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Programa Joaquim Nabuco

1º/2012

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PROGRAMA JOAQUIM NABUCO – SEVIDORES 1º/2012 –

1. SUPERVISORA Cyntia Maria Martins Santos Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência E-mail: [email protected] Telefone: (+55 61) 3217-4012 2. COORDENADOR Vinícius Arrais Limongi Miguel Assessoria de Assuntos Internacionais da Presidência E-mail: [email protected] Telefone: (+55 61) 3217- 6505 3. SERVIDOR Mônica Ferrari Villarino Nacionalidade: brasileira Tribunal de Origem: Supremo Tribunal Federal Período: 17/06/2012 a 30/06/2012 Alocação: Suprema Corte de Justicia de Uruguay

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ÍNDICE

CHEGADA A MONTEVIDÉU ............................................................................................................................... 5

CONHECENDO A SUPREMA CORTE ................................................................................................................... 6

FERIADO NACIONAL ......................................................................................................................................... 8

REUNIÃO COM A DIRETORA DA JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS.................................................................. 9

REUNIÃO COM SEÇÃO DE PROTOCOLO E DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA ............................................... 11

REUNIÃO COM A DIRETORA DO PROFOSJU .................................................................................................... 13

VISITA GUIADA AO PALÁCIO LEGISLATIVO ..................................................................................................... 17

COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA PRELIMINAR CIVIL .................................................................................... 19

REUNIÃO COM O DIRETOR ADMINISTRATIVO DO PODER JUDICIÁRIO ........................................................... 21

DESPEDIDA E COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA CIVIL ................................................................................... 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS E AGRADECIMENTO ................................................................................................. 24

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CHEGADA A MONTEVIDÉU

Montevidéu, 17 de junho de 2012 Mônica Ferrari Villarino

Supremo Tribunal Federal Brasília – Brasil

Depois de um voo tranquilo, eu, Fernando Souza e Francisco Sousa, chegamos a

Montevidéu, no final do dia. Fomos recepcionados pela funcionária do departamento de Relaciones Publicas y Protocolo, Sra. Ethel Mercadal, senhora muito simpática. Depois de nos apresentarmos e agradecer por nos buscar no aeroporto, entregamos uma pequena lembrança e fomos divididos em dois carros, pois o Fernando e Francisco ficaram hospedados no hotel América, no centro da cidade, enquanto que eu fiquei hospedada no hotel Intercity, no bairro de Punta Carretas. A Sra. Ethel me acompanhou, e fez questão de mostrar a Rambla, a avenida que contorna toda a orla da cidade e deu algumas dicas de passeios e restaurantes. Em seguida me deixou no hotel para descansar e combinamos de nos encontrar no dia seguinte, às 13h no prédio da suprema corte, para nossa primeira reunião, e conhecer o planejamento proposto para o nosso período de intercâmbio.

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CONHECENDO A SUPREMA CORTE



Fomos recebidos pela Sra. Ethel que nos levou a uma visitação guiada às instalações da

Suprema Corte, a casa conhecida pelo nome de Palácio Píria, é uma construção riquíssima em arquitetura, vitrais e esculturas. O Palácio Piria está localizado na Pasaje de los Derechos Humanos, 1310 e foi construído em 1917 por Francisco Piria, empresário e alquimista. Desde janeiro de 1954 é a sede da Suprema Corte, quando o governo comprou o palácio. Em 1975 foi declarado Monumento Histórico Nacional. Infelizmente não há um plano de visitação guiada ao público, como temos no Brasil.

Em seguida nos reunimos com o Dr. Fernando Raul Tovagliare, Secretário Letrado da

Suprema Corte, que fez uma explanação da forma como o poder judiciário do Uruguai se organiza. A suprema Corte foi criada em 1907 e é composta por cinco (5) ministros, escolhidos entre os mais antigos na carreira da magistratura. Cada ministro sendo auxiliado por dois assessores. O órgão conta 60 funcionários, para realizar o trabalho judicial. A Suprema Corte não gerencia serviços de recursos humanos, informática, contabilidade, administração e finanças, isto é realizado de forma independente, por outro órgão, para todo o poder judiciário do país. Ele nos informou a respeito da nossa programação do intercâmbio, se mostrou bastante solicito em nos receber e perguntou sobre nossos interesses e expectativas.

