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2017 MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA Profa. Beatriz Dittrich Schimitt Profa. Giandra Anceski Bataglion

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Page 1: Profa. Beatriz Dittrich Schimitt Profa. Giandra Anceski

2017

Medidas e avaliação eM educação Física

Profa. Beatriz Dittrich SchimittProfa. Giandra Anceski Bataglion

Page 2: Profa. Beatriz Dittrich Schimitt Profa. Giandra Anceski

Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:

Profa. Beatriz Dittrich Schimitt

Profa. Giandra Anceski Bataglion

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

613.707S335m Schimitt; Beatriz Dittrich

Medidas e avaliação em educação física / Beatriz Dittrich Schimitt; Bataglion, Giandra Anceski: UNIASSELVI, 2017.201 p. : il.

ISBN 978-85-515-0069-9

1.Educação Física – Estudo e Ensino.I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

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III

apresentação

Prezado acadêmico!

Este livro didático foi desenvolvido pelas professoras Beatriz Dittrich Schmitt e Giandra Anceski Bataglion. A professora Beatriz possui graduação no curso de Licenciatura em Educação Física, obtida pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrado na área da Educação Física, pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro e atualmente cursa doutorado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A professora Giandra possui graduação no curso de Licenciatura em Educação Física e mestrado em Educação Física, ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Didaticamente, este livro será organizado em três unidades que atendem à ementa da disciplina, que preconiza que sejam apresentados conceitos básicos sobre fundamentos antropométricos e morfológicos para avaliação visando à melhoria do condicionamento físico, do rendimento e da qualidade de vida.

Ao término dos estudos, espera-se que o acadêmico compreenda a importância das medidas e avaliações para a Educação Física, reconheça quais são as principais técnicas, instrumentos e testes físicos que são frequentemente utilizados pelos profissionais da área e estejam aptos a aplicá-las em sua atuação profissional.

Para tanto, na Unidade 1, você aprenderá aspectos históricos e conceitos essenciais relacionados às medidas e avaliações, bem como sua aplicação prática.

Na Unidade 2, o enfoque serão as técnicas e instrumentos utilizados no âmbito das medidas e avaliações na Educação Física, sobretudo, acerca das medidas antropométricas e medidas de composição corporal.

Por fim, a Unidade 3 contempla assuntos relacionados aos testes de

aptidão física relacionadas à saúde e ao desempenho atlético. Para tanto, serão abordados componentes como a força, a resistência, a velocidade, a potência, a flexibilidade, a agilidade, o equilíbrio e a coordenação.

Bons estudos!Profa. Beatriz Dittrich SchimittProfa. Giandra Anceski Bataglion

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IV

UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VII

suMário

UNIDADE 1 - CINEANTROPOMETRIA ........................................................................................... 1

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES ...................................................... 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA............................................................................................. 33 DEFINIÇÕES: ANTROPOMETRIA E CINEANTROPOMETRIA ............................................. 54 APLICAÇÕES PRÁTICAS .................................................................................................................. 7

4.1 APLICAÇÕES PRÁTICAS ANTIGAS .......................................................................................... 74.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS MODERNAS ..................................................................................... 8

5 OBJETIVOS DAS MEDIDAS E AVALIAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA .............................. 12RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17

TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR ......................................... 211 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 212 CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR ............................................................. 21

2.1 TESTAR ............................................................................................................................................. 222.2 MEDIR ............................................................................................................................................... 222.3 AVALIAR ........................................................................................................................................... 23

3 TIPOS DE TESTES ............................................................................................................................... 254 TIPOS DE MEDIDAS .......................................................................................................................... 265 TIPOS DE AVALIAÇÃO...................................................................................................................... 27

5.1 VALORES DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO .................................................................... 28RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33

TÓPICO 3 – SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ............................................. 371 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 372 QUALIDADE DO TESTE.................................................................................................................... 38

2.1 PRINCIPAIS TIPOS DE VALIDADE ............................................................................................. 402.1.1 Validade face ou lógica .......................................................................................................... 422.1.2 Validade de conteúdo ............................................................................................................. 422.1.3 Validade de constructo ........................................................................................................... 432.1.4 Validade concorrente .............................................................................................................. 432.1.5 Validade preditiva .................................................................................................................. 432.1.6 Recursos estatísticos ............................................................................................................... 43

2.2 PRINCIPAIS TIPOS DE REPRODUTIBILIDADE: CONSISTÊNCIA DAS MEDIDAS ......... 442.2.1 Teste-reteste ............................................................................................................................. 442.2.2 Instrumentos paralelos .......................................................................................................... 442.2.3 Divisão do instrumento ......................................................................................................... 45

2.3 Erros de medida ............................................................................................................................... 453 ASPECTOS PRÁTICOS ....................................................................................................................... 484 ASPECTOS PEDAGÓGICOS ............................................................................................................ 495 UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................................................. 50

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VIII

6 OUTROS ASPECTOS RELEVANTES .............................................................................................. 507 VISÃO GERAL ...................................................................................................................................... 51RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 53AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 54

UNIDADE 2 - TÉCNICAS E INSTRUMENTOS ............................................................................... 63

TÓPICO 1 – ALTURAS E MASSA CORPORAL ............................................................................... 651 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 652 ALTURAS ............................................................................................................................................... 67

2.1 INSTRUMENTO .............................................................................................................................. 692.2 ESTATURA........................................................................................................................................ 692.3 ALTURA TRONCO-CEFÁLICA ............................................................................................ 71

3 MASSA CORPORAL ........................................................................................................................... 723.1 INSTRUMENTO .............................................................................................................................. 723.2 TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO ................................................................................................... 733.3 PROCEDIMENTO ........................................................................................................................... 74

4 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL .................................................................................................... 74RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 76AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77

TÓPICO 2 – DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS ................................................................................................. 791 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 792 DIÂMETROS ......................................................................................................................................... 80

2.1 INSTRUMENTO .............................................................................................................................. 812.2 BIACROMIAL .................................................................................................................................. 832.3 BICRISTA-ILÍACA ........................................................................................................................... 842.4 BIEPICONDILAR DO FÊMUR ...................................................................................................... 852.5 BIMALEOLAR ................................................................................................................................. 852.6 BIEPICONDILAR DO ÚMERO ..................................................................................................... 862.7 BIESTILOIDE .................................................................................................................................... 87

3 COMPRIMENTOS ............................................................................................................................... 883.1 INSTRUMENTOS ............................................................................................................................ 893.2 MEMBROS INFERIORES ............................................................................................................... 903.3 COXA ................................................................................................................................................. 913.4 PERNA .............................................................................................................................................. 923.5 MEMBROS SUPERIORES ............................................................................................................... 923.6 BRAÇO .............................................................................................................................................. 933.7 ANTEBRAÇO ................................................................................................................................... 94

4 PERÍMETROS ....................................................................................................................................... 954.1 INSTRUMENTOS ............................................................................................................................ 974.2 COXA ................................................................................................................................................. 974.3 PERNA .............................................................................................................................................. 984.4 BRAÇO .............................................................................................................................................. 994.5 ANTEBRAÇO ................................................................................................................................... 1004.6 CINTURA .......................................................................................................................................... 1014.7 QUADRIL.......................................................................................................................................... 102

5 DOBRAS CUTÂNEAS ......................................................................................................................... 1035.1 INSTRUMENTOS ............................................................................................................................ 1055.2 DOBRA TRICIPITAL ....................................................................................................................... 1055.3 DOBRA SUBESCAPULAR ............................................................................................................. 1065.4 DOBRA SUPRAILÍACA ................................................................................................................. 107

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IX

5.5 DOBRA ABDOMINAL ................................................................................................................... 1085.6 AXILAR MÉDIA .............................................................................................................................. 1095.7 COXA MÉDIA .................................................................................................................................. 1105.8 PANTURRILHA MEDIAL ............................................................................................................. 111

RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 112AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 114

TÓPICO 3 – COMPOSIÇÃO CORPORAL ......................................................................................... 1171 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1172 MODELOS DE ANÁLISE ................................................................................................................... 1183 FRACIONAMENTO DO PESO CORPORAL ................................................................................. 1194 TÉCNICAS DE MEDIDA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ...................................................... 121

4.1 TÉCNICAS INDIRETAS ................................................................................................................. 1224.2 TÉCNICAS DUPLAMENTE INDIRETAS .................................................................................... 1244.3 APLICAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS ................................................................ 125

4.3.1 Análise do perímetro da cintura ........................................................................................... 1254.3.2 Razão cintura/quadril............................................................................................................. 1264.3.3 Índice de conicidade ............................................................................................................... 127

5 EQUAÇÕES PREDITIVAS ................................................................................................................. 1275.1 DENSIDADE CORPORAL ............................................................................................................. 1285.2 GORDURA RELATIVA ................................................................................................................... 1295.3 GORDURA ABSOLUTA ................................................................................................................. 1305.4 MASSA MAGRA ............................................................................................................................. 130

RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 131AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 133

UNIDADE 3 - TESTES FÍSICOS........................................................................................................... 141

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA.......................................................................... 1431 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1432 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS TESTES FÍSICOS ................................................. 1463 A IMPORTÂNCIA E OS OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA .................. 149RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 151AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 153

TÓPICO 2 – DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONA DAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA .......................................................................................... 1571 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1572 CONCEITOS BÁSICOS ...................................................................................................................... 159RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 164AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 165

TÓPICO 3 – DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS .......................................................................... 1691 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1692 DESCRIÇÃO DE TESTES FÍSICOS ................................................................................................. 171

2.1 TESTES DE RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA ........................................................... 1712.2 TESTES DE FORÇA/RESISTÊNCIA ............................................................................................. 1732.3 TESTES DE FLEXIBILIDADE ........................................................................................................ 1772.4 TESTES DE VELOCIDADE ............................................................................................................ 1822.5 TESTES DE POTÊNCIA .................................................................................................................. 1852.6 TESTES DE AGILIDADE ................................................................................................................ 1872.7 TESTES DE EQUILÍBRIO ............................................................................................................... 188

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X

3 RESULTADOS DOS TESTES FÍSICOS ........................................................................................... 190RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 193AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 195

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 199

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UNIDADE 1

CINEANTROPOMETRIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo dessa unidade, você será capaz de:

• conhecer aspectos históricos sobre as medidas e avaliações;

• conceituar o que é antropometria e cineantropometria;

• reconhecer a importância do planejamento;

• compreender as principais fases do planejamento;

• conhecer os objetivos das medidas e avaliações na educação física;

• definir o que é testar, medir e avaliar;

• diferenciar e conceituar os diferentes tipos de avaliação (diagnóstica, for-mativa, somativa);

• estudar os valores de referência para avaliação (baseado por norma ou por critério);

• aprender como selecionar os instrumentos de avaliação;

• reconhecer a qualidade do teste (validade, reprodutibilidade e objetivida-de), aspectos práticos (viabilidade e a economia), aspectos pedagógicos (facilidade de entendimento e motivação) e a utilização dos resultados (es-pecificidade e prescrição);

• estudar os tipos de validade: validade face ou de lógica, validade de con-teúdo, validade de constructo, validade concorrente e validade preditiva;

• estudar a consistência das medidas: teste-reteste, instrumentos paralelos, divisão do instrumento.

• estudar os diferentes tipos de erros de medida.

PLANO DE ESTUDOS

Essa unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

TÓPICO 3 – SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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TÓPICO 1UNIDADE 1

INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

1 INTRODUÇÃO

Na área da Educação Física, os professores podem atuar em diferentes campos, sendo alguns deles na educação física escolar, no treinamento esportivo, nas academias e nos clubes com as mais variadas modalidades esportivas (DANTAS, 2009; OLIVEIRA, 2011). Além dessas modalidades, ainda há a possibilidade de atuação como personal trainer, com arbitragem e com pesquisas científicas. Independentemente do contexto em que o profissional opte por trabalhar, há especificidades que são comuns a todos.

Em todos esses contextos de atuação, os profissionais da área devem se valer de estratégias para averiguar se a proposta de trabalho está atingindo os objetivos a que se propõem. Neste sentido, para auxiliar os profissionais em sua atuação profissional, surgem as técnicas de medidas e avaliações. Essas técnicas de medir e avaliar são historicamente antigas e, cada vez mais, têm sofrido aperfeiçoamento teórico. Esse aprofundamento teórico deu origem a dois termos distintos relacionados às medidas e avaliações: a antropometria e a cineantropometria. Essa prática tão antiga continua sendo frequentemente utilizada pelos profissionais.

Ao longo do Tópico 1 será apresentada uma breve contextualização histórica sobre as medidas e avaliações, em seguida, a definição de dois termos essenciais para o estudo das medidas e avaliações: antropometria e cineantropometria. E, além disso, serão enfatizadas as diversas possibilidades de atuação prática em medidas e avaliações, tanto nas sociedades antigas como nas sociedades modernas, e também serão identificados os objetivos relacionados às medidas e avaliações de forma generalizada.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Aspectos relacionados às medidas e avaliações são historicamente antigos, ainda que com o passar dos anos as formas e os critérios de avaliação tenham se modernizado. Os registros históricos indicam que é antiga a preocupação do homem em mensurar seu corpo (FRANÇA; VÍVOLO, 1998). Essa necessidade surgiu desde os primórdios da humanidade, quando o ser humano lutava por sua sobrevivência.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Para Velho et al. (1993), na Pré-história os homens primitivos apresentavam características corporais que os auxiliavam na sobrevivência, sobretudo baseadas no ataque e na defesa. Apesar disso, não há evidências que indiquem a existência de métodos de treinamento ou indícios de que o homem percebia “proporções” ou características corporais que lhe garantiam a sobrevivência.

Na Antiguidade, na Grécia, a educação da juventude se relacionava com a preparação física e, assim, a robustez e o endurecimento do corpo eram o propósito de preparação para guerras e conquistas (MARTINS; WALTORTT, 2009). Para os autores Martins e Waltortt (2009), já é possível perceber que nesse período havia uma preocupação com as formas e as proporções corporais a fim de possibilitar vencer guerras e conquistas.

Os egípcios, por exemplo, forneceram dados antropométricos curiosos, relacionados à proporção entre a parte e todo o corpo. Na antiguidade clássica há referências que ressaltavam qual era o tipo ideal para o atleta olímpico. E, com o passar dos anos, novos estudos foram desenvolvidos e deixaram em evidência a importância da antropométrica para a atividade humana (FRANÇA; VÍVOLO, 1998).

Para Martins e Waltortt (2009), inicialmente, os seres humanos elaboram formas de atribuir medidas aos segmentos corporais a fim de estabelecer padrões de proporcionalidade necessários às manifestações da arte em esculturas, desenhos e pinturas. As medidas dos segmentos corporais passaram a ser vistas como um meio importante e necessário ao entendimento das diferentes características do homem, em suas diversas apresentações raciais. Foi-se percebendo que o homem realmente se diferencia entre si, enquanto indivíduo e enquanto agrupamento humano (raças, etnias, culturas), a partir da instituição da necessidade científica de mensurar e estudar os segmentos corporais (MARTINS; WALTORTT, 2009).

As antigas civilizações da Índia, Grécia e Egito foram as pioneiras no uso das dimensões corporais como primeiro padrão de medida, quando então se tentava estabelecer o perfil das proporções do corpo humano (PETROSKI, 1995 apud MARTINS; WALTORTT, 2009). De acordo com Michels (2000), nos livros sagrados do Velho Testamento, no Talmude Babilônico e no Midrashin já havia referências à forma, proporções e estaturas do corpo humano.

Existem alguns registros históricos que sugerem alguns períodos iniciais que impulsionaram as medidas e avaliações.

QUADRO 1 – MARCOS HISTÓRICOS RELACIONADOS ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

Tipo de medida PeríodoMedidas antropométricas 1860 a 1890Medidas de força 1880 a 1910Medidas cardiovasculares 1900 a 1925

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

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FONTE: As autoras

Como foi visto, a preocupação dos homens mensurarem o corpo é antiga. Contudo, pode-se dizer que a antropometria e a cineantropometria foram sistematizadas há pouco tempo. E desde as utilizações iniciais de formas e proporcionalidades do corpo humano, ocorreram inúmeros avanços não só nas técnicas utilizadas para mensurar, mas também nos instrumentos criados para efetuar as mensurações do corpo humano.

3 DEFINIÇÕES: ANTROPOMETRIA E CINEANTROPOMETRIA

Nesse cenário, nos deparamos com duas terminologias distintas. Há a antropometria e há a cineantropometria. A palavra “antropometria” possui origem grega. Assim, anthropo identifica “homem” e metry significa “medida”. A antropometria consiste na avaliação das dimensões físicas e da composição global do corpo humano. Velho et al. (1993) complementam que a antropometria serve para determinação objetiva dos aspectos referentes ao desenvolvimento do corpo humano, assim como para determinar as relações existentes entre físico e performance. Há outras definições da palavra, que serão apresentadas a seguir para melhor compreensão do que é antropometria. Para Michels (2000), a antropometria pode ser definida como a parte da antropologia que estuda as proporções e medidas do corpo humano. E para Martins e Waltortt (2009), a antropometria destina-se à medição dos segmentos corporais (MARTINS; WALTORTT, 2009).

E a palavra “cineantropometria”, também de origem grega, deriva de kines, que significa “movimento”, anthropo, que significa homem, e metry, que significa “medida”. Esse termo possui maior amplitude conceitual e, por isso, sugere o uso da medida no estudo do tamanho, da forma, da proporcionalidade, da composição, da maturação e da função geral do corpo humano. A cineantropometria nos auxilia a entender o movimento humano no contexto de crescimento, de atividade física, exercício físico, desempenho e nutrição.

Medidas de habilidade motora 1900 a 1920Medidas sociais 1920Medidas de habilidade esportiva específica 1920Período da avaliação 1920Período do conhecimento 1940Conceito de aptidão física 1940

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Salienta-se que a antropometria é fundamental, mas a cineantropometria é mais abrangente e atual (MARTINS; WALTORTT, 2009). Assim, apresenta-se no Quadro 3 a importância dessas duas áreas de estudos. No referido quadro, as palavras grifadas em negrito representam a contribuição da antropometria para a cineantropometria.

QUADRO 2 – A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOMETRIA E DA CINEANTROPOMETRIA

Identificação Especificação Aplicação Relevância

Cineantropometria Para o estudo do homem:

Para ajudar o entendimento:

Com aplicações para:

Mensuração do movimento humano

Tamanho *Forma *Proporção *Composição *MaturaçãoFunção

CrescimentoExercícioPerformanceEstado nutricional

EducaçãoMedicinaGovernoTrabalhoEsportes

LEGENDA: * – representam a contribuição da antropometria para a cineantropometria.FONTE: Roos e Marfell-Jones (1991) apud Martins e Waltortt (2009)

Os estudos dos aspectos físicos e morfológicos dos seres humanos são conteúdos de interesse da Educação Física, das ciências do esporte, da antropologia física, da biologia humana, da gerontologia, da ergonometria (MARTINS; WALTORTT, 2009). Então, pode-se dizer que todas essas áreas contribuíram para o aperfeiçoamento da antropometria e cineantropometria.

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A antropometria detém importância nos estudos do homem, e a partir dela é que se pode diversificar e complementar os estudos através da história. Os estudos da composição corporal são possíveis a partir de técnicas de medidas advindas da antropometria (MARTINS; WALTORTT, 2009).

Atualmente, a cineantropometria é uma disciplina que compõe a grade curricular de muitos cursos de Educação Física no Brasil. Essa disciplina surgiu com o intuito de substituir as disciplinas denominadas de “antropometria” e “biometria”.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

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4 APLICAÇÕES PRÁTICAS

Em razão de as medidas e avaliações serem um recurso utilizado desde as sociedades mais antigas, é possível compreender que com o passar dos anos ocorreram diversos aperfeiçoamentos no que concerne às técnicas de medidas e suas aplicações práticas até as sociedades modernas. Por essa razão, serão apresentados alguns exemplos que ilustram aplicações práticas das medidas e avaliações tanto nas sociedades antigas como nas sociedades modernas.

4.1 APLICAÇÕES PRÁTICAS ANTIGAS

Nas sociedades antigas, os dados antropométricos foram muito utilizados. Como já foi mencionado anteriormente, as proporções humanas eram utilizadas nas obras de arte (esculturas, desenhos e pinturas). Além disso, também eram utilizadas para a confecção de ferramentas e outros utensílios que auxiliassem na realização das atividades dos trabalhadores.

Outro exemplo que revela o uso das medidas e avaliações foi durante a escravidão. Os compradores de escravos poderiam avaliar a estatura, o peso, entre outras características para definir qual escravo seria comprado. Essa mesma lógica poderia ser aplicada aos gladiadores, que, muitas vezes, eram comprados como escravos.

Contudo, a forma de utilização mais importante relacionada às medidas e avaliações é a utilização do corpo humano como referência de medidas. Frequentemente, as sociedades antigas mediam distâncias utilizando os dedos polegares, ou a palma da mão ou as plantas dos pés. Essas unidades de medida eram denominadas de polegadas, de palmos e de pés, respectivamente.

Faz-se necessário explicar que a medida denominada polegada se refere ao comprimento do dedo médio. A medida denominada palmos se refere à distância da extremidade do polegar até a extremidade do dedo mínimo com a palma da mão aberta. E a medida denominada pés se refere ao comprimento da palma do pé.

Para a realização dessas três medidas mencionadas (polegadas, palmos e pés) não era necessário instrumento específico, bastava o indivíduo fazer uso de seus segmentos corporais.

Um exemplo: a unidade de medida polegadas foi frequentemente utilizada

pelos egípcios, entre os séculos XXXV e XXII a.C. Estimava-se que a estatura de um ser humano “ideal” deveria corresponder a 19 vezes a medida da polegada. Já para os gregos, estimava-se que a estatura de um ser humano “ideal” deveria corresponder a oito vezes a altura da cabeça do indivíduo. Essas estimativas foram elaboradas a partir de métodos de observação.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Outro exemplo da utilização da unidade de medida com base em segmentos corporais foi para efetuar as medidas de um terreno. Para estabelecer as medidas de largura e de comprimento de um terreno era possível contabilizar a quantidade de pés necessários para percorrer as extremas do terreno. Assim, um terreno poderia medir 405 pés de largura por 300 pés de comprimento.

Essas medidas eram muito utilizadas e, de certa forma, é possível utilizá-las ainda na atualidade, apesar de não ser uma prática comum no Brasil. É sabido que as unidades de medida evoluíram ao longo dos anos e, por conseguinte, instrumentos de medida foram criados para auxiliar nas medições. Na atualidade, os brasileiros utilizam unidades de medidas baseadas em centímetros (cm), metros (m) e quilômetros (km). As medidas em centímetros, metros e quilômetros podem facilmente ser transformadas em polegadas, palmos e pés, por meio do uso de um sistema equivalente. Apresentam-se na Figura 1 as unidades de medidas polegada, palmo e pé com os valores atribuídos em centímetros.

FIGURA 1 – SISTEMA DE UNIDADE DE MEDIDAS: POLEGADA, PALMO E PÉ EM CENTÍMETROS

Unidade de medida Centímetros (cm)1 polegada 1,541 palmo 22,861 pé 30,48

Nos dias atuais, o tamanho da tela de uma televisão, por exemplo, continua sendo medido com base nas polegadas. Assim, há aparelhos televisores com tamanhos diversificados, sendo: 14, 32, 49 ou 85 polegadas.

4.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS MODERNAS

Nas sociedades modernas, os dados antropométricos continuam sendo muito utilizados. Às vezes, pode lhe parecer que os termos antropometria ou cineantropometria designam um conteúdo novo, com o qual você talvez não se tenha deparado antes. Contudo, vale ressaltar que possivelmente o termo lhe seja uma novidade, mas certamente você conhece muitos contextos que fazem uso frequente do conhecimento da antropometria ou cineantropometria.

UNI

Alguns países continuam utilizando as unidades de medida polegadas e pés. As polegadas ainda são utilizadas pelas nações anglófonas. E os pés são medidas utilizadas pelo Reino Unido e Estados Unidos da América.

FONTE: As autoras

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

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Na sequência, veremos alguns exemplos onde são aplicadas as medidas e avaliações. Na Figura 2 apresenta-se o panorama geral dos exemplos que serão abordados neste subtópico.

FIGURA 2 – PANORAMA GERAL DAS APLICAÇÕES PRÁTICAS MODERNAS DAS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

FONTE: As autoras

→ Indústria automobilística:

As empresas que planejam o design interno dos automóveis fazem uso das medidas. Muitos dos automóveis são idealizados por uma empresa e posteriormente são fabricados em lojas localizadas em diferentes países. Ou seja, os automóveis são vendidos em países distintos e, assim, os compradores dos automóveis possuem diversas nacionalidades e características corporais diferentes.

Por exemplo, atualmente os carros possuem ajustes de elevação de bancos, de volantes, dos cintos de segurança; além de inclinação dos espelhos e retrovisores. Todos esses aspectos foram pensados em proporcionar que os motoristas e passageiros estejam confortáveis e seguros no momento da condução do veículo.

→ Indústria da beleza:

A indústria da beleza também se utiliza das medidas com a finalidade de lançar e definir padrões. Para ilustrar, recorre-se ao caso dos tradicionais concursos de beleza, que medem altura, peso, circunferência de quadril e de cintura das candidatas a Miss Universo ou Miss Brasil. Outra vertente dos concursos de beleza, essa tendo sua prática mais atual, são os concursos de beleza Plus Size, que privilegiam corpos de candidatas que não atendem à “ditadura” da beleza, são, portanto, corpos com características corporais contrárias à magreza. Os estereótipos das candidatas nos dois contextos de concursos de beleza são diferentes. No primeiro, de forma geral são contempladas candidatas preferencialmente com pernas longas, cintura fina e reduzido peso corporal e percentual de gordura. Já no segundo, são candidatas que apresentam cintura não tão fina e peso corporal e percentual de gordura aumentado.

Atenta-se ao fato de que ao longo dos anos os padrões de beleza se modificam com as alterações da sociedade. Na Grécia antiga, devido aos ideais heroicos da época e ao culto aos deuses, os padrões de beleza cultuavam o corpo belo, forte e esbelto (inspirado nos atletas olímpicos). Já na Idade Média era considerada bela e saudável

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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a mulher que possuía quadris largos, em sinal de que apresentaria facilidade durante o parto de seus filhos.

→ Indústria da moda:

Frequentemente, as indústrias de roupas fazem uso dessas medidas antropométricas da população. Afinal, na confecção de roupas e calçados é necessário reconhecer os tamanhos (peso, altura, comprimentos dos segmentos corporais) dos possíveis consumidores desses produtos, de modo que lhes sirvam ao corpo. Por exemplo, a média de estatura da população chinesa é diferente da média brasileira e, por isso, quando as roupas dos brasileiros são importadas da China, é comum haver alterações no tamanho. Assim, se o indivíduo utiliza roupas de tamanho “Médio” fabricadas no Brasil, é possível que utilize tamanho “Grande” das roupas fabricadas na China. Mas é importante mencionar que no próprio Brasil pode haver diferenças no tamanho das roupas, a depender dos valores de referência adotados pela empresa fabricante.

Isso ocorre porque, geralmente, os valores de referência utilizados são a média da população geral. É possível exemplificar esse fato ilustrando que a média da população chinesa apresenta manequins menores do que a população americana ou alemã. Isso explica porque, quando algumas pessoas viajam do Brasil para os Estados Unidos da América, percebem que há diferenças nos tamanhos das roupas e dos calçados. Para exemplificar essa questão dos valores de referências, na Figura 3 são apresentados dados sobre o estado nutricional relacionado ao perfil antropométrico da população brasileira de mulheres idosas em cada região do país.

FIGURA 3 – PERFIL DO ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES IDOSAS BRASILEIRAS EM CADA REGIÃO DO PAÍS

Regiões Número Estado Nutricional (%)**Magreza Adequado Sobrepeso I Sobrepeso II e III

Norte 266 9,6 43,9 33,4 13,1Nordeste 654 11,9 50,7 26,5 10,9Urbano 373 8,4 48,7 28,5 14,4Rural 281 17,6 54 23,1 5,3Sudeste 550 6,5 37,3 34,3 21,9Urbano 292 5,7 35,2 35,8 23,3Rural 258 11,2 50,8 24,5 13,5Sul 488 6,1 35,5 35,1 23,3Urbano 273 6,4 34,4 36,0 23,2Rural 215 5,3 38,7 32,3 23,7Centro-Oeste 291 11,6 42,6 34,4 11,4Urbano 169 9,3 41,7 37 12,0Rural 122 18,6 45,6 26,4 9,4Brasil 2.249 8,4 41,4 32,0 18,2Urbano 1.373 6,8 38,9 34,0 20,3

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

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FONTE: Tavares; Anjos (1999)

As profissões de alfaiate e costureira mostram com reverência a aplicação prática das medidas. Para confeccionar uma roupa para um indivíduo é preciso mensurar seus segmentos corporais. No caso da confecção de ternos, é necessário mensurar o comprimento e o diâmetro dos membros superiores, bem como aferir a circunferência da cintura, o comprimento e o diâmetro dos membros inferiores.

→ Produção de móveis:

A mesma lógica se repete na indústria dos móveis. Em móveis comprados em lojas populares que não confeccionam a mobília sob medida, é comum constatar que pessoas com estatura elevada sofrem prejuízos posturais com a altura das pias de cozinha, que tendem a ser baixas. Assim, para realizar tarefas básicas para limpeza da residência, esses indivíduos se sujeitam à má postura para se ajustarem à altura da pia. Ou ainda, no caso de indivíduos com nanismo, eles precisam adaptar a residência para atender às suas necessidades diárias com base na estatura. Neste caso, os móveis prontos, muitas vezes, adotam valores de referência que não lhes atenderão.

→ Equipamentos eletrônicos:

As aplicações práticas das medidas em equipamentos eletrônicos também são evidentes. As empresas que planejam o design externo dos telefones celulares e tablets os fabricam com opções de tamanho e teclados diferentes. Com isso, além de atender aos interesses estéticos dos compradores desses produtos, permitam que tenham opções de tamanhos menores ou maiores, que melhor se ajustem ao tamanho de suas mãos e dedos.

→ Ciências da saúde:

É notável a aplicação prática das medidas e das avaliações na área de conhecimento das ciências da saúde. Em especial, na medicina e na educação física.

Rotineiramente, os médicos utilizam as medidas e as avaliações para acompanhar o crescimento da barriga das gestantes, para acompanhar o desenvolvimento do bebê desde a barriga da mãe até os primeiros anos de vida.

Já a educação física, foco de interesse principal para nós, ao longo dos anos tem se apropriado das medidas e avaliações de modo que sua aplicação se tornou fundamental não só no contexto escolar, mas também no esporte de participação e esporte de alto rendimento, portanto, é fundamental aos profissionais da área reunir informações sobre medidas e avaliações.

Rural 876 13,7 50,0 25,3 11,0* IMC - Kg/m²** Magreza (todas as formas - IMC < 18,5); adequado (18,5 < IMC < 25,0); sobrepeso I (25,0 < IMC < 30,0); sobrepeso II e III (IMC > 30,0)

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Nota-se que a aplicação prática das medidas e das avaliações na educação física é abrangente. Assim, na educação física escolar utilizam-se as medidas e as avaliações para acompanhar os processos de crescimento e desenvolvimento dos alunos. Tanto nas escolas como nos clubes é possível utilizar as medidas e as avaliações para identificar possíveis talentos em determinadas modalidades esportivas, como o atletismo e a natação, pois há um ideal de corpo atlético de forma geral.

Já no atletismo almejam-se atletas com pernas longas para corredores e, na natação, atletas de estatura alta e envergadura elevada são requisitos desejáveis para a otimização do desempenho na água. Já para os atletas de rugby, as exigências são diversificadas, pois procuram-se atletas velozes e outros atletas fortes de modo a cumprir as diferentes funções da modalidade. Destaca-se que essa lógica não se repete nas modalidades esportivas adaptadas para pessoas com deficiências.

Nas academias, muitos aparelhos possuem regulagens que podem ser ajustadas conforme a altura, a envergadura, o comprimento de membros superiores e inferiores dos alunos matriculados. Esses ajustes são feitos para garantir maior conforto e segurança durante a execução do exercício físico realizado nos aparelhos.

Em alguns esportes, como no caso das lutas, é possível utilizar características antropométricas (peso) para inserir os lutadores nas categorias da modalidade (exemplos de algumas categorias: mosca, galo, pena, leve, médio, meio pesado, pesado, entre outras).

Além desses, há equipamentos esportivos que podem melhorar a performance do atleta. Isso é observado nas modalidades esportivas convencionais e nas modalidades de esportes adaptados para pessoas com deficiência. Para ilustrar exemplos de equipamentos esportivos que podem melhorar o desempenho esportivo, citam-se os ajustes possíveis às bicicletas (como a altura do banco), o tamanho da vara utilizada nos saltos do atletismo (salto com vara), a evolução das roupas utilizadas na natação. Além dessas, ressaltam-se as chuteiras e tênis, que tendem a efetuar ajustes conforme o tipo de pisada do indivíduo (pisada pronada, supinada ou normal), e o tamanho e o peso da bola que, em algumas modalidades, se diferenciam para homens e mulheres. No que se refere às diferenciações entre homens e mulheres no esporte, destaca-se que há outros, como o tamanho da quadra, o tamanho do gol e a altura da rede.

5 OBJETIVOS DAS MEDIDAS E AVALIAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA

O planejamento é uma exigência que, no dia a dia, se impõe em todas as atividades humanas. Consiste na previsão inteligente e bem calculada de todas as etapas do trabalho, de modo a tornar as medidas e avaliações seguras, econômicas e eficientes (CARVALHO, 1984; NÉRECI, 1989; NÉRECI, 1993).

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

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Existem algumas questões gerais que podem ser inseridas no planejamento, a saber:

→ O que deve ser verifi cado e avaliado?→ Para que serão utilizadas essas informações?→ Quais meios de avaliação estão à disposição?→ Quais são os meios mais econômicos?→ Será necessário auxílio externo?→ Como será feita a análise dos resultados?

Todas essas questões são válidas para reforçar a importância de um bom planejamento. Além disso, os objetivos também se relacionam diretamente com o planejamento. Entre eles destaca-se o interesse em conduzir os alunos para os objetivos desejados e planejar as atividades conforme as características dos alunos (NÉRECI, 1993).

Há duas fases iniciais importantes para a realização do planejamento, a saber: conhecer o público-alvo e estabelecer os objetivos (Figura 4).

FIGURA 4 – FASES INICIAIS IMPORTANTES PARA A REALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO

FONTE: As autoras

Para a elaboração do planejamento, primeiramente deve-se conhecer o público-alvo com quem se trabalhará. É sabido que a educação física é uma ampla área de atuação e, assim, os alunos podem estar inseridos na escola, nas academias, nos clubes, nos locais de trabalho (ginástica laboral), nos ginásios, nas colônias de férias, nos hotéis, entre outros. O atendimento poderá ser individualizado ou coletivo. Essas informações serão necessárias para o planejamento do plano de trabalho na educação física.

Para estabelecer os objetivos das medidas e avaliação na educação física, deve-se considerar os seguintes elementos:

→ Acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos alunos.→ Avaliar o estado dos indivíduos ao iniciar um programa de exercícios.→ Detectar limitações físicas, fraquezas ou defi ciências.→ Auxiliar o indivíduo na escolha de uma atividade física que, além de motivá-lo,

possa desenvolver aptidões.

FASES DO PLANEJAMENTO

FONTE: As autoras

CONHECER O PÚBLICO-ALVO

ESTABELECER OBJETIVOS

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Além disso, os objetivos das medidas e avaliação permitem ao profissional unir os estudantes em grupos de instrução ou de treinamentos de acordo com suas habilidades, a fim de localizar e nivelar a turma. Também servem para estimular e motivar os alunos que podem receber a avaliação de seu desempenho. E, ainda, justificar as ações realizadas durante o programa de treinamento. Os objetivos das medidas e da avaliação também são importantes para evitar lesões do aluno/atleta, ao escolher corretamente qual será a atividade a ser executada, bem como ajustar corretamente os aparelhos utilizados, evitando prejuízos à saúde do indivíduo. Um exemplo fácil de perceber é ajustar a altura do banco da bicicleta de modo que se vise evitar a lesão no joelho.

→ Acompanhar o progresso do indivíduo.→ Desenvolver programas de promoção da saúde na escola.→ Selecionar talentos para integrar equipes de competição.→ Estabelecer e reajustar programa de treinamento.→ Desenvolver pesquisas na área da educação física.

UNI

Ter clareza dos objetivos é extremamente importante durante todo o processo de medidas e avaliações. Se os profissionais têm claro quais são seus objetivos, torna-se possível elaborar estratégias para alcançá-los de fato.

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Nesse tópico você viu que:

• O interesse dos seres humanos por medidas antropométricas é antigo, mas ao longo dos anos se modernizou.

• O termo “antropometria” (origem grega) quer dizer: anthropo identifica “homem” e metry significa “medida”.

• O termo “cineantropometria” (origem grega) quer dizer: kines significa “movimento”, anthropo significa homem e metry significa “medida”.

• Inicialmente, as medidas antropométricas eram utilizadas em esculturas, desenhos e pinturas, de modo a representar as características dos seres humanos.

• A partir dos dados antropométricos foi possível constatar que as características de um indivíduo variam quando comparadas com ele mesmo ou com indivíduos de outros sexos, raças, etnias e culturas.

• Percebeu-se que há inúmeras possibilidades de aplicações práticas relacionadas às medidas e avaliações.

• Atualmente, os dados antropométricos são muito utilizados pelas sociedades modernas, por exemplo, a indústria da moda na produção de roupas e calçados.

• Geralmente, os valores de referência utilizados pela indústria da moda são a média da população geral. Acrescenta-se que cada população (etnia, nacionalidade etc) possui suas próprias medidas.

• Assimilar a aplicação prática das medidas e das avaliações.

• A educação física utiliza as medidas e avaliações nos seus variados contextos (esporte na escola, esporte de participação e esporte de alto rendimento) e nas atividades físicas em geral.

• Os profissionais devem se valer de planejamento a fim de tornar as medidas e avaliações seguras, econômicas e eficientes.

• As duas fases iniciais importantes para a realização do planejamento são: conhecer o público-alvo e estabelecer os objetivos desejados.

• Conhecer o público-alvo com quem se trabalhará implica identificar o contexto em que se atua (escola, academia etc.) e reconhecer as características peculiares dos alunos.

