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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE P-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO ANÁLISE FAUNÍSTICA DE BESOUROS ESCARABEÍNEOS (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE: SCARABAEINAE) DO MONUMENTO NATURAL GROTA DO ANGICO, SERGIPE, BRASIL Autor:JOSÉ FRANCISCO GOMES DOS SANTOS JÚNIOR Orientadora: PROFA. DRA. ANA PAULA MARQUES COSTA São Cristóvão - Sergipe Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

ANÁLISE FAUNÍSTICA DE BESOUROS ESCARABEÍNEOS (COLEOPTERA:

SCARABAEIDAE: SCARABAEINAE) DO MONUMENTO NATURAL GROTA DO

ANGICO, SERGIPE, BRASIL

Autor:JOSÉ FRANCISCO GOMES DOS SANTOS JÚNIOR

Orientadora: PROFA. DRA. ANA PAULA MARQUES COSTA

São Cristóvão - Sergipe

Brasil

2014

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JOSÉ FRANCISCO GOMES DOS SANTOS JÚNIOR

ANÁLISE FAUNÍSTICA DE BESOUROS ESCARABEÍNEOS (COLEOPTERA:

SCARABAEIDAE: SCARABAEINAE) DO MONUMENTO NATURAL GROTA DO

ANGICO, SERGIPE, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da

Universidade Federal de Sergipe, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em Ecologia e Conservação.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Marques

Costa

São Cristóvão - Sergipe

Brasil

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos Júnior, José Francisco Gomes dos

S237a Análise faunística de besouros escarabeíneos (Coleoptera :

Scarabaeidae : Scarabaeinae) do monumento natural Grota

do Angico, Sergipe, Brasil / José Francisco Gomes dos Santos

Júnior ; orientadora Ana Paula Marques Costa. – São

Cristóvão, 2014.

55 f. : il.

Dissertação (mestrado em Ecologia e Conservação) –

Universidade Federal de Sergipe, 2014.

O

1. Diversidade biológica 2. Caatinga. 3. Coleoptera. 4.

Grota do Angico, SE. I. Costa, Ana Paula Marques, orient. II.

Título

CDU: 595.764(813.7)

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A Iêda Gomes dos Santos & Lêda Silva Santos,

Minhas mães.

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Agradecimentos

Primeiramente à minha mãe, minha avó Lêda, por todo apoio todos esses anos. Sem seu suporte não

poderia ter chegado a lugar algum. Aproveito e agradeço à minha família também, pelo ótimo convívio

que temos.

À Universidade Federal de Sergipe, por ser a minha segunda casa desde a graduação, e aos meus

professores da graduação por me apresentarem a profissão que pretendo exercer daqui pra frente.

À minha primeira orientadora, a Dra. Patrícia Romano, pela primeira oportunidade de trabalhar em um

laboratório e com entomologia.

Ao Laboratório de Entomologia, todos os estagiários, mestrandos, professores e demais pesquisadores

que por ali passaram.

À minha orientadora, Profa. Dra. Ana Paula Marques Costa, pela oportunidade, orientação e

ensinamentos, desde a graduação e agora na pós-graduação.

À secretária do PPEC, Juliana, por me auxiliar (e muito!), com as solicitações de transporte, dúvidas

quanto ao funcionamento do programa e demais socorros.

Aos motoristas do DITRAN, especialmente ao Silvino, por todas as viagens em segurança.

À SEMARH/SE na pessoa do Thiago, pela disponibilidade de uso da sede em Angico, para a realização

do experimento.

Ao LAMAC (Laboratório Médico de Análises Clínicas Ltda.), pela ajuda com o material utilizado como

isca (em especial as recepcionistas que sempre me atenderam muito bem).

Àtoda secretaria do curso de Biologia, pelo auxílio com solicitações de transporte e de permissões para

adentrar a universidade aos domingos e feriados.

A todos os professores com os quais tive aulas ou cursos na pós-graduação: Dr. Adauto Ribeiro, Dra.

AdrianaBocchiglieri, Dr. Leandro Souto, Dr. Leonardo Cruz da Rosa, Dr. Marcelo Brito, Dr. Gustavo

Hirose, Dra. Ana Paula Albano Araújo, Dr. Genésio Ribeiro, Dr. Mário Dantas, Dr. Alexandre Liparini

Campos e Dra. Roseli La Corte, obrigado pelos ensinamentos e exemplos profissionais.

Ao Dr. Fernando Vaz de Mello pelo curso de identificaçãode Scarabaeinae ministrado na Universidade

Federal do Mato Grosso (UFMT), onde aprendi muito com seus ensinamentos e experiência

compartilhada.

Aos meus colegas de turma da pós-graduação: Giselle, Canô, Nara, Laíze, Rafael, Dani, Cléverton,

Daniel, Brisa e Poliana. Em especial aos amigos mais que especiais que me auxiliaram e muito durante

esse período de pós: Giselle, Canô, Nara e Rafael,a quem guardo um carinho especial e sou grato por

tudo.

A todos que me ajudaram nas numerosas coletas realizadas, o meu muito obrigado, não tenho como

agradecer todo o apoio de vocês. AoMSc. José Dantas e sua “trupe” (Arleu, Tiago, Cleyziane, Amanda e

Elielma), “Seu” Didi e Breno pela ajuda sem tamanho na primeira coleta de campo realizada. Aos amigos

Rafael Miguel e Egival (Gigi) por me ajudarem na primeira metade do experimento (companhia mais que

agradável). À Giselle, por ter me auxiliado a realizar a metade final do experimento; não tenho como

agradecer e admirar sua força, companheirismo, carinho e dedicação para comigo. E por fim, meus

agradecimentos não menos especiais, aos amigos que me ajudaram ao longo do experimento: Lucas,

Rafinha, Válter, Douglas, Arthur e Thomaz.

À Capes pela bolsa concedida.

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Aos membros da minha banca de qualificação, Dr. Gustavo Hirose e Dr. Alexandre Pinto, ambos da

Universidade Federal de Sergipe, pelas correções e sugestões que muito acrescentaram à minha

dissertação.

AosDrs. Fernando Vaz de Mello (UFMT) e Paschoal Grossi (UFRPE),pela identificação dos

escarabeíneos coletados durante o experimento.

Ao Prof. Dr. Leandro Souto pela ajuda com as análises estatísticas.

À Giselle, por todos esses 18 meses juntos de muito carinho, companheirismo, ajuda, felicidade e alegrias

que divido com você. Obrigado por tudo, não tenho como agradecer toda ajuda nesse período e espero ter

retribuído ao menos uma parte do que me ofereceu.

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SUMÁRIO

Lista de figuras v

Lista de Tabelas vi

Resumo vii

Abstract viii

1. Introdução 1

2. Revisão de Literatura 3

2.1. Origem 3

2.2. Morfologia 4

2.3. Biologia 5

2.4. Ecologia 6

3. Objetivos 7

3.1. Objetivo geral 7

3.2. Objetivos específicos 7

4. Hipóteses 8

5. Materiais e Métodos 9

5.1. Área de estudo 9

5.2. Método de amostragem 12

5.2.1. Análises ecológicas 12

5.2.2. Identificação, montagem e conservação dos espécimes 14

5.3. Dados de pluviosidade 15

5.4. Análise dos dados faunísticos 16

5.4.1. Abundância e riqueza dos táxons 16

5.4.2. Índices de ocorrência e dominância 16

5.4.3. Índices de diversidade e equitabilidade 17

6. Resultados 18

6.1. Pluviosidade mensal e abundância 19

6.2. Índices de ocorrência e dominância 21

6.3. Abundância e riqueza nas áreas 23

6.4. Equitabilidade, índice de diversidade e estimador de riqueza 24

6.4.1. Comparação dos índices: Shanon-Wiener, Simpson e Jacknife 26

6.5. Abundância e riqueza nas iscas 26

6.5.1. Área inicial 27

6.5.2. Área intermediária 28

7. Discussão 29

7.1.Pluviosidade mensal e abundância 31

7.2. Índices de ocorrência e dominância 31

7.3. Abundância e riqueza nas áreas 32

7.4. Equitabilidade, diversidade e estimador de riqueza 33

7.5. Abundância e riqueza nas iscas 34

8. Conclusão 35

9. Referências 36

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa da localização do Monumento Natural Grota do Angico, no município

de Poço Redondo, Sergipe, Brasil. 9

Figura 2. Mapa com a localização das áreas de coleta (inicial - A1 e intermediária - A2).

Área destacada correspondendo ao MONA Grota do Angico. 10

Figura 3. Áreas de coleta no MONA Grota do Angico, Sergipe, Brasil: (A) e (B), área

inicial; (C) e (D), área intermediária, denominada “trilha do Cangaço”; (A) e

(C) período seco; (B) e (D) período chuvoso. Fotos: SANTOS Jr, J. F. G.

11

Figura 4. Esquematização da disposição dos pontos de coleta e das armadilhas nas áreas

de estudo. 13

Figura 5. Método de coleta utilizado para a captura de besouros escarabeíneos no

MONA Grota do Angico, Sergipe, Brasil: (A), recipiente de plástico utilizado

como armadilha pitfall; (B), pote coletor utilizado para armazenamento das iscas a serem colocadas nas armadilhas. Fotos: SANTOS JR., J.F.G.

13

Figura 6. Posição do pote coletor contendo a isca, pendurado por arame, no centro da

abertura do pitfall. 14

Figura 7. Abundância dos escarabeíneos amostrados ao longo dos doze meses de coleta

e precipitação total ao longo dos primeiros onze meses de estudo, no MONA

Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

20

Figura 8. Diagrama de dispersão para os valores de abundância de escarabeíneos e

pluviosidade total, durante os meses de dezembro de 2012 a outubro de 2013

no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil: (A) área inicial;

(B) área intermediária.

21

Figura 9. Comparação entre os escarabeíneos coletados de dezembro de 2012 a novembro de 2013, nas áreas inicial e intermediária do MONA Grota do

Angico de acordo com: (A) abundância; (B) riqueza.

