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PROGRAMA CRESCER COM COMPETÊNCIA - IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR COMPETÊNCIA NOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS FILIADOS A EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH Ilson Iglésias Gomes Arlete Maria Costa de Paula

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PROGRAMA CRESCER COM COMPETÊNCIA - IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR COMPETÊNCIA NOS

HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS FILIADOS A EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH

Ilson Iglésias Gomes

Arlete Maria Costa de Paula

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Painel 07/003 Avanços Recentes na Gestão de Competências no Setor Público

PROGRAMA CRESCER COM COMPETÊNCIA - IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR COMPETÊNCIA NOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

FEDERAIS FILIADOS A EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH

Isidro-Filho

Ilson Iglésias Gomes Arlete Maria Costa de Paula

RESUMO

O Programa Crescer com Competência, iniciou-se em 2014 com o objetivo de

proporcionar o crescimento profissional de nossos colaboradores, mediante a

identificação das necessidades de desenvolvimento de competências, apontadas na

gestão do desempenho, para viabilizar o alcance dos objetivos da organização.

Na 1ª fase do Programa são mapeadas ou revisadas as competências

organizacionais, individuais fundamentais e gerenciais. A 2ª fase consiste na gestão

do desempenho por competências, quando, a partir das metas instituídas para a

Empresa, são pactuadas as metas das equipes de trabalho, as responsabilidades de

cada integrante da equipe para o alcance dessas metas, e identificadas a importância

de cada competência para o desenvolvimento dessas responsabilidades. Ao final do

período avaliativo, são apurados os resultados e identificadas as lacunas de

competências. Na 3ª fase, é elaborado o plano de desenvolvimento de competências

para minimizar as lacunas identificas e melhorar o desempenho profissional. O

Programa é um instrumento de gestão alinhado aos objetivos estratégicos da

Empresa, à Política de Educação Permanente do SUS e ao Decreto 5.707, de 23 de

fevereiro de 2006.

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1. INTRODUÇÃO

A criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) integra

um conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal para a reestruturação dos

hospitais vinculados às instituições federais de ensino superior. Por meio do Programa

Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), foram

realizadas ações no sentido de garantir a recuperação física e tecnológica e também

de atuar na reestruturação do quadro de recursos humanos das unidades.

A partir da criação da EBSERH, empresa pública vinculada ao Ministério da

Educação, a instituição passou a ser a responsável pela gestão dos hospitais

universitários federais. Entre as atribuições assumidas pela empresa, estão a

coordenação e avaliação da execução das atividades dos hospitais; o apoio técnico à

elaboração de instrumentos de melhoria da gestão e a elaboração da matriz de

distribuição de recursos para os hospitais.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) é uma empresa

pública cem por cento dependente do orçamento da União e foi criada em 31 de

dezembro de 2011 com a finalidade de dar prosseguimento ao processo de

recuperação dos hospitais universitários federais. Por meio de contrato firmado com

as universidades federais que assim optarem, atua no sentido de modernizar a gestão

dos hospitais universitários federais, preservando e reforçando o papel estratégico

desempenhado por essas unidades de centros de formação de profissionais na área

da saúde e de prestação de assistência à saúde da população integralmente no

âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

A EBSERH tem como Missão, “aprimorar a gestão dos Hospitais Universitários

Federais e congêneres, prestar atenção à saúde de excelência e fornecer um cenário

de prática adequado ao ensino e pesquisa para docentes e discentes. ”

Os hospitais universitários federais são importantes centros de formação de

recursos humanos na área da saúde e prestam apoio ao ensino, à pesquisa e à

extensão das instituições federais de ensino superior às quais estão vinculados.

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Além disso, no campo da assistência à saúde, os hospitais universitários

federais são centros de referência de média e alta complexidade para o Sistema Único

de Saúde (SUS).

Hoje, a empresa é responsável pela gestão de39 hospitais universitários

federais, de 31 universidades federais, em que suas respectivas universidades

optaram por assinar contrato com a estatal. A partir da manifestação da universidade

pela contratação, é iniciado o processo de caracterização do hospital, com o

dimensionamento dos serviços e a necessidade de contratação de pessoal para a

posterior realização do concurso público.