RESUMO DO TÓPICO 1

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Os objetivos das medidas e avaliação são: acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos alunos; avaliar o estado do indivíduo ao iniciar um programa de exercícios; detectar limitações físicas; auxiliar o indivíduo na escolha de uma atividade física que, além de motivá-lo, possa desenvolver aptidões; acompanhar o progresso do indivíduo; desenvolver programas de promoção da saúde na escola; selecionar talentos para integrar equipes de competição; estabelecer e reajustar programa de treinamento; desenvolver pesquisas na educação física.

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1 A educação física é uma área com ampla possibilidade de atuação profissional. Isso quer dizer que há inúmeros campos de atuação que podem ser ocupados. Neste sentido, cite três campos:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

2 Considerando o papel das técnicas de medidas e avaliações no campo profissional da educação física, explique com suas palavras qual é a importância das técnicas de medidas e avaliações para os profissionais.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

( ) As técnicas de medidas e avaliação iniciaram somente durante a Primeira Guerra Mundial, a fim de fornecer melhorias e ajustes nos equipamentos dos soldados. Assim, todas as técnicas de medidas e avaliação são recentes. ( ) Ao longo de muitos anos, as técnicas de medidas e avaliação foram aperfeiçoadas.( ) Há dois conceitos fortemente atrelados às medidas e avaliações, que são: antropometria e cineantropometria.( ) As técnicas de medidas e avaliações auxiliam os profissionais da educação física a verificar se o plano de trabalho está atingindo os resultados esperados pelos alunos.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F – V – V – V.b) ( ) V – V – F – F.c) ( ) V – F – V – F.d) ( ) F – V – F – V. e) ( ) F – F – F – V.

4 No que se refere à história das medidas e avaliações, reconhece-se que são historicamente antigas, apesar de terem se modernizado ao longo dos anos. Leia atentamente as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta.

AUTOATIVIDADE

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a) ( ) Os registros históricos não revelam a preocupação do homem em mensurar seu corpo.b) ( ) Os gregos forneceram dados antropométricos curiosos sobre a proporcionalidade entre o corpo todo e suas partes.c) ( ) Há registros que revelam que as medidas e avaliações eram usadas para caracterizar qual era o tipo ideal para o atleta olímpico. d) ( ) Atualmente, ainda não se tem certezas sobre a importância da antropometria para a atividade humana.e) ( ) As medidas e avaliações foram utilizadas pelas sociedades antigas, apesar de não serem mais utilizadas pelas sociedades modernas.

5 O planejamento é uma prática presente em todas as atividades humanas. A definição de objetivos se insere no planejamento do plano de trabalho. No que concerne ao planejamento e aos objetivos, assinale a alternativa correta:

a) ( ) Cabe aos objetivos do planejamento detectar limitações físicas e selecionar talentos para integrar equipes de competição.b) ( ) O planejamento não almeja conduzir os alunos para os objetivos desejados e planejar as atividades conforme as características dos alunos.c) ( ) As fases iniciais importantes para o planejamento são: conhecer o público-alvo e conhecer os materiais disponíveis.d) ( ) Avaliar o estado dos indivíduos ao iniciar um programa de exercícios e acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos alunos deixaram de ser objetivos das medidas e avaliações na Educação Física.e) ( ) O planejamento é insuficiente para tornar as medidas e avaliações seguras, econômicas e eficientes.

6 Tendo em vista as diversas aplicações práticas das medidas e avaliações, cite pelo menos um exemplo onde as medidas e avaliações são utilizadas nas sociedades modernas, e explique-as.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 A educação física se apropria das medidas e avaliações de modo que sua aplicação se tornou fundamental nas escolas, nos clubes e nas academias. No que tange às aplicações práticas das medidas e das avaliações na área de conhecimento da educação física, assinale a alternativa representa uma aplicação prática incabível para os professores e profissionais da educação física.

a) ( ) Acompanhar o crescimento da barriga de gestantes durante as aulas de educação física.b) ( ) Acompanhar os processos de crescimento e desenvolvimento dos alunos durante as aulas de educação física.

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c) ( ) Diagnosticar possíveis talentos esportivos a partir do desempenho e características que alguns alunos expressam nas aulas de educação física.d) ( ) Regular a altura do banco de um aparelho disponível na academia para obter maior conforto e segurança durante a execução do exercício físico sistematizado.e) ( ) Desenvolver e aperfeiçoar equipamentos esportivos que otimizem a performance do atleta.

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TÓPICO 2

CONCEITOS BÁSICOS:

TESTAR, MEDIR E AVALIAR

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

A educação física é uma área do conhecimento que se preocupa em avaliar os indivíduos de modo a auxiliá-los na prática de atividades físicas. Durante um programa de intervenções ocorrerão modificações no corpo do aluno e caberá aos professores acompanhar esse processo por meio de medidas e avaliações. Portanto, os profissionais precisam tomar inúmeras decisões sobre a prescrição e orientação da prática de exercícios físicos, contudo, decidir o que e como avaliar exige conhecimentos e habilidades específicas cada vez mais complexas (GUEDES; GUEDES, 2006).

Torna-se necessário, inicialmente, esclarecer alguns conceitos elementares relacionados às medidas e às avaliações. Assim, ao longo deste tópico serão explicados os significados dos termos: testar, medir e avaliar. E, ainda, apresenta-se a diferença entre esses conceitos, que, muitas vezes, são erroneamente entendidos como sinônimos. Todas essas são terminologias importantes para a compreensão dos conteúdos de medidas e avaliações na área da educação física.

Além de testar, medir e avaliar, também cabe aos professores de educação física classificar os escores obtidos pelos alunos durante o processo de avaliação. Esse sistema de classificação é útil para verificar se o avaliado atinge os resultados esperados “normais”. A ideia de normalidade é ambígua e se relaciona com parâmetros de avaliação por norma ou critérios. Normalidade pode significar se o indivíduo obtém os resultados considerados desejados ou ideais (ou se está abaixo desse nível) e pode significar que “normal” são os resultados apresentados pela maioria da população. De qualquer forma, o profissional deverá considerar qual tipo de avaliação (norma ou critérios) utilizará durante o programa de intervenções que coordena.

2 CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

Após o entendimento em torno das possibilidades que emergem com as medidas e as avaliações, é válido adentrar em conceitos essenciais. É imprescindível estudar os termos: testar, medir e avaliar.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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FIGURA 5 - CONCEITOS ESSENCIAIS PARA OS ESTUDOS DAS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006)

Na sequência, vamos entender o significado de cada um desses termos.

2.1 TESTAR

Significa verificar o desempenho do indivíduo mediante situações previamente organizadas e padronizadas. Essas situações padronizadas são denominadas de testes (GUEDES; GUEDES, 2006).

O teste é um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma informação (medidas). É por meio dos testes que são determinados os valores numéricos das medidas. Os testes podem ocorrer por meio de escrita, observação ou performance. Alguns exemplos de testes são: teste de estatura, prova para verificar o conhecimento, teste de Cooper, testes de sentar e alcançar, entre outros de não menor importância.

2.2 MEDIR Significa descrever fenômenos do ponto de vista quantitativo (GUEDES;

GUEDES, 2006). Assim, é o processo utilizado para coletar informações obtidas por um teste tomando-se por referência um sistema convencional de unidades.

As medidas são o resultado obtido através da coleta realizada por um instrumento, procedimento ou técnica atribuindo-se a ela um valor numérico, e devem ser precisas e objetivas. Alguns exemplos de medidas são: a medida em centímetros da estatura do indivíduo, a nota da prova usada para medir o conhecimento ou o percurso realizado pelo aluno no teste de Cooper.

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TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

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2.3 AVALIAR

Significa interpretar dados quantitativos e qualitativos a fim de obter parecer ou julgamento de valores com bases em referenciais previamente definidos (GUEDES; GUEDES, 2006). Acrescenta-se que a avaliação determina a importância ou o valor da informação coletada. Refere-se a um processo pelo qual se pode interpretar os valores de um grupo ou do próprio sujeito (GUEDES; GUEDES, 2006).

A avaliação é o ponto de partida para saber o que deve ser trabalhado e, além disso, julga quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado, classifica os testados, reflete o progresso, indica se os objetivos são ou não atingidos, indica se o sistema de ensino está sendo satisfatório. Por essa razão, diz-se que a avaliação deve refletir as metas e os objetivos do profissional e geralmente faz comparação com algum padrão (GUEDES; GUEDES, 2006). Destaca-se que a avaliação é um processo essencial na prática docente, pois fornece elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma ação pedagógica qualificada, que permite uma reflexão contínua de suas ações, no que se refere à escolha de competências, objetivos, conteúdos e procedimentos (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2007).

Para exemplificar de maneira visual a aplicação desses exemplos, apresenta-se o Quadro 3. Foi criada uma situação hipotética de testes de flexibilidade aplicados a dois indivíduos (sexo masculino) diferentes que se matricularam em uma mesma academia. Assim, cuidadosamente instruídos, os professores de educação física que atuam na academia realizaram o pré-teste no primeiro dia que os alunos compareceram e, após dois meses, executaram o pós-teste. Em seguida, fez-se uma avaliação observacional comparativa entre as medidas obtidas no pré-teste e no pós-teste.

IMPORTANTE

Esses três termos (testar, medir e avaliar) se diferem, embora às vezes, sejam erroneamente tratados como sinônimos. Fique atento para não confundi-los!

ATENCAO

A principal diferença entre medida e avaliação é que a medida abrange o aspecto quantitativo e a avaliação abrange o aspecto qualitativo.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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QUADRO 3 – APLICAÇÃO PRÁTICA DOS CONCEITOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

AvaliadosMedida

AvaliaçãoPré-teste Pós-teste

Indivíduo A 21 cm 24 cm Pré-teste < Pós-testeIndivíduo B 15 cm 13 cm Pré-teste > Pós-testeIndivíduo C 17 cm 19 cm Pré-teste < Pós-testeIndivíduo D 19 cm 18 cm Pré-teste > Pós-teste

Legenda: cm – centímetrosFONTE: Elaborado pelas autoras

Com base no Quadro 3, acima representado, é possível identificar qual desses indivíduos possui o melhor e o pior escore obtido no teste de flexibilidade no pré-teste e no pós-teste. Assim, agora, vamos exercitar a habilidade de observação dos resultados a fim de executar uma avaliação observacional comparativa entre os indivíduos A, B, C e D.

→ Pré-teste – Melhor escore obtido no teste de flexibilidade: Indivíduo A = 21 centímetros.

→ Pré-teste – Pior escore obtido no teste de flexibilidade: Indivíduo B = 15 centímetros.

→ Pós-teste – Melhor escore obtido no teste de flexibilidade: Indivíduo A = 24 centímetros.

→ Pós-teste – Pior escore obtido no teste de flexibilidade: Indivíduo B = 13 centímetros.

Outra comparação possível de realizar é avaliar os escores do mesmo indivíduo obtidos na situação de pré-teste e de pós-teste. Assim, será possível identificar qual dos indivíduos conseguiu expressivas melhoras no teste de flexibilidade durante os dois meses de academia. E, ainda, qual dos indivíduos apresentou piora no resultado do teste de flexibilidade durante os dois meses de academia.

→ Indivíduo A: 21 centímetros (pré-teste) → 24 centímetros (pós-teste) → Melhorou 3 centímetros.

→ Indivíduo B: 15 centímetros (pré-teste) → 13 centímetros (pós-teste) → Piorou 2 centímetros.

→ Indivíduo C: 17 centímetros (pré-teste) → 19 centímetros (pós-teste) → Melhorou 2 centímetros.

→ Indivíduo D: 19 centímetros (pré-teste) → 18 centímetros (pós-teste) → Piorou 1 centímetro.

Aquele que apresentou mais melhoras expressivas no teste de flexibilidade durante os dois meses de academia foi o Indivíduo A.

Aquele que apresentou acentuada piora no resultado do teste de flexibilidade durante os dois meses de academia foi o Indivíduo B.

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TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

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3 TIPOS DE TESTES

Entre os tipos de testes diferentes, enquadram-se os testes de campo e os testes de laboratório, conforme se apresenta na Figura 6.

FIGURA 6 – TIPOS DE TESTES

FONTE: Elaborado pelas autoras

De maneira geral, os testes de laboratório utilizam não só equipamentos especializados, mas também avaliadores especializados. Geralmente, são testes com custo mais elevado e avaliam menor quantidade de indivíduos por vez.

Em contrapartida, os testes de campo se caracterizam pela fácil aplicação, bem como os equipamentos e avaliadores não carecem de elevado grau de especialização. Logo, tornam-se testes com custo reduzido. Frequentemente, os testes de campo podem ser aplicados simultaneamente em grupos de indivíduos.

A depender dos objetivos, dos equipamentos, dos atributos e das variáveis a serem testados, dos locais e do valor financeiro disponível para aplicação dos testes, os profissionais poderão optar pelo uso de testes de campo ou testes de laboratório.

Para melhor compreensão, apresenta-se na Figura 7 um exemplo de um teste sendo realizado no contexto laboratorial.

IMPORTANTE

Ao longo do livro Medidas e avaliação em educação física, além da realização da avaliação observacional, os acadêmicos receberão os recursos necessários para classificarem os resultados obtidos nos testes em: bom, excelente, médio, regular, fraco. A depender do teste aplicado e dos valores de referência existentes para o teste em questão.

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FIGURA 7 – EXEMPLO DE UM TESTE DE LABORATÓRIO

Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 372).

4 TIPOS DE MEDIDAS Há diferentes tipos de medidas em educação física, que podem ser

divididas em dois grandes grupos. No primeiro grupo enquadram-se as medidas antropométricas: massa, estatura, perímetros corporais, diâmetros ósseos e dobras cutâneas. No segundo, enquadram-se as medidas de composição corporal: utilização da espessura de dobras cutâneas, somatória de dobras cutâneas e equações preditivas de gordura corporal. Apresenta-se na Figura 8 o panorama geral sobre os tipos de medidas.

IMPORTANTE

Tanto os testes de campo como os testes de laboratório possuem suas vantagens e desvantagens.

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TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

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FIGURA 8 – PANORAMA GERAL DOS TIPOS DE MEDIDAS

FONTE: As autoras

É válido esclarecer que os tipos de medidas serão abordados com maior aprofundamento no decorrer do Livro Didático da disciplina de Medidas e Avaliações na Educação Física.

5 TIPOS DE AVALIAÇÃO

Na educação física, avaliar a condição física do indivíduo é fundamental. Por exemplo, pode ser útil para avaliar a evolução das capacidades físicas após um programa de intervenção. Nessa perspectiva, há três diferentes tipos de avaliação, conforme apresentado no Quadro 4. Cada um desses tipos de avaliação possui suas particularidades. E caberá ao professor escolher qual tipo de avaliação utilizará. É válido ressaltar que, caso seja do interesse do professor, é possível utilizar os tipos de avaliação de forma combinada, sem ter que escolher entre uma avaliação ou outra.

QUADRO 4 – TIPOS DE AVALIAÇÃO: DIAGNÓSTICA, FORMATIVA E SOMATIVA

Tipo de Avaliação Descrição

Diagnóstica

É a análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo ou grupo de

indivíduos, em relação a uma determinada característica (geralmente

utilizada para avaliar as condições iniciais do indivíduo).

Formativa

É o tipo de avaliação feito continuamente ao longo do processo de

ensino-aprendizagem (avalia o progresso). A partir da avaliação

formativa é possível redirecionar as estratégias e as ações.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Somativa

É a soma de todas as avaliações realizadas no fi m de cada unidade do

planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução

do indivíduo.

FONTE: Adaptado de Rojas e Barros (2003)

5.1 VALORES DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO

Na rotina dos profi ssionais da educação física, os processos de avaliação estão presentes. Com frequência, os profi ssionais enfrentam inúmeros dilemas que se fazem presentes diariamente, sobretudo nos programas de avaliação. Por isso, precisam tomar decisões de modo a verifi car se o aluno avaliado apresenta os ‘resultados’ considerados “normais”. Contudo, determinar o que é “normal” ou não é uma tarefa difícil. A palavra “normal” pode possuir dois signifi cados, distintos:

→ O termo “normal” pode signifi car a associação dos resultados obtidos com escores de corte considerados desejados ou ideais. Acrescenta-se que os escores de corte devem ser previamente estabelecidos e devem ser considerados como meta a ser alcançada. Neste sentido, o termo oposto de “normal” é rotulado como “subnormal”.

→ E o termo “normal” também pode ser equivalente ao que comumente ocorre. Assim, para se defi nir o que é “normal” se utilizam parâmetros baseados no que ocorre na maioria dos indivíduos de determinado grupo. Neste caso, o termo oposto de “normal” é rotulado como “anormal”.

De qualquer forma, o processo de avaliação consiste em comparar o resultado da medida obtida com um valor de referência previamente estabelecido. Esses valores podem ser obtidos por meio de avaliação por norma ou avaliação por critério. A Figura 9 apresenta a explicação acerca de avaliação de acordo com norma ou critério.

FIGURA 9 – REFERÊNCIAS DE AVALIAÇÃO DE ACORDO COM NORMA OU CRITÉRIO

FONTE: Adaptado de Rojas e Barros (2003)

Avaliação por norma

Avaliação por critério

Referência de avaliação que expressa o comportamento (distribuição) normal da variável sob análise na população.

Geralmente é um valor arbitrário que representa um padrão mínimo de desempenho.

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TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS: TESTAR, MEDIR E AVALIAR

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Em outras palavras, pode-se dizer que na avaliação referenciada por norma, os escores são interpretados mediante comparações com certa norma, modelo recomendado quando se deseja comparar os resultados obtidos pelos indivíduos avaliados com grupos normativos (essas normas podem ser regionais, nacionais ou internacionais). Um exemplo clássico da avaliação por norma é comparar medidas de massa e estatura corporal de uma criança com base nos valores constantes nas curvas de crescimento Assim, é possível indicar qual é a situação da criança em relação ao crescimento esperado para sua idade e sexo (classificar se a criança atinge valores de referência “normal” ou “subnormal”).

Enquanto na avaliação referenciada por critério, os escores apresentados pelos avaliados são julgados comparativamente em níveis de corte explicitamente definidos (GUEDES; GUEDES, 2006). Além disso, pode-se extrair um julgamento baseado no “sucesso” ou “fracasso” no desempenho do indivíduo. Esse pressuposto se baseia na comparação da medida observada em relação a um valor que representa um limite mínimo de desempenho. Por exemplo, comparar o desempenho de um atleta de salto em altura como índice para participar em um campeonato. Se o atleta saltar maior ou igual ao critério do índice, então está apto a ir para o campeonato.

IMPORTANTE

A avaliação por norma se relaciona com o conceito de normalidade oriundo da associação entre os resultados obtidos e os escores de corte considerados desejados ou ideais (classifica os indivíduos em “normal” e “subnormal”).A avaliação por critério se relaciona com o conceito de normalidade oriundo daquilo que ocorre na maioria dos indivíduos (classifica os indivíduos em “normal” e “anormal”).FONTE: Guedes e Guedes (2006)

ATENCAO

O professor deve planejar previamente qual o tipo de avaliação deseja utilizar em seu programa de intervenções. Geralmente, as avaliações com referência a normas são utilizadas para estimar a posição dos indivíduos avaliados em relação a outros sujeitos de idênticas características. E as avaliações com referência a critérios geralmente são utilizadas para verificar se os indivíduos avaliados alcançam níveis específicos de competência sem consideração que outros tenham atingido o mesmo nível de proficiência (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Apresentam-se no Quadro 5 as peculiaridades da avaliação referenciada por norma e por critério.

QUADRO 5 – CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO REFERENCIADA POR NORMA E POR CRITÉRIO

Avaliação por Norma Avaliação por Critério

Objetivo Situar os avaliados em relação a grupos específicos.

Verificar a posição dos avaliados em relação aos níveis específicos de proficiência.

Análise das informações

Comparação dos escores com os apresentados por outros avaliados.

Comparação de escores com características ou comportamentos previamente definidos.

Sistemas de referência

Tabelas estatísticas (percentis, média, desvio-padrão) idealizadas com base em escores apresentados por sujeitos pertencentes a grupos específicos.

Pontos de corte que traduzem características ou comportamentos específicos.

Desvantagens

Posição favorável em relação a um grupo não garante níveis adequados de um atributo e necessidade de averiguar a origem das tabelas normativas.

Pontos de corte que traduzem características ou comportamentos específicos.Falta de motivação e perda de interesse.

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006)

UNI

A tomada de decisão a ser feita pelos professores depende da perspectiva de referência.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Nesse tópico você viu que:

• Há três termos frequentemente utilizados pelos professores de Educação Física, que são: testar, medir e avaliar. É imprescindível compreender cada um deles individualmente.

• Os termos testar, medir e avaliar não são sinônimos e constantemente são confundidos.

• Testar significa verificar o desempenho do indivíduo mediante “testes” organizados previamente. Esses testes fornecem valores numéricos das medidas aos profissionais.

• Medir significa descrever os valores numéricos (quantitativos) obtidos por meio dos “testes”. Esses valores (medidas) devem ser precisos e objetivos.

• Avaliar significa interpretar os dados quantitativos e/ou qualitativos obtidos por meio dos “testes” baseados em sistemas de referenciais previamente definidos.

• Há testes de campo e testes de laboratório, cada um com suas especificidades.

• Há três diferentes tipos de avaliação, sendo: avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

• A avaliação diagnóstica avalia condições iniciais do indivíduo.

• A avaliação formativa avalia o progresso do indivíduo.

• Cabe ao profissional optar por qual ou quais tipos de avaliação desejará utilizar.

• A avaliação somativa é o conjunto de todas as avaliações realizadas ao fim de cada unidade do planejamento.

• A ideia de normalidade pode possuir significados diferentes. Pode se relacionar com os pontos de corte (classifica o avaliado em “normal” ou “subnormal”) ou se relacionar com valores que ocorrem na maioria dos avaliados (classifica o avaliado em “normal” ou “anormal”).

• As avaliações podem ser referenciadas por normas ou por critérios e cada uma possui suas características próprias. É importante os professores de educação física conhecê-las e, assim, escolher qual tipo de avaliação desejarão utilizar em seus programas de intervenção.

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• A avaliação por norma é referência de avaliação que expressa o comportamento (distribuição) normal da variável sob a análise na população.

• Avaliação por critério geralmente é um valor arbitrário que representa um padrão mínimo de desempenho.

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1 Há três termos essenciais para a compreensão das medidas e para as avaliações. Cite quais são esses três termos. Na sequência, explique cada um deles.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 A compreensão de conceitos é importante para entender de forma clara as diferenças entre testar, medir e avaliar. Apesar de essas palavras possuírem significados diferentes, muitas vezes são utilizadas como sinônimos umas das outras. A partir dos conceitos de testar, medir e avaliar, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

AUTOATIVIDADE

Coluna 1 Coluna 2

(a) Testar ( ) Descrever fenômenos do ponto de vista quantitativo.

(b) Medir( ) Interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter parecer ou julgamento de valores com boas referências previamente definidas.

(c) Avaliar( ) Verificar desempenho mediante situações previamente organizadas e padronizadas, denominadas “testes”.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.

a) ( ) a, c, b.b) ( ) b, a, c.c) ( ) c, a, b. d) ( ) c, b, a.e) ( ) b, c, a.

3 No que concerne às definições de TESTAR, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) É possível, por meio do teste, verificar o desempenho do indivíduo mediante situações previamente organizadas e padronizadas.( ) Essas situações padronizadas são denominadas de medidas.( ) O teste é um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma medida.( ) Os testes não viabilizam determinar os valores numéricos das medidas.( ) Há diferentes tipos de testes, por meio de escrita, de observação ou de performance.

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Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V – F – V – F – V.b) ( ) F – F – F – V – V.c) ( ) F – V – V – F – F. d) ( ) V – F – V – F – F.e) ( ) V – F – F – V – V.

4 No que concerne às definições de MEDIR, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) Significa descrever fenômenos do ponto de vista qualitativo.( ) Significa descrever fenômenos do ponto de vista quantitativo.( ) É útil para obter informações por um teste tomando-se por referência um sistema convencional de unidades.( ) Medidas são o resultado obtido através da coleta realizada por um instrumento, procedimento ou técnica atribuindo-se a ela um valor numérico, e devem ser precisas e objetivas.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V – F – V – V.b) ( ) F – V – V – V.c) ( ) F – V – F – F. d) ( ) V – F – V – F.e) ( ) V – F – F – V.

5 No que concerne às definições de AVALIAR, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) Significa interpretar dados quantitativos e qualitativos a fim de obter parecer ou julgamento de valores com bases em referenciais previamente definidos.( ) A avaliação julga quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado, classifica os testados, reflete o progresso, indica se os objetivos são ou não atingidos, indica se o sistema de ensino é satisfatório.( ) Não cabe à avaliação possibilitar a reflexão acerca das metas e os objetivos do profissional.( ) Determina a importância ou o valor da informação coletada.( ) A avaliação não viabiliza a comparação com algum padrão predefinido.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V – V – V – F – V.b) ( ) F – F – V – V – V.c) ( ) F – V – V – F – F. d) ( ) V – V – F – V – F.e) ( ) V – F – F – V – F.

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6 No que se refere aos diferentes tipos de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa), correlacione os itens I, II e III de acordo com o tipo de avaliação a que se referem.

I - Consiste no tipo de avaliação feito continuamente ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Com este tipo de avaliação é possível redirecionar as estratégias e as ações.II - Representa o conjunto de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução do indivíduo.III - Refere-se à análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo ou grupo de indivíduos, em relação a uma determinada característica. ( ) Avaliação diagnóstica.( ) Avaliação formativa.( ) Avaliação somativa.

7 Os valores de referência para avaliação são frequentemente utilizados para comparar o resultado da medida obtida com um valor de referência previamente estabelecido. Cite as duas referências de avaliação e explique-as.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 Os valores de referência comumente utilizados fazem menção a normas ou a critérios. Para organizar as diferenças entre essas avaliações com referências distintas, leia atentamente as frases. Posteriormente, insira I para a avaliação referenciada por norma e II para a avaliação referenciada por critério.

( ) Possui o objetivo de verificar a posição dos avaliados em relação aos níveis específicos de proeficiência.( ) Possui o objetivo de situar os avaliados em relação a grupos específicos.( ) Analisa as informações a partir da comparação dos escores com os apresentados por outros avaliados.( ) Analisa as informações a partir da comparação de escores com características ou comportamentos previamente definidos.( ) Como sistema de referência, utiliza pontos de corte que traduzem características ou comportamentos específicos.( ) Possui a desvantagem da falta de motivação e perda de interesse.( ) Como sistema de referência, utiliza tabelas estatísticas (percentis, média, desvio-padrão) idealizadas com base em escores apresentados por sujeitos pertencentes a grupos específicos.

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TÓPICO 3

SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS

DE AVALIAÇÃO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Para que seja possível avaliar os indivíduos (alunos, clientes, atletas) que participam do programa de intervenção deve-se aplicar testes para verificar se o programa tem proporcionado os resultados esperados ou não. E, ainda, a partir dos resultados obtidos nos testes, é possível efetuar ajustes no programa de intervenção.

Para tanto, há uma dúvida central: como selecionar os instrumentos de avaliação? A fim de responder ao questionamento, deve-se considerar que há diferentes modalidades para os critérios de seleção: qualidade do teste, aspectos práticos, aspectos pedagógicos e a utilização dos resultados.

A qualidade do teste se refere à validade, reprodutibilidade e objetividade. Os aspectos práticos contemplam a viabilidade e a economia do teste. Os aspectos pedagógicos se referem à facilidade de entendimento e à motivação. E a utilização de recursos engloba a especificidade e a prescrição. Para melhor visualização dessas informações, apresenta-se a Figura 10.

FIGURA 10 – CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

FONTE: As autoras

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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Acrescenta-se que o ideal é selecionar bons testes, de modo que os resultados obtidos sejam precisos e confiáveis. De forma geral, bons testes possuem três características essenciais relacionadas à qualidade, sendo: a validade, a reprodutibilidade e a objetividade. Esses conceitos básicos são essenciais para que as avaliações sejam feitas com o mínimo de erro possível. É importante mencionar que há diferentes tipos de validade: validade face ou de lógica, validade de conteúdo, validade de constructo, validade concorrente e validade preditiva. Cada uma dessas validades será explicada separadamente.

No que concerne à consistência das medidas, item relacionado à reprodutibilidade e validade dos testes, pode-se recorrer a diferentes estratégias, entre elas o teste-reteste, o uso de instrumentos paralelos e a divisão do instrumento. Ademais, por mais que os critérios de validade almejem minimizar ao máximo os erros de medida, causados pelas alterações que podem surgir com relação aos avaliadores, aos avaliados e aos instrumentos utilizados na avaliação, eles sempre estão presentes. Os erros de medidas são classificados em sistemáticos e aleatórios.

Quanto aos aspectos práticos, enfatiza-se a viabilidade (equipamentos, as instalações, a equipe técnica, o tempo disponível, o número de avaliados) e a economia (custo-benefício). Por fim, nos aspectos pedagógicos enquadram-se a facilidade de entendimento e a motivação, e na utilização de resultados destacam-se a especificidade e a prescrição.

Cada um dos elementos mencionados anteriormente será detalhadamente desenvolvido nos subtítulos a seguir.

2 QUALIDADE DO TESTE

A qualidade dos instrumentos utilizados é fundamental para o desenvolvimento de qualquer programa de intervenção. Logo, pode-se dizer que a qualidade de um teste é um aspecto decisivo no processo avaliativo como um todo.

Em linhas gerais, Rojas e Barros (2003) acreditam que testes bons geram medidas boas e possibilitam a realização de uma avaliação confiável. Enquanto que testes ruins geram medidas ruins, o que restringe a avaliação, porque fornecem dados imprecisos e julgamentos equivocados. Para compreender melhor esta lógica de raciocínio, apresenta-se a Figura 11.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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FONTE: Adaptado de Rojas e Barros (2003)

Contudo, como os profi ssionais devem escolher os testes que pretendem utilizar para auxiliá-los de forma coerente no processo de avaliação? Responder a esta pergunta não é uma tarefa muito fácil, mas há algumas sugestões para auxiliar na escolha de bons testes. Primeiramente, deve-se escolher os testes que mais se adéquem a determinada realidade em que se está inserido, ao contexto, ao local, aos materiais disponíveis e às variáveis que se deseja medir.

Além disso, acrescenta-se que os bons testes possuem algumas características específi cas, como a validade, a reprodutibilidade e a objetividade (ROJAS; BARROS, 2003).

FIGURA 12 – CARACTERÍSTICAS DE UM BOM TESTE

FONTE: As autoras

Na sequência, vamos estudar cada uma dessas características.

→Validade: é o critério que defi ne o grau de precisão e o erro de medida de um determinado teste (ROJAS; BARROS, 2003). Diz-se que um teste é válido quando ele mede aquilo que se propõe a medir. Destaca-se que bons testes possuem elevado grau de precisão e, por conseguinte, pequena margem de erro. Há diferentes tipos de validade: lógica ou de face, de conteúdo, de constructo, concorrente e preditiva.

→Reprodutibilidade: refl ete a consistência entre as medidas obtidas em duas aplicações consecutivas do mesmo teste. Para o teste ser considerado reprodutível, os resultados dessas duas aplicações devem ser aproximados (ROJAS; BARROS, 2003). Pode-se dizer que quanto maior for a reprodutibilidade do teste, mais estáveis e precisas serão as medidas obtidas. Atenta-se ao fato de que a reprodutibilidade de um teste pode ferir sua validade.

→Objetividade: assemelha-se à reprodutibilidade. É um indicador específi co de reprodutibilidade que se refere ao grau de concordância entre diferentes

Testes bons medidas boas Avaliação confi ável

Testes ruins medidas ruins Avaliação restrita

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM TESTE

VALIDADE REPRODUTIBILIDADE OBJETIVIDADE

FIGURA 11 – IMPLICAÇÕES DE TESTES BONS OU RUINS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

avaliadores durante a administração de um mesmo instrumento de medida. Um teste é objetivo quando produz medidas/resultados semelhantes quando administrado por diferentes avaliadores. Há inúmeros fatores que podem influenciar a objetividade de um teste, por exemplo, a forma como as instruções foram fornecidas ao avaliado, as condutas ou o estado de humor do avaliador no ato da aplicação do teste. Ressalta-se que testes objetivos sofrem pouca interferência da ação/participação do avaliador. Logo, o erro intra-avaliador é pequeno (ROJAS; BARROS, 2003).

Acerca da tríade validade-reprodutibilidade-objetividade, acrescenta-se que há inter-relações entre eles e, às vezes, essas inter-relações são unilaterais. Para exemplificar essas inter-relações, apresenta-se a Figura 13.

FIGURA 13 – INTER-RELAÇÃO ENTRE OBJETIVIDADE-REPRESENTATIVIDADE E VALIDADE DE UM TESTE

FONTE: Rojas e Barros (2003)

Apresenta-se a Tabela 1 com as referências sobre os níveis de validade, reprodutibilidade e objetividade proposta por Safrit (1981).

TABELA 1 – NÍVEIS DE VALIDADE, REPRODUTIBILIDADE E OBJETIVIDADE

Nível Validade Reprodutibilidade ObjetividadeExcelente 0,80 – 1,00 0,90 – 1,00 0,95 – 1,00Bom 0,70 – 0,79 0,80 – 0,89 0,85 – 0,94Regular 0,50 – 0,69 0,60 – 0,79 0,70 – 0,84Fraco 0,00 – 0,49 0,00 – 0,59 0,00 – 0,69

FONTE: Safrit (1981)

ATENCAO

Regra 1: Se um teste NÃO for reprodutivo, ele não será válido.Regra 2: Um teste objetivo precisa obrigatoriamente ser reprodutivo (o inverso não é regra).Curiosidade 1: Um teste pode ser reprodutivo, mas não ser válido.Curiosidade 2: Um teste pode ser objetivo, mas não ser válido.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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2.1 PRINCIPAIS TIPOS DE VALIDADE

A validade é um elemento básico para medidas e avaliações. Somente quando um instrumento é válido é possível considerar as informações obtidas para a avaliação (GUEDES; GUEDES, 2006). Ressalta-se que não existe um método único para determinar a validade de um teste. Na realidade, existem inúmeras estratégias que podem ser utilizadas para estimar a validade de um teste, que utilizam abordagens qualitativas ou quantitativas. De forma geral, o que se procura é demonstrar que a margem de erro ou a subjetividade é tão pequena que pode ser tolerada sem prejudicar a avaliação (ROJAS; BARROS, 2003).

A validade pode ocorrer em diferentes graus. Para definir o grau de validade de um instrumento deve-se considerar sua finalidade, o tipo de interpretação que oferece aos seus escores e da sua aplicação. Assim, há diferentes tipos de validade, sendo: validade face ou de lógica, validade de conteúdo, validade de constructo, validade concorrente e validade preditiva.

Apresentam-se na Figura 14 as evidências de validade de um teste a partir de diferentes procedimentos.

FIGURA 14 – SUBJETIVIDADE E ARGUMENTO DE VALIDADE EM DIFERENTES PROCEDIMENTOS DE VALIDAÇÃO

FONTE: Rojas e Barros (2003)

Na sequência será explicado cada um dos tipos de validade de acordo com os conceitos de Rojas e Barros (2003) e Guedes e Guedes (2006). Apresenta-se na Figura 15 um panorama geral acerca de cada um dos tipos de validade.

ATENCAO

A validade do teste deve ser considerada desde o momento em que se decide avaliar determinada característica do indivíduo e continua ao longo do processo de planejamento, administração e interpretação do teste (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

FIGURA 15 – PANORAMA GERAL SOBRE OS DIFERENTES TIPOS DE VALIDADE

FONTE: Adaptado de Rojas e Barros (2003) e Guedes e Guedes (2006)

Agora, estudaremos separadamente cada um dos tipos de validade:

2.1.1 Validade face ou lógica

É o procedimento mais frágil para estabelecer a validade de um teste, porque possui natureza empírica e subjetiva (não é determinada por métodos estatísticos). Parte da premissa de que os instrumentos de medida produzirão escores representativos de alguma característica ou comportamento, mas deve-se determinar até que ponto esses escores podem traduzir informações sobre o que se pretende avaliar (GUEDES; GUEDES, 2006). Um instrumento é válido quando consegue demonstrar claramente que o teste permite obter bons dados sobre as variáveis de interesse. Exemplo: qualidade de vida.

2.1.2 Validade de conteúdo

Pode ser obtida por meio da comparação de resultados de duas versões de um mesmo teste, sendo uma versão curta e outra longa. Acredita-se que se o conteúdo está presente nas duas versões do teste, então as medidas obtidas na versão curta deverão se correlacionar satisfatoriamente com as medidas da versão

VALIDADEGrau com que o instrumento de medida oferece informações quanto às características ou aos comportamentos associados ao atributo que se pretende avaliar,

Validade face ou lógicaAnálise representativa dos escores ebtidos com o instrumento de medida em relação à característica ou ao acompanhamento que se pretende analisar

Validade de conteúdoComparação de escores obtidos com a versão longa do instrumento de medida com a versão curta.

Validade de ConstructoComparação escores obtidos entre dois grupos diferentes em relação ao atributo que se pretende avaliar.

Validade CorrenteRelação estatística entre os escores produzidos pelo instrumento de medida e indicadores de mesma natureza que seguramente oferece indicações favoráveis quanto à avaliação do mesmo atributo que se pretende avaliar.

Validade PreditivaGrau de probabilidade com que os escores produzidos pelo instrumento de medida podem predizer estatisticamente o atributo que se pretende avaliar.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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longa (ROJAS; BARROS, 2003). Exemplo: questionário de atividade física habitual (IPAQ).

2.1.3 Validade de constructo

Permite localizar e isolar dois grupos que reconhecidamente são diferentes em relação à variável que está sendo testada. Assim, deve-se aplicar o teste que se almeja validar a esses dois grupos distintos para determinar se há diferenças significativas entre os escores obtidos em cada um dos grupos (ROJAS; BARROS, 2003).

2.1.4 Validade concorrente

Expressa a relação estatística que possa existir entre os escores produzidos pelo instrumento de medida em questão e pelos indicadores de mesma natureza oferecidos por outro instrumento de medida já validado que seguramente oferece indicações favoráveis sobre a avaliação do mesmo atributo que se pretende avaliar (GUEDES; GUEDES, 2006).