Dr. Tovagliare nos presenteou com o livro “Centenario de La Suprema Corte de Justicia

19007-2007” que será doado a nossa biblioteca, para consulta. Livro riquíssimo em informações sobre o poder judiciário do país, que além de relatar a história da criação da corte também descreve as competências dessa corte e ainda contem dados estatísticos do desenvolvimento do poder judiciário.

Após a reunião, fomos levados à seção de jurisprudência da Corte, que nos mostrou

como eles trabalham e se organizam com poucos recursos. Os processos já finalizados são classificados e dependendo dessa classificação o processo recebe um resumo para ser publicado na página da internet do tribunal.

Hoje, também, presenciamos uma sessão de juramento de novos advogados. Aqui os

alunos de Direito se formam, efetivamente, quando fazem o juramento perante os ministros da Suprema Corte, portanto não há uma prova, como a realizada pela AOB no Brasil. Interessante. A sessão ocorre todas as segundas feiras, composta pelos formandos, familiares, ministros e o secretário letrado. Os juízes também fazem esse mesmo juramento, perante os ministros, após concluir o curso de dois anos e meio e serem aprovados na prova, da Faculdade do Sistema Judiciário.

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Entrada do Palácio Piria Detalhe do interior do Palácio

Detalhe do interior do Palácio Sra. Ethel e eu no salão de festas do palácio

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FERIADO NACIONAL



Feriado nacional laboral, em comemoração ao aniversário do General Artigas, herói

nacional. José Gervasio Artigas nasceu em 19 de junho de 1764 e foi o principal líder na luta pela

independência do Uruguai. Embora a independência do Uruguai tenha sido em 1828, Artigas asilou-se no Paraguai em 1820, onde morreu trinta anos depois, sem haver retornado a seu país.

Em todas as salas do poder judiciário que visitamos sempre havia um retrato do

General Artigas.

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REUNIÃO COM A DIRETORA DA JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS



Às 14h, no Palácio de los Tribunales, que fica em frente ao Palácio Piria, nos reunimos

com a Dra. Maria Luisa Tos Zas, diretora responsável pela jurisprudência dos tribunais, excetuando-se a jurisprudência da Suprema Corte. Ela também é docente da Universidade do Poder Legislativo e Judiciário.

Dra. Maria iniciou a conversa informando que uma comissão de magistrados forma a

estrutura administrativa dos tribunais. O departamento de jurisprudência tem a missão de alimentar a Base de Jurisprudência

Nacional (BJN) com as sentenças encerradas até 2007 e disponibilizar para o público de maneira gratuita pela internet no endereço: www.poderjudicial.gub.uy .

Antes da sua publicação uma sentença precisa ser classificada como: alta, média ou

baixa, e após essa etapa, as sentenças classificadas como alta ou média recebem uma resenha. Geralmente as sentenças classificadas como baixa, são as que se referem a temas que são recorrentes e comuns. A classificação deve ser feita pelo ministro relator, porém se isso não ocorrer a própria secretaria do tribunal deverá fazer. Toda sentença deve sempre receber o voto do relator e de mais dois ministros.

O sistema judiciário é composto pela Suprema Corte, Tribunais de Apelação e juizados

letrados, juizados letrados de 1ª instância, e juizados de Paz. Os Tribunais de Apelação são divididos em Civil, Família, Trabalho e Penal. Como Montevidéu concentra a metade de toda a população do país, então diretamente proporcional a grande maioria dos tribunais se encontra na capital.

A partir de 2003 iniciou-se o desenvolvimento de suporte digital aos processos. No

portal corporativo da internet é possível pesquisar os processos processados, em jurisprudência, a publicar, publicados, devolvidos. A quantidade de entrada de processos em um ano na suprema corte é igual a quantidade de entrada em 15 dias nos demais tribunais. Não há publicação em diário oficial do governo. As publicações existentes são frutos de iniciativas privadas como revistas especializadas que promovem edições por temas, com suas próprias resenhas e resumos de sentenças. A suprema corte tem apenas iniciativa parlamentar quando uma lei gera muitos processos para o tribunal. Não há hierarquia entre os magistrados. Todos são independentes para julgar como queiram. O poder judiciário tem 30 dias de recesso em janeiro e 15 dias em julho. Todos os ministros do tribunal são da carreira do judiciário. Quando há ausência de um ministro para compor a votação é convocado um ministro de uma instancia inferior para compor o voto.