Após a assinatura do contrato entre a universidade federal e a EBSERH, são

finalizados o trabalho de dimensionamento do quadro de pessoal e o plano de

reestruturação da unidade.

Figura 1. Instituições Federais com Hospitais Universitários

Fonte: Portal EBSERH

Atualmente, contamos com uma força de trabalho formada por 22 mil

empregados públicos EBSERH e 18 mil servidores públicos federais das respectivas

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universidades, em exercício nos hospitais (dados de Abril/2016) sendo, portanto, a 5ª

estatal do País.

Figura2. Ranking empresas públicas por quantidade de empregados

Fonte: apresentação integração CDP/DGP/EBSERH

Fazer a gestão de profissionais oriundos de dois diferentes regimes de trabalho

(Consolidação das Leis de Trabalho - CLT e Regime Jurídico Único - RJU), com

direitos diferentes e culturas diferentes e faze-los trabalhar em uma única equipe

multiprofissional e com objetivos comuns, é o nosso maior desafio.

O Decreto Nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que institui a política e

diretrizes para o desenvolvimento de pessoal na administração pública federal direta,

autárquica e fundacional, assim como o Acórdão 3023/2013 – TCU, enfatizam a

necessidade de adoção de estratégias, políticas e práticas de gestão de pessoas

voltadas à consecução dos objetivos organizacionais, alinhadas às necessidades da

organização e contribuindo para o alcance das suas metas. E, consequentemente,

maximizando o valor do capital humano da organização, que, em última análise,

determina a capacidade de prestação de serviços à sociedade.

Diante desse cenário, a Diretoria de Gestão de Pessoas buscou nas

experiências de outras instituições e no referencial teórico existente uma metodologia

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voltada ao desenvolvimento de sua força de trabalho que melhor atendesse aos

nossos desafios para o alcance da missão da empresa.

Uma condição na escolha da metodologia a ser adotada é que os resultados

da gestão do desempenho não afetem diretamente a remuneração dos empregados.

Dessa forma, espera-se resultados mais fidedignos com a realidade e que possam

servir como insumos concretos para um programa de desenvolvimento de

competências. Onde o foco não é punir o empregado, mas identificar os seus pontos

fracos e desenvolvê-los, melhorando, assim a sua capacidade de entrega e,

consequentemente, os resultados da instituição.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Vivemos um momento de mudança de paradigma no que se refere ao

desenvolvimento humano nas instituições. As demandas passam a ser evidenciadas

exigindo mudanças qualitativas, diversificadas e personalizadas às realidades de cada

programa e cada organização, inseridas em um contexto social e voltadas aos

referenciais estratégicos da instituição. Isso requer um novo olhar sobre o

desenvolvimento da força de trabalho visando a promoção de mudança de valores e

crenças da organização, numa busca por aprendizagem continua e

autodesenvolvimento. As estratégias de desenvolvimento devem ressaltar o papel das

pessoas como principal capital transformador nas organizações e considerar também

a organização na qual esse indivíduo está inserido, com suas especificidades, normas

e procedimentos.

As organizações públicas estão em busca de práticas de gestão mais flexíveis

e com maior ênfase nas pessoas, buscando melhorar a capacidade de resposta a

uma sociedade mais exigente e que tem conhecimento dos seus direitos. O usuário

dos serviços públicos passou buscar maior qualidade, eficiência dos serviços públicos

e transparência nas ações da Administração Pública. Esse novo cenário traz como

consequência a necessidade de profissionais que desempenhem suas atividades com

maior responsabilidade e compromisso com os princípios da administração pública

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tendo como referência as metas organizacionais, a fim de obter resultados que

atendam às expectativas da sociedade.

A ênfase nas pessoas se faz necessária uma vez que essas são as principais

responsáveis pelos resultados organizacionais. Por esse motivo a área de Gestão de

Pessoas passou a ser considerada estratégica nas organizações, conforme ressalta

Mello (2011, p.174) “a gestão de pessoas em organizações passa a ser estratégica

nesses tempos de globalização, de reestruturação do sistema produtivo, de

desestabilidade, na medida em que se passa a perceber que a mudança é uma

constante”.

