programa de pós-graduação em letras sandra mariza de almeida
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
SANDRA MARIZA DE ALMEIDA SILVA
DOM CASMURRO E MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RELAÇÕES ENTRE RESENHAS NA COMUNIDADE VIRTUAL SKOOB
E A CRÍTICA ACADÊMICA
PORTO ALEGRE
2016
CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO EM LETRAS
SANDRA MARIZA DE ALMEIDA SILVA
DOM CASMURRO E MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: RELAÇÕES ENTRE RESENHAS NA COMUNIDADE VIRTUAL SKOOB E A CRÍTICA
ACADÊMICA
Dissertação de Mestrado em Letras apresentada ao Programa de pós-graduação em Letras – UniRitter como requisito para obtenção do título de mestre em Letras. Orientadora: Profª Drª Rejane Pivetta de Oliveira Coorientadora: Profª Drª Raquel Bello Vázquez.
Porto Alegre 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada no Setor de Processamento Técnico da Biblioteca
Dr. Romeu Ritter dos Reis
S586d
Silva, Sandra Mariza de Almeida.
Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas: relação entre
resenhas na comunidade virtual Skoob e a crítica acadêmica / Sandra
Mariza de Almeida Silva. – 2016.
176 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro Universitário Ritter dos Reis, Faculdade de Letras, Porto Alegre - RS, 2016.
Orientador: Profª. Dra. Rejane Pivetta de Oliveira. Coorientadora: Profª. Dr.a. Raquel Bello Vásquez
1. Literatura. 2. Crítica Literária. 3. Acadêmia. I. Título. II. Oliveira,
Rejane Pivetta de. II. Vásquez, Raquel Bello.
Dedico esta dissertação,
in memorian,
ao meu irmão
José Domingos
Agradeço ao Nelzo, meu marido, querido apoiador de todas as horas,
E aos meus guris, inspiradores de futuro, Felipe e Alvaro,
Agradeço a paciência com meus queixumes e a dedicação e competência com que as
professoras Rejane Pivetta e Raquel Bello Vázquez me orientaram neste trabalho,
E às professoras Leny Gomes, Neiva Tebaldi Gomes, Regina Silveira, Noely Maggi, Valéria
Brisolara, Dinorá Fraga, Márcia Zimmer, Vera Lúcia Pires, pelo pouco que pude apreender do
muito que são capazes de ensinar,
Agradeço às colegas Lilia, Ângela, Yordana, Cris, Beth, Ana Denise, Tânia,
que comigo compartilharam conhecimento e com as quais dividi agruras, e
A María Luisa Rodríguez, cuja tese, recém terminada, me serviu como última e necessária
fonte.
A todos que não me cobraram presença quando sabiam que era preciso me ausentar,
E aos que cobraram também, porque me fizeram confiar que sou lembrada,
À Força Divina que me nutre,
Obrigada.
“Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz meta
Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo-nada cabe, Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber O incabível [...]”
Gilberto Gil
RESUMO O objetivo desta pesquisa é identificar os parâmetros críticos a partir dos quais leitores contemporâneos, cadastrados na comunidade virtual Skoob, constroem a interpretação sobre os romances Dom Casmurro (DC) e Memórias Póstumas de Brás Cubas (MP), a fim de se verificar fatores indicativos de reprodução ou de renovação de padrões sociais de gosto e valor. Para isso, analisam-se as resenhas sobre DC e MP registradas na Skoob e observam-se as relações existentes entre os comentários nelas manifestados e a crítica produzida em contexto acadêmico, segundo o que dizem sobre Machado de Assis e sua obra, especialistas indicados nas bibliografias de disciplinas dos cursos de mestrado e doutorado de algumas universidades brasileiras. Justifica-se o empreendimento desta pesquisa porque avaliar as resenhas dos leitores poderá revelar os modos como se constroem, atualmente, os sentidos na leitura dos referidos romances machadianos fora dos contextos tradicionais de ensino. É uma pesquisa qualitativa de cunho antropológico, visto que se dedica a estudar um fenômeno social no lugar onde ele se manifesta. Utilizam-se como referencial teórico principal as teorias de Pierre Bourdieu (2013) sobre a formação do gosto, a correspondência entre os campos de produção e de consumo de bens, as de Itamar Even-Zohar (1993; 2013a; 2013b) sobre o papel da literatura como produto dentro de um polissistema e as de Rakeft Sela-Sheffy (2002) sobre a formação do cânone dos repertórios culturais. Palavras-chave: Machado de Assis. Leitura. Comunidade virtual.
ABSTRACT
The purpose of this research is to identify the critical parameters from which registered contemporary readers on Skoob virtual community build their interpretation of Dom Casmurro (DC) and The Posthumous Memoirs of Bras Cubas (MP) novels in order to verify indicative factors of reproduction or renovation of taste and value social patterns. In order to do so, DC and MP reviews registered on Skoob are analyzed and existing relations between their manifested comments and the critic produced in academic context are observed, according to what specialists listed on bibliography of master’s and doctorate courses of some Brazilian universities say about Machado de Assis and his work. This research justifies itself because evaluating readers’ reviews can reveal the ways by which current reading meanings of both Machado de Assis’s novels are built outside traditional teaching contexts. This is a quantitative study of anthropological nature since it is dedicated to studying a social phenomenon where it manifests itself. Theoretical support is mainly provided by theories of Pierre Bordieu (2014), on formation of taste and correspondence between goods production and consumption fields; Itamar Even-Zohar (1993; 2013a; 2013b), on the role of literature as a product within a polysystem; and Rakeft SelaSheffy (2002), on the cultural repertoires canon formation.
Keywords: Machado de Assis. Reading. Virtual community.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Dados quantitativos / Universidades nota 5 .................................................... 24
Figura 2 – Dados quantitativos / Universidades nota 6 .................................................... 25
Figura 3 – Dados quantitativos / Universidades nota 7 .................................................... 25
Figura 4 – Tela do Iramuteq com descrição do corpus .................................................... 32
Figura 5 – O Método de Reinert na barra de ferramentas do Iramuteq ......................... 32
Figura 6 – Tela de seleção das formas a serem analisadas no Iramuteq.......................... 34
Figura 7 – Exemplo de Dendograma de 5 classes ............................................................. 35
Figura 8 – Aba “Perfis” e colunas de classes..................................................................... 36
Figura 9 – Ex. de uma representação CHD ...................................................................... 37
Figura 10 – Ex. de árvore de cluster gerada a partir de análise de similitude................. 38
Figura 11 – Ex. de nuvem de palavras .............................................................................. 38
Figura 12 – Página para cadastro na Skoob ..................................................................... 47
Figura 13 – Página inicial da Skoob – imagem parcial ..................................................... 48
Figura 14 – Dados relacionados à leitura na Skoob .......................................................... 48
Figura 15 – Dom Casmurro entre os Top Mais da Skoob ................................................ 50
Figura 16 – Memórias P. de Brás Cubas entre os Top Mais da Skoob ............................ 50
Figura 17 – DC e MP nos diversos rankings Skoob .......................................................... 51
Figura 18 – Dendograma do corpus constituído a partir das resenhas sobre MP ........... 69
Figura 19 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 1 – resenhas MP ...................... 70
Figura 20 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 4 – resenhas MP ...................... 71
Figura 21 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 3 – resenhas MP ...................... 73
Figura 22 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 2 – resenhas MP ...................... 75
Figura 23 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 5 – resenhas MP ...................... 77
Figura 24 – Dendograma do corpus constituído a partir das resenhas sobre DC ........... 78
Figura 25 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – resenhas DC ..................... 79
Figura 26 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – resenhas DC ..................... 81
Figura 27 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – resenhas DC ..................... 82
Figura 28 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – resenhas DC ..................... 84
Figura 29 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de R. Schwarz ........... 85
Figura 30 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Schwarz............................ 87
Figura 31 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Schwarz............................ 89
Figura 32 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Schwarz............................ 91
Figura 33 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Schwarz............................ 93
Figura 34 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Schwarz............................ 95
Figura 35 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de A. Candido ........... 96
Figura 36 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Candido............................ 98
Figura 37 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Candido............................ 99
Figura 38 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Candido.......................... 101
Figura 39 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Candido.......................... 102
Figura 40 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Candido.......................... 104
Figura 41 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de A. Bosi ................ 105
Figura 42 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Bosi................................. 107
Figura 43 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Bosi................................. 108
Figura 44 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Bosi................................. 110
Figura 45 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Bosi................................. 111
Figura 46 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Bosi................................. 113
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
1.1 O CORPUS E A METODOLOGIA DE PESQUISA ...................................................... 18
1.1.1 Seleção e coleta das resenhas sobre DC e MP ........................................................... 18
1.1.2 Seleção e coleta dos textos críticos acadêmicos ........................................................ 20
1.1.3 Iramuteq – a ferramenta de análise das resenhas e dos textos críticos ................... 27
1.1.3.1 O Iramuteq e a importação dos corpora .................................................................... 29
1.1.3.2 A análise a partir do dendograma, dos perfis de classes (clusters) e das árvores de
palavras ............................................................................................................................... 34
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 39
2 COMUNIDADE VIRTUAL – NOÇÕES E CONTEXTUALIZAÇÃO ........................ 41
2.1 COMUNIDADE VIRTUAL – UMA METÁFORA PARA COMUNIDADE FÍSICA .... 44
2.2 A COMUNIDADE VIRTUAL SKOOB ......................................................................... 46
2.3 DOM CASMURRO E MEMÓRIAS PÓSTUMAS NO CONTEXTO DA SKOOB E A
NOÇÃO DE “COMUNIDADE INTERPRETATIVA” ........................................................ 49
3 MACHADO DE ASSIS – A INSTITUIÇÃO E A MANUTENÇÃO DO AUTOR NO
CÂNONE BRASILEIRO................................................................................................... 54
4 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA SKOOB E NA CRÍTICA
ACADÊMICA .................................................................................................................... 68
4.1 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA SKOOB ........................................ 68
4.1.1 A análise das resenhas sobre Memórias póstumas de Brás Cubas (MP) ................... 68
4.1.2 A análise das resenhas sobre Dom Casmurro (DC) .................................................. 78
4.2 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA CRÍTICA ACADÊMICA ............. 85
4.2.1 A Análise do livro Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis de
Roberto Schwarz ................................................................................................................ 85
4.2.2 A análise do livro Literatura e sociedade de Antonio Candido ................................ 96
4.2.3 A análise do livro Machado de Assis: o enigma do olhar de Alfredo Bosi .............. 105
5 DISCUSSÃO DOS DADOS .......................................................................................... 115
5.1 O CORPUS A PARTIR DAS RESENHAS SOBRE MP .............................................. 115
5.2 O CORPUS A PARTIR DAS RESENHAS SOBRE DC............................................... 115
5.3 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE SCHWRAZ UM MESTRE NA PERIFERIA DO
CAPITALISMO: MACHADO DE ASSIS ............................................................................ 117
5.4 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE ANTONIO CANDIDO LITERATURA E
SOCIEDADE ..................................................................................................................... 118
5.5 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE ALFREDO BOSI MACHADO DE ASSIS: O
ENIGMA DO OLHAR ........................................................................................................ 118
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 119
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 123
APÊNDICE A – CURSOS RECONHECIDOS CAPES – LETRAS .............................. 130
APÊNDICE B – RESUMO INFORMATIVO CURSOS NOTA 5 ................................. 133
APÊNDICE C – RESUMO INFORMATIVO INSTITUIÇÕES NOTA 6 .................... 143
APÊNDICE D – RESUMO INFORMATIVO INSTITUIÇÕES NOTA 7 .................... 152
APÊNDICE E – REFERENCIAL TEÓRICO GERAL ................................................. 156
APÊNDICE F – MACHADO DE ASSIS ........................................................................ 166
APÊNDICE G – ROBERTO SCHWARZ ...................................................................... 169
APÊNDICE H – ANTONIO CANDIDO ......................................................................... 171
APÊNDICE I – ALFREDO BOSI ................................................................................... 174
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1 INTRODUÇÃO
A literatura é uma prática significativa da cultura, que se constitui dentro de uma ordem
social e, por isso, também a representa (WILLIAMS, 2000). Não é possível interpretar o texto
sem considerar o contexto de produção; feita de outro modo, a leitura do texto literário, como
de resto a leitura de toda arte, se esvai em muito de seu sentido. Do mesmo modo, a
interpretação do texto literário também se modifica de acordo com o contexto de recepção.
Considerando-se a teoria de Pierre Bourdieu (2013) sobre a dinâmica do campo de produção e
consumo de bens, entende-se que os sentidos se constroem levando-se em conta que texto e
leitura são produtos de um determinado estado do campo. O texto, portanto, é consumido em
relação à posição e à função que ele ocupa em um determinado momento.
Além dos aspectos relacionados a suas significações, as leituras, que antes eram
atreladas apenas ao contato com a materialidade do texto impresso, hoje também se dão a partir
do acesso a um texto/espaço imaterial, que não se configura mais na dimensão do tato (ou até
do olfato) pois, no caso de um texto no suporte eletrônico, a leitura se realiza apenas a partir
das impressões colhidas pelo contato visual. Mais que isso, os modos de leitura que se
produzem via internet estão associados a uma estrutura de hipertexto1 que difere da leitura feita
a partir de um texto impresso. Ao leitor, antes acostumado apenas a avançar ou retornar páginas
do livro ou periódico que lia, agora é possível navegar simultaneamente entre textos, estes
tangenciados por palavras-chaves, e proceder a uma leitura transversal e fragmentada.
Para além das questões que envolvem a produção ou divulgação do texto literário em
meio virtual, esta dissertação propõe estender o olhar até aquele leitor já familiarizado com o
universo digital e acostumado a múltiplas possibilidades de leitura. Subentende-se este leitor
sendo aquele que se movimenta entre as antigas e as atuais tecnologias, que lê em novas mídias
tanto quanto no antigo suporte livro, que pode dispor de textos literários tanto nas estantes
físicas quanto nas virtuais, e que se sente à vontade para transcender à leitura encerrada em si
mesma e compartilhar as próprias impressões sobre ela.
Tal como aconteceu com a literatura, as relações cotidianas – intermediadas hoje
também pela internet, utilizando-se de softwares de comunicação de voz e vídeo, chats, blogs,
aplicativos para celular – compreendem-se tanto no espaço físico como no meio virtual. Em
pesquisa realizada sobre os hábitos de leitura dos brasileiros, o Instituto Pró-livro divulgou em
seu terceiro Retratos da leitura no Brasil, publicado em 2012, que 20% dos entrevistados
1 “Hipertexto é um texto em formato digital, reconfigurável e fluido [...] composto por blocos elementares ligados por links que podem ser explorados em tempo real na tela”. (LEVI, 1999, p.27).
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acessam a internet todos os dias. Entre aqueles que a utilizam, 42% o fazem para conhecer
pessoas ou trocar mensagens e 24% acessam especificamente redes sociais e blogs que tratem
sobre livros ou literatura. Estes dados corroboram a ideia de que os relacionamentos e o
compartilhamento de opiniões sobre as leituras vão além das conversas no ambiente físico,
entre familiares, amigos e colegas de trabalho.
Dentre os avanços tecnológicos da contemporaneidade, as mídias digitais são elementos
importantes no processo comunicativo. Para Lucia Santaella (2003a), porém, conforme o seu
significado literal, mídias podem ser consideradas apenas como meios, ou seja, simples canais
de transporte da informação, embora em termos de comunicação representem uma revolução:
[...] não devemos cair no equívoco de julgar que as transformações culturais são devidas apenas ao advento de novas tecnologias e novos meios de comunicação e cultura. São, isto sim, os tipos de signos que circulam nesses meios, os tipos de mensagens e processos de comunicação que neles se engendram os verdadeiros responsáveis não só por moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também por propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais. (SANTAELLA, 2003a, p.24).
Para Santaella (2003a), mesmo que os novos meios digitais sirvam como
multiplicadores de informação, a mediação não provém das mídias, mas sim dos signos,
linguagem e pensamento neles veiculados. Como veículos (trans)portadores destas
informações, são “tecnologias que estariam esvaziadas de sentido não fossem as mensagens
que nelas se configuram” (SANTAELLA, 2003a, p.116). Porém, são os novos processos de
comunicação das mídias digitais que, segundo a autora, modificaram a forma como as pessoas
têm acesso às informações. Antes vinda de fora, de maneira massiva, como uma imposição,
agora se pode buscar a mensagem de maneira seletiva, individualizada, graças às novas
tecnologias.
As comunidades virtuais, nesse sentido, como “formas culturais e socializadoras do
ciberespaço” (SANTAELLA, 2003a, p.121), representam esta possibilidade de acesso a
universos diferentes de significados, possível a partir da vontade e iniciativa individuais.
Tomada como exemplo a Skoob, pode-se dizer que este tipo de comunidade está no âmbito das
comunidades virtuais acessadas somente por aqueles que se interessam por leitura. O leitor pode
compartilhar a opinião sobre obras e autores, obter ou fornecer informações e impressões sobre
determinados livros a partir do registro de resenhas ou comentários.
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São os pontos de vista sobre leituras, aqui chamados de resenhas2, expressos de modo
informal e em pequenos textos que, nesta dissertação, tomaremos como parte do corpus. Mais
especificamente, analisaremos as resenhas produzidas e registradas na comunidade virtual
Skoob sobre as obras de Machado de Assis Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de agora em diante referidas como DC e MP, respectivamente, e identificaremos as
referências culturais e motivações para a leitura desses romances. Esta é uma pesquisa
qualitativa de cunho antropológico, visto que se dedica a estudar para entender um fenômeno
social onde ele se manifesta, mesmo que a noção de lugar a que aqui remete o advérbio “onde”
não esteja relacionado a uma região geograficamente específica e sim ao delimitado espaço
virtual denominado Skoob.
Machado de Assis é central na construção do cânone literário brasileiro, tanto pelo seu
protagonismo na fundação da Academia Brasileira de Letras quanto pela figuração destacada
entre seus membros. Do mesmo modo, a leitura de sua obra é requisitada em contexto escolar
e acadêmico e obrigatória àqueles que pretendem o ingresso em uma universidade, visto que os
vestibulares dedicam parte das provas de Literatura a examinar conhecimento sobre Machado
e sua obra3. No âmbito de tais instituições, Machado de Assis é considerado um autor que
merece destaque. Fora delas, destaca-se o fato de DC e MP se situarem dentro da centena de
livros mais lidos da comunidade virtual Skoob. Estudaremos esse fenômeno por meio de exame
ao que está explicitado nas resenhas registradas nesta comunidade, redigidas por aqueles que
leram os romances de Machado de Assis, a fim de sabermos como esses romances são lidos nos
dias atuais e como os leitores demonstram se apropriar da leitura de DC e MP fora dos contextos
tradicionais de ensino. Qual a interpretação que ele divulga do texto machadiano? Daquilo que
sabe do contexto de produção, ele conta o quê? Que sentido(s) o leitor constrói para a obra de
Machado hoje? Considerando-se que as provas de exames vestibulares têm regularmente
requisitado os romances de Machado de Assis como leitura obrigatória, que relação poderá
existir entre esses leitores e o leitor cadastrado na Skoob? É possível estabelecer relação entre
a concepção acadêmica e a concepção deste leitor sobre Machado de Assis e sua obra?
Conforme pesquisa divulgada no Retratos da leitura no Brasil 3 (FAILLA, 2012) o
Brasil ocupa o terceiro lugar entre os países da América Latina nos índices de leitura. Nessa
pesquisa, foi considerado leitor aquele indivíduo que leu pelo menos um livro inteiro ou em
2 O termo “resenha” empregado na comunidade Skoob refere-se aos comentários postados pelos leitores, e não ao gênero acadêmico, tal como convencionalmente é conhecido. 3 As provas vestibulares e ENEM podem ser verificadas nos sites das universidades públicas, dentre elas UFRGS, USP, UNICAMP, UFMG, e do INEP.
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parte nos últimos três meses que antecederam à data da entrevista, cerca de 50% dos brasileiros
entrevistados. Os demais foram considerados não-leitores, mesmo que tivessem lido um ou
mais livros nos últimos 12 meses. Com base nas respostas de todos os entrevistados, leitores ou
não, o país obteve o índice de 4 livros lidos por habitante ao ano, atrás do Chile (5,4) e da
Argentina (4,6). O índice brasileiro é menor também que o de países da Europa como, por
exemplo, Portugal (8,5) e Espanha (10,3) (FAILA, 2012, p.199).
Os gráficos estatísticos do Retratos da leitura no Brasil 3 revelam outros dados
importantes a respeito da leitura. Apenas 28% dos brasileiros (com 5 anos de idade ou mais)
entrevistados em 2011 responderam que gostam de ler no tempo livre, um número abaixo
daquele verificado em 2007, que era de 36%. Quando perguntados especificamente se leem por
prazer ou por obrigação, ler por prazer é a resposta da maioria dos leitores (75%), os 25%
restantes responderam que leem por obrigação. O professor ou professora é a pessoa que mais
influenciou os leitores a ler e, entre as várias motivações para ler um livro, a exigência escolar
e acadêmica foi a resposta de 36% dos leitores, o prazer, gosto ou necessidade espontânea foi
a de 49%. Das várias motivações para comprar um livro, a exigência da escola e/ou a faculdade
foi a resposta dada por 28% daqueles que já compraram livros, posição inferior aos motivos
prazer, gosto pela leitura (35%), cultura, conhecimento (32%), entretenimento e lazer (29%). O
tema do livro é o fator que mais influencia os brasileiros na hora da compra (65%), seguido da
influência do título do livro (30%), das recomendações de outras pessoas (29%), da autoria do
livro (26%), da capa (22%), das críticas ou resenhas (7%), da publicidade ou anúncio (4%), da
editora (2%) e de outros motivos não especificados (4%) (FAILLA, 2012, p.283-286).
Em uma listagem de 19 gêneros de livros citados, o gênero romance consta como lido
frequentemente por 40% dos leitores, sendo que, de uma listagem de 197 nomes citados,
Machado de Assis é o segundo escritor mais admirado no país, atrás apenas de Monteiro Lobato
e uma posição à frente de Paulo Coelho. Nessa pesquisa, Dom Casmurro consta, de uma lista
que resultou em 844 títulos, como o 6º livro mais marcante e está em 9º lugar na relação dos
últimos livros lidos ou em leitura. Nesta lista dos mais lidos, também consta Memórias
Póstumas de Brás Cubas, na 22ª posição (FAILLA, 2012, p.291-293).
Embora muitas pesquisas já tenham sido feitas acerca de Machado de Assis e sua obra,
não se estuda como ele é lido nos dias atuais e como os leitores se apropriam dos seus romances,
contos, poesias. Sem ter como foco a obra deste autor em suas especificidades, esta pesquisa
recai sobre a recepção dos seus romances e se dedica à proposição e análise dos parâmetros de
leitura identificados especificamente nas resenhas às obras DC e MP – um produto literário
canonizado –, expressos na comunidade virtual Skoob. As resenhas dispostas na Skoob serão
16
investigadas de modo que se revelem particularidades de leitura dos romances DC e MP.
Entende-se que avaliar as resenhas destes leitores, que interagem em rede e compartilham suas
opiniões sobre tais obras, poderá revelar dados importantes sobre como se constroem,
contemporaneamente, sentidos na leitura desses dois romances, um deles produzido no contexto
de um Brasil ainda imperial (MP, publicado em livro em 1881) e o outro no Brasil há dez anos
tornado república (DC, publicado em 1899). O estudo sobre as interferências culturais
contemporâneas e os novos modos de ler e de socializar a leitura pode trazer novos aportes à
compreensão de certos fenômenos literários e sua função na cultura.
A hipótese que consideramos nesta dissertação é a de que os leitores da Skoob que
contribuem para que DC e MP figurem na Skoob entre os cem livros mais lidos reproduzem em
suas resenhas aspectos semelhantes à crítica acadêmica, pois provêm de um contexto escolar
ou acadêmico no qual a obra desse autor é difundida. Serão avaliados possíveis efeitos desta
inter-relação nos critérios utilizados pelos leitores para opinar sobre os textos literários aqui
considerados, observando-se a existência ou então a ausência de relações entre as resenhas e a
crítica produzida em contexto acadêmico a respeito do autor e dos romances aqui citados, a fim
de se verificar fatores indicativos da reprodução ou, de outro modo, da renovação de padrões
sociais de gosto e valor.
Para isso, as resenhas serão contrastadas com estudos crítico-literários especializados
sobre Machado de Assis, os quais fazem parte da listagem da bibliografia indicada por
professores de disciplinas de programas de pós-graduação em Literatura de diversas
universidades brasileiras. As resenhas dos leitores contemporâneos postadas na comunidade
virtual Skoob podem, de outro modo, apontar para uma renovação da leitura machadiana. Dada
a condição de exposição em um ambiente como o virtual, que facilita externar a opinião própria
de maneira mais livre e sem filtros, esses leitores podem assumir uma opinião independente,
baseada em critérios próprios de leitura.
A nossa questão de pesquisa é, afinal, identificar quais os critérios que orientam os
leitores na confecção das resenhas às obras DC e MP, expressas na comunidade virtual de
leitores Skoob. Tomando-se como base a teoria de Pierre Bourdieu (2013), segundo a qual a
concepção acadêmica sobre o cânone reproduzida pela escola e a academia é representativa
para a reprodução dos padrões de gosto, procura-se saber se esta relação se efetiva, de tal modo
que isso transpareça nas resenhas analisadas. A teoria bourdieana, no entanto, não deve ser
considerada determinista, pois é complexa a trama de condições que formam o gosto de cada
um, e não se pode afirmar que, sob as mesmas condições, um grupo de pessoas desenvolverá
as mesmas preferências.
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Esperamos, ao reunir estes dados, elucidar os modos como a leitura acontece, as
disposições orientadoras da significação e os pressupostos críticos utilizados, notando ainda as
interferências culturais que afetam essa prática de leitura. Em consulta às bibliotecas digitais
online de algumas das melhores universidades do país4 e ao portal de periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, verificamos que
muitas pesquisas foram feitas nos últimos anos sobre a literatura relacionada às novas mídias
sociais, mas nenhuma que se dedicasse à análise das resenhas de leitores em redes digitais,
dirigidas aos textos literários. Esta pesquisa se torna relevante à medida que se dedica a uma
investigação sobre a leitura do cânone literário no sentido de identificar modos atuais de leitura
a partir da análise das resenhas dispostas na Skoob, e também possíveis homologias entre as
resenhas e a crítica baseada em uma concepção acadêmica sobre literatura.
Salientamos que este estudo não tem como propósito correlato exercer a “crítica da
crítica”, nem se dedica a impugnar o pensamento crítico literário de autores cujo trabalho
compreende vasto estudo sobre a obra machadiana. A partir do trabalho destes autores, esta
dissertação se abasteceu de informações sem as quais seria impossível produzir, enquanto
pesquisadores, o trabalho que expomos nesta análise comparativa. Nos detivemos a observar
um fato (as resenhas sobre DC e MP dispostas na Skoob), sob uma determinada hipótese (a de
que as resenhas reproduzem padrões de gosto formados a partir da crítica acadêmica).
Utilizamo-nos principalmente de teorias contemporâneas, entendendo-as como aporte que
poderá ou não “suportar” a nossa hipótese, e não como uma forma de nos embasar a uma rasa
censura ou objeção ao pensamento crítico sobre Machado de Assis e seu lugar no cânone
nacional. Entendemos que não há como produzir um trabalho científico sobre literatura sem
considerar o que dizem aqueles que são considerados autoridade no assunto. Desse modo, um
estudo como o nosso – que aborda a crítica e suas relações com a recepção literária – não deixa
de ser um trabalho metalinguístico.
4 Segundo o RUF – Ranking Universitário Folha, as cinco melhores universidades do país são, nesta ordem, USP, UFRJ, UFMG, UNICAMP e UFRGS. A seleção foi feita com base em indicadores de pesquisa, internacionalização, inovação, ensino e mercado de trabalho. Disponível em: <http://ruf.folha.uol.com.br/2015/ranking-de-universidades/>. Acesso em: 17 set 2015.
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1.1 O CORPUS E A METODOLOGIA DE PESQUISA
O estudo de comparação, necessário às conclusões que nos levarão a comprovar ou então a
refutar a hipótese proposta nesta dissertação, compreende a análise de um corpus basicamente
assim constituído:
a) oitenta e nove (89) resenhas sobre DC e cento e vinte e nove (129) resenhas sobre MP,
dispostas na comunidade virtual Skoob;
b) três (3) textos críticos literários a respeito da obra machadiana, recomendados em
ementas de disciplinas de programas de pós-graduação em Letras de universidades
brasileiras.
Explicaremos, a seguir, os procedimentos adotados para seleção e coleta do corpus e
apresentaremos a ferramenta que utilizamos para proceder a análise de resenhas e textos
críticos.
1.1.1 Seleção e coleta das resenhas sobre DC e MP
A escolha por resenhas sobre DC e MP produzidas por leitores pertencentes à
comunidade virtual Skoob se deu muito em função de esta ser considerada a maior entre as
comunidades virtuais brasileiras dedicadas a leitores, mas especialmente ao fato de tais obras
lá constarem entre as cem mais lidas. Por que escolhemos resenhas sobre DC e MP e não sobre
outro(s) título(s), visto que, como veremos em seguida, há outros títulos de autores nacionais
nesta listagem? A resposta para esta pergunta está no que se pode considerar um jargão
nacional: Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro, e interessa-nos saber
como este autor é lido nos dias atuais.
Em artigo produzido por Mendonça Filho (2013), a Skoob é vista como meio para a
prática de letramento literário. O trabalho por ele relatado como professor de uma escola técnica
em João Pessoa – PB, envolvendo o romance Senhora, partia da apresentação da obra aos
alunos, passava pela leitura de outros textos sobre a mesma temática e pela importância de autor
e obra no cenário do romantismo brasileiro. O trabalho envolvendo Senhora e a Skoob, incluía
o registro do andamento da leitura, o debate sobre ela entre os alunos (por meio de um grupo
criado por eles na Skoob, para este fim) e a consequente produção de resenhas. Verifica-se, a
partir de registros como este, que a escola tem parcela de contribuição na prática de produção
de resenhas vinculadas a obras do cânone brasileiro na comunidade virtual Skoob.
19
Em outro artigo, produzido a partir de pesquisa realizada em 2013, na Feevale – RS
(MONTARDO; SILVA, 2013)5, a Skoob é entendida como um local de consumo, este
relacionado a atividades em que leitores desempenham uma performance que os identifica neste
espaço, dentre elas, como a de produtores de resenhas. Segundo Montardo e Silva (2013), a
resenha é uma das atividades mais performáticas na Skoob, visto que aquele que a produz tem
interesse em persuadir outros leitores a ler (consumir) determinados livros quando opina sobre
eles. O questionário aplicado pelas pesquisadoras aos usuários da Skoob descobriu que a
maioria dos respondentes declara ter lido algum livro influenciada por resenhas lidas na Skoob
(somente 11,5% não fizeram isso), 12% dos respondentes afirmam ter como motivação para
acesso à comunidade registrar suas opiniões sobre os livros e 12% opinar sobre eles. Dentre os
vários recursos que a Skoob oferece, o de registrar resenhas – apontado por 13% deles – não é
o mais popular, visto que a atividade depende de disponibilidade de tempo e de empenho
pessoal. Contudo, segundo Montardo e Silva, as resenhas mais influentes sobre os demais
leitores são aquelas em que estes percebem ter havido mais tempo dedicado a demonstrar o
posicionamento sobre as leituras. Infere-se aqui tratarem-se de resenhas nas quais haja um
aprofundamento na análise das obras que ofereça mais referências sobre tema, enredo,
personagens. Percebemos aqui a importância da resenha no universo do leitor que faz parte da
comunidade Skoob – nesse referido estudo tratado como um consumidor de leitura.
Para o romance DC, verificamos haver 148 edições cadastradas, com mais de 150 mil
leituras concluídas e 610 resenhas. Para MP, verificamos 133 edições, com mais de 81 mil
leitores e 323 resenhas6. Parte do corpus de análise desta pesquisa se constitui dessas resenhas,
selecionadas segundo a aceitabilidade expressa por aqueles que as leram, o que as coloca na
classificação denominada Mais gostaram da comunidade virtual Skoob. Desta lista, aquelas que
obtiveram pelo menos uma (1) marcação gostei foram efetivamente levadas em conta para este
estudo7. Note-se que esta classificação expressa o gosto pelo conteúdo das resenhas e não pelos
livros resenhados.
A escolha por parte das resenhas e não pelo total delas se deveu ao fato de que eram
muito numerosas. Considerá-las na quantidade apresentada não representaria ao nosso trabalho
5 MONTARDO, Sandra P.; SILVA, Thaís D. Torres da. Consumo digital, performance e livros: estudo comparativo entre os sites Skoob e Scribd. Revista Fronteiras: estudos midiáticos. Vol. 17, n. 1 - janeiro/abril 2015. São Leopoldo: Ed. Unisinos. Disponível em: <http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/viewFile/fem.2015.171.03/4556>. Acesso em: 05 jan. 2016. 6 Dados verificados no site da comunidade virtual Skoob. Disponíveis em: < http://www.skoob.com.br/>. Acesso em: 05 ago 2015. 7 Devido à quantidade elevada de páginas, optamos por não colocar em apêndice os arquivos com as resenhas coletadas.
20
um diferencial em termos de qualidade. Estipulamos a utilização daquelas que contêm pelo
menos vinte e cinco (25) palavras, desconsiderando-se preposições, advérbios, artigos,
conjunções, pronomes e interjeições. O total de resenhas coletadas sobre DC, de um montante
de seiscentos e dez (610), foi de cento e vinte e nove (129) e sobre MP, dentre trezentas e vinte
e três (323), coletamos oitenta e nove (89) resenhas, armazenadas separadamente, de acordo
com o romance a que estavam relacionadas, em arquivos Word. O conjunto de resenhas
verificáveis na Skoob, salientamos, está em constante atualização, dada a estrutura dinâmica
das interações online. Portanto, verificações efetuadas em datas posteriores poderão constatar
diferentes registros daqueles feitos na data da coleta.
1.1.2 Seleção e coleta dos textos críticos acadêmicos
Quanto à crítica acadêmica sobre DC e MP, convencionamos selecionar as bibliografias
que tratem sobre Machado de Assis e sua obra, recomendadas por professores de disciplinas
relacionadas ao ensino de Literatura Brasileira de alguns programas de pós-graduação em
literatura de universidades brasileiras. A fim de delimitar esta parte do corpus, utilizamos como
critério de seleção as instituições cujos cursos de mestrado e doutorado nas áreas de Letras e
Linguística são reconhecidos pelo Conselho Nacional de Educação – CNE/MEC. Para isso,
utilizamos primeiramente a opção de consulta por nota, tomando para análise somente as
instituições que obtiveram da Fundação Capes, no ano de 2014, as notas 5, 6 e 7, e depois
optamos pelo detalhamento por área8.
No site da CAPES, dentro das áreas de Letras/Linguística, optamos por selecionar os
programas das universidades cujas nomenclaturas contêm as palavras “Letras”, “Literatura” ou
“Literário(s)/ Literária(s)”9. Este mesmo critério serviu também para nos orientar na procura e
seleção dos programas dos respectivos cursos nos sites das universidades, onde encontramos as
disciplinas afins e obtivemos a seleção bibliográfica referida anteriormente. Assim procedido,
consideramos os itens das referências cujos textos aludem explicitamente ao autor Machado de
Assis ou que, mesmo não o fazendo deste modo, sabidamente dirigem-se a estudo da obra
machadiana (p.e., Ao vencedor as batatas de Roberto Schwarz).
8 Acesso efetuado em 08 de maio de 2015. Para obter informações atualizadas, consultar o site da CAPES no endereço <http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados>. Acessar: Cursos Recomendados, Opções de consulta por nota, Detalhar por área, Área de avaliação Letras/Linguística, Área Letras. 9 Os programas da área de Linguística revelaram-se inadequados à pesquisa, segundo os critérios adotados.
21
O processo de pesquisa representou um trabalho exaustivo até chegarmos aos dados que
efetivamente são necessários à análise que nos mostrará, afinal, as principais linhas de leitura
de Machado de Assis por parte da crítica legitimada no campo literário. Em termos gerais, a
sistemática de trabalho foi a seguinte: realizada a seleção das universidades, organizamos os
nomes dessas instituições/programas em quadros demonstrativos (APÊNDICE A) e também
fizemos o esquadrinhamento dos respectivos sites, a fim de encontrar disciplinas e coletar
bibliografias que dizem respeito a Machado de Assis. A isto procedemos à cópia, ao
arquivamento e à organização dos dados e à posterior confecção de quadros em que se podem
visualizar resumos informativos sobre as instituições, nos quais estão demonstrados os
programas da área de Letras selecionados, bem como os respectivos programas de disciplinas,
ementas e referenciais teóricos recomendados pelos professores (APÊNDICES B, C e D) no
período compreendido entre 2010/1 e 2015/2, conforme a disponibilidade nos sites. Após a
organização dos dados nestes quadros, foi possível obter uma listagem geral de autores /obras
(ANEXO E) e quantificar as entradas de referência contendo o nome de Machado de Assis e
dos três teóricos mais recorrentes que se dedicam ao estudo sobre este autor e sua obra
(ANEXOS F, G, H e I). Nesta sequência geral de atividades, a busca por textos significativos
que nos permitam investigar sobre o pensamento crítico acadêmico a respeito de Machado de
Assis compreendeu distintas etapas, as quais serão descritas de modo mais detalhado em
seguida.
