prof. mauro stürmer · 2017-03-02 · infrator, até mesmo nos casos já ... ultrapassar a pessoa...

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Prof. Mauro Stürmer

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Prof. Mauro Stürmer

Conceito e Denominações

Direito Penal - Conceito

•Formal – conjunto de normas

jurídicas pelas quais os Estado proíbe

determinadas condutas (ação ou

omissão), sob a ameaça de

determinadas sanções.

•Social – o direito penal é uma das

formas de controle social

Denominações do Direito Penal

•Direito Penal Objetivo: normas

penais incriminadoras e não-

incriminadoras.

•Direito Penal Subjetivo: direito de

punir do Estado (ius puniendi)

Princípios de Direito Penal

Conceito

•Ordenações que se irradiam por todo o

sistema, dando-lhe contorno e inspirando a criação e a aplicação de

suas normas (NUCCI, 2012).

•Serve, ainda, como norte para interpretação e integração de um

sistema normativo.

Princípios Regentes

Dignidade da Pessoa Humana. Art. 1º, III da CF/88. Em matéria penal serve como limitador

para sua aplicação.

Devido Processo Legal

◦União de todos os princípios penais e processuais penais, indicando a

regularidade ímpar do processo criminal.

Legalidade

•Em Sentido amplo – lato sensu

•Art. 5º da CF –

• II - ninguém será obrigado a fazer ou

deixar de fazer alguma coisa senão

em virtude de lei;

•Em sentido estrito – stricto sensu

•Legalidade penal

Legalidade Penal

•XXXIX - não há crime sem lei anterior

que o defina, nem pena sem prévia

cominação legal;

Legalidade

• Ao fixarmos normas incriminadoras, ou seja,

ao criarmos tipos penais, devemos

obrigatoriamente, fazê-lo por meio de leis, e

sempre respeitando o devido processo legislativo constitucionalmente previsto.

• O princípio em questão possui assento

constitucional (art. 5º XXXIX da CF) e legal (art. 1º do CP) supralegal (art. 9º do

PSJCR)

Funções do Princípio da Legalidade

•Toda lei penal deve ser:

•Estrita: Somente a União

•Escrita: costume não cria delito

•Certa: fácil entendimento pelo cidadão

•Prévia: proibido a lei penal incriminar

fatos ocorridos antes da sua vigência.

Competência para tipificação de crimes

•Segundo o art. 22 da CF, somente a

União pode tipificar condutas.

•Estados, Distrito Federal e Municípios

não podem.

Atenção Medida Provisória

(MP) não pode

criar tipos

penais (crimes)

EC/32 – vedou expressamente a MP

para matéria penal

Lei Delegada (art. 59 da CF) não pode

tratar de matéria penal.

Anterioridade

•A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a fatos concretos que ocorram após sua inserção no mundo jurídico, uma vez que os textos constitucional e legal afirmam que “não há crime sem lei anterior que o defina”, nem mesmo pena sem que haja uma prévia cominação legal.

•Art. 1º do CF e CF

Retroatividade da lei mais benéfica

•O referido princípio surge de uma

leitura contrária da irretroatividade

da lei penal. Dessa forma, a lei só

retroagirá para beneficiar o

infrator, até mesmo nos casos já

decididos por sentença transitada e

julgada

Humanidade

•O Direito Penal deve pautar-se pela

benevolência, garantindo o bem-estar

da coletividade e incluindo nela os

condenados. Dessa forma, estes não

devem ser excluídos da sociedade pelo

fato de terem cometido um ilícito.

Jamais deverão ser tratados como se

humanos não fossem

Humanidade Em atendimento a tal princípio, nossa Carta

Política reza que não teremos as seguintes penas: ◦ 1) de morte (exceto em época de guerra declarada); ◦ 2) de caráter perpétuo; ◦ 3) de trabalhos forçados; ◦ 4) de banimento; e ◦ 5) cruéis, bem como, ◦Nossos presos deve-se respeito à integridade física e moral, ou seja, eles jamais deverão ser submetidos à tortura ou a tratamentos desumanos ou degradantes

Intervenção mínima

•O Direito Penal não deve interferir demasiadamente na vida do indivíduo, ou seja, retirando-lhe a autonomia e liberdade. Assim, a lei penal não pode ser vista como a primeira opção do legislador para resolver conflitos, visto que há outros ramos do Direito preparados para solucionar lides com menores traumas.

Intervenção mínima - Subprincípios

Subsidiariedade – ideia de abstrato. O

Direito Penal só deve intervir quando os

demais ramos do ordenamento jurídico se mostrarem ineficazes na tutela do bem

jurídico.

Fragmentariedade – caso concreto. Dois

aspectos – somente os bens jurídicos mais relevantes merecem a tutela penal, e

somente os ataques mais intoleráveis é

que merecem a tutela penal.

