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Documento técnico V contendo o acompanhamento da I Chamada Pública de Pesquisas, correspondente às versões finais dos textos monográficos, e as avaliações realizadas pela Comissão Científica.
Interessado:
Departamento de Articulação e Fomento
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Ministério da Cultura
Brenda Coelho Fonseca
Abril / 2017
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Contrato por Produto-Nacional
Contrato n°: SA-583/2016
Referência: 914BRZ4005 – Formação para a Gestão do Patrimônio
Cultural no Âmbito da Cooperação Sul-Sul.
Controle UNESC0: 555877
Referência: Parcela n° 5 – Documento técnico V contendo o acompanhamento da I Chamada Pública de Pesquisas, correspondente às versões finais dos textos monográficos, e as avaliações realizadas pela Comissão Científica.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
2. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS TEXTOS
MONOGRÁFICOS
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3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TEXTOS MONOGRÁFICOS 9
4. ANEXO – TEXTOS MONOGRÁFICOS DOS AUTORES 21
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1. INTRODUÇÃO
O presente relatório técnico insere-‐se no conjunto de atividades que estão sendo
realizadas no âmbito da consultoria especializada para avaliar o processo da 1a Chamada
Pública de Pesquisas do Centro Lucio Costa (CLC), referente ao PROJETO 914BRZ4005 EDITAL
No 001/2016 da UNESCO. Este documento corresponde ao quinto produto previsto no termo
de referência, através do qual apresento documento técnico contendo o acompanhamento
da Chamada, correspondente às versões finais dos textos monográficos, e as avaliações
realizadas pela Comissão Científica.
A Chamada de Pesquisas foi estruturada em cinco partes, cujas etapas resultaram na
entrega de um total de cinco produtos pelos dez autores contratados para o
desenvolvimento de pesquisas sobre a construção do campo do patrimônio cultural e
natural e as práticas de preservação contemporâneas nos países de língua portuguesa ou
espanhola, da América do Sul, África e Ásia, a partir de duas temáticas prioritárias: 1.
Práticas de Gestão do Patrimônio da Humanidade; e 2. Panorama comparativo de políticas
públicas e gestão participativa do Patrimônio da Humanidade entre dois ou mais países da
Região.
Os trabalhos analisados neste relatório correspondem ao produto 5 do contrato dos
autores firmado com a UNESCO, relativo às versões finais dos textos monográficos
elaborados após 24 meses de pesquisa e a partir das contribuições e das reflexões suscitadas
no I Seminário de Pesquisas, organizado pelo Centro Lucio Costa, em junho de 2016, na
cidade do Rio de Janeiro, conforme relatado nos documentos técnicos desenvolvidos por
esta consultoria em junho, agosto e novembro de 2016.
Este relatório está dividido em três seções: 1a. Acompanhamento e avaliação dos
textos monográficos, quando apresento uma síntese geral do processo de desenvolvimento
e avaliação das pesquisas e seus respectivos avaliadores (Comissão Científica e pareceristas
convidados); 2a. Considerações sobre os textos monográficos, com base na análise dos
trabalhos e nos pareceres da Comissão Científica; 3a. Anexo, contendo os textos
monográficos apresentados pelos autores à Comissão Científica da 1a Chamada Pública de
Pesquisas do CLC.
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2. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS TEXTOS MONOGRÁFICOS
A 1a Chamada de Pesquisas do CLC estruturou o desenvolvimento das pesquisas
selecionadas em cinco etapas: a primeira concentrou-‐se na adequação do projeto de
pesquisa conforme as orientações da Comissão Científica; a segunda trouxe uma
apresentação da discussão bibliográfica de referenciais pertinentes ao objeto estudado e o
preenchimento das fichas catalográficas A (arquivísticas), B (bibliográfica) e I (institucional);
a terceira consistiu na apresentação de uma primeira versão do texto monográfico que
passou pela avaliação da Comissão Científica (Tabela 1) e de pareceristas externos (Tabela
2); a quarta tratou da participação no I Seminário de Pesquisas e entrega de um relatório
incorporando e discutindo os debates e os diálogos com as pesquisas dos outros
participantes, conforme as orientações da Comissão Científica; a quinta e última etapa
refere-‐se ao envio da versão final do texto monográfico e nova avaliação pela Comissão
Científica.
Na etapa de elaboração da versão final do texto monográfico (produto 5 do contrato
de autores), as pesquisas deveriam incorporar, necessariamente, as observações e críticas
levantadas nos pareceres da Comissão quando das avaliações das primeiras versões dos
trabalhos (produto 3 do contrato de autores). Numa perspectiva geral, a partir das leituras
dos textos apresentados pelos autores nessa etapa final, houve um aproveitamento positivo,
os trabalhos estão dentro das expectativas da Chamada e de acordo com os objetivos
propostos. Do total de dez pesquisas, seis (Tabela 4) tiveram uma ótima avaliação e foram
aprovadas em sua totalidade com recomendação para publicação pelo CLC. Ao passo que
quatro trabalhos (Tabela 5), foram aprovados em caráter parcial e não tiveram
recomendação de publicação da forma como foram apresentados.
