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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM BIOCIÊNCIA ANIMAL JÉSSICA PAMELA VELASCO DOS SANTOS EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO SOBRE O PESO E A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS Cuiabá 2019

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM

BIOCIÊNCIA ANIMAL

JÉSSICA PAMELA VELASCO DOS SANTOS

EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO SOBRE O PESO E

A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS

Cuiabá

2019

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JÉSSICA PAMELA VELASCO DOS SANTOS

EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO SOBRE O PESO E

A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS

Cuiabá

2019

Dissertação apresentada à UNIC, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre em

Biociência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Armando de Mattos Carvalho

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Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca UNIC

S237e SANTOS, Jéssica Pamela Velasco

Efeito do tratamento odontológico preventivo sobre o peso e a condição corporal de éguas. / Jéssica Pamela Velasco Santos. Cuiabá-MT, 2019.

f.: il. 60 p

Dissertação (Mestrado) Programa de Mestrado em Biociência Animal, da Universidade de Cuiabá – UNIC, 2019.

Orientador: Profº. Dr. Armando, de Mattos Carvalho

1. Dentição. 2. Equinos. 3. Escore corporal. 4. Ultrassonografia.

CDU: 619:636.1

Terezinha de Jesus de Melo Fonseca - CRB1/3261

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JÉSSICA PAMELA VELASCO DOS SANTOS

EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO SOBRE O PESO E

A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS

Dissertação apresentada à UNIC, Programa de Mestrado em Biociência Animal,

área de concentração em Saúde Animal, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

__________________________________________

_________________________________________

__________________________________________

Cuiabá, 30 de Abril de 2019.

Orientador: Prof. Dr. Armando de Mattos Carvalho

UNIC/ UFMG

Profª. Dra. Ana Helena Benetti Gomes

UNIC

Prof. Dr. Marcelo Diniz dos Santos

UNIC

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RESUMO

As patologias odontológicas que causam dor ao animal tornam a trituração do

alimento inadequada, prejudicando a digestão e fazendo com que o animal tenha

perda de peso, baixo desempenho atlético e desenvolvimento de desordens

gastrointestinais como a cólica por compactação. Para uma digestão e absorção

nutritiva eficiente é necessário que esses animais tenham uma biomecânica de

mastigação adequada. A odontologia é uma especialidade de grande importância na

medicina veterinária, pois está relacionada à saúde geral dos equinos e,

dependendo do padrão de tratamento realizado, o alívio de processos dolorosos

pode ser imediato, o que é determinante para uma mastigação adequada. Dados

que esclareçam aspectos após o tratamento odontológico envolvendo a nutrição,

metabolismo, digestão e comportamento ainda são pouco encontrados na literatura.

Uma forma de avaliação do estado físico é o escore de condição corporal (ECC),

que tem como base sinalizar os locais de gordura corporal depositada, porem é

considerada uma técnica subjetiva. A ultrassonografia para avaliação de gordura

subcutânea é um tipo de analise preciso em relação ao ECC, sendo a base da

cauda a região mais adequada para mensuração. O objetivo do presente estudo foi

avaliar o peso e a deposição de gordura subcutânea entre o grupo controle e o

grupo tratado após tratamento odontológico preventivo. Foram utilizados 16 equinos,

fêmeas, sem raça definida, com idade entre 5 e 15 anos, apresentando escore de

condição corporal (ECC) entre 3 e 4 (escala de 1 a 9), mantidos em manejo

extensivo. O tratamento odontológico foi realizado nos animais do grupo tratado,

seguido da pesagem e ultrassonografia na base da cauda para avaliar a espessura

da gordura subcutânea de ambos os grupos num período de 5 meses, onde não

foram observadas diferenças (p>0,05) para a variação de peso, ECC e espessura de

gordura subcutânea entre os grupos no decorrer do estudo.

Palavras-chave: Dentição. Equinos.

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ABSTRACT

The dental pathologies that cause pain to the animal make food crunch inadequate,

impairing digestion and causing the animal to lose weight, low athletic performance

and development of gastrointestinal disorders such as compression colic. For

efficient digestion and nutrient absorption, it is necessary for these animals to have

adequate chewing biomechanics. Dentistry is a specialty of great importance in

veterinary medicine because it is related to the general health of horses and,

depending on the standard of treatment performed, the relief of painful processes

can be immediate, which is determinant for proper chewing. Data that clarify aspects

after dental treatment involving nutrition, metabolism, digestion and behavior are still

little found in the literature. One way of evaluating the physical condition is the body

condition score (ECC), which is based on signaling the deposited body fat sites, but

is considered a subjective technique. Ultrasonography for subcutaneous fat

evaluation is a precise type of analysis in relation to ECC, with the tail base being the

most suitable for measurement. The objective of the present study was to evaluate

the weight and the deposition of subcutaneous fat between the control group and the

treated group after preventive dental treatment. Sixteen equine, female, undefined,

aged 5 to 15 years old, presenting body condition score (ECC) between 3 and 4

(scale from 1 to 9), were maintained under extensive management. Dental treatment

was performed on animals in the treated group, followed by weighing and

ultrasonography at the base of the tail to evaluate the thickness of the subcutaneous

fat of both groups in a 5-month period, where no differences were observed (p> 0.05)

for the weight variation, ECC and subcutaneous fat thickness between the groups

during the study.

Keywords: Dentition. Horses.

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LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA

Figura 1 - Dentição dos equinos, coroa longa uma característica do dente

hipsodonte

13

Figura 2 - Sistema Triadan modificado para identificação dos dentes

permanentes de equinos

14

Figura 3 - Angulação da mesa dentária dos equinos 15

Figura 4 - Elementos dos dentes de equinos, pré-molares da arcada maxilar 17

Figura 5 - Presença de infundíbulo na dentição incisiva da arcada maxilar e

mandibular

18

Figura 6 - Estimativa da idade de um equino de 13 anos a partir da presença

do sulco de Galvayne

21

Figura 7 - Surgimento da cauda de andorinha aos 7 anos de idade no terceiro

incisivo da arcada maxilar de um equino

21

Figura 8 - Equino de aproximadamente 18 anos de idade, apresentando os

incisivos centrais com mesa e estrela dentária em formato triangular

22

Figura 9 - Ilustração da dinâmica mastigatória adequada dos equinos 24

Figura 10 - Cálculo dentário no dente canino de um equino 25

Figura 11 - Cristas transversas 26

Figura 12 - Formação de degrau no dente pré-molar da arcada maxilar 27

Figura 13 - Presença do primeiro pré-molar (dente de lobo), na arcada maxilar

de um equino

28

Figura 14 - Presença de gancho rostral no segundo pré-molar (106/206) da

arcada maxilar de um equino

29

Figura 15 - Pontas excessivas de esmalte dentário na arcada maxilar e

mandíbula

31

Figura 16 - Formação de úlcera profunda no vestíbulo bucal 31

Figura 17 - Locais de avaliação do escore de condição corporal em equinos 34

ARTIGO 1 - Efeito do tratamento odontológico preventivo sobre o peso e

condição corporal de éguas

Figura 1 - Ultrassonografia da base da cauda (UBC) 50

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LISTA DE QUADROS

REVISÃO DE LITERATURA

Quadro 1 – Cronologia da erupção dos dentes decíduos e dentes permanentes

dos equinos

20

Quadro 2 – Estimando a idade dos equinos através do surgimento, posição e

formato da estrela dentária

23

Quadro 3 - Descrição das características físicas observadas na escala de

escore corporal criada por Henneke; Potter; Kleider, 1983

34

ARTIGO 1 – Efeito do tratamento odontológico preventivo sobre o peso e

condição corporal de éguas

Quadro 1 – Alterações odontológicas identificadas e descritas no odontograma 51

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINE Anti-inflamatório não esteróide

cm Centímetros

CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais

DP Diastema Patológico

ECC Escore de Condição Corporal

IV Intravenosa

IM Intramuscular

GT Grupo Tratado

GC Grupo Controle

Kg Quilograma

mg Miligrama

mm Milímetros

M Molar

MHz Mega-hertz

MT Mato Grosso

pH Potencial Hidrogeniônico

PEED Pontas Excessivas de Esmalte Dentário

PM Pré-Molar

Ssp. Subespécie

UBC Utrassonográfia na Base da Cauda

US Ultrassonográfia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 12

2.1 ANATOMIA E COMPOSIÇÃO DO DENTE DE EQUINOS ....................... 12

2.2 CRONOLOGIA DENTÁRIA ....................................................................... 19

2.3 FISIOLOGIA DA MASTIGAÇÃO ............................................................... 23

2.4 PATOLOGIAS DENTÁRIAS COMUNS ..................................................... 24

2.4.1 Cálculo dentário ................................................................................... 24

2.4.2 Cristas transversas .............................................................................. 25

2.4.3 Degrau ................................................................................................... 27

2.4.4 Dente de lobo ........................................................................................ 28

2.4.5 Gancho .................................................................................................. 29

2.4.6 Ponta excessiva de esmalte dentário ................................................ 30

2.5 SINAIS CLÍNICOS COMUNS A ALTERAÇÕES ODONTOLÓGICAS ...... 32

2.6 ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL .................................................... 33

2.7 ULTRASSONOGRAFIA DE GORDURA SUBCUTÂNEA ......................... 36

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 37

3 OBJETIVOS ................................................................................................... 43

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 43

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 43

4 ARTIGO 1 – EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO

PREVENTIVO SOBRE O PESO E A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS

............................................................................................................................