2.1.5 Validade preditiva

É a forma mais rigorosa de estabelecer a validade de um teste e envolve o uso de um critério (geralmente um comportamento futuro) a ser predito através de uma equação matemática. Diz-se que um teste tem validade preditiva se as medidas que ele permite obter são significativamente correlacionados com uma característica, comportamento ou desempenho apresentados no futuro (ROJAS; BARROS, 2003).

2.1.6 Recursos estatísticos

Nota-se que alguns desses tipos de validade fazem uso de recursos estatísticos. Para tanto, calculam o coeficiente de correlação entre os escores obtidos pelos instrumentos de medida. Posteriormente, os valores do coeficiente de correlação são analisados a partir de uma tabela de referência predefinida. No caso da educação física, adota-se a tabela elaborada por Tritschler (2000) (GUEDES; GUEDES, 2006). Apresenta-se a Tabela 2 com as referências sobre os coeficientes de correlação para interpretação de validação de instrumentos na área da educação física.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

TABELA 2 – COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO REFERÊNCIA PARA INTERPRETAÇÃO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Coeficiente de correlação Validação do instrumento0,90 – 0,99 Excelente0,80 – 0,89 Muito boa0,70 – 0,79 Aceitável0,60 – 0,69 Questionável

FONTE: Adaptado de Tritschler (2000) apud Guedes e Guedes (2006)

Assim é possível verificar de forma quantitativa a validade do instrumento de medida.

2.2 PRINCIPAIS TIPOS DE REPRODUTIBILIDADE: CONSISTÊNCIA DAS MEDIDAS

A reprodutibilidade designa a consistência entre as medidas obtidas em duas aplicações consecutivas do mesmo teste (ROJAS; BARROS, 2003). Para aferir a consistência das medidas, é possível adotar diferentes estratégias, entre elas o teste-reteste, o uso de instrumentos paralelos e a divisão do instrumento (ROJAS; BARROS, 2003).

2.2.1 Teste-reteste

A estratégia do teste-reteste contempla duas aplicações do teste para o mesmo grupo de avaliados. Posteriormente, calcula-se o índice de reprodutibilidade por meio do coeficiente de correlação (estatística).

2.2.2 Instrumentos paralelos

A estratégia dos instrumentos paralelos consiste na aplicação de dois testes equivalentes ou paralelos para o mesmo grupo de avaliados. Pode-se efetuar a aplicação de maneira simultânea ou em duas sessões com pequeno intervalo de tempo entre elas. Neste caso, a dificuldade é construir dois testes que sejam equivalentes em termos de conteúdo.

UNI

O Teste de Correlação – é uma técnica estatística utilizada para determinar o relacionamento entre duas ou mais variáveis.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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2.2.3 Divisão do instrumento

A estratégia da divisão do instrumento é a fragmentação do teste em duas metades e os escores de ambas as partes serão correlacionados a fim de estimar o índice de consistência entre as medidas. Possui a vantagem de ser uma única aplicação do teste e não requer a construção de um segundo teste equivalente.

2.3 Erros de medida

Para qualquer programa de avaliação, a coleta de informações é fundamental. Por isso se tem tanta preocupação com os possíveis erros de medida. Caso os dados sejam coletados de forma desatenciosa, poderão ser inutilizados para as análises da avaliação (GUEDES; GUEDES, 2006).

De maneira infortuna, apesar dos esforços na tentativa de obter medidas da melhor qualidade possível, independentemente de qual teste será adotado, deve-se considerar que toda medida tem um erro. Cabe à validade do teste verificar se o erro de medida é pequeno, de modo que não interfira nos resultados obtidos. Salienta-se que ao longo dos anos ocorreu elevada evolução nos instrumentos de medida, de modo que o aproximem de zero. Apesar disso, ressalta-se que os erros de medida se fazem presentes.

Geralmente esses erros de medida são causados pelas constantes alterações que podem surgir, em especial com relação aos avaliadores, aos avaliados e aos instrumentos utilizados na avaliação (GUEDES; GUEDES, 2006). Por essa razão, é importante considerar essas constantes alterações de modo a reduzir para o mínimo tolerável os erros de medida e, ainda, mensurar a magnitude do erro a fim de melhor subsidiar, do ponto de vista estatístico, a análise dos escores obtidos.

A fim de exemplificar melhor os exemplos de erros que podem ocorrer, destacam-se:

• Avaliadores que realizam pegadas diferentes para medir no teste do adipômetro.

• Avaliadores que não priorizam a padronização do teste e o realizam fora do padrão. Por exemplo, medidas de circunferências às vezes obtidas por cima de roupa e outras sob a roupa; ou medidas de circunferências às vezes obtidas com referência às linhas paralelas do solo e outras vezes não;

• Aplicação do teste (para o mesmo indivíduo ou para indivíduos diferentes) em períodos diferentes dos dias, com temperaturas muito diferentes.

• Aplicação do teste às vezes após alguns dos avaliados ter praticado exercícios físicos ou alongamento.

• Instrumentos não calibrados, não aferidos ou com desgastes que causem alteração nas medidas podem provocar erros.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

Para fins de curiosidade, apresenta-se na Figura 16 um adipômetro ou plicômetro sendo utilizado para mensurar a espessura do tecido adiposo.

FIGURA 16 – UTILIZAÇÃO DO ADIPÔMETRO OU PLICÔMETRO

Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 223).

Existem também os erros estatísticos, os quais podem ser estimados aplicando-se o mesmo teste várias vezes em um mesmo indivíduo e em condições idênticas. Posteriormente, deve-se analisar os dados e verificar a dispersão das medidas em torno do valor médio. Quanto maior for a dispersão, maior será o erro e menor a precisão. Quanto menor for a dispersão, menor será o erro e maior será a precisão.

De acordo com a classificação, os erros de medida são sistemáticos e aleatórios, conforme a Figura 17.

UNI

O adipômetro, também chamado de plicômetro, é um equipamento que serve para medir a espessura do tecido adiposo em diversas partes do corpo. Ao longo do Livro da disciplina de Medidas e Avaliações, esse instrumento será estudado separadamente.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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FIGURA 17 – CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS DE MEDIDA

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006)

A seguir, vejamos cada um dos erros de medida a partir de Guedes e Guedes (2006).

• Erros de medida sistemáticos: ocorrem em caso de réplicas de medida quando a probabilidade de as duas aplicações diferirem entre si for igual à de ocorrerem diferenças entre os escores originais do atributo. Surgem quando fatores responsáveis pelos erros afetarem igualmente os escores originais e as réplicas. Neste caso, as diversas medições não estão muito dispersas, então reconhece-se que a medida tem precisão, mas o seu valor médio difere do valor verdadeiro da variável medida. Observa-se, ainda, a ausência de erro estatístico. O erro sistemático é sempre o mesmo e não pode ser identifi cado por repetição da medida porque o valor verdadeiro não é conhecido. Os erros de medida sistemáticos podem ocorrer em razão de problemas: instrumental (erro na calibração do instrumento), teórico (erro nas fórmulas usadas), ambiental (temperatura) e observacional (falha dos avaliadores).

• Erros de medida aleatórios: resultam de fatores responsáveis pelos erros que afetam diferentemente os escores verdadeiros e as réplicas. Atenta-se ao fato de que, na Educação Física, ocorrem os erros de medida aleatórios com maior frequência quando mais de um avaliador realizar a coleta das informações e não houver padronização das medidas.

Além dessa classifi cação geral apresentada anteriormente, há tentativas de pesquisadores da área em descrever as várias fontes de erros de medida. Assim, os diferentes tipos de erros de medida são apresentados na Figura 18.

ATENCAO

Para o teste ser padronizado, deve ter e apresentar a descrição exata das condições sob as quais deve ser aplicado, de modo que todos os avaliadores possam reproduzi-las de maneira semelhante, reduzindo os erros de medida.

Erros de Medida

Aleatórios

Sistemáticos

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

FIGURA 18 – TIPOS DE ERROS DE MEDIDA

FONTE: Guedes e Guedes (2006)

Para reforçar, a exatidão analisa o quanto as medidas obtidas estão em conformidade com a sua verdadeira medida, sendo insuficiente considerar apenas a precisão com que as medidas são realizadas, mas também obter medidas com alto índice de exatidão. A precisão analisa o quão consistente um avaliador está com ele mesmo na realização das medidas (reprodutibilidade intra-avaliador) ou com relação a outros avaliadores (reprodutibilidade interavaliadores) (GUEDES; GUEDES, 2006).

3 ASPECTOS PRÁTICOS

No que tange aos aspectos práticos, atenta-se para a viabilidade e para a economia. A viabilidade contempla os equipamentos, as instalações, a equipe técnica, o tempo disponível, o número de avaliados, entre outros. Essas questões devem ser consideradas inclusive durante o planejamento das medidas e avaliações, de modo a tornar exequível a aplicação dos testes e da avaliação em sua totalidade.

Já a economia verifica a relação existente entre os custos e os benefícios. Uma proposta de trabalho de altíssimo custo e baixo custo-benefício não se torna viável. Em contrapartida, uma proposta de baixo a médio custo que proporcione elevados benefícios se torna bastante atrativa para execução.

IMPORTANTE

Guedes e Guedes (2006) indicam que, na área da Educação Física, a maior dificuldade é determinar qual é a verdadeira medida para um atributo em determinado avaliado naquele dado momento, visto que o organismo está constantemente em estado de transformação e, portanto, teoricamente não deverá produzir as mesmas respostas entre uma medida e outra, mesmo que em curto espaço de tempo.

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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4 ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Os aspectos pedagógicos, por sua vez, compreendem a facilidade de entendimento e a motivação. Nos momentos que precedem a aplicação de um teste, o avaliador deve explicar o teste para o avaliado, questionar o avaliado que está com alguma dúvida sobre o teste. O avaliado precisa entender como será feito o teste para poder executá-lo corretamente. Muitas vezes, o avaliador precisa demonstrar como o avaliado deve realizar a tarefa antes do teste iniciar. Isso preconiza que toda informação deve ser seguida por uma demonstração, conforme defendido por Sherril (2004).

Ultimamente, as pesquisas científicas têm exigido padronização nas instruções que o avaliador fornece aos avaliados. Atenta-se também ao fato de que a forma com que o avaliador realiza a abordagem é muito importante para obtenção de medidas confiáveis. Por isso, é imprescindível conhecer muito bem o público-alvo com que se está trabalhando (crianças, jovens, adultos, idosos, entre outros).

Outro exemplo de uma situação que pode comprometer a coleta dos dados é o constrangimento do avaliador por algum motivo específico ou, ainda, a depender do instrumento utilizado, também é possível constranger o avaliado. Há questionários que, muitas vezes, são aplicados para coleta de dados em populações idosas que eventualmente podem gerar o constrangimento. Questões relacionadas ao poder socioeconômico, aspectos relacionados à saúde, presença de doenças, avaliação da memória, utilização de substâncias entorpecentes e atividade sexual são exemplos de perguntas que carecem de cuidado e sensibilidade por parte do avaliador no momento da aplicação de questionários. Por vezes, os avaliados podem inclusive não responder às perguntas com sinceridade. Com a experiência, a prática e a perseverança constante, o avaliador conseguirá perceber todos esses detalhes durante a aplicação do instrumento de medida.

A motivação, entretanto, representa um desafio para o avaliado. É definida como um estado emocional capaz de despertar interesse ou desinteresse do avaliado. Em linhas gerais, trata-se de um aquecimento para que o avaliado aplique suas energias voluntariamente na execução da tarefa prevista (NÉRECI, 1993).

É relevante especificar que há um termo denominado “incentivo” que frequentemente se associa à motivação. Para alguns especialistas da área, a motivação é definida como a vontade ou interesse por algo que brota dentro do próprio indivíduo, como se fosse uma “força interior”. E o incentivo é definido como um estímulo externo, visando despertar a vontade/interesse no indivíduo. Independentemente do termo ou da definição adotada, ambas se fazem importantes durante a aplicação de instrumentos de medida.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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5 UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS Posteriormente a todo processo de avaliação, cabe aos profissionais

utilizarem os resultados obtidos e a interpretação deles para fornecerem retorno ao avaliado, informá-lo a respeito do seu resultado/desempenho, e também podem ser utilizados para acompanhar a evolução do aluno. Outra excelente forma de aplicação dos resultados é utilizá-los como uma ferramenta interessante para motivar o aluno/atleta para a prática das atividades físicas desenvolvidas ou, ainda, para correção do treino executado. Além disso, esses resultados também poderão ser cuidadosamente utilizados pelos profissionais com a finalidade de prescrição de atividade física e/ou de exercícios físicos.

6 OUTROS ASPECTOS RELEVANTES Reconhecer as questões éticas acerca das medidas e avaliações é de grande

valia. Afinal, quando os profissionais optam por seguir uma profissão que lida com pessoas, inegavelmente se deparam com elementos éticos a priori. Nesse sentido, os avaliados com os quais se trabalha são indivíduos dotados de fatores psicológicos e físicos.

Cabe aos profissionais explicar aos avaliados os procedimentos que serão utilizados no teste. O avaliado deverá estar consciente dos intrumentos e dos protocolos de avaliação que serão aplicados a ele, bem como as possíveis falhas que o instrumento de medida utilizado venha a possuir. Ao avaliado cabe aceitar participar da coleta das informações, mas, mesmo após o aceite, poderá solicitar que a avaliação seja interrompida em qualquer momento. Contudo, para evitar essa situação de desistência por parte do avaliado, ressalta-se a importância de explicar corretamente o que será feito e como será feito durante as medidas e avaliações, sem omitir parte do teste para o avaliado, além de deixar o avaliado à vontade durante a aplicação do teste.

É recomendável, quando viável, a elaboração de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para segurança tanto do avaliado como do avaliador. No termo deverá constar a identificação do avaliado e do avaliador e informar sobre os instrumentos e protocolos de avaliação, com ênfase ao respeito ao avaliado, que poderá interromper. Há inúmeros modelos de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, disponíveis gratuitamente na internet, que são fonte de consulta e poderão ser utilizados como modelo.

No caso de o avaliador perceber que o avaliado está desconfortável ou não deseja participar da coleta de informação, também pode solicitar a interrupção. Em avaliações com crianças, por vezes, diante de um cenário ao qual não estão habituadas, bem como pessoas que não conhecem bem (avaliadores), podem apresentar choro. Neste momento, o olhar sensível do avaliador deverá estar atento para reconhecer os sinais que o avaliado indica e interromper a aplicação

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TÓPICO 3 | SELEÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

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do instrumento de medida, ainda que o desejo em finalizar a avaliação esteja presente. Mesmo que as avaliações sejam continuadas e, ato contínuo, finalizadas, face às intercorrências sofridas, é provável que os resultados não sejam confiáveis.

7 VISÃO GERAL

Os conteúdos abordados no Livro Didático de Medidas e Avaliações em Educação Física apresentam inúmeras particularidades, as quais foram apresentadas divididas didaticamente em partes. Em contrapartida, torna-se válido apresentar um panorama geral acerca das etapas que norteiam as medidas e as avaliações.

Em um primeiro momento, é de grande valia reconhecer os objetivos dos programas de avaliação, a saber: acompanhar o processo de ensino-aprendizagem; detectar, selecionar e promover talentos esportivos; prescrever e orientar as atividades/exercícios físicos; diagnosticar questões relacionadas ao estado de saúde e elaborar um banco de dados para pesquisas científicas.

Na sequência, deve-se definir com quais atributos se deseja trabalhar, quais sejam: crescimento físico, maturação biológica, desempenho motor, proporcionalidade, composição corporal, estado nutricional, atividade física habitual, sistema de mobilização energética e sistema músculo-articular.

Ato contínuo, deve-se determinar os referenciais de análise que serão adotados, sendo avaliação referenciada por norma ou avaliação referenciada por critério. Também é imprescindível selecionar e escolher quais instrumentos de medida serão utilizados. Pode-se recorrer à testagem, à medição, à observação, a entrevistas ou, ainda, a questionários.

Posteriormente, atenta-se para a aplicação dos instrumentos de medida propriamente dita, seguida pela análise das informações obtidas durante a coleta dos dados. Por fim, os resultados obtidos e devidamente analisados devem ser disseminados.

Para melhor visualização das informações acima descritas, apresentam-se na Figura 19 todas as etapas que compõem o delineamento de um programa de avaliação no campo da educação física.

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UNIDADE 1 | CINEANTOPOMETRIA

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FIGURA 19 – ETAPAS DO DELINEAMENTO DE UM PROGRAMA DE AVALIAÇÃO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

FONTE: Guedes e Guedes (2006)

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico vimos que:

• A seleção de um instrumento é uma tarefa complexa, que contempla diferentes modalidades para os critérios de seleção: qualidade do teste, aspectos práticos, aspectos pedagógicos e a utilização dos resultados.

• A qualidade do teste se relaciona com a qualidade das medidas obtidas, que podem resultar em uma avaliação confiável ou restrita, a depender se o teste for bom ou ruim.

• Para a realização de uma boa e confiável avaliação é necessário utilizar bons testes, porque eles geram medidas boas.

• A utilização de testes ruins implica a realização de uma avaliação composta por julgamentos equivocados e imprecisos, baseados em medidas ruins.

• Para identificar testes bons é importante reconhecer algumas características específicas, como a validade, a reprodutibilidade e a objetividade.

• A validade é o critério que indica se o teste mede com precisão aquilo que pretende medir (há pequena margem de erro).

• A reprodutibilidade revela a consistência entre as medidas obtidas em duas aplicações consecutivas do mesmo teste em condições idênticas.

• A objetividade se refere ao grau de concordância entre diferentes avaliadores durante a administração de um mesmo instrumento de medida.

• Existem diferentes tipos de validade: validade face ou de lógica, validade de conteúdo, validade de constructo, validade concorrente e validade preditiva.

• Para aferir a consistência das medidas pode-se usar as estratégias: teste-reteste, instrumentos paralelos e divisão do instrumento.

• Erros de medida são inevitáveis, podem ser causados pelos avaliadores, pelos avaliados ou pelos instrumentos utilizados na avaliação.

• Os aspectos práticos envolvem a viabilidade (equipamentos, as instalações, a equipe técnica, o tempo disponível, o número de avaliados, entre outros) e a economia do teste (relação custo-benefício).

• Os aspectos pedagógicos contemplam o entendimento e a motivação.

• A utilização de resultados envolve especificidade e prescrição.

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1 Durante o Tópico 3, você estudou que para a seleção de um instrumento de avaliação é imprescindível levar em consideração um conjunto de modalidades que se referem aos critérios de seleção. Cite quais são as quatro diferentes modalidades para os critérios de seleção de um instrumento de avaliação.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

2 A partir dos critérios de seleção de um instrumento de medida, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

AUTOATIVIDADE

Coluna 1 Coluna 2

(a) Qualidade do teste ( ) Trata da facilidade de compreensão e da motivação.

(b) Aspectos práticos ( ) Envolve a especificidade e a prescrição de exercícios.

(c) Aspectos pedagógicos ( ) Contempla a viabilidade e a economia.

(d) Aspectos pedagógicos

( ) Refere-se à validade, reprodutibilidade e objetividade.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.a) ( ) c, d, b, a.b) ( ) a, c, b, d.c) ( ) b, a, d, c. d) ( ) c, b, a, d.e) ( ) d, c, a, b.

3 Para a seleção de testes de medidas e avaliações é importante estar atento às características específicas que bons testes apresentam. Essas características são a validade, a reprodutibilidade e a objetividade. Explique cada uma dessas três características.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 De acordo com Guedes e Guedes (2006), A validade é um elemento básico para medidas e avaliações. Somente quando um instrumento é válido é possível considerar as informações obtidas para a avaliação. A afirmação dos autores

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citados demonstra a importância da validade para a utilização das medidas obtidas para uma avaliação coerente. No que concerne aos diferentes tipos de validade, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para aquelas que forem Falsas.

( ) A validade face, também denominada de validade de conteúdo, é o procedimento mais seguro para estimar o grau de validade de um teste, porque faz uso de métodos estatísticos.( ) A validade de constructo não permite localizar e isolar dois grupos que reconhecidamente são diferentes em relação à variável que está sendo testada. ( ) A validade lógica possui natureza empírica e subjetiva e, por isso, é o procedimento mais frágil para estabelecer a validade de um teste.( ) A validade de conteúdo é estimada a partir da comparação de resultados de duas versões de um mesmo teste, sendo uma versão curta e outra longa.( ) A validade preditiva é a forma menos rigorosa de estabelecer a validade de um teste.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F – F – V – V – F.b) ( ) V – F – V – F – V.c) ( ) F – V – V – F – V.d) ( ) V – V – V – F – F. e) ( ) F – V – F – V – F.

5 Considerando que a reprodutibilidade reflete a consistência entre as médias obtidas em duas aplicações consecutivas do mesmo teste, há formas específicas para aferir a consistência das medidas. Para tanto, utilizam-se a estratégia do teste-reteste, estratégia do uso de instrumentos paralelos e a estratégia da divisão do instrumento. A partir disso, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Teste-reteste ( ) Trata da aplicação de dois testes equivalentes para o mesmo grupo de avaliados.

(b) Instrumentos paralelos

( ) Representa a fragmentação do teste em duas metades e os escores de ambas as partes serão correlacionados a fim de estimar o índice de consistência entre as medidas.

(c) Divisão do instrumento

( ) Consiste em duas aplicações do teste para o mesmo grupo de avaliados.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.

a) ( ) b, c, a.b) ( ) b, a, c.c) ( ) a, c, b.

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Coluna 1 Coluna 2

(a) Aspectos práticos

( ) Compreende a facilidade de entendimento do que será realizado na avaliação.( ) Preocupa-se com questões financeiras relacionadas ao instrumento de medida (economia).

(b) Aspectos pedagógicos

( ) Refere-se à motivação.( ) Consiste na preocupação com os equipamentos, as instalações, a equipe técnica, o tempo disponível, o número de avaliados (viabilidade).

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta:a) ( ) b, a, b, a.b) ( ) b, b, a, a.c) ( ) a, a, b, b. d) ( ) a, b, a, b.e) ( ) a, b, a, b.

d) ( ) c, b, a.e) ( ) a, b, c.

6 Conforme foi estudado, os erros de medida são inevitáveis durante a coleta de informações. De acordo com Guedes e Guedes (2006), os erros de medida são causados pelas constantes alterações que podem surgir durante a coleta de informações, geralmente se relacionam com os avaliadores, com os avaliados ou com os instrumentos utilizados na avaliação. Assim, explique com suas palavras pelo menos uma situação que revela a ocorrência de erros de medida._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 No que se refere aos aspectos práticos e pedagógicos relacionados às medidas e avaliações, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

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SUGESTÃO DE ATIVIDADE PRÁTICA

Nome da atividade prática: Desafio Quis: Perguntas e Respostas (Gincana)

a) Introdução

Acadêmicos, nessa atividade prática vamos fazer a junção dos conhecimentos que vocês adquiriram ao longo dos estudos da Unidade 1 do Livro Didático de Medidas e Avaliações em Educação Física. Por vezes, didaticamente o conteúdo lhes é apresentado de forma fragmentada a partir de tópicos e itens separadamente. Contudo, como informei anteriormente, essa opção fragmentada possui caráter meramente didático. Também é imprescindível que após a compreensão essencial de conceitos, você tenha a oportunidade de estudar o conteúdo de forma ampla e total. Nesse sentido, essa atividade prática almeja efetuar essa visão geral em torno dos conteúdos aprendidos nesta unidade. Para tanto, convido-o a fazer isso de forma lúdica e organizada.

b) Objetivo

O objetivo dessa atividade prática é testar os conhecimentos adquiridos a partir dos estudos da Unidade 1 do Livro Didático de Medidas e Avaliações em Educação Física.

c) Materiais a serem utilizados

Os materiais a serem utilizados serão: uma folha A4, computadores, impressora e internet.

EXEMPLO DOS MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS NA ATIVIDADE PRÁTICA.

Descrição do material Tipo QuantidadeFolha A4 1

ComputadorPrecisa ter programa

Microsoft Word1

Impressora Precisa ter tinta 1

Computadores -

1 computador por grupo de acadêmicos. A quantidade varia de acordo com o número de acadêmicos matriculados na disciplina e presentes na aula.

Internet para consulta de artigos científicos -

O ideal é que cada computador utilizado pelos acadêmicos disponha de conexão com a internet.

d. Procedimento experimental ou metodologia

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- Pré-atividade prática: o professor/tutor deverá ter em uma folha A4 um conjunto de perguntas e respostas relacionadas ao conteúdo da Unidade 1. Nessa folha A4 as perguntas e respostas poderão estar escritas à mão ou terem sido impressas no computador.

Lista de perguntas e respostas:

1. Antropometria e cineantropometria são a mesma coisa? Resposta: Não.

2. O que difere a antropometria da cineantropometria? Resposta: A antropometria é mais restrita, enquanto a cineantropometria é mais

ampla. A antropometria significa medida dos segmentos corporais do homem. Enquanto que a cineantropometria efetua as medidas dos segmentos corporais do homem em movimento.

3. Cite cinco aplicações práticas das medidas e avaliações. Resposta: - proporções humanas eram utilizadas nas obras de arte (esculturas, desenhos e

pinturas)- unidades de medidas (palmo, polegadas, pé)- Indústria automobilística- Indústria da beleza- Indústria da moda- Produção de móveis- Equipamentos eletrônicos- Ciências da saúde- Na educação física.

4. Explique o que é testar. Resposta: Significa verificar o desempenho do indivíduo mediante situações

previamente organizadas e padronizadas (“testes”). O teste é um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma informação (medidas). É por meio dos testes que são determinados os valores numéricos das medidas. Os testes podem ocorrer por meio de escrita, observação ou performance. Alguns exemplos de testes são: teste de estatura, prova para verificar o conhecimento, teste de Cooper, testes de sentar e alcançar, entre outros de não menor importância.

5. Explique o que é medir. Resposta: Significa descrever fenômenos do ponto de vista quantitativo. Logo,

é o processo utilizado para coletar informações obtidas por um teste tomando-se por referência um sistema convencional de unidades. As medidas são o resultado obtido através da coleta realizada por um instrumento, procedimento ou técnica, atribuindo-se a ela um valor numérico, e devem ser precisas e objetivas. Alguns exemplos de medidas são: a medida em centímetros da estatura do indivíduo, a nota da prova usada para medir o conhecimento, o

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percurso realizado pelo aluno no teste de Cooper, os centímetros alcançados no teste de sentar e alcançar.

6. Explique o que é avaliar. Resposta: Significa interpretar dados quantitativos e qualitativos a fim de

obter parecer ou julgamento de valores com bases em referenciais previamente definidos. Acrescenta-se que a avaliação determina a importância ou o valor da informação coletada. Refere-se a um processo pelo qual se pode interpretar os valores de um grupo ou do próprio sujeito. A avaliação é o ponto de partida para saber o que deve ser trabalhado e, além disso, julga o quanto foi eficiente o sistema de trabalho usado, classifica os testados, reflete o progresso, indica se os objetivos são ou não atingidos, indica se o sistema de ensino é satisfatório. Por essa razão, diz-se que a avaliação deve refletir as metas e os objetivos do profissional e que geralmente faz comparação com algum padrão.

7. Existem dois tipos de testes. Quais são os dois tipos de testes? Resposta: Os dois tipos de testes são testes de campo e testes de laboratório.

8. Existem dois tipos de medidas. Quais são os dois tipos de medidas? Resposta: Os dois tipos de medidas são as medidas antropométricas e as

medidas de composição corporal.

9. Existem três tipos de avaliação. Quais são os três tipos de avaliação? Resposta: Os três tipos de avaliação são: diagnóstica, formativa e somativa.

10. Quais são os dois tipos de valores de referências utilizados na avaliação? Resposta: Os dois tipos de valores de referências utilizados na avaliação são:

avaliação de acordo com norma ou avaliação de acordo com critério.

11. Qual é a diferença entre a avaliação de acordo com a norma e a avaliação de acordo com critério?

Resposta: Avaliação por norma expressa o comportamento (distribuição) normal da variável sob a análise na população. E a avaliação por critério geralmente é um valor arbitrário que representa um padrão mínimo de desempenho.

12. Quais são as três características de um bom teste? Resposta: As três características de um bom teste são: a validade, a

reprodutibilidade e a objetividade.

13. Quais são os cinco diferentes tipos de validade? Resposta: Os cinco diferentes tipos de validade são: validade face ou de lógica,

validade de conteúdo, validade de constructo, validade concorrente e validade preditiva.

14. Quais são os três principais tipos de reprodutibilidade de um teste? Resposta: Os três principais tipos de reprodutibilidade de um teste são: divisão

do instrumento, instrumentos paralelos e teste-reteste.

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15. Quais são os dois elementos fundamentais a se considerar nos aspectos práticos na seleção de instrumentos de avaliação?

Resposta: A viabilidade e a economia.

16. Quais são os dois elementos fundamentais a se considerar nos aspectos pedagógicos na seleção de instrumentos de avaliação?

Resposta: A facilidade de entendimento e a motivação.

17. Desafio 1: cada grupo disporá de 10 minutos para elaborar uma pergunta e uma resposta que será feita para o grupo adversário. Os grupos poderão consultar o material para elaborarem a pergunta. Não será permitida consulta ao material para obtenção da resposta. Deve-se conscientizar o aluno a respeito do grau de dificuldade da pergunta, pois devem elaborar uma questão interessante e possível de ser respondida sem necessitar de decoreba do conteúdo.

18. Desafio 2: os grupos serão convidados a utilizarem os computadores do laboratório de informática para consultarem artigos científicos sobre o conteúdo da Unidade 1. Cada grupo deverá fornecer ao professor/tutor cinco artigos científicos publicados em português, ou espanhol, sobre conteúdos relacionados à Unidade 1. O professor/tutor poderá aceitar os artigos impressos na íntegra ou uma página que contenha todas as referências completas dos cinco artigos de acordo com as normas da ABNT. Caso não seja viável a utilização do laboratório de informática, esse desafio pode ser feito em casa, individualmente.

- Organização da atividade prática:

No dia da aula, em sala, todos os alunos serão divididos em dois grupos (Grupo A e Grupo B), preferencialmente com o mesmo número de acadêmicos. Caso no dia da atividade os acadêmicos estejam em número ímpar, então um grupo ficará com um acadêmico a mais. Ou, pode-se perguntar se algum acadêmico gostaria de atuar como “juiz”. Assim, auxiliará o tutor a verificar as regras e a marcar a pontuação de cada equipe no quadro.

Para a formação dos dois grupos, pode-se permitir que os acadêmicos se

dividam em dois grupos ou o tutor será o responsável pela divisão.

Os acadêmicos ficarão sentados em suas carteiras. Contudo, os grupos ficarão um de frente para o outro, pois a atividade prática consiste em uma gincana de perguntas e respostas. Os acadêmicos do Grupo A ficarão todos um ao lado do outro, essa mesma regra se aplica ao Grupo B. Enquanto a turma organiza as carteiras, o tutor escreverá no quadro: “Grupo A” e “Grupo B”, para futuramente marcar pontos. Exemplo:

Grupo A Grupo B

Pontos

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Na sequência, o tutor explicará a atividade para todos. A atividade consiste em um jogo de perguntas e respostas. O tutor fará uma das perguntas em voz alta para ambos os grupos. O acadêmico que souber a resposta poderá levantar a mão. O grupo que levanta a mão possui, no máximo, 30 segundos para fornecer a resposta. O tempo será contabilizado pelo tutor, pelo juiz ou pelos próprios acadêmicos da equipe adversária. O tutor deverá ficar atento para o grupo que levantar a mão primeiro e, se houver juiz, ele também poderá auxiliar nessa tarefa.

Caso uma equipe levante a mão e não saiba a resposta ou forneça a resposta errada, automaticamente passa-se a vez para o grupo adversário ter a oportunidade de acertar. Se nenhuma equipe acertar a resposta, ninguém pontuará e passa-se para a próxima pergunta.

e. Interpretação dos resultados/descrição da atividade

Cada acerto equivale a um ponto que será notificado no quadro pelo tutor ou pelo acadêmico que atua como juiz (se houver).

Todas as respostas deverão ser coerentes com o conteúdo expresso na Unidade 1 do Livro Didático de Medidas e Avaliações em Educação Física.

f. Conclusões ou considerações finais

Ao final, o grupo que marcar mais pontos será o vencedor. Ao grupo vencedor o tutor poderá oferecer bombons, balas ou frutas. Os acadêmicos do grupo que perdeu poderão receber essa mesma gratificação caso aceitem elaborar um resumo da Unidade 1 escrito à mão ou no computador e entregar para o tutor da disciplina. No caso de empate, todos serão vencedores, ou pode-se utilizar os desafios como critério de desempate.

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UNIDADE 2

TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender quais são as principais medidas antropométricas utilizadas na Educação Física;

• conceituar os principais tipos de medidas antropométricas (alturas, mas-sa corporal, diâmetros, comprimentos, perímetros e espessura das dobras cutâneas);

• identificar os instrumentos necessários para a mensuração das medidas antropométricas;

• assimilar a importância de padronização das técnicas empregadas para a obtenção das medidas antropométricas;

• compreender as técnicas e procedimentos essenciais para a obtenção das medidas antropométricas;

• relacionar as medidas de estatura com massa corporal para obtenção do Índice de Massa Corporal;

• compreender métodos relacionados à avaliação da composição corporal.

Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.

TÓPICO 1 – ALTURAS E MASSA CORPORAL

TÓPICO 2 – DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

TÓPICO 3 – COMPOSIÇÃO CORPORAL

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TÓPICO 1

ALTURAS E MASSA CORPORAL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No universo complexo das medidas e avaliações, é possível realizar diferentes tipos de avaliação. Entre esses diferentes tipos de avaliação encontram-se a avaliação do crescimento físico (GUEDES; GUEDES, 2006).

No que se refere especificamente à avaliação do crescimento físico dos indivíduos, recorre-se à utilização de medidas antropométricas. As principais medidas antropométricas, representadas na Tabela 3, são: as alturas, a massa corporal, os diâmetros, os comprimentos, os perímetros e a espessura das dobras cutâneas (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

TABELA 3 – PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

Alturas EstaturaAltura tronco-cefálica

Massa corporal Peso corporal

Diâmetros

BiacromialBicrista-ilíacaBiepicondilar do fêmurBimaleolarBiepicondilar do úmeroBiestiloide

Comprimentos

Membros inferioresCoxaPernaMembros superioresBraçoAntebraço

Perímetros

CoxaPernaBraçoAntebraçoCinturaQuadril

Espessuras de dobras cutâneas

TricipitalSubescapular

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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Suprailíaca AbdominalAxilar média Coxa médiaPanturrilha medial

Fonte: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 37) e Alvarez e Pavan (2009)

Ao longo desta unidade estudaremos cada uma dessas medidas antropométricas separadamente. Deste modo, faz-se necessário ressaltar que cada um desses tipos de medidas antropométricas possui suas especificidades. E é importante os professores e profissionais os utilizarem adequadamente no decorrer de sua atuação profissional. Assim, ao longo deste tópico estudaremos cada uma dessas medidas antropométricas, bem como aprenderemos protocolos de avaliação, de modo que as avaliações possam ser realizadas e que as medidas obtidas sejam confiáveis.

Acrescenta-se, ainda, que no Tópico 1 aprofundaremos nossos conhecimentos acerca das principais alturas e da massa corporal, essenciais para os professores e profissionais da Educação Física. As principais alturas utilizadas nas medidas e avaliação são a estatura e a altura tronco-cefálica. Já a massa corporal pode ser expressa a partir do peso (quilogramas) de um indivíduo.

FIGURA 20 – PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS RELACIONADAS A ALTURAS E MASSA CORPORAL

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 37)

Além disso, é possível correlacionar as medidas da estatura com a massa corporal a fim de obter um valor numérico que expressa o Índice de Massa Corporal (IMC). Após a aquisição desse valor numérico é possível classificar se os indivíduos estão com baixo peso, peso ideal ou acima do peso. Possuir conhecimentos sobre o IMC daqueles indivíduos com que atuaremos, quer seja nas escolas ou nas academias, é essencial para orientar o aluno e para traçar metas claras e objetivas em torno do plano de trabalho.

Para tanto, requer-se o uso de diferentes instrumentos para a obtenção das medidas antropométricas relacionadas a alturas e massa corporal. Apresentam-se na Tabela 4 os instrumentos necessários para mensuração das medidas antropométricas de alturas e de massa corporal.

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TÓPICO 1 | ALTURAS E MASSA CORPORAL

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TABELA 4 – INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA MEDIDAS DE ALTURA E DE MASSA CORPORAL

Medida antropométrica Instrumento(s)Alturas Estadiômetros, paquímetros ou fita métricaMassa corporal balança

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006) e Alvarez e Pavan (2009)

Ressalta-se que para a realização das medidas antropométricas deve-se seguir uma metodologia definida internacionalmente, de modo que os resultados obtidos sejam claramente entendidos e possam ser utilizados por diferentes indivíduos, sejam eles acadêmicos, professores ou pesquisadores (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

UNI

As medidas de estatura, comprimentos e alturas são bastante importantes para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos indivíduos e para a confecção de utensílios domésticos, ferramentas, carros, ônibus, aviões, salas de controle (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

2 ALTURAS

De acordo com Alvarez e Pavan (2009, p. 33), “as alturas são medidas lineares realizadas no sentido vertical”. Pode-se afirmar que, em teoria, qualquer ponto do corpo humano pode gerar uma distância em relação ao solo.

As medidas de altura são utilizadas principalmente com a finalidade de acompanhar o crescimento corporal e o desenvolvimento dos indivíduos. Também são empregadas em projetos de engenharia para concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos que o homem utiliza (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

As principais alturas são a estatura e a altura tronco-cefálica, representadas na Figura 21. Estudaremos as técnicas de mensuração e os procedimentos de cada uma delas separadamente.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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Fonte: Elaborado pela autora

Para melhor compreensão acerca dessas principais alturas, apresenta-se a Figura 22, sendo estatura (a) e altura tronco-cefálica (b).

