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PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO GESTÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO E LOGÍSTICA PMPGIL ITAJAÍ 2020

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PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – GESTÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO

E LOGÍSTICA – PMPGIL

ITAJAÍ 2020

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL

EM ADMINISTRAÇÃO – GESTÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO E LOGÍSTICA – PMPGIL

FRANCINE LUCATELLI

COMUNICAÇÃO INTERNA EM UMA UNIVERSIDADE MULTICAMPI: a visão da administração superior e a percepção de comunicadores,

gestores e colaboradores administrativos

ITAJAÍ 2020

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FRANCINE LUCATELLI

COMUNICAÇÃO INTERNA EM UMA UNIVERSIDADE MULTICAMPI: a visão da administração superior e a percepção de comunicadores,

gestores e colaboradores administrativos

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Hans Peder Behling.

ITAJAÍ 2020

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FRANCINE LUCATELLI

COMUNICAÇÃO INTERNA EM UMA UNIVERSIDADE MULTICAMPI: a visão da administração superior e a percepção de comunicadores,

gestores e colaboradores administrativos

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre em

Administração, pelo Curso de Mestrado Profissional em Administração: Gestão,

Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí.

Área de Concentração: Gestão.

Itajaí, 23 de abril de 2020.

Prof.ª Dr.ª Dinorá Eliete Floriani Coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão,

Internacionalização e Logística

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Hans Peder Behling Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e

Logística da Universidade do Vale do Itajaí – Orientador

Prof. Dr. Carlos Marcelo Ardigó Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e

Logística da Universidade do Vale do Itajaí

Prof.ª Dr.ª Cleusa Maria Andrade Scroferneker Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Carolina Neotti Coordenação de Comunicação e Ética da Tupy SA

(Notório Saber)

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Ao meu amado pai, Danilo Lucatelli (em memória). No dia de sua partida eu me perdi

de mim e pude me reencontrar ao seguir um dos seus repetidos conselhos: “Filha,

primeiro os estudos!”.

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AGRADECIMENTOS

Quando realizamos um sonho, são muitas as pessoas que fazem parte, ou por

sonhar conosco, ou por, de alguma forma, contribuir para que o sonho se realize.

Começo, portanto, agradecendo meu marido, Fabrício Almeida, que sonhou e

sonha meus sonhos comigo, que foi incentivo na dúvida, compreensão na ausência,

estímulo, parceria e suporte em toda a jornada. Amo e admiro a todo momento.

Agradeço à Univali, nas pessoas do Prof. Valdir Cechinel Filho e do Prof. Rogério

Corrêa, pela confiança em meu trabalho e por servirem de inspiração e incentivo aos que

integram suas equipes.

A todos os professores do Programa de Mestrado Profissional em Administração

(PMPGIL), representados pelo meu orientador, Prof. Hans Peder Behling. A grandeza de

compartilhar o que se sabe nunca será suficientemente agradecida, mas sou grata pelos

conselhos, dicas, orientações, paciência e parceria.

Aos colegas de turma, que dividiram os tantos momentos de alegria, desespero e

aprendizado, representados pelos amigos que o PMPGIL me apresentou: Jordana,

Marcelo, Alfredo, Dedé, Luís e Jaque, pessoas especiais que levarei para a vida.

Ao João, verdadeiro amigo, confidente, conselheiro e parceiro desta jornada, cuja

presença atenuou as angústias e transformou em risadas o que seriam lágrimas. Por certo

que nossa parceria na vida acadêmica e pessoal está apenas iniciando!

Aos demais amigos, por compreenderem os tantos convites recusados e a

frequente ausência por conta dos estudos.

A todos que aceitaram o convite para participar das entrevistas e dos grupos focais

e aos membros das bancas de Seminários, Qualificação e Defesa. Todos contribuíram

com esta pesquisa e, desse modo, também fortalecem a ciência do país.

Aos pesquisadores João e Jordana e aos amigos Matheus, Pedro e Rosana, pela

fundamental contribuição que ofereceram na etapa de coleta dos dados.

Aos meus afilhados, Rafael e Lorena, e à pequena Laura. Espero, de alguma

forma, servir de inspiração para que busquem transformarem-se por meio dos estudos.

À família que não tem o mesmo sangue, Jé, Beta, Jaque, mas que prova o quanto

as conexões de amor são fortes e importantes em nossas vidas.

Por fim, agradeço imensamente minha família, representadas pelo meu pai Danilo

(em memória), minha mãe Iraci, e meu irmão Lucas. Por meio deles recebi toda a

orientação, todo o incentivo e todo o amor que precisei para enfrentar a vida e para

compreender, desde muito cedo, o poder transformador que a educação possui.

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Epígrafe

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.

Carl Jung

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RESUMO

Este estudo tem por objetivo principal avaliar o processo de comunicação interna no contexto de uma universidade multicampi. Para isso, considerou-se a percepção de membros da administração superior da instituição, dos seus gestores, de profissionais da comunicação e de dois grupos de colaboradores administrativos, sendo um que atua no campus sede e outro com atuação em um campus fora da sede. A pesquisa apresenta abordagem qualitativa, com caráter exploratório e lançou mão de seis entrevistas com roteiros semiestruturados e três grupos focais como instrumentos para a coleta dos dados primários. A fonte dos dados secundários se deu por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional (2017-2021) da universidade. A revisão da literatura também foi utilizada para triangular os dados, cuja análise foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo, apoiada pelo software MaxQDA Analytics Pro 2020. Os principais resultados apontaram para uma percepção diferente do processo de comunicação entre os colaboradores administrativos, sendo que os colaboradores que atuam fora da sede sentem necessidade de serem ouvidos, de participarem dos processos e de serem comunicados das mudanças com tempo hábil para adaptarem-se, enquanto que os colaboradores da sede percebem a necessidade de padronização de processos e de treinamentos como elementos principais para melhorar a comunicação. A necessidade de treinamentos foi mencionada por membros de todos os grupos investigados. Os resultados evidenciaram que a instituição possui um fluxo de informações predominantemente descendente, mas que não tem sido efetivo e se mostra satisfatório apenas até o nível dos gestores. O fluxo horizontal de comunicação, apesar de ser compreendido como essencial para melhorar o processo comunicativo, também não é percebido como eficiente na universidade, apontando-se a integração das equipes e o espírito de coletividade como elementos fundamentais para contribuir com o processo. Entende-se, portanto, que a APLICABILIDADE desta investigação consiste em contribuir diretamente com as atividades da universidade investigada, sendo possível, por meio dos resultados obtidos, implementar ações estratégicas que estejam alinhadas às percepções dos diferentes atores envolvidos no processo comunicativo. A REAPLICABILIDADE, por sua vez, se dá tanto pela possibilidade de reaplicar o estudo junto aos campi que não integraram o escopo desta investigação, junto a outras instituições de ensino superior, como também pela possibilidade de fazer uso da mesma metodologia adotada para reaplicar a investigação em outros contextos ou segmentos de mercado. E, por fim, a INOVATIVIDADE do estudo se apresenta na construção de um modelo Canvas inédito, construído a partir da revisão da literatura e elaborado exclusivamente para alcançar os objetivos científicos deste trabalho. Outro aspecto inovador reside na inclusão de membros da administração superior e dos gestores ao escopo da investigação, diferenciando-se da maioria dos estudos que se propõem a compreender a comunicação interna em instituições de ensino superior apenas pela ótica dos profissionais de comunicação ou dos colaboradores. Palavras Chave: Processo de Comunicação; Comunicação Interna; Canais de Comunicação; Comunicação de Liderança.

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ABSTRACT

The main objective of this study is to evaluate the internal communication process in the context of a multicampus university. It considers the perceptions of members of the institution's top management, its managers, communication professionals and two groups of administrative collaborators, one working at the main campus, and the other working at a satellite campus. The research presents a qualitative approach of an exploratory nature. Six interviews with semi-structured scripts were conducted, and three focus groups were carried out, as instruments for the collection of primary data. The source of secondary data was the university's Institutional Development Plan (2017-2021). The literature review was also used to triangulate the data, which were then analyzed using the technique of content analysis, supported by the software MaxQDA Analytics Pro 2020. The main results pointed to different perceptions of the communication process among the administrative employees, with those working on the satellite campus feeling the need to be heard, to participate more in processes, and to be informed of changes with enough prior notice to be able to adapt, while the employees of the main campus mentioned the need for standardization of processes and training as the main elements for improving communication. In fact, the need for training was mentioned by all the groups studied. The results showed that the flow of information within the institution is predominantly top-down, but that it has not been effective, and is satisfactory only as far as management level. The horizontal flow of communication, despite being considered an essential part of the communication process, is also perceived as inefficient at the university. Better integration of teams and a spirit of collectivity were seen as fundamental elements that could improve this process. It is understood, therefore, that the APPLICABILITY of this investigation is the fact that it contributes directly to the activities of the university investigated. It is hoped that the results will assist in the implementation strategic actions that are aligned with the perceptions of the different actors involved in the communicative process. Its REAPPLICABILITY derives from the fact that this study can be reapplied for other campuses that were not part included in this investigation, as well as other higher education institutions, or even other contexts or market segments. And finally, its INNOVATIVITY lies in its construction of an unprecedented Canvas model, built from the literature review and designed exclusively to achieve the scientific objectives of this work. Another innovative aspect is that it seeks to obtain the views of members of higher management and managers, differing from the majority of studies, which investigate internal communication in higher education institutions only from the perspective of communication professionals or employees. Keywords: Communication Process; Internal Communication; Communication Channels; Leadership Communication.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Redes de comunicação na organização. ................................................. 18

Figura 02: Contribuições da Comunicação Interna. .................................................. 21

Figura 03: Competências de Comunicação das Lideranças. .................................... 32

Figura 04: Registros fotográficos das salas preparadas para o Grupo Focal. ........... 49

Figura 05: Canvas para aplicação junto ao Grupo Colaboradores Gestores. ........... 51

Figura 06: Canvas para aplicação junto aos Grupos Colaboradores Administrativos do

Campus e do Campus B. .......................................................................................... 51

Figura 07: Etapas da Pesquisa ................................................................................. 56

Figura 08: Triangulação dos dados. .......................................................................... 57

Gráfico 01: Objetivos da universidade com base na rodada de post its nos grupos

focais. ........................................................................................................................ 59

Figura 09: Objetivos da universidade na percepção dos Colaboradores Gestores (A)

e Administrativos do Campus A (B) e do Campus B (C). .......................................... 62

Figura 10: Comparação entre os objetivos elencados pelos colaboradores

administrativos do Campus A e B (rodada de post its). ............................................. 63

Figura 11: Objetivos da universidade na percepção dos colaboradores administrativos

dos Campi A e B (A) e dos colaboradores gestores (B). ........................................... 64

Figura 12: Relações do Código “Objetivos” após categorização dos dados oriundos

dos grupos colaboradores gestores e administração superior. ................................. 67

Figura 13: Percepções dos sujeitos relacionadas ao equilíbrio financeiro da instituição.

.................................................................................................................................. 68

Figura 14: Objetivos e Missão da instituição na percepção da administração superior.

.................................................................................................................................. 69

Figura 15: Nuvem de palavras com as percepções dos colaboradores administrativos

dos Campi A e B sobre a comunicação interna da universidade. ............................. 75

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Figura 16: Nuvem de palavras com as percepções dos colaboradores gestores sobre

a comunicação interna da universidade. ................................................................... 76

Figura 17: Modelo de distribuição do código “Ponta”. ............................................... 78

Figura 18: Vinte códigos mais presentes na percepção dos participantes dos grupos

focais quanto à comunicação interna. ....................................................................... 90

Figura 19: Coocorrência de códigos – Processo CI e Práticas CI. ............................ 91

Figura 20: Canais de comunicação interna identificados pelos colaboradores dos

Campi A e B. ............................................................................................................. 92

Gráfico 02: Canais identificados pelos colaboradores do Campus A. ....................... 93

Gráfico 03: Canais identificados pelos colaboradores do Campus B. ....................... 93

Gráfico 04: Frequência e canais identificados pelos Colaboradores Gestores. ........ 94

Figura 21: Nuvem de palavras com os canais mencionados por membros da

comunicação. ............................................................................................................ 94

Figura 22: Nuvem de palavras com os canais mencionados por membros da

administração superior. ............................................................................................. 95

Figura 23: Benefícios da comunicação interna mencionados com maior frequência.

................................................................................................................................ 113

Figura 24: Desafios da comunicação interna mencionados com maior frequência. 117

Figura 25: Desafios da comunicação interna no contexto da universidade investigada

mencionados com maior frequência pela gestão da comunicação. ........................ 118

Gráfico 05: Principais desafios da Comunicação Interna em empresas brasileiras.120

Figura 26: Estilos de comunicação dos líderes com base nas percepções dos

colaboradores administrativos. ................................................................................ 122

Figura 27: Estilos de comunicação dos líderes com base nas percepções dos

colaboradores administrativos e dos próprios gestores. ......................................... 122

Figura 28: Distribuição do código Melhorias Percebidas. ........................................ 129

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Figura 29: Sugestões ao processo de comunicação interna da universidade de acordo

com os colaboradores administrativos do Campus A (A), Campus B (B) e gestores (C).

................................................................................................................................ 134

Gráfico 06: Sugestões dos participantes do Campus A para a comunicação interna da

universidade. ........................................................................................................... 135

Gráfico 07: Sugestões dos participantes do Campus B para a comunicação interna da

universidade. ........................................................................................................... 135

Gráfico 08: Sugestões dos gestores para a comunicação interna da universidade.

................................................................................................................................ 136

Figura 30: Esboço visual da concepção da pesquisa e principais resultados. ........ 138

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 01: Principais perspectivas e paradigmas teóricos no campo dos estudos da

comunicação. ............................................................................................................ 12

Quadro 02: Principais perspectivas e paradigmas teóricos no campo dos estudos em

comunicação organizacional ..................................................................................... 14

Quadro 03: Construto teórico ‘Comunicação Interna’ e suas categorias de análise. 23

Quadro 04: Comparação de comunicação face-a-face, correio eletrônico e telefone

com relação aos aspectos da riqueza dos canais. .................................................... 24

Quadro 05: Vantagens, desafios e soluções sugeridas para a utilização de canais

digitais na comunicação interna. ............................................................................... 26

Quadro 06: Construto teórico ‘Canais’ e suas categorias de análise. ....................... 28

Quadro 07: Construto teórico ‘Comunicação de Liderança’ e suas categorias de

análise. ...................................................................................................................... 33

Quadro 08: Sujeitos da investigação. ........................................................................ 35

Quadro 09: Relação dos sujeitos da pesquisa. ......................................................... 37

Quadro 10: Construtos Teóricos e Categorias de Análise. ....................................... 39

Quadro 11: Categorias e Subcategorias de Análise. ................................................. 40

Quadro 12: Procedimentos metodológicos utilizados para alcançar os objetivos da

pesquisa. ................................................................................................................... 41

Quadro 13: Protocolo para entrevistas com membros da administração superior .... 43

Quadro 14: Protocolo para entrevistas junto aos membros do grupo gestão da

comunicação. ............................................................................................................ 45

Quadro 15: Relação dos Entrevistados ..................................................................... 47

Quadro 16: Relação dos grupos focais realizados. ................................................... 53

Quadro 17: Síntese da metodologia .......................................................................... 55

Quadro 18: Canais de comunicação interna que emergiram da coleta de dados. .. 107

Quadro 19: Relação final dos canais de comunicação interna classificados de acordo

com a Teoria do Contínuo da Riqueza. ................................................................... 108

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... vii

ABSTRACT .............................................................................................................. viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................ ix

LISTA DE QUADROS E TABELAS ......................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 01

1.1 Contextualização e Problema de Pesquisa ........................................................ 01

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 05

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 06

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 06

1.3 Relevância Prática e Científica ............................................................................ 06

1.4 Estrutura do Trabalho .......................................................................................... 11

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 12

2.1 A Comunicação e a Comunicação Organizacional: principais perspectivas e

paradigmas teóricos .................................................................................................. 12

2.2 A Comunicação Interna ....................................................................................... 16

2.3 Canais de Comunicação Interna ......................................................................... 23

2.4 Comunicação de Liderança ................................................................................. 29

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 34

3.1 Natureza e Tipo de Pesquisa ............................................................................. 34

3.2 Sujeitos da Pesquisa ........................................................................................... 35

3.3 Revisão da Literatura .......................................................................................... 38

3.4 Construtos de Estudo .......................................................................................... 39

3.5 Procedimentos, Instrumentos e Técnicas de Coleta e Análise de Dados .......... 41

3.6 Fluxo da Pesquisa ............................................................................................... 56

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 57

4.1 A Comunicação Interna e os Objetivos de uma Organização ............................. 58

4.2 Processo de Comunicação Interna ..................................................................... 70

4.3 Canais de Comunicação Interna ......................................................................... 91

4.4 Benefícios e Desafios da Comunicação Interna ................................................ 113

4.5 Comunicação de Liderança ............................................................................... 120

4.6 Melhorias Percebidas, Prospecções e Sugestões ............................................ 128

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4.7 Esboço Visual da Concepção da Pesquisa e Principais Resultados ................. 137

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 139

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 146

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para entrevistas ..... 152

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para grupos focais . 153

APÊNDICE C – Check list e dicas para realização de grupo focal .......................... 154

APÊNDICE D – Convite, agenda e lembrete para participação no grupo focal ...... 155

APÊNDICE E – Convite para participar de entrevista ............................................ 156

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1 INTRODUÇÃO

Nessa seção, o tema será contextualizado, junto ao problema de pesquisa,

também serão apresentados os objetivos, geral e específicos, da investigação,

seguidos pela apresentação da relevância prática e teórica do estudo e, por último,

será apresentada a descrição da estrutura do trabalho.

1.1 Contextualização e Problema de Pesquisa

A comunicação possui influência sobre as atividades que desempenhamos,

tanto no âmbito da vida pessoal como, também, em contextos profissionais (ARAUJO;

SIMANSKI; QUEVEDO, 2012). No campo profissional, os efeitos relacionados à

comunicação adotada pelas organizações têm sido objeto de diversos estudos

(PUTNAM; PHILLIPS; CHAPMAN, 2004; BLIKSTEIN; ALVES; GOMES, 2004;

SCROFERNEKER, 2006; KUNSCH, 2014).

Ainda que a definição de comunicação organizacional seja alvo de

fragmentação, especialmente porque permeia várias áreas de conhecimento e não

possui uma identidade clara (SOUSA, 2006; MOURÃO; MIRANDA; GONÇALVES,

2016; BAPTISTA, 2017; MOURÃO; MIRANDA; GONÇALVES, 2018), o interesse em

estudar esse campo aponta para a importância que a comunicação, seja enquanto

conceito ou enquanto processo, possui para a vida das organizações.

Nesse contexto organizacional, a comunicação é vista como determinante para

desenvolver relações interpessoais e, desse modo, contribuir para o desenvolvimento

de negociações, produtos, orientação e avaliação de desempenho, por isso entende-

se que para a administração é exigido um alto nível de capacidade de comunicação

(MARCHIORI, 2010). Badjie et al. (2019) acrescentam que a comunicação é um pilar

central para as organizações.

Considerando sua importância, a capacidade de comunicação de uma

organização permeia muitos aspectos, como por exemplo o alinhamento dos objetivos

da instituição entre todos os colaboradores1 e, também, entre a própria administração

superior. Por isso todos os membros da organização devem estar comprometidos com

o sucesso dela e, portanto, precisam conhecer suas metas, e para que isso ocorra, os

gestores devem retransmitir as informações e decisões aos seus funcionários,

1 Acompanhando a nomenclatura utilizada pela organização investigada (considerando seu Plano de Desenvolvimento Institucional 2017-2021), esta pesquisa adota o termo colaboradores para referir-se a funcionários/empregados/trabalhadores.

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independentemente da hierarquia, pois todos os membros exercem papel de

importância dentro do contexto organizacional, uma vez que a empresa só poderá

crescer e se manter no mercado se o público interno estiver integrado aos objetivos e

às metas organizacionais (ARAUJO, SIMANSKI E QUEVEDO, 2012).

Para Acuña, Domínguez e Navarro (2017), quando o fluxo comunicacional é

focado nos aspectos mais profundos da empresa, haverá uma estrutura de ação

interna própria que precisa coincidir com os objetivos e propósitos da comunicação

externa, abrangendo, assim, todo o espectro de ação comunicativa disponível. Nesse

sentido, evidencia-se a importância que a compreensão e o alinhamento dos objetivos

da organização possuem para o processo da comunicação.

Outros elementos considerados importantes em um processo comunicativo são

a qualidade da comunicação dos líderes e a frequência de uso dos canais de

comunicação, pois são elementos que influenciam a avaliação que os funcionários

fazem de seus líderes, além de influenciarem a própria satisfação do colaborador no

ambiente de trabalho (WIKANINGRUM; YUNIAWAN, 2018; BRAUN et al., 2019).

Para Welch (2012), os potenciais benefícios da comunicação interna passam

por mensagens apropriadas, que atingem os colaboradores por meio de formatos

úteis e que sejam por eles aceitos. Desse modo, compreende-se a importância das

instituições conhecerem as percepções e preferências dos seus colaboradores e,

também, dos seus superiores quanto ao uso dos canais de comunicação. Essa

compreensão poderá nortear estratégias e ações mais assertivas no âmbito da

comunicação dentro da organização.

Com relação à comunicação de liderança, Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

afirmam que a construção de relacionamentos saudáveis e produtivos entre líderes e

liderados passa pela comunicação do líder, pois é por meio da sua comunicação que

os líderes explicam os esforços, compartilham pontos de vista, informam os objetivos

e metas, motivam os membros e, como consequência, moldam a cultura da

organização. Evidenciando a responsabilidade e a importância dos líderes para as

organizações, no contexto da implementação de uma comunicação interna eficiente,

evidencia-se, também, a importância de incluir esses líderes no escopo de

investigações dedicadas ao estudo do campo da comunicação interna.

Diferentes estudos colaboram para justificar investigações nessa área ao

apontarem as contribuições que a comunicação interna bem implementada oferece

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aos contextos organizacionais, como o alcance dos objetivos estratégicos das

organizações (ARAUJO; SIMANSKI; QUEVEDO, 2012; VERCIC; VERCIC;

SRIRAMESH, 2012; WELCH, 2012; ACUÑA; DOMÍNGUEZ; NAVARRO, 2017;

ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017), a implementação

de uma imagem positiva junto ao público externo (MEN, 2014; MEN, 2014a;

ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017) e a contribuição

para a redução dos custos e aumento das vendas e dos lucros (SCHILLER; MEIREN,

2018).

Nesse sentido, adotou-se uma universidade com estrutura multicampi para

investigar elementos implicados no contexto da comunicação interna desta instituição.

A universidade possui colaboradores administrativos e docentes, porém, nesta

investigação optou-se por não incluir colaboradores docentes no escopo, mantendo-

se o foco em colaboradores administrativos, gestores, profissionais da comunicação

e membros da administração superior.

Optou-se por não revelar o nome da instituição, especialmente porque o

interesse do estudo reside nos aspectos da comunicação interna e não,

necessariamente, nas características específicas da organização selecionada. Desse

modo, considerando a estrutura multicampi da universidade escolhida, dois campi

foram selecionados para integrar esta investigação, sendo um deles o campus sede,

apresentando como Campus A, e um campus distante da sede, apresentado como

Campus B e escolhido por não ser o campus externo mais próximo da sede, e por ser

um campus que mantém uma estrutura de serviços bastante similar ao Campus A,

porém com um espaço físico e número de colaboradores menores.

A escolha pela instituição se deu em função de alguns problemas relacionados

à sua comunicação interna terem sido elencados por meio de conversas informais e

observações da pesquisadora, os quais encontraram apoio em estudos científicos já

publicados.

A organização investigada vem passando por importantes mudanças desde o

ano de 2018, quando uma nova gestão administrativa assumiu a instituição e iniciou

um processo de implantação de novas ações administrativas e pedagógicas. Em

cenários de mudança, a efetividade da comunicação interna é especialmente

requerida, pois nessas circunstâncias os colaboradores da empresa precisam ser

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encorajados a participar das mudanças e das melhorias dos processos (ALMEIDA;

SOUZA, MELLO, 2010).

Com relação aos canais de comunicação, colaboradores alocados em vários

níveis hierárquicos relatam ter experiências desconfortáveis com mensagens de

trabalho via aplicativo WhatsApp. Com relação a esta situação, figuram exemplos de

colaboradores que recebem mensagens com orientações ou demandas de trabalho

dos gestores fora dos seus horários de expediente e de gestores que se sentem

incomodados por receber mensagens dos seus subordinados via aplicativo.

Há, ainda, relatos de situações em que o e-mail deveria ter sido utilizado para

envio de anexos importantes, como documentos oficiais, mas que acabam sendo

enviados via aplicativo, o que parece incomodar o receptor dessas mensagens por

diferentes motivos: necessidade de acessar o aplicativo via web para poder baixar

anexos, dificuldade em armazenar a mensagem para buscá-la posteriormente se

necessário, e por entenderem que o aplicativo não deveria ser utilizado para envio de

informações/arquivos mais importantes. Nesse sentido, Armijos-Buitrón; Costa-Ruiz;

Paladines-Benítez (2017) afirmam que é inegável o fato de que as tecnologias

promovem grande impacto sobre os estilos de comportamento dos grupos de trabalho

e que o surgimento de redes de comunicação promoveu mudanças nos modelos

administrativos e, portanto, na comunicação dentro das empresas.

Observando a comunicação interna pelo ângulo de quem a executa, o maior

problema aparente gira em torno dos canais de comunicação interna disponíveis para

uso do setor responsável pelo gerenciamento da comunicação com os colaboradores.

Embora a instituição possua outros canais, especificamente, o setor de comunicação

interna utiliza apenas o e-mail/correio eletrônico para estabelecer o processo

comunicativo junto aos colaboradores. De acordo com Welch (2012), a comunicação

interna pode ser facilitada por uma série de meios de comunicação existentes, em

formatos impressos, digitais ou face-a-face, mas precisa considerar o ponto de vista

do receptor e levar em conta que cada categoria apresenta diferentes potencialidades

para um processo de comunicação eficiente.

Considerando o canal adotado pelo setor referido – correio eletrônico/e-mail –,

colaboradores em nível de gestão alegam dificuldades em saber quando devem

replicar os e-mails com comunicados oficiais recebidos da instituição aos seus

subordinados. Mais especificamente, os gestores não sabem quando o e-mail

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recebido também já foi encaminhado a todos os colaboradores ou quando cabe a ele

(gestor) replicar a informação, encaminhando-a aos colaboradores que estão sob sua

gestão. Esse fato remete, também, à questão da hierarquia dentro da instituição e à

dificuldade que colaboradores relatam sobre onde (ou com quem) encontrar a

informação correta sobre determinado assunto. De acordo com Lipiäinen, Karjaluoto

e Nevalainen (2014), quando um colaborador envia a mensagem para a pessoa

errada, o tempo de espera por alguma resposta é maior e, geralmente, o feedback

acaba não sendo fornecido de maneira suficientemente satisfatória.

Outro problema relacionado à comunicação interna e observado por conta de

relatos informais de colaboradores da instituição está no fato de, em diversas

situações, ficarem sabendo de notícias da universidade por meio da imprensa, em

casos considerados mais graves, até por meio de pessoas externas que ligam para a

instituição em busca de mais informações sobre alguma notícia veiculada na imprensa

mas que ainda não é de conhecimento do colaborador, ou é sobre um novo processo

ainda não operacionalizado internamente. Essa situação também ficou evidenciada

como um problema na investigação de Neill e Jiang (2017), quando afirmam que,

muitas vezes, os funcionários obtém informações sobre a sua organização a partir de

fontes externas, como os meios de comunicação e canais de mídia social externos.

Para esse estudo, de natureza qualitativa, lançou-se mão de entrevistas

semiestruturadas e de grupos focais como técnicas para a coleta dos dados. Os

sujeitos de pesquisa foram compostos por dezesseis colaboradores que são

responsáveis por equipes administrativas (gestores), dezesseis colaboradores em

cargos administrativos (seis do Campus A e dez do Campus B) de diferentes níveis

que foram selecionados por meio de sorteio, quatro membros da administração

superior da universidade, e dois colaboradores que atuam na gestão (estratégica e

operacional) da Comunicação.

Dessa forma, com base na conjuntura apresentada e considerando membros

da administração superior, comunicadores, gestores e colaboradores administrativos,

desperta-se o interesse por responder o seguinte problema de pesquisa: quais são as

percepções sobre a comunicação interna no contexto de uma universidade

multicampi?

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar o processo de comunicação interna no contexto de uma universidade

multicampi.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Mapear os canais de comunicação interna utilizados na universidade;

b) Verificar quais canais são considerados mais efetivos na percepção dos

sujeitos investigados;

c) Elencar os principais benefícios e desafios inerentes à comunicação interna;

d) Identificar o estilo de comunicação predominante entre os líderes da

instituição.

1.3 Relevância Prática e Científica

Não são recentes a preocupação e os estudos voltados para a compreensão

da comunicação nas organizações. Ao considerar que a comunicação está implicada

em todos os processos de interação humana, é possível ter dimensão da

complexidade do seu estudo e, também, do seu impacto para a vida organizacional.

O reconhecimento de que a comunicação interna é uma especialidade

importante para as organizações tem ficado evidente por conta de diversos

movimentos ocorridos em diferentes partes do mundo, com especial ênfase para a

Europa (VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012).

No Reino Unido, o Institute of Internal Communication atua desde 1949 (foi

fundado como British Association of Industrial Editors) com o propósito de ajudar

organizações e pessoas a obter sucesso por meio da promoção de comunicação

interna de alto padrão. O Instituto entende que uma organização que se comunica

bem com seu pessoal pode alcançar maior produtividade, inovação, reputação,

atração e retenção de talentos. Para tanto, eles lançaram um movimento chamado

#WeMatterAtWork que aponta para a importância dos colaboradores no ambiente de

trabalho, enfatizando que os funcionários merecem sentir que são importantes e que

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serem valorizados e mantidos informados de forma autêntica, com sinceridade e

respeito (informação da web)2.

Também no Reino Unido, o Chartered Institute of Public Relations – CIPR criou

uma vertente exclusiva para profissionais de comunicação interna chamado CIPR

Inside, um comitê composto por membros que atuam na comunicação interna e no

engajamento de funcionários. Entre outras atribuições, o comitê desenvolve e

promove ferramentas e métodos consistentes de mensuração, para demonstrar o

valor comercial da comunicação interna estratégica (informação da web)3.

Desde 1955 a European Association for Internal Communication – FEIEA, com

sede em Portugal, atua com uma agenda regular de eventos relacionados à

comunicação interna por toda a Europa. A partir de 2014 implementaram a assinatura

“Connecting internal communicators since 1955” (informação da web)4.

Mais recentemente, desde 2016, a IC Kollectif, organização independente sem

fins lucrativos, com sede em Montreal, vem atuando como uma aceleradora global nos

assuntos de comunicação interna e organizacional. Seus esforços são focados em

promover a função estratégica da comunicação interna (informação da web)5.

No Brasil, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – ABERJE,

fundada em 1967, é a organização responsável por promover pesquisas e eventos na

área de comunicação interna. Trata-se de uma organização profissional e científica

sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo fortalecer a comunicação nas

empresas e instituições e dignificar o papel do comunicador (informação da web)6.

Periodicamente a ABERJE divulga resultados de pesquisas relacionadas ao

campo da comunicação interna. Em 2018 participaram da pesquisa mais de 500

profissionais da área que atuam em pequenas, médias e grandes empresas. Entre os

principais resultados obtidos, constatou-se que 44% dos setores de comunicação

interna estão vinculados ao setor de Recursos Humanos, enquanto 34% são

vinculados ao departamento de Comunicação Corporativa. Com relação ao conteúdo

das mensagens, as narrativas priorizadas são as questões de Recursos Humanos

2 Informações obtidas por meio do site: https://www.ioic.org.uk/. Acesso em: 06 de abr. 2019. 3 Informações obtidas por meio do site: http://www.ciprinside.co.uk/. Acesso em: 06 de abr. 2019. 4 Informações obtidas por meio do site: https://feiea.eu/?page_id=349/. Acesso em: 06 de abr. 2019. 5 Informações obtidas por meio do site: https://www.ickollectif.com/about. Acesso em 06 de abr. 2019. 6 Informações obtidas por meio do site: http://www.aberje.com.br/institucional/. Acesso em 06 de abr. 2019.

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(16%), os objetivos e estratégias (12%) e temas relacionados a mudanças na empresa

(12%), sendo que esse último dobrou sua relevância se comparado ao ano de 2017,

o que é um indicativo da transformação pela qual passa o mercado. Constatou-se que

74% dos setores de comunicação interna atrelam seus objetivos aos da organização,

no entanto, apenas 32% das empresas possuem planejamento para mensurar os

objetivos da comunicação interna (informação da web)7.

Os resultados relacionados aos canais dão conta que os Gestores e Colegas

seguem ganhando força, apontando para os canais via liderança (Alta Gestão e

Gestor Imediato) como de maior relevância entre os canais pesquisados. Com relação

aos Canais Digitais, o E-mail e a Intranet continuam tendo maior expressão, no

entanto, identificou-se que as maiores implantações planejadas são de APP (30%) e

Rede Social Corporativa (23%), com tendência para a coexistência com outros canais

(intranet, newsletters, e-mail). Entre os Canais Impressos, o Mural Impresso está

presente em 61% das empresas, contra 48% do Mural Digital, no entanto, 22% das

empresas já planejam aderir ao Mural Digital, enquanto apenas 4% pretendem

implantar o Mural Impresso.

Já com relação às Campanhas, Programas e Comunicação via Liderança, a

pesquisa indica que os Programas de Comunicação pelos Gestores e os Programas

de Celebração (datas comemorativas, conquistas, aniversários etc.) serão as

prioridades (19% cada), seguidos pelas Reuniões de Alinhamento de Metas e

Resultados (13%) e pelos Programas de Geração de Ideias (12%). Essas estratégias

apresentam dois focos bastante claros: capacitar os gestores para se comunicarem

melhor (24%) e apoiar os líderes com pautas periódicas (20%).

Todas essas iniciativas, tanto as antigas como as mais recentes, apontam para

o reconhecimento da relevância que a comunicação interna possui, tanto no contexto

prático como para o contexto científico.

Ainda considerando os resultados da Pesquisa ABERJE 2018 que apontaram

para a importância da comunicação via gestores e líderes, diversos estudos

(BENEDICTO; LAMES; BITTENCOURT, 2015; MEN, 2014; MEN, 2014a; MEN, 2015;

7 Informações obtidas por meio do site: http://www.aberje.com.br/pesquisa-sobre-comunicacao-interna-mostra-preocupacao-com-objetivos-de-negocio/. Acesso em 06 de abr. 2019.

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PUTRA; CHO, 2019) já concluíram que a comunicação está entre as habilidades

necessárias ao exercício da liderança.

Também com relação às pesquisas científicas, Heide et al., (2018) alertam que

os estudos voltados para a comunicação têm se concentrado apenas na percepção

dos profissionais de comunicação que trabalham em departamentos de comunicação

ou em agências com funções essencialmente de comunicação. Esse fato, de acordo

com os autores, sugere uma compreensão limitada das organizações, pois é

necessário avançar os estudos abarcando as percepções de gerentes e colegas de

trabalho, entendendo-os, também, como atores-chave quando se tenta compreender

aspectos relacionados à comunicação.

Nesse sentido, considerando o campo científico, esse estudo consiste em uma

possibilidade de acrescentar, à teoria, resultados relacionados à comunicação interna

considerando outros atores envolvidos, não apenas os comunicadores que possuem

formação ou função para tal, mas sim todos aqueles que exercem a comunicação

dentro da organização, em diferentes níveis hierárquicos.

Ao considerar a relevância dessa pesquisa sob o olhar dos aspectos práticos,

entende-se que o presente estudo oferecerá contribuições às Equipes Gestoras, às

Equipes de Comunicação e às Equipes de Recursos Humanos vinculadas à instituição

investigada e a organizações que possuam perfis semelhantes, como universidades

ou empresas multicampi. Também evidencia-se contribuição prática no sentido de

melhor compreender a real percepção e as expectativas de administrações superiores

em relação à comunicação interna e, dessa forma, nortear mais acertadamente as

estratégias organizacionais junto aos seus colaboradores, seja por meio de

treinamentos, orientações ou utilização de diferentes processos que possam ir ao

encontro dos anseios dos colaboradores, em consonância com as expectativas da

equipe gestora, objetivando tornar efetivo e transparente o processo comunicativo

dentro da organização.

Por consequência, espera-se que grande parte dos colaboradores sejam

positivamente impactados pelas ações estratégicas que possam vir a ser

implementadas como resultado prático das implicações desta investigação. No que

tange ao mapeamento e à verificação dos canais de comunicação considerados mais

efetivos na percepção dos sujeitos investigados, o estudo pode fornecer informações

importantes para a gestão organizacional e para profissionais de comunicação sobre

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a melhor forma de atingir seu público interno e, com isso, construir relacionamentos

de qualidade com funcionários (MEN, 2014).

Portanto, no que se refere à aplicabilidade, a presente pesquisa pretende

contribuir diretamente com as atividades implicadas no contexto da instituição de

ensino investigada. Espera-se que, por meio dos resultados obtidos nesse estudo,

seja possível implementar ações que contribuam para a melhoria dos processos de

comunicação interna e utilizá-las, estrategicamente, para que esses processos se

efetivem em prol da organização e de seus colaboradores.

Também espera-se que a melhor compreensão sobre o processo de

comunicação interna colabore para mapear ações que possibilitem estimular a

motivação dos trabalhadores, o que impacta diretamente os resultados dos trabalhos

individuais e em equipe e, dessa forma, contribui para melhorar o clima organizacional.

Considera-se, ainda, a possibilidade de utilizar estrategicamente os reflexos de

uma comunicação interna eficaz como elemento importante para o sucesso da

comunicação integrada, definida por Kunsch (2003) como uma unidade harmoniosa

entre a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação

interna e a comunicação administrativa que, juntas, formam o composto da

comunicação organizacional.

Do mesmo modo, espera-se que outras instituições de ensino com

características ou problemas semelhantes possam fazer uso dos resultados aqui

obtidos para nortear suas ações estratégicas direcionadas à melhor compreensão do

processo comunicativo junto aos seus colaboradores, promovendo, assim, a

reaplicabilidade desse trabalho. Pode-se, ainda, fazer uso da mesma metodologia

adotada para reaplicar a investigação em outros contextos ou segmentos de mercado.