44

RESUMO ........................................................................................................... 44

ABSTRACT ....................................................................................................... 45

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 46

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 47

RESULTADOS .................................................................................................. 50

DISCUSSÃO ..................................................................................................... 52

CONCLUSÕES ................................................................................................. 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 56

CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................... 60

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11

1 INTRODUÇÃO

No decorrer da vida dos equinos, a dentição pode transfigurar sua morfologia,

essa modificação pode ser fisiológica ou patológica causada por manejo

inadequado. É importante também acompanhar a genealogia dentária logo após o

nascimento, possibilitando desta forma a identificação precoce de patologias

congênitas. Devido às trocas dos dentes decíduos pelos permanentes, e a

característica de erupção continua com desgaste dentário incessante na espécie

equina, torna necessário realizar avaliações da cavidade oral regularmente

(SANTOS, 2014).

Os equinos tem a cavidade oral profunda, o que torna o acesso mais restrito,

outro fator limitante é o temperamento destes animais, que por vezes não permitem

um exame clínico seguro e eficiente, perante tais dificuldades é indispensável optar

por serviço especializado e a utilização de equipamentos específicos para uma

inspeção minuciosa dos dentes (ALENCAR-ARARIPE; CASTELO-BRANCO;

NUNES-PINHEIRO, 2013a; BERBARI NETO et al., 2013).

As patologias odontológicas que causam dor ao animal tornam a trituração do

alimento inadequada, prejudicando assim a digestão fazendo com que o animal

tenha perca de peso, baixo desempenho atlético e desenvolvimento de desordens

gástricas como a cólica por compactação (DI FILIPPO et al., 2018). Alimentos a

base de grãos, vem sendo utilizados na dieta alimentar de cavalos como fonte de

energia, reduzindo assim o fornecimento de volumoso. Em consequência, essa

forma de manejo alimentar fez com que estereotipias dentárias ocorressem

interferindo de forma negativa na fisiologia mastigatória, e desta forma elevou as

probabilidades dos equinos desenvolverem quadros de cólica (MACHADO;

BONOTTO, 2017; MORAES FILHO, 2016). Animais de criação extensiva passam

grande período do dia pastejando, o que permite um desgaste dentário regular,

diferente de equinos criados em baias a qual estão restritos a atividade de pastejo e

submetidos a uma nutrição controlada, onde parte do alimento fibroso é substituída

por alimento concentrado, causando uma alteração dos movimentos mastigatórios e

no desgaste dentário. O manejo intensivo impossibilita a seleção natural do alimento

e diminui o tempo de mastigação, a partir desses fatores à grande possibilidade para

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12

o surgimento de problemas odontológicos (EASLEY; SHUMACHER, 2011;

GEMIGNANI, 2014).

Para que ocorra uma digestão e absorção nutritiva eficiente, é necessário que

esses animais tenham uma biomecânica de mastigação adequada, e isso só é

possível quando estes apresentam uma dentição anatômica e morfologicamente

equilibrada, de forma que não haja agressão das estruturas do elemento dentário

contra tecidos moles adjacentes na cavidade oral (POMBO et al., 2016). A

odontologia é uma especialidade de grande importância na medicina veterinária,

pois está relacionada a saúde geral dos equinos, e dependendo do padrão de

tratamento realizado, o alivio de processos dolorosos pode ser imediato, o que é

determinante para a eficiência mastigatória (DIETRICH, 2018).

Dados que esclareçam aspectos após o tratamento odontológico que envolva

nutrição, metabolismo, digestão e comportamento ainda são pouco encontrados na

literatura. Devido ao crescimento da atividade intensiva de equinos tanto para

atividade pecuária quanto de esporte, é necessário que estudos sejam realizados

com a finalidade de propiciar um melhor manejo nutricional, e bem-estar que

beneficiem a saúde desses animais (DIETRICH, 2018; MORAES FILHO, 2016;

POMBO et., 2016;).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ANATOMIA E COMPOSIÇÃO DO DENTE DE EQUINOS

Os equinos são heterodontes, sua dentição tem características morfológicas e

funcionalidade específica para a mastigação. Considerados difiodontes, cavalos

apresentam dente decíduo ou provisório, seguido de uma dentição permanente,

sendo que a troca ocorre apenas nos dentes incisivos e pré-molares (DIXON, 2011).

A anisognatia é uma peculiaridade anatômica de equinos, e significa que a maxila é

mais larga que a mandíbula, uma condição fisiológica da espécie (RADOSTITS;

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13

MAYHEW; HOUSTON, 2013). A largura da maxila equivale a uma media de 30%

em relação à mandíbula (LOWDER; MUELLER, 1998).

São também hipsodontes, ou seja, tem a coroa longa (Figura 1), e esta surge

da gengiva de forma continua durante a vida, esse fato se da como uma forma de

repor o desgaste dentário sofrido durante o atrito da mastigação, incluindo a abrasão

que as forrageiras causam aos dentes, devido a presença de sílica, hemicelulose,

celulose e lignina (RADOSTITS; MAYHEW; HOUSTON, 2013). Os equinos recebem

a classificação de gnatostomatas, que é a mobilidade da mandíbula (DIXON;

DACRE, 2005).

Os equinos podem apresentar na cavidade oral de 36 á 44 dentes

permanentes, essa quantidade é dependente do dente canino e primeiro pré-molar,

que podem estar presentes ou não na arcada dentária de machos e fêmeas, e ainda

em número variável. A fórmula dentária dos dentes permanentes é a seguinte, 2 x

(incisivos 3/3, caninos 1/1, pré-molares 4/4, molares 3/3), sendo que para os dentes

temporários é 2 x incisivos 3/3, caninos 0/0, pré-molar 3/3, molar 0/0,

correspondendo a 24 dentes (BACKER; EASLEY, 2005). Totalizando quatro

hemiarcadas, a dentição dos equinos consiste em incisivos, caninos, pré-molares e

Fonte: DYCE; SACK,( 2004).

Figura 1 – Dentição dos equinos coroa longa, uma característica do

dente hipsodonte.

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14

molares, cada dente tendo sua particularidade morfológica (MACHADO; BONOTTO,

2017).

O Triadan modificado é o sistema de nomenclatura para identificação da

dentição dos equinos mais utilizados, com base em três dígitos cada dente recebe

uma numeração individual sendo que o primeiro digito corresponde a determinada

hemiarcada. A ordem numérica inicia no quadrante da hemiarcada superior direita

que corresponde ao número um, e prossegue em sentido horário até a quarta

hemiarcada inferior direita com a numeração quatro, isso para dentes permanentes,

e quando relacionada á dentição temporária, a ordem de numeração inicia em digito

numero cinco até o número oito na quarta hemiarcada. A numeração dos dentes

inicia em número um e condiz ao primeiro dente incisivo de cada hemiarco,

progridindo sua numeração do sentido rostral para caudal (Figura 2) (DIXON;

DACRE, 2005).

Fonte: Raquel Miraz, 2018.

Figura 2 - Sistema Triadan modificado para identificação dos dentes

permanentes de equinos.

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15

Levando em consideração que a espécie equina pode passar até 18 horas

por dia mastigando (PAGLIOSA et al., 2006; RADOSTITS; MAYHEW; HOUSTON,

2013).

Está esclarecido que a biomecânica da mastigação apresenta influencias em

relação à dentição, sabendo-se que fisiologicamente, os dentes dos equinos

emergem da gengiva e modificam seu formato e tamanho no decorrer da vida.

Assim como a digestão do alimento inicia na boca, alterações odontológicas podem

interferir negativamente na absorção de nutriente caso a trituração alimentar não

seja adequada, podendo levar o animal a quadros de cólica por causa da má

redução das fibras alimentares (MORAES FILHO, 2016). A superfície oclusal dos

dentes justapostos apresenta uma angulação fisiológica de 10° a 15° (Figura 3), o

grau é definido de acordo com a força de impacto aplicada durante a mastigação,

juntamente com a amplitude de excursão lateral efetuada. Cavalos com dieta rica

em concentrado ou patologia dentaria dolorosa presente, tendem a realizar

movimentos mastigatórios em sentido vertical, essa ação pode provocar desgaste

dentário anômalo tornando a superfície de oclusão mais angulada, em casos graves

o nome desta anomalia é denominada de “shear mouth” que significa “boca de

tesoura” (BACKER; EASLEY, 2005).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 3 – Angulação da mesa dentária dos equinos.

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16

Alterações relacionadas à má oclusão, ou desgaste dentário irregular geram

um impacto prejudicial e acumulativo durante a vida dos equinos, tornando assim os

padrões de anormalidades no desgaste mais evidentes. A pressão imposta sobre

um dente com pouca coroa de reserva em animais mais velhos com desgaste

dentário desarmônico, pode propiciar um deslocamento do dente alterando o

alinhamento de oclusão das arcadas (SANTOS, 2014).