FIGURA 22 – REPRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS ALTURAS UTILIZADAS NAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

FIGURA 21 – PRINCIPAIS ALTURAS UTILIZADAS NAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

a) Estatura b) Altura tronco-cefálica

FONTE: Alvarez e Pavan (2009, p. 34-35)

É oportuno destacar que foi defi nido que todas as alturas são realizadas pelo lado direito do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Além disso, recomenda-se realizar duas vezes a medida da altura. E, caso os resultados dessas duas medidas forem diferentes, sugere-se realizar uma terceira medida e considerar a média das três (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Média das alturas = (Medida 1 + Medida 2 + Medida 3) 3

Alturas

Tronco-cefálica

Estrutura

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TÓPICO 1 | ALTURAS E MASSA CORPORAL

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A cada mensuração das alturas o avaliador deve solicitar ao avaliado que saia e, em seguida, retorne para a posição exigida no protocolo de avaliação (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

IMPORTANTE

Deve-se ficar atento ao horário em que se realizam as medidas da estatura e da altura tronco-cefálica, porque podem variar ao longo do dia, em razão de que a gravidade comprime os discos vertebrais. Por isso, recomenda-se que o avaliador avalie o avaliado sempre no mesmo período do dia e tome nota do horário em suas anotações.

2.1 INSTRUMENTO

Para a mensuração das alturas é possível utilizar os seguintes instrumentos: estadiômetro com cursor, paquímetro ou fita métrica metálica adaptada com hastes (ALVAREZ; PAVAN, 2009; GUEDES; GUEDES, 2006). Salienta-se que as mesmas medidas realizadas por esses diferentes instrumentos deverão apresentar valores semelhantes.

NOTA

A leitura do estadiômetro é feita em resolução de 1 milímetro. A leitura do paquímetro é feita em resolução de milímetros ou décimos de milímetros. A leitura da fita métrica metálica adaptada com hastes é feita em resolução de 1 milímetro (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

2.2 ESTATURA

A estatura é utilizada como o maior indicador do desenvolvimento corporal e do comprimento ósseo (ALVAREZ; PAVAN, 2009). De acordo com esses autores, também é utilizada para a verificação de doenças, avaliação do estado nutricional e para seleção de atletas. Destaca-se que o desenvolvimento anormal do crescimento pode estar relacionado a outras doenças.

Trata-se da “distância observada entre dois planos que tangenciam o vértex (ponto mais alto da cabeça) e a planta dos pés” (GUEDES; GUEDES, 2006, p. 39).

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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Referência anatômica As referências anatômicas utilizadas são o vértex e a região plantar.

IMPORTANTE

O vértex consiste no ponto mais alto do corpo humano, localizada no ponto mais alto da cabeça.

Técnicas de mensuração

→Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, ao lado direito do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Caso seja necessário, o avaliador pode subir em um banco para mensurar a estatura do avaliado. É possível que a mão direita do avaliador auxilie o avaliado na manutenção do plano de Frankfurt e a mão esquerda segura o cursor e pressiona o corte de modo a comprimir o cabelo (GUEDES; GUEDES, 2006).

→Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática, com os pés descalços e unidos, encostando as porções posteriores de seu corpo (calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital) próximo do instrumento de medida, os braços ao longo do corpo e o peso corporal distribuído igualmente sobre as pernas e os pés (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os olhos do avaliado deverão fitar a linha do horizonte.

NOTA

Posição ortostática: Em pé, na posição ereta, pés afastados à largura do quadril com o peso dividido em ambos os pés, mantendo a cabeça no plano de Frankfurt, ombros descontraídos e braços soltos lateralmente (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

UNI

Em crianças menores de 2-3 anos ou pessoas com deficiência em qualquer idade é permitido mensurar a estatura na posição em decúbito dorsal (posição supinada do corpo), não sendo necessário inseri-los na posição ortostática (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 1 | ALTURAS E MASSA CORPORAL

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Procedimento

Para auxiliar na mensuração, utiliza-se um objeto com superfície plana e rígida, denominado “cursor”, de modo a localizar o vértex do avaliado. Assim, em um ângulo de 90º em relação à escala de avaliação e paralelo ao peito, toca-se o cursor no vértex do avaliado ao final de uma inspiração (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Realiza-se três vezes consecutivas a medida da estatura e, ao final, considera-se a média das três medições.

2.3 ALTURA TRONCO-CEFÁLICA

A medida de altura tronco-cefálica é utilizada no acompanhamento do crescimento e também em estudos que visam efetuar a caracterização étnica (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Guedes e Guedes (2006, p. 39) descrevem que a altura tronco-cefálica “equivale à distância em projeção compreendida entre o plano tangencial ao vértex e as espinhas isquiáticas (apoio das nádegas), estando o avaliado sentado”.

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o vértex e o plano de apoio da bacia (espinhas isquiáticas).

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá posicionar-se em pé, ao lado direito do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar sentado em um banco com 50 centímetros de altura e com os quadris formando um ângulo de 90º em relação ao tronco. A cabeça deverá estar orientada no Plano de Frankfurt (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os olhos do avaliado deverão fitar a linha do horizonte.

Procedimento

Para auxiliar na mensuração, utiliza-se um “cursor”, de modo a localizar o vértex do avaliado. Assim, solicita-se que o avaliado permaneça brevemente em apneia inspiratória para que, nesse momento, seja aferida a altura tronco-cefálica (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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No ato da realização da medida, o avaliador deve ficar atento para que o avaliado não encolha o corpo quando o cursor tocar em sua cabeça. Realiza-se três vezes a medida da estatura e, ao final, considera-se a média das três medições.

3 MASSA CORPORAL A massa corporal refere-se a uma medida antropométrica que representa

a dimensão da massa ou volume corporal (ALVAREZ; PAVAN, 2009; GUEDES; GUEDES, 2006). Para esses autores, a massa corporal expressa a somatória da massa orgânica e inorgânica existente nas células, tecidos de sustentação, órgãos, músculos, ossos, gorduras, água, viscerais, entre outros de não menor importância.

Para França e Vívolo (1998), o principal objetivo de medir a massa corporal é determinar o peso corporal. O peso “é a resultante do sistema de forças exercidas pela gravidade sobre a massa do corpo. É possível admitir o peso em valor absoluto como sendo igual ao valor de massa” (FRANÇA; VÍVOLO, 1998, p. 19).

Frequentemente a medida da massa corporal é utilizada como medida de crescimento físico e para indicar o estado nutricional. Para tanto, é essencial relacionar a medida da massa corporal com outras variáveis às quais se relaciona, como a idade, o sexo e a estatura do indivíduo.

3.1 INSTRUMENTO

Para a mensuração da massa corporal é possível utilizar dois tipos de balanças, sendo: a) aquelas que exigem ajuste manual, com sistema de alavanca; e, b) aquelas que oferecem informações por intermédio de componentes eletrônicos (GUEDES; GUEDES, 2006). Em ambos os casos, vale-se de balanças com resolução de 100 gramas (FRANÇA; VÍVOLO, 1998; GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Apresentam-se na Figura 23 diferentes tipos de balanças (tipo a e b).

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TÓPICO 1 | ALTURAS E MASSA CORPORAL

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FIGURA 23 – REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE BALANÇAS

a) Balança com ajuste manual b) Balança com componentes eletrônicos

FONTE: Guedes e Guedes (2006, p. 42); Alvarez e Pavan (2009, p. 32)

Destaca-se que para obter medidas confiáveis é importante que a balança seja aferida a cada seis meses pelo INMETRO. Recomenda-se que seja verificada não só a calibração da balança a cada dez passagens, mas também que seja verificado o nivelamento do solo onde está a balança (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

3.2 TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO

As técnicas de mensuração da massa corporal compreendem a posição do avaliador e a posição do avaliado. Vejamos na sequência cada um desses itens.

→ Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, em frente à escala de medida (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática de frente para o avaliador com afastamento lateral das pernas (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

NOTA

Posição ortostática: Em pé, na posição ereta, pés afastados à largura do quadril com o peso dividido em ambos os pés, mantendo a cabeça no plano de Frankfurt, ombros descontraídos e braços soltos lateralmente (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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3.3 PROCEDIMENTO

O procedimento da medida da massa corporal compreende que o avaliado suba na plataforma, cuidadosamente, colocando um pé de cada vez (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Além disso, o avaliado deverá se posicionar ao centro da plataforma (balança), com os pés afastados à largura do quadril, o peso distribuído igualmente em ambos os pés, braços estendidos lateralmente ao corpo e com olhar mantido em um ponto fixo à frente a fim de reduzir oscilações no instrumento de medida (GUEDES; GUEDES, 2006). Para a mensuração do peso corporal é realizada uma única medida.

Recomenda-se que seja verificado o nivelamento do solo onde está posicionada a balança (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Para que as medidas sejam mais confiáveis, seria desejável que o avaliado vista apenas calção e camiseta durante a aferência da medida, conforme as imagens apresentadas na Figura 23, acerca da representação dos diferentes tipos de balanças. Caso não seja viável, solicita-se que o avaliado utilize a menor quantidade de roupas possível (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

4 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

Além disso, é comum utilizar a relação da massa corporal e da estatura como indicador de Índice de Massa Corporal (IMC). Para calcular o IMC deve-se aplicar a seguinte fórmula:

IMC = massa corporal (Kg) (estatura)2 (m)

IMPORTANTE

Para calcular o IMC a medida da massa corporal deverá ser inserida na fórmula em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).

O IMC caracteriza o estado nutricional do indivíduo de modo a classificá-lo em abaixo do peso, peso ideal, sobrepeso e obesidade (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Há valores de referência sugeridos para classificar o IMC, conforme a Tabela 5.

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TÓPICO 1 | ALTURAS E MASSA CORPORAL

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TABELA 5 – VALORES DE REFERÊNCIA PARA CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

Valores de referência Classificaçãomenor que 18,5 abaixo do pesoentre 18,5 – 24,9 peso idealentre 25 – 29,9 sobrepesomaior que 30 obesidade

FONTE: Adaptado da Biblioteca Virtual da Saúde (s.d.; s.p.)

UNI

No caso de atletas, esta relação entre massa corporal e estatura (IMC) não é confiável, pois geralmente superestima o seu estado nutricional, caracterizando-os com sobrepeso (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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RESUMO DO TÓPICO 1Nesse tópico você viu que:

As medidas e avaliações são um importante recurso para monitorar o crescimento físico.

As medidas antropométricas compreendem: alturas, massa corporal, diâmetro, comprimento, perímetro e espessura das dobras cutâneas.

As principais medidas antropométricas relacionadas às alturas são: estatura e altura tronco-cefálica.

A principal medida antropométrica relacionada à massa corporal é o peso.

A correlação das medidas de estatura com a massa corporal resulta no Índice de Massa Corporal (IMC).

A partir do Índice de Massa Corporal (IMC) pode-se classificar se os indivíduos estão com baixo peso, peso ideal ou acima do peso.

Os instrumentos necessários para a mensuração das medidas antropométricas de alturas são: estadiômetros, paquímetros ou fita métrica.

O instrumento necessário para a mensuração da massa corporal é a balança.

É importante padronizar as técnicas utilizadas para mensurar as medidas antropométricas de um indivíduo.

As alturas referem-se a medidas lineares realizadas no sentido vertical.

Por convenção, todas as medidas de alturas são realizadas pelo lado direito do avaliado.

A estatura consiste na distância observada entre dois planos que tangenciam o vértex e a planta dos pés.

A altura tronco-cefálica representa a distância em projeção compreendida entre o plano tangencial ao vértex e as espinhas isquiáticas com o avaliado na posição sentada.

A massa corporal é uma medida antropométrica que revela a dimensão da massa ou volume corporal.

De acordo com os valores de referência do Índice de Massa Corporal (IMC), um indivíduo pode ser classificado em: abaixo do peso (menor que 18,5), peso ideal (entre 18,5 a 24,9), sobrepeso (entre 25 a 29,9) e obesidade (maior que 30).

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AUTOATIVIDADE

1 No decorrer do Tópico 1, da Unidade 2 do Livro Didático de Medidas e Avaliações em Educação Física, foram estudadas as medidas antropométricas relacionadas às alturas e à massa corporal. Escreva a definição de alturas e de massa corporal.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 No que se refere às medidas relacionadas a alturas, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) As alturas são utilizadas para acompanhar somente o crescimento corporal e o desenvolvimento dos indivíduos. ( ) As principais alturas estudadas no Tópico 1 foram: a estatura e a altura tronco-cefálica.( ) Por definição, todas as alturas são realizadas pelo lado esquerdo do avaliado.( ) Fazem-se duas mensurações da medida da altura, e se os resultados forem diferentes, deve-se realizar uma terceira medida e considerar a média das três.( ) Os instrumentos que podem ser utilizados para mensurar alturas são: estadiômetro com cursor, paquímetro ou fita métrica metálica adaptada com hastes. ( ) A estatura é a distância observada entre dois planos que tangenciam o vértex até a planta dos pés.( ) A estatura é utilizada como o maior indicador do desenvolvimento corporal e do comprimento ósseo.( ) A altura tronco-cefálica é a distância em projeção compreendida entre o plano tangencial ao vértex e as espinhas isquiáticas, verificada a partir do avaliado na posição em pé.( ) A altura tronco-cefálica é utilizada no acompanhamento do crescimento e também em estudos que visam efetuar a caracterização étnica.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, F, V, V, V, V, F, V.b) ( ) F, V, F, F, V, F, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F, V, V, F, F, V.d) ( ) F, V, V, V, V, F, V, F, F.e) ( ) F, F, F, V, F, V, F, F, V.

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3 No que se refere à massa corporal, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.( ) Consiste na dimensão da massa ou volume corporal.( ) A massa corporal total é a soma da massa orgânica e inorgânica existente nas células, tecidos de sustentação, órgãos, músculos, ossos, gorduras, água, viscerais etc.( ) A massa corporal é importante para acompanhar o crescimento físico e para indicar o estado nutricional. Para tanto, deve ser considerada isoladamente, sem associação com outras variáveis.( ) A massa corporal é mensurada com o propósito de se obter o valor do peso corporal.( ) Os instrumentos necessários para mensurar a massa corporal são: balança e paquímetro. Na sequência, assinale a alternativa correta:a) ( ) V, V, F, V, F.b) ( ) V, F, V, V, F.c) ( ) F, V, V, V, F.d) ( ) F, F, V, F, F.e) ( ) V, V, V, F, F.

4 O Índice de Massa Corporal (IMC) consiste na relação entre a massa corporal (kg) e a estatura (m). É possível calcular o IMC de um indivíduo por meio de uma fórmula matemática específica. Assim, considere que um dos seus alunos solicitou que você calculasse o IMC. Seu aluno, do sexo masculino, possui 30 anos de idade, pesa 87 kg e sua altura é equivalente a 1,72 metro. Logo, responda:

I) Qual é o IMC de seu aluno?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II) Como se classifica o IMC de seu aluno com base nos valores de referência?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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TÓPICO 2

DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E

DOBRAS CUTÂNEAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No decorrer do Tópico 2, o enfoque será fornecido para as medidas antropométricas relacionadas a diâmetros, comprimentos e perímetros, conforme ilustra a Figura 24.

FIGURA 24 – MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS QUE CONTEMPLAM O TÓPICO 2 DO LIVRO DE MEDIDAS E AVALIAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA

FONTE: As autoras

Vejamos, na sequência, a definição desses quatro tipos de medidas antropométricas conforme especificações do Quadro 7.

QUADRO 7 – DEFINIÇÃO DE DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

Medida antropométrica Definição

Diâmetros É a distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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ComprimentosÉ a distância projetada entre dois pontos de referência anatômica que são estabelecidos paralelamente ao eixo longitudinal do segmento corporal.

PerímetrosSão medidas circulares de segmentos do corpo que são mensuradas a partir do plano horizontal, perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo.

Dobras cutâneasMedem a adiposidade do corpo por meio de medidas de uma camada dupla de pele e de tecidos subcutâneos destacados em pontos anatômicos específicos.

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006); Benedetti; Pinho e Ramos (2009); Martins e Lopes (2009) e Velho e Schwingel (2009)

2 DIÂMETROS

Os diâmetros são definidos como “a distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos” (VELHO; SCHWINGEL, 2009, p. 71). Para Guedes e Guedes (2006, p. 42), são “medidas que procuram estabelecer distâncias projetadas perpendicularmente ao eixo longitudinal do corpo”. Ou seja, compreende a menor distância entre duas extremidades ósseas (VELHO; SCHWINGEL, 2009). Pode-se afirmar que se tratam de medidas transversais com características lineares que são realizadas no sentido horizontal (VELHO; SCHWINGEL, 2009).

Esse tipo de medida antropométrica geralmente é utilizado para determinar

a compleição física, para fins ergonômicos, para fins de assimetria aplicada à área desportiva, para acompanhar o crescimento humano e a proporcionalidade (VELHO; SCHWINGEL, 2009).

Os principais diâmetros utilizados são: biacromial, bicrista-ilíaca,

biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestiloide (Figura 25).

FIGURA 25 – PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS RELACIONADAS A DIÂMETROS

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 37)

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

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Destaca-se que os diâmetros podem ser mensurados em ambos os lados do corpo, mas prefere-se que as medições sejam realizadas pelo lado direito do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para mensurar os diâmetros, primeiramente o avaliador deve identificar os pontos anatômicos relacionados com as medidas que se deseja obter (GUEDES; GUEDES, 2006). E, em seguida, para auxiliar na mensuração, os pontos anatômicos de referência são marcados por meio de uma caneta hidrográfica ou lápis dermográfico a fim de facilitar a localização (GUEDES; GUEDES, 2006; VELHO, SCHWINGEL, 2009). Além disso, salienta-se que as medidas de diâmetros devem ser realizadas pelo menos três vezes seguidas (GUEDES; GUEDES, 2006; VELHO, SCHWINGEL, 2009). E o valor mediano das três medidas deve ser considerado para a avaliação antropométrica do indivíduo (GUEDES; GUEDES, 2006). Para tanto, deve-se ordenar os três resultados obtidos de forma decrescente ou crescente e a medida será o valor localizado no meio desse conjunto de dados. Por exemplo, os números 5, 3, 9 representam um conjunto de dados. Ao ordená-los de forma crescente temos: 3, 5, 9. A mediana é o valor localizado no centro, neste caso é o número 5.

UNI

Sugere-se que o avaliador utilize sua mão não dominante para manter a haste fixa do instrumento de medida sobre um dos pontos de referência anatômica desejado e a mão dominante ajusta a distância do instrumento por meio da haste móvel (VELHO; SCHWINGEL, 2009).

2.1 INSTRUMENTO

Para a mensuração dos diâmetros são utilizados paquímetros ou antropômetros e compassos de pontas rombas (GUEDES; GUEDES, 2006; VELHO; SCHWINGEL, 2009). Apresentam-se paquímetros (a) e antropômetros e compassos de pontas rombas (b) na Figura 26. Esses instrumentos possuem diferentes tamanhos, a depender do diâmetro que seja aferido.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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FIGURA 26 – REPRESENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS PARA MENSURAR DIÂMETROS

Paquímetro Antropômetros e compassos de pontas rombas

FONTE: Velho; Schwingel (2009, p. 72).

Acrescenta-se que o paquímetro é uma barra de material metálico ou similar que possibilita a execução de movimentos deslizantes, composto também por duas projeções, sendo uma fixa e a outra móvel (GUEDES; GUEDES, 2006). Enquanto o compasso de pontas rombas se refere a duas hastes metálicas finas com formato oval (GUEDES; GUEDES, 2006) (Figura 26).

Além disso, também podem ser calibrados em centímetros ou milímetros e possuem precisão de 0,01 centímetro. Recomenda-se que a calibração seja feita regularmente, sobretudo no compasso de pontas rombas – material leve e de difícil manutenção.

UNI

Com os avanços tecnológicos foram elaborados paquímetros digitais eletrônicos. A leitura da medida é disponível em um visor. Para visualização deste tipo de paquímetro apresenta-se a Figura 27.

FIGURA 27 – REPRESENTAÇÃO DE PAQUÍMETROS DIGITAIS ELETRÔNICOS

Fonte: Adaptado de Google Imagens (2017)

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2.2 BIACROMIAL

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são os processos acromial direito e esquerdo, medidos nas bordas laterais superiores dos processos acromiais das escápulas.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, atrás do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática, com os braços estendidos ao longo do corpo (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os pés afastados à largura do quadril e o peso distribuído igualmente em ambos os pés (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 28.

FIGURA 28 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BIACROMIAL

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 78)

Procedimentos Identifica-se a localização desses pontos percorrendo os dedos a espinha de

ambas as escápulas até a sua borda externa e lateral (GUEDES; GUEDES, 2006). E a medida é realizada utilizando as hastes do paquímetro ligeiramente voltadas para cima ou para baixo em relação ao plano horizontal (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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2.3 BICRISTA-ILÍACA

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são os pontos da borda superior da crista ilíaca. Referem-se aos “pontos mais salientes e projetados lateralmente da crista do ilíaco” (GUEDES; GUEDES, 2006, p. 44).

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, em frente ou atrás do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática, com os braços estendidos ao longo do corpo (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os pés afastados à largura do quadril e o peso distribuído igualmente em ambos os pés (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 29.

FIGURA 29 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BICRISTA-ILÍACA

Fonte: Alvarez; Pavan (2009, p. 78).

Procedimentos

Deve-se localizar as referências anatômicas (porção mais saliente e projetada lateralmente da crista do ilíaco). Em seguida, as hastes do paquímetro são inseridas nos pontos de referência, paralelas ao plano horizontal (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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2.4 BIEPICONDILAR DO FÊMUR

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são as bordas medial e lateral dos epicôndilos do fêmur.

Técnicas de mensuração

→Posição do avaliador: Deverá estar agachado, em frente ao avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→Posição do avaliado: Deverá se posicionar sentado, com os joelhos flexionados (ângulo de 90º) e os pés apoiados no chão (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 30.

FIGURA 30 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BIEPICONDILAR DO FÊMUR

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 74)

Procedimentos

Identifica-se a localização dos pontos aparentes do côndilo femural (medial e lateral) por meio dos dedos indicador ou médio. A mão esquerda preocupa-se em localizar o ponto de referência lateral e a mão direita localiza o ponto medial do côndilo femural. (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). As hastes do paquímetro são inseridas nos pontos de referência de modo a formar aproximadamente 45º para baixo (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

2.5 BIMALEOLAR

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são os maléolos medial e lateral do pé direito. Referem-se aos pontos aparentes mediais e laterais dos maléolos (GUEDES; GUEDES, 2006).

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Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, em frente do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá se posicionar sentado, com os pés apoiados no chão (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os pés deverão estar afastados à largura aproximada dos quadris. Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 31.

FIGURA 31 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BIMALEOLAR

FONTE: Alvarez e Pavan (2009, p. 75)

Procedimentos Identifica-se a localização dos pontos aparentes dos maléolos (medial e

lateral). As hastes do paquímetro serão posicionadas perpendicularmente ao eixo longitudinal (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Destaca-se que os maléolos se encontram em planos diferentes, sendo que geralmente o meléolo fibular está em plano inferior ao maléolo tibial (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

2.6 BIEPICONDILAR DO ÚMERO

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são as bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero.

Técnicas de mensuração

→Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, de frente para o avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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→Posição do avaliado: Deverá se posicionar em pé, com o braço estendido horizontalmente para frente do tronco, com o cotovelo e ombro em flexão de 90º (ALVAREZ; PAVAN, 2009). De acordo com o protocolo de Guedes e Guedes (2006), o avaliado deverá estar sentado nessa mesma posição de braço, com as mãos supinadas (palma da mão voltada para o rosto).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 32.

FIGURA 32 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BIEPICONDILAR DO ÚMERO

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 74)

Procedimentos

Localiza-se os epicôndilos do úmero (medial e lateral) utilizando os dedos indicador e polegar da mão esquerda. As hastes do paquímetro permanecem em um ângulo aproximado de 45º em relação ao membro posicionado para a mensuração (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

2.7 BIESTILOIDE

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são as apófises do rádio e da ulna.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, em frente ao avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá de posicionar em pé, com o braço direito estendido à frente do tronco em posição pronada, com a mão flexionada para baixo

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(ALVAREZ; PAVAN, 2009). De acordo com o protocolo de Guedes e Guedes (2006), o avaliado permanece sentado.

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 33.

FIGURA 33 – MENSURAÇÃO DO DIÂMETRO BIESTILOIDE

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 73)

Procedimentos Inicialmente o avaliador deverá localizar as bordas mediais do estiloide

ulnar com o dedo médio ou indicador da mão esquerda. E, com a mão direita, o avaliador segurará o paquímetro na direção do ângulo formado entre a mão e o antebraço do avaliado de modo que as hastes do paquímetro fiquem para baixo (aproximadamente de 30º a 45º em relação ao plano horizontal, a depender do protocolo utilizado) (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). O protocolo de Guedes e Guedes (2006) especifica 30º, enquanto o de Alvarez e Pavan (2009) especifica 45º.

3 COMPRIMENTOS

Os comprimentos se referem às “distâncias projetadas entre dois pontos de referência anatômica, estabelecidas paralelamente ao eixo longitudinal do segmento” (GUEDES; GUEDES, 2006, p. 46). As medidas de comprimento são utilizadas principalmente com a finalidade de acompanhar o crescimento do corpo, o desenvolvimento dos indivíduos e a proporcionalidade corporal. Também são empregadas em projetos de engenharia para concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos que o homem utiliza (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Os principais comprimentos utilizados são: membros inferiores, coxa, perna, membros superiores, braço e antebraço (Figura 34).

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FIGURA 34 – PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS RELACIONADAS A COMPRIMENTOS

FONTE: Adaptado de Guedes; Guedes (2006, p. 37)

É oportuno destacar que foi definido que todos os comprimentos são realizados pelo lado direito do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009). Além disso, recomenda-se realizar duas vezes a medida da altura. E, caso os resultados dessas duas medidas forem diferentes, sugere-se realizar uma terceira medida e considerar a média das três (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para mensurar os comprimentos recorre-se a métodos semelhantes aos diâmetros. Assim, primeiramente o avaliador deve identificar os pontos anatômicos relacionados com as medidas que se deseja obter por meio de palpação (GUEDES; GUEDES, 2006). E, em seguida, para auxiliar na mensuração, os pontos anatômicos de referência são marcados por meio de uma caneta hidrográfica ou lápis dermatográfico a fim de facilitar a localização (GUEDES; GUEDES, 2006; VELHO, SCHWINGEL, 2009).

UNI

Sugere-se que o avaliador utilize sua mão não dominante para manter a haste fixa do instrumento de medida sobre um dos pontos de referência anatômica desejado e a mão dominante ajusta a distância do instrumento por meio da haste móvel (GUEDES; GUEDES, 2006; VELHO, SCHWINGEL, 2009).

3.1 INSTRUMENTOS

Para a mensuração dos comprimentos é possível utilizar os seguintes instrumentos: antropômetros (resolução de 1 milímetro), paquímetro (resolução de milímetros ou décimo de milímetros), compassos de barra, fita métrica (resolução de 1 milímetro) ou pela diferença aritmética entre as alturas dos diferentes segmentos do corpo (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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3.2 MEMBROS INFERIORES

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o trocânter maior e a planta dos pés.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, ao lado direito do avaliado se posicionar em pé, em frente ao avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os braços deverão estar estendidos ao longo do corpo (GUEDES; GUEDES, 2006) ou cotovelo flexionado à frente do tronco (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 35.

FIGURA 35 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DOS MEMBROS INFERIORES (TROCÂNTER ATÉ AS PLANTAS DO PÉS)

FONTE: Guedes; Guedes (2006, p. 47)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa no trocânter maior do avaliado e se desloca a haste móvel até as plantas dos pés (equivale ao solo). O protocolo de Guedes e Guedes (2006) considera o comprimento do membro inferior do trocânter até o solo.

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3.3 COXA

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o trocânter maior e a protuberância da tíbia.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, ao lado direito do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009). Os braços deverão estar estendidos ao longo do corpo (GUEDES; GUEDES, 2006) ou cotovelo flexionado à frente do tronco (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 36.

FIGURA 36 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DA COXA

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 43)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa na protuberância da tíbia e se desloca a haste móvel até o trocânter maior do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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3.4 PERNA

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são a protuberância da tíbia e o maléolo lateral.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, ao lado direito do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 37.

FIGURA 37 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DA PERNA

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 43)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa na protuberância da tíbia e se desloca a haste móvel até o maléolo lateral do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

3.5 MEMBROS SUPERIORES

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o processo acromial e o ponto dactílio.

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Técnicas de mensuração

→Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé ou agachado, ao lado direito do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés (braços estendidos ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas para a coxa) (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 38.

FIGURA 38 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DOS MEMBROS SUPERIORES

FONTE: Alvarez e Pavan (2009, p. 40)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa no processo acromial e se desloca a haste móvel até o dactílio do avaliado (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

3.6 BRAÇO

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o processo acromial e o processo olecrano.

Técnicas de mensuração

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→Posição do avaliador: Deverá se posicionar em pé, atrás do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

→Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o cotovelo flexionado lateralmente ao corpo (90º em relação com antebraço) e o peso distribuído igualmente entre os pés (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 39.

FIGURA 39 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DO BRAÇO

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 41)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa no processo estiloide do rádio e se desloca a haste móvel até a borda superior do processo acromial do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

3.7 ANTEBRAÇO

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são a superfície posterior do olecrano e o processo estiloide do rádio.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, ao lado direito do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

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→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés, braço flexionado ao lado do tronco (90º em relação com o antebraço) e com a palma da mão voltada para dentro (GUEDES; GUEDES, 2006; ALVAREZ; PAVAN, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 40.

FIGURA 40 – MENSURAÇÃO DO COMPRIMENTO DO ANTEBRAÇO

FONTE: Alvarez; Pavan (2009, p. 42)

Procedimentos

A partir dos instrumentos de medida, posiciona-se a haste fixa no processo estiloide do rádio e se desloca a haste móvel até o processo estiloide da ulna maléolo lateral do avaliado (ALVAREZ; PAVAN, 2009).

4 PERÍMETROS

Os perímetros consistem em medidas circulares de segmentos do corpo que são mensuradas a partir do plano horizontal, perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo (GUEDES; GUEDES, 2006). Trata-se de uma medida antropométrica que afere o perímetro máximo de um segmento corporal (MARTINS; LOPES, 2009). Pode-se afirmar que os perímetros correspondem às circunferências dos segmentos corporais. A medida dos perímetros é obtida por meio de ângulo reto em relação ao seu maior eixo.

As medidas de perímetros são utilizadas principalmente com a finalidade de acompanhar o crescimento corporal, informar sobre estado nutricional e níveis de gordura, composição corporal (MARTINS; LOPES, 2009). Ainda, ressalta-se que as medidas de perímetros podem ser interpretadas sozinhas ou é possível

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combiná-las com medidas de dobras cutâneas do mesmo segmento do corpo a fim de estimar a densidade corporal de forma indireta (MARTINS; LOPES, 2009).

Os principais perímetros utilizados são: coxa, perna, braço, antebraço, cintura e quadril (Figura 41).

FIGURA 41– PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS RELACIONADAS A PERÍMETROS

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 37)

Uma vantagem dos perímetros é que são medidas que possuem fácil aplicação, em virtude de possuírem baixo custo instrumental e operacional. Contudo, Martins e Lopes (2009) propõem no Quadro 8 alguns cuidados essenciais, a saber:

QUADRO 6 – CUIDADOS ESSENCIAIS NA MENSURAÇÃO DE PERÍMETROS

Cuidados essenciais Plano da fita deve estar adjacente à pele e as suas bordas devem estar perpendiculares ao eixo do segmento que esteja sendo medido (exceto perímetros da cabeça e do pescoço). Deve-se mensurar o perímetro em sua extensão máxima. Devem-se realizar as medidas aplicando pouca pressão sobre a pele do avaliado. Não deixar os dedos entre a fita e a pele. Devem-se identificar e marcar os pontos de referências anatômicas com lápis dermatográfico. A leitura deve ser feita com aproximação de milímetros. Recomenda-se efetuar a avaliação em dois avaliadores ou contar com um espelho para garantir que a fita métrica esteja no plano horizontal (porções anterior e posterior do avaliado). Sugere-se realizar a leitura da fita métrica olhando de frente e, preferencialmente, na mesma altura do valor numérico da fita.

FONTE: Adaptado de Martins e Lopes (2009, p. 58)

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Além disso, recomenda-se realizar duas vezes a medida do perímetro. E, caso os resultados dessas duas medidas forem diferentes, sugere-se realizar uma terceira medida e considerar a média das três (MARTINS; LOPES, 2009).

4.1 INSTRUMENTOS

Para ferir perímetros deve-se utilizar fita métrica flexível que não seja elástica (resolução de um milímetro) (GUEDES; GUEDES, 2006; MARTINS; LOPES, 2009). Os referidos autores recomendam que a fita métrica contenha largura entre cinco a sete milímetros e que a espessura não ultrapasse dois milímetros e, ainda, que preferencialmente apresente somente uma marcação numérica visível do lado destinado à leitura.

4.2 COXA

O perímetro da coxa pode ser obtido nas porções proximal, medial ou distal da coxa do avaliado. Cada uma dessas medidas possui protocolos específicos que serão apresentados abaixo.

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são: abaixo da prega do glúteo (perímetro proximal), ponto médio entre a prega inguinal e a borda proximal da patela (perímetro medial) ou três centímetros acima da borda proximal da patela (perímetro distal).

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, ao lado direito do avaliado (MARTINS; LOPES, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé com o peso distribuído igualmente entre os pés e com as pernas afastadas, de modo que a fita métrica possa ser manuseada pela coxa (MARTINS; LOPES, 2009).

Procedimentos

Os procedimentos variam de acordo com a porção da coxa na qual será realizada a medida. Para a porção proximal, localiza-se a prega do glúteo e coloca-se a fita métrica imediatamente abaixo da prega glútea e se realiza a leitura na face lateral da coxa. Na porção medial é solicitado que o avaliado flexione o quadril de modo a elevar o joelho direito para que seja localizada a prega inguinal e, em seguida, mede-se o comprimento da perna (prega inguinal até a borda proximal da patela) para marcação do ponto médio, local onde será realizada a medida.

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Para a porção distal, localiza-se a borda proximal da patela e marca-se o ponto de referência três centímetros acima (MARTINS; LOPES, 2009).

Para melhor visualização acerca dos diferentes protocolos de avaliação do perímetro da coxa (porções proximal, medial e distal), apresenta-se a Figura 42.

FIGURA 42 – MENSURAÇÃO DOS PERÍMETROS DA COXA (PORÇÕES PROXIMAL, MEDIAL E DISTAL)

a) Perímetro proximal da coxa

b) Perímetro medial da coxa

c) Perímetro distal da coxa

FONTE: Martins; Lopes (2009, p. 67)

4.3 PERNA

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é a maior porção da panturrilha.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, ao lado direito do avaliado (MARTINS; LOPES, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé com o peso distribuído igualmente entre os pés e com as pernas afastadas de modo que a fita métrica possa ser manuseada pela coxa ou sentado com os pés apoiados no solo (MARTINS; LOPES, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado (em pé ou sentado) e do avaliador apresenta-se a Figura 43.

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FIGURA 43 – MENSURAÇÃO DOS PERÍMETROS DA PERNA (AVALIADO EM PÉ OU SENTADO)

a) Perímetro da perna com avaliado em pé

b) Perímetro da perna com avaliado sentado

FONTE: Martins; Lopes (2009, p. 68)

Procedimentos

Localiza-se a maior porção da panturrilha do avaliado e, após identificá-la, inserir a fita métrica ao redor da perna de modo que a fita permaneça paralela ao solo (MARTINS; LOPES, 2009).

4.4 BRAÇO

O perímetro do braço pode ser obtido com o braço relaxado ou com o braço contraído. Cada uma dessas medidas possui protocolos específicos que serão apresentados a seguir.

Referência anatômica

As referências anatômicas utilizadas são o ponto central entre o acrômio e a articulação úmero-radial do braço direito (perímetro com braço relaxado) e/ou a maior porção do braço direito (perímetro com braço contraído).

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé ao lado direito do avaliado para o protocolo de mensuração do perímetro com braço relaxado e poderá estar em pé na frente ou atrás do avaliado para o protocolo de mensuração do perímetro com braço contraído (MARTINS; LOPES, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé (posição ereta) com braços estendidos ao longo do corpo e palmas das mãos voltadas para a coxa para o protocolo de mensuração do perímetro com braço relaxado e deverá estar na posição em pé (posição ereta) com braço direito abduzido até a altura dos ombros e realizando contração muscular máxima do bíceps com os punhos

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cerrados (MARTINS; LOPES, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 44.

FIGURA 44 – MENSURAÇÃO DOS PERÍMETROS DO BRAÇO (RELAXADO OU CONTRAÍDO)

a) Perímetro do braço relaxado b) Perímetro do braço contraído

FONTE: Martins; Lopes (2009, p. 62-63)

Procedimentos

Para o protocolo de mensuração do perímetro com braço relaxado, deve-se localizar a referência anatômica, para tanto solicita-se ao avaliado que flexione o antebraço (90º com a palma da mão supinada) e se calcula a distância absoluta entre os pontos de referência e se marca o ponto médio. Após identificação do ponto médio, inserir a fita métrica ao redor do braço de modo que a fita permaneça paralela ao solo (MARTINS; LOPES, 2009).

Para o protocolo de mensuração do perímetro com braço contraído, solicita-se que o avaliado abduza o braço direito e flexione o antebraço de modo a realizar contração muscular máxima do bíceps com os punhos cerrados. Nesta posição, identifica-se a maior porção do braço direito em contração, inserir a fita métrica ao redor do braço de modo que a fita permaneça paralela ao solo (MARTINS; LOPES, 2009).

4.5 ANTEBRAÇO

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é o maior perímetro do antebraço direito.

Técnicas de mensuração

→Posição do avaliador: Deverá estar posicionado ântero-lateralmente ao avaliado (MARTINS; LOPES, 2009).

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→Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé (posição ereta) com o braço esquerdo ao longo do corpo e com a palma da mão voltada para a coxa e com o braço direito estendido e levemente elevado à frente do tronco, com a palma da mão voltada para cima (MARTINS; LOPES, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 45.

FIGURA 45 – MENSURAÇÃO DO PERÍMETRO DO ANTEBRAÇO

FONTE: Martins; Lopes (2009, p. 63)

Procedimentos

Identifica-se a maior porção do antebraço direito e, em seguida, deve-se inserir a fita métrica ao redor do antebraço (MARTINS; LOPES, 2009).

