produÇÃo e reciclagem de papel: uma sequência didática€¦ · 1.4 a produção de papel a...
TRANSCRIPT
PRODUÇÃO E RECICLAGEM DE PAPEL: Uma sequência didática para o ensino de conceitos de química orgânica no ensino médio.
RUFATO, Denise1
ALMEIDA, Lucio Cesar de2
RESUMO
A implementação do projeto (Produção e Reciclagem de Papel: Uma sequência didática para o ensino de conceitos da química orgânica no ensino médio), desenvolveu-se no Colégio Estadual Olavo Bilac. Ensino Fundamental e Médio, no período de 07/03/2017 a 24/05/2017 com os estudantes da 3
a série
do ensino médio do período matutino. Para a implementação foi utilizada uma sequência didática fundamentada na metodologia dos 3 momentos pedagógicos integrando a utilização de recursos norteadores. O conhecimento foi explorado primeiramente com uma questão problematizadora, seguido da organização do conhecimento e sua consequente aplicação. Com este projeto pretendeu-se promover a aprendizagem de maneira eficaz e ordenada, possibilitando ao estudantes analisar, interpretar, discutir e assimilar os conceitos adquiridos. Todas essas atividades estão relacionadas com os conteúdos citados no plano de trabalho docente referentes a 3
a série do ensino médio e
atendeu aos conteúdos estruturantes: matéria e sua natureza e química sintética, bem como as exigências do Programa de Desenvolvimento Educacional. Palavras-Chave: Papel. Reciclagem. Educação Ambiental. Química Orgânica. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A química é um da ciência que tem um papel de destaque no
desenvolvimento de novas tecnologias, contribuindo decisivamente para os avanços
alcançados pela sociedade contemporânea.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná, “o conhecimento químico, assim como todos os demais saberes, não é algo
pronto, acabado e inquestionável, mas em constante transformação”. (PARANÁ,
2008, p. 51).
Segundo Chassot (2006, p. 37), “a Ciência é uma das mais extraordinárias
criações do homem, que lhe confere, ao mesmo tempo, poderes e satisfação
intelectual, até pela estética que suas explicações lhe proporcionam”. Nesse sentido,
a forma de abordagem da química (e as ciências em geral) em sala de aula pode
interferir e/ou dificultar a aprendizagem científica.
Para tornar clara a linguagem científica o discurso empregado, precisa fazer
__________________________ 1
Professora de Química da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná e Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) – [email protected] 2
Professor Doutor do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) – [email protected]
sentido para o estudante, por meio de uma contextualização adequada.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná, a apropriação e compreensão do conhecimento químico devem ocorrer por
meio do contato do estudante com o objeto de estudo da química. Em outras
palavras “as substâncias e os materiais, e que o processo deve ser planejado,
organizado e dirigido pelo professor numa relação dialógica para alcançar a
aproximação do aprendiz com o estudo da química” (PARANÁ, 2008, p.51).
Diante disso, o emprego de metodologias diferenciadas se torna essencial,
não apenas para o incremento de conceitos teóricos, mas também para alavancar o
desenvolvimento e mudança na percepção.
Neste contexto, o presente projeto, o qual foi desenvolvido no Colégio
Estadual Olavo Bilac. Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de
Faxinal-PR, o qual envolveu 17 estudantes da 3a série do ensino médio, objetivou
promover os conhecimentos sobre química orgânica de forma dinâmica, inserindo o
conteúdo em destaque na formação escolar básica. A sistematização de abordagem
dos conceitos visaram promover uma aproximação mais contextualizada e
fundamentada dos conceitos científicos produzidos. Portanto, o presente projeto,
teve como foco o papel e sua reciclagem, buscando estabelecer uma conexão da
química com o cotidiano dos estudantes.
1 ESTADO DA ARTE
1.1 Um pouco de história
Desde os tempos mais remotos, o homem utilizou diferentes materiais para
registrar sua história. Segundo registros históricos, os primeiros suportes
empregados foram as cascas e folhas de algumas plantas, rochas e argila, além de
peles e ossos de animais. Placas de madeiras, recobertas ou não por uma fina
camada de cera, e placas de metais como o bronze e o chumbo também foram
utilizadas para os mais variados fins.
