produção de ectoína por bactérias halofílicas do gênero...

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Produção de Ectoína por Bactérias Halofílicas do Gênero Halomonas Carina Heigl Orientador Prof. Nei Pereira Jr. Setembro de 2016

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Produção de Ectoína por Bactérias Halofílicas

do Gênero Halomonas

Carina Heigl

Orientador

Prof. Nei Pereira Jr.

Setembro de 2016

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Produção de Ectoína por Bactérias Halofílicas do

Gênero Halomonas

Carina Heigl

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em

Ciências (MSc.).

Rio de Janeiro, 08 de Setembro de 2016

_________________________________________________________

Nei Pereira Jr., PhD (DEB/EQ-UFRJ) - Orientador/Presidente

_________________________________________________________

Alane Beatriz Vermelho, DSc. – Instituto de Microbiologia/UFRJ

_________________________________________________________

Flávia Duta Pimenta, DSc – SENAI-CETIQT

_________________________________________________________

Ivaldo Itabaiana Junior, DSc - Escola de Química /UFRJ

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FICHA CATALOGRÁFICA

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“Alles is overall: maar het milieu selecteert”

“Everything is everywhere: but the environment selects”

Lourens Baas Becking

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AGRADECIMENTOS

Aqueles que estão ao meu lado durante todo esse percurso, me provendo com

apoio, compreensão e carinho. A minha família (pai, mãe e irmãos) e meu namorado.

Especialmente meu pai, que sempre se mostrou interessado no meu trabalho, me

ajudando sempre que precisei e que é meu exemplo de dedicação e realização. E ao meu

namorado, que me ajudou na distância de casa, nos compromissos que tive e tenho, e a

manter a cabeça sã e os pés no chão. Na distância, ao meu avô, que está na Alemanha,

mas sempre me deixou orgulhosa pelo meu trabalho, por ter realizado algo similar

quando novo;

Ao professor Nei Pereira Jr, que confiou em mim, me recebeu de braços abertos

e sempre me ouviu. Que me permitiu e ajudou a trilhar esse caminho novo, com todos

os cálculos e a necessidade de sair do modo “microbiológico” da pesquisa;

Aos colegas de laboratório, que sempre me mostraram prestativos e

companheiros, tomando conta da autoclave quando necessário, e tornando o dia-a-dia

do laboratório algo prazeroso. Alguns nomes merecem evidência, mas nenhum de vocês

estão ausentes do agradecimento. Aos estagiários, principalmente Diogo Marques, que

sempre foi prestativo em me ajudar, e principalmente, em lavar as vidrarias. Ao Douglas

de França, que sempre me ouviu e parou para me ajudar. Ao Luiz Felipe (vulgo,

Modestov) e Fabio Andrade, por alegrarem meus dias com as palhaçadas e brincadeiras,

mas sendo sérios quando há necessidade. Ao meu ex-companheiro de projeto, Rodrigo

Pimentel, que abandonei para pesquisar algo que me fascina, mas nunca deixei de lado.

A Ana Pantoja, colega de profissão, que me ajudou a contornar as dificuldades das

biólogas no mundo da engenharia. A Johanna Méndez, com seu carinho e truculência

suficiente para assistir mas nos fazer aprender. A Carol Barcelos, que faz uma falta.... E

principalmente, a Isis Mendes, por sua dedicação e força de vontade em quantificar

minha amostras, solucionando problemas e nunca medindo esforços, e o carinho pelas

coisas pessoais;

Aos amigos que fiz durante o mestrado, durante as disciplinas e até depois disso.

Alanna, Vanessa, André, Gabi e Dani. Obrigada;

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, minha casa desde 2009, e um local

que foi responsável por boa parte do meu crescimento, pessoal e profissional. Um lugar

lindo, com uma história linda, e que espero que possa trazer essa satisfação para muitos

outros;

Aos meus amigos de outrora, que estão comigo há tempos e alguns que ficam

zonzos quando paro para contar sobre meu projeto. Paulo Alves, Maria Luiza, Elissa,

Larissa, Poliana, Nina. As minhas roomies do mestrado, Babi, Carol, e Dani! Obrigada.

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RESUMO

Heigl, Carina. Produção de Ectoína por Bactérias do Gênero Halomonas.

Dissertação de Mestrado. Escola de Química - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, 2016.

Orientador: Nei Pereira Jr.

Ectoína é um soluto compatível que protege até mesmo células inteiras contra os

efeitos deletérios do dessecamento, congelamento e aquecimento, tendo assim

aplicações em diversos segmentos da indústria, como a de cosméticos, farmacêutica e

de biotecnologia. O gênero Halomonas tem apresentado resultados promissores pelos

altos valores de produtividade e a facilidade da técnica de obtenção do produto. A

produção industrial química não é viável, pois apresenta diversos empecilhos como

custo de precursores, a baixa qualidade do produto e a grande formação de co-produtos.

No processo biotecnológico é empregado microrganismo de fácil manuseio e robustez, e

reagentes de custo e toxicidade menores que os utilizados na síntese química. Porém

ainda é necessário sobrepor certos limitantes, como as altas concentrações de sal, que

causam problemas em equipamentos e limitam o crescimento celular, tornando assim as

concentrações de produto mais baixas. Desta forma, o objetivo geral desta dissertação

de mestrado foi desenvolver um bioprocesso capaz de produzir ectoína com valores de

rendimento e produtividade volumétrica e específica que sejam atrativos sob o ponto de

vista industrial. Inicialmente, os estudos realizados focalizaram na escolha da cepa mais

apropriada ao processo, levando em consideração parâmetros como simplicidade do

meio, tempo de cultivo e concentração de sal necessária mais baixa para que ocorra o

choque hiperosmótico. A metodologia do planejamento experimental de delineamento

composto central rotacional foi empregada, avaliando as concentrações de glutamato

monossódico, cloreto de sódio e de fosfatos, tendo sido todas estas substâncias

relevantes para a síntese de ectoína. Após a otimização das concentrações desses

componentes do meio de fermentação, outras condições também foram analisadas,

sendo demonstrado que a aeração é um fator limitante para a produção do soluto

compatível, que foi estudada mais detalhadamente, devido à necessidade de obtenção de

altas concentrações celulares e às características estritamente aeróbicas da espécie.

Assim, investigou-se a produção de ectoina em biorreator instrumentado, empregando-

se altas velocidades de agitação e vazões de ar a fim de se identificar o melhor

suprimento de oxigênio. A produtividade de ectoína apresentou um aumento de

aproximadamente 20 vezes, passando de 0,011g/L.h para 0,238g/L.h, quando a taxa de

areação foi controlada a 2,5 vvm, resultando em concentrações finais de ectoína ao

redor de 4,7 g/L. Com fatores de rendimento de produto por célula superiores a 0,8 g/g,

é possível observar um grande avanço se comparado aos resultados reportados na

literatura, que apresentam fatores de rendimento de cerca de 0,25 g/g. Estudos

avançados com o intuito de suprimir a conversão de ectoína em hidroxiectoína e

aumentar a taxa de secreção da molécula, bem como avaliar outras formas de condução

do bioprocesso foram apontados como sugestões para continuidade do desenvolvimento

da tecnologia para a produção de ectoína.

Palavras-chave: Ectoína, soluto compatível, Halomonas, bioprocessos, bactérias

halofílicas.

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ABSTRACT

Heigl, Carina. Ectoine Production by Halophilic Bacterias from genus Halomonas.

Dissertação de Mestrado. Escola de Química - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, 2016.

Orientador: Nei Pereira Jr.

Ectoine is a compatible solute that provides cell protection against the

deleterious effects of desiccation, freezing and heating, with applications in several

industry segments, such as cosmetics, pharmaceuticals and biotechnology. The genus

Halomonas has been regarded as promising with respect to ectoine production due to

the high values of productivity reported in previous works, as well as to the easy

technique described for obtaining the product. Chemical industrial production is not

viable since it presents several drawbacks, represented mainly by the cost of the

precursors, the low product quality and the large formation of by-products. With regards

to the biotechnological process, however, some advantages can be pointed out: the

microorganism used is robust and easy to handle and the reagent cost and the toxicity

are lower when compared to the chemical synthesis. Nevertheless, some obstacles still

ought to be surmounted, such as those concerning the high salt concentrations required,

which may cause problems in the equipments and is responsible for limiting cell

growth, lowering the product concentration. The general objective of this master's thesis

was to develop a bioprocess capable of producing ectoine with values of yield,

volumetric and specific productivity that are attractive from the industrial point of view.

Initially, studies focused on the choice of the most appropriate microorganism strain,

taking on account relevant parameters such as medium composition, cultivation time

and salt concentration that leads to the hyperosmotic stress necessary for ectoine

production. A Central Composite Rotatable Design was used for modeling and

optimizing the process through the evaluation of monosodium glutamate, sodium

chloride and phosphate concentrations, all of these substances which play an important

role in ectoine synthesis. Once these parameters were optimized, other conditions were

also analyzed and it was demonstrated that aeration is a limiting factor for the

production of ectoine. Thus, ectoine production was investigated in instrumented

bioreactors, using high levels of both stirring speed and air flow in order to identify the

best supply of oxygen. Ectoine productivity increased by about 20 times, from 0.011g /

L.h to 0.238g / L.h at 2.5 vvm air flow rate, reaching final ectoine concentrations

around 4.7 g / L, along with a product yield per cell factor (YP/X) higher than 0.8 g / g.

These results represent a great improvement over those previously reported in the

literature, which reached yield factors around 0.25 g / g. Advanced studies aiming at

suppressing ectoine conversion into hidroxiectoine, besides increasing secretion rate of

the molecule were identified as suggestions for further development of this

biotechnology.

Key-words: Ectoine, compatible solute, Halomonas, bioprocess, halophilic bacteria.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................... 3

2.1 BACTÉRIAS E SUA MEMBRANA CELULAR ............................................................................................... 3 2.2 BACTÉRIAS EXTREMÓFILAS ................................................................................................................. 6 2.3 BACTÉRIAS HALOFÍLICAS E SEUS MÉTODOS DE SOBREVIVÊNCIA ............................................................. 8

2.3.1 Método “Salt-in” .......................................................................................................................11 2.3.2 Método “Salt-out” .....................................................................................................................11

2.4 SOLUTOS COMPATÍVEIS ......................................................................................................................13 2.4.1 Ação .........................................................................................................................................14

2.5 ECTOÍNA E HIDROXIECTOÍNA ..............................................................................................................16 2.5.1 Via Metabólica ..........................................................................................................................17 2.5.2 Vias de Transporte.....................................................................................................................23 2.5.3 Tecnologia de Produção de Ectoína............................................................................................25 2.5.4 Aplicações Diretas e Indiretas ....................................................................................................30

2.5.4.1 Efeitos na estrutura proteína e na estabilidade enzimática ....................................................................................... 31 2.5.4.2 Efeitos na estrutura de DNA .................................................................................................................................. 32 2.5.4.3 Potenciais aplicações biomédicas de Ectoínas ......................................................................................................... 32 2.5.4.4 Efeitos de proteção celular ..................................................................................................................................... 35

2.6 OUTROS PRODUTOS DECORRENTES DA ATIVIDADE DE HALOMONAS: PHB ..............................................36 2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................................39

3 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .......................................................................................................41

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................42 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................................................42

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................44

4.1 MICRORGANISMO E INÓCULO ..............................................................................................................44 4.2 CURVAS DE ATIVAÇÃO .......................................................................................................................47

4.2.1 Halomonas salina ......................................................................................................................48 3.2.2 Halomonas elongata ..................................................................................................................48 4.2.3 Halomonas boliviensis ...............................................................................................................49

4.3 ANÁLISE DAS AMOSTRAS ....................................................................................................................49 4.3.1 Amostragem dos experimentos ..................................................................................................49 4.3.2 Quantificação de biomassa.........................................................................................................50 4.3.3 Quantificação do substrato de produtos do bioprocesso – Métodos Analíticos .............................52

4.4 FERMENTAÇÃO EM FRASCO AGITADOS................................................................................................52 4.5 FERMENTAÇÃO EM REATOR INSTRUMENTADO .....................................................................................53

4.5.1 Biorreator de 2 L .......................................................................................................................53 4.5.2 Biorreator de 4 L .......................................................................................................................53

4.6 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL .........................................................................................................54 4.6.1 Validação da otimização experimental .......................................................................................56

4.7 “ORDENHA BACTERIANA” ..................................................................................................................56 4.8 VARIÁVEIS DE RESPOSTA ....................................................................................................................56

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................................................58

5.1 CURVAS DE ATIVAÇÃO ................................................................................................................58 5.2 ESCOLHA DA CEPA ..............................................................................................................................60 5.3 AVALIÇÃO DA NECESSIDADE DE PREPARO DE PRÉ-INÓCULO DA CEPA SELECIONADA ..............................61

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5.4 “ORDENHA BACTERIANA” ..................................................................................................................63 5.4.1 Frascos cônicos agitados ............................................................................................................63 5.4.2 Frascos cônicos agitados com chicanas ......................................................................................64

5.5 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL .........................................................................................................65 5.6 FERMENTAÇÃO EM FRASCOS AGITADOS SEM E COM CHICANAS ............................................................69 5.7 AVALIAÇÃO DO GRAU DE AERAÇÃO EM BIORREATOR AGITADO MECANICAMENTE PARA

PRODUÇÃO DE ECTOÍNA ...................................................................................................................................71 5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................77

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..........................................................................................................79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................81

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS ESTRUTURAS DA SUPERFÍCIE CELULAR DE

BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS. ............................................................................... 4

FIGURA 2: RESPOSTA CELULAR EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SAL. (A)

CRESCIMENTO BALANCEADO ................................................................................... 5

FIGURA 3: MECANISMO DE ESTABILIZAÇÃO DE SOLUTOS COMPATÍVEIS. MODELO DE

EXCLUSÃO PREFERENCIAL ..................................................................................... 15

FIGURA 4: ESTRUTURA QUÍMICA DAS MOLÉCULAS QUÍMICAS DE ECTOÍNA E

HIDROXIECTOÍNA. ................................................................................................. 17

FIGURA 5: VIA PARA A SÍNTESE DE ECTOÍNAS EM H. ELONGATA. .................................... 18

FIGURA 6: VIA SECUNDÁRIA PARA A SÍNTESE DE HIDROXIECTOÍNA. ............................... 19

FIGURA 7: INFLUÊNCIA DA FONTE DE CARBONO NA CONCENTRAÇÃO CELULAR E

CONCENTRAÇÃO DE ECTOÍNA INTRACELULAR EM B. EPIDERMIS. ............................. 20

FIGURA 8: ACÚMULO DE ECTOÍNAS POR C. SALEXIGENS E OS MECANISMOS DE CONTROLE

TRANSCRICIONAIS. ................................................................................................ 21

FIGURA 9: VIA CATALÍTICA DE ECTOÍNA EM H. ELONGATA. ............................................ 23

FIGURA 10: ESTRUTURA DA PROTEÍNA DE LIGAÇÃO COM ALTA AFINIDADE POR ECTOÍNA

(TEAA)................................................................................................................. 24

FIGURA 11: SEQUÊNCIA DE REAÇÕES PARA A SÍNTESE QUÍMICA DE ECTOÍNA. ................. 26

FIGURA 12: DIAGRAMA DO PROCESSO DE ORDENHA BACTERIANA, PARA A PRODUÇÃO DE

ECTOÍNA PELA BACTÉRIA H. ELONGATA. ................................................................ 28

FIGURA 13: ECTOÍNA E SEUS DERIVADOS QUÍMICOS. ..................................................... 30

FIGURA 14: ESTRUTURA GENÉRICA DE POLI-HIDROXI-ALCANOATOS.. ............................ 37

FIGURA 15: VIA PARA A SÍNTESE DE PHB. .................................................................... 38

FIGURA 16: DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DE GRÂNULOS DE PHB. .............................. 39

FIGURA 17: MICROSCOPIA DE HALOMONAS SALINA APÓS A ATIVAÇÃO E DURANTE O

CRESCIMENTO EM FRASCO (COM AUMENTO DE 100 X). ........................................... 48

FIGURA 18: MICROSCOPIA DE HALOMONAS ELONGATA APÓS A ATIVAÇÃO E DURANTE O

CRESCIMENTO EM FRASCO (COM AUMENTO DE 100 X). ........................................... 49

FIGURA 19: MICROSCOPIA DE HALOMONAS BOLIVIENSIS APÓS A ATIVAÇÃO E DURANTE O

CRESCIMENTO EM FRASCO (COM AUMENTO DE 100 X). ........................................... 49

FIGURA 20: CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA HALOMONAS SALINA, COM R2= 0,9987. ......... 50

FIGURA 21: CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA HALOMONAS ELONGATA, COM R2= 0,9993. .... 51

FIGURA 22: CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA HALOMONAS BOLIVIENSIS, COM R2= 0,9995. .. 51

FIGURA 23: CROMATOGRAMAS PADRÃO PARA A DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE

(A) ECTOÍNA E (B) GLUTAMATO MONOSSÓDICO. ..................................................... 52

FIGURA 24: BIORREATOR INSTRUMENTADO, BIOFLO 310 (NEW BRUNSWICK SCIENTIFIC).

............................................................................................................................ 54

FIGURA 25: CURVA DE ATIVAÇÃO DE H. SALINA DSM 5928. S0= 30G/L ......................... 59

FIGURA 26: CURVA DE ATIVAÇÃO DE H. ELONGATA DSM 2581. S0= 30G/L .................... 59

FIGURA 27: CURVA DE ATIVAÇÃO DE H. BOLIVIENSIS DSM 15516. S0= 30G/L ................ 60

FIGURA 28: CURVA DE PROPAGAÇÃO DE H. SALINA DSM 5928 ...................................... 62

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FIGURA 29: CINÉTICA DA FERMENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE ECTOÍNA COM DOIS

TAMANHOS DE PRÉ-INÓCULO, 10 E 20% (V/V) ........................................................ 63

FIGURA 30: ECTOÍNA SECRETADA NATURALMENTE E A OBTIDA POR “ORDENHA

BACTERIANA” COM CÉLULAS CULTIVADAS EM FRASCOS CÔNICOS AGITADOS .......... 64

FIGURA 31: CONCENTRAÇÃO DE ECTOÍNA NO SOBRENADANTE E NA ORDENHA

BACTERIANA, EM FRASCOS CÔNICOS AGITADOS DOTADOS DE CHICANAS ................. 65

FIGURA 32: VALORES PREDITOS E VALORES EXPERIMENTAIS OBTIDOS NO PLANEJAMENTO

EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 67

FIGURA 33: GRÁFICO DE PARETO, INDICANDO QUAIS VARIÁVEIS SÃO SIGNIFICATIVAS EM P

< 0,05. VARIÁVEL: ECTOÍNA. TRÊS FATORES E CINCO NÍVEIS.................................. 67

FIGURA 34: SUPERFÍCIE DE RESPOSTA PARA A SÍNTESE DE ECTOÍNA COM VALOR DA

CONCENTRAÇÃO DE FOSFATO FIXADO EM 21,6 G/L ................................................. 68

FIGURA 35: CINÉTICA DE PRODUÇÃO DE ECTOÍNA EM CONDIÇÕES OTIMIZADAS EM

FRASCOS AGITADOS SEM CHICANAS. ...................................................................... 69

FIGURA 36: GRÁFICO COMPARATIVO ENTRE FERMENTAÇÃO EM FRASCOS AGITADOS COM E

SEM CHICANAS, NO MEIO OTIMIZADO PELO DCCR ................................................. 70

FIGURA 37: CULTIVOS EM FRASCOS SEM E COM CHICANAS PARA A PRODUÇÃO DE

ECTOÍNA. .............................................................................................................. 71

FIGURA 38: PRODUÇÃO DE ECTOÍNA EM BIORREATOR INSTRUMENTADO (BIORREATOR I)

COM O MEIO DE FERMENTAÇÃO OTIMIZADO POR DCCR PARA H. SALINA DSM 5928,

COM TAXA DE AERAÇÃO DE 1,7 VVM E VELOCIDADE DE AGITAÇÃO DE 350 RPM ...... 72

FIGURA 39: FERMENTAÇÃO EM BIORREATOR INSTRUMENTADO (BIORREATOR II) COM O

MEIO DE FERMENTAÇÃO OTIMIZADO POR DCCR PARA H. SALINA DSM 5928, COM

TAXA DE AERAÇÃO DE 1,7 VVM E VELOCIDADE DE AGITAÇÃO VARIANDO COM O

TEMPO .................................................................................................................. 74

