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FUNDA˙ˆO ARMANDO ALVARES PENTEADO FAAP FACULDADE DE ECONOMIA CURSO DE CIENCIAS ECONMICAS InfluŒncia da Abertura da economia Chinesa no Brasil HASSAN NABIL BAHJAT NASSER Professor Orientador: Roberto Antonio Iannone Sªo Paulo 2007

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Page 1: Professor Orientador: Roberto Antonio Iannone€¦ · HASSAN NABIL BAHJAT NASSER Monografia de Conclusªo de Curso apresentada à Faculdade de Economia para a obtençªo do título

FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO � FAAP

FACULDADE DE ECONOMIA

CURSO DE CIENCIAS ECONÔMICAS

Influência da Abertura da economia Chinesa no Brasil

HASSAN NABIL BAHJAT NASSER

Professor Orientador: Roberto Antonio Iannone

São Paulo

2007

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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO � FAAP

FACULDADE DE ECONOMIA

Influência da economia chinesa no Brasil

HASSAN NABIL BAHJAT NASSER

Monografia de Conclusão de Curso apresentada à

Faculdade de Economia para a obtenção do título de

graduação em Ciências Econômicas, sob a

orientação do Prof. Roberto Antonio Iannone.

São Paulo

2007

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O objetivo desta monografia é o de apresentar elementos cruciais que

caracterizam a economia chinesa, sua integração e influência na economia mundial.

Para tal, se faz necessário apresentar a principais características da China e do

Brasil, dentre elas, evolução histórica, política, comércio, língua, moeda, economia e,

particularmente as implicações da inclusão chinesa na economia global. Tais

parâmetros são indispensáveis no bom aproveitamento do potencial que as relações

Brasil-China oferecem.

Com um crescimento anual de aproximadamente 9%, a China vem se afirmando

num futuro próximo como a maior economia do mundo, objetivando ultrapassar os

EUA entre 2020 e 2040.

Descreve como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e

principalmente econômicas promoveram esse alucinante desenvolvimento,

transformando a China na potência que ela é hoje, enfatizando como se deu a relação

Brasil-China, os benefícios e conseqüências que tal relação pode vir a oferecer é de

suma importância, pois contribuirá para um melhor entendimento da atual situação da

economia.

Explica, ainda, porque, embora a China ser o quarto principal destino das

exportações brasileiras e o terceiro maior parceiro comercial do Brasil (2004), a

participação das exportações brasileiras nas importações da China seja tão pequena,

apenas 1,1% (a China esta na 4° posição entre os mercados compradores de produtos

brasileiros).

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INTRODUÇÃO.................................................................................................................6

1. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA ................................................................. 8

1.1. Evolução Histórica..................................................................................................... 8

1.2. Evolução Política...................................................................................................... 12

1.3. Língua ....................................................................................................................... 14

1.4. Moeda........................................................................................................................ 15

1.5. Economia .................................................................................................................. 16

1.6. A China na Economia Mundial .............................................................................. 20 1.6.1. A autonomia da política chinesa .........................................................................................21 1.6.2. A dinâmica interna do desenvolvimento econômico chinês ...............................................22 1.6.3. A China e seu impacto na Ásia...........................................................................................24

1.7. BRIC ......................................................................................................................... 24

2. BRASIL.............................................................................................................. 26

2.1. Evolução Histórica................................................................................................... 27

2.2. Evolução Política...................................................................................................... 28

2.3. Língua ....................................................................................................................... 33

2.4. Moeda........................................................................................................................ 33

2.5. Economia .................................................................................................................. 34 2.5.1. Importação ..........................................................................................................................41 2.5.2. Economia Regional.............................................................................................................43 2.5.3. Turismo...............................................................................................................................45 2.5.4. Economia diversificada ......................................................................................................46 2.5.5. Produto Interno Bruto.........................................................................................................46

Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos ..................................................................... 48 2.5.6. O setor industrial ................................................................................................................48 2.5.7. Complexo eletrônico...........................................................................................................49 2.5.8. Problemas Sociais...............................................................................................................50

3. Relações Brasil-China........................................................................................ 51

3.1. Como se deu o crescimento chinês.......................................................................... 51

3.2. A abertura econômica chinesa................................................................................ 53

3.3. A entrada da China na OMC e seu efeito para o Brasil....................................... 54

3.4. Alterações no status da economia chinesa ............................................................. 55

3.5. Interesse brasileiro................................................................................................... 56

3.6. Relações Brasil-China: expectativa e potencial..................................................... 57

3.7. Os números do relacionamento chinês e brasileiro............................................... 59

3.8. Defesa Comercial ..................................................................................................... 61 3.8.1. Duping ................................................................................................................................61 3.8.2. Subsídios.............................................................................................................................62 3.8.3. Salvaguardas.......................................................................................................................62

3.9. Sugestões para o Brasil............................................................................................ 64

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3.10. Investimentos da China no Brasil e o novo modelo de Parcerias Público-

Privadas ................................................................................................................................. 66

3.11. China-América Latina: uma associação de sucesso.............................................. 67 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................71 Bibliografia .............................................................................................................................................73 Webgrafia ...............................................................................................................................................74

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INTRODUÇÃO

Atualmente a República Popular da China deixou de ser conhecida apenas como

um país distante e exótico.

O processo de abertura e reformas que a China implantou resultou em novas

perspectivas, não só para o próprio país como para outros, dentre eles, o Brasil.

Assim, a necessidade de se conhecer melhor os dois países e, particularmente as

implicações da inclusão chinesa na economia global, como a economia propriamente

dita e o comércio tornam-se parâmetros indispensáveis no bom aproveitamento do

potencial que as relações Brasil-China oferecem.

Não se pode negar que a economia chinesa e a brasileira, ao mesmo tempo em

que são concorrentes em vários setores, possuem complementaridades a serem

exploradas, além de promoverem o desenvolvimento coordenado da economia de

ambos.

A possibilidade de um relacionamento mais estreito entre os dois países foi

reforçada com a visita do presidente Lula à China em 2004 e com a declaração do

Presidente Hu Juntao em estreitar este vínculo, formando, portanto, uma nova fase nas

relações bilaterais, depois de anos de afastamento pela distância, pelas diferenças

culturais e pelo idioma.

Vale registrar que em novembro de 2004, o governo brasileiro (por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comercio Exterior) e o governo Chinês (Comissão de

Desenvolvimento Nacional e da Reforma da Republica Popular da China) assinaram um memorando de Entendimento para promover a cooperação em setores industriais e, assim,

estimular os investimentos e o comércio. Os setores tidos como

estratégicos e que recebem atenção prioritária na cooperação

são: indústria minério-metalúrgico, álcool combustível, cadeia

de processamento de produtos agrícolas, construção civil,

industria da informação, biológica e aeronáutica espacial. O

dialogo entre as partes já avançou no setor minério-metalúrgico

e no de álcool combustível � neste campo, com vista a fazer proveito da tecnologia brasileira na produção e utilização de

etanol (FURLAN E FELSBERG, 2005).

É evidente que a economia chinesa oferece grandes oportunidades de desenvolvimento para o Brasil (LULA, 2005).

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Não se pode esquecer que o reconhecimento da Republica Popular da China pelo

Brasil e a afirmação de relações diplomáticas se deu apenas há trinta anos.

Fica claro que a China está alterando o mapa econômico do mundo inteiro. Seu

papel no comércio internacional é ainda mais impressionante. A economia chinesa está

diretamente associada ao comércio mundial, mais até do que grandes países como a

Índia e os EUA. De fato, alguns países latino-americanos, como Brasil, Chile e

Argentina, estão efetivamente sendo beneficiados pela crescente demanda chinesa por

produtos agrícolas e matérias-primas industriais.

Os reflexos do espirro chinês podem ser sentidos com maior força no Estado de Santa Catarina. A China é o segundo maior

parceiro comercial do Estado. No ano passado foram cerca de US$ 459 milhões em produtos comprados, como rádios a pilha,

microondas e parafusos. E exportou US$ 92 milhões em

insumos e produtos intermediários (CAMILLE CARDOSO,

2007).

Descrever como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e

principalmente econômicas promoveram esse alucinante desenvolvimento,

transformando a China na potência que ela é hoje, enfatizando como se deu a relação

Brasil-China, os benefícios e conseqüências que tal relação pode vir a oferecer é de

suma importância, pois contribuirá para um melhor entendimento da atual situação da

economia.

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1. REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

Para entender como a República Popular da China deixou de ser conhecida

como um país distante e exótico e se tornou o terceiro maior país do mundo em área, o

mais populoso do planeta, ocupando uma parte significativa da Ásia Oriental e com um

crescimento econômico consistente, é necessário apresentar um breve relato dos

principais fatos ocorridos na China desde 1910.

1.1. Evolução Histórica

No ano de 1911 um grupo de descendentes oficiais do exército ataca a Dinastia

Machu (Qing), que cai, nascendo assim a República Popular da China. 1

De 1920 a 1925 o novo governo nacionalista aceita a ajuda da União Soviética,

sob a condição de que trabalhariam com o novo partido comunista chinês, recém

formado. Começa então um planejamento de unificação da China. 2

De 1928 a 1930 somem os comunistas e estabelece-se um novo governo na

Província Jiangxi. Mao Zedong torna-se líder e começa uma reforma radical no campo

de desapropriação dos senhores de terra, garantindo o suporte popular. 3

Em 1931 o Japão invade o nordeste do país, onde estabelecem um governo novo.

Curiosamente os chineses não resistem ao Japão. Na verdade lançam varias campanhas

militares contra os comunistas e quase os destroem. Todavia, 90.000 pessoas

quebraram o cerco e realizaram a �Longa Marcha�, uma marcha de 6.000 milhas até a

1 Disponível em

www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 2 Idem. 3 Idem.

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base de Yenan. Consequentemente Mao se firma como líder inquestionável dos

chineses comunistas. 4

Então, em julho de 1937, o Japão arma uma nova expedição de invasão da

China. Num período de cinco meses os japoneses invadem Nanjing e massacram 200.00

pessoas, levando ao recuo do governo. 5

Em 1941 os EUA entram na guerra e se deparam com o líder nacionalista

Chiang Kai-Shek poupando sua melhor tropa para combaterem contra os comunistas. 6

Ao fim da Segunda Grande Guerra em 1945, os EUA passa a tolerar as tropas

nacionalistas objetivando a redenção das tropas japonesas. Mas logo uma guerra civil

entre nacionalistas e comunistas começa, e os esforços para uma intervenção tornam-se

inúteis. Por fim os comunistas expandem seu apoio no norte com uma reforma de terra

radical e vencem os nacionalistas na crucial batalha de Huai-hai. 7

Em 1949, Chiang rende-se em janeiro e foge para Taiwan, seguido por dois

milhões de nacionalistas. Os comunistas se estabelecem em Beijing e formam a

República Popular da China em 1° de outubro. Criam estruturas políticas que alcançam

todos os vilarejos do país e ganham ajuda e defesa da União Soviética. 8

De 1954 a 1956 a União Soviética colaborou com o desenvolvimento de uma

infraestrutura da indústria nas cidades. Objetivando diminuir as propriedades e

pequenas cooperativas de fazendas, famílias são empurradas para uma nova fase: a da

coletivização. Em meados de 1955 todo o país possuía 600 milhões de camponeses que

viviam coletivamente. Nesta mesma época toda produção agrícola chinesa se manteve

sob o poder do governo. 9

Em 1958 a inflação aumenta drasticamente e a corrupção aumenta, assim como a

população, que alcança 1.2 bilhões de pessoas. 10

4 Informação disponível em

www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 5 Idem. 6 Idem. 7 Idem. 8 Idem. 9 Idem. 10 Idem.

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De 1958 a 1960 Mao Zedong promove uma campanha chamada �O Salto para

Frente�, que levou a China a equiparar sua indústria com o Ocidente num período de 15

anos. Camponeses dividiam-se em grandes comunidades, e na tentativa de agradar seu

governo, super valorizaram os resultados de suas colheitas, levando a pior manada de

famintos. 11

A China torna-se politicamente isolada, e em 1961 suas tropas enfrentam uma

revolta no Tibet. Com isso o governo muda o foco da indústria pesada para produção de

consumo. Moderação nos controles propicia aos camponeses ganho de dinheiro,

cultivando e negociando paralelamente até 1963. 12

Em 1969, a fronteira entre a China e a ex-União Soviética se abala. Seus

governos propiciam uma abertura para os Estados Unidos, onde recebem a visita do

Presidente Americano Richard Nixon, em fevereiro de 1972. Dá-se então o início do

processo de normalização das relações com a China e a instalação da Estratégia

Triangular, entre China, Estados Unidos e União Soviética. 13

Em setembro de 1976 Mao Zedong morre e em 1978 Deng Xiaoping torna-se

líder supremo da China, e com a intenção de modernizar o país, visita o EUA e negocia

relações diplomáticas. 14

Em 1978 a China começou um procedimento de modernização de sua economia

com a intenção de construir um sistema de mercado socialista. Os meios que

conduziram tal reforma foram as chamadas �quatro modernizações�, ou seja, agricultura

(inseriu-se tecnologia, mecanização e uma nova maneira de pagamento), indústria

(priorizaram abertura ao exterior, modernização tecnológica e prêmios em dinheiro aos

trabalhadores), cultura (na educação empregou-se medidas de reforço) e defesa. 15

Tal processo implicou a prática de políticas de abertura e reformas pró-mercado

buscando uma maior penetração no mercado internacional. A criação de Zonas

Econômicas Especiais (ZEEs) almejava a captação de tecnologia e capital estrangeiros,

além da formação de empresas transnacionais, em especial com os EUA e Japão,

11 Informação disponível em

www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 12 Idem. 13 Idem. 14 Idem.

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focando as exportações. Para tal, aproveitou-se a fundamental vantagem chinesa, que é

o baixo custo de mão-de-obra. 16

Na concretização desse processo, a China determinou uma política de alianças

com seus vizinhos asiáticos, assim como a cooperação econômica estratégica com

países/blocos e regiões. Assim a Ásia tornou-se o mais dependente da economia

chinesa. Não se pode deixar de ressaltar as economias menores e mais diversificadas da

Associação das Nações do Sudeste da Ásia (ASEAN), cuja participação da China no

aumento das exportações está em torno de 20 a 30%. 17

Depois das instalações das ZEEs, em 1979, indústrias com pouca tecnologia de

Taiwan e de Hong Kong, voltaram para a China continental. 18

A criação das ZEEs e as novas reformas na agricultura no interior foram o

combustível do crescimento econômico em 1980.

