produção de etanol no brasil
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Produção de Etanol No BrasilTRANSCRIPT
A Evolução da Produção de Etanol no Brasil, no Período de 1975 a 2009
Documentos técnico-científicos
michele Gomes da cruz
• Economista,graduadapelaUniversidadeEstadualdePontaGrossa.
eziquiel Guerreiro
• ProfessordoDepartamentodeEconomiadaUniversidadeEstadualdePontaGrossa(UEPG).
Augusta Pelinski Raiher
• ProfessoraadjuntadoDepartamentodeEconomiaUEPG.
• DoutoraemEconomiapelaUniversidadeFederaldoRiodoSul.
Resumo
Oobjetivodestetrabalhoéanalisaraevoluçãodaproduçãobrasileiradeetanol,noperíodode1975a2009.Maisprecisamente,realizaumaanálisedaevoluçãodaáreacolhida,produçãoerendimentodacana-de-açúcar,daproduçãoedospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcareograudeassociaçãoexistenteentreessasvariáveis.Verificaoimpactodopreçodoetanol,dorendimentodacanaedocustodaproduçãodoetanolnaproduçãobrasileiradeetanolnoperíodoPós-PlanoReal,compreendidoentre1995a2009.Osresultadosquantoàevoluçãodacana-de-açúcardemonstramqueavariávelproduçãofoiaqueobteveomaiorcrescimentoaolongodetodooperíodoestudado,seguidadaáreacolhidaedorendimentomédio.Naanálisedoetanol,verificaqueasuaquantidadeproduzidafoiaqueobteveomaiorcrescimento.Oexamequantoaosfatoresdeterminantesdaproduçãodeetanolrevelaqueorendimentodacana-de-açúcarinfluenciou-ospositivamente,enquantoocustodeproduçãodeetanolexerceuumefeitonegativosobresuaprodução.
PAlAvRAs-chAve
Etanol.Proálcool.
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1 – intRoDuÇÃo
Oaumentoeavolatilidadedospreçosdopetróleo,juntamenteaosesforçosmundiaisparaareduçãodegasesdeefeitoestufa,levaraminúmerospaísesabuscaremalternativasparasuasmatrizesenergéticas.Procura-se,dessamaneira,substituiropetróleoporoutrasfontesalternativasdeenergia,depreferênciaasrenováveis.
NoBrasil,oetanol1éconsumidoemlargaescalacomocombustívelhámaisdetrêsdécadas.Opaísépioneironaimplantaçãodeprogramasdeestímuloabiocombustíveis,comênfasenoProálcool,2lançadoem1975.Oprogramapermitiuodesenvolvimentodomercadobrasileiro,possibilitandoaopaísalcançargrandeescalaecompetitividadenaproduçãodeetanol.Favoreceuaindaainstalaçãodeumainfraestruturaadequadaparaacomercializaçãodeetanolhidratadopuro,paralelamenteàcomercializaçãodegasolinamisturadaaoetanolanidro.(MENDONÇA,2008).
OProálcooléconhecidomundialmentecomooprogramademaiorefeitonapromoçãodebiocombustíveis.Analisaraeficáciadetalprogramaédefundamentalimportânciaparaaformulaçãodepolíticaspúblicas,nãosomentenaáreadeenergia,masemtodosossetoresdaeconomia.Talprogramapodeserconsideradoaindacomoomaiordomundoemutilizaçãocomercialdabiomassaparaproduçãoeusodeenergia,mostrandoaviabilidadedestatécnicadaproduçãoemlargaescaladoetanolapar tirdacana-de-açúcaredoseuusocomocombustívelautomotivo.(LAROVERE,2000apudMENDONÇA,2008).
Em2003,aindústriaautomotivadesenvolveuosveículosflexcomoestratégiaparaoaumentodoconsumodoálcoolcombustível,sendoamplamenteaceitosessesautomóveisnomercado.Éimportanteressaltarque,deacordocomMoreira(2008),oconsumodeetanoltemaumentadonosanosrecentes,devidoaserarelaçãodepreços,namaioriadasvezes,favorávelaoetanol.
1Biocombustívelproduzidoapartirdacana-de-açúcar.
2ConformeMendonça(2008),ProgramaNacionaldoÁlcool.
Noanode2007,acana-de-açúcarpassouàcategoriadesegundamaisimportantefontedeenergiadamatrizenergéticabrasileira,perdendoapenasparaopetróleo.Ovalorbrutodaproduçãodosetordecana-de-açúcaralcançouemtornodeR$21,2bilhões,inferiorapenasaosetordecarnebovinaedasoja.
Onúmerodeempregosformaistambémcresceudeformasignificativanosetor.Entreosanosde2000e2005,foramcriados340milnovosempregosformaisnosetorsucroalcooleiro.(MOREIRA,2008apudMORAES,2007).Emtermosenergéticos,aproduçãodeetanolgerade15a21vezesmaisempregosqueaproduçãoequivalentedepetróleo.(GOLDEMBERG,2010apudLUCON;GOLDEMBERG,2012).
Considerandoaimportânciaeconômicaeenergéticadoetanolparaopaís,então,oobjetivodestetrabalhoconsisteemanalisaraevoluçãodaproduçãobrasileiraeseusdeterminantes,noperíodode1975a2009.Maisprecisamente,visa-seanalisaraevoluçãodaárea,produçãoerendimentodacana-de-açúcar;descreveraevoluçãodaproduçãodeetanolnoBrasil,bemcomodospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcar;ograuderelaçãoentreestasvariáveis;eidentificarosprincipaisfatorescondicionantesdaproduçãodeetanolnoBrasil,noperíodocompreendidoentre1995a2009.
Paraisto,esteartigoapresentacincoseções,incluindoesta.Nasegundaseçãofaz-seumbrevehistóricosobreaproduçãodeetanolnoBrasil.Nasequência,apresentam-seoselementosmetodológicosdesteestudo.Naterceiraseção,éfeitaaanálise,findandocomasconsideraçõesfinais.
2 – histÓRico DA PRoDuÇÃo De etAnol no BRAsil
Noanode1973,ocorreuoprimeirochoquedopetróleo,resultadodeumconflitoentreIsrael,EgitoeSíria,oqualteveperturbaçõesdealcanceinternacional.Éimportanteressaltarqueessespaísessituam-seemáreaspróximasapaísesprodutoresdepetróleo,ocasionando,destamaneira,elevaçãodeseupreço.Emdecorrênciadessefato,houvedeterioraçãodobalançodepagamentoseaumentodainflaçãonoBrasil,dadoqueseimportavam80%dopetróleousado.Diantedessequadro,ogoverno
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procuroumaneirasalternativasparadiminuiradependênciadopaísaocombustível,alémdebuscarabrandarosefeitosdochoquenaeconomiabrasileira.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
ComosalientaHolanda(2004),emvirtudedascrisesdopetróleode1973,ogovernocriouoProálcool,quetinhaasseguintesmetasaseremalcançadas:garantiroabastecimentodecombustívelparaopaís;fazerasubstituiçãodagasolinaporumcombustívelrenovável;edesenvolvertecnologicamenteaindústriadacana-de-açúcaredoálcool.
OProgramaNacionaldoÁlcoolfoicriadoem14denovembrode1975pelodecreton°76.593,objetivandoaproduçãodeálcoolparaatenderademandadomercadointernoeexternoeasnecessidadesdapolíticadecombustíveisautomotivos.Conformeodecreto,aproduçãodeálcoolprovenientedacana-de-açúcar,oudequalqueroutroinsumo,deveriaserincentivadaporintermédiodoaumentodaofertadematérias-primas,enfatizandoaexpansãodaproduçãoagrícola,comoestabelecimentodenovasunidadesprodutoraseamodernizaçãoeampliaçãodasjáexistentes.
Em1975,ogovernobrasileirodecidiuincentivaraproduçãodeetanolprovenientedacana-de-açúcaremsubstituiçãoàgasolinapura,buscandominimizarasimportaçõesdepetróleo.Nesseperíodo,oaçúcar,nomercadointernacional,tinhacotaçãobaixaevinhadecaindodeformarepentina,oquefezcomqueoálcoolfosseproduzidoemlugardoaçúcar.NodecorrerdoProgramaNacionaldoÁlcool,cincofasesdistintassãopercebidas,asquaissãoapresentadasnasequência.