24

Figura 10. Riqueza observada e riqueza estimada (Jacknife 1ª ordem) de escarabeíneos

na área inicial do MONA Grota do Angico, durante o período de dezembro de

2012 a novembro de 2013.

25

Figura 11. Riqueza observada e riqueza estimada (Jacknife 1ª ordem) de escarabeíneos

na área intermediária do MONA Grota do Angico, durante o período de

dezembro de 2012 a novembro de 2013.

26

Figura 12. Abundância média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área inicial

do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no período de

dezembro de 2012 a novembro de 2013.

27

Figura 13. Riqueza média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área inicial do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no período de

dezembro de 2012 a novembro de 2013.

28

Figura 14. Abundância média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área

intermediária do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no

período de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

29

Figura 15. Riqueza média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área

intermediária do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no

período de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

29

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Táxons de Scarabaeinae coletados no Monumento Natural Grota do Angico,

Poço Redondo, Sergipe, de dezembro de 2012 a novembro de 2013. 19

Tabela 2. Abundância de escarabeíneos de dezembro de 2012 a novembro de 2013, em

duas áreas de coleta (inicial e intermediária), no MONA Grota do Angico,

Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

20

Tabela 3. Abundância de escarabeíneos coletados com três diferentes tipos de iscas

(carne, banana e fezes), na área inicial e intermediária do MONA Grota do

Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, de dezembro de 2012 a novembro de

2013.

22

Tabela 4. Classificação dos táxons de escarabeíneos coletados nas áreas, inicial e

intermediária, do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil,

segundo os Índices de ocorrência e dominância de Palma (1975).

22

Tabela 5. Classificação das espécies de escarabeíneos coletados de acordo com o tipo de

isca nas áreas, inicial e intermediária, do MONA Grota do Angico, Poço

Redondo, Sergipe, Brasil, segundo os índices de ocorrência e dominância de

Palma (1975).

23

Tabela 6. Riqueza de espécies de escarabeíneos por mês,de dezembro de 2012 a

novembro de 2013 nas áreas inicial e intermediária, do MONA Grota do

Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

23

Tabela 7. Análise faunística de Scarabaeinae coletados em duas áreas (inicial e

intermediária) durante o período de dezembro de 2012 a novembro de 2013,

no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, onde: (N)

Número total de indivíduos analisados ou tamanho da amostra; (S) Riqueza de gêneros; (S’) Riqueza de espécies; (H’) Índice de diversidade de Shanon-

Wiener; (Ds) Índice de diversidade de Simpson; (J) Índice de equitabilidade;

(J1ª) Jacknife de 1ª ordem.

25

‘Tabela 8. bundância e riqueza de escarabeíneos coletados com três diferentes tipos de

iscas (carne, banana e fezes), no MONA Grota do Angico, Poço Redondo,

Sergipe, Brasil, de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

27

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ANÁLISE FAUNÍSTICA DE BESOUROS ESCARABEÍNEOS (COLEOPTERA:

SCARABAEIDAE: SCARABAEINAE) DO MONUMENTO NATURAL GROTA DO ANGICO,

SERGIPE, BRASIL

Autor: José Francisco Gomes dos Santos Júnior

Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Marques Costa

RESUMO

O estudo da Caatinga é um dos maiores desafios para pesquisadores do nosso país.

Atualmente existem “ilhas” preservadas de caatinga em toda sua extensão territorial

original, e ambientes assim fragmentados acarretam em perda de biodiversidade.

Trabalhos de análises faunísticas possibilitam avaliar impacto ambiental,sendo

frequentemente realizados com insetos. No grupo de insetos bioindicadores, os

escarabeíneos são detritívoros que se alimentam de fezes, carcaças e frutos em

decomposição, auxiliando na ciclagem de nutrientes e demais serviços ecológicos.

Portanto, objetivou-se realizar umaanálise faunística dos escarabeíneos que ocorrem na

Caatinga do Estado de Sergipe. Foi estudada a variação na comunidade de

escarabeíneos em áreas de Caatinga sob dois diferentes estágios de preservação

(protegida e antropizada) e também a variação dos escarabeíneos em três tipos de

iscas.O estudo foi realizado no MONA Grota do Angico, localizado no município de

Poço Redondo, Sergipe, no período de Dezembro de 2012 a Novembro 2013, em duas

áreas de Caatinga: protegida e degradada. Foram demarcados dez pontos em cada área,

com 200 metros de distância de um ponto ao outro. Em cada ponto, foram colocadas

três armadilhas de queda pitfall, com as seguintes iscas: fezes humanas, banana e fágado

bovino. Foram amostrados 597 indivíduos distribuídos em doze espécies e onze

gêneros. A espécie com maior amostragem foi Deltochilum verruciferumque

correspondeu a 80% dos indivíduos, sendo o único táxon classificado como comum,

ocasionando baixa equitabilidade no estudo. Malagoniellaastyanax punctatostriata e

Canthon mutabilis tiveram, cada uma, apenas um exemplar coletado, durante todo o

estudo na área inicial. Dichotomius nisusapresentou maior número de indivíduos

amostrados na área inicial. A diversidade entre as áreas não se mostrou

significativamente diferente pelo índice de Shanon, mas de acordo com o de Simpson, a

área inicial teve uma maior diversidade. O Jackknife demonstrou que as duas áreas

possuem valoresmenores que os estimados.As áreas não se diferenciaram em riqueza,

porém a área intermediária,com 388 indivíduos, teve maior abundância de

escarabeíneos que a área inicial, com 209 indivíduos coletados. Não houve correlação

entre a pluviosidade mensal e a abundância de escarabeíneos. Com relação às iscas,

sempre a isca de fezes apresentoumaior abundância e riqueza destes besouros, se

comparada às iscas de banana e carne.

Palavras-chave: abundância, Caatinga, diversidade, pitffal, riqueza.

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FAUNISTIC ANALYSIS OF SCARABEINE BEATLES (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE:

SCARABAEINAE) OF THE NATURAL MONUMENT GROTA OF ANGICO, SERGIPE, BRAZIL

Author: José Francisco Gomes dos Santos Júnior Advisor: Profa. Dra. Ana Paula Marques Costa

ABSTRACT

The study of Caatinga is one of the biggest challenges for researchers of our country.

Currently there are "islands" of preserved Caatinga in all its original territory extension,

and fragmented environments leads to loss of biodiversity. Researchesoffaunistic

analysismake possible to evaluate environmental impact, being frequently,

accomplished with insects.In the group of bioindicators insects, dung beetles are

scavengers that feed on feces, carcasses and decaying fruit, assisting in nutrient cycle

and other ecological services. Therefore, the main goal of this study was to conduct a

faunistic analysis of dung beetles occurring in Caatinga of the Sergipe state. It was

studied the variation in dung beetles community in areas of Caatinga under two

different preservation stages (protected and disturbed), and also the variation of dung

beetles in three types of baits. The study was accomplishedat the MONA Grotaof

Angico, located in the city of Poço Redondo, Sergipe, in the period of December 2012

to November 2013, in two areas of Caatinga: preserved and degraded. Ten sites

weredelimited in each area, with 200 meters of distance from one site to the other. At

each site,three pitfall traps were placed,with the following baits:human feces, banana

and bovine liver. There were sampled 597 specimens distributed intwelve species and

eleven genera. The species with higher abundance was Deltochilum verruciferumthat

represented 80% of the specimens, being the only taxon classified as common, causing

low equitability in the study. Malagoniella astyanax punctatostriata and Canthon

mutabilis had, each one, only one specimen,throughout the study in the disturbed area.

Dichotomius nisuspresented the higher number of sampled individuals in the disturbed

area. The diversity among the areas did not differ significantly for Shannon index, but

according to Simpson'sindex, thedisturbed area has a greater diversity. Jackknife

pointed out that the two areas possess lower values than those estimated. The areas did

not differ in richness,however the protected area, with 388 individuals, hadlarger dung

beetles abundance than the disturbed area,with 209 collected individuals. There was not

correlation between the monthly rainfalland the abundance of dung beetles.

Regardingthe baits,always the bait of feces presented higher abundance and richness of

these beetles, if compared to bananas and meat baits.

Key-words:abundance, Caatinga, diversity, pitfall, richness.

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1.INTRODUÇÃO

O conhecimento taxonômico e biogeográfico para a maioria dos grupos de

organismos terrestres é escasso, especialmente para aqueles considerados hiper-diversos

como, por exemplo, insetos, aracnídeos e nematóides (SILVA & BRANDÃO, 1999).

Ao contrário da opinião pública, invertebrados, são importantes componentes dos

ecossistemas pelos serviços ecológicos prestados por eles, vitais para as interações

naturais (LOSEY & VAUGHAN, 2006). Grupos de insetos são melhores usados como

bioindicadores do que apenas espécies individuais de vertebrados (LANDRES,

VERNER & THOMAS, 1988).

Estudos de análise faunística têm sido utilizados há anos para caracterizar e

delimitar uma comunidade, medir o impacto ambiental de uma área, conhecer espécies

predominantes, bem como comparar áreas com base nas espécies de insetos (FRIZZAS

et al., 2003;FREITAS, FRANCINI & BROWN JR., 2003).Têm por finalidade

caracterizar comunidades e a avaliação de impactos, através de comparação de dados

como: abundância, riqueza, dominância, frequência, equitabilidade e diversidade

(SILVEIRA NETOet al., 1995). Estudos faunísticos executados no Brasil, visam o

melhor entendimento na dinâmica em comunidades de insetos em determinados

ecossistemas de acordo com Dorval et al. (1995).

A fragmentação extrema dos ambientes naturais impede que várias espécies

tenham uma área mínima para sua sobrevivência, acarretando a perda de biodiversidade

(DAVIS et al., 2001; HALFFTER & ARELLANO, 2002). A fragmentação que ocorre

na Caatinga fez aparecer “ilhas” em toda a sua extensão. Esse processo pode levar ao

desaparecimento de várias espécies endêmicas, segundoCastellettiet al. (2003), o que

justifica a importância e a urgência na realização de estudos de levantamento de

diversidade e análises faunísticas neste bioma.

