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Curso de Tecnologia em Gestão Pública Professora Juliana – 2º/2015 (Aulas preparadas principalmente com base no livro Direito Tributário Esquematizado de Ricardo Alexandre. 8a ed. São Paulo: Método, 2014) 1 Direito Tributário

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Noes de Direito Tributrio Professora Juliana 2/2014

Curso de Tecnologia em Gesto Pblica Professora Juliana 2/2015

(Aulas preparadas principalmente com base no livro Direito Tributrio Esquematizado de Ricardo Alexandre. 8a ed. So Paulo: Mtodo, 2014) 1Direito TributrioMatrias de Direito na matriz curricular do curso1 semestre: Fundamentos de Direito;

2 semestre: Direito Administrativo;

3 semestre: Direito Tributrio; e

4 semestre: Licitaes e Contratos.

2Formas de avaliao1. Presena ou frequncia mnima de 75%.

a) Duas avaliaes escritas individuais, a primeira valendo 4 (quatro) pontos e a segunda valendo 3 (trs) pontos, com questes objetivas e subjetivas. O contedo ser cumulativo.

b) Seminrios: 3 (trs) pontos.

c) A recuperao ser realizada ao final do curso para os alunos que comprovarem impossibilidade de realizar uma das provas. Valer 10 (dez) pontos e poder ser escrita ou oral, a critrio da professora. A nota final do aluno ser o resultado da mdia simples das notas obtidas durante o semestre e o valor da prova de recuperao.

Para ser aprovado, o estudante dever obter nota superior ou igual a 6 (seis) no total de 10 (dez) pontos.

3Bibliografia recomendadaCF Constituio da Repblica Federativa do BrasilCTN Cdigo Tributrio NacionalRicardo Alexandre Direito Tributrio EsquematizadoEduardo Sabbag - Manual de Direito TributrioHugo de Brito Machado. Curso de Direito Tributrio. Kyoshi Harada. Direito Tributrio. Sacha Calmom Coelho. Manual de Direito Tributrio.JESUS, Isabela Bonf de. Manual de direito tributrio. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.4Siglas usadas neste materialCF Constituio FederalCTN Cdigo Tributrio NacionalFG Fato gerador (ou hiptese de incidncia)BC Base de clculoLO Lei OrdinriaLC Lei ComplementarSTF Supremo Tribunal FederalSTJ Superior Tribunal de Justia5Constituio Federal()TTULO VI - DA TRIBUTAO E DO ORAMENTOCAPTULO I - DO SISTEMA TRIBUTRIO NACIONALSeo I - Dos Princpios Gerais (arts. 145 a 149)Seo II - Das Limitaes do Poder de Tributar (arts. 150 a 152)Seo III - Dos Impostos da Unio (arts. 153 e 154)Seo IV - Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal (art. 155)Seo V - Dos Impostos dos Municpios (art. 156)Seo VI - Da Repartio das Receitas Tributrias (arts. 157 a 162)()6Plano de ensinoConceito de tributo;Competncia tributria;Princpios tributrios: legalidade, anterioridade, irretroatividade, isonomia, no confisco e liberdade de trfego;Espcies tributrias: impostos, taxas, contribuies de melhoria, emprstimos compulsrios e contribuies especiais;Fato gerador.Obrigao principal e acessria;Extino do crdito tributrio;Imunidades, isenes e anistias; eResponsabilidade tributria.7IntroduoExiste uma grande insatisfao da populao brasileira em razo da alta carga tributria. Veja as pes- quisas abaixo:

Relatrio Doing Business (2013), do Banco Mundial uma empresa no Brasil trabalha 2.600 horas por ano para pagar tributos. Enquanto a mdia dos 34 pases da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico OCDE so necessrias 176 horas por ano.

A burocracia tributria no Brasil 7 vezes mais complexa do que em Serra Leoa (frica Ocidental) e 32 vezes do que na Noruega (Europa).

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Em mdia, so necessrios 10 anos para solucionar um processo tributrio no Brasil.

Existem no Brasil mais de 5.500 Cdigos Tributrios Municipais, alm de 27 Estaduais.

Empresas no Brasil precisam preencher 2.200 campos de formulrios por ano para cumprir as obrigaes acessrias (preenchimento de declaraes informativas ao Fisco).

Segundo o site www.impostometro.com.br, o brasileiro trabalha quase 5 meses para pagar tributos, conforme o estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributrio IBPT (acessado em 02/2015). Em 2005 140 dias de trabalho do brasileiro s para pagar tributosEm 2015 151 dias

9Pases como a Sucia, Dinamarca e outros cobram uma carga tributria maior do que a do Brasil, mas sua populao tem o retorno dos servios pblicos esperados. No Brasil, apesar de a arrecadao servir de fonte de receita para a manuteno dos gastos do Estado, nunca parece ser suficiente.

Mas onde est o problema: na legislao tributria que muito complexa, na alta carga tributria ou na administrao dos recursos pelo Estado?

Nossa misso ser entender a legislao tributria de forma que possamos identificar como nasce essa obrigao tributria e quais os tributos que a compem.

10O DIREITO E SUA ESPECIALIZAO NA REA TRIBUTRIA

Informao preliminar: o Direito um sistema de normas uno.No h independncia de nenhum dos seus ramos.H uma especializao e no uma autonomia absoluta desses ramos.

Diviso metodolgica do Direito em Pblico e Privado (origem histrica no direito romano).

Conceito de Direito Pblico: o ramo que rene as normas jurdicas que tm por matria o Estado, suas funes e organizao, bem como a tutela do interesse pblico e do bem comum da sociedade. O Direito Tributrio est dentro do Direito Pblico.

Mas qual a funo do Estado? Entre outras funes, o Estado precisa de recursos para realizar seu fim de prestar servios pblicos.

Neste contexto o Direito Tributrio so aquelas normas de direito pblico que buscam regular o relacionamento do Estado com os contribuintes no tocante ao pagamento, recebimento e fiscalizao de tributos.

11No passado, o Direito Tributrio inseria-se dentro de outro ramo do Direito: o Direito Financeiro. Nesse sentido o Estado se preocupa em manter a ordem interna no pas; defender o pas de ameaas externas; prever e aplicar sanes aos indivduos que descumprissem as leis; instituir mecanismos para atender as necessidades da coletividade etc. Essa era uma viso com foco no Estado. E os direitos e deveres dos contribuintes?

Hoje o Direito Tributrio constitui um campo especfico da cincia do direito e pode ser definido como o Direito que regula as relaes jurdicas entre Estado e contribuintes (pessoas fsicas e jurdicas), e no somente a atividade estatal de obteno de receitas. Em sntese, os entes tributantes tem o direito de instituir, arrecadar e fiscalizar o pagamento dos tributos para realizar o bem comum. E os contribuintes tem o dever de recolher os tributos e cumprir as demais formalidades legais.

12O direito tributrio no ordenamento jurdico brasileiroA Constituio Federal de 1988 por ser o texto fundante da ordem jurdica, est repleta de regras e princpios atinentes ao Direito Tributrio.

