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Prof. Joseval Martins Viana – 1 COMO PROPOR AÇÕES JUDICIAIS CONTRA PLANOS DE SAÚDE: redução de mensalidades 1. Introdução A Constituição Federal de 1988 proporcionou aos brasileiros direitos fundamentais à dignidade da pessoa humana. Entre eles, a proteção à saúde do cidadão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças.” Com fundamento nas normas internacionais referentes à saúde, a Constituição Federal de 1988 definiu o direito à saúde como um princípio de garantia a todos os brasileiros. É o que se infere do art. 196 da Constituição Federal: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O comando constitucional dispõe claramente que a saúde é direito de todo cidadão, tornando-se dever do Estado garantir o acesso à saúde àquele que necessitar, proporcionando ações sociais e econômicas com o objetivo de reduzir o risco de doença e viabilizar ao cidadão, de forma universal e igualitário, ações e serviços para promover sua saúde, protegê-la e recuperá-la em caso de enfermidade. O legislador constitucional também afirma que a saúde é um direito social, conforme dispõe o art. 6º da Carta Maior: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Partindo, portanto, da afirmação de que a saúde é tutelada pelo Estado, e, em razão de a demanda ser expressiva, o Estado permitiu às instituições privadas que

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Prof. Joseval Martins Viana –

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COMO PROPOR AÇÕES JUDICIAIS CONTRA PLANOS DE SAÚDE: redução de mensalidades

1. Introdução

A Constituição Federal de 1988 proporcionou aos brasileiros direitos

fundamentais à dignidade da pessoa humana. Entre eles, a proteção à saúde do

cidadão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é um estado de

completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças.”

Com fundamento nas normas internacionais referentes à saúde, a

Constituição Federal de 1988 definiu o direito à saúde como um princípio de garantia

a todos os brasileiros. É o que se infere do art. 196 da Constituição Federal:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença

e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

O comando constitucional dispõe claramente que a saúde é direito de todo

cidadão, tornando-se dever do Estado garantir o acesso à saúde àquele que

necessitar, proporcionando ações sociais e econômicas com o objetivo de reduzir o

risco de doença e viabilizar ao cidadão, de forma universal e igualitário, ações e

serviços para promover sua saúde, protegê-la e recuperá-la em caso de

enfermidade.

O legislador constitucional também afirma que a saúde é um direito social,

conforme dispõe o art. 6º da Carta Maior:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma

desta Constituição.

Partindo, portanto, da afirmação de que a saúde é tutelada pelo Estado, e, em

razão de a demanda ser expressiva, o Estado permitiu às instituições privadas que

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promovessem a proteção à saúde por meio dos planos de saúde, consoante dispõe

o art. 197 da Constituição Federal:

São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao

Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação,

fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou

através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito

privado.

Esse artigo constitucional orientou a regulação estatal dos serviços privados

de saúde.

Posteriormente, veio o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90)

para estabelecer limites ao legislador ordinário, impedindo a criação de normas com

conteúdos que possam restringir, limitar, impedir ou anular quaisquer direitos do

consumidor, visto que o Estado deve promover, na forma da lei, a defesa do

consumidor, segundo o art. 5º, inciso XXXII, da Constituição Federal.

Para proteger o consumidor em relação ao plano de saúde, o Estado criou a

Agência Nacional de Saúde por intermédio da Lei n. 9.961/2000, ratificando a

proposição de que a saúde é tutelada pelo Estado. Existe também a Lei n. 9.656, de

3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à

saúde.

Pois bem, antes de avançarmos, vamos recapitular o que vimos até aqui:

A saúde é direito de todos e dever do Estado.

A saúde é um direito fundamental do cidadão, tornando-se tão

relevante que foi elevada à categoria de princípio fundamental da

dignidade da pessoa humana.

O Estado deve garantir acesso à saúde àquele que dela necessitar.

A saúde é considerada um direito social.

O Estado permitiu que terceiros promovessem a proteção à saúde por

meio dos planos de saúde.

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Ao autorizar que terceiros promovessem a proteção à saúde, teve de

proteger o consumidor, regulando essa relação jurídica por meio do

Código de Defesa do Consumidor.

Para ampliar essa proteção, criou a Agência Nacional de Saúde

Suplementar (ANS)

2. Relação jurídica de consumo: conceito e natureza das normas da relação de

consumo

A relação jurídica entre beneficiário e plano de saúde é regida pelo Código

de Defesa do Consumidor. Essa afirmação é feita com fundamento na Súmula 469

do STJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de

saúde.”

O que é relação jurídica? Relação jurídica é o vínculo estabelecido entre

duas pessoas, visto que uma pode requerer um determinado bem a que a outra

está obrigada contratualmente. No da saúde, o beneficiário visa a obter a prestação

de serviço do plano de saúde.

Do ponto de vista processual, a relação jurídica é o conflito de interesses

normatizado pelo direito. Nesse caso, é importante observar que a relação jurídica

não implica necessariamente o ajuizamento de uma ação judicial, entretanto, a ação

judicial implica necessariamente a existência de uma relação jurídica.

Exemplo: a relação jurídica pode caracterizar-se por meio de um contrato. Se

beneficiário e plano de saúde firmarem contrato e houver cumprimento das cláusulas

contratuais por parte da seguradora, não haverá ação judicial. Contudo, se o plano

de saúde, nessa relação jurídica, não cumprir as cláusulas contratuais, haverá,

portanto, ação judicial.

Por sua vez, a relação jurídica de consumo é qualquer relação jurídico-

obrigacional estabelecida entre o beneficiário e o plano de saúde, figurando como

objeto a prestação de um serviço que é a saúde.

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A relação jurídica na saúde e a norma jurídica mantêm estreita relação. A

norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo

ordenamento jurídico. Exemplo: Código de Defesa do Consumidor

A norma jurídica divide-se em:

a) Norma de conduta: disciplina o comportamento dos cidadãos na própria

sociedade. Ex.: Direito Civil.

b) Norma de organização: estrutura a disciplina de processos técnicos de

identificação e aplicação de normas. Têm caráter instrumental. Ex.: Direito

Processual Civil

Reafirma-se, portanto, que o Código do Consumidor é a norma de conduta

que norteia a relação beneficiário-plano de saúde. Se a relação jurídica contratual for

desrespeitada, aplica-se o Código de Processo Civil (de caráter instrumental) para

fazer valer o direito do beneficiário-consumidor.

Antes de dar sequência a essa reflexão, é importante relembrarmos de alguns

conceitos básicos do Código de Defesa do Consumidor, a fim de se estabelecer uma

nítida relação entre beneficiário e plano de saúde, a saber: consumidor, fornecedor

produto e serviço.

a) Consumidor é “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final.” (Art. 2º do CDC). Exemplo:

beneficiário do plano de saúde.

b) Fornecedor “é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional

ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,

importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços.” (Art. 3º do CDC). Exemplo: o administrador e o

operador do plano de saúde.

c) Produto “é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.” (Art. 3º,

§ 1º, do CDC). Exemplo: planos de saúde.

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d) Serviço “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,

mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de

crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

trabalhista.” (Art. 3º, § 2º, do CDC). Exemplo: atendimento hospitalar e

outros serviços relativos à saúde como, por exemplo, laboratoriais.

Observemos, ainda, que a relação jurídica entre beneficiário e plano de saúde

tem os seguintes elementos:

a) sujeito: fornecedor e consumidor;

b) objeto: produto ou serviço;

c) finalidade: que o beneficiário adquira o plano de saúde como destinatário

final.

Infere-se, portanto, desse raciocínio que as operadoras de saúde

(seguradoras e planos) são típicas fornecedoras de serviço, e a elas se aplica o

Código de Defesa do Consumidor, pois o beneficiário dos planos ou das

seguradoras são consumidores e estão em posição economicamente inferior, ou

seja, na posição de hipossuficientes.

Deve-se considerar ainda que as normas de proteção e defesa do consumidor

são de ordem pública e de interesse social, por isso não seguem ao formalismo

processual, devendo o juiz de direito examinar a demanda em toda a sua extensão,

independente da manifestação da parte.

A ideia de ordem pública no processo civil fica evidente, quando o juiz de

direito pode buscar a verdade dos fatos sem impulso das partes. Matéria de ordem

pública pode ser analisada pelo juiz de direito na busca da solução da lide, visto que

o beneficiário é hipossuficiente.

3. Os contratos de consumo e sua repercussão na área da saúde

O contrato é o instrumento que concretiza uma relação jurídica de natureza

obrigacional, normatizando direitos e deveres para os contratantes.

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Por sua vez, o contrato de plano privado de assistência à saúde é um contrato

celebrado entre o beneficiário e o plano de saúde, no qual aquele assume a

obrigação de realizar periodicamente pagamento mensal, enquanto este se obriga a

disponibilizar atendimento em rede médica específica e a assumir os custos desse

atendimento.

3.1. Características do contrato do plano de saúde

São características contratuais do plano de saúde:

a) Plurilateralidade: dá-se a plurilateralidade, quando o beneficiário

pertence a planos coletivos, entretanto, se o beneficiário contratar

individualmente o plano de saúde, a característica do contrato passa a ser

bilateral.

b) Trato sucessivo e prazo indeterminado: os efeitos contratuais

prolongam-se no tempo, e a rescisão contratual opera-se por vontade das

partes. Contudo, em se tratando de contrato de plano de saúde, a rescisão

por parte da operadora somente será legal se houver expressa

autorização da ANS, nas hipóteses de inadimplemento superior a 60 dias.

c) Onerosidade: trata-se de um contrato que envolve necessariamente

pagamento sucessivo e mensal do beneficiário. Ressalte-se que o

inadimplemento por si só não permite que a operadora do plano de saúde

suspenda ou interrompa o atendimento, muito menos a rescisão unilateral

sem expressa autorização da ANS, precedido do devido processo

administrativo.

d) Comutatividade: refere-se à troca de obrigações. Nesse caso, obrigações

mútuas para os contratantes. Para o beneficiário, o pagamento das

mensalidades; para o plano de saúde, a disponibilização de atendimento

em rede de serviços médicos.

e) Adesão: não há espaço para modificar as cláusulas contratuais. O

beneficiário assina o contrato já elaborado pela operadora do plano de

saúde.

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f) Aleatoriedade: contrato aleatório é aquele que repousa sobre um

acontecimento incerto. Nesse caso, a operadora do plano de saúde

assume o risco financeiro de arcar com o ônus dos gastos médicos,

tratamentos médicos, exames laboratoriais etc.

Antes de avançarmos, vamos retomar o que vimos até aqui.

3.2. Princípios gerais do código de defesa do consumidor

Uma vez que as operadoras dos planos de saúde submetem-se ao Código de

Defesa do Consumidor, faz-se necessário relembrar seus princípios gerais, pois

fundamentam a peça processual.

A relação jurídica estabelecida entre o beneficiário e

o plano de saúde é regida pelo Código de Defesa do

Consumidor.

A relação jurídica é o vínculo estabelecido entre duas

pessoas, porque uma delas pode requerer um

determinado bem que a outra está contratualmente

obrigada.

Do ponto de vista processual, relação jurídica é o

conflito de interesses normatizado pelo direito.

Relação de consumo é qualquer relação jurídico-

obrigacional estabelecida entre beneficiário e plano

de saúde.

A norma jurídica é uma conduta imposta, admitida ou

reconhecida pelo ordenamento jurídico.

A norma jurídica divide-se em norma de conduta e

norma de organização.

A relação jurídica apresenta os seguintes elementos:

sujeito, objeto e finalidade.

O contrato é o instrumento que concretiza uma relação

jurídica de natureza obrigacional, normatizando direitos e

deveres para os contratantes.

O contrato de plano de saúde é um contrato celebrado entre

beneficiário e plano de saúde. Aquele paga as

mensalidades, e este disponibiliza o atendimento em rede

hospitalar.

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a) Princípio da vulnerabilidade do consumidor: reconhece que o

consumidor (beneficiário) é a parte mais fraca, ou seja, hipossuficiente.

Esse princípio tem por objetivo reequilibrar a relação de consumo,

proibindo ou limitando práticas abusivas no mercado. A inclusão do

reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no Código de Defesa

do Consumidor brasileiro decorre da Resolução da ONU n. 39/248, de

1985, que estabeleceu em seu art. 1º que o “consumidor é a parte mais

fraca”.

b) Princípio do dever governamental: o Estado tem a responsabilidade de

promover ações eficazes para proteger o consumidor.

c) Princípio da garantia de adequação: adequação dos produtos e serviços

referentes à segurança e à qualidade que é a finalidade ideal almejado

pelo sistema protetivo do consumidor.

d) Princípio da boa-fé nas relações de consumo: diz respeito à lealdade

nas relações entre consumidor e fornecedor, visando a combater os

abusos praticados no mercado.

e) Princípio da informação: devem ser esclarecidos os direitos e deveres

do consumidor e do fornecedor, harmonizando a relação de consumo.

f) Princípio do acesso à justiça: o Estado deve viabilizar o acesso do

consumidor ao Poder Judiciário, a fim de pleitear o direito lesado.

Seguindo esse mesmo raciocínio, faz-se necessário enumerar os direitos

básicos do consumidor (Art. 6º do CDC), a saber:

a) Dever do fornecedor de informar os possíveis riscos que o produto e/ou

serviço oferece à vida, saúde, segurança e patrimônio do consumidor.

b) A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e

serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas

contratações.

c) a Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,

com especificação correta de quantidade, características, composição,

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qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que

apresentem.

d) a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais

coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou

impostas no fornecimento de produtos e serviços;

e) a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais

coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou

impostas no fornecimento de produtos e serviços.

f) A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações

desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as

tornem excessivamente onerosas.

g) A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,

individuais, coletivos e difusos.

h) O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção

ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou

difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos

necessitados.

i) A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus

da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for

verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as

regras ordinárias de experiências.

j) A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Os efeitos jurídicos dos contratos de assistência à saúde têm início a partir da

data da assinatura da proposta de adesão ou da assinatura do contrato ou do

pagamento da mensalidade inicial. Esse contrato se renova automaticamente a

partir da vigência inicial, sendo proibida a cobrança de qualquer taxa a título de

renovação.

O contrato do plano de saúde é contrato de adesão. Entretanto, o contrato de

adesão, por si só, não é nulo. Devem-se analisar suas cláusulas contratuais. Se o

contrato de adesão não contiver cláusulas abusivas, não há, portanto, abusividade

contratual.

