programa de localizaÇÃo e identificaÇÃo de … · requerimento de identificaÇÃo criminal via...

18
PROGRAMA DE LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE DESAPARECIDOS MPSP/PLID Eliana Faleiros Vendramini Carneiro Promotora de Justiça – Assessora Da Procuradoria-Geral Núcleo de Criminologia

Upload: buikhanh

Post on 14-Feb-2019

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PROGRAMA DE LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE DESAPARECIDOS

MPSP/PLID

Eliana Faleiros Vendramini CarneiroPromotora de Justiça – Assessora Da Procuradoria-GeralNúcleo de Criminologia

PIV - PROGRAMA DE IDENTIFICAÇÃO DE VÍTIMAS – 2009

PLID/RJ – 2010 – EQUIPE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

JAN/2011 – 900 MORTOS E 220 DESAPARECIDOS NA REGIÃO SERRANA – O CADASTRO PLID JÁ CONTRIBUIU PARA A LOCALIZAÇÃO/IDENTIFICAÇÃO DE 893 PESSOAS

PLID/SP – 2012 - TERMO DE COOPERAÇÃO COM O MPRJ

ABRIGADO6%

APREENDIDO1% COM OUTRA FAMÍLIA

2%

EM APURAÇÃO4%

FALECIDO30%

FIXAÇÃO DE NOVA RESIDÊNCIA

7%

HOSPITALIZADO5%

PRESO7%

RETORNO VOLUNTÁRIO32%

SITUAÇÃO DE RUA6%

Circunstâncias de Localicação

REDE PLID NACIONAL MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO

Falta de comunicação aos familiares

O Estado falha narecomposição dos vínculosfamiliares

Ausência de ação social nospresídios

Aumento da drogadição

___________________________________________DADOS ESTATÍSTICOS OBTIDOS PELO MPSP

- Num banco de dados de 2013 a 2014, o pico de maior registro dedesaparecimento no Estado de São Paulo é justamente deadolescentes, especificamente do sexo masculino e aos 15 anos.

trabalho estatístico realizado pela Associação Brasileira de Jurimetria – ABJ, em parceria com oMPSP/PLID

___________________________________________DADOS ESTATÍSTICOS

___________________________________________DADOS ESTATÍSTICOS

COMO O ESTADO/POLÍCIA CUIDAVA DOS DESAPARECIDOS?

(DE 2014 PARA TRÁS)

___________________________________________

- Era comum a orientação da espera por um tempo para registraro BO (até hoje enfrentamos esse problema – ex.: a genitora deM.S.B., em maio de 2016, procurou a delegacia informando que afilha estava desaparecida, provavelmente por envolvimento no usode drogas, recebendo a seguinte resposta: “como ela usa drogas,espere que ela irá retornar”).

- Feito o BO, o RG do desaparecido era bloqueado, mas nadamais era feito (e a família nem era avisada de que o BO não geravainvestigação).

___________________________________________

- O banco de dados formado não era cruzado com outros bancos,como de BOs, e nem utilizado para orientar políticas públicas(ex.: por 14 anos, Cláudio Rocha procurava seu pai, desaparecidoem 15/01/2000. Registrou BO. Ficou sabendo, pelo MPSP/PLID, emmaio de 2014, que o pai estava morto desde 27/03/2000, e a mesmaPolícia Civil tinha o registro por BO) – o “redesaparecimento”.

- Nem vulneráveis eram respeitados: crianças, adolescentes edoentes mentais (ex.: I.G.G.S., então com 8 anos, desapareceuapós sair de casa com destino a uma aula em um projeto social dobairro. Colegas, também crianças, contaram que ela havia sidoabordada por um homem em um carro de cor escura. Sua mãe fezBO em 01/11/2005, mas o fato nunca foi investigado e até hoje nãose sabe o destino da criança).

O QUE O MPSP/PLID PROPÔS

___________________________________________A EDIÇÃO DA PORTARIA DGP Nº 21/2014(Lei Estadual nº 15.292/14)

- Exige a investigação do desaparecimento de pessoas vulneráveis, ouseja, que não podem consentir com o desaparecimento, hojeincluídas crianças e doentes mentais - art. 7º, parágrafo único.