Na superfície dos dentes incisivos e molar da maxila o esmalte dentário

produz dobras durante o desenvolvimento do dente, e a partir destas ocorre a

formação de infundíbulos que são brechas fisiológicas que são integradas com

cemento, essa característica da um aspecto de superfície áspera a qual confere a

trituração do alimento quando em contato com a superfície dentária (KÖNING;

LIEBICH, 2011).

O dente dos equinos é composto por três tecidos sendo o esmalte, dentina e

cemento (Figura 4), esses são elementos de elasticidade e maleabilidade

(PAGLIOSA et al, 2006). O constituinte mais duro presente em todo o organismo de

um equino é o esmalte dentário, cerca de 98% de sua composição tem como base

cristais de hidroxiapatita um elemento inorgânico, e os 2% restantes são

principalmente de queratina, uma substância orgânica. Esse tecido se apresenta em

forma de dobras invaginadas, que acabam por formar irregularidades na superfície

dos dentes, facilitando a trituração do alimento durante a mastigação. É

demonstrada maior espessura do esmalte na borda bucal dos pré-molares (PM) e

molares (M) da maxila, e na borda lingual dos PM e M da mandíbula, que são os

locais onde recebem maior força de atrito mastigatório. O direcionamento das

invaginações divide em menores áreas a disposição da dentina (BACKER; EASLEY,

2005).

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17

A dentina é um tecido ativo responsável pela reparação dos dentes, e está

presente na superfície oclusal, ela circunda toda a polpa dentária protegendo-a de

ser exposta no decorrer do processo contínuo de erupção do dente, onde a partir

dos odontoblastos uma dentina secundaria é produzida e depositada. Cerca de 70%

de seu componente é inorgânico contendo cristais de hidroxiapatita, e 30% da

porção orgânica contém água, fibras colágenas e mucopolissacarídeos (BACKER;

EASLEY, 2005). A conexão existente entre o esmalte e a dentina, faz com que a

pressão aplicada pelos movimentos mastigatórios dissipe a potência da pressão,

através da característica elástica de sua matriz. Tendo o esmalte dentário grande

resistência, tem como função proteger a dentina de um desgaste demasiado, assim

como o cemento realiza o papel de proteger o esmalte dentário de eventuais fraturas

(PAGLIOSA et al., 2006).

O cemento é produzido a partir dos cementoblastos, sendo um tecido ativo na

porção sub-gengival onde a vasculatura do ligamento periodontal fornece nutrientes

para sua manutenção, este contorna toda periferia e infundíbulo na superfície de

oclusão secundária presente nos PM e M. Composto de 65% em sua maioria de

cristais de hidroxiapatita considerada porção inorgânica, e a porção orgânica 35%

contem água e fibras colágenas (BACKER; EASLEY, 2005).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 4 – Elementos dos dentes de equinos, pré-molares da

arcada maxilar.

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18

A polpa dentária é composta de vasos e nervos, está integra a porção interior

dos dentes e é envolvida pela dentina, originando a cavidade pulpar. Os dentes PM

e M da maxila são compostos de cinco cavidades pulpares e três raízes, já os da

mandíbula possuem duas cavidades pulpares e duas raízes e os incisivos tem uma

cavidade, e o segundo PM e terceiro M tem seis cavidades pulpares (KLUG, 2010).

Os equinos possuem três incisivos por hemiarcada, classificados em incisivo

central, intermediário e canto, onde os permanentes podem ter comprimento

variando de 5,5 a 7 cm, destes, apenas uma pequena parte de todo o dente emerge

da gengiva, sendo que a sua maior parte é coroa de reserva. Todos os incisivos são

compostos de infundíbulo (Figura 5), conhecidos também como taça, onde parte é

preenchida com cemento e a parte mais superficial forma o lúmen do infundíbulo,

que é um espaço remanescente que com o passar dos anos vai ficando estreito até

que desapareça totalmente, a oclusão ocorre devido a formação de dentina

secundária no lúmen, onde através desse preenchimento forma a estrela dentária,

normalmente isso ocorre após cinco ou seis anos (RADOSTITS; MAYHEW;

HOUSTON, 2013). Os incisivos apresentam em sua anatomia uma cavidade pulpar

por dente (SILVA et al., 2003).

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 5 – Presença de infundíbulo na dentição

incisiva da arcada maxilar e mandibular.

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19

Os dentes caninos são rudimentares, não sendo comum em éguas, seu ápice

exposto é pouco se relacionado a porção que adentra a gengiva (DYCE; SACK;

WENSING, 2010). Possui uma cavidade pulpar espessa onde sua amplitude reduz

de forma gradativa (EASLEY, 2006).

O primeiro pré-molar é conhecido popularmente como “dente de lobo”,

estruturalmente esse dente não apresenta raiz longa e ainda pode se apresentar de

tamanho e formato variável. O sexo não interfere no aparecimento deste dente, visto

que frequentemente é observado em machos e fêmeas (ALENCAR-ARARIPE;

CASTELO-BRANCO; NUNES-PINHEIRO, 2013a). O dente de lobo não tem função

alguma, podendo sofrer traumas e se deslocar causando grande injuria na gengiva,

ao menos sua extração é fácil (DYCE; SACK; WENSING, 2010).

Os dentes pré-molares e molares crescem em direção longitudinal a partir de

6-7 anos de idade, e as raízes só expandem quando esse crescimento cessa

(RADOSTITS; MAYHEW; HOUSTON, 2013). A partir do segundo pré-molar até o

ultimo dente molar da arcada maxilar, os dentes apresentam cinco cavidades pulpar,

já na arcada mandibular estão presentes duas cavidades onde com o passar do

tempo é preenchida por dentina secundária (SILVA et al., 2003).

Quanto aos molares os dentes superiores são mais largos que os inferiores e

seu pregueamento de esmalte têm mais camadas e formam dois infundíbulos,

contrário aos dentes da mandíbula. Os molares sofrem desgaste de 2 a 3 mm por

ano (DYCE; SACK; WENSING, 2010).

2.2 CRONOLOGIA DENTÁRIA

Os dentes são os órgãos mais aptos e capazes de demonstrar a idade de um

cavalo, entre o aspecto geral de um equino a dentição é a mais usada. A cronologia

dentária consiste em observar a morfologia apresentada nos dentes incisivos, e

classificar a erupção e desgaste dentário. É um método de avaliação que visa

estimar a idade, e pode ser usada como uma ferramenta para sinalizar e mensurar

custos econômicos futuros, a qual um cavalo de uso restrito para a produção pode

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gerar. O conhecimento da cronologia dentária dos equinos tem grande relevância,

pois a partir dela é possível realizar um acompanhamento da oclusão dos dentes, e

se necessário intervir e corrigir de forma precoce patologias que possam prejudicar a

qualidade de vida de equinos no futuro. As trocas dentárias e rasamento dos dentes

são fatores avaliados para mensurar a idade dos animais (SILVA et al., 2003).

A sequência do aparecimento dos dentes de equinos foi descrita por Lowder e

Mueller (1998), demonstrando a ordem cronológica da erupção dentária (Quadro 1).

O sulco de Galvayne (Figura 6) é uma mancha escura em forma de faixa que

surge da borda gengival vestibular no suco médio-cranial do 3º dente incisivo das

hemiarcadas da maxila, está se apresenta aos 10 anos de idade onde

gradativamente atinge toda a face ápico-coronal aos 20 anos (DIXON, 2002). A faixa

em regressão na porção final até o nível médio da coroa clinica estima 25 anos e

quando bem próximo a borda da mesa dentária confere 30 anos de idade ao animal

(DYCE; SACK; 2004).

Dente Erupção dos dentes decíduos Erupção dos dentes permanentes

Incisivo Pinça 1º semana 2,5 anos

Incisivo Médio 4-6 meses 3,5 anos

Incisivo Canto 6-9 meses 4,5 anos

Canino Não ocorre 3,5 anos

1º Pré-Molar Não ocorre 6 meses a 3 anos

2º Pré-Molar Nascimento 2,5 anos

3º Pré-Molar Nascimento – 4ºsemana 2,5 – 3 anos

4º Pré-Molar Nascimento – 4ºsemana 3,5 – 4 anos

1º Molar Não ocorre 1 ano

2º Molar Não ocorre 2 anos

3º Molar Não ocorre 3,5 - 4 anos

Fonte: LOWDER; MUELLER, (1998). Adaptado

Quadro 1 – Cronologia da erupção dos dentes decíduos e dentes

permanentes dos equinos.

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A cauda de andorinha (Figura 7) é uma alteração morfológica que ocorre nos

dentes incisivos canto da arcada maxilar, quando o animal atinge sete anos de idade

(SILVA et al., 2003).

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 6 – Estimativa da idade de um equino de 13 anos a

partir da presença do sulco de Galvayne.

Figura 7 – Surgimento da cauda de andorinha aos 7 anos de

idade no terceiro incisivo da arcada maxilar de um equino.

