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Professor Rodolfo Alves Pereira

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Professor Rodolfo Alves Pereira

Definição do conceito e contexto histórico: Absolutismo “é um conceito histórico que se refere à forma de

governo em que o poder é centralizado na figura do monarca, que o transmite hereditariamente. Esse sistema foi específico da Europa nos séculos XVI a XVII.” (SILVA, K. V.; SILVA M. H. Absolutismo. In: Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005. p. 11.)

Sabemos que na Idade Média existiam reis, mas o poder estava descentralizado, isto é, dividido entre os senhores feudais que governavam seus territórios.

A burguesia em ascensão não possuía poder político e apoiou-se nos reis para resistir à hegemonia da nobreza.

O Estado centralizado surgiu da disputa entre nobreza e burguesia, com o apoio da Igreja católica, que em alguns lugares sacralizava o cargo de rei, como veremos adiante.

Características comuns às monarquias absolutas: concentração de poder pelo rei; existência de burocracia e exército; enfraquecimento dos laços feudais e mercantilização da economia.

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Absolutismo na França: A guerra dos cem anos (1337 – 1453): Conflito que opôs a França e a Inglaterra, ambas as nações

tinham interesses comerciais na região de Flandres e atritos políticos que culminaram em diversas batalhas. Os franceses foram vitoriosos.

O exército francês tornou-se permanente e passou a ser comandado pelo rei, que pagava o salário dos soldados, com os impostos que recolhia da população e da Igreja que vivia em seu território.

A Igreja passou a apoiar os reis, justificando seu poder e garantindo legitimidade de seu mandato junto aos fiéis e súditos de sua majestade. A divulgação dessas ideias ficou conhecida como o direito divino dos reis, nos slides a seguir conheceremos alguns defensores dessa tese. Desse modo, nenhum súdito poderia desobedecer as ordens do rei, pois também desagradaria à Deus.

Os nobres também rodeavam o monarca, apoiando-o em troca de favores, privilégios e honras. O rei agradava os nobres com banquetes, festas, jogos etc para manter a nobreza sob seu controle.

O clero também fazia parte da corte e recebia privilégios, afinal, se o rei não agradasse a Igreja estaria com sérios problemas políticos.

Quanto aos burgueses, o rei permitia que eles desenvolvessem suas atividades comerciais e industriais. Alguns membros da alta burguesia ocuparam cargos importantes na burocracia de governo e ficavam responsáveis pela coleta dos impostos. Alguns burgueses também compravam o título de nobreza, para aumentar seu poder e influência.

O absolutismo foi marcante na França, mas aconteceu também na Espanha e em Portugal. A Itália e a Alemanha permaneceram dividas entre diversos principados. A Inglaterra também conheceu o absolutismo, mas este não durou muito na ilha britânica, analisaremos este caso adiante.

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Jean Bodin (1530 – 1596) Professor de direito e advogado do rei da França no século

XVI. Exerceu outros cargos jurídicos a serviço da monarquia francesa.

Acreditava que a ordem era necessidade suprema do ser humano e que somente um Estado soberano poderia manter tal ordem.

Jacques Bossuet (1627 – 1704)

• Ocupou altos cargos na Igreja Católica francesa, inclusive o cargo de Bispo.

• Defensor da monarquia, pregava que este regime político era sagrado, o rei seria o representante de Deus na terra e manteria uma relação paternal com seus súditos.

Thomas Hobbes(1588– 1679)• Professor inglês, publicou a polêmica obra “O Leviatã”,

na qual defendia a ideia de que os homens deixaram o estado de natureza caótico através de um contrato social, no qual o rei governaria a sociedade e a manteria em paz.

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Nicolau Maquiavel (1469 – 1527)

Exerceu diversos cargos no governo de Florença. Também foi diplomata em missões, nas quais representava a cidade de Florença no exterior.

Dentre várias obras publicadas, seu livro mais famoso é “O Príncipe”, dedicado aos líderes da família Medici.

Na obra citada, defendia a separação da política e a ética para que o governante consiga manter seu reino unido e livre das ameaças internas e externas. O livro é considerado um manual de política e é muito lido e estudado até hoje. Aliás, os ensinamentos de Maquiavel revelam diversos estratagemas utilizados pelos políticos para conquistar o poder, eleitores etc. O termo “maquiavélico” ganhou sentido negativo e utilizado hoje para designar políticos, que se esquecem da moral e da ética, para conquistar e se manter no poder.

Algumas máximas de Maquiavel:“Poucos vêem o que somos, mas todos vêem o que aparentamos”“Melhor ser temido do que amado”“Para punir use terceiros, para elogiar apareça”“Faça o mal de uma vez e o bem aos poucos”

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Formação das Monarquias nacionais na Península Ibérica – Portugal e Espanha:

VIII: Grande parte da Península Ibérica foi ocupada pelos muçulmanos.

Os cristãos conseguiram, gradativamente, retomar o controle das terras ibéricas e formaram diversos reinos, tais como Leão, Castela, Navarra, Aragão etc.

Condado Portucalense: Porção de terras concedidas ao nobre Henrique de Borgonha. O filho de Henrique, Afonso Henriques, em 1139 conquistou as terras ao sul do condado e formou o reino de Portugal.

Os reinos cristãos disputavam entre si a hegemonia sobre o território ibérico. Muitos casamentos entre nobres da realeza de diferentes reinos foram realizados para selar alianças político-militares.

Fernando, rei de Aragão casou-se com Isabel, irmã do rei de Leão e Castela, no final do século XV e formaram a Espanha.

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Os reis católicos da Península Ibérica.

