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 RECOMENDAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO EM EDIFÍCIOS PROJETO EPUSP/SENAI Responsáveis: Mercia Maria S. Bottura de Barros Silvio Burrattino Melhado São Paulo 1998

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  • 5/21/2018 Produo de Estruturas de Concreto Armado - Recomendaes - Apostila Engenharia Civil - EPUSP-SENAI 1998

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    RECOMENDAES PARA A PRODUO DE ESTRUTURAS DECONCRETO ARMADO EM EDIFCIOS

    PROJETO EPUSP/SENAI

    Responsveis:

    Mercia Maria S. Bottura de Barros

    Silvio Burrattino Melhado

    So Paulo

    1998

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    SUMRIO

    1 INTRODUO............................................................................................................................ 12. A PRODUO DA ESTRUTURA DE EDIFCIOS COM CONCRETO ARMADO.............. 4

    2.1 PRODUO DAS FRMAS E ESCORAMENTO............................................................. 42.1.1 Conceituao.................................................................................................................... 4

    2.1.2 Propriedades ou Requisitos de Desempenho (para atender as funes das frmas)........ 52.1.3 O Custo da Frma no Conjunto do Edifcio .................................................................... 62.1.4 Elementos Constituintes de um Sistema de Frmas ........................................................ 62.1.5 Principais Materiais Utilizados para a Produo de Frmas ........................................... 72.1.6 O Conceito Estrutural das Frmas ................................................................................... 72.1.7 Estudo do SISTEMA CONVENCIONAL de frmas de MADEIRA ............................. 8

    2.1.7.1 Caractersticas da frma de laje................................................................................. 92.1.7.2 Caractersticas da frma de viga.............................................................................. 102.1.7.3 Caractersticas da frma do pilar ............................................................................. 11

    2.1.8 Estudo de SISTEMAS de FRMAS RACIONALIZADAS......................................... 122.1.8.1 Objetivos da racionalizao do sistema de frmas.................................................. 122.1.8.2 Recomendaes de projeto do edifcio para aumentar a racionalizao ................. 122.1.8.3 Aes de racionalizao do sistema de frmas ....................................................... 122.1.8.4 Parmetros para escolha ou projeto do sistema de frmas ...................................... 202.1.8.5 Consideraes sobre a execuo das frmas ........................................................... 202.1.8.6 Outros tipos de frma .............................................................................................. 20

    2.2 A MONTAGEM DA ARMADURA ................................................................................... 232.2.1 Introduo ...................................................................................................................... 232.2.2 A Compra do Ao .......................................................................................................... 252.2.3 A organizao do Ao no Canteiro................................................................................ 262.2.4 Corte da Armadura......................................................................................................... 272.2.5 Preparo da Armadura ..................................................................................................... 302.2.6 Montagem da Armadura ................................................................................................ 31

    2.3 ASPECTOS SOBRE A PRODUO DA ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO.. 332.3.1 Recebimento do Sistema de Frmas .............................................................................. 342.3.2 Montagem das Frmas dos Pilares ................................................................................ 342.3.3 Controle de Recebimento da Montagem dos Pilares ..................................................... 352.3.4 Montagem de Frmas de Vigas e Lajes......................................................................... 352.3.5 Controle de Recebimento da Frma de Vigas e Lajes................................................... 362.3.6 Procedimentos para a Concretagem dos Pilares ............................................................ 362.3.7 verificao da Concretagem do Pilar ............................................................................. 372.3.8 colocao das Armaduras nas Frmas de Vigas e Lajes................................................ 372.3.9 Verificaes para liberao da Armadura de Vigas e Lajes .......................................... 372.3.10 Procedimentos para a Concretagem das Vigas e Lajes................................................ 382.3.11 Procedimentos Recomendados para Lanamento do Concreto ................................... 382.3.12 Procedimentos para Desforma ..................................................................................... 39

    3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................................... 40

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    1 INTRODUOConsiderando-se as estruturas dos edifcios comumente construdos, pode-se proporuma classificao fundamentada tanto na sua concepo estrutural, como naintensidade de seu emprego e, ainda, a partir dos materiais que constituem a estrutura.Uma proposta de classificao, baseada nestes parmetros, apresentada a seguir:

    - classificao quanto concepo estrutural

    Quanto concepo estrutural, ou seja, quanto forma de transmisso dos esforos,as estruturas podem ser classificadas em:

    * reticulada* elementos planos* outras - cascas; espaciais; pneumticas; boxes, etc..

    As estruturas reticuladas so aquelas em que a transmisso dos esforos ocorreatravs de elementos isolados tais como lajes, pilares e vigas ou prticos. Nasestruturas planas a transmisso de esforos faz-se atravs de um plano decarregamentos, como o caso dos edifcios constitudos por paredes macias deconcreto armado ou mesmo de alvenaria estrutural.

    - classificao quanto intensidade de emprego

    Quanto freqncia com que so empregadas, as estruturas podem ser classificadasem:

    * tradicionais; e* no tradicionais.

    As estruturas tradicionais so consideradas como aquelas mais empregadas em umcerto local. o caso, por exemplo, dos edifcios de mdio e grande porte, construdoscom estrutura de concreto armado moldado no local e dos pequenos edifcios (um edois pavimentos) construdos com alvenaria resistente.

    Pode-se considerar os no tradicionais como sendo aqueles de uso menos freqente,tais como os edifcios com estrutura de madeira, de ao, de alvenaria estrutural(armada ou no armada) e os de concreto pr-moldados.

    - classificao quanto ao materiais constituintes

    Considerando-se as construes atualmente existentes no mundo sob a tica doprocesso construtivo, pode-se dizer que os materiais comumente empregados naproduo das estruturas de edifcios so:

    * madeira;* ao;* alvenaria;* concreto armado e protendido: pr-moldado e moldado no local.

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    A madeira, sobretudo pela dificuldade de obteno e consequentemente pelo seuelevado custo, um material que vem tendo pouca utilizao na construo deestruturas de edifcios, principalmente no Brasil. Alm disto, suas deficincias quanto aresistncia mecnica e durabilidade, a falta de tradio do usurio, a legislaorestritiva quanto sua utilizao (problemas decorrentes do elevado potencial dequeima) e a no-poltica de reflorestamento, tambm contribuem para o seu reduzidoemprego, sendo empregada apenas em edifcios de pequena intensidade decarregamentos (casas trreas ou sobrados).

    Existem, porm, estudos que procuram viabilizar a utilizao de madeira dereflorestamento como material estrutural; outros que procuram desenvolver as ligaesentre peas de madeira para formarem componentes de maiores dimenses,viabilizando a execuo de estruturas maiores; outros ainda que procuram desenvolvermateriais para serem empregados no tratamento da madeira, seja contra agentesagressivos (umidade, fungos, insetos) seja contra o fogo, a fim de aumentar a sua vidatil. possvel pois, que num futuro prximo, com o avano dos processosindustrializados de construo a utilizao desse material seja retomada.

    O ao, largamente empregado em pases mais desenvolvidos, e com elevado potencial

    de utilizao devido s suas caractersticas mecnicas (elevada resistncia compresso e trao) tambm vem sendo pouco utilizado no Brasil para a construode estruturas de edifcios, principalmente nos de mltiplos pavimentos. Sua utilizaovem se concentrando sobretudo na produo da estrutura de edifcios industriais.

    Pode-se dizer que existem alguns fatores "responsveis" pela pequena utilizao doao no Brasil, dentre os quais se destacam:

    - custo elevado do ao quando comparado ao do concreto armado;- falta de tradio construtiva e desconhecimento do processo construtivo;- normalizao precria, sendo ainda empregada normalizao estrangeira;

    - caractersticas da mo-de-obra nacional: de baixo custo e pouca qualificao; da jno se necessita de ganho de produtividade, que uma das grandes vantagensoferecidas pela estrutura de ao;- falta de perfis adequados construo de edifcios, o que seria essencial para aimplantao de um mercado consumidor, no entanto, as indstrias produtoras noassumem o investimento necessrio.