TTULO VI - DA TRIBUTAO E DO ORAMENTO CAPTULO I - DO SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL Seo I - Dos Princpios Gerais (arts. 145 a 149) Seo II - Das Limitaes do Poder de Tributar (arts. 150 a 152) Seo III - Dos Impostos da Unio (arts. 153 e 154) Seo IV - Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal (art. 155) Seo V - Dos Impostos dos Municpios (art. 156) Seo VI - Da Repartio das Receitas Tributrias (arts. 157 a 162)13Alm da CF, o Cdigo Tributrio Nacional tambm norma bsica do Direito Tributrio.O CTN a Lei n. 5.172/1966 que foi publicado sob a gide da Constituio Federal de 1946. No obstante seja uma lei ordinria, foi recepcionado pela Constituio Federal de 1988 com o status de lei complementar. Em razo da idade do CTN, em algumas disposies ele precisa ser atualizado. O CTN dividido em 2 livros da seguinte forma:A) Sistema Tributrio Nacional, que trata dos impostos, taxas, contribuies de melhoria e das distribuio das receitas tributrias. B) Normas Gerais do Direito Tributrio, que trata da legislao tributria, obrigao tributria, crdito tributrio e administrao tributria. 14Conceito de Direito TributrioDireito Tributrio o ramo de direito pblico que estabelece as normas e os princpios que regulam o relacionamento do Estado (Fisco) com os contribuintes no tocante ao pagamento, recebimento e fiscalizao de tributos. 15Fontes de receita pelo EstadoOriginrias originam-se da explorao do prprio patrimnio do Estado. exceo, conforme estabelece o artigo da CF abaixo.- Aqui predomina o regime de direito privado. - Ex: alugueis de bens do Estado; Empresa Pblica e Sociedade de Economia Mista.

CF, art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividade econmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Derivadas originam-se do patrimnio do particular. O Estado usa do seu poder de imprio para compelir o particular a contribuir para as receitas do Estado.- Aqui predomina o regime de direito pblico.

Tributos Multas Reparaes de guerra 16

Porque o Estado precisar cobrar tributos?Arrecadar (funo fiscal) eIntervir em situaes sociais e econmicas (funo extrafiscal)

Os tributos no so neutros!! Eles tm funes/finalidades! A funo predominante, no exclusiva. Elas coexistem!17Finalidades dos tributosFiscal arrecadar. Extrafiscal interferir em situaes sociais e econmicas.Parafiscal quando o Estado delega a arrecadao ou os recursos dessa arrecadao para entidades que, em princpio, no realizam as funes prprias do Estado, mas que so de interesse social. (Lembre-se das paraestatais).18Questo: Assinale a opo correta.Quando a lei atribui a capacidade tributria ativa a ente diverso daquele que detm a competncia tributria, estar-se- diante do fenmeno daa) solidariedade ativa.b) parafiscalidade.c) extrafiscalidade.d) sujeio ativa.e) inconstitucionalidade da lei tributria.Resposta: b (Auditor Fiscal da Receita Estadual.MG.ESAF.2005.35)

19Conceito de tributo art. 3, CTNTributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

20Tributo CARACTERSTICASPrestao pecuniria () paga em moeda ou em cujo valor se possa exprimirNo pode ser paga em trabalhoNo pode ser paga em utilidadesExceo: dao em pagamento para bens imveis - art. 156, XI, CTN (LC 104/2001). *Obs: Para bens mveis no pode!CompulsriaNo pode constituir sano de ato ilcitoInstituda por lei em regra por Lei Ordinria, mas h excees.Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

21Tributos em espcie

ImpostosTaxasContribuies de MelhoriaEmprstimo CompulsrioContribuies Especiais

22Classificao tripartida e pentapartida dos tributosTripartida (art. 5 do CTN/66 e art. 145 da CF/88)ImpostosTaxasContribuies de Melhoria

Pentapartida (art. 145, 148, 149 e 149-A da CF; e STF)Impostos Taxas Contribuies de MelhoriaEmprstimo CompulsrioContribuies Especiais

Obs.: mesmo os adeptos da teoria da tripartio dos tributos entendem que os Emprstimos Compulsrio e a Contribuio Especial so tributos, mas que possuem natureza jurdica de taxas ou impostos, sendo definidos como tais a depender da lei que definiu seu fato gerador.

23TEORIA TRIPARTIDA

CTN, art. 5 Os tributos so impostos, taxas e contribuies de melhoria.

CF, art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:I - impostos;II - taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposio;III - contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas.

24TEORIA PENTAPARTIDA - alm dos artigos anteriores:

CF, art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios:I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia;II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de emprstimo compulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio.

25Art. 149. Compete exclusivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuzo do previsto no art. 195, 6, relativamente s contribuies a que alude o dispositivo. 1 Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, do regime previdencirio de que trata o art. 4, cuja alquota no ser inferior da contribuio dos servidores titulares de cargos efetivos da Unio.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)

Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir contribuio, na forma das respectivas leis, para o custeio do servio de iluminao pblica, observado o disposto no art. 150, I e III.(Includo pela Emenda Constitucional n 39, de 2002)Pargrafo nico. facultada a cobrana da contribuio a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia eltrica.(Includo pela Emenda Constitucional n 39, de 2002)

26Sabemos quais os tributos, mas como diferenci-los? FATO GERADOR FG (ou hiptese de incidncia)

Art. 4o do CTN: A natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectiva obrigao, sendo irrelevantes para qualific-la (...)

Qual o FG? Taxas o exerccio do Poder de Polcia ou a prestao de um servio pblico especfico e divisvel. (Art. 145, II, CF) Ex: taxa domiciliar de lixo; taxa de emisso de passaporte; taxas judiciais (custas e emolumentos judiciais).

Contribuies de melhoria obra do Estado que gere valorizao imobiliria. (Art. 145, III, CF) Ex: Ponte JK em Braslia, construo do metr em Braslia.

Obs.: as taxas e as contribuies de melhoria so tributos contraprestacionais, ou seja, so devidos como forma de contraprestao de uma atividade do Estado. So, portanto, tributos vinculados (a um agir do Estado).

Impostos no exige uma atividade do Estado. , portanto, um tributo no vinculado a um agir do Estado. Para ser cobrado basta que o FG (ou hiptese de incidncia) acontea. Ex: IR auferir renda; IPVA ser proprietrio de carro.

27Significados da palavra VINCULADO no D. Tributrio:

a) Vinculado qdo usado no conceito de tributo:

CTN, art. 3 Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente VINCULADA.Neste caso, a definio de vinculado aquela do Direito Administrativo, que se refere a ato vinculado da Administrao Pblica, em contraposio ao ato discricionrio da Administrao Pblica. Nesse caso o agente pblico tributrio est vinculado/obrigado a cobrar o tributo, pois esse um poder-dever estabelecido em lei. Perceba que, nesse caso, est estritamente relacionado ao princpio da legalidade.

b) Vinculado qdo se quer analisar o fato gerador do tributo, ou seja, se o Estado deve prestar alguma atividade especfica ao contribuinte.Ex: as taxas so tributos vinculados, pois o Estado precisa prestar um servio pblico especfico e divisvel ou exercer o Poder de Polcia. As contribuies de melhoria tambm so vinculadas, pois o Estado precisa realizar uma obra pblica (que gere valorizao imobiliria) para cobr-las.

Ex2: impostos so tributos no vinculados.

28CONTINUANDO A LEITURA DO ARTIGO 4 DO CTN:

Art. 4 A natureza jurdica especfica do tributo determinada pelo fato gerador da respectiva obrigao, sendo irrelevantes para qualific-la: I - a denominao e demais caractersticas formais adotadas pela lei;II - a destinao legal do produto da sua arrecadao.