França: Luís XIV Governou a França entre 1643 a 1715. Assumiu o trono com 13 anos de idade. Em seu reinado a França tornou-se uma

grande potência econômica e militar. As artes e a ciência floresceram.

Construiu o Palácio de Versalhes, no subúrbio de Paris, que era o centro do poder do rei. Ali abrigava sua corte e promovia festas e banquetes tudo com muito requinte e luxo.

O palácio possui: 2153 janelas, 67 escadas, 352 chaminés, 700 quartos, 1250 lareiras e 700 hectares de parque. Toda essa grandeza representava o poder absoluto do rei.

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“O Estado sou eu”. Luís XIV – o rei sol.

Palácio de Versalhes, mais um grande empreendimento de Luís XIV.

Absolutismo na Inglaterra:

Século XIII: Henrique II iniciou o processo de centralização do poder na Inglaterra. Seu sucessor - o rei Ricardo Coração de Leão – ausentou-se para liderar uma cruzada e

reconquistar territórios no Oriente Médio, tomados pelos árabes. João Sem-terra sucedeu Ricardo e enfrentou a oposição dos nobres, os quais

questionavam os impostos cobrados pelo rei para manter seus gastos militares. 1215: o rei, pressionado pela nobreza, clero e burguesia, assinou a Magna Carta que

limitava o poder real. O mito de Robin Hood nos remete a esse contexto histórico, quando a Inglaterra viveu

um período sem seu rei e o sucessor aproveitou-se desta ausência para elevar os impostos e fortalecer seu poder, com os recursos arrecadados. Robin, filho de um nobre, uniu-se a parte da população para enfrentar o tirano, roubando os impostos arrecadados e redistribuindo-o para os pobres. Esse mito foi retratado em várias mídias – cinema, quadrinhos, desenhos, games e etc.

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Robin Hood nos cinemas, 1991 (E) e 2010 (D).

Absolutismo na Inglaterra:

Henrique VIII e Elizabeth I: O parlamento inglês limitava o poder do rei. A derrota na Guerra dos Cem anos provocou uma crise política e financeira na Inglaterra. Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e fundou a Igreja Anglicana. Com isso ele

diminuiu a influência da Igreja em seu país, confiscou as terras da Igreja para cedê-las aos nobres, em troca de apoio político e militar.

1558: após a morte de dois filhos e sucessores de Henrique VIII, Elizabeth, filha do segundo casamento de Henrique, assumiu o trono. Ela investiu na marinha inglesa, iniciou a colonização da América do Norte e promoveu a política de cercamento dos campos, medida importante para o desenvolvimento da indústria têxtil.

Os reinados de Henrique VIII e Elizabeth I foram marcados pela concentração de poder nas mãos dos reis e enfraquecimento do parlamento.

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Elizabeth. (1998). O absolutismo monárquico inglês também foi mostrado nos cinemas.

Absolutismo na Inglaterra e a experiência republicana.

1642 – 1649: Guerra civil inglesa. Defensores do parlamento lutam contra as forças do rei absolutista. A guerra terminou com a execução do rei pelos líderes do exército parlamentar.

Oliver Cromwell estabeleceu a República e tornou-se o “lorde protetor da Inglaterra”. A República de Cromwell tomou medidas que favoreceram o comércio marítimo inglês

(Atos de Navegação de 1651) e incentivou a expansão das colônias na América do Norte.

1658: após a morte de Cromwell houve a restauração monárquica. 1688: Revolução Gloriosa – O rei absolutista Jaime II foi deposto e Guilherme III foi

declarado rei após jurar obedecer a Declaração de Direitos, que vigora até os dias de hoje na Inglaterra. Assim nascia a monarquia parlamentar. Declaração de Direitos:

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•Os reis não podiam cancelar as leis do Parlamento;•O Parlamento decidiria a sucessão ao trono;•O Parlamento votaria o orçamento anual;•As contas anuais seriam controlados por inspetores;•O tesouro seria dirigido por funcionários.http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u88.jhtm acesso em 23 ago 2011.

Morte ao rei (2003). Filme mostra a disputa entre o absolutismo real e os parlamentares ingleses. Após a queda do rei, apesar da instalação de uma República, o novo governo tornou-se tão absoluto quanto aquele contra quem tinha lutado.

“Compreende um conjunto de ideias e práticas econômicas dos Estados da Europa ocidental entre os séculos XV, XVI e XVIII voltadas para o comércio, principalmente, e baseadas no controle da economia pelo Estado.” (SILVA, K. V.; SILVA M. H. Mercantilismo. In: Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005. p. 283.)

Os governos precisavam fortalecer seus Estados e adotarem uma série de medidas econômicas para este fim, confira:

Metalismo: acúmulo de metais preciosos no reino. Balança comercial favorável: aumentar as exportações e reduzir as

importações através do protecionismo. Estímulo às manufaturas locais: produção de bens manufaturados, como

tecidos, ferramentas, louças etc. Conquista de colônias: as colônias forneciam matéria-prima barata e seriam

obrigadas a comprar produtos manufaturados de suas metrópoles por um preço maior.

Criação de Companhia de comércio para explorar as colônias. Estímulo as atividades dos corsários (piratas que navegavam a serviço de um

rei e dividiam com ele as riquezas capturadas de navios de nações rivais).

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O mercantilismo está inserido na transição da Idade Média para a Idade Moderna. Começava a nascer o capitalismo e a burguesia se consolidava na sociedade.

Alguns países recorreram à pirataria para obter metais preciosos. Os chamados corsários abordavam e saqueavam os navios que vinham carregados de riquezas das colônias.

Os europeus na Idade Moderna iniciaram o processo de expansão marítima para buscar novas terras e riquezas para serem exploradas. Acima, Colombo chega à América em nome de Espanha.