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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE GENÉTICA Estudo Cromossômico em Morcegos Hematófagos: Zoo-FISH com Sondas Cromossômicas de Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae - Chiroptera). Cibele Gomes de Sotero Caio Recife 2008

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE GENÉTICA

Estudo Cromossômico em Morcegos Hematófagos: Zoo-FISH com Sondas

Cromossômicas de Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae -

Chiroptera).

Cibele Gomes de Sotero Caio

Recife 2008

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Cibele Gomes de Sotero Caio

Estudo Cromossômico em Morcegos Hematófagos: Zoo-FISH com Sondas

Cromossômicas de Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae -

Chiroptera).

Recife

2008

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Genética da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Genética.

Orientador: Profª. Drª. Neide Santos, Depto. de Genética, Centro de Ciências Biológicas, UFPE. Co-orintador: Profª. Drª. Maria José de Souza Lopes, Depto. de Genética, Centro de Ciências Biológicas, UFPE.

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Sotero­Caio, Cibele Gomes de   Estudo Cromossômico em Morcegos Hematófagos: Zoo-FISH com Sondas Cromossômicas de Carollia brevicauda e Phyllostomus hastatus (Phyllostomidae -Chiroptera). / Cibele Gomes de Sotero Caio. – Recife: O Autor, 2008.

109 folhas : il., fig. tab. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Genética, 2008.

Inclui bibliografia. 1. Mamíferos - morcegos 2. homeologias cromossômicas 3. Pintura cromossômica. I. Título. 599.4 CDU (2.ed.) UFPE

      599.4           CDD (22.ed.)           CCB – 2008­ 098 

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À minha família, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo aos meus pais, pelo amor, apoio, incentivo e ensinamentos, sem

os quais não teria conquistado tudo o que tenho até agora. Pelo exemplo de caráter que

tem servido como referência para guiar meus passos ao longo de minha jornada. Ao

meu pai José Raimundo, por não medir esforços quando se trata de participar de minhas

batalhas e à minha mãe Veralúcia pela amizade e confiança nas quais se baseia nossa

relação. As poucas palavras deste agradecimento estão aquém de descrever seu papel

em minha vida.

À minha irmã Tássia, pela amizade e carinho. Por ser responsável pelas boas

risadas no dia-a-dia e em momentos difíceis. Pela companhia inigualável e pela falta

que faz quando estamos separadas. Ao meu irmão Lucas, pela amizade e agradável

relação fraterna apesar da distância. Aos meus avós, tios e primos, em especial à vó

Iracema e ao vô Pedro, cada um de sua forma tendo um importante valor em minha

vida.

À minha orientadora Neide Santos, pela confiança em mim depositada, pela

valiosa relação travada durante todos esses anos de convivência, mas principalmente por

me fazer acreditar em meu potencial, sempre que vacilo, tornando a realização de um

ideal possível. À professora Maria José por sua disponibilidade, tendo me auxiliado

sempre que necessário, como minha co-orientadora.

Aos professores Cleusa Nagamachi e Júlio Pieczarka pela colaboração para a

realização deste trabalho. Pelo bom exemplo como profissionais e receptividade não só

em seu laboratório, mas também durante minha estadia em Belém.

Aos técnicos Cirlene e Francisca (UFPE) e Conceição e Jorge (UFPA) pela

ajuda durante o desenvolvimento deste trabalho e a Anderson Gomes (UFPA) pelo

auxílio com as hibridizações.

A Rodrigo Sotero pela indispensável ajuda com o CorelDraw e dicas para a

elaboração do idiograma..

Aos colegas do Laboratório de Citogenética da UFPE: Adriana, Carol, Dani,

Ituza, Jefferson, Jéssica, Luzia (Luzitânia), Marcela, Merilane, Nara e Thati pela boa

convivência e agradáveis conversas nos corredores do departamento. Luzia, ainda te

espero na genética animal! A Diogo por ser bem mais que um companheiro de

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laboratório, pelas experiências compartilhadas e estima que espero perdurar ao longo de

nossas vidas. À minha amiga Sárah, grande companheira, presente nos momentos de

alegria e tristeza, exemplo de competência que procuro seguir. À Pollyanna pela

surpreendente amizade. Pelas confidências, apoio e carinho fortalecido durante os

últimos dois anos.

Aos colegas do Lab. de Citogenética da UFPA Adalto, Amanda, Derik, Celina,

Cristiane, Fábio, Luciano, Naty, Pablo, Patrícia Baiana, Patrícia Correia, Paulinho,

Ramon, Renata, Sávio (Uílame), Susana, e Thayse por permitirem minha rápida

integração no laboratório, em especial a Anderson (Mardito!) e Danillo (Negão) por se

revelarem verdadeiros amigos, como se conhecêssemos há muito mais tempo, fazendo

com que me sentisse em casa. Aos amigos paraenses, biólogos e agregados, em especial

Gleice, Patrícia Aleixo e Patrik por tornar a minha estadia em Belém mais prazerosa.

À família Correia, Sra. Amélia, Cristina, Sr. Manoel e Patrícia pela hospedagem

em sua residência. Serei eternamente grata pelo acolhimento.

Aos colegas da pós graduação, principalmente Edilene (fitness), Esteban e

Carlos cuja amizade significa muito para mim. A Iêda (Mamãe), Eduardo (Búbus),

Fagner (Bill), Bruno (Prego), Demétrio, Dimas, Leandro, Rafael (Rafaééh) pela

amizade e momentos de “desestresse” ao longo desses dois anos.

A Thaís Lira pelo auxílio na coleta e identificação taxonômica das espécies

analisadas. Pela amizade, companheirismo e momentos “morcegáticos” passados e

futuros.

A Bruno Tavares pelo apoio e compreensão incondicionais. Por me fazer

conhecer o amor verdadeiro a partir de uma relação baseada em carinho, confiança e

amizade.

Ao CNPq pelo apoio financeiro através da bolsa de mestrado, durante o

desenvolvimento deste projeto.

A todos que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui.

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As I stand at the crossroad, I see the sun sinking low... With my cross of indecision, I can't tell which way to go... Now I have seen the seven wonders And I have sailed the seven seas, I've walked and talked with angels, And danced all night with gypsy queens... All in all it's been a rocky road, Twists and turns along the way... But, I still pray for tomorrow, All my hopes, my dreams Don't fade away... Don't fade away... I have painted many portraits, Memories of love and pain, Though cut down by life's deceptions I found the strength to start again... All in all it's been a rocky road, Twists and turns along the way... But, I still pray for tomorrow, All my hopes, my dreams Don't fade away... Don't fade away. Heaven help a man Trying to make up his mind, With the darkness closing in, I feel I'm running out of time... Shine a light for me, Help me find the way to go, And take me where I've never been before... And so I stand at the crossroad, Watching the sun sinking low... With my cross of indecision, Trying to find the way to go...

David Coverdale

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS RESUMO

12

1. INTRODUÇÃO

13

2. REVISÃO DA LITERATURA

16

2.1 ORDEM CHIROPTERA 162.1.1 ASPECTOS GERAIS 162.1.2 ORIGEM E FILOGENIA 19

2.2. FAMÍLIA PHYLLOSTOMIDAE 242.3. SUBFAMÍLIA DESMODONTINAE: ASPECTOS ECOLÓGICOS E EVOLUTIVOS 322.4. CITOGENÉTICA E EVOLUÇÃO 36

2.4.1. IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS CITOGENÉTICOS 362.4.2. TÉCNICAS CITOGENÉTICAS EMPREGADAS NO ESTUDO DE CHIROPTERA 372.4.2.1. TÉCNICAS CLÁSSICAS: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA 372.4.2.2. HIBRIDIZAÇÃO IN SITU 412.4.2.3. PINTURA CROMOSSÔMICA (CHROMOSOME PAINTING) 432.4.3. EVOLUÇÃO CARIOTÍPICA NA FAMÍLIA PHYLLOSTOMIDAE 472.4.3.1 SUBFAMÍLIA DESMODONTINAE

54

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

57

4. MANUSCRITO DE ARTIGO CIENTÍFICO

71

5. CONCLUSÕES

99

6. ABSTRACT 1007. ANEXOS

101

7.1. INSTRUÇÕES PARA AUTORES – CHROMOSOME RESEARCH 1027.2. FOTOGRAFIAS DAS ESPÉCIES ANALISADAS 108

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

Revisão da Literatura

Fig. 1: Árvore de total-evidência proposta por Wetterer et al. (2000) construída a partir de análise de máxima parcimônia usando 150 caracteres. À direita, classificação proposta por esses autores para a família Phyllostomidae. Decay values e valores de bootstrap correspondem aos números acima e abaixo dos ramos, respectivamente.

30

Fig. 2: Filograma mostrando as relações de divergência de seqüências entre os gêneros de Phyllostomidae, apresentado por Baker et al. (2003). À direita, classificação proposta por esses autores.

31

Manuscrito de Artigo Científico

Fig. 1: Cariótipos haplóides G-bandeados e idiogramas mostrando os segmentos cromossômicos correspondentes entre as espécies Phyllostomus hastatus-PHA (a), Diphylla ecaudata-DEC (b), Diaemus youngi-DYO (c) e Desmodus rotundus-DRO (d). Os pontos pretos nos cromossomos marcados com asteriscos correspondem às RONs. Bandeamentos G cedidos por Varella-Garcia et al. (1989), Santos et al. (2001) e Pieczarka et al. (2005). Barra = 5 µm.

95

Fig. 2: Cariótipos haplóides G-bandeados e idiogramas mostrando os segmentos cromossômicos correspondentes entre as espécies Carollia brevicauda-CBR (a), Diphylla ecaudata-DEC (b), Diaemus youngi-DYO (c) e Desmodus rotundus-DRO (d). Os pontos pretos nos cromossomos marcados com asteriscos correspondem às RONs. Bandeamentos G cedidos por Varella-Garcia et al. (1989), Santos et al. (2001) e Pieczarka et al. (2005). Barra = 5 µm.

96

Fig. 3: Pintura cromossômica em metáfases mitóticas de Desmodus rotundus (a-c), Diphylla ecaudata (d-f) e Diaemus youngi (g-i) com sondas de Phyllostomus hastatus: (a, g) PHA8, (b, h) PHA11, (c) PHAX, (d) PHA7, (e) PHA10, (f) PHA14 e (i) PHA15. Barras = 10 µm.

97

Fig. 4: Zoo-FISH com sondas de Carollia brevicauda em metáfases mitóticas de Desmodus rotundus (a-c), Diphylla ecaudata (d-f) e Diaemus youngi (g-i): CBR3 (a), CBR6 (b), CBR9 (c, e, h), CBR8 (d, g) e CBRY2 (f, i). Barras = 10 µm.

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LISTA DE TABELAS

Tabela

Página

Revisão da Literatura

Tabela 1. Classificação tradicional da Ordem Chiroptera.

17

Tabela 2. Algumas das classificações propostas para a ordem Chiroptera.

22

Tabela 3. Algumas das classificações propostas para a família Phyllostomidae.

26

Tabela 4. Classificações atualmente adotadas para a família Phyllostomidae.

27

Manuscrito de Artigo Científico

Tabela 1. Espécies analisadas

93

Tabela 2. Correspondências cromossômicas entre Phyllostomus hastatus (PHA), Carollia brevicauda (CBR), Diphylla ecaudata (DEC), Diaemus youngi (DYO) e Desmodus rotundus (DRO) obtidas através da pintura cromossômica comparativa com sondas das duas primeiras espécies.

94

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AgNO3 Nitrato de prata

Ag-RON Coloração com nitrato de prata

BA(OH)2 Hidróxido de bário

CBG Técnica de Bandeamento C

Conv. Convencional

Cy3 Cyanine dye

DAPI 4’-6-diamidino-2-fenil-indol

DEC Cromossomo de Diphylla ecaudata

DNA Ácido desoxirribonucléico

DNAr DNA ribossomal

DOP-PCR Degenerate oligonucleotide primed PCR

DRO Cromossomo de Desmodus rotundus

dUTP 2’-deoxyuridine 5’-triphosphate

DYO Cromossomo de Diaemus youngi

F Sexo feminino

Fig. Figura

FISH Fluorecence in situ hybridization

FITC Fluorescein isothiocyanate

g Grama

GTG Técnica de bandeamento G

HC Heterocromatina constitutiva

HCl Ácido clorídrico

HIS Hibridização in situ

Hz Hertz

LINE Long Interspersed element

M Sexo masculino

m Metro

mL Mililitro

mm Milímetro

N Concentração Normal

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NF Número fundamental

pH Potencial de hidrogênio

RNA Ácido ribonucléico

RNAr Ácido ribonucléico ribossomal

RON Região organizadora de nucléolo

S Svedberg (medida de velocidade de sedimentação de uma partícula)

SSC Solução de citrato de sódio

TTAGGG Repetição telomérica de nucleotídeos

Zoo-FISH Pintura cromossômica em animais

2n Número diplóide

°C Grau Celsius

% Porcentagem

µg Micrograma

µL Microlitro

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RESUMO

A família Phyllostomidae constitui a terceira maior dentre os Chiroptera, sendo

caracterizada por exibir mais variações morfológicas do que qualquer outro grupo de

mamíferos, o que gera considerável discordância no estabelecimento de suas relações

sistemáticas e evolutivas. Citogeneticamente é caracterizada por cariótipos conservados

entre espécies proximamente relacionadas, bem como por intensa variabilidade

intergenérica, o que dificulta o estabelecimento de suas relações evolutivas por

bandeamentos clássicos. A partir da análise comparativa de cariótipos com

bandeamento G tem-se tentado estabelecer relações entre as várias espécies da família.

Entretanto, a similaridade entre bandas não homeólogas dificulta o esclarecimento da

história evolutiva de segmentos cromossômicos. Recentes estudos têm contornado este

problema através do emprego da pintura cromossômica para a detecção de segmentos

sintênicos entre espécies. Dessa forma, neste trabalho foi realizada a pintura

cromossômica comparativa para a identificação de homeologias cromossômicas entre

cinco espécies, pertencentes a três subfamílias de Phyllostomidae. A partir do emprego

de sondas cromossômicas totais de Phyllostomus hastatus (Phyllostominae) e Carollia

brevicauda (Carolliinae) foram enfatizados os prováveis eventos ocorridos na

diferenciação dos cariótipos de Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus

youngi (Desmodontinae). As sondas de P. hastatus detectaram 23, 22 e 21 segmentos

conservados nos cariótipos de D. rotundus, D. ecaudata e D. youngi, respectivamente,

enquanto 28, 27, e 27 segmentos conservados foram respectivamente detectados com

sondas de C. brevicauda. Os dados obtidos evidenciaram certa conservação cariotípica

entre os membros de Desmodontinae, com D. rotundus apresentando o cariótipo mais

rearranjado das três espécies. Com base nas relações evolutivas propostas por dados

moleculares, morfológicos e citogenéticos são apresentadas as possíveis seqüências de

eventos que ocorreram durante a evolução cromossômica dos morcegos hematófagos.

Adicionalmente, o estudo comparativo entre as cinco espécies permitiu concluir que

Desmodontinae se apresenta mais proximamente relacionada à subfamília

Phyllostominae do que a Carolliinae.

Palavras-chave: Desmodus, Diaemus, Diphylla, homeologias cromossômicas, pintura

cromossômica.

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1. INTRODUÇÃO

A Ordem Chiroptera é representada pelos morcegos, um grupo de mamíferos

voadores que apresentam várias adaptações morfológicas e fisiológicas para explorar

diferentes tipos de refúgios e de alimentos. Em muitas regiões tropicais e subtropicais,

os morcegos constituem a maior parte da fauna de mamíferos, não apenas em número

de espécies, mas também de indivíduos. A ordem compreende 18 famílias e duas

subordens: Megachiroptera e Microchiroptera. A subordem Megachiroptera está

representada por uma única família, Pteropodidae, enquanto Microchiroptera abrange

17 famílias, nove das quais ocorrem nas Américas, estando todas representadas no

Brasil: Emballonuridae, Furipteridae, Molossidae, Mormoopidae, Natalidae,

Noctilionidae, Phyllostomidae, Thyropteridae e Vespertilionidae (Simmons, 2005; Reis

et al., 2007).