As análises dos trabalhos e as observações do I Seminário de Pesquisas por esta
consultoria fazem pressupor que o aproveitamento parcial das pesquisas listadas na Tabela 5
tem relação com a inexperiência profissional e/ou acadêmica dos autores no campo do
patrimônio. Esses trabalhos apresentaram uma análise mais superficial das políticas
patrimoniais, sobretudo no âmbito da Unesco. Além disso, em alguns casos com equívocos
graves como, por exemplo, a referência ao “tombamento do patrimônio imaterial” (Pesquisa
BR41) e menção ao patrimônio imaterial na Convenção de 1972 (Pesquisa BR09). Nesse
sentido, os problemas decorreram da falta de referências fundamentais da área, sobretudo
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no que tange ao patrimônio mundial e da humanidade, e da limitação do campo de
experiência desses autores.
Todavia, a partir da avaliação dos trabalhos apresentados, é possível destacar como
pontos positivos: o caráter interdisciplinar dos objetos de investigação, cujas abordagens
circularam entre as questões do patrimônio material e imaterial; a participação das
comunidades na definição de estratégias de patrimonialização, salvaguarda e gestão, os
diferentes contextos políticos através dos quais as políticas são implementadas; e a
interseção entre o patrimônio e as comunidades, destacando-‐se temas como turismo,
legislação, desenvolvimento e identidades.
Tabela 1: Comissão Científica
Aline Bezerra de Menezes Historiadora (CLC/UNESCO)
Brenda Coelho Fonseca Historiadora (CLC/UNESCO)
Claudia Feierabend Baeta Leal Historiadora (IPHAN/PEP-MP)
Helena Mendes dos Santos Arquiteta e urbanista (IPHAN/CLC)
Natália Leal da Silva Historiadora (IPHAN/CLC)
Jurema Kopke Eis Arnaut Arquiteta e urbanista (IPHAN/CLC)
Tabela 2: Pareceristas Convidados
Giorge Bessoni Antropólogo (IPHAN/SE-PE)
Hamilton Jair Fernandes Arqueólogo (Cabo Verde)
Juan Luis Isaza Arquiteto (Colômbia)
Leonardo Marques de Mesentier Arquiteto e urbanista (IPHAN/CLC)
Lia Motta Arquiteta e urbanista (IPHAN/PEP-MP)
Luciano Teixeira Historiador (IPHAN/PEP-MP)
Marcelo Sotratti Geógrafo (UERJ)
Márcia Sant’Anna Arquiteta (UFBA)
Maria Paula Adinolfi Antropóloga (IPHAN/SE-BA)
Marílio Wane Antropólogo (Moçambique)
Rafael Winter Geógrafo (UFRJ)
Patrícia Duarte Rangel Historiadora (USP)
Simoni Scifoni Geógrafa (USP)
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Tabela 3
Perfil dos Autores
No Inscrição Residência/Nacionalidade Sexo Área de Formação
Nível de Formação
BR09 Rio de Janeiro-‐RJ / Brasileira
Feminino História Doutorado (em andamento)
BR15
Belo Horizonte-‐MG / Brasileiro
Masculino
Geografia
Mestrado
BR16
S. José da Barra-‐MG / Brasileira
Feminino
História
Mestrado
BR17
São Paulo-‐SP / Brasileiro
Masculino
Antropologia Doutorado
(em andamento)
BR32
Jaboatão dos Guararapes-‐PE /
Brasileiro
Masculino
Geografia
Doutorado (em andamento)
BR36
Pelotas-‐RS / Brasileira
Feminino
Administração/ Patrimônio
Doutorado (em andamento)
BR41
Nova Iguaçu-‐RJ / Brasileira
Feminino
História
Doutorado (em andamento)
BR46
Brasília-‐DF / Brasileira
Feminino
Antropologia Doutorado
(em andamento)
BR51
Rio de Janeiro-‐RJ / Brasileira
Feminino
Ciências Sociais
Mestrado
BR53
Bogotá-‐CO / Colombiano
Masculino
Ciências Sociais
Mestrado
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Tabela 4
Pesquisas com Aprovação Total
Número de Inscrição Título da Pesquisa
BR17 O patrimônio cultural imaterial e os seus “donos”: os casos do samba de roda baiano e da congada paulista
BR32 Geografia e Patrimônio: A Geopolítica dos países africanos de língua oficial portuguesa
BR36
Patrimônio e políticas públicas urbanas: a gestão do imposto sobre a propriedade territorial urbana nos centros históricos patrimônio da humanidade -‐ Brasil
BR46 De cultura a patrimônio: Trajetos da patrimonialização das uma lulik no Timor-‐Leste pós-‐colonial e seus efeitos na reprodução social
BR51 Patrimônio Mundial e Comunidade: um estudo de caso da atuação da CoopBabilônia na zona de amortecimento do sítio Rio de Janeiro -‐ paisagens cariocas entre a montanha e mar no Morro da Babilônia (1995 -‐ 2015)
