produção leiteira

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PRODUÇÃO LEITEIRA – ANALISANDO O PASSADO, ENTENDENDO O PRESENTE E PLANEJANDO O FUTURO GERALDO TADEU DOS SANTOS Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá – Av. Colombo, 5790 – CEP 87020-900 – Maringá-PR. E-mail: [email protected] & DUARTE VILELA Pesquisador e Chefe-Geral da EMBRAPA/Gado de Leite – Rua Eugênio do Nascimento, 610 – Dom Bosco – CEP 36038-330-Juiz de Fora – MG. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO As explorações leiteiras tradicionais no Brasil iniciaram-se a com a chegada dos primeiros colonos portugueses, com objetivo de explorar o solo brasileiro. Em nível mundial, os antecedentes históricos registram a produção de leite, literalmente, desde a pré-história. Todavia, somente após a Segunda Guerra Mundial, é que se processou mudanças drásticas nesta atividade, modificando o caráter de empresa familiar e rudimentar, transformando numa indústria sumamente sofisticada em muitas partes do mundo. No Brasil, o sistema de produção de leite passou por mudanças estruturais profundas desde o início dos anos noventa, com o desenvolvimento de um ambiente competitivo inteiramente novo que resultou da desregulamentação do mercado, da abertura comercial ao exterior e ao Mercosul e do processo de estabilização da economia (JANK et al., 1999). Ainda segundo estes autores, a liberalização e diferenciação de preços da matéria-prima, guerras de ofertas nas gôndolas dos supermercados, entrada de produtos importados, aquisições e alianças estratégicas no meio empresarial, ampliação do poder dos laticínios multinacionais e dos supermercados, ampliação da coleta a granel de leite refrigerado, redução global do número de produtores, reestruturação geográfica da produção, problemas de padronização do produto e a amplitude de um pujante mercado informal são itens que compõem o atual cotidiano concorrencial do setor. Neste texto procuramos detectar alguns gargalos da cadeia produtiva do leite em seus segmentos: da produção de leite, da indústria de laticínios, da distribuição/varejo e do consumidor. Abordamos também, as transformações que vêm ocorrendo na cadeia produtiva do leite e as perspectivas futuras. É realizado um balanço da produção científica sobre os diversos elos da cadeia do leite, especificamente aqueles publicados na Revista Brasileira de Zootecnia e nos Anais das Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de Zootecnia e, finalmente, mostra os resultados do Projeto Plataforma MCT/CNPq/PADCT e EMBRAPA – Gado de Leite, em parceria com diversas instituições entre as quais as Universidades Federal de Goiás e Estadual de Maringá – Paraná. Os resultados deste projeto sugerem temas para pesquisas futuras que tenham por objetivo aumentar e solidificar o conhecimento sobre pecuária leiteira nacional, possibilitando fundamentos mais sólidos para a formulação da política de incentivo a pesquisa no país. Anais da XXXVII Reunião Anual da SBZ, Viçosa – MG, 24 a 27 de julho de 2000, p.231 – 266.

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  • PRODUO LEITEIRA ANALISANDO O PASSADO, ENTENDENDO OPRESENTE E PLANEJANDO O FUTURO

    GERALDO TADEU DOS SANTOS Professor do Departamento de Zootecnia daUniversidade Estadual de Maring Av. Colombo, 5790 CEP 87020-900 Maring-PR.

    E-mail: [email protected]& DUARTE VILELA Pesquisador e Chefe-Geral da EMBRAPA/Gado de Leite RuaEugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco CEP 36038-330-Juiz de Fora MG.

    E-mail: [email protected]

    INTRODUO

    As exploraes leiteiras tradicionais no Brasil iniciaram-se a com a chegada dosprimeiros colonos portugueses, com objetivo de explorar o solo brasileiro. Em nvelmundial, os antecedentes histricos registram a produo de leite, literalmente, desde apr-histria. Todavia, somente aps a Segunda Guerra Mundial, que se processoumudanas drsticas nesta atividade, modificando o carter de empresa familiar erudimentar, transformando numa indstria sumamente sofisticada em muitas partes domundo.

    No Brasil, o sistema de produo de leite passou por mudanas estruturaisprofundas desde o incio dos anos noventa, com o desenvolvimento de um ambientecompetitivo inteiramente novo que resultou da desregulamentao do mercado, daabertura comercial ao exterior e ao Mercosul e do processo de estabilizao da economia(JANK et al., 1999). Ainda segundo estes autores, a liberalizao e diferenciao depreos da matria-prima, guerras de ofertas nas gndolas dos supermercados, entrada deprodutos importados, aquisies e alianas estratgicas no meio empresarial, ampliaodo poder dos laticnios multinacionais e dos supermercados, ampliao da coleta a granelde leite refrigerado, reduo global do nmero de produtores, reestruturao geogrficada produo, problemas de padronizao do produto e a amplitude de um pujantemercado informal so itens que compem o atual cotidiano concorrencial do setor.

    Neste texto procuramos detectar alguns gargalos da cadeia produtiva do leite emseus segmentos: da produo de leite, da indstria de laticnios, da distribuio/varejo edo consumidor.

    Abordamos tambm, as transformaes que vm ocorrendo na cadeia produtiva doleite e as perspectivas futuras. realizado um balano da produo cientfica sobre osdiversos elos da cadeia do leite, especificamente aqueles publicados na Revista Brasileirade Zootecnia e nos Anais das Reunies Anuais da Sociedade Brasileira de Zootecnia e,finalmente, mostra os resultados do Projeto Plataforma MCT/CNPq/PADCT e EMBRAPA Gado de Leite, em parceria com diversas instituies entre as quais as UniversidadesFederal de Gois e Estadual de Maring Paran. Os resultados deste projeto sugeremtemas para pesquisas futuras que tenham por objetivo aumentar e solidificar oconhecimento sobre pecuria leiteira nacional, possibilitando fundamentos mais slidospara a formulao da poltica de incentivo a pesquisa no pas.

    Anais da XXXVII Reunio Anual da SBZ, Viosa MG, 24 a 27 de julho de2000, p.231 266.

  • 2ANALISANDO O PASSADO E ENTENDENDO O PRESENTE

    Segmento da produo de leiteEm 1996 o Brasil era o 6 maior produtor mundial de leite, logo abaixo dos

    Estados Unidos (EUA), Rssia, ndia, Alemanha e Frana (MORALES, 1996). Nos ltimos32 anos, as produes brasileira, mexicana e argentina, comparativamente a produo deoutros pases mais importantes no cenrio mundial, foram as que mais cresceram,respectivamente, 232,3, 207,7 e 106,4% (TABELA 1). O crescimento da Nova Zelndia eAustrlia foi menor, mas, igualmente importante, respectivamente, 87,1 e 35,2%. Doispases produtores de leite da Comunidade Europia registraram queda na produo. NaFrana a queda foi de 13,5%, no Reino Unido de 33,2%. A Alemanha manteve,praticamente, a produo e a Holanda registrou um crescimento de 53,4%. A produobrasileira praticamente o dobro da produo da Nova Zelndia e mais do que o dobroda produo da Argentina, ambos pases considerados referncias na produo eexportao mundial de leite. Entretanto, os nveis de produtividade brasileira, continuamsendo baixos. A mdia de rebanho, segundo as estatsticas, varia em termos de 790 a1.057 litros/vaca/ano, contrastando com a mdia mundial superior a 2.000 litros,colocando o Brasil em 107o lugar no item produtividade, (MATTOS, 1999).

    Vrios estudos de diagnsticos tiveram como foco principal de anlise asineficincias do segmento de produo leiteira primria no Brasil (FILIPPSEN et al., 1997;GOMES, 1999; JANK et al., 1999, BITTENCOURT, 1999).

    BORTOLETO et al. (1997), afirmam que, atualmente, consenso entre ospesquisadores da cadeia produtiva do leite que o regime de tabelamento de preos,imposto por tantos anos, foi nefasto modernizao da pecuria de leite, pois provocou:desestmulo para investimentos na produo; dependncia de importaes;predominncia de rebanhos no especializados e manuteno e fortalecimento domercado informal.