A família Phyllostomidae possui o maior número de gêneros e espécies entre os

Chiroptera Neotropicais, incluindo 57 gêneros e cerca de 160 espécies. Considerável

discordância existe no que diz respeito às suas relações de parentesco, por conta da sua

ampla gama de adaptações aos mais diversos nichos ecológicos. A citogenética por sua

vez, representa uma das áreas de estudo que procura reconstruir a história filogenética

do grupo com base em sua evolução cariotípica, usando diferentes técnicas de

identificação e coloração cromossômicas (Varella-Garcia e Taddei, 1989; Simmons,

2005; Reis et al., 2007).

As técnicas de análise cromossômica mais utilizadas no estudo de morcegos têm

sido o bandeamento G, que permite a identificação de cromossomos homólogos,

homeólogos e de seus eventuais rearranjos, além do bandeamento C e da marcação com

nitrato de prata (AgNO3) que marcam regiões de heterocromatina constitutiva (HC) e

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regiões organizadoras de nucléolos (RONs), respectivamente. Adicionalmente, a técnica

de hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de DNA repetitivo tem sido

empregada em morcegos, permitindo a detecção precisa da localização dessas

seqüências nos cromossomos. Recentemente, uma variação da FISH vem sendo

utilizada para a análise de homeologias cromossômicas entre diferentes espécies com

maior precisão. Esse método, designado Zoo-FISH, utiliza sondas cromossômicas

totais de uma espécie hibridizadas em cariótipos de outras, na tentativa de determinar as

regiões cromossômicas conservadas correspondentes (Varella-Garcia e Taddei, 1989,

Baker et al. 1992, Pieczarka et al., 2005).

A subfamília Desmodontinae compreende apenas as três espécies de morcegos

hematófagos existentes: Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi.

Para a maioria dos estudos filogenéticos da família Phyllostomidae, esta subfamília

aparece como um grupo bem estabelecido, sendo um dos únicos cuja monofilia é

apoiada a partir de diferentes classes de dados e representando um dos clados mais

basais dentro da família. De acordo com a teoria mais amplamente aceita, derivada de

estudos morfológicos e moleculares, as espécies D. rotundus e D. youngi aparecem

como taxa irmãos que divergiram logo após a linhagem que deu origem a D. ecaudata.

Contudo, estudos cromossômicos clássicos (principalmente dados gerados pela técnica

de bandeamento G) mostram diferentes resultados, nos quais D. rotundus parece estar

mais proximamente relacionado à D. ecaudata, com D. youngi apresentando um

cariótipo mais próximo ao cariótipo ancestral da família Phyllostomidae (Baker et al.,

1988; Wetterer et al., 2000).

Essa diferença está provavelmente relacionada às dificuldades de interpretação

dos resultados derivados de bandeamento G, como por exemplo, problemas no que diz

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respeito à identificação de homeologias e distinção de caracteres primitivos e derivados,

de forma que bandas G similares são equivocadamente consideradas homeólogas, não

fornecendo a verdadeira história evolutiva de segmentos cromossômicos, dificultando,

portanto, a reconstrução filogenética do grupo. Como até o presente não foram

utilizadas técnicas de identificação cromossômica mais acuradas nos cariótipos dos

Desmodontinae, no presente trabalho foi realizada a Zoo-FISH com sondas

cromossômicas totais de Carollia brevicauda (2n=21,XY1Y2) e Phyllostomus hastatus

(2n=32,XX) nos cariótipos de Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla

ecaudata, na tentativa de elucidar suas verdadeiras homeologias cariotípicas, para a

reconstrução dos eventos que levaram aos cariótipos apresentados atualmente por essas

espécies. Além disso, pela comparação entre os cariótipos dessas cinco espécies, tentou-

se estabelecer quais cromossomos estariam presentes no cariótipo ancestral da família

Phyllostomidae, para a reconstrução futura de suas relações evolutivas por métodos

citogenéticos.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. ORDEM CHIROPTERA

2.1.1. Aspectos gerais

A ordem Chiroptera está representada pelos morcegos, um dos grupos mais

diversificados e bem sucedidos de mamíferos placentários. Esses animais apresentam

características singulares como o vôo impulsionado, capacidade de ecolocalização,

hibernação e torpor. Além disso, a ordem é caracterizada por uma ampla variação

morfológica, relacionada aos seus hábitos, que permitiram que seus membros

ocupassem os mais variados nichos ecológicos, tornando-os indispensáveis para a

manutenção das relações tróficas nos ecossistemas. Compreendem o segundo maior

grupo da classe Mammalia, sendo superados apenas pela ordem Rodentia (Simmons,

2005).

O nome Chiroptera, proveniente do grego “cheir” (mão) e “pteron” (asa), sugere

a principal adaptação morfológica sofrida por esses animais, que apresentam asas como

membros anteriores. O alongamento dos ossos metacarpais e falanges para o auxílio e

controle de uma membrana alar (o patágio) foi um evento crucial para o

desenvolvimento do vôo sustentado, apresentado por esses organismos. Além disso, em

comparação a outros mamíferos, os morcegos são diferenciados por uma complexa série

de modificações estruturais no esqueleto axial juntamente com a clavícula e escápula,

bem como reorientação lateral dos membros posteriores, características que estão

relacionadas à capacidade de vôo e à postura invertida adotada por estes animais quando

em repouso (Jones, 2002; LaVal e Rodríguez-H., 2002; Gunnell e Simmons, 2005).

Tradicionalmente, a ordem tem sido dividida em duas subordens:

Megachiroptera, representada por uma única família (Pteropodidae) com 42 gêneros e

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185 espécies e Microchiroptera, que por sua vez, abrange 17 famílias, 157 gêneros e

928 espécies (Simmons, 2005). A Tabela 1 apresenta dados sobre as famílias que

compõem as subordens, destacando as encontradas no Brasil, com o respectivo número

de espécies registradas para o país.

Tabela 1. Classificação tradicional da ordem Chiroptera.

Ordem Chiroptera

Classificação

Número de espécies brasileiras

Subordem Megachiroptera Pteropodidae -

Subordem Microchiroptera Rhinolophidae -

Hipposideridae -

Megadermatidae -

Rhinopomatidae -

Craseonycteridae -

Emballonuridae 15

Nycteridae -

Myzopodidae -

Mystacinidae -

Phyllostomidae 90

Mormoopidae 04

Noctilionidae 02

Furipteridae* (1) 01

Thyropteridae 04

Natalidae 01

Molossidae 26

Vespertilionidae 24

Fonte: Simmons (2005); Reis et al. (2007).

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Devido à similaridade de sua face com a das raposas, os Megachiroptera são

popularmente denominados raposas voadoras. São morcegos de médio a grande porte,

podendo alcançar até 1,5 kg e 1,7 m de envergadura, sendo encontrados apenas nos

trópicos e subtrópicos do velho mundo. A maioria desses morcegos possui hábito

frugívoro e depende principalmente da visão e do olfato para a detecção de alimento.

Apenas algumas espécies do gênero Rousettus utilizam um tipo de ecolocalização com

ultra-sons de baixa freqüência para a orientação, baseada em estalidos produzidos pela

língua (Findley, 1993; Reis et al., 2007).

Morfologicamente, as “raposas voadoras” são caracterizadas pela presença de

olhos grandes, que conferem uma capacidade visual extremamente desenvolvida. As

asas e caracteres anatômicos relacionados ao vôo são bem menos especializados do que

as de Microchiroptera, bem como os caracteres associados à ecolocalização. As orelhas

apresentam-se pequenas, simples e destituídas de especializações para a intensificação

sonora. Além disso, os Megachiroptera apresentam cauda curta, rudimentar ou ausente,

uropatágio reduzido, garras no polegar e, na maioria dos gêneros, garras adicionais no

segundo dedo (Nowak, 1994).

A subordem Microchiroptera abrange os morcegos que, ao contrário dos

Megachiroptera, apresentam a capacidade de ecolocalização com ultra-sons de alta

freqüência (acima de 15 kHz). Em estreita associação a esta capacidade, esses morcegos

apresentam nas orelhas um trago com extrema sensibilidade com função de receber e

intensificar ondulações sonoras. Em muitas espécies, o pavilhão auditivo apresenta uma

forte proeminência longitudinal (quilha) em seu centro e um outro aparato membranoso

(antitrago) em sua base. Várias adaptações nos ouvidos interno e médio estão também

relacionadas à percepção de sonar nesses morcegos. A ocorrência de Microchiroptera

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abrange praticamente todas as regiões do globo, exceto as regiões polares e ilhas muito

afastadas de áreas continentais. No Brasil, são conhecidas nove famílias, 64 gêneros e

167 espécies (Tabela 1), distribuídas por todos os estados, ocorrendo nos mais diversos

biomas (Jones, 2002; Airas, 2003; Reis et al., 2006; 2007).

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2.1.2 Origem e Filogenia

Os registros fósseis mais antigos de representantes da ordem Chiroptera datam

do início do Eoceno (49-53 milhões de anos). Este período revela uma fauna de

morcegos extremamente rica, compreendendo centenas de espécimes fósseis, completos

em boa parte dos casos, abrangendo cerca de 24 gêneros (Simmons e Geisler, 1998). A

reunião de informações sobre todos os fósseis encontrados até o presente indica que os

morcegos viventes no Eoceno apresentavam conjuntos de adaptações ao vôo e

ecolocalização, o que sugere uma origem mais antiga para o grupo, uma vez que a este

ponto seu ancestral já havia evoluído para as formas atuais (Speakman, 2001). Apesar

da abundância de fósseis do Eoceno, a ausência de amostras provenientes de períodos

mais antigos tem dificultado consideravelmente estudos sobre a história natural do

grupo (Teeling et al., 2005).

Até o início dos anos 80, dados de estudos morfológicos vinham propondo a

monofilia da ordem, bem como das duas subordens, o que implicava em uma única

origem para a ecolocalização laringiana e o vôo em morcegos. Contudo, estudos

realizados por Smith e Madkour (1980), Hill e Smith (1984), Pettigrew (1986; 1995) e

Pettigrew et al. (1989), baseados em morfologia do pênis e sistema nervoso,

propuseram a polifilia para a ordem, na denominada hipótese do “primata voador”.

Segundo esses autores, Megachiroptera estaria mais proximamente relacionada à

Dermoptera e aos primatas do que à Microchiroptera. Essa proposta resultou no

interesse dos sistematas mastozoólogos, o que desencadeou uma série de estudos

independentes para a resolução das controvérsias. Como conseqüência, estudos

baseados em morfologia, bioquímica, e genética molecular acabaram por refutar esta

última hipótese, confirmando a monofilia da ordem. Esses novos trabalhos, entretanto,

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têm mostrado que uma considerável incerteza permanece no que diz respeito às relações

entre os morcegos e outras ordens de mamíferos, além de ter gerado recentes

questionamentos sobre a monofilia da subordem Microchiroptera (Jones et al., 2002;

Van Den Bussche e Hoofer, 2004; Gunnel e Simmons, 2005).

A origem filogenética da ordem Chiroptera permanece não resolvida.

Organismos intermediários evolutivos entre os morcegos e seu ancestral não voador são

ainda desconhecidos no registro fóssil. Com base em evidências morfológicas,

Chiroptera tem sido considerada como pertencente à superordem Archonta, juntamente

com Dermoptera, Primata e Scadentia. Contudo, estudos moleculares têm fornecido

suporte para a inclusão de Chiroptera no grupo Laurasiatheria, compartilhado pelas

ordens Cetartiodactyla, Perissodactyla, Carnivora, Pholidota e Eulipothypla (Nikaido et

al. 2000; Lin e Penny 2001; Madsen et al. 2001; Murphy et al. 2001a,b; Van Den

Bussche e Hoofer, 2004). Segundo Van den Bussche e Hoofer (2004), as características

morfológicas que reúnem Archonta como um grupo monofilético são variáveis dentro

das ordens que o compõe, não revelando um forte suporte para sua monofilia. Devido a

essas controvérsias, esta questão permanece ainda em aberto.

Em relação à monofilia das duas subordens, dados morfológicos e moleculares

têm gerado hipóteses contrastantes (Tabela 2). Tradicionais hipóteses filogenéticas

resultantes de análises morfológicas propõem a divisão da ordem Chiroptera em duas

subordens monofiléticas, Mega e Microchiroptera. Além disso, Microchiroptera estaria

subdividida em duas infraordens, Yinochiroptera, composta pelas superfamílias

Rhinolophoidea (Rhinolophidae, Hipposideridae, Nycteridae e Megadermatidae) e

Emballonuroidea (Rhinopomatidae, Craseonycteridae e Emballonuridae) e

Yangochiroptera, formada pelas superfamílias Noctilionoidea (= Phyllostomoidea)

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(Mystacinidae, Noctilionidae, Mormoopidae e Phyllostomidae) e Vespertilionoidea

(Vespertilionidae, Natalidae, Furipteridae, Thyropteridae, Myzopodidae e Molossidae)

(Koopman, 1994; Fenton, 1995; Altringham, 1996).

Simmons e Geisler (1998) conduziram novas análises baseadas em dados

morfológicos de espécies existentes e exemplares fósseis e propuseram uma

classificação que reteve boa parte dos agrupamentos prévios. Dessa forma, as duas

subordens permaneceram como grupos monofiléticos sendo mantida a divisão de

Microchiroptera em dois clados. Entretanto, segundo esses autores, Microchiroptera

estaria dividida em sete superfamílias: Emballonuroidea (Emballonuridae),

Rhinopomatoidea (Rhinopomatidae e Craseonycteridae), Rhinolophoidea

(Rhinolophidae, Nycteridae e Megadermatidae, tendo Hipposideridae sido convertida a

uma subfamília de Rhinolophidae), Noctilionoidea (Noctilionidae, Mormoopidae e

Phyllostomidae), Nataloidea (Natalidae, Furipteridae, Thyropteridae, Myzopodidae),

Molossoidea (Molossidae e uma nova família, Antrozoidae) e Vespertilionoidea

(Vespertilionidae). Segundo esta classificação, apenas Rhinopomatoidea e

Rhinolophoidea apareceriam compondo a infraordem Yinochiroptera. As superfamílias

remanescentes seriam parte de Yangochiroptera ou permaneceriam como incertae sedis.

Além disso, Mystacinidae não aparece em uma superfamília definida (Tabela 2). Os dados moleculares, por sua vez, sugerem a monofilia de Rhinopomatoidea e

Rhinolophoidea (a partir da exclusão da família Nycteridae) e a sua união à família

Pteropodidae em um clado denominado Yinpterochiroptera ou Pteropodiformes. Todas

as famílias remanescentes são agrupadas em Yangochiroptera (Tabela 2). Dessa forma,

as subordens deixariam de existir como grupos monofiléticos, cedendo lugar a esta

classificação (Van Den Bussche e Hoofer, 2004; Hoofer e Van Den Bussche, 2004;

Eick et al., 2005; Teeling et al., 2005).

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Tabela 2. Algumas das classificações propostas para a ordem Chiroptera.

Classificações de Chiroptera Altringham (1996)

Simmons e Geisler (1998)

Ordem Chiroptera Ordem Chiroptera Subordem Megachiroptera Subordem Megachiroptera

Pteropodidae Pteropodidae Subordem Microchiroptera Subordem Microchiroptera

Infraordem Yinochiroptera Superfamília Emballonuroidea Superfamília Rhinolophoidea Emballonuridae

Rhinolophidae Infraordem Yinochiroptera Hipposideridae Superfamília Rhinopomatoidea Nycteridae Craseonycteridae Megadermatidae Rhinopomatidae

Superfamília Emballonuroidea Superfamília Rhinolophoidea Rhinopomatidae Nycteridae Craseonycteridae Megadermatidae Emballonuridae Rhinolophidae (inclui Hipposiderinae)

Infraordem Yangochiroptera Infraordem Yangochiroptera Superfamília Noctilionoidea Mystacinidae

Mystacinidae Superfamília Noctilionoidea Noctilionidae Phyllostomidae Mormoopidae Mormoopidae Phyllostomidae Noctilionidae

Superfamília Vespertilionoidea Superfamília Nataloidea Vespertilionidae Myzopodidae Natalidae Furipteridae Furipteridae Thyropteridae Thyropteridae Natalidae Myzopodidae Superfamília Molossoidea Molossidae Antrozoidae

Molossidae Superfamília Vespertilionoidea Vespertilionidae Teeling et al. (2005)

Ordem Chiroptera Subordem Yinpterochiroptera

Pteropodidae Superfamília Rhinolophoidea

Rhinolophidae Megadermatidae Craseonycteridae Rhinopomatidae

Subordem Yangochiroptera Superfamília Emballonuroidea

Emballonuridae Nycteridae

Superfamília Noctilionoidea Phyllostomidae Mormoopidae Noctilionidae Furipteridae Thyropteridae Mystacinidae Myzopodidae

Superfamília Vespertilionoidea Vespertilionidae Molossidae Natalidae

Fonte: Altringham (1996); Simmons e Geisler (1998); Teeling et al. (2005).