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Durante o desenvolvimento dos dentes incisivos, dobras de esmalte são

produzidas fazendo com que infundíbulos sejam formados, uma brecha fisiológica

conhecida como cálice, que é preenchida por cemento durante a oclusão sendo uma

das principais características que auxiliam na classificação da idade dos equinos

(KÖNING; LIEBICH, 2011). Conforme os dentes incisivos sofrem desgaste menor é

a luz do infundíbulo, ela vai reduzindo de tamanho até o total desaparecimento de

forma gradual, e a sua retração sugere que quanto mais estreito e raso mais velho é

o animal, surgindo então no lugar do cálice a mancha de esmalte dentária conhecida

também como estrela dentária (CARMALT; CYMBALUK; TOWNSEND, 2005). A

presença da estrela dentária (Figura 8) e o formato da mesa dentária nos dentes

incisivos da mandíbula, é uma das formas de estimar a idade dos animais (Quadro

2), conforme Lowder e Mueller (1998). A angulação oclusal dos dentes incisivos,

também é uma forma de estimar a idade dos equinos (PAGLIOSA et al., 2006).

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 8 – Equino de aproximadamente 18 anos de idade, apresentando

os incisivos centrais com mesa e estrela dentária em formato triangular.

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2.3 FISIOLOGIA DA MASTIGAÇÃO

Com a domesticação, o hábito alimentar natural da espécie equina sofreu

mudanças quanto à disponibilidade de alimento e qualidade ofertada. Os cavalos

foram retirados do pastejo baixo onde consumiam maior diversidade de alimento por

até 18 horas diárias, sendo introduzida a estabulação com horários de alimentação

pré-determinada. Essa mudança no manejo alimentar levou a alterações no

desgaste dentário natural, originando desordens digestiva, causada pela desarmonia

dentária. A mastigação tem total relação com a dentição, e os dentes dos equinos

sofrem mudanças morfológicas, e continuam a crescer durante toda a vida. A

primeira fase da digestão começa na boca, a trituração inadequada do alimento

realizada pelos dentes, faz com que as fibras mal digeridas não permitam uma

absorção de nutrientes suficientes e ainda predispõe quadros de cólica (POMBO et

al., 2016).

Na fisiologia da mastigação, na fase de potência ocorre o deslize em

transversal dos dentes maxilares sobre os dentes da mandíbula( Figura 9), sendo

essa atividade o movimento da trituração do alimento e consequentemente uma das

formas do desgaste dentário não só pelo contato com a fibra alimentar, mas também

pelo atrito entre os dentes mandibulares e maxilares. Fibras alimentares mal

trituradas ou ricas em lignina associadas a uma mastigação ineficiente, podem

impedir o encurtamento das fibras alimentares o que pré-dispõe riscos no

desenvolvimento de quadros de cólica por compactação intestinal. Quando as

Dente

incisivo

Estrela

dentária

presente

Estrela

dentária

central

Estrela

dentária

arredondada

Mesa dentária

triangular

Mesa dentária

oval

Pinça 7 – 8 anos 10 – 13 anos 10 – 15 anos 13 – 18 anos Acima 18 anos

Médio 8 – 9 anos 10 - 15 anos 11 – 15 anos 15 – 19 anos Acima 19 anos

Canto 9 – 10 anos 10 – 15 anos 11 - 15 anos 17 – 20 anos Acima 20 anos

Fonte: LOWDER; MUELLER, (1998). Adaptado

Quadro 2 – Estimando a idade dos equinos através do surgimento, posição e formato

da estrela dentária.

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partículas do alimento rico em carboidrato não são trituradas adequadamente, a

superfície de contato para ação da microbiota formadora de ácidos graxos voláteis

do intestino grosso é prejudicada, dessa forma o excesso de gases formados origina

o timpanismo, um quadro que gera distensão intestinal resultando em dor além de

alterar a dinâmica peristáltica, podendo provocar cólica gasosa (MACHADO;

BONOTTO, 2017).

2.4 PATOLOGIAS DENTÁRIAS COMUNS

2.4.1 Cálculo dentário

A superfície dentária é circundada por uma película composta de

glicoproteínas salivares e até anticorpos, o que permite aderência bacteriana

podendo posteriormente desencadear infecções (WILSON, 2001). O cálculo dentário

Fonte: PAGLIOSA et al., (2006). Adaptado

Figura 9 – Ilustração da dinâmica mastigatória adequada dos

equinos. Fases dos movimentos mastigatórios: 1 – 3 abertura da

boca, 4 -5 fechamento, 6 – 9 impacto e atrito, 10 retorno inicial.

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(Figura 10) é uma doença que pode estar correlacionada a casos de gengivite ou

doença periodontal, o surgimento dessa afecção pode ainda estar interligada a

alimentação, onde animais que não tem acesso a pasto tem maior predisposição a

desenvolver essa patologia, uma vez que a dieta recebida é em grãos ou fibras de

forrageira jovem (KLUGH, 2006).

2.4.2 Cristas transversas

As cristas transversas são formadas na superfície oclusal dentária dos dentes

pré-molares e molares a partir do esmalte dentário presente no componente dos

dentes, podendo causar travamento de mandíbula durante a mastigação em animais

jovens e formação de degrau em animais velhos, e quando sua proeminência é

exagerada pode lesionar tecidos moles e ocasionar grave injuria ao osso

mandibular, e ainda pré-dispõe a arcada mandibular a sofrer um desalinhamento

(SCRUTCHFIELD; JOHNSON, 2006).

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 10 – Cálculo dentário no dente canino de um equino.

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As cristas transversas (Figura 11) quando em excesso ultrapassam 3 mm e

podem levar a diastema anormal nos dentes anteriores ao dente alterado. Causadas

pela má oclusão entre as arcadas dentárias, essa alteração odontológica pode

propiciar o surgimento de diastemas anômalos, o que leva ao acumulo de alimento

entre um dente e outro e posteriormente evolua para uma doença periodontal

arriscando a perda prematura do dente (KLUGH, 2010 apud GEMIGNANI, 2014).

No tratamento odontológico o desgaste em demasia da superfície oclusal no

momento da correção das cristas deve ser evitada, pois a perda das cristas naturais

torna a trituração alimentar inadequada e baixam a taxa de aproveitamento dos

nutrientes (DIXON; DACRE, 2005). Não existindo dados publicados que

estabeleçam o tempo do ressurgimento das cristas de oclusão após o desgaste,

Dietrich (2018) esclarece que em torno de duas semanas após sua correção, as

mesmas já podem ser observadas na cavidade oral, onde o padrão a qual se aplica

o groseamento é determinante para os casos de recidiva em menor período de

tempo. Sendo que o a harmonia oclusal é capaz de equilibrar o processo de erupção

dentária, e ainda ampliar a longevidade dos equinos aliviando processos dolorosos

preexistentes.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 11 – Cristas transversas.

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2.4.3 Degrau

O degrau é uma alteração odontológica que ocorre através do crescimento

exacerbado de um determinado dente (Figura 12) onde seu crescimento supera o

limite da superfície oclusal, essa condição é estabelecida devido à ausência de

contato parcial ou completo com o dente da arcada oposta (DIXON, 2011). O dente

continua a erupcionar após a perda do dente da arcada oposta, podendo ultrapassar

o nível da superfície de oclusão em 5 mm ano, podendo o degrau apresentar

formato retangular primariamente. A trituração do alimento é prejudicada pela

limitação dos movimentos mastigatórios causados pela dor, a queda de alimento e

halitose pode estar presentes nesses casos (DIXON; DACRE, 2005).

A não correção dessa alteração odontológica pode prejudicar os movimentos

mastigatórios de forma que o degrau se torna um obstáculo impedindo uma absoluta

excursão lateral, assim podendo o animal apresentar dor, queda de alimento durante

Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 12 – Formação de degrau no dente pré-molar da

arcada maxilar.

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a mastigação, halitose e perda de peso, tornando assim o processo de trituração

alimentar ineficiente (DIXON, 2011).

2.4.4 Dente de lobo

O primeiro pré-molar ou dente de lobo (Figura 13) como é conhecido,

irregularmente está presente na cavidade oral dos equinos, onde ocasionalmente

pode ser observado tanto na arcada mandibular quanto maxilar (DYCE; SACK;

WENSING, 2010), sendo este considerado comum na dentição da espécie equina e

não sendo classificado como patológico. Através de estudo da prevalência do dente

de lobo em 177 cabeças de equinos da raça Puro sangue inglês com idade variando

de dois a quatro anos de idade, foi possível identificar a presença do primeiro pré-

molar em mais de 70% dos animais, observando-se uma maior predisposição nas

fêmeas, e localizados em maioria nas hemiarcadas superiores frequentemente no

lado direito, de morfologia diminuta e pontiaguda o que pode propiciar lesões na

cavidade oral prejudicando de forma geral o rendimento dos animais (FERNANDES

FILHO et al., 2014).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 13 – Presença do primeiro pré-molar (dente de lobo), na

arcada maxilar de um equino.

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Quando o dente de lobo está presente e não erupciona são designados

“dente de lobo oculto” ou “incluso”, sendo assim indicada sua extração (ALENCAR-

ARARIPE; CASTELO-BRANCO; NUNES-PINHEIRO, 2013a). Mesmo que esse

dente não cause problemas diretos ao cavalo, em alguns equinos, o dente de lobo

pode gerar desconforto e reação comportamental negativa devido ao uso da

embocadura durante a prática de esporte, portanto sendo indicada a sua extração

(GRIFFIN, 2009).

