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SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOS ANO XCIX | N.º 4784 | 30 DE ABRIL DE 2020 | 0,75 € visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt COLÉGIO DIOCESANO ADAPTA-SE À PANDEMIA PROFESSORES E ALUNOS FOCADOS NO APROVEITAMENTO ESCOLAR Em tempo de aulas a distância, com recurso aos meios digitais, como está a responder às necessidades de ensino e avaliação o Colégio São Teotónio? > Página 3 EQUIPA DE ANIMAÇÃO PASTORAL Orientações do Bispo Diocesano ajudam a consolidar esta estrutura de renovação e ação nas Unidades Pastorais. > Página 2 E m tempo de ‘igrejas fechadas’ faz sentido falar de vocação? Faz sentido rezar pelas vocações? A vocação tem a ver com o sentido da vida, ou melhor, com dar sentido à vida. Qual o sentido da minha vida? O que estou a fazer neste mundo? Arregaço as mangas e arrisco um caminho ou deixo que o tempo passe e me vá empurrando para aqui ou para ali? A vida é um dom, uma possibilidade, uma oportunidade... que não tenho o direito de desperdiçar. Diz o Papa Francisco, na Cristo Vive [ChV] “A pergunta que te deves colocar é esta: ‘Para quem sou eu?’ ”(ChV 286). De facto, a vida é um dom tão grande que não o posso guardar para mim, não posso viver isolado e de forma absolutamente egoísta. Na verdade, poder posso, mas perco oportunidade de saborear a plenitu- de da vida que me foi dada. O mais interessante é que não somos donos de nós mesmos, não somos os criadores de nós mesmos... somos gratidão pela vida que alguém nos deu. Essa gratidão exige coragem para irmos ao encontro do outro, para nos envolvermos em causas sociais, para nos entregarmos com mais profundidade à vida. Daí que a certa altura precisamos de pensar melhor que rumo que- remos para a nossa vida, que sentido e que horizonte? Casar e ter uma família? Ser padre ou freira? Ser leigo consagra- do? Ser religioso ou missionário? Viver simplesmente como leigo batizado?... Não vale a pena adiar muito a decisão, não vale a pena esperar por todas as certezas... Há sempre dúvidas, medos, inseguranças... mas é preciso arriscar, dar um passo... “Atreve-te a ser mais” (ChV 107). E ste discernimento, continua o Papa, “embora inclua a razão e a prudência, supera-as, porque se trata de entrever o mistério do projeto único e irrepetível que Deus tem para cada um” (ChV 28). De facto, as grandes perguntas devem ser: “Como posso servir me- lhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade?” (ChV 285). O caminho será sempre exigente, contará sempre com tribulações, nunca estará acabado... é a vida na sua imprevisibilidade e na sua vitalidade. Mas quando estamos centrados n’Ele e quando Ele vai na barca da nossa vida... somos capazes de ver para além da tempestade (cf. Mt 14,22-33) e de dar a vida toda por amor. Precisamos de homens e melhores capazes de abrir as portas das nossas igrejas, sem medo e nem beatices. Precisamos de homens e mulheres que façam acontecer a igreja em casa, na família, na rua, no trabalho, na escola... na vida. Precisamos de comunidades capazes de gestos proféticos, de pala- vras evangélicas, de olhares humildes, de rostos alegres... de entrega feita ressurreição. Tudo o resto está a mais... não vem no evangelho, nem é vocação. Ainda faz sentido falar e rezar pelas vocações?! |||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE NUNO SANTOS O próximo domingo é atravessado por duas evocações que nos são muito significativas: o Dia da Mãe e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Cruzando as perspetivas, e limpando as imagens do azebre dos lugares-comuns, procurámos pela vocação maternal quando os filhos já são adolescentes, quando os filhos são adoptados, quando os filhos aparecem como diferentes ao olhar comum da sociedade. > centrais VOCAÇÃO MATERNAL Parabéns, mamã! CÁRITAS RESPONDE À URGÊNCIA DO MOMENTO FOME: UM DOS EFEITOS SOCIAIS MAIS GRAVES DA ATUAL EPIDEMIA Cáritas Portuguesa e Cáritas de Coimbra lançaram programas de apoio alimentar imediato a famílias com dificuldades agravadas pela Covid-19. > Página 2

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Page 1: PROFESSORES E ALUNOS FOCADOS NO APROVEITAMENTO …€¦ · uma novena de oração às Santas Rainhas Sancha e Teresa (as-sociadas ao Mosteiro de Lorvão), no contexto da covid-19,

SEMANÁRIO DA DIOCESE DE COIMBRA | DIRECTOR: A. JESUS RAMOSANO XCIX | N.º 4784 | 30 DE ABRIL DE 2020 | 0,75 €

visite-nos em: facebook.com/correiodecoimbra | youtube.com/correiodecoimbra | correiodecoimbra.pt

COLÉGIO DIOCESANO ADAPTA-SE À PANDEMIAPROFESSORES E ALUNOS FOCADOS NO APROVEITAMENTO ESCOLAREm tempo de aulas a distância, com recurso aos meios digitais, como está a responder às necessidades de ensino e avaliação o Colégio São Teotónio? > Página 3

EQUIPA DE ANIMAÇÃO PASTORAL

Orientações do Bispo Diocesano ajudam a

consolidar esta estrutura de renovação e ação nas

Unidades Pastorais. > Página 2

Em tempo de ‘igrejas fechadas’ faz sentido falar de vocação? Faz sentido rezar pelas vocações? A vocação tem a ver com o sentido da vida, ou melhor, com

dar sentido à vida. Qual o sentido da minha vida? O que estou a fazer neste mundo?

Arregaço as mangas e arrisco um caminho ou deixo que o tempo passe e me vá empurrando para aqui ou para ali?

A vida é um dom, uma possibilidade, uma oportunidade... que não tenho o direito de desperdiçar.

Diz o Papa Francisco, na Cristo Vive [ChV] “A pergunta que te deves colocar é esta: ‘Para quem sou eu?’ ”(ChV 286).

De facto, a vida é um dom tão grande que não o posso guardar para mim, não posso viver isolado e de forma absolutamente egoísta. Na verdade, poder posso, mas perco oportunidade de saborear a plenitu-de da vida que me foi dada.

O mais interessante é que não somos donos de nós mesmos, não somos os criadores de nós mesmos... somos gratidão pela vida que alguém nos deu.

Essa gratidão exige coragem para irmos ao encontro do outro, para nos envolvermos em causas sociais, para nos entregarmos com mais profundidade à vida.

Daí que a certa altura precisamos de pensar melhor que rumo que-remos para a nossa vida, que sentido e que horizonte?

Casar e ter uma família? Ser padre ou freira? Ser leigo consagra-do? Ser religioso ou missionário? Viver simplesmente como leigo batizado?...

Não vale a pena adiar muito a decisão, não vale a pena esperar por todas as certezas... Há sempre dúvidas, medos, inseguranças... mas é preciso arriscar, dar um passo... “Atreve-te a ser mais” (ChV 107).

Este discernimento, continua o Papa, “embora inclua a razão e a prudência, supera-as, porque se trata de entrever o mistério do projeto único e irrepetível que Deus tem para cada um” (ChV 28).

De facto, as grandes perguntas devem ser: “Como posso servir me-lhor e ser mais útil ao mundo e à Igreja? Qual é o meu lugar nesta terra? Que poderia eu oferecer à sociedade?” (ChV 285).

O caminho será sempre exigente, contará sempre com tribulações, nunca estará acabado... é a vida na sua imprevisibilidade e na sua vitalidade.

Mas quando estamos centrados n’Ele e quando Ele vai na barca da nossa vida... somos capazes de ver para além da tempestade (cf. Mt 14,22-33) e de dar a vida toda por amor.

Precisamos de homens e melhores capazes de abrir as portas das nossas igrejas, sem medo e nem beatices. Precisamos de homens e mulheres que façam acontecer a igreja em casa, na família, na rua, no trabalho, na escola... na vida.

Precisamos de comunidades capazes de gestos proféticos, de pala-vras evangélicas, de olhares humildes, de rostos alegres... de entrega feita ressurreição.

Tudo o resto está a mais... não vem no evangelho, nem é vocação.

Ainda faz sentido falar e rezar

pelas vocações?!

|||||||||||||||||||||||||||||| ENFOQUE NUNO SANTOS

O próximo domingo é atravessado por duas evocações que nos são muito significativas: o Dia da Mãe e o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Cruzando as perspetivas, e limpando as imagens do azebre dos lugares-comuns, procurámos pela vocação maternal quando os filhos já são adolescentes, quando os filhos são adoptados, quando os filhos aparecem como diferentes ao olhar comum da sociedade. > centrais

VOCAÇÃO MATERNAL

Parabéns, mamã!