    O crescimento da produo nacional, embora superior ao crescimentodemogrfico, inferior ao da demanda. A elasticidade-renda da demanda de lcteos positiva, superior unidade e h uma grande procura reprimida (MATTOS, 1999). Nasdespesas com alimentos das famlias brasileiras que recebem at dois salrios mnimos,o leite aparece no segundo grupo de alimentos com maior peso (FONSECA e MORAIS,1999). Se a renda per capita crescer e melhorar sua distribuio, o dficit entre produoe consumo se ampliar, para vantagem de nossos fornecedores estrangeiros. Por ltimo,o baixo padro de qualidade dos produtos lcteos garante que o Pas continuar excludodo mercado exportador ainda por pelo menos uma dcada (tempo necessrio adaptao da produo domstica aos padres internacionais de qualidade)1. evidenteque este quadro comea a mudar. Mas, se considerarmos que menos de 10 milprodutores, de um imenso universo (1.182.000 produtores), j teriam alcanado padresinternacionais de produtividade e qualidade, fica claro que o Pas tem um longo caminho apercorrer no processo de modernizao de seu setor leiteiro.

    1 O prazo mencionado o previsto pela Secretaria de Vigilncia Sanitria do Ministrio daAgricultura. Este prazo pode ser abreviado se os produtos obtiverem certificado de origem.

  • 3Tabela 1. Comparao de produes leiteiras e mudanas em 32 anos.

    Pas Produo (milhes detoneladas)

    Mudanas(66/98)

    1966* 1998** (%)Unio Sovitica/Rssia 76,1a 34,0b -Estados Unidos 54,5 71,4 31,00Frana 28,8 24,9 -13,50ndiac 23,5 35,0 48,90Reino Unido 21,7 14,5 -33,20Alemanha 28,4d 28,5 0,35Polnia 14,6 12,3 -15,75Itlia 10,6 10,6 0,00Canad 8,3 8,2 -1,20Holanda 7,3 11,2 53,42Austrlia 7,1 9,6 35,21Brasil 6,5 21,6 232,31Nova Zelndia 6,2 11,6 87,10Dinamarca 5,3 4,7 -11,32Argentina 4,7 9,7 106,38Mxico 2,6 8,0 207,69Total dos pases acima 315,8

    aProduo atual dos pases que formavam a URSS. bProduo da Rssia. cInclui leite de bfala, somente 10% de leite de vaca. **dInclui as AlemanhasFederal e Comunista. Todos os totais incluem todo tipo de leite, por ex. de cabrae de ovelha.FONTE: *MORALES (1996) **Servio Nacional de Estatstica dos EUA (1998).

    No pas h um descompasso entre a modernizao de alguns setores daagricultura brasileira e o atraso relativo de sua produo leiteira e, por via deconseqncia, da indstria de laticnios.

    Isto intrigante pois a produo leiteira est estreitamente vinculada a um setorindustrial.

    Para explicar essa questo, levantam-se vrias hipteses. A primeira a de que oleite tenha sido vtima de polticas populistas, to comuns na Amrica Latina. Segundoessa hiptese, a falta de sorte do setor de lcteos foi o de leite ter sido identificado comoitem bsico da dieta popular e, mais grave ainda, ter peso elevado nos ndices de custode vida.

    Durante mais de 40 anos (de 1945 a 1991), o governo fixou o preo (nominal) doleite ao produtor, ao consumidor e as margens de rentabilidade de cada um dos elos dacadeia produtiva. A classificao do leite em A, B e C ainda persiste, embora tenhaperdido espao para o leite longa vida leite esterilizado. Respondendo aos desestmulosdo regulamento, todos os segmentos da cadeia produtiva, praticamente, se estagnaram.Os avanos tecnolgicos foram episdicos, ficaram restritos quelas propriedades queabasteciam os mercados do leite pasteurizado tipos A e B. A gama de produtos oferecidaaos consumidores permaneceu quase inalterada durante quatro dcadas. Para se ter umaidia da dimenso do problema, nota-se que o iogurte fez o seu debut no mercadobrasileiro somente nos anos setenta. H cerca de 20 anos, existia apenas seis variedadesde queijo no mercado, contra mais de sessenta, atualmente.

    Todavia, leite tabelado nunca significou remunerao adequada ao produtor e, muitomenos, estabilidade de preos reais. Inflao elevada foi a tnica de quase todo o perodo

  • 4e os preos recebidos pelos produtores foram excessivamente instveis. Ainda hoje,produzir leite envolve considervel risco financeiro.

    A todas essas circunstncias os produtores se adaptaram. Para reduzir custos,optaram pelo crescimento extensivo da produo, em detrimento da via intensiva. Osistema de produo foi coerente com a dotao de fatores: empregou intensamente osfatores abundantes recursos naturais e mo-de-obra de baixo nvel de qualificao poupando aqueles de oferta relativamente inelstica (capital, mo-de-obra qualificada).Pode-se dizer que o setor leiteiro constituiu um caso de atraso tecnolgico induzido. Aatividade tornou-se, em grande parte, semi-extrativista. O uso de insumos modernos foireduzido ao mnimo indispensvel, as pastagens (durante as duas primeiras dcadas dops-guerra) foram fundamentalmente as nativas. Pastagens melhoradas e adubadassomente na dcada de 70 passaram a ter expresso. No houve demanda de tecnologiamoderna e as instituies de pesquisa no priorizaram o desenvolvimento destatecnologia para o leite. Para que a oferta, se no havia demanda ? O risco dedescasamento de preos de insumos e produto foi assim minimizado. O fim da regulao,em 1991, coincidiu com o avano do processo de liberalizao comercial e com aexploso inflacionria. Aquela, ao acirrar a concorrncia, manteve os preos ao produtorem nveis to baixos quanto os fixados pelos reguladores, devido, principalmente, simportaes subsidiadas na origem e a ltima exacerbou a instabilidade dos preos.

    A estratgia de reduo de custos e riscos teve outro componente de efeitos atmais duradouros que os anteriores: a no-especializao do rebanho. Admite-se que opreo do leite seja inversamente correlacionado com o da carne. Assim sendo, para fazerface oscilao de ambos, a melhor estratgia a utilizao de rebanho de dupla aptidopara leite e carne. Exatamente isto foi feito. Resultado: baixa produtividade do rebanho deleite e de carne. Esta estratgia de sobrevivncia do produtor redundou em prejuzo paraa sociedade que teve de se contentar com produtos de qualidade inferior e em menorquantidade.

    Outro ponto a considerar que as pastagens degradadas2 so tambm causasimportantes da baixa produtividade do rebanho leiteiro, com perdas significativas de rendapara os produtores. Estima-se que 80% do leite produzido no Pas seja proveniente daproduo a pasto, com predominncia de pastagens degradadas de Brachiaria, fazendocom que a eroso dos solos e o uso de agrotxicos sejam maiores nestas reas. Cadahectare degradado corresponde a um hectare de rea nova de fronteira. Adicionalmenteestima-se, conforme dados da Confederao Nacional da Agricultura (CNA), que paracada trs hectares de terra desativada por efeito da eroso corresponde perda de umemprego no campo.

    Os principais problemas dos sistemas convencionais so que 50% das pastagenscultivadas esto comprometidas devido baixa fertilidade natural dos solos e o uso debaixa tecnologia, acarretando perda anual de 38 milhes de arrobas de carne, ou seja,US$ 1 bilho por ano (SCALEA, 1997). Perdas referentes pecuria de leite no tm sidoquantificadas, porm estima-se uma perda de 3,6 bilhes de litros de leite inspecionadopor ano, correspondendo a US$ 500 milhes, admitindo-se uma ineficincia no segmentoda produo da ordem de 30% (TUPY, 1998). A simples troca do gnero Brachiaria,principalmente a espcie B. decumbens, por outros com maior potencial de resposta fertilizao nitrogenada, poder proporcionar condies para que a produtividade dapecuria de corte e de leite saiam dos atuais 30 kg PV/ha/ano e 900 kg de leite/ha/ano,

    2 MACEDO (1993) define pastagem degradada como o processo evolutivo de perda de vigor, produtividadee da capacidade natural de recuperao das pastagens em funo de manejos inadequados, nosustentando ao longo dos anos ndices de produo satisfatrios.

  • 5respectivamente, para ndices prximos dos 600 a 1.000 kg PV/ha/ano e 18.000 kg deleite/ha/ano.

    No foi s o rebanho que no se especializou. O produtor tambm no. Parteexpressiva da produo leiteira (33,5%) ainda se d em estabelecimentos cuja principalatividade no a produo de leite. Esta, em nmero ainda grande de estabelecimentos, parte do sistema de produo de subsistncia. Produz-se leite e carne, mas tambmproduz-se leite e lavouras e ainda os trs produtos conjuntamente (BRANDO, 1999).