No período de 1988 a 1989, a inflação desenfreada, o crime e a corrupção foram

o combustível que levaram a práticas repulsivas contra tais reformas. 19

Em 1990 os lideres chineses lançam o maior e melhor período de crescimento

econômico, apesar de manterem um rígido controle sobre a política. 20

Em 1994 Jiang Zemin torna-se substituto de Deng e empresas estrangeiras

buscam contratos com os chineses, enquanto as fábricas estatais chinesas trabalham no

prejuízo, sugando capital dos bancos e do governo. 21

Após 1979, a China entrou num processo de rápido desenvolvimento

econômico. Além de mudanças na renda per capita, na taxa de inflação, o consumo de

alimentos também sofreu mudanças. Subiu 37,1% nas cidades e 45,6% nos campos,

com uma pequena diminuição de 0,6% no seu ritmo de expansão anual. 22

15 Disponível em www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=1314. Acesso em 13/03/2007. 16 Idem. 17 Idem. 18 Idem. 19 Disponível em www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 20 Idem. 21 Idem. 22 Disponível em: http://portuguese.cri.cn.chinaabc/chapter3/chapter3080.htm. Acesso em 1 3/03/2007.

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Em 2001 a China entra na Organização Mundial ao Comércio (OMC) e em 2002

o governo é substituído pôr Hua Jintao. 23

Beijing é selecionada para sediar os Jogos Olímpicos de 2008 e se esforça para

manter estável o crescimento econômico.

1.2. Evolução Política

Outra questão de fundamental importância é quanto à política adotada pelo país,

que é dominada pelo Partido Comunista, ou seja, a ditadura.

Mas o sucesso chinês levanta uma importante questão: qual seria o sistema

político - ditadura ou democracia �mais indicado para gerenciar economias complexas,

garantir o desenvolvimento e gerar riquezas.

A ditadura chinesa levou o gigantesco asiático a crescer a uma média anual de

mais de 9% nos últimos 25 anos. Curiosamente na mesma época, o Gabão, uma as mais

antigas ditaduras da África, ficou em 2% anuais. Já as sucessivas eleições presidenciais

no Brasil não são capazes de fazer o país progredir. 24

Independente da maioria dos ditadores serem formados por gestores econômicos

sem nenhuma aptidão, existe um excelente grupo que se sobressai e supera a maioria

dos presidentes ou primeiros-ministros eleitos.

A elite do Partido Comunista da China não deixa dúvida, quando comparada

com os vizinhos indianos. Apesar dos sucessos nos esforços da Índia, os resultados nada

se comparam aos alcançados pela China. A justificativa para essa diferença está na taxa

de investimento anual, que na economia chinesa está em torno de 36% do PIB,

enquanto que na Índia está em 26%. Parece estranho, mas a ditadura do Partido

23 Informação disponível em

www.ead.fea.usp.br/.../Comercio%20exterior/COMEX06China_e_Brasil_no_comercio_exterior.PDF. Acesso em 13/03/2007. 24 Disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edocoes/0884/economia/m0119843.html. Acesso em 16/03/2007.

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Comunista oferece inquestionavelmente mais segurança aos investidores capitalistas.

Ideologia, mas não impede os investimentos, pelo menos, no caso chinês. 25

Outro visível paradoxo está associado à qualificação da mão-de-obra. Na China,

país onde a população não vota, há boas escolas, com excelente ensino. Já na

democrática Índia, onde todos solicitam mudanças através das eleições, o ensino básico

é de baixíssima qualidade há muito tempo. O governo indiano, assim como o brasileiro

ainda concentra os gastos em educação apenas nas universidades, e, devido a isso, o

nível de alfabetização do país é de apenas 65%, enquanto que na China é de 90%. 26

Umas das justificativas usadas para afirmar a vantagem das ditaduras é a visível

facilidade que possuem para estabelecer reformas estruturais. Assim é provável que as

ditaduras tenham uma vida mais fácil em questão de rapidez, desde que o ditador

escolha as decisões certas quanto às reformas a serem implantadas. Em questões de

solidez, estudiosos acreditam que às democracias são mais apropriadas.

O sucesso econômico de algumas ditaduras apresenta também os frutos de seu

próprio fracasso. Assim aconteceu na Corea e no Chile � regimes autoritários que

promoveram milagres econômicos e deram lugar a democracia. Conforme uma

sociedade vai ficando mais rica, novos grupos aparecem com suas próprias demandas de

poder, dificultando a manutenção de um regime de força. Isso levou muitos a apostarem

na curta vida do regime político chinês. 27

A maior força da democracia consiste no que ele pode impedir. Na China, entre

1958 e 1961, durante o Grande Salto Adiante, processo de industrialização de Mao

Zedong, 30 milhões de chineses morreram de fome, acontecimento nunca visto num

sistema democrático. Há 17 anos atrás, estudantes em busca de reformas foram

massacrados pôr tanques na Praça da Paz Celestial, em Pequim, algo inaceitável em

qualquer país de eleições livres.

25 Disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edocoes/0884/economia/m0119843.html. Acesso em 16/03/2007. 26 Idem. 27 Idem.

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1.3. Língua

O Ni Hao é a língua oficial da China e enquanto língua materna é a mais falada

no mundo. O chinês usa milhares de caracteres diferentes e não um alfabeto. A

pronuncia de cada caráter deve ser entoada perfeitamente para não perder o sentido, e

apesar disso, muitos estrangeiros em todo o mundo buscam aprendê-la.

Aprender chinês, segundo os números, é a nova moda. Há vinte anos poucos

estrangeiros demonstravam interesse, mas com a política de abertura da China ao

mundo e sua entrada na OMC, em 2001, tudo mudou.

Até 2010, data em que a China pretende alcançar 3,2 trilhões de dólares de PIB,

acredita-se que esse interesse em aprender a língua chinesa ultrapasse cem milhões de

estrangeiros. Para tal será necessário mais de quatro milhões de professores

especializados, o que, automaticamente, alavancaria a carreira de professor. Segundo

Zhang Guoqing, vice-diretor do Gabinete Nacional de Ensino do Chinês como Língua

Estrangeira:

�O ensino da língua chinesa não é só uma preocupação da

China, mas também de outros países que acham necessário o

domínio do chinês para fazer comércio com a China.� 28

Um dos principais motivos no interesse do domínio da língua é o de conquistar a

China e tê-la como parceira estratégica. Mas negociar com a China não é uma questão

linear, como explica Guoqing:

�Se os negócios de muitos estrangeiros na China não correm

bem não é só por causa dos produtos, [mas também] por não

compreenderem a forma de pensar dos chineses�29.

Portanto falar chinês, e consequentemente pensar chinês, é uma ferramenta que o

mundo quer e precisa saber manejar.

28 Disponível em http://www.revistamacau.com/rm.asp?id=005101. Acesso em 16/03/2007. 29Idem.

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1.4. Moeda

Emitido e administrado e pelo Banco do Povo da China, o renminbi é a moeda

legítima da China. O câmbio também é definido pelo Banco do Povo da China e

publicado pela Administração Estatal de Divisas Estrangeiras, que também é a

responsável pelas divisas estrangeiras.

Em 1994, a China fez a reforma do sistema de divisas, incluindo a união de taxa

de câmbio, a adoção do sistema de liquidação e o estabelecimento de um mercado

unificado de divisas estrangeiras. Até o fim de 2003, sua reserva de divisas atingiu a

casa dos US$ 403,3 bilhões. 30

Graças ao extraordinário desenvolvimento econômico da China, o renmibiu

entrou num processo de valorização consistente. Atualmente a exportação chinesa

apoia-se principalmente na vantagem de seus produtos de baixo custo e baixo nível de

valor agregado na competição internacional. Esse processo gera, além de uma influência

positiva, a médio e longo prazo mais oportunidades de desenvolvimento, pois além de

apresentar um imenso efeito no incremento de riquezas nacionais, também aumenta o

status e influência da economia na economia mundial. 31

Primeiro promoverá o aceleramento da elevação do setor industrial do país.

Durante o funcionamento do mercado, numa época moderna, a mudança das taxas

cambiais não só se ajusta ao equilíbrio do balanço internacional, mas provoca a

elevação relativa dos preços dos vários recursos do país, o que leva ao favorecimento da

aceleração do reajuste e a otimização da estrutura de mercadorias do país, produzindo

assim, um efeito positivo no reajuste industrial. 32

30 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30704.htm. Acesso em 16/03/2007. 31 Disponível em http://portuguese.cri.cn/199/2006/12/14/[email protected]. Acesso em 16/03/2007. 32 Idem.

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Segundo, motivará a inovação tecnológica, que dependem do reajuste do

mecanismo de mercado e este reside nas funções da alavanca efetiva de preços. Na

produção do país, é enorme o consumo de recursos. O nível de consumo energético, do

emprego e dos recursos laborais é elevado. Um motivo relevante deste é o preço

relativamente baixo dos fatores essenciais de produção. Como resultado do processo de

valorização de sua moeda, os preços dos recursos de produção aumentarão, de forma

relativa, o que por conseqüência, as demandas efetivas do mercado para as inovações

tecnológicas serão potencializadas. 33

E por último, acaba beneficiando o incremento do bem-estar nacional. A

valorização do renminbi levará, por um lado, à queda relativa dos produtos importados,

abaixando relativamente os custos das viagens turísticas por estrangeiros, o que recai

sobre a elevação do bem-estar de consumos nacionais. Por outro lado, aumentará

indiscutivelmente o preço dos bens financeiros do país no mercado. Dele resulta a

mudança na estrutura do mercado financeiro. Assim as demandas de consumo no

interior do país são estimuladas e os habitantes nacionais beneficiados. 34

1.5. Economia

Para começar, é necessário considerar os fatos. Devido ao seu crescimento

econômico de mais de 9% ao ano desde 1979, a China está mudando o mapa econômico

mundial.

Nos 30 anos seguintes a fundação da nova China em 1949, o governo chinês

aplicava o sistema de economia planificada. Esse sistema permitiu o sólido

desenvolvimento econômico do país ao mesmo tempo em que limitou seu próprio

dinamismo e ritmo de progresso. 35

Logo após os anos 70 a China passou a realizar reformas em seu sistema. E em

1992 determinou a direção da reforma, estabelecendo o sistema econômico de mercado

socialista, ou seja, uma economia de mercado onde a iniciativa do Estado está acima da

33 Disponível em http://portuguese.cri.cn/199/2006/12/14/[email protected]. Acesso em 16/03/2007. 34 Idem. 35 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 16/03/2007.

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iniciativa privada. Este sistema, chamado erroneamente de �capitalismo�, é um dos

principais motivos do acelerado crescimento econômico chinês. 36

Diante de tais reformas, acredita-se que até 2020 a China terá estabelecido um

sistema econômico de mercado socialista maduro.

A economia chinesa já é a 4º mais poderosa do planeta com mais de 2,2 trilhões

de dólares representando quase 1/2 da economia japonesa e com a maior taxa de

crescimento anual entre os países com mais de 100 milhões de habitantes. 37

A China se destaca como um país de maior população de todo mundo com 1

bilhão e 313 milhões de habitantes (até julho de 2006). 38

Devido ao seu volume, participa com 13% da economia mundial e 21% da

população mundial. Atualmente é a maior produtora de alimentos e manufaturas,

perdendo apenas no valor mundial para os EUA na mineração e em serviços. 39

Sua economia é equivalente a de países de 1º mundo, como os EUA, o Japão e o

Reino Unido, mas sua qualidade de vida, pelo método do PIB per capita, é comparada a

pequenos e pobres países africanos. As grandes metrópoles chinesas podem ser

comparadas a cidades como Tóquio e Nova Iorque, enquanto que a população rural vive

em condições de extrema miséria. 40

Por investir pesado em tecnologia, já possui um dos maiores e mais poderosos

parques industriais do planeta, com uma produção bastante diversificada.

Na agricultura é o maior produtor de arroz, hortifrutigranjeiros, trigo e o

segundo em milho. 41.

Na indústria o país ultrapassou seus maiores concorrentes, tornando-se a maior

potência industrial do mundo contemporâneo. 42

36 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 37 Idem. 38 Idem. 39 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 40 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/República_Popular_da_China. Acesso em 13/03/2007. 41 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em

13/03/2007. 42 Idem.

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Na mineração também é o maior produtor de carvão, com mais de 1,7 bilhões de

toneladas, o que gerou também o aumento da produção de petróleo e ferro. 43

A China tornou-se atualmente o sétimo exportador (3,9%) e o oitavo importador

mundial (3,4%). Com mais de um bilhão de habitantes, passou a ser considerado como

um grande mercado consumidor. 44

Na verdade, o motor do crescimento da China é sua constante reestruturação

econômica, sendo a indústria o setor mais dinâmico, independente de ser apoiado por

investimentos externos ou por empresas de propriedade privada nacional.

E esse rápido crescimento poderia ainda ser interpretado como um resultado

natural de sua alta taxa de poupança, investimentos e financiamentos, mas, na verdade,

tal fato está permitindo que se desvie 20% de seu PIB anual para investimentos em

empresas estatais, que estão absorvendo o grosso do crédito disponível, que os bancos

dão sem se preocuparem com o risco, devido ao rápido crescimento monetário que leva

a um aumento anual de 15% em depósitos bancários. 45

Atualmente a economia chinesa está mais integrada com o comércio mundial, do

que a de outros países grandes, como o Brasil, os EUA e a Índia. Enquanto as

exportações e importações representam menos de um quarto do PIB nesses países, na

China elas se aproximam da metade do PIB. É claro que alguns países latino-

americanos, mais especificamente o Brasil, a Argentina e o Chile, estão sendo

beneficiados pela crescente demanda chinesa pôr mercadorias agrícolas e matérias-

primas industriais importadas. 46

43 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China. Acesso em

13/03/2007. 44 Idem. 45 Disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 46 Idem.

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Em 2003, determinou novas metas e tarefas para aperfeiçoar seu sistema

econômico. As principais tarefas foram: o aperfeiçoamento de seu sistema com

prioridade pública como principal e o desenvolvimento conjunto da economia de

propriedades diversificadas; estabelecimento de um sistema favorável à mudança

gradual da estrutura econômica de zona rural e urbana; formação de um organismo para

impulsionar o desenvolvimento coordenado da economia regional; construção de um

sistema de mercado aberto, competitivo e ordenado; melhora do sistema de macro-

controle, de administração governamental e de legislação econômica; aperfeiçoamento

do sistema de emprego, rendimento e segurança e formação de um sistema que

impulsiona o desenvolvimento sócio-econômico sustentável. 47

Ainda em 2003, seu PIB alcançava US$ 1,4 trilhões, ficando no sexto lugar no

mundo. No final do mesmo ano o PIB per capita ultrapassou a casa de 1000 dólares, e

sua reserva de divisas ultrapassou US$ 400 bilhões, alcançando o segundo lugar no

mundo, atrás apenas do Japão. 48

Seu papel no comércio internacional é ainda mais impressionante. A economia

chinesa esta diretamente associada ao comércio mundial, mais até do que grandes países

como a Índia e os EUA. De fato, alguns países latino-americanos, como Brasil, Chile e

Argentina, estão efetivamente sendo beneficiados pela crescente demanda chinesa por

produtos agrícolas e matérias-primas industriais. 49

O interesse em ampliar esse papel levou a China a fazer parte do tratado

internacional APEC (Asia Pacific Economic Cooperation), um bloco econômico que

tem o interesse em tornar o Pacífico numa área de livre comércio, incluindo economias

asiáticas, americanas e da Oceania. 50

47 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 16/03/2007. 48 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm. Acesso em 13/03/2007. 49 Informação disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 50 Informação disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China.