O bioma Caatinga se estende pelos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte,

Paraíba, Pernambuco, Piauí, Alagoas, Sergipe, Bahia e algumas áreas do norte de Minas

Gerais (PRADO, 2003). O clima é semiárido (segundo classificação de Köppen) com

um alto potencial de evapotranspiração (1500 a 2000 mm/ano) e precipitação escassa

(300 a 1000 mm/ano). A combinação desses fatores resulta em baixa disponibilidade

hídrica para as plantas durante um período de sete a oito meses, conhecido como

período seco (SAMPAIO, 1995).

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O estudo da Caatinga é um dos maiores desafios para os pesquisadores do nosso

país, segundo Leal, Tabarelli & Silva (2003), por quatro motivos: (1) é a única grande

região natural brasileira, inteiramente restrita ao território nacional; (2) em proporção é

o bioma menos estudado, com grande parte dos estudos concentrados em torno das

cidades da região; (3) bioma brasileiro menos protegido (as unidades de conservação

existentes correspondem a cerca de 2% do território); e (4) a Caatinga ainda passa por

um processo de degradação ambiental pelo uso inapropriado de seus recursos naturais,

levando à formação de zonas de desertificação e perda acelerada de espécies únicas.

A vegetação nativa da Caatinga é composta de plantas com adaptações à

deficiência hídrica, e a fauna de insetos associada a este tipo de vegetação ainda é

pobremente conhecida (LEWINSOHN, FREITAS & PRADO, 2005). Estudos sobre a

diversidade e abundância dos insetos podem prover uma rica base de informações sobre

o grau de integridade dos ambientes (LUTINSKI & GARCIA, 2005).

As populações de insetos da Caatinga possuem picos de abundância

influenciados pelos curtos períodos de pluviosidade; no período secoos recursos

disponíveis são extremamente escassos, e poucas espécies conseguem manter suas

atividades. Entretanto quando os recursos tornam-se mais abundantes, com as chuvas,

os insetos surgem em grande número, tanto de abundância quanto de riqueza

(ZANELLA & MARTINS, 2003; CREÃO–DUARTE, SOUZA & ROTHÉA, 2005;

HERNÁNDEZ, 2005).

Os espécimes de escarabeíneos têm sido reportados em alguns trabalhos na

Caatinga, mas não se conhece ao certo a quantidade de espécies, segundo Hernández

(2007). Hernández (2005, 2007), encontrou 20 espécies de Scarabaeinae na Paraíba.

Lopes et al. (2006) em um estudo realizado na Bahia encontraram 16 espécies em uma

área de transição Caatinga-Floresta decídua e Vieira & Silva (2012) amostraram 21

espécies na Floresta Nacional Contendas do Sincorá, Bahia. No Estado de Minas

Gerais, em uma área de transição Cerrado-Caatinga, foram encontradas 41 espécies

(OLIVEIRA et al., 2011).

Para Sergipe, há uma escassez de estudos sobre besouros escarabeíneos

(Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae). No Estado de Sergipe, a Caatinga se estende

por uma área de 10.536 Km2, sendo que apenas 0,2% dela se encontra protegida por

Unidade de Conservação, representada pelo Monumento Natural Grota do Angico

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3

(HAUFF, 2008). Portanto o seguinte estudo procurou primeiramente realizar um

levantamento da fauna, identificando as espécies que ocorrem na Caatinga do Estado,

realizando uma análise faunística com os dados amostrados. Além disso, visou verificar

a variação na comunidade de escarabeíneos entre dois estágios de Caatinga, bem como a

variação que ocorra de acordo com as iscas utilizadas.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Os coleópteros apresentam uma distribuição cosmopolita sendo o maior e mais

diverso grupo do Reino Animal, com aproximadamente 350 mil espécies conhecidas,

abrangendo cerca de 40% dos insetos (LAWRENCE & BRITTON, 1994). Dentro dessa

ordem se destaca Scarabaeidae que possui28.000 espécies (HANSKI, 1991).

A maior subfamília deste grupo, Scarabaeinae, possui cerca de 7.000 espécies

descritas em todo o mundo (SCHOOLMEESTERSet al., 2010), com maior

concentração de diversidade em florestas e savanas tropicais. No Brasil ocorrem mais

de 700 espécies, sendo que quase um terço parece ser endêmico (VAZ-DE-MELLO,

2000).

2.1.Origem

A origem dos escarabeíneos paira sobre a discussão da evolução/irradiação em

conjunto com dois possíveis fatores: grande disponibilidade de esterco de répteis

durante o final do Período Cretáceo, como defendido por Chin e Gill (1996) e Krell

(2006) ou, como pressuponha Cambefort (1991) e Scholtz & Chown (1995), mais tarde

durante o Terciário, em conjunto com a rápida evolução da diversidade dos mamíferos.

O mais antigo registro de um besouro rola-bosta Prionocephale deplanate Lin, 1980

data do Cretáceo Superior (cerca de 90 milhões de anos atrás) e foi encontrado na China

(KRELL, 2006).

Outras formas fósseis que evidenciam a atividade destes besouros no passado

são encontradas na forma das bolas de esterco esféricas, que constituem-se das cascas

de argilas fossilizadas. Essas bolas podem ser encontradas em diversos tamanhos, com

ou sem orifício por onde emergia a forma adulta (a ausência indicando um

desenvolvimento interrompido) (HALFFTER & MATHEWS,1966).

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Os ancestrais dos rola-bosta, alimentavam-se de detritos (matéria vegetal em

processo de decomposição e rica em microorganismos), dependendo fortemente dos

microorganismos como sua principal fonte nutricional (SHOLTZ & CHOWN, 1995). A

mudança para uma alimentação utilizando fezes como recurso é de fácil entendimento

visto a similaridade entre os recursos, sendo fezes, não mais do que fragmentos de

celuloses juntos com resto do epitélio intestinal do animal que o expeliu e um

concentrado de microorganismos (CAMBEFORT,1991).

Alguns grupos não se utilizam da coprofagia como fonte de nutrição, podendo

nunca ter chegado a percorrer esse caminho durante sua evolução, sendo considerados

de certa forma primitivos (SCHOLTZ, DAVIS & KRYGER, 2009) e neste caso,

possuem outras fontes de alimentação, tais como: carcaça de invertebrados, predação,

associação com caracóis terrestres, fungos e detritos (SCHOLTZ, DAVIS & KRYGER,

2009).

2.2. Morfologia

Segundo Silva, Vaz-de-Mello & Di Mare (2011), a diagnose dos escarabeíneos

pode ser feita através dos seguintes caracteres morfológicos: clípeo cobrindo

mandíbulas e labro, sendo estes membranosos; pigído exposto, em geral vertical em

relação ao corpo; e tíbias posteriores com esporão apical único. O grupo apresenta

espécies com grande variedade de cores e tamanhos (HALFFTER & MATTHEWS,

1966) apresentando geralmente uma forma ovalada e robusta (MORÓN, 2004).

Hernández (2002) realizou um estudo sobre a coloração dos élitros relacionada com a

atividade diária de besouros escarabeíneos, e concluiu que existiaa seguinte relação:

espécies noturnas apresentam uma coloração mais escura, geralmente negra, enquanto

que os diurnos são mais coloridos, podendo apresentar coloração metálica.

O dimorfismo sexual está presente no grupo, sendo observado nas larvas

(MARTÍNEZ & LUMARET, 2003) quanto nos adultos (MOCZEK & EMLEN, 2000).

Em muitos escarabeíneos os machos podem possuir grandes cornos, utilizados em

atividades dentro de suas galerias e, frequentemente, em disputas reprodutivas por

fêmeas (EMLEN, 2008).

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2.3. Biologia

Os escarabeíneos são detritívoros e se alimentam principalmente de fezes,

carcaças e frutos em decomposição, auxiliando na remoção desses materiais da

superfície do solo e reingresso no ciclo de nutrientes (HALFFTER & MATTHEWS,

1966; HANSKI & CAMBEFORT, 1991). Geralmente utilizam fezes de mamíferos

como alimento e por isso são altamente relacionados com a diversidade de mamíferos

de uma área, principalmente em florestas neotropicais (HALFFTER & MATTHEWS,

1966; KLEIN,1989; GILL, 1991; HALFFTER,1991).

A suposição máxima de que os besouros trituram partículas grandes nos lobos

molares de suas mandíbulas e então filtram e digerem as partículas menores (MILLER,

1961), não se aplicaria aos escarabeíneos, nos quais a alimentação é constituída única e

exclusivamente por partículas muito pequenas, devido a suas mandíbulas membranosas.

(HOLTER, SCHOLTZ & WARDHAUGH, 2002; HOLTER & SCHOLTZ, 2005,

2007).

O sucesso dos escarabeíneos entre outros fatores está atribuído à ocupação de

um nicho vago pelo seu ancestral: aproveitar a grande variedade e disponibilidade de

fezes dos mamíferos do Terciário, a capacidade de alocação do recurso e outras

características como: ninhos subterrâneos e cuidados com a prole (HALFFTER

&EDMONDS, 1982). Ao utilizar o solo para construir seus ninhos bem como alocar

suas reservas alimentares, os rola-bosta constituem importantes detritívoros nos

ecossistemas (HALFFTER & EDMONDS, 1982), e de acordo com Andresen (2002)

atuam na ciclagem dos nutrientes, dispersão secundária de sementes e controle de

parasitas nas fezes dos mamíferos.

Os escarabeíneos são divididos em guildas, ou grupos funcionais, de acordo com

seu comportamento quanto ao recurso alimentar. Os telecoprídeos por possuírem tíbias

posteriores alongadas e curvas, conseguem elaborar bolas de excremento, as rolam para

longe da fonte e as enterram (HALFFTER & EDMONDS, 1982). Os paracoprídeos

enterram os estoques de excremento logo abaixo da fonte (CAMBEFORT & HANSKI,

1991), apresentando tíbias anteriores bem desenvolvidas e aptas à escavação. Já os

endocoprídeos se alimentam e se reproduzem diretamente na fonte de excremento

(LOUZADA, 1995). Contudo, Oliveira et al. (2011) ressaltam a importância dos

comportamentos ainda não estudados de alocação dos recursos pelos escarabeíneos.