2.1 – Primeira fase: 1975 a 1979
Nessafaseinicialfoiintensificadaaproduçãodeálcoolanidroparaserutilizadocomoaditivoàgasolina,reduzindoaimportaçãodepetróleoe,consequentemente,diminuindoodéficit nobalançodepagamentos.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).Éimportantefrisarqueasuaimplementaçãosedeudevidoàcrisedoaçúcarnomercadomundial,surgindocomoumprogramadeenergiaalternativa.EsseperíodoseiniciacomosurgimentodoProálcoolatéodenominado“segundochoquedopetróleo.”(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).
Emseuinício,oProálcoolestevefortementerelacionadoàspolíticaspúblicasquetinhamcomoobjetivoestimularaproduçãoeousodeetanolnoBrasil.Oinvestimentopúblicochegoua90%donecessárioparaseconstruirumanovadestilariae100%paraaumentaraáreacultivadadecana-de-açúcar.(MENDONÇA,2008).
Entreascondições,extremamentepropíciasparaoprodutor,podem-sedestacar:taxasdejurosnegativas;carênciadetrêsanosparaopagamentodosempréstimos;edozeanosparaopagamentototaldosempréstimos.DeacordocomMichellon;SantoseRodrigues(2008),ogoverno,atravésdaPetrobras,eraquemdeterminavaopreçodevendadoetanol.Foramestabelecidospreçosmínimosmaisatrativosparaoetanolemrelaçãoaopreçodoaçúcar,políticaessaquerepresentouumaltosubsídioparaaproduçãodecana-de-açúcaredeálcool.Paraoconsumidor,adiminuiçãodatributaçãopossibilitouqueopreçodoálcoolnasbombas,emtermosdecombustívelporquilômetrorodado,ficassesempremenorqueodagasolina.(LAROVERE,1981apudMENDONÇA,2008)
NestaprimeirafasedoProálcool,devidoaoinvestimentonosetor,alémdoaumentodasdestilariasanexas3eautônomas4nopaís,houveumcrescimentodaproduçãodeálcool,emdecorrênciadaampliaçãodacapacidadeinstaladadasdestilariasanexasjáexistentes.
ConformeBray;FerreiraeRuas(2000),asdestilariasanexasreceberammaisinvestimentosdoqueasdestilariasautônomasemvirtudedeoProálcooltersurgidoprimeiramentecomaintençãoderesolveroproblemadousineironacional,devidoàcriseaçucareira.
SegundoProálcool...(2010),aproduçãoalcooleiraaumentoude600milhõesdelitros/anoentre1975a1976para3,4bilhõesdelitros/anode1979a1980.
Comofortespontospositivosdessaprimeirafase,épossíveldestacarosurgimentodosprimeirosveículos
3Novasunidadesindustriaismontadasjuntoàstradicionaisusinasdeaçúcardopaís.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).
4DestilariasmontadaspelosnovosusineirosdoProálcool,sendoqueamaiorpartedessesgruposnãopossuíatradiçãonosetoraçucareiro.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).
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movidosexclusivamenteaálcool,noanode1978,eageraçãodeempregoerendaadvindodoaumentodaofertademãodeobranocampo.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
ConformeMichellon;SantoseRodrigues(2008),aprimeirafaseterminacomaexpansãomoderadadoProálcool,devidoaincertezasdosusineiros,quecontavamcomumaumentodopreçodoaçúcarnomercadointernacional,edaindústriaautomobilísticanoquedizrespeitoàviabilidadedoprograma.
2.2 – segunda fase: 1980 a 1986
Em1979,houvenovoconflitonoOrienteMédioentreIrãeIraque,quefezcomqueopetróleoatingissepreçosmuitomaiselevados,eclodindoosegundochoquedopetróleoemarcandoasegundafasedoProálcool.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Nestafase,oProálcoolpassouaexercerumaimportânciamaisexpressivae,decertaforma,rompeucomaquestãodaprimeirafase,aqualenvolviaasoluçãodosproblemasdosprodutoresdosubsetor5devidoàcriseaçucareira,passandoaserumprogramaefetivamentealternativoquantoàsubstituiçãodeenergia.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).Ogovernopassouaestimular,alémdaproduçãodeálcoolanidro,aproduçãodeálcoolhidratadoparaserutilizadonoconsumodeveículosmovidosexclusivamenteaálcooleparautilizaçãodocombustívelnossetoresquímicos.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Estafaseéconsideradacomoadeafirmaçãodoprograma,tendoemvistaque,nesteperíodo,ogovernodecidiuaprovarmedidasparaacompletaconsolidaçãodoProálcool,consolidaçãoessaquefoibuscadaemdecorrênciadoaumentodopreçodopetróleo,comosegundochoque,cujovalordobarriltriplicoueasimportaçõesdesseprodutopassaramarepresentar46%dototaldeimportaçõesbrasileirasem1980.(PROÁLCOOL...,2010).
Comointuitodeestimularaproduçãodeálcooledisseminaroconsumodeveículosmovidosaálcool,ogovernoadotoualgumasmedidas:
5Setordeproduçãodeaçúcar.
−frotadeveículosdogovernopredominantementeaálcool;
−fixaçãode20%amisturadeálcoolàgasolina;
−aumentodarevendadeálcoolhidratadocompreçoestipuladoem,nomáximo,65%dopreçodagasolina;
−diminuiçãodealíquotasdeImpostosobreProdutosIndustrializados(IPI)ePropriedadedeVeículosAutomotores(IPVA)paraveículosaálcool;
−isençãodeIPIparatáxisaálcool;e
−Reduçãonaparidadede60kgdeaçúcarpor44litrosdeálcool,para60kgdeaçúcarpor38litrosdeálcool,tornandomaisvantajosoproduzirálcool.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Essasegundafasefoirelevanteparaodesempenhodoprograma,marcandoseuaugeeexpansãoeposteriordeclínioemmeadosde1985.Ogovernoatingiuseuobjetivo,oqualvisavaconsolidaroprogramacomoalternativaàsubstituiçãodeenergia.Asmetasforamalcançadasnoquedizrespeitoàproduçãoeaoconsumodeálcoolhidratado,tendoocorridoreduçãodecustosdeobtençãodoálcoolfrenteàgasolina.Noentanto,atecnologiacontinuouemsegundoplano,dificultandooaumentodaprodutividadedosetor.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Nessasegundafase,houvegrandecrescimentodaproduçãoalcooleira,resultadodiretodoaumentodacapacidadeprodutivadasnovasdestilariasautônomasinstaladas.
OmarcodoProálcoolparaesseperíodopodeserconsideradooanode1985,poisfoialcançadoomaiorpercentualdevendasdeveículosmovidosaálcool,com92,7%dototaldeveículosproduzidosecomercializadosnomercadointerno.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).
ParaSilva(2006apudMICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008),nofinaldessafase,opreçodopetróleotendeuàestabilidade,omercadodeaçúcar
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estavaemascendênciaearealidadeeconômicadopaíseracrítica,emvirtudedacrescentedeterioraçãodassuascondiçõeseconômicasesociais.Portanto,apartirde1985,ogovernocomeçaadiminuirosinvestimentosnoprograma.
2.3 – terceira fase: 1986 a 1995
Esseperíodocompreendeafasedeestagnaçãodoprograma,dadaamudançanomercadopetrolífero,em1986,comaquedanospreçosdobarrildepetróleo.OsefeitosforamsentidosnoBrasilapartirde1988;simultaneamenteaoespaçodetempodecorrido,houveafaltaderecursospúblicosparasubsidiarosprogramasdeestímuloaoscombustíveisalternativos,resultandoemumasensívelquedanovolumedeproduçãodeenergia.
ForaminterrompidospelogovernoosfinanciamentosesubsídiosparaasnovasdestilariasdoProálcooleasempresaspassaramaoperardeacordocomascondiçõesexistentes.OProgramaNacionaldoÁlcoolcontinuoucomoumplanodeenergiaalternativaedesubstituiçãoàgasolina,mascomperspectivaspoucodefinidaseproblemasinstitucionaisatéfinsdosanosde1995.Atéasafrade1993/1994,houveestagnaçãonaproduçãoalcooleiranacionale,nasseguintes,obteve-seumpequenocrescimentoemrelaçãoàsafra1985/1986.Essaestagnação,segundoBray;FerreiraeRuas(2000),foiresultadododeslocamentodamatéria-prima(cana-de-açúcar)parafabricaçãodeaçúcar.
