prof.josÉ augusto c.barros membro do conselho diretor e co-fundador da sobravime e da ais...
TRANSCRIPT
PROF.JOSÉ AUGUSTO C.BARROSMembro do Conselho Diretor e Co-
fundador Da SOBRAVIME e da AIS
A Relação entre os Médicos e as Empresas Farmacêuticas, de
Equipamentos, Órteses e Próteses
SÃO PAULO, 26.11.2010
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE SÁO PAULO
222
AS EVIDENCIAS CIENTÍFICAS NO CAMPO DOS MEDICAMENTOS E SUAS IMPLICAÇÕES
OS SETE “PECADOS SOCIAIS”“A enorme massa do saber quantificável e tecnicamente utilizável não passa de veneno se for privada da força libertadora da reflexão”.
“A enorme massa do saber quantificável e tecnicamente utilizável não passa de veneno se for privada da força libertadora da reflexão”.
T.W.ADORNO (1903/1969)
La medicina debe acompañar siempre, aliviar a menudo y curar a veces; pero no puede dar felicidad Hacer frente a un sufrimiento no es sinónimo de combatir una enfermedad, sino más bien deaprender a vivirEmilio La Rosa (LA FABRICACIÓN DE NUEVASPATOLOGÍASDe la salud a la enfermedadFondo de Cultura Económica, 2009
RegistroRegistro
ComercializaçãoComercialização
DistribuiçãoDistribuição
PromoçãoPromoção
PrescriçãoPrescrição
DispensaçãoDispensação
UtilizaçãoUtilização
Autoridades reguladoras
indústria farmacêutica
prescritores
cadeias de farmacias, importadores, distribuidores
universidade
dispensadores
enfermaria
usuário
Impacto do uso não apropriado de medicamentos
Qualidade Qualidade da terapia da terapia reduzida reduzida
•morbidademorbidade•mortalidademortalidade
Desperdício Desperdício de recursosde recursos
Risco de Risco de efeitos efeitos indesejadosindesejados
• pacientesconfíam pacientesconfíam em medicamentos em medicamentos desnecessáriosdesnecessários
Impactos psico-Impactos psico-sociais sociais
•disponibilidade disponibilidade reduzidareduzida• maior customaior custo
•reaçõess adversasreaçõess adversas•resistencia bacterianaresistencia bacteriana
HÁ UMA CRESCENTE PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO VOLTADO PARA OS DIFERENTES EFEITOS E DANOS DAS TECNOLOGIAS MÉDICAS, SENDO NECESSÁRIO ANALISAR E SINTETIZAR ESSE CONHECIMENTO EM FUNÇÃO DE APOIAR A TOMADA DE DECISÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
QUESTÕES CHAVE
QUE EVIDENCIAS SE INVESTIGAM, QUAIS SÃO PUBLICADAS, COMO SE PUBLCIAM E COMO SÃO DIFUNDIDAS NA COMUNIDADE MÉDICA ???
QUEM ESTÁ FAZENDO A PESQUISA SOBRE MEDICAMENTOS, DE QUE MANEIRA O FAZEM COM QUE OBJETIVOS E QUAIS AS CONSEQUENCIAS ???
