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República

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República

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República Oligárquica (1894-1930)

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República Oligárquica (1894-1930)

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Sociedade e Economia na Primeira República

Principais Fases

O período da história política brasileira que vai de 1889 a 1930 costuma ser designado pelos historiadores de diferentes modos:

República Oligárquica, República do “Café-com-Leite”, República Velha – quando se usa o tempo cronológico como referência – ou Primeira República – denominação utilizada pelo historiador Boris Fausto e que também empregaremos nesta aula.

 

Os anos entre 1889 e 1894 correspondem aos Governos Militares de Deodoro da Fonseca e de Floriano Peixoto, responsáveis pela instalação e consolidação do Regime Republicano.

 Já o período de 1894 a 1930 corresponde à fase em que o país foi governado por civis ligados, em grande parte, à Oligarquia Rural, sobretudo de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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Sociedade e Economia na Primeira República

Essa fase foi marcada pela influência dos grandes fazendeiros – principalmente os cafeicultores – muitos deles conhecidos como “Coronéis”.

Na Primeira República, a política funcionava na base de troca de favores. 

Na economia, além da agricultura exportadora, predominantemente cafeeira, houve significado desenvolvimento da indústria.

Ampliou-se o número de operários, que organizaram os primeiros movimentos para lutar pelos direitos trabalhistas.

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Situação Política

O Poder dos Grandes Fazendeiros – Sistema Eleitoral

Durante o Império, apenas pequena parcela de brasileiros participava das eleições.

Para ser eleitor, era preciso ter uma renda anual de, no mínimo, 100 Mil Réis – em 1881, foi aprovada uma Lei que estabelecia 200 Mil Réis como exigência de renda para o eleitor e excluía o voto dos analfabetos.

Na última década do Império, o país tinha uma população de aproximadamente, 12 Milhões de Habitantes.

Então, apenas 1% participava do processo eleitoral. 

Com a República, o número de eleitores cresceu em relação ao Império.

Mas não chegou a alcançar 10% da população do país. 

Acabou o Voto Censitário – baseado na renda econômica – e foi instituído o voto aberto masculino para os maiores de 21 anos.

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Situação Política

Entretanto, continuavam sem direito a voto as mulheres, os analfabetos, os padres e os soldados.

 A rigor, tanto no Império quanto na Primeira República as mulheres e os pobres ficaram excluídos do processo eleitoral.

No Império, a exclusão deu-se principalmente pela renda.

Já na Primeira República, pelo analfabetismo. 

Além disso, como o voto era aberto, os chefes políticos locais continuavam interferindo violentamente nas eleições.

Entre eles destacavam-se os Coronéis, razão pela qual esse sistema de dominação ficou conhecido como Coronelismo.

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Situação Política

Coronelismo 

No Período Regencial, os fazendeiros com postos de comando na Guarda Nacional recebia o título de “Coronel”.

Mesmo depois de extinta a Guarda em 1918, o Título de Coronel continuou a ser atribuído aos Grandes Proprietários de Terras da Primeira República.

Atualmente, a economia brasileira tem uma produção industrial e agrícola bastante diversificada, além de um destacado e complexo setor de serviços.

Cerca de 80% da população do país vive em áreas urbanas – IBGE 2003.

Durante a Primeira República, a situação era bem diferente, observe:

Em 1920, a economia brasileira era essencialmente agrícola.

Quase 70% da população em atividade trabalhava na agricultura.

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Situação Política

Nessa sociedade, havia nas fazendas grande numero de trabalhadores que recebiam salário miseráveis e, por isso, dependiam dos coronéis, que exploravam sua força de trabalho. 

Auxílios como empréstimos em dinheiro, na educação dos filhos e em momentos de doença, por exemplo, eram formas utilizadas pelo coronel para criar a dependência dos trabalhadores e mantê-los sob controle.

 

Mas o poder dos coronéis ultrapassava os limites da fazenda, chegando também às cidades.

Os principais empregos e cargos estavam sujeitos à sua influência pessoal:

Na prefeitura, na delegacia, na escola, no cartório público e na estação de trem, por exemplo.