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2.4. Ecologia

Os escarabeíneos são utilizados como indicadores ecológicos por possuírem

distintos padrões de organização quando estudados em fragmentos de florestas ou em

áreas deterioradas pela ação humana (KLEIN, 1989; DAVIS et al., 2001, NICHOLS et

al., 2007),respondendo de forma negativa à fragmentação florestal (NICHOLS et

al.,2007). Os grupos utilizados como indicadores ambientais devem possuir: grande

abundância e diversidade em diversas épocas do ano, importância ecológica em todos os

níveis tróficos, facilidade de captura, taxonomia relativamente bem conhecida, e

sensibilidade a alterações do ambiente (BARLOW et al.,2007; GARDNER et al.,2008).

Segundo Neves et al. (2010), em um estudo realizado em ecossistema de

Floresta Tropical Seca no Nordeste de Minas Gerais, a comunidade de besouros

escarabeíneos respondem de forma negativa à mudança entre as estações seca e

chuvosa, ocorrendo uma diminuição na riqueza e abundância de espécies. É muito

provável que respondam de forma negativa à falta de água e à ausência de insetos como

um recurso alimentar secundário, e provavelmente migrem temporariamente paraas

matas ciliares próximas. (NEVES et al., 2010).

Estes besouros têm sido amplamente colocados como grupo ideal para

inventários e monitoramento de biodiversidade, e têm sido utilizados em pesquisas

ecológicas e trabalhos de conservação da biodiversidade em muitas regiões do mundo

(SPECTOR & AYZAMA, 2003).

Os escarabeíneos também apresentam importância agronômica/econômica

segundo Monção et al. (2011), devido ao seu hábito alimentar não danifica a

agricultura. O interesse nesses besouros como afirma Macedo (1999), se dá pelo

aumento do número de helmintos e moscas prejudiciais ao gado, por causa do acúmulo

de fezes nas pastagens, sendo os escarabeíneos utilizados no controle desses

invertebrados.

3. OBJETIVOS

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3.1. Geral

Realizar análise faunística dos escarabeíneos (Coleoptera: Scarabaeidae:

Scarabaeinae) da Caatinga do Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo,

Sergipe.

3.2. Específicos

Inventariar e identificar as espécies que compõem a fauna de escarabeíneos

(Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae) do Monumento Natural Grota do Angico,

Poço Redondo, Sergipe;

Comparar a estrutura da comunidade de escarabeíneos em duas áreas de coleta através

de medidas de abundância, riqueza, ocorrência, dominância, diversidade e

equitabilidade das espécies;

Comparar a abundância e riqueza de Scarabaeinae coletados de acordo com o tipo de

isca utilizado: fezes, banana e carne;

Relacionar a abundância dos escarabeíneos à precipitação ao longo de um ano de

coleta.

4. HIPÓTESES

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Hipótese 1:

A comunidade de besouros escarabeíneos em áreas de Caatinga (a. inicial e a.

intermediária) difere entre si, considerando fatores tais como abundância, riqueza,

ocorrência, dominância, diversidade e equitabilidade das espécies que compõem a

comunidade, com a área intermediária apresentando maiores valores que a inicial;

Hipótese 2:

A abundância e riqueza de escarabeíneos capturados pelas armadilhas defezes são

maiores que nas armadilhas de banana ecarne.

Hipótese 3:

A abundância de escarabeíneos aumenta de acordo com os níveis de precipitação ao

longo de um ano.

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1. Área de estudo

O Monumento Natural Grota do Angico (Figura 1) é uma Unidade de

Conservação estadual criada no ano de 2007 através do decreto n° 24.922. Está

localizada no Alto Sertão Sergipano, entre os municípios de Poço Redondo e Canindé

de São Francisco, à margem do Rio São Francisco (9º41’S, 38º31’W). A unidade possui

uma área de aproximadamente 2.138 hectares, cima semiárido (seco e quente) com

precipitação anual total média compreendida entre 380 e 760 mm e temperatura média

anual superior a 18°C de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos do Estado de Sergipe (SEMARH/SE). O mapa com a localização do MONA

Grota do Angico (Figura 1) e das áreas de coleta (Figura 2) foram confeccionados com

o softwareArcGis 10.2 (ESRI, 2013).

Figura 1.Mapa da localização do Monumento Natural Grota do Angico, no

município de Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

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As coletas aconteceram em duas áreas do Monumento Natural Grota do Angico,

sob diferentes estágios de conservação, assim classificadas de acordo com Figueiredo

(2012): área A1, chamada aqui de área inicial (Figuras3AB); e área A2, aqui

denominada área intermediária (Figuras3CD).

A área A1 é composta por pastagem com menos de 15% de cobertura vegetal

arbórea, ao passo que a área A2 é considerada como de regeneração secundária e com

vegetação arbustiva, sendo que entre o período de três a quatro anos não sofre supressão

vegetal, com 20 a 50% de cobertura arbórea (FIGUEIREDO, 2012).

A área inicial (A1) localiza-se a uma altitude de 190 m, sendo caracterizada por

uma vegetação pouco densa, com predominância de plantas de porte herbáceo e

arbustivo, não maiores que 2,5 m de altura, sem registro de cultivo nos últimos dez anos

e com uma área de pastagem abandonada há cerca de dois anos. De acordo com

Figueiredo (2012) é a área com menor riqueza e abundância de espécies vegetais

lenhosas, contabilizando um total de onze espécies e uma abundância média de 19

indivíduos. Está localizada ao longo das estradas que levam à Unidade de Conservação,

sendo uma área mais degradada com cobertura vegetal reduzida (área aberta) e sinais de

interferência antrópica (como por exemplo, a criação de gado).

A área intermediária (A2)possuielevação média de 187 m, e encontra-se em

processo de regeneração mais avançado, acerca de quatro anos sem atividade pecuária

ou de extração de madeira. A vegetação é mais densa se comparada à área A1. É uma

Figura 2.Mapa com a localização das áreas de coleta (inicial - A1 e intermediária - A2). Área

destacada correspondendo ao MONA Grota do Angico.

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área bastante heterogênea e com presença de espécies arbóreas, com altura de quatro a

seis metros, além da presença de bromélias. Figueiredo (2012) amostrou uma riqueza

da vegetação de 14 espécies arbóreas e uma abundância média de 80 indivíduos por

parcela do referido trabalho. Esta área está localizada dentro monumento natural e

possui tanto vegetação arbustiva como arbórea (área mais fechada).

A C

B D

Figura 3. Áreas de coleta no MONA Grota do Angico, Sergipe, Brasil: (A) e (B), área inicial; (C)

e (D), área intermediária, denominada “trilha do Cangaço”; (A) e (C) período seco; (B) e (D)

período chuvoso. Fotos: SANTOS Jr, J. F. G.

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5.2. Métodos de amostragem

5.2.1. Análises ecológicas

O período amostral da coleta de dados correspondeuao intervalo entre os meses

de dezembro de 2012a novembro de 2013, totalizando doze meses de coleta. Nas duas

áreas de coleta foram marcados pontos, onde foram instaladas armadilhas pitfalls com

iscas atrativas. Em cada área foram dispostos dez pontos, ao longo de uma trilha, cada

um distante do subsequente 200 metros, perfazendo um transecto de 2.000 metros,

distâncias essas demarcadas com o uso de coordenadas geográficas (Figura 2). A

marcação de cada um dos dez pontos foi realizada com fitas de tecido rosa colocadas na

vegetação para facilitar a orientação dentro do terreno, visto ser uma cor que se destaca

do ambiente.

Em cada ponto foram dispostas três armadilhas do tipo pitfall, cada uma com um

diferente atrativo, sendo estes: fezes humanas, fígado bovino e banana prata (estes dois

últimos, já em estado de putrefação), adaptado da metodologia de Silva et al. (2012). As

fezes foram cedidas pelo LAMAC (Laboratório de Análises Clínicas Ltda.), onde

estavam conservadas em geladeiras. Os pitfalls foram colocados a uma distância de 20

metros entre si, formando um triângulo (Figura 4). Os fitilhos também foram utilizados

para marcar a posição dos pitfalls e as iscas utilizadas em cada uma, evitando assim, em

caso de remoção das iscas, interpretação errônea dos dados coletados.

Cada pitfallfoi composta por um recipiente de plástico (garrafa plástica do tipo

PET cortada pouco acima da metade) com 15 centímetros de profundidade por 10

centímetros de diâmetro de abertura (Figura 5A). As iscas foram depositadas em potes,

Figura 4. Esquematização da disposição dos pontos de coleta e das armadilhas nas áreas de estudo.

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do tipo coletor de urina de 50 mL (Figura 5B). As tampas destes potes foram

previamente perfuradas, para possibilitar a saída dos odores que atraem os

escarabeíneos.

As armadilhas foram enterradas no solo, fazendo com que a sua abertura ficasse

nivelada com o mesmo, para possibilitar a queda dos besouros. O recipiente PET foi

preenchido até próximo à metade com uma solução de água, sal (NaCl) e detergente

neutro. O sal serviu para conservar o material durante o tempo de permanência das

armadilhas no campo e o detergente serviu para quebrar a tensão superficial da água,

fazendo com o que os insetos que caíssem na armadilha afundassem na solução, não

sendo perdidos, caso houvesse transbordamento do conteúdo da pitfall.

Para cada armadilha, um pote coletor foi colocado no meio da abertura do pitfall,

sustentado através de uma armação de arame (Figura 6), assim o inseto ao ser atraído

caía na armadilha antes de entrar em contato com a isca. As armadilhas permaneceram

em campo 48h antes de serem retiradas.

Figura 6. Posição do pote coletor contendo a isca, pendurado por arame, no centro da abertura do

pitfall.