2.4.5 Gancho

Ganchos são consequências do desalinhamento da arcada mandibular em

relação a maxila, guando um gancho surge o dente acometido recebe uma maior

força de impacto durante a mastigação, podendo assim ser deslocado e formar um

diastema patológico. Distúrbios na articulação temporomandibular, mastigação

inadequada e perca de dente temporário podem pré-dispor o surgimento de ganchos

(Figura 14) (EASLEY; SCHUMACHER, 2011).

O gancho passa a atuar como obstáculo que impede os movimentos

completos da mastigação rostrocaudal, e pode ter relação com a presença de

sobremordida (LIMA et al., 2011). Os ganchos podem estar correlacionados com

Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 14 – Presença de gancho rostral no segundo pré-molar

(106/206) da arcada maxilar de um equino.

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pontas de esmalte excessivas que quando não corrigidas podem ocasionar uma má

oclusão devido a uma mastigação irregular, inibindo a amplitude da excursão lateral

fisiológica, onde consequentemente ocorre uma verticalização mastigatória,

impossibilitando o desgaste regular da extremidade dos dentes da fileira de cada

hemiarcada (PAGLIOSA et al., 2006).

Animais que recebem alimentação em altura elevada, podem apresentar

ganchos rostrais indicando deslize em direção á mandíbula (EASLEY;

SCHUMACHER, 2011; GEMIGNANI, 2014). O movimento rostrocaudal da

mandíbula é uma dinâmica fisiológica dos equinos com motilidade rostral quando

estão de cabeça abaixada, diferente da movimentação caudal quando de cabeça

elevada o que altera o alinhamento das arcadas dentárias (EASLEY;

SCHUMACHER, 2011).

2.4.6 Pontas excessivas de esmalte dentário (PEED)

As pontas de esmalte excessivas (PEED) são consequências de um desgaste

dentário irregular, essa patologia prejudica o movimento mastigatório, de forma que

a trituração e a digestibilidade dos nutrientes seja ineficiente (STRAIOTO; SILVA;

RIBEIRO, 2018). Uma patologia formada nas bordas dos dentes PM e M em sentido

vestibular na arcada maxilar, e na porção lingual da arcada mandibular (Figura 15)

(PAGLIOSA et al., 2006). Essa alteração dentária surge a partir das pregas de

esmalte dentário, quando os dentes justapostos entre as arcadas não se unem

completamente durante os movimentos mastigatórios, dessa forma permitindo o

crescimento exuberante do esmalte nas bordas dentárias. A PEED quando em

contato com a mucosa oral pode provocar úlceras orais (Figura 16) que causam

sensibilidade e dor ao animal (BAKER, ALLEN, 2002).

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Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 15 – Pontas excessivas de esmalte

dentário na arcada maxilar e mandíbula.

Figura 16 – Formação de úlcera profunda no vestíbulo

bucal.

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A anisognatia uma característica de equinos, é uma precursora para o

surgimento de pontas de esmalte dentário pontiagudos, isso é devido ao maior

ângulo da oclusão da dentição, que faz com que naturalmente os dentes justapostos

entre as arcadas não apresentem um contato completo (PAGLIOSA et al., 2006). A

inserção de alimento concentrado na dieta de equinos reduz o tempo de mastigação

e induzem o processo mastigatório a movimentos verticais, ocasionando assim um

desgaste irregular dos dentes e propiciando a formação da PEED (BAKER; ALLEN,

2002). Em um estudo realizado, no total de 423 cabeças analisadas de um

abatedouro de equinos 83,9% dos animais apresentaram PEED (BERBARI NETO et

al., 2013).

2.5 SINAIS CLÍNICOS COMUNS A ALTERAÇÕES ODONTOLÓGICAS

Muitos sinais observados em equinos podem indicar alterações de ordem

odontológica, como a mastigação irregular, mudanças de temperamento, relutância

a embocadura e doma, acúmulo de alimento na boca, descargas nasais, edema

facial e mandíbular, fistulas na face, distúrbios gástricos e perda de peso (MORAES

FILHO, 2016; POMBO et al., 2016). Movimentos mastigatórios lentos e descontínuos

são alterações clínicas apresentadas por animais que apresentam alterações

dolorosas, a halitose, balançar de cabeça e dificuldade em apreender o alimento são

evidências que tornam indispensável uma inspeção da cavidade oral (RADOSTITIS

et al., 2007).

As patologias odontológicas que causam dor ao equino tornam a trituração do

alimento inadequado, prejudicando assim a digestão dos nutrientes fazendo com

que o animal tenha perca de peso, baixo desempenho atlético e desenvolvimento de

desordens gástricas como a cólica por compactação. As alterações odontológicas

consideradas leves ou moderadas quando corrigidas adequam a mastigação dos

equinos, dado que pode ser comprovando quando ocorre redução do tamanho da

fibra fecal após intervenções odontológicas (DI FILIPPO et al., 2018; MACHADO;

BONOTTO, 2017). O uso da embocadura nos equinos que apresentam problemas

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dentários pode lesionar gravemente os vestíbulos internos da cavidade oral,

originando assim úlceras e hematomas (ALENCAR-ARARIPE et al., 2013b).

2.6 ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL

Considerada uma avaliação do estado físico, o escore de condição corporal

(ECC), tem como base sinalizar os locais de gordura corporal depositada, revelando

o nível de energia envolvida no corpo (HENNEKE; POTTER; KLEIDER, 1983). O

grau de ECC depende do balanço energético, sendo que a frequência e intensidade

de exercícios físicos, parasitose, alterações dentárias, alimentação e disposição de

água, de acordo com as condições contribuem de forma positiva ou negativa ao

ECC (RODRIGUES, 2009). A fração que corresponde a quantidade de gordura

depositada no corpo, influência na funcionalidade e adaptação metabólica entre as

fases de produção e reprodução, possibilitando o implemento das atividades de

manejo nutricional compatíveis com as necessidades de cada animal em

determinada fase (MANSO FILHO et al., 2009).

Uma escala de avaliação de ECC foi desenvolvida, baseada na analise visual

e palpação dos pontos de deposição de gordura subcutânea, a superfície dorsal do

pescoço, a cernelha, superfície costal, porção caudal as espaduas, processo

espinhoso da lombar e a porção onde ocorre a inserção da cauda, totalizando seis

pontos. A pontuação dada a reserva de gordura varia numa escala de um a nove

(Figura 17), sendo um uma pontuação dada a animais extremamente magros e nove

com obesidade exacerbada, conforme descritos (Quadro 3). Animais de pêlos

longos devem ser palpados minuciosamente já que a avaliação visual dos locais de

deposição nestes casos pode ser dificultosa. E ainda podendo ser necessário

adaptar a forma da avaliação deve se levar em consideração o estado fisiológico em

que o animal se encontra como gestação, idade e características corporais de

conformação. Éguas vazias quando jovens, por exemplo, apresentam maior

deposição de gordura subcutânea no costado diferente de éguas velhas com mesmo

ECC, devendo esse local ser desconsiderado (HENNEKE; POTTER; KLEIDER,

1983).

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Quadro 3 - Descrição das características físicas observadas na escala de escore

corporal.

ECC 1 – Magreza extrema Processo espinhoso, costela, inserção da cauda, ílio e ísquio

proeminentes. Estrutura óssea da cernelha, espádua e pescoço

facilmente visíveis. Não se observa presença de gordura em

nenhuma parte do corpo do animal.

ECC 2 – Muito magro Gordura cobrindo a base dos processos espinhosos. Extremidade

dos processos transversos das vértebras lombares arredondadas.

Costelas, inserção da cauda, ílio e ísquio proeminentes. Estruturas

ósseas da cernelha, espádua e pescoço menos visíveis.

ECC 3 – Magro Gordura cobrindo a metade dos processos espinhosos. Processos

transversos das vértebras lombares não são palpáveis. Pouca

gordura cobrindo as costelas. Processo espinhoso e costelas

totalmente visíveis. Inserção de cauda proeminente, porém, as

vértebras não são visíveis. Íleo e ísquio arredondados, porém ainda

visíveis. Estruturas ósseas da cernelha, espádua com alguma

cobertura de gordura.

Fonte: HENNEKE; POTTER; KREIDER, 1983. (Adaptado)

Figura 17 – Locais de avaliação do escore de condição

corporal em equinos.

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ECC 4 – Moderadamente

magro

Sulco ao longo da região lombar. Espaço entre as costelas visíveis.

Gordura pode ser palpada na inserção da cauda e sua proeminência

depende da conformação do animal. Ílio e ísquio não são visíveis.

Estrutura óssea da cernelha, espádua com alguma cobertura de

gordura.

ECC 5 – Moderado (Ideal) Costelas não são visíveis, porém, facilmente palpadas. Gordura na

inserção da cauda se torna esponjosa. Cernelha arredondada,

cobrindo o processo espinhoso. Espádua e pescoço ligados

suavemente ao corpo do animal.