    Em semelhante sistema de produo, a estrutura fundiria deixou sua marca.Parcela avassaladora dos estabelecimentos que produzem leite so pequenos demais. Asnfimas margens de rentabilidade inviabilizam a produo especializada e o nmero deprodutores excessivo. Esta uma conseqncia inevitvel da estrutura fundiriabrasileira em que predomina a pequena propriedade. O nmero exagerado departicipantes no processo produtivo talvez seja o principal elemento de diferenciao doBrasil relativamente aos outros grandes produtores mundiais ( exceo da ndia). Valenotar que o nmero de fornecedores da Nestl brasileira h pouco tempo era maior que ototal de produtores da Austrlia ou da Argentina. No Sul do pas, os Estados do Paran eRio Grande do Sul (TABELA 2) no fogem a regra, so caracterizados pela grandepulverizao de produtores, onde aproximadamente 70% produzem at 50 litros/leite/dia(BITTENCOURT, 1999 e FILIPPSEN e PELLINI, 1999).

    Tabela 2 - Distribuio do nmero de produtores por estrato de produo no Rio Grande do Sul, no ano de1997.

    Estrato de produo(litros/dia)

    Nmero de produtores %

    0 50 58.548 69,1051 200 23.901 28,21201 500 1.982 2,34

    501 296 0,35Total 84.727 100

    FONTE: Eleg Alimentos S.A., citado por Bittencourt (1999).

    Na regio Sudeste, igualmente, a escala de produo tambm no difere muito daregio Sul. Dos Cooperados da Central de Cooperativas de Minas Gerais (ITAMB), amaior de Minas Gerais, 53% dos produtores de leite produzem menos de 50 litros/dia econtribuem com apenas 13% do total (MATTOS, 1999).

    O resultado disso, so os ndices medocres de produtividade, rentabilidade equalidade do leite na mdia das propriedades rurais do pas em comparao com a deoutros pases (TABELA 3). A elevada sazonalidade da oferta ao longo do ano e apredominncia de relaes instveis e conflituosas entre laticnios e produtores (JANK etal., 1999).

    O grande nmero de produtores, alm de dificultar a especializao e adisseminao de informaes encarece a coleta e o controle de qualidade do leite porparte da indstria e a fiscalizao pelo governo. O grande nmero de participantescaracteriza uma oferta atomizada que, alm disso, pulverizada por todas as regies doPas. Essas caractersticas dificultam a constituio de organizaes capazes derepresentar os produtores, seja nos foros polticos, seja nos de negociao com aindstria.

  • 6Tabela 3 - Comparao da pecuria leiteira em pases selecionados

    Brasil EUA Argentina Uruguai UnioEuropeia

    Austrlia NovaZelndia

    Produo de leite(milhes de litros/ano)

    19.020 70.300 8.760 1.300 120.500 9.400 11.000

    N de vacas leiteiras(mil animais)

    18.000 9.300 2.400 401 21.600 1.900 3.300

    Produtividade do rebanho(litros/vaca do rebanho

    1.057 7.559 3.650 3.241 5.579 4.947 3.333

    Nmero de produtores(mil)

    1.182 105 22 4.6 825 14 15

    Produo mdia(l/prod./dia

    47 1.834 1.091 774 400 1.814 2.078

    Preo do leite ao produtor(US$/litro)

    0,22 0,30 0,21 0,18 0,39 0,20 0,16

    Faturamento mensal porprodutor(US$/ms)

    315 16.738 6.968 4.179 4.747 11.033 10.115

    Fonte: JANK et al. (1999). O Agribusiness do leite no Brasil, Grupo Pensa. p.56.

    A especializao da produo est associada a economias de escala a seremapropriadas. A escala mdia de produo dever crescer, aproximando-se do padromundial, mas dificilmente haver espao no mercado para mais do que uma diminutafrao do nmero de produtores ora em atividade. Em outras palavras, a reestruturaoda produo leiteira no se dar sem grave custo social. Tal custo uma considervelbarreira social modernizao da atividade.

    A caracterstica mais marcante da maioria dos produtores e (ou) extratores de leite doBrasil a baixa produtividade dos fatores de produo. baixa a produtividade da terra(inferior a 700 litros/hectare/ano), da mo-de-obra (inferior a 100 litros/dia/homem) e docapital (inferior a 1.000 litros/vaca/lactao) (IBGE, 1996). Alis, a baixa produtividade nofica apenas na produo, ela se estende ao transporte e, at mesmo, a muitas indstrias.Embora existam, no Pas, alguns grupos de produtores que podem ser classificados comoeficientes, a maioria, ainda permanece com baixos ndices de eficincia tcnica, e porconseqncia, econmica.

    Para que o problema da realocao dos produtores excedentes seja o menorpossvel, duas condies precisam ser satisfeitas: a economia tem de estar emcrescimento (o que abre oportunidades em outras atividades agrcolas e mesmo no setorurbano), e a oferta de crdito tem de ser elstica a taxas compatveis com a atividade dosetor. Na ausncia dessas condies, a imposio de mudanas ao processo produtivopara satisfao de determinado padro de qualidade implica repasse ao produtor damaior parte do nus do ajuste. A este, no entanto, restar ainda o setor informal, o abrigoseguro dos refugiados dos regulamentos e do fisco. Isto posto, de se presumir que estesegmento invisvel da economia leiteira mantenha sua atual expresso ainda por muitotempo.

    Um setor informal inchado , por sua prpria existncia, uma dificuldade a maisno caminho da modernizao. As cadeias formal e informal do leite se comunicam, oumelhor, competem entre si (TABELA, 4). O fato que, para uma substancial parcela dosconsumidores, os produtos das duas cadeias so substitutos muito prximos uns dosoutros. A capacidade da cadeia formal de reivindicar preos limitada pela oferta dacadeia informal.

  • 7Tabela 4 Resumo do mercado brasileiro de leite e derivados.

    Milhes de litros equivalente leite fluido 1990 1998 Variao*CONSUMO 15.393 22.307 36%Per capita (L/hab/ano) 106 136 28%PRODUO 14.484 20.087 29%Formal 9.609 11.345 16%Pasteurizado 4.030 2.745 -27%Longa Vida 184 3.100 895%Derivados 5.395 5.500 9%Informal 4.875 8.742 52%IMPORTAES 909 2.220 146%Longa Vida/Fluido 4% 53%Importao/Mercado Formal 9% 16%Tamanho do Mercado Informal 34% 44%

    (*) Trinio 1996/98 sobre trinio 1990/92Fonte: DECEX/MAARA//LEITE BRASIL /SUNAB/ABLV/ABIQ. In: JANK et al. (1999). OAgribusiness do leite no Brasil, Grupo Pensa. p.56.

    Outro aspecto da interao entre as duas cadeias o seguinte: a oferta dosprodutores no mercado formal relativamente elstica ao preo. Assim, uma reduo dopreo do leite ter como conseqncia uma diminuio mais que proporcional daquantidade ofertada. A indstria pode at forar a queda do preo do leite, mas sua aono ficar impune, pois ter menos matria-prima. Acontece que a oferta da cadeiainformal, ao contrrio, relativamente inelstica ao preo, fato este que reduz aelasticidade da oferta agregada. Assim sendo, se o preo subir ou descer, as mudanasna quantidade ofertada total sero menores que do contrrio, sendo portanto menor oimpacto da queda do preo sobre o abastecimento indstria. Segue-se que quantomaior for a participao do segmento informal na produo total, mais vulnervel estar oprodutor de leite diante de uma indstria oligopsnica3. E mais: quanto menos elstica fora oferta, maiores sero as oscilaes dos preos do leite diante de variaes dademanda. Da produo informal pode-se dizer que ela extremamente resistente acrises, mas que, por outro lado, tem enormes dificuldades de se desenvolver e, ainda porcima, retarda o desenvolvimento da produo formal. Tal situao, em boa parte, retira oleite do mbito da poltica econmica e o remete para a esfera da poltica social.