Uma curiosidade, entre os Palácios Piria e o Palácio dos Tribunales existem quatro (4)

http://www.poderjudicial.gub.uy/

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blocos de pedras. Perguntei a um funcionário se ele sábia o significado disso, e ele me respondeu que simbolizava a dureza da justiça. Aqui dizemos que a justiça é cega, lá a justiça é dura.

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REUNIÃO COM SEÇÃO DE PROTOCOLO E DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA



Às 13h45, enquanto aguardava os demais, encontrei com a Sra. Ethel. Ela me explicou

que na suprema corte existem dois secretários letrados, um para o penal e um para o administrativo. Quando há uma vaga para Ministro, o mesmo é eleito entre os magistrados das instancias inferiores. São enviados, a Câmara Legislativa, quatro (4) nomes entre os ministros mais antigos, para que um seja o indicado a ocupar a vaga existente. Os Ministros se reúnem no tribunal todas as 2ª, 4ª e 6ª quando ocorrem os acordos. Nos demais dias eles são livres para escolher se querem dar expediente no tribunal ou em outro lugar de sua preferência. O ministro presidente é eleito a cada ano, e é empossado todo dia 1º de fevereiro. O mandato de um ministro vale por 10 anos ou até que se complete 70 anos, o que ocorrer primeiro. Durante o recesso o horário de expediente normal é diminuído em 50%, passando das 13 às 18 para 14 às 16h30.

Às 14h nos reunimos com a Dra. Adriana Zunino, actuaria adjunta dos tribunais e

responsável pela seção de recepção e distribuição de assuntos. Ela nos mostrou como os processos são protocolizados, e depois de protocolizados é feito sorteio e distribuído. Qualquer pessoa pode dar entrada em uma petição. O pré-ingresso de uma petição ocorre, quando se insere o nome, documento e endereço do requerente. Por exemplo, em assuntos relacionados à família, o cidadão deve dar entrada com a sua certidão de nascimento, se for solteiro, ou a certidão de casamento, se for casado, pois é a partir desses documentos que são feitas as rastreabilidades, para saber se já existe uma causa relacionada a esse mesmo cidadão ou não.

Em seguida nos encontramos com o diretor de informática Engenheiro Cesar

Arambillete, que nos levou ao 5º andar do Palácio dos Tribunales e nos mostrou a sala onde está o centro computacional que dá suporte aos serviços de informática.

Às 16h saímos do Palácio dos Tribunales acompanhados do Sr. Cesar e seguimos, a pé

até outro prédio, nas imediações, onde está localizada a divisão de Suporte e Comunicação de informática, para nos reunirmos com o diretor de informática, e com o Engenheiro Marcelo Pesce, diretor da área de Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas.

Os dois nos relataram como a divisão de informática está organizada, que a mesma

tem a função de suprir todas as necessidades de informática para todo os poder judiciário. Em 2007 a Corte ordenou a contratação de analistas e programadores para o quadro de funcionários e os mesmos foram capacitados pelos franceses.

Em 2010 se deu o inicio do funcionamento do centro computacional, no Palácio dos

Tribunales, 5º andar. Porém por falta de recursos a sala carece de equipamentos de segurança. Outro local está sendo construído para receber o centro computacional, então o

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1º servirá como backup deste outro, que ficará a quatro (4) quadras do 1º. Desde 2002 o governo vem promovendo um movimento em direção ao uso da

certificação digital e desenvolvendo o processo eletrônico. Em 2008 foi aprovada uma lei que reconhece a assinatura digital como legítima. Porém ainda está em processo de implantação junto aos advogados, funcionários e juízes a certificação digital. A lei prevê que tanto o governo como entidades particulares podem ser uma autoridade certificadora, mas a ideia é que o governo seja a autoridade certificadora.

A ordem é utilizar o software livre em todas as dependências dos órgãos do governo,

por isso a maioria absoluta trabalha com Linux em suas estações de trabalho, que chegam a 2535 unidades por todo o poder judiciário do país. Embora existam pessoas dentro da própria TI que utiliza o Windows. O servidor de banco de dados MySql é de longe o banco mais utilizado na retenção da base de dados consistente do judiciário. Após a crise financeira de 2002 os recursos tornaram-se escassos, portanto não havia dinheiro para financiar licenças como o Oracle.