Obedecido o critério de seleção das universidades por nota (5, 6 e 7), foram identificados
e selecionados no site da CAPES os Programas de Pós-graduação (PPGs) com área de
concentração em literatura brasileira, listados a seguir:
a) Cursos nota 5 – Programas de Pós-Graduação em:
Estudos de Literatura – UFF – RJ
Estudos Literários – UNESP/ARAR – SP
Letras – PUC – MG
Letras – UFPE – PE
Letras – UFPR – PR
Letras – UEM – PR
Letras – UFSM – RS
Letras – UNESP/SJRP – SP
Letras (Ciência da Literatura) – UFRJ – RJ
Letras (Est. Comp. de Liter. de Língua Portuguesa) – USP – SP
Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) – USP – SP
22
Literatura – UNB – DF
Literatura – UFSC – SC
Literatura e Cultura – UFBA – BA
Literatura, Cultura e Contemporaneidade – PUC – RIO
a) Cursos nota 6 – Programas de Pós-Graduação em:
Letras – UFRGS – RS
Letras (Letras Vernáculas) – UFRJ – RJ
Literatura Brasileira – USP – SP
b) Cursos nota 7 – Programas de Pós-Graduação em:
Estudos Literários – UFMG – MG
Teoria e História da Literatura – UNICAMP – SP
Em seguida, foram realizadas buscas nos sites das universidades, em cada um dos
Programas selecionados, com vistas a identificar, na estrutura curricular de cada um deles, as
disciplinas que contemplavam em sua ementa estudos sobre Machado de Assis ou que, em sua
bibliografia, continham referências explícitas do e/ou sobre o autor. A coleta limitou-se às
informações disponíveis nas páginas dos programas.
Para cada universidade, foi criada uma pasta contendo arquivo Word10 com os seguintes
itens: nome da instituição, endereço eletrônico, print da página principal do site da instituição
com indicação do item acessado no menu11, relação das disciplinas selecionadas, ementas e
respectiva relação do referencial teórico afim (quando havia). Em cada pasta também
anexamos, nos casos em que havia a disponibilidade, uma cópia em pdf dos programas das
disciplinas.
O critério inicial para a coleta das bibliografias relacionadas nos programas foi adequado
de acordo com o andamento da seleção dos dados, visto que as palavras-chaves previstas não
abarcavam disciplinas que observávamos serem afins à pesquisa. Em alguns casos, o nome da
disciplina nos sinalizou que ela deveria ser investigada, mesmo que não coincidisse com os
termos anteriormente fixados (Letras, Literatura ou Literário(s)/ Literária(s)). Desse modo,
reorganizamos a lista e definimos como sendo relevantes aquelas disciplinas que apresentavam
em seus títulos, de forma explícita, as seguintes palavras-chave:
· Machado de Assis, machadiano(a) ou título de romance do autor;
10 Estes arquivos Word constituem o material inicial produzido; devido à quantidade elevada de instituições (20), optamos por não os colocar como apêndices neste trabalho. 11 Priorizamos mostrar a tela principal do site com a indicação do menu acessado, pois entendemos que isto poderia agilizar buscas posteriores. Isto veio a se mostrar, no decorrer da pesquisa, um procedimento útil, visto a difícil tarefa de localização das informações em determinados casos.
23
· literário(a)(os)(as) e/ou literatura (associadas aos termos Crítica, Teoria, Comparada,
História, Historiografia, Estudos, Brasileira, de Língua Portuguesa, Latino-americana);
· crítico(a);
· narrativa;
· romance;
· realismo;
· conto;
· ficção.
Depois de observado o critério de seleção de disciplinas, analisamos as respectivas
ementas, a fim de nelas encontrar menção a Machado de Assis e/ou à obra machadina e/ou
proposta de estudo em que fosse possível inseri-los (relacionada a período e/ou gênero literário,
etc.). Efetuado este procedimento, havia a necessidade ainda de selecionarmos a bibliografia
afim dentre a listagem indicada nas referências. Consideramos importante identificar, então, os
títulos de textos (livros, artigos) que contivessem explícita alusão ao autor.
Nesta busca por textos críticos à obra machadiana, verificamos casos em que a disciplina
fazia menção à literatura e a respectiva ementa referia Machado de Assis, porém não havia na
listagem referência a este autor e/ou a textos de sua autoria (R9 – UFRJ – disciplina Literatura
e Cidade, por exemplo). Nestes casos, a disciplina foi desconsiderada por falta de referencial
específico. Em outros casos, não havia disponível ementa ou referencial teórico utilizado na(s)
disciplina(s) que se mostravam afins, o que inviabilizou o seu aproveitamento (R12-UNB- DF,
p. e., disponibiliza no site somente o nome e ementas das disciplinas; as disciplinas do primeiro
semestre de 2015 eram de acesso restrito). Nos sites de oito (8) universidades não obtivemos
disciplinas e/ou referenciais teóricos afins, seja por estes itens não se enquadrarem nos critérios
de seleção seja pela sua indisponibilidade. São elas: UFPE – PE, UFSM – RS, UFRJ – RJ, UNB
– DF, UFSC – SC, UFBA – BA e PUC – RJ (nota 5) e UFRGS (nota 6).
Após a coleta das disciplinas e bibliografias, organizamos os dados obtidos em quadros,
de acordo com a nota das instituições (5, 6 e 7), formando resumos informativos (APÊNDICES
B, C e D). Nestes quadros, constam os nomes dos programas da área de Letras pesquisados, as
linhas de pesquisa (quando relacionáveis às disciplinas), os nomes das disciplinas e ementas, e
as bibliografias afins. A seguir, estão quantificadas as disciplinas que se mostraram pertinentes
à pesquisa e as ocorrências de Machado de Assis e cada um dos três autores mais recorrentes
nas listas de referências:
24
Figura 1 – Dados quantitativos / Universidades nota 5
Fonte: dados de pesquisa
Programa Disciplinas Machado de
Assis Roberto Schwarz
Antonio Candido
Bosi
UFF/RJ Estudos de Literatura
1 2 - - -
UNESP/ ARARAQUARA
Estudos Literários
4 8 7 2
-
PUC/ MG
Letras 1 - - - -
UFPE Letras - - - - -
UFPR/ PR
Letras 3 - 3 - 1
UEM/ PR
Letras 1 - 1 - -
UFSM/RS
Letras - - - - -
UNESP/ SJRP
Letras 3 2 10 17 2
UFRJ Letras
(Ciência da Literatura)
- - - - -
USP/SP
Letras (Est. Comp. de Liter. de Língua
Portuguesa)
2 2 2 4
-
USP/SP
Letras (Teoria Literária e Literatura
Comparada)
2 6 7 3 2
UNB/DF Literatura - - - - -
UFSC/ SC
Literatura - - - - -
UFBA/ BA
Literatura e Cultura
- - - - -
PUC/RJ - - - - -
Total 17 20 30 26 5
25
Figura 2 – Dados quantitativos / Universidades nota 6
Fonte: dados de pesquisa
Figura 3 – Dados quantitativos / Universidades nota 7
Programa Disciplinas Machado de Assis
Sílvio Romero
José Veríssimo
Bosi
UFMG Estudos Literários
2 8 - -
-
UNICAMP Teoria e
História da Literatura
4 12 3 3 2
Total 6 20 3 3 2 Fonte: dados de pesquisa
Ao todo, observamos a ocorrência de cinquenta e quatro (54) diferentes autores críticos
da obra machadiana (APÊNDICE E). Como se pode observar nos quadros acima, os críticos
mais presentes nas bibliografias, considerando-se o conjunto das universidades, são Roberto
Schwarz, Antonio Candido, Alfredo Bosi, Astrojildo Pereira, Sílvio Romero e José Veríssimo,
sendo que os três primeiros são os que têm maior representação. O texto mais referido de cada
um destes foi analisado a fim de obtermos os parâmetros da crítica acadêmica machadiana que
foram, posteriormente, confrontados com os das resenhas dos skoobers. Ordenamos em quadros
os nomes dos teóricos e seus textos críticos (APÊNDICES F, G, H e I) e, a partir destes quadros,
também determinamos quantitativamente as referências de obras machadianas (entrada de linha
de referência ASSIS, Machado de) e as referências bibliográficas dos três (3) especialistas que
se dedicam à análise da obra machadiana mais recorrentes.
Machado de Assis (ANEXO F) é trinta e quatro (34) vezes diretamente referenciado nas
bibliografias analisadas. Vinte (20) delas ocorrem nas universidades de nota 5, seis (6) nas de
nota 6 e oito (8) nas de nota 7, totalizando trinta e quatro (34) ocorrências. A UNICAMP (nota
7) foi a instituição em que os textos machadianos foram mais recomendados, com vinte (20)
ocorrências, seguida da UFMG (nota 7) e da UNESP de Araraquara (nota 5), ambas com oito
(8). Os textos machadianos mais citados foram Notícia da atual literatura brasileira: instinto
Programa Disciplinas Machado de
Assis Roberto Schwarz
Antonio Candido
Astrojildo Pereira
UFRGS Letras - - - - -
UFRJ/RJ Letras (Letras
Vernáculas) 6 4 5 5 6
USP Literatura Brasileira
3 1 2 6 -
Total 9 5 7 11 6
26
de nacionalidade e Memórias póstumas de Brás Cubas, ambos com quatro (4) ocorrências,
seguidos de Machado de Assis: obra completa, com três (3) ocorrências.
O autor crítico mais recorrente, considerando-se o conjunto das bibliografias de todas
as universidades verificáveis nos anexos C, D e E, é Roberto Schwarz (ANEXO G). São trinta
(30) ocorrências deste autor para as universidades nota 5, sete (7) para as nota 6 e uma (1) para
as nota 7, sendo a sua obra mais representativa Machado de Assis: um mestre na periferia do
capitalismo, com catorze ocorrências (14) de um total de trinta e oito (38). Este texto crítico
compõe a parte do corpus que nos mostrará o os parâmetros da crítica produzida em contexto
acadêmico a respeito de Machado de Assis e dos romances DC e MP. O segundo texto mais
citado deste autor foi Ao vencedor as batatas, com seis (6) ocorrências ao total.
Em segundo lugar, aparece Antonio Candido (ANEXO H), com vinte e seis (26)
ocorrências para as universidades nota 5, onze (11) para as nota 6 e nenhuma para as nota 7,
totalizando trinta e sete (37) ocorrências. As duas obras mais citadas deste autor foram
Literatura e sociedade e Vários escritos, ambos referenciados no todo ou em parte. O primeiro
título será também considerado parte do corpus.
Alfredo Bosi (ANEXO I) aparece como o terceiro autor mais indicado, com quatro (4)
ocorrências para as instituições nota 5, doze (12) para as nota 6 e uma (1) para as nota 7,
totalizando dezessete (17) ocorrências. As duas obras mais citadas de Bosi foram Machado de
Assis: o enigma do olhar, que se considera a terceira parte do corpus representativa da crítica
acadêmica, e Literatura e resistência, ambas referenciadas no todo ou em parte.
A composição do item nº de ocorrências dos apêndices F, G, H e I é composto pelo
número de vezes que o autor aparece no conjunto das disciplinas, discriminadas segundo a nota
(5, 6 ou 7) da instituição, não importando se se repetem as obras. O item nº de ocorrências p/
obra discrimina o número de vezes que cada texto, mesmo sendo capítulo de livro, aparece no
conjunto das disciplinas. Nos casos em que temos citada a obra como um todo e também
capítulo(s) desta obra, optamos por representar, por exemplo, desta maneira: 2 (4), sendo que 2
é o número de vezes que é indicada a obra como um todo e (4) é o número de vezes em que ela
aparece considerando-se também a indicação de seus capítulos. Neste exemplo, consideramos
que a obra foi indicada não duas, mas quatro vezes para definirmos quais obras foram as mais
recomendadas. Na sequência do procedimento de seleção de autores e obras, efetuamos a
análise da obra mais recorrente de Roberto Schwarz, Machado de Assis: um mestre na periferia
do capitalismo, de Antonio Candido, Literatura e sociedade, e de Alfredo Bosi, Machado de
Assis: o enigma do olhar. Tais referenciais teóricos, depois de analisados, orientaram-nos a
uma conclusão confiável sobre os critérios de abordagem à literatura adotados nessas
27
instituições. Após os procedimentos de pesquisa, coleta, organização e tratamento de dados,
fizemos o cotejamento entre as informações obtidas a partir dos textos críticos e aquelas obtidas
a partir das resenhas da Skoob – trabalho de análise que nos levou às conclusões sobre este
estudo.
1.1.3 Iramuteq – a ferramenta de análise das resenhas e dos textos críticos
Desde o início desta pesquisa, propunha-nos a utilizar algum tipo de ferramenta que nos
possibilitasse proceder a submissão das resenhas e textos críticos para deles colher dados
representativos, essenciais à nossa análise. Inicialmente, pensamos em utilizar uma de simples
manejo, inclusive fizemos testes com a ferramenta Tagxedo12, de acesso livre na internet.
Porém, a visualização dos resultados obtidos da análise, por nuvens de palavras, parecia não
dar conta de nos mostrar todos os elementos de que precisávamos, dada a complexidade e a
extensão dos textos, principalmente os produzidos pela crítica acadêmica.
Optamos por utilizar o software de análise qualitativa Iramuteq (Interface de R pour les
Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), disponível gratuitamente na
internet13. A escolha pelo Iramuteq se deu por termos conhecimento sobre o desenvolvimento
do trabalho de análise de novelas espanholas efetuado durante pesquisa de doutorado,
desenvolvida por María Luiza F. Rodríguez, do Grupo Galabra da Universidade de Santiago de
Compostela, Galiza. No Brasil, Segundo Rodríguez (2016), o Iramuteq é utilizado com êxito
no Brasil, na área das ciências sociais. Utilizamos como guia o Tutorial para uso do software
de análise textual IRAMUTEQ14 organizado por Brigido V. Camargo e Ana M. Justo (UFSC),
assim como as informações sobre a ferramenta e as análises por meio dela realizadas, contidas
na tese de Rodríguez.
Por meio desta ferramenta de fonte aberta, foi possível identificar a recorrência e a
coocorrência de termos, o que nos permitiu verificar os aspectos semânticos constitutivos das
resenhas sobre DC e MP mais presentes e relevantes, a partir dos quais foram observados juízos
de valor, referências culturais, motivações de leitura. Da mesma forma, submetemos os textos
12 Disponível no site <http://www.tagxedo.com>. 13 “O Iramuteq (www.iramuteq.org) é um software gratuito e com fonte aberta, desenvolvido por Pierre Ratinaud (Lahlou, 2012; Ratinaud & Marchand, 2012) e licenciado por GNU GPL (v2), que permite fazer análises estatísticas sobre corpus textuais e sobre tabelas indivíduos/palavras. Ele ancora-se no software R (www.r-project.org) e na linguagem Python (www.python.org)”. (CAMARGO e JUSTO, 2013, p.1). 14 Disponível no site<http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/tutoriel-en-portugais>.
28
críticos também a este software, cuja análise nos forneceu os dados contrastados com aqueles
obtidos a partir das resenhas. Juntas, estas informações são o nosso objeto de análise.
O software de livre acesso Iramuteq utiliza-se de outro programa, denominado
Alceste15, para efetuar a análise de um texto – denominado corpus, de acordo com o Tutorial
Iramuteq –, “permitiendo realizar lexicometría básica, análisis de similitudes, hacer nubes de
palabras, análisis de especificidades y análisis factorial de correspondencias” (RODRÍGUEZ,
2016, p.148). O programa Alceste é “especialmente singular por ser el primero en tomar no
sólo la palabra como una unidad básica de análisis, sino los segmentos de texto, es decir, poner
énfasis en la importancia del contexto de uso de esas palabras y la relación entre ellas”
(RODRÍGUEZ, 2016, p.149). São os “mundos lexicais”, assim entendidos por Reinert e
mencionados por Rodríguez:
Un mundo lexical es evocado por el conjunto de palabras que constituyen una frase o un fragmento del discurso, independientemente de su construcción sintáctica [...] Algunos mundos lexicales son más evocados que otros, y para observarlos habrá que analizar la frecuencia de aparición de los conjuntos de palabras principales asociados entre sí que componen un texto. La idea es que al utilizar un vocabulario determinado el emisor convoca un lugar de enunciación, el cual se define por oposición a otros lugares, de forma que un mundo lexical no se define por sí mismo, sino en relación con otros. (REINERT, 1993, apud RODRÌGUEZ, 2016, p.149).
A frequência de determinada associação de palavras mais importantes em um enunciado
é identificada pelo Iramuteq que, estatisticamente, identifica e diferencia entre si os principais
“mundos lexicais”. Este software, portanto, não apenas identifica palavras, mas analisa a
organização delas nos enunciados, denominados por Reinert (apud RODRÍGUES, 2016) de
“unidades de contextos elementares” compostas por “formas simples” (palavras), estas
divididas em palavras principais e relacionais. As palavras principais, isto é, aquelas
consideradas semanticamente plenas de sentido (adjetivos, substantivos e verbos), são
consideradas primeiramente pelo Iramuteq e poderão ser reduzidas às raízes por um processo
de lematização, do qual resultam em morfemas lexicais. O usuário do software deve estabelecer
alguns parâmetros, selecionando, por exemplo, quais as classes gramaticais que deverão ser
analisadas (1 para as principais, 2 para as suplementares e 0 para as que deseja excluir da
análise) e se deseja ou não que seja efetuada a lematização das formas.
Conforme o Tutorial Iramuteq, um corpus é formado por um conjunto de textos, e cada
texto constitui-se de segmentos de texto, os quais podem ser dimensionados pelo pesquisador.
15 Programa “creado por Max Reinert en 1990 para aplicar métodos estatísticos al estudio de textos y de tablas de indivíduos/palabras.” (RODRÌGUEZ, 2016, p.147).
29
Em uma análise padrão, como a que utilizamos, geralmente tais segmentos são compostos de
duas ou três linhas, assim dimensionados pelo próprio Iramuteq. De acordo com o que está
disposto no Tutorial Iramuteq, tem-se que o conjunto de resenhas sobre cada um dos romances
(DC e MP) constitui um corpus e cada uma das resenhas constitui um texto composto de muitos
segmentos de texto. Do mesmo modo, cada um dos livros (de Schwarz, Candido e Bosi)
analisados constitui um corpus, composto de vários textos (os capítulos) que, por sua vez, são
formados de vários segmentos de textos.
Os métodos de análise possíveis pelo Iramuteq compreendem as análises CHD
(Classificação Hierárquica Descendente)16, de especificidades (em função de variáveis),
lexicográfica clássica, de similitude (árvores de palavras) e por nuvem de palavras. Na análise
CHD, um corpus é centrado em um tema (IRAMUTEQ, 2013, p.3). No caso desta pesquisa,
temos 5 corpora, pois são cinco os temas. O romance DC constitui o tema do corpus composto
pelas respectivas resenhas, assim como o romance MP constitui o tema do corpus formado
pelas resenhas sobre este romance. Do mesmo modo classifica-se o tema relativo aos corpora
constituídos pelos três (3) livros analisados: Schwarz (tema 3), Candido (tema 4) e Bosi (tema
5).
A análise lexicográfia clássica atua na lematização, isto é, na redução dos tempos
verbais (infinitivo), na flexão de gênero e número (masculino singular), assim como também
na uniformização do grau das palavras – no Iramuteq referidas como formas (p.e., as formas
“traísse”, “trairá”, associam-se ao infinitivo “trair”, “amabilíssimo” associa-se ao adjetivo
“amável”, o substantivo/nome “homens” a “homem”, etc.). Esta análise de léxicos nos fornece
o número de vezes que cada forma ocorre no texto e nos permite verificar os segmentos de texto
onde estão inseridas.
Em seu trabalho, Rodríguez menciona o que se pode considerar aspectos positivos da
utilização de ferramentas digitais para análise de textos, dentre eles, os de garantir a ausência
de um posicionamento do investigador a priori, de proporcionar o agrupamento em clusters
(classes) – o que permite uma melhor visualização das informações –, de se obter a
categorização dos dados e, sobretudo quando se trata de textos longos – como são os que
analisamos na nossa pesquisa – de conferir maior rapidez à análise.
1.1.3.1 O Iramuteq e a importação dos corpora
16 Em uma análise CHD, “os segmentos de texto são classificados em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto deles é repartido em função da frequência das formas reduzidas’. (IRAMUTEQ, 2013, p.5).
30
Antes de ser importado pelo Iramuteq, a fim de que este software proceda a análise,
um corpus textual deve ser submetido a alguns procedimentos, sem os quais a importação dos
dados resultará em mensagem de erro. A seguir, elencamos as etapas do processo a que
submetemos resenhas e textos teóricos antes da respectiva importação:
1. Transcrição dos textos – cujos arquivos originais (em pdf) foram obtidos na
internet17 – sem justificar à página, em um documento de texto do tipo txt.
Utilizar OpenOffice.org (http://www.openoffice.org/) ou LibreOffice (http://pt-
br.libreoffice.org/). Segundo ordena o Tutorial (CAMARGO; JUSTO, 2013,
p.4), “jamais abra estes arquivos ou qualquer outro gerado pelo Iramuteq com
aplicativos da Microsoft (Word, Excel, WordPad ou Bloco de notas), pois eles
produzem bugs com o Unicode (UTF-8), o usado pelo Iramuteq”.;
2. “Limpeza” do corpus, com a exclusão de negrito, itálico, entradas de parágrafos,
parênteses, colchetes, links, travessão, hífen, aspas, apóstrofos, cifrão,
percentagem e asterisco – este utilizado somente nas linhas de comando;
3. Uniformização de palavras (p. e., no lugar de Bento e Bento Santiago, utilizamos
Bentinho) e utilização do sinal gráfico underline para ligar nomes/formas
compostas separadas ou interligadas por hífen (p.e., substituiu-se Dom
Casmurro por Dom_Casmurro, defunto autor por defunto_autor). No primeiro
caso, justifica-se a uniformização para que o software não identifique vários
personagens quando, na verdade, trata-se de um. No segundo, o underline serve
tanto para que o sistema reconheça os dois segmentos de uma palavra como uma
única palavra/forma quanto para que identifique corretamente os nomes
próprios;
4. Substituição de ênclises e mesóclises por próclises, visto que o dicionário
Iramuteq não compreende as flexões dos verbos na forma pronominal;
5. Separação dos textos que compõem o corpus por linhas de comando
obrigatórias, sem linhas em branco entre linha de comando, texto e nova linha
de comando (assim sucessivamente). Cada linha de comando deve conter pelo
17 BOSI, Alfredo. Machado de Assis: o enigma do olhar. Disponível em: <https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2014/03/bosi-o-enigma-do-olhar.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. Digital Source. Disponível em: <http://www.fecra.edu.br/admin/arquivos/Antonio_Candido_-_Literatura_e_Sociedade.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. Digital Source. Disponível em: <https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2014/04/schwarz-um-mestre-na-periferia-do-capitalismo.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
31
menos uma variável. No caso dos corpora referentes às resenhas, a variável n =
o número atribuído a cada resenha e a variável posic = posicionamento do leitor
sobre o romance resenhado (1 favorável, 2 desfavorável, 3 indefinido). Para os
corpora relativos aos livros de Roberto Schwarz, Antônio Candido e Alfredo
Bosi, utilizamos apenas a variável n para identificar cada capítulo.
Ex.: excerto do corpus referente às resenhas sobre o romance Dom Casmurro,
contendo as linhas de comando
**** *n_001 *posic_1
Não é Capitu que trai. É Bentinho.
Só mesmo um escritor com toda a genialidade de Machado_de_Assis poderia ter
criado esse que é um dos maiores enigmas da nossa literatura. Por trás do
narrador casmurro ele manipula o leitor...
**** *n_002 *posic_1
Dúvida eterna.
Li, reli e treli com o intuito de achar uma pista, um indício da traição de Capitu
e conclui que talvez nem o próprio Machado_de_Assis tenha essa resposta...
[...]
6. Observação das representações numéricas a fim de que todas elas constem em
algarismos arábicos (p.e., “20” no lugar de “vinte”, “2009” no lugar de “dois mil
e nove”). Representação de século ou capítulo dos livros em algarismos romanos
foram mantidas.
Após o preparo acima descrito, efetuamos a importação dos corpora, escolhendo na
barra de ferramentas a aba arquivo/abrir um corpus textual e selecionando o corpus desejado.
Durante este procedimento, deve-se selecionar obrigatoriamente os seguintes itens de
configuração do software na janela “preferências”: a codificação utf-8 – all languages e a
configuração do idioma (langue) para o português. A cada importação, o Iramuteq salva o
corpus em uma pasta específica, onde também serão armazenadas todas as análises efetuadas a
partir dele. Feita a importação, o corpus está pronto para a análise. O Iramuteq nos apresenta
uma descrição do corpus importado contendo dados tais como o número de textos, de segmentos
de textos, de formas identificadas, o total de ocorrências e o número de Hapax (formas com
apenas uma ocorrência – frequência 1) (fig. 3).
32
Figura 4 – Tela do Iramuteq com descrição do corpus
Fonte: dados de pesquisa
Para que o Iramuteq efetuasse a análise de cada um dos corpora, na barra de ferramentas
selecionamos o Método de Reinert (fig.5).
Figura 5 – O Método de Reinert na barra de ferramentas do Iramuteq
Fonte: dados de pesquisa
O Método Reinert nos fornece dados ordenados de acordo com a CHD – Classificação
Hierárquica Descendente. Esta classificação, de acordo com Rodríguez (2016), é efetuada por
um algoritmo que as agrupa em classes segundo a similaridade das palavras em seus contextos.
Ao clicar no botão “Método de Reinert”, abre-se uma janela a partir da qual podem ser
determinadas a propriedade das formas que se quer analisar, atribuindo 0 para as formas que
não serão consideradas, 1 para as formas ativas e 2 para as formas suplementares. Nesta
pesquisa optamos, conforme descrito na introdução desta dissertação, por analisar apenas
33
verbos, substantivos e adjetivos. Selecionamos as formas, dentro destas categorias de palavras,
desta maneira:
· 1 para adjetivos, formas não reconhecidas18, nome comum e verbo;
· 2 para nomes e verbos suplementares;
· 0 para as demais formas.
O número máximo de formas analisadas predefinido pelo software foi mantido em 3000,
e mantivemos marcada a opção pela lematização (redução das formas), porém excluímos os
verbos e os verbos suplementares da análise devido a uma dificuldade de ordem prática: todos
os verbos, tanto das resenhas quanto dos três (3) livros a serem analisados, deveriam ser
adequados segundo o item 4 dos procedimentos de “limpeza”. Além disso, retiramos de cada
um dos livros o que se referia a sumário, índice, títulos de capítulos ou de partes, notas de
rodapé ou bibliográficas, numeração de páginas, índice onomástico, notas sobre seus autores.
Os corpora se constituíram basicamente do conteúdo das resenhas e dos capítulos dos livros.
Com relação aos verbos, formas como “amar-lhe”, “condoía-se” e “suportá-la”, por
exemplo, necessitariam ser adequados respectivamente para “lhe amar”, “se condoía” e “a
suportar” para que a carga semântica se mantivesse. Além disso, havia a necessidade de retirar
todos os hifens existentes no corpus, pois o software os interpreta como espaços em branco. No
exemplo utilizado, a ausência do hífen manteria o sentido de dois dos verbos – amar e condoía
(reduzido a “condoer”) –, porém a forma “suportá” não seria considerada válida pelo dicionário
Iramuteq por causa do acento agudo. De outro modo, a substituição do hífen pelo underline,
recomendada para as formas compostas, não se aplicava ao caso dos verbos pronominais. Dada
a extensão dos corpora, principalmente daqueles representativos da crítica acadêmica, a tarefa
de transformar em próclises todas a ênclises e mesóclises significaria uma tarefa considerável
para a qual não haveria benefício correspondente. Compreendemos que o teor das resenhas e
dos textos críticos em análise se constitui principalmente pela carga semântica de substantivos
e adjetivos, sem que se percam sentidos excluindo os verbos e, por consequência, diminua-se a
qualidade do trabalho que, nesta dissertação, nos propomos a desenvolver. Por fim, optamos
por manter os verbos como estavam originalmente nos corpora e os deixamos fora da análise
Iramuteq, selecionando “0” para verbo e verbo suplementar (fig. 6).
18 Aquelas que não estão compreendidas no dicionário do Iramuteq, p.e., os nomes próprios em geral.
34
Figura 6 – Tela de seleção das formas a serem analisadas no Iramuteq
Fonte: dados de pesquisa
Mesmo levado à exaustão o processo de revisão dos arquivos, com sucessivas
adequações ao padrão estipulado, ainda assim obtínhamos versões dos corpora das quais
resultavam classes contendo formas alheias às categorias selecionadas (adjetivo e nome), visto
que, eventualmente, apareciam verbos como pertencendo à categoria de nome ou então letras
soltas.
A análise CHD efetuada pelo Iramuteq por meio do Método Reinert utiliza o programa
Alceste, de modo que, após gerada a análise, a representação desta estará disponível na aba
lateral, identificada com o nome do corpus seguido da extensão Alceste. Este método de análise,
por meio de técnicas de visualização, gera gráficos ilustrativos das classes e das relações
estabelecida entre elas, dentre eles os dendogramas e as árvores de palavras – importantes
instrumentos utilizados para análise das resenhas e dos textos teóricos.
1.1.3.2 A análise a partir do dendograma, dos perfis de classes (clusters) e das árvores de
palavras
Nos dendogramas (fig.7), disponíveis na aba CHD, são distribuídas as formas em
diversas classes19 ou clusters equilibrados, dispostos horizontalmente e em diferentes cores,
formados a partir de “unidades de segmentos de texto com vocabulário semelhantes”
19 As classes são compostas de “segmentos de texto que, ao mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre si, (sic) e vocabulário diferente dos segmentos de texto das outras classes”. (CAMARGO, 2005, apud CAMARGO; JUSTO, 2013, p.5).
35
(CAMARGO; JUSTO, 2013, p.14), os chamados “mundos lexicais” mencionados por
Rodríguez. Segundo o Tutorial Iramuteq (CAMARGO; JUSTO, 2015, p.6), a análise de
similitudes, a partir da qual é gerado o dendograma, “possibilita identificar as coocorrências
entre as palavras e seu resultado traz indicações da conexidade entre as palavras, auxiliando na
identificação da estrutura da representação”. Resulta desta análise a identificação das diversas
temáticas presentes no corpus, dispostas em classes distintas no dendograma. As formas
observáveis em cada classe são as que melhor definem o contexto em que elas ocorrem, ou seja,
são aquelas que de modo mais satisfatório dizem sobre o conteúdo da informação contida nos
segmentos de texto dentro dos quais elas coocorrem com uma relação de proximidade
semântica entre si (CAMARGO; JUSTO, 2015). É a partir destas formas, de acordo com os
sentidos delas depreendidos, que se definem as etiquetas para as classes.
Figura 7 – Exemplo de Dendograma de 5 classes
Fonte: dados de pesquisa
O dendograma, sempre analisado da esquerda para a direita, possibilita visualizar as
relações entre classes/temas destacados do corpus e o percentual relativo ao peso de cada classe
no conjunto. A listagem completa das formas que compõem cada uma das classes do
dendograma CHD pode ser verificada na aba “Perfis” (fig. 8). Nela também podem ser
visualizadas informações, dispostas em colunas, sobre as diversas classes. Descrevemos, a
seguir, as colunas cujos dados efetivamente consideramos para análise:
n – contém números, a partir de zero (0), até quantas forem as formas dispostas na coluna
forme;
36
eff. s. t. – nesta coluna pode-se verificar ordenadas as formas de acordo com o número
de vezes que aparecem nos segmentos de texto. Uma forma poderá aparecer mais de uma vez
em cada segmento.
eff. total – representa a quantidade de segmentos de textos do corpus em que a forma
selecionada aparece.
forme – nesta coluna estão elencadas as diversas formas/palavras contidas nas diferentes
classes.
Figura 8 – Aba “Perfis” e colunas de classes
Fonte: dados de pesquisa
A análise efetuada pelo Iramuteq ainda disponibiliza, na aba AFC (Análisis Factorial de
Correspondências)20, a representação fatorial CHD – os “diagramas cartesianos” –, onde estão
representadas formas e posicionamentos relacionados às classes (observável por meio da cor
em que estão grafadas) (fig. 9). Este tipo de análise não utilizaremos nesta pesquisa.
20 “[...] procedimiento de transformar la información cualitativa textual en datos estructurados y, sobre todo, con la finalidad primordial de llevar a cabo una selección objetiva y objetivable de la muestra de materiales con la que poder fijar el corpus de análisis.” (RODRÍGUEZ, 2015, p.44).
37
Figura 9 – Ex. de uma representação CHD
Fonte: dados de pesquisa
A análise de similitudes possibilita gerar representações visuais a que denominadas
“árvores” (fig.10), seja a partir de formas, clusters (classes) ou corpus. Diferentemente do que
acontece no dendograma, na representação pela árvore, a forma que aparece em tamanho maior
é sempre aquela que ocorre em um número maior de segmentos de texto (verificável na aba
perfis, coluna eff. s.t). Este elemento central se ramifica em várias direções, até outras formas
que, por sua vez, também se ramificam. Quanto mais espessa a ramificação entre palavras,
maior o número de vezes em que elas se inter-relacionam.
38
Figura 10 – Ex. de árvore de cluster gerada a partir de análise de similitude
Fonte: dados de pesquisa
Outro tipo de análise, mais simples que as demais, é a “nuvem de palavras”, que nos
fornece uma representação visual das palavras que compõem cada classe ou corpus (fig.11).
Figura 11 – Ex. de nuvem de palavras
Fonte: dados de pesquisa
Nesta pesquisa, observamos os dados somente a partir de dendogramas e dos perfis das
classes de palavras, estas nomeadas a partir da importância semântica das formas que as
compõem.
39
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertação está organizada em cinco capítulos. No capítulo 2, partimos da
concepção dicionarizada de comunidade e da conotação que o termo adquire quando se alia ao
virtual, amparadas pela teoria apresentada no final do século XX por Pierre Lévy (1999) sobre
a perspectiva das interações via internet, suas implicações no modo humano de se relacionar e
de produzir e compartilhar conhecimento. Em seguida, abordamos ainda uma concepção mais
recente sobre comunidade virtual, dos anos 2010, segundo o ponto de vista de Payal Arora
(2012) e Lúcia Santaella (2003a; 2003b), que entendem a web 2.0 como sendo uma metáfora
do espaço físico, visto que ambos apresentam características análogas e, com isso, utilizam
terminologias comuns para nomear ambientes e ações. Em seguida, apresentamos a
comunidade virtual Skoob em suas especificidades como meio de divulgação de livros e de
interação entre leitores.
Dentro da Skoob, mostramos a listagem dos Top Mais, onde localizamos os romances
de Machado de Assis DC e MP e os situamos no ranking dos cem livros mais lidos. A Skoob é
uma comunidade onde habita o leitor, e é pela leitura que nela ele é representado. Os livros da
sua estante comunicam uma imagem de como ele se constitui como tal, e as resenhas produzidas
dizem o que ele interpreta dos livros que leu, o que pensa sobre autores, obras e personagens,
quais suas preferências em termos de literatura. Ampliando o foco, vemos que o leitor está
inserido em um contexto social e histórico a partir do qual se constitui como um semelhante,
interpreta sentidos e define sua afinidade com a leitura. Para entender os mecanismos
envolvidos no processo de interpretação de DC e MP, do qual são fruto as resenhas dos leitores,
tomamos como referencial a teoria de Stanley Fish (1992) sobre as “comunidades
interpretativas”.
No capítulo 3, tratamos da construção do lugar de Machado de Assis e dos romances
DC e MP no cânone brasileiro, discorrendo sobre a concepção do romance como gênero
canônico no país. Mostramos, segundo estudos de Candido (2006a; 1995), Bosi (2006) e
Schwarz (2004; 2012), a contribuição de Machado de Assis para o romance brasileiro, de modo
a obra deste autor ser considerada, segundo os critérios considerados por estes críticos literários,
um marco na nossa literatura. Discutimos também a posição de destaque de Machado de Assis
na construção do cânone literário do Brasil, assim como a manutenção do status de “imortal”
deste autor ao longo dos anos e a constância com que sua obra é estudada nas aulas de Literatura
no sistema de ensino oficial, perpassando os vários níveis de formação. Como embasamento
40
teórico, abordamos a teoria de Bourdieu (1996; 2013) sobre a formação do gosto e também o
estudo de Itamar Even-Zohar (1999; 2013; 2015) sobre a formação do cânone.
O capítulo 4 é dedicado à análise das resenhas dispostas na Skoob e da crítica acadêmica
sobre as obras machadianas DC e MP. São apresentadas as informações que revelam os modos
de leitura dos skoobers em relação a estes romances. Abordamos a presença de Machado de
Assis no ensino de Literatura nas universidades brasileiras selecionadas, por meio da análise
das obras de Roberto Schwarz, Machado de Assis: um mestre na periferia do capitalismo, de
Antonio Candido, Literatura e sociedade, e de Alfredo Bosi, Machado de Assis: o enigma do
olhar. É verificada, desse modo, a relevância dada à obra machadiana nas disciplinas dos cursos
de pós-graduação em Letras, através de um referencial teórico que, em última análise, é
produzido pelos professores especialistas nos estudos dedicados a obra e autor.
A discussão dos dados é apresentada no capítulo 5, no qual mostramos também o
resultado da análise das resenhas e do referencial teórico representante da crítica acadêmica,
ambos corpora submetidos ao software de análise Iramuteq. No capítulo 6, estão as conclusões
a partir daí obtidas, após comparados os critérios de julgamento dos quais os leitores lançam
mão para compor as resenhas sobre os romances DC e MP com os dos autores especialistas no
estudo da obra machadiana. Neste capítulo de encerramento, também verificamos se a hipótese
inicial é, efetivamente, comprovada ou refutada.
41
2 COMUNIDADE VIRTUAL – NOÇÕES E CONTEXTUALIZAÇÃO
Antes de conceituar comunidade virtual, convém observar as especificidades
individuais dos termos comunidade e virtual, buscando os sentidos dicionarizados destas
palavras para melhor compreender as adequações ocorridas quando elas se juntam para
significar um modo diferente, porém não totalmente novo, de pessoas agruparem-se e
estabelecerem relacionamento. Sob os verbetes comunidade e virtual, no dicionário eletrônico
Houaiss, (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2009) selecionaram-se as seguintes acepções:
Comunidade – substantivo feminino. 1. estado ou qualidade das coisas materiais ou das noções abstratas comuns a diversos indivíduos; comunhão. 2. concordância, concerto, harmonia. 3. conjunto de habitantes de um mesmo Estado ou qualquer grupo social cujos elementos vivam numa dada área, sob um governo comum e irmanados por um mesmo legado cultural e histórico. 4. população que vive num dado lugar ou região, ger. ligada por interesses comuns. 5. Derivação: por metonímia, essa região ou esse lugar. [...] [...] Virtual – adjetivo de dois gêneros. 1. existente apenas em potência ou como faculdade, sem efeito real; 2. Derivação: por extensão de sentido - que poderá vir a ser, existir, acontecer ou praticar-se; possível, factível. 3. suscetível de ser us. ou posto em exercício, em função. 4. que constitui uma simulação criada por meios eletrônicos. 5. Rubrica: linguística - relacionado à língua enquanto sistema de relações (langue), que se atualiza na fala (diz-se de termo, elemento etc., segundo a teoria saussuriana). (HOUAISS, 2009).