    No obstante essas dificuldades, a produo de um edifico em ao apresenta umelevado potencial de racionalizao devido s caractersticas intrnsecas ao material,pois:

    - toda a estrutura previamente preparada em uma fbrica ou indstria, ficando apenasa montagem para o canteiro;- para o preparo de cada pea necessrio um detalhamento prvio, e sendo assim, asdecises so necessariamente tomadas durante a elaborao do projeto e no nocanteiro durante a execuo do edifcio; logo, no h decises de canteiro, os detalhesconstrutivos vm previamente definidos;- possvel a modulao de componentes racionalizando-se as atividades de preparo emontagem da estrutura, bem como, possibilita o emprego de outros elementosconstrutivos modulados (vedaes, caixilhos);

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    Em resumo, a construo com estrutura de ao permite a racionalizao do edifciocomo um todo, porm, como no Brasil no se tem padronizao de materiais ecomponentes, este potencial acaba por no ser significativo frente s demaisdificuldades de produo do edifcio.

    A alvenaria, por sua vez, foi largamente utilizada no passado como material estruturalpara a construo de edifcios com dois e at trs pavimentos. No entanto, com o

    surgimento do concreto armado cedeu lugar ao novo material.

    Hoje, a alvenaria ressurge com grandes possibilidades de emprego para a produo deestruturas de edifcios de mltiplos pavimentos, sendo denominada alvenaria estrutural.

    E assim como o ao, um material estreitamente ligado racionalizao do processode produo, pois alm de constituir a estrutura do edifcio, constitui ao mesmo tempo asua vedao vertical, o que proporciona elevada produtividade para a execuo doedifcio. Alm disso, a regularidade superficial dos componentes e a "preciso"construtiva exigida pelo processo possibilitam o emprego de revestimentos de pequenaespessura, reduzindo o custo deste subsistema.

    Tambm as instalaes podem ser racionalizadas ao se utilizar os componentesvazados de alvenaria (blocos) para a sua passagem, sem a necessidade de quebrar aparede e consequentemente, sem a necessidade de se refazer o servio.

    Por fim, tem-se estruturas executadas com o concreto armado, que desde o seusurgimento ganhou espao significativo na construo de edifcios, sejam edifciosbaixos ou de mltiplos pavimentos. , sem dvida, o material estrutural mais utilizadohoje no Brasil, tanto moldado no local, como pr-fabricado.

    O estudo da produo de edifcios produzidos com cada um dos materiais

    anteriormente citados, devido sua complexidade, demandaria disciplinas especficas.Considerando-se esta publicao como bsica e como referencial, ser abordadaapenas a produo de estruturas executadas com concreto armado moldado no local,devido principalmente sua extensa e intensa utilizao em todo o pas.

    O concreto armado na forma de elementos pr-fabricados, dever ser abordado emconjunto com outros processos construtivos, considerados num patamar superior deindustrializao.

    A produo de edifcios com os demais materiais dever ser abordada em disciplinasespecficas, oferecidas para o curso de Engenharia Civil.

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    2. A PRODUO DA ESTRUTURA DE EDIFCIOS COM CONCRETOARMADO

    Os edifcios produzidos em concreto armado muitas vezes recebem a denominao deedifcios convencionais ou tradicionais, isto , aqueles produzidos com uma estrutura depilares, vigas e lajes de concreto armado moldados no local.

    A execuo de elementos com concreto armado deve seguir um esquema bsico deproduo que possibilite a obteno das peas previamente projetadas e com aqualidade especificada. Este esquema apresentado genericamente na figura 2.1, aseguir:

    FIGURA 2.1 - Esquema genrico do fluxograma de produo de elementos de concretoarmado.

    Considerando-se os fundamentos dados pelas disciplinas de Materiais de ConstruoCivil, sobre o preparo, transporte, lanamento e adensamento do concreto e cura doscomponentes, ser dada nfase nos seguintes aspectos: produo das frmas; preparodas armaduras; produo geral dos elementos de concreto armado (montagem dasfrmas e armaduras, transporte do concreto e concretagem), considerando-se atecnologia de produo.

    2.1 PRODUO DAS FRMAS E ESCORAMENTO

    2.1.1 Conceituao

    A frma pode ser considerada como o conjunto de componentes cujas funesprincipais so:- dar forma ao concreto (molde);

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    - conter o concreto fresco e sustent-lo at que tenha resistncia suficiente parase sustentar por si s;- proporcionar superfcie do concreto a textura requerida.

    2.1.2 Propriedades ou Requisitos de Desempenho (para atender as funes dasfrmas)

    a) resistncia mecnica ruptura: significa apresentar resistncia suficiente parasuportar os esforos provenientes do seu peso prprio, do empuxo do concreto, doadensamento e do trfego de pessoas e equipamentos;

    b) resistncia a deformao: significa apresentar rigidez suficiente para manter asdimenses e formas previstas no projeto, ou seja, apresentar deformao adequada econtrolada;

    c) estanqueidade: significa evitar a perda de gua e de finos de cimento durante aconcretagem;

    d) regularidade geomtrica: significa apresentar geometria compatvel com asespecificaes do projeto. Observa-se que a reduo de 10% na altura de uma vigainterfere muito mais na resistncia mecnica do elemento estrutural que uma variaode 10% na resistncia do concreto;

    e) textura superficial adequada: significa apresentar textura superficial compatvel comas exigncias do projeto, sobretudo nos casos de concreto aparente;

    f) estabilidade dimensional: significa no alterar as suas dimenses durante olanamento ou durante a fase de cura, a fim de que os elementos estruturaisapresentem dimenses compatveis com as definidas pelo projeto;

    g) possibilitar o correto posicionamento da armadura: ou seja, no deve apresentardetalhe de montagem que dificulte ou impea a colocao da armadura no localespecificado pelo projeto;

    h) baixa aderncia ao concreto: a fim de facilitar os procedimentos de desforma, semdanificar a superfcie do elemento de concreto;

    i) proporcionar facilidade para o correto lanamento e adensamento do concreto;

    j) no influenciar nas caractersticas do concreto: os seja, no deve apresentar

    absoro d'gua que comprometa a necessidade de gua para a hidratao do cimentodo concreto e alm disto, o desmoldante, quando utilizado, no dever afetar asuperfcie do elemento de concreto que est sendo produzido;

    l) segurana: apresentar rigidez e estabilidade suficientes para no colocar em risco asegurana dos operrios e da prpria estrutura que est sendo construda;

    m) economia: este aspecto est diretamente relacionado aos danos provocadosdurante a desforma, exigindo manuteno ou mesmo reposio de parte das frmas;

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    facilidade de montagem e desforma e ao reaproveitamento que o sistema podeproporcionar.

    2.1.3 O Custo da Frma no Conjunto do Edifcio

    Uma frma para desempenhar adequadamente as suas funes, apresentar, de modogeral, o seguinte percentual de custo com relao ao edifcio:

    . custo da frma = 50% do custo de produo do concreto armado;

    . custo do concreto armado = 20 % do custo da obra como um todo;

    . custo da frma = 10% do custo global da obra.

    Estes dados so apresentados no grfico da figura 2.2, a seguir.

    FIGURA 2.2 - Grfico da relao de custo: frmas/edifcio [fonte: FAJERSZTAJN,1987].

    Cabe observar aqui que a frma um elemento transitrio, isto , no permaneceincorporado ao edifcio, tendo uma significativa participao no custo da obra como umtodo. pois uma parte da obra que merece estudos especficos para a suaracionalizao e portanto melhor aproveitamento e conseqente reduo de custos.

    2.1.4 Elementos Constituintes de um Sistema de Frmas

    Pode-se dizer que o sistema de frmas constitudo pelos seguintes elementos: molde,estrutura do molde, escoramento (cimbramento) e peas acessrias.Molde o que caracteriza a forma da pea, e segundo Fajersztajn [1987], o elementoque entra em contato direto com o concreto, definindo o formato e a textura concebidaspara a pea durante o projeto. constitudo genericamente por painis de laje, fundos efaces de vigas e faces de pilares.