Eles trabalham com balanceamento de carga de processamento em três (3) nós de

processamento. O principal recurso para o desenvolvimento de aplicações e sistemas é a ferramenta inteligente GeneXus, multiplataforma, capaz de gerar códigos em várias linguagens de programação, considerada muito poderosa e ágil para o desenvolvimento de sistemas. Atualmente uma licença gira em torno de 3000 a 3500 pesos mais um custo de 15% ao ano de suporte.

Como não há uma cultura entre os ministros em utilizar computadores, tudo é feito

em papeis, os sistemas são voltados basicamente para o pessoal da secretaria judiciária. Ao todo o departamento de informática reúne 53 pessoas.

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REUNIÃO COM A DIRETORA DO PROFOSJU



Às 14h nos reunimos com o Dr. Fernando Tovagliare, sempre muito solícito,

conversamos sobre o que já visitamos e se temos alguma dúvida ou sugestão sobre o programa de intercâmbio em andamento. Ele fez um breve resumo sobre o PROFOSJU - Programa de Fortalecimento do Sistema Judiciário Uruguaio, programa em andamento desde 2002, que tem por objetivo melhorar a eficiência e eficácia do serviço judiciário prestado e que essa melhora seja sentida pelos usuários, e informou que nos encontraríamos com a diretora responsável pelo projeto, quando poderemos conhecer mais a fundo a respeito do projeto.

Em seguida a Sra. Ethel nos acompanhou até o prédio, cerca do Palácio Piria, onde nos

reunimos com a Dra. Ivonne Carrion Ramos, coordenadora do PROFOSJU e com a Escrivã Virginia Traversa.

Dra. Ivonne Carrión que também é juíza, nos conta que o projeto iniciou há uns 10

anos (2002/2003) com uma proposta de estudar soluções para agilizar e modernizar o tramite processual de todo sistema judiciário, fortalecendo os serviços administrativos, e com o objetivo específico de melhorar a gestão dos tribunais e juizados. A primeira frente de trabalho foi desenvolver os principais produtos, que são: Manual da organização Planejamento estratégico Organograma Metas de Gestão Indicadores Dra. Ivonne nos disse que o novo modelo tem como principais definições: IUE – identificação única de expediente Consulta e ingresso web de causas Comunicações eletrônicas Expediente eletrônico Tramitação guiada Assinatura digital avançada SCJ - Suprema corte como prestador de serviços de certificação digital

Uma característica bastante interessante é o uso obrigatório, por lei, de caixas de correios eletrônicas, fornecidas e gerenciadas pelo poder judiciário. Quando uma causa é ingressada, as partes envolvidas assinam um contrato com o poder judiciário, e recebem um endereço eletrônico, onde se dará o envio de toda e qualquer comunicação (notificação, intimação, etc.). É de responsabilidade do usuário, acessar a sua caixa e verificar as comunicações existentes. É de responsabilidade do poder judiciário manter a integridade e o

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acesso a essas caixas, bem como fazer backup das comunicações que são apagadas após 90 dias. O acesso se dá por meio do endereço HTTP://comunicaciones.poderjudicial.gub.uy/ informando o usuário e senha.

A segunda frente de trabalho, do projeto, foi dar ênfase ao fortalecimento da gestão

da corte, como, por exemplo, descongestionar a corte de tarefas menores (por exemplo: decidir a compra de uma garrafa térmica para o chá). Também se preocupou em diminuir a carga horária dos Acordos (reunião dos ministros que ocorrem todas as 2ª, 4ª e 6ª), que antes se estendiam até às 22hs e hoje não passa das 18hs, iniciando sempre às 14hs.

A terceira parte do projeto, não menos importante, contudo a mais peculiar e

importante, na visão da coordenadora Dra. Ivonne, que carinhosamente apelida de “meus amores” foi melhorar a gestão dos tribunais e juízos (varas). Isso se deu por meio da reorganização das secretarias e criação do IUE, o número de identificação único de um expediente, isto é, uma causa quando é ingressada no poder judiciário, não importando a instância ou o tribunal em que se originou, recebe um número único e sequencial, e esse número segue até a conclusão do processo.

