicação foi produzida no contexto da Cooperação UNESCO/ SES-RS, Projeto 914BRA1088 – Desenvolvimento Integral da Primeira Infância no Estado do RS. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a visão da UNESCO sobre o assunto.

Apoios Institucionais:CELEP/Cuba - Centro de Referência Latino-Americano em Educação Pré-Escolar UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a InfânciaESP/RS - Escola de Saúde Pública

Revisão de Texto e Formatação: Smirna CavalheiroEditoração Eletrônica: Gisele Mariuse da Silva & Cristiane Kessler de OliveiraIlustrações: Márcio da Silva Morais & Rachel Silvestri Morais

Revisão Técnica:Secretaria Estadual da Saúde/Programa Primeira Infância Melhor: Arita Bergmann, Flávia Franco, Lacy Maria da Silva Pires, Leila Maria de Almeida, Liése Gomes Serpa, Maria da Graça Gomes Paiva, Maria Helena Capelli, Sandra Silveira Nique da Silva, Vera Maria da Rosa Ferreira e Wilda Maria Blasi.UNESCO: Alessandra Schneider

Endereço para contato:Avenida Borges de Medeiros, 1501, 6º andar - Ala Norte, Centro.Porto Alegre/RS/Brasil - CEP: 90110-150E-mail: [email protected]: www.pim.saude.rs.gov.brFones: (00 55 51) 32885853/5955/5887/5888 - Fax: (00 55 51) 32885810

Ficha Catalográfica:Rio Grande do Sul. Secretaria da Saúde. Programa Primeira Infância Melhor. Conhecendo o Programa Primeira Infância Melhor. Contribuições para políticas públicas na área do desenvolvimento infantil – 1ª Edição – Porto Alegre: Relâmpago, 2007. ... p.ISBN 978-85-7770-010-3

SUMÁRIO

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CONHECENDO O PIM

APRESENTAÇÃOCONTEXTUALIZAÇÃOBREVE HISTÓRICO DA LEGISLATURA DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS/ADOLESCENTES NO BRASIL

MARCOS LEGAIS DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR (PIM)PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO PROGRAMA:

Neurociência, Teoria Histórico-Cultural e Psicologia do Desenvolvimento.

OBJETIVO E PRESSUPOSTOS BÁSICOS DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR

EIXOS ESTRUTURANTES DO PROGRAMA

Família, Comunidade, Intersetorialidade

ESTRUTURA DE PESSOAL E ATRIBUIÇÕES

COMITÊ MUNICIPAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA:

A Sociedade em Ação pela Primeira Infância

METODOLOGIA DO PROGRAMACapacitações Modalidades de Atenção

Modalidade de Atenção Individual

Modalidade de Atenção Grupal

Visitas de AcompanhamentoReuniões Comunitárias com as GestantesAtividades Comunitárias

ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR NOS MUNICÍPIOSASSESSORAMENTO TÉCNICO SISTEMÁTICO DO GRUPO TÉCNICO ESTADUAL

GUIAS COMO SUPORTES DE ORIENTAÇÃO DO PROGRAMA

AÇÕES EDUCATIVAS COMPLEMENTARES

PROCESSO DE AVALIAÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANEXOS

APRESENTAÇÃO

“Cuidar e Educar, Amar e Cuidar,” têm sido considerados como os

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principais fundamentos da condição humana - em especial nestes últimos anos em que a criança é entendida como ser social e sujeito de direitos. Parece ser dentro desta tensão diária nas culturas familiares, que toda mãe/gestante, pai/cuidador, se depara, entre outras coisas, com a seguinte interrogação: “O que posso fazer para que meu/minha filho (a) cresça e se desenvolva saudável e feliz?” Essa questão desafiadora que se traduz em novos olhares para um dos períodos mais críticos da formação do ser humano – ou seja, os primeiros anos de vida - sensibilizou e continua a sensibilizar gestores e sociedade para juntos refletirem quanto a uma melhor definição de políticas públicas para a Primeira Infância, nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul.

Reconhecendo a necessidade de implementar ações voltadas às famílias como protagonistas do desenvolvimento integral de suas crianças, o Estado do Rio Grande do Sul optou pelo modelo cubano do Programa “Educa a tu Hijo” como referência teórico-metodológica para a construção do Programa Primeira Infância Melhor e elaboração dos Guias de Orientação ao público-alvo do mesmo.

Coordenado pelo Centro de Referencia Lationoamericano para la Educación Preescolar – CELEP, o Programa “Educa a tu Hijo” tem como linha prioritária a atenção aos primeiros anos de vida, constituindo-se em uma referência internacional, enquanto programa não-institucional de ação educativa.

O presente texto objetiva não somente descrever a trajetória deste processo de valorização da Primeira Infância no Estado, como também analisar alguns aspectos do Programa que o caracterizam como iniciativa pioneira, enquanto proposta, que pode gerar na administração municipal, um eixo integrador de políticas públicas. O PIM é um Projeto Social, institucional equivalente, de ação educativa junto às gestantes e famílias para que possam desenvolver e/ou promover as potencialidades de suas crianças de 0 até 6 anos – Programa este já implantado e implementado em mais de 200 municípios do Estado.

Num primeiro momento, será contextualizada a situação da Primeira Infância no Estado do Rio Grande do Sul, seguido de uma breve retrospectiva histórica quanto aos Marcos Legais que fundamentam a questão da infância e do próprio Programa.

A seção seguinte, aborda os Pressupostos Teóricos, enfocando os conceitos e temas-chave relacionados ao período de 0 até 6 anos, com base em estudos recentes das áreas da Neurociência, da Teoria Histórico-Cultural (Vygotsky) e da Psicologia do Desenvolvimento (Piaget).

A seguir, é feita uma descrição mais detalhada do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), com seus objetivos, metas, pressupostos teóricos básicos e seus eixos estruturantes.

Na seqüência é apresentada a Metodologia do Programa, destacando-se os Sistemas de Capacitações, as Modalidades de Atenção Educativa e as Visitas de Acompanhamento, desenvolvidas junto às famílias.

O próximo tema abordado refere-se às etapas de implantação e implementação pelo próprios municípios que aderem ao Programa, seguido de uma breve explanação.

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CONHECENDO O PIM

Os materiais instrucionais que servem de suporte e de orientação do PIM junto às famílias, na relação com suas crianças – materiais estes que melhor viabilizam, tanto à equipe técnica como aos pais/cuidadores, uma melhor percepção dos ganhos das crianças no desenvolvimento integral de suas potencialidades - também integram, o corpo deste documento.

Enfoca também, sinteticamente, ações educativas complementares ao PIM quanto a outros aportes ao Programa, como é o caso da Capacitação dos Radialistas, responsáveis pela disseminação de orientação de qualidade a toda a comunidade, especialmente no que se refere ao desenvolvimento de competências das famílias desde a gestação até os 6 anos de idade.

Finalmente, são relacionadas questões quanto ao método de avaliação do Programa, antecedendo as considerações finais quanto à relevância e o diferencial de Programas Sociais Institucionais Equivalentes, mas de natureza educativa, como é o caso do PIM.

Espera-se, com o presente texto, melhor esclarecer os leitores sobre o Programa bem como estimulá-los a uma reflexão mais profunda sobre a legitimação e a possível legalização de propostas alternativas de ação socioeducativa, intersetorial, institucional equivalente, como eixos de integração de políticas públicas que contemplem a Primeira Infância, desde o seu planejamento inicial. Esta é uma proposta para uma visão de gestão municipal voltada para o desenvolvimento social das comunidades, onde as famílias e as crianças passam, de fato, a serem percebidas como sujeitos de direitos, ativos, participativos, com suas potencialidades promovidas e respeitadas.

CONTEXTUALIZAÇÃO

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CONHECENDO O PIM

O Estado do Rio Grande do Sul, localizado no extremo Sul do Brasil, possui uma área de 282,674 Km² que abrange 496 municípios organizados em 19 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) e 22 Delegacias Regionais de Assistência Social. Possui uma população de 11.080.322 habitantes, dos quais 187.278 são crianças com menos de 1 ano, 746.753 são crianças de 1 a 4 anos, 394.408 são crianças de 5 a 6 anos, totalizando uma população de 1.328.439 de crianças de 0 a 6 anos, cujo percentual populacional é de 11,98% (MS/SE/Datasus/20071).

Mapa do RS por Coordenadoria Regional da Saúde

A Constituição Brasileira (1988), artigo 227, a Convenção dos Direitos das Crianças, assinada no ano 2000 por 189 países, incluindo o Brasil, e o Estatuto da Criança e do adolescente – ECA, instituído em 1990 pela Lei federal 8.069, reconhecem que as crianças são sujeitos de direito, sem distinção de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, posição econômica e nascimento com direito à sobrevivência sadia, desenvolvimento pleno e proteção contra todas as formas de discriminação, exploração e abuso. Portanto, toda a criança tem direito a uma vida saudável e a um desenvolvimento pleno na primeira infância. Esse quadro legal implica na responsabilidade e obrigação do estado em oferecer acesso a serviços de qualidade, cabendo à família o compromisso de proteger e cuidar da criança nessa fase tão especial de 1 População Residente segundo Região. Período: 2007. Fonte dos dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE, Censos Demográficos e Contagem Populacional; para os anos intercensitários, estimativas preliminares dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo pelo MS/SE/Datasus - 2007

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seu desenvolvimento. Constitucionalmente não se trata de uma atribuição apenas do governo.

A família e a comunidade também têm responsabilidade nos cuidados com a criança.

Em virtude das rápidas mudanças ocorridas no Brasil nas últimas décadas, o perfil da população brasileira tem se alterado consideravelmente nos seus aspectos sociais, econômicos, demográficos e culturais. No decorrer desse processo, a crescente pobreza e o desemprego têm gerado insatisfações e frustrações, em especial nas diferentes culturas familiares e naquelas famílias em situação de vulnerabilidade social.

Sob esta perspectiva é preciso considerar que para o planejamento de metas voltadas a políticas para a infância, com alcance de médio e longo prazo, deve-se levar em conta o comportamento demográfico, sócio-econômico e cultural da população gaúcha.

Mesmo em posição privilegiada no cenário nacional, com uma das menores taxas de Mortalidade Infantil de 13,1/10002; com Índice de Desenvolvimento Humano – IDH - de 0,81 em 20003, e Índice de Desenvolvimento Infantil - IDI de 0,72 em 20044, mostrando imensos avanços ao longo dos anos em favor da criança, ainda existe grande parcela da população em situação de vulnerabilidade social, com indicadores que exigem maior atenção. Um desses refere-se a faixa de renda familiar de até meio salário mínimo, cujo percentual é de 19,7%5, considerado abaixo da linha de pobreza. A desigualdade social e a pobreza têm como conseqüência crianças vitimadas pela má nutrição, vivendo em habitações precárias e sem saneamento básico, sem acesso à escola, sem acesso a serviços básicos de saúde e mais predispostas a diferenças de gênero, etnia ou classe social, gerando maior índice de violência no cotidiano dessas famílias.

“O agravamento da pobreza vem colocando pressões alarmantes sobre o meio ambiente e os equilíbrios globais. A cifras são apocalípticas: 8 milhões de crianças morrem a cada ano em razão da pobreza, 150 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem desnutrição

extrema, 100 milhões de crianças moram nas ruas. A cada três segundos, a pobreza mata uma criança em algum lugar”. Publicação UNESCO. Pobreza e Desigualdade no Brasil. Traçando caminhos para a inclusão social. Brasília,

2004. p. 27.

A situação de Vulnerabilidade aliada às turbulentas condições socioeconômicas de muitos países latino-americanos ocasiona uma grande tensão entre os jovens que agrava diretamente os processos de integração social e, em algumas situações, fomenta o aumento da violência e da criminalidade. Ressalta-

2 Fonte: Núcleo de Informações em Saúde/Sistemas de Informações de Nascidos Vivos, 2006. Fonte: Núcleo de Informações em Saúde - NIS/ SINASC - Sistemas de Informações Nascidos Vivos/RS - Coeficiente de Mortalidade Infantil (0 dias a 1 ano) por 1.000 nascidos vivos, por CRS e município de residência, 2006.

3 Fonte: Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul, 2000.4 Fonte: UNICEF. Situação da Infância no Brasil. Crianças de até 6 anos. O direito à sobrevivência e ao desenvolvimento. UNICEF, 2006.5 Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul – Secretaria de Coordenação e Planejamento/Departamento de Estudos

Econômicos Sociais e de Planejamento Estratégico – SCP/DEPLAN – site: www.scp.rs.gov.br/atlas/# Atualizado em: 23/05/2007, data da consulta: 11 de julho de 2007

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se que a violência, embora, em muitos casos, asssociada à pobreza, não é sua conseqüência direta, mas sim da forma como as desigualdades sociais, a, a negação do direito ao acesso a bens e equipamentos de lazer, esporte e cultura operam nas especificidades e cada grupo social desencadeando comportamentos violentos. Nesse sentido, mesmo com avanços de indicadores socioeconômicos – como, por exemplo, ilustra o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)6, elaborado pelo PNUD – os níveis de violência no Estado vêm aumentando.

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 2000 no RS.

Proporção de responsáveis pelo domicílio, sem rendimento mensal ou com rendimento de até 1 salário mínimo 2000.

Em 2006 o indicador de 13,1/1000 nascidos vivos foi o mais baixo Coeficiente Mortalidade Infantil registrado no Rio Grande do Sul. Trabalho 6 Fonte: IBGE/Censo Demográfico – Mapa Elaborado SCP/DEPLAN - Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul 2000

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Publicado no Boletim Epidemiológico nº 6 do Centro de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde ressalta que “A experiência de países desenvolvidos revela que após atingir esse patamar a redução torna-se mais difícil, pois é necessária a redução da mortalidade neonatal, sobretudo do componente neonatal precoce. A redução verificada no ano de 2004 em relação a 2003 é atribuída basicamente à redução do componente infantil tardio, sendo que em 2005 conseguiu-se o impacto na redução do componente neonatal”.

Com relação à Atenção Pré-Natal, um dado preocupante é o de que 18,4% dos recém–nascidos vivos são filhos de mães com menos de 20 anos. Além disso, dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos/2006, revelam que 91,3% realizaram o pré-natal, mas % das crianças são filhos de mães que consultam até 3 vezes durante o período gestacional e, % das mulheres não fazem nenhuma consulta. Nesse sentido, é possível observar que, embora a cobertura de atendimento pré-natal já seja significativa, ainda necessita ser melhor implementada de forma a garantir a diminuição dos óbitos infantis e a prevenção de distúrbios no desenvolvimento infantil.

A atenção integral à mulher pode ajudar a diminuir consideravelmente o risco de vida das crianças. Isso não significa apenas assegurar acompanhamento pré-natal e parto seguro, embora essas sejam medidas necessárias. Envolve também, por exemplo, a garantia de condições de amamentação do bebê. A recomendação internacional de que o aleitamento materno seja exclusivo até os 6 meses de idade e se prolongue pelo menos até os 2 anos está muito longe de ser cumprida no Brasil, onde, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, em 1999 apenas 9,7% das crianças alimentavam-se apenas de leite materno até os 6 meses.

De acordo com o estudo Intervenções para reduzir a Mortalidade Infantil, Pré-Escolar e Materna no Brasil (2001). Do epidemiologista César Victora, se metade das crianças que não recebem aleitamento materno desde o nascimento até os 11 meses de idade passasse a recebê-lo, poderiam ser evitados 9,2% dos

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óbitos de menores de 5 anos por pneumonia.