    Um aspecto importante do mercado do leite diz respeito a instabilidade da renda doprodutor, provocada pela sazonalidade da produo. Em razo da pouca especializaodos 19,1 milhes de vacas ordenhadas do rebanho leiteiro nacional, associada ao manejoinadequado, a maioria dos produtores brasileiros tem diferena significativa entre aproduo de leite da poca das guas e da seca, ainda que com uma tendncia ntida dehaver reduo em algumas regies produtoras de leite. Esse diagnstico ruim para oprodutor especializado e pode tambm ser ruim para a indstria. O produtor especializadocaracteriza-se por produo e custos estveis ao longo do ano e as variaes do preo doleite causam srios desequilbrios em seus negcios. Tal diferena traz tambm gravesproblemas ao mercado, uma vez que a demanda praticamente constante durante todo oano e a oferta bem maior no perodo chuvoso. Alm dos elevados custos financeiros decarregar o excesso de produo do perodo das guas para ser consumido no perodo daseca, existe um custo adicional referente ociosidade da indstria, em parte do ano. Isto

    3 Tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas, de grande porte, so as compradoras dedeterminada matria-prima ou produto primrio de muitos pequenos produtores (SADRONI, P. NovssimoDicionrio de Economia. Editora Best Seller, 2a. Edio, p. 431, 1999.

  • 8significa que para o mercado, em condies econmicas normais, o ideal seria ter umaproduo constante durante todo o ano. A busca desse ideal passa pelo uso detecnologias apropriadas de produo de alimentos durante todo o ano para garantir umamelhor distribuio anual da produo.

    Resumindo, pode-se atribuir o atraso relativo da pecuria leiteira aos seguintesfatores: i) o longo perodo de regulao, que inibiu a demanda de tecnologia, enquantoinduziu o crescimento pela via extensiva; ii) a falta de especializao do rebanho,decorrente da instabilidade do preo do leite (ampliada pela inflao), especialmente, emrelao ao da carne; iii) a falta de especializao dos produtores e grande nmero deprodutores extrativista; iv) o pesado custo social da reestruturao da produo; (v) opeso elevado do setor informal, que inibe a modernizao; vi) falta de coordenao entreos diferentes segmentos da cadeia produtiva e, por ltimo, vii) resta estabelecer o papelque a indstria representou neste processo.

    Segmento da indstria de laticniosA indstria teve um papel fundamental na viabilizao da expanso horizontal da

    pecuria leiteira. Havia no Pas um enorme potencial produtivo na forma de rebanhos epastagens nativas que, para ser realizado, carecia de mercado. A indstria veiojustamente propiciar o mercado que faltava (TABELA 5).

    Mas se, por um lado, a indstria criou condies para a expanso da pecurialeiteira, por outro, pouco fez pelo aumento de produtividade naquela atividade. Em vez deforar a mudana, como aconteceu em tantos outros casos, a indstria de laticniospreferiu adaptar-se s precrias condies da produo leiteira, com seu suprimentoinstvel de matria-prima de baixa qualidade e alto custo de coleta. curioso o paraleloentre os problemas da indstria e os da produo de leite. Assim como esta, aquela extremamente heterognea. H um nmero pequeno de unidades industriais modernas, eum nmero enorme de pequenas empresas milhares delas e de cooperativas, combaixo padro tecnolgico, pouca sofisticao gerencial e produzindo bens de qualidadeinferior. Assim como h um mercado informal de leite in natura, h uma indstriaartesanal, que atende a um pblico menos sofisticado, em geral de menor poderaquisitivo.

    At hoje ela sofre com a baixa qualidade da matria-prima e com a estacionalidadedo suprimento do leite; mas, por dcadas, aceitou leite de qualidade inferior, recusando-se a pagar prmio por qualidade e quantidade, e at lucrou com a sazonalidade da oferta.Isto porque discriminou o preo entre o leite entregue na safra e o entregue naentressafra, pagando preo irrisrio pelo primeiro, ao mesmo tempo em que financiava osestoques acumulados na safra a juros favorecidos.

    Como o produtor de leite, a indstria foi vtima da regulao, do protecionismo e daestagnao do mercado consumidor. Por seu atraso, sofreu com o acirramento daconcorrncia externa e com a perda do poder de mercado (capacidade de impor preo)para as grandes redes varejistas e, a longo prazo, terminou pagando o preo daimprevidncia. Sem ter acompanhado as tendncias do mercado, grande parte dasindstrias esto com instalaes ociosas, obsoletas, um problema que atingeprincipalmente aquelas unidades destinadas pasteurizao. Muitas cooperativas estosob ameaa de insolvncia e, juntamente com centenas de pequenas empresas, sofremintenso processo de concentrao tal como acontece com a produo leiteira.

    Uma dificuldade adicional que os problemas do setor de lcteos tm um fortecomponente regional. O variado ecossistema brasileiro, as diferenas regionais de

  • 9dotao de fatores edafoclimticos, as peculiaridades dos mercados locais e a maior oumenor tradio na atividade fazem com que os sistemas de produo de leite sejamigualmente variados. Assim, se as restries tecnolgicas so diferenciadasregionalmente, com as aes de P&D no pode ser diferente.

    Numa forma agregada, os principais entraves ao desenvolvimento do setor leiteiro,que exigem mudanas nos segmentos da produo e da indstria podem ser assimdestacados:

    Tabela 5 - Mercado lcteo brasileiro - maiores empresas em 1994 e 1996.

    1994 1996

    EmpresaRecepo

    diria de leite(1.000 L)

    Nmero deprodutores

    (1.000)

    (Litros/produtor/

    dia)

    Recepodiria de leite

    (1.000)

    Nmero deprodutores

    (1.000)

    (Litros/produtor

    /dia)Nestl 3.205 41,5 77 3.923 39,2 100Parmalat 2.219 43,1 51 2.927 35,8 82Sistema Paulista 2.726 25,2 108 2.684 25,4 106Sistema Itamb 1.548 22,4 69 1.945 20,2 97CCGL/Avipal 1.364 52,1 26 1.836 44,0 42Grupo Mansur 1.123 9,4 119 827 8,4 99Fleischmann-Royal

    - - - 767 9,5 81

    Danone - - - 473 2,0 236CCPL(RJ) - - - 469 12,2 38Batavo/Agromilk - - - 452 10,7 42Subtotal - - 63 16.303 207,3 79Outras empresas - - - 17.016 270,5 63Total (com SIF) 25.866 - - 33.319 477,9 70Leite sem SIF 18.216 - - 22.440 704,1 32TOTAL GERAL 44.082 - - 55.759 1.182,0 47

    Fonte: Leite Brasil e JANK et al. (1999).

    No segmento da produo VILELA et al. (1998) destacam falta de sistemas deproduo competitivos; carncia de mo-de-obra capacitada; fraca organizao dosprodutores; incipientes mecanismos para repassar aos produtores uma maior parcela dovalor agregado pelas cooperativas e indstrias processadoras do leite; falta deacompanhamento das principais bacias leiteiras; baixa efetividade dos servios deassistncia tcnica; inexistncia de um programa de reconverso de produtores comdificuldades de continuar na atividade; falta da adoo de prticas para melhoria daqualidade do leite, baixa capacidade de gesto do negcio da produo de leite(assistncia tcnica e gerenciamento da informao), que se aplica para toda a cadeiaprodutiva.

    Na indstria, PRIMO (1999) descreve os problemas identificados como a falta deexigncia de certificados de origem e de qualidade dos produtos lcteos, poucaautomao e informatizao dos processos; altos custos de transporte e armazenamento,incipiente pagamento diferenciado por volume e qualidade; falta de marketing institucionaldos produtos lcteos, pouca nfase em processos de reaproveitamento de produtos,reduzido investimento em desenvolvimento de microorganismos de interesse industrial ereduzida vida til dos produtos.

    Por seu turno, as instituies pblicas tm sido lentas na promoo de aes como propsito de: atualizar a legislao para estabelecer novos padres de qualidade para oleite e eliminar a venda de leite no inspecionado; facilitar a taxao compensatria de

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    produtos lcteos subsidiados na origem; estimular o uso de leite nacional nos programassociais; tomar medidas que visem fortalecer o sistema cooperativista; reduzir alquotaspara importao de insumos, uniformizar impostos entre os Estados da Federao,envidar esforos para compatibilizar os programas de P & D de instituies pblicas eprivadas, melhorar a qualidade dos servios e da infra-estrutura.

    O suporte tcnico s decises polticas importante, mas no se pode ter ilusesquanto sua eficcia. A possibilidade de remoo das restries includas nas duasltimas categorias levantadas no Projeto "Identificao das Restries Tcnicas,Econmicas e Institucionais ao Desenvolvimento do Setor Leiteiro Nacional" (VILELA etal., 1999), est intimamente ligada capacidade dos interessados em mobilizar apoiopoltico. Nesse aspecto, a disperso da produo leiteira por vastas reas, mais uma vez,dificulta o processo de remoo das principais restries tcnicas, econmicas,institucionais e mesmo governamentais ao desenvolvimento da pecuria de leite nacional,como abordado nos seminrios (SEMINRIO, 1998a, b, c e d) e no livro editado porVILELA et al. (1999), todos eles frutos do Projeto Plataforma.