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As conseqüências relativas aos estudos filogenéticos na ordem pelos diferentes

métodos são marcantes. A monofilia da ordem, apoiada por todas as classes de dados,

corrobora a hipótese de que a capacidade de vôo evoluiu apenas uma vez dentro da

classe Mammalia. Por outro lado, os estudos relativos às subordens e famílias implicam

em interpretações diferentes para a origem da ecolocalização laringiana em morcegos.

Se os dados gerados por morfologia estiverem corretos, a ecolocalização evoluiu apenas

uma vez dentro da ordem (apenas em Microchiroptera). Contudo, se os indícios

moleculares forem aceitos, a ecolocalização passa a ser uma característica que apareceu

duas ou mais vezes independentemente durante a evolução do grupo, ou foi perdida em

Pteropodidae. De fato, a ampla variação dessa característica entre as famílias de

Chiroptera têm dificultado consideravelmente a definição de um tipo de ecolocalização

ancestral em morcegos, a maioria delas mostrando sinais de evolução convergente ao

longo de toda a árvore filogenética (Teeling et al., 2002; Jones e Teeling, 2006).

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2.2. FAMÍLIA PHYLLOSTOMIDAE

Os morcegos do Novo Mundo, membros da família Phyllostomidae apresentam

como característica mais evidente um apêndice dérmico em formato de folha se

estendendo a partir do aparato nasal. As únicas exceções são os morcegos vampiros e

uma única espécie da subfamília Stenodermatinae (Centurio scenex), nos quais esta

característica aparece de forma modificada e rudimentar, respectivamente (LaVal e

Rodrigues-H, 2002). Os Phyllostomidae variam em tamanho desde diminutos como

Choeroniscus minor, um nectarívoro que pesa cerca de 9 g, até o maior morcego das

Américas, Vampyrum spectrum, cujo peso pode ultrapassar 100 g. O comprimento

corpóreo varia de 40 a aproximadamente 135 mm e do antebraço de 31 a 105 mm. A

cauda, quando presente, apresenta-se bastante reduzida, variando em comprimento

desde quatro até 55 mm (Nowak, 1996).

Das 17 famílias de Microchiroptera, Phyllostomidae constitui a terceira mais

numerosa, sendo endêmica do Novo Mundo, com registros que abrangem desde o

sudoeste dos Estados Unidos da América até o norte da Argentina. Segundo Simmons

(2005), a família compreende 160 espécies distribuídas em 57 gêneros. No Brasil, por

sua vez, são encontradas 90 espécies representantes de 40 gêneros. A diversidade trófica

observada nesse grupo não encontra precedentes dentre as demais famílias de

mamíferos, sendo encontradas as mais variadas adaptações morfológicas a uma série de

nichos ecológicos. Os representantes da família podem ser insetívoros, carnívoros,

frugívoros, nectarívoros, folívoros, granívoros, onívoros ou hematófagos. Esta

heterogeneidade tem motivado inúmeros estudos no que concerne às relações entre os

Phyllostomidae, no intuito de esclarecer a origem evolutiva desses hábitos alimentares

(Freeman, 2000; Reis et al., 2006).

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Historicamente, o grupo tem sofrido uma série de alterações no que diz respeito

à sua classificação em subfamílias, sem um consenso entre as diferentes pesquisas.

Registros de árvores filogenéticas obtidas a partir das mais diversas classes de dados

mostram que o número de subfamílias de Phyllostomidae tem variado de um mínimo de

duas a um máximo de 11. Observa-se, na maioria dos casos, que as classificações

obtidas apresentam a tendência de agrupar as espécies com hábitos alimentares

semelhantes, bem como adaptações morfológicas similares associadas a esses hábitos

(Wetterer et al., 2000; Baker et al., 2003).

Diversos trabalhos, entretanto, forneceram importantes contribuições que

gradualmente conferiram relativa estabilidade à classificação da família (Tabela 3)

(Wetterer et al., 2000). Gervais (1854, 1856) (apud Wetterer et al., 2000 ) foi o primeiro

pesquisador que restringiu o uso do termo Phyllostomidae aos morcegos de folha nasal

do Novo Mundo e aplicou nomes às subdivisões propostas. Miller (1907) propôs uma

classificação que permaneceu estável até meados de 1960. As principais modificações

posteriores a este arranjo foram: (1) o reconhecimento dos membros de Sturnirinae

como pertencentes à subfamília Stenodermatinae (Baker, 1967); (2) a inclusão da

família Desmodontidae como subfamília (Desmodontinae) de Phyllostomidae (Forman

et al., 1968) e (3) a exclusão de Chylonycterinae para a família Mormoopidae, grupo

irmão de Phyllostomidae (Smith, 1972).

Baker et al. (1989) propuseram uma classificação baseada em uma análise

cladística de múltiplos dados (morfológicos, bioquímicos e cromossômicos), com o

intuito de eliminar indesejáveis arranjos parafiléticos e polifiléticos. Nesta classificação,

apenas três subfamílias foram reconhecidas: Desmodontinae, Vampyrinae e

Phyllostominae. Koopman (1994), entretanto, apresentou uma classificação de

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Phyllostomidae que incluía oito subfamílias e duas tribos dentro de Stenodermatinae.

Estas duas últimas classificações foram as mais utilizadas até recentemente, quando

duas novas propostas emergiram.

Tabela 3. Algumas das classificações propostas para a família Phyllostomidae.

Classificações de Phyllostomidae

Miller (1907) Koopman (1994)

Phyllostomidae Phyllostomidae

Chilonycterinae (=Mormoopidae) Phyllostominae

Phyllostominae Lonchophyllinae

Glossophaginae Brachyphyllinae

Hemiderminae (=Carolliinae) Phyllonycterinae

Sturnirinae Glossophaginae

Stenoderminae (inclui Brachyphylla) Carolliinae

Phyllonycterinae Stenodermatinae

Desmodontidae Sturnirini

Stenodermatini

Baker et al. (1989) Desmodontinae

Phyllostomidae

Macrotus (incertae sedis)

Micronycteris (incertae sedis)

Vampyrinae

Chrotopterus, Trachops,

Vampyrum

Phyllostominae (todas as tribos sedis

mutabilis)

Phyllostomini

[inclui Phyllostomus (mais

Phylloderma), Tonatia, Mimon,

Lonchorhina, Macrophyllum]

Glossophagini

(inclui Lonchophyllinae,

Phyllonycterinae e Brachyphylla)

Stenodermatini

(inclui Carollia e Rhinophylla)

Desmodontinae

Fonte: Wetterer et al. (2000); Baker et al. (2003).

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Atualmente, duas outras classificações disponíveis para Phyllostomidae vêm

sendo mais utilizadas (Tabela 4). A primeira, obtida por Wetterer et al. (2000) a partir

do uso de 150 caracteres morfológicos, cromossômicos e de sítios de restrição do

DNAr, é conhecida como a “árvore de total-evidência”. As árvores mais parcimoniosas

provenientes da combinação desses dados indicam que todas as subfamílias

tradicionalmente reconhecidas são monofiléticas e que a maioria dos taxa que

compartilham especializações alimentares formam clados.

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Tabela 4. Classificações atualmente adotadas para a família Phyllostomidae.

Modificado a partir de Baker et al. (2003).

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Baseados em seus resultados filogenéticos Wetterer et al. (2000) propuseram uma

classificação que melhor reflete as relações hipotetizadas: (1) reconhecimento formal de

Hirsutaglossa e Nulicauda no agrupamento de subfamílias nectarívoras e frugívoras,

respectivamente; (2) redefinição de Glossophaginae e inclusão de duas tribos,

Glossophagini e Lonchophyllini nessa subfamília; (3) reconhecimento de Phyllostomini,

Lonchorrhinini, Vampyrini, Micronycterini como tribos de Phyllostominae, subfamília

que aparece como um agrupamento natural na topologia gerada; (4) reconhecimento

formal de Stenodermatina (Stenodermatines de rostro curto) e Ectophyllina (rostro

alongado); (5) elevação dos subgêneros de Micronycteris ao nível de gênero;(6)

reconhecimento de Mesophylla como sinônimo júnior de Ectophylla;(7)

reconhecimento de Enchisthenes como gênero distinto e (8) retenção de Dermanura e

Koopmania como subgêneros de Artibeus. Além disso, nesta classificação, a subfamília

Desmodontinae aparece como grupo basal e Brachyphyllinae não apresenta

posicionamento definido dentro da árvore. Dessa forma, Phyllostomidae estaria

representada por 53 gêneros em sete subfamílias: Desmodontinae, Brachyphyllinae,

Phyllonycterinae, Phyllostominae, Glossophaginae, Carolliinae e Stenodermatinae (Fig.

1).

Na segunda classificação, resultante de análises de seqüências de DNA

mitocondrial agrupados a informações de estudos prévios com o gene nuclear RAG2

(Baker et al., 2000) mais as filogenias obtidas por Wetterer et al. (2000) e Jones et al.

(2002), Baker et al. (2003) sugerem que Phyllostomidae estaria dividida em 11

subfamílias, englobando 56 gêneros (Fig. 2). A comparação entre as diferentes árvores

analisadas nesse trabalho revela um baixo número de agrupamentos compartilhados,

acarretando em pouca resolução para as relações evolutivas entre os grupos. Em

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contraste, as duas árvores geradas a partir de dados moleculares apresentam-se

extremamente semelhantes, compartilhando 21 nós a mais do que se fossem

consideradas as três árvores (em um total de 55 nós). Os dados moleculares, entretanto,

geram resultados contrastantes com a maioria daqueles obtidos através de estudos

prévios baseados em morfologia.

As principais implicações desses resultados são as seguintes: (1) Phyllostominae

(sensu Wetterer et al., 2000) seria um grupo polifilético, composto por membros de

cinco diferentes subfamílias (Macrotinae, Micronycterinae, Lonchorhininae,

Phyllostominae e Glyphonycterinae) e (2) Macrotus e Micronycteris + Lampronycteris

seriam agrupados em duas subfamílias basais na árvore da família, seguidas por

Desmodontinae. O reconhecimento de 11 subfamílias, segundo esses autores, seria

necessário para que se pudessem separar as principais subdivisões morfológicas e

moleculares em grupos monofiléticos. Apesar das discordâncias entre esses trabalhos

com dados morfológicos e moleculares, ambas as classes de dados suportam a monofilia

da família (Wetterer et al., 2000; Jones et al., 2002; Baker et al., 2003).

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Fig. 1: Árvore de total-evidência proposta por Wetterer et al. (2000) construída a partir de análise de máxima parcimônia usando 150 caracteres. À direita, classificação proposta por esses autores para a família Phyllostomidae. Decay values e valores de bootstrap correspondem aos números acima e abaixo dos ramos, respectivamente.

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Fig. 2: Filograma mostrando as relações de divergência de seqüências entre os gêneros de Phyllostomidae, apresentado por Baker et al. (2003). À direita, classificação proposta por esses autores.

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2.3. SUBFAMÍLIA DESMODONTINAE: Aspectos ecológicos e evolutivos

A subfamília Desmodontinae compreende as únicas espécies de morcegos cuja

alimentação é baseada exclusivamente na ingestão de sangue. Nenhum outro mamífero

apresenta essa característica, a qual confere a esses animais o status de verdadeiros

parasitas. Desmodontinae é composta por três gêneros monotípicos, endêmicos da

América Latina: Desmodus, Diaemus e Diphylla (Taddei, 1988; LaVal E Rodríguez-H,

2002). Distinguem-se dos demais Phyllostomidae pela morfologia de seu apêndice

nasal, similar a uma ferradura, cuja função nestes animais parece ser a detecção de áreas

mais vascularizadas na pele de suas presas. São morcegos de médio porte,

extremamente especializados para a hematofagia, apresentando modificações nos

incisivos, bastante afiados e em forma de bisel, saliva com propriedades

anticoagulantes, lábio inferior sulcado e destituído de papilas, língua sulcada que

permite ao sangue fluir por capilaridade para o interior da boca, além de estômago e rins

especializados na absorção e processamento do plasma sanguíneo (Bernard, 2005; Reis

et al., 2007). Como os demais Microchiroptera, os morcegos hematófagos emitem sinais

de ecolocalização para a orientação espacial. Contudo, sua audição parece ser mais

adaptada à captação de baixas freqüências, entre 100 Hz e 10 KHz (Schmidt et al.,

1991).

Desmodus rotundus é a espécie mais comum de Desmodontinae, ocorrendo

desde o norte do México até o norte da Argentina (Koopman, 1988). No Brasil, por sua

vez, foi registrada a sua ocorrência em 25 dos 26 estados. É diferenciado dos outros

morcegos hematófagos por suas orelhas pontiagudas, polegar longo, portando duas

almofadas ou calosidades, membrana interfemural sem pêlos e por sua fórmula dentária

(Nowak, 1994; Reis et al., 2007). Sua alimentação consiste na preferência por sangue de

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mamíferos, principalmente de grande porte, ocasionalmente alimentando-se de sangue

de aves e humanos (Altringham, 1996). Este hábito torna-os potenciais transmissores do

vírus rábico, destacando sua importância para a economia e saúde pública (Taddei,

1988).

Diphylla ecaudata é o menor dos morcegos hematófagos e parece ocupar o

segundo lugar em abundância. Apesar disso, sua distribuição é mais restrita do que a

dos outros Desmodontinae, ocorrendo do México até o Brasil. Existe, contudo, registro

de apenas um espécime de D. ecaudata para a região sul dos EUA (Reis et al., 2007).

No Brasil, há registros da espécie para apenas 13 estados (Reis et al., 2006). Este

pequeno hematófago é caracterizado por apresentar grandes olhos, orelhas curtas e

arredondadas e polegares curtos, sem calosidades. Além disso, suas pernas são

extremamente peludas e apresentam calcâneo alongado que funciona como um sexto

dedo, auxiliando sua locomoção por galhos e ramos de árvores (Greenhall e Schutt-Jr,

1996; Schutt-Jr e Altenbach, 1997). A alimentação de D. ecaudata consiste de sangue

fresco, quase que exclusivamente de aves. As diferenças no comportamento alimentar,

relacionadas à seleção de presas arbóreas e terrestres, reduzem significativamente a

competição entre D. ecaudata e D. rotundus. Dessa forma, não é raro encontrar as duas

espécies coexistindo em uma determinada área, muitas vezes compartilhando, inclusive,

o mesmo abrigo (Reis et al., 2007).

Diaemus youngi, por sua vez, assemelha-se a D. rotundus, contudo apresenta

características que o distingue dos outros morcegos hematófagos. Suas asas apresentam

manchas brancas nas pontas e entre as falanges, seu polegar apresenta apenas uma

calosidade, o calcâneo é ausente e apresenta uma conspícua glândula em cada lado da

boca, que exala um forte odor característico (Greenhall e Schutt-Jr, 1996; LaVal e

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Rodríguez-H, 2002). Apesar de apresentar uma ampla distribuição geográfica,

ocorrendo desde o nordeste do México ao norte da Argentina, D. youngi é raro ou

incomum ao longo de sua área de ocorrência. Alimenta-se preferencialmente do sangue

de aves, contudo, ataca mamíferos dependendo da disponibilidade de presas na região

(Greenhall e Schutt-Jr, 1996). Registros do vírus rábico em D. youngi, bem como nos

outros dois morcegos vampiros estão presentes na literatura. Entretanto, relatos da raiva

em humanos ou em animais domésticos estão mais relacionados à atividade de D.

rotundus. Dessa forma, são necessários planos de erradicação desta zoonose que

enfoquem exclusivamente o controle desta última espécie, evitando a dizimação

desnecessária das outras duas (Reis et al., 2007).