Como se pode observar, as definições do Houaiss para o termo “comunidade”
evidenciam um grupo de elementos variados, interligando pessoas, lugares geograficamente
definidos, atitudes e relações comuns. A primeira acepção, ao contrário das demais, permite
que se entenda comunidade como “um estado ou qualidade” não somente relacionado ao mundo
físico, mas também vinculado ao que é imaterial, da ordem do abstrato, comum a um grupo de
indivíduos. Uma comunidade se constitui dentro de uma determinada área, formando uma
unidade, e isso possibilita que pessoas mantenham hábitos e desenvolvam crenças em comum.
O termo comunidade, pode-se dizer, contém em si características que prescindem o acréscimo
de um outro atributo para defini-lo.
Por outro lado, observa-se que o adjetivo virtual contém em seu significado, como
característica principal, uma gama de potencialidades, de forma a conferir ao elemento ao qual
esteja ligado características voltadas para o futuro e não verificáveis no presente. Com base nas
acepções verificadas no Houaiss, a atribuição do adjetivo virtual confere a qualquer elemento
um atributo que o deixa repleto de possibilidades não atreladas ao momento atual. Virtual pode
ser também aquilo “que constitui uma simulação criada por meios eletrônicos”, acepção que
42
não serve para especificar a comunicação havida com a ajuda do computador e da internet.
Assim, pode-se considerar como inadequado o uso do adjetivo “virtual” aliado ao termo
“comunidade” para definir “um grupo de pessoas se correspondendo mutuamente por meio de
computadores interconectados” (LÉVY, 1999, p.27), no sentido de que esta prática faz parte da
realidade. O conceito de comunidade virtual, portanto, transcende as acepções dicionarizadas
aqui consideradas.
Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (2014), as chamadas comunidades
virtuais não se definem por um conjunto de pessoas que habitam um mesmo espaço físico, mas
sim por aqueles que, a partir da criação de perfis na internet, compartilham interesses em
comum. Mediada pela internet, uma comunidade virtual prescinde das relações face a face para
que os indivíduos estabeleçam relações de amizade e compartilhem conhecimento e opinião
sobre o mundo. São interações reais, que se concretizam no ciberespaço. A palavra
“ciberespaço” foi utilizada pela primeira vez em 1984, no romance Neuromancer
(SANTAELLA, 2003a) e passou a fazer parte do vocabulário empregado nos estudos sobre a
evolução das mídias digitais para designar este novo espaço criado por computadores em rede.
No final do século passado, quando a conexão em rede começava a ser explorada
comercialmente, entre muitas discussões sobre os efeitos políticos, econômicos, sociais que
aconteciam na época acerca do uso crescente da internet, Pierre Lévi (1999) já defendia que
este fenômeno proporcionaria uma transformação nas relações humanas de proporções sem
precedentes. “A perspectiva da digitalização geral das informações”, percebe Lévy (1999,
p.93), “provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de
memória da humanidade a partir do início do próximo século”.
A partir da internet e do desenvolvimento da web21, segundo Lévy, surge um novo
universal, ligado mais à ideia de pluralidade e compartilhamento comum a todos que à de
presença em todos os lugares. Este conceito de universalidade “se constrói e se estende por
meio da interconexão das mensagens entre si, por meio de sua vinculação permanente com as
comunidades virtuais em criação, que lhe dão sentidos variados em uma renovação
permanente” (LÉVY, 1999, p.15, grifo nosso). O conceito de virtual, neste caso, não se opõe
ao de real:
É virtual toda entidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem contudo estar ela
21 A World Wide Web – ou simplesmente Web – “é um sistema de interconexão e de pesquisa de documentos, capaz de transformar a Internet em um hipertexto gigante, independente da localização física dos arquivos de computador”. (LÉVY, 2009, p.106).
43
mesma presa a um lugar ou tempo em particular. Uma palavra é uma entidade virtual. [...] O virtual existe sem estar presente [...] é uma fonte indefinida de atualizações”. (LEVI, 999, p. 47-48).
O espaço virtual ou ciberespaço, portanto, está ligado à ideia de potencialidade, no
sentido de que contém múltiplas possibilidades de desenvolvimento. Dizer, portanto, que
relações virtuais não são reais é um equívoco, assim como não é adequado referir-se ao espaço
real contrapondo-o ao espaço virtual. Este espaço é constituído pela rede de comunicação entre
computadores que possibilita a pessoas de todo o mundo, virtualmente conectadas, agirem
verdadeiramente.
Raquel Recuero (2009) chama a atenção para algumas particularidades das interações
no ciberespaço. Entre elas, a de uma comunicação assíncrona, visto que as ferramentas que a
registram permitem que uma mensagem possa ser lida e respondida muito tempo depois de ser
enviada sem que, com isso, se perca a comunicação. Embora se espere que uma mensagem seja
respondida imediatamente, sabe-se que, em termos de ambiente virtual, a comunicação não será
interrompida caso a resposta venha algum tempo depois.
Para Recuero, se por um lado a conexão via computador pode representar um
retraimento das pessoas, por outro é um modo de expandir as relações interpessoais, visto que,
via computador, se pode fazer isso sem sair de casa. Segundo dados revelados no Retratos da
Leitura no Brasil 3, navegar na internet é 8ª atividade que os brasileiros mais gostam de fazer
quando têm algum tempo livre, e acessar redes sociais representa a 12ª opção de lazer, na frente
de outras atividades como, por exemplo, frequentar bares e restaurantes e ir ao cinema, teatro,
etc., porém depois de opções como reunir-se com amigos ou família (quarta opção) e sair com
amigos (sexta opção) (FAILLA, 2012, p.285). Estes dados revelam que o convívio com outras
pessoas se configura para os brasileiros como uma importante forma de desfrutar o tempo livre
e que, nesse sentido, a internet integra o lazer das pessoas, surgindo como um elemento
facilitador para que se ampliem as relações sociais. Estas relações, desenvolvidas em ambientes
de natureza diferente, não estão em uma condição de oposição uma à outra e sim de
complementaridade.
Segundo Lévy (1999), não há, a priori, uma independência entre o espaço físico e o
virtual, visto que o espaço virtual se constitui como uma conexão para indivíduos de qualquer
espaço físico:
[...] as chamadas “comunidades virtuais” realizam de fato uma verdadeira atualização (no sentido de um contato efetivo) de grupos humanos que eram apenas potenciais antes do surgimento do ciberespaço. A expressão “comunidade atual” seria, no fundo,
44
muito mais adequada para descrever os fenômenos de comunicação coletiva no ciberespaço do que “comunidade virtual”. (LÉVY, 1999, p.130).
A conexão em rede se constitui de elementos materiais e intelectuais que envolvem
práticas sociais verdadeiras, ainda que instáveis, pela natureza inconstante, aberta, sempre em
transformação das tecnologias envolvidas. “Esta interação”, segundo Lévy, “deve ser vista
como uma ampliação dos encontros físicos, não em substituição a eles. Longe de serem frias”,
diz Lévy, “as relações online não excluem as emoções fortes. Além disso, nem a
responsabilidade individual nem a opinião pública desaparecem no ciberespaço” (LÉVY, 1999,
p.128).
Entende-se que, no contexto das relações constituídas no ciberespaço, um novo tipo de
comunidade se constitui, agora sem os limites territoriais. Esta interconexão possibilita que
pessoas de várias partes do mundo compartilhem interesses em comum, expressem opiniões,
sem que os limites geográficos se interponham. Conforme lembra Recuero (2009), as definições
sobre comunidade virtual são muitas e tentam explicar diferentes grupamentos no ciberespaço.
Neste tipo de comunidade, os indivíduos podem manter uma interação mais ou menos intensa,
porém sempre se estabelecem laços sociais, mantidos pela conexão efetiva e por interesses
comuns. Comunidade virtual, em última análise, se constitui basicamente em um lugar virtual
de interação, reconhecido por elementos próprios que o identificam.
2.1 COMUNIDADE VIRTUAL – UMA METÁFORA PARA COMUNIDADE FÍSICA
Depois dos estudos de Lévy aqui mencionados, a web desenvolveu-se ainda mais nos
anos 2000, e ampliaram-se os estudos sobre o tema. Tornou-se possível aos usuários da internet
não somente acessar as informações contidas no hipertexto como também compor esta grande
rede de informações. Na web 2.0, como então passou a ser denominado o ciberespaço a que se
referia Lévy, a interatividade é ainda maior, e cada usuário é considerado um ator, no sentido
de que ele é também um colaborador ativo na produção de conhecimento e compartilhamento
de informações. A rede formada por computadores interconectados, diz Santaella (2013, p.89),
se constitui em “uma treliça de processadores heterogêneos, todos eles podendo atuar como
fontes e como escoadouros”, o que se traduz, do mesmo modo, em produção e
compartilhamento de informação.
Segundo Payal Arora (2012), as inovações da web 2.0 possibilitaram também que
internautas criem ou passem a fazer parte de grupos seletos, de acordo com preferências
particulares, ampliando-se assim os espaços de convivência e manifestação. Como efeito disso,
45
a quantidade de comunidades virtuais tem crescido consideravelmente, o que também vem
representando uma revolução nas relações sociais.
Em um universo virtual, disponível graças a web 2.0, de estrutura desconhecida para o
usuário, torna-se necessário adotar terminologias do mundo físico, cuja estrutura é de
conhecimento comum, para dar conformidade ao espaço virtual a ser explorado. Com isso, o
uso de termos utilizados para definir ambientes, agentes e ações que fazem parte das relações
humanas de um espaço passam a ser aplicados também ao outro. A internet, por meio da qual
se tornou possível a superação da distância e a otimização do tempo nas comunicações, deixa
então de ser vista como algo totalmente novo à medida em que, para que seu uso possa ser
incorporado às práticas do cotidiano, tem-se de lançar mão de termos já antigos, representativos
do espaço físico, para também representar atores e ações no espaço virtual.
De acordo com Arora (2012), embora não possa haver a simples transferência de
terminologias, visto que características do meio físico nem sempre estão presentes no virtual,
pode-se dizer que ao espaço das relações sociais online subjaz a estrutura criada no espaço
material, de onde se extraem sentidos nucleares verificáveis nas interações via internet. Nesse
contexto, para que seja possível ajustar a nova tecnologia, sempre nutrida de inovações, às
antigas, porém atemporais necessidades, o uso de metáforas para designar os espaços virtuais
com características comuns aos geográficos é inevitável.
Um exemplo disso é relação estreita que se formou entre o termo highway, entendido
como via expressa para veículos automotores, e a internet, considerada uma information
highway (ARORA, 2012). Afora as conotações políticas que se podem perceber nesta relação,
visto que tanto nas autoestradas quanto na internet o tráfego não é distribuído igualitariamente,
a noção de que ambas – a highway e a internet – oferecem a possibilidade de trânsito rápido e
em qualquer sentido é o aspecto central que possibilita o uso do termo aplicado ao advento da
web 2.0. De acordo com Arora, “there is a clear mission to architect social media spaces through
experienced and experiencing physical structures, be it chatrooms, eletronic frontiers,
homepages, or information highways” (ARORA, 2012, p.3, grifos da autora).
Santaella (2003b) menciona a utilização de metáforas e a dimensão socializante e
agregadora do uso do ciberespaço, utilizando como exemplo o uso de chats para manter
conversas. O chat não é uma sala ou lugar físico, mas um software que permite que se
estabeleçam estas conversas on-line entre várias pessoas, como em uma sala convencional,
formando em conjunto o que ela chama de “cidades virtuais”. Do mesmo modo, pode-se dizer
que as comunidades virtuais são uma metáfora dos espaços geográficos e representam espaços
46
sociais emergentes no âmbito online, cujas estruturas baseiam-se naquelas edificadas no mundo
concreto.
A noção de lugar virtual, segundo Santaella (2013b), surgiu primeiramente entre
pesquisadores de física e, pela sua eficácia, estendeu-se a todas as áreas. Por extensão e via
metáforas, surgiram os demais termos. A possibilidade de criar o próprio site ou a própria home
page e de acessar links rapidamente levou pessoas e empresas a uma corrida a web com este
objetivo. Todos estes ambientes de comunicação criados no ciberespaço, segundo Rheingnold
(1993) apud Santaella (2013b, p.121), são considerados comunidade virtuais, isto é, “grupos de
pessoas globalmente conectadas na base de interesses e afinidades, em lugar de conexões
acidentais ou geográficas”. Segundo Santaella (2013b, p.122), ao referir-se às especificidades
do ciberespaço presentes nas comunidades virtuais, “fazemos tudo que fazem as pessoas que se
encontram, mas o fazemos com palavras e na tela do computador, deixando nossos corpos para
trás”.
As interações que passaram a ocorrer nas comunidades virtuais representam práticas
sociais antigas que se estenderam a um novo espaço criado, com nomenclaturas equivalentes.
Situada neste contexto, a comunidade Skoob, como comunidade onde se encontram leitores,
também se utiliza de palavras para designar indivíduos, espaço, objetos, atitudes que fazem
parte do léxico de pessoas que utilizam uma biblioteca tradicional. Ela é considerada uma
estante virtual que, além de espaço de organização das próprias leituras, é também um lugar
onde se pode fazer amigos com quem compartilhar percepções sobre obras e autores.
2.2 A COMUNIDADE VIRTUAL SKOOB
A Skoob, aqui tratada como uma comunidade virtual, é usualmente reconhecida e se
autodenomina como uma rede social. “Somos a maior rede social para leitores do Brasil”, assim
começa o texto sob o título Quem somos?, disposto em pé de página, na capa da Skoob. Por
estar relacionado a um grupo de pessoas com interesse comum – a leitura –, optamos por utilizar
o termo comunidade virtual nesta pesquisa em vez de rede social, e assim continuaremos a nos
referir à Skoob nesta dissertação.
A mais populosa das comunidades virtuais brasileiras é considerada uma rede
colaborativa, tem acesso gratuito e está voltada àqueles que gostam de livros. Desenvolvida em
2009 pelo analista de sistemas Lindenberg Moreira, a Skoob (palavra books ao contrário), que
já disponibilizou aos usuários um aplicativo para smartphones, tem hoje mais de 2 milhões e
47
300 mil usuários (WIKIPEDIA, 201522) e mais de 80 milhões de livros cadastrados, dos quais
6 milhões ocorreram em 2014. (PRESS WORKS, 2014).
O acesso à Skoob é sobretudo facilitado, pois é possível entrar na comunidade efetuando
o cadastro tanto por meio de outra rede social, o Facebook, como por solicitação via e-mail.
Figura 12 – Página para cadastro na Skoob
Fonte: Skoob, 2015.
Depois de cadastrado, o novo usuário torna-se um skoober e está apto a cadastrar novos
títulos e registrar os livros que já leu, que está lendo, que pretende ler e aqueles cuja leitura
abandonou, marcar os favoritos e dar nota a eles, organizando assim sua estante virtual. Pode-
se cadastrar na comunidade virtual Skoob não somente o título da obra lida, mas também aquela
edição exata que se tomou para leitura, de modo que, para cada obra solicitada, o sistema de
busca desta comunidade poderá disponibilizar diversas edições. O menu Explorar da Skoob
disponibiliza ao usuário o acesso direto a listagens de livros cadastrados, autores, leitores,
grupos de leitores, livros para troca, cortesias, lançamentos, meta de leitura e também a listagem
dos Top Mais, a qual exibe, ordenados de um a cem, os livros marcados como os mais lidos
pelos usuários da comunidade. Sobre os Top Mais, falaremos no subcapítulo seguinte.
A Skoob é um espaço que facilita não somente a organização do acervo de leituras mas
também a exibição da preferência por textos e/ou obras, assim como o julgamento do leitor
sobre elas. Representa também um espaço de propaganda de editoras e de divulgação de seus
lançamentos no mercado de livros, o que torna viável e economicamente interessante a
manutenção do site.
Na primeira página da comunidade virtual Skoob, distribuídos em vários itens, os livros
são apresentados por meio de fotografias das capas em miniatura, invariavelmente das últimas
22 Dados disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Skoob>. Acesso em: 13 ago. 2015.
48
edições lançadas pelas editoras associadas. Além de um banner de três livros em lançamento e
de anúncios publicitários, verificam-se nesta página algumas subdivisões contendo os livros
cortesia cedidos pelas editoras e colocados em sorteio, os recém lançados, os mais procurados
do dia, os colocados em destaque e – designação própria da Skoob – as melhores editoras.
Figura 13 – Página inicial da Skoob – imagem parcial
Fonte: Skoob, acesso em 12 ago. 2015
Na Skoob, o leitor pode também acessar os sites das editoras cadastradas para comprar
novos livros e participar de sorteios, trocar livros com outros usuários e concorrer a livros
cortesia doados pelas editoras parceiras.
Além das várias opções oferecidas pela Skoob, está a de se conhecer quantificados os
dados contidos na plataforma a respeito de qualquer item registrado, de modo que é possível
observar, entre outras informações, a quantidade de editoras, autores, livros, leitores (divididos
por sexo), exemplares disponíveis para troca, sorteio ou cortesia, lançamentos, e até o número
total de páginas lidas e a meta de leitura para o ano (fig. 5).
Figura 14 – Dados relacionados à leitura na Skoob
Fonte: Skoob, acesso em 12 ago. 2015
49
A afinidade entre os skoobers se estabelece pelas leituras e pelas opiniões comuns
emitidas sobre elas, o que os predispõe a aderir a determinados grupos e também a estabelecer
um relacionamento mais estreito por meio do envio de convite de amizade, “seguindo” ou
enviando recado. Além de se apresentar como uma via interativa, a Skoob representa um meio
de manter o leitor informado sobre as preferências de leitura de outras pessoas e sobre novos
títulos disponíveis – o que poderá suscitar novas necessidades de leitura.
Pode-se dizer que o skoober tem, nesta comunidade dedicada a pessoas que gostam de
ler, um modo não apenas de mostrar o que lê a todos os demais cadastrados mas também de se
identificar dentro dela pelo gênero dos livros que cadastra (romance, científico, biográfico,
etc.). Essa identidade é reforçada nas resenhas, por meio das quais ele compartilha a opinião
sobre as leituras que já fez ou que estão em andamento e pelos comentários que faz sobre as
resenhas de outros leitores. Isso, de certo modo, funciona como um uma forma de marketing
pessoal, visto que a imagem da pessoa está, neste caso, atrelada ao tipo de leitura que ela afirma
fazer e às preferências por determinados livros ou autores.
2.3 DOM CASMURRO E MEMÓRIAS PÓSTUMAS NO CONTEXTO DA SKOOB E A
NOÇÃO DE “COMUNIDADE INTERPRETATIVA”
Dentre as diversas opções de interatividade oferecidas aos leitores, a partir dos cadastros
das obras por eles efetuados, a Skoob fornece listagens Top Mais, constituídas de cem livros
que se destacam separadamente em determinadas categorias: os Top Mais Lidos, Lendo, Quero
ler, Abandonados, Desejados, Favoritos e Trocados. A listagem dos Top Mais é onde optamos
por centralizar o nosso olhar, pois as demais ou não representam leituras efetivamente
realizadas ou exprimem explicitamente desejo ou opinião favorável em relação a elas. A Top
Mais Lidos é, por assim dizer, a listagem que demonstra mais imparcialidade em relação às
leituras, por isso a escolhemos para análise.
Os Top Mais Lidos23 são, na maioria, livros de autores estrangeiros contemporâneos,
alguns adaptados ao cinema como, por exemplo, os quatro volumes que compõem a saga O
crepúsculo (Stephenie Meyer), os sete livros da coleção Harry Potter (J. K. Rowling), os livros
de aventura O código Da Vinci, Anjos e demônios e O símbolo perdido (Dan Brown), a trilogia
O senhor dos anéis (J. R. R. Tolkien), dois dos cincos volumes que compõem Percy Jackson e
23 Disponível em: http://www.skoob.com.br/livro/top_mais/lidos/.
50
os Olimpianos (Rick Riordan), três dos cinco volumes da série As crônicas de gelo e fogo
(George R. R. Martin). Também estão lá romances universais como O pequeno Príncipe (A.
Saint-Exupéry), A revolução dos Bichos e 1984 (Jorge Orwell), A Metamorfose (Franz Kafka),
Orgulho e preconceito (Jane Austen), Romeu e Julieta (Willian Shakespeara) e o livro O diário
de Anne Frank (Anne Frank). Ainda se podem verificar, compondo essa listagem, os autores
nacionais Pedro Bandeira (A droga da obediência e A marca de uma lágrima), José de Alencar
(Iracema e Senhora), Jorge Amado (Capitães de areia), Joaquim Manuel de Macedo (A
moreninha), Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias), Clarice
Lispector (A hora da estrela), Paulo Coelho (O diário de um mago, Brida e O alquimista) e
Machado de Assis, com Dom Casmurro ocupando a 18ª posição e Memórias póstumas de Brás
Cubas a 38ª24. Fora deste contexto de produções atuais compartilhadas pelo mercado editorial
e pela indústria fílmica, constata-se que estão incluídos, na 18ª e 37ª posição, respectivamente,
os romances DC e MP, de Machado de Assis.
O que nos levou a idealizar este estudo foi constatar que, fora deste contexto de
produções atuais, compartilhadas pelo mercado editorial e pela indústria fílmica, entre as cem
obras mais lidas da comunidade virtual Skoob estão incluídos, na 18ª e 37ª posição,
respectivamente, os romances DC e MP, de Machado de Assis (fig. 10 e 11).
Figura 15 – Dom Casmurro entre os Top Mais da Skoob
Fonte: Skoob, 2015. Figura 16 – Memórias P. de Brás Cubas entre os Top Mais da Skoob
Fonte: Skoob, 2015
24 Informação disponível em: http://www.skoob.com.br. Acesso em: 2 nov 2015.
51
Consideramos que a leitura dos romances de Machado de Assis não se produz pelo
mesmo citado apelo midiático empreendido para que se leiam os best-sellers descritos.
Queremos saber o que leitores – que, conforme o que se verifica nos Mais Lidos, são afeitos
principalmente à leitura de textos multimídia – depreendem de textos produzidos em uma época
distante – tais como DC e MP –, pois se não é possível interpretar o texto fora do seu contexto
de produção, também não se pode desconsiderar o contexto de recepção e seus efeitos sobre a
leitura.
Além de estes romances figurarem entre os que preenchem o ranking dos cem livros
mais lidos por aqueles cadastrados na Skoob25, observou-se que DC e MP também aparecem
em algumas das demais listagens (fig.17):
Figura 17 – DC e MP nos diversos rankings Skoob
Mais Lidos
Mais Lendo
Mais Quero Ler
Mais Abandonados
Mais Desejados
Mais Favoritos
Mais Trocados
DC 18ª 38ª – 11ª – 44ª 19ª
MP 38ª 73ª – 23ª – – 55ª
Fonte: dados de pesquisa
Verificamos, com base nos dados expostos no quadro acima, que DC e MP não
aparecem na listagem dos Top Mais Quero Ler e Top Mais Desejados e que MP não consta
entre os Mais Favoritos. Embora constem nas demais listagens (Mais Lendo, Mais Trocados e
Mais Abandonados), é na dos Mais Abandonados que DC e MP ocupam posições superiores,
11ª e 23ª, respectivamente. Visto que as listas são organizadas a partir da votação dos leitores
para cada livro, pode-se verificar, a partir do quadro acima, que estes romances constam tanto
nas listagens de conotação positiva com relação à leitura quanto nas de conotação negativa.
Mais importante para a nossa pesquisa é perceber, para além desta disposição em listagens, o
fato de que os romances DC e MP estão entre aqueles que são mais conhecidos, pois, do
contrário, não seria possível classificá-los desta maneira. A ligação deste fenômeno com o que
se verifica nas práticas de leitura com vistas ao exame vestibular, ainda que não possa ser
atestada, não pode ser desconsiderada.
Assim como a interpretação da obra literária exige um esforço individual, a
interpretação dos sentidos produzidos na comunicação ocorrida nos diversos contextos
compreende um envolvimento social. Para Stanley Fish, o sentido depreendido da comunicação
entre as pessoas não se constrói per se, mas a partir do contexto em que interesses e objetivos
são compartilhados, sob regras “públicas e constitutivas (de linguagem e compreensão)” (FISH,
25 Disponível em: <http://www.skoob.com.br/livro/top_mais/abandonados/ >. Acesso em: 12 dez 2015.
52
1992, p.4). Embora as palavras contenham em si sua significação, é no contexto que elas
adquirem sentido ou sentidos, porque há uma multiplicidade de possibilidades de interpretação.
Aquela mais apropriada em determinado lugar e momento é “selecionada” automaticamente de
acordo com as evidências que a situação apresenta, levando-se em conta o que as pessoas
envolvidas têm em comum. Desse modo, depreender sentido não é atitude arbitrária ou decisão
individual, mas uma questão de, nas palavras de Fish, “entendimento compartilhado”. Assim
se definem as “comunidades interpretativas”, conforme este autor, compostas por “atores dentro
de uma instituição”, os quais “automaticamente tornam-se herdeiros dos sistemas de
inteligibilidade dessa instituição, das suas maneiras de significar” (FISH, 1992, p.205).
Utilizando-nos da perspectiva de Fish (1992), podemos falar em comunidades virtuais
como análogas às comunidades interpretativas, entendendo que ambas se constituem dentro de
contextos geradores de sentidos e, portanto, de possibilidades de interpretação, cujas regras não
fazem parte da língua em si, “mas são inerentes a uma estrutura institucional dentro da qual as
pessoas ouvem os enunciados como já organizados com referência a certos propósitos e metas
previamente assumidos”. Desse modo, também em uma comunidade virtual as “atividades
interpretativas” têm suas próprias regras limitadoras, que são as “práticas aceitas e os
pressupostos estabelecidos pela instituição e não as regras e os significados fixos de um sistema
linguístico”. (FISH, 1992, p.194).
A instituição definida por Fish é, para os leitores da Skoob, em seus contornos mais
restritos, a própria comunidade virtual, com suas regras de funcionamento, de disposição de
livros e resenhas, de propaganda. No entanto, tanto a Skoob quanto os leitores estão inseridos
em um amplo contexto histórico-cultural (a instituição maior), cujas regras são ditadas por
várias instituições, entre elas a família, a igreja, a escola. A ação desta última, cujos preceitos
compreendem a valorização da leitura de determinados textos e autores, exerce efeitos
importantes na formação de todos os leitores. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no
Brasil divulgada em 2011, os livros indicados pela escola, divididos em didáticos (30%) e
literários (17%), ocuparam a 3ª posição entre os materiais lidos citados por 47% dos
entrevistados. Quando perguntados sobre qual a pessoa que mais influenciou ou incentivou o
gosto pela leitura, o professor ou a professora aparece em primeiro lugar, a família em segundo,
parentes e amigos em terceiro, padres, pastores ou algum líder religioso em quarto.
Considerando-se os dados obtidos a partir das entrevistas, é evidente a superior importância da
escola como instituição formadora de leitores.
A lista dos Top Mais da Skoob, na qual constam DC e MP, resulta de um contexto no
qual agem várias instituições. Na opinião emitida pelo leitor, presente nas resenhas registradas
53
sobre esses romances – aqui consideradas como “enunciados”, segundo a perspectiva de Fish –
subjaz a influência dessas instituições. O fato de Machado de Assis fazer parte do cânone da
literatura brasileira e de a sua obra ser difundida pela escola e a academia como uma literatura
que deve ser lida pela sua qualidade estética pode ser fator constitutivo da opinião do leitor
sobre este autor. Pode-se dizer, com base na teoria de Fish (1992), que o senso comum sobre a
literatura machadiana se encaixa na “categoria do normal”, visto que, no meio escolar e
acadêmico, o conceito sobre a obra deste autor está instituído e naturalizado, a tal ponto que,
ao leitor, obra e conceito parecem ter nascido juntos. A opinião do leitor é formada também sob
a ação destas instituições de forma que, “como ator dentro de uma instituição, automaticamente
torna-se herdeiro dos sistemas de inteligibilidade dessa instituição, das suas maneiras de
significar” (FISH, 1992, p.205). Para Fish (1992, p.205), “a condição de ser independente de
pressuposições institucionais e de ser livre para criar seus próprios objetivos e propósitos nunca
poderia realizar-se e, portanto, não há motivos para tratar de proteger-se contra ela”. Podemos,
isto sim, cientificar-nos sobre os mecanismos envolvidos nesta interdependência. Nesse
sentido, a análise das resenhas sobre DC e MP deverão nos fornecer pistas sobre as influências
a que está sujeito o processo interpretativo dos leitores.
54
3 MACHADO DE ASSIS – A INSTITUIÇÃO E A MANUTENÇÃO DO AUTOR NO
CÂNONE BRASILEIRO
Para entender os modos atuais de leitura de obras como DC e MP, antes de analisarmos
o que dizem os leitores sobre elas, a partir de como eles as percebem, temos que verificar, no
passado histórico, o contexto de produção e de instituição destes romances como cânones na
literatura brasileira. De acordo com Alfredo Bosi (2006), o romance surgiu na Europa, no século
XVIII, como novo gênero literário. O romance surgiu com o Romantismo, primeiro na
Inglaterra, Alemanha e França, e veio para o Brasil com uma roupagem liberal europeia que
não combinava com o Brasil escravista. Não obstante desempenhava, de acordo com Antonio
Candido, importante papel no contexto histórico e político do país independente:
[...] nativismo e civismo foram grandes pretextos, funcionando como justificativa da atividade criadora; como critério de dignidade do escritor; como recurso para atrair o leitor e, finalmente, como valores a transmitir. [...] Tão importante é esta circunstância para a criação e difusão da literatura, que outras tendências literárias buscavam nela razão de ser, como foi o caso das que se designam pelo nome genérico de sentimentalismo. Assim, a melancolia, a nostalgia, o amorda terra foram tidos como próprios do brasileiro; foram considerados nacionais a seu modo, de valor quase cívico, e frequentemente inseparáveis do patriotismo. (CANDIDO, 2006a, p.90).
De outro modo, diz Candido, para ser aceito pelos leitores brasileiros, mais afeitos a
eloquência dos discursos patrióticos, o escritor empenhava-se em agradá-los. Por sua vez, a
elite política dominante dispunha-se a regular a atividade literária e também a aquiescer a
literatura e autores, visto que estes desempenhavam importante função cívica:
[...] consequência importante da literatura se haver incorporado ao civismo da Independência e ter-se ajustado a públicos mais amplos do que os habilitados para a leitura compreensiva: a sua aceitação pelas instituições governamentais, com a decorrente dependência em relação às ideologias dominantes. Neste sentido, avultam três fatores: o frequente amparo oficial de D. Pedro II, o Instituto Histórico e as Faculdades de Direito (Olinda-Recife e São Paulo). A sua função consistiu, de um lado, em acolher a atividade literária como função digna; de outro, a podar as suas demasias, pela padronização imposta ao comportamento do escritor, na medida em que era funcionário, pensionado, agraciado, apoiado de qualquer modo. Houve, neste sentido, um mecenato por meio da prebenda e do favor imperial, que vinculavam as letras (os literatos à administração e à política, e que se legitima na medida em que o Estado reconhecia, desta forma (confirmando-o junto ao público), o papel cívico e construtivo que o escritor atribuía a si próprio como justificativa da sua atividade. (CANDIDO, 2006a, p.92-93).
Nesta relação, em que os escritores permanecem no cenário da literatura graças, em
parte, a uma troca de favores, se conforma a literatura brasileira e sobressaem muitos daqueles
que farão parte do cânone, inclusive Machado de Assis:
55
Não estranha, pois, que se tenha desenvolvido na nossa literatura oitocentista um certo conformismo de forma e fundo [...] Ele se liga ao caráter, não raro assumido pelo escritor, de apêndice da vida social, pronto para submeter sua criação a uma tonalidade média, enquadrando a expressão nas bitolas de gosto. Muitos dos nossos maiores escritores — inclusive Gonçalves Dias e Machado de Assis — foram homens ajustados à superestrutura administrativa. A condição de escritor funcionou muitas vezes como justificativa de prebenda ou de sinecura; e para o público, como reconhecimento do direito a ambas, — num Estado patrimonialista como era o nosso. (CANDIDO, 2006a, p.93-94).
Embora os autores românticos desfrutassem de grande prestígio entre o público leitor e
o Estado, o romance romântico e suas idealizações passaram por um “processo de crítica”,
houve “um esforço, por parte do escritor anti-romântico, de acercar-se impessoalmente dos
objetos, das pessoas. E uma sede de objetividade que responde aos métodos científicos cada
vez mais exatos nas últimas décadas do século” (BOSI, 2006, p.167). Os mestres dessa nova
literatura, cita Bosi, eram os franceses Flaubert, Maupassant, Zola e Anatole e os portugueses
Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Antero do Quental. No Brasil, se destacavam Aluísio de
Azevedo, Raul Pompéia, Machado de Assis. De acordo com Bosi, “a atitude de aceitação da
existência tal qual ela se dá aos sentidos era a proposta sugerida aos autores realistas” (BOSI,
2006, p.167, grifos do autor). Mais atento às transformações sociais aqui ocorridas, o romance
brasileiro se despiu da aparência do europeu, se destituiu do enlevo pela natureza característico
do romance romântico para vestir as feições do país.
Machado de Assis, neste contexto, preferiu firmar sua literatura no humor dos autores
ingleses para mostrar a sociedade brasileira como ela era. Abasteceu-se do romance europeu26
para criar a sua obra, lendo Swift, Stern e Leopardi (BOSI, 2006). No entanto, o autor lutava
contra a demasiada influência dos românticos, embora reconhecesse na literatura brasileira um
“instinto de nacionalidade” que começava a torná-la independente cerca de cinquenta anos
depois de o país ter conquistado a sua independência em relação a Portugal (ASSIS, 1873).
Machado de Assis entendia como necessidade a literatura brasileira tornar-se livre da influência
desta filiação, no sentido de, absorvidas as características deste gênero, incorporar a verdadeira
26 Na nota “Ao autor”, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o narrador deste romance, que no início do primeiro capítulo se autodenomina um “defunto autor”, diz ter adotado “a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre”. No Notícia da atual literatura brasileira. Instinto de nacionalidade (1873), Machado diz: [...] os livros de certa escola francesa, ainda que muito lidos entre nós, não contaminaram a literatura brasileira, nem sinto nela tendências para adotar as suas doutrinas, o que é já notável mérito. As obras de que falo, foram aqui bem-vindas e festejadas, como hóspedes, mas não se aliaram à família nem tomaram o governo da casa. Os nomes que principalmente seduzem a nossa mocidade são os do período romântico; os escritores que se vão buscar para fazer comparações com os nossos, — porque há aqui muito amor a essas comparações — são ainda aqueles com que o nosso espírito se educou, os Vítor Hugos, os Gautiers, os Mussets, os Gozlans, os Nervals [...] No gênero dos contos, à maneira de Henri Murger, ou à de Trueba, ou à de Ch. Dickens, que tão diversos são entre si, têm havido tentativas mais ou menos felizes, porém raras [...]
56
“cor local” e deixar de ser uma cópia do que se produzia fora do país. Não somente a literatura
brasileira se alimentou, na forma e no conteúdo, daquela produzida na Europa, principalmente
da literatura francesa e inglesa, mas também o desenvolvimento da cultura em solo brasileiro,
de um modo geral, se deu em função da cultura europeia (SCHWARZ, 2012). Conforme
Schwarz, mais que uma independência política, portanto, tratava-se de uma independência
cultural pela qual Machado ansiava.
O autor mostrou um Brasil até então não representado na literatura. Diferentemente dos
indianistas e naturalistas, Machado caracteriza homens e mulheres de um Brasil urbano,
inseridos no espaço e no tempo da cidade, mostrando o caráter de seus personagens em suas
diversas facetas, deixando transparecer a estrutura do Brasil escravocrata, cuja elite que nele
habitava ainda tinha olhos voltados para o continente colonizador. Segundo Schwarz (2012,
p.49-50), “herdávamos com o romance, mas não só com ele, uma postura e dicção que não
assentavam nas circunstâncias locais, e destoavam delas. Machado de Assis iria tirar muito
partido desse desajuste, naturalmente cômico”. Ao desfazer-se das antigas ideologias, o
romance realista de Machado trouxe para o centro da narrativa o que antes era periferia. Nesse
sentido, diz Schwarz (2012, p. 53), “o romance realista foi uma grande máquina de desfazer
ilusões”. “O esquema romântico e dialético, segundo o qual os autores são tanto mais universais
quanto mais locais”, diz Schwarz (2004, p.18)27, “integrava o Brasil à civilização”. Sem o
ufanismo característico do romantismo europeu, no qual o brasileiro se espelhava, constrói-se
a autenticidade e, consequentemente, a universalidade da obra machadiana, assim reconhecida
pela crítica literária brasileira.
A produção intelectual de Machado de Assis compreende poesia, teatro, conto, peças de
teatro, resenha crítica e romance28, mas é com o conto e o romance que Machado se sobressai
no cânone brasileiro da literatura. Sua obra começa com o romantismo, porém “atinge a plena
maturidade do seu realismo de sondagem moral” (BOSI, 2006, p.174), a partir do romance
Memórias Póstumas de Brás Cubas, considerado o “divisor de águas” na obra do autor.
Segundo Bosi (1996), este romance foi não só uma revolução formal mas também ideológica.