 

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Situação Política

Donos de armazéns, médicos, advogados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres, professores – todos procuravam se aproximar dos coronéis em busca de favores, o que caracterizava o Clientelismo.

Clientelismo:Na época, era a prática de premiar com Favores Públicos o grupo de pessoas que demonstrava Fidelidade Política aos coronéis.

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Situação Política

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Situação Política

Voto de Cabresto 

Em troca dos “favores”, os Coronéis exigiam que os eleitores votassem nos candidatos por eles indicados – prefeito, governador, presidente da república, vereadores, deputados e senadores.  

Quem se negasse ficava sujeito aos jagunços ou capangas que trabalhavam nas fazendas e compunham grupos armados que perseguiam os inimigos do coronel.

 

Cumprindo ordens dos fazendeiros, os jagunços procuravam controlar o voto de cada eleitor, pois, como vimos, naquela época a votação não era secreta.

O eleitor declarava publicamente em quem estava votando.

O voto abeto, dado sob pressão ficou conhecido como Voto de Cabresto, expressão popular que significava voto obrigado, imposto pelos Coronéis contra a vontade do Eleitor. 

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Situação Política

Além do voto de cabresto, os Coronéis praticavam fraudes para que seus candidatos vencessem as eleições:

Documentos eram falsificados para que menores e analfabetos pudessem votar; pessoas falecidas eram inscritas como eleitoras; urnas eram violadas e votos adulterados.

 

Muitas fraudes eram feitas também na contagem de votos.

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Voto de Cabresto

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Voto de Cabresto

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Troca de Favores

O escritor Mário Palmério traduziu em um texto de ficção literária as práticas dos coronéis em relação aos eleitores, principalmente no campo, e as artimanhas usadas por esses políticos para interferir nos resultados eleitorais.

Ao mesmo tempo, narra a distância que havia entre o mundo do Trabalho Rural e as Eleições. 

João Soares estava com a razão: política só se ganha com muito dinheiro. A começar pelo alistamento, que é trabalhoso e caro: tem-se que ir atrás de eleitor por eleitor, convencê-los a se alistarem e ensinar tudo, até a copiar o requerimento. Cabo de enxada engrossa as mãos – o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada de sol a sol, nos campos e nos currais. Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa.

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Situação Política

Rede de Poder 

O coronel mais famoso em cada município ou região estabelecia as alianças com outros fazendeiros para eleger o Governador do Estado. 

Depois de eleito, o Governador retribuía o apoio recebido dos coronéis destinando verbas para a construção de obras – como praças, estradas e escolas – nos municípios por eles controlados.

 A política Estadual também funcionava, em certa medida, como troca de favores.

Em virtude dessas alianças, o poder político de cada estado tendia a permanecer nas mãos de um mesmo grupo.

No final do mandato, cada Governador passava o poder para um parente ou correligionário.

 Nessa rede de transmissão de poder montada pelas Oligarquias Agrárias, o coronelismo desempenhava importante papel, costurando o fio das alianças na base da troca de favores, da dependência política pessoal – Clientelismo – e da corrupção.

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Situação Política

Entretanto, o coronelismo não teve a mesma força política e social em todos os lugares do Brasil.

Em certas regiões do interior do Nordeste, os Coronéis tinham muito poder, organizando até mesmo forças militares próprias.

Já em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, a força do coronelismo dissolvia-se dentro de outras estruturas do poder:

O partido político, a administração do Governo Estadual, etc.

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Clientelismo

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Situação Econômica

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Situação Política

Política dos Governadores 

Campos Sales, político e fazendeiro paulista, foi o segundo Presidente Civil da República e um dos principais responsáveis pelo Sistema de Alianças entre Governadores de Estado e Governo Federal. 

Esse Sistema de Alianças que ficou conhecido como Política dos Governadores, consistia basicamente na troca de favores.

Os Governadores do Estado davam seu apoio ao Governo Federal, ajudando a eleger Deputados Federais e Senadores favoráveis ao Presidente.