    Segmento da distribuio, varejoSegundo JANK e GALAN (1999) as padarias e pequeno varejo so

    estabelecimentos importantes na distribuio de determinados produtos lcteos,notadamente leites pasteurizados de tipo B e C e os queijos fatiados sem marca. Porm,por conta do extraordinrio crescimento no consumo do leite longa vida, em detrimentodo leite pasteurizado, as padarias e pequeno varejo vm perdendo importncia relativa nadistribuio de leite fluido. Na classe das grandes superfcies esto includos os super ehipermercados, cuja importncia na distribuio de derivados lcteos tem crescidosignificativamente nos ltimos anos, principalmente em decorrncia do crescimento doconsumo de leite longa vida. Uma terceira via de distribuio a venda direta aoconsumidor, realizada por produtores, intermedirios e pequenos laticnios que operam,via de regra, margem da legislao. Os principais produtos vendidos diretamente aoconsumidor so o leite cru e os queijos sem marca. Entra tambm, nesta categoria, o leitetipo A que, segundo a legislao, deve obrigatoriamente ser industrializado napropriedade rural e, em seguida, ser entregue na forma integral para varejista oudiretamente ao consumidor final (porta a porta). Vale salientar que este ltimo produto tido como o leite fluido de melhor qualidade disponvel no mercado brasileiro.

    FONSECA e MORAIS (1999) acreditam que a rpida mudana de preferncia doconsumidor pelo leite longa vida pode explicar, em parte, a tendncia de reduo daproduo e das vendas do leite fluido convencional (leite pasteurizado). A outraexplicao o aumento da importao de leite em p pelas filiais de empresasmultinacionais que operam na cadeia de laticnios. Esta no tem sido apenas umaestratgia de abastecimento das empresas como, tambm, representa uma forma deimpor redues no preo pago ao produtor.

    Segmento ConsumidorSegundo BORTOLETO e CHABARIBERY (1998), com a intensificao da

    concorrncia em um mercado globalizado, o consumidor que passa direo doprocesso na determinao de padres de qualidade, preos e fluxos de produtos em umacadeia de produo. Assim, o consumidor brasileiro tem, cada vez mais, sua disposioderivados lcteos oriundos de diversos pases e regies, fazendo com que pelo menos

  • 11

    uma parcela da populao passe a ser mais exigente com a qualidade. Uma outraparcela, bem maior em termos quantitativos, est muito mais preocupada com preos doque com marcas e qualidade, em decorrncia da imensa disparidade de renda no pas.

    Com a estabilizao da economia houve aumento do consumo de lcteos, tanto doleite fluido, como de subprodutos com maior valor agregado, como foi o caso do queijo.CASTRO et al. (1999) enfatizam que o plano de estabilizao econmica ampliou apossibilidade de compra de produtos lcteos para uma enorme classe de consumidoresde baixa renda que, at ento, estava margem deste tipo de consumo. Para ossupermercados, apesar de serem bem-vindos, estes consumidores no so os ideais, jque preferem aqueles cujo consumo seja mais sofisticado, comprando produtos de maiorvalor agregado e margem de comercializao mais atrativa.

    O consumo per capita aparente mdio brasileiro alcanou em 1997,136 litros/habitante/ano (BORTOLETO e CHABARIBERY (1998), porm, est longe dealcanar o valor mdio de 215 litros/habitante/ano preconizado pela Food Agriculture ofOrganization (FAO, 1998). Foi de olho neste mercado potencial que as multinacionais seinstalaram no pas, em busca de novas oportunidades.

    TRANSFORMAES DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E PERSPECTIVASFUTURAS

    A primeira transformao diz respeito ao aumento significativo da produo de leitenos ltimos anos. A produo nacional tem aumentado 1,5 bilho de litros de leite ao ano,a partir de 1994. Se comparada com a da Argentina, que apresenta aumento anual daproduo de 300 milhes de litros, significa que o crescimento da produo de leite doBrasil tem sido cinco vezes maior que o daquele pas.

    A segunda transformao foi o aumento recente, ainda que pequeno, daprodutividade do rebanho nacional. A evidncia mais forte desse comportamento est nadiminuio da flutuao da produo de leite entre os perodos das guas e da seca. Hpoucos anos, a diferena entre a menor e a maior produo mensal, durante o ano,variava em at 40%, tendo sido reduzida para atuais 28%. Vale o registro de que oclculo da produtividade mdia do rebanho nacional distorcido pela estruturaassimtrica da produo, tendo em vista que a grande maioria dos produtores produzainda menos de 50 litros de leite por dia, respondendo, porm, por apenas uma pequenaparcela do leite produzido no Pas. O grande nmero de pequenos produtores, cujaproduo e produtividade esto estagnadas, mascara a produtividade mdia e dificulta acompreenso do real comportamento da produtividade do rebanho nacional. Por outrolado, o aumento efetivo da produtividade do rebanho nacional, comparativo ao de outrospases de pecuria de leite mais desenvolvida, ainda responde por menos de 20%.

    A terceira transformao diz respeito ao maior crescimento da produo de leite daRegio Centro-Oeste, com destaque para o Estado de Gois. No perodo de 1990 a 1997,enquanto a produo nacional cresceu 38%, a da Regio Centro-Oeste foi de 70% e a doEstado de Gois de 76% (GOMES et al., 1997).

    Na pecuria de leite, assim como na produo de gros houve uma ampliao dafronteira de produo em direo ao Centro-Oeste. Ela ocorreu a partir do final dos anosoitenta e incio dos noventa. A explicao para o crescimento da produo de leite naRegio Centro-Oeste est, em grande parte, na crescente produo agrcola dessaregio, principalmente a soja, hoje com 4,2 milhes de hectares, e o milho, com 2,6milhes de hectares.

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    Se na produo agrcola a participao dos Cerrados importante, ela aindamaior na pecuria, tanto de corte quanto de leite. A combinao de fatores, comotopografia plana a ondulada, temperaturas mdias de 21 a 28o C, elevada luminosidade,precipitao de 1.200 a 1.500 mm/ano e abundncia de terra, a preo relativamentebaixo, tem levado, naturalmente, a um sistema de produo de leite de baixo custo. Ossistemas predominantes nessa regio baseiam-se na alimentao do rebanho durantetodo o ano a pasto, suplementado na poca seca com alimentos volumosos e poucaquantidade de concentrado.

    Segundo informaes da Federao da Agricultura do Estado de Gois, o customdio de produo de leite no estado, durante o ano de 1998, variou de R$ 0,16 aR$ 0,18/litro, no perodo das guas, e R$ 0,22 a R$ 0,26/litro, no perodo das secas.Estes valores garantem competitividade ao estado se comparado com o preo mdionacional recebido pelo produtor de R$0,28/litro.

    O potencial para produo de leite dos Cerrados ainda pode ser considerado,praticamente, inexplorado, com uma rea de 202 milhes de hectares, correspondendo a24,4% do territrio nacional. Os Estados de Minas Gerais, Gois e Tocantins ocupamreas correspondentes a 384,4, 355,1 e 249,8 mil hectares, respectivamente. Os Estadosde Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rondnia, Maranho e Piau tambmpossuem reas de Cerrados.

    Alm do grande potencial de produo, est garantido o escoamento destaproduo, visto que as principais indstrias laticinistas do Pas (Nestl, Parmalat, Itamb ea Central Paulista de Laticnios) tm unidades nos Cerrados. A maioria das indstriaslaticinistas instaladas nos Cerrados operam com capacidade ociosa, significando que osempresrios esto apostando na possibilidade de aumentar ainda mais a produo deleite nessa regio.

    A sazonalidade da produo de leite nos Cerrados, assim como em todo o territrionacional, um tema de grande interesse, porque predominam sistemas de produo apasto, com produo de forragens estacional. Atualmente a produo de leite do perododas guas ainda maior que a do perodo de seca. Entretanto, a reduo dasazonalidade significativa. Nos ltimos anos, a taxa de crescimento da produo de leiteno perodo da seca em Gois foi superior a do perodo das guas. Isto significa que aproduo de leite dos Cerrados est se afastando cada vez mais do gado de corte eaproximando do gado especializado para leite, aproveitando as vantagens naturais dessaregio.