CÁRITAS RESPONDE À URGÊNCIA DO MOMENTOFOME: UM DOS EFEITOS SOCIAIS MAIS GRAVES DA ATUAL EPIDEMIACáritas Portuguesa e Cáritas de Coimbra lançaram programas de apoio alimentar imediato a famílias com dificuldades agravadas pela Covid-19. > Página 2

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CORREIO DE COIMBRA

2DioceseSemana de Oração pelas VocaçõesVigília a partir do Seminário de CoimbraNo contexto da Semana de Oração pelas Vocações, que encerra no próximo domingo, o Secretariado Diocesano das Vocações promove, hoje mesmo, às 21h30, uma “vigília das vocações” a partir do Seminário Maior de Coimbra (como programado no ca-lendário diocesano). A celebração ocorre sem participação públi-ca de fiéis. Contudo, devido ao estado de emergência, mas será transmitida on-line no Youtube do Seminário e nas páginas do Facebook do Seminário e do Secretariado da Vocações. Contará com alguns testemunhos vocacionais gravados anteriormente. Trata-se de uma proposta do Secretariado das Vocações que foi alargada à Pastoral Juvenil. O Secretariado está a divulgar tam-bém uma proposta nacional de oração, para ser feita em família.

Alterações no calendário diocesanoPeregrinação Diocesana a Fátima não se vai realizarDevido à circunstância de pandemia, o Secretariado Diocesano de Coordenação Pastoral decidiu anular a Peregrinação Diocesa-na a Fátima. Por um lado, com os dados disponíveis ao momen-to, dificilmente se anteveem condições para a sua realização, mesmo estando programada só para julho; por outro lado, isso implicaria todo um trabalho preparatório nas comunidades, a começar já agora pelo aluguer de autocarros, o que neste mo-mento, em razão dessa incerteza, não faria sentido.

Festa Diocesana das FamíliasRealização adiada para a próxima Semana da VidaO Correio de Coimbra confirmou junto do Secretariado Diocesano Pastoral da Família que a Festa das Famílias, promovida anual-mente por ocasião da Semana da Vida, e que iria ter lugar no arciprestado de Pombal no próximo dia 10 de maio, foi suspensa, sendo realizada no contexto da próxima Semana da Vida, em maio de 2021, no mesmo arciprestado e em continuidade da pre-paração que já vinha a ser feita.

“No mês de maio rezamos com Maria”UP Santa Maria unida a partir das diferentes igrejasA Unidade Pastoral Santa Maria (UPSM), que acaba de realizar uma novena de oração às Santas Rainhas Sancha e Teresa (as-sociadas ao Mosteiro de Lorvão), no contexto da covid-19, vai promover agora uma iniciativa de oração centrada no mês de maio. O pedido é que cada família construa um pequeno “altar” mariano em sua casa, onde rezará o terço. Em cada dia, a UPSM, através do facebook, disponibiliza uma imagem de Maria e uma oração diferentes, com a invocação de um dos títulos de Nossa Senhora invocados nas diferentes Igrejas e capelas da Unidade Pastoral. Propõe-se que no dia 13 de maio se coloque um terço (construído pela família) à janela. Em cada domingo, às 21h, o terço será transmitido no facebook sucessivamente a partir de cada uma das cinco Igrejas paroquiais (Carvalho, Figueira de Lor-vão, Lorvão, Penacova e Sazes).

Fundo Solidário do Instituto Universitário Justiça e PazServiço de refeições em regime take awayEm tempo de grave crise social provocada pela pandemia do novo coronavírus, importa lembrar o apelo do Instituto Univer-sitário Justiça e Paz para que as pessoas recorram ao seu serviço de TAKE AWAY, cujas receitas vão permitir facultar alimentação básica a estudantes. Encomendas pelo tlm. 968 478 123.

Máscara Solidária e Somos Família

Uma das mais fortes con-sequências sociais da Co-vid-19 foi o agravamento

das condições de sobrevivência de pessoas e famílias muito pobres. Em resposta às famílias que se encontraram assim em situação de vulnerabilidade económica e social agravada, a Cáritas de Coimbra lançou duas campanhas que pretendem apoiar 32 famílias já assinaladas, num total de 87 pessoas incluindo crianças. Tra-ta-se da campanha Máscara So-lidária, que consiste na venda de máscaras sociais não cirúrgicas, cujas receitas revertem integral-mente para produtos alimentares a entregar a estas famílias, e do projeto Somos Família, que tem como objetivo angariar pessoas/famílias que “adotem” famílias que estão a passar por momentos difíceis e às quais deverão entre-gar um cabaz com produtos es-senciais uma vez por mês.

A Cáritas Diocesana espera ainda poder alargar este apoio social com o apoio da comuni-dade, fornecedores e empresas.

Caritas Portuguesa

Também a Cáritas Por-tuguesa disponibilizou uma verba de 130 mil

euros para apoio alimentar de

emergência a famílias sinali-zadas pelas Cáritas Diocesanas, sendo 100.000,00 € para vales e 30.000,00 € para apoios a si-tuações pontuais urgentes. Este Programa de Resposta Social funciona através da atribuição de vales de aquisição que permi-tem o acesso de forma imediata a alimentos e bens essenciais. “Acreditamos estar, desta for-ma, a dar um sinal à sociedade de que estamos atentos às suas dificuldades e poderemos apoiar a nossa rede agilizando a logís-tica e a segurança das Cáritas Diocesanas no apoio às pessoas que as procuram e, ao mesmo tempo, a salvaguardar a digni-dade, autonomia e privacidade dos beneficiários”, disse o seu presidente, Eugénio Fonseca.

Desde o início da atual crise provocada pela propagação do novo Coronavírus – COVID-19, que as 20 Cáritas Diocesanas sentem um aumento na pro-cura de ajuda em cinco grupos considerados de apoio prioritá-rio: população sénior, famílias e crianças em situação de vulne-rabilidade, pessoas em situação de sem-abrigo, reclusos ou ex--reclusos em situação de inser-ção, migrantes em situação de vulnerabilidade social. Estima--se que esta medida chegue a 2 000 pessoas em todo o país.

Acompanhamento de Idosos

Um outro efeito social da Covid-19 é o do maior isolamento dos idosos,

que obrigou a novas respostas da Cáritas de Coimbra nos seus próprios equipamentos.

Durante o Estado de Emergên-cia, a Instituição teve de encer-rar os seus Centros de Dia, o que implicou que mais de 200 pes-soas idosas tenham ficado sem a possibilidade de usufruir desta resposta que frequentavam dia-riamente. Destas, 140 não têm retaguarda familiar próxima, pelo que a Cáritas tem vindo a providenciar-lhes um servi-ço alternativo de alimentação e higiene pessoal, assegurando também visitas regulares, para além do contato telefónico de acompanhamento permanente.

As Estruturas Residenciais para Idosos (em Buarcos, Góis, Pom-beiro da Beira e Coimbra) conti-nuaram a funcionar, sendo que os utentes têm estado privados de visitas externas neste longuís-simo tempo. Para colmatar esta distância, a Cáritas de Coimbra instalou equipamentos digitais para facilitar as “Visitas Virtuais” e manter assim a comunicação entre os utentes e as suas famí-lias. Disponibilizou também mais números telefónicos e emails para facilitar os contatos.

Com data de 25 de março, o Bispo de Coimbra tornou públicas as “Orientações”

para a “Equipa de Animação Pas-toral”. Trata-se de uma estrutura de trabalho muito próxima dos párocos, que se tem vindo a im-plementar nos últimos anos em experiências diversas que pouco a pouco se foram aproximando umas das outras, o que permite agora uma síntese sistematiza-da pela Diocese e apresentada como projeto comum a todas as Unidades Pastorais.

Nas palavras introdutórias ao documento (disponível no site da Diocese de Coimbra), D. Virgí-lio Antunes escreve:

“A criação da Equipa de Ani-mação Pastoral na paróquia ou na unidade pastoral tem um grande alcance para a vida da nossa Diocese de Coimbra. É uma realidade nova, que não tem uma longa tradição entre nós, mas que já percebemos faz parte dos caminhos da Igreja, Povo de Deus e Mistério de Co-munhão, em que cuja edificação nos sentimos corresponsáveis.

A Equipa de Animação Pastoral

não é mais uma estrutura pas-toral a somar a muitas outras já existentes, mas significa uma opção clara em relação ao modo de nos organizarmos enquanto comunidades cristãs para res-ponder aos desafios pastorais da presente situação.

A curta experiência de algu-mas unidades pastorais em que o pároco já conta com uma Equipa de Animação Pastoral, fala-nos da sua importância de um ponto de vista prático e ex-prime bem as intuições do Novo Testamento em relação à Igreja, magistralmente retomadas pelo Concílio Vaticano II.

Juntamente com o Conselho Pastoral e em estrita ligação com ele, a Equipa de Animação Pasto-ral é um órgão de participação e corresponsabilidade, um serviço à vitalidade da comunidade cristã que, animada pelo Espírito Santo, precisa da dedicação dos fiéis.

De acordo com a reflexão que temos vindo a fazer ao longo dos últimos anos, o Conselho Pasto-ral é um órgão consultivo no qual o pároco se há de apoiar para fa-zer as grandes opções e delinear

os objetivos do plano pastoral; a Equipa de Animação Pastoral, estreitamente unida ao pároco, tem um caráter mais operativo, pois acompanha a vida da comu-nidade passo a passo.

Depois da publicação do mo-delo dos Estatutos do Conselho Pastoral da Unidade Pastoral, apresento, agora, à Diocese estas breves Orientações sobre a Equi-pa de Animação Pastoral, cuja elaboração se concretizou nas pe-riódicas reuniões de arciprestes.