O Presidente, em retribuição, apoiava os Governadores concedendo mais verbas, empregos e favores para seus Aliados Políticos.

 

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Situação Política

A política dos Governadores reproduzia, no plano Federal a rede de compromissos e o clientelismo que já ligava os coronéis – chefes políticos municipais – e os Governadores dentro dos Estados.

Nessa época, não existia no país uma Justiça Eleitoral independente.

Havia no Congresso Nacional uma Comissão Verificadora das eleições, para julgar os resultados eleitorais.

 Embora fosse órgão do Poder Legislativo, a Comissão Verificadora trabalhava a serviço do Presidente da República e podia distorcer o resultado das urnas, aprovando os nomes dos Deputados e Senadores da situação – que apoiavam o Governo – e impondo obstáculos ao reconhecimento da vitória dos candidatos da oposição.

 

A Eliminação dos nomes dos adversários ficou conhecida como Degola.

 

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Política do Café-com-leite

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Situação Política

Política do Café-com-leite 

Por meio de tantas alianças e fraudes, as Oligarquias Agrárias estiveram no poder durante boa parte da Primeira República.

Em São Paulo e em Minas Gerais, elas estavam organizadas em torno de dois partidos políticos: O PRP – Partido Republicano Paulista – e o PRM – Partido Republicano Mineiro. Fazendo coligações com os proprietários rurais dos demais estados, os políticos de Minas Gerais e de São Paulo lideravam a vida política do país, embora a união dessas Oligarquias não explique toda a história política dessa época.

No entanto, podemos dizer, de modo geral, que quase todos os Presidentes da República desse período foram eleitos com o apoio dos paulistas ligados ao PRP e dos mineiros ligados ao PRM.

 São Paulo era o primeiro estado em produção de CAFÉ; Minas Gerais era o segundo e destacava-se também pela produção de LEITE.

Nasceu daí o apelido para a Aliança entre PRP e PRM: Política do Café-com-Leite.

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Presidentes da República Oligárquica (1894-1930)

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Situação Econômica

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Situação Econômica

Economia Basicamente Agrícola 

Vimos que o advento do Regime Republicano não provocou alterações substanciais na vida brasileira. No plano econômico, a estrutura dominante do país manteve seus traços gerais, ou seja, uma economia baseada na produção de matérias-primas e gêneros tropicais destinados à exportação e sujeitas às oscilações do mercado internacional. Os principais produtos agrícolas de exportação sofriam a concorrência de outros países.

Assim, as exportações brasileiras acabavam se concentrando em um único produto: o Café.

 

Destacam-se também, no período, as produções de açúcar, algodão, borracha e cacau.

Na tabela seguinte, podemos observar os produtos agrícolas que se destacaram nas exportações brasileiras no período de 1889 a 1933.

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Situação Econômica

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Situação Econômica

Café: Líder das Exportações 

O Café representou mais de 50% dos lucros das exportações brasileiras durante quase todo o período correspondente à Primeira República. 

Sem concorrentes de peso no mercado internacional, o Brasil chegou a abastecer dois terços do mercado mundial de Café.

 Entusiasmados com os lucros e contando com a mão-de-obra imigrante assalariada, os cafeicultores aumentaram desmedidamente as plantações.

Como resultado, a produção ultrapassou as necessidades de consumo do produto e, no início do Século XX, a economia cafeeira começou a enfrentar crises de super produção, com a oferta do café maior do que a procura.

 Resultado: os preços caíram e acumularam-se imensos estoques do produto.

Em 1905, esses estoques chegaram a 11 Milhões de Sacas de 60 Kg cada, que representavam cerca de 70% do consumo mundial de Um Ano.

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Situação Econômica

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Situação Econômica

Convênio de Taubaté 

Com o apoio dos Parlamentares Federais, os fazendeiros de café realizaram, em 1906, na cidade paulista de Taubaté, uma reunião com a finalidade de encontrar soluções para a crise de superprodução. 

Nessa reunião, que ficou conhecida como Convenção de Taubaté, os fazendeiros propuseram que o Governo Federal comprasse a produção de café que ultrapassasse a procura do mercado.