BR53 La implementación de la Convención del Patrimonio Mundial a nivel nacional: el caso de los sitios culturales de Colombia
Tabela 5
Pesquisas com Aprovação Parcial
Número de Inscrição Título da Pesquisa
BR09 Caminhos e desafios para uma gestão participativa em sítios históricos: Salvador e Cartagena das Índias
BR15
Alternativas de gestão para o patrimônio cultural e natural inseridos na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, Minas Gerais -‐ Brasil
BR16
O título de Patrimônio da Humanidade e seus efeitos sobre a preservação do Centro Histórico de Salvador/BA
BR41
Cooperação Sul-‐Sul e Patrimônio: O IPHAN e a cooperação técnica com os PALOP’s
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3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TEXTOS MONOGRÁFICOS
3.1. Aprovação Total:
Pesquisa BR17: O patrimônio cultural imaterial e os seus “donos”: os casos do samba de
roda baiano e da congada paulista
O objetivo central da pesquisa consistiu no acompanhamento da execução de
políticas públicas de patrimônio cultural imaterial e, no que o autor classificou como, “os
seus efeitos e desdobramentos sobre processos de coletivização e comunitarização de
detentores de saber de bens imateriais afro-‐brasileiros”. Para tanto, o trabalho focou no
papel institucional de representação das associações que se formaram em paralelo aos
processos de registro e salvaguarda do patrimônio cultural imaterial nos casos do samba de
roda do Recôncavo Baiano, Bahia, e das congadas de Mogi das Cruzes, São Paulo. Com base
em pesquisa de campo, revisão bibliográfica e entrevistas, o trabalho analisou a participação
dessas associações na execução dos planos de salvaguarda dos bens imateriais inventariados
e o protagonismo desses agentes nesses contextos. Partindo desses aspectos, o autor
analisou especialmente as relações entre detentores de saber, academia e Estado (como em
processos de constituição e ativação de sujeitos coletivos, assim como em processos de
rememoração social em contextos de execução de políticas de patrimônio cultural
imaterial).
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 16 de dezembro de 2016, com base no parecer desenvolvido pelo
antropólogo moçambicano Marílio Wane. Para a Comissão, a pesquisa em questão parte de
bases empírica e teórica muito sólidas e pertinentes. Inicialmente, o trabalho apresenta um
histórico das políticas culturais voltadas ao PCI no Brasil e, em seguida, traz a base teórico-‐
conceitual com a qual pretende inserir o debate acadêmico – e mesmo político – acerca da
temática. Demonstrando profundo conhecimento da legislação pertinente e do estágio atual
da implementação dos principais programas governamentais para o PCI, o autor lança luz
sobre os fenômenos sociais latentes aos processos de mobilização e constituição das
comunidades como “sujeitos coletivos”. Neste sentido, o principal mérito do trabalho é
levantar questões em torno da representatividade, da legitimidade e da transversalidade das
demandas das comunidades culturais nos contextos das políticas públicas.
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A Comissão destacou, ainda, a originalidade do trabalho, cuja ênfase na dimensão
dos conflitos foi tratada como um importante indicador da execução das políticas públicas
do PCI como nestes casos – Samba de Roda e Congada -‐ em que formas de organização,
resistência e mobilização latentes nas comunidades foram ativadas (tornando-‐se manifestas)
com os processos de patrimonialização. O trabalho possui ainda o mérito de analisar dois
processos iniciados em diferentes momentos-‐chave da implementação de políticas públicas
de salvaguarda do PCI, sendo uma delas o Samba de Roda, inscrito como Patrimônio da
Humanidade, pela Unesco, em 2005. Neste caso, traz subsídios que podem ser úteis para o
estudo e análise de processos análogos em contextos nacionais ou internacionais. Deste
modo, o trabalho contribui para um maior conhecimento na área, tanto do ponto de vista de
identificação de processos socioculturais decorrentes da “patrimonialização” de
determinados bens, quanto do ponto de vista de sugerir soluções para questões recorrentes
neste âmbito.