29Qto ao inciso II do art. 4 do CTN, tambm irrelevante a destinao da arrecadao? Apesar desse artigo dizer que irrelevante a destinao da arrecadao, em alguns casos, imprescindvel para definir a natureza jurdica do tributo.

O CTN de 1966 e, por isso, o art. 4, II, refere-se classificao tripartida dos tributos. Esse inciso II est defasado para corrente majoritria (pentapartida). Essa realidade surgiu a partir da CF/1988. - Ex: pessoa jurdica paga IR e CSLL (Contribuio Social sobre o Lucro Lquido ) aqui o FG de ambos auferir rendimentos. - Ex: Cide combustveis e ICMS. Aqui o FG de ambos compra de gasolina.3030Para a classificao pentapartida preciso saber a destinao da produto da arrecadao. Assim, o inciso II do artigo 4 do CTN deve ser desconsiderado para Emprstimos Compulsrios e Contribuies Especiais. Vide os arts. abaixo.

CF, art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios:I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia;II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Art. 149. Compete exclusivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuzo do previsto no art. 195, 6, relativamente s contribuies a que alude o dispositivo. 1 Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios instituiro contribuio, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefcio destes, do regime previdencirio de que trata o art. 40, cuja alquota no ser inferior da contribuio dos servidores titulares de cargos efetivos da Unio.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 41, 19.12.2003)Art. 149-A Os Municpios e o Distrito Federal podero instituir contribuio, na forma das respectivas leis, para o custeio do servio de iluminao pblica, observado o disposto no art. 150, I e III.(Includo pela Emenda Constitucional n 39, de 2002)

31Se formos diferenciar os tributos somente pelo FG, haver casos sem soluo:Ex: Cide combustveis e ICMS. (Observar que aqui o FG de ambos tributos comprar gasolina. O que os diferencia no o nome, mas a destinao do dinheiro arrecadado. No ICMS, por ser um imposto, a destinao do dinheiro arrecadado no vinculado a uma finalidade. O Estado aplica essa verba onde quiser. J na Cide Combustveis, a destinao essencial para diferenci-lo dos impostos e defini-lo como uma contribuio especial. Sua finalidade intervir no domnio econmico dos contribuintes.

Quando a lei prever a destinao de um tributo, essa informao ser imprescindvel para definir sua natureza jurdica, especialmente para as contribuies especiais e o emprstimo compulsrio (classificao pentapartite).

Ex: CPMF (1997 a 2007) na poca em que existia era destinada para a sade, previdncia e para um fundo de combate pobreza.32Competncia e capacidade tributriaCompetncia e capacidade tributria so institutos relacionados um ao outro, mas diferentes entre si.

Competncia tributria dada pela CF, que confere aos entes federados a aptido para produzir norma jurdica (legislar) sobre tributos.

A CF no cria tributos, mas REPARTE A COMPETNCIA entre os entes federativos. Esses entes devem legislar e instituir seus respectivos tributos.

A CF distribui as competncias dos impostos da seguinte forma:Art. 153 e 154 impostos da UnioArt. 155 impostos dos Estados e DFArt. 156 impostos dos Municpios.

Depois de publicada a lei do ente federativo respectivo, esgota-se a competncia tributria e a partir da entra em cena o instituto da capacidade tributria.

33Competncia tributria CFUnio ( 153 e 154 da CF)Estados e DF (155, CF)Municpios e DF (156, CF)IIICMSISSIEIPVAIPTUIPIITCMDITBIIOFIRCOSIPITR*IGF*IEGImpostos residuais (que podem ser criados)Emprstimo CompulsrioContribuies especiaisContribuio para a Seguridade Social;CIDEContribuies profissionaisCompetncia comum da Unio, Estados, DF e Municpios para instituir taxas, contribuies de melhoria e contribuies para regimes prprios de previdncia social.34Capacidade tributria No Brasil, nota-se que, normalmente, quem cria o tributo tambm o arrecada, ou seja, quem competente acaba exercendo, por si mesmo, a capacidade tributria. A capacidade tributria se refere a quem pode cobrar, arrecadar, administrar e fiscalizar o tributo. a pessoa que tem a titularidade do crdito tributrio.

Informao importante! A distribuio da competncia estabelecida na CF um ato indelegvel. J a capacidade tributria um ato que pode ser delegvel, conforme o artigo 7 do CTN, a seguir.

Art. 7 A competncia tributria indelegvel, salvo atribuio (capacidade tributria) das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria tributria, conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra, nos termos do 3 do artigo 18 da Constituio (de 1946).

A transferncia da capacidade tributria ativa outra pessoa, por lei, denominada de PARAFISCALIDADE. Assim, quem arrecada os tributos passar a dispor do valor arrecadao em benefcio das prprias finalidades, que, necessariamente, devero ser pblicas.

35IMPOSTOSCTN, art. 16. Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao contribuinte.

O conceito de imposto tambm o conceito de trituto no vinculado, ou seja, tributos que independem de uma prestao (um agir) do Estado.

Todos os impostos so no vinculados.

O FG dos impostos so os fatos que representam manifestao de riqueza que ocorrem com os contribuintes. A lei de cada imposto estabelecer qual ser a manifestao de riqueza que gerar a cobrana do tributo. - Ex: IPVA propriedade de veculo automotor; ITR propriedade de imvel em rea rural.

Obs: os emprstimos compulsrios e as contribuies especiais (classificao pentapartite), assim como os impostos, so tributos no vinculados.

36Impostos FG (fato gerador) x BC (base de clculo)FG a manifestao de riqueza.BC a quantificao dessa manifestao de riqueza.Ex: IPVAFG a propriedade de veculo.BC o valor do veculo.Ex2: ICMSFG: circulao de mercadorias.BC o valor das mercadorias.

37Os impostos traduzem a ideia de solidariedade social porque as pessoas que manifestam riqueza ficam obrigadas, por fora de lei, a contribuir com o Estado para que ele ento realize o bem comum.

O montante arrecadado por meio dos impostos no est vinculado a uma finalidade especfica, conforme art. 167, IV, da CF, que probe que a receita dos impostos seja vinculada a rgo, fundo ou despesa.

Em sntese: os impostos so tributos no vinculados (pois independem de um agir do Estado) e de arrecadao que tambm no vinculada (sua receita financia atividades gerais do Estado, remunerando os servios universais).

*Obs: vide a seguir a diferenciao no uso da palavra VINCULADO.

38USO DA PALAVRA VINCULADO EM D. TRIBUTRIO:

1- Conceito de tributo (art. 3 do CTN): a cobrana dos tributos atividade plenamente vinculada (no sentido que se contrape a ato discricionrio no Direito Administrativo).

2- Quanto hiptese de incidncia, o tributo pode ser:2.1 - Vinculado o FG uma atividade do Estado especfica relativa ao contribuinte. Ex: taxa (Art. 145, II, CF) e contribuies de melhoria (art. 145, III, CF).2.2 - No vinculado o FG uma situaao independente de qualquer atividade do Estado especfica ao contribuinte. Ex: todos os impostos (art. 16 do CTN)

3- Quanto arrecadao do tributo:3.1 Vinculado os recursos arrecadados s podem ser utilizados com despesas determinadas. Ex: Emprstimo compulsrio (art. 148, pargrafo nico, CF); custas e emolumentos (art. 98, pargrafo 2, CF)3.2 No vinculado os recursos podem ser utilizados com qualquer despsas previstas no oramento. Ex: impostos (art. 167, IV, CF)

39Competncia para instituir os tributosA competncia pode ser dos seguintes entes/entidades federadas: Unio, Estados, DF e/ou Municpios.