 

O excedente seria estocado pelo Governo para serem vendidos quando os preços normalizassem.

Para comprar esse café o Governo faria empréstimos no exterior.

 As propostas do Convênio de Taubaté acabaram sendo aceitas pelo Governo.

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Situação Econômica

Com a compra do excedente, o preço do café não caía e os cafeicultores não tinham prejuízos.

Os estoques do Governo aumentavam, e nunca aparecida uma boa oportunidade para vendê-los ao mercado externo.

 

Para os cafeicultores, que continuavam plantando cada vez mais, o prejuízo era um Problema do Governo, pois seus lucros estavam garantidos.

Alguns utilizaram parte desses lucros para investir no setor industrial.

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Situação Econômica

Açúcar: Vendas no Mercado Interno 

O açúcar, que até 1830 era o principal produto brasileiro de exportação.

Foi perdendo sua posição devido, basicamente, à concorrência do açúcar de beterraba produzido na Alemanha, Bélgica e França.

Além disso, a produção do açúcar de cana em Cuba e Porto Rico, ex-colônias espanholas dominadas pelos Estados Unidos, possuía tarifas preferenciais nesse país. 

Diante da concorrência internacional, o açúcar produzido no Brasil passou a ser vendido, cada vez mais, no mercado interno.

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Situação Econômica

Algodão: Consumo Interno

Entre 1821 e 1830, o algodão ocupou o segundo lugar na pauta das exportações brasileiras. Nas décadas seguintes, entrou em decadência devido à concorrência da produção algodoeira dos Estados Unidos, que gradativamente conquistou o mercado internacional. Dois fatores influíram em favor da produção Norte-Americana: a menor distância entre os Estados Unidos e a Europa, o que barateava o custo do transporte, e a melhor qualidade dessa produção, que contava com recursos técnicos e grande disponibilidade de mão-de-obra e terras.

Durante a Guerra de Secessão (1861-1865), o norte dos EUA bloqueou as exportações algodoeiras do Sul, e os produtores de algodão do Brasil aproveitaram essa situação para suprir as necessidades das indústrias têxteis da Europa.

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Situação Econômica

Assim, no período de 1861 a 1870, o algodão voltou a ocupar o segundo lugar na pauta das exportações brasileiras.

Terminada essa década de glória, o produto entrou novamente em declínio no mercado externo.

Sua produção destinou-se, então, às indústrias de fiação e tecelagem em expansão no país.

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Situação Econômica

Borracha: Fugaz Esplendor Amazônico 

Produzida a partir do látex extraído de seringueiras originárias da Amazônia, a borracha tornou-se, a partir de 1840, um produto de crescente procura nos países industrializados.

Servia de matéria-prima para a fabricação de pneus, inicialmente de bicicletas e depois de automóveis.

 Na Amazônia encontrava-se a maior reserva de seringueiras do mundo, e o Brasil passou a suprir praticamente toda a demanda mundial de borracha, escoando sua produção pelos por tos de Manaus e Belém.

Nessa época, a região amazônica conheceu súbito esplendor, que, todavia, durou apenas três décadas (1891-1918).

 

A produção da borracha brasileira exigia constante penetração na mata em busca de seringais nativos.

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Situação Econômica

A dificuldade de acesso aos seringais elevava os custos de transporte, fazendo com que os preços da borracha aumentassem.

A produção brasileira era insuficiente para atender a demanda do mercado, e cresciam as necessidades do produto nos centros industrializados.

Nessa conjuntura, países europeus, como Inglaterra e Holanda investiram no cultivo de seringais em áreas de sua dominação colonial – Malásia, Ceilão e Indonésia.

Desenvolvendo um plantio especialmente planejado para o aproveitamento industrial, essas regiões, em pouco tempo, superara o extrativismo praticado nos seringais brasileiros.

A partir de 1920, a borracha brasileira praticamente não tinha mais lugar no mercado internacional.