MPSP ainda cobra a inclusão dos adolescentes, dado que vulneráveissegundo a Constituição Federal do Brasil.

- A própria Portaria exige que a unidade policial responsável peloregistro do desaparecimento da criança, adolescente ou deficientemental/físico, deve comunicá-lo à Polícia Federal e demaisestabelecimentos de entrada e saída dos municípios, Estadosmembros da União e do País, em caráter de urgência – art. 2º, início e §1º.

_______________________________________________A EDIÇÃO DA PORTARIA DGP Nº 21/2014

- Nos demais casos, exige uma pesquisa mínima nos bancos de dados em mãos da PolíciaCivil (ex: em muitos casos, logo são achados outros BOs em nome do desaparecido,inclusive como vítima. Noutros, são achados no IML. Etc.) – art. 7º, início.

MPSP encontrou vários desaparecidos com BO de morte que, sem essa pesquisa, foramenterrados como indigentes.

- Tanto o Serviço de Verificação de Óbito - SVO como o Instituto Médico Legal – IML deverãoenviar qualquer solicitação de identificação de cadáveres ao IIRGD, que procura no bancode dados de RGs - art. 4º, §1º.(Lei Estadual nº 10.299/99)

MPSP pediu e, após mais de ano, foi montada uma base digital do IML junto à Delegacia, paraque não se enterre sem verificar se é procurado como desaparecido.

O SVO ainda não faz essa comunicação via digital!

- Os hospitais devem informar, em doze (12) horas do primeiro atendimento, o acolhimento dequalquer paciente desacompanhado, por quaisquer de seus dados.

MPSP está trabalhando para coibir essa falha grave, que, semanalmente, nos são reportadas.

- Exigiu a investigação em todo o Estado. Antes, todos os BOs vinham para uma equipe, decerca de 11 pessoas, na Capital. Como ficava a análise da base de dados dos casos dointerior? – art. 5º.

”...ao tentar entender onde poderiam ser encontrados os desaparecidos já falecidos, descobrimos uma falha grave no serviço público: pessoas registradas como desaparecidas, então falecidas, tiveram seus corpos enviados para autópsia e, mesmo com identificação, não foram entregues às suas famílias, senão inumadas em terreno público, como indigentes. As famílias não foram sequer avisadas disso. Portanto, elas desapareceram, apareceram e o Estado desapareceu com elas - fato que aqui convencionamos chamar de ‘redesaparecimento’ – neologismo essencial à gravidade dos fatos. O MPSP/PLID contatou famílias que procuravam seus parentes há mais de 14 anos, embora o Estado os tivesse localizado em menos de alguns dias do registro do desaparecimento (...) além disso, a polícia civil, de posse dos dois BOs, em nome da mesma pessoa, nunca os conjugou!”

O “REDESAPARECIMENTO”

IC nº 569/14

PROPOSTA PLID JÁ ENVIADA A TODOS OS PJs DO JÚRI DA CAPITAL(...)

REQUERIMENTO DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL VIA CODIS

Toda pessoa civilmente identificada não será submetida à identificação criminal, conforme mandamento do art. 5º, LVIII, da CF/88, salvo nas hipóteses previstas em lei - Lei nº 12.037/09.

Na presente investigação, estamos diante de duas destas hipóteses excepcionais, seja porque não foi possível a identificação civil de parte envolvida, seja porque, ainda que essa existisse, sua identificação criminal é essencial para a investigação policial:

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:

(...)

IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;

(Lei nº 12.037/09)

Vale consignar que, não obstante a gravidade em concreto dos fatos, posto que comprovada a materialidade de crime de homicídio, desconhecida a identidade da vítima, limitado está o alcance da investigação criminal. Vencida a possibilidade de identificação datiloscópica (art. 5º da Lei 12.037/09), tanto a fotografia quando o material biológico para a obtenção de perfil genético (art. 5º da Lei 12.037/09) são dados de identificação pessoal e vestígios de crime (art. 158 do CPP) que salvaguardarão a possibilidade do Estado de solucionar fato grave, obedecendo-se, pois, aos Princípios da Necessidade e Recém alterada pela Lei nº 12.654/12...” (...)

MUITO OBRIGADO!

Claudio Rocha no Cemitério de Perus,Abril de 2014.