4.6 CINTURA

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é a região abdominal em seu menor perímetro.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, em frente ao avaliado (MARTINS; LOPES, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática (MARTINS; LOPES, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 46.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

102

FIGURA 46 – MENSURAÇÃO DO PERÍMETRO DA CINTURA

FONTE: Martins; Lopes (2009, p. 65)

Procedimentos

Após a identificação do ponto de referência, deve-se passar a fita em torno do avaliado de trás para frente, de forma cuidadosa para que a fita seja posicionada paralela ao chão. Efetua-se a leitura após o avaliado expirar normalmente (MARTINS; LOPES, 2009).

4.7 QUADRIL

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é a maior porção da região do glúteo (nádegas), sobre os trocânteres.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar agachado, à direita do avaliado (MARTINS; LOPES, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé (posição ereta), com as coxas unidas e com os braços ao longo do corpo ou com as mãos apoiadas na crista ilíaca (MARTINS; LOPES, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 47.

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

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FIGURA 47 – MENSURAÇÃO DO PERÍMETRO DO QUADRIL

FONTE: Martins e Lopes (2009, p. 66)

Procedimentos Efetua-se a mensuração no maior perímetro do quadril, considerando-

se a porção mais volumosa das nádegas, observando-se lateralmente a pelve e o trocânter (MARTINS; LOPES, 2009).

5 DOBRAS CUTÂNEAS

As dobras cutâneas, também chamadas de pregas cutâneas, consistem em uma forma indireta de medir a adiposidade do corpo (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). De acordo com Guedes e Guedes (2006, p. 52), “as medidas da espessura das dobras cutâneas correspondem às medidas de uma camada dupla de pele e de tecidos subcutâneos destacados em pontos anatômicos específicos”.

As medidas de cobras cutâneas são utilizadas para estimar a composição e a adiposidade corporal (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para esses autores mencionados, as informações sobre a densidade e a quantidade de gordura corporal são importantes para identificar riscos de saúde associados com o excesso ou falta de gordura corporal total, controlar mudanças na composição corporal relacionadas ao efeito do exercício físico e da nutrição, estimar o peso ideal, acompanhar o crescimento, desenvolvimento, maturação e idade relacionados com as alterações na composição corporal e prescrever exercícios e recomendações dietéticas.

As principais dobras cutâneas são: tricipital, subescapular, suprailíaca,

abdominal, axilar média, coxa média e panturrilha medial, representadas na Figura 48. Estudaremos as técnicas de mensuração e os procedimentos de cada uma delas separadamente.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

104

FIGURA 48 – PRINCIPAIS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS RELACIONADAS À ESPESSURA DAS DOBRAS CUTÂNEAS

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 37)

Para a mensuração de todas as dobras cutâneas é importante fazer uso de técnicas específicas. Assim, deve-se efetuar a marcação exata do ponto de referência anatômico a fim de reduzir diferenças inter e intra-avaliadores (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

IMPORTANTE

A diferença interavaliadores consiste em diferentes avaliadores obterem resultados diferentes após a mensuração. Enquanto a diferença intra-avaliadores consiste em um mesmo avaliador obter diferentes resultados após a mensuração.

Para tanto, deve-se seguir as orientações apresentadas no Quadro 9.

QUADRO 7 – ORIENTAÇÕES GERAIS PARA MEDIR A ESPESSURA DAS DOBRAS CUTÂNEAS

Orientações gerais Deve-se separar o tecido adiposo ou subcutâneo do tecido muscular por meio dos dedos polegar e indicador da mão esquerda para avaliadores destros. Ajustar as extremidades do equipamento sobre o ponto anatômico. Fazer a pegada da dobra cutânea a um centímetro acima do ponto de referência anatômico. Aguardar o instrumento exercer a pressão na dobra por dois segundos e depois efetuar a leitura do resultado obtido. Realizam-se três medidas não consecutivas. Caso existam diferenças entre as medidas (de 5% a 10%), deve-se realizar uma quarta mensuração. Deve-se efetuar a medida no lado direito do avaliado, estando o avaliado em posição confortável e com os músculos relaxados (geralmente sugere-se posição ortostática).

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

105

As hastes do compasso devem estar perpendiculares à superfície da pele no local da medida.

FONTE: Adaptado de Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 47).

5.1 INSTRUMENTOS

Para a mensuração da espessura das dobras cutâneas é possível utilizar um equipamento específico denominado de compasso de dobras, espessímetro, adipômetro ou plicômetro (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Pode-se observar que há diversas nomenclaturas para esse instrumento.

Apresentam-se na Figura 49 alguns dos diferentes tipos de instrumentos necessários para a mensuração das dobras cutâneas balanças (tipo a e b).

FIGURA 49 – REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE ADIPÔMETROS

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 46)

5.2 DOBRA TRICIPITAL

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é a face posterior do braço no ponto médio entre o processo acromial da escápula e o processo olécrano da ulna.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, atrás do avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática com o peso distribuído igualmente entre os pés, braços estendidos ao longo do corpo (músculos relaxados) (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 50.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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FIGURA 50 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA DO TRÍCEPS

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 47)

Procedimentos

Após a identificação da referência anatômica, deve-se traçar uma linha horizontal e imaginária até a face posterior do braço (tríceps) para efetuar a marcação do ponto. Na sequência, deve-se pinçar a dobra cutânea verticalmente ao eixo longitudinal (GUEDES; GUEDES, 2006; BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

5.3 DOBRA SUBESCAPULAR

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada será calculada em aproximadamente dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula, em ângulo de 45º em relação ao eixo longitudinal do corpo.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, atrás do avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática, braços estendidos ao longo do corpo (músculos relaxados) (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 51.

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

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FIGURA 51 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA SUBESCAPULAR

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 49)

Procedimentos

Deve-se pinçar a dobra cutânea obliquamente ou diagonalmente a partir da referência anatômica em ângulo de 45º (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Em casos de dificuldade para localização do ponto de referência, como no caso de avaliados obesos, pode-se solicitar que o avaliado execute abdução e flexão do braço para trás que obrigatoriamente elevará a escápula (GUEDES; GUEDES, 2006; BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

5.4 DOBRA SUPRAILÍACA

A dobra cutânea suprailíaca também é denominada de dobra cutânea crista-ilíaca.

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada será a linha axilar média, imediatamente superior à crista ilíaca.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé ou agachado, ao lado do avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em pé com os braços levemente abduzidos para trás ou com a mão sobre a clavícula esquerda a fim de facilitar a execução da medida (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 52.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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FIGURA 52 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA SUPRAILÍACA

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 49)

Procedimentos

Deve-se pinçar o tecido adiposo um centímetro da referência anatômica de forma diagonal, vertical ou horizontal (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

5.5 DOBRA ABDOMINAL

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada será calculada em aproximadamente três centímetros da borda direita da cicatriz umbilical e um centímetro abaixo paralelamente ao eixo longitudinal.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé ou agachado, em frente ao avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar em posição ortostática, com o peso distribuído igualmente entre os pés (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

Procedimentos

A partir dos pontos de referência, deve-se pinçar a dobra cutânea verticalmente ou horizontalmente ao eixo longitudinal (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado, do avaliador e do instrumento de medida, apresenta-se a Figura 53.

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

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FIGURA 53 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA ABDOMINAL

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 53)

5.6 AXILAR MÉDIA

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada será o ponto de intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura da junção xifoesternal.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, ao lado do avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé (posição ereta) com o braço direito ligeiramente abduzido e deslocado para trás (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 54.

FIGURA 54 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA AXILAR MÉDIA

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 51)

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

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Procedimentos

Deve-se pinçar “a dobra cutânea levemente oblíqua ao eixo longitudinal, acompanhando o sentido das costelas de acordo com a referência anatômica” (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009, p. 51).

5.7 COXA MÉDIA

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é o ponto médio entre a dobra inguinal e a borda superior da patela.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, em frente ao avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar na posição em pé, com a perna direita semiflexionada levemente à frente do corpo e com o peso sobre a perna esquerda (GUEDES; GUEDES, 2006; BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 55.

FIGURA 55 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA COXA MÉDIA

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 54)

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TÓPICO 2 | DIÂMETROS, COMPRIMENTOS, PERÍMETROS E DOBRAS CUTÂNEAS

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Procedimentos

O ponto médio da coxa deve ser localizado. Em seguida, a dobra cutânea deve ser pinçada verticalmente ao eixo longitudinal na parte anterior da coxa, sobre o músculo reto femural com base no ponto de referência anatômica (GUEDES; GUEDES, 2006; BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

5.8 PANTURRILHA MEDIAL

Referência anatômica

A referência anatômica utilizada é o maior perímetro da perna.

Técnicas de mensuração

→ Posição do avaliador: Deverá estar em pé, em frente ao avaliado (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

→ Posição do avaliado: Deverá estar sentado com o quadril e o joelho flexionados (ângulo de 90º) e com os pés em contato com o solo (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009). Para melhor visualização da posição do avaliado e do avaliador apresenta-se a Figura 56.

FIGURA 56 – MENSURAÇÃO DA ESPESSURA DA DOBRA CUTÂNEA PANTURRILHA MEDIAL

FONTE: Benedetti; Pinho e Ramos (2009, p. 55)

Procedimentos Deve-se pinçar a dobra cutânea verticalmente ao eixo longitudinal, na parte

interna da perna em contato com o solo ou apoiada em uma cadeira (BENEDETTI; PINHO; RAMOS, 2009).

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RESUMO DO TÓPICO 2

Nesse tópico você viu que:

Estudamos diâmetros, comprimentos, perímetros e dobras cutâneas.

Diâmetros são a distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos.

Comprimentos são a distância projetada entre dois pontos de referência anatômica que são estabelecidas paralelamente ao eixo longitudinal do segmento corporal.

Perímetros são medidas circulares de segmentos do corpo que são mensuradas a partir do plano horizontal, perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo.

Dobras cutâneas correspondem às medidas de uma camada dupla de pele e de tecidos subcutâneos destacados em pontos anatômicos específicos.

A medida de diâmetros geralmente é utilizada para determinar a compleição física, para fins ergonômicos, para fins de assimetria aplicada à área desportiva, para acompanhar o crescimento humano e a proporcionalidade.

Estudamos os principais diâmetros: biacromial, bicrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestiloide

Sobre diâmetros é importante destacar que: I. podem ser mensurados em ambos os lados do corpo (prefere-se pelo lado direito do avaliado); II. Utiliza-se caneta hidrográfica ou lápis dermatográfico para marcar o ponto de referência anatômica; III. Considera-se para a avaliação o valor mediano de três mensurações.

Os instrumentos usados para mensurar diâmetros são: paquímetro ou antropômetros e compassos de pontas rombas.

A medida de comprimentos geralmente é utilizada para acompanhar o crescimento do corpo, o desenvolvimento dos indivíduos e a proporcionalidade corporal. Também é empregada em projetos de engenharia para concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos que o homem utiliza.

Estudamos os principais comprimentos: membros inferiores, coxa, perna, membros superiores, braço e antebraço.

Sobre comprimentos é importante destacar que: I. Medidas realizadas pelo lado direito do avaliado; II. Realizam-se duas mensurações e, caso os valores se diferenciem, realiza-se uma terceira mensuração e considera-se a média das três.

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Os instrumentos usados para mensurar comprimentos são: antropômetros, paquímetro, compassos de barra ou fita métrica.

A medida de perímetros geralmente é utilizada para acompanhar o crescimento corporal, informar sobre estado nutricional e níveis de gordura, composição corporal.

Estudamos os principais perímetros: coxa, perna, braço, antebraço, cintura e quadril.

Sobre perímetros é importante destacar que: I. São medidas de fácil aplicação (baixo custo instrumental e operacional); II. Realizam-se duas mensurações e, caso os valores se diferenciem, realiza-se uma terceira mensuração e considera-se a média das três.

O instrumento usado para mensurar perímetros é fita métrica flexível não elástica.

As medidas de dobras cutâneas são utilizadas para estimar a composição e a adiposidade corporal.

Estudamos as principais dobras cutâneas: tricipital, subescapular, suprailíaca, abdominal, axilar média, coxa média e panturrilha medial.

Sobre dobras cutâneas é importante destacar que: I. Realizam-se três mensurações e, caso os valores se diferenciem, realiza-se uma quarta mensuração.

O instrumento usado para mensurar dobras cutâneas é o adipômetro, também chamado de compasso de dobras, espessímetro ou plicômetro.

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AUTOATIVIDADE

1 A compreensão acerca das diferenças existentes entre diâmetros, comprimentos, perímetros e dobras cutâneas é essencial para entender de forma clara as particularidades de cada um desses tipos de medidas antropométricas. A partir dos conceitos de diâmetros, comprimentos, perímetros e dobras cutâneas, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Diâmetros( ) Tratam-se de medidas circulares de segmentos do corpo que são mensuradas a partir do plano horizontal, perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo.

(b) Comprimentos

( ) Medem a adiposidade do corpo por meio de medidas de uma camada dupla de pele e de tecidos subcutâneos destacados em pontos anatômicos específicos.

(c) Perímetros

( ) Consiste na distância projetada entre dois pontos de referência anatômica que são estabelecidas paralelamente ao eixo longitudinal do segmento corporal.

(d) Dobras cutâneas ( ) Refere-se à distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta:a) ( ) c, d, b, a.b) ( ) b, a, c, d.c) ( ) d, c, a, b. d) ( ) a, c, b, d.e) ( ) c, b, d, a.

2 No que concerne aos diâmetros, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem Verdadeiras e F para as Falsas.

I. Os diâmetros podem ser mensurados em ambos os lados do corpo, mas é preferível que sejam realizadas pelo lado esquerdo do avaliado.II. Os instrumentos utilizados para mensurar diâmetros são: paquímetro ou antropômetros e compassos de pontas rombas. III. Os principais diâmetros utilizados são: biacromial, bicrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestiloide.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, V, V.b) ( ) F, V, F.c) ( ) F, F, V.

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d) ( ) V, F, V.e) ( ) V, V, F.

3 No que se refere aos comprimentos, leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a correta:

a) ( ) Por definição, todos os comprimentos são realizados pelo lado direito do avaliado por meio de duas ou três mensurações, a depender dos valores obtidos.b) ( ) Os comprimentos se referem à distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos. c) ( ) Os principais comprimentos utilizados são: biacromial, bicrista-ilíaca, biepicondilar do fêmur, bimaleolar, biepicondilar do úmero e biestiloide. d) ( ) O instrumento usado para mensurar comprimentos é fita métrica flexível não elástica.e) ( ) Para mensurar os comprimentos recorre-se a métodos antagônicos aos métodos aplicados aos diâmetros.

4 No que se refere aos perímetros, leia atentamente as alternativas a seguir e assinale a correta:

a) ( ) Os perímetros devem ser mensurados em sua extensão máxima.b) ( ) As medidas de perímetros oferecem poucos subsídios para a Educação Física. c) ( ) Os principais perímetros utilizados são: tricipital, subescapular e suprailíaca.d) ( ) Os perímetros possuem difícil aplicação e por isso deve-se cuidar durante a mensuração, a fim de minimizar possíveis erros. e) ( ) O instrumento usado para mensurar perímetros é o paquímetro.

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TÓPICO 3

COMPOSIÇÃO CORPORAL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

O corpo humano é composto por ossos, músculos, gorduras, água, tecidos e elementos bioquímicos. Todos esses elementos predizem o peso corporal de um indivíduo. Destaca-se que no decorrer da vida as medidas acerca do peso corporal variam. Os hábitos alimentares e a prática de atividade física influenciam as quantidades e proporções dos componentes que constituem o peso corporal (GUEDES; GUEDES, 2006).

Neste sentido, existe a composição corporal. A composição corporal se refere ao fracionamento do peso corporal em seus diferentes componentes. Também é por meio da composição corporal que se pode oferecer valiosas informações sobre o comportamento de indicadores associados ao crescimento físico e aos programas de controle de peso corporal (GUEDES; GUEDES, 2006). Por meio da composição corporal é possível quantificar os principais componentes estruturais do corpo humano (PETROSKI, 2009).

De acordo com Heyward e Stolarczyk (2000), a avaliação da composição corporal se mostra relevante para:

→ identificar riscos à saúde associados a níveis altos ou baixos de gordura corporal total;

→ identificar riscos à saúde associados ao excesso de gordura intra-abdominal;

→ possibilitar a compreensão acerca dos riscos à saúde associados ao excesso de gordura corporal;

→ acompanhar alterações na composição corporal associadas a determinadas doenças;

→ elaborar recomendações dietéticas e prescrição de exercícios físicos;

→ avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na alteração da composição corporal;

→ monitorar mudanças na composição corporal associadas ao crescimento, desenvolvimento, maturação e idade.

Assim, nas páginas subsequentes o texto abordará os modelos de análise relacionados à composição corporal e às técnicas de medida da composição corporal.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

2 MODELOS DE ANÁLISE

Ao longo dos anos nota-se que há considerável interesse de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, incluída a Educação Física, pela avaliação da composição corporal. É inegável que há muitas técnicas e métodos para analisar a composição corporal, porém cada uma possui respaldo em modelos teóricos distintos (GUEDES; GUEDES, 2006). Para os autores citados, esses modelos possuem “características conceituais e procedimentos metodológicos que lhes conferem maior ou menor validade” (GUEDES; GUEDES, 2006, p. 192).

O modelo atualmente mais recomendado para analisar a composição corporal é organizado em cinco níveis, que são: atômico, molecular, celular, sistema tecidual e corpo inteiro. Apresenta-se na Figura 57 uma representação deste modelo.

FIGURA 57 – REPRESENTAÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ESTRUTURADO EM CINCO NÍVEIS

Nível 1(Atômico)

Nível 2(Molecular)

Nível 3(Celular)

Nível 4(Sistema tecidular)

Nível 5(Corpo inteiro)

Outros

Outros

Outros

Hidrogênio

Proteínas

Sangue

Carbono

Lipídios

Fluídos Extracelulares

Sólidos Extracelulares

Osso

Oxigênio

Água

Massa celular

Sistemamúsculo-

esquelético

Tecidoadiposo

FONTE: Guedes e Guedes (2006, p. 192)

Apresentam-se no Quadro 10 informações mais detalhadas sobre os cinco níveis do Modelo de análise da composição corporal.

QUADRO 8 – EXPLICAÇÕES SOBRE OS CINCO NÍVEIS DO MODELO DE ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Nível Explicação

1Atômico

É composto por 50 elementos atômicos, sendo que 98% são determinados por combinações de cinco elementos (oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio e cálcio) e os outros 2% contemplam

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

119

os demais 45 elementos. É utilizado com a finalidade de relacionar elementos específicos com outros níveis de organização. Exemplo: verificar a quantidade de cálcio como indicador do nível ósseo.

2Molecular

Engloba os compartimentos moleculares da massa corporal. Acredita-se que há mais de 100 mil compostos moleculares, mas a análise da composição corporal enfatiza: água, lipídios, proteínas, carboidratos e minerais. Estima-se que 60% da massa corporal é composta por água (26% extracelular e 34% intracelular), menos de 20% são lipídios (17% essenciais e 2,1% não essenciais), 15% proteínas e 5,4% minerais.

3Celular

Divide o corpo em massa celular total (formada por diferentes tipos de células: adipócitos, miócitos e osteócitos), fluidos extracelulares (predomínio de água e plasma) e sólidos extracelulares (substâncias orgânicas: colágenos, fibras elastinas, elementos inorgânicos).

4Sistema tecidual

Contempla os principais tecidos, órgãos e sistemas orgânicos que possuem disposição funcional de tecidos, apesar de possuírem diferentes graus de complexidade. Os tipos de tecido são: conectivo, epitelial, muscular e nervoso. Os tecidos adiposo e ósseo são formas do tecido conectivo especializado. Atenta-se ao fato de que tecidos adiposo, ósseo e muscular totalizam aproximadamente 75% da massa corporal total.

5Corpo inteiro

Considera o corpo humano enquanto unidade única com relação ao seu tamanho, forma, área e densidade. Inclui a estatura, a massa e o volume corporal.

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

3 FRACIONAMENTO DO PESO CORPORAL

A composição corporal é entendida a partir de dois componentes principais, que são o componente de gordura e o componente não gorduroso (GUEDES; GUEDES, 2006). Destaca-se que o componente não gorduroso se refere ao peso corporal que permanece após a gordura ser removida e, portanto, é composto pelos tecidos muscular e esquelético, pele, órgãos e demais tecidos não gordurosos.

A organização da composição corporal a partir da lógica de dois componentes é vantajosa, pois possibilita que os valores do componente gorduroso sejam identificados por meio do conhecimento do componente não gorduroso.

Para melhor compreensão acerca do componente de gordura, deve-se atentar para os conceitos existentes para os termos “gordura” e “tecido adiposo”. Esses termos erroneamente são entendidos como sinônimos. A fim de evitar esse equívoco, veremos seus conceitos a partir de Guedes e Guedes (2006, p. 194).

→Gordura: Caracteriza-se pelo total de lipídios no organismo. Os li-pídios são substâncias indissolúveis na água e dissolúveis em soluções

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

orgânicas (Exemplo: Éter).→Tecido Adiposo: É composto por células adiposas (denominadas adipócitos), por fluidos extracelulares, endotélio vascular, colágeno e fibras elastinas.No que concerne aos lipídios especificamente, é válido esclarecer que o corpo humano possui diferentes tipos de lipídios, sendo que há pre-domínio do tipo triglicerídeos e 10% da gordura total é composta pelos lipídios do tipo fosfolipídios, esteroides e colesterol. Pode-se acrescentar que os lipídios podem ser essenciais ou não essenciais. Os lipídios es-senciais são aqueles indispensáveis para o adequado funcionamento das estruturas fisiológicas como o cérebro, a medula óssea, o tecido cardíaco e a membrana celular. Enquanto os lipídios não essenciais consistem na gordura acumulada no tecido adiposo.O tecido adiposo se localiza “abaixo da superfície da pele (gordura sub-cutânea) e entre os principais órgãos (gordura visceral)”. Sua função é “produzir energia para o trabalho biológico”.

UNI

Há diferenças entre homens e mulheres. Os lipídios essenciais tendem a ser quatro vezes maiores em mulheres do que em homens. As mulheres adultas também tendem a possuir maiores índices de gordura. A quantidade de lipídios não essenciais é semelhante entre homens e mulheres, apesar de serem maiores nas mulheres (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para melhor compreensão acerca do componente não gorduroso, destaca-se que sua definição varia de acordo com a estratégia que se utiliza para realizar sua estimativa. Há dois termos importantes relacionados ao componente não gorduroso: massa magra e massa isenta de gordura. Esses termos também são erroneamente entendidos como sinônimos. A fim de evitar esse equívoco, veremos seus conceitos a partir de Guedes e Guedes (2006, p. 195).

→Massa magra: Os valores estabelecidos na proporção água, minerais e matéria orgânica, incluídos lipídios essenciais.

→ Massa isenta de gordura: Refere-se ao peso corporal com ausência de toda gordura do organismo, excluídos inclusive os lipídios essenciais. Essa estratégia só pode ser aplicada em cadáveres.

IMPORTANTE

A estimativa da massa isenta de gordura só pode ser aplicada em cadáveres e a massa magra poder ser aplicada em indivíduos vivos. Por isso, a Educação Física utiliza a massa magra (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

121

IMPORTANTE

In vitro é uma expressão latina que designa todos os processos biológicos que têm lugar fora dos sistemas vivos, em ambiente laboratorial controlado e que são feitos normalmente em recipientes de vidro.

4 TÉCNICAS DE MEDIDA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Para análise da composição corporal é possível aplicar técnicas que possuem processos diretos, indiretos e duplamente indiretos. Na Figura 58 apresentam-se esses tipos de técnicas utilizadas nas medidas e avaliações.

FIGURA 58 – TIPOS DE TÉCNICAS UTILIZADAS NAS MEDIDAS E AVALIAÇÕES

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 195-196)

A técnica mais direta para se aferir as medidas de um indivíduo é a dissecação de cadáveres. Contudo, seriam medidas realizadas após a morte e, por essa razão, sua aplicação prática para a Educação Física seria restrita. Essa técnica rotineiramente é utilizada para determinar causas de mortes. As técnicas indiretas e duplamente indiretas são estimativas e, por essa razão, estão sujeitas ao erro.

Na sequência, apresentam-se no Quadro 11 informações sobre as técnicas de medida para análise da composição corporal.

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122

UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

QUADRO 9 – TÉCNICAS DE MEDIDA PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

TÉCNICAS DIRETASDissecação de cadáveresExtração lipídicaTÉCNICAS INDIRETASP r o c e d i m e n t o s Bioquímicos

Procedimentos de Imagem

Procedimentos de Densitometria

Hidrometria Radiologia convencional Pesagem hidrostáticaEspectrometria de raios gama

Ultrassonografia Pletismografia

Ativação de nêutrons Tomografia axial computadorizadaExcreção de creatina Ressonância magnética nuclear

Absortometria radiológica de dupla energia

TÉCNICAS DUPLAMENTE INDIRETASCondutividade elétrica corporalInteractância de raios infravermelhosBioimpedância elétricaAntropometria

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (2006, p. 196)

Nas páginas subsequentes estudaremos de forma breve cada uma das técnicas diretas e indiretas.

4.1 TÉCNICAS INDIRETAS

No que se refere às técnicas indiretas, veremos cada uma dessas técnicas a partir das explicações de Guedes e Guedes (2006).

→Hidrometria: Ao conhecer a quantidade de água no organismo é possível estimar o componente de massa isenta de gordura. Para se obter a quantidade de água corporal, o avaliado deverá ingerir (via oral ou intravenosa) uma água destilada com substâncias marcadoras que se misturam com a água do corpo. Após 3 ou 4 horas se recolhem amostras de urina ou de sangue para análise. Por definição, considera-se que 73,2% da massa isenta de gordura é composta por água. Em seguida, aplica-se a fórmula:

Massa Isenta de Gordura (Kg) = Água total 0,732

→Espectrometria de raios gama: É utilizada para determinar a quantidade de potássio (K) no organismo. É sabido que o potássio existente na massa isenta de gordura equivale a 60 e 66 mmol/Kg para mulheres e homens, respectivamente.

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

123

Assim é possível calcular a quantidade total de potássio e, por conseguinte, estimar a quantidade de massa isenta de gordura.

→Ativação de nêutrons: É possível determinar a quantidade de elementos químicos no organismo (sódio, magnésio, alumínio, cloro, cálcio, nitrogênio, potássio etc.). Assim, é possível estimar a quantidade de gordura do corpo assumindo que 64% é composta por carbono. Para estimar a massa corporal se pode utilizar o potássio e também a quantidade de nitrogênio corporal total.

→Excreção de creatina: Considera-se que 98% da creatina se localizam no tecido muscular. Logo, ao identificar a quantidade de creatina no corpo é possível estimar a massa corporal do indivíduo. É possível identificar a creatina por meio de exames laboratoriais sucessivos de urina ou de sangue. Destaca-se que o nível de creatina é influenciado por dietas hiperproteicas e por exercícios físicos com ênfase na força e na resistência muscular.

→ Radiologia convencional: O raio X permite identificar os tecidos: subcutâneo, muscular e ósseo. Salienta-se que é importante cuidar com a segurança ao se expor à radiação. E, por essa razão, o braço é mais utilizado em raio X com a finalidade de analisar a composição corporal, porque é a região corporal que recebe menor índice de radiação.

→Ultrassonografia: É a emissão de ondas sonoras ou vibrações de alta frequência por medidas ultrassônicas que penetram através da superfície da pele e visam identificar a espessura dos principais tecidos: gordura subcutânea, musculares e ósseos. Sua vantagem é que permite estimar componentes de gordura e de massa isenta de gordura em diferentes regiões do corpo, além do aparelho ser leve, portátil e de fácil manuseio. Porém, sua desvantagem é o alto custo econômico.

→ Tomografia axial computadorizada: É um método radiológico que fornece imagens sequenciadas de todo o corpo ou de segmentos. Passam feixes de raio X pelo corpo ou segmento corporal.

→Ressonância magnética nuclear: A imagem dos tecidos é gerada por radiação eletromagnética. Permite distinguir tecidos duros (ósseos) de tecidos moles (gordura e músculos). Sua vantagem é que tem baixos índices de radiação, alta resolução, diferencia tecidos e fornece imagens tridimensionais. Porém, sua desvantagem é o alto custo econômico.

→ Absortometria radiológica de dupla energia: Estabelece a atenuação diferencial de fótons emitidos a duas diferentes energias e podem distinguir diferentes tipos de tecidos. O avaliado permanece em decúbito dorsal sobre a superfície do aparelho e o braço do scanner desliza sobre todo o corpo, da cabeça aos pés, a uma distância de 80 centímetros. Sua vantagem é que permite analisar a composição corporal de todo o corpo ou de segmentos. Porém, sua desvantagem é o alto custo econômico e a demanda de tempo gasto (aproximadamente 30 minutos).

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124

UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

→Pesagem hidrostática: Admite-se que a densidade da gordura é menor do que a densidade de outras estruturas corporais. Assim, o avaliado é submerso em um tanque com água e seu volume corporal é estimado por meio de uma equação matemática.

( ) ( )( )

-1 .

Peso corporal g

Densidade corporal g mLVolume corporal mL

=

( ) ( )– real água

água

Peso PesoVolume corporal mL

Densidade=

No momento da pesagem há ar nos pulsões e gases no aparelho gastrointestinal, portanto são informações que devem ser corrigidas na fórmula.

( ) ( )( ) ( ) ( )

1 .

– 100

real

real água

água

Densidade corporal g mL Peso g

Peso g Peso g Volume Residual mLDensidade

− =

− +

→Pletismografia: Utiliza o deslocamento do ar ao invés da perda de peso na água para medir o volume corporal por meio da Lei de Deslocamento de Ar proposta por Boyle. Assim, o avaliado permanece em uma câmara fechada e isolada do meio exterior em condições controladas de pressão e volume. Posteriormente, aplica-se a fórmula da Lei de Boyle:

1 1 2 2 PressãoVolume Pressão Volume=

4.2 TÉCNICAS DUPLAMENTE INDIRETAS

No que se refere às técnicas duplamente indiretas, veremos cada uma dessas técnicas a partir das explicações de Guedes e Guedes (2006).

→ Condutividade elétrica corporal: Utiliza os diferentes níveis de condutibilidade elétrica nos tecidos biológicos. Os tecidos com alta concentração de água e eletrólitos (massa isenta de gordura) possuem alta capacidade de conduzir a corrente elétrica, enquanto os tecidos secos (gordura corporal) são resistentes à passagem da corrente elétrica. O avaliado permanece em um cilindro com campo eletromagnético capaz de estabelecer uma corrente elétrica entre 2,5 a 5 mega-hertz (MHz). Sua vantagem é que possui procedimentos simples e de fácil execução. Porém, sua desvantagem é o alto custo econômico e a necessidade de infraestrutura física específica.

→ Interactância de raios infravermelhos: Os tecidos orgânicos reagem à absorção de radiação infravermelha. Assim, é possível estimar a quantidade de

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

125

gordura e de água em diferentes regiões do corpo. Sua vantagem é que é seguro, rápido e de fácil manejo. Porém, sua desvantagem se relaciona com os pressupostos teóricos que adota, pois considera que o local irradiado é fortemente relacionado com todo o corpo, regra que não se aplica a todos os casos.

→ Bioimpedância elétrica: Essa técnica se assemelha ao de condutividade elétrica corporal. A impedância se refere à oposição oferecida a um circuito elétrico a uma corrente alternada. A impedância se relaciona com três elementos: Resistência (R), Reactância e o ângulo de fase. A equação para calcular a Impedância é:

( )

( )

2 2

2

– –

– 100 %

absoluta

absoluta

Impedância Resistência ReactânciaMIG Estatura Resistência Peso Idade

Gordura Kg Peso corporal MIGGordura xGordura relativa ao peso corporal

Peso corporal

= +

= +

=

=

→ Antropometria: É utilizada para análise da composição corporal para identificar a gordura corporal e a massa isenta de gordura. Para tanto, pode-se utilizar a relação entre o peso e a estatura (Índice de Massa Muscular), dobras cutâneas e perímetros (principalmente cintura e quadril).

4.3 APLICAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS

A técnica de medida duplamente indireta caracterizada pela antropometria permite realizar algumas interpretações básicas. Para tanto, é possível analisar os resultados obtidos a partir do perímetro da cintura, ou realizar um cálculo matemático simples da razão entre o perímetro da cintura com o perímetro do quadril, ou ainda, calcular o índice de conicidade. Cada uma dessas aplicações relacionadas às medidas antropométricas será abordada separadamente.

4.3.1 Análise do perímetro da cintura

Quando a medida antropométrica do perímetro de cintura do avaliado é mensurada, é possível verificar se o valor desse perímetro sugere que o avaliado está em risco para desenvolver disfunções crônicas degenerativas. Afinal, perímetros de cintura com medidas elevadas indicam que há aumento da incidência de disfunções crônicas degenerativas na população. Ao ter conhecimento se está em risco ou não, o avaliado poderá se prevenir ou procurar tomar as providências cabíveis para reduzir a sua exposição ao risco. Nesse sentido, torna-se de grande valia o papel dos profissionais da Educação Física.

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

De acordo com a literatura, há aumento da incidência de disfunções crônicas degenerativas se o perímetro de cintura for maior do que 102 centímetros para homens e maior do que 88 centímetros para mulheres (GUEDES; GUEDES, 2006).

4.3.2 Razão cintura/quadril

O cálculo matemático simples que envolve a razão cintura/quadril é utilizado para verificar se a gordura corporal é reunida na região central do corpo (tronco, abdômen) ou nas extremidades do corpo (quadril, glúteo, coxa) (GUEDES; GUEDES, 2006). Para esses autores, a preocupação acerca da localização da gordura deriva do fato de que há problemas de saúde relacionados a disfunções metabólicas e cardiovasculares e do maior acúmulo de gordura na região central do corpo. Para calcular a razão cintura/quadril deve-se fazer uso da seguinte fórmula matemática:

( )( )

/

Perímetro de cintura cm

Razão Cintura QuadrilPerímetro do quadril cm

=

O resultado obtido permite inferir se o avaliado apresenta riscos para disfunções metabólicas crônicas que podem ser interpretadas associadas às variáveis de idade e sexo. Na Tabela 6 disponibilizam-se os indicadores de referência para a razão cintura/quadril.

TABELA 6 – INDICADORES DE REFERÊNCIA PARA A RAZÃO CINTURA/QUADRIL PARA IDENTIFICAR RISCO PARA SAÚDE SEGUNDO IDADE E SEXO

Idade (anos)

Magnitude do risco para a saúdeBaixo Moderado Alto Muito alto

Mulheres20 – 29 < 0,71 0,71 – 0,77 0,78 – 0,82 > 0,8230 – 39 < 0,72 0,72 – 0,78 0,79 – 0,84 > 0,8440 – 49 < 0,73 0,73 – 0,79 0,80 – 0,87 > 0,8750 – 59 < 0,74 0,74 – 0,81 0,82 – 0,88 > 0,8860 – 69 < 0,76 0,76 – 0,83 0,84 – 0,90 > 0,90

Homens20 – 29 < 0,83 0,83 – 0,88 0,89 – 0,94 > 0,9430 – 39 < 0,84 0,84 – 0,91 0,92 – 0,96 > 0,9640 – 49 < 0,88 0,88 – 0,95 0,96 – 1,00 > 1,0050 – 59 < 0,90 0,90 – 0,96 0,97 – 1,02 > 1,0260 – 69 < 0,91 0,91 – 0,98 0,99 – 1,03 > 1,03

FONTE: Guedes; Guedes (2006, p. 218)

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

127

4.3.3 Índice de conicidade O índice de conicidade também é utilizado para verificar o padrão da

distribuição da gordura corporal. Destaca-se que é ainda mais sensível do que a relação cintura/quadril (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para calcular o índice de conicidade deve-se fazer uso da seguinte fórmula matemática:

( )( )( )

0,109

Perímetro de cintura mÍndice de Conicidade

Peso KgEstatura m

=

O resultado obtido permite identificar se há riscos ou não para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Acrescenta-se que valores elevados do Índice de Conicidade estão relacionados ao risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.

De acordo com a literatura, os resultados obtidos podem ser interpretados como de baixo risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas se resultar em valores próximos de 1,00 ou em elevado risco para valores próximos de 1,73 (GUEDES; GUEDES, 2006).

5 EQUAÇÕES PREDITIVAS

Por meio da técnica de medida duplamente indireta caracterizada pela antropometria é possível recorrer a equações de regressão a fim de efetuar a análise da composição corporal. Entre os componentes do corpo que podem ser estimados por meio dessas equações preditivas destacam-se: a densidade, a gordura relativa, a gordura absoluta e a massa magra. Vejamos a equação de cada um desses elementos separadamente.

IMPORTANTE

Deve-se cuidar, pois os valores de referência podem se modificar a depender da equação utilizada. Ou seja, um indivíduo pode receber uma classificação de acordo com uma equação, e receber uma classificação diferente por meio de outra equação. Sendo assim, qual deve ser a equação a ser utilizada?

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

5.1 DENSIDADE CORPORAL

Para estimar densidade corporal existem diferentes fórmulas. A fórmula exposta em Guedes e Guedes (2006) considera o somatório de três dobras cutâneas. Essas dobras cutâneas são diferentes para homens e para mulheres. Para homens, as três dobras cutâneas utilizadas na equação são: a tricipital, a suprailíaca e a abdominal. Para mulheres, as dobras cutâneas utilizadas na equação são: a tricipital, a subescapular, a suprailíaca e a coxa para mulheres. Apresenta-se abaixo a fórmula exposta em Guedes e Guedes (2006):

( )( )101,1714 – 0,0671 3

/

DensidadeCorporal log DC

g mL∑=

Legenda: ∑3DC – Somatório de 3 dobras cutâneas.

Legenda: ∑4DC – Somatório de 4 dobras cutâneas.

Legenda: ∑4DC – Somatório de 4 dobras cutâneas; MC – massa corporal (Kg).

Uma outra fórmula, mais utilizada, é mais complexa. Logo, requer o conhecimento da idade em anos do avaliado e os valores de quatro dobras cutâneas, sendo: tricipital, subescapular, suprailíaca e panturrilha medial. Além disso, considera as particularidades existentes entre a composição corporal de homens e mulheres e, por essa razão, há uma fórmula para homens e outra para mulheres.

