programa de pÓs-graduaÇÃo em psicologiarepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_tese de...

194
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL VITÓRIA 2012

Upload: others

Post on 28-Oct-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIacuteRITO SANTO

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS E NATURAIS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM PSICOLOGIA

O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O

BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL

VITOacuteRIA

2012

I

VIRGIacuteNIA DE OLIVEIRA ALVES PASSOS

O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O

BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL

Tese apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Psicologia da Universidade Federal do Espiacuterito Santo

como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Doutora em Psicologia sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

Agnaldo Garcia

Vitoacuteria

2012

II

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da

Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)

Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-

P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino

fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012

194 f il

Orientador Agnaldo Garcia

Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito

Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais

1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia

na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo

Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo

CDU 1599

III

IV

Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)

por ter me feito professora

sempre ensinando a importacircncia

das relaccedilotildees interpessoais na escola

Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia

Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos

Agrave Xandinho quem tanto admiro

e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 2: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

I

VIRGIacuteNIA DE OLIVEIRA ALVES PASSOS

O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O

BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL

Tese apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em

Psicologia da Universidade Federal do Espiacuterito Santo

como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de

Doutora em Psicologia sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr

Agnaldo Garcia

Vitoacuteria

2012

II

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da

Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)

Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-

P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino

fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012

194 f il

Orientador Agnaldo Garcia

Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito

Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais

1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia

na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo

Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo

CDU 1599

III

IV

Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)

por ter me feito professora

sempre ensinando a importacircncia

das relaccedilotildees interpessoais na escola

Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia

Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos

Agrave Xandinho quem tanto admiro

e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 3: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

II

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da

Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)

Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-

P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino

fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012

194 f il

Orientador Agnaldo Garcia

Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito

Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais

1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia

na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo

Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo

CDU 1599

III

IV

Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)

por ter me feito professora

sempre ensinando a importacircncia

das relaccedilotildees interpessoais na escola

Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia

Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos

Agrave Xandinho quem tanto admiro

e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 4: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

III

IV

Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)

por ter me feito professora

sempre ensinando a importacircncia

das relaccedilotildees interpessoais na escola

Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia

Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos

Agrave Xandinho quem tanto admiro

e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 5: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

IV

Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)

por ter me feito professora

sempre ensinando a importacircncia

das relaccedilotildees interpessoais na escola

Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia

Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos

Agrave Xandinho quem tanto admiro

e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 6: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento

V

AGRADECIMENTOS

A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de

leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e

incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de

intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar

tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees

com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos

relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso

das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas

proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos

interpessoais

Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos

Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas

inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de

estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos

Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista

mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto

Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo

orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua

relevacircncia

Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees

este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese

Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos

VI

relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel

graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas

Estendo a todos meus agradecimentos

Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa

MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim

pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute

sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo

Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave

necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova

Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-

graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir

apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso

Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa

MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o

sucesso deste Programa

Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas

irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados

ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo

ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e

descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a

vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me

VII

levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos

relacionamentos

Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me

afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade

em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A

relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente

aprende e se torna melhor

Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de

amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos

Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste

trabalho

Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem

as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um

trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e

Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo

enriquecendo a metodologia deste estudo

Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas

pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia

Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos

amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse

em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar

forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores

VIII

dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana

Luacutecia Joatildeo e Susanne

Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno

(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as

respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola

Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me

provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos

interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em

detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli

que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a

garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade

para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa

alcanccedilada

Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no

Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a

continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias

Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da

elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar

com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis

espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas

cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus

sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram

chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha

IX

caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para

traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus

agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos

Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A

intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua

presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem

Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados

espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais

especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde

participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas

queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a

oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV

Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito

Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber

Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho

Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem

ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima

de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido

Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas

pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir

dar conta

X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas

de agressatildeo no relacionamento entre os pares139

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa

de Cronbach do relacionamento entre pares141

Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento145

Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom

Relacionamento146

Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com

Bom relacionamento149

Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil151

Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com

Relacionamento Difiacutecil153

Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com

Relacionamento Difiacutecil155

Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Bom

Relacionamento158

Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do

relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento

Difiacutecil160

XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de

complexidade social (Hinde 1997)24

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Bom Relacionamento148

Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor

com Relacionamento Difiacutecil154

XII

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes

formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos

Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil

XIII

O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental

RESUMO

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas

por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de

conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando

educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes

agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra

outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos

gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos

psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o

papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos

envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124

alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de

Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e

em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois

professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das

redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de

bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de

forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se

declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica

A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e

aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional

apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do

relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior

compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar

XIV

The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education

ABSTRACT

The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context

Keywords interpersonal relationships bullying school violence

XV

Sumaacuterio

Introduccedilatildeo17

Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21

11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21

12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra

de Robert Hinde23

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos

Interpessoais29

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31

Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35

21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35

22 ndash Bullying41

221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42

222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo

de Bullying46

223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51

224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de

Bullying52

Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56

31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56

32 ndash Justificativa e Objetivos60

Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61

41 ndash Participantes61

42 ndash Procedimentos para coleta de dados62

43 ndash Instrumentos de Pesquisa64

431 ndash A Redaccedilatildeo64

432 ndash O Questionaacuterio64

44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69

45 ndash Aspectos Eacuteticos69

Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72

5112 Violecircncia escolar e bullying 78

512 A Dinacircmica da violecircncia82

5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas

na violecircncia escolar87

XVI

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de

violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito90

5124 As agressotildees verbais98

5125 Violecircncia escolar e brincadeira101

5126 Violecircncia escolar e o professor104

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108

5132 Consequecircncias111

5133 Violecircncia e relacionamento116

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119

5141 O Papel da Escola120

5142 O Papel do Estado126

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127

514 Relatos de Violecircncia Escolar131

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137

521 Relacionamento Interpessoal com Pares138

522 Relacionamento Interpessoal com Professores144

5221 Professor com Bom Relacionamento144

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento

em Bullying e o Relacionamento com

os Professores157

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom

Relacionamento159

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com

Relacionamento Difiacutecil162

Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167

Referecircncias Bibliograacuteficas173

Anexos

17

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao

longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os

seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de

uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando

as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual

grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo

responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que

se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas

vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)

Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos

por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais

presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a

violecircncia

O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees

identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto

tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de

indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos

Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando

educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um

conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou

mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos

intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo

aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)

18

Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem

conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre

estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-

las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e

educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido

desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal

fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas

A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da

Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional

Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e

conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo

pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das

adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos

psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o

psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno

educativo na sua dimensatildeo institucional

O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto

bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre

o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de

cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles

que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)

Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a

compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o

professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o

19

psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees

estabelecidas na escola

Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying

assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute

estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo

sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores

demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de

bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)

O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas

aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees

centrais deste estudo foram

a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying

b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno

c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-

aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa

sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o

relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia

Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying

Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam

esclarecidas a saber

1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que

consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e

na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam

tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)

20

provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin

2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por

objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa

durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de

explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o

termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo

bullying ganhou familiaridade

2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis

de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns

pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha

visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e

espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes

termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves

formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia

conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e

espectadortestemunha

Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este

trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos

aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo

apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida

que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com

base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as

consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os

limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas

nas aacutereas de estudo abordadas

21

CAPIacuteTULO I

1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico

Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de

Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico

sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior

desenvolvimento a partir dos anos 50

Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do

estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo

que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos

especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute

influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo

manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de

habilidades sociais e competecircncias interpessoais

Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da

Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider

(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para

descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as

relaccedilotildees interpessoais

A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um

desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de

autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem

ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde

Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica

22

voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International

Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha

como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos

interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema

fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade

acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do

primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and

Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor

Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento

Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships

(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo

dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades

deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR

(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo

que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e

INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses

(Garcia 2005a)

No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento

interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria

em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi

organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento

Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009

nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila

do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR

23

12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de

Robert Hinde

A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento

interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do

Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia

Claacutessica conforme indicado a seguir

Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs

deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde

(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente

entre os anos de 1970 e 1990

Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia

Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do

relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma

aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea

de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)

De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano

envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que

afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando

por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura

sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos

relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos

subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que

relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses

estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas

socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)

24

Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social

(Hinde 1997)

Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados

sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a

descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os

relacionamentos e grupos

Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o

relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um

relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees

passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas

Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo

entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas

interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas

intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O

agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social

Estrutura

Sociocultural Ambiente

Fiacutesico

Sociedade

Grupo

Relacionamento

Interaccedilatildeo

Comportamento

do Indiviacuteduo

Processos

Psicoloacutegicos

25

Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da

escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente

separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros

Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o

ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles

O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no

comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos

sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos

relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam

a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)

Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal

Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e

a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes

nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e

complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a

privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas

categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos

Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do

relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre

diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos

foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de

Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura

sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos

sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde

procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela

26

Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo

do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad

Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de

Fisiologia ou Medicina em 1973

Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de

uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais

representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para

esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo

A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre

relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e

Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)

As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal

ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para

os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)

os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde

recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia

Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa

para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos

relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo

teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como

atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais

a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese

dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase

na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo

27

Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa

sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees

passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a

reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e

compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos

sobre relacionamentos

A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de

seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da

frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a

descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees

dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo

considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento

interpessoal

No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de

interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o

conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do

comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e

relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes

caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos

que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)

De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno

entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois

o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas

psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem

caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento

28

quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-

estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras

13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais

Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos

interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois

lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja

enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e

agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)

O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees

investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos

estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de

modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento

dificultando o estabelecimento de amizades

Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a

agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e

Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social

pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a

manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a

comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a

ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que

enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de

amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das

29

relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute

correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares

(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas

agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt

DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que

crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social

apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que

natildeo o sejam

O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se

insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas

ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento

em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de

base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais

importantes

14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais

Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas

pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos

presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas

constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos

familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a

amizade em geral

Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do

conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as

dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as

principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos

30

psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos

publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o

compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio

social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e

ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de

relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos

ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia

2005a)

A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na

infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de

sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos

da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)

Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal

implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os

relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de

resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e

comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade

deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes

comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir

diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos

em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia

A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem

oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a

origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o

contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos

31

intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a

adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de

classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de

conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido

tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com

amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano

escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das

amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo

agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da

crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar

Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao

contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o

relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das

investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns

estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995

citado por Garcia 2005b)

15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno

Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em

que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute

possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos

estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia

regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum

entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o

desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que

32

ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim

como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno

Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula

tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam

por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas

influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por

Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento

professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia

(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator

importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as

meninas

O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se

adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom

ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre

outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o

ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)

Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto

ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam

ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos

professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que

mantinham relaccedilotildees positivas com os professores

Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno

Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar

caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram

interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O

33

relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo

importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental

positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)

O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis

prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel

2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores

atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas

criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais

livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel

1997 2003)

Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas

de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados

sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os

principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais

dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com

professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As

crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco

flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees

Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao

nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento

entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos

participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau

humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os

alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de

conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)

34

Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre

aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender

estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et

al 2004)

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do

processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta

relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as

relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do

cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a

importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos

(Aultman et al 2009)

Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado

chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)

Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os

professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o

equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento

com os professores eacute peacutessimo ou ruim

A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os

atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que

adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos

pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos

Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de

suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de

comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)

35

CAPIacuteTULO II

2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING

21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo

Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de

crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de

serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se

considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena

em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto

ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)

Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como

relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que

enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As

relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-

escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de

lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a

possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas

escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia

e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)

36

A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em

frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e

em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes

escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute

solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos

meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer

ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)

Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo

amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por

agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem

A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e

provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos

estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a

partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da

escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar

(Silva 1997 Sposito 2001)

Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da

violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas

envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar

ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da

violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta

aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da

37

violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito

tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente

O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a

violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no

sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia

enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas

na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de

violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo

social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte

como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo

se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de

violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus

membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias

(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)

Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e

anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos

criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola

demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas

fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina

amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia

sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)

Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas

e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos

comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por

38

agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas

comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)

Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de

classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos

de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia

da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo

escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute

apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A

violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da

instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades

da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de

ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu

funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento

de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se

manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os

alunos (Abromavay 2005)

Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade

vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola

contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas

das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave

autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que

assistimos em nossas escolas

Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas

como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados

a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos

39

aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo

realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas

inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas

tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos

Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)

citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no

cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes

natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram

desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta

dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo

que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo

Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por

Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com

os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os

motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e

alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que

desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor

para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco

relevante ou compreensiacutevel para o alunado

Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a

violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve

despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta

de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis

intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo

40

poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um

todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)

Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante

de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de

expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de

conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo

Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e

desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente

surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de

construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura

uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde

vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia

fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-

afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil

Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos

humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da

populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece

tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas

no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira

se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida

Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao

entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da

escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos

entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e

a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo

41

Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre

a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a

violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que

permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se

evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo

violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes

de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao

falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como

violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre

alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo

Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes

(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos

docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o

niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor

comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os

colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e

professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora

mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos

alunos se dirigiam contra eles professores

22 Bullying

Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os

estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais

especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste

42

fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a

influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente

221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo

Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo

que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e

perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um

comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao

longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)

Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a

ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente

familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o

bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006

Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland

Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp

Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)

a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou

corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao

focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem

sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes

afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar

psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores

O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o

relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico

43

e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying

enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave

exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado

que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying

indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a

tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores

tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer

bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as

meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo

com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute

emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como

uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por

exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones

celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber

(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio

nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como

perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos

Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante

(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a

refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus

processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de

medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de

poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo

Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as

atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo

44

evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e

anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder

Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como

alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo

com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que

ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados

de agressorviacutetima

As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da

deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8

a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela

Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave

Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar

diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127

como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)

Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do

conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores

sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo

psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim

defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar

dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de

mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo

de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais

que a determinam

Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying

assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no

45

trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se

preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as

pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em

relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a

uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados

que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute

relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)

Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a

deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas

demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil

(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante

2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch

2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp

Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na

Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009

Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega

(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)

Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente

aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a

frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em

diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou

espectadortestemunha

Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de

bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia

apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente

46

viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes

Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de

16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram

cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de

agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como

viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de

adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente

em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13

de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)

em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de

viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e

Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos

Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses

possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001

Gaacutezquez et al 2005)

222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying

Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores

diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como

agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al

2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um

certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles

que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os

outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para

47

com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo

acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste

grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock

2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros

que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar

Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo

cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa

Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-

estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando

suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se

conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo

motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se

sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que

carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying

natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um

conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro

Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas

introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com

poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de

fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe

intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente

correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante

ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os

submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam

os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros

48

colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As

viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na

aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a

outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute

que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby

2002)

Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em

bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em

situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009

Sweeting amp West 2001)

Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que

forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as

habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com

estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes

grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos

que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para

intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de

serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas

Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying

geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-

estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos

De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez

(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e

geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume

uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo

49

medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de

maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo

porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por

perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do

ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um

sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao

sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia

permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees

injustas (Tognetta e Vinha 2008)

Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as

viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito

por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e

de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem

precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que

coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como

privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)

Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos

espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas

escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)

Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados

sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os

comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em

bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se

fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou

natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o

50

comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes

envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde

aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser

destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam

simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo

se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de

bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a

diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de

competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para

enfrentar as situaccedilotildees de bullying

Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias

eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo

necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas

(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os

alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso

podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores

ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a

porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas

secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno

de 30 a 50

Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os

fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas

parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de

envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou

viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos

51

parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido

indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter

mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro

amp Bukowski 1999)

223 Consequumlecircncias do Bullying

Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying

atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir

problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock

2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo

de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp

Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de

baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as

viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou

psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a

assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting

2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento

escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores

(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas

de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como

dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton

2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams

Chambers Logan amp Robinson 1996)

52

A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com

ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados

de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a

comportamento anti-social (OMoore 2000)

O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e

acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp

Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp

Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml

2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma

influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram

comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem

(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de

comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de

comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey

Moberg amp McDonald 2005)

Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para

as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos

em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos

escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)

224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying

Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de

bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as

estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola

53

As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a

idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-

se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A

maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou

familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)

Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e

Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola

primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria

Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o

bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a

amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes

tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de

cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos

casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas

tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al

(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda

(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou

menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp

Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente

direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou

aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)

Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos

educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que

apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que

envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)

54

Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de

investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de

intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003

Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young

1998)

Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo

conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de

conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos

professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre

estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em

coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza

paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem

climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com

efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos

envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes

de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel

individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o

significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila

e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a

convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil

O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem

as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor

merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como

importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees

sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam

55

maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada

pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying

revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa

que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar

contribuem para a continuidade das agressotildees

Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com

as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior

agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de

intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto

protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas

que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela

construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para

estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras

pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao

desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas

56

CAPIacuteTULO III

3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO

31 Bullying e dinacircmica escolar

Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute

importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos

pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de

bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como

tambeacutem o papel do professor

Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo

entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com

crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo

desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de

bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em

relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a

exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute

acima da meacutedia

Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos

aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero

tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um

aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer

na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os

alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de

aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute

o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais

57

velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica

porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na

ocorrecircncia de bullying

Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem

indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior

incidecircncia desse tipo de violecircncia

Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado

em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para

situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor

ocorrecircncia

Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais

onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-

Lind e Kearney 2004)

Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da

indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de

rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e

lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na

qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede

emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores

Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser

considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying

Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores

erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou

como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a

perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes

58

Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying

afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia

quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos

A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina

enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo

tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que

os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)

Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as

atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos

referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com

professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os

agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os

professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se

preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir

Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e

comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de

lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do

professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando

crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a

auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas

agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de

lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor

Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de

escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying

como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras

59

apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que

tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores

A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do

fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como

eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para

a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na

sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo

responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia

A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees

que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a

sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que

satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo

professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos

escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu

envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o

fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas

de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e

autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)

Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do

professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees

interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da

accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos

60

32 Justificativa e Objetivos

O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos

afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar

de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias

o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em

relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental

percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo

relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de

investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais

A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no

mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis

interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying

O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na

ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos

esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de

bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar

se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que

forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou

espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do

relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying

61

CAPIacuteTULO IV

4 MEacuteTODO

Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa

quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e

consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo

em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados

41 Participantes

Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino

Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1

sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O

processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que

fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que

atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos

do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois

os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da

adolescecircncia (1213 anos)

1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de

alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha

que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B

62

Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o

estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento

com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis

42 Procedimentos para coleta de dados

Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da

siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o

cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com

estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de

Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as

datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e

disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na

Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola

Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados

a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e

realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste

contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do

Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a

importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para

garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados

Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos

interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais

3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de

acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

63

Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos

alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas

da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de

funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas

com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o

espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de

qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita

A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e

solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de

Consentimento (Anexo 3)

Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um

questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam

uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando

individualmente as duas atividades

Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes

de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um

nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta

mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era

entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas

possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele

questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado

4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a

C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos

da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta

64

a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento

do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo

houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades

Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de

responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a

Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do

segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais

estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os

professores

43 Instrumentos de Pesquisa

431 A Redaccedilatildeo

O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os

participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas

em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora

sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes

432 O Questionaacuterio

O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do

aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o

relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o

5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que

estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade

de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que

tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em

bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade

65

comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi

construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e

assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo

bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)

O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de

questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do

participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As

demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de

seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro

que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento

era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor

que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo

Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira

parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara

ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam

sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta

partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos

respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um

Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente

respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta

e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do

preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes

considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida

um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem

66

considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida

considerar um professor com Bom Relacionamento

Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as

mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do

ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez

Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com

frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o

participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda

semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas

foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de

acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al

2001)

A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do

aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento

considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo

ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por

qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)

provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum

colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em

grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum

colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees

continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em

participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo

67

festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer

agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees

continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo

mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas

da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou

inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu

relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao

desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying

abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo

aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas

atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao

longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades

duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse

professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno

a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente

ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo

de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe

da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala

durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado

de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de

comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na

aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno

68

(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os

colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar

partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno

e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno

com colegas

A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento

professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor

com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica

de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar

agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em

relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)

buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)

manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de

competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de

envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a

compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas

perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a

que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou

Relacionamento Difiacutecil

69

44 Procedimentos para anaacutelise de dados

Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo

com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em

articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na

apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias

Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de

significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas

redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma

representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir

dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema

de categorizaccedilatildeo

A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas

foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)

Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a

realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais

sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados

Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o

relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como

referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados

45 Aspectos Eacuteticos

Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os

criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas

70

com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo

CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e

aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)

Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos

participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados

para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees

cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando

garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da

escola que participou desta pesquisa

6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html

71

CAPIacuteTULO V

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelise das Redaccedilotildees

A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia

Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno

como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam

formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma

organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade

presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e

estatildeo apresentados nos seguintes temas

Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

A Violecircncia como parte do cotidiano

Violecircncia escolar e bullying

A Dinacircmica da violecircncia

As Raiacutezes da Violecircncia Escolar

Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas

chantagens intoleracircncia preconceito

As agressotildees verbais

Violecircncia escolar e brincadeira

Violecircncia escolar e o professor

72

A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

Consequecircncias

Violecircncia e relacionamento

Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

O Papel da Escola

O Papel do Estado

O Papel dos Proacuteprios Participantes

Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo

das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente

quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas

abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos

explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser

visto no segundo capiacutetulo deste trabalho

511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante

5111 A Violecircncia como parte do cotidiano

A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo

muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa

violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem

pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em

muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois

agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de

um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o

73

Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo

(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito

presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)

Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas

pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas

crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que

muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo

(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade

eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo

mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que

estaacute marcado no seu destinordquo (C85)

A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia

faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo

(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que

fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais

comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia

escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)

Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os

estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito

tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute

ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo

que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)

Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute

muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute

modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se

74

que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia

(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos

uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela

soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco

tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando

a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e

mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este

aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica

chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos

fiacutesicos causados

ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)

Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos

ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou

beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de

meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e

os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e

depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal

ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por

uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva

e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um

barulho de uma canetardquo (C119)

Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do

cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum

nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada

75

vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo

(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o

do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)

ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV

() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas

garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia

ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos

ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a

violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias

de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios

falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em

contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me

cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes

roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar

pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo

(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu

no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande

destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem

aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc

em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as

vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma

notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles

fazemrdquo (A3)

Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos

filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A

76

familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo

parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que

percebem nos programas que assistem

A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho

que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas

puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando

acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute

muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo

(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas

escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas

briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a

violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias

sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia

nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem

acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas

puacuteblicasrdquo (C107)

A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de

escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o

aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo

evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder

aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia

ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham

77

que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)

Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo

social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os

pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo

(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito

se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)

A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas

ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)

ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios

nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser

debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos

vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que

destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia

escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar

acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)

Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na

escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia

principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de

violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo

vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam

tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)

Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato

78

violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute

presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo

(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que

estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)

Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha

opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes

aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)

5112 Violecircncia escolar e bullying

A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se

referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem

preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas

e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo

agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como

bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente

entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque

acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia

entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da

violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying

no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por

preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta

mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva

na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo

(B41)

79

Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa

violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia

acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o

bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa

violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem

eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante

em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando

isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a

violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem

aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia

escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou

fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em

escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do

preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre

diariamente agressotildeesrdquo (C81)

Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer

referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura

consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os

estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo

da diferenccedila de poder

As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente

ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a

violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem

aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute

80

raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil

fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais

estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos

em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying

ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)

Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola

ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais

explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no

coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido

principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras

sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria

ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)

Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o

bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou

psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os

apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica

(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute

uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa

sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo

(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece

todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir

percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo

81

essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para

nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e

sofridos por outrosrdquo (C88)

Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de

bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes

aspectos que envolvem a praacutetica de bullying

Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o

bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de

bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de

trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas

dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)

O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da

escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos

que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente

seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala

diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves

vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser

combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu

mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras

comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo

(B38)

Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de

comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo

Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute

que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto

82

brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do

Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas

entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)

ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o

famoso Bullyingrdquo (C118)

512 A Dinacircmica da violecircncia

A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a

compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno

Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao

papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas

caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar

fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens

assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute

colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais

eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na

apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia

5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar

Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente

relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de

educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e

de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia

A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca

da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na

83

educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por

diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma

questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso

que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos

pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de

exemplos para elesrdquo (C99)

O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia

na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo

educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar

comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo

toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque

natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura

materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas

para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios

podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma

eacute praticando a violecircnciardquo (C103)

Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de

violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola

comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a

mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc

isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo

viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos

satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que

ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying

geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como

84

explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila

ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)

Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e

considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para

comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos

e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e

tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na

escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e

por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode

ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)

O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir

de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece

facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela

dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das

crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de

atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido

a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos

abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos

alunos

ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)

ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)

85

ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)

Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na

histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a

responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a

proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com

o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que

os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias

porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu

filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto

acontecerrdquo (A11)

Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das

crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente

familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo

maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as

crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo

para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)

A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade

aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um

todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o

ambiente escolar

ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)

86

Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo

mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e

tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara

que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores

da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o

ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames

conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa

ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)

Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais

ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em

jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente

para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute

trazida para escolardquo (C126)

O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola

tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar

ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)

87

5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar

Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das

viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying

A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos

mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos

maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores

que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No

relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na

situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada

ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)

Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de

modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo

apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os

adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as

brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo

(A15)

Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees

de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom

desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute

tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem

considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma

caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor

geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais

88

forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e

indefesordquo (B52)

O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e

agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute

praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos

em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda

satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo

machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)

Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o

envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima

ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)

A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves

viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas

apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que

na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)

A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do

grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma

deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo

magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo

(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato

issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco

diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)

89

ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de

oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do

peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar

(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator

levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece

por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais

estranho do que o outrordquo (C67)

A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que

se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que

quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas

admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns

3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal

com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a

maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)

Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem

violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos

grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser

Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos

chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E

ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)

Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas

vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)

Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute

diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder

e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja

90

apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o

professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma

maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)

Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o

papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem

apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas

interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying

satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso

sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente

estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja

tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)

5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo

ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito

Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as

accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa

e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)

ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)

ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores

gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro

xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)

Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos

presentes na dinacircmica da violecircncia escolar

ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz

91

ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)

A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos

discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia

escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo

ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode

ser identificada neste relato

ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)

Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o

isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te

excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses

jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e

inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia

verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)

A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas

ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride

verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem

ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito

pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode

92

acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele

acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying

alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo

machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)

Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes

nos trechos abaixo

ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)

Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de

agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados

tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na

escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco

de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou

algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os

93

adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os

diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo

(C97)

O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo

pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater

em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos

agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys

fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)

Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel

como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo

sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas

vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo

falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo

verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de

bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus

agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)

Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate

o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a

ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem

para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz

se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na

pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma

pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno

natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)

O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes

94

ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)

O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa

que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse

atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por

se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e

esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores

praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)

A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento

ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que

ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos

outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de

cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito

e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc

mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute

diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que

ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem

95

reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por

qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia

chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc

(C101)

Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito

ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto

preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes

inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia

acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o

que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na

escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os

alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma

coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os

outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)

Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica

(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo

tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo

(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver

cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica

perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o

acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e

7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas

ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos

experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento

96

pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz

nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)

O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees

envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um

determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a

agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos

os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois

com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)

Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado

ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)

O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia

escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio

para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma

violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas

de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino

esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um

pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos

que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute

saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)

A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia

escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria

escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute

certo claro que natildeordquo (C110)

97

Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o

cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam

em instrumentos de agressatildeo

ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)

O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que

sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia

escolar

ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)

A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na

internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o

cyberbullying tambeacutem se faz presente

ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)

98

ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)

5124 As agressotildees verbais

Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta

tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem

natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo

eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas

agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente

psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas

discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute

quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no

corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica

quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo

ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema

grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator

da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)

As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma

de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos

sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo

99

(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos

alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente

fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute

mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)

Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de

violecircncia escolar

ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)

Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos

alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas

tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente

como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo

(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a

verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)

Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam

muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido

com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio

testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal

levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos

ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade

100

de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)

A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando

desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a

partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece

muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo

fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia

escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e

oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos

apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute

magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho

que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro

que natildeordquo (C110)

Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente

parecem causar sofrimento

ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)

O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir

de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute

fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece

muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)

101

Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas

consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a

escola como um todo

ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)

Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza

a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um

sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou

fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste

depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma

eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho

a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying

ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)

A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que

pode se tornar mais e mais grave

ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)

5125 Violecircncia escolar e brincadeira

102

Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de

brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute

presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros

motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute

muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem

se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela

intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam

numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes

quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em

violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo

natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma

briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem

de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)

Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando

a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica

alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se

machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta

aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto

indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por

causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute

muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas

pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com

os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque

dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que

brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)

103

Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu

acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de

mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc

nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras

inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos

agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive

porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia

quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)

Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo

confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam

brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)

Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras

inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)

ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando

pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que

satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que

geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying

pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do

bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas

brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O

bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem

isso para se divertirrdquo (C82)

A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de

relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido

104

foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano

fiacutesico

ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)

ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)

5126 Violecircncia escolar e o professor

Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o

professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando

que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu

acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute

com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)

O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a

sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute

ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que

envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir

outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos

professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem

respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M

coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do

cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo

(C105)

A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo

105

hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando

professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de

violecircncia contra professores

ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)

Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho

que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos

entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia

escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e

que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia

envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de

aprendizagem

ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)

Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o

professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que

situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma

clara no relato a seguir

ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos

106

eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)

Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura

realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus

alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem

professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa

maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo

contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas

tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem

alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e

ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores

alunos e os piores se ferramrdquo (C102)

As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo

consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo

docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento

professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado

diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo

estas dificuldades

ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas

107

com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)

Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos

professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas

escolhas

ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)

108

513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar

5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo

A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela

provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho

muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a

palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no

ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo

de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a

violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende

para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu

acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a

violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)

A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da

valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim

essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)

nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo

seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)

ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute

o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute

uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender

eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia

existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um

lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje

109

em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E

aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona

minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um

lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)

Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo

condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos

que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um

lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa

acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo

animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser

racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)

Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola

e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de

violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os

pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo

(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na

escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)

Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de

violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens

como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a

falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar

acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute

cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na

sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A

violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais

110

envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos

realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram

algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um

assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a

oralrdquo (A19)

Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying

ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do

bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao

proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)

Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo

traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a

outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA

fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois

natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que

realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se

envolver em brigas por nadardquo (A13)

A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes

ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)

Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica

entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de

111

forma alguma

ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)

Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao

preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar

ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica

uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na

minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar

BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo

(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico

triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu

particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro

gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas

pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo

(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)

5132 Consequecircncias

Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-

se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o

desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e

algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio

algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)

Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante

112

com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade

de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato

eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo

deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)

Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo

prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim

futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis

prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai

marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e

ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa

agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas

consequecircncias

ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)

Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute

um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem

sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma

pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas

pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se

sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem

machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto

reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o

agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos

113

tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe

simrdquo (B36)

Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas

podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia

ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)

ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)

ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)

Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que

envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da

pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que

sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo

um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo

estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os

efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute

sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)

ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar

existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)

Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em

114

diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas

mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da

pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe

imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o

bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos

mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser

viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)

Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem

violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a

pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada

() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se

tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das

reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo

preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)

Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer

consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser

passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que

agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes

as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)

a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas

vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As

consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de

mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte

e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e

municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas

115

violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por

tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)

Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos

de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem

sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar

a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)

A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam

traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja

verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas

consequecircncias da violecircncia escolar

ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)

Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um

grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima

ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)

116

5133 Violecircncia e relacionamento

Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia

escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo

perante a violecircncia

A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a

partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as

pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter

consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA

escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem

muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A

questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve

uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um

murro no outro etcrdquo (C91)

A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos

colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te

apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo

incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade

natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de

machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem

fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham

respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo

(B50)

Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio

mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em

117

vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles

que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo

apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)

Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma

funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas

ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu

disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar

duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu

natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas

ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo

(C90)

Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola

os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um

bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo

com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras

estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo

gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu

bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa

pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato

diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos

nossos agressores todos os diasrdquo (C101)

A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a

toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que

conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que

ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a

118

violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros

mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo

(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as

pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)

ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou

bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter

preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno

demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem

um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os

outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo

(C66)

O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra

reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para

mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se

queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o

que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a

pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo

(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso

se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying

ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)

O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia

no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha

professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em

relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia

natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um

119

deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo

(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute

para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)

Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os

participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E

assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen

(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel

individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das

caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos

envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas

posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-

conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre

outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e

adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante

do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola

Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar

para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)

514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar

Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza

violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os

tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo

podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o

reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias

eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem

120

respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)

Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como

forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o

bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia

seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior

responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de

muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo

sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou

combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade

como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas

satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal

tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes

satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do

mesmo jeitordquo (C114)

5141 O Papel da Escola

Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os

alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu

acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia

escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a

escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha

escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o

caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os

alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo

(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem

121

psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores

chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os

pais natildeo sabemrdquo (A4)

Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na

escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo

esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos

ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)

Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e

os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia

ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)

122

Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de

psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades

ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em

atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do

assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo

projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e

ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo

individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um

momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o

que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do

psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute

punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um

acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando

por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e

profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso

eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas

crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)

O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo

visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns

a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de

atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para

exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na

escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta

muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior

como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que

123

esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver

acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes

os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando

as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno

ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)

A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de

medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser

adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos

fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que

esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar

gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso

de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na

eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo

seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz

consideraccedilotildees desta natureza

ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)

Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para

causar injusticcedilas

ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo

124

haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)

As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que

tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas

suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que

aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da

escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute

apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia

ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)

A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem

como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying

pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o

Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso

Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo

que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute

aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos

que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca

claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a

fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)

Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem

estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes

125

os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria

dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o

que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)

ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria

ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para

a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa

violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores

fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a

finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como

pode ser visto no trecho abaixo

ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)

Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa

de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem

todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo

falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento

dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo

(C124)

Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento

da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater

completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os

126

alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar

a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os

oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)

Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia

na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que

os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola

ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)

ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)

5142 O Papel do Estado

Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da

violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas

rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de

prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila

de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa

violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um

psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o

que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a

violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar

ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)

127

Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a

proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia

no enfrentamento da violecircncia

ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)

5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes

O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar

apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da

importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como

indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos

tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve

ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que

esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)

Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da

violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem

suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando

nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir

devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que

eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois

todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo

(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito

erradardquo (B49)

128

Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a

violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que

falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os

pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os

agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que

os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se

cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus

medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham

tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas

como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que

deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)

Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente

transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com

modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia

Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de

confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)

mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa

sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves

autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11

dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca

11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas

autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais

baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os

problemas que ocorrem na escola (14)

O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios

129

estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma

soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees

que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes

agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais

bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no

nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se

prescindir ao uso da violecircncia

ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)

Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva

(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas

Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com

indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de

mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu

tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no

entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de

mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu

educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a

pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo

elardquo (C110)

O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se

130

colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com

algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no

lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar

machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos

que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a

orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa

ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)

Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da

violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola

houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e

penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem

verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser

parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem

contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria

uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me

defender)rdquo (A12)

Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado

e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje

pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)

As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na

131

escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de

comportamento com base no respeito

ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)

Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de

maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir

ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)

A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os

estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho

para seu enfrentamento e combate

ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)

515 Relatos de Violecircncia Escolar

Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de

violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram

conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a

situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua

quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns

132

mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos

relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise

Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola

ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os

alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu

coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu

devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de

uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo

(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu

jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental

agora diminuiu muitordquo (C97)

Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes

Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de

violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando

a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica

ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)

A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a

neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores

estaacute presente

ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de

133

classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)

Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida

onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas

suas produccedilotildees

ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)

Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que

abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser

alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo

da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute

mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo

apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo

traumatizante

O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica

da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave

134

violecircncia

ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)

Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia

fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a

accedilatildeo para enfrentar a violecircncia

O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual

ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)

Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para

executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste

caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente

estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter

sucesso entre os alunos

O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise

135

do conjunto dos textos

ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)

Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo

realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de

violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor

natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como

tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com

danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute

referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia

O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um

individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma

possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um

sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel

continuidade do comportamento agressivo

ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)

136

Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter

sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o

que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte

que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso

horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro

eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)

Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de

violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu

natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra

pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)

Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de

violecircncia na escola como evidente no relato abaixo

ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)

da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)

Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia

escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina

Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel

137

ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)

ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)

52 Anaacutelise dos Questionaacuterios

As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS

(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento

estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises

disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por

meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos

para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os

aspectos investigados

Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento

interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da

primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises

referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados

referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom

Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor

com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil

138

521 Relacionamento Interpessoal com Pares

A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos

alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de

agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam

diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor

alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de

agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as

questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de

determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de

resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute

quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com

ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda

semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas

Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais

respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8

Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees

de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo

de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de

espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica

847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo

629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente

ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da

8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de

agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)

139

situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma

nos diferentes tipos de agressatildeo

Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento

entre os pares Nenhum envolvimento

1 Maior envolvimento

2

Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha

Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491

Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729

Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654

Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do

ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)

Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto

percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como

testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como

testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que

ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente

de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como

Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da

declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na

situaccedilatildeo de espectadortestemunha

Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e

Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de

envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre

das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo

de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais

seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor

Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1

140

Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo

verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os

alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)

agressotildees verbais (Anexo 5)

Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola

perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes

como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a

alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais

comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque

desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees

Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram

submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise

da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de

Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando

que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a

matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma

matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da

anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise

fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar

641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois

itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de

consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e

uma nova anaacutelise foi realizada

141

Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de

Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45

p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta

as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de

Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho

de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma

consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees

envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com

uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de

execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e

consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs

fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas

a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de

medida (Pasquali 2003)

Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares

Itens 1 2 3

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

929

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

785

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

703

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

793

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

782

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

654

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

593

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

848

142

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

732

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

619

Meacutedia 22319 21505 31398

Desvio padratildeo 91297 92379 119022

Miacutenimo 100 100 100

Maacuteximo 500 467 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822

Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala

foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward

obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo

desses quatro fatores

Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com

pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em

agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees

meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo

3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs

fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees

relativamente elevadas nos trecircs fatores

143

Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying

O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute

caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de

violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar

receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de

agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com

autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se

justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar

tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do

cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um

espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia

Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados

na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das

144

situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)

a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O

envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)

522 Relacionamento Interpessoal com Professores

O relacionamento com os professores foi investigado considerando

aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo

direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e

comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno

e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em

geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta

Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois

professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro

com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

5221 Professor com Bom Relacionamento

Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz

comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas

atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram

situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor

O professor com quem os participantes estabelecem um Bom

Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de

conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus

145

colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo

toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os

alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo

Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

48 48 177 145 573

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

185 73 153 250 331

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

500 153 153 81 89

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

411 121 137 89 218

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

105 81 89 153 556

Tomou partido nos conflitos entre alunos

331 81 169 137 250

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

129 73 129 185 476

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 56 73 89 605

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os

alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a

turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que

os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento

frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e

em relaccedilatildeo aos alunos em geral

Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a

negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos

com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido

em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e

146

consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de

comportamento

Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom

Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos

referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como

expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os

alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade

Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser

visualizados na Tabela 4 a seguir

Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos

foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu

sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta

em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma

dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o

aluno e seus colegas

Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento

Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez

Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

879 48 48 24 0

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

831 105 32 08 08

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

750 97 105 40 0

Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

750 113 65 32 16

Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16

147

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

855 56 40 16 16

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

742 56 65 65 40

Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa

resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett

(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o

graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais

significativos como pode ser visualizado na Figura 3

A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores

conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total

148

Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento

O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento

conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma

consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos

Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a

0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)

descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de

0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta

as estatiacutesticas descritivas dos fatores

149

Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

830

11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

811

14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

761

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

747

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

743

12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

690

3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

662 324

2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

601

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

599

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525

8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

517

7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

469

1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

386

5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

752

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

679

6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

604

17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

585

9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

575

4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556

18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

444

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

426 354

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

685

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)

662

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660

Meacutedia 13847 33813 37911

Desvio padratildeo 55016 98414 94175

Miacutenimo 100 113 100

Maacuteximo 414 500 500

Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778

150

Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as

atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento

Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que

referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram

referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo

apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento

diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando

envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece

natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos

5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil

Para os alunos os professores com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os

comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para

371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil

nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas

uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma

situaccedilatildeo

Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos

apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser

visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os

151

estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem

Bom Relacionamento9

Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105

Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

210 105 274 97 298

Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185

Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194

Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

444 113 153 137 137

Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

548 153 97 56 129

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

444 145 129 89 169

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

290 48 121 97 419

Tomou partido nos conflitos entre alunos

476 105 105 105 194

Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

234 145 145 129 339

Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444

Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

161 129 129 145 427

Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes

Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou

perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com

frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas

atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento

frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da

aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam

que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para

eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre

9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil

pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)