Mesmo para estudos na mesma instituição, a metodologia adotada por ser reaplicada

aos campi que não entraram no escopo do presente estudo.

A inovatividade do estudo, por sua vez, se apresenta na adoção de uma

estratégia diferenciada de realização de coleta de dados por meio de grupos focais

em que foi utilizado um Canvas inédito, construído pela pesquisadora a partir da

revisão da literatura, com o propósito exclusivo de atingir os objetivos científicos

propostos neste estudo. Outro aspecto que aponta para a inovatividade do trabalho

reside na preocupação em compreender o processo de comunicação interna de uma

Instituição de Ensino Superior incluindo, como sujeitos de pesquisa, membros da

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Administração Superior da universidade. Diversos estudos já se propuseram a

investigar a comunicação interna no contexto de Instituições de Ensino Superior, no

entanto, os resultados desses estudos estão baseados nas percepções dos

colaboradores (FAGOTTI; BÍSCOLI, 2012; SILVA et al., 2012; GONÇALVES, 2017;

MORENO, 2018; ZAINUN; JOHARI; ADNAN, 2018), ou dos acadêmicos e

profissionais de comunicação (CRUZ, 2009; SILVA et al., 2012; DUEÑAS; GARCÍA,

2013), sem ouvir o alto escalão, responsável pelas políticas, estratégias e por “dar o

tom” da comunicação junto aos colaboradores.

1.4 Estrutura do Trabalho

Na sequência dessa Introdução, apresenta-se o referencial teórico, que

compreende uma breve contextualização em torno da Comunicação e da

Comunicação Organizacional, apresentando os principais paradigmas e perspectivas

que tangenciam seus estudos; na sequência entra-se no campo específico da

Comunicação Interna, concentrando o estudo nos processos comunicacionais entre a

organização e seus colaboradores e abordando a evolução dos Canais de

Comunicação e; por último, a Comunicação de Liderança, que direciona os estudos

para a importância dos gestores no processo da comunicação interna.

Posteriormente, relata-se todos os procedimentos metodológicos adotados,

seguidos pelos resultados obtidos e suas respectivas análises e, por fim, apresentam-

se as considerações finais, enfatizando os resultados da pesquisa, as principais

implicações para o campo prático e teórico e, finalmente, oferecendo sugestões para

estudos futuros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A base teórica desse estudo percorrerá a breve apresentação das principais

perspectivas e paradigmas teóricos que tangenciam o campo dos estudos sobre

comunicação, considerando as principais teorias, e sobre a comunicação no contexto

específico das organizações.

Entende-se importante essa introdução teórica ao assunto para,

posteriormente, adentrar o campo de estudos voltados para a comunicação interna,

temática de maior interesse a esse trabalho, seguido, então, pelos estudos

relacionados aos canais de comunicação utilizados pelas empresas e, na sequência,

os estudos que tratam da comunicação de liderança.

2.1 A Comunicação e a Comunicação Organizacional: principais perspectivas e

paradigmas teóricos

A complexidade dos processos comunicativos, implicados em todas as

relações humanas, não fica restrita ao campo da pessoalidade, do contrário, no campo

científico é acompanhada de um consolidado percurso teórico, conforme apresenta-

se, de forma sintetizada, no Quadro 01.

Quadro 01: Principais perspectivas e paradigmas teóricos no campo dos estudos da comunicação.

Década Inicial

Paradigma/Perspectiva Principais Características

1920 (entre guerras)

Teoria Hipodérmica A mensagem atinge, de forma profunda, o público, sem encontrar resistência (estímulo/resposta).

1930 Modelo de Lasswell Quem? Diz o que? Através de que canal? Com que efeito?

1940 Abordagem Empírico-Experimental (ou da Persuasão)

Revê a relação mecanicista e imediata entre estímulo e resposta no processo comunicativo e evidencia a complexidade dos elementos. As características do destinatário influenciam os efeitos da mensagem.

1940 Abordagem Empírica de Campo (ou dos Efeitos Limitados)

Associa os processos de comunicação de massa às características do contexto social em que esses processos se realizam (influência do meio).

1940 Teoria Funcionalista

Passa do estudo dos efeitos para o estudo das funções exercidas pela mídia na sociedade, pois o campo de interesse para os estudos é a dinâmica do sistema social e o papel que os meios de comunicação desempenham nesse sistema. A partir dessa teoria, passa-se a considerar pertinente o estudo das comunicações de massa a partir do problema do equilíbrio e dos conflitos sociais.

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1950 Teoria Crítica

Configura-se pela construção dos fenômenos que investiga e atribui esses fenômenos às forças sociais que os provocam. Surge a “indústria cultural”, que aponta que o mercado das massas impõe padronização e organização, enquanto os gostos do público impõem estereótipos e baixa qualidade.

1950 Teoria do Gatekeeper Entende-se que há controle social nas redações (decisão sobre o que publicar).

1960 Teoria Culturológica

Caracterizada pelo estudo da cultura de massa, distinguindo os seus elementos antropológicos mais relevantes e a relação entre o consumidor e o objeto de consumo, objetivava a definição da nova forma de cultura da sociedade.

1960 Perspectivas dos Cultural Studies

Objetiva definir o estudo da teoria própria da sociedade como um campo de análise conceitualmente relevante, pertinente e teoricamente fundamentado. As estruturas e os processos pelos quais as instituições de comunicação de massa mantêm e reproduzem a estabilidade social e cultural devem ser estudadas, para isso, é necessário adaptar-se às pressões e contradições sociais, integrando-os no próprio sistema cultural.

1970 Hipótese do Agenda-Setting

Os meios de comunicação apresentam ao público uma relação de coisas sobre as quais se é importante ter uma opinião e discutir, sendo assim, a compreensão que as pessoas têm sobre grande parte da realidade, é fornecida pelos meios de comunicação.

1970 Teoria do Newsmaking

As notícias são da forma que são em função da rotina industrial de produção à qual estão submetidas. Os valores/notícia buscam definir quais acontecimentos são suficientemente interessantes, significativos e relevantes para transformarem-se em notícias.

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Wolf (1995).

O Quadro 01, ao apresentar, de forma resumida, as principais perspectivas

teóricas que permeiam o campo dos estudos da comunicação, oferece ao leitor breve

panorama histórico que construiu o campo teórico da comunicação e que embasou os

estudos seguintes, servindo de referência até os dias atuais.

O presente estudo não adota apenas uma das perspectivas teóricas

apresentadas no Quadro 01 para nortear o trabalho, mas parte dos pressupostos

implicados na Abordagem da Persuasão e dos Efeitos Limitados, uma vez que

considera a complexidade dos elementos envolvidos no processo comunicacional,

levando em conta as características (e percepções) dos sujeitos, bem como a

influência do meio. Também entende-se que o Modelo de Lasswell segue oferecendo

subsídios para sintetizar os processos de comunicação e, nesse sentido, essa

investigação se concentra no estudo dos emissores, receptores e nos canais.

Quando nos voltamos aos ambientes organizacionais, que abrigam a atuação

de diferentes indivíduos, entende-se que esses espaços acabam por incorporar aos

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seus processos todos os componentes relacionados à comunicação humana, pois os

atores que integram uma organização levam para dentro dela os componentes do

processo comunicativo, tornando o fenômeno comunicacional, também, objeto de

interesse no campo dos estudos organizacionais. De acordo com Badjie et al. (2019),

a comunicação é um pilar central para as organizações.

Para Sousa (2006), um bom exemplo de organização é uma Universidade, uma

vez que todos os membros que nela coexistem são necessários para o cumprimento

da missão da universidade. Nesse sentido, o exemplo de Sousa (2006) vem ao

encontro do objeto dessa investigação, uma universidade, que também será chamada

de organização, instituição ou apenas empresa.

Ao tratarmos sobre a evolução do campo de estudos voltados, especificamente,

à comunicação organizacional, também existem perspectivas e paradigmas teóricos

que tangenciam essa evolução, conforme apresenta-se, de maneira sintetizada, no

Quadro 02.

Quadro 02: Principais perspectivas e paradigmas teóricos no campo dos estudos em comunicação organizacional.

Período Paradigma/Perspectiva Principais Características Fonte

1920 – 1950

Doutrina Retórica Tradicional

Período caracterizado pelo interesse na comunicação empresarial e industrial

Putnam, Phillips e Chapman (2004))

1950 – 1970

Teoria das Relações Humanas

Buscava-se conhecer as atividades e os sentimentos dos trabalhadores. A complexidade do ser humano passa a ser evidenciada.

Putnam, Phillips e Chapman (2004)

1960 – 1980

Perspectiva Funcionalista

Considera a comunicação sob o prisma mecanicista / instrumental e da eficácia organizacional, e entende que o comportamento comunicativo pode ser observável, tangível, medido e padronizado

Kunsch (2014)

1970 Teoria Moderna ou Empírica

A organização era tida como uma realidade objetiva, que poderia ser medida, dessa forma, a comunicação incorporava um viés utilitarista ou instrumental

Putnam, Phillips e Chapman (2004)

Objetivava medir e controlar, pois a ênfase estava no empirismo quantitativo

Scroferneker (2006)

1980

Teoria Naturalista

Entendia a vida organizacional por diversas perspectivas, não mais apenas pelas perspectivas administrativas, e considerava que a realidade organizacional era historicamente construída

Putnam, Phillips e Chapman (2004)

Perspectiva Interpretativa As organizações eram consideradas como culturas, ou seja, passaram a ser entendidas como fenômenos mais

Kunsch (2014)

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subjetivos do que objetivos, em que a realidade organizacional era socialmente construída por meio da comunicação e das interações humanas

Final dos anos 80

Teoria Crítica

As organizações passam a ser compreendidas como uma espécie de arena de conflitos, um espaço para conflitos de classes e, nesse contexto, a comunicação passa a ser utilizada para um “mascaramento” das realidades organizacionais

Scroferneker (2006)

As classes oprimidas como trabalhadores, mulheres e outras minorias passam a ganhar foco

Kunsch (2014)

1990

Teoria Narrativa Pós-Moderna

Composta por três narrativas fundamentais: a condição pós-moderna, a economia pastiche e o simulacro

Scroferneker (2006)

Teoria da Administração baseada em Equipes

Caracterizada pela comunicação multidirecional nas organizações, em que o papel dos líderes passa a ganhar destaque, pois passam a ser considerados responsáveis por promover grupos de trabalho fortes e coesos

1991 Teoria da Complexidade

Defende a visão de um todo indissociável, em que a base está em considerar, ao mesmo tempo, unidades complexas, como o ser humano ou a sociedade como multidimensionais

Kunsch (2014)

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Putnam, Phillips e Chapman (2004), Scroferneker (2006) e Kunsch (2014).

Com base no Quadro 02 observa-se, portanto, que todos os paradigmas

mencionados apresentam-se como opções teóricas que auxiliam a compreender a

profundidade que possui a abrangência da comunicação nas e das organizações,

consistindo, de acordo com Kunsch (2014), em perspectivas bastante válidas tanto

para os estudos acadêmicos quanto para as práticas da comunicação organizacional.

Esse estudo, porém, alinha-se à Teoria das Relações Humanas, à Perspectiva

Interpretativa e à Teoria da Administração baseada em Equipes, pois compreende o

contexto organizacional e seus atores como elementos complexos, mais subjetivos

que objetivos e considera o papel dos líderes no cenário da comunicação dentro das

organizações.

Com relação à comunicação nas organizações, Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e

Paladines-Benítez (2017) sintetizam que ela é responsável por indicar o caminho para

que se possa desenvolver atividades destinadas a determinar a gestão eficaz,

buscando atingir metas e objetivos que garantam o melhor desempenho em todas as

áreas, por meio do trabalho colaborativo.

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Em síntese, a comunicação organizacional está implícita ao desenvolvimento

dos planejamentos estratégicos das empresas, uma vez que busca promover a

integração de todos os envolvidos, por meio da fluidez de informações, para combinar

ações de todos os funcionários em prol do alcance dos objetivos organizacionais

(ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017).

Essa conclusão aponta para a importância do público interno envolvido nos

processos de comunicação organizacional, especialmente ao considerar, segundo

Araujo, Simanski e Quevedo (2012), que a comunicação pode unir setores diferentes

da empresa e, dessa forma, proporcionar condições de trabalhos coordenados que

permitam que os objetivos da empresa sejam alcançados.

Nesse sentido, a comunicação consiste em um elemento chave para sustentar

e articular o restante das estratégias da empresa, promovendo coesão em suas

estruturas internas para contribuir com o alcance dos objetivos concretos, apontando,

assim, para a importância da comunicação interna (ACUÑA; DOMINGUEZ;

NAVARRO, 2017).

Portanto, a apresentação dessa síntese em torno dos principais paradigmas e

perspectivas implicados na trajetória dos estudos da comunicação e da comunicação

nas organizações justifica-se para situar o leitor sobre o arcabouço teórico que o

campo já dispõe. Na sequência, esse trabalho se debruça sobre os estudos no campo

específico da comunicação interna, ao qual dedica-se a próxima seção.

2.2 A Comunicação Interna

O campo teórico da comunicação interna também é estudado por meio de

outros termos, como evidenciou a investigação de Vercic, Vercic e Sriramesh (2012),

realizada por meio do método Delphi8 com líderes de Associações de Comunicação

Interna da Europa. Os primeiros resultados do estudo apresentaram termos como:

comunicações internas (no plural), envolvimento dos funcionários, marketing interno,

relações públicas internas, comunicações com funcionários, relações com

8 O Método Delphi é utilizado em diferentes áreas do conhecimento e permite estruturar um processo comunicativo entre diversos especialistas organizados em grupo-painel, para discutir em torno de um problema de pesquisa, garantindo anonimato a todos os envolvidos e estabelecendo um processo iterativo por meio de feedback, sendo orientado para uma medida estatística da resposta do grupo, objetivando chegar a alguns consensos (LÓPEZ-GÓMEZ, 2018).

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funcionários, relações com públicos internos, comunicações corporativas,

comunicações de liderança e comunicações gerenciais.

Os autores elencaram esses termos na segunda rodada da investigação,

pedindo que os especialistas declarassem o grau de concordância com cada

expressão que melhor descrevesse o campo, e o termo comunicação interna (no

singular) foi significativamente mais apontado pelos respondentes.

Sendo assim, entende-se que é importante mencionar a existência dessas

nomenclaturas que permeiam as publicações científicas nacionais e internacionais e

o campo de estudos da comunicação. No entanto, acompanhando os resultados do

estudo de Vercic, Vercic e Sriramesh (2012), essa investigação também utiliza o termo

comunicação interna para referir-se ao campo de estudos da comunicação que ocorre

dentro dos ambientes organizacionais e cuja maior parte das investigações surgiram

a partir de estudiosos da comunicação organizacional e da psicologia organizacional

(VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012).

A comunicação interna está entre as especializações que mais crescem, tendo

sua ascensão iniciada por volta de 1990 nos Estados Unidos e, posteriormente,

espalhando-se para a Europa, onde ganhou força a partir do novo milênio por conta

de uma série de fatores, como a globalização e as crises econômicas, que culminaram

em reestruturações permanentes, downsizing, terceirizações, fusões e aquisições,

entre outros tipos de situações que direcionaram o olhar das organizações para seus

públicos internos (VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012).

De forma mais ampla, ao considerar o nível estratégico de uma organização, a

comunicação não se limita apenas a produzir e distribuir informações internas e

externas, mas também recebe informações tanto internas quanto externas

(BLIKSTEIN; ALVES; GOMES, 2004). Nesse sentido, segundo os autores, “as

informações produzidas ou recebidas não devem circular ‘soltas’ e de modo caótico,

mas estar sujeitas a toda uma estrutura de hierarquia, cargos e funções” (BLIKSTEIN;

ALVES; GOMES, 2004, p. 126). Para exemplificar essa rede de comunicação que

acontece nas organizações, apresenta-se a Figura 01.

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Figura 01: Redes de comunicação na organização.

Fonte: Blikstein, Alves e Gomes (2004, p. 127).

Com base na Figura 01, nota-se que no campo da comunicação interna existem

fluxos de informações descendentes, que são do nível superior para o nível do

subordinado, fluxos ascendentes, do nível do subordinado para o nível superior, e os

fluxos horizontais, que ocorrem entre pessoas do mesmo nível hierárquico. Esses

fluxos envolvem comunicações formais e informais, sendo essas últimas alimentadas

por comentários, boatos e ‘fofocas’, popularmente conhecidas nas empresas como

‘rádio peão’ (BLIKSTEIN; ALVES; GOMES, 2004).

Araujo, Simanski e Quevedo (2012) também chamam esses fluxos informais

de comunicação informal ou de boatos, e definem que ela é formada por diversas

linhas de comunicação informal, geralmente compostas por indivíduos que estão bem

informados, mas que não respeitam a hierarquia. Segundo esses autores, esse tipo

de comunicação costuma ser mais rápida e, também, mais difícil de ser controlada,

em comparação aos fluxos formais de comunicação.

Nesse sentido, os autores postulam que a comunicação interna mantém os

funcionários informados, por isso é necessário que a organização antecipe respostas

às expectativas dos colaboradores, fato que diminui os conflitos e maximiza a

possibilidade de obter soluções preventivas (ARAUJO; SIMANSKI; QUEVEDO, 2012).

Essas mesmas autoras argumentam, ainda, que a comunicação interna

consiste na informação recebida, processada e transmitida de um indivíduo a outro,

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entendendo que a eficácia desse processo dependerá do trabalho realizado em

equipe, necessitando contar com o apoio de setores como recursos humanos, da

diretoria e de todos os empregados envolvidos.

Corroborando essa ideia, o estudo de Almeida, Souza e Mello (2010) que

buscou compreender como a comunicação interna pode ser utilizada para promover

qualidade, concluiu que para que a comunicação interna seja efetiva na promoção da

qualidade, é preciso, em primeiro lugar, que sua contribuição seja reconhecida e

valorizada tanto pelas lideranças, como pelos profissionais de comunicação interna

envolvidos no processo.

Desse modo, Vercic e Vorkic (2017) apontam para a necessidade de os

gestores serem instruídos sobre a importância da comunicação interna para aumentar

o envolvimento dos funcionários, pois segundo as autoras, é muito improvável que o

envolvimento dos colaboradores com a organização melhore sem que os gestores,

antes, comecem a acreditar na importância da comunicação interna.

Para Acuña, Domínguez e Navarro (2017), o objetivo da comunicação interna

é fazer com que toda a equipe sinta-se satisfeita e participe do projeto de negócios,

que precisa oferecer um bom ambiente de trabalho, em que os colaboradores sintam-

se ouvidos e percebam que suas demandas, sugestões ou contribuições são

transferidas para a gerência, em outras palavras, significa incentivar o entusiasmo do

funcionário e fazer com que ele se sinta mais disposto a trabalhar.

Nessa mesma perspectiva, o estudo realizado por Filipa Neto e Cruz (2017),

em uma organização pública, concluiu que o antecedente mais significativo do

comprometimento do colaborador é a comunicação com o supervisor. Essa conclusão

aponta, mais uma vez, para a importância do engajamento das lideranças no processo

de comunicação com seus liderados.

Já Araujo, Simanski e Quevedo (2012) sustentam que todos os membros da

organização devem estar comprometidos com o sucesso dela e, portanto, precisam

conhecer suas metas, e para que isso ocorra, os gestores devem retransmitir as

informações e decisões aos seus funcionários, independentemente da hierarquia, pois

todos os membros exercem papel de importância dentro do contexto organizacional,

uma vez que a empresa só poderá crescer e se manter no mercado, se o público

interno estiver integrado aos objetivos e às metas organizacionais.

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Nesse contexto, independente do enfoque, se nos colaboradores líderes ou nos

colaboradores liderados, observa-se que o elemento humano está diretamente

implicado no processo da comunicação interna, sendo fundamental para o seu

sucesso. Com base em Acuña, Domínguez e Navarro (2017), é o elemento humano

a peça sobre a qual se processa todo o quadro da comunicação interna, envolvendo,

portanto, também um processo motivacional.

Essa função motivacional também ficou evidenciada no estudo de Vercic,

Vercic e Sriramesh (2012), quando os especialistas entrevistados apontaram que a

comunicação interna deve motivar os funcionários e, dessa forma, criar valor para a

empresa. O mesmo estudo também evidenciou que a comunicação interna precisa

alinhar as metas individuais dos funcionários com as metas organizacionais, uma vez

que esse alinhamento colabora para que as organizações construam culturas mais

fortes. O estudo apontou, ainda, para a importância da credibilidade dos líderes no

processo de engajamento, lealdade e motivação dos funcionários (VERCIC; VERCIC;

SRIRAMESH, 2012).

Com relação aos elementos da comunicação interna necessários para

promover o engajamento dos funcionários, elencou-se a satisfação com feedback, a

comunicação informal e a comunicação durante as reuniões como as dimensões do

processo consideradas mais relevantes para o envolvimento dos funcionários na

investigação realizada por Vercic e Vorkic (2017), conduzida em uma subsidiária

croata de uma multinacional produtora de alimentos. O mesmo estudo concluiu, ainda,

que canais abertos de comunicação, comunicação entre supervisores e funcionários

e o compartilhamento de informações com os funcionários são fatores fundamentais

para promover o engajamento, e que o processo de comunicação interna e o

envolvimento dos funcionários “alimentam” um ao outro em um círculo contínuo.

Embora esse processo seja focado na implementação de uma comunicação

eficaz junto ao público interno, diversos estudos apontam para a comunicação interna

bem implementada como estratégia para ações que extrapolam o ambiente interno,

como o alcance dos objetivos estratégicos das organizações (ARAUJO; SIMANSKI;

QUEVEDO, 2012; VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012; WELCH, 2012; ACUÑA;

DOMÍNGUEZ; NAVARRO, 2017; ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-

BENÍTEZ, 2017), a implementação de uma imagem positiva junto ao público externo

(MEN, 2014; MEN, 2014a; ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-

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BENÍTEZ, 2017) e a contribuição para a redução dos custos e aumento das vendas e

dos lucros (SCHILLER; MEIREN, 2018), conforme observa-se na Figura 02.

Figura 02: Contribuições da Comunicação Interna.

Fonte: Elaborado pela autora a partir da revisão da literatura.

Os autores Acuña, Domínguez e Navarro (2017) argumentam, também, que se

o fluxo comunicacional é focado nos aspectos mais profundos da empresa, haverá

uma estrutura de ação interna própria, mas que precisa coincidir com os objetivos e

propósitos da comunicação externa, abrangendo, assim, todo o espectro de ação

comunicativa disponível.

Dito de outra forma, isso significa que a comunicação interna precisa estar em

consonância com a comunicação externa, promovendo coerência no discurso

organizacional. De acordo com Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez

(2017), a comunicação dentro das organizações adquiriu, nos últimos anos, grande

importância, principalmente porque contribui para alcançar os objetivos

organizacionais e, dessa forma, fortalecer a gestão da informação como estratégia de

posicionamento no mercado.

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As autoras acrescentam, ainda, que a comunicação interna consiste em um

elemento essencial para a organização, pois permite aumentar a produtividade por

meio do melhor fluxo de informações possível entre a administração e os

colaboradores, o que resulta em melhores níveis de eficiência, consiste, também, em

vetor de competitividade para garantir a permanência da empresa no mercado, diante

dos novos cenários organizacionais e, por fim, o fluxo estratégico de informações

direcionadas ao público interno colabora para projetar ao mercado uma imagem

organizacional sólida (ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ,

2017).

Esse enfoque, em certa medida, já tinha sido postulado por Men (2014), quando

afirma que por um lado os colaboradores consistem na força de produção da

organização, contribuindo para o desempenho organizacional, e por outro lado, os

colaboradores também tornam-se embaixadores corporativos e defensores da marca,

representando a organização para as partes interessadas externas.

Em outra investigação realizada no mesmo ano, a autora indica que a qualidade

das relações entre a organização e seus funcionários influencia positivamente a forma

como os colaboradores defendem a empresa, ou seja, funcionários que se sentem

comprometidos com a organização tendem a defende-la publicamente e falar bem

dela no popular “boca-a-boca”, recomendando-a em suas redes pessoais de contato

(MEN, 2014a).

Ainda considerando a importância do elemento humano, Araujo, Simanski e

Quevedo (2012) atribuem à comunicação interna o papel de humanizar as relações

da empresa, tornando os funcionários mais conscientes dos seus papeis, integrando-

os ao ambiente de trabalho, compreendendo melhor seus níveis de conhecimento

sobre determinados assuntos e, por fim, ajudando-os, também, a alcançar os objetivos

da empresa.

Por sua vez, Schiller e Meiren (2018) sintetizam que uma comunicação interna

bem implementada pode atuar como driver para motivação e inovação, pode servir

como um sistema de alerta antecipado aos responsáveis pela empresa, pode

contribuir para identificar mais facilmente especialistas e departamentos responsáveis

e, ainda, pode colaborar para a redução dos custos e para o aumento das vendas e

do lucro.

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Em suma, a comunicação interna bem executada favorece o alcance da

eficácia organizacional, pois fomenta relacionamentos internos positivos, permitindo a

comunicação entre administradores e empregados (WELCH, 2012). Por outro lado,

de forma paradoxal, quando não gerenciada adequadamente, a comunicação interna

também pode representar uma ameaça para as relações organizacionais, pois a má

comunicação consiste em elemento contra produtivo (WELCH, 2012).

A autora acrescenta, ainda, que os potenciais benefícios da comunicação

interna passam por mensagens apropriadas, que atingem os colaboradores por meio

de formatos úteis e que sejam por eles aceitos (WELCH, 2012). A partir desse

apontamento, entende-se importante adentrar os estudos relacionados aos canais de

comunicação interna, que consistem em importante elemento desse campo de

estudos.

Considerando, portanto, a revisão da literatura apresentada nesta seção, o

Quadro 03 apresenta a Comunicação Interna como construto teórico e as respectivas

categorias de análise elencadas para conduzir os procedimentos metodológicos

Quadro 03: Construto teórico ‘Comunicação Interna’ e suas categorias de análise. Construto Teórico

Categorias de Análise

Principal Base Teórica

Comunicação Interna

Missão e Objetivos Institucionais

Acuña, Domínguez e; Navarro (2017); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017)

Práticas e Processo

Blikstein, Alves e Gomes (2004); Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Neill e Jiang (2017)

Benefícios e Desafios

Almeida, Souza e Mello (2010); Men (2014); Acuña, Domínguez e; Navarro (2017); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017)

Fonte: Elaborado pela autora.

2.3 Canais de Comunicação Interna

Já no ano de 1964 McLuhan postulou que “o meio é a mensagem” (p. 21). Essa

constatação de McLuhan (1964) aponta diretamente para a importância dos canais de

comunicação (meio) e a sua influência no processo comunicativo.

A partir de então o autor ofereceu, aos estudiosos do campo, as concepções

ainda bastante vigentes sobre a consciência de “mídia” e da “era da informação”

(MEYROWITZ, 2001). Ao afirmar que “o meio é a mensagem”, McLuhan (1964) queria

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dizer que cada meio é um tipo único de ambiente, cuja disseminação e uso remodela

as pessoas e a cultura (MEYROWITZ, 2001). Crescenzo (2011) corrobora esse

entendimento ao afirmar que cada meio envolve o público de formas diferentes e isso

afeta tanto a escala quanto o ritmo da comunicação.

Em consonância com a importância atribuída aos meios de comunicação para

a eficácia do processo comunicativo, Daft e Lengel (1983) dedicaram-se a estudar

sobre a riqueza das informações e dos meios (canais), investigando o processamento

das informações nas organizações e sustentando que o conceito é importante para

explicar como as organizações executam a tarefa de reduzir os equívocos de

comunicação a um nível aceitável de eficiência interna.

Os autores propuseram o que chamam de “contínuo de riqueza das

informações” para explicar o comportamento de processamento de informações nas

organizações e definiram a riqueza como a capacidade potencial de informação dos

dados, ou seja, se a comunicação de determinados dados fornece nova compreensão

substancial, são considerados ricos, caso os dados forneçam pouca compreensão,

são considerados de baixa riqueza (DAFT; LENGEL, 1983). Segundo esses autores,

as principais características dessa teoria são a mediação de feedback ou

interatividade, o uso de sinais verbais e não verbais, a capacidade de se comunicar

em um estilo de conversação (linguagem natural) e a capacidade de direcionar a

mensagem para um indivíduo específico (foco pessoal).

Mais recentemente, Braun et al. (2019) utilizaram a teoria da riqueza dos meios

para classificar os canais que investigaram em seu estudo: comunicação face-a-face,

comunicação por e-mail e comunicação por telefone, conforme o Quadro 04.

Quadro 04: Comparação de comunicação face-a-face, correio eletrônico e telefone com relação aos aspectos da riqueza dos canais.

Comunicação Face-a-Face

Comunicação por

E-mail

Comunicação por Telefone

Utilização de Dicas de Informação (sinais verbais e não verbais)

Alto Baixo Baixo

Extensão da Personalização (foco pessoal)

Alto Médio Médio

Capacidade de Feedback (interação)

Alto Médio Alto

Grau de Variedade da Linguagem (linguagem natural)

Alto Médio Alto

Riqueza Geral do Canal Alto Médio-Baixo Médio Fonte: Traduzido e adaptado de Braun et al. (2019, p. 53).

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Braun et al. (2019) entendem que a teoria do contínuo da riqueza dos canais

consiste em uma estrutura heurística útil para investigações como a conduzida por

eles, em que há o interesse em analisar a preferência por um determinado canal de

comunicação.

Ainda com relação aos canais utilizados pelas empresas e pelos gestores para

comunicarem-se com funcionários, Crescenzo (2011) menciona o uso de publicações

impressas tradicionais, como boletim de notícias, revistas e cartazes, além de

telefonemas, mensagens de voz e utilização da comunicação face-a-face,

acrescentando as ferramentas oriundas da Web 2.0, como blog corporativo, intranet,

sites, mensagens instantâneas e redes sociais internas.

O advento dos canais de mídia social provocou mudanças significativas no

cenário da comunicação interna das empresas que têm ampliado, cada vez mais, a

utilização de canais interativos, buscando promover a comunicação bidirecional e o

envolvimento dos funcionários (CRESCENZO, 2011; MEN, 2014), de uma maneira

mais rápida, mais direta e menos formal (SIQUEIRA FILHO; ZACCARIA; GIULIANI,

2014). Nesse cenário, Men (2014) afirma que poucos estudos têm investigado a

riqueza de mídia social no contexto da comunicação interna.

Com base na autora, canais de mídia social da própria organização que

possuem caráter bidirecional, interativo e dialógico promovem a participação e o

engajamento dos trabalhadores, facilitam a conversa entre os funcionários e a

organização, e encorajam os colaboradores a expressarem suas opiniões,

contribuindo para a implementação de uma política de comunicação simétrica na

organização (MEN, 2014).

Para Acuña, Domínguez e Navarro (2017), a interatividade com o emissor, no

contexto da comunicação interna, significa que os meios digitais facilitam para que

todos os envolvidos possam se comunicar no que chamam de "empresa" e

acrescentam que trata-se, portanto, de um processo motivacional em que a

participação dos envolvidos tem uma projeção tripla: interatividade com o emissor

(empresa), com as informações (fluxo de dados) e com outros usuários (funcionários

de igual para igual) (ACUÑA; DOMÍNGUEZ; NAVARRO, 2017).

Nesse contexto, os canais de comunicação digitais têm sido cada vez mais

adotados pelas empresas para comunicarem-se com os funcionários, para facilitar

conversas de duas vias, para reunir ideias, dar feedback e promover um maior

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envolvimento e motivação nos funcionários, incentivando-os a contribuir para a

estratégia da empresa (LIPIÄINEN; KARJALUOTO; NEVALAINEN, 2014).

Em sentido contrário, a tendência geral de maior comunicação eletrônica não

foi entendida de forma positiva como a comunicação de escolha entre líder e liderados

na investigação de Braun et al. (2019), uma vez que os funcionários, apesar de

apontarem para a predominância do uso do canal face-a-face em comparação com o

uso de telefone e e-mail, ainda indicaram preferir que o uso do canal face-a-face seja

aumentado, em detrimento do uso de ligações ou envio de e-mails.

Portanto, apesar de uma aparente facilidade na utilização de canais de

comunicação digitais pelas empresas, Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014)

também elencam desafios que o uso desses canais lança às empresas e algumas

possibilidades de soluções, conforme apresenta-se no Quadro 05.

Quadro 05: Vantagens, desafios e soluções sugeridas para a utilização de canais digitais na comunicação interna.

Vantagens dos canais digitais

Desafios causados pelos canais digitais

Soluções sugeridas

Comunicação interna em corporações multinacionais;

Facilidade e velocidade das ferramentas;

Possibilidade de armazenar informações;

Torna possível comunicar em todo o mundo;

Torna possível trabalhar e comunicar de forma flexível (por exemplo, a intranet pode ser acessada a qualquer momento);

Capacidade de usar novas ferramentas (por exemplo, blogs) para comunicar o espírito da empresa.

Falta de clareza e diferentes hábitos no uso de diferentes canais digitais;

Sobrecarga de informações;

Feedback diminuído e pistas sociais mínimas;

Falta de habilidades de escrita por e-mail;

Vocabulário direto, provocativo e comunicação com estilo agressivo em canais digitais;

Comunicação da empresa em canais digitais orientado para tarefas e formal;

A comunicação formal foi sentida como dificultador do desenvolvimento de relacionamentos pessoais.

Necessidade de diretrizes gerais e gestão de como usar diferentes ferramentas (por exemplo, regras sobre como usar a intranet);

Necessidade de conhecer os colegas de trabalho;

Boas relações contribuem para melhor superar diferenças;

Necessidade de comunicação face-a-face.

Fonte: Traduzido de Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014, p. 282).

Como é possível observar no Quadro 05, os canais digitais oferecem vantagens

ao processo de comunicação interna, no entanto, também apresentam desafios que

precisam ser estrategicamente superados. Entre as soluções sugeridas por Lipiäinen,

Karjaluoto e Nevalainen (2014), percebe-se que o contato pessoal (conhecer os

colegas, manter boas relações, comunicação face-a-face) fica evidenciado,

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corroborando resultados também apontados em outros estudos (DAFT; LENGEL,

1983; MEN, 2014; MEN, 2015, BRAUN et al., 2019).

Os resultados obtidos por Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014) e por

Braun et al. (2019), também evidenciaram que nas situações em que a comunicação

face-a-face não era possível, o telefone foi considerado como o segundo melhor canal

pelos colaboradores de uma multinacional finlandesa. De acordo com os autores,

apesar da disponibilidade de novas ferramentas digitais, a comunicação presencial e

a conversa por telefone ainda são preferidas quando comparadas com alternativas

como e-mail (BRAUN et al., 2019), mensagens instantâneas e o uso da intranet

(LIPIÄINEN; KARJALUOTO; NEVALAINEN, 2014).

Braun et al. (2019) acrescentam, ainda, que excessivas conversas via e-mail,

na percepção dos colaboradores, passam a impressão de que o líder não possui

interesse de passar algum tempo junto aos seus liderados, o que também impacta a

percepção da identificação da equipe com seu gestor.

Ao considerar o âmbito da utilização das redes sociais para o processo

comunicativo, de forma geral, Domínguez (2014) atribui quatro características que

devem estar presentes no processo: interatividade, personalização, multimidialidade

e multiedição e feedback. Essas características também se aplicam ao âmbito da

comunicação interna, promovendo esses comportamentos de interação e construção

coletiva nos colaboradores, por meio da customização dos conteúdos e da utilização

de diferentes mídias.

Com relação ao uso das redes sociais corporativas com foco na comunicação

interna, uma pesquisa realizada com 132 empresas alemãs de diferentes portes,

constatou que 46% dessas empresas já haviam utilizado a estratégia. Ao considerar

as empresas que ainda não fazem uso (que foi a maioria nesse universo, 54%), os

riscos foram estimados como sendo maiores do que as oportunidades em utilizar

redes sociais corporativas, por outro lado, as empresas que já fazem uso desse

recurso não possuem a mesma percepção, apresentando-se como mais otimistas

com relação ao uso das redes sociais corporativas com foco na comunicação interna

(SCHILLER; MEIREN, 2018). Ainda de acordo com Schiller e Meiren (2018), para as

empresas investigadas, os três fatores de risco mais citados relacionados ao uso de

redes sociais corporativas foram a utilização não profissional, o envolvimento

insuficiente dos colaboradores e a falta de apoio dos gestores. Nota-se que os dois

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primeiros fatores foram, também, elencados por Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen

(2014), conforme o Quadro 05.

Nesse cenário em que as interações são bastante enaltecidas, Armijos-Buitrón,

Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017) alertam que as Tecnologias de Informação e

Comunicação - TICs tornaram-se ferramentas importantes para auxiliar a estratégia

de comunicação e gestão de informações das organizações, por isso é essencial que

as empresas incorporem medidas de atualização tecnológica para ir ao encontro das

tendências globais, sem descuidar das relações interpessoais.

Por outro lado, Neill e Jiang (2017) advertem que muitos gestores se apegam

aos canais de comunicação com os quais já estão habituados e que lhes oferecem

algum tipo de conforto. Isso pode criar barreiras que dificultem a implementação de

novos canais. De acordo com os resultados da investigação de Neill e Jiang (2017),

em situações como essa, é preciso fazer o gestor compreender a importância de

utilizar o canal adequado a determinado grupo assim como levar ao gestor a

compreensão sobre a importância do canal e da mensagem, propriamente ditos.

Por esse olhar, passa-se a ponderar a importância dos gestores/líderes no

processo comunicativo, tanto como agente que lança mão dos elementos do processo

comunicativo para viabilizar seu trabalho, como também no papel de comunicador, ou

seja, envolvido direto que influencia o processo por meio de suas habilidades e

características pessoais.

Considerando, portanto, a revisão da literatura apresentada nesta seção, o

Quadro 06 apresenta Canais como construto teórico e suas respectivas categorias de

análise elencadas para conduzir os procedimentos metodológicos.

Quadro 06: Construto teórico ‘Canais’ e suas categorias de análise. Construto Teórico

Categorias de Análise

Principal Base Teórica

Canais

Canais Formais Daft e Lengel (1983); Welch (2012); Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Braun et al. (2019)

Canais Informais e Rádio Corredor

Blikstein, Alves e Gomes (2004); Araujo, Simanski e Quevedo (2012)

Tecnologias e Redes Sociais

Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017); Schiller e Meiren (2018)

Fonte: Elaborado pela autora.