Dos produtos vegetais empregados para a escrita, o papiro foi o que alcançou
maior importância histórica. Acredita-se que os papiros mais antigos datem de 3.500
anos atrás. O papiro foi amplamente utilizado na antiguidade por egípcios e,
também, por povos da Europa durante a idade média. Seu substituto, o pergaminho,
já era conhecido e foi o material mais empregado durante os séculos IV a XVI.
A utilização do papel como suporte para a escrita ocorreu inicialmente na
China, no ano 105 d.C., e a tecnologia de sua fabricação foi mantida em segredo por
muitos séculos. Com o início da expansão para o ocidente em 751, quando
prisioneiros chineses introduziram, na Ásia Central, a indústria do papel. Daí em
diante, o uso do papel foi cada vez mais disseminado. Na Europa, a primeira fábrica
de papel surgiu na Espanha em 1.144 e, ao final do século XVI, o papel já era
manufaturado em todo o continente europeu.
Segundo Santos; Reis; Moreira (2001, p.4) “a fabricação do papel era, até
fins do século XVIII, essencialmente manual. A primeira máquina surgiu somente em
1.798, na França. No Brasil, a produção industrial de papel foi introduzida pelos
portugueses no ano de 1890.”
1.2 A química da madeira
A principal matéria-prima para a obtenção industrial de fibras celulósicas é a
madeira.
A composição química elementar da madeira não diferencia muito em função
das diversas espécies de árvores. A madeira é constituída primordialmente pelos
elementos carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, sendo este último presente em
menor proporção. A composição química elementar da madeira, independentemente
da espécie, apresenta a seguinte composição percentual média, em relação ao peso
seco da madeira:
- 49 a 50 % de C;
- 6% de H;
- 44 a 45 % de O;
- 0,1 a 1% de N.
Além destes elementos encontram-se pequenas quantidades de cálcio,
potássio, magnésio e outros, constituindo as substâncias minerais existentes na
madeira.
As principais substâncias macromoleculares da madeira são:
- 40 - 50% de celulose;
- 27 - 30% de polioses (hemiceluloses);
- 20 - 28% de lignina;
- 3 - 5% de outros constituintes (extrativos).
A celulose (Figura 01) é o principal constituinte da parede celular da fibra,
pertencente ao grupo químico dos glicídios, os quais apresentam função mista do
tipo poliálcool-aldeído. Estes compostos, polissacarídeos lineares, de fórmula
(C6H10O5)n, são formados pela condensação de um grande número de monômeros
de glicose produzidos durante o processo de fotossíntese.
Figura 01: Estrutura de uma cadeia de celulose.
As hemiceluloses também são polissacarídeos, porém diferem da celulose
por serem constituídas de vários tipos de unidades de açúcares, além de serem
polímeros ramificados, podendo existir grupos laterais e de cadeias mais curtas.
A lignina (Figura 02), um polímero amorfo, apresenta estrutura aromática
macromolecular diferente para cada vegetal. A lignina funciona como “cimento” na
estrutura vegetal, que confere firmeza e rigidez ao conjunto de fibras de celulose.
Figura 02: Estrutura genérica de uma molécula de lignina
Os constituintes menores (extrativos) incluem compostos orgânicos de
diversas funções químicas e, em quantidades menores, compostos inorgânicos.
1.3 A produção de celulose
Do ponto de vista químico, as fibras
são formadas pelas interações entre as
moléculas de celulose, proporcionadas
pelas ligações de hidrogênio entre grupos
hidroxilas dos monômeros de glicose
(Figura 03). São essas mesmas ligações de
hidrogênio que permitem a formação de
folhas de papel, além dos agentes
encolantes, as fortes interações entre as
fibras são proporcionadas pelas ligações de Figura 03: Ligações de hidrogênio.
hidrogênio, garantido a resistência aos papeis, destinados aos mais variados fins.
No Brasil, a produção de celulose e papel emprega essencialmente
eucaliptos, provenientes de áreas de reflorestamento sendo as principais áreas
encontradas nas regiões sul e sudeste. Para a produção de uma tonelada de papel
são consumidas entre 50 a 60 árvores de eucalipto (em torno de 2 e ½ toneladas de
madeira), e 100 mil litros de água.