Aproduçãodeálcoolcresceumenosqueasuaprocura,comasvendasdeveículosaálcool,em1985,alcançandoníveissuperioresa95,8%dasvendastotaisdeveículosdecicloOttoparaomercadointerno.(PROÁLCOOL...,2010).
Oaumentodaproduçãointernadeálcoolfoiimpedidodevidoàquedabruscadospreçosinternacionaisdopetróleo,6quetornavabaixooretornoaosprodutoresvistoqueospreçospagosaeleserambaixos.Análogoaisso,opreçobaixodoetanol,comparativamenteaodagasolina,eamanutençãodemenoresimpostosparaosautomóveisaálcoolcontribuíramparaestimularaprocurados
6Queseiniciounofimde1985.
consumidores.Essacombinaçãododesestímuloàproduçãoeestímuloàdemandadeálcoolocasionouacrisedeabastecimentodaentressafrade1989-90.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Apesardetransitória,essacriseafetouacredibilidadedoProálcool,reduzindoosestímulosaousodoálcool,provocando,nosanosseguintes,umafortequedanasuademandae,consequentemente,nasvendasdeveículosmovidosporessecombustível.
Em1990,opercentualdevendadeveículosmovidosaálcooldeclinoupara12,4%emdecorrênciadacrisedeabastecimentodoálcoolde1989,provocandodescréditodomercadoquantoaoabastecimentofuturoetambémporaspectospolíticos.DeacordocomBray;FerreiraeRuas(2000),apossedogovernoColloreoatritoqueesteestabeleceucomaindústriaautomobilística,quandoafirmouquenoBrasilsóseproduziam“carroças”,constituíamosaspectospolíticosnegativos.
Comoconsequência,em1990,oBrasilfoiobrigadoaimportarálcoolhidratadoparaoplenoabastecimentodospostos.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).EssacrisedeabastecimentodoálcoolsomentefoisuperadacomaintroduçãonomercadodamisturaMEG.7Essamistura8sujeitariaopaísaefetuarimportaçõesdeetanolemetanolafimdegarantiroabastecimentodomercadonadécadade1990.(PROÁLCOOL...,2010).
2.4 – Quarta fase: 1996 a 2000
AfasederedefiniçãodoProálcoolcoincidecomaliberaçãodosmercadosdeálcoolcombustível9emtodasassuasfasesdeprodução,distribuiçãoerevenda,comseuspreçossendodeterminadospelascondiçõesdeofertaeprocura.(PROÁLCOOL...,2010).
Noiníciodoprograma,opreçodoscombustíveisnoBrasilerareguladopelogoverno,quetinhaaPetrobrascomoagenteprincipaldosetor.Apenasemmaiode1997,ospreçosdoálcoolanidrodeixaramdesercontroladose,emfevereirode1999,omesmoocorreu
7Quesubstituíacomdesempenhoigualoálcoolhidratado.
860%deálcoolhidratado,34%demetanole6%degasolina.
9Tantoanidrocomoohidratado.
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comospreçosdoálcoolhidratado.(GOLDEMBERG,2010apudMENDONÇA,2008).
Comopreçodoaçúcarreagindonomercadointernacionaleomenorincentivodogovernoparaaproduçãodeálcool,osusineirosforamlevadosapriorizaraproduçãodeaçúcaremdetrimentoàdeálcool.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Noiníciodoanode1996,osetorpassouporumanovacrisefinanceira,comdiscussãodeumaretomadadoProgramaNacionaldoÁlcool,comprevisãodeterminarossubsídiosdadosaosetor.(BRAY;FERREIRA;RUAS,2000).
Em1999,oProálcoolsecaracterizavacomoumprogramaemcrise,sendoqueaorigemdessacriseadvinhadaépocadasuacriação,poisfoiinstituídocomfortessubsídiosaosetorprodutivoeadiminuiçãoparcialdessessubsídioslevouàquebradealgumasunidades.(MENDONÇA,2008).
2.5 – Quinta fase: A Partir de 2000
Nestaúltimafase,apósascensãoedeclínio,quandooProálcoolpareciafadadoaofracasso,oprogramaganhounovofôlego,decorrente,emparte,donovoaumentodopreçodopetróleonomercadointernacional,daconscientizaçãodoProtocolodeKyotoedosurgimentodosveículosflexfuel.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
Anovaaltanopreçodopetróleoretomouadiscussãodadependênciadocombustívelfóssil,estimulandoabuscadefontesalternativasrenováveisdeenergia.Houvetambém,amaiorconscientizaçãosobreoProtocolodeKyoto10,reativandoosprojetosdesubstituiçãodecombustíveisfósseispelosrenováveis,osquaissãomenospoluentes.Emmarçode2003,foilançadonomercadobrasileirooveículobicombustível,movidotantoaálcoolcomoagasolina,tecnologiaconhecidacomoflex fuel,quechegouparaestimularademandadomésticadeálcool.Hoje,aopçãojáéofertadaparaquasetodososmodelosdasindústriase,osveículosbicombustíveisultrapassarampelaprimeiravezosmovidosagasolinanomercadointerno.Em
10Tratadointernacional,quetemporobjetivoprincipalconseguirqueospaísesdesenvolvidosreduzamem5%aemissãodegasescausadoresdoefeitoestufaemrelaçãoaoníveldeemissãode1990,entre2008e2012.
decorrênciadaselevadascotaçõesdopreçodopetróleonomercadointernacional,aindústriatemaexpectativadequeessaparticipaçãoaumenteaindamais.Destaca-sequearelaçãodepreçosfazcomqueousuáriodosmodelosbicombustíveisdêpreferênciaaoálcool.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).
OBrasilpresenciouumaumentodoscanaviais,comoobjetivodeofertar,emelevadaescala,ocombustívelalternativoerenovável.OplantiovemavançandoadiantenastradicionaisáreasdointeriordeSãoPauloedoNordeste,espalhando-sepeloscerrados.Ainiciativaprivadaéquemlideraessacorridaparaampliaçãodeunidadeseconstruçãodenovasusinas,confiantedeque,apartirdeagora,oálcoolterácadavezmaisimportânciacomocombustívelnoBrasilenomundo.(PROÁLCOOL...,2010).
3 – AsPectos metoDolÓGicos
3.1 – coleta dos Dados
Paraacontextualizaçãodocenáriodomercadosucroalcooleiro,utilizaram-sedadosanuais,emníveldeBrasil,doperíodocompreendidodesdeosanosde1975a2009(poressadatamarcaroiníciodoProálcool),referentes:àproduçãodoetanoledoaçúcar;aopreçodoetanol,dagasolinaedoaçúcar;aorendimentoeàáreacolhidadacana-de-açúcar.
AfimdeestabelecerosprincipaisfatoresdeterminantesdaproduçãodeetanolnoBrasil,osdadosutilizadosparaomodeloderegressãosituaram-seapenasnosanosde1995a2009emvir tudedaestabilizaçãoeconômicaqueseteveapartirdesseperíodo,ressaltandoque,emanosanteriores,opaíssofriacomsucessivastrocasdemoedaeelevadataxadeinflação.Comosefaznecessárioestudaramagnitudedainfluênciadealgumasvariáveisnaproduçãodeetanolemumcontextodeestabilidadeeconômica,então,consideraram-seapenasosdadosapartirde1995até2009.
AsfontesutilizadasforamoInstitutodePesquisaeEconomiaAplicada(Ipea),oMinistériodeAgricultura,PecuáriaeAbastecimento(Mapa),aCompanhiaNacionaldeAbastecimento(Conab),aAgência
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NacionaldoPetróleo,GásNaturaleBiocombustíveis(ANP),oInstituodeEconomiaAgrícola(IEA)eaUniãodaIndústriadeCana-de-açúcar(Unica).
OsvaloresnominaisforamdeflacionadospeloÍndiceGeraldePreços–DisponibilidadeInterna(IGP-DI)−daFundaçãoGetúlioVargas,destacando-seque,paraocálculodasTaxasGeométricasdeCrescimento(TGC)eparaascorrelaçõesporfasedoProálcool,asvariáveisforamdeflacionadastendocomoano-base2009.Paraomodeloeconométrico,osvaloresforamdeflacionadosnabase1995=100.
3.2 – taxa Geométrica de crescimento
Ataxageométricadecrescimentofoiusadacomoobjetivodeidentificarocrescimentodasvariáveisáreacolhida,produçãoerendimentodacana-de-açúcar,bemcomodospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcaredaproduçãodeetanol.SegundoGuerreiro(2005),ataxageométricadecrescimentopermiteindicaroritmomédiodecrescimentodeumavariávelocorridoemumperíodoconsiderado.