Pesquisa BR32: Geografia e Patrimônio: a Geopolítica dos países africanos de língua oficial
portuguesa
O objetivo central da pesquisa fundou-‐se na análise da inserção dos Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) no processo global de patrimonialização a partir da
percepção das ações e normas desenvolvidas pelas instituições envolvidas nos respectivos
países. Partindo dos referenciais teóricos da geografia política, sobretudo da geografia
crítica, o autor propõe uma reflexão sobre as ações implementadas por instituições variadas
em diferentes escalas. A pesquisa trouxe como questão principal compreender a forma pela
qual as organizações internacionais e regionais atuam nas políticas patrimoniais e na própria
formação territorial desses países. Neste sentido, o autor realiza o que denominou como
“sobrevoo” sobre a produção da geografia em relação ao patrimônio, para em seguida
analisar a atuação da Unesco na constituição desses países através das missões técnicas
desenvolvidas no território dos PALOP. Quanto às instituições regionais, o trabalho discute o
papel dos Centros de Categoria 2 e de ONG’s na consecução de ações de patrimônio e, ao
final, apresenta as legislações nacionais dos países estudados de modo comparativo. A
proposta, portanto, é refletir sobre as instituições que atuam na construção do patrimônio
dos PALOP e suas implicações na constituição de uma maneira de pensar e de agir sobre o
território destes países.
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A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 19 de janeiro de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pelo
arqueólogo de Cabo Verde, Hamilton Jair Fernandes, e pelo historiador do IPHAN, Luciano
Teixeira. Para a Comissão, a pertinência do trabalho consiste na abordagem dos processos
históricos de constituição dos países africanos de língua oficial portuguesa como fatores
fundamentais de integração desses países nas políticas patrimoniais em níveis regional e
global. Levando em conta a hipótese norteadora da pesquisa relacionada ao papel do
patrimônio na formação territorial dos países, ou como o passado foi mobilizado para
moldar a organização territorial dos PALOP, destaca-‐se a discussão acerca das relações entre
patrimônio e formação da nação.
O parecer ressalta que, embora o trabalho tenha mantido a excessiva amplitude do
objeto de investigação (aspecto alertado pela Comissão desde a fase inicial de adequação do
projeto de pesquisa, por correr o risco de simplificar processos geográficos e históricos
muito amplos e diversos), a capacidade analítica do autor e seu esforço de incorporação da
bibliografia pertinente trouxeram fundamentação aos debates propostos. Deste modo, o
estudo é muito bem sucedido, ainda mais levando-‐se em conta que o autor fez o esforço de
incluir uma discussão sobre a questão da patrimonialização, conforme recomendação da
Comissão, pouco desenvolvida na proposta inicial. A Comissão enfatizou a originalidade do
trabalho e seu caráter inovador, já que não foram identificadas pesquisas com essa
abordagem – sobre as políticas públicas do patrimônio em perspectiva comparada com foco
na geopolítica – no âmbito dos PALOP.
A Comissão realçou os três primeiros capítulos, do total de quatro, como os que mais
contribuem para a temática: Capítulo 1 – Geografia e Patrimônio: do esquecimento a
celebração; Capítulo 2 – A Unesco no território dos PALOP; e Capítulo 3 – Atores regionais do
patrimônio mundial nos PALOP. O capítulo 4 que trata das normas de patrimônio nos PALOP
é o único que ressente de maior aprofundamento, o que poderia ser resolvido com uma
pesquisa empírica sobre as relações entre as normas e a atuação das respectivas instituições
de preservação. Nesse sentido, a pesquisa abre caminhos fecundos de uma investigação
transnacional de caráter regional de modo a aprofundar as questões lançadas pelo autor em
seu trabalho.
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Pesquisa BR36: Patrimônio e políticas públicas urbanas: a gestão do imposto predial e
territorial urbano em centros históricos patrimônio da humanidade -‐ Brasil
O objetivo central da pesquisa consistiu na análise e na avaliação das políticas
públicas de incentivo fiscal, em especial o papel do Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), em três cidades brasileiras inscritas na Lista de Patrimônio Mundial: Ouro Preto
(MG), São Luís (MA) e Olinda (PE). Com base nos princípios de boa governança e das formas
de gestão presentes nos documentos da Unesco, a autora propôs avaliar o alcance desses
métodos de gestão nas ações e nas práticas de políticas públicas de preservação, a partir das
seguintes questões: “trata-‐se de uma política pública eficaz? Sendo a resposta positiva, para
quem seria eficaz? E se negativa, o porquê de ainda existir?”.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 4 de abril de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pelos
arquitetos do IPHAN, Jurema Arnaut, Lia Motta e Leonardo Marques de Mesentier. Para a
Comissão, a abordagem apresentada no trabalho atende a uma das expectativas do Centro
Lucio Costa, qual seja incentivar estudos e pesquisas cujos desenvolvimentos possam
contribuir para a melhoria das capacidades de profissionais e gestores em sítios, e cujos
resultados informem sobre problemas e necessidades desses sítios, tendo como referência a
produção teórica e as práticas contemporâneas. Nesse sentido, a pesquisa estruturada em
cinco capítulos (1. “Os financiamentos nas áreas históricas: como foram pensados e
aplicados”; 2. “A Complex-‐cidade do patrimônio: construindo novas abordagens e
ferramentas de gestão”; 3. “Os novos desafios na gestão da política pública de incentivo
fiscal do IPTU em áreas históricas: reflexões e inquietações”; 4. Metodologia para avaliação
da política pública de incentivo fiscal do IPTU nas cidades Patrimônio Mundial de Ouro Preto
– MG, São Luís-‐ MA e Olinda – PE; 5. Análise da governança na política pública de incentivo
fiscal do IPTU: um estudo de caso nas áreas históricas, Patrimônio Mundial, de Ouro Preto-‐
MG, São Luís-‐ MA e Olinda – PE), “contribui para uma reflexão crítica sobre as causas da
inexpressividade do instrumento extrafiscal do IPTU para auxiliar a gestão de sítios
patrimoniais, sugerindo alternativas de correção”, conforme ressaltado no parecer da
Comissão.