Para se ter uma dimensão do projeto, no seu início havia apenas 3 pessoas atuando,

hoje são 43, ocupava apenas uma sala, hoje ocupa todo um andar de um prédio. Os produtos foram muito bem aceitos, embora tenha havido certa resistência, porque todos devem usar software livre, e muitos já estavam familiarizados com o Windows, na sua casa. Todas as notificações, intimações (para pessoas externas ao tribunal) e ofícios (para pessoas internas ao tribunal) são eletrônicos. Em 2010 atingiram mais de 500.000.

Foi criado a UANE – Unidade Administrativa de Notificação Eletrônica. Como ponto de

partida, todo ingressante de uma causa deve ter (obrigatório) um domicílio eletrônico, fornecido pelo tribunal. Todos devem ter firma digital, também fornecido pelo tribunal, gratuitamente, para os servidores internos ao tribunal. O tokem é renovado a cada dois anos. É firmado um contrato entre o tribunal e os funcionários. O endereço eletrônico é acessado através de uma página exclusiva no portal do tribunal, e não pode ser utilizado para outro fim, senão o de receber intimações e notificações, porém o conteúdo pode ser copiado para o computador pessoal das partes envolvidas. As mensagens enviadas permanecem online na caixa postal por 90 dias, depois disso é feito um backup que fica a disposição do tribunal para uma eventual necessidade, como para comprovar o envio da informação. A comunicação eletrônica é garantida pelo poder judiciário. Em seus três (3) anos de utilização não houve nenhuma reclamação. A Dra. Virginia Travessa nos mostrou parte desse processo.

Outro componente do PROFOSJU é o SGT – Sistema de Gestão dos Tribunais, uma

maneira de trabalhar totalmente de forma eletrônica, desde o ingresso de uma causa até a sua conclusão, toda a tramitação segue um workflow, previamente definido, de acordo com o modelo utilizado. Atualmente está em vigor em apenas quatro (4) juizados, mas até o final do recesso de julho a pretensão é que todos já estejam trabalhando desta forma. Até lá treinamentos de capacitação estão sendo realizados.

http://comunicaciones.poderjudicial.gub.uy/

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Fomos a uma sala, onde foi feito uma demonstração do SGT, em um ambiente de

testes. Modelos de ofícios e documentos foram desenvolvidos, para diminuir o tempo e também evitar erros de destino do trâmite judiciário.

O ingresso do processo pode e deve ser feito pelo próprio impetrante, como um pré-

ingresso, e depois a pessoa deve se dirigir a um tribunal, para finalizar o processo, receber um domicílio eletrônico, se ainda não tiver, e entregar os documentos necessários. Antes o tempo inicial de ingresso era de doze (12) a treze (13) minutos, agora foi reduzido para um (1) minuto. Existe uma lei embasando todo o processo, a qual exige que se utilize o sistema eletrônico. A partir de 2013 será obrigatório o prévio ingresso pela web.

O sistema também prevê o uso de pacotes personalizados de tipos de documentos, e

até o uso de modelos livres, porém deve ser evitado, pois o sistema não sabe a quem enviar um documento escrito de forma livre, sem utilizar um modelo pré-existente. Evidentemente houve grandes investimentos na aquisição de computadores para todos os juizados para trabalhar com o SGT.

O sistema informatizado foi desenvolvido em dois (2) anos, inicialmente houve uma

licitação para contratar uma empresa para desenvolver todo o sistema, mas como não conseguiram concluir, o próprio poder judiciário, através do seu departamento de informática, utilizando o GENEXUS, conclui o desenvolvimento do sistema. Todos os modelos de documentos foram desenvolvidos pelo judiciário.

Na página do portal, www.poderjudicial.gub.uy, é possível fazer consultas sobre o

andamento de qualquer processo, bastando ter o seu IUE. Ex.: 2-7497-2008, clicar no link consulta de tramites de expediente.

http://www.poderjudicial.gub.uy/

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Ao final da demonstração entregamos uma pequena lembrança à coordenadora do projeto Dra. Ivonne Carrion.

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VISITA GUIADA AO PALÁCIO LEGISLATIVO



Às 15h nos encontramos com a Sra. Ethel que, primeiro nos levou a uma fábrica de

doce de leite, e depois nos levou a uma visita guiada ao Palácio Legislativo. Foi uma das visitas mais incríveis que fiz neste intercâmbio. O palácio é simplesmente fantástico. Muito rico em sua arquitetura e decoração. As fotos falam por si mesmo.