ConformeGuerreiro(2005),ummodelodetaxadecrescimentopodeserespecificadomatematicamentepor: ,onde indicaosvaloresdavariávelemestudonotempo;r éataxadecrescimento; representaovalordavariávelanalisadanumdadoano; representaocrescimentodessavariávelporunidadedetempo.
Paraestimarumataxamédiadecrescimentodavariável atravésdeumaregressãolinear,logaritmiza-seomodelo ,obtendo-se
(1)
correspondenteàequaçãolinear
(2)
emque ;
Osparâmetrosa eb podemserestimadospelométododosmínimosquadradosordinárioserepresentamumaretadeinterceptoacominclinaçãob.
Como ,tem-seque e ,sendoquerrepresentaataxamédiadecrescimentodoperíodoanalisado.
3.3 – correlação simples
Aanálisedecorrelaçãopermitemediraintensidadeouograudeassociaçãolinearentreduasvariáveis.(GUJARATI,2006).Ocoeficientedecorrelaçãosimplespodeserdefinidopor:
(3)
Naanálisedecorrelaçãosimplesqueéfeitaentre, onde ,medeacorrelaçãoentreasvariáveis,
oobjetivoédeterminarograuderelacionamentoentre e ,buscandomediracovariabilidadeentreelas.
Amatrizdascorrelaçõessimplesentreaproduçãodeetanoleopreçodoetanol,dagasolinaedoaçúcar,áreacolhida,produçãoerendimentodacana-de-açúcar,aproduçãodecanaeproduçãodeaçúcarfoigeradaparatodasasfasesdoProálcool,Pós-PlanoReale,paratodooperíodo,atravésdoprogramaStatistical Analysis Software(SAS).
3.4 – modelo econométrico
OsfatorescondicionantesdaproduçãodeetanolnoBrasil,noperíodode1995a2009,foramidentificadosatravésdomodeloderegressãomúltipla(4),estimadopeloMétododosMínimosQuadradosOrdinários(MQO)esubmetidosatrêscritériosdeavaliação:teórico,estatísticoeeconométrico.(MATTOS,2000).
(4)
OndeLogaritmodaQuantidadeProduzidadeEtanos(LQE)representaologaritmodaproduçãobrasileiradeetanol;LogaritmodoPreçodoEtanol(LPE)éologaritmodopreçodoetanol;LogaritmodoRendimentodaCana-de-Açucar(LRC)éologaritmodorendimentodacana-de-açúcar;eLogaritmodoCustodeProduçãodoEtanol(LCP)éologaritmodocustodaproduçãodoetanol.
Nocritérioteórico,conformeMattos(2000),osmodelostestadosdevemsereficientesparamediroimpactodumadeterminadavariávelexplicativanavariaçãodavariávelqueestásendoexplicada;portanto,descrevemeexplicamadequadamenteosparâmetrosesuasmagnitudes,bemcomoossinaisobtidosdevemestardeacordocomoquepreconizaateoria.
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Nocasodocritérioestatístico,foramconsideradasasseguintesestatísticas:coeficientesdecorrelaçãodePearsonconformeaequação(3),coeficientededeterminação(R2),estatísticafet.
Quantoaocritérioeconométrico,foramefetuadosostestesdemulticolinearidadepelacorrelaçãosimplesepeloFatorInflacionáriodaVariância(fiv),testedeespecificaçãopelaestatísticaMallow Cpeostestesdeheterocedasticidade(pormeiodoTest of First and Second Moment Specification),autocorrelaçãoserial(testedeDurbin-Watson)enormalidadedosresíduos(testeShapiro-Wilk),cujosvaloresencontram-senoApêndiceA.
4 – AnÁlise Dos ResultADos
4.1 – evolução da Área, Produção e Rendimento da cana-de-açúcar
Analisandoaevoluçãodaprodução,daáreaplantadaedorendimentodacana-de-açúcar,noperíodode1975a2009,observa-se,pormeiodaTabela1,queaproduçãofoiavariávelquemaiscresceu(4,15%a.a.),seguidapelaáreacolhida(2,99%)e,numamagnitudemenor,pelorendimentomédiodacana-de-açúcar(1,09%a.a.).
ConsiderandoaprimeirafasedoProálcool,dentreasvariáveisanalisadas,aproduçãodecanacontinuoutendoomaiorcrescimento,emmédiade11,17%a.a.,mostrandoque,emrelaçãoaoperíodode1975a2009,oseucrescimentomédioanualquasetriplicou.Aáreacolhidadecanamanteve-seemsegundolugar,com6,61%decrescimentomédioanual,dobrandosuataxadecrescimentoemrelaçãoaoperíodototaldeanálise.Porfim,orendimentodacanaalcançouumaumentomédiode4,12%a.a.,triplicandoseucrescimentodiantedetodooespaçodetempo.
Essecrescimentodasvariáveisbemacimadamédiadetodooperíodopodeserexplicadopelaspolíticaspúblicasdeestímuloàproduçãoeaoconsumodeetanolporintermédiodefortesinvestimentosesubsídiosconcedidospelogovernoparaosetornestafaseinicial,conformeargumentaMendonça(2008).
Aolongodosanosde1980a1986(segundafasedoProgramaNacionaldoÁlcool),épossívelobservar,
pormeiodaTabela1,umaascendênciamenordaproduçãodecana-de-açúcaremrelaçãoàprimeirafasedoprograma,ondeseobteveumcrescimentomédioanualde9,43%.Comumaumentomédiode7,66%a.a.,aáreacolhidadecanaapresentouumaevoluçãoanualmaiorqueaprimeirafasedoprograma.Nocasodorendimento,elecontinuouaaumentar,porémnummontantebemmenorqueodaprimeirafase(altade1,95%a.a.).
Emboraessasvariáveistenhamprogredidonumaintensidademenoroucomomesmoníveldecrescimento,oimportanteéqueaevoluçãofoipositiva.Eesseresultadopodeserumaconsequênciadosegundochoquedopetróleo,emque,emresposta,ogovernopassouaestimularalémdaproduçãodeálcoolanidro,aproduçãodeálcoolhidratadoparaserutilizadonosveículosmovidosaálcool.(MICHELLON;SANTOS;RODRIGUES,2008).Dessemodo,deu-seimportânciamaisexpressivaaoprograma,tornando-oefetivamentealternativoquantoàsubstituiçãodeenergia.
Naterceirafasedoprograma,ocorrerammudançasnaordemdecrescimentodasvariáveis.Nestafase,aproduçãodecanamanteve-secomamaiorelevação,porémbemmenorqueadoperíodoanterior,alcançando,emmédia,1,38%a.a.Emsegundolugar,com0,93%decrescimentomédioanual,esteveorendimentodacana,que,nestafase,ultrapassouaáreacolhida,aqualapresentoucrescimentodeapenas0,43%a.a.
Deformageral,nesteperíodo,manteve-sepraticamenteomesmoníveldedesenvolvimentoparaaárea,paraaproduçãoeparaorendimentodacana-de-açúcar.DeacordocomBray;FerreiraeRuas(2000),estafaseémarcadaporestagnaçãonoprogramadevidoàquedanopreçointernacionaldopetróleoeàfaltaderecursospúblicosparasubsidiarosprogramasdeestímuloaoscombustíveisalternativos,reduzindoovolumedeproduçãodeenergia.Nestecontexto,acombinaçãododesestímuloàproduçãodeetanoleoestímuloàdemandadeálcoolocasionaramacrisedeabastecimentodaentressafrade1989-90.
Entreosanosde1996a2000,naquartafasedoprograma,ocrescimentodasvariáveisproduçãoeáreaplantadacontinuouaserínfimo,observando-setambémumalevequedaquantoaorendimentoda
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cana-de-açúcar,registrandodesaceleraçãomédiade0,10%a.a.Aproduçãotevecrescimentomédiode0,63%a.a.,seguidadaárea,com0,40%a.a.decrescimentomédio.