Impostos competncia privativa, em regra.A competncia residual (para criar novos impostos) s da Unio.*Obs: a competncia privativa no Direito Tributrio no delegvel, como ocorre no Direito Constitucional.

Taxas e contribuies de melhoria competncia comum dos entes federados. - O ente que prestar o servio pblico ou exercer o poder de polcia (no caso das taxas) ou que construir obra pblica que gere valorizao imobiliria ser o ente competente para criar a taxa ou contribuio de melhoria. - Ex: o DF construi a ponte JK; portanto, s o DF pode criar a contribuio de melhoria referente a valorizao dos imveis prximos a esta ponte.

Tributos de competncia exclusiva da Unio:IGF Imposto sobre Grandes Fornutas. (Obs: esse imposto ainda no foi criado.)Emprstimos CompulsrioContribuies Especiais em regra, exclusiva da Unio.

*Obs: para fins do nosso estudo, entenda competncia exclusiva como sinnimo da competncia privativa.40Distribuio das Competncias para os ImpostosUNIO(CF, art. 153 e 154)ESTADOS(CF, art. 155)MUNICPIOS(art. 156)IIICMSISSIEIPVAIPTUIPIITCMD (A sigla varia muito conforme o Estado)ITBIIOFIRITRIGF*IEG* (ou IE)41Obs: a Unio ainda tem a competncia residual para instituir novos impostos (art. 154, II, CF).41

Observaes quanto a competncia para os impostos:DF: competncia para instituir os impostos estaduais e municipais (art. 147, CF).

Estados e Municpios s podem instituir os impostos descritos no quadro anterior. No podem criar outros, ou seja, no tm competncia residual.

S a Unio tem competncia residual para instituir impostos, o que pode ocorrer de 2 formas (art. 154, I e II, CF): A) Competncia residual B) Imposto Extraordinrio (de Guerra) IE ou IEG.

*Obs: No Direito Tributrio a competncia residual da Unio, diferente do Direito Constitucional, em que a competncia residual dos Estados.

42Requisitos para a Unio criar imposto (competncia residual)A) Lei Complementar

B) FG e BC do imposto criado devem ser diferentes dos outros impostos Isso ocorre para comprovar, de fato, que um imposto novo, caracterizando a competncia residual.*Obs: Na CF est escrito FG ou BC, mas considerar como FG e BC (art. 154).

C) No cumulatividade um meio para reduzir/descontar a carga tributria paga na fase anterior na cadeia produtiva. Assim permite-se que o total do tributo pago nas fases anteriores seja igual ao valor do tributo sobre o valor final.Exemplo de impostos no cumulativos: ICMS e IPI.A CPMF, na poca em que existiu, era cumulativa. Por isso arrecadava tanto!43Competncia da Unio para o Imposto Extraordinrio (de Guerra) IE ou IEGHiptese de criao urgente (guerra externa ou sua iminncia);

Cuidado! So tributos diferentes:Imposto Extraordinrio de Guerra imposto que s institudo em caso de guerra.Emprstimo Compulsrio espcie de tributo que institudo em caso de guerra, calamidade pblica ou investimento urgente de relevante interesse nacional.

Obs: guerra externa = guerra declarada pelo Presidente da Repblica.

A competncia para a Unio instituir o IEG ampla, ou seja, a Unio no precisa cumprir nenhum dos requisitos impostos para o exerccio da competncia residual.

No caso do IEG, a Unio pode, inclusive, bitributar.* Observar que o texto da CF fala que a Unio pode instituir impostos da sua competncia ou no, ou seja, ela pode criar um imposto com o mesmo FG e BC de um imposto dos Estados ou Municpios, e isso no caracterizar invaso de competncia.Ex: a Unio pode criar um ICMS de guerra.44Bitributao x bis in idemNos dois casos h a cobrana do tributo sobre o mesmo FG.Podem ser 3, 4, 5 tributos sobre o mesmo FG apesar do bi(tributaao) geralmente se referir a 2.Cuidado, pois vrios impostos podem incidir sobre o mesmo bem em situaes diferentes, no caracterizando a bitributao nem o bis in idem. Ex: voc viaja para o exterior e traz um produto. Sobre esse produto que ingressa no Brasil incide o II; tambm incidir o IPI sobre o produto (industrializado) no ato do desembarao aduaneiro; tambm incidir o ICMS na entrega da mercadoria ao adquirente; tambm incidir o IOF no pagamento em dlares pela mercadoria.

A bitributao em regra proibida porque, geralmente, invaso de competncia alheia. Ex: o Estado no pode tributar um imvel, pois o IPTU de competncia do Municpio.A CF s autoriza a bitributao no caso da competncia da Unio para instituir o imposto extraordinrio (de guerra).

Bitributao mais de um ente tributante . Ex: ICMS pelo Estado e ICMS de guerra pela Unio. / Configura uma hiptese mais grave que o bis in idem.Outro caso de bitributao que ocorre para respeitar a soberania dos Estados estrangeiros (questo internacional), ocorre no caso de um brasileiro, que mora no Brasil, receber rendimento de empresa da Alemanha (imposto retido na fonte), mas ter de pagar o IR novamente no Brasil. H pases que tem acordos com o Brasil para no ocorrer a bitributao.

Bis in idem um ente tributante. Ex: IR e IR de guerra; PIS e COFINS (ambos existem para financiar a seguridade social, incidem sobre a receita ou o faturamento, autorizadas no mesmo artigo da CF (art. 239).

45Taxas um tributo contraprestacional, bilateral ou sinalagmtico, ou seja, que exige uma contraprestao, um agir do Estado (art. 145, II, CF e art. 77 do CTN).

O FG a prpria atuao do Estado.

Pode ser criada e arrecadada pela Unio, Estado, Municpios ou DF por meio, em regra, de lei ordinria.*Obs: como no h vedao na CF, em tese, tambm pode ser criada por Medida Provisria.

*Obs: e os territrios?? Hoje em dia no Brasil no h territrios, mas se houvesse, taxas poderiam ser criadas da seguinte forma (art. 147, CF.):Territrios no divididos em Municpios a Unio criaria e arrecadaria as taxas estaduais e municipais.Territrios divididos em Municpios a Unio criaria e arrecadaria as taxas estaduais; e os Municpios criariam e arrecadariam as taxas municipais.

* Obs: O mesmo racioccio pode ser feito para cobrana de impostos nos territrios.

46Questes:( ) Territrio federal pode instituir taxa?Gabarito: errado.

Qual a competncia para instituir as taxas?Resposta: uma competncia COMUM da Unio, Estados, DF e Municpios.47CF, art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos: (...) II - taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposio;

CTN, art. 77. As taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tm como fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio.*Obs: as taxas e as contribuies de melhoria em virtude de serem contraprestacionais no so abrangidas pelas isenes de forma automtica (art. 177, I, CTN)

48As taxas podem ter 2 FG:

a) Poder de Polcia taxa de polcia ou de fiscalizao (art. 78 do CTN)

b) Prestao de servio pblico (vide suas caractersticas) Taxa de servio ou utilizao (art. 79 do CTN)*Obs: o servio pblico pode ser prestado ou disponibilizado para uso dos contribuintes. Alm disso, o servio pblico deve ser especfico e divisvel.