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2.4 Comunicação de Liderança

Preliminarmente, entende-se importante esclarecer que, com relação ao uso

das terminologias “líder” e “gestor”, essa investigação acompanha o entendimento de

Almeida (2013) ao considerar que no contexto da comunicação e relacionamento

entre gestores e subordinados – líderes e liderados, os termos são considerados

similares, destacando, assim, que não é intenção desse estudo analisar a natureza

distinta entre Gestão e Liderança e, portanto, os termos serão utilizados como

sinônimos.

De acordo com a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial –

ABERJE, entre as sete tendências de comunicação interna para o ano de 2019 está

a dos líderes tornarem-se comunicadores. Segundo a ABERJE, os líderes impactam

o engajamento e a produtividade das equipes e, por esse motivo, devem ser

incentivados a aprender mais sobre performance, engajamento, motivação e,

principalmente, sobre comunicação (informação da web)9.

Corroborando essa tendência, Almeida (2013) afirma que as organizações

contemporâneas começam a pensar suas estratégias de comunicação de forma a

desenvolver as competências das lideranças para alcançar uma comunicação mais

eficaz e um melhor relacionamento entre gestores e subordinados/líderes e liderados.

Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014) acrescentam que as organizações, de

forma gradual, vêm reduzindo os níveis hierárquicos, e a liderança tradicional, ou seja,

aquela em que o chefe obtém a adesão dos subordinados pelo exercício da autoridade

e não por suas virtudes e carisma, tem sido colocada sob suspeita. Nesse sentido, as

organizações modernas caminham rumo à gestão do conhecimento e entendem que

o compartilhamento de informações e o trabalho em equipe são fundamentais, o que

implica medir o desempenho do gestor também pela sua excelência em comunicação

(SIQUEIRA FILHO; ZACCARIA; GIULIANI, 2014).

A importância da qualidade da comunicação dos líderes, assim como a

frequência de uso dos canais de comunicação, são elementos que influenciam a

avaliação que os funcionários fazem de seus líderes, bem como influenciam a própria

9 Informações obtidas por meio do site: http://www.aberje.com.br/7-tendencias-de-comunicacao-interna-para-2019/. Acesso em 18 de abr. 2019.

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30

satisfação do colaborador no trabalho (WIKANINGRUM; YUNIAWAN, 2018; BRAUN

et al., 2019).

No campo teórico, muito embora os benefícios da comunicação para as

organizações vêm sendo objetos de estudos há décadas, comparativamente, a linha

de pesquisa sobre os componentes do estilo de comunicação do líder e seus

respectivos efeitos permanecem pouco estudados (BROWN; PAZ-APARICIO;

REVILLA, 2019), mesmo considerando que o “comportamento de comunicação dos

líderes é essencial para o sucesso das organizações” (BRAUN et al., 2019, p. 51) e

que a liderança fornece um contexto importante, pois define o tom para a prática de

comunicação interna (MEN, 2015).

Newman, Ford e Marshall (2019) também indicam que há necessidade de mais

pesquisas, especialmente a pesquisa de campo, para compreender melhor como a

combinação de ferramentas de comunicação utilizadas por líderes eficazes podem

influenciar o sucesso da equipe, especialmente em âmbito virtual.

Para Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019), todas as trocas que ocorrem entre

líderes e liderados consistem em atos comunicativos, como por exemplo as

instruções, as ordens, as explicações, as consultas, as mensagens motivacionais, os

relatórios, a coordenação, entre outras interações. Portanto, esses autores afirmam

que a eficácia da comunicação está condicionada aos comportamentos comunicativos

dos líderes os ajudarem a desenvolver relacionamentos de alta qualidade com seus

liderados.

O problema, de acordo com Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019), é que muitas

vezes os líderes não têm consciência da importância de sua comunicação e, portanto,

não compreendem que as formas como eles se comunicam são percebidas por seus

subordinados como as suas formas de liderar. Isso ocorre, também, porque a

comunicação parece algo tão natural e tão incorporada às interações humanas que

não é entendida como algo que impacta os subordinados e os resultados

organizacionais (BROWN; PAZ-APARICIO; REVILLA, 2019).

Isto significa dizer que a comunicação dos líderes dentro das organizações,

apesar de estarem, aparentemente, passando por um processo evolutivo, ainda

necessita passar por uma profunda transformação em sua natureza e uma maior

interação social para que, de fato, possa ser considerada integrada, participativa,

transparente e verdadeira (ALMEIDA, 2013). Essa conclusão de Almeida (2013), em

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muito se deve ao fato de sua investigação evidenciar a notável falta de feedback dos

líderes para seus liderados, especialmente com relação ao desempenho dos liderados

no trabalho.

De acordo com Thomas, Richmond e McCroskey (1994), presume-se que os

observadores, nesse caso os colaboradores, possam ganhar insights sobre a

personalidade dos indivíduos, nesse caso os líderes, observando seus

comportamentos de comunicação. Os autores acrescentam, ainda, que há duas

dimensões bastante utilizadas para definir o estilo sociocomunicativo, sendo elas: a

assertividade e a responsividade. O estilo de comunicação assertivo é caracterizado

por comunicadores vistos como independentes, dominantes, agressivos, competitivos

e fortes, ao passo que a responsividade é caracterizada por descritores como úteis,

simpáticos, compassivos, sinceros e amigáveis (THOMAS; RICHMOND;

MCCROSKEY,1994).

Tomando como base esses dois estilos de comunicação, assertivo e

responsivo, Men (2015) concluiu que, em geral, os CEOs devem estabelecer

comunicação de forma sensível, acolhedora, compreensiva, sincera e interessada,

demonstrando preocupação com seus funcionários, abertura e disponibilidade para

ouvir. Por outro lado, o estudo também revelou que os funcionários esperam dos

CEOs que, em determinados momentos, comuniquem-se de forma assertiva, forte e

determinada.

Dessa forma, o estudo de Men (2015) prevê que a comunicação do CEO, nesse

caso representando a liderança máxima de uma organização, quando caracterizado

pelo estilo responsivo (compreensivo, compassivo, sincero, interessado) apresenta

influência positiva na qualidade de comunicação do líder percebida pelos funcionários.

Porém, com relação à eficácia de um estilo de comunicação assertiva, os resultados

do estudo de Men (2015) foram inconclusivos.

Ao considerar a característica acolhedora e ouvinte do estilo responsivo de

comunicação, pode-se inferir que esse estilo de comunicação que incentiva a

participação do liderado. Dessa forma, as empresas evitam se impor no processo de

comunicação e oferecem espaço para que a comunicação também possa surgir dos

colaboradores que ocupam cargos menos elevados para os cargos de alto escalão,

sendo esse processo caracterizado pela flexibilização e não pela hierarquização

(SIQUEIRA FILHO; ZACCARIA; GIULIANI, 2014).

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Oliveira e Paula (2008) identificaram algumas competências de comunicação

necessárias ao exercício da liderança, conforme apresenta-se na Figura 03.

Figura 03: Competências de Comunicação das Lideranças.

Fonte: Oliveira e Paula (2008, p. 55).

O esquema ilustrado pela Figura 03 apresenta o que Oliveira e Paula (2008)

identificaram, por meio da pesquisa que conduziram, como sendo competências de

comunicação necessárias aos líderes. De acordo com as autoras, é fundamental que

as organizações compreendam os colaboradores, também, como produtores de

mensagens e que esses colaboradores conheçam os objetivos e as estratégias da

organização e, mais que isso, atribuam sentido a eles para compreenderem melhor

suas atuações nesse cenário. A investigação de Oliveira e Paula (2008) também

constatou uma crescente preferência dos atores internos por oportunidades de

comunicação face-a-face com os gestores, entendendo-se que a vantagem desse tipo

de comunicação consiste, especialmente, na oportunidade de confrontar opiniões e

de aprofundar informações que já foram recebidas por meio de outros canais.

Essa preferência, constatada por Oliveira e Paula (2008), tem se mantido, como

foi observado nos estudos de Men (2014), Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014),

Men (2015) e Braun et al. (2019).

Por fim, Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019) asseguram que a construção de

relacionamentos saudáveis e produtivos entre líderes e liderados passa pela

comunicação do líder, pois é por meio da sua comunicação que os líderes explicam

os esforços, compartilham pontos de vista, informam os objetivos e metas, motivam

os membros e, como consequência, moldam a cultura da organização.

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Nesse sentido, a percepção que os subordinados possuem com relação à

visão, aos valores e ao estilo do seu líder é formada pelos comportamentos que

observam, incluindo o comportamento de comunicação, pois a capacidade do líder se

comunicar de maneira clara, concisa, estruturada em uma sequência lógica que seja

adequada ao tema, com profissionalismo e sem se perder em assuntos irrelevantes,

pode impactar de forma direta o comprometimento afetivo do subordinado à

organização (BROWN; PAZ-APARICIO; REVILLA, 2019).

Dessa forma, considerando o referencial apresentado que oferece

embasamento e subsídios à execução dessa investigação, apresenta-se, na

sequência, os aspectos metodológicos dessa pesquisa.

Portanto, com na revisão da literatura apresentada nesta seção, o Quadro 07

apresenta comunicação de liderança como construto teórico e suas respectivas

categorias de análise elencadas para conduzir os procedimentos metodológicos.

Quadro 07: Construto teórico ‘Comunicação de Liderança’ e suas categorias de análise. Construto Teórico Categorias de Análise Principal Base Teórica

Comunicação de Liderança

Estilo e Habilidades Thomas, Richmond e McCroskey (1994); Men (2015); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

Engajamento, Treinamento e Orientação

Almeida (2013); Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014); Vercic e Vorkic (2017)

Fonte: Elaborado pela autora.

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3. METODOLOGIA

Nesse capítulo apresenta-se a descrição detalhada dos procedimentos

metodológicos utilizados para a realização dessa pesquisa. Com base em Martins e

Theóphilo (2009), a metodologia objetiva aperfeiçoar os procedimentos e os critérios

aplicados na pesquisa. Portanto, na sequência, apresentam-se a natureza e do tipo

desta pesquisa, seguidos das informações sobre o perfil e os critérios de seleção dos

sujeitos da pesquisa. Em seguida, apresentam-se os critérios utilizados na busca

pelos artigos que subsidiaram a revisão da literatura, seguido pelos procedimentos,

instrumentos e técnicas de coleta e de análise de dados utilizados para execução da

pesquisa, apresentando-se, ainda, ilustração das etapas da pesquisa de forma a

facilitar a visualização da sequência seguida.

3.1 Natureza e Tipo de Pesquisa

Considerando o problema de pesquisa e os objetivos, geral e específicos,

estabelecidos, adotou-se a abordagem qualitativa de caráter exploratório para essa

investigação, uma vez que pretende-se explorar e compreender o significado que

indivíduos ou grupos atribuem a determinado problema (CRESWELL, 2010).

No caso deste estudo objetivou-se avaliar o processo de comunicação interna

no contexto de uma universidade multicampi. Para tanto, a) mapeou-se os canais de

comunicação interna utilizados na universidade; b) buscou-se reconhecer os canais

de comunicação considerados mais efetivos pelos colaboradores; e c) identificou-se

o estilo de comunicação predominante entre os líderes da instituição.

Portanto, levando em consideração os objetivos propostos, entende-se

adequada a abordagem qualitativa pois, de acordo com Welch (2012), quando se

pretende explorar pontos de vista e preferências dos funcionários, um projeto de

pesquisa qualitativo é, particularmente, apropriado.

De acordo com Pereira (2010), as pesquisas de caráter exploratório

proporcionam melhor compreensão a respeito do fenômeno foco do estudo, dessa

forma, é possível contribuir para estudos posteriores mediante certo grau de

entendimento sobre a temática em questão (foco da pesquisa).

Sendo assim, entende-se que o caráter exploratório está adequado ao escopo

desta investigação, uma vez que trata-se de uma situação que busca encontrar

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informações reveladoras para o assunto que, posteriormente, também possam ser

úteis a outras organizações e a estudos futuros.

3.2 Sujeitos da Pesquisa

Considerando que a universidade objeto deste estudo possui uma estrutura

multicampi e um número elevado de colaboradores, foram estabelecidos critérios que

permitiram selecionar colaboradores do campus sede (apresentado como Campus A)

e, também, de um campus que fica distante da sede (apresentado como Campus B),

promovendo a possibilidade de obter percepções em diferentes contextos. A escolha

do Campus B se deu em função de não ser o campus externo mais próximo da sede,

e por ser um campus que mantém uma estrutura de serviços bastante similar ao

Campus A, porém com um espaço físico e número de colaboradores menores.

Para tanto, considerando o universo de cerca de 1.200 colaboradores

administrativos, os objetivos da pesquisa e sua abordagem qualitativa – em que a

busca por um “N” (amostra) não condiz com os objetivos e processos desse tipo de

investigação (SILVA; RUSSO, 2019) – adotou-se, como sujeitos de pesquisa, as

fontes apresentadas no Quadro 08.

Quadro 08: Sujeitos da investigação.

Grupo Qtd. Convidada

Composição

Administração Superior

04 integrantes do Conselho Gestor10;

Gestão da Comunicação

02 colaboradores que atuam na gestão da comunicação da universidade, sendo um na gestão estratégica e um na operacionalização;

Colaboradores Gestores

18 colaboradores que atuam como gestores / responsáveis por equipes (coordenadores, gerentes e diretores);

Colaboradores Administrativos (Campus A e Campus B)

30 colaboradores em funções administrativas (técnicos e analistas).

Fonte: Elaborado pela autora.

Para chegar aos sujeitos apresentados no Quadro 08, selecionou-se os

membros do grupo Administração Superior porque integram o Conselho Gestor da

universidade e representam: a autoridade máxima da instituição (reitor/presidente), a

10 O Conselho Gestor da instituição é composto pelo Reitor/Presidente, Chefe de Gabinete/Vice-Presidente, Tesoureira, Procurador Geral, Secretária Executiva, 03 Vice-Reitores e 07 Diretores.

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articulação estratégica e autoridade máxima da Secretaria Executiva, que gerencia a

maior parte dos responsáveis por equipes da instituição (secretária executiva), mais

um sujeito de cada cargo predominante do Conselho Gestor (um vice-reitor e um

diretor).

Os membros do grupo “Gestão da Comunicação” integram os sujeitos de

pesquisa porque estão diretamente implicados nos processos, estratégicos e

operacionais, da comunicação na universidade.

Para chegar-se ao grupo “Colaboradores Gestores” contou-se com a

colaboração da Coordenação de Recursos Humanos da universidade, que forneceu

a relação dos cargos de liderança, sendo um total de 18 colaboradores relacionados

como cargos de liderança em 29 de outubro de 2019.

Nessa mesma data também foram realizados dois sorteios para se chegar aos

sujeitos que compuseram o grupo Colaboradores Administrativos. O sorteio foi feito

pela Coordenação de Recursos Humanos, na presença da pesquisadora. Para tanto,

utilizou-se toda a base de colaboradores em funções administrativas (técnicos e

analistas) com atuação nos campi A e B. Por meio do site “sorteador.com.br” foram

sorteados, de forma aleatória, um total de 30 colaboradores administrativos, sendo 15

do campus A e 15 do campus B, formando dois grupos de Colaboradores

Administrativos, para a posterior realização de dois grupos focais, sendo um apenas

com colaboradores da sede (Campus A) e outro somente com colaboradores do

Campus B.

Por meio dessas estratégias de seleção, pretendeu-se evitar qualquer tipo de

viés que poderia se criar por conta de eventuais indicações ou de escolhas da

pesquisadora sem critérios rígidos estabelecidos. Também pretendeu-se que o grupo

Colaboradores Administrativos fosse heterogêneo, portanto, mantendo o alinhamento

com o escopo da investigação, o único critério estabelecido é que fossem

colaboradores administrativos da universidade, divididos por seu campus de atuação,

sem estabelecer nenhum outro tipo de filtro ou característica que unissem esses

sujeitos. Desse modo, buscou-se obter o maior número de percepções considerando

os muitos e diferentes perfis de colaboradores que integram o corpo funcional da

instituição.

Sendo assim, foram convidados a participar dessa investigação: 04 sujeitos que

integram o Conselho Gestor, dos quais os 04 aceitaram o convite e foram

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entrevistados; 02 sujeitos que atuam na Comunicação da universidade, dos quais os

02 aceitaram o convite e foram entrevistados; 18 sujeitos que atuam em funções de

liderança, dos quais 16 aceitaram o convite e participaram do grupo focal; 15 sujeitos

que atuam em atividades administrativas no Campus A, dos quais 06 aceitaram o

convite e participaram do grupo focal; e 15 sujeitos que atuam em atividades

administrativas no Campus B, dos quais 10 aceitaram o convite e participaram do

grupo focal.

Quadro 09: Relação dos sujeitos da pesquisa.

Grupo Sigla Convidados Participantes Atuação dos Participantes

Administração Superior

AS01 a

AS04 04 04

Reitor/presidente, secretária executiva, 01 vice-reitor e 01 diretor

Gestão da Comunicação

GC01 e

GC02 02 02

Atuação na comunicação, sendo 01 em nível estratégico e 01 em nível operacional

Colaboradores Gestores

CG01 a

CG16 18 16

Diretoria Administrativa, Diretoria de Planejamento e Finanças, Coordenações de: Bibliotecas, Service Desk TI, Recursos Humanos, Compras e Suprimentos, Investimentos e Infraestrutura, Planejamento e Controle, Contabilidade, Contas a Pagar, Contas a Receber e Cobrança, Serviços Operacionais, Transportes, Gerência de TI, Gerência e Direção de campi

Colaboradores Administrativos – Campus A

CA01 a

CA06 15 06

01 Assistente de Laboratório 01 Auxiliar Administrativo 01 Analista de Suporte a Decisão II 01 Analista de Suporte a Decisão VII 01 Analista de Sistemas Senior 01 Técnico Administrativo IV

Colaboradores Administrativos – Campus B

CB01 a

CB10 15 10

01 Auxiliar Administrativo 01 Analista de Suporte a Decisão II 01 Jardineiro 01 Secretária Acadêmica 01 Técnico Administrativo III 04 Técnicos Administrativos V 01 Técnico de Suporte Informática

Fonte: Elaborado pela autora.

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Preservando o anonimato dos participantes, suas falas são apresentadas por

meio de siglas que não acompanham a ordem de apresentação do Quadro 09.

Embora a pesquisa tenha envolvido homens e mulheres, para a apresentação da

análise dos dados todos os participantes foram tratados como sendo do gênero

masculino, pois todos os nomes foram substituídos por siglas desde o início dos

procedimentos metodológicos, portanto, nem a pesquisadora sabe quais são do

gênero masculino e quais são do gênero feminino, uma vez que entendeu-se que essa

informação não é relevante para a pesquisa.

Com base no que postularam Martins e Theóphilo (2009), de que a formação

do grupo deve possuir um mínimo de seis pessoas e considerando, ainda, a hipótese

de que nem todos os convidados teriam disponibilidade para participar do grupo na

data e horário estabelecidos, decidiu-se convidar um número maior de participantes,

buscando assegurar a presença do número mínimo sugerido pela literatura para

resguardar a validade das informações obtidas por meio desse instrumento. Como

resultado, todos os grupos focais realizados atingiram o número mínimo de

participantes de acordo com o que sugerem Martins e Theóphilo (2009).

3.3 Revisão da Literatura

A busca pelos artigos e autores que subsidiaram a construção do referencial

teórico se deu por meio das bases de dados EBSCO, Scopus, Spell, Google Scholar e

do software de desktop Publish or Perish. Buscas específicas em periódicos

direcionados aos assuntos de interesse, como o “Public Relations Review”, o

“International Journal of Business Communication” e o “International Journal of

Strategic Communication” também foram realizadas. Os principais termos utilizados

para as buscas foram “comunicação organizacional / organizational communication”,

“comunicação interna / internal communication”, “canais de comunicação /

communication channels”, “habilidades de comunicação / communication skills”,

“comunicação do(e) líder(es) / communication of leaders / leader communication”.

Também se utilizou dos mesmos buscadores e da rede social ResearchGate

para pesquisar autores específicos citados em trabalhos anteriormente encontrados,

cujos estudos foram relevantes para a área de interesse.

A construção da revisão teórica ocorreu a partir das publicações e dos autores

encontrados, priorizando a literatura internacional. A partir desta revisão, foi possível

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elencar os construtos teóricos que conduziram às categorias de análise adotadas

nesta investigação.

3.4 Construtos de Estudo

Considerando a abordagem qualitativa desse estudo e o rigor metodológico

inerente a uma investigação científica, elencou-se categorias para nortear os roteiros

dos instrumentos de coleta de dados e a posterior análise dos resultados.

As categorias são classes nas quais se reúnem um grupo de elementos sob

um título genérico em função das características comuns desses elementos (BARDIN,

2016). De acordo com Gibbs (2009, p. 67), “as categorias ou conceitos que os códigos

representam podem vir da literatura de pesquisa, de estudos anteriores, de tópicos no

roteiro da entrevista, de percepções sobre o que está acontecendo e assim por

diante”.

Sendo assim, para este estudo, as categorias utilizadas são oriundas da

revisão de literatura e, também, de tópicos dos roteiros e de percepções dos

participantes, conforme apresenta-se nos Quadros 10 e 11.

Quadro 10: Construtos Teóricos e Categorias de Análise. Construto Teórico

Categorias de Análise

Principal Base Teórica

Comunicação Interna

Missão e Objetivos Institucionais

Acuña, Domínguez e; Navarro (2017); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017)

Práticas e Processo

Blikstein, Alves e Gomes (2004); Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Neill e Jiang (2017)

Benefícios e Desafios

Almeida, Souza e Mello (2010); Men (2014); Acuña, Domínguez e; Navarro (2017); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017)

Canais

Canais Formais Daft e Lengel (1983); Welch (2012); Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Braun et al. (2019)

Canais Informais e Rádio Corredor

Blikstein, Alves e Gomes (2004); Araujo, Simanski e Quevedo (2012)

Tecnologias e Redes Sociais

Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014); Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017); Schiller e Meiren (2018)

Comunicação de Liderança

Estilo e Habilidades

Thomas, Richmond e McCroskey (1994); Men (2015); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

Engajamento, Treinamento e Orientação

Almeida (2013); Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014); Vercic e Vorkic (2017)

Fonte: Elaborado pela autora.

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Durante o processo de categorização dos dados, se observou elementos que

apareceram com frequência nas falas dos sujeitos, originando, assim, subcategorias

vinculadas às categorias teóricas, conforme apresenta-se no Quadro 11:

Quadro 11: Categorias e Subcategorias de Análise.

Categorias de Análise

Subcategorias

Práticas e Processo

-

Benefícios Atendimento, Confiança, Engajamento, Imagem, Minimiza Ruídos, Produtividade, Simetria e Venda

Desafios

Ações Corretivas, Burocracia, Comunicação Orgânica, Complexidade, Docente/Administrativo, Entrega Eficaz, Falta Engajamento, Fluxo/Hierarquia, Integração Setores, Imprensa, Multicampi, Poucos Canais, Rádio Corredor, Tecnologia, Treinamento e Uniformidade

Missão e Objetivos Institucionais

Comunidade, Crescimento, Equilíbrio Financeiro, Excelência, Gestão Transparente, Governança e Gestão, Implementar, Internacionalização, Planejamentos, Qualidade, Relações, Retorno Social e Resgatar Credibilidade

Canais E-mail, Extranet, Face a Face, Facebook, Instagram, Líder, Mural, Portais da IES, Reuniões, Skype, Telefone e IES em Dia

Canais Informais e Rádio Corredor

WhatsApp

Tecnologias e Redes Sociais

-

Estilo e Habilidades

-

Engajamento, Treinamento e Orientação

-

Fonte: Elaborado pela autora.

Também emergiram dos dados, por conta da frequência com que foram

mencionadas, novas categorias de análise, sendo elas: Buscar Informação,

Formalidade, Impacto Financeiro, Inovação, Melhorias Percebidas, Mensuração,

Penalização/Sensibilização, Ponta, Posicionamento Externo, Posicionamento Interno,

Processo Troca de Funcionário, Prospecção, Sentimento Adm. Superior, e Troca

Gestão.

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3.5 Procedimentos, Instrumentos e Técnicas de Coleta e Análise de Dados

De acordo com Martins e Theóphilo (2009), quando o procedimento de coleta

de dados não é planejado de forma correta em uma investigação, coloca-se em risco

todas as etapas anteriormente realizadas. Em consonância com esse entendimento,

Silva e Russo (2019) acrescentam que a pesquisa qualitativa requer preparo e rigor.

Sendo assim, essa seção apresenta as etapas metodológicas seguidas para obtenção

dos dados.

No Quadro 12 apresenta-se a pergunta de pesquisa e os objetivos desta

investigação, junto aos elementos metodológicos utilizados para auxiliar a alcançar os

objetivos propostos.

Quadro 12: Procedimentos metodológicos utilizados para alcançar os objetivos da pesquisa.

Pergunta de Pesquisa

Quais são as percepções sobre a comunicação interna no contexto de uma universidade multicampi?

Objetivo Geral

Avaliar o processo de comunicação interna no contexto de uma universidade multicampi.

Objetivos Específicos

Mapear os canais de comunicação interna utilizados na universidade

Entrevistas Semiestruturadas Grupos Focais Análise Documental

Administração Superior Gestão da Comunicação Colaboradores Gestores Colaboradores Administrativos Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI

Verificar quais canais são considerados mais efetivos na percepção dos sujeitos investigados

Entrevistas Semiestruturadas Grupos Focais

Administração Superior Gestão da Comunicação Colaboradores Gestores Colaboradores Administrativos

Elencar os principais benefícios e desafios inerentes à comunicação interna

Entrevistas Semiestruturadas Grupos Focais

Administração Superior Gestão da Comunicação Colaboradores Gestores Colaboradores Administrativos

Identificar o estilo de comunicação predominante entre os líderes da instituição

Grupos Focais Colaboradores Gestores Colaboradores Administrativos

Fonte: Elaborado pela autora.

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Com base no Quadro 12, observa-se que foram adotados, como procedimentos

metodológicos, entrevistas semiestruturadas, grupos focais e análise documental,

pois de acordo com Creswell (2014), o pesquisador deve lançar mão de muitas formas

para coletar os dados qualitativos, já que a utilização de apenas uma fonte de dados

não seria suficiente para oferecer compreensão de forma profunda.

As entrevistas tiveram roteiros semiestruturados e foram realizadas com seis

colaboradores, sendo quatro membros do grupo Administração Superior e dois

membros do grupo Gestão da Comunicação. Na entrevista semiestruturada busca-se

maior interação entre entrevistador e entrevistado (SILVA; RUSSO, 2019), portanto,

entendeu-se mais adequado não estabelecer um roteiro fechado (estruturado) para

as entrevistas, pois como afirmam Gioia, Corley e Hamilton (2012), uma estrutura

padrão pode não contribuir para o desenvolvimento de novos conceitos, uma vez que

não oferece ao entrevistado liberdade para discorrer sobre o assunto mais livremente

e, dessa forma, pode limitar a contribuição para novas descobertas e para o

consequente enriquecimento da pesquisa.

Prezando pelo rigor metodológico, os Quadros 13 e 14 apresentam os

protocolos seguidos durante a realização das entrevistas.

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Quadro 13: Protocolo para entrevistas junto aos membros da administração superior.

Objetivos/ Questões Relacionadas

Construto Tópicos a serem observados Abordagem na Entrevista Base Teórica

Quebrar o gelo e iniciar ambiente amistoso para a entrevista

X Experiência e tempo na empresa;

Área de formação

Há quanto tempo possui vínculo empregatício com esta universidade?

Qual a área de formação acadêmica?

Como se sente sabendo que ocupa função estratégica para os rumos da universidade?

X

Elencar os principais benefícios e desafios inerentes à comunicação interna

Comunicação Interna

Conhecimento sobre missão institucional e objetivos estratégicos

Poderia descrever de que forma compreende a missão da universidade?

Quais são os objetivos estratégicos da instituição?

E quais são os principais objetivos da gestão superior?

Araujo, Simanski e Quevedo (2012)

Conhecimento sobre as contribuições da comunicação interna

Acredita que a comunicação interna tem sido implementada de forma estratégica na universidade?

Quais os principais benefícios que consegue observar?

Teriam aspectos para melhorar? Se sim, quais?

Almeida, Souza e Mello (2010)

Prioridade com o colaborador

Na sua opinião, as informações relacionadas à universidade sempre chegam primeiro aos colaboradores ou existem situações onde eles recebem informações da instituição por fontes externas?

Araujo, Simanski e Quevedo (2012); Neill e Jiang (2017)

Comunicação de Liderança

Aspectos da comunicação para seleção de líderes e monitoramento posterior

Acredita que no momento de convidar um colaborador para exercer uma função de liderança, o seu estilo e suas habilidades de comunicação são consideradas?

E depois que o gestor assume, isso é monitorado de alguma forma?

Almeida (2013); Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014); Vercic e Vorkic (2017); Wikaningrum; Yuniawan (2018); Braun et al., 2019); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

Mapear os canais de comunicação interna utilizados na universidade

Canais Conhecimento sobre os canais para comunicação interna disponíveis na instituição

Na universidade, quais são os canais oficiais de comunicação interna que o(a) sr.(a) conhece?

Dentre esses, quais acredita serem mais efetivos para a comunicação junto aos colaboradores?

Welch (2012)

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Verificar quais canais são considerados mais efetivos na percepção dos sujeitos investigados

Canais preferenciais do entrevistado, formas de feeddback adotadas

Na sua atividade profissional, utiliza estratégias de comunicação de forma planejada ou espontânea? (Pedir para ilustrar)

De que maneira prefere dar feedback às pessoas com quem trabalha?

Quando precisa dar um retorno que não é positivo a um colega de trabalho ou a um subordinado, utiliza algum canal diferente para comunicar?

Almeida (2013); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

Qual a compreensão que possui sobre a rádio corredor, se pretende coibir ou usar de forma estratégica

De que forma compreende e lida com a rádio corredor (comunicação informal) na universidade?

Blikstein, Alves e Gomes (2004)

Entendimento que possui sobre a utilização de redes sociais pessoais e como isso impacta a atividade profissional;

Atentar para canais de comunicação digitais que poderiam não ter sido mencionados nos canais de comunicação oficiais

Como entende o uso das tecnologias e das redes sociais no ambiente de trabalho?

Utiliza ferramentas digitais para se comunicar com colegas de trabalho?

Fora do horário de expediente, utiliza canais informais para tratar assuntos de trabalho? Se sim, apenas com colegas do mesmo nível hierárquico ou com subordinados também?

Caso tenha redes sociais, compartilha informações sobre a universidade? Em caso positivo, que tipo de informações costuma compartilhar?

E como é o envolvimento dos colaboradores?

Armijos-Buitrón; Costa-Ruiz; Paladines-Benítez (2017)

Fechamento e oportunidade de obter informações não solicitadas

X Informações adicionais que possam contribuir com a investigação

Existe alguma crítica ou sugestão que gostaria de deixar com relação aos processos de comunicação interna da universidade e que não tenhamos mencionado?

X

Fonte: Elaborado pela autora com base na revisão da literatura.

Em função da diferença no perfil dos entrevistados, alguns ajustes foram realizados para se chegar ao Protocolo para

entrevistas com os membros do grupo Gestão da Comunicação (Quadro 14).

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Quadro 14: Protocolo para entrevistas junto aos membros do grupo gestão da comunicação. Objetivos/Questões

Relacionadas Construto

Tópicos a serem observados

Abordagem na Entrevista Base Teórica

Quebrar o gelo e iniciar ambiente amistoso para a entrevista

X Experiência e tempo na empresa. Área de formação

Há quanto tempo possui vínculo empregatício com esta universidade?

Qual a área de formação acadêmica?

X

Elencar os principais benefícios e desafios inerentes à comunicação interna

Comunicação Interna

Conhecimento sobre missão institucional e objetivos estratégicos;

Alinhamento com os objetivos de Comunicação

Poderia descrever de que forma compreende a missão da universidade?

Quais são os objetivos estratégicos da instituição?

E quais são os principais objetivos da Comunicação?

Araujo, Simanski e Quevedo (2012)

Benefícios da comunicação interna

Considerando esses objetivos, acredita que a comunicação interna contribui para alcançá-los? Se sim, de que forma?

Teriam aspectos para melhorar? Se sim, quais?

Araujo; Simanski e Quevedo (2012); Vercic; Vercic e Sriramesh (2012); Welch (2012); Acuña; Domínguez e Navarro, 2017; Armijos-Buitrón; Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017)

Prioridade com o colaborador

Na sua opinião, as informações relacionadas à universidade sempre chegam primeiro aos colaboradores ou existem situações onde eles recebem informações da instituição por fontes externas? Se existem, como a equipe de Comunicação lida com isso?

Araujo, Simanski e Quevedo (2012) Neill e Jiang (2017)

Comunicação de Liderança

Se os líderes são utilizados de forma estratégica pela Comunicação;

Treinamento e orientação

Como a equipe de Comunicação compreende a função dos colaboradores responsáveis por equipes no processo de comunicação interna?

Existe algum tipo de orientação ou treinamento sobre comunicação que seja oferecido a esses líderes?

Almeida (2013) Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014) Vercic e Vorkic (2017) Wikaningrum; Yuniawan, 2018; Braun et al., 2019); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

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Mapear os canais de comunicação interna utilizados na universidade Verificar quais canais são considerados mais efetivos na percepção dos sujeitos investigados

Canais

Canais preferenciais do entrevistado, formas de feeddback adotadas (foco pessoal)

Na sua atividade profissional, utiliza estratégias de comunicação de forma planejada ou espontânea? (Pedir para ilustrar)

De que maneira prefere dar feedback às pessoas com quem trabalha?

Quando precisa dar um retorno que não é positivo a um colega de trabalho, utiliza algum canal diferente para comunicar?

Almeida (2013); Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019)

Canais para comunicação interna utilizados na instituição;

Se entende a rádio corredor como perigo ou aliada da comunicação (foco na equipe de Comunicação)

Quais são os canais oficiais utilizados pelo setor de Comunicação para se comunicar com os colaboradores?

Qual aparenta ser mais eficaz?

Isso é mensurado de alguma forma?

A equipe de comunicação identifica canais informais de comunicação interna na universidade? Se sim, quais são?

De que forma eles impactam o processo da comunicação interna?

Como o setor de Comunicação lida com a rádio corredor?

Blikstein, Alves e Gomes (2004); Welch (2012)

Tecnologias no processo comunicativo

Como entende o uso das tecnologias e das redes sociais no ambiente de trabalho?

Utiliza ferramentas digitais para se comunicar com os colaboradores?

Acha que as tecnologias colaboram ou dificultam o gerenciamento da comunicação com os colaboradores? De que forma?

Armijos-Buitrón; Costa-Ruiz; Paladines-Benítez (2017)

Fechamento e oportunidade de obter informações não solicitadas

X Informações adicionais que possam contribuir com a investigação

Existe algo que gostaria de falar a respeito da comunicação interna da universidade e que não tenhamos mencionado?

X

Fonte: Elaborado pela autora com base na revisão da literatura.

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Optou-se por realizar as entrevistas individualmente, para que as visões e

respostas não fossem influenciadas e, com isso, também tentou-se evitar “respostas

padrões”, podendo identificar eventuais divergências nos pontos de vista dos

entrevistados. A semiestrutura das entrevistas foram obtidas por meio da revisão da

literatura e foram validadas por pré-teste aplicado a um profissional em nível de

gerência de outra empresa. As entrevistas foram gravadas em áudio, com o

consentimento expresso dos entrevistados (Apêndice A) e, posteriormente, foram

transcritas na íntegra.

Os convites para participar das entrevistas foram enviados por meio de correio

eletrônico (Apêndice E), aguardando-se o aceite do convidado para posterior

agendamento, de acordo com sua disponibilidade.

Conforme o Quadro 15, o período de realização das entrevistas foi de 27 de

agosto a 31 de outubro de 2019, e o tempo alocado para cada entrevista variou entre

17 e 50 minutos, de acordo com o conhecimento do entrevistado em torno do assunto

e da sua disponibilidade de tempo para a entrevista.

Os nomes dos entrevistados foram substituídos por siglas, objetivando

preservar as identidades dos sujeitos. Em função disso, também se optou por não

apresentar outras informações individuais, mas salienta-se que os entrevistados da

Administração Superior apresentaram uma média de 26 anos de vínculo empregatício

com a universidade, sendo que o entrevistado com menor tempo de casa possui 18

anos de vínculo.

Quadro 15: Relação dos Entrevistados.

Entrevistado Grupo Data Duração

AS01 Administração Superior 27/08/2019 22m.30s.

AS02 Administração Superior 10/09/2019 39m.53s.

AS03 Administração Superior 16/09/2019 50m.50s.

AS04 Administração Superior 30/09/2019 17m.49s.

GC01 Gestão da Comunicação 27/09/2019 27m.02s.

GC02 Gestão da Comunicação 31/10/2019 35m.13s.

Fonte: Elaborado pela autora.

Outro procedimento adotado nesta investigação foi o grupo focal que, de

acordo com Gondim (2003), representa, para os pesquisadores, uma técnica que

auxilia a investigação de valores, atitudes, crenças, opiniões e processos de

influência.

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Para Martins e Theóphilo (2009), o grupo focal, também chamado de focus

group, entrevista focalizada de grupo, entrevista profunda em grupos ou reunião de

grupos, consiste em uma entrevista em profundidade que é realizada em grupo e que

tem por objetivo discutir tópicos específicos.

Lançando mão desse instrumento, foram realizados três grupos focais, sendo

um com o grupo Colaboradores Gestores, com 16 participantes, um com o grupo

Colaboradores do Campus A, com 06 participantes e um com o grupo Colaboradores

do Campus B, com 10 participantes. No Apêndice C encontra-se uma relação de itens

utilizados e dicas relacionadas aos procedimentos para realização da atividade.

Os convites aos colaboradores selecionados foram enviados por meio de

correio eletrônico com cerca de uma a duas semanas de antecedência, para que fosse

possível cada um programar sua agenda, após a formalização do convite, um novo

envio foi realizado, via Agenda do Outlook, para que os colaboradores pudessem

programar suas participações e, por fim, no dia da realização do grupo, um último

lembrete foi encaminhado por e-mail (ver modelos no Apêndice D).