Issosedeveaofatodeque,nestafase,emconsequênciadacrisedoabastecimento,oProálcoolperdeusuacredibilidade,reduzindoosestímulosaoconsumodeálcooleprovocandoquedana
Tabela 1 − Área, Produção e Rendimento da Cana-de-açúcar no Brasil, por Fase do Proálcool, no Período 1975 a 2009
Ano fAseÁReA PRoDuÇÃo RenDimento
(hectares) (toneladas) (t/h)1975
1ª
1.969.227,00 91.524.559,00 46,821976 2.093.483,00 103.173.449,00 49,431977 2.270.036,00 120.081.700,00 52,931978 2.391.455,00 129.144.950,00 54,041979 2.536.976,00 138.898.882,00 54,79tGc (%)* 6,61 11,17 4,121980
2ª
2.607.628,00 148.650.563,00 56,091981 2.825.879,00 155.924.109,00 54,861982 3.084.297,00 186.646.607,00 60,471983 3.478.785,00 216.036.958,00 62,161984 3.655.810,00 222.317.847,00 62,551985 3.912.042,00 247.199.474,00 63,221986 3.951.842,00 239.178.319,00 60,44tGc (%)* 7,66 9,43 1,951987
3ª
4.314.146,00 268.741.069,00 62,311988 4.117.375,00 258.412.865,00 62,781989 4.075.839,00 252.642.623,00 62,021990 4.272.602,00 262.674.150,00 61,491991 4.210.954,00 260.887.893,00 61,941992 4.202.604,00 271.474.875,00 64,611993 3.863.702,00 244.530.708,00 63,241994 4.345.260,00 292.101.835,00 67,231995 4.559.062,00 303.699.497,00 66,49tGc (%)* 0,43 1,38 0,931996
4ª
4.750.296,00 317.105.981,00 67,521997 4.814.084,00 331.612.687,00 69,101998 4.985.819,00 345.254.972,00 68,181999 4.898.844,00 333.847.720,00 68,412000 4.804.511,00 326.121.011,00 67,51tGc (%)* 0,40 0,63 -0,102001
5ª
4.957.897,00 344.292.922,00 69,492002 5.100.405,00 364.389.416,00 71,312003 5.371.020,00 396.012.158,00 72,582004 5.631.741,00 415.205.835,00 73,882005 5.805.518,00 422.956.646,00 72,832006 6.355.498,00 477.410.655,00 74,052007 7.080.920,00 549.707.314,00 77,052008 7.057.800,00 571.434.300,00 77,522009 7.531.000,00 612.211.200,00 81,29tGc (%)* 3,20 4,24 0,89tGc (%)* 2,99 4,15 1,09
fonte:*ElaboraçãoPrópriadosAutoresapartirdosDadosOriundosdoInstitutodePesquisaEconômicaAplicada(Ipea);MinistériodaAgricultura,PecuáriaeAbastecimento(Mapa);CompanhiaNacionaldeAbastecimento(Conab);AgênciaNacionaldoPetróleo,GásNaturaleBiocombustíveis(ANP);InstitutodeEconomiaAgrícola(IEA)eUniãodaIndústriadeCana-de-açúcar(Única).
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suademandanosanosquesesucederam.Alémdisso,comaaltanopreçodoaçúcarnomercadointernacionalemenorincentivoàproduçãodeálcool,osusineirospriorizaramaproduçãodeaçúcar,emdetrimentodaproduçãodeetanol.Em1996,tambémseteve,conformeBray;FerreiraeRuas(2000),umacrisefinanceiranosetor,comprevisãodeterminarossubsídiosdoprograma.Comoresultado,em1999,oProálcoolimergenumacrisepelofatodeserinstituídocomfortessubsídiosaosetorprodutivo,eadiminuiçãoparcialdessessubsídiosnesteperíodoprovocouessacrisenosetor.
Naúltimafasedoprograma,houvenotávelcrescimentoemtodasasvariáveis.Aproduçãochegoua4,24%decrescimentomédioanual;aáreacolhida,3,20%a.a.eorendimentodacanavoltouacrescer,alcançandoumvalormédioanualde0,89%.
Nesteperíodo,asvariáveisvoltaramaapresentarelevadoacréscimo,incentivadasprincipalmentepelonovoaumentodopreçodopetróleo,pelaimportânciadoProtocolodeKyotoepelosurgimentodosveículosflex fuel.Comisso,oProálcoolganhounovofôlego.
Emtodasasfasesdaanálise,inclusiveemtodooperíodoestudado,foifactívelobservarqueavariávelcommaiorcrescimentofoiàproduçãodecana-de-açúcar,registrandosuamaiorevoluçãonaprimeirafasedoprograma(11,17%a.a.).Esseaumento,notadonaproduçãobrasileiradecanae,emmaiorproporção,naprimeirafasedoProálcool,deve-seaosgrandesesforçosrealizados,principalmentenoperíodoinicial,afimdeincentivaraproduçãodeetanol,oqualutilizacomomatéria-primaacana-de-açúcar.
Foramobservadas,naprimeirafasedoprograma,asmaiorestaxasdecrescimentoemtodasasvariáveise,naquartafasedoprograma,asmenores.Justifica-seissopelofatodequeosmaioresincentivosàproduçãobrasileiradeetanol,visandosubstituiragasolinapelocombustívelrenovávelemenospoluente,foramrealizadosnaprimeirafasedoprograma.Enaquartafase,houveperdadecredibilidadedoprogramadevidoàcrisedoabastecimento,oque,nosanosposteriores,levouaodesestímulodoseuconsumoe,consequentemente,quedaemsuademanda.
4.2 – evolução da Produção de etanol e de Variáveis Selecionadas e o Grau de Relação existente entre elas
4.2.1 – evolução da produção de etanol, dos preços do etanol, da gasolina e do açúcar no Brasil
PorintermédiodaTabela2,verifica-sequeaquantidadeproduzidadeetanolfoiavariávelqueobteveomaiorcrescimentoaolongodoperíodoanalisado,alcançandoumcrescimentomédiode6,91%a.a.Ospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcartiveramquedaaolongodoperíodo,sendoqueamaiorquedafoiregistradapelopreçodoaçúcar(-2,75%a.a.),seguidopelodagasolina(-1,81%a.a.)e,porfim,pelodoetanol(-1,26%a.a.).
NafaseiniciantedoProálcool(1975a1979),aproduçãodeetanolcresceudeformabastantesatisfatória,obtendoumaumentomédioanualde55,89%.Éimportantedestacarqueosfortesinvestimentosesubsídiosqueforamdadosaosetornesteperíodoinicialdoprogramaexplicamesseelevadocrescimentodaproduçãodeetanol.DeacordocomMendonça(2008),oinvestimentopúbliconestafasechegoua100%visandoexatamenteaumentaraáreacultivadadecana-de-açúcar.
Nocasodopreçodoaçúcar,esteteveumaevoluçãoanualde2,54%a.a.entre1975a1979,ressaltandoque,somentenesteperíodo,conseguiu-seumcrescimentoanualpositivodestavariável.Jáagasolinaeoetanoltiveramomesmocrescimentomédioemseupreço(2,27%a.a.).Destaca-sequeopreçodevendadoetanoleradeterminadopelogoverno,sendoestabelecidopreçomínimomaisatrativoparaoetanoldoqueemrelaçãoaopreçodoaçúcar.
Entreosanosde1980a1986(segundafase),aquantidadeproduzidadeetanolcontinuouacrescer,entretanto,numpatamarsignificativamentemenorqueodaprimeirafase,diminuindooseuaumentoemmaisdametade(21,76%a.a.).Nestafase,foiopreçodagasolinaqueobteveamaiorqueda,oqualteveumadesaceleraçãode7,75%a.a.Nasequência,opreçodoetanolobtevequeda,emmédia,de4,12%a.a.eoaçúcardiminuiuseupreçoem2,07%a.a.