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O art. 54 do Código de Defesa do Consumidor define o que é contrato de

adesão. Dispõe o mencionado artigo que:

Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas

pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo

fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa

discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

Os contratos de adesão deverão ser escritos com palavras claras e

escrita visível, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de

forma a facilitar a compreensão pelo consumidor.

As cláusulas que impliquem limitação de direito do consumidor deverão ser

redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. Nesse caso,

as letras devem ser escritas com corpo maior que doze.

É sabido e consabido que os beneficiários dos planos de saúde assinam o

contrato sem ter a liberdade de escolher as cláusulas contratuais, uma vez que elas

já se encontra redigidas e são impostas pelos planos de saúde. Por essa razão, o

Estado permite ao beneficiário discutir as cláusulas abusivas.

Note bem: o que se discute nas ações judiciais de planos de saúde são

“cláusulas abusivas” e não “nulidade do contrato”.

No Direito de Saúde Suplementar, o princípio de que as partes se obrigam em

um contrato é relativizado a favor do equilíbrio contratual, permitindo o Código de

Defesa do Consumidor, no art. 6º, inc. V, “a modificação das cláusulas contratuais

que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos

supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.”

A expressão “cláusula leonina” tem origem numa fábula de Esopo (escritor da

Grécia antiga): uma vaca, uma cabra e uma ovelha haviam feito um acordo com um

leão com o objetivo de caçar um cervo. Depois da bem sucedida caça, partindo o

cervo em quatro partes, o leão disse: a primeira parte me pertence, pois é meu

direito como leão; a segunda também me pertence, porque sou mais forte do que

vós; a terceira levo, porque trabalhei mais que todos; e quem tocar na quarta parte

me terá como inimigo, de modo que o leão tomou o cervo para si.

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O art. 51 do CDC indicam as cláusulas contratuais consideradas abusivas.

Não se trata de cláusula taxativa, em virtude da expressão “entre outras” no “caput”

do artigo. Dentre elas interessam ao Direito da Saúde Suplementar:

a) subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos

casos previstos neste código;

b) estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a

boa-fé ou a eqüidade;

c) estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

d) permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de

maneira unilateral;

e) autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que

igual direito seja conferido ao consumidor;

f) autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a

qualidade do contrato, após sua celebração.

4. Empresas operadoras de planos privados de assistência à saúde

Os sistemas privados de medicina supletiva são aqueles que desempenham

funções de prestação de serviços de saúde não remuneradas pelo setor público. As

principais modalidades do setor da saúde são: medicina em grupo, cooperativas

médicas, as administradoras e o seguro-saúde.

Para este estudo, interessa definir administradora e operadoras dos planos de

saúde. As administradoras, como o próprio nome diz, administram planos ou

serviços de assistência à saúde. São financiadas por operadora, não assumem o

risco decorrente da operação dos planos de saúde e não possuem redes próprias da

saúde. A operadora de plano de assistência a saúde é a pessoa jurídica constituída

sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de

autogestão, que opere produto ou serviço.

O art. 4º da Resolução n. 08/1998 do Conselho de Saúde Suplementar

(CONSU) enumera os deveres das operadoras de saúde:

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a) Informar clara e precisamente ao consumidor, no material publicitário, no

contrato e no livro da rede de serviços, os mecanismos de regulação

adotados e todas as condições de cada modalidade.

b) Encaminhar à ANS, quando solicitado, documento técnico demonstrando

os mecanismos adotados e os critérios para sua atualização.

c) Quando houver impasse no decorrer do contrato, se solicitado, fornecer ao

consumidor laudo detalhado com cópia de toda a documentação relativa

às questões de impasse.

d) Garantir ao consumidor o atendimento pelo profissional avaliador para

definição dos casos de aplicação das regras de regulação, no prazo

máximo de 01 dia útil a partir do momento da solicitação ou em prazo

inferior quando caracterizar urgência.

e) Quando houver divergência médica ou odontológica a respeito da

autorização prévia, garantir a definição do impasse através da junta

constituída pelo profissional solicitante (ou nomeado pelo usuário), por

médico da operadora e por um terceiro (escolhido em comum acordo

pelos profissionais acima nomeados), cuja remuneração ficará a cargo da

operadora.

f) Quando houver participação do consumidor nas despesas decorrentes da

realização de procedimentos, informar previamente à rede credenciada

e/ou referenciada em forma de franquia.

g) Em caso de internação, quando optar por fator moderador, estabelecer

valores prefixados por procedimentos e/ou patologias, que não poderão

sofrer indexação, cujos valores devem ser expressos em reais.

O art. 2º da mesma resolução indica o que as operadoras não podem fazer:

a) Impedir ou dificultar o atendimento em situações de urgência e

emergência.

b) Limitar a assistência, adotando valores máximos de remuneração para

procedimentos, exceto as previstas em contratos com cláusulas de

reembolso.

c) Diferenciar por faixa etária, grau de parentesco ou outras classificações

dentro do mesmo plano.

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d) Negar autorização para a realização de um procedimento, exclusivamente

porque o profissional solicitante não pertence à rede credenciada da

operadora.

e) Definir coparticipação ou franquia no valor integral do procedimento a ser

realizado pelo usuário, ou criar fatores de restrição que dificultem o acesso

aos serviços.

f) Limitar, em forma de percentual por evento, os casos de internação,

exceto as definições especificadas em saúde mental.

g) Reembolsar o consumidor as despesas médicas efetuadas através do

sistema de livre escolha, em valor inferior ao pago diretamente na rede

credenciada ou referenciada.

h) Exercer qualquer atividade ou prática que infrinja o Código de Ética

Médica ou Odontológica.

i) Exercer qualquer atividade que caracterize conflito com as disposições

legais em vigor.

A experiência indica que as operadoras de plano de saúde:

a) Negam cobertura de internação e exames laboratoriais;

b) Restrição no período de internação.

c) Aumento desproporcional no valor da mensalidade do beneficiário, quando

ele completa 60 anos de idade.

d) Negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento de que a

natureza do medicamento é experimental ou não está previsto no rol de

procedimentos da ANS.

Caso a administradora ou a operadora não cumpram com a cláusula

contratual, resta propor ação judicial.

5. Política nacional das relações de consumo

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O artigo 170, inciso V, da Constituição Federal explicita que o legislador

constituinte, ao tratar da ordem econômica e financeira, entendeu que um dos

princípios gerais da atividade econômica é a defesa do consumidor: “A ordem

econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por

fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,

observados os seguintes princípios: (...) V – defesa do consumidor”.

Ficou claro para a sociedade brasileira que a ordem econômica, fundada na

valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, deve ter por fim assegurar a

todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observando o

princípio da defesa do consumidor, agora direito fundamental do cidadão brasileiro.

A Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, chamada de Código de Defesa do

Consumidor, nasceu com a especial tarefa de regular as relações jurídicas de

consumo, considerando a desigualdade que se apresentava entre o fornecedor (e

assemelhados) e o consumidor (destinatário final).

Para regulamentar as relações de consumo, o CDC dedicou o capítulo II à

política nacional de relações de consumo, tendo por objetivo o atendimento das

necessidades dos consumidores, o respeito à dignidade, saúde e segurança, a

proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem

como a transparência e harmonia das relações de consumo.

Para tanto, essa política de proteção deve atender aos seguintes princípios:

a) Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de

consumo: o consumidor certamente é aquele que não dispõe de controle

sobre os bens de produção e, por conseguinte, deve submeter-se ao

poder dos titulares destes. (Responsabilidade objetiva e inversão do ônus

da prova)

b) Ação governamental no sentido de proteger efetivamente o

consumidor: esses objetivos devem ser alcançados por iniciativa direta,

por incentivos à criação e desenvolvimento de associações

representativas, pela presença do Estado no mercado de consumo e pela

garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,

segurança, durabilidade e desempenho. Cabe ao Estado não apenas

desenvolver atividades no sentido da política nacional de relações de

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consumo, com a instituição de órgãos públicos de defesa do consumidor e

incentivo à criação de associações civis representativas, mas, no campo

da ação efetiva, cabe a ele regular o mercado, mediante a assunção de

faixas de produção não atingidas pela iniciativa privada, intervindo quando

haja distorções, sem falar no zelo pela qualidade, segurança, durabilidade

e desempenho dos produtos e serviços oferecidos ao público consumidor.

c) Harmonização dos interesses dos participantes das relações de

consumo: visa à compatibilização da proteção do consumidor com a

necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a

viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da

CF), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre

consumidores e fornecedores.

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6. MODELOS DAS PEÇAS

6.1. PRIMEIRA PETIÇÃO INICIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE _____________

PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA – ARTIGO 300 DO CPC

ULPIANO DE SOUSA, brasileiro, casado, comerciante,

portador da Cédula de Identidade RG n. [...], devidamente inscrito no CPF/MF sob o

n. [...], e-mail [email protected], residente e domiciliado na Rua [...] n. [...], no

bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, e de ULPIANA DE SOUSA, brasileira, casada,

professora, portadora da Cédula de Identidade RG n. [...], devidamente inscrita no

CPF/MF sob o n. [...], e-mail [email protected], residente e domiciliada na Rua

[...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, vêm, respeitosamente, à

presença de Vossa Excelência, por meio de seus advogados e bastantes

procuradores que esta subscrevem (instrumento de mandato em anexo), com fulcro

no art. 1º, III, art. 3º IV, art. 6º e art. 197 da CF, na Lei nº 9.656/98 (Lei dos Planos de

Saúde), o art. 4º, III, art. 6º,III e VIII, art. 42 e art. 51, IV, X, XV e § 1º todos do CDC,

bem como no art. 300 do CPC e na Súmula 469 do Superior Tribunal de Justiça,

propor

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AÇÃO REVISIONAL DE MENSALIDADES DE PLANOS DE SAÚDE CUMULADA

COM DECLARATÓRIA DE CLÁUSULA ABUSIVA c/c REPETIÇÃO DE INDÉBITO

E COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE, com sede na Avenida [...] n.

[...], no bairro de [...], CEP [...], 01310-932, devidamente inscrita no CNPJ sob o n.

[...], sem e-mail de contato no sítio, pelos motivos de fato e de direito abaixo

articulados:

I – DOS FATOS E DO DIREITO

1. Em 02/12/10, o requerente firmou contrato de plano de saúde

com a requerida referente à prestação de serviços médicos hospitalares. Explicita

que é titular do plano de saúde e que há mais três dependentes, a saber: Fulada de

Tal, Sicrana de Tal e Beltrana de Tal. O valor inicial do plano era de R$ 2.558,29

(dois mil, quinhentos e cinquenta e oito reais e vinte e nove centavos). É importante

salientar que os valores das mensalidades indicadas no boleto variam de acordo

com a idade de cada um deles. O quadro abaixo demonstra a evolução dos

aumentos aplicados ao contrato no período de 05/12/10 a 02/02/2017:

ULPIANO R$ 894,86

FULANA R$ 894,86

BELTRANA R$ 366,46

SICRANA R$ 402,11

TOTAL GERAL R$ 2.558,29

INÍCIO PAGAMENTO DO PLANO DE SAÚDE

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DATA ULPIANO FULANO BELTRANO SICRANO REAJUSTE VALOR

05/12/10

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

03/01/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

09/02/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/03/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/04/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/05/11 894,86 894,86 366,46 438,79

9,12% Faixa

etária

Beltrano

05/06/11

894,86

894,86

366,46

438,79

07/07/11

894,86

894,86

366,46

438,79

02/08/11

894,86

894,86

366,46

438,79

02/09/11

894,86

894,86

366,46

438,79

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02/10/11

894,86

894,86

366,46

438,79

02/11/11

894,86

894,86

366,46

438,79

02/12/11

894,86

894,86

366,46

438,79

Aumento

anual (8,06%)

2.804,13

02/01/12

894,86

894,86

366,46

438,79

02/02/12

894,86

894,86

366,46

438,79

02/03/12

894,86

894,86

366,46

438,79

03/04/12

894,86

894,86

366,46

438,79

02/05/12

894,86

894,86

366,46

438,79

03/07/12

894,86

894,86

366,46

438,79

02/08/12

894,86

894,86

366,46

438,79

02/09/12

894,86

894,86

366,46

438,79

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02/10/12 894,86 894,86 366,46 438,79

02/11/12 894,86 894,86 366,46 438,79

Aumento

anual

27,35%

2.804,13

02/12/12 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

3.304,75

02/01/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80 3.304,75

02/02/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

05/03/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

02/04/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

02/05/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

02/06/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

02/07/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

02/08/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80 3.304,75

02/09/13 Cobrança Indevida 6.660,64

02/10/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80 3.304,75

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02/11/13 1.139,61 1.139,61 466,73 558,80

Aumento

anual

16%

3.304,75

04/12/13 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/01/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/02/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/03/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/04/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/05/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/06/14 1.321,95 1.321,95 541,41 648,21

3.833,52

02/07/14 1.321,95 1.321,95 595,72 648,21

Aumento FE

Sicrano

(10,03%)

3.888,83

02/08/14 1.321,95 1.321,95 595,72 648,21 3.888,83

02/09/14 1.321,95 1.321,95 595,72 648,21 3.888,83

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03/10/14 1.321,95 1.321,95 595,72 648,21 3.888,83

03/11/14 1.321,95 1.321,95 595,72 648,21 17,14% 3.888,83

02/12/14 1.548,54 1.548,54 697,83 759,32 4.554,23

02/01/15 1.548,54 1.548,54 697,83 759,32 4.554,23

02/02/15 1.548,54 1.548,54 697,83 759,32 2,4% 4.554,23

02/03/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/04/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/05/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/06/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/07/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/08/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/09/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

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02/10/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 4.663,52

02/11/15 1.585,71 1.585,71 714,56 777,54 16,37% 4.663,52

02/12/15 1.845,30 1.845,30 831,54 904,83 5.426,97

02/01/16 1.845,30 1.845,30 831,54 904,83 5.426,97

02/02/16 1.845,30 1.845,30 831,54 904,83 5.426,97

02/03/16 1.845,30 1.845,30 831,54 904,83 5.426,97

02/04/16 1.845,30 1.845,30 831,54 904,83 5.426,97

02/05/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 FE (SICRANO)

103,96% 6.367,44

02/06/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

02/07/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

02/08/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

02/08/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

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02/10/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

02/11/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 6.367,44

02/12/16 1.845,30 1.845,30 831,54 1.845,50 21% 6.367,44

02/01/17 2.232,82 2.232,82 1.006,17 2.232,82 7.770.63

02/02/17 2.232,82 2.232,82 1.006,17 2.232,82 7.770.63

2. Ao longo do contrato, a requerida aplicou vários reajustes sem

explicitar como chegou aos índices praticados, majorando a mensalidade do plano

de saúde do requerente. Em 02-11-12, houve um aumento anual de 27,35%. Em 02-

09-13, uma cobrança indevida de R$ 3.355,79 (três mil quinhentos e cinquenta e

cinco reais e setenta e nove centavos) cujo valor não foi restituído até agora ao

requerente. Em 02-11-13, houve um aumento anual de 16%. Em 03-11-14, outro

aumento anual de 17,14%. Em 04-02-15, reajuste de 2,4%. Em 02-11-15, aumento

anual de 16,37%. Em 02-05-16, houve um aumento de 103,96% referente à faixa

etária da Sra. Fulana. Por fim, um aumento de 24% referente ao aumento anual de

24%. Atualmente, o requerente paga o valor mensal de R$ 7.770,63 (sete mil

setecentos e setenta reais e seiscentos e sessenta e três reais).