FIGURA 40: VISUALIZAÇÃO DO CRESCIMENTO CELULAR EM BIORREATOR INSTRUMENTADO

COM O MEIO DE FERMENTAÇÃO OTIMIZADO POR DCCR PARA H. SALINA DSM 5928,

COM AGITAÇÃO DE 350 RPM E TAXA DE AERAÇÃO DE 1,7 VVM (BIORREATOR I) E COM

AGITAÇÃO VARIANDO CONFORME TEMPO E TAXA DE AERAÇÃO DE 2,5 VVM

(BIORREATOR III) ................................................................................................. 76

FIGURA 41: FERMENTAÇÃO EM BIORREATOR INSTRUMENTADO (BIORREATOR III) COM O

MEIO DE FERMENTAÇÃO OTIMIZADO POR DCCR PARA H. SALINA DSM 5928, COM

TAXA DE AERAÇÃO DE 2,5 VVM E AGITAÇÃO VARIANDO CONFORME O TEMPO ......... 76

FIGURA 42: EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ECTOÍNA EM TERMOS DE

CONCENTRAÇÃO DE PRODUTO ............................................................................... 78

FIGURA 43: EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ECTOÍNA EM TERMOS DE

PRODUTIVIDADE VOLUMÉTRICA ............................................................................ 78

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. BACTÉRIAS HALOFÍLICAS E SUAS APLICAÇÕES.............................................. 10

TABELA 2: POTENCIAIS APLICAÇÕES BIOMÉDICAS PARA ECTOÍNA. ................................. 35

TABELA 3: POTENCIAIS APLICAÇÕES NA PROTEÇÃO CELULAR. ....................................... 36

TABELA 4: MEIO DE MANUTENÇÃO – DSM 593............................................................ 45

TABELA 5: MEIO DE ATIVAÇÃO; DE LANG ET AL., 2011 ................................................ 45

TABELA 6: MEIO DE FERMENTAÇÃO; DE LANG ET AL., 2011 .......................................... 45

TABELA 7: MEIO DE MANUTENÇÃO E DE ATIVAÇÃO – DSM 276 ................................... 46

TABELA 8:- MEIO DE MANUTENÇÃO – MARINE BROTH (DIFCO) + 6% NACL ................. 46

TABELA 9: MEIO DE ATIVAÇÃO; DE VAN-THUOC ET AL., 2010A .................................... 47

TABELA 10: VARIÁVEIS INDEPENDENTES E SUAS CONCENTRAÇÕES NO DCCR .............. 55

TABELA 11: MATRIZ EXPERIMENTAL DO DCCR............................................................ 55

TABELA 12: PRINCIPAIS VARIÁVEIS DE RESPOSTA DOS CULTIVOS DE ATIVAÇÃO ............. 60

TABELA 13: PROPORÇÃO ENTRE ECTOÍNA NO SOBRENADANTE (ECTEXT) E NA ORDENHA

BACTERIANA (BM) E AS CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS DE ECTOÍNA (ECTEXT +

ECTBM) ............................................................................................................... 65

TABELA 14: CONDIÇÕES DO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL E RESULTADOS OBTIDOS. . 66

TABELA 15: VARIÁVEIS DE RESPOSTA DE FERMENTAÇÕES EM FRASCOS AGITADOS SEM E

COM CHICANAS. .................................................................................................... 71

TABELA 16: VARIÁVEIS DE RESPOSTA DOS FRASCOS CÔNICOS E O BIORREATOR

INSTRUMENTADO COM O MEIO OTIMIZADO, NAS CONDIÇÕES DE 350 RPM E 1,7 VVM. 73

TABELA 17: VARIÁVEIS DE RESPOSTA DO BIORREATOR INSTRUMENTADO COM AGITAÇÃO

DE 350 RPM E O BIORREATOR INSTRUMENTADO COM MAIORES AGITAÇÕES E TAXA DE

AERAÇÃO DE 1,7 VVM. .......................................................................................... 75

TABELA 18: VARIÁVEIS DE RESPOSTA DO BIORREATOR INSTRUMENTADO COM MAIORES

AGITAÇÕES E VAZÕES DE AR DE 1,7 (REATOR II) E 2,5 VVM (REATOR III), EM

DIFERENTES TEMPOS. ............................................................................................ 77

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

(L): Linear;

(Q): Quadrático;

µ: taxa específica de crescimento (h-1)

Abs: absorbância;

AD: Alzheimer Disease;

ATP: adenosida trifosfato;

Bacterial Milking: ordenha bacteriana, processo de choque hipo-osmótico;

BCCT: transportador Betaína-carnitina-colina;

BM: ordenha bacteriana;

DA: ácido L-diaminobutírico;

DCCR: Planejamento Experimental do Composto Central;

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DNA: ácido desoxirribonucleico;

DSMZ: Deustsche Sammlung von Mikroorganismen und Zellkulturen;

EctBM: ectoína secretada na ordenha bacteriana;

EctExt: ectoína extracelular, do sobrenadante;

g/L.dia: gramas por litro por dia;

g/L: grama por litro;

GC: Guanina e citosina;

GMS: Glutamato monossódico;

HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana;

HPLC: Cromatografia Líquida de Alta Performance;

I/R: isquemia e lesão de reperfusão subsequente;

kDa: quilo Dalton;

LADEBIO: Laboratório de Desenvolvimento de Bioprocessos;

LDH: lactato desidrogenase;

mg/L.dia: miligramas por litro por dia;

mL/min: mililitro por minuto;

mL: mililitro;

mM: mili molar;

mM: milimolar

MSA: aspartato monossódico;

NADA: N-γ-acetildiaminobutírico;

nm: namometros;

ºC: graus Celsius;

OMP: proteína de membrana externa tipo barril;

p/v: peso por volume;

pb: pares de bases;

PCR: reação em cadeia polimerase;

PHB: poli(3-hidroxibutirato);

PO4: Fosfato;

QP: produtividade volumétrica em produto;

QX: produtividade volumetria em células;

R2: Coeficiente de Determinação;

RNA: ácido ribonucleico;

rpm: rotações por minuto;

RSM: Metodologia de Superfície de Resposta;

S0: concentração inicial de substrato (g/L)

UV: ultravioleta;

v/v: volume por volume;

Vvm: volume de ar por volume de meio;

X: concentração celular (g/L);

Xmáx: concentração celular máxima (g/L);

YP/S: Fator de Rendimento de Substrato em Produto;

YX/P: Fator de Rendimento de Produto em Células;

YX/S: Fator de Rendimento de Substrato em Células;

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1 INTRODUÇÃO

A ectoína é um soluto compatível, presente nos reinos Bacteria, Archaea e

Eukarya. Além do efeito osmoprotetor, também confere proteção para macromoléculas

e até mesmo células inteiras, contra os diversos efeitos deletérios do dessecamento,

congelamento e aquecimento. O gênero Halomonas apresenta resultados promissores, e,

por serem bactérias gram-negativas, é possível utilizar o “bacterial milking”, um choque

hipoosmótico que faz com que as células secretem o soluto, tornando a obtenção do

produto menos complexa. No processo biotecnológico ainda é necessário sobrepor

certos limitantes, como as altas concentrações de sal, que causam problemas em

equipamentos, assim como as baixas taxas de produção.

Logo, o desenvolvimento da produção desse soluto compatível, assim como a

aquisição de conhecimento para superar obstáculos foram desenvolvidos no Laboratório

de Desenvolvimento de Bioprocessos (LADEBIO), sob a coordenação do Prof. Dr. Nei

Pereira Jr.

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Organização da dissertação

Para uma melhor orientação, a Dissertação encontra-se dividida nos seguintes

tópicos:

INTRODUÇÃO, fornecendo informações básicas e apresentando a

estrutura do texto.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, onde estudos prévios direcionam o

desenvolvimento do projeto, e lacunas que se mostram vazias podem

ser preenchidas.

JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS, em que são ressaltadas as

motivações para a pesquisa e suas metas.

MATERIAIS E MÉTODOS, o qual descreve a metodologia utilizada nos

experimentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO, com a apresentação dos resultados

obtidos e comentários acerca dos mesmos.

CONCLUSÕES E SUGESTÕES, que ressalta as principais contribuições

e resultados da pesquisa e, em seguida, diante da experiência adquirida

com os ensaios e das dificuldades encontradas, propõe alternativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, com a menção devida aos

trabalhos consultados que serviram de base para a dissertação

desenvolvida.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Bactérias e sua membrana celular

Bactérias podem ser divididas em dois grupos principais, baseado nas

características observadas após a coloração de Gram: Gram-positiva ou Gram-negativa.

As diferenças são devido às estruturas da parede celular. Bactérias Gram-positivas

possuem uma grossa camada de peptideoglicana envolvendo a membrana

citoplasmática, enquanto as bactérias gram-negativas possuem uma pequena camada de

peptideoglicana, associada a uma membrana externa. Logo, a camada de

peptideoglicana em bactérias Gram-negativas está presente em um espaço chamado

periplasma, ou espaço periplasmático, em um ambiente com características hidrofílicas

(NARITA, 2011).

A membrana externa de bactérias Gram-negativas tem proteínas e lipídeos

distintos, e serve como uma barreira seletiva, permitindo que nutrientes entrem, mas

mantendo compostos tóxicos fora. É composta por uma bicamada lipídica, com

fosfolipídeos na face interna e lipopolissacarídeos (LPS) na face externa (NIKAIDO,

2003). Dois tipos de proteínas estão presentes nessa membrana externa, proteínas da

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membrana externa tipo barril (OMP) e lipoproteínas (Figura 1). Essas proteínas tem

várias funções, incluindo manutenção do formato da célula, biogênese da membrana,

transporte de uma variedade de moléculas, transdução de sinais, mobilidade celular,

entre outros (NARITA, 2011).

Figura 1: Representação esquemática das estruturas da superfície celular de

bactérias Gram-negativas. Adaptado de Narita, 2011.

O crescimento celular normalmente é definido pelo aumento balanceado de

massa da célula, até que a massa atinge um valor crítico e se divide, e para que haja o

crescimento de bactérias, um fluxo de água controlado é necessário (Figura 2 – a).

Como as membranas bacterianas apresentam uma permeabilidade alta para a água e não

há mecanismos para o bombeamento de água entre o citoplasma e o ambiente, todo esse

fluxo é feito de forma passiva e responde aos gradientes de solutos. Assim, para garantir

o crescimento celular, as células acumulam solutos além do necessário pelos seus

metabolismos, exibindo assim uma pressão de turgor alta (NARITA, 2011). A pressão

de turgor consiste na força realizada pela expansão das moléculas de água presentes no

interior da célula (CSONKA, 1989). Mesmo em baixa osmolaridade como em

condições de depleção nutricional, a concentração de potássio que é um desses solutos,

se mantem próxima de 100-200 mM (EPSTEIN; SCHULZT, 1965). Essa concentração

se mantem pela presença do íon em diversas macromoléculas (como DNA, RNA e

proteínas) e também como íons ativos, como o glutamato, que provem para

intermediários de diversas vias metabólicas, como a glicólise, a via da pentose fosfato e

o ciclo do ácido tricarboxílico (TCA) (ROE et al., 1998).

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Quando a concentração externa de sal é mais alta que a concentração do

citoplasma, uma condição de choque hiperosmótico é imposta, e faz com que a água que

está presente no citoplasma saia das células, até que haja um balanço dessas

concentrações. Isso resulta na perda do turgor, e pode haver encolhimento do citoplasma

(Figura 2 - b) (DELAMARCHE et al., 1999). Para restaurar o turgor há o acumulo de

solutos (BOOTH et al., 1988; EPSTEIN, 1986; MORBACH; KRÄMER, 2002), mas

muitas vezes essa não é a condição mais apropriada para atividade enzimática e assim

pode causar um crescimento debilitado, levando ao estresse celular por alterações do

metabolismo (DODD et al., 1997). Na condição contrária, com concentração externa de

sal inferior a concentração intracelular, há uma entrada de água rápida na célula, e para

compensar, pode haver a liberação de solutos por canais mecanosensíveis (BOOTH;

BLOUNT, 2012; MORBACH; KRÄMER, 2002), desregulando assim o balanço de

solutos e água da célula, e sua estrutura (Figura 2 – c). Com a pressão de turgor

aumentando rapidamente, a parede de peptidoglicana, apesar de semi-elástica (YAO et

al., 1999), pode acabar sofrendo ruptura e assim causar a lise celular (LEVINA et al.,

1999). Tais respostas podem ser ilustradas na imagem abaixo:

Figura 2: Resposta celular em diferentes concentrações de sal. (a) crescimento

balanceado, (b) estresse hiperosmótico e (c) estresse hipoosmótico. As setas

indicam o fluxo de água ou solutos, o que causa do desbalanço celular. Note que há

alterações no volume celular nos sistemas (b) e (c) (BYRNE; BOOTH, 2002).

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Logo, a osmorregulação consiste no controle de influxo e efluxo de solutos da

célula, fazendo com que haja a movimentação de água, que ocorre essencialmente de

forma passiva. O controle delicado mostra que há a necessidade de uma modulação dos

sistemas de transportadores e de enzimas, assim como a regulação da expressão gênica

(KEMPF; BREMER, 1998). Há um interesse muito grande na osmorregulação pela

indústria alimentícia, pois tem se mostrado um mecanismo para superar os métodos

preservativos utilizados há tempos, onde é aplicada baixíssima atividade de água

(BYRNE; BOOTH, 2002).

2.2 Bactérias Extremófilas

Microrganismos extremófilos são aqueles que habitam ambientes que, para a

maioria dos seres vivos, são extremos, pelo pH, temperatura, salinidade, pressão e a

combinação de tais fatores. Quando vivem em combinação de condições extremas,

esses microrganismos são chamados poliextremófilos, e nessa classificação podemos

identificar todos os três domínios da vida, Archaea, Bacteria e Eukarya (MESBAH;

WIEGEL, 2008). Desde seu descobrimento, as características fisiológicas e sua

capacidade de adaptação atraíram muito interesse pela sua potencialidade

biotecnológica. Um exemplo foi a aplicabilidade da Taq polimerase, enzima utilizada

no processo de reação em cadeia polimerase (polymerase chain reaction – PCR), pois

seus ciclos apresentam alterações de temperatura, chegando próximo de 100ºC, o que

causa a desnaturação de enzimas “comuns”. Essa enzima foi isolada do extremófilo

Thermus aquaticus, em 1969 por Thomas D. Brock e Hudson Freeze em fontes termais

no Parque Nacional Yellowstone (BROCK; FREEZE, 1969), sendo então resistente a

tais temperaturas. Assim, foi possível automatizar o PCR, o que resultou no

sequenciamento de inúmeros genomas.

Quando observamos a capacidade de adaptação a altas concentrações de sal,

vemos que tal característica é muito importante, pois muitos organismos estão

susceptíveis as alterações de atividade de água no ambiente onde vivem, por situações

de seca e dilúvios (AVERHOFF; MÜLLER, 2010). Tais bactérias (halofílicas) também

apresentam outros fenômenos interessantes. A resistência térmica é altamente

relacionada à resistência osmótica. Muitos estudos mostram que a redução da atividade

de água leva a um aumento resistência térmica, como é possível ver para Lysteria

monocytogenes, que tem sua viabilidade associada ao estresse térmico suave (entre 56-

60 ºC), perdendo essa viabilidade com menos rapidez se cloreto de sódio for adicionado

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ao sistema (ANDERSON et al., 1991; JUNEJA et al., 2014). O mesmo efeito protetor é

observado com Salmonela enteritidis, Escherichia coli O157;H7 (BLACKBURN et al.,

1997) e Staphylococcus aureus (SHEBUSKI; VILHELMSSON; MILLER, 2000).

Apesar de não termos a base molecular totalmente elucidada, é de se esperar que a haja

relação com a concentração intracelular de água. As moléculas de água que apresentam

mais colisões por causa do calor têm a habilidade de interagir com as proteínas e

acelerar a desnaturação. Com menor atividade de água, esse efeito fica afetado,

aumentando assim a termoestabilidade (CASTRO, 2000; KNUBOVETS et al., 1999).

Umas das maneiras de aumentar a adaptação dos microrganismos aos ambientes

são as mutações genéticas, recombinação intramolecular e/ou a transferência genética,

permitindo a troca de DNA entre microrganismos de diferente espécies. A transferência

horizontal oferece a vantagem de ganhar quantidades substanciais de informação

genética, por exemplo traços metabólicos, genes de resistência e determinantes de

patogenicidade (GOPHNA; CHARLEBOIS; DOOLITTLE, 2004; OCHMAN;

LAWRENCE; GROISMAN, 2000). Para microrganismos extremófilos, isso é

evidenciado pelo fato que mais de 20% dos genes bacterianos e mais de 40% dos genes

de arquea foram transferidos horizontalmente (BOUCHER et al., 2003;

DEPPENMEIER et al., 2002; EISEN, 2000; GOGARTEN; DOOLITTLE;

LAWRENCE, 2002; LAWRENCE, 1999; OCHMAN; LAWRENCE; GROISMAN,

2000; THOMAS; NIELSEN; N, 2005). Há também evidencias substanciais de

elementos móveis em bactérias alcalifílicas (TAKAMI et al., 2000) e de transferências

horizontais de genes de resistência em ambientes ácidos, em bactérias termoacidofílicas

(ANGELOV; LIEBL, 2006). Entre termofílicos e hipertermofílicos, é possível observar

transferências de DNA entre os domínios, uma vez que as bactérias Thermogata

maritima e Aquifex aeolicus apresentam 24 e 16,2 % de genes que aparentam ter sido

transferido de arqueas hipertermofílicas, respectivamente (ARAVIND et al., 1998;

NELSON et al., 1999). Muitos desses genes são traços termofílicos essenciais para a

sobrevivência no ambiente por elas habitado. Um exemplo é a girase reversa, uma

proteína específica de hipertermófilos (FORTERRE et al., 2000).

A transferência horizontal de genes é facilitada principalmente por três

mecanismos: conjugação, transdução e transformação. Essa última, que consiste na

captação e incorporação de DNA, acontece naturalmente e é o maior contribuinte para a

troca horizontal de informação genética entre bactérias, sendo um mecanismo muito

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importante para a plasticidade genômica na evolução (CHEN; CHRISTIE; DUBNAU,

2005; CHEN; DUBNAU, 2003, 2004; LORENZ; WACKERNAGEL, 1994). E não

sendo restrito aos procariotos, se mostra um mecanismo muito versátil de transferência

de DNA, gerando diversidade genética, evolução dos traços metabólicos, espalhando

alelos vantajosos e mediando variações antigénicas.

2.3 Bactérias halofílicas e seus métodos de sobrevivência

Bactérias halofílicas são um grupo especializado que precisam de cloreto de sódio

para o crescimento (VENTOSA; NIETO; OREN, 1998), crescendo com taxas bem

semelhantes em diferentes concentrações de sal (0,5 – 2,5 M). Isso evidencia a

necessidade de lidar com a salinidade. Como modelo de estudo, a bactéria aeróbica

formadora de esporo, Halobacillus halophilus mostrou a dependência estrita da

presença de cloreto para o crescimento celular (CLAUS et al., 1983; ROESSLE;

MÜLLER, 1998), pois não houve crescimento em concentrações baixas de cloreto (0,2

M). Porém, ao ser adicionado mais cloreto, mantendo a osmolaridade do meio, o

crescimento é restaurado. Assim, o crescimento e também as taxas celulares se

mostraram estritamente dependentes do cloreto (ROESSLE; MÜLLER, 1998). Alguns

processos celulares são dependentes de cloreto, tendo sido identificados a germinação

de endósporos, a produção de flagelos e a mobilidade (ROESSLE; WANNER;

MÜLLER, 2000). Análises proteômicas indicaram que a ausência de cloreto inibe a

produção do componente estrutural do flagelo, a flagelina, assim como outras proteínas,

como a LuxS, um componente do sistema quórum sensing (SEWALD et al., 2007), e

análises de transcrição mostram a necessidade do Cl- para a expressão de fliC, o gene

que codifica para a síntese de flagelo. Assim, é possível observar a dependência do Cl-

para a expressão gênica e a produção de proteínas. Além disso, um transporte cloreto-

dependente foi identificado na captação de solutos compatíveis - a glicina betaína - para

superar os efeitos deletérios das altas concentrações de sal. Porém, seus transportadores

ainda não foram identificados (AVERHOFF; MÜLLER, 2010; ROESSLE; MÜLLER,

2001a).