O processo de obtenção de celulose inicia-se com o corte das árvores. Após
remoção dos galhos, as toras de madeira são cortadas em tamanhos apropriados e
transportadas para a fábrica, onde a madeira é descascada, em seguida as toras
descascadas são lavadas e picadas em cavacos com dimensões específicas, a fim
de facilitar a difusão dos reagentes químicos empregados no processo. Ao final
desta etapa, a madeira está pronta para ir para a polpação.
A polpação, que tem por finalidade facilitar a separação das fibras e melhorar
suas propriedades para fabricação do papel, pode ser feita por um processo
químico, no qual é retirada da madeira a maior parte da lignina, além de outros
constituintes menos abundantes. O processo químico de polpação mais utilizado no
Brasil é o processo kraft, no qual os cavacos de madeira são submetidos à reação
com uma solução contendo hidróxido de sódio (NaOH) e sulfeto de sódio (Na2S). O
processo de polpação ocorre dentro de um biodigestor, e a altas temperaturas e
pressões. Os produtos químicos utilizados reagem com a lignina, fragmentando-a
em substâncias menores que se solubilizam na solução alcalina e que podem ser
removidas das fibras por inúmeras etapas de lavagem.
Uma polpa marrom é o resultado da polpação e ainda não é adequada para a
produção de determinados tipos de papel. Essa coloração marrom resultante é
ocasionada, principalmente, pela presença de pequenas quantidades de lignina que
não foram totalmente removidas.
Para obtenção de uma polpa totalmente branca, faz-se necessário remover
toda lignina, através do processo químico de branqueamento, o qual é realizado em
diversas etapas. No processo de branqueamento da celulose, podem ser utilizados
como reagentes químicos como cloro (Cl2), dióxido de cloro (ClO2), hipoclorito de
sódio (NaClO), oxigênio (O2) e ozônio (O3), dentre outros. Entre os vários estágios
de branqueamento, a polpa é constantemente lavada, o que ocasiona o consumo de
grande quantidade de água.
Assim que a polpa atinge a qualidade de brancura adequada, passa-se à
etapa de formação da folha, que é o produto final das fábricas de celulose. Isto é
feito em uma máquina, na qual a polpa é continuamente depositada sobre uma tela.
Então, a água é removida pela parte de baixo da tela, por vácuo, e em seguida a
celulose é seca e enrolada em grandes bobinas. Como nem todas as indústrias que
produzem a celulose fabricam o papel, a folha de celulose contínua é geralmente
cortada em folhas individuais e transportada para indústrias de papel.
1.4 A produção de papel
A celulose branqueada ou não, é empregada na fabricação de inúmeros tipos
de papeis. De acordo com sua finalidade, podem ser classificados em papeis para:
impressão, escrever, embalagem, sanitários, cartões e cartolinas e especiais.
Para produção de papel, a celulose é misturada à água para quebra das
fibras, por meio de tratamentos mecânicos semelhante a moagem, tornando-as mais
adequadas para a fabricação de papel. Vários aditivos, como colas, cargas minerais,
controladores de pH e corantes, podem ser acrescentados.
O equipamento utilizado para produção de papel é semelhante ao empregado
para a formação da folha de celulose, sendo o papel produzido em folha única,
enrolada em bobinas e, posteriormente, embalada para envio ao mercado
consumidor.
1.5 A reciclagem do papel
A reciclagem do papel é tão importante quanto a sua fabricação, devido ao
grande consumo de água gerado na sua produção e ao corte de árvores, como já
mencionado no texto. Estima-se que a cada 50 kg de papel reciclado produzido
equivale ao corte de uma árvore, e que o consumo de água no processo de
reciclagem é em torno de 98% menor, quando comparado ao processo de
fabricação inicial do papel.
Para ser reciclado o papel não deve ter impurezas, como: corda, metal,
barbante, vidro, pedra, madeira e plástico. Papel vegetal, papel-carbono, papel e
cartões impregnados com substâncias impermeáveis à umidade, sujos e/ou
engordurados inviabilizam a reciclagem.
No processo de reciclagem de papel, não se faz necessário o
branqueamento, podendo assim se enquadrar em uma categoria inferior de papel.