4. Em primeiro lugar, o requerente insurge-se contra índices dos

aumentos anuais aplicados ao contrato, porque a requerida não explicitou de forma

clara e transparente como chegou neles. Em segundo lugar, o requerente também

não concorda com o aumento de 103,96% aplicado à faixa etária da dependente,

uma vez que está acima do permitido legal, segundo o art. 15 da Lei n. 9.656/98 e

pela Resolução Normativa n. 63/2003 da ANS.

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5. O quadro abaixo indica a evolução dos índices de reajuste de

acordo com a legislação:

REAJUSTES LEGAIS - Cálculo da Faixa Etária – Art. 15 da Lei n. 9.656/98 e

Resolução Normativa n. 63/2003 da ANS.

DATA ULPIANOO FULANOA BELTRANOCA SICRANO REAJUSTE VALOR

05/12/10

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

03/01/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

09/02/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/03/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/04/11

894,86

894,86

366,46

402,11

2.558,29

05/05/11

894,86

894,86

366,46

438,79

9,12% FE

Fulana

05/06/11

894,86

894,86

366,46 438,79

07/07/11

894,86

894,86

366,46 438,79

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02/08/11

894,86

894,86

366,46 438,79

02/09/11

894,86

894,86

366,46 438,79

02/10/11

894,86

894,86

366,46 438,79

02/11/11

894,86

894,86

366,46 438,79

02/12/11

894,86

894,86

366,46 438,79 Aumento

anual (8,06%)

2.804,13

02/01/12

894,86

894,86

366,46 438,79

02/02/12

894,86

894,86

366,46 438,79

02/03/12

894,86

894,86

366,46 438,79

03/04/12

894,86

894,86

366,46 438,79

02/05/12

894,86

894,86

366,46 438,79

03/07/12

894,86

894,86

366,46 438,79

366,46 438,79

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02/08/12 894,86 894,86

02/09/12

894,86

894,86

366,46 438,79

02/10/12

894,86

894,86

366,46 438,79

02/11/12

894,86

894,86

366,46

438,79

Aumento

anual

7,93%

02/12/12 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/01/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/02/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

05/03/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/04/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/05/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/06/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/07/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/08/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

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02/09/13 Cobrança Indevida 6.660,64

02/10/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

02/11/13 956,83 956,83 395,53 473,59 2.782,78

04/12/13 956,83 956,83 393,53 473,59 Aumento

anual

9,65%

02/01/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/02/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/03/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/04/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/05/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/06/14 1.049,17 1.049,17 431,51 519,30 3.049,15

02/07/14 1.049,17 1.049,17 474,80 519,30 Aumento FE

Sicrana

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29

(10,03%)

02/08/14 1.049,17 1.049,17 474,80 519,30 3.092,44

02/09/14 1.049,17 1.049,17 474,80 519,30 3.092,44

03/10/14 1.049,17 1.049,17 474,80 519,30 3.092,44

03/11/14 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 9,65% 3.390,86

02/12/14 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/01/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/02/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/03/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/04/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/05/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/06/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/07/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

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02/08/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/09/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/10/15 1.150,41 1.150,41 520,62 569,42 3.960,86

02/11/15 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64 16,37% 3.945,97

02/12/15 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64

3.945,97

02/01/16 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64 3.945,97

02/02/16 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64 3.945,97

02/03/16 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64 3.945,97

02/04/16 1.338,74 1.338,74 605,85 662,64 3.945,97

02/05/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59 FE (SICRANA)

51%

4.283,92

02/06/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59 4.283,92

02/07/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59 4.283,92

02/08/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59

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4.283,92

02/08/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59

4.283,92

02/10/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59

4.283,92

02/11/16 1.338,74 1.338,74 605,85 1.000,59 4.283,92

02/12/16 1.619,88 1.619,88 733,08 1.210,72 21% 5.183,36

02/01/17 1.619,98 1.619,68 733,08 1.210,72 5.183,36

02/02/17 1.619,98 1.619,68 733,08 1.210,72 5.183,36

6. Como se pode observar, a requerida está cobrando acima do

pactuado. O requerente deveria pagar R$ 5.183,36 (cinco mil cento e oitenta e três

reais e trinta e seis centavos), mas está pagando indevidamente R$ 7.770,63 (sete

mil setecentos e setenta reais e sessenta e três centavos). Observe-se que há uma

diferença de R$ 2.587,27 (dois mil quinhentos e oitenta e sete reais e vinte e sete

centavos). Uma vez que a requerida colocou o requerente em desvantagem

econômica, houve desrespeito ao art. 51, IV, XV, § 1º, III, do CDC.

7. A requerida não explicitou ao requerente se o reajuste anual

deu-se pelo índice financeiro e/ou por índice de sinistralidade. Para justificar o

aumento previsto no contrato, é vedada à requerida simplesmente aplicar o aumento

anual sem informar o consumidor sobre a planilha de custo ou de sinistralidade.

Nesse caso, a requerida desrespeitou o princípio da informação que se encontra

registrado no art. 6º, inc. III, do CDC.

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8. Uma vez que a requerida não justificou o índice aplicado com

base no reajuste financeiro e/ou sinistralidade, colocou em desequilíbrio o contrato,

transgredindo o art. 39, incs. V e X do CDC.

9. É importante salientar que o índice de aumento dado ao plano

da Sra. Fulana desrespeitou o art. 15 da Lei n. 9.656/98 e Resolução Normativa n.

63/2003 da ANS. Note-se que o aumento da faixa etária da Sra. Fulana é de 51% e

não de 103,96%.

Cálculo da Faixa Etária – Art. 15 da Lei n. 9.656/98 e Resolução Normativa n.

63/2003 da ANS.

Base de cálculo: arts. 2º e 3º da Resolução Normativa n. 63/2003 da ANS

Art. 2º Deverão ser adotadas dez faixas etárias, observando-se a

seguinte tabela:

I - 0 (zero) a 18 (dezoito) anos;

II - 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) anos;

III - 24 (vinte e quatro) a 28 (vinte e oito) anos;

IV - 29 (vinte e nove) a 33 (trinta e três) anos;

V - 34 (trinta e quatro) a 38 (trinta e oito) anos;

VI - 39 (trinta e nove) a 43 (quarenta e três) anos;

VII - 44 (quarenta e quatro) a 48 (quarenta e oito) anos;

VIII - 49 (quarenta e nove) a 53 (cinquenta e três) anos;

IX - 54 (cinquenta e quatro) a 58 (cinquenta e oito) anos;

X - 59 (cinquenta e nove) anos ou mais.

Art. 3º Os percentuais de variação em cada mudança de faixa

etária deverão ser fixados pela operadora, observadas as seguintes condições:

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I - o valor fixado para a última faixa etária não poderá ser

superior a seis vezes o valor da primeira faixa etária;

II - a variação acumulada entre a sétima e a décima faixas não

poderá ser superior à variação acumulada entre a primeira e a sétima faixas.

III – as variações por mudança de faixa etária não podem

apresentar percentuais negativos

II - A variação acumulada entre a sétima e a décima faixas

não poderá ser superior à variação acumulada entre a primeira e a sétima

faixas: o valor apurado deverá ser igual ou inferior a essa diferença.

ÍNDICES DE AUMENTO DE FAIXA ETÁRIA DO CONTRATO FIRMADO PELOS

DEMANDANTES

FAIXA ETÁRIA

PORCENTAGEM - VARIAÇÃO

0 a 18 anos

19 a 23 anos 18,94%

24 a 28 anos 21,89%

29 a 33 anos 25,18%

34 a 38 anos 2,00%

39 a 43 anos 4,10%

44 a 48 anos 27,14%

49 a 53 anos 10,03%

54 a 58 anos 9,12%

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59 anos ou mais 103,96%

FÓRMULA DA BASE DE CÁLCULO COM BASE NO ART. 15 DA LEI N. 9.656/98

E RESOLUÇÃO NORMATIVA N. 63/2003 DA ANS.

FAIXA DA 7ª A 10ª (Art. 3º da Resolução 63/2003 da ANS e Art. 15 da Lei n.

9.656/98)

44 a 48 anos 27,14%

49 a 53 anos 10,03%

54 a 58 anos 9,12%

59 anos ou mais 103,96%

TOTAL 150,25%

1ª a 7ª FAIXA (INCISO III, ART. 3º DA RESOLUÇÃO N. 63/2003)

0 a 18 anos

19 a 23 anos 18,94%

24 a 28 anos 21,89%

29 a 33 anos 25,18%

34 a 38 anos 2,00%

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39 a 43 anos 4,10%

44 a 48 anos 27,14%

TOTAL 99,25%

RESULTADO FINAL: 150,25% - 99,25% = 51%

Isso significa que o aumento para a Sra. Fulana , ao completar 59 anos de

idade, deveria ser 51% e não 103,25%.

10. O requerente utilizou as regras para elaboração do cálculo

duas decisões recentes do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. No

julgamento do Recurso de Apelação n. 1007962-39.2014.8.26.0011 da Comarca de

São Paulo, a 28ª Câmara Extraordinária do Direito Privado fez o seguinte cálculo

sobre aumento da faixa etária, com base na seguinte faixa etária apresentada ao

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, servindo de metodologia para o cálculo

do requerente:

PLANO ESPECIAL – FAIXA ETÁRIA

Até 18 anos 0%

De 19 a 23 anos 65,81%

De 24 a 28 anos 1,00%

De 29 a 33 anos 2,18%

De 34 a 38 anos 2,03%

De 39 a 43 anos 1,03%

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De 44 a 48 anos 38,85%

De 49 a 53 anos 27,16%

De 54 a 58 anos 1,89%

59 anos ou mais 89,07%

11. O Desembargador Mauro Conti Machado explicitou o

seguinte:

“Analisando a referida cláusula 14.3, constata-se, de plano, que esta

se encontra absolutamente dissociada da legislação atinente à

espécie, pois, aplicando-se as regras contidas no artigo 3º, da

Resolução Normativa n. 63/2003, especialmente o inciso II, vê-se que

a variação acumulada entre a sétima e a décima faixas é superior

àquela acumulada entre a primeira e a sétima faixas.

O cálculo é simples: a somatória dos percentuais previstos a partir dos

44 anos até os 59 anos de idade do usuário perfaz o montante de

156,97%. Em contrapartida, somando-se da primeira à sétima faixa,

tem-se o resultado de 110,90%, ultrapassando, assim, o limite

possível, previsto na referida Resolução.

Não bastasse, há inequívoca ofensa, também, à legislação

consumerista, plenamente aplicável à espécie (Súmula n. 469, do E.

Superior Tribunal de Justiça).

O artigo 51, V, da Lei n. 8.078 de 1.990 é claro ao considerar nulas, de

pleno direito, as cláusulas que ‘estabeleçam obrigações consideradas

iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem

exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou equidade.’

Assim, não há que discutir a ilegalidade do reajusto imposto, que no

caso deve ser reduzido. A somatória da sétima à décima faixa etária

importa 156,97% logo, a diferença apurada é de 110,90% e o índice

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de aumento a ser aplicado na faixa etária de 59 anos é de 43% (sic),

devolvendo-se eventuais valores cobrados a maior.”

12. Foi exatamente essa base de cálculo que o requerente

empregou para demonstrar, repise-se, que o aumento de faixa etária para a Sra.

Fulana é de 51%.

II – DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – ART. 300 DO CPC

13. O objeto do litígio pode ser dividido da seguinte forma:

a) ilegalidade de cláusula de reajuste por sinistralidade ou

reajuste financeiro, quando não forem devidamente comprovadas, aplicando-se os

índices da ANS da seguinte forma:

a.1 – reajuste em 02-12-11 (8,06% - sem abusividade)

a.2 – reajuste em 02-11-12 (27,35% - índice abusivo –

sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice de 7,93%

da ANS);

a.3 – reajuste em 02-11-13 (16% - índice abusivo – sinistralidade

que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice de 9,04% da ANS);

a.4 – reajuste em 03-11-14 (17,14% - índice abusivo –

sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice de 9,65%

da ANS);

a.5 – reajuste em 02-02-15 (reajuste de 2,4% sem previsão

contratual – deve ser excluído);

a.6 – reajuste de 02-11-15 (reajuste de 16,37% - índice sem

abusividade – comparação feita com o índice de 13,55% da ANS);

a.7 – reajuste em 02-12-16 (reajuste de 21% - índice abusivo –

sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice de 13,57%

da ANS).

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b) Devolução da quantia de R$ 3.877,76 pagos a maior em

02/09/14, quando a requerida cobrou R$ 6.660,54 ao invés de R$ 2.782,78.

c) Erro de cálculo majorando de forma abusiva o valor da

mensalidade final do requerente, quando a requerida aplicou 103,16% ao invés de

51% quando a Sra. Fulana completou 59 anos de idade, devendo devolver a

diferença.

d) Sabe-se que os índices da alínea “a” não comportam

concessão de tutela provisória de urgência, porque estão previsto no contrato. Dar-

se-á a ilegalidade se a requerida não demonstrar como chegou a esses valores,

desrespeitando, portanto, o princípio da informação, contido no art. 6º, inciso III, do

Código de Defesa do Consumidor.