152

os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento

professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os

negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam

atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo

de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a

questotildees mais pessoais do professor

Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil

busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia

Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima

de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos

em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o

aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de

situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste

professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma

menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em

comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem

estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens

Em muitos itens o professor com quem estabelecem um

Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com

Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse

percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom

Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil

apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e

153

ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba

estes comportamentos de forma mais intensa e evidente

Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores

com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual

sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o

percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda

semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela

7 a seguir

Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas

uma vez Poucas vezes

Algumas vezes

Com frequecircncia

Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56

Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16

Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40

Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

823 81 56 16 08

Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16

Fez alguma ameaccedila a vocecirc

806 97 48 16 24

Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc

685 89 113 89 16

Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24

Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

694 97 121 40 32

Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56

Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16

Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40

Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

774 89 48 48 32

Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

653 129 89 48 65

Estes dados indicam que os professores com quem os alunos

estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os

comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira

diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos

investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom

Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito

154

entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto

ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom

Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender

que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta

investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente

Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem

recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da

adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729

e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando

655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou

apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo

mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo

da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da

variacircncia total

Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil

155

Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4

19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas

794

18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

739

9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos

725

6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722

5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos

716

17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas

706

4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651

16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas

557

12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)

759

11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)

734

13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)

726

10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

615 -304

9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

564

8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)

521 349

7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

520

6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

341

1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

796

3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

781

4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)

776

5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

693

2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula

626

7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos

779

1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)

778

2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

667

3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

569

8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos

519

15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

381

Meacutedia 29704 15299 27260 16867

Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789

Miacutenimo 100 100 100 100

156

Maacuteximo 500 357 500 400

Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770

Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos

Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e

com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve

Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando

de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator

(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas

fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O

quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis

itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia

interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores

Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores

com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do

relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do

questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com

Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma

situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais

alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos

negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom

Relacionamento os dados correspondentes aos professores com

Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos

negativos do relacionamento

Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo

aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo

geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento

157

Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer

docente Entretanto os alunos identificam que os professores com

Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos

referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem

indistintamente

523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e

o Relacionamento com os Professores

Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente

foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por

meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os

pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a

anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares

ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante

considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os

dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil

5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento

Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o

envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o

professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os

dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo

estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying

158

como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao

relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento

Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento

entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento

Correlations Atitudes

Negativas Atitudes Positivas Indiretas

Atitudes positivas Diretas

Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123

Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123

Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123

Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)

No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel

0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao

niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves

Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter

um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca

correlaccedilatildeo

Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno

como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como

os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no

comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento

159

Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por

Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se

sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja

a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as

reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em

relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares

e com os professores

5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento

Difiacutecil

A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo

entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do

relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que

natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em

situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como

Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o

professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o

participante como na relaccedilatildeo indireta

Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil

Correlations Atitudes

Positivas Indiretas

Atitudes Negativas Diretas

Atitudes Positivas Diretas

Atitudes Negativas Indiretas

Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123

Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006

160

N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241

Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123

Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)

Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando

uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na

relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)

entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes

Negativas Indiretas

Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o

envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas

Diretas do professor com quem o participante considera ter um

Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a

avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com

quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil

A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os

Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o

estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e

Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais

Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao

bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre

estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico

161

De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das

respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao

abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos

relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos

professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e

aluno

A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel

verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos

alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com

relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)

162

CAPIacuteTULO VI

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando

como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar

este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande

relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os

estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de

compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto

escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao

fenocircmeno bullying

O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo

professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance

deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento

professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e

estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta

relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa

sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental

O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O

primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying

como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica

das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees

envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em

aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying

abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas

163

de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo

e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da

escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves

situaccedilotildees de bullying

O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos

participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como

alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados

demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas

quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se

apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel

ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas

formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento

atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying

alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido

provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying

O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-

aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom

Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento

Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade

de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No

entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em

relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de

aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor

com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se

que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como

164

tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos

investigados

O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes

aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise

dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em

situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos

professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com

Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi

possiacutevel estabelecer relaccedilotildees

Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de

forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas

provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove

outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e

infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a

comentar algumas dessas provocaccedilotildees

O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o

professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo

anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as

relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e

valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro

Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o

relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees

de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se

envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores

evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer

165

do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a

apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas

considerando como se daacute o relacionamento com o aluno

Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do

professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se

necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de

acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser

importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor

sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores

revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e

compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores

A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves

viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo

crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles

cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois

mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque

natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente

estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e

consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias

deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante

das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar

Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores

sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados

pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento

Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno

166

apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos

precisam ser considerados

Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo

dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior

confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta

realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes

natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem

relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para

o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar

Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a

valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer

docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se

referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no

seu cotidiano

Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto

respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-

aluno

167

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

Abromavay M (Coord) (2005) Cotidiano das escolas entre violecircncias Brasiacutelia

UNESCO Observatoacuterio de Violecircncia nas Escolas Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Almeida A R Jr amp e Queda O (2007) Bullying Escolar Trote Universitaacuterio e

Asseacutedio Moral no Trabalho uma investigaccedilatildeo sobre similaridades e diferenccedilas

Antitrote Retirado em 13 de julho de 2009 de wwwantitroteorg

Ang R (2005) Development and Validation of the Teacher-Student Relationship

Inventory Using Exploratory and Confirmatory Factor Analysis The Journal of

Experimental Education 74 (1) 55-73

Antunes D C amp Zuin A A S (2008) Do bullying ao preconceito os desafios da

barbaacuterie agrave educaccedilatildeo Psicologia e Sociedade 20 (1) 33-42

Aquino J G (2002) Diaacutelogo com Educadores o cotidiano escolar interrogado Satildeo

Paulo Moderna

Aquino J G (1998) A violecircncia escolar e a crise da autoridade docente Cadernos

Cedes 19 (47) 7-19

Aquino J G (1996) Indisciplina na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo

Summus

Aultman L P Williams-Johnson M R amp Schutz P A (2009) Boundary dilemmas in

teacherndashstudent relationships Struggling with lsquolsquothe linersquorsquo Teaching and Teacher

Education 25 636ndash646

Bardin L (2004) Anaacutelise de conteuacutedo 3 ed Lisboa Ed 70

Birch S H amp Ladd G W (1996) Interpersonal relationships in the school

environment and childrens early school adjustment The role of teachers and

peers In J Juvonen amp K Wentzel (Eds) Social motivation Understanding

childrens school adjustment (pp 199-223) New York Cambridge University

Press

Bjorkqvist K (1994) Sex differences in physical verbal and indirect aggression A

review of recent research Sex Roles 30177ndash88

Bullock J (2002) Bullying among children Childhood Education 78(3) 130-133

Carroll- Lind J amp Kearney A (2004) Bullying What students say Weaving

educational threads Weaving educational practice Kairaranga 5 (2) 19-24

Carvalhosa S F de Lima L amp Matos M G (2001) Bullying ndash A

provocaccedilatildeovitimaccedilatildeo entre pares no contexto escolar portuguecircs Anaacutelise

Psicoloacutegica 4 (XIX) 523-537

Chang L (2003) Variable Effects of Childrenrsquos Agression Social Withdrawal and

Prosocial Leadership as Functions of Teacher Beliefs and Behaviors Child

Development 74 (2) 535-548

168

Collins K McAleavy G amp Adamson G (2004) Bullying in schools a Northern Ireland

study Educational Research 46(1) 55-71

CraigWamp Harel Y (2004) Bullying physical fighting and victimization In C Currie

(Ed)Young peoples health in context International report fromtheHBSC

200102 surveyWHO Policy Series Health policy for children and adolescents

issue 4 Copenhagen WHO Regional Office for Europe

Cunha M I Rigo A M Pinto C L L Fonseca D G Volpato G Fernandes S

R S Chaigar V A M (2004) Autonomia e autoridade em diaacutelogo com a

teoria e a praacutetica o caso da profissatildeo docente Revista de Educaccedilatildeo Santa