    Quanto transformao no segmento indstria, na ltima dcada, o faturamento daindstria de laticnios no Brasil teve um aumento de 248% contra 78% de todos ossegmentos da indstria brasileira de alimentos, refletindo o acelerado processo decrescimento do setor lcteo. Esse crescimento foi o resultado de intensas mudanas emtodos os elos da cadeia produtiva do leite, principalmente as ocorridas na indstria deprocessamento.

    A principal conseqncia das mudanas foi o aumento da concorrncia, tanto nacompra da matria-prima quanto na venda de leite e derivados. Para enfrentar o aumentoda concorrncia na captao de leite, a indstria pratica uma poltica de pagamento aoprodutor, a qual considera um preo-base mais bonificaes por volume e qualidade. Comessa estratgia, busca-se atrair os maiores produtores. Nessa mesma linha existemprogramas que facilitam a colocao de resfriador de leite nas fazendas, o qual , emgeral, financiado pela indstria e pago com a moeda-leite, num prazo mdio de trs anos.

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    As estratgias utilizadas pela indstria, alm de garantirem o fornecimento dematria-prima, objetivam tambm a sua melhor qualidade. Como conseqncia, aindstria pode ofertar leite e derivados de melhor qualidade aos consumidores. Alm daqualidade, a comodidade do consumidor outro aspecto que ganha cada vez maisimportncia, sendo o exemplo mais forte o do leite longa vida.

    No segmento consumo, observa-se aumento expressivo das quantidadesconsumidas de lcteos, como conseqncia dos aumentos de renda dos consumidoresprincipalmente por efeito do Plano Real e mudanas de hbitos de consumo, com maiorcrescimento de derivados mais nobres, como o iogurte, e de maior comodidade, como oleite Longa Vida.

    O crescimento da produo de leite Longa Vida, como pode ser visto na Tabela 5,ocorreu, em parte, pelo aumento do consumo de lcteos e pela substituio do leitepasteurizado, em especial do leite B. O expressivo crescimento de consumo de leite e dederivados, aps o Plano Real, se deve reduo de preos desses produtos e, emconseqncia, do aumento do poder de compra do consumidor. Para cada 10% de ganhono salrio, corresponde a 12% de aumento no consumo de lcteos. Problemassemelhantes foram os que pressionaram produtores de pases, hoje de pecuria leiteiradesenvolvida, a se especializarem.

    O QUE AS INSTITUIES DE ENSINO E PESQUISA TM FEITO DE ESTUDOSSOBRE OS DIFERENTES ELOS DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE ?

    FARIA (1999) relata que trabalhos de pesquisa e aplicao de conhecimentotecnolgico em fazendas leiteiras do Brasil tm mostrado que o potencial para produzirleite muito grande e que pode ser melhorado. Infelizmente, os recursos destinados atrabalhos de pesquisa cientfica so escassos, mas no impediram, at o momento, odesenvolvimento de propostas tecnolgicas de grande relevncia para o setor. Entretanto,a existncia de um corpo de profissionais treinados e aptos a desenvolverem pesquisacientfica existentes nas Universidades e nos Institutos de Pesquisas pode ser anuladopela falta de investimentos em cincia e tecnologia. O pequeno volume e a natureza dostrabalhos experimentais conduzidos no pas, podem criar um problema para o setorleiteiro, porque a tecnologia, muitas vezes precisa ser adaptada s caractersticas fsicase culturais de cada regio, para que se obtenha uma contribuio positiva. No que est deacordo MHLBACH (1999), quando afirma que necessrio o desenvolvimento demodelos regionalizados de sistemas de produo de leite.

    Para avaliar a produo cientfica, foi feito um levantamento dos textosrelacionados com a bovinocultura de leite, publicados na Revista Brasileira de Zootecnia enos Anais das Reunies Anuais da Sociedade Brasileira de Zootecnia, no perodo de1990 a 1999. H de se reconhecer que os pesquisadores brasileiros que atuam embovinocultura leiteira, tambm publicam seus trabalhos em outros peridicos nacionaisestrangeiros ou anais de outros eventos nacionais ou mesmo internacionais. Assim que,aparecem relevantes publicaes abordando a cadeia produtiva do leite em outros meiosde divulgao cientfica (BORTOLETO et al., 1997; FILIPPSEN et al., 1997; GOMES etal., 1997; MICHELETTO, 1998; BORTOLETO e CHABARIBERY, 1998; SEMINRIO,1998a, b, c e d; CUNHA (1999); FONSECA e MORAIS, 1999; JANK et al., 1999; VILELAet al., 1999), Todavia, dificuldades de se obter todas as informaes nos levaram arestringir nossos estudos aos dados da SBZ. Tambm, foram objetos de estudos os

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    grupos de pesquisas cadastrados no Diretrio 3.0 do Conselho Nacional deDesenvolvimento Cientfico e tecnolgico (CNPq, 1999).

    Revista Brasileira de ZootecniaA TABELA 6 mostra a grande evoluo do nmero de publicao que ocorreu

    nesta dcada. Incluiu-se como trabalho de bovinocultura de leite todas as reas nutrio, alimentao, manejo, reproduo, sanidade, bioclimatologia, sistema deproduo, economia, conservao de forragem e pastagem. At 1996, o nmero detrabalhos publicados em bovinocultura de leite era relativamente baixo e variou de 8 a 17publicaes. A partir de 1997, foi onde ocorreu um maior nmero de publicaes,culminando com 69 trabalhos em 1999.

    A UFV foi a instituio que manteve durante toda a dcada a maior regularidade depublicaes. Destacando-se nos ltimos trs anos como a instituio que mais contribuiunas diferentes reas, publicou mdia de 39,4%, seguido da EMBRAPA Gado de Leitecom 11,1%, UNESP - Jaboticabal e UFLA, ambas com 6,7%, UEM, UFMG, EMBRAPA CPPSE So Carlos cada uma com 3,9%.

    O nmero de publicaes em bovinocultura de leite e reas correlatas na RevistaBrasileira de Zootecnia, uma das mais conceituadas do Brasil, ainda muito pequeno.

    Anais das Reunies Anuais da SBZO nmero de trabalhos relativos a bovinocultura de leite, publicados nos Anais das

    Reunies Anuais da SBZ, tem variado muito. Em 1991 (Joo Pessoa) e 1992 (Lavras),houveram poucos resumos, respectivamente, 92 e 74. As maiores concentraes deresumos, relacionados bovinocultura de leite, ocorreram nas reunies de 1994(Maring) e 1998 (Botucat), respectivamente, 342 e 346.

    Na TABELA 7, encontram-se os dados por regio. Os destaques em nmero depublicaes ficam para as regies Sudeste e Sul, juntas representam 82,3% dos trabalhospublicados nos ltimos 10 anos. A regio Sudeste, sozinha publicou 57,4% dos trabalhos.

    Em Minas Gerais, observa-se uma concentrao maior de instituies queaparecem dentre as 11 que mais publicaram na dcada de 1990 a 1999, seguido pelo RioGrande do Sul e So Paulo. As instituies que mais publicaram foram, em ordemdecrescente: UFV, EMBRAPA - Gado de Leite, UNESP Jaboticabal, UFSM,UFLA/ESAL, UFRGS, UFMG, UFPelotas, UEM, Instituto de Zootecnia e USP ESALQ.

  • Tabela 6. Produo Cientfica em Bovinocultura de Leite, por regio, publicadas nos anais das Reunies Anuais da Sociedade Brasileira deZootecnia (nmero de resumos publicados).

    Regio 1990Campinas

    1991J. Pessoa

    1992Lavras

    1993Rio

    1994Maring

    1995*Braslia

    1996Fortaleza

    1997J. de Fora

    1998Botucat

    1999Porto Alegre

    Sul 14 11 11 79 104 40 25 45 83 78Sudeste 74 74 61 119 207 63 82 106 198 148Nordeste 3 6 1 16 9 6 5 41 26 30Norte 1 0 1 26 3 7 0 21 27 33Centro-Oeste 3 1 0 14 19 4 5 13 12 18Total 95 92 74 254 342 120 117 226 346 307

    *Primeiro ano de anais com resumos no formato expandido.

    Tabela 7. Produo Cientfica em Bovinocultura de Leite, por regio, publicadas na Revista Brasileira de Zootecnia da Sociedade Brasileira deZootecnia (nmero de artigos publicados).