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    Estrutura do Molde - o que d sustentao e travamento ao molde e, segundoFajersztajn [1987], destinada a enrijecer o molde, garantindo que ele no se deformequando submetido aos esforos originados pelas atividades de armao econcretagem, podendo ter diferentes configuraes em funo do sistema de frmas eda pea considerada. constitudo comumente por gravatas, sarrafos acoplados aospainis e travesses.

    Escoramento (cimbramento) o que d apoio estrutura da frma. o elementodestinado a transmitir os esforos da estrutura do molde para algum ponto de suporteno solo ou na prpria estrutura de concreto [Fajersztajn, 1987]. constitudogenericamente por guias, pontaletes e ps-direitos.

    Acessrios - componentes utilizados para nivelamento, prumo e locao das peas,sendo constitudos comumente por aprumadores, sarrafos de p-de-pilar e cunhas.

    2.1.5 Principais Materiais Utilizados para a Produo de Frmas

    a) MOLDE: comum o emprego de:- madeira na forma de tbua ou de compensado;- materiais metlicos - alumnio e ao; e ainda,- outros materiais como o concreto, a alvenaria, o plstico e a frma incorporada (porexemplo, o poliestireno expandido).

    b) ESTRUTURA DO MOLDE: comum o emprego de:- madeira aparelhada, na forma de trelia ou perfis de madeira colada;- materiais metlicos: perfil dobrado de ao, perfis de alumnio, ou trelias;- mistos: ou seja, uma combinao de elementos de madeira e elementos metlicos.

    c) ESCORAMENTOS: comum o emprego de:- madeira bruta ou aparelhada;- ao na forma de perfis tubulares extensveis e de torres.

    d) ACESSRIOS: comum a utilizao de elementos metlicos (ao) e cunhas demadeira.

    2.1.6 O Conceito Estrutural das Frmas

    As frmas so estruturas provisrias, porm, so ESTRUTURAS e como tais devem ser

    concebidas.Os esforos atuantes em quaisquer peas constituintes do sistema de frmas sodados por:

    - peso prprio das frmas;- peso do concreto e do ao;- sobrecarga: trabalhadores, jericas, outros equipamentos;- empuxo adicional devido vibrao

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    Definido o esforo atuante, tem-se que o mesmo:

    a) atua sobre o painel que constitui o molde, isto , sobre a chapa de madeira, decompensado, metlica ou mista;

    b) a chapa do molde enrijecida por um reticulado de barras (estrutura do molde);

    c) complementando e equilibrando a estrutura do molde tem-se as escoras (pontaletes

    e ps-direitos) transmitindo a carga para o solo ou para a estrutura j executada.

    2.1.7 Estudo do SISTEMA CONVENCIONAL de frmas de MADEIRA

    Na produo da estrutura de edifcios emprega-se a madeira em frmas de lajes, vigase pilares, escadas, caixas d'gua, entre outros.

    Para a execuo dos MOLDES desses elementos atualmente empregam-se tbuas,mas principalmente chapas de madeira compensada.

    As tbuas empregadas em geral so de pinho de 3 linha industrial ou de construo,com as dimenses de 2,5cm de espessura e 30,0cm de largura, sendo de 4,00m ocomprimento mais comum.

    O painel de madeira compensada pode se apresentar com diferentes caractersticas,dadas em funo da sua espessura e do material de proteo aplicado sua superfciedurante a fabricao. Os mais usuais so os de ACABAMENTO RESINADO, cujaproteo dada apenas por uma camada de resina permevel, o que limita suareutilizao em duas ou trs vezes, no mximo; e os de ACABAMENTOPLASTIFICADO, cuja resina aplicada em sua superfcie possibilita maior nmero dereutilizaes dos painis, que pode variar de 10 a 40 vezes em funo da espessura da

    pelcula da resina aplicada. Alm disso, o painel com acabamento plastificado pode seapresentar com as bordas seladas ou no, o que tambm interfere no nmero dereutilizaes.

    Os compensados apresentam-se com diferentes espessuras, sendo as de maioremprego como frmas de estrutura os de 6,0mm, 10,0mm, 12mm, 18mm, 20mm e25mm. Quanto sua largura e comprimento so modulados, sendo que os PAINISRESINADOS apresentam-se nas dimenses de 1,10m X 2,20m e os PLASTIFICADOScom 1,22m X 2,44m (devido exportao).

    Para a execuo da ESTRUTURA DO MOLDE comumente so utilizados tbuas

    (2,5X30,0cm), sarrafos (2,5X5,0cm; 2,5X10,0cm) e caibros ou pontaletes (5,0X6,0cm ou7,5X7,5cm), espaados de maneira que o molde, com uma determinada espessura,suporte o carregamento previsto, ou seja, o espaamento dimensionadoconsiderando-se a interao da espessura do molde com o carregamento.

    No ESCORAMENTO so empregados usualmente pontaletes de 7,5x7,5cm de pinhoou de peroba, com at 4,0m ou no mximo 5,0m de comprimento, ou emprega-setambm madeira rolia (eucalipto), com at 20,0m de comprimento. No caso doescoramento possvel empregar-se ainda escoras metlicas, disponveis nos mais

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    diferentes comprimentos. Seja qual for o material empregado neste elemento dafrma, o mesmo dever estar apoiado em local com resistncia suficiente para orecebimento das cargas da estrutura (solo ou estrutura j pronta), devendo tambmserem adequadamente contraventados.

    Os ACESSRIOS, por sua vez, so elementos que devem propiciar que a desforma daestrutura ocorra sem que esta sofra choques, sendo comum o emprego de cunhas demadeira e caixas de areia colocadas nos "ps" dos pontaletes e ps-direitos.

    2.1.7.1 Caractersticas da frma de laje

    Elementos principais: painis, travesses, guias, ps-direitos, talas, cunhas e calos,apresentados nas figuras 2.3 e 2.4.

    Ainda com relao s lajes, pode-se dizer que existem variaes do processotradicional, ou seja, comum a substituio da laje de concreto moldada no local(macia ou nervurada) por componentes pr-fabricados, como por exemplo, por lajesmistas e pr-lajes.

    Estes tipos de lajes podem ser entendidos como um avano do processo de produo,na medida em que sua execuo, quando bem planejada, pode implicar em elevadonvel de racionalizao do processo produtivo, uma vez que otimizam o emprego dosmateriais e diminuem consideravelmente a utilizao de frmas e escoramentos naobra. Na figura 2.5, apresenta-se um esquema de laje mista usualmente empregada emedifcios de mltiplos pavimentos.

    FIGURA 2.3 - Esquema de frma convencional para laje, utilizando-se travesses eguias [fonte: CIMENTO E CONCRETO, 1944].

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    FIGURA 2.4 - Esquema de frma convencional para laje, utilizando-se apenas guias[fonte: FAJERSZTAJN, 1987].

    FIGURA 2.5 - Esquema de laje mista usualmente empregada em edifcios de mltiplospavimentos [fonte: CASA CLUDIA, s.d.].

    2.1.7.2 Caractersticas da frma de viga

    Elementos principais: faces de viga, fundo de viga, travessa de apoio (das gravatas),gravatas (ou gastalhos), pontaletes (similar ao p-direito da laje), apresentados nafigura 2.6, a seguir.

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    FIGURA 2.6 - Esquema de frma convencional para viga [Fonte: CIMENTO ECONCRETO, 1944].

    2.1.7.3 Caractersticas da frma do pilar

    Elementos principais: faces de pilar, gravatas (gastalhos), gastalhos de p-de-pilar,escoras para aprumar o pilar, apresentados na figura 2.7, a seguir.

    FIGURA 2.7 - Esquema de frma convencional para pilar [Fonte: FAJERSZTAJN,1987].

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    O sistema de frmas de madeira anteriormente apresentado o mais tradicional esimples possvel.

    natural que com o elevado custo de mo-de-obra e de materiais envolvido na suaproduo, deva-se buscar sempre a racionalizao do sistema de frmas. Algunssistemas racionalizados de frmas so apresentados na seqncia.