O Índice de Desenvolvimento Infantil - IDI incorpora variáveis relacionadas a oferta de serviços de saúde, oferta de serviços de educação, bem como cuidado e proteção que a família deve proporcionar à criança nos primeiros anos de vida, representados pelo nível de educação do pai e da mãe.

Os valores de cada indicador foram normalizados numa escala de 0 a 1, onde 1 corresponde à melhor condição de desenvolvimento infantil e 0 à pior.

“Crianças Pobres têm maior probabilidade de começar a trabalhar, o que pode significar perdas na educação, e como resultado, perda de oportunidade de gerar uma renda satisfatória, que lhes permitiria escapar da pobreza no futuro” (Situação da Infância Brasileira 2006 – Unicef).

O Rio Grande do Sul aumentou em 63% a oferta de escolas e em 52% a de matrículas no período de 1996 a 2006. A comprovada importância da educação no processo de desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida e a crescente necessidade das famílias de dispor de uma instituição que compartilhe o cuidado e a educação de seus filhos, faz com que a oferta existente ainda esteja aquém da demanda neste nível de ensino. Segundo o Censo Escolar de 2006, o nº. de crianças de 0 a 6 anos, matriculadas em escola de educação infantil, foi de 264.225, estando 16,95% na pré-escola e apenas 6,75%, em creches. Merece destaque o fato de que, da população total já mencionada de crianças de 0 a 6 anos, 1.064.214 ainda não se encontram incorporadas ao sistema de atendimento institucional, conforme dados oficiais fornecidos pelo DEPLAN/SE - Departamento de Planejamento da Secretaria Estadual de Educação. Isto representa 76,3% da população infantil de 0 a 6 anos sem o atendimento educacional necessário, o que justifica pensar em uma nova postura de gestão pública municipal e estadual que incorpore a Primeira Infância como prioridade absoluta, tendo como referência o próprio contexto geopolítico.

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Em pesquisa, realizada pelo Banco Mundial7, revela que a freqüência na educação infantil também influencia a escolaridade final dos brasileiros. Dois anos de pré-escola poderiam ajudar a aumentar em média um ano de escolaridade. Além disso, uma criança que teve acesso à educação infantil possui menos probabilidade de repetência e de defasagem entre idade e série. O estudo também conclui que um ano de pré-escola resulta em aumento de 2% a 6% nos salários. Segundo o Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), uma criança pobre que freqüente dois anos de educação infantil têm como retorno 18% a mais no seu poder de compra, quando adulto. Por todos esses desdobramentos positivos para o futuro, o investimento em educação infantil pode ser visto também como uma escolha a favor da garantia de eqüidade de gênero, do enfrentamento da criminalidade e do combate à pobreza e à exclusão social.

“Baixas Rendas são um obstáculo importante para a participação na escola primária. Além disso, 77% das crianças que estão fora da escola primária vêm dos 60% das famílias mais pobres em países em desenvolvimento” (Situação Mundial da Infância 2006 – Excluídas e Invisíveis – Unicef).

A primeira causa de morte de crianças de 1 a 6 anos de idade no Brasil é, juntos, acidentes e agressões. De 1996 a 2003, eles foram responsáveis por 21,11% das mortes, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. A violência contra a criança pode ser compreendida como qualquer ação ou omissão que provoque danos, lesões ou transtornos a seu desenvolvimento. A maior parte dos casos de violência contra a criança acontece no espaço em que ela costuma passar mais tempo: a casa8. A família, entendida como um dos primeiros ambientes protetores da criança, pode apresentar, em seu interior relações não protetoras, causadas por complexos fatores econômicos e/ou culturais.

7 Banco Mundial, Desenvolvimento da Primeira-Infância: Foco sobre os Impactos da Pré-Escola, Brasília, 2002.

8 Sistema de Informações para a Infância e Adolescência (SIPIA), e Disque Denuncia, ambos da Subsecretaria de Direitos Humanos da Secretaria Geral da Presidência da Republica -, verifica-se que a maioria das denúncias, independente da forma como é registrada, também aponta o espaço doméstico ou das relações familiares como seu principal lugar de ocorrência.

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Fonte: Sistema de Informações em Saúde. Ministério da Saúde

Conforme levantamento do Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP), entre as modalidades de violência doméstica às quais crianças e adolescentes de até 19 anos estão sujeitos, a negligência5 é a mais freqüentemente notificada: correspondeu a 40,2% em 2005 (veja Gráfico1). Foram pesquisados dezesseis Estados e o Distrito Federal. É importante ressaltar que os números representam apenas a ponta de um enorme iceberg de violências. Segundo a pesquisa do Lacri, a segunda modalidade de violência doméstica mais notificada é a física. O relatório da OMS aponta que, entre as violências físicas, as que mais atingem as crianças pequenas se manifestam com fraturas em locais que normalmente não seriam quebrados. Há também muitos casos de crianças de até 9 meses deidade que sofrem da Síndrome do Bebê Sacudido, causada por sacudidas de forma violenta na criança, que podem gerar hemorragias e até a morte. Ainda de acordo com a sistematização do Lacri, a violência sexual é um dos tipos de violência doméstica contra crianças e adolescentes menos notificados. Essa baixa presença nas notificações pode ser justificada pelo tabu que representa.

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Fonte: Laboratório de Estudos da Criança (Lacri) da Universidade de São Paulo (USP), Quadro Síntese de Violência Doméstica Notificada, 2005 (link estatísticas brasileiras em

www.usp.br/ip/laboratorios/lacri/).

Com relação ao índice de violência no RS, os delitos e agressões são a segunda causa de óbitos (27,5%). As figuras, a seguir, mostram a distribuição da violência por sexo, em cada grupo etário.

Distribuição proporcional dos delitos e agressões, das auto agressões, da violência sexual, dos maus tratos com o sexo masculino em cada grupo etário, RS,

2005.

Os delitos e agressões iniciam na faixa etária dos 5 aos 9 anos, aqui

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sendo incluídas as situações de agressões praticadas por colegas e familiares de idade próximos às das crianças vitimizadas. Observa-se que, nos meninos, as situações de violência sexual ocorrem na faixa etária de 1 a 14 anos.

Distribuição proporcional dos delitos e agressões, das auto agressões, da violência sexual, dos maus tratos com o sexo feminino em cada grupo etário, RS,

2005.

A comparação entre as figuras acima revela que, diferentemente do que ocorre com o sexo masculino, no feminino a violência sexual é verificada em todas as faixas etárias, com exceção daquela menor de um ano. Proporcionalmente, com o aumento da faixa etária são maiores as freqüências de situações de auto agressões.

Distribuição proporcional dos tipos de relação do agressor quando a pessoa agredida é do sexo feminino.

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Informações mais detalhadas quanto à identificação da pessoa atendida, ao agravo, a situação geradora deste e ao desfecho do atendimento, permitem um conhecimento mais aprofundado da morbidade de acidentes e violências e consequentemente contribuem para a melhor estruturação de políticas públicas, direcionadas e articuladas intersetorialmente para as ações de assistência, reabilitação e prevenção dos agravos decorrentes de causas externas.

A violência sexual representa um sério problema de saúde pública, que implica em grande impacto físico e emocional para aqueles que a ela são expostos. Estudos mostram que crianças e adolescentes sexualmente abusados desenvolvem transtornos de ansiedade, sintomas depressivos e agressivos, apresentam problemas quanto ao seu papel e funcionamento sexual, bem como sérias dificuldades em relacionamentos interpessoais. Evidências ainda apontam para a existência da associação entre abuso sexual na infância e adolescência e ocorrência de depressão na idade adulta.

Neste contexto e no complemento dos diversos projetos e programas de atuação preventiva a estes segmentos da população, é que emerge a necessidade de um Programa Social de Ação Educativa que possa atuar preventivamente nessa faixa etária, junto às famílias gaúchas.

Como o trabalho é coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde, é utilizado o critério de Regionalização da Saúde para a operacionalização e identificação dos Municípios que desenvolvem o Programa, conforme identifica o mapa abaixo:

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A estrutura do Programa que será melhor explicitada em seções subseqüentes, trabalha no ensejo de contribuir para a melhoria destes índices, no âmbito da gestão pública, com as seguintes finalidades:

Adesão da maioria dos municípios gaúchos ao Programa com implantação do atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade social, preferencialmente com crianças de 0 a 3 anos.

Estruturação, capacitação e apropriação metodológica das equipes gestores locais destes municípios, por meio de consultoria técnica sistemática provida pela Coordenação Estadual.

Estruturação, redimensionamento e articulação das redes de serviço visando beneficiar o público alvo.

Objetivo do Programa reconhecido, apoiado e divulgado na sociedade;

Programa inserido no escopo das políticas públicas municipais com prioridade e gestão em todas as esferas.

Ao priorizar a infância, o PIM busca a estimulação das competências e habilidades necessárias ao desenvolvimento integral nessa faixa etária, a redução dos índices de repetência, de evasão escolar, de gravidez na adolescência e de violência juvenil, contribuindo também para o rompimento dos ciclos de pobreza. O seu público–alvo são famílias em situação de vulnerabilidade social, cujas crianças, por motivos diversos, encontram-se fora do sistema institucional de Educação Básica.

A seguir James Heckmann, Prêmio Nobel de Economia do ano 2000, demonstra a relevância do investimento na saúde e na educação de crianças pequenas, como garantia do crescimento sócio, político e econômico, no estado.

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CONHECENDO O PIM

Por que Investir na Primeira Infância do ponto de vista da Economia:

• Ambientes sem em estímulo às crianças e que não cultivam capacidades cognitivas e sócio-emocionais colocam as crianças em desvantagem desde o início, e podem levá-las, em idade adulta, ao fracasso em várias dimensões.

• Ambiente familiar: melhor espaço para estimulação de potencialidades e de redução de lacunas cognitivas e sócio-emocionais.

• Compensações tardias na formação e na qualificação da força de trabalho têm custo alto e pouco retorno no crescimento econômico e na qualidade do

capital humano. • A formação de um trabalhador

qualificado resulta de um processo educacional que começa antes da escola e

continua durante toda a infância e adolescência. Portanto:

“É preciso que as políticas públicas não só enfoquem questões relacionadas às habilidades voltadas para a inteligência humana, mas também contemplem as habilidades sócio-emocionais que são fatores determinantes do sucesso sócio-econômico e da redução dos índices de desigualdade social para maior qualificação do capital humano.” James Heckmann no I Simpósio Internacional da

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Primeira Infância – O Desenvolvimento Econômico na Primeira Infância, em Porto Alegre, 2006.

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BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL

Na história da legislação brasileira sobre a infância, há registros da existência de três momentos marcantes sobre a legislação relativa à evolução dos direitos das crianças. Aquela que enfoca penalidades a serem aplicadas às crianças infratoras que, por volta de 1979, realizou uma discussão legal sobre a situação irregular dos “menores infratores”, enfatizando aspectos referentes à exclusão ou repressão, onde a figura do Curador de Menores passou a ter um destaque no Código de Menores.

A promulgação da Constituição Federal Brasileira, em 1988, considerado o mais importante e significativo avanço na discussão e na condição das crianças e dos adolescentes em nosso país, que no seu artigo 227, atendendo a orientações da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, das Nações Unidas (NY, 1989) estabeleceu como primeiro e essencial direito de toda criança, o direito à sobrevivência, inserindo como sujeitos de direitos, a infância e a juventude, regulamentados, em 1990, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Art. 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 4º, 5º e 70: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.

No artigo 5º se lê que:“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão punida na forma da lei, qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.

E no artigo 70 ficou definido que:“É dever de todos prevenir a ocorrência ou violação dos direitos da criança e do adolescente”.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxx

Partindo desta nova concepção que rompe o paradigma da criança e do adolescente pobre, há uma grande mudança no foco da legislação referente a estes segmentos, ou seja, da exclusão e repressão,para a obrigatoriedade da família, da sociedade e do poder público de zelar e guardar, passando ao enfoque da inclusão social, da prevenção, da promoção e do cuidar e educar.

Na doutrina de proteção, a criança que antes era tratada como 15

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objeto, passa a ser entendida como “sujeito de direitos”, como alguém em desenvolvimento, devendo ser considerada prioridade absoluta nas questões de proteção integral. Portanto, são significativos na história do Brasil, leis que defendem crianças e adolescentes pelo viés da inclusão e promoção social, focando também o fortalecimento e o apoio a famílias menos amparadas, com a defesa e a vigilância constante destes direitos pela sociedade.

O que se depreende deste contexto legal é que, antes da Constituição de 1988 e do ECA (1990), o atendimento à faixa etária abaixo dos 7 anos era de natureza assistencial, não-educacional, e numa visão de saúde pública não universalizada, não havendo maior comprometimento do Estado com a primeira infância, além do “velar e guardar”.

Após 1988, contudo, a nova legislação (incluindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), legitima o papel do Estado /Poder Público com a primeira infância. No artigo 208, IV, por exemplo, fica estabelecido que a creche e a pré-escola (ou entidades equivalentes) para crianças de 0 a 6 anos torna-se dever do Estado/Poder Público, e esta passa a ser reconhecida como instituição educativa, ou seja, a primeira etapa da Educação Básica no sistema regular de ensino: educar e cuidar. Enquanto isto, o papel do Poder Público se traduz como reconhecimento do direito da criança e da família e como dever do Estado, de forma a garantir ações para o desenvolvimento integral nos aspectos físico, psicológico, intelectual e sócio-afetivo, integrando escola, família e comunidade.

Além disso, o artigo 211, §2, da Constituição Federal e o artigo 11, V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, estabelecem que este cuidado com a primeira infância deva ser de competência ou responsabilidade dos municípios. Essa repartição de responsabilidades na educação escolar provocou um repensar sobre a situação dos municípios e das famílias, em especial com relação àquelas que não tem acesso às escolas de educação infantil. Isto está diretamente relacionado às características da educação infantil, se comparadas com as da educação básica, uma vez que, a primeira, pressupõe que o trabalho com crianças pequenas deve assumir a educação e o cuidado como duas dimensões indissociáveis.

A Lei Federal nº. 8080 de 1990, traz no seu artigo 7º como direitos fundamentais, os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS): a Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; a Integralidade de assistência tanto individual como coletiva; a Eqüidade na preservação da autonomia e integridade física e moral de cada um; e a Resolutividade nos serviços, com ênfase na descentralização político-administrativa e na participação da comunidade nas questões de saúde.

No que se refere à Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS – ficou estabelecido que, na organização de programas, projetos e serviços assistenciais, devam ser priorizadas as crianças, os adolescentes e suas famílias.

Portanto, o reconhecimento de uma nova postura de gestão pública, incorpora a compreensão de que o ser humano tem direito ao cuidado e à

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educação desde o nascimento, contando com uma família fortalecida e competente, pois representa a primeira instituição que promove os valores e os contextos culturais nos quais estão inseridos. Outrossim, o Poder Público deve, em todas as suas esferas, responsabilizar-se e priorizar os segmentos em questão, em suas ações, devendo a sociedade zelar pela promoção e pela garantia de acesso a esses direitos.