Com o objetivo de facilitar a participação dos membros, os encontros para

realização dos grupos focais aconteceram em ambientes na estrutura da própria

universidade, dentro dos horários de expediente dos colaboradores (conforme prévia

autorização institucional), sendo que as atividades com os grupos Colaboradores

Gestores e Colaboradores do Campus A ocorreram no campus sede e a atividade

com o grupo Colaboradores do Campus B ocorreu no próprio campus B.

Como os colaboradores permaneceram dentro da instituição, e considerando a

importância de os sujeitos sentirem-se confortáveis para manifestarem-se, a sala foi

organizada antecipadamente de modo a deixar os participantes mais confortáveis,

oferecendo-se lanche e recepção com um doce e cartão que antecipava

agradecimentos pela importante participação na atividade.

A organização prévia da sala também objetivou facilitar a realização e os

registros do grupo focal, com as carteiras organizadas em círculo, devidamente

identificadas e os equipamentos eletrônicos previamente distribuídos pela sala, a fim

de capturar os áudios e vídeo (equipamento no tripé), cujos testes de ângulo e som

também foram preliminarmente realizados, evitando-se intimidar os participantes na

hora da atividade. Lanches e sucos foram servidos, no intuito de oferecer conforto aos

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participantes e de colaborar para criar um clima agradável, de descontração e

espontaneidade.

Figura 04: Registros fotográficos das salas preparadas para o Grupo Focal.

Fonte: Registros da pesquisadora.

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As gravações em áudio e imagem foram realizadas mediante o consentimento

expresso dos participantes (Apêndice B) e, posteriormente, foram transcritos na

íntegra para a análise qualitativa dos dados. Durante a transcrição, a pesquisadora

realizou leves ajustes gramaticais, retirando eventuais palavras repetidas ou vícios de

linguagem, para oferecer melhor fluidez ao texto, sem alterar o conteúdo analisado.

As menções ao nome da instituição ou dos sujeitos foram substituídas para preservar

as respectivas identidades.

Durante a realização dos grupos focais, a pesquisadora contou com o apoio de

dois auxiliares que foram previamente orientados quanto à estrutura e objetivos da

atividade. Juntos, realizaram um pré-teste do grupo focal, no dia anterior à aplicação

do primeiro grupo.

As atividades foram norteadas por meio de um Canvas, com o objetivo de

facilitar a dinâmica do grupo e, também, coletar material para posterior análise e

investigação. Os dados oriundos do Canvas foram quantificados para análise.

O Canvas é uma metodologia criada, inicialmente, para pensar o modelo de

negócio das organizações, que utiliza um esquema visual para organizar as

informações. A metodologia tem sido utilizada em diferentes áreas e, embora exista

um Canvas de Comunicação, ele está voltado para uma combinação de marketing

com relações públicas. Portanto, para aplicação junto aos grupos focais, a

pesquisadora desenvolveu instrumentos próprios (Figuras 05 e 06), norteados pelas

categorias que emergiram da revisão da literatura e cuja finalidade é atender aos

objetivos dessa investigação. Durante as aplicações dos Canvas, os procedimentos

foram fotografados para registro e posterior análise.

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Figura 05: Canvas para aplicação junto ao Grupo Colaboradores Gestores.

Fonte: Elaborado pela autora com base na revisão da literatura.

Em função da diferença no perfil dos participantes, alguns quadrantes do

Canvas foram ajustados, conforme Figura 06, para realização da atividade com os

colaboradores administrativos.

Figura 06: Canvas para aplicação junto aos Grupos Colaboradores Administrativos do Campus e do Campus B.

Fonte: Elaborado pela autora com base na revisão da literatura.

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De acordo com Gondim (2003), é preciso atentar-se para o nível de

estruturação do grupo, referindo-se à elaboração de um roteiro a ser seguido. Isso

porque, segundo a autora, a estruturação, apesar de assegurar foco ao tema, pode

inibir o surgimento de opiniões que enriqueceriam a discussão, enquanto que a

flexibilidade apesar de facilitar a interação do moderador com os grupos, se for levada

a extremo pode comprometer a análise comparativa das respostas, já que aumenta-

se o risco de digressões (GONDIM, 2003).

Desse modo, e considerando os objetivos científicos que motivaram a

realização dos grupos focais, optou-se por seguir um roteiro preestabelecido, cuja

estrutura foi igual para os dois grupos de colaboradores administrativos e sofreu

alguns ajustes para a aplicação com o grupo de colaboradores gestores. O roteiro

seguido para a realização da atividade foi o seguinte: (1) Apresentação geral – boas

vindas, explicação sobre a pesquisa e disponibilização do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido para assinaturas; (2) Apresentação da atividade Canvas –

orientações sobre a importância de oferecer suas opiniões e percepções individuais

no primeiro momento (apenas escrito), e no segundo momento, as informações

preenchidas seriam discutidas em grupo; (3) Objetivos da Universidade – solicitou-se

que os participantes informassem quais são os objetivos que a instituição possui; (4)

Processo de comunicação interna – solicitou-se relatos sobre o funcionamento do

processo da comunicação interna na opinião dos membros; (5) Meu estilo de

comunicar – solicitou-se aos líderes que escolhessem a característica que melhor

define seu estilo de comunicar, considerando apenas as características definidas por

Thomas, Richmond e McCroskey (1994) que classifica o estilo de comunicação em

assertivo ou responsivo. Promoveu-se discussões em torno dos estilos selecionados

e dos desafios da comunicação de lideranças; (5.1) Estilo de Comunicação dos líderes

– solicitou-se aos colaboradores que escolhessem a característica que melhor define

o estilo de comunicação do seu líder, considerando apenas as características

definidas por Thomas, Richmond e McCroskey (1994) que classifica o estilo de

comunicação em assertivo ou responsivo. Promoveu-se discussões em torno dos

estilos selecionados e das principais dificuldades e facilitadores que percebem no

processo de comunicação dos líderes; (6) Como ofereço feedback e disponibilizo

informações – pediu-se que os líderes informassem suas preferências no momento

de oferecer feedback às suas equipes, identificando os principais canais adotados por

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eles e promovendo discussões em torno dos principais desafios; (6.1) Feedback e

acesso às informações – pediu-se que os colaboradores informassem de que forma

costumam receber feedback dos seus gestores e onde buscam informações,

identificando se os colaboradores costumam conhecer a hierarquia para buscar

informações, se isso é orientado ou se é feito de forma não organizada; (7) Canais de

comunicação interna – realizou-se um levantamento de todos os canais de

comunicação interna identificados pelos membros; (8) Sugestões – durante toda a

aplicação da atividade esse campo foi sendo preenchido pelos aplicadores, conforme

sugestões e ideias advinham do grupo, ao final da discussão, solicitou-se que os

participantes oferecessem suas sugestões individuais para o processo de

comunicação interna, informando-se que essas informações não seriam discutidas,

apenas armazenadas para posterior análise; (9) Encerramento – fechamento da

atividade e agradecimentos a todos os envolvidos, informando que após a finalização

da pesquisa todos receberão uma cópia do Resumo Executivo, por meio do qual

poderão conferir os resultados obtidos.

Seguir essa estrutura foi útil tanto para manter a organização da atividade,

como para promover as mesmas provocações nos três grupos pesquisados,

permitindo a triangulação posterior.

Conforme apresenta-se no Quadro 16, o período de realização dos grupos

focais foi de 11 de novembro a 04 de dezembro de 2019, e o tempo alocado para cada

grupo variou entre 1h15m e 1h54m. Os nomes dos sujeitos que participaram dos

grupos não serão apresentados, garantindo o sigilo da identidade dos indivíduos e

apresentando-se apenas os nomes dos grupos.

Quadro 16: Relação dos grupos focais realizados.

Grupo Data Horário Local Participantes Duração

Colaboradores Administrativos do Campus B

11/11/2019 14h Sala de Aula do Campus B

10 1h.15m.30s.

Colaboradores Administrativos do Campus A

19/11/2019 14h

Sala de Aula do Campus Sede

06 1h.54m.25s.

Colaboradores Gestores

04/12/2019 15h

Sala de Aula do Campus Sede

16 1h.38m.55s.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Com base em Silva e Russo (2019, p. 01) “entrevistas em profundidade e focus

group permitem compreender a realidade do entrevistado a partir da sua perspectiva”,

pois os dados oriundos a partir das falas dos entrevistados permitem que os

pesquisadores encontrem significados no conteúdo manifesto ou, ainda, construam

inferências a partir das análises (SILVA; RUSSO, 2019). Creswell (2014) também

aponta as entrevistas como uma forma adequada de efetuar o registro das

informações em um estudo de caso. Dessa forma, entende-se pertinente a adoção

das técnicas referidas, associadas à análise dos dados secundários para investigar

os elementos que permeiam a comunicação interna.

Os dados secundários foram obtidos por meio do Plano de Desenvolvimento

Institucional (PDI) – 2017/202111 da universidade, versão atualizada em março de

2020, por meio do qual a universidade

- Expressa sua identidade, missão e filosofia de trabalho; - Descreve sua estrutura organizacional e as atividades acadêmicas que desenvolve e pretende desenvolver; - Apresenta suas políticas e seu corpo docente e técnico-administrativo; - Define seu plano de metas para o período de cinco anos. (informação da web)12.

Os dados obtidos por meio das entrevistas, dos grupos focais e da mencionada

fonte de dados secundários foram analisados por meio da técnica de análise de

conteúdo, que é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”

(BARDIN, p. 44, 2016).

Considerando que o uso de softwares em pesquisas qualitativas permite

diminuir eventuais vieses do pesquisador, tornando os resultados mais coerentes e

confiáveis (SOUZA NETO et al., 2019), adotou-se o software MaxQDA Analytics Pro

2020 para organizar e preparar os dados, sendo posteriormente codificados por meio

das categorias de análise preliminarmente obtidas pela revisão teórica (Quadro 10), e

como considerou-se a utilização de informações emergentes dos dados coletados

(CRESWELL, 2010), também foram usadas novas categorias oriundas da coleta de

dados para o processo de codificação.

11 A referência do Plano de Desenvolvimento Institucional não será apresentada para resguardar a identidade da instituição de ensino. 12 Informações obtidas por meio do site da instituição. Acesso em: 08 de jun. 2019.

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Com relação ao software escolhido para auxiliar a análise do conteúdo

(MaxQDA), Oliveira, Bitencourt, Santos e Teixeira (2016) realizaram um estudo em

que compararam os softwares NVivo e o MaxQDA e concluíram que, de modo geral,

ambos reduzem consideravelmente o tempo necessário para execução da análise,

além de possibilitarem a aplicação de diferentes filtros que auxiliam os investigadores

na reflexividade sobre os dados. Desse modo, entende-se útil a adoção do software

referido para conferir maior credibilidade e qualidade a esta pesquisa.

Neste estudo qualitativo, a triangulação dos dados ocorre por meio de seis

entrevistas semiestruturadas, três grupos focais e dados secundários, sempre à luz

da teoria obtida por meio da revisão da literatura. Dessa forma, a triangulação permite

realizar análises mais cuidadosas, considerando diferentes fontes de informação, o

que auxilia a validar a pesquisa (DUBÉ; PARÉ, 2003).

Quadro 17: Síntese da metodologia.

Etapa Atributo Descrição

Planejamento da pesquisa, teorias e escolha do método

Natureza da pesquisa Exploratória e descritiva

Problematização da pesquisa

Desenvolvimento do problema de pesquisa e dos objetivos. Revisados ao longo da pesquisa.

Literatura de base Comunicação Interna, Canais de Comunicação e Comunicação de Liderança

Abordagem Qualitativa

Objeto de estudo Comunicação interna em uma universidade multicampi

Técnicas e Coleta de dados

Tipo de dados Primários (seis entrevistas e três grupos focais) e secundários (Plano de Desenvolvimento Institucional)

Sujeitos

Quatro integrantes do Conselho Gestor da universidade, dois colaboradores que atuam na gestão da comunicação, 16 colaboradores gestores e 16 colaboradores administrativos em diferentes funções

Critérios de seleção Representatividade institucional, funções de liderança, sorteio, contribuições para a teoria

Confiabilidade e validade

Ética na pesquisa

Participação voluntária, proteção da identidade dos participantes e da instituição, desenvolvimento de termo de consentimento livre e esclarecido aos participantes

Roteiro de entrevistas e atividades para grupos focais

Desenvolvimento de dois roteiros semiestruturados para dois diferentes grupos de entrevistados, validados por especialista. Atividades Canvas elaboradas a partir das teorias

Gravação das entrevistas

Entrevistas gravadas em áudio e transcritas

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Gravação dos grupos focais

Grupos focais gravados em áudio e vídeo e transcritos. Atividade Canvas fotografada durante a aplicação

Utilização do software para codificação e análise dos dados

MaxQDA Analytics Pro 2020

Triangulação dos dados

Dados primários (entrevistas e grupos focais), Dados secundários (PDI) e Teorias

Validade descritiva A gravação das entrevistas e dos grupos focais permite acuracidade e rigor factual dos relatos

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Creswell (2010; 2014) e Martins e Theóphilo (2009).

O Quadro 17 sintetiza o percurso metodológico adotado para a realização desta

investigação.

3.6 Fluxo da Pesquisa

No intuito de facilitar a compreensão do leitor com relação às fases que

integram a composição desse estudo, apresenta-se, na Figura 07, as etapas seguidas

na consecução desta investigação.

Figura 07: Etapas da Pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora.

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4. ANÁLISE DOS DADOS

Considerando o caráter qualitativo desta pesquisa, a análise de dados tem

como elementos centrais a combinação de códigos com categorias ou temas mais

amplos, que são apresentados por meio de gráficos, figuras e quadros de dados

(CRESWELL, 2014).

Dessa forma, com base nos dados coletados por meio da metodologia descrita

na seção 3, foi possível realizar as análises que se apresentam nesta seção. A

triangulação dos dados ocorreu durante toda a análise e é ilustrada pela Figura 08.

Figura 08: Triangulação dos dados.

Fonte: Elaborado pela autora.

A organização da apresentação das análises acompanha a mesma sequência

lógica construída durante a elaboração da revisão da literatura.

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Em consonância com um dos critérios da Ética na Pesquisa, que garantiu

proteção à identidade dos participantes, todos os nomes foram substituídos por siglas

(conforme Quadro 09) para preservar suas respectivas identidades.

4.1 A Comunicação Interna e os Objetivos de uma Organização

Considerando que o foco desta pesquisa está na comunicação interna,

entendeu-se importante iniciar as investigações buscando compreender a percepção

de todos os sujeitos investigados com relação aos objetivos da organização, pois de

acordo com Araujo, Simanski e Quevedo (2012) todos os membros exercem papel de

importância dentro do contexto organizacional, uma vez que a empresa só poderá

crescer e se manter no mercado se o público interno estiver integrado aos objetivos e

às metas organizacionais.

A revisão da literatura também permitiu averiguar que uma das contribuições

da comunicação interna é para que as organizações alcancem seus objetivos

estratégicos (ARAUJO; SIMANSKI; QUEVEDO, 2012; VERCIC; VERCIC;

SRIRAMESH, 2012; WELCH, 2012; ACUÑA; DOMÍNGUEZ; NAVARRO, 2017;

ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017).

Desse modo, verificou-se que a universidade investigada apresenta em seu

Plano de Desenvolvimento Institucional (2017-2021) os seguintes objetivos

institucionais:

tem por objetivo geral promover o desenvolvimento da filosofia, da cultura, da educação, da ciência, da tecnologia, das letras e das artes, visando ao bem-estar e à valorização do homem. Para tanto, são objetivos específicos da Instituição, conforme prevê o seu Estatuto:

- Desenvolver a cultura por meio da educação, para oportunizar a formação indispensável ao exercício da cidadania e proporcionar meios que favoreçam a continuação de estudos e o progresso pelo trabalho;

- Promover a cultura por meio do ensino, nos diferentes níveis, a pesquisa e a extensão, nas diversas áreas e modalidades do conhecimento humano;

- Formar cidadãos responsáveis que busquem soluções democráticas para os problemas econômicos e sociais;

- Qualificar recursos humanos nos diferentes campos do conhecimento;

- Integrar-se à vida regional pela cultura, por meio do ensino, pesquisa, extensão, prestando serviços à comunidade;

- Resgatar os elementos histórico-culturais, priorizando os da sua área de influência direta;

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- Promover a preservação do meio ambiente, por meio de programas e convênios específicos;

- Atuar na educação superior e na educação básica (PDI, 2017-2021).

No Gráfico 01 apresentam-se todas as palavras lembradas pelos participantes

dos grupos focais quando solicitou-se que eles elencassem os objetivos da instituição.

Gráfico 01: Objetivos da universidade com base na rodada de post its nos grupos focais.

Fonte: Dados da pesquisa.

Portanto, quanto ao objetivo geral da instituição de promover o

desenvolvimento da filosofia, da cultura, da educação, da ciência, da tecnologia, das

letras e das artes, visando ao bem-estar e à valorização do homem, observa-se que

foram lembradas questões como Cidadania, Desenvolver Tecnologias,

Estudo/Educação, Melhorar a Sociedade, Pesquisa, Pluralidade de Ideias e

Transformar.

Nas palavras do AS03,

é claro que, quando se fala em uma universidade, a primeira coisa que vem à cabeça de todos é ensino, aprender algo, aprender uma técnica para exercer algum tipo de profissão e algo de ciência também. [...] Eu acho uma pena a falta do estudo de filosofia, por exemplo, poderia ser outro assunto que tangenciasse aí pela filosofia, porque a filosofia faz pensar. Faz pensar o que? Faz pensar também sobre a vida, né. [...] Então, o ensinamento da filosofia, faria pensar por esse lado e colocaria até mesmo em escolas, por exemplo, lá no ensino fundamental. [...] É algo que acho de absoluta importância, seria um ensinamento também diante desse ensinamento da vida.

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Nesse sentido, observa-se que o desenvolvimento da filosofia e de assuntos

que tangenciam seu campo de conhecimento foi considerado de “absoluta

importância” por um membro da Administração Superior (AS03), no entanto, não foi

percebido por este membro como algo priorizado pela instituição por meio do estudo.

Com relação ao objetivo de desenvolver a cultura por meio da educação, para

oportunizar a formação indispensável ao exercício da cidadania e proporcionar meios

que favoreçam a continuação de estudos e o progresso pelo trabalho, identifica-se

Cidadania, Ensino, Estudo/Educação, Formação/Capacitação e Profissão como

palavras elencadas pelos participantes dos grupos focais que relacionam-se a este

objetivo específico institucional.

O Conhecimento, o Ensino, a Extensão e a Pesquisa também estão

relacionados ao objetivo específico de promover a cultura por meio do ensino, nos

diferentes níveis, a pesquisa e a extensão, nas diversas áreas e modalidades do

conhecimento humano.

Cidadania, Comprometimento, Desenvolver Tecnologias, Formação/

Capacitação, Melhorar a Sociedade e Transformação, por sua vez, relacionam-se ao

objetivo específico de formar cidadãos responsáveis que busquem soluções

democráticas para os problemas econômicos e sociais.

Ao objetivo específico de qualificar recursos humanos nos diferentes campos

do conhecimento, relaciona-se a Qualidade/Excelência, que foi bastante evidenciada

pelos Colaboradores Gestores (23%) e pelos Colaboradores participantes do Campus

B (29%). Para o GC01 a universidade precisa “oferecer o melhor serviço e a melhor

forma de proporcionar pro aluno a formação dele”. Nas palavras do AS02, um dos

objetivos da instituição é

a excelência acadêmica, em todos os níveis. Isso, para nós, está acima de qualquer coisa. E para eu ter excelência acadêmica eu tenho um conjunto de outros caminhos que vão, obviamente, pela comunidade, a inserção na comunidade, o reconhecimento da comunidade em relação à excelência.

Essa fala também está relacionada ao objetivo de integrar-se à vida regional

pela cultura, por meio do ensino, pesquisa, extensão, prestando serviços à

comunidade. Nesse sentido, a relação da universidade com a comunidade é um

aspecto bastante presente nas percepções dos sujeitos entrevistados em todos os

níveis. Entre as palavras elencadas pelos participantes dos grupos focais, relacionam-

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se a este objetivo: Comunidade, Conectar, Ensino, Extensão, Melhorar a Sociedade

e Pesquisa.

O entrevistado AS03 corrobora esse entendimento quando afirma: “eu não

consigo, por exemplo, ver uma universidade sem estar inserida na sua região, na

comunidade. Eu não consigo ver de outra maneira!”. Segundo AS01,

a universidade tem aquela missão clássica, precípua à toda instituição de ensino superior, especialmente a comunitária, que dá esse retorno social aos problemas que emergem da sociedade, dando uma contribuição na formação profissional focada nas necessidades que tem a região.

Percepção corroborada por GC02, quando afirma que a instituição “é uma

universidade comunitária, que preza muito pelas questões éticas, pela diversidade e

pelo envolvimento comunitário, incluindo as regiões de entorno”.

Com relação aos objetivos específicos de resgatar os elementos histórico-

culturais, priorizando os da sua área de influência direta e de promover a preservação

do meio ambiente, por meio de programas e convênios específicos, não houve

relações diretas, embora entenda-se que são objetivos relacionados, por exemplo, à

Extensão, elencada por 4% dos Colaboradores Gestores e por 11% dos

Colaboradores participantes do Campus A.

Por fim, o objetivo específico de atuar na educação superior e na educação

básica fica bastante evidenciado por palavras como Ensino, Estudo/Educação e

Formação/Capacitação, predominantemente lembradas em função da atuação no

âmbito da educação superior.

De modo geral, portanto, os sujeitos investigados possuem percepções que

relacionam-se aos objetivos oficiais da instituição, em maior (integração com a

comunidade) ou menor (resgate de elementos histórico-culturais e preservação do

meio ambiente) grau.

A Figura 09 apresenta os registros fotográficos do quadrante do Canvas

relacionado aos Objetivos nos três grupos focais.

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Figura 09: Objetivos da universidade na percepção dos Colaboradores Gestores (A) e Administrativos do Campus A (B) e do Campus B (C).

Fonte: Dados da pesquisa.

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A Figura 10 mostra que Ensino, Formação, Pesquisa, Conhecimento e

Inovação são percebidos por ambos os grupos de colaboradores como objetivos da

universidade. Havendo, também, elementos que figuram na percepção de um grupo

e não aparecem na de outro.

Figura 10: Comparação entre os objetivos elencados pelos colaboradores administrativos do Campus A e B (rodada de post its).

Fonte: Dados da pesquisa.

Já a Figura 11 une as percepções desses dois grupos de colaboradores

administrativos e as apresenta em forma de nuvem de palavras, ao lado da nuvem de

palavras gerada a partir das respostas dos colaboradores gestores.

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Figura 11: Objetivos da universidade na percepção dos colaboradores administrativos dos Campi A e B (A) e dos colaboradores gestores (B).

Fonte: Dados da pesquisa.

Sendo assim, também foi possível observar alinhamento entre a percepção dos

colaboradores administrativos e dos colaboradores gestores com relação aos

objetivos da universidade, destacando-se a qualidade/excelência, a pesquisa, o

ensino e conhecimento como objetivos a serem perseguidos que foram bastante

evidenciados pelos participantes.

Entre os colaboradores participantes do Campus A, o Ensino foi lembrado por

17% deles e por 22% dos participantes do Campus B. A Pesquisa, por sua vez, figurou

como objetivo para os três grupos: 10% dos gestores, 17% dos colaboradores

participantes do Campus A e 7% do Campus B. Embora palavras relacionadas, como

Formação, Estudo, Conhecimento tenham sido mencionadas, optou-se por não

unifica-las a outros objetivos, oferecendo ao leitor a totalidade dos resultados obtidos

por meio da rodada de post its.

A B

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Quando a discussão em torno do assunto iniciou, algumas percepções foram

observadas. De acordo com o CA03, quando fala-se nos objetivos mais evidentes ele

refere-se a algo

mais ligado à formação, extensão e pesquisa, que são focos da instituição e aí, logicamente, tem alguns que são secundários ou estão correlacionados a esse principal alvo, ao que a gente tem de objetivo principal.

O participante CA02 acha que

hoje a gente tem muito forte a questão da inovação, né? A extensão, a comunidade, que fazem parte desse momento nosso. Nosso entorno, né? É claro, se a gente voltar no tempo, o ensino vai ser o carro chefe que vai conduzir outros processos ali na sequência. No primeiro momento era o ensino, hoje não é que o ensino deixou de ser importante, mas tem algumas coisas ali, a inovação, principalmente, preocupação com a comunidade, hoje, neste momento, neste período, acaba ganhando uma relevância muito importante.

Uma percepção que é corroborada pela fala do CB07, quando diz

que hoje o nosso cliente ta exigindo muito isso da gente, da instituição em si... essa inovação, essa internacionalização, pesquisa, outros fatores, eu acho que os nossos clientes estão exigindo que a gente esteja buscando isso, e eu acho que a universidade é bem forte nesses três itens.

A inovação foi mencionada por pelo menos um participante de cada grupo focal

durante a realização da etapa de post its, podendo-se entender que é algo percebido

por colaboradores de todos os níveis e em diferentes campi.

Também foi evidenciada por um membro da Administração Superior, quando

AS04 afirma que a “missão é fazer com que a universidade continue crescendo com

desenvolvimento, atrelada, especialmente, à inovação vinculada a todas as áreas e a

todas as atividades”.

Nas palavras de CB07, a inovação pode ser percebida pela “própria maneira

de ensinar eu acho, as próprias metodologias de ensino”. Uma fala corroborada pelo

CB05, que afirma perceber a inovação por meio das

mudanças na forma de ensino. Hoje eles estão buscando não mais aquele ensino tradicional, com um aluno sentandinho atrás do outro. Estão buscando salas com ambientes diferenciados, então eu acredito que em tudo isso ta englobado.

Nesse sentido, o CA02 também consegue perceber mudanças que culminam

em inovação, segundo o participante, ela é percebida “quando você redesenha

processos, quando você cria novos processos”, e exemplifica:

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A área acadêmica passou por mudanças muito significativas, tanto de localização física, quanto de sistemas, para que o aluno, hoje, nesse mundo conectado, ganhe liberdade, ganhe, assim, a autonomia de conduzir sozinho tudo aquilo que ele precisa, sem precisar necessariamente vir aqui ou recorrer a intermediários (CA02).

Uma fala que recebeu acolhimento na percepção do participante CA03, que

associa a necessidade de inovação às transformações sociais e às necessidades

oriundas do ambiente externo.

Hoje a instituição tem que se adaptar, e aí isso bate com o que o CA02 falou em relação à gente ter que inovar sempre porque hoje em dia a concorrência é muito maior, a gente tem que correr muito mais atrás e a gente tem que ter muito mais atrativos. Se tu pegar uma realidade de 20, 30 anos atrás, teoricamente, com o ensino, com os professores que a gente tem e com o trabalho que é feito, isso bastava. Hoje já não. Hoje, tanto pela inovação, pelas novas tecnologias, pelo modo de pensar das pessoas que mudou, hoje a gente tem uma geração que já não entra na cabeça tu ficar em sala de aula cinco dias por semana, toda noite ou, às vezes, por período integral. Então, hoje, a gente extrapolou isso de uma forma que o conhecimento ta em todo lugar porque a pessoa ta com um tablet, ta com um celular, ta com um aplicativo, então, ela ta cercada de vários elementos que ajudam ela a aprender e a fazer isso. E a instituição tem que ajudar ela a fazer isso, senão ela fica pra trás e acaba sendo sufocada. Então, acho que nesse momento o principal que o CA02 marcou da inovação é isso: que o cenário mudou, a gente vai ter que botar inovação, às vezes, até acima de coisas que já eram mais estruturadas como o ensino, a pesquisa e a extensão, tu vai ter que inovar tudo, redesenhar muitos processos pra tu se adaptar a esse mundo novo (CA03).

Considerando essa questão de redesenhar processos, para o CB04, “foi uma

inovação trazer as escolas do conhecimento como escolas, que antes eram por

áreas”, evidenciando-se também como uma melhoria percebida, quando o CB07 diz

“É, e essa integração que tem entre as escolas, que ta bem forte, eu acho que isso é

uma inovação”. O participante CB08 complementa: “aquilo que a gente falou antes da

internacionalização, também ta relacionado com inovação, porque é uma inovação da

universidade você fazer uma graduação com dupla titulação”.

Desse modo, é possível verificar que muitos participantes externalizaram

compreensão dos objetivos principais, mencionados como sendo ensino, pesquisa e

extensão, mas compreendem que o ‘momento’ vivido pela instituição exige que outros

objetivos sejam considerados, muitas vezes até se sobrepondo ao que seria a

essência da universidade.

Esse fato ficou bastante presente nas falas dos membros da administração

superior e dos colaboradores gestores. Conforme observa-se na Figura 12, entre

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esses dois grupos, os objetivos percebidos predominaram em áreas relacionadas à

gestão e à sobrevivência da instituição. Objetivos como Gestão Transparente,

Governança e Gestão, Implementar Planejamentos e Equilíbrio Financeiro figuraram

nas falas desses grupos, com destaque para a questão do equilíbrio financeiro,

percebido como objetivo da universidade para participantes gestores e por três dos

quatro membros entrevistados da administração superior.

Figura 12: Relações do Código “Objetivos” após categorização dos dados oriundos dos grupos colaboradores gestores e administração superior.

Fonte: Dados da pesquisa.

Algumas falas corroboram essa percepção já identificada nos colaboradores

administrativos do Campus A de que a questão financeira acaba por sobrepor-se a

outros assuntos institucionais, conforme verifica-se na Figura 13.

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Figura 13: Percepções dos sujeitos relacionadas ao equilíbrio financeiro da instituição.

Fonte: Dados da pesquisa.

Por meio das percepções apresentadas, nota-se, também, que os membros

relacionam a questão do equilíbrio financeiro a outro objetivo: implementar os

planejamentos da instituição.

Em outra fala, o entrevistado AS02 percebe que mesmo direcionando o foco

para questões financeiras, a missão da universidade não deixa de ser cumprida.

Então eu vejo que mesmo com todas essas dificuldades que a gente tem enfrentado, a missão ela é sempre... ela está sendo cumprida. E ela acaba estando presente nos colaboradores, muito mais do que a “missão sobrevivência”, digamos assim né?! Mas a missão da Fundação, ou aquela atenção à comunidade, o porque ela existe, a importância que a Universidade tem na comunidade local onde ela está inserida, principalmente na região de [suprimido] (AS02).

Quando observa-se a Figura 14, que apresenta uma nuvem de palavras

geradas a partir da categorização das entrevistas com membros da administração

superior, verifica-se que entre os membros deste grupo, de fato, surgem elementos

que figuram como objetivos muito mais voltados às questões econômico-financeiras.

Em alinhamento com as percepções dos demais colaboradores, também figuram

elementos como Excelência Acadêmica, Qualidade de Ensino, Comunidade e Retorno

Social.

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Figura 14: Objetivos e Missão da instituição na percepção da administração superior.

Fonte: Dados da pesquisa.

Sendo assim, considerando que a comunicação dentro das organizações

adquiriu, nos últimos anos, grande importância, especialmente por contribuir para o

alcance dos objetivos da organização e, assim, fortalecer a gestão da informação

como estratégia de posicionamento no mercado (ARMIJOS-BUITRÓN, COSTA-RUIZ

E PALADINES-BENÍTEZ, 2017), evidencia-se a relevância de se ter muito claro quais

são os objetivos da organização, tanto quanto fazer com que essa informação seja de

conhecimento de todos os membros da instituição.

Considerando os dados coletados pelos post its e as discussões, observa-se

que os colaboradores administrativos percebem a qualidade/excelência, a inovação e

a inserção na comunidade como elementos predominantes entre os objetivos da

instituição, ainda que reconheçam o ensino, a pesquisa e extensão como objetivos

primeiros, já consolidados.

No grupo gestão da comunicação, a qualidade fica evidenciada como um

objetivo importante da instituição:

É oferecer o melhor serviço e a melhor forma de proporcionar pro aluno a formação dele [...] eu penso que é isso, assim, é você proporcionar meios e o ambiente, tudo propício para que o aluno consiga se formar e ter um bom futuro profissional, né?! Então vai em vários passinhos, assim... É proporcionar o ambiente, proporcionar o estudo, bons professores... e de repente até auxiliar a traçar esse caminho profissional dele quando ele se graduar (GC01).

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Também se evidenciou, neste grupo, a relação entre os objetivos com a

implementação dos planejamentos da universidade. De acordo com o GC02, os

objetivos da universidade “estão divididos em macro programas, [...] eles estão

definidos em macro programas, em grandes áreas e dentro dessas áreas nós temos

os projetos estratégicos”.

Por fim, entre o grupo dos colaboradores gestores e da administração superior

observa-se a preocupação com a situação financeira da universidade e suas relações

com a comunidade como elementos predominantes entre o que é considerado

objetivo da instituição.

Portanto, ao comparar os objetivos apresentados no Plano de Desenvolvimento

Institucional da universidade (que acompanha os objetivos presentes no Estatuto da

instituição), com os percebidos pelos colaboradores, nota-se que os objetivos oficiais

estão voltados para uma visão geral, que poderia se aplicar a qualquer instituição do

mesmo segmento, enquanto que os colaboradores percebem os objetivos de forma

mais específica e atrelada ao momento da instituição e às transformações de cenários.

Ainda assim, em geral, as percepções mantêm vínculos com os objetivos

oficiais em função da essência da organização, alicerçada no tripé ensino – pesquisa

– extensão, e em seu caráter comunitário, que remete aos colaboradores, gestores,

comunicadores e membros da administração superior o objetivo de inserção na

comunidade.

Essa discussão se fez importante porque, de acordo com Acuña, Domínguez e

Navarro (2017), a comunicação é um elemento chave para sustentar e articular o

restante das estratégias da empresa, promovendo coesão em suas estruturas internas

para contribuir com o alcance dos objetivos concretos. Sendo assim, é importante que

os colaboradores estejam conscientes e alinhados quanto aos objetivos que a

organização almeja atingir e, segundo Araujo, Simanski e Quevedo (2012), é a

comunicação que pode unir diferentes setores da empresa para proporcionar

condições de trabalhos coordenados que permitam que os objetivos da empresa

sejam alcançados.

4.2 Processo de Comunicação Interna

A universidade investigada tem definida, na sua política, uma comunicação

interna classificada como sistemática (PDI, 2017-2020). De acordo com Blikstein,

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Alves e Gomes (2004), as informações produzidas ou recebidas dentro de uma

organização não devem circular ‘soltas’ ou de modo caótico, mas precisam estar

sujeitas a uma estrutura de hierarquia, cargos e funções.

Para esses autores, no campo da comunicação interna existem fluxos de

informações descendentes, que são do nível superior para o nível do subordinado,

fluxos ascendentes, do nível do subordinado para o nível superior, e os fluxos

horizontais, que ocorrem entre pessoas do mesmo nível hierárquico (BLIKSTEIN;

ALVES; GOMES, 2004).

Nesse sentido, foi possível identificar percepções relacionadas a esses fluxos

no contexto da universidade. O fluxo descendente é o que, nas palavras do AS01,

parece ser o fluxo oficial na instituição, ainda que não esteja oferecendo os resultados

esperados, conforme relato deste entrevistado.

Eu acho que a gente tem que, em primeiro lugar, fazer uma análise profunda do fluxo, como se dá hoje a comunicação. Hoje a gente tem uma estrutura que é composta pela gestão superior, por uma gestão também mais ampla que envolve todos os diretores de escola e lá na ponta ficam os coordenadores de curso, os docentes e os alunos, né?! O fluxo, normalmente, é aquele fluxo por camadas, ou seja, é decidido alguma coisa na gestão superior e isso é repassado para os diretores, que por sua vez vão multiplicando a comunicação. A prática tem mostrado que isso não é viável, não é eficiente. A comunicação não chega, ou se chega, ela chega falha lá na ponta, então acho que a gente tem que rever esse fluxo, que os nossos canais de comunicação têm que ser revistos (AS01).

Entre colaboradores administrativos, o fluxo descendente também é percebido,

quando o CA03 diz “eu acho que a comunicação é muito de cima pra baixo”. Embora

membros da administração superior relatem dificuldades para efetivar o processo de

comunicação com a ‘ponta’, colaboradores administrativos, do mesmo modo, relatam

dificuldades para estabelecer comunicação da ‘ponta’ para a administração superior.

Desse modo, nota-se que o fluxo ascendente é percebido como um fluxo que

apresenta dificuldades para ser implementado.

Eu acho que a comunicação é muito de cima pra baixo, eu acho que o inverso a gente acaba tendo problema, a gente não tem um canal oficial e tão claro pra isso acontecer. Eu acredito que talvez o único meio que a gente tenha é o e-mail e aí não é um processo tão bem definido, porque eu vou mandar um e-mail pra quem? Então o que eu vejo é que falta essa comunicação lá da ponta pro chefe imediato ou do chefe pro chefe imediato, ou até para um gestor de alto nível que domine aquela área. Então, acho que a gente não tem nenhum processo de comunicação definido em relação a isso (CA03).

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Por fim, o fluxo horizontal também figurou nas falas dos participantes, sendo

identificado, também, como um fluxo que não está bem estabelecido na instituição e

que impacta de forma negativa o processo de comunicação interna.

Eu acho que horizontalmente né? Passar pelos vários setores, várias

áreas né? Talvez de cima pra baixo vá bem. De baixo pra cima talvez

funcione numa área. Mas a questão da horizontalidade, ali, com os

outros, daí eu acho que peca mais (CA02).

Eu acho que a integração entre os setores dificulta isso. Assim, oh: a secretaria de graduação é a secretaria de graduação, secretaria de pós-graduação é a secretaria de pós-graduação, então ta tudo muito assim, na sua caixinha, sabe? Eu acho que isso também da um pouco dessa travada de comunicação (CB07).

Nesse sentido, também na administração superior a falta de coletividade é

percebida como um elemento que prejudica o processo de comunicação interna na

universidade.