    2.1.8 Estudo de SISTEMAS de FRMAS RACIONALIZADAS

    2.1.8.1 Objetivos da racionalizao do sistema de frmas

    Tem-se como principais objetivos da racionalizao:- o mximo aproveitamento da capacidade resistente dos componentes;- o aumento da segurana nas operaes de utilizao;- o aumento da vida til e reaproveitamento dos componentes da frma;- a reduo do consumo de mo-de-obra em recortes, montagens e desmontagens.

    2.1.8.2 Recomendaes de projeto do edifcio para aumentar a racionalizao

    - padronizao da estrutura: isto , pavimentos-tipo iguais, sendo as frmas do trreoiguais s do subsolo com algumas adaptaes;- padronizao das dimenses dos pilares: ou seja, pilares com seo constante earmadura varivel em cada pavimento;- modulao: modular os vos desde a concepo arquitetnica, buscando o uso deformas regulares;- adoo de um PROJETO DO SISTEMA DE FRMAS.

    2.1.8.3 Aes de racionalizao do sistema de frmas

    a) racionalizao do molde, da estruturao e dos acessrios

    - comparar a espessura da chapa (por exemplo 6mm e 25mm) com a necessidade decolocao de travessas e com a rapidez de montagem (implemento de mo-de-obra);

    - pode-se fazer o mesmo raciocnio anterior, considerando-se o espaamento degravatas de pilares e de vigas;

    - TRAVESSAS X LONGARINAS: pode-se empregar travessas de maior inrcia (comopor exemplo uma tbua de cutelo ou duas meias tbuas associadas) ou trelias

    (madeira, metlica telescpica) para reduo ou eliminao da necessidade deLONGARINAS;

    - PILARES E VIGAS: uso de tensor e esticador ou de barras de ancoragem com tuboperdido em substituio a gravatas e sargentos;

    - o projeto deve procurar evitar detalhes que possibilitem quebra de painis oudificuldade de desforma;- substituio de pregos por encaixes e colocao de cunhas;

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    - empregar outros tipos de moldes tais como: moldes perdidos; moldes incorporados.

    b) racionalizao do escoramento

    - reduo do nmero de pontos de escoramento em lajes com uso de escoras metlicas(substituir escoras de madeira por metlicas);

    - utilizao de escoras metlicas para sustentao das frmas de vigas;

    - empregar escoras telescpicas, facilitando as operaes de nivelamento e evitandouso de calos;

    - substituio de pregos por encaixes e colocao de cunhas.

    c) racionalizao do reescoramento

    - utilizar fundos de vigas e faixas de centro de laje em duplicata para permitirtransferncia das frmas para o prximo pavimento;

    - avaliao da possibilidade de utilizao, ou no, das mesmas escoras empregadas noescoramento como reescoramento: avaliar se compensa deixar uma parte ou substituircompletamente.

    Na seqncia, nas figuras 2.8 a 2.14, apresenta-se alguns sistemas de frmasracionalizadas disponveis no mercado.

    FIGURA 2.8 - Uso de gravatas moduladas para frmas de pilares [fonte:FAJERSZTAJN, 1987].

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    FIGURA 2.9 - Uso de tensores no travamento de moldes de pilares [fonte: CHADE,1986].

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    FIGURA 2.10 - Uso de barras de ancoragem com distanciadores plsticos [fonte:REQUENA, 1986].

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    FIGURA 2.11 - Tipos de cimbramentos racionalizados para vigas e lajes [fonte: CHADE,1986].

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    FIGURA 2.12 - Sistema racionalizado de frmas de madeira bastante empregado emedifcios [fonte: FAJERSZTAJN, 1987].

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    FIGURA 2.13 - Sistema racionalizado de frmas com uso de elementos metlicosregulveis no escoramento [fonte: FAJERSZTAJN, 1987].

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    FIGURA 2.14 - Detalhe de escoramento e travamento de vigas com uso de elementosmetlicos e mistos [fonte: FAJERSZTAJN, 1987].

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    2.1.8.4 Parmetros para escolha ou projeto do sistema de frmas

    - considerar as especificaes de acabamento superficial: concreto aparente ou no,textura, juntas necessrias, etc.;

    - levar em conta as caractersticas do projeto da estrutura: formato regular ou no,modulao, vos;

    - cronograma de execuo da estrutura: considerar o nmero de lajes/ms; a seqnciade execuo exigida;

    - disponibilidade de materiais regionais: por exemplo, executar o escoramento comeucalipto, em funo da disponibilidade deste material no local em que se estexecutando a obra;

    - disponibilidade de equipamento para movimentao das frmas;

    - espao para fabricao em canteiro; espao para ptio (central) de frmas;

    - porte do empreendimento: que reflete, por exemplo, na validade ou no de se investirnum jogo de frmas metlicas ou em um segundo jogo de frmas para acelerar a obra.

    2.1.8.5 Consideraes sobre a execuo das frmas

    Buscar comparar, analisar e avaliar as seguintes possveis situaes:

    - fabricao no canteiro X no local da concretagem;

    - montagem de uma central de produo X produo em cada obra;

    - frma pr-fabricada X frma produzida em obra;

    - comprar X alugar

    2.1.8.6 Outros tipos de frma(menos comuns na produo de edifcios)

    a) FRMAS PARA PAREDES MACIAS- painis estruturados com molde de madeira;- frma de ao, como por exemplo a frma tipo tnel ilustrada na figura 2.15;

    - frma de alumnio texturizada.

    b) FRMAS "TREPANTES" e "DESLIZANTES"Comumente utilizadas em estruturas macias e contnuas, tais como caixas d'gua epoos de elevador. O mecanismo de funcionamento de cada uma delas est ilustradona figura 2.16.

    c) frmas VOADORAS (para laje ou para laje + parede)- tipo "mesa voadora";

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    - tipo "mesa-parede", como ilustrada na figura 2.17;- tipo "tnel".

    FIGURA 2.15 - Sistema de frmas tipo tnel [fonte: FAJERSZTAJN, 1987].

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    FIGURA 2.16 - Sistemas de frmas "trepantes" e "deslizantes" [fonte: FAJERSZTAJN,1987].

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    FIGURA 2.17 - Sistema de frmas tipo "mesa-parede" e seu ciclo de produo [fonte:FAJERSZTAJN, 1987].

    2.2 A MONTAGEM DA ARMADURA

    2.2.1 Introduo

    Os aos para concreto armado, fornecidos em rolos (fios) ou mais comumente embarras com aproximadamente 12m de comprimento, so empregados como armaduraou armao de componentes estruturais. Nesses componentes estruturais, tais comoblocos, sapatas, estacas, pilares, vigas, vergas e lajes, as armaduras tm como funo

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    principal absorver as tenses de trao e cisalhamento e aumentar a capacidaderesistente das peas ou componentes comprimidos.

    O concreto tem boa resistncia compresso, da ordem de 25 MPa, podendo chegar a60 MPa ou mais, enquanto que o ao tem excelente resistncia trao e compresso da ordem de 500 MPa chegando, em aos especiais para concretoprotendido, a cerca de 2000 MPa. No entanto, a resistncia trao dos concretos muito baixa, cerca de 1/10 de sua resistncia compresso, o que justifica seu

    emprego solidariamente com o ao. O concreto armado portanto conseqncia deuma aliana racional de materiais com caractersticas mecnicas diferentes ecomplementares.

    Alm deste fator, deve-se acrescentar a proteo oferecida pelo meio alcalinoresultante das reaes de hidratao do cimento presente no concreto, queapassivando o ao, aumenta a sua durabilidade.

    Nas peas comprimidas, mesmo considerando a elevada resistncia compresso dosaos para concreto armado (da ordem de 500 MPa), o concreto tambm necessrio,pois alm de protetor, atua como fator de elevao da rigidez da pea, impedindo que

    esta perca estabilidade geomtrica pela flambagem. Isto significa dizer que parasuportar uma dada carga de compresso, em funo da possibilidade de flambagem dapea, seria necessria uma seo de armadura exageradamente superior quelasuficiente para resistir unicamente aos esforos de compresso, ou seja, seria precisoaumentar o momento de inrcia da seo transversal da pea.