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Pesquisa BR46: De cultura a patrimônio: Trajetos da patrimonialização das uma lulik no
Timor-‐Leste pós-‐colonial e seus efeitos na reprodução social
O objetivo da pesquisa consistiu em compreender os processos de transformação das
casas sagradas (uma lulik) em patrimônio cultural e em símbolo da identidade nacional de
Timor-‐Leste. Para tanto, o trabalho priorizou os campos de investigação sobre as políticas de
patrimonialização destinadas à construção e à reconstrução das uma lulik, associadas ao que
a autora classificou como as “decorrentes conjunções, mediações e disjunções produzidas
em decorrência de tais políticas nas relações entre casas, casas sagradas, pessoas, coisas e
ancestrais”. A abordagem proposta compreende as casas sagradas leste-‐timorenses não
apenas como edificações, mas como instituição social que promove a continuidade entre o
passado e o presente e atua no estabelecimento de alianças entre famílias, a partir do
diálogo com uma literatura que concebe a casa como categoria que articula alianças, troca e
parentesco, etnografias sobre uma lulik partindo de seu caráter central para a construção
das narrativas nacionais associada ao desenvolvimento econômico de Timor-‐Leste, além da
antropologia que discute os processos de identificação e reconhecimento de patrimônios
culturais mediante uma perspectiva integrada entre material e imaterial.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 13 de fevereiro de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pelos
antropólogos do IPHAN, Giorge Bessoni e Maria Paula Adinolfi. De acordo com a Comissão,
as escolhas metodológicos da pesquisa – trabalhos de campo, revisão bibliográfica, análise
de legislações e metodologias (leste-‐timorense e brasileira) e pesquisa em arquivos – são
consistentes e se encontram definidas e demonstradas com clareza ao longo do trabalho.
Segundo o parecer, o trabalho segue a lógica de outros que pesquisam as uma lulik e,
de certa forma, é uma continuidade deles, na medida em que realiza uma etnografia de dois
rituais em duas casas sagradas distintas, situadas em cidades diferentes. A Comissão enfatiza
que a originalidade do trabalho está na abordagem, que apresenta as uma lulik numa
perspectiva patrimonial e de política cultural, âmbito no qual muitas vezes aspectos da vida
cultural são espetacularizados, portanto deslocados para outras finalidades e outros
contextos, sobretudo quando vinculadas a políticas culturais e às apropriações que o Estado
faz desses bens para a sua consecução. Além disso, ao propor uma análise comparativa com
as políticas de patrimonialização de terreiros no Brasil, o trabalho traz importantes
contribuições à reflexão sobre os processos de reconhecimento oficial de um bem cultural
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que carrega sentidos sagrados e cotidianos em Timor-‐Leste. Outro ponto destacado como
relevante e original foi a abordagem integrada do material e do imaterial em objetos que
possuem fortes sentidos de sagrado e de organização da vida social e comunitária: as uma
lulik e os terreiros.