Eu posso dizer o que eu percebo andando pelos corredores, conversando com alunos, com professores e com gestores: é um dos grandes problemas que nós temos, eu colocaria dentro daquela coluna dos maiores: a comunicação, a falta de conversa, da informação, ou seja, as pessoas trabalham, continuam trabalhando de maneira isolada. Às vezes não fazem por mal, porque já é uma cultura, e tem um detalhe: quando não pensam no coletivo, quer dizer, quando não se coloca como objetivo maior a instituição em primeiro lugar. Isso acontece com frequência. [...] Hoje em dia nós temos uma grande carência do espírito de coletividade e, dada a inovação, flexibilidade, então, há muita falta, sim, de informação, de comunicação, os setores ainda não se conversam como deveriam. Aí o professor não interage como deveria com o aluno, e o coordenador com seus professores e alunos e etc., e aí vem a direção de escola, e aí direção de escola vem vice-reitorias e aí vem todas as diretorias e todos os segmentos. Então, e aí eu percebo que os resultados negativos, ou quando precisa refazer isso ou dar alguma explicação é porque houve falta de comunicação, não houve as devidas conversas com os vários segmentos para dizer "bom, as ideias estão alinhadas? Sim. É isso que nós queremos? Sim ou não. Ah, então vamos corrigir, ok. Vamos então: todos acham que é isso que devemos implementar? Nesse momento sim" (AS03).

Acuña, Domínguez e Navarro (2017) afirmam que quando o fluxo de

comunicação é focado nos aspectos mais profundos da empresa, haverá uma

estrutura de ação interna própria, mas que precisa coincidir com os objetivos e

propósitos da comunicação externa, abrangendo, dessa forma, todo o espectro de

ação comunicativa disponível. Esse entendimento é corroborado pelos membros da

Gestão da Comunicação da universidade. Para o GC01,

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a comunicação dentro de uma instituição vai ser sempre dividida em alguns segmentos. Então vamos ter aqueles que vão falar “a gente tem que ver quem são os nossos stakeholders” e daí filtrar. [...] Então o papel da comunicação nesse sentido é de alguma forma conseguir mostrar pro aluno que a universidade é o melhor, a melhor escolha pra ele. Então, acho que é mais nesse sentido que a comunicação trabalha. Eu, hoje, se eu falar pra ti, ah, comunicação interna, a gente vai falar com nosso funcionário, que de repente também tem um papel muito importante, porque a comunicação com o funcionário é engajá-lo, é fazer com que ele vista a camisa da empresa e também, ela vai pegar na outra ponta, que é o aluno, né? Então assim, os funcionários estando satisfeitos, entendendo a missão da empresa e o que que ela precisa proporcionar, também vai atingir ali o [...] aluno. Então a comunicação, ela tem um papel importante nesses dois sentidos, a comunicação que vai falar, a externa, que vai falar com o nosso cliente final, ela vai talvez ser o divisor de águas ali onde ele vai “opa! Eu entendi que é aqui que eu quero estar”, então ela precisa saber vender o serviço e produto ‘Universidade’, e a comunicação interna, que é o colaborador entender o que a universidade oferece, o que traz pro aluno, o que representa, vestir a camisa e engajar pra oferecer o melhor serviço (GC01).

O entrevistado GC02 também relaciona a comunicação interna para o alcance

dos objetivos da comunicação externa. Segundo o entrevistado,

[...] a gente trabalha aqui, digamos, com cinco grandes produtos, um não sai sem levar o outro. Então se eu to fazendo um material da pós-graduação de alguma forma eu levo que tem desconto na Escola de Idiomas. Se eu to fazendo um material pro Colégio, de alguma forma eu levo a graduação e pós-graduação, é, se eu to na graduação eu to levando atributos da pós, então a gente precisou em vários momentos reforçar quem que nós somos a partir da caracterização nova que se deu em termos de uma universidade diferente, então hoje atributos como inovação, eles são muito fortes na nossa comunicação, é, transformação, eles são muito... ele é um atributo forte porque a gente tem que passar essa coisa de que a gente realmente tá mudando e mostrar como a gente tá mudando e agora a gente tem trabalhado também junto com as nossas campanhas de comunicação a questão do pertencimento também, então, na campanha nova da graduação, por exemplo, a gente levou a campanha pra rua, trabalhando com "seja seletivo" que tem tudo a ver com posicionamento de qualidade, o nosso posicionamento, claro que a gente trabalha com as bolsas porque a gente precisa concorrer em preço mas nosso posicionamento é qualidade e pro interno a gente trouxe a questão do pertencimento, então se você ver, hoje, aqui dentro tem uma linguagem casada com a linguagem externa, então quando a gente diz que nós somos transformação, nós somos movidos pelo conhecimento, quem tá transformando? É quem tá aqui dentro, então aqui dentro a gente trabalha com essas frases e lá fora a gente mostra o que que essa transformação tá gerando, então a gente tem trabalhado muito dessa forma e não trabalha a comunicação isolada (GC02).

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É interessante observar como os atributos mencionados pelo GC02, como

inovação e transformação, também foram elementos presentes nas percepções dos

colaboradores administrativos, quando mencionaram os objetivos da universidade,

demonstrando que esse posicionamento de comunicação tem sido percebido pelo

público interno.

Ainda com relação à contribuição que o processo de comunicação interna

oferece para a comunicação externa, o GC01 afirma que

Sem dúvida a comunicação interna contribui porque quando todo mundo entende a missão da empresa, quando todo mundo fala a mesma língua, quando há uma comunicação efetiva e, de fato, não há aqueles ruídos, assim... “ah, eu não dei disso, eu não sei daquilo, fala com fulano, fala com ciclano”... Você consegue oferecer pra ponta, pro cliente final, uma coisa melhor. Um melhor atendimento, um melhor... como que eu vou te dizer? Mostrar que a universidade é, de fato, a melhor escolha que ele fez. Então eu acho que funcionários bem integrados com missão, visão e valores da empresa, eles vão saber lidar melhor com o cliente final.

Entende-se, portanto, que os membros do grupo gestão da comunicação estão

alinhados com o entendimento postulado por Acuña, Domínguez e Navarro (2017), e

corroboram a ideia de que a estrutura de comunicação interna precisa coincidir com

os objetivos e propósitos da comunicação externa.

Mesmo assim, para o GC02, o processo com os colaboradores precisa ser

melhorado, ultrapassando a comunicação e promovendo engajamento e participação

ativa do colaborador. Segundo GC02,

com os funcionários acho que a gente precisa caminhar mais, um pouco mais. Mas, de novo, não concordo com a estratégia informacional, porque é fácil informar, se faz um newsletter, se faz isso, faz aquilo, mas será que é isso? Eu acho que não é. Acho que comunicação interna é uma coisa bem diferente, a gente tem que ter uma pegada mais de endomarketing. [...] Existe hoje um plano formatado de como mudar a comunicação? Não. Existem ações que estão lá no RH, existem ações que estão aqui, existem ações que estão lá nas direções... existem, mas está tudo muito... todo mundo fazendo, mas assim, olha, será que é isso? Então do ponto de vista de comunicação eu faria uma grande pesquisa pra que a gente pudesse entender e talvez ser um pouco mais assertivo.

Nesse sentido, a presente investigação também pode ser útil para auxiliar os

gestores da comunicação a compreenderem melhor as percepções de diferentes

atores da organização quanto à comunicação interna.

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De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (2017-2021) da

universidade, “a comunicação interna se realiza por meio da divulgação de

informações de forma efetiva e dinâmica aos colaboradores” (PDI, p. 172, 2017-2021).

Considerando essa caracterização de um processo efetivo e dinâmico que a

instituição emprega para definir sua comunicação interna, observa-se que por meio

da rodada de post its, em que colaboradores manifestaram suas percepções

individuais, emergiram dos grupos focais diferentes percepções em torno deste

processo na universidade, conforme apresentam-se nas Figuras 15 e 16.

Figura 15: Nuvem de palavras com as percepções dos colaboradores administrativos dos Campi A e B sobre a comunicação interna da universidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre os colaboradores administrativos, apesar de apontarem algumas

percepções positivas, como Excelente, Objetivo, Bom e Eficiente, definições como

Razoável/Regular, Deficiente e que Necessita de Treinamentos apareceram com

maior frequência.

Entre os colaboradores gestores foram menores as percepções associadas a

atributos positivos, destacando-se que a comunicação interna Precisa Melhorar e

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figurando, também, a Necessidade de Treinamentos – apontada por colaboradores

administrativos – entre as percepções dos gestores.

Figura 16: Nuvem de palavras com as percepções dos colaboradores gestores sobre a comunicação interna da universidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

A necessidade de melhorar o processo de comunicação interna da

universidade é um aspecto presente, também, nas percepções dos membros da

administração superior.

Quando questionou-se o AS01 se a comunicação interna é implementada de

forma estratégica na instituição, ele afirma:

Não. Eu não acredito nisso. Eu sou extremamente crítico ao nosso processo de comunicação. Tenho sido bem chato, inclusive, nesse aspecto. Eu acho que os informativos, as notícias, o que acontece, as regulamentações, elas não chegam na ponta como deveriam, né?! Quem tá na ponta são os nossos professores e os nossos alunos e eles acabam não recebendo a comunicação de uma maneira rápida, direta e completa. Eu acho que é bastante falho o nosso processo (AS01).

Nesse sentido, o AS02 discorda que não esteja sendo implementada de forma

estratégica, mas concorda que não é um processo eficiente.

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Ela é estratégica, mas isso não quer dizer que ela está sendo eficiente. Estratégica é! Eu vejo que a intenção de todos aqueles que trabalham com comunicação é atingir, da melhor forma, e conseguir comunicar o que realmente se pretende. Mas a nossa comunicação, principalmente interna, ela ainda não é eficiente e eficaz, ela precisa ser melhorada (AS02).

Ao que indica a percepção do AS04, trata-se de um problema comum a todas

as organizações e presente na instituição há muito tempo.

A comunicação, a meu ver, é um gargalo, né? Em quase todas as corporações. Desde que eu estou na universidade eu ouço falar de que nós temos problemas de comunicação. Se conversa com outras instituições, é queixa de comunicação. Aqui se implantou uma estratégia diferenciada, já há muito tempo, que se fosse colocada em prática evitaria muito essa questão da falha de comunicação, que é a gestão participativa. Nós estamos tentando implementar, efetivamente, essa gestão participativa onde as decisões, elas são compartilhadas de uma forma ágil, de uma forma, digamos, até salutar, e que chegue lá na ponta. O problema é que muitas vezes as questões chegam na ponta de forma distorcida, porque você não tem uma unanimidade dentro da corporação, no caso, dentro da instituição. Então o que era pra ser “A” acaba chegando lá na ponta “C”. Então esse é um problema sério que nós temos (AS04).

Um dos motivos que poderia explicar essa distorção da informação mencionada

por AS04, é percebida pelo AS02 como sendo a existência de uma rede informal de

comunicação.

Nós temos a comunicação formal e a informal. Em alguns momentos a informal, ela vai muito mais rápido do que a formal. E na ânsia, talvez, de melhor discutir ou por entender que todos vão recepcionar aquela comunicação da mesma forma, se tem uma comunicação formal. Só que a informal, como ela foi mais rápida, ela acaba fazendo com que as pessoas tenham interpretações diferentes da comunicação formal. E eu penso que é isso que a gente precisa, ainda, trabalhar bastante e melhorar bastante na instituição. E isso pelo tamanho da instituição, né?! É muita gente, são muitos setores, são muitos campi. Então isso dificulta bastante a gestão da comunicação, principalmente da comunicação interna (AS02).

Esta percepção do AS02 ratifica os achados na literatura, uma vez que Araujo,

Simanski e Quevedo (2012) afirmam que a comunicação informal ou de boatos

costuma ser mais rápida e, também, mais difícil de ser controlada, em comparação

aos fluxos formais de comunicação.

No entendimento do AS03, “a comunicação lá na ponta, ela teria que chegar

quando o assunto já estiver bem discutido”, o que pode apontar para uma maior

necessidade de tempo quando comparado a um fluxo informal de comunicação que

ocorre de forma espontânea. Por outro lado, a fala de AS03 também evidencia um

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cuidado para evitar os ruídos ou as distorções. Outro cuidado a ser tomado, nas

palavras de AS02, seria com a presunção de que todos possuem o mesmo grau de

entendimento sobre o assunto, segundo o entrevistado “ah... quem está no meu ciclo

conhece, então a gente entende que a ponta vai conhecer também e a ponta não

conhece” (AS02).

Essa dificuldade que os membros da administração superior percebem de fazer

com que a informação chegue até a ‘Ponta’ também foi bastante evidenciada nas

percepções dos colaboradores administrativos do Campus B. Por meio da Figura 17,

em que apresenta-se como se deu a distribuição do código ‘Ponta’, percebe-se os

grupos que manifestaram percepções sobre o assunto, sendo mais frequente nas

falas dos entrevistados AS01 e AS02 e de participantes do grupo focal do Campus B.

Figura 17: Modelo de distribuição do código “Ponta”.

Fonte: Dados da pesquisa.

O participante CB04 afirma “eu acho que as coisas chegam atrasadas pra

gente” e exemplifica:

Como por exemplo a questão da dupla titulação. Eu acabei de receber um e-mail dos editais, que já estão com as inscrições abertas, mas a gente não sabe ainda. Eu vou ter que ler o edital e na semana que vem só é que a gente vai ter um treinamento falando sobre isso, então muitas vezes o cliente de fora vem nos questionar e tu, às vezes, não tem a resposta pra dar pra ele. Então eu sei que ta acontecendo, mas as coisas dentro da instituição ainda não ta tudo certinho pra

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acontecer. [...] Às vezes a gente aprende, vai sabendo das coisas no susto, porque ta ali pra resolver (CB04).

O CB10 também compartilha o sentimento de desinformação: “eu fiquei

sabendo dessa ‘internacionalidade’ através de um colega de trabalho e hoje eu recebi

um e-mail falando disso, então eu nem tava sabendo”.

O participante CB03 cita outro exemplo: “com relação ao sistema, a migração

de sistema, dos processos, a gente descobre que alguma coisa mudou quando a

gente chega pra entrar e já não ta mais ali. E ninguém é avisado”. E o CB05

complementa: “E daí tu vai vasculhando, procurando, pra poder encontrar”.

Ainda demonstrando outras evidências de que as informações não têm

chegado até os colaboradores, o CB03 cita outro exemplo que vivenciou:

É que nem, por exemplo, uma coisa simples do nosso dia a dia: setor de estágios agora é Universidade Carreiras. Ninguém falou pra gente que existia o Universidade Carreiras. A gente descobriu porque a gente recebe o malote do Estágio de volta e daí estava escrito “Universidade Carreiras”, e daí a gente: “oh, o que que é isso?” Foi assim que a gente descobriu o setor.

Esse tipo de relato aponta para um aspecto que merece atenção,

especialmente ao considerar o potencial que a comunicação interna possui de motivar

os colaboradores e, assim, criar valor à empresa (VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH,

2012). De acordo com Araujo, Simanski e Quevedo (2012), a comunicação interna

também é responsável por manter os funcionários informados e, para isso, é

necessário que a organização antecipe respostas às expectativas dos colaboradores,

fato que diminui os conflitos e maximiza a possibilidade de obter soluções preventivas.

Por meio dos relatos apresentados, evidencia-se que essa antecipação de

informações não tem sido percebida por colaboradores administrativos fora do

campus sede, o que, por consequência, pode gerar conflitos (ARAUJO; SIMANSK;

QUEVEDO, 2012) e desmotivação (VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012).

Por outro lado, colaboradores gestores, que encontram-se em outro nível

hierárquico, não compartilham dessa mesma percepção. Pelo contrário,

demonstraram estarem satisfeitos com as informações que têm recebido da

administração superior, figurando como um aspecto que foi melhorado nos últimos

anos.

Neste grupo, porém, levantou-se uma situação entendida como um problema

de comunicação interna. De acordo com o CG02, “muitas coisas são divulgadas

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externamente, o público externo sabe, mas o público interno, pra poder passar a

informação, desconhece”. Para o GC01, situações dessa natureza realmente ocorrem

e são prejudiciais ao processo comunicativo, especialmente quando as fontes

externas divulgam informações não verdadeiras, cabendo à universidade apenas

tentar remedias a situação encaminhando e-mail com informações oficiais.

De acordo com o AS04, a universidade utiliza de muitos recursos para tentar

informar os colaboradores, mas às vezes eles não têm o hábito de ler as fontes

internas e por isso acaba se informando por fontes externas. Para o AS02, existe uma

preocupação para

não sair, principalmente na comunicação externa, algo que não tenha sido, antes, vislumbrado na interna. Quando é um movimento planejado que está sob controle da gestão ou da Fundação eu vejo isso bem claro, existe esse controle sim. Mas tem, claro, aqueles movimentos que possam surgir do dia pra noite, que não eram previstos, que aí não tem um controle, que sai na imprensa antes de se passar aqui dentro. Mas aqueles que fazem parte da tomada de decisão da gestão sim, eles são bem controlados.

Desse modo, verifica-se que a realidade da universidade investigada alinha-se

à situação postulada por Neill e Jiang (2017) de que muitas vezes os funcionários

obtém informações sobre a sua organização a partir de fontes externas, como os

meios de comunicação e canais de mídia social externos.

Entre os gestores foi enaltecida a existência de um planejamento estratégico

na instituição que, de acordo com o CG02, define quais são as estratégias a seguir

para alcançar os resultados, sendo que nas palavras do colaborador, “não tinha esse

caminho antes”.

Nesse sentido, o CG12 complementa, dizendo que

a informação, hoje, ela ta sendo clara, transparente e ta vindo né? Ela ta chegando nos gestores. Coisa que antes não chegava, ou chegava de uma forma errônea, de forma equívoca, diz que tava tudo bom ali, mas não tava. Hoje não, hoje é aberta, transparente e constantemente apresentada.

Essa fala também pode ser relacionada ao objetivo Gestão Transparente que

figurou nas falas dos membros da administração superior, evidenciando que isso tem

sido percebido pelos colaboradores gestores da instituição.

Por outro lado, apesar deste grupo apresentar satisfação com as informações

que recebe, trata-se do mesmo grupo que evidenciou que a comunicação interna

precisa melhorar.

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Segundo o CG02,

talvez seja de setores pra setores, entre os setores, a questão que define-se uma coisa, mas não passa pros demais e ai demora até chegar lá, ou define-se aqui, e não chega nos campi. [...] Eu acho que é mais entre setores, operacional, não da gestão superior.

Desse modo, há evidências, também entre o grupo de gestores, de que os

fluxos horizontais de informação não funcionam ou funcionam de forma limitada na

instituição.

A fala do CG02 também corrobora a percepção que os colaboradores

administrativos do Campus B enalteceram de que as informações não chegam até

eles, ou de que as decisões são tomadas no campus sede e não são replicadas aos

campi.

Nesse sentido, colaboradores do campus sede acreditam que trabalhar no

campus sede colabora para o processo de comunicação interna, no sentido de

estarem próximos das tomadas de decisão e de terem comunicações auxiliares, como

a visual por exemplo, contribuindo para informar.

Como aqui é o campus sede, talvez muita coisa a gente percebe vendo, né? E lá fora, talvez a pessoa não tenha essa percepção, fica só no campo, realmente, da comunicação. “Ah, como é que deve ser isso?”. Por exemplo, quando aconteceu o campus sustentável lá de [suprimido], como é que deve ser? (CA02).

Exatamente, isso é muito bem colocado. Tem coisas que acontecem em determinados lugares que pra quem ta naquele lugar é perceptível, tu não precisas ter uma comunicação tão efetiva, porque as pessoas estão vivendo aquilo, estão convivendo, a comunicação é visual, a comunicação é mais fácil. Obviamente que a gente que tem 7 campus, temos 7 locais hoje, então nos locais mais afastados, a gente precisa ter um trabalho mais... (CA03).

Do mesmo modo, os colaboradores administrativos do Campus B se percebem

prejudicados no processo de comunicação interna em função de atuarem em um

campus fora da sede.

De acordo com o CB01, “a sede resolve as coisas lá, mas tem que ver que os

outros campi vão ser diferentes um pouco”. Nesse sentido, o CB03 traz um exemplo:

é porque a sede é uma realidade diferente, por exemplo: estágio! Pra sede, no setor na sede, é 3 dias. Se o nosso aluno daqui liga lá, eles dizem que é 3 dias pra retornar. A nossa realidade é 7 dias, porque a gente depende de malote pra ir e pra voltar. Então tem esse desencontro de informações porque a realidade deles é diferente da nossa.

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Para o CB04, é preciso “dar mais autonomia pros campi”, “se tem uma pessoa

que assina lá, por que não pode uma pessoa nos campi assinar?”. Mas o CB03 diz

que “eles [Campus A] constroem, eles deliberam: não, vai ser assim. Mas eles não

sabem qual é a nossa realidade”. De acordo com o CB04,

as percepções do campus A para os campi são diferentes. Às vezes as coisas lá acontecem de uma tal forma e nos campi não são assim. Hoje, o campus lá é muito grande, tem muitos setores, são muitas coordenações, e aqui às vezes esquecem que a gente tem uma infraestrutura diferente.

A universidade tem uma linha que é pensada e aplicada para o Campus A. E aquilo que é pensado e criado lá, é levado para os outros lugares, pra funcionar nos outros lugares. E aí causa esse tipo de problema que ela comentou, por ser diferente, né? (CB09).

Eu acho que o próprio sistema, né? Que às vezes não chegaram as atualizações até aqui, e às vezes a gente fala com outros setores lá e as pessoas sabem do que se trata, então como a gente já ta meio acostumado, então a gente vai ligando... ah, fulano, sabe disso? Como é que faz tal coisa? Não tem uma comunicação direta às vezes (CB08).

É falta de retorno... de ouvir né? Instituir aquele procedimento ou uma nova função e ver se aquilo vai funcionar, ligar naquela secretaria: como é que funciona tal coisa aí? Ah, mas por que não da de fazer em 3 dias? [...] Às vezes de ouvir, né? Ouvir os setores. Não simplesmente lá de cima olhar e dizer “funciona assim!” (CB09).

Essas percepções remontam, novamente, à importância de antecipar

informações aos colaboradores para evitar conflitos (ARAUJO; SIMANSK;

QUEVEDO, 2012) e desmotivação (VERCIC; VERCIC; SRIRAMESH, 2012). Acuña,

Domínguez e Navarro (2017) acrescentam, ainda, que a comunicação interna deve

fazer com que toda a equipe sinta-se satisfeita e participe do projeto de negócios, fato

que, de acordo com as percepções obtidas, não tem ocorrido junto aos colaboradores

do Campus B.

Para o CB10 é preciso “padronizar como é que vai ser, e assim em todos os

campi, pra todo mundo fazer igual”. Essa padronização que o CB10 menciona foi

fortemente evidenciada entre os colaboradores do Campus A como uma necessidade

para nortear a comunicação interna.

De acordo com o CA03, em um contexto de comunicação segmentada acaba

não se tendo um padrão, e isso, nas palavras do colaborador, “acaba complicando

porque com um setor A tu fala de um jeito, com um setor B tu fala de outro jeito”.

Segundo ele,

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o ideal é que a gente tivesse, principalmente entre setores, que essa comunicação tivesse uma padronização e que se algum setor tem uma característica muito específica, aí sim, cabe a gente avaliar e ter uma possibilidade extra para aquele cara específico, mas, de forma geral, o ideal era não ser tão segmentada assim. [...] Até porque tu precisa se comunicar com um setor, tu já tem um processo pré-definido, então aquilo fica mais tranquilo e a tomada de decisão e tudo o que vem em relação a isso é mais rápido, então a padronização eu acho que é importante. A segmentação, ela acaba... aí em algum determinado momento ela é boa, porque ela da agilidade mas, pro contexto geral, ela pode estar atrapalhando, criando problemas maiores (CA03).

Ainda com relação ao processo de padronização, os participantes CA03 e

CA04 esclarecem que padronizar não significa, necessariamente, criar formalidade,

porque a formalidade pode prejudicar o processo comunicativo. Mas os colaboradores

entendem que é preciso estabelecer processos que sejam claros a todos os

colaboradores para que todos saibam como e com quem falar.

Entre os gestores, o assunto também foi mencionado e para o CG02 “é tipo

aquela ideia que já foi falada, de ter lá numa extranet ou na intranet os padrões, os

POPs [Procedimentos Operacionais Padrões], os tópicos ou algumas coisas nesse

sentido pra poder seguir os passos de determinada ação, de determinado processo”.

Para o CA04 é preciso ter um padrão técnico dos processos, para que não seja

necessário depender da afinidade. Percepção corroborada por CA03 quando diz que

“como a gente não tem um processo claro e nenhuma padronização dessa

comunicação entre setores, então a afinidade, quando tem afinidade, aí a afinidade

resolve”.

O participante CA02 entende que “se comunicar com quem conhece, com

quem tu tens uma certa afinidade é até mais fácil. Mas às vezes precisa atender

pessoas que tu não conheces”. E aí, de acordo com o CA03 e o CA04, é por isso

também que estabelecer processos padrões seria melhor, para que a instituição não

fique na dependência do funcionário ter boa vontade para resolver, uma vez que ele

já teria conhecimento do processo a ser seguido.

Sendo assim, junto à necessidade de estabelecer a padronização de

processos, o grupo também elencou a falta de Treinamentos como algo que dificulta

a comunicação interna da instituição.

Para o CA04,

o que eu falo de treinamento é até um treinamento de como atender o teu colega de trabalho. Porque, assim, estamos todos aqui, né, e às

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vezes fica truncado, porque eu posso não saber resolver alguma coisa, mas eu vou atrás do [nome suprimido], eu vou atrás, eu vou procurar! E assim, não funciona, aí não vai se ela [outro colaborador] não ta disposta a colaborar contigo.

Nesse sentido, o grupo do Campus A entende que a comunicação interna pode

ser facilitada ou dificultada de acordo com as relações interpessoais dos

colaboradores e por isso entendem que os treinamentos são importantes para

profissionalizar os processos. Entre os colaboradores gestores, o participante CG11

também entende que para conscientizar os colaboradores é preciso oferecer cursos

e treinamentos.

Com base no Plano de Desenvolvimento Institucional (2017-2021), tanto a

comunicação interna como as relações interpessoais figuram ente os indicadores que

influenciam o clima organizacional da institucional, o que aponta para a importância

desses elementos no contexto da universidade.

No grupo dos colaboradores do Campus B, embora não tenham mencionado a

necessidade de treinamento de forma explícita, a necessidade de alinhamento e

uniformidade de processos ficou evidenciada nas falas de diversos participantes,

como o CB04, quando afirma que “às vezes, no Campus A, o fluxo é de um jeito, mas

aqui nos campi é outra pessoa, então eu acho que se viesse, sentasse com a gente e

alinhasse como funcionaria eu acho que fluiria melhor”.

Ainda em concordância com a necessidade de treinamentos, o CA02 afirma:

Eu acho que isso passa por um treinamento, até porque a percepção de comunicação de funcionário com funcionário, acho que ela pode ser diferente, um é suscinto demais, um é detalhista demais. Então, acho que se todo mundo entender claramente qual é o fluxo de comunicação, como se comunicar, acho que já facilita bastante.

Por fim, o CA04 também indica como acredita que deveriam ser os

treinamentos:

Eu acho que às vezes nós temos funcionários muito bons pra dar sugestões quando a gente faz um treinamento, né? Nesse aqui a gente vê opiniões tão valiosas que às vezes se perdem. E, assim, na minha opinião, um treinamento com muitos, muitas vezes não gera um bom fluxo, às vezes fica um número tão grande que aquele que é mais acanhado não fala. Então talvez um treinamento para dali criar subgrupos.

Esta fala do CA04 encontra acolhimento no que foi postulado por Acuña,

Domínguez e Navarro (2017), de que os colaboradores precisam sentirem-se ouvidos.

Mais que isso, de acordo com os autores, é preciso que os colaboradores percebam

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que suas demandas, sugestões ou contribuições são transferidas para instâncias

superiores, pois isso incentiva o entusiasmo do funcionário e faz com que ele se sinta

mais disposto a trabalhar (ACUÑA; DOMÍNGUEZ; NAVARRO, 2017).

Portanto, observou-se que enquanto para os colaboradores administrativos do

Campus B o maior problema no processo de comunicação interna está no fato deles

não receberem informações e não se sentirem partícipes dos processos, os

colaboradores administrativos do Campus A (sede) apresentaram a falta de

padronização dos processos e a falta de treinamentos como os problemas mais

enaltecidos no processo de comunicação interna da instituição.

Uma situação comum aos gestores e aos colaboradores do Campus A foi a

dificuldade em buscar informações dentro da instituição. Segundo o CA03, há “um

déficit grande em relação à maioria dos setores, de a gente não saber como chegar

neles. Então a gente não tem isso claro”. Para o CA04, não se trata apenas de não

saber como chegar, mas também de situações em que não se sabe nem “com quem

falar” a respeito de determinado assunto.

Por outro lado, os colaboradores do Campus B não percebem dificuldades para

saber com quem buscar informações, e atribuem isso à experiência que possuem. De

acordo com o CB08, “é porque a gente já tem alguns anos de experiência, então a

gente já sabe aonde ir”. No entanto, na opinião deste grupo, se um colaborador novo

entra na instituição, ele vai ter dificuldades para buscar informações. Opinião

corroborada pelo CA03, quando diz: “agora chegou um funcionário novo que nem

sabe quem trabalha [setor suprimido], já começa a criar-se um problema, essa pessoa

tem uma dificuldade maior”.

Entre os gestores, o CG02 diz que “a pessoa precisa saber aonde ir buscar né?

Não precisa necessariamente todo dia receber os eventos e sim aonde ir pesquisar”.

Nesse caso específico, o CG02 refere-se a uma situação bastante mencionada

pelos colaboradores gestores e administrativos que trata da falta de informação sobre

os muitos eventos que ocorrem na instituição. Nas palavras do CA02:

o nosso público alvo são os alunos, né, de uma certa forma. Então a gente percebe muito quando os alunos vêm procurar ou pedir determinadas informações, até quem ta há muito tempo aqui na universidade às vezes fica perdido. Do que ta acontecendo, com quem é, com quem eu falo.

Para o CG02,

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a gente também não tem a comunicação do evento, aí tem pessoas perdidas, querendo saber aonde está acontecendo isso ou aquilo e os outros setores não sabem pra informar porque aquele é um evento da Escola X e a Escola Y desconhece que ta acontecendo aquilo, ou então setores que não têm nada a ver com as Escolas, né, que atendem a todos e não são específicas de um. Então isso, realmente, é um problema.

Para o CB08, “a universidade é muito grande, então você dizer que está

atualizado das notícias da instituição é uma coisa muito difícil”. Esta dificuldade

encontra apoio nas palavras do CG03:

O que eu vejo, muitas vezes, também, é a pessoa que deveria soltar a comunicação não sabe a quem comunicar. Então, assim, às vezes tu não percebe mas tem determinada coisa e tu não sabe quais são as áreas que precisam ter comunicação daquilo e aí por vezes comunica uma área, não comunica a outra, porque a instituição, acho que só pelo tamanho dela e pela amplitude de coisas que ela tem, é impossível a gente ficar sabendo de tudo. Por exemplo, lá dentro da minha realidade, se começar a divulgar todos os eventos que vão ter, eu não vou nem ler aquilo, isso é uma realidade, agora assim, coisas que envolvam o meu setor no qual tenham o meu dia a dia, é importante que chegue essa informação pra mim.

Sobre esse aspecto, o CG11 acredita que a dificuldade nessa questão de

buscar informações dentro da instituição ocorre porque os processos não são

unificados. De acordo com o gestor,

se você tem um processo unificado, e esse processo fosse em efeito cascata, todo mundo saberia de qual forma ele pode fazer ou saber o que ta rolando, o que ta acontecendo. O problema é que nós não temos isso, cada setor, ou cada curso, ou cada Escola, cada Centro, acaba fazendo seu próprio processo e aí os outros setores não sabem. Então, se tivéssemos uma unificação de processos nas mais variadas áreas, a universidade inteira saberia o que ta acontecendo internamente, ou enfim, né, eventos externos também (CG11).

Na opinião do CG01, é a comunicação interna a área que deveria padronizar

tudo o que se refere à comunicação interna da instituição. Para este gestor, existe a

necessidade de uma ferramenta

que seja tudo integrado, algo integralizado onde se possa circular informações. Ah, eu quero ver todas as oficinas, seminários, etc, etc, da instituição. Que eu possa entrar, clicar, para acessar a informação, para comunicar a informação para as pessoas que estão me pedindo também, porque eu sou funcionário. Eu acho que é isso o que se precisa. [...] Eu gosto da ideia de ter um centro de informações que integre todos... com cronograma, de todas as atividades que vão acontecer (CG01).

Nesse sentido, o CG01 diz que é importante ter um local que centralize as

informações, o que poderia colaborar para resolver a questão levantada sobre não

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saber com quem ou aonde ir buscar informações. Esta sugestão de solução seria para

concentrar informações inerentes a todos os tipos de eventos que acontecem na

instituição, especialmente quando envolvem o público externo, que desconhece a

estrutura da universidade.

Entre as falas, surgiu exemplo de como um gestor de outro campus conseguiu

resolver a situação relacionada à falta de informação sobre os eventos.

Nos campi a gente procura medida local, que não são institucionais, pra suprir. E não tem nada pior do que chegar uma autoridade no campus, ou alguém que vem visitar, que é do interesse, aí chega lá e “Ah, aonde é que está acontecendo o evento tal? - Não sei!” Vai pra lá, pra cá, volta... Não pode! Então, soluções pra isso? Lá a gente faz uma busca no Reserve, que é um sisteminha que a gente tem e a gente busca todas as reservas de sala de ambientes e transforma no relatório da semana. E aí no início da semana, sexta-feira a menina do marketing faz, e aí eu mando para os funcionários, daí qualquer funcionário que for pedir no corredor, que seja, vai olhar só o computador dele e ver o relatório da semana de eventos e vai dizer “ah, hoje é na sala 300, no bloco tal” (gestor não apresentado para não identificar outras falas).

Nesse sentido, no grupo dos colaboradores do Campus B, a medida foi

identificada como “pequenas coisas” que acabam fazendo diferença.

Até mesmo eventos aqui dentro do campus... Antes [da implantação da medida mencionada pelo gestor] eu não recebia um e-mail de... “ah, segunda-feira vai ter 1 hora tal evento, 2 horas tal reunião”. Aí vinha alguém perguntar: “Ah, tu sabes onde é a reunião tal? - Hum, não sei, tem que perguntar no setor”. É, pequenas coisas assim, né (CB10).

Conforme a fala do gestor, a solução veio por meio da identificação de um

problema frequente que originou uma medida pontual, não institucional, o que quer

dizer que os demais campi não utilizam, necessariamente, a mesma solução.

Porém, colaboradores gestores e da administração superior demonstraram

preocupação com outro elemento neste processo: a necessidade de engajamento.

Para o CG14, tudo isso “vai depender muito do setor, né? Porque ele vai ter a

responsabilidade de colocar a informação lá”. De acordo com o gestor,

com isso a gente poderia pensar a nossa página na extranet, então alimenta lá, ou a página de notícias, então se eu quero uma informação eu vou buscar lá, eu tenho uma fonte, existe isso, né? Mas, agora, quantas vezes isso é atualizado ou, né, tem que criar uma rotina pra isso (CG14).

Desse modo, muitos gestores também entendem que não adianta oferecer os

meios se não existir, antes, uma consciência ou uma cultura de utilizar, de alimentar

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e atualizar esse meio. Sendo assim, o CG03 acredita que para se conscientizar,

muitas vezes, é necessário penalizar o colaborador, pois segundo ele, “muita coisa,

na instituição, acaba não indo porque o povo faz [algo errado] e não acontece nada”,

então ele acredita que a penalização é importante para ajudar a estabelecer

processos.

Para o CG08,

antes da penalização deveria ter uma sensibilização, porque aquilo que o CG03 colocou é necessário, mas, assim, antes de penalizar, a universidade precisa criar movimentos pras pessoas sentirem que é necessário. E nós até fazemos isso, mas talvez nós não alcancemos isso com todos que se fazem necessário. Então precisa ter mais ou ampliar essa discussão pra poder chegar, de fato, a esse resultado.

O CG07 também concorda que é preciso sensibilizar, segundo ele,

“Sensibilização! Enquanto não sensibilizar e a pessoa não entender o quão importante

é o trabalho dele, não gera esse comprometimento”. E acrescenta:

a primeira comunicação que acontece, não acontece na verdade, é os setores entenderem o que os outros setores fazem. Nem todo mundo... nós temos a sorte de trabalhar com [setor suprimido], que é praticamente de todos os lugares da instituição e a gente acaba andando muito por ai e se me perguntarem alguma coisa, talvez eu seja uma das pessoas que possa dar algumas informações, por coincidência do meu trabalho, mas se é uma pessoa do jardim, não vai saber, então se a gente não entende, as pessoas não entendem o que os outros setores fazem. E fica muito difícil gerar empatia e gerar comprometimento das pessoas, alimentar qualquer sistema que a gente queira implantar, a primeira coisa eu acho que seria as pessoas entenderem o que os outros setores fazem, pra poder valorar isso, porque senão vai chegar um e-mail que eu não vou dar bola, porque eu digo: “ah, esses caras aí... o que eu vou fazer com esse e-mail?”. Ou não, eu vou olhar e tal, mas as pessoas precisam ter esse valor, entender o que estão fazendo. [...] Senão fica muito distante. Ah, o pessoal ta lá, fazendo lá... Não, isso afeta a todos nós. As pessoas têm que se sentir participantes da coisa. Senão o engajamento não existe (CG07).

Sobre essa importância do engajamento, Araujo, Simanski e Quevedo (2012)

também afirmam que a eficácia da comunicação interna dependerá do trabalho

realizado em equipe e, portanto, precisa contar com o apoio dos setores da

organização, o que vem ao encontro das percepções relatadas pelos colaboradores

gestores.

Welch (2011) acrescenta que o envolvimento dos funcionários é motivo de

preocupação para líderes de organizações em todo o mundo, pois eles reconhecem

que trata-se de um elemento vital que afeta a eficácia organizacional, a inovação e a

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competitividade. Também no contexto da universidade investigada a administração

superior percebe a falta de engajamento como um problema que afeta o processo

comunicativo e gera consequências negativas. De acordo com o AS04,

a comunicação interna, ela é feita pelos mecanismos normais que se usa, o problema é que muitas vezes ela não chega e aí eu sou, por exemplo, prova de que nós temos também situações envolvendo a falta de aderência por parte dos colaboradores. Nós temos, ilustrando, professores que sequer abrem o e-mail da universidade, onde todas as informações são enviadas por esse canal. Aí, a pessoa usa o hotmail, o gmail, não abrem o e-mail da universidade... perde reuniões, perde editais, e depois reclama da falta de comunicação interna. Além do e-mail, que é o meio tradicional de comunicação, nós temos a nossa intranet, nós temos as redes sociais, e nós temos as pessoas, entendeu? Eu acredito que a forma é essa, o problema é tu ter a aderência de todos os atores nesse processo para que a coisa se efetive. Eu vejo que nós estamos melhorando.