QUESTÕES CHAVE
ELEVADO PREÇO
INDIFERENÇA ÀS LIMITAÇÕES DOS PAÍSES E POPULAÇÃOPOBRES
DESEQUILÍBIO ENTRE INOVAÇÃO E PROMOÇÃO
INTERFERENCIA NAS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO
ESFORÇOS PARA MODELAR O PENSAMENTO MÉDICO E AS PRIORIDADES
OS BENEFÍCIOS E RISCOS DE NOVOS FÁRMACOS DEVERIAM SER AVALIADOS MEDIANTE SUA COMPARAÇÃO COM A MELHOR ALTERNATIVA DISPONÍVEL
OS ENSAIOS CLÍNICOS PRÉ-COMERCIALIZAÇÃO, HABITUALMENTE SÃO COMTROLADOS COM PLACEBOS
E QUANDO EXISTEM ENSAIOS
CLÍNICOS ADEQUADOS SÃO DE
CURTA DURAÇÃO E/OU COM
AMOSTRA REDUZIDA
A AUTORIZAÇÃO SE BASEIA, COM FREQUENCIA, EM VARIÁVEIS VICARIANTES OU SUBSTITUTIVAS, COM O QUEO NOVO MEDICAMENTO TERMINA POR NÃO CUMPRIR AS PROMESSAS A ELE ATRIBUIDAS PELAS CAMPANHAS DE MARKETING
A “PROPRIEDADE INTELECTUAL” QUE SE PROPÕE A INCENTIVAR AINOVAÇÃO TERMINA SENDO UTILIZADA PARA FAZER ALTERAÇOESSECUNDÁRIAS NO PRODUTO
NA ATUALIDADE, O FINANCIAMENTO PÚBLICO VEM DESCRESCENDO, AO PASSO QUE A PORCENTAGEM DE INVESTIGAÇÃO CONTRATADA PELA INDÚSTRIA, TAMBÉM COM O OBJETIVO DE APRESSAR A AUTORIZAÇÃO CRESCEU 40 A 80% NA DÉCADA DE 90AS CRO (ORGANIZAÇÕES DE
INVESTIGAÇÃO POR CONTRATO) RECEBEM LISTA DE PACIENTES DE REDES DE MÉDICOS VINCULADOS À ATENÇÃO PRIMÁRIA
A PROPORÇÃO DE FINANCIAMENTO
DE ENSAIOS CLÍNICOS PELA
INDÚSTRIA VIA CENTROS UNIVERSITÁRIOS
QUE, NO INÍCIO DA DÉCADA DE 90, ERA
DA ORDEM DE 60%, ALCANÇA, AO SEU
FINAL,APENAS 20%
A INDÚSTRIA TEM APRESENTADO DEMANDAS JUDICIAIS CONTRA PESQUISADORES QE PUBLICAM RESULTADOS QUE CONTRARIAMSEUS INTERESSES (ACOSSO MORAL, INENTOS DE RECUPERAR EVENTUAISPERDAS FINANCEIRAS)
EM 2004, O CANADIAN MEDICAL ASSOCIATION JOURNAL DENUNCIADOCUMENTO INTERNO DA GLAXO EMQUE A EMPRESSA INSTA SEUS FUNCIONÁRIOS A OCULTAR RESLTADOSDE ENSAIO DE 1998, SEGUNDO OSQUAIS APAROXETINA NÁO MOSTRAVA BENEFÍCIO EM CASOS DE DEPRESSÃO EMADOLECENTES
NO BRASIL, OS CHAMADOS “PROTOCOLOS CLÍNICOS”, SUPOSTAMENTE BASEADOS EM EVIDÊNCIA, EM GRANDE PARTE VÊM SENDO ELABORADOS SEM EXPLICITAÇÃO DA METODOLOGIA DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES DA REVISÃO DA LITERATURA UTILIZADA, NÃO PASSARAM POR UM UM ADEQUADO PROCESSO DE BUSCA, SELEÇÃO E ANÁLISE DE EVIDÊNCIAS
(1)refinar os tópicos/questões(2)realizar uma revisão sistemática (após a
identificação dos estudos e sua avaliação crítica, com síntese da evidência, a evidência deve ser graduada
(3) elaborar cenários diferentes e desenvolver modelos de recomendações
(4) estabelecer recomendações para pesquisa e atualização da diretriz/protocolo
(5) garantir a revisão por pares
PASSOS PARA CHEGAR AOS PROTOCOLOS CLÍNICOS
Robespierre Costa Ribeiro Diretrizes clínicas: como avaliar a qualidade? Rev Bras Clin Med 2010;8(4):350-5
(6) planejar a disseminação da diretriz/protocolo incluindo localização e avaliação
(7) completar a documentação do processo de desenvolvimento da diretriz/protocolo
(8 submeter o rascunho da diretriz/protocolo a um grupo diretivo para aprovação do texto
PASSOS PARA CHEGAR AOS PROTOCOLOS CLÍNICOS
Formas de enredamento de médicos (e outros profissionais) pela indústria farmacêutica
Ao ser ‘educados’ pelas Ao ser ‘educados’ pelas empresas farmacêuticasempresas farmacêuticas
Recebendo visitas de Recebendo visitas de propagandistas farmacêuticos e propagandistas farmacêuticos e amostras gratuitasamostras gratuitasPresentes de bugingangas, Presentes de bugingangas, equipamento, viagem, acomodaçãoequipamento, viagem, acomodaçãoPresentes indiretos, por meio de Presentes indiretos, por meio de patrocínio de viagem, refeições, patrocínio de viagem, refeições, educação médica, pagamento de educação médica, pagamento de inscrição em congressosinscrição em congressos
Moynihan R. Doctors and drug companies: is the dangerous liaison drawing to an end? Z Evid Fortbild Qual Gesundhwes. 2009;103(3):141-8.