Segundo Schikmann (2010), a compreensão do que é gestão estratégica está

relacionada com a preocupação que a organização tem em definir objetivos e metas,

e a as formas mais adequadas para concretizá-los. Portanto, o foco está sobre os

resultados que foram ou serão alcançados, isto é, sobre o monitoramento do

desempenho organizacional, considerando o planejamento.

Diante da necessidade de melhorar a capacidade de resposta, a gestão de

pessoas deve deixar o modelo burocrático e adotar um novo modelo de gestão focado

nos resultados da instituição.

A gestão de pessoas deve estar alinhada às estratégias organizacionais para

planejar e desenvolver as suas ações, quer seja na alocação eficiente de pessoas, ou

na capacitação de pessoas de acordo com as necessidades organizacionais.

A gestão de desempenho é uma ferramenta importante de gestão para

acompanhar o desempenho das pessoas e identificar quais competências devem ser

desenvolvidas, a fim de que os resultados organizacionais esperados sejam

alcançados. Ao mesmo tempo, contribui para o desenvolvimento de uma cultura

voltada para resultados, já que ao alinhar os objetivos individuais e metas de equipe

às metas da organização, é possível obter maior envolvimento dos funcionários, pois

eles passam a sentir responsáveis pelo desempenho organizacional (SCHIKMANN,

2010).

Existem várias formas de avaliação do desempenho no trabalho, mas em

síntese o que se objetiva é encontrar uma maneira de se verificar se o desempenho

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apresentado pelo indivíduo no trabalho está condizente com os padrões de

desempenho estipulados pela Organização. Avaliar o desempenho consiste no

processo de mensuração de seu desempenho a fim de encontrar explicações para os

resultados observáveis no trabalho (ALA-HARJA; HELGASON, 2000).

A ferramenta de avaliação de desempenho deve fornecer aos gestores as

informações necessárias ao planejamento e avaliação das atividades sob sua

responsabilidade; e aos demais profissionais a identificação de pontos fortes e fracos

do desempenho do avaliado e a melhoria dos níveis de eficácia que pode se dar pela

aquisição ou desenvolvimento de habilidades específicas a serem aprimoradas

(ABBAD; LIMA; VEIGA, 1996).

A gestão de desempenho, além de “permitir o crescimento profissional [...]

aquilatar os pontos positivos e negativos de seu desempenho e, em avaliações

sucessivas verificar a eficiência dos seus esforços no sentido de alcançar um

crescimento” (LEITÃO, 1979, p. 87), permite também a correção de desvios, ou seja,

quais são as “habilidades específicas a serem aprimoradas ou adquiridas [...] e a

promoção da melhoria da qualidade de vida no trabalho” (ABBAD; LIMA; VEIGA,

1996, p. 41). Portanto, a gestão de desempenho pressupõe não só o planejamento,

mas o acompanhamento sistematizado do desempenho. De acordo com Brandão e

Guimarães (2001) também deve ser incluída a revisão das estratégias e objetivos

organizacionais, processos de trabalho e políticas de gestão de pessoas.

Dentre as diferentes formas de avaliar e realizar a gestão de desempenho, a

EBSERH optou pelo modelo de gestão de desempenho por competências.

A Gestão de Desempenho por Competências está pautada no

acompanhamento do desempenho do profissional por meio da observação das

competências que são expressas no trabalho, visando identificar e corrigir eventuais

desvios, comparando-se os resultados alcançados com aqueles esperados

(BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

Nesse modelo, considera-se que a competência humana é expressa em função

do desempenho da pessoa, ou seja, mediante a sua capacidade concreta de entregar

resultados para a instituição. Além disso, os mecanismos e instrumentos de gestão

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do desempenho profissional servem também ao propósito de identificar as

competências a serem desenvolvidas por meio de ações de aprendizagem, isto é, a

gestão de desempenho por competências também subsidia o planejamento das ações

de desenvolvimento que deverão ser ofertadas pela instituição. Há, portanto, uma

relação direta e interdependente entre a gestão por competências e a gestão de

desempenho, tendo em vista que o desempenho expressa a competência de pessoa

revelada em suas ações, isto é, quando a pessoa mobiliza suas capacidades nas

situações de trabalho (ZARIFIAN, 2001).