ECC 6 – Moderadamente

gordo

Pode haver sulco suave ao longo da região dorsolombar. Gordura

cobrindo as costelas. Gordura mais macia na inserção da cauda.

Gordura começa a ser depositada atrás e sobre a espádua e

pescoço.

ECC 7 – Gordo Pode haver um sulco suave ao longo da região dorsolombar.

Costelas podem ser palpadas individualmente, com depósito de

gordura entre elas. Gordura mais macia na inserção da cauda.

Gordura depositada atrás e sobre a espádua e pescoço.

ECC 8 – Obeso Depressão ao longo da região dorsolombar. Costelas são difíceis de

serem palpadas. Gordura da inserção da cauda torna-se muito

macia. Área ao redor da cernelha e atrás da espádua com muita

gordura. Pescoço espesso. Gordura depositada na parte interna das

patas traseiras do animal.

ECC 9 – Muito obeso Depressão evidente ao longo da região dorsolombar. Acúmulo de

gordura sobre as costelas, formando placas. Acúmulo de gordura

sobre a inserção da cauda, atrás da espádua e pescoço, formando

dobras na pele. Gordura depositada na parte interna dos membros

traseiros do animal, formando dobras.

Apesar da avaliação do ECC ser aplicável, é uma técnica considerada

subjetiva (CARTER et al., 2009; GEOR, 2008), uma vez que pode ocorrer uma

deposição de gordura assimétrica e também pelo fato de que pequenas alterações

podem passar desapercebidas, mesmo que realizada por médicos veterinários

experientes (GEOR, 2008). Outra forma de avaliar a deposição de gordura

Fonte: HENNEKE; POTTER; KREIDER, 1983.

Quadro 3 – Continuação.

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subcutânea foi prescrita, baseado na escala de condição corporal criada por

Henneke; Potter e Kreider (1983), a partir da ultrassonografia é possível definir o

ECC através da camada de gordura (GENTRY et al., 2004).

O ECC está diretamente correlacionado com a deposição da gordura

subcutânea, porém não apresenta nenhuma relação com o peso, altura nem

perímetro torácico (HENNEKE; POTTER; KREIDER, 1983).

2.7 ULTRASSONOGRAFIA DE GORDURA SUBCUTÂNEA

A ultrassonografia para avaliação de gordura subcutânea é um tipo de analise

preciso em relação ao ECC, sendo considerado um método importante e válido na

determinação da espessura de gordura em equinos (OLIVEIRA et al., 2016). Sendo

realizada em tempo real, a ultrassonografia é uma técnica que não causa injuria ao

animal, e em conjunto com a avaliação do ECC pode ser utilizada para acompanhar

o resultado do manejo com o cavalo (GOBESSO et al., 2014).

Em um estudo realizado para se saber o ponto para mensuração do depósito

de gordura subcutânea corporal mais confiável comparou-se a medição entre pontos

ao longo do dorso de equinos na base da cauda, coroa da garupa, flanco médio

acima da 13°costela e caudal a cernelha, demonstrando que a base da cauda é a

região mais segura para mensuração de gordura subcutânea pois é o primeiro local

onde ocorre a deposição e a perda da gordura subcutânea (GENTRY et al., 2004),

corroborando com os resultados obtidos por FRANÇOSO et al. (2012).

Animais sujeitos a maior atividade metabólica como crescimento, lactação e

atividade física rotineiramente, apresentam menor percentagem de gordura,

diferente de animais que sofrem menor estresse energético como éguas de

reprodução não prenhes a exemplo (MANSO FILHO et al., 2009).

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43

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o peso e a condição corporal de éguas entre o grupo controle e o

grupo tratado, após tratamento odontológico preventivo.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Inspecionar a cavidade oral dos dois grupos e preencher o odontograma.

- Realizar a correção odontológica dos animais do grupo tratado com presença de

cálculo dentário, degrau, gancho, pontas de esmalte excessivo e pontas transversas

excessivas.

- Mensurar a camada de gordura subcutânea na base da cauda de ambos os grupos

com o auxílio da ultrassonografia.

- Avaliar a influência do tratamento odontológico sobre a espessura de gordura

subcutânea e o peso dos animais.

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44

4. ARTIGO – EFEITO DO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PREVENTIVO

SOBRE O PESO E A CONDIÇÃO CORPORAL DE ÉGUAS

EFFECT OF PREVENTIVE DENTAL TREATMENT ON BODY WEIGHT AND BODY CONDITION

RESUMO

SANTOS, J. P. V. Efeito do tratamento odontológico preventivo sobre o peso e

a condição corporal de éguas. 2019. Dissertação (Mestrado em Biociência Animal)

– Universidade de Cuiabá – UNIC. Cuiabá, 2019.

As patologias odontológicas que causam dor aos equinos tornam a trituração do

alimento inadequada, prejudicando a digestão fazendo com que o animal tenha

perca de peso, baixo desempenho atlético e desenvolvimento de desordens

gastrointestinais como a cólica. Uma boa digestibilidade é dependente da qualidade

da trituração. A ultrassonografia tem sido o método de eleição para mensurar a

camada de gordura subcutânea em equinos. O presente estudo teve por objetivo,

avaliar a influência que o tratamento odontológico preventivo pode gerar sobre a

deposição de gordura subcutânea e o peso de éguas criadas em sistema extensivo.

Foram utilizadas 16 éguas, sem raça definida, com idade entre 5 a 15 anos,

apresentando escore de condição corporal (ECC) entre 3 e 4 (escala de 1 a 9), sem

histórico de tratamento odontológico. O tratamento odontológico foi realizado em oito

animais (grupo tratado-GT), e oito animais não receberam tratamento odontológico

(grupo controle-GC), seguido da pesagem com fita torácica e ultrassonografia na

base da cauda de ambos os grupos, durante cinco meses. Para a avaliação das

variáveis foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, e as médias entre

os grupos foram comparadas pelo teste F a 5% de probabilidade para a análise de

variância (ANOVA), considerando efeito do tratamento sobre o peso e deposição de

gordura subcutânea na base da cauda. Não sendo observada diferença (p>0,05) no

ganho de peso e nem variação na espessura de gordura subcutânea na base da

cauda entre os grupos tratado e controle num período de 5 meses. Concluiu-se que,

embora os animais do GT não tenham ganho peso, o tratamento odontológico foi

fundamental para a manutenção do estado corporal desses animais no período em

que o experimento foi realizado.

Palavras-chave: Escore corporal. Equinos. Ultrassonografia.

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45

ABSTRACT

SANTOS, J. P. V. Effect of preventive dental treatment on the weight and body condition of mares. 2019. Dissertation (Master's degree Animal Bioscience) - University of Cuiabá – UNIC. Cuiabá, 2019. Dental pathologies that cause pain to horses make food crunch inadequate,

impairing digestion causing the animal to lose weight, poor athletic performance and

development of gastrointestinal disorders such as colic. Good digestibility is

dependent on the quality of the crushing. Ultrasonography has been the method of

choice for measuring the subcutaneous fat layer in horses. The objective of this study

was to evaluate the influence of preventive dental treatment on the deposition of

subcutaneous fat and the weight of mares created in an extensive system. Sixteen

unmarried mares, aged between 5 and 15 years old, presented a body condition

score (ECC) between 3 and 4 (scale from 1 to 9), with no history of dental treatment.

Dental treatment was performed in eight animals (GT-treated group), and eight

animals received no dental treatment (GC-control group), followed by thoracic tape

weighing and ultrasonography at the tail base of both groups for five months. For the

evaluation of the variables a completely randomized design was used, and the

means between the groups were compared by the F test at 5% probability for

analysis of variance (ANOVA), considering treatment effect on weight and deposition

of subcutaneous fat in the base of the tail. There was no difference (p> 0.05) in the

weight gain and no variation in the subcutaneous fat thickness at the base of the tail

between the treated and control groups in a 5-month period. It was concluded that,

although the GT animals did not gain weight, dental treatment was fundamental for

maintaining the body state of these animals during the period in which the

experiment was performed.

Keywords: Body score. Horses. Ultrasonography.

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46

INTRODUÇÃO

A equideocultura é uma atividade que se expandiu por todo o território

brasileiro. Os equinos foram inseridos em uma gama de atividades no setor

agropecuário, militar, esporte, lazer e até na medicina para atuação em equoterapia.

Os equinos são uma espécie de grande importância no que se refere à economia

local, regional e nacional, visto que a maioria das propriedades utiliza o cavalo para

o desenvolvimento da pecuária (SEAB, 2017). No ano de 2016 o efetivo de equinos

no Brasil era de 5,58 milhões de cabeças (IBGE, 2017).

Com cerca de R$16 bilhões/ ano de 2016, a equideocultura gerou 610 mil

empregos diretos e 2.430 mil indiretos, equivalendo a 3 milhões de postos de

trabalho. Os equinos utilizados para trabalho são considerados os animais que

menos recebem algum tipo de cuidado quando comparados a animais de esporte, e

que em geral são mantidos soltos no campo, onde caso exista algum tipo de

tratamento estão limitados a apenas desverminações. Observa-se que maioria dos

cavalos usados para trabalho, apresentam um preço de mercado inferior, ao qual se

valida apenas 18 anos de vida útil destes, o que por vezes só é possível se boas

condições de manejo forem aplicadas (MAPA, 2016).