Agradeço ao clero e leigos da nossa Diocese de Coimbra a abertura que têm manifestado para percorrer novos caminhos, diante dos grandes desafios que enfrentamos, com uma confian-ça bem alicerçada e sem medo. Considero que é um dom que Deus nos tem concedido como porta de esperança que se abre diante das nossas dificuldades.

Nesta Solenidade da Anuncia-ção do Senhor, quando celebra-mos a abertura da verdadeira porta da esperança, Jesus Cristo incarnado no seio da Virgem Ma-ria, renovo a certeza de que sem-pre acompanha a nossa história”.

EM RESPOSTA A CASOS IDENTIFICADOS

Cáritas lança programas de apoio alimentar imediato

ORIENTAÇÕES DIOCESANAS PARA A EQUIPA DE ANIMAÇÃO PASTORAL

Uma realidade nova entre nós, mas que faz parte dos caminhos da Igreja

PROPRIEDADESeminário Maior de CoimbraContr. n.º 500792291 | Registo n.º 101917Depósito Legal n.º 2015/83

DIRETORA. Jesus Ramos (T.E. 94)

DIRETOR ADJUNTOCarlos Neves (T.E. 1163)

ADMINISTRAÇÃO Communis Missio - Instituto Diocesano de ComunicaçãoCentro Pastoral Diocesano CoimbraRua Domingos Vandelli, nº 23004-547 Coimbra

REDAÇÃOMiguel Cotrim (C.P. 5533)

PAGINAÇÃOFrederico Martins

IMPRESSÃO E EXPEDIÇÃOFIG - Industrias Gráficas, S.A.Rua Adriano Lucas, 3020-265 Coimbra

REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:Correio de Coimbra - Seminário Maior de CoimbraRua Vandelli, 2 | 3004-547 [email protected]. 239 792 344

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30 DE ABRIL DE 2020

AMO A IGREJA, LEIO O SEU JORNAL98 anos de presença semanal de informação,

formação e reflexão crítica - um contributo inestimável para a edificação da Igreja de Coimbra.

Procure o Correio de Coimbra na sua paróquia, ou faça-se assinante.

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CORREIO DE COIMBRA

33Igreja a caminho

“Depois da tempestade, vem a bonança”. Eis o dito popular que pode

resumir a história presente no Livro de Rute, em que a protago-nista, uma das antepassadas do rei David, passa pela tribulação, mas depois alcança recompen-sa. É a providência divina que benfazeja esta viúva, mulher fiel e amiga da sua sogra, ambas provadas por duros desafios, a perda dos maridos e a fome.Entramos numa história de uma família emigrada em ter-ra estrangeira, reduzida a três

viúvas: Noemi e suas duas no-ras, Orfa e Rute. Noemi perante a sua frágil situação resolve re-gressar, mas exorta as suas no-ras que regressem às suas casas paternas. Mas Rute não assen-tindo à exortação, acompanha a sua sogra (cf. Rt 1,16-17).Depois do regresso, a carestia, obriga Rute a apanhar espigas num campo pertencente a um parente próximo do seu sogro Elimelec, Booz. Este pouco a pou-co e sabendo da sua história, por ela se enamora, e usando o direito de resgate, com ela casa-

rá. Booz é o seu go’el, isto é, o seu resgatador. Desta união nascerá Obed que segundo a Lei do Levi-rato, deverá encarnar a descen-dência tanto do marido defunto de Rute, como do seu sogro, que morreram sem deixar herdeiros.

Booz é o seu go’el, isto é, o seu resgatador. É de assinalar que ao longo deste Livro aparecem vin-te vezes palavras que podem ser traduzidas por resgate, ou resga-tar ou resgatador. Estamos numa linguagem que facilmente nos leva a olhar para Jesus, o nosso redentor, o nosso go’el. São Ma-

teus dirá: “Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (20,28).Ao vivermos esta dura provação do coronavírus é bom saber que Cristo é o nosso resgatador, deu a vida por nós, resgatou-nos com o seu sangue, abrindo-nos assim o caminho da esperança. Como diz o Papa Francisco, “Se Cris-to ressuscitou, é possível olhar com confiança para todo evento da nossa existência, inclusive os mais difíceis e repletos de angús-tia e de incerteza (...) A ressurrei-ção de Jesus nos diz que a última palavra não cabe à morte, mas à vida. Ressuscitando o Filho uni-gênito, Deus Pai manifestou em plenitude seu amor e a sua mi-sericórdia para a humanidade de todos os tempos”.Um pormaior deste pequeno Livro de Rute (pertencente aos Livros Históricos) é tomar consciência que a história não é só escrita no

masculino, também o é no femi-nino. Se na Bíblia a maioria dos protagonistas são masculinos, esta história é narrada a partir da perspectiva feminina.Nesta luta contra a pandemia, a figura feminina marca a his-tória! Fiquemos de novo com as palavras do Papa Francisco, tam-bém elas proferidas na segunda feira de Páscoa: “Ouvimos que as mulheres deram aos discípu-los o anúncio da Ressurreição de Jesus. Hoje gostaria de recordar o que as mulheres fazem, inclu-sive neste tempo de emergência sanitária, para cuidar dos ou-tros: mulheres médicas, enfer-meiras, agentes das forças da or-dem e dos cárceres, funcionárias dos estabelecimentos de bens de primeira necessidade..., e tantas mães e irmãs que se encontram trancadas em casa com toda a família, com crianças, anciãos, pessoas com deficiências”.

Faz-nos bem, a todos, re-cordar e celebrar o Dia da Mãe! Voltar a ser filho

renova a nossa fraternidade.Reconhecemos com gratidão

a beleza do Amor de Mãe, que permanentemente, sabe ser Mãe, dedicando a sua vida ao acolhimento amoroso de seus filhos, à sua educação integral, ao acompanhamento ao longo das diversas etapas da vida, por toda a vida e com todas as capa-cidades da sua vida. Como afir-mou S. Óscar Romero, alguém que soube dar a vida: «A escolha de vida de uma Mãe é a escolha de dar a vida. E isto é grande e belo!». Para os que têm o dom da fé, na maioria dos casos, têm ainda um obrigado acres-cido à sua Mãe, é que como diz o Papa Francisco «Sem as Mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa par-te do seu calor simples e pro-fundo». (Catequese Papa Fran-cisco, 07-01-2015)

Por isso, celebrar hoje o Dia da Mãe é apoiar todas as mulheres que escolhem como caminho, oferecer ao mundo os seus fi-lhos e dar-se pela família, berço natural da vida; apoiar e prote-ger em todas as circunstâncias e casos, o dom da maternida-de e proclamar com o nosso compromisso, que as Mães são verdadeiras beneméritas da sociedade, pois sabem trans-mitir em todos os momentos, mesmo nos piores, a ternura, a beleza do perdão e a força da co-ragem. Que se enraíze cada vez mais em nós, o compromisso de apoiar e proteger o dom da maternidade, desde os primei-ros momentos da fecundação, e em todas a fases da sua missão.

Claro que celebrar o dia da Mãe, também nos traz inquie-tações e incómodos interiores, quando recordamos as Mães que são vítimas de violência doméstica, e choram os seus filhos traumatizados. Mães que enfrentam as tempestades, e com energia e inesgotável cria-tividade que lhes vem dos hori-zontes alargados do Amor, su-peram tormentos e constroem a partir das cinzas, com a sua persistência, a bonança nas vi-das de seus filhos e da sua fa-mília. Que na nossa cidadania, saibamos assumir a exigência de mudanças de mentalidade e comportamentos face ao martí-rio de muitas Mães não apoia-das nem compreendidas. Como lembra o Papa Francisco, «a Mãe, embora seja muito exal-tada sob o ponto de vista sim-bólico, é pouco escutada e pou-co apoiada no dia-a-dia. Pouco considerada no seu papel cen-tral na sociedade». (Papa Fran-cisco, dia da Mãe 13-05-2018).

Neste ano acrescidamente difícil, marcado pela pandemia do Covid-19, aprendamos com as Mães o valor da vida que delas recebemos e percebamos como é bela a cultura da defesa da vida. Melhor do que nunca, percebemos a comparação de que Deus se serviu para nos dizer que nunca estamos sós e abandonados, porque ele nunca nos esquece, é como as Mães: «Acaso pode uma mu-lher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.» (Is 49, 15).

Obrigado a todas a Mães e fe-liz Dia da Mãe.

DIA DA MÃE 2020

Celebrar o Dia da Mãe faz-nos bem a todosMensagem da Comissão Episcopal do Laicado e FamíliaA pandemia por Covid-19

veio alterar completa-mente o ritmo da nossa

vida, de forma repentina, como não imaginávamos e sem avi-so prévio. Também as escolas, em poucos dias, ficaram sem a presença dos seus alunos, mas com o segundo período letivo para concluir e um ano escolar para findar.

Ainda em aulas presenciais e perante a informação diária de uma realidade nova e desconhe-cida, o Colégio de São Teotónio de-finiu e implementou, com auxílio médico, o Plano de Contingência de que fez parte formação espe-cífica a todos os trabalhadores, docentes e não docentes. Como sabemos, a melhor forma de ven-cer uma dificuldade é procurar conhecê-la o melhor possível e atuar adequadamente, sem os dramatismos que só nos fazem perder a lucidez e muito tempo. Damos graças por não se ter re-gistado qualquer caso de Covid-19 na população escolar do Colégio.