MARCOS LEGAIS DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR - PIM

O Rio Grande do Sul atendendo a este novo ordenamento legal, instituiu em 2003 o Programa Primeira Infância Melhor – PIM, por meio de assinatura de um Protocolo de Intenções Intersecretarias, onde oficialmente ficou acordada a intersetorialidade como um dos eixos estruturantes e inovadores do PIM. As ações conjuntas propostas se estabeleceriam através da:

a) disponibilidade e designação de recursos humanos necessários à Coordenação e ao Grupo Técnico Estadual/GTE;b) responsabilidade na execução das tarefas atribuídas aos representantes dessas Secretarias, com vistas ao pleno sucesso do Programa;c) elaboração, coordenação, monitoramento e avaliação da política estadual de Promoção do Desenvolvimento da Primeira Infância Melhor, com crianças de 0 a 6 anos, no Estado do Rio Grande do Sul.

Em 7 de abril de 2003, o então Governador do Estado assina o Decreto nº. 42.200, instituindo o Dia Estadual do Bebê – dia 23 de novembro – e a Semana Estadual do Bebê, como parte do calendário oficial, onde a sociedade rio-grandense é convidada a organizar e a participar de atividades sócio-educativas, em parques e locais públicos que promovam a primeira infância.

O “Prêmio Viva a Criança”, criado na mesma data, através do Decreto Estadual 42.201, constituiu-se em outro marco legal na história da legislatura sobre a primeira infância no Estado. O “Prêmio Viva a Criança” é outorgado àqueles municípios que alcançaram os menores índices de mortalidade infantil. A premiação ocorre no Dia Mundial da Saúde, em 7 de abril.

Na ocasião, foi assinada também a Portaria nº 15/2006 que oficialmente implanta no Estado do Rio Grande do Sul o Programa Primeira Infância Melhor (PIM). Considerando-se que o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 6 anos passa a ser prioridade no Plano de Metas do Governo, os gestores municipais foram mobilizados para o estabelecimento de ações conjuntas nos processos de implantação e de implementação do Programa em todo o Estado do Rio Grande do Sul, ficando definidas algumas das responsabilidades do Estado e dos municípios junto ao PIM:

Art. 4º É de responsabilidade do Estado:1- Atender as finalidades previstas no Decreto nº. 42.199 que institui

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o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância (CEDIPI) e no Protocolo de Intenções/2003, cuja finalidade está voltada à promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos de idade, com ênfase no período de 0 a 3 anos, no Estado do Rio Grande do Sul.

2 – Promover a capacitação dos técnicos das Secretarias da Saúde, da Educação, do Trabalho, Cidadania e Assistência Social dos Municípios e de agentes multiplicadores de entidades não governamentais parceiras.

3 – Proporcionar supervisão técnica para a implantação, implementação, acompanhamento e avaliação do Programa Primeira Infância Melhor.

Art. 5º É de responsabilidade do Município:1 – Implantar o Programa Primeira Infância Melhor no Município.2 – Implementar, no âmbito do Município, as ações necessárias à

consecução deste Programa em todas as etapas previstas no Termo de Adesão.

3 – Garantir as condições necessárias para o processo de capacitação e educação dos Monitores e Visitadores.

Art. 6º A prestação de contas dos recursos recebidos será através dos Relatórios de Gestão Municipal de Saúde, de acordo com a Legislação em vigor.

É nesse contexto que as ações conjuntas entre Estado e município estabeleceram como eixos estruturantes de referência do Programa: a família, a comunidade e a intersetorialidade.

Outro marco histórico foi a assinatura do Decreto 42.199/2003 que instituiu o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância (CEDIPI) cujas atribuições são:

Propor políticas de parceria entre o Governo e a sociedade civil para a promoção do Desenvolvimento Integral da Primeira Infância no Estado do Rio Grande do Sul; promover a realização de eventos, cursos, estudos e pesquisas relativas ao desenvolvimento infantil; promover e acompanhar convênios, contratos e acordos de cooperação técnica visando a realização de seus objetivos; integrar as ações de Governo e das entidades civis, no acompanhamento e ampliação das políticas de promoção de desenvolvimento da primeira infância; informar e promover a mobilização social no Estado em relação à Primeira Infância; programar os eventos estaduais como o Dia e a Semana Estadual do Bebê.O Comitê é composto por duas instâncias, o Fórum Estadual de

Desenvolvimento da Criança e a Equipe Executiva.O Fórum Estadual de Desenvolvimento da Criança é integrado por

dois representantes (um titular e um suplente) de diferentes federações e associações vinculadas ao comércio, zonas rurais, aos municípios, às indústrias, às comunidades e aos moradores de bairro, bem como às fundações, organizações não-governamentais (ONGs), entidades filantrópicas, além daquelas de apoio às micro e pequenas empresas.

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Finalmente, o Programa Primeira Infância Melhor foi instituído como Lei Estadual nº 12.544/2006, em 13 de junho de 2006 e sancionada pelo Governador em 03 de julho do mesmo ano, tornando-se uma política pública intersetorial, no Estado do Rio Grande do Sul, com atribuições para as Secretarias integrantes, definidas na própria Lei.

Em anexo, o leitor encontrará cópia das referidas legislações estaduais.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO PROGRAMA:

NEUROCIÊNCIA, TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO.

A chave para explicar o desenvolvimento psíquico do ser humano está nas relações que se estabelecem entre as leis biológicas e as leis sociais. No período em que somos regidos mais pelas leis biológicas – o filogenético – as contribuições da Neurociência são fundamentais para explicar o chamado “milagre da vida”: da concepção ao nascimento.

Os exames de ultra-som em (4 D real), por exemplo, revolucionaram o campo da saúde, em especial no que se refere aos cuidados que as gestantes devem tomar quanto à saúde e ao desenvolvimento do feto.

Um dos pioneiros nos estudos da concepção e desenvolvimento do feto através desses exames, o Dr. Steward Campbell, afirma que é possível analisar a incrível variedade de comportamentos dos fetos durante todo o período da gestação. Ao ver o rosto de um bebê na barriga, os pais já têm a possibilidade de fortalecer seus vínculos afetivos com o seu bebê muito antes do seu nascimento.

Na “viagem pelo útero” de uma gestante, é possível perceber que entre 6 – 11 semanas de um óvulo fecundado, por exemplo, é o período em que os reflexos do caminhar, saltar, pular se estabelecem e as paredes do útero passam a ser usadas pelo feto como um “trampolim”. Além disso, com 16 semanas de fecundação o cérebro passa a controlar todo o movimento do corpo, através dos sensores que lhe dão feedback constante.

Com relação ao cérebro humano, mais especificamente, desde a sua formação, apresenta três funções bem definidas: ele percebe, processa e dá uma resposta. Na formação cerebral, é possível percebermos 3 níveis distintos, a saber: a) o nível primitivo, que se caracteriza por ser intuitivo, onde se localizam nossos impulsos, nossa prontidão para o ataque ou para a defesa; b) o nível mediano onde se localiza o nosso sistema límbico (afeto/emoções); e c) o nível superior, que herdamos dos primatas (há 14 milhões de anos), no qual

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se localiza o racional.Nesse processo da concepção humana, graças aos estudos recentes

no interior do útero humano, é possível afirmar que existem três etapas distintas. Na primeira, dá-se a formação dos órgãos; na segunda, após os 6 meses, dá-se o desenvolvimento dos sentidos e os primeiros estímulos do mundo exterior, e a terceira, a partir da 26ª semana, onde se formam os pulmões e se especializam os sentidos, a percepção, e onde começa, com relação ao cérebro, o processo de armazenamento de lembranças pelo reconhecimento e familiarização com a voz da mãe e com o mundo sonoro externo. Daí a importância, em especial, nos últimos três meses de gravidez, de se orientar as gestantes a contar histórias, cantar cantigas, conversar e massagear a barriga, pois o processo de pensar dos bebês já inicia na gravidez, e os bebês são capazes de lembrar de fatos lúdicos como esses, após o nascimento, graças a sua memória a longo prazo.

Um dado muito relevante oriundo dos estudos da Neurociência é que entre a 2ª e 22ª semana de vida de um feto é o período em que todos os neurônios – num total de, aproximadamente, 100 bilhões – são formados. Embora ao nascer a criança já tenha a maior parte das células cerebrais (neurônio) de que necessita para toda a sua vida, essas células cerebrais ainda não estão interligadas em rede, que permitirão ao ser humano expressar a complexidade do seu pensamento.

São nos primeiros anos de vida da criança que as células irão formando rapidamente suas conexões (sinapses), a partir dos estímulos recebidos, uma célula cerebral, por exemplo, pode fazer conexões com outras 15.000 células. Nessa fase da formação neuronal que dará origem ao cérebro do bebê, já está comprovado que o estresse, a ingestão de bebida alcoólica e de drogas pode alterar significativamente a velocidade de migração dos neurônios e, em casos extremos, podem levar ao aborto.

Para Jerôme Lejeune, da Universidade de Sourbone, Paris, “desde o momento da fecundação todas as informações genéticas contidas na célula masculina e feminina já fazem parte do ser humano”.

Além disso, o Conselho da Europa, na Resolução nº. 4.376, oriunda da Assembléia realizada em 04/10/1982, também ratifica tal afirmação ao afirmar que: “a vida humana começa no ato da concepção e que já nesse momento estão presentes, em potencial, todas as propriedades biológicas e genéticas do ser humano”.

Portanto, sabemos que o bebê, ao nascer, ainda não completou toda a sua formação, bem como o desenvolvimento funcional de todos os seus órgãos. O cérebro ainda se encontra em processo de formação. Os bebês dependem dos adultos e essa predisposição inata para o contato social com o “outro” é fundamental para a sua sobrevivência.

Nesse sentido, entender também o ser humano, a partir do seu desenvolvimento ontogenético, ou seja, como se dá o seu desenvolvimento desde o nascimento até a morte, é a forma de melhor percebermos a intrínseca relação entre as leis biológicas e sociais que regem a convivência e execução de atividades em um grupo social e na formação da personalidade de cada um.

Estudos científicos (Brazelton, 1993; 2001 e 2002; Shore, 2000; Jensen, 1998; Diamond & Hopson, 1998, entre outros) também demonstram que, do nascimento até os 6-7 anos de idade, é que se formam as bases para o crescimento saudável e harmonioso das crianças nas suas dimensões físicas,

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intelectuais, sociais e emocionais.É possível, então, afirmar que o desenvolvimento biológico dos bebês

(ex. sistema sensório-motor, visão, entre outros) está socialmente condicionado e que a mente humana deve ser concebida como social, mesmo antes do nascimento do bebê.

Diamond & Hopson (1998) nos alertam para o fato de que “o mais intrigante é que os fetos não estão somente escutando no útero da mãe, eles também estão aprendendo”. Brazelton (2004), por exemplo, define esse “aprendizado” como construção da auto-estima infantil, a qual se caracteriza por três momentos fundamentais:

A compreensão do bebê de que, se for amado, desejado e estimulado ainda no ventre da mãe, ele “é importante e não precisa lutar contra o mundo”; a compreensão de que se ele se preocupa com o(s) outro(s) é porque esse sentimento o faz sentir-se bem e, a compreensão de que se ele é “amado e bem estimulado ele está pronto para aprender tudo”.

A dependência e a intimidade, que se estabelecem após o nascimento, entre a criança e seu cuidador justifica a afirmação de que o “outro” (pais, famílias, cuidadores, comunidade) tem um papel relevante tanto na transição dos processos biológicos para os culturais como na constituição das suas formas culturais de comportamento. A título de ilustração, Diamond & Hopson (1998) nos apontam para o fato de que:

Histórias lidas de forma diferente, com ritmos e sons diferentes da leitura original, suscitam nos bebês que estão no último mês de gestação, rejeição e alteração nos seus hábitos de sucção.

A concepção do ser humano como sujeito ativo, pronto para absorver, para se apropriar de toda a experiência histórico-cultural do ambiente social em que foi gerado – um ser originário e construtor dessa sociedade – constitui-se na contribuição fundamental de Vygotsky para a Teoria Sócio-Cultural e para a Psicologia do Desenvolvimento Humano. Nossa cultura tem a tendência de anular o papel ativo da criança, seu papel enquanto protagonista e, portanto, torna-se necessário que se modifique esta concepção.

Para Saviero (2005),

A educação conduz ao desenvolvimento. [a criança] ao apropriar-se da cultura material e espiritual (...) se constrói a si mesma e forma essa “aprendizagem” que se inicia muito antes da escola. Portanto, o desenvolvimento integral da criança e a aprendizagem estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida do feto.

Além disso, cientistas do Baylor College of Medicine descobriram que crianças que não brincam muito ou raramente são tocadas desenvolvem o cérebro 20 a 30% menor do que o normal para a sua idade.

Portanto, à medida que as crianças crescem os processos, antes partilhados com os adultos, acabam sendo executados dentro da própria criança, transformando-se em processos intrapsíquicos, fundamentais na

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CONHECENDO O PIM

construção da sua personalidade, da sua individualidade. Nesse sentido, especialistas na área da Neurociência alertam para o fato de que crianças que sofrem tensão extrema nos primeiros anos de vida podem ser afetadas de maneira desfavorável e permanente no funcionamento do seu cérebro, na aprendizagem e na memória. Em outras palavras, o desenvolvimento intelectual, a personalidade e o comportamento social dos seres humanos ocorrem mais rapidamente nos primeiros anos de vida. Isso significa também dizer que déficits intelectuais ou físicos ocorridos nesta etapa de 0 a 6 anos, notadamente na primeira infância, podem se converter em limitações anulativas reduzindo as possibilidades de avanços das crianças, nas funções psicológicas superiores (pensamento, linguagem, volição), mesmo que estímulos sejam oferecidos em etapas posteriores da vida humana (Vygotsky,1979;1984). Crianças que interagiram e brincaram com outras crianças e com brinquedos (isto é, que foram “bem nutridas” socialmente durante a infância), demonstram um maior desenvolvimento das funções cerebrais na adolescência (por volta dos 15 anos), se comparadas àquelas crianças “desnutridas”, ou seja, que não foram expostas a uma estimulação adequada a sua faixa etária quando pequenas.

Além disso, a gestação, as condições de vida em família e a educação são aspectos determinantes do ponto de vista histórico, social e cultural do desenvolvimento infantil, especialmente no período de 0 a 6 anos. Os relacionamentos, a construção dos vínculos afetivos e o modo de promover o desenvolvimento integral das crianças constituem meios de possibilitar a melhoria da qualidade da atenção nessa faixa etária e, por conseguinte, garantir melhor qualidade de vida para as famílias das crianças e para as próprias crianças.