Para a sobrevivência celular, é necessário que haja uma manutenção delicada no

turgor, e esses microrganismos desenvolveram duas estratégias principais para

contornar as consequências da perda de água. A primeira delas é chamada de estratégia

“salt-in-cytoplasm” (GALINSKI; TRÜPER, 1994; VENTOSA; NIETO; OREN, 1998),

e a segunda é chamada de “salt-out cytoplasm”, sendo largamente difundida e

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evolucionariamente conservada nos três domínios filogenéticos (BOHNERT; NELSON;

JENSEN, 1995; KEMPF; BREMER, 1998; ROESSLE; MÜLLER, 2001b; SAUM;

MÜLLER, 2008). Alguns microrganismos apresentam as duas estratégias, podendo

citar Halobacillus halophilus (SAUM; MÜLLER, 2008). Isso pois assim é possível

avaliar a salinidade externa a fim de responder nos níveis transcricional, translacional e

de atividade enzimática para regular a quantidade de solutos compatíveis a serem

produzidos pela célula.

Apesar do fato de as bácterias crescerem em concentrações distintas de sal,

acumularem tipos distintos de solutos compatíveis e terem mecanismos moleculares

diferentes para o acúmulo dos mesmos, a resposta ao choque osmótico é basicamente a

mesma. Em baixa osmolaridade há o acúmulo de sais, principalmente o glutamato de

potássio. Com o aumento da osmolaridade, há uma sequência de respostas. A primeira

dela, a nível celular, é puramente física, onde a água sai do citoplasma, fazendo com

que a célula encolha. A primeira resposta fisiológica é o acúmulo de mais glutamato de

potássio no citoplasma. Porém, em altas concentrações desse sal, que se apresentam

inibitórias para funções enzimáticas, as células começam a próxima resposta, que

consiste no processo de acúmulo de solutos compatíveis (BYRNE; BOOTH, 2002). Tal

acúmulo permite que a célula diminua a concentração intracelular de sal, recuperando

assim a atividade enzimática e logo o seu metabolismo (POLLARD; WYN JONES,

1979; SUTHERLAND et al., 1986; WOOD, 2011).

As bactérias halofílicas sempre chamaram atenção da comunidade científica,

pela sua capacidade de crescimento em condições adversas, e também por estarem

presentes em vários alimentos, apesar das tentativas de conservação. Podemos listar o

uso de bactérias halofílicas e halotolerantes em diversos âmbitos (Tabela 1) (VAN-

THUOC, 2009):

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Tabela 1: Bactérias halofílicas e halotolerantes e suas aplicações

Aplicações Cepas bacterianas Referências

Alimentos

Fermentados

Bacillus sp.

Lactobacillus lactis

Lactobacillys plantarum

Pediococcus halophilus

Tetragenococcus halophila

RÖLING; VERSEVELD,

1996;

VILLAR et al., 1985

Degradação de

Agentes Tóxicos

Bacillus cereus

Halomonas halodurans

Marinobacter

hydrocarbonoclasticus

Pseudomonas halodurans

Staphylococcus sp.

AZACHI et al., 1995;

HINTEREGGER;

STREICHSBIER, 1997;

MALTSEVA et al., 1996;

MCMEEKIN et al., 1993;

OREN et al., 1992;

ROSENBERG, 1983;

WARD; BROCK, 1978

Produção de Solutos

Compatíveis

Actinopolyspora halophila

Ectothiorhodospira

halochloris

Halomonas elongata

Marinococcus M52

Halomonas salina

Halomonas boliviensis

FRINGS; SAUER;

GALINSKI, 1995;

GALINSKI; PFEIFFER;

TRÜPER, 1985;

GUZMÁN et al., 2009;

MARGESIN; SCHINNER,

2001; SAUER;

GALINSKI, 1998;

VENTOSA; NIETO, 1995;

ZHANG; LANG;

NAGATA, 2009

Produção de

Exopolissacarídeos

Algumas bactérias do Gênero

Halomonas

Algumas cianobactérias

BÉJAR et al., 1998;

BOUCHOTROCH et al.,

2000; MARTÍNEZ-

CÁNOVAS et al., 2004;

MORENO et al., 1998;

SHAH; GARG;

MADAMWAR, 1999

Produção de poli-

hidróxido-alcanoato

Maioria do gênero Halomonas MATA et al., 2002;

QUILLAGUAMÁN;

DOAN-VAN, 2008;

QUILLAGUAMÁN et al.,

2005

Produção de

Biossurfactantes

Bacillus licheniformis JF-2

Bacillus licheniformis BAS50

(MARGESIN;

SCHINNER, 2001;

THOMAS et al., 1993;

YAKIMOV et al., 1995)

Produção de Enzimas Micrococcus halobius

Micrococcus varians

Vibrio costicola

Bacillus sp.

KAMEKURA, 1986;

ONISHI; MORI;

TAKEUCHI, 1983;

ONISHI; SONODA, 1979;

ONISHI, 1972

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2.3.1 Método “Salt-in”

Essa estratégia consiste no acúmulo de íons inorgânicos, como K+ e Cl-, até que

a concentração interna se equipare à concentração externa (AVERHOFF; MÜLLER,

2010), e é típica de arqueas como Halobacteriaceae (LENTZEN; SCHWARZ, 2006),

bactérias halofílicas moderadas anaeróbicas da ordem Haloanaerobiales, e a bactéria

halofílica extrema Salinibacter ruber (OREN, 1999; OREN et al., 2002; ROBERTS,

2000). Esse método leva à pouca capacidade de adaptação, pois as enzimas e organelas

têm suas funções estritas aos ambientes com alta força iônica, pelos desdobramento e

atividade enzimáticas (PASTOR et al., 2010). Entre essas mudanças adaptativas

podemos citar as enzimas que apresentam resíduos ácidos, como ácido glutâmico e

ácido aspártico, sendo assim mais ácidas que as enzimas ortólogas dos organismos

mesofílicos (CHRISTIAN; WALTHO, 1962; COQUELLE et al., 2010; DENNIS;

SHIMMIN, 1997; LANYI, 1974; SAENGER, 1987). Esses resíduos são mais

hidratados e podem coordenar a organização da superfície da proteína (FROLOW et al.,

1996; MADERN; EBEL; ZACCAI, 2000). Sua substituição torna a proteína mais

hidrofílica e ajuda a prevenir colapso estrutural (EISENBERG; MEVARECH;

ZACCAI, 1992; LANYI, 1974; ZACCAI et al., 1989), e além disso, eles podem formar

pontes com resíduos básicos, como lisina e arginina, que estão posicionados

estrategicamente, provendo assim rigidez estrutural e mantendo a estrutura tri-

dimensional da proteína (DYM; MEVARECH; SUSSMAN, 1995; JAENICKE;

BÖHM, 1998). Em ambientes com força iônica mais baixa, essas proteínas costumam

desnaturar e mudar de conformação, fazendo assim com que não exerçam mais suas

funções (DENNIS; SHIMMIN, 1997).

2.3.2 Método “Salt-out”

Para superar o aumento da pressão osmótica, há o acúmulo de solutos

compatíveis, que são moléculas orgânicas pequenas, altamente solúveis, que podem ser

captadas ou sintetizadas e não interferem com o metabolismo central, mesmo se

acumuladas em altas concentrações (até 1-2 M) (BROWN, 1976). A quantidade de

moléculas distintas é bem limitada, pela necessidade de compatibilidade com as

macromoléculas e as funções celulares. Os solutos compatíveis das arqueas se

assemelham muito a estrutura dos solutos compatíveis das bactérias, sendo apenas

notável a presença de uma carga negativa neles (MARTIN; CIULLA; ROBERTS,

1999; ROESSLE; MÜLLER, 2001b). A captação e biossíntese são induzidas pela alta

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salinidade ou alta osmolaridade, tanto no nível genético quanto proteico. As vias

biossintéticas de vários solutos compatíveis já foram descritas em bactérias e arqueas,

porém, pouco já foi elucidado sobre a sinalização pela salinidade e a transferência

desses sinais, nos níveis genético, enzimático ou de transportadores (AVERHOFF;

MÜLLER, 2010; WOOD et al., 2001). A importância desse conhecimento não é apenas

pelo acúmulo de tais moléculas, mas também pela reprogramação do metabolismo

celular e da estrutura, em geral. Poucos estudos foram realizados com microrganismos

halofílicos até agora, nos ilustrando a complexidade do processo (PASTOR et al., 2010;

PFLÜGER et al., 2007; STEIL et al., 2003; WEBER; JUNG, 2002). Um exemplo é a

arquea metanogênica não-halofílica Methanosarcina mazei, que consegue se adaptar até

800 mM NaCl, ao alterar diferentes funções celulares, incluindo vias protetoras

(transporte de soluto e biossíntese, importação de fosfato, exportação de íons de Na+) e

modificação das estruturas de DNA e superfície celular. Oitenta e quatro genes de

diferentes categorias funcionais, como o transporte de solutos e biossíntese, exporte de

Na+, resposta ao estresse, transporte de íons, fosfatos e proteínas, enzimas metabólicas,

proteínas regulatórias, sistemas de modificação genética e moduladores de superfície

celular se apresentaram fortemente expressos nas condições de alta salinidade. É

possível então observar que há uma resposta finamente controlada, com uma rede

altamente elaborada, que precisa conversar com outras diversas redes. Porém, é

necessário enfatizar que tais análises são ainda superficiais se levarmos em

consideração os conhecimentos que ainda não obtemos (AVERHOFF; MÜLLER, 2010;

ROESSLE; MÜLLER, 2002).

Essa estratégia tem como vantagem a característica de ser mais flexível e

adequada para diferentes concentrações de sal. A função primária é a adaptação as

alterações da osmolaridade extracelular, sendo então acumulados como consequência do

aumento da salinidade (SLEATOR; HILL, 2002). Normalmente, uma mistura de

diferentes osmólitos é produzida, tendo sua composição variada conforme o ambiente, a

duração do estresse osmótico, o nível de salinidade, a disponibilidade de substratos e a

fonte de carbono utilizada para o crescimento (AVERHOFF; MÜLLER, 2010;

PASTOR et al., 2010). Um exemplo é Halomonas elongata, que acumula

principalmente glutamato de potássio em salinidades intermediárias (0,5M NaCl), e

ectoína em maiores salinidades. Isso também se dá pelo tempo de resposta, permitindo

que haja uma proteção celular instantânea enquanto moléculas mais eficientes são

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produzidas (KRAEGELOH; KUNTE, 2002), permitindo a sobrevivência em ambientes

com salinidade flutuante.

Para secretar os osmólitos, quando a pressão osmótica interna fica alta demais,

canais mecanossensíveis são ativados. O transporte não precisa de energia em forma de

ATP, ou gradiente eletroquímico. Estudos indicam que há três proteínas responsáveis

pela atividade de condução: MscL, canal mecanossensível de grande condutância;

MscS, canal de pequena condutância; e MscM, canal de condutância mínima

(BLOUNT; MOE, 1999; BLOUNT; SCHROEDER; KUNG, 1997; BOOTH; BLOUNT,

2012; SUKHAREV et al., 1997). Eles possuem grande capacidade de condutância,

diferente dos canais presentes em células eucariotas, e respondem a tensões na

membrana, reconhecendo propriedades biofísicas, como deformação da bicamada

lipídica (PEROZO et al., 2002).

2.4 Solutos Compatíveis

Como um modo de se adaptar a diferentes salinidades e outros estresses

ambientais, como temperatura, os microrganismos extremófilos produzem os chamados

solutos compatíveis. Tais moléculas são agrupadas em um número limitado de

componentes, que podem ser divididos em dois grandes grupos: 1) açúcares e polióis, e

2) α- e β-aminoácidos e seus derivados, incluindo metilalaminas (AVERHOFF;

MÜLLER, 2010). Elas são pequenas moléculas quimicamente diversas, podendo ser

zwitteriônica, sem carga ou aniônica. Alguns osmólitos, como a prolina, também são

componentes de vias metabólicas primárias (LENTZEN; SCHWARZ, 2006). Como

eles apresentam pouco efeito na força iônica citosólica, não há necessidade de

adaptações especiais dos sistemas intracelulares – enzimas e organelas – (BROWN,

1990; OREN, 1999).

Além da proteção celular, os solutos compatíveis também podem servir como

fonte de carbono, energia ou nitrogênio, como reserva intracelular ou presente no meio

pela liberação por outros microrganismos. Carboidratos como glicerol, glicosilglicerol,

trealose, sucrose, e aminoácidos, como prolina, glutamato e alanina, podem ser

utilizados (WELSH, 2000).

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2.4.1 Ação

Há diferentes teorias sobre o mecanismo de ação dos solutos compatíveis em

ambientes com pouca água. A primeira é chamada de modelo de exclusão preferencial,

e foi proposto como um mecanismo global de estabilização proteica (ARAKAWA;

TIMASHEFF, 1985; TIMASHEFF, 2002) (Figura 3). Nesse modelo, a estrutura

terciária da proteína (representada em Figura 3 - a) em solução aquosa é estabilizada

pela presença de osmólitos (Figura 3 - b), formando um aglomerado de hidratação. Isso

faz com que haja uma compactação da estrutura terciária com área de superfície

diminuída (Figura 3 - c) (LENTZEN; SCHWARZ, 2006). Pela expulsão dos osmólitos

dos sítios de hidratação, o desnovelamento das proteínas precisa de energia adicional e é

termodinamicamente desfavorável (KURZ, 2008; LEE; TIMASHEFF, 1981). Assim, a

proteína é hidratada ao ocupar um volume menor, mantendo sua conformação nativa. Já

que a ação do soluto compatível não é relacionada com a superfície da proteína, a

atividade catalítica se mantem intacta (KOLP et al., 2006; LOUIS; GALINSKI, 1997).

O efeito “osmofóbico” desse modelo explica sua aplicação universal (BOLEN;

BASKAKOV, 2001), e é de grande relevância em soluções altamente concentradas e

em organismos que necessitam de altas concentrações intracelulares de osmólitos. Ao

contrário do efeito hidrofóbico, que faz com que aminoácidos apolares se agreguem no

interior da proteína, o efeito osmofóbico causa alterações na conformação da cadeira

principal, determinante para a estabilização proteica (BURG; FERRARIS, 2008).

Qualquer interação dos osmólitos com resíduos hidrofóbicos não supera o efeito

osmofóbico, ou interfere com o efeito hidrofóbico (ROBERTS, 2005). Foi observado

que metilaminas alteram a estrutura da água, causando uma maior organização e

ligações de hidrogênio mais fortes e, assim, causam a expulsão dos solutos (BENNION;

DAGGETT, 2004). Um estudo realizado mostrou que a ectoína não interage com a

proteína ou muda a estrutura, mas as propriedades do solvente (no caso, a água) são

alteradas, fazendo com que a difusão seja mais devagar (YU; NAGAOKA, 2004).

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Figura 3: Mecanismo de estabilização de solutos compatíveis. Modelo de exclusão

preferencial, com a proteína em solução aquosa (a) e a formação do aglomerado de

hidratação (b) compactando a proteína (c); Figura de LENTZEN; SCHWARZ,

2006.

Já a teoria da substituição da água (CLEGG et al., 1982; CROWE et al., 1990)

foi desenvolvida na observação de que muitos organismos são capazes de perder até

50% da água presente na célula, e retomar atividade quando reidratados. Isso porque as

estruturas celulares são protegidas pelos solutos que são acumulados. Tal teoria é

contrária ao modelo apresentado anteriormente, uma vez que há a substituição da água

pelo soluto compatível, e parece se encaixar melhor em situações de atividade de água

extremamente baixa, enquanto o outro modelo é aplicável em faixas de concentração de

soluto mais variadas. Porém, a informação de maior relevância é que a afinidade dos

solutos para a água ou para a proteína depende da concentração, pesando para essa

teoria (KANIAS; ACKER, 2006). Por mais que tais teorias tenham conceitos contrários,

muitos estudos demonstram que não são excludentes, podendo haver as duas reações,

em situações distintas.

No estudo de Manzanera et al., 2004a, foi observado que a hidroxiectoína é

menos eficiente como protetor celular, se comparado com a trealose. Uma explicação

que acompanha a hipótese de substituição de água é o fato de a hidroxiectoína possuir

apenas uma hidroxila, enquanto trealose possui várias. E tais hidroxilas podem

substituir parcialmente as moléculas de água. Durante desidratações extensivas, há uma

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ligação entre as hidroxilas da trealose com as proteínas, mantendo assim a conformação

e então, sua estabilidade. Além da ligação a proteínas, também há a ligação com

fosfatidilcolina, sugerindo um efeito estabilizante para camadas lipídicas (CROWE et

al., 1990).

2.5 Ectoína e Hidroxiectoína

Ectoína (ácido (4S)-2-metil-1,4,5,6-tetrahidropirimidina carboxílico)(ilustrada

na Figura 4) foi descoberta inicialmente por Galinski et al. (1985) em Halorhodospira

(anterior Ectothiorhodospira) halochloris, uma eubactéria fototrófica halofílica

extrema, isolada em Wadi Natrun, no Egito. Porém, após isso, tal substância foi

encontrada em várias bactérias halofílicas e halotolerantes, entre α- e γ-Proteobacteria e

Actinobacteridae, com algumas indicações também, porém mais limitadas, em β-, δ- e

ε-Proteobacteria, Firmicutes e Plantomycete (PASTOR et al., 2010). A capacidade de

acumular ectoína também é difundida entre microrganismos que não são capazes de

produzi-la, como Escherichia coli (JEBBAR et al., 1992), Bacillus subtilis (JEBBAR;

VON BLOHN; BREMER, 1997), Corynebacterium glutamicum (STEGER et al., 2004)

e Sinorhizobium melilotti (JEBBAR et al., 2005). É um aminoácido heterocíclico,

derivado parcialmente hidrogenado da pirimidina.

Seu derivado hidroxilado, a hidroxiectoína (ácido (4S,5S)-2-metil-5-hidroxi-

1,4,5,6-tetrahidropirimidina carboxílico) (também ilustrada na Figura 4) foi descoberto

em uma cepa de Streptomyces parculus produtora de actinomicina D (INBAR;

LAPIDO, 1988; LENTZEN; SCHWARZ, 2006) e está presente em várias cepas que

também produzem ectoína. É mais comum entre bactérias gram-positivas, incluindo

Nocardiopsis sp, Streptomyces griseolus, Brevibacterium linens e M. halophilus

(FRINGS; SAUER; GALINSKI, 1995; SEVERIN; WOHLFARTH; GALINSKI, 1992).

Sua proporção sempre aumenta quando há um aumento de temperatura, como

observado em Streptomyces, Halomonas elongata e Chromohalobacter salexigens. Isso

porque, apesar de ser quimicamente semelhante a ectoína, ela fornece características

protetoras adicionais, derivada da sua natureza hidroxilada. Uma ilustração nessa ação é

o fato de mutantes de C. salexigens que não possuem a enzima que faz a conversão da

ectoína em hidroxiectoína – a hidroxilase – serem termossensíveis (GARCÍA-ESTEPA

et al., 2006; MALIN; LAPIDOT, 1996; WOHLFARTH; SEVERIN; GALINSKI,

1990). Essa propriedade fez com que houvesse um aumento em processos específicos

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focando na produção de hidroxiectoína (FRINGS; SAUER; GALINSKI, 1995;

SCHIRALDI et al., 2006).

Figura 4: Estrutura química das moléculas químicas de ectoína e hidroxiectoína.

Adaptado de MEFFERT, 2002.

Apesar da possibilidade de consumo de solutos compatíveis como fonte de

carbono, energia e nitrogênio, estudos mostram que o metabolismo de ectoína é menos

frequente. Sporosarcina pasteurii sintetiza e acumula ectoína mas não é capaz de

degradá-la (KUHLMANN; BREMER, 2002). O mesmo acontece com E. coli, que é

capaz de utilizar ectoína como um osmoprotetor, e hidroxiectoína como termo- e

osmoprotetor, mas não consegue catabolizá-las como fontes de carbono ou nitrogênio

(JEBBAR et al., 1992; MALIN; LAPIDOT, 1996).