Recicla-se a apara de papel até a perda da fibra, em média, três vezes. O padrão de
qualidade do material baixa a cada ciclo de uso-descarte-recuperação.
A produção de uma tonelada de papel novo consome aproximadamente:
- 50 a 60 árvores de eucalipto;
- 100 mil litros de água;
- 5 mil kW/h de energia elétrica.
Já uma tonelada de papel reciclado consome aproximadamente:
- 1,2 tonelada de papel velho;
- 2 mil litros de água;
- 1 a 2 mil kW/h de energia elétrica.
Portanto, algumas vantagens em reciclar papel são:
- Redução dos custos da matéria prima (a pasta de aparas é mais barata que a
celulose de primeira);
- Economia de recursos naturais;
- Funcionamento de fábricas recicladoras com menor impactos ambientais, uma vez
que a fase crítica de produção da celulose já foi realizada anteriormente, ou seja, o
processo de branqueamento;
- Geração direta de empregos.
O papel reciclado pode ser aplicado em caixas de papelão, sacolas,
embalagens para ovos, bandejas para frutas, cadernos e livros, material para
escritório, envelopes, papel para impressão, entre outros. Atualmente, a força que
impulsiona a reciclagem é a econômica, mas o fator ambiental também tem servido
como alavanca. A preocupação com relação ao meio ambiente criou uma demanda
por produtos e processos ambientalmente amigáveis, dentre os quais a reciclagem
de papel.
2 METODOLOGIA
Para desenvolver o tema iniciou-se com a apresentação do Programa de
Desenvolvimento (PDE) e do Projeto de Intervenção Pedagógica: “Produção e
Reciclagem de Papel: Uma sequência didática para o ensino de conceitos da
química orgânica no ensino médio” a equipe pedagógica e aos estudantes da 3º
série do Ensino Médio do Colégio Estadual Olavo Bilac. Ensino Fundamental e
Médio.
Imagem 01 – Apresentação
Fonte: RUFATO, 2017
A elaboração e o desenvolvimento da proposta foi fundamentada na
metodologia dos três momentos pedagógicos, proposta por Delizoicov, Angotti e
Pernambuco (2009), a qual é organizada segundo três etapas: problematização
inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento.
2.1 Problematização inicial
O 1° momento iniciou-se com a introdução de uma questão problematizadora,
com relação ao conteúdo abordado, a partir da temática educação ambiental e
cidadania, com a finalidade de analisar e selecionar as respostas mais relevantes
para se inicializar o debate.
Quadro 01- Problematização Inicial
Com esta questão foi estabelecida a ligação do conteúdo específico com
situações reais que os estudantes presenciam, mas que não dispõem de
conhecimento científico para entendê-las corretamente. As reflexões se deram
através de um debate envolvendo várias considerações com a participação ativa de
todos os envolvidos.
Os estudantes foram questionados ao ponto de perceberem que as
respostas e conceitos que possuíam não respondiam as questões e que
necessitavam da busca de maiores informações, oportunizando a organização do
conhecimento.
2.2 Organização do conhecimento
O 2° momento foi o de sistematizar os conhecimentos necessários para a
compreensão do tema proposto e da questão inicial.
Foi apresentado um texto inicial sobre a História do Papel, que trouxe de
maneira resumida um resgate histórico do papel, de onde ele surgiu, seus
antecessores e como ele chegou ao Brasil. Em seguida, foi trabalhado outro texto
sobre A Química da Madeira, trazendo os principais componentes elementares e
macromoleculares que constituem a madeira, bem como suas porcentagens e
estruturas, levando o estudante a entender que a principal matéria-prima para a
obtenção industrial de fibras celulósicas é a madeira.
Os textos foram trabalhados para se discutir os conceitos e compreender a
relevância dos mesmos na disciplina de química, onde foi realizado um
levantamento do conhecimento prévio dos estudantes sobre o assunto, com o
propósito de estimular a leitura e a interpretação, enfatizando dúvidas e discutindo
Questão Problematizadora Para o Estudante: Como podemos diminuir e reaproveitar papeis e jornais que se acumulam por
diversas maneiras no espaço escolar, levando em consideração fatores
econômicos, preservação dos recursos naturais, diminuição da poluição e
redução do descarte de lixos nos aterros?
ideias, procurando estabelecer uma relação entre o sujeito e o saber.