Centrada em um narrador morto, a narrativa deixava-o livre para discorrer sobre a essência
humana e desnudá-la, deixando ver nela o que há de mesquinho e precário, conforme Bosi
(2006), uma “herança inalienável” sobre a qual valia a pena refletir. Era como uma resposta aos
27 Do ensaio “A viravolta machadiana”, publicado em julho de 2004, na Revista Novos Estudos, disponível no site http://novosestudos.uol.com.br/v1/Pages/view/sobre-a-revista. 28 A lista completa das obras machadianas pode ser vista no site http://www.dominiopublico.gov.br.
57
românticos idealistas e às ideias liberais que antes Machado defendia, mas que se tornavam
obsoletas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas teve seus capítulos publicados em folhetins da
Revista Brasileira, entre os meses de março e dezembro de 1880 (ABL, 2014). De acordo com
Bosi (2006), herdado com as características do francês, o romance-folhetim brasileiro atingia
um vasto público que não podia frequentar a academia, mas que, semiletrada, desejava uma
leitura de entretenimento. O folhetim protela o “prazer que vem da resposta”, conforme Bosi, e
instaura a curiosidade no leitor pelo que de bom ou ruim acontecerá aos personagens.
Em 1859, no Aquarelas IV – O Folhetinista, publicado no jornal O Espelho (RJ),
Machado de Assis falava sobre a origem francesa do folhetinista, reclamava por originalidade
de estilo àqueles que o cultivavam e criticava a maneira como o gênero folhetim se aclimatava
ao solo brasileiro, mantendo os traços da origem francesa e mostrando pouco a “cor local”:
[...] o folhetim nasceu do jornal, o folhetinista por conseqüência do jornalista. Esta íntima afinidade é que desenha as saliências fisionômicas na moderna criação. O folhetinista é a fusão admirável do útil e do fútil, o parto curioso e singular do sério, consorciado com o frívolo. Estes dois elementos, arredados como pólos, heterogêneos como água e fogo, casam-se perfeitamente na organização do novo animal. Efeito estranho é este, assim produzido pela afinidade assinalada entre o jornalista e o folhetinista. Daquele cai sobre este a luz séria e vigorosa, a reflexão calma, a observação profunda. Pelo que toca ao devaneio, à leviandade, está tudo encarnado no folhetinista mesmo; o capital próprio. O folhetinista, na sociedade, ocupa o lugar de colibri na esfera vegetal; salta, esvoaça, brinca, tremula, paira e espaneja-se sobre todos os caules suculentos, sobre todas as seivas vigorosas. Todo o mundo lhe pertence; até mesmo a política. [...] Em geral o folhetinista aqui é todo parisiense; torce-se a um estilo estranho, e esquece-se, nas suas divagações sobre o boulevard e café Tortoni, de que está sobre um mac-adam lamacento e com uma grossa tenda lírica no meio de um deserto. Alguns vão até Paris estudar a parte fisiológica dos colegas de lá; é inútil dizer que degeneraram no físico como no moral. Força é dizê-lo: a cor nacional, em raríssimas exceções, tem tomado o folhetinista entre nós. Escrever folhetim e ficar brasileiro é na verdade difícil. Entretanto, como todas as dificuldades se aplanam, ele podia bem tomar mais cor local, mais feição americana. Faria assim menos mal à independência do espírito nacional, tão preso a essas imitações, a esses arremedos, a esse suicídio de originalidade e iniciativa. (ASSIS, 1994, grifos do autor).
Embora em sua crítica Machado desabone folhetim e folhetinistas pela parca iniciativa
por mudanças que tornassem o gênero aqui praticado efetivamente brasileiro, o autor não
desconsiderava o fato de que a combinação entre o jornalismo e a literatura resultava em uma
abrangência de público maior para o texto literário e levava a efeito um número maior de
leitores. Nesse sentido, a contribuição do folhetim para a instituição do romance no Brasil foi
muito importante, visto que muitos escritores estruturaram algumas de suas obras
58
primeiramente desta forma29. MP teve sua primeira publicação como folhetim na Revista
Brasileira em 1880, para somente em 1881 seus capítulos serem reunidos e publicados em um
único livro, quando Machado de Assis já era autor reconhecido no Brasil.
O romance, fixado como gênero canonizado, era um modelo a seguir, no entanto
Machado tinha sua crítica voltada contra a mesmice das escolas literárias e a falta de
criatividade de alguns autores brasileiros, e empenhava-se em enaltecer autores que já estavam
progredindo no sentido de imprimir, seja na poesia, no romance ou no teatro uma nacionalidade
brasileira (MACHADO, 1994). O poder da narrativa concisa feita por Brás Cubas, um
personagem morto, em capítulos curtos, sem seguir uma ordem cronológica, impregnada de
reflexão sobre si e apelo direto ao leitor, levou MP a ser considerado como um dos mais
significativos exemplares da obra machadiana. MP redirecionou a carreira literária desse autor,
e pode-se dizer que inaugurou na literatura brasileira um novo e consagrado estilo literário.
A estrutura de Dom Casmurro é a mesma de MP, calcada na narrativa de memórias de
um homem em primeira pessoa. O narrador em DC, segundo Schwarz (2004), fornece ao leitor
pontos de vista insuficientes a respeito dos fatos, pessoas e coisas que ele apresenta e que
compõem um passado cheio de dúvidas, sobre o qual prevalece a desconfiança de traição por
Capitu e Bentinho. Neste romance, assim como em MP, “o narrador machadiano realizava em
grau superlativo as aspirações de elegância e cultura da classe alta brasileira, mas para
comprometê-la e dá-la em espetáculo” (SCHWARZ, 2004, p.29).
De acordo com Antonio Candido (1995), se a Europa concentrava a maior parte do
cânone da literatura, especificamente do romance, o Brasil ainda estava à margem no campo
literário, assim como o país estava à margem econômica e politicamente no cenário mundial.
Machado de Assis, embora fosse reconhecido no Brasil como o maior escritor do país e tivesse
o quilate dos melhores autores internacionais, mesmo no século XX permaneceu um romancista
marginal, menos lembrado fora do país do que poderia ser, o que se deve, segundo Candido
(1995), ao fato de a língua portuguesa ser a menos conhecida dos países ocidentais e de o Brasil
não ter uma posição política central no mundo.
Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras – ABL,
criada no século XIX segundo o padrão da Academia Francesa. A ABL, como se pode verificar
em seus estatutos, foi criada com o propósito de promover “a cultura da língua e da
literatura nacional”, e seus membros são escolhidos de modo a contemplar os chamados mestres
da literatura nacional que tenham “publicado obras de reconhecido mérito ou, [...], livro de
29 Bosi (2006) cita Teixeira e Souza, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães, Alfredo Taunay.
59
valor literário” (ABL, 2014). Segundo o art. 6º do seu Estatuto, “sem vênia da Academia
nenhum Acadêmico tem o direito de declarar essa qualidade nos livros que publicar”, o que
sugere ser a Academia (os seus membros) o órgão regulador dos parâmetros utilizados para
definir o mencionado “valor literário”. Machado foi o primeiro presidente da ABL e, dentre
seus quarenta membros, ocupou a cadeira número 23. O discurso proferido por Machado no dia
20 de julho de 1897, por ocasião da solenidade de inauguração, mostra, por si só, os propósitos
para os quais foi criada:
SENHORES, Investindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora, que vos agradeço a escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança. Não é preciso definir esta instituição, iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a Academia nasce com a alma nova, naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige, não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloquência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles o transmitam aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a sessão. (ABL, 2014, grifos nossos).
A Academia Francesa serviu de modelo à ABL tanto na reprodução das “feições de
estabilidade e progresso” e da pompa dos cerimoniais das solenidades, envolvendo a
caracterização da vestimenta e dos complementos utilizados pelos acadêmicos, quanto na
arquitetura do prédio: o Petit Trianon, uma réplica do Petit Trianon de Versailles, sede da
Academia Francesa de Letras, foi doado pelo governo francês em 1923, por ocasião do
Centenário da Independência do Brasil, e serve de sede à ABL até hoje. Além disso, teve como
sócios correspondentes nomes como Eça de Queirós (Portugal) e Émile Zola (França),
Guglielmo Ferrero (Itália), Léon Tolstoi (Rússia). (ABL, 2015).
Como se pode observar, o pronunciamento de Machado é moldado tendo como base a
constância, a salutar sobrevivência às mudanças, a tradição, a permanência e a transmissão de
valores naquele momento asseguradas por um seleto grupo de autores. A estrutura acadêmica
das universidades, especialmente a área de Letras, encarrega-se de perpetuar a ideia de
imortalidade associada a essa plêiade. Sabe-se que, por força do valor atribuído à obra deste
autor, no século XIX, e do empenho daquelas instituições em manter a leitura dos textos
60
machadianos, elas vêm sistematicamente sendo solicitadas nas provas de literatura dos exames
vestibulares. Como resultado disso, tem-se que essa leitura se tornou obrigatória aos
vestibulandos interessados em conquistar uma disputada vaga, tanto nas universidades públicas
quanto naquelas de capital privado.
Antes do vestibular, no entanto pelos mesmos motivos acima expostos, a leitura dos
textos machadianos é solicitada aos alunos de ensino médio, de forma que essa prática se torna
uma imposição. Deve-se levar em conta que, muitas vezes, em contrapartida, não são
consideradas as preferências nem se adéquam os métodos às suas realidades. “A obra de arte”,
conforme Bourdieu (2013, p.10), “só adquire sentido e só tem interesse para quem é dotado do
código segundo o qual ela é codificada”. A despeito disso, o aluno é posto frente a textos que
não são refratários à época de produção, mas, como já dito, contêm reflexos mais ou menos
fiéis dela, ou seja: ele se vê confrontado com um universo de significações bem diferentes do
seu e, muitas vezes, não tem condições de compreendê-lo, visto as diferenças existentes entre
o repertório dele e o de produção dos textos.
Dessa maneira distanciado, na iminência de um concurso decisivo para a futura vida
profissional, o aluno começa cedo a “ter que” ler e interpretar Machado de Assis. Dadas as
condições em que se dão as leituras de textos literários, são poucos aqueles no Brasil que, tendo
cursado o ensino médio, ainda não leram algum dos romances ou contos machadianos. É bem
provável que se encontrem exemplares de livros deste autor nas estantes dos lares brasileiros
pelos motivos aqui expostos, adquiridos por causa das leituras solicitadas no ensino médio e/ou
com vistas ao vestibular.
A linguagem utilizada, a alusão a hábitos, comportamentos, crenças, ideologias, valores,
fatos políticos, tudo faz parte do pano de fundo onde se projetam as imagens do cotidiano que
compõe a ficção machadiana. Os elementos que compõem o estilo irônico, a crítica à sociedade
burguesa do Rio de Janeiro do século XIX anteciparam Machado de Assis a uma geração de
escritores. Porém, sem a pretensão de desconsiderar ou julgar seus méritos, ele consta na
história e permanece como um ícone da literatura brasileira por força do que um determinado
grupo social entende e julga ser a competência na arte de escrever. É por tudo isso, pode-se
dizer, que Machado se tornou digno de figurar um posto de membro da Academia Brasileira de
Letras e, dessa forma, atingir a categoria de “imortal”. A escola e a academia empenham-se em
manter sólida esta posição.
O estabelecimento do cânone e, consequentemente, do que estará fora dele, segundo
Itamar Even-Zohar (2013b) é essencial ao bom funcionamento e até à sobrevivência de um
sistema e não tem relação com características essencialmente do texto em si. “As tensões entre
61
cultura canonizada e não-canonizada são universais. Estão presentes em toda cultura humana,
simplesmente porque não existe uma sociedade humana não estratificada, nem sequer
utopicamente” (EVEN-ZOHAR, 1993, p.8). No caso da literatura, a existência do cânone
garante a manutenção do sistema literário como atividade em destaque entre as demais
atividades culturais.
[...] Por “canonizadas” entendemos aquelas normas e obras literárias (isso é, tanto modelos como textos) que nos círculos dominantes de uma cultura são aceitas como legítimas e cujos produtos mais marcantes são preservados pela comunidade para que formem parte de sua herança histórica. “Não-canonizadas” quer dizer, pelo contrário, aquelas normas e textos que esses círculos rejeitam como ilegítimas e cujos produtos, em longo prazo, a comunidade esquece frequentemente (a não ser que seu status mude). A canonicidade não é, portanto, uma característica inerente às atividades textuais a nível algum: não é um eufemismo para “boa literatura” frente à “má literatura”. O fato de que em certos períodos certas características tendam a agrupar-se em torno a este ou aquele status não implica que tais características sejam “essencialmente” pertinentes a um status determinado. (EVEN-ZOHAR, 2013b, p.7).
De outro modo, mas ainda compreendendo que o objeto de arte se relaciona intimamente
ao status de quem o produz ou dele se torna consumidor, Even-Zohar (2013b) refere-se à
importância de um modelo literário ser seguido por outros escritores. Isto sinaliza que não
apenas determinado texto é canônico, mas também o modelo aplicado ao cânone, o que, em
última análise, confere um almejado prestígio ao autor. Influenciar outros escritores a partir de
um modelo que, por isso, se tornará consagrado é, portanto, mais vantajoso em termos de status
auferido que ter um texto em posição central no sistema: é preferível ser reconhecido por
garantir a dinamicidade do modelo que por manter a posição estática de um texto no cânone.
Caso um modelo seja rejeitado, deverá ser modificado, ou então seu autor se deslocará do centro
para a periferia, o que revela a inter-relação existente entre a literatura situada na margem do
sistema e aquela entendida como canônica ou central. Esta última pode receber “transferências”
da literatura considerada mais afastada do centro, o que revela um intrincado processo de
atualização e inovação no campo literário. Machado de Assis se distingue pela sua estabilidade
dentro do cânone nacional, visto que foi personagem importante na consagração do romance
como forma na literatura brasileira, nesta imprimindo seu próprio.
De acordo com Rakefet Sela-Sheffy (2002), não se pode dizer que um modelo de cânone
seja fixo, pois os repertórios se modificam. Com isso, porém, a ideia de cânone não pode ser
reduzida apenas a um modismo passageiro que, por isso, é suscetível a ser simplesmente
substituído por outro. Conforme exemplifica Sela-Sheffy (2002), embora o épico tenha sido
deslocado à margem do sistema depois do surgimento do romance como prática literária, seus
modelos e obras não deixaram de ocupar posição central na cultura europeia. Há determinados
62
produtos culturais que mantém a posição dentro do cânone por muito mais tempo e podem ser
considerados depositários da cultura de um povo ou país, subsistindo a pressões por troca de
posição de domínio entre culturas, a convulsões sociais e, de modo mais direto, a intempéries
a que o mercado cultural está sujeito, servindo-lhe como um balizador de vendas.
[...] há sempre um corpo mais sólido de artefatos e padrões de ação que gozam de maior consenso em toda a sociedade, e que persistam por períodos mais longos, mesmo nos casos em que as ideologias contemporâneas específicas tendem a rejeitá-las. Independentemente das condições históricas concretas da sua canonização, este repertório canonizado é dificilmente distintivo de qualquer um dos grupos rivais particulares que lutam pela dominação em um determinado espaço social. É, de fato canonizado no sentido de que ele é amplamente partilhado, acumulativo e durável. Ou seja, ao contrário dos gostos contemporâneos ou normas vigentes de correção, esse repertório sancionado é persistente, ou, pelo menos, parece ser muito menos sensível a tensões sociais e transições que outros segmentos culturais que podem resultar em um total deslocamento. (SELA-SHEFFY, 2002, p. 145).
Sheffy se refere, em seu estudo, especialmente à literatura alemã e inglesa, porém
observar sua teoria é procedimento válido também quando estudamos fenômenos da literatura
brasileira, a exemplo do que ocorre com a obra machadiana de modo geral e a DC e MP de
modo específico. Os romances de Machado de Assis fazem parte de um corpo sólido e
duradouro de obras que atravessaram o tempo, perpassando o movimento modernista das artes
no século XX, até a atualidade. No discurso pronunciado em 7 de dezembro de 1897, na sessão
de encerramento dos trabalhos acadêmicos da ABL, Machado de Assis, na posição de
presidente desta instituição, convocava aos seus membros uma atitude guardiã da língua pela
preservação do cânone:
A Academia, [...], buscará ser, com o tempo, a guarda da nossa língua. Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha das fontes legítimas, – o povo e os escritores, – não confundindo a moda, que perece, com o moderno, que vivifica. Guardar não é impor; nenhum de vós tem para si que a Academia decrete fórmulas. E depois para guardar uma língua, é preciso que ela se guarde também a si mesma, e o melhor dos processos é ainda a composição e a conservação de obras clássicas. (ABL, 2015).
Pelo que foi aqui exposto, considerando os agentes que contribuem para a definição do
cânone e a relativa estabilidade deste através do tempo, pode-se compreender porque os
romances de Machado de Assis, DC e MP, constam dentre as obras mais lidas da comunidade
virtual Skoob, ainda que, em uma escala de um a cem, posicionem-se depois da saga Harry
Potter e da trilogia Crepúsculo, entre outros livros considerados “literatura de massa”. A ABL
instituiu os padrões e, de modo homólogo, as universidades encarregaram-se de perpetuá-los
formando agentes capazes de reproduzi-los. Assim como a ABL, as universidades se
63
encarregam de transmitir, através das gerações, a cultura do cânone dentro da literatura e, indo
além, de dotar o aluno de competência para discernir tais modelos dos demais, o que o torna
também, de acordo com a teoria bourdieana, distinto entre as pessoas que não têm esse aporte
de conhecimento.
Pierre Bourdieu (2013) refere-se a esse processo, comum aos diversos contextos, como
um habitus estruturado e estruturante, gerador das práticas e respectivas percepções, e também
por estas gerado. Assim como as escolhas pessoais são, na verdade, condicionadas pelo habitus,
as pessoas atuam de maneira a manter as práticas que constituem este habitus. O habitus define
estilos de vida e distingue as classes sociais entre si pelo que tem de mais perceptível em seu
conjunto: a demonstração do gosto. Este, definido por um conjunto de preferências, precede o
estilo de vida e ajusta-se mutuamente às características pessoais, de maneira a definir a maneira
de se vestir, alimentar, portar, praticar esportes e, como não poderia deixar de ser, de consumir
produtos, entre eles, os culturais. Para Bourdieu, isso acontece em todos os campos e em todos
os níveis, de forma que determinado habitus determina em que grupo ou classe social está
inserida determinada pessoa. Nas escolhas diárias, consciente ou inconscientemente, o
indivíduo reproduz práticas que o definem e o distinguem dentro de um grupo social.
(BOURDIEU, 2013).
Nesse intrincado sistema de relações, em que o habitus condiciona comportamentos ao
mesmo tempo em que é por eles condicionado, os produtos de “bom gosto” servem ao consumo
de pessoas de “bom gosto”, o que lhes confere uma distinção perante os demais. Esta
classificação é assim determinada por grupos de maior capital cultural e econômico – as classes
dominantes – com poder para classificar tais produtos como bens culturais legítimos. A
correlação verificada entre campos de produção e recepção acontece de modo análogo em todos
os grupos sociais, com os produtos considerados de “médio gosto” e de “gosto vulgar”, o que
se configura, segundo Bourdieu, como uma “homologia entre os espaços”. (BOURDIEU,
2013).
O “bom gosto” por um estilo literário, por exemplo, ou por determinado livro ou autor,
não apenas identifica o leitor como sendo alguém de “bom gosto”, mas o distingue daqueles
que, por desconhecerem o código inscrito no “olhar puro”, treinado a apreciar os traços
presentes em uma obra de arte legítima, têm um gosto sem os mesmos critérios. Segundo
Bourdieu, essa distinção representa, na verdade, uma forma de discriminação e de exclusão que
se repete de maneira análoga entre as classes sociais.
A formação do habitus e, consequentemente, do gosto, segundo Bourdieu, começa na
infância, através das relações familiares. Para Bourdieu (2013), mesmo o gosto que se julga
64
pessoal e indiscutível é determinado pelo acúmulo, ao longo da existência, de capital cultural
(proveniente do conhecimento herdado da família, tais como hábitos de leitura, frequência a
cinema e museus ou adquirido na escola), social (fruto do convívio com amigos, colegas de
trabalho) e econômico (possibilitado pela disponibilidade de recursos para acesso aos bens de
consumo em geral) (BOURDIEU, 2013).
Mesmo que a leitura não tenha feito parte das práticas no ambiente doméstico, a escola
se encarrega de apresentar autores e textos e de equipar o aluno de um saber próprio à
identificação de traços na literatura que a classificam como legítima, e o faz de forma mais ou
menos impositiva. Esta imposição do cânone instituído, embora muitas vezes não “desperte”
nos alunos o gosto por determinado texto ou autor, pelo menos faz com que estes saibam da sua
existência pelo relacionamento estabelecido na escola.
Este contato transcorre em várias fases e em vários níveis. Perpassa uma sequência de
ações que se iniciam na instituição da literatura como disciplina nas escolas, do livro didático
como ferramenta de apoio ao ensino de literatura e da seleção de autores que nele estarão
representados. Passa pela escolha dos professores em reproduzir aquilo que lhes foi transmitido
na academia, o que, neste caso, significa apresentar aos alunos determinados autores
(consequentemente excluindo outros), classificá-los em períodos literários e determinar leituras
para a disciplina de Literatura, em grande parte relacionadas àquelas predispostas nos editais
para exame vestibular e ENEM.
Em um nível anterior, orquestrando esta sinfonia de ações perpetuadoras do cânone,
estão grupos distintos de professores e especialistas responsáveis por fazer com que autores
como Machado de Assis, por exemplo, tenham lugar garantido tanto nos livros didáticos como
nas mencionadas provas de vestibular e nos currículos acadêmicos. As várias instâncias oficiais
do ensino brasileiro compõem um esquema que é permanentemente realimentado: a academia
forma professores capazes de transmitir padrões a alunos que também se tornarão, um dia,
professores de instituições superiores de ensino aptos a reproduzir esse padrão.
Nesse contexto, pode-se compreender que, antes de ler (ou não) Machado “por gosto”,
lê-se porque a instituição acadêmica assim o define, devido ao fato de que a concepção do
cânone se impõe, assim como menciona Bourdieu (2013), como agente autorizado a instituir
um modelo consagrado e, portanto, a ser sempre lembrado, lido, seguido. Conforme Bourdieu
(2013, p.213), “o objeto de arte é a objetivação de uma relação de distinção”. Há uma
correspondência entre os campos de produção, de formação do gosto e de consumo de bens –
entre os quais incluem-se os objetos de arte – que mantém a dinâmica (a dinâmica dos campos)
entre eles e se encarrega de “produzir sinais distintos e distintivos da ‘classe’” (BOURDIEU,
65
2013, p.217). A partir dessa teoria, entende-se que os romances e contos de Machado de Assis
merecem e devem ser lidos porque foram instituídos como bons exemplares da literatura
brasileira, assim como aquele que os lê pode ser considerado um leitor de “bom gosto”.
A lógica das homologias entre campos de produção e recepção da arte faz parte, para
Bourdieu, de uma dinâmica complexa, em que a produção do artista a apropriação material e/ou
simbólica da obra de arte confere um “ganho simbólico” distintivo. Assim define-se quais sejam
os produtos de “bom gosto” e as pessoas providas de “bom gosto”, tanto no campo de produção
quanto no de recepção, estas aptas a consumi-los. Isso ocorre em todos os campos, e o campo
de produção cultural é um dos mais citados pelo autor.
Segundo Bourdieu (2013), a relativa autonomia do campo de produção da arte confere
a artistas – estes no topo de uma escala hierárquica que compreende também os críticos de arte
– o poder de elaborar e legitimar as próprias normas, as quais deverão atuar tanto na produção
como no consumo das obras. Esse poder se verifica, a propósito, quando lemos que os estatutos
da ABL foram estabelecidos por escritores que também eram advogados, jornalistas,
professores acadêmicos, críticos literários, filósofos e, não raro, tinham algum cargo político.
A leitura obrigatória de textos canônicos aos alunos que desejam realizar provas de
vestibular e a presença nos livros didáticos (mesmo que em pequenos excertos) de “obras de
reconhecido mérito”, expressão imprecisa que comprova o poder legitimador dos acadêmicos
da ABL, atuam de modo a manter essa correlação, visto que são modos de divulgar e perpetuar
os textos canonizados e também de fornecer-lhes o que Bourdieu caracteriza como
“competência cultural específica” (BOURDIEU, 2013, p.11) para identificar os códigos
implícitos nessas obras que as tornaram legítimas de uma escola ou estilo.
De acordo com a teoria bourdieana, a escola – especificamente no que se refere à
literatura – tem papel importante na constituição das capacidades consideradas necessárias para
identificar códigos na obra que a identificam como arte legítima. Este “olhar puro”, como se
refere Bourdieu, treinado a apreciar uma obra e a considerar seu valor estético, também institui
a legitimidade dos artistas quem a produzem. Esta competência, a qual tanto o produtor quanto
o apreciador da arte têm acesso, também define “os nomes preclaros e saudosos da ficção, da
lírica, da crítica e da eloquência nacionais” aos quais Machado de Assis se refere em seu
discurso de abertura da ABL.
O professor e pesquisador Elias Feijó (2012) propõe uma reflexão à cerca dos estudos
literários e da difusão da ideia de que o ensino de literatura nas escolas, por si só, justifica a
existência do professor de literatura, assim como a formação de professores se justifica pela
necessidade de promover a literatura. Essa dualidade se sustenta mutuamente e, nesta relação,
66
sustenta Feijó (2012), o professor tende a se confundir com o objeto de estudo, pois geralmente
aquelas leituras que promove estão intimamente ligadas às suas preferências. Nesse sentido,
“ensinar literatura” significa transmitir aos alunos o gosto próprio por determinados autores e
textos literários. De acordo com Feijó (2012), no que se refere à promoção do texto literário
canônico, ainda que a leitura testes textos promova o desenvolvimento de habilidades
cognitivas e de interpretação, ela tem implicações de caráter impositivo, principalmente se
tomarmos como exemplo o que acontece na escola, nas aulas de Literatura. Segundo o autor, o
estudo dedicado à literatura, manto sob o qual abrigam-se autores e seus textos seletos e também
professores, adquire uma aparência nostálgica quando percebemos que as metas a que se propõe
podem ser alcançadas com a leitura de outros textos.
Com as transformações que vêm ocorrendo em todas as áreas em que se manifesta a
atividade humana, devidas em muito pelos avanços das tecnologias e dos meios de
comunicação, afirma Feijó (2012), os estudos sobre literatura também estão mudando. A
literatura deixou de existir como um bem em si, autônomo e indispensável ao aprendizado da
língua, à divulgação da cultura ou à formação do pensamento e do conhecimento sobre o
mundo. Despojados da concepção clássica sobre literatura, os estudos literários se emancipam
e se ampliam, à medida em que questionam as próprias razões de existir e adquirem uma postura
voltada para o benefício social deles advindo: a liberdade de optar por conhecer outras
manifestações literárias e artístico-culturais, devida em grande parte ao desvendamento dos
mecanismos envolvidos na formação do gosto pelo texto literário.
O que Feijó propõe no ensino de literatura é haver a difusão de “técnicas, fórmulas,
processos, etc. vinculados com o fomento da leitura” (FEIJÓ, 2012, p.154) e o distanciamento
da emoção provocada pelo texto literário no professor, de modo que o aprendizado ocorra isento
de direcionamento a um determinado gosto. Isto se mostra, em parte, uma oposição ao que tem
sido teorizado e propagado nas universidades: uma das estratégias de promoção da leitura
divulgada pelo docente de Literatura aos futuros professores é justamente engendrar o gosto
pela leitura mostrando-se, eles próprios, como leitores apreciadores de obras e autores.
Feijó é categórico a este respeito. Segundo ele, interessado na magia que envolve a
literatura e as pessoas ligadas aos estudos literários, o professor assemelha-se mais ao feiticeiro
que ao médico, este empenhado em desenvolver metodologias e instrumentos de análise
eficientes. O princípio norteador dos estudos da cultura – dentre eles o literário – deve ser o da
relevância, de modo que o conhecimento deles resultado possa ser utilizado em benefício social.
Desse modo, Feijó alerta para o fato de que esses estudos não devem ser empreendidos para
divulgar uma opinião ou reproduzir e interpretar sentidos – tarefa esta que cabe ao leitor –, mas,
67
por exemplo, para questionar a dimensão da leitura do texto literário na atividade cultural. Nesse
sentido, a partir desta pesquisa, poderão ser repensadas tanto a motivação quanto a eficácia das
práticas oficiais de ensino de literatura.
Conforme Eco (1990), alguns sentidos estão contidos no léxico e são inalienáveis;
mesmo que encontrado à deriva, no interior de uma garrafa, menciona Eco, ainda assim haverá
em um texto algumas marcas que dirão dele algo que lhe é próprio, cuja interpretação independe
da distância e do tempo decorridos da sua origem até que alguém o tenha encontrado. Outros
sentidos poderão estar ali codificados, do mesmo modo que outros significados não lhes
poderão ser atribuíveis, o que sinaliza haver também um limite para a interpretação. Considera-
se que analisar os comentários críticos e resenhas dispostos na Skoob requer que se interpretem
os sentidos primeiros contidos na materialidade da escrita para depois então se considerar outros
fatores, tais como os contextos de produção e recepção, incluindo-se os fatores formadores do
gosto cultural.
Consideramos a possibilidade de haver relação entre a leitura de textos canônicos e a já
mencionada prática circular de difusão desses textos. A constatação da presença dos romances
DC e MP na comunidade virtual Skoob, entre livros que não fazem parte do cânone brasileiro,
leva-nos a considerar essa hipótese, mas também nos conduz a pensar na possibilidade de que
as resenhas produzidas venham a nos sinalizar concepções diversas sobre a recepção desses
romances. O que temos evidente é que, na estante dos mais lidos da Skoob, o cânone da
literatura brasileira ocupa menos espaço que autores e obras desconsiderados nas práticas de
leitura escolares e acadêmicas. Sabendo-se que a leitura, ainda que fragmentada, de DC e MP
está fortemente atrelada ao meio escolar e acadêmico e que a entrada nas universidades, em
parte, depende dela, supõe-se que participem da comunidade virtual Skoob leitores egressos do
ensino médio, leitores ligados à comunidade acadêmica, leitores com formação acadêmica e,
em menor número, leitores “comuns”, no sentido de que não obtiveram conhecimento sobre
literatura brasileira por meio de instituições regulares de ensino. Esta diversidade, caso venha
a ser comprovada, enriquecerá ainda mais esta análise.
68
4 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA SKOOB E NA CRÍTICA
ACADÊMICA
O subsequente trabalho de análise das resenhas e do referencial teórico selecionados é
objeto deste capítulo, que dissertará sobre procedimentos específicos envolvendo o estudo dos
dados analisados pela ferramenta Iramuteq. A análise dos corpora é efetuada separadamente,
iniciando-se cada uma delas pela apresentação do dendograma correspondente, contendo a
distribuição das formas/palavras (as visualizáveis, cerca de vinte e cinco) nas diversas classes,
cada uma destas com seu respectivo percentual no conjunto.
Depois, mostramos a representação de cada classe por meio de árvores, nas quais pode
ser visualizada a distribuição das palavras segundo o número de segmentos de textos em que
aparecem, e a inter-relação entre elas. Em seguida, exemplificamos ocorrências das formas
semanticamente mais significativas dentro da classe em análise por meio de três segmentos de
texto, aqui transcritos tal como ocorrem nos textos, antecedidos do número do texto (resenha
ou capítulo do livro). O acesso aos diversos segmentos de texto é efetuado por meio de duplo
click na forma a ser pesquisada, na aba “perfis”. Finalizamos a análise das classes temáticas
com a reflexão a respeito do que nos mostram esses segmentos dentro do corpus.
4.1 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA SKOOB
4.1.1 A análise das resenhas sobre Memórias póstumas de Brás Cubas (MP)
O dendograma (fig.18) resultante da análise do corpus constituído das resenhas sobre
MP contém três grupos de classes temáticas estáveis. Dois deles se subdividem em dois pares
de classes (formados pelas classes 1 e 4 e classes 3 e 2), o outro é representado por uma classe
isolada (classe 5).
69
Figura 18 – Dendograma do corpus constituído a partir das resenhas sobre MP
Fonte: dados de pesquisa
Conforme a figura acima, o grupo de classes que detém percentual mais significativo
(51 %), portanto de temas mais recorrentes, é composto pelas classes 1 e 4. O segundo grupo
mais significativo (31,9 %) é composto pelas classes 3 e 2 e o de menor percentual (17, 1 %) é
o da classe 5. A seguir, efetuamos a análise das classes observando o dendograma da esquerda
para a direita. As diversas classes temáticas foram etiquetadas observando-se o conteúdo
semântico do grupo das formas que a compõem, conforme a ordem disposta em seguida:
a) Classe 1– Elementos narrativos
b) Classe 4 – Foco de análise
c) Classe 3 – Elementos críticos
d) Classe 2 – Experiência de leitura
e) Classe 5 – Enredo e personagens
a) Classe 1– Elementos narrativos
As formas desta classe representam elementos narrativos significativos mencionados
pelos leitores (leitor, capítulo, irônico, narrador/narrativo, curto, importância, texto, tom,
linguagem) em que se notam adjetivações utilizadas para qualificar tanto a obra quanto o autor.
As formas da classe 1, ao lado das formas da classe 4 do dendograma, formam um conjunto
temático. A seguir, na (fig.19), pode-se verificar a representação desta classe por árvore de
palavras:
70
Figura 19 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 1 – resenhas MP
Fonte: dados de pesquisa
Note-se que a palavra “livro” é a forma central porque aparece em um maior número
de segmentos de texto (52). Esta palavra, embora muitas vezes mencionada pelo leitor quando
se refere ao romance, não é a mais significativa semanticamente nos segmentos de texto em que
ocorre. As formas “leitor”, “obra”, “história”, “capítulo”, “personagem”, “próprio”, “narrador”,
“bom”, “só”, ocupam as posições seguintes no que se refere a quantidade de segmentos de texto
em que ocorrem. Optamos por verificar as ocorrências da forma “leitor” – a segunda palavra
desta listagem, porém a primeira do dendograma – exemplificando-as com os segmentos a
seguir:
023 “Defunto autor. Genialidade é muito pouco para descrever a melhor obra que esse
monstro chamado Machado de Assis escreveu. Linguagem simples, irônica e cativante
fazem dessas Memórias Póstumas de Brás Cubas, um livro de cabeceira de qualquer
leitor que preze um bom texto.”
030 “Brás Cubas conta a sua história a partir da morte, do final para o começo reflete,
amargurado, todas as hipocrisias da época, levando o leitor a se imaginar dentro do
contexto histórico do século XIX [...]”
043 “Quando juntamos o livro em 1, fica uma bagunça. Momentos de reflexão junto
com histórias desconexas deixa o livro desinteressante perdendo o foco e deixando o
leitor perdido.”
71
Percebe-se, no primeiro segmento, um leitor que diz ser conhecedor do que seja um bom
texto (023) e, no segundo, um leitor conhecedor do contexto de produção de MP (030). Porém,
no terceiro segmento, o leitor faz uma crítica ao romance, relacionando o desinteresse pelo
livro à (des)organização dos capítulos (043). A “genialidade” do autor “monstro”, a
“linguagem simples, irônica e cativante” são conceitos positivos nos dois primeiros segmentos
e contrastam com a maior parte das formas verificáveis no último. A partir destes segmentos,
observa-se o leitor posicionado em relação à obra e ao autor, quanto à possibilidade de se
situar no contexto, incursionado na narrativa.
b) Classe 4 – Foco de análise
As formas visíveis na classe 4 do dendograma, tais como “morte”/ “morto”, “Brás
Cubas”, “memória”, “sociedade”, “julgamento”, “sociedade” remetem-nos ao foco de análise
dos leitores de MP, revelando-nos aspectos relativos ao narrador e à narrativa deste romance.
A representação da árvore para a classe 4 (fig.20) reflete a ordenação das formas da coluna eff.
s.t. da aba perfis:
Figura 20 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 4 – resenhas MP
72
Fonte: dados de pesquisa
A forma “Brás Cubas” ocupa o centro desta árvore – visto ser a que ocorre em um maior
número de segmentos de texto (59) – e ocupa a quarta posição no dendograma. Orbita esta
forma um grupo de formas que dizem respeito ao personagem Brás Cubas, interligados a outras
formas utilizadas pelos leitores para referir eventos, comportamento, detalhes de caráter,
períodos de vida e morte do personagem. “Vida”, “morte”, “mesmo”, “história”, “forma”,
“grande”, “morto”, “sociedade”, “memória”, “interessante” são palavras e adjetivos
mencionados pelos leitores que estabelecem novos centros semânticos. Junto com as da classe
1, estas formas constituem o grupo temático de maior peso. A seguir, pode-se observar alguns
segmentos de texto a partir da forma “Brás Cubas”:
013 “É difícil formar um julgamento sobre o próprio Brás Cubas, e pra mim esse nem é
o objetivo do livro, e sim ver a crítica à sociedade num geral que Machado de Assis faz
no livro todo.”
022 “Por estar morto, Brás Cubas não está mais atado às convenções e hipocrisias da
sociedade e, assim, pode falar sobre si mesmo e sobre os outros com a isenção de quem
nada mais tem a perder.”
070 “Brás Cubas e suas memórias realistas. É uma obra de Machado de Assis bastante
conhecida e renomada. Ele conta desde as memórias dele quando criança, sua vida
adulta, meia idade, suas paixões, seu olhar realista sobre uma sociedade hipócrita e até
a sua morte, aos 64 anos.”