O desempenho é avaliado a partir da identificação das competências que

deveriam ser apresentadas e quais são apresentadas no período de avaliação, isto é,

identificando-se a lacuna de desempenho, de maneira a orientar o profissional a

eliminar as discrepâncias entre o que ele é capaz de fazer e o que a Organização

espera que ele faça, de forma que o comportamento esperado seja apresentado

(BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001).

3. PROGRAMA CRESCER COM COMPETÊNCIAS

O Programa Crescer com Competência foi criado com o objetivo de

proporcionar o crescimento profissional dos colaboradores da empresa, mediante a

identificação das lacunas de competências apontadas na gestão de seu desempenho,

para viabilizar o alcance dos objetivos da organização.

Essa sistemática possibilita o planejamento, monitoramento e avaliação do

desempenho do colaborador, a fim de que haja o desenvolvimento profissional do

indivíduo, das equipes de trabalho e o alcance dos resultados almejados pela

Organização.

O Programa atende aos princípios constitucionais da Administração Pública de

impessoalidade, publicidade, moralidade, legalidade e eficiência, em suas

características e em sua operacionalização. E tem como principal objetivo servir como

instrumento para o alcance das metas institucionais e, consequentemente, o

cumprimento da missão da EBSERH.

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Com base nas estratégias e valores da EBSERH, o Programa Crescer com

Competências está pautado nos seguintes princípios norteadores:

É um instrumento gerencial estabelecido a partir de critérios objetivos

decorrentes das metas, alinhado ao planejamento estratégico, com foco no

desenvolvimento profissional e organizacional.

Estimula o trabalho em equipe e a participação de todos os integrantes da

Organização no processo de gestão do desempenho.

Privilegia a qualidade na prestação dos serviços públicos aos usuários internos

e externos.

Considera que a gestão de pessoas, especialmente, a gestão de desempenho

são processos inerentes a todo gestor que coordena equipes de trabalho.

Visa o desenvolvimento de competências organizacionais a partir da aquisição

ou aprimoramento das competências individuais necessárias à consecução

dos objetivos organizacionais.

Contribui para o aprimoramento das condições de trabalho que podem afetar o

desempenho e o bem-estar dos colaboradores.

Os resultados obtidos na gestão do desempenho não geram impacto direto na

remuneração dos empregados.

Os benefícios esperados com a implantação do Programa Crescer com

Competências são:

Para os Colaboradores em exercício nos HUF, o programa permite fazer a

gestão de seu próprio desempenho valorizando assim as ações de

autodesenvolvimento; conhecer e adaptar as suas expectativas às da

hierarquia; ter orientações sobre o que se espera do seu desempenho futuro;

fazer uma auto avaliação mais adequada à realidade.

Para os Gestores, o programa permite acompanhar o desempenho individual

de cada colaborador visando o desenvolvimento das competências

necessárias ao desempenho efetivo das ações; avaliar com mais precisão o

desempenho dos seus subordinados; estabelecer metas futuras, o que poderá

melhorar o desempenho; melhorar a comunicação com os seus subordinados

fazendo-os compreender todo o processo.

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Para a EBSERH, permite conhecer melhor o potencial/desempenho dos seus

colaboradores e obter informações que dinamizarão as políticas de gestão de

pessoas.

4. FASES DO PROGRAMA

O Mapa estratégico da EBSERH para 2015-2016, apresenta os Objetivos de

Resultado e os Objetivos Habilitadores que foram os pilares para a construção dos

Planos Diretores Estratégicos - PDE de cada HUF.