Dentre os pressupostos teóricos que embasam a Teoria Sócio-Cultural e a Psicologia do Desenvolvimento, os quais servem de base para o Programa Primeira Infância Melhor - PIM, destacamos:

Sem o contexto Social e Cultural não é possível se desenvolver uma consciência humana. O pessoal e o social estão em contínua interação. “Somos fruto da cultura e do trabalho”. A cultura é a soma que integra consciências e está em contínua atividade. O desenvolvimento humano é um processo de “revolução” e de “construção” para a vida toda (dimensão dialética e marxista do desenvolvimento humano) e que se dá através de saltos qualitativos. A atividade e a comunicação são as bases constituintes e dialéticas do brincar e, através dessa mediação, se dá a construção de vínculos afetivos entre mãe/cuidador e as crianças. Desenvolvimento não é a causa, mas a conseqüência do que se aprendeu. Existem dois tipos de aprendizagem: aprendizagem real (o que o indivíduo possui, independente do estímulo) e a aprendizagem potencial (aquilo que temos em potencial e que nos possibilita ir além, desde que tenhamos a ajuda necessária). Os indicadores de desenvolvimento cognitivo dessa faixa etária (0-6 anos) são: a percepção (0-3), a memória (3-6) e o pensamento (a partir dos 7 anos). A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): a aprendizagem ocorre de forma intencional, ação direta sobre o potencial que o

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indivíduo possui. Pressuposto: “aprender mais, ajuda a criança a se desenvolver melhor”; toda vez que a criança pede ajuda e alguém mais experiente a atende, estabelece-se aqui uma troca que lhe possibilita avançar no desenvolvimento de suas potencialidades. As atividades humanas: se classificam em elementares (instinto, sentido = primeiros anos de vida até 2-3 anos); medidas (utilização de símbolos; ação interna do indivíduo) e superiores (uso da capacidade cerebral; a estimulação é auto-gerada). O ser humano é capaz de gerar suas capacidades e construir sua autonomia, de acordo com a sua faixa etária. Linguagem é pensamento e pensamento é linguagem. Diferentes faces de uma mesma moeda. Pensamento é ação, é atividade prática. O refinamento da ação surge com o refinamento da sensibilidade; daí a importância da comunicação no ato do brincar. As formas de trabalho, os estilos de vida e a linguagem da comunidade têm de ser incorporados pelas crianças, para que esta se torne um indivíduo, ou seja, um ser humano inserido na sociedade e na história. O desenvolvimento não é produto de uma simples continuidade e linearidade pro - forma, nem tampouco o resultado da soma quantitativa de pequenos efeitos. Na visão marxista, é a soma de pequenos acontecimentos que leva a um salto qualitativo. Cada estágio representa a negociação dialética com o estágio anterior. As condutas que pertencem ao primeiro estágio são assumidas pelo novo estágio. Daí falarmos em ganhos de uma etapa para outro no desenvolvimento infantil. O ensino, a educação (das crianças) não deve se basear no desenvolvimento já alcançado, mas deve se projetar ao que o sujeito deverá atingir no futuro, como produto do seu próprio processo. O desenvolvimento de cada criança não pode se realizar de forma descontextualizada. Deve incluir: 1) a história individual do seu desenvolvimento; 2) as condições concretas do seu meio; 3) a dinâmica que nele se produz; e 4)crianças na mesma etapa de desenvolvimento cultural: peculiaridades, condições específicas que as tornam diferentes. Período de 0 a 6 anos: é a fase mais sensível àqueles aspectos que influenciam no desenvolvimento da percepção, imaginação e pensamento representativo.

O que mais chama a atenção nas idéias de Vigotsky é a sua capacidade de integrar, como ponto de partida, a ação e seus significados, os instrumentos do conhecimento com os instrumentos da ação, a atividade individual e a atividade social em uma unidade dialética. Os próprios conceitos de ensino e de aprendizagem, em língua Russa, por exemplo, são representados por uma única palavra, ratificando assim a indissociabilidade entre o ensinar e o aprender. Como principais desafios educativos, temos que buscar identificar a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) de cada criança, além de estabelecer objetivos independentes, separados de ações de orientação, tendo como referência os ganhos da faixa etária anterior referente ao seu desenvolvimento.

Nesse sentido, todos esses pressupostos ratificam a idéia de que a 23

CONHECENDO O PIM

psique humana tem uma origem social e que as atividades que desenvolvemos com as crianças de 0 a 6 anos de idade, bem como o tipo e a qualidade da comunicação que estabelecemos com elas nessa faixa etária são dois processos fundamentais que as possibilitam ter acesso e se apropriarem das experiências e das interações sociais no mundo em que vivem e atuam. Educar, portanto, é sinônimo de apropriar-se, dos objetos, das pessoas, do mundo que nos circunda e no qual devemos ter participação ativa.

Nesta perspectiva, todo o ato da criança é concebido como algo que ocorre em um ambiente típico da espécie humana mediado pelos símbolos e signos que as rodeiam, ou seja, é construído através da história da humanidade, onde sua mente é constituída “no” e ”pelo” ambiente social e cultural em que atua.

OBJETIVO E PRESSUPOSTOS BÁSICOS DO PROGRAMA

O Programa Primeira Infância Melhor - PIM tem como objetivo “orientar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, para que promovam o desenvolvimento integral de seus filhos, desde a gestação até os 6 anos de idade, com ênfase no período de 0 a 3 anos”.

A proposta do Programa é orientar as famílias, em especial aquelas em situação de vulnerabilidade social, para o exercício de suas competências e na superação de suas dificuldades, proporcionando mudanças na tomada de consciência dos pais/cuidadores/gestantes e da comunidade, com vistas à melhoria desses contextos familiares, enquanto espaços promotores de qualidade de vida na primeira infância. Tudo isso dentro de uma concepção de gestão pública voltada para o desenvolvimento social planejado, elaborado e executado, através de ações articuladas de promoção da criança, enquanto sujeito de direitos.

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CONHECENDO O PIM

Quanto à metodologia e ao referencial teórico, contou com a assessoria de especialistas cubanos do Centro de Referencia Latinoamericano para La Educacion Préescolar – CELEP/CUBA, além da parceria com outros organismos internacionais como a UNESCO, por meio de um projeto de Cooperação Técnica Internacional e o UNICEF.

O PIM é um Programa intersetorial, integrado por representantes governamentais como a Secretaria Estadual da Saúde; Educação; Cultura; Justiça e Desenvolvimento Social, onde juntas têm a função de gerir o programa político e institucionalmente, cabendo à Secretaria Estadual de Saúde sua coordenação contando ainda, com as administrações dos diferentes Municípios na operacionalização do Programa junto às famílias e gestantes, bem como com a parceria de empresas privadas e ONGS, no complemento desta articulação.

EIXOS ESTRUTURANTES DO PROGRAMA

O Programa Primeira Infância Melhor - PIM, pioneiro enquanto política pública voltada à Primeira Infância, tem suas bases teórico-metodológicas alicerçadas no modelo de uma gestão compartilhada e integrada, através da unidade da rede de serviços, intra e interrelacionadas no âmbito das esferas das administrações que se comprometem com sua implantação/implementação.

Tem sua metodologia simplificada, de alto investimento social, focada e dirigida ao desenvolvimento infantil, partindo das dimensões que compõem o ser humano. Sua sustentabilidade se dá pela viabilidade financeira e pela capacitação sistemática dos atores envolvidos na implantação e implementação do Programa pelos municípios.

O funcionamento do PIM, em cada um dos eixos estruturantes, será 25

CONHECENDO O PIM

melhor apresentado a seguir:

FAMÍLIA, COMUNIDADE E INTERSETORIALIDADE, FOCOS DA AÇÃO DO PROGRAMA

Para garantir a cidadania de nossas crianças, através do estímulo ao seu desenvolvimento integral e no fortalecimento da responsabilidade de suas famílias, devemos superar as formas de atendimento fragmentadas e descontínuas, presentes na execução em muitas de nossas políticas públicas, bem como, contar com o apoio e a mobilização da comunidade, zelando pelo bem estar e o crescimento local.

Nesta perspectiva, beneficiar crianças, gestantes, suas famílias e o desenvolvimento das comunidades locais, principalmente o segmento populacional socialmente mais excluído, é considerar que programas, projetos e/ou serviços deixem de concentrar-se em ações pontuais e ineficientes, com problemáticas complexas, para construir uma rede articulada, com atividades, objetivos, metas e benefícios planejados e avaliados, no apoio à política integral da primeira infância.

O PIM, sob esta ótica, sintetiza-se como um dos Programas do Governo do Estado que se revela eficiente e de qualidade ao constituir-se em uma rede intersetorial, de multiplicidade de serviços através das parcerias que foram estabelecidas com outras Secretarias Estaduais e com a sociedade.

Os pilares estruturantes do programa foram concebidos a partir da necessidades de uma orientação adequada a pais e cuidadores, qualificando seus papéis, a valorização e a significação cultural da comunidade e a responsabilidade do poder público em suas instâncias, através de uma gestão partilhada, integradora, com a função específica de dar acesso a direitos e um atendimento qualificado. E entre esses, temos:

A família, nela incluída a gestante, entendida como instituição primeira, mantida e comprometida pelas dimensões sociais, legais (deveres), morais e afetivas, na construção de relações estáveis com suas crianças.

A comunidade como espaço de potencialidades, recursos humanos, materiais e institucionais, além dos seus costumes, produções culturais e saberes que possam contribuir para uma melhor qualidade de vida das novas gerações – em especial, das crianças de 0 até 06 anos. Seu papel é de mobilizar, potencializar, divulgar e apoiar as ações educativas e de saúde voltadas para o desenvolvimento integral da primeira infância.

A intersetorialidade no PIM se define como um conjunto articulado de ações, em rede de apoio à gestante, à criança de zero até 06 anos e suas famílias. Nesta articulação, ficam preservadas as especificidades de cada Secretaria, sem justaposição de programas, mas com um conjunto de atividades que desenvolva e disponibilize um atendimento, de acordo com as demandas da população-alvo, agregando, deste modo, uma forma inovadora de gerir políticas públicas.

Para o Executivo Estadual, a infância como prioridade, é um eixo integrador de políticas públicas que passou a ser contemplada nas Secretarias parceiras, através de diferentes ações dentro de programas desenvolvidos pelas mesmas.

A Secretaria Estadual da Saúde, coordenadora do Programa, articula Programas e serviços de sua própria rede, em especial aqueles

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CONHECENDO O PIM

voltados à família, à gestante, à criança, à violência, tendo apoio especial dos agentes comunitários de saúde.

A Secretaria Estadual da Educação, por exemplo, além dos projetos na área da Educação Infantil e de formação dos educadores, desenvolve o Projeto “Escola Aberta” que objetiva trabalhar com as famílias, as crianças e a comunidade em geral, durante os finais de semana, abrindo os espaços escolares para atividades e oficinas que promovam as relações sociais e o desenvolvimento de crianças e adultos saudáveis e felizes. Junto ao PIM, representantes de cada uma das Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) participam ativamente das visitas e assessorias às famílias do PIM, enquanto porta vozes do Grupo Técnico Estadual (GTE) junto ao Grupo Técnico Municipal (GTM) em cada município que implanta o Programa.

Por outro lado, a Secretaria Estadual da Cultura faz a interface com o Programa Primeira Infância Melhor através de uma política abrangente no Estado - que promove eventos culturais como exposições, seminários, espetáculos teatrais, musicais e também, a partir de todo o acervo disponível em museus históricos e de arte, bibliotecas, centro de arte infantil, Fundações como a TV Educativa, a Orquestra Sinfônica e a Rádio FM Cultura, entre outras instituições. Na parceria com o PIM, além da representação junto à Coordenação do Programa, a Secretaria Estadual da Cultura participa ativamente das Capacitações Regionais e Continuadas, através da promoção de atividades comunitárias, apoio e orientação às famílias, como a Semana do Bebê, a Passeata do Bebê e a organização de seminários e oficinas – em especial as que fazem parte do Encontro de Atualização para Visitadores, que ocorre quando das comemorações do aniversário de implantação do Programa. Especialmente dirigido ao público do PIM como o Grupo Técnico Estadual (GTE), os Grupos Técnicos Municipais (GTMs), as famílias, os Visitadores e os Comitês para a Primeira Infância, os projetos culturais estão sendo promovidos pelo Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, Biblioteca Infanto-Juvenil Lucília Minnsen e Oficina do Sapato florido da Casa de Cultura Mário Quintana e Centros de Desenvolvimento da Expressão de Porto Alegre, Bagé e Passo Fundo. Estes Projetos incluem Programas como a Arte no Galpão, Promovendo Raízes, Oficinas de Contação de Histórias para Escolas de Educação Infantil, famílias e crianças de 2 a 6 anos de idade; Oficinas de Arte; Museu do Brinquedo, Oficinas permanentes de desenho, pintura, modelagem em argila e teatro para crianças e jovens; Cursos de Formação em Arte-Educação para profissionais das áreas da Saúde, Educação e Cultura.

Na área da Assistência Social, a Secretaria Estadual da Justiça e Desenvolvimento Social desenvolve alguns programas que, direta ou indiretamente, apóiam o desenvolvimento infantil, como:

Programa de Apoio à Criança (PAC) – objetiva promover o desenvolvimento das potencialidades das crianças de 0 a 6 anos, oferecendo atividades em brinquedotecas, creches volantes e atendimento domiciliar.

Rede de Cidadania, Orientação e apoio Sócio-Familiar (OASF) - propõe atuações com famílias para que elas possam cumprir seu papel socializador e de protetor de seus membros, bem como desenvolver sua autonomia com vistas a sua interação social.

Apoio Sócio-Educativo Familiar (ASEF) – promove ações sócio-educativas com famílias em situação de risco pessoal e social.

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CONHECENDO O PIM

O Programa Bolsa Família,uma parceria com o governo Federal, é um programa de transferência de renda a famílias em situação de vulnerabilidade social.

A participação dessa Secretaria junto ao PIM destaca-se pela oferta de apoio e orientação familiar, auxílio na busca/geração de emprego nas comunidades, bem como no combate/prevenção da violência doméstica e abuso sexual na infância.

Portanto, essa cooperação intersetorial, que serviu de referência para a constituição da Coordenação do Programa, também tem servido de referência para a adoção de um novo modelo de gestão pública no Estado, integrando os serviços e ações das demais Secretarias, toda vez que uma necessidade é detectada na família ou na comunidade e, dessa forma, contribuindo para melhor alavancar o desenvolvimento social dos municípios que aderiram ao PIM.

Nos municípios, a rede se reproduz. Num primeiro momento, na implantação, à luz da formação original do Estado, gerenciado por um Grupo Técnico Municipal (GTM) que representa as diferentes Secretarias, as quais se responsabilizam pelo processo de implantação, execução, acompanhamento e avaliação do Programa.

No entanto, esta parceria inédita somente se efetivará através da vontade política e do empenho dos Prefeitos, Gestores, equipe e sociedade, na priorização da Infância como uma Política Pública de base.ESTRUTURA DE PESSOAL E ATRIBUIÇÕES

GRUPO TÉCNICO ESTADUAL GTE – é o grupo gestor e coordenador do Programa, formado por técnicos das Secretarias Estaduais de Saúde, Educação, Cultura e Assistência Social e de representantes das Coordenadorias Regionais de Saúde e da Educação e, atualmente agregando a parceria das Delegacias Regionais da Secretaria Estadual da Justiça e Desenvolvimento

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SAÚDE CULTURA

- Educação Infantil.- Alfabetização.- Formação profissional.- Programa de acompanhamento e avaliação do ensino fundamental.

- Saúde da Família.- Planejamento familiar.- Aleitamento materno.- Vacinação.

- Eventos culturais, comunitários.- Acesso a acervos museus, bibliotecas, brinquedoteca.

JUSTIÇA DESENVOLVIMENTOSOCIAL

- Apoio e orientação familiar.- Geração de emprego e renda.- Violência Doméstica.- Registros de Nascimentos.

ONG e ENTIDADES SOCIAISComitê Municipal para a Primeira Infância

EDUCAÇÃO

SERVIÇOS DA REDE DE

APOIO AO PIM

CONHECENDO O PIM

Social.É também responsável pela elaboração de estratégias de implantação

e implementação do Programa nos municípios. O GTE assessora, monitora, capacita e avalia o GTM, Monitores e Visitadores do PIM.

É um grupo multidisciplinar, com formação superior nas áreas social, de educação e de saúde.

GRUPO TÉCNICO MUNICIPAL GTM – integrado por representantes de cada Secretaria envolvida no programa, gerencia o PIM no município.

É capacitado pelo Grupo Técnico Estadual. Responsável pela organização, planejamento, execução e

acompanhamento da Capacitação dos Visitadores e Monitores e das ações de implantação e implementação do PIM, estabelecendo uma sistemática de ação.