As extremas modificações estruturais associadas ao hábito alimentar dos

morcegos hematófagos foi, por muito tempo, base para sua classificação em uma

família distinta. Miller (1907) foi um dos primeiros pesquisadores a reconhecer

Desmodontidae como uma família separada e a discutir algumas relações entre seus

membros. Apenas em 1967, Machado-Allison, descrevendo associações parasita-

hospedeiro e interpretando dados de ecolocalização (Novick, 1963), sugeriu que

“Desmodidae” deveria ser considerada uma subfamília de Phyllostomidae. Essa

proposta foi reforçada em 1968, quando Forman et al. chegaram às mesmas conclusões,

baseados em estudos comparativos de imunologia, cariologia e morfologia entre os

morcegos hematófagos e membros de Phyllostomidae (Wetterer et al., 2000).

As relações entre os membros de Desmodontinae, bem como a posição da

subfamília na árvore dos Phyllostomidae permanecem em aberto: a árvore gerada por

Smith (1976) indica que Diaemus e Desmodus são grupos irmãos, formando um clado

separado em relação à Diphylla. Contudo, análises do padrão de bandeamentos C e G

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sugerem que dentre os morcegos hematófagos, o cariótipo de Diaemus youngi seria o

menos modificado em relação ao cariótipo proposto como ancestral da família

Phyllostomidae e que Desmodus e Diphylla formam um clado em relação à Diaemus

(Bass, 1978; Baker et al., 1988). Entretanto, essas relações não são apoiadas pelos

dados gerados a partir de técnicas moleculares. Estudos imunológicos e de eletroforese

da albumina indicam uma proximidade maior entre Diaemus e Desmodus, tendo eles

divergido após a ramificação da linhagem que deu origem à Diphylla (Honeycutt et al.,

1981; Baker et al., 1989). Recentes dados morfológicos e baseados em sequências de

DNA nuclear e mitocondrial apresentaram os mesmos resultados (Wetterer et al., 2000;

Baker et al., 2000; 2003).

Desmodontinae foi por muito tempo considerado como o grupo mais basal da

família Phyllostomidae (Wetterer et al., 2000). Contudo, com o avanço das técnicas de

genética molecular esse posicionamento vem sendo questionado. A partir de dados de

seqüências de DNA nuclear e mitocondrial, Baker et al. (2000; 2003) sugerem que dois

novos grupos (Macrotinae e Karyovarians) ocupariam posições mais basais que

Desmodontinae na árvore da família. São necessárias novas investigações a esse

respeito, para que a filogenia da família não seja adotada levando-se em consideração

apenas um número restrito de classe de dados.

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2.4. CITOGENÉTICA E EVOLUÇÃO

2.4.1. Importância dos estudos citogenéticos

Os primeiros estudos relativos à similaridade entre as espécies e sua reunião em

grupos taxonômicos foram realizados pela análise de suas características morfológicas e

métricas. Entretanto, com o surgimento de novas abordagens, que fazem uso de técnicas

citogenéticas, bioquímicas e moleculares, hipóteses filogenéticas geradas a partir dessa

classe de dados têm sido reexaminadas e, em alguns casos, reformuladas. Os dados

obtidos através de estudos cariotípicos constituem importantes ferramentas no

esclarecimento de questões genéticas, sistemáticas e evolutivas dos mais variados

grupos de organismos. Alterações nos cromossomos significam modificações no

próprio material genético, as quais são geralmente significativas para o rumo evolutivo

das espécies. Além disso, os cromossomos apresentam-se menos sujeitos à ação de

agentes externos do que qualquer característica morfológica ou fisiológica, tornando-se

importantes indicadores filogenéticos (Varella-Garcia e Taddei, 1989).

Geralmente, diferentes organismos apresentam cariótipos distintos, de forma que

cariótipos de espécies proximamente relacionadas são mais similares entre si do que são

os de espécies filogeneticamente distantes. Alterações no número, tamanho e

morfologia cromossômicas são, portanto, características evidentes do processo

evolutivo (John, 1981). Além disso, modificações do cariótipo primitivo constituem

caracteres em estado derivado, que podem ser utilizados, assim como tem sido feito

com atributos morfológicos, como base para a reunião de grupos naturais nos taxa

examinados. Dessa forma, informações geradas a partir de estudos cariotípicos têm sido

usadas por sistematas na formulação de hipóteses mais rigorosas em relação às

filogenias dos grupos investigados, pela dedução do número e tipos de rearranjos

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cromossômicos incorporados durante o curso da evolução, bem como pelo

entendimento das forças participantes na fixação desses rearranjos (Qumsiyeh e Baker,

1988).

A variedade de alterações cromossômicas durante o processo evolutivo, bem

como marcantes diferenças na quantidade de alterações entre espécies próximas,

indicam que não existem alterações específicas requeridas para a especiação. Entretanto,

alguns tipos de alterações cromossômicas parecem ser mais importantes para o processo

de especiação e, conseqüentemente, para a análise da história evolutiva dos organismos.

Neste caso, evidências sugerem que rearranjos cromossômicos que tenham um alto

nível de associação ao isolamento reprodutivo entre populações serão de extrema

importância para a especiação (King, 1993). Além disso, tem sido observado que

existem certos tipos de alterações mais relevantes para a evolução cariotípica de

determinados grupos (Sumner, 2003).

Coghlan et al. (2005) afirmam que rearranjos cromossômicos, incluindo fissões,

fusões, translocações e expansão diferencial de seqüências repetitivas, constituíram as

forças primárias para as modificações cromossômicas entre os vertebrados. Como

exemplo para morcegos, os resultados obtidos no trabalho de Baker e Bickham (1980)

mostraram que apesar de 23% das 78 espécies analisadas terem conservado o cariótipo

primitivo, proposto para cada família (ou subfamília, no caso de Phyllostomidae), a

maioria apresenta vários rearranjos cromossômicos, sendo destacado o papel das fusões

Robertsonianas e inversões pericêntricas.

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2.4.2. Técnicas citogenéticas empregadas no estudo de Chiroptera

2.4.2.1. Técnicas clássicas: uma abordagem histórica

Apesar dos caracteres morfológicos terem sido amplamente utilizados em

estudos de genética, sistemática e evolução, o cariótipo como uma complementação a

esses estudos se desenvolveu apenas após o aperfeiçoamento das técnicas de preparação

e coloração citológicas. Para mamíferos, técnicas adequadas não tinham sido descritas

até 1956, quando Ford e Hamerton descreveram a técnica de preparação citológica a

partir de medula óssea, com o uso de colchicina e de uma solução salina hipotônica de

citrato de sódio a qual permitia o aumento celular e melhor espalhamento cromossômico

(choque hipotônico).

A partir do final da década de 60, surgiram as primeiras publicações

descrevendo cariótipos de morcegos com o uso dessa metodologia. Estas preparações

garantiam melhores resultados em comparação aos dados obtidos através de material

testicular, anteriormente empregado, fornecendo informações sobre o número, tamanho

e morfologia dos cromossomos, bem como sobre os mecanismos de determinação

cromossômica do sexo para as espécies analisadas. Dessa forma, até 1970, números

diplóides de 126 espécies de morcegos haviam sido descritos (Yonenaga et al., 1969;

Baker, 1970b; Varella-Garcia e Taddei, 1989).

No início dos anos 70, foram desenvolvidas técnicas de coloração citológica que

permitiam a coloração diferencial de regiões cromossômicas. A análise por meio dessas

colorações revelou que a eucromatina é heterogênea, apresentando-se dividida

longitudinalmente em grandes domínios ou “bandas”, as quais podem apresentar

significados funcionais e/ou estruturais distintos, de forma que determinadas bandas

parecem corresponder a domínios cromossômicos com propriedades bioquímicas

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relacionadas (Bickmore e Sumner, 1989).

Seabright (1971) descreveu a técnica de bandeamento G (GTG) que, juntamente

com outras técnicas de bandeamento (Q e R), permitiu o aprimoramento de estudos

cariotípicos em mamíferos. A primeira aplicação do bandeamento G foi no pareamento

cromossômico. Além disso, este tipo de bandeamento é de extrema importância na

detecção de variações estruturais como deleções, duplicações e inversões. Essa técnica

possibilitou uma melhor compreensão das alterações cromossômicas ocorridas ao longo

do processo evolutivo, que se estabeleceram em cariótipos de diversos organismos

(Sumner, 2003). Dessa forma, pela comparação do padrão de bandeamento

cromossômico específico, vários trabalhos têm procurado estabelecer relações

cariotípicas entre espécies de morcegos pertencentes a um mesmo gênero, à mesma

família, ou mesmo a famílias diferentes (Baker e Bickham, 1980; Baker et al., 1982).

Em 1972, Sumner descreveu uma técnica distinta de coloração, a qual permite a

detecção de regiões de heterocromatina constitutiva (HC) em cromossomos: o

bandeamento C (CBG). A heterocromatina constitutiva representa uma classe de

cromatina que se caracteriza por permanecer condensada durante todo o ciclo celular,

bem como por sua forma e localização cromossômica. Apresenta-se geralmente

concentrada em blocos distribuídos preferencialmente nas regiões proximais e/ou

terminais dos cromossomos, ocorrendo menos frequentemente em regiões intersticiais

em algumas espécies. Além disso, é caracterizada pela sua composição, apresentando

poucos genes estruturais, sendo formada principalmente por DNA repetitivo. Por outro

lado, sabe-se atualmente que a formação de regiões de heterocromatina não depende

exclusivamente de sua composição de DNA, mas também de várias proteínas que

desempenham um papel essencial na sua estruturação e manutenção (Wallrath, 1998;

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Sumner, 2003; Grewal e Jia, 2007). Segundo Sumner, (2003), a identificação dos sítios

de HC, seu tamanho e composição de DNA são aspectos essenciais na caracterização

cariotípica de diversos organismos, uma vez que blocos de heterocromatina podem

variar entre as espécies, ou mesmo entre indivíduos da mesma espécie.

As regiões organizadoras de nucléolo (RONs), caracterizadas por conter os

principais genes para RNAr (18S, 5,8S e 28S), tiveram seu estudo aprimorado após a

descrição da marcação com nitrato de prata (Ag-RON) por Goodpasture e Bloom (1975)

e Howell e Black (1980). Segundo Trerè (2000), as RONs são compostas por proteínas

ácidas não-histônicas, as quais se ligam aos íons de prata, podendo ser visualizadas

seletivamente por essa técnica. A visualização das regiões marcadas pelo nitrato de

prata aparecem como pontos pretos bem definidos, os quais em núcleos interfásicos

estão exatamente localizados no interior do nucléolo.

Apesar de ser uma ferramenta útil no estudo da organização estrutural e

funcional dos cromossomos, a técnica de Ag-RON apenas detecta as RONs que se

encontravam transcricionalmente ativas na intérfase anterior à fase da divisão celular na

qual a célula se encontra. Dessa forma, um dos principais enfoques desta técnica é o

estudo da expressão de genes ribossomais (Pendás et al., 1993). Atualmente, entretanto,

a confirmação do número e localização das seqüências de DNAr, bem como de vários

outro tipos de seqüências, tem sido realizada por técnicas de citogenética molecular,

destacando-se a importância da hibridização in situ (Sumner, 2003; Guerra, 2004).

De acordo com Hsu et al. (1975), a distribuição de genes ribossômicos em

genomas de mamíferos pode ser classificada em diferentes padrões: (1) um único sítio

principal em que geralmente a própria RON se mostra como uma proeminente

constrição secundária, localizada em um par de cromossomos; (2) dois sítios principais;

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(3) múltiplos sítios em áreas de heterocromatina centromérica; (4) múltiplos sítios em

braços curtos heterocromáticos e (5) múltiplos sítios nas regiões teloméricas. A

ocorrência de RONs em um único sítio tem sido considerada como o padrão ancestral

em termos de distribuição de DNAr.

Em morcegos, as primeiras informações citogenéticas obtidas pelas técnicas de

bandeamento G e C foram divulgadas por Pathak et al. (1973), enquanto Sites et al.

(1981) apresentaram os primeiros resultados com a técnica de Ag-RON. Até o presente,

foram publicados os cariótipos bandeados de um número considerável de espécies,

representantes das 18 famílias, principalmente de Phyllostomidae e Vespertilionidae

(Baker e Bickham, 1980; Hood e Baker, 1986; Morielle e Varella-Garcia, 1988; Reis et

al., 2007).

2.4.2.2. Hibridização in situ

A técnica de hibridização in situ (HIS), descrita em 1970 por Pardue e Gall,

consiste basicamente no pareamento de determinado segmento de DNA ou RNA

(sonda) com uma seqüência de nucleotídeos complementar (seqüência-alvo) no sítio

exato onde aquela seqüência ocorre naturalmente. A prévia marcação da sonda permite

a determinação precisa da localização do híbrido (sonda/seqüência-alvo) no interior das

células ou nos cromossomos.

O princípio no qual se baseia a técnica remete à complementaridade de bases na

dupla fita de DNA, ou seja, ao anelamento específico das moléculas complementares

dos ácidos nucléicos pela formação de pontes de hidrogênio entre suas bases

nitrogenadas. As fitas complementares do DNA cromossômico podem ser separadas, no

processo denominado desnaturação, sendo posteriormente renaturadas ao estado de fita

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dupla. Se durante a renaturação do DNA cromossômico houver sonda disponível nas

proximidades da região de interesse, as cópias da sonda competirão com a seqüência

cromossômica idêntica, podendo ser hibridizadas in situ (Wilkinson, 1999; Guerra,

2004).

As primeiras hibridizações in situ foram realizadas com a utilização de sondas

marcadas com radioisótopos. Entretanto, certas desvantagens desse tipo de marcação,

como a instabilidade das moléculas radioativas, limitada resolução, longos períodos de

exposição requeridos para a obtenção das radiografias e os riscos associados à

radioatividade, impulsionaram o desenvolvimento de técnicas mais seguras e vantajosas

(Levsky e Singer, 2003). Atualmente, as marcações não-isotópicas, nas quais um

fluorocromo, um hapteno ou outro “grupo químico” é acoplado aos nucleotídeos, têm

sido mais amplamente utilizados no processo de HIS (Schwarzarcher e Heslop-

Harrison, 2000).

A FISH (fluorescence in situ hybridization) corresponde à hibridização in situ

com o uso de fluorocromos. Dependendo da forma como ocorre a marcação da sonda,

duas metodologias têm sido utilizadas: na marcação direta, nucleotídeos da sonda são

ligados diretamente a fluorocromos, enquanto na indireta, os nucleotídeos são acoplados

a uma molécula marcadora (mais comumente a biotina e a digoxigenina), a qual é

posteriormente detectada por outra molécula (anticorpo contra a molécula marcadora)

conjugada a um fluorocromo (Guerra, 2004).

As análises cromossômicas, utilizando a técnica de FISH, têm levado a um

marcante progresso na pesquisa citogenética. Comparada a outros métodos, a detecção

fluorescente dos sinais de hibridização apresenta vantagens de resolução, contraste,

rapidez, estabilidade e segurança, bem como a possibilidade de localização de diferentes

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sondas simultaneamente. Essa técnica tem possibilitado estudos sobre a organização

física de seqüências repetidas, genes, seqüências clonadas e segmentos cromossômicos

ou cromossomos inteiros em diversos organismos, pelo emprego de sondas

correspondentes, sendo comum o uso de sondas para seqüências ribossômicas (45S e

5S), teloméricas (TTAGGG), centroméricas (DNA satélite), cromossômicas (pintura

cromossômica), DNA genômico total, entre outras. Além disso, avanços na tecnologia

empregada para este tipo de análise têm possibilitado estudos refinados nas mais

diversas áreas de pesquisa básica e aplicada, atribuindo à FISH um papel de extrema

relevância para a citogenética atual (Trask, 1991; Schwarzarcher e Heslop-Harrison,

2000; Levsky e Singer, 2003; Guerra, 2004).

2.4.2.3. Pintura cromossômica (Chromosome painting)

Os estudos citogenéticos se caracterizam como uma importante ferramenta na

reconstrução da história evolutiva de diversos grupos. Através deles se torna possível o

estabelecimento de homeologias, pela comparação interespecífica do padrão de bandas

cromossômicas. Entretanto, os dados gerados a partir de bandeamentos podem não

fornecer em alguns casos a verdadeira história evolutiva de segmentos cromossômicos,

principalmente em famílias com rápida evolução cariotípica, ou em estudos entre

espécies distantemente relacionadas, devido a dificuldades de se estabelecer verdadeiras

homeologias entre braços similares e de se realizar a distinção de caracteres primitivos e

derivados (O´Brien et al., 1999; Wetterer et al., 2000; Ao et al., 2007).