Às 16h fomos recebidos pelo Sr. Carlos M Lucas Zamit, funcionário do Protocolo e

Relações Públicas do Poder Legislativo, e guia do Palácio. O senhor Carlos, nos recebeu muitíssimo bem e explicou vários detalhes a respeito da construção do palácio, que é de uma riqueza ímpar. Em sua construção foram utilizados 52 cores de mármores, todos oriundos do Uruguai. Sua construção levou 17 anos para ser concluído. Iniciou em 1908 e terminou em 1925.

O palácio abriga as duas câmaras, dos Senadores e Deputados. Ao todo o Senado é

composto de 30 Senadores mais o Vice-presidente da República, que tem voz e voto e exerce a presidência da casa. A Câmara é composta por 99 Deputados, representando os 19 departamentos que compõe o Estado do Uruguai.

Senhor Carlos nos mostrou e explicou sobre o significado dos símbolos existentes no

brasão de armas, que está presente em várias esculturas e pinturas espalhadas pelo palácio. O Brasão tem um formato ovalado, e está dividido, em quatro (4) partes; a primeira parte é o desenho de uma colina, simbolizando a força, a segunda é a imagem de um cavalo, simbolizando a liberdade, a terceira é um boi, simbolizando a abundância e a última parte é o desenho de uma escala, simbolizando a igualdade e justiça.

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Palácio Legislativo

Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo

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COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA PRELIMINAR CIVIL



Às 14:30 nos reunimos com Dr. Fernando Tovagliare que nos explicou que iríamos a

uma audiência civil preliminar que ordena toda a causa. Vamos presenciar uma audiência responsável pelo inicio processual de uma causa. A Sra. Ana Inês, assistente da Sra. Ethel, nos acompanhou até o juizado, localizado no Palácio de los Tribunales.

Dirigimo-nos ao 3º andar onde está localizado o Juizado Letrado Civil de 1º Instância

de 3º e 12º turnos. Este juizado é presidido pela Dra. Claudia Kelland, juíza de letrado Civil. Nesta audiência também participaram, um estudante de direito, que por coincidência era um brasileiro e sua professora.

A audiência em questão se tratava da primeira audiência que inicia um processo. Nesta

audiência todas as pessoas obrigatoriamente devem comparecer, as partes e os seus respectivos advogados. Caso isso não ocorra haverá penalidades a serem aplicadas para as partes envolvidas. Se o demandado não comparecer, então o autor da causa ganha a causa.

A juíza nos explicou, com muita didática, antes das partes entrarem no recinto, do que

se tratava o processo, e que essa audiência deveria buscar um acordo entre as partes, mas ela já sabia que isso não seria logrado, como de fato se comprova. A causa diz respeito a um acidente de transito que resultou na morte de uma pessoa.

A Dra. Claudia explicou que antes desta audiência houve uma audiência no juizado

especializado em conciliação, mas sem sucesso; esses juizados são presididos pelos juízes de paz. Em Montevidéu há quatro (4) juizados desse tipo, que não tem poder de sentenciar e nem de solicitar diligências, apenas tentar obter uma conciliação entre as partes. Voltando à audiência preliminar, as partes devem comparecer assistidas por seus respectivos advogados. O objeto da causa será fixado nesta audiência. Após está audiência, não havendo acordo, diligências serão emitidas e audiências complementares serão marcadas. A depender do tribunal, a ação se encerra em dois (2) meses, mas pode se estender mais dependendo da disponibilidade de todos em comparecer às audiências complementares, principalmente quando há testemunhas a serem convocadas, pois pode haver incompatibilidades de agendas, ou até mesmo o recesso, que interrompe o prazo processual.

Quando todas as diligências necessárias forem efetuadas e as declarações das

testemunhas forem coletadas, é marcada a audiência final (Alegato), onde os advogados expõem seus argumentos, razões e provas em favor de seu cliente, tentando convencer o juiz de sua causa. Depois disto, o juiz tem 30 dias corridos para dar a sentença final. Caso o juiz não cumpra o prazo de 30 dias, ele sofrerá sanção. Os próprios advogados fazem a denuncia contra o juiz.