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Tabela 2 – Produção de Etanol e Preços do Etanol, da Gasolina e do Açúcar no Brasil, por Fase do Proálcool e no Período de 1975 a 2009
Ano fAse
PRoDuÇÃo De etAnol
PReÇo Do etAnol PReÇo DA GAsolinA PReÇo Do AÇÚcAR
(m3) (R$/m3) (R$/m3) (Kgm3)
1975
1ª
580,00 2.052,71 3.638,27 2,741976 642,00 2.402,29 4.257,87 3,181977 1.388,00 2.450,24 4.342,86 3,361978 2.248,00 2.297,17 4.071,55 3,231979 2.854,00 2.348,23 4.161,81 3,09tGc (%)* 55,89 2,27 2,27 2,541980
2ª
3.676,00 3.063,10 5.908,03 3,101981 4.207,00 3.327,23 5.832,01 3,231982 5.618,00 2.798,85 5.167,53 3,471983 7.951,00 2.814,58 4.787,67 3,261984 9.201,00 2.833,07 4.526,95 3,231985 11.563,00 2.561,68 3.945,73 3,271986 9.983,00 2.452,96 3.775,31 2,59tGc (%)* 21,76 -4,12 -7,75 -2,071987
3ª
12.340,00 3.004,31 4.610,27 3,091988 11.523,00 2.672,31 3.929,87 3,241989 11.809,00 2.027,32 2.703,09 3,221990 11.518,00 1.909,86 2.543,48 2,341991 12.862,00 1.694,92 2.262,27 2,401992 11.766,00 2.014,27 2.566,62 3,051993 11.395,00 1.933,73 2.452,89 2,441994 12.513,00 2.394,35 2.964,43 2,991995 12.745,00 1.445,72 1.791,64 2,22tGc (%)* 0,55 -5,35 -7,71 -3,041996
4ª
14.134,00 1.551,43 1.886,11 2,151997 15.494,00 1.813,51 2.117,50 1,711998 14.121,00 1.984,01 2.359,86 1,631999 12.981,00 1.653,36 2.921,02 1,272000 10.700,00 2.132,57 3.268,02 1,64tGc (%)* -7,07 5,59 15,27 -8,042001
5ª
11.466,00 2.016,25 3.246,34 1,622002 12.588,00 1.788,14 2.988,98 1,562003 14.470,30 1.890,54 2.908,32 1,812004 14.648,00 1.553,86 2.670,18 1,302005 16.039,89 1.666,39 2.815,17 1,432006 17.764,26 1.994,17 3.023,23 1,812007 22.556,90 1.955,46 2.770,60 1,372008 26.683,82 1.783,69 2.430,78 1,122009 25.866,06 1.752,23 2.383,00 1,56tGc (%)* 6,37 -0,08 -1,52 -1,16tGc (%)* 6,91 -1,26 -1,81 -2,75
fonte:*ElaboraçãoPrópriaapartirdosDadosOriundosdoIpea,Mapa,Conab,ANP,IEAeUnica.
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Naterceirafasedoprograma(1987a1995),aproduçãodeetanolobtevecrescimentomédiobastantepequeno:emtornode0,55%a.a.Essadiferençadecrescimentoemrelaçãoàsfasesanteriorespodeserexplicadapeladiminuiçãodosinvestimentosepelapoucacredibilidadedoprograma,oriundadacrisedaentressafrade1989-90.
Amaiorquedanospreçosfoiencontradanagasolina(-7,71%a.a.),seguidapeladiminuiçãonopreçodoetanol(-5,35%a.a.)e,emúltimolugar,nodoaçúcar(-3,04%a.a.).
Entreosanosde1996a2000,quartafasedoprograma,aquantidadeproduzidadeetanolapresentouquedade7,07%a.a.DeacordocomMichellon;SantoseRodrigues(2008),essecenáriodecorreu,principalmente,dadecisãodosusineirosdeproduziraçúcaremdetrimentodoálcool,devidoaoaumentodopreçodoaçúcarnomercadointernacional.
Ospreçosdagasolinaedoetanolvoltaramacrescer.Opreçodagasolinaalcançoucrescimentomédiode15,27%a.a.eodoetanol,emmédiade5,59%a.a.,esomenteopreçodoaçúcarapresentouquedade8,04%a.a.
NaúltimafasedoProálcool(apartirde2000),aproduçãodeetanolvoltouaaumentarem6,37%a.a.Ospreçostornaramacair,comamaiorquedamédiaregistradanopreçodagasolina(-1,52%a.a.),seguidadopreçodoaçúcar(-1,16%a.a.)edoetanol(-0,08%a.a.).
Omaiorcrescimentodentreasvariáveisanalisadas,paratodooperíodoeemquasetodasasfasesdoprograma,foiobservadonaquantidadeproduzidadeetanol,comamaiorevoluçãoregistradanoperíodoinicial(55,89%a.a.).Porém,naquartafase,quemteveomaiorcrescimentofoiopreçodagasolina,com15,27%a.a.
Opreçodoaçúcarcresceusomentenaprimeirafasedoprograma,obtendosucessivasquedasnasfasesposteriores,sendoamaiorregistradanaquar tafase(-8,04%a.a.).Porfim,opreçodagasolinateveosmaioresaumentosdepreçoseasmaioresquedastambém.
4.2.2 – correlação entre a produção de etanol e variáveis selecionadas
Naprimeirafasedoprograma,pode-seobservar,pormeiodaTabela3,aexistênciadeumaassociaçãopositivaentreaquantidadeproduzidadeetanoleaáreacolhidadecana,orendimentodacanaeaproduçãodecana.Issosignificaque,quantomaioraáreaproduzidadecana,quantomaioroseurendimentoequantomaiorasuaprodução,maiortendiaaseraproduçãodeetanol(evice-versa).
ParaosegundoperíododoProálcool,foievidenciadaumacorrelaçãonegativaentreaproduçãodeetanoleoseupreçoeentreaproduçãodeetanoleopreçodegasolina.Ouseja,quandoocorriaumaumentodaquantidadeproduzidadeetanol,haviaumadiminuiçãodoseupreço,sendoválidotambémocontrário.Aomesmotempo,quandosetinhaumadiminuiçãodopreçodagasolina,aumentava-seaproduçãodeetanol(evice-versa).Destaca-sequeaquantidadeproduzidadecana,asuaáreaeoseurendimentocontinuaramaterumaassociaçãopositivacomaproduçãodeetanol.
Naterceirafasedoprograma,apenasaáreaeaquantidadeproduzidadecana-de-açúcarcontinuaramaterumacorrelaçãopositivacomaproduçãodeetanol,noníveldesignificânciade5%.
Noespaçodetempodecorridoentreosanosde1996a2000(quartafasedoProálcool),nenhumadasvariáveisselecionadasfoisignificativaa5%deconfiança,ouseja,nesseperíodo,aquantidadeproduzidadeetanolnãotevenenhumgraudeassociaçãocomessasvariáveisselecionadas.
OmaisrecenteperíododoProgramaNacionaldoÁlcoolapresentouumacorrelaçãoentreaproduçãodeetanoleaquantidadeproduzida,aáreacolhidaeorendimentodacana,evidenciandoqueessasvariáveiscaminharamdeformaconjuntanomesmosentido.Alémdisso,aquantidadeproduzidadeaçúcarobteve,nesseperíodo,associaçãopositivacomaproduçãodeetanol,enquantoesteseassocioudeformainversacomopreçodagasolina.
Paraanosde1995a2009,períodoPós-PlanoReal,marcadopormaiorestabilidademonetária,aprodução
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deetanolmanteveumacorrelaçãocomaquantidadeproduzidadeaçúcar,comaprodução,áreaecomorendimentodacana-de-açúcar,demonstrandoqueumaumentodestasvariáveisconduziaaumaelevaçãodaproduçãodoetanolnoBrasilevice-versa.
Aolongodetodooprograma,ouseja,considerandoosdadosde1975a2009,todasasvariáveisselecionadasforamsignificativasa5%deconfiança.Ospreçosdagasolina,doaçúcaredoetanolapresentaramgrauderelacionamentonegativocomaproduçãodeetanol,oquesignificaque,quandoseteveumaumentodaquantidadeproduzidadeetanol,ocorreuumadiminuiçãodopreçodessasvariáveis(evice-versa).Aprodução,aáreacolhidaeorendimentodacanaassociaram-sepositivamentecomaproduçãodeetanol,damesmaformaqueseassocioupositivamenteaesteaquantidadeproduzidadeaçúcar.