14. A tutela de provisória de urgência poderá ser concedida para

determinar à requerida a readequação do índice de 103,96% para 51%, conforme

demonstrado, reduzindo o valor da mensalidade do requerente de R$ 7.770,63 para

R$ 5.183,36. O art. 300 do CPC dispõe que: “A tutela de urgência será concedida

quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de

dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

15. Os elementos que evidenciam a probabilidade do direito do

requerente encontram-se fundamentado no cálculo realizado com base na decisão

do Tribunal de Justiça no processo supramencionado, com fundamento no art. 15 da

Lei n. 9.656/98 e na Resolução Normativa n. 63/2003 da ANS.

16. O perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo

fundamenta-se no fato de o requerente não conseguir aguardar o julgamento final da

ação sem se tornar inadimplente em razão dos índices de aumento dados nas

mensalidades do plano. Caracterizados os requisitos do art. 300 do CPC, o

magistrado poderá conceder a tutela provisória de urgência para proteger o direito

do requerente, reduzindo, portanto, a mensalidade.

III – DOS PEDIDOS

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- DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Ex positis requer a Vossa Excelência que se digne de conceder

a tutela provisória de urgência, com fundamento no art. 300 do CPC, inaudita altera

parte, na forma liminar, para determinar à requerida que reduza o valor da

mensalidade do requerente de 7.770,63 (sete mil setecentos e setenta reais e

sessenta e três centavos) para R$ 5.183,36 (cinco mil cento e oitenta e três reais e

trinta e seis centavos), conforme fundamentação.

Concedida a tutela para fixar o valor mensal supraindicado,

sejam fixadas as “astreintes” a fim de compelir a requerida a cumprir a determinação

judicial, requerendo que o valor da multa diária seja estabelecido por este juízo.

- DOS DEMAIS PEDIDOS

Requer ainda que:

a) seja declarada a abusividade dos índices dos seguintes anos:

reajuste em 02-11-12 (27,35% - índice abusivo – sinistralidade que deve ser

comprovada sob pena de aplicação do índice de 7,93% da ANS); reajuste em 02-11-

13 (16% - índice abusivo – sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de

aplicação do índice de 9,04% da ANS); reajuste em 03-11-14 (17,14% - índice

abusivo – sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice

de 9,65% da ANS); reajuste em 02-02-15 (reajuste de 2,4% sem previsão contratual

– deve ser excluído); reajuste em 02-12-16 (reajuste de 21% - índice abusivo –

sinistralidade que deve ser comprovada sob pena de aplicação do índice de 13,57%

da ANS) com o escopo de equilibrar o contrato. Segue o link da tabela da ANS para

conferência.

http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/espaco-do-consumidor/716-

reajuste-autorizado-as-operadoras-que-assinaram-termo-de-compromisso

b) Seja declara a abusividade do índice de 103,25% na

mudança de faixa etária da Sra. Fulana, determinando-se a aplicação correta de

51%.

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c) Sejam restituídos os valores pagos a maior, devidamente

corrigidos.

Requer que, ao final da demanda, seja confirmada a tutela

provisória de urgência e os pedidos do requerente sejam julgados procedentes,

determinando-se que os reajustes obedecem àqueles indicados pela Agência

Nacional de Saúde Suplementar (ANS), durante o contrato.

Requer a citação da requerida por meio de seu representante

legal, de acordo com o art. 246, inciso I, do CPC, ou art. 246, § 1º, do CPC.

Nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC, o requerente esclarece

que não opta pela audiência de conciliação ou mediação. O art. 4º e o art. 139,

inciso II, do CPC preveem o direito das partes à celeridade processual e dever do

Magistrado de velar por esta celeridade. Marcar audiência de conciliação ou

mediação atrasará o andamento do feito e gerará despesas, visto que o requerente

terá de se deslocar até à audiência para ratificar que não deseja o acordo. Além do

mais, se houver interesse futuro de haver conciliação, esta poderá ser realizada em

qualquer fase processual, segundo o art. 3º, § 3º, do CPC.

Requer prioridade no andamento do feito, com base no art.

1.048 do CPC e art. 71 do Estatuto do Idoso, uma vez que o requerente conta com

mais de 60 anos de idade.

Por fim, requer a Vossa Excelência a inversão do ônus da prova,

nos termos do art. 6º, inc. VIII, do CDC.

Protesta pela juntada dos comprovantes dos recolhimentos das

custas e demais despesas processuais.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova

permitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para

efeitos fiscais.

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Termos em que pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB

6.2. PETIÇÃO INICIAL – MODELO 02

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE ______________

PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – ART. 300 DO CPC

FULANO DE TAL, brasileiro, casado, autônomo, portador

do RG/SP n. [...], inscrito no CPF/MF sob nº [...], email [email protected],

residente e domiciliado na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], nesta Capital, CEP [...],

por intermédio de seus advogados e bastante procuradores que esta subscrevem

(instrumento de mandato incluso), vem, mui respeitosamente, perante Vossa

Excelência propor a AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA

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LEONINA EM RAZÃO DE AUMENTO ABUSIVO DE MENSALIDADES COM

PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO E TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

em face de OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE, pessoa jurídica de direito

privado devidamente inscrita no CNPJ n. [...], estabelecida na Rua [...] n. [...], no

bairro de [...[, CEP [...], sem indicação de endereço eletrônico, pelos motivos de fato

e de direito abaixo articulados:

I – DOS FATOS

1. Em 01/02/10, o autor firmou com a ré o contrato de n.

[...], referente à prestação de serviços médico-hospitalares. Ao longo do contrato, o

autor sempre cumpriu com suas obrigações financeiras, pagando pontualmente as

mensalidades, de acordo com os documentos em anexo.

2. Durante a vigência contratual, a ré aplicou índices de

aumento abusivos que desequilibraram a equidade do contrato, aumentando o valor

da mensalidade. O autor explicita que o plano de saúde era denominado Plano

Especial. Em 01/06/2000, além do autor, estavam no plano de saúde a esposa e os

dois filhos. Com os aumentos abusivos aplicados pela ré nas mensalidades do plano

de saúde, em 01/04/2000, a esposa do autor foi excluída do plano. Em 01/04/16,

houve a exclusão dos dependentes, passando o autor para Plano Básico. Ora,

Excelência, tudo em vão, porque os aumentos continuaram e, agora, quem não tem

condições de pagar o plano é o próprio autor.

3. Veja o quadro a seguir dos aumentos aplicados às

mensalidades dos planos de saúde do autor:

DATA VALOR ÍNDICE AUMENTO

18/01/2008 R$ 388,62 16,06%

18/02/2010 R$ 451,00 (7,7%)

27/08/2010 R$ 484,80 (12,90%)

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43

23/08/2011 R$ 547,32 (11,82%)

18/09/2012 R$ 612,00 (8,738%)

23/09/2013 R$ 665,48 (20,135%)

18/09/2014 R$ 799,48

(66,708%) – Mudança

Faixa Etária Não

Prevista no Contrato

18/04/2014 (SA) R$ 1.332,80 (29,669%)

29/09/2015 R$ 1.728,24 (mudança de categoria)

29/03/2015 R$ 1.555,42

08/04/2016 R$ 1.060,56 (mudança de categoria)

20/10/2016 R$ 1.375,62 (29,7069%)

Total Geral R$ 72.569,62

AUMENTOS DE ACORDO COM A AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (ANS)

DATA VALOR

ÍNDICE AUMENTO

ANS

18/01/2008 R$ 388,62 %

18/01/2009 R$ 414,95 6,76%

18/02/2010 R$ 443,00 6,73%

18/02/2011 R$ 472,82 7,69%

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18/02/2012 R$ 509,18 7,93%

18/02/2013 R$ 549,56 9,04%

18/02/2014 R$ 660,74 9,65% + 9,65%

18/02/2015 (SA) R$ 750,27 13,55%

08/04/2016 R$ 852,08 13,57%

Total Geral R$ 60.491,40

3. Diante desse aumento, o autor solicitou à ré que lhe

enviasse o detalhamento dos aumentos, contudo, foi-lhe negado o pedido, conforme

demonstram os documentos em anexo.

4. Ao ler o contrato, o autor encontrou a seguinte fórmula

a ser aplicado no aumento anual:

Cláusula 16. REAJUSTE DO PRÊMIO DO SEGURO

16.1 O valor do prêmio do seguro será reajustado a cada 12 (doze)

meses, no mínimo, de maneira cumulativa, considerando os fatores apurados para

reajuste financeiro, reajuste técnico do prêmio e reajuste em função da sinistralidade

da apólice.

16.2. O índice de reajuste por sinistralidade (IRS) será apurado

conforme fórmula a seguir:

IRS = SS

PE x 0,70

Onde:

IRS = Índice de reajuste por sinistralidade do período

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SS = Soma dos sinistros do período

PE= Soma dos prêmios emitidos do período

0,70 = Índice Máximo de Sinistralidade, para garantia do equilíbrio técnico atuarial da

apólice.

16.3. No primeiro ano de vigência do seguro, a necessidade de

eventual reajuste em função da sinistralidade será apurada no 11º (décimo primeiro)

mês, tomando-se por base as informações de prêmios e sinistros a partir do 5º

(quinto) mês de vigência do seguro.

5. Ora Excelência, a fórmula foge ao conhecimento do

homem médio. Além disso, o réu não informou ao autor os aumentos de prêmios e

sinistros. Quando o autor solicitou ao réu que lhe informasse o índice de

sinistralidade a fim de tentar entendê-lo aplicando-o na fórmula supramencionada, o

réu não lhe respondeu.

II – DO DIREITO

6. O contrato firmado pelas partes submete-se às normas

do Código de Defesa do Consumidor. A Súmula 469 do STJ explicita: “Aplica-se o

Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.” Também se

aplicam ao contrato as diretrizes estabelecidas pela Lei n. 9.656/98.

7. A cláusula 16 que indica o aumento das mensalidades

está eivada de vício, porque não informa de modo adequado e claro sobre o

aumento do preço, de acordo com o art. 6º, inc. III, do CDC. Uma simples leitura da

cláusula “sub judice” dá conta de que a informação sobre o aumento mensal é

totalmente incompreensível e obscura.

8. O consumidor é a parte mais fraca na relação

contratual, porque ele assina um contrato de adesão, tendo de se submeter às

cláusulas dos contratos das operadoras de planos de saúde e não têm o direito de

discutir sobre a elaboração dessas cláusulas nem mesmo receber informações

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sobre a sinistralidade que implicam no aumento das mensalidades. Essas decisões

são tomadas unilateralmente pela operadora e pela administradora sem envolver o

beneficiário. Daí a caracterização do contrato de adesão. O art. 54 do CDC define,

assim, o contrato de adesão:

Art. 54 do CDC. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas

tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou

estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou

serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar

substancialmente seu conteúdo.

9. O fato de o beneficiário da operadora do plano de

saúde não poder discutir o conteúdo da cláusula de aumento abusivo torna-a

leonina.

10. O aumento mensal das mensalidades dos planos de

saúde e o aumento em razão da faixa etária são legais. Essa situação jurídica não

torna a cláusula nula, mas o que a torna nula é o aumento abusivo, ou seja, a

majoração excessiva dos valores das mensalidades dos planos de saúde que

obrigam o beneficiário a rescindir o contrato com a operadora dos planos de saúde.

11. Por esse motivo, o art. 4º, inc. I, III e IV, do CDC

explicita que:

A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo

o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito

à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus

interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,

bem como a transparência e harmonia das relações de

consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no

mercado de consumo;

III - harmonização dos interesses dos participantes das

relações de consumo e compatibilização da proteção do

consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico

e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se

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funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),

sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre

consumidores e fornecedores;

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos

praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência

desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais

das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que

possam causar prejuízos aos consumidores.

.

12. O artigo supramencionado explica que a Política

Nacional das Relações de Consumo, entre outros benefícios, objetiva atender às

necessidades dos consumidores, respeitando sua dignidade, sua saúde, protegendo

seus interesses econômicos, observando os seguintes princípios: vulnerabilidade do

consumidor no mercado, harmonização dos interesses dos consumidores na relação

de consumo, a conciliar a proteção do consumidor com a necessidade de

desenvolvimento econômico e tecnológico de modo a viabilizar os princípios nos

quais se apoia a ordem econômica, respeitando a boa-fé e o equilíbrio nas relações

entre consumidor e fornecedor. Por fim, esclarece que se deve impedir e reprimir

eficazmente abusos praticados no mercado de consumo.

13. O beneficiário do plano de saúde é vulnerável; é a

parte mais fraca na relação jurídica contratual e, considerando esse fato, o art. 6º,

inc. V, do CDC preleciona que é direito básico do consumidor modificar cláusulas

contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais que as tornem

excessivamente onerosas.

14. Para garantir a proteção ao consumidor, o art. 39, inc.

V, X e XIII, do CDC dispõe que o fornecedor de produtos, sob pena de prática

abusiva, não pode exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, elevar

sem justa causa o preço de serviços nem aplicar fórmula ou índice de reajuste

diverso do legal. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE

INSTRUMENTO. REAJUSTE COMPLEMENTAR DE

PLANO DE SAÚDE. APLICAÇÃO DE ÍNDICE

UNILATERALMENTE ESCOLHIDO. VEDAÇÃO.

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1- É abusivo

o reajuste de plano de saúde pelo índice que melhor

atende aos interesses do fornecedor, sem que se acorde

ou se dê ao consumidor qualquer informação a respeito

do critério adotado. Agravo regimental improvido. (AgRg

no Ag 1087391/SP, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira

Turma, julgado em 16/04/2009, DJe 05/05/2009 - grifou-

se).

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.

AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. PLANO DE

SAÚDE. INCIDÊNCIA DO CDC. POSSIBILIDADE.

REAJUSTE ABUSIVO CONFIGURADO. MATÉRIA JÁ

PACIFICADA NESTA CORTE. INCIDÊNCIA DA

SÚMULA 83. I - A variação unilateral de mensalidades,

pela transferência dos valores de aumento de custos,

enseja o enriquecimento sem causa da empresa

prestadora de serviços de saúde, criando uma situação de

desequilíbrio na relação contratual, ferindo o princípio da

igualdade entre partes. O reajuste da contribuição mensal

do plano de saúde em percentual exorbitante e sem

respaldo contratual, deixado ao arbítrio exclusivo da parte

hipersuficiente, merece ser taxado de abusivo e ilegal.