2.5.1 Via Metabólica

As vias sintéticas para a produção das ectoínas (ectoína e seu derivado

hidroxilado, hidroxiectoína) foram estudadas em H. halochloris, Halomonas elongata

DSM 2581 (PETERS; GALINSKI; TRÜPER, 1990) e Halomonas elongata DSM 3043

(CÁNOVAS et al., 1997), essa última depois sendo reclassificada como

Chromohalobacter salexigens DSM 3043 (ARAHAL et al., 2001). A via biossintética

da ectoína está ilustrada abaixo (Figura 5). Ela começa pela fosforilação do L-aspartato

e compartilha as duas primeiras etapas enzimáticas com a biossíntese de aminoácidos da

família do aspartato: a conversão de L-aspartato em L-aspartato-fosfato pela aspartato

quinase (Ask), e a síntese de L-aspastato-β-semialdeído a partir de L-aspartato-fosfato,

catalisada pela L-aspartato-β-semialdeído dehidrogenase (Asd). Nesse intermediário

geral começa a rota específica da síntese de ectoína, com três etapas. Primeiro, L-

aspartato-β-semialdeído é convertido em ácido L-diaminobutírico (DA) (pela enzima

ácido L-diaminobutírico transaminase, EctB ou ThpB – proteína com 421 resíduos e

peso molecular de 46,1 kDa; que tem como co-fator K+) e então é acetilado em ácido N-

γ-acetildiaminobutírico (NADA) pela enzima ácido L-diaminobutírico acetil transferase

(EctA ou ThpA – proteína com 192 resíduos e peso molecular de 21,2 kDa). Por fim, a

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condensação cíclica do NADA leva a formação da ectoína pela atividade da enzima

ectoína sintase (EctC ou ThpC – proteína com 137 resíduos e peso molecular de 15,5

kDa). Para a então síntese de hidroxiectoína, há a hidroxilação da ectoína pela ectoína

hidroxilase (EctD ou ThpD) (GARCÍA-ESTEPA et al., 2006; GRAMMEL, 2000;

KUNTE; LENTZEN; GALINSKI, 2014).

Figura 5: Via para a síntese de ectoínas em H. elongata. LysC/Ask: L-aspartato-

fosfato pela aspartato quinase; Asd: L-aspartato-β-semialdeído dehidrogenase;

EctB: ácido L-diaminobutírico transaminase; EctA: ácido L-diaminobutírico acetil

transferase; EctC: ectoína sintase, EctD: ectoína hidroxilase. Adaptado de

MEFFERT, 2002.

Porém, há uma via secundária para a síntese de hidroxiectoína, que não envolve

ectoína, utilizando o precursor NADA, sugerida para C. salexigens (Figura 6). Sua

primeira enzima mostra pouca afinidade pelo substrato NADA, como visto no trabalho

realizado por Cánovas et at., em 1999, no qual o mutante deficiente na EctC acumula tal

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precursor. Isso indica que há pouca especificidade, ou que a condição aplicada no

estudo não era a mais ideal.

Figura 6: Via secundária para a síntese de hidroxiectoína. As enzimas envolvidas

são redutases, mas ainda não foram totalmente descritas. Adaptado de Pastor et

al., 2010.

Estudos genéticos identificaram os genes para a síntese de ectoína em diversas

bactérias. Nesses microrganismos, os genes ectABC se apresentam arranjados em um

operon, com algumas exceções (PASTOR et al., 2010). Porém, o gene ectD apresenta

posição bem variada entre os microrganismos estudados, podendo ser encontrado

distante ou incluso no operon. Há indícios que tais organizações exercem um papel

regulatório (LO et al., 2009). Mapeando os sítios de iniciação de transcrição do operon

de ectoína por RACE-PCR, foi possível identificar dois promotores upstream ao ectA: o

dependente de σ70 e o dependente do fator de transcrição osmoticamente induzido (σ38);

e um upstream do ectC: σ54, também encontrado em genes regulados por nitrogênio

(KUNTE; LENTZEN; GALINSKI, 2014; SCHWIBBERT et al., 2011).

Com intermediários como o aspartato-β-semialdeído e acetil-CoA, o cálculo de

rendimento teórico e o gasto energético pôde ser realizado. As condições utilizadas para

o cálculo foram as seguintes: glicose sendo assimilada pelas vias Embden-Meyerhof e

Entner Doudoroff, e o oxaloacetato a partir da fixação de CO2 ou pela glicólise

(KUHLMANN, 2002). O gasto energético é baixo, e a conversão do carbono da glicose

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para a ectoína é de quase 100%, mostrando que a síntese de ectoína ocorre de forma

muito eficiente (MASKOW; BABEL, 2001).

Carboxilação do piruvato

EMP: C6H12O6 + 2 NH3 → C6N10O2N2

ED: C6H12O6 + 2 NH3 + 1 ATP → C6N10O2N2

Glicólise

EMP: 3C6H12O6 + 2 NH3 → 2C6N10O2N2 + 2CO2 + 4 ATP + 10NAD(P)H + 2 FADH2

ED: C6H12O6 + 2 NH3 + 1 ATP → 2C6N10O2N2 + 2CO2 + ATP + 10NAD(P)H + 2

FADH2

Porém, resultados indicam que glicose não é a fonte de carbono mais indicada

para a síntese de ectoína, pois favorece o crescimento celular sobre a síntese de ectoína.

No experimento realizado com a bactéria Brevibacterium epidermis, é possível observar

que, entre os três substratos utilizados – glutamato monossódico, Aspartato

monossódico e glicose - o glutamato monossódico foi o que apresentou uma maior

produção de ectoína (Figura 7)(ONRAEDT et al., 2005).

Figura 7: Influência da fonte de carbono na concentração celular e concentração

de ectoína intracelular em B. epidermis. Legenda: GMS – glutamato monossódico,

MSA – aspartato monossódico, Ect – ectoína. Adaptado de ONRAEDT et al., 2005.

Combinando as reações bioquímicas para a síntese de ectoína a partir de

aspartato, e de aspartato a partir de glutamato, foi possível chegar a reação total para a

síntese de ectoína a partir de glutamato monossódico, estando demonstrada abaixo:

4C5H9NO4 → C6N10O2N2 + 2C5H6O5 + 4CO2 + 2NH3

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Assim, é possível chegar a taxa de produção teórica máxima, sendo essa de 0,21

mol ectoína/ mol glutamato monossódico (ONRAEDT et al., 2005; PETERS;

GALINSKI; TRÜPER, 1990).

Um modo de aumentar a produtividade de ectoína é a geração de cepas

engenheiradas, e para isso é muito importante termos conhecimento sobre a regulação

de tais genes. Estudos com o microrganismo modelo para gram-negativas, C.

salexigens, nos permitem afirmar que os níveis de ectoína e hidroxiectoína chegam ao

máximo na fase estacionária, sendo o acúmulo de ectoína regulado pela salinidade e o

acúmulo de hidroxiectoína regulado pela salinidade e temperatura (GARCÍA-ESTEPA

et al., 2006). A regulação é feita em parte em nível transcripcional, e vários estudos

sugerem que a transcrição dos genes da síntese de ectoína envolve vários promotores,

permitindo que o sistema seja regulado por vários fatores ambientais, como salinidade,

temperatura, osmólitos externos, entre outros (Figura 8) (CALDERÓN et al., 2004).

Diferentes estímulos ativam diferentes fatores de transcrição, indicando a célula o

estresse que está sendo sofrido, fazendo com que haja a resposta apropriada.

Figura 8: Acúmulo de ectoínas por C. salexigens e os mecanismos de controle

transcricionais. Adaptado de PASTOR et al., 2010.

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Em condições de altas temperaturas, há indícios da produção de ectoína, porém,

a mesma não exerce um papel direito na termorresistência. Na verdade, não há o

acúmulo de ectoína na célula pois ela é convertida rapidamente em hidroxiectoína

(CALDERÓN et al., 2004; GARCÍA-ESTEPA et al., 2006). Em um estudo com C.

salexigens ΔectD, é possível observar que a bactéria perde sua termorresistência,

indicando também que essa enzima (ectoína hidroxilase) é a principal responsável pela

conversão de ectoína em hidroxiectoína (GARCÍA-ESTEPA et al., 2006). Se

comparada a captação, a produção de solutos compatíveis é energeticamente

desfavorável (OREN, 1999), sendo possível assumir que a captação de solutos

compatíveis é priorizada, e isso é confirmado no estudo de Calderón et al., de 2004

(CALDERON, 2004). No cultivo da C. salexigens com betaína não foi observada a

produção de ectoína quando houve o aumento da salinidade, mostrando também que a

presença de outros solutos compatíveis age como um supressor da transcrição

(PASTOR et al., 2010).

Em certas condições, ectoínas também servem como fonte de carbono e

nitrogênio, sendo metabolizadas e não acumuladas. Sinorhizobium meliloti consome

ectoína para produzir seus próprios solutos compatíveis, e H. halochloris, a bactéria

sulfúrica fototrófica onde ectoína foi inicialmente descrita, também consegue

catabolizá-la em condições de ausência de nitrogênio e substituindo-a por trealose como

soluto compatível, liberando assim nitrogênio para o crescimento celular (GALINSKI;

HERZOG, 1990). C. salexigens consome ectoína e hidroxiectoína quando em condições

osmóticas ótimas de crescimento (VARGAS et al., 2006).

Os genes para a degradação de ectoína (doeABX e doeCD – degradation of

ectoine) foram identificados, elucidando assim a via de degradação. Os genes doeA e

doeB estão juntos em um operon com um terceiro gene, chamado doeX, e com um

promotor σ70-dependente (SCHWIBBERT et al., 2011).O doeCD está adjacente ao

doeABX, mas não faz parte do mesmo. O gene doeX codifica uma proteína ligadora ao

DNA da família Asn/Lrp, mas ainda não tem sua função descrita no processo de

degradação de ectoína (KUNTE; LENTZEN; GALINSKI, 2014). Ectoína é clivada por

DoeA (ectoína hidrolase) formando ácido Nα-acetil-2,4-diaminobutírico (α-NADA) e

ácido Nγ-acetil-2,4-diaminobutírico (γ-NADA), porém, apenas α-NADA é deacetilado

por DoeB (Nα-acetil-2,4-diaminobutírico deacetilase) a ácido 2,4-diaminobutírico. O

ácido 2,4-diaminobutírico será então deaminado por DoeD (ácido 2,4-diaminobutírico

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transaminase), formando aspartato semialdeído, que então é oxidado por DoeC

(aspartato semialdeído desidrogenase), produzindo aspartato. Tal via metabólica está

ilustrada na figura abaixo (Figura 9). Deleções do genes doeA, doeB ou doeC impedem

o crescimento celular utilizando ectoína como fonte de carbono (SCHWIBBERT et al.,

2011).

Figura 9: Via catalítica de ectoína em H. elongata. DoeA: ectoína hidrolase; DoeB:

Nα-acetil-2,4-diaminobutírico deacetilase; DoeD: ácido 2,4-diaminobutírico

transaminase; DoeC: aspartato semialdeído desidrogenase.

2.5.2 Vias de Transporte

A captação de ectoína parece ser realizada exclusivamente pelo sistema de

transporte periplasmático independente de ATP tripartido (TRAP) chamado TeaABC

(transporter for ectoine accumulation) (GRAMMANN; VOLKE; KUNTE, 2002), que

consiste em três proteínas: a proteína periplasmática ligadora de substrato (TeaA)

(Figura 10), a proteína transmembranar pequena (TeaB) e a proteína transmembranar

grande (TeaC). Os genes estão organizados em um operon (teaABCD), e teaD é

transcrito junto com teaABC. A sequência proteica mostra que teaD é homologo a

proteína de estresse universal, UspA, sendo então uma proteína ligadora de ATP que

funciona como um sensor de energia (SCHWIBBERT et al., 2011). Ela regula a

concentração interna de ectoína em situações de estresse osmótico (SCHWEIKHARD et

al., 2010).

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O genoma de C. salexigens apresenta genes ortólogos, mas com diferente

arranjo, porém com evidências de mesmo papel e importância (PASTOR et al., 2010).

Tais transportadores costumam ser unidirecionais, considerando a alta especificidade e a

função dependente de Na+. TeaA é uma proteína de alta afinidade por ectoína,

reconhecendo hidroxiectoína também, porém com menos afinidade (KUHLMANN;

BREMER, 2002; KUHLMANN et al., 2008), e é a única parte bem caracterizada do

sistema (Figura 10). Porém, suposições já foram feitas, que acreditam que a proteína

transmembranar grande forma um canal de translocação (MULLIGAN; FISCHER;

THOMAS, 2011). Já para M. halophilus, uma bactéria gram-positiva, o transportador de

ectoína, EctM, é uma proteína hidrofóbica muito semelhante ao transportadores betaína-

carnitina-colina (BCCTs) (VERMEULEN; KUNTE, 2004). Ela consiste em uma

proteína com resíduos de aminoácidos altamente conservados, incluindo a sequência

assinatura da família BCCTs; e acredita-se que tais resíduos estejam envolvidos com a

ligação do substrato e com a translocação pela membrana (KAPPES; KEMPF;

BREMER, 1996).

Figura 10: Estrutura da proteína de ligação com alta afinidade por ectoína (TeaA).

O círculo vermelho mostra o sítio de ligação da ectoína. Adaptada de

PITTELKOW, 2011.

Após um choque hipoosmótico, as células ajustam o potencial químico

citoplasmático rapidamente. O sistema de efluxo foi descrito no Tópico 2.3.2 – Método

“Salt-out”.

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2.5.3 Tecnologia de Produção de Ectoína

Na década de 90, houve um desenvolvimento na produção de ectoína, uma vez

que os métodos utilizados não eram eficientes e começaram a ser insuficientes para a

demanda comercial. Tais métodos consistiam na extração de produtores naturais com

taxas baixíssimas (SAUER; GALINSKI, 1998) ou – sendo esse o método mais utilizado

– quimicamente produzido (LENTZEN; NEUHAUS, 2013; PASTOR et al., 2010). A

fim de chegar a valores de alta-escala, os métodos foram otimizados, fazendo uso de

bateladas alimentadas e choques hipoosmóticos. Em geral, processos biotecnológicos

são mais amenos para o meio ambiente pela ausência de solventes orgânicos e

componentes químicos tóxicos (PASTOR et al., 2010), porém, a principal vantagem do

método biossintético é a estereoseletividade do processo, no qual apenas L-ectoína é

produzida. O processo químico consiste em várias etapas, causando uma diminuição na

taxa de produção e também aumentando os passos necessários para a separação do

produto. Há também uma grande formação de co-produtos, que são semelhantes ao

produto pela baixa estereoseletividade da síntese química, e isso faz com que o processo

de purificação seja mais complexo.

A síntese química (Figura 11), descrita por Lentzen (US 8598346 B2) começa

pela conversão de lactona (II) a 2,4-dibromina (III) por brominação, que é realizada na

presença de bromina e PBr3. A 2,4-dibromina é esterificada, sendo obtido então éster

(IV) derivado de 2,4-dibromine butirato. Tal reação é muito importante e precisa ser

realizada imediatamente, para evitar a formação de sub-produtos, como o α-bromina-γ-

butirolactona; sendo realizada com metanol ou etanol em condição ácida (ex: sob a

passagem de HCl gasoso). A variação dos radicais R2, R3, R4, R5 e R6 na butirolactona

permite produzir derivados de ectoína. O éster é então aminado para a formação do

composto diamino (V). A substituição da bromina por grupos amino é realizada pela

reação direta com amônia ou por substituição nucleofílica com azida (NaN3), seguida de

uma hidrogenação. A reação direta com amônia é realizada com uma solução aquosa

concentrada, e temperaturas elevadas, por aproximadamente 20-30 horas. Finalmente, o

produto diamino (V) obtido é ciclizado, possivelmente após uma hidrólise da função

éster.

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Figura 11: Sequência de reações para a síntese química de ectoína. Adaptado de

Lentzen e Neuhaus (2013).

Para o desenvolvimento de um processo industrial, a primeira coisa a ser levada

em consideração é o sistema de produção, no caso, um microrganismo produtor de

ectoínas. Características básicas do sistema precisam ser cumpridas, como temperatura e

pH amenos, facilitando o escalonamento do processo. O microrganismo pode ser um

produtor natural de ectoína, ou uma cepa engenheirada não-halofílica. Metabolismos

aeróbicos são preferidos, pela maior taxa de crescimento celular, e a concentração de sal

é algo a ser reduzida, pelos danos aos equipamentos e também aos limites que são

impostos ao metabolismo celular.

Para cumprir todos os fatores descritos acima, um biorreator adequado tem que

ser selecionado. E para a produção de ectoína, cultivos de alta concentração celular

(HCDC) são os mais indicados. Esse método tem sido utilizado há muito tempo para a

produção de antibióticos, proteínas recombinantes, metabólitos, polímeros, entre outros,

principalmente com leveduras e mesófilos (BERNAL et al., 2007; CÁNOVAS et al.,

2003; OBÓN et al., 1997; RIESENBERG; GUTHKE, 1999; SHILOACH; FASS,

2005), e, recentemente, com bactérias extremófilas (SCHIRALDI; DE ROSA, 2002).

Em sistemas com bactérias halofílicas, concentrações celulares variam entre 40 e 60 g/L

(FALLET; ROHE; FRANCO-LARA, 2010; FRINGS; SAUER; GALINSKI, 1995;

GUZMÁN et al., 2009; ONRAEDT et al., 2005; SAUER; GALINSKI, 1998;

SCHIRALDI et al., 2006; VAN-THUOC et al., 2010a). Sistemas de batelada

alimentada permitem concentrações celulares mais altas do que batelada simples. Isso

porque um dos limites superados é a exaustão de nutrientes essenciais presentes no meio

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de cultivo, que serão injetados com frequência no sistema. E permite também que a

concentração inicial das fontes de carbono e nitrogênio não sejam tão altas, pois as

mesmas podem inibir o crescimento celular ou até mesmo precipitar. Porém, no final do

processo, com grandes concentrações celulares, é mais difícil manter a aeração do

sistema (RIESENBERG; GUTHKE, 1999), e isso pode afetar diretamente a taxa de

síntese, como acontece com a bactéria Marinococcus M52. Em dada concentração de

oxigênio dissolvido, a síntese dos solutos compatíveis se mantem constante na fase

exponencial. Com o aumento dessa concentração, houve maior produção (SCHIRALDI

et al., 2006).

Como o produto em questão é um soluto compatível, um estresse é necessário

para obter maiores produtividades. Porém, tais estresses não permitem um crescimento

celular favorável. Em alguns casos, dois ou mais reatores são acoplados para,

separadamente, otimizar o crescimento celular e o processo de bioprodução. Tal sistema

foi aplicado para a produção de ectoína (VAN-THUOC, 2009; VAN-THUOC et al.,

2010b) e para a obtenção simultânea de ectoína e poli(3-hidroxibutirato) (GUZMÁN et

al., 2009). Como sua função é intracelular, há a necessidade de um processo de extração

apropriado. A ordenha bacteriana é o processo de escolha, já que não faz uso de

compostos tóxicos e permite o reaproveitamento da cultura. Tal processo consiste em

um choque hipoosmótico, que faz com que as células secretem o composto, a fim de

reequilibrar as pressões osmóticas intra- e extracelular. Porém, esse processo só ocorre

com bactérias gram-negativas, que são mais susceptíveis à alterações na salinidade do

meio. Bactérias gram-positivas suportam variações com mais facilidade, não excretando

os solutos compatíveis acumulados. Isso faz com que, no caso de uma bactéria gram-

positiva, seja necessária uma etapa de lise celular, aumentando os custos do processo. A

purificação das ectoínas é feita a partir de um processo simples com duas etapas

distintas. Há a cromatografia de troca catiônica, e então é seguida da

cristalização/evaporação (SAUER; GALINSKI, 1998).