Nos segmentos acima, nota-se que a forma “sociedade” é posta pelo leitor como pano
de fundo à forma “Brás Cubas”. Esta interdependência demonstra relações que o leitor
estabelece entre o meio social em que Machado de Assis vive e a representação que este autor
faz deste meio. Estes segmentos revelam que o leitor detém conhecimentos escolarizados sobre
a relação entre a composição temática do romance e a sociedade da época em que foi escrito e
também sobre o período literário do qual a obra é representativa.
c) Classe 3 – Elementos críticos
Verificamos no dendograma que as formas da classe 3 referem elementos crítico-
literários (realismo/realista, literatura/literário, Brasil/brasileiro, romance, marco, século, fase,
Machado de Assis). Esta classe é a de menor peso, mas é significativa a nossa pesquisa à medida
em que seu conteúdo lexical indica haver, por parte do leitor, noções a respeito de literatura
referentes não à forma ou conteúdo do romance em si, mas ao contexto histórico-literário em
que MP foi produzido. Isto também envolve conhecimento escolarizado sobre a literatura
73
brasileira. Os textos/resenhas agrupados nesta classe representam apenas 14 % do percentual
total. Na (fig.21) pode-se verificar a representação desta classe pela árvore de palavras:
Figura 21 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 3 – resenhas MP
Fonte: dados de pesquisa
De acordo com a figura acima, Machado de Assis é a forma central, ou seja, a que
aparece em um número maior de segmentos de texto (29) e também de relativa
representatividade semântica nesta classe. Está relacionada mais diretamente às formas
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “romance”, “obra”, “época”, “literário”, “literatura”,
“autor”. Contudo, a forma mais significativa da classe é “realismo”, a partir da qual obtivemos
os seguintes segmentos de texto abaixo:
036 “Machado de Assis viveu na época da abolição da escravidão e da transição da
Monarquia para a República. Memórias Póstumas de Brás Cubas é o marco inaugural
do Realismo no Brasil.”
058 “Partindo desse ponto, na minha concepção, a obra do cara deve ser levada em conta
em dois aspectos 1 Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma espécie de marco na
74
literatura brasileira por dar início ao REALISMO, e iniciou uma espécie de revolução
na nossa literatura.”
086 “Até hoje, mesmo após um século de sua morte, Machado de Assis é lembrado e
reverenciado como o maior escritor da nossa língua. Sendo importante em duas escolas
literárias distintas, o escritor é também o responsável por trazer o realismo para o Brasil,
justamente com Memórias Póstumas de Brás Cubas.”
Nestes segmentos acima, identifica-se um leitor que demonstra (a) conhecer o contexto
social e histórico da época em que o romance foi escrito (b) entender o Realismo como período
literário e (c) saber sobre a posição de destaque atribuída a Machado de Assis e a MP dentro da
literatura brasileira. A leitura de MP, como se pode depreender a partir destes segmentos de
texto, está vinculada a conceitos escolarizados preestabelecidos pela crítica literária sobre autor
e obra.
Classe 2 – Experiência de leitura
A classe 2, como se pode verificar no dendograma, contém várias formas com as quais
o leitor se refere à experiência de leitura de MP (livro, chato, vestibular, leitura, enfadonho,
obrigatório, favorito, paciência, maior, ótimo, feliz). Aos adjetivos “chato”, “enfadonho”,
“obrigatório” temos o contraponto de “favorito”, “maior”, “ótimo”, “feliz”. Neste ponto da
análise, podem ser verificados nomes e adjetivos que nos reportam à fundamentação teórica
desta dissertação, na qual mencionamos o fato de que a leitura de obras machadianas é
considerada obrigatória a quem pretende prestar exame vestibular. O perfil desta classe
apresenta-nos ainda outras formas, tais como “prazer”, “genialidade”, “escola”, “maturidade”,
“incrível”, “delicioso”, “cansativo” – nomes e adjetivos que complementam um contexto de
posicionamentos variados sobre o romance MP. Observe-se a representação desta classe pela
árvore abaixo:
75
Figura 22 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 2 – resenhas MP
Fonte: dados de pesquisa
Como se pode observar acima, a forma central da árvore da classe 2 – livro – é também
aquela semanticamente mais importante para a definição temática desta classe. Note-se que
“livro” está mais ligado a adjetivos como “enfadonho”, “cansativo”, “chato”, “divertido”,
“incrível”, “feliz” e de substantivos como “prazer”, “resenha”, “genialidade”, “paciência”,
“vestibular”. Com relação à forma “leitura”, a inter-relação maior ocorre com adjetivos como
“obrigatório”, “clássico”, “ótimo”, “delicioso”, “favorito” e com substantivos como “escola”,
“professor”, “gosto”. Estas relações de proximidade semântica colhidas na análise de
similitudes também sustentam a hipótese de que a leitura de MP está relacionada ao ensino de
literatura nas escolas.
A seguir, alguns segmentos de texto a partir da forma “livro”:
013 “Eu nunca tinha lido nada do Machado de Assis até hoje, sim, é um fato vergonhoso,
mas, já que eu estou no último ano do colegial e esse livro está na lista de leituras
obrigatórias das grandes universidades de São Paulo, eu acabei tendo que ler.”
76
030 “Incrível como você passa a gostar de um livro mais ainda... Isso porque eu comecei
a fazer a análise do livro aqui em casa, para estudar, e comecei a entender coisas
fantásticas sobre ele.”
085 “Enfadonho, no mínimo. Levei 15 dias pra conseguir finalizar um livro que não tem
nem mesmo 200 páginas. Que é um clássico da literatura, isso eu tenho certeza.”
No primeiro segmento acima, temos basicamente dois aspectos a analisar: o sentimento
de vergonha por não ter lido o livro antes e o fato de MP ser leitura obrigatória. Entendemos
que esta leitura obrigatória atrelada ao ensino, se por um lado gera nos leitores uma demanda
que pode não ser vista como agradável (acabei tendo que ler) mas é vista como necessária, por
outro deixa os não-leitores em uma situação de desvantagem em relação aos primeiros, a ponto
de provocar o sentimento de vergonha. Nesse sentido, a leitura de MP é vista como um
procedimento necessário não somente para suprir uma tarefa escolar mas também para
distinguir o leitor dito culto, sabedor sobre aspectos deste romance clássico e de tudo o mais
implicado a ele que a escola é incumbida de mostrar. O segundo segmento ilustra isto, visto que
o conhecimento sobre técnicas narrativas, contexto histórico-social e período literário abre ao
leitor várias possibilidades de interpretação que vão além do que está explícito no romance.
Além disso, decorre destas noções o conceito de valor atrelado à obra, que não pode ser
desconsiderado na formação do gosto pela leitura. Ainda assim, conhecendo ou não aspectos
que elevam MP à categoria de clássico, há a possibilidade de o leitor classificar como enfadonha
a leitura deste romance, conforme mostra o último segmento de texto.
d) Classe 5 – Enredo e personagens
Esta classe individualizada evidencia os nomes de personagens (pai, Virgília, Lobo
Neves, Marcela, Eugênia) e também de vínculos familiares e afetivos (filho, amigo, noivo,
irmão, amante, marido) que compõem o enredo de MP. Tem-se ainda elementos importantes
do enredo no romance, tais como as formas “coxa”, “carreira”, “política”, “dinheiro”,
“palavras” que conhecidamente desempenham papel importante na narrativa.
77
Figura 23 – Árvore de agrupamento de palavras Classe 5 – resenhas MP
Fonte: dados de pesquisa
A representação na árvore de palavras da classe 5 (fig.23), assim como na classe 4, tem
também a forma “Brás Cubas” como forma central – ocorrente em um maior número de
segmentos de texto (33). Curiosamente, aqui nesta classe, a forma “pai” lidera em importância
na definição temática da classe, enquanto Brás Cubas não está, na ordem apresentada no
dendograma, entre as mais significativas. Diferentemente da classe 4, Brás Cubas aparece mais
intensamente relacionada aos nomes dos personagens Virgília, Marcela, Lobo Neves e Quincas
Borba e aos que denominam parentesco, tais como pai, filho, mãe. Também visualizamos que
há, nesta classe, ocorrências simultâneas de palavras importantes do enredo que designam lugar,
tais como “Europa”, “Coimbra” e “Rio de Janeiro”. Abaixo, podem ser verificados alguns
segmentos de texto obtidos a partir da forma “Brás Cubas:
011 “Brás Cubas lembra também de seu amigo de infância, Quincas Borba, que mostra
um lado mais questionador do livro onde seu amigo tem como principal filosofia de vida
o Humanitismo. Entre idas e vindas, seu romance com Virgília acaba esfriando e
naturalmente os dois amantes se afastam”.
78
045 [...] “Brás Cubas conhece Marcela, a qual presenteia com joias e que sempre tem
dele o que ela quer. Entretanto, devido às gastanças, o pai de Brás Cubas mandado para
Europa, estudar”.
048 “Brás Cubas era da elite carioca, criado com muitos mimos pelos pais em um
ambiente permissivo. Sua adolescência não foi diferente, sofreu de amores frustrados,
se formou em Coimbra e levou uma vida ociosa e pretensiosa”.
Os segmentos de texto acima reproduzem o enredo segundo a percepção do leitor.
Nestes trechos, sobressaem nomes de personagens, atitudes, modos de vida, elementos básicos
que o leitor utiliza, a partir da leitura, para resumir a trama que envolve o personagem. A classe
5 é o grupo temático de menor peso.
4.1.2 A análise das resenhas sobre Dom Casmurro (DC)
O corpus obtido a partir das resenhas sobre DC resultou em um dendograma de quatro
classes temáticas estáveis (fig.24). As linhas temáticas deste dendograma se dividem em três
grupos. O primeiro deles é representado pela classe 1, o segundo pela classe 4 e o terceiro se
subdivide em duas classes – 3 e 2.
Figura 24 – Dendograma do corpus constituído a partir das resenhas sobre DC
Fonte: dados de pesquisa
79
Conforme se observa na figura acima, o grupo temático mais significativo é aquele
composto pela classe 3 e 2 (55,1%), seguido pelo grupo da classe 1 (27,4%) e o da classe 4
(12,4%).
As quatro classes temáticas foram etiquetadas observando-se o conteúdo semântico do
grupo de formas que as constituem, conforme disposto a seguir:
a) Classe 1 – Enredo e personagens
b) Classe 4 – Experiência de leitura
c) Classe 3 – Foco de análise e elementos críticos
d) Classe 2 – Elementos narrativos
a) Classe 1 – Enredo e personagens
As formas da classe 1 do dendograma (Escobar, filho, Ezequiel, amigo, Sancha, Bento,
semelhança, Capitu, casal, ciúme) representam palavras utilizadas pelo leitor de DC nas
resenhas para designar personagens, relações afetivas e parentais e apresentar elementos
básicos que compõem a trama do romance. Na figura abaixo, pode-se visualizar a
representação arbórea desta classe:
Figura 25 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – resenhas DC
Fonte: dados de pesquisa
80
Na representação da classe 1 na árvore acima, as formas “Bento”, “Capitu”, “Escobar”,
“filho” são palavras centrais (representadas em tamanho maior), pois aparecem em um número
maior de segmentos de texto que as demais (123, 119, 94 e 66 vezes, respectivamente).
Distribuídas visualmente em três núcleos, relacionam-se entre si de maneira mais intensa,
porém menos intensamente com outras formas que compõem a classe. A partir de “Escobar”, a
primeira forma desta classe, selecionamos alguns segmentos de texto.
004 “Lá ele conhece Escobar, também seminarista e que vem a se tornar seu melhor
amigo e futuro marido de Sancha, a melhor amiga de Capitu. A desconfiança de
Bentinho se inicia quando Escobar morre devido à reação de Capitu no velório do
amigo.”
077 “Eu achei, sinceramente, que ele tinha um caso com o Escobar, por isso o via em
todos os lugares e em tudo do filho. Amei.”
079 “Depois ele sai do seminário e vai estudar fora e quando volta se casa com Capitu
que tem um filho dele chamado Ezequiel mas o filho se parece muito com seu melhor
amigo Escobar, e a dúvida fica no ar.”
Observa-se, nos segmentos de texto acima, que o leitor faz, a seu modo, um resumo da
trama de DC, a qual sabidamente se baseia em um estreito relacionamento entre Bentinho,
Capitu, Ezequiel (o filho), Escobar (o amigo). Atribuímos a importância da forma “Escobar”
na formação desta classe à função desestabilizadora que o personagem desempenha, essencial
à trama. Para a nossa pesquisa, esta classe não oferece dados mais relevantes.
b) Classe 4 – Experiência de leitura
As três formas mais significativas semanticamente nesta classe – “mulher”, “adultério”
e “culpado” – definem a sua temática, pois são palavras que o leitor utiliza para representar o
centro do conflito narrativo: há uma mulher, envolvida em um possível caso de adultério, do
que surge a desconfiança e o ciúme – ações e sentimentos inerentes ao ser humano. Demais
formas desta classe são importantes neste núcleo: culpado, inocente, suspeita, vítima. Na fig.
(26), a seguir, podem ser visualizadas as relações entre as palavras coocorrentes em um maior
número de segmentos de texto:
81
Figura 26 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – resenhas DC
Fonte: dados de pesquisa
A forma central da figura acima, “mulher”, relaciona-se mais intensamente com as
formas “homem”, “fato”, “coisa”, “adultério”. Abaixo, seguem alguns segmentos de texto a
partir desta palavra:
015 “[...] como ele morreu afogado em uma ressaca, ou seja, pelos olhos da mulher
amada. Esse Machado de Assis era bom mesmo.”
094 “[...] em últimos suspiros Capitu nunca, disso que tal acontecimento era real...
Expondo agora minha opinião, sinto que no contexto desse livro, o mais provável seria
que Capitu fosse uma mulher irresistível que sabia desses atributos e adorava
demonstrá-los, [...]”
107 “As mulheres sabem se controlar para chegarem aonde querem. E ela se sacrificou
muito, dissimulou seus sentimentos até que se casassem, então não jogaria no lixo todo
o esforço que teve.”
O primeiro segmento de texto faz referência aos olhos de ressaca de Capitu como um
atributo particular da personagem; os dois outros segmentos são como uma extensão desta
percepção, pois o leitor menciona ainda os atributos que tornavam Capitu irresistível (094) e a
habilidade em dissimular sentimentos atribuída à Capitu (107).
82
c) Classe 3 – Foco de análise e elementos críticos
Na classe 3, conforme o dendograma das classes, as formas “livro”, “leitura”,
“literatura”, “Machado de Assis”, “brasileiro”, “clássico”, “dúvida”, “obra”, “envolvente”,
“genialidade” formam um conjunto de formas semanticamente completo onde o leitor situa seu
foco da análise e elementos de crítica: o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, visto como
um clássico da literatura brasileira e seus atributos. Entre as formas visualizáveis no
dendograma, observamos a presença de algumas que atuam em conjunto, tais como “escola”,
“obrigatório” e “vestibular”. Na representação abaixo, pode-se visualizar a distribuição das
palavras e a interligação entre elas:
Figura 27 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – resenhas DC
Fonte: dados de pesquisa
Como aparecem em um número maior de segmentos de texto, “livro”, “Machado de
Assis”, “Dom Casmurro”, “leitura” e “obra” aparecem em tamanho maior na figura e como
formas centrais de núcleos semânticos. A forma “livro” também é a primeira que pode ser
83
visualizada no dendograma por ser a mais significativa semanticamente. Seguem alguns
segmentos de texto em que esta forma aparece:
018 “Bentinho e Dom Casmurro. Minha turma toda leu o livro e tivemos vários debates
e troca de pontos de vista e informações inclusive com a nossa professora de literatura,
então não irei falar só sobre minhas conclusões, mas sim as que mais me afeiçoaram.”
080 “Descobri sem querer. Confesso que somente abri o livro para ler por causa de um
trabalho de literatura que eu precisava fazer. Quando abri o livro assim que cheguei em
casa, não me interessei pelas primeiras páginas.”
092 “Um livro, que mais que um livro, exprime a grandeza de um clássico brasileiro,
eternizado não só pela escrita, mas pelas artes em geral. Indispensável a quem se propõe
a conhecer a literatura brasileira.”
Nestes segmentos de texto, o leitor declara ter lido DC para cumprir atividades propostas
por professores de Literatura (018 e 080). No primeiro caso, ele se propõe a mostrar suas
percepções “mas só as que mais me afeiçoaram”, enquanto que, no segundo caso, ele declara
uma experiência de leitura que, de início, não o agradou. No terceiro segmento, o livro é
qualificado como um clássico da literatura brasileira, o que denota haver, por parte do leitor, o
conhecimento escolarizado sobre literatura. Esta classe, ao lado da classe 2, contém elementos
importantes ao nosso trabalho de pesquisa, por conter formas que nos levam a dados sobre a
opinião do leitor a respeito de DC e sobre as relações que se estabelecem entre a leitura deste
romance e a escola.
d) Classe 2 – Elementos narrativos
Algumas formas têm sentido mais significativo nesta classe, tais como: personagem,
visão, amor, psicológico, história, velho, narrador. Aspectos críticos importantes se revelam por
meio de nomes e adjetivos, os quais relacionam-se mais intensamente ao ponto de vista do
personagem/ narrador/velho sobre a história de amor narrada. Na fig.28, a seguir, pode-se
visualizar a distribuição das formas desta classe:
84
Figura 28 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – resenhas DC
Fonte: dados de pesquisa
Verifica-se que “Bento” é a forma central desta figura, visto ser a que ocorre em um
número maior de segmentos de texto. Outras formas de maior ocorrência, tais como “história”,
“Dom Casmurro”, “personagem”, “vida”, “leitor”, também estão em destaque, meio à rede de
relações que se estabelece entre elas. “Personagem” é a de maior destaque semântico nesta
classe, e a partir dela foram obtidos os segmentos de texto abaixo:
016 “Bentinho, a personagem principal, é muito ciumento e neurótico, e como você não
consegue saber a história por fora da visão dele, acaba parecendo MESMO que Capitu
e Escobar são amantes, apesar de ela sempre negar isso.”
087 “Resta dizer que é um romance maravilhoso, muito bem escrito e com personagens
bem trabalhados e cativantes. Recomendo.”
117 “Bentinho usa sua palavra para manipular a história da maneira que melhor o
convém. Os personagens centrais são Bentinho e Capitu. Bentinho é o narrador
personagem, transformado no velho Dom Casmurro. Conta suas memórias.”
De acordo com os segmentos acima, percebe-se que o leitor não se refere somente ao
narrador Bentinho quando utiliza a palavra personagem, pois o faz também de forma genérica
85
(016 e 117). O leitor reproduz também o paradigma “foco narrativo em primeira pessoa”,
explorado pela crítica acadêmica, que frisa como pouco confiável o ponto de vista do narrador.
4.2 O DISCURSO SOBRE MACHADO DE ASSIS NA CRÍTICA ACADÊMICA
4.2.1 A Análise do livro Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis de
Roberto Schwarz
O corpus analisado pelo Iramuteq, obtido a partir do livro de Roberto Schwarz Um
mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis (fig.29) foi dividido, de acordo com o
número de capítulos do livro (incluindo-se o prefácio), em onze textos (n_01 a n_11). A análise
Iramuteq deste corpus resultou em um dendograma de cinco classes temáticas estáveis, cujas
linhas temáticas se dividem em três grupos. Dois deles se subdividem em dois pares, um deles
formado pelas classes 4 e 1, e o outro pelas classes 3 e 2. O terceiro grupo é representado
isoladamente pela classe 5.
Figura 29 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de R. Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
Conforme se observa na figura acima, o grupo temático mais significativo é aquele
composto pelas classes 4 e 1 – com 20, 4 % e 29,6 % respectivamente, totalizando 50 %. O
segundo par de classes totaliza 38,6 % e a classe 5, 11,4 %.
86
As cinco classes temáticas foram etiquetadas observando-se o conteúdo semântico do
grupo de formas que as constituem, conforme disposto a seguir:
a) Classe 4 – Relação forma/conteúdo em MP
b) Classe 1– Elementos narrativos em MP
c) Classe 3 – Posição de autor/obra (no cenário literário brasileiro)
d) Classe 2 – Contexto histórico-social em MP
e) Classe 5 – Relações entre personagens em MP
a) Classe 4 – Relação forma/conteúdo em MP
As formas da classe 4 do dendograma (narrador, defunto, leitor, memória, regra,
provocação, andamento, verossimilhança, volubilidade, enredo) dizem respeito a atenção dada
à interdependência entre forma e conteúdo narrativo no romance MP, intimamente relacionados
à dinâmica social, e é por isto que esta classe está em par com a classe 1 – Elementos narrativos,
formando o grupo de maior peso. O conjunto de palavras coocorrentes que formam esta classe
são apresentadas em uma ordem (do tamanho maior para o menor) que expressa o grau de
proximidade entre elas na construção de sentido dentro dos textos. Na fig.30, a seguir, pode-se
visualizar a representação arbórea desta classe:
87
Figura 30 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
Na representação da classe 4 pela árvore acima, a forma “narrador” é a palavra central
(representada em tamanho maior) por ser aquela, desta classe estável de formas, que aparece
em um número maior de segmentos de texto (63, verificável na aba perfis coluna eff.s.t), e é
também a mais significativa semanticamente no dendograma. Depois desta, outras formas, tais
como memória, leitor, volubilidade, romance, vida, movimento, tempo, personagem, realista
ocorrem em um número maior de segmentos de texto em relação às demais, por isto estão
representadas em tamanho maior. Abaixo, seguem alguns segmentos de texto obtidos a partir
da forma “narrador”:
04 “[...] sem prejuízo do raio de ação ilimitado, e, neste sentido, universal, a volubilidade
do narrador e a série dos abusos implicados retêm a feição específica, ou, para falar com
Antônio_Cândido, [...]”
88
06 Que pensar desta supremacia? E se a infinita liberdade do defunto autor não pairasse
acima da vicissitude dos vivos, como pretende, mas pelo contrário fosse uma ideologia
em que esta encontrasse a sua expressão mais favorável?
07 [...] entretanto é fato que o conflito quase não tem prosseguimento, ou melhor, só
tem prosseguimento fora do âmbito da intriga, nas eólicas morais da personagem
masculina e nas maldades expositivas do narrador.
Pode-se observar, nos segmentos de texto acima, que o narrador em MP recebe, ligadas
a ele direta ou indiretamente, várias adjetivações. Dentre elas, algumas produzidas por
substantivos visíveis no dendograma, tais como “volubilidade” e “supremacia”. Esta classe
reúne elementos relativos à forma e ao conteúdo narrativos, identificados por Schwarz como
características decorrentes da assunção de um narrador morto.
b) Classe 1– Elementos narrativos em MP
As formas da classe 1 do dendograma (composição, compensação, livro, imaginário,
anedota, nariz, efeito, teoria, humano, cômico) dizem respeito aos elementos narrativos que
compõem o romance MP, os quais compreendem o recurso da compensação imaginária, as
anedotas, o culto da “ponta do nariz”, a crítica às teorias científicas da época, o efeito cômico
da composição narrativa, a condição humana). Os elementos que compõem esta classe, como
vimos antes, estão diretamente relacionados aos da classe 4. Veja-se, a seguir, a representação
da classe 1 pela árvore:
89
Figura 31 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
Na árvore da classe 1 acima, pode-se verificar que “mesmo” é a forma central
(representada em tamanho maior) por ser aquela, desta classe estável de formas, que aparece
em um número maior de segmentos de texto (verificável na aba perfis coluna eff.s.t). Abaixo
pode-se verificar, a partir da forma “composição”, os seguintes segmentos de texto:
02 “A prosa é detalhista ao extremo, sempre à cata de efeitos imediatos, o que amarra a
leitura ao pormenor e dificulta a imaginação do panorama. Em consequência, e por
causa também da campanha do narrador para chamar atenção sobre si mesmo, a
composição do conjunto pouco aparece.”
04 “Do ângulo da composição literária, aquele efeito simultâneo de domínio e
desprestígio tem a ver com o refluxo da vida narrada sobre a voz que a está narrando. A
medida que a leitura avança, nos familiarizamos, [...]”
90
10 “O contraste das épocas decorre da composição e constitui uma historicização tácita
e muito tangível, um fato formal, se é possível dizer assim, que convida à reflexão. Na
mesma ordem de mudanças configuradas e não glosadas, [...]”
Como forma do topo desta classe temática, “composição” designa um elemento
narrativo em MP que recebe a atenção de Schwarz. Levando-se em conta que a composição de
MP diz respeito, em parte, ao modo como o narrador conduz a narrativa, é provável que seja
devido a isto que o leitor qualifica a leitura deste romance de maneira que ocorram as formas
“chato” e “enfadonho” na classe 2 do corpus obtido a partir das resenhas sobre MP. De qualquer
modo, sabe-se que a composição ou forma narrativa é tema estudado nas aulas de literatura.
c) Classe 3 – Posição de autor/obra (no cenário literário brasileiro)
As formas da classe 3 do dendograma (histórico, brasileiro, Machado de Assis,
dominante, classe, país, moderno, europeu, elite, independência) formam um conjunto
semântico que define a posição do autor no cenário da literatura brasileira, no qual Machado de
Assis está historicamente inserido e do qual ele se abastece para criar MP, conferindo à classe
3 o que se pode chamar de uma assinatura autoral. Esta classe de formas estáveis tem como par
a classe 2, e ambas representam o segundo par de classes de maior peso no grupo (38,6 %).
91
Figura 32 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
Na análise da árvore correspondente à classe 3 acima, vê-se que a forma “brasileiro” é
central, visto ser a que aparece em um número maior de segmentos de texto. A forma “histórico”
vem depois de “brasileiro”, apenas invertida a ordem verificada no dendograma. Ambas,
acrescidas à sequência das demais formas (classe, Machado de Assis, social, moderno, literário,
país, dominante, novo, contemporâneo, etc.), complementam o que está evidente no
dendograma: palavras que revelam a inscrição machadiana no contexto-histórico literário
brasileiro. Embora as formas “histórico” e “brasileiro” venham em primeiro lugar, entendemos
que elas aportam a forma de maior importância, “Machado de Assis”. Segmentos de texto em
que aparecem o nome deste autor demonstram a maneira como Machado de Assis está ancorado
no livro de Schwarz:
n 11 – [...] Noutros termos, Machado de Assis se apropriava da figura do adversário de
classe, para deixá-lo mal, documentando com exemplos na primeira pessoa do singular
92
as mais graves acusações que os dependentes lhe pudessem fazer, seja do ângulo
tradicional da obrigação paternalista, seja do ângulo moderno da norma burguesa.[...]
n 11 – [...] Veja-se, no caso dos Folhetins de França Júnior, a promiscuidade pitoresca
entre as presunções europeístas e as realidades de escravidão, clientelismo e antiga
família patriarcal, promiscuidade que já é a mesma de Machado de Assis, descontada a
consciência crítica.
N 07 – [...] Num lance de muita audácia, característico de sua capacidade de adaptação
inventiva, Machado de Assis formulava com palavras do tédio baudelairiano a
melancolia e satisfação do ricaço brasileiro em face de suas perspectivas: Volúpia do
aborrecimento.[...]
d) Classe 2 – Contexto histórico-social em MP
Na classe 2, algumas das formas elencadas no dendograma (civilizado, pessoal,
verdadeiro, dominação, esclarecido, escravista, dependente, liberal, burguês, clientelismo)
representam aspectos críticos presentes no livro de Schwarz e definem, sob o ponto de vista
deste autor, o contexto histórico-social em que MP está inserido. Esta classe, junto com a classe
3, forma uma composição de palavras que definem o autor e a obra relacionados ao contexto
histórico.
93
Figura 33 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
As formas representadas na árvore acima são referências de Schwarz a aspectos
característicos da sociedade, representados em MP: burguês, escravista/escravidão,
proprietário, norma, sociedade, indivíduo, homem, contemporâneo. Dentre as formas da classe
2, “civilizado” é a de maior peso semântico; a partir dela, obtivemos os segmentos de texto a
seguir:
10 [...] a posição ambígua diante da norma civilizada, as relações iníquas com os
inferiores e dependentes, a conivência com os socialmente iguais, de que a iniqüidade
anterior é o nervo. Salvo engano, resulta um mundo coerente, [...]
11 “Ajustando melhor o foco, digamos que a volubilidade narrativa confere a
generalidade da forma e o primeiro plano absoluto ao passo propriamente intolerável
dos relacionamentos de favor, aquele em que segundo a conveniência ou veneta do
instante a gente de bem se pauta ou não pela norma civilizada, [...]”
94
11 “Nalguma altura anterior às Memórias e posterior a Iaiá, faltando um decênio para a
Abolição, o romancista se terá compenetrado deste movimento decepcionante e capital.
O arranjo civilizado das relações entre proprietários e pobres, que estivera no foco do
trabalho literário da primeira fase, ficava adiado sine die.”
Conforme se pode verificar nestes segmentos de texto, a forma “civilizado” (decorrente
da lematização da palavra “civilizada”) é utilizada por Schwarz quando ele se refere ao modo
de vida europeizado em um país ainda escravista como o nosso e distorcido quando aplicado às
relações de dominação existente entre pobres e ricos.
e) Classe 5 – Relações entre personagens em MP
Na classe 5, de menor peso dentro do grupo (11,4 %), algumas das formas que se podem
visualizar no dendograma (pai, filho, moço, Eugênia, mãe, rapaz, Cubas, Marcela, negro, pobre)
representam o núcleo de personagens, suas relações afetivas e de parentesco, posição social,
características físicas. Este grupo de palavras individualizado faz parte do repertório lexical que
Schwarz utiliza para citar e caracterizar personagens dentro da dinâmica social em MP. Na
árvore da fig.34, pode-se verificar a distribuição destas palavras segundo o número de
segmentos de texto onde ocorrem:
95
Figura 34 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Schwarz
Fonte: dados de pesquisa
Na árvore acima, pode-se verificar basicamente a mesma ordem de formas visualizáveis
no dendograma. A forma “Brás Cubas”, presente em 46 segmentos, ocupa a posição central e
inter-relaciona-se com “moço”, “pai”, “Eugênia”, “filho”, “vez”, “pobre”, “escravo”, “Virgília”
– parte de um conjunto de palavras selecionado por Schwarz para reconstituir o esquema de
relações de MP em que o personagem Brás Cubas é a figura principal. Utilizamos a forma “Brás
Cubas” para colher do corpus alguns segmentos de texto:
n 06 – “Assim, no tocante aos escravos de que judia, Brás Cubas aparece como o menino
diabo. Uma agregada velha, que não tem onde cair morta, encontrará nele o protetor,
cheio de pensamentos escarninhos.”
n 07 – “Sobre fundo de crise, a simpatia por Eugênia será uma hipótese de
transformação. Para apreciá-la devidamente é preciso detalhar as alternativas que a
96
precedem. Aos sete dias Brás Cubas está farto de solidão e ansioso por voltar ao
bulício.”
n 08 – “Virgília traíra o marido com sinceridade, e agora chorava o com sinceridade .
Por essa época o espírito de Brás Cubas dá sinais de dissolução, e vai e vem como uma
peteca note-se que noutros momentos não era diferente.”
A caracterização que Schwarz faz do personagem narrador, observável nestes
segmentos de texto, é um conjunto de traços inerentes à sua volubilidade, adjetivo que resulta
a forma “volubilidade” na classe 4.
4.2.2 A análise do livro Literatura e sociedade de Antonio Candido
O corpus analisado pelo Iramuteq, obtido a partir do livro de Antonio Candido,
Literatura e sociedade, foi dividido em nove textos (incluindo-se o prefácio) de acordo com o
número de capítulos (n_1 a n_9). O dendograma obtido a partir deste corpus contém cinco
classes temáticas estáveis, as quais se dividem em três (3) grupos. O primeiro grupo é composto
pelas classes 1 e 4, o segundo pelas classes 2 e 3, e o terceiro grupo compreende a classe 5
isoladamente.
Figura 35 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de A. Candido
Fonte: dados de pesquisa
97
As cinco classes temáticas foram etiquetadas observando-se o conteúdo semântico do
grupo de formas que as constituem – conforme disposto a seguir. Como se pode observar, o
grupo temático mais significativo é aquele composto pelas classes 1 e 4 (46,4%), seguido do
grupo formado pelas classes 2 e 3 (36,3%) e pelo grupo composto pela classe 5 isoladamente
(17,3%). As classes foram etiquetadas da seguinte maneira:
a) Classe 1 – Literatura e identidade nacional
b) Classe 4 – Períodos e movimentos literários brasileiros
c) Classe 2 – Literatura e sociedade
d) Classe 3 – Literatura como instituição social
e) Classe 5 – Produção e recepção da literatura
a) Classe 1 – Literatura e identidade nacional – o indianismo
As formas da classe 1 do dendograma (índio, poema, José de Santa Rita Durão,
português, canto, Diogo, terra, epopeia, branco, brasileiro, Caramuru) indicam que Candido
situa em seu livro o contexto da fase indianista brasileira, em que a literatura desempenhava o
papel de idealizar o Brasil em imagens que representassem uma identidade nacional. Candido
cita nomes de autores e obras de culto à terra e ao índio, e também nomes de personagens,
especialmente aqueles ligados ao poema Caramuru. As formas da classe 1 podem ser
representadas, segundo o número de segmentos de texto em que aparecem, conforme a árvore
abaixo:
98
Figura 36 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Candido
Fonte: dados de pesquisa
Na representação da classe 1 pela árvore acima, a forma “poema” está presente no maior
número de segmentos de texto (70), seguida das formas brasileiro, mesmo, português, índio,
Brasil, José de Santa Rita Durão, homem, tradição, poeta. A partir da forma “poema”,
encontramos os fragmentos de texto a seguir:
06 “[...] o poema Assunção, de São Carlos, é prolongamento do nativismo ornamental
de outros poetas nossos Itaparica, José de Santa Rita Durão. É aliás uma obra frouxa,
sem inspiração, prejudicada pela monotonia fácil dos decassílabos rimados em
parelhas.”
08 [...] desse agrupamento de amigos, tomados pelo entusiasmo da construção literária
que foi no Brasil a mola patriótica do Romantismo, a sua motivação consciente, surgiria,
como breve fogacho, um poema que iria iluminar a posterior evolução das letras em São
Paulo e abrir caminho para uma das suas mais típicas manifestações.”
99
09 “Ora, foi o que José de Santa Rita Durão amainou no poema, falando,
alternativamente, só do índio, ou só do branco, e deixando ao personagem ambíguo
DiogoCaramuru e o seu duplo, ParaguaçuCatarina a função de operar simbolicamente o
contacto.”
Nestes fragmentos de textos, reúnem-se vários elementos utilizados por Candido para
mostrar uma configuração de autores e textos da poesia romântico-indianista. Como um dos
principais elementos definidores desta classe (a segunda forma no dendograma), o poema
(épico) também é central na configuração literária daquele período.
b) Classe 4 – Períodos e movimentos literários brasileiros
No dendograma, as formas que compõem a classe 4 (romance, modernismo,
nacionalismo, francês, prosa, verso, simbolismo, parnasiano, Gonçalves Dias, espiritualista)
denotam um grupamento de palavras das quais Candido lança mão para retratar a história da
literatura brasileira, distribuída em seus períodos e movimentos literários. As formas da classe
4 podem ser representadas conforme a árvore abaixo:
Figura 37 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Candido
100
Fonte: dados de pesquisa
Na representação da classe 4 da árvore acima, pode-se verificar “poesia” e “romance”
como palavras centrais (as que aparecem em um maior número de segmentos de texto) e, junto
a elas, nomes de autores que figuram na nossa literatura. Depois de “Romance” – uma das
palavras definidoras do tema desta classe – estão listadas, porém agora segundo o número de
segmentos em que aparecem, brasileiro, tendência, fase, modernismo, novo, grande, maior,
movimento. A seguir, pode-se observar alguns segmentos de texto em que aparece somente a
forma “romance” (primeiro) e também a forma “poesia” (segundo e terceiro):
07 “O regionalismo, que desde o início do nosso romance constitui uma das principais
vias de autodefinição da consciência local, com José de Alencar, Bernardo Guimarães,
Franklin Távora, Taunay, transforma-se agora no conto sertanejo, que alcança voga
surpreendente.”
07 “Isto é verdade não apenas para o romance de José de Alencar, Machado de Assis,
Graciliano Ramos; para a poesia de Gonçalves Dias, Castro Alves, Mário de Andrade,
como para Um estadista do Império, de Joaquim Nabuco, Os sertões, de Euclides da
Cunha, Casagrande e senzala, de Gilberto Freyre — livros de intenção histórica e
sociológica.”
07 “Como movimento estético e ideológico, o Simbolismo serviu de núcleo a
manifestações espiritualistas, contrapostas ao Naturalismo plástico dos parnasianos. As
tendências oriundas do Naturalismo de 1880-1900, tanto na poesia quanto no romance
e na crítica [...]”
Os segmentos de texto acima mostram relações estabelecidas por Candido entre o
romance e a poesia como gênero literário de diferentes períodos. As classes 4 e 1, juntas, contém
elementos que representam o tema central deste grupo semântico – a história da literatura
brasileira.
c) Classe 2 – Literatura e sociedade
As formas mais significativas desta classe (artista, arte, social, obra, função, aspecto,
estrutura, sociedade, artístico, coletivo) nos permitem deduzir que a classe 2 diz respeito a
elementos que compõem o universo da arte e a sua função na sociedade. Candido utilizou este
vocabulário de tal maneira que ele apareceu co-relacionado tantas vezes quanto o necessário
para que formassem uma classe temática estável de formas. Pode-se visualizar a distribuição
destas formas na árvore a seguir:
101
Figura 38 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Candido
Fonte: dados de pesquisa
Na representação da classe 2 pela árvore acima, a forma “obra” – a quarta mais
significativa no dendograma – é a palavra central por ser aquela, desta classe estável de formas,
que aparece em um número maior de segmentos de texto (78), seguida da forma social (77).
A seguir, pode-se verificar alguns segmentos de textos que exemplificam os usos que Candido
faz desta palavra no contexto do livro:
03 “[...] e produz sobre os indivíduos um efeito prático, modificando a sua conduta e
concepção do mundo, ou reforçando neles o sentimento dos valores sociais. Isto decorre
da própria natureza da obra e independe do grau de consciência que possam ter a respeito
os artistas e os receptores de arte.”
04 A função social ou razão de ser sociológica, para falar como Malinowski comporta
o papel que a obra desempenha no estabelecimento de relações sociais, na satisfação de
necessidades espirituais e materiais, na manutenção ou mudança de uma certa ordem na
sociedade.
09 “Este ensaio pretende investigar como e por que isto aconteceu, sugerindo que a
função histórica ou social de uma obra depende da sua estrutura literária. E que esta
102
repousa sobre a organização formal de certas representações mentais, condicionadas
pela sociedade em que a obra foi escrita.”