A quebra da barreira físico-química do alimento ingerido pelos equinos é

dependente da qualidade da trituração do alimento no momento da mastigação.

Quanto maior a superfície de contato na ingesta, melhor é a digestibilidade e o

aproveitamento dos nutrientes (DI FILIPPO et al., 2018). O bom desempenho físico

e o comportamento dos equinos podem sofrer influência por alterações na cavidade

oral, tornando necessárias avaliações regulares para que não haja prejuízo à saúde,

bem-estar e performance dos cavalos (SANTOS, 2014).

O escore de condição corporal (ECC) está relacionado à energia consumida e

gasta pelo corpo, e esta pode ser afetada por múltiplos fatores, tais como problemas

de manejo nutricional, parasitoses, problemas dentários, e exercício físico extremo e

de periodicidade excessiva (RODRIGUES, 2009). A escala de ECC não é um

método capaz de demonstrar exatidão para se mensurar a gordura local, pois pode

ocorrer uma desigualdade de deposição de gordura pela avaliação visual e palpação

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(GEOR, 2008). Para suprir tal ineficiência, a ultrassonografia tem sido o método de

eleição para correlacionar o ECC e mensurar a camada de gordura subcutânea em

equinos (RIBEIRO, 2017).

A ultrassonografia é uma técnica capaz de determinar a espessura de gordura

subcutânea em tempo real, um método comprovado quanto à sua eficiência

(RIBEIRO, 2017). Através de estudos da avaliação ultrassonográfica em vários

locais no dorso identificou-se a base da cauda como ponto de mensuração mais

adequado, uma vez que este é o local de maior deposição de gordura no corpo do

equino, e que mais corresponde com a escala de escore corporal, sendo o primeiro

local de armazenamento e perda da gordura (GENTRY et al., 2004; FRANÇOSO et

al., 2012).

Em conjunto com a medicina de equinos, a odontologia é atribuída à

qualidade de vida desses animais a qual envolve a saúde e a melhora do

desempenho atlético, incluindo a resposta a comandos de forma eficiente, levando

em consideração os benefícios gerados ao sistema digestório de forma geral

(DIETRICH, 2018; POMBO et al., 2016). Uma especialidade em pleno

desenvolvimento, sendo de responsabilidade do médico veterinário a atuação e

prática dessa atividade (MORAES FILHO, 2016).

Com base nos dados citados, o presente estudo tem por objetivo avaliar a

influência que o tratamento odontológico preventivo pode gerar sobre a deposição

de gordura subcutânea e peso de éguas criadas em sistema extensivo, assim como

comparar os dados com animais não tratados.

MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Foram utilizados 16 equinos, fêmeas, sem raça definida, com idade entre 5 a

15 anos, apresentando escore de condição corporal (ECC) entre 3 e 4 (escala de 1 a

9) conforme Henneke; Potter e Kreider (1983), sem histórico de tratamento

odontológico prévio, utilizadas como receptoras mas em período de descanso, não

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apresentando prenhez nem estando lactante. Foi realizado hemograma e a

desverminação com uso do principio ativo abamectina para certificação do estado de

saúde geral e manter a sanidade dos animais. Todos os animais foram mantidos em

manejo extensivo durante a época da seca nos meses de maio a setembro em uma

fazenda localizada no município de Cuiabá - MT, onde tinham acesso a pasto

contendo a forrageira Brachiaria humidicola e capim nativo, sal mineral e água ad

libitum, não alterando rotina de manejo e nutrição já realizada na propriedade.

Levando-se em consideração o período do experimento, a cidade de Cuiabá recebe

a classificação de Koppen como clima tropical semi-úmido, tendo duas estações

bem definidas pela disposição de chuva, sendo primavera e verão a estação

chuvosa, e o outono e inverno o período de estiagem (MAITELLI, 2005). Ocorrendo

de maio a setembro a estação seca, e outubro a abril a estação chuvosa (SOUZA et

al., 2013).

A metodologia aplicada aos animais deste experimento, foi aprovada pela

Comissão de Ética no uso de animais (CEUA) da Universidade de Cuiabá-MT, sob

protocolo Nº014/2018.

Delineamento do estudo

Esse estudo foi composto de dois grupos sendo a distribuição dos animais

aleatória a partir de sorteio, correspondendo a oito animais no grupo tratado (GT) e

oito no grupo controle (GC). O tratamento odontológico foi realizado nos animais do

GT, seguido da pesagem com uso de fita torácica e ultrassonografia na base da

cauda de ambos os grupos durante 5 meses, a primeira coleta de dados foi

realizada imediatamente no dia do tratamento, com subsequentes coletas a cada 30

dias, exceto o odontograma dos dois grupos que foi preenchido somente no primeiro

momento. Para a avaliação das variáveis foi utilizado um delineamento inteiramente

casualizado, e as médias entre os grupos foram comparadas pelo teste F a 5% de

probabilidade para a análise de variância (ANOVA), considerando efeito do

tratamento sobre o peso e deposição de gordura subcutânea na base da cauda.

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49

Pesagem dos animais

A pesagem dos animais foi realizada a partir da mensuração do perímetro

torácico com uso de fita própria para equinos, a qual era realizada a cada trinta dias

totalizando cinco pesagens.

Peenchimento do odontograma e tratamento odontológico

Os animais do GT e do GC foram submetidos a sedação após jejum

alimentar de 12 horas com uso de cloridrato de detomidina na dose de 0,03 mg/kg

intravenosa (IV), e 5 minutos após administração intravenosa de diazepan dose 0,05

mg/kg (IV). A cavidade oral dos animais foi lavada com uso de água sob pressão,

contendo antisséptico bucal à base de clorexidina a 0,12% (Vetnil®), removendo

assim restos de alimento. Com o uso de equipamentos próprios de odontologia, foi

realizada a inspeção para identificação das alterações odontológicas dos dois

grupos e estas foram anotadas no odontograma de acordo com o modelo Triadan

modificado. No GT o tratamento consistiu na correção das alterações odontológicas

como presença de cálculos dentários, extração do dente de lobo, pontas excessivas

de esmalte dentário, cristas transversas exuberantes, degrau, e gancho. Após o

procedimento de correção das alterações odontológicas no GT, as éguas receberam

uma dose de analgésico flunixin meglumine 1,1 mg/kg intravenoso, dose única, e

uma dose de soro antitetânico pela via intramuscular. Os animais do GC não foram

submetidos ao tratamento, porém receberam doses de placebo com uso de cloreto

de sódio 0,9% mimetizando o analgésico e o soro antitetânico conforme o mesmo

volume e as vias de administração utilizadas no GT, com a finalidade de que os

animais de ambos os grupos passassem por nível de estresse semelhante.

Ultrassonografia da base da cauda (USB)

Após realizar a tricotomia no lado direito da garupa, a primeira

ultrassonografia foi realizada com uma técnica que visa avaliar a espessura da

gordura depositada. O ponto de avaliação foi a base da cauda a 7,5 cm cranial a 1º

vertebra coccigena, e cinco centimetros lateral a este ponto com o posicionamento

da probe em sentido médiolateral (Figura 1). Com a obtenção da imagem na tela do

ultrassom, foram mensurados três pontos da camada de gordura subcutânea. A

primeira ultrassonografia da base da cauda foi realizada um dia antes do tratamento

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odontológico do GT, seguido de mais quatro coletas com intervalos de 30 dias. Para

obtenção das medidas USB foi utilizado o aparelho de ultrassom Mindray modelo DP

2200, contendo transdutor retal 7.5MHz de frequência.

RESULTADOS

O tratamento odontológico preventivo consistiu na técnica de groseamento

dentário das alterações comuns como cristas transversas, degrau, gancho, pontas

excessivas de esmalte dentário e na extração do dente de lobo, cálculo dentário de

forma que a mastigação pudesse se tornar mais eficiente. Em ambos os grupos, a

Figura 1 – Ultrassonografia da base da cauda.

Fonte: Arquivo pessoal.

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51

PEED com presença de úlceras (Quadro 1) foi á alteração mais encontrada na

cavidade oral dos animais de ambos os grupos, onde do número total de 16 éguas

do experimento, 15 animais apresentaram PEED.

Quadro 1 - Alterações odontológicas identificadas e descritas no odontograma.

Alterações

odontológicas

Grupo tratado Nº Grupo Controle Nº Nº total de

acometidos

Cárie 3 0 3

Cálculo dentário 1 0 1

Cristas transversas 2 2 4

Degrau 1 1 2

Dente de lobo 0 1 1

Gancho 3 3 6

PEED 7 8 15

Ulceras 6 5 11

Foram realizadas análises de hemograma a cada 30 dias do inicio ao fim do

experimento, com a finalidade de monitorar a sanidade dos animais utilizados. Os

animais de ambos os grupos se mantiveram clinicamente saudáveis no decorrer do

experimento e hígidos conforme os dados das análises hematológicas obtidas.

Foram avaliados dois critérios (Tabela 1): peso e espessura de gordura

subcutânea (EGS) inicial (momento 1) e final (momento 5).