Acesso em 13/03/2007.

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A forte presença dos chineses na economia mundial é inegável, e ao lado dos

Estados Unidos tornou-se uma das locomotivas do mundo. Mas como tudo indica, e

diante do fato de estar se afirmando como a maior economia do mundo num futuro

próximo, a China vai ultrapassar os EUA entre 2020 e 2040.

Apesar de tudo, a China ainda se equipara a um país em desenvolvimento.

Atualmente com uma renda per capita de menos de US$ 1.000, ela é mais pobre que a

maioria dos países latino-americanos, além de um nível de desigualdade no processo de

distribuição de renda também semelhante a esses países. Assim, o país apresenta

diferenças regionais gritantes, com distribuição desigual do PIB. A economia moderna

das cidades contrasta com o pouco acesso a luz elétrica e água potável na área rural. 51

Já em outras áreas, a China se mostra como um país desenvolvido, ou

industrializado. O setor manufatureiro forma mais de um terço de sua economia. Os

investimentos e a poupança representam aproximadamente 40% do PIB. 52

E também apresenta problemas como a crescente falta de mão-de-obra

qualificada; a grande dependência de recursos energéticos externos e a instabilidade

política, fruto do enfraquecimento do controle central do partido comunista. 53

1.6. A China na Economia Mundial

O elevado crescimento do comércio regional asiático entrou em crise em 1995.

Com a desvalorização do yuan em relação ao dólar e a retração dos IDE japoneses

vinculados às exportações asiáticas para terceiros mercados, teve grande choque na

dinâmica regional. 54

51 Informação disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 52 Idem. 53 Informação disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_da_ República_Popular_da_China.

Acesso em 13/03/2007. 54 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07.

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Como possuíam regimes cambiais vinculados ao dólar, a valorização dessa

moeda em relação ao yen levou a uma real valorização das moedas asiáticas, menos

para o yuan/renminbi, que passara por um processo de desvalorização em 1994. 55

Com o câmbio em baixa ao comparado aos seus competidores e com o sucesso

das redes de comércio estabelecidas nas ZEEs, a China desviou produtores da ASEAN

do mercado americano. Como resultado, a participação dos EUA nas exportações

chinesas aumentou abruptamente nos anos 90. 56

Em 1997, depois de uma recessão e colapso cambial (desvalorização de

aproximadamente 50% em relação ao dólar), as economias da ASEAN e da Coréia

retomaram seu curso a partir de uma política fiscal expansiva, além de recuperarem suas

exportações. O que levou a tal crescimento foi o boom da nova economia nos EUA e

seu impacto na Tecnologia de Informação (TI), assim a taxa nominal de câmbio com o

dólar manteve-se inalterada, permitindo a China centrar seus investimentos públicos. 57

Portanto, a China como produtora mundial de produtos da TI e de bens de

consumo industrial tornou-se primeiro pólo e segundo pólo como grande mercado

interno em expansão.

Diante do fato de manterem esse formidável crescimento econômico e de

estabilidade de sua moeda, a China se tornou um exportador líquido para os EUA e para

o Japão e importador para a Ásia.

1.6.1. A autonomia da política chinesa

Desde 1994 a taxa nominal de câmbio da moeda chinesa se manteve fixa, e

desde 96 determinou-se total conversão do renminbi para as transações correntes. 58

55 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 56 Idem. 57 Idem. 58 Idem.

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Ultimamente o saldo comercial da China com os EUA ultrapassou o saldo

japonês, o que caracterizou o déficit comercial bilateral americano. Tal sustentação de

taxa se deu com uma política de formação de reservas do banco central chinês, apesar

de ter apresentado custos fiscais significativos para o país. Para compensar as

desvalorizações dos concorrentes asiáticos, as exportações chinesas fora das zonas

especiais de processamento de exportações foram instigadas por meio de devoluções

fiscais que aumentaram expressivamente. 59

Mesmo diante da pressão de uma potência como os EUA, para valorizar sua

moeda a China resiste em alterar seu regime cambial. Tendo em vista a grande

participação de depósitos em moedas estrangeiras no sistema bancário chinês, eles

temem que a liberação financeira provoque pressões especulativas, introduzindo uma

restrição à autonomia da política monetária chinesa.

1.6.2. A dinâmica interna do desenvolvimento econômico chinês

Desde sua formação moderna em 1949, seu ciclo econômico foi regido por

investimentos em capital fixo das empresas estatais, mas nos anos 90 o boom das

exportações e dos investimentos privados inseriram novos determinantes ao método de

investimento chinês com queda na participação das empresas estatais no investimento

global.

�De acordo com Chunlin (2002), as pequenas empresas industriais caíram de

72 mil exisitentes em 1995 para 34 mil em 2000, em decorrência de

privatização ou liquidação. O numero de pequenas empresa estatais em todos

os setores permanece, entretanto, muito alto�60.

Considerando o tamanho de sua população e seu nível de renda, a principal

advertência ao crescimento conduzido pelos investimentos públicos foi o ritmo de

expansão da produção de bens de consumo, principalmente formado pelos alimentos.

59 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 60 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07.

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Nos anos 80, com a abertura da economia, a ampliação da capacidade de

importar se transformou na principal restrição para o processo de industrialização

chinesa. Como as exportações chinesas no começo do processo de abertura eram fortes

apenas em produtos primários (carvão, petróleo e grãos), era de extrema importância o

aumento da produção e da produtividade na agricultura, tanto para o consumo interno

quanto para exportações. 61

Com o processo de industrialização acelerado, o consumo de minério de ferro,

aço, carvão e alumínio da China excedeu drasticamente sua capacidade de produção

desempenhando muita pressão nos mercados mundiais. 62

No entanto, por causa do alto teor das importações peculiar as ações de

processamento, a máquina de crescimento chinês não se desviou para as empresas

estrangeiras, mas continuou aplicada nos investimentos públicos, nas exportações das

empresas estatais e na ampliação de consumo. 63

Nos anos 90 o ciclo de expansão dos investimentos estatais da China foi seguido

por uma destemida estratégia industrial, diversificando concomitantemente as

exportações por meio de política tecnológica, de investimentos e modernização da

infraestrutura de maneira a unir populações e territórios do interior. 64

O boom dos investimentos direcionados ao mercado interno, além do

desenvolvimento de zonas voltadas ao progresso tecnológico e as estratégias das

grandes empresas transnacionais no mercado chinês proporcionou uma onda de

investimentos externos voltado ao mercado interno.

Apesar de ainda permanece em níveis muito modestos em termos internacionais

e do tamanho de sua população, a ascensão da renda média chinesa gera grandes

transformações no tamanho absoluto do mercado consumidor.

61 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 62 Idem. 63 Idem. 64 Idem.

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1.6.3. A China e seu impacto na Ásia

Num período entre 2000 e 2003 as importações americanas oriundas da China

aumentaram em 50%, apesar de apresentarem um relevante declínio das importações

originadas no Japão e os demais países do Leste Asiático. Ao mesmo tempo, a China

elevou vastamente sua demanda sobre as exportações asiáticas. Assim, o aumento das

exportações chinesas se deu num contexto de intensa expansão conjunta dos países

asiáticos, cuja participação nas exportações mundiais de manufatura expandiu-se na

ultima época. 65

No ano de 2002 o comércio bilateral entre a China e o Japão, obteve a espantosa

cifra de US$ 102 bilhões e desde 1990 a percentagem de crescimento desta corrente de

comércio ultrapassa a que a China apresentou com o resto do mundo. Isso impulsionou

a recuperação japonesa. 66

Atualmente a China constitui o maior mercado de componentes para a indústria

japonesa, e parcela significativa dos investimentos nipônicos na China direcionam-se à

instalação dessa trama de comércio e produção, conduzida por suas importantes

corporações.

Em 1992, com o retorno das relações diplomáticas com a Coréia, as exportações

coreanas para a China aumentaram consideravelmente, tornando a China, em 2003, o

principal mercado de exportações coreanas, superando os EUA como mercado final. 67

1.7. BRIC

Devido ao seu extraordinário crescimento econômico a China tornou-se membro

da BRIC.

BRIC é um acrônimo adotado pelo grupo Goldman Sachs para indicar os quatro

principais países emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia e China. Utilizando as

65 Disponível em

www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em 13/03/07. 66 Idem. 67 Idem.

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últimas projeções demográficas, modelos demográficos e crescimento de produtividade,

o grupo mapeou as economias dos países acima até 2050. Acredita-se que juntos

poderão se tornar a maior força na economia mundial, tornando-se maiores do que os

países dos G6 (Japão, Inglaterra, EUA, Itália, França e Alemanha) em se tratando de

dólar americano. 68

Apesar de não serem ainda as maiores economias mundiais, os BRICs já

possuem grande influência no mundo capitalista, o que pode ser visto claramente na

reunião da OMC em 2005 onde países em desenvolvimento liderados pela Índia e Brasil

uniram-se a países subdesenvolvidos para impor a retirada de subsídios governamentais

e a redução na tarifas de importação e comércio na União Européia e no Estados

Unidos. 69

Acredita-se ainda que em 2050 a China torna-se a maior economia mundial,

tendo como base seu acelerado crescimento econômico.

Nada se sabe sobre o futuro dos BRICs, pois todos os países são passivos de

conflitos internos, governos corruptos e revoluções populares, mas se nada acontecer, os

BRICs terão juntos um poder inigualável comandados pelo dragão chinês.

Descrever como todo esse processo de abertura e reformas políticas, sociais e

principalmente econômicas promoveu esse alucinante desenvolvimento, transformando

a China na potência que ela é hoje foi de suma importância para entender como se dará

a relação Brasil-China, quais os benefícios e conseqüências de tal relação, além de

contribuir para um melhor entendimento da atual situação da economia, mas antes

disso, o próximo capítulo apresentará as principais características do Brasil.

68 Informações disponíveis em http://pt.wikipedia.org.wiki/BRIC. Acesso 16/03/2007. 69 Idem.

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2. BRASIL

O Brasil é uma república federativa situada na América do Sul com a quinta

maior população e também a quinta maior área do mundo.

A economia brasileira é considerada, atualmente, a maior da América Latina, e

esta entre as 10 maiores economias mundiais em critérios de Paridade do Poder de

Compra (PPC). È diversificada e composta por vários tipos de atividade econômica e

industrial. 70

Apesar de ser o quinto país mais populoso do mundo, apresenta uma das mais

baixas densidades populacionais. A maior parte da população se concentra ao longo do

litoral, apresentando enormes vazios demográficos em seu interior. 71

Com aproximadamente 190 milhões de habitantes e taxa de urbanização por

volta de 80%, sendo que 250 mil habitantes concentram-se nas 100 maiores cidades,

que são em sua maioria, capitais estaduais e cidades do interior da Região Sudeste,

principalmente dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. 72

Nos últimos anos construiu uma economia sólida, com inflação controlada, as

exportações em alta, valorização da moeda (Real) frente ao dólar desde 2004, renovação

do risco país e recorde de pontos da Bovespa. Em 2007, o PIB brasileiro apresentou um

crescimento superior ao que se pensava, mostrando uma economia pronta para estrelar

junto às outras economias BRICs. 73

Este capítulo descreve como se deu tal desenvolvimento, desde o período

colonial até os dias atuais.

70 Disponível em http://www.thereefclub.com.br/pt/Economia-Local. Acesso em 10/09/2007. 71 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 72 Idem. 73Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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2.1. Evolução Histórica

Ao longo da História do Brasil a economia brasileira passou por diversos ciclos.

Em cada, um setor foi beneficiado em favor de outros, o que levou a sucessivas

mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais. 74

O primeiro ciclo econômico brasileiro foi a extração do pau-brasil, madeira

avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos. Os portugueses fizeram feitorias e

sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o corte e carregamento da madeira

por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. 75

O segundo ciclo foi o plantio de cana-de-açúcar, usada na Europa para a

manufatura de açúcar. Seu plantio escolheu o latifúndio como estrutura fundiária e a

monocultura como técnica agrícola. A agricultura da cana inseriu o modo de produção

escravista, fundamentado na importação e escravização de africanos, resultando no

tráfico negreiro. 76

No fim do século XVII descobriu-se ouro nos ribeiros das terras pertencentes à

capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas como Minas Gerais.

Descobriram-se, no final da década de 1720, diamante e outras gemas preciosas. E no

século XVIII encontraram metais preciosos em Goiás e no Mato Grosso. 77

O café foi o produto que estimulou a economia brasileira desde o início do

século XIX até a década de 1930, e tornou-se o principal produto de exportação do país

durante quase 100 anos. A riqueza trazida pelo café deu fama internacional e prestígio

ao Brasil, atraindo muitos imigrantes. O país desenvolveu uma base industrial e

começou a se expandir para o interior do país. 78

�O Brasil nasceu e cresceu econômica e socialmente com o açúcar, entre os

dias venturosos do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o terem

ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base na formação da sociedade e na

forma de família. A casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau, da

74 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 75 Idem. 76 Idem. 77 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 78 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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fazenda de café, da estância. Foi base de um complexo sociocultural de

vida�.79

A seiva da seringueira - árvore nativa da Amazônia - servia para a fabricação de

borracha, foi descoberta em meados do século XIX e iniciou-se o ciclo da borracha no

Amazonas.

A partir de 1970, um novo produto que estimulou a economia de exportação foi

a soja, inserida a partir de sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O modelo

escolhido para o plantio de soja foi a monocultura extensiva e mecanizada, gerando

desemprego no campo e elevando os lucros do novo setor de "agro-negócio". O

desenvolvimento da cultura da soja se deu às custas da "expansão da fronteira agrícola"

na direção da Amazônia, levando a desmatamentos em larga escala. 80

Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam armas de fogo, tecidos,

utensílios de ferro, aguardente e tabaco, em troca de escravos, pimenta, marfim e outros

produtos. 81

2.2. Evolução Política

A partir da Constituição de 1988, o Brasil tornou-se uma República Federativa

Presidencialista.

Os presidentes da República Velha, período que sucedeu a era Pré-Colonial

foram: Governo temporário marechal Manuel Deodoro da Fonseca, em 1889 e eleito em

1891; Prudente José de Morais e Barros, em 1894; Manuel Ferraz de Campos Sales, em

1898; Francisco de Paula Rodrigues Alves, 1902; Afonso Augusto Moreira Pena, em

1906; Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena assumiu em seu lugar); marechal

Hermes da Fonseca, 1910; Venceslau Brás Pereira Gomes, 1914; Francisco de Paula

Rodrigues Alves (morreu antes de assumir), 1918; Delfim Moreira da Costa Ribeiro, em

1918; Epitácio da Silva Pessoa, 1919; Artur da Silva Bernardes, em 1922; Washington

79 Gilberto Freire apud http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. 80 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 81 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007.