Figura 3. Mapa Estratégico EBSERH 2015-2016

Fonte: Portal EBSERH

Tendo como referencial o mapa estratégico da empresa, o Programa Crescer

com Competência é composto por três fases:

Construção/manutenção da Matriz de competências;

Gestão do Desempenho por Competências;

Plano de Desenvolvimento de Competências

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Figura 4. Programa Crescer com Competências

Fonte: apresentação Programa Crescer com Competências – SECAD/CDP/DGP/EBSERH

4.1. 1ª FASE: CONSTRUÇÃO / MANUTENÇÃO DA MATRIZ DE COMPETÊNCIAS

O mapeamento foi iniciado em 2014, com a identificação das competências

organizacionais e individuais da EBSERH e suas dimensões (conhecimento,

habilidades e atitudes). Esse trabalho foi desenvolvido sob a orientação das

professoras da Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, Gabrielle Drago e

Fátima Bruno. Ambas com vasta experiência na implantação da gestão por

competências em instituições públicas.

Tendo em vista a necessidade de participação de todas as filiais no processo,

optamos por identificar as competências organizacionais e individuais fundamentais e

gerenciais na sede e valida-las em todas as filiais.

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Iniciamos os trabalhos pela análise de documentos internos e entrevistas com

o primeiro e segundo escalão da empresa.

As competências organizacionais foram validadas com os diretores da

empresa.

Em 2015, as competências gerenciais foram validadas na sede, em oficinas

agrupadas por diretoria, com a participação de todos os gestores. Na ocasião,

identificamos os conhecimentos, as habilidades e as atitudes inerentes a cada

competência. Nos HUF, a validação foi realizada utilizando a mesma metodologia, em

oficinas conduzidas pela sede em videoconferência e com apoio de um facilitador

local:

Competências gerenciais

Tomada de Decisão Implementar alternativas que assegurem o atendimento às demandas da instituição e dos usuários internos e externos, obedecendo a prazos definidos, alinhados aos objetivos estratégicos, às normas e políticas vigentes

Gestão Compartilhada Gerenciar processos a partir de uma visão ampla e integrada da rede EBSERH, compartilhando conhecimentos, informações e resultados para o alcance dos objetivos organizacionais

Gestão de Equipe Multiprofissional

Planejar, monitorar e avaliar o desempenho da equipe, viabilizando o desenvolvimento de competências necessárias para o alcance dos resultados esperados.

Representação Institucional

Representar a Empresa em diferentes contextos, de forma ética, em consonância com a missão, visão e valores da instituição e alinhada ao planejamento estratégico.

Planejamento Participativo Planejar ações de forma coletiva, orientadas pelas estratégias organizacionais, políticas e normas da EBSERH

A mesma metodologia foi utilizada para validação das competências

fundamentais:

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Competências fundamentais

Resolução de Problemas Identificar e solucionar problemas em sua área de atuação e contribuir na solução daqueles relacionados a outras áreas

Melhoria contínua nos Processos de Trabalho

Avaliar e propor melhoria nos processos de trabalho, considerando as normas e regulamentos e aplicando novos conhecimentos e práticas em sua área de atuação.

Trabalho em Equipe Multiprofissional

Atuar em equipe multiprofissional, compartilhando conhecimentos e experiências de forma contínua, para o alcance dos objetivos da instituição.

Comunicação

Comunicar-se com clareza, objetividade e efetividade, considerando preceitos éticos e legais

Utilização de Recursos Materiais e Tecnológicos

Utilizar sistemas informatizados e recursos materiais e tecnológicos com eficiência, visando à realização de suas atividades de forma otimizada e segura

Qualidade no Atendimento ao Público Acolher, identificar, atender ou encaminhar as demandas do público interno e externo à EBSERH, com cordialidade e respeito, de acordo com os princípios éticos e a política de humanização

Este ano serão identificadas as competências específicas por processo de

trabalho. As competências da área administrativa e de gestão estão sendo

identificadas na sede e, quando o processo de trabalho é replicado nos HUF, são

validadas também por eles. As competências específicas da área assistencial serão

mapeadas a medida em que as linhas de cuidado sejam implantadas. Enquanto isso,

estamos mapeando as competências fundamentais assistenciais. Para realizar o

mapeamento serão formados mapeadores de competência utilizando como base

metodológica o “GUIA DE REFERÊNCIA PRÁTICO - MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO

DE COMPETÊNCIAS”, da Secretaria de Gestão Pública do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão – SEGEP/MP, em parceria com a União

Europeia.