Para a produção industrial de ectoína, H. elongata foi o microrganismo

escolhido. Tal bactéria foi isolada de salinas em Bonaire, nas Antilhas Holandesas

(VREELAND et al., 1980). Ela é um halofílico moderado não-patogênico, com um

genoma consistindo em apenas um cromossomo (4061296 pb) e carrega genes que

codificam para 3473 proteínas (SCHWIBBERT et al., 2011). A capacidade de obter

altas concentrações celulares (acima de 40 g/L, o que equivale a aproximados 10 g/L de

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ectoína), sua robustez e a segurança no seu manuseio tornam o processo aplicável

também para industrias como a alimentícia (HINRICHSEN; MONTEL; TALON,

1994). Outras características são especiais, como a tolerância ao sal em grandes faixas e,

principalmente, a realização da ordenha bacteriana, onde a cultura libera rapidamente a

ectoína intracelular, e volta a sintetizar mais em seguida a esse processo. Após um

cultivo em batelada alimentada, com concentrações de sal acima de 15%, é realizada a

ordenha bacteriana (Figura 12). Há a possibilidade de aproveitamento da cultura em até

9 ciclos, aumentando a produtividade. A primeira patente para o processo de produção

de ectoína com Halomonas elongata foi depositava pela empresa alemã Bitop AG

(MOTITSCHKE; DRILLER; GALINSKI, 1994). Estudos comprovam que é possível

fazer esse processo aproveitando resíduos como da agro-indústria com Halomonas

elongata, mostrando a capacidade da cepa em consumir os açúcares presentes no

hidrolisado (TANIMURA et al., 2013), sendo mais um atrativo para a síntese de ectoína

por bioprocesso.

Figura 12: Diagrama do processo de ordenha bacteriana, para a produção de

ectoína pela bactéria H. elongata. (SAUER; GALINSKI, 1998).

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Porém, outros microrganismos também são estudados para a síntese de ectoína,

entre eles Escherichia coli (TSAPIS; KEPES, 1977), Synechocystis sp. (REED et al.,

1986) e algumas espécies de Halorhodospira (FISCHEL; OREN, 1993).

Microrganismos do gênero Brevibacterium também foram estudados. Tais

microrganismos realizam a ordenha bacteriana, porém os resultados obtidos para

ordenhas periódicas de Brevibacterium JCM 6894 (NAGATA et al., 2008) (com o

aproveitamento da cultura para novos ciclos) não superaram os resultados obtidos no

processo com Brevibacterium epidermis, que não realizou ordenhas, apenas uma

extração final com etanol (ONRAEDT et al., 2005), e apresentava concentrações baixas

de sal. O lado positivo do uso de concentrações baixas de sal é evitar a corrosão dos

equipamentos, e também a redução da taxa de crescimento e a densidade máxima, o que

resultaria em menor concentração de ectoína (PASTOR et al., 2010). E nessa condição

também podemos listar os microrganismos geneticamente manipulados, como E. coli ou

leveduras, mais comumente utilizadas no processo, e que não exigem, nem resistem a

concentrações de sal muito altas. Para isso, é necessário realizar inserção de genes,

conhecer as vias metabólicas e seus genes para a construção do organismo

recombinante.

A hidroxiectoína chama atenção da indústria pelas suas características distintas

de outros solutos compatíveis, como a aplicação para aumentar a termorresistência de

proteínas e células. Os mesmos empecilhos para a produção de ectoína se aplicam para

a produção de hidroxiectoína, porém essa última apresenta mais um agravante: a adição

da hidroxila. O microrganismo mais estudado para a produção de hidroxiectoína é

Marinococcus M52, convertendo a ectoína em hidroxiectoína durante a fase

estacionária (FRINGS; SAUER; GALINSKI, 1995). Otimizações foram realizadas,

focalizando na hidroxiectoína, e entre elas podemos citar o processo de “ordenha”

bacteriana. Este foi associado a uma permeabilização térmica, aumentando assim a

eficiência na extração da molécula, e então, sua produtividade. Porém, tal processo

impossibilita a reutilização da cultura, sendo assim um limitante (PASTOR et al., 2010;

SCHIRALDI et al., 2006). No gênero Halomonas, Van-Thuoc (VAN-THUOC et al.,

2010b) otimizou a produção de hidroxiectoína por Halomonas boliviensis, conseguindo

obter produtividades 2 a 5 vezes maiores do que as obtidas com Marinococcus M52.

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2.5.4 Aplicações Diretas e Indiretas

Como soluto compatível, além da proteção osmótica, é sabido que tais moléculas

são capazes de mitigar os efeitos deletérios do calor, do congelamento, do

ressecamento, da alta salinidade, dos radicais de oxigênio, da radiação, da ureia e outros

agentes desnaturantes, protegendo proteínas, ácidos nucléicos, biomembranas e até

mesmo as células inteiras (DA COSTA; SANTOS; GALINSKI, 1998; LENTZEN;

SCHWARZ, 2006), sendo aplicada então em diferentes segmentos industriais. Dentre

os solutos compatíveis já estudados, ectoínas são as que mostraram as características

estabilizantes mais poderosas (LIPPERT; GALINSKI, 1992). Porém, ectoína também

tem outras aplicações, como blocos de construção quiral (VAN-THUOC et al., 2010a;

VOSS, 2002), pelos derivados ilustrados abaixo (Figura 13). Tais derivados ainda não

tiverem seus efeitos e aplicações elucidados, mas há a promessa de outras ações mais

especificas.

Figura 13: Ectoína e seus derivados químicos. Em parênteses, os nomes triviais.

Adaptado de VOSS, 2002.

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2.5.4.1 Efeitos na estrutura proteína e na estabilidade enzimática

Ectoína se mostra capaz de estabilizar diferentes processos enzimáticos, muitas

vezes pela sua capacidade de estabilizar enzimas. Podemos então listar alguns: RNases

foram estabilizadas por hidroxiectoína, sendo a suplementação com a molécula um

atrativo para processos biotecnológicos onde enzimas são aplicadas na presença de

desnaturantes ou temperaturas altas (KNAPP; LADENSTEIN; GALINSKI, 1999). A

hidroxiectoína também é capaz de proteger lactato desidrogenase (LDH) de oxidação

catalisada por metal ou por peróxido de hidrogênio (ANDERSSON, 2000), mostrando

que a proteção é independente da fonte do dano (PASTOR et al., 2010).

LDH e fosfofrutoquinase são sensíveis aos processos de congelamento e

descongelamento, aquecimento, e congelamento e ressecamento. Porém, ectoínas

mantiveram a atividade de tais enzimas (LIPPERT; GALINSKI, 1992). Ao observar as

mudanças estruturais, o proposto é que as ectoínas levaram a uma conformação mais

compacta ao modular propriedades dos solventes (GOLLER; GALINSKI, 1999),

corroborando a hipótese de “exclusão preferencial dos solutos da superfície proteica”

(ARAKAWA; TIMASHEFF, 1985).

O polímero cianoficina faz parte de um bioprocesso de interesse industrial

(JOENTGEN et al., 2001) e ectoína foi capaz de estabilizar a cianoficina sintase para a

produção in vitro, possibilitando sua produção em escala industrial (HAI;

OPPERMANN-SANIO; STEINBÜCHEL, 2002). A hidrólise de fitato para a liberação

de fosfatos inorgânicos durante a peletização de alimento (KESHAVARZ, 2000;

STAHL et al., 2000) é realizada pela fitase, uma fosfomonoesterase que tem sua

atividade perdida pelo aumento da temperatura do processo (ULLAH, 1988). A ectoína

foi capaz de estabilizar a capacidade catalítica da fitase em alta temperatura, mostrando

um aumento de sete vezes, se comparado ao sistema sem ectoína (ZHANG et al., 2006).

Estudos recentes mostram que a suplementação com ectoína aumentou a

produção de biodiesel por conversão enzimática de triglicerídeos, utilizando lipases

imobilizadas, permitindo a reutilização das enzimas (WANG; ZHANG, 2010).

No trabalho de Deguchi e Koumoto, de 2011, foi observado que metabólitos

zwitteriônicos, como a ectoína, são capazes de aumentar a taxa de reação, a

termoestabilidade, a tolerância ao sal e a especificidade de substrato de α-glucosidases,

ao diminuir a perturbação conformacional da enzima (DEGUCHI; KOUMOTO, 2011).

Proteínas que são deficientes, seja pelo enovelamento errado, ou super-

expressas, assim como proteínas insolúveis, podem ser desnaturadas e reenoveladas na

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presença de osmólitos, recuperando assim o seu papel. Um exemplo específico é o uso

de hidroxiectoína para a purificação de proteínas citotóxicas, redirecionando-as para o

periplasma de E. coli (BARTH et al., 2000). E ectoína mostrou proteger proteínas da

proteólise por tripsina e tripsinogênio, preservando a atividade durante a incubação.

Tais resultados mostram que ectoínas podem servir como aditivos quando há a

necessidade de evitar inibidores de proteases (KOLP et al., 2006).

2.5.4.2 Efeitos na estrutura de DNA

Da mesma forma que ectoínas são capazes de estabilizar proteínas e enzimas, as

moléculas de DNA também são estabilizadas. Malin e grupo (MALIN;

IAKOBASHVILI; LAPIDOT, 1999) mostraram que ectoínas são capazes de causar

mudanças na estrutura do DNA ao ponto de não permitir a ligação de endonucleases de

restrição. Além disso, a adição de solutos compatíveis durante o processo de PCR pode

causar alterações na conformação do DNA, alterando o anelamento do primer e a

ligação da polimerase (PASTOR et al., 2010). Ectoína é capaz de aumentar a

estabilidade térmica da DNA polimerase em altas temperaturas, e diminuir a

temperatura de desanelamento em fitas duplas de DNA, muitas vezes sendo

imprescindível para que ocorra a amplificação de trechos ricos em GC (MALIN;

IAKOBASHVILI; LAPIDOT, 1999; SCHNOOR et al., 2004).

Microarranjo é uma técnica de biologia molecular, onde se utiliza de um chip

para se medir os níveis de expressão de genes. Sua otimização, incluindo a etapa de

hibridização, é o principal alvo para o desenvolvimento de protocolos mais eficientes

(PASTOR et al., 2010). O uso de hidroxiectoína nesse processo diminuiu a presença de

artefatos e aumentou a eficiência de hibridização (MASCELLANI et al., 2007).

2.5.4.3 Potenciais aplicações biomédicas de Ectoínas

Recentemente, várias doenças foram associadas ao enovelamento incorreto de

proteínas (DOBSON, 2003). Podemos listar várias delas, como a doença de Alzheimer

(AD) e a encefalopatia espongiforme, onde há a formação de agregados regulares

chamados amilóides (HARPER; LANSBURY, 1997; MURPHY, 2002). A ectoína foi

capaz de inibir eficientemente a formação desses amilóides nas fases de iniciação e

avanço, em um estudo com a formação de amilóides de insulina in vitro (ARORA; HA;

PARK, 2004; YANG et al., 1999). Para o tratamento da doença de Alzheimer, ectoína

se apresenta um forte candidato, pois inibe a formação dos amilóides Aβ42 in vitro e

reduz a toxicidade de células de neuroblastoma humano (KANAPATHIPILLAI et al.,

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2005). Príons são partículas infecciosas que causam a encefalopatia espongiforme

transmissível (AGUZZI; POLUMENIDOU, 2004). Eles se agregam em fibrilas

amilóides resistentes a proteases, induzindo a morte celular neural por apoptose e

causando a proliferação e hipertrofia de células de glia em cultura (FORLONI et al.,

1993; PAN et al., 1993). Células de neuroblastoma incubadas com ectoína e príons

mostraram uma taxa de sobrevivência maior se comparado ao sistema sem ectoína,

inibindo então a formação de amilóides e reduzindo a toxicidade

(KANAPATHIPILLAI et al., 2008).

A patogênese de doenças como a Machado-Joseph são causadas por

enovelamentos incorretos de proteínas. Quando esse erro ocorre em fragmentos

contendo extensões de poliglutamina, há a produção de agregados e então morte celular

(KAKIZUKA, 1998; PAULSON, 1999; PERUTZ, 1996). Estudos mostram que ectoína

é capaz de reduzir o número de agregados e mudar sua distribuição intracelular,

diminuindo assim a citoxicidade (CELINSKI; SCHOLTZ, 2002; FURUSHO;

YOSHIZAWA; SHOJI, 2005).

A inalação de nanopartículas foi identificada como maior perigo no ar nas

sociedades atuais, induzindo a inflamação dos pulmões, o que pode causar inúmeras

doenças sistemáticas (DONALDSON et al., 2005). O pulmão acaba sofrendo lesões

pelo recrutamento e ativação das células inflamatórias. Doenças como enfisema, doença

pulmonar obstrutiva crônica, fibrose e câncer (BRINGARDNER et al., 2008;

MACNEE, 2005), e no nível sistêmico, como doenças cardiovasculares e do sistema

imunológico (PETERS et al., 2004) ocorrem com frequência. Ectoína se mostrou capaz

de bloquear a sinalização induzida por nanopartículas, bloqueando assim os respostas

pro-inflamatórias nas células epiteliais do pulmão (SYDLIK et al., 2009, 2013).

No transplante de intestino delgado, a estocagem do órgão acaba causando

isquemia e lesão de reperfusão subsequente (I/R) (GRANT et al., 1990) e mesmo sendo

capaz de se regenerar com rapidez, as lesões causadas em 24 horas de estoque

refrigerado demoram mais de 1 mês para serem recuperadas. Essas lesões aumentam as

possibilidades de rejeição e as complicações pós-operatórias, como infecções

bacterianas, absorção de toxinas e desnutrição (ZOU et al., 2005). Trabalhos

demonstram que ectoína protege a mucosa e a musculatura, diminuindo a ceramida do

local, que serve como um mediador de apoptose e de estresse oxidativo, e reduz

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sinalizações com citocinas inflamatórias, melhorando assim a qualidade do tecido

(PECH et al., 2013; WEI et al., 2009).

Outro exemplo do papel da ectoína em proteger as células em certas doenças é

no caso de infecção por HIV, pois tal molécula é capaz de inibir a interação de duas

proteínas regulatórias virais, Tat e Ver, diminuindo assim a transcrição de proteínas

virais; e também potencializa o efeito antiviral de certas drogas (LAPIDOT; BEN-

ASHER; EISENSTEIN, 1995). E a hidroxiectoína aumentou a estabilidade de vetores

retrovirais estocados, ferramentas importantes para terapia gênica. Tal achado é de

grande valia, pois um dos principais obstáculos para o uso de tal terapia é a perda de

infecciosidade no estoque e transporte (CRUZ et al., 2006).

Uma das aplicações mais difundidas de ectoína é contra o envelhecimento da

pele, causados pelo acúmulo de efeitos de fatores externos, como radiação, umidade do

vento e temperaturas extremas (HEINRICH; GARBE; TRONNIER, 2007;

MOTITSCHKE; DRILLER; GALINSKI, 2000; RABE et al., 2006). Tal molécula é

capaz de proteger e estabilizar as membranas de células pré-tratadas contra os efeitos de

surfactantes, e também células de pele humana contra os fatores de estresse que

normalmente iriam causar desidratação (BOTTA et al., 2008; GRAF et al., 2008).

Assim, sua capacidade de hidratação é mais eficiente que o glicerol e apresenta outros

efeitos a longo prazo (GRAF et al., 2008). A exposição à radiação UVA pode causar

quadros de câncer (SANDER et al., 2004), imunossupressão (Wang 2001),

fotodermatoses e envelhecimento (FOURTANIER et al., 2006; KRUTMANN, 2000).

Ectoína é capaz de proteger a pele desses danos de diferentes maneiras, entre elas ao

bloquear a sinalização pro-inflamatória por ceramida (BUENGER; DRILLER, 2004;

GRETHER-BECK et al., 2005).

No quadro de fibroblastoma, há mutações no DNA mitocondrial em grandes

quantidades, chamadas “deleções comuns”, sendo dependentes da radiação UV-A

(BERNEBURG et al., 1997; BUENGER; DRILLER, 2004). Tais mutações causam

alterações celulares (FLIGIEL et al., 2003), e para contorná-las existem alguns

mecanismos de proteção celular, incluindo as proteínas de choque-térmico (Hsp)

(GIANNESSI et al., 2003). Quando as células são tratadas com ectoína e passam pelo

choque térmico, há um aumento marcante na forma constitutiva de proteínas de choque-

térmico. Ao induzir tais proteínas e inibir os sinais pro-inflamatórios, a molécula exerce

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um papel citoprotetor (BUOMMINO et al., 2005). Além disso, também há evidencias

de proteção de células de Langerhans, elementos-chave do sistema imunológico da pele

(GAO; GARCIA-PICHEL, 2011; PFLÜCKER et al., 2005; TAVARIA et al., 1996), e

do aumento da radiação UV necessária para que as células entrem em apoptose

(PFLÜCKER et al., 2005).

A alta compatibilidade, a falta de toxicidade e as propriedades estabilizantes de

macromoléculas fazem os solutos compatíveis candidatos para excipientes

farmacêuticos, fazendo com que moléculas como as imunotoxinas e imunomoduladores

tenham seus efeitos colaterais diminuídos, sem afetar o efeito médico (BARTH et al.,

2000; LENTZEN; SCHWARZ, 2006). Mais estudos sobre potenciais biomédicos para

ectoína estão listados na tabela abaixo (Tabela 2):

Tabela 2: Potenciais aplicações biomédicas para ectoína.

Aplicações Referência

Tratamento da síndrome do vazamento

vascular (VLS)

LENTZEN; NEUHAUS, 2013

Estabilizante de Vacinas LENTZEN; NEUHAUS, 2013

Tratamento de Sinusite Aguda EICHEL et al., 2013

Tratamento de Colites (ex: doença de Chron) ABDEL-AZIZ et al., 2013

2.5.4.4 Efeitos de proteção celular

Não estabilizando apenas proteínas e outras macromoléculas, esses solutos

compatíveis são capazes de proteger células inteiras. Vários estudos foram realizados

para demonstrar isso. Um deles, realizado por Malin e Lapidot em 1996 mostrou que a

adição de ectoína no meio de cultivo contornou a inibição do crescimento de E. coli

causada pelos estresses osmótico e térmico, sendo um dos mecanismos a recuperação da

captação de glicose (NAGATA et al., 2002). Louis et al., em 1994 (LOUIS; TRÜPER;

GALINSKI, 1994) demonstraram que ectoína e hidroxiectoína estabilizaram células de

E. coli durante o processo de secagem, fosse por ar ou congelamento. Outros exemplos

de estabilização celular durante processos estão listados na tabela abaixo (Tabela 3):

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Tabela 3: Potenciais aplicações na proteção celular.

Efeito Componente Referência

Proteção contra dessecação em

Pseudomonas putida

Hidroxiectoína MANZANERA et al., 2002

Proteção contra dessecação em

E. coli

Hidroxiectoína MANZANERA; VILCHEZ;

TUNNACLIFFE, 2004a

Proteção contra encapsulação

em E. coli e P. putida

Hidroxiectoína MANZANERA; VILCHEZ;

TUNNACLIFFE, 2004b

Promoção do efeito

fermentativo com Z. mobilis

Ectoína ZHANG et al., 2008

Detoxificação de Fenol em

Halomonas

Ectoína MASKOW; KLEINSTEUBER,

2004

Osmoproteção de bactérias

produtoras de ácido lático

Ectoína BALIARDA et al., 2003

Tolerância ao sal em plantas de

tabaco

Ectoína MOGHAIEB et al., 2006

Tolerância ao sal em células de

plantas de tabaco

Ectoína NAKAYAMA et al., 2000

Como é possível observar, as aplicações de ectoína são diversas, e muitos

estudos ainda estão em andamento, tornando possível o desenvolvimento de novas

aplicações.

2.6 Outros produtos decorrentes da atividade de Halomonas: PHB

As respostas osmoprotetoras envolvem a formação de mais do que apenas um

soluto compatível, incluindo aminoácidos como glutamato, prolina e alanina, entre

outros. Assim, é possível que haja a produção de mais de um soluto compatível pelo

microrganismo. No caso da Halomonas boliviensis, além da produção de ectoína,

também há a produção do biopoliéster poli(3-hidroxibutirato) (PHB – Figura 14), um

substituto biodegradável para o plástico derivado do petróleo, que são recalcitrantes

para a degradação microbiana (BRANDL et al., 1990). No início dos anos 2000, a

estimativa era da produção de 100 milhões de toneladas de plástico por ano (KALIA;

RAIZADA; SONAKYA, 2000), que são descartados principalmente em aterros

sanitários, no mar ou então são incinerados. Esse último processo libera compostos

químicos prejudiciais à saúde, como cloreto de hidrogênio e cianeto de hidrogênio.

Logo, um substituto ecológico poderá ajudar a contornar diversos problemas de

poluição (REDDY; GHAI; KALIA, 2003).

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Figura 14: Estrutura genérica de poli-hidroxi-alcanoatos. R = H ou grupos

alquil C1-C13, x = 1.4 e n = 100 – 30000. Adaptado de VAN-THUOC, 2009.