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Caso o valor total da causa seja menor que 30.000,00 pesos então o processo é

dirigido a um juiz de paz. Caso seja superior a esse valor a causa é dada para um juiz Letrado. Voltando a causa, trata-se de um acidente de transito envolvendo uma moto e um

ônibus, em um cruzamento, ocorreu uma batida na traseira da moto, que provocou o arremesso do seu condutor, uma mulher de 37 anos e que veio a falecer no local. Nesta causa há controvérsias tanto quanto ao valor envolvido, quanto a responsabilidade. Procura-se tanto uma reparação de danos materiais (com os gastos com o funeral) como de danos morais, pois a mulher tinha filhos e ainda era provedora dos pais. As partes apresentaram nomes como testemunhas. A juíza decidiu em comum acordo com as partes fazer uma diligência, inspeção judicial, no dia 30 de agosto às 13h15 e no mesmo dia às 14h30 ouvir quatro (4) testemunhas, e no dia 03 de setembro ouvir as demais testemunhas da parte autora, e no dia 04 de setembro ouvir as quatro (4) testemunhas da parte demandada.

Este acidente ocorreu em 02 de agosto de 2008, e desde então há um processo penal

em andamento. Como no Uruguai o direito de pleitear uma causa prescreve em quatro (4) anos após o feito, então no dia 16 de março de 2012 também foi dado entrada no processo civil. Esse processo recebeu o número IUE (identificação única de expediente) 0002-0081130-2012.

Depois deste juizado, a causa pode ser impetrada no juizado de apelações. Se nas duas

instâncias (juizado letrado e de apelações) a sentença se confirmar, a causa não pode subir para a Suprema Corte.

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REUNIÃO COM O DIRETOR ADMINISTRATIVO DO PODER JUDICIÁRIO



Às 15h, nos encontramos com a Sra. Ana Inés Iriarte, que nos acompanhou até o

prédio onde fica o departamento administrativo do Poder Judiciário. Reunimo-nos com o Sr. Carlos Queirolo diretor da Direção Geral Administrativa, Sr. Gustavo Machin, chefe da divisão e o Sr. Morgan Marino, subdiretor geral. Como já informando antes, o setor administrativo trabalha para todo o Poder Judiciário. A Suprema Corte não tem um setor administrativo exclusivo.

Eles trabalham segundo o TOCAF – Texto Ordenado de Contabilidade Administração e

Financeira que compreende as áreas: - administração - recursos humanos - Tecnologia da Informação - Capacitação - Contabilidade - Financeiro - Orçamento

Eles dispõe de um portal, na intranet, que disponibiliza um cardápio interativo, de acordo com o perfil do usuário, fornecendo diversos serviços e aplicativos necessários as suas atividades diárias. Todos os funcionários são concursados e de carreira. As compras realizadas são feita por meio de licitação, com algumas exceções devido ao valor total ou tipo de serviço. Eles ficaram admirados pelo fato que no Brasil cada tribunal possuir o seu próprio orçamento e ter o seu próprio departamento administrativo.

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DESPEDIDA E COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA CIVIL



Iniciamos nosso último dia de intercâmbio, nos reunindo com o Dr. Fernando

Tovagliare e a Sra. Ethel, às 14h, para nos informar de nossa programação e também nos despedir. Demonstramos nossa imensa gratidão em nos receber e já saímos de sua oficina com saudades dos dias em que passamos juntos.

Sra. Ethel, Mônica, Francisco, Dr. Fernando Tovagliare e Fernando.

Como demonstramos bastante interesse em presenciar audiências nos juizados, Dr.

Fernando agendou mais duas visitas a outros juizados. Seguimos então para o juizado Letrado de família, presidido pelo Juiz Letrado Dr. Fernando Moreno. A audiência, que era a última, já em fase de considerações finais, estava sendo discutida a separação de sangue. A mãe ajuizou um pedido para que sua filha, uma menor de 11 anos, que sempre viveu com a mãe e o padrasto, e cujo pai biológico nunca quis se responsabilizar pela filha, obtivesse a separação definitiva do pai biológico, dessa forma o pai nunca mais poderia exercer qualquer poder sobre a filha. Com esse pedido concedido, o padrasto poderia entrar com uma ação de adoção definitiva. Foi colhido o testemunho da menor, que confirmou o vínculo afetivo com seu padrasto. Como ninguém compareceu por parte do pai biológico, foi

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designado um defensor público. Não havendo nada mais a ser posto em discussão, o juiz encerrou a sessão e agora tem até 30 dias para publicar a sentença final, devido ao recesso a data foi marcada para o dia 08 de agosto às 17h30.