Incidência da Súmula 83/STJ. Agravo improvido. (AgRg

no Ag 1131324/MG, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira

Turma, julgado em 19/05/2009, DJe 03/06/2009 - grifou-

se)

15. O aumento desproporcional da mensalidade do plano

de saúde é vedado por lei e permite ao autor questionar as cláusulas sem rescindir o

contrato, consoante o teor do § 2º, do art. 51 do CDC: “A nulidade de uma cláusula

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contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando se ausência, apesar dos

esforços de integração, decorrer o ônus excessivo a qualquer das partes.”

16. É possível discutir as cláusulas contratuais leoninas

no Judiciário sem invalidar o próprio contrato, visto que tais cláusulas podem ser

consideradas nulas de pleno direito, pois são consideradas abusivas e iníquas,

porque apresentam variação de preço de forma unilateral. Nesse sentido, é o art. 51,

incisos IV e X, do CDC:

“São nulas de pleno de pleno direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços

que: IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem em desvantagem exagerada, ou sejam

incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; X – permitam ao

fornecedor, direta ou indiretamente, variação de preço de

maneira unilateral.”

17. O aumento da mensalidade é exagerada e

excessivamente oneroso. Desequilibra o contrato, e deixa o autor em manifesta

desvantagem contratual. Ademais, essa cláusula n. 16 não possui qualquer

legalidade, uma vez que a incidência do Código de Defesa do Consumidor revela a

ocorrência da relativização da autonomia da vontade dos contratantes. Nesse

sentido, Cláudia Lima Marques explica que:

A vontade das partes manifestada livremente no contrato não é mais o fator decisivo para o Direito, pois as normas do Código instituem novos valores superiores como o equilíbrio e a boa-fé nas relações de consumo. Formado o vínculo contratual de consumo, o novo direito dos contratos opta por proteger não só a vontade das partes, mas também os legítimos interesses e expectativas dos consumidores. O princípio da equidade, do equilíbrio contratual, é cogente; a lei brasileira, como veremos, não exige que a cláusula abusiva tenha sido incluída no contrato por abuso do poderio econômico do fornecedor, como exige a lei francesa, ao contrário, o CDC sanciona e afasta apenas o resultado, o desequilíbrio, não exige um ato reprovável do fornecedor; a cláusula pode ter sido aceita conscientemente pelo consumidor, mas se traz vantagem excessiva para o fornecedor, se é abusiva, o resultado é contrário à ordem pública, contrária às novas normas de ordem pública de proteção do CDC e a autonomia de vontade não prevalecerá (Contratos no Código de Defesa do

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Consumidor. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 201-203).

18. O autor não tem condições financeiras de arcar com

o pagamento do plano de saúde, porque o aumento excedeu as expectativas do

próprio mercado econômico. Mesmo excluindo seus familiares, o valor de R$

1.728,24 (mil, setecentos e vinte e oito reais e vinte e quatro centavos) em janeiro

de 2016 reduzido para R$ 1.060,56 (mil e sessenta reais e cinquenta e seis

centavos) em outubro de 2016, com um aumento de 29,69%, já está no valor de R$

1.375,52 (mil, trezentos e setenta e cinco reais e cinquenta e dois centavos).

19. O valor que o réu está exigindo do autor não é o

correto. Além disso, durante o contrato, a ré aplicou aumentos em menos de 12

meses, contrariando as cláusulas de seu próprio contrato. O aumento dado em

18/02/10 (7,7%) e o aumento de 66,7% em 18/04/15 desequilibrou financeiramente o

contrato.

20. Uma vez que a ré não apresentou de forma clara e

adequada de como chegou a essas porcentagens, os aumentos são abusivos.

Devem ser adequados aos índices praticados pela ANS (Agência Nacional de Saúde

Suplementar), considerando, ainda, se houver previsão contratual para multa por

faixa etária, devendo ser calculados desta forma:

18/01/2009 6,76%

18/02/2010 6,73%

18/02/2011 7,69%

18/02/2012 7,93%

18/02/2013 9,04%

18/02/2014 (aumento anual e por idade) 9,65% + 9,65%

18/02/2015 (SA) 13,55%

08/04/2016 13,57%

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21. Quando a operadora de plano de saúde se nega a

apresentar o índice de sinistralidade ao beneficiário, este pode requerer a aplicação

do índice de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar

(ANS), conforme decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo:

PLANO DE SAÚDE CONTRATO COLETIVO –

REAJUSTE ACIMA DO PERCENTUAL ESTABELECIDO

PELA ANS - INADMISSIBILIDADE - LIMITAÇÃO AO

ÍNDICE DE 11,75% - PRECEDENTES - RECURSO

IMPROVIDO. O entendimento do Tribunal é pacífico no

sentido de que o percentual estabelecido pela Agência

Nacional de Saúde também deve ser observado nos

contratos coletivos (TJSP Agravo de instrumento nº

994.06.069261-0. 3ª Câmara de Direito Privado Relator:

Jesus Lofrano j. 13.7.2010).

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO PLANO DE

SAÚDE. Seguradora que pretende a majoração em

virtude do alegado aumento de sinistralidade Contrato

coletivo que apenas permite o aumento da mensalidade

com base nos índices devidamente autorizados

anualmente pela ANS, a exemplo dos contratos

individuais, ou mediante a comprovação do aumento da

sinistralidade Aumento da sinistralidade que deverá ser

comprovada durante a instrução processual da demanda

de origem, mediante a análise dos documentos contábeis

que deverão ser oportunamente apresentados pela ré -

Recurso provido. Agravo de Instrumento nº 2169136-

05.2016.8.26.0000 – Tribunal de Justiça de São Paulo

22. Razão assiste ao autor, porque o réu simplesmente

requereu informações sobre os índices de aumento, e a ré simplesmente não quis

atender ao pedido formulado, conforme, repise-se, demonstram os documentos em

anexo.

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23. Por esse motivo, o autor propôs a presente demanda

com o escopo de reduzir os valores das mensalidades dos planos de saúde desde o

início do contrato o último pagamento, e obter a devolução dos valores pagos a

maior.

III – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

19. O autor não suportará os reajustes das mensalidades,

porque são abusivos e excessivos, impedindo-o de continuar pagando as

mensalidades. Ao ficar inadimplente, o réu rescindirá o contrato com o autor com

base no descumprimento contratual e nada valerá a sentença, uma vez que o

andamento processual poderá demorar alguns anos.

20. O art. 300 do CPC preleciona que “A tutela de

urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade

do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

21. A evidência do direito do autor está demonstrada no

documento em anexo que indica a existência de dois aumentos, sendo o primeiro

em 08/04/16 no valor de R$ 1.060,56 (mil e sessenta reais e cinquenta e seis

centavos) e no dia 20/10/2016 no valor de R$ 1.375,52 (mil trezentos e setenta e

cinco reais e cinquenta e dois centavos) em menos de 12 (doze) meses

desrespeitando a cláusula 16.1 que dispõe o seguinte: “O valor do prêmio do seguro

será reajustado a cada 12 (doze) meses, no mínimo, de maneira cumulativa,

considerando os fatores apurados para reajuste financeiro, reajuste técnico do

prêmio e reajuste em função da sinistralidade.”

22. Além disso, o artigo 2º, parágrafo único, da Resolução

Normativa 156, de 08 de junho de 2007, da Agência Nacional de Saúde

Suplementar explicita que nenhum contrato poderá ser reajustado em periodicidade

inferior a doze meses:

Art. 2º Por período de referência entende-se o período de doze meses ao longo do qual poderão ser reajustados os contratos da operadora, observado o princípio da anualidade do reajuste.

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Parágrafo único. Por princípio da anualidade do reajuste entende-se que nenhum contrato poderá receber reajuste por variação de custo em periodicidade inferior a 12 (doze) meses.

23. Por isso, neste primeiro momento, entende o autor

que preenche os requisitos para que seja concedida a tutela provisória de urgência

para, neste momento, reduzir a mensalidade de R$ 1.375,52 (mil trezentos e setenta

e cinco reais e cinquenta e dois centavos) para R$ 1.060,56 (mil e sessenta reais e

cinquenta e seis centavos). Nesse sentido:

OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. DECLARATÓRIA - Plano

de saúde - Deferimento da tutela de urgência -

Inconformismo - Desacolhimento - Reajuste

aplicado no porcentual de 17,84% que deve ser afastado

por prudência - Presença dos requisitos do art. 300 do

Código de Processo Civil – Índice aparentemente abusivo

- Decisão mantida - Recurso desprovido. Agravo de

Instrumento n. 2235441-68.2016.8.26.0000 – TJSP.

Plano de Saúde. Reajuste por sinistralidade

Abusividade. Mera existência de cláusula contratual com

esta previsão não é suficiente para autorizar o reajuste

sem que haja demonstração dos critérios adotados.

Inexistência de indício de comprovação da sinistralidade

Cabimento da restituição das quantias pagas em excesso

Redução dos honorários advocatícios de R$ 4.000,00

para R$ 3.000,00. Recurso parcialmente provido. Tribunal

de Justiça de São Paulo - Apelação nº 1073842-

65.2015.8.26.0100.

24. Outro aspecto importante é que se não houver a

concessão da tutela provisória de urgência, haverá perigo de dano e resultado útil ao

processo, visto que o autor, repise-se não poderá manter o pagamento das

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mensalidades do plano de saúde, tornando-se inadimplente, não podendo, portanto,

usufruir de eventual sentença que lhe seja favorável.

IV- DO PEDIDO

Isto posto, o autor requer a Vossa Excelência que

se digne de conceder-lhe a tutela provisória de urgência, com base no artigo 300 do

Código de Processo Civil a fim de determinar ao réu que reduza o valor da

mensalidade de R$ 1.375,52 (mil trezentos e setenta e cinco reais e cinquenta e dois

centavos) para R$ 1.060,56 (mil e sessenta reais e cinquenta e seis centavos).

Requer também que, concedida a tutela provisória de urgência, que a ré seja

intimada a cumprir a determinação sob pena de pagar multa diária (“astreintes”),

sendo que a quantia deverá ser fixada por este juízo.

Requer que seja declarada a abusividade da cláusula 16,

determinando-se a substituição dos índices aplicados pela ré pelos índices da ANS,

a saber: 18/01/2009 (6,76%); 18/02/2010 (6,73%); 18/02/2011 (7,69%); 18/02/2012

(7,93%);18/02/2013 (9,04%); (18/02/2014(aumento anual e por idade se houver

previsão legal) 9,65% + 9,65%) 18/02/2015 (SA) (13,55%) e 08/04/2016 (13,57%).

Diante da declaração de abusividade da cláusula

supramencionada, requer a devolução da quantia paga a maior com juros e correção

monetária.

Requer que seja, portanto, concedida a tutela provisória

de urgência, que sejam declaradas a abusividade da cláusula 16, aplicando-se os

índices da ANS como reajuste no contrato e, por fim, devolvidas as quantias pagas a

maior com juros e correção monetária, determinando-se à requerida que aplique os

reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), além de

condená-la ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários

advocatícios.

Requer a inversão do ônus da prova, com fundamento no

art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor.

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O autor informa a Vossa Excelência que não opta pela

audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos

em direito, sobretudo pela oitiva da parte contrária, das testemunhas, juntada de

documentos, elaboração de laudo pericial, e tudo o mais que se fizer necessário

para o deslinde da causa.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a

título de alçada.

Nestes termos,

pede deferimento.

Local e data.

Assinatura, nome e OAB

03 – TERCEIRO MODELO DE PETIÇÃO INICIAL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE ____________________

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PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA – ART. 300 DO CPC

Nome e prenome da requerente, nacionalidade, estado

civil (a existência de união estável), profissão, portador do RG/SP n. __________,

inscrita no CPF/MF sob nº __________, endereço eletrônico, residente e domiciliado

na Rua ___________ n. ___, bairro __________, CEP__________, nesta Capital,

por intermédio de seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato

incluso), vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência propor a AÇÃO

DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA LEONINA EM RAZÃO DE

AUMENTO ABUSIVO DE MENSALIDADES COM PEDIDO DE REPETIÇÃO DE

INDÉBITO em face de Nome e prenome da requerida, CNPJ n. __________,

endereço eletrônico, sediada na Rua __________ n. ____, no bairro de

___________, CEP __________, nesta Capital, pelos motivos de fato e de direito

abaixo articulados:

I – DOS FATOS

1. Em ___/____/____, a requerente firmou com a

requerida o contrato de n. _________, referente à prestação de serviços médico-

hospitalares. Ao longo do contrato, a requerente sempre cumpriu com suas

obrigações financeiras, pagando pontualmente as mensalidades, de acordo com os

documentos em anexo.

2. Em 10 de janeiro de 2014, a requerente pagou a

mensalidade de R$ 650,00 (quatrocentos e trinta e um reais e nove centavos). No

entanto, em 10 de janeiro de 2015, a requerente foi surpreendida com reajuste dado

pela requerida em 46,7% no valor da mensalidade, majorando o valor do plano de

saúde para R$ 953,55 (novecentos e cinquenta e três reais e cinquenta e cinco

centavos).

3. Diante desse aumento, a requerente solicitou à

requerida que lhe enviasse o detalhamento dos aumentos, contudo, foi-lhe negado

sob o argumento de que a fórmula de cálculo encontra-se no contrato.

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4. Ora, Excelência, a fórmula de cálculo que se encontra

no contrato foge ao conhecimento do homem médico, conforme pode se

depreender:

Ir = (Cons x P1) + (Ex x P2) + (Proc x P3) + (HM x P4) + (S x P5) + (DT x

P6) + (MM x 97) + (DG x P8)

Onde:

Ir = Índice de reajuste.

Cons = Variação dos preços das consultas.

Ex = Variação dos preços dos exames.

Proc = Variação dos preços dos procedimentos.

HM = Variação dos preços dos honorários médicos.

S = Variação dos salários, comprovada através de

acordos, convenções ou dissídios coletivos entre os

sindicatos de classe, ou resultantes da política salarial

oficial.