Para estimar a densidade corporal de homens com idades entre 18 a 66 anos faz-se uso da seguinte fórmula:

( )( ) ( ) ( )21,10726863 – 0,00081501 4 0,00000212 4 – 0,00041761

/

DensidadeCorporal DC DC Idade

g mL∑ += ∑

Para estimar a densidade corporal de mulheres com idades entre 18 a 51 anos faz-se uso da seguinte fórmula:

( )

( ) ( ) ( )( ) ( )

21,02902361 – 0,00067159 4 0,00000242 4 – 0,00026073 – 0,00056009 0,00054649 /

DensidadeDC DC IdadeCorporal

MC Estaturag mL

∑ + ∑+

=

Destaca-se que é importante calcular a densidade corporal para que seja possível estimar a gordura relativa (percentual de gordura) e, por conseguinte, a gordura absoluta e a massa magra. Contudo, os autores Siri (1961) e Brozek e colaboradores (1963) sugerem um quadro com valores para estimar a gordura relativa (percentual de gordura) e, assim, não é obrigatório calcular a Densidade corporal, uma vez que a partir do conhecimento da medida de gordura relativa (percentual de gordura) é possível estimar a gordura absoluta e a massa magra, respectivamente.

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TÓPICO 3 | COMPOSIÇÃO CORPORAL

129

5.2 GORDURA RELATIVA

A gordura relativa, também conhecida como o percentual (%) de gordura, pode ser estimada por meio de duas equações diferentes: Apresenta-se a seguir a fórmula exposta em Guedes e Guedes (2006):

UNI

O livro de Guedes e Guedes (2006, p. 225-228) disponibiliza em quadros os resultados imediatos a partir da equação do percentual de gordura, para homens e para mulheres. Ou seja, recorrendo-se aos quadros é possível estimar o percentual de gordura sabendo-se somente o somatório das dobras cutâneas tricipital, suprailíaca, e abdominal para homens e subescapular, suprailíaca e coxa para mulheres.

E uma segunda fórmula também pode ser utilizada, apresentada a seguir:

( ) 495 % – 450Percentual de GorduraDensidade

=

( ) 4,95 % – 4,50 1 00Percentual de GorduraDensidade

=

Destaca-se que a estimativa de valores da composição corporal considera que o percentual de gordura dentro da normalidade é entre 11% a 16% para homens adultos jovens e entre 21% a 26% para mulheres adultas jovens.

Para interpretar os resultados obtidos por meio da equação do percentual de gordura é possível recorrer aos valores de referência sugeridos por Lohman, citado por Petroski (2009), conforme consta na Tabela 7.

TABELA 7 – VALORES DE REFERÊNCIA PARA PERCENTUAL DE GORDURA DE HOMENS E MULHERES

Homens MulheresMuito baixo ≤ 5% < 8%Abaixo da média 6 – 14% 9 – 22%Média 15% 23%Acima da média 16 – 24% 24 – 31%Muito alto ≥ 25% > 32%

FONTE: Lohman (apud Petroski, 2009, p. 124)

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UNIDADE 2 | TÉCNICAS E INSTRUMENTOS

5.3 GORDURA ABSOLUTA

Para se identificar a gordura absoluta do avaliado é preciso ter conhecimento sobre o peso corporal (kg) e o valor estimado da gordura relativa (% de gordura). Assim, é possível estimar a gordura absoluta por meio da seguinte fórmula:

( ) ( ) ( ) %

100

Gordura relativaGordura absoluta Kg Peso corporal Kg

=

5.4 MASSA MAGRA

Para se identificar a massa magra do avaliado é preciso ter conhecimento sobre o peso corporal (kg) e o valor estimado da gordura absoluta. Assim, é possível estimar a massa magra por meio da seguinte fórmula:

( ) – Massa magra Kg Peso corporal Gordura absoluta=

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131

RESUMO DO TÓPICO 3

Nesse tópico você viu que:

O corpo humano é composto por ossos, músculos, gorduras, água, tecidos e elementos bioquímicos etc.

A composição corporal se refere ao fracionamento do peso corporal em seus diferentes componentes.

A composição corporal oferece informações sobre o comportamento de indicadores associados ao crescimento físico e aos programas de controle de peso corporal.

A composição corporal é importante para: identificar riscos à saúde associados ao excesso de gordura corporal; acompanhar alterações na composição corporal associadas a determinadas doenças ou aos processos de crescimento, desenvolvimento e maturação; permite elaborar recomendações dietéticas e prescrição de exercícios físicos e possibilita avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na alteração da composição corporal.

O interesse pela análise da composição corporal cresceu ao longo dos anos, inclusive na área da Educação Física.

Atualmente, o modelo recomendado para analisar a composição corporal é organizado em cinco níveis: atômico, molecular, celular, sistema tecidual e corpo inteiro.

A composição corporal é entendida a partir de dois componentes principais, que são o componente de gordura e o componente não gorduroso.

Os termos “gordura” e “tecido adiposo” designam conceitos diferentes.

A gordura é a quantidade total de lipídios (substâncias indissolúveis na água e dissolúveis em soluções orgânicas) no organismo.

O tecido adiposo é composto por células adiposas, fluidos extracelulares, endotélio vascular, colágeno e fibras elastinas.

Os lipídios se dividem em essenciais (indispensáveis para o adequado funcionamento das estruturas fisiológicas) e não essenciais (gordura acumulada no tecido adiposo).

Os termos “massa magra” e “massa isenta de gordura” designam conceitos diferentes.

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A massa magra exprime valores estabelecidos na proporção água, minerais e matéria orgânica, incluídos lipídios essenciais.

A massa isenta de gordura se refere ao peso corporal com ausência de toda gordura do organismo (desconsidera lipídios essenciais).

Faz-se uso de técnicas com processos diretos, indiretos e duplamente indiretos para análise da composição corporal.

As técnicas diretas são realizadas em cadáveres.

As técnicas indiretas possibilitam que as informações sejam obtidas com base em pressupostos teóricos que permitem estimar os componentes de gordura, massa magra e massa isenta de gordura.

As técnicas duplamente indiretas utilizam equações de regressão para predizer variáveis associadas aos procedimentos indiretos.

As técnicas diretas contemplam: dissecação de cadáveres e extração lipídica.

As técnicas indiretas contemplam: procedimentos bioquímicos (hidrometria, espectrometria de raios gama, ativação de nêutrons, excreção de creatina); procedimentos de imagem (radiologia convencional, ultrassonografia, tomografia axial computadorizada, ressonância magnética nuclear, absortometria radiológica de dupla energia) e procedimentos de densitometria (pesagem hidrostática, pletismografia).

As técnicas duplamente indiretas contemplam: condutividade elétrica corporal, interactância de raios infravermelhos, bioimpedância elétrica, antropometria.

Estudamos que algumas medidas antropométricas permitem realizar inferências como: análise dos resultados do perímetro da cintura, a razão cintura/quadril ou, ainda, calcular o índice de conicidade.

As equações preditivas permitem estimar a densidade, a gordura corporal (relativa e absoluta) e a massa magra.

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133

1 Diferentes elementos orgânicos e inorgânicos compõem o corpo humano. E, nesta perspectiva, existe a composição corporal. Escreva o conceito de composição corporal.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 A análise da composição corporal se mostra importante para diferentes finalidades. Assim, cite três aspectos em que a composição corporal é relevante:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________3 Existem diferentes técnicas e métodos para analisar a composição corporal, sendo que cada uma delas possui respaldo em modelos teóricos distintos. Atualmente, o modelo mais recomendado para analisar a composição corporal é organizado em cinco níveis. Pensando-se nisso, cite quais são esses cinco níveis.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 No que se refere ao fracionamento da composição corporal, há dois componentes principais, que são o componente de gordura e o componente não gorduroso. Acerca desta temática, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) O componente não gorduroso se refere ao peso corporal que permanece após a gordura ser removida e, portanto, não gordurosos.( ) O componente de gordura contempla a gordura e o tecido adiposo.( ) Gordura, também denominada de tecido adiposo, é composta pelos tecidos muscular e esquelético, pele, órgãos e demais tecidos.( ) A função dos lipídios é produzir energia para o trabalho biológico.( ) A quantidade de lipídios presente no organismo de homens e de mulheres é semelhante.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

AUTOATIVIDADE

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134

a) ( ) V, V, F, F, F.b) ( ) V, V, F, F, V.c) ( ) V, F, V, V, F.d) ( ) V, V, V, F, F. e) ( ) F, F, F, F, V.

5 Para análise da composição corporal são utilizadas técnicas diretas, indiretas e duplamente indiretas. Nas técnicas diretas se obtém as informações em cadáveres por meio de incisões no corpo. Nas técnicas indiretas se obtém as informações por meio de variáveis físicas e químicas que permitem estimar componentes de gordura, massa magra e massa isenta de gordura. Nas técnicas duplamente indiretas se obtém as informações a partir de equações de regressão para estimar os componentes da composição corporal. A partir das técnicas diretas, indiretas e duplamente indiretas, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Técnicas diretas( ) Radiologia convencional e ultrassonografia( ) Antropometria

(b) Técnicas indiretas( ) Extração lipídica( ) Bioimpedância elétrica

(c) Técnicas duplamente indiretas

( ) Hidrometria e pesagem hidrostática( ) Dissecação de cadáveres

A seguir, assinale a alternativa que exprime a sequência correta:

a) ( ) b, c, a, c, b, a.b) ( ) a, a, b, c, b, c.c) ( ) c, b, b, a, c, a. d) ( ) b, c, a, c, a, b.e) ( ) a, c, a, b, b, c.

6 Uma mulher com 32 anos de idade cronológica apresenta perímetro de cintura equivalente a 72,0 centímetros e perímetro de quadril igual a 97 centímetros. Com base nessas informações, responda:

I) Qual é a razão cintura/quadril desta mulher?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II) De acordo com os valores de referência, esta mulher possui riscos para a saúde?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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135

7 Um indivíduo do sexo masculino, com 48 anos de idade cronológica, apresenta perímetro de cintura equivalente a 114,0 centímetros. Explique se este indivíduo apresenta ou não risco para disfunções crônicas degenerativas e por que motivo.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SUGESTÃO DE ATIVIDADE PRÁTICA

Nome da atividade prática: Treinamento dos protocolos de avaliação antropométrica.

a) Introdução

Acadêmicos, nessa atividade prática faremos a aplicação dos conteúdos teóricos estudados ao longo dos estudos da Unidade 2 do Livro de Medidas e Avaliações em Educação Física. É importante treinar a aplicação de protocolos de avaliações, porque se referem a um importante recurso que poderá ser utilizado na atuação profissional, quer seja no âmbito da licenciatura ou do bacharelado em Educação Física. Neste sentido, entre os alunos da turma e com a supervisão de um professor, vocês efetuarão medidas antropométricas.

b) Objetivo

O objetivo dessa atividade prática é aplicar técnicas referentes às medidas antropométricas (altura, massa corporal, diâmetros, comprimentos, perímetros e dobras cutâneas).

c) Materiais a serem utilizados Os materiais a serem utilizados serão: Uma folha A4, computadores,

impressora, internet, canetas hidrográficas ou lápis dermatográfico, fitas métricas, balanças, paquímetros, compasso de pontas rombas, compasso de barra e adipômetro.

QUADRO 12 – EXEMPLO DOS MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS NA ATIVIDADE PRÁTICA

Descrição do material

Tipo Quantidade

Folha A4 40 (a depender da quantidade de acadêmicos matriculados, sendo uma por acadêmico).

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Computador Precisa ter programa Microsoft Word

01.

Impressora Precisa ter tinta 01.Caneta hidrográfica ou lápis dermatográfico

- Uma para cada acadêmico ou uma para cada dupla ou trio de acadêmicos.

Fita métrica Flexível, não elástica Uma para cada acadêmico ou uma para cada dupla ou trio de acadêmicos.

Balança Digital ou manual* Seria ideal apresentar os dois tipos de balança para os acadêmicos aprenderem a manusear.

Uma balança ou duas.

Paquímetros - No mínimo dois, sendo de preferência um grande e um pequeno.

Compasso de pontas rombas

- No mínimo dois, sendo de preferência um grande e um pequeno.

Compasso de barra - No mínimo dois, sendo de preferência um grande e um pequeno.

Adipômetro - No mínimo dois.

d. Procedimento experimental ou metodologia

O procedimento experimental ou metodologia se divide em dois momentos, sendo: a organização prévia da atividade e a organização da atividade prática propriamente dita.

- Organização prévia: O professor deverá imprimir uma dessas fichas para cada acadêmico e

levar no dia da atividade prática.

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FICHA DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Nome do acadêmico:Idade (anos): Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

Nome do avaliador:Data da Avaliação: Hora da avaliação:

Acadêmico: ALTURAS 1a Medida 2a Medida 3a Medida MédiaEstatura (m)Altura tronco-cefálicaMASSA CORPORAL

- - -

Peso (Kg)IMC*ClassificaçãoIMCDIÂMETROS 1a Medida 2a Medida 3a Medida MedianaBiacromialBicrista-ilíacaBiepicondilar do fêmurBimaleolarBiepicondilar do úmeroBiestiloideCOMPRIMENTOS 1a Medida 2a Medida 3a Medida MédiaMembros inferioresCoxaPernaMembros superioresBraçoAntebraçoPERÍMETROS 1a Medida 2a Medida 3a Medida MédiaCoxaPernaBraçoAntebraçoCinturaQuadrilDOBRAS CUTÂNEAS

1a Medida 2a Medida 3a Medida 4a Medida

TricipitalSubescapular

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SuprailíacaAbdominal

Observação: * - Opcional.

- Organização da atividade prática: A organização da atividade prática será dividida em duas etapas.

PRIMEIRA ETAPA

No dia da aula, em sala, todos os alunos serão divididos em grupos compostos por DOIS ou TRÊS acadêmicos. É recomendável que sejam duplas ou trios, mas caso exista um grande número de acadêmicos e um restrito número de instrumentos antropométricos, será possível reorganizar essa divisão em grupos de quatro acadêmicos ou superior.

Para a formação dos grupos, pode-se permitir que os acadêmicos se organizem ou o professor poderá ser o responsável pela organização dos grupos.

Após a organização dos grupos, o professor/tutor apresentará todos os instrumentos necessários para a realização das medidas antropométricas. E cada grupo receberá um instrumento e, à medida que o utilizar, deverão trocar entre si.

Recomenda-se que, no caso de duplas e trios, os acadêmicos deverão efetuar a mensuração das medidas antropométricas entre eles, conforme as ilustrações a seguir:

Eventualmente, durante a realização das medidas antropométricas, surgirão dúvidas, que poderão ser respondidas pelo professor/tutor.

Caso o tempo da aula seja insuficiente para o preenchimento de toda a planilha da avaliação antropométrica, o professor deve informar que prioritariamente cada acadêmico faça pelo menos dois diâmetros, dois comprimentos, dois perímetros e duas dobras cutâneas.

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SEGUNDA ETAPA

Ao final da realização das medidas, cada acadêmico receberá a sua própria ficha de avaliação. E o acadêmico que desejar poderá estimar o seu Índice de Massa Corporal (IMC) e classificá-lo de acordo com os valores normativos em: abaixo do peso (menor que 18,5), peso ideal (entre 18,5 – 24,9), sobrepeso (entre 25 – 29,9) e obesidade (maior que 30). Os acadêmicos serão convidados pelo professor a calcularem o IMC e classificá-lo e, neste momento, o professor poderá utilizar um exemplo hipotético no quadro para ensinar a calcular o IMC. O acadêmico que não desejar estimar o seu IMC poderá se aproveitar do(s) exemplo(s) do professor para treinar.

Além disso, o professor tutor solicitará que cada acadêmico realize os

seguintes cálculos, referentes às suas próprias medidas antropométricas:

→ Relação cintura quadril;→Análise do perímetro de cintura;→Índice de conicidade.

e. Interpretação dos resultados/descrição da atividade

Para a realização das medidas antropométricas as técnicas e os procedimentos descritos na Unidade 2 deverão ser seguidos. Deve-se enfatizar que na disciplina será realizada uma única avaliação antropométrica, e por essa razão não será possível comparar os resultados com mensurações futuras para verificar o efeito de uma intervenção, por exemplo.

f.Conclusõesouconsideraçõesfinais

Ao final, os acadêmicos terão exercitado os protocolos de avaliação antropométrica estudados na Unidade 2 deste Livro. Essa é uma tarefa importante para que ocorra a aprendizagem do acadêmico, de modo que os processos de acomodação e de assimilação dos conhecimentos sejam estimulados.

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UNIDADE 3

TESTES FÍSICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender e conceituar aptidão física;

• identificar a diferença entre a aptidão física relacionada ao desempenho atlético e a aptidão física relacionada à saúde;

• entender a relação entre aptidão física, atividade física e saúde;

• conhecer fatos históricos dos testes físicos;

• reconhecer os objetivos e a importância da avaliação da aptidão física;

• aprender o significado dos termos: resistência cardiorrespiratória, força/resistência muscular, flexibilidade, velocidade, potência, agilidade, coor-denação e equilíbrio;

• aprender sobre baterias de testes físicos;

• conhecer os objetivos e os procedimentos para a aplicação de testes que envolvem diferentes capacidades motoras.

Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará atividades que o(a) ajudarão a aplicar os conhecimentos apresentados.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA

TÓPICO 2 – DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONA DAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

TÓPICO 3 – DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

A aptidão física é definida como “um estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas, também, evitar o aparecimento das funções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria de viver” (GUEDES, 1995). Houve um longo período de evolução que antecedeu a formulação deste conceito. Antigamente, as capacidades relacionadas ao desempenho nos esportes eram privilegiadas em detrimento das capacidades associadas à saúde. Isto porque se tinha o equivocado entendimento de que, para apresentar um bom estado de saúde, seria necessário demonstrar um elevado desempenho atlético. Porém, com o avanço da ciência, o conceito de aptidão física passou por uma significativa transformação, saindo do campo da conveniência, da tradição, do senso comum e da orientação exclusivamente esportiva, apresentando componentes que contemplam, também, a saúde das pessoas (GUEDES, 1995).

Nesta perspectiva, atualmente, os componentes da aptidão física englobam diferentes dimensões, podendo voltar-se para a saúde e abrangendo um maior número de pessoas, valorizando as variáveis fisiológicas como a resistência cardiorrespiratória, a força/resistência muscular, a flexibilidade e alguns componentes da composição corporal, podendo voltar-se para as habilidades desportivas em que as variáveis, tais como agilidade, equilíbrio, coordenação, potência e velocidade, são mais valorizadas, objetivando o desempenho desportivo (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Nesta concepção, faz-se pertinente mencionar que a aptidão física relacionada à saúde é um estado referente ao ser humano e não, necessariamente, uma aptidão, uma habilidade ou uma capacidade. Por estar atrelada à saúde, ela é transitória e não está diretamente relacionada ao desempenho atlético. Porém, um alto nível de aptidão física relacionada à saúde traz resultados positivos para a qualidade de vida das pessoas, diminuindo o risco de doenças. O desenvolvimento e a manutenção dos componentes da aptidão física relacionada à saúde são uma função da adaptação fisiológica para um aumento gradual da intensidade das atividades. Neste sentido, destaca-se que esses componentes podem ser modificados a partir da sua utilização ou da ausência desta (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

Por sua vez, a aptidão física relacionada ao desempenho atlético é geneticamente dependente em termos de potencial absoluto, e, de certa forma,

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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estável e extremamente relacionada à habilidade atlética. O desenvolvimento e a manutenção desta aptidão ocorrem em função da prática, assim como do desenvolvimento de habilidades dentro de limites mais amplamente definidos (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

De acordo com as informações supracitadas e embora haja uma forte tendência quanto ao conceito de aptidão física, mencionado anteriormente, não há uma definição que seja aceita universalmente. Por outro lado, pode-se dizer que há unanimidade na literatura quando se fala da extrema relação existente entre a aptidão física, a atividade física e a saúde. Conforme representa a Figura 58, a prática de atividade física resulta em índices de aptidão física que certamente interferem na prática da atividade física. Os índices de saúde também influenciam os níveis de aptidão física, podendo-se exemplificar isto pelo fato de os atletas terem o seu desempenho prejudicado quando adoecem ou quando um indivíduo fisicamente ativo fica em um leito privado de livre movimentação por determinado período (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Nesta direção, Guedes (1995) sugere que o reconhecimento dos benefícios da prática da atividade física regular na melhoria da qualidade de vida vem despertando enorme atenção quanto à complexa relação entre os níveis de prática de atividade física, os índices de aptidão física e o estado de saúde das pessoas, o que é apresentado de uma maneira simplificada na Figura 59.

FIGURA 59 – RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

FONTE: Guedes (1995)

Conforme se pode observar na Figura 59, a partir da aderência às atividades físicas, as pessoas tendem a aumentar os seus índices de aptidão física, com isso, serão mais ativas. Além disso, percebe-se na figura que os índices de aptidão física estão relacionados com o estado de saúde de uma maneira recíproca. Dessa forma, o estado de saúde influencia e é influenciado pelos índices de aptidão física (GUEDES, 1995).

Inúmeras pesquisas vêm demonstrando que a prática regular de atividades físicas dificulta o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, representando um fator essencial para o bom funcionamento orgânico. Neste

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA

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sentido, acredita-se que níveis apropriados de aptidão física, mantidos durante toda a vida, por meio de atividades físicas regulares que possam provocar respostas e adaptações benéficas nos diferentes sistemas do organismo humano, poderão exercer uma decisiva participação em termos de prevenção e manutenção de uma boa saúde (GUEDES, 1995).

Em relação aos programas de atividade física, em termos de esforços físicos, destaca-se que os componentes da aptidão física devem contemplar a aptidão física relacionada à saúde e a aptidão física relacionada às habilidades esportivas. A clareza desta distinção poderá auxiliar no estabelecimento de metas e estratégias a serem adotadas nos programas de atividade física que atuam na promoção da saúde. Nesta direção, pode-se mencionar que os programas de atividade física oferecidos à comunidade têm preconizado a abordagem de atividades que levam as pessoas a vivenciarem experiências das mais variadas possíveis na área motora. Contudo, em contextos de educação, são oferecidas as aulas de Educação Física, as quais, infelizmente, ainda dão maior enfoque na prática de esportes e de outras atividades organizadas, onde existe uma maior solicitação dos componentes da aptidão física relacionada às habilidades esportivas, em detrimento aos componentes da aptidão física relacionada à saúde (GUEDES, 1995).

Nesta perspectiva, faz-se importante ressaltar que as habilidades esportivas se modificam de forma significativa com a prática, no entanto, uma vez alcançados determinados níveis, eles tendem a permanecer estáveis, não havendo mais consideráveis progressões. Os níveis de prática das habilidades esportivas possuem extrema relação com aspectos genéticos, fazendo com que cada indivíduo venha a apresentar um determinado potencial a ser desenvolvido. Deste modo, ressalta-se que nem todas as pessoas conseguem atingir níveis de excelência na prática de esportes, porém, sugere-se que todas devem ser estimuladas a atingir níveis mínimos de competência no sentido de apresentar condições físico-funcionais suficientes para atender a aspectos do cotidiano que envolvem a realização de esforços físicos. Por isso, o desenvolvimento da aptidão física relacionada às habilidades esportivas poderá ser empregado nos programas de atividade física, especialmente no período da infância e da adolescência, quando há uma maior sensibilidade em termos das características motoras, porém, deve-se levar em conta seus fatores limitantes em termos de atividade física relacionada à promoção da saúde (GUEDES, 1995).

Nesta concepção, os aspectos da aptidão física relacionados à saúde deverão apresentar um maior significado nos programas de atividade física oferecidos à comunidade. Os melhores níveis dos componentes da aptidão física relacionada à saúde resultam de programas de atividade física especialmente desenvolvidos para esta finalidade. A prática de esportes também pode promover alguns aspectos da aptidão física relacionada à saúde, porém, ao contrário do que acontece na aptidão física relacionada às habilidades esportivas, onde existe um elevado índice de retenção, a aptidão física relacionada à saúde não pode ser acumulada, sendo assim, necessita de constante manutenção, a qual deve ocorrer por meio de programas específicos e regulares de atividade física (GUEDES, 1995).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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Por fim, o autor supracitado destaca que os programas voltados a atender às habilidades esportivas se constituem em um importante veículo para estimular as pessoas a desenvolverem atividades recreativas. Por sua vez, os programas voltados à aptidão física relacionada à saúde são imprescindíveis, uma vez que ajudam a inibir o aparecimento de fatores de risco que venham a favorecer o surgimento de sintomas relacionados com disfunções de caráter crônico-degenerativo e de doenças hipocinéticas provenientes da ausência de atividade física.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS TESTES FÍSICOS

Em pesquisas realizadas por autores como Rogers, Brace, Cozens, McCloy, Scott e outros, pode-se notar que no período da década de 1920 até, aproximadamente, 1940, havia o pensamento de que, assim como há testes para avaliar as habilidades do aspecto cognitivo, deveriam existir formas para avaliar as habilidades motoras. Neste sentido, estes autores desenvolveram pesquisas com o objetivo de discriminar os componentes associados à aptidão física que poderiam melhorar o desempenho humano (MORROW et al., 2003).

Nesta perspectiva, inicialmente os autores supracitados desenvolveram

índices de classificação para categorizar indivíduos, de acordo com as suas habilidades motoras, com o intuito de que as aulas de Educação Física fossem compostas por grupos mais homogêneos e, com isso, surtissem melhores resultados. Os índices de classificação buscavam identificar estas informações com base em dados como a idade, o peso e a altura dos indivíduos (MORROW et al., 2003). O autor explica que o primeiro estudo deste padrão foi desenvolvido por McCloy em 1932, onde o autor desenvolveu três índices para a classificação dos alunos, onde a idade era medida em anos, a altura em polegadas e o peso em libras, a saber:

→ Nível primário: (10 x idade) + peso→ Nível médio: (20 x idade) + (6 x altura) + peso→ Nível universitário: (6 x altura) + peso

Contudo, ao analisar estas fórmulas, o autor observou que a idade dos indivíduos dos níveis primário e universitário não se constituía em um aspecto relevante para a classificação. Em seguida, os autores Neilson e Cozens desenvolveram, em 1934, outro índice de classificação com base no mesmo princípio. No mesmo período, iniciaram as primeiras propostas de classificações por meio de testes das habilidades motoras. O conceito de “habilidade motora geral”, que se referia à capacidade do indivíduo em realizar uma gama de tarefas referentes a diferentes esportes, foi criado. Por sua vez, testes que incluíam componentes relacionados à força, à potência, à endurance, à velocidade, à agilidade, à coordenação e ao equilíbrio passaram a ser utilizados em baterias de testes para avaliar o desempenho motor dos indivíduos (MORROW et al., 2003).

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA

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O Teste de Habilidade Motora de Barrow, criado por Barrow em 1954, é um dos testes mais antigos, pensado para avaliar a “habilidade motora geral”. Este teste foi criado para homens universitários, mas, posteriormente, foi estendido para adolescentes do Ensino Médio. Inicialmente, continha 29 itens para testar a agilidade, a coordenação do ombro-braço, o equilíbrio, a flexibilidade, a coordenação mão-olho, a potência, a velocidade e a força. O autor elaborou também uma bateria de testes com oito itens para verificar a validade dos fatores e para obter um coeficiente de correlação múltipla de 0,92 entre o escore composto para a bateria de oito itens e outro escore composto baseado em 29 itens. Os coeficientes de reprodutibilidade do teste-reteste variaram de 0,79 a 0,89. No que diz respeito à medição, o problema deste procedimento de validação está no fato de se tratar de um critério composto. Isto porque os testes de predição e de critério, sub-bateria e bateria completa, respectivamente, consistiam nos mesmos testes. Desta forma, o autor estava predizendo apenas o total de uma parte, fornecendo a falsa correlação de 0,92. Em termos estatísticos, pode-se dizer que esta abordagem é impraticável. Todavia, não se pode negar a importância da bateria de testes criada por Barrow, pois foi a partir dela que os demais métodos de avaliação dos componentes associados à aptidão física foram desenvolvidos (MORROW et al., 2003).

Em 1941, Larson propôs uma técnica diferente da de Barrow para a avaliação das habilidades motoras, analisando os fatores subjacentes de 27 itens de testes e seis baterias; além disso, reuniu evidências estatísticas em outras baterias de testes relacionadas à medição das habilidades motoras. Isso representou uma tentativa de validar a construção dos testes de habilidade motora por meio do uso da técnica estatística denominada fator de análise. Entretanto, este autor também realizou este procedimento utilizando a abordagem de critério composta, diminuindo a efetiva validade de suas descobertas. Este autor identificou coeficientes de reprodutibilidade em um excesso de 0,86 (MORROW et al., 2003).

Na sequência, foram desenvolvidos os testes para avaliar a educabilidade motora, isto é, a capacidade de aprender várias habilidades motoras. Tais testes eram compostos por itens de pista e de campo, assim como por uma série de outros testes. Um destes testes propunha que os indivíduos pulassem, girassem e caíssem na mesma posição em que estavam no início do teste. Em 1927, David Brace desenvolveu o teste de Brace de Iowa, o qual continha 20 testes que eram avaliados com base no “passou/falhou”. Posteriormente, McCloy utilizou elementos deste teste para a elaboração de um novo teste de educabilidade motora, utilizando 40 testes, dos quais 20 foram selecionados. Por fim, seis distintas combinações de 10 testes foram elegidas para avaliar a educabilidade motora nas categorias a seguir: meninos de escola primária avançada, meninas de escola primária avançada, meninos de escola intermediária, meninas de escola intermediária, meninos do último ano escolar e meninas do último ano escolar. Porém, estes testes tiveram problemas quanto à reprodutibilidade das medidas, visto que, por serem todos baseados em itens de “passou/falhou”, ocorria a avaliação de um ou de outro. Ademais, os testes de educabilidade motora tinham uma fraca correlação com a maioria das medidas de desempenho esportivo, o que gerava dúvidas quanto à sua validade (MORROW et al., 2003).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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Um dos primeiros testes criados para avaliar o desempenho motor foi o Sargent Jump, em 1921. Este consistia na execução de um salto vertical que objetivava testar a potência da perna. Apesar de simples, este teste foi muito utilizado, medindo uma importante característica para esportes baseados na potência. Embora seja um teste reproduzível e validamente associado a determinados aspectos do desempenho para o esporte, fornece somente uma ideia limitada sobre a capacidade esportiva global (MORROW et al., 2003).

Entre 1956 e 1958, Franklin Henry formulou o conceito de especificidade que condiz às habilidades motoras únicas para tarefas psicomotoras individuais. O autor utilizou a análise correlacional para indicar que as características que possuíam mais correlações acima de 0,70 eram de natureza geral. Quaisquer dois testes que possuíssem correlações iguais ou menores que esta eram considerados específicos. Em decorrência da magnitude destas correlações, a maioria dos testes de habilidades motoras da época foi considerada de natureza específica. As implicações disso consistiram no fato de que as características deveriam ser treinadas especificamente. Além disso, isto permitia que qualquer bom atleta apresentasse muitos desses traços específicos (MORROW et al., 2003).

Entre 1940 e 1970, autores como Seashore, Fleishman, Cumbee, Meyer, Peterson e Guilford passaram a defender o conceito de habilidade motora específica no lugar de habilidade motora geral, abordando aspectos como a força e a endurance muscular, a velocidade, a potência, a precisão, a endurance cardiovascular, a flexibilidade, a agilidade e o equilíbrio. Suas teorias baseavam-se nas correlações entre os fatores físicos. Pode-se dizer que os itens de alta correlação têm muitas características em comum para serem avaliadas, enquanto os itens de baixa correlação avaliam aspectos distintos. Assim, a especificidade de tarefas pode ser visualizada como uma abordagem de validade corrente (MORROW et al., 2003).

Dentro do período supracitado, Fleishman construiu a teoria intitulada “teoria das capacidades básicas”. Por meio desta teoria, o autor definiu que “capacidades esportivas são características aprendidas com base nas capacidades que a pessoa possui, ao passo que habilidades motoras são mais gerais e inatas em natureza do que as habilidades esportivas” (MORROW et al., 2003, p. 252). Os pressupostos de Fleishman se consagraram e serviram como referência para muitas investigações acerca do desempenho humano, principalmente com a intenção de avaliar a validade de construção (MORROW et al., 2003).

Resumidamente, pode-se dizer que, no decorrer de muitos anos investigou-se se os componentes da aptidão física relacionada ao desempenho atlético se constituíam como gerais ou como específicos, estando, as suas evidências, a favor dos componentes como sendo específicos. Por muito tempo, acreditou-se na natureza geral da aptidão física ou no chamado “atleta natural”, isto é, acreditava-se que os indivíduos que se destacavam em determinados esportes possuíam habilidades correspondentes que automaticamente os conduziriam a outras atividades. Apesar de isto, geralmente, não acontecer, muitos pesquisadores compreendem que essa “condução” é resultado da motivação intrínseca do indivíduo, do engajamento

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À APTIDÃO FÍSICA

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em inúmeras atividades e das muitas aptidões específicas do esporte, além de habilidades motoras transferidas de uma atividade para outra. Em suma, os componentes da aptidão física relacionada à performance são características e não habilidades. Ademais, a ideia de capacidade motora geral, isto é, da natureza geral da aptidão física, não é apoiada pela maioria dos autores de referência sobre essa temática (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

Nos últimos anos, estudiosos da área têm concentrado suas pesquisas na temática do domínio do desempenho humano, focando nos componentes deste, tais quais a força muscular, a velocidade, a agilidade, a potência, a flexibilidade e o equilíbrio, a fim de melhor entender as qualidades necessárias para o desenvolvimento de inúmeras tarefas. Ademais, a validade de construção destes componentes tem sido examinada (MORROW et al., 2003).

3 A IMPORTÂNCIA E OS OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA

Os principais objetivos da avaliação do desempenho humano consistem na seleção, na classificação e no diagnóstico. Morrow et al. (2003) explicam que estas questões não são importantes apenas para o desempenho esportivo, mas, também, para o desempenho no trabalho. Isto porque a seleção diz respeito à capacidade que um teste possui para discriminar os níveis de capacidade, permitindo que sejam feitas escolhas. Em termos esportivos, isto permite que jogadores sejam escolhidos ou não para as equipes. Em relação ao desempenho no trabalho, esta seleção é utilizada para a contratação. A classificação, por sua vez, serve para agrupar os indivíduos de acordo com as suas características. No esporte, a classificação serve para designar a posição ou o evento em que cada jogador estará e, no trabalho, serve para discriminar uma tarefa, por exemplo. O último objetivo refere-se ao diagnóstico e possui a função de determinar as deficiências do indivíduo a partir de testes que são validamente relacionados ao seu desempenho em áreas específicas. Em contexto esportivo, o diagnóstico é utilizado para planejar programas de treinamento que ajudem a melhorar o desempenho (MORROW et al., 2003). Neste sentido, os autores elencaram os principais objetivos da aplicação de testes físicos, a saber:

→ Indicar as forças e fraquezas do indivíduo para o esporte.→ Obter dados para o treinamento individualizado.→ Disponibilizar feedback para o atleta e para o treinador sobre a efetividade do

treinamento.→ Descrever o desempenho atual do atleta, possibilitando, ao treinador e ao atleta,

o acompanhamento do desempenho.

Os autores acrescentam que, para que estes objetivos sejam alcançados, é necessário seguir rigorosamente os seguintes procedimentos:

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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→ Estabelecer variáveis relevantes ao esporte.→ Elencar testes reproduzíveis e válidos.→ Desenvolver protocolos de teste específicos para o esporte.→ Controlar rigidamente a aplicação do teste.→ Respeitar os direitos do atleta.→ Repetir o teste periodicamente.→ Interpretar os resultados diretamente para o treinador e para o atleta.

No que condiz aos testes que envolvem os componentes da aptidão física relacionada à saúde, aponta-se que eles representam um importante papel na prevenção, na conservação e na melhoria da capacidade funcional das pessoas. No contexto escolar, por exemplo, a avaliação possibilita o acompanhamento do desenvolvimento motor da criança e do adolescente; permite a identificação de possíveis distúrbios de ordem motora, postural e metabólica, bem como, a classificação dos indivíduos ou grupos de risco; fornece informações para a elaboração de programas preventivos ou até mesmo interventivos no contexto escolar. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados quando se trata da utilização de testes motores em ambientes educacionais, tal qual a aplicação sistematizada e científica de técnicas de mensuração que permitam analisar, de forma qualitativa, os aspectos físicos e as adaptações em função do tempo. Além disso, antes de escolher o teste motor, deve-se definir a capacidade a ser avaliada para que sejam obtidos os resultados necessários.

IMPORTANTE

Inúmeros fatores, tais como a idade, o tipo corporal, o estado nutricional, o peso corporal, o estado de saúde, bem como, o nível de motivação, influenciam no nível de aptidão física de cada pessoa. Cada pessoa responde de acordo com as suas próprias circunstâncias ambientais e características hereditárias (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

ATENCAO

Um dos primeiros objetivos para o desenvolvimento da aptidão física consiste em melhorar os comportamentos de aptidão e alcançar padões pessoais de aptidão (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

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Nesse tópico você viu que:

O conceito de aptidão física passou por uma grande evolução até chegar à definição atual, que completa, além de elementos da aptidão física relacionada ao desempenho atlético, a aptidão física relacionada à saúde.

A aptidão física, a atividade física e a saúde possuem íntima relação.

A prática regular de atividade física resulta em índices de aptidão física que interferem na prática da atividade física. Os índices de saúde também influenciam os níveis de aptidão física.

A realização frequente de atividades físicas dificulta o aparecimento de doenças.

A prática regular de atividade física ajuda o indivíduo a manter os níveis apropriados de aptidão física, resultando em benefícios para a saúde e, consequentemente, para a qualidade de vida.

Nos programas de atividade física oferecidos à população em geral, a aptidão física relacionada à saúde deve ser mais trabalhada em detrimento dos aspectos relacionados ao esporte.

Na aptidão física relacionada ao desempenho atlético existe um alto nível de retenção.

Na aptidão física relacionada à saúde, os índices não podem ser acumulados. Por isso, necessitam de constante manutenção.

As investigações acerca dos testes de aptidão física iniciaram na década de 1920, a partir do desenvolvimento de índices de classificação para categorizar os alunos nas aulas de Educação Física, de acordo com as suas habilidades motoras. Estas informações eram verificadas com base em dados como a idade, o peso e a altura dos indivíduos.