    Assim, pode-se dizer que a unio racional do ao com o concreto com suascaractersticas prprias, traz as seguintes vantagens para o concreto armado:

    Concreto Ao Concreto ArmadoBoa resistncia

    compreenso

    Excelente resistncia

    trao

    Versatilidade

    Meio Alcalino Necessita Proteo DurabilidadeRigidez Esbeltez Economia

    O concreto armado ento uma composio resultante do "trabalho solidrio" daarmadura (ao) e do concreto. Essa solidariedade deve ser garantida pela adernciacompleta entre os materiais, a fim de que as suas deformaes sejam iguais ao longoda pea de concreto.

    Para que se atinja todos esses objetivos, quais sejam, qualidade, aderncia,versatilidade e economia, necessrio estabelecer uma srie de cuidados e regras

    prticas que devero ser cumpridas pelos projetistas, construtores, armadores emontadores de estrutura. Nesta parte da publicao sero abordados somente algunsaspectos relacionados execuo ou montagem das armaduras de concreto armado e,para que se tenha uma idia do conjunto de operaes necessrias ao processamentoda armadura, a figura 2.18 apresenta o fluxograma para o seu preparo.

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    FIGURA 2.18 - Fluxograma de produo das armaduras utilizadas nas estruturas deconcreto armado.

    2.2.2 A Compra do Ao

    O ao, em decorrncia do seu processo de obteno, tem um preo por massa (peso)mais baixo para os dimetros maiores. Portanto, estritamente em termos econmicos, mais interessante que, para uma mesma seo de armadura necessria, seja utilizadoum menor nmero de barras com maior dimetro cada uma. No entanto, ocorre que oprojetista de estrutura tem esta questo apenas como uma daquelas a serem levadas

    em conta na definio da armadura. Como se analisa nas disciplinas de concreto,diversos outros fatores fsicos e mecnicos interferem neste detalhamento fazendo comque, do ponto de vista tcnico (homogeneidade do material concreto armado) seja maisindicado utilizar grande nmero de barras finas ao invs de poucas grossas.

    Com o projeto detalhado, o responsvel pela execuo da obra tem condies desolicitar o ao necessrio. O caminho a seguir diferente conforme a dimenso da obrae da compra.

    Para obras pequenas e de pouca importncia tcnica, cujas necessidades totais noultrapassem trs toneladas, por exemplo, a realizao de todos os ensaios

    normalmente requeridos pode se tornar anti-econmica. Nestes casos, recomenda-se acompra do lote necessrio de firma varejista idnea, com ao de procedncia confivel.

    Quando a obra tiver dimenses maiores, recomenda-se que a compra de ao sejaplanejada de maneira que se torne razovel o custo dos ensaios frente ao volume totalda compra, levando-se em conta os critrios de amostragem. Nestes casos, a firmaencarregada dos ensaios retira do ptio do fabricante ou do fornecedor as amostraspara ensaio do lote a ser entregue na obra.

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    Por vezes torna-se recomendvel que a coleta de amostras para o ensaio sejafeita quando da descarga do material na obra. Isto porque os lacres efetuados nos lotesensaiados no fornecedor podero, eventualmente, estar sujeitos a violao. Oinconveniente neste procedimento que em caso de rejeio do lote pode haver anecessidade de troca do material, necessitando novo transporte.

    A compra do ao deve ser feita com razovel antecedncia em relao sua utilizao,devido ao tempo necessrio para a realizao dos ensaios e eventual rejeio com

    necessidade de nova compra com outro fornecedor.

    Alm dos ensaios referentes resistncia mecnica e ensaios referentes aodobramento, devem ser feitos ensaios relativos ao controle de dimetro das barras deao. No processo de fabricao das barras de ao, os roletes e fieiras que controlam odimetro final das barras vo se desgastando com o uso e normalmente acabamproduzindo barras com pequeno desbitolamento, necessariamente sempre para mais.Do ponto de vista da segurana no h prejuzo algum, at pelo contrrio; no entanto,considerando-se o fator econmico, deve-se evitar desbitolamentos exagerados poispode acabar faltando ao na obra (segundo a normalizao nacional o desbitolamentomximo admissvel de 6% do dimetro da barra).

    Imagine-se uma barra de 20mm que se apresenta na realidade com dimetro de 22mm.Suponha-se que pelo projeto sejam necessrios 1000m de barras de 20mm deespessura; fazendo-se a converso da metragem para peso, levando-se em conta umadensidade de ao de 7800 Kg/m3, a construtora compraria, do fabricante ou fornecedor,10 toneladas de ao. Uma vez que a barra tenha 22mm, com as 10 toneladascompradas, ao invs dos 1000m necessrios, o comprador receber menos de 850mde barras que certamente no permitiro armar todos os componentes estruturaisprevistos no projeto.

    Para obras pequenas, em que seja anti-econmico o ensaio normalizado debitolamento, recomenda-se que a prpria obra faa o controle a partir do levantamento

    da metragem que efetivamente tenha chegado para aquele peso de ao. Esteprocedimento relativamente simples, pois todas as barras tm aproximadamente omesmo comprimento. Com este dado, e com a densidade do ao, chega-se ao dimetromdio real das barras e, eventualmente, pode-se recusar o lote.Definida a compra, ensaiado e aprovado o lote, o fabricante marca antecipadamentecom a construtora a data e o horrio em que ser feita a pesagem e a remessa do ao.Neste horrio, a construtora define um seu representante (normalmente o apontador oualmoxarife da obra) para verificar a pesagem e acompanhar a carreta no trajeto fbrica-obra. Este procedimento necessrio pela impossibilidade de manter, nas obras deporte normal, uma balana de controle de recebimento que seja adequada para pesarbarras de 12m de comprimento.

    2.2.3 A organizao do Ao no Canteiro

    As barras de ao normalmente tm 12m de comprimento. A carreta que transportaestas barras, portanto, de grandes dimenses e seu estacionamento e manobra nodesembarque do ao devem ser planejados. Este tipo de preocupao bastanteimportante no caso de obras localizadas em avenidas de grande movimento, porexemplo.

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    O transporte do ao dentro do canteiro, quando no existem equipamentos de maiorporte como guindastes, bastante moroso. Retornando ao exemplo das barras de20mm, podemos calcular que, para uma barra de 12m, seu peso deaproximadamente 30kg. Em outras palavras, pelo menos dois serventes levam quatrobarras (120kg) desde o local do descarregamento at o ptio de estocagem de ao. Nocaso de uma compra de 10 toneladas de barras de 20mm, seriam necessrias mais de80 viagens para colocar no estoque somente este tipo de barra.

    O tempo necessrio para realizar esta atividade varia conforme a motivao doservente e conforme a localizao do estoque em relao ao ptio dedescarregamento. Imaginando-se um ciclo pequeno, de 5 minutos por exemplo, paracada viagem, teramos que os dois serventes ficariam quase 7 horas transportando asbarras de 20mm.

    Portanto, o nmero de homens-hora que so gastos para a organizao do ao dentrodo canteiro muito grande.

    Observa-se pois que a organizao do canteiro e em especial o posicionamento do

    estoque de ao, so de fundamental importncia para se conseguir a racionalizao dotrabalho e boa fluidez da produo. Isto vale tanto para o desembarque do ao comopara todo o trabalho relativo sua utilizao.

    Alm da questo da localizao, outros cuidados devem ser tomados quanto estocagem do ao. Mesmo profissionais com anos de experincia de obra estosujeitos a confuso quando tentam visualmente identificar a espessura das barras. imprescindvel, portanto, que as barras sejam rigorosamente separadas segundo seudimetro, de maneira a evitar possveis enganos.