    Regio 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

    Sul 0 2 5 1 2 0 0 8 7 10Sudeste 7 8 10 7 14 9 12 47 43 54Nordeste 1 0 0 0 1 0 0 1 1 3Norte 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1Centro-Oeste 0 1 0 0 0 1 0 0 3 0Total 8 11 15 8 17 10 12 56 54 68

  • ESTATSTICA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO BRASIL EM BOVINOCULTURA DELEITE CADASTRADOS NO DIRETRIO 3.0 - CNPq Verso 3.04

    Distribuio dos grupos por regioDos 43 grupos de pesquisa identificados, 25 so da regio Sudeste, 8 da regio

    Sul, perfazendo 76,7% do total. Nesses grupos esto envolvidos 260 pesquisadores,entre doutores e mestres, sendo que 76,9% deles esto concentrados nas regiesSudeste e Sul (TABELA 8).

    Cada grupo tem em mdia quatro linhas de pesquisa, com extremos variando de 1a 19.

    A maioria dos grupos so especficos de uma determinada rea. Porm, nota-seque h grupos que atuam em duas ou mais reas, simultaneamente.

    As linhas dominantes nos 17 grupos direcionados manejo, nutrio e alimentaoso: avaliao de alimentos para ruminantes, uso de fontes alternativas na alimentaode ruminantes, cintica da fermentao e partio da digesto, consumo voluntrio emanejo de vacas leiteiras.

    Nos 16 grupos direcionados a pastagens e conservao de forragem, as linhaspredominantes so: relao solo-planta-animal, estudo de pastagens naturais,estabelecimento e manejo de plantas forrageiras, produo animal em pastagens,tecnologia de sementes de plantas forrageiras, recuperao de pastos degradados,produo e avaliao de silagens.

    Entre os poucos grupos cadastrados, atuantes em sanidade e doenasmetablicas, 6 ao todo, as linhas predominantes so: acidose lctica ruminal, mastite edoenas de bovinos.

    Na biotecnologia da reproduo 4 grupos encontram-se cadastrados e as linhasdominantes so: controle da reproduo e transferncia de embries.

    No melhoramento gentico animal, apenas trs grupos foram detectadostrabalhando nas linhas de gentica quantitativa na produo animal.

    Na rea tecnolgica, destacam-se to somente trs grupos, dois de Campinas eum de Viosa. Algumas linhas de pesquisa trabalhadas por estes grupos so:desenvolvimento de tecnologia para produo industrial de produtos lcteos, tecnologia econtrole de qualidade do leite, reduo da ocorrncia de antibiticos no leite, maturaode queijos, utilizao de subprodutos de laticnios, estudo do processo e aplicao detecnologia de membranas na fabricao de produtos lcteos.

    Na economia do agronegcio, encontramos cinco grupos, atuando nas linhas depesquisa: competitividade da cadeia agroindustriais, geranciamento agrcola edesenvolvimento de novas tecnologias, inovao tecnolgica, intensificao tecnolgica esustentabilidade de sistemas de produo agropecurios e prospeco de demanda egesto tecnolgica em cadeias produtivas.

    Embora, provavelmente ocorra grandes mudanas no perfil dos grupos depesquisas cadastrados junto ao CNPq no preenchimento do Diretrio 4.0, a anlise quepodemos fazer com base no Diretrio 3.0 de que h poucos grupos atuantes embovinocultura de leite e reas afins, cadastrados no CNPq e as atuais linhas de pesquisasno possibilitam a resoluo de todos os gargalos existentes na cadeia produtiva do leite.

    4 A verso (3.0) apresenta informaes referentes ao segundo semestre de 1997 e a produo corresponde

    ao perodo de primeiro de janeiro de 1995 a 30 de junho de 1997.

  • Tabela 8. Estatstica dos grupos de pesquisa no Brasil em bovinocultura de leite ou reas afins, cadastrado noDiretrio 3.0 dos grupos de pesquisa do CNPq .

    Distribuio dos grupos porRegio

    Nmero de pesquisadores Linhas dePesquisas

    Publicaes cientficas Ps - Graduao

    Nmerode

    Grupos

    % Doutores % Mestres % Mdia porGrupo

    Peridicoindexado

    Artigos deDivulgao

    Congr /Eventos

    Livros Outrasprodues

    C&T

    Dissertao(ud)

    Tese(ud)

    SUL 8 18,6 31 16,7 17 23 5 85 32 237 28 16 40 5SUDESTE 25 58,1 115 61,8 37 50 4 258 114 595 80 40 124 34CENTRO-OESTE

    3 7,0 11 5,9 10 13,5 5 52 2 76 6 - - 7

    NORDESTE 6 14,0 25 13,4 5 6,8 3 14 7 83 2 7 18 6NORTE 1 2,3 4 2,2 5 6,7 2 11 1 21 1 - - -

    TOTAL 43 100 186 100 74 100 4 420 156 1012 117 63 182 52FONTE: CNPQ http://www.cnpq.br/dgp.html - A presente verso (3.0) apresenta informaes referentes ao segundo semestre de 1997 e a produocorresponde ao perodo de primeiro de janeiro de 1995 a 30 de junho de 1997.

  • PROBLEMAS PRIORITRIOS E SUGESTES DE PESQUISASOs estudos efetuados atravs do Projeto Plataforma do MCT/CNPq/PADCT e da

    EMBRAPA Gado de Leite, sugerem diversos temas para pesquisas futuras e podem servisto nos livros recentemente editados e listados nas referncias bibliogrficas deste textoe tm o objetivo de ajudar na formulao da poltica de incentivo a pesquisa. Assugestes contidas nesses livros foram agrupadas em trs grandes categorias: comorestries tcnicas, scio-econmicas e institucionais. O Projeto Plataforma procurouidentificar as restries, caracteriz-las e tambm orden-las segundo o grau deimportncia que assumem em cada uma das grandes regies produtoras. Considerando-se que tal exerccio seja de vital importncia para a definio de aes polticas e de P&Dsintonizadas com as necessidades regionais. Resumimos abaixo algumas restries,desafios, necessidades ou demandas da cadeia produtiva do leite para o segmentoproduo:

    Restries tcnicas Desenvolvimento ou adaptao de tecnologias adequadas a sistemas

    regionalizados de produo de leite (a pasto, confinado e semi-estabulado)(prioridade das regies Sul, Sudeste; Centro-Oeste);

    Alternativas de recuperao de pastagens e diminuio da estacionalidade daproduo (prioridade das regies Centro-Oeste, Sul e Sudeste);

    Desenvolvimento de sistemas integrados de produo, visando aproveitamentode oportunidades de diversificao de atividades agropecurias (leite e culturastemporrias) (prioridade da regio Sul);

    Necessidade de gerao de tecnologia eficiente e de baixo custo (prioridade daregio Sudeste);

    Estudos sobre alimentos alternativos (prioridade das regies Sul e Sudeste); Desenvolvimento de implementos adequados para conservao de forragens

    (prioridade da regio Sul); Alta susceptibilidade da pecuria regional instabilidade climtica (prioridade da

    regio Nordeste); Alimentao deficiente dos rebanhos de gado de leite, provocada pela falta de

    alimentos de boa qualidade (prioridade da regio Nordeste); Baixa produtividade dos rebanhos leiteiros (prioridade da regio Nordeste); Baixos nveis de tecnologias utilizadas na produo de leite (prioridade da regio

    Nordeste); Pesquisar formao, manejo e conservao de forragens adequadas s

    condies de clima temperado (prioridade da regio Sul); Desenvolvimento de pesquisas direcionadas para a sade da glndula mamria

    (prioridade das regies Sul e Sudeste); Uso inadequado de prticas gerais de manejo: alimentar, sanitrio, reprodutivo,

    gentico e produtivo (prioridade da regio Nordeste); Desenvolver pesquisas que visem a sustentabilidade econmica, social e

    ambiental da atividade leiteira (prioridade da regio Sul); Desenvolvimento de estudos para obteno de leite com qualidade intrnseca e

    aptido para processamento otimizado na indstria (Prioridade das regies Sul eSudeste);

  • 19

    Necessidades de tecnologias visando o melhoramento gentico do rebanho(prioridade da regio Centro-Oeste).