49Taxa de polcia ou de fiscalizaoO poder de polcia restringe o exerccio de direitos e interesses individuais para atender o interesse pblico. Palavra-chave: fiscalizao.Sempre que houver fiscalizao estatal, o Estado poder se valer desse tributo.Ex: alvar para funcionamento de restaurante conforme as condies de limpeza e higiene do local.Ex: limite de altura para construo de imvel prximo aeroporto, sob pena de colocar em risco o interesse da coletividade.

50(Continuao da taxa de polcia)S pode ser cobrada se houver EFETIVO exerccio do poder de polcia. Obs: por outro lado, a taxa de servio pode ser cobrada pelo servio prestado ou posto a sua disposio, ou seja, h casos em que pode cobrar sem usar.

A taxa de polcia exigida em virtude de atos de polcia realizados pela Administrao Pblica, pelos mais diversos rgos ou entidades fiscalizadoras.Aqui se percebe de forma clara a supremacia do interesse pblico sobre o privado.Aqui se fala em polcia administrativa (e no polcia judicial). Vide o quadro a seguir que demonstra essa diferenciao.

51Polcia administrativaPolcia judiciriaIncide sobre bens, direitos e atividades. Incide sobre pessoas. Atua, em regra, de forma preventiva.Atua, em regra, de forma repressivaExercida por rgos administrativos de carter fiscalizador, como a Anvisa, Agefis, Administrao de Braslia, entre outros.(Busca evitar o ilcito administrativo)Em razo de preparar a atuao do Poder Judicirio (penal), exercida pela polcia civil ou militar. (Busca reprimir o ilcito penal)Semelhana entre elas: ambas exercem funo administrativa, ou seja, atividade que buscam o interesse pblico.

52Conceito de Poder de Polcia

CTN, art. 78. Considera-se poder de polcia atividade da administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, intersse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de intresse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.(Redao dada pelo Ato Complementar n 31, de 28.12.1966) Pargrafo nico. Considera-se regular o exerccio do poder de polcia quando desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionria, sem abuso ou desvio de poder.

*Obs: o STF antes entendia regular exerccio do poder de polcia= policiamento efetivo, concreto, real. No entanto, o STF ampliou seu entendimento para considerar o regular exerccio do poder de polcia com a simples existncia de rgo fiscalizatrio, em efetivo funcionamento, com funcionrios trabalhando, podendo ser cobrado taxa de polcia nestes casos.53Taxa de servio ou de utilizaoTaxa de servio ocorre pelo uso efetivo ou potencial de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio (art. 77, CTN).

Art. 79. Os servios pblicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufrudos a qualquer ttulo; b) potencialmente, quando, sendo de utilizao compulsria, sejam postos sua disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - especficos, quando possam ser destacados em unidades autnomas de interveno, de unidade, ou de necessidades pblicas; (*Obs: no site da Presidncia da Repblica, consta o termo unidade, mas o termo correto utilidade.) III - divisveis, quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada um dos seus usurios.

54H vrias discusses sobre o conceito de servio pblico especfico e divisvel (art. 79,II, CTN).Especfico: quando o usurio do servio souber qual servio est sendo prestado para ele. - Ex: taxa de lixo x taxa de servios diversos (em Recife)

Divisvel: qdo o servio for passvel de uso individualizado, em separado pelos contribuintes. - Ex: iluminao pblica no divisvel e por isso no pode ser taxa.

*Obs: so requisitos cumulativos.

55Ex: a segurana pblica (art. 144, V e 5, da CF), por ser um servio pblico geral, no passvel de remunerao mediante taxa. Ex: limpeza pblica o STJ j decidiu que a taxa de limpeza de locais pblicos varrio, lavagem, capinagem, desentupimento de boeiros e bocas de lobo inconstitucional.*Obs: taxa de limpeza pblica ( geral) x taxa de coleta domiciliar de lixo ( especfica). A taxa de coleta domiciliar constitucional pelo STJ porque atende unidades mobilirias autnomas, podendo ser utilizada de forma separada por cada usurio.56Iluminao pblica. O STF julgou inconstitucional a taxa de iluminao pblica porque um servio especfico e no divisvel. Por isso, no pode ser remunerado por meio de taxa.

STF. Smula vinculante n 19: a taxa cobrada exclusivamente em razo dos servios pblicos de coleta, remoo e tratamento ou destinao de lixo ou resduos provenientes de imveis, no viola o artigo 145, II, da Constituio Federal.57A taxa no pode ter o mesmo FG e BC de impostos, sob pena de caracterizar um imposto disfarado (art. 145, 2, CF e ar. 77, pargrafo nico do CTN).Ento qual seria a BC de uma taxa? Resposta: seria o custo da atividade estatal especfica.Neste sentido ,veja a smula do STF abaixo: Smula 595 - inconstitucional a taxa municipal de conservao de estradas de rodagem cuja base de clculo seja idntica do imposto territorial rural.

58Taxa x TarifaSemelhana: so prestaes pecunirias pagas aos cofres estatais em face de servios pblicos prestados (so contraprestacionais).Diferenas (vide tambm a smula 545 do STF)59TAXAPREO PBLICO (TARIFA) Espcie de tributo Espcie de preo pblicoRegime de direito pblico (vnculo obrigatrio natureza jurdica tributria)Regime de direito privado (vnculo facultativo natureza jurdica contratual)Cobrada diretamente pelo EstadoCobrada por concessionrias ou permissionrias de servio pblicoEx: taxa de coleta domiciliar de lixo; taxa de gua/esgoto (Vide explicao a seguir)Ex: tarifas telefnicas; tarifa de energia eltrica, gs canalizado; tarifa de gua/esgoto (vide explicao a seguir. No DF tarifa)O STF entende que a diferena entre taxa e tarifa deve ser verificada na essencialidade do servio pblico.a) Servios pblicos propriamente estatais inerentes ao Estado e soberania. Ex: emisso de passaporte, servio jurisdional devem ser remunerados mediante TAXA.b) Servios essenciais ao interesse pblico so prestados ao particular, mas no interesse da comunidade. Ex: coleta domiciliar de lixo; servio de gua e esgoto. Obs: A jurisprudncia entende que podem ser remunerados por taxa ou tarifa, a depender da lei que disciplinar o servio pblico.c) Servios no essenciais ao interesse pblico prestados exclusivamente ao interesse do contribuinte. Ex: telefonia, energia eltrica, gs canalizado devem ser remunerados mediante TARIFA

60Contribuies de melhoriaCTN, art. 81. A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado.

FG = obra pblica que valorize um imvel.

61A obra pblica pode valorizar ou desvalorizar o bem imvel. Mas a contribuio de melhoria s pode incidir no caso de valorizao.Ex. de desvalorizao: viaduto construdo em So Paulo, conhecido como minhoco que liga os bairros da zona sul e do centro zona oeste. Os imveis vizinhos obra desvalorizaram aps essa construo em virtude do barulho, poluio, proximidade com os veculos. O critrio para a cobrana das contribuies de melhoria a valorizao do imvel, no o mero benefcio decorrente da obra pblica. Isso quer dizer que toda valorizao gera benefcio, mas nem todo benefcio gera valorizao. - Ex. asfalto gera valorizao do imvel, j o recapeamento gera benefcio (e no valorizao). 62Valorizao imobiliria no mercado que no decorra de obra pblica tambm no gera a incidncia da contribuo de melhoria.

A contribuio de melhoria s ser cobrada uma nica vez (no renovvel periodicamente), devendo ser recolhida somente aps a concluso da obra, bem como mensurada sua valorizao.