    Ainda com relao estocagem do ao, deve-se evitar as condies que podem

    propiciar o desenvolvimento da corroso. aconselhvel evitar o contato diretopermanente do ao com o solo e ainda, dependendo das condies ambiente e dotempo em que o ao permanecer estocado, muitas vezes, em caso de grandeagressividade do meio, deve-se evitar que o estoque de ao fique sujeito a intempries.

    2.2.4 Corte da Armadura

    Os fios e barras so cortados com talhadeira, tesoures especiais, mquinas de corte(manuais ou mecnicas) e eventualmente discos de corte. Com talhadeira, somente osfios de dimetro menor que 6,3mm podem ser cortados, e mesmo assim, em situaes

    especiais, pois o rendimento da operao muito baixo. Os tesoures, com braoscompridos, conforme ilustra a figura 2.19, permitem o corte de barras e fios de dimetroat 16mm. Quando a quantidade de ao a ser cortada for muito grande, pode-se usarmquinas manuais ou motorizadas.

    As mquinas de corte seccionam todos os dimetros fabricados e tm um excelenterendimento, cortando diversas barras de uma s vez.

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    As mquinas manuais, ilustradas na figura 2.20, so as mais usadas no corte doao, pois apresentam um bom rendimento no trabalho. So de fcil aquisio nomercado e tambm fcil conservao.

    FIGURA 2.19 - Ilustrao dos tesoures utilizados para o corte de barras [fonte: SENAI,1980].

    FIGURA 2.20 - Ilustrao das mquinas mecnicas para corte de barras de ao [fonte:SENAI, 1980].

    As mquinas de cortar motorizadas so utilizadas normalmente nas grandes obras, emque uma grande quantidade de ao precisa ser cortada. Nestes casos, o elevado

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    rendimento destas mquinas oferece retorno amplamente vantajoso aoinvestimento inicial requerido. Alm disto, diversas firmas tambm tm utilizadomquinas de corte motorizadas centralizando o corte de ao necessrio em suas obras.As vantagens em termos de racionalizao so grandes tanto no planejamento erendimento da operao do corte, como de estocagem, uso e transporte.

    Observa-se, porm, que qualquer que seja o processo pelo qual feito o corte dasbarras, a racionalizao da operao deve sempre ser procurada. Os comprimentos

    das barras de ao requeridos nas vigas, pilares, lajes, caixas d'gua, etc., so variveis;como as barras tm uma dimenso aproximadamente constante, faz-se necessria umaprogramao do corte das barras de modo a evitar desperdcios.

    fcil perceber que se uma barra de 12m utilizada somente para pilares de 3,30m dealtura, podero ser utilizadas 3 barras de 3,30m e haver uma sobra de 2,10m semuso. Dois metros de desperdcio por barra representam uma enorme perda (18% emrelao barra de 12m ou, exemplificando, mais de 20Kg para cada barra de 20mm).

    Faz-se necessrio, portanto, um planejamento de maneira que as sobras de um cortepossam ser utilizadas em outras peas estruturais. Normalmente este tipo de tarefa o

    prprio armador faz e o resultado em termos de diminuio dos desperdcios tantomelhor quanto maior for sua capacidade, experincia e motivao. Porm, dentro do"esprito" da racionalizao, diversas construtoras, percebendo a necessidade deotimizar este processo de programao de corte, esto utilizando programas decomputador que elaboram a programao de corte.

    O planejamento do corte, no entanto, no o nico meio de se evitar desperdcios.Quando se concreta um pavimento completo (pilares, vigas, escadas e lajes) aarmadura dos pilares deve ser maior que o tamanho do pilar propriamente dito devido necessidade da armadura de arranque do pilar, cuja funo garantir a transfernciados esforos atuantes sobre as barras de ao do pilar superior para as do inferior.

    Observe-se que na base dos pilares, ao longo dos arranques, haver umasuperposio de barras de ao. No caso de haver uma alta densidade de armadura,podero ocorrer dificuldades para que o concreto preencha todos os espaos entre asbarras, formando-se os chamados vazios de concretagem ("ninhos" ou "bicheiras").Alm disso, somando-se os arranques de todos os pilares haver uma quantidadeenorme de barras de ao sendo gasta para esta funo.

    Quando o dimetro das barras de ao dos pilares for suficientemente grande, osarranques podero vir a ser parcialmente evitados pela colocao de barras para doispavimentos, por exemplo. Imagine-se que o pilar tenha 2,8m e a barra 12m. Para

    executar a primeira laje, ao invs de cortar a barra com as dimenses do pilar mais oarranque, corta-se a barra em dois pedaos iguais de 6m. Neste caso, sobrar acimada primeira laje de concreto 3,2m de barra para o prximo pilar, evitando-se anecessidade do arranque e tambm otimizando o corte da barra.

    Entretanto, este tipo de expediente mais interessante para barras grossas, cujocomprimento livre no se vergue sob ao do prprio peso, atrapalhando as demaisatividades.

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    Outra situao que pode vir a ocorrer a grande concentrao de armadura empilares esbeltos, que pode provocar concretagem deficiente na regio dos arranques.Neste caso, recomenda-se que a sobreposio seja feita em diferentes posies,cortando-se a armadura com distintos comprimentos.

    Alm dos exemplos citados acima, existem diversas possibilidades de racionalizao douso de ao nas estruturas de concreto armado, o que exige do engenheiro a constanteprocura da melhor soluo em cada caso.

    Terminada a operao de corte necessrio que se proceda o controle da mesma,verificando-se se as dimenses das barras cortadas esto de acordo com as definiesde projeto. Tal procedimento evita que possveis falhas venham a ser identificadas emetapa muito avanada do processo de produo.

    2.2.5 Preparo da Armadura

    Aps a liberao das peas cortadas d-se o dobramento das barras, assim como seuendireitamento (quando necessrio), sendo que tais atividades so realizadas sobre

    uma bancada de madeira grossa (geralmente pinho de 2) com espessura de 5,0 cm,que corresponde a duas tbuas sobrepostas.Sobre essa bancada usualmente so fixados diversos pinos, como ilustra a figura 2.21,a seguir.

    Os ganchos e cavaletes so feitos com o auxlio de chaves de dobrar, como mostra afigura 2.22, a qual ilustra a operao de dobra de um estribo.

    FIGURA 2.21 - Ilustrao da bancada e da ferramenta para dobra da armadura [fonte:SENAI, 1980].

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    FIGURA 2.22 - Ilustrao das operaes de dobra de um estribo [fonte: SENAI, 1980].

    Assim como existem as mquinas de corte, existem no mercado as mquinas de

    dobramento automtico. Tais mquinas tambm podem ser usadas em obras comgrandes quantidades de ao a serem dobradas ou na centralizao do dobramento daarmadura de diversas obras de uma mesma construtora ou de diferentes empresas.

    Os aparelhos mecnicos de dobramento, alm de curvarem adequadamente as barras,ainda o fazem com grande rendimento.

    Todas as curvaturas so feitas a frio e os pinos devem ter um dimetro compatvel como tipo e o dimetro do ao que ser dobrado a fim de evitar a ruptura local do material.

    2.2.6 Montagem da ArmaduraDefinida a contratao da mo-de-obra, feito o projeto estrutural e o planejamento decorte e dobramento, o armador comea a executar seu servio.

    A ligao das barras e entre barras e estribos feita atravs da utilizao de aramerecozido. O tipo de arame encontrado no mercado tem uma grande variao dequalidade sendo necessria uma boa maleabilidade. Os arames normalmente indicadosso os arames recozidos n. 18 (maior espessura) ou n. 20 (menor espessura).

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    A figura 2.23, a seguir, ilustra as operaes para a amarrao de uma viga e aferramenta utilizada para a amarrao das barras e estribos (torqus).

    FIGURA 2.23 - Ilustrao da amarrao da armadura de uma viga [fonte: SENAI, 1980].

    Para a montagem da armadura propriamente dita, durante o planejamento deve-sedefinir as peas estruturais cujas armaduras sero montadas embaixo, no prprio ptiode armao (central de armao), e aquelas que sero montadas nas prprias frmas.Para esta definio devem ser considerados diversos fatores, tais como: as dimenses

    das peas; o sistema de transporte disponvel na obra; a espessura das barras pararesistir aos esforos de transporte da pea montada, entre outros.