No primeiro dia de aulas não presenciais foram iniciadas as atividades a distância, tendo os nossos alunos todas as aulas previstas no seu horário escolar. A prática regular e generalizada do uso de plataformas digitais há quase 10 anos facilitou este processo. A definição mais pre-cisa sobre alguns procedimen-tos foi o suficiente para que pu-déssemos mitigar o que o surto epidemiológico veio provocar. Nesse dia, mais de 95% dos alu-nos estiveram nas aulas… agora virtuais. Reconhecendo alguns problemas pontuais de acesso por fragilidades da rede de in-ternet, a assiduidade não se tem revelado um problema.

Como a pandemia veio para durar, no início do terceiro pe-ríodo introduzimos alterações e

outra ferramenta para otimizar e diversificar a atividade letiva, tornando-a ainda mais direta e apelativa, em modo síncrono. As-sim decorre, e com muito suces-so. O grande desafio é a avaliação, e mesmo essa já tem critérios de-finidos e modos de ser realizada.

Claro que tudo isto nos me-rece uma grande reflexão, es-pecialmente sobre estas ferra-mentas tecnológicas e as suas funcionalidades virtuais ao ser-viço da educação.

Desde logo, deverão evitar-se posições extremadas: para uns a salvação de tudo está nas fer-ramentas virtuais; para outros, nada resolvem (não deixa de ter algum sentido dizer que muitas plataformas resolvem bem os problemas que não tínhamos!). Não esqueçamos que elas são um meio e não um fim. E cada pessoa é naturalmente um ser relacio-nal; e a forma do relacionamento humano não é essencialmente virtual, mas presencial; todos os meios de comunicação são for-mas de ultrapassar os obstácu-los que impedem a proximidade desejável. E o desafio do sucesso é esse: manter a proximidade da relação interpessoal, motivando e despertando o interesse, não

“coisificando” a pessoa, mas tor-nando-a mais pessoa. E a escola é espaço de relação, de socializa-ção, de valores, de cultura…

Por isso, impõe-se um olhar ajustado sobre o que estas fer-ramentas virtuais são e podem ser, com vantagens, sem dúvida (partilha eficaz e acessível, coope-ração que supera distâncias, tra-balho em equipa, comunidades participativas de aprendentes em rede, amplitude de recursos…), mas também limitações identi-ficadas (perda de conhecimento recíproco e qualidade relacional, trabalho mais lento e mais se-dentário, maior dificuldade no acompanhamento individualiza-do e na correção mais próxima do erro, maior dificuldade na avalia-ção a todos os níveis…).

Com pandemia ou sem pande-mia, o reforço digital do ensinar e aprender na escola não pode apresentar-se com fundamen-talismos. A escola não se pode entregar exclusivamente a uma modalidade virtual de ser, assu-mindo alguma reserva sobre este “outro mundo”, mas não o mun-do. Por outro lado, o mundo vir-tual já é o “novo mundo” em que estamos mergulhados, desejando sempre que não nos afogue.

REFORÇO DIGITAL DO ENSINAR E APRENDER

Colégio de São Teotónio reinventa-se em tempos de pandemia

A PALAVRA EM PALAVRAS

O amor de Deus também se escreve no feminino!João Paulo Fernandes

30 DE ABRIL DE 2020

DIA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕESAs palavras da vocação: gratidão, tribulação, coragem e louvor.Dia 3 de maio

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CORREIO DE COIMBRA

4 Grande Plano

Quem cresceu num am-biente tradicionalmente católico, como eu, habi-

tuou-se a olhar para Maria como mãe, desde os tempos da infân-cia. Gosto de recordar aquelas tardes em que subia com a mi-nha avó materna até à igreja matriz de Almalaguês, numa pe-regrinação que se tornou diária. Quando lhe perguntava o que íamos fazer, respondia-me: “va-mos falar com a nossa Mãe do Céu”. Intrigado e curioso acom-panhava aquele rito que, quanto mais se repetia, mais familiar se tornava. Na minha ingenui-dade cheguei a pensar que “falar com a Mãe do céu” seria apenas imitar o sussurro que saía dos lábios da minha avó e que ecoa-va naquela igreja vazia. Foi as-sim que fiz tantas vezes. Agora entendo que estava ali uma ver-

dade sobre a Mãe, a maternida-de e a oração.

Durante os primeiros séculos da vida da Igreja muitas foram as controvérsias em torno do mais antigo título que os cris-tãos atribuíram a Maria: Mãe de Deus ou aquela que dá Deus à luz (em grego, Theotokos), como atesta a oração Sub tuum præ-sidium (à vossa proteção nos acolhemos Santa Mãe de Deus), também ela uma das mais an-tigas orações marianas. A pro-blemática veio a ser resolvida no Concílio de Éfeso no ano de 431, confirmando dogmaticamente a maternidade divina de Maria. Dizer que Maria é mãe de Jesus não parece difícil. Os Evangelhos apresentam esse dado com cla-reza. Aplicar a maternidade de Maria como referente ao próprio Deus foi considerado um abuso

por muitos Padres da Igreja dos primeiros séculos. A argumen-tação usada para atestar a ve-racidade da maternidade divina está ancorada na certeza de que Jesus é Pessoa divina, apesar da sua natureza humana. As-sim, se Maria dá à luz o Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sendo estas duas natu-rezas inseparáveis n´Ele, então podemos afirmar que Maria é Mãe de Deus, em sentido pró-prio, como confirmou o Concí-lio de Constantinopla em 553. A dificuldade reside na conceção que temos de maternidade. Ser mãe ou ser pai supõe necessa-riamente existir antes do filho. Ao afirmarmos que Maria é Mãe de Deus não queremos, como Igreja, afirmar que Maria existia antes de Deus, nem tão pouco depreender que Deus dependa

dela. Sendo criatura, e obede-cendo livremente à vontade de Deus, Maria colabora com o de-sígnio de amor do Pai, ao trazer no seu seio o Salvador do Mun-do, que nela Se faz homem. Em Maria a maternidade extravasa a dimensão meramente bioló-gica, ainda que, através desta, adquira um valor espiritual e divino pela ação do Espírito San-to. Seria redutor considerar a maternidade de Maria apenas pelo seu aspeto carnal. Quando o Evangelista João na narrativa da Paixão coloca Maria junto da Cruz de Jesus, recebendo aí o discípulo, que representa todos os que se tornam filhos no Filho, está a dar luz a este mistério da maternidade divina de Maria. Sendo Mãe de Deus, colaboran-do com o projeto da salvação, ela alarga a maternidade a todos os filhos nascidos da Cruz e da Páscoa de Cristo. Aprende a ser Mãe fazendo-se discípula e as-sim nos ensina o caminho da fecundidade evangélica. Sendo mãe, Ela é modelo da Igreja, que “pela pregação e pelo Batismo,

gera, para a vida nova e imortal, os filhos concebidos pela ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.” (LG, 64).

A maternidade singular de Maria ilumina a maternidade humana. Com ela, aprendemos que ser mãe é mais que gerar uma vida. A beleza da materni-dade está na comunhão de que ela deve ser sinal e consequên-cia. Maria é Mãe de Deus por-que assim foi escolhida, porque assim aceitou e porque assim amou. Neste sentido a materni-dade é um dom, mais que uma escolha ou um direito. Por isso, nunca se deve confundir com projeto ou realização pessoal, já que é, desde o início convocação à relação e à comunhão.

Hoje, passados alguns anos entendo que, na minha inge-nuidade infantil, manifestada naquela imitação do murmúrio da minha avó na igreja, estava uma grande verdade a reter: a relação maternal e filial vive-se e desenvolve-se num “dialeto” que pode dispensar palavras, mas nunca o amor. Que o diga a Mãe de Deus e nossa Mãe.

A maternidade faz-se de ser-se mãe situada numa histórica concreta, como se releva dos três testemunhos que o Correio de Coimbra recolheu junto de três mães. E de um chamamento do amor e ao amor, numa densidade de sentido e de abertura que aqui aprofundamos à luz de Maria, com a reflexão teológica que nos propõe o Pe. Nuno Fileno sobre a maternidade da Santa Mãe de Deus.

3 DE MAIO - DIA DA MÃE

Os nossos filhos fazem-nos

acreditar que tudo é possível

Santa Maria, Mãe de DeusNuno Fileno

30 DE ABRIL DE 2020

AINDA ESTA NOITEVigília de oração pelas Vocações,

no youtube e facebook do Seminário Maior de Coimbra, às 21h30.

Celebração sem presença física de fiéis.

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CORREIO DE COIMBRA

5Dia da mãe

A decisão de adotar foi tomada após um lon-go período de reflexão

e oração. O processo na Segu-rança Social é muito moroso e psicologicamente violento. São muitas avaliações e reuniões e a nossa vida é analisada à lupa. É preciso muita determinação e coragem para não desanimar. Os amigos foram fundamentais durante este processo, dando alento nesta longa caminhada.