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Luís Pereira de Sousa,1926 e a Junta governativa: General Augusto Tasso Fragoso,

General João de Deus Mena Barreto e o Almirante Isaías de Noronha, em 1930. 82

Em 1930, Getúlio Vargas comanda uma revolução que acaba com a República

Velha e o coloca no poder. Em 1931, derruba a Constituição brasileira, em 1934 sob

forte pressão, promulga uma Constituição Democrática, e em 1937 alegando uma

conspiração comunista para a tomada do poder, conhecida como Plano Cohen, Vargas

aprova uma nova Constituição, fechando o Congresso Nacional, limitando a liberdade

individual, estabelecendo uma ditadura de inspirações fascistas, mas também fortemente

nacionalista e voltada à aceleração da industrialização, que durou até 1945. 83

O período conhecido como República Nova começou com a renúncia forçada de

Vargas, em outubro de 1945. O General Eurico Gaspar Dutra foi o presidente eleito,

assumindo no ano seguinte. Em 1946 foi promulgada nova Constituição, mais

democrática que a anterior, restabelecendo direitos individuais. 84

Em 1950, Getúlio Vargas volta a presidência, mas desta vez eleito pelo voto

direto. Em 1954 comete suicídio dentro do Palácio do Catete, levando seu vice, João

Fernandes Campos Café Filho a assumir o cargo. 85

O desenvolvimentismo foi a corrente econômica que predominou em 1950, do

segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar. Com isso, grande parte de

sua infra-estrutura se desenvolveu rapidamente e alcançou altas taxas de crescimento

econômico. Mas, frequentemente o governo manteve suas contas em desequilíbrio,

aumentando a dívida externa, resultando em uma grande onda inflacionária. 86

Em 1955, Juscelino Kubitschek se elege presidente e toma posse em janeiro de

1956. Seu governo também se fundamentou no desenvolvimentismo, doutrina que

voltada aos avanços técnico-industriais. Em 1960, Kubitschek inaugurou Brasília, a

nova capital do Brasil. 87

82 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007 83 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 84 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 85 Idem. 86 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 87 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007.

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Em 1961 assume a presidência da república Jânio Quadros, que renunciou em 25

de agosto do mesmo ano. Seu vice, João Goulart, assumiu. 88

O governo de Goulart foi marcado por inflação alta, estagnação econômica e

uma forte oposição das forças armadas. Em 31 de março de 1964 as Forças Armadas

efetuaram um golpe, destituindo João Goulart. Os líderes do golpe escolheram como

presidente o General Humberto de Alencar Castelo Branco, seguido pelo General

Arthur da Costa e Silva (1967-1969), o General Emílio Garrastazu Médici (1968-1974),

o General Ernesto Geisel (1974-1979) e o General João Baptista de Oliveira Figueiredo

(1979-1984). As principais medidas resultantes desses governos foram o corte de alguns

direitos constitucionais dos elementos e instituições ligados à suposta tentativa de golpe

pelos comunistas e uma forte censura à imprensa. 89

Em 1985, Tancredo Neves ganha uma eleição indireta no Colégio Eleitoral. É o

fim da ditadura militar e o início Nova República. Ele não toma posse, vindo a falecer

vítima de infecção hospitalar. Seu vice, José Sarney, assume a presidência da república

e, em 1988, promulga a Constituição que estabelece um Estado Democrático de Direito

e uma República Presidencialista. 90

Em 1° de março de 1986, Sarney e sua equipe econômica lançam o "Plano

Cruzado", na tentativa de conter a inflação, sendo o congelamento de preços e a criação

de uma nova moeda, o cruzado (Cz$), algumas das medidas anunciadas. 91

Em 21 de novembro de 1986, decreta o "Plano Cruzado 2", com a liberação dos

preços. Tal medida resultou em um descontentamento do povo para com o governo. A

conseqüência foi o aumento da inflação, agravando ainda mais a situação, onde, em 20

de janeiro de 1987 o governo decreta moratória, deixando de pagar a dívida externa. 92

Em abril de 1987, o governo lança o "Plano Bresser", com novo congelamento

de preços. Em junho de 1987 acaba com a moratória, mas a inflação voltou a subir. Em

88 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 89 Idem. 90 Idem. 91 Idem. 92 Idem.

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15 de janeiro de 1989 outro plano é lançado, o "Plano Verão", com a implantação de

uma nova moeda, o cruzado novo (Ncz$). 93

Em 1989 Fernando Collor é eleito presidente, e após dois anos, o próprio irmão

do presidente, Pedro Collor de Mello, faz denúncias públicas de corrupção. Sem

nenhuma resistência do Executivo, o Congresso Nacional começou uma CPI cujas

conclusões levam ao pedido de afastamento do presidente (impeachment) e seus direitos

políticos suspensos por dez anos. 94

Sucedido pelo vice-presidente Itamar Franco, que implantou o Plano Real, um

plano econômico inédito no mundo realizado pela equipe do então ministro da fazenda,

Fernando Henrique Cardoso (FHC). Verificando que a hiperinflação brasileira era um

fenômeno de separação da unidade monetária de troca da unidade monetária de contas,

a medida agrupou todos os índices de reajuste de preços aplicados em um único índice,

a Unidade Real de Valor (URV), que mais tarde se transformou em moeda corrente, o

real. 95

Com o sucesso do Plano Real, FHC, concorre, é eleito presidente em 1994 e

reeleito em 1998. 96

O sucesso do novo plano fundamentou-se na sequência de fases que

antecederam sua implementação como a adoção de medidas voltadas à busca do

equilíbrio das contas públicas; a determinação de uma unidade de conta (URV) para

estabilizar os preços da economia e a conversão dessa unidade na nova moeda estável

da economia, o real. Assim a implantação do Plano Real eliminou a indexação

retroativa, sem precisar congelar preços e salários para conter a inflação. 97

A inflação é um dos piores problemas da economia brasileira. Em 1979 estava

em 45% ao ano, subindo para 100% entre 1980 e 1982, para 200% entre 1983 e 1984 e

chegando a 400% no começo de 1986. Em 1995 a taxa da inflação média acumulada era

de 20% a.a., caindo para 0,8% em 1998 Esse processo levou a uma queda drástica da

inflação. 98

93 Idem. 94 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 95 Idem. 96 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 97 Idem. 98 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 62.

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Índice da inflação de 1930 a 2005

Fonte: IBGE

Com a implantação de reformas monetárias, passando pelo cruzeiro, cruzeiro

novo e cruzado, a taxa de inflação foi se tornando mais acentuada.

Durante os dois Governos FHC (1994-1998), manteve-se o sistema liberal de

comércio. Em 1991 e 1992, aconteceu uma recessão no Brasil que restringiu o aumento

acelerado das importações, limitando o desgaste do saldo comercial. Anos depois, este

foi corroído pelas exportações e pelas elevadas importações. A partir de 1995, o saldo

ficou negativo. 99

�O controle da inflação, com âncora cambial e saldo negativo das contas

externas, só se sustenta se houver captação de recursos no mercado

internacional. O País precisou criar mecanismos para atrair recursos externos,

o que levou a taxas de juros extremamente elevadas�.100

�O resultado da política de saldos negativos das contas externas, ao lado de

um controle extremo da política monetária, resultou numa estagnação

crescente da economia�.101

Ele também protagonizou a privatização de grandes e importantes empresas

estatais como a Telebrás e a Companhia Vale do Rio Doce, alegando "baixa capacidade

. 99 Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 100 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126. 101 Idem.

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de investimento do Estado" e a "necessidade de maior eficiência de gestão em

determinadas áreas". 102

Em 2002, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente da

República. A ortodoxia econômica, isto é, o neoliberalismo, continua em vigor, embora

de forma muito mais amena e muito menos prejudicial aos setores humildes da

população. Em 2006, Lula é reeleito presidente.

Hoje é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Índia,

Rússia e China. A política externa praticada pelo Brasil dá prioridade à aliança entre

países subdesenvolvidos para negociar com os países ricos.

2.3. Língua

Durante os primeiros anos de colonização, a língua indígena (Tupi) era falada

inclusive pelos colonos portugueses, más a partir do século XVIII, o português tornou-

se a língua oficial falada e escrita por toda a população. 103

Atualmente, o Brasil é o único país de língua portuguesa das Américas, usada

nas instituições de ensino, nos meios de comunicação e nos negócios.

2.4. Moeda

Diante de tantas mudanças econômicas e políticas o país teve diversas moedas, a

atual denomina-se real. O sistema financeiro brasileiro é de responsabilidade do

Conselho Monetário Nacional, que é controlado pelo governo federal. O mais

importante agente é o Banco Central do Brasil, que fixa a taxa de juros e pode interferir

no câmbio por ações de open market. A principal bolsa de valores do Brasil é a Bovespa

que movimenta títulos e outros papéis das empresas brasileiras de capital aberto. 104

102Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 103 Idem. 104Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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2.5. Economia

O país opera com um mercado livre e uma economia exportadora, com indústria

e agricultura mista, onde setor de serviços prevalece. Medido por Paridade de Poder de

Compra, seu Produto Interno Bruto ultrapassa 1.6 trilhão de dólares, tornando-o a oitava

maior economia do mundo e a maior da América Latina em 2006. Neste mesmo ano, o

PIB subiu para, aproximadamente, US$ 1,880 trilhão, levando o Brasil a ocupar a

posição de 7ª maior economia mundial. 105

Objetivando o desenvolvimento de uma indústria interna de porte no país (na

Era Vargas), foi necessário trocar as exportações e impulsionar o comércio externo, a

fim de obter divisas para importar o que a indústria nascente passou a requerer, assim

foram criados mecanismos tributários e outros incentivos, com o objetivo de promover

as exportações. 106

Este modelo funcionou até 1970, quando recursos do Tesouro esgotaram. Então,

equalizaram-se os juros e o país foi à procura de investimento externo. 107

De 1969 a 1973, o país viveu o chamado Milagre Econômico, quando um

crescimento acelerado da indústria criou empregos não-qualificados e aumentou a

concentração de renda. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a

repressão à oposição viveu o seu auge. A industrialização manteve-se no eixo Rio de

Janeiro - São Paulo, seduzindo para esta região uma imigração em massa das regiões

mais pobres do país, principalmente o Nordeste. 108

Apresentava crescimento anual de 7%, mas os últimos vinte e cinco anos

ficaram conhecidos por �stop and go� da atividade econômica, associado a baixos níveis

de crescimento, 2% a.a. e diminuição das taxas de investimento. Nos anos 80 o extenso

105 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Historia_do_brasil#Economia_colonial. Acesso em 10/09/2007. 106 Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 107 Idem. 108Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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período de estagflação também coincidiu com o esgotamento do modelo de substituição

de importações. 109

A década de 1980 foi apontada pela paralização do nível de atividade, por

intensos desequilíbrios macroeconômicos e, em especial, pela hiperinflação virtual. De

1980 a 1993, a taxa de crescimento média da economia brasileira foi muito baixa, de

apenas 2,1% a.a., levando a uma estagnação do PIB per capita. O crescimento do

produto foi também muito desigual, alternando anos de grande expansão com outros de

expressivo declínio. A indústria, principal locomotiva do crescimento econômico desde

o governo JK, foi atingida e sua participação no PIB baixou de 33,7% em 1980 para

29,1% em 1993. O resultado foi o não pagamento de dívidas com credores

internacionais. Não foi por acaso que os anos 80, na economia brasileira, ganharam o

apelido de "década perdida". 110

Taxa de inflação � IGP-DI

Fonte: Fundação Getúlio Vargas.

Nesse mesmo período, a taxa de inflação, medida pelo IGP-DI, alcançou o

patamar médio de 438% a.a. Ao mesmo tempo em que se tentava dominar a inflação,

109 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007. 110 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007.

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iam sendo criadas medidas para torná-la tolerável, o que acabava promovendo a sua

aceleração. 111

Ainda, na segunda metade da década de 80, houve significativa diminuição das

taxas de investimento no país, que era de 23,6% do PIB. Em 1990, o indicador baixou

para 15,5% do PIB e continuou a cair até alcançar, em 1992, o vale de 14% do PIB. Tal

situação refletiu tanto a menor poupança agregada como também o aumento do preço

relativo dos bens de investimento, implicando na própria instabilidade econômica e das

políticas públicas escolhidas para combatê-la. 112

O saldo da balança comercial passou do déficit de US$ 2,9 bilhões para o

superávit de US$ 13,1 bilhões em 1984. 113

E ainda nos anos 80, as contas do setor público também passaram por um grave

processo de deterioração, como decorrência da queda das receitas em função do baixo

crescimento econômico e de uma política expansionista de incentivos e subsídios

fiscais. 114

Não se pode esquecer que a Constituição de 1988 piorou o problema do

desequilíbrio das contas públicas, ao transferir parte das receitas fiscais da esfera federal

para estados e municípios, sem redistribuir os gastos. Assim, em 1989 o déficit fiscal,

no conceito operacional, atingiu 7% do PIB. 115

Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um longo

momento de instabilidade monetária e de recessão, com altas taxas de inflação,

associados ao arrocho salarial, crescimento da dívida externa e crescimento pífio. 116

Em seguida, os anos 90 vieram representar a década em que se abdicaram os

modelos nacionais desenvolvimentista, baseados na substituição de importações, para a

abertura comercial e financeira, a privatização e a desregulamentação dos mercados,

que aumentou a vulnerabilidade externa e inviabilizou o crescimento. 117

111 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 112 Idem. 113 Idem. 114 Idem. 115 Idem. 116 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 117 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007.

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O liberalismo econômico inaugurado por Collor de Mello em março de 1990

levou a abertura do comércio brasileiro. As importações, que eram fechadas por

elevadas tarifas para resguardar nossa indústria local, foram abertas.

Durante a primeira metade da década de 1990, apresentava inflação alta e

crescente, déficit fiscal e desvalorização da taxa de câmbio. 118

O papel do Estado na economia mudou drasticamente, passando de um Estado

empresário para um Estado regulador e fiscal da economia. A preferência não era mais

o acumulo de capital, mas a busca da eficiência, com o mercado suprindo o Estado na

definição da alocação de recursos. Assim, o novo modelo de desenvolvimento

apresenta uma economia mais aberta, com maior coerência com o resto do mundo, não

apenas no que se refere aos fluxos comerciais, como também ao investimento direto

estrangeiro. 119

�De um Estado, protetor e desenvolvimentista � de herança ibérica � ocorreu uma ruptura para um estado liberal, através do comércio exterior. Deu-se o desmonte da proteção das tarifas aduaneiras e não se incentivam mais as

exportações. No início da década de 90, ocorreu uma mudança radical do

papel do Estado para com a Sociedade brasileira�.120

Em 1993 as importações totalizaram US$ 25,5 bilhões, em 1995 US$ 49,9 e em

1997 já estavam em US$ 61,4 bilhões. 121

Depois de um longo período de taxas de inflação altíssimas e crescentes, em

1994 o Brasil conseguiu consolidar os preços e fazer a economia crescer, ainda que a

taxas moderadas. Ao longo dos anos 90, o Brasil também enfrentou intensas mudanças

estruturais que abriram caminho para um novo tipo de inserção internacional do país. 122

Neste período, a inflação começou a se estabilizar, um êxito alcançado à custa de

penoso endividamento crescente e de curto prazo. Os recursos obtidos voltaram-se para

a cobertura das contas de transações correntes (somatório do saldo comercial e do saldo

de serviços).