O que chamou a atenção, nesta audiência, com na outra assistida no dia 27, é que na sala de audiência trabalham apenas o juiz e seu assistente. Para estimular as partes a chegarem num consenso, muitas vezes o juiz procura se sentar o mais próximo possível das pessoas. O assistente tem a tarefa de conferir os documentos de identificação apresentados pelas partes e redigir a ata da audiência, que todos devem assinar no final.

Em seguida, às 16h nos dirigimos a outro juizado, desta vez um de conciliação prévia.

Fomos recebidos pela Dra. Marta Toyos Rodriguez, juíza de Conciliação de 3º Turno. Nesta tarde havia três (3) audiências a serem realizadas, mas infelizmente, de última hora, as mesmas foram canceladas. Desta forma iniciou-se uma conversa mais informal com a Dra. Marta, e ela nos contou como é o dia-a-dia no seu turno. Por ser juizado de conciliação, ela trabalha o tempo todo buscando obter um acordo entre as partes, e para isso trabalham muito próximo das pessoas, buscando proporcionar um clima mais aconchegante e menos formal. Ela já sabe de antemão, depois de anos de experiência quando uma causa vai dar resultado positivo. Quando há excesso de trabalho, ela chega a realizar até cinquenta (50) audiências por dia, com a ajuda de sua fiel assistente, o que dá um ritmo de uma audiência a cada dez (10) minutos. O tempo é preciosíssimo, então muitas vezes a juíza tem que fazer o trabalho da assistente e presidir a audiência ao mesmo tempo, enquanto sua assistente procura adiantar o trabalho do lado de fora da sala, já coletando informações com os próximos interessados.

A recepção da Dra. Marta foi tão calorosa e espontânea que ainda ganhamos um litro

do mais puro e natural doce de leite da região. Fiquei devendo uma lembrancinha a juíza, pois neste último dia já tinha distribuído todas as lembrancinhas que tinha levado do Brasil.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E AGRADECIMENTO



O intercâmbio foi uma experiência fantástica, e superou muito qualquer tipo de

expectativa que eu tenha tido antes da viagem. Quero parabenizar os responsáveis pela elaboração do programa Joaquim Nabuco, que por meio deste pude vivenciar uma das minhas melhores experiências de trabalho.

Fiquei bastante impressionada com a organização do poder judiciário do Uruguai, com

poucos recursos e muita determinação é possível prover eficácia e efetividade à prestação do serviço judicial. Outra questão que me chamou a atenção é que os funcionários se cumprimentam, sempre, ao chegar e ao sair com um beijo na face, não só as mulheres como também aos homens, sempre desejando um bom dia “Qué se lo pase bién!”; desta forma percebe-se um clima harmonioso e um ambiente muito agradável para trabalhar. Os juízes fazem muito além do seu trabalho, muitas vezes fazendo o serviço de sua assistente, arrumando a sala apara receber as pessoas da audiência, muitas vezes fica até difícil sabem quem é o juiz e que é a assistente, a primeira vista.

Fazer o intercâmbio no Uruguai foi muito fácil, todos te recebem muito bem, as

pessoas com quem falei na rua foram muito bondosas e gentis, nos últimos dias já estava me sentindo uma pessoa de lá. Foi uma honra poder representar a suprema corte brasileira e com certeza faria tudo de novo.

Deixo aqui meus agradecimentos aos meus colegas de trabalho, pois sem eles não

poderia ter me ausentado das minhas atividades diárias, e agradeço também a minha família, que me apoiou nesta jornada tão distante deles.

E para quem tem ainda alguma dúvida se gostaria de participar deste programa, deixo

meu recado: Não vá não, você vai largar tudo, sua família, seus amigos, viver num hotel, conviver com gente estranha, pra que? Fique aqui mesmo. Assim quem sabe sobre uma vaga e eu consiga ir de novo, desta vez para outro país.

programa joaquim nabuco 1º/2012 - stf€¦ · os processos já finalizados são classificados e...

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