Os segmentos de texto acima exemplificam, dentro da perspectiva sociológica de
Candido, a questão da função social da obra de arte em geral e a literatura em particular.
d) Classe 3 – Literatura como instituição social
Esta é a classe menos significativa do grupo temático (15,8 %). Algumas formas do
dendograma (vista, ponto, estudo, sociologia, orientação, crítica, filosofia, campo, político,
pensamento) nos permitem deduzir que a classe 2 diz respeito à literatura, observada pela crítica
como forma de arte institucionalizada. Na maioria das ocorrências, verificamos que as forma
“ponto” e “vista”, as primeiras do dendograma, têm sentido em conjunto e não separadamente.
Figura 39 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Candido
Fonte: dados de pesquisa
Na representação da classe 3 pela árvore acima, a forma “literatura” é a mais expressiva
em relação ao número de segmentos de texto em que aparece. Em seguida, têm-se as formas
social, obra, vista, literário, ponto, estudo, sociológico, crítica, sociologia, vida. Mas é a partir
da forma “vista” (na maioria das vezes, aparece no texto de Candido depois de “ponto”), por
ser mais significativa semanticamente nesta classe, que obtivemos os segmentos de texto
abaixo:
03 “Este ponto de vista leva a investigar a maneira por que são condicionados
socialmente os referidos elementos, que são também os três momentos
103
indissoluvelmente ligados da produção, e se traduzem, no caso da comunicação artística,
como autor, obra, público.”
08 “Bastante deficiente do ponto de vista didático e científico, foi não obstante o ponto
de encontro de quantos se interessavam pelas coisas do espírito e da vida pública,
vinculando-os numa solidariedade de grupo, fornecendo-lhes elementos para elaborar a
sua visão do país, dos homens e do pensamento.”
09 “Do ponto de vista metodológico, podemos concluir que o estudo da função
histórico-literária de uma obra só adquire pleno significado quando referido
intimamente à sua estrutura, superando-se deste modo o hiato frequentemente aberto
entre a investigação histórica e as orientações estéticas.”
Candido, em sua escrita, explora aspectos da literatura considerando vários pontos de
vista (didático, científico, sociocultural, metodológico, sociológico, histórico). Pode-se
verificar, nos segmentos de texto acima, a crítica como elemento que faz parte do sistema
literário.
e) Classe 5 – Produção e recepção da literatura
Algumas formas do dendograma (comunidade, escritor, público, leitor, agrupamento,
elite, gosto, virtual, atividade, estudante) nos permitem deduzir que a classe 2 se refere à
produção e à recepção da literatura. Candido utiliza-se deste vocabulário para abordar aspectos
envolvendo o escritor, a produção literária e a recepção pela comunidade de leitores. Na figura
abaixo, pode-se visualizar a representação arbórea desta classe:
104
Figura 40 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Candido
Fonte: dados de pesquisa
Na árvore da classe 5, as formas “grupo” e “público” aparecem em primeiro plano, com
uma diferença de um segmento de texto apenas (51 e 50). Seguem-se a estas as formas literatura,
escritor, literário, sociedade, mesmo, leitor, comunidade, certo, vida). Obtivemos alguns
exemplos de segmentos de texto a partir da forma “comunidade”, a mais significativa desta
classe:
08 “Esta incorporação da literatura à comunidade – que noutras partes do Brasil já se
havia dado antes – e a maneira por que se processou, explicam muitos aspectos do quinto
e, para este estudo, último momento, que agora vamos considerar.”
08 “A literatura e os escritores se integram na comunidade. Como a sociedade é de
classes, constitui-se uma literatura convencional, ajustada aos padrões de refinamento e
inteligibilidade da classe dominante, cujo prestígio garante a sua difusão pelas outras
camadas.”
08 “[...] pelo coeficiente de isolamento e antagonismo que trazia, o Parnasianismo e o
Naturalismo se ajustaram com vantagem a essa difusão da literatura na comunidade em
105
mudança, pelos seus cânones de comunicabilidade e consciência formal. Expressão
clara, embora elaborada; [...]”
Candido considera, a partir do que se pode observar nestes segmentos, os modos como
se constitui a relação entre a produção do texto literário e a recepção, em diferentes períodos
literários, considerando também as questões que envolvem a autonomia e o prestígio de autores
e de textos literários no campo das artes.
4.2.3 A análise do livro Machado de Assis: o enigma do olhar de Alfredo Bosi
O corpus analisado pelo Iramuteq, obtido a partir do livro de Alfredo Bosi Machado de
Assis: o enigma do olhar, foi dividido de acordo com o número de capítulos do livro (incluindo-
se o prefácio), em onze textos (n_01 a n_05). A análise Iramuteq deste corpus resultou em um
dendograma de cinco classes temáticas estáveis, cujas linhas temáticas se dividem em três
grupos. O primeiro deles é formado pela classe 1, o segundo pelas classes 4 e 3, e o terceiro
pelas classes 5 e 1, conforme está representado na fig. abaixo:
Figura 41 – Dendograma do corpus constituído a partir do livro de A. Bosi
Fonte: dados de pesquisa
Como se pode observar, o grupo mais significativo é composto pelas classes 5 (14,4%)
e 1 (25,3%), seguido do grupo formado pelas classes 4 (12,6%) e 3 (22,5%) e, por último, pela
classe individualizada 2 (25,2%).
106
As cinco classes temáticas foram etiquetadas observando-se o conteúdo semântico do
grupo de formas que as constituem, conforme disposto a seguir:
a) Classe 2 – Valores sociais em M. de Assis
b) Classe 4 – O natural e o social em M. de Assis
c) Classe 3 – Representações sociais em M. de Assis
d) Classe 5 – Personagens em M. de Assis 1
e) Classe 1 – Personagens em M. de Assis 2
a) Classe 2 – Valores sociais em M. de Assis
A classe 2 relaciona formas/palavras empregadas por Bosi em seu livro que dizem
respeito a valores, comportamentos, ideologias sociais sobre os quais Machado de Assis, por
meio da literatura, exerce sua crítica. As formas “valor”, “social”, “Machado de Assis”,
“crítica”, “machadiano”, “ideal”, “modelo”, “ideológico”, “comportamento”, “cotidiano” são
as que mais definem a temática desta classe. Abaixo pode-se visualizar a distribuição das
formas desta classe, as quais se destacam de acordo com o número de segmentos de texto em
que figuram:
107
Figura 42 – Árvore de agrupamento de formas da classe 2 – Bosi
Fonte: dados de pesquisa
A forma “Machado de Assis” aparece em destaque nesta árvore de palavras por ser
aquela que consta de um maior número de segmentos. Depois podem ser mais facilmente
identificadas as formas “social”, “relação”, “personagem”, “machadiano”, “valor”, as quais
estabelecem outros centros de inter-ligações. A partir da forma “valor”, a de maior peso
semântico na classe 2, obtivemos os seguintes segmentos de texto:
01 “Se hoje podemos incorporar à nossa percepção do social o olhar machadiano de um
século atrás, é porque este olhar foi penetrado de valores e ideais cujo dinamismo não
se esgotava no quadro espaço temporal em que se exerceu.”
04 “Depois de José de Alencar, que erigira romanticamente a figura do índio, a tradição
colonial e a pureza dos costumes patriarcais como assunto da sua ficção e seu critério
de valor, veio Machado de Assis, que teria, realisticamente, [...]”
05 “Os juízos de valor expressos ou sugeridos no corpo da narração pertencem à história
das idéias e das mentalidades, uma história de longa duração, [...]”
108
Observamos que, nos fragmentos de texto acima, a forma “valor” é a palavra utilizada
por Bosi para discorrer sobre a sociedade e seus valores, representados nos textos machadianos.
b) Classe 4 – O natural e o social em M. de Assis
Na classe 4, natureza, sociedade, instinto, delírio, Brás Cubas, último, próximo,
Memorial de Aires, morte, implacável são formas semanticamente mais significantes, que
representam palavras utilizadas por Bosi para delinear alguns aspectos na literatura machadiana
que ele interpreta como oscilantes entre o que é da ordem da natureza humana e o que é da
ordem das relações sociais. A seguir, podem ser visualizadas as formas ocorrentes em um
número maior de segmentos de texto:
Figura 43 – Árvore de agrupamento de formas da classe 4 – Bosi
Fonte: dados de pesquisa
Além de ser a forma de maior peso semântico, “natureza” também aparece em destaque
na figura acima, interligada a outras como Brás Cubas, sociedade, vida, instinto, último. Os
segmentos de texto a seguir foram obtidos a partir desta forma:
109
01 [...] as duas naturezas não se contrariam, completam-se, são as duas metades do
homem. Desejo e interesse não se dissociam. A natural candura e a perfeita dissimulação
aparecem juntas, quando necessário e mais de uma vez, no laboratório do analista.”
02 “Machado de Assis parece ter unido na mesma imagem e no mesmo ser natureza e
sociedade; até na mesma expressão quando fala em cálculos da Vida. Nessa ordem de
idéias, que ardido conto é Evolução, um dos últimos que escreveu!”
02 “A natureza parece não ser nem mais justa nem mais igualitária que a sociedade; e
Machado de Assis faz passar de uma esfera para a outra a distribuição aleatória dos bens.
Um dos seus contos mais perturbadores, Verba testamentária, [...]
Pode-se inferir, a partir destes segmentos de texto, que Bosi faz uso da palavra
“natureza” para expressar sua percepção a respeito da literatura machadiana, na qual são
estabelecidos contrastes pela caracterização de personagens que atendem do mesmo modo tanto
às demandas naturais quantos às socais. Esta característica da literatura machadiana é
apresentada nas aulas de literatura como sendo uma das que o colocam como o autor central no
Realismo brasileiro.
c) Classe 3 – Representações sociais em M. de Assis
Ao observar as formas visualizáveis na classe 3 (forma, máscara, sujeito, verdade,
virtude, narrativa, papel, aparência, procedimento, contradição), verificamos que elas reúnem-
se por comporem um grupo semântico de palavras que diz respeito às representações sociais na
literatura de Machado de Assis e do universo das aparências retratado nos textos deste autor.
Na árvore abaixo, pode-se visualizar a distribuição das palavras coocorrentes segundo o número
de segmentos de texto em que ocorrem:
110
Figura 44 – Árvore de agrupamento de formas da classe 3 – Bosi
Fonte: dados de pesquisa
Na árvore acima, a forma “narrador” está no centro, embora não seja a mais significativa
na composição da classe 3. Outras formas ainda, tais como “forma”, “modo”, “pessoa”,
“máscara”, “sujeito”, “autor” estão distribuídas nesta figura. Tomamos a forma “máscara”, por
ser a mais a mais significativa na definição temática desta classe, como ponto de partida para
obter os segmentos de texto abaixo:
02 “Obviamente, a situação matriz é sempre o desequilíbrio social, o desnível de classe
ou de estrato, que só o patrimônio ou o matrimônio poderá compensar. Subjetivamente,
o narrador acentua a composição necessária da máscara na pessoa do pretendente;”
02 “A partir das Memórias póstumas de Brás Cubas e dos contos enfeixados nos Papéis
avulsos importa-lhe cunhar a fórmula sinuosa que esconda, mas não de todo, a
contradição entre parecer e ser, entre a máscara e o desejo, entre o rito claro e público e
a corrente escusa da vida interior.”
02 “A necessidade da máscara como uma constante era um fato relativamente novo na
história da ficção brasileira. Falta nesses contos, aquele quase-nada-quase-tudo, que é a
rendição franca da consciência [...]”
111
A partir dos segmentos de texto inferimos as relações que Bosi estabelece entre a
posição social, as diferenças de classe e o comportamento por aparências – segundo o autor,
presentes na ficção machadiana. MP, segundo Bosi, é parte deste modo machadiano de
representar a sociedade na literatura.
d) Classe 5 – Personagens e condição social em M. de Assis
A classe 5 traz elencada uma relação de formas (Dona Fernanda, escravo, Cândido
Neves, casa, Sofia, pobre, Bacamarte) que são palavras utilizadas por Bosi para elencar
personagens versus posição social. Verifica-se a importância para a definição temática desta
classe a ocorrência de formas tais como “escravo, “pobre”, “fugido”, “forte”, “senhor”, “dono”,
“fraco”. Verifica-se no gráfico, a seguir, a distribuição destas formas:
Figura 45 – Árvore de agrupamento de formas da classe 5 – Bosi
Fonte: dados de pesquisa
Os segmentos de texto abaixo foram obtidos não a partir formas que representam nomes
de personagens, mas que denotam a temática desta classe, tais como “escravo”, “pobre” e
“senhor”:
112
01 “Em vida, ele era livre, rico e fazia tudo ou quase tudo o que desejava, pois o mundo
é dos livres, fortes e ricos. Ai dos pobres, fracos e dependentes!”
02 “E Machado de Assis, em Pai contra mãe: Ora, pegar escravos fugidos era um ofício
do tempo. Cândido Neves, pobre mas branquíssimo até no nome, casa-se com Clara e,
para sobreviver, cede à pobreza, tornando-se capturador de negros que reconduz aos
senhores mediante boa gratificação.”
02 “Ambos têm em comum a situação do homem juridicamente livre, mas pobre e
dependente, que está um degrau, mas só um degrau, acimado escravo. A essa condição
ainda lhe resta
usar do escravo, não diretamente,[...]”
Nestes segmentos de texto, Bosi ressalta as relações que se estabelecem no contexto
escravagista, em que os homens brancos livres ou eram ricos, senhores de escravos, portanto
fortes, ou eram pobres, a serviço dos senhores como caçadores de escravos fugidos.
e) Classe 1 – Personagens e enredo em M. de Assis
A classe 1 é composta a partir de formas/palavras que definem personagens
machadianos, graus de parentesco, enredo, tais como “Fidélia”, “Tristão”, “marido”, “moço”,
“Bento”, “viúvo”, “padrinho”. Abaixo, pode-se visualizar graficamente a distribuição das
formas da classe1:
113
Figura 46 – Árvore de agrupamento de formas da classe 1 – Bosi
Fonte: dados de pesquisa
A árvore de palavras acima contém a formas distribuídas segundo o número de
segmentos de texto em que ocorrem. Os segmentos de texto abaixo forma colhidos do corpus
a partir da forma “Fidélia”:
01 E, em contexto de máxima atenuação dos contrastes, Dona Carmo e Aguiar trazem
no coração um afeto puro e delicado e uma sinceridade sem pregas que sutilmente os
estrema dos jovens em ascensão, o político afilhado Tristão e a viúva Fidélia, mais fiel
no nome que no luto.
03 [...] dimensão que só o olhar do Conselheiro sabe colher Tristão, diz ele, é político,
e cujo extremo negativo é sublinhado por uma senhora de língua sabidamente má, Dona
Cesária, para quem o moço se casa com a viúva Fidélia por puro interesse econômico.
03 Uma amiga de Dona Carmo que já vimos protetora de Fidélia tivera um filho e, mal
nascido este, vai abriga-lo junto ao casal Aguiar, que o recebe com afeto de mãe e pai.
114
Nestes fragmentos de texto, verifica-se partes do enredo do romance Memorial de Aires,
de Machado de Assis. Neles, pode-se verificar entremeada a busca de alguns personagens por
ascensão social e econômica.
115
5 DISCUSSÃO DOS DADOS
5.1 O CORPUS A PARTIR DAS RESENHAS SOBRE MP
Com relação aos dados obtidos a partir das resenhas sobre Memórias póstumas de Brás
Cubas (MP), verificamos que as classes cujas formas que as compõem dizem respeito aos
elementos da narrativa e à experiência de leitura (1 e 4) são as de maior peso (24,8% e 26,2%).
Há maior conteúdo nas resenhas referente a elementos narrativos que definem a relação
estabelecida entre o narrador irônico e o leitor e à experiência de leitura com relação à leitura
de memórias de um narrador que se diz morto.
A classe 3 é a de menor peso no dendograma (14%) – o que indica um menor conteúdo
das resenhas contendo elementos críticos –, e compartilha vocabulário com a classe 2 (também
de pouco peso, 17,9%), esta contendo elementos de análise utilizados pelo leitor. Pode-se dizer,
porém, que das cinco classes de palavras são as que podemos considerar como as mais
importantes deste corpus para a nossa pesquisa. O vocabulário utilizado pelos leitores, elencado
nas formas da classe 3, indica conhecimento escolarizado sobre diversos aspectos críticos
relacionados ao romance, o que se pode verificar nos segmentos de texto utilizados como
exemplo para esta classe. Por outro lado, na classe 2, encontram-se elencadas as formas
“vestibular”, “obrigatório” e “escola”, as quais evidenciam a relação entre a leitura de MP e as
leituras tidas como obrigatórias para o vestibular. Não obstante, essa sequência de formas
aparece também na análise do dendograma de classes obtido do corpus das resenhas sobre DC.
Na classe 2, há também vários adjetivos ligados a “livro” (chato, enfadonho, favorito, clássico,
maior, ótimo) que evidenciam demonstrações de gosto do leitor pela obra e autor – conforme
se pode observar nos exemplos de segmentos de texto utilizados no cap. 4.1.1, durante a análise.
Enquanto personagem, Brás Cubas representa para o leitor o centro da experiência de leitura,
dado o fato peculiar de narrar suas memórias depois de morto. Este tema é de tal modo abordado
nas resenhas que se constitui em uma classe temática. O mesmo não ocorre na classe 5, quando
o tema é o enredo e os personagens, visto que a temática se dilui em vários nomes de
personagens e outros elementos que constituem o enredo.
5.2 O CORPUS A PARTIR DAS RESENHAS SOBRE DC
Os dados catalogados pelo Itamuteq, a partir do corpus constituído das resenhas sobre
DC, foram divididos em três grupos temáticos. Isolada, a classe 1 é a classe das formas que
116
compõem o enredo e o elenco de personagens e é a segunda de maior peso no grupo (27,4). A
classe 4 (12,4%) é a de menor peso, o que indica menos conteúdo dedicado a este tema nas
resenhas. É composta por formas/palavras que o leitor utiliza para definir o cerne do conflito
em DC, que é a questão da culpa ou da inocência da mulher/personagem “Capitu” (a forma
mais forte semanticamente desta classe é “mulher”).
As classes, 3 – Foco de análise e elementos narrativos (32,1%) e 2 – Elementos
narrativos (23%) formam um par temático, resultando, portanto, em 4 classes temáticas ao todo.
Analisadas as diferenças entre os dendogramas gerados para os corpora MP e DC, verificamos
para DC há uma classe a menos. Atribuímos isso ao fato de não haver formas suficientes neste
corpus para definir uma temática envolvendo elementos críticos peculiares como a que há em
MP.
As classes que mais se destacam no segundo grupo e também em termos de importância
à nossa pesquisa são as classes 3 e 2. Na classe 3, “livro” é a forma mais importante
semanticamente e também a que ocorre em um número maior de segmentos de texto. O leitor
utiliza esta palavra, na maior parte das vezes, como elemento sintetizador de DC e reconhece
este como um clássico da literatura brasileira, ainda que a leitura se dê por exigência da
disciplina de Literatura. Conforme se pode verificar no segmento de texto disposto no item
4.1.2, os modelos literários pré-fixados na escola podem repercutir como um estereótipo quando
se trata de fazer referência à obra machadiana.
Os adjetivos que aparecem na classe 3 como formas que a compõem tematicamente,
merecem nossa atenção, pois se relacionam ao livro e à leitura de modo análogo. Nos ativemos
aqui àqueles visíveis no dendograma, portanto, semanticamente mais fortes. Verificamos que
os adjetivos “brasileiro”, “clássico”, “maior”, “nacional” estão relacionados tanto ao romance
quanto a Machado de Assis e expressam o que o leitor entende como um rótulo, fixo a autor e
obra, que os une e define de modo preciso e inconteste.
Pode-se observar ainda, na classe 3, que o adjetivo “envolvente” é utilizado para
qualificar a trama e a narrativa, enquanto que “cansativo” (“cansativa”, após processo de
lematização) é utilizado para qualificar a leitura de DC. Os adjetivos “obrigatório” e “cansativo”
estão relacionados ao romance DC, em uma composição que envolve os substantivos “leitura”,
“escola” e “vestibular” – formas identificadas também na classe 2 do dendograma obtido a
partir do corpus de MP. Observando os segmentos de texto nos quais estas palavras aparecem,
identificamos, entre outros dados, motivações declaradas para a leitura dos romances DC e MP:
a solicitação por parte de professores de literatura e as provas de vestibular.
117
Por fim, o conjunto das formas da classe 2 – Elementos críticos em DC, evidencia a
forma “psicológico” como uma das palavras utilizadas pelo leitor que evidenciam
conhecimento escolarizado. O adjetivo aparece em diferentes segmentos para qualificar o
drama, como em “[...] em um drama psicológico, Machado de Assis nos convida para explorar
[...]”, o tempo narrativo em “[...] o tempo da narrativa é psicológico e não cronológico [...]”, o
romance em “[...] como se trata de um romance psicológico, a trama fica em segundo plano.”.
Estes trechos denotam que o leitor tem conhecimento sobre este aspecto da composição
narrativa, deste modo cunhado pela crítica acadêmica – fato este verificável pela presença da
forma “psicológico” na classe 2 do dendograma obtido a partir o corpus do livro de Bosi.
5.3 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE SCHWRAZ UM MESTRE NA PERIFERIA DO
CAPITALISMO: MACHADO DE ASSIS
Um mestre na periferia do capitalismo é dedicado ao estudo específico de MP. Schwarz
considera neste livro a importância deste romance como o marco da chamada segunda fase
machadiana, considerando aspectos narrativos e de estilo. Os dados que obtivemos a partir do
corpus do livro de Schwarz mostram-nos formas que sintetizam semanticamente o foco no
narrador defunto e o efeito que Brás Cubas causa no leitor com o relato das memórias, tanto
pela forma como o faz quanto pelo conteúdo delas (classe 4).
A composição narrativa é tratada por Schwarz com destaque neste livro, tema que
sobressai neste grupo de classes e também no corpus, com peso de 29,6% (classe 1). Outro
grupo temático (classes 3 e 2) obtido a partir deste livro é composto a partir de uma abordagem
histórico-social do contexto machadiano e também dos personagens de MP. O vocabulário
utilizado para isso é sintetizado pelo Iramuteq em formas relevantes (dominante, classe, elite,
burguês, dominação, clientelismo), elencadas de acordo com a importância semântica –
reveladoras do enfoque de viés marxista de Schwarz.
De modo semelhante, as resenhas sobre o romance MP contêm elementos que
evidenciam conhecimento sobre a relação estreita existente entre hábitos e comportamentos da
sociedade do século XIX e sobre o contexto dos personagens em MP (conforme se verifica na
análise da classe 3 do dendograma obtido a partir do corpus de resenhas sobre MP, no item
4.1.1). As questões que envolvem o escravagismo abordadas por Schwarz, conforme denotam
as formas da classe 2, não são fortemente abordadas nas resenhas sobre MP, visto que não estão
dentre as formas visíveis no dendograma.
118
Percebemos a atenção do leitor de MP ao narrador defunto, qualificado como irônico, e
o foco na comicidade da narrativa tratado em Schwarz (classe 1 – 29,6%, maior peso no
dendograma). A semelhança entre estas abordagens nos parece também um indicativo de
aspectos de comum relevância à crítica acadêmica e ao leitor em MP.
5.4 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE ANTONIO CANDIDO LITERATURA E
SOCIEDADE
Literatura e sociedade, de Antonio Candido, como o nome evidencia, é um estudo da
histórico da literatura brasileira, relacionada ao meio social em que é produzida. A análise de
Candido recai tanto sobre obras e autores como também sobre o leitor e o contexto. A classe 1
– Literatura e identidade nacional é a de maior peso (25,7%), seguida da classe 4 – Períodos e
movimentos literários brasileiros (20,7%), formando o par de classes de maior peso, composto
de formas referentes a elementos da história da literatura brasileira – obras, personagens,
autores, períodos, movimentos literários. A forma “Machado de Assis” ocorre na classe 4,
porém não entre aquelas semanticamente mais significativas.
A classe 2 – Literatura e sociedade e a classe 3 – Literatura como instituição social
aparecem como o segundo par de classes de maior peso no grupo. Conforme se verifica na
classe 5 – Produção e recepção de literatura, Candido é, dentre os autores que fazem parte desta
pesquisa, o único que faz referência à comunidade leitora.
5.5 O CORPUS A PARTIR DO LIVRO DE ALFREDO BOSI MACHADO DE ASSIS: O
ENIGMA DO OLHAR
O livro M achado de Assis: o enigma do olhar de Alfredo Bosi é uma reunião de ensaios
sobre Machado de Assis e o contexto literário deste autor, onde são abordados aspectos
estruturais de Dom Casmurro, a configuração dos personagens e da trama. A análise do corpus
obtido a partir deste livro apresenta um dendograma de 5 classes. Assim como verificamos para
Schwarz, no dendograma de Bosi, as classes de maior peso são aquelas cujas formas se
relacionam a temáticas da obra machadiana, tais como o cotidiano e os valores sociais do século
XIX (classe 2 – 25,2%), as alternâncias entre o que é natural ao ser humano e o que é imposto
pela sociedade (classe 4 – 12,6%), as representações sociais (classe 3 – 22,5%). As duas classes
em que se verificam nomes de personagens da obra machadiana somam 39,7%, o que denota a
importância que Bosi dedica a este tema no livro, superior aos 11,4% em Schwarz.
119
6 CONCLUSÕES
A partir de algumas formas (palavras), reunidas em classes de acordo com a
coocorrência nos textos analisados e dispostas conforme a sua força semântica, efetuamos um
estudo mais objetivo dos corpora. As palavras resultantes do processo de seleção e organização
executado pelo Iramuteq nos indicaram segmentos de texto e, neles, encontramos elementos a
partir dos quais pudemos chegar a algumas conclusões: de um lado, sobre a leitura a respeito
de DC e MP; de outro, sobre a crítica acadêmica a respeito de Machado de Assis e sua obra.
Com base no que nos revelam as palavras elencadas nos dendogramas analisados, vimos que
os discursos sobre Machado de Assis na Skoob e na crítica acadêmica não são idênticos, mas
se assemelham no que diz respeito à relevância dada à representatividade deste autor na
literatura brasileira.
A crítica acadêmica, analisada nos textos de Schwarz, Candido e Bosi, nos revelou
particularidades. O livro com menção a Machado de Assis e obra mais indicado nas
universidades brasileiras selecionadas para esta pesquisa, de Roberto Schwarz, Um mestre na
periferia do capitalismo: Machado de Assis, é um estudo sobre MP, o que demonstra a
importância delegada por Schwarz de modo especial a este romance. O segundo mais indicado,
Literatura e sociedade, de Antonio Candido, debruça-se sobre o estudo das vinculações sociais
da literatura, sem dedicação especial à obra machadiana, embora ela seja citada neste contexto.
O processo de seleção das bibliografias, cuja atenção se voltava também a autores estudiosos
da obra de Machado de Assis, e não somente a títulos que o aludissem explicitamente, nos
conduziu à obtenção deste texto. Isto não torna menos fundamentada nossa análise, visto que
os dados obtidos a partir de Literatura e Sociedade evidenciam abordagens da literatura
semelhantes às demais, identificáveis nas diversas classes do dendograma resultante deste
corpus, essencialmente no que se refere à priorização de aspectos formais, históricos e sociais
na interpretação da obra. O terceiro livro mais indicado, Machado de Assis: o enigma do olhar,
também é um estudo focado nos meandros que envolvem narrador e narrativa e na
caracterização de personagens da obra machadiana. Partimos da hipótese de que havia
homologias entre o discurso da crítica acadêmica, atuante no sentido de perpetuar o cânone
estabelecido, e a leitura de DC e MP verificada nas resenhas da comunidade virtual Skoob, e a
nossa investigação evidenciou isso.
A recorrência de determinados teóricos nas ementas e bibliografias recomendadas nas
disciplinas dos cursos de pós-graduação em Letras demonstra haver um consenso entre as
120
instituições no que diz respeito ao estudo da Literatura, cuja abordagem, via de regra, recai
essencialmente sobre autores canonizados, obras, personagens, contextualização histórica. A
manutenção do cânone literário, neste caso, coaduna com a manutenção do cânone dos
estudiosos da literatura. Essa constatação é, talvez, tão importante quanto a comprovação da
nossa hipótese, visto que o circuito instituição/preservação revela ter se consolidado em um
grupo seleto de estudiosos, o que garante ao cânone literário brasileiro a sua constância. Embora
muitos sejam os professores formados nos cursos de Letras das universidades selecionadas,
como vimos, poucos são os autores que nelas lhes servem de aporte teórico quando o assunto é
literatura brasileira, o que promove relativa homogeneidade de pensamento crítico nesta área.
A análise das resenhas sobre DC e MP, a partir do que o leitor declara, revelou-nos que
a leitura destes romances se relaciona, em parte, com o ensino de literatura na escola e com as
solicitações de leitura para as provas de exame vestibular. O leitor revela-se, de certo modo, um
reprodutor do discurso acadêmico, pois demonstra, por meio do vocabulário utilizado nas
resenhas, ter um conhecimento escolarizado sobre composição narrativa, contexto histórico,
periodização literária, posição de Machado de Assis na literatura brasileira. Conforme o que
vemos em algumas resenhas, ele próprio se mostra leitor de DC e MP por circunstâncias
relacionadas ao ensino de literatura, em discussões em sala de aula, em casa, como tarefa
solicitada pelo professor(a) ou como estudo voltado às provas de vestibular. Em decorrência
disso, muitas vezes ele se vale dos parâmetros críticos apreendidos para elaborar o próprio
discurso sobre os romances machadianos.
Não obstante, nota-se que as classes em que estão elencadas as formas/palavras que
mais denotam a escolarização no discurso do leitor têm pesos bem diferentes no conjunto de
classes dos dendogramas obtidos a partir das resenhas de DC (37,1% na classe 3 – Foco de
análise e elementos críticos) e de MP (14% na classe 3 – Elementos críticos). Respectivamente,
cada uma destas classes representa a de maior e a de menor peso, o que denota haver por parte
do leitor de DC uma maior disposição para reproduzir em suas resenhas aspectos do romance
machadiano que a crítica acadêmica considera mais relevantes e, por isso, reforçados na escola.
Além disso, a partir do que está explícito nas resenhas, também percebemos que o leitor
reproduz noções de valor adquiridas na escola e/ou universidade e, por consequência, também
de gosto. A leitura solicitada nas aulas de Literatura, acompanhada de informações que a
contextualizam, adquire significados que transcendem ao texto e, de certa forma, “explicam” o
valor a ela atribuído. Este conhecimento paratextual – a partir do qual o leitor passa a saber para
além do texto, sobre contexto, autor e obra – o diferencia dos demais, o que a ele proporciona
o agradável efeito distintivo mencionado por Bourdieu. Por outro lado, conforme alguns
121
segmentos de textos aqui expostos, alguns leitores não relatam uma experiência positiva a
respeito de DC e MP, afirmando ter sido uma leitura “chata”, “enfadonha”, “obrigatória”
relacionada às aulas de literatura ou ao vestibular. Entendemos, com isso, que os resultados
aqui obtidos seriam mais precisos se fosse possível a aplicação de um questionário, a fim de
delimitar o perfil sociológico do leitor e obter informações específicas sobre a motivação de
leitura dos romances e o consequente registro de resenhas na comunidade virtual Skoob.
Esta pesquisa não está centrada na análise do texto literário em si, que em si mesmo se
encerra. Neste sentido, embora com resultados preliminares, a relevância deste estudo se
amplia, visto que nos propomos a analisar a recepção literária, descentrando o estudo do texto
e focalizando-o na leitura, resultando que o leitor adquire maior importância. Empreender o
estudo literário deste modo oferece a possibilidade de, a partir dele, repensar-se os programas
de ensino de literatura justamente no nível mais elevado, o da pós-graduação, de onde derivam
as principais referências teóricas – detentoras de maior capital cultural e simbólico –, com força
para instituir a base de formação dos estudantes de graduação em Letras, os quais, por sua vez,
atuarão no sistema escolar como transmissores dos parâmetros apreendidos. A importância de
se estudar as relações entre a recepção e a crítica – neste caso, as homologias entre as resenhas
e os textos críticos acadêmicos – está em entender em como se produzem os fenômenos
culturais ligados especificamente à literatura. Nesse sentido, embora modestos, consideramos
que foram satisfatórios os resultados.
De outro modo, levando-se em conta que o leitor é um consumidor e o texto pode ser
considerado como um bem (BOURDIEU, 2013) ou como um produto (EVEN-ZOHAR, 2013a,
2013b), pode-se pensar esta pesquisa como adjacente ao campo literário, na medida em que
abordamos aqui as relações entre a leitura (consumo) e a crítica. Entendemos que, em pesquisas
como a que fizemos, produz-se a uma análise sobre práticas de leitura que pode ser transferida
a outras áreas da cultura. Além de ser uma investigação de cunho antropológico, conforme
propúnhamos na introdução deste trabalho, este é um estudo de caráter exploratório, e abre
muitas linhas de pesquisa.
Deve-se dizer que a aquisição de conhecimento sobre o funcionamento do Iramuteq e a
prática de testes com este software se deram no decorrer deste estudo. Utilizamos para isto os
próprios corpora com os quais procedemos a nossa análise final, fazendo ajustes de parâmetros,
descobrindo falhas de processo, refazendo os testes várias vezes até chegarmos a um resultado
satisfatório. Recorremos ainda ao auxílio transoceânico de María Luisa Rodríguez e Roberto
Samartin, via Skype e e-mail, quando as dúvidas pontuais não nos podiam ser respondidas
consultando a bibliografia disponível sobre o assunto. Podemos dizer, parafraseando o prof. Dr,
122
Elias Feijó em aula inaugural do PPG em Letras realizada no UniRitter, em 2015, que
“cruzamos corredores” para obtermos muitas informações necessárias à pesquisa.
Com o método que utilizamos, não estamos deixando em segundo plano a análise do
objeto texto, nem preconizando um novo modo de leitura segmentada. A leitura integral é tarefa
sem substituta à altura quando se trata do estudo de um texto em particular. No caso da nossa
pesquisa, em que nos interessam definir parâmetros de leitura, detectáveis em resenhas e em
livros da crítica literária especializada, ganhamos em termos de confiabilidade, visto que a parte
da obtenção de dados, feita pelo Iramuteq, não sofreu a ação da subjetividade das pesquisadoras
nem o direcionamento prévio ao resultado. Em um período de tempo bem menor do que seria
necessário, destacamos diversos temas presentes em vários textos, colocando as tipologias
(resenha, texto crítico) sob o mesmo tratamento e processamento de dados, estes dimensionados
e examinados sob os mesmos critérios. Em termos práticos, conforme destaca Rodríguez
(2016), isto representa um avanço à pesquisa.
Dissemos antes que o resultado deste trabalho foi satisfatório. Convém esclarecer,
porém, que não é conclusivo, vistas as várias possibilidades de análise dos dados contabilizados
pelo Iramuteq que, se levadas a termo, tornariam mais robusto o nosso estudo, ao qual, por ora,
nos convém colocar o limite justo da comprovação da hipótese inicial.
123
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PRIMO, Alex. Interação mediada por computador. Porto Alegre: Sulina, 2008. 2ª ed. PROCÓPIO, Ednei. O livro na era digital. São Paulo: Giz Editorial, 2010. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. RODRIGUES, Rafael. Obsessão por livros. 2007. Disponível em: <http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2309>. Acesso em: 08 out. 2006. RODRÍGUEZ, María Luisa. Discursos sobre Santiago de Compostela y el/los Camino(s) de Santiago en la novela española actual (2010) a través de técnicas analíticas digitales: posibilidades y valor del conocimiento generado. Tese de doutoramento. Santiago de Compostela: USC, 2016. RÜDIGER, Francisco. Introdução às teorias da cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003. RUF – Ranking Universitário Folha. Ranking de universidades. Disponível em: <http://ruf.folha.uol.com.br/2015/ranking-de-universidades/>. Acesso em: 17 set 2015. SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003a. ______. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista FAMECOS. n. 22. Porto Alegre: PUC, 2003b. SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 6 ed. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2012. ______. As ideias fora do lugar: ensaios selecionados. São Paulo: Penguin C. Companhia das Letras, 2014. ______. A viravolta machadiana. Novos Estudos. 69 ed. Julho de 2004. São Paulo. Disponível em: <http://novosestudos.uol.com.br/v1/issues/view/103>. Acesso em: 22 set. 2015. ______. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Editora 34, 1990. Disponível em: <https://joaocamillopenna.files.wordpress.com/2014/04/schwarz-um-mestre-na-periferia-do-capitalismo.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015. SELA-SHEFFY, Rakefet. Canon formation revisited: canon and cultural production. Neohelicon XXIX (2002) 2, 141-159. Disponível em: < http://www.tau.ac.il/~rakefet/papers/rs-publications-articles.htm#_Toc241659563>. Acesso em:28 ago. 2015. SPYER, Juliano. Conectado: o que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2007.
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UFRGS – COPERSE. Comissão Permanente de Seleção. Vestibular. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/coperse/concurso-vestibular/anteriores/2014/leituras-obrigatorias>. Acesso em: 19 nov. 2014. UNICAMP. COMVEST. Vestibular 2015/Vestibulares anteriores. Disponível em: <http://www.comvest.unicamp.br/index.html>. Acesso em: 19 nov. 2014. VIANA NETO, J. de Queiroz. In: SIMPÓSIO HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO – Redes sociais e aprendizagem. 3. Anais eletrônicos. Skoob: ambiente virtual de socialização entre leitores e produtores de textos. Em: <https://www.ufpe.br/nehte/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2010/Jaime-Queiroz-Viana&Sonia-Virginia-Martins.pdf>. Acesso em: 30 out. 2014. WIKIPÉDIA. Skoob. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Skoob#cite_ref-conex.C3.A3o_3-0>. Acesso em: 06 nov. 2014. WILLIAMS, Raymond. São Paulo: Paz e Terra, 2000. Sites das universidades acessados para coleta de bibliografias: UFF – Universidade Federal Fluminense / RJ. Disponível em: < http://www.poslit.uff.br/>. UNESP/ARAR – UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO / SP. Disponível em: <http://www.fclar.unesp.br/#!/pos-graduacao/stricto-sensu/estudos-literarios/disciplinas/>. PUC MG – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – MG. Disponível em: <http://www.pucminas.br/pos/letras/index-link.php?arquivo=apresentacao&pagina=4170>. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco / PE. Disponível em: <http://www.ufpe.br/pgletrasufpe>. UFPR – Universidade Federal do Paraná / PR. Disponível em: <http://www.pgletras.ufpr.br>. UEM – Universidade Estadual de Maringá / PR. Disponível em: <http://www.ple.uem.br>. UFSM – Universidade Federal de Santa Maria / RS. Disponível em: <http://www.ufsm.br/ppgletras>. UNESP/SJRP – Universidade Est. Paulista Júlio De Mesquita Filho / SP. Disponível em: <http://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/letras/apresentacao/>. UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro / RJ. Disponível em: <http://www.ciencialit.letras.ufrj.br>. USP – Universidade de São Paulo / SP – Programa Est. Comp. de Liter. de Língua Portuguesa. Disponível em: <http://dlcv.fflch.usp.br/>. UNB – Universidade de Brasília / DF. Disponível em: <http://www.poslit.unb.br>.