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Situação Econômica

Cacau: Crescimento na Primeira República 

Cultivado no Sul da Bahia, principalmente nos municípios de Itabuna e Ilhéus, o cacau teve destino semelhante ao da borracha no mercado externo. Paralelamente ao aumento de consumo de chocolates na Europa e nos Estados Unidos, a produção brasileira de cacau cresceu durante toda a Primeira República. 

Os Ingleses, entretanto, investiram na produção de cacau na região africana da Costa do Ouro, área sob seu domínio – a região da Costa do Ouro, hoje, integra Gana – tal como sucedeu como a borracha em pouco tempo o produto dessa região conquistou os mercados internacionais, fazendo declinar a produção do cacau brasileiro.

 

Os números deixam claro essa situação:

Em 1935, o Brasil exportou 100 Mil Toneladas de cacau, enquanto a Costa do Ouro exportou 260 Mil Toneladas.

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Imigração e Industrialização

Mudanças Sociais e Econômicas no País

Juntamente com os Estados Unidos, a Argentina e o Canadá, o Brasil foi um dos países que mais receberam imigrantes – Europeus e Asiáticos – na época contemporânea. No período de 1890 a 1930, estima-se que entraram no país mais de 3,5 Milhões de Imigrantes. Seduzidos por incentivos e anúncios de prosperidade que o Governo Brasileiro divulgava no exterior, esses imigrantes vinham em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Muitos sonhavam em enriquecer no Brasil: fare l’America – fazer a América – como diziam os italianos.

 Nessas quatro décadas, os Italianos representaram, aproximadamente, 33% do total dos imigrantes que chegaram ao Brasil, seguidos pelos Portugueses – 29% – e os Espanhóis – 15% – outros grupos percentualmente menores foram os de Alemães, Japoneses, Sírio-libaneses, Russos, Lituanos, Austríacos, etc.

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Imigração e Industrialização

Entre os Estados brasileiros, São Paulo recebeu o maior número de imigrantes – cerca de 57% do total – isso se explica, em boa medida, pela expansão da economia cafeeira – que abria milhares de postos de trabalho – e pela política do Governo Paulista de incentivo à imigração – propaganda no exterior, concessão de passagens, alojamentos.

A contínua vinda de imigrantes contribuiu para muitos aspectos da vida social, principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país. 

Os imigrantes foram responsáveis por transformações na alimentação, nos hábitos e rotinas de trabalho, nos valores culturais, etc.

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Imigração e Industrialização

Indústrias e Movimento Operário

A Primeira República (1889-1930), período de grande vigor da economia cafeeira, foi também a época em que a industrialização ganhou impulso, em parte devido à expansão dos cafezais: com as crises de superprodução, muitos produtores de café aplicaram parte de seus lucros na indústria.

Crescimento Industrial

Em 1889, havia no Brasil pouco mais de 600 fábricas, nas quais trabalhavam 54 Mil Operários.

Trinta e Um anos depois, existiam no país cerca de 13 Mil Indústrias, que empregavam 275 Mil operários.

Havia ainda 233 Usinas de Açúcar, onde trabalhavam 18 Mil Operários, e 231 Salinas, que empregavam cerca de 5 Mil Trabalhadores.

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Imigração e Industrialização

Concentrando 31% das indústrias, o principal centro da industrialização brasileira era o Estado de São Paulo, onde viviam os mais importantes produtores de café do país.

Em São Paulo havia também um grande número de ex-escravos e imigrantes que viviam do trabalho da agricultura.

Muitos desses trabalhadores deixaram o campo e, em busca de novas oportunidades de vida, acabaram constituindo mão-de-obra para o setor industrial.

Também se destacaram, pela concentração industrial, os estados do Rio Grande do Sul – 13,3% – Rio de Janeiro – 11,5% – Minas Gerais – 9,3%.

 Procurando substituir importações – especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, que dificultou as exportações européias – a indústria nacional se desenvolveu, dedicando-se principalmente à fabricação de tecidos de algodão, calçados, materiais de construção, alimentos e móveis. 

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Imigração e Industrialização

Em 1928, a renda do setor industrial superou, pela primeira vez, a renda da agricultura. 