Depois de tanta espera, de um momento para o outro toda a minha vida mudou. Informa-ram-me que ia conhecer uma menina. Passados nove anos (leram bem: nove anos) chegou o grande dia, o dia em que fi-

nalmente ia conhecer a minha filha. O meu pai foi comigo ao centro de acolhimento e deu--me força e coragem para o tão aguardado momento. Um turbi-lhão de sentimentos caracteri-zaram o primeiro encontro. Será que vai gostar de mim? Como será física e psicologicamente? Mas, foi amor à primeira vis-ta. Após brincadeiras, sorrisos e muito colinho, acabou o tempo e tive que vir embora. Foi uma das experiências mais difíceis da minha vida. Deixa-la para trás… Mas temos que cumprir ordens.

No dia seguinte voltei à insti-tuição para participar na rotina da menina e tivemos a primeira saída, só as duas mas com su-

pervisão. É muito estranho ser-mos observadas e avaliadas a todo o momento. Fomos ao Par-que verde, corremos, brincamos e demos pão aos patinhos. Che-gou finalmente o terceiro dia, após tanta espera a Sara veio para a nossa casa. Sozinhas, sem supervisão continuamos a nossa aventura. Fantasiei mui-tas vezes este momento mas a realidade é muito melhor. Brin-car, dar colinho, ir ao parque. Durante seis meses as visitas domiciliárias continuaram. A minha mãe ao início não me apoiou, foi uma luta difícil mas quando viu a menina ficou en-cantada. Assim, fomos para casa dos meus pais e conhe-

cemos a restante família. Na quinta tínhamos muitas mais opções para brincar. A Sara gos-tou particularmente dos gatos e das galinhas. Corria muito para os tentar agarrar. Foi super di-vertida a nossa primeira expe-riência na praia, a sensação da areia nos pés, o vai e vem das ondas era realmente mágico.

Após alguns desafios consegui a adoção plena. A Sara é ver-dadeiramente minha filha! Os nossos filhos completam-nos fazem-nos acreditar que tudo é possível. A Sara deu um sentido mais profundo à minha vida, materializou a razão de viver. Esqueci-me de mim, ultrapassei os meus problemas porque se impôs um amor Maior. As prio-ridades alteraram-se: o centro da minha vida mudou. Descobri potencialidades que não ima-ginava ter e fui buscar, forças onde não supunha que existis-sem, para ultrapassar as difi-

culdades porque nem tudo são facilidades. Como família mo-noparental ainda há que conci-liar os horários de trabalho. Este aspeto tem sido dos mais difí-ceis pois, apesar da legislação defender o exercício da parenta-lidade, os serviços não cumprem o que está estabelecido na lei. Socorrem-me os padrinhos e os amigos, são uma ajuda funda-mental, sem eles não seria pos-sível. A história da nossa família é diferente e única, com altos e baixos. O essencial é acreditar que não estamos sozinhas.

O conselho que dou a todos os que quiserem entrar nes-ta “aventura” é não desistirem dos seus sonhos independente-mente das opiniões dos que vos rodeiam. O amor que damos e recebemos de uma criança vale mais que tudo o resto. A nossa história começou e com a ajuda dos amigos, da família e de Deus tudo conseguiremos alcançar.

MÃE NA ADOÇÃO

Uma aventura de amorManuela Oliveira

O meu nome é Marisa e sou mãe de dois rapazes, o David e o Gabriel. O

David, o primeiro filho, nasceu com Trissomia 21, há treze anos atrás, no dia 1 de junho de 2006.

Foi às 28 semanas, quando fiz uma ecografia e outros exames devido a algumas complicações na gravidez que me disseram que o David iria nascer com Trissomia 21 e que as hipóteses de sobreviver eram na ordem dos 2% ou mesmo nulas, isto até ao final da gravidez ou até mesmo depois do parto. Per-guntei se me podia agarrar aos 2%, mas os médicos diziam que

era quase impossível. Não es-tava à espera desta notícia. De-cidi, que seria o David que iria decidir se iria sobreviver e não eu. Tive muita fé e também pedi que rezassem pelo David.

Algum tempo antes do parto tive uma enorme dor e dirigi--me à maternidade e os mé-dicos que conheciam a minha situação, disseram que me po-deriam dar uma injeção, mas dada a situação não valeria a pena. Insurgi-me e pedi que esquecessem a minha situação e, perguntei se noutra situação ma dariam, disseram que sim, e então pedi que me dessem a

dita injeção (para ajudar a de-senvolver os pulmões do bebé), visto que tinha direito a ela. Fiquei mais umas semanas internada.

Chegou o dia do parto. Foi par-to normal sem epidural. O Da-vid nasceu, respirou e somente precisou de três minutos de aju-da de suporte e depois voltou a respirar sozinho.

Estivemos 13 dias na Materni-dade, o David na incubadora e depois regressamos a casa. Na maternidade, os médicos que nos acompanharam, falaram connosco acerca da situação do David e indicaram várias

instituições que davam apoio. Fomos acompanhados e seis meses depois, integramos num grupo de pais, cujos filhos ti-nham a mesma patologia e que viria, mais tarde, a dar origem à “Associação Olhar 21”, a qual tem vários projectos. Desde o dia em que o David nasceu que ele vai comigo para todo o lado. Tenho muito orgulho no meu fi-lho. O David frequentou o Colé-gio de Santa Maria da APPACDM, a EB1 do Areeiro e, actualmente, frequenta a EB2/3 de Ceira, ten-do este percurso ajudado o seu desenvolvimento.

Ao longo destes 13 anos de vida do David, só posso dizer que sou uma mãe muito orgulhosa.

Se me perguntarem se dá muita luta? Dá. Se dá muitas vitórias? Sim. Se dá muitas ale-grias? Imensas! Mas, também dá muito trabalho, mas cada vi-

tória dele é algo indescritível e sentimo-nos muito orgulhosos. Todos os dias, ele ensina-nos algo de novo.

O David é um miúdo muito querido, mas também muito teimoso, supersensível, mui-to preocupado com a mãe e o irmão, muito meigo. É muito autónomo, tem as suas rotinas (arrumar o quarto, fazer a sua higiene, …), é organizado e faz pequenas actividades domésti-cas como colocar a mesa para as refeições, colocar a louça na máquina de lavar, entre outras.

Agradeço a Deus ter-me dado o David, a mim, para cuidar. É muito bom ser mãe do David. Não sou melhor mãe porque te-nho um David, porque também sou mãe de um Gabriel.

Mas, acima de tudo, porque sou mãe e amo muito os meus filhos.

MÃE NA DIFERENÇA

Sou uma mãe muito orgulhosaMarisa Costa

Eu nasci para ser mãe.Ser mãe define toda a mi-nha vida e tudo o que sou

como mulher e ser humano.Ser mãe do Francisco e do Mi-

guel, tem sido a maior aventura da minha vida e sinto-me mui-to abençoada por esta graça que Deus me deu.

Neste percurso, têm sido mui-tos os desafios, nem sempre fá-ceis e alguns dolorosos, mas a verdade é que tenho dois “ho-mens” cá em casa.

Como o meu marido traba-lhou sempre fora de Coimbra, a maior parte da rotina diária, do levantar, levar à escola, ir bus-car à escola, atividades, etc… ficou sempre à minha respon-sabilidade, o que naturalmente

levou a uma grande cumpli-cidade entre nós os três. Mas quando se passa tanto tempo juntos, surge também alguma intolerância, cansaço e claro discussões sem jeito nenhum. Não é fácil gerir estas situações quando para além disto ainda tens o teu trabalho, compras para fazer, pensar o que vai ser o jantar, e podia continuar, mas acho que sabem do que falo! Por isso não, não e fácil gerir toda esta rotina familiar, mas é a nossa vida e eu gosto dela assim.

Ser mãe de um adolescente tem sido uma experiência bas-tante feliz e desafiante. As dúvi-das em relação a si mesmo e às suas competências, as questões

sobre o que está certo e errado, a sua necessidade de se sentir valorizado e respeitado. É boni-to e gratificante sentir que está a crescer e a tornar-se num jo-vem justo, criativo, com bons valores e sobretudo com um grande sentido de família.

Claro que meia volta também tem os seus momentos de “fú-ria” em que discute por tudo e por nada, refila com o irmão e tenta desafiar-me. A verdade é que há momentos em que pare-ce que quer testar os meus limi-tes, o que é bastante frustrante para mim porque muitas das vezes não sei como lidar com ele ou com a situação.

A minha sorte é que estes momentos, não são muito fre-

quentes e também não duram muito, porque ele não consegue estar chateado comigo. Os con-frontos deixam-no triste e com necessidade de fazer as pazes e ter colinho. Sim, o meu filho adolescente rebelde é também um menino meigo e humilde que pede desculpa e se arrepen-de das suas “fúrias” quase de imediato.

Muitas vezes eu e o meu marido somos abordados por pessoas que nos dizem, “vocês têm muita sorte com os vos-sos filhos”, claro que ficamos felizes e agradecemos! Mas sinceramente penso que não é só sorte. É educação, é amor, é testemunho, é o fruto do que nós somos enquanto família e isso deixa-me verdadeiramente realizada.

Sentir que tenho uma família feliz, equilibrada e que estamos a criar os nossos filhos, para se-rem grandes homens é minha maior alegria como mulher e como mãe.