Participa da seleção das famílias que serão beneficiadas pelo Programa, a partir da área escolhida, bem como da criação e do desenvolvimento das ações do Comitê Municipal.

Rotina do GTM – organiza a documentação do PIM como, Termo de Adesão, Situação da Primeira Infância, Mapeamento das Áreas, Plano de Ação, Informes Trimestrais, Cronograma de Atividades da Equipe, Fichas de Identificação da Equipe, Atas de Reuniões e Capacitações, Relatórios de Visita, entre outros. Capacita monitores e visitadores, acompanha visitas às famílias, organiza eventos, proporciona atividades comunitárias, divulga as ações do Programa à sociedade, informa ao Comitê sobre o andamento das atividades, relata ao gestores questões que os envolvem e propõe soluções às demandas, através dos serviços existentes no município, articulando a Rede.

As reuniões do GTM têm, em geral, dois enfoques:a) questões de natureza técnico-administrativa sobre capacitação de Monitores e também de contratação de Visitadores, articulação com a rede de serviços e sensibilização de Gestores e de segmentos para o Comitê da Primeira Infância.

b) planejamento didático-pedagógico e assessoramento aos Monitores e Visitadores quanto às atividades junto às famílias, além do acompanhamento e avaliação das ações do PIM.

MONITOR – profissional de nível superior, preferencialmente na área da educação, que tem por atribuição orientar, supervisionar e transmitir conhecimentos aos visitadores, acerca da metodologia do Programa, para que estes os apliquem junto às famílias.

Será selecionado e capacitado pelo Grupo Técnico Municipal. Responsável pela coordenação, acompanhamento, apoio e monitoramento do planejamento e execução do trabalho de um grupo de 05 visitadores. Faz a interlocução entre GTM e Visitador.

VISITADOR – é a pessoa que realiza, semanalmente, o trabalho direto com as famílias, em suas casas. Planeja, executa e avalia atividades individuais e grupais com gestantes, famílias e suas crianças, tais como:

orientar as famílias sobre as atividades de estimulação adequadas ao desenvolvimento das crianças e gestantes;

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CONHECENDO O PIM

controlar a qualidade das ações educativas realizadas pelas próprias famílias junto às crianças; acompanhar os resultados alcançados pelas crianças; manterem dia a documentação (informes, relatórios, anotações); ser responsável pelo trabalho com 25 famílias.

COMITÊ MUNICIPAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA

A Sociedade em Ação pela Primeira Infância

O Comitê para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância é um órgão colegiado, de caráter consultivo, formado por entidades governamentais e não – governamentais e que tem como atribuições:

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CONHECENDO O PIM

propor e integrar ações de parceria entre governo e sociedade civil; promover a realização de eventos, cursos e estudos relativos ao tema; informar e promover a mobilização social, no âmbito municipal e/ou regional, em relação à primeira infância; programar, organizar e realizar a Semana e o Dia do Bebê.

O Papel do Comitê Municipal tem como foco:

Articulação – unir esforços e construir relações de cooperação, através das diversas ações desenvolvidas no município voltado para o desenvolvimento infantil.

Intervenção – mesmo que o comitê não tenha caráter deliberativo, este tem como função manter um acompanhamento e obter informações sobre o desenvolvimento do Programa, apresentar proposta e sugerir alterações ao poder público, caso necessário.

Divulgação – desenvolver ações de informações, comunicação e mobilização social.

A Participação no Comitê Municipal se dá, basicamente, por:

Entidades não-governamentais: entidades legalmente constituídas e de reconhecimento trabalho na comunidade, entre elas:

Associação de classes, de bairros, comerciais e Religiosas. Entidades de classe/profissional. Fundações, Instituições, Sociedade Civil organizada. Organizações Governamentais e não Governamentais.

METODOLOGIA DO PROGRAMA

Para a execução do PIM, em diferentes instâncias, sua metodologia prevê os seguintes componentes:

Um sistema de capacitação permanente aos seus diferentes 31

CONHECENDO O PIM

atores. Atendimento a Gestantes e Famílias com crianças de zero até seis anos de idade, através de Modalidades de Atenção Individual, Grupal e Abordagens Comunitárias. Visitas de Acompanhamento. Supervisão. Avaliação.

CAPACITAÇÕES

A Capacitação define-se como um processo educativo, contínuo e de participação que permite facilitar a construção de competências técnicas a pessoas e grupos, com o objetivo de que cada um possa construir sua autonomia e se apropriar do PIM, para realizar as transformações internas e externas necessárias à melhoria da qualidade de vida da criança de sua família.

O enfoque do PIM na atenção sócio-educativa à Primeira Infância se concretiza através de um Sistema de Capacitações. As Capacitações objetivam aprofundar e/ou expandir dois aspectos fundamentais, ou seja, a sensibilização e a instrumentalização permanentes dos membros dos diferentes grupos que compõem o PIM (Gestores, GTE/GTM, Monitor, Visitador, Famílias, Crianças, Comunidade, entre outros).

A primeira capacitação denomina-se Capacitação Inicial. O GTE e a Coordenação do Programa, juntamente com representantes das CRS e CRE, desenvolvem um trabalho de capacitação dos representantes dos Grupos Técnicos Municipais (GTMs) dos municípios que aderem ao PIM, com uma carga horária de 40 horas semanais, quando todo o programa e os informes documentais são apresentados, discutidos e trabalhados através de palestras, vivências, psicodramas, manuseio e análise dos instrumentos de implantação e de implementação do Programa. A Capacitação Inicial, portanto, objetiva sensibilizar e instrumentalizar representantes dos GTMs para que viabilizem a implantação do PIM nos seus municípios de origem. Em geral, cada GTM conta com um representante da área da Saúde, da Educação e um da Assistência Social.

Salientamos que, para tanto, os representantes técnicos estaduais, (GTE, Sede, CRS e CRE) que gerenciam o Programa mensalmente são capacitados com, vistas à atualização de informações, estudos de temas específicos relacionados ao desenvolvimento infantil e planejamento de visitas de assessoria dos técnicos aos municípios e capacitações, sob a responsabilidade de cada regional, além de supervisão sistemática em suas assessorias.

A Capacitação Continuada Regional, é planejada, elaborada e executada pelo GTE sede e Regional, para GTMs e Monitores que, por sua vez, capacitam os Visitadores, sobre temas específicos como desenvolvimento infantil, questões relativas à gestão exigidas pelo Programa, e aspectos peculiares ao município e ou região.

Na Capacitação Regional, o objetivo é orientar, reforçar, avaliar e ampliar a metodologia com vistas ao aprimoramento e qualificação das

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CONHECENDO O PIM

Modalidades de Atenção. A seqüência e o complemento das capacitações se dão através da

Capacitação de Visitadores que é função precípua e de inteira responsabilidade do GTM, cabendo a ele organizar, elaborar e executar, com a supervisão e o acompanhamento dos membros do GTE sede e Regional. Cabe enfatizar que a preparação para esta etapa faz parte dos conteúdos apresentados nas capacitações ministradas pelo GTE aos GTMs e que a análise e aprovação da programação são definidas conjuntamente.

Os diversos temas explorados nesta programação têm como principal objetivo preparar os Visitadores para o exercício de suas funções junto às famílias, partindo de um perfil específico de trabalhadores que desempenham suas atividades, através de técnicas de abordagem e da busca ativa à população alvo até então desatendida.

No quadro, sintetizamos a proposta das Capacitações do PIM:

MODALIDADES DE ATENÇÃO: A PRÁTICA DO PIMA realização das Modalidades de Atenção Individual e Grupal,

complementadas pela abordagem comunitária e dirigidas às famílias com gestantes e crianças de 0 até 6 anos, constituem a parte metodológica, voltada especificamente ao alcance do objetivo do Programa.

Todo o trabalho de orientação às famílias e estímulo a seus filhos é planejado e realizado de forma lúdica e dirigida, levando em conta a faixa etária desta criança ou o período gestacional da mãe, as dimensões do desenvolvimento, caracterizadas neste Programa, seus pressupostos teóricos e os aspectos culturais no contexto vivenciado.

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PARA QUEM

GTE

GTME

MONITORES

INICIAL

COM QUE FINALIDADE COMO QUANDO

VISITADORES

ATUALIZAÇÃOSUPORTEREFORÇO

CONTINUADA

INICIAL

CONTINUADAREFORÇO

ATUALIZAÇÃO

GRUPOS DE ESTUDOSEMINÁRIOS

CURSOSOUTROS

SISTEMATICAMENTESEMPRE QUENECESSÁRIO

INTENSIVA

REGIONAL

INTENSIVA

EM ASSESSORAMENTO

40 HORAS

TRIMESTRALMENTE(UM DIA)

40 TEÓRICAS20 PRÁTICAS

SEMPRE QUENECESSÁRIO

REFORÇOATUALIZAÇÃO EM ASSESSORAMENTO SEMPRE QUE

NE CESSÁRIO

REFORÇO E ATUALIZAÇÃO

CONTINUADAREFORÇO E

ATUALIZAÇÃO

GRUPOS DE ESTUDOSEMINÁRIOS

OFICINASLABORATÓRIOS

OUTROS

QUADRIMESTRAL

CONHECENDO O PIM

A MODALIDADE DE ATENÇÃO INDIVIDUAL é realizada com a gestante e/ou com familiar/cuidador da criança de 0 a 3 anos de idade, uma vez por semana, tendo como materiais de referência os “Guias” de suporte do PIM. Nesse caso, a orientação é feita diretamente na residência dos pais/ cuidadores ou das gestantes. Toda visita é composta de três momentos bem definidos, a saber:

a) Uma retomada que analisa o desenvolvimento e os ganhos obtidos através da atividade realizada na semana anterior.Apresentação e demonstração da atividade a ser desenvolvida durante aquela visita.b) Execução da atividade pelo cuidador e/ou família.c) Orientação de nova atividade, procurando oferecer aos pais/ cuidadores e/ou gestantes, as orientações de forma clara e objetiva, respeitando os costumes e culturas familiares locais.Durante o acompanhamento, novas orientações são dadas ao

cuidador/gestante para que, na semana seguinte, desenvolva as atividades, respeitando as diferentes etapas de desenvolvimento de cada uma das crianças ou do período gestacional da mãe.

A Modalidade de Atenção Grupal

A Modalidade de Atenção Grupal, é realizada com as famílias que tenham crianças acima de 3 anos e até 6 anos de idade. O Objetivo é respeitar e promover as diferentes fases do desenvolvimento integral de cada criança nesta etapa de interação e convivência social em grupo. As atividades ocorrem na comunidade, de preferência em espaços externos amplos e abertos (como praças) ou em centros comunitários/ginásio, previamente acordado com os representantes das comunidades locais. A Modalidade se dá através de jogos, atividades lúdicas e educativas, também previamente planejadas pelos visitadores, sob a orientação do GTM ou Monitor sendo demonstradas e vivenciadas pelas famílias com suas crianças. Antes, porém, o primeiro momento do encontro é de avaliação e retomada sobre a semana anterior. Esta Modalidade contempla também os 3 momentos referidos na Modalidade Individual.

Tanto na Modalidade de Atenção Individual, como na Grupal, é muito importante, que os três componentes básicos – orientação, execução e avaliação – sejam contemplados em cada encontro do Visitador com as famílias, para que a eficácia da metodologia do PIM atinja os objetivos esperados. Além das duas Modalidades de Atenção também são realizadas Visitas de Acompanhamento e as Reuniões Comunitárias com Gestantes.

VISITAS DE ACOMPANHAMENTO

As Visitas de Acompanhamento são realizadas junto às famílias com crianças na faixa etária entre 0 até 6 anos para averiguar se os pais/cuidadores estão desenvolvendo as tarefas propostas e qual o nível de satisfação com o Programa, bem como, podem ser utilizadas para a realização

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Dinâmica de Funcionamento do PIM

Família e criança

Família e criança

Família e criança

Família e criança

I ntersetorialidadeEducação Saúde Cultura

Trabalho Ação SocialComunidade

I ntersetorialidadeEducação Saúde Cultura

Trabalho Ação SocialComunidade

I ntersetorialidadeEducação Saúde CulturaTrabalho Ação SocialComunidade

)))

Saltos no Desenvolvimento

Integral da Criança

CONHECENDO O PIM

do processo de avaliação do desenvolvimento infantil. Estas visitas são realizadas pelo Visitador, Monitor ou por representante do GTM.

REUNIÕES COMUNITÁRIAS ÀS GESTANTES

As Reuniões Comunitárias com Gestantes são realizadas e coordenadas pelo PSF ou Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com o PIM, onde são realizadas palestras e ou oficinas como grupo de gestantes, sob um enfoque fisiológico e interdisciplinar da equipe de saúde.

ATIVIDADES COMUNITÁRIAS

Além dessas ações, o PIM incentiva e orienta à Realização da Atividade Comunitária Esta tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população, estreitar as relações sociais e motivar as famílias para outras formas de entretenimento e enriquecimento pessoal.

Toda a metodologia do PIM tem como pressuposto básico o fato de que, se as crianças têm as potencialidades promovidas e desenvolvidas com o auxílio dos pais e/ou cuidadores com respeito, amor e paciência, alcançarão os ganhos propostos para seu desenvolvimento integral. Nesse sentido, é necessário que os Visitadores orientem as famílias, sistematicamente, para que possam realizar ações educativas que venham a promover esse desenvolvimento.

Portanto, a sensibilização, o respeito e a promoção das culturas familiares e das experiências de cada família na sua respectiva comunidade, além do desenho de estratégias de implementação das ações educativas do Programa, constituem a dinâmica contínua e processual do PIM enquanto política pública do Governo do Estado de Rio Grande do Sul, conforme ilustrado a seguir:

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CONHECENDO O PIM

ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR NOS MUNICÍPIOS

Para que ocorra a implantação do PIM nos municípios foram estabelecidas as seguintes etapas:

a) Sensibilização dos gestores municipais.b) Manifestação de interesse e assinatura do Termo de Adesão.c) Indicação dos representantes do município que comporão o Grupo Técnico Municipal – GTM.d) Capacitação inicial do GTM, Monitores e do digitador.e) Levantamento da “Situação da Primeira Infância no Município”, mapeamento das áreas e seleção das famílias a serem atendidas.f) Capacitação dos Visitadores.g) Elaboração do Plano de Ação.h) Contratação dos Visitadores e efetivação de ajustes administrativos.i) Visita às famílias para realização do Diagnóstico Inicial do Desenvolvimento Integral das crianças (Marco Zero).j) Implantação do Banco de Dados do PIM.k) Constituição do Comitê Municipal.

A seguir, explicitaremos cada uma das etapas citadas acima.

a) Sensibilização dos Gestores Municipais O primeiro passo para a implantação do Programa constitui-se na

sensibilização dos gestores municipais para adesão. É o momento de argumentação junto a Prefeitos e Secretários Municipais das pastas que integrarão o PIM, quanto à importância do investimento social decorrente da implantação de um programa de ação desta natureza sócio-educativo e sua relação direta com a redução dos indicadores sociais, educacionais e de saúde e, consequentemente dos gastos públicos.