Recentemente, com o desenvolvimento das técnicas de FISH, a identificação de

segmentos homeólogos entre taxa distantemente relacionados tornou-se possível,

independentemente da conservação do padrão de bandeamento cromossômico. Durante

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os últimos anos, uma das técnicas que tem contribuído significativamente na

identificação de regiões cromossômicas conservadas entre diferentes espécies é a

pintura cromossômica, a qual consiste basicamente na utilização de sondas específicas

para cromossomos inteiros ou segmentos cromossômicos para fornecer um mapa

citogenético de homeologias entre espécies diferentes (Wienberg e Stanyon, 1997;

Chowdhary et al., 1998; O´Brien et al.,1999).

As primeiras pinturas cromossomo-específicas foram humanas, utilizadas no

estudo de doenças genéticas. Wienberg et al. (1990) foram os primeiros a utilizar

sondas produzidas a partir de cromossomos totais de humanos em metáfases de outros

mamíferos, no caso, primatas, visando à identificação de homeologias cromossômicas.

A partir desse trabalho, vários estudos citogenéticos comparativos foram realizados,

utilizando sondas de todos os cromossomos humanos em preparações cromossômicas

de primatas e, após o aperfeiçoamento da técnica por Scherthan et al. (1994), em outras

ordens de mamíferos, a partir da qual a técnica foi denominada Zoo-FISH. Sondas

produzidas a partir de cromossomos “não-humanos”, por sua vez, apresentam marcante

utilidade na análise de grupos próximos de mamíferos ou de outros vertebrados porque

a eficiência de hibridização e da resolução é consideravelmente mais alta do que ao usar

sondas de ordens diferentes (Wienberg e Stanyon, 1997; Guerra, 2004).

Tem sido observado que quando uma sonda cromossômica de uma espécie é

hibridizada in situ nos cromossomos de outra, grandes regiões de homeologias contendo

genes são detectadas entre as duas espécies. Ocasionalmente, a sonda hibridiza em

apenas um cromossomo, indicando que todo o cromossomo é conservado. Em outros

casos, vários cromossomos ou partes de cromossomos são marcadas, indicando que

rearranjos intercromossômicos ocorreram durante a divergência dessas espécies. Em

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geral, espécies mais proximamente relacionadas apresentam menos rearranjos entre si

do que as mais distantemente relacionadas (Ferguson-Smith et al., 1998).

Estudos comparativos confirmam que a pintura cromossômica é bem mais eficaz

do que estudos convencionais de bandeamento com Giemsa na determinação das

homeologias cromossômicas entre as espécies. Varias conclusões equivocadas de

antigos estudos com bandeamento foram refutadas pela Zoo-FISH (Ferguson-Smith et

al., 1998). Contudo, cromossomos pintados com sondas cromossômicas totais não

apresentam padrão de bandas, sendo geralmente difícil sua identificação precisa apenas

por morfologia após a hibridização. Dessa forma, o bandeamento cromossômico é

frequentemente requerido em conjunto à técnica de pintura cromossômica, garantindo a

identificação dos rearranjos internos ocorridos entre os cromossomos analisados (Trask,

1991; Chaves et al., 2002). A partir da homeologia definida pela pintura e o padrão de

bandas gerado pelo bandeamento G, a análise citogenética torna-se uma poderosa

ferramenta na elucidação da evolução cariotípica e das relações filogenéticas entre os

organismos, principalmente entre mamíferos (Wienberg e Stanyon, 1997; �Ao et al.,

2007).

O papel da Zoo-FISH em estudos de evolução cromossômica em mamíferos está

bem documentado na literatura. Atualmente uma ou algumas espécies pertencentes a

quase todas as ordens de mamíferos placentários foram estudadas com essa técnica

(Frönicke e Scherthan, 1997; �Müller et al., 1999; Richard et al., 2000; Yang et al.,

2006; Kellog et al., 2007).

Os primeiros estudos com pintura cromossômica em morcegos foram realizados

por Volleth et al. (1999; 2002) a partir de sondas cromossômicas de humanos. Nesses

estudos, dez espécies representantes de seis famílias foram investigadas: Glossophaga

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soricina (Phyllostomidae), Myotis myotis, M. dasycneme e Pipistrellus blancpygmaeus

(Vespertilionidae), Rhinolophus mehelyi (Rhinolophidae), Hipposideros larvatus

(Hipposideridae), Mormopterus planiceps, M. jugularis e Mops mops (Molossidae) e

Eonycteris spelaea (Pteropodidae). Como resultado, seis sinapomorfias foram

encontradas, reunindo todas as famílias, gerando suporte para a monofilia da ordem.

Além disso, foi possível obter a divisão das famílias estudadas em três linhagens

evolutivas: Megachiroptera, Rhinopholoidea e Yangochiroptera. Contudo, as relações

entre essas três linhagens foram consideradas não-resolvidas, por conta da necessidade

de se investigar os taxa remanescentes.

A partir de 2005 foram produzidas as primeiras sondas cromossômicas derivadas

de espécies de morcegos. Pieczarka et al. (2005) realizaram a pintura cromossômica

recíproca em duas espécies da família Phyllostomidae: Phyllostomus hastatus

(Phyllostominae) e Carollia brevicauda (Carolliinae). A partir da análise dos dados

gerados, foi sugerido que diversos rearranjos cromossômicos ocorreram durante o

processo de diferenciação dos dois gêneros, com subseqüente estabilidade

cromossômica intragenérica. Além disso, foi proposto que os dois únicos pares

cromossômicos totalmente conservados entre estas espécies estão presentes no cariótipo

ancestral da família Phyllostomidae.

Com o uso de sondas cromossômicas totais da espécie Myotis myotis

(Vespertilionidae), Ao et al. (2006) estabeleceram relações entre sete espécies de

Vespertilionidae e concluíram que os rearranjos Robertsonianos constituíram o principal

mecanismo de evolução cromossômica da família e que adições de material

heterocromático desempenharam um importante papel na evolução cariotípica dos

gêneros Tylonycteris e Nyctalus. Além disso, esses autores puderam realizar a

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comparação de seus dados com o cariótipo humano, fornecendo uma nova abordagem

para os estudos de evolução de Vespertilionidae.

Com a utilização das mesmas sondas, hibridizadas em cariótipos de três

membros de Pteropodidae, Rhinolophidae e Hipposideridae, Ao et al. (2007) integraram

seus dados aos resultados de Volleth et al. (2002) e traçaram relações entre as seis

famílias investigadas através da Zoo-FISH. Da mesma forma, foi possível a obtenção de

informações adicionais acerca de rearranjos ocorridos na evolução cariotípica no gênero

Rhinolophus, entre gêneros de Pteropodidae e Hipposideridae bem como entre

diferentes famílias da ordem Chiroptera. Segundo Ao et al. (2007), um rearranjo

cromossômico sinapomórfico apoiaria a reunião do clado Yinpterochiroptera

(Pteropodidae + Rhinolophoidea), proposto por análises moleculares, constituindo a

primeira assinatura cromossômica que apóia a reunião dessas famílias como um

agrupamento natural.

O trabalho mais recente referente à pintura cromossômica em morcegos, foi

realizado por Mao et al. (2007). Seis espécies da família Rhinolophidae juntamente com

quatro espécies, representantes das famílias Pteropodidae e Hipposideridae foram

analisadas por pintura cromossômica com sondas de Aselliscus stoliczkanus

(Hipposideridae). Adicionalmente, sondas cromossômicas de humano foram mapeadas

no cariótipo de A. stoliczkanus para a integração dos resultados aos previamente

publicados. Com a utilização dos rearranjos como caracteres na construção de uma

árvore filogenética e com a espécie Myotis altarium como grupo externo, foi refutada a

hipótese de que o cariótipo ancestral de Rhinolophus seria 2n=62 e proposto um

cariótipo similar ao de R. ferrumequinum, com 2n=58, como o ancestral para o gênero.

A ocorrência de translocações parece ter desempenhado um importante papel na

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evolução cariotípica do grupo, contudo foi reconhecida a necessidade de análises com

um maior número de espécies para o esclarecimento dos rearranjos que ocorreram entre

espécies de Rhinolophus.

2.4.3. Evolução cariotípica na família Phyllostomidae

Os primeiros estudos citogenéticos na família Phyllostomidae, realizados a partir

de 1960, baseavam-se exclusivamente na análise cariotípica convencional. No entanto,

contribuíram consideravelmente para o entendimento inicial da evolução cariotípica do

grupo. O emprego da coloração convencional permitiu que fossem analisados os

números diplóides (2n) e fundamentais (número de braços autossômicos = NF), a

morfologia cromossômica e o sistema de determinação sexual em várias espécies.

(Baker, 1967; Yonenaga et al., 1969; Baker, 1970a;b). Adicionalmente, estudos usando

técnicas que permitem a marcação diferencial dos cromossomos contribuíram de forma

significativa para o entendimento dos mecanismos envolvidos na evolução cariotípica

da família (Patton e Baker, 1978; Baker e Bickham, 1980).

Os dados gerados até o presente mostram que Phyllostomidae apresenta números

diplóides que variam de 2n=14 em Vampyressa melissa a 2n=46 em Macrotus

waterhousii, com números fundamentais se estendendo de 20 a 70. Os valores mais

comumente encontrados são 2n=32 e NF=56, apresentados por representantes de várias

subfamílias (Baker, 1970b; Gardner, 1977; Reis et al., 2007).

Em relação ao sistema de determinação sexual, apesar do sistema simples

(XX;XY) ser o mais comum em Chiroptera, a família Phyllostomidae apresenta

adicionalmente dois sistemas distintos, ambos originados a partir de eventos de

translocação entre alossomos e autossomos (Baker, 1970b; Tucker, 1986). No sistema

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múltiplo do tipo XY1Y2, um cromossomo do complemento autossômico foi translocado

ao cromossomo X. Dessa forma, seu homólogo permanece livre, correspondendo a um

segundo Y em machos. Este sistema tem sido descrito nas subfamílias Carolliinae,

Glossophaginae e Stenodermatinae, com esta última apresentando o maior número de

espécies. O sistema de determinação sexual Neo-XY, por sua vez, é considerado como

derivado do sistema múltiplo, sendo representado em Phyllostomidae por espécies da

subfamília Stenodermatinae. Após o rearranjo que originara o sistema múltiplo, uma

segunda translocação (Y1-Y2) resulta na formação de cromossomos X e Y compostos

(Tucker, 1986; Tucker e Bickham, 1986).

Patton e Baker (1978) realizaram um dos primeiros trabalhos onde se tentou

estabelecer, por bandeamento cromossômico, as relações entre Phyllostomidae e

morcegos de outras famílias. Bandeamentos G e C foram utilizados na determinação de

homeologias cromossômicas entre representantes das famílias Mormoopidae,

Noctilionidae e Phyllostomidae. Como resultado da análise do padrão de bandas G, foi

proposto que Mormoopidae e Noctilionidae, compartilhando cinco fusões

Robertsonianas sinapomórficas, estariam mais proximamente relacionadas entre si do

que a Phyllostomidae. Além disso, um cariótipo com 2n=46, NF=60 foi considerado

como ancestral para a família Phyllostomidae, bem como para a superfamília

Phyllostomoidea (= Noctilionoidea). Um cariótipo similar, composto por 16

meta/submetacêntricos, 28 acrocêntricos mais cromossomos sexuais, está presente na

espécie Macrotus waterhousii e por isso tem sido utilizado por alguns grupos de

pesquisa como referência para o sistema de numeração cromossômica em

Phyllostomidae (Baker, 2006).

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A provável tendência evolutiva em Phyllostomidae parece levar à redução do

número diplóide por eventos de fusão cêntrica, com a retenção dos grupos de ligação.

Dessa forma, a homeologia de muitos segmentos cromossômicos tem sido constatada

em espécies representantes das diferentes subfamílias, como por exemplo,

Desmodontinae (Varella-Garcia et al., 1989; Santos et al., 2001), Phyllostominae

(Rodrigues et al., 2000; Pieczarka et al., 2005), Glossophaginae (Haiduk e Baker,

1982), Carolliinae (Pieczarka et al., 2005) e Stenodermatinae (Souza e Araújo, 1990;

Silva et al., 2005).

Segundo Baker e Bickham (1980), a evolução cromossômica em várias espécies

de morcegos, inclusive da família Phyllostomidae, não ocorre de maneira uniforme,

com algumas linhagens apresentando mudanças rápidas e consideráveis, enquanto

outras, uma taxa lenta de evolução cromossômica. Dessa forma, os padrões de evolução

cariotípica em morcegos podem ser enquadrados em três categorias: conservacionismo

cromossômico, ortoseleção cariotípica e megaevolução cariotípica.

No conservacionismo cromossômico, a taxa de evolução cariotípica é baixa,

com espécies proximamente relacionadas diferindo por poucos ou nenhum rearranjo. O

gênero Artibeus (Stenodermatinae) exemplifica esse tipo de padrão, uma vez que a

maioria das espécies apresenta o mesmo número diplóide (2n=30/31) com praticamente

nenhuma variação no padrão de bandeamento G (Souza e Araújo, 1990).

A ortoseleção cariotípica, descrita por White (1975), ocorre quando cariótipos de

espécies proximamente relacionadas diferem por poucos ou numerosos rearranjos,

contudo sem grandes variações nos tipos de rearranjos apresentados, havendo

conseqüentemente a conservação dos grupos de ligação. O gênero Uroderma é citado

como exemplo para a família Phyllostomidae (Baker e Bickham, 1980).

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Nos taxa que apresentam megaevolução cariotípica, os cariótipos de espécies

estreitamente relacionadas podem ser tão rearranjados que homeologias não podem ser

determinadas através de bandeamento G. Numerosos e diferentes tipos de rearranjos

participam na reorganização desses cariótipos, de forma que o estabelecimento dos

passos envolvidos na formação dos mesmos é extremamente dificultado. Exemplos de

megaevolução cariotípica em morcegos da família Phyllostomidae são encontrados nos

gêneros Tonatia, Micronycteris e Vampyressa (Baker e Bickham, 1980).

Os resultados obtidos pelo emprego da técnica de bandeamento C na família

Phyllostomidae demonstram que a heterocromatina constitutiva (HC) pode restringir-se

às regiões centroméricas ou ocorrer também em regiões teloméricas e intersticiais,

apresentando variações em relação ao tamanho do bloco heterocromático (Varella-

Garcia e Taddei, 1989; Souza e Araújo, 1990; Santos e Souza, 1998a,b; Santos et al.,

2001).

Nas espécies do gênero Phyllostomus (Phyllostominae), P. discolor, P.

elongatus e P. hastatus, a HC têm sido descrita como localizada exclusivamente na

região pericentromérica de todos os cromossomos (Varella-Garcia et al., 1989; Santos e

Souza, 1998b; Rodrigues et al., 2000). Blocos de HC intersticiais e teloméricos foram

encontrados em várias espécies: Carollia perspicillata, Choeroniscus minor, Artibeus

lituratus, A. planirostris, A. jamaicencis, A. cinereus, A. obscurus, Diaemus youngi,

Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata, Anoura caudifer e Platyrrhinus lineatus. Esta

técnica representa uma importante ferramenta na distinção de espécies que são

morfologicamente idênticas, e tem sido de extrema utilidade na caracterização das

diversas espécies do gênero Artibeus (Stenodermatinae) (Souza e Araújo, 1990; Santos

e Souza, 1998a; Neves et al., 2001; Santos et al., 2001; Lemos-Pinto, 2007).

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Estudos das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) em diversos

representantes de Phyllostomidae têm sido realizados a partir do emprego da coloração

com nitrato de prata. Nesses morcegos, podem ocorrer de um a quatro pares de RONs

em regiões cromossômicas teloméricas ou intersticiais, sendo freqüentemente

encontradas nos autossomos (Morielle e Varella-Garcia, 1988; Souza e Araújo, 1990;

Silva et al., 2005). Contudo, em duas espécies da subfamília Carolliinae foi descrita a

presença de RONs em cromossomos sexuais. Em Carollia perspicillata e C. castanea,

foram detectadas marcações no cromossomo X e nos cromossomos X e Y,

respectivamente (Goodpasture e Bloom, 1975; Hsu et al., 1975; Santos e Souza,

1998a).