118 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007 119 Idem. 120 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126. 121 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 122 Idem.

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Já em 1995 apresentava inflação baixa e declinante, contas públicas com elevado

desequilíbrio, taxa de câmbio expressivamente almejada e rápida deterioração do

resultado da conta corrente. 123

A origem desse contraste apresenta três elementos. Primeiro, a própria redução

da inflação, que se havia alterado com a quase total indexação dos tributos e a inferior

proteção dos gastos contra o efeito corrosivo da elevação de preços na grande aliada do

governo no ajuste ex-post das contas públicas. Em segundo, o significativo aumento do

gasto público ocorrido nesse período. E, por último, a combinação dos efeitos

ultrapassados da abertura comercial, iniciada no começo dos anos 90, com a política

cambial praticada nos primeiros meses do Plano Real. 124

No final de 1997, aconteceu um movimento de desvalorização real e gradual da

taxa de câmbio, pois a variação do IPA caiu de 8% para menos de 2% em 1998. A saída

para alcançar a estabilidade da política cambial foi a instabilidade das taxas de juros. 125

De 1995 a 1998 os que se viu foi uma política fiscal claramente expansionista,

revelada em sucessivas pioras até 1997 e apenas equilibrada em 1998. Paralelamente, o

governo realizou uma política monetária contracionista que serviu para tentar consolidar

os preços e conter a forte expansão do consumo após a queda da inflação. Mas, com o

tempo, essa política ficou sob o comando da necessidade de remunerar corretamente as

capitais a que o país solicitou para financiar seu déficit em conta corrente e rolar as

amortizações da dívida externa. Assim, os juros continuaram elevados para compensar o

dano do risco-país e, desde 1997, o desejo de desvalorização real gradual da taxa de

câmbio. 126

As exportações também cresceram até 1997, mas em um ritmo

consideravelmente inferior, totalizando em 1993 US$ 38,6 bilhões, US$ 46,5 em 1995 e

US$ 53 bilhões em 1997. Mas, em 1998, principalmente por causa da crise financeira

asiática, da queda das cotações do commodities no mercado internacional e da falta de

aquecimento da economia mundial, as exportações brasileiras caíram para US$ 51,1

bilhões. 127

123 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 124 Idem. 125 Idem. 126 Idem. 127 Idem.

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No que se refere a abertura comercial e apreciação cambial, foi bastante

significativo o impacto da queda das taxas de importação que começou em 1991 e da

apreciação nominal da tarifa de câmbio sobre a procura por importações (a cotação caiu

de R$/US$ 1 no começo do Plano Real para R$/US$ 0,84. Assim essa combinação

resultou em uma considerável reversão dos resultados da balança comercial, que se

manteve em déficit de 1995 a 1998. 128

Com isso o crescimento da economia, que foi de 5,4% a.a. caiu para 3,6% no

período de 1995 a 1997 e para quase zero em 1998. 129

O país enfrentou, além do déficit fiscal, outro problema, o déficit em conta

corrente. Em 1994 representava 0,3% do PIB, mas em 1998, já era 4,5%. O aumento do

déficit dessa conta se deve pelo comportamento das rubricas de pagamento de juros e

remessa de lucro ao exterior, que são conseqüência do aumento das taxas de juros

externas pagas pelo Brasil, do aumento da dívida externa e os investimentos

estrangeiros diretos no país. 130

O aumento da dívida do setor público foi o principal resultado desse

desequilíbrio fiscal. Em 1981 a dívida líquida total era de 23,7 do PIB. Em 1994 subiu

para 53,4%. Nesse mesmo ano a dívida interna líquida representava 17,6% do PIB,

alcançando os 31,7% em 1998. Já a dívida externa pública líquida baixou nos primeiros

anos do Plano Real, ficando em 3,9% em 1996. Mas com a perda de reservas, houve

reversão, atingindo 6,6% em 1998. 131

Outra questão em evidência foi a do emprego, justamente pelo aumento dos

índices de desemprego e seus efeitos drásticos sobre o bem-estar social. Segundo o

IBGE, o índice de desemprego passou de 4,6% a.a. para 7,6% em 1998. 132

Esse nível de desemprego é afetado pelo processo tecnológico, pela situação

conjuntural da demanda, pelo custo da mão-de-obra (imposto pela legislação

trabalhista) e pela falta de mão-de-obra qualificada e especializada, que se dá devido às

péssimas condições da educação. 133

128 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro/eco90_01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 129 Idem. 130 Idem. 131 Idem. 132 Idem. 133 Idem.

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Taxa de desemprego (%)

Fonte: IBGE

Um estudo feito pelo Banco Mundial revelou que o sistema de ensino brasileiro

teve a pior classificação a respeito das condições dos principais países emergentes para

se inserirem na chamada "sociedade do conhecimento", estágio mais avançado do

capitalismo. 134

No dia 26 de outubro de 2006, a Unesco publicou o relatório anual "Educação

pata Todos" onde o país ocupa a 72º posição, em um ranking de 125 países. 135

O ensino médio completo brasileiro abrange apenas 22% da população, contra

55% na Argentina e 82% na Coréia do Sul. 136

�Há ausência de um planejamento governamental, para longo prazo. Faltam

políticas para o comércio exterior � um item essencial para gerar divisas para um país crescer � e uma política industrial geradora de empregos�.

137

Em 1999, mesmo com a desvalorização do real e a adoção do sistema de câmbio

flutuante a partir de janeiro deste mesmo ano, as exportações não registraram o

desempenho esperado. Isso mostrou que uma taxa de câmbio ajustada, embora

necessária, não é condição satisfatória para decidir de maneira sustentável a restrição

externa ao crescimento da economia brasileira.

134 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 135 Idem. 136 Idem. 137 Erico Lins Leite apud http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126.

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De 1998 a 2000, o déficit em conta-corrente foi quase todo financiado com o

ingresso recorde de investimentos diretos estrangeiros (IDE) médios anuais de US$ 30

bilhões. 138

O Brasil ainda exporta produtos primários, alvo de fortes oscilações de preço no

mercado internacional. Em 2003, o saldo de US$ 22 bilhões foi resultado de um baixo

crescimento industrial, com poucas importações, vinculado a um alto desempenho

agrícola. 139

Em 2004 o Brasil começou a voltar-se para as exportações, alcançando em 2006

exportações de US$ 137.5 bilhões, importações de US$ 91.4 bilhões e um saldo

comercial de quase US$ 46 bilhões. 140

No final de 2004 o PIB cresceu 5,7%, a indústria 8% e as exportações superaram

todas as expectativas. Más em 2005 a economia desacelerou, com um crescimento de

2,9%, apresentando uma pequena melhora em 2006, com um crescimento de 3,7% e

taxa de investimento em torno dos 16% do PIB, muito inferior ao índice de seus pares

emergentes. Em 2006 o PIB atingiu R$ 2,322 trilhões (US$ 1,067 trilhão). 141

Em 2007 as taxas de juros estão em torno 13%, as taxas de inflação apresentam-

se em baixos níveis, a registrada em 2006 foi de 3.1% e as taxas de desemprego de

9.6%. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país foi divulgado em 0.792,

considerado médio, mas bem próximo do nível elevado.

Hoje está entre os 20 maiores exportadores do mundo, com US$ 142 bilhões

(04/2007) vendidos entre produtos e serviços a outros países, mas sua renda per capita é

de US$ 3 mil por ano, 11 vezes mais baixa que a de um cidadão norte-americano. A

situação piora ao se considerar que metade da população economicamente ativa não tem

emprego formal. 142

2.5.1. Importação

138 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. 139 Disponível em http://www.telebrasil.org.br/impressao/artigos.asp?m=126 Acesso em 10/09/2007. 140 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 141 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 142 Idem.

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O balanço de pagamento determina limitações ao crescimento da economia

mediante imposição de restrição sobre a taxa de crescimento dos gastos autônomos.

Essa restrição se manifesta pela maior ou menor capacidade de importar bens (consumo

ou capital). Diante de um desequilíbrio no balanço de pagamento, a demanda terá que se

adequar para reduzir as importações e restabelecer o equilíbrio. 143

O alívio da restrição, como conseqüente elevação da capacidade para importar

pode ser atingido pelo financiamento externo viabilizado pela entrada de capitais; pelo

aumento das exportações e pela queda do coeficiente de importações. 144

A existência de produção doméstica de meios de produção é fundamental para

diminuir as restrições externas ao crescimento, além da uma taxa de câmbio ajustada e

de medidas de apoio à expansão das vendas externas, é indispensável um aumento da

sofisticação� da pauta de exportações brasileiras, o que implicará aumento do conteúdo

tecnológico de seus produtos. 145

Nesse sentido, o pior problema que o país enfrenta no momento é o de adaptar as

importações à capacidade para importar, a qual tem permanecido praticamente

estacionária nos últimos anos. 146

143 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. 144 Idem. 145 Idem. 146 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007.

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Importações e Saldo Comercial 1998/2002

Fonte: Banco de informações organizado por Fernando Puga (Área de Planejamento do BNDS).

Balança Comercial de 1994-1998

Fonte: Ministério da Industria, Comércio e Turismo.

2.5.2. Economia Regional

A economia também se difere por região, decorrente da localização, do clima, da

cultura, da política, etc.

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Na região centro-oeste baseia-se principalmente na agroindústria; no Nordeste

baseia-se, em indústrias, petróleo e agronegócio, além do turismo; no Norte baseia-se

principalmente em extrativismo vegetal e mineral. Merece destaque também a Zona

Franca de Manaus, pólo industrial; no Sudeste possui parque industrial variado e

sofisticado. As regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

destacam-se como os principais centros econômicos do Brasil e no Sul a maior parte das

riquezas está no setor de serviços, mas possui também indústria e agropecuária bem

desenvolvidas. Destacam-se as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre. 147

A cidade de Pernambuco possui a segunda maior economia nordestina, perdendo

apenas para a Bahia, e se baseia na agricultura, pecuária, criações e indústria. 148

O açúcar é responsável por 40% da economia do estado. Graças aos incentivos

de impostos e investimentos do governo federal em 1960, foi possível diversificar o

ajuste urbano e industrial, além do desenvolvimento das indústrias químicas e

petroquímicas, dos setores farmacêuticos, transporte e energia. 149

A fonte de vida e de riquezas das águas do Rio São Francisco favoreceu o

múltiplo uso de seu potencial hídrico, para abastecimento humano, irrigação da

agricultura, geração de energia, navegação, lazer, piscicultura e turismo e até mesmo da

exportação. 150

Diante das circunstâncias encontradas, fica claro que a região nordestina não

possui o grau de integração necessária para formar um sistema econômico. Seu produto

bruto per capita, em 1955, foi de aproximadamente US$ 110. Com esse nível de renda

uma economia dificilmente pode atingir o grau de integração necessário para formar um

mercado mais ou menos unificado e para que os fatores de produção possam desfrutar

de um grau razoável de mobilidade, resultando em atividades principalmente de

subsistência.151

E na região Sul do país existe um sistema econômico relativamente integrado,

com uma renda média por habitante em torno de US$ 340. Uma parte da população que

147 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 148 Disponível em http://www.thereefclub.com.br/pt/Economia-Local. Acesso em 10/09/2007. 149 Idem. 150 Idem. 151 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007.

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vive nos campos, dispersa ou em pequenas comunidades rurais, dedica-se

principalmente a atividades de subsistência. Seu nível de produtividade é tão baixo que

não lhe permite criar senão um minguado excedente de produção para vincular-se ao

mercado. Contudo, o nível médio de produtividade desse sistema já é suficientemente

elevado para que nele exista uma relativa integração. 152

Esse sistema econômico em processo relativamente avançado de integração, que

se encontra no Sul do país, deriva seu dinamismo de dois núcleos de atividade: o

primeiro é o setor ligado ao comércio internacional e o segundo é o setor industrial. 153

A produtividade média e o tamanho do mercado do sistema econômico do Sul

do Brasil já chegaram a um nível consideravelmente alto, capazes de autogerar

condições de impulsionar seu crescimento. Isto não significa que essa economia possa

abrir mão dos meios externos de pagamento para crescer. A estrutura de seu sistema

produtivo ainda é suficientemente elementar para que grande parte das inversões

demande uma contrapartida de divisas. Mas o fato de que a busca externa deixe de

crescer já não significa que essa economia tenha que entrar num momento de

estagnação. 154

As disparidades e desigualdades regionais ainda são um problema no Brasil.

Excluindo a região Nordeste, todos os outros estados brasileiros apresentaram um

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior a 0.8, em 2000. Tais desigualdades

se dividem em: sul rico e norte pobre. A região Sul é sinônimo de qualidade de vida,

com padrões semelhantes aos europeus, enquanto o nordeste apresenta qualidade de

vida muito inferior, similar à países como Índia e África do Sul. 155

2.5.3. Turismo

Em 2005 atraiu aproximadamente 5 milhões de turistas estrangeiros, que

deixaram US$ 4 bilhões no país, tornando o turismo uma importante atividade

econômica para o Brasil, gerando de 678 mil novos empregos diretos. 156

152 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 153 Idem. 154 Idem. 155 Idem. 156 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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2.5.4. Economia diversificada

O país é responsável por três quintos da produção industrial da economia sul-

americana e integra diversos blocos econômicos como: o Mercosul, o G-22 e o Grupo

de Cairns. Seu excelente desenvolvimento científico e tecnológico aliado a um parque

industrial diversificado e dinâmico, atrai empreendimentos externos. Os investimentos

diretos foram de US$ 20 bilhões/ano, contra US$ 2 bilhões/ano da década passada. 157

Comercializa com diversos países, sendo que 74% dos bens exportados são

manufaturas ou semi-manufaturas. Os maiores parceiros são: União Européia (com 26%

do saldo); EUA (24%); Mercosul e América Latina (21%) e Ásia (12%), sendo o

agronegócio o setor mais dinâmico dessa troca. 158

É dono um avançado centro tecnológico e pioneiro na pesquisa de petróleo em

águas profundas, de onde extrai 73% de suas reservas, além de ser a primeira economia

capitalista a abrigar as dez maiores montadoras de automóvel em seu território. 159

2.5.5. Produto Interno Bruto

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é medido por Paridade de Poder de

Compra (PPC) e alcançou 1.616 trilhões de dólares em 2006. O Banco Mundial

relacionou que a renda nacional bruta do país era a segunda maior da América Latina e

renda per capita em termos nominais de mercado era a oitava maior, sendo US$

644.133 bilhões e US$ 3.460 respectivamente, com isso, o Brasil é denominado como

um país de classe média. 160

Nos anos 20, o país estimulou seu endividamento externo, procurando uma

solução para financiar sua política de valorização do café. Tal crise começou por volta

de 1928, em decorrência da drástica redução de entrada de capitais. De 1968 a 1974 o

PIB cresceu 10% a.a., mas entre 1981 a 1983, caiu. 161

157 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 158 Idem. 159 Idem. 160 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007. 161 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 12.