Insignificância e o STF

•Critérios

•Mínima ofensividade da conduta do

agente

•Nenhuma periculosidade social da ação

•Reduzidíssimo grau de

reprovabilidade do comportamento

• Inexpressiva lesão jurídica provocada

Insignificância no STF e STJ

• Furto praticado por policial em serviço • Furto em penitenciária • Peculato praticado por militar • Tráfico de drogas • Droga em estabelecimento militar • Crime de Moeda Falsa • Estelionato contra o INSS • Roubo • Crime ambiental • Ato Infracional

Cuidado

•Crimes contra a ADM Pública

•STF – sim

•STJ – sim

Taxatividade

As condutas criminosas (típicas) devem ser suficientemente claras e bem elaboradas, de modo a não restar dúvidas

por parte da população. No caso de

legislações dúbias ou com muitos termos

valorativos, podem surgir abusos estatais

invadindo a intimidade e a liberdade dos

indivíduos. O presente princípio respeita, por óbvio, a legalidade e a reserva legal.

Proporcionalidade

As penas devem respeitar a gravidade da

infração penal cometida. Não cabe o

exagero, nem mesmo a extrema liberalidade

na cominação das penas.

Ex.: desproporcional uma elevadíssima pena

privativa da liberdade no caso de furto, bem

como não caberia pena de multa para um

estuprador.

Vedação da dupla punição pelo mesmo fato

•Prevista implicitamente no Pacto de

São José da Costa Rica (Convenção

Americana sobre os Direitos

Humanos), assegura que ninguém

pode ser punido duas vezes pela

prática do mesmo crime.

Responsabilidade pessoal ou personalidade • Pelo presente princípio, a pena (punição), quando se trata de matéria penal, não deve ultrapassar a pessoa do transgressor. Dessa forma, proíbe-se que terceiros inocentes possam pagar pelo crime praticado por outro. Assim, a família do condenado não deve ser afetada pelo crime cometido.

• CF - “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, (...)”.

Responsabilidade pessoal ou personalidade

• ATENÇÃO! Isso não significa que não haja

possibilidade de garantir, via família do

delinquente, a indenização civil pelo ilícito. A

própria Constituição traz essa ressalva.

Art. 5º da CF

•XLV - nenhuma pena passará da

pessoa do condenado, podendo a

obrigação de reparar o dano e a

decretação do perdimento de bens ser,

nos termos da lei, estendidas aos

sucessores e contra eles executadas,

até o limite do valor do patrimônio

transferido;

Individualização da pena

•Significa que não devemos ter penas padronizadas, mas, sim, que cada

delinquente deverá ser punido na exata

medida do que fez. A pena, portanto,

deve ser fixada com respeito aos rígidos

parâmetros legais, mas estabelecendo a cada delinquente o que lhe é devido.

Culpabilidade

• Não agindo com dolo ou culpa, ninguém será punido. Aqui, resta claro que a responsabilização em matéria penal não será jamais objetiva, mas, sim subjetiva. Para aplicar a pena, deve-se buscar sempre, na esfera penal, o dolo do agente; não o encontrando, busca-se a culpa, desde que ela esteja expressamente prevista, tudo conforme exigência do parágrafo único do artigo 18 do Código Penal.

Dispositivo legal -

• Art. 18 - Diz-se o crime:

•Crime doloso •Crime culposo

•Parágrafo único - Salvo os casos

expressos em lei, ninguém pode ser

punido por fato previsto como crime,

senão quando o pratica dolosamente

EXERCÍCIOS

DE FIXAÇÃO

01. A respeito dos princípios constitucionais

penais, assinale a opção correta.

(A) A lei penal mais favorável ao réu tem efeito extra-

ativo relativo, pois, apesar de ser aplicada a crimes

ocorridos antes de sua vigência, não se aplica a

crimes ocorridos durante a sua vigência caso seja

posteriormente revogada.

(B) A responsabilidade pela indenização do prejuízo

que foi causado pelo condenado ao cometer o crime

não pode ser estendida aos seus herdeiros, sem que,

com isso, seja violado o principio da personalidade da

pena.

(C) Fere o princípio da legalidade, também conhecido

por princípio da reserva legal, a criação de crimes e

penas por meio de medida provisória.

(D) Em razão do princípio da presunção de inocência,

não é possível haver prisão antes da sentença

condenatória transitada em julgado.

(E) No Brasil vige, de forma absoluta, o princípio da

vedação à pena de morte, inexistindo exceções.

02. Com relação aos princípios penais, assinale a

opção correta.

(A) O princípio da humanidade das penas proíbe, em

qualquer hipótese, a pena de morte no ordenamento

jurídico brasileiro.

(B) O princípio da especialidade consagra que a lei

penal geral deve afastar a lei penal especial naquilo

em que elas forem conflitantes.

(C) O princípio da legalidade permite a criação de

tipos penais incriminadores através da edição de

medidas provisórias.

(D) Segundo o princípio da intervenção mínima, o

direito penal deve atuar como regra e não como

exceção.

(E) Segundo o princípio da intranscendência, a pena

não pode passar da pessoa do condenado.

01. C, 02. E.

GABARITO