Nos casos em que as RONs se apresentam em apenas um par de cromossomos,

ocorre geralmente sua marcação em todas as células. Entretanto, nas espécies em que há

mais de um par, tem sido observada ampla variabilidade intraespecífica no número de

RONs ativas devido à afinidade da prata apenas às regiões de transcrição dos genes de

RNAr (Morielle e Varella-Garcia, 1988).

Adicionalmente, as RONs de diversas espécies de morcegos têm sido detectadas

através da FISH com sondas ribossomais. Representantes das subfamílias

Desmodontinae (Santos et al., 2001), Carolliinae (Hsu et al., 1975), Phyllostominae,

Stenodermatinae e Glossophaginae (Santos et al., 2002) foram analisados por essa

técnica. No trabalho de Baker et al. (1992), foram analisadas 50 espécies pertencentes a

sete famílias, sendo 30 de Phyllostomidae e os resultados foram comparados aos obtidos

para 40 espécies de roedores. Constatou-se que o número médio de sítios ribossomais

em morcegos é significativamente mais baixo do que o observado em roedores. Esses

autores justificam a variação encontrada como decorrente de uma provável tendência de

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contenção do tamanho do genoma em morcegos, por redução na quantidade de

seqüências repetitivas. Como em todos os mamíferos parecem existir mecanismos de

amplificação e redução de seqüências repetitivas (Wu e Hammer, 1991), foi sugerido

que em morcegos, os mecanismos de redução dos sítios ribossomais são mais fortes do

que estes mesmos mecanismos em roedores e outros mamíferos.

Como a FISH não depende da presença de proteínas ácidas marcadas pela prata

no processo de transcrição do DNAr, essa técnica tem sido utilizada não apenas na

detecção de RONs ativas, mas também para a detecção de seqüências de DNAr inativas

no genoma (Porter, 1994). Um exemplo desta aplicação no estudo de morcegos da

família Phyllostomidae foi observado por Santos et al. (2002). A comparação entre os

resultados obtidos por FISH e pela marcação com nitrato de prata mostrou a ocorrência

de um par cromossômico portando RONs silenciosas em Artibeus cinereus

(Stenodermatinae).

Estudos com hibridização in situ na ordem Chiroptera ainda são escassos.

Segundo Baker (2006), menos de 1% das espécies de morcegos foi estudada por

técnicas modernas de citogenética molecular. Apesar disso, existem registros pontuais

do emprego dessas técnicas em algumas espécies de Phyllostomidae. Além dos estudos

de FISH com sondas ribossomais, outros tipos de sondas têm sido empregados no

estudo de representantes do grupo.

Parish et al. (2002) utilizaram sondas da seqüência repetitiva LINE-1 no

cariótipo de Carollia brevicauda e detectaram um maior acúmulo dessas seqüências na

porção original do cromossomo X em relação à porção deste cromossomo representada

pelo autossomo translocado. A interpretação dos resultados obtidos atribuiu a estas

seqüências um possível papel na inativação do cromossomo X nessa espécie.

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O uso de sondas teloméricas com a seqüência TTAGGG tem demonstrado certa

diversidade de padrões entre diferentes espécies analisadas. Um padrão exclusivamente

telomérico foi observado em Macrotus waterhousii e M. californicus. Em Artibeus

lituratus e A. jamaicencis foram observados um e quatro pares de cromossomos com

sítios centroméricos dessa seqüência, respectivamente, enquanto em uma espécie de

Chiroderma grandes sítios centroméricos estão presentes na maior parte dos

cromossomos (Meyne et al., 1990; Multani et al., 2001). Em Platyrrhinus lineatus,

alguns sinais intersticiais e terminais foram observados, estando em associação com

regiões de heterocromatina e RONs (Faria e Morielle-Versute, 2002). Os resultados

mais controversos foram observados em Carollia perspicillata. Nos três trabalhos em

que se realizaram experimentos com sondas teloméricas, as extremidades da maioria

dos cromossomos apresentaram marcações fracas ou ausentes. Apesar disso, foi

observada uma forte marcação nas regiões centroméricas na maioria dos pares

autossômicos (Meyne et al., 1990; Multani et al., 2001; Faria e Morielle-Versute,

2002).

Três espécies da família Phyllostomidae foram estudadas pela técnica de pintura

cromossômica: Glossophaga soricina, Phyllostomus hastatus e Carollia brevicauda

(Volleth et al., 1999; Pieczarka et al., 2005). Esta técnica tem exemplificado a proposta

de Patton e Baker (1978) de retenção dos grupos de ligação entre espécies de morcegos,

uma vez que têm sido observados grandes blocos e/ou alguns cromossomos

inteiramente marcados quando se hibridizam sondas de cromossomos totais nos

cariótipos dessas espécies.

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2.4.3.1 Subfamília Desmodontinae

A subfamília Desmodontinae tem sido investigada por praticamente todas as

técnicas citológicas mencionadas anteriormente. Cadena e Baker (1976) analisaram

convencionalmente os cariótipos das três espécies dessa subfamília (Desmodus

rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata) e observaram que existe certa variação

entre elas. Desmodus rotundus apresenta um número diplóide de 2n=28 e NF=52

enquanto as outras duas espécies apresentam 2n=32 e NF=60. Todas apresentam

autossomos com dois braços e sistema simples de determinação do sexo, de forma que

os cromossomos sexuais aparecem bastante semelhantes em tamanho e morfologia entre

as três espécies. Apesar dos mesmos valores para número diplóide e fundamental, foi

constatado que os cariótipos de D. ecaudata e D. youngi não eram idênticos, devido a

diferenças na morfologia de alguns cromossomos.

Análises mais detalhadas da variação cromossômica entre os morcegos

hematófagos foram obtidas através das técnicas de bandeamento C e G. Dessa forma,

foi observado que nas três espécies, blocos de HC ocorrem na região pericentromérica

de todos os cromossomos, enquanto em D. youngi blocos teloméricos adicionais são

evidenciados pela técnica de bandeamento C (Baker et al., 1988 ;Varella-Garcia et al.,

1989; Santos et al., 2001). Em relação à presença de blocos de HC intersticiais, existe

certa discordância entre diferentes trabalhos. Segundo Baker et al. (1988), nenhum dos

três hematófagos apresenta blocos intersticiais C-positivos em seus cariótipos. Varella-

Garcia et al. (1989), entretanto, encontraram bandas intersticiais em alguns

cromossomos de D. ecaudata. Por outro lado, Santos et al. (2001) observaram que

blocos intersticiais estão presentes apenas em cromossomos de D. rotundus e concluem

que essa diferença pode ser atribuída a polimorfismos cromossômicos entre distintas

populações.

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A técnica de bandeamento G tem mostrado um padrão no qual boa parte dos

cromossomos é compartilhada entre as três espécies. A comparação dos cariótipos

bandeados obtidos por Varella-Garcia et al. (1989) mostra que D. rotundus e D. youngi

apresentam homeologias entre os pares cromossômicos 1, 2, 3, 4, e 5. Além disso, foi

possível detectar inversões entre as duas espécies, como a presente no par 6. Os dados

obtidos por Santos et al. (2001) permitiram a identificação de homeologias

cromossômicas entre D. rotundus e D. ecaudata, de forma que os padrões de

bandeamento se apresentam extremamente conservados entre vários cromossomos

dessas espécies.

Resultados das análises realizadas por Baker et al. (1988) sugerem que as três

espécies de hematófagos compartilham considerável homeologia cromossômica e que

vários braços cromossômicos podem ser relacionados entre seus cariótipos e de outros

Phyllostomidae, Mormoopidae e Noctilionidae. Foi proposto que o cariótipo de D.

youngi apresenta-se menos modificado em relação ao cariótipo ancestral da família, de

forma que cinco dos oito cromossomos com dois braços presentes no cariótipo ancestral

estão presentes e inalterados nesta espécie. Dos três cromossomos restantes, dois

parecem ter sofrido inversão dando origem a cromossomos acrocêntricos, seguida de

translocação, gerando os cromossomos de dois braços apresentados atualmente pela

espécie. O último par cromossômico ancestral de dois braços parece ter sofrido fissão

cêntrica, com posterior inversão. No cariótipo primitivo existem 14 cromossomos

acrocêntricos que parecem ter sofrido inversões ou fusões Robertsonianas para a

formação do cariótipo atual de D. youngi.

A detecção das RONs em morcegos hematófagos tem sido realizada tanto pela

técnica de coloração com nitrato de prata como pela FISH. Foi demonstrado que as três

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espécies apresentam um único sítio, contudo os cromossomos portadores da RON são

distintos entre as três espécies. Em D. rotundus a RON localiza-se intersticialmente no

braço longo de um par cromossômico numerado como 10 por Varella-Garcia et al.

(1989) e 8 por Santos et al. (2001), enquanto em D. ecaudata e D. youngi a marcação

aparece no braço curto do par 13 e proximalmente no par 15, respectivamente (Morielle

e Varella-Garcia, 1988; Varella-Garcia et al. (1989); Baker et al., 1992; Santos et al.,

2001).

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4. MANUSCRITO DE ARTIGO CIENTÍFICO

Elucidação das Homeologias Cromossômicas entre os

Morcegos Hematófagos pela Técnica de Zoo-FISH

(Desmodontinae: Chiroptera)

Manuscrito a ser enviado à revista:

Chromosome Research

ISSN: 1573-6849

Springer, Netherlands

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Elucidação das homeologias cromossômicas entre os morcegos

hematófagos pela técnica de Zoo-FISH (Desmodontinae:

Chiroptera)

Cibele Gomes de Sotero-Caio1, Júlio César Pieczarka2, Cleusa Yoshiko Nagamachi2,

Anderson José Bahia Gomes2, Thais de Castro Lira3, Patricia C M O´Brien4; Malcolm

Andrew Ferguson-Smith4, Maria José de Souza1, Neide Santos1

1 Laboratório de Citogenética e Genética Animal, CCB/UFPE, Recife, Pernambuco,

Brasil;

2 Laboratório de Citogenética, CCB/UFPA, Belém, Pará – Brasil;

3

Laboratório de Estudo e Conservação de Mamíferos, CCB/UFPE, Recife,

Pernambuco, Brasil;

4 Molecular Cytogenetics Laboratory, Department of Clinical Veterinary Medicine,

University of Cambridge, UK.

Running title: Zoo-FISH em morcegos hematófagos.

Corresponding Author:

Neide Santos

Departamento de Genética, CCB/UFPE,

Av. Moares Rego, S/N, Cidade Universitária

50. 732-970 Recife, Pernambuco, Brasil.

Phone: (81)2126-8520, Fax: (81)2126-8569

E-mail: [email protected]

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RESUMO

Phyllostomidae caracteriza-se como o grupo mais diverso morfologicamente

dentre os mamíferos, o que gera considerável discordância no estabelecimento de suas

relações sistemáticas e evolutivas. Citogeneticamente caracteriza-se por cariótipos

conservados entre espécies proximamente relacionadas, contudo por intensa

variabilidade intergenérica, o que dificulta o estabelecimento de suas relações por

bandeamentos clássicos. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo identificar

homeologias cromossômicas e possíveis rearranjos ocorridos na diferenciação

cariotípica de Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi

(Desmodontinae), através da Zoo-FISH com sondas cromossômicas totais de

Phyllostomus hastatus (Phyllostominae) e Carollia brevicauda (Carolliinae). As 16

sondas de P. hastatus detectaram 23, 22 e 21 segmentos conservados nos cariótipos de

D. rotundus, D. ecaudata e D. youngi, respectivamente, enquanto 28, 27 e 27 segmentos

conservados foram respectivamente detectados com 11 sondas de C. brevicauda. Os

dados obtidos evidenciaram certa conservação cariotípica entre os membros de

Desmodontinae, com D. rotundus apresentando o cariótipo mais rearranjado dentre as

três espécies. Com base nas relações evolutivas estabelecidas previamente por dados

moleculares, morfológicos e citogenéticos são propostas, neste trabalho, as possíveis

seqüências de eventos que ocorreram durante a evolução cromossômica do grupo. O

estudo comparativo entre as cinco espécies permitiu concluir que Desmodontinae

apresenta-se mais proximamente relacionada à Phyllostominae que à Carolliinae.

Palavras-chave: Desmodus, Diaemus, Diphylla, Phyllostomidae, pintura

cromossômica.

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INTRODUÇÃO

A família Phyllostomidae apresenta uma ampla diversidade dentre os Chiroptera

Neotropicais, incluindo 57 gêneros e cerca de 160 espécies (Simmons 2005). Seus

representantes exibem mais variações morfológicas do que qualquer outro grupo de

mamíferos, com adaptações a uma grande diversidade de nichos ecológicos. Essa

heterogeneidade tem gerado discordâncias no que diz respeito às suas relações

sistemáticas e evolutivas. Registros de árvores filogenéticas, obtidas a partir das mais

diversas classes de dados, têm mostrado que o número de subfamílias de

Phyllostomidae tem variado de um mínimo de duas a um máximo de 11, com

considerável reorganização de membros incluídos nestas subfamílias (Wetterer et al.

2000, Baker et al. 2000, 2003).

A subfamília Desmodontinae é composta por apenas três gêneros monotípicos,

representados por Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata, as quais

são as únicas espécies de morcegos hematófagos existentes (Simmons 2005, Reis et al.

2007). Apesar das evidencias indicarem a monofilia do grupo, as relações entre os

membros de Desmodontinae, bem como a posição da subfamília na árvore dos

Phyllostomidae são ainda motivo de controvérsias. Dados imunológicos, morfológicos e

de seqüências de DNA nuclear e mitocondrial indicam que Diaemus e Desmodus são

grupos irmãos, tendo divergido após a ramificação da linhagem que deu origem à

Diphylla (Honeycutt et al. 1981, Wetterer et al. 2000, Baker et al. 2000, 2003).

Contudo, estudos citogenéticos têm mostrado diferentes resultados, nos quais análises

do padrão de bandeamento G sugerem que dentre os morcegos hematófagos, o cariótipo

de D. youngi representa o menos modificado em relação ao cariótipo ancestral da

família Phyllostomidae e que Desmodus e Diphylla formam um clado à parte, em

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relação à Diaemus. Apesar de várias homeologias identificadas, esse tipo de

bandeamento não permitiu o entendimento das mudanças cromossômicas que ocorreram

durante a evolução cariotípica do grupo (Bass, 1978, Baker et al. 1988, Varella-Garcia

et al. 1989, Santos et al. 2001).

Diversos trabalhos têm procurado estabelecer as relações entre os morcegos

hematófagos comparativamente aos representantes de outras subfamílias. Dados

gerados por análises morfológicas sugerem o posicionamento basal de Desmodontinae

na árvore de Phyllostomidae. Entretanto, recentes análises moleculares têm proposto

que outras linhagens divergiram mais cedo que Desmodontinae na irradiação da família.

Apesar das controvérsias, considera-se que os morcegos vampiros representam um

clado que divergiu relativamente cedo na evolução de Phyllostomidae (Wetterer et al.

2000, Jones et al. 2002, Baker et al. 2000, 2003).

Dados citogenéticos comparativos entre morcegos hematófagos e outros

Phyllostomidae são escassos na literatura. Cadena e Baker (1976) observaram através de

coloração convencional, que os três gêneros de Desmodontinae apresentam grande

similaridade cariotípica com alguns membros das subfamílias Phyllostominae e

Glossophaginae, divergindo dos membros de Carolliinae e Stenodermatinae. Baseados

em comparações dos padrões de bandeamento G, Baker et al. (1989) sugeriram, assim

como proposto por dados moleculares, que os vampiros compartilham uma

acenstralidade comum com Phyllostominae após a divergência dos gêneros

Micronycteris e Macrotus.

Análises comparativas de cariótipos G-bandeados têm contribuído

significativamente para o estabelecimento das relações evolutivas entre várias espécies

de morcegos. Entretanto, em alguns casos, este tipo de análise não esclarece a

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verdadeira história evolutiva de segmentos cromossômicos por conta de similaridades

entre bandas não homólogas (Baker e Bickham 1980, Wetterer et al. 2000). Nestes

casos, uma das técnicas que tem se mostrado significativamente eficiente na

identificação de regiões cromossômicas conservadas entre diferentes espécies é a

pintura cromossômica comparativa (Zoo-FISH). Quando combinada com o

bandeamento G, esta técnica tem desempenhado um importante papel na determinação

dos rearranjos cromossômicos que ocorreram durante a evolução cariotípica de

determinado grupo, bem como para a elucidação de suas relações filogenéticas (Volleth

et al. 1999, 2002, Pieczarka et al. 2005, Ao et al. 2006, 2007, Mao et al. 2007).