A bactéria é capaz de acumular PHB de diferentes fontes de carbono, chegando

a um conteúdo de 50-90 % da massa celular seca e utilizando-o como reserva de

carbono e energia (VAN-THUOC, 2009). Há a possibilidade de obtenção dos produtos

em sequência, porém, há uma perda na taxa de produção. Isso é de se esperar, uma vez

que o substrato não estará sendo utilizado unicamente para um produto (PASTOR et al.,

2010). Como é possível observar na via de síntese de PHB descrita abaixo (Figura 15),

há intermediários em comum com a via de síntese de ectoína, evidenciando que haverá

uma perda nas taxas.

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Figura 15: Via para a síntese de PHB. Adaptado de PHILIP; KESHAVARZ;

ROY, 2007.

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Pelas características anfipáticas do PHB, há a formação de grânulos com

supostamente o mesmo mecanismo que a formação de micélios. Essas inclusões

apolares possuem no seu interior o PHB (Figura 16 – B), e sua membrana é

fosfolipídica (MAYER; HOPPERT, 1997) com proteínas associadas, como a PHA

sintase (GERNGROSS et al., 1993; LIEBERGESELL et al., 1994), a PHA

depolimerase (GAO et al., 2001; YORK et al., 2003), proteínas regulatórias

(MAEHARA et al., 2002; PRIETO et al., 1999), entre outras (KLINKE et al., 2000).

Tais grânulos são visíveis em microscopias (Figura 16 – A).

Figura 16: Diferentes representações de grânulos de PHB. (A) Microscopia

eletrônica de transmissão de H. boliviensis (QUILLAGUAMÁN et al., 2006); (B)

representação esquemática de um grânulo de PHB e as proteínas associadas

(REHM, 2003).

Porém, por ser um produto intracelular, há vários fatores complicadores para a

produção de PHB como polímero, sendo o principal deles um custo adicional pela

necessidade de extração. Além disso, a manutenção da aeração da cultura aeróbica, o

custo do substrato utilizado como fonte de carbono e as baixas taxas de produtividade

também prejudicam a aplicabilidade do bioprocesso (CEYHAN; OZDEMIR, 2011;

CHOI; LEE, 1999).

2.7 Considerações Finais

Os trabalhos da literatura focalizam principalmente na bactéria H. elongata,

descrita anteriormente às outras do mesmo gênero, e apresentando resultados

significativos. Tanto que tal microrganismo é utilizado na principal planta de produção

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40

bioquímica de ectoína, em BITOP, na Alemanha (KUNTE; LENTZEN; GALINSKI,

2014). Porém, os resultados de produtividade mais promissores têm sido obtido mais

recentemente por H. boliviensis e H. salina.

Outros microrganismos são utilizados, consistindo principalmente em bactérias

gram-positivas – fazendo necessária a etapa de lise celular - ou microrganismos

geneticamente engenheirados. Esses últimos são os que apresentam os melhores

resultados, chegando a concentrações de ectoína não comparáveis aos sistemas

selvagens. Um exemplo é E. coli, que consumindo aspartato e glicerol em uma cultura

de alta concentração celular, sendo capaz de produzir 25 g/L.dia, valor quase 20 vezes

maior que o obtido por H. elongata – 1,3 g/L.dia, em um processo que leva 110 horas

(HE et al., 2015; SAUER; GALINSKI, 1998). Porém, com esses microrganismos

também houve avanço, pois os estudos começaram com tempos finais de 160 horas, o

que fazia com que a produtividade volumétrica resultassem em 0,8 g/L.dia

(SCHUBERT et al., 2007). Com B. epidermis, uma bactéria gram-positiva, os valores

de produtividade são em torno de 2 g/L.dia, porém com extrato de levedura como fonte

de nitrogênio e a necessidade de lise celular, foi relatado aumento nos custos do

processo (ONRAEDT et al., 2005).

Para H. boliviensis, as pesquisas têm evoluído, tendo havido um ganho

significativo no processo. Isto é, trabalhos mais recentes relataram valores de

produtividade volumétrica de 6,3 g/L.dia, em um processo com duração total de 35

horas (VAN-THUOC et al., 2010a), enquanto trabalhos anteriores relataram valores de

produtividade volumétrica de 2,8 g/L.dia, com um tempo total de processo de 40 horas.

Para essa produção, é necessária a realização de duas etapas, pela diferença na

concentração de cloreto de sódio necessária no crescimento celular e na fermentação,

adicionando ao cálculo o tempo de processamento da cultura. Entretanto, para H. salina

não há a necessidade de condições distintas para crescimento celular e fermentação,

fazendo com que o processo seja mais rápido e menos oneroso. Os resultados com H.

salina indicam valores de produtividades de 7 g/L.dia, com concentrações de sal mais

reduzidas, sendo então menos agressivo para os equipamentos e tempos finais de 22

horas (LANG et al., 2011; ZHANG; LANG; NAGATA, 2009).

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41

3 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A produção de moléculas utilizadas pela indústria farmacêutica por via

biotecnológica é um desafio constante, mas que precisa ser ultrapassado. Os processos

químicos produzem intermediários e subprodutoss muitas vezes tóxicos, de alto custo,

que necessitam descarte apropriado, e condições mais agressivas de processo, tornando

por vezes a produção até inviável. Porém, vias biotecnológicas, que fazem uso de

microrganismos e enzimas, costumam ter condições mais brandas, utilizam de

intermediários menos tóxicos, tendo então vários atrativos a mais do que as vias

químicas.

Um exemplo de produção por via biotecnológica é da molécula ectoína, um

soluto compatível presente em todos os reinos, tornando as opções de processos muito

variadas, podendo ser utilizados diferentes substratos, em diferentes condições, e

diferentes organismos. Essa molécula tem diferentes aplicações, e muitas delas ainda

precisam ser desenvolvidas. Utilizada principalmente na indústria de cosméticos, ela é

capaz de aumentar a capacidade de hidratação de cremes contra sinais de idade, assim

como diminuir os efeitos deletérios da exposição ao sol. Já no segmento médico, sua

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42

característica compatível e versátil faz com que seja possível a aplicação no tratamento

de diversas doenças, mantendo a estabilidade de moléculas e até mesmo células inteiras.

Essa característica também permite a aplicação da ectoína como estabilizante de

alimentos, coquetéis enzimáticos e terapias virais. A produção química, utilizada

anteriormente, faz uso de intermediários de alto custo e a reação química apresenta

baixa especificidade, aumentando assim as moléculas produzidas, o que torna o

processo de purificação mais caro.

No presente trabalho, cepas de Halomonas foram selecionadas. A capacidade

desse gênero de secretar ectoína quando estimulado faz com que haja uma diminuição

na complexidade e no custo do processo, além de possibilitar a reutilização da cultura.

Tais bactérias apresentam grande diversidade, sendo possível utilizar diferentes

concentrações de sal e de fonte de carbono, tornando o processo mais atrativo. A

produção de ectoína ainda tem muitas incógnitas que precisam ser desvendadas, sendo

necessário estudar todo o mecanismo de produção, secreção e recuperação.

Nesse sentido, pretende-se atingir maiores valores das principais variáveis de

resposta do bioprocessos em tela, afim de contribuir para o seu desenvolvimento,

visando sua produção comercial.

3.1 Objetivo geral

Esta dissertação tem como objetivo geral a otimização da produção de ectoína a

partir de meio sintético, utilizando bactérias do gênero Halomonas.

3.2 Objetivos específicos

Selecionar entre 3 espécies: Halomonas elongata, Halomonas boliviensis e

Halomonas salina, aquela mais apropriada;

Avaliar o tamanho do pré-inóculo e do inóculo da cepa selecionada;

Entender aspectos fisiológicos da expressão de ectoína, incluindo as formas de

secreção do produto;

Avaliar a concentração de NaCl ótima que resulte em máximos valores de

concentração celular e de ectoína;

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43

Ensaiar a técnica da ordenha bacteriana;

Otimizar a composição do meio de cultivo para a produção de ectoína com a

espécie selecionada, empregando técnicas do planejamento experimental;

Realizar experimentos em biorreator instrumentado avaliando o grau de aeração

ótimo.

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44

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Microrganismo e inóculo

As cepas utilizadas para os processos de fermentação visando a produção de

ectoína foram Halomonas salina (DSM 5928), Halomonas elongata (DSM 2581) e

Halomonas boliviensis (DSM 15516) e foram obtidas no banco de células da Alemanha,

o Leibniz-Institut DSMZ Deutsche Sammlung von Mikroorganismen und Zellkulturen

GmbH (DSMZ), liofilizadas. Foram preparados os meios indicados para cada cepa com

a composição descrita nas tabelas abaixo, e o estoque foi feito por congelamento a -

80ºC, em meio de manutenção + 30% glicerol (v/v). A ativação da cultura do criotubo

para prosseguir com a fermentação foi feita no meio de ativação, com a composição

também descrita abaixo:

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45

Para H. salina:

Tabela 4: Meio de Manutenção – DSM 593

Componente Concentração (g/L)

Cloreto de Sódio 81

Extrato de Levedura 10

Peptona 5

Cloreto de Magnésio 7

Sulfato de Magnésio 9,6

Cloreto de Cálcio 0,36

Cloreto de Potássio 2

Bicarbonato de Sódio** 0,06

Brometo de Sódio 0,026

Glicose 1

Ágar-ágar* 15

*Se necessário.

** Esterilizado separadamente.

Tabela 5: Meio de Ativação; de Lang et al., 2011

Componente Concentração (g/L)

Glutamato Monossódico 30

Cloreto de Sódio 30

Fosfato de Potássio Monobásico 3

Sulfato de Magnésio Heptahidratado 0,4

Fosfato de Potássio Dibásico 9

Sulfato de Manganês Heptahidratado 0,01

Extrato de Levedura 1

O pH foi ajustado para 7,1, e as soluções, esterilizadas a 121ºC por 20 minutos.

Tabela 6: Meio de Fermentação; de Lang et al., 2011

Componente Concentração (g/L)

Glutamato Monossódico 60

Cloreto de Sódio 30

Fosfato de Potássio Monobásico 3

Sulfato de Magnésio Heptahidratado 0,4

Fosfato de Potássio Dibásico 9

Sulfato de Manganês Heptahidratado 0,01

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Para Halomonas elongata:

Tabela 7: Meio de Manutenção e de Ativação – DSM 276

Componente Concentração (g/L)

Cloreto de Sódio 80

Ácidos Casamino 7,5

Peptona 5

Extrato de Levedura 1

Citrato de Sódio 3

Sulfato de Magnêsio Heptahidratado 20

Fosfato de Potásso Dibásico 0,5

Sulfato de Amônio Férrico II Hexahidratado 0,05

Ágar-ágar* 15

*Se necessário.

Tabela 8: Meio de Fermentação; de Larsen et al., 1987

Componente Concentração (g/L)

Sulfato de Amônio 1,96

Cloreto de Sódio 150

Hidróxido de Potássio 4,6

Sulfato de Magnésio

Heptahidratado 0,12

Fosfato de Potássio Dibásico 13,6

Sulfato de Ferro Heptahidratado 0,005

Glicose 4

Para Halomonas boliviensis:

Tabela 9:- Meio de Manutenção – Marine Broth (Difco) + 6% NaCl

Componente Concentração (g/L)

Cloreto de Sódio 79,45

Extrato de Levedura 1

Peptona 5

Citrato de Ferro III 0,1

Cloreto de Magnésio 5,9

Sulfato de Sódio 3,24

Cloreto de Cálcio 1,8

Cloreto de Potássio 0,55

Bicarbonato de Sódio 0,16

Brometo de Potássio 0,08

Cloreto de Estrôncio 34 mg

Ácido Bórico 22mg

Silicato de Sódio 4mg

Fluoreto de Sódio 2,4mg

Nitrato de Amônio 1,6mg

Fosfato Dissódico 8mg

Ágar-ágar* 15

*Se necessário.

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Tabela 10: Meio de Ativação; de Van-Thuoc et al., 2010a

Componente Concentração (g/L)

Glutamato Monossódico 3

Cloreto de Sódio 45

Cloreto de Amônio 2,3

Sulfato de Magnésio

Heptahidratado 2,5

Fosfato de Potássio Dibásico 0,55

Sulfato de Ferro Heptahidratado 0,005

Glicose 10

Tabela 11: Meio de Fermentação; de Van-Thuoc et al., 2010a

Componente Concentração (g/L)

Glutamato Monossódico 10,6

Cloreto de Sódio 157,3

Cloreto de Amônio 2

Sulfato de Magnésio

Heptahidratado 3,47

Fosfato de Potássio Dibásico 1,77

Sulfato de Ferro Heptahidratado 0,005

Glicose 20

As três cepas tiveram suas curvas de ativação obtidas. Para isso, criotubos foram

descongelados e centrifugados, o sobrenadante, descartado, e o sedimento,

ressuspendido em meio para ser adicionado ao frasco de cônicos com o meio de

ativação, o perfil cinético foi acompanhado. Após estudos baseados nas informações

obtidas sobre as cepas, houve a seleção de apenas uma delas, continuando assim com

seu cultivo.

4.2 Curvas de Ativação

As cepas utilizadas neste trabalho foram obtidas liofilizadas. Assim, foi

necessário realizar a ativação das cepas. Os meios indicados pela DSMZ (descritos

acima) foram preparados com antecedência e mantido por três dias em estufa a 30°C

para aferir esterilidade. Cada cepa foi ativada em separado, para garantir que não

houvesse contaminação cruzada. Assim, em fluxo laminar, a ampola foi quebrada e

meio estéril foi adicionado para reidratar o material celular. Após ressuspendê-lo,

alíquotas foram adicionadas em placas de Petri e em frascos cônicos, e inoculadas a

30°C e 200 rpm, a condição indicada. Após dois dias, as placas de Petri foram

guardadas em geladeira, e a cultura dos cônicos foi transferida para outros frascos

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cônicos, visando aumentar o volume da cultura e torná-la mais recente. Depois de

inoculado novamente, esse material foi centrifugado e o sedimentado, ressuspendido no

meio de manutenção com 30% de glicerol, um crioprotetor necessário para manter a

integridade das células no processo de congelamento. Quando necessário, criotubos

dessa cultura são descongelados e ativados.

As curvas de ativação foram construídas em frascos cônicos de 500 mL com

volume final de 200 mL do respectivo meio de ativação (citados acima). Amostras

foram tiradas a cada duas horas, e o sobrenadante enviado para quantificação do

substrato.

4.2.1 Halomonas salina

O meio utilizado para a ativação da cultura de H. salina na ampola está descrito

na Tabela 4, e o meio utilizado para a ativação do criotubo, na Tabela 5. Abaixo, é

possível observar uma micrografia de coloração de gram de H. salina (Figura 17).

Figura 17: Microscopia de Halomonas salina após a ativação e durante o

crescimento em frasco (com aumento de 100 x).

3.2.2 Halomonas elongata

O meio utilizado para a ativação da cultura de H. elongata na ampola e para a

ativação do criotubo está descrito na Tabela 7. Abaixo, é possível observar uma

micrografia de coloração de gram de H. elongata (Figura 18).

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Figura 18: Microscopia de Halomonas elongata após a ativação e durante o

crescimento em frasco (com aumento de 100 x).

4.2.3 Halomonas boliviensis

O meio utilizado para a ativação da cultura de H. boliviensis na ampola e para a

ativação do criotubo está descrito na Tabela 7. Abaixo, é possível observar uma

micrografia de coloração de gram de H. boliviensis (Figura 19).

Figura 19: Microscopia de Halomonas boliviensis após a ativação e durante o

crescimento em frasco (com aumento de 100 x).

4.3 Análise das amostras

4.3.1 Amostragem dos experimentos

Como padrão, alíquotas foram removidas dos sistemas testados, sempre

respeitando o volume máximo que pode ser removido. Essas alíquotas foram

centrifugadas a 10000 rpm por 10 minutos, separando assim o sobrenadante do material

celular. O sobrenadante foi processado para quantificação de substrato e produto, e o

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50

sedimentado foi utilizado para quantificação da biomassa utilizando do método de

espectrofotometria. Caso feito diferente, será descrito no experimento.

4.3.2 Quantificação de biomassa

Para fazer uma relação entre a absorbância e a massa seca do microrganismo,

amostras de 2 mL foram coletas em tubos cônicos (aproximadamente 10), que tiveram

seu peso inicial (sem conter amostra) determinado. Após as amostras bacterianas terem

sido recolhidas, foram centrifugadas, sendo removido o sobrenadante, com cuidado,

para não remover material celular junto. Tais amostras foram adicionadas de água

destilada novamente, para lavagem (remoção de qualquer resto de meio no interstício), e

então centrifugada novamente para diminuição do volume do sobrenadante. Os tubos

foram mantidos então em estufa com temperatura acima de 60 °C, até que a massa fosse

constante. Pelo cálculo da diferença entre o valor final obtido após a secagem das

amostras na estufa e o valor do tubo vazio, é possível chegar a massa celular em 2 mL.

Com a mesma cultura de onde tais amostras foram removidas, foi feita uma

curva de calibração, que permitiu a geração de uma equação para determinação da

massa seca da biomassa. Abaixo estão apresentadas as curvas de calibração e suas

equações para: (1) Halomonas salina; (2) Halomonas elongata; (3) Halomonas

boliviensis (Figuras abaixo):

Figura 20: Curva de Calibração para Halomonas salina, com R2= 0,9987.

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Figura 21: Curva de Calibração para Halomonas elongata, com R2= 0,9993.

Figura 22: Curva de Calibração para Halomonas boliviensis, com R2= 0,9995.

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4.3.3 Quantificação do substrato de produtos do bioprocesso – Métodos Analíticos

As concentrações de ectoína e glutamato monossódico foram determinadas por

cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC – Waters, Milford, MA, E.U.A.), como

descrita por Onraedt em 2005, em um sistema HPLC Waters com uma coluna Aminex

HPX-87C (Biorad) e um detector UV a 65 ºC. Cloreto de cálcio (5 mM) foi utilizado

como fase móvel, com uma taxa de fluxo de 0,3 mL/min. Os compostos foram

monitorados a 210nm.

As concentrações foram calculadas por comparação com padrões externos de

concentração conhecida, com áreas cromatográficas calculadas pelo próprio

equipamento. Os padrões utilizados foram da marca Sigma Aldrich, e na figura abaixo

(Figura 23) é possível observar o perfil cromotográfico de ectoína e de glutamato

monossódico.

Ecto

ína -

75,7

61

AU

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

Minutes

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 60,00 65,00 70,00 75,00 80,00 85,00 90,00 95,00 100,00

Glu

tam

ato

- 2

5,6

48

AU

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

Minutes

0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 32,00 34,00 36,00 38,00 40,00 42,00 44,00 46,00 48,00 50,00

Figura 23: Cromatogramas padrão para a determinação da concentração de (a)

ectoína e (b) glutamato monossódico.

4.4 Fermentação em Frasco Agitados

Dois experimentos distintos foram realizados em frascos agitados. No primeiro deles,

foram testadas concentrações iniciais de pré-inóculo, com 10 e 20% (v/v) a fim de se

observar possível ganho na produção de ectoína. H. salina foi ativada em frascos de Cônicos

de 500 mL com 200 mL de meio de ativação, em agitador rotatório (New Brunswick

Scientific Co, NJ, USA), a 30 ºC e 200 rpm por 24 horas. Após a ativação, 20 e 40 mL dessa

cultura foram adicionados nos respectivos frascos, e a cultura foi incubada a 30 ºC em

agitação de 200 rpm. Amostras foram removidas em intervalos constantes, para o

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levantamento do perfil cinético.

No segundo deles, foram utilizados frascos de Cônicos tradicionais e também os

frascos de Cônicos que continham chicanas em sua parede interna. A cultura foi incubada a

30ºC em agitação de 200 rpm, e amostras foram removidas em intervalos constantes, para o

levantamento do perfil cinético. Após a centrifugação por 10 minutos a 10000 rpm, o

sobrenadante foi guardado para análise das concentrações de substrato e de produto,

enquanto o sedimentado foi analisado por espectrofotometria, para quantificação da

biomassa bacteriana.