Esta percepção de melhoria também foi mencionada por colaboradores

gestores: “nunca se teve tanto [informações] como nessa gestão, agora nesse

trabalho que o CG13 falou antes ali, o CG12 também falou, nunca se teve tanta

informação, mas a gente precisa melhorar um pouquinho mais ainda” (CG07).

Para o CG11, muitas vezes a dificuldade existe em função de um ou outro setor

não cumprir a regra estabelecida, exemplificando:

Vou dar um exemplo aqui, nós temos na universidade um setor de gestão de eventos, mas os eventos não passam pelo setor, quando você vê, você tem um curso que ta organizando um evento que faz os pedidos deles pra realizar, aí daqui a pouco mais uma pessoa de um outro setor faz esse mesmo pedido, desse mesmo evento, porque não tem a gestão do setor de eventos, e isso eu vejo como um grande problema pra que a coisa flua (CG11).

Quando o gestor elenca o exemplo, acaba evidenciando a percepção de outro

problema, que é a duplicidade de informações ou solicitações. Entre os colaboradores

de Itajaí isso também é entendido como um problema de comunicação interna que

afeta o ritmo de trabalho.

Para o CA04, quando a comunicação interna funciona bem não se perde

tempo, “às vezes, com a duplicidade de informações, duplicidade de

questionamentos, o retrabalho”, segundo o colaborador, para ele o pior “é quando te

manda impresso e por e-mail, daí tu já cadastrou aquilo, e dai tu olha e já ta em

duplicidade” (CA04). De acordo com o CA02, em maior ou menor grau, ele acredita

que essa duplicidade acaba acontecendo em todos os setores.

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Nesse sentido, observa-se que as situações relatadas acabam se

interconectando, uma vez que problemas relacionados a essa duplicidade de

informações, frequentemente estão associados à falta de processos estabelecidos e

que sejam de conhecimento de todos os colaboradores, conforme percepções já

apresentadas nesta seção.

Em síntese, apresenta-se, na Figura 18, os 20 códigos mais frequentes

relacionados à percepção individual dos participantes dos grupos focais quanto à

comunicação interna da instituição. Esses dados são oriundos da rodada de post its,

mas como pode-se observar pela apresentação dos resultados desta seção, muitas

percepções são corroboradas pelas falas dos participantes.

Figura 18: Vinte códigos mais presentes na percepção dos participantes dos grupos focais quanto à comunicação interna.

Fonte: Dados da pesquisa.

Na Figura 19 apresenta-se a coocorrência dos códigos “Processo” e “Práticas”

de comunicação interna, considerando a proximidade de códigos no processo de

categorização dos dados, incluindo entrevistas e grupos focais. É possível observar

que essas duas categorias possuem proximidade e, também, apresentaram

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frequência com o código “Prospecção”, que refere-se a planos, projetos e ações que

os sujeitos investigados identificam como possibilidades que auxiliarão o processo de

comunicação interna da instituição. Essas prospecções serão detalhadas na seção

4.6 Melhorias Percebidas, Prospecções e Sugestões.

Figura 19: Coocorrência de códigos – Processo CI e Práticas CI.

Fonte: Dados da pesquisa.

De modo geral, observa-se que há vários elementos que permeiam o campo

do processo e das práticas de comunicação interna, muitos dos quais foram

apresentados nesta seção. Os elementos “Canais, Reuniões, Líder e E-mail” que

aparecem na Figura 19 são canais de comunicação mencionados pelos investigados

que mais se aproximaram das categorias Processo e Práticas de CI. Sobre esses e

os demais canais identificados, se detalhará melhor na próxima seção.

4.3 Canais de Comunicação Interna

Na literatura, Crescenzo (2011) cita as publicações impressas tradicionais

(boletim de notícias, revistas e cartazes), telefonemas, mensagens de voz e utilização

da comunicação face-a-face, como canais comumente adotados pelas empresas para

o processo de comunicação interna, acrescentando as ferramentas oriundas da Web

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2.0, como blog corporativo, intranet, sites, mensagens instantâneas e redes sociais

internas.

A universidade investigada define, em seu Plano de Desenvolvimento

Institucional (2017-2021), que

a comunicação interna se realiza por meio da divulgação de informações de forma efetiva e dinâmica aos colaboradores, em suportes digitais, assim como em seminários internos. Entre os digitais, há o Mural eletrônico, recurso utilizado via e-mail com informações direcionadas sempre que necessárias, a newsletter semanal [suprimido], distribuída por e-mail, e o grupo na rede social Facebook, exclusivo para funcionários, que dinamiza e amplifica as informações institucionais. Atenta aos avanços da tecnologia da informação, aos meios digitais e à velocidade do fluxo de comunicação, a Instituição também mantém perfis nas principais redes sociais, com o objetivo de: ouvir seus públicos; distribuir informações relevantes; conquistar multiplicadores/defensores; divulgar a marca; e criar mensagens para ativar o boca a boca on-line por meio das mídias sociais. Outro importante canal de comunicação é a intranet, acessada via código pessoal e senha e segmentada por público. O ambiente permite o acesso a informações e serviços, como a visualização da folha de pagamento, a inscrição em oficinas de formação continuada e a publicação de planos de ensino. Na intranet estão disponíveis as edições dos Cadernos de Ensino e dos Documentos Institucionais. (PDI, p. 172, 2017-2020).

Apesar da instituição definir esses como sendo os canais adotados para

estabelecer a comunicação em âmbito interno, no levantamento realizado junto aos

colaboradores administrativos emergiram outros canais, conforme Figura 20.

Figura 20: Canais de comunicação interna identificados pelos colaboradores dos Campi A e B.

Fonte: Dados da pesquisa.

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A Figura 20 apresenta os canais que foram lembrados pelos dois grupos de

colaboradores administrativos e, nas extremidades, os canais percebidos apenas por um dos

grupos. Os Gráficos 02, 03 e 04 apresentam a frequência com que cada canal foi mencionado

em cada um dos três grupos focais.

Gráfico 02: Canais identificados pelos colaboradores do Campus A.

Fonte: Dados da pesquisa.

Assim como no grupo do Campus A (Gráfico 02), também entre os participantes

do grupo do Campus B (Gráfico 03), o e-mail foi o canal mencionado com maior

frequência.

Gráfico 03: Canais identificados pelos colaboradores do Campus B.

Fonte: Dados da pesquisa.

5%

22%

5%

4%

4%

4%4%4%4%

4%

4%

18%

9%

9%

Comunicação Interna

E-mail

Face a Face

Facebook

Meu RH

Murais

Ofícios

Portal Univali

Rádio Univali

Redes Sociais

Setores

Telefone

TV Univali

WhatsApp

30%

4%

4%

3%3%

10%3%

7%

7%

17%

3%3%

3% 3%E-mail

Facebook

Editais

Portarias

Resoluções

Telefone

Portal Univali

Comunicação Interna

Redes Sociais

WhatsApp

Face a Face

Instagram

Meu RH

Intranet

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Do mesmo modo, entre os gestores (Gráfico 04), o e-mail também foi o canal

de comunicação interna elencado com maior frequência.

Gráfico 04: Frequência e canais identificados pelos Colaboradores Gestores.

Fonte: Dados da pesquisa.

Portanto, como é possível verificar, nos três grupos focais o e-mail foi o canal

mais lembrado pelos participantes, seguido pelo telefone e pelo WhatsApp. Do

mesmo modo, os dados oriundos das entrevistas também evidenciaram o e-mail como

o canal mais lembrado, tanto pelos profissionais da comunicação (Figura 21), como

pelos membros da administração superior (Figura 22).

Figura 21: Nuvem de palavras com os canais mencionados por membros da comunicação.

Fonte: Dados da pesquisa.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

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Nas entrevistas junto aos membros da administração superior figuraram os

canais relacionados na nuvem de palavras apresentada na Figura 22.

Figura 22: Nuvem de palavras com os canais mencionados por membros da administração superior.

Fonte: Dados da pesquisa.

De modo geral, todos os grupos percebem o e-mail como principal canal oficial

para comunicação interna. Para a GC01, “o e-mail, ele é hoje o canal oficial, [...] pro

técnico-administrativo é o e-mail, porque, querendo ou não, nós estamos todos os dias

na frente do nosso computador e olhando ele”. O AS04 também afirma que além de

outros canais, o e-mail é a forma tradicional de comunicação na instituição e considera

o meio de comunicação interno mais adequado.

Nesse sentido, ficou evidente que os grupos entendem que o e-mail é

importante pela segurança que oferece ao ter o registro de que a informação foi

enviada e pela possibilidade de organizar e armazenar informações.

A segurança e organização eu acho que garante, principalmente os assuntos que são mais sérios e mais relevantes, mesmo que a gente discuta no WhatsApp, a gente manda um e-mail formalizando, acho que é meio padrão de todo mundo. A segurança que o e-mail nos dá, nos garante que aquilo foi esclarecido, até mesmo na reunião, a gente sai da reunião e a gente manda uma ata, por e-mail, para todos os envolvidos, pra que fique documentado e registrado (CA03).

De acordo com o CB07, “geralmente tu faz por e-mail, pra formalizar, deixar

registrado e aquela coisa toda” e o CB06 acrescenta que “uma coisa que tu quer dar

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a garantia que aquela pessoa vai te dar um feedback, né? Se tu colocar no WhatsApp,

pode ser que aquilo vá embora e por e-mail fica registradinho de cabo a rabo”.

No entanto, entendeu-se também que a segurança que o e-mail oferece é com

relação ao registro da mensagem do emissor, mas não garante que o receptor dará

continuidade na demanda. Nas palavras do CA03 “a segurança que a gente fala é a

segurança que a gente fez a nossa atividade, agora, em relação a que aquela

demanda vai andar aí, realmente, o e-mail não garante”. De todo modo, entende-se

que o e-mail oferece segurança, resguardo e formalidade (AS02).

Com relação aos aspectos negativos do e-mail, o CA02 também concorda que

um deles é “o fato de não garantir que o processo vai adiante” e, também, “a

classificação automática do que é lixo eletrônico, que às vezes escapam umas coisas

e param na lixeira”.

Para o problema da incerteza quanto à continuidade do processo, os

colaboradores do Campus A informaram que aguardam resposta ao e-mail, mas que

também ligam em situações que precisam de uma resposta mais urgente.

Este grupo também concordou que é frequente o uso de dois canais para a

mesma informação, por exemplo: decide na reunião e encaminha por e-mail pra

formalizar, envia um e-mail e telefona para garantir que a pessoa leia, ou, nas palavras

do CA03, “mandando WhatsApp, que daí fica o azulzinho e tu já sabe que a pessoa

viu”.

Esse fato também pode apontar para o problema da duplicidade de

informações já apresentado. De acordo com o CA04:

Eu só acho que tu não precisas mandar por e-mail se tu já mandou físico. Porque às vezes a pessoa faz uma Comunicação Interna, gasta papel timbrado, anexa um documento que ela poderia te enviar no e-mail, aí vai lá o funcionário e te entrega, então o funcionário saiu, foi lá, então teve esse tempo dele, voltou, protocolou, dai tu vai lá e protocola no sistema, daí a tua colega de trabalho também recebe por e-mail, daí ficam dois protocolos da mesma coisa. Então assim... ou uma coisa, ou outra.

Portanto, observa-se que a falta de resposta ou de garantia que a pessoa está

ciente da informação é um problema nos processos de comunicação, ou seja, a falta

de garantia que o receptor recebeu e compreendeu a mensagem enviada.

Ainda assim, considerando os canais mencionados, identifica-se, mais uma

vez, o e-mail, o telefone e o WhatsApp como três canais bastante utilizados pelos

colaboradores, inclusive simultaneamente para comunicar a mesma informação.

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Os colaboradores também entendem que nos casos em que as informações

são muito complexas, o e-mail não é o canal mais indicado. Para o CB04, quando tem

que passar um fluxo novo, o ideal é que se utilizasse um canal face a face. O CA03

detalha melhor:

Eu vejo que quando é uma informação muito complexa. Às vezes a gente tem casos que a pessoa está explicando um processo e tenta explicar no e-mail, aí a pessoa explica, aí tu responde questionando, aí a pessoa responde, aí um terceiro que ta copiado responde perguntando uma outra coisa, e aí tu não entende mais nada porque tu com um e-mail de seis e-mails encadeados e que tu já se perdeu totalmente, então eu acredito que quando tu tens que definir um processo de qualquer área ou alguma coisa que vai vir uma regra, a reunião, pelo menos eu vejo, que a reunião seria mais importante, tu já discute, e daquela reunião tu já sai com um subproduto.

A fala do CA03 denota uma situação na qual o canal e-mail não apresenta

efetividade para resolver a demanda da instituição, preferindo-se outro canal. Do

mesmo modo, colaboradores do Campus B também informaram que há informações

em que gostariam de participar do processo decisório e não apenas receber e-mail

informando a decisão tomada. No entanto, esses mesmos colaboradores entendem

que nos casos em que não há como participar do processo de decisão e que não há

complexidade para compreender a mensagem o e-mail consiste em um canal

apropriado.

É que às vezes só o tutorial te resolve... Olha, tu faz isso, aquilo e aquele outro, não tem o que mudar, é aquilo. Visualizar aquilo no e-mail é muito melhor do que alguém ligar pra ti e dizer ah, entra lá, e agora vê isso aqui, dai tu não acha e fica aquela conversa de meia hora (CB08).

Considerando o envio de e-mails oficiais, ou seja, quando a instituição é o

emissor da mensagem, o AS01 diz que

nós temos a questão dos nossos mailings lists, que muitas vezes eles acabam acontecendo, também, a comunicação via mailing list acaba acontecendo de uma maneira falha porque não respeita o timing das coisas, muitas vezes. Muitas vezes a linguagem utilizada não é a mais correta e, muitas vezes, ele acaba sendo direcionado de uma forma errada também, então acho que tem que rever muita coisa nesse processo (AS01).

Com relação a isso, identifica-se uma percepção que há muitas informações na

mensagem enviada.

Muitas informações até mais amplas... internacionalização, dupla titulação, às vezes até vêm por e-mail, por e-mails informativos que às vezes se perde, porque não é todo mundo que para pra ler. Porque

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manda um e-mail com 15 itens, entendeu? Um texto ali com muitas... Muitas não param, ignoram totalmente (CB09).

E também assim... a quantidade de informação que tu recebe em um

dia são muitas, então eu acho que tu não da conta de ler todos os e-

mails e ficar atualizado, é muita coisa, sabe? Vem muito, assim, de

todos os lados e às vezes tens que parar e filtrar realmente o que é

importante pra ti naquele momento e depois vai dar conta dos outros

né? (CB04).

Corroborando essa percepção, o CA04 acha

que talvez vem o muito importante misturado com outros detalhes que às vezes passam despercebido. [...] Porque assim, talvez, tem algo muito importante em todos aqueles itens e daí como vem todos aqueles itens, a pessoa não abre o mais importante, entendeu?

Os colaboradores estão se referindo ao Boletim Informativo oficial da

instituição, encaminhado semanalmente por e-mail aos colaboradores. De acordo com

o AS04, é um meio pelo qual “as informações mais relevantes [da instituição] são

difundidas”. Para o GC02, trata-se de um meio oficial de comunicação interna, mas

“que tem que atualizar e que tá quadrado, que tá antigo, mas também é uma forma

de se atualizar”.

Nesse sentido, entende-se que a gestão da comunicação já identificou que o

canal possui limitações, sendo que uma delas ficou evidenciada nesta investigação

como o excesso de informações enviadas.

Com relação ao uso do telefone, os investigados entendem que trata-se de uma

forma ágil de se obter informação. De acordo com o CB03, “acho que a ligação é mais

rápida, quando o cliente ta na tua frente, o ligar é o que vai te atender mais

rapidamente, do que um e-mail que não sabe que hora que a pessoa vai te responder”.

O CB04 concorda: “uma ligação surte efeito mais rápido”.

O mesmo acontece entre os colaboradores da sede, que também afirmaram

fazer uso do telefone nos casos em que necessitam resolver uma demanda de forma

rápida, especialmente quando estão com um cliente ou um aluno em sua frente.

A investigação de Lipiäinen, Karjaluoto e Nevalainen (2014) concluiu que nas

situações em que a comunicação face-a-face não era possível, o telefone foi

considerado como o segundo melhor canal pelos colaboradores. Apesar de não ser

possível afirmar que na universidade investigada ocorre o mesmo, observou-se

predominância no uso deste canal para resolver demandas urgentes ou quando

espera-se um retorno rápido do receptor.

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No entanto, entre os gestores, obteve-se uma percepção de que

as pessoas pensam mais pra ligar. Por exemplo, ontem mesmo, tinha algum alinhamento que eu precisava fazer com o [nome suprimido] e eu mandei um WhatsApp “você ainda está trabalhando?”, “sim”, aí eu passei a mão no telefone e liguei pra ele, até pra respeitar essa individualidade, a particularidade dele, se ele fala “não, já fui”, eu falo “não, tudo bem, a gente conversa amanhã” (CG09).

Isso pode se explicar em razão da necessidade de urgência na resposta, que

no caso mencionado pelo CG09 aparenta não possuir grande urgência,

diferentemente dos casos mencionados pelos colaboradores administrativos dos

Campi A e B, em que exemplificaram situações que exigiam resposta rápida.

Interessante que esses canais bastante utilizados na instituição: e-mail e

telefone, também foram entendidos pelo AS02 como canais cujo uso precisa ser

estrategicamente diminuído, porque “o telefone e o e-mail tornam o colaborador

operacional demais”. Nas palavras do AS02, “enquanto o colaborador poderia estar

ali, na equipe, com sua liderança, discutindo um projeto estratégico, ele está lá

respondendo e-mail ou ele está lá atendendo telefone”.

Nesse sentido, de acordo com o AS02, por meio dessas constatações, a

instituição tem implementado um novo canal para o colaborador: a Extranet, que para

esse membro vai colaborar para tornar os setores mais estratégicos e mais pensantes,

além de poderem buscar informações por conta própria, numa espécie de

autoatendimento.

Temos um projeto que é novo, que ele já foi apresentado na gestão superior, que nós chamamos de [Suprimido], que é a extranet, que já está sendo construída, já focada, principalmente, na comunicação, no autoatendimento, na agilidade da informação (AS02).

O GC01 enxerga a extranet como uma possibilidade de fazer com que a

comunicação da instituição aconteça de forma orgânica. E corrobora a percepção do

AS02 de que será uma possibilidade para otimizar o tempo dos colaboradores que

prestam informações nos setores.

Então ali você vai colocar toda a informação e aí a gente precisa que o funcionário vá buscar essa informação e também, antes de fazer uma ligação ou alguma coisa assim, que otimiza o tempo de todas as equipes, é ir procurar a informação nessa extranet (GC01).

A extranet foi mencionada, também, pelos colaboradores administrativos e

pelos Gestores. No Campus A, 4 dos 6 participantes já conhecem o projeto e no

Campus B, todos que estão utilizando a ferramenta afirmaram estarem tendo uma

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experiência positiva. Segundo o CB07, “tendo as informações ali, formulários, tudo o

que a gente vai precisar, ou quase tudo, dentro daquele ambiente. Eu acho que vai

ser bem legal”.

Nesse sentido, apesar da extranet consistir em um canal mais informacional, já

que não visa a troca de mensagens, o fácil acesso às informações é visto como algo

positivo entre os colaboradores.

De acordo com Acuña, Domínguez e Navarro (2017), os canais de

comunicação digitais têm facilitado para que todos os envolvidos possam se

comunicar no que chamam de ‘empresa’, especialmente pela característica da

interatividade que esses meios possuem.

Nesse sentido, observou-se o WhatsApp como um canal de comunicação

bastante utilizando pelos membros da instituição, ainda que não seja um canal

oficialmente adotado pela universidade.

o WhatsApp não é institucional. Tu não tens um chip que a instituição deu pra ti, pra tu usar pro teu trabalho. A gente usa o pessoal... Hoje acho que a maioria usa com a sua chefia, porque facilita né? Mas não é algo institucionalizado (CB07).

No entanto, isso não é um problema para os participantes deste grupo, que

afirmam que a comunicação via WhatsApp agiliza os processos. Com relação à

possibilidade de serem contactados pelo canal para demandas de trabalho fora do

horário de expediente, eles entendem que isso depende do próprio colaborador se

impor e não evidenciam problemas nesse sentido. Também por não ser um canal

institucional, o grupo entende que a universidade não deve estabelecer uma política

para disciplinar o uso da ferramenta para o trabalho, uma vez que a ferramenta é

pessoal e o colaborador coloca espontaneamente à disposição para facilitar o

trabalho.

Quando questionados se sentem falta de alguma orientação institucional sobre

o uso do WhatsApp para o trabalho, o CB07 diz:

Eu acho que não. Eu não ia gostar. É uma coisa pessoal, de cada um, se tu liberastes o WhatsApp pro trabalho, é consequência tua, sabe? Até porque não é uma ferramenta de trabalho, que a instituição ta te dando. Eu acho que partiu dele. Se a instituição disser vai ter que ser assim, assim, assado, ela vai ter que me dar um chip pra eu trabalhar só.

Já no grupo do Campus A, a percepção foi diferente:

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O WhatsApp é uma coisa, diferente do e-mail que tu, pelo menos eu, o e-mail da universidade eu acesso enquanto estou na universidade, apesar de estar no celular, eu só dou uma olhada por cima se é alguma coisa importante ou não. O WhatsApp ele é mais incisivo né, porque a pessoa sabe que tu leu, então ele traz algumas ferramentas extras que acabam impactando tu dar uma resposta mais incisiva, diferente do e-mail que não garante, o WhatsApp já tem um processo um pouco mais garantido que a pessoa sabe que tu leu (CA03).

Essa fala do colaborador indica um sentimento de precisar responder, ainda

que fora do seu horário de trabalho, em função da pessoa saber que ele já leu a

mensagem. O colaborador acrescenta, ainda, os benefícios e os aspectos negativos

que ele percebe quanto ao uso da ferramenta:

então o WhatsApp, os benefícios: agilidade, ele é muito mais ágil do que o e-mail, até porque a forma de comunicação é alterada né. O texto que tu escreve no e-mail tu pensa pra escrever, então pra tu ler, também, tu demanda de um tempo maior, o WhatsApp é muito mais informal, muito mais ágil, só que o problema é que tu acaba extrapolando. O teu ambiente de trabalho fica 24h, se não tiver um telefone da instituição, tu vai ser impactado na tua vida privada também, então, um cuidado em relação a isso é bem interessante né (CA03).

Quando o colaborador menciona um cuidado em relação a isso, questionou-se

se o cuidado deveria ser do próprio colaborador, do gestor ou da instituição.

Diferentemente do grupo do Campus B, no Campus os colaboradores entenderam

que deveria haver algo da instituição. Para o CA02 deveria ter uma política. E o CA03

esclarece que é preciso

um limite institucional, porque o que que acontece? Senão a gente cai de novo naquela central da pessoa e a gente fica focado na pessoa e a pessoa pode, todas as pessoas são diferentes, algumas pessoas pendem pra um lado ou pra outro lado, então a partir da hora que tu centraliza no gestor, por exemplo, é pela cabeça dele, às vezes ele acha que pra ele aquilo pode ser legal e normal, e ele já conversa com o gestor dele, mais de cima, o tempo todo, mesmo sendo final de semana, mas às vezes o funcionário da ponta não tem isso, porque o funcionário da ponta bate ponto, o gestor não bate ponto, o gestor numa segunda-feira ta no médico, e o cara ta aqui, batendo ponto 8h da manhã, então obviamente aquele gestor que tem alguns benefícios de sair a hora que quer, ele tem que ter o ônus de trabalhar final de semana e resolver algumas coisas, então eu acredito que tem que ter alguma coisa institucional bem clara em relação a isso.

Apesar da preocupação em disciplinar para que o processo seja melhor

orientado pela instituição, os colaboradores deste grupo também informam que não

possuem problemas em disponibilizar seus aparelhos pessoais em favor do trabalho,

pois entendem que o intuito é agilizar os processos.

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Isso está em sintonia com os achados de Acuña, Domínguez e Navarro (2017),

de que a interatividade com o emissor, no contexto da comunicação interna, significa

que os meios digitais facilitam para que todos os envolvidos possam se comunicar no

que chamam de "empresa".

No grupo dos gestores a preocupação com o uso do WhatsApp se mostrou

bastante presente, especialmente no que se refere à proteção das informações

institucionais e à possibilidade de ações trabalhistas em função do uso da ferramenta

fora do horário de trabalho.

Sabe qual o grande problema que eu vejo aí? É a gente separar a vida privada, dele, em casa, da profissional, a partir do momento que eu tenho o meu telefone, com meu número, e eu recebo WhatsApp, eu tenho todas as informações, saindo da universidade e vou levar isso embora comigo. A partir do momento que eu tenho, por exemplo, os motoristas, eles têm um telefone corporativo e um celular com um chip, aquela conversa que ta ali, acabou, desligou, volta e não tem como recuperar a conversa, porque o chip é da universidade. Então eu acho assim, é uma ferramenta que não volta mais atrás, só que a questão é: e depois? Quando acabar aquele vínculo. Fica comigo aquela informação? É certo estar comigo? O que tem ali dentro? Às vezes tem arquivos ali de balanço, alguma informação que eu possa mudar, e daqui a pouco a pessoa pode estar trabalhando no concorrente, então o que é informação da instituição? O que deve ficar aqui? [...] Sem contar as informações que passam por ali né? Que foge do controle institucional, do e-mail @universidade, enfim, ou de uma extranet (CG04).

O CG05 acrescenta:

Primeiro que tem que respeitar o Manual Trabalhista. Eu tenho que, primeiro, saber o seguinte: naquele horário ele ta pra descanso. Qualquer orientação que eu passar nesse horário e ainda registrar, eu vou ta tendo um passivo, esse é o primeiro ponto. [...] É boa a ferramenta do WhatsApp, é muito boa, mas eu to almoçando em casa, o celular às vezes ta na mesa, então to me policiando, fora do horário eu não respondo agora, deixa pra amanhã. Porque ao final, isso vai estourar em alguma coisa. Estamos sendo eficientes, mas dentro daquilo que não é permitido, né? [...] E tem cara mal intencionado que ta la com todo o histórico de conversa, com todo horáriozinho que alguém mandou um negócio pra você. E tem setores e ambientes já, que nós temos, que tem grupo dizendo o seguinte: “fulano, vem aqui na sala tal, que ta precisando”. Ahh... fulano não é nem dessa área, ele ta indo lá fazer aquele negócio, então isso é bomba-relógio. Isso, pra mim, é extremamente receoso e bomba-relógio.

Mas também neste grupo que se mostrou bastante preocupado com o uso da

ferramenta, ela foi entendida como algo que facilita a troca de informações e que

oferece agilidade para os processos. De acordo com o CG06 “não tem mais volta”, no

sentido de que não há mais como deixar de usar a ferramenta. Nas palavras do CG09:

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103

Eu acredito que é o uso com cautela. Existem ocasiões que tu não tens muito como fugir, de fato, o WhatsApp é essa ferramenta que te ajuda a ter a velocidade que a gente precisa. Mas eu acho que é aí que a gente precisa pensar muito em quando usar essa ferramenta e quando existem outras na mão pra gente usar.

Questionou-se ao grupo, então, se esse “pensar muito” deveria ser uma

iniciativa individual ou institucional. Para o CG02 “vai ter que ser [institucional], porque

senão a gente não vai saber como fazer”, corroborando, portanto, a compreensão que

os colaboradores do Campus A têm sobre o assunto e contrariando a opinião dos

colaboradores do Campus B.

Já entre os membros da gestão da comunicação e da administração superior

não foi observado preocupação com relação ao uso do WhatsApp. O GC02 menciona

o grupo de WhatsApp que tem com sua equipe e afirma que isso funciona muito bem

e que é uma forma de conseguir uma comunicação muito mais rápida, especialmente

comparando ao e-mail, entendendo que a ferramenta facilita a comunicação.

O GC01 também entende o WhatsApp como uma ferramenta importante para

estabelecer comunicação com os colaboradores e acredita que, nesse sentido, um

WhatsApp Corporativo seria interessante para a instituição. De acordo com ele, “o

WhatsApp você já consegue saber que vai ser visto, porque é impossível a pessoa

não olhar o WhatsApp dela todo dia”, referindo-se, uma vez mais, à preocupação com

a garantia de entrega e leitura da mensagem.

Nesse mesmo sentido, o AS01 entende que seria importante sistematizar o uso

de novas ferramentas. Para este membro,

uns instrumentos corporativos no sentido de que você hoje já tem o WhatsApp corporativo, por exemplo, o Facebook e outras ferramentas, eles te possibilitam até um controle melhor disso, então a sistematização disso também é algo muito bem vindo, acho que poderia nos ajudar bastante (AS01).

Para o AS04,

o WhatsApp, por exemplo, hoje é um método, pra mim, mais eficaz de comunicação direta com as pessoas, né, então você consegue até acompanhar a efetividade, consegue saber se a pessoa lá do outro lado conseguiu ler ou não, então, assim... pra mim, hoje, é a ferramenta mais fantástica que nós temos de comunicação, em grupo e individual.

Uma fala que volta a ratificar, agora entre membros da administração superior,

a importância que a ferramenta ganha em função do fato de garantir que a pessoa leu

a mensagem enviada. Todos os membros deste grupo relataram permanecerem à

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disposição das demandas de trabalho durante 24h por meio do WhatsApp, fato que

se explica em função dos cargos que ocupam na instituição. E, nesse sentido, ficou

evidente o quanto a ferramenta auxilia a tomada de decisões e a comunicação entre

estes sujeitos.

Para o AS04, “é igual médico que está atendendo ou que tem os pacientes e

ele pode ser chamado a qualquer momento”. O AS02 também entende que “hoje o

WhatsApp é utilizado para determinadas tomadas de decisões com muito mais

agilidade”. De acordo com o AS01 acaba “facilitando muito o processo de

comunicação, principalmente por essa coisa do online, né?! Daquele timing, da coisa

imediata. Acho que isso é essencial”.

Os membros deste grupo também manifestaram que não ficam à disposição

apenas para membros deste mesmo nível hierárquico, mas para todos os níveis, pois

assim oferecem maior resolutividade e um outro benefício da ferramenta identificado

por este grupo é a compensação da ausência física, em função das muitas demandas

que possuem. Segundo o AS01:

eu tenho prometido, até pra mim mesmo, que eu vou colocar algumas regras mas acabo não cumprindo, né?! Porque no intuito de resolver as coisas a gente não se policia muito nisso. Então é bastante comum você atender de noite, e acaba tentando resolver, né?! Eu acho que esse acesso ajuda nesse aspecto e compensa essa história de não ter essa presença tão constante em função de limitação de agenda. Mas, realmente, a gente acaba trabalhando muito mais, né?! Ficando full time em função disso.

O AS03 também utiliza a ferramenta para se comunicar com membros de

qualquer nível hierárquico e, assim como os demais membros deste grupo, relata uso

frequente da ferramenta.

É, um pouco em função de tudo e conveniência. Por exemplo, se eu recebo algo por WhatsApp ou preciso de uma resposta com celeridade, utilizo o WhatsApp com frequência. Menos é... por e-mail, mas também tem assuntos que precisam de um registro etc., então o e-mail realmente deixa registrado (AS03).

Mais uma fala que está alinhada às percepções dos demais grupos

investigados, de que o WhatsApp agiliza os processos, mas o e-mail garante maior

segurança. O AS02 também evidencia esse risco:

o WhatsApp, pela informalidade, então, os aparelhos têm os seus limites, então se eu precisar fazer uma limpa, por exemplo, eu to perdendo todo o histórico. Além disso, o histórico, como os equipamentos são pessoais, o histórico é da pessoa e não do setor.

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Então, se eu precisar um resguardo, acaba, foi! Esse é o risco do WhatsApp.

Assim, remonta-se novamente a um risco bastante evidenciado pelos

colaboradores gestores com relação ao resguardo das informações institucionais.

Nesse sentido, o CG08 oferece um relato de como entende esse momento em que

novas tecnologias passam a ser utilizadas nos contextos organizacionais,

exemplificando com sua percepção sobre o que acontece na universidade:

É que o que acontece de fato é que, muitas vezes, até pra cada projeto, pra cada ação é criado um grupo ou uma estrutura pra discutir aquele encaminhamento e a linha é muito tênue entre o nível de discussão e a tomada de decisão. E aí quando a tomada de decisão acontece nesses canais que estão sendo considerados aqui como informais, aí gera problema. Porque aí, de fato, alguns encaminhamentos que estão relacionados à cadeia da universidade não estão contemplados, nem incluídos. Então eu acho que o WhatsApp, talvez a gente precisasse discutir em outros momentos de que forma ele pode ser usado, ele deve ser usado, e até que ponto.... como disse aqui “não tem volta”, não tem volta realmente, porque hoje a velocidade com que as coisas estão fluindo é muito rápido, e às vezes, pra quem ta aqui na sede é muito rápido, às vezes quem ta fora, ah, tem que ir até a sede pra fazer tomada de decisão? Não. A tecnologia está aí pra gente ser auxiliado. Daqui a 10, 15 anos talvez isso esteja um pouco mais claro, mas hoje a gente ta vivendo essa mudança e os impactos que isso ta causando em termos de velocidade e de relação com os outros (CG08).

Trata-se, portanto, de uma situação que também poderia exemplificar os

achados da literatura que constatam que o advento dos canais de mídia social tem

provocado mudanças significativas no cenário da comunicação interna das empresas

(CRESCENZO, 2011; MEN, 2014).

Com relação ao uso das tecnologias e redes sociais no âmbito da comunicação

interna, os membros da administração superior compreendem que é importante o uso.

Para o AS02, “a gente não pode parar no tempo”’ e o AS04 afirma que o uso das redes

sociais “são fundamentais, elas vieram pra ficar, na minha concepção, é o método

mais ágil, mais rápido, com retorno, então, não tem como fugir disso”.

Também no grupo gestão da comunicação fica clara a percepção de que as

redes sociais contribuem no processo da comunicação interna da instituição.

O GC01 entende

que contribuem, por isso a gente tem um grupo no Facebook e um perfil no Instagram. Pra que de alguma forma a gente consiga atingir os nossos funcionários quando eles estão mobile, né? Que hoje a gente não tem uma ferramenta, ou um aplicativo, alguma coisa de

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comunicação interna, então a gente trabalha com esses dois porque a gente sabe que vai atingir quando eles estão com o celular na mão.

Para Men (2014), os canais de mídia social da própria organização que

possuem caráter bidirecional, interativo e dialógico promovem a participação e o

engajamento dos trabalhadores, facilitam a conversa entre os funcionários e a

organização, e encorajam os colaboradores a expressarem suas opiniões,

contribuindo para a implementação de uma política de comunicação simétrica na

organização.

Assim como no estudo de Schiller e Meiren (2018), em que se concluiu que

entre as empresas que já fazem uso de redes sociais corporativas predomina uma

percepção otimista com relação ao uso dessas redes com foco na comunicação

interna, também na universidade investigada a percepção é otimista. De acordo com

o GC02, “os nossos funcionários têm usado muito as nossas redes sociais pra se

informar, tanto que você observa isso pelo nível de compartilhamento do que tem,

então você vê que ele está se informando”.

Nesse sentido, a investigação de Schiller e Meiren (2018) também evidenciou

que os três fatores de risco mais citados relacionados ao uso de redes sociais

corporativas foram a utilização não profissional, o envolvimento insuficiente dos

colaboradores e a falta de apoio dos gestores.

Na prática, esses riscos não parecem ser percebidos no contexto da

universidade investigada, uma vez que a utilização não profissional não foi

mencionada, a questão do envolvimento foi mencionada de forma positiva, pois de

acordo com o GC02 é possível perceber que o colaborador está se informando pelo

nível de compartilhamento (envolvimento) nas redes, e com relação à falta de apoio

dos gestores, observou-se unanimidade, entre os membros entrevistados da

administração superior, no apoio e incentivo ao uso das redes.

O GC02 identifica, ainda, outro aspecto positivo no uso das redes sociais

corporativas: “hoje, assim, a gente tem um monitoramento muito forte nas redes

sociais, inclusive com software de monitoramento, então a gente consegue, muitas

vezes, ver o incêndio antes dele começar”. Nesse sentido, o GC02 percebe que as

redes sociais permitem identificar, de forma antecipada, assuntos que possivelmente

causariam transtornos institucionais, apontando o caráter estratégico do seu uso.

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Desse modo, portanto, verifica-se que a instituição lança mão de diferentes

meios para informar seu público interno. Considerando as percepções de todos os

investigados quanto aos meios utilizados pela universidade, elaborou-se o Quadro 18,

que relaciona todas as ferramentas que emergiram da coleta de dados, identificando

por qual grupo cada canal foi mencionado, incluindo a instituição, representada pelo

que consta em seu PDI (2017-2021).

Quadro 18: Canais de comunicação interna que emergiram da coleta de dados.

Canal PDI Adm.

Superior Gestão da

Comunicação Gestores

Campus A

Campus B

App da Universidade X

Boletim Informativo Semanal X X X X

Chamados X

Chat Interno X

Comunicação Interna X X

Correspondências X

Editais X

E-mail X X X X X X

E-mail Marketing X

Extranet X X X

Face a Face X X X X X

Facebook X X X X X X

Instagram X X X X

Intranet X X X

Líderes X

Meu RH X X X

Murais X X X X

Ofícios X

Ouvidoria X

Papel de Parede/Computadores

X X

Portal da Universidade X X X X X

Portarias X

Rádio Corredor X X

Rádio Universidade X X

Rede Universidade X

Redes Sociais X X X X

Resoluções X

Reuniões X X X

Seminários Internos X

Setores X

Sistemas X

Skype X X

Telefone X X X X

TV Universidade X X

WhatsApp X X X X Fonte: Dados da pesquisa.

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Observa-se que foram elencados, ao todo, 35 meios compreendidos como úteis

para estabelecer a comunicação dentro da instituição. No entanto, verifica-se que o

texto do Plano de Desenvolvimento Institucional (2017-2021) é mais sintetizado, e

menciona de forma específica apenas 08 canais.