As primeiras sondas cromossômicas derivadas de espécies de morcegos foram

produzidas no trabalho de Pieczarka et al. (2005), onde se realizou a pintura

cromossômica recíproca em duas espécies da família Phyllostomidae: Phyllostomus

hastatus (Phyllostominae) e Carollia brevicauda (Carolliinae). A partir da análise dos

dados gerados, foi sugerido que diversos rearranjos cromossômicos ocorreram durante o

processo de diferenciação dos dois gêneros, com subseqüente estabilidade

cromossômica intragenérica. Neste trabalho foi destacada a importância do uso dessas

sondas no estudo das relações evolutivas entre representantes da família

Phyllostomidae.

Dessa forma, no presente trabalho foi realizada a Zoo-FISH com sondas

cromossômicas totais de Carollia brevicauda (2n=21,XY1Y2) e Phyllostomus hastatus

(2n=32,XX) nos cariótipos de Diphylla ecaudata, Diaemus youngi e Desmodus

rotundus, na tentativa de elucidar suas verdadeiras homeologias cariotípicas, para a

reconstrução dos eventos que levaram aos cariótipos apresentados atualmente por essas

espécies. Além disso, pela comparação entre os cariótipos dessas cinco espécies, tentou-

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se estabelecer quais cromossomos estariam presentes no cariótipo ancestral da família

Phyllostomidae.

MATERIAIS E MÉTODOS

Espécies analisadas

Espécimes de D. ecaudata, D. youngi e D. rotundus foram coletados em

populações naturais no estado de Pernambuco, região Nordeste do Brasil. A Tabela 1

apresenta o número de indivíduos, sexo e local de captura. Os exemplares coletados

encontram-se depositados na Coleção de Mamíferos do Departamento de Sistemática e

Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e na Coleção de mamíferos da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Preparações citológicas e marcação com AgNO3

As metáfases das espécies analisadas neste trabalho foram obtidas a partir de

preparações diretas de medula óssea. Foi realizada a coloração convencional com

Giemsa para a verificação do número diplóide, morfologia cromossômica e mecanismo

de determinação sexual das espécies, para a comparação com os dados previamente

publicados. A marcação com nitrato de prata foi realizada segundo Howell e Black

(1980) para a detecção das regiões organizadoras de nucléolo (RONs) e comparação

com dados previamente descritos na literatura.

Hibridização in situ

As sondas cromossomo-específicas foram produzidas no trabalho de Pieczarka

et al. (2005) no Molecular Cytogenetics Laboratory, Department of Veterinary

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Medicine, University of Cambridge, UK a partir de linhagens primárias de fibroblasto

de Phyllostomus hastatus (2n=32,XX) e Carollia brevicauda (2n=21,XY1Y2)

estabelecidas no Laboratório de Citogenética, Departamento de Genética/CCB,

Universidade Federal do Pará. Cromossomos separados através de citometria de fluxo

foram amplificados pela técnica de DOP-PCR e marcados com biotina-16-dUTP, FITC-

12-dUTP ou Cy3-dUTP (Amersham) para a obtenção das sondas espécíficas para cada

autossomo e o X de cada espécie, totalizando 16 e 11 sondas de P. hastatus e C.

brevicauda, respectivamente. Neste trabalho não foram utilizadas sondas para

cromossomos Y, exceto pelo Y2 de C. brevicauda.

A hibridização in situ foi realizada segundo Yang et al. (1995) e Pieckzarka et

al. (2005) com algumas modificações. As lâminas foram desnaturadas em solução de

formamida 70% a 62°C por 1 minuto. Posteriormente, 2 µL de sonda foram adicionados

a 13 µL de solução de hibridização (formamida a 50%, 1XSSC, sulfato de dextran a

10%, 5 µg de DNA de esperma de salmão e 2 µg de mouse Cot-1 DNA) e desnaturados

a 70°C durante 15 minutos. A solução de hibridização foi aplicada nas lâminas

desnaturadas e cobertas com lamínulas de 24X32 mm. A hibridização ocorreu em

câmara úmida a 37°C por um período de 72 horas. Nos banhos pós-hibridização, as

lâminas foram incubadas duas vezes em solução de formamida 50% em 2XSSC por

cinco minutos cada, seguidas de duas lavagens em 2XSSC por cinco minutos e uma

lavagem em 4-Tween (4T) por quatro minutos a 42°C. Para a detecção da marcação

com biotina, utilizou-se avidina conjugada ao fluorocromo Cy3. Finalmente, foram

realizadas três lavagens à temperatura ambiente em 4T por quatro minutos cada, seguida

de coloração com DAPI.

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Captura e processamento das imagens

As imagens em campo claro foram obtidas através de um microscópio Leitz

Orthoplan, acoplado a uma câmera fotográfica. Fotomicrografias das hibridizações

foram obtidas através de um microscópio Zeiss-Axiophot 2 conectado a um sistema de

fluorescência e acoplados a uma câmera CCD (Photometrics C250/A). A sobreposição e

ajustes de brilho/contraste das fotografias obtidas foram realizados com auxílio do

software Adobe Photoshop 7.0.

Análise dos dados

Para a análise dos dados, foram utilizados os bandeamentos cromossômicos

publicados previamente por Santos et al. (2001) para D. ecaudata e por Varella-Garcia

et al. (1989) para D. youngi e D. rotundus. A reprodução das imagens referentes ao

bandeamento G foi efetuada com a autorização dos respectivos autores. Os sinais de

hibridização foram atribuídos a um cromossomo ou região cromossômica específica a

partir da comparação do padrão de coloração por DAPI invertido, em preto e branco,

similar ao obtido por bandeamento G. As abreviações PHA, CBR, DEC, DYO, e DRO

seguidas do número do par cromossômico foram utilizadas para referir-se a determinado

cromossomo de P. hastatus, C. brevicauda, D. ecaudata, D. youngi e D. rotundus,

respectivamente.

RESULTADOS

Dados cariotípicos das espécies analisadas

As espécies Diphylla ecaudata e Diaemus youngi apresentaram número diplóide

2n=32 e número fundamental (NF) igual a 60, enquanto um cariótipo com 2n=28 e

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NF=52 foi observado para Desmodus rotundus. As três espécies mostraram um sistema

simples de determinação sexual do tipo XX nas fêmeas e XY nos machos. Os cariótipos

revelaram morfologia meta/submetacêntrica para todos os cromossomos, exceto para o

Y (dados não mostrados), que aparece como um cromossomo puntiforme nas três

espécies analisadas e para um par subtelocêntrico de tamanho médio (par 13), em D.

ecaudata (Fig. 1 e 2). Um único par de RON foi observado em cada espécie, variando

em sua localização: intersticial no braço curto do par 13 em D. ecaudata e proximal no

braço longo do par 10 de D. rotundus e no braço longo do par 15 de D. youngi (Fig. 1 e

2).

Hibridização de sondas de Phyllostomus hastatus nos cariótipos de Diphylla ecaudata,

Diaemus youngi e Desmodus rotundus.

O cariótipo de Diphylla ecaudata apresentou 22 segmentos conservados a partir

da hibridização com sondas cromossômicas totais de P. hastatus (Fig. 1a,b). Apenas

cromossomos marcados com uma ou duas sondas foram observados: os pares DEC2

(PHA3), DEC5 (PHA6), DEC6 (PHA7), DEC8 (PHA8), DEC9 (PHA4), DEC10 (PHA

10), DEC11 (PHA11), DEC12 (PHA9), DEC14 (PHA14) e DECX (PHAX)

apresentaram marcações por apenas uma sonda de Phyllostomus. Os demais pares,

foram hibridizados por duas sondas simultaneamente: DEC1 (PHA2 e 4), DEC3 (PHA2

e 5), DEC4 (PHA5 e 1), DEC7 (PHA1 e 12), DEC13 (PHA15 e 13) e DEC15 (PHA15 e

12). Todas as sondas de P. hastatus hibridizaram em apenas um par cromossômico de

D. ecaudata, exceto PHA1, 2, 4, 5, 12 e 15 as quais apresentaram marcação em dois

cromossomos distintos, cada.

As sondas de P. hastatus hibridizaram em um total de 21 segmentos conservados

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no cariótipo de D. youngi (Fig. 1a,c), correspondendo a cromossomos marcados por

uma ou duas sondas. As marcações por apenas uma sonda ocorreram nos pares

cromossômicos DYO3 (PHA3), DYO5 (PHA6), DYO6 (PHA7), DYO7 (PHA8),

DYO8 (PHA1), DYO9 (PHA9), DYO10 (PHA11), DYO11 (PHA4), DYO13 (PHA10),

DYO15 (PHA15) e DYOX (PHAX). Os pares DYO1 (PHA4 e 2), 2 (PHA5 e 2), 4

(PHA 5 e 1), 12 (PHA 14 e 12) e 14 (PHA 13 e 12) representam os cromossomos

marcados por duas sondas simultaneamente. Todas as sondas de P. hastatus

hibridizaram apenas em um par cromossômico de D. youngi, exceto por PHA1, 2, 4, 5 e

12, as quais apresentaram sinais em dois pares distintos.

A hibridização com sondas de P. hastatus no genoma de D. rotundus revelou 23

segmentos homeólogos (Fig. 1a,d). Nesta espécie, sete cromossomos apresentaram-se

inteiramente marcados com uma única sonda cromossômica de Phyllostomus: DRO2

(PHA3), DRO5 (PHA6), DRO8 (PHA8), DRO9 (PHA7), DRO12 (PHA4), DRO13

(PHA10) e DROX (PHAX). Cinco cromossomos de Desmodus apresentaram-se

marcados por duas sondas: DRO1 (PHA4 e PHA2), DRO3 (PHA5 e PHA2), DRO4

(PHA5 e PHA1), DRO7 (PHA1 e PHA12) e DRO11 (PHA13 e PHA14).

Adicionalmente, dois cromossomos foram marcados por três sondas cromossômicas

diferentes: DRO6 (PHA11, PHA9 e PHA12) e DRO10 (PHA9, PHA12 e PHA15).

As sondas PHA3, 6, 7, 8, 10, 11, 13, 14, 15 e X marcaram apenas um

cromossomo; PHA1, 2, 4, 5 e 9 hibridizaram em dois cromossomos; enquanto PHA12

apresentou sinais de hibridização em três pares cromossômicos distintos no cariótipo de

D. rotundus. Não foi possível a identificação de marcação por nenhuma sonda em

pequenos segmentos dos cromossomos 6 e 10 de D. rotundus (Fig. 1d).

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Hibridização de sondas de Carollia brevicauda nos cariótipos de Desmodus rotundus,

Diphylla ecaudata e Diaemus youngi.

As hibridizações com sondas de Carollia brevicauda revelaram a

correspondência de todas as sondas a um ou mais segmentos cromossômicos nas três

espécies de morcegos hematófagos. Apenas entre as sondas CBRX e Y2 houve

sobreposição das marcações, uma vez que boa parte do braço longo de CBRX é

composto pelo cromossomo Y2. Como resultado, CBRX apresentou-se marcada nas

mesmas regiões que CBRY2, com marcação adicional obtida pelo segmento

correspondente ao X original.

Um total de 27 segmentos homeólogos resultou da hibridização de D. ecaudata

com sondas de C. brevicauda (Fig. 2a,b). A marcação por apenas uma sonda ocorreu

nos pares cromossômicos DEC2 (CBR1), DEC9 (CBR5), DEC10 (CBR7), DEC11

(CBR3), DEC14 (CBR9), DEC15 (CBR6) e DECX (CBR X). Os demais cromossomos,

exceto DEC3 (CBR1, 2 e Y2), foram hibridizados por duas sondas simultaneamente:

DEC1 (CBR2 e Y2), DEC4 (CBR1 e 3), DEC5 (CBR Y2 e 1), DEC6 (CBR1 e 3), DEC7

(CBR4 e 6), DEC8 (CBR4 e 2), DEC12 (CBR2 e 1) e DEC13 (CBR6 e 8).

Os cromossomos de C. brevicauda corresponderam a 27 segmentos homeólogos

no genoma de D. youngi (Fig. 2a,c). Os cromossomos hibridizados exclusivamente por

uma sonda cromossomo-específica foram: DYO3 (CBR1), DYO8 (CBR4), DYO10

(CBR3), DYO11 (CBR5), DYO13 (CBR7), DYO15 (CBR6) e DYOX (CBRX). Duas

sondas foram simultaneamente hibridizadas em um único cromossomo de D. youngi nos

pares DYO1 (CBR2 e Y2), DYO4 (CBR1 e 3), DYO5 (CBR1 e Y2), DYO6 (CBR1 e 3),

DYO7 (CBR4 e 2), DYO9 (CBR2 e 1), DYO12 (CBR9 e 6) e DYO14 (CBR8 e 6). O

único par cromossômico marcado por três sondas simultaneamente foi DYO2 (CBR1, 2

e Y2).

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Em D. ecaudata e D. youngi O número de cromossomos ou segmentos

cromossômicos marcados por sonda variou de um a seis. As sondas CBR5, 7, 8, e 9

marcaram apenas um cromossomo, cada, CBR4 apresentou-se hibridizada em dois,

CBR3, 6 e Y2 em três, CBR2 e X em quatro e CBR1 em seis cromossomos distintos de

D. ecaudata.

As sondas cromossômicas de C. brevicauda hibridizadas no cariótipo de D.

rotundus identificaram 28 segmentos conservados entre essas espécies (Fig. 2a,d).

Quatro cromossomos de D. rotundus apresentaram-se inteiramente marcados com uma

única sonda cromossômica de C. brevicauda: DRO2 (CBR1), DRO12 (CBR5), DRO13

(CBR7) e DROX (CBRX). A marcação simultânea por duas sondas ocorreu nos pares

DRO1 (CBR2 e CBRY2), DRO4 (CBR1 e CBR3), DRO5 (CBR1 e CBR Y2), DRO7

(CBR4 e CBR6), DRO8 (CBR4 e CBR2), DRO9 (CBR1 e CBR3), DRO10 (CBR1 e

CBR6) e DRO11 (CBR8 e CBR9). A marcação por três sondas distintas ocorreu nos

pares DRO3 (CBR1, CBR2 e CBR Y2) e DRO6 (CBR2, CBR3 e CBR6).

As sondas CBR 5, 7, 8 e 9 marcaram apenas um par cromossômico; CBR4

hibridizou em dois pares; CBR3, 6 e Y2 apresentaram sinais de hibridização em três

pares, CBR2 e X em quatro e CBR1 hibridizou em seis pares cromossômicos no

cariótipo de D. rotundus. Não foi possível a identificação de marcação por nenhuma

sonda em pequenos segmentos dos cromossomos 6 e 10 de D. rotundus (Fig. 2b).

As figuras 3 e 4 mostram os resultados de algumas hibridizações com sondas de

P. hastatus e C. brevicauda respectivamente, nas três espécies de hematófagos,

exemplificando a variação no número de segmentos marcados por sonda. A tabela 2

mostra resumidamente as correspondências cromossômicas entre as cinco espécies.

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DISCUSSÃO

A comparação dos dados cariotípicos gerais das espécies estudadas com os

previamente publicados mostra que não existem polimorfismos quanto ao número

diplóide e morfologia cromossômica, bem como com relação ao número e localização

das RONs entre indivíduos coletados em diferentes regiões (Cadena e Baker 1976,

Morielle e Varella-Garcia 1988, Varella-Garcia et al. 1989, Baker et al. 1992, Santos et

al. 2001). Dessa forma, este estudo com Zoo-FISH constituirá uma referência para o

entendimento da evolução cariotípica da família Phyllostomidae, independente do local

de amostragem dos membros da subfamília Desmodontinae.

A análise comparativa usando dados de pintura cromossômica entre os morcegos

hematófagos mostra um grande número de segmentos cromossômicos compartilhados

entre Diphylla ecaudata, Diaemus youngi e Desmodus rotundus. Homeologias de

cromossomos inteiros foram observadas entre nove autossomos e o X das três espécies.

Adicionalmente, dois pares cromossômicos são inteiramente compartilhados entre D.

ecaudata e D. youngi (DEC12= DYO9 e DEC11= DYO10) e um par entre D. rotundus

e D. ecaudata (DRO7=DEC7).