Pesquisa BR51: Patrimônio Mundial e Comunidade: um estudo de caso da atuação da
CoopBabilônia na zona de amortecimento do sítio Rio de Janeiro -‐ paisagens cariocas entre a
montanha e mar no Morro da Babilônia (1995 -‐ 2015)
A pesquisa partiu dos conceitos de comunidade, desenvolvimento comunitário e
zona de amortecimento para analisar a atuação da cooperativa comunitária CoopBabilônia,
localizada no Morro da Babilônia, na cidade do Rio de Janeiro, na promoção do
desenvolvimento sustentável da zona de amortecimento do sítio Patrimônio Mundial Rio de
Janeiro – Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar, entre os anos de 1995-‐2015. A
autora apresentou o histórico e o perfil locais e as relações dos moradores da favela, com o
sítio chancelado pela Unesco e a zona de amortecimento do Morro da Babilônia. Além disso,
debateu a especificidade do sítio Rio de Janeiro dada a larga extensão territorial e a sua
complexidade em função da quantidade de favelas localizadas no perímetro da zona de
amortecimento. A partir desses aspectos, o trabalho traz contribuições que problematizam a
questão do valor universal excepcional pautados nos critérios de autenticidade e
integridade.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 16 de dezembro de 2016, com base no parecer desenvolvido pelo
geógrafo e professor da UFRJ e do Mestrado Profissional do IPHAN, Rafael Winter. Para a
Comissão, o objetivo principal: “refletir sobre a relação entre patrimônio mundial e
comunidade a partir da análise das ações implementadas por esta instituição na zona de
amortecimento no Morro da Babilônia, considerando seu impacto sobre esta área e o sítio
declarado Patrimônio Mundial pela Unesco na cidade do Rio de Janeiro” foi muito bem
desenvolvido e nesse ponto está a riqueza do trabalho.
O trabalho lança luz sobre a falta de conexão entre as ações de preservação e
reflorestamento implementadas, há décadas, pelos moradores dos morros da Babilônia e do
Chapéu Mangueira e a recente inscrição do Rio de Janeiro na Lista de Patrimônio Mundial. O
dossiê a Patrimônio Mundial, além de ignorar essas ações (que viabilizaram a inscrição do
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sítio), coloca a favela como fator de risco na gestão do sítio. A autora revela, portanto, o
hiato ainda presente nas ações relativas ao Patrimônio Mundial e a população. Ao mesmo
tempo, ao estudar a fundo essas ações dos moradores locais, o trabalho fornece subsídios
para uma reflexão sobre o papel que essas ações desenvolvidas pela sociedade civil têm para
a preservação, esse “esquecimento” dos moradores nas políticas oficiais, mas também
oferece elementos para a revisão dessas políticas em ações futuras. O trabalho está inserido
nas reflexões que problematizam os processos de patrimonialização dissociados das
vivências e ações das populações locais, mas aponta para a potencialidade dessas relações
para a preservação do patrimônio.
Pesquisa BR53: La implementación de la Convención del Patrimonio Mundial a nivel
nacional: el caso de los sitios culturales de Colombia
A pesquisa centrou-‐se na análise dos impactos gerados pela inclusão de sítios
culturais na Lista de Patrimônio Cultural da Unesco na Colômbia. O trabalho parte de uma
revisão bibliográfica e entrevistas com atores institucionais e acadêmicos para analisar cinco
sítios colombianos inscritos como Patrimônio Mundial antes de 2012: dois sítios
arqueológicos (os parques de San Agustín e Tierradentro), dois centros urbanos de origem
colonial (o Centro Histórico de Santa Cruz de Mompox e o Conjunto Monumental, Puerto y
Fortificaciones de Cartagena de Indias) e uma paisagem cultural (a Paisaje Cultural Cafetero).
A proposta abrangente do estudo tem como objetivo fornecer uma visão ampla da
evolução das políticas de patrimônio cultural e fornecer subsídios para a compreensão dos
discursos e práticas construídos pelo Estado colombiano acerca do patrimônio mundial.
Além disso, o autor propõe uma reflexão sobre o que ele classificou de “real impacto” do
reconhecimento desses sítios em sua gestão e proteção, com foco na implementação da
Convenção de 1972.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 9 de janeiro de 2017, com base no parecer desenvolvido pelo
geógrafo e professor da UERJ e do Mestrado Profissional do IPHAN, Marcelo Sotratti. De
acordo com a Comissão, o trabalho atendeu as observações do parecer anterior com a
revisão da metodologia, ampliação da discussão bibliográfica (incorporando o debate sobre
os impactos em sítios patrimoniais) e qualificando as justificativas do objeto de investigação.
A pesquisa destaca-‐se como uma importante experiência metodológica para a análise de
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impactos em sítios patrimonializados no âmbito do patrimônio mundial.
3.2. Aprovação Parcial:
Pesquisa BR09: Caminhos e desafios para uma gestão participativa em sítios históricos:
Salvador e Cartagena das Índias
A pesquisa tem como objetivo analisar os caminhos e possibilidades de construção de
uma gestão participativa em sítios históricos na região da América Latina e Caribe, partindo
de dois estudos de caso: Cartagena das Índias, na Colômbia, e Salvador, no Brasil, inscritos
na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO na década de 1980. Para tanto, a autora
propõem uma abordagem das ações recentes de incentivo ao turismo e da inserção de
mecanismos participativos na gestão do patrimônio nos dois contextos. O trabalho objetiva
observar o caráter ainda incipiente das experiências de gestão participativa e seus reflexos
na elaboração e implantação de políticas públicas de preservação em sítios históricos
urbanos.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 4 de abril de 2017, com base no parecer desenvolvido pelo geógrafo e
professor da UERJ e do Mestrado Profissional do IPHAN, Marcelo Sotratti, e pelo arquiteto
colombiano, Juan Luis Isaza. Para a Comissão, o trabalho apresentado pela autora
acrescentou muito pouco em relação ao texto entregue anteriormente e que não foi aceito
como produto 5, conforme parecer enviado pela Comissão em 18 de fevereiro de 2017. Os
problemas estruturais apontados pela Comissão naquela avaliação, sobretudo com relação à
carência de pesquisa empírica e clareza nas escolhas metodológicas, não foram resolvidos na
última versão do trabalho.