Para tanto a coordenação do Programa procura sensibilizar prefeitos sobre a importância de se investir na primeira infância, organizando Encontros Estaduais e/ou Regionais, apontando questões relevantes, principalmente quanto as suas responsabilidades com a população, tais como:

As intervenções integradas junto às famílias que beneficiam: melhorias da nutrição e da saúde; estímulos de competências e habilidades de acordo com a faixa etária; redução na taxa de mortalidade infantil; melhor desempenho escolar e menor índice de repetência e evasão escolar, entre outros; O resgate do amar (construção de vínculos afetivos, proteção, valores, entre outros) e do brincar (o papel educativo dos jogos, brincadeiras) como fundamentos da condição humana; Os programas integrados de desenvolvimento infantil que contribuem para o desenvolvimento integral na Primeira Infância (estimulação da imaginação/ memória/ expressão corporal/ objetivo/ alimentação/ higiene/ atenção/ motricidade ampla e fina/

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CONHECENDO O PIM

nutrição/desenvolvimento da linguagem).

A seguir, dados, referentes à cobertura da área de educação Infantil (0 até 6 anos) no Rio Grande do Sul e sua relação custo benefício:

N° crianças 0 a 6 anos no Brasil: 23 milhões

N° crianças 0 a 6 anos no RS: 1.284.445N° crianças 0 a 3 anos: 719.425

N° crianças atendidas: 71.629 – 9,18%N° crianças 4 a 6 anos: 565.020

N° crianças atendidas: 213.555 – 37,79%

Cobertura em Educação Infantil no RS:22,2% das crianças de 0 a 6 anos

Custo Criança/Creche no Brasil:R$ 5.000,00/ano

Fontes: SIED/MEC – Censo escolar 2005, SINASC 2004, Publicação UNESCO/2006.

b) Manifestação de Interesse para Adesão

A etapa seguinte é a manifestação de interesse para adesão dos municípios ao PIM, por parte dos gestores, sob a orientação da sua Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) . A manifestação se dá através de um ofício endereçado e/ou entregue à CRS que, por sua vez, encaminha à Gerência do Programa, em Porto Alegre, enquanto orienta os municípios quanto às responsabilidades e providências iniciais.

c) Formação do Grupo Técnico Municipal

O gestor municipal escolhe e indica oficialmente aqueles representantes que comporão o Grupo Técnico Municipal – GTM, através de um Decreto Municipal. Estes representantes devem ser, no mínimo, de três Secretarias: Saúde, Educação e Assistência Social, de forma a contemplar a atuação intersecretarias no PIM.

A indicação oficial do GTM junto à CRS é encaminhada juntamente com a solicitação de Capacitação Inicial para os representantes do Grupo Técnico Municipal selecionados, onde também deverá ser especificada a forma legal de vinculação dos Visitadores ao Programa.

d) Capacitação Inicial do GTM, Monitores e Digitadores

A capacitação do GTM, Monitores e do digitador indicados pelos gestores municipais, é organizada e ministrada pelo GTE, com carga horária de 40 horas, para que o Programa e sua documentação sejam de conhecimento de todos.

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CONHECENDO O PIM

O treinamento dos digitadores focaliza a inserção dos dados e retroalimentação sistemática, com informações atualizadas sobre a implantação, implementação e expansão do Programa no município, com vistas ao registro e fidedignidade dos mesmos o que constitui atividade relevante nesta e em todas as etapas do Programa.e) Realização da Primeira tarefa: Situação da Primeira Infância

Censo e Mapeamento das Áreas a serem atendidas

Concluída a capacitação inicial do GTM, este retorna ao município de origem e inicia a realização da 1ª tarefa que consiste em: Levantamento da Situação da Primeira Infância no município. Mapeamento das Áreas a serem atendidas Seleção e cadastramento das famílias, incluindo as gestantes e as crianças. Para a seleção das famílias que serão atendidas pelo PIM, foram estabelecidos os seguintes critérios, prioritariamente:

- Famílias cujas crianças não estejam recebendo atendimento em educação infantil, pela via institucional.- Famílias interessadas em participar do Programa.- Famílias com gestantes e/ ou crianças de 0 a 3 e/ ou até 6 anos.- Famílias em situação de vulnerabilidade social com crianças de 0 a 6 anos.

Como o PIM é um Programa Social não-institucional de ação educativa, seu enfoque está voltado às famílias que não têm condições de acesso às vias formais de ensino fundamental, da qual a Educação Infantil faz parte.

Cabe esclarecer também que a implantação do Programa nos municípios deve seguir o quadro abaixo:

IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA

Primeiros três meses: por porte populacional e parecer avaliativo do GTE quanto ao

cumprimento das etapas de implantação do Programa

Porte Populacional Nº Visitadores0 a 10 mil habitantes 2+ de 10 mil habitantes 4+ de 20 mil habitantes 6+ de 50 mil habitantes 12+ de 100 mil habitantes 25

f) Capacitação de Visitadores

Constitui-se de 3 etapas: Pré – seleção dos Visitadores (publicação de edital)

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CONHECENDO O PIM

Capacitação de Visitadores Seleção final

Na Capacitação de Visitadores, cabe ressaltar aspectos referentes ao perfil destes candidatos a Visitadores como: experiência no trabalho comunitário com crianças e/ou famílias, disponibilidade para deslocamento,carga horária, interesse pela causa infantil, nível médio completo e/ou na modalidade Normal ou Nível Superior em curso; facilidade na abordagem com as pessoas; iniciativa e criatividade.

A Capacitação de Visitadores deverá ter a duração de 60 horas, sendo 40 horas de conteúdos teóricos e 20 horas de prática. Nas horas de prática, está previsto o trabalho de campo, na comunidade (levantamento da situação das famílias), e um momento de encontro para comparar e ajustar os conteúdos teóricos do PIM à realidade vivencial.

O processo de seleção deverá ser efetuado após divulgação em Edital publicizado e inscrição, constando as etapas para pré-seleção até a seleção final. Devem constar do Edital de divulgação, alguns itens como:

Atribuições e formas de atuação correspondente à função. Requisitos para inscrição. Etapas para seleção dos candidatos.As etapas eliminatórias devem ficar bem claras: nem todos os

candidatos capacitados serão selecionados, cabendo aos melhores colocados por ordem de classificação a ocupação das vagas, onde os demais passarão a integrar um banco reserva, desde que preencham os requisitos necessários.

Sendo o Visitador a figura mais importante, por atuar na ponta, junto às famílias, preencher satisfatoriamente todos os quesitos, para melhor desempenhar seu papel, constitui-se de grande importância para o bom êxito do PIM no município.

g) Elaboração do Plano de Ação

A próxima etapa na implantação do PIM é a elaboração do Plano de Ação do município, sob a supervisão e orientação do Grupo Técnico Estadual - GTE, no qual serão definidos os objetivos e ações do PIM. Neste, deverão estar contidos, através de eixos específicos, como o município irá comprometer-se e responsabilizar-se pela gestão do Programa no âmbito local. Este é um documento de registro para execução do trabalho, usado sistematicamente, visando criar, suprimir e/ou redimensionar as atividades desenvolvidas e propostas adequadas à realidade de cada localidade.

h) Contratação dos Visitadores e efetivação de ajustes administrativos

Selecionados e capacitados os Visitadores o próximo passo é a efetivação dos ajustes administrativos (contratação, cedência, entre outros) e a formalização, pelo Prefeito Municipal junto à Secretaria Estadual, da Saúde, quanto ao número de Visitadores capacitados e selecionados, bem como a previsão de data para o início das atividades, oficializando deste modo, a solicitação de habilitação do município ao incentivo financeiro a que o programa faz jus.

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CONHECENDO O PIM

i) Visita às Famílias para Realização do Diagnóstico Inicial de Desenvolvimento Integral das Crianças (Marco Zero)

Sob a responsabilidade dos Visitadores está o preenchimento, através de visita domiciliar, do Diagnóstico Inicial do Desenvolvimento Integral de crianças na faixa etária de 0 a 6 anos, comumente denominado de “Marco Zero”. Este deverá conter todas as informações sobre as famílias/gestantes/crianças que ficarão sob sua orientação desde a primeira visita.

O referido Diagnóstico caracteriza e retrata a situação real das comunidades, famílias e crianças, alvos da intervenção do Programa. É um momento, essencial para o sucesso da aplicação da metodologia, de forma real e contextual, visando os ganhos de desenvolvimento das crianças.

j) Implantação do Banco de Dados do PIM

k) Constituição do Comitê Municipal

ASSESSORAMENTO TÉCNICO SISTEMÁTICO DO GRUPO TÉCNICO ESTADUAL

Cumpridas todas as etapas de implantação, começa então a assessoria sistemática aos municípios pelo GTE, com o acompanhamento, a avaliação e a capacitação sistemática, reforçando a proposta do Programa.

A assessoria técnica aos municípios é trimestral ou quadrimestral, sendo exercida pelo Técnico do GTE e representantes do GTE nas Coordenadorias Regionais de Educação e nas Coordenadorias Regionais de Saúde.

Para esta assessoria há um planejamento trimestral, elaborado em conjunto com o supervisor e a equipe, no qual se definem as atribuições de cada um, conforme roteiro específico que é registrado e analisado com o supervisor, visando superar as possíveis dificuldades e traçar os avanços almejados.

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CONHECENDO O PIM

GUIAS COMO SUPORTES DE ORIENTAÇÃO DO PROGRAMA

O Programa Primeira Infância Melhor disponibiliza às Famílias, Gestantes, Monitores, Visitadores, GTM e GTE, materiais educativos de referência que foram elaborados de acordo com a metodologia do Programa Cubano “Educa a Tu Hijo”, porém traduzidos e adaptados à realidade local pelo GTE.

Essa série de Guias objetiva oferecer orientações que auxiliem os diferentes segmentos envolvidos no Programa a melhor estimular o desenvolvimento integral das crianças de 0 até 6 anos, desde a gestação. Sugestões de atividades, jogos e brincadeiras, além da caracterização dos ganhos em desenvolvimento que correspondem às diferentes faixas etárias são também propostos nos materiais - sempre a partir do conhecimento das necessidades da criança.

Quanto ao Guia da Gestante, o objetivo é auxiliar os futuros pais a melhor compreenderem esta fase de início da concepção e dos aspectos físico-

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CONHECENDO O PIM

emocionais e intelectuais, além dos cuidados que ambos devem ter com a gestação de um modo geral.

Portanto, a abordagem do PIM, através dos suportes de orientação e outros materiais elaborados pelo GTE constituem-se em uma abordagem de ajuda, ou seja, tem como finalidade a promoção do trabalho com os pais, integrando-se às culturas familiares locais como parte deste sistema.

Esses materiais, além de todo processo de orientação, de capacitações e do acompanhamento e avaliação das Modalidades de Atenção (Individual/Grupal) contribuem para ratificar o pressuposto de que o método eficaz de abordagem junto às famílias em vulnerabilidade sócio-econômica é o reconhecimento e a valorização dos seus talentos, aspectos positivos que elas têm, mas que não conseguem reconhecer.

Ao entrar pela primeira vez na casa de uma família, o Visitador do PIM, deverá concentrar-se em algo positivo para começar a interagir com as crianças e o seu cuidador. Nesse sentido, recomenda-se que a criança seja percebida como veículo/forma de comunicação, como descoberta e como sujeito de construção de vínculos com a família, a partir das orientações contidas nesses materiais.

AÇÕES EDUCATIVAS COMPLEMENTARES

Definem-se como ações educativas complementares aquelas atividades que dão suporte às famílias nas suas interações e educação dos filhos, na faixa etária de 0 a 6 anos, vinculadas ou não ao Programa, mediante as seguintes ações:

Atividades de divulgação como programas de rádio, através de radialistas capacitados pelo PIM sobre temas do Desenvolvimento Infantil, com orientações voltadas às competências familiares. Atividades comunitárias: feiras, eventos culturais, conferências, oficinas, entre outras, organizadas com o apoio dos Comitês Municipais da Primeira Infância, juntamente com a comunidade local. Atividades de mobilização, científicas e de apoio sobre temas relacionados ou de interesse das famílias, da comunidade, profissionais e sociedade em geral, como a Dia do Bebê/Semana do Bebê, conferências, seminários, encontros etc.

A intenção desta atividade é manter ativa uma rede municipal de serviços, socialmente comprometida com a temática.

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CONHECENDO O PIM

PROCESSO DE AVALIAÇÃO

O PIM apresenta como componente do seu referencial teórico-metodológico, uma sistemática de avaliação, periódica e/ou contínua, através do acompanhamento de suas ações, baseada nas observações e registros, com aportes de natureza quantitativa, e qualitativa.

Considerando que o objetivo do Programa é orientar a família para que promova o desenvolvimento integral de suas crianças, desde a gestação até os 6 anos de idade, faz-se necessário um olhar teórico-reflexivo sobre o desenvolvimento da criança em seu contexto sociocultural, respeitando e compreendendo suas individualidades, suas manifestações e gradativas conquistas.

O processo avaliativo do PIM se constrói através de uma rede de inter-relações, de modo a garantir uma orientação de qualidade às Famílias e às Comunidades que aderiram ao Programa.

A avaliação da qualidade das ações do Programa Primeira Infância Melhor acontece de modo contínuo, a partir da observação sistemática do GTE, GTM, Monitores e Visitadores, sobre o desenvolvimento das Modalidades de Atenção e os ganhos evidenciados nas famílias, crianças e gestantes, bem como da Comunidade e dos Atores responsáveis localmente.

À cada etapa do Programa - capacitações, visitas sistemáticas dos Técnicos do GTE ao Município, acompanhamento do GTM e do Monitor quanto ao trabalho e ações dos Visitadores, desenvolvimento das Modalidades de Atenção Individual e Grupal, entrevistas com as famílias, visitas periódicas aos gestores, entre outros - corresponde um momento de avaliação contínua, com enfoque tanto quantitativo, quanto qualitativo. Periodicamente, está prevista a realização de uma avaliação parcial do Programa em alguns Municípios, para a obtenção de uma visão geral das ações desenvolvidas em nosso Estado. A amostra dos Municípios que participarão desta avaliação parcial, segue critérios de regionalização e de cumprimento de requisitos estabelecidos quando da ampliação do Programa.

A sistemática de avaliação do PIM, periódica e/ou contínua, considera o acompanhamento do desenvolvimento infantil e a reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano, essenciais ao elo da continuidade da ação pedagógica. Por conseguinte, os relatos das mães sobre os ganhos de suas crianças, das famílias e comunidade em geral, fazem parte dos registros de natureza qualitativa.

O acompanhamento dos ganhos das crianças atendidas pelo Programa é realizado, através de atividades estimuladoras, planejadas e

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CONHECENDO O PIM

executadas, durante as Modalidades de Atenção Grupal e/ou Individual, segundo os indicadores das Tabelas de Ganhos existentes nos Guias. No primeiro ano de vida, a avaliação é realizada de 3 em 3 meses e, de 1 até 6 anos, anualmente.

Este acompanhamento realizado pelas famílias e Visitadores, sob a orientação do GTE, GTM e Monitores, considera os avanços e outras observações pertinentes à faixa etária em que a criança se encontra, tendo por base o seu Diagnóstico Inicial.

Neste processo avaliativo, o conhecimento das características da fase do desenvolvimento das crianças e os resultados evidenciados a partir do Diagnóstico Inicial – Marco Zero – possibilitam a compreensão das diferenças, necessidades e ritmos individuais, além de servir de referência para as etapas subseqüentes.

Os resultados das observações do acompanhamento às crianças, são registrados em documento próprio e dizem respeito, basicamente, ao desenvolvimento da criança nas dimensões, sócio-afetiva, motricidade, linguagem e cognitiva. Através destes registros o Visitador pode distanciar-se de si mesmo e refletir sobre as idéias corporificadas, estudando-as, interpretando-as, analisando os quadros ali esboçados, no sentido de encontrar outras respostas para as situações vivenciadas ou melhores caminhos a percorrer, dando oportunidade a planejamentos mais adequados.