Por volta de 1934 surgiu o conceito de habilidade motora geral, e os testes que incluíam componentes relacionados à força, à potência, à endurance, à velocidade, à agilidade, à coordenação e ao equilíbrio passaram a ser utilizados em baterias de testes para avaliar o desempenho motor dos indivíduos.

Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos autores passaram a defender o conceito de habilidade motora específica no lugar de habilidade motora geral. Neste mesmo período foi criada a teoria intitulada “Teoria das capacidades básicas”,

RESUMO DO TÓPICO 1

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a qual, posteriormente, serviu como referência para muitas investigações acerca do desempenho humano.

Atualmente, a ideia de que os componentes da aptidão física relacionada ao desempenho atlético se constituem como específicos é a mais aceita pela maioria dos autores que se dedicam a pesquisar sobre este tema.

Há três palavras que são utilizadas na literatura para explicar os objetivos da avaliação do desempenho humano por meio dos testes de aptidão física, são elas: seleção, classificação e diagnóstico.

Em termos do desempenho atlético, a aplicação de testes físicos permite: a identificação das forças e das fraquezas do indivíduo para o esporte, a obtenção de informações para se traçar um treinamento individualizado, o oferecimento de feedback para o atleta quanto à efetividade do seu treinamento, bem como, o acompanhamento do desempenho.

Em relação à aptidão física relacionada à saúde, os objetivos e a importância da aplicação dos testes físicos estão atrelados a aspectos como a prevenção, a conservação e a melhoria da capacidade funcional das pessoas.

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1 A definição de aptidão física passou por um amplo período de evolução até chegar ao conceito que, atualmente, tem sido aceito por muitos pesquisadores da área. Nesta direção, defina aptidão física:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Descreva qual foi a principal mudança que ocorreu no conceito de aptidão física após anos de investigação acerca do tema:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Os componentes da aptidão física englobam diferentes dimensões, descreva quais são essas diferenças:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à aptidão física relacionada à saúde, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A aptidão física relacionada à saúde é um estado referente ao ser humano e não, necessariamente, uma aptidão, uma habilidade ou uma capacidade.( ) Um alto nível de aptidão física relacionada à saúde traz resultados positivos para a qualidade de vida das pessoas, diminuindo o risco de doenças.( ) O desenvolvimento e a manutenção dos componentes da aptidão física relacionada à saúde são uma função da adaptação fisiológica para um aumento gradual da intensidade das atividades.( ) A agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência e a velocidade são componentes da aptidão física relacionada à saúde, os quais podem ser modificados a partir da sua utilização ou da ausência desta.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

AUTOATIVIDADE

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5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à aptidão física relacionada ao desempenho atlético, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A aptidão física relacionada ao desempenho atlético é transitória e não está diretamente relacionada ao desempenho atlético.( ) A aptidão física relacionada ao desempenho atlético engloba componentes como a agilidade, o equilíbrio, a coordenação, a potência e a velocidade.( ) A aptidão física relacionada ao desempenho atlético é geneticamente dependente em termos de potencial absoluto, e, de certa forma, estável e extremamente relacionada à habilidade atlética.( ) O desenvolvimento e a manutenção da aptidão física relacionada ao desempenho atlético ocorrem em função da prática, assim como, do desenvolvimento de habilidades dentro de limites mais amplamente definidos.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, F, F, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, V, V, V.

6 Explique a relação existente entre a aptidão física, a atividade física e a saúde:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 Sobre a importância da prática de atividades físicas para a aptidão física e a saúde, assinale a alternativa correta:

a) ( ) A prática regular de atividades físicas representa um fator essencial para o bom funcionamento orgânico. Neste sentido, a manutenção de níveis apropriados de aptidão física poderá exercer uma decisiva participação em termos de prevenção e manutenção de uma boa saúde.b) ( ) Nos programas de atividade física, os componentes da aptidão física devem contemplar apenas a aptidão física relacionada à saúde.c) ( ) Nos contextos de educação, as aulas de Educação Física têm contemplado, prioritariamente, os componentes da aptidão física relacionada à saúde, em detrimento aos componentes de aptidão física relacionada ao desempenho nos esportes.d) ( ) Atualmente, pode-se dizer que os programas de atividade física oferecidos à comunidade têm considerado, exclusivamente, os componentes de aptidão física relacionada ao desempenho nos esportes.

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e) ( ) Os índices de saúde das pessoas não possuem qualquer relação com os seus níveis de aptidão física.

8 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à história dos testes de aptidão física, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) As primeiras investigações envolvendo testes de aptidão física aconteceram no período da década de 1920 até, aproximadamente, 1940, com o objetivo de discriminar os componentes associados à aptidão física que poderiam melhorar o desempenho humano.( ) As primeiras pesquisas envolvendo testes de aptidão física utilizaram informações como a idade, o peso e a altura, para categorizar os indivíduos, de acordo com as suas habilidades motoras.( ) O Teste de Habilidade Motora de Barrow, criado por Barrow em 1954, é um dos testes mais antigos, proposto para avaliar a “habilidade motora geral”.( ) Por muitos anos investigou-se se os componentes da aptidão física relacionada ao desempenho atlético se constituíam como gerais ou como específicos, estando, as suas evidências, a favor dos componentes como sendo específicos, uma vez que a ideia de capacidade motora geral não é apoiada pela maioria dos autores de referência na área.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, F, F, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) V, V, V, V.

9 De acordo com a literatura, os principais objetivos da avaliação do desempenho humano consistem na seleção, na classificação e no diagnóstico. Considerando os conceitos dos termos seleção, classificação e diagnóstico no campo da aptidão física, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Seleção

( ) É a capacidade que um teste possui para discriminar os níveis de capacidade, permitindo que sejam feitas escolhas. Em termos esportivos, isto permite que jogadores sejam escolhidos ou não para as equipes.

(b) Classificação

( ) Possui a função de determinar as deficiências do indivíduo a partir de testes que são validamente relacionados ao seu desempenho em áreas específicas. Em contexto esportivo, é utilizado para planejar programas de treinamento que ajudem a melhorar o desempenho.

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(c) Diagnóstico( ) Serve para agrupar os indivíduos de acordo com as suas características. No esporte, serve para designar a posição ou o evento em que cada jogador estará.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta.

a) ( ) a, c, b.b) ( ) b, a, c.c) ( ) c, a, b. d) ( ) c, b, a.e) ( ) b, c, a.

10 Considerando os objetivos da aplicação de testes físicos, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) No que diz respeito à aptidão física relacionada ao desempenho atlético, a aplicação de testes possui as seguintes funções: indicar as forças e fraquezas do indivíduo para o esporte, obter dados para o treinamento individualizado, disponibilizar feedback para o atleta e para o treinador sobre a efetividade do treinamento, descrever o desempenho atual do atleta, possibilitando, ao treinador e ao atleta, o acompanhamento do desempenho.( ) Em termos da aptidão física relacionada à saúde, a aplicação dos testes representa um importante papel na prevenção, na conservação e na melhoria da capacidade funcional das pessoas.( ) No contexto escolar, a avaliação, por meio dos testes físicos, possibilita o acompanhamento do desenvolvimento motor da criança e do adolescente; permite a identificação de possíveis distúrbios de ordem motora, postural e metabólica, bem como, a classificação dos indivíduos ou grupos de risco; fornece informações para a elaboração de programas preventivos ou até mesmo interventivos.( ) Algumas regras devem ser respeitadas para a aplicação dos testes físicos, por exemplo, a presença de um médico no momento da aplicação.( ) Antes de escolher o teste a ser utilizado, deve-se definir a capacidade a ser avaliada para que sejam obtidos os resultados necessários.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, V, F, V.b) ( ) F, F, V, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, V, F, V, F.e) ( ) V, F, F, V, F.

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TÓPICO 2

DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONADAS

AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Ao longo de anos, inúmeras classificações e terminologias foram utilizadas para se referir às diferentes capacidades motoras relacionadas aos componentes da aptidão física. No quadro a seguir são apresentadas algumas das nomenclaturas que podem ser encontradas na literatura acerca do tema.

QUADRO 10 – TERMINOLOGIAS REFERENTES ÀS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONADAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

Autor Denominação ConteúdoClarke (1967) Componentes da

capacidade geral motriz

Coordenação óculo-manual, potência muscular, agilidade, força muscular, resistência muscular, flexibilidade, velocidade e coordenação olho-pé.

Kock (1967)Dassel-Haag (1969)Peycher (1972)

Bases físicas do rendimento

Força, rapidez (velocidade), resistência, destreza, habilidade para mover-se, agilidade motriz, mobilidade articular e elasticidade.

Fetz (1972 e 1974) Qualidades motoras de base

Força, velocidade, resistência, equilíbrio motor, mobilidade, destreza, habilidade de movimentos, agilidade motriz.

Safrit (1973) Componentes do rendimento

Força, resistência muscular, capacidade cardiorrespiratória, atitude, agilidade, flexibilidade, equilíbrio e velocidade.

Frey (1977) Capacidade motriz e fatores de rendimento

Força, velocidade, resistência, agilidade motriz, destreza, capacidade de coordenação.

Kemper (1979) Componentes do rendimento motor

Potência muscular, agilidade, força muscular, funcionalidade cardiorrespiratória, flexibilidade e velocidade.

Sabral (1985) Capacidades físicas Força, resistência, agilidade, flexibilidade e velocidade.

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

Barrow (1977) Elementos ou fatores de performance física

Velocidade, força explosiva (potência), força, coordenação, flexibilidade, endurance, agilidade e outros.

Zaichkowsky et al. (1980)

Componentes básicos ou fatores de performance motora

Força, agilidade, equilíbrio e flexibilidade.

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

Pode-se observar, de acordo com as informações supracitadas, que há diversas formas de classificação e de ordenamento das capacidades motoras associadas aos componentes da aptidão física. Todavia, todos os autores se baseiam em princípios fisiológicos, por isso não apresentam diferenças consideráveis nas conceituações, uma vez que as capacidades motoras se inter-relacionam. Ademais, as avaliações dependem basicamente do modelo de classificação das capacidades motoras utilizado (GUEDES; GUEDES, 2006).

Em geral, os modelos de classificação dividem as capacidades motoras em dois grupos, isto é, as capacidades motoras condicionantes, que são constituídas por características da ação muscular, pela disponibilidade de energia biológica e pelas condições orgânicas do avaliado. Neste grupo estão as capacidades motoras relacionadas à resistência, à força, à velocidade e às suas combinações. No segundo grupo, por sua vez, estão as capacidades motoras coordenativas, onde estão presentes os processos de controle motor, permitindo a organização e a formação de movimentos. Para tanto, as capacidades motoras coordenativas se fundamentam na assunção, na elaboração, no processamento de informações e no controle da execução dos movimentos, utilizando para isto analisadores táteis, visuais, acústicos, estático-dinâmicos e cinestésicos (GUEDES; GUEDES, 2006). De acordo com os autores, e conforme já pôde ser observado, em determinados casos, a velocidade e a flexibilidade podem estar presentes em ambos os grupos de capacidade motoras, passando a ser entendidas como capacidades motoras intermediárias. Isto porque, ao serem solicitadas, pode haver maior demanda dos aspectos relacionados à capacidade condicionante em detrimento da capacidade coordenativa, ou vice-versa.

Atualmente, a literatura vem apresentando a classificação das capacidades

motoras a partir da associação aos componentes da aptidão física, por entender que cada indivíduo possui um desempenho singular na utilização das capacidades motoras isoladamente.

Neste sentido, Gallahue e Donnelly (2008) defendem que há componentes de aptidão física relacionados à saúde, sendo eles a força muscular, a resistência muscular, a resistência cardiovascular, a flexibilidade das articulações e a composição corporal dos indivíduos; e os componentes de aptidão física relacionados à performance ou, mais frequentemente, nomeados como componentes de aptidão física relacionados à habilidade ou, simplesmente, aptidão motora, a saber: equilíbrio, coordenação, agilidade, velocidade e energia, estando esta última atrelada à força explosiva.

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TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONADAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

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Guedes e Guedes (2006), por sua vez, também defendem que as capacidades motoras associadas aos componentes de aptidão física são distintas em termos do desempenho atlético e da saúde. Neste sentido, para os autores, os componentes que caracterizam a aptidão física relacionada à saúde são a resistência cardiorrespiratória, a força/resistência muscular e a flexibilidade e, quanto à aptidão física relacionada ao desempenho atlético, os componentes que a caracterizam são a velocidade, a potência, a agilidade, a coordenação e o equilíbrio. Para fins deste texto será adotada esta classificação, bem como estes termos para a realização das abordagens subsequentes.

UNI

Para aumentar a aptidão física, o indivíduo deve realizar mais trabalho do que comumente realiza. É necessário que aumente o volume de trabalho produzido,

assim como, que haja redução do tempo no qual o mesmo volume de trabalho é realizado. Isto porque, manter a mesma quantidade de atividade física regularmente permite que o indivíduo mantenha um certo nível de aptidão. Entretanto, apenas quando o nível de prática for elevado, fazendo com que os músculos sejam sobrecarregados, é que a força, a resistência (muscular e cardiovascular) e a flexibilidade dos ligamentos poderão ser aumentadas (GALLAHUE; DONNELY, 2008).

2 CONCEITOS BÁSICOS

→ Resistência cardiorrespiratória: É a capacidade do organismo para suprir de nutrientes essenciais, principalmente o oxigênio, o trabalho muscular prolongado e em remover produtos residuais induzidos pela sustentação do esforço físico (GUEDES; GUEDES, 2006).

Fisiologicamente, pode-se dizer que a capacidade cardiorrespiratória depende, basicamente, da capacidade química de os tecidos musculares utilizarem o oxigênio como fonte principal de energia, o que se intitula como componente periférico, e da capacidade combinada de os mecanismos pulmonar, cardíaco, sanguíneo, vascular e celular transportarem o oxigênio até o mecanismo aeróbio dos músculos, também conhecido como componente central. Neste sentido, a resistência cardiorrespiratória deve fornecer informações sobre a capacidade que o indivíduo possui para liberar energia, por meio dos processos oxidativos, para a manutenção do trabalho muscular por longas distâncias. O consumo máximo de oxigênio (VO2máx.) representa o indicador fisiológico mundialmente aceito como o principal componente associado à resistência cardiorrespiratória (GUEDES; GUEDES, 2006).

Todos os testes motores que solicitem energia, progressivamente, exigindo

esforço físico por tempo suficientemente elevado, devem resultar em informações sobre a resistência cardiorrespiratória dos indivíduos. Todavia, pelo fato de que esta deve oferecer informações quanto à capacidade do avaliado para captar e

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

transportar oxigênio, associada à sua utilização no tecido muscular, deve-se levar em conta que seus índices deverão variar em relação ao tipo de tarefa motora e aos grupos musculares envolvidos no esforço físico. Nesta perspectiva, os testes mais indicados para realizar e avaliar a resistência cardiorrespiratória são os testes de caminhada e corrida de longa distância. Porém, estes testes devem exigir esforço máximo dos avaliados (GUEDES; GUEDES, 2006).

→ Força: Refere-se à força máxima (expressa em N, mas Kg também é muito utilizado), gerada por um músculo ou grupo muscular específico. Pode-se dizer também que a força é a capacidade de o indivíduo utilizar sua musculatura para vencer as oposições criadas pela ação das leis que regem o universo, isto é, a utilização da tensão muscular para vencer resistências externas (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

A força é um pré-requisito para qualquer atividade física e participa, em diferentes proporções, de todos os demais fatores. Ela pode ser expressa por meio de movimentos como a marcha, a corrida, a tração, o arremesso, o salto e, inclusive, nas atividades de vida diária, como comer ou vestir-se, ou seja, a força constitui-se em um elemento imprescindível para a realização de qualquer ato necessário à manutenção da vida (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

Em termos da análise da força, os tipos de força devem ser considerados. Nesta direção, a força estática ou isométrica é aquela desenvolvida sem o encurtamento do músculo, isto é, sem produzir movimento aparente. Neste particular, a resistência é superior à força. Por sua vez, a força dinâmica ou isotônica é aquela desenvolvida tendo como resultante final o encurtamento muscular, isto é, o movimento. A resistência é inferior, força resultando trabalho, da contração (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016). Os autores destacam que o trabalho isocinético acontece quando é desenvolvida força máxima em todos os ângulos do movimento de uma articulação. Ademais, lembram que uma contração muscular, da qual resulta um movimento, é sempre composta de duas fases distintas, sendo uma isométrica e uma isotônica. Quanto à quantidade de força produzida por um músculo, deve-se observar o número de unidades motoras colocadas em ação e a área de secção transversa do músculo. Quanto maior for o número de unidades motoras em funcionamento, maior será a força gerada. Por outro lado, quanto mais espesso for o músculo, maior será esta força. Devido à sua atuação, em proporções variadas desde a postura até o mais fino ato motor, desde um movimento simples até um bem complexo, a força é considerada, por muitos estudiosos da atividade física, como o mais relevante fator do desempenho motor.

→ Resistência: É a capacidade de um grupo muscular realizar contrações repetidas sem causar fadiga. Para a avaliação da resistência pode-se utilizar testes de campo como o teste de sentar (60 segundos) e os testes de impulsões verticais.

→ Força/Resistência: As tarefas motoras para a avaliação da força e da

resistência muscular podem ser semelhantes, contudo devem apresentar ênfases diferentes. Neste sentido, os testes associados à força muscular devem exigir quantidade de sobrecarga máxima a ser removida com um único movimento,

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TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONADAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

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enquanto os testes que solicitam repetições contínuas, do mesmo movimento, devem fornecer informações sobre a resistência muscular (GUEDES; GUEDES, 2006).

Os testes comumente utilizados para avaliar as capacidades motoras relacionadas à força e à resistência são: abdominal, abdominal modificado, puxada em suspensão na barra, suspensão na barra, puxada em suspensão na barra modificada e flexão/extensão dos braços (GUEDES; GUEDES, 2006).

→ Flexibilidade: É a aptidão máxima de mover uma articulação por uma variação de movimentos, como de uma posição de extensão para flexão ou vice-versa (GUEDES; GUEDES, 2006). Esta amplitude máxima depende, especialmente, do tecido muscular, dos tendões, dos ligamentos e da cápsula articular, sendo trabalhada por meio do método do alongamento músculo-articular (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

Para avaliação da flexibilidade, podem ser realizadas das seguintes maneiras:

a) por meio do flexímetro, que consiste em um aparelho utilizado para a medição dos ângulos articulares;

b) por meio do goniômetro, um aparelho utilizado para a medição dos ângulos articulares, o qual possui o manuseio e a obtenção de resultados mais simples em relação ao flexímetro;

c) por meio do teste de sentar-e-alcançar, utilizando o banco de Wells ou a medida linear;

d) por meio do flexiteste, que é um protocolo que não possui unidade de medida definida, deste modo, se obtém uma determinada pontuação a partir da averiguação das amplitudes articulares alcançadas pelo avaliado.

Destas quatro formas de avaliação da flexibilidade, os testes de sentar-e-alcançar, utilizando o banco de Wells, e o flexiteste são as mais práticas e menos custosas, apesar de apresentarem limitações metodológicas, por isso são as mais utilizadas na prática (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013). Destaca-se a necessidade da utilização de diferentes testes para avaliar a flexibilidade corporal total.

O teste de sentar-e-alcançar é muito utilizado para avaliar a flexibilidade de atletas e não atletas, mais especificamente das regiões posteriores da coxa, do quadril e da lombar (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016). O nível de flexibilidade é de grande importância para as modalidades de força, além de estar associado à prevenção de lesões e à velocidade, pois para que o atleta obtenha um nível adequado de velocidade, necessita possuir amplitude adequada de movimentos nos ombros, quadris e tornozelos (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

Uma boa flexibilidade atua positivamente sobre fatores físicos do desempenho esportivo e sobre a técnica esportiva. Neste sentido, a flexibilidade também é importante para a performance motora geral, sendo a única capacidade

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

motora que tem sua fase sensível entre os nove e os 14 anos de idade. Dos 15 aos 17 anos considera-se a idade mais tardia para o desenvolvimento desta capacidade. Todavia, os maiores níveis de flexibilidade ocorrem entre os 12 e os 17 anos de idade (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

→ Equilíbrio: É a capacidade da manutenção da posição corporal. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. Os órgãos responsáveis pelo equilíbrio são os olhos, o sistema vestibular, os proprioceptores (articulações e músculos). Os testes geralmente utilizados para avaliar o equilíbrio estático são os testes do avião, do quatro e do flamingo. Em relação aos testes para a avaliação do equilíbrio dinâmico, pode-se utilizar o teste de passeio na trave e a amarelinha.

→ Agilidade: É uma variável neuromotora caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dele (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016). Em outras palavras, é a capacidade de mudar de posição do corpo no espaço, movendo-se de um ponto a outro o mais rapidamente possível. É uma habilidade física que está relacionada com várias outras, como a velocidade, a força e o equilíbrio. Assim, alguns fatores intrínsecos ao desenvolvimento da agilidade devem ser considerados, como a tomada de decisão, por exemplo. A técnica do movimento, a força, a potência muscular e a amplitude articular também podem interferir no desenvolvimento da agilidade (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

A agilidade é um componente de aptidão física de esportistas e não esportistas, sendo muito importante em modalidades como o voleibol, basquetebol e ginástica olímpica, assim como em situações do dia a dia, como desviar de um obstáculo, por exemplo (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016). É um componente mais efetivo quando está associado a altos níveis de força, resistência e velocidade e, embora dependa basicamente da carga hereditária, da constituição física, pode ser melhorada com o treinamento (coordenação e flexibilidade).

A agilidade possui maturação precoce, pois o seu maior crescimento ocorre dos sete aos 13 anos de idade, apresentando valores de maturação próximo de 100% a partir dos 13 anos, tendo como consequência sua estabilidade até a idade adulta, mostrando pouca sensibilidade ao treinamento após os 13 anos. Assim, a melhor fase de sensibilidade ao treinamento da agilidade é a infância (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

Para todos os testes de agilidade são necessários apenas cronômetro, cones e fitas métricas. Porém, se for possível a utilização de um conjunto de células fotoelétricas, os resultados medidos poderão ser ainda mais confiáveis. Além disso, sugere-se a realização de três tentativas e a utilização do melhor resultado entre elas (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013). Além disso, ao selecionar um teste de agilidade deve-se levar em consideração a dificuldade para medi-la, pois ela apresenta relação com outras variáveis neuromotoras, por exemplo, a velocidade, o equilíbrio e a coordenação (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

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TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS RELACIONADAS AOS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA

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Para medir a agilidade pode-se utilizar exercícios que requeiram rápida mudança de direção, como a corrida em zigue-zague ou a corrida com obstáculos. Geralmente utiliza-se o teste de ida-e-volta denominado shuttle-run. O índice de correlação dos resultados entre os testes de velocidade (50m) e os de agilidade (ida-e-volta) tem sido próximo a 0,99.

→ Potência: Também conhecida como força explosiva, potência é a capacidade de realizar um esforço máximo em um curto espaço de tempo e representa a relação entre força muscular apresentada pelo indivíduo avaliado e a velocidade com que o mesmo consegue realizar os movimentos. Neste sentido, é um componente que se relaciona diretamente com a força e com a velocidade, podendo ser explicado pela fórmula de potência da física (P = F x V, onde P = potência; F = Força e V = Velocidade) (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016). Por este motivo, de acordo com os autores, a potência é uma das características básicas dos atletas de qualidade superior para obter uma resposta motora mais eficiente nas atividades dinâmicas. Pode-se dizer que ela consiste em um componente imprescindível para os saltadores em distância ou altura, para os atacantes de futebol, para os arremessadores de basquete, bem como para os arremessadores de disco, de dardo, de peso e martelo e para os lutadores, no deslocamento dos opositores.

Testes de campo como os saltos horizontal, sem corrida de impulsão, e vertical ou os testes de arremesso, oferecem apenas uma medida superficial da potência (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

→ Coordenação: É a aquisição, a consolidação e o aperfeiçoamento de um movimento. Um bom índice de coordenação é quando um indivíduo consegue realizar um determinado tipo de movimento com facilidade, e a sequência e o timing de seus movimentos são bem controlados. Não há testes específicos que avaliem a coordenação motora. Entretanto, a capacidade motora “coordenação” apresenta grande influência no desenvolvimento de movimentos complexos, considerando a sua estruturação e elaboração. Isto indica que há a participação do sistema nervoso central. Talvez este seja o motivo pelo qual existe a dificuldade para se conceber e administrar testes motores que possam exprimir o seu comportamento, atendendo aos limites de validade e de reprodutibilidade (GUEDES; GUEDES, 2006).

→ Velocidade: É o tempo gasto para um corpo percorrer um determinado espaço. O tempo de reação e o tempo de movimento são atributos que podem influenciar a velocidade. A distância percorrida para avaliar a velocidade em meninos (11 a 18 anos) é de 50m, e para meninas é de 40m.

Nos testes de velocidade é comum a utilização de três tentativas, de forma a desconsiderar eventuais erros na sua execução. Além disso, sugere-se a utilização do melhor resultado dentre as três tentativas, uma vez que a utilização da média pode considerar os erros ocorridos na execução (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

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Nesse tópico você viu que:

Os termos envolvendo as capacidades motoras associadas aos componentes da aptidão física sofreram modificações a partir do avanço da ciência.

Ainda hoje há diversas formas de classificação e de ordenamento das capacidades motoras associadas aos componentes da aptidão física. Contudo, não há diferenças consideráveis nas conceituações, uma vez que as capacidades motoras se inter-relacionam.

As capacidades motoras associadas aos componentes de aptidão física são distintas em termos do desempenho atlético e da saúde.

A resistência cardiorrespiratória, a força/resistência muscular e a flexibilidade são componentes da aptidão física relacionada à saúde.

A velocidade, a potência, a agilidade, a coordenação e o equilíbrio são componentes da aptidão física relacionada ao desempenho atlético.

A resistência cardiorrespiratória é a capacidade do organismo para suprir de nutrientes essenciais, principalmente o oxigênio, o trabalho muscular prolongado e em remover produtos residuais induzidos pela sustentação do esforço físico.

A força condiz à força máxima gerada por um músculo ou grupo muscular específico.

Resistência é a capacidade de um grupo muscular realizar contrações repetidas sem causar fadiga.

Flexibilidade é a aptidão máxima de mover uma articulação por uma variação de movimentos, como de uma posição de extensão para flexão ou vice-versa.

Equilíbrio é a capacidade de manutenção da posição corporal.

Agilidade é uma variável neuromotora caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dele.

Potência é a capacidade de realizar um esforço máximo em um curto espaço de tempo e representa a relação entre força muscular apresentada pelo indivíduo avaliado e a velocidade com que o mesmo consegue realizar os movimentos.

Coordenação é a aquisição, a consolidação e o aperfeiçoamento de um movimento.

Velocidade é o tempo gasto para um corpo percorrer um determinado espaço.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Na trajetória das pesquisas referentes aos testes motores, inúmeras classificações e terminologias foram utilizadas para se referir ao tema. Aponte algumas das nomenclaturas que podem ser encontradas na literatura no lugar de “capacidades motoras relacionadas aos componentes da aptidão física”:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 Descreva quais são os componentes que caracterizam a aptidão física relacionada à saúde.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3 Descreva quais são os componentes que caracterizam a aptidão física relacionada ao desempenho atlético.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à resistência cardiorrespiratória, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A capacidade cardiorrespiratória depende, basicamente, da capacidade química de os tecidos musculares utilizarem o oxigênio como fonte principal de energia.( ) A resistência cardiorrespiratória deve fornecer informações sobre a capacidade que o indivíduo possui para conservar energia para a manutenção do trabalho muscular de longas distâncias.( ) O consumo máximo de oxigênio (VO2máx.) representa o indicador fisiológico mundialmente aceito como o principal componente associado à resistência cardiorrespiratória.( ) Os testes mais indicados para realizar e avaliar a resistência cardiorrespiratória são os testes de caminhada e corrida de longa distância.

Na sequência, assinale a alternativa correta:a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

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5 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à força, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A força, geralmente, é expressa em N, mas Kg também é muito utilizado.( ) A força condiz na utilização da tensão muscular para vencer resistências externas.( ) Além de ser expressa por meio de movimentos como a marcha, a corrida, a tração, o arremesso e o salto, a força pode ser evidenciada nas atividades de vida diária.( ) Há mais de um tipo de “força”, a saber: força estática (isométrica) e força dinâmica (isotônica).

Na sequência, assinale a alternativa correta:a) ( ) V, V, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

6 Explique a diferença entre força estática e força dinâmica.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à flexibilidade, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A amplitude máxima de flexibilidade depende do tecido muscular, dos tendões, dos ligamentos e da cápsula articular.( ) Os testes de sentar-e-alcançar, utilizando o banco de Wells, e o flamingo são os testes mais utilizados para avaliar a flexibilidade.( ) O nível de flexibilidade é de grande importância para as modalidades de força, além de estar associado à prevenção de lesões e à velocidade, pois para que o atleta obtenha um nível adequado de velocidade, necessita possuir amplitude adequada de movimentos nos ombros, quadris e tornozelos.( ) A flexibilidade é única capacidade motora que tem sua fase sensível entre os 15 e os 17 anos de idade.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, F.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, F, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

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8 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à potência, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) Força explosiva é um termo muito utilizado para se referir à potência.( ) A potência é um componente que se relaciona diretamente com a força e com a agilidade.( ) A potência é uma das características básicas para atletas como os saltadores em distância ou altura, para os atacantes de futebol, para os arremessadores de basquete, bem como para os arremessadores de disco, de dardo, de peso e martelo e para os lutadores, no deslocamento dos opositores.( ) A potência possui relação direta com a força e com a velocidade.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, F, F, F.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

9 Leia atentamente as frases a seguir, referentes à agilidade, e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) Agilidade é a capacidade de mudar de posição do corpo no espaço, movendo-se de um ponto a outro o mais rapidamente possível. ( ) A agilidade possui relação com outras capacidades, como a velocidade, a força e o equilíbrio.( ) A técnica do movimento, a força, a potência muscular e a amplitude articular podem interferir no desenvolvimento da agilidade.( ) O teste de ida-e-volta, também conhecido como shuttle-run, é um dos mais utilizados para avaliar a agilidade.

Na sequência, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, F, F.b) ( ) V, V, F, F.c) ( ) V, V, V, V.d) ( ) F, V, F, V. e) ( ) F, F, F, V.

10 A partir dos conceitos de resistência cardiorrespiratória, força, resistência, flexibilidade, equilíbrio, agilidade, potência, coordenação e velocidade, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

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Coluna 1 Coluna 2(a) Resistência cardiorrespiratória

( ) É a capacidade da manutenção da posição corporal.

(b) Força

( ) É a capacidade de realizar um esforço máximo em um curto espaço de tempo e representa a relação entre força muscular apresentada pelo indivíduo avaliado e a velocidade com que o mesmo consegue realizar os movimentos.

(c) Resistência ( ) É a aquisição, a consolidação e o aperfeiçoamento de um movimento.

(d) Flexibilidade

( ) É uma variável neuromotora caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dele.

(e) Equilíbrio

( ) É a capacidade do organismo para suprir de nutrientes essenciais, principalmente o oxigênio, o trabalho muscular prolongado e em remover produtos residuais induzidos pela sustentação do esforço físico.

(f) Agilidade ( ) É a capacidade de um grupo muscular realizar contrações repetidas sem causar fadiga.

(g) Potência( ) É a aptidão máxima de mover uma articulação por uma variação de movimentos com o de uma posição de extensão para flexão ou vice-versa.

(h) Coordenação ( ) É o tempo gasto para um corpo percorrer um determinado espaço.

(i) Velocidade ( ) Refere-se à força máxima gerada por um músculo ou grupo muscular específico.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta:

a) ( ) e, g, h, f, a, c, d, i, b.b) ( ) b, a, c, e, g, h, d, f, i.c) ( ) c, a, b, d, h, g, i, f, e.d) ( ) c, b, a, e, f, i, g, h, d.e) ( ) b, c, a, i, d, e, h, f, g.

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TÓPICO 3

DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Teste é um procedimento, técnica ou método que pode ser aplicado e utilizado para coletar peculiaridades de uma variável (habilidade, conhecimento etc.) da pessoa avaliada. Os testes físicos precisam contemplar aspectos relacionados a um grupo específico de fatores pertinentes a cada solicitação motora, por isso, são independentes dentro do rol das capacidades motoras. O desempenho motor, por sua vez, condiz em um constructo multifatorial resultante do comportamento apresentado pelo grupo das capacidades motoras. Por isso, não é possível aplicar apenas um tipo de teste para avaliar o desempenho motor de um indivíduo, sendo apropriada a utilização de baterias de testes, as quais abrangem aspectos que avaliam desde capacidades motoras específicas até o desempenho motor em geral (GUEDES; GUEDES, 2006).

A literatura, nacional e internacional, acerca da temática de avaliação em educação física apresenta inúmeras baterias de testes para a avaliação da aptidão física relacionada à saúde e também ao desempenho atlético (Quadro 2). Diferentes autores corroboram ao indicar que as baterias de testes devem ser compostas por, no mínimo, três ou quatro itens quando se tratar de componentes associados à aptidão física relacionada à saúde, e de seis a oito quando envolver componentes em termos do desempenho atlético.

Em relação à aplicação das baterias de testes, a orientação é de que os testes

sejam aplicados em um ou em dois dias. No primeiro caso, os testes de flexibilidade devem ser os primeiros a serem aplicados, seguidos pelos testes de potência, de velocidade, de agilidade e de força/resistência muscular e, por fim, deve-se aplicar os testes que contemplam elementos da resistência cardiorrespiratória. Caso a bateria de testes seja planejada para ser realizada em dois dias, no primeiro dia devem ser desenvolvidos os testes relacionados à flexibilidade, à potência e à força/resistência muscular e, no segundo dia, deve-se aplicar os testes de resistência cardiorrespiratória. A sequência descrita, seja para a realização da bateria de testes em um ou em dois dias, possui íntima relação com as capacidades motoras que são exigidas em cada um dos testes, visto que os testes que causam maiores implicações fisiológicas sempre devem ser realizados ao final da bateria de testes. Pode-se citar os testes de caminhada/corrida de longa distância como um exemplo disto, pois, após a sua execução, sugere-se que haja um amplo período de recuperação (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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QUADRO 11 - BATERIAS DE TESTES MOTORES SOBRE CAPACIDADES MOTORAS DIRECIONADAS À APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E AO DESEMPENHO ATLÉTICO

Referência Componente motor Teste motor

Physical Best

FlexibilidadeForça-resistência muscularCardiorrespiratório

Sentar-e-alcançarAbdominalPuxada em suspensão de barraCaminhada-corrida de 1.600 m

National Chidren and Youth Fitness Study (NCYFS)

FlexibilidadeForça-resistência muscular

Cardiorrespiratório

Sentar-e-alcançarAbdominalPuxada em suspensão de barraPuxada em suspensão de barra modificadaCaminhada-corrida de 800 ou 1.600 m

Fitnessgram

Flexibilidade

Força-resistência muscular

Cardiorrespiratório

Sentar-e-alcançar alternado Mobilidade dos ombrosAbdominal modificadoElevação do troncoFlexão/extensão dos braços à frente do soloPuxada em suspensão na barraPuxada em suspensão na barra modificadaSuspensão na barraCaminhada/corrida de 1.600 mCaminhada/corrida de vai-e-vem

American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD)

FlexibilidadePotência muscularAgilidadeVelocidadeForça-resistência muscular

Cardiorrespiratório

Sentar-e-alcançarSalto em distância “parado”Corrida de ida-e-voltaCorrida de 50 mPuxada em suspensão na barraSuspensão na barraAbdominalCaminhada/corrida de 9-12 min

Canadian Association for Health, Physical Education, Recreation and Dance(CAHPERD)

FlexibilidadePotência muscularAgilidadeVelocidadeForça-resistência muscular

Cardiorrespiratório

Sentar-e-alcançarSalto em distância “parado”Corrida de ida-e-voltaCorrida de 50 mPuxada em suspensão na barraSuspensão na barraAbdominalCorrida de 800, 1.600 ou 2.400 m

Eurofit

Equilíbrio VelocidadeFlexibilidadePotência muscularVelocidade

Posição FlamingoBatimento em placasSentar-e-alcançarSalto em distância “parado”Corrida de 10 x 5 m

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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Força/resistência muscularCardiorrespiratório

AbdominalSuspensão na barraCaminhada/corrida de vai-e-vem

Guedes & Guedes

FlexibilidadePotência muscularForça/resistência muscular

VelocidadeCardiorrespiratório

Sentar-e-alcançarSalto em distância “parado”Puxada em suspensão na barra, modificadoAbdominalCorrida de 50 mCaminhada/corrida de 9-12 min

FONTE: Guedes e Guedes (2006)

2 DESCRIÇÃO DE TESTES FÍSICOS

As baterias de testes físicos são utilizadas para medir e avaliar a aptidão física (MORROW et al., 2003). Neste sentido, a análise bem-sucedida da aptidão física depende, basicamente, da qualidade das informações adquiridas por meio da aplicação dos testes, isto é, da correta administração dos testes. Por este motivo, destaca-se a importância de que sejam rigorosamente seguidos os procedimentos, os quais foram padronizados pelos idealizadores dos referenciais acerca do tema com o objetivo de evitar a interferência de fatores externos nos resultados dos testes físicos (GUEDES; GUEDES, 2006). Nesta direção, as baterias de testes físicos e sua documentação capacitam o profissional a administrar testes de aptidão física válidos e reproduzíveis, interpretar os resultados e transferir informações relativas à aptidão física aos participantes dos programas de atividade física (MORROW et al., 2003).

Os resultados, obtidos por intermédio da aplicação dos testes físicos, devem ser confrontados com indicadores referenciais estabelecidos a partir de estudos desenvolvidos com base em procedimentos previamente determinados. Em termos da reprodutibilidade dos resultados, a literatura aponta que os valores dos coeficientes de correlação e de desvio padrão das diferenças variam conforme a idade e o sexo dos avaliados (GUEDES; GUEDES, 2006).