B A

Figura 5. Método de coleta utilizado para a captura de besouros escarabeíneos no MONA Grota do

Angico, Sergipe, Brasil: (A), recipiente de plástico utilizado como armadilha pitfall; (B), pote coletor

utilizado para armazenamento das iscas a serem colocadas nas armadilhas. Fotos: SANTOS JR., J.F.G.

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Para retirar os insetos e demais invertebrados das armadilhas, foram utilizadas

peneiras comuns de malha fina e também redes utilizadas em aquários. Os espécimes

coletados foram então, transferidos para sacos plásticos transparentes e devidamente

etiquetados com as seguintes informações: mês de coleta, área de coleta, numeração do

ponto de coleta e tipo de isca da armadilha.

Os sacos contendo os espécimes coletados foram então depositados em um

recipiente maior contendo álcool 80% para transporte até o Laboratório de Entomologia

do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Sergipe. Ao todo foram

utilizados 60 pitfalls iscados, sendo 30 montados na área inicial e 30 na intermediária.

5.2.2 Identificação, montagem e conservação dos espécimes

No Laboratório de Entomologia do DBI/UFS, todo o material foi triado a fim de

separar os escarabeíneos dos demais coleópteros e invertebrados. Todos os escarabeínos

foram contabilizados de acordo com as seguintes características: mês de coleta, área,

ponto em que foi coletado e isca utilizada.

Depois de triados, os besouros passaram por banhos em solução de água com

detergente(10 mL de detergente para 50 mL de água), e depois água pura,

respectivamente, em um recipiente plástico. Posteriormente foram utilizados cotonetes e

uma pinça com a ponta envolta em uma fina camada de algodão, para retirar a sujeira do

exoesqueleto. O intuito desse processo é diminuir o mau cheiro causado pelo modo de

vida do indivíduo (VAZ-DE-MELLO, comunicação pessoal).

Os indivíduos foram então montados utilizando-se alfinetes entomológicos, de

tamanhos nº 4 ou 2.Para indivíduos muito pequenos foi feita dupla montagem com

triângulos de papel, fixando-os com a utilização de cola branca comum. Depois de

alfinetados os escarabeíneos foram secos em estufa onde permaneceram 48 horas e,

posteriormente, foram armazenados em armário entomológico para serem incorporados

à Coleção Entomológica do Laboratório de Entomologia, da Universidade Federal de

Sergipe (CEUFS).

A identificação dos indivíduos em nível de gênero e subgênero foirealizada

utilizando-se a chave de identificação dicotômica de Vaz-de-Mello et al., 2011. Para a

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identificação em nível específico, o material foi enviado aos especialistas em taxonomia

de Sacarabaeinae, Dr. Fernando Z. Vaz-de-Mello, da Universidade Federal do Mato

Grosso (UFMT), e Dr. Paschoal C. Grossi, da Universidade Federal Rural de

Pernambuco (UFRPE).

5.3. Dados de pluviosidade

Os dados referentes à precipitação mensal foram coletados junto à Secretaria de

Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe –SEMARH/SE.

Após coletados os dados, a pluviosidade total e a abundância de escarabeíneos,

foram analisadas para confirmar se há ou não uma correlação entre ambas, utilizando-se

o coeficiente de correlação produto-momento ou coeficiente de correlação de Pearson

(r), desenvolvido por Karl Pearson em 1896, segundo Callegari-Jacques (2003), cuja

fórmula é:

𝑟 = 𝑐𝑜𝑣𝑥𝑦

𝑠𝑥+ 𝑠𝑦, onde𝑐𝑜𝑣𝑥𝑦 =

𝑥− 𝑥 𝑦− 𝑦

𝑛−1

Esse coeficiente é uma medida de intensidade de associação existente entre duas

variáveis quantitativas, podendo variar de -1 a +1, onde valores negativos indicam

correlação inversa, quando x aumenta, y, em média, diminui, e valores positivos

correspondem a correlações diretas (CALLEGARI-JACQUES, 2003). Por fim, foi

determinado o coeficiente de determinação (r2), sendo este o quadrado do coeficiente de

correlação informando que a fração da variabilidade de uma característica é explicada

estatisticamente pela outra (CALLEGARI-JACQUES, 2003).

5.4. Análises dos dados faunísticos

5.4.1. Abundância e riqueza dostáxons

Para verificar se houve diferença significativa na média da riqueza e abundância

relativa de escarabeíneos entre as áreas de coleta, foram utilizados os seguintes testes:

teste t de Student para abundância e Wilcoxon para a riqueza.

Para verificar se houve diferença significativa na média da riqueza e abundância

relativa de escarabeíneos entre as iscas utilizadas, foi utilizado o modelo GLM

(family=quasipoisson) e feita a análise de variância (ANOVA) com o teste F (Fisher),

inserindo os dados de riqueza e abundância encontrada iscas utilizadas. As

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análisesforam feitas utilizando-se o software estatístico R (R Development Core Team,

2008), com nível de significância de 5%.

Foi calculadotambém o estimador de riqueza Jackknife de 1ª ordem (Jack1)

(COLWELL&CODINGTON, 1994), considerado um dos melhores estimadores não-

paramétricos de riqueza de espécies (WALTHER & MOORE, 2005). Este foi calculado

no software DivEs versão 2.0-SP3 (RODRIGUES, 2005).O Jacknife de 1ª ordem estima

a riqueza de espécies de uma comunidade. A experiência sugere que este seja um bom

estimador de riqueza de espécies, e este pode ser calculado pela fórmula:

𝐸𝑑 = 𝑆𝑜𝑏𝑠 + 𝑠1 𝑓 − 1

𝑓

Onde: Sobs= número de espécies observadas; s1 = o número de espécies que está

presente em somente um agrupamento (espécies de um agrupamento) e f = o número de

agrupamentos que contém a-iésima espécie de um agrupamento.

O número observado e o estimado de espécies foram comparados par-a-par em

cada área. Para isso utilizou-se osoftware Past 3.01 (Hamer,Harper & Ryan, 2001),

sendo o teste t pareado para os valores da área inicial e Wilcoxon pareado para a área

intermediária. Em cada contraste estudado foi considerado um intervalo de 95% de

confiança ( = 0,05).

5.4.2. Índices de ocorrência e dominância

Para a análise de ocorrência e dominância das espécies e/ou gêneros de

Scarabaeinae capturados em cada áreafoi utilizada a classificação proposta por Palma

(1975) apud Abreu & Nogueira (1989), como um indicador da frequência de ocorrência

e da quantidade capturada dos táxons.

O índice de ocorrência é calculado como segue: [número de amostras onde for

registrado o táxon/ número total de amostras de cada local] x 100. Por este método

ocorrem as seguintes classes: de 0 a 25% = acidental; de 25% a 50% = acessória; e de

50% a 100% = constante. O índice de dominância é dado por: [número de indivíduos do

táxon/ número total de indivíduos de cada localidade] x 100. Deste modo, os táxons

(espécies e/ou gêneros coletados) serão agrupados em três classes: de 0 a 25% =

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acidental; de 25% a 50% = acessória; e de 50% a 100% = dominante (SCATOLINI &

PENTEADO-DIAS, 2003).

A combinação destes dois índices permitiu classificar os táxons em: comum, o

que é constante e dominante; intermediário, o que é constante e acessório; constante e

acidental; acessório e acidental; acessório e dominante; acessório e acessório; e raro o

que é acidental e acidental (SCATOLINI & PENTEADO-DIAS, 2003).

5.4.3. Índices de diversidade e equitabilidade

Foram calculados os índices de diversidade de Shanon-Wiener (H’) e Simpson

(D), considerados os melhores índices e os mais robustos para análise de diversidade

(MAGURRAN, 1988). Estes foram calculados utilizando-se o software DivEs versão

2.0-SP3 (RODRIGUES, 2005), para comparação da diversidade entre as duas diferentes

áreas de coleta e entre as diferentes iscas utilizadas.

O índice de diversidade de Shanon-Wiener foi proposto por Shanon (1948), e

possui uma vantagem em relação aos índices de Margalef, Gleason e Menhinick, pois é

apropriado para amostras aleatórias de espécies de uma comunidade ou sub-comunidade

ou sub-comunidade de interesse, e é estimado através da seguinte equação

(RODRIGUES, 2007):

𝐻′ = − 𝑝𝑖 𝐿𝑜𝑔 𝑝𝑖

Onde: pi é a proporção da espécie em relação ao número total de espécimes

encontrados nos levantamentos realizados.

O índice de diversidade de Simpson foi proposto por Simpson (1949), e possui

uma vantagem em relação aos índices de Margalef, Gleason e Menhinick, pois não

somente considera o número de espécies (s) e o total de números de indivíduos (N), mas

também a proporção do total de ocorrência de cada espécie. A diversidade de Simpson é

estimada através da seguinte equação (RODRIGUES, 2007):

𝑙𝑠 = 𝑛𝑖 𝑛𝑖 − 1

𝑁 𝑁 − 1

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Onde: ni é o número de indivíduos de cada espécie e N é o número total de

indivíduos.

Os valores dos índices de diversidade de Shanon-Wiener e Simpson foram

comparados através de teste Wilcoxon, par a par por áreas de coletas (área 1 x área 2),

utilizando-se osoftware Past 3.01 (Hamer,Harper & Ryan, 2001). Em cada contraste

estudado foi considerado um intervalo de 95% de confiança ( = 0,05).

Foi calculada também a equitabilidade entre as espécies (equitabilidade J),

utilizando o DivEs. A equitabilidade se refere à distribuição dos indivíduos entre as

espécies, sendo proporcional à diversidade e inversamente proporcional a dominância.

A medida de equitabilidade ouequidade compara a diversidade de Shanon-Wiener com

a distribuição das espécies observadas que maximiza a diversidade (RODRIGUES,

2007). Este índice é obtido através da equação:

𝐽 = 𝐻′

𝐻𝑚𝑎𝑥 ′

Onde H’ é o Índice de Shanon-Wiener e Hmax’ é dado pela seguinte expressão:

𝐻𝑚𝑎 𝑥 ′ = 𝐿𝑜𝑔 𝑠

Onde s é o número de espécies amostradas.