    Quando da colocao das armaduras nas frmas todo o cuidado deve ser tomado demodo a garantir o perfeito posicionamento da armadura no elemento final a serconcretado.

    Os dois problemas fundamentais a serem evitados so a falta do cobrimento deconcreto especificado (normalmente da ordem de 20mm para o concreto convencional)e o posicionamento incorreto da armadura negativa (tornada involuntariamentearmadura positiva).

    Para evitar a ocorrncia destas falhas recomendvel a utilizao de dispositivosconstrutivos especficos para cada caso.

    O cobrimento mnimo ser obtido de modo mais seguro com o auxlio dos espaadoresou pastilhas fixados armadura, sendo os mais comuns de concreto, argamassa,matria plstica e metal, ilustrados na figura 2.24. Estes espaadores, porm, nodevem provocar descontinuidades muito marcantes no concreto e, portanto, osaspectos de durabilidade e aparncia devem ser verificados quando de sua utilizao.

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    Com relao armadura negativa utilizam-se os chamados "caranguejos", conformeilustrado na figura 2.25. Esses "caranguejos" podem se tornar desnecessrios noscasos em que o projetista da estrutura detalhou a armadura negativa de maneira a queesta tenha uma rigidez prpria. O espaamento entre "caranguejos" funo dodimetro do ao que constitui a armadura negativa, bem como, do dimetro do ao doprprio "caranguejo".

    FIGURA 2.24 - Ilustrao das pastilhas e espaadores mais comumente empregadosna produo do concreto armado.

    FIGURA 2.25 - Ilustrao do "caranguejo" usualmente empregado como suporte daarmadura negativa.

    2.3 ASPECTOS SOBRE A PRODUO DA ESTRUTURA DE CONCRETOARMADO

    A produo da estrutura de concreto armado ser desenvolvida tomando-se comoparmetro a execuo de um pavimento tipo, considerando-se que o SISTEMA DEFRMAS esteja previamente definido.

    Assim, tem-se basicamente os seguintes passos para a produo da estrutura:

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    - recebimento do sistema de frmas;- montagem das frmas e armaduras dos pilares;- recebimento das frmas e armaduras dos pilares;- liberao dos pilares;- montagem das frmas de vigas e lajes;- liberao das frmas de vigas e lajes;- concretagem dos pilares;- montagem da armadura de vigas e lajes;

    - liberao da armadura de vigas e lajes;- concretagem de vigas e lajes;- desforma;- reinicio do ciclo de execuo;cujas principais caractersticas sero abordadas na seqncia.

    2.3.1 Recebimento do Sistema de Frmas

    Para o recebimento do sistema de frmas, recomenda-se que sejam adotados osseguintes procedimentos:

    - definio prvia do local para depsito, o qual dever estar preparado pararecebimento, devendo ser coberto, ou providenciar uma lona para o cobrimento dasfrmas;- medir todas as peas;- verificar o corte das peas (se alinhado, se torto, se ondulado);- verificar a pintura das bordas do compensado;- verificar a quantidade de peas e de pregos;- verificar o espaamento entre sarrafos (quando o molde da frma for estruturado).Recebidas as frmas dever ter incio a sua montagem.

    2.3.2 Montagem das Frmas dos Pilares

    Para a montagem das frmas dos pilares so recomendados os seguintesprocedimentos:

    - a locao dos pilares do 1 pavimento deve ser feita a partir dos eixos definidos natabeira, devendo-se conferir o posicionamento dos arranques; o posicionamento dospilares dos demais pavimentos deve tomar como parmetro os eixos de refernciapreviamente definidos;- locao do gastalho de p de pilar, o qual dever circunscrever os quatro painis,devendo ser devidamente nivelado e unido. comum que o ponto de referncia de

    nvel esteja em pilares junto ao elevador;- limpeza da armadura de espera do pilar (arranques);- controle do prumo da frma do pilar e da perpendicularidade de suas faces;- posicionamento das trs faces do pilar, nivelando e aprumando cada uma das facescom o auxlio dos aprumadores (escoras inclinadas);- passar desmoldante nas trs faces (quando for utilizado);- posicionamento da armadura segundo o projeto, com os espaadores e pastilhasdevidamente colocados;- fechamento da frma com a sua 4 face;

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    - nivelamento, prumo e escoramento da 4 face.

    Neste momento pode-se concretar os pilares, sem que se tenha executado as frmasde vigas e lajes, ou ento, preparar as frmas de vigas e lajes e concretar o pilarsomente depois que estiverem devidamente montadas. Uma ou outra alternativa trazvantagens e desvantagens, devendo-se analisar cada caso com suas especificidade.

    DISCUSSO RPIDA SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE SE

    CONCRETAR O PILAR ANTES OU DEPOIS DA EXECUO DAS FRMAS DEVIGAS E LAJES

    VANTAGENS da concretagem do pilar ANTES de executar as demais frmas:- a laje do pavimento de apoio dos pilares (laje inferior) est limpa e bastante rgida,sendo mais fcil entrar e circular com os equipamentos necessrios concretagem;- proporciona maior rigidez estrutura para a montagem das frmas seguintes;- ganha-se cerca de trs dias a mais de resistncia quando do incio da desforma, quecorrespondem ao tempo de montagem das frmas de lajes e vigas.DESVANTAGENS da concretagem do pilar ANTES de executar as demais frmas- necessrio montagem de andaimes para concretagem;

    - geometria e posicionamento do pilar devem receber cuidados especficos, pois se omesmo ficar 1,0 cm que seja fora de posio, inviabiliza a utilizao do jogo de frmas.Para evitar este possvel erro h a necessidade de gabaritos para definir corretamenteo distanciamento entre pilares, o que implica em investimentos, sendo que nosprocedimentos tradicionais dificilmente existem tais gabaritos.

    Na seqncia de execuo que se est propondo neste trabalho, os pilares seroexecutados posteriormente montagem das frmas de vigas e lajes. Assim, uma vezposicionadas as frmas e armaduras do pilar, deve-se fazer o controle de recebimentodo pilar montado, podendo-se, na seqncia, montar as frmas de vigas e lajes.

    2.3.3 Controle de Recebimento da Montagem dos Pilares

    Para este controle recomenda-se que se faam as seguintes verificaes:- posicionamento do gastalho de p-de-pilar;- prumo e nvel;- verificao da firmeza dos gastalhos ou gravatas, dos tensores e aprumadores.

    2.3.4 Montagem de Frmas de Vigas e Lajes

    Recebidos os pilares tem incio a montagem das frmas de vigas e lajes,recomendando-se que sejam seguidos os procedimentos descritos a seguir:

    - montagem dos fundos de viga apoiados sobre os pontaletes, cavaletes ou garfos;- posicionamento das laterais das vigas;- posicionamento das galgas, tensores e gravatas das vigas;- posicionamento das guias e ps-direitos de apoio dos painis de laje;- posicionamento dos travesses;- distribuio dos painis de laje;

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    - transferncia dos eixos de referncia do pavimento inferior;- fixao dos painis de laje;- colocao das escoras das faixas de laje;- alinhamento das escoras de vigas e lajes;- nivelamento das vigas e lajes;- liberao da frma para a colocao da armadura (e tambm colocao deinstalaes embutidas, que neste trabalho no ser abordada).

    2.3.5 Controle de Recebimento da Frma de Vigas e Lajes

    Para a liberao das frmas e conseqente posicionamento das armaduras, deve-seproceder verificao do posicionamento das frmas, recomendando-se que sejamverificados os pontos listados a seguir:

    - encontro viga/pilar (verificar possveis frestas);- posicionamento das escoras das vigas;- posicionamento das laterais das vigas;- distribuio de travesses e longarinas de apoio da laje;

    - conferncia dos eixos de referncia;- posicionamento das escoras de lajes;- localizao das "bocas" de pilares e vigas;- distribuio de painis - verificar se h sobreposio ou frestas;- alinhamento e prumo das escoras;- nivelamento das vigas e lajes;- limpeza geral da frma;- aplicao de desmoldante quando for utilizado.Liberadas as frmas, pode-se efetuar a concretagem dos pilares.