A industrialização, que dava emprego para um número crescente de operários, foi um fator de mudança na composição da sociedade.

Antes desse período, grande parte da força política e social ficava no setor rural.

Com o avanço da industrialização, o setor urbano cresceu em importância:

Operários e setores médios urbanos passaram a exigir cada vez mais o direito de participar da vida política e econômica do país.

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Imigração e Industrialização

Lutas Operárias

As condições de trabalho do operariado nos anos da Primeira República eram bastante desfavoráveis.

Em geral, trabalhava-se de segunda a sábado, até 15 horas por dia – às vezes, também aos domingos – os operários ganhavam pouquíssimo, o que obrigava toda família a trabalhar.

Não havia salário mínimo, direito a férias, paramento por horas extras ou uma Legislação limitando a extensão da jornada de trabalho.

O trabalhador, quando demitido, não tinha direito a aviso prévio ou qualquer indenização.

As instalações das fábricas geralmente eram ruins, com pouco espaço e ambiente mal-iluminados, quentes e sem ventilação, não havia cuidado com a higiene nem com a segurança dos locais de serviço.

Page 47: Professor Edley . República

Imigração e Industrialização

Assim, eram freqüentes entre os operários os acidentes de trabalho e doenças, cujas principais vítimas eram as crianças – que, às vezes, sofriam outras formas de violência.

Os trabalhadores menores, de 7 a 14 anos, eram as principais vitimas dos mestres – chefe de operários – e contra-mestres – encarregado do comando de equipes de trabalho – que castigavam com espancamentos, sopapos, pontapés e puxões de orelha.

Contra isso, criou-se, em 1917, um Comitê Popular de Agitação contra a exploração de menores operários.

Os mestres e contra-mestres também seduziam as mulheres operárias em troca de máquinas mais produtivas ou de melhores salários.

Caso não cedessem às suas propostas, elas eram perseguidas com multa, descontos ou máquinas enguiçadas.

Os inúmeros acidentes, os baixos salários, as longas jornadas sem descanso provocaram protestos e reivindicações dos operários.

Page 48: Professor Edley . República

Imigração e Industrialização

Surgiram, então, várias forma de organização operária, entre elas o Sindicato, que lutaram pela conquista de direitos trabalhistas e sociais. 

Dentre as correntes políticas que influenciaram o movimento operário, destacou-se, de início, o Anarquismo.

Mas havia outras tendências atuantes no movimento operário, como a Corrente Católica, que procurava afastar os trabalhadores da influência Anarquista e Socialista, e o Sindicalismo Revolucionário, que defendia a greve como principal instrumento de luta dos operários na busca de conquistas amplas.

Page 49: Professor Edley . República

Rompendo com a Submissão

A luta Pela Autonomia Feminina 

No Período Colonial, a grande parte das mulheres de “boa família” viviam submissas aos homens e trancadas em casa.

Durante o Império, um maior número de mulheres passou a ser visto pelas ruas, embora fosse comum encontrá-las na companhia vigilante do pai ou do marido.

Na República, no entanto, a mulher foi dando passos decisivos para romper o círculo fechado que a oprimia. A força de trabalho da mulher, passou a ser intensamente requisitada em nossas primeiras fábrica, tornando-se maioria em diversos setores, como o têxtil e o de alimentos.

Apesar de exploradas as mulheres operárias contribuíram na luta pela autonomia feminina, mesmo recebendo salário inferior aos dos homens, igualavam-se a eles ao sair dos lares para trabalhar nas fábricas e completar o reduzido orçamento familiar.

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Rompendo com a Submissão

Elas mostravam que podiam executar outros trabalhos além das tradicionais profissões de enfermeira e professora.

Apesar do elevado número de trabalhadoras presentes nos primeiros estabelecimentos fabris brasileiros, não se deve supor que elas foram progressivamente substituindo os homens e conquistando mercado de trabalho fabril.

Ao contrário, as mulheres vão sendo progressivamente expulsas das fábricas, na medida em que avançam a industrialização e a incorporação da força de trabalho masculina.

As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem.