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6. RESULTADOS

Foram amostrados 597 escarabeíneos durante os doze meses de coleta,

representando doze espécies distribuídas em onze gêneros (Tabela 1). A espécie com

maior amostragem foiDeltochilum (Calhyboma) verruciferumFelsche, 1911 com 470

indivíduos coletados. Já os táxons com menor amostragem, com um indivíduo cada,

foram: Malagoniella (Megathopa) astyanax punctatostriata (Blanchard, 1845) e

Canthon (Canthon) mutabilis Lucas, 1859.

Tabela 1.Táxons de Scarabaeinae coletados no Monumento Natural Grota do Angico, Poço Redondo,

Sergipe, de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

Táxons Morfoespécie* Abundância

Ateuchus aff.carbonarius(Harold, 1868) sp. 11 10

Canthidium sp. sp. 7 19

Canthon (Canthon) mutabilis Lucas, 1859 sp. 9 1

Canthon sp. sp. 10 8

Coprophanaeus (Metalophanaeus) pertyi

(d'Olsoufieff, 1924)

sp. 6 4

Dichotomius (Luederwaldtinia) nisus

(Olivier, 1789) sp. 3 62

Digitonthophagusgazella (Fabricius, 1787) sp. 4 10

Deltochilum (Calhyboma) verruciferumFelsche, 1911

sp. 1

470

Malagoniella (Megathopa) astyanax

punctatostriata (Blanchard, 1845)

sp. 2

1

Onthophagus sp. sp. 5 3

Trichillum externepunctatum Preudhomme

de Borre, 1880

sp. 8

5

Uroxys sp. sp. 12 4

Total 597

* Os táxons foram enumerados em morfoespécies para auxiliar na exposição dos resultados das tabelas 3

e 4.As morfoespécies estão enumeradas de acordo com as análises estatísticas que foram feitas, não

seguindo a ordem alfabética dos táxons.

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20

Figura 7. Abundância dos escarabeíneos amostrados ao longo dos doze meses de coleta e precipitação total ao

longo dos primeiros onze meses de estudo, no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

6.1. Pluviosidade mensal e abundância

Os dados de pluviosidade mensais foram disponibilizados pelo setor de

meteorologia da SEMARH/SE (Tabela 2), entretanto a medição referente ao mês de

novembro de 2013 não foi disponibilizada por causa de problemas técnicos ocorridos na

estação de coleta de dados.

Durante a coleta, os meses de janeiro e agosto foram os que apresentaram o

maior número de indivíduos amostrados, 88 e 74 respectivamente, enquanto que com

cinco e nove indivíduos, os meses de dezembro e março, respectivamente, tiveram

menores números em abundância de indivíduos (Figura 7).

A correlação foi realizada utilizando-se somente os dados até o mês de outubro

de 2013 tanto para precipitação quanto para abundância, visto que os dados de

novembro de 2013 de precipitação não estavam disponíveis. Os dados de abundância

para as áreas inicial e intermediária (Tabela 3) foram analisados separadamente. Tanto

os dados de precipitação quanto os de abundância são paramétricos, resultado obtido

através do teste de normalidade Shapiro-Wilk (área inicial - w = 0,93; p = 0,45; área

intermediária - w = 0,91; p = 0,26; e pluviosidade - w = 0,86; p = 0,05).

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Figura 8. Diagrama de dispersão para os valores de abundância de escarabeíneos e pluviosidade total,

durante os meses de dezembro de 2012 a outubro de 2013 no MONA Grota do Angico, Poço Redondo,

Sergipe, Brasil: (A) área inicial; (B) área intermediária.

Tabela 2. Abundância de escarabeíneos de dezembro de 2012 a novembro de 2013, em duas

áreas de coleta (inicial e intermediária), no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe,

Brasil.

Meses do ano Área inicial Área intermediária Dezembro 0 5

Janeiro 38 50

Fevereiro 29 39

Março 5 4 Abril 38 12

Maio 14 30

Junho 8 41 Julho 4 20

Agosto 19 55

Setembro 16 35

Outubro 15 53 Novembro 23 44

Analisando o diagrama de dispersão (Figura 8), observamos que as variáveis

pluviosidade e abundância não aparentam possuir uma correlação nas duas áreas. Na

área inicial o valor do coeficiente de Pearson (p>0,8) foi r = 0,05 e o coeficiente de

determinação foi de r2 = 0,0025. Já na área intermediária, r = 0,23 (p>0,4), e o

coeficiente de determinação r2 = 0,05.

Observando os valores dos dois coeficientes podemos concluir que não há uma

correlação significativa pelo baixo valor encontrado para os dois r. O coeficiente de

determinação indica que apenas 0,25% e 5% dos dados de abundância dos

escarabeíneos da área inicial e intermediária, respectivamente, seriam explicados pela

pluviosidade, e a maior parte da abundância nas duas áreas, deve ser explicada por

outros fatores.

A B

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6.2.Índices de ocorrência e dominância

A dominância e ocorrência das espécies foram analisadas de acordo com a área

de estudo (áreas inicial e intermediária) (Tabela 4) e com o tipo de isca utilizado (fezes,

banana ou carne) (Tabela 5).

Deltochilum verruciferum foi o único táxon classificado como comum em todos os

tratamentos com exceção de banana, que foi o único tratamento a não apresentar táxons

comuns. Canthidium sp., Trichilum externepunctatum, Canthon sp., C. mutabilis,

Uroxys sp., Onthophagus sp. e M. astyanax punctatostriata foram classificados como

raros nas duas áreas em todos os tratamentos (Tabelas 4 e 5).

Tabela 3. Abundância de escarabeíneos coletados com três diferentes tipos de iscas (carne,

banana e fezes), na área inicial e intermediária do MONA Grota do Angico, Poço Redondo,

Sergipe, Brasil, de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

Espécies Área inicial Área intermediária

Carne Banana Fezes Carne Banana Fezes

sp. 1 47 5 80 81 17 240

sp. 2 0 0 1 0 0 0

sp. 3 1 7 44 1 0 9

sp. 4 4 0 5 0 0 1

sp. 5 0 0 1 0 0 2

sp.6 0 0 4 0 0 0

sp. 7 0 0 1 0 0 18

sp. 8 0 0 2 0 0 3

sp. 9 0 0 1 0 0 0

sp. 10 0 0 0 2 0 6

sp. 11 1 1 4 0 0 4

sp. 12 0 0 0 0 0 4

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Tabela 4. Classificação das espécies de escarabeíneos coletados nas áreas, inicial e intermediária, do

MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, segundo os índices de ocorrência e dominância

de Palma (1975).

Espécies Área inicial Área intermediária

D. verruciferum Comum Comum

M. a. punctatostriata Raro Raro

D. nisus Intermediário Intermediário

D. gazella Intermediário Raro

Onthophagus sp. Raro Raro

C. pertyi Intermediário Raro

Canthidium sp. Raro Intermediário

T. externepunctatum Raro Raro

C. mutabilis Raro Raro

Canthon sp. Raro Intermediário

Atheuchussp. Intermediário Intermediário

Uroxys sp. Raro Raro

Tabela 5. Classificação das espécies de escarabeíneos coletados de acordo com o tipo de isca nas áreas,

inicial e intermediária, doMONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, segundo os índices de

ocorrência e dominância de Palma (1975).

Espécies Área inicial Área intermediária

Carne Banana Fezes Carne Banana Fezes

D. verruciferum Comum Intermediário Comum Comum Intermediário Comum

M. punctatostriata Raro Raro Raro Raro Raro Raro

D. nisus Raro Intermediário Intermediário Raro Raro Intermediário

D. gazella Raro Raro Intermediário Raro Raro Raro

Onthophagus sp. Raro Raro Raro Raro Raro Raro

C. pertyi Raro Raro Intermediário Raro Raro Raro

Canthidium sp. Raro Raro Raro Raro Raro Intermediário

T. externepunctatum Raro Raro Raro Raro Raro Raro

C. mutabilis Raro Raro Raro Raro Raro Raro

Canthon sp. Raro Raro Raro Raro Raro Intermediário

Atheucussp. Raro Raro Intermediário Raro Raro Intermediário

Uroxys sp. Raro Raro Raro Raro Raro Raro

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24

6.3. Abundância e riqueza nas áreas

A abundância (Tabela 3) e riqueza (Tabela 6) das áreas (inicial e intermediária)

ao longo dos meses foram comparadas com o intuito de saber se há ou não diferença

entre áreas.

Tabela 6. Riqueza de espécies de escarabeíneos por mês,de dezembro de 2012 a

novembro de 2013 nas áreas inicial e intermediária, do MONA Grota do Angico, Poço

Redondo, Sergipe, Brasil.

Meses do ano Área inicial Área intermediária Dezembro 0 1

Janeiro 2 1 Fevereiro 1 1

Março 2 1 Abril 5 4 Maio 3 3 Junho 3 5 Julho 3 5

Agosto 4 5 Setembro 4 2 Outubro 4 4

Novembro 3 1

Os dados de abundância apresentaram valores paramétricos no teste de

normalidade Shapiro-Wilk (w = 0,94; p = 0,15), por essa razão foi utilizado o teste t. As

abundâncias apresentaram diferença significativa (t = -2,33; p = 0,03), com a área

intermediária possuindo a abundância de escarabeíneos maior que a área inicial nos

meses de coleta (Figura 9).

Já para a riqueza os valores foram não paramétricos segundo o teste de Shapiro-

Wilk (w = 0,91; p = 0,03), então o teste utilizado foi o de Wilcoxon. As riquezas das

duas áreas não apresentaram diferença significativa (w = 74; p = 0,92), indicando assim

que apesar da área intermediária apresentar valores em alguns meses superiores aos da

inicial, as áreas não se diferenciam pela riqueza de escarabeíneos (Figura 9).