Para tanto, o Guia de orientação para GTM, Monitor e Visitador do PIM serve de suporte ao planejamento, execução e avaliação das ações, por conter aspectos teórico-metodológicos essenciais ao desenvolvimento do Programa.

Neste sistema de avaliação, a Supervisão, Coordenação e Gerência do Programa acompanham o desenvolvimento das ações, através da leitura crítica dos Relatórios de Visitas de Assessoria e de capacitação dos técnicos do GTE, para que as informações colhidas sejam melhor explicitadas ou sistematizadas, possibilitando assim, o planejamento de visitas mais eficazes e produtivas aos municípios.

Finalizando, a avaliação não é um processo individual, desarticulado do contexto social, mas sim um processo revelador de uma observação contextualizada sobre a família, criança e gestante, em seu cotidiano, assegurando assim, uma visão significativa do seu desenvolvimento, a partir das ações do Programa.

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CONHECENDO O PIM

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Programa Primeira Infância Melhor (PIM), constitui-se em um Programa Social de orientação às famílias – preferentemente àquelas em vulnerabilidade social, com renda per capita de meio salário mínimo – somando-se aos Programas Sociais, Educacionais, Culturais e de Saúde, já existentes nas Secretarias do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Sua implantação e implementação demandam parcerias intersetoriais para que o desenvolvimento integral ocorra na Primeira Infância. Isso significa dizer que, ao implantar o PIM no município, os gestores municipais precisam incorporar mudanças no seu gerenciamento, de modo a contemplar o enfoque no desenvolvimento social. Por não ser um Programa de natureza assistencialista, a implantação do PIM cada vez mais requer redes de serviços fortalecidas e disponíveis no município, que funcionem de forma dinâmica, integrada e articulada, para que os direitos da infância, de 0 até 6 anos, sejam respeitados. Enquanto via institucional educativa equivalente, o PIM trabalha em contato direto com as famílias, crianças, gestantes e comunidades, respeitando e promovendo sua cultura e experiências.

Portanto, o Programa Primeira Infância Melhor deve ser percebido como um novo olhar sobre os espaços e ambientes familiares e sociais, objetivando transformá-los em espaços seguros de acolhimento/inclusão e de

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CONHECENDO O PIM

legitimação de trocas e/ou vínculos afetivos que assegurem às famílias o desenvolvimento de suas crianças enquanto seres saudáveis, felizes, socialmente integrados, emocionalmente seguros, interagindo com outras pessoas, no exercício pleno de sua cidadania. A importância dessa orientação de qualidade às famílias, se ratifica a partir de estudos de cientistas, como Humberto Maturana, que afirma:

Em geral, estamos habituados a aceitar o desenvolvimento normal das crianças como algo natural e espontâneo. Por isso, não percebemos o muito que ele depende de que a relação materno-infantil se dê de fato como um relacionamento no brincar, no qual mãe e filho interagem de modo recorrente em aceitação mútua e total. A pesquisa de um de nós (Verden-Zöller, 1982) mostra que sem um encontro corporal mãe-filho em total aceitação não há brincadeira na relação; que sem o jogo materno-infantil a criança não aprende a Brincar; que sem relação corporal de brincadeiras materno-infantis não há uma práxis corporal satisfatória; que sem ela não há um desenvolvimento sensorial adequado; que sem este – e uma apropriada consciência corporal – não há construção do espaço nem consciência espacial satisfatória; e que sem tudo isso não há um desenvolvimento salutar da consciência de si nem da consciência do social (Humberto R. Maturana; Gerda Verden-Zöller, 2004).

PARA REFLETIR...

SER CRIANÇA É A ETERNA LOUCURADE NUNCA PERDER A TERNURA.

MESMO QUANDO O CORAÇÃO ENTRISTECEA CRIANÇA NUNCA ESQUECE

DE ESTAR SEMPRE CONTENTEE ALEGRAR O AMBIENTE.

CRIANÇA É SABER FAZER O DIA-A-DIA,SER SEMPRE PURA MAGIA

SEM TEMER RISCOSPARA IR EM BUSCA DA FELICIDADE,

VIVENDO SEMPRE EM UM SOLLEVANDO ADIANTE A SUA CLARIDADE

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SEMPRE EM BUSCA DOS SONHOS.

A CRIANÇA JAMAIS DESISTE DOS SEUS DESEJOSMESMO QUE ELES ESTEJAMDISTANTES DA REALIDADE

POIS O PRIMOR DA CRIANÇAÉ JUSTAMENTE DESCONHECER A MALDADE.

QUISERA NASCER CRIANÇA, VIVER CRIANÇA, MORRER CRIANÇA.

ESTAR SEMPRE NO AUGE DA EXISTÊNCIAE MESMO COM TODA A VIVÊNCIANUNCA PERDER A ESPERANÇA...

AUTOR DESCONHECIDO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MATURANA, Humberto; Zöller, Ângela. Amar e brincar. Fundamentos da condição humana. São Paulo: Palas Athenas, 2004.

Resolução 4.376. Assembléia do Conselho da Europa. 4 de outubro de 1982.

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_______________________Momentos decisivos de 3 a 6 anos. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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ANEXOS51

CONHECENDO O PIM

PORTARIA N° 15 / 2003

O Secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, no uso das atribuições legais;

Considerando o Decreto Estadual n ° 42199 /2003 que institui o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância;

Considerando o Protocolo de Intenções /2003, firmado entre as Secretarias da Saúde; da Educação; do Trabalho, Cidadania e Assistência Social e, da Cultura; com o apoio do Gabinete da Primeira Dama para o estabelecimento de ações conjuntas, visando a implementação e o funcionamento do Programa “Primeira Infância Melhor”.

Considerando que os objetivos do Programa voltam-se à promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos de idade, com ênfase no período de 0 a 3 anos, no Estado do Rio Grande do Sul;

Considerando que o desenvolvimento da criança é meta prioritária do plano de metas do Governo;

Considerando a necessidade de coordenação das ações do governo para a promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos;

RESOLVE

Art. 1° - Implementar o Programa “Primeira Infância Melhor”, estabelecendo o repasse aos Municípios no valor de R$ 240, 00 (duzentos e

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quarenta reais) por visitador /mês, cujo teto será definido pelo número de famílias selecionadas e divulgado mediante Resolução da CIB/RS.

Parágrafo Único - A transferência regular do recurso a que se refere o artigo 1º está condicionada à efetiva implementação do Programa, posterior à etapa municipal de capacitação dos monitores, conforme Termo de Adesão em anexo.

Art. 2° - Os recursos deverão ser aplicados exclusivamente na execução do Programa.

Art. 3° - É pré - requisito para habilitação do município ao recebimento dos recursos a assinatura do Termo de Adesão Municipal ao Programa “Primeira Infância Melhor”.

Art. 4° - São responsabilidades do Estado:

1. Atender as finalidades previstas no Decreto n° 42199 que institui o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância e no Protocolo de Intenções/2003, cuja finalidade está voltada à promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos de idade, com ênfase para o período de 0 a 3 anos, no Estado do Rio Grande do Sul;

2. Promover a capacitação dos técnicos das Secretarias da Saúde, Educação e Assistência Social dos Municípios e de agentes multiplicadores de entidades não governamentais parceiras;

3. Proporcionar supervisão técnica para a implantação, implementação , acompanhamento e avaliação do Programa “Primeira Infância Melhor”.

Art 5º - São responsabilidades do Município:

1 - Implantar o Programa “Primeira Infância Melhor” no Município;2 - Implementar, no âmbito do Município as ações necessárias à

consecução deste Programa em todas as etapas previstas no Termo de Adesão;

3 -Garantir as condições necessárias para o processo de capacitação e educação dos monitores e visitadores.

Art. 6°- A prestação de contas dos recursos recebidos será através dos Relatórios de Gestão Municipal de Saúde, de acordo com a Legislação em vigor.

Art. 7° - O acompanhamento e avaliação dos resultados serão disciplinados por ato complementar da SES/RS.

Art. 8° - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Porto Alegre, 07 de abril de 200353

CONHECENDO O PIM

OSMAR GASPARINI TERRASecretário de Estado da Saúde

PORTARIA Nº 35 / 2004

O Secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais e considerando:

O Decreto Estadual n ° 42199 /2003, que institui o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância;

O Protocolo de Intenções /2003, firmado entre as Secretarias da Saúde, da Educação, do Trabalho, Cidadania e Assistência Social e, da Cultura com o apoio do Gabinete da Primeira Dama, para o estabelecimento de ações conjuntas visando a implementação e o funcionamento do Programa “Primeira Infância Melhor”;

Que os objetivos do Programa voltam-se à promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos de idade, com ênfase no período de 0 a 3 anos, no Estado do Rio Grande do Sul;

O desenvolvimento da criança como meta prioritária do plano de metas do Governo;

A necessidade de coordenação das ações do governo para a promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos;

A Portaria 15/2003 da SES/RS.Resolve:Art. 1° Alterar a PT 15/2003 DA SES/RS, estabelecendo que o repasse

financeiro aos municípios habilitados pela CIB/RS ao Programa Primeira Infância Melhor, será no valor de R$ 270, 00 (duzentos e setenta reais)/mês.

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CONHECENDO O PIM

Parágrafo 1º – Os valores a serem repassados aos municípios serão definidos, obedecendo a proporcionalidade quanto ao n.ºde visitadores e famílias atendidas, ou seja, para cada visitador, 25(vinte e cinco) famílias.

Parágrafo 2º - A transferência regular do recurso a que se refere o Artigo 1º está condicionada à efetiva implementação do Programa, posterior à etapa municipal de capacitação dos visitadores, conforme Termo de Adesão em anexo.

Art. 2° - Os recursos deverão ser aplicados exclusivamente nas ações do Programa. Art. 3° - A habilitação do município ao recebimento do recurso dar-se-á mediante ofício à SES/RS comunicando o número de visitadores capacitados e a data de início de suas atividades no PIM e passará a contar a partir da publicação da Resolução da CIB/RS.

Art. 4º - A responsabilidade do Estado e dos municípios está definida no Termo de Adesão.

Art. 5° - A prestação de contas dos recursos recebidos será através do Relatório de Gestão Municipal de Saúde, de acordo com a Legislação em vigor.

Art. 6° - O acompanhamento e avaliação dos resultados fazem parte da metodologia do Programa.

Art. 7° - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

Porto Alegre, 26 de agosto de 2004.

OSMAR GASPARINI TERRA Secretário de Estado da Saúde

PORTARIA Nº 247/2005

O Secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, no uso de suas atribuições legais e considerando:

O Decreto Estadual n ° 42199 /2003, que institui o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância;

O Protocolo de Intenções /2003, firmado entre as Secretarias da Saúde, da Educação, do Trabalho, Cidadania e Assistência Social e, da Cultura com o apoio do Gabinete da Primeira Dama, para o estabelecimento de ações conjuntas visando a implementação e o funcionamento do Programa “Primeira Infância Melhor”;

Que os objetivos do Programa voltam-se à promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos de idade, com ênfase no período de 0 a 3 anos, no Estado do Rio Grande do Sul;

O desenvolvimento da criança como meta prioritária do plano de metas do Governo;

A necessidade de coordenação das ações do governo para a promoção do desenvolvimento integral de crianças de 0 a 6 anos;

A Portaria 15/2003 da SES/RS. A Portaria 35/2004 da SES/RS.Resolve:Art. 1° - Alterar a PT 35/2004 da SES/RS, estabelecendo que o repasse

financeiro aos municípios habilitados pela CIB/RS ao Programa Primeira Infância Melhor, será no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais)/mês, a partir de 01 de junho de 2005.

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Parágrafo 1º – Os valores a serem repassados aos municípios serão definidos obedecendo a proporcionalidade quanto ao n.ºde visitadores e famílias atendidas, ou seja, para cada visitador, 25 (vinte e cinco) famílias.

Parágrafo 2º - A transferência regular do recurso a que se refere o Artigo 1º está condicionada à efetiva implementação do Programa, posterior à etapa municipal de capacitação dos visitadores, conforme Termo de Adesão em anexo.

Art. 2° - Os recursos deverão ser aplicados exclusivamente nas ações do Programa.

Art. 3° - A habilitação do município ao recebimento do recurso dar-se-á mediante ofício à

SES/RS comunicando o número de visitadores capacitados e a data de início de suas atividades no PIM e passará a contar a partir da publicação da Resolução da CIB/RS.

Art.4º - Deverá ser oficializada também a abertura da conta no Banrisul, específica para este incentivo, anexando seu comprovante.

Art. 5º - A responsabilidade do Estado e dos municípios está definida no Termo de Adesão.

Art. 6° - A prestação de contas dos recursos recebidos será através do Relatório de Gestão Municipal de Saúde, de acordo com a Legislação em vigor.

Art. 7° - O acompanhamento e avaliação dos resultados fazem parte da metodologia do Programa.

Art. 8° - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

Porto Alegre, 01 de junho de 2005.

OSMAR GASPARINI TERRASecretário de Estado da Saúde

TERMO DE ADESÃO AO PROGRAMA PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR

O Município de _____________________________________________ assume, mediante o presente, o compromisso de implantar e operacionalizar o Programa Primeira Infância Melhor de acordo com a Lei Estadual n° 12.544/2006 e regulamentações complementares do Grupo Técnico Estadual (GTE), com as seguintes obrigações e prerrogativas:

I - DAS OBRIGAÇÕES:

A - Inserção do Programa nas ações estratégicas do Município.

B - Criação, do GTM - Grupo Técnico Municipal, por Decreto Municipal, que deverá ser composto por, no mínimo, um (1) técnico de cada uma das Secretarias Municipais de Saúde, Educação, Trabalho, Cidadania e Assistência Social, com carga horária semanal mínima de dez (10) horas exclusivas para o Programa. Este GTM terá as seguintes atribuições:

Ser capacitado pelo Grupo Técnico Estadual. Selecionar as áreas a serem trabalhadas no Município, conforme critérios definidos pelo Grupo Técnico Estadual (GTE). Realizar o censo e diagnóstico com vistas à caracterização das famílias, das crianças, das gestantes e da comunidade na área

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CONHECENDO O PIM

selecionada. Mobilizar as instituições comunitárias, formação do Comitê Municipal e divulgação do Programa. Avaliar o Programa no Município e repassar as informações segundo o prazo e o fluxo estabelecido pelo GTE. Implantar o Banco de Dados Municipal do PIM, mediante capacitação de um digitador, pelo GTE, alimentando-o sistemática e regularmente. Facilitar as visitas dos membros do Grupo Técnico Estadual ao Município para acompanhamento e avaliação do Programa. Facilitar os contatos necessários com os Gestores no Município. Articular a rede de serviços do município no sentido de integrar o Programa Primeira Infância Melhor com os demais Programas existentes e correlacionados, otimizando e potencializando os recursos existentes e encaminhando as famílias do PIM para o atendimento de necessidades essenciais identificadas no decurso do Programa. Realizar capacitação inicial e continuada dos Visitadores e Monitores.

C - O Município habilitar-se-á ao recebimento do incentivo financeiro somente após realizar a etapa de Capacitação dos Visitadores e formalizar a SES/RS o número de visitadores capacitados e a data de início de suas atividades, cuja situação funcional deve estar definida.