Para complementar foi aplicado um caça palavras, sobre os textos, permitindo
que os estudantes fixem o conhecimento que estão adquirindo, a fim de favorecer o
processo de reflexão e de construção do conhecimento aprofundando o tema com o
cotidiano dos estudantes que foram muito colaborativos.
Imagem 02 – Caça palavras
Fonte: RUFATO, 2017
A atividade lúdica teve boa aceitação onde a grande maioria resolveu dentro
do tempo previsto possibilitando uma compreensão e socialização do conteúdo na
sala de aula.
Dando continuidade, foi trabalhado mais dois textos, o primeiro relatou sobre
A Produção de Celulose, mostrando como as fibras celulósicas são formadas,
quantidades de madeira e água para se produzir a celulose, como se dá o processo
de produção da celulose no Brasil, até chegar à formação da folha, que é o produto
final das fábricas de celulose, o texto seguinte tinha o título A Produção de Papel e
relatou de maneira simples como a celulose é empregada na fabricação de inúmeros
tipos de papeis.
Dando sequência foi aplicada a atividade de Decifrar as Letras como
ferramenta didática, oportunizando o desafio e instigando a curiosidade dos
estudantes, auxiliando na compreensão do conteúdo e o desenvolvimento do
raciocínio.
Imagem 03 – Decifre as letras
Fonte: RUFATO, 2017
Os estudantes puderam verificar de modo imediato seus erros e acertos, o
qual despertou interesse a não desistir no primeiro obstáculo, enriquecendo o
vocabulário e auxiliando na compreensão de vários conceitos.
Complementando os conhecimentos necessários para temática proposta, os
estudantes, juntamente com a colaboração da Pedagoga, realizaram a atividade
Será que Você Sabe Separar os Materiais Recicláveis? , esta atividade consistiu em
chamar a atenção dos estudantes para que os mesmos percebam que a ideia de
separação e coleta de lixo, que pode ser reciclado, está na maioria dos ambientes
que os estudantes frequentam.
Foi levado para sala de aula, caixas para coleta de lixo, sinalizadas apenas
com as cores tomando como referência a simbologia de identificação de materiais
retiradas da Resolução CONAMA 275/01, que estabelece o código de cores para os
diferentes tipos de resíduos. Estas caixas foram nas cores azul, vermelho, amarelo,
verde e marrom, pois são os principais lixos que encontramos no ambiente
doméstico e escolar (papel/papelão, plástico, vidro, metal e resíduos orgânicos). As
lixeiras foram dispostas, sem indicação de nome para observação se os estudantes
conseguiriam reconhecer as cores, que são frequentemente encontrados em
espaços públicos.
Em seguida os estudantes formaram grupos de até 5 integrantes, e com os
matérias que os mesmos trouxeram e mais os materiais que o professora distribuiu
nos grupos, na sequencia, os estudantes realizaram o descarte apenas tendo as
cores como referência, com a finalidade de saberem se os mesmos apesar de
terem essas sinalizações no próprio colégio, as identificariam corretamente. Uma
vez terminado o depósito dos materiais, os estudantes foram questionados se eles
encontraram dificuldades na realização desta atividade. (Qual foi e por quê?). Com
o auxílio dos estudantes, os coletores foram abertos e observado o que foi
depositado.
Os estudantes relataram verbalmente sobre suas conclusões, e os mesmos
ficaram espantados como, apesar de serem tão simples, eles ainda não
conseguiram fazer as distinções de cores para cada tipo de material que podem ser
separados para posterior coleta e reciclagem, também concluíram que a atividade
foi um divisor de aprendizado, pois segundo os mesmos a partir da atividade
proposta ele passariam a descartar com mais segurança os lixos de diferentes tipos.
Para dar início ao estudo da reciclagem foi apresentado um texto A
Reciclagem do Papel, para leitura e interpretação.
Imagem 04 – Caixas coletoras e separadoras de lixo reciclável com os lixos retirados para
análise de acertos e erros.