DT = Variação dos preços das diárias e taxas

hospitalares, obtida pela média aritmética do aumento no

período, na rede credenciada, que consta dos

orientadores médicos.

MM = Variação dos preços de materiais e medicamentos

(de acordo com o BRASÍNDICE).

P1 a P8 = representam os pesos de cada um dos

respectivos s itens na fórmula, validados de acordo com

as normas estabelecidas pelo órgão governamental

competente.

5. Essas cláusulas indicadas pela requerida são

enigmáticas. Ao homem inteligente, é impossível compreendê-las; ao de

conhecimento comum, incompreensível a própria redação, quanto mais o seu

conteúdo.

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58

II – DO DIREITO

6. O contrato firmado pelas partes submete-se às normas

do Código de Defesa do Consumidor. A Súmula 469 do STJ: “Aplica-se o Código de

Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.” Também se aplicam ao

contrato as diretrizes estabelecidas pela Lei n. 9.656/98.

7. Partindo desse princípio, a cláusula que indica o

aumento das mensalidades está eivada de vício, porque não informa de modo

adequado e claro sobre o aumento do preço, de acordo com o art. 6º, inc. III, do

CDC. Uma simples leitura da cláusula “sub judice” dá conta de que a informação

sobre o aumento mensal não é adequada nem clara. Pelo contrário, totalmente

incompreensível e obscura.

8. O consumidor é a parte mais fraca nessa relação

contratual, porque ele assina um contrato de adesão, tendo de se submeter às

cláusulas contratuais dos planos de saúde. Não tem direito de discutir as

porcentagens aplicadas nas mensalidades cuja decisão é tomada unilateralmente

pelas operadoras de planos de saúde. O art. 54 do CDC define, assim, o contrato de

adesão:

Art. 54 do CDC. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas

tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou

estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou

serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar

substancialmente seu conteúdo.

9. O fato de beneficiário da operadora do plano de saúde

não poder discutir o conteúdo da cláusula de aumento abusivo torna-a leonina.

10. É importante salientar que o aumento mensal das

mensalidades dos planos de saúde e o aumento em razão da faixa etária são legais.

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Essa situação jurídica não torna a cláusula nula, mas o que a torna nula é o

aumento abusivo, ou seja, a majoração excessiva dos valores das mensalidades dos

planos de saúde que obrigam o beneficiário a deixar a operadora.

11. Por esse motivo, o art. 4º, inc. I, III e IV, do CDC

explicita que:

A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo

o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito

à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus

interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,

bem como a transparência e harmonia das relações de

consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no

mercado de consumo;

III - harmonização dos interesses dos participantes das

relações de consumo e compatibilização da proteção do

consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico

e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se

funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),

sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre

consumidores e fornecedores;

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos

praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência

desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais

das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que

possam causar prejuízos aos consumidores.

.

12. O artigo supramencionado explicita que a Política

Nacional das Relações de Consumo, entre outros benefícios, objetiva atender às

necessidades dos consumidores, respeitando sua dignidade, sua saúde, protegendo

seus interesses econômicos, observando os seguintes princípios: vulnerabilidade do

consumidor no mercado, harmonização dos interesses dos consumidores na relação

de consumo, a conciliar a proteção do consumidor com a necessidade de

desenvolvimento econômico e tecnológico de modo a viabilizar os princípios nos

quais se apoia a ordem econômica, respeitando a boa-fé e o equilíbrio nas relações

entre consumidor e fornecedor. Por fim, esclarece que se deve impedir e reprimir

eficazmente abusos praticados no mercado de consumo.

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13. O beneficiário do plano de saúde é vulnerável, é a

parte mais fraca na relação jurídica contratual e, considerando esse fato, o art. 6º,

inc. V, do CDC preleciona que é direito básico do consumidor modificar cláusulas

contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais que as tornem

excessivamente onerosas. Um aumento no patamar de 46,7% estabelece o início de

prestações desproporcionais, tornando-as excessivamente onerosas.

14. Para garantir a proteção ao consumidor, o art. 39, inc.

V, X e XIII, do CDC dispõe que o fornecedor de produtos, sob pena de prática

abusiva, não pode exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, elevar

justa causa o preço de serviços nem aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do

legal.

15. O aumento desproporcional da mensalidade do plano

de saúde é vedado por lei e permite questionar as cláusulas sem rescindir o

contrato, consoante o § 2º, do art. 51 do CDC: “A nulidade de uma cláusula

contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando se ausência, apesar dos

esforços de integração, decorrer o ônus excessivo a qualquer das partes.”

16. É possível discutir as cláusulas contratuais leoninas

no Judiciário sem invalidar o próprio contrato, visto que nulas de pleno direito, pois

são consideradas abusivas, iníquas e apresentam variação de preço de forma

unilateral. Nesse sentido, é o art. 51, incisos IV e X, do CDC:

“São nulas de pleno de pleno direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços

que: IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem em desvantagem exagerada, ou sejam

incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; X – permitam ao

fornecedor, direta ou indiretamente, variação de preço de

maneira unilateral.”

17. O aumento da mensalidade é exagerada e

excessivamente oneroso. Desequilibra o contrato, e deixa a requerente em clara

desvantagem. Ademais, essa cláusula de reajuste não possui qualquer legalidade,

uma vez que a incidência do Código de Defesa do Consumidor revela a ocorrência

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da relativização da autonomia da vontade dos contratantes. Nesse sentido, Cláudia

Lima Marques explica que:

A vontade das partes manifestada livremente no contrato não é mais o fator decisivo para o Direito, pois as normas do Código instituem novos valores superiores como o equilíbrio e a boa-fé nas relações de consumo. Formado o vínculo contratual de consumo, o novo direito dos contratos opta por proteger não só a vontade das partes, mas também os legítimos interesses e expectativas dos consumidores. O princípio da equidade, do equilíbrio contratual, é cogente; a lei brasileira, como veremos, não exige que a cláusula abusiva tenha sido incluída no contrato por abuso do poderio econômico do fornecedor, como exige a lei francesa, ao contrário, o CDC sanciona e afasta apenas o resultado, o desequilíbrio, não exige um ato reprovável do fornecedor; a cláusula pode ter sido aceita conscientemente pelo consumidor, mas se traz vantagem excessiva para o fornecedor, se é abusiva, o resultado é contrário à ordem pública, contrária às novas normas de ordem pública de proteção do CDC e a autonomia de vontade não prevalecerá (Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 201-203).

18. A requerente não tem condições financeiras de arcar

com o pagamento do plano de saúde, porque o aumento excedeu as expectativas

do próprio mercado econômico.

19. O valor que a requerida está exigindo da requerente

não é o correto. Veja-se o abuso no aumento: em janeiro de 2013, a requerente

pagava R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais), havendo um aumento de 45%,

passando a mensalidade para R$ 650,00 (seiscentos e cinquenta reais). Em Janeiro

de 2014, permaneceu esse valor e, em 2015, o valor passou para R$ 953, 55

(novecentos e cinquenta e três reais e cinquenta e cinco centavos) em razão do

aumento de 45,7%.

20. Uma vez que a requerida não apresentou de forma

clara e adequada como chegou a essas porcentagens, os aumentos são abusivos.

Devem ser adequados aos índices praticados pela ANS (Agência Nacional de Saúde

Suplementar) os quais foram: janeiro de 2014 (9,65%) e janeiro de 2015 (13,55%).

Dessa forma, os valores corretos são: janeiro de 2013 (R$ 450,00), janeiro de 2014

(R$ 493,43) e janeiro de 2015 (R$ 560,29).

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21. Como se pode observar, os aumentos praticados pela

requerida encontram em patamar bem superior àquele concedido pela ANS.

IV- DO PEDIDO

Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne

determinar ao réu que aplique o reajuste de 13,55%, estabelecido pela Agência

Nacional de Saúde, cujo valor da mensalidade do plano deve ser de R$ 560,29

(quinhentos e sessenta e vinte e nove centavos), determinando ainda que os

aumentos das mensalidades estejam de acordo com os índices oficiais da ANS,

declarando os aumentos abusivos, considerando as cláusulas contratuais nulas de

pleno direito, estabelecendo-se definitivamente o índice de 11,75% a partir de

janeiro de 2015, aplicando-se a partir daí, os índices da ANS, além de condená-la ao

pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, acrescidos

de juro e correção monetária.

Requer ainda que os valores pagos a maior sejam

devolvidos com juros e correção monetária ou compensadas nos próximos

pagamentos.

Requer a inversão do ônus da prova, com fundamento no

art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor.

O requerente informa a Vossa Excelência que opta pela

audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, inc. VII, do CPC.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos

em direito, sobretudo pela oitiva da parte contrária, das testemunhas, juntada de

documentos, elaboração de laudo pericial, e tudo o mais que se fizer necessário

para o deslinde da causa.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a

título de alçada.

Nestes termos,

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pede deferimento.

Local e data.

Nome e assinatura do advogado

OAB n. ___________

ATENÇÃO: Se o aumento for desproporcional, pode-se pleitear tutela provisória de

urgência com base no artigo 300 do Código de Processo Civil para requerer a

diminuição desses valores.

Veja o exemplo a seguir

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL

DO FORO CENTRAL CÍVEL

QUALIFICAÇÃO COMPLETA E RESIDÊNCIA, por

intermédio de seus advogados e bastantes procuradores (mandato em anexo), vem,

mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO

DECLARATÓRIA DE CLÁUSULA ABUSIVA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE

INDÉBITO – com pedido de Tutela Provisória de Urgência, em face da AMIL

ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A, devidamente inscrita no CNPJ

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29.309.127/0001-79, sem e-mail para contato, domiciliada na Av Brasil 703, Jd

América CEP- 01431-000, de acordo com os motivos de fato e de direito a seguir

expostos:

I – DOS FATOS 1. A autora é titular do plano de saúde de assistência médico-

hospitalar firmado com a ré. Os contratos assinados com a Blulife foram adaptados

pela tabela de faixa etária do acordo firmado entre clientes blulife e MP em

30/09/1994. No entanto, em 01/11/2012, o contrato foi adaptado e teve um

acréscimo de 20%.

2. Após a adaptação do reajuste por faixa etária de 29,90% em

2014, quando a dependente _____ completou 44 anos cujo valor da mensalidade

era de R$ 390,69 (trezentos e noventa e nove reais), recebendo um aumento de

29,69, passando a pagar o valor de R$ 507,50 (quinhentos e sete reais e cinquenta

centavos), subsequente do aniversário de nascimento.

3. Em 2016, quando completou 59 anos de idade, a autora

pagava R$ 366,63 (trezentos e sessenta e seis reais e sessenta e três centavos), de

70,37%, totalizando R$ 623,63 (seiscentos e vinte e quatro e sessenta e três

centavos), havendo também um reajuste anual de 13,57%, totalizando o valor de R$

709,38 (setecentos e nove reais e trinta e oito centavos), majorando o valor final da

mensalidade.

4. A autora entende que os índices aplicados pela ré são

excessivamente abusivos e se opõe a eles, devendo ser aplicado os índices dados

pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a partir de fevereiro de 2010,

além do aumento dado aos 44 anos de idade. Além disso, entende que o aumento

de faixa etária, em 2016, quando ela completou 59 anos de idade é de 29%, e não

de 70,37%, porque está em desacordo com a RN 63/2003 da ANS.

II - DO DIREITO

A) Nulidade do aumento de 20% quando da portabilidade e da cláusula que

indica o aumento anual do plano de saúde

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5. O contrato de plano de saúde é o acordo estabelecido entre

beneficiário e operadora de plano de saúde na conformidade da ordem jurídica, visto

que aquele se compromete cumprir as contraprestações pecuniárias e periódicas

previamente estabelecidas, enquanto este se obriga a disponibilizar atendimento em

rede hospitalar específica, bem como a assumir o ônus financeiro nas hipóteses em

que ocorrem eventuais enfermidades contratualmente cobertas.

6. Um dos elementos estruturais do contrato é o reajuste anual e

o reajuste por faixa etária, porque o beneficiário poderá se planejar financeiramente

para arcar com o pagamento da mensalidade e com os reajustes previstos

contratualmente.

7. Ao firmar o contrato, impõe-se à operadora do plano de saúde

informar ao beneficiário, de forma “adequada e clara”, sobre os aumentos anuais e

por faixa etária. Trata-se de um dos direitos básicos do consumidor, conforme

dispõe o artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor:

“São direitos básicos do consumidor: III – a informação adequada e

clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação

correta da quantidade, características, composição, qualidade, tributos

incidentes e preço, bem como os riscos que apresentem”.

8. Esse artigo exige que a operadora de planos de saúde redija

a cláusula contratual com uma linguagem de fácil compreensão, permitindo ao

beneficiário entender a obrigação financeira que está assumindo. Trata-se

efetivamente da boa-fé contratual estabelecida entre os contratantes.

9. No que diz respeito à clareza de cláusula contratual, o

Superior Tribunal de Justiça perfilha o entendimento de que as cláusulas contratuais

devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor, devendo

observar o direito de informação, mediante redação clara, expressa e em destaque

das cláusulas limitativas de direitos.” (AgInt no AREsp 1123531/MA, Rel. Ministro

LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe

09/02/2018).

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10. A autora impugna todos os índices de aumento dados ao

contrato a partir de em 01/11/2012, uma vez que a requerida não demonstrou com

clareza a sinistralidade.

11. O que justifica o aumento da mensalidade é a sinistralidade,

contudo a operadora do plano de saúde não informa o consumidor sobre os gastos

que houve com o escopo de tornar esses aumentos válidos. Por isso, a requerida é

obrigada a apresentar a sinistralidade sob pena de os aumentos serem

considerados ilegais. Nesse sentido:

ILEGITIMIDADE PASSIVA – Inocorrência – A operadora do plano de

saúde integra a cadeia de fornecedores e é diretamente responsável

pela prestação de serviços – Responsabilidade solidária – Preliminar

afastada. CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE COLETIVO. Reajustes

em razão da sinistralidade. Índices previstos pela ANS para contratos

individuais que não se aplicam, em regra, aos contratos coletivos. Ré,

no entanto, que não trouxe qualquer prova que justificasse os

aumentos aplicados. Inversão do ônus da prova. Reajustes muito

superiores aos índices da ANS. Abusividade reconhecida.

Determinação de aplicação dos reajustes da ANS, bem como a

restituição dos valores pagos a maior, de forma simples, correta.