63Emprstimos Compulsrios ECPrevisto no artigo 148 da CF: Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios: I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia;

II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b (a seguir). Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de emprstimo compulsrio ser vinculada despesa que fundamentou sua instituio.

64 Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:(...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (PRINCPIO DA ANTERIORIDADE)

65Conceito: os EC so emprstimos forados, obrigatrios, que os contribuintes emprestam ao Estado.Como so emprstimos, devem ser restitudos aos contribuintes.Essa obrigao deve decorrer de lei (e no de contrato).Verificada a ocorrncia do FG, surge a obrigao de emprestar dinheiro ao Estado.

Curiosidade: alguns doutrinadores entendiam que o EC no seria espcie de tributo, pois no se incorporaria definitivamente ao patrimnio do Estado (como emprstimos, devem ser restitudos). Mas esse argumento no deve prosperar porque sua definitividade no est no conceito de tributo.

66O fato do EC ser restituvel uma caracterstica peculiar desta espcie de tributo.

A smula 418 do STF no vigora mais. Ela dizia que o emprstimo compulsrio no tributo, e sua arrecadao no est sujeita a exigncia constitucional da prvia autorizao oramentria (smula ultrapassada).

O EC espcie de tributo!67Questo: ( ) Os emprstimos compulsrios no tm natureza tributria, uma vez que no transferem definitivamente recursos dos particulares para o Estado, devendo ser restitudos nos termos da lei.Gabarito: errado (concurso- procurador federal/ Cespe-2004)

( ) Em relao aos emprstimos compulsrios, correto afirmar que um tributo, pois atende s clusulas que integram o artigo 3 do CTN (que d o conceito de tributo).Gabarito: certo (auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil/Esaf-2009)

68(Continuao de Emprstimo Compulsrio)Competncia para criar e cobrar: exclusiva da Unio. (No h excees!)

Forma de instituio: LEI COMPLEMENTAR.

Nos casos em que se pode cobrar o EC (guerra externa ou sua iminncia, calamidade pblica e investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional), salta aos olhos a urgncia e relevncia da matria, que so requisitos das medidas provisrias. Pergunta-se ento: uma medida provisria pode instituir o emprstimo compulsrio? No! A CF exige lei complementar para a instituio do EC e probe, no art. 62, 1, III (a seguir), que as medidas provisrias tratem das matrias sujeitas a reserva de lei complementar.69 CF, art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 32, de 2001). () 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) () III - reservada a lei complementar; (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)

70Questo ( ) Se o Brasil tivesse grandes pores de seu territrio afetadas por violentos furaces, com a destruio de cidades e alta mortandade, e se, nessa situao, o Presidente da Repblica baixasse decreto reconhecendo a ocorrncia de calamidade pblica em nvel nacional, isso permitiria que a Unio institusse emprstimo compulsrio, mediante a aprovao de lei ordinria pelo Congresso Nacional, pois a hiptese de calamidade pblica, ao lado da de guerra externa ou de iminncia desta, uma das que autorizam a criao desta espcie de tributo.Gabarito: errado (Auditor-fiscal da Previdncia Social/Cespe-2000)71(Continuao de Emprstimo Compulsrio)O CTN, no art. 15, III, prev outra hiptese para a instituio do EC, mas essa hiptese no foi recepcionada pela CF. Diz esse dispositivo legal: Art. 15. Somente a Unio, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir emprstimos compulsrios:I - guerra externa, ou sua iminncia;II - calamidade pblica que exija auxlio federal impossvel de atender com os recursos oramentrios disponveis;III - conjuntura que exija a absoro temporria de poder aquisitivo. (*OBS: essa hiptese no foi recepcionada pela CF/88. Vide art. 150, IV, CF a seguir)

72Esse inciso III do art. 15 do CTN foi usado em 1990 com a edio da MP n. 168/1990, convertida na Lei n. 8.024/1990, a qual implementou parte das medidas do Plano Collor I, entre as quais a reteno de toda importncia superior a 50.000 cruzados novos depositada nas poupanas e contas correntes e de 80% das aplicaes nos produtos financeiros. Isso foi feito como uma tentativa de conter a inflao (retendo o poder aquisitivo das pessoas, diminuiria a demanda e os preos das coisas poderiam ser mantidos).

- O STF no chegou a se pronunciar sobre a questo, pois atendeu uma questo de ordem (que tem prioridade no julgamento) e decidiu que o processo (ADI 534/DF) no precisaria prosseguir em razo da devoluo integral dos ativos. Esta Corte tambm mencionou que essa reteno no foi recepcionada pela CF e que ela configurava um emprstimo compulsrio disfarado, tributo que deve ser criada por lei complementar (jamais por medida provisria ou lei ordinria).

- O art. 150, IV, CF tambm veda que situaes como essa se repitam. Veja a seguir.73(Continuao de Emprstimo Compulsrio)CF, art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: () IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Destinao do EC (CF, art. 148, pargrafo nico): os recursos do EC so vinculados despesa que fundamentou sua instituio.

Restituio do EC (CTN, art. 15, pargrafo nico) o EC s ser legtimo se em sua lei complementar houver a previso de prazo e condies do resgate do valor emprestado.

STF decidiu: a restituio deve se dar na mesma espcie (dinheiro, em regra)74Contribuies EspeciaisCF, art. 149. Compete exclusivamente Unio instituir contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de sua atuao nas respectivas reas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuzo do previsto no art. 195, 6, relativamente s contribuies a que alude o dispositivo.

Perceber que existem 3 possibilidades de contribuies serem institudas pela Unio:a) Contribuies sociaisb) Contribuio de interveno no domnio econmico (CIDE) c) Contribuio de interesse das categorias profissionais ou econmicas (corporativas)75Competncias para as Contribuies especiais:a) Em regra: exclusiva da Unio LEI ORDINRIA.b) Excees: CF, art. 149, 1: competncia dos Estados, DF e Municpios para instituir contribuio, cobrada de seus servidores, para custeio, em benefcio destes, do regime previdencirio... (...)CF, art. 149-A: competncia dos Municpios e DF para instituir a Contribuies de Iluminao Pblica (COSIP) (inserido na CF pela Emenda Constitucional n. 39 de 2002)76A Unio no reparte a arrecadao das contribuies especiais com os Estados e Municpios porque essa receita especfica, conforme se verifica abaixo:

Contribuies especiais: (art. 149, CF)a) Contribuies sociais (art. 195, CF)a1) Seguridade Social (Sade, Assistncia e Previdncia Social)a2) Outras contribuies sociais (para manuteno ou expanso da Seguridade Social. So contribuies residuais. Art. 195, 4) a3) Contribuies sociais gerais (para custear outro tipo de atuao da Unio na rea social)*Obs: essa terminologia genrica (outras e gerais) usada pelo STF.

b) Contribuio de Interveno no Domnio Econmico (CIDE) incide sobre atividades econmicas que devem sofrer interveno do Estado, a fim de se promover um controle fiscalizatrio sobre tais atividades, regulando o fluxo produtivo. Busca preservar o princpio da livre iniciativa e livre concorrncia (art. 170, CF)

c) Contribuies profissionais/corporativas a Unio cria essa contribuio por lei ordinria e transfere a para as entidades a capaciadade tributria ativa de arrecadar, administrar e fiscalizar. Ex: contribuio em favor da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CRM (Conselho Regional de Medicina). Essa contribuio serve para proporciar a organizao da categoria, fornecendo recursos financeiros para a manuteno de entidade associativa que tem por objetivo fiscalizar e regular o exerccio de certa atividade.