Fonte: RUFATO, 2017
Através do texto, pode ser realizada uma abordagem e discussão sobre a
reciclagem, pois esse processo é muito importante para diminuição de resíduos, e
ainda o texto relata quais são os critérios que o papel deve ter para ser reciclado,
quantas vezes esse papel pode passar pelo processo de reciclagem e traz algumas
vantagens em se reciclar papel.
Para complementar o texto os estudantes realizaram a atividade experimental
no laboratório.
2.2.1 Experimental
A atividade de produção de papel reciclado consiste em aproveitar os papeis
que se acumulam no ambiente escolar e que normalmente iriam para o lixo. Foi
feito, no laboratório, todo o processo de reciclagem do papel, em escala artesanal, e
o produto obtido ficou a disposição do colégio.
Os papeis, jornais, revistas e etc. foram coletados desde o mês de outubro
de 2016, a fim de termos bastante matéria-prima para a realização da reciclagem.
Os depósitos para coleta de papeis em geral foram a secretária da escola e também
a biblioteca, e desde o começo da implantação do projeto foi colocado na sala de
aula da 3a série, uma lixeira para coleta desse tipo de material.
2.2.1.1 Processo de reciclagem
Materiais:
- Papeis em geral, limpo e seco; - 3 Baldes de 30L; - Liquidificador; - 3 telas (50 x
60cm) de silk screen; - Piscina de 280L inflável; - Água; - Pá grande.
Procedimentos:
- Os papeis foram picados em pedaços menores e colocados nos baldes com água;
Imagens 05 e 06 – Estudantes Picando os Papeis
Fonte: RUFATO, 2017
- Essa mistura descansou pelo menos por três dias;
- Após os três dias, o papel ficou praticamente desmanchando e foi transformado em
uma pasta;
- Com ajuda do liquidificador, o conteúdo dos baldes, foi batido, mas aos poucos
para não danificar o aparelho;
- A massa obtida foi transferida para o depósito que era a piscina inflável;
- Em seguida foi colocado água até a mistura ter entre 15 a 20 cm de profundidade;
Imagens 07 e 08 – Estudantes depositando a pasta na banheira
Fonte: RUFATO, 2017
- Tudo foi bem misturado com o auxilio da pá de madeira;
- Em seguida, foi colocada a tela de silk screen na mistura e mexida para as fibras
se espalharem bem;
- Depois a tela foi erguida lentamente;
- A tela foi colocado em lugar seco e arejado e esperou-se em média 3 dias;
- Após isso a massa seca foi retirada da tela lentamente;
Imagem 09 – Massa secando em lugar arejado
Fonte: RUFATO, 2017
- Foram recortados os cantos para obter uma uniformidade;
- O papel reciclado ficou pronto para ser usado.
Imagem 10 – Papel reciclado
Fonte: RUFATO, 2017
O processo de colocar a massa na tela e esperar secar ocorreu em
intervalos médios de três dias, e foi sendo repetido até acabar com toda a massa
que estava depositada na piscina. Contudo o experimento proporcionou o
desenvolvimento de caráter investigativo, permitindo uma relação entre a teoria e a
prática, favorecendo a interpretação de conceitos de forma adequada aproveitando
as indagações e argumentações dos estudantes.
2.3 Aplicação do conhecimento
O 3o e último momento aborda sistematicamente o conhecimento que foi
assimilado pelo estudante com a organização dos saberes, promovendo o
redirecionamento dos conteúdos objetivando um reforço na abordagem dos
conceitos a fim de construir uma aprendizagem significativa através de uma
representação esquemática.
Imagem 11 – Mapa conceitual
Fonte: RUFATO, 2017
Através do mapa conceitual pode-se ter uma representação explícita da
estrutura cognitiva do aluno, suas relações e interpretações dos conceitos
abordados, possibilitando acompanhar o crescimento cognitivo a fim de melhorar o
feedback para que proporcionasse uma aprendizagem significativa. O mapa
mostrou-se uma ferramenta muito útil, em especial para a indexação e revisão de
conteúdos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) proporcionou um diálogo
entre os professores do ensino superior e da educação básica, possibilitando uma
análise da prática docente, através de atividades téorico-práticas orientadas.
Todo o acompanhamento disponibilizado auxiliou na construção de uma nova
identidade profissional, que por metodologias diversificadas se aprimoraram e se
adequaram a realidade escolar de cada docente.