Reajuste do valor do prêmio mensal em razão da mudança da faixa

etária do titular após completar 44 anos. Legalidade do reajuste por

faixa etária, nos termos do artigo 15, da Lei nº 9.656/98. Precedente

do STJ. Aumento de 12,72%. Resolução 63/03 da ANS. Variação

acumulada entre a sétima e décima faixas não pode ser superior à

variação cumulada entre a primeira e sétimas. Excesso não detectado.

Descabimento de restituição de valores pagos a esse título. Sentença

reformada em parte. Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação

1021537-26.2017.8.26.0071; Relator (a): Fernanda Gomes Camacho;

Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Privado; Foro de Bauru - 4ª

Vara Cível; Data do Julgamento: 04/04/2018; Data de Registro:

05/04/2018)

12. Como se pode observar, se a requerida não apresentar a

sinistralidade, os aumentos tornam-se abusivos, competindo-lhe, inclusive, a

devolução de quantias pagas a maior.

13. É importante salientar também que a cláusula 4.3

desrespeita os direitos básicos do consumidor, porque não informa de maneira

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adequada e clara sobre a elaboração do cálculo para o reajuste anual da

mensalidade. A fórmula matemática para calcular o índice de reajuste é

profundamente complexa. Além disso, a requerida não indica os valores iniciais para

aplicá-los na fórmula:

14. Trata-se, portanto, de uma cláusula que desrespeita o

princípio da informação. Não se pode impor à requerente compreender a fórmula

supramencionada. Ademais, a requerida não apresentou os valores que podem

substituir a fórmula matemática para se realizar o cálculo para que se saiba como

serão os aumentos.

15. Além disso, trata-se de prática abusiva de acordo com o

artigo 39, inciso V, X e XIII, do Código de Defesa do Consumidor: “É vedado ao

fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: V – exigir do

consumidor vantagem manifestamente excessiva X – elevar sem justa causa o

preço de produtos ou serviços; XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do

valor legal ou contratualmente estabelecido.“

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16. O artigo 46 do Código de Defesa do Consumidor explicita

ainda de forma cristalina que: “Os contratos que regulam as relações de consumo

não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar

conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem

redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.” (Grifou-se)

17. O contrato da requerida não obriga a requerente a se

submeter aos aumentos aplicados às mensalidades a título de adaptação e de

aumento anual que não sejam aqueles índices determinados pela Agência Nacional

de Saúde Suplementar (ANS), visto que não apresentou a sinistralidade para

justificar os aumentos.

18. Com os aumentos abusivos aplicados sobre os valores das

mensalidades do plano de saúde da requerente, houve um expressivo desequilíbrio

contratual, colocando em risco a vigência desse mesmo contrato, visto que ela não

terá condições financeiras para arcar com o pagamento das mensalidades.

19. A cláusula 4.3 é considerada prática abusiva, visto que deixa

a requerente à mercê da requerida, uma vez que exige do consumidor vantagem

manifestamente excessiva, elevando o preço sem justa causa. Além disso, é

considerado prática abusiva aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou

contratualmente estabelecido.

20. Ademais, trata-se de cláusula contratual absolutamente nula,

consoante a dicção do artigo 51, incisos IV, XV, § 1º, III, do CDC que: “São nulas de

pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de

produtos e serviços que: IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas,

abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam

incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; XV – estejam em desacordo com o

sistema de proteção do consumidor, § 1º Presume-se exagerada, entre outros

casos, a vantagem que: III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,

considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras

circunstâncias peculiares ao caso.”

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21. Note-se que a cláusula 4.3 impõe à requerente obrigação

iníqua e abusiva. A cláusula iníqua é aquela que não é justa. A cláusula abusiva é

aquela que coloca o consumidor em desvantagem nos contratos de consumo,

tornando o contrato incompatível com a boa-fé ou com a equidade.

22. O Código de Defesa do Consumidor adotou a cláusula geral

de boa-fé, que se deve reputar inserida e existente em todas as relações jurídicas de

consumo, ainda que não inscrita expressamente no contrato. O Desembargador

Cruz Macedo, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, afirma que: “O princípio da

boa-fé objetiva impõe às partes durante a execução dos contratos, uma atuação

pautada nos deveres de honestidade, lealdade e informação, consoante

estabelecem o artigo 422 do Código Civil e artigo 4º, inciso III, do Código de Defesa

do Consumidor”. (Acórdão n. 907278, Relator Des. CRUZ MACEDO, Revisor Des.

FERNANDO HABIBE, 4ª Turma Cível, Data de Julgamento: 18/11/2015, Publicado

no DJe: 24/11/2015).

23. No que se refere à equidade, a saudosa Professora Ada

Pellegrini Grinover ensina que: “A equidade, como técnica de julgamento no

processo civil, é circunscrita aos casos autorizados por lei, segundo dispõe o art.

140, parágrafo único, do CPC/2015. A norma aqui analisada dá ao juiz a

possibilidade de valorização da cláusula contratual, a fim de verificar se é ou não

contrária à equidade e boa-fé. O juiz não julgará por equidade, mas dirá o que está

de acordo com a equidade no contrato sob seu exame.” GRINOVER, Ada Pellegrini

et all. Código de defesa do consumidor. 11. ed. Forense : Rio de Janeiro, 2017, p.

585.

24. O próprio § 1º, do artigo 51, do Código de Defesa do

Consumidor explicita que vantagem exagerada do fornecedor é aquela que se

mostra excessivamente onerosa para o consumidor. Ora, a onerosidade excessiva

pode propiciar o enriquecimento sem causa, por isso ofende o princípio da

equivalência contratual cujo princípio foi instituído como base das relações de

consumo, consoante os artigos 4º, inciso III, e artigo 6º, inciso II, ambos do Código

de Defesa do Consumidor.

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25. Os aumentos dados pela requerida ao longo do contrato são

ilegais, porque não há justificativa por meio da apresentação da sinistralidade.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL – PLANO DE SAÚDE COLETIVO – REAJUSTE –

SINISTRALIDADE – PERCENTUAL – CONTRATO COLETIVO POR

ADESÃO – Declaração de nulidade de cláusula prevendo o reajuste

por sinistralidade e aplicação para o período reclamado de índices

divulgados pela ANS para os planos individuais, além da devolução de

diferença de valores, Sentença de improcedência – Insurgência dos

requerentes – ADMISSIBILIDADE PARCIAL– Conquanto não seja

ilegal a cláusula contratual que estabelece o reajuste decorrente da

sinistralidade, os aumentos anuais não tiveram os percentuais

aplicados pela ré devidamente demonstrados nos autos,

prevalecendo, assim, a substituição pelos índices divulgados pela ANS

no período reclamado – Sentença de improcedência reformada para

parcial procedência do pedido, eis que a cláusula referida não é nula -

Restituição de forma simples, observada a prescrição trienal –

Inversão dos ônus da sucumbência - Recurso dos autores

parcialmente provido. (TJSP; Apelação 1046603-

18.2017.8.26.0100; Relator (a): Clara Maria Araújo Xavier; Órgão

Julgador: 8ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 17ª Vara

Cível; Data do Julgamento: 28/03/2018; Data de Registro: 02/04/2018).

APELAÇÃO CÍVEL. REAJUSTE DE PLANO DE SAÚDE COLETIVO.

DESNECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA ANS, QUE

NÃO AFASTA A VERIFICAÇÃO DE ABUSIVIDADE DA CLÁUSULA

CONTRATUAL, COM BASE NO CDC. DANO MATERIAL.

REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1. Inicialmente, deve ser

rechaçada a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela

apelada, e isso porque a parte autora imputa responsabilidade à

recorrida pelos danos suportados, gerando o interesse da demandada

em opor resistência aos efeitos da tutela jurisdicional contra ela

invocada. Aplicação da Teoria da Asserção. 2. No mérito, a matéria

devolvida ao Tribunal nos termos do art. 1013, do CPC cinge-se à

legalidade dos reajustes por sinistralidade, bem como à existência de

suposto dano material suportado pela recorrente, tendo transitado em

julgado os demais capítulos da sentença por ausência de impugnação.

3. Em que pese ser desnecessária a prévia autorização da ANS para

os reajustes em planos antigos e coletivos, tal conclusão não afasta a

possibilidade de reconhecimento de onerosidade excessiva e de

abusividade do reajuste praticado, ante a incidência das normas do

CDC aplicáveis ao caso. 4. In casu, apesar de ser possível o reajuste

por sinistralidade em contratos coletivos, é imprescindível a

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comprovação de utilização acima da média normal ou aumento dos

custos médicos e hospitalares, o que não restou comprovado nos

autos, tornando tal reajuste abusivo. Afinal, trata-se de fato impeditivo

do direito alegado na inicial, cujo ônus probatório recai sobre a parte

ré, nos termos do art. 333, II, do CPC/73, atual 373, II do CPC/2015. 5.

Devolução dos valores cobrados indevidamente, em dobro, na forma

do parágrafo único do art. 42 do CDC. 6. Assiste razão ao recorrente

quanto ao pedido de ressarcimento dos valores desembolsados a titulo

de honorários contratuais, uma vez que englobam o dano causado

pela conduta da ré, que deu causa ao ajuizamento da demanda.

Valores contratados que se mostram razoáveis (pasta 114, do

indexador). Precedentes neste sentido desta Câmara (AC nº 0024607-

62/2011) do STJ (REsp. 1134725/MG; AgRg no REsp. 1410705/RS;

AgRg no REsp. 1354856/MG). 7. Provimento do recurso. 0399635-

82.2014.8.19.0001 - APELAÇÃO - Des(a). MARCOS ALCINO DE

AZEVEDO TORRES - Julgamento: 21/03/2018 - VIGÉSIMA SÉTIMA

CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR

26. Como se pôde observar, se a requerida não apresentar a

sinistralidade que justifique os índices aplicados ao contrato, estes deverão ser

substituídos pelos índices da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

B) Ilegalidade do índice aplicado na 10ª faixa etária em desconformidade com o

artigo 15 da Lei n. 9.656/98 e da RN 63/2003 da ANS

27. As faixas etárias são legais. O artigo 15 da Lei n. 9.656/98

dispõe que: “A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos

contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em razão

da idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam previstas no contrato

inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas,

conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto no art. 35-E.”

28. Por sua vez, o artigo 2º da Resolução n. 63/2003 da Agência

Nacional de Saúde Suplementar estabelece quando se ocorrem os aumentos pelas

faixas etárias:

Deverão ser adotadas dez faixas etárias, observando-se a seguinte

tabela:

I - 0 (zero) a 18 (dezoito) anos;

II - 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) anos;

III - 24 (vinte e quatro) a 28 (vinte e oito) anos;

IV - 29 (vinte e nove) a 33 (trinta e três) anos;

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V - 34 (trinta e quatro) a 38 (trinta e oito) anos;

VI - 39 (trinta e nove) a 43 (quarenta e três) anos;

VII - 44 (quarenta e quatro) a 48 (quarenta e oito) anos;

VIII - 49 (quarenta e nove) a 53 (cinquenta e três) anos;

IX - 54 (cinquenta e quatro) a 58 (cinquenta e oito) anos;

X - 59 (cinquenta e nove) anos ou mais.

29. No que diz respeito a 10ª faixa etária, o artigo 3º da RN

63/2003 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) explicita como deve ser

realizado o cálculo para a décima faixa etária:

Os percentuais de variação em cada mudança de faixa etária deverão

ser fixados pela operadora, observadas as seguintes condições:

I - o valor fixado para a última faixa etária não poderá ser superior a

seis vezes o valor da primeira faixa etária;

II - a variação acumulada entre a sétima e a décima faixas não poderá

ser superior à variação acumulada entre a primeira e a sétima faixas.

III – as variações por mudança de faixa etária não podem apresentar

percentuais negativos.

30. Diante dessa situação jurídica, coube à jurisprudência

explicar como deve ser elaborado o cálculo para se chegar ao resultado do índice de

reajuste a ser aplicado na última faixa. No Recurso de Apelação n. 1009017-

88.2015.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, figurando como apelante a Sul

América Companhia de Seguro e como apelado Roberto Yoshito Namatame, o

Desembargador Paulo Alcides Amaral Salles explicitou no Acórdão de sua lavra que

o cálculo da RN 63/2003 da ANS deve ser realizado da seguinte forma:

(1) Soma-se o percentual aplicado entre a primeira e a sétima faixas;

(2) Soma-se o percentual aplicado entre a sétima e a décima faixas;

(3) Subtrai-se do resultado obtido no item (2) o valor obtido no item (1)

para encontrar o percentual cobrado a maior;

(4) Por fim, alcança-se o percentual correto para o reajuste subtraindo

o valor percentual cobrado a maior do percentual da última faixa

previsto no contrato.

Na hipótese, a tabela apresentada por ambas as partes (fls. 60 e 97)

bem demonstra que a ré promoveu aumento total equivalente a

108,77% durante as sete primeiras faixas etárias e 180,81% nas

quatro últimas, o que excede em 72,04% o limite permitido pelo artigo

3º, II, da Resolução.

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Portanto, como bem consignou a i. Magistrada, o aumento não

observou o parâmetro determinado pela agência reguladora, de modo

que, constatado o excesso no reajuste, de rigor a sua redução.

Contudo, tem-se que o índice correto a ser aplicado equivale a

59,69%, correspondente à subtração do percentual previsto no

contrato para a última faixa etária (131,73%) e àquele que superou o

limite previsto no artigo 3º, II, da Resolução (72,04%).

31. O Desembargador Luiz Lopes do Tribunal de Justiça do

Paraná, ao julgar o Recurso de Apelação n. 1.704.890-5, seguiu o mesmo raciocínio

do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aplicando o

mesmo cálculo para a última faixa etária.

32. Note-se, inclusive, que o cálculo realizado pelo

desembargador paranaense refere-se ao mesmo índice de aumento que é objeto

desta demanda:

14.4 - Ocorrendo alterações na idade de qualquer dos beneficiários

que importe deslocamento para outra faixa etária, o valor da mensalidade será reajustado

para o valor da nova faixa, no mês seguinte ao da ocorrência. São os seguintes os

percentuais de reajuste em razão de mudança de faixa etária:

a) Ao completar 19 anos, acréscimo de 30% (trinta por cento);

b) Ao completar 24 anos, acréscimo de 10% (dez por cento);

c) Ao completar 29 anos, acréscimo de 9% (nove por cento);

d) Ao completar 34 anos, acréscimo de 10% (dez por cento);

e) Ao completar 39 anos, acréscimo de 10% (dez por cento);

f) Ao completar 44 anos, acréscimo de 29,9% (vinte nove e nove

décimos por cento);

g) Ao completar 49 anos, acréscimo de 15% (quinze por cento);

h) Ao completar 54 anos, acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento);

i) Ao completar 59 anos, acréscimo de 70,368% (setenta e trezentos e

sessenta e oito milésimos por cento).