Da variação salarial, à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como “naturalmente masculino”.

 

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Rompendo com a Submissão

Um dos fatores que contribuíram para abalar o mito da inferioridade feminina foi o surgimento do cinema no Brasil, em 1907.

Por meio de diversos filmes, as mulheres foram estimuladas a tomar contato com um mundo fora dos limites do lar.

Descobriram um modelo dinâmico de mulher, reflexo de uma sociedade moderna e industrializada.

Belas e encantadoras, muitas personagens femininas de Hollywood eram psicologicamente fortes, determinadas e participativas.

O Advento da República e suas mudanças institucionais fizeram nascer, também, a esperança na aprovação do voto feminino pelos Deputados.

Em 1920, Berta Lutz fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. Para lutar pela igualdade de salários e pelo Sufrágio Feminino.

 No entanto, as mulheres só conquistariam o direito ao voto em meados da década de 1930.

Page 52: Professor Edley . República

Imigração e Industrialização

O Anarquismo 

É comum usarmos a palavra anarquismo e anarquia com o significado de confusão. Bagunça, desordem, baderna.

Mas esse não é o sentido político do termo: na sua origem grega, anarquia significa ausência de poder.

 No plano político, o anarquismo considerava o poder – o domínio de uma pessoa sobre a outra – um grande mal, rejeitando as formas sociais de opressão sobre o indivíduo.

Os Anarquistas defendiam a existência de uma sociedade que funcionava pela cooperação e pela solidariedade entre as pessoas.

Evidentemente, eram contrários à exploração dos empregados pelos patrões.

As idéias anarquistas foram trazidas para o Brasil pelos imigrantes europeus, especialmente italianos e espanhóis, que eram seguidores das idéias do italiano Errico Malatesta e do russo Pedro Kropotkin.

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Imigração e Industrialização

Greve de 1917 e Organizações Operárias

Em julho de 1917, foi organizada em São Paulo a Primeira Greve geral da História do Brasil, provocada pelo descontentamento dos operários com as condições de trabalho às quais estavam submetidos.

As manifestações dos operários, em passeatas pelas ruas, provocaram muitos conflitos com a Polícia.

Num desses conflitos, em 9 de julho, o sapateiro anarquista José Martinez, de 21 anos de idade, morreu baleado.

Esse episódio ampliou o movimento: a greve tornou-se geral, paralisando as fábricas da cidade de São Paulo e de outras regiões do país.

Estima-se entre 50 Mil e 70 Mil Trabalhadores tenham participado dessa greve.

Considerada pelo Comitê de Defesa Proletária – que tinha como líderes Edgard Leuenroth, Florentino de Carvalho, Antonio Duarte, Francisco Ciani, Rodolfo Felipe, Teodoro Monicelli, etc.

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Imigração e Industrialização

Os grevistas reivindicaram aumentos salariais, jornada de trabalho de 8 horas, direito de associação, libertação dos grevistas presos, etc.

Diante da extensão do movimento operário, o Governo e os Industriais resolveram negociar.

Prometeram melhores salários e condições de trabalho, e assumiram o compromisso de não punir os grevistas caso todos voltassem a seus postos. As promessas e os compromissos, no entanto, não foram cumpridos à risca.

O último Presidente da Primeira República, Washington Luís, dizia que a questão social era “caso de polícia”.

Para a maior parte dos membros do poder, os protestos dos trabalhadores deviam ser reprimidos com o uso da Violência Policial.

Em 1922, apoiado pelos líderes operários, foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), inspirado na Vitória dos Comunistas na Revolução Russa de 1917.

O Partido Comunista foi considerado Ilegal pela polícia logo após a sua fundação, mas continuou a existir Clandestinamente.

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Referência Bibliográfica

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral: Volume 3 – 1ª edição – São Paulo, Saraiva, 2010.

CARONE, Edgar. A Primeira República (1889-1931) – São Paulo, Difel, 1976.

FAUSTO, Boris. História do Brasil – São Paulo, Edusp, 1995.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo – São Paulo, Brasiliense, 1979.

Wikipedia.org

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