Maria 29 (2) 67-84

Davis H A (2003) Conceptualizing the role and influence of student-teacher

relationships on childrens social and cognitive development Educational

Psychologist 38 207-234

Egbochuku E O (2007) Bullying in Nigerian Schools Prevalence Study and

Implications for Counseling Journal of Social Sciences 14(1) 65-71

Eisenberg M E amp Aalsma M C (2005) Bullying and peer victimization Position

paper of the Society for Adolescent Medicine Journal of Adolescent Health 36

88ndash91

Fante C (2005) Fenocircmeno Bullying como prevenir a violecircncia nas escolas e educar

para a paz 2 ed e ampl Campinas SP Verus Editora

Ferreira V Rowe J F amp Oliveira L A (2011) ldquoPercepccedilatildeo do professor sobre o

fenocircmeno bullying no ambiente escolarrdquo Psicologiapt - O Portal dos

Psicoacutelogos Disponiacutevel em

httpwwwpsicologiaptartigosver_artigo_licenciaturaphpcodigo=TL0254 Acesso

em 20 de fevereiro de 2012

Fekkes M Pijpers F amp Verloove-Vanhorick (2005) Bullying who does what when

and where Involvement of children teachers and parents in bullying behaviour

Health Education Research 20(1) 81-91

Forero R McLellan L Rissel C amp Bauman A (1999) Bullying behaviour and

psychosocial health among school students in New South Wales Australia

Cross sectional survey BMJ 319 344-348

Francisco M V amp Liboacuterio R M C (2009) Um estudo sobre bullying entre escolares

do ensino fundamental Porto Alegre Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 22 (2)

Freire I P Simatildeo A M V amp Ferreira A S (2006) O estudo da violecircncia entre

pares no 3ordm ciclo do ensino baacutesico Um questionaacuterio aferido para a populaccedilatildeo

portuguesa Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo 19(2) 157-183

Garcia A (2005) Biological Bases of Personal Relationships the Contribution of

Classical Ethology Revista de Etologia 7(1) 25-38

Garcia A (2005a) Relacionamento interpessoal Uma aacuterea de investigaccedilatildeo Em A

Garcia (Org) Relacionamento interpessoal Olhares diversos (pp 7-27)

Vitoacuteria ES UFESPPGP

169

Garcia A (2005b) Psicologia da amizade na infacircncia Uma introduccedilatildeo Vitoacuteria ES

UFES Nuacutecleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal

Garcia A (2005c) Psicologia da amizade na infacircncia uma revisatildeo criacutetica da literatura

recente Interaccedilatildeo em Psicologia Curitiba juldez 2005 (9)2 p 285-294

Garcia A (2006) Personal Relationships Research in South America - An Overview

In A Garcia (Ed) Personal Relationships International Studies (pp 78-97)

Vitoacuteria NIERIUFES

Garcia A (Org)(2010) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva

Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Garcia A amp Ventorini B (2006) Relacionamento Interpessoal da obra de Robert

Hinde agrave gestatildeo de pessoas In A Garcia (Org) Relacionamento Interpessoal

estudos e pesquisas (pp 127-131) Vitoacuteria UFESNIERI

Gaacutezquez J J Cangas A J Padilla D Cano A amp Moreno P J P (2005)

Assesment by Pupils Teachers and Parents of School Coexistence Problems

in Spain France Austria and Hungary Global Psychometric Data International

Journal of Psychology and Psychological Therapy 5 (2) 101-112

Galvatildeo A Gomes C A Capanema C Caliman G e Cacircmara J (2010) Violecircncias escolares implicaccedilotildees para a gestatildeo e o curriacuteculo Ensaio aval pol puacutebl Educ Rio de Janeiro v 18 n 68 p 425-442 julset

Gini G (2004) Bullying in Italian Schools an overview of intervention programes

School Psychology International 25(1) 106-116

Greene M B (2006) Bullying in Schools A plea for Measure of Human Rights Journal of Social Issues 62(1) 63-79

Harris S amp Petrie G (2002) A study of bullying in the middle school National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 42-53

Harris S Petrie G amp WilloughbyW (2002) Bullying among 9th gradersAn exploratory study National Association of Secondary School Principals NASSP Bulletin 86 3-14

Haynie D Nansel T Eitel P Crump A Saylor K Yu K et al (2001) Bullies victims and bullyndashvictims Distinct groups of at-risk youth Journal of Early Adolescence 21 29ndash49

Hinde R A (1979) Towards understanding relationships London Academic Press

Hinde R A (1987) Individuals relationships and culture Links between ethology and

the social sciences Cambridge Cambridge University Press

Hinde R A (1997) Relationships A dialectical perspective United Kingdom

Psychology Press

Hinde R A C Finkenauer Auhagen A (2001) Relationships and the self-concept

Personal Relationships 8(2) 187-204

Hodges EV Boivin M Vitaro F Bukowski WM (1999) The power of friendship

Protection against an escalating cycle of peer victimization Dev Psychol 35

94ndash101

170

Isernhagen J amp Harris S (2004) A comparison of bullying in four rural middle and

high schools The Rural Educator 25(3) 5-13

Juvonen J J amp Wentzel K R (1996) Social motivation Understanding childrens

school adjustment New York Cambridge University Press

Kowalski RM Limber SP (2007) Electronic bullying among middle school students J Adolesc Health41(Suppl)S22ndash30

Laterman I (2000) Violecircncia e incivilidade na escola Nem vitimas nem culpados

Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas

Levisky D L (org) (1997) Adolescecircncia e Violecircncia consequumlecircncias da realidade

brasileira Porto Alegre Artes Meacutedicas

Lisboa CSM (2002) Estrateacutegias de copying de crianccedilas viacutetimas e natildeo vitimas de

violecircncia domestica Psicologia Reflexatildeo e Critica 15 345-62

Lopes Neto A A (2005) Bullying ndash comportamento agressivo entre estudantes

Jornal de Pediatria 81(5 Supl) 164-172

Mascarenhas S (2006) Gestatildeo do bullying e da indisciplina e qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes do Brasil (Rondocircnia) Psicologia Sauacutede amp Doenccedilas 7(1) 95- 107

Matos M G de amp Gonccedilalves S M P (2009) Bullying nas Escolas Comportamentos e Percepccedilotildees Psic Sauacutede amp Doenccedilas 10 (1) 3-15

Martins M J D (2005) Agressaotilde e vitimaccedilatildeo entre adolescentes em contexto escolar Um estudo empiacuterico Anaacutelise Psicoloacutegica 4 (XXIII) 401-425

Mestry R Merwe M van der amp Squelch J (2006) Bystander behaviour of school children observing bullying SA-eDUC JOURNAL 3(2) 46-59

Monks CP Smith PK Naylor P Barter C Ireland JL amp Coyne I (2009) Bullying in different contexts Commonalities differences and the role of theory Aggression and Violent Behavior 14 146ndash156

Murray C amp Greenberg M T (2000) Childrens relationship with teachers and bonds

with school An investigation of patterns and correlates in middle childhood

Journal of School Psychology 38 423 - 445

Nansel T R Craig W Overpeck M D Saluja G amp Ruan W J (2004) The Health

Behavior in School-Aged Children Bullying Analyses Working Group Cross-

national consistency in the relationship between bullying behaviors and

psychosocial adjustment Archives of Pediatrics amp Adolescent Medicine 158

730ndash736

Naylor P Cowie H amp del Rey R (2001) Coping strategies of secondary school

children in response to being bullied Child Psychology and Psychiatry Review

6 114minus120

Oliveira F F de amp Votre S J (2006) Bullying nas aulas de educaccedilatildeo fiacutesica

Movimento Porto Alegre 12 (02) 173-197

OMoore M (2000) Critical issues for teacher training to counter bullying and

victimisation in Ireland Aggressive Behavior 26 99minus111

171

Owens L Shute R Slee P (2000) lsquolsquoGuesswhat I just heardrsquorsquo Indirect aggression

among teenage girls in Australia Aggressive Behav2667ndash83

Pasquali L (2003) Psicometria teoria dos testes na Psicologia e na Educaccedilatildeo Petroacutepolis Vozes

Pereira B O (2002) Para uma escola sem violecircncia Estudo e prevenccedilatildeo das praacuteticas agressivas entre crianccedilas Porto Portugal Imprensa Portuguesa

Pizarro H C amp Jimeacutenez M I (2007) Maltrato entre iguales en la escuela costarricense Revista Educacioacuten 31(1) 135-144

Ramiacuterez F C (2001) Variables de personalidade asociadas en la dinaacutemica bullying (agresores versus viacutectimas) en nintildeos y nintildeas de 10 a 15 antildeos Anales de Psicologia 17(1) 37-43

Rigby K (2003) Consequences of Bullying in Schools Canadian Journal of Psychiatry 48 (9) 583-590

Rigby K amp Slee P T (1995) Manual for the Peer Relations Questionnaire (3rd ed)Adelaide The University of South Australia

Salmivalli C (2010) Bullying and the peer group A review Aggression and Violent Behavior 15 112ndash120