Por outro lado, verifica-se que ações definidas no Plano de Desenvolvimento

Institucional (2017-2021) da universidade como ações empreendidas para efetivar a

comunicação externa, foram, também, percebidas pelos sujeitos investigados nesta

pesquisa como meios de comunicação interna, como a “manutenção do site — com

divulgação de editais, notícias e informações gerais da Instituição, sua história e seus

serviços” e as “produções informativas, culturais e educativas pelo Sistema Educativo

de Rádio e TV” (PDI, p. 173, 2017-2021).

O Quadro 18 apresenta a íntegra de todos os levantamentos, porém, há meios

que se aproximam e podem ser agrupados. É importante ressaltar, também, que a

presente investigação não se dedicou a discutir as diferentes características entre os

canais bidirecionais, interativos ou dialógicos (comunicação) e os canais

unidirecionais (informação), levou-se em consideração apenas a percepção dos

sujeitos com relação ao que eles entendem como meios úteis ao processo de

comunicação interna.

Nesse sentido, chegou-se ao Quadro 19, por meio do qual se apresenta a

relação final dos canais após passarem por um processo de refinamento, em que

canais similares foram unificados, totalizando 20 canais identificados.

Quadro 19: Relação final dos canais de comunicação interna classificados de acordo com a Teoria do Contínuo da Riqueza.

Canal

Utilização de Dicas de

Informação (sinais verbais e

não verbais)

Extensão da Personalização (foco pessoal)

Capacidade de

Feedback (interação)

Grau de Variedade

da Linguagem (linguagem

natural))

Riqueza Geral do

Canal

App da Universidade

Baixa Média Baixa Baixa Baixa

Chamados Baixa Média Baixa Baixa Baixa

Chat Interno Baixa Alta Alta Média Média-

Alta

Comunicações Administrativas

Baixa Alta Baixa Baixa Média-Baixa

E-mail Baixa Alta Média Média Média

E-mail Marketing Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa

Extranet Média Média Baixa Média Média-Baixa

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Face a Face Alta Alta Alta Alta Alta

Intranet / Meu RH Baixa Média Baixa Baixa Média-Baixa

Murais Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa

Papel de parede Computadores

Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa

Portal da Universidade

Baixa Baixa Baixa Média Média-Baixa

Rádio Corredor Alta Alta Alta Alta Alta

Rádio Universidade

Baixa Baixa Média Alta Média-Baixa

Redes Sociais Média Alta Alta Média Média-

Alta

Reuniões Alta Alta Alta Alta Alta

Skype Baixa Alta Alta Média Média-

Alta

Telefone Baixa Média Alta Alta Média-

Alta

TV Universidade Média Baixa Baixa Média Média-Baixa

WhatsApp Média Alta Alta Alta Média-

Alta Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa e em Daft e Lengel (1983).

Conforme é possível observar, o Quadro 19 também apresenta a classificação

de cada canal por meio da Teoria do Contínuo da Riqueza dos canais, segundo a qual

Daft e Lengel (1983) definem a capacidade potencial de informação dos dados.

De acordo com os autores, as principais características dessa teoria são a

mediação de feedback ou interatividade, o uso de sinais verbais e não verbais, a

capacidade de se comunicar em um estilo de conversação (linguagem natural) e a

capacidade de direcionar a mensagem para um indivíduo específico (foco pessoal)

(DAFT; LENGEL,1983).

Considerando que a teoria foi recentemente utilizada nos estudos de Braun et

al. (2019) para classificar os canais que investigaram (comunicação face-a-face,

comunicação por e-mail e comunicação por telefone), adotou-se a mesma teoria para

classificar a riqueza dos canais identificados pelos membros da universidade.

Uma vez que a teoria consiste em uma estrutura heurística útil para

investigações em que há o interesse de analisar a preferência por um determinado

canal de comunicação (BRAUN et al., 2019) entendeu-se relevante realizar a

classificação para verificar se coincidem com as percepções dos colaboradores

relacionadas às suas preferências.

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Nesse sentido, a classificação dos canais resultou em 03 canais com riqueza

total alta: Face a Face, Rádio Corredor e Reuniões.

Como é possível notar por meio das percepções já expostas, de fato, os canais

com riqueza mais alta coincidem com aqueles que os membros mencionam como

alguns dos canais preferenciais para oferecer ou receber feedback (face a face e

reuniões). Entre os sujeitos entrevistados, há predominância na preferência por

oferecer feedback pessoalmente, ou seja, por meio de uma comunicação face a face.

De acordo com o AS02, “eu prefiro pessoalmente, eu chamo, e converso [...]

principalmente se é algo que a gente precisa melhorar né?”. Também no estudo de

Braun et al. (2019), identificou-se que os funcionários preferem o canal de

comunicação face-a-face do que canais digitais.

Já para o AS01, “não é uma questão de preferência, mas uma questão de,

digamos assim, de disponibilidade em função das inúmeras tarefas e atribuições, o

que eu mais tenho usado é o WhatsApp”, nesse caso, o AS01 lança mão de um meio

que apresenta riqueza total média-alta.

Os colaboradores do Campus B mencionam que preferem o canal face a face

nas situações que entendem que deveria existir um diálogo, mas que quando isso não

é necessário, o e-mail também pode ser um canal adotado, como por exemplo:

as nossas férias vão ser diferentes do pessoal dentro da instituição, eu recebi por e-mail, eu preferia pessoalmente que eu poderia dialogar e falar meu ponto de vista. Aí agora uma informação, “ah tu vais usar uniforme”, uma coisa que eu vou ter que usar, manda no e-mail, normal (CB01).

Sendo assim, apesar do canal e-mail apresentar riqueza de nível médio,

também figura entre um dos canais preferidos dos colaboradores, especialmente pela

segurança e possibilidade de registrar e armazenar informações. É importante

considerar que os resultados desta investigação divergiram da classificação realizada

por Braun et al. (2019) quanto ao e-mail, pois os autores consideraram que trata-se

de um canal que possui riqueza média quanto à personalização, ou seja, a capacidade

que o canal possui de direcionar a mensagem para um indivíduo específico (foco

pessoal).

No contexto desta investigação, entende-se que o e-mail possui alta riqueza

nesse aspecto, especialmente por conta do e-mail institucional que concentra o

endereço eletrônico de todos os colaboradores e que permite localizar, via Outlook,

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qualquer endereço pelo nome do colaborador, possibilitando, desse modo, que a

mensagem seja encaminhada, via e-mail, exatamente para o receptor desejado.

Já com relação a reuniões, que também poderiam ser compreendidas como

uma comunicação face a face, os colaboradores entendem que podem funcionar bem,

desde que sejam adotados alguns protocolos como seguir estritamente a pauta

estabelecida para aquele momento e que se respeite o tempo determinado, estimando

que uma reunião não deve passar de 30 minutos. Para o CA04, em seu setor a

estratégia de realizar reuniões “funciona exatamente por isso, porque ninguém sai

desse assunto. É esse assunto que a gente ta tratando, é definido o assunto, né?”.

Por fim, outro canal que apresenta alta riqueza é a Rádio Corredor, que nas

palavras do AS04

é uma coisa que sempre existiu e sempre vai existir. Infelizmente é o câncer de uma corporação porque mesmo, muitas vezes, a rádio corredor tratar de assuntos verídicos, muitas vezes você está trabalhando com uma situação totalmente irreal por alguém que criou, né, e é fácil hoje, né, a gente está atento aí, está acompanhando as fakenews, é muito fácil hoje de você disseminar uma inverdade e transformá-la numa verdade, então, acho difícil de conter, mas a gente como gestor tem que ter sabedoria, tranquilidade pra lidar com isso.

Para o GC01, a rádio corredor dificulta o trabalho, porque “quando tu trazes

uma notícia boa pra comunicação, todo mundo já pensa “não é isso, porque eu to

sabendo que ta acontecendo isso”, evidenciando, novamente, que a comunicação

informal de boatos é mais rápida que a comunicação formal (ARAUJO; SIMANSKI;

QUEVEDO, 2012).

Por outro lado, mesmo concordando que a rádio corredor seja um problema, o

GC02 entende que também pode ser utilizada de forma estratégica no contexto

organizacional:

A rádio corredor aqui é um problema, né?! Para o bem e para o mal. Eu, assim, tem uma coisa que me preocupa mas eu acho que tem um pouco a ver, às vezes, com o nosso posicionamento, porque assim, tudo o que você não deixa claro, você deixa aberto para as pessoas falarem e eu não sei como que ela se constrói, mas a rede de fofoca é muito grande e 90% das fofocas elas não são verdadeiras. Então alguém sonha, diz uma coisa, aquilo vai aumentando e aí o canal formal não consegue resolver, porque assim, “quem tá me dizendo é o e-mail, mas a Joaninha que é minha amiga ela me disse outra coisa porque ela trabalha com não sei quem”. Então é muito complicado de você trabalhar com isso. [...] Por outro lado tem algumas lideranças, elas não são constituídas formalmente, mas elas são lideranças muito fortes que existem e que elas ajudam nesse processo, então, às vezes, já aconteceu de a gente fazer isso aqui, a gente teve um

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problema, a gente identificou cinco ou seis líderes, não líderes formais, conversou e rapidinho a gente reverteu uma situação. Então isso é um canal informal extremamente importante, sabe?! Mas assim, o que que na comunicação interna acaba sendo formal e informal em vários momentos eles se misturam, né?! (GC02).

Entende-se, assim, que mesmo que a rádio corredor não tenha figurado como

um dos canais preferenciais dos colaboradores, a instituição compreende que é um

canal bem constituído na universidade e que, para a gestão da comunicação, precisa

ser monitorado.

Ainda com relação aos canais, observou-se que a gestão da comunicação

compreende que existe uma necessidade de a instituição implementar mais canais

para a comunicação com os colaboradores.

Para o GC01, “a gente não tem um canal onde há uma troca [...] a gente precisa

ter novos canais de comunicação [...] e terem outros canais mais efetivos de

comunicação, que a gente tem que andar um pouquinho com a tecnologia hoje”.

Nesse sentido, o GC02 concorda quando afirma que “se o foco é pensar como que o

setor de comunicação, representando toda a instituição, faz a comunicação com os

seus funcionários, aí a gente é limitado, a gente é limitado”.

Embora este estudo não discuta as diferentes características entre os canais

que permitem estabelecer comunicação e os canais com caráter informacional, é

interessante observar (Quadro 19) que os meios que apresentam menor possibilidade

de interação foram classificados com riqueza total baixa ou média-baixa. Do mesmo

modo, os canais relacionados a tecnologias e com características dialógicas e

interativas foram classificados com riqueza total média-alta: chat interno, redes

sociais, Skype e WhatsApp.

Isso pode ajudar a explicar porque embora os sujeitos investigados identifiquem

muitos meios úteis para o processo de comunicação interna, os profissionais de

comunicação ainda entendam que é preciso implementar novos canais, justamente

com foco no diálogo, na troca e na construção coletiva e colaborativa.

Entende-se, assim, que a classificação postulada por Daft e Lengel (1983)

permanece sendo útil para classificar a riqueza dos canais, também porque, no caso

desta investigação, os canais que apresentaram riqueza total média-alta e riqueza

total alta são os canais que os colaboradores mais têm utilizado no contexto da

comunicação interna da universidade investigada.

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4.4 Benefícios e Desafios da Comunicação Interna

Diversos autores mencionam benefícios que uma comunicação interna bem

implementada pode oferecer para a organização, como a contribuição para o alcance

dos objetivos estratégicos (ARAUJO; SIMANSKI; QUEVEDO, 2012; VERCIC;

VERCIC; SRIRAMESH, 2012; WELCH, 2012; ACUÑA; DOMÍNGUEZ; NAVARRO,

2017; ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017), a

implementação de uma imagem positiva junto ao público externo (MEN, 2014; MEN,

2014a; ARMIJOS-BUITRÓN; COSTA-RUIZ; PALADINES-BENÍTEZ, 2017) e a

contribuição para reduzir custos, podendo aumentar as vendas (SCHILLER; MEIREN,

2018).

No contexto da instituição investigada, também foram identificados benefícios

que a organização pode obter quando estabelece um processo eficiente de

comunicação interna, muitos dos quais coincidem com os benefícios elencados pela

literatura. Na Figura 23 relacionam-se os benefícios citados com maior frequência,

destacando-se o Engajamento, a qualidade no Atendimento, a Imagem e a Simetria.

Figura 23: Benefícios da comunicação interna mencionados com maior frequência.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Ressalta-se que os benefícios identificados na Figura 23 não estão

relacionados, especificamente, ao processo da universidade, os debates em torno dos

benefícios referiram-se a um contexto de comunicação interna eficiente, sem

relacionar a uma instituição específica.

Na gestão da comunicação da universidade a questão do Engajamento foi

bastante evidenciada. Para o GC01 “a comunicação com o funcionário é engajá-lo, é

fazer com que ele vista a camisa da empresa”, entendendo que se isso ocorrer, o

colaborador ajudará a empresa a atingir outros objetivos junto ao público externo, nas

palavras do GC01, “os funcionários estando satisfeitos, entendendo a missão da

empresa e o que ela precisa proporcionar, também vai atingir ali [...] o aluno”.

Essa percepção é corroborada por membros gestores, de acordo com o CG11,

se o aluno chega em qualquer setor e esbarra com um funcionário bem informado, já ta ali o que ele vai supor... um lugar onde eu sou bem atendido e eu to tendo o que eu quero aqui. Quando você esbarra com um funcionário que não tem a informação, ele “pô, o que eu to fazendo aqui? Eu to na universidade e o cara não sabe”.

Uma percepção que aponta para a qualidade do Atendimento como um

benefício do processo de comunicação interna e que também corrobora o que

postularam Araujo, Simanski e Quevedo (2012), de que a comunicação interna é

responsável por manter os funcionários informados. Para o AS02, “a partir do

momento que o colaborador está informado, a gente entende que o ruído diminui, os

problemas diminuem”, elencando-se a Minimização de Ruídos como outro benefício.

De acordo com o GC01, “quando os funcionários participam, eles se integram

e eles entendem o que ta sendo falado ali”. Nesse sentido, o GC02 deixa claro sua

compreensão de que fazer comunicação interna é muito mais do que apenas informar,

sendo preciso fazer com que o colaborador participe dos processos para se sentir

engajado, por isso ele diz que comunicação não é apenas comunicar, “é envolver no

processo participativo” e afirma que o projeto intitulado Team Building é um exemplo

disso.

Essa contribuição do Engajamento fica bastante evidenciada na fala do AS04,

quando diz que “nós teríamos um maior sentimento de pertencimento dos

colaboradores da instituição, nós teríamos, por exemplo, as pessoas trabalhando mais

felizes, mais comprometidas com a nossa instituição”.

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Nos estudos de Men (2014), ela identifica que os colaboradores podem se

tornar embaixadores corporativos e defensores da marca, representando a

organização para as partes interessadas externas. O CA01 corrobora esse

entendimento quando afirma que “o funcionário se torna mais um aliado”.

A instituição também possui esse entendimento, quando menciona em seu

Plano de Desenvolvimento Institucional que

também mantém perfis nas principais redes sociais, com o objetivo de: ouvir seus públicos; distribuir informações relevantes; conquistar multiplicadores/defensores; divulgar a marca; e criar mensagens para ativar o boca-a-boca on-line por meio das mídias sociais (PDI, p. 173, 2017-2020).

Nesse sentido, as percepções obtidas e o posicionamento oficial da

universidade alinham-se à literatura. Para o GC02, “dependendo do que é, a gente

transforma, a gente constrói estratégias com o nosso público interno, muitas vezes,

pra chegar do público interno ao público externo”, o que indica que as estratégias

planejadas pela equipe de Comunicação também alinham-se ao que identificou Men

(2014).

Para o CG07, uma comunicação interna falha oferece “o impacto da imagem

da instituição ficar arranhada”. Entre o grupo do Campus B, o CB04 menciona

“também a impressão da pessoa que ta ali: ‘Poxa, lá na universidade não sabiam

responder sobre tal situação’”. Segundo o CG04 “depois vai pra rede social e ainda

reclama, aí faz propaganda negativa”.

Desse modo observa-se que, na percepção dos participantes, do mesmo modo

que a comunicação interna bem implementada contribui com a imagem institucional,

o oposto também acontece quando o processo é falho. Nos exemplos mencionados,

entende-se que quando colaboradores não estão suficientemente informados,

constrói-se uma sequência de situações que prejudicam a percepção do público

externo com relação à instituição, impactando sua imagem.

Ainda com relação à imagem, o AS03 identifica que é comum membros da

instituição falarem em nome dela sobre assuntos que não foram suficientemente

dialogados, ou seja, o colaborador pode oferecer uma opinião que não condiz com o

posicionamento da organização, o que pode acarretar prejuízos de imagem.

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Essa situação relaciona-se com outro benefício identificado como Simetria, que

é “quando todo mundo fala a mesma língua” (GC01). Trazendo para o contexto da

universidade, o CB08 diz:

Eu acho também que acaba padronizando certos serviços, porque se todo mundo ta falando a mesma língua, então a gente faz mais ou menos da mesma forma, e não é o que ocorre hoje em dia, né? Cada setor faz de acordo com a sua compreensão. Então se tem uma comunicação igual pra todos, as pessoas vão saber, até chegando funcionários novos, as pessoas vão ter a informação de como proceder.

É possível perceber que os benefícios identificados acabam relacionando-se

entre eles ou, em outras palavras, um leva ao outro, pois a comunicação interna

minimiza ruídos, mantendo os colaboradores melhor informados, promove

engajamento, melhora a produtividade, oferece simetria, que leva à qualidade no

atendimento, que impacta a imagem de forma positiva.

Outros benefícios também foram percebidos. Para o CG01, diminui o tempo de

serviço para os processos apontando para o aumento da produtividade, conforme

identificaram Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e Paladines-Benítez (2017). De acordo com

o CG03 evita o retrabalho e, nas palavras do CG11, “eu acho que a boa informação

traz um leque enorme de benefícios, seja ele financeiro, de atendimento, de

infraestrutura, enfim...”.

O CA03 também percebe a relevância da comunicação interna, especialmente

considerando os aspectos da universidade e o cenário na qual está inserida.

Ela é muito importante porque acredito que ela é um meio da, principalmente, administração superior chegar. A gente, hoje, tem lá 2900, 3000 funcionários, administrar isso e fazer a informação chegar com qualidade a todo mundo, é... então, o processo de comunicação é extremamente importante para uma empresa do tamanho da universidade. Então, eu acho que nesse cenário onde as mudanças são muito rápidas, a comunicação tem uma importância muito maior do que já teve no passado, por exemplo (CA03).

Em consonância com essa percepção, Armijos-Buitrón, Costa-Ruiz e

Paladines-Benítez (2017) afirmam que a comunicação interna é elemento essencial

para a organização, uma vez que estabelece o melhor fluxo de informações possível

entre a administração e os colaboradores, o que resulta em melhores níveis de

eficiência.

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Já com relação aos desafios da comunicação interna, a Figura 24 ilustra os

desafios relacionados ao contexto da universidade investigada citados com maior

frequência, considerando todos os sujeitos investigados.

Figura 24: Desafios da comunicação interna mencionados com maior frequência.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Como é possível observar, diversos desafios que emergiram da coleta de

dados já foram discutidos na seção que tratou do processo e dos fluxos da

comunicação interna, uma vez que os desafios permeiam este campo.

Ainda assim, entende-se importante apresentar a Figura 24 para que o leitor

consiga visualizar os desafios mencionados com maior frequência junto ao(s)

respectivo(s) sujeito(s)/grupo(s), sendo que a largura das linhas representa a

frequência do código.

Levando em consideração apenas os principais desafios mencionados pela

gestão da comunicação, chegou-se à Figura 25, que apresenta uma nuvem de

palavras com os principais desafios para a comunicação interna da universidade na

percepção da gestão da comunicação.

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Figura 25: Desafios da comunicação interna no contexto da universidade investigada mencionados com maior frequência pela gestão da comunicação.

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre os desafios mais frequentes na fala deste grupo, destacam-se a

quantidade de canais para se efetivar a comunicação com os colaboradores; a

distinção entre dois públicos de colaboradores (docente e administrativo, sendo que

esta pesquisa concentra-se apenas no público interno administrativo) que possuem

características bem diferentes; e a necessidade de efetivar um processo de

comunicação orgânica.

Para o GC01 a instituição não possui um canal de comunicação com o público

interno em que haja uma troca, de acordo com ele “a gente precisa ter novos canais

de comunicação” e usufruir melhor das possibilidades que a tecnologia oferece. O

GC02 também refere-se ao processo de comunicação com os funcionários como

limitado.

De acordo com o GC01, outro importante desafio é “conseguir, de alguma

forma, unificar funcionários, [fazer] eles entenderem que colaborador é todo mundo,

não importa se é técnico-administrativo ou docente”.

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E o desafio da Comunicação Orgânica, por sua vez, consiste em garantir que

as informações institucionais cheguem de forma organizada a todos os setores e

colaboradores (GC02). O GC01 acrescenta que uma Comunicação Orgânica permite

que todos contribuam com o processo e, desse modo, ele funciona melhor.

Figuram, ainda, na percepção deste grupo desafios relacionados à

complexidade do processo, especialmente porque envolve a participação de

diferentes pessoas; a Tecnologia, percebida como uma ferramenta que pode ser

melhor utilizada para facilitar as atividades de comunicação interna; a Imprensa, citada

como desafio nas situações em que veicula informações ainda não processadas e

divulgadas de forma oficial ao público interno ou, em alguns caso, com informações

equivocadas; a Rádio Corredor, que estabelece um fluxo de comunicação paralelo

mais rápido que a comunicação formal e pela qual nem sempre circulam informações

verdadeiras; a Entrega Eficaz, em referência à falta de segurança quanto à entrega

da mensagem e a assertividade da sua interpretação por parte do receptor; as Ações

Corretivas, referindo-se à falta de antecipação aos fatos, restando, em muitas

situações, apenas tentar corrigir o que não foi previamente informado de forma correta

e estratégica; e a Comunicação dos Líderes, que se reporta à necessidade de melhor

engajar os líderes no processo de comunicação interna da universidade.

Nesse sentido, é interessante resgatar uma pesquisa realizada pela

Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, em parceria com a SocialBase,

realizada em 2017, em que entrevistou-se profissionais de comunicação de empresas

brasileiras de pequeno (137 respondentes), médio (180 respondentes) e grande porte

(228 respondentes). Na ocasião, buscou-se mapear tendências de comunicação

interna para o ano de 2018.

Entre os resultados desta pesquisa, destacam-se os principais desafios para a

comunicação interna que os profissionais da área pretendiam enfrentar no ano de

2018 (Gráfico 05).

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Gráfico 05: Principais desafios da Comunicação Interna em empresas brasileiras.

Fonte: Aberje (2017).

Entre os 13 principais desafios elencados pelos comunicadores entrevistados,

17% identificaram a necessidade de engajar as lideranças de suas empresas como

comunicadores.

Trazendo para o contexto da universidade investigada, o GC01 entende que os

líderes são muitos importantes para comunicação, mas acredita que “hoje eles não se

enxergam dessa forma”. O GC02 também reforça a importância de que

as informações cheguem por seus líderes. [...] Então às vezes você faz todo um trabalho e você vai nos líderes e você mostra tudo, mas você tá achando que ele tá levando isso para as pessoas, que ele tá fazendo e às vezes não acontece.

Desse modo, também no contexto da instituição de ensino investigada, essa

necessidade mapeada no ano de 2017 permanece figurando como um desafio.

Portanto, considerando a referida pesquisa de mercado e a importância que o assunto

possui para o contexto organizacional, a seção seguinte apresentará resultados

relacionados à Comunicação de Liderança obtidos no âmbito da universidade.

4.5 Comunicação de Liderança

As organizações contemporâneas têm pensado suas estratégias de

comunicação buscando desenvolver as competências de suas lideranças para

alcançar uma comunicação mais eficaz e um melhor relacionamento entre líderes e

liderados (ALMEIDA, 2013).

Para Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019), a construção de relacionamentos

saudáveis e produtivos entre líderes e liderados passa pela comunicação do líder, pois

é por meio da sua comunicação que os líderes explicam os esforços, compartilham

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pontos de vista, informam os objetivos e metas, motivam os membros e, como

consequência, moldam a cultura da organização.

Nesse sentido, resgata-se, uma vez mais, que a equipe de comunicação da

universidade compreende a importância desses líderes para o processo, “eles são

muito importantes”, mas “hoje eles não se enxergam dessa forma” (GC01),

evidenciando, no contexto da universidade, o que Brown, Paz-Aparicio e Revilla

(2019) identificaram como uma falta de consciência dos líderes sobre a importância

de sua comunicação por não compreendem que as formas como eles se comunicam

são percebidas por seus subordinados como as suas formas de liderar.

Com relação à ‘forma’ de comunicação dos líderes, esta pesquisa adotou a

classificação postulada por Thomas, Richmond e McCroskey (1994), que classifica a

comunicação dos líderes em dois estilos: assertivo e responsivo, atribuindo a cada um

deles diferentes adjetivos, que foram utilizados para verificar a percepção dos

colaboradores administrativos quanto ao estilo de comunicação dos seus líderes.

De acordo com esses autores, o estilo de comunicação assertivo é

caracterizado por comunicadores vistos como independentes, dominantes,

agressivos, competitivos e fortes, ao passo que a responsividade é caracterizada por

descritores como úteis, simpáticos, compassivos, sinceros e amigáveis (THOMAS;

RICHMOND; MCCROSKEY,1994).

Com base no levantamento realizado por meio dos grupos focais, verificou-se

uma predominância de descritores que caracterizam o estilo sociocomunicativo dos

líderes da universidade como responsivo. Na Figura 26 observam-se os estilos de

comunicação dos líderes, elencados pelos colaboradores administrativos, que tinham

como opções apenas os descritores postulados por Thomas, Richmond e McCroskey

(1994).

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Figura 26: Estilos de comunicação dos líderes com base nas percepções dos colaboradores administrativos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se que todos os descritores elencados por ambos os grupos referem-se

ao estilo responsivo de comunicação, tendo apenas um membro do grupo do Campus

A que classificou o estilo de comunicação do seu líder como dominante.

Também verificou-se qual a percepção que os gestores possuem do seu

próprio estilo de comunicar, pedindo que elencassem, também dentro do que

postularam Thomas, Richmond e McCroskey (1994), o descritor que melhor define

seu estilo de comunicação. Quando unificou-se as respostas do colaboradores

administrativos comparando-as às percepções dos gestores, chegou-se à Figura 27.

Figura 27: Estilos de comunicação dos líderes com base nas percepções dos colaboradores administrativos e dos próprios gestores.

Fonte: Dados da pesquisa.

De modo geral, os resultados apontam para uma classificação bastante

semelhante entre os colaboradores administrativos e os próprios líderes, confirmando

uma percepção predominante de estilos responsivos, com destaque para o estilo

Amigável. Apenas dois gestores se definiram com estilo de comunicação Forte e um

Colaboradores Administrativos - Campi A e B

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colaborador definiu o estilo de comunicação do seu líder como Dominante, dois

descritores do estilo assertivo de comunicação.

Com relação ao estilo que mais se destacou entre as respostas, Amigável, o

CB03 entende que refere-se a “tratar com respeito, não com aquele ar de

superioridade que eu mando e você obedece, acho que é uma coisa de uma troca”,

também se refere à “entonação da voz, acho que a maneira que a pessoa até

gesticula” (CB03) e o CB05 acrescenta, concordando que “o gesticular te tranquiliza,

por mais que esteja te chamando atenção de alguma coisa”.

Com esse mesmo entendimento, o CA02 compreende que um estilo de

comunicação amigável

tem um pouco do sincero, tem um pouco de educação, de saber conversar, de saber se comunicar bem, sem ofender, sem passar dos limites, conseguir fazer com que aquela pessoa se empolgue, compre a ideia, vamos, vamos juntos, vai dar certo, to contigo, né, tamo junto, tamo junto, se der errado eu não vou jogar nas tuas costas.

Entre os gestores, ficou clara a percepção de que nem sempre será indicado

adotar o mesmo estilo de comunicação para todos os colaboradores. De acordo com

o CG07, “eu não posso falar com uma pessoa igual... Se eu falar com cada pessoa

dessa sala, eu vou ter que falar de uma forma diferente” e acrescenta que é preciso

que cada líder conheça muito bem a sua equipe. Em suas palavras:

Eu tenho conversas que eu ainda não fiz com minha equipe porque eu ainda tenho que aprender mais determinado de um e de outro. As coisas mais generalistas, tudo bem, a gente domina rápido, agora certas coisas que eu tenho que acessar pra obter o melhor efeito do colaborador, eu tenho que aprender dele. Não é chegar e falar com ele de uma forma errada... perdi aquele cara.

Observa-se, portanto, entendimentos próximos entre os três grupos, apontando

o estilo de comunicação amigável como adequado para, “ganhar o colaborador”

(CG07), no sentido de fazer ele “se empolgar, comprar aquela ideia” (CA02),

estabelecendo, assim, uma “relação de troca” (CB03).

O estilo de comunicação Sincero foi apontado como um estilo que os

colaboradores administrativos apreciam, especialmente pela confiança que esse estilo

de comunicação oferece. Para o CB07, “o sincero, pra mim, é a pessoa que vai

sempre falar a coisa correta. [...] Que o que ele ta falando é realmente aquilo”.

Para o CA02, “o sincero passa a imagem de uma pessoa que sabe se

comunicar” e o CA04 explica: “eu botei sincero porque, assim, eu já trabalhei com

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vários gestores, com várias pessoas, e pra mim essa é uma característica fácil pra

trabalhar, porque é ou não é, esse é o correto, esse não é!”. Mas para o CA03, ser “só

sincero às vezes não resolve, então tem que ter algumas outras questões”.

O estilo útil foi entendido como um estilo de comunicação mais resolutivo, “que

ele ta ali pra te dar os caminhos, direcionamentos, eu acho que o útil é aquele que é

o centro e tu sempre vai no que ele disser” (CB07). Para o CA01, é o gestor que vai

“se colocar à frente de uma situação e fazer gerar uma solução rápida e eficiente pra

quem ele está gerindo”.

Já o estilo de comunicação simpático não é bem visto pelos participantes

administrativos, que o associaram à falsidade. De acordo com o CB07, é um gestor

que não passa confiança, que o colaborador não confia nos feedbacks, “eu não gosto,

eu acho falso” (CB07), e o CB04 concorda: “é aquele cara que da o tapa e esconde a

mão”. Em concordância, o CA02 define: “Perigoso! Ri demais...”. Para o CA03,

“parece gente boa, só que falta pulso”.

Nesse sentido, o CA05 diz que pensou no Dominante como uma “pessoa forte,

que tem muito conhecimento, sabe, de certa forma, repassar isso pros seus

funcionários e faz fluir”, podendo-se relacionar esse entendimento à própria percepção

de estilo de comunicação Forte elencado por dois gestores.

Ainda assim, esse entendimento não foi consenso entre os participantes. Para

o CA01, o estilo Dominante revela uma pessoa insegura, que precisa dominar a

situação para liderar. Na percepção do CA03 e do CA06, trata-se de um estilo

centralizador e com dificuldades para delegar.

Em linhas gerais, especialmente entre os colaboradores administrativos, seus

gestores se enquadrariam em mais do que um descritor, corroborando a percepção

que emergiu do grupo dos gestores, de que é preciso empregar estilos diferentes de

acordo com o perfil de cada membro da equipe, já que sempre são perfis distintos.

Para o CG12,

tem pessoas que a gente tem que saber lidar, aprender a lidar, porque a gente trabalha com um monte de personalidades diferentes, principalmente até da gente né? Tem que aceitar. Eu acho que nesses anos eu aceitei muito as pessoas que antes eu era: não, não é assim, muda! Não, não é assim, ela não vai mudar. Ou eu aprendi a mudar porque aprendi com que ela mudasse junto comigo. É dois lados né?

Nas palavras do CA03, “é por isso que o equilíbrio daquelas características é

que fazem uma pessoa melhor”. Portanto, assim como no estudo de Men (2015), em

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que a autora concluiu que os funcionários esperam dos líderes que, em determinados

momentos, comuniquem-se de forma assertiva, forte e determinada, também no

contexto da universidade investigada os colaboradores administrativos preferem um

estilo que abarque descritores responsivos, mas também esperam que seus líderes

tenham pulso firme em determinados momentos, oriundo de um estilo assertivo. Para

o CA03 “em algum momento a pessoa tem que resolver, não da pra ti empurrar com

a barriga”, insinuando que eventualmente o líder também precisará ser Dominante.

Com base em Wikaningrum e Yuniawan (2018), a importância da qualidade da

comunicação dos líderes influencia a avaliação que os funcionários fazem de seus

líderes, influenciando a satisfação do colaborador no trabalho. Brown, Paz-Aparicio e

Revilla (2019) também condicionam a eficácia da comunicação aos comportamentos

comunicativos dos líderes que podem ajudá-los a desenvolver relacionamentos de

alta qualidade com seus liderados.

Nesse sentido, embora parte dos membros da administração superior não

tenha claro se as habilidades de comunicação de uma pessoa são consideradas

quando ele é convidado para assumir uma função de liderança na instituição, de

acordo com o AS03, “é só usar a lógica que é evidente que isso [habilidade de

comunicação] é um item ou um parâmetro importantíssimo, né?!”.

O AS04 entende que é uma habilidade considerada, sim, em um eventual

convite para assumir funções de liderança: “Claro, com certeza! É fundamental, não

só a formação na área, mas a própria performance”. O AS02 também acredita que

sim, e exemplifica que nas situações em que ele teve oportunidade de convidar

alguém para integrar sua equipe, considerou não apenas a comunicação escrita, mas

também a corporal e o comportamento, entendendo que isso faz parte de um conjunto

de habilidades e competências consideradas quando o convite é realizado.

Já o AS01 não percebe que considerar a habilidade de comunicação do

profissional esteja sistematizado em um processo de triagem da universidade, mas

entende que o convite se baseia em uma experiência da pessoa em algum outro setor

da instituição. Para ele, também não há nenhum tipo de monitoramento da

desenvoltura deste profissional quanto à sua habilidade de comunicação após assumir

uma função de liderança, entendendo que “um líder que, de repente, começa a

aparentar alguma dificuldade de comunicação com a sua equipe, você só percebe

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quando começam a emanar sinais pela própria equipe, senão você não percebe isso

(AS01).

Nesse sentido, o AS02 é bastante incisivo quanto à necessidade de treinar as

lideranças para ocuparem esses cargos, referindo-se, inclusive às mais altas funções

de liderança, como Vice-Reitores e Diretores, entendendo que é necessário “preparar

as pessoas para estarem naquela função, a gente não tem isso ainda”. E entende que

quando existe esse preparo, a comunicação acaba sendo consequência, pois as

pessoas acabam “comunicando, ou não comunicando, por falta de preparo, ou por

falta de experiência naquela função”. Para o AS02, é necessária uma política interna

de “preparar as pessoas para”, ou seja, mesmo que ocupem cargos de confiança e

que tenham sido escolhidos por estarem sob a confiança do seu superior, é preciso

que sejam preparadas para tal.

O GC01 também entende que é preciso treinar as lideranças. Para ele,

não estou dizendo que é só eles [líderes] “ah, vem, da um clickzinho e fala: ‘ah, eu preciso me engajar mais’”. Não! A gente precisa, também, cobrar deles isso, ensinar eles e dizer que é importante, falta também. Então, acho que de repente criar um programa de liderança na comunicação interna seria legal.

Também entre os próprios Gestores os treinamentos são percebidos como

necessários. De acordo com o CG14,

eu acho que sobre essa questão de alguma formação de liderança, esse tipo de coisa assim, já participei. Mas especificamente sobre feedback ou sobre comunicação de más notícias não participei de nenhum. Quando tive que fazer uma demissão, foi muito difícil, pq eu não tava preparada pra isso, fiquei três dias com dor de barriga, sem dormir, tudo isso, pra mim foi bem difícil. Mas eu acho que essa questão do feedback é que a gente vai aprendendo com as situações mesmo, né? No meu caso, pelo menos, ah, deu certo, essa pessoa recebeu dessa forma e tal, ok, né? Vou aprimorando ou consultando fontes externas.

É, a gente, muitas vezes, não é preparado. Tipo assim, a minha situação específica: eu assumi um cargo de liderança e não fui preparado pra isso, mas num determinado momento a gente participou, acho que muitos dos que estão aqui participaram de um movimento institucional... e trazer informações pras lideranças, é onde a gente teve muita informação também. Fora toda a questão de maturidade, de relacionamentos, que tudo isso vai trazendo uma série de coisas né (CG03).

Eu não tive também, quando eu entrei. Mas eu busquei... Busquei, busco constantemente e acredito que é interessante a universidade voltar a fazer. Mas eu busquei fora, fui fazer algumas coisas e fui ler também, pela minha necessidade (CG12).

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As manifestações dos gestores indicam que a experiência (maturidade) na

função contribui para melhorar suas habilidades de comunicação. Por outro lado,

também evidenciam a necessidade que os gestores da instituição possuem de serem

melhor preparados para assumirem as funções para as quais foram convidados,

especialmente pelas mencionadas iniciativas individuais de busca por

aperfeiçoamento em fontes externas ou, como na fala do CG03, o aproveitamento das

oportunidades proporcionadas pela instituição.

O GC01 entende que

quando você precisa do engajamento do colaborador, principalmente em alguma campanha ou alguma coisa, você precisa de engajamento. Quando é só comunicar, beleza, comuniquei, tá comunicado. Mas quando eu preciso do engajamento, ou seja, ah... estamos ali promovendo uma palestra e a gente precisa que os colaboradores venham... um treinamento, a gente precisa que o colaborador venha, então, o papel da liderança nesse sentido, ele é muito importante porque talvez o colaborador vai dizer “ah, eu não vou porque não vou sair do meu trabalho, ou não sei o que...”. E se o líder chegar e falar assim “oh, gente, pelo menos duas pessoas da equipe têm que ir, vejam quem quer ir e vão!” Entendeu? Então assim, oh... a liderança, ela seria essencial nesse sentido.

Sendo assim, Siqueira Filho, Zaccaria e Giuliani (2014) afirmam que a

comunicação interna das empresas não objetiva apenas informar, mas também formar

o colaborador e dar espaço para que ele produza conteúdo, fato bastante defendido

pelo GC02, que também afirma que até em função do tamanho da universidade, é

preciso que a instituição encontre um mecanismo para que a comunicação das

lideranças, independentemente da posição hierárquica, seja mais ágil.