4.5 Fermentação em Reator Instrumentado

4.5.1 Biorreator de 2 L

H. salina foi ativada em frascos de Cônicos de 500 mL com 200 mL de meio de

ativação, em agitador rotatório (New Brunswick Scientific Co, NJ, USA), a 30ºC e 200

rpm por 24 horas. Subsequentemente, 100 mL (10% v/v) da suspensão bacteriana foram

inoculados em 1 L de meio de fermentação otimizado em um biorreator instrumentado

de 2 L (BioFlo – New Brunswick Scientific Co, NJ, EUA – Figura 25). A fermentação

foi realizada em 30 ºC, pH 7,1 com agitação de 400 rpm e aeração variou conforme

indicado. A taxa de aeração utilizada foi de 1,7 vvm. Amostras foram removidas em

intervalos constantes, para o levantamento do perfil cinético. Após a centrifugação por

10 minutos a 10000 rpm, o sobrenadante foi guardado para análise das concentrações de

substrato e de produto, enquanto o sedimentado foi analisado por espectrofotometria,

para quantificação da biomassa bacteriana. Para amostragem do sistema, pipetas de

vidro de 5 mL foram utilizadas.

4.5.2 Biorreator de 4 L

H. salina foi ativada em frascos de Cônicos de 500 mL com 200 mL de meio de

ativação, em agitador rotatório (New Brunswick Scientific Co, NJ, USA), a 30 ºC e 200

rpm por 24 horas. Subsequentemente, 200 mL (10% v/v) da suspensão bacteriana foram

inoculados em 2 L de meio de fermentação otimizado em um biorreator instrumentado

de 4 L transferidos para o reator mecanicamente agitado, com volume final de 2 L do

meio de fermentação otimizado (BioFlo – New Brunswick Scientific Co, NJ, EUA). A

fermentação foi realizada em 30 ºC, pH 7,1 com agitação de 350 rpm. As taxas de

aeração utilizadsa foram de 1,7 vvm e 2,5 vvm. A aeração começou em 500 rpm, sendo

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aumentada para 600 rpm com 10 horas de processo, e 700 rpm com 16 horas. Amostras

foram removidas em intervalos constantes, para o levantamento do perfil cinético. Após

a centrifugação por 10 minutos a 10000 rpm, o sobrenadante foi guardado para análise

das concentrações de substrato e de produto, enquanto o sedimentado foi analisado por

espectrofotometria, para quantificação da biomassa bacteriana. Para amostragem do

sistema, pipetas de vidro de 5 mL foram utilizadas.

Figura 24: Biorreator instrumentado, BioFlo 310 (New Brunswick Scientific).

4.6 Planejamento Experimental

Empregou-se um delineamento composto central rotacional com base na

metodologia de superfície de resposta. As variáveis independentes e os seus respectivos

níveis de concentrações estão listados abaixo (Tabela 12). Para o glutamato

monossódico e o cloreto de sódio, as concentrações utilizadas na literatura (LANG et

al., 2011) foram mantidas no valor codificado de 0 (zero), enquanto a concentração de

fosfatos foi mantido no valor codificado de -1,68, sendo essa a menor concentração

utilizada, já que esperava-se observar o papel de tampão. A variável resposta escolhida

foi a produção de ectoína. A solução de fosfato utilizada seguia a proporção de 1 : 3

(K2HPO4 : KH2PO4) (LANG et al., 2011), como indicado na literatura , tendo a sua

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55

concentração final alterada no meio. Um total de 17 experiementos com diferentes

combinações de concentrações de nutrientes foram realizados, com 3 pontos centrais .

As análises de regressão e análi

se de variância (ANOVA) foram realizadas utilizando softwares Design Expert 10 e

Statistica 7.0. O teste de Student’s t foi utilizado para determinar a significância dos

coeficientes de regressão das variáveis para um intervalo de confiança de 95 %.

Tabela 12: Variáveis Independentes e suas Concentrações no DCCR

Parâmetro Valores codificados e sua concentração (g/L)

+1,68 +1 0 -1 -1,68

Glutamato Monossódico (A) 60,0 53,93 45,0 36,07 30,0

Cloreto de Sódio (B) 60,0 51,9 40,0 28,1 20,0

Fosfato (C)* 24,0 21,57 18,0 14,43 12,0

A matriz utilizada para a realização dos experimentos, com valores codificados está

ilustrada abaixo (Tabela 13):

Tabela 13: Matriz experimental do DCCR

Glutamato

Monossódico

Cloreto de Sódio Fosfatos

1 0 0 -1,68

2 0 0 +1,68

3 1,68 0 0

4 0 0 0

5 -1 1 1

6 0 -1,68 0

7 -1 -1 -1

8 1 1 1

9 -1,68 0 0

10 0 0 0

11 -1 -1 1

12 1 -1 1

13 -1 1 -1

14 1 -1 -1

15 0 0 0

16 1 1 -1

17 0 1,68 0

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56

4.6.1 Validação da otimização experimental

Para validar e confirmar a condição ótima predita pelo programa Design Expert 9.0, foi

utilizada a função desejabilidade (“desirability”), onde há uma busca pela combinação

de fatores que maximiza as variáveis de resposta. Tal função obtem um número que

varia entre 1 e 0, onde 1 corresponde a total satisfação dos objetivos, e 0,

impossibilidade de satisfação dos objetivos (MONTGOMERY, 2001). Os fatores

otimizados foram glutamato monossódico, cloreto de sódio e fosfato. O experimento foi

realizado em triplicatas em frascos agitados, no mesmo sistema e condições utilizados

para a realização do planejamento experimental.

4.7 “Ordenha Bacteriana”

Para realizar a cinética da “ordenha bacteriana”, uma fermentação em frascos agitados

foi realizada com o meio de fermentação original. Após 24 horas de processo, amostras de 1

mL da cultura foi centrifugada por 10 minutos a 10000 rpm e o sobrenadante foi descartado.

O sedimentado foi ressuspendido em água destilada no mesmo volume do sobrenadante. A

amostra foi inoculada no agitador rotatório (New Brunswick Scientific Co, NJ, USA), a

30ºC e 200 rpm. Após intervalos de 30 minutos e de duas horas, a amostra foi novamente

centrifugada e o sobrenadante foi enviado para análise. Nos experimentos seguintes, a

ordenha bacteriana teve o tempo estabelecido em 30 minutos, seguindo o mesmo protocolo

acima.

4.8 Variáveis de resposta

Para uma avaliação quantitativa dos fenômenos mais relevantes ao processo,

convém explicitar as principais variáveis envolvidas, conforme a seguir:

Fator de rendimento em ectoína ( ) formado por glutamato monossódico

( ) consumido (g/g)

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57

Fator de rendimento em biomassa ( ) formada por glutamato

monossódico consumido (g/g)

Fator de rendimento em ectoína produzida por massa celular formada

(g/g)

Produtividade volumétrica em ectoína ( ) e massa celular ( ) (g/L.h)

Taxa específica de crescimento celular ( ) (h-1)

Redução percentual de substrato (%)

Tempo de duplicação (h)

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58

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Curvas de Ativação

Com a finalidade de se iniciar o processo de produção de ectoina, especial atenção

foi dada as etapas de ativação e propagação das três espécies de Halomonas em estudo,

Halomonas salina DSM 5928, Halomonas elongata DSM 2581 e Halomonas

boliviensis DSM 15516. Estas etapas são compulsórias no desenvolvimento de qualquer

bioprocesso, pois não só permitem a aclimatação das células às condições de cultivo,

mas também o aumento das concentrações celulares a fim de se inocular o sistema

reacional com uma suspensão suficientemente concentrada de células. Isto se faz

necessário para que sejam atingidos valores das variáveis de resposta do bioprocesso

compatíveis com os requisitos para a sua comercialização. Os resultados de ativação

estão apresentados nas figuras que se seguem:

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Figura 25: Curva de ativação de H. salina DSM 5928. S0= 30g/L

É possível observar que a cepa praticamente entra em fase de crescimento não

exibindo fase de adaptação perceptível. As células de H. salina continuaram crescendo

até aproximadamente 27 horas, entrando então na fase estacionária. A concentração

celular atingiu o valor de 4 g/L, e o consumo de glutamato foi de aproximadamente 7

g/L.

Figura 26: Curva de ativação de H. elongata DSM 2581. S0= 30g/L

Com uma fase de adaptação mais acentuada, a cultura de H. elongata demorou

aproximadas 24 horas para chegar à fase estacionária, com concentração celular de

aproximadamente 4,4 g/L.

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Figura 27: Curva de ativação de H. boliviensis DSM 15516. S0= 30g/L

Com uma fase de adaptação também mais acentuada, a cultura de H. boliviensis

foi a que demorou mais, chegando na fase estacionária depois de aproximadamente 40

horas, porém apresentou também maior crescimento, com uma concentração celular

final de aproximadamente de 8 g/L.

Na tabela a seguir (Tabela 14) são reportados os valores de concentração celular

máxima atingidos nos diferentes cultivos de ativação, bem como a taxa específica de

crescimento das cepas de Halomonas.

Tabela 14: Principais variáveis de resposta dos cultivos de ativação

Cepa Xmáx (g/L) µ (h-1)

H. salina DSM 5928 4,11 0,24

H. elongata DSM 2581 4,40 0,32

H. boliviensis DSM 15516 8,01 0,36

5.2 Escolha da cepa

Em que pese os valores das principais variáveis de reposta obtidos para a cepa

H. boliviensis terem sido mais elevados quando comparados com as outras duas cepas,

as composições dos meios de cultivo tanto para H. boliviensis quanto para H. elongata

são mais complexas, contendo componentes que seguramente onerarão os custos

operacionais do bioprocesso. A literatura reporta que tanto cepas de H. elongata quanto

de H. boliviensis requerem diferentes condições para o crescimento celular e para a

produção de ectoína, diferentemente de H. salina, que parece ter a síntese de ectoína

associada ao crescimento (LANG et al., 2011; SAUER; GALINSKI, 1998; VAN-

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THUOC et al., 2010b). Adicionalmente, o cultivo de H. boliviensis é mais longo do que

das outras duas cepas, mesmo em um meio de composição mais complexa.

Desta forma, Halomonas salina DSM 5928 foi escolhida para dar

prosseguimento aos estudos de produção de ectoína. Ressalta-se, ainda, que os

principais fatores que pesaram nesta decisão foram a simplicidade do meio de cultivo,

as concentrações mais baixas de cloreto de sódio necessárias para a obtenção do

produto-alvo, o cultivo mais rápido e também indicações da literatura que esta cepa

secreta ectoína durante o processo de crescimento, indicando um potencial de aplicação,

em uma cultura contínua para a síntese do produto (PASTOR et al., 2010; ZHANG;

LANG; NAGATA, 2009). Outro aspecto que merece registro refere-se a mesma

concentração de sal necessária tanto para o crescimento da bactéria halofílica quanto

para a secreção do produto de interesse, possibilitando uma concepção de processo em

que o crescimento e a produção possam ocorrer no mesmo biorreator (LANG et al.,

2011). Todo este conjunto de observações e constatações conduziu a seleção da cepa de

H. salina.

5.3 Avalição da necessidade de preparo de pré-inóculo da cepa selecionada

Com a intenção de se obter maiores concentrações celulares para tornar as

fermentações mais rápidas e eficientes, avaliou-se a necessidade de mais uma etapa no

desenvolvimento do bioprocesso, ou seja se uma única etapa de ativação supriria o

sistema de fermentação com concentrações de células suficientes para se levar a cabo o

processo produtivo a produção de ectoína. O que norteou esta investigação foi a

observância de ausência de fase de adaptação na etapa de ativação, denotando que a

cultura já está bem adaptada. Porém, uma curva de propagação foi realizada com a

intenção de confirmar esses dados, utilizando o meio de ativação (Figura 28).

É possível observar que a o crescimento não foi mais eficiente do que o

crescimento observado na ativação, de toda forma foi similar, mostrando a não

necessidade dessa etapa, passando assim direto da etapa de ativação para a fermentação.

Essa é mais uma característica positiva da cepa escolhida, pois assim o tempo total

necessário para a produção de ectoína será menor, aumentando a produtividade global

do processo, o que tem como consequência a redução dos custos do processo, tornado

dispensável um novo cultivo bacteriano, assim como redução de custos energéticos

associados à esterilização de um novo meio, dentre outros fatores.

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62

Figura 28: Curva de propagação de H. salina DSM 5928

A literatura reporta que o tamanho do inóculo é capaz de afetar a taxa do

processo biológico, tornando a fase de adaptação menor, ou mesmo extinguindo-a.

Como padrão, 10% (v/v) do volume do pré-inóculo são utilizados como inóculo do

processo fermentativo. Porém, em algumas situações, há a necessidade de aumentar a

quantidade de células no inóculo (STANBURY; WHITAKER; HALL, 1995). Neste

contexto, avaliou-se a influência do tamanho do inóculo, empregando-se duas

concentrações iniciais de células (10% e 20% v/v).

Embora tenha sido observada uma pequena melhoria no crescimento celular, não se

verificam ganhos no consumo de substrato, tampouco na produção de ectoína, quando o

inóculo teve a sua concentração aumentada (Figura 29). A concentração de ectoína

indicada no gráfico da Figura 29 representa o somatório de suas quantidades mássicas

(extracelular e aquela secretada na ordenha bacteriana). Estas observações de certa

forma nos surpreenderam, na medida em que se esperavam melhores respostas no

sistema inoculado com a maior concentração celular. Visando dirimir esta questão,

investigou-se se a aeração desempenhava um papel importante nas respostas celulares.

Os perfis cinéticos similares indicaram que o cultivo inoculado com a maior

concentração celular (20% v/v) podia estar limitado no que se refere ao suprimento de

oxigênio. Esta observação conduziu ao estudo desta variável de processo (grau de

aeração) com maiores detalhes, cujos resultados serão apresentados na sequência.

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63

Figura 29: Cinética da fermentação para produção de ectoína com dois tamanhos

de pré-inóculo, 10 e 20% (v/v)

5.4 “Ordenha Bacteriana”

5.4.1 Frascos cônicos agitados

Apesar de a literatura indicar que H. salina secreta ectoína de forma majoritária

(LANG et al., 2011), não havendo indicação da necessidade de se provocar um choque

osmótico para se aumentar a produção deste soluto compatível, ao se realizar um

experimento confirmatório, foi observado que a cepa faz sim acúmulo intracelular de

ectoína, secretando-a quando estimulada (Figura 30). A concentração de ectoína no

sobrenadante representa o que foi secretado naturalmente pelas células. Com o objetivo

de se verificar se a taxa de secreção do produto intracelular, dois intervalos de tempo

foram investigados: 30 minutos e 2 horas. É possível observar que 30 minutos são

suficientes para que H. salina secrete a ectoína intracelular, reequilibrando a pressão

osmótica exercida durante o cultivo bacteriano. Observam-se aumentos de

aproximadamente 400% quando a técnica de “ordenha bacteriana” foi empregada. Estes

resultados colidem com o que é preconizado na literatura.

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64

Figura 30: Ectoína secretada naturalmente e a obtida por “ordenha bacteriana”

com células cultivadas em frascos cônicos agitados

5.4.2 Frascos cônicos agitados com chicanas

Com o propósito de se aumentar a turbulência nos frascos e, por conseguinte,

aumentar a disponibilidade de oxigênio no sistema, foram empregados frascos com

reentrâncias, denominadas de chicanas. O emprego deste sistema resultou em uma

maior secreção de ectoína (Figura 31), o que seguramente foi decorrente de um maior

crescimento celular e do papel importante que o oxigênio desempenha neste

bioprocesso. No gráfico da Figura 31, é possível observar que a condição de

fermentação em frascos agitados com chicanas aumenta muito a concentração de

ectoína no sobrenadante (chamada de ectoína extracelular) se aproximando à

concentração de ectoína obtida com a “ordenha bacteriana” (“bacterial milking”) e,

desta forma, diminuindo a proporção entre as duas (Tabela 15). Em sistemas de baixa

aeração, a concentração de ectoína no sobrenadante não é significativa, ficando próxima

a zero, como mostrado no gráfico da Figura 30.

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Figura 31: Concentração de ectoína no sobrenadante e na ordenha bacteriana, em

frascos cônicos agitados dotados de chicanas

Tabela 15: Proporção entre ectoína no sobrenadante (EctExt) e na ordenha

bacteriana (BM) e as concentrações máximas de ectoína (EctExt + EctBM)

0 h 32 h 58 h

EctExt:EctBM 0,061 0,535 0,722

[Ect]total (g/L) 0,296 1,314 1,595

5.5 Planejamento Experimental

Como descrito em Materiais e Métodos, três parâmetros definidos tiveram suas

concentrações estudadas a fim de se buscar uma condição ótima para a síntese de

ectoína, no intervalo dos fatores selecionados. Assim, usando a técnica do DCCR para

três fatores e 5 níveis codificados, as faixas de concentração de cada componente foram

determinadas como mostrada na Tabela 12. Um total de 17 experimentos com diferentes

combinações de concentrações e 3 pontos centrais foram ensaiados, obtendo os

seguintes valores de concentração de ectoína (Tabela 16).

A análise de variância (ANOVA) foi realizada para um intervalo de confiança de

95%. A falta de ajuste foi não significativa, apresentando p < 0,05, sendo possível então

atestar a validade do modelo. Isto porque a quantidade de variação não explicada é

significativamente menor que a variação devido ao modelo (BARCELOS, 2012). O

modelo de estudo apresenta um valor para o coeficiente de determinação, R2, de 0,6975,

mostrando que 69,7% das variações são explicadas pelo modelo ajustado, sendo

significativo e podendo ser utilizado para fins preditivos, se considerado que consiste

em um modelo biológico. Ao observarmos o gráfico que compara valores preditos com

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valores experimentais, é possível analisar que a qualidade do ajuste do modelo estudado

é alta, corroborando para a validação do modelo (Figura 32). É possível observar que os

pontos dos valores experimentais ficam distribuídos normalmente, ou seja, desvios

positivos e negativos em uma proporção similar.

Tabela 16: Condições do planejamento experimental e resultados obtidos

Experimento Concentrações (g/L) Variável de Resposta

(Ectoína, g/L) GMS NaCl PO4

1 40 40 12 0,306

2 40 40 24 0,448

3 60 40 18 0,346

4 45 40 18 0,414

5 36 51,9 21,6 0,380

6 45 20 18 0,148

7 36 28,1 14,5 0,254

8 54 51,9 21,6 0,362

9 30 40 18 0,310

10 45 40 18 0,464

11 36 28,1 21,6 0,214

12 54 28,1 21,6 0,366

13 36 51,9 14,5 0,324

14 54 28,1 14,5 0,190

15 45 40 18 0,280

16 54 51,9 14,5 0,434

17 45 60 18 0,400

A equação apresentada é:

Y[ectoína] = +0,38 + 0,018.A + 0,066.B + 0,026.C + 5E-4.AB - 0,021.A² - 0,040.B²

De acordo com a equação, é possível observar que o cloreto de sódio (parâmetro

B) possui maior coeficiente linear (+0,066), seguido do fosfato (parâmetro C) (+0,026)

e do glutamato monossódico (parâmetro A) (+0,018), porém tais valores se

apresentaram muito baixos. Do mesmo modo, as interações entre os fatores também

apresentam valores baixos. Isso pode ser explicado pelo fato de o microrganismo ser

extremófilo, sendo resistente a grandes alterações de concentração de sal, o que faz com

que essas diferenças não sejam capazes de causar grandes efeitos sobre o crescimento

celular e a síntese de ectoína.

De acordo com o gráfico de Pareto (Figura 33), constata-se que apenas o cloreto

de sódio apresenta significância no processo, tendo um efeito positivo na produção de

ectoína. Porém, tal parâmetro apresenta efeito quadrático negativo. Uma explicação é o

fato que altas concentrações desse componente tornam a pressão osmótica do meio

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muito alta, tornando-se inibitória para o crescimento celular e a produção de ectoína. Os

outros componentes, apesar de serem indicados como não significativos, não podem ser

excluídos do meio de cultivo já que são essenciais para o crescimento, como o

glutamato monossódico, que é a fonte de carbono e de nitrogênio do meio de cultivo.

Figura 32: Valores preditos e valores experimentais obtidos no planejamento

experimental

Figura 33: Gráfico de Pareto, indicando quais variáveis são significativas em p <

0,05. Variável: Ectoína. Três fatores e cinco níveis

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Para encontrar valores operacionais ótimos que satisfaçam simultaneamente

todos os requisitos operacionais, calculou-se a desejabilidade (desirability) do sistema.