    2.3.6 Procedimentos para a Concretagem dos Pilares

    O concreto utilizado para a concretagem do pilar poder ser produzido na obra oucomprado de alguma central de produo; no entanto, seja qual for a sua procedncia,dever ser devidamente controlado antes de sua aplicao, sendo que os ensaios maiscomuns para o controle de recebimento do concreto so o "slump-test" e o controle daresistncia compresso (fck).

    Uma vez liberado, o concreto dever ser transportado para o pavimento em que estocorrendo a concretagem, o que poder ser realizado por elevadores de obra e jericas,gruas com caambas, ou bombeamento.

    Quando o transporte realizado com bomba, o lanamento do concreto no pilar realizado diretamente, com o auxlio de um funil. Quando o transporte feito atravs decaambas ou jericas, comum primeiro colocar o concreto sobre uma chapa decompensado junto "boca" do pilar e, em seguida, lanar o concreto para dentro dele,nas primeiras camadas por meio de um funil, e depois diretamente com ps e enxadas.

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    O lanamento do concreto no pilar deve ser feito por camadas no superiores a50cm, devendo-se vibrar cada camada expulsando os vazios. A vibrao usualmente realizada com vibrador de agulha.

    Terminada a concretagem deve-se limpar o excesso de argamassa que fica aderida aoao de espera (arranque do pavimento superior) e frma.

    2.3.7 verificao da Concretagem do Pilar

    A verificao da concretagem do pilar deve ser feita durante a realizao dos servios,sendo recomendado que:

    - seja verificada a operao de vibrao, isto se toda a camada de concreto estsendo vibrada, bem como se est sendo respeitado o tempo de vibrao;- se o lanamento do concreto est sendo feito em camadas que o vibrador possaefetivamente alcanar em toda a sua espessura;- se os procedimentos para cura da superfcie exposta esto sendo observados.Finalizada a concretagem dos pilares tem incio a colocao das armaduras nas frmas

    de vigas e lajes.

    2.3.8 colocao das Armaduras nas Frmas de Vigas e Lajes

    Considerando-se que as armaduras estejam previamente cortadas e pr-montadas,tendo sido devidamente controlado o seu preparo, tem incio o seu posicionamento nasfrmas, recomendando-se observar os seguintes procedimentos:

    - antes de colocar a armadura da viga na frma, deve-se colocar as pastilhas decobrimento;- posicionar a armadura de encontro viga-pilar (amarrao) quando especificada emprojeto;- marcar as posies das armaduras nas lajes;- montar a armadura na laje com a colocao das pastilhas de cobrimento (fixao daarmadura com arame recozido n. 18);- chumbar os ferros para definio dos eixos.

    Uma vez executada a armadura, deve-se proceder o controle de recebimento paraliberao da laje para a concretagem.

    2.3.9 Verificaes para liberao da Armadura de Vigas e Lajes

    Aps executado o servio e antes da concretagem propriamente dita, o engenheiroresidente ou o engenheiro responsvel pela execuo da estrutura dever conferi-la,verificando se est em conformidade com o projeto. Esta conferncia no deve ser feitapor amostragem e sim pea a pea, com os seguintes itens bsicos de verificao:- posicionamento, dimetro e quantidade de barras;- espaamento da armadura de laje;- espaamento dos estribos de vigas;

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    - disposio da armadura dos pilares no transpasse (emenda);- colocao da armadura especificada no encontro viga-pilar;- colocao dos caranguejos;- colocao de pastilhas de cobrimento;- posicionamento de galgas e mestras;- limpeza geral das frmas.

    Liberada a armadura pode ter incio a concretagem das vigas e lajes, sendo os

    procedimentos mais comuns apresentados na seqncia.

    2.3.10 Procedimentos para a Concretagem das Vigas e Lajes

    O concreto utilizado para a concretagem das vigas e lajes poder ser produzido na obraou comprado de alguma central de produo; no entanto, seja qual for a suaprocedncia, dever ser devidamente controlado antes de sua aplicao, sendo que osensaios mais comuns para o controle de recebimento do concreto so o "slump-test" eo controle da resistncia compresso (fck).

    Uma vez liberado, o concreto dever ser transportado para o pavimento em que estocorrendo a concretagem, o que poder ser realizado por elevadores de obra e jericas,gruas com caambas, ou bombeamento.Quando o transporte realizado com bomba, o lanamento do concreto nas vigas elajes realizado diretamente, devendo-se tomar os seguintes cuidados no preparo doequipamento:

    - nivelar a bomba;- travar a tubulao em peas j concretadas (deixar livre a frma da laje que estsendo concretada);- lubrificar a tubulao com argamassa de cimento e areia, no utilizando esta

    argamassa para a concretagem;- iniciar o bombeamento.

    Quando o transporte feito atravs de gruas, utilizando-se caambas, deve-se limpardevidamente a caamba de transporte, bem como as jericas, no caso de se utilizarelevador de obra, sendo que neste ltimo caso, ser necessrio o emprego dePASSARELAS ou CAMINHOS para a passagem das jericas sobre a laje que dever serconcretada.

    2.3.11 Procedimentos Recomendados para Lanamento do Concreto

    - lanar o concreto diretamente sobre a laje:- espalhar o concreto com auxlio de ps e enxadas:- lanar o concreto na viga com auxlio de ps e enxadas:- adensamento com vibrador:* de agulha, ou* rgua vibratria (evita o sarrafeamento);- sarrafear o concreto;- colocao das peas de p de pilar que recebero os gastalhos de p de pilar;

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    - colocao dos sarrafos para fixao dos aprumadores de pilar;- retirada das mestras;- acabamento com desempenadeira;- incio da cura da laje (molhagem) logo que for possvel andar sobre o concreto.

    2.3.12 Procedimentos para Desforma

    - respeitar o tempo de cura para incio da desforma, que segundo a norma de execuode estruturas de concreto armado dado por:. 3 dias para retirada de frmas de faces laterais;. 7 dias para a retirada de frmas de fundo, deixando-se algumas escoras bemencunhadas;. 21 dias para retirada total do escoramento;- execuo do reescoramento (antes do incio da desforma propriamente dita);- retirada dos painis com cuidado para no haver queda e danific-los;- fazer a limpeza dos painis;- efetuar os reparos (manuteno) necessrios;- transportar os painis para o local de montagem;

    - verificar o concreto das peas desformadas.

    REINCIO DO CICLO DE PRODUO NO PAVIMENTO SEGUINTE.

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    3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CASA CLUDIA. Guia da construo. So Paulo, n 257, s.d. SuplementoCHADE, W. P. O uso da madeira na construo civil: a evoluo da frma paraconcreto. In: SIMPSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA CONSTRUO, 2., SoPaulo, 1986. Frmas para estruturas de concreto : anais. So Paulo, EPUSP, 1986. p.

    1-12CIMENTO E CONCRETO: BOLETIM DE INFORMAES. ABCP. Frmas de madeirapara estruturas de concreto armado de edifcios comuns. So Paulo, n.50, 1944.FAJERSZTAJN, H. Frmas para concreto armado: aplicao para o caso do edifcio.So Paulo, 1987. 247p. Tese (Doutorado) - Escola Politcnica, Universidade de SoPaulo.LICHTENSTEIN, N. B. & GLEZER, N. Curso O Processo de construo Tradicional doEdifcio. So Paulo, FDTE/EPUSP, s.d. Notas de aula. /xerocopiado/REQUENA, J. A. V. Frmas e cimbramentos de madeira para edificaes. In:SIMPSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA CONSTRUO, 2., So Paulo, 1986.Frmas para estruturas de concreto : anais. So Paulo, EPUSP, 1986. p.53-117.

    SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI). Armador de ferro.Rio de Janeiro, 1980. (Srie metdica ocupacional).