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Mas com o crescimento das exportações em 1984, houve recuperação salarial,

elevação dos gastos de consumo no ano seguinte, reativação da economia e crescimento

do PIB. 162

No período de 1990 a 2002, conhecida por década perdida, a média do

crescimento anual do PIB foi apenas de 1,5%, mas seria preciso crescer a um ritmo de

5%. 163

De acordo com os critérios de Produto Interno Bruto diretamente convertido a

dólares, o Brasil é a 10° maior economia mundial, está entre as 10 maiores economias

mundiais em critérios de "purchasing power parity� e está na 63° posição no ranking do

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). 164

A partir de 2004 o Brasil começou a acompanhar a economia mundial. Ao final

deste mesmo ano o PIB cresceu 5,7%.

Crescimento real do PIB setorial brasileiro

Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Agropecuária 5,45 4,08 3,11 -0,83 1,27 8,33 2,15 5,76 5,54 4,49 5,29

Indústria 6,73 1,91 3,28 4,65 -1,03 -2,22 4,81 -0,50 2,57 0,07 6,18

Serviços 4,73 1,30 2,26 2,55 0,91 2,01 3,80 1,75 1,61 0,61 3,32

Fonte: Banco Central do Brasil

162 CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira atual ao alcance de todos. São Paulo, 1988, p. 15. 163 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31572005000400010&script=sci_arttext. Acesso em 10/09/2007. 164 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil. Acesso em 10/09/2007.

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Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos

Ano Em milhões de

reais correntes

Per capita, em

reais correntes

Em milhões de dólares

estadunidenses correntes

Taxa de

variação real no

ano

2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,31

2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 1,93

2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 0,54

2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 4,94

2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 2,30

Fonte: Banco Central do Brasil

2.5.6. O setor industrial

Caminhando ao lado do setor externo, o setor industrial é o foco dinâmico do

desenvolvimento da economia brasileira.

O valor relativo desse setor, como fonte de emprego, ainda é relativamente

pequeno. O total da mão-de-obra ocupada nas indústrias ainda não alcança os três

milhões, enquanto o total da população ativa do país aproxima-se dos 20 milhões. 165

E ao se observar o setor industrial, não do ponto de vista de ocupação, mas da

formação de renda, o cenário muda. Aproximadamente, a quarta parte da renda total do

país é fruto das atividades industriais. 166

165 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007. 166 Idem.

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49

Sua importância ainda é muito maior do que se depreende do nível relativo de

sua produtividade. Sem o setor industrial, os impulsos de crescimento, dados à

economia pelo setor externo, teriam um efeito muito mais reduzido.

Ao contrário da expansão originada no setor externo resultante de uma elevação

de preços, que se revela quase exclusivamente em maiores lucros agrícolas e

comerciais, a expansão industrial faz aumentar simultaneamente a massa de lucros e a

de salários (que leva a expansão de procura de alimentos e novo estímulo à produção

agrícola). Consequentemente haverá novo impulso de crescimento ocasionado pelas

rendas acrescidas dos agricultores, e assim por diante. 167

Portanto, o crescimento industrial cria seu próprio impulso de crescimento, o

qual se difunde aos outros setores da atividade econômica. Esse autodinamismo é

característico da indústria, sendo assim, o setor industrial trabalha como força

propulsora do crescimento das economias avançadas que são sistemas autônomos.

2.5.7. Complexo eletrônico

Uma outra dificuldade que a economia brasileira enfrenta é o complexo

eletrônico. Nos últimos anos houve um expressivo desenvolvimento dos produtores de

bens finais, mas não houve a implantação simultânea de uma sólida indústria de peças.

A forte importação de componentes para o complexo eletrônico, que, exceto

poucas exceções, compreende indústrias que produzem principalmente para o mercado

interno, tem causado um desequilíbrio considerável na balança comercial. 168

Diante da necessidade de se resolver o problema da restrição externa ao

crescimento da economia brasileira e a complexa tecnologia envolvida na fabricação de

componentes eletrônicos, a política industrial necessita favorecer a vinda dos grandes

fabricantes internacionais para produzirem internamente o que é atualmente importado.

167 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_ideias/livro-01.pdf. Acesso em 10/09/2007 168 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007.

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Fica claro que esse tipo de política industrial favorecerá não apenas a substituição de

importações, mas também as exportações. Isso porque, dadas as altas escalas de

produção envolvidas na produção de componentes eletrônicos, o mercado interno não

será suficiente para absorver o montante produzido. 169

2.5.8. Problemas Sociais

Significativas violações de direitos humanos ocorrerem no Brasil. A polícia é

freqüentemente abusiva e corrupta; péssimas as condições das prisões; violência rural;

conflitos de terra, entre outros.

Estimativas mostram que entre 25.000 e 40.000 pessoas ainda estão submetidas

à situação de trabalho escravo no Brasil. A Organização Internacional do Trabalho

relatou em 2006 que a impunidade é um dos maiores empecilhos para erradicar essa

prática do país. E em relação ao trabalho infantil 151 mil novos casos foram relatados

em 2006. 170

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, em junho de 2006 a taxa de miséria

baseada em renda de trabalho era de 18,57% da população. A taxa de miséria está

diretamente associada a desigualdade econômica do país. 171

A região em que há maior concentração da pobreza é o Nordeste, porém, a

pobreza está presente em todo o país, sobretudo nas favelas.

O último capítulo apresentará uma breve comparação entre os dois países,

descrevendo como se deu a relação política, comercial e econômica entre eles e como o

crescimento da economia chinesa afeta a economia brasileira.

169 Disponível em http://www.bndes.gov.br/conhecimento/revista/rev2001.pdf. Acesso em 10/09/2007. 170 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil. Acesso em 10/09/2007. 171 Idem.

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3. RELAÇÕES BRASIL-CHINA

O cenário internacional vem passando, nos últimos anos, por importantes

transformações sociais e econômicas. Com a crescente integração econômica entre as

nações, alguns países em desenvolvimento, ao se abrirem para o exterior, tiveram

elevadas taxas de crescimento, outros amarguraram crises sociais, políticas e

econômicas. Nesse contexto, não se pode deixar de falar da República Popular da

China, um país agrário e marcado por anos de planificação econômica, passou por

várias reformas, conquistou o mercado externo, investimento estrangeiro sustentável e

com um crescimento médio acima de 9% ao ano.

A inclusão competitiva de um país em desenvolvimento na economia mundial

depende e muito da disponibilidade de volumosos recursos para investimento em infra-

estrutura, pesquisa e qualificação de mão-de-obra. Desde o começo dos anos 90, as

taxas anuais de investimento brasileiras têm se mantido em torno de 20% do PIB,

patamar precário para a manutenção de elevadas taxas de crescimento a longo prazo. Já

a China apresentou taxas por volta de 40% do PIB no mesmo período. 172

Assim, para o Brasil elevar seu volume de inversão nos setores produtivos ou de

infra-estrutura, e considerando-se as diferentes situações e peculiaridades existentes

entre os dois países, a experiência chinesa merece atenção.

3.1. Como se deu o crescimento chinês

Os chineses construíram uma das economias mais prosperas do mundo, ao longo

dos anos, em parte ancorada na fabricação de bugigangas e falsificações de marcas

famosas do Ocidente.

172 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 123/124.

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Mas a China sem imaginação e preocupada apenas em ganhar dinheiro com a

reprodução do sucesso alheio esta ficando para trás. Uma nova geração vem ganhando

projeção internacional, com uma criatividade vigorosa e um extraordinário senso de

inovação, dentre eles, designers, arquitetos, estilistas, publicitários, artistas, e outros. 173

Em parte, a recuperação de tal criatividade se deu graças a reformulação da

estratégia de crescimento empregada pelo Estado. O governo reconheceu que não há

futuro para o país se continuar produzindo cópias dos produtos mais famosos do mundo.

Assim, resolveu transformar o país num grande laboratório. O investimento em pesquisa e

desenvolvimento de novas tecnologias foi multiplicado, entre 1995 e 2004, chegando a

US$ 136 bilhões em 2006, de acordo com a Organização para a Cooperação do

Desenvolvimento Econômico � OCDE. Este valor corresponde a quase metade dos

investimentos feitos pelos EUA. Na mesma época, o Brasil investiu US$ 32 milhões. 174

Nos últimos 25 anos, apresentou um excepcional boom econômico, decorrente

da aplicação de reformas. O país cresceu aproximadamente 9% a.a. e elevou a renda per

capita, gerando um universo com novas oportunidades de emprego e investimentos

nunca visto, apesar de 68% de sua população ainda viver e trabalhar no campo. 175

Antes de seu progresso, o desenvolvimento econômico chinês apresentava

problemas como: administração desorganizada; infra-estrutura deficitária; população

com baixo grau de instrução; uso de tecnologia precária na indústria e no campo;

deficiência nos investimentos públicos (fora o setor militar); baixa produtividade nas

empresas; elevadas índices de desperdício; elevados subsídios estatais; forte repressão à

oposição; poucas reservas cambiais e ausência e/ou pouca utilização de normas jurídicas

e contábeis. 176

O auge da abertura econômica chinesa foi em 1984, ao serem criadas as Zonas

Econômicas Especiais (ZEEs). Localizadas em quatro áreas litorâneas no sudeste

chinês, foram abertas aos investimentos estrangeiros, objetivando gerar transferência de

tecnologia das empresas multinacionais para empreendedores locais, por meio de joint

173 Revista Época, 2007, p. 56. 174 Revista Época, 2007, p. 57. 175 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 100. 176 Idem, Ibidem, p. 101.

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ventures. Isso levou a maior liberalização do comércio e do mercado agrícola e a uma

rápida modernização dessas áreas. 177

O desenvolvimento das ZEEs ajudou no desenvolvimento de algumas condições

que impulsionaram o crescimento chinês. As principais foram: incentivos aos

investimentos estrangeiros diretos (IEDs); formação de empresas privadas nacionais;

forte controle estatal sobre o câmbio, o que o manteve sempre desvalorizado; grande

oferta de mão-de-obra sem qualificação vinda do campo e fartos subsídios ao emprego

de mão-de-obra qualificada no setor industrial, com baixos salários, objetivando gerar

acúmulo de capital por meio de exportação de produtos mais baratos; controle

governamental na indústria de eletricidade e petroquímica, nos setores de petróleo, gás

natural e gás de carvão e metalurgia, na busca de um crescimento sustentado a longo

prazo; elevadas taxas de poupança interna e crescente retorno do uso de mecanismos

jurídicos e contábeis para regulamentar as atividades empresariais no país; fartos crédito

bancário, além de baratos e logística eficiente. 178

Assim, ao longo dos anos a China tornou-se o único país em desenvolvimento,

com inflação controlada, economia crescente e atraindo capitais internacionais sem

precedentes.

3.2. A abertura econômica chinesa

Após os anos 70, a China implantou uma série de reformas, objetivando criar um

ambiente adepto à atração de IED. Enquanto o país se abria ao comércio internacional,

culminando com a com a sua inclusão à OMC, passava também por reformas em sua

legislação sobre propriedade privada e intelectual, setores financeiros e de serviços, etc.

O resultado foi um aumento de seu fluxo de IED de US$ 916 milhões em 1983 para

60,6 bilhões em 2004. Com isso, vieram novas tecnologias, empregando milhões de

177 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 102. 178 Idem, Ibidem, p. 102.

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pessoas e aumentando o comércio e a variedade de bens e serviços à disposição da

população. 179

É importante ressaltar que, embora em termos absolutos a China tenha sido o

maior destino de IED em 2004 no mundo, em termos per capita receberam menos

investimentos que alguns países em desenvolvimento. Só para exemplificar, no mesmo

ano a China recebeu US$ 60,6 bilhões em IED e US$ 47 per capita, enquanto que o

Brasil, apesar de ter sido o destino de apenas US$ 18,2 bilhões em IED, recebeu US$

per capita. 180

3.3. A entrada da China na OMC e seu efeito para o Brasil

No ano de 1947 a China, assim como o Brasil, foi um dos 23 países que criaram

o Gatt, mas em 1949, em decorrência da guerra civil, foi criado a atual República

Popular da China, onde o governo comunista desistiu do acordo, só vindo a solicitar seu

reingresso em 1986. 181

A criação da OMC veio para substituir o Gatt, que não atendia mais as

necessidades da época, em 1994, tornando-se uma instituição multilateral incumbida de

promover e conduzir a liberação do comércio mundial, agindo na sua esfera do mesmo

modo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) atuam na

área financeira internacional. 182

Seu principal interesse é eliminar as barreiras tarifárias e não tarifárias,

atingindo, consequentemente outros setores além do econômico, como educação,

política, cultura, meios ambientes, entre outros. 183

179 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 125. 180 Idem, Ibidem, p. 126. 181 Idem, Ibidem, p. 103. 182 Idem, Ibidem, P. 99/103. 183 Idem, Ibidem, p. 100.

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O ingresso da China, como o 143º membro da OMC, se deu em 2001, na 4º

Conferência Ministerial, sendo o reconhecimento do país como uma economia em

transição e não de mercado até 2016, uma das condições impostas. 184

Outro fator que impulsionou tal crescimento foi o incremento nas relações

multilaterais resultando em uma maior variedade no setor de serviços, mais

investimentos estrangeiros, mais ofertas de empregos, melhoria dos salários internos,

aumento no recebimento de tributos pelo governo e mais transferências de tecnologia

para as cadeias produtivas, gerando um círculo vicioso de ganhos para o país e

consequentemente para o mundo. 185

Nos anos 80 e 90 as exportações chinesas concentravam-se apenas em vestiários,

calçados e produtos de baixo valor agregado, mas nos últimos anos diversificou sua

base exportadora e sofisticaram seu market share em móveis, eletrônicos, maquinários e

outros. 186

Após sua adesão, vários países aumentaram o fluxo comercial com a China,

assim como o Brasil.

Os reflexos sobre a indústria de eletroeletrônicos, brinquedos e de calçados

foram celebrados por empresários brasileiros do meio, pois apesar da competitividade

dos produtos made in China, estes tiveram que se adequar às regras determinadas no

protocolo de admissão na OMC. 187

3.4. Alterações no status da economia chinesa

Em maio de 2004, em uma visita feita à China, o presidente Hu Jintao solicitado

ao presidente Lula que o Brasil desse a seu país o mesmo tratamento de economia de

mercado dado à Rússia. 188

184 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 103. 185 Idem, Ibidem, p. 105. 186 Idem, Ibidem, p. 105/106. 187 Idem, ibidem, p. 108. 188 Idem, Ibidem, p. 116.

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A Nova Zelândia foi o primeiro país a reconhecer a economia chinesa como de

mercado, em abril de 2004. 189

Até a visita do presidente chinês ao Brasil, em novembro de 2004, dezessete

países a reconheceram como uma economia de mercado. 190

Uma importante decisão do governo brasileiro foi a de se antecipar aos players

globais, resultando num enorme impacto no mundo inteiro. Tal ato levou a Argentina,

depois o Chile e o Peru a tomarem a mesma decisão. 191

Assim a lista dos países que estão mudando o tratamento com a China, vem

aumentando.