Asvariáveisque,aolongodetodooperíodoanalisado,obtiveramamaiorcorrelaçãocomaquantidadeproduzidadeetanolforamaprodução,aáreacolhidaeorendimentodacana.Comoaáreacolhidaeorendimentoproporcionamaproduçãodacanaecomoestaéafontedematéria-primaparaaproduçãodeetanol,então,maioresquantidadesproduzidasdecanaproporcionaram,consequentemente,maioresproduçõesdeetanol.Somentenaquartafasenãohouvecorrelaçõessignificativasentreessasvariáveis,porestafaseserconsideradacomodeestagnaçãoedeclíniodoProálcool.Comadiminuiçãodospreçosinternacionaisdopetróleo,aproduçãointernadeetanolficoulimitada.Nesseperíodo,omenorincentivoporpartedogovernovisandoàproduçãodeetanoleoaumentodopreçodoaçúcarnomercadointernacionallevaramosusineiros
Tabela 3 – Correlação Simples da Quantidade Produzida de Etanol e Variáveis do Setor, por Fase do Proálcool e Pós-Plano Real, no Período de 1975 a 2009
lPe lPG lPA lQc lQA lAc lRcfAses1ª 0,4069 0,4067 0,4818 0,9763 0,3165 0,9820 0,9558
(1975/1979) 0,4966 0,4969 0,4112 0,0044 0,6038 0,0029 0,01112ª -0,8493 -0,9557 -0,2544 0,9949 0,1080 0,9913 0,8916
(1980/1986) 0,0156 0,0008 0,5820 <.0001 0,8178 <.0001 0,00703ª -0,2574 -0,2413 -0,2436 0,6670 0,5389 0,6988 0,4059
(1987/1995) 0,5038 0,5317 0,5276 0,0497 0,1344 0,0362 0,27854ª -0,5118 -0,8484 0,2710 0,1860 -0,2476 0,1001 0,6475
(1996/2000) 0,3780 0,0692 0,6592 0,7645 0,6880 0,8728 0,23755ª -0,0604 -0,8359 -0,4686 0,9897 0,9205 0,9806 0,9451
(2001/2009) 0,8774 0,0050 0,2033 <.0001 0,0004 <.0001 0,0001-0,4225 -0,5692 -0,5749 0,9288 0,6439 0,9303 0,9154
(1975/2009) 0,0115 0,0004 0,0003 <.0001 <.0001 <.0001 <.0001PPR -0,0063 -0,2121 -0,4196 0,9397 0,7908 0,9327 0,8827
(1995/2009) 0,9822 0,4479 0,1195 <.0001 0,0004 <.0001 <.0001fonte:ElaboraçãoPrópriadosAutoresapartirdosResultadosdoSAS.
notas:-PPR=Pós-PlanoReal.-Emnegritoestãoosníveisdesignificânciadoscoeficientesdecorrelações.-LPE=LogaritmodoPreçodeEtanol.-LPG=LogaritmodoPreçodaGasolina.-LPA=LogaritmodoPreçodoAçúcar.-LQC=LogaritmodaQuantidadeProduzidadeCana.-LQA=LogaritmodaQuantidadeProduzidadeAçúcar.-LAC=LogaritmodaÁreaColhidadeCana.-LRC=LogaritmodoRendimentodaCana.
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adarlugaràproduçãodeaçúcaremvezdoetanol,restringindoaevoluçãoconjuntadaproduçãodecanaedaquantidadeproduzidadeetanol.
4.3 – Principais fatores condicionantes a Produção de etanol
Osfatorescondicionantesdaproduçãodeetanoldeterminados,a priori,combasenateoriaeconômicaforam:
a)preçodoetanol;
b)rendimentodacana-de-açúcar;e
c)custodaprodução,oqueequivaleaospreçosdosinsumosutilizadosnoprocessodeproduçãodoetanol,ouseja,umíndicedepreçomédiodeagrotóxico,fertilizante,combustíveisemãodeobra.
4.3.1 – Modelo empírico da produção brasileira de etanol
Omodeloeconométrico(5)foiestimadoparaidentificaroimpactodoPreçodoEtanol(PE),doRendimentodaCana-de-açúcar(RC)edoCustodaProdução(CP)naQuantidadeProduzidadeEtanol(QE),considerandooperíodode1995a2009.
(5)
Porintermédiodosresultadosestimadosdomodelo(5),apresentadosnaTabela4,pode-seobservarqueavariaçãonopreçodoetanol,norendimentodacana-de-açúcarenocustodaproduçãoexplicouem89%asvariaçõesobservadasnaquantidadeproduzidadeetanol,considerandoosdadosdoperíodode1995a2009.
Ossinaisdosparâmetrosestimadosconfirmaramospressupostosdateoriaeconômica,porémainfluênciadopreçodoetanolsobreasuaquantidadeproduzidafoiestatisticamentenulanonívelpropostodesignificância(5%).Emrelaçãoaorendimentodacana-de-açúcar,apresentou-seque,paracada1%deaumento,ocorreuumaelevaçãode5,84%naproduçãodeetanol.Ouseja,quantomaioreraorendimentoobtidonaproduçãodecana,maioreraaproduçãodeetanol,destacando-sequeumavariaçãopercentualnorendimentodacanaresultouemumavariaçãomaisqueproporcionalnaquantidadeproduzidadeetanol.Issosugereque,senovastecnologiaforemdesenvolvidasvisandoelevaraprodutividadee,consequentemente,orendimentodacana-de-açúcarnoBrasil,ter-se-iaumimpactosignificativosobreaproduçãodeetanol.
Noquedizrespeitoaocustodaprodução,paracada1%deaumento,teve-seumaquedade3,34%naproduçãodeetanol.Damesmaforma,umadiminuiçãonocustodeproduçãodoetanolresultounumaumentomaisqueproporcionalnaproduçãodeetanol,explicandoporque,naquelesperíodosondesetinhamsubsídiosgovernamentaisdestinadosaessesetor,aproduçãodeetanolseelevava.
Orendimentodacana-de-açúcarfoiofatordeprincipaldeterminaçãodaquantidadedeproduçãodoetanol,explicando76,43%dasvariaçõesocorridasnasuaprodução.Ocustodaproduçãocontribuiuparaexplicar10,96%dasvariaçõesnaproduçãodeetanoledoseupreçoem1,31%.Ovalorcpencontradofoide4,indicandoqueomodeloestácompletoefoiespecificadocorretamente.(Tabela5).
tabela 4 – Resultados do modelo econométrico (5) da Produção Brasileira de etanol, 1995-2009
modelo estimado n
Parâmetros
R2 fintercepto coeficientes de elasticidade
b1 b2 b3 ba
15 2,91ns -0,35ns 5,84a -3,34a 0,89 28,772
fonte:DadosdaPesquisanota:a =significativoa1%.ns=não-significativoaté5%.Qeéaquantidadeproduzidadeetanol;PeéPreçodoEtanol.Rc éoRendimentodaCana.cPéoCustodaProdução.
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OtesteFIV,oqualvisadetectaramulticolinearidade,éapresentadonaTabela6.UmdosFIVscalculadosapresentouumvaloriguala11,evidenciandoquehácorrelaçãoelevadaentrealgumasdasvariáveisexplicativasdomodelo.Entretanto,deacordocomBlanchard(2000apudGUJARATI,2006),amutilicolinearidadesecaracterizaporumproblemadedeficiênciadedados(amicronumerosidade)e,àsvezes,nãosetemescolhaquantoaosdadosutilizadosnaanáliseempírica.Segundooautor,apresençadamulticolinearidadenãosignificaprecisamentequetodososcoeficientesdomodeloderegressãosãoestatisticamenteinsignificantes.Assim,comoovalordoFIVnãoficoumuitodistantede10,optou-sepornão
tabela 5 – coeficientes de correlação e Determinação Parciaismodelo lPe lRc lcP cp
0,0131 0,7643 0,1096 4,00000,1145 0,8742 0,3311
fonte:DadosdaPesquisa.nota:Emnegritoestãoascorrelaçõesparciais.
fazernada,considerandonãoseralgonecessariamenteruimquandoopropósitodaanálisederegressãosetratardeprevisãoouprognóstico.(GUJARATI,2006).
NotestedeDurbin-Watson,osvaloresobtidosparaPr<DWparaautocorrelaçãopositivadeprimeiraordem(0,26)comodesegundaordem(0,25)apresentaram-sesuperioresnoníveldesignificânciade(0,05),mostrandoqueomodelo(4.1)nãoapresentouautocorrelaçãodeprimeiraordem.Paraautocorrelaçãoresidualnegativa,comvaloresPr>DWde0,73naprimeiraordeme0,74nasegundaordem,quesãomaioresque0,05,demonstrou-seigualmenteausênciadeautocorrelação.(Tabela7).
Tabela 6 – Fator Inflacionário da Variância
modelos fiv
0,9090
0,8516
0,8454
11
6,7
6,5
domodelooriginal4.1 0,8939 fonte:DadosdaPesquisa.
tabela 7 – testes de Autocorrelação
modelo
Autocorrelação
(Durbin-Watson)
DW Pr<DW Pr>DW
2,0061* 0,2657 0.73431.6808** 0.2559 0.7441
fonte:DadosdaPesquisa.
notas:-*CoeficientedeDWparaautocorrelaçãodeprimeiraordeme**coeficientedeDWparaautocorrelaçãode2ªordem.