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25

6.4. Equitabilidade, índice de diversidade e estimador de riqueza

Os índices ecológicos equitabilidade, diversidade de Shanon-Wiener e de

Simpson e o estimador de riqueza Jacknife de 1ª ordem para as áreas de coleta e tipos de

isca utilizados, estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Análise faunística de Scarabaeinae coletados em duas áreas (inicial e intermediária) durante o

período de dezembro de 2012 a novembro de 2013, no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe,

Brasil, onde: (N) Número total de indivíduos analisados ou tamanho da amostra; (S) Riqueza de gêneros;

(S’) Riqueza de espécies; (H’) Índice de diversidade de Shanon-Wiener; (Ds) Índice de diversidade de

Simpson; (J) Índice de equitabilidade; (J1ª) Jacknife de 1ª ordem.

Área de coleta N S S’ H’ Ds J J1ª

Área inicial 209 10 10 0,4761 0,9151 0,4411 0±9

Área intermediária 388 9 9 0,2655 0,9135 0,246 1±9,44

A figura 10 demonstra a comparação dos valores encontrados pelo estimador de

riqueza Jacknife, com os dados observados de riqueza para a área inicial, e a figura 11

representa os mesmos dados para a área intermediária.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Inicial Intermediária

Ab

un

dân

cia

méd

ia d

e e

scarab

eín

eos

Áreas

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Inicial Intermediária

Riq

ueza m

éd

ia d

e e

scarab

eín

eos

Áreas

Figura 9. Comparação entre os escarabeíneos coletados de dezembro de 2012 a novembro de 2013, nas áreas

inicial e intermediária do MONA Grota do Angico de acordo com: (A) abundância; (B) riqueza.

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6.4.1. Comparação dos índices: Shanon-Wiener, Simpson e Jacknife

As duas áreas foram comparadas par a par, ou seja, H’inicial x H’intermediária e

Dsinicial x Dsintermediária. Utilizando o teste de normalidade Shapiro-Wilk para determinar

qual teste utilizar concluiu-se que os dois índices possuem uma distribuição não

paramétrica. Realizando o teste de Wilcoxon pareado os resultados são que: para o

0123456789

10

Riq

ueza d

e e

scarab

eín

eos

Meses do ano

Jacknife

Observada

0123456789

10

Riq

ueza

de e

sca

ra

beín

eos

Meses do ano

Jacknife

Observada

Figura 10. Riqueza observada e riqueza estimada (Jacknife 1ª ordem) de escarabeíneos na área

inicial do MONA Grota do Angico, durante o período de dezembro de 2012 a novembro de 2013.

Figura 11. Riqueza observada e riqueza estimada (Jacknife 1ª ordem) de escarabeíneos na área

intermediária do MONA Grota do Angico, durante o período de dezembro de 2012 a novembro de

2013.

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27

índice de diversidade Shanon-Wiener as áreas não diferem significativamente (V = 44,

p = 0,10). Já para os índices de diversidade de Simpson diferem (V = 50, p = 0,02).

Com os valores de Jacknife foi testado dentro de cada área: riqueza observada x

riqueza estimada, para as áreas inicial e intermediária. Tanto a área inicial com teste t

pareado (t = 6,31; p = 0,05), quanto para a área intermediária com teste de Wilcoxon

pareado (V = 66; p = 0,004) diferem os valores de riqueza observados dos estimados.

6.5. Abundância e riqueza nas iscas

A abundância e riqueza de escarabeíneos nos tipos de isca (carne, banana e fezes)

foram comparadas com auxílio de GLM e ANOVA (family = quasipoisson; teste F). Os

dados necessários para execução dos testes estão apresentados na tabela 8. A análise da

normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk mostra que toda a sequência de dados utilizada

possui uma distribuição não paramétrica:

Área inicial Abundância → W = 0,69; p = 0,0001

Riqueza → W = 0,84; p = 0,0001

Área intermediária: Abundância → W = 0,73; p = 0,0009Riqueza → W = 0,75; p = 0,000002

Tabela 8. Abundância e riqueza de escarabeíneos coletados com três diferentes tipos de iscas (carne,

banana e fezes), no MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, de dezembro de 2012 a

novembro de 2013.

Iscas Área inicial Área intermediária

Abundância Riqueza Abundância Riqueza

Carne 53 4 84 3

Banana 13 3 17 1

Fezes 143 10 287 9

6.5.1. Área inicial

A abundância de escarabeíneos diferiu (F= 3.21; p= 0,05) entre as iscas

utilizadas, com fezes sendo significativamente diferente de banana e carne (Figura 12).

Já carne e banana não diferiram significativamente.

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28

A riqueza também diferiu (F = 6.83; p = 0,003)entre as iscas utilizadas, com

fezes sendo significantemente diferente de banana e carne (Figura 13). Já carne e

banana não diferiram significativamente.

a

a

b

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

carne banana fezes

Ab

un

ncia

méd

ia d

e e

sca

ra

beín

eos

Tipos de isca

a a

b

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

carne banana fezes

Riq

ueza

méd

ia d

e e

sca

ra

beín

eos

Tipos de isca

Figura 12. Abundância média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área inicial do

MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no período de dezembro de 2012 a

novembro de 2013.

.

Figura 13. Riqueza média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área inicial do

MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no período de dezembro de 2012 a

novembro de 2013.

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29

6.5.2. Área intermediária

A abundância de escarabeíneos diferiu(F = 10,99; p = 0,0002) entre as iscas

utilizadas, com fezes sendo significantemente diferente de banana e carne (Figura 13).

Já carne e banana não diferem significativamente. A riqueza também difere (F = 15,45;

p = 0,00001)entre as iscas utilizadas, com fezes sendo significantemente diferente de

banana e carne, e banana sendo diferente significativamente de carne (Figura 14).

a

a

b

0

5

10

15

20

25

30

35

carne banana fezesAb

un

ncia

méd

ia d

e e

scarab

eín

eos

Tipos de isca

a

b

c

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

carne banana fezes

Riq

ueza m

éd

ia d

e e

sca

ra

beín

eos

Tipos de isca

Figura 14. Abundância média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área

intermediária do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil,no período de

dezembro de 2012 a novembro de 2013.

Figura 15. Riqueza média de escarabeíneos, por tipo de isca, coletados na área intermediária

do MONA Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe, Brasil, no período de dezembro de

2012 a novembro de 2013.

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30

7. DISCUSSÃO

Os 597 indivíduos coletados, distribuídos em doze espécies e onze gêneros,

representam uma abundância reduzida se comparada, por exemplo, aos 5.382

escarabeíneos (onze espécies em nove gêneros) amostrados no trabalho de Lima et al.

(2013) no Parque Botânico do Ceará (Mata Ciliar de Carnaúba e Mata de Tabuleiro).

Outro exemplo são os 8.502 (41 espécies na Mata Seca) escarabeíneos coletados no

trabalho de Oliveira et al. (2011) em uma área de transição Cerrado-Caatinga (Mata

Seca, Mata Ciliar e Cerrado).

Em estudos realizados inteiramente no bioma Caatinga, o número reduzido de

indivíduos, principalmente no período de seca, se deve ao ambiente seco e quente,

restringindo o aparecimento dos indivíduos durante o dia (desidratação). Além disso, a

produção primária reduzida é incapaz de sustentar uma grande quantidade de

mamíferos, principais organismos que alimentam os escarabeíneos (HERNÁNDEZ,

2005).

Além das adversidades do ambiente, muitas das armadilhas acabavam sendo

danificadas por interferência tanto de animais silvestres (cachorros-do-mato, roedores,

marsupiais, felinos), quanto domésticos (cachorros, gatos, gado). Da totalidade de

armadilhas dispostas, 20% (13% fezes, 6% carne e 1% banana) amostraramos

escarabeíneos apresentados no estudo. Os outros 80% das armadilhas ou não coletaram

escarabeíneos ou foram danificadas. Apesar de ser uma Unidade de Conservação, o

MONA Grota do Angico possui um intenso trânsito de gado pelas cercanias e também

na área de preservação, bem como cachorros e gatos, que juntamente com a fauna local,

acidentalmente ou buscando recursos alimentares, destruíam/retiravam algumas

armadilhas. Isso pode ter influenciado numa menor abundância de espécimes coletados.

Hernández (2005) em trabalho realizado na Caatinga paraibana encontrou 518

escarabeíneos (representando 20 espécies em onze gêneros) em Curimataú, e 152

indivíduos (sendo 140 coletados na época chuvosa e catorze na seca), na região do

Parque Estadual da Pedra da Boca. Hernández (2007), em um outro estudo realizado

também na Caatinga paraibana, na Reserva Particular do Patrimônio natural (RPPN)

Fazenda Almas (depressão Sertaneja Setentrional), encontrou 918 indivíduos (incluindo

20 morfoespécies, das quais dez espécies foram identificadas em treze gêneros). Liberal

et al. (2011) encontrou um total de 1.097 escarabeíneos (treze espécies em seis

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gêneros). Embora a abundância de escarabeíneos coletados não tenha sido grande, a

riqueza de gêneros e espécies coletadas assemelha-se a dos trabalhos citados realizados

no bioma Caatinga.

Os onze gêneros coletados também foram citados em outros trabalhos

(Hernández, 2005; Hernández, 2007, Lopes, 2006) com destaque para Deltochilum,

Dichotomius, Canthon, Canthidium, Trichilum, Uroxys, Ateuchus e Malagoniella, que

aparecem de forma constante nos trabalhos.Já quanto às espécies os destaques são: D.

verruciferum, D. nisus, M. astyanax eT. externepunctatum. D. verruciferum foi a

espécie predominante no presente estudo com 78,72% dos indivíduos, sendo uma

espécie exclusiva da Caatinga segundo Hernández (2007).

7.1. Pluviosidade mensal e abundância

Hernández (2005, 2007), Silva et al. (2007) e Liberal et al. (2011),

demonstraram uma correlação forte entre a abundância de escarabeíneos e a

pluviosidade do período amostral, não corroborando com os resultados encontrados para

a Caatinga sergipana, onde não houve correlação significativa.