Para que o percentual seja idôneo, portanto, deve ser observado que

‘o valor fixado para a última faixa etária não poderá ser superior a seis

vezes o valor da primeira’ e que ‘a variação acumulada entre a sétima

e a décima faixas não poderá ser superior à variação acumulada entre

a primeira e a sétima faixas’. Ressalte-se que, nos termos do

Repetitivo, a regra contida no art. 3º, inciso I, incide sobre os valores

absolutos das contraprestações pecuniárias, e não sobre os

percentuais em si de reajuste. A respeito do cálculo a ser realizado

para a variação dos percentuais, consigno que a fórmula utilizada pela

Magistrada Singular está correta, eis que embasada em precedentes

jurisprudenciais. Assim, a operação trazida pela operadora apenas nas

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razões recursais (mov. 79.1) não merece prevalecer. Desse modo,

infere-se que o percentual de 70,368% (setenta e trezentos e sessenta

e oito milésimos por cento) não atende às diretrizes da RN nº 63/2003,

conforme demonstrado na sentença, sendo o percentual de 29% (vinte

e nove por cento) o mais adequado e razoável à majoração da

mensalidade para a faixa etária de 59 anos. Destarte, embora o

reajuste em tela tenha previsão expressa na avença, não observou as

normas regulamentares aplicáveis à espécie, revelando-se abusivo.

33. O Desembargador paranaense chegou à conclusão de que o

índice de aumento da 10ª faixa etária deve ser 29% (vinte e nove) por cento. Como

ele chegou a esse resultado? Muito simples: somam-se os valores da primeira a

sétima faixa: 98,9%; somam-se os valores entre a sétima faixa e a décima faixa:

140,268. Agora, tira-se a diferença entre ambos: 140,268 – 98.9% = 41,368%. Por

fim, diminui-se esse resultado com a porcentagem da última faixa etária: 70,368 –

41,368% = 29%

34. Repise-se que o contrato que originou essa discussão no

Tribunal de Justiça do Paraná é o mesmo que se encontra “sub judice”, uma vez que

os índices são os mesmos, conforme demonstra a cláusula 3.4.

35. Como se pode observar, a mensalidade da autora sofreu um

reajuste em 2016, quando completou 59 anos de idade, de 70,37%, quando, na

verdade, o reajuste deveria ter sido de 29%, conforme fundamentação. A

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mensalidade dela passou de R$ 366,63 (trezentos e sessenta e seis reais e

sessenta e três centavos) para R$ 624,63 (seiscentos e vinte e quatro reais e

sessenta e três centavos), quando, na verdade, deveria passar de R$ 366,63

(trezentos e sessenta e seis reais e sessenta e três centavos) para R$ 472,97

(quatrocentos e setenta e dois reais e noventa e sete centavos).

36. Analisando a matéria, o Superior Tribunal de Justiça decidiu

pela aplicação da RN 63/2003 da ANS, afirmando que é válida o aumento da última

faixa etária em decisão recente sobre o tema que se transformou em recurso

repetitivo para os fins do art. 1.040 do CPC/2015: “O reajuste de mensalidade de

plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do

beneficiário é válido desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as

normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam

aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem

base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o

idoso. (Recurso Especial nº 1.568.244 - RJ (2015/0297278-0). Rel.: Min. Ricardo

Villas Bôas Cueva. J. 14/12/2016).

37. Ao se referir sobre os contratos afirmados depois de 2004, o

Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento que se deve aplicar na última faixa

etária as regras fixadas pela RN nº 63/2003 da ANS, que estabelece as seguintes

diretrizes: (i) de 10 (dez) faixas etárias, a última aos 59 anos; (ii) do valor fixado para

a última faixa etária não poder ser superior a 6 (seis) vezes o previsto para a

primeira; e (iii) da variação acumulada entre a sétima e décima faixas não poder ser

superior à variação acumulada entre a primeira e sétima faixas. (REsp 1568244/RJ,

Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em 14/12/2016,

DJe 19/12/2016).

38. A apresentação da sinistralidade por meio de cálculo atuarial

é importante para o deslinde da causa, porque o percentual aplicado na última faixa

etária leva considera o perfil médio e atuarial de utilização dos serviços de saúde de

cada estrato de idade. Os percentuais de variação entre as faixas etárias ficaram

sob a responsabilidade da operadora de plano de saúde, que tem liberdade para

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impor os preços no produto oferecido, com amparo em estudos atuariais. (REsp

1568244/RJ, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em

14/12/2016, DJe 19/12/2016).

39. A ausência de comprovação da sinistralidade constitui

reajuste abusivo, visto que o segurador ou administrador do plano de saúde não

pode aproveitar se aproveitar do aumento da idade do beneficiário para “aumentar

lucros, e não simplesmente para cobrir despesas ou riscos maiores.” (REsp nº

1.381.606/DF, Rel. p/ acórdão Ministro João Otávio de Noronha, DJe 31/10/2014).

40. Já que se aplica o Código de Defesa do Consumidor nos

contratos de planos de saúde (Súmula 469/STJ), o Superior Tribunal de Justiça, com

o escopo de evitar abusividade de cláusula contratual, estabeleceu as seguintes

diretrizes que devem ser observadas: a) os aumentos devem ter expressa previsão

contratual; b) é vedada a aplicação de índices de reajuste desarrazoados ou

aleatórios, que onerem demasiadamente o consumidor, em manifesto confronto com

a equidade e a cláusula geral de boa-fé objetiva e da especial proteção do idoso,

dado que aumentos excessivamente elevados, sobretudo para a última faixa etária,

poderão, de forma discriminatória, impossibilitar a sua permanência no plano; c)

serem respeitadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais. (REsp

1568244/RJ, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, julgado em

14/12/2016, DJe 19/12/2016).

41. O reajuste somente será legal se for justificado

atuarialmente, porque permitirá a continuidade do ajuste contratual, evitando lucro

predatório diante da natureza da atividade econômica explorada.

42. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do Recurso

Especial Repetitivo 1.360.969/RS, (Tema 610), entendeu que a ação declaratória é

imprescritível enquanto durar a vigência do contrato. Neste sentido, devendo a

operadora do plano de saúde devolver as quantias pagas a maior nos últimos três

anos.

43. A requerente discorda dos seguintes aumentos:

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a) Índices aplicados com menos de 12 (doze) meses, exceto

aqueles aplicados em razão da faixa etária;

b) 2012 – Índice de 32,5%, devendo ser aplicado o índice de

7,93%, caso não comprove a sinistralidade;

c) 2012 – Índice de 12,8%, visto que não está justificado e dado

com menos de 12 (doze) meses;

d) 2013 - Índice de acordo com a ANS;

e) 2014 – Índice de 29,90% (44 anos de idade)

f) 2015 – Índice de 13,5% dado com menos de 12 meses

g) 2016 – Índice de 70,37% (59 anos de idade)

44. Tem ainda o direito de receber a devolução do que pagou a

maior nos últimos três anos do valor aproximado de R$ 24.313,61 (vinte e quatro mil,

trezentos e treze reais e sessenta e um centavos), de forma simples, acrescidos de

juros e correção monetária.

III – DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – Artigo 300 do

Código de Processo Civil

45. O reajuste de 70,37% aplicado na última faixa etária, mostra-

se abusivo e está em desacordo com a Resolução RN 63/2003 e o artigo 15 da Lei

n. 9.656/98. Esse artigo informa que: “A variação das contraprestações pecuniárias

estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o

desta Lei, em razão da idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam

previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes incidentes

em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto

no art. 35-E.”

46. A parte final do artigo preleciona que as faixas etárias e os

percentuais de reajustes devem seguir as normas expedidas pela ANS que, nesse

caso, é a Resolução 63/2003. Aplicando a resolução, o aumento deveria ter sido de

29%. A advogada Ana Paula Souza Cury, sócia-fundadora do Souza Cury

Advocacia e integrante da World Association for Medical Health explica de forma

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bem didática de como se deve realizar o cálculo a fim de se chegar à porcentagem

legal. http://www.revistacobertura.com.br/2017/04/25/como-calcular-se-o-

aumento-do-plano-de-saude-e-excessivo/

47. O artigo 300 do Código de Processo Civil assevera que: “A

tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a

probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

Observe-se que a requerente demonstrou a probabilidade do direito com base na

legislação e nas decisões carreadas aos autos.

48. É público e notório também que a requerida não apresentará

planilha indicando a sinistralidade. Apenas afirmará na contestação de que os

aumentos foram dados de acordo com o contrato.

49. Com essa afirmação, interporá recursos com o escopo de

defender sua tese que, no final, será vencida, entretanto, a requerente sofrerá as

consequências da demora do processo. Note-se que o questionamento dá-se no

momento em que a requerente não reúne condições de garantir o pagamento das

mensalidades, tornando-se inadimplente, vindo a rescindir o contrato.

50. Está-se diante do perigo de dano. Tem-se, portanto, a

caracterização do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora”. Assim, com o

entendimento de que o aumento de 59 anos de idade não respeitou o artigo 15 da

Lei n. 9.656/98 nem a Resolução n. 63/2003, a autora requer a concessão da tutela

provisória de urgência para reduzir a mensalidade de R$ 2.762,41 para R$ 1.671,69.

51. Trata-se, inclusive de medida justa, que se apoia também no

artigo 84, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor que registra o seguinte: “Na

ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz

concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que

assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento. § 3º Sendo relevante o

fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento

final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado

o réu.”

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52. Ratifica-se, portanto, que o tempo processual poderá

prejudicar a requerente, necessitando ela de uma decisão imediata, para que possa

manter o pagamento do plano de saúde.

53. Em remota hipótese, se vier a sucumbir na demanda, a

requerida terá como exigir-lhe o pagamento da diferença. O contrário, ou seja, se ela

não puder pagar a mensalidade, terá o contrato rescindido. Por isso, ela necessita

da tutela provisória de urgência.

IV – DOS PEDIDOS FINAIS

Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de conceder

a tutela provisória de urgência, “inaudita altera parte”, com o objetivo de determinar à

requerida que reduza a mensalidade de de R$ 2.762,41 (dois mil, setecentos e

sessenta e dois reais e quarenta e um centavos) para R$ 1.671,69 (mil, seiscentos e

setenta e um reais e sessenta e nove centavos) em razão do aumento de 70,37% na

mensalidade da requerente, em desobediência ao artigo 15 da Lei n. 9.656/98 e à

Resolução 63/2003 a fim de que se faça a costumeira Justiça.

Requer que, nos termos do artigo 300, § 1º, do Código de

Processo Civil, conceda a tutela provisória de urgência sem exigir da requerente

caução real ou fidejussória idônea, uma vez que é pessoa economicamente

hipossuficiente e não pode oferecê-la.

Ao conceder a tutela provisória de urgência, nos termos dos

artigos 297 do Código de Processo Civil e 84, § 4º, do Código de Defesa do

Consumidor, requer a imposição de multa diária (“astreintes”) contra o requerido com

o escopo de cumprir a determinação judicial.

Requer que sejam declaradas abusivas as cláusulas indicadas

no bojo da inicial, bem como os aumentos aplicados com menos de 12 meses ao

contrato, exceto aqueles em razão da faixa etária, os índices de 32,5% (2012),

12,8%, 29,90% (em razão da idade – 44 anos de idade – devendo provar a

sinistralidade, sob pena de aplicar o índice de 7,93% da ANS), 12,8% (2012) visto

que não está justificado, índice de 13,5% (2015) com menos de 12 meses e, por fim,

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o índice de 70,37%, aplicando-se o índice de 29%, requerendo, ainda, que se o réu

não comprovar por meio da sinistralidade os índices dados ao longo do contrato,

inclusive no que se refere à última faixa etária, que sejam aplicados os índices de

aumento dados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Requer que o requerido seja compelido a aplicar os índices da

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) durante o período de vigência do

contrato.

Requer a Vossa Excelência que se digne de determinar à

requerida que apresente arquivo “Excel” contendo os valores pagos pela requerente,

durante o período contratual, individualizado por participante, apresentar as fórmulas

matemáticas utilizadas nos cálculos dos reajustes financeiros e de sinistralidade

aplicados ao contrato objeto da demanda, juntando inclusive os relatórios contábeis

comprobatórios dos números indicados nos cálculos que serão juntados,

apresentação da cópia dos documentos dos comunicados enviados à ANS, relativos

aos reajustes aplicados no contrato “sub judice” e, por fim, apresentar quaisquer

outros documentos julgados necessários à elaboração de eventual perícia.

Requer que, em eventual rescisão contratual em razão do

inadimplemento da autora, caso não seja concedida a tutela provisória de urgência,

que conste da sentença que julgará procedente os pedidos da peticionária que o

requerido restabeleça o contrato nas mesmas condições do deste contrato,

aplicando-se os novos valores obtidos na sentença.

Requer a devolução da quantia paga a maior no valor de

aproximadamente R$ 24.313,61 (vinte e quatro mil, trezentos e treze reais e

sessenta e um centavos), com juros e correção monetária.

Por fim, requer a condenação do requerente nos pedidos

supramencionados, devidamente corrigidos monetariamente, além das despesas,

custas processuais e honorários advocatícios, na forma da lei.

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A requerente não tem interesse em realizar a audiência de

conciliação ou de mediação, nos termos do artigo 319, inciso VII, do Código de

Processo Civil.

Requer a inversão do ônus da prova, de acordo com o artigo 6º,

inciso VII, do Código de Defesa do Consumidor.

Requer prioridade no andamento do feito, uma vez que a autora

conta atualmente com mais de 60 anos idade, nos termos do artigo 1.048, inciso I,

do Código de Processo Civil.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova

admitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para

efeitos fiscais.

Estando em termos,

pede deferimento.

Local e data Assinatura, nome e OAB do(a) Advogado(a)