Na introdução, não consta uma apresentação das fontes trabalhadas e da
metodologia aplicada no processo da pesquisa e no desenvolvimento do trabalho. O capítulo
1 permanece insuficiente e superficial, sobretudo na abordagem sobre o caso colombiano de
Cartagena. No capítulo 2, percebe-‐se um esforço de incorporação das observações
levantadas pela Comissão e de reorganização da estrutura e dos tópicos de discussão do
capítulo. No entanto, o último capítulo (central para o trabalho), relativo às propostas de
gestão participativa em Salvador (Brasil) e Cartagena (Colômbia), permanece sem grandes
contribuições. Eminentemente pautado por uma discussão bibliográfica, o capítulo em
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questão carece de fontes que permitiriam o aprofundamento da análise proposta, conforme
apontado nos pareceres anteriores.
Com base nesses aspectos, a Comissão deliberou pela aprovação parcial da pesquisa
e não recomendou o trabalho para publicação.
Pesquisa BR15: Alternativas de gestão para o patrimônio cultural e natural inseridos na
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, Minas Gerais -‐ Brasil
A pesquisa propõe uma reflexão sobre as relações entre gestão territorial da área em
que estão localizados os três municípios mineiros que receberam a chancela de patrimônios
culturais da humanidade UNESCO e que estão incluídos na proposta de criação do Geopark
Quadrilátero Ferrífero, no contexto espacial da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
(RBSE). O autor parte do levantamento dos mecanismos gestores da região da RBSE para
pensar num sistema colaborativo entre os sítios culturais e naturais, objetivando uma gestão
mais integrada e eficiente.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 4 de abril de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pela
historiadora do IPHAN, Cláudia Baeta Leal, e pela geógrafa da USP, Simone Scifoni. Segundo
a Comissão, a versão entregue do Produto 5, que corresponde à revisão do texto enviado
anteriormente e não aceito como produto, nota-‐se um esforço de incorporação das
sugestões e comentários do parecer enviado pela Comissão Científica em janeiro de 2017
que não havia sido notado nas outras versões do trabalho. Ainda que não tenha conseguido
sanar os problemas de inconsistência conceitual e teórica destacados no parecer anterior, o
pesquisador recortou ainda mais sua argumentação e indicou um escopo mais modesto para
sua investigação. Dessa maneira, a Comissão Científica destacou a relevância do tema e da
abordagem proposta no trabalho, que valoriza a perspectiva do território e do ambiente
natural para pensar a presença tanto do patrimônio cultural no território, como a incidência
de instrumentos e políticas culturais no espaço e ainda a interseção entre instrumentos da
área cultural e ambiental na proteção de bens culturais e naturais de uma dada porção do
espaço. Os capítulos 3 e 4 estão fundamentados e contribuem para o campo do patrimônio
pela abordagem pouco usual proposta pelo autor nessa parte do trabalho.
Com base nesses aspectos, a Comissão deliberou pela aprovação parcial da pesquisa
e não recomendou o trabalho para publicação.
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Pesquisa BR16: O título de Patrimônio da Humanidade e seus efeitos sobre a preservação do
Centro Histórico de Salvador/BA
A pesquisa consistiu na análise das relações existentes entre a Convenção do
Patrimônio Mundial e a preservação partindo da trajetória que levou à construção da noção
de Centro Histórico de Salvador e ao título de Patrimônio Mundial. Com base em pesquisa
bibliográfica e documental, pesquisa de campo e entrevistas, primeiro a autora propôs um
estudo sobre a Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO de 1972 e as motivações que
levam à adesão pelo Estado-‐parte e a consequente obrigação de assegurar a identificação,
proteção, conservação, valorização e transmissão às gerações futuras do patrimônio cultural
e natural situado no seu território, para em seguida focar no estudo de caso com objetivo de
avaliar se o título de Patrimônio Mundial cria possibilidades de preservação pela esfera
federal, no que se refere às características materiais do bem.
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 4 de abril de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pela
historiadora do IPHAN, Cláudia Baeta Leal, e pela arquiteta da UFBA, Márcia Sant’Anna.
Segundo a Comissão, a versão revista do produto 5 apresentado pela autora acrescenta
muito pouco em relação ao texto entregue anteriormente e que não foi aceito como
produto, conforme parecer enviado pela Comissão em janeiro de 2017.