Uma possível explicação para isso seriam os efeitos da seca do ano de 2012,

considerada a pior do Nordeste nos últimos 30 anos, desequilibrando o ambiente pela

excessiva falta de precipitação. Durante os meses de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013, com exceção de uma ocorrência de M. astyanax, todas as outras 160 ocorrências

observadas foram de D. verruciferum, indivíduo classificado como generalista

(HERNÁNDEZ, 2007), assim sendo, aproveitando-se dos recursos que ainda estariam

disponíveis no ambiente.

7.2. Índices de ocorrência e dominância

Na classificação de acordo com os índices de ocorrência e dominância de Palma

(1975), comparando-se os tipos de isca utilizadas nas coletas, D. verruciferum foi o

único táxon classificado como comum, tanto na área inicial como na intermediária, por

corresponder a aproximadamente 80% dos indivíduos, como também ao fato de possuir

hábito alimentar generalista de acordo com Hernández (2007), fazendo com que fosse

amostrado em todas as iscas utilizadas nesse estudo. Foi também o único táxon a não

ser classificado como raro nas iscas de carne.

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32

Nas iscas de banana, apenas duas espécies foram classificadas como

intermediários, D.verruciferum e D.nisus, o restante foi considerado raro. D.

verruciferum como já exposto anteriormente, é uma espécie generalista. Já D. nisus, é

considerada coprófaga (HERNÁNDEZ, 2007), mas mesmo assim apareceu na área

inicial, classificado como táxon intermediário. Entretanto, houve certa interferência nas

coletas, pois no ponto com isca de banana, em uma das ocasiões, havia um sapo morto

no pitfall, o que poderia ter alterado a atração dos indivíduos. D. nisus pode ser

preferencialmente coprófago, mas parece ser uma espécie saprófaga em determinadas

ocasiões. Esse comportamento corrobora com as observações de Halffter (1991), que

constatou que nas florestas tropicais das Américas, os besouros generalistas são

predominantes, ao contrário do que ocorre nas savanas africanas, onde os restritamente

coprófagos são dominantes.

Dentre todos os táxons amostrados considerados raros, M. astyanax e C.

mutabilis, tiveram, cada uma, apenas um indivíduo coletado. Essas espécies aparecem

também no trabalho realizado em Caatinga por Silva et al. (2007), com abundâncias

respectivamente de quatro e 31 indivíduos. Outros seis táxons, Onthophagus sp., D.

gazela, C. pertyi, T. externepunctatum, Ateuchus aff. carbonariuse Uroxys sp., tiveram

abundância entre três e dez indivíduos.

Os seguintes táxons na área inicial, Canthon sp. e Uroxys sp., e M. astyanax, C.

pertyi e C. mutabilis, na intermediária, foram classificados como raros em ambas as

áreas. Porém, isso se deve ao fato de que eles não foram amostrados nas respectivas

localidades. A metodologia aqui empregada (PALMA, 1975) classifica táxons com

índices de 0 a 25%, como acidental, tanto para a ocorrência quanto para a dominância, e

neste caso, com as duas classificações como acidental, o táxon é classificado como raro,

o que então explica os resultados obtidos para os táxons acima citados.

7.3. Abundância e riqueza nas áreas

Os resultados de abundância encontrados no presente estudo mostraram

que a área intermediária possui uma abundância de escarabeíneos significativamente

maior que a área inicial, durante as coletas realizadas no período de dezembro de 2012 a

novembro de 2013. Nesse período, apenas nos meses de março e abril, a área inicial

apresentou números de abundância maiores do que a intermediária. A fragmentação dos

habitats naturais induz mudanças na abundância e riqueza de coleópteros

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decompositores (KLEIN, 1989), o que explica a diferença encontrada para as duas

áreas. Resultado similar para abundância foi encontrado por Medri & Lopes (2001) na

Mata dos Godoy (Mata Atlântica) no Paraná, onde coletaram três vezes mais besouros

na área de floresta do que na área de pastagem. Os autores chegaram à conclusão de que

as condições microclimáticas favoráveis e a disponibilidade de recurso alimentar

(excrementos, carcaças e matéria vegetal em decomposição) dentro da floresta,

ocasionam essa diferença de abundância.

Em contraste, as riquezas não demonstraram diferença significativa entre as

áreas. As áreas com cobertura vegetal modificada, como a área inicial, fazem a

comunidade de escarabeíneos responder de forma negativa (NICHOLS et al.,2007).

Com isso, espécies adaptadas às novas condições podem/tendem a invadir o ambiente

recém-modificado causando aumento local no número de espécies (HALFFTER E

FAVILA 1993; DAVIS et al. 2001). Como a área inicial apresenta manchas de áreas

preservadas de Caatinga em seu entorno e dentro das áreas há criações de gado bovino

(disponibilidade de recurso), esse movimento de espécies pode justificar a semelhança

na riqueza de escarabeíneosentre a área conservada e a degradada.

7.4. Equitabilidade, diversidade e estimador de riqueza

Os valores totais da equitabilidade nas duas áreas, inicial e intermediária, foram

relativamente baixos, pois como visto D. verruciferrum sozinha representa 78,72% do

total de indivíduos, e como o número de indivíduos está concentrado em um só táxon,

isso gera uma baixa equitabilidade. Nesse cenário, observa-se que a equitabilidade da

área inicial é maior. Isso se explica pela porcentagem que D. verruciferum ocupa no

total de indivíduos de cada área, sendo que na área inicial é de 63,16% e na

intermediária de 87,11%.

Os valores de diversidade de Shanon-Wiener não demonstraram diferença

significativa entre as áreas, enquanto que os de Simpson indicaram uma área inicial

mais diversa, resultados estes contrários ao esperado. Medri & Lopes (2001)

demonstraram que em área de floresta (Mata Atlântica) a diversidade segundo o índice

de Shanon foi maior se comparada à área de pastagem, mostrando os efeitos da

interferência antrópica em uma comunidade de escarabeíneos. Não só a disponibilidade

de excremento bovino como recurso, como também a proximidade de manchas de

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Caatinga preservada, podem ter influenciado os resultados, resultando numa diversidade

maior para uma área degradada em relação à conservada.

Outra explicação seria com relação à própria condição da Caatinga preservada,

não só no Estado de Sergipe, mas no Nordeste brasileiro. A Caatinga sergipana é

dividida em ilhas segundo Castelleti et al. (2003) e Estrada, Coates-Estrada &Meritt

(1994) apontam que fragmentos florestais isolados coincidem com baixo número de

espécies de mamíferos enquanto que fragmentos de floresta não distantes parecem

favorecer a riqueza de espécies. Os escarabeíneos seriam sensíveis a essa fragmentação,

acarretando na diminuição de sua diversidade.

Os valores dos testes para Jacknife de 1ª ordem, tanto na área inicial como na

intermediária, mostraram que o estimador de riqueza apresentou valores que

significantemente diferiram do observado. Isso indica que o experimento não conseguiu

amostrar por inteiro a comunidade de escarabeíneos do MONA Grota do Angico.

7.5. Abundância e riqueza nas iscas

Em todos os tratamentos analisados (abundância e riqueza nos tipos de isca, em

cada área) as armadilhas iscadas com fezes obtiveram os maiores valores, tanto para

abundância quanto para riqueza de espécies. Apenas na análise na área intermediária, as

três iscas diferiram entre si, com relação à riqueza (Figura 14). Valores maiores de

abundância e riqueza nas iscas de fezes se repetem em trabalhos como, por exemplo, em

Silva et al. (2012), onde os números de escarabeíneos encontrados para fezes, carne e

banana no bioma de Pampa respectivamente foram: 3.433, 368 e 165 besouros; e o

número de espécies foi: 26, 16 e 13 spp. Viera & Silva (2012), em um e estudo em

Caatinga utilizando iscas de fezes e carne, encontraram 21 espécies, todas elas coletadas

em iscas de fezes, e apenas onze nas de carne.

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8. CONCLUSÃO

Este foi um dos primeiros trabalhos realizados com Scarabaeinae no Estado de

Sergipe e o primeiro para a Caatinga do Estado. Os táxons amostrados constituem parte

da comunidade de escarabeíneos da Caatinga sergipana, sendo, porém necessários mais

estudos, para avaliar a composição da fauna como um todo, visto que os resultados do

estimador de riqueza foram diferentes dos observados.

Os resultados encontrados para abundância demonstraram diferença entre as

áreas inicial e intermediária, porém quando se compara a riqueza entre as áreas, o

resultado mostra não haver diferença significativa entre as mesmas, o que não era o

esperado. Além da própria movimentação das espécies, o estado de conservação da

Caatinga pode explicar os resultados encontrados. A relação da dinâmica da

comunidade com a precipitação não foi observada, apesar de outros estudos em

Caatinga apontarem essa correlação entre o aumento das chuvas, com o aumento de

indivíduos da comunidade.

D. verruciferum foi o táxon mais abundante e é considerada uma espécie

exclusiva da Caatinga (HERNÁNDEZ, 2007) sendo agora, através deste trabalho,

também registrada para a Caatinga sergipana. Canthon sp. e Uroxys sp. foram somente

encontradas na área intermediária; e Canthidium sp. com apenas um indivíduo, do total

de 19 coletados, encontrada na área inicial. Isso indica que esses três táxons talvez

possam ser utilizados como indicadores de degradação ambiental. Porém, mais estudos

são necessários para se compreender melhor a dinâmica da comunidade antes de se

fazer qualquer afirmação, assim como a identificação específica dos mesmos.

Apesar da grande importância de Scarabaeinae na manutenção de um

ecossistema com funções diretamente relacionadas com a ciclagem de nutrientes,

dispersão secundária de sementes, controle biológico e outras, no Estado de Sergipe o

conhecimento sobre os escarabeíneos é escasso. Some-se a isso a precária conservação

da Caatinga no Estado, mostrando a necessidade da continuação de pesquisas, a fim de

conhecer e entender melhor a dinâmica da comunidade de escarabeíneos dentro da

Caatinga e demais biomas sergipanos.

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