3.5. Interesse brasileiro

Nos últimos tempos o cenário internacional exibiu uma fase de agitação, face ao

aumento das taxas de juros internacionais do alto do preço do petróleo. Diante disso, o

quadro interno preocupa. No campo social há um percentual de desemprego recorde;

uma queda da demanda interna e um volume muito baixo de reservas, apesar de os

números apontarem uma inflação controlada, uma balança comercial altamente positiva,

com um setor produtivo exportador vigorante, demandador de mão-de-obra. 192

Tais dificuldades levaram o governo brasileiro a buscar, não só parceria, mas

respostas no crescente desenvolvimento da economia chinesa. Mas para tal é necessário

entender as semelhanças e diferenças das duas economias.

Em 2001 a China entrou na OMC, hoje tem um PIB de US$ 1,4 trilhão, é a 6ª

economia do mundo neste conceito e a 2ª pelo PPC, ou ainda, pela paridade do poder

aquisitivo da população. Suas reservas são de mais de US$ 400 bilhões e investimentos

diretos estrangeiros que ultrapassam US$ 50 bilhões em 2003, o que faz a China ser

189 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 116. 190 Idem, Ibidem, p. 116/117. 191 Idem, Ibidem, p. 117. 192 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007.

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conhecida como �buraco negro� dos investimentos mundiais. A taxa de crescimento é

superior a 9% a.a. 193

Esse impressionante crescimento econômico levou ao aumento da renda da

população e a demanda por bens e serviços, resultando na ampliação das oportunidades

de negócio com o país.

Já o Brasil possui um PIB de US$ 500 bilhões e é a 15ª economia do mundo.

Suas reservas estão em torno de US$ 20 bilhões. Os investimentos diretos estão em

torno de US$ 10 bilhões em 2003, com uma taxa de crescimento zero e perspectivas

governamentais em torno de 3.5% para 2004, mas que se impulsionadas apenas pelas

exportações não ultrapassará 2%. 194

O conceito de parceria estratégica demonstra a profundidade do relacionamento

bilateral e a diversidade de assuntos em que o Brasil e a China mostram convergência

de interesses e pontos de vista semelhantes.

Vale a pena lembrar que as relações diplomáticas entre os dois países se deram

há apenas 30 anos, sendo que nesse período a China se tornou o quarto principal destino

das exportações brasileiras e o terceiro maior parceiro comercial do Brasil.

Ao se comparar os dois países é possível encontrar contrastes históricos,

culturais, econômicos, políticos e sociais, mas tais contrastes possibilitam uma saudável

complementaridade capaz de melhorar as oportunidades originadas de coincidências,

como as bases físicas de dimensões continentais, as imensas populações, os amplos

espaços internos a serem ocupados e desenvolvidos, os atrativos dos dois maiores

mercados emergentes, a grande capacidade produtiva e os recursos naturais.

3.6. Relações Brasil-China: expectativa e potencial

A economia brasileira e chinesa, ao mesmo tempo em que são concorrentes em

vários setores, possuem complementaridades a serem exploradas. Um exemplo de

193 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 117. 194 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007.

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sucesso foi o acordo entre a Vale do Rio Doce e a BaoStel, uma das maiores

siderúrgicas chinesas e a maior importadora individual de minério brasileiro. 195

O projeto de cooperação espacial entre o Brasil e a China, do qual resultou o

lançamento de dois satélites sino-brasileiros de rastreamento de recursos terrestres, é um

outro exemplo bem sucedido de cooperação entre os dois países. 196

Existem, ainda, outros projetos sendo implementados. Entre eles o de exploração

de ferro, produção de aparelhos de ar condicionado e processamento de madeiras. Os

fluxos de investimentos entre ambos também vem se intensificando.

O avanço econômico chinês vem oferecendo novas perspectivas para o aumento

do consumo doméstico. Pesquisas mostram que entre produtos brasileiros com potencial

no mercado da China estão automóveis, produtos de informática e serviços de

telecomunicações. Há uma tendência consumista na China que favorece os lançamentos

em sede de bens de consumo. 197

Há ainda expectativas positivas para o Brasil em relação a parcerias para

desenvolvimento de software voltados a o sistema bancário chinês, que possui sérias

deficiências. Há também considerável potencial para máquinas e equipamentos

brasileiros voltados a agricultura e agropecuária, já que a China ainda vive um certo

atraso tecnológico no campo e o Brasil é bastante competitivo no setor. 198

Em novembro de 2004 os governos brasileiro e chinês assinaram um

Memorando de Entendimento para impulsionar a cooperação em setores industriais e,

assim, promover os investimentos e comércios. 199

Os chineses podem desempenhar um papel significativo na política industrial

brasileira, cujas prioridades estão nos setores de bens de capital, medicamentos,

software e semicondutores.

195 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 15/16. 196 Idem, Ibidem, p. 16. 197 Idem, Ibidem, p. 16. 198 Idem, Ibidem, p. 15. 199 Idem, Ibidem, p. 17.

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O Brasil e a China trabalham conjuntamente nas negociações comerciais em

curso na OMC. A China faz parte do G-20, grupo de países em desenvolvimento em

prol da defesa de seus interesses junto à OMC, particularmente referente à abertura do

comércio agrícola. 200

É importante ressaltar que intensificação das relações entre o Brasil e a China

também apresenta dificuldades, entre elas a distância física, o desconhecimento mútuo e

a barreira idiomática.

3.7. Os números do relacionamento chinês e brasileiro

Em 2003 as exportações chinesas apresentaram um crescimento de 35% e as

importações cresceram 40% em relação a 2002, alcançando 5,3% das importações

mundiais, passando a China da sexta para a terceira posição entre os principais

importadores mundiais. 201

O bom desenvolvimento da economia chinesa é visto nos investimentos

estrangeiros diretos, que chegou a US$ 60,6 bilhões em 2004. Já o Brasil alcançou US$

18,2 bilhões. 202

O comércio de serviços chinês (importações e exportações) ultrapassou os US$

100 bilhões em 2003, segundo a OMC. Tal valor levou a China a ficar, pela primeira

vez, entre os dez primeiros lugares no comércio de serviços. 203

A partir de 2001, houve uma tendência de crescimento acentuado de exportações

brasileiras para a China e do fluxo de comércio entre ambos, ao passar de US$1,08

bilhão para US$ 4,53 bilhões em 2003 expandir para 106,8%, respectivamente. 204

200 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 18. 201 Idem, Ibidem, p. 8. 202 Idem, Ibidem, p. 8. 203 Idem, Ibidem, p 9. 204 Idem, Ibidem, p.9.

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Apesar de a China ser o quarto principal destino das vendas externas do Brasil

em 2004, a participação das exportações brasileiras nas importações da China ainda é

muito baixa, 1,1%. 205

Neste mesmo ano as exportações brasileiras para a China foram totalizaram US$

5,44 bilhões, representando um crescimento de 20% em relação a 2003, quando

totalizava US$ 4,53 bilhões. 206

Vale lembrar que a pauta de vendas chinesas para o Brasil se caracteriza pela

elevação da participação de produtos com maior valor agregado e conteúdo tecnológico.

As importações brasileiras da China, em 2004 cresceram 72,7% em relação a 2003,

passando de US$ 2,15 bilhões para US$ 3,71 bilhões. O saldo comercial apresentou-se

superavitário para o Brasil em US$ 1,73 bilhão. 207

Segundo FMI, em 2002 a renda per capita chinesa na área rural foi de US$

299,00 e US$ 935,00 na urbana. Mas espera-se que no seguinte ultrapassasse os US$

1,000. 00. Esse aumento do poder aquisitivo leva ao aumento do consumo, a melhora a

qualidade de vida, e abre as portas para novos negócios com o Brasil. 208

O 16º Congresso do Partido Comunista da China divulgou que o país pretende

alcançar em 2010 um intercâmbio comercial de US$ um trilhão e duplicar este saldo até

2020. Além disso, a meta é de alcançar um PIB per capita de US$ 3.000, no mesmo

ano. 209

Como dito anteriormente, o Brasil se tornou, nos últimos anos, o maior parceiro

comercial da China na América Latina, e a China o maior parceiro comercial do Brasil

na Ásia. Em 1794 o valor total do comércio foi de US$ 17,42 milhões, aumentando para

US$ 216 milhões em 1979, e o comércio bilateral chegou a US$ 3,698 no ano de 2000.

205 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 10. 206 Idem, Ibidem, p. 10. 207 Idem, Ibidem, p. 11. 208 Idem, Ibidem, p. 108. 209 Disponível em http://portuguese.cri.cn/chinaabc/chapter3/chapter30101.htm.

Acesso em 13/03/2007.

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Em 2003 a China tornou-se o terceiro maior comprador mundial do Brasil (comprou

US$ 4,532 bilhões). 210

Em 2004 o intercâmbio comercial entre Brasil-China alcançou a marca histórica

de US$ 9,148 bilhões, com superávit de US$ 1,729 bilhões para balança brasileira. A

partir de 2000, é o Brasil intensificou suas relações comercias com a China. 211

Mesmo com diversos nichos de mercado, as exportações chinesas para o Brasil

com maior destaque, ainda são os componentes eletrônicos.

3.8. Defesa Comercial

Objetivando eliminar qualquer desvantagem que venha a surgir no mundo

comercial, envolvendo dois ou mais participantes (países ou empresas), existem

algumas medidas de defesa comercial que podem ser empregadas e estão previstas nos

art. VI e XIX do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt). São restrições de ordem

legal, definidas na OMC e utilizadas por autoridades nacionais contra importações fora

dos padrões adotados naquele organismo. As mais importantes são antidupimg, de

salvaguarda e compensatórias (medidas anti-subsídios). 212

3.8.1. Duping

Segundo o art. 2, parte I do Acordo Antidupimg:

�Considera-se haver prática de dumping, isto é, oferta de um produto no

comércio de outro país apreço inferior a seu valor normal, no caso de o preço de exportação do produto ser inferior àquele praticado, no curso normal das

atividades comerciais, para o mesmo produto quando destinado ao consumo no país exportador�.

213

Ou seja, o dumping acontece quando o preço de exportação é menor do que o

valor normal (por normal entende-se o custo da produção, despesas gerais,

administrativas, de venda e margem de lucro).

210 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 107. 211 Idem, Ibidem, p. 107. 212 Idem, Ibidem, p. 95/98 213 Idem, Ibidem, p. 96.

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Essa prática é bastante cruel com economias menos desenvolvidas, já que é uma

prática agressiva de mercado, precisando de um grande potencial econômico-financeiro

do aplicador, para aguentar prejuízos, eliminar a concorrência e por fim, dominar e

recuperar o mercado com folga nas perdas passadas. 214

3.8.2. Subsídios

Esse acordo determina regras sobre a concessão de subsídios que são

promovidos por governos ou órgãos públicos e não por empresas. Há subsídios quando

no país exportador acontecer qualquer tipo de sustentação de renda ou de preços que

favoreça o aumento de exportações ou a redução de importações de qualquer produto ou

quando o governo dá uma contribuição financeira para o produtor ou exportador. 215

3.8.3. Salvaguardas

Segundo Fabio Martins Faria, salvaguarda significa:

�Medidas de caráter não seletivo e temporário, na forma de elevações

tarifárias ou limitações quantitativas, que têm como o objetivo proteger uma indústria doméstica de prejuízo grave causado ou que possam ser causados

por importações crescentes, tendo por objetivo facilitar o ajuste competitivo

dessa indústria, que não se encontra em condições de concorrer com as

importações�. 216

Outro fator relevante da relação Brasil-China são os dados relativos à defesa

comercial. A China demonstra claramente seu descontentamento quanto à aplicação de

antidumping e salvaguardas contra produtos chineses por parte de países latino-

americanos, principalmente o Brasil, e reivindica o reconhecimento do status de sua

economia como operante sob as regras de mercado, apesar de ter concordado em ser

tratada como uma �economia em transição� ao assinar o Protocolo de Acessão e se

tornar membro da OMC em 2001. 217

Governos ocidentais acusam a china de praticar �dumping social� para subsidiar

indiretamente seus produtos através do uso de mão-de-obra muito barata, exploração de

trabalho escravo e uso de mão-de-obra infantil. 218

214 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 97. 215 Idem, Ibidem, p. 97. 216 Idem Ibidem, p. 99. 217 Idem, Ibidem, p. 11/12. 218 Idem, Ibidem, p. 106.

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A mão-de-obra brasileira usada na indústria automobilística é de

aproximadamente US$ 8.00/hora enquanto que na China é de US$ 1.00. Alguns

benefícios indiretos, como subsídios estatais para as exportações devem ser ressaltados,

tais como: o aluguel pago pelo governo; o custeio educacional de cada trabalhador e de

seus filhos e a gratuidade do sistema de transporte e da saúde. Assim o produto chinês

final que será exportado acaba sendo barateado. 219

Segundo o Decom, no período de 1988 a 2003 abriu-se 212 investigações e

revisões contra vários países, sendo 92% relacionados a casos de dumping, 6% a

subsídios e 2% a salvaguardas.

Em meados de 1988, abriu-se o primeiro inquérito brasileiro antidumping, tendo

a China, a Índia, a URSS e a Tchecoslováquia, iniciando uma série de investigações

sobre exportações ao Brasil. 220

A China já aplicava medidas de defesa comercial contra outros países, mas o

Brasil está fora da lista.

Durante a política de valorização cambial brasileira, de 1994 ao fim de 1998,

quando aconteceu um surto nas importações, foram aplicadas 11 medidas antidumping.

Em 1999, quando adotou-se o câmbio flutuante, aplicou-se 12 medidas. Entre os

produtos mais importados pelo Brasil da China, nos últimos tempos, só o alho sofreu

medida antidumping. 221

Até o momento, não há registro investigação brasileira de subsídios contra a

China e existem quatro investigações de salvaguardas (brinquedo, duas revisões de

brinquedo e coco). 222

Segundo os fabricantes brasileiros, a competição no ramo dos brinquedos ficou

mais justa após o ingresso da China na OMC, pois eles tiveram que se adaptar aos

padrões internacionais de qualidade, ética comercial e de postura de preços.

219 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 106. 220 Idem, Ibidem, p. 111. 221 Idem, Ibidem, p. 114. 222 Idem, Ibidem, p. 114.