Tabela 1 - Análise de variação do peso e da espessura da gordura subcutânea

inicial e final do grupo tratado e grupo controle.

EGSi: espessura da gordura subcutânea inicial / EGSf: espessura de gordura subcutânea final

p>0,05 (NS – não significativo)

Grupos Peso inicial Peso final Variação Peso

EGSi EGSf Variação EGS

Tratado 380,1±57,52 388,75±51,32 8,62±19,55 NS

4,53±0,79 4,56±1,03 0,02±1,29 NS

Controle 360,0±24,49 363,7±27,87 -5,62±22,74 NS

5,11±1,56 5,34±1,46 0,23±1,17 NS

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52

A avaliação da variação de peso inicial e final do grupo tratado (GT),foi

observado um ganho médio de 8,62 ± 19,55 kg em relação ao grupo controle que

sofreu uma perda média de -5,62 ± 22,74 kg no decorrer do experimento. Porém, na

análise de variância não houve diferença (p>0,05) entre os grupos se comparado os

dados entre o início e o término do experimento. Também não houve diferença

significativa comparando os diferentes grupos experimentais entre os diferentes

momentos de aferição.

Ao realizar a análise da espessura de gordura subcutânea (EGS) observou-se

que o GT apresentou variação de 0,02±1,29 mm e o GC 0,23±1,17 mm, não sendo

observada diferença (p>0,05), entre o grupo tratado e o grupo controle,

respectivamente.

DISCUSSÃO

No estudo de Gemignani (2014), a PEED foi á alteração mais prevalente tanto

em cavalos de tração (92,30%) quanto em cavalos de baia (76,92%) totalizando 26

equinos entre machos e fêmeas, sendo este achado compatível com o presente

estudo, onde 93,75% do total de animais entre grupo tratado e controle

apresentaram essa alteração dentária. Easley; Dixon e Schumacher (2011) relatam

que o fato natural dos equinos apresentarem anisognatia estão propícios a formação

das pontas de esmalte. Neste estudo mesmo com a predominância da PEED

associadas á presença de úlceras vestibulares, essas alterações foram

consideradas de padrão leve a moderado. De acordo, Alencar-Araripe et al. (2013) a

presença de PEED associada a presença de úlceras nos vestíbulos orais é

suficiente para sugerir um desequilíbrio mastigatório, e que essas lesões na mucosa

bucal facilitam a entrada para infecções, com base em relatos de que animais que

tenham PEED possam acumular alimento na face vestibular bucal propositalmente,

como uma forma de aliviar as dores causadas pelas pontas de esmalte quando em

contato com a mucosa oral. Neste experimento tal comportamento não foi

observado, o que não impossibilita essa ocorrência nos casos mais graves.

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O tratamento odontológico do grupo tratado nesta pesquisa, consistiu

principalmente no desgaste de pontas excessivas de esmalte dentário, estando esta

alteração presente em 7 éguas do grupo tratado (GT), não sendo observada uma

diferença de peso significantiva (p>0,05) quando comparado com GC, o que

corrobora com os dados obtidos por Dietrich (2018), Pagliosa et al. (2006) e Carmalt

et al. (2004).

Pagliosa et al. (2006), avaliaram a eficiência da digestibilidade aparente em

equinos com escore corporal 3 adequado de acordo com a escala de Spiers (1999),

e sob dieta de capim picado e ração concentrada onde não foi observada variação

de peso significativa nem mudança de escore corporal no decorrer do experimento

após a correção odontológica, sendo enfatizada a importância do tratamento na

eficiência da digestibilidade a qual foi obtida. Devendo-se levar em consideração que

os animais utilizados apresentavam unicamente PEED sem presença de lesões

orais como úlceras diferente dos animais do presente estudo, que apresentavam

outras patologias odontológicas leves e moderadas além destas, como cálculos

dentários, cristas transversas, degrau, ganchos e presença de úlceras vestibulares.

Dietrich (2018) descreveu a recidiva das cristas oclusais do quarto dente pré-

molar de éguas da raça mangalarga marchador, com ressurgimento de 21,9% da

altura da crista oclusal (ACO) no período de 15 dias logo após o procedimento de

groseamento odontológico, com o reestabelecimento de 80,3% da ACO 50 dias

após quando comparada á primeira quinzena. Resultando em uma média de peso

inicial e final de 431,3kg, 444,3kg e 442,1kg respectivamente entre os dias 0, 15 e

50, onde não se observou significancia estatística (p>0,05) nos diferentes

momentos. Concluiu ainda que o ressurgimento das cristas oclusais em curto

espaço de tempo ocorra em equinos criados em manejo extensivo devido ao

desgaste da dentina e cemento presente ao redor do esmalte oclusal, o tornando

mais evidente, desta forma dando origem a novas cristas oclusais. Fato que

confronta o trabalho realizado por Morais Filho (2016), onde foram utilizados equinos

da raça puro sangue árabe adaptados por 15 dias para a dieta de concentrado

peletizado e feno diariamente, e foi observado uma redução na digestibilidade da

fibra aos 20 e 40 dias após o groseamento odontológico com queda da ingestão

voluntária de volumoso, supondo o autor que o tratamento odontológico possa ter

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ocasionado uma ineficiência mastigatória nos animais submetidos ao tratamento. Tal

comportamento não foi observado nos animais do presente estudo.

No estudo realizado por Gentry et al. (2004) relataram o ponto mais confiável

para mensuração da espessura de gordura subcutânea através da ultrassonografia,

e a base da cauda foi considerado a região que define de maneira eficiente a

deposição de gordura em equinos. Já Ribeiro (2017) realizou a UBC de equinos

induzidos a obesidade, inicialmente os animais apresentavam uma média de 2,9±1

de escore de condição corporal e um peso médio de 316±62 kg, foi observada uma

variação significativa da espessura de gordura subcutânea aos 60 dias da pesquisa

atingindo uma média de 12,92 mm e aos 150 dias momento final do experimento a

média da espessura de gordura na base da cauda foi 20,96 mm e peso médio final

de 402,77 kg, estatisticamente uma diferença muito significativa. A obtenção desses

resultados reforça a precisão e eficiência dessa técnica quando aplicada na base da

cauda de equinos, demostrando que esse método de análise é capaz de detectar de

forma precoce a deposição de gordura. No estudo aqui apresentado, quanto aos

resultados obtidos na ultrassonografia na base na cauda (UBC), não se observou

diferença com significância estatística na espessura da gordura entre o período

inicial e final do experimento entre o grupo tratado e o grupo controle, nem mesmo

entre os diferentes períodos dessa pesquisa, fato que pode ter ocorrido devido ás

más condições da pastagem durante o estudo, interferindo desta forma na

deposição de gordura dos animais.

No presente estudo os animais do GT apresentaram um ganho médio de

peso de 8,62 kg e o GC teve uma perda média de 5,52 kg. Mesmo que sem

significância (p>0,05) estatisticamente, esta pesquisa revela a importância da

odontologia em equinos criados em sistema extensivo, já que o presente estudo foi

realizado no período da estação seca momento em que as pastagens não dispõem

de forrageiras com boa qualidade. Presume-se que o tratamento das alterações

odontológicas possa ter moderado a perca de peso nesses animais, considerando

que este estudo foi realizado na época do inverno, período em que ocorre uma baixa

qualidade das pastagens.

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CONCLUSÕES

A odontologia preventiva em equinos é uma forma de tratamento capaz de

evitar prejuízos econômicos causados por alterações odontológicas, que podem

desencadear problemas de ordem gástrica e comportamental que prontamente

interferem de forma negativa no desempenho produtivo e bem-estar dos animais.

Embora não tenha ocorrido a deposição de gordura na base da cauda, e ganho de

peso dos animais do grupo tratado não tenha gerado diferença estatística

significativa neste estudo após o tratamento odontológico, está é necessária para a

eficiente trituração do alimento no momento da mastigação, diminuindo o risco de

cólicas e possibilitando melhora da digestibilidade com consequente aproveitamento

dos nutrientes. Fatores estes que são essenciais para a manutenção da sanidade da

tropa, e adequado desempenho durante o trabalho que é exigido, preparando

melhor os animais para as adversidades ambientais a qual são submetidos em

condições de campo.

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CONCLUSÕES GERAIS

A odontologia preventiva em equinos é uma forma de tratamento capaz de

evitar prejuízos econômicos causados por alterações odontológicas, que podem

desencadear problemas de ordem gástrica e comportamental que prontamente

interferem de forma negativa no desempenho produtivo e bem-estar dos animais.

Embora não tenha ocorrido a deposição de gordura na base da cauda, e ganho de

peso dos animais do grupo tratado não tenha gerado diferença estatística

significativa neste estudo após o tratamento odontológico, está é necessária para a

eficiente trituração do alimento no momento da mastigação, diminuindo o risco de

cólicas e possibilitando melhora da digestibilidade com consequente aproveitamento

dos nutrientes. Fatores estes que são essenciais para a manutenção da sanidade da

tropa, e adequado desempenho durante o trabalho que é exigido, preparando

melhor os animais para as adversidades ambientais a qual são submetidos em

condições de campo.