Formas de enredamento de médicos (e outros profissionais) pela indústria farmacêutica
Trabalhando para empresas médicasTrabalhando para empresas médicas Membro de “conselhos consultivos” Membro de “conselhos consultivos”
ou “birô de conferencistas”, ou ou “birô de conferencistas”, ou servindo como “formador de opinião” servindo como “formador de opinião” ou “líder de opinião”ou “líder de opinião”
Conselheiro de fundação patrocinada, Conselheiro de fundação patrocinada, ou de grupo de pacientesou de grupo de pacientes
Membro de “diretrizes” ou painéis de “ Membro de “diretrizes” ou painéis de “ definição de doenças” patrocinados, definição de doenças” patrocinados, ou outras consultorias pagas pelas ou outras consultorias pagas pelas empresasempresas
Pagamentos inflacionados para Pagamentos inflacionados para conduzir pesquisas patrocinadasconduzir pesquisas patrocinadas
Autoria de ‘escrita-fantasma’ de Autoria de ‘escrita-fantasma’ de artigos científicosartigos científicos
http://pharmamkting.blogspot.com/2009_08_01_archive.html
Moynihan R. Doctors and drug companies: is the dangerous liaison drawing to an end? Z Evid Fortbild Qual Gesundhwes. 2009;103(3):141-8.
vencer a timidez
melhor desempenho sexual
estimular a memória
sem oscilação de humor
felicidade
A Anvisa teria a vontade e a capacidade de decisão políticas para recomendar que os profissionais de saúde não aceitassem receber brindes da indústria farmacêutica, ou até mesmo proibir que a indústria farmacêutica oferecesse brindes?Seria este um mote de permanente campanha dos conselhos de ética profissional para contribuir à harmonia entre o prescritor, o dispensador e o paciente?
Conceber restrições consideradas radicais para a propaganda de produtos
farmacêuticos não seria verdadeira promoção de saúde?
Proibir toda a propaganda nos meios de comunicação de massa dos produtos farmacêuticos de venda sem exigência de prescrição
Aprovação prévia de toda a propaganda de produtos de prescrição a ser dirigida aos profissionais de saúde.
Aspirações da sociedade para a Anvisa
Aspirações da sociedade para a Anvisa
Discutir com as associações de categorias e conselhos de ética profissionais a instituição de normas que suprimam a atividade de propagandistas da indústria farmacêutica, assim como a provisão de meios que assegurem a independência de financiamento de periódicos profissionais e de qualquer tipo de atividade científica - congressos, seminários, reuniões, etc. - patrocinadas por empresas farmacêuticas cujo propósito seja a divulgação de produtos terapêuticos e diagnósticos.
Conceber restrições consideradas radicais para a propaganda de produtos farmacêuticos não seria verdadeira promoção de saúde?
Conceber restrições consideradas radicais para a propaganda de produtos farmacêuticos não seria
verdadeira promoção de saúde? A atividade de vigilância sanitária quanto ao
controle da propaganda farmacêutica deve ser acompanhada por educação continuada de profissionais de saúde a ser feita por órgãos do Sistema Único de Saúde, das universidades públicas, das associações de categorias e conselhos de ética profissionais, de forma harmônica
Envolver os Conselhos de Saúde das três esferas de governo quanto à participação no controle da propaganda farmacêutica
O Moderno Hipócrates
Um dos primeiros deveres do médico é educar as massas a não tomar remédios
O desejo de tomar remédios talvez seja o maior característico que distingue o ser humano dos animais
Sir William Osler (1849-1919)
Aphorisms from his Bedside Teachings (1961), p. 105; H. Cushing. Life of Sir William Osler (1925)
O Moderno Hipócrates
Sir William Osler (1849-1919)
NÃO PERGUNTE QUE DOENÇA A PESSOA TEM
MAS QUE PESSOA A DOENÇA TEM