129
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina / SC. Disponível em: <http://www.literatura.ufsc.br>. UFBA – Universidade Federal da Bahia / BA. Disponível em: <http://www.ppglitcult.letras.ufba.br>. PUC RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro / RJ. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/proglet_literatura.html>. UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul / RS. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ppgletras/>. UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro / RJ. Disponível em: <http://www.letras.ufrj.br/posverna>. UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais / MG. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/poslit>. UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas / SP. Disponível em: <http://www.iel.unicamp.br>.
130
APÊNDICE A – CURSOS RECONHECIDOS CAPES – LETRAS
NOTA 5
UFF – RJ UNESP / ARAR – SP PUC – MG PROGRAMA
Estudos de Literatura PROGRAMA
Estudos Literários PROGRAMA
Letras
CURSO DOUTOR. E MESTRADO
(aguardando homologação)
Estudos de
Literatura
CURSO DOUTOR. E MESTRADO
Estudos Literários
CURSO DOUTOR. E MESTRADO
Letras
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Estudos Literários
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Teorias e Crítica da Literatura
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literaturas de Língua
Portuguesa
UFPE – PE UFPR - PR UEM - PR PROGRAMA
Letras PROGRAMA
Letras PROGRAMA
Letras
CURSOS DOUTOR. E MESTRADO
Letras CURSOS
DOUTOR. E MESTRADO
Letras CURSOS
DOUTOR. E MESTRADO
Letras
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Teoria da Literatura
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Estudos Literários
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Estudos Literários
UFSM - RS UNESP/SJRP UFRJ PROGRAMA
Letras PROGRAMA
Letras PROGRAMA
Letras (Ciência da Literatura)
CURSOS DOUTOR. E MESTRADO
Letras CURSOS
DOUTOR. E MESTRADO
Letras CURSOS
DOUTOR. E MESTRADO
Letras (Ciência da Literatura)
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Estudos Literários
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Teoria da Literatura
/ Literatura
s em Língua
Portuguesa
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura Comparada / Teoria Literária
USP - SP USP - SP UNB - DF PROGRAMA
Letras (Est. Comp. de Liter. de Língua Portuguesa)
PROGRAMA Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada)
PROGRAMA Literatura
CURSOS DOUTOR. E MESTRADO
Est. Comp. de Liter. de Língua
CURSOS DOUTOR. E MESTRADO
Letras (Teoria
Literária e
CURSOS DOUTOR. E MESTRADO
Literatura
131
Portuguesa
Literatura Compara
da)
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Est. Comp. de Liter. de Língua
Portuguesa
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Teoria Literária
e Literatura Compara
da
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura e Práticas
Sociais
UFSC UFBA PUC - RIO
PROGRAMA Literatura
PROGRAMA Literatura e Cultura
PROGRAMA Literatura, Cultura e Contemporaneidade
CURSO DOUTOR.
Literatura CURSO
DOUTOR. Literatura e Cultura
CURSO DOUTOR.
Literatura, Cultura e
Contemporaneidade
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura Brasileira / Teoria Literária
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Teorias e Crítica da Literatura
e da Cultura
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura, Cultura e
Contemporaneidade
132
NOTA 7
UFMG UNICAMP PROGRAMA
Estudos Literários PROGRAMA
Teoria e História da Literatura
CURSO DOUTORADO E MESTRADO
Estudos Literários CURSO DOUTORADO
E MESTRADO Teoria / História Literária
ÁREA DE CONCENTR. SELECIONADA
Literatura Brasileira / Literatura Comparada
ÁREA DE CONCENTR. SELECIONADA
Teoria e Crítica Literária / História e Historiografia
Literária
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
R1 REFERÊNCIAS
RECOMENDADAS R2
NOTA 6
UFRGS UFRJ USP PROGRAMA
Letras PROGRAMA
Letras (Letras Vernáculas) PROGRAMA
Literatura Brasileira
CURSO DOUTORADO E
MESTRADO Letras
CURSO DOUTORADO E
MESTRADO
Letras (Letras
Vernáculas)
CURSO DOUTORADO E
MESTRADO
Literatura Brasileira
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Estudos de
Literatura
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura Brasileira
ÁREA DE CONCENTR.
SELECIONADA
Literatura Brasileira
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
R1 REFERÊNCIAS
RECOMENDADAS R2
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
R3
133
APÊNDICE B – RESUMO INFORMATIVO CURSOS NOTA 5
R1 UFF – RJ (http://www.poslit.uff.br/)
PROGRAMA Estudos de Literatura LINHA DE PESQUISA LITERATURA, TEORIA E CRÍTICA LITERÁRIA DISCIPLINA Obras Seminais na Iberoamérica - a Circulação Literária e Cultural EMENTA Um aspecto importante do campo dos estudos literários a que denominamos World Literature é a circulação de
obras literárias além de seu local de origem, mas muitos outros aspectos devem ser levados em consideração, como a posição assimétrica de autores e obras na circulação internacional condicionada pela posição relativa de línguas e culturas em um mercado global. Na América Latina, a mais importante obra avant la lettre de World Literature no século XIX é “Instinto de nacionalidade” [1873]). Nesse texto, originalmente publicado em Nova Iorque, Machado de A rejeita a crença na “cor local” e considera errônea a opinião que somente reconhece o espírito nacional em obras que lidam com assuntos locais, uma doutrina que, segundo ele, limitaria muito a riqueza da literatura brasileira. O curso discutirá questões conceituais a partir de textos da América Latina, EUA< Europa e Ásia, incluindo Machado de A e os recentes ganhadores do prêmio Nobel Mario Vargas Llosa e Gabriel Garcia Marquez.
REFERÊNCIAS JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA. Machado de A.: por uma poética da emulação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. JOSÉ LUÍS JOBIM. A circulação literária e cultural: o exemplo de Machado de A. e Théodule Armand Ribot. In: Benjamin Abdala Junior. (Org.). Estudos comparados: teoria, crítica e metodologia. 1ed.São Paulo: Ateliê, 2014, v. 1, p. 83-105. MACHADO DE ASSIS. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade. MACHADO DE ASSIS. Memórias póstumas de Brás Cubas.
R2 UNESP – ARARAQUARA (http://www.fclar.unesp.br/#!/pos-graduacao/stricto-sensu/estudos-
literarios/disciplinas/) PROGRAMA Estudos Literários LINHA(S) DE PESQUISA História Literária e Crítica, Teorias e Crítica da Narrativa DISCIPLINA 2º semestre/2014 - Estudos Literários - Temas de Literaturas de Língua Portuguesa
134
30 A designação utilizada no programa de disciplina fonte é “Conteúdo Programático” em vez de Referências.
EMENTA Na Unidade Curricular “Temas de Literaturas de Língua Portuguesa” optou-se por textos curtos e variados, de modo a despertar, paulatinamente, o interesse dos estudantes pelas literaturas de língua portuguesa. Os textos e os autores serão devidamente contextualizados, permitindo aos alunos um conhecimento alargado de várias literaturas. A escolha de cinco temas gerais, exemplificados com textos selecionados, propiciará aos estudantes uma visão global de aspetos fundamentais das culturas dos diversos países de língua oficial portuguesa. No fim do curso, os estudantes disporão de conhecimentos essenciais que lhes facultarão um estudo mais desenvolvido e aprofundado. A variedade de temas e de países funcionará ainda como uma prova da diversidade pluricontinental da língua portuguesa, mostrando igualmente a permanência de questões “humanas” estruturantes em culturas muito diferenciadas. Conteúdos programáticos Literatura e Sociedade I) Família, ética e moral Eça de Queirós, “No Moinho”. Machado de A., “Missa do Galo”.
REFERÊNCIAS Assis, Machado de (2004). Páginas Recolhidas. In Obra Completa, 2º volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. DISCIPLINA 1º Semestre de 2013/2º sem. 2010 - Disciplina: História e Ficção EMENTA Estudo das relações entre ficção e história na perspectiva da teoria e da crítica literárias. A questão da
representação. Narrativa, história e sociedade. A historicidade dos gêneros. O romance histórico. História e ficção na narrativa contemporânea. Programa (2013): 4.2 – A questao do metodo (2) Esaú e Jacó, de Machado de A. Textos de apoio: “Romance e história” e “Técnicas de autentificação do discurso”, de Maria Teresa de Freitas; “O novo romance histórico brasileiro”, de Antonio Roberto Esteves.
REFERÊNCIAS ASSIS, M.de. Esaú e Jacó. 2ª.ed. São Paulo: Ática, 1977. DISCIPLINA 2º Semestre de 2010 - Disciplina: Tópicos de Literatura Brasileira: Machado de A.e a interpretação do Brasil (a
crítica sociológica de Roberto Sch.). EMENTA Objetivos: Refletir sobre a produção romanesca de Machado de A. Refletir sobre a crítica sociologia de Roberto
Sch. Ementa: Este curso, de natureza monográfica, propõe-se a discutir uma possível interpretação da sociedade brasileira do Século XIX através da leitura e análise da obra romanesca de Machado de A. Tal leitura será realizada a partir da interpretação sociológica do crítico Roberto Sch.
REFERÊNCIAS30 CANDIDO, A. Crítica e Sociologia. CANDIDO, A. A dialética da malandragem. SCHWARZ, Roberto. As idéias fora do lugar. SCHWARZ, Roberto. A importação do romance e suas contradições em Alencar.
135
SCHWARZ, Roberto. O paternalismo e a sua racionalização nos primeiros romances de Machado de A. ASSIS, Machado. A mão e a luva. ASSIS, Machado. Helena. ASSIS, Machado. Iaiá Garcia. ASSIS, Machado. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade. SCHWARZ, Roberto. A nota específica. In.: As ideias fora do lugar. SCHWARZ, Roberto. A viravolta machadiana. SCHWARZ, Roberto. Uma desfaçatez de classe. ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. SCHWARZ, Roberto. Acumulação literária e nação periférica. In.: Um Mestre na Periferia do Capitalismo
R3 PUC – MG (http://www.pucminas.br/pos/letras/index-link.php?arquivo=apresentacao&pagina=4170)
PROGRAMA Letras LINHA(S) DE PESQUISA Texto, gênese e memória
DISCIPLINA Teoria da Literatura - Leitura literária: a estética da criatividade e da metalinguagem EMENTA O processo da criação literária fundado na gestalt das formas inarticuladas. A função estética determinada nessa
formulação. A volta do texto sobre si mesmo na elaboração metalinguística. Exame de textos das obras de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Jorge Luis Borges, Lygia Fagundes Telles, Machado de A. e Murilo Rubião.
REFERÊNCIAS MALARD, Letícia. Dom Casmurro começou na imprensa por José Dias, Scripta, Belo Horizonte, v. 3, n.6, p. 123-128. SENNA, Marta de. Estratégias de embuste: relações intertextuais em Dom Casmurro, Scripta, Belo Horizonte, v. 3, n. 6. p. 167-174.
R4 UFPE (http://www.pgletras.com.br/cursos-disciplinas-literatura.htm)
PROGRAMA Letras DISCIPLINA Não há disciplina afim.
R5 UFPR – PARANÁ (http://www.pgletras.ufpr.br) PROGRAMA Letras LINHA DE PESQUISA Literatura, história e crítica e Literatura e ouras linguagens DISCIPLINA Teoria da Ficção II - Núcleo comum
136
EMENTA Estudo das formas de articulação e condução de narrativas em prosa ficcional. Tradição e trânsito das formas prosaicas. Estudo das relações entre prosa ficcional e outras formas de expressão literária.
REFERÊNCIAS SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: 34, 2000. DISCIPLINA Ficção de Língua Portuguesa I – Núcleo comum EMENTA Estudo de aspecto(s) da ficção em língua portuguesa REFERÊNCIAS BOSI, Alfredo. Machado de A: O enigma do olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SCHWARZ, Roberto. Machado de A: um mestre na periferia do capitalismo. 4. Ed. São Paulo: Duas Cidades, 2008.
DISCIPLINA Crítica e Historiografia Literária I – Linha de pesquisa: Literatura, história e crítica EMENTA A escrita da história literária. A historiografia literária como prática crítica. A crítica literária de uma perspectiva
histórica. Crítica e tradição literária. REFERÊNCIAS SCHWARZ, Roberto. Machado de A.: Um mestre na periferia do capitalismo. 4 ed. São Paulo: 34, 2008.
R6 UEM – PR (http://www.ple.uem.br) PROGRAMA Letras DISCIPLINA Elementos de Teoria da Narrativa Literária - Linha Literatura e historicidade EMENTA Estudo de elementos estruturais da narrativa e prática analítica considerando fundamentos teóricos e textos
ficcionais. REFERÊNCIAS SCHWARZ, Roberto. 2ª. ed. Um mestre na periferia do capitalismo. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
R7 UFSM – RS (http://www.ufsm.br/ppgletras)
PROGRAMA Letras DISCIPLINA Não há disciplina afim.
R8 UNESP – SJRP (http://www.ibilce.unesp.br)
PROGRAMA Letras DISCIPLINA Literatura Brasileira: Linhas de Força e de Tensão EMENTA Estudo das relações tensivas entre textos da literatura brasileira, no âmbito das perspectivas dos estudos
sincrônicos (como paródia e tradução, transculturação, releituras da tradição e ruptura) e/ou diacrônicos (como
137
formação e revisão). A poesia e a prosa brasileiras modernas e contemporâneas em diálogo com a tradição; do moderno ao contemporâneo. Suportes. Linhas de força das vanguardas e suas releituras.
REFERÊNCIAS ASSIS, Machado de. J. M. Notícia da atual literatura Brasileira: O Instinto de Nacionalidade. Disponível em domínio público: www.dominiopublico.org.br
DISCIPLINA Vertentes e Expressões da Literatura Brasileira EMENTA Aspectos da Literatura Brasileira. Formação. Identidade e Instinto de Nacionalidade. Literatura e História. Lit. e
Sociedade. Literatura Brasileira, modernidade e modernismo. Invenção e tradição. Influência e vanguardas. Literatura Brasileira contemporânea, crises de representação; crises de subjetividade. Literatura Brasileira em diferentes suportes, leitores e leituras: da crônica dos jornais à poesia visual.
REFERÊNCIAS ASSIS, M. Notícia atual da literatura Brasileira: O Instinto de Nacionalidade. Disponível em domínio público: www.dominiopublico.org.br BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo, Cultrix, 1997. BOSI, A. Céu, Inferno. São Paulo, Ática, 1988. CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Ouro sobre Azul ed., 2008. CANDIDO, A. A Literatura como Sistema. In: Formação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre o Azul. CANDIDO, Antonio. Os primeiros Baudelaireanos. In: A Educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989, p. 23-38. CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Ouro sobre Azul ed., 2008
DISCIPLINA Pensamento Crítico Brasileiro EMENTA Estudo do pensamento crítico brasileiro. Autores e suas concepções teóricas sobre (i) a Literatura e a Cultura
Brasileiras e (ii) os estudos literários em geral. Análises de Machado de A. e João Cabral de Melo Neto a partir dos referenciais teóricos abordados.
REFERÊNCIAS CANDIDO, A. Vários Escritos. 2. ed. São Paulo, Duas Cidades, 1977. CANDIDO, Antonio. A educação pela noite. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. CANDIDO, Antonio. De cortiço a cortiço. In: Novos Estudos – CEBRAP. São Paulo, nº 30, junho de 1991, pp 111-129. CANDIDO, Antonio. Dialética da malandragem (caracterização das Memórias de um sargento de milícias)”. In: Revista do Instituto de Estudo Brasileiros. No. 8. São Paulo: USP, 1970, pp 67-89. CANDIDO, Antonio. A educação pela noite & outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987. CANDIDO, Antonio. Ficção e Confissão – ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro, Ed. 34, 1992. CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1985.
138
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004. CANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2002. CANDIDO, Antonio. Tese e Antítese. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1979. CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970. CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Ouro sobre Azul Ed, 2008. CANDIDO, A. e SCHWARZ, R. A Homenagem na Unicamp. São Paulo: Campinas: Editora da UNICAMP, s/d. SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1977. (5ª ed., revista. São Paulo: Duas Cidades / Ed. 34, 2000.). Em inglês: Misplaced Ideas: Essays on Brazilian Culture. Ed. and with an introduction by John Gledson. London: Verso, 1992. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo - Machado de A. São Paulo: Duas Cidades, 1990. (Em inglês: A Master on the Periphery of Capitalism: Machado de A. Trans. John Gledson. Durham: Duke University Press, 2002.) SCHWARZ, Roberto. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1977. SCHWARZ, Roberto. A Sereia e o Desconfiado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. (2ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.) SCHWARZ, Roberto. O Pai de Família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. SCHWARZ, Roberto. Que Horas São? São Paulo: Companhia das Letras, 1977. SCHWARZ, Roberto. Seqüências Brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. SCHWARZ, Roberto. Leituras em competição. Novos estudos – CEBRAP, no.75 São Paulo, julho de 2006, pp. 61-80. SCHWARZ, Roberto.(org). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
R9 UFRJ (http://www.ciencialit.letras.ufrj.br)
PROGRAMA Letras (Ciência da Literatura) DISCIPLINA Não há disciplina afim.
R10 USP – SP (http://dlcv.fflch.usp.br/) PROGRAMA Letras (Est. Comp. de Liter. de Língua Portuguesa) DISCIPLINA Diálogos em Surdina: Alexandre Dumas, Camilo Castelo Branco e Machado de A.- Primeiro semestre de 2015 EMENTA Objetivos: O curso pretende aproximar obras de autores que, habitualmente, não são postas em confronto. Para
tanto, inicialmente será analisada a aproximação, habitual, entre a obra de Camilo Castelo Branco e de Honoré de Balzac, apontando os equívocos interpretativos sobre a produção do primeiro daí decorrentes. Em seguida a obra
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do escritor português será confrontada com romances de Alexandre Dumas produzidos nos anos 30 do século XIX, o que permitirá uma nova visada sobre algumas características da prosa camiliana. Será possível, então, refletir sobre a proximidade entre algumas destas características e alguns procedimentos narrativos de Machado de A., abrindo a possibilidade para o confronto entre outras proximidades e divergências entre a obra deste e a de Camilo Castelo Branco. Justificativa: As fortunas críticas de Camilo Castelo Branco e Machado de A. são imensas. Mesmo assim, existem em ambas algumas zonas de sombra. É pouco habitual a aproximação entre o primeiro destes escritores e Alexandre Dumas, relação geralmente eclipsada pela pretensa proximidade entre o autor português e Honoré de Balzac. Por outro lado, se não é incomum ver na produção machadiana heranças da prosa portuguesa, raramente ela é aproximada com a do autor de Anátema. É assim produtivo pensar sobre os diálogos em surdina entre as obras de Alexandre Dumas, Camilo Castelo Branco e Machado de A., o que possibilitará questionar alguns pressupostos geralmente aceitos pela crítica, e aprofundar o estudo sobre os contatos existentes entre autores oitocentistas de língua portuguesa, e deste com a literatura francesa.
REFERÊNCIAS ASSIS, Machado. Obra Completa. Rio, Nova Aguilar, 1985 CANDIDO, Antonio. Tese e antítese. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 1976. CANDIDO, Antonio. O método crítico de Silvio Romero. São Paulo: Edusp, 1988. CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981. CANDIDO, Antonio. Esquema de Machado de A., in Vários escritos. São Paulo, Duas Cidades, 1970. SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1981. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. São Paulo, Duas Cidades/Editora 34, 2000
DISCIPLINA Um Novo Mapa das Literaturas de Língua Portuguesa - Primeiro semestre de 2015 EMENTA Objetivos: Em seu espectro mais amplo, o curso discute as formas pelas quais as literaturas de língua portuguesa
– ao longo dos séculos XIX e XX – têm representado e problematizado questões oriundas da história colonial portuguesa, quer no período colonial, quer no período de independência política de Portugal dessas localidades. Pretende abarcar aspectos da produção literária das várias realidades que compuseram o mundo colonial de dominação portuguesa nos três continentes (África, Brasil e Ásia). Além de tratar da tradição luso-brasileira e da reconfiguração do espaço global de língua portuguesa a partir da emergência das literaturas africanas em português, o curso privilegia um comparatismo mais vasto, que integra a produção literária dos enclaves coloniais do Oriente (Goa, Macau e Timor Leste), colocando-a em diálogo com esse contexto literário mais amplo. Objetiva, numa perspectiva mais específica, dar ao estudante e ao pesquisador conhecimento de matéria literária original, fazendo-o refletir sobre o julgamento corrente das literaturas ditas periféricas, assim como se indagar sobre o juízo que se faz do corpus literário de língua portuguesa canônico ou em vias de canonização. Objetiva,
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ainda, de forma complementar, discutir aspectos específicos da produção e circulação literárias em língua portuguesa, tais como a difusão literária em meios de imprensa, a constituição de sistemas literários nacionais ou a constituição de meios literários distantes dos centros hegemônicos. De forma adicional, também pretende fazer com que o estudante e o pesquisador possa se indagar sobre noções forjadas no âmbito das relações coloniais, tais como as de colonialismo, anticolonialismo, imperialismo, hibridismo, mestiçagem, lusotropicalismo, ambivalência, entre outras.
REFERÊNCIAS ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Elevação, 2008. R11 USP – SP (http://www.dtllc.fflch.usp.br/)
PROGRAMA Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) DISCIPLINA Aspectos Estético-Sociais do Brasil Contemporâneo EMENTA Objetivos: O curso busca apresentar aos alunos um conjunto de problemas estético-sociais a partir de obras da
literatura e do cinema atuais, de modo a levantar questões políticas, sociais e culturais do Brasil contemporâneo. A interpretação dessas obras, fundamentada nos materiais históricos, sociais e culturais, bem como na análise da elaboração artística, são a finalidade última do curso.
REFERÊNCIAS SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades, 1981. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de A. São Paulo: Duas Cidades, 1990.
DISCIPLINA Emancipação e Revolução – Questões de Realismo, Representação e Crítica em Henry James e Machado de A. EMENTA Objetivos: Este curso propõe investigar alguns tópicos literários a partir do exame da obra ficcional e crítica de
Henry James e Machado de A, tendo como base não apenas a perspectiva dos dois escritores a partir de suas nações “emancipadas”, mas também a maneira como cada um lidou com a crise do narrador instalada na arena europeia a partir das revoluções populares de 1848. Com isso também pretende mostrar como ambos, absorvendo as lições de um realismo tradicional e reagindo a ele, desenvolveram projetos intelectuais decisivos em suas respectivas literaturas e promoveram configurações técnicas e políticas que contribuíram para estabelecer o nexo com a narrativa contemporânea.
REFERÊNCIAS ASSIS, Machado de. Obra Completa (3 volumes). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. ASSIS, Machado de. Bons dias! (Introdução e notas de John Gledson). Campinas: Editora Unicamp, 2008. ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas (Seleção, introdução e notas de John Gledson). S. Paulo: Penguin/ Companhia, 2013. ASSIS, Machado de. Histórias da meia-noite (Edição e introdução de Hélio de Seixas Guimarães). S. Paulo: Martins Fontes, 2007. ASSIS, Machado de. Critica literaria. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1938.
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ASSIS, Machado de. Correspondencia. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1937. BOSI, A. Brás Cubas em três versões. S. Paulo: Companhia das Letras, 2006. BOSI, A. Machado de A: o enigma do olhar. S. Paulo: Martins Fontes, 2006. BROCA, Brito. Machado de A. e a política (mais outros estudos). Petrópolis: Instituto Nacional do Livro, 1983. CALDWELL, Helen. O Otelo brasileiro de Machado de A. S. Paulo: Ateliê Editorial, 2002. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. S. Paulo: T. A. Queiroz, 2000. CANDIDO, Antonio. Esquema de Machado de A., in Vários escritos. S. Paulo: Duas Cidades, 1995. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira (2 vols.). Belo Horizonte: Itatiaia, 1975. CHALHOUB, S. Machado de A: historiador. S. Paulo: Companhia das Letras, 2003. FAORO, Raymundo. Machado de A: a pirâmide e o trapézio. S. Paulo: Editora Nacional, 1976. FITZ, Earl E. Machado de A. Boston: Twayne Publishers, 1989. GLEDSON, John. Machado de A: ficção e história. S. Paulo: Paz e Terra, 1986. GLEDSON, John. Impostura e realismo: uma interpretação de Dom Casmurro. S. Paulo: Companhia das Letras, 1991. GLEDSON, John. Por um novo Machado de A: ensaios. S. Paulo: Companhia das Letras, 2006. GLEDSON, John. “Machado de A between Romance and Satire: A parasita azul”. In: What’s Past is Prologue: A Collection of Essays in Honour of L. J. Woodward. Edimburgo: Scottish Academic Press, 1984. GOMES, Eugênio. Machado de A: influências inglesas. Rio de Janeiro: Pallas, 1976. GUIMARÃES, Hélio de S.. Os leitores de Machado de A. S. Paulo: Edusp/Nankin, 2004. MASSA, Jean-Michel. A juventude de Machado de A (1839 – 1870): ensaio de biografia intelectual. S. Paulo: Editora UNESP, 2008. MERQUIOR, José Guilherme. “Gênero e estilo nas Memórias Póstumas de Brás Cubas”. In: Colóquio/Letras, 8 (1972). MEYER, Augusto. “De Machado a Brás Cubas”. In: Teresa: Revista de literatura brasileira, S. Paulo: USP/Editora 34/Imprensa Oficial, número 6/7 (2004,2005). SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. S. Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2000. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. S. Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2000.
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SCHWARZ, Roberto. “A poesia envenenada de Dom Casmurro”. In: Duas meninas. S. Paulo: Companhia das Letras, 2006. SCHWARZ, Roberto. “Nacional por subtração”. In: Que horas são? Ensaios. S. Paulo: Companhia das Letras, 1987. SCHWARZ, Roberto. “Retrato de uma senhora (o método de Henry James)”. In: A sereia e o desconfiado: ensaios críticos. S. Paulo: Paz e Terra, 1981.
R12 UNB – DF (http://www.poslit.unb.br)
PROGRAMA Literatura DISCIPLINA Bibliografia indisponível – acesso restrito
R13 UFSC – SC (http://www.literatura.ufsc.br) PROGRAMA Literatura DISCIPLINA Não há disciplina afim
R14 UFBA – BA (http://www.ppglitcult.letras.ufba.br) PROGRAMA Literatura e Cultura DISCIPLINA Site disponibiliza somente grade com o nome das disciplinas, sem ementa e referências
R15 PUC – RJ (http://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/proglet_literatura.html) PROGRAMA Literatura, Cultura e Contemporaneidade DISCIPLINA Site disponibiliza somente grade com o nome das disciplinas, sem ementa e referências
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APÊNDICE C – RESUMO INFORMATIVO INSTITUIÇÕES NOTA 6
R1 UFRGS (http://www.ufrgs.br/ppgletras/ ) PROGRAMA Letras DISCIPLINA Indisponíveis EMENTA Indisponíveis BIBLIOGRAFIA Indisponíveis
R2 UFRJ – RJ (http://www.letras.ufrj.br/posverna) PROGRAMA Letras (Letras Vernáculas) DISCIPLINA 2015/1 - Realismo e Naturalismo (TÍTULO DO CURSO: A forma do romance machadiano) EMENTA A originalidade da forma dramática e da mundividência tragicômica do romance machadiano no contexto da literatura
ocidental. O estatuto dramático do narrador multiperspectivado. A gaia ciência da ficção irônica. A origem dionisíaca do drama tragicômico. A perspectiva dual da narrativa. O princípio da reversibilidade dos contrários e a invenção do defunto autor. A concepção do romance singularizado como drama de caracteres.
BIBLIOGRAFIA BOSI, Alfredo e outros (Org.) Machado de A.. Antologia e estudos. São Paulo: Ática, 1982. BOSI, Alfredo. Machado de A.. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999. FITZ, Earl. Machado de A.. Boston, Twayne Publishers, 1989. NUNES, Maria Luísa. The Craft of an Absolute Winner. Characterization and Narratology in the Novels of Machado de A.. Wesport, Greenwood Press, 1983. REGO, Enylton de Sá. O calundu e a panacéia. Machado de A., a sátira menipéia e a tradição luciânica. Rio, Forense, 1989. ROCHA, João Cezar de Castro (Editor). The Author as Plagiarist – The Case of Machado de A.. University of Massachusetts Dartmouth, 2006. SARAIVA, Juracy Assmann. O circuito das memórias em Machado de A.. S. Paulo-São Leopoldo, Edusp-Editora do Vale dos Sinos, 1993. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. Machado de A.. São Paulo: Duas Cidades, 1990. SECCHIN, Antonio Carlos, ALMEIDA, José Maurício Gomes de, SOUZA, Ronaldes de Melo (Org.) Machado de A.. Uma Revisão. Rio, In-Folio, 1998. SOUZA, Ronaldes de Melo e. O romance tragicômico de Machado de A.. Rio, Eduerj , 2006.
DISCIPLINA 2014/1 - Estudos Temáticos de Ficção TÍTULO DO CURSO: José de Alencar e Machado de A.: a invenção literária do Brasil e o seu legado para a literatura brasileira, ontem e hoje
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EMENTA O caráter fundador da obra ficcional de José de Alencar e Machado de A. na literatura brasileira do século XIX: antecedentes e consequentes. As posições crítico-teóricas dos dois autores e seus respectivos projetos estético-ideológicos para a ‘invenção” literária do Brasil. Representações ficcionais da vida brasileira nos contos e nos romances de Alencar e Machado: o lugar da história, da ficção e das estéticas romântica e realista. Fontes para a compreensão e para a incompreensão de Alencar e Machado, do seu tempo aos nossos dias. Leitura crítica de obras dos dois autores fundamentais.
BIBLIOGRAFIA ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185-190. ASSIS, Machado de. Crítica. In: ---. Obra completa de Machado de A. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. Volume III, p. 779-940. BASTOS, Alcmeno. O corpo metonímico: erotismo em Machado de A. In: Metamorfoses. Revista da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da UFRJ. Número 8. Rio de Janeiro: Cátedra Jorge de Sena; Lisboa: Editorial Caminho, 2008, p. 47-61. BASTOS, Alcmeno. Machado de A. e a conspiração do talento: o “caso” Castro Alves. In: Machado de A.: novas perspectivas sobre a obra e o autor, no centenário de sua morte. Org. SECCH., Antonio Carlos; BASTOS, Dau e JOBIM, José Luís. Rio de Janeiro: De Letras; Niterói: Eduff, 2008, p. 9-19. BASTOS, Alcmeno. O almoço do Conselheiro – História e ficção no mesmo cardápio. In: SECCH., Antonio Carlos; ALMEIDA, José Maurício de & SOUZA, Ronaldes de Melo e. Org. Machado de A., uma revisão. Rio de Janeiro: In- Fólio, 1998. p. 135-146. BOSI, Alfredo. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999. BRANDÃO, Octavio. O niilista Machado de A.. Rio de Janeiro: Simões, 1958. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967. CASTELO, José Aderaldo. Realidade e ilusão em Machado de A.. São Paulo: Companhia Editora Nacional/Editora da Universidade de São Paulo, 1969. CHALOUB, Sidney. Machado de A., historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. FAORO, Raymundo. Machado de A.: a pirâmide e o trapézio. 2. ed. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 1976. GLEDSON. John. Machado de A.: ficção e historiai. Trad. Sônia Cou-tinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. MAGALHÃES JR., Raimundo. Machado de A. desconhecido. 3. ed., texto definitivo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957. MOOG, Vianna. Heróis de decadência: Petrônio, Cervantes, Machado de A.. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. MURICY, Katia. A razão cética: Machado de A. e as questões do seu tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
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PEREIRA, Astrojildo. Machado do de A.. Rio de Janeiro: São José, 1959. PEREIRA, Astrojildo. Romancista do Segundo Reinado. In: ---. Machado de A.: ensaios e apontamentos avulsos. Rio de Janeiro: São José, [1959], p. 11-42. ROMERO, Sílvio. Machado de A.. In: ---. História da literatura brasileira. Tomo Quinto. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960, p. 1499-1520. SANT´ANNA, Affonso Romano de. Esaú e Jacó. In: ---. Análise estrutural de romances brasileiros. 3. ed. Petrópolis, Vozes, 1975. p. 116-152. (Também in: --------. Esaú e Jacó. In: --- et alii. Autores para vestibular. Petrópolis: Vozes, 1973, p. 26-62.) SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de A.. São Paulo: Duas Cidades, 1990. SECCHIN, Antonio Carlos; ALMEIDA, José Maurício de & SOUZA, Ronaldes de Melo e. Org. Machado de A., uma revisão. Rio de Janeiro: In- Fólio, 1998.
DISCIPLINA 2013/1 – Estudos Comparativos EMENTA A partir da leitura de textos de Clarice Lispector ("escrevo de ouvido" ), de Machado de A. ("Trata-se de uma obra difusa,
na qual eu, Brás Cubas...) e de Guimarães Rosa ( a fala "erra rumo"), busca-se, no Curso, apontar a presença de vozes fora do letramento oficial na escrita literária brasileira e descrever, assim, "a proximidade de sua escrita com a captação de entonações , timbres e nuances, acentuados no interior de uma cultura em que a oralidade e a musicalidade predominam" (LIBRANDI-ROCHA). Será essencialmente destacada, no particular, a pesquisa de Marília Librandi-Rocha sobre "a audição na literatura brasileira". Textos ficcionais brasileiros contemporâneos serão analisados no Curso a partir das reflexões em apreço.
BIBLIOGRAFIA Indisponível DISCIPLINA 2012/1 - Estudos de Gêneros Literários EMENTA O caráter fundador da obra ficcional de José de Alencar e Machado de A. na literatura brasileira do século XIX: antecedentes
e consequentes. Representações ficcionais da vida brasileira nos contos e nos romances de Alencar e Machado: o lugar da história, da ficção e dos projetos estéticos-ideológicos de brasilidade. Fontes para a compreensão e para a incompreensão de Alencar e Machado, do seu tempo aos nossos dias. Leitura crítica de obras dos dois autores fundamentais.
BIBLIOGRAFIA ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185-190. BOSI, Alfredo. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999. BRANDÃO, Octavio. O niilista Machado de A.. Rio de Janeiro: Simões, 1958. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
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CASTELO, José Aderaldo. Realidade e ilusão em Machado de A.. São Paulo: Companhia Editora Nacional/Editora da Universidade de São Paulo, 1969. CHALOUB, Sidney. Machado de A., historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. FAORO, Raymundo. Machado de A.: a pirâmide e o trapézio. 2. ed. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 1976. GLEDSON. John. Machado de A.: ficção e historiai. Trad. Sônia Cou-tinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. MAGALHÃES JR., Raimundo. Machado de A. desconhecido. 3. ed., texto definitivo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957. MOOG, Vianna. Heróis de decadência: Petrônio, Cervantes, Machado de A.. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. MURICY, Katia. A razão cética: Machado de A. e as questões do seu tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. PEREIRA, Astrojildo. Machado do de A.. Rio de Janeiro: São José, 1959. PEREIRA, Astrojildo. Romancista do Segundo Reinado. In: ---. Machado de A.: ensaios e apontamentos avulsos. Rio de Janeiro: São José, [1959], p. 11-42. ROMERO, Sílvio. Machado de A.. In: ---. História da literatura brasileira. Tomo Quinto. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960, p. 1499-1520. SANT´ANNA, Affonso Romano de. Esaú e Jacó. In: ---. Análise estrutural de romances brasileiros. 3. ed. Petrópolis, Vozes, 1975. p. 116-152. (Também in: --------. Esaú e Jacó. In: --- et alii. Autores para vestibular. Petrópolis: Vozes, 1973, p. 26-62.) SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de A.. São Paulo: Duas Cidades, 1990. SECCHIN, Antonio Carlos; ALMEIDA, José Maurício de & SOUZA, Ronaldes de Melo e. Org. Machado de A., uma revisão. Rio de Janeiro: In- Fólio, 1998.
DISCIPLINA 2011/1 - Estudos Temáticos de Ficção EMENTA A originalidade da forma dramática e da mundividência tragicômica do romance machadiano no contexto da literatura
ocidental. O estatuto dramático do narrador multiperspectivado. A gaia ciência da ficção irônica. A origem dionisíaca do drama tragicômico. A perspectiva dual da narrativa. O princípio da reversibilidade dos contrários e a invenção do defunto autor. A concepção do romance singularizado como drama de caracteres.
BIBLIOGRAFIA BOSI, Alfredo e outros (Org.) Machado de A.. Antologia e estudos. S. Paulo, Ática, 1982. BOSI, Alfredo. Machado de A.. O enigma do olha. S. Paulo, Ática, 1999. NUNES, Maria Luísa. The Craft of an absolute Winner. Characterization and Narratology in the Novels of Machado de A.. Wesport, Greenwood Press, 1983. REGO, Enylton de Sá. O calundu e a panacéia. Machado de A., a sátira menipéia e a tradição luciânica. Rio, Forense, 1989.