Ao desenvolver o projeto de intervenção, tendo como tema Produção e
Reciclagem de Papel: Uma Sequência Didática para o Ensino de Conceitos de
Química Orgânica no Ensino Médio, por meio do Programa, espera-se ter
oportunizado aos estudantes estabelecer uma relação entre o conteúdo e seu
cotidiano, oportunizando uma aprendizagem significativa.
Constatamos que os estudantes participantes do PDE, tiveram menos faltas e
também um melhor desempenho nas notas como mostra os gráficos a seguir.
Gráfico 01 – Faltas dos estudantes participantes do projeto PDE
Fonte: RUFATO, 2017
0
2
4
6
8
10
12
A B C D E F G H I J K L M N O P Q
F
a
l
t
a
s
Estudantes
Faltas dos Estudantes Participantes do Projeto PDE
1º Trimestre/2017- Período deimplementação doprojeto PDE
2º Trimestre/2017- Período semimplementação doprojeto PDE
Gráfico 02 – Notas dos estudantes participantes do projeto PDE
Fonte: RUFATO, 2017
Foi possível constatar a necessidade da utilização de sequências de
atividades diferenciadas nas aulas para que possa resgatar o interesse e a
curiosidade dos estudantes, fazendo repensar a forma de inserir e trabalhar os
conteúdos de forma eficaz e prazerosa, priorizando os objetivos e as perspectivas do
processo educativo.
Várias foram às contribuições advindas para a realização desse projeto, uma
delas decorre do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que foram bastante
expressivas, proporcionando uma reflexão sobre as atividades propostas, ou seja,
um novo olhar, com um novo encaminhamento metodológico utilizado em realidades
escolares diferentes.
Em suma, considerou-se satisfatório o resultado obtido com a aplicação do
projeto de intervenção, comprovando a necessidade de um bom planejamento e
trabalho de pesquisa na elaboração dos materiais para aulas mais atraentes
valorizando o aprendizado.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Educação Ambiental. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: UNESCO, 2007. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei 9394/96 . Disponível em < www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm >. Acesso em: 20 Jun. 2016.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
A B C D E F G H I J K L M N O P Q
N
o
t
a
s
Estudantes
Notas dos Estudantes Participantes do Projeto PDE
1º Trimestre/2017Período deimplementação doprojeto PDE
2º Trimestre/2017Período semimplementação doprojeto PDE
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Ed. Unijuí, 4.ed, 2006. DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Mara Maria. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. FERRAZ, José Maria Gusman. O papel nosso de cada dia. Disponível em <http://webmail.cnpma.embrapa.br/down_hp/408.pdf> Acesso em: 28 jun. 2016. FONSECA, Martha Reis Marques da. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. São Paulo, FTD, v.3, 2010. GALDINO, Cláudio Francisco. Educação ambiental: utilizando a reciclagem de papel no ensino de geografia. 2005. Monografia (Especialização). Geografia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, 2005. KLOCK, Umberto; ANDRADE, Alan S. de. Química da madeira. 4.ed., Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências agrarias. Departamento de Engenharia e tecnologia florestal. Curitiba, 2013. Disponível em <http://www.marioloureiro.net/ciencia/biomass/quimicadamadeira.pdf > Acesso em: 28 jun. 2016.
NOVAK, Joseph D; CAÑAS, Alberto J. A teoria subjacente aos mapas conceituais e como elaborá-los. Praxis Educativas, Ponta Grossa, v.5, n.1, p. 9-29, jan-jun. 2010. Disponível em <http://www.periodicos.uepg.br >. Acesso em: 14 jun. 2016. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Química para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008. RESOLUÇÃO CONAMA nº 275, Simbologia. De 25 de abril de 2001 Publicada no DOU no 117-E, de 19 de junho de 2001, Seção 1, página 80. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=273>. Acesso em: 01 Nov. 2016 SANTOS, Celênia P.; REIS, Iêda Nunes dos; MOREIRA, José Eduardo Borges; BRASILEIRO, Lilian Borges. Papel: como se fabrica? Disponível em <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a01.pdf>. Acesso em: 06 jun. 2016.