QUANDO OS FILHOS CRESCEM

A Alegria de ser mãeRaquel Monteiro

30 DE ABRIL DE 2020

A FRAGILIDADE HUMANIZA A VIDAIgreja em Portugal celebra Semana da Vida: materiais disponíveis no site da Comissão Episcopal Laicado e Família.10 a 17 de maio de 2020

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CORREIO DE COIMBRA

6 Liturgia

Eis que nos momentos de aflição e temores fa-cilmente sucumbimos,

pensamos em esmorecer e de-sistir. Fechamo-nos em nós mesmos, nos nossos interesses e descuidamos dos sinais divi-nos que se querem dar a conhe-cer, pois Deus continua a falar--nos e instruir-nos, mesmo diante da vida desestabilizada. Não queremos admitir a dor, a desprezamos e não buscamos entender o sentido cristão do sofrimento que é: “Se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Rm 6,8). A Divina providência se utiliza de meios, que nossa razão não compreende, para fazer-nos melhores seres humanos, me-lhores cristãos, melhores ir-mãos, nos permitindo tempo e espaço para o autoconhecimen-to. Tempo e espaço que cons-tantemente reclamos não ter e que, quando os conseguimos, não somos sequer agradecidos, na tentativa de usufruí-los para nossa conversão pessoal.

Passados, então, pela etapa reveladora da tormenta, que

nos desestabiliza e mostra-nos o que realmente somos, o que sentimos e como reagimos, po-demos avançar no caminho de progresso interior, pois já nos alerta Santo Agostinho: “Quem não progride, regride!”. Assim, descoberta a verdade, começa a etapa purificadora. A crise tem o poder de nos purificar, de tirar de nós os excessos revelados por ela mesma. A crise faz-nos pas-sar pelo filtro e ficarmos com o que realmente é verdadeiro, essencial, humano. Torna-se, portanto, um momento opor-tuno, onde é possível discernir, decidir, questionar-se, desco-brir-se. É tempo de fortalecer o que é bom e correto, corrigir o que está mal, mudar o que pre-cisa ser mudado, desprender-se do que não é essencial e unir-se mais a Deus, com profundidade de relação.

E assim podemos responder, diante das incertezas do futuro, que quando tudo isso passar: “Quero estar aqui! Não quero ter desistido! Quero sentir aquela alegria própria de quem perma-neceu, de quem não foi embora,

não se acovardou, não perdeu a fé.... Quero estar melhor! A crise tem de me fazer melhor. Já que é para nos mover, que nos leve para frente, para o avanço. Eu não quero retroceder! Quero ser mais “Eu”! Não no sentido ego-cêntrico, mas um eu purificado, onde a minha essência, aquilo que sou de verdade, possa ser realçado e afirmado. Quero ser mais de Deus! A crise tira-nos os excessos e deixa o que realmen-te importa, ou seja: Ser de Deus! Porque no final tudo vai passar, só Deus permanecerá”. (Frei Ke-phas das Santa Chagas,pjc)

Por fim, a Páscoa quer fazer--nos recordar, uma vez mais, a grande razão da nossa fé - Cristo morreu para nos livrar da con-denação eterna, morreu para nos dar Vida Eterna. É essa ver-dade que nos impulsiona a vi-vermos os sofrimentos do tem-po presente, como testemunhas da esperança. Somos viventes e unicamente n’Ele é que se en-contra a verdadeira Vida. Per-manecermos, acreditarmos e testemunhar, eis que uma gran-de missão nos está a aguardar…

Muitas vezes a vida para-lisa-nos! Há circunstân-cias, há acontecimentos,

há realidades que se impõem diante de nós, que se apresentam quase como intransponíveis e que geram medos e angústias dentro dos nossos corações: crises varia-das, doenças, alterações das nos-sas rotinas, problemas para os quais não encontramos aparen-temente uma solução, um peque-no vírus que nos confronta com a nossa fragilidade e com aquilo que não podemos controlar! E, diante destas circunstâncias, não sabemos para onde caminhar, o que fazer, não vemos futuro.

A história da Igreja, como a vida dos homens e mulheres, é cheia de circunstâncias como estas! Contudo, diante de cada nova circunstância, somos cha-mados, não ao desânimo e ao desespero, mas a ler a história com o olhar de Deus e procurar perceber o que quer Ele de nós e por onde nos quer a caminhar a cada momento.

A primeira leitura deste domin-go fala-nos da eleição e a consti-tuição do grupo dos diáconos. Um problema concreto que se põe à comunidade cristã primitiva; uma solução que, na escuta da

Voz de Deus, são capazes de en-contrar, porque aceitam o desafio de ousar novos caminhos e de percorrer novas estradas, porque não se deixam paralisar pelos lu-gares comuns, mas descobrem que a cada novo desafio, devem procurar novas soluções. Estas solução, mais do que o mero pragmatismo e utilitarismo, são resposta de fidelidade à vontade e ao projeto de Deus, que nos es-colheu para sermos pedras vivas de um templo espiritual que têm Cristo como Pedra Angular.

Diante das interpelações que a história nos faz, a nós pessoal-mente ou a nós como comuni-dade cristã, também nós somos chamados a ter este olhar de pro-fundidade, que procura descobrir permanentemente qual a vontade de Deus. Para isso, creio que pode-mos proceder em três etapas:

1.Escutar a Palavra de Deus. Deus fala-nos através da sua Palavra que quer

ser acolhida nos nossos cora-ções. Ler e meditar a sua Pala-vra é a forma de O deixar mo-delar os nossos corações com a força vital da sua presença transfiguradora.

2.Ver e acolher a presen-ça do Espírito Santo. Existem muitos si-

nais, na nossa vida e na vida do mundo de hoje, onde o Espírito de Deus age! Ele é a força cria-tiva de Deus que, no coração da humanidade, pulsa cheia de vi-talidade para a transformar.

3.Centrar o coração no Ressuscitado, n’Aquele que dá sentido a cada

nova solução: Jesus! Ele é o Ca-minho a percorrer, imitando o seu exemplo de amor concreto a cada um dos nossos irmãos e irmãs; Ele é a Verdade que nos revela o sentido mais profundo da nossa existência: que vimos de Deus e para Deus voltamos; Ele é a Vida em abundância que nos abre à eternidade e nos diz a cada momento: «não se pertur-be o vosso coração! Na casa de meu Pai há muitas moradas».

Que neste V domingo da Pás-coa, em que continuamos a ce-lebrar a alegria de Cristo que vence a morte, sintamos desa-fiados a ousar percorrer o ca-minho de Jesus, que rasga em cada um de nós horizontes de vida e plenitude.

NEM SÓ DE PÃO | COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL

Ousar novos caminhos,porque Cristo está connosco!Pedro Santos

LEITURA DOS ATOS DOS APÓSTOLOS Act 6, 1-7Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, os helenis-tas começaram a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas. Então os Doze convoca-ram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao minis-tério da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia; e esco-lheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Pró-coro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles. A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jeru-salém e obedecia à fé também grande número de sacerdotes.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 33Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia.

LEITURA DA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO PEDRO 1 Pedro 2, 4-9Caríssimos: Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se lê na Escritura: «Vou pôr em Sião uma pedra angu-lar, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiança não será confundido». Honra, portanto, a vós que acreditais. Para os incrédulos, porém, «a pedra que os construtores rejeitaram tor-nou-se pedra angular», «pedra de tropeço e pedra de escândalo». Tropeçaram por não acreditarem na palavra, pois foram para isso destinados. Vós, porém, sois «geração eleita, sacerdócio real, na-ção santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores» d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.

ALELUIA Jo 14, 6Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;ninguém vai ao Pai senão por mim.

EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO Jo 14, 1-12Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for pre-parar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, co-nheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As pala-vras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai»

DOMINGO V DA PÁSCOA10 de maio de 2020

ESPIRITUALIDADE - PROVOCAÇÕES INTERIORES

Quando isso tudo passar…Bethânia Filha da Esperança, pjc

30 DE ABRIL DE 2020

ADORAÇÃO EUCARÍSTICA NA IGREJA DE SÃO TIAGOUma hora semanal de adoração

ao Santíssimo, tendo em intenção as vocações de consagração

Mais informações junto de M. Teresa, 965751235

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CORREIO DE COIMBRA

7Opinião

Nos dias que correm, vi-vemos cada minuto com a necessidade do

reajuste. Não tanto porque sai-bamos bem o que queremos mudar e para quê, mas tão somente porque não consegui-mos dominar o momento pre-sente. Este é o enigma da mu-dança em tempos incertos.

Pensemos que o facto de não podermos compreender o cru-zamento das coordenadas do presente abre as portas à incer-teza e à desconfiança. Por isso, mal por mal, vale mais avan-çar para a casa seguinte, pois pode ser que lá se encontrem as respostas por que ansiamos.

Cada cabeça tem a sua sen-tença e de todos os lados nos chegam opiniões de especia-listas que afirmam, uns, uma coisa e, outros, o seu contrá-rio. Por isso, reforço, queremos acreditar que a mudança é a solução e há sempre a confian-ça de que “pior não fica”.