77Ento, exatamente porque a Unio no reparte a arrecadao das contribuies especias com Estados nem Municpios, existe uma tendncia de ela instituir contribuies para aumentar sua arrecadao.

O PIS-Importao (Programa de Integrao Social) e a Confins-Importao (Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social) so exemplos recentes de instituio de novas contribuies pela Unio. (Jesus, Isabela Bonf de. Manual de direito tributrio. So Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2014.)

78Questes sobre as contribuies especiais/sociais1- O que so as contribuies especiais?

2- De quem a competncia para institui-las? Diga a regra e as excees.

3- Quais as espcies de contribuies especias?

4- As contribuies sociais podem ser de trs tipos. Diga a destinao (genrica) de cada uma delas.

5- ( ) As contribuies sociais residuais (novas contribuies) devem ser institudas por lei complementar, ser no cumulativas e ter BC e FG diferentes das outras contribuies sociais.Gabarito: certo.

Revisando:A competncia para instituir as contribuies sociais: competncia exclusiva da Unio por lei ordinria.Competncia para instituir novas contribuies sociais (no previstas expressamentes na CF): competncia da Unio por lei complementar.

79Introduo para competncia e capacidade tributriaInformaes iniciais e breve histrico:A CF o fundamento de validade das demais normas jurdicas (lei ordinria, lei complementar etc). Assim a CF a principal fonte de estudo do Direito Tributrio.Na CF tem um captulo especial sobre as questes tributrias entitulado Sistema Tributrio Nacional Captulo I do Ttulo VI da CF de 1988 arts. 145 a 162 (vide slide 6)Dentre as questes mais importantes, encontra-se na CF:a) Competncia tributria (quem detm a competncia para instituir os impostos);b) Os limites com que esses tributos podem ser institudos (princpios constitucionais tributrios);c) As imunidades tributrias;d) Definio de normas gerais de direito tributrio.

80Alm da CF, tambm tem destaque o CTN, que a Lei n. 5.172/1966 (nesta poca, o Brasil estava sob a gide da CF de 1946).

Apesar do CTN ser formalmente uma lei ordinria, a CF de 1988 o recepcionou (materialmente) como uma LEI COMPLEMENTAR. Apesar de estar em pleno vigor, o CTN precisa ser atualizado em diversas disposies. Ex: o CTN trata o ITCMD e o ITBI como um imposto nico e de competncia estadual, o que est defasado. De acordo com a CF de 1988 so impostos distintos, sendo o ITCMD de competncia estadual e o ITBI de competncia municipal.

O CTN dividido em 2 livros:a) Sistema Tributrio Nacional que trata da competncia tributria; b) Normas Gerais do Direito Tributrio que trata das normas gerais (obrigao tributria, crdito tributrio e administrao tributria).

81Princpios constitucionais tributriosP. da legalidadeP. da anterioridadeP. da anterioridade anualP. da anterioridade nonagesimalP. da isonomiaP. da capacidade tributriaP. da vedao do confiscoP. da irretroatividadeP. da liberdade de trfego de pessoas e bensP. da uniformidade tributriaP. da uniformidade geogrfica

82Os princpios representam diretrizes, normas, comandos, que visam a realizao de valores. Mas que valores so estes para o Direito Tributrio? Vamos relembrar as bases lgicas desta disciplina.

O Estado existe para a consecuo do bem comum. Ns, por meio de nosso voto, elegemos representantes para nos representarem no Poder Legislativo e Executivo. Por isso, ns entendemos que esses representantes so legtimos. Ns os colocamos l!

Esses representantes elaboram leis que permitem que o Estado goze de uma srie de prerrogativas para consecuo do bem comum. Por essa razo, ele pode, por exemplo, cobrar tributos.

O poder de tributar bastante abrangente e interfere no nosso direito de propriedade. Por isso, esse poder no pode ser exercido sem limites e essas limitaes esto descritas, em grande parte, na nossa Constituio Federal, por meio dos princpios e imunidades previstas. Vide o artigo 150 a seguir.83Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: (...)

Esse artigo o primeiro da Seo II da CF que tem o ttulo Das limitaes do poder de tributar.Observe que a CF estabelece algumas garantias aos contribuintes (que so limitaes ao poder de tributar do Estado), mas no todas. Isso significa que podem haver mais limitaes previstas em outras legislaes, inclusive internacionais.

Questo: ( ) O poder de o Estado criar e cobrar tributos no ilimitado no Estado democrtico de direito; no caso brasileiro, esse poder sofre diversas limitaes: boa parte delas, mas nem todas, est no captulo que regula o Sistema Tributrio Nacional.Gabarito: certo. (Cespe 2002 AGU)

84Boa parte das limitaes ao poder de tributar esto elencadas como clusulas ptreas da Constituio Federal (art. 60, 4), ou seja, so clusulas que esto protegidas contra mudanas que lhe diminuam o alcance.

Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta:() 4 - No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado;II - o voto direto, secreto, universal e peridico; III - a separao dos Poderes;IV - os direitos e garantias individuais.()85Em suma, pode haver o acrscimo de garantias que busquem proteger o contribuinte. Por outro lado, no poder haver o acrscimo de disposies que diminuam, enfraqueam ou extingam os direitos individuais dos contrituintes.

Neste contexto se inserem os princpios tributrios como limitadores do poder do Estado de cobrar tributos.

Agora vamos tratar dos princpios em espcie.86Princpio da Anterioridade Tambm chamado de princpio da no surpresa. preciso um mnimo de previsibilidade quanto ao futuro prximo pelos contribuintes.

Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: (...)III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (...)

Problema concreto: o costume brasileiro de deixar tudo para ltima hora, tambm refletido no nosso Congresso Nacional, fazia com que, em dezembro, o governo partisse desesperadamente em busca de aprovar diversas inovaes tributrias , j sabendo que, se a aprovao ficasse para janeiro, os repectivos efeitos seriam adiados por um precioso ano.

Esse princpio isoladamente se mostrava frgil. 87Ento foi s em 2003 que, por meio da EC 42/2003, que estendeu-se como regra para os tributos em geral o princpio da noventena, que at ento s era aplicvel s contribuies para financiamento da seguridade social por fora do art. 195, 6, da CF/88.

Desse modo esse princpio tem 2 espcies:Princpio da anterioridade (ou da anualidade ou da anterioridade do exerccio financeiro)Princpio da anterioridade nonagesimal (ou noventena).88PRINCPIO DA ANTERIORIDADE DO EXERCCIO FINANCEIROConforme descrito no artigo 150, III, b, da CF vedado Unio, Estados, DF e Municpios cobrar tributos no exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.Observe o marco temporal: data da publicao da lei.Importante lembrar que esse princpio permite que as mudanas na legislao que sejam benficas aos contribuintes (diminuindo a carga tributria) ou indiferentes aos contribuintes (que no causem qualquer impacto sobre a carga tributria) podem ter aplicao imediata. Obs.: o STF, em posicionamento discutvel, decidiu que a norma que muda o prazo para o pagamento do tributo, mesmo antecipando-o, no agrava a situao do contribuinte, no se sujeitando a regra da anterioridade de exerccio. (RE-Agr 274.949/SC, Rel. Sydney Sanches, julgado em 13.11.2001)89Obs 2: a mera atualizao monetria do valor do tributo ou da base de clculo, por no significar o aumento/majorao do tributo no se sujeita tambm ao princpio da anterioridade anual e nonagesimal.Obs 3: o STF entende que no configura aumento de tributo a mera reduo ou extino de desconto legalmente previsto. Assim, na lei paranaense que reduziu os descontos concedidos pelo pgto antecipado do IPVA, isso no representa aumento do tributo. (ADI 4.016/PR)Em suma, a ideia fundamental do princpio da anterioridade de exerccio financeiro proteger o contribuinte contra a aplicao imediata de normas que aumentem a carga tributria a aque ele j est submetido (instituio ou majorao de tributos).Existem excees ao princpio da anterioridade (CF, art. 150, 1). Elas sero vista adiante.