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4.2. 2ª FASE: GESTÃO DO DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS

A sistemática de Gestão de Desempenho que iremos implementar é voltada

para o desenvolvimento das competências individuais dos colaboradores da

EBSERH, visando assim alcançar resultados organizacionais e atender às

necessidades dos usuários dos serviços de saúde. Está regulamentada pela Norma

Operacional nº 01, de 07 de abril de 2015.

Essa sistemática é composta pelas seguintes etapas:

O Planejamento: pactuação do Plano de Trabalho do colaborador (metas das

equipes e responsabilidades do colaborador para o alcance das metas e

identificação das competências necessárias ao desempenho);

O Monitoramento: acompanhamento sistemático do desempenho do

colaborador;

A Formalização: identificação das lacunas de competências e do alcance das

metas de equipe e da contribuição do colaborador para o resultado das metas.

Figura 5 – Gestão do Desempenho por Competências

Fonte: apresentação Programa Crescer com Competências – SECAD/CDP/DGP/EBSERH

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Participam desse processo todos os colaboradores das equipes de trabalho,

incluindo as chefias.

Na etapa de Planejamento, as metas são pactuadas entre a chefia e a

equipe (resultados esperados), alinhadas aos objetivos habilitadores da empresa.

Nesta etapa o gestor se reúne com sua equipe de trabalho para elaborar o

plano de trabalho, com o objetivo de tornar claro para o empregado e os demais

envolvidos as suas responsabilidades. Constitui-se em guia para o acompanhamento

do desempenho.

No plano de trabalho são identificadas quais as metas da equipe que o

empregado contribuirá mais diretamente e quais as suas responsabilidades para o

atingimento dessas metas.

Nesse momento são indicadas ao empregado quais as competências que

deverão ser expressas por ele no período avaliativo e a importância de cada uma no

desenvolvimento das responsabilidades pactuadas.

A etapa de Monitoramento corresponde ao acompanhamento sistemático e

contínuo do desempenho do colaborador.

Essa etapa é realizada trimestralmente, ou a qualquer momento em que o

gestor sinta necessidade de fornecer orientações sobre o desempenho do avaliado.

Todos os avaliadores deverão realizar registros sobre as competências,

expressas ou não, pelo empregado e dar feedback sobre o desempenho apresentado

até o momento, tendo como base o plano de trabalho.

O Plano de trabalho pode ser alterado a qualquer momento, com o

consentimento de ambas as partes, uma vez que tenha ocorrido um fato novo que

possa alterar o desempenho da equipe.

É a etapa mais importante para o desenvolvimento do colaborador, uma vez

que propicia a correção de desvios de desempenho que possam afetar a expectativa

de resultado da equipe.

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A etapa de Formalização é realizada com base nos registros efetuados no

monitoramento e é realizada por dois instrumentos: avaliação de metas e avaliação

das competências.

Na avaliação de metas são identificados os resultados obtidos pela equipe e a

contribuição de cada um nesses resultados.

O RMC – resultado de metas do colaborador, é calculado pela média dos

resultados das metas da equipe e da contribuição do colaborador para essas metas.

O resultado de metas do chefe – RMCE, é calculado pela média entre o seu

resultado e a média dos resultados finais dos seus colaboradores.

As competências são avaliadas segundo o grau de desenvolvimento do

empregado. O instrumento prevê a autoavaliação, com Peso 4 e a avaliação da chefia

imediata, com Peso 6. A Lacuna de Competência é calculada pela média dos

resultados das duas avaliações.