Numa crise semelhante, na altura da Gripe Espanhola, em Meijinhos e noutras aldeias da Serra da Camba, a razia e mor-tandade era enorme. Numa primeira fase tinham partido os mais velhos, os mais dé-beis e doentes. Religiosamen-te, tinha-se-lhes dado todos os tributos que o amor e a honra mereciam. Eram avós e pais que tinham contribuído her-culeamente para a construção da comunidade em tempos instáveis do início da Primeira República.

Os rapazes viris, que tinham andado perdidos pelos cam-pos de França a servir de alvo às balas alemãs e que tinham conseguido voltar, eram pou-cos, mas a cachopada era mui-ta. Em cada casa havia alfobres de vida e a casa do Esteves não era exceção. A fertilidade me-dia-se em bocas que depois era preciso alimentar, mas tam-bém podia ser negociada em braços para os campos, úni-

ca forma de produzir o que se comia. Quanto maior a prole, maior poderia ser a fome em determinados anos, mas tam-bém maior poderia ser a fartu-ra, se a terra, o clima e os tem-porais se ajeitassem a bem das famílias.

Ora, depois de ter levado os avós, a megera veio buscar os netos e o rancho do Esteves foi o primeiro a ver partir um filho após o outro. A partir daí pas-sou à casa de um e outro vizi-nho e daqui a outros, que era uma coisa por maior. Onde ela fincava o dente, sabia-se que a espiral cresceria, agigantando--se e levando aldeias inteiras. De forma ingénua, ou talvez não, nesses vales encavados do Montemuro, as pessoas só conheciam a peste pelo nome de bailarina, isso devido ao bailado macabro em volteado que a gripe fazia a partir do seu epicentro.

Aos pais apertavam-se os co-rações quando ouviam falar da morte de menino ou menina na aldeia e às mães o mesmo coração sangrava de dor adi-vinhada, com a certeza de que estariam em breve a amorta-lhar um dos seus.

A mulher do Esteves, depois do funeral do terceiro filho, a sua mais bela menina, passou a noite em claro, dando largas ao pranto que não podia soltar durante o dia perante os ou-tros seis filhos. Já pela aurora clara, quando a promessa de um novo dia se fazia adivinhar pelos rigores laranja que via sobre a Serra de Santa Helena, um dos seus cachopos acordou e, vendo a mãe sentada num dos bancos da janela cortejado-ra, olhando pela vidraça, per-guntou-lhe o que se passava e se estava tudo bem. Então ela, dando-lhe o seu melhor sorriso respondeu:

— Sim, filho, vamos ficar to-dos bem!

E nós também!

As conquistas de Abril que mais marcaram a qua-lidade de vida dos por-

tugueses foram a instituição de um poder local autónomo e re-presentativo e a criação de um Serviço Nacional de Saúde (SNS). O surgimento da pandemia veio dar “ainda mais provas” da “im-portância” do poder local e do SNS. Não sendo necessário ver-mo-nos emergidos nesta emer-gência sanitária e numa cala-midade económica e social para reconhecermos as qualidades do poder local e os benefícios do SNS, não podemos deixar de enfatizar que prova mais evidente do que esta era difícil de imaginar. Nes-sa fase tanto o Serviço Nacional de Saúde como o poder local têm prestado um inestimável contri-buto no apoio às populações.

Se alguém tinha dúvidas so-bre a importância e a capacida-de do poder local, esta provação que atravessamos no combate ao novo coronavírus e à covid-19 dissipam-nas. A resposta dada pelas autarquias durante estas semanas deste estado de exce-ção tem sido notável, no apoio, no empenho e na proximidade, alicerçando a ação no conheci-mento das populações e do ter-reno, que constituem dimensões essenciais se queremos ter su-cesso nesta luta.

As autarquias, num momento como este, estão na linha da fren-te da resposta à pandemia. Na generalidade, quer os autarcas, quer as autarquias, responde-ram bem a este surto epidémico e estão a capacitar as populações para responder a estas dificulda-des. Criaram e reforçaram fun-dos sociais de emergência, isen-taram ou aplicaram descontos nas tarifas de água e saneamen-to, ou redefiniram prazos de pa-gamento das rendas mensais de habitação social. Criaram redes solidárias para apoio à popula-ção em situações práticas como

a realização de compras, entrega de refeições, recolha e entrega de medicamentos ou passeio de animais domésticos. Reforçaram a higienização dos transportes coletivos e garantiram estacio-namentos gratuitos aos seus uti-lizadores. Criaram Linhas locais para apoio psicológico. Proporcio-nam condições para a efetivação do ensino à distância para todos os alunos, sem restrições mate-riais ou de cobertura de rede e prestam apoio social aos grupos mais vulneráveis ou que ficaram sem nenhum rendimento.

A administração central não tem a mesma capacidade nem as ferramentas que não estão calibradas para uma ação tão próxima das populações, pelo que o poder local tem de ser, obrigatoriamente, um elemen-to de ligação e um agente ope-racional. Agora, imagine-se que o poder local estivesse a falar a uma só voz nas questões que lhe são transversais, que os muni-cípios tinham uma representa-ção presente, que apoiava, que contribuía para a partilha das melhores práticas, que traba-lhava na articulação com ou-tros poderes, facilitando a ope-ração no terreno.

A mais valia do poder local já

é perfeitamente visível, todos os dias, neste combate à pande-mia da covid-19, mas será ainda mais fundamental na crise se-guinte, económica, que vemos a surgir, como resultado direto das medidas extraordinárias a que estamos obrigados para es-tancar a disseminação da doen-ça. Com a crise económica, te-remos de enfrentar focos, pelo menos, de crise social, gerados pela disrupção dos circuitos eco-nómicos, mas também pela de-gradação das redes solidárias de suporte, que também sofreram e deixaram franjas da população ainda mais desprotegidas.

Enfrentar e superar a crise económica e mitigar o seu im-pacto social será feito com uma maior probabilidade de suces-so se quem está no terreno, em contacto direto com as popula-ções, for envolvido, e se os me-canismos de articulação forem refeitos para procurarem res-postas rápidas.

Vai ser preciso empenho, en-volvimento e articulação ver-tical entre os poderes públicos para gerar confiança e cresci-mento e para podermos voltar à rota da estabilidade e ter cres-cimento económico. Para isso, será necessário melhorar os procedimentos de aprovação dos projetos, agilizar a concretização de objetivos, em tempo útil.

Se o fortalecimento do poder local já era uma exigência para o desenvolvimento económico, hoje fica claro que é uma res-posta crítica na área da saúde, no apoio social, na promoção da inovação, como alicerce na captação de investimento. Que é fundamental como elemento de combate à crise.

Que esta pandemia sirva de lição para os que ainda não se convenceram que a descentra-lização serve para aumentar a confiança nas instituições e a eficácia das políticas públicas.

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PORQUE TAMBÉM ISTO É SER

A BailarinaAntonino Silva

POLÍTICA & SOCIEDADE

O poder do combate à crise é localLiliana Marques Pimentel

Sob o tema “A fragilidade humaniza a vida”, decor-re de 10 a 17 de maio a Se-

mana Nacional da Vida. Para a celebração deste Dia e na evoca-ção do tema escolhido, a Comis-são Nacional considera:

“O tema “A fragilidade huma-niza a vida” diz-nos muito neste contexto em que sentimos tão in-tensamente a nossa fragilidade e vivemos, gratamente, o modo como tantos se debatem para

cuidar da fragilidade de outros, seja nos hospitais, nos lares, em casa e também muitos outros se mantêm firmes e ativos nos seus postos de trabalho para que nada falte aos que estão obrigados a manter-se em casa para evitar a propagação do coronavírus - se-gurança, transportes, alimenta-ção, saúde e mais”.

Os materiais estão disponíveis no site da Comissão Episcopal do Leigos e Família.

SEMANA DA VIDA - 10 A 17 DE MAIO

A fragilidade humaniza a Vida

“Vai ser preciso empenho, en­volvimento e articulação ver tical entre os poderes públicos para gerar confiança e cresci mento.

30 DE ABRIL DE 2020

“JANELA” SOLIDÁRIA DO INSTITUTO JUSTIÇA E PAZServiço de refeições TAKE AWAY com receitas a favor da ajuda a estudantes com dificuldades alimentares.Encomendas em 968 478 123 ou facebook.com/rest.justicaepaz

Page 8: PROFESSORES E ALUNOS FOCADOS NO APROVEITAMENTO …€¦ · uma novena de oração às Santas Rainhas Sancha e Teresa (as-sociadas ao Mosteiro de Lorvão), no contexto da covid-19,

CORREIO DE COIMBRA

ÚltimaDESDE ROMA

No dia 25 de abril, o San-to Padre endereçou uma Carta “a todos os fiéis

para o mês de maio de 2020, com o seguinte texto:

“Queridos irmãos e irmãs!Já está próximo o Mês de

Maio, no qual o povo de Deus manifesta de forma particu-larmente intensa o seu amor e devoção à Virgem Maria. Neste mês, é tradição rezar o Terço em casa, com a família; dimen-são esta – a doméstica –, que as restrições da pandemia nos «forçaram» a valorizar, inclusi-ve do ponto de vista espiritual.

Por isso, pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa,

no mês de maio. Podeis fazê--lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as si-tuações, valorizando ambas as possibilidades. Seja como for, há um segredo para bem o fazer: a simplicidade; e é fácil encontrar, mesmo na internet, bons esque-mas para seguir na sua recitação.