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ROCHA, João Cezar de Castro (Editor). The Author as Plagiarist – The Case of Machado de A.. University of Massachusetts Dartmouth, 2006. ROCHA, João Cezar de Castro (Org.) À Roda de Machado de A.. Chapecó, Argos, 2006. SARAIVA, Juracy Assmann. O circuito das memórias em Machado de A.. S. Paulo-São Leopoldo, Edusp Editora do Vale dos Sinos, 1993. SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. Machado de A.. S. Paulo, Duas Cidades, 1990. SECCHIN, Antonio Carlos, ALMEIDA, José Maurício Gomes de, SOUZA, Ronaldes de Melo (Org.) Machado de A.. Uma Revisão. Rio, In-Folio, 1998. SOUZA, Ronaldes de Melo e. O romance tragicômico de Machado de A.. Rio, Eduerj , 2006. A Narrativa do Século XIX CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Companhia e Editora Nacional, 1985.
DISCIPLINA 2010/1 (Doutorado) Estudo Monográfico de Autores EMENTA Caráter fundador da obra ficcional de José de Alencar e Machado de A. na literatura brasileira do século XIX: antecedentes
e consequentes. Representações ficcionais da vida brasileira nos contos e nos romances de Alencar e Machado: o lugar da história, da ficção e dos projetos estéticosideológicos de brasilidade. Fontes para a compreensão e para a incompreensão de Alencar e Machado, do seu tempo aos nossos dias. Leitura crítica de obras dos dois autores fundamentais.
BIBLIOGRAFIA ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185- 190. Referências: BOSI, Alfredo. Um mito sacrificial: o indianismo de José de Alencar. In: ---. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 176-193. BOSI, Alfredo. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999. BRANDÃO, Octavio. O niilista Machado de A.. Rio de Janeiro: Simões, 1958. CANDIDO, Antonio. Os três Alencares. In: ---. Formação da literatura brasileira (Momentos Decisivos). 2° Volume. (1836-1880). 4. ed. São Paulo, Martins, s.d., p. 221- 235. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967. CASTELO, José Aderaldo. Realidade e ilusão em Machado de A.. São Paulo: Companhia Editora Nacional/Editora da Universidade de São Paulo, 1969. CHALOUB, Sidney. Machado de A., historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. COUTINHO, Afrânio. Org. A polêmica Alencar-Nabuco. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1978. FAORO, Raymundo. Machado de A.: a pirâmide e o trapézio. 2. ed. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 1976.
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GLEDSON. John. Machado de A.: ficção e historiai. Trad. Sônia Cou-tinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. MOOG, Vianna. Heróis de decadência: Petrônio, Cervantes, Machado de A.. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. MURICY, Katia. A razão cética: Machado de A. e as questões do seu tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. PEREIRA, Astrojildo. Machado do de A.. Rio de Janeiro: São José, 1959. PEREIRA, Astrojildo. Romancista do Segundo Reinado. In: ---. Machado de A.: ensaios e apontamentos avulsos. Rio de Janeiro: São José, [1959], p. 11-42. ROMERO, Sílvio. Machado de A.. In: ---. História da literatura brasileira. Tomo Quinto. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960, p. 1499-1520. SANT´ANNA, Affonso Romano de. Esaú e Jacó. In: ---. Análise estrutural de romances brasileiros. 3. ed. Petrópolis, Vozes, 1975. p. 116-152. (Também in: --------. Esaú e Jacó. In: --- et alii. Autores para vestibular. Petrópolis: Vozes, 1973, p. 26-62.) SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo – Machado de A.. São Paulo: Duas Cidades, 1990. SECCHIN, Antonio Carlos; ALMEIDA, José Maurício de & SOUZA, Ronaldes de Melo e. Org. Machado de A., uma revisão. Rio de Janeiro: In- Fólio, 1998.
R3 USP (http://literaturabrasileira.fflch.usp.br)
PROGRAMA Literatura Brasileira DISCIPLINA 2014/1 - Herança portuguesa e relações coloniais na obra de Machado de A. EMENTA Objetivos: O curso tem como objetivo examinar um conjunto de poemas e textos em prosa de Machado de A. associados a
temas e formas da tradição literária portuguesa, visando a entender as circunstâncias de produção, circulação e recepção desses textos à luz das relações afetivas e literárias de Machado de A. com Portugal e a cultura portuguesa. Essas referências serão lidas em conexão com as condições de produção, circulação e recepção desses textos, nos dois lados do Atlântico, e também com a história da difusão e recepção da obra machadiana em Portugal. Esse conjunto de textos será pensado como parte integrante do quadro complexo das relações coloniais e pós-coloniais, que marcam os vínculos históricos entre Brasil e Portugal, que foram vividos, representados e sofridos pelo escritor durante seu período de vida, com consequências para a recepção contemporânea e póstuma de sua obra em Portugal e no Brasil. Justificativa: O curso insere-se no trabalho de pesquisa que venho desenvolvendo sobre a obra de Machado de A. e sua recepção crítica, buscando compreender as relações do escritor e de sua obra com a cultura e a produção literária portuguesas, mais estreitas e constantes do que fazem crer as biografias e as vertentes principais da crítica machadiana do século XX, preocupadas em enfatizar ou a brasilidade do escritor e de sua obra ou o seu caráter universal. Postulando-se a possibilidade de leitura da obra de Machado de A. como um sistema coerentemente organizado – e não marcado apenas por rupturas e
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cortes abruptos – busca-se estabelecer conexões entre esses textos praticamente esquecidos e aqueles outros textos tornados canônicos. Conteúdo: 1. “Há um arrabalde em Cartago para uma aula de Atenas”: a presença portuguesa no Rio de Janeiro oitocentista. 2. A circulação e a recepção da obra de Machado de A. em Portugal. 3. Um cronista de além-mar: as crônicas de Machado em O Futuro. 4. Fluxos transatlânticos: personagens e temas portugueses na correspondência de Machado de A.. 5. As cartas de Miguel de Novais para Machado de A.. 6. A poesia de Machado de A. e a tradição portuguesa. 7. Crisálidas e o caso dos versos alexandrinos. 8. “A derradeira injúria”: os sonetos em homenagem ao Marquês de Pombal. 9. Os sonetos a Camões. 10. Um poema herói-cômico: “O Almada”. 11. Machado e Eça: divergências sobre o romance e a tradição portuguesa no romance machadiano. 12. O Memorial de Aires como liquidação das heranças portuguesas.
BIBLIOGRAFIA Sobre a obra de Machado de A.: BOSI, Alfredo. Uma figura machadiana. In: Machado de A.: o enigma do olhar, 4ª. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007, pp. 127-148. CANDIDO, Antonio. “Esquema de Machado de A.”. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970. ROUANET, Sergio Paulo. CORRESPONDÊNCIA de Machado de A.: tomos I, II, III e IV. Coordenação e orientação Sergio Paulo Rouanet; reunida, organizada e comentada por Irene Moutinho e Sílvia Eleutério. Rio de Janeiro: ABL, 2008, 2009, 2011 e 2012. MACEDO, Helder. “Machado de A.: entre o lusco e o fusco”. Colóquio Letras. Lisboa, n. 121-122, jul./dez. 1991. MACEDO, Helder. “Machado e Camões: a citação enquanto tensão entre ficção e história”. In: MENDES, Eliana Amarante de Mendonça, OLIVEIRA, Paulo Motta de; BENN-IBLER, Veronika (org.). Revisitações: edição comemorativa 30 anos da Faculdade de Letras da UFMG. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 1999. PAES, José Paulo. “Um aprendiz de morto”. In: Gregos & baianos. São Paulo: Brasiliense, 1985, pp. 13-36. GLEDSON, John. Machado de A.: ficção e história. GLEDSON, John. Machado de A.: impostura e realismo – uma reinterpretação de Dom Casmurro. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Os leitores de Machado de A. – o romance machadiano e o público de literatura no século 19. São Paulo: Nankin/Edusp, 2004. OLIVER, Élide Valarini. “A poesia de Machado no século XXI: revista, revisão”. In: Ministério das Relações Exteriores. Ensaios premiados – A obra de Machado de A.. Brasília, 2006, pp. 119-178. SCHWARZ, Roberto. Um Mestre na Periferia do Capitalismo: Machado de A.. São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1990. SOUSA, José Galante de. Bibliografia de Machado de A., Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura/ Instituto Nacional do Livro, 1955.
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SOUSA, José Galante de. Prosa e poesia. Organização e prefácio de José Galante de Sousa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957. Fontes para o estudo de Machado de A., Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura/ Instituto Nacional do Livro, 1958. Sobre as relações Brasil-Portugal e a circulação da obra machadiana em Portugal: FRANCHETTI, Paulo. Estudos de literatura brasileira e portuguesa. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007. GALVÃO, José. “Faustino Xavier de Novais e Machado de A.”. Estudos portugueses e africanos. Campinas, n. 15, jan./jun. 1990. MASSA, Jean-Michel. A juventude de Machado de A. (1839-1870) – Ensaio de biografia intelectual. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. MASSA, Jean-Michel. “Un ami portugais de Machado de A.: Antonio Moutinho de Sousa”. Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, n. 13, 1971. Separata. NEVES, João Alves das. “Machado de A. e os portugueses”. O Estado de S. Paulo, 15.07.1967. SANDMANN, Marcelo Corrêa. Aquém-além mar: presenças portuguesas em Machado de A.. 2004. 491 f. Tese (Doutorado em Teoria e História Literária). Universidade Estadual de Campinas. SARAIVA, Arnaldo. “Machado de A. in Portugal”. In: ROCHA, João Cezar de Castro (ed.). The author as plagiarist: the case of Machado de A.. Dartmouth: University of Massachusetts Dartmouth, 2006. SAYERS, Raymond S. “Machado de A. in nineteenth-century Portugal”. In: MULVIHILL, E. R. (ed.). Studies in honor of Lloyd A. Kasten. Madison: Hispanic Seminary of Medieval Studies, 1975. BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das letras, 1992. BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 12.a edição. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2009. CANDIDO, Antonio. Vários Escritos, São Paulo: Duas Cidades, 1970.
DISCIPLINA 2013/2 - Entre a Literatura e a História EMENTA Estimular nos pós-graduandos a capacidade de transitar do texto para o contexto e efetuar o caminho inverso, de tal sorte
que possam compreender tanto a historicidade profunda do fenômeno literário quanto à singularidade da sua produção enquanto processo expressivo e formal. Justificativa: O programa volta-se para a interpretação de textos significativos da literatura brasileira mediante a ótica transdisciplinar (no caso, valendo-se das Ciências Humanas e, em particular, da História). Depois de decênios de vigência da polaridade formalismo vs. historicismo, parece justificar-se um curso que, partindo dessa última posição crítica, procura ampliá-la e aprofundá-la, definindo-se como historicismo aberto. Essa opção contempla não só as estruturas socioeconômicas de base, mas também a força dos valores, ideais e correntes de gosto e sensibilidade que penetram toda escrita literária.
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Conteúdo: Entre a Literatura e a História. Aspectos ideológicos e estéticos de textos brasileiros. I. Problemas de método l. A proposta socio-estilística de Otto Maria Carpeaux. 2. A leitura mediadora de Antonio Cand. 3. O hisoricismo aberto rumo ao concreto. II. A condição colonial 4. Vieira: contradições e pseudomorfose. 5. O Uraguai: ideologia e contraideologia. 6. Vila Rica: a poesia resistente de uma cidade. III. Dimensões do Romantismo no Brasil 7.A invenção indianista. 8.Pathos e ironia. Álvares de Azevedo 9. Liberalismo e escravidão: a poesia de Castro Alves e o memorialismo de Joaquim Nabuco. IV. Realismo: horizontes 10. Tipo e pessoa em Machado de A. 11. Crítica e paixão em Raul Pompeia 12. Limites ideológicos do naturalismo brasileiro
BIBLIOGRAFIA Antonio Candido – Formação da literatura brasileira.1º volume. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1959. V. Introdução, pp. 17-31. Antonio Candido – A literatura e a vida social. Em Literatura e sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965, pp. 21-46. Alfredo Bosi – Por um historicismo renovado. Reflexo e reflexão em história literária. Em Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, pp. 7-53 Alfredo Bosi – As sombras das luzes na condição colonial. Em Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, pp. 87-117. (V. notas, pp. 286-289). Alfredo Bosi – Imagens do Romantismo no Brasil. Em O Romantismo (org. por J. Guinburg). São Paulo: Perspectiva, 1978, pp. 239-256.
DISCIPLINA 2010/2 - Rupturas e Continuidades da Ficção Brasileira Contemporânea EMENTA Conteúdo: 1. Discursos da crítica I. 2. O narrador-testemunha no romance de Milton Hatoum e o tema do agregado na
literatura brasileira. 3. A tradição do romance de espaço na obra em fragmentos de Luiz Ruffato. 4. Notas de Fogo Morto, de José Lins do Rego, em Cidade de Deus, de Paulo Lins. 5. João Gilberto Noll e a teoria da desconstrução. 6. Bernardo Carvalho e a literatura como política: articulações com um certo olhar modernista. 7. Matrizes machadianas na obra de Sérgio Sant’Anna. 8. Discursos da crítica II.
BIBLIOGRAFIA ASSIS, Machado de. Obra completa (vol. I). Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1994. CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo, Duas Cidades, 1993. SCHWARZ, Roberto. Seqüências brasileiras. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.
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APÊNDICE D – RESUMO INFORMATIVO INSTITUIÇÕES NOTA 7
R1 UFMG (http://www.letras.ufmg.br/poslit) PROGRAMA Estudos Literários DISCIPLINA Seminário de literatura brasileira: a crítica machadiana: pressupostos da ficção EMENTA O objetivo do curso é estudar a crítica produzida por Machado de A., com o interesse de compreender como ele construiu e
amadureceu uma teoria do romance antes de se tornar romancista. Trata-se de uma teoria ampla, que abrange as figuras do narrador, do leitor, do personagem, inclui noções de representação, totalidade, forma e transformação, questões relativas à verossimilhança, composição, método, caracterização etc. Em primeiro lugar, vale a ressalva de que se trata de uma teoria assistemática, sem articulação clara; não são teses plenamente constituídas, com início, meio e fim, com fundamentos expostos de maneira concatenada, mas um conjunto de ideias sobrepostas; coerentes, mas dispersas. Outro aspecto a se notar é que ela (a teoria) não se limita aos ensaios, podendo ser encontrada também nos prefácios, cartas, no interior do próprio romance, integrada ao fluxo narrativo, e, principalmente, nas crônicas. O que nos leva a outro ponto relevante: na maior parte das vezes, essa teoria não é exposta conceitualmente, mas sim dramaticamente, isto é, por intermédio de efeitos narrativos e de e fabulação. Por fim, e muito importante, a teoria do romance de Machado de A. se nutre igualmente da apreciação crítica de obras do teatro e da literatura, de tal maneira que se mostra muito difícil separar o que é próprio de um gênero ou de outro, ganhando, na verdade, quem procurar compreendê-los conjuntamente. A rigor, antes de Machado investir nessa espécie de teoria do romance a que me referi, ele engendrou uma teoria das formas, a qual poderíamos chamar de materialista.
BIBLIOGRAFIA ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro; Nova Aguilar, 2008, 4 vols. ASSIS, Machado de. Do teatro: textos críticos e escritos diversos. (org. João Roberto Faria). São Paulo: Perspctiva, 2008. ASSIS, Machado de. Crítica literária e textos diversos. (org. Sílvia M. Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela M. Callipo). São Paulo: Unesp, 2013.
DISCIPLINA Seminário de literatura brasileira: a memória em Machado de A., Guimarães Rosa e Graciliano Ramos EMENTA O seminário de Literatura Brasileira intitulado "A memória em Machado de A., Guimarães Rosa, Graciliano Ramos propõe,
tendo em vista o enfoque comparativista, o estudo teórico-crítico da memória individual e coletiva, a voluntária e a involuntária, a natural e a artificial, a memória do trauma, da restituição, da reparação e da superação no 'corpus' ficcional indicado para o curso. Programa: Corpus ficcional Machado de ASSIS: os contos "O Enfermeiro" e Machado de ASSIS "Missa do Galo"; e os romances
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Machado de ASSIS Memórias Póstumas de Brás Cubas e Machado de ASSIS Dom Casmurro; Machado de ASSIS Crítica do romance "O Primo Basílio", de Eça de Queirós
BIBLIOGRAFIA Não há referência afim
R2 UNICAMP (http://www.iel.unicamp.br) PROGRAMA Teoria e História da Literatura
DISCIPLINA 2005/1 - Literatura e Sociedade EMENTA A proposta do curso é analisar o processo de consolidação da crônica enquanto gênero literário no Brasil, investigando suas
características e singularidades. Mais do que refletir sobre as formas pelas quais tal gênero tem sido encarado pela crítica contemporânea, discutiremos os meios, possibilidades e potencialidades da análise de algumas séries de crônicas produzidas entre a segunda metade do século XIX e a primeira do XX. Para isso tomaremos como eixo privilegiado de análise a produção de Machado de A., João do Rio, Lima Barreto e Coelho Netto.
REFERÊNCIA 4 - Machado de A. BOSI, O teatro político nas crônicas de Machado de A., São Paulo, IEA/USP, Coleção Documentos, Série Literatura, 2004 BROCA, Brito, "A semana política de Machado", em Machado de A. e a política, Rio de janeiro, INL, 1983, pp. 183-187. BRAYNER, Sonia, "Machado de A.: um cronista de quatro décadas", em A crônica. O gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil, Campinas/ Rio de Janeiro: Ed. Da Unicamp/ Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992, pp. 407-118. GRANJA, Lucia, Machado de A., escritor em formação, Campinas, Mercado de Letras, 2000. RAMOS, Ana Flavia Cernic, História e crônica: 'Balas de estalo' e as questões políticas e sociais de seu tempo, Campinas, IFCH-UNICAMP, 2001. PEREIRA, Leonardo A. M., "Por trás das máscaras", em O carnaval das letras. Literatura e folia no Rio de Janeiro do século XIX, Campinas, Ed. da UNICAMP, 2004. MACHADO DE ASSIS, Bons dias!, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1990. MACHADO DE ASSIS, A semana, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1998. MACHADO DE ASSIS, Balas de estalo , Heloísa Helena de Luca (org.), São Paulo, Annablume, 1998. MACHADO DE ASSIS, Melhores crônicas, São Paulo, Global, 2003. RESENDE, Beatriz, "Em caso de desespero, não trabalhem. A política nas crônicas de Machado de A.", em A crônica. O gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil, Campinas/ Rio de Janeiro: Ed. Da Unicamp/ Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992, pp. 419-435.
DISCIPLINA 2004/2 - Seminário avançado sobre Crítica EMENTA Programa
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1. A transição para a crítica naturalista. A obra de Silvio Romero, Araripe Júnior e José Verissimo. 2. As direções do pós-simbolismo: Nestor Victor, Elisio de Carvalho, Medeiros de Albuquerque e Andrade Muricy. 3. João Ribeiro e o pré-modernismo. 4. O modernismo e depois. O papel de Tristão de Athayde. A crítica de Mário de Andrade. Confrontos de falsa vanguarda: Agripino Grieco e Ronald de Carvalho. O leitor e o conjunto: Sérgio Buarque de Holanda. 5. O Diário Critico de Sérgio Milliet: a passagem. 6. Depois de 40: Lúcia Miguel-Pereira, Agusto Meyer, Astrojildo Pereira, Alvaro Lins, Cavalcanti Proença, Afrânio Cou-tinho, Wilson Martins, Antonio C. Roteiro dos textos: ROMERO, Silvio. "Machado de A.", ibid, vol.II. JÚNIOR, Araripe. "Machado de A.", ibidem, vol.II VERÍSSIMO, Jose. "Machado de A.", ibidem.
REFERÊNCIA - DISCIPLINA 2003/1 - Seminários de Orientação em Literatura Brasileira Século XIX (III) EMENTA Objetivos: Este seminário tem como meta a realização de leituras e discussões dos textos críticos, em especial sobre poesia,
produzidos na transição do século XIX para o XX. O foco dos estudos estará situado na produção poética, tomada aqui como ponto de observação dos métodos da chamada crítica impressionista. Espera-se também estudar a transição desta para a crítica estética do objeto literário. Conteúdo: Machado de ASSIS. Castro Alves. Machado de ASSIS. “Laurindo Rabelo,” Machado de ASSIS. Alberto de Oliveira: Meridionais Machado de ASSIS. Junqueira Freire: Inspirações do claustro Machado de ASSIS. Fagundes Varela – Cantos e fantasias Machado de ASSIS. Álvares de Azevedo: Lira dos vinte anos Machado de ASSIS. A nova geração Machado de ASSIS. Lúcio de Mendonça: Névoas matutinas
REFERÊNCIA - DISCIPLINA 2000/2 - Seminários Avançados sobre Crítica EMENTA Programa: A CRÍTICA LITERÁRIA NO BRASIL
I. ENTRE O NATURALISMO E O SIMBOLISMO: PRIMEIRAS DEFINIÇÕES DO OBJETO DA CRÍTICA 1. Presença de Sílvio ROMERO: a crítica como interpretação de um sistema:
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a) ROMERO, Sílvio. "Da crítica e sua exata definição" b) ROMERO, Sílvio. "Machado de A.". 2. José VERÍSSIMO e o contexto cultural. Os pressupostos do fato literário: c) VERÍSSIMO, José. "Introdução" à História da Literatura Brasileira d) VERÍSSIMO, José. "Das condições da produção literária no Brasil". 3. Do contexto ao traço: fatores externos e temperamentos na produção literária (ARARIPE JÚNIOR): e) ARARIPE JÚNIOR. "Literatura Brasileira" f) ARARIPE JÚNIOR. "Quincas Borba". II. DO PRÉ-MODERNISMO AO MODERNISMO: EM BUSCA DO MÉTODO 4. Mário de ANDRADE e a crítica de autor: d) Mário de ANDRADE. "Machado de A.". IV. DOS ANOS 50 À ATUALIDADES: VERTENTES E MODELOS DE LEITURA 5. Marxismo e crítica da cultura: (Roberto SCHWARZ): e) "As idéias fora do lugar". 6. Crítica e história: a dialética da colonização (Alfredo BOSI.):
BIBLIOGRAFIA -
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APÊNDICE E – REFERENCIAL TEÓRICO GERAL
ANDRADE, Mário de. "Machado de A.". ARARIPE JÚNIOR. "Literatura Brasileira" ARARIPE JÚNIOR. "Quincas Borba". ASSIS, M. Notícia atual da literatura Brasileira: O Instinto de Nacionalidade. Disponível em domínio público: www.dominiopublico.org.br ASSIS, M.de. Esaú e Jacó. 2ª.ed. São Paulo: Ática, 1977. Assis, Machado de (2004). Páginas Recolhidas. In Obra Completa, 2º volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. ASSIS, Machado de. “Missa do Galo”. ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185-190. ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185-190. ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185- 190. ASSIS, Machado de. Bons dias! (Introdução e notas de John Gledson). Campinas: Editora Unicamp, 2008. ASSIS, Machado de. Correspondencia. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1937. ASSIS, Machado de. Crítica do romance "O Primo Basílio", de Eça de Queirós ASSIS, Machado de. Crítica literária e textos diversos. (org. Sílvia M. Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela M. Callipo). São Paulo: Unesp, 2013. ASSIS, Machado de. Critica literaria. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1938. ASSIS, Machado de. Crítica. In: ---. Obra completa de Machado de A. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. Volume III, p. 779-940. ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas (Seleção, introdução e notas de John Gledson). S. Paulo: ASSIS, Machado de. Do teatro: textos críticos e escritos diversos. (org. João Roberto Faria). São Paulo: Perspctiva, 2008. ASSIS, Machado de. Dom Casmurro; ASSIS, Machado de. Histórias da meia-noite (Edição e introdução de Hélio de Seixas Guimarães). ASSIS, Machado de. J. M. Notícia da atual literatura Brasileira: O Instinto de Nacionalidade. Disponível em domínio público: www.dominiopublico.org.br ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas e ASSIS, MACHADO DE. Memórias póstumas de Brás Cubas. ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Elevação, 2008. ASSIS, Machado de. Obra Completa (3 volumes). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.
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ASSIS, Machado de. Obra completa (vol. I). Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1994. ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro; Nova Aguilar, 2008, 4 vols. ASSIS, Machado de. os contos "O Enfermeiro" e ASSIS, Machado de."Missa do Galo"; e os romances ASSIS, Machado. “Laurindo Rabelo,” ASSIS, Machado. A mão e a luva. ASSIS, Machado. A nova geração ASSIS, Machado. Alberto de Oliveira: Meridionais ASSIS, Machado. Álvares de Azevedo: Lira dos vinte anos ASSIS, MACHADO. Bons dias!, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1990. ASSIS, Machado. Castro Alves. ASSIS, Machado. Fagundes Varela – Cantos e fantasias ASSIS, Machado. Helena. ASSIS, Machado. Iaiá Garcia. ASSIS, Machado. Junqueira Freire: Inspirações do claustro ASSIS, Machado. Lúcio de Mendonça: Névoas matutinas ASSIS, MACHADO. Melhores crônicas, São Paulo, Global, 2003. ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. ASSIS, MACHADO. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade. ASSIS, Machado. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade. ASSIS, Machado. Obra Completa. Rio, Nova Aguilar, 1985 ASSIS, MACHADO.A semana, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1998. ASSIS, MACHADO.Balas de estalo , Heloísa Helena de Luca (org.), São Paulo, Annablume, 1998. BASTOS, Alcmeno. Machado de A. e a conspiração do talento: o “caso” Castro Alves. In: Machado de A.: novas perspectivas sobre a obra e o autor, no centenário de sua morte. Org. -- SECCH., Antonio Carlos; BASTOS, Dau e JOBIM, José Luís. Rio de Janeiro: De Letras; Niterói: Eduff, 2008, p. 9-19. BASTOS, Alcmeno. O almoço do Conselheiro – História e ficção no mesmo cardápio. In: SECCH., Antonio Carlos; ALMEIDA, José Maurício de & SOUZA, Ronaldes de Melo e. Org. Machado de A., uma revisão. Rio de Janeiro: In- Fólio, 1998. p. 135-146. BASTOS, Alcmeno. O corpo metonímico: erotismo em Machado de A. In: Metamorfoses. Revista da Cátedra Jorge de Sena da Faculdade de Letras da UFRJ. Número 8. Rio de Janeiro: Cátedra Jorge de Sena; Lisboa: Editorial Caminho, 2008, p. 47-61. BOSI, A. Brás Cubas em três versões. S. Paulo: Companhia das Letras, 2006. BOSI, A. Céu, Inferno. São Paulo, Ática, 1988.
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166
APÊNDICE F – MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS INSTITUIÇÕES NOTA 5 CAPES
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1
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2
Assis, Machado de . Bons dias! (Introdução e notas de John Gledson). Campinas: Editora Unicamp, 2008.
1
Assis, Machado de Crônicas escolhidas (Seleção, introdução e notas de John Gledson). S. Paulo: Penguin/ Companhia, 2013.
1
Assis, Machado de Histórias da meia-noite (Edição e introdução de Hélio de Seixas Guimarães). S. Paulo: Martins Fontes, 2007.
1
Assis, Machado de Critica litteraria. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1938. 1 Assis, Machado de Correspondencia. Rio de Janeiro, S. Paulo: W.M. Jackson Inc., 1937. 1
Nº DE OCORRÊNCIAS 20 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFF/RJ
UNESP/ARAR
PUC/MG
UFPE UFPR UEM/PR
UFSM UNESP/
SJRP
UFRJ USP/SP
USP/SP
UNB/DF
UFSC/SC
UFBA/BA
PUC/RJ
2 8 0 0 0 0 0 2 0 2 6 - - - -
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INSTITUIÇÕES NOTA 6 CAPES
ASSIS, Machado de. A tradição indígena na obra de Alencar. In: ALENCAR, José de. José de Alencar. Obra completa. Volume III. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959. p. 185-190.
4
ASSIS, Machado de. Crítica. In: ---. Obra completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. Volume III, p. 779-940.
2
Nº DE OCORRÊNCIAS 6
Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFRGS UFRJ - RJ USP
- 4 1
INSTITUIÇÕES NOTA 7 CAPES
ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro; Nova Aguilar, 2008, 4 vols.
1
ASSIS, Machado de. Do teatro: textos críticos e escritos diversos. (org. João Roberto Faria). São Paulo: Perspctiva, 2008.
1
ASSIS, Machado de. Crítica literária e textos diversos. (org. Sílvia M. Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela M. Callipo). São Paulo: Unesp, 2013.
1
MACHADO DE ASSIS, Bons dias!, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1990.
1
MACHADO DE ASSIS, A semana, John Gledson (org.), São Paulo: HUCITEC, 1998.
1
MACHADO DE ASSIS, Balas de estalo , Heloísa Helena de Luca (org.), São Paulo, Annablume, 1998.
1
MACHADO DE ASSIS, Melhores crônicas, São Paulo, Global, 2003. 1
MACHADO. "Quincas Borba". 1
168
Nº DE OCORRÊNCIAS 8 UFMG UNICAMP
3 5
TOTAL GERAL DE OCORRÊNCIAS AUTOR 34
OBRAS MAIS RECOMENDADAS
1 Assis, Machado de. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade.
4
2 Assis, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 3
169
APÊNDICE G – ROBERTO SCHWARZ
ROBERTO SCHWARZ INSTITUIÇÕES NOTA 5 CAPES
OBRAS CITADAS Nº DE OCORRÊNCIAS P/
OBRA SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. 5ª ed. São Paulo: Duas Cidades / 34 Letras, 2000. 5 SCHWARZ, Roberto. A importação do romance e suas contradições em Alencar. 1 SCHWARZ, Roberto. As idéias fora do lugar, de Roberto Schwarz. 1 (2) SCHWARZ, Roberto. O paternalismo e a sua racionalização nos primeiros romances de Machado de Assis, de Roberto Schwarz.
1
SCHWARZ, Roberto. A nota específica. In.: As ideias fora do lugar. 1 SCHWARZ, Roberto. A viravolta machadiana, de Roberto Schwarz. 1 SCHWARZ, Roberto. Uma desfaçatez de classe, de Roberto Schwarz. 1 SCHWARZ, Roberto. Acumulação literária e nação periférica, de Roberto Schwarz. In.: Um Mestre na Periferia do Capitalismo
1
SCHWARZ, Roberto. Machado de Assis – Um mestre na periferia do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Duas Cidades, 2008.
7 (8)
CANDIDO, A. e SCHWARZ, R. A Homenagem na Unicamp. São Paulo: Campinas: Editora da UNICAMP, s/d. 1 SCHWARZ, Roberto. Duas meninas. São Paulo: Companhia das Letras, 1977. 1 (2) SCHWARZ, Roberto. A Sereia e o Desconfiado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. (2ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.)
1 (2)
SCHWARZ, Roberto. O Pai de Família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. 1 SCHWARZ, Roberto. Que Horas São? São Paulo: Companhia das Letras, 1977. 1 (2) SCHWARZ, Roberto. Seqüências Brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 1 SCHWARZ, Roberto. Leituras em competição. Novos estudos – CEBRAP, no.75 São Paulo, julho de 2006, pp. 61-80. 1 SCHWARZ, Roberto.(org). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983. 1 SCHWARZ, Roberto. A poesia envenenada de Dom Casmurro. In: Duas meninas. S. Paulo: Comp. das Letras, 2006. 1 SCHWARZ, Roberto. Nacional por subtração. In: Que horas são? Ensaios. S. Paulo: Comp. das Letras, 1987. 1
170
SCHWARZ, Roberto. Retrato de uma senhora (o método de Henry James). In: A sereia e o desconfiado: ensaios críticos. S. Paulo: Paz e Terra, 1981.
1
Nº DE OCORRÊNCIAS 30 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFF/RJ: 0
UNESP/ARAR: 7
PUC/MG: 0
UFPE: 0
UFPR: 3
UEM/PR: 1
UFSM: 0
UNESP: 10
UFRJ: 0
USP/SP: 2
USP/SP: 7
UNB/DF: 0
UFSC/SC: 0
UFBA/BA: 0
PUC/RJ: 0
INSTITUIÇÕES NOTA 6 CAPES
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades, 1990. 6 SCHWARZ, Roberto. Seqüências brasileiras. São Paulo, Companhia das Letras, 1999. 1
Nº DE OCORRÊNCIAS 7 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFRGS UFRJ - RJ USP - 5 2
INSTITUIÇÕES NOTA 7 CAPES
SCHWARZ, R. "As idéias fora do lugar". 1 Nº DE OCORRÊNCIAS 1 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFMG UNICAMP 0 1
TOTAL GERAL DE OCORRÊNCIAS AUTOR 38 OBRAS MAIS RECOMENDADAS
1 SCHWARZ, Roberto. Machado de Assis: um mestre na periferia do capitalismo. 4. ed. São Paulo: Duas Cidades, 2008.
14
2 SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. 5ª ed. São Paulo: Duas Cidades / 34 Letras, 2000. 6
171
APÊNDICE H – ANTONIO CANDIDO
ANTONIO CANDIDO INSTITUIÇÕES NOTA 5 CAPES
OBRAS CITADAS Nº DE OCORRÊNCIAS P/ OBRA CANDIDO, A. Crítica e Sociologia. 1 CANDIDO, A. A dialética da malandragem. 2 CANDIDO, A. Vários Escritos. 2. ed. São Paulo, Duas Cidades, 1977. 2 (4) CANDIDO, Antonio. A educação pela noite. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. 2 (3) CANDIDO, Antonio. De cortiço a cortiço. In: Novos Estudos – CEBRAP. São Paulo, nº 30, junho de 1991, pp 111-129.
1
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1985. 5 CANDIDO, A. A Literatura como Sistema. In: Formação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre o Azul.
1
CANDIDO, Antonio. Os primeiros Baudelaireanos. In: A Educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989, p. 23-38.
1
CANDIDO, Antonio. Ficção e Confissão – ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro, Ed. 34, 1992.
1
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004. 1 CANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2002. 1 CANDIDO, Antonio. Tese e Antítese. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1979. 2 CANDIDO, A. e SCHWARZ, R. A Homenagem na Unicamp. São Paulo: Campinas: Editora da UNICAMP, s/d.
1
CANDIDO, Antonio. O método crítico de Silvio Romero. São Paulo: Edusp, 1988. 1 CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981. 2 (3) CANDIDO, Antonio. Esquema de Machado de Assis, in Vários escritos. São Paulo, Duas Cidades, 1970.
2
Nº DE OCORRÊNCIAS 26
Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
172
UFF/RJ
UNESP/Arar
ar.
PUC/MG
UFPE UFPR UEM/PR
UFSM UNESP/SJR
P
UFRJ USP/SP
USP/SP
UNB/DF
UFSC/SC
UFBA/BA
PUC/RJ
0 2 0 - 0 0 0 17 - 4 3 - - - -
INSTITUIÇÕES NOTA 6 CAPES CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1967.
4 (5)
CANDIDO, Antonio. Os três Alencares. In: ---. Formação da literatura brasileira (Momentos Decisivos). 2° Volume. (1836-1880). 4. ed. São Paulo, Martins, s.d., p. 221- 235.
1
CANDIDO, Antonio. “Esquema de Machado de Assis”. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
1
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 12.a edição. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2009.
2
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos, São Paulo: Duas Cidades, 1970. 1 (2) Antonio Candido – A literatura e a vida social. Em Literatura e sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965, pp. 21-46.
1
CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. São Paulo, Duas Cidades, 1993. 1
Nº DE OCORRÊNCIAS 11 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFRGS UFRJ - RJ USP - 5 6
INSTITUIÇÕES NOTA 7 CAPES
– 0
Nº DE OCORRÊNCIAS 0
Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO UFMG UNICAMP
- 0
173
TOTAL GERAL DE OCORRÊNCIAS AUTOR 37 OBRAS MAIS RECOMENDADAS
1 CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006.
10
2 CANDIDO, A. Vários escritos. São Paulo: Duas cidades, 1995, p.235-263. 6
174
APÊNDICE I – ALFREDO BOSI
ALFREDO BOSI INSTITUIÇÕES NOTA 5 CAPES
OBRAS CITADAS Nº DE OCORRÊNCIAS P/ OBRA BOSI, Alfredo. O enigma do olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 2 BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia das Letras, 1992. 1 BOSI, A. Brás Cubas em três versões. S. Paulo: Companhia das Letras, 2006. 1
Nº DE OCORRÊNCIAS 4 Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFF/RJ
UNESP/ARAR
PUC/MG
UFPE UFPR UEM/PR
UFSM UNESP/
SJRP
UFRJ USP/SP
USP/SP
UNB/DF
UFSC/SC
UFBA/BA
PUC/RJ
0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 - - - -
INSTITUIÇÕES NOTA 6 CAPES
BOSI, Alfredo e outros (Org.) Machado de Assis. Antologia e estudos. São Paulo: Ática, 1982.
2
BOSI, Alfredo. Machado de Assis. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 1999.
4 (5)
BOSI, Alfredo. “Uma figura machadiana”. In: Machado de Assis: o enigma do olhar, 4ª. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007, pp. 127-148.
1
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das letras, 1992.
1
BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
1 (3)
Alfredo Bosi – Por um historicismo renovado. Reflexo e reflexão em história literária. Em Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, pp. 7-53
1
175
Alfredo Bosi – As sombras das luzes na condição colonial. Em Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, pp. 87-117. (V. notas, pp. 286-289).
1
Alfredo Bosi – Imagens do Romantismo no Brasil. Em O Romantismo (org. por J. Guinburg). São Paulo: Perspectiva, 1978, pp. 239-256.
1
Nº DE OCORRÊNCIAS 12
Nº DE OCORRÊNCIAS AUTOR P/ INSTITUIÇÃO
UFRGS UFRJ - RJ USP
- 6 6
INSTITUIÇÕES NOTA 7 CAPES
BOSI, O teatro político nas crônicas de Machado de Assis, São Paulo, IEA/USP, Coleção Documentos, Série Literatura, 2004.
1
Nº DE OCORRÊNCIAS 1 UFMG UNICAMP
- 1
TOTAL GERAL DE OCORRÊNCIAS AUTOR 17
OBRAS MAIS RECOMENDADAS
1 BOSI, Alfredo. Machado de Assis: o enigma do olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
7
3 BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
3