O resultado final da Avaliação de Competências, é a relação das competências

e suas respectivas lacunas de desenvolvimento assim identificadas:

I – Prioridade 1 de capacitação: lacuna de competência entre 3 e 5;

II – Prioridade 2 de capacitação: lacuna de competência entre 1,1 a 2.9;

III – Prioridade 3 de capacitação: lacuna de competência entre 0 e 1.

4.3. 3ª FASE: PLANO DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

O Plano de Desenvolvimento de Competências– PDC tem como prioridade

concentrar esforços no desenvolvimento das competências e no crescimento

profissional de todos que compõem a EBSERH. Ele é composto por ações que irão

promover o desenvolvimento de competências dos profissionais da Sede e das filiais,

reflexo de um documento único e norteador de todos os processos de capacitação na

empresa.

A construção do PDC tem como subsídios as lacunas de competências

identificadas na gestão do desempenho por competências, e que foram priorizadas

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de acordo com os resultados da avaliação e da importância de cada uma para

realização das responsabilidades pactuadas no plano de trabalho.

Estão sendo construídas as trilhas de aprendizagem para desenvolvimentos

das competências voltadas para a área administrativa, assistencial e gerencial, em

parcerias com a Escola de Administração Fazendária – ESAF e a Fundação Oswaldo

Cruz – Fiocruz, além de outras parcerias com as universidades federais que

assinaram contrato com a EBSERH.

No PDC há um compromisso com a promoção de ações de capacitação

direcionadas ao desenvolvimento profissional e contínuo dos colaboradores, bem

como de estimular que o quadro de profissionais qualificados sejam multiplicadores

do conhecimento em busca da troca de experiência e da melhoria da qualidade de

vida no trabalho.

Tendo em vista a amplitude geográfica e a diversidade de conhecimento, foi

considerada essencial a construção de uma plataforma de educação a distância para

viabilizar a capacitação de todos os colaboradores da empresa.

Os cursos oferecidos na plataforma são oferecidos mediante parceria com

outras instituições, a exemplo da Escola Nacional de Administração Pública – ENAP,

e cursos desse envolvidos pelas equipes dos HUF e da sede.

Tendo em vista a especificidade dos conhecimentos relacionados à área

assistencial e a expertise das secretarias de saúde dos estados e municípios, a

EBSERH instituiu a gratificação por atividade instrucional - GAI, tendo como modelo

a Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso – GECC, instituída pela Lei nº

8,112/1990. A GAI permite a remuneração de instrutores que são servidores públicos

oriundos de estados e municípios, e também empregados públicos.

5. RESULTADOS OBTIDOS NO 1º CICLO DE IMPLANTAÇÃO:

O primeiro ciclo do programa teve o patrocínio da alta administração com o

lançamento nacional do programa, em videoconferência com todas as filiais, pelo

presidente da empresa e com a participação da professora Maria Julia Pantoja.

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Neste ciclo trabalhamos apenas com as competências individuais

fundamentais e gerenciais.

Participaram 23 HUF, com aproximadamente 15 mil empregados da EBSERH

e 18 mil servidores públicos das universidades, em exercício nos HUF, e cerca de

1500 gestores.

Foi elaborado um plano de comunicação dando ampla divulgação a cada fase

do programa.

Além disso, foram feitas videoconferências com cada filial para divulgar e

esclarecer os questionamentos, uma vez que estava sendo proposta uma mudança

cultural nos hospitais.

Foram disponibilizados, também, cursos na plataforma de educação a distância

sobre o normativo e tutoriais dos instrumentos específicos de cada uma das etapas

da Gestão do Desempenho por Competências.

Uma vez que o normativo foi publicado em abril de 2015, e tendo em vista ser

esse o primeiro ciclo da nova metodologia adotada para a gestão do desempenho, e

a necessidade de capacitar os envolvidos, o período avaliativo foi de cinco meses

(agosto a dezembro).

Embora o sistema informatizado não tenha sido finalizado em tempo hábil, a

ausência foi superada pela utilização de planilhas em Excel e o entendimento das

equipes da importância da implantação da metodologia.

A primeira dificuldade encontrada pelas equipes foi na definição de metas e

indicadores de desempenho, seja por desconhecimento teórico, seja por ausência de

base histórica de aferição de resultados, ou mesmo pela dificuldade de mudança de

paradigma.