Além disso, ofereço-vos os tex-tos de duas orações a Nossa Se-nhora, que podereis rezar no fim do Terço; eu mesmo as rezarei no Mês de Maio, unido espiri-tualmente convosco. Junto-as a esta Carta, para que assim fi-quem à disposição de todos.

Queridos irmãos e irmãs, a contemplação do rosto de Cris-to, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como famí-lia espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova. Eu rezarei por vós, especialmente pelos que mais sofrem, e vós, por favor, re-zai por mim. Agradeço-vos e de coração vos abençoo”.

A Carta, como o Papa refere, é acompanhada de duas orações a Maria, da qual transcrevemos a primeira:

Ó Maria,

Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho como um sinal de salvação e de esperança.

Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos, que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus, mantendo firme a vossa fé.

Vós, Salvação do Povo Romano, sabeis do que precisamos e temos a certeza de que no-lo providenciareis para que, como em Caná da Galileia, possa voltar a alegria e a festa depois desta provação.

Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor, a conformar-nos com a vontade do Pai e a fazer aquilo que nos disser Jesus, que assumiu sobre Si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores para nos levar, através da cruz, à alegria da ressurreição. Amen.

À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

O Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) assinala o 1º de

maio de 2020 com uma Mensa-gem internacional redigida pela sua organização da Guatema-la, sob o tema “Trabalhadores: uma mesa e casa comum em justiça e solidariedade”.

Depois de evocar “o gesto liber-tador dos operários de Chicago, na América, em 1884, que com a sua jornada de protestos, greves e boicotes, de 1 a 4 de maio, rei-vindicaram uma jornada laboral de 8 horas diárias”, a Mensagem reafirma o compromisso do Mo-vimento “de continuar articulado com as lutas de todos os traba-lhadores do campo e da cidade,

na prossecução de uma Vida Digna para todos as pessoas, ex-pressa em jornadas de trabalho digno, em salários justos e em condições legais e humanas nos vários ambientes de trabalho”.

Seguindo o método da Ação Católica - ver, julgar e agir -, o MMTC apercebe-se de dois gran-des modelos contraditórias na situação socioeconómica mun-dial atual: a economia capita-lista; a proteção, segurança e a economia solidária.

Relativamente ao segundo modelo, o MMTC reconhece que a proteção, a segurança e a eco-nomia solidária “se manifestam de diversas maneiras e por di-versos caminhos e que avança

lentamente na direção de um modelo alternativo de vida”. Em todo o caso, afirmam os traba-lhadores cristãos, “as conquistas de ações na Proteção Social, na Segurança e na Economia Social e Solidária perante o capital cus-taram-nos muitas jornadas de lutas jurídicas e políticas. E para o conseguir foi vital a articula-ção com diversos movimentos Sociais, Sindicais e de Mulheres; de combate à violência domésti-ca, ao tráfico humano e à explo-ração sexual; de trabalhadores/as domésticas, da economia in-formal e do serviço doméstico; de emigrantes, de camponeses e das Comunidades e Povos Indí-genas”. Por isso, o MMTC afirma a sua convicção na caminhada feita e no caminho a seguir: “Ca-minhamos com a consciência e a certeza de que outro mundo é possível, fundamentado no Ser-Humano e na Mãe Terra, acima do capital e do mercado”.

O Papa Francisco, seguin-do a tradição de alguns países, entre os quais

Itália, de festejar o dia do santo onomástico, celebrou o Dia de S. Jorge (23 de abril), o seu nome de batismo, com a oferta de venti-dalores de última geração para três hospitais: 5 para a cidade de Suceava, na Romênia; 2 para o hospital de Lecce, em Itália; 3 para um hospital de Madrid, na Espanha. O Papa deu ainda a es-tes hospitais máscaras, óculos de proteção e roupas apropria-das para cuidados intensivos.

“Com mãos dadas como irmãos, gritamos para toda a humanidade,

para que pare, para que acolha o grito de dor que nasce da natureza ferida, desta nossa casa comum, dentro da qual nos tornámos ti-ranos e não agentes de paz e bons administradores”, escreveu o Pa-triarca Ecuménico Bartolomeu I, de Constantinopla, numa Men-sagem enviada ao Papa Francisco por ocasião do 50º Dia Mundial da Terra. Na Mensagem, Barto-lomeu reafirma a sua “sintonia” com o pensamento do Papa Fran-

cisco na Encíclica Laudato si’. O Patriarca ortodoxo também não esquece a atual pandemia, mas recoloca-a no âmbito da respon-sabilidade pessoal partilhada: “Encontrando a harmonia den-tro de nós, redescobrindo-nos e doando-nos novamente uns aos outros, teremos a possibilidade de recuperarmos a nossa vida e de superar este momento e vol-tar a ter uma nova relação com a Terra e com todo o cosmos, porque todas as coisas nos foram dadas por Deus para o bem. A es-colha é de todos nós juntos”.

PAPA ESCREVE AOS FIÉIS DE TODO O MUNDO

Redescobrir a beleza de rezar o Terço em casa

MENSAGEM PARA O DIA 1º DE MAIO DE 2020

Uma mesa e casa comuns em justiça e solidariedade

DIA DE SÃO JORGE

Papa doa ventiladores

BARTOLOMEU I NO DIA DA TERRA

A escolha é de todos nós, juntos

No dia 22 de abril o Papa Francisco dedicou a sua audiência sema-

nal ao 50º Dia Mundial da Terra, celebrado nesse dia, e que o Santo Padre apresen-tou como “uma oportunidade para renovar o compromisso de cuidar da nossa casa co-mum e dos membros mais frágeis da família humana”. “À luz da fé revelada na cria-ção - acrescenta o Papa -, so-mos convidados a estabelecer uma relação harmoniosa com a terra, lembrando-nos de que, além de ser nossa casa, é também casa de Deus. Isso significa adquirir uma visão contemplativa que reconheça a sacralidade da criação”.

A realidade que temos, po-rém, é de profunda degrada-ção do planeta e do ambiente, pelo que Francisco acrescen-tou um pedido de conversão pessoal a todas as pessoas: “é preciso uma conversão eco-lógica começando por reco-nhecer que não fomos fiéis à nossa vocação de adminis-tradores e guardiães da terra, tendo-a poluído, depredado, considerando-a simplesmen-te como um depósito de re-cursos a serem usufruídos, constituindo um verdadeiro pecado contra o Criador”.

DIA DO PLANETA

Por uma relação harmoniosa com a Terra

Depois da multiplicação dos pães, que entusiasmou a multidão, Jesus manda os

discípulos subir para o barco e se-guir à sua frente para a outra mar-gem, enquanto Ele despedia o povo. A imagem desta travessia do lago sugere de algum modo a viagem da nossa existência. De facto, o barco da nossa vida avança lentamente, sempre preocupado à procura dum local afortunado de atracagem, pronto a desafiar os riscos e as conjunturas do mar, mas desejoso também de receber do timoneiro a orientação que o coloque finalmen-te na rota certa. Às vezes, porém, é possível perder-se, deixar-se cegar pelas ilusões em vez de seguir o fa-rol luminoso que o conduz ao por-to seguro, ou ser desafiado pelos ventos contrários das dificuldades, dúvidas e medos.

Assim acontece também no co-ração dos discípulos, que, chama-dos a seguir o Mestre de Nazaré, têm de se decidir a passar à ou-tra margem, optando corajosa-mente por abandonar as próprias seguranças e seguir os passos do Senhor. Esta aventura não é tran-quila: cai a noite, sopra o vento contrário, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à al-tura da vocação.

Mas, na aventura desta traves-sia não fácil, o Evangelho diz-nos que não estamos sozinhos. Quase forçando a aurora no coração da noite, o Senhor caminha sobre as águas tumultuosas e vai ter com os discípulos, convida Pedro a vir ao encontro d’Ele sobre as ondas e salva-o quando o vê afundar; fi-nalmente, sobe para o barco e faz cessar o vento. [...]

Na vocação específica que so-mos chamados a viver, estes ven-tos podem debilitar-nos. Penso em quantos assumem funções impor-tantes na sociedade civil, nos es-posos, que intencionalmente me apraz definir «os corajosos», e de modo especial penso nas pessoas que abraçam a vida consagrada e o sacerdócio. Conheço a vossa fadi-ga, as solidões que às vezes tornam pesado o coração, o risco da mo-notonia que pouco a pouco apaga o fogo ardente da vocação, o fardo da incerteza e da precariedade dos nossos tempos, o medo do futuro. Coragem, não tenhais medo! Jesus está ao nosso lado e, se O reco-nhecermos como único Senhor da nossa vida, Ele estende-nos a mão e agarra-nos para nos salvar.

E então a nossa vida, mesmo no meio das ondas, abre-se ao louvor.

Papa Francisco, da Mensagem para

o Dia Mundial de Oraçãopelas Vocações

A imagem da travessia do Lago

30 DE ABRIL DE 2020

“TODAS AS MINHAS FONTES ESTÃO EM TI”O Vaticano anunciou o adiamento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, a realizar em Budapeste, Bulgária, para setembro de 2021.O adiamento deve-se à atual situação de pandemia.