Ainda que as partes faltantes da versão anterior (parte do item 3.2 e a integralidade
das Considerações Finais) tenham sido enviadas na revisão, o texto não dialogou com o
parecer enviado anteriormente. Não houve nenhuma revisão dos capítulos iniciais, apesar
de ter sido destacado pela Comissão que não havia relação entre os capítulos 1 e 2 do texto
monográfico, e que este último apresentava apenas uma descrição linear dos procedimentos
envolvidos na inscrição como Patrimônio Mundial.
Mesmo que linear, com uma narrativa pouco problematizadora, notam-‐se no
primeiro capítulo as principais qualidades e o maior investimento de pesquisa e análise. O
segundo capítulo, por sua vez, contribui pouco para o tema e o terceiro está insipiente,
mesmo com a complementação trazida nessa revisão.
Com base nesses aspectos, a Comissão deliberou pela aprovação parcial da pesquisa
e não recomendou o trabalho para publicação.
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Pesquisa BR41: Cooperação Sul-‐Sul e Patrimônio: O IPHAN e a cooperação técnica com os
PALOP’s
O objetivo da pesquisa consistiu em analisar a cooperação brasileira na área de
patrimônio cultural, através do IPHAN, com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP). A autora propôs um estudo, a partir de análise documental, sobre dois projetos de
cooperação: 1. Fortalecimento da Gestão do Patrimônio em Angola; e 2. Centro Lucio Costa -‐
CC2 sob os auspícios da UNESCO. As questões centrais que permearam a pesquisa pautam-‐
se nos aspectos de ordem global da Cooperação Sul-‐Sul, bem como nos aspectos que a
autora tratou como mais específicos, “como a articulação das controvérsias internas do país
provedor com os projetos e as possíveis relações estabelecidas entre cooperação Sul–Sul e
desigualdade”. Nesse sentido, as questões levantadas são: “Como a Cooperação Sul-‐Sul na
área de patrimônio filtra, reflete, ou rebate as controvérsias internas do país provedor?
Como os projetos realizados no âmbito da Cooperação Sul-‐Sul em gestão de patrimônio
entre Brasil e países PALOP mobilizam o discurso da redução das desigualdades sociais e até
que ponto esse discurso guia a implementação de projetos?”
A Comissão Científica concluiu o seu parecer de avaliação sobre a versão final do
texto monográfico em 4 de abril de 2017, com base nos pareceres desenvolvidos pelas
historiadoras Patrícia Duarte Rangel e Brenda Coelho Fonseca, e pela arquiteta do IPHAN
Jurema Arnaut. Para a Comissão, a contribuição da versão final do Produto 5 se restringiu,
assim como na versão anterior do produto, ao debate teórico do tema da cooperação sul-‐
sul. Neste sentido, a parte 2 do trabalho, quando autora aborda o tema da "Cooperação Sul-‐
Sul reflexões e abordagens", está dentro das expectativas do Centro Lucio Costa quando da
deliberação pela viabilidade de uma proposta teórica sugerida pela autora ainda na fase de
adequação do projeto de pesquisa. No entanto, o trabalho apresenta muita dificuldade em
conectar essa discussão teórica ao tema das políticas patrimoniais.
A parte 3, sobre IPHAN e PALOP, apresenta uma análise superficial partindo de dois
casos de cooperação técnica: o CLC enquanto CC2 e o projeto de Fortalecimento da Gestão
do Patrimônio Cultural de Angola, com a justificativa de ambos serem os únicos projetos do
IPHAN no universo da cooperação sul-‐sul no Brasil (o que parece razoável). Entretanto, a
análise não avança e encerra com questões pouco fecundas e algumas equivocadas.
Desse modo, a revisão não superou as generalizações apresentadas nas conclusões,
embora a autora tenha sido alertada em parecer anterior de que a falta de base empírica e
20
de conexão entre os dados concretos não permitiriam o desenvolvimento de uma teoria, de
uma hipótese ou de alegações comprováveis. Assim, a autora, também, não teve êxito no
atendimento da solicitação de que as conclusões fossem refeitas e adequadas ao universo
de análise e estivessem fundamentadas nos dados da pesquisa.
A Comissão ressalta, no entanto, que o trabalho abre possíveis caminhos de pesquisa
de grande relevância para o campo do patrimônio cultural no âmbito das relações
internacionais entre o Brasil e os países do “sul global”.
Com base nesses aspectos, a Comissão deliberou pela aprovação parcial da pesquisa
e não recomendou o trabalho para publicação.
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ANEXO
TEXTOS MONOGRÁFICOS DOS AUTORES
OBS: os documentos do Anexo encontram-se em meio digital
nos dois DVDs entregues juntamente à cópia impressa deste produto.