D - É de responsabilidade do Município a remuneração e os encargos decorrentes da contratação do Visitador, quando assim for necessário, podendo ser usado o incentivo financeiro que o Estado repassa para complementação do salário deste.

E – É de responsabilidade do município a supervisão pedagógica de 01 Monitor, a cada 05 Visitadores, o qual terá, no mínimo, 20 horas semanais.

F - Após a habilitação ao incentivo financeiro da SES/RS, o Município terá, no máximo, 30 dias para iniciar o trabalho junto às famílias.

G - O descumprimento do item anterior implica na suspensão do recurso, devendo o Município devolvê-lo ao Fundo Estadual de Saúde (FES).

H - A ampliação do Programa dar-se-á considerando os critérios estabelecidos pelo GTE e, mediante parecer técnico deste.

I - Em caso de desistência do Programa, o Município deverá oficializar, por escrito, seu desligamento à Gerência do PIM na SES/RS.

II - PRERROGATIVAS:

A - Receber incentivo financeiro (Portaria SES/RS – n.º 247/05), para custeio do Programa, no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais)/mês, proporcional a cada 25 famílias atendidas.

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B - Receber prêmios e outros incentivos pelo desempenho do Programa, caso seja destacado em eventos instituídos pelo Governo do Estado.

C - Receber apoio do Grupo Técnico Estadual e solicitá-lo quando se fizer necessário.

D - Receber capacitação, assessoramento e acompanhamento do GTE para os GTMs.

_______________________, ________ de ____________________ de _______.

________________________________________ Prefeito Municipal

LEI Nº 12.544/2006Art. 1º - Fica instituído o Programa Primeira Infância Melhor - PIM -, foi

finalmente instituído como lei em 13 de junho e sancionado pelo Governador em 3 de julho de 2006 tornando-se política pública no Estado do Rio Grande do Sul através do n° 12.544/2006.

§ 1º - O PIM tem por finalidade a promoção do desenvolvimento integral da criança, desde a gestação até os cinco anos de idade, com ênfase na faixa etária de zero a três anos, complementando a ação da família e da comunidade.

§ 2º - O desenvolvimento integral da criança de que trata este artigo deverá abranger os aspectos físico, psicológico, intelectual e social.

Art. 2º - O PIM será organizado em consonância com a doutrina da proteção integral da criança, nos termos do art. 227 da Constituição Federal e em conformidade com o disposto nas Leis nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, nº. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Art. 3º - O PIM deverá ser organizado conforme a meta 17 do Capítulo da Educação Infantil do Plano Nacional de Educação de que trata a Lei nº. 10.172, de 9 de janeiro de 2001.

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Parágrafo único - O PIM será implementado em todos os Municípios com a colaboração dos setores responsáveis pelas áreas da educação, saúde e assistência social e de organizações não-governamentais, de programas de orientação e apoio aos pais com filhos entre 0 e 3 anos.

Art. 4º - Com o objetivo de orientar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, para o estímulo ao desenvolvimento das capacidades e potencialidades de suas crianças, as ações do PIM consistirão em:

I - apoiar e fortalecer as competências da família como primeira e mais importante instituição de cuidado e educação da criança nos primeiros anos de vida;

II - prestar apoio educacional e amparar as crianças para complementar as ações da família e da comunidade;

III - prestar assistência social às crianças e às famílias beneficiadas por serviços de proteção social básica;

IV - prestar toda e qualquer orientação às famílias sobre cuidados de saúde da gestante e da criança, em articulação com os programas de saúde da mulher, da criança e da família.

Parágrafo único - As ações do poder público de que trata este artigo serão prestadas, predominantemente, no âmbito da família e das instituições comunitárias.

Art. 5º - Dentre as ações do PIM serão abrangidas, principalmente, competências das Secretarias Estaduais da Saúde, da Educação, da Cultura e do Trabalho, Cidadania e Assistência Social.

§ 1º - O Comitê Gestor do PIM, constituído pelos titulares das Secretarias da Saúde, da Educação, da Cultura e do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, terá como atribuição a coordenação político-institucional do Programa, conforme as metas e diretrizes gerais fixadas para sua implementação.

§ 2º - A Secretaria da Saúde exercerá a coordenação geral do PIM, com colaboração das demais Secretarias.

§ 3º - O Comitê Gestor do PIM, juntamente com o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância - CEDIPI -, instituído pelo Decreto nº. 42.199, de 7 de abril de 2003, fixarão as diretrizes da programação das atividades do Dia e da Semana Estadual do Bebê de que trata o DECRETO Nº. 42.200, de 7 de abril de 2003.

Art. 6º - O Grupo Técnico Estadual - GTE, constituído por representantes das Secretarias referidas no § 1º do artigo anterior, será o gestor operacional do PIM, com funções de capacitar, monitorar e avaliar a execução do Programa e os resultados gerais alcançados por parte dos Municípios e das organizações não-governamentais.

Art. 7º - O PIM será executado pelos Municípios ou por organizações não-governamentais, mediante Termo de Adesão a ser celebrado entre o Estado e os Municípios ou o Estado e a organização não-governamental.

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§ 1º - No âmbito dos Municípios, o PIM será coordenado pelos órgãos da administração municipal responsáveis pelas áreas da saúde, da educação e da assistência social.

§ 2º - O PIM terá como gestor, no âmbito dos Municípios, o Grupo Técnico Municipal - GTM -, responsável pela gerência operacional local do Programa, incluindo a seleção das famílias beneficiadas, a seleção e a capacitação dos recursos humanos, o monitoramento e a avaliação dos resultados do desenvolvimento das crianças beneficiadas pelo

Programa, por meio dos visitadores, supervisionados pelos monitores, com participação do Comitê Municipal para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância.

Art. 8º - O PIM será implementado em duas categorias:I - individual, cujas atividades serão realizadas na própria casa das

famílias, com crianças de zero a três anos, uma vez por semana;II - coletiva, cujas atividades serão realizadas em local da

comunidade, uma vez por semana, com grupos formados por crianças de três a cinco anos de idade, juntamente com seus pais, e com grupos de gestantes.

Art. 9º - O Grupo Técnico Municipal do Programa Primeira Infância Melhor será responsável pela seleção, capacitação e avaliação de:

I - visitadores, responsáveis pelo atendimento domiciliar às famílias, por meio do desenvolvimento de atividades específicas;

II - monitores, responsáveis pelo acompanhamento, planejamento, capacitação e avaliação do trabalho dos visitadores junto às respectivas famílias.

Art. 10º - Para atuação no PIM será exigida a formação de:I - nível superior, em cursos de graduação, nas áreas de educação,

saúde ou serviço social para atuação como monitor, acrescida de capacitação específica para desenvolvimento das atividades do Programa com duração mínima de sessenta horas;

II - nível médio, na modalidade normal, para atuação como visitador, acrescida de capacitação específica para desenvolvimento das atividades do Programa com duração mínima de sessenta horas.

Parágrafo único - Na falta de pessoal, em número suficiente, com a qualificação de que trata o inciso II deste artigo, será admitida a formação no ensino fundamental, acrescida de capacitação específica para desenvolvimento das atividades do PIM, com duração mínima de cento e oitenta horas.

Art. 11º - Para a execução do Programa Primeira Infância Melhor, o Estado prestará assistência técnica e financeira aos Municípios ou às organizações não-governamentais.

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§ 1º - A assistência financeira consistirá em repasse mensal de recursos dos Fundos Estaduais da Saúde, da Assistência Social e dos Direitos da Criança e do Adolescente para os respectivos Fundos Municipais.

§ 2º - Os critérios para a assistência financeira prevista no parágrafo anterior serão fixados no Orçamento do Estado.

§ 3º - A assistência técnica será prestada pelas Secretarias Estaduais da Saúde, da Educação, da Cultura e do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, em suas respectivas áreas, intersetorialmente.

§ 4º - As Secretarias Estaduais da Educação e da Cultura deverão prestar assistência técnica por meio de programas de capacitação dos recursos humanos necessários à implementação do PIM pelos Municípios ou organizações não-governamentais.

Art. 12º - Os Municípios que aderirem ao Programa Primeira Infância Melhor deverão prever em seus orçamentos anuais recursos das áreas da saúde, educação, cultura e assistência social para financiamento e execução do PIM.

Art. 13º - No caso da execução do PIM pelas organizações não-governamentais, a assistência financeira e técnica do Estado serão regulamentadas por decreto do Poder Executivo.

Art. 14º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 03 de julho de 2006.

DECRETO Nº 42.199, DE 07 DE ABRIL DE 2003.

Institui o Comitê Estadual para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 82, incisos V e VII, da Constituição do Estado;

considerando o disposto no art. 241, caput da Constituição Estadual;

considerando o disposto no art. 196, da Constituição Federal;considerando o disposto no art. 2º, § 1º, da Lei Federal nº

8080/90;considerando que é dever da Sociedade e do Estado assegurar,

com absoluta prioridade, os direitos da criança e do adolescente, conforme o art. 227, da Constituição Federal e art. 4º, da Lei nº 8069/90;

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CONHECENDO O PIM

considerando que o desenvolvimento melhor da criança e, dentro deste o da Primeira Infância, é meta prioritária do plano de metas do Governo;

considerando a necessidade de coordenação das ações do Governo para a promoção do desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos.

DECRETA:Art. 1º - Fica instituído o Comitê Estadual para o

Desenvolvimento Integral da Primeira Infância com as seguintes atribuições:I - propor políticas de parceria entre o governo e sociedade civil

para a promoção do desenvolvimento integral da Primeira Infância no Rio Grande do Sul;

II - promover a realização de eventos, cursos, estudos e pesquisas relativas ao desenvolvimento infantil;

III - promover e acompanhar convênios, contratos e acordos de cooperação técnica visando a realização de seus objetivos;

IV - integrar as ações de Governo e das entidades civis, no acompanhamento e ampliação das políticas de promoção de desenvolvimento da Primeira Infância;

V - informar e promover a mobilização social no Estado em relação à Primeira Infância;

VI - programar os eventos estaduais como o Dia e a Semana Estadual do Bebê.

Art. 2º - O Comitê será composto por duas instâncias:I - Fórum Estadual de Desenvolvimento da Criança que será

integrado por dois representantes, sendo um titular e um suplente pelos seguintes Órgãos:

a – Federação das Associações Rurais – FARSULb - Federação das Câmaras de Dirigentes Logistas do Estado do

Rio Grande do Sul – FCDLc - Federação de Comércio de Bens e de Serviços do Estado do

Rio Grande do Sul – FECOMÉRCIO-RSd - Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do

Sul – FAMURSe - Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do

Sul – FEDERASULf - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande

do Sul – FETAG-RSg - Federação e Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande

do Sul - FIERGS/Serviço Social da Indústria – SESIh - Federação Riograndense de Associações Comunitárias e de

Moradores de Bairro – FRACABi - Fundação Maurício Sirotsky Sobrinhoj - Gabinete da Primeira Damal - Parceiros Voluntáriosm - Pastoral da Criança/Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil – CNBBn - Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas –

SEBRAE-RSo - Secretaria da Cultura

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CONHECENDO O PIM

p - Secretaria da Educaçãoq - Secretaria da Saúder - Secretária do Trabalho, Cidadania e Assistência Socials - Serviço Social do Comércio – SESC-RSt - Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre –

SINDIHOSPAu - Sindicatos dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre –

SINDILOJAS/POAv - Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul

II - Equipe Executiva: composta por representantes das Secretarias de Estado mencionadas no inciso anterior, Gabinete da Primeira Dama e FAMURS.

1º - Os integrantes do Comitê serão indicados pelos respectivos Órgãos e designados por ato do Chefe do Poder Executivo, com mandato de 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado por igual período ou substituídos a qualquer tempo.

2º - A representação no Comitê não dá direito a percepção de qualquer espécie de remuneração dos seus membros.

Art. 3º - O Comitê terá seu funcionamento regulado por Regimento Interno e será elaborado por seus membros, devendo ser aprovado por maioria absoluta.

Art. 4º - O Comitê reunir-se-á, em caráter ordinário, pelo menos uma vez por mês.

Art. 5º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 07 de abril de 2003.

DECRETO N° 42.200/03

Institui o Dia e a Semana Estadual do Bebê.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 82, inciso V, da Constituição do Estado,

DECRETA:

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Art. 1° - Fica instituído o Dia do Bebê, no calendário oficial do Estado do Rio Grande do Sul, que será no dia 23 de novembro de cada ano.

Parágrafo único - A Semana Estadual do Bebê, na qual se insere o dia 23 de novembro, terá programação de atividades a ser desenvolvida pelo Comitê Estadual para o desenvolvimento Integral da Criança.

Art. 2° - O Dia e a Semana Estadual do Bebê passarão a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 3° - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre,

GERMANO ANTÔNIO RIGOTTO,Governador do Estado

Registre-se e publique-se.ALBERTO WALTER DE OLIVEIRA,

Chefe da Casa Civil.Expediente n° 2820-08.01/03.1

O Programa Primeira Infância Melhor – PIM é uma política pública pioneira no Estado do Rio Grande do Sul, com caráter intersetorial, implantado em 7 de abril de 2003, cuja Lei 12.544 foi sancionada em 03 de julho de 2006. É um programa institucional equivalente de ação sócio-educativa cujo objetivo é orientar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, para que promovam o desenvolvimento integral de suas crianças desde a gestação até os 6 anos de idade. É baseado cientificamente na teoria Histórico-Cultural de Vigotski, na Psicologia do Desenvolvimento com base em Piaget e nos recentes estudos da Neurociência.

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CONHECENDO O PIM

O trabalho é desenvolvido pelos municípios, sob a Coordenação do Grupo Técnico Estadual que planeja, capacita, monitora e avalia a execução e os resultados alcançados.

GRUPO TÉCNICO ESTADUAL:Gerente do Programa: Arita BergmannCoordenadora Geral: Leila Maria de AlmeidaSupervisoras Técnicas: Fávia Franco, Lacy Maria da Silva Pires, Leila Maria de Almeida, Liése Gomes Serpa, Maria da Graça Gomes Paiva, Maria Helena Capelli, Sandra Nique da Silva, Vera Maria da Rosa Ferreira e Wilda Blasi

CONSULTORES TÉCNICOS:Aline Locatelli Graziela Sutter Kênia Margareth da Rosa

FontouraAna Maria Reissig Oliveira Gisele Mariuse da Silva Letícia Ratkiewicz BoeiraAnelise Miritz Iraci Soares Magda KnorrCândida Kirst Janine Garcia Serafim Maria Celeste LeitzkeCarmem Luiza R. Longaray João Luiz Dorneles Antunes Marisa Bento HernandesCarolina de V. Drugg Joice Lopes Zen Neiva Amaral da SilvaCleci de Souza Lima Julia Maria Vargas Rita de Cássia de LimaCristiane Kessler de Oliveira Karine Isis Bernardes Scheila Paula ZorzanFlora Machado Duarte Kelly Oliveira dos Santos

APOIO ADMINISTRATIVO:Claudia Fernanda PieluhowskiFernando dos Santos SilvaJennifer Ferreira Fernandes

BANCO DE DADOS:Dauber Renato Torelli

ENDEREÇO PARA CONTATO:Avenida Borges de Medeiros, 1501, 6º andar - Ala Norte, Centro.Porto Alegre/RS/Brasil - CEP: 90110-150E-mail: [email protected]: www.pim.saude.rs.gov.brFones: (00 55 51) 32885853/5955/5887/5888 - Fax: (00 55 51) 32885810

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