-Pr<DW=évalor-pparatestarseexisteautocorrelaçâopositiva.Se(Pr<DW)>0,05,omodelonãoapresentaproblemadeautocorrelaçãopositiva.
-Pr>DWéovalor-pparatestarseexisteautocorrelaçãonegativa.Se(Pr>DW)>0,05,omodelonãoapresentaproblemadecorrelaçãoresidualnegativa.
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Paraverificarseomodeloatendeopressupostodevariânciaconstante,utilizou-seoTest of First and Second Moment Specification,doSAS,queapresentouvalorpde0,38,superioraoníveldesignificânciaadotadode0,05,oquepermiteaceitarahipótesenuladeausênciadeheterocedasticidade,ouseja,omodelo(5)éhomocedástico(Tabela4.8).
Apresençadanormalidadenosresíduosderegressãode(5)pôdeserconfirmadapormeiodotestededistribuiçãonormalShapiro-Wilk(Tabela9),noqualovalorapresentadofoi0,9206%,nãosendosignificativononíveladotadode5%.Portanto,aceitou-seahipótesenuladepresençadenormalidadenosresíduosdaregressão.
5 – consiDeRAÇÕes finAis
Oetanolconsistenumafontealternativadeenergiarenovável.NoBrasil,hámaisdetrêsdécadas,eleéconsumido,ressaltando-seque,apartirde1970,programasdeestímuloasuaproduçãoforamrealizados,destacando-seoProálcool.
Nestesentido,estetrabalhotevecomoobjetivoanalisaraevoluçãodaproduçãobrasileiradeetanol,noperíodode1975a2009.Maisprecisamente,realizou-seumaanálisedaevoluçãodaáreacolhida,produçãoerendimentodacana-de-açúcar,daproduçãoedospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcareograudeassociaçãoexistenteentreessasvariáveis.Porfim,paraoperíodoPós-PlanoReal,compreendido
entre1995a2009,buscou-severificaroimpactodopreçodoetanol,dorendimentodacanaedocustodaproduçãodoetanolnaproduçãobrasileiradeetanolaolongodesseespaçodetempo.
Aanálisequantoàevoluçãodaárea,produçãoerendimentodacana-de-açúcardemonstrouqueavariávelproduçãodecanaéaqueobteveomaiorcrescimentoaolongodetodooperíodoestudado,seguidosdaáreacolhidaedorendimentomédio.Alémdisso,aproduçãodecanacontinuouaapresentaromaiorcrescimentoemtodasasfasesdoProálcool.
Naprimeirafasedoprograma,observaram-seasmaiorestaxasdecrescimentoemtodasasvariáveise,naquartafasedoprograma,asmenores.Justifica-seissopelofatodequeosmaioresincentivosàproduçãobrasileiradeetanol,visandosubstituiragasolinapelocombustívelrenovávelemenospoluente,foramrealizadosnaprimeirafasedoprograma.Enaquartafase,houveperdadecredibilidadedoprograma,devidoàcrisedoabastecimento,oque,nosanosposteriores,levouaodesestímulodoseuconsumoeconsequentequedaemsuademanda.
Naanálisedaevoluçãodoetanol,verificou-sequeasuaquantidadeproduzidafoiavariávelqueobteveomaiorcrescimentoaolongodetodooperíodoestudado,alcançandoumcrescimentomédiode6,91%a.a.,aopassoqueospreçosdoetanol,dagasolinaedoaçúcartiveramqueda.Destaca-seque,quandoseexaminouaevoluçãodessasvariáveisporfasedo
Tabela 8 − Teste de Heterocedasticidade
modeloTest of First and Second Moment Specification
χ2 Pr > chisq
9,59 0,3846fonte:DadosdaPesquisa.
nota:-ChiSq=qui-quadrado.
Tabela 9 − Teste de Distribuição Normal Shapiro-Wilkmodelo W-calc Pr < W
0,9206 0,1966fonte:DadosdaPesquisa.
nota:-Pr<W=éovalor–pparatestarseexistedistribuiçãonormal.Se(Pr<W)>0,05,omodeloapresentadistribuiçãonormalnosresíduos.
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Proálcool,aquantidadeproduzidadeetanolcontinuouaapresentaromaiorcrescimentoemtodasasfases,comexceçãoapenasdaquarta.
Comoobjetivodeidentificaraassociaçãoexistenteentreaproduçãodeetanolealgumasvariáveis,possivelmentedeterminantesdasuaprodução,calculou-seocoeficientedecorrelação.Osresultadosdemonstraramque,aolongodetodooprograma,todasasvariáveisselecionadasforamsignificativasa5%deconfiança.Entretanto,aanáliseporfasedemonstrouarelevânciadaprodução,daáreaedorendimentodacanadeaçúcarcomrelaçãoàproduçãodeetanol,verificando-seumaassociaçãopositiva.Comoaáreacolhidaeorendimentoproporcionamaproduçãodacanaecomoestaéafontedematéria-primaparaaproduçãodeetanol,então,maioresquantidadesproduzidasdecanaproporcionarammaioresproduçõesdeetanolevice-versa.Somentenaquartafaseéquenãoseconseguiucaptaressascorrelaçõessignificativasentreessasvariáveis,eminentementeporserestafaseconsideradacomodeestagnaçãoedeclíniodoProálcool.Nesseperíodo,omenorincentivoporpartedogovernoàproduçãodeetanoleoaumentodopreçodoaçúcarnomercadointernacionallevaramosusineirosadarlugaràproduçãodeaçúcaremvezdoetanol,restringindoaevoluçãoconjuntadaproduçãodecanaedaquantidadeproduzidadeetanol.
Porfim,aanálisequantoaosfatoresdeterminantesdaproduçãodeetanolrevelouqueorendimentodacana-de-açúcarinfluencioupositivamenteaproduçãodoetanol,enquantoocustodeproduçãodeetanolexerceuumefeitonegativosobresuaprodução.Maisdoqueisso,umaumentode1%norendimentodacana-de-açúcarproporcionouumaelevaçãode5,84%naproduçãodeetanol,demonstrandoexistirumefeitopositivomaisqueproporcionaldorendimentodacanasobreaproduçãodeetanol.Nocasodocustodeproduçãodoetanol,verificou-sequeacréscimode1%nocustoacarretouumadiminuiçãode3,34%nasuaprodução,existindotambémumefeitomaisqueproporcionalsobreaproduçãodeetanol.Entretanto,talefeitofoinegativo.
Nodecorrerdaanálise,pôde-seperceberqueorendimentodacana-de-açúcarapresentoubaixocrescimentoaolongodetodooProgramaNacional
doÁlcool.Aomesmotempo,observou-sequeatecnologiafoiumfatorsempredeixadoemsegundoplanonaquestãodaproduçãodeetanolnoBrasil.Comonoexamedosdeterminantesdaproduçãodeetanolverificou-seque,justamente,orendimentodacanafoiofatorquedeumaiorimpulsoàproduçãodeetanol,então,apromoçãododesenvolvimentodaindústriadeetanolpodeserefetivadacompolíticaspúblicasvoltadasparamelhorarorendimentodessesetor.Maisprecisamente,deve-sefazerusodepolíticaspúblicasdeestímuloaoincrementodeinovadorastecnologiasparaaproduçãodeetanol,afimdeaumentarespecialmenteorendimentodacanabrasileira.
ABstRAct
ThisstudyaimstoanalyzetheevolutionofBrazilianethanolproductionintheperiod1975to2009.Moreprecisely,itcarriesoutananalysisofevaluationoftheharvestedarea,productionandincomeofsugarcane,productionandpricesofethanol,gasolineandsugar,andthedegreeofassociationbetweenthesevariables.Itverifiestheimpactofthepriceofethanol,theincomeofsugarcaneandthecostofethanolproductioninBrazilianethanolproductionfortheperiodaftertheRealPlan,from1995to2009.Theresultsregardingtheevolutionofsugarcaneproductionhasshownthattheproductionvariablewastheonethathadthehighestgrowththroughoutthestudyperiod,followedbytheharvestedareaandaverageincome.Intheanalysisofethanol,itverifiesthatthequantityproducedwastheonewiththehighestgrowth.Theexaminationastodeterminantsofethanolrevealedthattheincomeofcanesugarinfluencedthempositively,whilethecostofethanolproductionhashadanegativeeffectontheirproduction.
Key WoRDs
Ethanol.Proalcohol..
RefeRÊnciAs
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