No primeiro ciclo tivemos a adesão de 95% (noventa e cinco por cento) dos

empregados e 20% (vinte por cento) dos servidores públicos que, por orientação do

sindicato, não aceitavam participar de processo avaliativo pela EBSERH, mesmo sem

impacto na sua carreira na universidade.

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A alta adesão dos empregados se deu pela obrigatoriedade constante no

normativo e a utilização dos resultados de metas do colaborador – RMC para outros

processos de gestão de pessoas, por exemplo, programa de movimentação de

empregado – PME, progressão funcional e participação em cursos de pós-graduação.

No entanto, ainda houve resistência, principalmente por alguns profissionais da área

da saúde que não estão habituados a participarem de processos avaliativos.

Entretanto, apesar da baixa adesão, alguns hospitais tiveram 100% (cem por

cento) de adesão dos servidores públicos, uma vez que o contrato assinado com a

EBSERH fazia previsão da cessão imediata dos servidores.

A dificuldade no manuseio da planilha Excel por parte de alguns profissionais

também foi um ponto que afetou negativamente a implantação do programa, sendo

este um ponto a ser tratado com prioridade.

Os resultados concretos do programa já podem ser observados conforme

relatos dos gestores locais onde é evidente o fortalecimento do conceito de equipe,

um instrumento de integração e estabelecimento do elo entre a chefia e os integrantes

da equipe.

A metodologia fez com que as equipes se reunissem com maior frequência

tanto para construir como para monitorar e avaliar seu desempenho. Com isso houve

um desenvolvimento das equipes sobre o seu papel nos resultados da instituição.

Ficou evidenciado, também, a necessidade de capacitação e de construção de

material didático referente à descrição de metas e construção de indicadores de

desempenho.

Os hospitais que já tinham seus Planos Diretores Estratégicos desenvolvidos

na gestão da EBSERH tiveram maior facilidade para identificar as metas e indicadores

de desempenho. Por outro lado, os hospitais que não tiveram o apoio da equipe de

gestão na implantação do programa tiveram dificuldades de definição das metas

estratégicas das suas unidades.

6. CONCLUSÃO

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Apesar das dificuldades enfrentadas, podemos considerar a implantação do

programa como um sucesso no seu primeiro ciclo uma vez que a gestão por

competências na administração pública é uma quebra de paradigma.

A proposta da construção de metas de equipe e não de metas individuais, onde

o indivíduo é avaliado por sua contribuição para os resultados da equipe, estimula a

consciência de grupo. O que é essencial para a implantação das linhas de cuidado

nos hospitais que requer o trabalho de equipe multi e interdisciplinares.

A desvinculação dos resultados da avaliação de desempenho da remuneração

dos colaboradores fez com que houvesse uma menor rejeição ao programa e

avaliações mais fiéis ao desempenho do empregado, uma vez que o foco do resultado

está no desenvolvimento e não na punição.

Entendemos que para o próximo ciclo temos que buscar um maior

comprometimento dos colaboradores que não aderiram ao programa, uma vez que

esses fazem parte das equipes e contribuem para os resultados da instituição e,

portanto, impactam diretamente na metodologia.

O programa Crescer com Competênciavem ao encontro da missão da empresa

de melhorar a gestão dos hospitais universitários, criando ambientes favoráveis à

inovação de processo de trabalho e com isso criando profissionais capacitados para

entregar mais serviços de melhor qualidade para a sociedade. Desta forma, impacta

diretamente na formação de futuros profissionais atuando no papel transformador que

se espera de um hospital universitário federal.

O programa Crescer com Competência converge com as palavras de Jean

Piaget de que “O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer

coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AUTORIA

Ilson Iglésias Gomes – Coordenador de Desenvolvimento de Pessoas – CDP/DGP/EBSERH/MEC

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Arlete Maria Costa de Paula – Serviço de Capacitação e Avaliação de Desempenho – SECAD/CDP/DGP/EBSERH/MEC

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