Baker et al. (1988) sugeriram que apesar de apresentarem o mesmo número

diplóide, D. ecaudata e D. youngi não apresentariam cariótipos idênticos devido a

diferenças marcantes na morfologia de alguns cromossomos. Os dados de Zoo-FISH

corroboram esta hipótese ao evidenciar quatro pares cromossômicos distintos entre as

duas espécies (DEC7, 13, 14 e 15 e DYO8, 12, 14 e 15). Entretanto, apesar das

diferenças, percebe-se que rearranjos intensos não devem ter ocorrido no processo de

diferenciação desses cromossomos, persistindo a macrossintenia em todos os segmentos

envolvidos.

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Por outro lado, ao longo da evolução cromossômica de D. rotundus parece ter

ocorrido um número maior de rearranjos na diferenciação de seu cariótipo em relação às

demais espécies de Desmodontinae, possibilitando a redução no número diplóide, bem

como a marcante diferença no padrão de bandas de alguns autossomos, por exemplo,

DRO6.

A partir da análise das hibridizações foi observado que os principais segmentos

cromossômicos responsáveis pelas diferenças entre os cariótipos dessas três espécies

representam os correspondentes a PHA12, 13, 14 e 15. Para D. rotundus estão

envolvidos, adicionalmente, os segmentos correspondentes a PHA9 e 11.

Com base nas duas hipóteses filogenéticas propostas para a subfamília, tentou-se

estabelecer as prováveis seqüências de eventos que atuaram na diferenciação cariotípica

do grupo. Quando consideradas as árvores geradas a partir de dados moleculares e

morfológicos (Honeycutt et al. 1981, Wetterer et al. 2000, Baker et al. 2000, 2003), D.

ecaudata aparece como basal em relação às outras duas espécies. Considerando seu

cariótipo como mais próximo ao cariótipo ancestral para a subfamília, seriam

necessários pelo menos dois eventos para a formação do cariótipo de D. youngi: uma

translocação recíproca envolvendo DEC13 e 15 para a formação de DYO14 e 15 e uma

translocação não recíproca, caracterizada por uma fissão de parte do braço longo de

DEC7, correspondente a PHA12, seguido de fusão deste segmento ao DEC14, na

formação de DYO12 e DYO8.

Uma vez considerada a árvore filogenética gerada a partir de dados

citogenéticos, o cariótipo de D. youngi seria o mais primitivo em relação ao das duas

outras espécies (Baker et al. 1988). Dessa forma, a origem do cariótipo de D. ecaudata

aconteceria de forma reversa ao apresentado anteriormente, com uma translocação

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envolvendo DYO14 e 15 para a formação de DEC13 e 15, seguida pela fissão de

DYO12 e fusão do segmento resultante à DYO8 para a formação de DEC7.

Não foi possível estabelecer uma seqüência direta de eventos envolvidos na

origem do cariótipo de D. rotundus a partir daquele apresentado por D. ecaudata ou D.

youngi. Esta dificuldade pode ser justificada pela complexidade dos rearranjos ocorridos

na formação dos cariótipos intermediários, fixados anteriormente ao cariótipo atual da

espécie. Entretanto, foi possível presumir que rearranjos do tipo translocação recíproca,

inversão, fissão e fusão devem ter desempenhado um papel essencial na reorganização

dos segmentos no cariótipo de D. rotundus. Esta espécie foi a única que apresentou

segmentos não marcados pelas sondas de P. hastatus e C. brevicauda, o que pode ser

justificado pela presença de blocos de DNA repetitivo exclusivo da espécie nos

cromossomos 6 e 10 (Li et al. 2004, Mao et al. 2008).

Os resultados obtidos permitiram observar a correspondência entre a marcação

de cada uma das sondas utilizadas de P. hastatus e C. brevicauda nos cariótipos dos

membros de Desmodontinae, estando de acordo com os resultados da hibridização

recíproca entre essas espécies, realizada por Pieczarka et al. (2005). O uso de sondas

cromossômicas de ambas as espécies na comparação dos cariótipos dos morcegos

hematófagos foi de extrema importância na distinção de braços cromossômicos

homeólogos, como é o caso da marcação correspondente a PHA9 e CBR1 e 2 em D.

rotundus.

A comparação entre os cariótipos dos Desmodontinae com C. brevicauda

(Carolliinae) e P. hastatus (Phyllostominae) revelou a existência de um par

cromossômico (CBR7 = PHA10 = DRO13 = DEC10 = DYO13) que permaneceu

inalterado durante a divergência dessas espécies. Por estar presente em espécies

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evolutivamente distantes, este cromossomo provavelmente faz parte do cariótipo

ancestral da família Phyllostomidae. Segundo Pieczarka et al. (2005), em adição a este

par conservado, CBR9 (PHA14) também estaria presente no cariótipo ancestral de

Phyllostomidae. Este cromossomo aparece inteiramente conservado em D. ecaudata e

como braços cromossômicos conservados em D. youngi e D. rotundus, o que estaria de

acordo com a hipótese de sua presença no ancestral, principalmente se o cariótipo de

Diphylla for considerado como basal para a subfamília.

Quatro pares cromossômicos apresentaram-se inteiramente conservados

exclusivamente entre P. hastatus e os morcegos hematófagos (PHA3, 6, 7 e 8), o que

sugere que os mesmos estariam presentes no ancestral comum das subfamílias

Phyllostominae e Desmodontinae. A única diferença observada em relação a esses pares

é a morfologia submetacêntrica de PHA7 em P. hastatus, que difere da condição

metacêntrica observada para os cromossomos correspondentes nos hematófagos, o que

sugere a ocorrência de uma inversão pericêntrica. Este maior número de cromossomos

compartilhados, se comparado ao número de cromossomos conservados exclusivamente

entre C. brevicauda e os hematófagos, podem indicar uma maior relação de

proximidade de Phyllostomus a Desmodontinae, o que apoia a hipótese de Cadena e

Baker (1976) na qual os morcegos hematófagos seriam mais próximos

citogeneticamente aos Phyllostominae e Glossophaginae do que a Carolliinae e

Stenodermatinae.

Por outro lado, três pares cromossômicos (DRO1, 3 e 4) apresentam a mesma

macrossintenia entre as três espécies de hematófagos, de forma que podem constituir

sinapomorfias, apoiando a reunião da subfamília como um grupo monofilético.

Entretanto, se faz necessária a realização da técnica de Zoo-FISH, com as sondas

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empregadas neste estudo, em representantes das outras subfamílias de Phyllostomidae

para que se confirme a exclusividade desses cromossomos em Desmodontinae.

Finalmente, o presente estudo revelou dados importantes em relação à

localização das RONs nas cinco espécies. Em P. hastatus, D. ecaudata e D. youngi, o

DNA ribossomal manteve sua localização em um mesmo segmento cromossômico,

correspondente a PHA15. A correspondência dos sítios das RONs a este segmento

específico não foi observada em D. rotundus e C. brevicauda, que apresentaram esse

marcador ligado a segmentos correspondentes a PHA12 e X, respectivamente.

A variação de localização das RONs nas três primeiras espécies está claramente

relacionada à ocorrência de rearranjos estruturais (translocações e inversões) no

cromossomo original portador da RON. Em D. rotundus, rearranjos estruturais também

parecem ter contribuído para a mudança no posicionamento das seqüências de DNAr.

Neste caso, uma inversão envolvendo um segmento delimitado pela RON e por parte do

centrômero do cromossomo 10 justificaria o posicionamento paracentromérico da RON

em justaposição ao segmento correspondente a PHA12. Por outro lado, a diferença na

localização das RONs em C. brevicauda parece estar relacionada a eventos de

transposição dessas seqüências por elementos genéticos móveis proximamente ligados

aos cístrons de DNAr ou por recombinação envolvendo seqüências repetitivas comuns a

cromossomos não-homólogos.

Eventos relacionados à mobilidade do DNAr têm sido discutidos para algumas

espécies de plantas. Schubert e Wobus (1985) propuseram que as RONs de alguns

cromossomos de Allium são capazes de se mover, pelo menos entre alguns sítios

cromossômicos preferenciais. Esta mobilidade se daria tanto por meio de elementos de

transposição, como pela presença de hotspots de recombinação em blocos

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heterocromáticos ao quais que encontrariam seqüências homólogas próximas ou

internamente às RONs. Para o gênero Aegilops foi proposto o papel do transposon

Em/Spm para o deslocamento de seqüências de DNAr 5S e 45S entre cromossomos não

homólogos, bem como para a expansão no numero de copias desta seqüência (Raskina

et al. 2004).

Uma hipótese alternativa para a variabilidade das RONs seria a replicação de

seqüências de DNAr diminutas, não detectáveis pela FISH, com concomitante deleção

dos cístrons dessa seqüência no cromossomo original portador da RON (Schubert e

Wobus 1985, Chung et al. 2008). Estas explicações parecem se adequar à situação de C.

brevicauda, estando de acordo com a proposta de Baker et al. (1992) na qual morcegos

apresentam mecanismos ativos de movimentação de DNA repetitivo entre cromossomos

não-homólogos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico-CNPq e à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de

Pernambuco-FACEPE pelo auxílio financeiro.

REFERÊNCIAS

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Tabela 1. Espécies analisadas

Nome científico e abreviação

Localidade georeferenciada Número e sexo* Total de indivíduos

Desmodus rotundus, DRO Toritama, 8°00’24’’ S e 36°03’24’’O

5M, 1F

09 Tapacurá 8°04’00’’S e

35°12’00’’ O

2M, 1F

Diphylla ecaudata, DEC Toritama, 8°00’24’’ S e 36°03’24’’O

4M, 1F 05

Diaemus youngi, DYO Ipojuca, 08°24’00’’S e 35°03’45’’O

1M, 2F 03

* M = macho; F = fêmea

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Tabela 2. Correspondências cromossômicas entre Phyllostomus hastatus (PHA), Carollia brevicauda (CBR), Diphylla ecaudata (DEC), Diaemus youngi (DYO) e Desmodus rotundus (DRO) obtidas através da pintura cromossômica comparativa com sondas das duas primeiras espécies.

PHA CBR DEC DYO DRO 1 3/4 4/7 4/8 4/7 2 2/X/Y2 1/3 1/2 1/3 3 1 2 3 2 4 2/5 1/9 1/11 1/12 5 1/X/Y2 3/4 2/4 3/4 6 1 5 5 5 7 1/3 6 6 9 8 2/4 8 7 8 9 1/2 12 9 6/10 10 7 10 13 13 11 3 11 10 6 12 6 7/15 12/14 6/7/10 13 5/8 13 14 11 14 9 14 12 11 15 6 13/15 15 10 X X X X X

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5. CONCLUSÕES

1. A partir da pintura cromossômica com sondas de Phyllostomus hastatus e Carollia

brevicauda foi possível a detecção com maior precisão das homeologias

cromossômicas compartilhadas entre estas e as três espécies da subfamília

Desmodontinae.

2. As espécies de Desmodontinae apresentam cariótipos mais similares entre si do que

às duas outras espécies utilizadas neste estudo, confirmando sua proximidade

filogenética.

3. O cariótipo de Desmodus rotundus apresenta mais rearranjos do que as demais

espécies de morcegos hematófagos, incluindo fusões que justificam a redução em

seu número diplóide.

4. Apesar das espécies pertencerem a subfamílias distintas, foi possível o

reconhecimento de cromossomos conservados, os quais possivelmente estão

presentes no cariótipo ancestral da família Phyllostomidae.

5. Desmodontinae apresenta-se mais proximamente relacionada a Phyllostominae do

que a Carolliinae.

6. A variação na localização das RONs nas espécies estudadas parece acompanhar os

rearranjos cromossômicos em algumas espécies, contudo podendo ser resultado de

mecanismos de movimentação de seqüências repetitivas entre cromossomos não-

homólogos.

7. Os resultados obtidos no presente estudo mostram que as sondas geradas a partir de

P. hastatus e C. brevicauda são ferramentas úteis no estudo da evolução cariotípica

dos morcegos da família Phyllostomidae.

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6. ABSTRACT

The bat family Phyllostomidae is the most diverse of all mammalian groups. Its

wide range of morphological variation has led to several disagreements among

researchers regarding its systematic and evolutionary relationships. This family is

cytogenetically characterized by highly conserved karyotypes among closely related

species, however by great intergeneric variability, which leads to difficulties in

comparative analysis using classical banding methods. Great effort has been made

concerning Phyllostomidae Karyotypic evolution elucidation through comparisons of

G-banding patterns between species. However, in some circumstances these data might

not provide the true evolutionary history of chromosome segments due to similarity of

non-homologous bands. Recent studies have overcome this situation by applying

chromosome painting to reveal syntenic segments between species. Thus, in this study,

comparative chromosome painting was used to identify chromosomal homologies

between five species, belonging to three subfamilies of Phyllostomidae. Emphasis is

given on the probable events that led the differentiation of Desmodus rotundus,

Diphylla ecaudata e Diaemus youngi (Desmodontinae) by the use of probes from

Phyllostomus hastatus (Phyllostominae) and Carollia brevicauda (Carolliinae) on their

karyotypes. Painting probes of P. hastatus have detected 23, 22 and 21 conserved

segments on D. rotundus, D. ecaudata and D. youngi karyotypes, respectively, while C.

brevicauda paints respectively detected 28, 27 and 27. The obtained data show

chromosomal conservation among Desmodontinae members, with D. rotundus

presenting the most rearranged karyotype. Based on the evolutionary relationships

proposed by morphological, molecular and cytogenetic data, we present the probable

sequence of events that has occurred during chromosomal evolution of hematophagous

bats. Additionally, karyotypic comparison between the five species allowed inferring a

closer affinity of Desmodontinae to Phyllostominae than to Carolliinae.

Key words: Chromosomal homeologies, chromosome painting, Desmodus, Diaemus,

Diphylla.

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7. ANEXOS

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7.1 Anexo1

Instruções para Autores

Revista

Chromosome Research

ISSN: 1573-6849

Springer, Netherlands

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Manuscript Submission There are no page charges or charges for the publication of colour illustrations or administration charges for papers published in Chromosome Research. Manuscripts may be sent by e-mail to any of the Associate Editors or to the Editor-in-Chief (Please see addresses below). When submitting an article to one of the Associate Editors a copy of the covering letter, the title page and the abstract must be sent at the same time to the Editor-in-Chief, Professor Herbert Macgregor ([email protected]) The decision with regard to acceptance for publication is made by the Associate Editor/Editor to whom the manuscript is sent. North American authors are encouraged, but under no obligation, to send their manuscripts to one of our Associate Editors in that region. This often helps to speed up editorial processing and can lead to better communication and a faster decision on acceptance for publication. For the same reasons, Japanese authors are encouraged to submit their papers through our Associate Editor in Japan. It is understood that papers submitted for publication have not been published previously and are not simultaneously offered to any other journal. Before submission, the submitting author must ensure that the manuscript has been seen and approved by all other named authors. Editor−in−Chief: Professor Herbert Macgregor School of Biosciences Geoffrey Pope Building University of Exeter Stocker Road Exeter EX4 4QD England, UK Tel.+fax: (+44) (0)1392 879701 Email: [email protected] Associate Editors: Wendy Bickmore MRC Human Genetics Unit Western General Hospital NHS Trust Edinburgh EH4 2XU Scotland, UK Tel: (+44) (0) 131 332 2471 Fax: (+44) (0) 131 343 2620 Email: [email protected] Website: http://www.hgu.mrc.ac.uk/Users/Wendy.Bickmore/ Mary E. Delany 2131D Meyer Hall Department of Animal Science University of California Davis, CA 95616 USA Tel: +1-530-754-9343 office Tel: +1- 530-754-9404 lab Fax: +1-530-752-0175 E-mail:[email protected] http://animalscience.ucdavis.edu/AvianResources/ http://animalscience.ucdavis.edu/faculty/Delany J.S. (Pat) Heslop−Harrison Department of Biology University of Leicester Leicester LE1 7RH UK Tel: (+44) 116 2523381 Fax: + 44 116 2522791 Email: [email protected] Email: [email protected] Website: http://www.le.ac.uk/biology/staff/blphh4.htm Dr Jiming Jiang Department of Horticulture University of Wisconsin-Madison

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7.2 Anexo2

Fotografias das espécies analisadas

Fig. 1: Fotografias de espécimes de Desmodus rotundus (a), Diphylla ecaudata (b) e

Diaemus youngi (c).