    Restries scio-econmicas Desenvolvimento de estudos de mapeamento das reas de produo de leite

    (prioridade das regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste); Desenvolvimento de modelos de simulao, utilizando dados de pesquisa para

    diferentes condies tcnicas e econmicas de produo (prioridade das regiesSul, Centro-Oeste e Sudeste);

    Estudos scio-econmicos sobre sistemas regionalizados de produo de leite(custo, eficincia, rentabilidade) (prioridade das regies Sul e Nordeste);

    Criao de um sistema de informao para tcnicos e produtores, apoiado eminformaes j disponveis em centros de pesquisa, universidades, informaesincluiria bases de dados scios-econmicos, informaes de mercado etecnologia disponveis (prioridade das regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste eNordeste);

    Pesquisa sobre mdulos de produo de leite mais rentveis, por rea/regio deproduo (prioridade das regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste);

    Efeitos da granelizao sobre a cadeia produtiva do leite (prioridade das regies(prioridade das regies Sudeste e Sul);

    Competio desleal dos produtos importados (prioridade das regies, Sudeste,sul e Centro-Oeste);

    Identificao do tamanho da produo informal (prioridade da regio Centro-Oeste);

    Baixo nvel de relacionamento entre os atores da cadeia produtiva do leite(prioridade da regio Nordeste);

    Resistncia dos produtores adoo de novas tecnologias (prioridade da regioNordeste);

    Falta de organizao dos segmentos envolvidos na cadeia produtiva do leite(prioridade da regio Nordeste);

    Competio com setor informal (prioridade da regio Sudeste).Restries institucionais

    Desenvolvimento de programas de capacitao tcnica e gerencial deprodutores (prioridade das regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste);

    Treinamento dos profissionais envolvidos com a assistncia tcnica aosprodutores de leite (prioridade das regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste eNordeste);

    Desenvolvimento de programas de treinamento da mo-de-obra empregada nasfazendas, especialmente dos retireiros ocupados com a ordenha (prioridade dasregies Sul, Sudeste; Centro-Oeste e Nordeste);

    Realizao de experimentos e ensaios em fazendas de produo de leitevisando facilitar adoo pelos produtores (prioridade da regio Sul);

    Estudos visando a reconverso de produtores de pequeno volume de produoque eventualmente forem alijados da atividade leiteira (prioridade das regiesSul e Sudeste);

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    Necessidades de redefinio dos padres de qualidade do leite - apoio RedeBrasileira de Laboratrios Centralizados de Qualidade de Leite (prioridade dasregies Sul, Sudeste e Centro-Oeste);

    Aprimoramento do sistema de fiscalizao sanitria existente (prioridade dasregies Sul, Sudeste e Centro-Oeste);

    Desenvolvimento de instrumentos contratuais para a formao das relaesentre produtor e indstria (prioridade da regio Centro-Oeste);

    Redefinio do modelo de crdito rural utilizado, compatveis com a atividadeleiteira, de modo que facilite os investimentos na produo (prioridade da regioNordeste);

    Organizao dos produtores para defesa de interesses corporativos (prioridadedas regies Sul, Sudeste).

    CONSIDERAES FINAIS

    Os tpicos aqui abordados apontam para os gargalos e atraso da cadeia produtivado leite no Brasil em comparao aos demais pases da Amrica, Oceania e os daComunidade Europia. Por outro lado, destacam o imenso potencial do pas nesse setor.

    A cadeia produtiva do leite passou por mudanas estruturais profundas desde oincio dos anos noventa, com o desenvolvimento de um ambiente competitivo inteiramentenovo que resultou da desregulamentao do mercado, da abertura comercial ao exterior eao Mercosul e do processo de estabilizao da economia.

    Nos ltimos 32 anos (1966/98) o crescimento da produo brasileira foi de 232,3%,bem acima dos principais produtores mundiais. Embora a produo esteja em ritmo decrescimento, as importaes no cessaram, atingindo o pico em 1995, na casa de 3,2bilhes de litros de leite e fechando 1997 em 1,8 bilhes. As previses so que asimportaes no devero cessar antes do final da primeira dcada do prximo sculo.Aparentemente, h uma contradio entre o crescimento da produo brasileira edesanimo geral dos produtores de leite no pas. Atribui-se a isso, o efeito da globalizaoe o Mercosul. O leite importado entra a preos altamente competitivos, e serve como umimportante balizador de tetos de preo no mercado interno. O leite vindo do Mercosul, temuma srie de vantagens em relao ao nacional. Nossos parceiros tm comprovadaeficincia na produo, encontram condies vantajosas em termos de preos, prazos,financiamentos, subsdios praticados na origem (alm de desvios de conduta relatados naimprensa como subfaturamentos, dumping e triangulaes de produto via Mercosul) quetm sido oferecidas aos importadores por terceiros pases, com destaque para os daUnio Europia e Oceania (JANK et al., 1999; FAEP, 2000). Segundo documentaoencaminhada pela CNA ao Departamento de Defesa Comercial (DECOM), com base emdados de janeiro a dezembro de 1997, a Argentina estava praticando uma margem dedumping de 20,7%, o Uruguai de 2,1, a Austrlia de 145,8%, a Nova Zelndia de 51,5% ea Unio Europia de 190,6% (FAEP, 2000). Tais prticas, tm sido prejudiciais aosnossos produtores e devem merecer ateno dos rgos governamentais.

    Destaca-se no segmento industrial o espetacular sucesso do leite esterilizado longa vida ou leite Ultra High Temperature (UHT), que atingiu preos muito prximos aosdos leite B e C e hoje (1998) representa mais de 50% da oferta de leite fluido, contra 4%em 1990.

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    A produo primria de leite no Brasil praticamente dominada por produtoresnada ou pouco especializados, com interesses divididos entre a venda sazonal depequenos volumes de leite de baixo custo e qualidade e a venda de animais mestios ede corte (JANK et al., 1999). A escala de produo (produo mdia de 47litros/produtor/dia), tambm contribui para tornar o nosso produtor ineficiente.

    Uma preocupao maior com a cadeia produtiva do leite, recai sobre tendnciada reduo do nmero de produtores de leite. Estima-se que um nmero menor deprodutores especializados substituiro um forte contingente de produtores no-especializados, redundando no desaparecimento de pelo menos um tero dos atuais1.182.000 produtores de leite. Isto tem gerado uma situao conflituosa para o governo.Na medida que se combate o leite informal, que representa hoje 46% do leite consumidono pas, acelera-se o desaparecimento da maioria deles. Infelizmente, no h uma polticavoltada para a reconverso dos produtores que esto sob este risco. O poder pblicodeveria agir, para minorar os custos sociais do processo de excluso, por meio deprogramas de capacitao e treinamento, de investimento direcionado, de reconversoprodutiva, entre outros. Por outro lado, a sobrevivncia dos produtores de leite informalencontra guarita, no s na conivncia da inspeo federal, estadual e municipal, comotambm estimulada pelo consumidor que aceita esse leite, sem fazer nenhumaexigncia quanto qualidade e condies higinico-sanitrias.

    O setor formal, tem nas normas e padres de qualidade do leite frutos de umalegislao completamente ultrapassada. Existe uma forte heterogeneidade entre asindstrias de laticnios, que se aproveitam da inexistncia de normas rgidas (caso dasempresas do mercado formal, sejam elas multinacionais, empresas nacionais oucooperativas) e da inoperncia da fiscalizao (caso das pequenas empresas do mercadoinformal) para adquirir matria-prima barata e de baixa qualidade. Da mesma forma, naproduo primria prevalece tambm uma forte heterogeneidade de situaes, indodesde o produtor especializado (que se utiliza de raas leiteiras puras, alimentao,sanidade e manejo adequados, equipamentos de ordenha e refrigerao, em que agrande varivel a explorao de economias de escala) at o produtor de gado de corte,para o qual o leite um subproduto do bezerro capaz de gerar uma pequena rendamensal. Felizmente, esta realidade comea a mudar. De um lado, pela iniciativa dasindstrias de laticnios, que esto ampliando o sistema de coleta a granel de leiterefrigerado, o que traz importantes redues de custos de transporte e ganhos naqualidade da matria-prima. Por outro lado, o poder pblico que lanou as diretrizes deum Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL). Isto implica naalterao da legislao atual e mudanas no sistema de inspeo. Portanto, vislumbra-senum cenrio futuro, no segmento produo, uma crescente concentrao de produtoresespecializados e uma maior homogeneizao dos sistemas produtivos, diminuio dosetor informal, 100% do leite coletado a granel nas empresas sob inspeo e aumento darigidez em relao qualidade, sanidade e padronizao.

    O futuro da cadeia produtiva do leite depende, em muito de ao global para amodernizao e o desenvolvimento, tornando o pas auto-suficiente em leite e talvez serum dos novos exportadores mundiais.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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