No caso do sistema aplicado, o valor da função desejabilidade foi de 0,971, que

significa que a otimização por esta função atende em 97,1% o máximo obtenível. Para a

condição otimizada, o programa retornou com as seguintes concentrações (g/L):

glutamato monossódico, 48,9; cloreto de sódio, 49,8; fosfato mono e dibásico de

potássio, 21,57; MgSO4, 0,1; MnSO4, 0,01 (Figura 34). Assim, um ensaio foi realizado

para validação do planejamento experimental (Figura 35), obtendo uma concentração

média de ectoína de 420 mg/L, ficando no intervalo de confiança dado pelo programa,

entre 370 e 510 mg/L. O intervalo de tempo final para experimentação foi de 50 horas,

pois a cultura já se apresentava na fase de morte e a concentração de ectoína, constante.

Tendo em vista tais valores, é possível chegar um valor de produtividade volumétrica

de, aproximadamente, 12 mg/Lh. A concentração residual de glutamato de sódio foi de,

aproximadamente, 36 g/L, tendo havido um consumo deste nutriente de 13 g/L; logo,

fornecendo um valor de rendimento em ectoína de YP/S= 48 mg produto/g substrato

consumido e rendimento em células de YX/S= 0,342 g célula/ g substrato consumido.

Figura 34: Superfície de resposta para a síntese de ectoína com valor da

concentração de fosfato fixado em 21,6 g/L

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Figura 35: Cinética de produção de ectoína em condições otimizadas em frascos

agitados sem chicanas. Legenda: ectoína total (círculo azul), concentração de

glutamato monossódico (círculo verde) e concentração celular (círculo vermelho)

Com a intenção de se confirmar o resultado obtido com o planejamento

experimental, uma fermentação em frascos agitados com o meio otimizado foi

realizada, e então o sistema foi validado, porém, foi possível observar que o consumo

do substrato, e, por conseguinte a produção de ectoína, não foram eficientes, indicando

que havia um limitante ao processo. Como os frascos agitados têm como modo de

aeração apenas a agitação (aeração superficial) é muito provável que tal limitante seja a

aeração. A fim de se confirmar resultados preliminares, experimentos foram realizados

com frascos agitados com chicanas, como descrito no próximo tópico.

5.6 Fermentação em Frascos Agitados sem e com chicanas

Uma vez que a aeração mostrou-se ser um fator limitante na produção de ectoína,

foi feita uma comparação entre a fermentação em frascos agitados com e sem a presença

de chicanas. Como mencionado, as chicanas fazem com que a transferência de oxigênio

seja mais eficiente, aumentando assim o oxigênio dissolvido presente no meio. O

acompanhamento cinético do processo de produção de ectoína nos sistemas com e sem

chicanas está apresentado na figura 36.

Claramente, observa-se a imprescindibilidade da disponibilidade de oxigênio para a

produção da molécula em estudo. O maior suprimento de oxigênio aumentou em 165%

a concentração celular, e em 560% a concentração de ectoína (Tabela 17). Além do

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aumento significativo da concentração de ectoína, o valor de YP/X também aumentou,

denotando o aumento da capacidade produtiva da célula. Lang et al. (2011) realizaram

fermentações com H. salina em biorreatores instrumentados, chegando a concentrações

celulares máximas de 35 g/L, e de ectoína de 8,2 g/L. Porém, a concentração inicial de

glutamato era de 80 g/L, fornecendo valores de YP/X = 0,234 g/g. Nossos resultados

alcançaram valores de YP/X = 0,336 g/g, o que consideramos positivo face à produção de

ectoína ter sido até o presente momento realizada em frascos agitados, diferentemente

de biorreatores instrumentados nos quais o suprimento de oxigênio se dá de maneira

muito mais eficiente.

Figura 36: Gráfico comparativo entre fermentação em frascos agitados com e sem

chicanas, no meio otimizado pelo DCCR

A figura a seguir ilustra os cultivos conduzidos em frascos sem e com chicanas, nos

quais se observa nítida diferença na turbidez dos meios, evidenciando um maior

crescimento celular nos frascos com chicanas.

Além do fator YP/X ter sido mais alto, a produtividade volumétrica também

aumentou significativamente, com um ganho de 4,7 vezes. O consumo de glutamato

monossódico foi muito maior, indicando um maior aproveitamento na utilização do

substrato. Novamente, é válido ressaltar que os frascos cônicos com chicanas propiciam

uma maior disponibilidade de oxigênio do que os frascos sem as chicanas, porém,

continua sendo limitado.

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Figura 37: Cultivos em frascos sem e com chicanas para a produção de ectoína. O

meio utilizado foi o meio de fermentação otimizado, e as condições foram: 30º C,

200 rpm e pH 7,1

Os valores finais de concentração de ectoína e os cálculos de variáveis foram

realizados levando em consideração o somatório da ectoína presente no sobrenadante e

a ectoína obtida na “ordenha bacteriana”. As demais variáveis estão descritas abaixo

(Tabela 17):

Tabela 17: Variáveis de resposta de fermentações em frascos agitados sem e com

chicanas

Variável Frasco sem

Chicanas

Frasco com

Chicanas

tempo (h) 30 42

µ (h-1) 0,111 0,149

td (h-1) 6,243 4,651

YP/S (g/g) 0,048 0,073

YP/X(g/g) 0,140 0,336

YX/S (g/g) 0,342 0,219

RPS (%) 16,0 69,54

X máx (g/L) 2,542 6,692

Ect máx (g/L) 0,331 2,188

QP (g/L.h) 0,011 0,052

QX (g/L.h) 0,085 0,159

5.7 Avaliação do Grau de Aeração em Biorreator Agitado Mecanicamente

para Produção de Ectoína

Após a otimização do meio de fermentação para a produção de ectoína em

frascos e a sinalização da essencialidade da aeração, passou-se, então à avaliação da

produção deste soluto compatível em biorreatores instrumentados. Nestes equipamentos

é possível empregar maior controle das condições de fermentação, como pH, importante

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72

no processo, pois o metabolismo de glutamato monossódico libera amônia, tornando o

meio de cultivo mais básico, e logo, menos propício para a atividade da bactéria em

estudo (ONRAEDT et al., 2005). No entanto, o que se pretendeu foi empregar

condições de aeração e agitação mais eficientes, a fim de se aumentar a disponibilidade

de oxigênio às células bacterianas. Uma fermentação inicial foi conduzida em batelada

simples empregando as seguintes condições de aeração: taxa de aeração de 1,7 vvv e

velocidade de agitação de 350 rpm (experimento denominado de Reator I). Os

resultados obtidos durante o acompanhamento cinético estão ilustrados no gráfico a

seguir (Figura 38):

Figura 38: Produção de ectoína em biorreator instrumentado (Biorreator I) com o

meio de fermentação otimizado por DCCR para H. salina DSM 5928, com taxa de

aeração de 1,7 vvm e velocidade de agitação de 350 rpm

Novamente, os resultados obtidos tornam clara a necessidade de maior aeração

do sistema, pois com a manutenção de maiores concentrações de oxigênio dissolvido no

sistema houve um aumento significativo na produção de ectoína e no crescimento

celular. Como apresentado na tabela 18, observa-se um ganho expressivo na

concentração de ectoína de 380% quando comparado aos resultados provenientes do

sistema de frascos cônicos agitados sem chicanas, o que foi seguramente decorrente de

um maior consumo de substrato (aproximadamente 70%), resultando em concentrações

de células (8,5 g/L) e, consequentemente, de ectoína (1,6 g/L) mais elevadas. Porém,

devido às altas concentrações celulares e ao metabolismo ativo das células bacterianas,

as condições de aeração ainda se mostraram limitadas, o que nos motivou a investigar

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outras condições de aeração e agitação, aumentando a disponibilidade de oxigênio, ou

seja, mantendo a taxa de aeração em 1,7 vvm, mas variando com o tempo a velocidades

de agitação.

Tabela 18: Variáveis de resposta obtidas nos cultivos em frascos cônicos e em

biorreator instrumentado com o meio otimizado (1,7 vvm e 350 rpm)

Variável Frascos Cônicos

sem chicanas

Frascos Cônicos

com chicanas Biorreator I

tempo (h) 30 42 52

µ (h-1) 0,111 0,149 0,109

td (h-1) 6,243 4,651 6,358

YP/S (g/g) 0,048 0,073 0,048

YP/X(g/g) 0,140 0,336 0,187

YX/S (g/g) 0,342 0,219 0,259

RPS (%) 16,0 69,54 70,19

X máx (g/L) 2,542 6,692 8,518

Ect máx (g/L) 0,331 2,188 1,595

QP (g/L.h) 0,011 0,052 0,031

QX (g/L.h) 0,085 0,159 0,164

Como reportado na literatura para outras cepas, as fermentações para a produção

de ectoína em biorreatores agitados mecanicamente costumam ser realizadas com

velocidades de agitações mais elevadas, muitas vezes chegando a valores de 1.100 rpm

(VAN-THUOC et al., 2010a), já que a demanda de oxigênio da cultura é bastante

elevada. Assim, com um aumento progressivo na agitação, espera-se que a

disponibilidade de oxigênio aumente com o curso do cultivo. Iniciou-se o experimento

com a taxa de aeração de 1,7 vvm e 500 rpm, alterando a velocidade de agitação para

600 rpm, após 10 horas de processo e para 700 rpm, após 16 horas, com o objetivo de

manter os valores de oxigênio dissolvido acima de 20% da saturação (experimento

denominado de Reator II). A velocidade de agitação era alterada sempre que havia uma

diminuição significativa no oxigênio dissolvido no meio de fermentação, que não devia

ser inferior ao valor inferido. O perfil cinético deste ensaio está apresentado na figura

39.

Ganhos expressivos foram obtidos com essa alteração operacional. A

concentração máxima de ectoína aumentou em duas vezes, passando de 1,6 g/L no

biorreator com agitação mecânica de 350 rpm, para 3,2 g/L, nas condições adotadas

neste ensaio que visavam a manutenção da concentração de oxigênio dissolvido acima

de 20% da saturação. Constata-se, ainda, uma diminuição no tempo de fermentação, que

foi de 16 horas para atingimento da concentração máxima de ectoína, bem mais

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reduzido quando comparado com o tempo obtido no ensaio anterior (52 horas). Esta

redução no tempo de fermentação reflete, obviamente, na produtividade volumétrica,

que teve o seu valor aumentado em, aproximadamente, 6 vezes (0,031 g/L.h para o

ensaio em biorreator agitado com 350 rpm e 0,184 g/L.h para aquele realizado com

maior disponibilidade de oxigênio).

Figura 39: Fermentação em biorreator instrumentado (Biorreator II) com o meio

de fermentação otimizado por DCCR para H. salina DSM 5928, com taxa de

aeração de 1,7 vvm e velocidade de agitação variando com o tempo

Os valores de YP/X também aumentaram (0,187 g/g para o Biorreator I, e 0,538

g/g para o Biorreator II), denotando que a capacidade produtiva da célula também

aumentou. Por outro lado o valor do fator YX/S foi reduzido (0,147 g/g) quando se

compara com o obtido (0,259 g/g) no ensaio anterior (Reator I). Este resultado indica

que a maior disponibilidade de oxigênio parece favorecer a síntese de ectoína em

detrimento do crescimento celular, o que é corroborado pelo maior valor do fator de

rendimento YP/S (0,08 g/g) obtido neste ensaio e pela maior redução percentual do

substrato (88,65%). Os resultados indicam ainda que com maior suprimento de oxigênio

há um maior direcionamento do consumo de substrato para a síntese de ectoína. Artigos

publicados com H. salina reportam valores de YP/X bem menores, entre 0,234 g/g

(LANG et al., 2011) e 0,357 g/g (ZHANG; LANG; NAGATA, 2009) do que o obtido

neste ensaio (0,538 g/g).

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As variáveis de resposta obtidas neste ensaio estão apresentadas na tabela abaixo

(Tabela 19):

Tabela 19: Variáveis de resposta dos ensaios codificados como

Biorreator I (agitação constante) e Biorreator II (agitação variável)

Variável Biorreator I

(N=350 rpm)

Biorreator II

(N variável)

tempo (h) 52 16

µ (h-1) 0,109 0,207

td (h-1) 6,358 3,348

YP/S (g/g) 0,048 0,080

YP/X(g/g) 0,187 0,538

YX/S (g/g) 0,259 0,147

RPS (%) 70,19 88,65

X máx (g/L) 8,518 5,727

Ect máx (g/L) 1,595 3,176

QP (g/L.h) 0,031 0,184

QX (g/L.h) 0,164 0,358

No decorrer do trabalho, os experimentos mostraram a essencialidade do

oxigênio para a síntese de ectoína, fato este que pode ser explicado pela característica

aeróbica da cultura e a necessidade de cultivos com altas densidades celulares a fim de

se alcançarem elevadas concentrações de ectoína. Com o intuito de se avaliar se um

maior grau de aeração levaria a maior expressão de ectoína, aumentou-se a taxa de

aeração para 2,5 vvm e a velocidade de agitação foi alterada em diferentes momentos à

semelhança do biorreator anterior (Biorreator II). Na figura abaixo é possível visualizar

o aspecto de ambos sistemas reacionais. O Biorreator III ao final de 16 horas se

apresentava com o meio em fermentação bastante denso quando comparado com

Biorreator I e observou-se grande formação de espuma. O perfil cinético deste

experimento está apresentado na figura 41, na qual se observam ganhos na produção de

ectoína. Constata-se que não só a concentração final deste soluto compatível foi maior

quando comparada ao Biorreator II, mas também se obtiveram ganhos significativos no

fator de rendimento de produto por substrato consumido, YP/S, no fator de rendimento

de produto por célula, YP/X e na produtividade volumétrica, QP, conforme apresentado

na tabela 20. Ressalta-se que em termos de concentração celular final e de consumo

percentual de substrato, ambos os sistemas resultaram em valores muito próximos.

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Figura 40: Visualização do crescimento celular em biorreator instrumentado com

o meio de fermentação otimizado por DCCR para H. salina DSM 5928, com

agitação de 350 rpm e taxa de aeração de 1,7 vvm (Biorreator I) e com agitação

variando conforme tempo e taxa de aeração de 2,5 vvm (Biorreator III)

Figura 41: Fermentação em biorreator instrumentado (Biorreator III) com o meio

de fermentação otimizado por DCCR para H. salina DSM 5928, com taxa de

aeração de 2,5 vvm e agitação variando conforme o tempo

A característica secretora da cepa a torna muito atrativa para a síntese de ectoína,

tendo resultado em um fator de rendimento YP/X de 0,883 g/g, sendo o maior valor

obtido no presente estudo. Por outro lado, cepas que não secretam ectoína durante o

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processo, como H. boliviensis e H. elongata, atingem valores máximos para esta

variável de resposta de 0,25 g/g (VAN-THUOC et al., 2010a).

Tabela 20: Variáveis de resposta do Biorreator instrumentado com maiores

agitações e vazões de ar de 1,7 (Biorreator II) e 2,5 vvm (Biorreator III), em

diferentes tempos

Variável Biorreator II Biorreator III

tempo (h) 20 20

µ (h-1) 0,207 0,261

td (h-1) 3,348 2,655

YP/S (g/g) 0,085 0,140

YP/X(g/g) 0,635 0,883

YX/S (g/g) 0,134 0,159

RPS (%) 87,27 87,0

X máx (g/L) 5,146 5,603

Ect máx (g/L) 3,114 4,764

QP (g/L.h) 0,155 0,238

QX (g/L.h) 0,257 0,280

Com base na estequiometria da reação, a produção máxima teórica é de 0,21 mol

de ectoína/mol de glutamato monossódico (0,17 g ectoína/g glutamato monossódico).

Esta relação permite calcular a eficiência do processo fermentativo, que resulta para o

Biorreator III de 82%, considerado por nós como um valor muito bom. Esse resultado é

muito superior aos reportados na literatura para sistemas similares (batelada simples),

como o relatado com B. epidermis, que forneceu um valor para o fator YP/S de apenas

25% do máximo obtenível pela estequiometria (ONRAEDT et al., 2005).

5.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término do presente estudo foram alcançados ganhos expressivos na

produção de ectoína, como apresentado no gráfico a seguir, que exibe a evolução do

desenvolvimento do processo para a produção deste importante soluto compatível.

Ficou claro que a elevada pressão osmótica imposta ao sistema de fermentação estimula

a síntese da molécula-alvo deste estudo, que é excluída preferencialmente como forma

de proteger as células das adversidades do meio de cultivo.

Constata-se ainda que a produção de ectoína é associada ao crescimento celular,

sendo parte secretada para o meio externo e outra parte intracelular que pode ser

extraída por intermédio da técnica da “ordenha bacteriana”.

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Nos gráficos das figuras abaixo, é possível verificar que no início do trabalho,

ainda em sistemas com frascos agitados, que denominamos aqui como controle, obteve-

se uma concentração final de ectoína de 0,3 g/L. Com o desenvolvimento do

bioprocesso, empregando técnicas de planejamento experimental, “ordenha bacteriana”

e investigando o papel importante da aeração, quer por aeração superficial (aquela

conseguida apenas por agitação mecânica) quer por borbulhamento de ar em

biorreatores agitados mecanicamente atingiu-se ao final do processo uma concentração

de ectoína de aproximadamente 5 g/L. Foi, indubitavelmente, um ganho expressivo que

se refletiu sobre a produtividade volumétrica do processo que aumentou em

aproximadamente 20 vezes, com um valor final de 5,5 g/L.dia.

Figura 42: Evolução do processo de produção de ectoína em termos de

concentração de produto

Figura 43: Evolução do processo de produção de ectoína em termos de

produtividade volumétrica

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6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A partir de todos os resultados obtidos, apresentados e comentados ao longo

desta dissertação, pode-se concluir que:

Estudos foram realizados a fim de se escolher a cepa mais apropriada para o

trabalho. Parâmetros como tempo de cultivo, composição do meio, concentração

de sal necessária para o estresse osmótico foram considerados, em particular a

simplicidade do meio de cultivo. Desta forma, Halomonas salina DSM 5928 foi a

cepa escolhida para continuidade do trabalho de desenvolvimento de processo

para a produção de ectoína;

A boa adaptabilidade de Halomonas salina DSM 5928, crescendo na fase da

ativação sem exibir fase lag e resultando em altas concentrações celulares nos

levou a suprimir a etapa posterior de propagação, ou seja a etapa de ativação e

propagação foram integradas;

O planejamento experimental indicou apenas o cloreto de sódio como variável

significativa para a produção de ectoína, porém, no sistema biológico, outros

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nutrientes também são necessários, fazendo com que não seja possível excluí-los

do meio. A composição do meio otimizado é a seguinte (g/L): glutamato

monossódico, 48,9; cloreto de sódio, 49,8; fosfato mono e dibásico de potássio,

21,57; MgSO4, 0,1; MnSO4, 0,01;

O principal fator limitante para a produção de ectoína pareceu ser a aeração, o que

decorre da necessidade de se obterem altas concentrações celulares e das

características do gênero que inclui espécies estritamente aeróbicas. Em

biorreatores instrumentados, sistemas nos quais a aeração é muito mais eficiente

do que em frascos cônicos, há um sinergismo entre agitação mecânica e

suprimento de oxigênio. Elevadas taxas de aeração com variação na velocidade de

agitação foi a estratégia adotada para se lograrem elevadas concentrações de

células e de ectoína. No entanto, problemas ligados a formação de espuma são

mais intenso quanto maior o grau de aeração. A condição que nos parece a melhor

foi: taxa de aeração de 2,5 vvm e agitação mecânica variando de 500 rpm a 700

rpm;

A síntese biotecnológica de ectoína se mostra viável tecnicamente, pois faz uso de

microrganismo de fácil manuseio e com reagentes de custo e toxicidade menores

que os utilizados na síntese química. Além disso, os processos de purificação são

mais simples pela maior especificidade da reação. Vários estudos estão sendo

realizados sobre as aplicações dessa molécula, que parece ter efeitos em várias

doenças e processos tecnológicos, tornando-a de grande importância.

Como sugestões para continuidade do processo, podemos listar:

Avaliar outras formas de condução do bioprocesso, como por exemplo, o

processo contínuo, tendo em vista que a síntese da molécula-alvo ser associada

ao crescimento. Com isto ter-se-ia ganhos em produtividade volumétrica.

Vincular a produção de ectoína ao conceito de biorrefinaria, já que a linhagem

selecionada se mostrou capaz de consumir açúcares presentes no hidrolisado

hemicelulósico (C5 e C6) de resíduos da agroindústria (dados não mostrados);

Construir uma linhagem recombinante com vistas ao aumento do nível de

expressão de ectoína e o bloqueio da conversão em hidroxiectoína.

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