2.1 TESTES DE RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA

→Teste de caminhada/corrida de longa distância

O objetivo do teste de caminha/corrida de longa distância é avaliar o componente motor associado à resistência cardiorrespiratória por meio da caminhada/corrida contínua em longas distâncias (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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Para a aplicação deste teste é necessária a presença de dois avaliadores, visto que um deles precisa permanecer no ponto de partida para registrar o número de voltas do avaliado e, o outro, deve localizar-se próximo à metade de cada volta do percurso, tendo como função anunciar o tempo e a distância que faltam para o término do teste, a cada passagem dos avaliados. Este procedimento tem por objetivo orientar os avaliados quanto ao ritmo da realização da corrida/caminhada. Neste teste, o avaliado deve tentar percorrer, por meio da caminhada e/ou da corrida, a maior distância possível no espaço de tempo de nove ou 12 minutos, conforme o protocolo do teste que estiver sendo utilizado, percorrer 800, 1.200 ou 1.600 m no menor tempo possível. Quando o teste for realizado por tempo fixo, um dos avaliadores deverá emitir um sinal sonoro ao seu término. Os avaliados param de se locomover, aguardando os avaliadores no local para o registro da distância percorrida (GUEDES; GUEDES, 2006). Os autores sugerem que, durante o desenvolvimento deste teste, os avaliadores estimulem os avaliados a se esforçarem para atingir o melhor rendimento possível. Para tanto, indicam que sejam utilizadas palavras de motivação.

→Teste de caminhada/corrida de vai-e-vem

O teste de caminhada/corrida de vai-e-vem possui o objetivo de avaliar o componente motor associado à resistência cardiorrespiratória em caminhada/corrida com mudanças de direção em ritmo progressivamente mais elevado (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para a realização deste teste, o avaliado deve deslocar-se de uma linha a outra, as quais são separadas por uma distância de 20 m, invertendo o sentido do percurso e retornando à linha oposta. O ritmo de deslocamento deve estar de acordo com os sinais sonoros que são emitidos por um compact disc, o qual é pré-gravado para ser utilizado neste teste. O sinal sonoro aumenta progressivamente a sua frequência, iniciando no estágio um a cada 9.000 s e encerrando-se no estágio 22 a cada 3,892 s. Neste sentido, o avaliado deve aumentar o seu ritmo de deslocamento no decorrer do teste. Este ritmo deve ser adequado de modo que um dos pés do avaliado esteja sobre a linha demarcada dos 20 m no momento em que cada sinal sonoro for emitido. Caso o avaliado alcance a linha demarcatória antes do sinal soar, deverá permanecer no local até o momento em que o sinal for emitido para, então, continuar o teste (GUEDES; GUEDES, 2006).

Inicialmente, o avaliado se deslocará caminhando e/ou correndo a uma

velocidade de 8 km/h. Posteriormente aumenta-se a velocidade, na mudança de cada estágio, em 0,5 km/h até chegar ao estágio final com a velocidade de 18,5 km/h. O teste propõe que o avaliado acompanhe o ritmo crescente do teste pelo maior tempo possível. O teste é finalizado quando o avaliado optar por parar voluntariamente devido à exaustão ou quando houver mais de um atraso para a distância maior que 2m pela segunda vez, mesmo não sendo consecutivas, em relação ao sincronismo da emissão do sinal sonoro e do toque de um dos pés sobre as linhas demarcatórias (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 60 – EXEMPLO DO TESTE DE CAMINHADA/CORRIDA DE VAI-E-VEM

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

2.2 TESTES DE FORÇA/RESISTÊNCIA

→Teste de abdominal

O objetivo do teste de abdominal é avaliar o componente motor associado à força/resistência dos músculos da região abdominal em movimentos de flexão e de extensão do quadril (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para a realização deste teste, o avaliado deve estar na seguinte posição: em decúbito dorsal; com os joelhos flexionados e a planta dos pés voltadas para o solo; com os braços cruzados sobre a face anterior do tórax, a palma da mão voltada para o mesmo tórax na altura dos ombros opostos e com o terceiro dedo em direção ao acrômio. Os pés devem ser seguros pelo avaliador com o intuito de que eles sejam mantidos em contato com o solo. A distância entre os pés deve ser idêntica à largura dos quadris. A distância entre a região glútea e os calcanhares deve ser de 30 a 45 cm, aproximadamente. Partindo desta posição, o avaliado deve elevar o tronco até a altura em que ocorrer o contato da face anterior dos antebraços com a coxa, mantendo o queixo encostado ao peito à altura do esterno, retornando em seguida à posição inicial com o toque de, pelo menos, a metade anterior das escápulas no solo. O teste consiste na repetição destes movimentos durante o período de 60 segundos, sendo possível haver um certo tempo de descanso entre as repetições. Porém, o número de repetições realizadas durante os 60 segundos determina o resultado do teste (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 61 – EXEMPLO DA REALIZAÇÃO DO TESTE DE ABDOMINAL

FONTE: Bergamo; Daniel; Moraes (2016)

→Teste de puxada em suspensão de barra

O objetivo do teste de puxada em suspensão de barra condiz em avaliar o componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros superiores e da cintura escapular com movimento de elevação do corpo em suspensão em uma barra fixa por meio da flexão dos cotovelos (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para executar este teste, o avaliado deve estar posicionado em suspensão vertical, com os braços e as pernas em extensão total, sem haver contato dos pés com o solo; as mãos devem estar fixas na barra com o dorso das mãos voltado para o seu rosto. A distância entre as mãos deve ser idêntica à largura dos ombros. Nesta posição, o indivíduo deve elevar o seu corpo, em posição ereta, com flexão dos cotovelos, até a altura em que o seu queixo ultrapassar o nível da barra, em seguida, retorna-se à posição inicial. O avaliado deve repetir este movimento o máximo de vezes que conseguir, não havendo tempo máximo para isto. Durante a realização do teste não é permitido colocar os pés no solo, tampouco fazer o movimento de balanceio ou flexionar as pernas (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 62 – EXEMPLO DO TESTE DE PUXADA EM SUSPENSÃO DE BARRA

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

→Teste de suspensão em barra

O teste de suspensão em barra tem como objetivo avaliar o componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros superiores e cintura escapular por meio do desempenho do avaliado na manutenção do corpo suspenso (GUEDES; GUEDES, 2006).

Neste teste, a altura da barra deve ser ajustada, conforme a estatura do avaliado. Em seguida, o avaliado deve segurar a barra com o dorso das mãos voltado para o seu rosto. A distância entre as mãos deve acompanhar a largura dos ombros. Posicionada atrás do avaliado, uma pessoa apoia seus quadris, auxiliando o avaliado a elevar-se até a altura em que o seu queixo ultrapasse o nível da barra. Adicionalmente, os cotovelos devem estar flexionados próximos ao tronco e os ombros junto à barra. Nesta posição, o avaliado deve manter-se suspenso pelo maior tempo que conseguir, o qual é registrado por meio de um cronômetro (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 63 – EXEMPLO DO TESTE DE SUSPENSÃO EM BARRA

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

→Testedeflexão/extensãodosbraçossobreosolo

O objetivo do teste de flexão/extensão dos braços sobre o solo é avaliar o componente motor associado à força/resistência dos músculos dos membros superiores e da cintura escapular com o movimento de flexão e extensão dos cotovelos com o corpo posicionado em quatro apoios sobre o solo (GUEDES; GUEDES, 2006).

Este teste é realizado da seguinte maneira: o avaliado deve estar na posição “em decúbito ventral”, com as mãos e os pés no solo; os membros superiores estendidos e perpendiculares ao solo; as mãos posicionadas na mesma distância dos ombros com os dedos estendidos e direcionados para a frente; os membros inferiores estendidos na linha do tronco, estando ligeiramente afastados; a ponta dos pés em contato com o solo e a cabeça seguindo a linha do tronco. Partindo desta posição, o avaliado deve flexionar os membros superiores até que os cotovelos formem um ângulo de 90o e os braços fiquem posicionados paralelamente ao solo, em correto alinhamento entre a cabeça, o tronco e os membros inferiores. Em seguida, deve retomar a posição inicial por meio da extensão dos cotovelos. O avaliado deve manter um ritmo de realização deste movimento, sendo este ritmo de uma repetição completa do movimento a cada três segundos ou de 20 repetições completas do movimento a cada minuto. Não há limite de tempo para a execução deste teste, sendo concluído quando o avaliado não estiver mais em condições de realizar o movimento corretamente (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 64 – EXEMPLO DE TESTE DE FLEXÃO/EXTENSÃO DOS BRAÇOS SOBRE O SOLO

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

2.3 TESTES DE FLEXIBILIDADE

→Teste de sentar-e-alcançar (banco de Wells)

O teste de sentar-e-alcançar possui como objetivo avaliar o componente motor associado à flexibilidade com flexão à frente dos quadris com ambas as pernas estendidas (GUEDES; GUEDES, 2006).

Esse teste consiste na execução de três repetições, separadas por 10 segundos de descanso entre elas, de movimento de flexão do tronco. O avaliado deve estar sentado no chão, com os joelhos completamente estendidos, os braços (o esquerdo sobre o direito) também estendidos, buscando alcançar a maior distância possível na régua que demarca a medida, sem executar movimento de contrabalanço com o tronco (também conhecido como “tomada de impulso”). Além disso, o avaliado deve manter o queixo próximo ao peito (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

Dentre as três tentativas, o melhor resultado é considerado válido. Destaca-se que o avaliado não deve realizar aquecimento ou alongamento muscular antes do teste, tampouco, qualquer tipo de atividade física.

FIGURA 65 – EXEMPLOS DE BANCOS E DA EXECUÇÃO DO TESTE DE SENTAR-E-ALCANÇAR

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FONTES: Bergamo; Daniel; Moraes (2016); Caderno de Referência do Esporte (2013)

Destaca-se a possibilidade de se realizar esse teste sem o banco, utilizando-se somente uma fita métrica e uma fita adesiva. Para tanto, deve-se estender a fita métrica no chão e, na marca de 38,1 centímetros, colocar um pedaço de 45 centímetros de fita adesiva, atravessada, para manter a fita métrica no chão. Desta forma, o avaliado senta-se com a extremidade 0 (zero) da fita métrica entre as pernas. Seus calcanhares devem estar separados cerca de 30 centímetros e quase tocar a fita adesiva colocada na marca dos 38,1 centímetros. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, o avaliado inclina-se lentamente e estende as mãos o mais distante possível, devendo manter-se nessa posição tempo suficiente para a distância ser marcada (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

FIGURA 66 – TESTE DE SENTAR-E-ALCANÇAR COM FITA MÉTRICA

FONTE: Adaptado de Google Imagens (2017) Guedes e Guedes (2006)

FIGURA 67 - RESULTADOS DO TESTE DE SENTAR-E-ALCANÇAR SEM BANCO DE WELLS PARA HOMENS E MULHERES DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA

Testedeflexibilidade(sentar-e-alcançar sem banco de wells)Idade Rapazes Moças

7 29,3 21,48 29,3 21,49 29,3 21,410 29,4 23,511 27,8 23,512 24,7 23,513 23,1 23,5

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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14 22,9 24,315 24,3 24,316 25,7 24,317 25,7 24,3

FONTE: Adaptado de Morrow et al. (2003)

→Teste de mobilidade de ombros

O teste de mobilidade de ombros busca avaliar o componente motor associado à flexibilidade, com movimentos que exigem a participação das estruturas articulares dos ombros e dos cotovelos (GUEDES; GUEDES, 2006).

Neste teste, o avaliado deve tentar tocar a ponta do dedo médio de ambas as mãos por trás das costas, com um dos braços por cima do ombro e outro por baixo do cotovelo. Para tanto, o avaliado deve posicionar-se em pé, as pernas devem estar afastadas de modo que acompanhem a linha dos ombros e os braços estendidos ao longo do corpo. Considerando o lado direito do corpo, o avaliado deve deslocar o seu braço por cima do ombro, levando a palma da sua mão até a linha da coluna, próximo ao ponto médio entre ambas as escápulas. Ao mesmo tempo, a mão esquerda deve ser colocada por trás das costas, mediante movimento de rotação do cotovelo, e a região dorsal da mão em contato com as costas com o objetivo de realizar o toque entre a ponta do dedo médio da mão esquerda e a ponta do dedo médio da mão direita. Posteriormente, retoma-se a posição inicial e o avaliado executa o mesmo movimento com o braço esquerdo por cima do ombro e a mão direita por baixo do cotovelo. Caso seja necessário, pode-se realizar, no máximo, três tentativas, consecutivamente, para cada um dos lados. Para concretizar o contato efetivo entre as pontas dos dedos, deve-se manter a posição por 2 s, aproximadamente.

FIGURA 68 – EXEMPLO DO TESTE DE MOBILIDADE DE OMBROS

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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→Teste de elevação do tronco O objetivo do teste de elevação de tronco é avaliar o componente motor

associado à flexibilidade por meio do movimento de elevação do tronco quando posicionado em decúbito ventral (GUEDES; GUEDES, 2006).

Este teste consiste na elevação da parte superior do corpo, ou seja, da cabeça e do tronco, partindo do solo e mantendo essa posição por um determinado tempo. Para iniciar o teste, o avaliado deve posicionar-se em decúbito ventral, com os membros inferiores estendidos; os pés em extensão e em contato com o solo; as mãos embaixo das coxas, em contato com o solo. O queixo do avaliado deverá estar em contato com o solo de modo que o mesmo visualize um ponto fixo na escala de medidas que estará à sua frente. Nesta posição, o avaliado deverá elevar a cabeça e o tronco de maneira lenta e controlada, tentando atingir a elevação máxima, a qual deverá ser mantida até que o avaliador registre a distância presente entre a região inferior do queixo do avaliado e o solo. Ao realizar o movimento, o avaliado não pode deixar de direcionar o olhar para a escala de medida e manter a cabeça orientada no plano de Frankfurt paralelo ao solo. A escala de medida deve ser posicionada a uma distância de 25 cm, aproximadamente, do queixo do avaliado. A distância atingida é registrada por meio de um cursor. Se necessário, pode-se disponibilizar duas tentativas para o desenvolvimento do movimento, além de um intervalo entre as tentativas para a recuperação do avaliado.

FIGURA 69 – EXEMPLO DO TESTE DE ELEVAÇÃO DO TRONCO

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

→Flexiteste

O flexiteste é classificado como adimensional, por utilizar a análise e a graduação de 20 movimentos específicos que visam a investigar a amplitude de movimentos do avaliado. Cada movimento é graduado por uma nota que varia de 0 (zero) a 4 (quatro), em escala crescente de amplitude de movimento alcançada; por exemplo, 0 é a nota atribuída à pior, enquanto a nota 4 é atribuída à melhor

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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amplitude de movimento (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013). É importante observar que uma adaptação da aplicação desse teste é a redução do número de movimentos a serem avaliados, ou seja, a escolha de alguns dos 20 movimentos sugeridos no Quadro 15, conforme o objetivo proposto, a critério do próprio avaliador.

QUADRO 12 - OS 20 MOVIMENTOS DO FLEXITESTE

Número do movimento DescriçãoI Flexão dorsal do tornozelo II Flexão plantar do tornozeloIII Flexão do joelhoIV Extensão do joelhoV Flexão do quadrilVI Extensão do quadrilVII Adução do quadrilVIII Abdução do quadrilIX Flexão do troncoX Flexão lateral do troncoXI Extensão do troncoXII Flexão do punhoXIII Extensão do punhoXIV Flexão do cotoveloXV Extensão do cotoveloXVI Adução posterior do ombro a partir de 180ºXVII Adução posterior ou extensão do ombroXVIII Extensão posterior do ombro

XIX Rotação lateral do ombro a 90º de abdução do ombro (com o cotovelo fletido a 90º)

XX Rotação medial do ombro a 90º de abdução do ombro (com o cotovelo fletido a 90º)

FONTE: Adaptado de Caderno de Referência do Esporte (2013)

Utilizando-se os resultados, deve-se efetuar uma soma simples de todos os valores alcançados nos 20 movimentos executados pelo avaliado, o que vai determinar o chamado flexíndice, que apresenta diferentes referências para os sexos masculino e feminino (Figura 12). A nota máxima que pode ser alcançada nesse teste é 80, considerando-se os 20 movimentos com graduação máxima de quatro. Caso o avaliador escolha não realizar a avaliação de todos os 20 movimentos, sua referência passa a ser o próprio sujeito avaliado ou comparado dentro de um grupo, ao longo das avaliações realizadas (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 70 – RELAÇÃO ENTRE AS DIFERENÇAS INTERQUARTIS/MEDIANAS DOS RESULTADOS DO FLEXÍNDICE E A IDADE PARA HOMENS E MULHERES

FONTE: Caderno de Referência do Esporte (2013)

2.4 TESTES DE VELOCIDADE

→Teste de corrida de 50 m

O teste de corrida de 50 metros consiste em avaliar o componente motor associado à velocidade de deslocamento, com corrida em mesma direção por percurso de 50 m, iniciando-se na posição parada (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para o desenvolvimento deste teste, inicialmente, deve-se explicar ao avaliado que se trata de um teste de velocidade máxima. Neste sentido, o avaliado deverá sair na máxima velocidade e passar a faixa de chegada também na máxima velocidade. A posição de saída é em afastamento ântero-posterior das pernas, com o pé da frente o mais próximo possível da linha de partida. A partida é sinalizada por meio de um sinal sonoro emitido pelo avaliador. Desta forma, o avaliador comanda o teste, acionando um cronômetro no momento da partida e travando-o no momento em que o avaliado cruzar a faixa de chegada. Caso o teste tenha que ser repetido por algum motivo, aconselha-se um intervalo de, no mínimo, cinco minutos (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 71 – EXEMPLO DA POSIÇÃO DE PARTIDA DE TESTE DE CORRIDA DE 50 METROS

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

→ Teste de corrida de 10 x 5 m

O objetivo do teste de corrida de 10 x 5 m é avaliar o componente motor associado à velocidade de deslocamento por intermédio da corrida com mudanças de direção por percurso de 50 m, iniciando-se na posição parada (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para a realização deste teste, o avaliado deve posicionar-se em afastamento ântero-posterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo possível da linha de partida-chegada. Ao sinal sonoro, que será emitido pelo avaliador, o avaliado deverá correr o mais rápido possível em direção à outra linha, transpondo-a e retornando à linha de saída, de modo a completar um ciclo. Ambas as linhas devem ser transpostas com ambos os pés. Estes movimentos devem ser repetidos até serem finalizados cinco ciclos. O avaliador acionará um cronômetro no momento da partida, travando-o quando o avaliado completar o quinto ciclo, ultrapassando a linha de chegada (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 72 – EXEMPLO DO TESTE DE CORRIDA DE 10 X 5 METROS

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

→ Teste de batimento em placas

O objetivo do teste de batimento em placas consiste em avaliar o componente motor associado à velocidade de membros superiores com movimentação de vai-e-vem das mãos (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para a execução deste teste, o avaliado deverá posicionar-se em pé, de frente para uma mesa, com as pernas em ligeiro afastamento lateral e a mão não dominante apoiada no retângulo central localizado sobre a mesa. A mão dominante, por sua vez, deverá ficar apoiada no círculo fixado do lado oposto, resultando em situação de cruzamento dos braços. A altura da mesa deve ser ajustada de modo que o seu tampo coincida com uma linha imaginária logo abaixo da região pubiana. Quando o avaliador emitir um sinal sonoro, o avaliado deverá mover a mão dominante e tocar no círculo oposto o mais rápido possível, passando por cima da mão não dominante, a qual estará posicionada no meio e deverá permanecer apoiada no retângulo central. Em seguida, a mão dominante deverá voltar ao círculo de origem, completando um ciclo. Devem ser realizados 25 ciclos como este no menor tempo possível. O avaliador acionará um cronômetro ao sinal de início do teste e o travará assim que o avaliado finalizar os 25 ciclos (GUEDES; GUEDES, 2006).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 73 – EXEMPLO DO TESTE DE BATIMENTO EM PLACAS

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

2.5 TESTES DE POTÊNCIA

→ Teste de salto em distância “parado”

O teste de salto em distância “parado” possui o objetivo de avaliar o componente motor associado à potência muscular dos membros inferiores por meio do movimento de salto em distância à frente, sem corrida de aproximação (GUEDES; GUEDES, 2006).

Neste teste, o avaliado posiciona-se atrás da linha de partida, com os pés paralelos com afastamento idêntico à largura dos quadris e a ponta dos pés coincidindo com a marca zero. Partindo desta posição, o avaliado deve saltar à frente, com impulso simultâneo das pernas, tentando alcançar o ponto mais distante possível, de preferência com os pés paralelos. Durante o desenvolvimento do teste, o avaliado pode movimentar os braços e o tronco livremente. O salto deve ser realizado de forma que a escala de medida se posicione entre os pés do avaliado, permanecendo nesta posição até que a leitura da medida seja finalizada. Se necessário, o avaliado poderá realizar três tentativas para o salto (GUEDES; GUEDES, 2006).

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 74 – EXEMPLO DO TESTE DE SALTO EM DISTÂNCIA “PARADO”

FONTE: Marins e Giannichi (1998)

→ Teste de arremesso da medicineball

O objetivo do teste de arremesso da medicineball é avaliar a potência dos membros superiores e da cintura escapular (MARINS; GIANNICHI, 1998).

Para a realização deste teste, uma trena é fixada no solo perpendicularmente à parede, isto é, o ponto zero da trena é fixado junto à parede. O avaliado senta-se com os joelhos estendidos, as pernas unidas e as costas completamente apoiadas à parede, segurando a medicineball junto ao peito com os cotovelos flexionados. Ao sinal do avaliador, o avaliado deverá lançar a bola a maior distância possível, mantendo as costas apoiadas na parede. A distância do arremesso será registrada a partir do ponto zero até o local em que a bola tocou ao solo pela primeira vez. Serão realizados dois arremessos, registrando-se o melhor resultado. Sugere-se que a medicineball seja banhada em pó branco para a identificação precisa do local onde tocou pela primeira vez ao solo. A medida será registrada em centímetros com uma casa decimal (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

FIGURA 75 – EXEMPLO DO TESTE DE ARREMESSO DA MEDICINEBALL

FONTE: Bergamo; Daniel; Moraes (2016)

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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2.6 TESTES DE AGILIDADE

→ Teste de corrida de ida-e-volta

O objetivo da realização do teste de corrida de ida-e-volta é avaliar o componente motor associado à agilidade através da corrida que envolve mudanças de direção com alterações de altura do centro de gravidade (GUEDES; GUEDES, 2006).

De acordo com os autores supracitados, para a execução deste teste, o avaliado deve posicionar-se em afastamento anteroposterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo possível da linha de partida/chegada. Nesta posição, após o sinal de partida e o acionamento do cronômetro, que são realizados pelo avaliador, o avaliado inicia o teste, correndo à máxima velocidade até dois blocos dispostos equidistantes a 9,14 metros da linha de saída. Ao chegar, o avaliado deve pegar um dos blocos e retornar ao ponto de partida, depositando esse bloco atrás da linha demarcatória. O bloco não deve ser jogado, mas sim colocado no solo. Em seguida, sem interromper a corrida, o avaliado parte novamente, em busca do segundo bloco, procedendo da mesma forma. Ao pegar ou deixar o bloco, o avaliado terá de transpor pelo menos com um dos pés as linhas que limitam o espaço de teste. O cronômetro é parado quando o avaliado coloca o último bloco no solo e transpõe, com pelo menos um dos pés, a linha final (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013). Se necessário, o avaliado pode fazer duas tentativas para o teste, contando com um intervalo de tempo que não deve ser menor que dois minutos (GUEDES; GUEDES, 2006). Os autores enfatizam que se deve deixar claro, ao avaliado, que o teste deve ser desenvolvido com deslocamento em velocidade máxima, ou seja, a tarefa deve ser finalizada no menor tempo possível.

FIGURA 76 – EXEMPLO DA REALIZAÇÃO DO TESTE DE CORRIDA DE IDA-E-VOLTA

FONTE: Caderno de Referência do Esporte (2013)

→ Teste do quadrado

O objetivo do teste do quadrado é avaliar a agilidades dos indivíduos.

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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Para o desenvolvimento deste teste, deve-se demarcar, com quatro cones de 50 centímetros de altura, um quadrado de quatro metros de lado. O avaliado parte da posição levantada, com um pé à frente, imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, ele deverá deslocar-se até o próximo cone em direção diagonal. Na sequência, corre em direção ao cone à sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal, atravessando o quadrado em diagonal. Finalmente, ele corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. No decorrer do teste, o avaliado deverá tocar com uma das mãos todos os cones que demarcam o percurso (CADERNO DE REFERÊNCIA DO ESPORTE, 2013). O cronômetro deverá ser acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizar o primeiro passo, tocando com o pé o interior do quadrado. Serão realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução. A medida será registrada em segundos e centésimos de segundo (BERGAMO; DANIEL; MORAES, 2016).

FIGURA 77 – EXEMPLO DO TESTE DO QUADRADO

FONTE: Bergamo; Daniel; Moraes (2016)

2.7 TESTES DE EQUILÍBRIO

→ Testedoflamingo

O objetivo do teste do flamingo consiste em avaliar o componente motor associado ao equilíbrio por meio da manutenção em um único pé sobre uma trave com dimensões reduzidas (GUEDES; GUEDES, 2006).

Para a realização do teste do flamingo, o avaliado deve apoiar-se sobre um dos pés no eixo longitudinal da trave, com o joelho da perna livre flexionado, o pé mantido à altura dos glúteos com o auxílio da mão do mesmo lado do corpo, tentando representar a posição do flamingo. Partindo desta posição, o avaliado deve tentar permanecer em equilíbrio sobre a trave pelo período de um minuto.

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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Antes do início do teste, o avaliado recebe o apoio do avaliador, que se posiciona à sua frente, permitindo ao avaliado apoiar-se em seu antebraço, para assumir a posição do flamingo. Deste modo, no momento em que o avaliado sentir-se seguro nesta posição, é iniciado o teste, retirando-se o apoio e acionando-se o cronômetro para registro do tempo de um minuto. A cada perda de equilíbrio, o cronômetro é parado e o avaliado recebe uma penalidade. Caracteriza-se como perda de equilíbrio, por exemplo, o fato de o pé da perna livre do avaliado soltar-se de sua mão ou quando qualquer parte do corpo do avaliado toca no solo. Cada vez que ocorre alguma dessas situações, o avaliado precisa assumir novamente a posição inicial, com o apoio do avaliador e, em seguida, dar continuidade ao teste até completar o tempo de um minuto. Neste teste, há apenas uma tentativa de execução. Assim, destaca-se que, se o avaliado cometer 15 perdas de equilíbrio nos primeiros 30 segundos do teste, o mesmo é finalizado, pois significa que o avaliado não conseguirá realizá-lo em um minuto (GUEDES; GUEDES, 2006).

FIGURA 78 – EXEMPLO DO TESTE DO FLAMINGO

FONTE: Marins; Giannichi (1998)

UNI

De acordo com Gallahue e Donnelly (2008), o aumento da força e da resistência muscular gera inúmeros benefícios aos indivíduos, a saber:

→ Estimula o crescimento dos ossos.→ Aumenta a mineralização dos ossos.→Reduz a possibilidade de lesões.→ Melhora o autoconceito.→ Melhora a autoimagem.

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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→ Melhora a aparência física.→ Aumenta a resistência cardiovascular.→ Melhora a capacidade dos pulmões.→ Fortalece os músculos do coração.→ Melhora a circulação sanguínea. → Diminui os níveis de colesterol (baixa densidade de colesterol).→ Diminui a frequência cardíaca. → Aumenta a capacidade de absorção do oxigênio. →Reduz o estresse, promovendo relaxamento.→É possível que reduza a suscetibilidade ao resfriado.

O aumento da flexibilidade, por sua vez, resulta nos seguintes benefícios, conforme Gallahue e Donnelly (2008):→Atua na prevenção de lesões.→Melhora a eficiência no trabalhado e no jogo.→Aumenta a amplitude motora.→Aumenta a variação de movimento.→Promove fluidez do movimento.

3 RESULTADOS DOS TESTES FÍSICOS

De acordo com Guedes e Guedes (2006), os resultados dos testes físicos têm sido analisados por meio da confrontação com dados normativos, envolvendo referenciais idealizados com base em distribuição de percentis. Os autores apontam que este tipo de avaliação é muito útil quando a intenção é desenvolver análises intra e interavaliados, o que permite a visualização precisa da magnitude de eventuais modificações que venham a ocorrer. As análises com essas características trazem inferências sobre localização dos resultados alcançados nos testes frente a pontos específicos de distribuição de percentis estabelecida com base em amostras representativas de subgrupos populacionais. Entretanto, devido à alta influência de aspectos que englobam questões de cultura, de hábitos de atividade física e de habilidades motoras, a transferência de referenciais normativos de uma realidade circunscreve algo bastante complicado. Neste sentido, sugere-se a utilização de referenciais estabelecidos com base em levantamentos que tenham como objetivo atender às características específicas de cada grupo populacional para que os resultados dos avaliados venham a apresentar características semelhantes às da amostra sobre a qual os referenciais normativos foram idealizados (GUEDES; GUEDES, 2006). Nesta perspectiva, a literatura dispõe de várias opções relativas às proposições de referenciais normativos, inclusive com informações de levantamentos realizados no Brasil (figuras 79 e 80).

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TÓPICO 3 | DESCRIÇÃO DOS TESTES FÍSICOS

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FIGURA 79 – REFERENCIAIS NORMATIVOS PARA ANÁLISE DE RESULTADOS DE TESTES FÍSICOS COM BASE EM ESTUDOS REALIZADOS COM MULHERES BRASILEIRAS

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

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UNIDADE 3 | TESTES FÍSICOS

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FIGURA 80 – REFERENCIAIS NORMATIVOS PARA ANÁLISE DE RESULTADOS DE TESTES FÍSICOS COM BASE EM ESTUDOS REALIZADOS COM HOMENS BRASILEIROS

FONTE: Guedes; Guedes (2006)

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Nesse tópico você viu que:

Teste é um procedimento, técnica ou método que pode ser utilizado para coletar peculiaridades de uma variável da pessoa avaliada.

Os testes motores caracterizam-se pela realização de uma tarefa específica e são divididos conforme a capacidade avaliada.

Há várias opções de testes para avaliar as diferentes capacidades motoras associadas aos componentes da aptidão física. Contudo, destaca-se que não é possível aplicar apenas um tipo de teste para avaliar o desempenho motor de um indivíduo, por isso indica-se a utilização de baterias de testes.

Quando se tratar dos componentes associados à aptidão física relacionada à saúde, as baterias de testes devem ser compostas por, no mínimo, três ou quatro itens.

Quando se tratar dos componentes associados à aptidão física relacionada ao desempenho atlético, as baterias de testes devem conter de seis a oito itens.

Para a avaliação da resistência cardiorrespiratória pode-se utilizar o teste de caminhada/corrida de longa distância, bem como, o teste de caminhada/corrida de vai-e-vem.

Para a avaliação da força/resistência podem-se utilizar os testes de abdominal, de puxada em suspensão na barra, de suspensão na barra e de flexão/extensão dos braços sobre o solo.

Para a avaliação da flexibilidade pode-se utilizar o teste de sentar-e-alcançar, o flexiteste, o teste de mobilidade de ombros e o teste de elevação do tronco.

Para a avaliação da velocidade pode-se utilizar os testes de corrida de 50 m, de corrida de 10 x 5 e de batimento em placas.

Para a avaliação da potência pode-se utilizar o teste de salto em distância “parado” e o teste de arremesso da medicineball.

Para a avaliação da agilidade pode-se utilizar o teste de corrida de ida-e-volta e o teste do quadrado.

Não há testes para avaliar a capacidade de coordenação.

RESUMO DO TÓPICO 3

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Para a avaliação do equilíbrio pode-se utilizar o teste da posição flamingo.

Devem-se respeitar os procedimentos para a execução de cada teste, considerando o espaço, os equipamentos, assim como a posição do avaliado nas diferentes etapas de cada teste.

Os resultados dos testes físicos devem ser analisados por meio de referenciais estabelecidos com base em levantamentos que tenham como objetivo atender às características específicas de cada grupo populacional, para que os resultados dos avaliados venham a apresentar características semelhantes às da amostra sobre a qual os referenciais normativos foram idealizados.

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AUTOATIVIDADE

1 Explique o que significa o termo “teste”:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 No que concerne às informações relativas aos testes físicos, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) Os testes físicos precisam contemplar aspectos relacionados a um grupo específico de fatores pertinentes a cada solicitação motora, por isso, são independentes dentro do rol das capacidades motoras.( ) O desempenho motor condiz em um constructo multifatorial resultante do comportamento apresentado por um grupo de capacidades motoras.( ) Pode-se avaliar o desempenho motor de um indivíduo com aplicação de um único teste.( ) As baterias de testes devem conter de seis a oito itens quando se tratar de componentes associados à aptidão física relacionada à saúde.( ) As baterias de testes devem conter de seis a oito itens quando se tratar de componentes associados à aptidão física relacionada ao desempenho atlético.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, V, F, F, V.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

3 Sobre a aplicação das baterias de testes, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) A literatura sugere que as baterias de testes sejam aplicadas em um ou em dois dias.( ) Se o objetivo for aplicar a bateria de testes por completo em um dia, indica-se que os testes de flexibilidade devem ser os primeiros a serem aplicados, seguidos pelos testes de potência, de velocidade, de agilidade e de força/resistência muscular e, por fim, deve-se aplicar os testes que contemplam elementos da resistência cardiorrespiratória.( ) Caso a bateria de testes seja planejada para ser realizada em dois dias, no primeiro dia devem ser desenvolvidos os testes de resistência cardiorrespiratória e, no segundo dia, deve-se aplicar os testes relacionados à flexibilidade, à potência e à força/resistência muscular.

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( ) Os testes que causam maiores implicações fisiológicas sempre devem ser realizados ao final da bateria de testes.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, F, V.b) ( ) F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F. d) ( ) V, V, V, V.e) ( ) V, V, F, V.

4 A compreensão dos objetivos de cada teste físico é importante para que se obtenha os resultados esperados, conforme o teste aplicado. Considerando o objetivo dos diferentes testes físicos, correlacione as informações da Coluna 1 com aquelas da Coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2

(a) Teste de caminhada/corrida de vai-e-vem.

( ) Avaliar o componente motor associado à resistência cardiorrespiratória por meio da caminhada/corrida contínua em longas distâncias.

(b) Teste de caminhada/corrida de longa distância.

( ) Avaliar o componente motor associado à velocidade de deslocamento, com corrida em mesma direção por percurso de 50 m, iniciando-se na posição parada.

(c) Teste de corrida de ida-e-volta.

( ) Avaliar o componente motor associado à velocidade de membros superiores com movimentação de vai-e-vem das mãos.

(d) Teste de corrida de 50 m.

( ) Avaliar o componente motor associado à agilidade através da corrida que envolve mudanças de direção com alterações de altura do centro de gravidade.

(e) Teste de batimento em placas.

( ) Avaliar o componente motor associado à resistência cardiorrespiratória em caminhada/corrida com mudanças de direção em ritmo progressivamente mais elevado.

Na sequência, assinale a alternativa que exprime a sequência correta:

a) ( ) c, a, b, e, d. b) ( ) b, a, c, d, e.c) ( ) b, d, e, c, a.d) ( ) d, e, c, b, a.e) ( ) e, b, a, d, c.

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5 Sobre os diferentes testes físicos e as capacidades a serem avaliadas, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) Os testes de abdominal, de puxada em suspensão de barra, de suspensão em barra e de flexão/extensão dos braços sobre o solo são testes utilizados para a avaliação da força/resistência.( ) O teste de salto em distância “parado” é um teste muito utilizado para avaliar a velocidade.( ) O teste do flamingo é utilizado com a finalidade de avaliar o equilíbrio.( ) O flexiteste é um teste que busca avaliar a flexibilidade por meio da verificação da amplitude de movimentos do avaliado.( ) O teste de elevação do tronco possui o objetivo de avaliar a potência muscular dos indivíduos.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) V, F, V, V, F.b) ( ) F, F, F, V, V.c) ( ) F, V, V, F, F. d) ( ) V, F, V, F, F.e) ( ) V, F, F, V, V.

6 Sobre a aplicação das baterias de testes, leia atentamente as frases a seguir e marque V para aquelas que forem verdadeiras e F para as falsas.

( ) No teste de corrida de ida-e-volta, com o qual busca-se avaliar a agilidade, o avaliado inicia o teste correndo à máxima velocidade até dois blocos dispostos equidistantes a 9,14 metros da linha de saída. Ao chegar, o avaliado deve pegar um dos blocos e retornar ao ponto de partida, depositando esse bloco atrás da linha demarcatória.( ) No teste de salto em distância “parado”, aplicado para avaliar a potência muscular, o avaliado deve saltar à frente, com impulso simultâneo das pernas, tentando alcançar o ponto mais distante possível.( ) No teste de mobilidade de ombros, o qual avalia a flexibilidade, o avaliado deve tentar tocar a ponta do dedo médio de ambas as mãos por trás das costas, com um dos braços por cima do ombro e outro por baixo do cotovelo.( ) No teste de flexão/extensão dos braços sobre o solo, caracterizado como um teste de força/resistência, em decúbito ventral, o avaliado deve flexionar os membros superiores até que os cotovelos formem um ângulo de 90º e os braços fiquem posicionados paralelamente ao solo, em correto alinhamento entre a cabeça, o tronco e os membros inferiores.

Em seguida, assinale a alternativa correta:

a) ( ) F, F, V, V. b) ( ) V, V, V, V. c) ( ) F, V, V, F.

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d) ( ) V, F, V, V.e) ( ) V, F, F, V.

7 O flexiteste é um teste de flexibilidade que utiliza a análise e a graduação de 20 movimentos específicos que buscam investigar a amplitude de movimentos do avaliado. Nesta direção, cite quais são os 20 movimentos do flexiteste:_____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 Explique sob qual referencial os testes físicos devem ser analisados:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9 Explique a finalidade e a forma de aplicação do teste de sentar-e-alcançar.__________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 Descreva qual é o objetivo da utilização do teste de arremesso da medicineball e de que forma ele é desenvolvido:__________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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I TA I S + E + E L E T R % C 3 % 9 4 N I C O S & e s p v = 2 & s o u r c e = l n m s & t b m = i s ch & s a = X & v e d = 0 a h U K E w j 4 t N D w _ d b S A h U M k Z A K H Z q Y C P E Q _AUIBygC&biw=1024&bih=530#imgrc=FrunU0rUtwRNOM>. Acesso em: 14 mar. 2017.

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