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3.9. Sugestões para o Brasil

O IED foi o principal condutor do grande crescimento econômico chinês nos

últimos 25 anos. Juntamente com os grandes investimentos do governo em infra-

estrutura, tais investimentos permitiram o aumento da formação bruta de capital fixo e

da produtividade, assim como a introdução de novas técnicas, empregos e salários mais

altos, gerando um círculo vicioso na economia. 223

As sugestões para o Brasil estão contidas na área de atuação do Estado. A

proposta divide-se em dois grupos: um de caráter objetivo, que busca exclusivamente o

investidor estrangeiro e o de caráter potencializador, capazes de multiplicar os

benefícios do IED e garantir sua atenção na direção das políticas de governo. As

primeiras vão do marco regulatório, que confere segurança ao investidor, à infra-

estrutura básica do país e ao marketing relacionado com a imagem do país. O segundo é

formado por regras que incentivam alguns investimentos e impõem condições e/ou

obrigações a outros. 224

A melhor solução para se ter um ambiente propício à entrada do IED no Brasil

parece ser o debate contínuo entre o governo e o setor privado externo e interno. Existe

atualmente no país uma série de mecanismos que têm avançado nessa direção, dentre

eles estão os que geram rápidas soluções e estratégicas que visam elevar a

competitividade do setor produtivo nacional, como o Conselho de Desenvolvimento

Econômico e Social (CDES), por exemplo. 225

Tais medidas devem ser aplicadas para aumentar a competitividade da indústria

nacional; na busca de ação lógica e estável das instituições governamentais envolvidas;

na prospecção de mercados e na diminuição do Custo Brasil (infra-estrutura, logística,

burocracia, carga tributaria e financiamento). 226

Outra questão atrativa de IED é a imagem que o país possui no mercado mundial

e o seu nível de exposição na mídia internacional. A presença chinesa nos meios de

223 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 129. 224 Idem, Ibidem, p. 135. 225 Idem, ibidem, p. 136/138. 226 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005p. 197.

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comunicação já era explorada desde a quarta geração de governantes para arrecadar

investimentos. A promoção cultural, a exposição econômica e a promessa de

crescimento ininterrupto causam um círculo eficaz entre investimentos e

desenvolvimento. 227

A curto prazo fica difícil de o Brasil reproduzir o feito da China nos meios de

comunicação, mas algumas medidas poderiam ajudá-lo a se promover e aumentar sua

presença na mídia internacional, como:

- elaborar e divulgar relatórios com resultados positivos de filiais de empresas

estrangeiras no país;

- promover a associação entre esportistas e artistas brasileiros e estrangeiros,

reconhecidos internacionalmente com empresas nacionais que possuam produtos de

qualidade e competitividade;

- incentivar a exibição da marca brasileira nas empresas brasileiras lideres de mercado;

- apresentar os números mais recentes da economia brasileira nos maiores mercados

investidores e

- organizar encontros onde a cúpula do governo brasileiro apresentaria as variáveis que

poderiam interessar os investidores dos setores mais carentes de IED. 228

O governo brasileiro tem promovido encontros para divulgar a imagem do país.

Os encontros que aconteceram em Davos (2003), Nova York (2004), Genebra (2004) e

Davos (01/2005) significam imenso avanço e empenho para a abertura de diálogo com

investidores internacionais. a Agência de Promoção das Exportações � Apex-Brasil tem

visado a promoção da marca Brasil, focando a organização de Missões Comerciais e

Feiras, em programas de melhoria de design e outros. 229

Mas o mais importante do que atrair IED é saber como regulamentar e coordenar

sua implementação de maneira a alcançar os resultados desejados. Na versão preliminar

do Investment Policy Review, da Unctad, são sugeridas opções que aumentam

qualitativa e quantitamente o IED no Brasil, dentre elas:

227 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p.138. 228 Idem, Ibidem, p. 139. 229 Idem, ibidem, p. 140.

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- ampliar os níveis de IED direcionado às exportações;

- promover mais IED em regiões pouco desenvolvidas;

- organizar instituições capazes de fortalecer o desempenho do IED. 230

3.10. Investimentos da China no Brasil e o novo modelo de Parcerias

Público-Privadas

O Brasil tornou-se um dos principais destinos dos investimentos chineses na

América Latina. O governa chinês vem incentivando a realização de investimentos no

Brasil, tendo sido lançados projetos conjuntos nos setores ferroviários, siderúrgico e de

energia elétrica. Espera-se que nos próximos anos, o país receba entre US$7,5 e 8,5

bilhões de investimentos chineses nos setores de transporte ferroviário e de minério. 231

Tem se divulgado que a China tem interesse em assegurar ao seu mercado

interno, o abastecimento, a preços competitivos, dos principais produtos que importa

para o Brasil (minério de ferro e soja) e que para alcançar seu objetivo, pretende investir

na recuperação e expansão da malha ferroviária brasileira e em outros projetos de infra-

estrutura. 232

Assim, as parcerias público-privadas (PPP�s, que são uma modalidade de

contratação em que o ente público atribui serviços ou empreendimentos públicos ao

setor privado, mediante compartilhamento de risco e financiamento obtido pelo próprio

setor privado) possuem um papel especial, pois o novo marco regulatório sobre

contratação pública forma um mecanismo atrativo para investimentos em projetos de

infra-estrutura no Brasil. As instituições chinesas interessadas em investir no país

poderão unir-se as empresas nacionais, por meios de consórcios ou outros sistemas

societários, unindo esforços para alocar recursos em projetos de infra-estrutura da

administração pública. 233

230 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 143. 231 Idem, Ibidem, p. 285. 232 Idem, Ibidem, p. 285. 233 Idem, Ibidem, p. 285/287.

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Além das negociações no setor privado, os dois países já assinaram memorando

de entendimento sobre cooperação em matéria de comércio e investimentos, para

incentivar e incrementar a parceria estratégica entre ambos, além de estimular

investimentos nas áreas de infra-estrutura, gás natural, proteção ambiental, meios de

transporte, biotecnologia e mineração. Também foi celebrado o memorando de

cooperação industrial com troca de informações r cooperação nos setores de etanol,

metalurgia, satélites e construção civil, e o acordo para formação de um grupo de

trabalho que garantirá a cooperação no setor de metalurgia, em comércio e

investimento. 234

3.11. China-América Latina: uma associação de sucesso

A associação de organizações chinesas com empresas brasileiras, por consórcio,

sociedade de propósito específico ou outros arranjos societários, tornou-se uma opção

para os investidores chineses empregarem seus recursos em projetos de infra-estrutura

amparados pela nova formula de contratação com a Administração Pública.

Inacreditavelmente, em 1991 as reservas chinesas eram bem próximas as do

Brasil de hoje, aproximadamente US$ 20 bilhões. 235

A economia chinesa prática políticas monetárias e fiscais fortemente

expansionistas, além de juros baixos e gastos governamentais sem impostos sobre o

consumo.

Hoje no comércio sino-brasileiro, apesar do aumento do volume do último ano, a

concentração ainda é exagerada, com uma pauta brasileira de 60% das exportações para

a China de: minério de ferro, óleo de soja, soja e laminados de ferro e aço. 236

Apesar de tudo, a China ainda se equipara a um país em desenvolvimento.

Atualmente com uma renda per capita de menos de US$ 1.000, ela é mais pobre que a

234 FURLAN, Fernando de Magalhães e FELSBERG, Thomas Benes. Brasil-China: comércio, direito e

economia. São Paulo, 2005, p. 287. 235 Disponível em http://www.desempregozero.org.br/artigos/index.php. Acesso em 16/03/2007. 236 Idem.

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maioria dos países latino-americanos, além de um nível de desigualdade no processo de

distribuição de renda também semelhante esses países. 237

Já em outras áreas, a China se mostra como um país desenvolvido, ou

industrializado. O setor manufatureiro forma mais de um terço de sua economia. Os

investimentos e a poupança representam aproximadamente 40% do PIB. 238

O povo brasileiro possui um forte hábito de consumo, tornaram-se fãs das

lojinhas de produtos populares a preços acessíveis.

Este setor é composto por mais de 20 mil lojas em todo o país, e cresce

rapidamente. Segundo o importador Eduardo Todres, organizador da feira de R$ 1,99

Brasil, o Estado de Santa Catarina é o terceiro em quantidade de preço único. Todres

afirma ainda que há produtos que só os chineses fabricam, como a linha de resinas,

relógios, decoração de Natal e boa parte de brinquedos. E em alguns casos, seu peço

baixo, que custam em média metade dos nacionais, refletem a baixa qualidade dos

produtos. Os consumidores são conscientes disso, mas não se importam, encaram esses

produtos como uma boa relação de custo benefício. 239

Grandes varejistas preferem marcas chinesas para atingir consumidor de baixo

poder aquisitivo.

Segundo o consultor Eugênio Foganholo a China passará por um processo

transformação semelhante ao que aconteceu com o Japão em 1960, que começou

vendendo radinhos de pilhas e hoje exportam tecnologia de ponta. Não será mais

possível associar a expressão �made in China� a mercadorias de baixa qualidade. 240

237 Disponível em http://www.iadb.org/idbamerica/index.cfm?thisid=2563. Acesso em 16/03/2007. 238 Idem. 239 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007. 240 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007.

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O crescimento chinês no mercado moveleiro preocupa os empresários do pólo de

São Bento do Sul, maior exportador do Brasil, mas tal situação ainda pode ser revertida,

apesar de o setor lamentar a falta de interesse do governo federal, por conta do atraso no

repasse dos créditos de incentivo à exportação, gerados pelos impostos PIS/Cofins e IPI.

Tal preocupação se dá pelo fato de a China ser o maior produtor mundial de móveis. Os

móveis chineses são muito baratos devidos aos baixos salários pagos no país e por

recebimento de incentivos governamentais. Isto leva as empresas de móveis

catarinenses a perderem mercado no mundo todo. 241

Sabe-se que o móvel brasileiro tem mais qualidade e por isso a China abocanhou

a fatia do mercado de móvel montado.

Muitos dos setores do cenário do Sul do Estado tornaram-se alvo fácil dos

produtos chineses. O setor cerâmico de piso e revestimentos foi o mais atingido, já que

os chineses competem com as mesmas linhas de produção. 242

Nos últimos anos a América Latina vem se tornando um privilegiado provedor

de matérias primas para a China, desde a soja produzida por Brasil e Argentina, o cobre

e a celulose chilenos, até o petróleo venezuelano. Consequentemente o comércio da

China com a região brasileira cresceu 600% num período que vai de 1993 a 2003,

duplicando-se entre 2000 e 2003. Porém, quando as estatísticas vierem a tona,

provavelmente será possível constatar que houve um crescimento exponencialmente

deste intercâmbio comercial em 2004, já que ele alcançou quase US$ 30 bilhões com a

totalidade da América Latina em 2003. 243

Em uma de suas últimas publicações o jornal Financial Times relatou que o

comércio bilateral Brasil-China conseguiu a maior taxa de crescimento em uma década,

ou seja, 5,5%. 244

241 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007 242 Idem. 243 Disponível em http://www.resevaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexao3/pg20.html. Acesso em 16/03/2007. 244

Disponível em http://www.resevaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexao3/pg20.html. Acesso em 16/03/2007

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Tais índices mostram claramente que a parceria estratégica entre china e países

latinos americanos tem promovido grandes benefícios para o bem sucedido país asiático

e, consequentemente, para economia da América Latina.

Segundo dados fornecidos pelo Deutsche Bank, entre 1991 e 2006, a economia

chinesa cresceu seis vezes e meia, crescimento este estimulado por uma política

econômica voltada ao mercado externo. Atualmente a China é o segundo maior parceiro

comercial de Santa Catarina. No ano passado foram US$ 459 milhões de produtos

comprados, entre eles rádios a pilha parafusos e micro ondas. E exportou US$ 92

milhões em insumos e produtos intermediários. 245

Esta aproximação com o mercado chinês gera não só oportunidades às empresas

catarinenses que vendem insumos e bens de baixo valor agregado, como problemas

também. A concorrência com os produtos chineses pode levar algumas empresas a

perderem espaço nos mercados do Mercosul e nacional. 246

Diante disso, a parceria se mostra mais vantajosa do que a concorrência e o

investimento maciço em setores, fato que se confirma com o relato do economista Otto

Nogami, da USP:

�O Brasil tem problemas estruturais, como altas taxas de juros e de

valorização cambial, que encarecem os custos de produção da indústria.

Investimentos maciços nesse setor só mostrariam resultados em dez anos�. 247

245 Disponível em http://www.na.com.br/2007/mar/10/0ecc.jsp. Acesso em 16/03/2007. 246 Idem. 247 Idem. 247 Idem.

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CONCLUSÃO

O comércio Brasil-China se ampara no princípio das vantagens comparativas,

onde os países comercializam produtos variados, favorecendo-se dos diferenciais

referente aos custos de produção. Isto quer dizer que há grandes possibilidades de

ganhos, para ambos, na expansão do fluxo de comércio bilateral. Como a China

apresenta um ritmo ascendente de crescimento, novas chances aparecerão para o Brasil,

na exportação e na importação.

Sua busca para ser reconhecida como economia de mercado é incessante, e isso

ganha reforço com o comércio bilateral com outros países, que, indiretamente, vai

forçar todos a reconhecê-la.

Sempre em busca de melhorias, um estudo mostrou que a China vem se

esforçando para melhorar a educação do operário na produção de bens com maior valor

agregado e no aumento do setor de serviços, por meio de incremento no valor da mão-

de-obra, para aproximar-se do valor pago em outros países, além de banir a exploração

de trabalho infantil.

A educação fornece a aprendizagem das novas tecnologias. Trabalho

disciplinado, barato e de boa qualidade tem atraído milhares de empresas estrangeiras

para a China.

Assim, a China está trilhando um caminho que resultará em mais crescimento e

o impacto sobre o Brasil e sobre a economia mundial, a logo prazo, tende a ser positivo,

independente dos movimentos do grande dragão chinês gerar novas instabilidades

mundiais.

E já que o IED é um dos maiores provedores do crescimento da economia

chinesa, muitas das condições e estratégias que permitiram a entrada de IED na China

podem ser reproduzidas pelo Brasil.

A integração comercial entre ambos avançou substancialmente nos últimos anos,

apesar das diferenças das dotações de fatores e das taxas de desenvolvimento da

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indústria dos dois países. Assim, ficou evidente a complementaridade entre as duas

economias e a intenção de avançar a parceria comercial.

Se a China continuar Acredita-se que, em 2050, os BRICs terão se tornado nas

maiores potências econômicas mundiais, onde o Brasil desempenharia o papel de país

exportador agropecuário, tendo como os principais produtos a soja e o boi e a China,

maior economia do mundo, terá imensa concentração de indústria devido à sua

população e tecnologia.

A meu ver, a característica mais marcante, extraída da pesquisa, foi a de apesar

de alguns momentos a relação Brasil-China remeter competitividade comercial, devido

a seus imensos mercados consumidores, a gigantesca fonte de matéria prima e mão-de-

obra de custo baixo, a real relação é de parceria e complementaridade.

Talvez todos os problemas apresentados seja decorrentes não só de um processo

de mudança (político, social e econômico) ainda em transição, mas pela falta de

reconhecimento de mercado por países economicamente fortes como os EUA; por ser o

pais mais populoso do planeta, apesar de ter instalado um sistema de punição financeira,

ainda apresenta uma alta taxa de natalidade; maioria de sua população concentra-se no

campo, em condições de miséria, entre outros, que serão apresentados e discutidos no

desenvolvimento do trabalho.

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