Salmivalli C amp Isaacs J (2005) Prospective relations among victimization rejection friendlessness and childrens self- and peer-perceptions Child Development 76 1161ndash1171

Salmon G James A amp Smith D M (1998) Bullying in schools Self reported anxietydepression and self esteem in secondary school children British Medical Journal 317 924-925

Silva A M M (1997) A Violecircncia na Escola A Percepccedilatildeo dos Alunos e Professores Seacuterie Ideacuteias n 28 Satildeo Paulo FDE p253-267

Smith P K ampWatson D (2004) Evaluation of the CHIPS (ChildLine in Partnership with Schools) programme Research report RR570 DfES publications PO Box 5050 Sherwood Park Annesley Nottingham NG15 0DJ U K

Sposito M P (2001) Um breve balanccedilo da pesquisa sobre violecircncia escolar no Brasil Educaccedilatildeo e Pesquisa 27(1) 87-103

Sweeting H amp West P (2001) Being different correlates of the experience of teasing and bullying at age 11 Research Papers in Education 16(3) 225-46

Tamar F (2008) Maltrato Entre Escolares (Bullying) Estrategias de Manejo que Implementan los Profesores al Interior del Establecimiento Escolar Santiago Pontificia Universidade Catoacutelica do Chile

Tognetta L R (2008) Violecircncia da escola X violecircncia na escola Anais do VIII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo da PUCPR ndash EDUCERE e o III Congresso IberondashAmericano sobre Violecircncias nas Escolas ndash CIAVE Curitiba PUC

Tognetta L R (2010) Bullying de onde vem a Violecircncia que assola a Escola In Garcia A (Org) Relacionamento Interpessoal Uma perspectiva Interdisciplinar Vitoacuteria ABPRI

Tognetta LR amp Bozza T L (2010) Cyberbullying quando a violecircncia eacute virtual - Um estudo sobre a incidecircncia e sua relaccedilatildeo com as representaccedilotildees de si em adolescentesIn Guimaraes Aacute M amp Pacheco e Zan D D Caderno de

172

resumos do I Seminaacuterio Violar Problematizando juventudes na contemporaneidade Campinas SP FEUNICAMP

Tognetta L R P amp Vinha T P (2008) Estamos em conflito eu comigo e com vocecirc uma reflexatildeo sobre o bullying e suas causas afetivas In Cunha JL amp Dani LSC Escola conflitos e violecircncias Santa Maria Ed da UFSM

Tognetta L R P amp Vinha T P (2010) Ateacute quando Bullying na escola que prega a inclusatildeo social Educaccedilatildeo ndash Revista do Centro de EducaccedilatildeoUniversidade Federal de Santa Maria

Twemlow S W Sacco F C amp Williams P (1996) A clinical and interactionist perspective on the bully-victim-bystander relationship Bulletin of Menniger Clinic 60 (3) 296-313

Veenstra R Lindenberg S Oldehinkel A J De Winter A F Verhulst F C amp Ormel J (2005) Bullying and Victimization in Elementary Schools A Comparison of Bullies Victims BullyVictims and Uninvolved Preadolescents Developmental Psychology 41(4) 672ndash682

Wang J Iannotti RJ amp Nansel TR (2009) School Bullying Among Adolescents in the United States Physical Verbal Relational and Cyber Journal of Adolescent Health 45 368ndash375

Warren K Schoppelrey S Moberg P amp McDonald M (2005) A model of contagion through competition in the aggressive behaviors of elementary school students Journal of Abnormal Child Psychology 33(3) 283-292

Wentzel K R (1997) Student motivation in middle school The role of perceived

pedagogical caring Journal of Educational Psychology 89 411-419

Wentzel K R (2002) Are effective teachers like good parents Teaching styles and

student adjustment in early adolescence Child Development 73 287-301

Wentzel K R (2003) Motivating students to behave in socially competent ways

Theory Into Practice 42 319-326

Williams K Chambers M Logan S amp Robinson D (1996) Association of common

health symptoms with bullying in primary school children British Medical

Journal 313 17-19

Wolke D Woods S Stanford K amp Schulz H (2001) Bullying and victimization of

primary school children in England and Germany Prevalence and school

factors British Journal of Psychology 92 673ndash696

Woods S amp Wolke D (2004) Direct and relational bullying among primary school

children and academic achievement Journal of School Psychology 42 135-

155

Young S (1998) The Support Group Approach to Bullying in Schools Educational

Psychology 14(1) 32-39

173

ANEXOS

174

ANEXO I

175

Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________

Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias

_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos

Pesquisadora RecifePE _________

176

ANEXO II

177

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

VIA DO PESQUISADOR

178

Telefone 87 21016868 87 88238983

FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre

alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade

Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade

Federal do Espiacuterito Santo)

Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a

preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os

pares como tambeacutem com os professores

Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees

interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos

referentes agrave violecircncia escolar

As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre

sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante

teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e

esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos

participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua

integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza

Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste

estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem

Identificaccedilatildeo do Participante

Nome do participante_________________________________________________________

Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________

Estando de acordo assino o presente termo de consentimento

________________________________

Assinatura

Pesquisadora responsaacutevel

Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro

CEP 56304-917 - PetrolinaPE

VIA DO PARTICIPANTE

179

E-mail virginiaalvesunivasfedubr

Telefone 87 21016868 87 88238983

ANEXO III

180

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na

Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia

atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento

Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos

O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos

1 Objetivo principal da pesquisa

2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees

3 Ausecircncia de riscos

4 Benefiacutecios da pesquisa

5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada

nas publicaccedilotildees dos resultados

6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor

7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da

pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma

Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me

foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa

Recife ____ de _________________________ de 2010

Nome do participante ___________________________________________________________

__________________________________________

(participante)

181

ANEXO IV

182

Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na

Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees

considerando os acontecimentos ao longo deste ano

Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas

durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos

investigados

Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso

Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs

Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)

1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da

escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

183

10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de

alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo

comentaacuterios etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

184

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que

vocecirc obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no

relacionamento com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

185

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom

relacionamento com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

186

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou

ela)

01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao

longo da aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando

exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios

etc)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

187

08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito

(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc

obteve algum resultado)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da

coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os

pais na escola de suspender de suas aulas)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada

por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento

com outros professores)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus

colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc

se envolveu em conflitos com seus colegas

( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com

188

vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia

18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e

seus colegas

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

189

Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano

entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um

relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)

1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando

agredindo)

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade

entre os alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de

conflitos entre alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os

alunos

( ) Natildeo nenhuma

vez

( ) Sim apenas

uma vez

( ) Sim poucas

vezes

( ) Sim algumas

vezes

( ) Sim com

frequumlecircncia

Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa

190

Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado

ANEXO V

191

192

ANEXO VI

193

Page 7: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 8: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 9: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 10: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 11: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 12: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 13: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 14: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 15: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 16: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 17: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 18: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 19: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 20: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 21: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 22: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 23: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 24: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 25: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 26: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 27: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 28: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 29: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 30: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 31: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 32: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 33: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 34: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 35: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 36: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 37: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 38: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 39: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 40: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 41: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 42: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 43: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 44: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 45: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 46: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 47: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 48: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 49: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 50: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 51: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 52: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 53: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 54: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 55: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 56: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 57: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 58: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 59: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 60: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 61: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 62: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 63: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 64: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 65: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 66: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 67: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 68: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 69: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 70: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 71: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 72: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 73: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 74: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 75: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 76: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 77: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 78: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 79: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 80: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 81: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 82: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 83: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 84: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 85: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 86: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 87: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 88: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 89: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 90: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 91: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 92: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 93: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 94: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 95: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 96: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 97: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 98: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 99: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 100: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 101: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 102: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 103: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 104: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 105: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 106: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 107: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 108: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 109: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 110: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 111: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 112: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 113: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 114: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 115: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 116: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 117: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 118: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 119: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 120: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 121: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 122: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 123: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 124: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 125: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 126: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 127: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 128: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 129: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 130: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 131: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 132: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 133: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 134: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 135: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 136: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 137: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 138: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 139: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 140: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 141: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 142: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 143: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 144: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 145: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 146: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 147: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 148: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 149: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 150: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 151: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 152: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 153: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 154: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 155: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 156: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 157: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 158: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 159: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 160: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 161: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 162: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 163: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 164: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 165: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 166: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 167: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 168: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 169: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 170: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 171: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 172: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 173: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 174: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 175: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 176: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 177: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 178: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 179: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 180: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 181: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 182: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 183: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 184: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 185: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 186: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 187: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 188: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 189: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 190: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 191: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 192: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 193: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento
Page 194: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIArepositorio.ufes.br/bitstream/10/9094/1/tese_6027_TESE DE VIRGÍNIA D… · Tabela 6 ± Aspectos positivos referentes ao Professor com Relacionamento