Também em consonância com a importância que o papel do líder exerce no

engajamento do colaborador mencionada pelo GC01, Brown, Paz-Aparicio e Revilla

(2019) afirmam que a capacidade do líder se comunicar de maneira clara, concisa,

estruturada em uma sequência lógica que seja adequada ao tema, com

profissionalismo e sem se perder em assuntos irrelevantes, pode impactar de forma

direta o comprometimento afetivo do subordinado com a organização.

Portanto, com relação ao engajamento, assim como a pesquisa Aberje, já em

2017, identificava a necessidade que os profissionais de comunicação em empresas

brasileiras tinham de engajar os líderes para seus papeis de comunicadores, também

no contexto da universidade investigada observa-se a mesma necessidade, tanto pela

perspectiva dos profissionais de comunicação, como da administração superior.

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Também os próprios gestores entendem que precisam ter suas habilidades de

comunicação melhores treinadas para ocuparem as funções de liderança.

As percepções dos investigados também evidenciam que ao investir em

estratégias que preparem melhor os líderes para promover a comunicação junto aos

seus liderados, é possível obter resultados mais expressivos relacionados ao

engajamento dos colaboradores, o que impacta todo o contexto organizacional,

conforme evidenciado por Almeida (2013), Wikaningrum e Yuniawan, (2018), Braun

et al. (2019, e Brown, Paz-Aparicio e Revilla (2019).

4.6 Melhorias Percebidas, Prospecções e Sugestões

Além de todos os resultados obtidos por meio da coleta de dados já

apresentados, também emergiram das entrevistas e dos grupos focais percepções

relacionadas às melhorias que já são percebidas; às prospecções, ou seja, ações que

estão no radar dos investigados e são identificadas como alternativas que trarão

soluções ao contexto da instituição; e às sugestões de ações que podem contribuir

para melhorar o processo de comunicação interna da universidade.

Considerando, especialmente, a aplicabilidade deste estudo, entende-se

importante apresentar ao leitor essas informações. Na Figura 28, portanto, ilustra-se

a distribuição do código Melhorias Percebidas, evidenciando que todos os grupos

investigados mencionaram perceber melhorias, com destaque para o grupo dos

gestores.

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Figura 28: Distribuição do código Melhorias Percebidas.

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre o grupo dos gestores as principais melhorias citadas foram: a

implementação de um Plano de Gestão; as reuniões conduzidas pelo reitor e

realizadas com todos os colaboradores; a quantidade de informações recebidas da

administração superior; a integração das secretarias; o e-mail enviado

esporadicamente pela Secretaria Executiva; e a união das esquipes gestoras.

De acordo com o CG02, o Plano de Gestão define quais são “as estratégias

pra poder chegar no resultado e antes não tinha esse caminho traçado”, o que ajuda

os gestores a terem algum alinhamento sobre o caminho a seguir.

Nesse sentido, o CG13 menciona como algo positivo as reuniões que o reitor

tem conduzido junto a todos os colaboradores, em que promove o acompanhamento

das metas já atingidas pelo Plano de Gestão, apresenta resultados e, com isso, não

apenas informa, mas também engaja o colaborador àquela situação. Para o CG07,

nunca se teve tanta informação como atualmente, mas entende que sempre é possível

melhorar e acrescenta:

Eu peço que se mantenha, que isso foi feito até agora na nova gestão, porque eu to há bastante tempo aí e eu acho que isso ai foi transformador, cara, foi transformador, assim, pra mim pelo menos foi, ter essas informações, as pessoas falarem, e ver todas as pessoas incluídas no mesmo espírito, como as reuniões que foram feitas, que foram apresentados os números quando estavam muito ruins. Isso

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foi... o CG05 pode falar também, isso não foi? Eu tenho essa sensação, pra mim foi muito... das pessoas que têm menos informações no dia a dia, receberam essas informações e se perceberem, que os mínimos atos das suas funções, vão refletir num objetivo maior que a gente quer atingir. Então que se mantenha pelo menos esse canal, que se mantenha.

O CG12 concorda quando afirma que hoje a informação está sendo

transparente e está chegando nos gestores, em referência às informações oriundas

da administração superior.

Para o CG02, a integração das secretarias colaborou para facilitar a

comunicação, pois os demais setores sabem para onde direcionar, “antes, quando

estavam todas separadas já ficava um pouco mais difícil, já melhorou bastante”

(CG02). Os CG04, CG05, CG14 e CG02 mencionam o e-mail enviado pela Secretaria

Executiva como algo positivo tanto pelo interesse que possuem nas informações

encaminhadas, como pela objetividade da informação: “é uma informação objetiva,

né? Não é aquele e-mail que vem um monte de tópicos e tu vai ter que ficar lendo

tudo pra ver o que é do teu interesse” (CG14).

E o CG12 menciona que

ninguém pode esquecer, também, que por mais que tenham os problemas, mas as equipes são, é... nós estamos unidos, por mais que às vezes eu não soube de uma reunião, ele vem de uma reunião que ele tava e ele me fala, então pode não saber naquele momento, mas de alguma maneira a gente passa. Antigamente a gente não sabia, estourava mesmo quando já estava lá. E agora não, a gente ta tendo tempo de algumas ações antes, porque alguém vem da reunião e fala “oh, eu lembrei de ti porque é importante”. E isso é interno, isso é interno, isso é legal, ta bem claro, assim, ta ajudando bastante no nosso trabalho do dia a dia.

Nesse caso, o CG12 menciona que as relações interpessoais melhoraram entre

os gestores e que isso impacta a comunicação de forma positiva.

Entre os membros da administração superior, o AS04 menciona perceber uma

melhoria relacionada ao engajamento dos atores envolvidos no processo, e entende

que esse engajamento é fundamental para que o processo comunicativo seja mais

efetivo.

Na gestão da comunicação, as principais melhorias percebidas mencionam: o

planejamento das ações; o Team Building; e a percepção da equipe de Recursos

Humanos com relação aos líderes da instituição.

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Para o GC02, o fato da universidade ter ficado entre as 150 universidades mais

vistas no YouTube não foi por acaso, “ninguém acordou e lembrou que a gente existe,

foi tudo planejado”. E menciona que

o Team Building tem ajudado bastante porque, como eu falei, não é comunicar que tá se fazendo, é envolver no processo participativo que também é uma das marcas dessa gestão que a gente tem levado muito forte aqui também, a gente não faz uma campanha sozinho (GC02).

Essa percepção remonta, novamente, à importância do engajamento do

colaborador. Já com relação ao engajamento dos líderes, o GC01 entende como algo

positivo a visão que a equipe de Recursos Humanos tem com relação aos líderes.

Só que eu sinto, hoje, da equipe de Recursos Humanos que vai acontecer. Eu sinto que eles têm outra visão da liderança. Então, a própria Trilhas Formativas que eles estão planejando fazer, eu vejo, hoje, que eles já pensam não só técnico-administrativo, mas tipo, o técnico administrativo, mas aquele também que é líder, que ele precisa entender o papel dele de líder, que não é talvez só ir lá e ter as grandes responsabilidades, não, também é ser a pessoa que vai ser o ponto de referência.

Entre os colaboradores administrativos, as percepções de melhorias foram

relacionadas também ao Team Building, à integração das secretarias no campus

sede; a um alinhamento existente em função da informação; e ao Espaider.

Nas palavras do CB07,

essa questão do ouvir ela até ta começando a ser trabalhada com o Team Building administrativo, mas ele ainda não abrange tudo, tem coisas que eles realmente tinham que pegar quem trabalha com isso e reunir. Ta tendo um pontapé inicial de ouvir? Ta. Mas não é o suficiente ainda.

Portanto, com a ressalva de não ser suficiente, o CB07 concorda que é uma

ação que tem demonstrado o interesse institucional de ouvir seus colaboradores.

Os colaboradores do Campus A, assim como os gestores, também percebem

a integração das secretarias acadêmicas e dos setores relacionados como algo

positivo, e entendem que a mudança de layout ajudou a melhorar a comunicação

interna.

O CA01 também menciona uma melhora com relação à obtenção de

informação

em contrapartida de como era no início, que ninguém sabia de nada do que tava acontecendo, todo mundo com medo, e agora todo mundo no mesmo ritmo, tentando fazer crescer a empresa e entrando nessa história da inovação. E antes não existia isso, eu acho que é por aí.

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Também foi identificado o Espaider – sistema de gestão jurídica – como uma

melhoria para a instituição. Na percepção do CA04 “foi a nossa solução, porque tem

documento lá de 2000, a gente vai cadastrando, então, assim, pra gente foi

fundamental. E a gente, hoje, percebe que outros setores poderiam estar usando”.

Desse modo, identifica-se que a tecnologia e o arsenal de ferramentas que ela

possibilita às organizações, também pode contribuir para os processos de

comunicação interna.

Nesse mesmo sentido, e passando a apresentar as Prospecções identificadas

nas falas dos investigados, o AS02 identifica a Extranet como uma ferramenta com

potencial para facilitar o acesso às informações da instituição.

A gente espera poder estar ajudando com a nova ferramenta, a gente ta bem ansioso pra isso. Ela já foi vislumbrada pensando que a comunicação não é boa, que ela precisa ser melhorada. É um grande desafio, porque comunicação, ela tem gargalos e problemas, ruídos etc., em toda empresa e uma coisa é certa, minha percepção, ela nunca vai ser 100%. Mas mesmo sabendo que a gente nunca vai ter uma comunicação 100%, isso quer dizer que a gente precisa se desafiar e sempre tentar, mais um motivo pra entender que tu tens que estar a todo momento pensando né?! Porque se ela não vai ser 100% e eu não fizer nada, quer dizer que a tendência é ela ser pior, essa é a lógica.

Para o GC01, a extranet também poderá ser um canal em que o colaborador

buscará confirmar informações não oficiais. “Já estamos trabalhando pra isso, efetivo,

onde as pessoas: ‘Opa! Pera ai... tão falando isso, mas eu vou consultar a extranet e

vou ver se tem alguma coisa falando disso’” (GC01).

Trata-se de uma prospecção que já figurou na fala de colaboradores

administrativos, demonstrando uma percepção preliminar positiva com relação à

ferramenta. Sobre a extranet, o CB07 diz:

não sei se todo mundo já viu, eu acho que vai ser uma ferramenta bem legal de comunicação, porque vai... vários setores né? Então tendo as informações ali, formulários, tudo o que a gente vai precisar, ou quase tudo, dentro daquele ambiente. Eu acho que vai ser bem legal.

Ainda com relação ao uso de ferramentas propiciadas pela tecnologia, o GC01

considera importante prospectar novos canais que aproveitem melhor essas

possibilidades, e cita o WhatsApp Corporativo como um canal que ajudaria a

implementar um local de ‘troca’ com o colaborador, algo que hoje ainda não existe.

Já as prospecções do GC02 referem-se à obtenção de mais informações que

possam embasar o planejamento de novas ações no âmbito da comunicação interna.

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“O meu sonho de consumo, hoje, é fazer uma grande pesquisa pra saber como que

ele [colaborador] gostaria de ser envolvido”, e acrescenta “eu gostaria de entender

mais como que eles gostariam que a gente se comunicasse com eles, porque senão

talvez a gente faça mais do mesmo, né?!”, porque, ainda de acordo com o GC02, “a

gente precisa construir um planejamento legal para o público interno”.

O AS01 sente que muitas ações chegam a ser planejadas, mas deixam de ser

implementadas, especialmente pela administração superior, em função desses

membros serem “atropelados por uma série de fatos e uma série de dinâmicas que

não estavam previstas e a gente acabou colocando em segundo plano algumas coisas

que realmente estavam programadas”. Entre as ações que o AS01 tem planejado e

ainda não conseguiu executar estão as reuniões periódicas com grupos de

coordenadores.

Tenho conversado individualmente, mas eu não tenho privilegiado, em função disso, aquele networking, né?! Aquele brainstorming, aquela conversa, onde existe uma troca das experiências de áreas distintas, mas que sempre tem pontos de convergência e onde a gente consegue crescer enquanto grupo, né?! Isso a gente não conseguiu botar em prática (AS01).

Já entre as prospecções do AS04, figura a implementação de uma gestão

participativa, em que as informações circulem de forma organizada pela universidade,

abrangendo todos os colaboradores. “Nós estamos tentando implementar,

efetivamente, essa gestão participativa onde as decisões, elas são compartilhadas de

uma forma ágil, de uma forma, digamos, até salutar e que chegue lá na ponta” (AS04).

Observa-se, desse modo, que há planos, projetos e ações que estão incubados

ou planejados, mas que não foram ainda implementados, ou não em sua totalidade,

mas que pelas falas dos sujeitos investigados, tratam-se de ações que contribuirão

para o processo de comunicação interna no contexto da universidade.

Por fim, durante a realização dos grupos focais, solicitou-se aos participantes

que oferecerem suas sugestões para a comunicação interna da instituição. Essas

sugestões não foram discutidas com os participantes, apenas elencadas para fins de

contribuições da pesquisa. As imagens do quadrante do Canvas que apresenta as

sugestões oriundas de cada grupo são apresentadas na Figura 29.

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Figura 29: Sugestões ao processo de comunicação interna da universidade de acordo com os colaboradores administrativos do Campus A (A), Campus B (B) e gestores (C).

Fonte: Dados da pesquisa.

Para facilitar a visualização, os Gráficos 06, 07 e 08 apresentam as sugestões

oriundas de cada grupo.

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Gráfico 06: Sugestões dos participantes do Campus A para a comunicação interna da universidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

No Gráfico 07 são apresentadas as sugestões que emergiram dos participantes

do grupo focal realizado com os colaboradores administrativos do campus fora da

sede.

Gráfico 07: Sugestões dos participantes do Campus B para a comunicação interna da universidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

0 1 2 3 4 5 6

Acolher novos colaboradores

Concentrar informações em canal único

Engajar

Formas

Insegurança para quem está compartilhando conhecimento

Melhorar comunicação de baixo pra cima

Padronizar

Política Interna de Comunicação

Políticas Institucionais

Procedimentos Operacionais Padrões

Treinamento

0 1 2 3 4 5 6 7

Adequar processos por campus

Comunicar antes das mudanças

Comunicar pessoalmente

Dar atenção aos campi

Fazer mais reuniões antes das mudanças

Integrar processos administrativos

Liberar Skype Business como canal oficial entre setores

Oferecer Retorno

Ouvir mais os funcionários

Ouvir setores envolvidos em outros campi

Utilizar tecnologias (skype, vídeoconferências)

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E o Gráfico 08 apresenta as sugestões oriundas do grupo focal realizado com

os gestores.

Gráfico 08: Sugestões dos gestores para a comunicação interna da universidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

Como é possível observar por meio dos Gráficos, as sugestões dos grupos

estão diretamente relacionadas às principais percepções evidenciadas nas

discussões e já apresentadas ao longo da Análise dos Resultados.

De forma sintetizada, os colaboradores do Campus A evidenciam a

necessidade de Treinamentos, e esses colaboradores percebem que é preciso criar

formas e padrões para os processos administrativos da instituição, mencionando,

0 2 4 6

Acompanhar processos para melhorias

Categorizar e-mail para facilitar busca (Outlook)

Centralizar informações em um replicador

Definir público-alvo da comunicação

Disponibilizar ferramentas de apoio à comunicação

Distribuir informações em todos os níveis

Envolver pessoas de diversas áreas

Fortalecer a comunicação interna

Incentivar visão sistêmica e não setorizada

Job Rotation

Layout Secretarias

Manter Política de Transparência

Manter promoção do sentimento de pertencimento nas…

Melhorar entre os setores

Oferecer Treinamentos

Padronizar Comunicação e Processos / Manuais-POPs

Planejamento diferente da comunicação externa

Plano de Gestão

Processo de Penalização

Publicação antecipada sobre os eventos

Respeitar individualidades

Respeitar limites (horário de trabalho/vida pessoal)

Sensibilizar

Setores sem definições sobre eventos

Treinamento para Comunicação dos Líderes

Unificar Processos

Usar Tecnologias

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ainda, a implementação de políticas institucionais e de uma política interna de

comunicação, o que converge para a padronização dos processos.

Já os colaboradores do Campus B sugerem que os campi sejam comunicados

e preparados para as mudanças antes delas acontecerem e pedem que

representantes de outros campi participem dos processos de mudanças,

especialmente para que as características específicas de cada campus sejam

consideradas. No Campus B os colaboradores também sugerem que a tecnologia seja

melhor utilizada em favor do processo de comunicação.

Entre os gestores, emergiram sugestões também relacionadas aos

Treinamentos e à Padronização, corroborando as sugestões dos colaboradores

administrativos. Além disso, a unificação de processos e a necessidade de um setor

que seja referência dentro da instituição como local para se buscar informações,

especialmente relacionadas aos diversos eventos que acontecem em cada campus,

ganharam destaque neste grupo.

4.7 Esboço Visual da Concepção da Pesquisa e Principais Resultados

De maneira sintetizada, a Figura 30 apresenta os elementos que nortearam a

concepção da pesquisa, desde os objetivos estabelecidos, a metodologia adotada, os

sujeitos que integraram o universo desta investigação e os principais resultados

obtidos, em alinhamento aos objetivos, geral e específicos, previamente

estabelecidos. A Figura 30 também apresenta os aspectos de aplicabilidade,

reaplicabilidade e inovatividade implicados no estudo.

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Figura 30: Esboço visual da concepção da pesquisa e principais resultados.

Fonte: Elaborado pela autora a partir da concepção e dos resultados obtidos pela pesquisa.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo apresentam-se as considerações finais da dissertação,

sintetizando os principais resultados, sequenciados pela forma como a pesquisa

desenvolveu os objetivos específicos propostos e apresentando considerações

avaliativas, de aplicabilidade e de reaplicabilidade. As implicações acadêmicas e

gerenciais também são apresentadas, destacando o potencial de inovação da

pesquisa. Por fim, apontamentos relacionados às limitações do estudo e às sugestões

de pesquisas futuras relacionadas ao tema central também são realizados.

Este trabalho teve como ponto de partida o processo de comunicação interna

de uma universidade multicampi. Para tanto, considerou-se a percepção da

administração superior, dos comunicadores, dos gestores e de colaboradores

administrativos da organização.

Após a fundamentação teórica, elaborou-se um percurso metodológico que foi

rigorosamente seguido para a execução da pesquisa, que incluiu entrevistas

semiestruturadas e grupos focais como técnicas adotadas para a coleta dos dados.

A análise dos resultados permitiu identificar que as percepções sobre os

objetivos da instituição mantêm vínculos com os objetivos oficiais em função da

essência da organização, alicerçada no tripé ensino – pesquisa – extensão, e em seu

caráter comunitário, que remete aos colaboradores, gestores, comunicadores e

membros da administração superior o objetivo de inserção na comunidade.

Ainda assim, muitos participantes entendem que o cenário no qual a

universidade se insere exige que outros objetivos, como qualidade e inovação, sejam

considerados, muitas vezes se sobrepondo ao que seria a essência da universidade.

Fato que também foi identificado na percepção dos gestores e dos membros da

administração superior, grupos nos quais a preocupação com o equilíbrio financeiro

da instituição se sobrepôs aos objetivos que seriam tidos como oficiais.

Evidenciou-se, ainda, percepções relacionadas à importância que a

comunicação interna assume em situações de transição, como no caso da

universidade investigada, que passa por mudanças desde o ano de 2018, quando

ocorreu troca da gestão administrativa.

O mapeamento dos canais de comunicação interna da instituição permitiu

elencar 35 diferentes meios identificados pelos membros da universidade. Após um

processo de refinamento, chegou-se a 20 canais que foram classificados com base

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na Teoria do Contínuo da Riqueza dos Meios de Daft e Lengel (1983). A classificação

resultou em 03 canais com riqueza total alta: Face a Face, Reuniões e Rádio Corredor,

sendo as duas primeiras bastante mencionadas pelos colaboradores como canais

preferenciais para comunicar novos fluxos, informações complexas e/ou situações

que permitem a participação do colaborador. A Rádio Corredor foi reconhecida pelos

membros da administração superior e pelos comunicadores como uma rede de

comunicação informal bastante presente no contexto da instituição e, eventualmente,

utilizada pelos comunicadores de forma estratégica.

Apesar da quantidade de canais mapeados, conforme um dos problemas

elencados na Introdução deste estudo, confirmou-se a percepção que os profissionais

da comunicação possuem de que há poucos canais para estabelecer a comunicação

com os colaboradores. Nesse sentido, a gestão da comunicação objetiva implementar

mais canais de comunicação que estejam alinhados ao avanço da tecnologia,

especialmente pela possibilidade de interação e diálogo, em favor de trocas e

construções colaborativas.

Os canais relacionados a tecnologias (chat interno, redes sociais, Skype e

WhatsApp) foram classificados com riqueza total média-alta nesta investigação.

Entende-se que a classificação postulada por Daft e Lengel (1983) permanece sendo

útil para classificar a riqueza dos canais, uma vez que, no contexto deste estudo, os

canais que apresentaram riqueza total média-alta e riqueza total alta são os canais

que os colaboradores mais têm utilizado no âmbito da comunicação interna da

universidade investigada, assim como verificou-se que os canais com caráter

informacional apresentaram riqueza total baixa e média-baixa.

É importante destacar que o E-mail foi considerado, por unanimidade entre os

grupos, o canal oficial de comunicação interna na instituição. Desse modo, cabe

ressaltar que apesar de tratar-se de um canal que apresentou riqueza total média, ele

segue sendo bastante utilizado no contexto da comunicação interna, especialmente

pela possibilidade que possui de registrar e de armazenar as informações, o que

confere segurança, principalmente ao emissor da mensagem. Não foram relatadas

dificuldades relacionadas ao uso do e-mail no sentido do encaminhamento das

mensagens, conforme mencionou-se entre os problemas que motivaram a pesquisa,

por outro lado, ficou evidente a dificuldade que os colaboradores possuem com

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relação à busca por informações dentro da instituição, no sentido de não terem claro

com quem devem falar de acordo com cada assunto.

Ainda com relação aos canais, observa-se que os membros da instituição

sentem necessidade de um canal que ofereça segurança com relação à entrega da

mensagem. Nesse sentido, o WhatsApp poderia ser uma ferramenta interessante,

mas que oferece riscos. Entre os gestores, ficou evidente a preocupação que possuem

com relação ao uso deste aplicativo, especialmente pela possibilidade de

descumprimento dos direitos assegurados aos colaboradores pelas Leis do Trabalho.

Apesar dos riscos elencados, evidenciou-se o WhatsApp como uma ferramenta

ágil, que acompanha a velocidade necessária para a eficiência organizacional. Não

foram relatadas dificuldades relacionadas à operacionalização do uso da ferramenta,

como preconizado na Introdução deste trabalho. O grupo do Campus B não entende

ser necessária a implementação de uma política institucional para o uso da

ferramenta, especialmente por tratar-se de um aplicativo de uso pessoal, colocado

espontaneamente à serviço da instituição com o objetivo de oferecer agilidade aos

processos. Já os colaboradores do Campus A (sede) e os gestores entendem que é

necessária a intervenção da instituição no sentido de orientar e disciplinar o uso da

ferramenta para que problemas sejam evitados, especialmente de ordem trabalhista.

Outro problema que colaborou para motivar a realização deste estudo foram

relatos de que muitos colaboradores ficam sabendo das informações da instituição por

fontes externas, antes mesmo da universidade comunicar. Nesse sentido, isso se

confirmou como um problema quando o público externo recebe uma informação e o

público interno ainda não está informado e suficientemente preparado sobre aquele

assunto. A gestão da comunicação entende que também é um problema quando a

informação da fonte externa não é verdadeira e a universidade não se antecipou para

que o colaborador conhecesse, primeiro, a informação oficial.

Ainda por meio da análise dos resultados, identificou-se um fluxo de

comunicação predominantemente descendente na universidade (de cima pra baixo).

Mesmo assim, trata-se de um fluxo que não tem apresentado efetividade no processo

da comunicação interna, verificando-se que as informações chegam em nível

satisfatório apenas até os gestores (líderes de equipes). O fluxo ascendente (de baixo

pra cima) não é bem estabelecido, e os colaboradores não conhecem qual seria o

caminho a seguir para levar a informação da ‘ponta’ para os níveis superiores.

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142

Por fim, o fluxo horizontal é compreendido pelos gestores e pelos

colaboradores como essencial para melhorar o processo de comunicação interna da

instituição. Nesse sentido, a integração entre os setores, o espírito de coletividade e

o conhecimento sobre o que ‘o outro’ faz foram elencados como elementos que

facilitariam a implementação deste fluxo horizontal e, por consequência, melhorariam

o processo de comunicação dentro da universidade. Destaca-se que a reorganização

do layout físico foi compreendida como um elemento que ajuda a melhorar a

comunicação dentro da universidade, citando-se como exemplo a unificação dos

setores de atenção aos estudantes do Campus A.

A característica multicampi da universidade investigada também evidenciou

resultados importantes por meio deste estudo. Observou-se que enquanto os

colaboradores que atuam no campus sede (Campus A) preocupam-se com a

padronização dos processos para melhorar a comunicação, os colaboradores que

atuam em um campus fora da sede (Campus B), ainda desejam receber as

informações com antecedência e manifestam vontade de participar dos processos,

podendo contribuir para que as peculiaridades do seu Campus de atuação sejam

levadas em conta nos processos decisórios. Isso atesta uma percepção diferente que

os colaboradores possuem com relação ao processo de comunicação interna da

mesma instituição.

Em comum entre os sujeitos investigados, indica-se a necessidade de

treinamentos em todos os níveis como estratégia que levaria a uma melhora das

relações interpessoais, padronizaria os processos, aperfeiçoando a gestão do

conhecimento, prepararia melhor as pessoas para ocupar cargos do alto escalão e,

por consequência, melhoraria o processo de comunicação interna.

Com relação aos principais benefícios oportunizados por um processo claro de

comunicação interna, elencou-se o engajamento dos colaboradores, a qualidade no

atendimento, o fortalecimento da imagem e a simetria das informações em favor da

unidade ao discurso organizacional. Já com relação aos desafios para a comunicação

interna identificados no contexto da universidade, destacam-se a entrega eficaz

(dificuldade de fazer com que a informação chegue a todos e seja interpretada

corretamente), a característica multicampi da universidade, a falta de canais

interativos e a dificuldade para dar unidade às informações e ao discurso da

instituição.

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A busca por identificar o estilo de comunicação predominante entre os líderes

da universidade resultou em estilos predominantemente responsivos, com destaque

para o estilo Amigável. Este resultado foi evidenciado nos três grupos focais realizados

junto aos colaboradores administrativos dos Campi A e B e aos gestores da

universidade. Ainda assim, também foi consenso entre esses três grupos que o melhor

estilo de comunicação reside no equilíbrio entre vários descritores, incluindo-se

descritores do estilo assertivo de comunicação.

Para encorpar as contribuições gerenciais deste estudo, apresentou-se uma

seção de análise com as melhorias percebidas, as prospecções e as sugestões, sendo

essas últimas oriundas dos colaboradores de ambos os campi e dos gestores.

Em consonância com o que apresentou-se ao longo da análise dos resultados,

as sugestões dos colaboradores da sede (Campus A) evidenciaram a necessidade de

treinamentos e de padronização dos processos administrativos da instituição,

mencionando, ainda, a implementação de políticas institucionais e de uma política

interna de comunicação, o que converge para a padronização dos processos.

Já as sugestões dos colaboradores do campus fora da sede (Campus B) se

concentraram na busca por alternativas que os integre melhor às decisões da

instituição, respeitando as especificidades de cada campus, e que os comunique de

forma efetiva e em tempo hábil para melhor se adaptarem às mudanças. Esses

colaboradores também sugerem que a tecnologia seja melhor utilizada em favor do

processo de comunicação.

Os gestores, por sua vez, também sugeriram Treinamentos e Padronização,

corroborando as sugestões dos colaboradores administrativos. Além disso, a

unificação de processos e a necessidade de um setor que seja referência dentro da

instituição como local para se buscar informações, especialmente relacionadas aos

diversos eventos que acontecem em cada campus, ganharam destaque.

Sendo assim, como contribuições práticas, acredita-se que outras

universidades multicampi também poderão se beneficiar dos resultados desta

investigação para avaliar suas estratégias de comunicação com seus diferentes perfis

de colaboradores. Muitas instituições não possuem clareza de como seus membros

recebem informações, de como se comportam dentro do contexto organizacional, ou

de como esperam ser integrados a esse contexto. Os resultados evidenciados por

este estudo indicam a relevância de melhor compreender essas distintas percepções

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para, assim, nortear estratégias assertivas de acordo com as necessidades desses

diferentes perfis de colaboradores.

A contribuição acadêmica reside na condução de uma investigação científica

que se propôs a ouvir diferentes atores envolvidos no processo de comunicação

interna de uma instituição de ensino superior. Com a literatura apresentando estudos

neste segmento que adotaram, predominantemente, a ótica dos colaboradores e/ou

dos profissionais de comunicação para investigar aspectos implicados no contexto da

comunicação interna, a presente pesquisa acrescenta a percepção dos membros da

administração superior e dos gestores, sem deixar de considerar a ótica dos

profissionais da comunicação e dos colaboradores, abarcando, ainda, as distintas

percepções dos colaboradores que atuam na sede e colaboradores que atuam fora

da sede. Dessa forma, a pesquisadora ancorou-se em grande volume de dados

primários que permitiram triangular diferentes percepções, sempre à luz da literatura,

oferecendo robustez aos resultados.

Durante a construção do percurso metodológico, elaborou-se um Canvas, cujos

quadrantes foram ancorados na literatura, e que norteou as atividades durante a

realização dos grupos focais. Desse modo, o modelo que foi construído à luz da

literatura pode ser verificado empiricamente durante o processo de coleta de dados,

mostrando-se útil no âmbito desta investigação. Esta proposta de Canvas também

consiste em contribuição acadêmica que poderá auxiliar a condução de estudos

futuros no campo da comunicação interna em organizações de diferentes segmentos.

Tanto as contribuições práticas como acadêmicas também atestam o potencial

de inovação do estudo, permitindo oferecer às organizações elementos que

tangenciam e impactam seus processos de comunicação interna e que nem sempre

são considerados de forma estratégica, e permitindo, também, acrescentar ao estado

da arte da comunicação interna um estudo que inova ao agregar a percepção de

gestores, de membros da administração superior e de colaboradores que vivenciam

diferentes contextos ao atuarem, ou não, na sede da organização.

O modelo de Canvas proposto, por sua vez, converte-se tanto em elemento

que promove a inovatividade desta pesquisa, ao lançar mão de um modelo inédito

para nortear o processo de coleta de dados por grupo focal, como também promove

a reaplicabilidade da metodologia adotada para estudos em diferentes organizações

que tenham a comunicação interna como unidade de análise.

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145

Embora o estudo tenha contemplado todos os objetivos propostos, apontam-se

algumas limitações decorrentes das escolhas da pesquisadora e/ou da natureza do

trabalho. Optou-se, por exemplo, por concentrar este estudo nos colaboradores

administrativos, não incluindo-se os docentes ao escopo da investigação. Nesse

sentido, a própria coleta de dados evidenciou problemas de comunicação

relacionados aos colaboradores docentes que não foram discutidos porque não

faziam parte do universo em análise. Considerando a importância de conhecer as

percepções deste público, sugere-se a realização de estudos que tenham os

colaboradores docentes como sujeitos investigados, podendo-se, inclusive, comparar

os resultados aos desta investigação.

A técnica de coleta de dados adotada junto aos colaboradores administrativos

foi o grupo focal, alinhando-se aos objetivos propostos neste estudo. No entanto, não

é possível afirmar que os resultados representam as percepções da totalidade dos

colaboradores administrativos da instituição. Desse modo, a realização de uma

pesquisa quantitativa junto a todos os colaboradores administrativos da universidade,

construída a partir dos resultados do presente estudo, seria útil para confirmar, ou não,

os achados obtidos por meio dos grupos focais.

Por fim, também recomenda-se a utilização do modelo Canvas proposto para

este estudo, na realização de grupos focais em pesquisas que busquem investigar

aspectos que permeiam o campo da comunicação interna.

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Entrevistas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado, integrando um sujeito da pesquisa intitulada “Comunicação interna em uma universidade multicampi: a visão da administração superior e a percepção de comunicadores, gestores e colaboradores administrativos”, desenvolvida por Francine Lucatelli, aluna do Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí, a quem poderei contatar/consultar a qualquer momento que julgar necessário por meio do e-mail [email protected] ou do telefone 47 9xxxx.xxxx.

Tenho ciência que a pesquisa referida é orientada pelo Prof. Dr. Hans Peder Behling, a quem poderei contatar/consultar a qualquer momento que julgar necessário por meio do e-mail [email protected].

Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa.

Fui informado que o principal objetivo dessa investigação é avaliar o processo e de comunicação interna no contexto de uma universidade multicampi, considerando a percepção da administração superior, de comunicadores, dos gestores e de colaboradores administrativos.

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semiestruturada a ser gravada a partir da assinatura desta autorização e, posteriormente, transcrita.

O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pela pesquisadora e seu orientador, estando esses autorizados a divulgá-los para fins acadêmicos e/ou científicos, desde que seja preservado meu anonimato.

Fui ainda informado que posso me retirar desse estudo a qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.

Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Cidade ( ), ______ de ____________________ de 2019.

______________________________________ Assinatura por extenso do Entrevistado

______________________________________ Assinatura por extenso da Pesquisadora

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APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Grupos Focais

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa intitulada

“Comunicação interna em uma universidade multicampi: a visão da administração superior e a percepção de comunicadores, gestores e colaboradores administrativos”, desenvolvida por Francine Lucatelli, aluna do Programa de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí, e orientada pelo Prof. Dr. Hans Peder Behling.

Após receber os esclarecimentos e as informações a seguir, se você aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está impresso em duas vias, sendo que uma delas é sua e a outra ficará comigo. Esclareço que em caso de recusa na participação você não será penalizado(a) de forma alguma. Mas se aceitar participar, quaisquer dúvidas sobre a pesquisa poderão ser esclarecidas pela pesquisadora, via e-mail [email protected] ou sob forma de ligação, 47 9XXXX.XXXX.

O trabalho tem como objetivo geral avaliar o processo de comunicação interna no contexto de uma universidade multicampi, considerando a percepção da administração superior, de comunicadores, dos gestores e de colaboradores administrativos. Você colaborará participando de uma atividade em grupo (denominada grupo focal) junto à pesquisadora e dois auxiliares, e para isso deverá reservar um período de, pelo menos 1h30, para que possamos conversar. Será feita uma coleta de informações e percepções, por meio de conversas e aplicação de algumas atividades. Não haverá respostas certas ou erradas, suas opiniões e percepções são o que interessam para essa atividade, por isso sua participação é muito importante, no entanto, você poderá não responder a qualquer pergunta que lhe trouxer desconforto. Todas as atividades serão gravadas (em áudio e imagem) e posteriormente transcritas.

Você, em hipótese alguma será identificado. Apenas as informações recebidas serão analisadas e divulgadas para fins acadêmicos e científicos, garantindo o anonimato de todos os sujeitos dessa investigação.

Consentimento da Participação na Pesquisa

Eu, ____________________________________________________, abaixo assinado,

concordo em participar do estudo intitulado “Comunicação Interna em uma Instituição de Ensino Superior: a visão da administração superior e a percepção de colaboradores administrativos”. Informo ter mais de 18 anos de idade e destaco que minha participação nesta pesquisa é de caráter voluntário, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter qualquer ônus, apenas com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui devidamente informado(a) e esclarecido(a) pela pesquisadora responsável, Francine Lucatelli, sobre a pesquisa, os procedimentos e métodos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação no estudo. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Declaro, portanto, que concordo com a minha participação no projeto de pesquisa acima descrito.

Cidade ( ), ____ de ___________________ de 2019.

______________________________________ Assinatura por extenso do Participante

______________________________________ Assinatura por extenso da Pesquisadora

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APÊNDICE C – Check List e Dicas para realização de Grupo Focal Procedimentos Iniciais:

Autorização Institucional; Reserva de sala com antecedência; Seleção dos participantes (sorteio); Definição de data e horário; Envio de convite por e-mail com algumas semanas de antecedência; Posterior encaminhamento de convite para o grupo por meio da agenda do outlook; Envio de último lembrete no dia do grupo focal.

Material utilizado:

Sala; Cadeiras em círculo; Mesa grande para montagem do Canvas; Crachás com números de identificação dos participantes; Crachás identificando os pesquisadores; Aparelhos eletrônicos para gravar áudio e imagem (vídeo); Tripé para apoiar aparelho da gravação de imagens; Canetas; Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (2 para cada participante) impressos; Canetinhas; Post its; Fitas adesivas (para desenhar o Canvas na mesa); Prancheta; Roteiros do grupo focal impressos para os aplicadores; Estilos de Comunicação dos Líderes impressos em um cartaz; Lanche; Mesa para apoio do lanche; Chocolate para cada um com mensagem de agradecimento pela participação; Brinde para sorteio final.

Dicas:

Reservar sala livre de ruídos que possam prejudicar a qualidade dos áudios; Ao decidir local, horário e data do grupo, considerar as possibilidades que facilitariam

a participação dos colaboradores, evitando-se locais que exigiriam maior esforço para chegar, ou horários próximos ao almoço ou final de expediente;

Realizar testes preliminares dos equipamentos eletrônicos e deixar os aparelhos distribuídos antes da chegada dos participantes, verificar ângulo para captação das imagens e deixar aparelho no tripé;

Testar qualidade dos áudios, verificar distâncias e interferência de ruídos do ambiente, como ar condicionado;

Criar ambiente de descontração para estimular a participação dos membros do grupo, deixando-os à vontade;

Ter ajudantes que compreendam os objetivos da pesquisa e possam auxiliar durante a aplicação;

Utilizar roupas confortáveis que não tirem a atenção ou inibam os participantes; Verificar a bateria e a capacidade de armazenamento dos equipamentos eletrônicos; Realizar pausas na gravação do vídeo para que o arquivo não fique tão longo e

pesado;

Enviar os resultados da pesquisa aos participantes.

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APÊNDICE D – Convite, Agenda e Lembrete para participação no Grupo Focal

Convite

Envio de Agenda via Outlook

Lembrete no dia do Grupo Focal

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APÊNDICE E – Convite para participar de Entrevista