90Excees ao princpio da anterioridade anual:II, IE, IPI, IOF (impostos marcantemente extrafiscais).Impostos Extraordinrios de Guerra.Emprstimo Compulsrio de guerra ou calamidade.Contribuies para financiamento da seguridade social.Alquota para o ICMS combustvel. Alquota para a CIDE combustvel.91PRINCPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL OU NOVENTENAAntes s era aplicado s contribuies para o financiamento da seguridade social (CF, art. 196, 6).Foi s em 2003 que esse princpio comeou a ser aplicado a demais espcies tributrias por meio da EC n. 42/2003, incluindo a alnea c ao artigo 150, III, CF.

Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:(...)III - cobrar tributos:(...)c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b; (Includo pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)92Excees ao princpio da noventena (art. 150, 1, CF):II, IE e IOFImpostos Extraordinrios de GuerraEmprstimo Compulsrio de guerra ou de calamidadeImposto de rendaBase de clculo do IPTUBase de clculo do IPVA

93EXCEOES AOS PRINCPIOS Anterioridade anualAnterioridade nonagesimalII, IE, IPI, IOFII, IE, IOFImposto Extraordinrio de Guerra IEGIEGEmprstimo Compulsrio EC de guerra ou calamidadeEC de guerra e calamidadeContribuies para o financiamento da seguridade socialImposto de Renda IR Alquota do ICMS combustveisBase de clculo para o IPTUAlquota da CIDE combustveisBase de clculo para o IPVA94Em suma:A regra : os tributos devem obedecer a anterioridade anual e nonagesimal.H excees a cada um dos princpios (conforme quadro do slide anterior).

95Princpio da irretroatividade tributriaConceito: esse princpio significa que a lei no poder ser aplicada a situaes ocorridas antes da sua publicao. Ele decorre do princpio da no supresa e importante para dar segurana aos contribuintes de que os atos praticados no podero sofrer a incidncia de uma lei que no tinha vigncia poca.

Fundamento legal: art. 150, III, a, CFArt. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: (...)III - cobrar tributos:a) em relao a fatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houver institudo ou aumentado;

96Esse princpio significa, em outras palavras, que a lei que instituir ou majorar tributo, s poder atingir situaes futuras. As situaes anteriores no podero ser regidas por uma lei que ainda no existe no mundo jurdico.Esse princpio tambm uma manifesta garantia ao direito fundamental inscrito no artigo 5o, XXXVI, CF: XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada;

Ento essa a regra: irretroatividade da lei tributria. Mas existem algumas excees.97As excees ao princpio da irretroatividade encontram-se no artigo 106 do CTN.

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretrito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluda a aplicao de penalidade infrao dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato no definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infrao; b) quando deixe de trat-lo como contrrio a qualquer exigncia de ao ou omisso, desde que no tenha sido fraudulento e no tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prtica.

9899Relembrando competnciaImpostos competncia privativa de cada ente federativo .Competncia privativa aquela atribuda a somente um ente federativo.Taxas e contribuio de melhoria competncia comum. Pode ser da Unio, Estados, DF e Municpios, a depende de quem prestar o servio pblico, exercer o poder de polcia ou construir uma obra pblica que gere a valorizao mobiliria.Competncia comum aquela atribuda a mais de um ente federativo. Emprstimo compulsrio competncia exclusiva da Unio.Para fins de Direito Tributrio, a competncia exclusiva igual a competncia privativa, ou seja, somente o ente descrito na CF a detm.Contribuies especiais em regra, competncia exclusiva da Unio.

A competncia ainda pode ser :a) Residual para criar novos impostos (art. 154, I, CF) ou contribuies especiais (art. 195, 4, CF).

b) Extraordinria a Unio (s ela) competente extraordinariamente para criar o IE (ou IEG Imposto Extraordinrio de Guerra). Lembrar que ele criado em caso de guerra externa ou sua iminncia; pode ter BC e FG coincidente com outros impostos; institudos por lei ordinria; e no obedece ao princpio da anterioridade.

100101Princpios tributrios: legalidade; anterioridade; irretroatividade; isonomia; no confisco e liberdade de trfego;Imunidades tributrias;Isenes e anistia.Obrigao tributria principal e acessria;

102103Questes1) O conceito de tributo guarda correspondncia com a noo de:A) penalidade.B) atividade pblica discricionria.C) cobrana mediante atividade administrativa plenamente vinculada.D) prestao facultativa.E) instituio por decreto autnomo.Gabarito: C104Nos termos do Cdigo Tributrio Nacional, tributo :

A) O imposto, de competncia dos Municpios, sobre a propriedade predial e territorial urbana que tem como fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de bem imvel por natureza ou por acesso fsica, como defnido na lei civil, localizado na zona urbana do municpio.

B) Toda a prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

C) A taxa cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tem como fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfco e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio.

D) Imposto cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfca, relativa ao contribuinte.

Gabarito: B105Com relaoaos tributos,assinaleaalternativaemqueasduas assertivasestocorretaseasegundacomplementaosentidoda primeira.A)Os tributos so prestaes pecunirias institudas por lei // Eles decorrem de atividade administrativa discricionria do Estado,noexercciodojusimperii.

B)Ostributos,paraseremcriados,decorremdeleiespecfica// Os impostos, espcie de tributos, quando regulatrios, prescindemdeleiparaseremcriados.

C)Os tributos so prestaes pecunirias institudos por lei especfica//Elesnotmnaturezadesanodeatoilcito.

D)Os tributos decorrem da necessidade do Estado em prestar serviospblicos e realizarobraspblicas relevantes // Eles constituemreceitaoriginriadoEstado.

E)Os tributos tmmissoconstitucionalexclusivadeobteno de receita para o entetributante competente para a sua criao/ Eles so decorrentes de atividade legislativa vinculada.Gabarito: C106Considerando as disposies constitucionais relativas ao Sistema Tributrio Nacional, assinale a opo correta.

A) Tributos de carter extrafiscal, pela sua prpria natureza, podem constituir sano de atos ilcitos praticados pelo contribuinte.

B)Desequilbrios na concorrncia podem ser prevenidos pela adoo de critrios especiais de tributao, nos termos constitucionais.

C)Emenda constitucional proibiu os municpios brasileiros de instituir contribuio destinada ao custeio do servio de iluminao pblica, tendo admitido, porm, a utilizao de taxas com essa finalidade.

D)A imunidade consignada a templos de qualquer culto abrange seu patrimnio, sua renda e seu servios, independentemente da finalidade essencial dessas entidades.

E)Compete exclusivamente Cmara dos Deputados avaliar, periodicamente, a funcionalidade do Sistema Tributrio Nacional.

Gabarito: B, conforme artigo 146-A da CF.Para questo c vide smula 670 do STF.Para questo e vide art. 52, XV, da CF.107108